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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA NATUREZA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM QUÍMICA
TESE DE DOUTORADO
ADSORÇÃO DE CORANTES TÊXTEIS SOBRE QUITOSANA:
CONDIÇÕES, MODELAGEM E OTIMIZAÇÃO
JOSÉ ALBERTO PESTANA CHAVES
João Pessoa/PB
2009
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2
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E DA NATUREZA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM QUÍMICA
ADSORÇÃO DE CORANTES TÊXTEIS SOBRE QUITOSANA:
CONDIÇÕES, MODELAGEM E OTIMIZAÇÃO
José Alberto Pestana Chaves
Orientadores: Prof. Dr. Antônio Gouveia de Souza
Prof. Dr. Cícero Wellington Brito Bezerra
Tese apresentada ao Centro de
Ciências Exatas e da Natureza como
parte dos requisitos para a obtenção
do Título de Doutor em Química, Área
de Concentração Química Analítica.
João Pessoa/PB
2009
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3
C512a Chaves, José Alberto Pestana.
Adsorção de corantes têxteis sobre quitosona: condições,
modelagem e otimização / José Alberto Pestana Chaves.-
João Pessoa, 2009.
96p. : il.
Orientadores: Antônio Gouveia de Souza, Cícero
Wellington Brito Bezerra
Tese (Doutorado) – UFPB/CCEN
1. Química Analítica. 2. Quitosona. 3. Corantes têxteis. 4.
Adsorção. 5. Voltametria de redissolução. 6. Efluente têxtil.
UFPB/BC CDU: 543(043)
4
5
Dê-me, Senhor, método e faculdade
para aprender, sutileza para interpretar,
graça e abundância para falar. Dê-me,
Senhor, acerto ao começar, direção ao
progredir e perfeição ao concluir”.
(São Tomás de Aquino)
6
DEDICATÓRIAS
Sei que você, aonde quer que
esteja, está muito feliz com mais
esta minha etapa cumprida. Por isso,
é para você, minha tia Maria da
Conceição Pestana (in memoriam).
A minha singela e pequena
família Aníger, Augusto e Renato. É
pensando em vocês que faço tudo
isso.
Aos meus pais Manoel, Maria das
Graças e avó Rosilda Zuleide (in
memorian). A educação que vocês
me passaram, possibilitou-me chegar
até aqui.
7
AGRADECIMENTOS
Meu agradecimento inicial é para Ti, Senhor, que me ampara, me
conduz, me ilumina e me fortalece. Obrigado Deus!
Obrigado Mãe Maria, pela sua constante intercessão.
À minha esposa Aníger Teresa, pela paciência, pelo apoio nessa
caminhada e pela força e incentivo.
Aos meus filhos Augusto e Renato. Desculpem-me principalmente
pelas horas ausentes.
Ao Prof. Dr. Cícero Wellington Brito Bezerra. Sou muito grato a você
não somente pela brilhante orientação deste trabalho, mas também pela
amizade, pelos conselhos, pela força nos momentos difíceis e pela
admiração que tenho por você.
Ao Prof. Dr. Antônio Gouveia de Souza, ainda que distante tem me
dado muito incentivo, oportunidades e apoio quando solicitados.
Obrigado também à Prof
a
. Dr
a
. Sirlane Aparecida Abreu Santana
pelas discussões dos resultados, artigos cedidos, análises realizadas,
incentivo nas viagens e orientação durante a ausência do Prof. Cícero.
Agradeço ao Prof. Dr. Hildo Antônio Santos Silva pela ajuda nas
discussões experimentais e apoio financeiro às análises e viagens.
À Prof
a
. Dr
a
. Marta Maria da Conceição, obrigado pela ajuda nas
análises térmicas realizadas.
Às queridas amigas Jethânia, Vera, Janyeid, Kátia pelo incentivo
mútuo e troca de idéias.
Às amigas de trabalho Adriana Pires e Mônica Lopes, pela troca de
idéias durante o desenvolvimento desse trabalho e ajudas quando
necessárias.
Aos companheiros do LPQIA-UFMA Benedito, Deuziane, Janilson,
Janira, Kecilene, Leyde, Maykon, Mayra, Janaína, Regina, Suzy, que
dividiram comigo a convivência agradável nesse laboratório de pesquisa.
Aos colegas do programa de pós-graduação em química da UFPB,
em particular Vasconcelos e Nestor pela hospedagem em João Pessoa e
pela ajuda sempre constante.
8
A Manoel, Geuza, Raul, Marcos, Roberlúcia, Cristiano, Nilton e Lúcia,
pela receptividade e agradável convivência no Laboratório de
Combustíveis e Materiais (LACOM) da UFPB, e pela ajuda nas análises
térmicas.
Aos demais colegas de pós-graduação: Odair, Rogério, Joelkson,
Sílvio, Lorena, Antônio Araújo, Antônio Vasconcelos, Jemmla, Luzenir,
Manacés, Fábio. Estamos juntos nessa jornada!
Aos meus amigos do ‘Cantinho do Céu’, pelas orações e incentivo
sempre. Obrigado Pe. Antônio, Pe. Ronilton, Pe. Aurélio, Luíza,
Reinaldo, Amélia, Estevão (in memorian), Franklin, Fátima, Regina Polit,
Regina Célia, Socorro, Lícia, Maria José, Ilzinha, Dorinha, Vanise, Concita,
João, Ana Paula, Luzanira, Clarice, Helena Pinto, Maria Luísa, Celinha,
Eliane, João Luís, Lucilene, Maria Franco, Helena, Madalena, Carmen,
Maia, Francisca, Edna, Margareth, Raquel e Raqueline.
À Coordenadora de Pós-graduação em Química da UFPB, Prof
a
. Dr
a
.
Regiane de Cássia Maritan Ugulino de Araújo, pela oportunidade concedida
e pelos esclarecimentos.
Sou muito grato também a minha irmã Maria José P. Chaves
Ferreira por ter me conseguido a impressora para a impressão deste
trabalho.
Ao Marcos Pequeno, secretário de Pós-Graduação em Química da
UFPB, pelos favores prestados e pela agilidade em todos os documentos
solicitados.
À Central Analítica da UFMA, pelas análises espectroscópicas
realizadas e a todos que lá trabalham (Vivia, Raimunda).
Ao Laboratório de Eletroquímica da UFMA, na pessoa do Prof. Dr.
Auro Atsushi Tanaka, pela oportunidade de realizar as análises
eletroquímicas.
Ao Instituto de Química da UNICAMP, particularmente ao Prof. Dr.
Cláudio Airoldi, pelas análises de DR-X, MEV e análises elementares.
À Indústria Toalha São Carlos pela doação dos corantes estudados
nesse trabalho.
Ao CNPq, Capes e Fapema pelo apoio financeiro.
Ao Colégio Universitário da UFMA, pelas oportunidades concedidas.
Aos professores da Pós-Graduação em Química da UFMA, pelo
agradável convívio.
i
SUMÁRIO
p.
LISTA DE FIGURAS...................................................................
iv
LISTA DE TABELAS...................................................................
vii
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS.........................................
ix
RESUMO...................................................................................
x
ABSTRACT................................................................................
xi
PUBLICAÇÕES DECORRENTES DO TRABALHO...........................
xii
CAPÍTULO I
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA.....................................................
1
1. INTRODUÇÃO.......................................................................
1
1.1. Corantes............................................................................
2
1.1.1. Os corantes e o meio ambiente.......................................
2
1.1.2. Classificação dos corantes têxteis..................................
3
1.2. Processo de Adsorção........................................................
5
1.2.1. Adsorção física...............................................................
6
1.2.2. Adsorção química...........................................................
6
1.2.3. Isotermas de adsorção...................................................
7
1.2.3.1. Isotermas de Langmuir....................................................
8
1.2.3.2. Isotermas de Freundlich...................................................
8
1.2.4. Cinética de adsorção.......................................................
9
1.3. Materiais Adsorventes.......................................................
10
1.3.1. Materiais adsorventes à base de polissacarídeos............
11
1.3.2. Quitina e quitosana: considerações gerais......................
11
1.3.2.1. Propriedades químicas da quitina e da quitosana................. 13
ii
1.3.2.2. Obtenção de quitina e quitosana.......................................
14
1.4. Adsorção em Quitosana.....................................................
15
1.4.1. Adsorção de corantes.....................................................
15
1.4.2. Adsorção de cátions metálicos........................................
23
1.4.3. Vantagens e desvantagens da utilização de quitosana...
26
1.4.3.1. Vantagens......................................................................
26
1.4.3.2. Desvantagens.................................................................
27
1.5. Objetivos...........................................................................
28
1.5.1. Objetivo geral.................................................................
28
1.5.2. Objetivos específicos......................................................
28
CAPÍTULO II
2. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL..........................................
30
2.1. Materiais e Reagentes.......................................................
30
2.2. Equipamentos....................................................................
30
2.3. Determinações Titulométricas...........................................
32
2.3.1. Determinação do grau de desacetilação da quitosana....
32
2.3.2. Determinação dos pKa’s dos corantes............................
33
2.4. Modificação das Quitosanas...............................................
33
2.4.1. Modificação com o pirocatecol........................................
33
2.4.2. Modificação com o óleo de girassol.................................
34
2.5. Estudos de Adsorção.........................................................
34
2.6. Medidas Eletroquímicas.....................................................
35
2.6.1. Célula eletroquímica.......................................................
35
2.6.2. Eletrodos........................................................................
36
iii
CAPÍTULO III
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO..................................................
37
3.1. Caracterização da Quitosana e Quitosanas Modificadas.....
37
3.1.1. Determinação do grau de desacetilação da quitosana....
37
3.1.2. Análise elementar da quitosana e quitosanas modifica-
das.................................................................................
38
3.1.3. Análises espectroscópicas de infravermelho...................
39
3.1.4. Estudo térmico dos materiais.........................................
43
3.1.5. Análises espectroscópicas por difração de raio-X...........
48
3.1.6. Microscopia eletrônica de varredura...............................
50
3.2. Estudos de Adsorção.........................................................
51
3.2.1. Efeito da variação do pH na adsorção dos corantes........
51
3.2.2. Tempo de contato e cinética de adsorção.......................
57
3.2.3. Isotermas de adsorção...................................................
63
3.2.4. Parâmetros termodinâmicos...........................................
68
3.3. Aplicação dos Materiais Adsorventes em Sistemas Reais...
75
3.4. Aplicações Eletroquímicas.................................................
77
CAPÍTULO IV
4. CONCLUSÕES........................................................................
85
4.1. Considerações para Trabalhos Futuros..............................
86
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..............................................
87
iv
LISTA DE FIGURAS
p.
Figura 1.1. Estrutura química de um azo corante......................................
3
Figura 1.2. Representação esquemática do processo da adsorção, onde A
representa o adsorvato e M
(SUP.)
representa o adsorvente..........................
6
Figura 1.3. Gráfico teórico de uma isoterma de adsorção de uma espécie
química qualquer sobre a superfície de um material sólido.........................
7
Figura 1.4. Gráfico teórico da cinética de adsorção de uma determinada
espécie química sobre a superfície de um material sólido...........................
9
Figura 1.5. Estruturas básicas da quitina e da quitosana............................
12
Figura 2.1. Diagrama esquemático da célula eletroquímica........................
36
Figura 2.2. Diagrama esquemático do eletrodo de trabalho........................
36
Figura 3.1. Curva de titulação condutimétrica da quitosana para determina-
ção do seu %GD..................................................................................
37
Figura 3.2. Espectro de absorção na região do infravermelho da quitosana..
40
Figura 3.3. Espectros de absorção na região do infravermelho da (a) quito-
sana modificada e (b) do pirocatecol.......................................................
41
Figura 3.4. Espectros de absorção na região do infravermelho da (a) quito-
sana modificada e (b) do óleo de girassol................................................
42
Figura 3.5. Curvas TG da Qt para as três razões de aquecimento (10, 15, 20
°C.min
–1
) em atmosferas de (a) ar sintético e (b) N
2
, no intervalo de 25 a
900 °C.............................................................................................
44
Figura 3.6. Curvas TG da Qt-P para as três razões de aquecimento (10, 15,
20 °C.min
–1
) em atmosferas de (a) ar sintético e (b) N
2
, no intervalo de 25 a
900 °C.............................................................................................
45
Figura 3.7. Curvas TG da Qt-G para as três razões de aquecimento (10, 15,
20 °C.min
–1
) em atmosferas de (a) ar sintético e (b) N
2
, no intervalo de 25 a
900 °C.............................................................................................
46
Figura 3.8. Difração de raio X para quitosana e quitosanas modificadas com
pirocatecol e óleo de girassol.................................................................
49
Figura 3.9. Microfotografias das amostras de (a) Qt, (b) Qt-P e (c) Qt-G
aproximadas 1000, 10000 e 12000 vezes, respectivamente.......................
51
v
Figura 3.10. Efeito do pH na adsorção dos corantes sobre quitosana.
Temperatura 301±1 K...........................................................................
51
Figura 3.11. Interação vermelho do congo-quitosana: (i) interação iônica
(ocorre quando o pH do meio encontra-se abaixo de 6,4); (ii) ponte de
hidrogênio entre o grupo hidroxila e resíduos eletronegativos na molécula do
corante; (iii) ligação de hidrogênio Yosida entre o grupo hidroxila da
quitosana e resíduo aromático do corante...............................................
54
Figura 3.12. Efeito do pH na adsorção dos corantes sobre Qt-P. Tempera-
tura 301±1 K.......................................................................................
55
Figura 3.13. Efeito do pH na adsorção dos corantes sobre Qt-G. Tempera-
tura 301±1 K.......................................................................................
55
Figura 3.14. Determinação dos pH
pcz
’s das quitosanas modificadas com
pirocatecol e óleo de girassol.................................................................
56
Figura 3.15. Cinéticas de adsorção dos corantes sobre quitosana (0,088-
0,177 µm) a temperatura de 301±1 K em pH 6,0......................................
58
Figura 3.16. Cinéticas de adsorção dos corantes sobre Qt-P (0,088-0,177
µm) a temperatura de 301±1 K em pH 3,0...............................................
60
Figura 3.17. Cinéticas de adsorção dos corantes sobre Qt-G (0,088-0,177
µm) a temperatura de 301±1 K em pH 8,0...............................................
60
Figura 3.18. Isotermas de adsorção dos corantes sobre quitosana (0,088-
0,177 µm) a 301±1 K em pH 6,0............................................................
63
Figura 3.19. Isotermas de Langmuir referentes às adsorções dos corantes
sobre a quitosana. Dados extraídos da Figura 3.18...................................
65
Figura 3.20. Isotermas de adsorção dos corantes sobre Qt-P (0,088-0,177
µm) a 301±1 K em pH 3,0.....................................................................
66
Figura 3.21. Isotermas de Langmuir referentes às adsorções dos corantes
sobre a Qt-P. Dados extraídos da Figura 3.20..........................................
67
Figura 3.22. Isotermas de adsorção dos corantes sobre Qt-G (0,088-0,177
µm) a 301±1 °C em pH 8,0....................................................................
67
Figura 3.23. Isotermas de Langmuir referentes às adsorções dos corantes
sobre a Qt-G. Dados extraídos da Figura 3.22..........................................
68
Figura 3.24. Possíveis interações entre o corante verde e as quitosanas: (i)
em pH 3,0; (ii) em pH 6,0; (iii) em pH 8,0..............................................
75
Figura 3.25. Espectro UV-VIS da água do efluente antes e após sua adsorção
sobre Qt-G (0,088-0,177 µm) a 301±1 K, pH 7,65......................
76
vi
Figura 3.26. Cinética de adsorção da água do efluente sobre Qt-G (0,088-
0,177 µm) a 301±1 K em pH 7,65...........................................................
77
Figura 3.27. Voltametria de redissolução anódica da quitosana antes e após
adição de uma alíquota de Cu
2+
em solução tampão pH 6,0. Temperatura
301±1 K..............................................................................................
78
Figura 3.28. Voltamogramas de redissolução anódica a diferentes concen-
trações do cobre sobre eletrodo de pasta de carbono modificado com
quitosana e o corante azul. Temperatura 301±1 K e pH 6,0. O voltamogra-
ma cíclico do corante também é apresentado nas mesmas condições..........
79
Figura 3.29. Voltamogramas de redissolução anódica a diferentes concen-
trações do cobre sobre eletrodo de pasta de carbono modificado com
quitosana e o corante rubi. Temperatura 301±1 K e pH 6,0. O voltamogra-
ma cíclico do corante também é apresentado nas mesmas condições..........
80
Figura 3.30. Voltamogramas de redissolução anódica a diferentes concen-
trações do cobre sobre eletrodo de pasta de carbono modificado com
quitosana e o corante turquesa. Temperatura 301±1 K e pH 6,0. O volta-
mograma cíclico do corante também é apresentado nas mesmas condições.
80
Figura 3.31. Voltamogramas de redissolução anódica a diferentes concen-
trações do cobre sobre eletrodo de pasta de carbono modificado com
quitosana e o corante verde. Temperatura 301±1 K e pH 6,0. O voltamo-
grama cíclico do corante também é apresentado nas mesmas condições.....
81
Figura 3.32. Voltamogramas de redissolução anódica a diferentes concen-
trações do cobre sobre eletrodo de pasta de carbono modificado com
quitosana e o corante vermelho. Temperatura 301±1 K e pH 6,0. O volta-
mograma cíclico do corante também é apresentado nas mesmas condições.
81
Figura 3.33. Voltamogramas de redissolução anódica a diferentes concen-
trações do cobre sobre eletrodo de pasta de carbono modificado com
quitosana e o corante violeta. Temperatura 301±1 K e pH 6,0. O voltamo-
grama cíclico do corante também é apresentado nas mesmas condições.....
82
vii
LISTA DE TABELAS
p.
Tabela 1.1. Síntese dos trabalhos que apresentam a quitosana e derivados
como adsorvente de corantes e os respectivos parâmetros........................
17
Tabela 1.2. Trabalhos que apresentam os principais parâmetros termodinâ-
micos relacionados à adsorção de corantes sobre quitosana ou derivados....
19
Tabela 1.3. Síntese dos trabalhos que apresentam a quitosana e derivados
como adsorvente de cátions metálicos....................................................
25
Tabela 1.4. Vantagens e desvantagens entre diferentes materiais adsor-
ventes................................................................................................
28
Tabela 2.1. Estrutura química e classificação dos corantes utilizados nesse
trabalho. A = classificação quanto ao grupo cromóforo; B = classificação
quanto ao modo de fixação....................................................................
31
Tabela 3.1. Análise elementar da quitosana e quitosanas modificadas com
pirocatecol e com óleo de girassol..........................................................
38
Tabela 3.2. Dados termogravimétricos das quitosanas modificadas e dos
modificadores (pirocatecol e óleo de girassol) referentes à 1ª etapa de perda
de massa, com razão de aquecimento de 10 °C.min
–1
......................
47
Tabela 3.3. Valores de índices de material amorfo, de difração cristalina e de
cristalinidade, da quitosana e formas modificadas................................
50
Tabela 3.4. Valores de pKa’s determinados para os corantes estudados......
53
Tabela 3.5. Parâmetros cinéticos referentes à adsorção dos corantes estu-
dados sobre quitosana não modificada....................................................
59
Tabela 3.6. Parâmetros cinéticos referentes à adsorção dos corantes estu-
dados sobre Qt-P.................................................................................
60
Tabela 3.7. Parâmetros cinéticos referentes à adsorção dos corantes estu-
dados sobre Qt-G.................................................................................
61
Tabela 3.8. Parâmetros das isotermas de Langmuir referentes às adsor-ções
dos corantes sobre Qt....................................................................
65
Tabela 3.9. Parâmetros das isotermas de Langmuir referentes às adsor-ções
dos corantes sobre Qt-P.................................................................
68
Tabela 3.10. Parâmetros das isotermas de Langmuir referentes às adsor-
ções dos corantes sobre Qt-G................................................................
68
Tabela 3.11. Parâmetros termodinâmicos referentes às adsorções do co-
viii
rante azul sobre Qt, Qt-P e Qt-G............................................................
69
Tabela 3.12. Parâmetros termodinâmicos referentes às adsorções do co-
rante rubi sobre Qt, Qt-P e Qt-G............................................................
70
Tabela 3.13. Parâmetros termodinâmicos referentes às adsorções do co-
rante turquesa sobre Qt, Qt-P e Qt-G.....................................................
70
Tabela 3.14. Parâmetros termodinâmicos referentes às adsorções do co-
rante verde sobre Qt, Qt-P e Qt-G..........................................................
71
Tabela 3.15. Parâmetros termodinâmicos referentes às adsorções do co-
rante vermelho sobre Qt, Qt-P e Qt-G.....................................................
71
Tabela 3.16. Parâmetros termodinâmicos referentes às adsorções do co-
rante violeta sobre Qt, Qt-P e Qt-G.........................................................
72
Tabela 3.17. Valor do pH e parâmetros cinéticos relativos à utilização do
material adsorvente na amostra real da água do efluente..........................
77
Tabela 3.18. Valores referentes às curvas analíticas construídas a partir dos
resultados apresentados nas Figuras 3.28 a 3.33...............................
82
Tabela 3.19. Valores referentes às curvas analíticas construídas a partir dos
experimentos de voltametria de redissolução anódica do cobre utilizan-do
eletrodo com Qt-P............................................................................
83
Tabela 3.20. Valores referentes às curvas analíticas construídas a partir dos
experimentos de voltametria de redissolução anódica do cobre utilizan-do
eletrodo com Qt-G...........................................................................
84
ix
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
dpr – desvio padrão relativo
GD – grau de desacetilação
k
1
, k
2
– constantes de velocidade, 1
a
e 2
a
ordens, respectivamente
N – número de pontos presentes na curva analítica
n – ordem de reação
pH
pcz
– ponto de carga zero
Q
e
– quantidade adsorvida no equilíbrio
Q
max
– quantidade máxima adsorvida
Q
t
– quantidade adsorvida no tempo t
Qt – quitosana
Qt-P – quitosana/pirocatecol
Qt-G – quitosana/óleo de girassol
%CrI – índice de cristalinidade
x
RESUMO
ADSORÇÃO DE CORANTES TÊXTEIS SOBRE QUITOSANA:
CONDIÇÕES, MODELAGEM E OTIMIZAÇÃO
Autor: José Alberto Pestana Chaves
Orientador: Cícero Wellington Brito Bezerra
2° Orientador: Antônio Gouveia de Souza
Neste trabalho, a quitosana (Qt) foi empregada como adsorvente
para os corantes Azul Remazol, Rubi Dianix, Turquesa Remazol, Verde
Indantrene, Vermelho Remazol e Violeta Remazol, todos bastante
empregados em indústrias têxteis, inclusive no Brasil. Os ensaios foram
realizados em soluções aquosas, sob diferentes condições de pH e
temperatura. Modelos cinéticos e de adsorção foram aplicados. Os
resultados demonstram que a quitosana remove bem estes compostos
apenas na faixa de pH 4 6. Nesta condição, as adsorções seguem um
mecanismo de segunda ordem, e os dados sugerem uma quimissorção,
com entalpias da ordem de –44,3 a +161,7 kJ.mol
–1
. Para estender a
aplicação da quitosana a outras faixas de pH, modificações deste
biopolímero foram realizadas com pirocatecol e com óleo de girassol. A
quitosana não modificada (Qt) e as suas duas formas modificadas,
quitosana/pirocatecol (Qt-P) e quitosana/girassol (Qt-G), foram
caracterizadas por espectroscopia de infravermelho, difração por raios-X,
termogravimetria, microscopia eletrônica de varredura e análise
elementar. Os sólidos modificados puderam ser empregados em adsorções
na faixa de pH de 1 – 10. Todas as adsorções seguiram um mecanismo de
segunda ordem e foram melhor representadas pelo modelo de Langmuir.
Os parâmetros termodinâmicos obtidos demonstraram que a
espontaneidade das reações estudadas depende ora do fator entálpico
(corantes rubi, turquesa, verde e violeta), ora do fator entrópico (corantes
azul e vermelho). As quitosanas estudadas também foram utilizadas como
adsorventes em amostras reais de efluente têxtil, sendo que somente a
Qt-G apresentou bons resultados adsortivos frente a esse sistema aquoso.
Adicionalmente, os corantes adsorvidos sobre as quitosanas foram
empregados com sucesso na determinação de Cu
2+
por técnica de
voltametria de redissolução anódica.
Palavras-chave: quitosana; modificação, corantes têxteis, adsorção;
voltametria de redissolução, efluente têxtil.
xi
ABSTRACT
ADSORPTION OF TEXTILE DYES ON CHITOSAN: CONDITIONS,
MODELS AND OPTIMIZATION
Author: José Alberto Pestana Chaves
Supervisor: Cícero Wellington Brito Bezerra
2° Supervisor: Antônio Gouveia de Souza
In this work, chitosan (Qt) was employed as adsorbent for the
following dyes: Remazol Blue, Dianix Rubine, Remazol Turquoise,
Indanthrene Green, Remazol Red and Remazol Violet, all of them very
used in industrial textile, including Brazil. The experiments were realized
in aqueous solutions, under different pH and temperature conditions.
Kinetic and adsorption models were applied. The results showed that the
chitosan removes very well these compounds only within the pH range 4 –
6. Under such conditions, the adsorption data was found to follow the
second order kinetic model, and a chemiosorption behavior, with
enthalpies values ranging from –44.3 to +161.7 kJ.mol
–1
. To extend the
chitosan application over a wide pH range, test modifications were
performed using pyrocatechol and sunflower oil as modifiers. The
unmodified chitosan (Qt) and the two modified forms
chitosan/pyrocatechol (Qt-P) and chitosan/sunflower oil (Qt-G) were
characterized by infrared spectoscopy, X-ray diffraction,
thermogravimetry, scanning electron microscopy and elemental analysis.
The modified solids could be employed for adsorptions over a wider pH
range (from 1 to 10) than Qt. All adsorption experiments were in
accordance with the second order mechanism and in better agreement
with Langmuir´s model. The thermodynamic parameters showed that the
spontaneity of the adsorption reactions is mainly justified by enthalpic
factors for the following dyes: Rubine, Turquoise, Green and Violet, and by
entrocpic factors for the other dyes. All adsorbents were used to removal
color in real textile effluent samples, but only Qt-G achieved good
adsorptive performance. In addition, adsorbed dyes onto chitosan could
be successfully used for electrochemical determination of Cu
2+
ions, by
anodic stripping voltammetry.
Keywords: chitosan; surface modification, textile dyes, adsorption; textile
effluent; stripping voltametry.
xii
PUBLICAÇÕES DECORRENTES DO TRABALHO
·Chaves, J. A. P.; Bezerra, C. W. B; Vieira, A. P. Propriedades adsortivas da quitosana frente ao
corante têxtil verde oliva indanthren em diferentes pH´s Cadernos de pesquisa da UFMA. v. 16,
supl. 1 (2005). XVII SEMIC.
·Vieira, A. P.; Bezerra, C. W. B; Chaves, J. A. P. Quitosana como removedor de corantes têxteis
em efluentes industriais. Anais do Encontro Nacional dos Estudantes de Química, (2006). XXV
ENEQUI.
·Chaves, J.A.P.; Bezerra, C.W.B.; Silva, H. A. S., Santana, S. A. A., Penha, R. S., Vieira, A.P.;
Souza, A.G. Estudo cinético da adsorção de diferentes corantes têxteis sobre quitosana. (2006)
Anais do XLVI Congresso Brasileiro de Química.
·Vieira, A. P.; Santana, S. A. A.; Bezerra, C. W. B.; Oliveira, R. M. M.; Silva, H. A. S.; Chaves, J.
A. P. Estudo da utilização do mesocarpo do coco babaçu como adsorvente dos corantes têxteis
azul remazol e rubi S2G (2006) Anais do XLVI Congresso Brasileiro de Química.
·Chaves, J. A. P.; Bezerra, C. W. B.; Silva, H. A. S.; Santana, S. A. A.; Vieira, A. P.; Souza, A. G.
Isotermas de adsorção de diferentes corantes têxteis sobre quitosana. Anais do I Congresso
Norte-Nordeste de Química. (2007).
·Chaves, J. A. P.; Bezerra, C. W. B.; Silva, H. A. S.; Santana, S. A. A.; Vieira, A. P.
Caracterizações física e química do biopolímero quitosana utilizado como material adsorvente.
Resumos do II Encontro Norte Nordeste de Ciência e Engenharia de Materiais. (2007).
·Chaves, J. A. P.; Bezerra, C. W. B.; Silva, H. A. S.; Santana, S. A. A.; Vieira, A. P.; Auro A.
Tanaka. Determinação de Cu(II) por redissolução anódica utilizando eletrodo de pasta de carbono
modificado com vermelho RB Remazol. Resumos do 14° Encontro Nacional de Química Analítica.
(2007).
·Chaves, J. A. P.; Vieira, A. P.; Bezerra, C. W. B.; Silva, H. A. S.; Santana, S. A. A. Utilização do
epicarpo de babaçu como removedor dos corantes azul Remazol e rubi S2G. Resumos do 14°
Encontro Nacional de Química Analítica. (2007).
·Chaves, J. A. P.; Silva, H. A. S.; Santana, S. A. A.; Vieira, A. P.; Bezerra, C. W. B. Estudos
cinéticos da degradação térmica da quitosana e quitosana modificada. Anais do II Congresso
Norte-Nordeste de Química. (2008).
·Chaves, J. A. P.; Silva, H. A. S.; Santana, S. A. A.; Vieira, A. P.; Bezerra, C. W. B.
Caracterização eletroquímica e aplicação eletrocatalítica do corante têxtil turquesa 133%
Remazol. Anais do II Congresso Norte-Nordeste de Química. (2008).
·Chaves, J. A. P.; Bezerra, C. W. B. Materiais polissacarídicos utilizados como adsorventes na
remoção de poluentes em corpos hídricos. Acta Tecnológica. Vol. 1 (1) (2008) p. 144-160.
·Chaves, J. A. P.; Bezerra, C. W. B.; Silva, H. A. S.; Santana, S. A. A.; Vieira, A. P.; Souza, A. G.
Isotermas de adsorção de diferentes corantes têxteis sobre quitosana. Química no Brasil. Vol. 2
(1) (2008) p. 37-40.
Capítulo I – Fundamentação Teórica
José Alberto P. Chaves
0
CAPÍTULO I
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Capítulo I – Fundamentação Teórica
José Alberto P. Chaves
1
1. INTRODUÇÃO
A poluição dos corpos hídricos, devido à presença de metais
tóxicos e compostos orgânicos, traz à tona uma série de problemas
ambientais e de caráter público, governamental e social. Além disso, tal
assunto (poluição das águas) tem se tornado alvo e fonte de preocupação,
até de forma prioritária de muitos setores industriais.
Os íons de metais pesados, os compostos aromáticos,
(incluindo pesticidas, fármacos, derivados fenólicos e compostos
policíclicos aromáticos) e corantes são frequentemente encontrados no
ambiente in natura como resultado dos dejetos industriais que fazem uso
de tais substâncias. Estes compostos são contituintes comuns em águas
residuais oriundas de indústrias químicas e muitos destes são conhecidos
pelas suas toxicidades, incluindo atividades carcinogênicas. Por exemplo,
o cromo(VI) é tido como um íon metálico bastante tóxico para o
desenvolvimento de bactérias, plantas, para os animais e também para o
ser humano. Os íons metálicos de mercúrio e cádmio também são tidos
como espécies químicas altamente tóxicas em sistemas aquáticos,
podendo causar sérios danos ao meio ambiente de uma maneira
irreversível. Além disso, os íons desses metais pesados não são
biodegradáveis e a tendência é de irem se acumulando nos organismos
vivos, causando várias doenças e desordens de caráter fisiológico e
genético (BAIRD, 2002). Portanto, o controle dessas substâncias no meio
ambiente, em particular na água, torna-se extremamente importante.
Outro grupo de compostos bastante poluente inclui os
chamados fenóis clorados, principalmente aqueles constituintes de
herbicidas e pesticidas que, mesmo em quantidades mínimas, apresentam
potencial toxicidade seja qual for o meio que se encontram, no ar, na
água ou na terra. Sua classificação se enquadra como sendo perigosa
devido a sua altíssima nocividade à saúde do ser humano (BAIRD, 2002).
Além destes, os corantes sintéticos, usados largamente como
pigmentos têxteis, tintas de impressão e aditivos nas indústrias de
Capítulo I – Fundamentação Teórica
José Alberto P. Chaves
2
petróleo também têm apresentado efeitos nocivos ao meio ambiente por
serem despejados em rios, mares ou outro tipo de corpo hídrico sem
tratamento prévio (ZANONI e CARNEIRO, 2001), fato esse que constituiu
o interesse e o objetivo principal do presente trabalho.
Atualmente, as questões ecológicas têm mobilizado toda a
população. As pessoas e a sociedade, de uma maneira geral, têm exigido
dos governantes e legisladores maior empenho na manutenção da
qualidade de vida. Um dos resultados destes movimentos pode ser
observado na atuação de órgãos controladores (EPA, IBAMA, Secretarias
de Meio Ambiente, etc) e na aplicação de leis ambientais, como o
CONAMA, que limitam as descargas de efluentes nas correntes de ar, nos
córregos, rios e lagos.
1.1. Corantes
Os corantes são substâncias utilizadas para a coloração de
vários substratos, tais como: alimentos, cosméticos, plásticos, substratos
têxteis, entre outros. São retidos por adsorção física, formação de
soluções, sais ou complexos com metais, retenção mecânica ou por
constituição de ligações químicas covalentes (ROSALEN et al, 2004).
Os corantes possuem dois grupos principais: o grupo
cromóforo, responsável pela cor que absorve a luz solar, e o grupo
funcional que permite a fixação nas fibras do tecido. Existem vários tipos
de grupos cromóforos, tais como antraquinona, nitro e azo. No entanto, o
grupo mais largamente usado pertence à família dos azocorantes (60 %),
que se caracterizam por apresentarem um ou mais agrupamentos –N=N–
ligados a anéis aromáticos (Figura 1.1) (DURÁN et al, 2000).
1.1.1. Os corantes e o meio ambiente
Aproximadamente 10.000 diferentes corantes e pigmentos são
usados industrialmente, representando um consumo anual de cerca de
8x10
5
toneladas no mundo, sendo 26.500 toneladas somente no Brasil.
Dessa quantidade estima-se que 10-20 % sejam perdidos durante as
Capítulo I – Fundamentação Teórica
José Alberto P. Chaves
3
etapas de produção e processamento (KUNZ et al, 2002), (ZANONI e
CARNEIRO, 2001). Se não forem tratados adequadamente antes de
lançados em águas naturais, os efluentes provenientes da indústria de
corantes ou de processos envolvendo tintura têxtil podem modificar o
ecossistema e por em risco a saúde da população.
R N N
HO
R
R
H
2
N
NNR
Figura 1.1. Estrutura química de um azo corante.
Os azo-corantes representam um problema ambiental
emergente, pois uma grande quantidade de resíduos destes corantes é
descartada nos efluentes durante o processo de tingimento na indústria
têxtil. O problema surge não devido à cor no efluente, como também
devido aos resíduos dos azo-corantes que podem passar a prejudicar
potencialmente a jusante de um rio ou manancial.
Pelo menos 3.000 corantes azo comerciais foram catalogados
como cancerígenos e não têm sido mais produzidos por fabricantes
responsáveis. Entretanto, devido a problemas econômicos, países menos
desenvolvidos como Brasil, México, Índia e Argentina, não têm cessado
completamente a produção de alguns corantes à base de benzidinas de
grande potencialidade econômica (GUARATINI e ZANONI, 2000).
1.1.2. Classificação dos corantes têxteis
A classificação dos corantes pode ser feita de acordo com sua
estrutura química (antaquinona, azo, etc) ou de acordo com o método
pelo qual ele é fixado à fibra têxtil.
Capítulo I – Fundamentação Teórica
José Alberto P. Chaves
4
Pelo modo de fixação, os principais grupos de corantes são
classificados como descritos a seguir (ALCÂNTARA e DALTIN, 1996):
a) Os corantes ácidos correspondem a um grupo de corantes aniônicos,
portadores de um a três grupos sulfônicos;
b) Corantes diretos são solúveis em água. Tingem diretamente as fibras
de celulose através das interações de van der Waals;
c) Corantes azóicos são compostos coloridos, insolúveis em água, que
são sintetizados sobre a fibra durante o processo de tingimento;
d) Corantes a cuba apresentam ótima solidez à lavagem, luz e
transpira-ção. São fornecidos tanto na forma reduzida leuco, solúvel
em água, quanto na forma oxidada, insolúvel em água e solúvel em
solução alcalina, que deve ser reduzida;
e) Corantes básicos – são aqueles de baixa solubilidade em água. Ligações
iônicas são formadas entre o cátion da molécula do corante, e os sítios
aniônicos na fibra;
f) Corantes de enxofre são insolúveis em água, sendo aplicados após
terem sido reduzidos com hidrossulfito de sódio. Após a montagem são
oxidados convertendo-se em corantes insolúveis originais;
g) Os corantes dispersos insolúveis em água, são aplicados em fibras de
celulose e em outras fibras hidrofóbicas através de suspensão;
h) Corantes branqueadores são substâncias que quando aplicadas em
tecidos brancos proporcionam alta reflexão de luz, inclusive de
comprimento de onda não visíveis que são transformados em visíveis
por excitação e retorno de elétrons aos níveis normais;
i) Os corantes reativos possuem um grupo eletrofílico capaz de formar
ligação covalente com grupos hidroxila das fibras celulósicas, como
grupo amino, hidroxila e tióis das fibras protéicas e também com
grupos amino das poliamidas.
A remoção desses compostos dos rejeitos industriais é um dos
grandes problemas ambientais enfrentados pelo setor têxtil, isto se
justifica, considerando que os corantes não pertencem a uma única classe
de compostos químicos, mas apresentam grupos funcionais diferenciados,
Capítulo I – Fundamentação Teórica
José Alberto P. Chaves
5
com grande variedade na reatividade, solubilidade, volatilidade,
estabilidade, etc. Deste modo, são necessários métodos específicos para a
identificação, quantificação e, na maioria das vezes, para a remoção ou
degradação dos mesmos. Além disso, o uso rotineiro de vários outros
aditivos químicos de composição diversificada umectantes,
antiespumantes, eletrólitos, dispersantes, ácidos e bases, seqüestrantes,
etc. durante o banho de tintura, a montagem e a fixação dificultam o
processo de tratamento do efluente (ZANONI e CARNEIRO, 2001).
1.2. Processo de Adsorção
Diferentes tecnologias e processos são aplicados em vários
setores industriais, dependendo das substâncias que são utilizadas.
Tratamentos biológicos e processos que fazem uso de membranas,
processos oxidativos, técnicas eletroquímicas e/ou químicas e
procedimentos que envolvam fenômenos de adsorção são os processos
mais comumente utilizados para remoção de compostos poluentes de
efluentes industriais, sejam eles metais pesados ou de natureza orgânica
(CRINI, 2005), (CRINI, 2006).
Dentre todos estes processos, a adsorção constitui um dos
métodos mais comumente utilizados pelo fato de ser bastante eficaz na
remoção de espécies em soluções líquidas, e, dependendo do material
adsorvente que é utilizado no processo, pode se tornar um método de
baixo custo para o tratamento de efluentes que apresentam poluentes de
diferentes origens.
O fenômeno da adsorção é um processo de equilíbrio entre
duas fases, simples (veja esquema demonstrado na Figura 1.2), na qual a
superfície onde ocorre a adsorção chama-se adsorvente e a substância
que é adsorvida é denominada adsorvato (ADAMSON e GAST, 1997). A
tendência de aumento de concentração e acumulação de uma substância
(adsorvato) sobre a superfície do adsorvente é o que caracteriza o
processo de adsorção.
Capítulo I – Fundamentação Teórica
José Alberto P. Chaves
6
A + M
(SUP.)
A M
(SUP.)
Figura 1.2. Representação esquemática do processo da adsorção, onde A
representa o adsorvato e M
(SUP.)
representa o adsorvente.
O fenômeno da adsorção é termodinamicamente explicado
pela existência de forças de atração perpendiculares ao plano da superfície
da fase sólida, que, dessa forma, passa a apresentar insaturação.
Dependendo da força das ligações entre as moléculas que estão sendo
adsorvidas e o material sólido adsorvedor, podem-se diferenciar dois tipos
principais de adsorção: a adsorção física (fisiossorção) e a adsorção
química (quimiossorção) (ORTIZ, 2000).
1.2.1. Adsorção física
A adsorção física é causada por forças de interação molecular
que envolvem dipolos permanentes e os dipolos induzidos, causando
então uma atração superficial que envolve fenômeno de condensação ou
de atração de van der Waals, comportando-se semelhante à condensação
de um vapor ou ainda à liquefação de um gás. Esse tipo de adsorção
apresenta calor de adsorção relativamente baixo em relação à
quimiossorção, sendo de caráter reversível. Os baixos valores de entalpia
para esse tipo de adsorção é insuficiente em proporcionar uma quebra nas
ligações químicas do adsorvato, o que acarreta na manutenção da
identidade das espécies fisiossorvidas (ADAMSON e GAST, 1997).
1.2.2. Adsorção química
Quando ocorre o processo de adsorção na superfície do sólido,
pode haver a formação de ligações químicas entre as valências livres do
sólido e do adsorvato. Esse processo ocorre por rearranjo de forças e é
restrito à primeira camada superficial do adsorvente, sendo chamado de
adsorção química ou quimiossorção. Este comportamento é característico
de adsorção localizada, com as moléculas adsorvidas fixas na superfície do
Capítulo I – Fundamentação Teórica
José Alberto P. Chaves
7
Figura 1.3. Gráfico teórico de uma isoterma de adsorção de uma espécie
química qualquer sobre a superfície de um material sólido.
material adsorvente e, usualmente, se constitui num processo irreversível
com calor de adsorção bem maior que a fisiossorção. A natureza das
espécies envolvidas é que permitirá ou não a ocorrência da ligação
química. Portanto, a adsorção química se torna específica, não ocorrendo
igualmente para todas as espécies em solução (ADAMSON e GAST, 1997).
1.2.3. Isotermas de adsorção
As isotermas de adsorção permitem a determinação dos
parâmetros relacionados ao equilíbrio do processo, tais como a constante
de adsorção (K
ads
) e a quantidade máxima de adsorvato que o material
pode reter na sua superfície (Q
max
) (ADAMSON e GAST, 1997). A Figura
1.3 representa um gráfico de isoterma ideal, ou seja, a quantidade de
adsorvato sobre a superfície do adsorvente é proporcional à concentração
da espécie química na solução até a saturação da superfície do material,
representada por um platô nos valores de Q
max
.
0 200 400 600 800 1000 1200
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
Quantidade adsorvida (Q
m
)
Conc. do adsorvato em equilíbrio
Existem diferentes modelos de adsorção, para as diferentes
formas de interação. A adequação de um modelo teórico adsortivo aos
dados experimentais obtidos propicia um melhor conhecimento do
mecanismo envolvido no processo como um todo. As isotermas de
adsorção mais conhecidas são as de Langmuir e Freundlich.
Capítulo I – Fundamentação Teórica
José Alberto P. Chaves
8
1.2.3.1. Isotermas de Langmuir
O modelo de adsorção proposto por Langmuir, também
conhecido como isoterma de Langmuir, considera o fenômeno de adsorção
em superfície homogênea, com um número fixo de posições de adsorção
disponíveis na superfície, e com a formação de uma camada superficial
monomolecular. O modelo também considera que as moléculas adsorvidas
não sofrem interação como o meio e nem entre si (ORTIZ, 2000).
As curvas das isotermas de Langmuir são obtidas de acordo
com as Equações 1.1a e 1.1b, nas formas normal e linearizada,
respectivamente. Nestas expressões, Q
e
representa a quantidade
adsorvida no equilíbrio; C
e
é a concentração em solução no equilíbrio; K
ads
e Q
max
têm os seus significados mencionados. Tais curvas referentes a
esse modelo (C
e
/Q
e
versus C
e
) apresentam, para muitos casos, uma
equação de reta que será utilizada nos cálculos para obtenção dos valores
de Q
max
e K
ads
, a partir dos coeficientes linear e angular que estas retas
apresentam.
eads
eads
e
CK
CKQ
Q
.1
..
max
+
= (1.1a)
maxmax
.
1
Q
C
KQQ
C
e
adse
e
+= (1.1b)
1.2.3.2. Isotermas de Freundlich
O modelo de adsorção proposto por Freundlich foi um dos
primeiros a equacionar a relação entre a quantidade de material adsorvido
e a concentração do material na solução (ORTIZ, 2000). Este considera
que o processo de adsorção apresenta uma distribuição exponencial de
calores de adsorção a partir da monocamada adsorvida proposta pelas
Equações 1.2a e 1.2b (linearizada e não-linearizada, respectivamente).
Nessas equações, n representa uma constante de adsorção e os outros
termos têm os significados já mencionados.
eadse
C
n
KQ log
1
loglog += (1.2a)
Capítulo I – Fundamentação Teórica
José Alberto P. Chaves
9
Figura 1.4. Gráfico teórico da cinética de adsorção de uma determinada
espécie química sobre a superfície de um material sólido.
n
eadse
CKQ
/1
.=
(1.2b)
A equação na forma linearizada apresentará um coeficiente
linear representado por logK
ads
e, conseqüentemente, a constante K
ads
. O
valor de n é obtido pelo coeficiente angular encontrado (1/n) que aparece
na equação.
1.2.4. Cinética de adsorção
Os estudos cinéticos de adsorção, além de serem
decididamente importantes para elucidação da interação adsorvente/
adsorvato, através da determinação de parâmetros como ordem de
reação, constante de velocidade, energia de ativação, também
estabelecem os tempos de equilíbrio reacional. Estes tempos são
necessários para os estudos de adsorção em equilíbrio, e para o perfeito
planejamento do emprego do material como adsorvente, para que o
processo ocorra no tempo mais rápido e eficiente possível, com economia
de tempo e de custos.
A Figura 1.4 mostra um gráfico representando uma adsorção
ideal, na qual a variação da quantidade adsorvida ocorre em função do
tempo e, a partir dos valores experimentais obtidos, modelos cinéticos
teóricos poderão ser estimados a fim de se determinar os respectivos
valores da ordem e da constante de velocidade.
0 5 10 15 20 25
0
2
4
6
8
10
Quantidade adsorvida (Q
m
)
Tempo
Capítulo I – Fundamentação Teórica
José Alberto P. Chaves
10
1.3. Materiais Adsorventes
Quando se fala em adsorção de metais pesados ou outros
compostos que tenham características poluentes, um material adsorvente
é indubitavelmente logo lembrado: o carvão ativado. Este, sem dúvida, se
tornou o sólido mais largamente utilizado como adsorvente para remoção
de poluentes em efluentes hídricos em todo o mundo. Por causa das suas
características próprias, tais como, elevada porosidade, estrutura química
e alta área superficial, o carvão ativado possui uma excelente capacidade
de adsorver substâncias menores em sua superfície (BABEL e
KURNIAWAN, 2003). Além disso, a estrutura química superficial desse
material permite modificações por tratamentos químicos ou físicos,
possibilitando um aumento na capacidade de adsorção desse material.
Porém, mesmo com todas essas características, o carvão
ativado possui algumas sérias desvantagens para processos adsortivos.
Por exemplo, este material não apresenta seletividade, seu valor de
mercado é relativamente alto. Também a reativação desse material, ou
seja, a limpeza da sua superfície para posteriores aplicações, é um
processo dispendioso. Além do mais, os métodos de recuperação do
carvão, tanto o tratamento térmico como o químico, não conseguem
regenerar o material com as mesmas características iniciais, levando a
perdas na sua capacidade de adsorção. Por essas razões, atenção especial
tem sido focada em vários outros materiais adsorventes. Em particular,
alguns sólidos naturais, tais como polissacarídeos, argilas, biomassa, etc,
capazes de remover poluentes de águas contaminadas e com baixo custo
de obtenção tem sido largamente pesquisados em todo o mundo (KUMAR,
2000), (CRINI, 2005), (CRINI, 2006). O custo para a obtenção desses
sólidos se tornou, de fato, um importante parâmetro na comparação entre
materiais adsorventes.
Os adsorventes utilizados podem ser de origem mineral,
orgânica ou biológica. Encontramos, por exemplo, além do carvão ativado,
algumas zeólitas, argilas, sílica, materiais de baixo custo, dentre eles
Capítulo I – Fundamentação Teórica
José Alberto P. Chaves
11
alguns co-produtos industriais, biomassa e materiais poliméricos (CRINI,
2005), (CRINI, 2006).
1.3.1. Materiais adsorventes à base de polissacarídeos
Os polissacarídeos são macromoléculas com estruturas bem
definidas, polifuncionais, que apresentam a habilidade de formar ligações
cruzadas entre seus grupamentos funcionais e tendência em formar géis e
resinas macroreticulares (CRINI e BADOT, 2008).
Associado a estes fatores, os polissacarídeos também são
considerados materiais de baixo custo, são de fácil obtenção e alta
disponibilidade na natureza (KUMAR, 2000). De acordo com BAILEY et al
(1999), um material adsorvente pode ser considerado de baixo custo se
seus processos de obtenção são simples, além de ser abundante na
natureza, ou possa vir a ser um co-produto, ou seja, um material residual
de outros processamentos industriais.
1.3.2. Quitina e quitosana: considerações gerais
Como pode ser observado na Figura 1.5, quitina e quitosana
são copolímeros constituídos por unidades N-acetil-D-glicosamida e D-
glicosamina, respectivamente, e em proporções variáveis (KUMAR, 2000).
A quitina é o segundo polissacarídeo mais abundante na
natureza depois da celulose, sendo o principal componente do
exoesqueleto de crustáceos e insetos. Contudo se torna o polissacarídeo
mais abundante quando se trata de um polímero que apresenta na sua
estrutura, grupamentos nitrogenados. A quitosana pode ser obtida a partir
da quitina por meio da desacetilação com bases, podendo também estar
naturalmente em fungos, como aqueles pertencentes aos gêneros Mucor e
Zygomicetes (SILVA et al, 2006). De acordo com o grau de acetilação
(GA), parâmetro empregado para caracterizar o conteúdo médio de
unidades N-acetil-D-glicosamida de quitina e quitosana, podem obter-se
diversas quitosanas variando-se, assim, suas propriedades físico-
químicas, como solubilidade, pKa e viscosidade (CRINI, 2005), (CRINI,
Capítulo I – Fundamentação Teórica
José Alberto P. Chaves
12
2006). Geralmente, é difícil se obter quitosana com elevado grau de
desacetilação, pois, à medida que este aumenta, a possibilidade de
degradação do polímero também aumenta (SILVA et al, 2006).
HNCCH
3
O
HNCCH
3
O
HNCCH
3
O
H
2
COHH
2
COHH
2
COH
H
H
H
H
OH
H
O
O
H
H
H
H
OH
H
O
O
H
H
H
H
OH
H
O
O
O
Quitina
H
2
COHH
2
COHH
2
COH
H
H
H
NH
2
H
OH
H
O
O
H
H
H
NH
2
H
OH
H
O
O
H
H
H
NH
2
H
OH
H
O
O
O
Quitosana
Figura 1.5. Estruturas básicas da quitina e da quitosana.
Ambas as formas químicas podem coexistir na natureza em
uma estrutura polimérica, com grau parcial de desacetilação, constituindo
um copolímero. A quitina nativa possui em torno de 10 % de grupos
aminos livres, enquanto que a forma desacetilada apresenta, em média,
um teor desses grupos não superior a 97 % (LIMA et al, 2006b).
Um aspecto importante na utilização de quitosana diz respeito
à sua produção a partir da quitina. Como fora colocado anteriormente, a
quitina é encontrada abundantemente em crustáceos, insetos e alguns
fungos e, particularmente, nas indústrias de beneficiamento de alimentos
extraídos do mar, o material não comestível (cascas e carapaças), na
grande maioria das vezes, toma um caráter descartável durante o
processo de beneficiamento das carnes destes animais, pois não
encontram aplicações práticas durante o procedimento de industrialização
desses alimentos. Isso, evidentemente, torna a obtenção dessa matéria-
prima extremamente barata para extração dos seus constituintes. Porém,
cabe ressaltar que esta deve ser realizada de forma adequada, de maneira
Capítulo I – Fundamentação Teórica
José Alberto P. Chaves
13
que garanta, ao final do processo, a obtenção de quitosana de alto grau
de pureza, sobretudo isenta de contaminantes, como proteínas,
endotoxinas e metais tóxicos.
1.3.2.1. Propriedades químicas da quitina e da quitosana
Tanto a quitina quanto a quitosana são materiais biologica-
mente inertes e não apresentam perigo ao ser humano, nem ao meio
ambiente. Além disso, possuem outras vantagens e características que as
fazem excelentes materiais para usos industriais diversos, tais como sua
não toxicidade, biocompatibilidade, biodegradação, polifuncionalidade, alta
reatividade química, quiralidade, capacidades de quelação e adsorção
(CRINI e BADOT, 2008). Por essas razões, estes polissacarídeos possuem
propriedades singulares no que diz respeito às suas aplicabilidades. Em
particular, o excelente comportamento adsortivo apresentado por esses
materiais é atribuído principalmente a:
a) Alto poder hidrofílico do polímero, devido aos grupos hidroxila presen-
tes nas unidades de glicose;
b) Presença de um grande número de grupos funcionais (acetoamida, a-
mina primária e/ou grupos hidroxilas);
c) Alta reatividade química desses grupos;
d) Flexibilidade estrutural da cadeia polimérica.
Quanto à natureza estrutural desses materiais, tem-se
conhecimento de que a quitina pode se apresentar sob as formas α, β e
γ, evidenciadas por estudos de difração de raios-X, as quais diferem no
arranjo de suas cadeias nas regiões cristalinas. Entretanto, a última é
ainda pouco estudada, provavelmente por conter percentuais
predominantes das formas α e β na sua constituição (ANTONINO, 2007).
As três estruturas polimórficas estão possivelmente
relacionadas a diferentes funções no organismo. A forma α é encontrada
onde é necessária uma estrema dureza (resistência), como em cutículas de
artrópodes e, freqüentemente, é associada com proteínas ou materiais
inorgânicos ou com ambos. As formas β e γ são encontradas onde são
Capítulo I – Fundamentação Teórica
José Alberto P. Chaves
14
necessárias flexibilidade e dureza. A forma dominante, α-quitina, é mais
estável que as formas β e γ, entretanto estas últimas podem ser
convertidas à forma α por tratamentos adequados (ANTONINO, 2007).
A cristalinidade da quitina e quitosana, conforme avaliado
através de estudos de difração de raios-X, depende do grau de acetilação
e do processo pelo qual o polissacarídeo foi obtido. a estrutura espacial
está relacionada à forma na qual a quitosana se encontra no estado
sólido, ou seja, depende da quitosana estar na forma hidratada, anidra,
como complexos ou sais de quitosana (MONTEIRO Jr. e AIROLDI, 1999a).
Com relação à solubilidade da quitosana podemos salientar que
este composto é geralmente insolúvel em soluções aquosas cujo pH esteja
próximo de 7 ou acima deste, porém, em soluções mais ácidas, com pH
abaixo de 5, este biopolímero começa a apresentar uma leve solubilidade
devido à protonação dos grupos amino que aparecem na cadeia polimérica.
Em soluções de pH entre 1 e 2 a quitosana se torna totalmente solúvel no
meio. Por apresentar essa característica, alguns métodos de modificação
da sua cadeia polimérica geralmente passam primeiramente por uma
dissolução em soluções ácidas e, depois pela adição do modificador ou
espécie funcionalizante (LIMA e AIROLDI, 2003), (MONTEIRO Jr. e
AIROLDI, 1999a), (MONTEIRO Jr. e AIROLDI, 1999b).
1.3.2.2. Obtenção de quitina e quitosana (ANTONINO, 2007)
As principais fontes para a obtenção de quitina em laboratório
são os exoesqueletos de vários crustáceos, como caranguejos e
camarões. A quitina está fortemente associada com proteínas, material
inorgânico, pigmentos e lipídios. Várias condições são usadas para
remover essas impurezas e ainda não existe um processo padrão. Para
isolar a quitina pode-se seguir as seguintes etapas:
a) Desproteinização, que pode ser utilizado um grande número de
solventes para tal como soluções aquosas de NaOH (mais utilizado),
Na
2
CO
3
, NaHCO
3
, KOH, K
2
CO
3
, Ca(OH)
2
, Na
2
SO
3
, NaHSO
4
, CaHSO
3
,
Na
3
PO
4
e Na
2
S;
Capítulo I – Fundamentação Teórica
José Alberto P. Chaves
15
b) Desmineralização, que ocorre através do tratamento com vários
ácidos, como HCl (mais utilizado), HNO
3
, H
2
SO
3
, CH
3
COOH e HCOOH;
c) Despigmentação, podendo ocorrer pela extração (os pigmentos) com
etanol ou acetona, depois do tratamento de desmineralização ou por
branqueamento com uso de KMnO
4
, NaClO, SO
2
, NaHSO
3
, Na
2
S
2
O
3
ou
H
2
O
2
.
O maior problema encontrado na extração da quitina é seu
modo de preparação. Dificilmente se obtém uma quitina com as mesmas
características da sintetizada anteriormente, como exemplo, a massa
molar e o grau de acetilação (LIMA et al, 2006b).
1.4. Adsorção em Quitosana
1.4.1. Adsorção de corantes
Com relação à aplicação da quitosana utilizada como
adsorvente na remoção de espécies químicas presentes em meios
aquosos, muitos trabalhos têm sido apresentados na literatura com
relação ao uso desse biopolímero (modificado ou não), especialmente na
remoção de corantes e cátions metálicos. Tais trabalhos reportam
principalmente os parâmetros relacionados a cada processo de adsorção,
tais como ordem e constantes cinéticas, capacidade máxima de adsorção
dos materiais estudados, efeito do pH, constantes de adsorção e fatores
termodinâmicos (K
e
, H°, S°, G°). Com isso, fica muito claro que a
principal proposta de cada trabalho consiste em tentar esclarecer os
mecanismos de adsorção que ocorrem entre as espécies químicas
presentes inicialmente em solução e a superfície da quitosana.
Dessa forma, o propósito inicial desta revisão bibliográfica foi
buscar trabalhos publicados recentemente na literatura científica que
mostram a utilização do polissacarídeo quitosana como material
adsorvente frente a diferentes corantes ou afins, fatores esses que
norteiam o objetivo central do presente trabalho. Assim como é
apresentada também uma breve discussão sobre outros trabalhos que
Capítulo I – Fundamentação Teórica
José Alberto P. Chaves
16
apresentam a quitosana e diferentes formas modificadas utilizadas como
removedores de cátions metálicos, que também possuem caráter
particularmente poluente em meios aquosos.
As Tabelas 1.1 e 1.2 apresentam uma ntese de rios
trabalhos envolvendo este material polissacarídico utilizado como
adsorvente frente a diferentes corantes dissolvidos em soluções aquosas.
Os principais parâmetros referentes a tais trabalhos, como pH do meio,
temperatura, ordem de reação, quantidade adsorvida no equilíbrio,
constantes cinética e de adsorção e quantidade máxima adsorvida (Tabela
1.1), bem como os parâmetros termodinâmicos H°, S°, (Tabela
1.2) são apresentados de maneira que se possa comparar os valores de
um trabalho com o outro, observando as aproximações em cada análise e
aquelas em que os valores são totalmente diferentes. Além disso, este
levantamento foi interessante no sentido de também poder se comparar
com os dados obtidos no presente trabalho, bem como no entendimento
dos resultados obtidos.
Inicialmente, pode-se observar em todos os resultados
mostrados na Tabela 1.1 que as temperaturas nas quais os processos de
adsorção se desenvolvem apresentam sempre valores em torno da
temperatura ambiente (entre 20 e 30 °C), ou seja, os autores sempre
tiveram o cuidado de trabalharem com valores não muito elevados como
também não demasiadamente baixos, para evitar que este parâmetro
pudesse influenciar decisivamente na capacidade de adsorção dos
corantes sobre a quitosana.
Com relação ao parâmetro pH, é possível perceber que as
reações de adsorção dos corantes sobre a quitosana ocorrem na grande
maioria em pH’s igual ou inferiores a 7,0 ou até no máximo com um pH de
7,7, relatado por CHANG e JUANG (2005) e de 7,12, relatado no trabalho
de UZUN (2006). Estes resultados estão relacionados ao fato de que os
corantes estudados apresentam cargas negativas em suas estruturas,
geradas em soluções aquosas, e como a superfície da quitosana encontra-
Capítulo I – Fundamentação Teórica
José Alberto P. Chaves
19
(g.L
1
.min
m
)
Tabela 1.1. Síntese dos trabalhos que apresentam a quitosana e derivados como adsorvente de corantes e os respectivos parâmetros.
Material Corante pH T
(°C)
n Q
e
k
veloc.
Q
max
K
ads
Referência
Quitosana Preto reativo 5 6,7 30 2 0,010
(mg.g
–1
)
0,011
(g.mg
–1
.min
–1
)
91,47
(mg.g
–1
)
0,0180
(L.g
–1
)
ANNADURAI et al, 2008
Esferas de quitosana Verde malachite 6,0-12,0 30 2 19,53
(mg.g
–1
)
0,006
(g.mg
–1
.min
–1
)
93,55
(mg.g
–1
)
0,41
(L.mg
–1
)
BEKÇI et al, 2008
Esferas de quitosana
Vermelho reativo 222
Laranja ácido 51
Azul de metileno
~6,8-7,7
30
*IN
12,8
2,2
2,9
(g.kg
–1
.min
–1/2
)
1214
494
202
(g.kg
–1
)
42,4
14,0
7,8
(m
3
.g
–1
)
CHANG e JUANG, 2005
Hidroesferas de quitosana Eosina Y 4,0 30 2 33,33
(mg.g
–1
)
1,6x10
–4
(g.mg
–1
.min
–1
)
80,84
(mg.g
–1
)
0,1345
(L.g
–1
)
CHATTERJEE et al, 2005
Hidroesferas de quitosana Vermelho do Congo 3,0-6,0 30 2 92,59
(mg.g
–1
)
1,64x10
–4
(g.mg
–1
.min
–1
)
93,71
(mg.g
–1
)
0,257
(mg
–1
)
CHATTERJEE et al, 2007
Quitosana
Laranja 10
Laranja ácido 12
Vermelho ácido 18
Vermelho ácido 73
Verde ácido 25
4,0
25
IN
922,9
973,3
693,2
728,2
645,1
(mg.g
–1
)
1,183
33,90
39,84
53,48
175,4
(L.g
–1
)
CHEUNG et al, 2007
Esferas de quitosana
‘cross-linked’/
Epicloridrina
Vermelho reativo 189 3,0
6,0
30 2 1679
1309
(g.kg
–1
)
3,34x10
–5
4,2410
–5
(kg.g
–1
.min
–1
)
1936
1189
(g.kg
–1
)
0,0609
0,2413
(m
3
.g
–1
)
CHIOU e LI, 2002
CHIOU e LI, 2003
Esferas de quitosana
‘cross-linked’/
Epicloridrina
Azul reativo 2
Vermelho reativo 2
Amarelo reativo 2
Amarelo reativo 86
Laranja ácido 12
Vermelho ácido 14
Laranja ácido 7
Vermelho direto 81
3,0
30
2
1037
1024
1053
948
1095
1020
1152
(g.kg
–1
)
4,76x10
–4
2,80x10
–4
8,05x10
–5
4,76x10
–3
4,29x10
–4
1,25x10
–4
8,64x10
–5
(kg.g
–1
.min
–1
)
2498
2422
2436
1911
1954
1940
1940
2383
(g.kg
–1
)
0,091
0,302
0,302
0,055
0,092
0,138
0,152
0,182
(m
3
.g
–1
)
CHIOU et al, 2004
Esferas de quitosana
‘cross-linked’/Tripolil
fosfato de sódio
Azul reativo 15
Amarelo metanil
4,0 30 1 0,28
0,95
(mmol.g
–1
)
2,19x10
–2
5,91x10
–2
(min
–1
)
0,56
3,56
(mmol.g
–1
)
895,12
21,35
(L.mmol
–1
)
CHIOU e CHUANG, 2006
Quitosana/dissulfonato de
sódio-fenil 1,3-benzeno
Azul básico 3 3,0 25 2 67,3
(mg.g
–1
)
0,00314
(mg.mg
–1
.min
–1
)
166,5
(mg.g
–1
)
37,03
(L.g
–1
)
CRINI et al, 2008
Nanopartículas de
quitosana
Eosina Y 5,0 20 3,33
(g.g
–1
)
3,33
(g.g
–1
)
7,69
(mL.mg
–1
)
DU et al, 2008
Compósito de
quitosana/óleo de palma
Azul reativo 19 6,0 30 2 30,12
(mg.g
–1
)
0,19
(g.mg
–1
.h
–1
)
Isoterma
de Tenkin
0,232
(L.mg
–1
)
HASAN et al, 2008
Microesferas de quitosana
Azul reativo 2
Preto reativo 5
Laranja reativo 16
2,0
25
IN
7,16
16,49
15,34
(mg.g
–1
.h
1/2
)
70
(mg.g
–1
)
KIMURA et al, 1999
Quitosana ‘cross-
linked’/Gluteraldeído
Alaranjado de metila
5,0
6,0
7,0
22
IN
0,124
0,036
0,023
Langmuir/
Freundlich
MORAIS et al, 2007
Quitosana
Índigo carmin
25
1,54x10
–4
mol.g
–1
PRADO et al, 2004
17
Capítulo I – Fundamentação Teórica
José Alberto P. Chaves
Capítulo I – Fundamentação Teórica
José Alberto P. Chaves
20
Quitosana 7B
Quitosana 8B
2-hidróxi-1,1’-
azonaftaleno-3,4’,6-
trisulfonato trisódico
6,0 30 78,29
91,26
(mmol.g
–1
)
7,19
9,82
(L.g
–1
)
SAHA et al, 2005
Quitosana Vermelho reativo 141 6,0-11,0 20 67,93
mg.g
–1
18,5x10
–3
(L.mg
–1
)
SAKKAYAWONG et al, 2005
Quitosana
Laranja II
Cristal violeta
Azul reativo
6,1
4,7
6,2
20 1
0,0039
0,0295
0,0042
(min
–1
)
0,33
1,55x10
3
(mmol.g
–1
)
3,96
74,88
(L.mol
–1
)
UZUN e GÜZEL, 2004
UZUN e GÜZEL, 2005
Quitosana
monocarboximetilada
Laranja II
Cristal violeta
6,1
4,7
20 1
0,0050
0,0094
(min
–1
)
4,14x10
4
mol.g
–1
123,03
(L.mol
–1
)
UZUN e GÜZEL, 2004
UZUN e GÜZEL, 2005
Quitosana Amarelo reativo 2
Preto reativo 5
6,94
7,12
30 2 1,55x10
5
6,80x10
6
(g.mg
–1
.min
–1
)
UZUN, 2006
N,O-carboximetil
quitosana
Vermelho do Congo 4,0-7,0 30 2 374,88
(mg.g
–1
)
375,05
(mg.g
–1
)
WANG e WANG, 2008
Quitosana
Verde ácido 25
Laranja ácido 10
Laranja ácido 12
Vermelho ácido 18
Vermelho ácido 73
4,0
25
645,1
922,9
973,3
693,2
728,2
(mg.g
–1
)
175,4
1,183
33,90
39,84
53,48
(L.g
–1
)
WONG et al, 2004
Flocos de quitosana
Esferas de quitosana
(Camarão)
Vermelho reativo 222
30
494
1026
(g.kg
–1
)
0,054
0,204
(m
3
.g
–1
)
Flocos de quitosana
Esferas de quitosana
(Siri)
Vermelho reativo 222
30
293
1106
(g.kg
–1
)
0,036
0,185
(m
3
.g
–1
)
Flocos de quitosana
Esferas de quitosana
(Lagosta)
Vermelho reativo 222
30
398
1037
(g.kg
–1
)
0,052
0,203
(m
3
.g
–1
)
WU et al, 2000
Esferas de quitosana
Vermelho reativo 222
Amarelo reativo 145
Azul reativo 222
30
2
135,0
86,5
122,0
(g.kg
–1
)
2,9x10
–4
6,3x10
–3
6,8x10
–4
(kg.g
–1
.min
–1
)
1653
885
1009
(g.kg
–1
)
0,0295
0,0352
0,0574
(m
3
.g
–1
)
Flocos de quitosana
Vermelho reativo 222
Amarelo reativo 145
Azul reativo 222
30
2
74,3
26,7
31,9
(g.kg
–1
)
2,0x10
–4
5,7x10
–3
6,1x10
–3
(g.kg
–1
.min
–1
)
339,0
188,0
199,0
(g.kg
–1
)
0,0169
0,0270
0,0251
(m
3
.g
–1
)
WU et al, 2001a
Flocos de quitosana Vermelho reativo 222 30 IN 4,32
(g.kg
–1
.min
–1/2
)
WU et al, 2001b
Quitosana/TiO
2
Benzo purpurina
Azul de metileno
25
§
AV
0,0013
0,0060
(mmol.g
–1
)
0,0060
0,0040
(min
–1
)
0,0161
0,0038
(mmol.g
–1
)
6,45
16,75
(L.mmol
–1
)
ZUBIETA et al, 2008
n = ordem de reação, Q
e
= quantidade adsorvida no equilíbrio, k
veloc.
= constante de velocidade, Q
max
= quantidade máxima adsorvida,
K
ads
= constante de adsorção.
*IN = difusão intrapartícula.
§
AV = cinética de Avrami
18
José Alberto P. Chaves
Capítulo I – Fundamentação Teórica
Capítulo I – Fundamentação Teórica
José Alberto P. Chaves
21
Tabela 1.2. Trabalhos que apresentam os principais parâmetros termodinâmicos relacionados à adsorção de corantes sobre quitosana ou
derivados.
Material Corante pH *T
(K)
G
(kJ.mol
–1
)
H
(kJ.mol
–1
)
S
(J.mol
–1
.K
–1
)
Referência
Quitosana Preto reativo 5 6,7 303 0,212 –4,7 ANNADURAI et al, 2008
Esferas de quitosana Verde malachite 6-12 303 –0,90 221,3 738,8 BEKÇI et al, 2008
Quitosana/ácido 4-hidróxibenzóico
Quitosana/ácido 3,4-dihidróxiben-
zóico
Quitosana/ácido 3,4-
dihidróxibenzóico-acético
Quitosana/ácido hidrocaféico
Cristal violeta
Marrom Bismarck Y
Cristal violeta
Marrom Bismarck Y
Cristal violeta
Marrom Bismarck Y
Cristal violeta
Marrom Bismarck Y
5,0-12,0
303
–11,67
–11,89
–11,69
–11,73
–14,61
–14,67
–15,61
–15,59
CHAO et al, 2004
Hidroesferas de quitosana Eosina Y 4,0 303 –5,47 –17,10 –51,8 CHATTERJEE et al, 2005
Esferas de quitosana ‘cross-
linked’/Epicloridrina
Vermelho reativo 189 3,0-6,0 303 –6,6 –52,9 153,1 CHIOU e LI, 2002
CHIOU e LI, 2003
Quitosana/dissulfonato de sódio-fenil
1,3-benzeno
Azul básico 3 3,0 298 –6,4 CRINI et al, 2008
Nanopartículas de quitosana Eosina Y 5,0 293 16,7 DU et al, 2008
Compósito de quitosana/óleo de palma Azul reativo 19 6,0 303 –3,86 46,2 166,2 HASAN et al, 2008
Quitosana/anidrido succínico Azul de metileno –2,21 2,47 66,00 LIMA et al, 2006b
Quitosana Índigo carmin 298 –2,55 –29,25 90,00 PRADO et al, 2004
Quitosana 7B
Quitosana 8B
2-hidróxi-1,1’-
azonaftaleno-3,4’,6-
trisulfonato trisódico
6,0
303
–4,97
–5,75
–2,17
–23,43
9,25
–57,92
SAHA et al, 2005
Quitosana Vermelho reativo 141 6,0-11,0 293 –7,10 18,20 –37,88 SAKKAYAWONG et al, 2005
Quitosana Laranja II
Cristal violeta
6,1
4,7
293 –3,35
–10,50
–5,68
–1,10
–7,94
32,14
UZUN e GÜZEL, 2004
UZUN e GÜZEL, 2005
Quitosana monocarboximetilada Cristal violeta 4,7 293 –11,72 –23,05 –38,66 UZUN e GÜZEL, 2004
UZUN e GÜZEL, 2005
Quitosana/TiO
2
Benzo purpurina
Azul de metileno
298 –4,64
–7,00
128,88
–94,31
446,5
–291,9
ZUBIETA et al, 2008
*As temperaturas indicadas estão relacionadas às determinações dos valores de G.
19
Capítulo I – Fundamentação Teórica
José Alberto P. Chaves
Capítulo I – Fundamentação Teórica
José Alberto P. Chaves
20
se protonada nos sítios –NH
2
(pK em torno de 6,4) (CHATTERJEE et al,
2007), é provável que ocorra atrações eletrostáticas entre estes grupos de
cargas opostas, justificando a adsorção entre o corante e o biopolímero.
Exceções a esses estudos podem ser observadas em dois
trabalhos dessa natureza; o de BEKÇI et al (2008) e SAKKAYAWONG et al
(2005), que apresentaram as adsorções dos corantes sobre quitosana em
pH’s mais alcalinos (até pH 12). No primeiro caso (BEKÇI et al, 2008) o
processo se pelo fato da quitosana não protonada, portanto uma base
de Lewis, interage com o grupo =N
+
(CH
3
)
2
do corante verde Malachite
estudado (corante catiônico), o que explica a adsorção do corante. No
segundo caso, os autores explicam a adsorção entre a quitosana e o
corante reativo vermelho pelo fato de que este último apresenta átomos
de cloro ligados aos anéis aromáticos presentes na sua estrutura, que são
substituídos pela ligação do grupo –CH
2
OH presente na quitosana
desprotonado, como pode observado no mecanismo abaixo:
QUIT–CH
2
OH + OH
QUIT–CH
2
O
+ H
2
O (1.3)
QUIT–CH
2
O
+ Cl–Corante QUIT–CH
2
O–Corante + Cl
(1.4)
Portanto, nesse caso, a adsorção do corante à quitosana não
se dá pelo grupo –NH
2
, mas sim pelos grupos –OH presentes na cadeia.
Outro parâmetro de extrema importância que está associado
aos processos de adsorção abordados nesses trabalhos, diz respeito à
ordem cinética reacional. A grande maioria dos artigos observados trata
as reações de adsorção como sendo cinéticas de pseudo-segunda ordem e
somente três trabalhos apresentaram resultados cinéticos coerentes com
processos de pseudo-primeira ordem (UZUN e GÜZEL, 2004); (UZUN e
GÜZEL, 2005); (CHIOU e CHUANG, 2006). Nesses casos, os mecanismos
de adsorção estão baseados na interação dos corantes com a superfície da
quitosana, sem levar em consideração a difusão pelos poros do material.
Mas é possível observar, contudo, em alguns artigos, a
aplicação de uma equação cinética diferente que está relacionada à
difusão das espécies pelos poros do material adsorvente (difusão
intraparticulada), onde se observa a relação entre a quantidade adsorvida
Capítulo I – Fundamentação Teórica
José Alberto P. Chaves
21
no tempo t com a raiz quadrada desse tempo (q
t
= k
i
.t
1/2
), sendo k
i
a
constante de difusão intraparticulada. Nesses casos, porém, a adequação
desse modelo se aplica a quitosanas que apresentam maior porosidade
que o normal, pois, como se sabe, a área superficial desses materiais em
decorrência principalmente da porosidade dos mesmos é bem menor do
que outros materiais adsorventes (UZUN, 2006). Sendo assim,
caracterizações superficiais do tipo MEV e BET são costumeiramente
consideradas nesses trabalhos para justificarem tais comportamentos
(UZUN, 2006), (CHEUNG et al, 2007) e (MORAIS et al, 2007).
Em um trabalho recentemente publicado por ZUBIETA et al
(2008), uma equação cinética atribuída ao modelo proposto por Avrami é
bastante discutida nesse artigo como alternativa aos modelos cinéticos
comuns de e ordens e que não apresentaram resultados
satisfatórios. O primeiro modelo ora apresentado foi o que mais se
adequou aos valores experimentais obtidos na adsorção dos corantes azul
de metileno e benzo purpurina sobre o material quitosana/TiO
2
utilizado,
talvez em virtude do fato de ser o material adsorvente uma espécie
híbrida entre um sólido não poroso (quitosana) com outro mais poroso
(TiO
2
).
Porém, o que de fato chama mais a atenção nesses artigos
sobre a adsorção de corantes em quitosanas se refere aos modelos de
isotermas pelos quais tais processos se comportam. Com exceção do
artigo de MORAIS et al (2007), que aponta um possível modelo
intermediário entre as isotermas de Langmuir e de Freundlich, e o de
HASAN et al (2008), que atribuem as adsorções à isoterma de Tenkin,
todos os demais trabalhos apontam para isotermas que obedecem ao
modelo proposto pela equação de Langmuir. Como se trata de um modelo
ideal de isoterma, a equação de Langmuir torna-se perfeitamente
coerente para estes tipos simples de adsorções observados nesses
trabalhos, pois, o modelo de Langmuir considera que o fenômeno de
adsorção ocorre sobre uma superfície homogênea com um mero fixo de
posições de adsorção disponíveis na superfície (sítios) (ATKINS, 1994),
Capítulo I – Fundamentação Teórica
José Alberto P. Chaves
22
como é o caso da quitosana que é um polímero onde ocorre a repetição de
grupos funcionais na sua cadeia, responsáveis pela interação com as
espécies em solução e adsorção das mesmas.
os valores de Q
max
(quantidade máxima adsorvida) de
corantes sobre a superfície da quitosana observados nesses trabalhos e
calculados a partir do uso das respectivas equações de isotermas,
apresentaram resultados dos mais variados possíveis, inclusive os valores
das constantes de adsorção (K
ads
). O que se pode concluir é que,
dependendo do material utilizado em cada experimento, da forma como
este se encontra, do tipo de modificação empregado na quitosana,
natureza do corante e estruturas dos mesmos, bem como os parâmetros
estabelecidos para cada processo de adsorção (pH, temperatura, força
iônica, tamanho de partícula), cada trabalho apresenta seus resultados
particulares decorrentes de cada metodologia empregada por cada grupo
de pesquisa.
Além disso, outros fatores não apresentados na Tabela 1.1,
são também levados em consideração na investigação adsortiva de
espécies químicas sobre quitosana. Fatores como o tamanho das
partículas de quitosana (CHIOU e LI, 2002), (CHIOU e LI, 2003),
(ANNADURAI et al, 2008), a área superficial do material utilizado (CRINI
et al, 2008), (UZUN, 2006), a origem da quitosana (se de lagosta,
caranguejo ou camarão) (WU et al, 2000), a influência de aditivos
presentes na solução do corante (WU et al, 2001b), da umidade do
material (CHANG e JUANG, 2005) ou mesmo do efeito que a variação da
temperatura apresenta sobre as adsorções investigadas (ANNADURAI et
al, 2008), (BEKÇI et al, 2008) (CHATTERJEE et al, 2005), (CHATTERJEE et
al, 2007), (CHIOU e LI, 2002), (CHIOU e LI, 2003), (DU et al, 2008),
(HASAN et al, 2008), (SAHA et al, 2005), (SAKKAYAWONG et al, 2005),
(UZUN e GÜZEL, 2004), (UZUN e GÜZEL, 2005), (UZUN, 2006), (WANG e
WANG, 2008), (ZUBIETA et al, 2008) são também avaliados nesses
trabalhos no que diz respeito ao rendimento adsortivo de cada material e
das metodologias empregadas.
Capítulo I – Fundamentação Teórica
José Alberto P. Chaves
2
3
Outros fatores de extrema importância a serem considerados
em alguns trabalhos abordados nesta revisão são decorrentes dos estudos
termodinâmicos realizados e que estão apresentados na Tabela 1.2. Tais
parâmetros (G°, H°, S°) apresentados mostraram valores também
bem variados de um trabalho para o outro. Por exemplo, os resultados de
G observados apresentaram valores que vão de –0,90 a –15,61 kJ.mol
–1
,
indicando espontaneidade dessas reações para cada temperatura em que
foram investigadas.
Com relação aos valores de entalpias apresentados nessa
mesma tabela, pode-se perceber que, enquanto nos trabalhos de
ANNADURAI et al (2008), BEKÇI et al (2008), DU et al (2008), HASAN et
al (2008), LIMA et al (2006b) e ZUBIETA et al (2008) (corante benzo
purpurina) as adsorções dos corantes remetem a processos endotérmicos
(H positivos), com valores bem variados, os demais trabalhos
referenciados demonstram variações de entalpias negativas, e, na maioria
deles é esse o fator principal para o sinal de G negativo.
Os valores das entropias observadas na Tabela 1.2 também
são bastante variáveis de um trabalho para o outro. Por um lado, algumas
adsorções de corantes são decorrentes de um aumento na desordem no
processo, caso dos trabalhos de BEKÇI et al (2008), HASAN et al (2008),
LIMA et al (2006), PRADO et al (2004), SAHA et al (2005), usando a
quitosana 7B, UZUN e GÜZEL (2005) (na adsorção do cristal violeta) e
ZUBIETA et al (2008). Por outro lado, os demais valores de entropia
indicam uma diminuição na desordem na interface corante-superfície da
quitosana, sendo que, apenas no trabalho de ANNADURAI et al (2008) o
processo é independente da temperatura.
1.4.2. Adsorção de cátions metálicos
Também existe um grande número de artigos científicos que
demonstram a aplicação da quitosana como removedor de cátions
metálicos presentes em meios aquosos, haja visto tais espécies químicas
podem ser caracterizadas como tóxicas ou potencialmente tóxicas em
Capítulo I – Fundamentação Teórica
José Alberto P. Chaves
24
sistemas hídricos. Estes trabalhos apresentam resultados bastante
variados, que vão desde os tradicionais parâmetros, tais como a
capacidade adsortiva, constantes de adsorção e cinética, ordem de
reação, dependência com o pH e temperatura do meio, parâmetros
termodinâmicos, formas modificadas, etc.
A Tabela 1.3 apresenta vários trabalhos, citados na literatura,
que demonstram a quitosana como removedor de cátions metálicos
presentes em soluções aquosas. A grande maioria desses trabalhos
demonstra a aplicação da quitosana para a quelação de cátions metálicos
bivalentes, sendo que o cobre é o cátion metálico mais utilizado como
poluente de soluções aquosas nas referências citadas na referida tabela
(29 no total).
O que justifica essa grande afinidade entre esse material
polissacarídico e os cátions metálicos decorre do fato de que a quitosana,
por apresentar grupos –NH
2
, se comporta como uma forte base de Lewis
que pode complexar espécies eletrofílicas como é o caso dos cátions
metálicos. Por isso mesmo a adsorção é mais fortemente evidenciada e
altamente favorável para pH’s mais alcalinos, onde a quitosana não se
encontra protonada. Daí, a investigação das melhores condições para tal
são também objetos de estudo e que caracterizam a maioria dos
resultados mostrados nesses trabalhos, caso dos trabalhos apresentados
por (CHANG e CHEN, 2005), (EVANS et al, 2002), (QI e XU, 2004), (NGAH
et al, 2005), (NGAH et al, 2002), (DING et al, 2006), (GYLIENE et al,
2002), (VASCONCELOS et al, 2007), (VITALI et al, 2008), (VASCONCELOS
et al, 2008), (ZHAO et al, 2007), (SHAFAEI et al, 2007) e (PAULINO et al,
2008).
Capítulo I – Fundamentação Teórica
José Alberto P. Chaves
27
Tabela 1.3. Síntese dos trabalhos que apresentam a quitosana e derivados como adsorvente de cátions metálicos.
Material
Cátion metálico
Referência
Nanopartículas de quitosana magnética/Fe
3
O
4
Cu
2+
CHANG e CHEN, 2005
Nanopartículas de quitosana magnética/Fe
3
O
4
Co
2+
CHANG et al, 2006
Quitosana ‘cross linked’/Epicloridrina Cu
2+
; Zn
2+
; Pb
2+
CHEN et al, 2008
Partículas de quitosana (camarão) Cu
2+
CHU, 2002
Quitosana/pectina Pb
2+
; Hg
2+
; Cd
2+
DEBBAUDT et al, 2004
Quitosana ‘cross linked’/éter N,N’-dialil dibenzo 18-crown-6 crown Pd
2+
; Ag
+
DING et al, 2006
Carapaça de caranguejo Cd
2+
EVANS et al, 2002
Quitosana/alginato Cu
2+
; Co
2+
; Cd
2+
GOTOH et al, 2004
Quitosana (asas de moscas domésticas) Fe
3+
; Cu
2+
; Pb
2+
; Zn
2+
; Ni
2+
; Mn
2+
GYLIENE et al, 2002
Quitosana (fungos) Cu
2+
HU et al, 2004
Flocos de quitosana (lagosta) Cu
2+
; Ni
2+
; Zn
2+
JUANG e SHAO, 2002
Quitosana/2[-bis-(piridilmetil) aminometil] 4-metil-6-formil-fenol Cu
2+
JUSTI et al, 2004
Quitosana/N-(3,4-dihidroxibenzil) Cu
2+
; Cd
2+
; Ni
2+
; Zn
2+
KLUG et al, 1998
Resina de quitosana-tripolifosfato Cu
2+
LEE et al, 2001
Cápsulas de hidrogéis quitosana/celulose Cu
2+
LI e BAI, 2005
Quitosana/anidrido succínico Cu
2+
LIMA e AIROLDI, 2003
Quitosana Cu
2+
LIMA e AIROLDI, 2004
Quitosana/α-N,O-succinada
Cu
2+
LIMA et al, 2006ª
Quitosana/celulose Cu
2+
LIU e BAI, 2005
Quitosana Cu
2+
MONTEIRO Jr. e AIROLDI, 1999a
MONTEIRO Jr. e AIROLDI, 1999b
Partículas de quitosana Pb
2+
NG et al, 2003
Quitosana ‘cross linked’/Epicloridrina; quitosana ‘cross linked’/gluteraldeído; quitosana ‘cross
linked’/éter diglicidil
Cu
2+
; Fe
2+
; Fe
3+
NGAH et al, 2002
NGAH et al, 2005
Cápsulas de quitosana/álcool polivinílico Cu
2+
NGAH et al, 2004
Quitosana (bicho-da-seda) Pb
2+
; Ni
2+
; Cu
2+
; Fe
2+
PAULINO et al, 2007
PAULINO et al, 2008
Carapaça de caranguejo Ni
2+
PRADHAN et al, 2005
Nanopartículas de quitosana Pb
2+
QI e XU, 2004
Quitosana/Ácido 3-nitro-4-amino benzóico Mo
6+
SABARUDIN et al, 2007
Partículas de quitosana (caranguejo) Cu
2+
; Cr
6+
SAG e AKTAY, 2002
Flocos e cápsulas de quitosana ‘cross linked’/xantada Cr
6+
SANKARARAMAKRISHNAN et al,
2006
Quitosana Al
3+
SEPTHUM et al, 2007
Partículas de quitosana Hg
2+
SHAFAEI et al, 2007
Sal quaternário de quitosana Cr
6+
SPINELLI et al, 2004
Quitosana/N,O-carboximetil quitosana Cu
2+
SUN e WANG, 2006
Quitosana ‘cross linked’/Diisocianatohexano Cu
2+
; Zn
2+
; Pb
2+
; Mn
2+
; Cd
2+
; Hg
2+
TRIMUKHEN et al, 2007
TRIMUKHEN e VARMA, 2008
Cápsulas de quitosana/álcool polivinílico Cu
2+
; Ni
2+
VALENTINI et al, 2000
Quitosana/corante azul reativo 2 Cu
2+
; Ni
2+
VASCONCELOS et al, 2007
Quitosana ‘cross linked’/N-N’-[bis(2-hidro-3-formil-5-metilbenzil-dimetil)]-etilenodiamina(H
2
fmbe) Cu
2+
VASCONCELOS et al, 2008
Quitosana/1,2-etanodiol Ag
+
; Hg
2+
; Cu
2+
VIEIRA et al, 2005
Microesferas de quitosana/Ácido 8-hidroxiquinolina-5 sufônico Zn
2+
; Cd
2+
VITALI et al, 2008
Quitosana/areia Cu
2+
WAN et al, 2004
Quitosana macroporosa/sílica gel não porosa Cu
2+
XI e WU, 2004
Cápsulas de gel de quitosana porosa Cu
2+
ZHAO et al, 2007
Capítulo I – Fundamentação Teórica
25
José Alberto P. Chaves
Capítulo I – Fundamentação Teórica
José Alberto P. Chaves
26
Mesmo em trabalhos que apresentam bons resultados de
adsorção em pH’s menores que 6,0, tais processos são justificados por
outros fatores também pertinentes, tais como pH
pcz
do material
adsorvente (CHANG et al, 2006), hidratação do cátion metálico (PRADHAN
et al, 2005), precipitação do cátion em meio alcalino, com boa adsorção
em pH 4,0 (SEPTHUM et al, 2007) e a espécie química na qual o cátion se
encontra, caso do Cr(VI) na forma de CrO
4
, observado nos artigos de
SPINELLI et al (2004) e SANKARARAMAKRISHNAN et al (2006).
1.4.3. Vantagens e desvantagens da utilização de quitosana
Aqui são apresentadas algumas vantagens e desvantagens
com relação ao uso da quitosana como adsorvente removedor de
poluentes hídricos, quando comparadas a outros adsorventes
convencionais.
1.4.3.1. Vantagens
Comparados aos adsorventes convencionais, no que diz
respeito à remoção de poluentes de soluções, tais como o carvão ativado
e as resinas de troca iônica, o uso de materiais à base de quitosana
oferece as seguintes vantagens em processos de adsorção:
a) Esses materiais adsorventes são de baixo custo, pois são geralmente
obtidos de fontes naturais, enquanto que outros compostos poliméricos
e certas resinas são derivados de materiais com origem no petróleo ou
outras fontes não renováveis;
b) Esses materiais são muito versáteis. Essa versatilidade permite ao
composto ser usado sob diferentes formas, tais como esferas
insolúveis, géis, esponjas, cápsulas, filmes e membranas ou fibras;
c) A quitosana é muito eficiente na remoção de poluentes em diferentes
concentrações. Possui alta capacidade e grande velocidade de
adsorção, boa eficiência e seletividade tanto em soluções que
apresentam altas ou baixas concentrações;
Capítulo I – Fundamentação Teórica
José Alberto P. Chaves
27
d) Com a quantidade de grupos funcionais presentes e a sua repetibilidade
na cadeia polimérica, os biopolímeros possuem excelentes propriedades
na quelação e complexação para uma gama enorme de compostos
poluentes, como os corantes e metais pesados;
e) As etapas de regeneração da superfície desses materiais são relativa-
mente fáceis. Podem ser regenerados, por exemplo, pela lavagem com
solventes, desde que as interações entre o adsorvato e o adsorvente
sejam basicamente de caráter eletrostático, hidrofóbico e de troca
iônica.
1.4.3.2. Desvantagens
As desvantagens na aplicação desse polissacarídeo, quando
utilizado em processos de adsorção, estão relacionadas a seguir:
a) A capacidade de adsorção da quitosana depende da origem do material
polissacarídico, da capacidade em adsorver água, da percentagem de
desacetilação, da quantidade de grupos amino, etc;
b) A grande variação das águas residuais encontradas deve levar em
consideração o tipo de polissacarídeo a ser utilizado, haja vista que
alguns materiais possuem maiores ou menores afinidades com um ou
outro poluente. Isso acarreta diferentes resultados para uma
substância se adsorver a um determinado polissacarídeo;
c) A eficiência na adsorção depende também das características físico-
químicas tais como, porosidade, área superficial específica, e tamanho
das partículas do adsorvente. A quitosana é, em geral, não porosa e,
conseqüentemente, possuem baixa área superficial;
d) A performance na adsorção é dependente dos parâmetros inerentes à
própria amostra de água analisada. Particularmente, pode-se associar o
processo da adsorção intrinsecamente dependente do pH do meio.
Portanto, as dificuldades que levam à utilização de biopolímeros como
adsorventes passam também pela melhor seleção desses parâmetros
perante o processo estudado;
Capítulo I – Fundamentação Teórica
José Alberto P. Chaves
28
A Tabela 1.4 apresenta um resumo das vantagens e
desvantagens do uso da quitosana bem como da quitina como material
adsorvente, comparando-as com outros materiais adsorventes.
Tabela 1.4. Vantagens e desvantagens entre diferentes materiais
adsorventes (CRINI, 2005).
ADSORVENTE
VANTAGENS
DESVANTAGENS
Carvão ativado
É o adsorvente mais eficiente.
É um adsorvente bastante
poroso.
Possui alta área superficial.
A cinética de adsorção é bem
rápida.
Possui uma grande capa-cidade
para adsorver uma grande
quantidade de poluentes.
É um material caro.
O aumento da qualidade
reflete no aumento do preço.
A performance é dependente
do tipo de carvão utilizado.
É um material não seletivo.
Os custos de reativação são
elevados.
O resultados da reativação
levam a perdas do material.
Resina de troca
iônica
Possui boa área superficial.
É um adsorvente eficiente.
Possui excelente seletividade
para compostos aromáticos.
A regeneração não implica na
perda de material.
É um material caro.
A performance é dependente
do tipo de resina utilizada.
É sensível a particulados.
Não é eficiente para todos os
corantes.
Possui dependência com o pH.
Quitosana e
quitina
São polímeros naturais baratos.
Não causam danos ao meio
ambiente.
Possuem alta seletividade e efici-
ência em descontaminar soluço-
es concentradas oudiluídas.
São adsorventes versáteis.
São de fácil regeneração.
São facilmente encontrados em
muitos países e com grande
abundância natural.
A capacidade adsortiva
depende do tipo
polissacarídico original e do
grau de N-acetilação.
Possuem dependência com o
pH.
Requerem modificações
químicas para aumentar suas
performances.
Possuem baixa afinidade para
corantes básicos.
1.5. Objetivos
1.5.1. Objetivo geral
Verificar e potencializar a capacidade de adsorção da
quitosana frente a corantes têxteis para uma ampla faixa de pH.
1.5.2. Objetivos específicos
a) Caracterizar a quitosana quanto a sua composição, estrutura e
estabilidade térmica;
Capítulo I – Fundamentação Teórica
José Alberto P. Chaves
29
b) Verificar o efeito do pH e determinar o tempo de contato necessário ao
estabelecimento do equilíbrio de adsorção com os corantes têxteis: azul
R 160 % Remazol, rubi S-2G 150 % Dianix, turquesa G 133 %
Remazol, verde oliva B colloisol Indranthren, vermelho RB 133 % 5R
Remazol e violeta brilhante 5R Remazol;
c) Promover a modificação da superfície da quitosana de modo a expandir
a faixa de pH de aplicação deste biopolímero, bem como potencializar a
sua ação removedora;
d) Realizar estudos cinéticos utilizando equações de velocidades em
relação aos corantes citados, e em vários valores de pH;
e) Fazer estudos das isotermas de adsorção e verificar a adequação aos
modelos de Langmuir e Freundlich;
f) Determinar parâmetros termodinâmicos relativos às adsorções dos
corantes estudados sobre as superfícies dos materiais utilizados neste
trabalho;
g) Aplicar os materiais preparados no tratamento de um efluente têxtil;
h) Aplicar os materiais com os corantes adsorvidos como eletrodos
quimicamente modificados na determinação eletroquímica de cobre.
Capítulo I – Fundamentação Teórica
José Alberto P. Chaves
29
CAPÍTULO II
PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL
Capítulo I – Fundamentação Teórica
José Alberto P. Chaves
30
2. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL
2.1. Materiais e Reagentes
Neste trabalho foram observadas as propriedades adsortivas
da quitosana e suas formas modificadas frente a seis diferentes corantes
têxteis. Para isso, a quitosana foi fornecida pelo Prof. Dr. Ronaldo
Nascimento da Universidade Federal do Ceará (UFC) e os corantes
estudados foram gentilmente cedidos pela Fábrica de Toalhas de São
Carlos, São Carlos/SP. Estes corantes foram os seguintes: azul R 160 %
Remazol, rubi S-2G 150 % Dianix, turquesa G 133 % Remazol, verde
oliva B colloisol Indranthren, vermelho RB 133 % 5R Remazol e violeta
brilhante 5R Remazol. As suas estruturas, bem como suas classificações
em relação aos grupos cromóforos estão ilustradas na Tabela 2.1.
O pirocatecol utilizado para modificação da quitosana foi
adquirido da Merck S/A, enquanto que o outro modificador, o óleo de
girassol, foi obtido no comércio local. Os demais reagentes utilizados
(CH
3
COOH, NaCl, NaOH, HCl, KCl, C
6
H
4
COOK.COOH, Na
2
B
4
O
7
.10H
2
O),
para preparo das soluções tampão (pH 1,0; 2,0; 3,0; 4,0; 5,0; 6,0; 8,0;
9,0; 10,0, 11,0; 12,0 e 13,0), titulação para determinação do grau de
desacetilação e modificação da quitosana, foram de grau analítico (Merck
e Aldrich).
2.2. Equipamentos
Um espectrofotômetro UV-VIS marca Varian, modelo Cary 50,
foi usado nas determinações das concentrações das soluções dos corantes
antes e após a adsorção, variando-se comprimento de onda na faixa entre
200 e 800 nm.
Para as análises de infravermelho dos materiais adsorventes
foi utilizado um espectrofotômetro marca Bomem, modelo MB-Series, com
pastilhas de KBr e as leituras espectrométricas variando entre 4000 e 400
cm
-1
.
II – Procedimento Experimental
Capítulo I – Fundamentação Teórica
José Alberto P. Chaves
31
Tabela 2.1. Estrutura química e classificação dos corantes utilizados nesse
trabalho. A = classificação quanto ao grupo cromóforo; B = classificação
quanto ao modo de fixação.
Corantes Estrutura A B
Azul R 160 %
Remazol
(FROECK, 1999)
O
O
NH
2
SO
3
Na
NH
SO
2
CH
2
CH
2
OSO
3
Na
Antraquinona
Reativo
Rubi S2G 150 %
Dianix (PRICELIUS
et al, 2007)
NH
2
N
N
N
N
CH
3
CH
3
Azo
Reativo
Turquesa G 133 %
Remazol
(FORGIARINE,
2006)
Cu
N
N
N
N
N
N
SO
3
Na
SO
3
Na
SO
2
N
H
N
N
N
NH
2
Cl
SO
3
Na
Ftalocianina
Reativo
Verde oliva B
colloisol
Indranthren
(ZANONI et al,
2006)
NH
O
OO
Antraquinona
A cuba
Vermelho RB 133 %
5R Remazol
(GÜRSES et al,
2003)
N NSCH
O
O
OH
NaO
3
S
SO
3
Na
N
N
N
N
N
Cl
SO
3
Na
H
2
C
H
H
Azo
Reativo
Violeta brilhante 5R
Remazol
(LOURENÇO et al,
2006)
N N
O
NaO
3
SOCH
2
CH
2
O
2
S
O
NaO
3
S SO
3
Na
NHCCH
3
O
Cu
Azo
Reativo
As curvas TG foram obtidas sob atmosferas de ar sintético e
N
2
, utilizando-se um equipamento marca TA Instruments, modelo SDT
2960, com temperaturas variando entre 25 e 900 °C, com um fluxo de
gás de 30 mL.min
–1
, massa inicial da amostra de aproximadamente 10 mg
e razões de aquecimento de 10, 15 e 20 °C.min
–1
.
II – Procedimento Experimental
Capítulo I – Fundamentação Teórica
José Alberto P. Chaves
32
As morfologias dos pós de quitosanas foram obtidas com
auxílio de um microscópio de varredura eletrônica marca JEOL, modelo
JSM-6360 LS, por dispersão das amostras em uma fita condutora de dupla
face fixada sobre um suporte de grafite e recoberta com filme condutor de
carbono.
Nas difratometrias de raios X das quitosanas utilizou-se uma
fonte de Cu-Kα em 2θ, na região compreendida entre 5 e 50° (λ = 1,5418
Å; corrente do tubo de 20 mA e voltagem de 30 kV), num difratômetro
Shimadzu modelo XD3A.
As medidas potenciométricas e leituras de pH das soluções
foram realizadas por um pHmetro da Digimed, modelo DM 21.
As medidas eletroquímicas de voltametria cíclica e de
redissolução anódica foram realizadas com o auxílio de um potenciostato
da BAS Instruments, modelo CV-50W acoplado a um microcomputador
Itautec para registro e armazenamento dos dados.
As análises elementares de carbono, hidrogênio e nitrogênio
das amostras de quitosanas foram realizadas em um instrumento da
Perkin Elmer modelo PE 2400.
A determinação do grau de desacetilação da quitosana e
demais análises condutimétricas foram realizadas com auxílio de um
condutivímetro da Digimed, modelo 21-D.
Os experimentos de adsorção foram realizados com
temperatura e agitação constantes em um agitador tipo bandeja, da
marca MLW. para as adsorções obtidas a diferentes temperaturas, foi
utilizado um banho termostato da Quimis, modelo 344-B2 para
determinação dos parâmetros termodinâmicos.
2.3. Determinações Titulométricas
2.3.1. Determinação do grau de desacetilação da quitosana
O método para determinação do grau de desacetilação (%GD)
da quitosana foi realizado da seguinte forma (SANTOS et al, 2003): 100,0
II – Procedimento Experimental
Capítulo I – Fundamentação Teórica
José Alberto P. Chaves
33
mg da amostra de quitosana foi adicionada a 150 mL de solução de HCl
3,3x10
–3
mol.L
–1
e NaCl 7,0x10
–4
mol.L
–1
, sendo colocada sob agitação por
24 h. Após esse período, a solução foi titulada potenciometricamente com
solução NaOH 0,1 mol.L
–1
para determinação dos pontos de inflexão e
determinação do %GD.
2.3.2. Determinação dos pKa’s dos corantes
Os pKa’s dos corantes estudados foram determinados por
titulação simples ácido-base. Para tanto, aproximadamente 50 mg do
corante foram dissolvidos em água deionizada e depois titulados
potenciometriamente com o HCl ou NaOH 0,01 mol.L
–1
. Após isso, os
resultados titulométricos foram analisados e os pKa’s foram obtidos
utilizando-se a equação de Gran (GRAN, 2006):
)(10.
baseea
pH
base
VVKV =
(2.1)
ou
)(10.
ácidoeb
pH
ácido
VVKV = (2.2)
onde, V
ácido/base
é o volume de ácido ou base adicionados, V
e
representa o
volume adicionado para alcançar o ponto de equivalência e K
a
e K
b
são as
constantes de dissociação dos analitos titulados. A partir dos valores de K
a
e K
b
pôde-se determinar o pK
a
ou pK
b
dos corantes.
2.4. Modificação das Quitosanas
A quitosana utilizada nos experimentos de adsorção foi
modificada com duas substâncias diferentes, pirocatecol e óleo de girassol.
2.4.1. Modificação com o pirocatecol
Aproximadamente 3,0 gramas da quitosana moída foram
pesadas e adicionadas a 100 mL de uma solução de CH
3
COOH 2,0 mol.L
–1
.
Esta mistura foi deixada sob agitação constante por 24 h até a total
dissolução do polímero. Após este período, adicionou-se, aos poucos, a
solução do pirocatecol 2,0 g.100 mL
–1
. Deixou-se por mais 24 h para que
a reação ocorresse totalmente e depois titulou-se potenciometricamente a
II – Procedimento Experimental
Capítulo I – Fundamentação Teórica
José Alberto P. Chaves
34
mistura com solução NaOH 1,0 mol.L
–1
até pH em torno de 7,0, em que
começava a ocorrer a precipitação do polímero modificado
quitosana/pirocatecol (Qt-P), numa tonalidade escura. Após isso, filtrou-se
a mistura sob vácuo e lavou-se exaustivamente a solução para eliminação
de quaisquer quantidades de pirocatecol em excesso ou mesmo ácido
acético e hidróxido de sódio. Secou-se o filtrado em estufa com
temperatura próxima a 30 °C e levou-se para dessecador. O material
depois foi submetido à moagem para obtenção de partículas entre 88 e
177 µm, tamanhos esses utilizados nos testes de adsorção.
2.4.2. Modificação com o óleo de girassol
Aproximadamente 3,0 gramas da quitosana moída foram
pesadas e adicionadas a 100 mL de uma solução de CH
3
COOH 2,0 mol.L
–1
.
Esta mistura foi deixada sob agitação constante por 24 h até a total
dissolução do polímero. Após este período, adicionou-se, aos poucos, o
óleo de girassol puro, numa quantidade próxima de 2,0 g. Deixou-se por
mais 24 h para que a reação ocorresse totalmente e depois titulou-se
potenciometricamente a mistura com solução NaOH 1,0 mol.L
–1
até pH em
torno de 8,0, onde começava a ocorrer a precipitação da quitosana
modificada (Qt-G). Após isso, filtrou-se a mistura sob vácuo e lavou-se
exaustivamente a solução para eliminação de quaisquer quantidades de
ácido acético e hidróxido de sódio em excesso. Secou-se o filtrado em
estufa com temperatura próxima a 30 °C e levou-se para dessecador. O
material depois foi submetido à moagem para obtenção de partículas
entre 88 e 177 µm, tamanhos esses utilizados nos testes de adsorção. O
seu pH
pcz
assim como o da quitosana modificada com pirocatecol foram
determinados segundo método mencionado por SRIVASTAVA et al (2006).
2.5. Estudos de Adsorção
Todos os experimentos de adsorção (pH, cinética e isotermas)
foram realizados em forma de batelada sob temperatura e agitação
constantes. O procedimento experimental adotado no presente trabalho
II – Procedimento Experimental
Capítulo I – Fundamentação Teórica
José Alberto P. Chaves
35
foi realizado obedecendo as seguintes etapas: aproximadamente 10,0 mg
do material adsorvente, com partículas de tamanho entre 88 e 177 µm, foi
pesado e a este foi adicionado 10 mL da solução do corante de
concentrações variando entre 0,1 e 1,0 mg.mL
–1
. Após um período pré-
determinado, a mistura passou por filtração simples e o filtrado foi
submetido imediatamente à análise espectrofotométrica na região do UV-
VIS. Esse procedimento foi repetido para todos os corantes estudados,
sendo que para cada corante as leituras de absorvância foram tomadas de
acordo com os seus respectivos comprimentos de onda máximos (azul =
595 nm, rubi = 465 nm, turquesa = 665 nm, verde = 620 nm, vermelho
= 515 nm e violeta = 560 nm).
Nos experimentos envolvendo a quitosana pura, os testes
adsortivos foram desenvolvidos em soluções cujo pH era de
aproximadamente 6,0. Para os materiais à base de quitosanas
modificadas, os estudos de adsorção ocorreram em soluções de pH 3,0 e
8,0 para as quitosanas modificadas com pirocatecol e óleo de girassol,
respectivamente. Nos testes de isoterma, o tempo mínimo tomado para
cada corante foi de 25 minutos.
2.6. Medidas Eletroquímicas
2.6.1. Célula eletroquímica
As medidas eletroquímicas foram realizadas em uma célula
convencional como esquematizada na Figura 2.1, juntamente com uma
tampa de teflon que permitia o encaixe dos três eletrodos utilizados nas
medidas, o de trabalho, o auxiliar e o de referência. Esta célula foi
confeccionada em vidro pyrex composta somente de um compartimento
com um volume de aproximadamente 30 mL.
A passagem de gases para a solução eletrolítica, com a
finalidade de saturação da mesma, foi realizada por meio de um tubo de
teflon, com diâmetro interno de ~1 mm, inserido através de um pequeno
orifício existente na tampa da célula.
II – Procedimento Experimental
Capítulo I – Fundamentação Teórica
José Alberto P. Chaves
36
Figura 2.1. Diagrama esquemático da célula eletroquímica.
2.6.2. Eletrodos
Os eletrodos de trabalho utilizados foram produzidos a partir
de uma mistura de pó de grafite e a quitosana com cada corante utilizado,
usando para isso o óleo Nujol como aglutinante da pasta. As proporções
foram sempre de uma parte do de grafite para uma parte da quitosana
ou derivados (1:1), mais uma ou duas gotas do óleo Nujol. A pasta era
devidamente homogeneizada, seca e colocada em uma cavidade circular
de um tubo moldado em resina, com aproximadamente 5 mm de diâmetro
interno. O contato elétrico entre a pasta e o sistema eletroquímico foi feito
através de uma pequena placa de platina ligada a um fio desse mesmo
material para o contato externo. O desenho esquemático desse eletrodo é
mostrado na Figura 2.2. Um eletrodo de prata/cloreto de prata (Ag/AgCl)
foi utilizado como eletrodo de referência e um arame de platina de
aproximadamente 2 cm foi usado como eletrodo auxiliar.
Figura 2.2. Diagrama esquemático do eletrodo de trabalho.
Entrada do
eletrodo de
referência
Entrada do
eletrodo
auxiliar
Entrada do
eletrodo de
trabalho
Tampa de
teflon
Entrada
dos gases
Contanto elétrico
Corpo do eletrodo
Cavidade para a pasta
de carbono
II
Procedimento Experimental
III – Resultados e Discussão
José Alberto P. Chaves
36
CAPÍTULO III
RESULTADOS E DISCUSSÃO
III – Resultados e Discussão
José Alberto P. Chaves
37
Figura 3.1. Curva de titulação condutimétrica da quitosana para determi-
nação do seu
%
GD.
3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1. Caracterização da Quitosana e Quitosanas Modificadas
3.1.1. Determinação do grau de desacetilação da quitosana
O grau de desacetilação (%GD) é definido como o número de
grupos amino percentualmente relacionado aos grupos amida da cadeia
polimérica, sendo determinado, no presente caso, por análises
condutimétricas. A curva condutimétrica da amostra de quitosana usada,
titulada com solução de NaOH (em excesso de ácido clorídrico), é
mostrada na Figura 3.1.
0 20 40 60 80 100
2
3
4
5
6
7
8
9
Condutividade (mS.cm
-1
)
V
NaOH
(mL)
O primeiro ramo linear representa a neutralização do ácido
presente, o segundo corresponde à neutralização de prótons dos grupos
amino da quitosana e o terceiro conjunto de pontos refere-se ao excesso
de base, após o ponto de equivalência. Estas três retas originaram, por
extrapolação, dois pontos de inflexão, que correspondem ao volume de
base necessário para neutralizar os grupos amino protonados. O número
de equivalentes de grupos ácidos foi calculado usando a Equação 3.1
(SANTOS et al, 2003):
III – Resultados e Discussão
José Alberto P. Chaves
38
m
VVC
GD
b
).(.1,16
%
12
=
(3.1)
nessa equação, %GD é o percentual médio de desacetilação, V
1
é o
volume de base usado para a neutralização de HCl em excesso (mL); V
2
é
o volume de base usado para a neutralização dos grupos ácidos de
quitosana (mL); C
b
é a concentração da base usada e m é a massa da
amostra de quitosana. O resultado então obtido do %GD dessa amostra,
tomando como base os valores de V
1
= 52 mL, V
2
= 59 mL, [HCl] = 0,1
mol.L
–1
, m = 0,1169 g, apresentou um valor de 83,87 %, que, de fato,
revela um apreciável resultado de %GD para esse material, haja vista, as
reações de desacetilação da quitina apresentam, geralmente, valores de
%GD próximos a 80 e 90 % (ANTONINO, 2007), (MONTEIRO e AIROLDI,
1999b), (LIMA e AIROLDI, 2003), (LIMA e AIROLDI, 2004), (SANTOS et
al, 2003), (LIMA et al, 2006a).
3.1.2. Análise elementar da quitosana e quitosanas modificadas
Os resultados de análise elementar da quitosana (Qt) e seus
derivados, quitosana/pirocatecol (Qt-P) e quitosana/girassol (Qt-G), estão
apresentados na Tabela 3.1. Os valores apresentados para a amostra de
quitosana estão bem próximos aos valores teóricos calculados a partir da
fórmula C
6
H
11
O
4
N, que é a unidade de repetição do composto.
Tabela 3.1. Análise elementar da quitosana e quitosanas modificadas com
pirocatecol e com óleo de girassol.
Materiais %C %H %N C/H C/H
(teórico)
C/N C/N
(teórico)
Qt 39,92 6,54 7,48 6,10 6,55 5,34 5,15
Qt-P 27,85 5,76 2,41 4,83 8,48 11,56 10,28
Qt-G 49,86 8,04 3,76 6,20 6,67* 13,26 12,85*
*Valores aproximados considerando o principal constituinte do óleo (ácido linoléico) e
uma relação estequiométrica de 1(ácido):2(quitosana).
As amostras Qt-P e Qt-G apresentaram variações nos teores
desses elementos. O aumento do número de carbonos e hidrogênios, bem
como a diminuição no teor de nitrogênio na quitosana modificada com o
óleo de girassol são resultados coerentes, visto que os óleos são formados
III – Resultados e Discussão
José Alberto P. Chaves
39
por cadeias longas de triglicerídeos e ácidos graxos (basicamente C e H) e
não apresentam nitrogênio nas suas composições, o que sugere a
modificação da quitosana pelo óleo. Além do que, se considerarmos uma
relação teórica de duas unidades de glicosamina para uma de ácido
linoléico (principal constituinte do óleo), os valores C/H = 6,20 e C/N =
13,26 se aproximam consideravelmente dos respectivos valores teóricos,
C/H = 6,67 e C/N = 12,85, indicando uma possível modificação superficial
com estequiometria de uma molécula do ácido linoléico para duas
unidades monoméricas da quitosana.
a quitosana modificada com pirocatecol apresentou teores
desses elementos inferiores aos da quitosana pura, especialmente para C
e N. O caso do nitrogênio pode ser explicado porque este elemento não
faz parte da molécula do pirocatecol e, por isso, o seu teor percentual final
diminui em relação aos demais. Porém, o teor de hidrogênio diminui em
relação ao material original Qt, podendo, nesse caso, ter ocorrido durante
a síntese da Qt-P a neutralização de prótons por parte da base adicionada.
Também o teor de carbono caiu sensivelmente em relação à quitosana
pura, onde se esperava exatamente o contrário. OSHITA et al (2008)
sugerem modificações da quitosana do tipo ‘cross-linked’ (ligações
cruzadas) por fragmentos de catecois, o que leva a uma diminuição
relativa de carbonos, o que explicaria tal resultado obtido. No entanto,
observando a relação C/N (11,55) calculada para este material, o valor é
próximo do possível valor teórico calculado da relação entre esses
elementos que é de 10,28, o que pressupõe a manutenção
estequiométrica entre o total de átomos de carbono e nitrogênio durante a
reação de modificação do material mesmo com perdas do material.
3.1.3. Análises espectroscópicas de infravermelho
A Figura 3.2 apresenta o espectro de absorção na região do
infravermelho (IV) para a Qt. As principais bandas observadas nesse
espectro foram: bandas de estiramento axial de –OH entre 3500 e 3250
cm
–1
, sendo que uma dessas bandas (sobreposta ou não) está relacionada
III – Resultados e Discussão
José Alberto P. Chaves
40
Figura 3.2. Espectro de absorção na região do infravermelho da quitosana.
ao estiramento da ligação N–H que é bastante característica nessa mesma
região. Uma banda próxima a 1660 cm
–1
é bastante significativa e pode
ser atribuída à deformação axial de C=O de amida I, que, como temos
visto na literatura (MONTEIRO e AIROLDI, 1999a), (MONTEIRO e
AIROLDI, 1999b), (LIMA e AIROLDI, 2003), (LIMA e AIROLDI, 2004),
(SANTOS et al, 2003), este polímero sempre apresentará quantidades de
quitina ainda associadas na sua estrutura, daí a presença dos grupos
carbonilas que aparecem no espectro. A pequena banda que aparece em
2880 cm
–1
é decorrente do estiramento dos grupos –CH
2
presentes no
polímero, enquanto que os picos próximos a 1590 cm
–1
e 1090 cm
–1
referem-se às deformações relacionadas às ligações dos grupos NH
2
e C–
N, respectivamente, características do grupo amino. Aparece ainda uma
banda de pequena intensidade próxima de 1380 cm
–1
que pode estar
associada com a deformação axial de –CN de amida. Todas essas bandas
características são muito semelhantes àquelas descritas em trabalhos que
apresentam a caracterização espectrométrica por IV da quitosana
(MONTEIRO e AIROLDI, 1999a), (MONTEIRO e AIROLDI, 1999b), (LIMA e
AIROLDI, 2003), (LIMA e AIROLDI, 2004), (SANTOS et al, 2003), (LIMA et
al, 2006b), (VIEIRA et al, 2005), (SAKKAYAWONG et al, 2005), (PRADO et
al, 2004).
4 0 0 0 3 5 0 0 3 0 0 0 2 5 0 0 2 0 0 0 1 5 0 0 1 0 0 0 5 0 0
4 0
5 0
6 0
7 0
8 0
9 0
1 0 0
Transmitância / u.a.
ν ( c m
- 1
)
III – Resultados e Discussão
José Alberto P. Chaves
41
Figura 3.3. Espectros
de absorção na região do infravermelho (a) da
quito-sana modificada e (b) do pirocatecol.
Na Figura 3.3 é apresentado o espectro desse mesmo
biopolímero já modificado com o pirocatecol e, para efeito de comparação,
o espectro desse modificador também é mostrado nessa figura.
4 0 0 0 3 5 0 0 3 0 0 0 2 5 0 0 2 0 0 0 1 5 0 0 1 0 0 0 5 0 0
0
1 0
2 0
3 0
4 0
5 0
6 0
7 0
8 0
a
b
Transmitância / u.a.
ν (c m
-1
)
Analisando e comparando as Figuras 3.2 e 3.3, é possível
observar que todas as bandas referentes à quitosana pura sofreram
significativas mudanças no deslocamento de bandas.
Na região de absorção compreendida entre 1750 e 500 cm
–1
,
onde é intenso o número de bandas referentes ao pirocatecol, os picos
característicos do polímero sofreram sensíveis alterações. A banda
característica da deformação da ligação do NH
2
(1590 cm
–1
) sofreu um
deslocamento para próximo de 1570 cm
–1
e a sua intensidade aumentou
(em relação aos demais picos). Também a banda próxima a 1090 cm
–1
(C–N) apresentou um deslocamento em cerca de 50 cm
–1
para valores
menores. Essas observações indicam uma possível interação entre o
pirocatecol e a quitosana através do grupo amino desse polímero. A banda
larga entre 3500 e 3250 cm
–1
não sofreu alteração sensível haja vista que
ambos os espectros, da quitosana e do modificador, apresentam uma
banda larga nessa região do infravermelho, devido principalmente à
presença de grupos –OH que estão presentes nos dois compostos. a
pequena banda em 2880 cm
–1
não é observada na quitosana modificada,
III – Resultados e Discussão
José Alberto P. Chaves
42
Figura 3.4. Espectros
de absorção na região do infravermelho (a) da
quito-sana modificada e (b) do óleo de girassol.
mas um discreto ombro é observado junto à banda larga descrita
anteriormente. Portanto, nessa modificação, o pirocatecol pode estar
interagindo com os grupos –CH
2
presentes no biopolímero.
Também o espectro de IV da quitosana modificada com o
girassol foi obtido e o seu resultado é apresentado na Figura 3.4
juntamente com espectro do óleo de girassol.
4 0 0 0 3 5 0 0 3 0 0 0 2 5 0 0 2 0 0 0 1 5 0 0 1 0 0 0 5 0 0
3 5
4 0
4 5
5 0
5 5
6 0
6 5
7 0
b
a
Transmitância / u.a.
ν ( c m
- 1
)
A comprovação por estes infravermelhos de que houve de fato
a modificação do polímero com o óleo é evidenciada pelo acentuado
aumento de intensidade no espectro (a) de duas bandas próximas a 2854
e 2930 cm
–1
que são características deformações dos grupos –CH
2
(estiramento simétrico) e –CH
3
(estiramento assimétrico),
respectivamente, e que estão presentes no espectro do óleo puro
(DANTAS, 2006), conferindo o caráter apolar da molécula. Além disso, a
banda de intensidade média, próxima a 1749 cm
–1
referente ao
estiramento da carbonila (C=O) presente no óleo (espectro b), também
aparece, de modo discreto, no espectro da quitosana modificada. Outra
banda característica da quitosana referente à deformação axial de amida
(–CN) sofre um deslocamento de 20 cm
–1
para valores maiores. a
banda que corresponde à deformação da ligação C–N, próxima a 1090
III – Resultados e Discussão
José Alberto P. Chaves
43
cm
–1
, não sofre influência significativa com a modificação, pois a mesma
não sofre deslocamento considerável (5 cm
–1
) no espectro da Figura 3.4a.
3.1.4. Estudo térmico dos materiais
As curvas TG da quitosana e das formas modificadas com
pirocatecol e óleo de girassol, para três diferentes razões de aquecimento,
no intervalo de 25 a 900 °C e nas duas atmosferas (ar sintético e N
2
) são
apresentadas nas Figuras 3.5, 3.6 e 3.7, respectivamente. Para melhor
visualização das etapas de perda de massa, as respectivas curvas DTG
estão inseridas em cada figura.
As curvas TG da quitosana em atmosfera de ar sintético
(Figura 3.5a), bem como os resultados apresentados para a quitosana
modificada com pirocatecol (Figura 3.6a), nessa mesma atmosfera,
apresentaram três etapas de perda de massa. A primeira etapa,
compreendido entre 25 e 120 °C, corresponde ao processo de
desidratação do polímero. Na segunda etapa, entre as temperaturas de
150 e 400 °C, a decomposição acontece principalmente por desacetilação
e despolimerização dos compostos. a terceira etapa (em temperaturas
maiores que 400 °C) é atribuída a degradações correspondentes aos
resíduos finais do polímero (BRITO e CAMPANA Fo, 2007).
Nas curvas TG referentes à atmosfera de N
2
, o perfil das duas
amostras (Qt e Qt-P) apresentou somente duas etapas de perda de
massa. A primeira etapa, próxima a 100 °C, se refere também à
desidratação do biopolímero, e a segunda etapa se refere à degradação da
cadeia polimérica, sendo que, como a atmosfera é a de um gás inerte,
esta perda de massa está relacionada mais ao efeito térmico propriamente
dito do que ao efeito reacional.
III – Resultados e Discussão
José Alberto P. Chaves
44
Figura 3.5. Curvas TG da Qt
para as três razões de aquecimento (10, 15,
20 °C.min
–1
) em atmosferas de (a) ar sintético e (b) N
2
, no
intervalo d
e 25 a 900 °C.
0 200 400 600 800 1000
0
20
40
60
80
100
0 200 400 600 800 1000
0
20
40
60
80
100
0 200 400 600 800 1000
0
20
40
60
80
100
a
0 200 400 600 800 1000
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
0 200 400 600 800 1000
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
0 200 400 600 800 1000
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
10°C.min
-1
DTG
Temperatura (°C)
20°C.min
-1
15°C.min
-1
10°C.min
-1
Perda de massa (%)
Temperatura (°C)
20°C.min
-1
15°C.min
-1
0 200 400 600 800 1000
0
20
40
60
80
100
0 200 400 600 800 1000
0
20
40
60
80
100
0 200 400 600 800 1000
0
20
40
60
80
100
10°C.min
-1
0 200 400 600 800 1000
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
0 200 400 600 800 1000
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
0 200 400 600 800 1000
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
10°C.min
15°C.min
-1
DTG
Temperatura (°C)
20°C.min
-1
15°C.min
-1
b
Perda de massa (%)
Temperatura (°C)
20°C.min
-1
III – Resultados e Discussão
José Alberto P. Chaves
45
Figura 3.6. Curvas TG da Qt-P
para as três razões de aquecimento (10,
15, 20 °C.min
–1
) em atmosferas de (a) ar sintético e (b) N
2
,
no intervalo de 25 a 900 °C.
0 200 400 600 800 1000
0
20
40
60
80
100
0 200 400 600 800 1000
0
20
40
60
80
100
0 200 400 600 800 1000
0
20
40
60
80
100
10°C.min
-1
15°C.min
-1
a
0 200 400 600 800 1000
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0 200 400 600 800 1000
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0 200 400 600 800 1000
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
1C.min
-1
1C.min
-1
DTG
TemperaturaC)
2C.min
-1
Perda de massa (%)
Temperatura (°C)
20°C.min
-1
0 200 400 600 800 1000
20
40
60
80
100
0 200 400 600 800 1000
20
40
60
80
100
0 200 400 600 800 1000
20
40
60
80
100
0 200 400 600 800 1000
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0 200 400 600 800 1000
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0 200 400 600 800 1000
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
1C.min
-1
1C.min
-1
DTG
Temperatura (°C)
2C.min
-1
15°C.min
-1
10°C.min
-1
b
Perda de massa (%)
Temperatura (°C)
20°C.min
-1
III – Resultados e Discussão
José Alberto P. Chaves
46
Figura 3.7. Curvas TG da Qt-G
para as três razões de aquecimento (10,
15, 20 °C.min
–1
) em atmosferas de (a) ar sintético e (b) N
2
,
no intervalo de 25 a 900 °C.
0 200 400 600 800 1000
0
20
40
60
80
100
0 200 400 600 800 1000
0
20
40
60
80
100
0 200 400 600 800 1000
0
20
40
60
80
100
10°C.min
-1
15°C.min
-1
a
0 200 400 600 800 1000
-20
0
20
40
60
80
100
120
0 200 400 600 800 1000
-20
0
20
40
60
80
100
120
0 200 400 600 800 1000
-20
0
20
40
60
80
100
120
10°C.min
-1
15°C.min
-1
DTG
Temperatura (°C)
20°C.min
-1
Perda de massa (%)
Temperatura (°C)
20°C.min
-1
0 200 400 600 800 1000
0
20
40
60
80
100
0 200 400 600 800 1000
0
20
40
60
80
100
0 200 400 600 800 1000
0
20
40
60
80
100
10°C.min
-1
15°C.min
-1
b
0 200 400 600 800 1000
0,00
-0,02
-0,04
-0,06
-0,08
0 200 400 600 800 1000
0,00
-0,02
-0,04
-0,06
-0,08
0 200 400 600 800 1000
0,00
-0,02
-0,04
-0,06
-0,08
10°C.min
-1
15°C.min
-1
DTG
Temperatura (°C)
20°C.min
-1
Perda de massa (%)
Temperatura (°C)
20°C.min
-1
III – Resultados e Discussão
José Alberto P. Chaves
47
As curvas termogravimétricas relacionadas às degradações do
material Qt-G, mostradas na Figura 3.7, apresentaram perfis bem
diferentes das quitosanas anteriores. A curva TG sob atmosfera de ar
sintético apresentou, pelo menos, cinco etapas de perda de massa, sendo
que a primeira etapa (a de menor perda de massa) possui um pico
máximo em torno de 190 °C e a última etapa está situada numa faixa
entre 480 e 580 °C. Enquanto que a perda de massa dessa amostra em
atmosfera de N
2
parece ter ocorrido em quatro etapas, acompanhando,
em parte, o perfil mostrado na Figura 3.7a.
Com relação às análises termogravimétricas ora apresentadas,
cabe colocar algumas observações que estão relacionadas às modificações
da quitosana. Inicialmente, ao se observar a primeira etapa de
decomposição térmica da quitosana modificada com o óleo de girassol e a
compararmos com a mesma etapa da curva TG do modificador puro (veja
Tabela 3.2), pode-se perceber que a variação de massa perdida nessa
etapa é muito parecida nessas duas análises, tanto em atmosfera reativa
de ar sintético (5,749 % 5,000 %) como em atmosfera de gás N
2
(5,79
% 5,77 %), bem como as temperaturas final e inicial de ambos também
são muito próximas.
Tabela 3.2. Dados termogravimétricos das quitosanas modificadas e dos
modificadores (pirocatecol e óleo de girassol) referentes à etapa de
perda de massa, com razão de aquecimento de 10 °C.min
–1
.
Amostra Atmosfera T
inicial
(°C) T
final
(°C)
massa
(%)
Ar 135,302 384,262 51,52 Qt
N
2
141,453 597,190 54,94
Ar 153,893 387,670 37,327 Qt-P
N
2
161,046 422,080 38,844
Ar 97,920 176,088 97,237 Pirocatecol
N
2
110,509 185,466 96,516
Ar 162,494 228,172 5,749 Qt-G
N
2
173,336 244,860 5,790
Ar 187,413 235,841 5,000 Óleo de
girassol N
2
194,302 255,525 5,770
a porcentagem de perda de massa referente à curva TG do
modificador pirocatecol em ar (97,237 %) é bem superior ao referido valor
da curva TG do material Qt-P nessa mesma atmosfera (37,327 %). Essa
III – Resultados e Discussão
José Alberto P. Chaves
48
diferença de perda de massa entre essas duas amostras também é
observada de maneira muito semelhante na atmosfera de gás N
2
(38,844
% < 96,516). Tais resultados podem significar diferentes modificações da
quitosana: Enquanto que a reação entre a quitosana e o óleo de girassol
possa ter ocorrido uma modificação a nível superficial do polímero, daí a
curva TG desse material tenha apresentado uma etapa inicial onde ocorre
primeiramente a degradação térmica do óleo de girassol (etapa esta
similar à do óleo puro), por outro lado a modificação do biopolímero com o
pirocatecol foi mais além da superfície polimérica (podendo ter ocorrido
inclusive ligações cruzadas entre as cadeias), mudando com isso algumas
características físicas do polímero, como a sua cor, solubilidade em meio
ácido, pH
pcz
, como foram de fato percebidos. Estes valores também vêm
corroborar com os resultados obtidos nas análises elementares desse
material, onde se observava a possibilidade de uma modificação não
somente na superfície da quitosana com o pirocatecol, mas fragmentada
ou com ligações cruzadas, diferentemente da modificação com o óleo que,
como foi dito, ocorreu somente na superfície da quitosana.
Além disso, é importante frisar também que os três materiais
analisados, tanto em atmosfera reativa (ar) como em atmosfera inerte
(N
2
) apresentaram boa estabilidade térmica, após perda de água, até
temperaturas próximas de 200 °C. Isso de fato se torna importante se
considerarmos que esses materiais podem ser utilizados em amostras
reais de efluentes cujas temperaturas poderão apresentar valores acima
dos normais.
3.1.5. Análises espectroscópicas por difração de raio-X
A Figura 3.8 apresenta os difratogramas referentes às
amostras de quitosana e suas formas modificadas com pirocatecol e óleo
de girassol realizadas em 2θ na faixa de 5 a 50°. Na difratometria da
quitosana não modificada, três picos são observados próximos a 11°, 20°
e 26,5° que estão relacionados aos planos 020, 110 e 130,
respectivamente (LIMA et al, 2006a). O segundo pico (20° plano 110)
III – Resultados e Discussão
José Alberto P. Chaves
49
Figura 3.8. Difração de raio X da quitosana e quitosanas modificadas com
pirocatecol e óleo de girassol.
corresponde à deformação amórfica do material, enquanto que o terceiro
pico (26,5° plano 130), de maior intensidade, corresponde ao valor de
deformação cristalina.
10 20 30 40 50
-250
-200
-150
500
1000
1500
2000
2500
3000
10 20 30 40 50
-100
0
100
200
300
400
10 20 30 40 50
0
100
200
300
400
600
700
Qt
Qt-P
Intensidade / u.a.
2θ / graus
Qt-G
nas quitosanas modificadas, apenas o pico próximo a 20°
ainda é observado em ambas as formas. Na modificação com o pirocatecol
o primeiro pico (~11°) também demonstra uma ligeira intensidade o que
não é observado na forma modificada com o óleo de girassol.
Como nos três casos se observa a permanência do pico
próximo a 20°, é possível evidenciar a permanência do estado amórfico
para as três formas deste biopolímero, mesmo depois da modificação
química.
A quitosana por si não apresenta padrão de cristalinidade
absoluta, por isso, a partir dos dois picos de maior intensidade da
difratometria de raio-X desse material, foi calculado o seu índice de
cristalinidade (%CrI) pelo uso da Equação 3.2 e da Figura 3.8. O índice de
cristalinidade mede o grau de cristalinidade dos materiais apresentados e
os valores calculados através da Equação 3.2 encontram-se na Tabela 3.3.
100%
130
110130
x
I
II
CrI
= (3.2)
III – Resultados e Discussão
José Alberto P. Chaves
50
onde I corresponde à intensidade dos picos mencionados anteriormente
em unidade arbitrárias.
Tabela 3.3. Valores de índices de material amorfo, de difração cristalina e
de cristalinidade, da quitosana e formas modificadas.
Material I
130
I
110
%CrI
Qt 2614 978 62,6
Qt-P 154
Qt-G 268
O valor encontrado de %CrI da quitosana apresentou um
resultado próximo ao encontrado por LIMA e co-autores (2006a), porém
não foi possível calcular esses valores para as formas modificadas
utilizando a Equação 3.2, haja visto que estes últimos materiais não
apresentaram o pico de deformação de maior intensidade, o que pode
representar uma certa desorganização entre os filamentos de cadeia,
talvez ocasionada pelo próprio tratamento químico com os modificadores.
3.1.6. Microscopia eletrônica de varredura
As características morfológicas dos sólidos estudados
(quitosana e derivados) foram estudadas por técnica de microscopia
eletrônica de varredura, e os resultados são mostrados na Figura 3.9.
Observando estas microfotografias, percebe-se uma nítida modificação da
quitosana natural em relação às formas modificadas. A quitosana pura
apresenta uma superfície mais rugosa, inclusive com um aspecto mais
poroso em relação aos outros materiais, bem como o tamanho das suas
partículas parecem ser maiores que estes últimos. Como a quitosana não
modificada parece apresentar uma maior área superficial devido à sua
maior porosidade, isto deve estar associado ao fato desse material ter
apresentado os melhores resultados de adsorção dos corantes sobre a sua
superfície como será visto mais adiante. Além disso, a microfotografia da
Figura 3.9c parece apresentar uma modificação mais a nível superficial,
com o preenchimento dos poros pelo óleo, enquanto que na Figura 3.9b o
III – Resultados e Discussão
José Alberto P. Chaves
51
Figura 3.10. Efeito do pH na adsorção dos corantes sobre qui
tosana.
Temperatura 301±1 K.
aspecto do polímero é mais irregular em relação ao mostrado na Figura
3.9c, porém menos poroso que o da Figura 3.9a.
a
b
c
Figura 3.9. Microfotografias das amostras de (a) Qt, (b) Qt-P e (c) Qt-G
aproximadas 1000, 10000 e 12000 vezes, respectivamente.
3.2. Estudos de Adsorção
3.2.1. Efeito da variação do pH na adsorção dos corantes
Para todos os corantes investigados, a adsorção mostrou-se
dependente do pH da solução. Os resultados obtidos com a quitosana não
modificada estão apresentados na Figura 3.10.
0 2 4 6 8 10 12 14
0
20
40
60
80
100
0 2 4 6 8 10 12 14
0
20
40
60
80
100
0 2 4 6 8 10 12 14
0
20
40
60
80
100
0 2 4 6 8 10 12 14
0
20
40
60
80
100
0 2 4 6 8 10 12 14
0
20
40
60
80
100
0 2 4 6 8 10 12 14
0
20
40
60
80
100
violeta
rubi
turquesa
verde
vermelho
% Adsorção
pH
azul
Da literatura (CHATTERJEE et al, 2007), (ANNADURAI et al,
2008), (UZUN e GÜZEL, 2004), sabe-se que o pKa da quitosana é 6,4.
Assim, a carga líquida na sua superfície poderá ser positiva, neutra, ou
III – Resultados e Discussão
José Alberto P. Chaves
52
negativa, de acordo com as seguintes condições respectivas: pH < 6,4, pH
= 6,4 e pH > 6,4.
Em meio ácido, ocorre a protonação do grupamento amina
(QUIT-NH
3
+
), o qual é responsável pela geração de cargas positivas na
superfície do suporte. Por outro lado, os corantes investigados são ácidos
aniônicos, portanto, a grande maioria contendo o grupo sulfônico
(Corante-SO
3
, pKa<1), significando que eles apresentam cargas
negativas em soluções para valores de pH maiores que a unidade. Deste
modo, para essa faixa de pH, o processo de adsorção pode ser explicado
pela atração eletrostática entre o grupamento amina do adsorvente e o
grupo sulfônico do adsorvato, de acordo com o seguinte modelo:
Corante-SO
3
Na
+
Corante-SO
3
+ Na
+
(3.3)
QUIT-NH
2
+ H
+
QUIT-NH
3
+
(3.4)
QUIT-NH
3
+
+ Corante-SO
3
QUIT-NH
3
+..–
O
3
S-Corante (3.5)
Comportamento semelhante tem sido observado para outros
corantes (MORAIS et al, 2007), (CHATTERJEE et al, 2007) e
(SAKKAYAWONG et al, 2005).
O modelo sugere que, quanto menor o pH, maior a protonação
da quitosana e melhor, portanto, deveria ser o processo de adsorção.
Entretanto, em meio muito ácido, o biopolímero é solúvel e apresenta
também a propriedade de formar gel (KUMAR, 2000), o qual pode ser o
fator responsável pela diminuição deste processo para baixos valores de
pH. Os corantes rubi e verde, sob estas condições de pH, apresentaram os
menores percentuais de adsorção. Este fato pode ser explicado
considerando que ambos não possuem grupamentos sulfônicos (carga
negativa, portanto) e que estão também protonados, a julgar pelos
respectivos valores de pKa’s determinados. Como não foi possível
encontrar na literatura os valores dos pKa’s dos corantes aqui
investigados, procedeu-se com a determinação experimental dos mesmos
por titulação potenciométrica, que as transições eletrônicas para alguns
dos corantes mostraram-se insensíveis à variação do pH do meio. Tais
valores de pKa’s estão apresentados na Tabela 3.4. À exceção dos
III – Resultados e Discussão
José Alberto P. Chaves
53
corantes rubi e verde, os quais não contém grupos sulfônicos, todos os
demais são aniônicos em soluções aquosas, a partir de valores de
pH~1. Em valores de pH’s inferiores aos respectivos pKa’s dos corantes,
os grupos ácido-base estarão protonados, podendo os corantes
apresentarem sítios positivos e negativos. Em meio alcalino, entretanto,
apenas os corantes não sulfônicos estarão neutros, enquanto os demais
corantes, assim como o biopolímero, estão carregados negativamente.
Dessa forma, a diminuição da adsorção nesta faixa de pH pode ser
atribuída à repulsão eletrostática entre eles, bem como a fraca interação
entre o adsorvente e os corantes neutros.
Tabela 3.4. Valores de pKa’s determinados para os corantes estudados.
CORANTE pKa
Azul 4,0
Rubi 7,8
Verde 7,6
Turquesa 6,9
Vermelho 6,2
Violeta 6,2
As interações propostas pelo modelo de CHATTERJEE e
colaboradores (2007), para justificar o efeito do pH na adsorção do
corante vermelho do Congo sobre esferas de quitosana, podem ser
também sugeridas para os corantes aqui investigados. De acordo com
esse modelo, são possíveis três interações entre adsorvente e adsorvato,
os quais podem ser observados a partir da Figura 3.11.
A primeira interação (i) ocorre em meio ácido (abaixo do pKa
da quitosana) e se deve à atração eletrostática entre os grupos QUIT-NH
3
+
e Corante-SO
3
, conforme comentado anteriormente.
Os segundo e terceiro modos de interação envolvem a
formação de pontes de hidrogênio, ambos a partir do grupamento
hidroxila do suporte e um nitrogênio (ii) ou um resíduo aromático (iii) do
corante. Todos os corantes aqui investigados apresentam funções ácido-
base (amina, hidroxila, azo, etc) e anéis aromáticos (ver Tabela 2.1) que
III – Resultados e Discussão
José Alberto P. Chaves
54
permitem tais interações, as quais podem ter efeitos secundários em meio
ácido.
O
H
2
C
HO
NH
2
O
H
H
H
H
H
OH
O
H
2
C
HO
NH
2
O
H
H
H
H
H
OH
O
H
2
C
HO
NH
2
O
H
H
H
H
H
OH
H
3
N
+
-CHIT
NN NN
NH
2
SO
3
-
SO
3
H
NH
2
(i)
(ii)
(iii)
Figura 3.11. Interação vermelho do congo-quitosana: (i) interação iônica
(ocorre quando o pH do meio encontra-se abaixo de 6,4); (ii)
ponte de hidrogênio entre o grupo hidroxila e resíduos
eletronegativos na molécula do corante; (iii) ligação de
hidrogênio Yosida entre o grupo hidroxila da quitosana e
resíduo aromático do corante.
Como as melhores adsorções foram observadas em meio
ligeiramente ácido, o pH 6,0 foi escolhido para se fazer os experimentos
cinéticos e os estudos de equilíbrio envolvendo a quitosana não
modificada.
Nas Figuras 3.12 e 3.13, estão apresentadas as quantidades
adsorvidas dos corantes, em função do pH, para o biopolímero modificado
com o piracatecol e com o óleo de girassol, respectivamente.
III – Resultados e Discussão
José Alberto P. Chaves
55
Figura 3.12. Efeito do pH na adsorção dos corantes sobre Qt-P. Tempera-
tura 301±1 K.
.
Figura 3.13. Efeito do pH na adsorção dos corantes sobre Qt-G. Tempera-
tura
301
±
1
K
.
0 2 4 6 8 10 12 14
0
20
40
60
80
100
0 2 4 6 8 10 12 14
0
20
40
60
80
100
0 2 4 6 8 10 12 14
0
20
40
60
80
100
0 2 4 6 8 10 12 14
0
20
40
60
80
100
0 2 4 6 8 10 12 14
0
20
40
60
80
100
0 2 4 6 8 10 12 14
0
20
40
60
80
100
azul
rubi
turquesa
verde
vermelho
% Adsorção
pH
violeta
0 2 4 6 8 10 12 14
0
20
40
60
80
100
0 2 4 6 8 10 12 14
0
20
40
60
80
100
0 2 4 6 8 10 12 14
0
20
40
60
80
100
0 2 4 6 8 10 12 14
0
20
40
60
80
100
0 2 4 6 8 10 12 14
0
20
40
60
80
100
0 2 4 6 8 10 12 14
0
20
40
60
80
100
azul
rubi
turquesa
verde
vermelho
% Adsorção
pH
violeta
As modificações realizadas permitiram que os processos de
adsorção dos corantes sobre a quitosana pudessem ser praticados em
uma faixa mais ampla de pH, de 1 a 10, e de uma forma bastante
eficiente. Para o material Qt-P, observou-se que o mesmo é resistente à
formação de gel e não se solubiliza em meio ácido durante o período de
contato do material com o meio. Este fato deve ter sido o responsável
pela otimização do processo de adsorção em meio ácido, com significativa
elevação dos valores percentuais de adsorção dos seis corantes
III – Resultados e Discussão
José Alberto P. Chaves
56
Figura 3.14. Determinação dos pH
pcz
’s das quitosanas modific
adas com
pirocatecol e óleo de girassol.
estudados. Além do que, de acordo com o método apresentado por
SRIVASTAVA et al (2006), que determinaram o pH
pcz
(pH no ponto de
carga zero) de materiais à base de arroz, procedeu-se neste trabalho tal
metodologia para a determinação desse parâmetro das quitosanas
modificadas. Analisando os resultados da Figura 3.14, pode-se observar
que o pH
pcz
da Qt-P apresentou um valor de 4,7, o que reforça a forte
adsorção dos seis corantes sobre esse material. Dessa forma, as cinéticas
e isotermas dessas espécies puderam ser realizadas em pH mais ácido
(3,0).
0 2 4 6 8 10
-2
0
2
4
6
0 2 4 6 8 10
-2
0
2
4
6
pH
pH
O
quitosana/pirocatecol pHpcz = 4,7
quitosana/girassol pHpcz = 7,2
A modificação da superfície da quitosana com o óleo de
girassol permitiu ampliar a faixa de adsorção dos corantes para pH’s mais
alcalinos, conforme demonstram os gráficos da Figura 3.13. Acredita-se
que o fato do óleo de girassol ser formado por espécies apolares,
apresentando cadeias longas formadas por grupos (–CH
2
), tenha inibido o
desenvolvimento de cargas negativas na superfície da quitosana em meio
alcalino, favorecendo a adsorção com sítios apolares dos corantes e
minimizando a repulsão eletrostática que havia entre o biopolímero com
carga negativa e os corantes aniônicos. Também GINANI et al (1999)
constataram esse caráter hidrofóbico conferido à quitosana, estudando a
III – Resultados e Discussão
José Alberto P. Chaves
57
influência de aditivos orgânicos (colesterol) na formação e comportamento
de géis desse polímero.
Além disso, o valor do pH
pcz
encontrado para este material
(7,2) é mais coerente e favorece a adsorção dos corantes sobre esta
quitosana modificada em soluções mais alcalinas, que pode ter sido
decorrente da inibição de sítios desprotonados, como é o caso dos grupos
–NH
2
. Além do que, pela análise morfológica desse material por MEV,
pode-se perceber uma superfície mais lisa em relação ao substrato base,
levando a crer no recobrimento superficial da quitosana pelo óleo. Por
essa razão, os estudos cinéticos e de equilíbrio foram realizados em pH
8,0.
HASAN et al (2008) produziram um compósito com quitosana
e cinzas de óleo de palma e aplicaram na adsorção do corante azul 19, o
qual apresenta a mesma estrutura do Azul de Remazol 160 %, estudado
neste trabalho. Os resultado reportados por eles são bastante
semelhantes aos observados neste trabalho com relação às adsorções
realizadas sobre a Qt-G.
3.2.2. Tempo de contato e cinética de adsorção
Os estudos envolvendo os tempos de contato e os modelos
cinéticos de adsorção dos corantes sobre a quitosana não modificada
foram realizados em soluções tampão pH 6,0. Os resultados para os
diversos corantes estão apresentados na Figura 3.15. Como pode ser
observado, os tempos nimos necessários para obtenção dos equilíbrios
de adsorção foram de 5 min (verde), 10 min (azul, turquesa) e 20 min
para os demais (rubi, vermelho e violeta). Esses tempos, assim como os
perfis observados para os gráficos são típicos para os sistemas quitosana-
corantes reativos (KIMURA et al, 1999), (WU et al, 2000), (WU et al,
2001a), (PRADO et al, 2004), (UZUN e GÜZEL, 2005), (WONG et al,
2004), (CRINI et al, 2008), (CHATTERJEE et al, 2005), (SAKKAYAWONG
et al, 2005), (SAHA et al, 2005), (UZUN, 2006), (CHATTERJEE et al,
III – Resultados e Discussão
José Alberto P. Chaves
58
Figura 3.15. Cinéticas de adsorção dos corantes sobre quitosana (0,088-
0,177
µ
m) a t
emperatura
de 301
±
1
K em
pH 6,0.
2007), (ANNADURAI et al, 2008), (BEKÇI et al, 2008). Desta forma, o
tempo de 25 min foi escolhido para os ensaios de equilíbrio.
0 10 20 30 40 50 60 70
0
50
100
150
200
250
300
350
400
0 10 20 30 40 50 60 70
0
50
100
150
200
250
300
350
400
0 10 20 30 40 50 60 70
0
50
100
150
200
250
300
350
400
0 10 20 30 40 50 60 70
0
50
100
150
200
250
300
350
400
0 10 20 30 40 50 60 70
0
50
100
150
200
250
300
350
400
0 10 20 30 40 50 60 70
0
50
100
150
200
250
300
350
400
azul
rubi
turquesa
verde
vermelho
Q
e
(mg.g
-1
)
tempo (minutos)
violeta
A priori, a ordem de adsorção observada (turquesa azul <
vermelho violeta < rubi < verde) segue o modelo descrito anteriormente
na Figura 3.11 para esse valor de pH. Como a carga na superfície da
quitosana é praticamente nula, os corantes não iônicos apresentaram
adsorção preferencial.
Para investigar o mecanismo de adsorção quanto à ordem dos
processos e determinação das constantes de velocidade dos mesmos,
modelos cinéticos de primeira e segunda ordens foram empregados
utilizando-se as respectivas equações de velocidade integradas, como
mostradas a seguir:
t
k
QQQ
ete
303,2
log)log(
1
=
(3.6)
t
Q
Qk
Q
t
e
e
t
1
.
1
2
2
+=
(3.7)
onde Q
e
representa a quantidade de corante adsorvida à quitosana no
equilíbrio (mg.g
–1
), Q
t
representa a quantidade adsorvida no tempo t
(min), k
1
(min
–1
) e k
2
(g.mg
–1
.min
–1
) são as constantes de velocidade
III – Resultados e Discussão
José Alberto P. Chaves
59
referentes às reações de primeira e segunda ordens, respectivamente.
Dessa maneira, os valores referentes a esses processos estão
apresentados na Tabela 3.5.
Tabela 3.5. Parâmetros cinéticos referentes à adsorção dos corantes
estudados sobre quitosana não modificada.
Parâmetros cinéticos
Segunda ordem Primeira ordem
Corante
k
2
(g.mg
–1
.min
–1
)
Q
e
(mg.g
–1
)
R
2
k
1
(min
–1
)
Q
e
(mg.g
–1
)
R
2
Azul 0,1150 56,37 0,9992
0,980 65,19 0,9653
Rubi 0,0017 253,22 0,9984
0,190 311,71 0,9097
Turquesa 0,6032 48,38 0,9961
1,393 59,56 0,8164
Verde 0,0081 369,00 0,9951
0,472 476,99 0,9570
Vermelho 0,0029 150,64 0,9979
0,136 185,96 0,8576
Violeta 0,0022 148,98 0,9995
0,263 264,65 0,8552
Considerando os coeficientes de correlação obtidos para
ambas equações, podemos considerar que todas as reações de adsorção
seguem o mecanismo de segunda ordem. Além disso, os valores de Q
e
dos seis corantes, calculados teoricamente utilizando-se a Equação 3.7,
estão em melhor concordância com os valores experimentais (Figura
3.15), que os calculados pelo modelo de primeira ordem.
A literatura apresenta resultados similares. Vários trabalhos
mostram que a adsorção de corantes desta natureza sobre a quitosana
segue o modelo de segunda ordem (WU et al, 2000), (WU et al, 2001a),
(PRADO et al, 2004), (UZUN e GÜZEL, 2005), (WONG et al, 2004), (CRINI
et al, 2008), (CHATTERJEE et al, 2005), (SAKKAYAWONG et al, 2005),
(SAHA et al, 2005), (UZUN, 2006), (CHATTERJEE et al, 2007),
(ANNADURAI et al, 2008), (BEKÇI et al, 2008). Em adição, os valores de
Q
e
e k
2
encontrados neste trabalho estão em muito próximos aos
resultados apresentados na literatura.
Estudos cinéticos foram igualmente conduzidos com as
quitosanas modificadas com pirocatecol e com óleo de girassol, nos pH’s
de 3,0 e 8,0, respectivamente. Os resultados estão apresentados nas
Figuras 3.16 e 3.17, bem como nas Tabelas 3.6 e 3.7.
III – Resultados e Discussão
José Alberto P. Chaves
60
Figura 3.16. Cinéticas de adsorção dos corantes sobre Qt-P (0,088-
0,177
µm) a temperatura de 301±1 K em pH 3,0.
Figura 3.17. Cinéticas de adsorção dos corantes sobre Qt-G (0,088-
0,177
µm) a temperatura de 301±1 K em pH 8,0.
0 10 20 30 40 50 60 70
0
50
100
150
200
250
300
0 10 20 30 40 50 60 70
0
50
100
150
200
250
300
0 10 20 30 40 50 60 70
0
50
100
150
200
250
300
0 10 20 30 40 50 60 70
0
50
100
150
200
250
300
0 10 20 30 40 50 60 70
0
50
100
150
200
250
300
0 10 20 30 40 50 60 70
0
50
100
150
200
250
300
azul
rubi
turquesa
verde
vermelho
Q
e
(mg.g
-1
)
tempo (minutos)
violeta
0 10 20 30 40 50 60 70
0
50
100
150
200
250
300
350
400
0 10 20 30 40 50 60 70
0
50
100
150
200
250
300
350
400
0 10 20 30 40 50 60 70
0
50
100
150
200
250
300
350
400
0 10 20 30 40 50 60 70
0
50
100
150
200
250
300
350
400
0 10 20 30 40 50 60 70
0
50
100
150
200
250
300
350
400
0 10 20 30 40 50 60 70
0
50
100
150
200
250
300
350
400
azul
rubi
turquesa
verde
vermelho
Q
e
(mg.g
-1
)
tempo (minutos)
violeta
Tabela 3.6. Parâmetros cinéticos referentes à adsorção dos corantes es-
tudados sobre Qt-P.
Qt-P
Segunda ordem Primeira ordem
Corante
k
2
(g.mg
–1
.min
–1
)
Q
e
(mg.g
–1
)
R
2
k
1
(min
–1
)
Q
e
(mg.g
–1
)
R
2
Azul 0,1150 60,36 0,9992
2,363 43,44 0,9045
Rubi 0,0088 245,86 0,9950
0,178 172,06 0,8900
Turquesa 0,7132 48,40 0,9961
3,527 63,32 0,9273
Verde 0,0120 306,30 0,9852
1,002 320,12 0,9070
Vermelho 0,0033 130,15 0,9997
0,122 80,37 0,9186
Violeta 0,0041 125,80 0,9987
0,039 53,85 0,8267
III – Resultados e Discussão
José Alberto P. Chaves
61
Tabela 3.7. Parâmetros cinéticos referentes à adsorção dos corantes
estudados sobre Qt-G.
Qt-G
Segunda ordem Primeira ordem
Corante
k
2
(g.mg
–1
.min
–1
)
Q
e
(mg.g
–1
)
R
2
k
1
(min
–1
)
Q
e
(mg.g
–1
)
R
2
Azul 0,3074 45,88 0,9949
1,463 54,63 0,9701
Rubi 0,0039 225,46 0,9999
0,170 235,35 0,9775
Turquesa 0,0144 67,16 0,9975
1,879 52,39 0,9785
Verde 0,0149 358,42 0,9981
1,745 295,12 0,9804
Vermelho 0,0050 138,70 0,9998
0,041 157,00 0,9833
Violeta 0,0017 158,73 0,9979
0,045 133,63 0,9802
Os resultados mostram que, para ambos os casos, não houve
alteração significativa quanto aos tempos mínimos de contato necessários
para atingir o equilíbrio, nem com relação à ordem de adsorção observada
para os corantes. Em pH 3,0, para a quitosana modificada, a ordem de
adsorção esperada (Figura 3.16) seria: rubi < verde < turquesa <
vermelho < violeta < azul, a qual estaria de acordo com o modelo
anteriormente descrito (corantes não sulfônicos < corantes sulfônicos),
considerando que a superfície da quitosana estaria com cargas positivas, e
que os corantes rubi e verde, não possuindo grupamentos sulfônicos, e
estando ambos com seus sítios ácido-base protonados, apresentariam
baixas afinidades pela quitosana. A reação da quitosana com o pirocatecol
praticamente inverteu a presente ordem (corantes sulfônicos < corantes
não sulfônicos: turquesa azul < vermelho violeta < rubi < verde), o
que demonstra a profunda modificação nesse biopolímero. Reforçando
ainda essa observação, pode-se considerar também a sensível alteração
no valor do pH
pcz
desse material, calculado e apresentado na Figura 3.14,
em relação ao pH
pcz
do material base (6,2), que pode estar relacionado à
presença de outros ou novos sítios de adsorção efetivamente disponíveis
nessa faixa de pH. Comentário semelhante vale para os resultados em pH
8,0, ainda realçando o que foi colocado anteriormente de que o óleo de
girassol, como modificador, possa ter inibido as cargas negativas da
superfície da quitosana, especialmente os grupos –NH
2
, de fato o pH
pcz
desse material (7,2) foi maior do que a quitosana pura, favorecendo a
III – Resultados e Discussão
José Alberto P. Chaves
62
adsorção em meio alcalino, através de sítios apolares dos corantes e
minimizando a repulsão eletrostática que havia entre o biopolímero com
carga negativa e os corantes aniônicos.
Com relação aos resultados cinéticos do sistema Qt-P, pode-se
concluir que as reações obedecem à cinéticas de segunda ordem, haja
vista os seus respectivos coeficientes de correlação estarem mais
próximos da unidade, bem como os valores teóricos de Q
e
estão em
concordância com os valores encontrados experimentalmente.
Dessa forma, os mecanismos referentes a tais processos
possuem uma etapa lenta determinante de velocidade, em que as
espécies, corante dissociado (Corante-SO
3
) e a quantidade de sítios
ativos protonados presentes influenciam diretamente a velocidade da
reação. Tal etapa pode ser representada a seguir:
QUIT-NH
3
+
+ Corante-SO
3
QUIT–NH
3
+....–
O
3
S-Corante (3.8)
Além disso, um possível mecanismo associativo pode também
ocorrer, pela saída de água ligada à superfície do polímero e entrada do
corante, portanto de primeira ordem com relação ao corante que “entra” e
de primeira ordem com respeito à molécula da água que “sai”, sendo de
segunda ordem global.
os dados referentes às cinéticas de adsorção sobre o
material Qt-G também remetem à reações de segunda ordem, porém os
valores de R
2
e Q
e
relacionados à reação de primeira ordem não
apresentaram valores calculados tão discrepantes (R
2
~1,000 e Q
e
teórico
próximo ao experimental) aos de segunda ordem. Isso nos leva a sugerir
que uma possível tendência na mudança da ordem cinética, ou mesmo
uma simultaneidade entre estes dois mecanismos reacionais possa ter
acontecido. Como em pH 8,0 é muito provável que a adsorção não esteja
ocorrendo pela presença dos sítios ativos carregados, abordada
anteriormente, pode-se propor também uma reação onde a etapa lenta do
processo ocorra somente em função da concentração do corante:
QUIT-NH
2
+ -Corante NH
2
-QUIT
....
-Corante (3.9)
III – Resultados e Discussão
José Alberto P. Chaves
63
Figura 3.18. Isotermas de adsorção dos corantes sobre quitosana (0,088-
0,177 µm) a 301±1 K em pH 6,0.
O material Qt-G é de caráter mais hidrofóbico, portanto não
apresenta moléculas de água na sua superfície. Dessa forma, a ordem
reacional está relacionada somente à concentração do corante que se
adsorve ao material, ao contrário dos materiais anteriores que
apresentam moléculas de água ligadas às suas superfícies.
3.2.3. Isotermas de adsorção
As isotermas de adsorção dos corantes sobre quitosana foram
determinadas construindo-se as quantidades adsorvidas (Q
e
) em função
da concentração de equilíbrio das espécies em solução. Na Figura 3.18 são
apresentadas essas curvas experimentais realizadas à temperatura
ambiente e solução tampão de pH 6,0 (quitosana não modificada).
0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30 0,35 0,40 0,45
0
100
200
300
400
500
600
700
800
900
0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30 0,35 0,40 0,45
0
100
200
300
400
500
600
700
800
900
0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30 0,35 0,40 0,45
0
100
200
300
400
500
600
700
800
900
0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30 0,35 0,40 0,45
0
100
200
300
400
500
600
700
800
900
0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30 0,35 0,40 0,45
0
100
200
300
400
500
600
700
800
900
0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30 0,35 0,40 0,45
0
100
200
300
400
500
600
700
800
900
azul
rubi
turquesa
verde
vermelho
Q (mg.g
-1
)
C
e
(mg.mL
-1
)
violeta
Pode-se observar nessa figura que os valores de Q
e
tiveram
um aumento significativo na faixa em que as soluções dos corantes
apresentavam concentrações relativamente baixas, ou seja, a quantidade
de adsorvato não era suficiente para saturar a superfície do polímero.
Porém, à medida que as soluções tornavam-se mais concentradas, as
curvas tenderam a valores de Q
e
constantes, com a formação de
III – Resultados e Discussão
José Alberto P. Chaves
64
patamares, indicando situações de possível saturação da superfície
polimérica, em cada caso, pelas espécies químicas estudadas.
Nos processos de adsorção, normalmente são empregados os
modelos de isotermas de Langmuir e Freundlich para interpretar os dados
experimentais de adsorção, devido à facilidade de transformar estas
equações para a forma linear e, conseqüentemente, os parâmetros
poderem ser estimados graficamente. Particularmente, nos estudos
desenvolvidos neste trabalho, os dados experimentais obtidos foram
bastante coerentes com a equação da isoterma de Langmuir (Equação
1.1), não ocorrendo da mesma forma quando analisados pela equação de
Freundlich (Equação 1.2), levando, dessa forma, à apresentação somente
dos parâmetros obtidos pelo modelo de Langmuir.
A Figura 3.19 apresenta as isotermas de adsorção de
Langmuir, construídas de acordo com a Equação 1.1, dos seis corantes
estudados adsorvidos sobre a quitosana, a partir dos dados extraídos da
Figura 3.18. Os valores dos coeficientes de correlação R
2
(veja Tabela
3.8), de cada reta, indicam uma perfeita adequação do modelo proposto
com os dados experimentais. Isso vem sugerir que as reações de adsorção
estudadas são baseadas em possíveis processos de quimiossorção, ou
seja, as interações entre os grupos presentes na superfície da quitosana e
os grupos ligantes de cada corante estudado são majoritariamente de
natureza química (ADAMSON e GAST, 1997), tornando a adsorção entre
as espécies envolvidas bem mais fortes em relação a processos que
apresentassem somente interações de caráter puramente físicas.
Os valores das constantes de adsorção (K
ads
) e das
quantidades máximas adsorvidas (Q
max
) dos seis corantes sobre a
quitosana estão apresentados também na Tabela 3.8. É possível observar
que, para os corantes estudados, houve uma significativa variação nos
valores das constantes de adsorção (60,54–1485,03 dm
3
.g
–1
), bem como
nos valores de Q
max
(245,10–952,38 mg.g
–1
) nos experimentos realizados,
isso, é claro, devido à própria natureza química das espécies adsorvidas
ao material adsorvente (estrutura química, grupos funcionais presentes),
III – Resultados e Discussão
José Alberto P. Chaves
65
Figura 3.19. Isotermas de Langmuir referentes às adsorções dos corantes
sobre a quitosana. Dados extraídos da Figura 3.18.
assim como também os valores dos pKa’s referentes a cada um dos
corantes podem ter influenciado numa maior ou menor interação entre
estas espécies e a superfície do material, no pH em que o processo estava
ocorrendo (pH 6,0).
0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30 0,35
0,0000
0,0001
0,0002
0,0003
0,0004
0,0005
0,0006
0,0007
0,0008
0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30 0,35
0,0000
0,0001
0,0002
0,0003
0,0004
0,0005
0,0006
0,0007
0,0008
0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30 0,35
0,0000
0,0001
0,0002
0,0003
0,0004
0,0005
0,0006
0,0007
0,0008
0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30 0,35
0,0000
0,0001
0,0002
0,0003
0,0004
0,0005
0,0006
0,0007
0,0008
0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30 0,35
0,0000
0,0001
0,0002
0,0003
0,0004
0,0005
0,0006
0,0007
0,0008
0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30 0,35
0,0000
0,0001
0,0002
0,0003
0,0004
0,0005
0,0006
0,0007
0,0008
azul
turquesa
rubi
verde
vermelho
C
e
/ Q
C
e
(mg.mL
-1
)
violeta
Tabela 3.8. Parâmetros das isotermas de Langmuir referentes às adsor-
ções dos corantes sobre Qt.
Qt
Corante
K
ads
(dm
3
.g
–1
) Q
max
(mg.g
–1
) R
2
Azul 75,42 952,38 0,9998
Rubi 889,80 316,45 0,9998
Turquesa 175,42 245,10 0,9958
Verde 1485,03 381,68 0,9977
Vermelho 1287,55 418,41 0,9998
Violeta 60,54 699,30 0,9998
Resultados bem variados de K
ads
e Q
max
, como os mostrados
na Tabela 3.8 são comuns em trabalhos de adsorção de corantes sobre
quitosana. Por exemplo, o trabalho de CHIOU, HO e LI (2004) que, além
de apresentarem os valores referentes ao seu trabalho, também
apresentam e comparam os seus resultados com outros trabalhos,
fazendo referência especialmente à variação de Q
max
. Nesse artigo os
autores não fazem uma profunda análise comparativa entre os seus
resultados e os da literatura, mas são concludentes em demonstrar que o
III – Resultados e Discussão
José Alberto P. Chaves
66
Figura 3.20. Isotermas de adsorção dos corantes sobre Qt-P (0,088-
0,177
µm) a 301±1 K em pH 3,0.
seu material adsorvente possui uma elevada capacidade adsortiva (1911 a
2498 mg.g
–1
) para os corantes aniônicos por eles estudados. Isto
demonstra que as nossas quitosanas apresentam menor capacidade de
adsorção com relação a estes últimos, porém similaridade das
quantidades máximas adsortivas ou melhores às referências citadas pelos
autores.
As isotermas construídas para as adsorções dos corantes sobre
as formas modificadas da quitosana com pirocatecol e girassol estão
apresentadas nas Figuras 3.20 e 3.22, respectivamente.
0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30 0,35 0,40 0,45
100
200
300
400
500
600
700
800
900
0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30 0,35 0,40 0,45
100
200
300
400
500
600
700
800
900
0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30 0,35 0,40 0,45
100
200
300
400
500
600
700
800
900
0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30 0,35 0,40 0,45
100
200
300
400
500
600
700
800
900
0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30 0,35 0,40 0,45
100
200
300
400
500
600
700
800
900
0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30 0,35 0,40 0,45
100
200
300
400
500
600
700
800
900
azul
rubi
turquesa
verde
vermelho
Q (mg.g
-1
)
C
e
(mg.mL
-1
)
violeta
As mesmas observações constatadas nas isotermas
apresentadas na Figura 3.18 são aplicáveis para essas últimas. Portanto,
somente as isotermas de Langmuir, bem como os respectivos valores de
Q
max
, K
ads
e R
2
estão apresentados neste trabalho (veja Figuras 3.21, 3.23
e Tabelas 3.9, 3.10).
III – Resultados e Discussão
José Alberto P. Chaves
67
Figura 3.21. Isotermas de Langmuir referentes às adsorções dos corantes
sobre a Qt-P. Dados extraídos da Figura 3.20.
Figura 3.22. Isotermas de adsorção dos corantes sobre Qt-G (0,088-
0,177
µm) a 301±1 K em pH 8,0.
0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30 0,35 0,40 0,45
0,0000
0,0002
0,0004
0,0006
0,0008
0,0010
0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30 0,35 0,40 0,45
0,0000
0,0002
0,0004
0,0006
0,0008
0,0010
0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30 0,35 0,40 0,45
0,0000
0,0002
0,0004
0,0006
0,0008
0,0010
0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30 0,35 0,40 0,45
0,0000
0,0002
0,0004
0,0006
0,0008
0,0010
0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30 0,35 0,40 0,45
0,0000
0,0002
0,0004
0,0006
0,0008
0,0010
0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30 0,35 0,40 0,45
0,0000
0,0002
0,0004
0,0006
0,0008
0,0010
azul
rubi
turquesa
verde
vermelho
C
e
/ Q
C
e
(mg.mL
-1
)
violeta
0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30 0,35 0,40
100
200
300
400
500
600
700
800
900
0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30 0,35 0,40
100
200
300
400
500
600
700
800
900
0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30 0,35 0,40
100
200
300
400
500
600
700
800
900
0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30 0,35 0,40
100
200
300
400
500
600
700
800
900
0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30 0,35 0,40
100
200
300
400
500
600
700
800
900
0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30 0,35 0,40
100
200
300
400
500
600
700
800
900
azul
rubi
turquesa
verde
vermelho
Q (mg.g
-1
)
C
e
(mg.mL
-1
)
violeta
III – Resultados e Discussão
José Alberto P. Chaves
68
Figura 3.23. Isotermas de Langmuir referentes às adsorções dos corantes
sobre a Qt-G. Dados extraídos da Figura 3.22.
0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30
0,0000
0,0001
0,0002
0,0003
0,0004
0,0005
0,0006
0,0007
0,0008
0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30
0,0000
0,0001
0,0002
0,0003
0,0004
0,0005
0,0006
0,0007
0,0008
0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30
0,0000
0,0001
0,0002
0,0003
0,0004
0,0005
0,0006
0,0007
0,0008
0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30
0,0000
0,0001
0,0002
0,0003
0,0004
0,0005
0,0006
0,0007
0,0008
0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30
0,0000
0,0001
0,0002
0,0003
0,0004
0,0005
0,0006
0,0007
0,0008
0,00 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30
0,0000
0,0001
0,0002
0,0003
0,0004
0,0005
0,0006
0,0007
0,0008
azul
rubi
turquesa
verde
vermelho
C
e
/ Q
C
e
(mg.mL
-1
)
violeta
Tabela 3.9. Parâmetros das isotermas de Langmuir referentes às adsor-
ções dos corantes sobre Qt-P.
Qt-P
Corante
K
ads
(dm
3
.g
–1
) Q
max
(mg.g
–1
) R
2
Azul 88,39 909,09 0,9993
Rubi 886,94 311,53 0,9998
Turquesa 185,42 245,10 0,9958
Verde 303,02 373,13 0,9985
Vermelho 1205,55 418,41 0,9998
Violeta 54,35 709,22 0,9967
Tabela 3.10. Parâmetros das isotermas de Langmuir referentes às adsor-
ções dos corantes sobre Qt-G.
Qt-G
Corante
K
ads
(dm
3
.g
–1
) Q
max
(mg.g
–1
) R
2
Azul 87,09 919,05 0,9994
Rubi 1245,26 294,12 0,9999
Turquesa 52,01 267,38 0,9903
Verde 196,24 384,62 0,9990
Vermelho 3927,79 456,62 0,9976
Violeta 87,09 628,93 0,9990
3.2.4. Parâmetros termodinâmicos
Os processos de adsorção dos corantes sobre quitosana e
quitosanas modificadas também foram estudados para se determinar
parâmetros termodinâmicos, tais como variações de energia livre (G°),
III – Resultados e Discussão
José Alberto P. Chaves
69
de entalpia (H°) e de entropia (S°). Para tais determinações, utilizou-se
as seguintes equações (CHIOU e LI, 2003):
sol
ads
e
C
C
K =
(3.10)
e
KRTG ln
=
°
(3.11)
RT
H
R
S
K
e
°
°
=ln
(3.12)
onde K
e
representa a constante de equilíbrio, C
ads
é a quantidade de
corante adsorvido ao adsorvente (mg.mL
–1
), C
sol
é a concentração de
corante presente na solução em equilíbrio (mg.mL
–1
), T é a temperatura
da solução (K) e R é a constante dos gases. As variações de entalpia e de
entropia desses processos foram calculadas, a partir dos coeficientes
angular e linear dos gráficos, respectivamente, utilizando-se para isso a
Equação 3.12. Os valores de foram obtidos diretamente com o
emprego da Equação 3.11 e todos os resultados estão apresentados nas
Tabelas 3.11 a 3.16.
Tabela 3.11. Parâmetros termodinâmicos referentes às adsorções do
corante azul sobre Qt, Qt-P e Qt-G.
Adsorção do corante azul em Qt Temperatura
(K)
K
e
(kJ.mol
–1
)
(kJ.mol
–1
)
(J.mol
–1
.K
–1
)
R
2
288 16,109 –6,656
308 6,788 –4,905
313 3,720 –3,419
318 3,089 –2,982
328 2,607 –2,613
–44,304
–129,99
0,9897
Adsorção do corante azul em Qt-P
299 14,408 –6,633
308 7,282 –5,085
313 4,663 –4,007
318 3,507 –3,318
323 2,743 –2,710
–56,622
–167,429
0,9965
Adsorção do corante azul em Qt-G
303 4,534 –3,808
308 4,095 –3,610
313 3,720 –3,419
318 3,089 –2,982
328 2,607 –2,613
–18,948
–49,875
0,9927
III – Resultados e Discussão
José Alberto P. Chaves
70
Tabela 3.12. Parâmetros termodinâmicos referentes às adsorções do
corante rubi sobre Qt, Qt-P e Qt-G.
Adsorção do corante rubi em Qt Temperatura
(K)
K
e
(kJ.mol
–1
)
(kJ.mol
–1
)
(J.mol
–1
.K
–1
)
R
2
288 1,196 –0,427
293 1,793 –1,422
298 5,172 –4,072
303 14,365 –6,714
308 29,574 –8,674
+125,180
+434,372
0,9905
Adsorção do corante rubi em Qt-P
288 88,286 –10,728
293 102,448 –11,277
298 121,449 –11,891
303 149,000 –12,605
308 192,548 –13,470
+28,465
+135,777
0,9916
Adsorção do corante rubi em Qt-G
288 6,526 –4,492
293 7,393 –4,874
298 8,485 –5,299
303 9,905 –5,777
308 11,825 –6,327
+21,819
+91,183
0,9960
Tabela 3.13. Parâmetros termodinâmicos referentes às adsorções do
corante turquesa sobre Qt, Qt-P e Qt-G.
Adsorção do corante turquesa em Qt Temperatura
(K)
K
e
(kJ.mol
–1
)
(kJ.mol
–1
)
(J.mol
–1
.K
–1
)
R
2
288 49,000 –9,320
293 60,069 –9,978
298 77,431 –10,778
303 108,589 –11,811
308 180,818 –13,312
+47,075
+195,018
0,9890
Adsorção do corante turquesa em Qt-P
288 16,391 –6,697
293 20,053 –7,304
298 25,667 –8,040
303 35,364 –8,982
308 56,143 –10,314
+44,537
+177,202
0,9926
Adsorção do corante turquesa em Qt-G
303 20,053 –7,555
308 25,667 –8,312
313 35,364 –9,281
318 42,478 –9,914
328 53,054 –10,832
+32,762
+133,568
0,9894
III – Resultados e Discussão
José Alberto P. Chaves
71
Tabela 3.14. Parâmetros termodinâmicos referentes às adsorções do
corante verde sobre Qt, Qt-P e Qt-G.
Adsorção do corante verde em Qt Temperatura
(K)
K
e
(kJ.mol
–1
)
(kJ.mol
–1
)
(J.mol
–1
.K
–1
)
R
2
283 0,282 2,977
293 2,534 –2,265
299 7,8145 –5,112
308 80,136 –11,227
313 435,734 –15,817
+161,682
+559,900
0,9968
Adsorção do corante verde em Qt-P
283 0,128 4,838
303 1,009 –0,023
308 2,218 –2,040
313 3,896 –3,540
318 7,889 –5,462
+86,673
+288,255
0,9945
Adsorção do corante verde em Qt-G
299 0,652 1,063
308 1,152 –0,362
313 2,083 –1,910
318 3,619 –3,401
328 8,217 –5,745
+73,586
+241,560
0,9932
Tabela 3.15. Parâmetros termodinâmicos referentes às adsorções do
corante vermelho sobre Qt, Qt-P e Qt-G.
Adsorção do corante vermelho em Qt Temperatura
(K)
K
e
(kJ.mol
–1
)
(kJ.mol
–1
)
(J.mol
–1
.K
–1
)
R
2
288 21,909 –7,393
308 4,757 –3,994
313 3,608 –3,340
318 2,247 –2,141
328 1,003 –0,008
–59,677
–131,039
0,9969
Adsorção do corante vermelho em Qt-P
299 50,020 –9,728
308 23,938 –8,133
313 15,502 –7,134
318 7,877 –5,458
323 5,070 –4,360
–77,743
–226,716
0,9935
Adsorção do corante vermelho em Qt-G
303 5,006 –4,057
308 4,244 –3,701
313 3,654 –3,372
318 2,665 –2,591
328 2,023 –1,921
–31,091
–89,050
0,9915
III – Resultados e Discussão
José Alberto P. Chaves
72
Tabela 3.16. Parâmetros termodinâmicos referentes às adsorções do
corante violeta sobre Qt, Qt-P e Qt-G.
Adsorção do corante violeta em Qt Temperatura
(K)
K
e
(kJ.mol
–1
)
(kJ.mol
–1
)
(J.mol
–1
.K
–1
)
R
2
303 2,735 –2,535
308 3,779 –3,404
313 5,631 –4,497
318 7,536 –5,340
323 10,976 –6,433
+56,461
+194,582
0,9990
Adsorção do corante violeta em Qt-P
299 3,458 –3,085
308 5,341 –4,291
313 9,971 –5,985
318 13,174 –6,818
323 19,000 –7,908
+58,842
+206,467
0,9881
Adsorção do corante violeta em Qt-G
288 4,574 –3,641
308 7,467 –5,149
313 8,950 –5,704
318 10,255 –6,155
323 12,755 –6,838
+21,843
+88,194
0,9902
De acordo com os valores encontrados pelo uso das Equações
3.10 a 3.12, torna-se apropriado considerar que a grande maioria das
adsorções realizadas ocorreu com a diminuição dos valores de G°,
confirmando a espontaneidade desses processos nas temperaturas
investigadas, ora acontecendo como processos endotérmicos e com
aumento da desordem, ora de maneira contrária, ou seja, adsorções
exotérmicas e diminuição da entropia.
Voltando observar a Equação 3.11, é possível fazer também as
seguintes considerações com relação aos fatores termodinâmicos: para os
casos em que e S° forem negativos, será dependente da
temperatura. Portanto, = H°–T.(–S°) e, substituindo na
Equação 3.11, esta poderá se escrita da seguinte forma:
e
KTRSTH ln...
=
°
+
°
(3.13)
que rearranjada torna-se:
TR
H
R
S
K
e
1
.ln
°
+
°
=
(3.14)
III – Resultados e Discussão
José Alberto P. Chaves
73
Esta última equação é capaz de justificar a diminuição na
capacidade adsortiva dos materiais com o aumento da temperatura dos
processos, bem como os resultados dos valores negativos de
(processos exotérmicos) e de encontrados para as adsorções dos
corantes azul e vermelho sobre os materiais poliméricos utilizados, ou
seja, o fator entálpico prevalecendo, nesses casos, sobre o termo
entrópico, em determinadas faixas de temperaturas. Isto de fato parece
ser coerente, que, para processos espontâneos deva ocorrer a liberação
de calor para compensar o aumento da ordem na superfície do material
adsorvente (diminuindo a energia do processo).
Por outro lado, se é positivo e S° também assume
valores positivos, logo se tornará, da mesma forma, dependente da
temperatura. Portanto, = H°–T.e, substituindo na Equação
3.11, esta poderá se escrita da seguinte forma:
e
KTRSTH ln...
=
°
°
(3.15)
que rearranjada toma a forma:
TR
H
R
S
K
e
1
.ln
°
°
=
(3.16)
justificando as inclinações negativas apresentadas para as adsorções a
diferentes temperaturas dos corantes rubi, turquesa, verde e violeta sobre
quitosana e derivados, cujos valores de H° e S° deram positivos.
Casos de adsorção em que o aumento da temperatura propicie
um aumento na adsorção da espécie em solução aquosa é comum para
íons metálicos (M
n+
aq
) onde a dilatação dos poros do material propicie um
acréscimo do número de sítios disponíveis, aumentando assim a
quantidade de espécies adsorvidas (KARTHIKEYAN et al, 2004), (ANOOP e
ANIRUDHAN, 2002). Porém, para moléculas maiores como as dos corantes
citados, a troca de moléculas de água previamente adsorvidas no material
(já observado nas análises de TG) com as moléculas do corante, bem
como a ruptura na esfera de hidratação de cada molécula do corante
parecem desempenhar maior importância nesses processos. No caso do
corante verde, para exemplificar tais casos, foi mensurada a
III – Resultados e Discussão
José Alberto P. Chaves
74
condutividade do solvente (água) antes e após a dissolução desse corante
(9,2 x 10
–3
mol.L
–1
do corante) e o valor deste parâmetro variou de 0,70 a
396 mS.cm
–1
, ou seja, significa que a molécula do corante encontra-se
hidratada em solução e, como resultado, alguma energia tem que ser
absorvida para liberar o corante da zona de hidratação. Daí o processo ser
endotérmico.
o fato da variação de entropia, nesses casos, representar
um aumento na desordem do processo deve estar associada com a
hidratação da superfície do material. Cada molécula do corante pode
substituir mais de uma molécula de água previamente adsorvida, o que,
por si representa a diminuição da ordem. Também a esfera de
hidratação, bem ordenada para cada molécula do adsorvato, é quebrada
durante o processo, o que leva a um aumento na entropia e, portanto, ser
este o termo que esteja influenciando na espontaneidade das adsorções.
Um esquema simples para exemplificar tais reações é
mostrado na Figura 3.24, utilizando a molécula do corante verde e a
estrutura da quitosana com moléculas de água ligadas, em ambas
substâncias, nos três diferentes pH’s examinados.
Os parâmetros termodinâmicos, determinados para os
processos de adsorção dos seis corantes sobre a quitosana e formas
modificadas, apesar de serem resultados decorrentes de equações e
cálculos por aproximação, mostraram valores coerentes com os resultados
obtidos das isotermas apresentadas anteriormente (modelo de Langmuir).
Assim se justifica o fato de que as interações entre os adsorventes e os
adsorvatos estudados são principalmente interações do tipo quimiossorção
e não por fisiossorção. Além disso, trabalhos dessa natureza apresentados
na literatura mostram uma boa concordância entre os seus respectivos
resultados termodinâmicos (K
e
, G°, S°, H°) (CHIOU e LI, 2003),
(SAHA et al, 2005), (SAKKAYAWONG et al, 2005), (PRADO et al, 2004),
(CHATTERJEE et al, 2005), (BEKÇI et al, 2008) e os dados mostrados
neste trabalho.
III – Resultados e Discussão
José Alberto P. Chaves
75
H
2
COHH
2
COHH
2
COH
H
H
H
NH
3
+
H
OH
H
O
O
H
H
H
NH
2
H
OH
H
O
O
H
H
H
NH
2
H
OH
H
O
O
O
O H H
HH O
H
O
H
+
NH
O
O
-
O
-
H
+
H
2
COHH
2
COHH
2
COH
H
H
H
NH
3
+
H
OH
H
O
O
H
H
H
NH
2
H
OH
H
O
O
H
H
H
NH
2
H
OH
H
O
O
O
nH
2
O
(i)
(ii)
(iii)
H
O
H
NH
O
O
-
O
-
H
+
H
O
H
+
Figura 3.24. Possíveis interações entre o corante verde e as quitosanas:
(i) em pH 3,0; (ii) em pH 6,0; (iii) em pH 8,0.
3.3. Aplicação dos Materiais Adsorventes em Sistemas Reais
Realizado todo esse trabalho envolvendo sistemas ideais de
adsorção de corantes sobre os materiais adsorventes, uma amostra real
do efluente, fornecido pela própria indústria que cedeu os seis corantes
estudados, foi estudada à aplicabilidade das quitosanas perante sistemas
aquosos reais. De acordo com os resultados obtidos, o material que
melhor apresentou propriedade de adsorver substâncias presentes nessa
amostra foi a quitosana modificada com óleo de girassol. Os demais
materiais pouco ou nada contribuíram na “limpeza” do efluente.
O fato de o efluente ter apresentado um pH de 7,65 pode ter
tido uma grande contribuição na interação o material e possível
capacidade adsortiva do mesmo para com substâncias presentes no meio,
pois, como foi visto anteriormente, o seu pH
pcz
é mais próximo a esse
valor de pH, além do que, esse pH observado também está dentro
III – Resultados e Discussão
José Alberto P. Chaves
76
Figura 3.25. Espectro UV-VIS da água do efluente a
ntes e após adsorção
sobre Qt-G (0,088-0,177 µm) a 301±1 K em pH 7,65.
daquela faixa de pH com bons resultados adsortivos, verificada na Figura
3.13, onde foi empregado o material quitosana/girassol.
Diante disso, considerou-se os estudos da cinética e isoterma
de adsorção dessa amostra de efluente, utilizando a Qt-G, sendo que os
resultados são apresentados nas Figuras 3.25, 3.26 e Tabela 3.17. A
Figura 3.25 apresenta o espectro UV-VIS da água do efluente no tempo
zero e após o equilíbrio, demonstrando a eficiência adsortiva do material
frente ao efluente em quase 100 %.
300 400 500 600 700 800
0,0
0,3
0,6
0,9
1,2
1,5
300 400 500 600 700 800
0,0
0,3
0,6
0,9
1,2
1,5
Absorvância
λ (nm)
Espectro UV-VIS da água do efluente no tempo zero (antes da adsorção)
Espectro UV-VIS da água do efluente no equilíbrio (após adsorção)
a Figura 3.26 mostra a curva cinética obtida a partir de
diferentes tempos e dos valores de absorvância como parâmetro de
concentração. A cinética desse processo apresentou um tempo de
equilíbrio bem próximo aos tempos correspondentes dos corantes
individualmente e a ordem do processo está muito próximo à de uma
segunda ordem (veja R
2
e Q
e
na Tabela 3.17), como também foi verificado
para os corantes. Porém, os resultados de primeira ordem foram bastante
satisfatórios e a eles podem ser aplicados os mesmos comentários
abordados quando do estudo da cinética de adsorção dos corantes sobre a
quitosana modificada com o óleo de girassol, ou seja, pode ser que tenha
III – Resultados e Discussão
José Alberto P. Chaves
77
Figura 3.26. Cinética de adsorção da água do efluente sobre Qt-G (0,088-
0,177 µm) a 301±1 K em pH 7,65.
ocorrido uma transição entre esses dois mecanismos cinéticos ou mesmo
possa haver a simultaneidade entre ambos.
0 5 10 15 20 25 30
0,0
0,2
0,4
0,6
Absorvância
tempo (minutos)
Tabela 3.17. Valor do pH e parâmetros cinéticos relativos à utilização do
material adsorvente na amostra real da água do efluente.
Qt-G
Segunda ordem Primeira ordem
k
2
(Abs
–1
.min
–1
)
Q
e
(Abs
–1
)
R
2
K
1
(min
–1
)
Q
e
(Abs
–1
)
R
2
pH da
água do
efluente
7,65
0,6695 0,6747 0,9981
0,3529 1,5611 0,9993
3.4. Aplicações Eletroquímicas
Os experimentos eletroquímicos apresentados neste trabalho
foram realizados no sentido de buscar aplicabilidade analítica dos corantes
estudados, adsorvidos aos materiais utilizados, para a determinação
quantitativa do metal cobre em soluções aquosas, por técnicas de
voltametria de redissolução anódica.
A Figura 3.27 apresenta a voltametria de redissolução anódica
de um eletrodo de pasta de carbono modificado com quitosana em uma
solução tampão de pH 6,0. Observa-se nessa figura que esse biopolímero
não apresenta nenhum processo de natureza faradaica (processos redox)
na sua superfície ou mesmo reduzindo qualquer espécie que esteja no seio
da solução. Após a adição de uma pequena alíquota de solução de Cu
2+
III – Resultados e Discussão
José Alberto P. Chaves
78
Figura 3.27. Voltametria de redissolução anódica da quitosana antes e
após adição de uma alíquota de Cu
2+
em solução tampão p
H
6,0. Temperatura 301±1 K.
1,0 ppm, pode-se perceber o aparecimento de um discreto pico próximo
ao potencial de 700 mV vs. Ag/AgCl.
-600 -400 -200 0 200 400 600 800 1000
-5,0x10
-7
0,0
5,0x10
-7
1,0x10
-6
1,5x10
-6
-600 -400 -200 0 200 400 600 800 1000
-5,0x10
-7
0,0
5,0x10
-7
1,0x10
-6
1,5x10
-6
I (A)
E (mV) vs. Ag/AgCl
Quitosana + Cu
2+
(1 ppm)
Quitosana (branco)
Devido à própria natureza seqüestrante da quitosana para o
metal cobre (KUMAR, 2000), (CHU, 2002), (CRINI, 2005), é provável que
este pico esteja relacionado à redução do cátion Cu
2+
a Cu
0
na superfície
da quitosana. Este fato fora observado por JANEGITZ et al (2007) em
trabalho empregando eletrodo de pasta de carbono modificado com
quitosana para a determinação de Cu
2+
por voltametria de redissolução
anódica em águas residuárias. Esses autores, inclusive, propuseram um
mecanismo para representar o referido processo eletroquímico da
seguinte forma:
Cu
2+
(aq)
+ QUIT
(sup)
[Cu
2+
QUIT]
(sup)
(3.17)
[Cu
2+
QUIT]
(sup)
+ 2e
[Cu
0
QUIT]
(sup)
(3.18)
[Cu
0
QUIT]
(sup)
Cu
2+
(aq)
+ 2e
+ QUIT
(sup)
(3.19)
Porém, essa complexação acontece de forma lenta nos
experimentos realizados neste trabalho e o potencial de pico referente ao
processo foi ~300 mV mais positivo que nesse trabalho citado
anteriormente (JANEGITZ et al, 2007). Por essa razão, decidiu-se utilizar
a quitosana com cada corante adsorvido à sua superfície, na preparação
III – Resultados e Discussão
José Alberto P. Chaves
79
Figura 3.28. Voltamogramas de redissolução anódica a diferentes concen-
trações do cobre sobre eletrodo de pasta de carbono modifi-
cado com quitosana e o corante azul. Temperatura 301±1 K
e pH 6,0. O voltamograma cíclico do cora
nte também é
apresentado nas mesmas condições.
dos eletrodos de trabalho, haja vista todos possuem grupos que podem
quelar o cobre (Tabela 2.1) ou mesmo pudessem acelerar tais processos
por retrodoação, e foram aplicados na determinação de cobre em soluções
aquosas por voltametria de redissolução anódica.
Os resultados da quantificação de cobre por quitosana
modificada com os seis corantes estão apresentados nas Figuras 3.28 a
3.33, em pH 6,0 e com um tempo de pré-concentração de 60 segundos. É
interessante frisar que este tempo de pré-concentração é menor que o
fixado por JANEGITZ et al (2007), que estabeleceram um tempo favorável
de 270 segundos em seu trabalho.
-300 -200 -100 0 100 200
5,0x10
-7
1,0x10
-6
1,5x10
-6
2,0x10
-6
2,5x10
-6
3,0x10
-6
3,5x10
-6
-500 -400 -300 -200 -100 0 100 200 300 400
-4,0x10
-6
-2,0x10
-6
0,0
2,0x10
-6
4,0x10
-6
I (A)
E (mV) vs. Ag/AgCl
v = 50 mV.s
-1
I (A)
E (mV) vs. Ag/AgCl
ppm (Cu
2+
)
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1,0
Em cada uma dessas figuras, são apresentados, além dos
voltamogramas de redissolução, também os voltamogramas cíclicos dos
respectivos corantes para melhor comparação e também justificar a
ocorrência de processos redox que aparecem na voltametria de
redissolução de cada experimento. Por exemplo, na Figura 3.31, referente
à voltametria do eletrodo modificado com a quitosana e o corante verde,
aparece um pico próximo ao potencial de 250 mV, além do pico em torno
do potencial 0,0 mV (correspondente à redissolução do cobre). Esse
III – Resultados e Discussão
José Alberto P. Chaves
80
Figura 3.29. Voltamogramas de redissolução anódica a diferentes concen-
trações do cobre sobre eletrodo de pasta de carbono
modificado com quitosana
e o corante rubi. Temperatura
301±1 K e pH 6,0. O voltamogra
ma cíclico do corante
também é apresentado nas mesmas condições.
Figura 3.30. Voltamogramas de redissolução anódica a diferentes concen-
trações do cobre sobre eletrodo de pasta de carbono
modificado com quitosana e o corante turquesa. Temperatu-
ra 301±1 K
e pH 6,0. O voltamograma cíclico do corante
também é apresentado nas mesmas condições.
primeiro pico mencionado está associado ao processo redox de um grupo
funcional, possivelmente o grupamento antraquinona, presente na
molécula do corante (ZANONI et al, 2006).
-200 -100 0 100 200 300 400
0,0
3,0x10
-6
6,0x10
-6
9,0x10
-6
1,2x10
-5
-600 -400 -200 0 200 400 600
-2,0x10
-6
0,0
2,0x10
-6
4,0x10
-6
I (A)
E (mV) vs. Ag/AgCl
v = 50 mV.s
-1
I (A)
E (mV) vs. Ag/AgCl
ppm (Cu
2+
)
0,0
0,1
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
4,5
5,0
-800 -600 -400 -200 0 200
0,0
2,0x10
-6
4,0x10
-6
6,0x10
-6
8,0x10
-6
1,0x10
-5
-1000 -800 -600 -400 -200 0 200 400 600
-3,0x10
-6
-2,0x10
-6
-1,0x10
-6
0,0
1,0x10
-6
2,0x10
-6
I (A )
E (mV) vs. Ag/AgCl
v = 50 mV.s
-1
I (A)
E (mV) vs. Ag/AgCl
ppm (Cu
2+
)
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
III – Resultados e Discussão
José Alberto P. Chaves
81
Figura 3.31. Voltamogramas de redissolução anódica a diferentes concen-
trações do cobre sobre eletrodo de pasta de carbono
modificado com quitosana e o corante verde.
Temperatura
301±1 K
e pH 6,0. O voltamograma cíclico do corante
também é apresentado nas mesmas condições.
Figura 3.32. Voltamogramas de redissolução anódica a diferentes concen-
trações do cobre sobre eletrodo de pasta de carbono
modificado com quitosana e o corante vermelho. Temperatu-
ra 301±1 K
e pH 6,0. O voltamograma cíclico do corante
também é apresentado nas mesmas condições.
-300 -200 -100 0 100 200 300 400
0,0
5,0x10
-6
1,0x10
-5
1,5x10
-5
2,0x10
-5
2,5x10
-5
-1000 -800 -600 -400 -200 0 200 400 600 800 1000
-1,0x10
-5
-5,0x10
-6
0,0
5,0x10
-6
1,0x10
-5
1,5x10
-5
I (A)
E (mV) vs. Ag/AgCl
v = 50 mV.s
-1
I (A)
E (mV) vs. Ag/AgCl
ppm (Cu
2+
)
1,0
2,0
3,0
4,0
5,0
6,0
7,0
10,0
-200 -150 -100 -50 0 50 100 150 200
0,0
1,0x10
-5
2,0x10
-5
3,0x10
-5
4,0x10
-5
5,0x10
-5
-800 -600 -400 -200 0 200 400 600
-4,0x10
-6
-2,0x10
-6
0,0
2,0x10
-6
4,0x10
-6
I ( A)
E (mV) vs. Ag/AgCl
v = 50 mV.s
-1
I (A)
E (mV) vs Ag/AgCl
ppm (Cu
2+
)
0,0
0,1
0,3
0,5
1,0
1,5
2,0
III – Resultados e Discussão
José Alberto P. Chaves
82
Figura 3.33. Voltamogramas de redissolução anódica a diferentes concen-
trações do cobre sobre eletrodo de p
asta de carbono
modificado com quitosana e o
corante violeta. Temperatura
301±1 K
e pH 6,0. O voltamograma cíclico do corante
também é apresentado nas mesmas condições anteriores.
-400 -200 0 200 400
8,0x10
-7
1,6x10
-6
2,4x10
-6
3,2x10
-6
4,0x10
-6
-400 -200 0 200 400 600
-2,0x10
-6
-1,5x10
-6
-1,0x10
-6
-5,0x10
-7
0,0
5,0x10
-7
1,0x10
-6
1,5x10
-6
I (A)
E (mV) vs. Ag/AgCl
v = 50 mV.s
-1
I (A)
E (mV) vs. Ag/AgCl
ppm (Cu
2+
)
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
0,8
0,9
1,0
Considerando os resultados obtidos através dos
voltamogramas apresentados nas Figuras 3.28 a 3.33, foram construídas
curvas analíticas relacionadas a cada um desses experimentos, e os
resultados estão apresentados na Tabela 3.18. Os eletrodos à base de
quitosana e corantes demonstraram boas linearidades para cada faixa de
concentração estudada, além de apresentarem reprodutibilidade nas
leituras realizadas.
Tabela 3.18. Valores referentes às curvas analíticas construídas a partir
dos resultados apresentados nas Figuras 3.28 a 3.33.
Eletrodo modificado com Qt
Corante
N
R
2
dpr Limite inferior
(ppm)
Limite superior
(ppm)
Azul 11 0,9993 3,76x10
-8
0,1 1,0
Rubi 12 0,9973 1,48x10
-7
0,1 5,0
Turquesa 5 0,9967 1,92x10
-7
0,1 0,5
Verde 8 0,9995 1,70x10
-7
0,1 0,8
Vermelho 4 0,9996 3,64x10
-8
0,1 0,5
Violeta 11 0,9909 1,46x10
-7
0,1 1,0
*N = número de pontos da curva analítica.
III – Resultados e Discussão
José Alberto P. Chaves
83
LIMA et al (2006a) apresentaram um trabalho em que fazem
uso da técnica de voltametria cíclica para detecção de cobre em soluções
aquosas, utilizando para tal eletrodo de pasta de carbono modificado com
uma espécie de quitosana α-N,O-succinada, sugerindo que o mesmo
apresentara estabilidade por aproximadamente um mês, o que nos leva a
crer que os resultados obtidos neste trabalho são satisfatórios do ponto de
vista da sua aplicabilidade.
Experimentos eletroquímicos empregando eletrodos de pasta
de carbono misturada às quitosanas modificadas com pirocatecol e
girassol também foram realizados. Os resultados estão mostrados nas
Tabelas 3.19 e 3.20. Apenas salientando que os testes voltamétricos
realizados com o eletrodo à base de Qt-P foram realizados no mesmo pH
de adsorção, ou seja, pH 3,0, enquanto que os experimentos realizados
com o eletrodo contendo Qt-G foram realizados em soluções de pH 8,0.
Com exceção do corante vermelho, que não apresentou
resultados muito bons, os demais corantes apresentaram curvas analíticas
satisfatórias nas faixas de concentrações estudadas para os ensaios
envolvendo a quitosana modificada com o pirocatecol.
Tabela 3.19. Valores referentes às curvas analíticas construídas a partir
dos experimentos de voltametria de redissolução anódica do cobre
utilizando eletrodo com Qt-P.
Eletrodo modificado com Qt-P
Corante
N
R
2
dpr Limite inferior
(ppm)
Limite superior
(ppm)
Azul 10 0,9969 4,87x10
-7
0,1 0,9
Rubi 10 0,9877 1,15x10
-6
0,1 1,0
Turquesa 5 0,9823 1,96x10
-6
0,1 0,25
Verde 6 0,9974 1,08x10
-6
0,1 0,35
Vermelho
Violeta 8 0,9999 9,82x10
-8
0,1 0,5
*N = número de pontos da curva analítica.
os resultados envolvendo o eletrodo de Qt-G apresentaram
resultados significativos somente quando utilizou-se os corantes azul, rubi
e violeta, assim mesmo com uma faixa linear com menos pontos que os
anteriores. Os demais corantes não foram satisfatórios na metodologia
III – Resultados e Discussão
José Alberto P. Chaves
84
empregada, talvez pelo fato de que nesse pH o cobre forme um hidróxido
insolúvel no meio (Cu(OH)
2
).
Tabela 3.20. Valores referentes às curvas analíticas construídas a partir
dos experimentos de voltametria de redissolução anódica do cobre
utilizando eletrodo com Qt-G.
Eletrodo modificado com Qt-G
Corante
N
R
2
dpr Limite inferior
(ppm)
Limite superior
(ppm)
Azul 5 0,9990 3,79x10
-7
0,1 0,3
Rubi 5 0,9987 4,06x10
-7
0,1 0,3
Turquesa
Verde
Vermelho
Violeta 5 0,9981 2,63x10
-6
0,1 0,3
*N = número de pontos da curva analítica.
III – Resultados e Discussão
José Alberto P. Chaves
8
4
CAPÍTULO IV
CONCLUSÕES
4. CONCLUSÕES
IV - Conclusões
III – Resultados e Discussão
José Alberto P. Chaves
85
Levando em consideração os resultados obtidos, podemos
relacionar as seguintes conclusões acerca deste trabalho:
As modificações empregadas à quitosana (GD 84 %) tiveram
rendimentos satisfatórios se levarmos em consideração os resultados
referentes às análises de caracterização empregadas (IV, DR-X, análise
elementar e TG). Além disso, de acordo com os resultados obtidos das
análises térmicas, tanto a quitosana quanto as suas formas modificadas
apresentaram uma boa estabilidade térmica até temperaturas próximas
de 200 °C, nas duas atmosferas empregadas.
A quitosana na forma não modificada empregada nos
processos estudados possui boa propriedade adsortiva frente aos seis
corantes (azul Remazol, rubi Dianix, turquesa Remazol, verde Indanthren,
vermelho Remazol e violeta Remazol), especialmente em pH próximos de
6,0. Já a modificação da quitosana permitiu que a faixa de pH de adsorção
desses corantes fosse ampliada, desde valores extremamente ácidos (1 e
2), utilizando a forma modificada com pirocatecol, até pH’s mais alcalinos
(pH 8 e 9), para a modificação com óleo de girassol. Isto possibilitou a
aplicação desse material como adsorvente removedor de impurezas em
uma amostra real de efluente de pH 7,65, apresentando bons resultados
de adsorção propriamente dito e na cinética dessa reação. A isoterma
verificada não apresentou resultados satisfatórios.
As reações de adsorção verificadas para todos os processos
obedecem a cinética de segunda ordem, evidenciando a influência das
concentrações dos corantes e de grupos H
+
(especialmente) nas
respectivas cinéticas reacionais.
Os estudos das isotermas de adsorção levaram à identificação
de possíveis interações de caráter químico (quimiossorção) entre
adsorventes e adsorvatos, caracterizados pela adequação do modelo de
Langmuir a todos os processos investigados. As capacidades máximas
adsortivas (Q
max
) e constante de adsorção (K
ads
) apresentaram valores
bem variados, e esses resultados obtidos estão associados ao pKa, à
III – Resultados e Discussão
José Alberto P. Chaves
86
natureza e estrutura químicas de cada corante, da superfície adsorvente
utilizada e do pH do meio empregado.
Os parâmetros termodinâmicos obtidos de cada adsorção (K
e
,
G°, e S°) permitiram a determinação da espontaneidade das
reações em diferentes temperaturas e os respectivos valores energéticos
de cada processo, bem como identificaram a melhor faixa de temperatura
de adsorção para cada interação corante-material em cada meio pH.
As quitosanas utilizadas (modificadas ou não), após a
adsorção com os corantes, apresentaram bons resultados analíticos como
eletrodos quimicamente modificados em pasta de carbono para a
determinação de cobre em soluções aquosas. Esse fato, do ponto de vista
analítico, é de extrema importância já que houve a possibilidade da
construção de curvas de calibração e, conseqüentemente a quantificação
de cobre em três diferentes pH’s (3,0; 6,0; 8,0), o que permite a
utilização desses materiais em amostras reais.
4.1. Considerações ara Trabalhos Futuros
Para melhor interpretação dos resultados aqui encontrados e
definição do modelo de adsorção, poderão ainda ser realizados:
a) Melhor identificação dos grupamentos ácido-base dos corantes e
atribuições dos pKa’s, bem como dos possíveis tios ativos das
quitosanas modificadas, especialmente através de RMN;
b) Experimentos em meio não aquoso, para se avaliar a participação do
solvente no processo de adsorção (H
+
, solvatação, etc.);
c) Validação da metodologia proposta para detecção e quantificação de
íons Cu
2+
, empregando a técnica de absorção atômica como
metodologia comparativa.
IV - Conclusões
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