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No processo de mitose nuclear (Fig. 1 - iii) originam-se dois núcleos filhos, envolvendo
reagrupamento e separação coordenada dos componentes nucleares. No período de
aproximadamente quatro horas, após a germinação do conidio, ocorre a primeira divisão mitótica,
tempo necessário para a quebra da dormência. Após 8 horas, período em que já se completaram 3
divisões nucleares, o conteúdo citoplasmático apresenta um aumento considerável, devido aos
processos de síntese de proteínas e de DNA (Fiddy e Trinci, 1976). Bergen e Morris (1983)
descreveram a cinética de divisão nuclear em A. nidulans in vitro, estabelecendo que o ciclo
celular ocorre durante a germinação do conidio, levando em torno de 75-120 minutos, dependendo
das condições de cultivo. Na temperatura de 37ºC, a duração da fase M é em torno de 5 minutos,
G2 dura cerca de 30 minutos, a fase S, 25 minutos e G1, dura em torno de 15 minutos.
As alterações morfogenéticas no conidio ocorrem com a formação do tubo germinativo, ao
mesmo tempo em que ocorre a segunda divisão mitótica. O tubo germinativo apresenta
desenvolvimento apical, estabelecendo-se um eixo de crescimento polarizado na extremidade do
tubo germinativo, pela deposição da parede celular (Fiddy e Trinci, 1976). O processo de
deposição da parede celular é muito importante, pois sua remoção enzimática tem como
conseqüência a formação de protoplastos esféricos, com perda do crescimento polarizado
(McGoldrick et al., 1995; Doonan, 1992). De modo geral, este evento inclui: (i) o estabelecimento e
manutenção da polaridade celular, (ii) a organização assimétrica da maquinaria da biossíntese da
parede celular (i.e. citoesqueleto e o aparato secretório), em resposta a “sinais de polarização”, (iii)
deposição de parede celular na extremidade da hifa e (iv) a especificação de novos pontos de
crescimento polarizado em sítios subapicais que levam à formação de ramificações laterais
(Harris, 1997). Após o desenvolvimento do primeiro tubo germinativo, um segundo tubo é emitido
em direção oposta ao primeiro (Morris et al., 1995).
Três séries de divisões mitóticas ocorrem após a formação do tubo germinativo, dando
origem a oito núcleos que serão distribuídos por toda a extensão deste tubo. Paralelamente a este
processo, há a formação de septos descontínuos, que delimitam células com 2 a 10 núcleos e que
permitem a passagem de organelas e núcleos entre as células (Morris, 1976). À medida que a hifa
se expande na região apical, os núcleos que ficam nos compartimentos distais entram em
dormência. Eventualmente, estes núcleos podem voltar a se dividir mitoticamente, para formar
ramificações laterais na hifa, caso haja o estabelecimento de um novo pólo de crescimento. Nem
todos os compartimentos podem ser ativados para se ramificarem, e desconhece-se o sinal que
determina qual será o compartimento selecionado (Harris, 1997). Sabe-se, entretanto, que os
núcleos presentes nas regiões apicais das hifas (cerca de 40 núcleos), são mitoticamente ativos e
dividem-se sincronicamente, fazendo parte dos compartimentos septados.