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fitogeográfica de “Província dos Campos Sulinos” e destaca que em uma província “ocorrem,
normalmente, feições morfológicas e condições ecológicas variadas, por vezes muito
distintas, tornando necessário o esclarecimento dos conceitos de „província‟ e „bioma‟, com
vistas à consistência do embasamento fitogeográfico”. Para isso, esclarece que:
Quando se fala no “bioma dos Campos Sulinos”, por exemplo, quer se referir,
especificamente, a um tipo de ecossistema terrestre que ocupa grande extensão no
Rio Grande do Sul, apresentando características ecológicas bem mais uniformes e
marcantes do que o compreendido pela província de mesmo nome. O bioma dos
Campos Sulinos, em outras palavras, corresponde aos campos ou pradarias
propriamente ditas, encontradas no sul do Brasil e áreas adjacentes. Extremamente
abrangente, o conceito de província pode englobar ecossistemas muito distintos
entre si, sejam eles terrestres, paludosos, lacustres, fluviais, de pequenas ou de
grandes altitudes, etc. Nem toda a vegetação ocorrente na província dos Campos
Sulinos, por exemplo, pertence, verdadeiramente, ao bioma de mesmo nome: é o
caso das florestas-de-galeria, que acompanham os vales úmidos dos rios, do parque
espinilho, dos capões e parques com pau-ferro, bem como dos demais capões e
manchas florestais associadas a encostas de montanhas ou isoladas na paisagem
campestre (MARCHIORI, 2004, p.50).
Marchiori (2004), ao utilizar estes conceitos para os termos “província” e “bioma”,
considera que a presença do “elemento fanerofítico”
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em meio as formações campestres é o
principal agente diferenciador fisionômico dos campos nativos e reconhece, a partir deste, a
existência de distintos biomas na Província dos Campos Sulinos.
Para o oeste do Rio Grande do Sul, entre outros biomas, reconhece a ocorrência de
“Floresta de galeria”, também dita mata ciliar: são “formações silváticas associadas à margem
de rios e outros cursos d‟água”, formando uma espécie de faixa longitudinal, com largura e
composição florística variável, de acordo com as características particulares de cada habitat.
Os “Capões”, por sua vez, correspondem a “ilhas de vegetação silvática dispersas em áreas
campestres”, que geralmente se formam em locais favorecidos pela umidade, como “nas
canhadas das coxilhas e encostas de cerros, tais núcleos de vegetação silvática usualmente
estabelecem transição gradual para o campo limpo, mediante a formação de um anel
periférico de arvoretas e arbustos, de origem chaquenha, pampeana ou andina”. Os “Capões e
Parques com pau-ferro”, localizados na região das Missões e áreas adjacentes, constituem-se
em “núcleos silváticos mesclados a formações campestres”, geralmente associados a locais
pedregosos, com a presença característica do pau-ferro (Myracrodruon balansae (Engl.)
Santin)
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e outras espécies de origem chaquenha. O “Parque Espinilho”, restrito ao extremo
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O elemento fanerofítico consiste em uma das seis categorias fundamentais de plantas, criadas por Raunkiaer, com base na
posição das gemas foliares durante a estação desfavorável ao crescimento, reunindo plantas com gemas dispostas a mais de
25 cm sobre o nível do solo.
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Espécie anteriormente citada como Astronium balansae Engl.