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UNIVERSIDADE REGIONAL DE BLUMENAU – FURB
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E NATURAIS – CCEN
DEPARTAMENTO DE QUÍMICA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM QUÍMICA – PPGQ
SÍNTESE E ATIVIDADE LEISHMANICIDA E TRIPANOCIDA DA
4,5,10-TRICLORO-1,7-FENANTROLINA E 4,6-DICLORO-10-METIL-
PIRIDO[3,2-g]QUINOLINA
LEANDRO GUSTAVO MARTINS
BLUMENAU – SC
2007
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LEANDRO GUSTAVO MARTINS
SÍNTESE E ATIVIDADE LEISHMANICIDA E TRIPANOCIDA DA
4,5,10-TRICLORO-1,7-FENANTROLINA E 4,6-DICLORO-10-METIL-
PIRIDO[3,2-g]QUINOLINA
Dissertação submetida à Universidade Regional
de Blumenau como requisito parcial para a
obtenção do grau de Mestre em Química.
Orientador: Prof. Dr. Ricardo Andrade Rebelo
BLUMENAU – SC
2007
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“Hay hombres que lucham um dia
y son buenos,
Hay otros que lucham um año
y son mejores
Hay quienes lucham muchos años
y son mui buenos
Pero hay los que lucham toda la vida
Esos son los imprescindibles.”
B. Brecht
A Deus por tudo em minha vida.
À minha mãe, por tudo que tenho e principalmente pelos incentivos
incondicionais em todos os momentos da minha vida.
Ao Prof. Dr. Ricardo Andrade Rebelo pela orientação, confiança e apoio
oferecidos durante todas as etapas desse trabalho e vida acadêmica.
À Profª. Dra. Iêda Maria Begnini e aos demais professores pelo incentivo, e
amizade em todas as etapas do curso de mestrado e formação acadêmica.
Aos meus familiares pelo apoio e carinho destinados. Em especial ao Paulo
David (in memoriam) por tudo que aprendi com seus ensinamentos.
Ao Prof. Mário Steindel pela realização dos ensaios antiprotozoários.
À FURB por proporcionar um ambiente adequado para a minha formação
acadêmica.
Ao Profº Dr Luciano da Silva pelas críticas e sugestões para o aprimoramento
deste trabalho.
Aos Prof
a
.Dra. Flávia Aparecida Fernandes da Rosa e Prof. Dr. Edésio Luiz
Simionatto por terem aceitado participar da banca examinadora.
RESUMO
Os diazatriciclos pirido[3,2-g]quinolina e 1,7-fenantrolina são moléculas
planares com nitrogênios protonáveis, capazes de intercalação e interação com as
bases nitrogenadas do DNA. Importante atividade citotóxica está associada ao
isômero linear piridoquinolina, tal como, antimalarial, antielmíntica, tripanocida,
antitumoral e antibacteriana.
Neste trabalho investigamos a síntese de novas estruturas diazatricíclicas,
análogas às estruturas descritas na literatura com atividade citotóxica, empregando
metodologia de dupla ciclização de derivados fenilenodiamínicos do ácido de
Meldrum. Contemplarmente buscou-se estabelecer o potencial leishmanicida e
tripanocida dos compostos obtidos. A metodologia requer na preparação de ambos
os isômeros, 1,3-fenilenodiaminas substituídas. Desta forma, o isômero angular
preferencial
38 foi obtido quando da ciclização térmica do derivado 5-cloro. O
bloqueio da posição 2 com um grupamento metila, conduziu a formação do isômero
linear desejável 45. Cloreto de fosforila demonstrou ser eficiente na cloração dos
anéis heterocíclicos, obtendo-se as 4,5,10-tricloro-1,7-fenantrolina (39) e 4,6-
dicloro-10-metil-pirido[3,2-g]quinolina (46). Os compostos 39 e 46 não apresentaram
atividade antiprotozoária in vitro contra cepas de L. amazonensis e Trypanosoma
cruzi.
O composto 46 foi submetido à reação de substituição nucleofílica na
presença de excesso de 2-amino-5-(dietilamino)-pentano a 170
o
C. O produto 64
dissubstituído foi isolado após sucessivas cromatografias em coluna. Sua estrutura
molecular foi parcialmente confirmada por ressonância magnética nuclear de
1
H e
13
C. Sua atividade antiprotozoária não foi ainda determinada.
N
H
NH N N N
H
N
H
N N
O
O Cl
O
Cl Cl
Cl
O
N N
38
39
45
64
ClCl
NH HN
46
NEt
2
Et
2
N
Palavras-chave: síntese, pirido[3,2-g]quinolina, 1,7-fenantrolina, antiprotozoários.
ABSTRACT
The diazatricycles pyrido[3,2-g]quinoline and 1,7-phenantroline are plane
structures with protonable nitrogens, capables of intercalating and interact with the
DNA nitrogens bases. Important cytotoxic activities are associated with the linear
isomer of pyridoquinolines, such as antimalarial, antihelmintic, trypanocidal,
antibacterial and antitumoral.
In this work we investigated the synthesis of new diazatricycles structurally
related to cytotoxic compounds described in the literature. The methodology is based
on the double cyclisation of phenylenodiamine Meldrum’s acid derivatives.
Complementarily it was aimed to establish the leishmanicidal and tripanocidal
potential of the obtained compounds. The methodology required in the preparation of
both isomers, substituted 1,3-phenylenodiamines. When 5-chloro-1,3-
phenylenediamine was used it was observed the preferential formation of the angular
isomer, the phenanthroline 38, under thermal cyclization. For the formation of the
linear pyridoquinoline it was necessary to have blocked the position 2. Therefore, 2-
methyl-1,3- phenylenediamine under similar condition led to isomer 45. Phosphoryl
chloride was shown to be efficient in the cloration of heterocyclic rings leading to the
the 4,5,10-trichloro-1,7-phenantroline (39) and 4,6-dichloro-10-methyl-pyrido[3,2-
g]quinoline (46). Compounds 39 e 46 were inactive against Trypanosoma cruzi and
Leishmania amazonensis in vitro bioassays.
Compound 46 was submitted to a nucleophilic substitution reaction in the
presence of excess of 2-amino-5-(diethylamino)-pentane at 170
o
C. The
dissubstituted product 64 was isolated after a very laborious work up. Its partial
structural elucidation was performed by means of
1
H and
13
C RMN and its
antiprotozoal activity remains to be determined.
N
H
NH N N N
H
N
H
N N
O
O Cl
O
Cl Cl
Cl
O
N N
38
39
45
64
ClCl
NH HN
46
NEt
2
Et
2
N
Key-words: synthesis, pyrido[3,2-g]quinoline, 1,7-phenanthroline, antiprotozoal.
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 Representação estrutural da meridina (1), elipticina (2) e cloroquina (3)
.......................................................................................................................17
FIGURA 2 Representação esquemática do mecanismo de ação dos agentes
quimioterápicos.......................................................................................................... 19
FIGURA 3 Exemplos de compostos empregados na terapia humana antichagásica
................................................................................................................................... 29
FIGURA 4 – Compostos estudados para tratamento da Doença de Chagas........... 30
FIGURA 5 – Agentes tripanocidas em infecções humanas e veterinárias............... 32
FIGURA 6 - Compostos com propriedades para intercalação no DNA.................... 35
FIGURA 7 – Composto protótipo 10-aminoalquilfenotiazina..................................... 35
FIGURA 8 Isômeros fenantrolínicos de interesse apresentando o sistema de
numeração recomendado pela IUPAC...................................................................... 36
FIGURA 9 – Mecanismo de formação da acroleína.................................................. 37
FIGURA 10 – Síntese da cloro-1,7-fenantrolina por Wiederkerhr (1952)................. 37
FIGURA 11 – Síntese da dicloro-1,7-fenantrolina por Molock e Boykin (1983)........ 39
FIGURA 12 Síntese 4,5,10-tricloro-1,7-fenantrolina empregada por Graf et al
(2002)......................................................................................................................... 40
FIGURA 13 Isômeros fenantrolínicos apresentando o sistema de numeração
recomendado pela IUPAC......................................................................................... 41
FIGURA 14 Isômeros fenantrolínicos halosubstituídos apresentando o sistema de
numeração recomendado pela IUPAC...................................................................... 41
FIGURA 15 Representação esquemática da nomenclatura de acordo com a face
de ligação das piridoquinolinas.................................................................................. 42
FIGURA 16 – Exemplo de numeração empregada nas piridoquinolinas.................. 42
FIGURA 17 Estruturas 40 e 41 sintetizadas e estudadas por Hall et al. (1977)
quanto a sua atividade antialérgica........................................................................... 43
FIGURA 18 Síntese da 4,6-dicloro-pirido[3,2-g]quinolina e reação de substituição
com nucleófilo nitrogenado, por Molock e Boykin (1983).......................................... 44
FIGURA 19 Síntese pirido[3,2-g]quinolina empregando condensação de
Friedländer................................................................................................................. 45
FIGURA 20 Síntese da pirido[3,2-g]quinolina susbtituídas por Matias et al. (1996)
empregando reação por transferência de fase.......................................................... 46
FIGURA 21 – Estruturas mono e bis-piridoquinolina testadas como antitumorais... 47
FIGURA 22 Rota sintética de piridoquinolinas 4,6-substituídas empregada por
Gallo et al. (2003)....................................................................................................... 48
FIGURA 23 Síntese de 4,6-piridoquinolinas apresentando amina terciária na
cadeia lateral. Em destaque a reação de substituição aromática nucleofílica entre 58
e o nucleófilo amina secundária................................................................................ 48
FIGURA 24 Esquema reacional de obtenção da 4,5,10-tricloro-1,7-fenantrolina
(39)............................................................................................................................ 63
FIGURA 25 – Representação da ligação de hidrogênio intramolecular................... 64
FIGURA 26 Representação da estrutura linear indicando a equivalência das
posições..................................................................................................................... 65
FIGURA 27 Esquema reacional de obtenção da 4,6-dicloro-10-metil-pirido[3,2-g]-
quinolina (46).............................................................................................................. 67
FIGURA 28 Numeração da 4,6-dicloro-10-metil-pirido[3,2-g]quinolina 46 e análogo
58................................................................................................................................ 68
FIGURA 29 Modelo estrutural da piridoquinolina e 2-amino-5-dietilamino-pentano
.................................................................................................................................... 70
FIGURA 30 Cromatograma do 2-amino-5-dietilamino-pentano após purificação por
destilação simples e à pressão reduzida................................................................... 71
FIGURA 31 Representação das estruturas 10-metil-pirido[3,2-g]quinolina
substituídas (47, 57, 60 e 64).................................................................................... 73
FIGURA 32 – Estruturas triciclicas obtidas por Silva et al. (2007)............................ 74
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 Estrutura química de antimoniais trivalentes empregados na clínica
médica, com os respectivos nomes químicos e comerciais...................................... 22
TABELA 2 – Estrutura química de antimoniais pentavalentes empregados na clínica
médica, com os respectivos nomes químicos e comerciais...................................... 23
TABELA 3 – Outros medicamentos empregados na terapia de leishmaniose, com os
respectivos nomes químicos e comerciais................................................................ 24
TABELA 4 Principais reações colaterais observadas no tratamento específico da
doença de chagas por autores argentinos e brasileiros............................................ 29
TABELA 5 - Atividade antiparasitária in vitro do derivado pirazolinaftoquinônicos e
quinonimínicos........................................................................................................... 30
TABELA 6 Deslocamento químico de
1
H de RMN dos isômeros
fenantrolínicos ........................................................................................................... 40
TABELA 7 Deslocamento químico de
13
C de RMN de derivados fenantrolínicos
halosubstituídos ....................................................................................................... 41
TABELA 8 Comparativo de sinais de RMN
13
C da 4,6-dicloro-10metil-pirido[3,2-g]-
quinolina (46) e literaura............................................................................................ 68
TABELA 9 Comparativo de sinais de RMN
1
H da 4,6-dicloro-10-metil-pirido[3,2-g]
quinolina (44) e 4,6-dicloro-2,8,10-trimetil-pirido[3,2-g]quinolina (58) obtido por Gallo
et al. (2003)... ............................................................................................................ 68
TABELA 10 Comparativo de sinais de RMN
13
C da 10-metil-pirido[3,2-g]quinolina
substituída.................................................................................................................. 73
TABELA 11 Atividade antiparasitária in vitro contra formas epimastigotas de T.
cruzi e promastigotas de Leishmania amazonensis e ensaios de citotoxicidade..... 75
LISTA DE ABREVIAÇÕES E GLOSSÁRIO
Adenopatia - Termo utilizado para designar o aumento do volume dos gânglios
linfáticos
Adinamia - Debilidade muscular que impede os movimentos
Astenia - Fraqueza, cansaço físico intenso
CDCl
3
- Clorofórmio deuterado
CG - Cromatografia gasosa
DMEM - Meio de Eagle modificado por Dulbeccos
IV - Infravermelho
MTT - Brometo de 3-(4,5-dimetiltiazol-2-il)-2,5-difeniltetrazol
ppm - Partes por milhão
RMN
1
H - Ressonância magnética nuclear de hidrogênio
RMN
13
C - Ressonância magnética nuclear de carbono
TMS - Tetrametilsilano
SUMÁRIO
2. Fundamentação Teórica ...................................................................................... 19
2.1. Quimoterápicos ................................................................................................. 19
2.2. LEISHMANIOSE ............................................................................................... 21
2.3. DOENÇAS DE CHAGAS .................................................................................. 28
3. DIAZATRICICLOS .................................................................................................. 35
3.1. Fenantrolinas .................................................................................................... 37
3.2. Piridoquinolina .................................................................................................. 43
4. OBJETIVOS ............................................................................................................ 51
4.1 ObjetivoS geraIS ................................................................................................ 51
4.2 Objetivos específicos ......................................................................................... 51
5. MATERIAL E MÉTODOS ....................................................................................... 52
5.1 MATERIAL ......................................................................................................... 52
5.1.1 Reagentes ....................................................................................................... 52
5.1.1.1 Purificação do 2-amino-5-dietilaminopentano ............................................ 52
5.1.1.1.1 Análise cromatográfica do 2-amino-5-dietilaminopentano ....................... 53
5.1.2 Equipamentos ................................................................................................. 53
5.2 Procedimentos de SÍNTESE ............................................................................. 54
5.3. BIOENSAIOS (Silva et al.,2007) ...................................................................... 61
6. RESULTADOS E DISCUSSÃO .............................................................................. 64
6.1 SÍNTESE E CARACTERIZAÇÀO DA 4,5,10-TRICLORO-1,7-FENANTROLINA
(39) ........................................................................................................................... 64
6.2 SÍNTESE E CARCTERIZAÇÀO DA 4,6-DICLORO-10-METIL-PIRIDO[3,2-g]-
QUINOLINA (46) ...................................................................................................... 67
6.2.1 Síntese e caracterização da 4,6-bis-(4-dietilamino-1-metil-butilamino)-10-
metil-pirido[3,2-g]quinolina (64) ............................................................................... 70
6.3 BIOENSAIO ANTIPROTOZOÁRIO ...................................................................... 76
7. conclusão ............................................................................................................... 78
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ........................................................................... 79
1. INTRODUÇÃO
A Química Medicinal se dedica a estudar as razões moleculares da
ação dos fármacos (substância química empregada como medicamento), a relação
entre a estrutura química e a atividade farmacológica, incluindo o planejamento e o
desenho estrutural de novas substâncias que possuam propriedades
farmacoterapêuticas úteis, capazes de originar novos fármacos. Essa tarefa,
complexa, envolve uma multiplicidade de fatores responsáveis pela resposta
terapêutica de uma substância exógena que precisa apresentar elevada eficácia,
reflexo das propriedades farmacodinâmicas aquelas que regem as interações
responsáveis pelo reconhecimento molecular do fármaco pelo biorreceptor e resulta
na resposta terapêutica desejada (incluindo interação com enzimas e DNA) e/ou
transformação metabólica em outras drogas (pró-droga) e farmacocinética aquela
que governam os fatores de absorção, distribuição, metabolismo e eliminação do
fármaco na biofase, resultando no perfil de biodisponibilidade, além de possuir
reduzida toxidez. (BARREIRO; FRAGA, 2001)
Nos primórdios da química medicinal descrita 5100 anos, aplicada
no Império Chinês, é mencionada a utilização de extratos brutos de inúmeras ervas,
raízes, etc. (SILVERMAN, 1992) Com o avanço das técnicas sintéticas e a
necessidade do conhecimento da estrutura-atividade dos compostos, estes foram
sendo isolados e caracterizados objetivando a substância pura.
Com o contínuo avanço dessa ciência até os dias atuais, o número de
terapias químicas incorporadas à medicina é muito elevado. Os produtos naturais
que algumas décadas atrás eram essenciais nas terapias químicas, hoje
contemplam uma porcentagem reduzida no mercado mundial devido à química
16
17
sintética explorar e aplicar modificações estruturais para complementar, ampliar,
minimizar e eliminar as propriedades, ora desejáveis ora indesejáveis, dos
compostos bioativos.
“De modo geral, drogas utilizadas em clínica médica hoje não
são mais descobertas. E sim, relacionadas a um composto
protótipo; o qual está sujeito à atividade farmacológica ou
biológica distinta. Sendo suas características ampliadas ou
minimizadas como toxicidade, solubilidade, problemas de
metabolismo e outras atividades biológicas.”
SILVERMAN (1992)
A ação seletiva de drogas antiparasitárias depende da existência de
diferenças bioquímicas aproveitáveis entre o parasito e a célula hospedeira. A
extensão desta diferença depende principalmente da distância, em termos
evolutivos, entre o hospedeiro e o parasita. (RANG et al., 2001) Esse parâmetro é o
desejado para o desenvolvimento de drogas para tratamento e prevenção das
doenças infecciosas. Os fármacos utilizados para esses tratamentos nos dias atuais
foram descobertos principalmente nas décadas de 1940 a 1970, sendo que a sua
evolução não acompanhou a observada nos antitumorais e antimicrobianos, que
sofreram um “boom” na década de 1940-1950 e 1980-1990 respectivamente, com a
descoberta de inúmeras estruturas moleculares. (SILVERMAN, 1992)
A estrutura molecular e a versatilidade dos isômeros fenantrolínicos
bem como dos análogos piridoquinolínicos em reações de substituição e
condensação possibilitam ampla gama de aplicações. Sua semelhança estrutural
aos compostos bioativos relacionados na literatura apresenta-se como importante
tema na química medicinal, promovendo estudos de interações dessas moléculas
com os sítios de intercalação do DNA (relacionando mecanismo de ação à
propriedade/categoria terapêutica) e avaliação das atividades antitumoral,
antialérgica, em infecções respiratórias, antimalarial, antibacteriana, antifúngica;
18
entre outras. (GALLO et al., 2003; MATIAS; MAHAMOUD; BARBE, 1996; HALL et
al., 1977; CHEVALIER et al., 2001)
Os derivados fenantrolínicos e piridoquinolínicos apresentam-se como
subunidades estruturais em alguns produtos naturais de importância biológica.
Destacamos o alcalóide Meridina 1 que incorpora em sua estrutura os núcleos 1,7-
fenantrolínico e pirido[3,2-g]quinolínico. O alcalóide elipticina 2 é um importante
agente antitumoral, por conseguinte, a síntese de análogos piridoquinolínicos
metilados apresenta-se como uma proposta de investigação interessante, que os
produtos obtidos poderão exibir propriedades citotóxicas.
A proposição sintética deste trabalho adota procedimentos descritos na
literatura para policiclos nitrogenados com funcionalização na posição γ ao
heteroátomo. Tais substituintes contêm grupamento amino terciário e vêm sendo
empregados em drogas descritas na literatura como o antimalárico cloroquinolina 3.
Os compostos obtidos foram caracterizados por técnicas espectroscópicas, e
a avaliação das atividades leishmanicida e tripanocida foi conduzida in vitro.
N
N
N
O
OH
N
N
H
NCl
NH
N
1 2 3
FIGURA 1 – Representação estrutural da meridina (1), elipticina (2) e cloroquina (3).
19
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1. Quimoterápicos
O desenvolvimento da quimioterapia ocorrido na segunda metade do
século XX representa um dos mais importantes progressos terapêuticos na história
da medicina. (TAVARES, 1999)
A quimioterapia moderna começou com o trabalho de Paul Ehrlich no
início do século XX particularmente com a descoberta em 1907 das propriedades
de um corante chamado vermelho de tripan I, quando usado contra tripanossomíase
experimental.
O termo “quimioterapia” foi utilizado por Ehrlich para descrever o uso de
substâncias químicas sintéticas destinadas a destruir agentes infecciosos. Na
atualidade o termo “quimioterapia” também é aplicado a certas substâncias químicas
(naturais ou sintéticas) empregadas para inibir o crescimento de células malignas ou
cancerosas no interior do organismo. (TAVARES, 1999) Sendo assim possuem um
espectro de ação englobando: bactérias, vírus, protozoários, helmintos e células
cancerosas.
As drogas quimioterápicas têm por finalidade atuarem em vários alvos no
interior da célula parasita. Suas funções modificam de acordo com os alvos de ação
dos fármacos, demonstrados na Figura 2.
- Classe I: os parasitos utilizam para fornecimento de energia algumas fontes
primárias de carbono, dentre elas a glicose. Essa classe não representa um alvo
promissor por duas razões. Em primeiro lugar, não existe uma diferença muito
pronunciada entre as células parasitárias e as células humanas quanto ao
mecanismo utilizado para a obtenção de energia a partir da glicose, uma vez que
20
ambos utilizam à via Embden-Meyerhof e o ciclo do ácido cítrico. Em segundo lugar,
mesmo se as vias de glicose fossem bloqueadas, inúmeros outros compostos
(aminoácidos, lactados e outros) poderiam ser utilizados pelos parasitos como
substâncias alternativas. (GILMAN; GOODMAN, 1996)
- Classe II: atuam inibindo a utilização de energia dos compostos da Classe I na
formação de pequenas moléculas, como, por exemplo, aminoácidos, nucleotídeos e
outros. (RANG, 2001) Essa classe considera alvos mais adequados, uma vez que
algumas vias envolvidas nas reações da classe II não são observadas nas células
humanas, existindo apenas nas células dos parasitos. (GILMAN; GOODMAN, 1996)
- Classe III: inibem a organização das pequenas moléculas em moléculas maiores
como, por exemplo, peptideoglicano, proteínas, ácidos nucléicos e outros. (RANG,
2001). Essa apresenta alvo ainda mais promissor e específico para a ação das
drogas no combate e controle das doenças devido à especificidade do substrato.
Conseguindo assim uma ação mais restrita às estruturas exclusivas dos parasitos.
FIGURA 2 Representação esquemática do mecanismo de ação dos agentes
quimioterápicos.
+
21
2.2. LEISHMANIOSE
A leishmaniose é uma doença infecciosa zoonótica, amplamente distribuída
em todo o mundo, que afeta o homem e os animais. Esta parasitose ocorre na Ásia,
Europa, África e Américas, sendo que existem relatos sobre a doença, no continente
americano, desde a época colonial. Em 1571, Pedro Pizarro relatou que os povos
situados nos vales quentes do Peru eram dizimados por uma doença que
desfigurava o nariz, a qual foi posteriormente caracterizada como leishmaniose.
A descoberta dos agentes etiológicos das leishmanioses, entretanto,
ocorreu o final do século XIX, quando Cunningham em 1885, na Índia, descreveu
formas amastigotas em casos de Calazar. Em 1898, o pesquisador russo Borovisky
demonstrou ser um protozoário o agente etiológico do Botão do Oriente. Em 1903,
Leishman e Donovan realizaram as primeiras descrições do protozoário responsável
pelo Calazar indiano, denominado mais tarde de Leishmania donovani. Igualmente
em 1903, Wright descreveu o parasito do Botão do Oriente na Síria, conhecido
atualmente como Leishmania tropica. A partir de 1904, diferentes relatos
demonstram que o calazar não ocorria exclusivamente na Índia, visto que alguns
casos também foram registrados na China.
Como o Calazar na região do Mediterrâneo atingia principalmente crianças,
as evidências de diferenças entre o organismo causador do Calazar de uma região
para outra justificaram o estabelecimento de uma espécie Leishmania infantum por
Nicole, em 1908.
No continente americano, várias doenças que criavam lesões, freqüentes em
determinadas regiões, eram chamadas de úlcera de Bauru, ferida brava, uta, úlcera
dechiclero. A correlação destas lesões com um protozoário do gênero Leishmania foi
22
estabelecida por Gaspar Vianna em 1909, no Instituto Oswaldo Cruz, recebendo o
nome de Leishmania braziliensis.
Em 1993 a Organização Mundial de Saúde (OMS) considerou a Leishmaniose
como a segunda doença de importância pública, causada por protozoário. (RATH et
al., 2003)
2.2.1. Áreas Endêmicas
A leishmaniose prevalece nos quatro continentes, sendo considerada
endêmica em 88 países, dos quais 72 são países considerados em
desenvolvimento.
Segundo a OMS, 90% dos casos de leishmaniose visceral são
registrados em Bangladesh, Brasil, Nepal, Índia e Sudão; 90% dos
casos de leishmaniose mucocutânea ocorrem no Brasil, Bolívia e
Peru e 90% dos casos da leishmaniose cutânea ocorrem no
Afeganistão, Brasil, Irã, Peru, Arábia Saudita e Síria.
No Brasil, a leishmaniose visceral encontra-se disseminadas em 17
estados das regiões Nordeste, Centro-Oeste e Sudeste.
A ampliação da área de distribuição geográfica da AIDS (resultando
em uma diminuição da imunidade), a extensão da Leishmaniose
para camadas mais pobres da população e a crescente
urbanização da leishmaniose atingiu no Brasil 422,5 mil pessoas. E
nos últimos dois anos foram detectados 66,8 mil novos casos da
doença que permanece sem controle. No Estado de São Paulo
foram registrados 87 casos da leishmaniose visceral aguda, sendo
que em sete casos foi relatado o óbito. (RATH et al., 2003)
2.2.2. Fármacos empregados no tratamento da leishmaniose
Apesar do uso medicinal de compostos de antimônio ser conhecido desde a
Antiguidade para diversos fins terapêuticos, somente em 1912, Gaspar Vianna
observou que o tártaro hemético 4 era eficaz na terapêutica da leishmaniose
tegumentar americana. Três anos mais tarde, na Itália, também foi comprovada a
23
eficácia desta droga no tratamento de Calazar. Devido aos efeitos tóxicos e graves
efeitos colaterais indesejáveis associados ao emprego de 4, e.g. intolerância
gastrintestinal e efeitos cardiotóxicos, os antimoniais trivalentes (Tabela 1) passaram
a ser substituídos por compostos estibiados pentavalentes (Tabela 2).
TABELA 1 Estrutura química de antimoniais trivalentes empregados na clínica
médica, com os respectivos nomes químicos e comerciais.
Fórmula Estrutural
Nome
Químico
Nome
Comercial
O
CO
CO
CO
COOH
H
H
Sb OH
K
+
-
4
Tartarato de
antimônio e
potássio
Tártaro
Hemético
SO
3
Na
SO
3
Na
O
NaO
Sb
NaO
3
S
SO
3
Na
O
O
Antimoniato de
bis-catecol-3,5-
dissulfonato
sódico
Stibophem,
Repodral e
Fuadina
CH
2
COONa
SSb
SCH
2
C O
O
Tioglicolato de
sódio e
antimônio
Bramachari, em 1920, desenvolveu o primeiro composto, a uréia estibamina
(5). Em 1936, Schmidt introduziu na terapia médica o gluconato de antimônio (V)
sódico (6).
Durante a Segunda Guerra Mundial, surgiu na França um medicamento
alternativo ao até então gluconato de antimônio (V) sódico (6), o antimoniato de N-
metilglucamina ou antimoniato de meglumina (7).
24
TABELA 2 Estrutura química de antimoniais pentavalentes empregados na clínica
médica, com os respectivos nomes químicos e comerciais.
Fórmula Estrutural Nome Químico
Nome
Comercial
Sb
OH
CH
3
O
N
H
O
NH
2
5
Uréia estibamina Estibamine
CH
2
OH
CHOH
CO
CO
CO
COO-
Sb
OH
O Sb
O
CH
2
OH
CHOH
CH
CH
CH
COO-
O
O
O
H
H
H
Na
3
.9H
2
O
6
Gluconato de
antimônio(V)
sódico ou
Estibogluconato
de sódio
Pentostam e
Solustibosan
CH
2
NHCH
3
COH
COH
COH
COH
CH
2
OH
H
H
H
H
(OH)
2
Sb
2
O
+
-
7
Antimoniato de
N-metilglucamina
Glucantime,
Antimoniato
de
meglumina
No Brasil, o medicamento à base de antimônio, utilizado como primeira
escolha na terapêutica da leishmaniose, é o antimoniato de metilglucamina (7). Este
é especialmente eficaz no tratamento de leishmaniose cutânea, mucocutânea e
visceral. O medicamento provoca a regressão rápida das manifestações clínicas e
hematológicas da doença, bem como a esterilização do parasito. Devido às baixas
dosagens (decorrente da toxicidade) e tratamento descontínuos, falhas começaram
a ocorrer na terapia e conseqüente aumento das formas resistentes do parasito.
A OMS preconiza que as doses de antimoniais não devem
ultrapassar 20 mg/kg/dia, limitadas em 850 mg de antimônio.
Devido à sua elevada toxidade, mialgias, dores abdominais,
alterações hepáticas e distúrbios cardiológicos são efeitos
colaterais freqüentemente associados ao uso destas drogas.
25
Em determinados casos, além de destruir o parasito, o
medicamento acaba por levar o paciente ao óbito. O antimônio
pode ser detectado no cabelo do paciente tratado com antimoniais
pentavalentes após um ano do término do tratamento (Tabela 2).
Além dos antimoniais, outras drogas têm sido empregadas no tratamento das
diversas formas da leishmaniose, entre as quais se destacam a pentamidina (8),
anfotericina B (9), paromomicina (10) e miltefosine (11) representados na Tabela 3.
TABELA 3Outros medicamentos empregados na terapia de leishmaniose, com os
respectivos nomes químicos e comerciais.
Fórmula Estrutural
Nome
Químico
Nome
Comercial
NH
NH
2
OCH(CH
2
)
3
CH
2
O
NH
NH
2
8
Isotionato de
Pentamidina
Lomidina
O
O
O OH OH
OH
OH OH
OH
OH
O
O
OH
NH
2
OH
CH
3
COOH
CH
3
OH
CH
3
CH
3
9
Anfotericina B Fungizone
OHCH
2
O
O
O
OH
OH
NH
2
O
NH
2
NH
2
OH
O
OH
O
CH
2
OH
NH
2
OH
OH
CH
2
NH
2
10
Paromomicin
a
Humatin
P
O
O
O CH
2
CH
2
N
+
OCH
2
(CH
2
)
14
CH
3
(CH
3
)
3
11
Miltefosine
Não
encontrado
26
As substâncias do grupo das diaminas como 8 são particularmente úteis em
casos que não respondem aos antimoniais ou para pacientes com hipersensibilidade
ao antimônio. A alta toxicidade desta droga também é fator limitante do uso.
Hipoglicemia, hipotensão, alterações cardiológicas, nefrotoxicidade e, até mesmo,
morte repentina foram descritas.
O composto 9 é um antibiótico antifúngico indicado para o tratamento da
leishmaniose mucocutânea americana, embora não se considere de primeira
escolha, sendo utilizada nos casos onde existe falha com a terapia de antimoniais.
Nefrotoxicidade pode levar a depleção nos níveis de potássio e magnésio no
organismo.
O antibiótico aminoglicosídeo 10 é ativo contra espécies de leishmania
visceral in vitro e in vivo. Testes foram realizados na Índia, onde o tratamento
antimonial padrão não é muito efetivo e as taxas de mortalidade são altas.
Atualmente, todos os medicamentos disponíveis são injetáveis. Foi
verificado que o miltefosine (11), uma droga anticâncer alquilfosfolipídica, é ativo
contra Leishmania sp, in vitro e in vivo, e pode vir a ser o primeiro tratamento oral
para a leishmaniose visceral. Resultados em testes biológicos indicam que a droga é
bem tolerada. (RATH et al., 2003)
2.2.3. Ciclo reprodutivo
O mosquito hospedeiro intermediário, do gênero Flebotomo, que ao sugar
sangue de um animal (ou do homem) infectado, também se contamina, e em seus
intestinos e glândulas salivares esses protozoários se multiplicam, sendo então as
chamadas formas de leptomonas encontradas no buco-faringe desses mosquitos.
Os mosquitos ao sugarem sangue injetam na picada a sua saliva e as formas
27
infectantes da Leishmania sp., que atingindo a circulação sanguínea desse novo
hospedeiro (chamado por isso hospedeiro definitivo) reproduzirá a doença numa das
formas clínicas anteriormente citadas.
O período chamado de incubação (período que vai da picada pelo mosquito
infectado até o aparecimento dos primeiros sintomas) varia entre 10 e 25 dias,
podendo, entretanto, chegar até um ano. Após esse período aparecem em geral
pápulas na pele do animal ou do homem infectado, pápulas essas nada
características, porém pruriginosas, determinando sensação de calor e dor. Ocorre
também nessa fase adenopatia dos gânglios próximos à picada pelo mosquito.
Nessa ocasião, sendo feita punção desses gânglios inflamados, deverá ser
encontrada as formas infectantes do protozoário. O gânglio linfático inflamado
necrosa, e assim lesado acaba por vir a evacuar esse material purulento, ficando em
seu local uma úlcera, denominada de cancro espúndico.
Nessa forma clínica a doença é facilmente diagnosticável pela exibição de
úlceras cutâneas características. Em alguns casos, entretanto, a doença cutânea
assume formas não ulcerosas, chamadas de impetiginóide ou tuberiformes, além de
verrugosas framboesóides, esta última assim denominada pela sua semelhança com
a fruta framboesa. O evoluir dessa doença, sem tratamento adequado, leva a lesões
graves e deformantes, inclusive com perdas irrecuperáveis muitas vezes do nariz e
da epiderme do rosto, locais mais afetados.
Na sua forma visceral, as lesões sendo internas, levando a esplenomegalia,
além de febre e dor abdominal. Sua evolução pode ocasionar também
hepatomegalia.
28
2.3. DOENÇAS DE CHAGAS
A tripanosomíase ou doença de chagas é causada por parasitos flagelados do
gênero Trypanosoma. Os que infectam o homem são os T. rhodesiense, T.
gambiense e T. cruzi. As duas primeiras espécies são transmitidas pela mosca tse-
tsé (Glossina morsitans e G. palpalis); causam a chamada tripanossomíase africana
tripanossomíase gambiense e tripanossomíase rodesiana ou doença do sono. A
última espécie causa a doença de Chagas, cujos vetores são insetos do gênero
Triatoma sp. (PINGE-FILHO et al., 2005)
Várias outras espécies de tripanosomos infectam apenas animais domésticos,
como o gado bovino, ovino, suíno, caprino e outros.
Desde 1909 quando foi primeiramente caracterizada, muitos esforços foram
realizados para erradicação, quando 75% de redução foi detectada na América do
Sul (Argentina, Brasil, Chile, Venezuela, Paraguai e Uruguai) como conseqüência do
sucesso do controle do vetor. Mas a Doença de Chagas continua como problema de
doença regional, ou seja, são registradas constantemente pequenas endemias
localizadas (POZAS et al., 2005). Poucos progressos foram realizados para o
controle desta séria doença.
A tripanossomíase é a mais letal das doenças parasitárias tropicais e
subtropicais no Norte e Sul das Américas responsável por um milhão de infecções e
mais de 50.000 mortes/ano. Atualmente em escala mundial existem 16-18 milhões
de infectados com a forma crônica da Doença de Chagas, causam mais de 400.000
mortes por ano e mais de 100 milhões de pessoas com risco iminente de contrair a
doença. (SPERANDEO; BRUN, 2003) No Brasil, aproximadamente 5-6 milhões de
pessoas estão infectadas, sendo 300.000 pessoas infectadas somente no estado de
29
São Paulo. (TAKEARA, 2003 apud CANESIN e BARRETO, 1997) e 120.000 novos
casos de infecção foram relatados por ano segundo Schinor et al. (2004).
A Doença de Chagas Aguda (DCA) corresponde ao período inicial da infecção
pelo Trypanosoma cruzi no homem e em vários mamíferos, podendo apresentar-se
aparente ou inaparente. Define-se basicamente pela alta parasitemia detectável por
exames parasitológicos diretos do sangue, tendo duração geralmente efêmera no
ser humano (entre três e oito semanas), podendo ser letal em crianças de baixa
idade e indivíduos imuno-comprometidos ou evoluir para uma forma crônica de
longa duração que se caracteriza por baixíssima parasitemia e um elevado e
consistente teor de anticorpos. Quando específica e adequadamente tratada, a DCA
pode ser curada em proporções que variam geralmente entre 30 e 90%.
Nas crianças (maioria dos casos agudos descritos), é freqüente um estado
geral comprometido, com presença de adinamia, palidez e astenia, normalmente nas
duas primeiras semanas dos pacientes sintomáticos. Nos casos de transmissão
vetorial podem aparecer os chamativos sinais de porta de entrada, ou chagomas de
inoculação, sendo o mais indicativo deles o “complexo oftalmo-ganglionar”,
conhecido como “sinal de Romaña”, que corresponde a uma reação imunológica
complexa à penetração e difusão do parasito na conjuntiva e adjacências,
perdurando por algumas semanas mesmo após a queda do quadro febril.
Nos últimos 30 anos os nitro-heterociclos como Nifurtimox (12) e Benznidazol
(13), são as únicas escolhas para o tratamento da Doença de Chagas. As duas
drogas possuem um limiar de eficiência durante a fase crônica e apresenta vários
efeitos indesejáveis (Tabela 4). Devido a sua toxicidade e estudos informam que
apenas 50% dos pacientes apresentam redução da duração e severidade dos
efeitos da fase aguda. Violeta genciana é um agente tripanocida que atua
30
esterilizando o parasito. Sua utilização não é bem aceita por médicos e pacientes
pelos efeitos colaterais como alteração da cor da pele e hemólise. (PIZZOLATTI,
2002; SPERANDEO; BRUN, 2003; ROMANHA, 2002 e TAKEARA, 2003)
O
O
2
N
N
N
S
O
O
N
N
O
N
H
O
2
N
FIGURA 3 Exemplos de compostos empregados na terapia humana
antichagásica.
TABELA 4 - Principais reações colaterais observadas no tratamento específico da
doença de chagas por autores argentinos e brasileiros
Sintoma/sinal Benznidazol Nifurtimox
Anorexia ++ +++
Cefaléia + ++
Dermatopatia +++ +
Excitação psíquica - +++
Gastralgia + +++
Insônia + ++
Náuseas ++ +++
Perda de peso + +++
Polineuropatia + ++
Vômitos ++ +++
Também se deve assinalar que eventuais fracassos terapêuticos podem
ocorrer em a 50% (ou mais) dos pacientes tratados em DCA, a depender
provavelmente de cepas de T. cruzi mais resistentes às drogas disponíveis.
Infelizmente, esta resistência é cruzada entre o nifurtimox e o benznidazol, sendo
inócua a substituição de um por outro fármaco em caso de fracasso; esta
Nifurtimox (Lampi
®
)
12
Benznidazol (Rochagan
®
)
13
31
substituição, no entanto, é válida somente para casos de efeitos colaterais
importantes que levem a suspender o uso de uma droga.
O espectro de atividades das quinonas, naturais ou sintéticas, tem sido
extensamente estudo em uma gama de propriedades antimicrobianas até
antineoplásicas. Estudo sobre a influência de diferentes substituintes heterocíclicos
mostrou que derivados pirazolilnaftoquinônicos e quinonimínicos (14-16) quando
comparados in vitro com a droga padrão benznidazol (contra T. cruzi) e melarsoprol
(17) (contra T. rhodesiense) apresentam boa inibição da atividade do parasito com
valores apresentados na Tabela 5. O modo de ação de suas atividades citotóxicas
apresenta-se como intercalante no DNA, onde substituinte com anéis aromáticos
têm potencializado a ação. (SPERANDEO; BRUN, 2003)
O
N
OH
NH
N
O
NH
O
NH
N
O
N
NH
N
N
H
NH
N
14 15 16
FIGURA 4 - Compostos estudados para tratamento da Doença de Chagas.
TABELA 5 Atividade antiparasitária in vitro dos derivados pirazolilnaftoquinônicos
e quinonimínicos
Compostos T. cruzi T. rhodesiense
Benznidazol (13) 0,56 -
Melarsoprol (17) - 0,0061
14 0,87 1,2
15 0,69 0,4
16 0,43 0,4
Valores são expressos em IC
50
(µg/mL)
32
Outra forma de controle pode ser adotada pela aplicação de interferon gama
(INF-у) e fator de necrose tumoral (TNF-α). São pouco utilizados na terapêutica pela
toxidade da aplicação e custo elevado do procedimento. (PINGE-FILHO, 2005)
Derivados nitro-heterociclos, como 12, 13 e 20, que contenham diferentes
tipos de heterociclos e/ou substituintes com função amida têm sido sintetizados
desde que seu esqueleto foi associado à atividade biológica, como tripanocida,
bactericida, fungicida e esquistossomicida.
Os agentes tripanocidas que manifestaram atividade em infecções humanas
ou veterinárias pertencem a uma das seguintes classes químicas:
1. Antibióticos: anfotericina (9), puromicina, tripanocina, vermicilina;
2. Compostos nitro-heterocíclicos: benznidazol (13), flunidazol, furaltadona;
3. Derivados fenantridínicos: dimídio, estilato carbídio, homídio,
isometamídio;
4. Derivados quinolínicos: quinapiramina, tozocida;
5. Derivados da uréia: suramina (18);
6. Diamidinas: diminazeno, pentamidina (8);
7. Organoarsenicais: espirotripano, melarsoprol (17), triparsamida (19).
São hoje considerados obsoletos como tripanocidas os seguintes fármacos:
tartarato potássico de antimônio; derivados fenantridínicos: fenídio, diamidinas:
dimetilestilbamidina, estilbamidina, fenamidina, propamidina.
33
As
O
OOH
NH
NH
2
O
Na
+
O
O
2
N
N
N
H
NH
2
O
As
NH
N N
N
NH
2
NH
2
S
S
OH
O
N
H
N
H
NH
O
O
NH
CH
3
CH
3
NH
O
O
NH
SO
3
Na
SO
3
Na
SO
3
Na
NaO
3
S
FIGURA 5 – Agentes tripanocidas em infecções humanas ou veterinárias.
Devido à importância epidemiológica, a quimioterapia da Doença de Chagas
continua um problema sem solução. De fato, não existe nenhum tratamento
recomendado para prevenir a contaminação.
Em 2004, foi divulgada pela imprensa em rede nacional uma nota oficial da
Secretaria de Saúde do estado de Santa Catarina, que relatou 31 casos de doença
de Chagas de provável transmissão oral, sendo que cinco deles evoluíram a óbito. É
notória a possibilidade de transmissão do mal de Chagas por ingestão de líquidos e/
ou alimentos contaminados com formas evolutivas do parasito. No município de
Catolé da Rocha na Paraíba, onde de um total de 90 pessoas que participaram de
Nitrofural (Furacin
®
)
20
Triparsamida 19
Melarsoprol
17
Suramina sódica
18
34
uma festividade, 30 destas apresentaram reações sorológicas positivas para doença
de Chagas, em mais de dois testes. Vários desses pacientes também se
apresentaram positivos pelo xenodiagnóstico. Relata-se ainda, um deles, do qual foi
obtido material de necropsia, foi diagnosticada cardiopatia chagásica aguda. Este
artigo foi apresentado no XXIII Congresso Brasileiro de Medicina Tropical e IV
Congresso Brasileiro de Infectologia realizada na Cidade de Curitiba - PR em
fevereiro de 1987. Outros casos de transmissão oral da doença de Chagas têm sido
relatados na literatura especializada, dentre eles oito casos de provável transmissão
oral da doença no estado de Macapá. Em uma matéria da revista Veja na sua seção
guia de 2 de abril de 2005, baseado em um estudo da Universidade Federal do
Pará, alerta-se para o risco de se adquirir a doença de Chagas via ingestão de suco
do açaí, que 16 pessoas radicadas no Norte do Brasil contraíram essa
enfermidade depois de consumirem polpa de açaí “in natura” sem a devida
pasteurização. Apesar da contaminação oral da doença ser rara, quando esta forma
de transmissão ocorre, tende a desenvolver em humanos, infecções agudas e
graves, tipo não muito comum da doença.
35
3. DIAZATRICICLOS
Moléculas que podem ligar-se ao DNA por intercalação são de consideráveis
interesses para o estudo da estrutura do DNA e como potenciais agentes
quimioterápicos. Essas moléculas freqüentemente contêm duas diferentes regiões
que interagem com o DNA, anéis aromáticos planares que podem localizar-se entre
as bases nucleotídicas e uma cadeia catiônica lateral que realiza interação
eletrostática com DNA. Uma série de diazatriciclos com sistemas
dialquilaminopropilamina tem sido estudada por Molock e Boykin (1983).
Os diazatriciclos pirido[3,2-g]quinolina e 1,7-fenantrolina são moléculas
planares com nitrogênios protonáveis, capazes de intercalação e interação com as
bases nitrogenadas do DNA. (MOLOCK, BOYKIN, 1983; MATIAS, MAHAMOUD,
BARBE, 1996)
Sartorius e Schneider (1997) estudaram e compararam o potencial de
intercalação ao DNA de compostos aromáticos e aromáticos substituídos.
Mostraram que a distribuição das cargas π é essencial para uma ligação, modelo do
tipo sanduíche, às nucleobases.
Derivados naftalênicos somente interagem com o DNA se a cadeia lateral
substituinte tiver cargas positivas. A função amida de 21 é insuficiente para ativar a
intercalação, confirmando que a interação depende do tamanho do substituinte da
cadeia lateral e posição do nitrogênio no substituinte. Sistemas tricíclicos como 22 e
23 intercalam sem a assistência de radicais com cargas positivas. Indica que a
intercalação depende do tamanho do núcleo aromático independente do substituinte
da cadeia lateral.
36
O
NH
2
N
N
N
21 22 23
FIGURA 6 - Compostos com propriedades para intercalação no DNA.
Conforme Silverman (1992), a variação da cadeia lateral de um composto
protótipo demonstra que substituintes análogos podem refletir diferenças
significativas nas atividades biológicas apresentadas. Isso pode ser verificado nas
10-aminoalquilfenotiazinas (24), onde R igual a [CH
2
CH(CH
3
)N(CH
3
)
2
] ou
[CH
2
CH
2
N(CH
3
)
2
] apresenta atividade antiespasmódica e anti-histamínica.
Entretanto, quando R igual a [CH
2
CH
2
CH
2
N(CH
3
)
2
] tem redução na sua atividade
antiespasmódica e anti-histamínica, mas apresenta atividade sedativa e
tranqüilizante. E com cadeia lateral [CH
2
CH(CH
3
)CH
2
N(CH
3
)
2
] a atividade
tranqüilizante é diminuída, contudo a atividade antipruriginosa é relevante.
N
S
R
24
FIGURA 7 – Composto protótipo 10-aminoalquilfenotiazina.
37
3.1. FENANTROLINAS
Embora o termo fenantrolina considere todos os isômeros diazafenantrenos,
são usualmente aplicados apenas aqueles diazafenantrenos contendo um átomo de
nitrogênio em cada um dos anéis periféricos do fenantreno. Esta definição está de
acordo com a nomenclatura do Chemical Abstracts, que designa inúmeros isômeros.
Destacam-se as formas de interesse no trabalho: 1,7-fenantrolina (25) e 1,10-
fenantrolina (26).
3
2
N
1
4
6
5
10 9
8
N
7
3
2
N
1
4
6
5
N
10
9
8
7
25 26
FIGURA 8 Isômeros fenantrolínicos de interesse apresentando o sistema de
numeração recomendado pela IUPAC.
A primeira fenantrolina a ser preparada foi a 1,7-fenantrolina por Skraup e
Vortmann em 1882. A reação de Skraup é ainda um dos todos utilizados para a
síntese de 1,7-fenantrolinas. Nesta reação empregam-se 5-aminoquinolinas
substituídas na presença de glicerol e ácido sulfúrico. A protonação do glicerol
catalisa a desidratação via íon carbônio secundário para gerar o enol. A eliminação
da segunda molécula de água por catálise ácida conduz à acroleína (27).
38
HO OH
OH
H
+
HO OH
OH
2
+
H H
HO
OH
-H
2
O
O OH
2
+
H
-H
2
O
O
H
27
FIGURA 9 – Mecanismo de formação da acroleína.
A reação procede via adição de Michael, gerando o aldeído saturado, o qual
cicliza via adição nucleofílica com formação de álcool. A rearomatização,
desidratação e posterior oxidação conduzem à fenantrolina correspondente. A 5-
cloro-6-hidroxi-1,7-fenantrolina (28) foi obtida por este método (WIEDERKERHR,
1952) conforme Figura 10.
N
OH
Cl
NH
2
N
OH
Cl
NH
OH
O
H
H
+
N
OH
Cl
NH
O
N
NH
OH
Cl
OH
H
N
NH
OH
Cl
OH
2
H
N
NH
OH
Cl
N
N
OH
Cl
+
+
-2H
28
FIGURA 10 – Síntese da 5-cloro-6-hidroxi-1,7-fenantrolina por Wiederkerhr (1952)
39
Apenas no início da década de 80 novos avanços na síntese de
fenantrolinas foram efetuados. Molock e Boykin (1983) sintetizaram uma série de
1,7-; 1,10- e 4,7-fenantrolinas a partir das correspondentes fenilenodiaminas,
empregando derivados 5-alcoximetilênicos do éster malônico ou diésteres do
acetileno.
Esta rota é conhecida como síntese de Conrad-Limpach e inicia-se pela
condensação da m-fenilenodiamina (29) com etoximetilenomalonato de dietila
(EMME) produzindo o m-bis-(1,2-dicarboetoxivinilamino)benzeno (30). A
termociclização em parafina a 245°C produziu a 1,4,7,10-tetraidro-2,8-
dicarboetoxi-1,7-fenantrolina-4,10-diona (31). A presença de HCl 6M promove a
hidrólise ácida (a saponificação empregando KOH 6M o pode ser feita por gerar
um sal insolúvel) do diéster 31 ao diácido 32 que sofre posteriormente
descarboxilação gerando a 1,7-fenantrolina-4,10-diona (33), sob atmosfera de
nitrogênio e aquecimento a 330°C. O tratamento da fenantrolona com oxicloreto de
fósforo forneceu a 4,10-dicloro-1,7-fenantrolina (34).
40
NH
2
NH
2
EtO
CO
2
Et
CO
2
Et
NH
N
H
EtO
2
C
CO
2
Et
CO
2
Et
CO
2
Et
N
H
NH
O
O
EtO
2
C
CO
2
Et
N
H
NH
O
O
HO
2
C
CO
2
H
N
H
NH
O
O
N
N
Cl
Cl
+
POCl
3
descarboxilação
Hidrólise Ácida
29
30
31
32
33
34
FIGURA 11 – Síntese da dicloro-1,7-fenantrolina por Molock e Boykin (1983)
Graf et al. (2002) via substituição nucleofílica tipo Michael; sintetizaram
derivados da 1,7-fenantrolina empregando como composto de partida a 1,3-
fenilenodiamina 35. A utilização de dois equivalentes do metoximetileno do ácido de
Meldrum (36) (gerado in situ) com ortoformato de trimetila formou 37. A
regiosseletividade apresentada na dupla decarboxilação/desacetonização de 37
originou o isômero angular preferencial 38. Posterior cloração de 38 conduziu a
4,5,10-tricloro-1,7-fenantrolina (39), conforme Figura 12. Os rendimentos obtidos em
outras rotas sintéticas são inferiores aos descritos acima. A formação de
metoximetileno do ácido de Meldrum se de forma simples e com possibilidade de
formação de grandes quantidades de produto.
41
Cl
NH
2
NH
2
O O
OO
MeO
N
H
NH
Cl
O
O
O
O
O
O
O
O
N
H
NH
O
O
Cl
N
N
Cl
Cl
Cl
¨
¨
39
35
36
37
38
FIGURA 12 – Síntese 4,5,10-tricloro-1,7-fenantrolina empregada por Graf et al
(2002)
Molock e Boykin (1982) estudaram as propriedades dos compostos
fenantrolínicos e arrolaram os deslocamentos químicos referentes aos hidrogênios e
carbono presentes em sua estrutura. Seus resultados são apresentados na Tabela 6
e Tabela 7 respectivamente.
TABELA 6 - Deslocamento químico de
1
H de RMN dos isômeros fenantrolínicos.
δ (H
1
) (ppm) em CDCl
3
Fenantrolina 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10
1,7-
- 9,1 7,43 8,08 7,78 8,03 9,02 7,57 9,47
1,10-
- 9,15 7,53 8,15 7,68 7,68 8,15 7,53 9,15 -
4,7-
8,73 7,50 8,75 - 8,18 8,18 - 8,75 7,50 8,73
42
N
N
H
H
H
H
H
H
H
H
N
N
H
H
H
H
H
H
H
H
N
N
H
H
H
H
H
H
H
H
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
1,7-fenantrolina
1,10-fenantrolina
4,7-fenantrolina
FIGURA 13 – Isômeros fenantrolínicos apresentando o sistema de numeração
recomendado pela IUPAC
TABELA 7 - Deslocamento químico de
13
C de RMN de derivados fenantrolínicos
halosubstituídos
Fenantrolina 1 1a 2 3 4 4a 5 6 6a 8 9 10 10a
4,7-
dicloro-1,10-
146,8 150,2 123,7 142,7 126,7 123
4,10-
dicloro-1,7-
151,5 149,9 125,2 143 124,9 130,3 125,6 146,6 147,3 122,5 141,8 123,1
1,10-
dicloro-4,7-
142,7 150,6 149,9 122,3 122,3 132,1
N
N
Cl
Cl
N
N
Cl
Cl
N
N
Cl
Cl
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
1
2
3
4
5
5'
4'
3'
2'
1'
4,10-dicloro-1,7-fenantrolina
4,7-dicloro-1,10-fenantrolina
1,10-dicloro-4,7-fenantrolina
1a'
1a
4a
4a'
1
2
3
4
5
5'
4'
3'
2'
1'
1a'
1a
4a
4a'
FIGURA 14 Isômeros fenantrolínicos halosubstituídos apresentando o sistema de
numeração recomendado pela IUPAC
43
3.2. PIRIDOQUINOLINA
O Chemical Abstract usa a nomenclatura piridoquinolina, para compostos
aza-substituídos derivados do antraceno.
N
N
1
2
3
4
a
b
c
d
e
f
g
5
6
7
8
8a
4a
h
i
1
2
4
5
6
3
N N
1
2
3
4
a
b
c
d
e
f
g
5
6
7
8
8a
4a
h
i
4
3
1
6
5
2
pirido[2,3-g]quinolina pirido[3,2-g]quinolina
FIGURA 15 – Representação esquemática da nomenclatura de acordo com a face
de ligação das piridoquinolinas
Considera-se ainda a numeração do triciclo conforme o exemplo a seguir:
3
2
N
1
4
10
5
N
9
8
7
6
Cl
Cl
CH
3
4,6-tricloro-10-metil-pirido[3,2-g]quinolina
FIGURA 16 – Exemplo de numeração empregada nas piridoquinolinas.
Piridoquinolinas são moléculas planares com nitrogênios protonáveis, o que
facilita sua intercalação entre o par de bases do DNA. Sua atividade antimalarial,
anti-helmíntica e antitumoral foi investigada. (MATIAS et al.; 1996)
Hall et al. (1977) sintetizaram e testaram a atividade antialérgica de
compostos 1,7-fenantrolínicos (40) e pirido[3,2-g]quinolínicos (41), tendo alguns
derivados apresentado atividade até 250 vezes superior ao composto controle
utilizado.
44
N
H
NH
O
RO
2
C
O
CO
2
R
z
z
N
H
N
H
RO
2
C
O
R'
O
z
CO
2
R
z
X
R = CH
3
ou C
2
H
5
R = H
Z = grupo alquil ou H
R = CH
3
ou C
2
H
5
R = H
Z = grupo alquil ou H
40 41
FIGURA 17 Estruturas 40 e 41 sintetizadas e estudadas por Hall et al. (1977)
quanto a sua atividade antialérgica.
Molock e Boykin (1983) descreveram a síntese da 4,6-dicloro-10-metil-
pirido[3,2-g]quinolina, contribuindo com estudos de síntese em múltiplas etapas de
compostos diazatriciclos. Empregando inicialmente reação de adição tipo Michael
de EMME à fenilenodiamina 42, esta conduziu a formação de enamina 43 que
sofreu ciclização térmica gerando o correspondente piridoquinolina-diéster-diona 44.
Este foi saponificado e descarboxilado formando 45 e convertido a 46 em 80% de
rendimento. Finalmente, o composto 46 foi submetido à reação de substituição
nucleofílica empregando 3-dimetilaminopropilamina originando 47 com 91% de
rendimento.
45
NH
2
NH
2
N
H
N
H
O
O
O
O
O
O
O
O
N
H
N
H
O
O
O
O
O
O
N
H
N
H
O
O
O
O
N
H
N
H
O
O
N
N
Cl
Cl
N N
NH
NH
N
N
(i)
(ii)
43
46
(iii)
(iv)
(v)
(vi)
44
45
47
42
FIGURA 18 Síntese da 4,6-dicloro-pirido[3,2-g]quinolina e reação de substituição
por nucleófilo nitrogenado, por Molock e Boykin (1983).
Quast et al (1984) sintetizaram a pirido[3,2-g]quinolina 48 em rendimentos
globais moderados (35%) a partir da condensação de Friedländer, empregando
(i) refluxo 12 h/dimetil-
acetilenodicarboxilato
(ii) éter difefílico/ 260º - 265ºC/45 min
(iii) KOH 7%/refluxo – 12 h
(iv) Parafina 338º C/ 3 h
(v) POCl
3
/ 2 h
(vi) 3-dimetilamino-propilamina 165º -
175º C / 2 h
46
aldeído 4,6-diaminoisoftálico a fim de investigar propriedade antialérgica e antibiótica
de alguns dos seus derivados (Figura 19).
NH
2
NH
2
OHC
CHO
N
N
R
R
CH
3
O
R
+
R=H, Me, t-Bu, Ph, CO
2
H E CO
2
Me
48
FIGURA 19 – Síntese de pirido[3,2-g]quinolinas empregando a condensação de
Friedländer. (QUAST et al. (1984))
Matias et al. (1996), com o intuito de avaliar a atividade antimalarial de
derivados piridoquinolínicos, prepararam 4,6-dialcoxipirido[3,2-g]quinolinas e 4,6-
ditiopirido[3,2-g]quinolinas partindo da condensação do 2-metil-1,3-fenilenodiamina
(42) com acetoacetato de etila na presença de sulfato de lcio e etanol em meio
ácido, formando o 2,6-bis-(carboetoximetilvinilamino)tolueno 49 em 2 horas, seguido
pela ciclização térmica em éter difenílico que conduziu à piridoquinolona 50 em 80%
de rendimento após 50 minutos de aquecimento a 250º C. A alquilação de 50 nas
posições 4 e 6 via catálise por transferência de fase com brometo de
tetrabutilamônio (TBAB) conduziu à formação de uma série de alcoxipirido[3,2-
g]quinolinas (51) e tiopirido[3,2-g]quinolinas (52) com rendimento entre 33-68% e
50-70%, respectivamente. Valores expressivos de concentração inibitória (IC
50
)
foram obtidos contra cepas de Plasmodium sp.
47
CH
3
NH
2
NH
2
CH
3
N
H
N
H
CH
3
CH
3
CO
2
X
CO
2
X
N
H
N
H
CH
3
O
O
CH
3
CH
3
N
N
O
O
CH
3
CH
3
CH
3
R R
N
H
N
H
CH
3
S
S
CH
3
CH
3
N
N
S
S
CH
3
CH
3
CH
3
R R
N
(CH
2
)
2
N
(CH
2
)
2
O
N
(CH
2
)
2
N
(CH
2
)
3
N
(CH
2
)
3
N
H
X = C
2
H
5
(i)
(ii)
(iii)
(i) C
6
H
10
O
3
/C
2
H
5
OH/CaSO
4
/ 80
o
C
(ii) Ph
2
O/ 250-260
o
C
(iii) RX/Tolueno/KOH 50%/TBAB
(iv) P
4
S
10
/Piridina
(iv)
(iii)
a: R = (CH
2
)
2
-N(CH
3
)
2
b: R = (CH
2
)
3
-N(CH
3
)
2
c: R = (CH
2
)
2
-N(C
2
H
5
)
2
d: R = (CH
2
)
2
-N[CH(CH
3
)
2
]
2
e: R =
f: R =
g: R =
h: R =
i: R =
42
49
50
52
51
FIGURA 20 Síntese da pirido[3,2-g]quinolina susbtituídas por Matias et al. (1996)
empregando reação por transferência de fase.
Chevalier et al. (2001) estabeleceram o potencial de inibição da bomba de
efluxo de fluoroquinolonas em cepas resistentes de Enterobacter aerogenes,
empregando derivados piridoquinolínicos previamente sintetizados por Matias et al.
(1996). Testes indicaram que os compostos 51a, 51b e 51f apresentam
provavelmente ação como substrato competidor da bomba de efluxo e mostrou
efeitos similares com outras cepas de bactérias clínicas.
48
Segundo Malesani et al. (1984), mono- (53) e bis-piridoquinolinas ou
benzonaftiridinas (54) foram testadas em células de tumores ascíticos promovendo
inibição das células tumorais devido ao seu potencial intercalante, propriedade esta
associada à sua estrutura planar, tricíclica aromática e certa característica lipofílica.
Os testes demonstraram que a bis-piridoquinolina possui maior atividade que a
mono-piridoquinolina.
N
N
Cl
NH
OMe
R
R = –CH
2
–CH
2
–OH; –CH
2
–CH(CH
3
)–OH; –
CH(CH
3
)–CH
2
–OH; –CH(C
2
H
5
)–CH
2
–OH–; –
CH
2
–CH
2
–NH–CH
2
–CH
2
–OH
53
N
N
Cl
NH
MeO
N
N
Cl
NH
OMe
R
R = –CH
2
–CH(OH)–CH
2
–; –CH
2
–(CH
2
)
6
–CH
2
–;
–CH
2
–(CH
2
)
2
–NH–(CH
2
)
2
–CH
2
–; –CH
2
–(CH
2
)
2
NH–(CH
2
)
3
–CH
2
–; –CH
2
–(CH
2
)
2
–NH–(CH
2
)
4
NH–(CH
2
)
2
–CH
2
54
FIGURA 21 – Estruturas de mono e bis-piridoquinolinas testadas como antitumorais.
Gallo et al. (2003) a partir de 42 obtiveram através de duas etapas: reação
substituição nucleofílica alifática e termociclização, o composto linear 55
empregando o método de Matias et al (1996). 55 reage posteriormente com 1-
bromo-2-cloroetano, formando 56, que em seguida reage com a N,N-1,2-dietil-
diaminoetano originando o composto 57 (Figura 22). Outra rota sintética para a
introdução de um grupo doador de elétrons está descrita na Figura 23, que parte do
composto clorado 58 reagindo a 90º C por 14 horas com 59 empregando fenol como
solvente. Excesso do fenol é eliminado a vácuo, sendo o produto extraído com
CH
2
Cl
2
e lavado com NaOH 10%. A fase orgânica é filtrada, concentrada e
cromatografada com metanol-amônia 0-10% originando em maior porcentagem 60.
49
NH
2
NH
2
O
O
O
N
H
R
N
H
R
N
H
N
H
O
O
Ph
2
O
N
2
Cl
Br
N
N
O
O
(Br)Cl
Cl(Br)
NH
2
NEt
2
N
N
NH
NH
N
N
42
55
56
57
R =
FIGURA 22 – Rota sintética de piridoquinolinas 4,6-substituídas empregada por
Gallo et al. (2003)
N
N
N
N
O
N
N
N
N
N
N
N
N
Cl
Cl
N
H
N
fenol
+
58
59
60
61
FIGURA 23 Síntese de 4,6-piridoquinolinas apresentando amina terciária na
cadeia lateral. Em destaque a reação de substituição aromática nucleofílica entre 58
e o nucleófilo amina secundária.
50
Testes biológicos in vitro realizados por Gallo et al. (2003), indicaram que
pirido[3,2-g]quinolinas do tipo 57 atuam como anti MDR (Multidrug Resistance),
restaurando a atividade original das substâncias empregadas na quimioterapia. A
P-glicoproteína humana (P-gp) está relacionada ao MDR e causa um decréscimo no
acúmulo do agente terapêutico. As piridoquinolinas interagem com a P-gp inibindo-a.
51
4. OBJETIVOS
4.1 OBJETIVOS GERAIS
Estabelecer o escopo da metodologia para as estruturas diazatricíclicas
aromáticas substituídas a partir dos derivados 1,3-fenilenodiamínicos do ácido
de Meldrum, empregando metodologia de dupla ciclização;
Investigar a atividade leishmanicida e tripanocida in vitro dos compostos
obtidos.
4.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Sintetizar novos adutos fenilenodiamínicos do ácido de Meldrum a partir de
1,3-fenilenodiaminas comercialmente disponíveis;
Sintetizar 1,7-fenantrolinas e pirido[3,2-g]quinolinas a partir de precursores
fenilenodiamínicos derivados do ácido de Meldrum;
Investigar as reações de substituição nucleofílica aromática dos diaza-
heterociclos com nucleófilos nitrogenados;
Caracterizar todos os novos compostos sintetizados por técnicas de
ressonância nuclear magnética de
1
H e
13
C e infravermelho;
Submeter os compostos sintetizados a ensaios biológicos a fim de
estabelecer o seu potencial leishmanicida e tripanocida.
52
5. MATERIAL E MÉTODOS
5.1 MATERIAL
5.1.1 Reagentes
Produtos comerciais de pureza analítica foram empregados sem prévia
purificação, exceto quando mencionado no procedimento.
Nas análises cromatográficas em camada delgada (CCD) para o
monitoramento de reações e avaliação da pureza de reagentes e produtos, foram
empregadas placas de vidro de 2,5 cm por 7,5 cm revestidas com sílica gel
contendo indicador fluorescente (GF
254
- Merck). Os eluentes empregados como
fases móveis estão citados nos procedimentos. A revelação das cromatoplacas se
deu em câmera com radiação ultravioleta.
Na purificação dos compostos sintetizados empregaram-se técnicas de
cristalização, extração, cromatografia em coluna e cromatografia flash. Nas técnicas
cromatográficas foram empregados respectivamente os adsorventes sílica gel 60
(Merck) com granulometria de 63 200 µm e sílica gel G com granulometria de
40-63 µm.
5.1.1.1 Purificação do 2-amino-5-dietilaminopentano
O nucleófilo 2-amino-5-dietilaminopentano, procedência Aldrich, foi
previamente submetido à destilação simples e à pressão reduzida, sendo a pureza
do destilado avaliado por cromatografia gasosa.
53
5.1.1.1.1 Análise cromatográfica do 2-amino-5-dietilaminopentano
O produto destilado foi previamente diluído em diclorometano e submetido à
análise por cromatografia gasosa nas seguintes condições: coluna capilar de sílica
fundida (Simplicity-1/Supelco) com 30 m x 0,25 mm x 0,25 μm. Hélio foi empregado
como gás de arraste com vazão de 1 mL/min, estando o injetor a 250
o
C e o detector
a 280
o
C. A injeção da amostra de 0,2 μL foi conduzida no modo split/1:50,
empregando-se a seguinte rampa de aquecimento: temperatura inicial 60
o
C durante
4 min, seguido de aquecimento à taxa de 5
o
C/min até 190
o
C, permanecendo nesta
temperatura por 2 min, seguido de aquecimento à taxa de 10
o
C/min até 250
o
C,
permanecendo nesta temperatura por 10 min, totalizando 48 min de análise.
5.1.2 Equipamentos
Balança analítica Metler modelo AB 204-S foi empregada na determinação
das massas dos materiais e as medidas de ponto de fusão não corrigidas foram
conduzidas em aparelho de aquecimento gradual do tipo Kofler.
As análises por espectrometria no infravermelho (IV) foram conduzidas em
espectrômetro Shimadzu Modelo Prestige 21/FT8400S, empregando pastilhas de
KBr.
A análise por cromatografia gasosa foi realizada em equipamento da marca
Shimadzu, modelo GC – 14 B, empregando diclorometano (VETEC) como diluente.
As análises de RNM
13
C e
1
H foram realizadas em aparelho Bruker AC – 200
MHz para
1
H e 50 MHz para
13
C e Inova 300 - 300 MHz para
1
H e 50 MHz para
13
C.
Utilizando clorofórmio deuterado (CDCl
3
) contendo tetrametilsilano (TMS) como
54
padrão interno, sendo os deslocamentos químicos expressos em valores de ppm e
as constantes de acoplamento (J) em Hertz (Hz).
5.2 PROCEDIMENTOS DE SÍNTESE
2,2-dimetil-1,3-dioxano-4,6-diona (Ácido de Meldrum) (62)
O O
OO
Em Erlenmeyer de 250 mL foram colocados à temperatura ambiente ácido
malônico (26g; 0,25 mol), anidrido acético (30 mL; 0,30 mol) e ácido sulfúrico (0,75
mL). A mistura sob agitação magnética foi resfriada em banho de gelo, quando
então foi adicionado gota a gota 20 mL (0,27 mol) de acetona, mantendo-se a
temperatura reacional abaixo de 25 ºC. A solução foi agitada por mais 30 minutos
em banho de gelo e levada ao refrigerador por 24 horas. O sólido cristalino foi
coletado por filtração a vácuo e lavado com água gelada. A recristalização foi
conduzida pela dissolução em acetona (55 mL) a temperatura ambiente e posterior
adição de água destilada (110 mL), mantendo-se a mistura em banho de gelo por 1
hora. O sólido incolor assim obtido foi filtrado a vácuo, lavado com água gelada e
seco em estufa a vácuo, fornecendo 62 em 38-40 %.
p.f. 96,3 – 96,4 ºC (Segundo Graf e colaboradores (2002) p.f. 94 – 95 ºC)
55
5-Cloro-1,3-bis[(2,2-dimetil-4,6-dioxo-1,3-dioxano-5-ilidenometil)amino]benzeno
(37)
Cl
N
H
O
O
O
O
NH
O
O
O
O
Em balão de fundo redondo de 250 mL foram colocados 62 (9,24g; 70 mmol) e
ortoformato de trimetila (100 mL) e levado a refluxo por 2 h sob atmosfera de N
2
. À
esta solução foi adicionada a 5-cloro-1,3-fenilenodiamina (35) (4,27g; 30 mmol) e o
refluxo continuado por mais 1 hora. A mistura foi então resfriada à temperatura
ambiente quando se adicionou éter de petróleo ou hexano (20 mL). O precipitado
formado foi coletado sob filtração a vácuo e lavado com etanol gelado.
Recristalizado em acetato de etila, forneceu o bis-aduto 37 em 65 % rendimento.
p.f. 221,5-223,3
o
C dec. (Segundo Graf e colaboradores (2002) p.f. 221
o
C).
1
H RMN (CDCl
3
, 200 MHz)
δ
1,75 (s, 12H); 7,15 (s, 1H); 7,17 (s, 2H); 8,64 (d, 2H);
11,24 (d, 2H);
13
C RMN (CDCl
3
, 50 MHz)
δ
27,1; 89,1; 105,6; 105,8; 115,6; 137,7;
140,5; 152,1; 162,9 ; 165,2.
5-cloro-1H,7H-[1,7]-fenantrolina-4,10-diona (38)
N
H
NH
Cl
O
O
1
2
3
4
5
6
7
9
8
10
Em balão de fundo redondo de 50 mL foi adicionado éter difenílico (20 mL). A este,
sob refluxo, foi adicionado rapidamente o bis-aduto 37 (0,515 g; 1,14 mmol). Após a
completa adição retirou-se o aquecimento. A mistura foi resfriada à temperatura
ambiente, adicionando-se então 20 mL de hexano, mantendo-se a mistura em
repouso por 15 minutos. O precipitado formado foi filtrado a vácuo, lavado com
56
hexanos. O sólido coletado foi solubilizado em DMF a quente e adicionado água
para precipitação. O precipitado amarelo foi filtrado, lavado com água e seco em
estufa a vácuo fornecendo 38 em rendimento de 74 %.
p.f. > 250
o
C (Segundo Graf e colaboradores (2002) p.f. > 250
o
C).
4,5,10-Tricloro-1,7-fenantrolina (39)
N
N
Cl
Cl
Cl
1
2
3
4
5
6
7
9
8
10
A fenantrolona 38 (246 mg; 1 mmol) foi colocada em frasco de fundo
redondo de 50 mL com 5 mL de oxicloreto de fósforo recentemente destilado. A
mistura foi refluxada por 1 hora e resfriada em banho de gelo, quando então,
adicionou-se gelo picado (10 g) e 40 mL de água. Em seguida procedeu-se à
neutralização cuidadosa com solução de NH
4
OH 10 %. O produto foi filtrado e
lavado com várias porções de água. O precipitado foi solubilizado em clorofórmio,
filtrado e concentrado em evaporador rotatório, fornecendo o diazatriciclo 39 como
um sólido marrom em 20 % de rendimento.
p.f. 184-186
o
C (Segundo Graf e colaboradores (2002) p.f. 187-190
o
C).
4,5,10-tricloro-1,7-fenantrolina (39) Procedimento Alternativo I adaptado
segundo Molock e Boykin (1983)
N
N
Cl
Cl
Cl
1
2
3
4
5
6
7
9
8
10
Frasco de fundo redondo 5 mL com 2 mL de oxicloreto de fósforo
recentemente destilado quando adicionou-se a fenantrolona 38 (104 mg; 0,42
57
mmol). A mistura foi refluxada por 1 hora, adicionando-se meio gota de água e
refluxando-se por mais 2 horas. A mistura reacional foi resfriada em banho de gelo e
adicionada, gota a gota com auxílio de uma pipeta Pasteur, a uma solução de
hidróxido de amônia 10 % (20 mL) com gelo picado (10 g) e em banho de gelo. O
produto foi filtrado e lavado com 2 mL de água, dioxano e xileno. O precipitado
marrom foi coletado a vácuo e seco (rendimento bruto 54 %). A purificação foi
realizada por coluna cromatográfica empregando como eluente acetato de etila. As
frações contendo o produto puro foram combinadas e concentradas em evaporador
rotatório, fornecendo o sólido amarelo 39 em rendimento de 26 %.
p.f. 186-187
o
C (Segundo Graf e colaboradores (2002) p.f. 187-190
o
C).
4,5,10-tricloro-1,7-fenantrolina (39) Procedimento Alternativo II
N
N
Cl
Cl
Cl
1
2
3
4
5
6
7
9
8
10
A um frasco de fundo redondo de 5 mL com 2 mL de oxicloreto de fósforo
recentemente destilado foi adicionado 38 (0,104 g; 0,42 mmol). A mistura foi
refluxada por 2 horas. O excesso de POCl
3
foi removido por destilação a pressão
reduzida. À mistura reacional foi resfriada em banho de gelo e adicionada, gota à
gota com auxílio de pipeta Pasteur, à uma solução de NH
4
OH a 10 % (20 mL) com
gelo picado (10 g) e em banho de gelo. O produto foi filtrado e lavado com água. O
precipitado marrom foi coletado a vácuo e seco fornecendo o produto bruto em 63 %
de rendimento. A purificação foi realizada por coluna cromatográfica empregando
como eluente acetato de etila. As frações contendo o produto puro foram
58
combinadas e concentradas em evaporador rotatório, fornecendo o sólido amarelo
39 em rendimento de 41 %.
p.f. 187-189
o
C (Segundo Graf e colaboradores (2002) p.f. 187-190
o
C).
1
H RMN (CDCl
3
, 200MHz)
δ
7,71 (d, 2H); 8,22 (s, 1H); 8,81 (d, 1H); 8,91 (d, J=4,7
Hz, 1H);
13
C RMN (CDCl
3
, 50 MHz)
δ
122,7; 123,0; 126,0; 126,4; 131,7; 132,9; 141,7;
143,7; 147,3; 148,5; 150,4; 151,0.
2-metil-1,3-bis[(2,2-dimetil-4,6-dioxo-1,3-dioxano-5-metilideno)amino]benzeno
(63)
CH
3
N
H
N
H
O
O
O
O
O
O
O
O
Em balão de fundo redondo de 100 mL foram colocados 62 (2,745g; 18,8
mmol) e ortoformato de trimetila (27 mL; 0,25 mol) sendo a mistura levada a refluxo
por 2 h sob atmosfera de nitrogênio. A esta solução foi adicionada a 2-metil-1,3-
fenilenodiamina (42) (1,059 mg; 8,68 mmol) e o refluxo continuado por mais 1 hora,
resfriada à temperatura ambiente, sendo a seguir adicionado hexanos (25 mL). Após
20 minutos em repouso o sólido foi coletado por filtração a vácuo, lavado com etanol
gelado (15 mL) e seco em estufa a vácuo. Recristalizado em acetato de etila,
forneceu bis-aduto 63, sólido bege claro em 75 % rendimento.
p.f. 248,4-251,7
o
C (decomp.)
IV (KBr) 3159 cm
-1
, 2995 cm
-1
, duas absorções em 1735 cm
-1
, 1678 cm
-1
, 1597 cm
-1
,
1500 cm
-1
, 1436 cm
-1
, 1205 cm
-1
e 1006 cm
-1
.
59
10-metil-1H,9H-pirido[3,2-g]quinolina-4,6-diona (45)
N
H
N
H
CH
3
O
O
1
2
3
4
5
6
7
9
8
10
Em balão de fundo redondo de 100 mL foi adicionado éter difenílico (40 mL)
e levado a refluxo. A este foi adicionado rapidamente o bis-aduto 63 (955 mg; 2,22
mmol). Após a completa adição retirou-se o aquecimento. A mistura foi resfriada à
temperatura ambiente, adicionando-se então 40 mL de hexanos, mantendo-se a
mistura em repouso por mais 15 minutos. O precipitado formado foi filtrado a vácuo,
lavado com hexanos e seco em estufa a vácuo. O sólido coletado foi solubilizado em
DMF a quente (40 mL) e adicionando água para precipitação. O precipitado foi
coletado a vácuo e seco em estufa a vácuo. Após o produto foi agitado com hexanos
(20 mL) e seco em estufa a vácuo fornecendo 45 em rendimento de 85 %.
p.f. > 250
o
C decomp. (Segundo Molock e Boykin (1983) p.f. > 250 ºC decomp.)
4,6-dicloro-10-metil-pirido[3,2-g]quinolina (46)
N
N
CH
3
Cl
Cl
1
2
3
4
5 6
7
9
8
10
Oxicloreto de fósforo (7 mL), recentemente destilado, foi colocado em frasco
de fundo redondo de 20 mL, aquecido à temperatura de 60 ºC e adicionado a
piridoquinolona 45 (0,456 g, 2,01 mmol). A mistura foi refluxada por 2 horas. A
mistura reacional foi resfriada em banho de gelo e adicionada gota a gota com
auxílio de uma pipeta Pasteur à solução de NH
4
OH 10 % (30 mL) contendo 15 g de
gelo picado, estando o frasco em banho de gelo. O precipitado marrom foi coletado
60
a vácuo, lavado com 7 mL de água, dioxano e xilenos e seco em estufa a vácuo.
Finalmente, este foi dissolvido em cicloexano a quente, filtrado e resfriado à
temperatura ambiente. O sólido amarelo formado foi coletado e seco em estufa a
vácuo, fornecendo 46 em 49 % de rendimento.
p.f. 201,6-202,4
o
C (Segundo Molock e Boykin (1983) p.f. 202-204 ºC).
IV (KBr) 3064 cm
-1
, 2920 cm
-1
, 2362 cm
-1
, 1589 e 1533 cm
-1
, 1446 cm
-1
, 1139 cm
-1
,
786 cm
-1
.
13
C RMN (CDCl
3
, 50 MHz)
δ
; 150,46; 145,64; 143,66; 137,82; 125,08;
121,13; 118,62; 12,98.
1
H RMN (CDCl
3
, 200 MHz)
δ
8,97; 8,93; 7,55; 3,36.
4,6-bis-(4-dietilamino-1-metil-butilamino)-10-metil-pirido[3,2-g]quinolina (64)
N
N
N
N
N
N
1
2
3
4
5
6
7
9
8
10
A 4,6-dicloro-10-metil-pirido[32,-g]quinolina (46) (288,9 mg; 1,10 mmol) foi
colocada em balão de fundo redondo de 5 mL com 1,74 mL (11 mmol) de 2-amino-5-
dietilamino-pentano 97 %. A mistura foi aquecida a 160 170 ºC por 8 horas e 30
minutos. Sendo controlada por cromatografia em camada delgada (eluição -
MeOH:Amônia 3:1 e AcOEt). Excesso de amina foi removido por destilação à
pressão reduzida. A mistura reacional foi basificada com KOH 10 % (pH 12),
extraída com três porções de 10 mL de clorofórmio. Fase orgânica foi concentrada
em evaporador rotatório fornecendo um resíduo oleoso. O óleo formado foi lavado
com hexanos a frio (3x10 mL) e posteriormente com hexanos a quente (5 X 10 mL).
O material extraído na lavagem a quente foi purificado por cromatografia flash com o
eluente MeOH e amônia (0 40 %) que forneceu um óleo marrom (21 mg). A
porção residual da lavagem a quente foi então submetida à extração contínua em
Soxhlet com 75 mL de hexanos por 10 horas. O material residual desta extração foi
61
finalmente purificado por cromatografia flash, sendo também eluído com MeOH e
amônia (0 40%), obtendo-se um sólido amarelo (19 mg) com ponto de fusão 61,9
ºC 62,4 ºC. Os dados espectrais abaixo referem-se a mistura das duas frações
purificadas por cromatografia flash.
1
H RMN (CDCl
3
, 200MHz)
δ
9,51(d, 1H); 8,63 (d, 2H); 6,29 (t, 2H); 4,86 (s, 1H); 3,65
(s, 1H); 3,28 (s, 3H); 2,00-2,60 (m); 0,80-1,80(m).
13
C RMN (CDCl
3
, 50 MHz)
δ
151,41; 150,93; 145,66; 132,34; 117,53; 112,24; 95,95;
52,43; 48,52; 46,67; 34,10; 23,96; 19,82; 13,27; 11,00.
5.3. BIOENSAIOS (SILVA et al.,2007)
Dos compostos sintetizados
Solubilizados em Dimetilsulfóxido (DMSO) na concentração de 50 mg/mL,
filtrados em membrana de 0,22 mm e mantidos a 4°C até o uso. Como substâncias
controle foram utilizadas Benznidazol (Rochagan
®
) para os experimentos com T.
cruzi e a Anfotericina B para Leishmania amazonensis.
Parasitas
Neste estudo foram utilizadas formas tripomastigotas sangüíneas e
epimastigotas de cultivo celular da cepa Y de T. cruzi. e promastigotas de cultura de
Leishmania amazonensis (cepa 575), mantidos no Laboratório de Protozoologia da
UFSC.
Formas epimastigotas de T. cruzi foram cultivadas em meio de infusão de
fígado-triptose (LIT), enriquecido com 10% de soro inativo de coração fetal bovino
62
(FBS) e mantido a 28 ºC. Formas tripomastigotas foram coletadas no sangue de
ratos Swiss no dia após a infecção. As formas promastigotas de L. amazonensis
foram cultivadas em meio de Schneider enriquecido com 5% FBS e mantido a 28 ºC.
Avaliação in vitro da atividade antiparasitária dos compostos sintetizados
contra formas epimastigotas de T. cruzi e promastigotas de Leishmania
amazonensis.
Os ensaios foram realizados em placas de culturas de 96 orifícios contendo
200 µL de uma suspensão de 5x10
6
parasitas/mL e diferentes concentrações do
composto estudado (1,000 a 1 µM) diluídos em dimetil-sulfóxido (DMSO).
Como controle, os parasitos foram incubados na ausência de compostos, na
presença de 1% de DMSO, 100 µM de Benznidazol para T. cruzi e 1 µM de
Anfotericina B para L. amazonensis.
Após adição dos compostos as amostras foram homogeneizadas e incubados
a 28°C por 72 horas. As placas foram avaliadas em microscópio pela contagem de
parasitas vivos em Câmara de Neubauer de acordo com Lunardi et al (2003).
Todos os ensaios foram realizados em triplicata.
Avaliação in vitro da atividade tripanocida dos compostos contra formas
tripomastigotas sanguíneos de T. cruzi (Cepas Y)
Os ensaios foram realizados em placas de culturas de 96 orifícios incubando
a 4 ºC por 48 horas, 200 µL de uma suspensão de 5x10
5
tripomastigotas/mL com
250 e 50 µM do composto estudado, diluído em DMSO como descrito por Brener
(1962).
63
Como controle, os parasitos foram incubados com 2% de DMSO e violeta
genciana (250 µg/mL).
Para avaliar a atividade dos compostos contra formas tripomastigotas
sangüíneos foi avaliado o número de parasitas vivos em 5 µL da suspensão em
microscópio com aumento de 400 vezes.
Todos os ensaios foram realizados em triplicata.
Toxicidade Celular – Citotoxicidade (CC)
A atividade dos compostos foi determinada em células Vero (ATC-CCL81)
utilizando o ensaio MTT (brometo de 3-(4,5-dimetiltiazol-2-il)-2,5-difeniltetrazol)
descrito por Sieuwerts et al (1995).
Células Vero (2x10
4
/mL) foram cultivadas por 72 horas em microplacas com
96 orifícios, no meio DMEM (meio de Eagle modificado por Dulbeccos) enriquecido
com 5% de FBS, 5% de CO
2
, 95% de umidade a uma temperatura de 37 ºC, na
presença dos compostos estudados em diferentes concentrações (1000, 200, 50 e
10 µM) (Roche
®
).
Como controle, os parasitos foram incubados na ausência de compostos, na
presença de 1% de DMSO, Benznidazol (100, 25 e 5 µg/mL).
Após a incubação, meio foi removido e incubado com 100 µL de solução de
MTT (2 mg/mL em DMEM) por 4 horas a 37 ºC/ 5 % CO
2
. Meio de cultura foi
removido e adicionado 100 µL de DMSO a cada orifício e homogeneizado por 5
minutos no agitador de microplacas. A leitura é feita na absorbância de 540 nm em
um leitor de elisa (ELX 800 Bio-Tek Instruments INC) e os resultados expresso como
percentagem de toxicidade nas células.
64
6. RESULTADOS E DISCUSSÃO
6.1 SÍNTESE E CARACTERIZAÇÀO DA 4,5,10-TRICLORO-1,7-FENANTROLINA
(39)
Na Figura 24 está representada a rota de síntese empregada na obtenção
do derivado 1,7-fenantrolínico 39.
NH
2
NH
2
Cl
N
H
Cl
NH
O
O
O
O
O O
O
O
N
H
NH
Cl
O
O
N
N
Cl
Cl
Cl
O O
OO
POCl
3
CH(OCH
3
)
3
3 h, reflux
Ph
2
O
1 h, reflux
3 h,
reflux
35
37
38
39
65%
70%
41%
62
FIGURA 24 – Esquema reacional de síntese da 4,5,10-tricloro-1,7-fenantrolina (39).
Esta tem início com a dupla adição de Michael envolvendo a 5-cloro-1,3-
fenilenodiamina (35) e o produto gerado in situ da reação entre o ácido de Meldrum
(62) e o ortoformato de trimetila. O bis-aduto 37 foi isolado com elevado grau de
pureza após adição de éter de petróleo ou hexanos ao meio reacional e lavagem do
sólido formado com etanol gelado. O produto puro foi obtido mediante cristalização
65
empregando acetato de etila. Sua análise por espectroscopia de ressonância
magnética nuclear de hidrogênio revelou 4 sinais distintos e uma relação típica
mediante a integração de 2:2:3:12. Os dubletos em 11,24 e 8,64 ppm, e com
constantes de acoplamento de aproximadamente 13,6 Hz, referem-se aos
hidrogênios N-H e =C-H (olefínico). Os 3 hidrogênios aromáticos apresentaram
deslocamento químico de 7,16 ppm, enquanto que os metílicos em 1,75 ppm
(singleto) e sinais em 7,27 e 2,17 referem-se ao clorofórmio deuterado utilizado
como solvente e acetona respectivamente (Anexo 1).
O espectro de RMN
13
C apresenta 10 sinais, dos quais apenas um na região
de carbono sp
3
, sendo tripleto em 77,013 refere-se ao clorofórmio deuterado
utilizado como solvente (Anexo 2). A sua estrutura molecular simétrica deveria
originar um espectro com no máximo 9 sinais. O fato de observarmos duas
carbonilas (165,2 e 162,9 ppm) esta associado a formação de ligação de hidrogênio
intramolecular, conforme representado em 37a.
Cl
N
H
O
O
O
O
H
NO
O
O O
37a
FIGURA 25 – Representação da formação de ligação de hidrogênio intramolecular.
Na etapa seguinte, 37 foi adicionado a éter difenílico sob refluxo, formando o
triciclo angular 38. A termólise não somente promoveu a ciclização, como também a
descarboxilação e desacetonização. Este comportamento reacional distingue os
adutos do ácido de Meldrum daqueles dos ésteres do ácido malônico (Chen, 1991).
A formação preferencial do regioisômero angular pode ser explicada pela formação
66
de um intermediário 38a estabilizado por ligação de hidrogênio intramolecular. Ao
apresentar baixíssima solubilidade nos solventes comumente empregados na
espectroscopia de ressonância magnética nuclear, a estrutura molecular de 38 não
pôde ser comprovada por análise direta. No entanto, o seu derivado clorado
apresentou elevada solubilidade em clorofórmio. A cloração de 38 foi realizada com
cloreto de fosforila sob refluxo, conduzindo ao composto 4,5,10-tricloro-1,7-
fenantrolina (39), porém em baixo rendimento. Este rendimento provavelmente
deveu-se a dois fatores: (i) hidrólise durante a etapa de isolamento do produto, que
requer a neutralização do meio reacional por tratar-se de heterociclo básico, e (ii)
emprego de material de partida bruto.
A estrutura angular foi confirmada pelos 12 sinais observados em RMN
13
C,
todos aromáticos (122,7-151,0 ppm) (Anexo 3). A estrutura linear simétrica deve
apresentar um número máximo de 7 sinais de carbono, conforme indicado na Figura
21. Dos 12 sinais observados, 7 apresentaram reduzida intensidade, própria dos
carbonos quaternários, sendo eles: 4, 5, 6, 5’, 4’, 11’ e 11 e algumas impurezas na
região dos alifáticos.
N
N
Cl
Cl
Cl
1
2
4
3
3'
2'
1'
4'
7
5
6
5'
FIGURA 26 Representação da estrutura linear indicando a equivalência das
posições.
Semelhantemente, o espectro de RMN
1
H (Anexo 4) apresentou sinais
compatíveis à estrutura angular assimétrica, destacando-se os dois dubletos em
8,81 e 8,90 ppm referentes aos dois hidrogênios α aos nitrogênios piridínicos. As
67
constantes de acoplamento observadas (4,8 e 4,7 Hz, respectivamente) são típicas
de sistemas π-deficientes, ou seja, aproximadamente a metade daquela observada
para
3
J
HH
em sistemas aromáticos homocíclicos (Silverstein e Webster, 2000, p.
199). O singleto em 8,22 ppm refere-se ao hidrogênio benzenóide. Adicionalmente, a
integração revelou um sistema contendo uma relação igual a 1:1:1:2, totalizando 5
hidrogênios aromáticos. Sinais na região dos aifáticos são referentes a impurezas e
em 7,26 é sinal típico do clorofórmio deuterado utilizado como solvente.
6.2 SÍNTESE E CARCTERIZAÇÀO DA 4,6-DICLORO-10-METIL-PIRIDO[3,2-g]-
QUINOLINA (46)
Conforme descrito na Figura 27, a síntese da piridoquinolina 46 tem início
com a preparação do bis-aduto 63 em 75 % de rendimento. Semelhantemente ao
esquema reacional da Figura 24, o derivado alcoximetileno do ácido de Meldrum é
produzido in situ pela reação deste com ortoformato de trimetila. O produto final é
isolado do meio reacional por filtração após a adição de hexanos ou éter de petróleo.
Sua cristalização em acetato de etila forneceu o produto como um sólido bege em
elevado grau de pureza e com rendimento satisfatório (75%).
A caracterização parcial de 63 foi realizada por espectroscopia no
infravermelho empregando pastilhas de KBr (Anexo 5). Destaque para as bandas de
absorção em 3159 cm
-1
(deformação axial N-H); 2995 cm
-1
(deformação axial C-H
aromático); 1735 cm
-1
e 1678 cm
-1
(deformação axial C=O), esta última típica de
vinilólogo de amida; 1597 cm
-1
(deformação axial C=C); 1436 cm
-1
(deformação
angular C-H) e 1205 cm
-1
(deformação axial C-O).
68
A ciclização térmica em éter difenílico conduziu ao composto linear 46 em
rendimento elevado. Por serem comumente compostos de difícil purificação por
apresentarem baixa solubilidade nos solventes comumente disponíveis no
laboratório de química, o produto bruto foi exaustivamente lavado com hexanos para
remoção de éter difenílico e, após secagem, submetido à cloração com cloreto de
fosforila, obtendo-se 46 em rendimento global de 31 %, conforme representação
esquemática (Figura 27).
NH
2
NH
2
CH
3
CH
3
N
H
N
H
O
O
O
O
O
O
O
O
N
H
N
H
CH
3
O
O
N
N
CH
3
Cl
Cl
O O
OO
POCl
3
CH(OCH)
3
3 h, reflux
Ph
2
O
1 h, reflux
3 h,
reflux
41
63
45
46
75%
85%
49%
62
FIGURA 27 Modelo reacional esquemático da obtenção da 4,6-dicloro-10-metil-
pirido[3,2-g]quinolina (46).
Observou-se ao longo do trabalho que uma das etapas limitantes da rota
sintética proposta foi a cloração. O tempo de reação, relação estequiométrica e
métodos de extração foram estudados, tendo-se decidido pela diminuição no volume
de cloreto de fosforila empregado, pelo pré-aquecimento do cloreto de fosforila para
então proceder-se a adição da diona ao frasco reacional e alcalinização do meio
reacional vertendo-o à uma solução alcalina resfriada em banho de gelo. Tais
práticas conduziram a rendimentos mais elevados.
69
A análise comparativa dos dados de ressonância magnética nuclear de
carbono da piridoquinolina 46 descrita na literatura com os obtidos neste trabalho
(Anexo 6) confirma a estrutura proposta. Os dados espectrais estão arroladas na
Tabela 8. Dos oito sinais observados, número máximo esperado, quatro estão
relacionados aos carbonos quaternários 9a/10a,10, 4/6 e 4a/5a (Figura 28),
caracterizados pela intensidade de sinal reduzida. Tripleto em 77,000 refere-se ao
clorofórmio deuterado utilizado como solvente.
TABELA 8 Comparativo de sinais de RMN
13
C da 4,6-dicloro-10-metil-pirido[3,2-
g]quinolina (46) e literatura.
Carbonos
2,8 9a, 10a 10 4,6 5 3,7 4a, 5a CH
3
Compostos
MB 149,9 145,4 142,9 137,7 124,6 120,7 118,1 12,9
46 150,4 145,6 143,6 137,8 125,0 121,1 118,6 12,9
A RMN
1
H (Anexo 7) apresentou quatro sinais que identificados na Tabela 9.
Estes, ao serem comparados com os sinais obtidos por Gallo et al (2003) para a
estrutura análoga 58, fornecem mais uma forte evidência de formação do isômero
linear proposto. A comparação com a estrutura 58 deveu-se ao fato de Molock e
Boykin (1983) não apresentarem em seu trabalho os dados espectrais de RMN
1
H.
Os sinais abaixo de 3 ppm referem-se a impurezas na amostra e em 7,27 é sinal
típico do clorofórmio utilizado como solvente.
TABELA 9 Comparativo de sinais de RMN
1
H da 4,6-dicloro-10-metil-pirido[3,2-
g]quinolina (46) e 4,6-dicloro-2,8,10-trimetil-pirido[3,2-g]quinolina (58)
Hidrogênios
5 2,8 3,7 CH
3
de 2,8 CH
3
de 10
Compostos
58 8,77 - 7,36 2,76 3,26
46 8,97 8,93 7,55 - 3,36
70
3
2
N
1
4
10
5
N
9
8
7
6
CH
3
Cl
Cl
3
2
N
1
4
10
5
N
9
8
7
6
CH
3
Cl
Cl
46 58
FIGURA 28 Numeração da 4,6-dicloro-10-metil-pirido[3,2-g]quinolinas 46 e
análogo 58.
A utilização dessa metodologia de síntese apresenta-se eficiente quando
comparada a de Molock e Boykin (1983), que emprega derivados 5-alcoximetilênicos
do éster malônico ou diésteres do acetileno em parceria com as fenilenodiaminas.
Tais compostos não sofrem descarboxilação espontânea durante a termociclização,
diferentemente dos adutos do ácido de Meldrum. Portanto necessitam ser
saponificados e então descarboxilados para originarem os compostos heterocíclicos
de interesse. Convém salientar que as reações de ciclização dos derivados do ácido
de Meldrum são pidas (em torno de 10 minutos), sendo o produto isolado por
filtração após diluição do meio reacional com éter etílico ou hexanos.
6.2.1 Síntese e caracterização da 4,6-bis-(4-dietilamino-1-metil-butilamino)-10-
metil-pirido[3,2-g]quinolina (64)
Os primeiros experimentos de substituição aromática nucleofílica entre o 2-
amino-5-dietilamino-pentano e a piridoquinolina 46 (Figura 29) foram insatisfatórios.
71
N
N
NH
NH
N
N
N
N
Cl
Cl
NH
2
N
+
46
64
FIGURA 29 – Modelo estrutural da piridoquinolina e 2-amino-5-dietilamino-pentano
A análise da mistura reacional por cromatografia em camada delgada revelou
a formação de uma mistura complexa. Segundo Madrid et al. (2005), que empregou
2-amino-5-dietilamino-pentano como agente nucleofílico na reação de formação da
4-cloroquinolina (3), a presença de impurezas no nucleófilo impediu a formação do
produto desejado, sugerindo sua purificação prévia por destilação à pressão
reduzida. Sendo assim, decidiu-se pela destilação do nucleófilo, monitorando-se a
eficiência do processo de purificação por cromatografia gasosa. Após a destilação à
pressão reduzida do nucleófilo diamina foi possível avaliar a eficiência da técnica
mediante a separação de quantidade significativa de material residual o volátil e
pelo cromatograma obtido, constituído por um único sinal (Figura 30). Os picos
presentes no intervalo de 30 a 50 minutos referem-se ao adsorvente liberado a altas
temperaturas (acima de 220
o
C).
72
Data: Method: Ch=1
Chrom:LGM-NUD.C01 Atten:4
0 20 40
min
0
5
10
15
mV
FIGURA 30 Cromatograma do 2-amino-5-dietilamino-pentano após purificação por
destilação à pressão reduzida.
Procedimentos alterando o tempo da reação foram adotados sempre com o
acompanhamento da reação por cromatografia em camada delgada. Observou-se
que o tempo para o consumo total do reagente cai drasticamente quando a reação é
conduzida a 170
o
C, sendo concluída num tempo máximo de 8 horas, contra 22
horas a 120
o
C.
A estequiometria também foi alvo de estudo, adotando-se uma relação 10:1
(nucleófilo:eletrófilo).
Investigou-se o procedimento reacional de Gallo et al. (2003) que emprega
fenol como solvente. A formação de mistura complexa impediu o isolamento de
qualquer produto. A fundamentação teórica para o emprego de fenol reside na
possibilidade de obtenção de produto intermediário mais reativo por apresentar
grupo de saída (fenolato) superior ao cloreto.
Diferente solventes de extração também foram testados, dentre eles, o álcool
isopropílico e o sistema binário benzina:benzeno (9:1) (Gallo et al., 2003). Nesta
etapa o resultado mais satisfatório foi alcançado quando a mistura reacional foi
submetida à extração com hexanos a quente em extrator Sohxlet.
73
O isolamento do produto final foi possível somente após cromatografia flash
em sílica gel empregando como eluente uma mistura metanol e amônia concentrada
sob condição de gradiente de polaridade (0 – 40 % v/v).
No procedimento adotado (p. 59), duas frações foram isoladas, sendo
posteriormente combinadas quando a análise por RMN
1
H revelou tratarem-se de
substâncias idênticas.
O espectro de RMN
1
H (Anexos 8 e 8a) confirma a ocorrência da reação de
substituição nucleofílica com a introdução de cadeia alifática (0,8-2,6 ppm). A metila
benzílica apresenta deslocamento de aproximadamente 3,30 ppm, semelhante ao
deslocamento observado no precursor diclorado, 3,36 ppm. A simplicidade do
padrão de sinais observado na região dos aromáticos indica a formação de um
produto simétrico. O dubleto em 8,6 ppm pode estar associado ao hidrogênio “α” ao
nitrogênio piridínico, por sua vez o tripleto em aproximadamente 6,3 ppm ao
hidrogênio “β”. Os sinais largos em 4,90 e 3,70 ppm, com proporcionalidade de 1:1,
referem-se aos hidrogênios ligados diretamente aos nitrogênios. Por razões
conformacionais os hidrogênios alifáticos não são equivalentes.
A análise de RMN
13
C (Anexo 9 e 9a-d) forneceu um espectro com a maioria
absoluta dos sinais desdobrados. Se ignorarmos os desdobramentos, adotando para
os deslocamentos valores médios, teremos um total de 15 (quinze) carbonos, 7 sp
2
(todos aromáticos) e 8 carbonos sp
3
. Estes dados são coerentes com a estrutura
molecular dissubstituída proposta. Sinais em 78 ppm referem-se ao clorofórmio
deuterado utilizado como solvente.
Na Tabela 10 e Figura 31 estão indicados os deslocamentos químicos de
carbono e as de estruturas análogas ao composto 64, respectivamente.
74
TABELA 10 Comparativo de sinais de RMN
13
C da 10-metil-pirido[3,2-g]quinolina
substituídas
Compostos
47 57 60 64
151,2 159,90 159,17 151,414
150,2 150,55 157,65 150,938
145,5 145,90 146,44 145,664
133,8 132,20 133,00 132,340
117,3 115,80 119,17 117,536
109,4 109,80 116,61 112,240
96,2 96,90 107,96 95,957
- - 54,59 52,432
- 51,35 50,54 48,520
- 45,95 47,28 46,674
- 40,15 41,05 34,105
- 26,80 26,42 23,967
- - - 19,828
13,1 12,90 12,70 13,273
- 10,80 11,71 11,009
N
N
N
N
N
N
N
N
NH
NH
N
N
N
N
NH
NH
N
N
N
N
N
N
NH
NH
60
64
47
57
FIGURA 31 Representação das estruturas 10-metil-pirido[3,2-g]quinolina
substituídas 47, 57, 60 e 64
grande semelhança nos deslocamentos químicos observados na região
dos aromáticos em 47 e 64. Com exceção de 47, todos os compostos têm seus
carbonos detectados e próprios de estruturas simétricas.
Complementarmente, o estado físico de 64 e seu ponto de fusão (61,9 62,4
o
C) assemelham-se ao composto 47 (pf. 76 – 78
o
C). O valor inferior observado para
o composto 64, embora apresentando maior massa molecular, deve-se
75
possivelmente a fator estéreo que diminui as interações por ligações de hidrogênio
por tratar-se de grupamento amino ligado a carbono secundário.
Investigação complementar se faz necessária para determinar se os
desdobramentos resultam de uma estrutura conformacional que perdeu a
coplanaridade do sistema aromático devido a presença de dois grupos volumosos
em posição “periplanar”.
76
6.3 BIOENSAIO ANTIPROTOZOÁRIO
Estudos quanto à atividade biológica dos compostos sintetizados neste
trabalho foram conduzidos pelo Laboratório de Protozoologia da Universidade
Federal de Santa Catarina.
Os compostos testados foram a 4,5,10-tricloro-1,7-fenantrolina (39) e 4,6-
dicloro-10-metil-pirido[3,2-g]quinolina (46). Os resultados quanto à atividade
leishmanicida e tripanomicida foram negativos para ambos.
Contudo estudos indicam que compostos tricíclicos nitrogenados
apresentam atividade antiparasitária.
Silva et al. (2007) sintetizaram e testaram à atividade leishmanicida e
tripanomicida de 65. A Tabela 11 apresenta os valores em IC
50
deste composto,
sendo que os ensaios antiparasitários também foram realizados com o seu precursor
diona 66 que não apresentou qualquer atividade. A atividade leishmanicida foi
superior à tripanocida, apresentando um satisfatório índice de seletividade
(aproximadamente 18), sendo este definido como o quociente da IC
50
para células
Vero pela IC
50
na avaliação leishmanicida (Guillon et al., 2007).
N
N
N
O
Cl
Cl
Cl
Cl
Cl
N
H
N N
O
O
65
66
FIGURA 32 Estruturas tricíclicas obtidas por Silva et al. (2007)
77
TABELA 11 Atividade antiparasitária in vitro contra formas epimastigotas de T.
cruzi, e formas promastigotas de Leishmania amazonensis e ensaio de
citotoxicidade
Compostos T. cruzi IC
50
(µM)
(Formas Epimastigotas)
L. amazonensis
IC
50
(µM)
Vero Cells IC
50
(µM)
Benznidazol 12,5 nd 368,3
Anfotericina B nd 0,25 nd
65 20,4 8,6 141,3
Os testes antiprotozoários não foram realizados com 64 pela
indisponibilidade de material puro. Quando consideramos que piridoquinolinas
possam inibir o crescimento celular ao associarem-se ao DNA por intercalação,
espera-se que a presença das cadeias alifáticas com grupamento aminoterciário
possa conferir atividade à piridoquinolina pois tais grupos ampliam as interações
dipolo-dipolo e por ligações de hidrogênio com as bases nitrogenadas.
78
7. CONCLUSÃO
A metodologia empregada na preparação dos diazatriciclos mostrou-se
simples, eficiente e regiosseletiva. A regiosseletividade observada nas reações de
ciclização originou preferencialmente produtos angulares. O bloqueio da posição 2
com um grupamento metila, conduziu a formação do isômero linear desejável.
A formação dos derivados diazatriciclos clorados ocorreu em rendimentos
satisfatórios de 30 a 78 %, sendo caracterizados por análises no IV, RMN
1
H e
13
C e
ponto de fusão, apresentando dados compatíveis às estruturas propostas.
Os ensaios antiprotozoários, dos compostos 39 e 46, contra as formas
epimastigota e tripomastigota de Trypanosoma cruzi e forma promastigota de
Leishmania amazonensis forneceram resultados negativos.
A introdução de cadeias alifáticas no núcleo piridoquinolínico foi conduzida
com o nucleófilo nitrogenado 2-amino-5-(dietilamino)-pentano em condições
vigorosas. O produto majoritário formado foi isolado mediante exaustivo
procedimento de extração e purificação. Embora as análises de RMN sejam
indicativas da formação do composto 64 desejado, especialmente
13
C, análises
complementares se fazem necessárias para a completa caracterização deste
composto inédito.
A vasta aplicação desta classe de compostos piridoquinolínicos e
fenantrolínicos, justifica o aprimoramento de metodologias clássicas de síntese, e o
desenvolvimento de novas, buscando superar as limitações existentes.
Testes biológicos de 64 deverão ser realizados para verificar a importância
dos substituintes diaminados na atividade deste composto como agente
antiparasitário.
79
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85
ANEXOS
ANEXO 1 - Espectro: RMN
1
H 5-cloro-1,3-bis-[(2,2-dimetil-4,6-dioxo-1,3-
dioxano-5-metilideno)amino]benzeno (37) em CDCl
3
ANEXO 2 - Espectro de RMN
13
C do 5-cloro-1,3-bis-[(2,2-dimetil-4,6-dioxo-1,3-
dioxano-5-metilideno)amino]benzeno (37) em CDCl
3
Cl
N
H
O
O
O
O
NH
O
O
O
O
86
ANEXO 3 - Espectro de RMN
13
C da 4,5,10-tricloro-1,7-fenantrolina (39) em
CDCl
3
Cl
N
H
O
O
O
O
NH
O
O
O
O
87
ANEXO 4 - Espectro de RMN
1
H da 4,5,10-tricloro-1,7-fenantrolina (39) em CDCl
3
N
N
Cl Cl
Cl
88
ANEXO 5 - Espectro de infravermelho do composto 2-metil-1,3-bis[(2,2-
dimetil-4,6-dioxo-1,3-dioxano-5-metilideno)amino]benzeno (63) em KBr.
N
N
Cl
Cl
Cl
89
500750100012501500175020002500300035004000
1/cm
0
20
40
60
80
100
120
%T
3159,40
2995,45
1735,93
1678,07
1597,06
1436,97
1205,51
1006,84
931,62
810,10
Deriv ado da 2-metil-1,3-f enilenodiamina
ANEXO 6 - Espectro de RMN
13
C da 4,6-dicloro-10-metil-pirido[3,2-g]quinolina
(46) em CDCl
3
CH
3
N
H
N
H
O
O
O
O
O
O
O
O
90
ANEXO 7 - Espectro de RMN
1
H da 4,6-dicloro-10-metil-pirido[3,2-g]quinolina
(46) em CDCl
3
3
2
N
1
4
10
5
N
9
8
7
6
CH
3
Cl
Cl
91
ANEXO 8 - Espectro de RMN
1
H da 4,6-bis-(4-dietilamino-1-metilbutil)amino-10-
metil-pirido[3,2-g]quinolina (64) em CDCl
3
3
2
N
1
4
10
5
N
9
8
7
6
CH
3
Cl
Cl
92
ANEXO 8a - Espectro expandido (6,1-9,6 ppm) de RMN
1
H da 4,6-bis-(4-
dietilamino-1-metilbutil)amino-10-metil-pirido[3,2-g]quinolina (64) em CDCl
3
N
N
NH
NH
N
N
N
N
NH
NH
N
N
93
ANEXO 9 - Espectro de RMN
13
C da N´,N´-bis-(4-dietilamino-1-
metilbutil)amino-10-metil-pirido[3,2-g]quinolina (64) em CDCl
3
N
N
NH
NH
N
N
94
ANEXO 9a - Espectro expandido de RMN
13
C (0-36 ppm) da N´,N´-bis-(4-
dietilamino-1-metilbutil)amino-10-metil-pirido[3,2-g]-quinolina (64) em CDCl
3
95
ANEXO 9b Espectro expandido de RMN
13
C (38-62 ppm) da N´,N´-bis-(4-
dietilamino-1-metilbutil)amino-10-metil-pirido[3,2-g]-quinolina (64) em CDCl
3
N
N
NH
NH
N
N
N
N
NH
NH
N
N
96
ANEXO 9c - Espectro expandido de RMN
13
C (94-125 ppm) da N´,N´-bis-(4-
dietilamino-1-metilbutil)amino-10-metil-pirido[3,2-g]-quinolina (64) em CDCl
3
N
N
NH
NH
N
N
97
ANEXO 9d Espectro expandido de RMN
13
C (131-158 ppm) da N´,N´-bis-(4-
dietilamino-1-metilbutil)amino-10-metil-pirido[3,2-g]-quinolina (64) em CDCl
3
N
N
NH
NH
N
N
98
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