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UNIVERSIDADA FEDERAL DE SANTA MARIA
CENTRO DAS CIÊNCIAS DA SAÚDE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM
DISTÚRBIOS DA COMUNICAÇÃO HUMANA
A CRIOESTIMULAÇÃO NAS DISFAGIAS
OROFARÍNGEAS PÓS ACIDENTE VASCULAR
ENCEFÁLICO
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO
Patrícia Zart
Santa Maria, RS, Brasil
2008
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A CRIOESTIMULAÇÃO NAS DISFAGIAS OROFARÍNGEAS
PÓS ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO
por
Patrícia Zart
Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado do Programa de Pós-
Graduação em Distúrbios da Comunicação Humana, Área de
Concentração em Motricidade Orofacial, da Universidade Federal de
Santa Maria (UFSM, RS), como requisito parcial para obtenção do grau
de Mestre em Distúrbios da Comunicação Humana
Orientadora: Profa. Dra. Ana Maria Toniolo da Silva
Santa Maria, RS, Brasil
2008
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Universidade Federal de Santa Maria
Centro de Ciências da Saúde
Programa de Pós-Graduação em
Distúrbios da Comunicação Humana
A Comissão Examinadora, abaixo assinada,
aprova a Dissertação de Mestrado
A CRIOESTIMULAÇÃO NAS DISFAGIAS OROFARÍNGEAS PÓS
ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO
elaborada por
Patrícia Zart
Como requisito parcial para obtenção do grau de
Mestre em Distúrbios da Comunicação Humana
COMISSÃO EXAMINADORA:
_________________________________
Dra. Ana Maria Toniolo da Silva (UFSM)
(Presidente/Orientador)
__________________________________
Dra. Simone Augusta Finard (HCPA)
________________________________________
Dra. Ângela Regina Maciel Weinmann (UFSM)
Santa Maria, 11 de julho de 2008
DEDICATÓRIA
Dedico este empenho a quem, mesmo de tão longe e ao mesmo tempo tão
próximo, me cuida e continua a me inspirar: meu PAI, com muito amor.
AGRADECIMENTOS
À minha mãe, pelo amor e carinho, pelas palavras de incentivo e por todo
apoio que sempre me deu, em todas as situações e decisões de minha vida.
Ao meu irmão que tanto amo, exemplo de atitude, por TUDO.
À orientadora deste trabalho, profª. Dra. Ana Maria Toniolo da Silva, pelos
grandes e valiosos ensinamentos durante esta jornada, pelas palavras de incentivo
que me auxiliaram em algumas decisões e pelo carinho, meu eterno
reconhecimento.
Ao meu querido namorado Ricardo, pela paciência nos momentos difíceis,
pelo carinho, pela compreensão da ausência e pelo apoio, tão importantes durante
esta jornada, mas principalmente pela dedicação nos momentos finais deste
trabalho.
Às Fgas Deborah Salle Levy e Patrícia Barcellos Diniz, pelas valiosas
contribuições em torno deste tema.
À Fga Sabrina Scherer, amiga especial, companheira de trabalho e de
conhecimentos, pela importante e indispensável ajuda na realização desta pesquisa
e pela competência.
À Luciane Grazziotin, minha ex-aluna, hoje Fonoaudióloga, pela disposição
em contribuir com esta pesquisa.
Aos pacientes do consultório, que souberam entender minha ausência de
forma tão carinhosa.
Às colegas de mestrado Fgas Sabrina Lash e Simone Moura e a psicóloga
Amanda Schreiner, pelas conversas agradáveis, boas risadas, troca de
experiências e a divisão das angústias, meu agradecimento por terem participado
desta etapa de minha vida.
Às minhas queridas amigas, todas, pelo carinho, amizade e por entenderem
a minha ausência.
Às queridas amigas Carla Viapiana e Caroline Rodegheri de Souza, pela
brilhante contribuição com a língua inglesa.
À Sheila Cadore e Daniele Coronel, por me acolherem tão carinhosamente
em sua casa durante esta jornada.
Ao Engº Fabrício Ferrari pela disposição em ajudar a encontrar a temperatura
certa a ser utilizada, tão imprescindível nesta pesquisa.
Às Profªs Dra Leris e Dra Ângela Regina Maciel Weinmann, pela
disponibilidade em contribuir com seus conhecimentos estatísticos.
Ao técnico em radiologia do Hospital da Cidade de Passo Fundo (HCPF),
Orlando, pela paciência em acompanhar os exames, selecioná-los e passá-los ao
programa.
A todos os sujeitos que aceitaram participar deste estudo, pois sem eles, este
não teria sido possível.
RESUMO
Dissertação de Mestrado
Programa de Pós-Graduação em Distúrbios da Comunicação Humana
Universidade Federal de Santa Maria
A CRIOESTIMULAÇÃO NAS DISFAGIAS OROFARÍNGEAS PÓS ACIDENTE
VASCULAR ENCEFÁLICO
Autora: PATRÍCIA ZART
Orientadora: ANA MARIA TONIOLO DA SILVA
Data e Local da Defesa: Santa Maria, 11 de julho de 2008.
Esta pesquisa teve como objetivos verificar o efeito da crioestimulação na
sensibilidade orofaríngea, na reação de deglutição e escape prematuro de alimentos
em pacientes com disfagia neurogênica após acidente vascular encefálico (AVE).
Para selecionar os pacientes da pesquisa, foram realizados os seguintes
procedimentos: análise do prontuário, anamnese, avaliação fonoaudiológica das
disfagias neurogênicas em leito hospitalar e exame de videofluoroscopia. Ao final da
seleção, participaram deste estudo sete sujeitos adultos de ambos os sexos, sendo
seis homens e uma mulher, com idades variando entre 28 a 64 anos, todos com
diagnóstico de AVE, sem outra patologia de base e tendo como conseqüência
disfagia orofaríngea. Depois dos pacientes selecionados terem passado pelos
procedimentos acima descritos e estarem em conformidade com os critérios de
inclusão e exclusão estabelecidos pela pesquisa, estes foram submetidos à cnica
da crioestimulação. A técnica foi realizada três vezes ao dia, durante quatro dias
seguidos totalizando trinta aplicações diárias para cada estrutura (pilares fauceais,
parede posterior da orofaringe, palato mole e dorso da língua). Após a aplicação da
técnica os pacientes foram reavaliados seguindo os mesmos critérios. Foi realizada
análise descritiva dos dados pré e pós crioestimulação das variáveis da avaliação
clínica e do exame de videofluoroscopia. Os dados referentes às medidas de tempo
dos aspectos de tempo total de deglutição, tempo de trânsito oral até a reação de
deglutição e tempo de trânsito faríngeo, da reação de deglutição até a limpeza
faríngea também foram analisados e comparados, pe pós crioestimulação. Para
comparar os resultados pré e pós crioestimulação e obter fator de significância,
utilizaram-se o teste t-student e o teste Fisher, com significância 5% (p<0,05). Os
resultados mostraram que a crioestimulação foi efetiva na recuperação da
sensibilidade orofaríngea em seis dos sete sujeitos, com significância estatística.
Também se observaram melhoras estatisticamente significativas na reação de
deglutição e no escape prematuro em seis sujeitos. Portanto, os sujeitos
apresentaram melhora nos aspectos propostos pelos objetivos deste estudo após a
crioestimulação, resultados estes visualizados tanto na avaliação fonoaudiológica
como na avaliação videofluoroscópica.
Palavras-chave: Disfagia, sensibilidade orofaríngea, crioestimulação
ABSTRACT
Master’s Degree Dissertation
Post-Graduation Program of Human Communication Disorders
Federal University of Santa Maria
CRYOSTIMULATION IN THE OROPHARYNGEAL DYSPHAGIA AFTER STROKE
Author: PATRÍCIA ZART
Tutor: ANA MARIA TONIOLO DA SILVA
Date and defense location: Santa Maria, July 11th 2008.
The purpose of this study was to check the effect of cryostimulation in the
oropharyngeal sensitivity and afterward in the swallowing reaction and premature
escape of food in patients with neurogenic dysphagia after stroke.To select the
patients of this research, the following procedures were made: record analysis,
interview with the patient and family, speech evaluation of the neurogenic dysphagia
in hospital beds and videofluoroscopy test. At the end of the selection, seven adults
subjects of both sex were envolved in this study, six men and one woman, with age
ranging from 28 to 64, all of them with stroke, without other pathology of base and
with oropharyngeal dysphagia. After the selected patients had been passed by the
procedures above described and been in accordance with the criteria of inclusion
and exlcusion estabilished by the research, they were submitted to the
cryostimulation technique. The technique was made three times a day, during four
days in a row, an overall of thirty daily applications for each structure ( anterior
faucial pillar, posterior oropharyngeal wall, soft palate and back tongue). Next the
technique application, the patients were evaluated again following the same criteria.
There was a described analysis of data before and after cryostimulation of the clinic
evaluation ranges and of the videofluoroscopy test. The data referring to time
measurements of total swallowing time, oral transit time up to the swallowing
reaction and pharynx transit time of swallowing reaction up to the pharinx cleaning
were also analized and were compared, before and after cryostimulation. To
compare the results of before and after cryostimulation and obtain significant factor,
the test t-student was used and the Fisher test, with significance 5% (p<0,05). The
results showed that the cryostimulation was effective in the oropharinx sensitivity
recuperation in six of the seven subjects, with statistic significance. Also there were
significant improvements, statistically speaking, in the improvement of swallowing
reaction and in the premature escape in six subjects. Therefore, the subjects
showed an improvement in the aspects proposed by the objectives of this study after
the cryostimulation, and these results can be seen as in the speech evaluation as in
the videofluoroscopy test.
Key-words; Dysphagia, oropharyngeal sensitivity, cryostimulation
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
FIGURA 1 - Equipamento utilizado para medir temperatura do instrumento e
da cavidade oral................................................................................................
54
FIGURA 2 - Espelho laríngeo mergulhado em gelo.........................................
54
FIGURA 3 - Espelho laríngeo tocando arco palatoglosso (pilar anterior das
fauces)..............................................................................................................
55
LISTA DE TABELAS
TABELA 1 - Distribuição dos 29 sujeitos quanto ao resultado da avaliação
fonoaudiológica das disfagias orofaríngeas, divididos em deglutição normal e
presença de disfagia.........................................................................................
48
TABELA 2 - Distribuição dos 23 sujeitos quanto ao resultado da avaliação
fonoaudiológica de presença ou ausência de sensibilidade orofaríngea.........
48
TABELA 3 - Distribuição dos 19 sujeitos quanto ao resultado do exame de
videofluoroscopia de presença ou ausência de escape prematuro de alimento
(EP)....................................................................................................................
48
TABELA 4 - Caracterização dos sete sujeitos com AVE quanto ao: sexo, idade,
patologia de base, hemisfério comprometido, linguagem expressiva e
compreensiva, presença de pneumonia, via de alimentação e consistência
alimentar...............................................................................................................
58
TABELA 5 - Resultado da avaliação fonoaudiológica indireta dos sete sujeitos,
pré e pós crioestimulação quanto ao aspecto da sensibilidade orofaríngea........
TABELA 6 Resultado dos aspectos da avaliação fonoaudiológica direta dos
sete sujeitos, pré e pós crioestimulação nas consistências líquida e pastosa........
60
61
TABELA 7 - Resultados da avaliação Videofluoroscópica da fase oral da
deglutição, pré e pós crioestimulação nas consistências quida e
pastosa.................................................................................................................
TABELA 8 Resultado da avaliação Videofluoroscópica da fase faríngea da
deglutição pré e s crioestimulação nas consistências líquida e
pastosa..................................................................................................................
64
65
TABELA 9 - Distribuição das médias e desvio padrão dos dados referentes à
medida de tempo pré e pós crioestimulação com líquido e
pastoso...................................................................................................................
67
LISTA DE ABREVIATURAS
AVE – Acidente Vascular Encefálico
VO – Via Oral
SO – Sensibilidade Orofaríngea
AVL Alteração do Vedamento Labial
EOA – Escape oral anterior
TTOA – Tempo de trânsito oral aumentado
RDA – Reação de deglutição atrasada
REL – Redução na elevação da laringe
MD – Múltiplas deglutições
RN – Refluxo Nasal
AAC – Alteração na ausculta cervical
VM – Voz molhada
T/E – Tosse ou engasgo
SSPL – Sinais sugestivos de penetração laríngea
SSAT – Sinais sugestivos de aspiração traqueal
TO – Trânsito oral
RCO – Resíduos em cavidade oral
TF – Trânsito faríngeo
EP – Escape prematuro
RD – Reação de deglutição
EL – Elevação da laringe
E – Estase
PL – Penetração laríngea
AT – Aspiração traqueal
TTD – Tempo total de deglutição
TTO-RD – Tempo de trânsito oral até a reação de deglutição
TTF-LF Tempo de trânsito faríngeo, desde a reação de deglutição até a limpeza
faríngea
HCPF – Hospital da Cidade de Passo Fundo
LISTA DE ANEXOS E APÊNDICES
ANEXOS E APÊNDICES...............................................................................
APÊNDICE A – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.....................
87
88
APÊNDICE B Termo de Autorização do Hospital da Cidade de Passo
Fundo (HCPF)................................................................................................
91
ANEXO A – Anamnese de Disfagia Neurogênica..........................................
93
ANEXO B – Avaliação Funcional da Deglutição............................................ 96
ANEXO C – Avaliação Videofluoroscópica.................................................... 98
ANEXO D – Média das deglutições divididas em TTD, TTO-RD e TTF - LF
de cada um dos sete sujeitos, pré e pós crioestimualção com líquido e
pastoso...........................................................................................................
99
ANEXO E Imagens videofluoroscópicas da deglutição, registrando
escape prematuro e reação de deglutição atrasada, p e s
crioestimulação, com líquido e pastoso.........................................................
ANEXO F – Análise Termodinâmica..............................................................
101
110
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO............................................................................................ 13
2 REVISÃO DE LITERATURA.......................................................................
16
2.1 Deglutição normal..................................................................................
16
2.2 A Sensibilidade orofaríngea.................................................................. 20
2.3 Disfagia orofaríngea............................................................................... 25
2.3.1 Disfagia orofaríngea neurogêncica no AVE.......................................... 27
2.4 O Processo de Avaliação...................................................................... 33
2.5 A Crioestimulação................................................................................. 39
3 MATERIAL E MÉTODO............................................................................. 46
3.1 Caracterização da pesquisa.................................................................. 46
3.2 Aspectos éticos...................................................................................... 46
3.3 Caracterização da amostra e critérios de seleção.............................. 47
3.4 Procedimentos de avaliação.................................................................
49
3.5 A Crioestimulação.................................................................................. 53
3.6 Análise dos dados e Método estatístico.............................................. 55
4 RESULTADOS............................................................................................ 57
Anamnese......................................................................................................
58
Avaliação Fonoaudiológica Indireta........................................................... 60
Avaliação Fonoaudiológica Direta.............................................................. 61
Avaliação Videofluoroscópica da Fase Oral.............................................. 64
Avaliação Videofluoroscópica da Fase Faríngea......................................
Média dos Tempos de Deglutição...............................................................
65
67
5 DISCUSSÃO............................................................................................... 68
6 CONCLUSÃO............................................................................................. 77
REFERÊNCIAS.............................................................................................. 78
ANEXOS E APÊNDICES............................................................................... 87
1 INTRODUÇÃO
Durante o dia, engolimos diversas vezes, sem precisarmos pensar em como
fazê-lo quando estamos nos alimentando. Engasgamos ou tossimos algumas vezes
enquanto comemos, mas esses episódios não chegam a nos preocupar ou
comprometer a nossa saúde (ALVES, 2003). Tendo como propósito principal
transportar alimento da boca ao estômago de forma segura, o ato de deglutir torna-
se crucial para a sobrevivência. Entretanto, para algumas pessoas, ele não acontece
de modo tão simples e automático.
A dificuldade para engolir, denominada disfagia, pode ser entendida como um
distúrbio que dificulta ou impossibilita a ingestão segura, eficiente e confortável de
qualquer consistência de alimento e/ou saliva. Comprometendo uma ou mais fases
da deglutição, pode ocasionar complicações diversas como desnutrição,
desidratação, emagrecimento e outras mais graves como a pneumonia aspirativa e a
morte (PERALTA et al, 2000).
A disfagia, no entanto, não é uma doença, mas um sintoma de uma patologia
de base, resultante de causa mecânica, psicogênica, decorrente da idade,
iatrogênica ou neurogênica (SANTINI, 1999).
Entre as patologias que levam a disfagia, o acidente vascular encefálico
(AVE) tem sido considerado o que mais freqüentemente causa a disfagia
orofaríngea, pois mais da metade destes apresentam esta alteração na deglutição
(SCHELP et al, 2004), sendo que a faixa etária destes pacientes encontra-se acima
de 50 anos (CAMACHO-LOBATO, 2001).
A sobrevida cada vez maior dos pacientes com AVE, tem sido influenciada
pela capacidade de se fazer um diagnóstico precoce de eventuais distúrbios de
deglutição nesta população, evitando-se assim, as complicações secundárias, como
as pneumonias aspirativas.
Para o auxílio de um diagnóstico mais preciso dos distúrbios de deglutição
surgiu a videofluoroscopia, exame radiológico contrastado, importante para verificar
a dinâmica da deglutição. Este exame complementa a avaliação clínica e propicia
uma avaliação mais completa e fidedigna dos mecanismos da deglutição.
14
Dentre os achados clínicos da avaliação da disfagia neurogênica pós AVE, a
redução da sensibilidade orofaríngea levando ao atraso no disparo da deglutição
assim como alterações motoras e sensitivas da laringe o aspectos comuns,
acometendo uma porcentagem importante de pacientes (VEIS & LOGEMANN,
1985).
A sensibilidade da região orofaríngea é um aspecto de extrema importância
no processo de deglutição e a falta dela pode resultar em algumas conseqüências
importantes. O paciente com hipossensibilidade vai apresentar atraso no trânsito
oral, atraso no disparo do reflexo de deglutição e diminuição do reflexo de tosse
podendo levar a uma alta incidência de escape prematuro do alimento para a faringe
com probabilidade de penetração laríngea e/ou aspiração traqueal (FURKIM, 1999).
Com isso, a chance deste paciente desenvolver pneumonia é alta, o que
conseqüentemente pode levar ao óbito (PERALTA et al, 2000).
As técnicas terapêuticas têm papel importante no processo de reabilitação do
paciente disfágico, muitas delas são utilizadas concomitantemente sem muitas vezes
sabermos qual seria a mais efetiva.
A eficácia da reabilitação em disfagia orofaríngea tem sido estudada desde a
década de 70, alcançando seu ápice nas décadas de 80 e 90. Mas ainda são poucos
os estudos, que relatam a eficácia da reabilitação em disfagia orofaríngea. No Brasil,
especificamente, as pesquisas nesta área têm valorizado os procedimentos de
avaliação, sendo poucos os trabalhos que tratam da reabilitação (SILVA, 2007).
Alguns trabalhos apontam a estimulação direta tátil das paredes da faringe
como mecanismo extremamente importante para melhorar a sensibilidade e a
própria mobilidade da região (MILLER & GROHER, 1992), levando com isto a
melhora da reação de deglutição.
Entre as estimulações, a crioestimulação, resfriamento ou diminuição da
temperatura dos tecidos com finalidade terapêutica, tem se mostrado eficaz no
trabalho de regular a sensibilidade de áreas afetadas, principalmente por lesões
neurológicas (RODRIGUEZ & GUIMARÃES, 1988).
Em função da escassez de estudos publicados sobre a efetividade de
utilização de técnicas na rotina fonoaudiológica, que propiciem um aprofundamento
dos conhecimentos que orientem sua aplicação e na obtenção de resultados mais
fidedignos no processo de utilização das mesmas, é que resolvemos realizar esta
pesquisa cujos objetivos foram:
15
- verificar o efeito da crioestimulação na sensibilidade da região orofaríngea;
- verificar o efeito da crioestimulação na reação de deglutição e escape
prematuro de alimentos em sujeitos com disfagia neurogênica após AVE.
O presente trabalho foi organizado em capítulos, sendo o primeiro capítulo
esta Introdução, a qual aborda a temática do trabalho e seus objetivos.
No segundo capítulo a Revisão Bibliográfica que faz um levantamento
sobre o tema sendo subdividida em tópicos sobre: a deglutição normal, sensibilidade
orofaríngea, disfagia orofaríngea, disfagia neurogênica no acidente vascular
encefálico, avaliação clínica fonoaudiológica em leito hospitalar, exame de
videofluoroscopia e a crioestimulação.
No terceiro capítulo é realizada a descrição dos todos e Técnicas
utilizados, especificando a caracterização da pesquisa, os aspectos éticos,
caracterização da amostra e critérios de seleção, procedimentos de avaliação,
aplicação da crioestimulação, análise dos dados e método estatístico.
O quarto e quinto capítulo, respectivamente, apresentam os resultados e a
discussão dos mesmos. Com o capítulo seis, se apresentam as Conclusões desta
pesquisa.
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Deglutição Normal
A deglutição é um processo fisiológico, altamente integrado e coordenado
cuja função é transportar alimento e/ou saliva da cavidade oral para o estômago com
segurança, não permitindo a entrada de nenhuma substância na via aérea
(MARCHESAN, 1999).
Aparentemente simples e automática, mas tão importante para manutenção
de nossas vidas, a deglutição é na verdade um mecanismo neuromotor muito
complexo que somente quando ocorre alguma dificuldade em realizá-la é que se
percebe sua complexidade e importância (MACEDO F°, 2003).
Para que ocorra este complexo mecanismo neuromotor da deglutição, é
necessário que haja o envolvimento de uma intrínseca conexão entre córtex frontal,
tronco cerebral, formação reticular, centro integrado medular, aferências
orofaríngeas e ativação de músculos periféricos comandada por vários nervos
cranianos (JOHNSON et al, 1992). Assim a passagem do bolo sem ser aspirado é o
resultado da interação entre os diversos sculos e nervos que participam deste
processo (MARCHESAN, 1999).
O processo de deglutição divide-se em fases, altamente coordenadas, onde
cada uma necessita da outra para o sucesso final, mas sendo necessária uma
coordenação precisa principalmente entre as fases oral e faríngea de forma que o
alimento o seja aspirado para a traquéia. As fases da deglutição dividem-se em:
fase oral preparatória, fase oral transportadora, fase faríngea ou orofaríngea e a
esofágica (LOGEMANN, 1983).
A Fase oral preparatória envolve a mastigação do bolo e sua mistura com a
saliva, onde ele é preparado, definido, modelado e posicionado na língua, pronto
para a deglutição.
A mastigação, importante função do sistema estomatognático, constitui a fase
inicial do processo digestivo. Sendo um processo complexo e dinâmico, necessita de
17
aferências nervosas que controlem sincronicamente a musculatura mastigatória,
facial e lingual (JUNQUEIRA, 2003).
Durante as funções motoras da mastigação, o ramo mandibular do V e do VII
par craniano tem importante papel, enquanto que o XII auxilia em toda
movimentação lingual e o IX participa nas estruturas velo faríngeas (LOGEMANN,
1988).
Durante esta fase preparatória, o palato mole encontra-se em uma posição
mais baixa, ajudando assim a prevenir que o bolo se direcione para a faringe antes
mesmo de a deglutição ser disparada (TACHIMURA et al, 2006).
Na fase oral transportadora, também chamada de fase oral propriamente
dita, considerada voluntária e consciente, o bolo é percebido a partir de um conjunto
de informações aferentes quanto ao volume, consistência, sabor e temperatura. Ao
ser posicionado sobre o dorso da língua, inicia-se um ajuste tônico da musculatura
da cavidade oral onde o dorso da língua se junta ao palato mole para separarem a
cavidade oral da faringe. Em seguida, ocorre a ejeção oral, que é o resultado do
aumento da pressão gerada na cavidade oral, que progride de anterior para posterior
(COSTA, 1998b). Juntamente com o aumento da pressão oral, o palato mole, neste
momento, tensiona-se e eleva-se, evitando que o alimento para a nasofaringe,
abrindo a comunicação com a orofaringe e desencadeando a fase faríngea da
deglutição (TACHIMURA et al, 2006).
A passagem do bolo da orofaringe a hipofaringe, ou da fase oral a fase
faríngea foi referida por Kim & McCullough (2007) em seus estudos como “estágio
de transição”. Os mesmos autores definiram radiograficamente, o final da fase oral
como o tempo quando qualquer elemento passa pelo ramo da mandíbula, ponto este
que se relaciona anatomicamente com os pilares anteriores das fauces.
Robbins et al (1992) também se referem ao tempo de duração entre a
chegada do bolo na margem posterior do ramo da mandíbula e início da máxima
elevação do hióide como “estágio de transição”.
Na fase faríngea, involuntária e subconsciente, a faringe configura-se de
forma diferente, passando de via aérea para via digestiva.
Rocha (1998), Macedo F. º (1998) e Furkim, Gomes e Macedo F.º(2000)
apontam que a etapa faríngea começa pelo acionamento do reflexo da deglutição
(de responsabilidade da formação reticular).
18
O transporte do bolo para orofaringe decorre da força propulsora da língua,
que é transferida para os músculos constritores superiores da faringe, e destes para
os constritores inferiores, numa velocidade de aproximadamente 15cm/s, limpando
praticamente todos os resíduos.
O final da fase oral e início da fase faríngea deve ser considerado um
momento importante merecendo atenção: é quando o bolo ou a língua tocam o pilar
anterior das fauces e deflagram o reflexo de deglutição. O sinal aferente para iniciar
o ato de deglutir resulta da mistura de informações sensoriais periféricas,
provenientes de vias aferentes da orofaringe e do controle superimposto dos centros
neurais da deglutição (MACEDO F°, 2003).
Marchesan (1995) observa que o reflexo de deglutição se desencadeia
quando o bolo alimentar ou outro estímulo toca os pilares anteriores e o palato mole,
ao ser comprimido pela posteriorização voluntária da língua. A identificação do
estímulo e a localização do bolo alimentar na cavidade oral realizam-se pelo IX par
craniano (nervo glossofaríngeo). O reflexo palatal desencadeia-se pelo contato do
bolo alimentar ou estímulo na porção anterior do palato mole, que, como resposta,
tem-se a elevação e retração do mesmo. Esta ação também é realizada pelo IX par
craniano (nervo glossofaríngeo).
Este conjunto de ações, juntamente com a contração dos constritores da
faringe para iniciar os movimentos peristálticos ajuda a deflagrar a reação de
deglutição, que para Logemann (1983) também é acionada na área do pilar faucial
na base do arco, dando início à fase faríngea da deglutição.
Com a ejeção do bolo, que ocorre no momento em que o alimento passa pelo
ramo da mandíbula, dá-se início à excursão anterior máxima do hióide (KIM &
McCULLOUGH, 2007). Neste momento também ocorre o fechamento velopalatino,
prevenindo a regurgitação do alimento para a nasofaringe, o que também possibilita
o desenvolvimento da pressão positiva do ar em torno da faringe para conduzir a
massa alimentar ao longo do processo de deglutição (TACHIMURA et al, 2006).
Na orofaringe existem muitos sensores que podem desencadear a fase
faríngea da deglutição. Simples toques ou pressões, mesmo que suaves são
capazes de desencadear a deglutição (MILLER, 1986).
Acionando a fase faríngea, muitos eventos irão ocorrer: o osso hióide sendo
tracionado para cima pelo movimento de posteriorização da língua, que por sua vez,
eleva e anterioriza a laringe, possibilitando a abertura da transição faringoesofágica
19
e permitindo assim a entrada do bolo no esôfago. Toda esta dinâmica, associada a
uma baixa resistência na via digestiva, gera um diferencial pressórico que determina
a condução eficiente do bolo para o esôfago, desviando-o das vias aéreas, que se
encontram pressurizadas. Essa pressurização se pela adução das pregas vocais
e vestibulares, pelo deslocamento da epiglote sobre o adito laríngeo e pela apnéia
protetora (KIM & McCULLOUGH, 2007).
Neste complexo sistema, a laringe tem uma importante função protegendo a
via aérea. Eleva-se concomitantemente com o levantamento do hióide, enquanto
que a epiglote baixa tocando seu adito. Neste momento também ocorre a adução
das pregas vocais e aproximação vertical das aritenóides em direção da epiglote
(GROHER, 1997).
Durante a ação dos sculos supra-hióideos, que elevam e anteriorizam o
hióde, ocorre o fechamento das pregas vocais no plano da glote e posterior
fechamento das bandas vestibulares, o que se segue pela passiva abertura do
esfíncter superior esofágico, que dura menos de 1 segundo. A modulação do tempo
de fechamento glótico depende da forma de deglutição, se é seca ou volumes
variados, demandando sempre um tempo maior quando o bolo é maior (SHAKER et
al, 1994).
O tempo de trânsito faríngeo em indivíduos normais pode levar menos de 1
segundo para se completar (BLEANCH, 1993).
Em pesquisa sobre a influência de o volume alimentar sobre o tempo de
passagem faríngea, pesquisadores observaram que o tempo da fase faríngea pode
durar até 1 segundo, mas volume e textura modificam este tempo, sendo que quanto
maior o volume, menor o tempo, pois o peso do alimento facilita seu transporte
(TACHIMURA et al, 2006).
Estudos sobre relação entre duração prolongada do estágio de transição e
aspiração, consideraram que quanto maior o tempo do estágio de transição, maior o
atraso na excursão do hióide, deixando o canal desprotegido por mais tempo,
ocorrendo assim risco para aspiração (KIM & McCULLOUGH, 2007).
Durante a deglutição, todos os eventos descritos acima têm ação de grupos
de nervos cranianos, influenciando os movimentos, sendo eles: V,VII,IX,X,XII par
craniano (MARCHESAN, 2003).
20
Na fase esofágica, involuntária e inconsciente, o bolo é transferido do
esôfago para o estômago através de movimentos peristálticos reflexos e pelo
relaxamento do esfíncter esofágico superior.
Existe uma complexidade no processo de deglutição, onde as estruturas
envolvidas interagem de forma harmoniosa e coordenada. Todo este movimento
sincronizado ocorre para prevenir e evitar que o bolo caia na faringe antes da
deglutição ser produzida (MARCHESAN, 1999).
Conhecer as estruturas envolvidas, a maneira como funcionam e seu controle
neurológico, tornam-se fundamental para que se possa identificar e explicar as
diversas manifestações de uma alteração neste processo como a disfagia (ALVES,
2003).
2.2 A sensibilidade orofaríngea
A sensibilidade é a função pela qual o organismo recebe informações
indispensáveis à conservação do indivíduo e da espécie. Ela baseia-se na ativação
de terminações nervosas, ou receptores que são órgãos sensoriais especializados,
com função de transformar o estímulo mecânico, térmico, químico ou elétrico em
mensagens aferentes (FILHO, 2001).
Segundo Dassen e Fustinoni (1955 apud Filho, 2001), a sensibilidade
constitui uma das grandes funções do Sistema Nervoso, pois por meio dela, o
organismo adquire o conhecimento das modificações do meio que o cerca, sua
própria atividade e dos fatores nocivos, que possam prejudicá-lo. Portanto, o
estímulo impressiona o órgão receptor determinando o fenômeno consciente ou
sentido.
Existem diferentes tipos de sensibilidade, e entre estas, a sensibilidade da
pele ou superficial consciente que compreende a sensibilidade tátil, térmica e
dolorosa. A ação do estímulo sobre a pele excitada de um receptor ou órgão
sensorial origina as sensações (LOW & REED, 2001)
A sensação representa um importante componente de deglutição, vindo da
ação de três nervos cranianos, que impulsionam os músculos do trato da deglutição,
sendo eles o nervo trigêmio, o glossofaríngeo e o nervo vago. O mais potente e
21
impulsionador é o nervo laríngeo superior, único ligado diretamente à estimulação do
núcleo do trato solitário, o que sugere então que este sistema seja o mais importante
contribuinte aferente relacionado ao que foi ingerido. Autores sugerem que a perda
da sensibilidade de áreas inervadas por este nervo, provoca uma redução na
habilidade de deglutição, mas não a anula. (MILLER, 1972; ALI et al, 1994).
Na orofaringe existem vários sensores capazes de desencadear a deglutição,
pelo contato leve ou pequenas pressões em palato mole, úvula, dorso de língua,
superfície faríngea, pilares, seios piriformes (LOGEMANN, 1983).
A orofaringe é a parte posterior da cavidade oral, estendendo-se dos pilares
anteriores (arco palatoglosso) até a parede da faringe. Neste espaço, encontra-se a
tonsila palatina, que repousa entre os pilares anteriores e posteriores, a valécula, as
paredes laterais e posteriores da orofaringe, formadas pela parte mediana e inferior
dos músculos constritores da faringe e parte do osso hióide, que está contido na
parede lateral da faringe (MARCHESAN, 1999).
Os pilares anteriores são considerados uma área de importante estimulação
dos receptores faríngeos. O input aferente dos receptores sensoriais orofaríngeos é
considerado importante pela iniciação da deglutição, mas também pela regulação
das relações temporais entre os eventos da deglutição (ALI et al, 1996). É inervado
pelo glossofaríngeo, o que apresenta resposta ao estímulo mais alto para evocar a
deglutição, segundo pesquisa realizada com animais.
A sensação das regiões oral, faríngea e da laringe inclui uma larga variedade
de modalidades: vibração, sensibilidade (química e térmica) e propriocepção
(HAMDY et al 2003). A cavidade oral possui fibras sensitivas que respondem
somente à temperatura, fibras que respondem tanto ao toque/pressão e aquelas que
respondem ao toque ou pressão isoladamente (ROSENBEK et al, 1996). Como a
região intra-oral apresenta um grande número de termorreceptores para o frio, a
sensação tende a permanecer por mais tempo (RODRIGUEZ & GUIMARÃES,
1988).
Na fase oral o controle sensorial é determinado por receptores de tato e de
pressão que determinam a forma, a textura e as qualidades do estímulo oral. A
entrada sensorial é alimentada pelo trigêmio – V, e o paladar é estimulado pelo facial
– VII e glossofaríngeo – IX. Para Rocha (1998) e Furkim, Gomes e Macedo Fº (2000)
as sensações gerais visam a localização do bolo alimentar, textura e temperatura do
mesmo na língua, pela inervação dos pares cranianos V (nervo trigêmio, que
22
controla os e terços anteriores da língua) e IX (nervo glossofaríngeo, que
controla o terço posterior da língua). Este par craniano também é o responsável pela
sensação geral da cavidade oral nas tonsilas, palato mole e faringe.
o controle sensorial da fase faríngea da deglutição é realizado pelos pares
V, IX e X. A maior parte da entrada sensorial da faringe e laringe que elicia a
deglutição é transmitida pelos nervos glossofaríngeo (IX) e vago (X). as
sensações iniciadas na parte posterior da língua, na úvula e no palato mole são
captadas pelo IX par craniano (MARCHESAN, 1999).
A deglutição é uma complexa atividade sensorial e motora que depende da
interação hierárquica entre o córtex cerebral, centro neurológico da deglutição e
nervos cranianos (V,IX,X E XII) (DODDS,1989). Este processo tem componentes
volitivos e reflexivos, refletindo caminhos centrais em centros de deglutição no córtex
e cérebro, mas apresenta alta dependência no feedback sensorial (ERTKEIN et al,
2001). Sendo assim, a entrada sensorial tem papel crítico na modulação normal da
deglutição volitiva.
Entre os processos reflexivos, o reflexo de vômito merece atenção,
considerado um mecanismo de defesa numa região altamente sensível, é um reflexo
protetor que integra as informações táteis da orofaringe com sua resposta motora
(COSTA, 1998a).
Presente no adulto normal, o reflexo de vômito se mantém ativo durante toda
a vida. Eliciado em região mais posterior da cavidade oral, a partir dos sete meses
de vida é acionado por estímulo na faringe posterior ou base da língua, sob o
controle do tronco cerebral, sendo sua resposta marcada pela contração repentina e
forte do palato mole e dos constritores faringeais ou pela extensão da musculatura
da faringe, laringe e língua (HERNANDEZ,1996).
Sua ausência tem sido considerada como um indicador de diminuição da
proteção das vias aéreas, com risco aumentado de aspiração (MOULTON,
PENNYCOOK & MAKOWER, 1991). De modo oposto, o reflexo de vômito presente
ou exacerbado pode envolver a proteção das vias aéreas, pois o influxo oral é
contínuo, podendo levar à asfixia (DUBNER, SESSLE &STACEY, 1978).
Tanto deglutição como vômito, são coordenados por centros localizados na
formação reticular bulbar, pelo que ambos os processos estão intimamente
relacionados, o que necessita coordenação inibidora do fenômeno antagônico visto
23
que a deglutição requer inibição do vômito e vice-versa. Isso ocorre graças às
conexões reticulares bulbares (DOUGLAS, 2002).
Pacientes com patologias neurológicas, principalmente AVE tendem a
apresentar redução ou ausência do reflexo de vômito.
Um estudo realizado com sujeitos que apresentavam dificuldades
neurológicas, encontrou ausência do reflexo de vômito em 12 dos 15 sujeitos e
penetração laríngea em 11 sujeitos. A aspiração foi considerada silente e sem tosse
em 9 casos, mostrando uma relação evidente entre ausência do reflexo de vômito e
penetração laríngea (LINDEN & SIEBENS, 1983).
Horner, Massey & Brazer (1989) realizaram uma pesquisa com setenta
pacientes que apresentaram AVE bilateral com sinais de aspiração. Observaram que
destes, 49% apresentaram associado, ausência do reflexo de vômito, tosse anormal
e dificuldade no fechamento glótico.
O reflexo de vômito é considerado muito variado, pois assim como se torna
ausente em sujeitos com déficits neurológicos, também pode estar ausente em
sujeitos normais, sem alterar a habilidade de deglutir (KULIG, RUMACK & ROSEN,
1982).
Bleanch (1993) pesquisou a relação entre reflexo de vômito e aspiração
traqueal em 120 sujeitos portadores de patologias neurológicas, como desordem do
neurônio motor (21), doença de Parkinson (13), AVE (46) e lesões de cabeça (40). A
média de idade do grupo aproximou-se de 63.8 anos, sendo a média dos sujeitos
com AVE maior, 69.5 anos. Todos apresentavam os sintomas de disfagia numa
média de tempo de 8 a 24.7 meses. 66% dos sujeitos apresentaram o reflexo de
vômito e 21% não apresentaram. Destes sujeitos, 48% aspiraram e 16%
apresentaram penetração supra-glótica. Apesar do reflexo de vômito envolver um
impulso sensorial do IX nervo craniano, o mesmo impulso sensorial para prever a
deglutição normal, nesta pesquisa o autor não constatou nenhuma relação entre
reflexo de vômito, aspiração e penetração supra-glótica, de um modo geral, e
questiona a validade de avaliar sua presença.
No mesmo estudo, pode-se observar que o maior grupo diagnosticado foi com
AVE, 46 sujeitos, sendo que destes, 38 mostraram, ao exame videofluoroscópico
uma combinação de distúrbios da fase faríngea, na qual atrasos no reflexo de
deglutição e movimentos peristálticos faríngeos eram os mais comuns. 52% destes
sujeitos apresentaram o reflexo de vômito contra 41% que não apresentaram. O
24
grupo com AVE foi considerado com maior porcentagem de ausência deste reflexo.
Observaram ainda que dos sujeitos com AVE, 50% aspiraram e 13% apresentaram
penetração supra-glótica. O autor coloca que ausência do reflexo de vômito parece
ser maior na população com AVC.
O reflexo de vômito é considerado protetor da orofaringe auxiliando para que
material não invada a faringe, laringe ou traquea. Mas ele não é eliciado durante a
deglutição (LEDER, 1996). O autor realizou um estudo com o objetivo de investigar a
ausência do reflexo de vômito como preditor de disfagia. Participaram 14 sujeitos
com disfágicos com risco para aspiração, segundo avaliação clínica. Destes, 12
(86%) não apresentaram o reflexo de vômito, dado este considerado importante.
Também participaram 69 sujeitos normais, sem disfagia, e destes, 9 (13%)
apresentaram ausência do reflexo de vômito, mostrando que este reflexo também
pode encontrar-se ausente na população normal. O autor concluiu que, embora o
reflexo de vômito esteja ausente na população de disfágicos de forma significativa,
sua ausência não deva ser considerada como preditor da disfagia
Apesar de tudo, estudos fisiológicos em humanos normais e animais
demonstram que interação sensorial de entradas centrais e periféricas de forma
diferente afeta a deglutição (SCIORTINO et al, 2003).
Quando ocorre uma lesão a nível central, afetando a deglutição, este
mecanismo tão sincronizado se desestrutura e a sensibilidade da região orofaríngea,
tão importante para coordenar a deglutição e prevenir a aspiração pode ficar
prejudicada (PARISE Jr et al, 2004).
Alteração da sensibilidade periférica, devido à alteração no processamento
neural, na transmissão aferente (alteração dos pares IX e/ou X), pode gerar escape
prematuro de alimento para hipofaringe ou laringe, resultado do atraso no disparo do
reflexo da deglutição. Este período de aumento da latência da deflagração da reação
de deglutição pode ter como conseqüência o aumento do trânsito faríngeo (KIDDER,
1995).
Para Rodriguez & Guimarães (1988) a recuperação sensório-motora é parte
primordial na recuperação funcional do paciente. A reabilitação sensorial deve ser
iniciada tão logo ocorra a lesão.
Sendo assim, durante a avaliação a sensibilidade orofaríngea também deve
ser considerada, visto que a reação de deglutição pode ser induzida por estimulação
25
dos receptores orofaríngeos ou seus nervos aferentes (MANSON & SANDBERG,
1974).
A estimulação elétrica do nervo laríngeo interno também desperta a reação de
deglutição, pois o sistema nervoso central responde ao estímulo motor e as fibras
motoras sensoriais descarregam impulsos providenciando uma resposta seqüencial
motora para iniciar a deglutição (MILLER, 1972).
A sensibilidade e mobilidade dependem dos nervos responsáveis pelas
informações qualitativas e quantitativas a respeito do alimento ingerido. Essas
informações são as bases para a resposta motora proporcional e adequada. Com
seu comprometimento, a fase de qualificação e preparo da deglutição não se
processa de maneira adequada, resultando em escape e/ou ejeção ineficiente, o que
resulta também em alterações da fase faríngea (COSTA, 1998a; XEREZ,
CARVALHO & COSTA, 2004).
2.3 Disfagia Orofaríngea
Disfagia pode ser entendida como uma dificuldade na passagem do material
deglutido da boca para o esôfago, sendo conseqüente de alterações nas fases oral,
faríngea e/ou esofágica da deglutição (GROHER, 1997). Pode ser entendida
também como perda do prazer em se alimentar ou da manutenção da nutrição e
hidratação (DANTAS, 2003).
Sendo uma dificuldade no processo de deglutir, muitos autores não a
classificam como uma doença, mas como sintoma, podendo ser congênita ou
adquirida, permanente ou transitória, resultante de causas diversas como
psicogênica (Bazemore et al, 1991), neurogênica, mecânica, iatrogênica (Buchholz,
1994) ou decorrente da idade (STEENHAGEN & MOTTA, 2006).
Furkim & Silva (1999), Santini (1999), Groher (1997), Dantas (1998), Martinez
& Furkim (1998) e Alves (2003) classificaram a disfagia em três tipos, estes
relacionados às fases independentes e coordenadas da deglutição, ou seja: a
disfagia oral, caracterizada pela dificuldade nas etapas preparatória oral e oral
propriamente dita da deglutição e onde se observa dificuldade de retirar o alimento
26
do utensílio utilizado; falta de vedamento labial; mobilidade da língua ineficiente à
preparação do bolo alimentar, evidenciada pela incoordenação dos movimentos de
língua; incompetência velo faríngea; alteração da sensibilidade oral, ocasionando a
dificuldade na localização do bolo alimentar na cavidade oral e na precisão dos
movimentos; a presença de reflexos orais exacerbados.
O segundo tipo de disfagia é a faríngea, caracterizada pela dificuldade em
direcionar o bolo alimentar na fase faríngea da deglutição, sendo observado atraso
ou ausência do reflexo da deglutição; mobilidade ineficiente ou ausência na
elevação da laringe; assimetria na subida da laringe; má coaptação das pregas
vocais; paralisia ou paresia das pregas vocais uni ou bilateralmente;
descoordenação na abertura do esfíncter esofágico superior; alteração da
sensibilidade da câmara faríngea ou a presença de fendas glóticas; e a
exacerbação dos reflexos orais de mordida, mastigação e vômito. Observa-se,
ainda, refluxo de alimento à cavidade nasal, sinais clínicos de aspiração de alimento
durante o processo de deglutição como: tosse, engasgo, cianose, sonolência, fadiga
ou dispnéia; postura corporal inadequada por falta de controle cervical ou por falta
de controle de tronco.
O terceiro e último tipo de disfagia é a esofágica, caracterizada pela
dificuldade na fase esofágica da deglutição, em que se observa a sensação de
haver um corpo estranho na faringe (globus) ou mais abaixo, no período entre as
deglutições. Como causa das disfagias esofágicas temos as alterações motoras ou
estruturais. Entre as alterações estruturais, verifica-se a diminuição da luz do
esôfago por estenose esofágica, dificultando a ingestão de alimentos sólidos, e por
deformidades causadas por compressão de patologias do mediastino. Nas
alterações motoras, às alterações nos movimentos peristálticos em que a amplitude
de contração pode estar alta ou baixa, a duração da contração prolonga-se ou
permanece com seus movimentos desordenados.
Quando as finas sincronias do processo da deglutição se vêem rompidas,
surgem sinais e sintomas digestivos e respiratórios altos, ocasionando pequenas
aspirações que levam à tosse e sensação de engasgamento. Com isso, alguns
indivíduos desenvolvem grave broncopneumonia aspirativa, enquanto outros param
de se alimentar perdendo peso rapidamente (BRETAN, 2003).
Robbins et al. (1999) estabeleceram que a perda acidental de alimento ou
líquido quando os mecanismos protetores das vias aéreas não foram acionados, ou
27
quando estes mecanismos são ineficazes durante o processo de alimentação, é,
talvez, a conseqüência clínica mais significantiva da disfagia. A invasão das vias
aéreas é descrita como penetração, quando o material não ultrapassa as pregas
vocais e aspiração, quando o material ultrapassa as pregas vocais e adentram a
traquéia. A aspiração também pode ocorrer com a presença de resíduos na faringe.
2.3.1 Disfagia Neurogênica no Acidente Vascular Encefálico
As disfagias neurogênicas resultam de doenças neurológicas que afetam a
deglutição causando interrupção ou distúrbio em um ou mais estágios desta
complexa cadeia neuromuscular responsável pela deglutição (ZAFFARI, 2003).
Dentre as doenças neurológicas causadoras, destaca-se o Acidente Vascular
Encefálico (AVE), patologia de base que mais causa disfagia orofaríngea (SCHELP
et al 2004).
Déficit neurológico focal de início súbito, devido a um distúrbio local do
suprimento sangüíneo no rebro, o AVE é caracterizado por perda de controle
motor, alteração da sensibilidade, deficiência cognitiva ou linguagem, desequilíbrio
ou coma (XEREZ, CARVALHO & COSTA, 2004).
Pode ser dividido, segundo o mecanismo fisiopatológico em Isquêmico e
Hemorrágico. Acidente Vascular Encefálico Isquêmico (AVEI) é decorrente de
processo trombótico ou aterotrombótico (aterosclerose, dissecção arterial
espontânea ou traumática), hemodinâmico (situações que causam redução do fluxo
sangüíneo cerebral) e embólico (embolia de origem cardíaca). O Acidente Vascular
Encefálico Hemorrágico (AVEH) decorre de hemorragia intraparenquimatosa
espontânea, hemorragia de aneurisma de vasos cerebrais ou de malformações
vasculares (FUKUJIMA, 2005).
O AVEI parece ocorrer com maior freqüência e tende a ter conseqüências
mais brandas que o AVEH. Os acidentes de tronco cerebral tendem a causar a
disfagia com maior freqüência, uma vez que o tronco cerebral compreende a maioria
dos núcleos dos nervos cranianos (TEASELL, BACH & MCRAE, 1994).
28
Um dado específico parece ser alarmante, pois se relaciona ao fato de a
disfagia decorrente de AVE ser a principal causa de morbidade relacionada com
complicações respiratórias e desnutrição (GRESHAN, 1990).
O AVE é considerado a mais freqüente das doenças vasculares encefálicas.
No Brasil, é atualmente apontado como a primeira causa de morte em adultos.
Considerado uma doença incapacitante, tem um grande impacto sobre a saúde
populacional, social, econômico e psicológico (FUKUJIMA, 2005).
Muitos autores o consideram como a terceira maior causa de morte no mundo
ocidental, com uma incidência de 700 mil casos/ano, sendo 500.000 novos e
200.000 recorrentes (XEREZ, CARVALHO & COSTA, 2004).
Alguns estudos apontam o AVE como a maior causa de deficiência motora
adquirida, presente em a 77,4% dos pacientes, seguida por distúrbios de
comunicação, estando em terceiro lugar, a disfagia, responsável por 44,7% das
incapacidades (LAWRENCE et al, 2001).
Outros estudos consideram a disfagia como um dos mais sérios déficits
decorrente de AVE, sugerindo uma prevalência de 23 a 43% em AVE agudo.
Apontam que a disfagia nestes casos em sua forma mais branda pode retardar a
recuperação do paciente e na forma mais grave, levar ao óbito (DANIELS et al,
2000; SMITHARD et al, 1996; VEIS & LOGEMANN, 1985).
Em um estudo, foram avaliados todos os pacientes que deram entrada em
hospital universitário de referência no período de um ano, o logo apresentassem
condições para avaliação clínica, fonoaudiológica e neurológica. Totalizaram 102
pacientes com AVE, sendo 30 (31,3%) do gênero feminino e 66 (68,8%) do
masculino, com média de idade de 62,2 anos (32 a 92 anos de idade). Destes, 61
pacientes apresentaram disfagia orofaríngea pela avaliação clínica fonoaudiológica
da deglutição, perfazendo uma incidência de disfagia em 76,5%. Ao submeterem os
102 pacientes à avaliação videofluoroscópica, este percentual elevou-se para 91%.
A alta incidência de disfagia observada neste estudo que avaliou pacientes com
amplo espectro de gravidade, em diferentes fases de recuperação, ressalta a
importância de equipe multidisciplinar, incluindo fonoaudiólogos capacitados, para
avaliar os distúrbios da deglutição nos diversos momentos de recuperação dos AVEs
(SHELP et al, 2004).
A grande incidência de disfagia principalmente na fase aguda do AVE, reforça
a necessidade de detectar o risco para aspiração nesta fase afim de prevenir
29
complicações pulmonares, permitindo apropriadas intervenções (LEDER &
ESPINOSA, 2002).
Os distúrbios neurológicos causam uma disfagia na fase oral ou faríngea,
quando envolve as vias centrais eferentes à deglutição, incluindo parte do rtex
cerebral, gânglio basal, estruturas subcorticais, trato cortibulbar e tronco cerebral.
Em geral o tronco cerebral sendo afetado, a associação com a disfagia é maior
quando comparado com um dano cortical ou subcortical. As desordens no sistema
nervoso central também causam uma disfagia oral ou faríngea, pois prejudicam os
sistemas de vias aferentes (CAVIEDES et al,2002).
Daniels & Foundas (1999), relatando sobre o local das lesões cerebrais em
AVE, declaram que a disfagia pode resultar de lesão hemisférica bilateral, do tronco
cerebral e/ou de lesões unilaterais, estas ocorridas tanto no hemisfério esquerdo
como no hemisfério direito. Embora, concordem que outras aéreas, não hemisféricas
podem estar relacionadas ao desencadeamento dos distúrbios de deglutição com
características específicas de disfagia.
Os autores apontam ainda que os pacientes que apresentaram danos no
hemisfério direito, em geral, tiveram dificuldades na mobilidade faríngea e altos
índices de risco para aspiração enquanto que os pacientes que revelaram danos no
hemisfério esquerdo manifestaram disfunções na fase oral da deglutição. Também
afirmaram que o AVE de hemisfério direito relaciona-se a um maior risco de
aspiração que o AVE em hemisfério esquerdo, e previram que a área anterior
cortical, o córtex motor primário, o motor associado e a ínsula estão, em geral,
relacionados ao risco de aspiração.
Horner & Massey (1988) referem que a gravidade parece ser maior em lesão
bilateral do que em unilateral. Outros autores consideram que a lesão unilateral
geralmente resulta em disfagia temporária, pois em até três semanas, a deglutição
pode ser recuperada espontaneamente, embora um número considerável de
pacientes não a recupere até 3, 4 ou mais meses após o AVE (LOGEMANN, 1998).
Buchholz & Robbins (1997) acreditam que a disfagia, decorrente de AVE
unilateral, acontece devido a uma interrupção na comunicação corticobulbar
ipsilateral (cápsula interna), responsável pela ligação entre o centro de controle
cortical da deglutição (na região frontal inferior ) e o núcleo bulbar (tronco cerebral
inferior), que coordena a deglutição.
30
Lesões cerebrais no hemisfério direito parecem afetar mais a fase faríngea da
deglutição, enquanto as lesões no hemisfério esquerdo parecem afetar mais a fase
oral. Quanto maior o comprometimento da fase faríngea, em pacientes com lesão
cerebral direita, maior o risco de aspiração. Lesões cerebrais bilaterais apresentam
quadros de disfagia ainda mais severos por envolverem as duas fases, oral e
faríngea (LOGEMANN et al, 1993).
Robbins & Levine (1998) relataram que sujeitos com AVE em hemisfério
direito tendem a apresentar um tempo faríngeo maior e consequentemente maior
incidência de penetração/aspiração que aqueles com lesão em hemisfério esquerdo.
Para alguns autores, a fase faríngea relaciona-se à etiologia essencialmente
neurológica, que afeta o componente sensório-motor (CAVIEDES et al,2002.)
Silva e Vieira (1998), pesquisaram 25 adultos com AVEI, com tempo de
ocorrência variando entre 9 dias e 24 meses. Destes, 12 apresentaram lesão de
hemisfério esquerdo, 5 lesões de tronco cerebral, 5 lesões múltiplas e 3 com lesões
bilaterais. 44% dos sujeitos apresentaram disfagia de grau leve, 52% de grau
moderado e 4% de grau severo, sendo as disfagias orofaríngeas em 80%,
mostrando que disfagias isoladas em fase oral ou faríngea são menos acometidas.
Xerez, Carvalho & Costa (2004) realizaram estudo clínico e
videofluoroscópico em 37 sujeitos com AVE na fase sub-aguda com faixa etária
entre 22 e 81 anos, sendo 17 do sexo feminino e 20 do sexo masculino.
Identificaram 28 (75,68%) dos 37 sujeitos com disfagia. Destes 28, 11 (29,73%)
apresentaram disfagia de grau leve, 10(27,03%) disfagia de grau moderado e 7
(18,92%) apresentaram disfagia de grau grave. A avaliação clínica permitiu supor
penetração/aspiração em 11 sujeitos através de sinais como voz molhada e ausculta
cervical alterada. Destes 11, 5 confirmaram aspiração na avaliação
videofluoroscópica e dos 15 que não apresentaram sinais sugestivos de penetração
na avaliação clínica, 5 apresentaram penetração ou aspiração durante o exame
objetivo. Dos 28 sujeitos avaliados clínica e videofluoroscópicamente, 14
apresentaram alguma disfunção orofaríngea.
Pacientes com ficits neurológicos, podem apresentar alterações em
qualquer fase da deglutição. Na fase oral, o vedamento labial pode estar reduzido
facilitando escape oral e mobilidade de língua reduzida, limitando a manipulação do
alimento e até mesmo dificultando a propulsão do bolo. A redução da sensibilidade
intra-oral torna o alimento menos perceptível e com isso, pequenas partículas podem
31
ser aspiradas antes do início da deglutição faríngea. Na fase faríngea, a reação de
deglutição atrasada pode proporcionar o escape prematuro e assim, um acúmulo de
resíduos nas valéculas e recessos piriformes, o que pode causar aspiração antes
mesmo da deglutição faríngea. No fechamento velofaríngeo inadequado, o alimento
regurgita para o nariz. Pode ocorrer reduzida oclusão laríngea, deixando a via aérea
desprotegida, possibilitando a aspiração. na contração faríngea reduzida,
resíduos de alimento podem ficar nas paredes da faringe e também em valéculas e
recessos piriformes. Alimentos parados neste espaço podem facilitar a entrada na
via aérea no momento em que a laringe abre-se para a respiração. Finalizando esta
fase, ocorrendo disfunção do esfíncter esofágico superior, pode haver ausência do
relaxamento do cricofaríngeo, ocasionando uma abertura tardia ou cedo demais do
esfíncter. Com isso, os resíduos podem acumular-se nas valéculas e recessos
piriformes, proporcionando também aspiração para as vias reas após deglutição
(ZAFFARI, 2003).
As manifestações clínicas de um paciente disfágico pós AVE variam, mas
alguns sinais são mais comumente encontrados como redução da sensibilidade na
região da orofaringe, atraso no disparo do reflexo de deglutição e redução da
contração faríngea. A diminuição do reflexo de tosse também pode ocorrer, o qual
pode ser causado pela perda da sensibilidade laríngea, com conseqüente perda da
resposta motora em relação ao material que penetra na laringe (BUCHHOLZ &
ROBBINS, 1997).
O tempo de transição entre a fase oral e faríngea parece ser aumentada pós
AVE. Kim e McCullough (2007) apontam em seus estudos com sujeitos portadores
de AVE que aspiram, os quais apresentam um tempo maior de transição entre as
fases do que ao pacientes com AVE que não aspiram, permitindo assim, fazer uma
associação importante entre tempo de trânsito faríngeo aumentado e aspiração.
Outros estudos também apontam que Indivíduos com dano cerebral
geralmente apresentam atraso na resposta da deglutição faríngea, definido como um
aumento no tempo entre a chegada bolo na margem posterior do ramo mandibular e
o começo da elevação máxima do osso hióide durante a deglutição. Seu atraso
coloca os pacientes em risco para aspiração (SCIORTINO et al, 2003; VEIS &
LOGEMANN, 1985).
Pacientes com disfagia pós AVE têm demonstrado em avaliação clínica
anomalias sensoriais, estas sendo avaliadas com palito tocando a lateral da parede
32
da faringe. Esta perda da sensação faríngea foi associada com aspiração (AVIV et
al, 1996; KIDD et al, 1993). E disfagia relacionada ao AVE está presente em quase
metade dos casos, podendo estar presente em todas as formas de AVE e a
aspiração, relacionada a disfagia s AVE, tem sido responsabilizada por três vezes
mais casos de pneumonia (LEDER & ESPINOSA, 2002).
Alguns autores consideram que a disfunção orofaríngea apresenta-se como
um primeiro sintoma de uma manifestação patológica neurológica.
Um estudo sobre achados clínicos na avaliação de 35 pacientes neurológicos
com queixa de disfagia mostrou que 43% destes apresentaram escape prematuro de
alimento, 63% penetração laríngea e 31% aspiração traqueal. (XAVIER et al, 2002).
O reflexo de vômito, testado em pacientes disfágicos, também pode estar
ausente nestes devido ao AVE. Bleanch (1993) analisou 46 sujeitos com AVE, e
observou que destes, 41% não apresentaram o reflexo de vômito contra 52%.
Destes 46 sujeitos, 50% aspiraram contra 13% que apresentaram somente
penetração.
Muitos estudos referem uma alta incidência de alterações no reflexo de
deglutição em pacientes com disfagia neurogênica (SILVA, 1999). Alterações que
vão desde o atraso severo até a ausência desde reflexo. Nestes casos, pode ocorrer
escape prematuro de alimento em direção à faringe, com risco de aspiração antes
da deglutição (GONÇALVES & CÉSAR, 2006).
Nos quadros de disfagia neurogênica, os achados mais comuns observados
através da nasofibrolaringoscopia são: o escape prematuro para hipofaringe ou
laringe antes da deglutição, presença de resíduo do contraste após a deglutição
penetração laríngea e aspiração traqueal (LANGMORE & McCULLOUGH, 1997).
Este escape prematuro pode ser resultado do atraso no disparo da deglutição,
evento este encontrado com freqüência em pacientes com alteração na sensibilidade
periférica (BISCH et al, 1994). Os autores também referem que pacientes com déficit
neurológico apresentam tempo faríngeo maior com a consistência pastosa.
33
2.4 O Processo de Avaliação
No processo de avaliação, a busca de informações sobre o problema requer
uma habilidade importante do clínico na seleção das perguntas a serem feitas
(COLTON & CASPER, 1996).
A observação global do paciente do ponto de vista clínico, das complicações
existentes, quando do início do atendimento, da resposta ao tratamento
fonoaudiológico, além da avaliação complementar radiológica, endoscópica e outras,
proporcionarão mais acuracidade quanto ao real grau de severidade dos pacientes e
conseqüentemente do prognóstico imediato e do planejamento terapêutico para
cada caso (FURKIM, GOMES & MACEDO F°, 2000).
As informações colhidas na anamnese devem preparar o avaliador para
conduzir seu exame clínico com critério e precisão (SILVA, 1999) e neste processo,
a entrevista com o paciente ou mesmo com o familiar tem um papel importante.
O fonoaudiólogo deve ser conhecedor da história clínica do paciente
realizando a leitura do prontuário a fim de obter dados sobre o diagnóstico médico,
condições pulmonares e gastrenterológicas, estado cognitivo, limitações clínicas e
fatores psicossociais, especialmente ansiedade, depressão e isolamento, além de
informações obtidas com o médico, enfermagem e familiares ou cuidador
(MOSCHETTI, 2003).
A avaliação detalhada inicia-se pela anamnese, que envolve a duração do
problema, freqüência da dificuldade para deglutir, tosse antes, durante ou após
deglutição, os fatores que dificultam ou facilitam a deglutição, dificuldades motoras
orais, a fala, perda de peso, história pregressa, alimentação atual, medicamentos,
hábitos (fumo, álcool) (GONÇALVES & CÉSAR, 2006). O tempo que o paciente está
levando para concluir a alimentação e a quantidade, pois se deve correlacionar este
dado com o gasto de energia, fadiga e avaliar se este tempo é funcional dentro da
rotina do paciente (FURKIM, 2001).
Outro fator é questionar sobre a postura durante a alimentação, pois esta
pode facilitar a aspiração e se alguma manobra é utilizada para facilitar a deglutição.
A comunicação e as habilidades cognitivas e de linguagem como atenção,
memória, orientação, compreensão e expressão são importantes dados que
fornecem uma perspectiva das habilidades individuais que possam contribuir tanto
34
no tratamento como na realização de manobras posturais e estratégias
compensatórias (FURKIM, 2001). Segundo Moschetti (2003) a presença de
dispraxias e principalmente disartrias que possam interferir no tratamento devem ser
investigadas, pois sabe-se que pode haver uma relação entre grau de disartria e de
disfagia em casos neurogênicos.
A avaliação clínica fonoaudiológica da deglutição é tradicionalmente a
primeira avaliação a ser feita, durante a qual são observadas estruturas dos órgãos
fonoarticulatórios envolvidas no processo de deglutição, referente ao tônus,
mobilidade, sensibilidade e coordenação dos movimentos (DORIA et al, 2003) e
movimentação vertical da laringe durante a alimentação.
O exame clínico da disfagia neurogênica em adultos é composta por
detalhadas informações colhidas na anamnese e por procedimentos clínicos
específicos. Estes procedimentos visam facilitar a compreensão da dinâmica da
deglutição por meio de avaliação das estruturas e, primordialmente, do
funcionamento entre as fases. Durante o exame os achados clínicos devem ser
analisados conjuntamente, pois informações isoladas não permitem ao avaliador
considerar as relações entre as fases ou realizar o correto raciocínio diagnóstico
(SILVA, 1999). Após, é importante não identificar a fase comprometida, mas
também estabelecer critérios, principalmente quanto ao grau de severidade, para
classificar a disfagia visando facilitar a definição de condutas.
Durante a avaliação deve-se realizar ausculta cervical para verificar
alterações durante a alimentação como presença de alimento em recessos faríngeos
ou penetração laríngea. Além disso, é necessário ficar atento às dificuldades
orofaríngeas que podem ser observadas ou expressas através de desconforto
durante a deglutição, tosse e engasgos, múltiplas deglutições, resíduos orais,
escape oral, sensação de algo parado na garganta, regurgitação oral e/ou nasal,
dificuldade em emitir sons da fala após deglutição com alteração da qualidade vocal,
sialorréia, alteração do ritmo respiratório, sudorese ou fadiga após poucas
deglutições (MOSCHETTI, 2003).
O estudo da disfagia, no segmento orofaríngeo da via digestiva, requer uma
seqüência ordenada de exames clínicos para que se possa obter o máximo de
informações. À beira do leito, ele proporciona enorme quantidade de dados que,
juntamente com a anamnese dirigida permitem elaborar uma hipótese diagnóstica
(BRETAN, 2003).
35
A avaliação clínica deve ser testada sem dieta, considerada indireta e com
dieta, esta considerada direta. Na avaliação direta são considerados volumes
padronizados de 1ml, 3ml, 5ml e 10ml, sendo as consistências líquida engrossada,
pudim, sólido e líquido (SILVA, 1999).
Mann & Hankey (2001) examinam o valor preditivo dos fatores clínicos
sugestivos da disfunção da deglutição de forma a identificar a importância
independente dos sinais clínicos associados à mesma, ou seja, a aspiração,
definida como a entrada de material deglutido abaixo das pregas vocais e que não
são expectorados. Dentre os sinais clínicos, eles identificam como independentes e
preditivos da disfagia a fraqueza palatal ou assimetria que implica a viabilidade do
mecanismo faríngeo e pode ser o medidor do funcionamento e de como os pares
cranianos IX, X, e XI podem ser acessados; a limpeza oral incompleta implica a fase
oral da deglutição deficiente; e a resposta faríngea prejudicada como tosse ou
gorgolejo (som de bolhas). Os sinais clínicos à aspiração, determinados
radiograficamente, são: atraso no transito oral e limpeza oral incompleta.
McCullough, Wertz & Rosenbek (2001), referindo-se os sinais clínicos à
aspiração apontam: tosse durante a deglutição, a presença da voz molhada após a
deglutição e a redução da elevação da laringe, a presença de disfonia, disartria e a
inteligibilidade do discurso. Os autores acima citam os estudos de Daniels et al
(1998) em que, para estes, a combinação dos sinais clínicos são fidedignos e
estabelecem a aspiração na presença de dois dos seis sinais, ou seja: disfonia,
disartria, gag anormal, tosse volitiva fraca, tosse durante a deglutição e a voz
molhada.
Avalia-se o esfíncter labial, por ele ser um elemento de extrema importância
para iniciar o mecanismo pressórico durante o processo de deglutição. Neste,
poderemos encontrar vedamento labial incompleto ou completo (SILVA, 1999).
A mesma autora reforça que quanto à língua, as condições de mobilidade são
importantes, pois ela é responsável pela preparação, acomodação e propulsão oral
do alimento. Os achados clínicos relacionados a alteração na mobilidade da língua
referem-se a incoordenação ou lentidão, restos de alimento na cavidade oral, tempo
aumentado de trânsito oral e tosse antes da deglutição.
Testam-se os reflexos de mastigação, palatal, mordida, tosse e vômito. Neste
caso o examinador deve procurar na população se perseverança de reflexos que
36
deveriam estar inibidos e a exarcebação, diminuição ou ausência de reflexos como
de vômito ou tosse. A hiporeflexia denota diminuição da proteção do indivíduo
(FURKIM, 2001).
O reflexo de deglutição é testado com um toque no pilar anterior das fauces, e
partir disto, observa-se se o reflexo é eliciado. Achados clínicos como a diminuição
ou ausência deste, a presença de tosse antes ou durante a deglutição e
movimentação dissincrônica ou ausência de elevação da laringe são considerados
sinais sugestivos de aspiração (SILVA, 1999).
O movimento laríngeo pode ser avaliado pela observação visual, provas para
análise de coaptação glótica, análise vocal após deglutição e ausculta cervical com
estetoscópio. A redução da elevação da laringe relaciona-se com diminuição de
movimentos de língua na fase oral, com disparo do reflexo de deglutição. A alteração
vocal sugere paralisia de prega vocal o que pode comprometer a ação esfictérica da
laringe. as alterações vocais após a deglutição são sinais clínicos sugestivos de
penetração laríngea e risco para aspiração (SILVA, 1999).
A voz também deve ser avaliada quanto à qualidade vocal soprosa e/ou
molhada. A soprosidade é indicativa de deficiência de coaptação glótica, com risco
para aspiração durante a deglutição,a qualidade vocal molhada indica a presença
de alimento, saliva e/ou secreções na região das pregas vocais, sinalizando a
possibilidade de aspiração traqueal (GONÇALVES & CÉSAR, 2006).
Warms & Richards (2000), em referência a preditividade da voz molhada à
penetração e à aspiração na disfagia orofaríngea, concluíram que a presença da voz
molhada, gorgolejo ou som de líquido deve ser considerada em pacientes portadores
de disfagia como disfunção laríngea em risco à penetração e/ou à aspiração. Em
seus estudos, os autores não encontraram evidências de penetração e ou aspiração
nos sujeitos frente à alimentação, mas observaram voz molhada, relacionando esta
à presença de umidade acumulada por secreções corporais (ex. saliva, muco) ou
acúmulo de material nos seios piriformes ou ainda, nas pregas vocais.
Para os autores, a avaliação clínica da disfagia junto ao leito é o método mais
comum para avaliar a disfagia orofaríngea, embora sua precisão seja controversa.
Essa discussão relaciona-se à detecção da aspiração que, embora fosse 40% menor
na avaliação clínica quando comparada com a videofluroscopia, segue tendo a
importância e validade na detecção da aspiração da disfagia, pois a presença da voz
molhada pode indicar que o paciente está em risco de aspiração de qualquer resto
37
de material localizado na região cervical, podendo vir a comprometer a saúde do
paciente.
A ausculta cervical é utilizada para avaliar ruídos de deglutição como os clicks
laríngeos, apnéia seguida por expiração. Ouvintes interpretam os sons e sugerem o
que pode estar acontecendo com a deglutição (LESLIE et al, 2007).
É difícil de predizer sinais clínicos e sintomas dos pacientes que sofrem
penetração laríngea, mas a maioria dos investigadores que tentam predizer
penetração e/ou aspiração em suas pesquisas utilizaram um número pequeno de
pacientes.
Em estudo sobre a importância da ausculta cervical para predizer penetração
laríngea, foram utilizados 249 pacientes, abordando vários fatores clínicos
sugestivos de penetração como análise discriminativa. Assim, foi possível predizer
corretamente penetração em aproximadamente 2/3 dos pacientes investigados
através da ausculta cervical, mostrando ser esta técnica eficaz e importante para
predizer penetração, mas não satisfatória para as proporções clínicas. (LINDEN,
KUHLEMEIER & PATTERSON, 1993).
A movimentação faríngea pode ser observada pela deglutição incompleta,
caracterizada pelas várias tentativas de deglutição e assim retorno do alimento para
cavidade oral, referência do paciente a alimentos retidos nesta região, deglutições
múltiplas, dificuldade com alimentos pastosos (SILVA, 1999).
O esfíncter velofaríngeo pode apresentar assimetria, incoordenação ou
paralisia, facilitando regurgitamento nasal e hipernasalidade. O fechamento
velofaríngeo ocorre durante a deglutição não apenas para prevenir a regurgitação
nasal, mas também para possibilitar o desenvolvimento da pressão positiva do ar
em torno da faringe a fim de conduzir a massa alimentar ao longo da faringe
(TACHIMURA et al, 2006).
Após a avaliação clínica fonoaudiológica, encaminha-se o paciente para
avaliação objetiva, sendo a videoendoscopia da deglutição (VED) e a
videofluorocopia os exames mais indicados.
A videoendoscopia da deglutição permite a visualização estrutural, anatômica
e funcional dinâmica das estruturas envolvidas, com ênfase na fase faríngea, pois
sua avaliação da fase oral se faz de forma indireta. Permite a avaliação da
sensibilidade laríngea e faríngea, mas pelo blackout no momento da deglutição, não
38
permite visualizar o momento da reação de deglutição, visualizando as estruturas
até as pregas vocais. Apresenta uma vantagem sobre a videofluoroscopia que é a
não exposição do paciente à radiação (CAMACHO-LOBATO & SANCHES, 2001).
Para detectar a presença de aspiração ou microaspiração, um exame merece
destaque, a videofluoroscopia, exame radiológico contrastado, importante para
verificar a dinâmica da deglutição. A Videofluoroscopia avalia as fases da deglutição
(oral, faríngea e esofágica), registrando a seqüência de movimentos em tempo real e
com qualidade dos fenômenos, destacando o papel das diversas estruturas
envolvidas, sendo considerado padrão ouro (COSTA, 1998a).
O escape prematuro de alimento para a faringe pode ser visualizado com a
Videofluoroscopia, que permite a observação dinâmica e fisiológica do processo da
deglutição (CAMACHO-LOBATO & SANCHES, 2001).
Com a videofluoroscopia da deglutição, podemos examinar a anatomia e
fisiologia da deglutição, com vários volumes, bem como avaliar as estratégias de
reabilitação, de maneira a permitir uma deglutição mais segura (LAZARUS, 2000).
A avaliação funcional da fase preparatória oral e fase oral e a transição da
fase oral para faríngea torna-se de extrema importância para a reabilitação dos
distúrbios da deglutição e somente podem ser avaliados pela videfluoroscopia
(DORIA et al, 2003).
A visão lateral permite fazer importantes observações como tempo de trânsito
oral e faríngeo, restos de alimento na cavidade oral e faríngea, formação e
centralização do bolo assim como sua descida pela via aerodigestiva. Além disso,
podemos observar a perda prematura, a penetração e/ou aspiração do alimento e o
momento em que ocorrem: antes, durante ou após a deglutição. Na visão antero-
posterior, pode-se observar os movimentos de mastigação, assimetrias nas funções
de parede faríngea e pregas vocais., direcionamento do bolo pela faringe e presença
de estase em valéculas e seios piriformes (DORIA et al, 2003).
Um estudo que objetivou correlacionar os achados clínicos de penetração e
aspiração de pacientes com AVE com os mesmos achados em videofluorocopia
sugere que para melhor identificar estes aspectos o exame de videofluorocopia é
considerado mais efetivo (XEREZ, CARVALHO & COSTA, 2004).
Shelp et al (2004) avaliaram clinicamente e através de exame de
videofluorocopia 102 pacientes com AVE. Pela avaliação clínica, 76,5%
apresentaram disfagia no momento da avaliação. Após realizarem a
39
videofluoroscopia, um número maior de sujeitos foi considerado disfágico, elevando
o percentual de disfagia para 91%.
A maior sensibilidade do exame videofluoroscópico permite detectar tanto
formas leves de disfagia, como alterações de fase faríngea, dificilmente visualizadas
pela avaliação clínica (VEIS & LOGEMANN, 1985).
Mann, Hankey & Cameron (1999)
estudaram 161 pacientes pós AVE, clínica e
videofluoroscopicamente, e também encontraram maior incidência de disfagia
através do exame objetivo (64%), em comparação com os 51% detectados na
avaliação clínica.
As pesquisas mostram que a videofluoroscopia torna-se mais sensível para
detectar sinais, principalmente faríngeos podendo passar despercebidos amesmo
pelo mais treinado avaliador, tornando-se um exame fundamental, e por isso
considerado padrão ouro.
2.5 A Crioestimulação
Crio vem do grego frio, gelo, e crioterapia, a terapia utilizando-se do gelo. É o
resfriamento ou diminuição da temperatura dos tecidos com finalidade terapêutica.
A crioterapia manifestou-se no período dos anos 1945 e 1954 com Kabat.
Método este formulado por um neurologista com objetivo de facilitação
neuromuscular. Uma das primeiras técnicas foi a crioterapia na “síndrome do
chicote”. Mas com o uso, houve o aperfeiçoamento e novas técnicas baseadas na
crioterapia foram sendo usadas, todas seguindo a polêmica “vasodilatação e
vasoconstrição” que concluíram com o efeito básico: a vasoconstrição superficial
(SOARES, SILVA & SILVA, 1988).
As aplicações locais da crioterapia desencadeiam efeitos nos vários sistemas
e órgãos. A vasoconstrição pode ocorrer devido à ação do gelo sobre o SNA, via
sistema simpático, mediante reflexo axônico, ou ação direta sobre os vasos.
Fisiologicamente, o tônus muscular, a espasticidade e o espasmo muscular num
primeiro momento são reduzidos quando a temperatura do músculo é baixa. O
resfriamento pode afetar as fibras, a condução nervosa através do nervo periférico
tanto sensitivo quanto motor e a transmissão dos impulsos nervosos através da
40
junção mioneural (RODRIGUEZ & GUIMARÃES, 1988). Logo após a aplicação do
gelo, a área fica com a sensibilidade reduzida, aumentando a resposta nos minutos
subseqüentes.
Para a aplicação do frio como cnica terapêutica, os mesmos autores
apontam que o conhecimento físico envolvendo a termodinâmica e as propriedades
do instrumento fazem-se importantes, pois o tipo de instrumento utilizado para a
terapia com o frio pode mudar sua eficácia.
Durante a aplicação da crioterapia, ocorre uma diminuição imediata da
temperatura do tecido superficial. Esta diminuição é o resultado do aquecimento
condutivo da modalidade fria (tipo de técnica) pela parte do corpo, ou seja, o calor é
transferido da parte do corpo para a modalidade por condução, sendo que a razão
da condução e também a razão da queda de temperatura corporal dependem da
interação de alguns fatores como:
- a diferença entre a temperatura do corpo e do equipamento a ser utilizado: o calor
vai ser conduzido mais rapidamente de um tecido com temperatura a 34°C para um
pacote de gelo a 10°C do que seria para um pacote a 25°C;
- área do corpo em contato com a modalidade fria: quanto maior a área em contato
com o frio, maior será a perda de calor;
- duração da aplicação: quanto maior o tempo de aplicação, maior a quantidade de
calor removida do corpo por condução;
- a capacidade de armazenamento de calor da modalidade fria: o quanto de calor
que a modalidade fria aceita para começar a aumentar a temperatura;
- a regeneração do calor: o corpo transfere calor para a modalidade,mas um pouco
do calor está sendo reposto pela circulação e condução dos tecidos vizinhos, assim,
o calor liberado está sendo retido pela modalidade fria, ou sendo removido.
O corpo humano, da maioria das pessoas, apresenta-se com temperatura em
torno de 36,8°C, com variações. A temperatura oral que é convenientemente medida
se aproxima da temperatura central real, mas é considerada com maior variação (
LOW & REED, 2001).
Os mesmos autores referem que o resfriamento estimula imediatamente os
receptores de frio que são mais numerosos que os de calor. No momento da
aplicação do frio, o local perde calor e rapidamente a resposta é vasoconstrição por
meio do centro vasomotor, e o fluxo sanguíneo pode ser aumentado. A percepção
do frio leva a respostas motoras.
41
Os efeitos das mudanças de temperatura induzidas passivelmente no
músculo intacto têm sido estudados também produzindo de alguma forma resultados
conflituosos. O resfriamento do músculo intacto parece debilitar a força muscular sob
certas condições experimentais, enquanto aumentando a força muscular sob outros.
De modo inverso, o músculo voltando a aquecer resulta no aumento da força
contrátil e da velocidade de movimento (BARNES, 1983).
Dependendo da técnica a ser utilizada e o objetivo, a temperatura pode variar
de 5°C a 16°C, assim como o tempo de aplicação (LOW & REED, 2001).
A crioterapia é uma técnica utilizada basicamente para tratar pacientes com
lesão central ou periférica, tendo como objetivo obter alguma contração muscular,
sendo indicada em graus de força 0. O procedimento consiste em passar o gelo
longitudinalmente até encontrar o ponto motor, neste momento ocorre uma leve
contração muscular. O tempo é entre 10` a 30`(RUAS et al, 2003).
Os mesmos autores afirmam que, embora controverso, a crioterapia pode ser
utilizada na deficiência sensorial, contudo, os efeitos neurológicos do resfriamento
como a facilitação da contração muscular requerem nervos sensoriais intactos, pois
a resposta circulatória normal pode ser alterada se os nervos autônomos estiverem
afetados.
Pacientes com seqüelas de lesão neurológica sofrem mudanças com o
passar do tempo devido à capacidade do cérebro em se reorganizar funcional e
estruturalmente. As áreas do cérebro que não foram afetadas assumem parte das
funções das áreas atingidas pela lesão, e por esse motivo as manifestações clínicas
podem mudar de acordo com o amadurecimento cerebral, onde a estimulação
correta tem um papel importante nesta função (LE MÉTAYER, 2001).
A plasticidade das células do SNC é influenciada basicamente pela
estimulação periférica captada e conduzida por meio dos sistemas sensoriais
ocorrendo tanto em processos patológicos como durante o desenvolvimento. A área
sensitiva recebe, decodifica e analisa os estímulos, a área motora comanda os
movimentos conscientes e voluntários e a área associativa integra as informações
das áreas sensitivas e motoras, planejando os tipos de movimentos e
comportamentos mais adequados à situação (ANUNCIATO, 1998) .
O terapeuta fornece os estímulos necessários para que o SNC possa
interpretar as informações provenientes da periferia do corpo processando e
42
integrando-as com outras áreas de modo que seja possível produzir uma
reorganização de aferências (ANUNCIATO, 1998; CARR & SHEPHERD, 2003).
A estimulação térmica com gelo, ou seja, a crioterapia pode ser utilizada para
estimular as células intraorais e como nesta região há um grande número de
termorreceptores para o frio, a sensação tende a permanecer por mais tempo. O
estímulo a ser utilizado é de forma rápida, promovendo a contração muscular pela
criação de um potencial de ação no fuso muscular e pela existência de menor
quantidade de tecido adiposo (TASCA, BIANCHI & SHEILA, 2002).
Existem várias técnicas de crioterapia, mas apenas uma delas se aplica à
fonoterapia, a crioestimulação.
Também denominada de estimulação térmica, a crioestimulação consiste na
estimulação do sistema nervoso periférico através da ação repetida do gelo, ou seja,
toques breves no local a ser trabalhado.
utilizada na prática fonoaudiológica com resultados positivos, mas pouco
pesquisada, a crioestimulação baseada na estimulação com objetos frios ou gelados
nos tecidos com finalidades terapêuticas (RODRIGUEZ & GUIMARÃES, 1988), têm
se mostrado eficaz no trabalho da sensibilidade de regiões afetadas por lesões
neurológicas (BUCK, 1999).
Estimular o lado menos sensível da cavidade oral do paciente com
hipossensibilidade utilizando líquido frio pode ajudar o indivíduo a perceber de
maneira mais pida o material dentro da boca (LOGEMANN, 1983). Segundo o
mesmo autor, quanto maior for o atraso para deflagrar o reflexo de deglutição e
quanto mais escape prematuro de alimento este paciente apresentar, maior o risco
para aspirar. O autor propõe estimular a área do pilar fauceal usando o espelho
laríngeo 00 resfriado, pois é de fácil manuseio permitindo a colocação no local
adequado.
Para melhorar o reflexo de deglutição e a função laríngea e faríngea a
terapêutica com frio baseia-se em estimulação direta ou indireta (BUCHHOLZ et al,
1995).
A terapia indireta é indicada para pacientes que aspiram todas as
consistências e volumes de alimentos e deve ser realizada visando a melhora da
mobilidade e sensibilidade de todo o sistema orofaríngeo (FURKIM, 1999).
43
Alguns trabalhos apontam a estimulação direta tátil das paredes da faringe
como mecanismo extremamente importante para melhorar a sensibilidade e a
própria mobilidade da região (MILLER & GROHER, 1992).
Rosenbek et al (1996), relatam em seus estudos uma diminuição do tempo do
trânsito oral da deglutição com melhora do tempo do disparo do reflexo da deglutição
com alimentos frios. O objetivo maior neste caso, para pacientes hipossensíveis era
oferecer uma pista mais evidente da presença do bolo devido à diferença de
temperatura intra e extra-oral.
Os mesmos autores investigaram os efeitos em curto prazo da aplicação
térmica na duração da deglutição em pacientes com disfagia pós AVE. Participaram
22 sujeitos com idade variando entre 54 a 81 anos, tendo apenas uma mulher
participante. A cnica foi aplicada com três toques do espelho laríngeo 00 resfriado
alternando os pilares fauceais, totalizando dez tratamentos. Cada sujeito realizou
dez deglutições antes, sendo estas consideradas altamente variáveis e dez após a
técnica. As dez deglutições após a técnica apresentaram um melhor desempenho
em 15 dos 22 sujeitos, observando redução do estágio de deglutição numa média de
0,22 segundos e redução da duração total da deglutição, mostrando-se eficaz.
Rosenbek et al (1991) investigou o efeito da estimulação térmica com
alimento líquido no tempo de trânsito faríngeo em 7 sujeitos adultos com disfagia pós
AVE. A estimulação foi realizada durante um mês de forma alternada, ou seja,
enquanto seis sujeitos recebiam estimulação durante uma semana, um sujeito
permanecia sem estimulação, sendo que cada sujeito deveria completar quatro
semanas, passando pelos mesmos estágios. Após cada estágio, os sujeitos eram
testados e também ao finalizar. Observou-se que dos sete sujeitos, dois melhoraram
o tempo do estágio de transição sendo este efeito considerado de curto prazo.
Em pesquisa realizada com 14 sujeitos normais, com o objetivo de verificar se
a estimulação térmica seria eficaz para eliciar o reflexo de deglutição com anestesia
ou sem anestesia, observaram que o tempo de trânsito regional, tempo de limpeza
faríngea e duração total da deglutição não foram influenciados significativamente
pela estimulação térmica. Mas entre estes, o tempo de limpeza faríngea mostrou-se
prolongado após a anestesia tópica de forma significativa. Os autores concluíram
que a reação de deglutição normal não foi facilitada pela estimulação rmica nem
inibida pela anestesia tópica (ALI et al, 1996).
44
Alvite, Lopes & Costa (2007) com o objetivo de verificar as possíveis
respostas motoras produzidas pelo estímulo mecânico- térmico sobre os pilares
palatoglosso, avaliaram 51 voluntários adultos sadios de ambos os sexos
reproduzindo o estímulo sobre os pilares, usando sonda metálica de ponta romba
resfriada em água mantida a 10°C. Por entender que indivíduos sadios são capazes
de prover respostas reflexas mais efetivas do que as obtidas em pacientes, este foi o
grupo eleito para a pesquisa.
O estudo mostrou que o estímulo mecânico-térmico sobre os pilares não foi
capaz de produzir qualquer resposta motora envolvida na dinâmica da fase faríngea
da deglutição. É possível, que as respostas contráteis observadas em alguns
estudos devam-se ao reflexo de gag inadequadamente interpretado ou a contrações
voluntárias inconscientes por esforço de manutenção da abertura da boca e
externalização da língua durante a exposição dos pilares para execução da manobra
de estimulação mecânico-térmica.
Lazzara, Lazarus & Logemann (1986) estudaram os efeitos imediatos da
estimulação térmica nos tempos de trânsito oral, faríngeo e tempo total de deglutição
em 25 sujeitos com diferentes doenças neurológicas. Seu protocolo experimental
requisitava três deglutições líquidas e três semi-sólidas com a estimulação térmica
dada antes da terceira deglutição. Os autores resumiram seus achados na
observação de que a estimulação melhorou o reflexo de deglutição em 23 dos 25
sujeitos em pelo menos uma consistência.
Outro estudo, buscando explorar os efeitos comportamentais da estimulação
com frio foi realizado em oito pacientes com AVE e quarenta e quatro pacientes
saudáveis, divididos em jovens e idosos. Os autores investigaram a estimulação em
temperatura ambiente, fria, cítrica e combinação de frio+cítrico e concluíram que
somente a combinação frio+cítrico do líquido altera o comportamento de deglutição,
tanto nos saudáveis como naqueles com AVE. O item intervalo entre deglutições
mostrou ser mais sensível a esta estimulação de combinação frio+cítrico nos sujeitos
jovens saudáveis, ficando reduzida se comparado com pré estimulação. Já, para os
pacientes com AVE, a velocidade de deglutição diminuiu com esta mesma
combinação. A redução da velocidade de deglutição em pacientes com disfagia foi
analisada pelos autores como positiva, visto que os sujeitos com AVE apresentam
uma redução na entrada sensorial com risco para aspiração (HAMDY et al, 2003).
45
Ainda buscando melhora na resposta de deglutição, Sciortino et al (2003)
utilizaram a aplicação termo-tátil (TTA) com uma sonda, fragmentada em frio,
mecânico, gustatório e combinações, aplicadas nos pilares fauceais, fazendo uma
análise de cada um e seus efeitos na deglutição normal. Para tanto, construíram
uma sonda especial para manter constantemente a temperatura. As medidas foram
mensuradas através da eletromiografia. Como resultado, somente a técnica que
empregou os três estímulos juntos resultou em uma média significativamente mais
rápida no tempo de latência da primeira deglutição seguido da estimulação. Estes
resultados suportam a explicação de que o efeito facilitador da combinação dos
estímulos em sujeitos normais é temporário.
Algumas teorias tentam explicar os mecanismos neurofisiológicos
responsáveis pela alteração no tempo da resposta de deglutição, uma delas aponta
que a explicação está na alteração das características secundárias do receptor para
a aplicação de um estímulo. A estimulação térmica e tátil nos pilares fauceais, pode
regular os receptores da mucosa, embora o princípio de que evocam a reação de
deglutição ainda seja questionada (ALI et al, 1996). Outros estudos são contrários,
postando que a estimulação nos pilares aumenta o tempo de deglutição. De
qualquer forma, a atividade do receptor em resposta a entradas sensoriais
orofaringeas leva a uma resposta de deglutição mais rápida (SCIORTINO et al,
2003).
Mesmo que o paciente consiga uma boa mobilidade do sistema
estomatognático, todo o sistema de aferência de estímulos que vai preparar o
disparo do reflexo da deglutição deverá estar recebendo os estímulos em
intensidade certa, caso contrário poderá resultar em escape prematuro de alimento
para a faringe (FURKIM, 1999).
Estimular a região da orofaringe com gelo, como propõe a crioterapia, pode
aumentar a sensibilidade local e talvez reduzir o escape prematuro de alimento com
a redução do tempo de reação de deglutição, como propõem outros estudos. Com
isso, a conseqüência direta seria uma diminuição da penetração laríngea e/ou
aspiração traqueal e o paciente estaria mais protegido.
No entanto, as pesquisas não fazem referência direta à sensibilidade
orofaríngeo e reflexo de vômito diminuído como fatores que podem contribuir para a
reação de deglutição atrasada, bem como o efeito da crioestimulação nesta
sensibilidade, o que propõe este estudo.
3 METODOLOGIA
3.1 Caracterização da pesquisa:
O presente estudo foi caracterizado como descritivo e comparativo, com uma
abordagem quantitativa, tendo como objetivo investigar o efeito da crioestimulação
na sensibilidade da região orofaríngea em sujeitos com disfagia neurogênica após
AVE.
A população alvo deste estudo foi constituída por sujeitos adultos, internados
no Hospital da Cidade de Passo Fundo - HCPF com diagnóstico de AVE. A coleta
dos dados foi realizada nos meses de julho a novembro de 2007.
3.2 Aspectos éticos
O projeto de pesquisa, no qual resultou este estudo, foi elaborado seguindo
os padrões éticos exigidos pela Comissão Nacional de Ética em Pesquisa-CONEP,
conforme Resolução 196/96, e aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa - CEP
da Universidade Federal de Santa Maria-UFSM-RS, sob o protocolo de número
0055.0.243.000-07 e pelo Gabinete de Projetos do Centro de Ciências da Saúde da
instituição.
A pesquisa foi iniciada somente após assinatura do Termo de Autorização
Institucional do HCPF (Apêndice B), onde a pesquisa foi realizada e da aceitação de
participação dos sujeitos da pesquisa, por meio da assinatura da autorização do
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Apêndice A).
Foram explanados os objetivos do estudo aos sujeitos e/ou familiares e estes
se tornaram cientes de que a participação seria inteiramente voluntária, sendo
informados dos procedimentos aos quais seriam submetidos, da ausência de riscos
47
ou desconfortos, dos benefícios esperados, recebendo garantia de sigilo quanto aos
dados de identidade.
3.3 Caracterização da Amostra e Critérios de Seleção
Para este estudo foram selecionados inicialmente vinte e nove (29) sujeitos
com diagnóstico médico baseado em exame de tomografia computadorizada de
AVE, do tipo isquêmico ou Hemorrágico.
Para participar da pesquisa, os pacientes deveriam atender aos seguintes
critérios de inclusão:
- Apresentar disfagia orofaríngea, sendo esta de grau leve a moderado;
- Ter idade no ximo até 65 anos, para não haver a possibilidade de interferência
na função de deglutição em relação à idade do paciente, hajam vistas as
modificações do sistema sensoriomotor oral associadas ao envelhecimento
fisiológico;
- Estar em estado de alerta e compreensão, necessária à realização da terapia;
- Ao exame de videofluoroscopia, estar apresentando escape prematuro do alimento;
- Não apresentar sensibilidade orofaríngea ao toque;
- Apresentar mobilidade de língua (lateralizar, elevar e abaixar) de modo satisfatório
a ponto de não comprometer de maneira significativa a via oral;
Foram considerados critérios de exclusão:
- Uso de traqueostomia;
- Ter história prévia de dificuldades para deglutir;
- Presença de outra patologia de base neurológica que pudesse levar à disfagia.
Dos 29 sujeitos avaliados, vinte e três (23) apresentaram à avaliação clínica
fonoaudiológica disfagia orofaríngea, visualizados na Tabela 1.
48
Tabela 1- Distribuição dos 29 sujeitos quanto ao resultado da avaliação fonoaudiológica das
disfagias orofaríngeas, divididos em deglutição normal e presença de disfagia.
Resultados da avaliação Número de Sujeitos
Número Absoluto Número Relativo
N. %
Deglutição Normal 6 21
Disfagia 23 79
TOTAL 29 100
Dos vinte e três sujeitos os quais apresentaram disfagia orofaríngea na
avaliação fonoaudiológica, dezenove (19) não apresentaram sensibilidade
orofaríngea ao toque, sendo então encaminhados para realizar exame de
videofluoroscopia (Tabela 2).
Tabela 2 - Distribuição dos 23 sujeitos quanto ao resultado da avaliação fonoaudiológica de
presença ou ausência de sensibilidade orofaríngea.
Sensibilidade Orofaríngea Número de Sujeitos
Número Absoluto Número Relativo
N. %
Ausência 19 83
Presença 4 17
TOTAL 23 100
Na Tabela 3, visualizam-se os dezenove sujeitos com ausência de
sensibilidade que realizaram exame de videofluoroscopia, onde 15 apresentaram
escape prematuro presente e reação de deglutição atrasada, critérios importantes
para participar deste estudo.
Tabela 3 - Distribuição dos 19 sujeitos quanto ao resultado do exame de videofluoroscopia de
presença ou ausência de escape prematuro de alimento (EP).
Escape prematuro Número de Sujeitos
Número Absoluto Número Relativo
N. %
Presença de EP 15 79
Ausência de EP 4 21
TOTAL 19 100
49
Dos 29 sujeitos internados com diagnóstico de AVE no período da coleta dos
dados, 15 atendiam os critérios de inclusão e exclusão estabelecidos por esta
pesquisa, desses 15 apenas 7 aceitaram participar, classificando-se assim uma
amostra por conveniência. A não aceitação ocorreu em virtude do tempo de
internação que aumentaria, em função da técnica a ser aplicada posteriormente.
No final da seleção dos pacientes, respeitando os critérios de inclusão e
exclusão estabelecidos por esta pesquisa, participaram deste estudo sete (7)
sujeitos adultos de ambos os sexos, sendo seis homens e uma mulher, com idades
variando entre 28 a 64 anos, com diagnóstico baseado em exame de imagem
Tomografia Computadorizada (TC) de AVE, sem outra patologia de base e tendo
como conseqüência disfagia orofaríngea.
Os sujeitos encontravam-se internados na unidade do Pronto Socorro e em
leitos do HCPF, no período de junho a novembro de 2007.
3.4 Procedimentos de Avaliação
Para selecionar os sujeitos da pesquisa foram realizados os seguintes
procedimentos:
Análise do prontuário para levantar dados de identificação (nome, data de
nascimento, sexo, data da internação), história clínica, as doenças associadas,
exames realizados (raio X de pulmão, tomografia computadorizada), medicação
usada, a via alimentar e a prescrição da dieta.
Anamnese, realizada junto aos familiares e/ou paciente, a fim de coletar dados
referentes à internação, história de doenças desencadeadoras do AVE, aspectos
cognitivos, linguagem e principalmente aspectos relacionados à deglutição pré, peri
e pós AVE, como questionamentos referentes à presença de engasgos, pigarros e
tosses, antes durante ou depois da deglutição, sensação de “alimento parado na
garganta”, relato da alimentação, sensações durante alimentação, pneumonias de
repetição e refluxo gastroesofágico. A anamnese utilizada foi baseada na proposta
de Silva (1999) ( Anexo A ).
50
Avaliação Fonoaudiológica das Disfagias Neurogênicas em Leito Hospitalar:
Esta avaliação visou estabelecer a presença de disfagia e entre outros
aspectos, verificar quais estruturas orofaciais estavam envolvidas na dificuldade de
deglutição, principalmente os aspectos referentes à sensibilidade e mobilidade
dessas estruturas. O protocolo utilizado para este estudo foi o mesmo do serviço de
fonoaudiologia do HCPF, desenvolvido por Silva, Gatto & Cola (2003) (Anexo B),
específico para avaliação da disfagia neurogênica em adultos, porém apresentando
adaptações.
A avaliação foi dividida em indireta, sem alimento, e direta com consistências
líquida e pastosa, na quantidade de 5ml.
Na avaliação indireta, observamos o sistema sensório motor oral, verificando
a higiene oral, arcada dentária; postura do esfíncter labial; presença, ausência e
aspecto de saliva; aeração nasal; sensibilidade facial e intra-oral; mobilidade de
lábios, língua, palato mole, mandíbula e bochechas, elevação da laringe. Foram
testados também os reflexos orais como de tosse, palatal, vômito e deglutição.
Durante a avaliação foi dado ênfase maior à avaliação da sensibilidade
orofaríngea, avaliada com toques de espátula de madeira nos pilares fauceais,
parte posterior da língua, palato mole e parede posterior da orofaringe. A ausência
de reação ao toque como não elevação do palato mole, não reação de deglutição e
principalmente ausência do reflexo de vômito foram considerados indícios
sugestivos de hipossensibilidade ou ausência de sensibilidade desta região
(MANRIQUE, 1999; LOGEMANN, 1983).
Na avaliação direta da deglutição (testadas com líquido e pastoso na
quantidade de 5ml) foi analisado a alteração do vedamento labial, escape oral
anterior, tempo de trânsito oral, redução da elevação laríngea, necessidade de
múltiplas deglutições, refluxo nasal, tosse ou engasgos antes, durante ou após
deglutição, voz molhada, sinais sugestivos de penetração ou aspiração, alteração
na ausculta cervical.
A ausculta cervical, relevante no diagnóstico clínico da etapa faríngea da
deglutição, também foi realizada. Considerada como um método altamente sensível
e específico de avaliação de disfagia, foi realizada com estetoscópio “ Littmann
, da
3M, modelo Classic II Infant and Pediatric Stethoscope.
51
Também foram levados em consideração aspectos relacionados à linguagem
oral, articulação, voz, estado de alerta e compreensão.
Buscou-se estabelecer o estado de consciência do paciente através da
cooperação, coerência ou confusão mental, presença de linguagem espontânea,
respostas motoras, cumprimento de ordens, utilizando perguntas simples do dia a
dia
Durante as respostas observou-se a articulação, a fim de se estabelecer a
presença de disartria, apraxia verbal e distúrbios de fluência, através dos dados de
imprecisão consonantal, prolongamentos vocálicos, esforço, rapidez ou lentidão.
A qualidade vocal foi avaliada relacionando-a a disfagia no que diz respeito à
presença ou não de voz molhada, sendo este considerado sinal sugestivo de
penetração laríngea (GONÇALVES & CÉSAR, 2006).
Exame de Videofluoroscopia: O estudo da deglutição através da
videofluoroscopia foi realizado no Bloco Cirúrgico do HCPF, pelo técnico em
radiologia e pela fonoaudióloga pesquisadora. O equipamento utilizado para este
exame foi um intensificador marca Shimadzu, modelo Pleno.
O presente exame, considerado padrão ouro, serve como importante
instrumento para comprovação do escape prematuro, fundamental neste estudo. À
análise do exame, seguiu-se a proposta sugerida por Gonçalves & Vidigal (1999),
organizada em forma de protocolo, o mesmo utilizado como rotina pelo serviço de
fonoaudiologia do hospital (Anexo C).
As imagens foram visualizadas em monitor duplo, 20 polegadas, acoplados ao
intensificador, durante a realização do exame. Foram selecionadas seqüências de
imagens e estas gravadas em CD. A velocidade das imagens, visualizadas neste
equipamento não se apresentam em tempo real, sendo elas mais lentas.
Durante o exame foram sendo testadas as consistências líquida e pastosa.
Neste momento, o paciente permaneceu sentado em posição de 90°, com imagens
em plano vertical (látero-lateral). O tubo fluoroscópico foi colocado no plano vertical,
pegando imagens da cavidade oral como bios anteriormente, parede posterior da
faringe, nasofaringe superior e início da abertura do esfíncter esofágico superior
(KIM & McCULLOUGH, 2007; ALI et al, 1996; ROSENBEK et al, 1996)
Foi explicado ao paciente o procedimento do exame, sendo a primeira tomada
de imagem com o paciente em repouso, visando à calibração. O mesmo realizou um
total de 10 deglutições, 5 deglutições de líquido ( água misturada com bário gel) e 5
52
deglutições de pastoso ( creme de baunilha com bário gel). Na primeira deglutição
para cada consistência, foi orientado ao paciente para manter o contraste na
cavidade oral até a solicitação de deglutição, com o objetivo de observar a
capacidade do paciente em manter o contraste e presença de escape prematuro de
alimento para faringe. As consistências foram administradas com uma colher de
metal, contendo 5 ml para cada deglutição (KIM & McCULLOUGH, 2007; DEPIPPO
et al 1994). Nas demais deglutições, o paciente foi orientado a deglutir normalmente.
As estruturas analisadas durante o exame e após, em imagem de DVD, foram
divididas em fase oral e fase faríngea.
- Fase oral: capacidade de retenção, movimentação da língua, perda
prematura, resíduos nos sulcos, dorso da língua, soalho da boca, fechamento
velofaríngeo e tempo de trânsito oral.
- Fase faríngea: reação de deglutição, elevação da laringe, movimento do
hióide, onda posterior da faringe, resíduos em valécula e parede posterior da faringe,
tempo de trânsito faríngeo, múltiplas deglutições, penetração laríngea e aspiração
traqueal.
Para analisar o momento no qual desencadeava a reação de deglutição,
baseou-se na literatura a qual refere que o final da fase oral é definido
radiologicamente quando o alimento passa o ramo posterior da mandíbula, dando
início à fase faríngea acompanhada pelo movimento de excursão anterior do hióide
(ROSENBEK et al,1996; KIM & MAcCULLOUGH, 2007). Foi considerado escape
prematuro de alimento para faringe quando, ao passar do ramo posterior da
mandíbula, o alimento invadisse a faringe sem que desencadeasse a reação de
deglutição.
As imagens foram gravadas em CD e analisadas posteriormente através do
programa viewerlite
2 Philips Inturis Suite Lite, v.2.1.1 (2001), pela pesquisadora e
duas profissionais fonoaudiólogas. Foram selecionadas seqüências de imagem
possibilitando a visualização do escape prematuro e do momento da reação de
deglutição para ambas as consistências, pré e pós crioestimulção através do
programa efilm Workstatiion 2.0, que possibilitou a impressão de imagens dicon
(ANEXO E).
Depois de os pacientes selecionados terem passado pelos procedimentos
acima descritos, e estarem em conformidades com os critérios de inclusão e
53
exclusão estabelecidos pela pesquisa, estes foram submetidos à técnica da
crioestimulação.
3.5 A crioestimulação
A técnica da crioestimulação foi realizada logo após o término do exame de
videofluoroscopia, com o objetivo de estimular a região orofaríngea a fim de propiciar
melhora na sensibilidade desta região.
A técnica foi realizada três vezes ao dia como propõe Logemann (1983), com
intervalos mínimos aproximados de quatro horas, durante quatro dias seguidos,
sendo três aplicações diárias em cada uma das seguintes estruturas: pilares
fauceais, parede posterior da orofaringe, palato mole e dorso da língua.
Para cada sujeito, totalizou-se 30 aplicações diárias em cada estrutura, num
total de 480 aplicações ao final do treinamento.
A crioestimulação foi realizada utilizando espelho laríngeo resfriado. O cabo
do espelho foi isolado com material isopor a fim de isolá-lo do manuseio, permitindo
a não condução da temperatura do corpo da pesquisadora para não aquecer mais
rapidamente o espelho. Segundo Selinger et al (1994), o material deve ser revestido
para assim poder sustentar uma temperatura neutra de até 5 segundos depois de
removê-lo do gelo. Por este motivo, aplicou-se a técnica durante 3 segundos em
cada estrutura afim de que o espelho não perdesse a temperatura (ROSENBEK et
al,1996; SCIORTINO et al, 2003).
Na aplicação da crioestimulação, segundo a termodinâmica, ocorrem fatores
físicos que envolvem a condução de calor de um corpo a outro. Portanto, foi
solicitada a um Engº Mecânico, doutor em Termodinâmica, uma testagem da
temperatura (ANEXO F), a fim de saber o tempo ideal que o objeto deveria ficar
imerso no gelo para chegar à temperatura próxima do ideal, contando com as
condições de trabalho e o material do objeto, no caso aço inoxidável. Para isso
levaram-se em consideração as seguintes constantes: temperatura ambiente
próxima, temperatura do corpo humano, tamanho da área do cabo do espelho,
tamanho da área do espelho em contato com a cavidade oral, quantidade de gelo
para resfriar o objeto, quantidade necessária para reduzir o calor do instrumento,
fluxo de calor do gelo para o instrumento, fluxo de calor do instrumento para o corpo.
54
Figura 1 : Equipamento utilizado para medir temperatura do instrumento e da cavidade oral
O espelho foi embebecido em gelo picado (raspas do congelador) durante 10
min, antes de iniciar para atingir a mais próxima do adequado, neste caso, 11°C,
aproximadamente.
Figura 2- Espelho laríngeo mergulhado em gelo
Após 3 segundos, o espelho era embebecido novamente no gelo por no
máximo 3 segundos e novamente aplicado à estrutura. Realizado uma série de 10
aplicações em cada estrutura, solicitava-se ao paciente deglutir saliva (Logemann,
1983)
55
Figura 3: Espelho laríngeo tocando arco palatoglosso (pilar anterior das fauces)
No quinto dia, o paciente era reavaliado realizando novamente avaliação
clínica da disfagia, e também o exame de videofluoroscopia, utilizando-se os
mesmos critérios relatados anteriormente.
3.6 Análise dos Dados e Método Estatístico
Foi realizada uma análise descritiva dos dados pe s crioestimulação das
variáveis da avaliação clínica e do exame de videofluoroscopia. A análise estatística
destes resultados foi realizada através do teste estatístico exato de Fisher, para
pequenas amostras, com significância de p<0,05.
Para a análise dos dados do exame de videofluoroscopia referente ao tempo
de deglutição, procedemos da seguinte forma:
Das cindo deglutições, foram selecionadas três para serem analisadas. Para
cada deglutição foram analisados os seguintes aspectos: Tempo Total de
Deglutição, para qual se utilizou a sigla TTD; Tempo de Trânsito oral até a Reação
de Deglutição, utilizando a sigla TTO-RD e o Tempo de Trânsito faríngeo desde a
Reação de Deglutição até Limpeza Faríngea, com a sigla TTF-LF.
Para identificar anatomicamente o local de desencadeamento da reação de
deglutição, durante a visualização das imagens pelo programa instalado em
56
notebook marca HP modelo Pavilion dv 1000, foi marcado na tela, o local adequado
e o local onde estava desencadeando a reação de deglutição utilizando caneta
compactor OHP permanente M, cor verde.
Foi realizada também medida de tempo dos aspectos de TTD, TTO-RD e
TTF-LF. Para a medida de tempo, utilizou-se um cronômetro marca Casio que
possibilitasse obter tempo de centésimos de segundo (1/100s).
Cada deglutição foi analisada 20 vezes e cada parte objeto de estudo foi
analisada também 20 vezes, sendo cronometrada a fim de obter os tempos mais
próximos.
Após, foram realizadas três análises cronometradas e seus valores utilizados
para fazer a média dos tempos obtidos. Importante ressaltar que os valores obtidos
em tempo de segundos e centésimos de segundos não podem ser usados, pois as
imagens não são em tempo real, e sim, em tempo aumentado, sendo os valores
apenas utilizados para comparação de diferenças de tempo, pré e pós aplicação da
técnica.
Foi feita uma média de tempo de todos os sujeitos para consistência líquida e
para a consistência pastosa, pré e pós crioestimulação referente aos aspectos de
TTD, TTO-RD e TTF-LF, estes foram analisados e comparados. Para comparar as
médias e obter fator de significância utilizou-se Teste t-student com significância 5%
(p<0,05). Os resultados obtidos foram digitados em um banco de dados e
posteriormente analisados no programa estatístico STATA, versão 5.0 (1998).
Um segundo avaliador treinado repetiu todas as medições de um sujeito
selecionado de forma aleatória (sujeito 2), e estes valores foram usados para
calcular a extensão da concordância do inter observador. Uma correlação ponto a
ponto foi feita para os dois conjuntos de medições e estes valores foram aceitáveis
para a confiabilidade de inter julgamento. Este avaliador, utilizou-se dos mesmos
materiais os quais as pesquisadoras utilizaram, como cronômetro Casio, proqrama
para visualização das imagens viewerlite
2 Philips Inturis Suite Lite, v.2.1.1 (2001),
notebook HP pavilon dv 1000.
A confiabilidade entre os avaliadores foi avaliada vinte dias após em uma
amostra aleatória de 10% do número total de deglutições. A re-análise desta série de
deglutições pelos mesmos critérios de análise de um avaliador revelaram que as
medidas estavam tipicamente dentro de um enquadramento.
4 RESULTADOS
Neste capítulo, serão apresentados os resultados obtidos nesta pesquisa,
cujo objetivo foi verificar o efeito da crioestimulação na sensibilidade da região
orofaríngea, escape prematuro de alimentos e reação de deglutição observados na
avaliação clínica das disfagias orofaríngeas e no exame da videofluoroscopia em
pacientes com disfagia neurogênica após AVE internados no HCPF.
Apresentaremos primeiramente a caracterização da amostra, posteriormente
os resultados da avaliação clínica da disfagia, da avaliação da videofluoroscopia e
por último, os resultados referentes à medida dos tempos de deglutição divididas
em tempo total de deglutição (TTD), tempo de trânsito oral até a reação de
deglutição (TTO-RD) e tempo de trânsito faríngeo, da reação de deglutição até a
limpeza faríngea (TTF-LF), contados pré e pós crioestimulação, tanto com a
consistência líquida quanto com a consistência pastosa.
Na Tabela 4 serão apresentados os dados considerados mais relevantes
levantados dos prontuários e da anamnese dos sete sujeitos com AVE quanto ao:
sexo, idade, patologia de base, hemisfério comprometido, linguagem expressiva e
compreensiva, presença de pneumonia, via de alimentação e consistência alimentar.
58
Tabela 4: Caracterização dos sete sujeitos com AVE quanto ao: sexo, idade, patologia de
base,hemisfério comprometido, linguagem expressiva e compreensiva, presença de pneumonia, via
de alimentação e consistência alimentar.
VARIÁVEIS %
SEXO
Feminino 1 14,29
Masculino 6 85,71
IDADE
20-40 anos 2 28,57
41-60 anos 3 42,86
61-70 anos 2 28,57
PATOLOGIA DE BASE
AVE – I 6 86,71
AVE –H 1 14,29
HEMISFÉRIO COMPROMETIDO
Hemisfério Direito 3 42,86
Hemisfério Esquerdo 3 42,86
Tronco Cerebral 1 14,28
LINGUAGEM EXPRESSIVA
Disartria 1 14,29
Afasia 4 57,14
Sem alteração 2 28,57
LINGUAGEM COMPREENSIVA
Presente 4 57,14
Reduzida 3 42,86
Ausente 0 0
ASPECTO BRONCOPULMONAR – PNM
Presente 4 57,14
Ausente 3 42,86
VIA DE ALIMENTAÇÃO
Sonda 2 28,57
Via Oral 4 57,14
Via Oral com orientação 1 14,29
CONSISTÊNCIA ALIMENTAR
Dificuldade para Líquido 3 42,86
Dificuldade para Pastoso 1 14,29
Dificuldade para Líquido e pastoso 1 14,29
Dificuldade para Sólido 1 14,29
Dificuldade para líquido e sólido 1 14,29
59
Observamos nesta tabela que a maioria dos sujeitos participantes da
pesquisa era do sexo masculino, totalizando seis (85,71%) e apenas um (14,29%)
do sexo feminino. A idade da maioria dos sujeitos ficou entre 40 e 60 anos.
Quanto à patologia de base, seis (85,71%) apresentaram como diagnóstico
médico baseado em exame de tomografia computadorizada Acidente Vascular
Encefálico Isquêmico (AVEI) e apenas um (14,29%) apresentou Acidente Vascular
Encefálico Hemorrágico (AVEH). Três (42,86%) sujeitos apresentaram
comprometimento no hemisfério cerebral direito, o mesmo número de sujeitos no
hemisfério esquerdo e apenas um (14,29%) apresentou alteração em tronco
cerebral.
Quanto à linguagem expressiva, um (14,29%) sujeito apresentou disartria,
quatro (57,14%) apresentaram afasia e dois (28,57%) não apresentaram alteração
na linguagem expressiva durante a avaliação. Quanto à linguagem compreensiva,
quatro (57,14%) sujeitos não apresentaram alteração e em três sujeitos(42,86%)
algum tipo de alteração foi observada.
Questionados sobre presença ou histórico de pneumonias, quatro, ou seja,
57,14% referiram ter apresentado e três (42,86%) não referiram ter tido pneumonia.
Quanto à via de alimentação utilizada, dois sujeitos, isto é 28,57% chegaram
a utilizar sonda nasoentérica durante determinado período de internação, quatro
(57,14%) sujeitos alimentavam-se por via oral, enquanto que apenas um (14,29%)
sujeito necessitou de via oral com orientação.
Em relação à consistência alimentar com mais dificuldade, três (42,86%),
referiram o líquido como potencializador de tosses e engasgos, um (14,29%),referiu
dificuldades para pastoso, tendo o mesmo número de sujeitos referido dificuldades
para líquido engrossado, dificuldade para líquido e pastoso, para sólido e para
líquido e sólido.
Na Tabela 5, visualizamos o resultado da avaliação clínica fonoadiológica em
leito hospitalar, específica para disfagia neurogênica. Nesta, está exposto o
resultado do aspecto que consideramos mais relevante para o presente estudo de
acordo com os objetivos do mesmo, a sensibilidade orofaríngea (SO), sendo
testada pré e pós crioestimulação.
60
Tabela 5: Resultado da avaliação fonoaudiológica indireta dos sete sujeitos, pré e pós
crioestimulação quanto ao aspecto da sensibilidade orofaríngea
Pré Pós
Sensibilidade
Orofaríngea
N % N %
P
Presente
0 0 6 86
Ausente
7 100 1 14
0,002
Nível de significância a 5% (p<0,05)
Como um dos critérios de inclusão dos sujeitos da amostra era apresentar
alteração na sensibilidade orofaríngea, todos os sete (100%) sujeitos não
apresentaram sensibilidade ao toque, demonstrada através da ausência do reflexo
de vômito. Após a aplicação da técnica, seis sujeitos, isto é, 85,71% apresentaram
reação de vômito ao toque e apenas um (14,29%) permaneceu sem sensibilidade
orofaríngea, esses resultados mostram significância estatística.
Na Tabela 6 observamos os resultados da avaliação fonoaudiológica direta,
onde todos os aspectos foram avaliados com líquido e pastoso antes e depois da
crioestimulação.
61
Tabela 6: Resultado dos aspectos da avaliação fonoaudiológica direta dos sete sujeitos, pré e pós
crioestimulação nas consistências líquida e pastosa.
Líquido Pastoso
Pré Pós Pré Pós
Variáveis
n % n %
P
n % n %
P
AVL
Sim 2 28,57 1 14,29 0,5 2 28,57 1 14,29 0,5
Não 5 71,43 6 85,71 5 71,43 6 85,71
EOA
Sim 2 28,57 1 14,29 0,5 1 14,29 0 0 0,5
Não 5 71,43 6 85,71 6 85,71 7 100
TTOA
Sim 2 28,57 1 14,29 0,5 5 71,43 2 28,57 0,14
Não 5 71,43 6 85,71 2 28,57 5 71,43
RDA
Sim 7 100 1 14,29
0,002
7 100 1 14,29
0,002
Não 0 0 6 85,71 0 0 6 85,71
REL
Sim 4 57,14 3 42,86 0,5 4 57,14 3 42,86 0,5
Não 3 42,86 4 57,14 3 42,86 4 57,14
MD
Sim 5 71,43 4 57,14 0,5 5 71,43 4 57,14 0,5
Não 2 28,57 3 42,86
2 28,57 3 42,86
RN
Sim 1 14,29 0 0 0,5 0 0 0 0 =
Não 6 85.71 7 100
7 100 7 100
AAC
Sim 6 85,71 0 0
0,002
4 57,14 0 0
0,03
Não 1 14,29 7 100
3 42,86 7 100
VM
Sim 6 85,71 1 14,29
0,01
3 42,86 0 0 0,09
Não 1 14,29 6 85,71
4 57,14 7 100
T/E
Sim 7 100 2 28,57
0,01
5 71,43 2 28,57 0,14
Não 0 0 5 71,43
2 28,57 5 71,43
SSPL
Sim 6 85,71 0 0
0,002
3 42,86 0 0 0,09
Não 1 14,29 7 100
4 57,14 7 100
SSAT
Sim 0 0 0 0 = 0 0 0 0 =
Não 7 100 7 100
7 100 7 100
Nível de significância a 5% (p<0,05)
(AVL) alteração do vedamento labial, (EOA) escape oral anterior, (TTOA) tempo de trânsito oral
aumentado,(RDA) reação de deglutição atrasada, (REL) redução na elevação de laringe, (MD)
múltiplas deglutições, (RN) refluxo nasal, (AAC) alteração na ausculta cervical, (T/E) tosse/engasgos,
(VM) voz molhada , (SSPL) sinais sugestivos de penetração laríngea e (SSAT) sinais sugestivos de
aspiração traqueal .
62
O vedamento labial tanto na consistência líquida como na consistência
pastosa antes da crioestimulação apresentou-se alterado em dois (28,57%) dos
sete sujeitos, enquanto que em cinco (71,43%) não se apresentava alteração. Após
a aplicação da crioestimulação, nas duas consistências um (14,29%) sujeito ainda
apresentou alteração no vedamento labial.
O escape oral anterior, antes da técnica, durante a administração da
consistência líquida foi verificado em dois (28,57%) sujeitos enquanto que cinco
(71,43%) não apresentaram, após a crioestimulação, apenas um (14,29%) sujeito
permaneceu com escape oral anterior. na consistência pastosa, apenas um
(14,29%) sujeito, dos sete, apresentou escape oral anterior, sendo que após a
crioestimulação, nenhum sujeito apresentou escape oral anterior.
O tempo de trânsito oral na consistência líquida mostrou-se aumentado em
dois sujeitos, ou seja, 28,57% antes da crioestimulação. Após a técnica um paciente
ainda permaneceu com trânsito oral aumentado. Na consistência pastosa, cinco
(71,43%) dos sete, apresentaram o tempo de trânsito oral aumentado enquanto dois
(28,57%) não. Após a crioestimulação observou-se uma inversão dos resultados,
dois pacientes ainda ficaram com aumento do trânsito oral e cinco (71,43%) não.
Os sete (100%) sujeitos apresentaram reação de deglutição atrasada antes
da estimulação em ambas as consistências. Após a crioestimulação apenas um
(14,29%) permaneceu com reação de deglutição atrasada e seis ( 85,71%)
obtiveram reação de deglutição adequada. Esses resultados mostram diferença
estatisticamente significante.
Foi observado antes da crioestimulação, tanto na consistência líquida como
na pastosa, redução na elevação da laringe em quatro (57,14%) dos sete sujeitos,
enquanto três (42,86%) não apresentaram. Após a crioestimulação, esses valores
se inverteram, pois 3 sujeitos isto é 42,86% apresentaram redução na elevação da
laringe e 4 (57.14%) não apresentaram.
Quanto às múltiplas deglutições, antes da crioestimulação, cinco (71,43%)
sujeitos apresentaram esta necessidade, para as duas consistências, enquanto dois
(28,57%) não apresentaram esta necessidade. Após a crioestimulação quatro
(57,14%) ainda tinham múltiplas deglutições e 3 (42,86%) não apresentaram.
O refluxo nasal foi observado em apenas um (14,29%) sujeito durante a
avaliação com a consistência líquida, pré crioestimulação enquanto que seis
(85,71%) não apresentaram. Após, não foram observados episódios de refluxo
63
nasal em nenhum dos sujeitos. Para a consistência pastosa, pré e pós
crioestimulação, nenhum sujeito apresentou refluxo nasal.
Durante a avaliação com líquido, pré crioestimulação, a ausculta cervical
mostrou-se alterada em seis sujeitos, ou seja, 85,71% e apenas um não
apresentava alteração. Na consistência pastosa, quatro (57,14%) pacientes
apresentaram alteração na ausculta cervical, enquanto três (42,86) não
apresentaram. Após a crioestimulação, tanto na consistência líquida como na
pastosa, os sete (100%) não apresentaram mais alteração na ausculta cervical.
Esse resultado mostrou diferença estatisticamente significante.
Seis (85,71%) dos sete sujeitos apresentaram voz molhada durante a
avaliação com consistência líquida pré crioestimulação, e apenas um (14,29%) não
apresentava. Após a aplicação da técnica, esses valores se inverteram, pois apenas
um (14,29%) permaneceu com essa alteração vocal enquanto seis (85,71%) não
apresentaram. Esses resultaram mostraram diferenças estatisticamente
significantes.
para a consistência pastosa, antes da aplicação da cnica, três (42,86%)
sujeitos apresentaram voz molhada e quatro (57,14%) não apresentaram. Após a
aplicação da técnica, nenhum sujeito apresentou mais esta alteração. Esses
resultaram mostraram diferenças estatisticamente significantes.
Todos os sete sujeitos, ou seja, 100% apresentaram tosse, antes, durante ou
após deglutição para a consistência líquida, pré crioestimulação. Após a aplicação
da técnica, observou-se tosse somente em dois (28,57%) sujeitos enquanto que
cinco (71,43%) não apresentaram mais, resultado este considerado
estatisticamente significativo. Para a consistência pastosa, pré crioestimulação,
cinco, 71,43% apresentaram tosse e dois (28,57%) não apresentaram, sendo que,
após a crioestimulação este número inverteu-se, dois, 28,57% ainda permaneceram
apresentando tosse e cinco (71,43%) pacientes não.
Seis sujeitos apresentaram sinais sugestivos de penetração laríngea durante
a avaliação com consistência quida pré crioestimulação, perfazendo 85,71%, e
apenas um (14,29%) paciente não apresentou esse sinal. Este número reduziu
após a aplicação da crioestimulação, pois, nenhum sujeito apresentou sinal
sugestivo de penetração laríngea, ou seja, (100%). Esses resultaram mostraram
diferenças estatisticamente significantes. Para a consistência pastosa, três
(42,86%) sujeitos apresentaram sinais sugestivos de penetração laríngea e quatro
64
(57,14%) não apresentaram. Após crioestimulação os sete (100%) sujeitos não
apresentaram sinais de aspiração laríngea.
Quanto à aspiração traqueal, nenhum dos sete sujeitos apresentou sinais de
aspiração pré e pós crioestimulação para ambas as consistências.
Na Tabela 6, podemos observar os resultados da avaliação
videofluoroscópica dos sete sujeitos com AVE, pré e s crioestimulação com as
consistências líquida e pastosa, na quantidade de 5 ml, seguindo as variáveis da
fase oral como trânsito oral e resíduos em cavidade oral.
Tabela 7: Resultados da avaliação Videofluoroscópica da fase oral da deglutição, pré e pós
crioestimulação nas consistências líquida e pastosa
Líquido Pastoso
Pré Pós Pré Pós
Variáveis
n % n %
p
n % n %
p
TO
Aumentado
3 42,86 0 0
0,5
5 71,43 2 28,57 0,14
Adequado 4 57,14 7 100
2 28,57 5 71,43
RCO
Presente 5 71,43 5 71,43 0,72 7 100 7 100
0,5
Ausente 2 28,57 2 28,57 0 0 0 0
Nível de significância 5% (p<0,05)
(TO) Trânsito Oral
(RCO) Resíduos em Cavidade Oral
Observamos que o trânsito oral mostrou-se aumentado em três sujeitos
(42,86%) durante avaliação com líquido, pré crioestimulação, contra quatro, 57,14%
com trânsito oral considerado adequado. Após a crioestimulação, o trânsito oral,
apresentou-se adequado nos sete sujeitos, ou seja, 100%. Na consistência pastosa,
o trânsito oral estava aumentado em cinco sujeitos (71,43%), após a aplicação da
crioestimulação, apenas dois sujeitos, 28,57% permaneceram com esta alteração.
Cindo dos sete sujeitos apresentaram resíduos em cavidade oral após
deglutição de líquido, numa proporção de 71,43%, após a crioestimulação este
índice permaneceu inalterado. Para a consistência pastosa, os sete sujeitos, ou
seja, 100% apresentaram resíduos após deglutição, permanecendo sem alteração
após crioestimulação.
A Tabela 8 mostra os resultados da avaliação Videofluoroscópica da fase
faríngea da deglutição observando o trânsito faríngeo, escape prematuro, reação de
deglutição, elevação de laringe, estase, penetração laríngea e aspiração traqueal.
65
Nesta tabela foram distribuídos os aspectos considerados mais relevantes, de
acordo com os objetivos desta pesquisa.
Tabela 8: Resultado da avaliação Videofluoroscópica da fase faríngea da deglutição pré e pós
crioestimulação nas consistências líquida e pastosa
Líquido Pastoso
Pré Pós Pré Pós
Variáveis
n % n %
p
N % n %
p
TF
Aumentado
5
71,43
0
0
0,01
4 57,14 0 0
0,03
Adequado 2
28,57
7
100 3 42,86 7 100
EP
Presente 7
100
1
14,29
0,002
7 100 1 14,29
0,002
Ausente 0
0
6
85,71 0 0 6 85.71
RD
Atrasada 7
100
1
14,29
0,002
7 100 1 14,29
0,002
Adequada 0
0
6
85,71 0 0 6 85,71
EL
Reduzida 1
14,29
0
0 0,5 5 71,43 3 42,86 0,29
Adequada 6
85,71
7
100 2 28,57 4 57,14
E
Presente 6
85,71
4
57,14 0,28 7 100 5 71,43 0,23
Ausente 1
14,29
3
42,86 0 0 2 28,57
PL
Presente 6
85,71
0
0
0,002
3 42,86 0 0 0,09
Ausente 1
14,29
7
100 4 57,14 7 100
AT
Presente 0
0
0
0 0 0 0 0
Ausente 7
100
7
100 7 100 7 100
Nível de significância 5% (p<0,05)
(TF) Trânsito Faríngeo, (EP) escape prematuro, (RD) Reação de deglutição, (EL) elevação de
laringe, (E) estase, (PL) penetração laríngea, (AT) aspiração traqueal.
O trânsito faríngeo mostrou-se aumentado em cindo dos sete sujeitos, numa
proporção de 71,43%, durante a deglutição de líquido pré crioestimulação, sendo
que após a crioestimulação, apresentou-se adequado em 100% dos sujeitos. Na
deglutição de pastoso, quatro sujeitos (57,14%) apresentaram o trânsito faríngeo
aumentado contra três, 42,86%, que não apresentaram esta alteração. Após a
crioestimulação, houve melhora neste aspecto, pois todos os sete sujeitos
apresentaram trânsito faríngeo adequado, ou seja, 100%. Os valores pré e pós
crioestimulação para ambas as consistências mostraram diferença estatisticamente
significativa.
Todos os sete (100%) sujeitos apresentaram escape prematuro de líquido e
pastoso pré crioestimulação, após, apenas um sujeito (14,29%) permaneceu com
66
esta alteração em ambas as consistências, diferença esta considerada com
estatística significante.
Os sete sujeitos apresentaram reação de deglutição atrasada durante a
deglutição tanto de líquido quanto pastoso pré crioestimulação, após, apenas um
sujeito (14,29%) permaneceu com esta alteração em ambas as consistências,
configurando melhora neste aspecto. A diferença pré e pós crioestimulação para
ambas as consistências foi considerada estatisticamente significativa.
Durante a deglutição de líquido, a elevação de laringe estava reduzida em
apenas um sujeito, ou seja, 14,29%, após a crioestimulação nenhum sujeito
apresentou esta alteração. Para a consistência pastosa, cindo dos sete sujeitos,
numa proporção de 71,43%, apresentaram elevação de laringe reduzida e apenas
dois, 28,57% apresentaram elevação de laringe adequada, após a crioestimulação
houve discreta melhora, mostrando que elevação de laringe reduzida permaneceu
em três sujeitos, 42,86%, enquanto que quatro (57,14%) dos sete sujeitos
apresentaram esta adequada.
Seis (85,71%) sujeitos apresentaram estase de líquido antes da
crioestimulação. Após a crioestimulação, permaneceu estase em quatro sujeitos
(57,14%) contra três (42,86%) sem esta alteração. Na consistência pastosa, todos
os sujeitos, ou seja, 100% apresentaram estase, permanecendo em cinco (71,43%)
dos sete sujeitos após a crioestimulação.
A penetração laríngea foi observada em seis (85,71%) dos sete sujeitos
durante a testagem com líquido, pré crioestimulação. Após, nenhum dos sete
sujeitos apresentou penetração laríngea, ou seja, melhora de 100%, dado este
considerado estatisticamente significativo. Para a consistência pastosa, três
(42,86%) apresentaram contra quatro, 57,14% que não apresentaram penetração.
Após a crioestimulação, a melhora também é evidenciada, pois os sete (100%)
sujeitos não apresentaram esta alteração.
Aspiração traqueal não foi observada durante deglutição de líquido e
pastoso, tanto pré como pós crioestimulação.
A Tabela 9 mostra a distribuição das médias e desvio padrão dos dados
referentes à medida dos tempos de deglutição divididas em: Tempo Total de
Deglutição, Tempo de Trânsito Oral até a Reação de deglutição e Tempo de
Trânsito Faríngeo, da Reação de Deglutição até a Limpeza Faríngea. Os tempos
67
foram contados pe pós crioestimulação, tanto na consistência líquida quanto na
consistência pastosa.
Tabela 9: Distribuição das médias e desvio padrão dos dados referentes à medida de tempo pré e
pós crioestimulação com líquido e pastoso
Líquido Pastoso
Variáveis
Pré Pós P Pré Pós P
TTD 2,701,02)
2,43(±0,59)
0,177 3,81(±0,97 3,26(±0,86)
0,0006
TTO-RD 1,91(±0,98)
1,54(±0,45)
0,11 2,91(±0,96)
2,23(±0,80)
0,0019
TTF-LF 0,73(±0,18)
0,95(±0,24)
0,0016
0,88(±0,08)
1,09(±0,17)
0,01
Nível de significância 5% (p< 0,05)
(TTD) Tempo total de deglutição, (TTO-RD) Tempo de trânsito oral até a reação de deglutição e
(TTF-LF) tempo de trânsito faríngeo da reação de deglutição até a limpeza faríngea.
Observamos que a média do tempo total de deglutição (TTD) de todos os
sujeitos, comparando pré e pós crioestimulação, tanto para a consistência líquida
como para a pastosa apresentou-se menor após a estimulação, com diferença
estatisticamente significante somente para pastoso.
O tempo de trânsito oral até a reação de deglutição (TTO-RD) também se
mostrou menor quando comparados pré e pós crioestimulação, nas duas
consistências, portanto, reduzindo o tempo após a crioestimulação, com diferença
estatisticamente significante também somente para a consistência pastosa.
A dia do tempo de trânsito faríngeo desde a reação de deglutição até a
limpeza faríngea (TTF-LF) de todos os sujeitos avaliados, quando comparadas pré
e pós crioestimulação, aumentou tanto para o liquido como para o pastoso, mas,
com diferença estatística significativa somente para o líquido.
5 DISCUSSÃO
As manifestações clínicas de um paciente disfágico pós AVE variam, mas
alguns sinais são mais comumente encontrados como redução da sensibilidade na
região da orofaringe, atraso no disparo do reflexo de deglutição e redução da
contração faríngea. Outra manifestação importante é a diminuição do reflexo de
tosse, que também pode ocorrer pela perda da sensibilidade laríngea (BUCHHOLZ
& ROBBINS, 1997). Todas essas manifestações se não verificadas e tratadas
precocemente podem acarretar rias conseqüências em pacientes disfágicos por
AVE, tais como pneumonias aspirativas, desnutrição e até mesmo o óbito.
A crioestimulação, também denominada de estimulação térmica, consiste na
estimulação do sistema nervoso periférico através da ação repetida do gelo, ou seja,
toques breves no local a ser trabalhado.
utilizada na prática fonoaudiológica com resultados positivos, mas pouco
pesquisada, a crioestimulação baseada na estimulação com objetos frios ou gelados
nos tecidos com finalidades terapêuticas, de acordo com Rodriguez & Guimarães
(1988), têm se mostrado eficaz no trabalho da sensibilidade de regiões afetadas por
lesões neurológicas (BUCK, 1999).
Sabe-se que pacientes do sexo masculino são mais acometidos por AVE se
comparados com o sexo feminino, dados evidenciados por muitos autores (SHELP
et al, 2004; XEREZ, BARBOSA & COSTA, 2004; ROSENBEK et al, 1996; DORIA et
al, 2003; HAMDY et al, 2003). Nesta pesquisa de modo semelhante houve
predomínio do sexo masculino, pois dos sete sujeitos, seis eram do sexo masculino
e somente um do sexo feminino.
Os sujeitos da pesquisa apresentaram idades entre 20 a 70 anos, do mesmo
modo, outros estudos também encontraram idades próximas a essa faixa etária
(XEREZ, BARBOSA & COSTA, 2004; DEPIPPO et al, 1994).
Existem dois tipos acidente vascular encefálico, o isquêmico e o
hemorrágico. O acidente vascular isquêmico (AVEI), tipo mais observado neste
estudo (85,71%) também foi relatado nos estudos de Teasell, Blach & McRae
(1994), enquanto somente um sujeito apresentou AVE hemorrágico. Destes, três
69
apresentaram lesão de hemisfério direito, três no hemisfério esquerdo e somente
um sujeito apresentou lesão de tronco cerebral, não se evidenciando predomínio
quanto à localização da lesão, provavelmente devido ao reduzido número de
sujeitos nesta pesquisa (KIM & McCULLOUGH 2007; SILVA & VIEIRA 1998). Para
Daniels & Foundas (1999), a disfagia pode ocorrer em lesões tanto bilaterais,
unilaterais ou tronco cerebral.
Lesões cerebrais no hemisfério direito parecem afetar mais a fase faríngea da
deglutição, enquanto as lesões no hemisfério esquerdo parecem afetar mais a fase
oral. Quanto maior o comprometimento da fase faríngea, em pacientes com lesão
cerebral direita, maior o risco de aspiração. Lesões cerebrais bilaterais apresentam
quadros de disfagia ainda mais severos por envolverem as duas fases, oral e
faríngea (LOGEMANN et al, 1993).
Robbins & Levine (1998) relataram que sujeitos com AVE em hemisfério
direito tendem a apresentar um tempo faríngeo maior e consequentemente maior
incidência de penetração/aspiração que aqueles com lesão em hemisfério esquerdo.
Geralmente pacientes com AVE apresentam várias alterações associadas,
entre elas, podemos citar afasia, disartria, disfagia e complicações
broncopulmunares. Nesta pesquisa observamos alteração de linguagem expressiva
em cinco pacientes, sendo um disártrico e quatro afásicos. a linguagem
compreensiva estava alterada em três sujeitos. Autores concordam que avaliar
estes dados é importante, visto que podem interferir no tratamento da disfagia
(FURKIM, 2001; MOSCHETTI, 2003). Em relação aos aspectos broncopulmonares,
quatro sujeitos, apresentaram pneumonia durante a internação hospitalar. Tal
resultado concorda com autores que referem à pneumonia como uma conseqüência
da disfagia orofaríngea (BRETAN, 2003; GRESHAN, 1990; LEDER & ESPINOSA,
2002).
Quanto à alimentação, a dificuldade com consistência alimentar específica é
um dos problemas mais apresentados por pacientes acometidos de AVE. Nesta
pesquisa a maioria dos sujeitos alimentavam-se por via oral sendo a dificuldade
para líquidos referida por três deles, enquanto houve um sujeito para cada uma das
outras combinações (pastoso; líquido/pastoso, sólido e líquido/sólido).
A avaliação clínica das disfagias realizada de maneira indireta e direta, como
propõe Silva, Cola & Gatto (2003) foi uma das avaliações realizadas nos sujeitos da
pesquisa.
70
Conforme os objetivos desta pesquisa a variável sensibilidade orofaríngea,
observada na avaliação indireta, através do reflexo de vômito, foi considerada mais
relevante a ser analisada e como um dos critérios de inclusão dos sujeitos da
amostra era apresentar alteração na sensibilidade orofaríngea, todos os sete
(100%) sujeitos não apresentaram sensibilidade ao toque. Após a aplicação da
técnica, seis sujeitos apresentaram reação de vômito ao toque e apenas um
permaneceu sem alteração. Esses resultados mostram diferença estatisticamente
significante na comparação dos resultados antes e após a aplicação da técnica. E
demonstra a efetividade da crioestimulação na melhora deste aspecto, concordando
com alguns autores que também referem que o frio pode melhorar a resposta
sensitiva de áreas afetadas (BUCK, 1999; LOGEMANN, 1983; BUCHHOLZ et al,
1995).
A literatura aponta que o reflexo de vômito anormal ou ausente deve ser
considerado um dos sinais do paciente disfágico (DANIELS et al, 1998; LEDER,
1996). Estudo realizado por Linden & Siebens (1983) e por Bleanch (1993),
referem ausência do reflexo de vômito em sujeitos com AVE. Outros autores
referiram a ausência de sensibilidade orofaríngea como um aspecto freqüentemente
presente em pacientes disfágicos pós AVE (ZAFFARI, 2003; BUCHHOLZ &
ROBBINS, 1997; AVIV et al, 1996; KIDD et al, 1993; XEREZ, CARVALHO &
COSTA, 2004).
Os dados da avaliação direta realizadas com consistência líquida e pastosa,
antes e após a crioestimulação mostraram de forma geral que as variáveis
estudadas apresentaram diferenças importantes após a aplicação da cnica. Estas
diferenças estão evidenciadas com diferença estatisticamente significante
principalmente na reação de deglutição, na alteração da ausculta cervical, voz
molhada, tosse, e sinais sugestivos de penetração laríngea.
A reação de deglutição mostrou-se atrasada em todos os sete sujeitos
durante alimentação com líquido e pastoso antes da crioestimulação, após a
crioestimulação, seis dos sete sujeitos apresentaram a reação de deglutição
adequada, resultados estes evidenciados na literatura consultada que também
indicam uma melhora da resposta de deglutição com a utilização da crioestimulação
(LOGEMANN, 1983; BUCHHOLZ et al, 1995; ROSENBEK et al, 1996; ROSENBEK
et al, 1991; LAZZARA, LAZARUS &LOGEMANN, 1986). Em contrapartida, são
discordantes de outros autores os quais afirmam que o frio utilizado de forma
71
isolada não produz efeito na deglutição, apontando que cnicas combinadas como
frio e cítrico juntos (Hamdy et al, 2003) e frio, mecâncio e gustatório (Sciortino et al,
2003) seriam mais efetivos.
Também a alteração da ausculta cervical foi evidenciada em seis dos sete
pacientes avaliados com líquido, e quatro na consistência pastosa. Estes resultados
concordam com outros estudos os quais também verificaram alteração na ausculta
cervical em sujeitos com disfagia s AVE (XEREZ, BARBOSA & COSTA, 2004;
LINDEN,KUHLEMEIER & PATTERSON, 1993). Mas foram reforçados por Moschetti
(2003) o qual refere à importância da ausculta cervical para identificar alterações
como presença de alimento em recessos faríngeos ou penetração. Após a técnica a
alteração da ausculta cervical não foi mais verificada apontando assim o efeito da
crioestimulação nos pacientes disfágicos desta pesquisa.
A voz molhada também se apresentou alterada em seis pacientes ao deglutir
líquido e três no pastoso, após a crioestimulação houve melhora significativa nas
duas consistências, pois apenas um sujeito permaneceu com esta alteração para
líquido e nenhum sujeito apresentou voz molhada para pastoso. Estes resultados
podem ser justificados pela literatura que aponta a voz molhada como um sinal
importante, podendo sugerir penetração ou aspiração (MCCULLOUGH, WERTZ &
ROSENBEK, 2001; GONÇALVES & VIDIGAL, 2006; WARMS & RICHARDS, 2000).
Esses resultados também podem justificar a presença de sinais sugestivos de
penetração laríngea, verificada na maioria dos pacientes avaliados.
Alguns autores referem ser a tosse comumente encontrada em sujeitos com
disfagia por AVE (MOSCHETTI, 2003; MANN & HANKEY, 2001). Em nosso estudo
todos os pacientes apresentaram tosse para líquido antes da crioestimulação e
cinco na consistência pastosa. Para muitos autores a tosse ou engasgo pode ser
sinal clínico de aspiração ou penetração laríngea (FURKIM & SILVA, 1999;
SANTINI, 1999; SILVA, 1999; GROHER, 1997; DANTAS, 1998; MARTINEZ &
FURKIM, 1998;ALVES, 2003).
Tais resultados também o justificados pelos sinais sugestivos de
penetração laríngea verificados em seis sujeitos na avaliação com líquido, e três
para o pastoso, sendo que após a crioestimulação, este aspecto não foi observado
em nenhum sujeito, o que resultou em melhora significativa.
A literatura pesquisada indica que sinais sugestivos de penetração laríngea
envolvem aspectos como presença de voz molhada, tosse, ausculta cervical
72
alterada, entre outros, o que foi evidenciado tão claramente nos sujeitos desta
pesquisa (FURKIM & SILVA, 1999; SANTINI, 1999; SILVA, 1999; GROHER, 1997;
DANTAS, 1998; MARTINEZ & FURKIM, 1998;ALVES, 2003; McCULLOUGH,
WERTZ & ROSENBEK, 2001; GONÇALVES & VIDIGAL, 2006; WARMS &
RICHARDS, 2000; XEREZ, BARBOSA & COSTA, 2004; LINDEN,KUHLEMEIER &
PATTERSON, 1993; XAVIER et al, 2002; LANGMORE & McCULLOUGH, 1997).
As outras variáveis também analisadas na avaliação clínica da disfagia como
a alteração do vedamento labial, escape oral anterior, tempo de trânsito oral
aumentado, redução da elevação da laringe, múltiplas deglutições, refluxo nasal,
também estavam presentes nos pacientes com AVE participantes da pesquisa, mas
em proporções inferiores, não mostrando significância estatística, mas mesmo
assim apresentando modificações após a crioestimulação. Somente sinais
sugestivos de aspiração traqueal que não foram observados em nenhum desses
pacientes
O exame de videofluoroscopia da deglutição, realizado com líquido e com
consistência pastosa, antes e após a crioestimulação, assim como na avaliação
clínica, mostrou importantes modificações em todas as situações avaliadas.
Na avaliação da fase oral, foram verificados o trânsito oral e resíduos em
cavidade oral. Em relação ao trânsito oral, tanto na avaliação videofluoroscópica
como na avaliação clínica observou-se aumentado em alguns pacientes, mas em
proporções maiores para a consistência pastosa (71,43%) do que para a líquida.
Após a crioestimulação, o trânsito oral apresentou-se adequado em apenas dois
pacientes, enquanto que sete ainda permaneceram com alteração. A literatura
consultada salienta que o trânsito oral pode estar aumentado em pacientes com
disfagia orofaríngea pós AVE (Zaffari, 2003; Mann & Hankey, 2001), mas melhora
utilizando-se do frio (ROSENBEK et al, 1996).
A maioria dos sete pacientes apresentou resíduos de líquido e principalmente
de pastoso em cavidade oral, o apresentando modificações após a estimulação,
o que pode ser justificado em função de que na fase oral, a mobilidade de língua
pode estar reduzida, limitando a manipulação do alimento e até mesmo dificultando
a propulsão do bolo, além da técnica empregada não ser utilizada para esse
objetivo.
Na fase faríngea, quando avaliamos o tempo de trânsito faríngeo verificamos
que este se apresentou aumentado, tanto no líquido quanto no pastoso, em mais da
73
metade dos pacientes avaliados, sendo cinco para a consistência líquida e quatro
para a pastosa, após a crioestimulação o trânsito faríngeo mostrou-se adequado em
todos os pacientes, mostrando diferença estatística altamente significante.
A alteração no tempo de trânsito faríngeo, como mostra o resultado desta
pesquisa, é evidenciada por outros autores que também apontam esta como um
achado em sujeitos com disfagia pós AVE (DANIELS & FOUNDAS, 1999;
ROBBINS & LEVINE, 1998; BISCH et al, 1994). Kim & McCullough (2007) também
referiram um tempo de trânsito faríngeo maior em pacientes com AVE, mas
relacionaram isso ao atraso da reação de deglutição, também evidenciado nos
pacientes desta pesquisa, podendo levar à aspiração. Doria et al (2003) apontaram
que a videofluoroscopia permite de forma mais fidedigna avaliar ao tempo de
trânsito faríngeo.
Esses resultados obtidos após crioestimulação no tempo faríngeo, também
foram verificados em estudos semelhantes (BUCHHOLZ et al, 1995; ALI et al,
1996).
O escape prematuro assim como a reação de deglutição atrasada estavam
presentes em todos os sujeitos da pesquisa, sendo este sinal verificado em ambas
as consistências antes da crioestimulação. Justificam-se esses resultados em função
de que pacientes adultos disfágicos mostram uma transição prolongada entre o fim
da fase oral e inicio da fase faríngea, com escape prematuro e reação de deglutição
atrasada. Estes dados são reforçados por alguns autores que referem à presença
de escape prematuro e reação de deglutição atrasada de forma significativa em
pacientes com AVE e com alteração na sensibilidade. (ROBBINS et al, 1999;
ZAFFARI, 2003; BUCHHOLZ & ROBBINS, 1997; XAVIER et al, 2002; GONÇALVES
& CÉSAR, 2006; LANGMORE & McCULLOUGH, 1997; BISCH et al, 1994;
LOGEMANN, 1983).
Após a aplicação da técnica, apenas um sujeito permaneceu com escape
prematuro e reação de deglutição atrasada, resultados estes com diferença
estatisticamente significantes. Os resultados s crioestimulação concordam com a
literatura que apontam a terapia com o frio como eficaz para melhorar a reação de
deglutição (LOGEMANN, 1983; BUCHHOLZ et al, 1995; ROSENBEK et al, 1996;
ROSENBEK et al, 1991; LAZZARA, LAZARUS & LOGEMANN, 1986).
Como foram referidos anteriormente, esses resultados vão de encontro
com a afirmação de alguns autores que citam que o frio utilizado de forma isolada,
74
possa produzir efeito na deglutição, apontando que cnicas combinadas como frio
e cítrico juntos (Hamdy et al, 2003) e frio, mecâncio e gustatório (Sciortino et al,
2003) proporcionam resultados mais efetivos.
Pode-se observar que tais resultados confrontados com os da avaliação
clínica se equivalem, mostrando singularidade entre os instrumentos de avaliação
utilizados nesta pesquisa.
Durante a avaliação clínica, a elevação de laringe apresentou-se diminuída
em quatro sujeitos, tanto no pastoso quanto no líquido, melhorando em apenas um
sujeito após a crioestimulação, para ambas as consistências. No exame de
videofluoroscopia, a elevação de laringe apresenou-se diminuída em um sujeito
para o líquido, melhorando após a crioestimulação. Já para o pastoso, estava
diminuída em cinco sujeitos melhorando após a técnica em dois sujeitos.
A elevação de laringe nesta pesquisa não foi contemplada, pois a
crioestimulação não tem como objetivo trabalhar esta mobilidade, o que justifica,
assim, como em outros aspectos, uma melhora nada significativa.
Mas este achado concorda com a literatura que aponta a redução na
elevação laríngea como um dos sinais importantes encontrados em pacientes com
disfagia neurogênica (FURKIM & SILVA, 1999; SANTINI, 1999; SILVA, 1999;
GROHER, 1997; DANTAS, 1998; MARTINEZ & FURKIM, 1998; ALVES, 2003).
Dos sete sujeitos, seis apresentam estase de consistência líquida em parede
posterior da faringe ou recessos faríngeos e sete na consistência pastosa. Após a
crioestimulação, quatro permaneceram com esta alteração para o líquido e dois
sujeitos para o pastoso. Estudos sobre sinais em disfagia neurogêncica concordam
que a estase pode ser encontrada em pacientes disfágicos, associando esta
alteração às dificuldades principalmente na fase faríngea da deglutição (ZAFFARI,
2003; LANGMORE & McCULLOUGH, 1997).
Os sinais sugestivos de penetração laríngea observados na avaliação clínica
também foram confirmados na videofluoroscopia, onde seis sujeitos apresentaram
penetração laríngea com líquido e três com o pastoso. Fica evidenciado, portanto, o
valor da avaliação clínica como preditora para os sinais da disfagia orofaríngea,
mas segundo Shelp et al (2004) pode ser melhor visualizado através da
videofluoroscopia.
Verificou-se que após a estimulação com frio, a penetração laríngea, não foi
evidenciada em nenhum dos pacientes da pesquisa e que a estimulação
75
proporcionou uma melhora significativa neste aspecto. Essa melhora pode ser
justificada em função de que a reação de deglutição e o escape prematuro são
apontados como sinais que podem levar à penetração ou aspiração, sendo assim, a
melhora destes consequentemente sugerem que podem também reduzir os
episódios de penetração laríngea.
Para verificar o tempo de deglutição, analisadas através da videofluoroscopia,
foram realizadas medidas de tempo, sendo estas cronometradas, a fim de obterem-
se os tempos mais próximos.
Foram realizadas medida de tempo dos aspectos de tempo total de
deglutição, tempo de trânsito oral até a reação de deglutição e o tempo de trânsito
faríngeo da reação de deglutição até a limpeza faríngea. Essas medidas são
importantes, pois pacientes adultos disfágicos por AVE mostram geralmente uma
transição prolongada entre o fim da fase oral e inicio da fase faríngea, com escape
prematuro e reação de deglutição atrasada, facilitando aspiração (KIM &
McCULLOUGH, 2007).
Observamos que a média do tempo total de deglutição (TTD) de todos os
sujeitos, comparando pré e pós crioestimulação, tanto para a consistência líquida
como para a pastosa apresentou-se menor após a estimulação, com diferença
estatísticamente significante somente para pastoso.
O tempo de trânsito oral até a reação de deglutição (TTO-RD) também se
mostrou menor quando comparados pré e pós crioestimulação, nas duas
consistência, portanto, reduzindo o tempo após a crioestimulação, com diferença
estatisticamente significante também somente para a consistência pastosa.
Esses resultados mostram que a crioestimulação é capaz de promover
melhora na reação de deglutição e concordam com os estudos que envolvem a
crioestimulação, ou estimulação térmica realizada com sujeitos com AVE, que
referem uma melhora no tempo total de deglutição após estimulação com frio em
sujeitos com disfagia orofaríngea (LOGEMANN, 1983; BUCHHOLZ, 1994;
ROSENBEK et al, 1996).
A dia do tempo de trânsito faríngeo desde a reação de deglutição até a
limpeza faríngea (TTF-LF) de todos os sujeitos avaliados, quando comparadas pré
e pós crioestimulação, aumentou tanto para o liquido como para o pastoso, mas,
com diferença estatística significativa somente para o liquido. Tais resultados
sugerem que, a reação de deglutição acontecendo mais cedo, próximo ao ramo
76
posterior da mandíbula e não mais em valécula ou terço médio do espaço faríngeo,
proporciona ao alimento ter mais tempo de trânsito faríngeo, o que justificaria seu
aumento.
Lazzara, Lazarus & Logemann (1986) através da estimulação térmica,
pesquisaram seus efeitos também no trânsito faríngeo, e observaram através da
melhora na reação de deglutição um aumento do tempo faríngeo.
Os resultados desta pesquisa nos possibilitaram realizar uma análise sobre a
crioestimulação e seus efeitos nos distúrbios de deglutição em pacientes com AVE.
Neste caso, os resultados observados através da melhora significativa da
sensibilidade orofaríngea, reação de deglutição, escape prematuro e penetração
laríngea estão associados aos casos estudados, podendo haver uma limitação do
estudo visto o número reduzido da amostra. Mas ainda assim, esta técnica tão
questionada na sua aplicabilidade nos mostra, através destes resultados, que pode
ser um complemento importante na terapia fonoaudiológica.
Também mostra a importância dos critérios utilizados na metodologia através
dos instrumentos selecionados e mais especificamente neste caso, a temperatura
adequada, baseada na ciência física da condução de calor. Assim, esta pesquisa
contribui com a fonoaudiologia, mostrando que toda a técnica de reabilitação deve
ser aplicada da forma criteriosa, a fim de obter resultados mais rápidos e positivos.
Portanto, o estudo desta técnica vem propiciar uma reflexão sobre sua
aplicabilidade no tratamento de sujeitos com disfagia orofaríngea pós AVE.
6 CONCLUSÃO
Os resultados obtidos nesta pesquisa, realizada com o objetivo de investigar o
efeito da crioestimulação na sensibilidade da região orofaríngea, no escape
prematuro de alimentos e reação de deglutição em pacientes com disfagia
orofaríngea após AVE permitiram chegar às seguintes conclusões:
- A crioestimulação foi efetiva na recuperação da sensibilidade orofaríngea de seis
dos sete sujeitos estudados com disfagia neurogência pós AVE, com resultados
estatisticamente significantes quando comparados pré e pós estimulação;
- A crioestimulação foi efetiva na melhora da reação de deglutição e no escape
prematuro para ambas as consistências em seis dos sete sujeitos, mostrando
significância estatística, tanto na avaliação clínica como na avaliação
videofluoroscópica quando comparados pré e pós estimulação;
- A média do tempo total de deglutição (TTD) e do tempo de trânsito oral a a
reação de deglutição (TTO-RD) de todos os sete sujeitos, comparando pré e pós
crioestimulação, tanto para a consistência líquida como para a pastosa
apresentou-se menor após a estimulação, com diferença estatisticamente
significante somente para pastoso.
- A média do tempo de trânsito faríngeo desde a reação de deglutição até a limpeza
faríngea (TTF-LF) de todos os sete sujeitos avaliados, quando comparadas pré e
pós crioestimulação, aumentou tanto para o líquido como para o pastoso, mas,
com diferença estatística significativa somente para o líquido.
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Tratamento. Ed. Revinter, RJ, 2003.
ANEXOS E ANDICES
88
APÊNDICE A- Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
As informações contidas neste consentimento serão fornecidas pela
Fonoaudióloga Patrícia Zart, mestranda do Curso de s Graduação em Distúrbios
da Comunicação Humana - UFSM, sob supervisão da Professora Ana Maria Toniolo
da Silva, com o objetivo de explicar a natureza de sua pesquisa, seus objetivos,
benefícios previstos, potenciais de risco e possíveis desconforto que possa vir a
acarretar.
1- Título da pesquisa A CRIOESTIMULAÇÃO NAS DISFAGIAS
OROFARÍNGEAS PÓS ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO.
2.Objetivo Verificar a eficácia da técnica da crioestimulação( estimulação com
gelo) em pacientes com disfagia (dificuldade para deglutir) após Acidente Vascular
Encefálico.
3.Justificativa Este projeto visa através da cnica da crioestimulação melhorar a
deglutição de pacientes que apresentam disfagia, que é quando o alimento e/ou
saliva entram na região laríngea antes do paciente engolir e com isso aumentam as
chances de o alimento percorrer outro caminho e dirigir-se ao pulmão e com isso
desenvolver uma pneumonia. Por este motivo torna-se imprescindível pesquisar
uma técnica que possa ser mais eficaz em um curto período.
4.Procedimentos – Será realizada avaliação fonoaudiológica no paciente participante
da pesquisa, buscando identificar dificuldades na deglutição e provável escape
prematuro de alimento. Após o paciente será submetido a exame de
Videofluoroscopia, onde o paciente irá se alimentar com diferentes consistências
como líquido, pastoso e sólido, juntamente com contraste, o bário. A
Videofluoroscopia avalia as fases da deglutição, desde quando o alimento entra na
boca e todo o trajeto que faz a chegar ao esôfago, registrando a seqüência de
movimentos em tempo real e com qualidade, destacando o papel das diversas
estruturas envolvidas. Com este exame também podemos testar algumas técnicas
para a reabilitação, de maneira a permitir uma deglutição mais segura. Em seguida a
este exame, aplicar-se-á a técnica da crioestimulação, com toques de espátula
resfriada no gelo na parte de trás da língua e após, realização do exame de
89
Videofluoroscopia novamente para observar se houve alguma reação. O paciente
será submetido a sessões diárias de fonoterapia sendo utilizada apenas a técnica da
crioestimulação. Após cinco dias, será reavaliado pelo fonoaudiólogo e novamente
submetido ao exame de Videofluoroscopia, para então observar se a técnica
proporcionou alguma melhora. As avaliações não terão custos financeiros e serão
realizadas no próprio hospital onde o paciente estiver internado.
5.Desconforto e riscos esperados – Não existe risco previsível.
6.Benefícios para os examinados – Reabilitação fonoaudiológica mais rápida e
eficaz.
7.Informações adicionais Os dados de identificação dos pacientes participantes
desta pesquisa serão mantidos em sigilo, sendo que os resultados serão divulgados
somente em meio científico.
8.Retirada do Consentimento – Os pacientes poderão deixar de participar do
estudo em questão, em qualquer ocasião, sem que isto acarrete prejuízo ao
tratamento e acompanhamento de seu caso no hospital em que estiver em
tratamento ou acompanhamento.
Eu,___________________________________________________________
certifico que, após leitura deste documento e de outras explicações fornecidas pela
Fonoaudióloga Patrícia Zart sobre os itens aqui escritos, estou de acordo com a
realização deste estudo, autorizando a minha participação ou de meu
familiar_____________________________________________________nesta
pesquisa. Concordo com a coleta de dados, informações, exames complementares,
terapia fonoaudiológica a ser realizada (proposta neste estudo) e outros
procedimentos referentes à avaliação.
Nome do paciente ou responsável:
Assinatura do paciente ou responsável:
Número do RG ou CPF:
________________________________________________________________
Patrícia Zart – CRFa 7312 (Pesquisadora)
90
Fone: (54) 3342:2483 (comercial)
Fone: (54) 3342:5377
CEL: 99830905
Profª Dra Ana Maria Toniolo da Silva (Pesquisadora)
Fone: 55- 3286 1415 (residencia)
Fone: 55- 3220 8541 ( comercial)
Cel: 55- 99260352
91
APÊNDICE B – Termo de Autorização do Hospital da Cidade de Passo
Fundo (HCPF)
TERMO DE AUTORIZAÇÃO DO HOSPITAL DA CIDADE DE PASSO
FUNDO
Passo Fundo_________________________________________
AUTORIZAÇÃO
A administração do Hospital da Cidade de Passo Fundo, autoriza a
Fonoaudióloga Patrícia Zart, discente do curso de mestrado em Distúrbios da
Comunicação Humana, juntamente com sua orientadora Pro Dra Ana Maria
Toniolo da Silva a realizar o trabalho de pesquisa intitulado A
CRIOESTIMULAÇÃO NAS DISFAGIAS OROFARÍNGEAS PÓS ACIDENTE
VASCULAR ENCEFÁLICO”, cujo objetivo é analisar a técnica da crioestimulação
na hipossensibilidade da região orofaríngea verificando se a melhora deste aspecto
possibilita a redução do escape prematuro do alimento e posteriormente a
diminuição de episódios de penetração e/ou aspiração laríngea. Esta técnica será
aplicada em pacientes internados neste hospital na CTI e nos leitos.
Para a realização desta pesquisa, as fonoaudiólogas estão autorizadas a
fazer pesquisa nos prontuários para identificar a patologia de base como AVC,
estudar os exames realizados como a tomografia de crânio e a via de alimentação
utilizada no momento, bem como realizar entrevista com os familiares do paciente,
avaliação fonoaudiológica para identificar a disfagia e posteriormente encaminhar o
paciente a realizar o exame de Videofluoroscopia. A terapêutica proposta nesta
pesquisa poderá ser aplicada durante o tempo que julgarem ser necessário.
As pesquisadoras comprometem-se a guardar sigilo sobre os dados de
identificação dos pacientes, ficando garantida a utilização dos dados coletados
referentes à patologia, para conclusão da pesquisa, para outras pesquisas sobre a
viabilidade do trabalho fonoaudiológico em unidades hospitalares que necessitem
das informações colhidas, como banco de dados para com a disfagia de etiologia
neurogênica, assim como em publicação científica em congressos e periódicos.
92
Ciente das informações apresentadas
___________________________________________________
Administração Técnica do Hospital da Cidade de Passo Fundo
93
ANEXO A - ANAMNESE DE DISFAGIA NEUROGÊNICA
ANAMNESE DE DISFAGIA NEUROGÊNICA
NOME:
DN: IDADE:
PROFISSÃO: TELEFONE:
DADOS FAMILIARES:
Pai:
Mãe:
Esposa (o):
Filhos:
INTERNAÇÃO HOSPITALAR
Tempo: UTI: Coma: Traqueostomia:
Sonda para se alimentar:
EXAMES MÉDICOS
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
_____________________________________________________________
MEDICAÇÃO:_______________________________________________________
________________________________________________________________
DIAGNÓSTICO E CONDUTA
MÉDICA:__________________________________________________________
Sintoma Progressivo ou estável:________________________________________
LINGUAGEM
Fala:_______________________________________________________________
_______________________________________________________________
Voz
alterada__________________________________________________________
Antes
Após deglutição
MOTRICIDADE
Hemiplegia: Hemiparesia: Espasticidade:
Déficit de coordenação: Tremores: Ataxia:
94
SENSIBILIDADE GLOBAL
Parestesia: Anestesia:
QUADRO CLÍNICO GERAL
ASPECTOS COGNITIVOS
Memória:__________________________________________________________
Atenção:__________________________________________________________
Compreensão:______________________________________________________
ASPECTOS BRONCOPULMONARES
Episódios de pneumonia:_____________________________________________
Febre freqüente sem causa aparente:___________________________________
Tempo e freqüência de internação______________________________________
Desnutrição________________________________________________________
Desidratação ______________________________________________________
PROBLEMAS
CARDÍACOS_______________________________________
__________________________________________________
_______________________________
PROBLEMAS AUDITIVOS____________________________________________
DIABETE__________________________________________________________
PESO ATUAL______________________________________________________
PERDA E RECUPERAÇÃO DE PESO___________________________________
DIETA ATUAL
Via de alimentação:
Se oral:
A dificuldade está em que consistência de
alimento____________________________________________________________
________________________________________________________________
Volume___________________________________________________________
Temperatura da comida______________________________________________
Tempo necessário para cada refeição___________________________________
Quantidade total consumida por via oral_________________________________
Nível de independência alimentar______________________________________
Mastigação: Depressa:
Engasgos:_________________________________________________________
Tosses:___________________________________________________________
ANTES
DURANTE
APÓS DEGLUTIÇÃO
95
Fica sufocado: _____________________________________________________
Usa algum tipo de manobra para melhorar a deglutição:_____________________
O que mais gosta de comer:___________________________________________
PROTEÇÃO DAS VIAS AÉREAS INFERIORES
Alteração vocal após a deglutição______________________________________
Agravamento da qualidade vocal_______________________________________
Voz molhada depois da deglutição______________________________________
Que alimentos provocam mais tosse____________________________________
RESPIRAÇÃO
Ruidosa___________________________________________________________
Alteração do fluxo respiratório_________________________________________
96
ANEXO B - AVALIAÇÃO FUNCIONAL DA DEGLUTIÇÃO
AVALIAÇÃO FUNCIONAL DA DEGLUTIÇÃO
NOME:
IDADE
DIAGNÓSTICO MÉDICO:
DATA DA INTERNAÇÃO:
Pré-terapia Pós terapia
INDIRETA SIM NÃO SIM NÃO
Alteração da higiene oral
Dependência no ato da alimentação
REFLEXOS POSTURAIS
RTCA
Hiperextensão cervical
Alteração da vedação labial
Mobilidade de lábio
( )abrir ( ) sorriso ( ) beijo
Alteração da mobilidade de língua
* ( ) D ( ) E ( ) A ( ) P ( ) B ( ) C
Diminuição da elevação da laringe
Sialorréia
Xerostomia
Alteração da tosse voluntária
Alteração vocal
Paralisia facial
REFLEXOS ORAIS Pres Aus Pres Aus
Vômito
Mordida
Deglutição
Sensibilidade orofaríngea
Mobilidade de palato mole
D: direita A: anteriorizar C: cima
E: esquerda P: posteriorizar B: baixo
Pré-terapia Pós-terapia
DIETA LÍQUIDA (5ml) SIM NÃO SIM NÃO
Alteração no vedamento labial
Escape oral anterior
Tempo de trânsito oral
Alteração do reflexo de deglutição
Diminuição da elevação da laringe
Múltiplas deglutições
Refluxo nasal
Sinais sugestivos de penetração laríngea
Tosse ou engasgo
( ) antes ( ) durante ( ) após deglutição
Alteração da ausculta cervical
Voz molhada após deglutição
Alteração respiratória
Sinais sugestivos de aspiração
97
Pré-terapia Pós-terapia
DIETA PASTOSA FINA (5ml) SIM NÃO SIM NÃO
Alteração no vedamento labial
Escape oral anterior
Alteração do reflexo de deglutição
Diminuição da elevação da laringe
Múltiplas deglutições
Refluxo nasal
Sinais sugestivos de penetração laríngea
Tosse ou engasgo
Alteração da ausculta cervical
Voz molhada após deglutição
Alteração respiratória
Sinais sugestivos de aspiração
GRAU DE COMPROMETIMENTO DO DISTÚRBIO DE DEGLUTIÇÃO
Pré-terapia Pós-terapia
( ) LEVE ( ) LEVE
( ) MODERADO ( ) MODERADO
( ) GRAVE ( ) GRAVE
CONDUTA
( ) EXAMES COMPLEMENTARES
( ) Sugiro VO
( ) Sugiro VO assistida
( ) Não sugiro VO
98
ANEXO C – AVALIAÇÃO VIDEOFLUOROSCÓPICA
NOME:
MÉDICO:
CONVÊNCIO
DATA
EXAME DE VIDEOFLUOROSCOPIA
1. CONSISTÊNCIAS E VOLUMES ADMINISTRADOS
2. FASE ORAL - Visão Lateral
Capacidade de retenção de alimento na cavidade oral
Trânsito oral
Movimentação da língua:
- contato com palato duro
- movimentos ondulatórios
- movimentação antero-posterior
- força propulsora da língua
Perda prematura
Resíduos nos sulcos, dorso da língua, soalho da boca
Fechamento velofaríngeo
3. FASE FARÍNGEA- Visão lateral
Reação de deglutição
Elevação da laringe
Movimento do hióide
Onda da parede posterior da faringe
Resíduos em valécula, parede posterior da faringe
Tempo de trânsito faríngeo
Necessidade de múltiplas deglutições
Penetração laríngea
Aspiração traqueal
Local da estase após deglutição
IMPRESSÃO DIAGNÓSTICA
SUGESTÕES:
99
ANEXO D – Média das deglutições divididas em TTD, TTO-RD e TTF - LF de cada um dos sete sujeitos, pré e pós
crioestimualção com pastoso e líquido
Pastoso
TTD TTO-RD TTF-LF
PRÉ PÓS PRÉ PÓS PRÉ PÓS
Sujeito
1 4''81 4''53 3''89 3''52 0,88 1,09
Sujeito
2 4''50 3''68 3''67 2''71 0,87 0,94
Sujeito
3 2''38 2''02 1’’64 1''50 0''83 0''92
Sujeito
4 4''40 3''77 3''54 2''70 0''88 1''05
Sujeito
5 2''52 2''24 1''59 1''22 0''88 1''03
Sujeito
6 3''91 3''00 2''68 1''82 1''06 1''24
Sujeito
7 4''18 3''60 3''37 2''14 0''80 1''40
100
LÍQUIDO
TTD TTO-RD TTF-LF
PRÉ PÓS PRÉ PÓS PRÉ PÓS
Sujeito
1 154 2,59 0,98 1,84 0,57 0,74
Sujeito
2 2,48 2,27 1,40 1,24 1,04 1,16
Sujeito
3 1,79 1,44 1,21 0,89 0,53 0,60
Sujeito
4 4,65 3,40 3,94 2,32 0,69 1,04
Sujeito
5 2,48 2,16 1,78 1,36 0,65 0,79
Sujeito
6 3,20 2,43 2,03 1,65 0,77 1,15
Sujeito
7 2,77 2,74 2,06 1,50 0,92 1,21
101
ANEXO E IMAGENS VIDEOFLUOROSCÓPICAS DA DEGLUTIÇÃO,
REGISTRANDO ESCAPE PREMATURO E REAÇÃO DE DEGLUTIÇÃO
ATRASADA, PRÉ E PÓS CRIOESTIMULAÇÃO, COM LÍQUIDO E PASTOSO.
Sujeito 1
Figura 1 e 2 : Escape prematuro com líquido pré crioestimulação
Figura 3 e 4: Reação de deglutição atrasada com líquido pré crioestimulação
102
Figura 5 e 6: Escape prematuro de consistência pastosa pré crioestimulação
Figura 7 e 8: Reação de deglutição atrasada de consistência pastosa pré crioestimulação
Figura 9 e 10: Escape prematuro de consistência líquida pós crioestimulação
103
Figura 11 e 12: Escape prematuro de pastoso após crioestimulação
Figura 13: Fase faríngea da deglutição
SUJEITO 2
Figura 14 e 15: Escape prematuro de pastoso pré crioestimulação
104
Figura 14 e 15: Reação de deglutição atrasada e fase faríngea da deglutição pré crioestimulação
Figura 16 e 17: Reação de deglutição adequada pós crioestimulação com pastoso
Sujeito 3
Figura 18 e 19: Escape prematuro de líquido pré crioestimulação
105
Figura 20 e 21: Escape prematuro de pastos pré crioestimulação
Figura 22 e 23: Reação de deglutição adequada no pastoso pós crioestimulação
Sujeito 4
Figura 24 e 25: Escape prematuro de líquido pré crioestimulação
106
Figura 26 e 27: Escape prematuro de pastoso pré crioestimulação
Figura 28 e 29: Reação de deglutição adequada com pastoso pós crioestimulação
SUJEITO 5
Figura 30 e 31: Escape prematuro e reação de deglutição atrasada pré crioestimulação com
consistência líquida
107
Figura 32 e 33: Escape prematuro e reação de deglutição atrasada pré crioestimulação com
consistência pastosa
Figura 34 e 35: Reação de deglutição pós crioestimulação na consistência pastosa
Sujeito 6
Figura 36 e 37: Escape prematuro e reação de deglutição atrasada pré crioestimulação com
consistência pastosa
108
Figura 38: Escape prematuro na consistência líquida pré crioestimulação
Figura 39 e 40: Reação de deglutição adequada e trânsito faríngeo pós crioestimulação com pastoso
Figura 41 e 42: Reação de deglutição adequada e trânsito faríngeo pós crioestimulação com líquido
109
Sujeito 7
Figura 43 e 44: Reação de deglutição atrasada e trânsito faríngeo pré crioestimulação com líquido
Figura 45 e 46: Reação de deglutição adequada e trânsito faríngeo pós crioestimulação com líquido
Figura 47 e 48: Reação de deglutição atrasada e trânsito faríngeo pré crioestimulação com pastoso
110
ANEXO F: ANÁLISE TERMODINÂMICA
Especificação do Instrumento:
Material: Aço Inoxidável
Peso: 0,0222 kg
Área de contato: área do espelho + área da haste
Área do espelho:
A
esp
= π.r
2
A
esp
= π.(0,0125)
2
= 0,00049m
2
Área da haste:
A
haste
= 2.π.r.l
A
haste
= 2.π.0,0054.0,135 = 0,004239 m
2
Fórmulas:
Q= m.C
p
.t
Q= m.L
Q= -k.A.t
x
Variáveis:
Q: quantidade de calor (kJ)
m: massa (kg)
C
p
: calor específico (kJ.kg
-1
.°C
-1
)
t: variação de temperatura (°C)
L: calor latente de fusão (kJ)
k: condutividade térmica (w/m.°C)
x: espessura da secção tranversal em relação ao fuso de calor
Constantes:
K para pele: 0,5 w/m.°C [0,5 – 2,8]
K para aço inoxidável: 15 w/m.°C
C
p
: para aço inoxidável: kJ/kg°C
L para gelo: 0,335 kJ
1. Cálculo da quantidade de calor necessário para reduzir a temperatura do
instrumento:
Q= m.C
p
.t
Q= 0,0222.0,5.(37-4)
Q= 0,3663 kJ
Q= 366,3 J
2. Cálculo da quantidade de gelo para resfriar o instrumento:
Q= m.L
111
0,3663= m.0,335
m= 1,09 kg
3. Cálculo do fluxo de calor do gelo para o instrumento:
Q= -k.A.t
x
A= π.r
2
(área da secção tranversal da haste de 5mm)
A= π.(0,0025)
2
A= 0,00002m
2
Q= 15.0,00002.(37-4)
0,135
Q= 0,073 W (haste)
A= π.r
2
(área da secção tranversal do espelho)
A= 0,00049m
2
Q= 15.0,00049.(37-4)
0,002
Q= 121 W (espelho)
4. Cálculo do fluxo de calor do instrumento para o corpo:
4.1 Considerando todo espelho em contato com a garganta + 50% da haste em
contato com as mãos sem isolamento:
Q= -k.A.t
x
A= 0,00049+0,5.0,004239
A= 0,00261m
2
x= 5mm = 0,005m (espessura da pele considerada)
Q= 0,5.0,00261.(37-4)
0,005
Q= 8,6 W
4.2 Considerando todo espelho e toda haste em contato com o corpo:
Q= -k.A.t
x
112
Q= 0,5.(0,00049+0,004239).(37-4)
0,005
Q= 15,6 W
5. Conclusões:
5.1 Tempo para resfriar o instrumento de 37° para 4°C
Tempo: Q/Q = 366,3/0,073 = 5017 s = 1,4h
5.2 Considerando 90% da massa do instrumento localizada na haste:
Tempo: 5017 .0,1 = 501,7 s = 8,35 min para resfriar a região do espelho de 37° para
4°C
5.3 Considerando um resfriamento de 21° para 4°C o tempo deverá ser 50% menor
5.4 A temperatura do instrumento após contato de 5 seg com o corpo:
5.4.1 Considerando todo espelho em contato com a garganta + 50% da haste em
contato com as mãos sem isolamento:
Q= Q.tempo = 8,6.5 = 43J = 0,043
Q= m.C
p
.t
0,043= 0,0222.0,5.t
t= 3,8°C
Então a temperatura do instrumento após 5 seg será de 7,8°C (4°C+3,8°C)
Após 5 segundos em contato com o gelo novamente, há um ganho de 0,73°C
Então a temperatura do instrumento após 10 aplicações poderá atingir uma média
de 11°C.
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