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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
INSTITUTO DE FÍSICA
Programa de Pós-Graduação em sica
Dissertão de Mestrado
Estudo da Estabilidade Térmica da Redutase da Adenosina
5’- Fosfosulfato-reduzida em meio aquoso via Dinâmica
Molecular
Elias Silva dos Santos
2007
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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
INSTITUTO DE SICA
PROGRAMA DE S-GRADUAÇÃO EM FÍSICA
Estudo da Estabilidade Térmica da Redutase da Adenosina
5’- Fosfosulfato-reduzida em meio aquoso via Dimica
Molecular
Elias Silva dos Santos
Orientador: Prof. Dr. Elias Ramos de Souza
Co-orientador: Prof. Dr. Paulo Fernando Almeida
Dissertação apresentada ao Instituto de Física
da Universidade Federal da Bahia para a
obtenção do título de Mestre em sica.
Salvador - 2007
Estudo da Estabilidade Térmica da Redutase da Adenosina 5’-
Fosfosulfato-reduzida em meio aquoso via Dimica Molecular
Copyright 2007
by
Elias Silva dos Santos
Abstract
The reduced Adenosine 5’ phosphosulfate Reductase- APSR-red is an oxireductase involved
in the biogenics production of sulfide gas, where it is responsible for the reduction of the
APS - Adenosine 5’phosphosulfate to sulfite. In this work we use the technique of the
Molecular Dynamics to study some structural and dynamical aspects of the APSR-red from
the hyperthermophilic A. fulgidus. The RAPS-red contains a molecule of FAD not covalently
bound, on and two iron-sulphur centers, coordinated by cisteins, that are responsible for
the transfer of two electrons to the FAD molecule from the protein surface. The topology
of the macromolecule was built with the Gromacs classic force field and with the semi-
empirical and ab initio calculations, in order to obtain parameters to the FAD and do the
iron-sulphur centers. Here we present the results obtained from three 5ns simulations, in an
aqueous media, at the temperatures of 300K, 311K and 363K and at the pressure of 1bar.
The results indicate that the conformation of the protein backbone does not experience
any considerable change at all of the temperature simulations. However, the region mainly
formed by alfa helix is the most flexivel one of the protein and therefore the transistion
process must there be initiated. The FAD molecule is quite exible and remais bound do the
protein by some hydrogen bonds and by non specific forces. Also, the iron-sulphur clusters
conformations remain nearly unchanged during all of the simulations, but the elargement of
the active sitio access channel is observed at the optimal temperature for hyperthermophilic
organisms (363K).
Resumo
A enzima Redutase da Adenosina 5’ - Fosfosulfato reduzida - RAPS- red é uma oxiredutase
que está envolvida na produção biogênica de gás sulfídrico, cujo processo é responsável pela
redução da APS - Adenosina 5‘- Fosfosulfato a sulfito. Neste trabalho, nós utilizamos a téc-
nica da Dinâmica Molecular (DM) para estudar aspectos estruturais e dinâmicos da RAPS-
red da arqueobactéria Archaeoglobus fulgidus, a qual contém uma FAD - Flavina Adenina
de nucleotídeo, ligada não covalentemente, e dois centros de ferro-enxofre, coordenados por
cisteínas, os quais são responsáveis pela transferência de dois elétrons da superfície da pro-
teína até a FAD. A topologia da molécula foi construída utilizando-se o campo de forças
clássico do GROMACS, com o auxílio de cálculos semi-empíricos e de lculos ab initio para
a obtenção de parâmetros, respectivamente, para a FAD e para os centros de ferro-enxofre.
São aqui apresentados os resultados de três simulações de 5ns, em meio aquoso, nas temper-
aturas de 300K, 311K e 363K e na pressão de 1bar. Os resultados das simulações indicam
que o esqueleto da proteína mantém a sua estrutura tridimensional praticamente inalterada
nas três simulações e que a região formada principalmente por hélices alfa é a região mais
flexível da proteína. A FAD goza de grande flexibilidade e mantém-se ligada à enzima por
uma pequena rede de pontes de hidrogênio e pelas interações não-específicas. Os centros
de ferro-enxofre também mantêm as suas conformações praticamente inalteradas durante
todas as simulações, enquanto que observa-se o alargamento do canal que acesso ao sítio
ativo na temperatura ótima para organismos hipertermofílicos (363K).
i
Agradecimentos
Primeramente
A Deus Todo Poderoso autor e criador do Universo.
Especialmente
A meu amigo e colega Dermeval, pelos estudos e discussões. Ao Prof. Elias Ramos
por ter me acolhido como orientando. Ao Prof. Paulo Almeida pelos esclarecimentos sobre
organismos mesófilos e hipertermófilos. A Arlan Gonçalves pela ajuda na construção das
cargas parciais dos centros de ferro-enxofre. A Alan Hilter pelas dicas sobre o GROMACS.
À Profa. Maria das Graças Martins sem a qual não teríamos terminado este trabalho. Aos
colegas e amigos do Mestrado.
(Este trabalho foi financiado pela CENPES/Petrobrás)
ii
“A distância entre loucura e genialidade é medida ape-
nas pelo sucesso”
Eliott Caver.
iii
Aos meus pais
José Epifânio (in memory) e Cacildinha
iv
A minha esposa Selma
pela paciência e a minha filha Elise por alegrar minha vida.
v
vi
Conteúdo
Lista de Figuras viii
Lista de Tabelas x
Introdução 1
0.1 Redução Desassimilativa do Sulfato . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6
0.2 Estrutura Molecular da Redutase da Adenosina 5
´
- Fosfosulfato Desassimilativa-
reduzida . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9
0.2.1 A Molécula de Flavina Adenina de Nucleotídeo - FAD e Centros
Metálicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13
1 Fundamentação Teórica 15
1.1 Teoria da Dinâmica Molecular . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15
1.1.1 Interações Importantes em Sistemas Biológicos . . . . . . . . . . . . 20
1.1.2 Algoritmo de Verlet . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21
1.1.3 Algoritmo Leapfrog . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22
1.1.4 Otimização da Geometria Molecular . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
Algoritmo Steepest-Descent . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23
Algoritmo Gradiente Conjugado . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
1.1.5 Topologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24
1.2 Teoria do Orbital Molecular . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25
2 Metodologia 28
2.1 Preparando a Molécula para Simulação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28
2.2 Construção da Topologia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29
2.3 Simulação no Gromacs . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
2.3.1 Minimização de Energia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
2.3.2 Parâmetros de Simulação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32
vii
3 Resultados e Discussão 34
3.1 Propriedades Gerais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34
3.2 Canal de Acesso para a FAD . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 42
3.3 Sítio Ativo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45
3.3.1 Centros de ferro-enxofre . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52
4 Conclusão e Perspectivas 58
5 Apêndice 62
5.0.2 Apêndice A . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62
5.0.3 Apêndice B . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64
Bibliografia 86
viii
Lista de Figuras
0.1 Cadeia Polipepídica. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2
0.2 Ciclo do Enxofre. Os passos 1, 3 e 4 representam a transformação do sulfato
a sulfeto pela via desassimilativa. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7
0.3 Mecanismo de Catálise da RAPS. (A) Ataque nucleofílico do átomo N
5
da
molécula de FAD sobre o enxofre da APS. (B) Formação do intermediário
FAD-APS. (C) Rearanjo espontâneo de elétrons. (D) O intermediário FAD-
APS decai para AMP e o sulfito é liberado. (adaptado de Fritz et al. 2002). 10
0.4 Vista Stereo da estrutura dos domínios da RAPS. A subunidade alfa foi
colorida de acordo com o domínio da estrutura. O domínio de ligação da FAD
é mostrado em azul, o domínio em chapéu é mostrado em ciano e o helicoidal
em azul claro. A subunidade beta é mostrada em vermelho (adaptado de
Schiffer,2003). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12
2.1 Estrutura da RAPS-red duplicada. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30
3.1 DRQM com respeito a estrutura cristalografada. FAD em marron (300 K) em
margenta (311 K) e verde (363 K). O Esqueleto da enzima em ciano (300 K),
laranja (311 K) e preto (363 K). O aumento da temperatura leva ao aumento
do DRQM para a FAD. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37
3.2 Raio de giro da FAD. Preto (300 K) , azul (311 K) e vermelho (363 K). . . . 39
3.3 Raio de giro da proteína. A temperatura de azul (300 K), marron (311 K) e
vermelho (363 K). A proteína mantém praticamente o mesmo volume para
temperaturas abaixo de 311K. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40
3.4 A flutuação da raiz quadrática média para a faixa de temperatura de cresci-
mento de organismos mesófilos. Preto (300 K) e verde (311 K). . . . . . . . 41
3.5 As conformações do canal que leva ao sítio ativo são mostradas a cada 1 ns
de simulação na temperatura de 311 K. Resíduos carregados estão em azul.
Entre 2 ns e 4 ns os resíduos que contornam o canal apresentam-se mais dis-
tantes, facilitando a passagem de grandes substratos. . . . . . . . . . . . . 43
3.6 Raio de giro do canal que leva ao sítio ativo. Preto (300 K), verde (311 K)
e azul (363 K). Nota-se uma pequena queda no diâmetro do canal de acesso
na temperatura ambiente. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44
ix
3.7 Pontes de hidrogênio entre a FAD e a proteína. Preto (300 K), verde (311 K)
e azul (363 K). As pontes de hidrogênio têm papel importante do ponto
de vista estrutural, por ajudar na estabilidade da FAD, como também é
fundamental para as propriedades catalíticas da enzima. . . . . . . . . . . . 46
3.8 Molécula de FAD (modificada de FEENSTRA, 2002). . . . . . . . . . . . . 48
3.9 Flutuação do ângulo formado entre os vetores C
8
C
5A
e C
10A
N
3
. Preto
(300 K), verde (311 K) e azul (363 K). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49
3.10 Flutuação do ângulo formado pelos planos da flavina e adenina. Vermelho
(300 K), verde (311 K) e azul (363 K). . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 50
3.11 Vista das conformações da molécula de FAD, nas três temperaturas de sim-
ulação. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51
3.12 Raio de giro do centro I. Preto (300 K) , vermelho (311 K) e azul (363 K). . 53
3.13 Raio de giro do centro II. Preto (300 K), vermelho (311 K) e azul (363 K).
Flutuações observadas no centro II indicam que o ambiente lhe confere menos
rigidez que o centro I. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 54
3.14 Distâncias entre os centros de ferro-enxofre. Azul (300 K), amarelo (311K)
e vermelho 363 K. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55
3.15 Rede de pontes de hidrogênio no último nanosegundo de simulação na tem-
peratura de 363 K modula o potencial dos centros de ferro-enxofre e pode
estar ligada com o mecanismo de transferência de elétrons. . . . . . . . . . . 56
x
Lista de Tabelas
2.1 Cargas atômicas parciais para FS4 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31
3.1 Resumo das interações não ligadas durante os 5ns de dinâmica para as duas
temperaturas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47
3.2 Resumo das propriedades energéticas do sistema calculadas das trajetórias
simuladas da DM . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53
1
Introdução
As proteínas constituem a maior parte da matéria seca de uma célula. Entretanto,
não são apenas elementos constituintes das células, pois executam praticamente todas as
funções celulares. Uma molécula de proteína é formada por uma longa cadeia de aminoáci-
dos, na qual cada aminoácido está unido ao seu vizinho por uma ligação peptídica covalente.
Os aminoácidos são distinguidos dos outros por sua cadeia lateral (grupo-R). Essas cadeias
são mantidas juntas por ligações covalentes, as quais se realizam pelo compartilhamento de
elétrons entre átomos ligados. Os grupos-R dos aminoácidos são ligados ao átomo carbono
central C
α
. Ele é conectado de um lado pelo nitrogênio do NH
2
(terminal-N), o grupo
amino, e do outro pelo C
,
do grupo carboxílico COOH (terminal C). Ao remover-se um
átomo H do NH
2
e o OH do COOH , um novo resíduo é adicionado à proteína quando
a ligação entre N e C
,
, chamada ponte peptídica, é formada. Como a ligação peptídica é
planar e não gira como as outras pontes ao longo do esqueleto da proteína, as rotações em
torno das ligações N C
α
e C
α
C
,
determinam a estrutura tridimensional do esqueleto
da proteína e os ângulos de rotação são descritos por diedrais ngulo formado por quatro
átomos consecutivos). O ângulo Φ representa a rotação em torno de N C
α
e Ψ em torno
de C
α
C
,
, Fig.0.1.
2
Figura 0.1: Cadeia Polipepídica.
3
As enzimas constituem uma importante classe de proteínas, que são respon-
sáveis por determinar as transformações químicas que ocorrem nas células, quando se ligam
a outras moléculas chamadas substratos, convertendo-as em produtos quimicamente modifi-
cados, podendo acelerar uma reação química por milhares de vezes sem que sofram alteração
em sua estrutura ou propriedades químicas agindo, assim, como aceleradores ou biocatal-
izadores de reações quando constroem ou destroem uma ligação covalente [1]. Muitas enzi-
mas são compostas totalmente por aminoácidos, enquanto algumas apresentam outros com-
ponentes como íons metálicos ou grupos orgânicos essenciais para sua atividade catalítica.
O metal geralmente é ligado à enzima no sítio de ligação que pode incluir cisteínas ou his-
tidinas. A ão catalítica de qualquer enzima é influenciada por fatores fisicos, químicos ou
físico-químicos como a temperatura ou pH. De uma maneira geral, as enzimas podem ser
inativadas por exposição a altas temperaturas; entretanto, aquelas que são encontradas em
organismos termófilos, ou hipertemófilos podem suportar temperaturas da ordem de 100
C.
Diz-se que um organismo é termófilo se sua temperatura de crescimento é maior que 45
C.
Um organismo que cresce a temperaturas acima de 80
C é dito hipertermófilo.
Na natureza muitos microrganismos podem sintetizar, degradar ou converter di-
versos compostos em seus vários estados de valência, desde os estados mais reduzidos aos
mais oxidados. Alguns desses organismos são capazes de viver em condições extremas de
temperatura, pressão, salinidade ou mesmo pH. O termo extremófilo foi usado para designar
organismos que se desenvolvem em ambientes extremos. Com a descoberta da arqueobac-
téria, o terceiro ramo da árvore da vida, na década de 70, que inclui organismos hiperter-
mófilos, os quais apresentam temperaturas ótimas (temperatura em que o organismo tem
4
crescimento máximo) acima de 80
C, na década de 80, abriram-se novas perspectivas a
respeito da origem da vida. Essa característica de suportar temperaturas elevadas implica
estabilização de todos os componentes celulares de modo que a sua funcionalidade seja man-
tida em condições de temperatura que seriam danosas para outros organismos, embora as
proteínas desses organismos termófilos sejam compostas pelos mesmos 20 aminoácidos que
se apresentam nas demais proteínas. Estudos comparativos com proteínas de outros organ-
ismos mesófilos (organismos que crescem na faixa de temperatura entre 25
C e 45
C) não
revelam diferenças consistentes na estrutura tridimensional correlacionáveis com diversos
graus de termoestabilidade. Desta forma, a energia de estabilização de proteínas oriun-
das de termófilos varia muito pouco comparada com uma homóloga vinda de mesófilos.
Pequenas diferenças na estrutura primária são responsáveis por produzir essa estabiliza-
ção adicional [2]. Mudanças pontuais de resíduos em enzimas resultaram em aumento na
estabilidade térmica e na atividade catalítica [3].
As enzimas mostram uma diminuição de sua capacidade catalítica na presença
de algumas moléculas ou inibidores. Alguns, não específicos, podem inibir várias enzimas;
outros inibem apenas determinada enzima ligando-se especificamente à mesma e alterando
sua forma. Há ainda a inibição irreversível, na qual o inibidor se liga covalentemente à
enzima formando compostos estáveis inativos.
Diferentes espécies de bactérias são encontradas em superfícies submersas na água
produzindo uma quantidade muito grande de enzimas. Enzimas como as hidrogenases de
bactérias redutoras de sulfato (BRS) anaeróbias promovem a corrosão do ferro atuando
diretamente nas reações de redução dissimilativa levando à dissolução de filmes, óxidos
5
ou hidróxidos que protegem a superfície metálica, causando a perda ou a diminuição da
estabilidade das camadas passivas sobre a superfície metálica [4].
A produção biológica de gás sulfídrico (biossulfetogênese) pelas BRS ocasiona
sérios problemas econômicos à indústria de petróleo devido às propriedades corrosivas deste
composto que afetam os sistemas de produção, transporte e armazenamento de óleo e gás
bem como à qualidade do petróleo e gás produzidos. Além disso, a alta toxicidade do gás
sulfídrico representa riscos elevados à saúde do pessoal de campo, às populações, e prejuízos
significativos ao meio ambiente das áreas circunvizinhas.
Na indústria petrolífera, a biossulfetogênese leva a sérios problemas econômicos,
devido à corrosão de oleodutos, como também ambientais, pela letalidade do gás.
Após a extração primária de petróleo dos reservatórios localizados em alto mar
(offshore) é comum a injeção de água salgada para facilitar a extração secundária do óleo.
Contudo, a água do mar rica em sulfato, estimula o crescimento de BRS com a subsequente
produção de H
2
S, gás altamente tóxico e corrosivo que contamina o gás natural e o petróleo,
além de provocar a corrosão de superfícies metálicas e entupimento de reservatórios devido à
formação de precipitados de enxofre. Como os campos de petróleo são quase que ilimitados
na quantidade de potenciais doadores de elétrons, a atividade da BRS pode ser limitada
diminuindo a oferta de aceptores de elétrons. A presença de hidrocarbonetos pode induzir
a biodegradação do metal devido às propriedades desses compostos para formar biofilmes
sobre a superfície metálica durante a produção, transporte e estocagem do óleo.
Um grupo muito comum de BRS cresce a temperaturas entre 25
C e 38
C, en-
quanto os termofílicos são capazes de funcionar eficientemente a mais de 60
C, em reser-
6
vatórios offshore, devido à temperatura desses reservatórios profundos [5].
Distintas alternativas têm sido propostas para o controle da produção biogênica
de gás sulfídrico. A produção de H
2
S pode ser controlada pela adição de biocidas junto
com a água ou inibidores de redução do sulfato, mas essas alternativas são anti-econômicas
e não produzem o efeito desejado.
Uma alternativa é o uso de nitrato, o qual estabelece uma competição entre dois
grupos de bactérias: bactéria redutora de nitrato (BRN) e a BRS. Interações entre os
ciclos do enxofre e do nitrogênio podem impactar a produção, acumulação e eliminação
do sulfeto. Ambos ânions (sulfato e nitrato) funcionam como aceptores de elétrons para
diferentes grupos de bactérias e a competição é baseada em propriedades termodinâmicas,
cinéticas e no potencial redox, uma vez que a produção biogênica de sulfeto não ocorre
quando o potencial redox está acima de -100mV, pois o crescimento das BRS é inibido
pela elevação deste potencial. Do ponto de vista termodinâmico a redução do nitrato para
nitrogênio ou amônia produz mais energia livre que a redução do sulfato [6]. Resultados
recentes mostram que a concentração e fonte de carbono influenciam o tratamento com
nitrato, promovendo o crescimento das BRN, em detrimento do crescimento das BRS [7].
Uma outra alternativa é a remoção do sulfato da água do mar através de nanofil-
tração, mas o método apresenta custo elevado para ser aplicado em larga escala [8].
0.1 Redução Desassimilativa do Sulfato
O Ciclo do enxofre (Fig.0.2) mostra a transformação do enxofre inorgânico em seus
vários estados de oxidação. Na redução assimilativa o sulfato é transformado em sulfeto
7
Figura 0.2: Ciclo do Enxofre. Os passos 1, 3 e 4 representam a transformação do sulfato a
sulfeto pela via desassimilativa.
envolvendo no processo dois intermediários: a APS - adenosina 5
fosfosulfato (via APS)
e a PAPS - adenosina 3
-fosfato 5
- fosfosulfato (via PAPS). A via APS é usada comumente
por organismos que realizam fotossíntese oxigênica a exemplo de cianobactérias, algas e
plantas, enquanto o intermediário PAPS é utilizado por organismos que fazem uma foto-
síntese anoxigênica como a bactéria Echerichia coli. A redução desassimilativa do sulfato é
usada na conservação de energia por bactérias redutoras de sulfato e arqueobactérias. Os
equivalentes redox que são gerados por oxidação de compostos orgânicos são transferidos
para o sulfato pelo sistema de transporte de elétrons. Essa capacidade para usar o sulfato
8
como aceptor final de elétron é característica de alguns organismos, incluindo gram-positivos
(Desulfotomaculum) e gram-negativos (Desulfovíbrio), eubactéria redutora de sulfato [9] e
a arqueobactéria redutora de sulfato, Archaeoglobus fulgidus [10]. A redução do sulfato a
enxofre envolve três enzimas: Sulfurilase da adenosina trifosfato (SATP), Eq. 0.1; Redutase
da adenosina 5
fosfosulfato (RAPS), Eq. 0.2, e a Redutase do sulfito (RSI), Eq. 0.3. A
estrutura e função das enzimas presentes nas reações acima referidas têm sido estudadas por
técnicas experimentais, em particular análises bioquímicas, difração de raios X e ressonân-
cia magnética nuclear (RMN). Entretanto, a compreensão de suas propriedades pode ser
consideravelmente melhorada utilizando técnicas da Dinâmica Molecular (DM), as quais
permitem mimetizar o comportamento dessas proteínas através de experimentos in silico.
A aplicação de técnicas da DM para investigar o comportamento das propriedades estru-
turais e dinâmicas em solução da Redutase da APS pode gerar informações importantes
com respeito à estabilidade das interações e ao movimento de resíduos na enzima, a qual
constitui, dentre as três enzimas acima mencionadas, aquela cuja estrutura tridimensional
é melhor conhecida experimentalmente. A redutase da APS catalisa a reação de redução da
APS. As equações abaixo mostram a cadeia de reações que levam à redução desassimilativa
do sulfato a sulfeto. O sulfato, resultante da oxidação do S
2
, S ou S
2
O
2
3
é facilmente
assimilável pela maioria dos organismos contudo, é estável e não reativo, pelo que deve ser
ativado, antes de ser utilizado, num processo chamado adenilação. Esse processo requer
que uma porção da adenosina 5’ fosforilo da ATP seja transferida para o sulfato, conforme
Eq.0.1. Na segunda reação, a Redutase da APS catalisa a reação de redução da APS, en-
quanto a terceira equação finaliza a seqüência reduzindo o sulfito a sulfeto utilizando seis
9
elétrons provenientes do NADPH dissociável ou de flavinas coordenadas [11].
MgAT P + SO
2
4
SAT P
MgP P
i
+ APS (0.1)
APS + 2e
RAP S
AMP + HSO
3
(0.2)
HSO
3
+ 6e
+ 6H
+
RSI
HS
+ 3H
2
O (0.3)
A RAPS tem sido encontrada em alguns grupos de BRS. Essa enzima catalisa
a redução da APS, cuja quebra hidrolítica da ligação S-O-P produz 80 kcal/mol. Esta
energia é usada pela RAPS no processo de transformação da APS para sulfito e Adenosina
Monofosfato (AMP) [12]. O processo de redução se através do ataque nucleofílico do
átomo N5 da Flavina Adenina Dinucleotídeo reduzida (FADH
2
) sobre o enxofre da APS
para formar a ligação FAD-APS. Este intermediário decompõe-se em AMP pelo rearranjo
espontâneo de elétrons, após o que o sulfito dissocia-se e o FAD oxidado é recuperado,
Fig.0.3. A redução da APS ocorre com a transferência de dois elétrons ao FAD através dos
centros de ferro-enxofre I e II. Na estrutura da RAPS-red depositada no Protein Data Bank
- PDB, sob o código 1JNR, estes centros estão a 9.7 Å um do outro e a distância entre o S
3
do cluster I e o grupo metil C
8M
da FAD é de 12.4 Å.
0.2 Estrutura Molecular da Redutase da Adenosina 5
´
- Fos-
fosulfato Desassimilativa-reduzida
A estrutura da Redutase da APS foi purificada e obtida para três bactérias: Desul-
fovíbrio desulfuricans, Desulfovíbrio vulgaris, Thiobacillus denitrificans e para a arqueobac-
téria Archaeoglobus fulgidus [11]. A RAPS reduzida (RAPS-red) da Archaeoglobus fulgidus
10
Figura 0.3: Mecanismo de Catálise da RAPS. (A) Ataque nucleofílico do átomo N
5
da
molécula de FAD sobre o enxofre da APS. (B) Formação do intermediário FAD-APS. (C)
Rearanjo espontâneo de elétrons. (D) O intermediário FAD-APS decai para AMP e o sulfito
é liberado. (adaptado de Fritz et al. 2002).
11
serviu como padrão para este estudo. Ela foi resolvida através da técnica da difração de
raios X, resolução de 1.6 Å, na ausência de oxigênio, concluindo-se que é constituída por
dois heterodímeros α
2
β
2
. Entretanto, análises utilizando dinâmica de espalhamento de luz
e filtração em gel indicam que em alguns organismos a RAPS forma um heterodímero αβ
em solução [12], o que permite inferir que a diferença estrutural entre a proteína em solução
e a proteína na forma de cristal isolado é, provavelmente, causada pela concentração da
proteína e pelas condições do tampão utilizado no processo de cristalização. Desta forma,
pode-se concluir que a unidade funcionalmente essencial é um heterodímero αβ com massa
molecular de 95kDa, e dimensões 56 x 65 x 70 Å. A subunidade α de 75kDa abriga uma
molécula de FAD, a qual está no estado reduzido de dois elétrons e encontra-se a cerca de
30 Å da superfície da enzima, e a subunidade β com 20kDa contém dois centros de ferro-
enxofre [4Fe-4S]
+2
. A subunidade α é dividida em três domínios: o domínio de ligação da
molécula de FAD, o helicoidal e o em chapéu.
A subunidade β também pode ser dividida em três domínios: o primeiro que abriga
os centros de ferro-enxofre [4Fe-4S]
+2
, ambos tendo a forma de cubos distorcidos, separados
por uma distância de 9.7 Å, Fig.0.4, sendo cada centro coordenado por quatro cisteínas.
O cluster II encontra-se mais próximo à superfície e portanto bem exposto ao solvente,
enquanto o cluster I está mais próximo a FAD. O segundo domínio é composto por três
folhas β antiparalelas e o terceiro, terminal c, forma uma cauda que envolve a subunidade
α. Os centros ferro-enxofre I e II têm potencial redox em torno de -60 mV e -500 mV,
respectivamente [12].
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12
Figura 0.4: Vista Stereo da estrutura dos domínios da RAPS. A subunidade alfa foi colorida
de acordo com o domínio da estrutura. O domínio de ligação da FAD é mostrado em azul,
o domínio em chapéu é mostrado em ciano e o helicoidal em azul claro. A subunidade beta
é mostrada em vermelho (adaptado de Schiffer,2003).
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13
0.2.1 A Molécula de Flavina Adenina de Nucleotídeo - FAD e Centros
Metálicos
Para estudar o comportamento dinâmico de enzimas contendo o grupo prostético
FAD, molécula orgânica não protéica complexa, é preciso levar em conta sua conformação
na catálise. que ele está localizado no sítio ativo da enzima, seu estudo pode produzir
informações importantes sobre a dinâmica do centro ativo. A FAD pode existir em duas
conformações: a estendida ou aberta, responsável pela sua fluorescência
1
e a empilhada ou
fechada, na qual o anel isoaloxazina e o anel adenina interagem atras de ligações π π.
Em solução sua conformação é notadamente fechada [13], sendo as forças de dispersão de
London-van der Waals o principal fator na manutenção dessa conformação.
Os centros metálicos apresentam grande diversidade, principalmente devido à var-
iedade de diferentes arranjos de ligantes sobre a rede metálica. Existem centros dos mais
simples como os binucleares, que podem existir com ou sem ligação metal-metal, aos mais
complexos com alta nucleatividade, incorporando átomos de hidrogênio, carbono, enxofre,
fósforo e nitrogênio. São encontrados em proteínas de transferência de elétrons, em motivos
de ligação de DNA incluindo a transcrição do fumarato da proteína redutora de nitrato em
sua função regulatória (produção de amônia) para mudar o metabolismo de aeróbio para
anaeróbio [14] ou na aconitase, onde os centros ferro-enxofre estão envolvidos em processos
regulatórios tais como centros de degradação, conversão, ou processos redox. Os centros
ferro-enxofre em tais sistemas são importantes como unidades estruturais determinantes,
devido a suas interações com ligantes de proteínas e como centros reativos, por causa de
1
O FAD emite luz verde
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14
suas propriedades eletrônicas podendo aceitar, liberar e armazenar elétrons, a exemplo do
[NiFe]-hidrogenase do Desulfovíbrio gigas, onde três centros alinhados definem a etapa de
transporte de elétrons em direção à saída da proteína. Os centros de ferro-enxofre também
podem ligar e ativar substratos como o ligante do citrato para o centro Fe
4
S
4
da aconitase
[15].
15
Capítulo 1
Fundamentação Teórica
1.1 Teoria da Dinâmica Molecular
Simulações de Dinâmica Molecular fazem uso das leis da física clássica para ex-
plicar e interpretar o comportamento de átomos e moléculas. Como estamos tratando de
sistemas de muitos corpos as simulações são essencialmente mecânica estatística computa-
cional, onde a termodinâmica descreve a tendência dos processos químicos, expressando
as relações energéticas entre os vários estados possíveis como também o comportamento
cinético para o qual o processo ocorre.
A trajetória no espaço de fase é obtida através das equações do movimento de
Newton, baseando-se nos seguintes princípios:
a. Os cleos e elétrons são tratados como partículas tipo átomos;
b. As partículas são esféricas com carga líquida;
c. As interações entre as partículas incluem as ligações cujos potenciais são de-
16
scritos por interações através de molas e as forças eletrostática e de van der Waals. Os
potenciais clássicos determinam a distribuição espacial das partículas e suas energias.
Na DM existem vários campos de forças, sendo que cada campo de força é composto
por um conjunto de funções que definem como a energia potencial de uma molécula varia
com as posições de seus átomos componentes, os quais constituem um conjunto de tipos
de átomos que descrevem diferentes características e comportamento para um elemento
dependendo do ambiente onde se encontre, além de um conjunto de parâmetros que ajustam
as funções e os átomos a dados experimentais. O conjunto parâmetros define constantes
de força, que são valores usados nas funções para relacionar características atômicas a
componentes da energia e dados estruturais, tais como comprimentos de ligações, ângulos,
ângulos diedrais e diedrais impróprios formados entre elas.
As forças que agem sobre os átomos são obtidas calculando-se a primeira derivada
do potencial em relação às coordenadas atômicas. Em seguida, tais forças são usadas para
a solução das equações do movimento de Newton.
Os comprimentos das ligações químicas oscilam em torno de um valor de equilíbrio.
No campo de forças do GROMACS tais ligações são descritas pela Lei de Hooke aproxi-
mando o sistema a um oscilador harmônico representado por massas unidas por molas. A
energia potencial associada à variação do comprimento destas ligações é descrita por:
V
x
=
1
2
K
x
(x x
0
)
2
. (1.1)
onde K
x
representa a constante que associa a ligação química em apreço, x é o comprimento
da ligação e x
0
é o comprimento de equilíbrio da ligação.
As oscilações angulares o também representadas por um potencial harmônico do
17
tipo
V
θ
=
1
2
K
θ
(θ θ
0
)
2
, (1.2)
onde K
θ
é a constante do potencial harmônico angular, θ é o ângulo entre duas ligações
químicas e θ
0
é o valor do ângulo de equilíbrio.
Um terceiro potencial é definido com o objetivo de descrever a variação angular
entre estruturas planares formadas por grupos de quatro átomos, em que um átomo central
i é ligado a três outros j, k, l
V
ξ
=
1
2
K
ξ
(ξ ξ
0
)
2
, (1.3)
onde ξ é o ângulo formado entre os planos i, j, k e j, k, l.
O termo torcional para representar a rotação em torno de ligações químicas é
representado pelo menor termo da expansão de cossenos
V
φ
= K
φ
[1 + cos ( δ)] , (1.4)
onde n é o número de mínimos para a torção, φ é o ângulo diedral para a ligação central e
δ é a defasagem no ângulo diedral.
As forças de dispersão de London-van der Waals entre os átomos são representadas
por potenciais contendo termos de longo e curto alcance, representados pela interação de
van der Waals
V
LJ
= 4
σ
r
12
σ
r
6
, (1.5)
onde é o comprimento do poço entre as barreiras atrativa e repulsiva e σ representa o
diâmetro do po.
18
Por fim, o termo Coulombiano
V
C
= f
q
i
q
j
ε
r
r
, (1.6)
onde f =
1
4πε
0
, q
i
e q
j
são as cargas dos átomos i e j, r é a distância entre eles, e ε
r
a
constante dielétrica do meio.
Assim, a energia potencial total é representada pela soma dos termos descritos
acima
V =
N
X
n=1
1
2
K
x
(x x
0
)
2
+
N
θ
n=1
1
2
K
θ
(θ θ
0
)
2
+
N
ξ
n=1
1
2
K
ξ
(ξ ξ
0
)
2
+ (1.7)
+
N
φ
n=1
K
φ
[1 + cos ( δ)] +
N
at
i<j
C
12
(i, j)
(r
ij
)
12
C
6
(i, j)
(r
ij
)
6
+ f
q
i
q
j
ε
r
r
ij
, (1.8)
na qual os três primeiros termos a direita da igualdade correspondem aos potenciais har-
mônicos somados sobre as N
x
ligações químicas, os N
θ
ângulos entre pares de ligações
consecutivas e os N
ξ
ângulos diedrais impróprios respectivamente. O quarto termos a di-
reita da igualdade corresponde ao potencial torcional somado sobre os N
φ
ângulos diedrais
próprios. O termo seguinte corresponde aos potenciais de van der Waals e Coulomb so-
mados sobre todos os pares de átomos i e j exluindo-se os primeiros e segundos vizinhos
quimicamente ligados. Os parâmetros e σ do potencial de van der Waals são substituídos
pelas constantes C
12
(i, j) e C
6
(i, j).
Desta forma, a Hamiltoniana do sistema molecular é composta pela soma das
energias potenciais e energia cinética em função do conjunto de coordenadas de posição
q
i
e momento
p
i
para os átomos do sistema. As velocidades atômicas
v
i
, são relacionadas
com a temperatura absoluta, T , através da relação
1
2
N
at
i=1
m
i
v
2
i
=
3
2
NK
b
T, (1.8.1)
19
onde m
i
é a massa do átomo, K
b
é a constante de Boltzmann e a soma é sobre os N átomos.
Inicialmente em T (0) = 0 as velocidades v
i
(0) = 0, à medida que a temperatura aumenta
as velocidades são corrigidas conforme a Eq.1.8.1.
A Hamiltoniana do sistema é dada pela Eq.1.9a
H = K + V (1.9a)
p
i
=
H
p
i
, (1.9b)
p
i
=
H
q
i
.
onde K é a energia cinética do sistema. Resolvendo numericamente o sistema de equações
dado por 1.9b, temos as trajetórias atômicas no espaço de fase, ou seja, a evolução temporal
das posições e velocidades dos átomos e, como resultado, as energias dos átomos. Numa
boa simulação a energia total tende a estabilizar-se com o tempo, porém erros de integração
e atritos entre as partículas produzem ruídos térmicos; deste modo, a troca de calor entre
o sistema e um reservatório térmico pode manter a temperatura num valor desejado.
Como não se pode simular um meio infinito, ou suficientemente grande para ser
definido fisicamente como infinito, no qual a molécula esteja inserida, o sistema pode ser
simulado sob condições periódicas de contorno através, por exemplo, de uma caixa cúbica,
de forma que ela possa ser cercada por suas imagens transladadas e que respeite um certo
raio de corte R
c
.
20
1.1.1 Interações Importantes em Sistemas Biológicos
Quando dois ou mais átomos se unem para formar uma molécula as forças que at-
uam para ligar um átomo fortemente a outro na molécula são chamadas de forças covalentes.
Elas se caracterizam pelo compartilhamento de elétrons entre os átomos envolvidos na lig-
ação. Ligações covalentes são interações fortes com energias da ordem de ~50-250 kcal/mol,
responsáveis por manter juntas as cadeias principal e lateral da proteína. Reações bioquími-
cas que envolvem a quebra de ligação covalente são normalmente catalizadas por enzimas.
As interações de van der Waals são descritas como combinações entre uma interação
de longo alcance e uma outra de curto alcance. O termo de curto alcance surge da repulsão
devida à sobreposição das nuvens eletrônicas e varia com o inverso da décima segunda
potência da distância entre os átomos. Por outro lado, o termo de longo alcance surge
como resultado da interação entre flutuações quanto-mecânicas dos momentos de dipolo
dos átomos, variando com o inverso da sexta potência e a repulsão eletrostática do núcleo
com o átomo mais próximo. Esta energia pode estabilizar uma estrutura se muitos contatos
forem formados. Quando isso não acontece surgem os efeitos estéricos que põem limite ao
número de conformações da proteína. O raio de van der Waals define o volume ocupado por
um átomo o qual é "impenetrável" para outros átomos e moléculas a temperaturas normais
e é medido a partir da distância mínima entre átomos vizinhos não covalentemente ligados
no estado cristalino.
As fontes de cargas elétricas estáticas na proteína, em condições normais, vêm de
resíduos de aminoácidos carregados, normalmente expostos ao solvente, ou interagindo com
resíduos de cargas opostas chamadas de pontes salinas, como também da partilha desigual
21
de elétrons em uma ligação covalente, quando alguns elementos mais eletronegativos que
outros atraem mais fortemente elétrons que seu parceiro.
A ponte de hidrogênio é um tipo especial de interação atrativa, que é verificada
quando da interação próxima entre átomos de hidrogênio ligado covalentemente a um átomo
definido doador com um átomo não ligado definido aceptor, ambos eletronegativos. Os
átomos doadores, que junto com o hidrogênio formam um dipolo elétrico, podem ser o
nitrogênio, oxigênio, enxofre e fluor. A energia envolvida em pontes de hidrogênio é da
ordem de 1 a 6 kcal/mol, superior à energia de ruído térmico, que é da ordem de 0,6 kcal/mol,
na temperatura ambiente, porém inferiores às ligações iônicas.
Elas são usadas para estabilizar e determinar a estrutura de macromoléculas, como
as proteínas e ácidos nucléicos, além de participar do processo de catálise em enzimas.
Força hidrofóbica é a forma de descrever como interações água-água tendem a ser
mais favoráveis que interações água-proteína e que certas interações proteína-proteína. A
hidrofobicidade de um resíduo é determinada por sua polaridade e pelo seu tamanho tal
que, quanto menos polar um resíduo, mais hidrofóbico ele será. Os resíduos neutros também
são hidrofóbicos e a energia associada a esse efeito está em torno de 2 kcal/mol.
1.1.2 Algoritmo de Verlet
O potencial descrito pela Eq. 1.7 é contínuo com respeito às posições de modo
que, se tomarmos um passo de tempo suficientemente pequeno, as posições variarão de
forma suave. Assim, admitindo uma certa posição atômica num dado instante de tempo t,
as posições subseqüentes podem ser calculadas expandindo as equações do movimento para
cada átomo em cada instante de tempo, atras da expansão de Taylor. A aceleração é
22
obtida da função potencial tomando as derivadas com respeito à posição de cada átomo, a
cada conjunto de novas coordenadas para o cálculo das novas posições. As velocidades são
usadas no cálculo da energia cinética para obtenção da energia total do sistema.
r
i
(t + δt) =
r
i
(t) +
v
i
δt +
1
2!
a
i
(t) δt
2
+ ... (1.10)
Da mesma maneira são obtidas as posições anteriores
r
i
(t δt) =
r
i
(t)
v
i
δt +
1
2!
a
i
(t) δt
2
..., (1.11)
onde δt é o passo de tempo. A soma das duas expressões anteriores o algoritmo de Verlet
[16] para a propagação das posições, desprezando os termo de ordem superior:
r
i
(t + δt) = 2
r
i
(t)
r
i
(t δt) +
a
i
(t) δt
2
. (1.12)
1.1.3 Algoritmo Leapfrog
O algoritmo de Leapfrog [17] é uma modificação do algoritmo de Verlet para evitar
erros no cálculo da posição dos átomos, que é calculado levando em conta a diferença entre
as duas posições para se obter a posição seguinte tomando meio passo de tempo. Isso
revela resultados mais precisos na medida em que a diferença entre as posições não é grande
comparada com as pequenas variações de posições atômicas, o que não acontece no algoritmo
Verlet
v
i
t +
δt
2
=
[
r
i
(t + δt)
r
i
(t)]
δt
, (1.13)
v
i
t
δt
2
=
[
r
i
(t)
r
i
(t δt)]
δt
,
e a propagação das posições é
r
i
(t + δt) =
r
i
(t) +
v
i
t +
δt
2
δt. (1.14)
23
1.1.4 Otimização da Geometria Molecular
Uma macromolécula fora do estado de equilíbrio térmico possui forças muito
grandes que podem levar a uma interpretação da energia do sistema. Por conseguinte,
é preciso antes de mais nada relaxar a molécula. As contribuições parciais dos potenciais
geram uma hipersuperfície de energia a qual deve ser percorrida em busca de regiões de
mínima energia; essas regiões ou mínimos correspondem a pontos no espaço de configu-
rações nos quais as forças que agem sobre os átomos estão equilibradas. As macromoléculas
biológicas têm como característica o grande número de graus de liberdade. Cada região
dessa hipersuperfície de energia define uma estrutura molecular particular e sua altura cor-
responde a energia da estrutura. Existem três tipos de extremos da função energia potencial
sobre a hipersuperfície: o ponto mais profundo, mínimo global, um grande mero de mín-
imos locais e pontos de sela, sendo praticamente impossível com o aparato computacional
atual varrer toda hipersuperfície. Embora a minimização cubra uma pequena parte dos
mínimos, os ajustes nas posições dos átomos relaxam as distorções nas ligações, nos ângulos
e nos contatos de van der Waals [18]. A minimização ainda retira todas as componentes de
energia cinética do sistema prevenindo ruídos térmicos.
Algoritmo Steepest-Descent
Este método utiliza a primeira derivada; a força sobre um átomo é obtida pelo
gradiente da energia potencial incrementando as coordenadas do átomo na direção e no
sentido da força resultante. Em cada passo a diferença entre o valor do potencial atual e
o anterior é calculada; se essa diferença for menor que um certo valor de convergência o
24
algoritmo pára, ou então, quando o número de evoluções especificado é alcançado. Embora
convirja mais vagarosamente na vizinhança do mínimo ele é mais efetivo a grandes distâncias
do mínimo de energia. Com V = 10
5
kcal/mol chega-se a um mínimo de energia para
vários sistemas, embora valores menores ainda diminuem a energia em algumas kcal/mol
[18].
Algoritmo Gradiente Conjugado
Este método garante uma convergência mais rápida que o steepest-descent pois,
além do cálculo da primeira derivada, leva em conta o caminho percorrido para chegar ao
mínimo. A sua vantagem em relação ao anterior é que a direção do novo ponto será sempre
perpendicular ao gradiente do ponto anterior. Essa propriedade determina um caminho mais
direto ao fundo do poço de potencial, evitando que se visite novamente o mesmo ponto.
1.1.5 Topologia
A topologia de um sistema biomolecular é a forma como os grupos de aminoácidos
se organizam no espaço para definir a conformação espacial. Portanto, para compor a
topologia é preciso informações estruturais sobre os diversos componentes do sistema e os
parâmetros para o campo de forças escolhido. Nele devem constar informações sobre a
massa, carga, constante dielétrica, comprimento e ângulos de equilíbrio entre as ligações e
ângulos diedrais de equilíbrio, dentre outras.
Na maioria dos campos de forças esses parâmetros existem mas, ao lidar com
moléculas que apresentam cofatores não comuns a aminoácidos é necessária a inclusão de
novos parâmetros. As topologias normais serão geradas usando os parâmetros padrão do
25
campo de forças, mas aquelas que não podem ser geradas deverão ser construídas manual-
mente.
Dois métodos são muito utilizados na obtenção de parâmetros moleculares; o ab
initio (primeiros princípios), que usa as leis fundamentais da mecânica quântica, e o semi-
empírico que faz uso de dados experimentais. Os métodos ab initio, diferentemente do
semi-empírico, não usam parâmetros experimentais nos seus cálculos, os quais são basea-
dos nas leis da mecânica quântica. Eles se referem a solução da equação de Schr
..
odinger
atras de aproximações matemáticas. o método semi-empírico faz uso de parâmetros
vindos de dados experimentais, com o objetivo de simplificar a equação de Schr
..
odinger,
habilitando-a para uso em sistemas grandes onde o método ab initio seria muito custoso
computacionalmente.
1.2 Teoria do Orbital Molecular
A teoria de Hartree-Fock é a base da teoria do orbital molecular, a qual leva
em conta que o movimento de cada elétron pode ser descrito por uma função que não
depende explicitamente de movimentos instantâneos de outros elétrons. Esta teoria foi
construída com o objetivo de resolver a equação de Schr
..
odinger eletrônica, considerando a
aproximação de Born-Oppenheimer, onde
r denota o grau de liberdade eletrônico e
R o
grau de liberdade nuclear (em unidades atômicas)
1
2
i
2
i
A,i
Z
A
r
Ai
+
A>B
Z
A
Z
B
R
AB
+
i>j
1
r
ij
Ψ
r ;
R
= E
el
Ψ
r ;
R
. (1.15)
O primeiro termo refere-se à energia cinética dos elétrons, o segundo à interação
núcleo-elétron, o terceiro termo refere-se à interação cleo-núcleo e o quarto termo à in-
26
teração Coolombiana. Para resolver a Eq.1.15 foi usar a função de onda Ψ escrita como
Ψ
HP
(
r
1
,
r
2
, ...,
r
N
) = φ
1
(
r
1
) φ
2
(
r
2
) ...φ
n
(
r
N
) , (1.16)
conhecida como Produto de Hartree, onde φ (
r ) é o orbital espacial.
Contudo, tal representação não é capaz de satisfazer o Princípio da Antissimetria,
quando a função de onda que descreve estados para férmions tem suas coordenadas espaço-
spin intercambiadas. Chamando ω uma coordenada de spin genérica para cada coordenada
de spin intrínseco (α ou β) e o conjunto de coordenadas espaço-spin como
x = {
r , ω} a
notação para o orbital espacial será mudada para χ (
x ), um spin orbital, exceto para a
chamada Teoria Geral Hartree Fock [19].
Para satisfazer a antisimetria a função solução de 1.15 pode ser escrita na forma
de determinante
Ψ =
1
2
N!
χ
1
(
x
1
) χ
2
(
x
2
) ... χ
N
(
x
1
)
.
.
. χ
2
(
x
2
) ... χ
N
(
x
2
)
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
.
χ
1
(
x
N
) χ
2
(
x
N
) ... χ
N
(
x
N
)
, (1.17)
chamado determinante de Slater.
Uma forma de resolver o problema é expressar os orbitais moleculares como com-
binações lineares de um conjunto pré-defindo de funções de um elétron, conhecidas como
funções de base. Um orbital molecular é definido como
χ
i
=
N
µ=1
c
µi
χ
µ
, (1.18)
onde c
µi
são coeficientes da expansão do orbital molecular e χ
µ
são as funções de base
ortonormais.
27
O problema agora é obter o conjunto de coeficientes para a expansão do orbital
molecular e, para isso usa-se o princípio variacional que fornece a melhor energia possível
para o estado fundamental, no conjunto base escolhido.
Assim, obtém-se o conjunto de equações:
N
ν=1
F
µν
ε
i
S
µν
C
νi
= 0, (1.19)
onde µ = 1, 2, ...N, que pode ser escrita na forma de matriz
F C = SCε, (1.20)
onde F é o operador de Fock dado por
F
µν
= h
µν
+
αβ
P
αβ
(µν|αβ)
1
2
(µβ|αν)
, (1.21)
e S é a matriz sobreposição escrita como
S
µν
=
χ
µ
χ
ν
(1.22)
ε é a matriz diagonal de energias orbitais.
28
Capítulo 2
Metodologia
2.1 Preparando a Molécula para Simulação
Para começar as simulações da Redutase da APS reduzida foi necessário um ar-
quivo contendo a estrutura inicial obtida no formato PDB-Protein Data Bank. Esse arquivo
é compatível com o aplicativo utilizado para simulação. O PDB do Research Collaboratory
for Structural Bioinformatics (RCSB) é um grande banco de dados onde estão depositadas
estruturas tridimensionais obtidas experimentalmente, contendo informações sobre coorde-
nadas espaciais, bibliográficas, estruturas primárias e secundárias, dentre outras. Como
mencionado anteriormente, a molécula da RAPS-red contém dois heterodímeros α
2
β
2
, for-
mado por quatro cadeias iguais duas a duas A, C e B, D, Fig.(2.1) , mas a unidade essen-
cial para função catálitica é um heterodímero αβ. Na cadeia A e na cadeia C existe uma
molécula de FAD, enquanto a cadeia B e a cadeia D abrigam os centros Fe
4
S
4
. Existe ainda,
no arquivo do PDB, uma molécula de Glicerol usada quando da preparação da substância
(RAPS) para a purificação a qual foi retirada, pois não faz parte da molécula RAPS. Em
29
vista da duplicação das cadeias escolhemos simular as cadeias A e B. A cadeia A possui
643 resíduos com 5216 átomos, enquanto a cadeia B tem 151 resíduos com 1188 átomos.
O aplicativo GROMACS versão 3.2.1 foi usado para fazer a DM, bem como na
construção da topologia da molécula. O Gromacs é um programa de alta performance,
bem otimizado, rico em recursos para análise e estudo de proteínas assim como lipídios,
usando a teoria da dinâmica molecular. Pode ser compilado em precisão simples ou dupla.
O equipamento utilizado foi um Athlon 2000+ com 1Gbyte de memória RAM.
2.2 Constrão da Topologia
Os campos de forças disponíveis no Gromacs possuem, em seus arquivos de parâmet-
ros, constantes atribuídas a cada átomo necessárias à criação da topologia de proteínas con-
stituídas exclusivamente de aminoácidos. Todavia, o arquivo extraído do PDB (1JNR.pdb)
carrega moléculas de FAD e [4Fe-4S]
+2
para as quais o Gromacs não tem parâmetros para
criar topologias.
Para obtermos a topologia da FAD, molécula relativamente grande para o uso de
cálculos ab initio, optamos pelo servidor da web PRODRG, utilizado comumente na con-
strução de topologias para drogas. Ele transforma as coordenadas de pequenas moléculas
em diversos formatos para as coordenadas do GROMACS e formatos de topologia. Este
programa gerou, dentre outros, dois arquivos (fad.gro e fad.itp) que contêm as informações
necessárias ao campo de forças. Na molécula de [4Fe-4S]
+2
o programa GAMESS ver-
são 1997 foi utilizado para a obtenção das cargas parciais calculadas atras da Teoria de
Hartree-Fock e um conjunto de bases mínima (RHF/STO-3G). O ajuste eletrostático para
30
Figura 2.1: Estrutura da RAPS-red duplicada.
31
densidade dos elétrons foi realizado pelo CHELPG (Charges from Electrostatic Potentials).
Esses dados foram inseridos no arquivo (.rtp) do GROMACS para gerar a topologia dos
centros de ferro-enxofre. Na Tabela 3.1 temos os valores das cargas parciais para os centros
Fe
4
S
4
.
Apesar de incluir apenas os átomos dos centros de ferro-enxofre, estes cálculos são
aceitáveis em uma primeira abordagem do problema, que os átomos das cisteínas (SG),
ligados covalentemente aos átomos de ferros, não foram contabilizados nesses cálculos.
Átomo Carga
F e1 0, 7026
F e2 0, 6714
F e3 0, 6919
F e4 0, 7299
S1 0, 2051
S2 0, 1844
S3 0, 2099
S4 0, 1965
Tabela 2.1: Cargas atômicas parciais para FS4
.
O arquivo de topologia foi editado para retirar algumas ligações covalentes ferro-
ferro, as quais não constam na literatura da enzima em estudo, além de acrescentar as
ligações entre átomos de ferro ligados covalentemente ao grupo sulfidrila das quatro cisteínas
que coordenam os dois centros ferro-enxofre.
32
2.3 Simulação no Gromacs
2.3.1 Minimização de Energia
A estrutura da proteína foi minimizada usando os algoritmos Steepest Descent e
Gradiente Conjugado para uma caixa tipo triclínica com volume aproximado de 665,20 nm
3
.
A caixa foi solvatada com 18123 moléculas de água do tipo simple point charge (SPC) sendo
a distância mínima entre a proteína e as paredes da caixa 0,8 nm. Desde que o sistema tinha
carga total de -18e, contraíons de Na
+
foram adicionados para neutralizar a carga na caixa.
Depois da minimização o sistema foi equilibrado durante 500 ps com posição restringida
sobre os átomos da proteína com passo de tempo de 2 fs, tendo como objetivo acomodar as
moléculas de água junto à proteína.
2.3.2 Parâmetros de Simulação
Todas as simulações foram feitas usando o campo de forças GROMOS87. Foi us-
ado o algoritmo SHAKE [20] para vínculos entre todas as ligações. A aplicação de vínculos
em DM aumentou o passo de tempo máximo, permitindo uma maior precisão na integração
das equações do movimento relacionadas com as freqüências de movimentos rápidos e as-
sim diminuindo o esforço computacional. Nesse algoritmo, as N
c
equações de vínculos são
multiplicadas por muiltiplicadores de Lagrange e somadas à energia potencial. O algoritmo
SETTLE [21] foi usado para vínculos das moléculas de água. As interações não ligadas
foram empregadas com um corte de 1,2 nm. As temperaturas foram mantidas por banhos
externos a 300K, 311 K e 363 K com uma constante de tempo τ
T
= 0,1 ps, atras do
acoplamento fraco termostato de Berendsen. As velocidades iniciais usadas na equilibração
33
do sistema foram geradas via Distribuição de Maxwell. A pressão foi mantida pelo acopla-
mento fraco barostato de Berendsen com constante de tempo τ
P
= 1 ps, considerando que
efeitos importantes da pressão sobre a estrutura da proteína são observados apenas para
variações de pressão muito altas [2]. As simulações foram realizadas em banhos a 1 bar e a
constante dielétrica relativa,
r
=1, foi usada.
34
Capítulo 3
Resultados e Discussão
3.1 Propriedades Gerais
Para investigar o efeito da temperatura sobre o espaço conformacional da proteína
e sua estabilidade, simulações foram feitas nas temperaturas de 300 K e 311 K e na faixa
de temperatura ótima, 363 K, durante 5 ns. A atividade de uma enzima é extremamente
dependente da temperatura. Ela provoca o aumento na velocidade de reação química, mas
a estabilidade da proteína diminui devido à desativação rmica.
Todas as enzimas possuem uma temperatura ótima na qual sua atividade biológica
é máxima. Temperatura ótima é aquela temperatura na qual a atividade biológica da enzima
mantém-se constante num intervalo de tempo.
A atividade catalítica da enzima é determinada por sua estrutura terciária (domínios),
que sobrepõe os grupos-R específicos de aminoácidos de modo a formar sítios. Se a molécula
absorve muita energia sua estrutura terciária se rompe e a enzima perde sua atividade
35
catalítica, ou seja, ela se desnatura.
Enzimas de baixo peso molecular, compostas por uma única cadeia polipeptídica
e possuindo pontes dissufeto (S-S), são geralmente mais estáveis ao calor [22].
Assim, para avaliar a estabilidade da RAPS-red, na faixa de temperatura de cresci-
mento para hipertermofílicos que está entre 88 e 98
C [3], justifica-se fazer a terceira sim-
ulação. A estabilidade da proteína e algumas propriedades foram analisadas, focando o
estudo nas mudanças conformacionais na região do sítio ativo e da FAD para determinar-
mos a acessibilidade de substratos.
A estabilidade da proteína e da FAD em solução foi estudada computando as
propriedades energéticas e geométricas, iniciando pela estrutura do cristal. A proteína foi
considerada estável, porque nas três simulações as conformações permanecem próximas à
conformação inicial. Pequenos valores do desvio da raiz quadrática média- DRQM indicam
que a molécula de proteína tende a manter a conformação do cristal; logo é relativamente
estável. Valores grandes significam o oposto, ou seja, baixa estabilidade ou dinâmica com
tempo insuficiente para fornecer a estimativa da estabilidade.
Os desvios da raiz quadrática média e as flutuações da raiz quadráica media (desvio
padrão) das posições atômicas nas simulações são calculadas de acordo com
R =
1
N
at
N
at
i=1
{(∆x
i
)
2
+ (∆y
i
)
2
+ (∆z
i
)
2
}
1
2
, (3.1)
onde N
at
e o número total de átomos e os brackets ... representam a média temporal. No
cálculo do DRQM, x
i
, y
i
e z
i
são diferenças atômicas entre as coordenadas iniciais para
o i-ésimo átomo; enquanto no cálculo do FRQM, elas são a diferença entre as coordenadas
médias e instantâneas para o i-ésimo átomo.
36
A evolução temporal do DRQM do esqueleto da enzima e da flavina adenina din-
ucleotídeo comparados à estrutura do cristal são mostrados na Fig.3.1. Na temperatura
300K ambos FAD e esqueleto da enzima não desviam significativamente da estrutura do
cristal estabilizando-se a um valor médio de 0,2 nm. Com o aumento da temperatura, 311 K,
a molécula de FAD estabiliza-se após 3 ns enquanto o esqueleto da enzima comporta-se da
mesma forma que na temperatura inferior. Para 363 K a FAD mostra ser mais flexível, o
valor final para o DRQM é de 0,625 nm, cerca de 0,375nm maior que o valor obtido para a
faixa de crescimento de mesófilos, enquanto o esqueleto continua com uma pequena flutu-
ação. A estabilidade no esqueleto da proteína para altas temperaturas é influenciada pelos
resíduos da cadeia lateral, sobretudo aqueles que formam folhas β, como será mostrado
adiante.
O raio de giro (Rg) é uma propriedade relacionada com o volume da molécula.
O crescimento deste parâmetro significa que a proteína aumentou seu volume, o que pode
significar em alguns casos desenovelamento.
O raio de giro é calculado de acordo com a equação
R
g
=
i
||
r
i
||
2
m
i
i
m
i
1
2
, (3.2)
onde m
i
é a massa do átomo i e
r
i
a posição do átomo i com respeito ao centro de massa
da molécula.
As Figs.3.2 e 3.3 mostram os raios de giro com uma função do tempo para a FAD
e para a proteína.
Na Fig. 3.2 observa-se um substancial decréscimo do raio de giro da FAD entre
0 ns e 4,5 ns na temperatura de 311K, após o que a molécula aparentemente tende a se
37
Figura 3.1: DRQM com respeito a estrutura cristalografada. FAD em marron (300 K) em
margenta (311 K) e verde (363 K). O Esqueleto da enzima em ciano (300 K), laranja (311 K)
e preto (363 K). O aumento da temperatura leva ao aumento do DRQM para a FAD.
38
estabilizar em um valor próximo a 0,65 nm. À temperatura de 300K, a estabilização inicia-
se a 1,5ns de simulação no valor médio de 0,75 nm. Com a elevação da temperatura ao
nível de 363 K, a molécula de FAD sofre várias alterações no seu raio de giro, esses diversos
picos no Rg da molécula de FAD mostram que a molécula nesta temperatura tem seu
número de conformações aumentado e uma progressiva diminuição em seu volume após
4,5 ns. Entretanto, a dificuldade em obter a estabilização também cresce. Os resultados
sugerem que a mudança da conformação aberta para a conformação fechada ocorre, como
uma bifurcação, a uma temperatura situada entre 300 K e 311 K.
A Fig.3.3 mostra que o raio de giro da proteína permanece praticamente constante
durante todo tempo de simulação, com o Rg médio de 2,51 nm para as duas temperaturas
mais baixas.
A elevação da temperatura para 363K propocionou o crescimento do volume da
molécula, sem contudo perturbar seu equilíbrio termoestável. A janela entre 1 ns e 4 ns é a
faixa onde se tem as menores flutuações para, a partir de 4,5 ns, verificar-se uma possível
estabilidade em torno dos 2,8 nm.
Os resultados apresentados nas duas figuras anteriores mostram que a elevação
da temperatura de 300 K para 311K não ocasiona efeitos drásticos na estrutura da FAD,
nem causa modificações peceptíveis na estrutura da proteína. Mas, na faixa de temperatura
ótima, o volume global da enzima cresceu cerca de 0,05 nm em dia, se comparado com
os valores obtidos da cristalografia. A mobilidade observada a alta temperatura para a pro-
teína indica que as regiões de maior flexibilidade podem sofrer mudanças conformacionais
significativas.
39
Figura 3.2: Raio de giro da FAD. Preto (300 K) , azul (311 K) e vermelho (363 K).
40
Figura 3.3: Raio de giro da proteína. A temperatura de azul (300 K), marron (311 K) e
vermelho (363 K). A proteína mantém praticamente o mesmo volume para temperaturas
abaixo de 311 K.
Para localizar as regiões que estão envolvidas no cálculo do DRQM da enzima, as
flutuações da raiz quadrática média, FRQM, relativas aos resíduos da proteína, foram calcu-
ladas para determinar sua mobilidade ao longo da seqüência de resíduos e são mostradas na
Fig.3.4 em que se desenvolvem os organismos mesófilos. Observamos maiores deslocamentos
nos resíduos ALA288, GLY345, ASP499, LEU500, TRP640, na região do domínio helicoidal
(A488-643), mesmo a temperatura ambiente. Essa região é composta principalmente por
hélices α, e está permanentemente exposta ao solvente, que lhe confere muita flexibilidade.
Os resíduos LYS655, LYS675 e LYS789, na região que envolve o centro II, foram os que
sofreram maior flutuação de suas posições em relação aos dados cristalográficos.
Os valores cujas flutuações são pequenas se referem às regiões formadas por folhas
41
Figura 3.4: A flutuação da raiz quadrática média para a faixa de temperatura de crescimento
de organismos mesófilos. Preto (300 K) e verde (311K).
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42
β. Entretanto, notamos que as flutuações com respeito às posições atômicas no cristal da
RAPS-red são em média de 0, 05 nm.
3.2 Canal de Acesso para a FAD
A FAD se localiza no fundo de uma fissura longe da superfície da proteína. A aber-
tura do canal é contornada por resíduos carregados positivamente (Arg-A83, Lys-A281,Lys-
A283 e Arg-A317). O sítio de ligação com o substrato é formado pelos resíduos (His-A398,
Trp-A234, Arg-A265, Val-A273, Gly-A274, Glu-A141, Gln-A145, Asn-A74 e Phe-A448) [9].
A FRQM indica pequenos deslocamentos nos resíduos que formam o canal, ou seja, a alter-
ação do diâmetro de abertura. Essas pequenas mudanças no canal de acesso sugerem que a
possibilidade de moléculas de substratos maiores entrarem no canal é pequena a baixas tem-
peraturas, mas aumenta proporcionalmente ao aumento de temperatura, conforme Fig.3.6.
O raio de giro do canal que leva ao sítio ativo sofre uma pequena redução a 300 K mas, à me-
dida que a temperatura eleva-se, o diâmetro do canal aumenta. Os valores para o diâmetro
de abertura do canal mantêm-se praticamente iguais até 500 ps para as três temperaturas;
a partir daí o efeito da temperatura torna-se mais visível. Identifica-se dois momentos de
crescimento do diâmetro, no intervalo de 2 ns a 2,5ns e entre 4 ns e 4,7 ns, após esse valor
o diâmetro parece estabilizar em torno de 1,128 nm, isso evidencia o importante papel da
temperatura no processo de catálise. Na temperatura de 363 K o diâmetro do canal aumenta
0,12 nm, mantendo-se neste valor até 3 ns e voltando a aumentar após 4 ns atingindo o valor
de 1,5 nm. A vista do canal de acesso para uma das temperaturas (311 K) é mostrada na
Fig.3.5, onde a estrutura do cristal (0 ps) em diferentes cenas está representada.
43
Figura 3.5: As conformações do canal que leva ao sítio ativo são mostradas a cada 1 ns de
simulação na temperatura de 311 K. Resíduos carregados estão em azul. Entre 2 ns e 4 ns
os resíduos que contornam o canal apresentam-se mais distantes, facilitando a passagem de
grandes substratos.
44
Figura 3.6: Raio de giro do canal que leva ao sítio ativo. Preto (300 K), verde (311 K) e
azul (363 K). Nota-se uma pequena queda no diâmetro do canal de acesso na temperatura
ambiente.
45
3.3 Sítio Ativo
A FAD não está covalentemente ligada à proteína, mas permanece ligado por uma
rede de pontes de hidrogênio e por interações eletrostáticas e de Lennard Jones (T abela 4.1).
As pontes de hidrogênio têm papel importante do ponto de vista estrutural, por ajudar na
estabilidade da FAD, como tamm são fundamentais para as propriedades catalíticas da
enzima. O mero de pontes foi computado adotando um critério geométrico que define
a formação de uma ponte durante a simulação. Se o aceptor de hidrogênio estiver a uma
distância menor que 0,35 nm e o ângulo doador-aceptor for maior que 60
, assume-se que
a ponte existe. A Fig.3.7 mostra o mero de pontes de hidrogênio formadas entre a FAD
e a enzima nas três temperaturas. A elevação da temperatura diminui significativamente
o número de pontes de hidrogênio, passando em média de 10 pontes (300K) para cerca de
6 pontes (311 K) e 5,3 pontes para a temperatura mais elevada. As maiores flutuações são
observadas na temperatura de 311 K e 363 K, devido ao menor tempo de vida das pontes
de hidrogênio formadas. O maior pico é de 14 pontes e o menor em torno de 4 pontes; para
363K o número mínimo de pontes chega a 3.
A pequena rede de pontes de hidrogênio contribui muito pouco para a estabilidade
da FAD no interior do sítio ativo. Outras interações têm papel importante nesta estabili-
dade, dentre elas a interação Coulombiana. Esta interação junto com a interação de Lenard
Jones é responsável por manter a FAD no sítio ativo, provavelmente devido à atração dos
resíduos carregados nas cadeias laterais, posicionados próximo a ela.
Na Tabela 3.1 temos os valores médios das interações de Lenard Jones e Coulomb
para as três temperaturas. Os valores obtidos mostram que a atração coulombiana entre a
46
Figura 3.7: Pontes de hidrogênio entre a FAD e a proteína. Preto (300 K), verde (311K) e
azul (363 K). As pontes de hidrogênio têm papel importante do ponto de vista estrutural,
por ajudar na estabilidade da FAD, como também é fundamental para as propriedades
catalíticas da enzima.
47
molécula de FAD e a proteína crescem com a temperatura e que para altas temperaturas a
contribuição do potencial de Lenard Jones tende a ser repulsiva. O balanço entre estes dois
termos é o que mantém a molécula de FAD no centro catalítico.
Energia média (KJ/mol) 300K 311 K 363K
Coulomb 1346.88 1556.92 1.43752e + 06
Lenard Jones 525.27 483, 28 1.34960e + 05
Tabela 3.1: Resumo das interações não ligadas durante os 5ns de dinâmica para as duas
temperaturas
.
Moléculas de água no entorno da FAD também ajudam nessa estabilização, per-
mitindo maiores flutuações das cadeias laterais o que facilita a difusão do substrato e do
centro catalítico.
Para estudar as modificações conformacionais na molécula de FAD (Fig.3.8), o
comportamento do anel flavina foi analisado (anéis A e C respectivamente). O ângulo entre
a região dos anéis semelhantes ao benzeno e a pirimidina foram observados. Esse ângulo é
formado entre os vetores C
8
C
5A
e C
10A
N
3
(Fig.3.9). O ângulo entre o anel isoaloxazina
e o anel adenina foi tomado entre os planos definidos por N
5
, C
9A
e C
10A
da flavina e NAS,
CAT e CAM do anel adenina, respectivamente, Fig.3.10.
Na Fig.3.9 a faixa de conformações para o FAD mostra que na temperatura 311 K,
o ângulo médio entre o anel benzeno e o pirimidina em sua conformação aberta é em média
9,93
podendo chegar até 25,84
onde então volta a cair chegando a uma configuração
planar (0
). Em 300 K a média encontrada é de cerca de 11,47
e o maior valor em torno
de 23,79
. Moléculas de água entre os anéis garantem essa conformação resultando no
decréscimo da coplanalidade. Em conformações abertas o ângulo médio encontrado está
48
Figura 3.8: Molécula de FAD (modificada de FEENSTRA, 2002).
49
Figura 3.9: Flutuação do ângulo formado entre os vetores C
8
C
5A
e C
10A
N
3
. Preto
(300 K), verde (311 K) e azul (363 K).
entre 15,1
e 13,1
[13]. Para temperatura de 363 K o ângulo médio está próximo de
10,88
. A análise do plano formado entre os aneis isoaloxazina e adenina foi feita baseada
nos dados obtidos da Fig.3.10.
Na conformação inicial esse ângulo começa em 0
e vai aumentando até 60,0
,
permanecendo neste valor durante 1,5 ns, e finalizando com 75,52
, na temperatura de
300K. O desvio encontrado no plano dos anéis na temperatura 311 K é em média 63,25
nos
primeiros 3 ns, para depois equilibrar-se em torno de 58,66
; essa conformação mantida por
todo resto da simulação aproxima os anéis e leva à diminução da mobilidade da molécula de
FAD pelo aumento da sobreposição dos anéis que são estabilizados por pontes de hidrogênio.
50
Figura 3.10: Flutuação do ângulo formado pelos planos da flavina e adenina. Vermelho
(300 K), verde (311 K) e azul (363 K).
A 363 K de temperatura verifica-se na molécula de FAD o crescimento da amplitude de
oscilações, mas a configuração inicial é mantida durante 3 ns, perto de 0
. Depois o ângulo
cresce até alcançar a configuração final de 180
.
As conformações para a molécula de FAD no último nanosegundo de simulação
são mostradas Fig. 3.11. Em geral o anel isoaloxazina e adenina são coplanares, mas com
o aumento de temperatura eles tendem a adotar uma conformação paralela. As simulações
também mostraram que a molécula de FAD pode ficar longos períodos na conformação
estendida.
51
Figura 3.11: Vista das conformações da molécula de FAD, nas três temperaturas de
simulação.
52
3.3.1 Centros de ferro-enxofre
Para investigar a influência do ambiente protéico sobre a estrutura dos centros de
ferro-enxofre avaliamos o raio de giro para estas moléculas. As Figs. ?? e 3.13 mostram
a flutuação dos raios de giro para o centro I (FS4.1) e centro II (FS4.2), respectivamente.
O valor médio para o raio de giro nas duas mais baixas temperaturas é 0,4 nm e 0,47 nm
para FS4.1, enquanto que em 363 K esse valor chega a 0,55 nm. No FS4.2 o valor médio
é de aproximadamente 0,35 nm a 300 K, mas não se verifica mudança substancial para as
outras duas temperaturas, ficando a diferença entre elas por volta de 0,09nm. As variações
no valor do raio de giro do centro II em relação ao centro I, acontece devido à diferença de
ambiente onde cada um está inserido. Isso demonstra que o ambiente mais hidrofílico ao
qual o centro II está lhe confere maior flexibilidade que o centro I.
As distâncias entre os centro I e II são mostradas na Fig. 3.14. Comparativamente
aos dados cristalográficos (0,97 nm), na temperatura de 300 K o valor é de 0,62 nm, na 311 K
0,26 nm e 0,03 nm para 363 K. A diminuição da distância entre os centros eleva a interação
magnética entre eles influenciando em suas propriedades de oxiredução.
A Fig. 3.15 mostra os centros ferro-enxofre na temperatura 363 K. Um número
diferente de resíduos interage com os dois centros. A rede de pontes de hidrogênio, repre-
sentadas por linhas tracejadas, formadas ao redor do centro I é maior que aquela formada
no centro II, o que contribui para o alto potencial no centro I e o baixo potencial no centro
II.
Na Tabela 3.2 temos um resumo dos parâmetros energéticos obtidos durante as
simulações calculados das trajetórias.
53
Figura 3.12: Raio de giro do centro I. Preto (300 K) , vermelho (311 K) e azul (363 K).
Energia kJ/mol Média
300K 311K 363K
Lenard Jones 153647 148344 134960
Coulomb -1.5578e+06 -1.53425e+06 -1.43752e+06
E
potencial
-1.29065e+06 -1.27071e+06 -1.17886e+06
E
cin´etica
233870 242364 283079
E
total
-1.05678e+06 -1.02834e+06 -895779
Temperatura ( K) 303.913 314.951 367.86
Pressão ( bar) 1.04488 1.13804 0.990143
Tabela 3.2: Resumo das propriedades energéticas do sistema calculadas das trajetórias
simuladas da DM
.
54
Figura 3.13: Raio de giro do centro II. Preto (300 K), vermelho (311 K) e azul (363 K).
Flutuações observadas no centro II indicam que o ambiente lhe confere menos rigidez que
o centro I.
55
Figura 3.14: Distâncias entre os centros de ferro-enxofre. Azul (300 K), amarelo (311K) e
vermelho 363 K.
56
Figura 3.15: Rede de pontes de hidrogênio no último nanosegundo de simulação na tem-
peratura de 363 K modula o potencial dos centros de ferro-enxofre e pode estar ligada com
o mecanismo de transferência de elétrons.
57
A energia total do sistema é conservada durante a simulação de DM se a flutuação
dessa grandeza está entre 5% e 10% da flutuação da energia cinética [23]. Para as três
simulações, as flutuações da energia total foram 0 (zero), mesmo valor encontrado na
energia cinética, significando que o sistema é bastante estável energeticamente.
58
Capítulo 4
Conclusão e Perspectivas
O comportamento dinâmico e estrutural da RAPS-red da A. fulgidus, em meio
aquoso, foi estudado através da Dinâmica Molecular, com o campo de forcas GROMOS87
[24]. Os parâmetros para a FAD, obtidos através de método semi-empírico, com o aplicativo
PRODRG, apresentam boa concordância com dados da literatura [13]. As cargas parciais
dos átomos que constituem os centros de ferro-enxofre foram obtidas através de cálculo ab
initio. Em primeira abordagem, apenas as cargas dos átomos dos centros metálicos foram
consideradas e os demais parâmetros foram ajustados a partir de dados de ligações entre
átomos semelhantes que são adotados no campo de forças utilizado. As simulações de 5
ns, em três temperaturas distintas (300K, 311 K e 363 K) e à pressão de 1 bar, permitiram
analisar o comportamento da molécula do ponto de vista térmico. A temperatura de 363 K
situa-se na faixa de temperatura em ambientes típicos de microorganismos hipertermófilos.
A realização de todas as simulações à pressão de 1 bar decorre do fato de que a ocorrência de
mudanças estruturais significativas em proteínas requer variações de pressão muito grandes
59
[25], bem acima dos valores típicos de pressão encontrados em poços de petróleo.
Alguns apectos foram analisados, em particular, as mudanças conformacionais no
sítio ativo e na região do canal que acesso ao mesmo, para compreender as possíveis
variações no seu tamanho, o que é extremamente importante para a determinação da aces-
sibilidade de substratos e, consequentemente, para a realização da atividade catalítica da
enzima.
As simulações revelaram que as mudanças na estrutura do esqueleto da proteína e
nas posições dos resíduos - aminoácidos são pequenas em relação à estrutura do cristal da
RAPS-red. Entretanto, algumas regiões da proteína se mostraram relativamete flexíveis. O
canal de acesso ao sítio ativo sofreu deformações consideráveis com a variação da temper-
atura. A 363 K, o raio de giro deste canal é significativamente maior do que a 300 K e a
311K.
Em temperaturas mais elevadas, a molécula de FAD tem sua mobilidade aumen-
tada; contudo, esta molécula é mantida na região do sítio ativo por uma rede de pontes
de hidrogênio e pelas interações não específicas. Apesar de apresentarem, individualmete,
energia de ligação relativamente pequena, o grande número de interações resulta em uma
quantidade de energia suficiente para manter a FAD ligada à enzima, inclusive em tem-
peraturas elevadas. Nota-se que, na temperatura mais baixa (300 K), a molécula de FAD
adquiriu, em solução aquosa, conformação aberta enquanto que, na temperatura de 311 K
e na temperatura ótima do sistema (363K), a conformação desta molécula muda drasti-
camete, levando os anéis isoaloxazina e adenina a se sobrepor para formar ligações π π,
mediadas por pontes de hidrogênio. As flutuações quadráticas médias (FRQM) também
60
revelam a alta mobilidade dos resíduos que formam a região helicoidal. A mudança con-
formacional da FAD a temperaturas mais elevadas deve ser um fator determinante para a
manutenção da funcionalidade da enzima em ambientes extremos. Vale registrar que, no
tempo de simulação considerado, a estrutura da FAD ainda não apresenta-se estável, o que
pode ser visto na representação da evolução temporal do desvio quadrático médio (Fig.
3.1) e do raio de giro (Fig. 3.2). Nota-se, ainda, pela comparação dos resultados mostrados
nestas duas figuras para as temperaturas de 311K e 363 K que, no tempo de 5 ns, o desvio
quadrático médio a 363K é bem maior do que a 311 K, enquanto que os raios de giro nas
duas temperaturas são praticamete iguais. A realização das simulações em um tempo mais
longo poderiam revelar outras diferenças na estrutura tridimensional destas duas moléculas
para estas duas temperaturas. Entretanto, deve-se ressaltar que a conformação da FAD
sofre mudança qualitativa a uma temperatura que se situa entre 300 K e 311K, passando
da conformação aberta para a conformação fechada.
Não é comum que proteínas desenovelem durante simulações de DM, provavelmente
pela imprecisão do campo de forças utilizado mas, quando isso acontece, os elementos da
estrutura secundária se fragmentam. Pela análise do comportamento dinâmico do sistema,
a tendência ao desenovelamento o se apresentou nas simulações realizadas neste trabalho.
No que se refere aos centros de ferro-enxofre, as pontes de hidrogênio formadas en-
tre os átomos que os integram e átomos que se encontram nas cadeias laterais dos aminoáci-
dos vizinhos, têm papel importante na mantenção da geometria dessas moléculas e, provavel-
mente, no transporte de elétrons. O raio de giro identifica baixa flexibilidade nas estruturas
de tais centros metálicos mas o centro II, comparativamente ao I, mostra-se bem mais
61
flexível, o que deve estar associado ao ambiente mais hidrofílico que o circunda, o que pode
explicar, também, o fato de que, mesmo nos experimentos de difração de raios X, o raio de
giro do centro I é significativamente maior do que o raio de giro do centro II.
Na perspectiva de continuação deste trabalho com a RAPS-red pretende-se fazer
o refinamento da estrutura e posteriormente os testes com inibidores. O modelo pode ser
melhorado com a realização de cálculos dos parâmetros de ligações químicas envolvendo
os átomos dos centros de ferro-enxofre, incluindo-se em tais cálculos átomos vizinhos das
cisteínas covalentemente ligadas. A aplicação do método QM/MM (Mecânica Molecular e
Mecânica Quântica) pode ser, também, uma alternativa promissora. A busca de inibidores
para a enzima através de varredura virtual e a realização de simulações de docagem (sim-
ulações feitas com a introdução de inibidores na molécula) podem ajudar na proposição de
alternativas tecnológicas para o controle da produção biogênica de gás sulfidrico em campos
de petróleo.
62
Capítulo 5
Apêndice
5.0.2 Apêndice A
Arquivo de entrada md.mdp
O arquivo md.mdp é o protocolo que controla toda a simulação de dinâmica molec-
ular. Ele é praticamente o mesmo para as três simulações apresentadas.
title = DM
integrator = MD
dt = 0.002
nsteps = 2500000
nstxout = 5000
nstvout = 5000
nstfout = 0
nstlog = 5000
nstenergy = 5000
63
xtc-grps = protein FS4 FAD Sol Na
energygrps = protein FS4 FAD Sol Na
nstlist = 10
rlist = 1
coulombtype = Cut-o
rcoulomb = 1.2
epsilon-r = 1
vdw-type = Cut-off
rvdw = 1.2
fourierspacing = 0.12
fourier_nx = 0
fourier_ny = 0
fourier_nz = 0
optimize_fft = yes
Tcoupl = berendsen
tc-grps = system
tau-t = 0.1 ps
ref-t = 311 K
Pcoupl = berendsen
Pcoupltype = Isotropic
tau-p = 1 ps
compressibility = 4.5e-5/ bar
64
ref-p = 1 bar
andersen_seed = 815131
gen_vel = yes
gen-temp = 311 K
gen-seed = 173529
constraints = all-bonds
constraint-algorithm = shake
shake-tol = 1e-04
5.0.3 Apêndice B
Topologia para a FAD obtida através do programa PRODRG
Abaixo são mostradas informações sobre carga, pontes, pares não ligados e diedrais
da molécula de FAD.
[ atoms ]
; nr type resnr resid atom cgnr charge mass
1 O 1 FAD O4 1 -1.000 15.9994
2 CB 1 FAD C4 2 0.078 12.0110
3 NR6* 1 FAD N3 2 0.002 14.0067
4 H 1 FAD HAI 2 -0.080 1.0080
5 CB 1 FAD C2 3 0.389 12.0110
6 O 1 FAD O2 3 -0.646 15.9994
7 NR6* 1 FAD N1 3 0.008 14.0067
65
8 H 1 FAD HAH 3 -0.024 1.0080
9 CB 1 FAD C10A 3 0.273 12.0110
10 CB 1 FAD C4A 4 0.000 12.0110
11 NR6* 1 FAD N5 4 0.000 14.0067
12 H 1 FAD HAJ 5 -0.022 1.0080
13 CB 1 FAD C5A 5 0.124 12.0110
14 CR61 1 FAD C6 5 -0.059 13.0190
15 CB 1 FAD C7 5 -0.040 12.0110
16 CH3 1 FAD CBH 5 -0.003 15.0350
17 CB 1 FAD C8 6 -0.045 12.0110
18 CH3 1 FAD CBJ 6 -0.003 15.0350
19 CR61 1 FAD C9 6 -0.065 13.0190
20 CB 1 FAD C9A 6 0.113 12.0110
21 NR6* 1 FAD N10 7 0.011 14.0067
22 CR61 1 FAD CBO 7 -0.022 13.0190
23 CH1 1 FAD CBP 7 0.151 13.0190
24 OA 1 FAD OBQ 7 -0.140 15.9994
25 HO 1 FAD HAC 8 0.018 1.0080
26 CH1 1 FAD CBR 8 0.094 13.0190
27 OA 1 FAD OBS 8 -0.225 15.9994
28 HO 1 FAD HAD 8 0.019 1.0080
29 CH1 1 FAD CBT 8 0.094 13.0190
66
30 OA 1 FAD OBU 9 -0.196 15.9994
31 HO 1 FAD HAE 9 0.021 1.0080
32 CH2 1 FAD CBV 9 0.038 14.0270
33 OS 1 FAD OBW 9 -0.187 15.9994
34 P 1 FAD PBX 9 1.324 30.9738
35 OM 1 FAD OBY 10 -0.643 15.9994
36 OM 1 FAD OBZ 10 -0.644 15.9994
37 OS 1 FAD OCA 10 -0.217 15.9994
38 P 1 FAD PAA 10 1.148 30.9738
39 OM 1 FAD OAB 10 -0.644 15.9994
40 OM 1 FAD OAC 11 -0.748 15.9994
41 OS 1 FAD O5* 11 -0.252 15.9994
42 CH2 1 FAD C5* 12 0.040 14.0270
43 CS1 1 FAD C4* 12 0.214 13.0190
44 OS 1 FAD O4* 12 -0.180 15.9994
45 CH1 1 FAD C3* 12 0.113 13.0190
46 OA 1 FAD O3* 12 -0.187 15.9994
47 HO 1 FAD HAA 13 0.016 1.0080
48 CH1 1 FAD C2* 13 0.080 13.0190
49 OA 1 FAD O2* 13 -0.264 15.9994
50 HO 1 FAD HAB 13 0.016 1.0080
51 CS1 1 FAD C1* 13 0.152 13.0190
67
52 NR5* 1 FAD NAM 14 0.215 14.0067
53 CR51 1 FAD CAN 14 -0.067 13.0190
54 NR5 1 FAD NAO 14 -0.510 14.0067
55 CB 1 FAD CAP 14 0.110 12.0110
56 CB 1 FAD CAV 14 0.252 12.0110
57 NR6* 1 FAD NAU 15 0.013 14.0067
58 H 1 FAD HAG 15 -0.013 1.0080
59 CH2 1 FAD CAT 16 0.043 14.0270
60 NR6* 1 FAD NAS 16 0.638 14.0067
61 H 1 FAD HAF 16 -0.021 1.0080
62 CB 1 FAD CAQ 16 0.304 12.0110
63 NT 1 FAD NAR 16 0.036 14.0067
64 H 1 FAD HAL 17 0.000 1.0080
65 H 1 FAD HAK 17 0.000 1.0080
[ bonds ]
; ai aj fu c0, c1, ...
1 2 1 0.123 502080.0 0.123 502080.0 ; O4 C4
2 3 1 0.140 334720.0 0.140 334720.0 ; C4 N3
2 10 1 0.139 418400.0 0.139 418400.0 ; C4 C4A
3 4 1 0.100 374468.0 0.100 374468.0 ; N3 HAI
3 5 1 0.140 334720.0 0.140 334720.0 ; N3 C2
5 6 1 0.123 502080.0 0.123 502080.0 ; C2 O2
68
5 7 1 0.140 334720.0 0.140 334720.0 ; C2 N1
7 8 1 0.100 374468.0 0.100 374468.0 ; N1 HAH
7 9 1 0.140 334720.0 0.140 334720.0 ; N1 C10A
9 10 1 0.139 418400.0 0.139 418400.0 ; C10A C4A
9 21 1 0.140 334720.0 0.140 334720.0 ; C10A N10
10 11 1 0.140 334720.0 0.140 334720.0 ; C4A N5
11 12 1 0.100 374468.0 0.100 374468.0 ; N5 HAJ
11 13 1 0.140 334720.0 0.140 334720.0 ; N5 C5A
13 14 1 0.139 418400.0 0.139 418400.0 ; C5A C6
13 20 1 0.139 418400.0 0.139 418400.0 ; C5A C9A
14 15 1 0.139 418400.0 0.139 418400.0 ; C6 C7
15 16 1 0.153 334720.0 0.153 334720.0 ; C7 CBH
15 17 1 0.139 418400.0 0.139 418400.0 ; C7 C8
17 18 1 0.153 334720.0 0.153 334720.0 ; C8 CBJ
17 19 1 0.139 418400.0 0.139 418400.0 ; C8 C9
19 20 1 0.139 418400.0 0.139 418400.0 ; C9 C9A
20 21 1 0.140 334720.0 0.140 334720.0 ; C9A N10
21 22 1 0.140 334720.0 0.140 334720.0 ; N10 CBO
22 23 1 0.153 334720.0 0.153 334720.0 ; CBO CBP
23 24 1 0.143 334720.0 0.143 334720.0 ; CBP OBQ
23 26 1 0.153 334720.0 0.153 334720.0 ; CBP CBR
24 25 1 0.100 313800.0 0.100 313800.0 ; OBQ HAC
69
26 27 1 0.143 334720.0 0.143 334720.0 ; CBR OBS
26 29 1 0.153 334720.0 0.153 334720.0 ; CBR CBT
27 28 1 0.100 313800.0 0.100 313800.0 ; OBS HAD
29 30 1 0.143 334720.0 0.143 334720.0 ; CBT OBU
29 32 1 0.153 334720.0 0.153 334720.0 ; CBT CBV
30 31 1 0.100 313800.0 0.100 313800.0 ; OBU HAE
32 33 1 0.143 251040.0 0.143 251040.0 ; CBV OBW
33 34 1 0.161 251040.0 0.161 251040.0 ; OBW PBX
34 35 1 0.148 376560.0 0.148 376560.0 ; PBX OBY
34 36 1 0.148 376560.0 0.148 376560.0 ; PBX OBZ
34 37 1 0.161 251040.0 0.161 251040.0 ; PBX OCA
37 38 1 0.161 251040.0 0.161 251040.0 ; OCA PAA
38 39 1 0.148 376560.0 0.148 376560.0 ; PAA OAB
38 40 1 0.148 376560.0 0.148 376560.0 ; PAA OAC
38 41 1 0.161 251040.0 0.161 251040.0 ; PAA O5*
41 42 1 0.143 251040.0 0.143 251040.0 ; O5* C5*
42 43 1 0.153 251040.0 0.153 251040.0 ; C5* C4*
43 44 1 0.144 251040.0 0.144 251040.0 ; C4* O4*
43 45 1 0.153 334720.0 0.153 334720.0 ; C4* C3*
44 51 1 0.144 251040.0 0.144 251040.0 ; O4* C1*
45 46 1 0.143 334720.0 0.143 334720.0 ; C3* O3*
45 48 1 0.153 334720.0 0.153 334720.0 ; C3* C2*
70
46 47 1 0.100 313800.0 0.100 313800.0 ; O3* HAA
48 49 1 0.143 334720.0 0.143 334720.0 ; C2* O2*
48 51 1 0.153 334720.0 0.153 334720.0 ; C2* C1*
49 50 1 0.100 313800.0 0.100 313800.0 ; O2* HAB
51 52 1 0.148 251040.0 0.148 251040.0 ; C1* NAM
52 53 1 0.133 418400.0 0.133 418400.0 ; NAM CAN
52 56 1 0.133 418400.0 0.133 418400.0 ; NAM CAV
53 54 1 0.133 418400.0 0.133 418400.0 ; CAN NAO
54 55 1 0.133 418400.0 0.133 418400.0 ; NAO CAP
55 56 1 0.139 418400.0 0.139 418400.0 ; CAP CAV
55 62 1 0.139 418400.0 0.139 418400.0 ; CAP CAQ
56 57 1 0.140 334720.0 0.140 334720.0 ; CAV NAU
57 58 1 0.100 374468.0 0.100 374468.0 ; NAU HAG
57 59 1 0.148 334720.0 0.148 334720.0 ; NAU CAT
59 60 1 0.148 334720.0 0.148 334720.0 ; CAT NAS
60 61 1 0.100 374468.0 0.100 374468.0 ; NAS HAF
60 62 1 0.140 334720.0 0.140 334720.0 ; NAS CAQ
62 63 1 0.133 376560.0 0.133 376560.0 ; CAQ NAR
63 64 1 0.100 374468.0 0.100 374468.0 ; NAR HAL
63 65 1 0.100 374468.0 0.100 374468.0 ; NAR HAK
[ pairs ]
; ai aj fu c0, c1, ...
71
1 4 1 ; O4 HAI
1 5 1 ; O4 C2
1 9 1 ; O4 C10A
1 11 1 ; O4 N5
2 6 1 ; C4 O2
2 7 1 ; C4 N1
2 12 1 ; C4 HAJ
2 13 1 ; C4 C5A
2 21 1 ; C4 N10
3 8 1 ; N3 HAH
3 9 1 ; N3 C10A
3 11 1 ; N3 N5
4 6 1 ; HAI O2
4 7 1 ; HAI N1
4 10 1 ; HAI C4A
5 10 1 ; C2 C4A
5 21 1 ; C2 N10
6 8 1 ; O2 HAH
6 9 1 ; O2 C10A
7 11 1 ; N1 N5
7 20 1 ; N1 C9A
7 22 1 ; N1 CBO
72
8 10 1 ; HAH C4A
8 21 1 ; HAH N10
9 12 1 ; C11 HAJ
9 13 1 ; C11 C5A
9 19 1 ; C11 C9
9 23 1 ; C11 CBP
10 14 1 ; C4A C6
10 20 1 ; C4A C9A
10 22 1 ; C4A CBO
11 15 1 ; N5 C7
11 1 1 ; N5 C9
11 21 1 ; N5 N10
12 14 1 ; HAJ C6
12 20 1 ; HAJ C9A
13 16 1 ; C5A CBH
13 17 1 ; C5A C8
13 22 1 ; C5A CBO
14 18 1 ; C6 CBJ
14 19 1 ; C6 C9
14 21 1 ; C6 N10
15 20 1 ; C7 C9A
16 18 1 ; CBH CBJ
73
16 19 1 ; CBH C9
17 21 1 ; C8 N10
18 20 1 ; CBJ C9A
19 22 1 ; C9 CBO
20 23 1 ; C9A CBP
21 24 1 ; N10 OBQ
21 26 1 ; N10 CBR
22 25 1 ; CBO HAC
22 27 1 ; CBO OBS
22 29 1 ; CBO CBT
23 28 1 ; CBP HAD
23 30 1 ; CBP OBU
23 32 1 ; CBP CBV
24 27 1 ; OBQ OBS
24 29 1 ; OBQ CBT
25 26 1 ; HAC CBR
26 31 1 ; CBR HAE
26 33 1 ; CBR OBW
27 30 1 ; OBS OBU
27 32 1 ; OBS CBV
28 29 1 ; HAD CBT
29 34 1 ; CBT PBX
74
30 33 1 ; OBU OBW
31 32 1 ; HAE CBV
32 35 1 ; CBV OBY
32 36 1 ; CBV OBZ
32 37 1 ; CBV OCA
33 38 1 ; OBW PAA
34 39 1 ; PBX OAB
34 40 1 ; PBX OAC
34 41 1 ; PBX O5*
35 38 1 ; OBY PAA
36 38 1 ; OBZ PAA
37 42 1 ; OCA C5*
38 43 1 ; PAA C4*
39 42 1 ; OAB C5*
40 42 1 ; OAC C5*
41 44 1 ; O5* O4*
41 45 1 ; O5* C3*
42 46 1 ; C5* O3*
42 48 1 ; C5* C2*
42 51 1 ; C5* C1*
43 47 1 ; C4* HAA
43 49 1 ; C4* O2*
75
43 52 1 ; C4* NAM
44 46 1 ; O4* O3*
44 49 1 ; O4* O2*
44 53 1 ; O4* CAN
44 56 1 ; O4* CAV
45 50 1 ; C3* HAB
45 52 1 ; C3* NAM
46 49 1 ; O3* O2*
46 51 1 ; O3* C1*
47 48 1 ; HAA C2*
48 53 1 ; C2* CAN
48 56 1 ; C2* CAV
49 52 1 ; O2* NAM
50 51 1 ; HAB C1*
51 54 1 ; C1* NAO
51 55 1 ; C1* CAP
51 57 1 ; C1* NAU
52 58 1 ; NAM HAG
52 59 1 ; NAM CAT
52 62 1 ; NAM CAQ
53 57 1 ; CAN NAU
53 62 1 ; CAN CAQ
76
54 57 1 ; NAO NAU
54 60 1 ; NAO NAS
54 63 1 ; NAO NAR
55 58 1 ; CAP HAG
55 59 1 ; CAP CAT
55 61 1 ; CAP HAF
55 64 1 ; CAP HAL
55 65 1 ; CAP HAK
56 60 1 ; CAV NAS
56 63 1 ; CAV NAR
57 61 1 ; NAU HAF
57 62 1 ; NAU CAQ
58 60 1 ; HAG NAS
59 63 1 ; CAT NAR
60 64 1 ; NAS HAL
60 65 1 ; NAS HAK
61 63 1 ; HAF NAR
[ angles ]
; ai aj ak fu c0, c1, ...
1 2 3 1 120.0 418.4 120.0 418.4 ; O4 C4 N3
1 2 10 1 120.0 418.4 120.0 418.4 ; O4 C4 C4A
3 2 10 1 120.0 418.4 120.0 418.4 ; N3 C4 C4A
77
2 3 4 1 120.0 376.6 120.0 376.6 ; C4 N3 HAI
2 3 5 1 120.0 418.4 120.0 418.4 ; C4 N3 C2
4 3 5 1 120.0 376.6 120.0 376.6 ; HAI N3 C2
3 5 6 1 120.0 418.4 120.0 418.4 ; N3 C2 O2
3 5 7 1 120.0 418.4 120.0 418.4 ; N3 C2 N1
6 5 7 1 120.0 418.4 120.0 418.4 ; O2 C2 N1
5 7 8 1 120.0 376.6 120.0 376.6 ; C2 N1 HAH
5 7 9 1 120.0 418.4 120.0 418.4 ; C2 N1 C10A
8 7 9 1 120.0 376.6 120.0 376.6 ; HAH N1 C10A
7 9 10 1 120.0 418.4 120.0 418.4 ; N1 C10A C4A
7 9 21 1 120.0 418.4 120.0 418.4 ; N1 C10A N10
10 9 21 1 120.0 418.4 120.0 418.4 ; C4A C10 N10
2 10 9 1 120.0 418.4 120.0 418.4 ; C4 C4A C10A
2 10 11 1 120.0 418.4 120.0 418.4 ; C4 C4A N5
9 10 11 1 120.0 418.4 120.0 418.4 ; C11 C4A N5
10 11 12 1 120.0 376.6 120.0 376.6 ; C4A N5 HAJ
10 11 13 1 120.0 418.4 120.0 418.4 ; C4A N5 C5A
12 11 13 1 120.0 376.6 120.0 376.6 ; HAJ N5 C5A
11 13 14 1 120.0 418.4 120.0 418.4 ; N5 C5A C6
11 13 20 1 120.0 418.4 120.0 418.4 ; N5 C5A C9A
14 13 20 1 120.0 418.4 120.0 418.4 ; C6 C5A C9A
13 14 15 1 120.0 418.4 120.0 418.4 ; C5A C6 C7
78
14 15 16 1 120.0 418.4 120.0 418.4 ; C6 C7 CBH
14 15 17 1 120.0 418.4 120.0 418.4 ; C6 C7 C8
16 15 17 1 120.0 418.4 120.0 418.4 ; CBH C7 C8
15 17 18 1 120.0 418.4 120.0 418.4 ; C7 C8 CBJ
15 17 19 1 120.0 418.4 120.0 418.4 ; C7 C8 C9
18 17 19 1 120.0 418.4 120.0 418.4 ; CBJ C8 C9
17 19 20 1 120.0 418.4 120.0 418.4 ; C8 C9 C9A
13 20 19 1 120.0 418.4 120.0 418.4 ; C5A C9A C9
13 20 21 1 120.0 418.4 120.0 418.4 ; C5A C9A N10
19 20 21 1 120.0 418.4 120.0 418.4 ; C9 C9A N10
9 21 20 1 120.0 418.4 120.0 418.4 ; C11 N10 C9A
9 21 22 1 120.0 418.4 120.0 418.4 ; C11 N10 CBO
20 21 22 1 120.0 418.4 120.0 418.4 ; C9A N10 CBO
21 21 23 1 120.0 418.4 120.0 418.4 ; N10 CBO CBP
22 23 24 1 109.5 460.2 109.5 460.2 ; CBO CBP OBQ
22 23 26 1 109.5 460.2 109.5 460.2 ; CBO CBP CBR
24 23 26 1 109.5 460.2 109.5 460.2 ; OBQ CBP CBR
23 24 25 1 109.5 397.5 109.5 397.5 ; CBP OBQ HAC
23 26 27 1 109.5 460.2 109.5 460.2 ; CBP CBR OBS
23 26 29 1 111.0 460.2 111.0 460.2 ; CBP CBR CBT
27 26 29 1 109.5 460.2 109.5 460.2 ; OBS CBR CBT
26 27 28 1 109.5 397.5 109.5 397.5 ; CBR OBS HAD
79
26 29 30 1 109.5 460.2 109.5 460.2 ; CBR CBT OBU
26 29 32 1 111.0 460.2 111.0 460.2 ; CBR CBT CBV
30 29 32 1 109.5 460.2 109.5 460.2 ; OBU CBT CBV
29 30 31 1 109.5 397.5 109.5 397.5 ; CBT OBU HAE
29 32 33 1 111.0 460.2 111.0 460.2 ; CBT CBV OBW
32 33 34 1 120.0 397.5 120.0 397.5 ; CBV OBW PBX
33 34 35 1 109.6 397.5 109.6 397.5 ; OBW PBX OBY
33 34 36 1 109.6 397.5 109.6 397.5 ; OBW PBX OBZ
33 34 37 1 103.0 397.5 103.0 397.5 ; OBW PBX OCA
35 34 36 1 120.0 585.8 120.0 585.8 ; OBY PBX OBZ
35 34 37 1 109.6 397.5 109.6 397.5 ; OBY PBX OCA
36 34 37 1 109.6 397.5 109.6 397.5 ; OBZ PBX OCA
34 37 38 1 120.0 397.5 120.0 397.5 ; PBX OCA PAA
37 38 39 1 109.6 397.5 109.6 397.5 ; OCA PAA OAB
37 38 40 1 109.6 397.5 109.6 397.5 ; OCA PAA OAC
37 38 41 1 103.0 397.5 103.0 397.5 ; OCA PAA O5*
39 38 40 1 120.0 585.8 120.0 585.8 ; OAB PAA OAC
39 38 41 1 109.6 397.5 109.6 397.5 ; OAB PAA O5*
40 38 41 1 109.6 397.5 109.6 397.5 ; OAC PAA O5*
38 41 42 1 120.0 397.5 120.0 397.5 ; PAA O5* C5*
41 42 43 1 111.0 460.2 111.0 460.2 ; O5* C5* C4*
42 43 44 1 109.5 284.5 109.5 284.5 ; C5* C4* O4*
80
42 43 45 1 109.5 251.0 109.5 251.0 ; C5* C4* C3*
44 43 45 1 104.0 460.2 104.0 460.2 ; O4* C4* C3*
43 44 51 1 104.0 460.2 104.0 460.2 ; C4* O4* C1*
43 45 46 1 109.5 460.2 109.5 460.2 ; C4* C3* O3*
43 45 48 1 104.0 460.2 104.0 460.2 ; C4* C3* C2*
46 45 48 1 109.5 460.2 109.5 460.2 ; O3* C3* C2*
45 46 47 1 109.5 397.5 109.5 397.5 ; C3* O3* HAA
45 48 49 1 109.5 460.2 109.5 460.2 ; C3* C2* O2*
45 48 51 1 104.0 460.2 104.0 460.2 ; C3* C2* C1*
49 48 51 1 109.5 460.2 109.5 460.2 ; O2* C2* C1*
48 49 50 1 109.5 397.5 109.5 397.5 ; C2* O2* HAB
44 51 48 1 104.0 460.2 104.0 460.2 ; O4* C1* C2*
44 51 52 1 109.5 284.5 109.5 284.5 ; O4* C1* NAM
48 51 52 1 109.5 284.5 109.5 284.5 ; C2* C1* NAM
51 52 53 1 126.0 418.4 126.0 418.4 ; C1* NAM CAN
51 52 56 1 126.0 418.4 126.0 418.4 ; C1* NAM CAV
53 52 56 1 108.0 418.4 108.0 418.4 ; CAN NAM CAV
52 53 54 1 108.0 418.4 108.0 418.4 ; NAM CAN NAO
53 54 55 1 108.0 418.4 108.0 418.4 ; CAN NAO CAP
54 55 56 1 108.0 418.4 108.0 418.4 ; NAO CAP CAV
54 55 62 1 132.0 418.4 132.0 418.4 ; NAO CAP CAQ
56 55 62 1 120.0 418.4 120.0 418.4 ; CAV CAP CAQ
81
52 56 55 1 108.0 418.4 108.0 418.4 ; NAM CAV CAP
52 56 57 1 132.0 418.4 132.0 418.4 ; NAM CAV NAU
55 56 57 1 120.0 418.4 120.0 418.4 ; CAP CAV NAU
56 57 58 1 120.0 376.6 120.0 376.6 ; CAV NAU HAG
56 57 59 1 120.0 418.4 120.0 418.4 ; CAV NAU CAT
58 57 59 1 120.0 376.6 120.0 376.6 ; HAG NAU CAT
57 59 60 1 109.5 460.2 109.5 460.2 ; NAU CAT NAS
59 60 61 1 120.0 376.6 120.0 376.6 ; CAT NAS HAF
59 60 62 1 120.0 418.4 120.0 418.4 ; CAT NAS CAQ
61 60 62 1 120.0 376.6 120.0 376.6 ; HAF NAS CAQ
55 62 60 1 120.0 418.4 120.0 418.4 ; CAP CAQ NAS
55 62 63 1 120.0 418.4 120.0 418.4 ; CAP CAQ NAR
60 62 63 1 120.0 418.4 120.0 418.4 ; NAS CAQ NAR
62 63 64 1 120.0 292.9 120.0 292.9 ; CAQ NAR HAL
62 63 65 1 120.0 292.9 120.0 292.9 ; CAQ NAR HAK
64 63 65 1 120.0 334.7 120.0 334.7 ; HAL NAR HAK
[ dihedrals ]
; ai aj ak al fu c0, c1, m, ...
2 10 3 1 2 0.0 1673.6 0.0 1673.6 ; imp C4 C4A N3 O4
3 5 4 2 2 0.0 1673.6 0.0 1673.6 ; imp N3 C2 HAI C4
5 3 7 6 2 0.0 1673.6 0.0 1673.6 ; imp C2 N3 N1 O2
7 9 8 5 2 0.0 1673.6 0.0 1673.6 ; imp N1 C11 HAH C2
82
9 7 21 10 2 0.0 1673.6 0.0 1673.6 ; imp C11 N1 N10 C4A
10 11 9 2 2 0.0 1673.6 0.0 1673.6 ; imp C4A N5 C10A C4
11 13 12 10 2 0.0 1673.6 0.0 1673.6 ; imp N5 C5A HAJ C4A
13 11 20 14 2 0.0 1673.6 0.0 1673.6 ; imp C5A N5 C9A C6
15 14 17 16 2 0.0 1673.6 0.0 1673.6 ; imp C7 C6 C8 CBH
17 15 19 18 2 0.0 1673.6 0.0 1673.6 ; imp C8 C7 C9 CBJ
20 13 21 19 2 0.0 1673.6 0.0 1673.6 ; imp C9A C5A N10 C9
21 9 20 22 2 0.0 1673.6 0.0 1673.6 ; imp N10 C10A C9A CBO
52 51 53 56 2 0.0 1673.6 0.0 1673.6 ; imp NAM C1* CAN CAV
55 62 56 54 2 0.0 1673.6 0.0 1673.6 ; imp CAP CAQ CAV NAO
56 57 55 52 2 0.0 1673.6 0.0 1673.6 ; imp CAV NAU CAP NAM
57 56 58 59 2 0.0 1673.6 0.0 1673.6 ; imp NAU CAV HAG CAT
60 62 61 59 2 0.0 1673.6 0.0 1673.6 ; imp NAS CAQ HAF CAT
62 55 60 63 2 0.0 1673.6 0.0 1673.6 ; imp CAQ CAP NAS NAR
63 62 64 65 2 0.0 1673.6 0.0 1673.6 ; imp NAR CAQ HAL HAK
23 22 24 26 2 35.3 836.8 35.3 836.8 ; imp CBP CBO OBQ CBR
26 23 27 29 2 35.3 836.8 35.3 836.8 ; imp CBR CBP OBS CBT
29 26 30 32 2 35.3 836.8 35.3 836.8 ; imp CBT CBR OBU CBV
34 33 36 35 2 35.3 836.8 35.3 836.8 ; imp PBX OBW OBZ OBY
38 37 39 40 2 35.3 836.8 35.3 836.8 ; imp PAA OCA OAB OAC
43 42 45 44 2 35.3 836.8 35.3 836.8 ; imp C4* C5* C3* O4*
45 43 48 46 2 35.3 836.8 35.3 836.8 ; imp C3* C4* C2* O3*
83
48 45 51 49 2 35.3 836.8 35.3 836.8 ; imp C2* C3* C1* O2*
51 44 48 52 2 35.3 836.8 35.3 836.8 ; imp C1* O4* C2* NAM
52 53 54 55 2 0.0 1673.6 0.0 1673.6 ; imp NAM CAN NAO CAP
53 54 55 56 2 0.0 1673.6 0.0 1673.6 ; imp CAN NAO CAP CAV
54 55 56 52 2 0.0 1673.6 0.0 1673.6 ; imp NAO CAP CAV NAM
55 56 52 53 2 0.0 1673.6 0.0 1673.6 ; imp CAP CAV NAM CAN
56 52 53 54 2 0.0 1673.6 0.0 1673.6 ; imp CAV NAM CAN NAO
13 14 15 17 2 0.0 1673.6 0.0 1673.6 ; imp C5A C6 C7 C8
14 15 17 19 2 0.0 1673.6 0.0 1673.6 ; imp C6 C7 C8 C9
15 17 19 20 2 0.0 1673.6 0.0 1673.6 ; imp C7 C8 C9 C9A
17 19 20 13 2 0.0 1673.6 0.0 1673.6 ; imp C8 C9 C9A C5A
19 20 13 14 2 0.0 1673.6 0.0 1673.6 ; imp C9 C9A C5A C6
20 13 14 15 2 0.0 1673.6 0.0 1673.6 ; imp C9A C5A C6 C7
2 3 5 7 2 0.0 1673.6 0.0 1673.6 ; imp C4 N3 C2 N1
3 5 7 9 2 0.0 1673.6 0.0 1673.6 ; imp N3 C2 N1 C10A
5 7 9 10 2 0.0 1673.6 0.0 1673.6 ; imp C2 N1 C10A C4A
7 9 10 2 2 0.0 1673.6 0.0 1673.6 ; imp N1 C10A C4A C4
9 10 2 3 2 0.0 1673.6 0.0 1673.6 ; imp C11 C4A C4 N3
10 2 3 5 2 0.0 1673.6 0.0 1673.6 ; imp C4A C4 N3 C2
22 21 9 7 1 180.0 33.5 2 180.0 33.5 2 ; dih CBO N10 C10A N1
13 11 10 2 1 180.0 33.5 2 180.0 33.5 2 ; dih C5A N5 C4A C4
10 11 13 20 1 180.0 33.5 2 180.0 33.5 2 ; dih C4A N5 C5A C9A
84
22 21 20 13 1 180.0 33.5 2 180.0 33.5 2 ; dih CBO N10 C9A C5A
9 21 22 23 1 180.0 33.5 2 180.0 33.5 2 ; dih C11 N10 CBP CBR
22 23 24 25 1 0.0 1.3 3 0.0 1.3 3 ; dih CBO CBP OBQ HAC
29 26 23 22 1 0.0 5.9 3 0.0 5.9 3 ; dih CBT CBR CBP CBO
23 26 27 28 1 0.0 1.3 3 0.0 1.3 3 ; dih CBP CBR OBS HAD
32 29 26 23 1 0.0 5.9 3 0.0 5.9 3 ; dih CBV CBT CBR CBP
26 29 30 31 1 0.0 1.3 3 0.0 1.3 3 ; dih CBR CBT OBU HAE
33 32 29 26 1 0.0 5.9 3 0.0 5.9 3 ; dih OBW CBV CBTCBR
34 33 32 29 1 0.0 3.8 3 0.0 3.8 3 ; dih PBX OBW CBV CBT
32 33 34 37 1 0.0 1.0 3 0.0 1.0 3 ; dih CBV OBW PBX OCA
32 33 34 37 1 0.0 3.1 2 0.0 3.1 2 ; dih CBV OBW PBX OCA
38 37 34 33 1 0.0 1.0 3 0.0 1.0 3 ; dih PAA OCA PBX OBW
38 37 34 33 1 0.0 3.1 2 0.0 3.1 2 ; dih PAA OCA PBX OBW
34 37 38 41 1 0.0 1.0 3 0.0 1.0 3 ; dih PBX OCA PAA O5*
34 37 38 41 1 0.0 3.1 2 0.0 3.1 2 ; dih PBX OCA PAA O5*
42 41 38 37 1 0.0 1.0 3 0.0 1.0 3 ; dih C5* O5* PAA OCA
42 41 38 37 1 0.0 3.1 2 0.0 3.1 2 ; dih C5* O5* PAA OCA
38 41 42 43 1 0.0 3.8 3 0.0 3.8 3 ; dih PAA O5* C5* C4*
45 43 42 41 1 0.0 5.9 3 0.0 5.9 3 ; dih C3* C4* C5* O5*
42 43 44 51 1 0.0 3.8 3 0.0 3.8 3 ; dih C5* C4* O4* C1*
42 43 45 48 1 0.0 5.9 3 0.0 5.9 3 ; dih C5* C4* C3* C2*
52 51 44 43 1 0.0 3.8 3 0.0 3.8 3 ; dih NAM C1* O4* C4*
85
43 45 46 47 1 0.0 1.3 3 0.0 1.3 3 ; dih C4* C3* O3* HAA
51 48 45 43 1 0.0 5.9 3 0.0 5.9 3 ; dih C1* C2* C3* C4*
45 48 49 50 1 0.0 1.3 3 0.0 1.3 3 ; dih C3* C2* O2* HAB
45 48 51 52 1 0.0 5.9 3 0.0 5.9 3 ; dih C3* C2* C1* NAM
44 51 52 56 1 0.0 0.0 2 0.0 0.0 2 ; dih O4* C1* NAM CAV
54 55 62 63 1 180.0 5.9 2 180.0 5.9 2 ; dih NAO CAP CAQ NAR
59 57 56 52 1 180.0 33.5 2 180.0 33.5 2 ; dih CAT NAU CAV NAM
56 57 59 60 1 0.0 0.4 6 0.0 0.4 6 ; dih CAV NAU CAT NAS
62 60 59 57 1 0.0 0.4 6 0.0 0.4 6 ; dih CAQ NAS CAT NAU
59 60 62 63 1 180.0 33.5 2 180.0 33.5 2 ; dih CAT NAS CAQ NAR
55 62 63 65 1 180.0 33.5 2 180.0 33.5 2 ; dih CAP CAQ NAR HAK
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