Introdução
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A partir dos primeiros estudos (Levin et al, 1976), tem-se como mais provável
que a osteopenia originária do diabetes seja um defeito primário, já presente por
ocasião do diagnóstico (Hui et al, 1985; Krakauer et al, 1995; Vargas et al, 2003) e que
pode não sofrer a influência do tempo de doença (Kayath et al, 1998; Liu et al, 2003).
A patogênese da perda de massa óssea devido ao diabetes é, todavia, pouco
compreendida (Auwerx et al, 1988; Rixe et al, 1999; Cristensen & Swendsen, 1999;
Strotmeyer et al, 2006). Fatores genéticos são responsáveis por 50 a 70% da massa
óssea, tendo Hampson et al (1998) observado em mulheres DM 1 e na pré-
menopausa, associação entre diminuição de massa óssea e o polimorfismo do gene
do colágeno (COL1A1). Outros fatores possíveis são: insulinopenia (Heath et al, 1979;
Hui et al, 1985), deficiência da 1,25 (OH)
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D (Frazer et al, 1981; Hampson et al, 1998;
Nicodemus & Folsom, 2001), diminuição da concentração de magnésio circulante e
nos tecidos (Saggese et al, 1991; Wiske et al, 1982; Nicodemus & Folsom, 2001),
deficiência de IGF-1 (Bouillon et al, 1995; Ingberg et al, 2004).
Com o advendo dos marcadores bioquímicos da remodelação óssea, pode-
se verificar que no início do diabetes há diminuição da formação óssea, que
geralmente determina menor pico de massa óssea (Levin et al, 1976; Gertner et al,
1980; Krakauer et al, 1995; Boillon et al, 1995). Posteriormente, a massa óssea
atingida é menos conservada, por reabsorção óssea aumentada, o que significa a
influência do descontrole metabólico, seja diretamente (Levin et al, 1976; Krakauer et
al, 1995; Tuominen et al, 1999) ou seja por meio das complicações vasculares do
diabetes (Burkhardz et al, 1981; Rixe et al, 1999; Nicodemus & Folsom, 2001;
Strotmeyer et al, 2006)). O osso assim constituído, deficitário e de má qualidade,
associado ao aumento de quedas determina aumento do risco de fraturas ósseas
(Janghorbani et al, 2006).
O fato de que, em geral, não se ter encontrado associação entre o grau de
hiperglicemia e diminuição da massa óssea (Gertner et al, 1981; Wiske et al, 1982; Hui
et al, 1985; Liu et al, 2003) pode decorrer tanto pela avaliação desta por período curto
de observação, como pelo valor de dosagem única da hemoglobina glicada.
Há poucos estudos brasileiros com esta temática. Vargas et al (2003)
avaliaram crianças e adolescentes com DM 1 na cidade de Blumenau – SC. A
população da região sul do Brasil é constituída principalmente por caucasianos,
diferente do resto do país em no qual resulta da miscigenação em graus variados, de
brancos, negros, índios e orientais. Naquele grupo de indivíduos diabéticos, puderam