Para que isso não ocorra, sugerimos, ao começar o trabalho com alunos
DVs, que se faça uma espécie de avaliação prognóstica com o intuito de desvelar como
esse aluno (ou como ele aprende), do que ele gosta, quais os assuntos que lhe chamam
mais a atenção e quais não, o que facilitaria e/ou prejudicaria o seu aprendizado dentro e
fora da sala de aula. Obviamente, estes questionamentos servem para qualquer aluno,
porém, quando se trata de um DV, estas questões não só são importantes, mas essenciais
para um bom andamento do processo de ensino e de aprendizagem.
A partir deste procedimento, perceberemos que, mesmo que o aluno DV não
tenha consciência de seus estilos de aprendizagem, ele possui estratégias próprias que
podem ser melhoradas e/ou prejudicadas, dependendo do método usado pelo professor.
Como se pode observar, não propomos aqui nada que seja novo ou “anormal”, porém, a
clareza na aplicação de procedimentos de ensino, bem como dos objetivos de
professores e alunos, devem ser considerados como ferramentas chave para o
estabelecimento e para a manutenção do processo de ensino-aprendizagem de LE para
alunos cegos, não se tratando, portanto, da adoção ou criação de um método específico,
mas sim da percepção e de especificidades dentro do método.
Portanto, não somos adeptos do estabelecimento de uma espécie de
“pedagogia do deficiente” (Amaral, 1994, p. 71). No entanto, o aluno DV, como
qualquer outro indivíduo que tem anseios, medos, alegrias e tristezas, precisa de
ferramentas didáticas adequadas para suas demandas específicas de aprendizagem.
Assim, a procura de tarefas, projetos, etc. para atender diferentes interesses e níveis de
desenvolvimento dos alunos, deve ser uma prerrogativa diária para o professor que
ministra aulas para DVs, levando em consideração as especificidades que permeiam a
aprendizagem de um indivíduo que perdeu a visão.
Por outro lado, a simples diferenciação por si só não tem efeito positivo.
Concordamos com André (1999, p. 16) quando afirma que:
“Geralmente, o professor se dirige mais freqüentemente àqueles alunos que
fazem perguntas, que são atentos, comportados (...) que aceitam suas regras
(o grifo é nosso) (...) e rejeitam aqueles que fazem bagunça, que resistem, que
contestam. Esse tratamento das diferenças pode favorecer os favorecidos e
desfavorecer os desfavorecidos.”
Este pensamento vai de encontro a outro, o que caracteriza o portador de
deficiência sempre em termos negativos tais como: impossibilitado, imperfeito,
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