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Paulo Sérgio Juliani
Avaliação morfogeométrica do ventrículo esquerdo e
do anel valvar mitral na cardiomiopatia dilatada
isquêmica ou idiopática:
estudo comparativo computadorizado
Tese apresentada à Faculdade de Medicina
da Universidade de São Paulo para
obtenção do título de Doutor em Ciências
Área de Concentração: Cirurgia Torácica e
Cardiovascular
Orientador: Prof. Dr. Fabio Biscegli Jatene
São Paulo
2008
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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
Preparada pela Biblioteca da
Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
reprodução autorizada pelo autor
Juliani, Paulo Sérgio
Avaliação morfogeométrica do ventrículo esquerdo e do anel valvar mitral na
cardiomiopatia dilatada isquêmica ou idiopática : estudo comparativo
computadorizado / Paulo Sérgio Juliani. -- São Paulo, 2008.
Tese(doutorado)--Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo.
Departamento de Cardio-Pneumologia.
Área de concentração: Cirurgia Torácica e Cardiovascular.
Orientador: Fabio Biscegli Jatene.
Descritores: 1.Coração/anatomia & histologia 2.Coração/patologia 3.Ventrículos
do coração/anatomia & histologia 4.Ventrículos do coração/patologia 5.Valva
mitral/anatomia & histologia 6.Valva mitral/patologia 7.Cardiomiopatia
dilatada/patologia 8.Remodelação ventricular
USP/FM/SBD
-
335
/08
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Não devemos passar incólumes Uns pelos Outros. Deve-se
sempre deixar uma marca...do Bem!!! Por menor que seja o
relacionamento, sempre se sai diferente, modificado, enriquecido
pela diferença que é o Outro. Assim foram esses anos do
Doutorado. Saio deles enriquecido, nem tanto porque estudei
mais, pesquisei mais, defendi uma Tese. Mas porque me relacionei
e sinto impressos na alma que levo daqui em diante, o Bem e a
Riqueza de cada Pessoa que conheci nesse período. Tentei, e
espero ter deixado também algo de bom em cada Um...algo que
fique para além de uma Tese...
Paulo S Juliani
DEDICATÓRIA
DEDICATÓRIA
À Eunice
Longos minutos olhando para um papel em branco e me dei conta o
quanto é difícil falar de você, expressar em algumas linhas aquilo que o
teu amor constante, silencioso, sofrido, imprimiu a fogo nesses anos de
minha vida. Em você eu não preciso de textos, artigos e aulas. Entendo,
te olhando, o significado daquelas coisas que são a essência da
Vida....doação e amor gratuitos, superação, generosidade, simplicidade,
humildade, amizade, alegria de uma criança, o perdão, a fé!!! Dedico essa
tese a você, meu primeiro e grande Amor, por ser a minha melhor aula, o
meu melhor texto, a minha grande Lição!!!
Aos meus filhos Giovanni, Nicolas e Giulia...
...não canso de agradecer por serem vocês meus filhos!!! Sou privilegiado
e, pela minha ausência ou cansaço, minha impaciência ou falta de
atenção, em especial nos últimos anos, confesso que às vezes me sinto
pouco merecedor da alegria que me proporcionam sendo, além de filhos
maravilhosos, meus grandes “amigões”, torcedores orgulhosos e
incondicionais!!! Como esquecer Giovanni, no período dessa “pós”, sua
paciência e dedicação, madrugada a dentro, nos nossos devaneios em
fórmulas geométricas e físicas? E de sua constante preocupação, Nicolas,
quando, percebendo meu cansaço extremo e a dificuldade que isso causava
na nossa família, me chamava para conversar e, sem me cobrar nada, se
colocava a disposição para ajudar nos serviços de casa, no auxílio na
clínica? E de você, minha doce e carinhosa Giulia, da sua “super” ajuda
na organização da bibliografia, nas digitações? Obrigado por existirem e
por tanto me ensinarem o valor de uma família, meu coração é de vocês!!!
À minha mãe Itália (in memorian)
Mãe....que saudades!!! Ao mesmo tempo nunca te senti tão presente!!!
Você que sempre me incentivou, acreditou, me ensinou andar sozinho na
primeira infância e também a não ter “muletas” na vida adulta, que me
mostrou, com sua vida, serem os “outros” semelhantes, nem maiores nem
menores. Mostrou que a vaidade e a superioridade me distanciam da
felicidade. Em você vi a elegância da simplicidade, aprendi que os livros
trazem cultura mas é do Amor que brota a Sabedoria! Coincidência ou
não mas tudo na nossa vida sempre foi “coração”...
Ao meu pai Luíz
Mesmo que talvez nunca chegue a ler isso, te agradeço por ter me
ensinado a batalhar na vida, com seu exemplo de dedicação, e por ajudar
na minha formação. Se hoje estou aqui, realizando o sonho de continuar
estudando, devo a você Pai, fundamento de minha história.
Ao Professor Doutor Fabio Biscegli Jatene
Por ter me aceitado, acreditado...quanta honra e quanta responsabilidade
de minha parte!!! Nesses 4 anos, mais que concluir a tese, tudo fiz para
retribuir de alguma forma seu gesto. É superlativo em tudo que se possa
esperar de um médico e de um professor. Mas para esse vosso humilde
orientado ficou a marca de alguém que escutou, confiou, quis saber a
opinião, extraiu e extrai o melhor que cada um pode oferecer para compor
esse maravilhoso mosaico da pesquisa. Humano, também com minha
família se preocupou...e isso não tem preço!!! Mesmo em nossas intensas
discussões te senti amigo, mestre, irmão, pai. Por TUDO, gostaria de
dedicar-lhe não somente esse trabalho, que é vão, mas minha eterna
gratidão e amizade.
À Paulinha (in memorian)
Tanto torci por você nesse último período...nas visitas aqui nas Clínicas
quis te dar um respiro...respirar por você!!! Ofereci perder a tese para que
“seus pulmões” chegassem. Agora te sinto minha protetora, uma
estrelinha que ilumina de forma especial o último “pedaço” desse
trabalho. Essa tese também é sua, dividimos esse Doutorado na Medicina
que você tanto sonhou, nada mais justo...eu já a havia te dado...
AGRADECIMENTOS
AGRADECIMENTOS
À AMIGA Doutora Rosangela Monteiro, por ter acreditado em mim e
nas minhas idéias antes mesmo de me conhecer um pouco melhor. Sempre
senti seu apoio e carinho peculiares (...apiedando-se!!!), unindo
delicadamente atitudes de amizade, dedicação e competência profissional
exemplares. Quantos devaneios juntos sobre a tese para chegar até aqui!
Opinou mas não impôs...sua inteligência sensível escutou, soube trocar, e
me senti sempre compreendido. Muito te admiro! Aprendi muito com você! E
uma única coisa brota do coração: um eterno OBRIGADO!!!
À Aristide Tadeu Correia, biólogo competente que, com sua
inteligência e simplicidade, me ajudou desde o início nas idéias, estruturação
e discussões (...e quantas!!!) dessa tese. Sua didática e interesse por tudo
me fizeram entender o espírito do verdadeiro pesquisador. E quando as
coisas não iam bem, foi ouvinte atento e paciente, me estimulando a
progredir. Em você entendi melhor que o valor da amizade e do
relacionamento sincero não deve ser menor que o da ciência! Obrigado por
tudo AMIGO!!!
Ao Professor Doutor Luiz Felipe Pinho Moreira, incansável
pesquisador e “lastro” da qualidade das pesquisas do nosso programa de
pós-graduação. Obrigado pela paciência na análise e discussão dos dados.
Seu rigor analítico muito me enriqueceu e “afinou” minha visão sobre
pesquisa científica.
Ao Professor Doutor João Carlos das Neves Pereira, pela
gratuidade de uma amizade verdadeira, pelas horas de “papos” sobre a tese,
ciência, pesquisa, vida...você foi a grata surpresa desse último período de
pós. Com sua admirável inteligência e simplicidade, reforçou em mim os
conceitos sobre a verdadeira Sabedoria.
Ao Professor Doutor Noedir Antônio Groppo Stolf, coordenador da
pós-graduação na Área de Cirurgia Torácica e Cardiovascular da Faculdade
de Medicina da Universidade de São Paulo, pela cordialidade com que
sempre me acolheu nesses anos.
Ao Professor Doutor Pablo Maria Alberto Pomerantzeff pelas
oportunas conversas sobre o aparelho valvar cardíaco.
Ao Doutor Alexandre Hueb pelas discussões iniciais sobre a
estruturação da tese.
À Professora Doutora Vera Demarchi Aiello, pelo carinho e atenção
que sempre me recebeu, esclarecendo aspectos classificatórios referentes
as patologias estudadas.
Ao Professor Doutor Paulo Sampaio Gutierrez, pelo auxílio
inestimável na filtragem nos bancos de dados dos espécimes adequados ao
nosso estudo.
Ao amigo Professor Doutor Marco Antônio Gioso, grande
incentivador da minha pós-graduação, entusiasmando-me a percorrer o
caminho da pesquisa científica. Sem a sua acolhida eu nem teria
começado!!! Obrigado por ser meu amigo e compartilhar ,sem reservas, toda
sua competência no exercício da medicina veterinária.
Ao amigo Professor Doutor Hélio Silva Autran de Morais, meu
primeiro e grande mentor na área cardiológica. Seu exemplo e dedicação
deram o timbre da determinação com que procurei exercer a nossa bonita
profissão nesses 22 anos. Obrigado, tenho muito orgulho de ter sido seu
aluno!!!
Aos colegas da pós-graduação, especialmente os doutores Rua,
Samano, Anderson, Augusto e Daniel, pela amizade, estímulo recíproco e
agradável convivência.
Às amigas do laboratório Eliane Ogata e Márcia C. Augusto, pelo
carinho, companheirismo e estímulo sempre demonstrados.
À Neusa Rodrigues Dini, assistente de direção, pela amizade,
competência e boa vontade com que esclareceu e resolveu minhas dúvidas
e solicitações acadêmicas nesse período.
À Juliana e Eva, secretárias da pós-graduação, pela carinhosa
atenção e prontidão com que sempre me trataram.
Ao amigo Argemiro Falcetti Jr., pelo cuidado nas ilustrações e
gráficos. O trato no acabamento e a beleza estética do seu trabalho, além de
sua paciência e atenção, muito contribuíram em minha tese.
À senhorita Roseli Araújo, que sempre me recebeu de forma
carinhosa, pela sua atenção e apoio durante esses anos.
Ao Cláudio, técnico do Laboratório de Anatomia Patológica do InCor,
e Nilton, do Serviço de Verificação de Óbitos da Capital, pelo auxilio
precioso na localização e seleção dos espécimes usados no estudo.
Aos alunos da Faculdade de Medicina-USP, Fellipi, Marina, Paulo e
Stephanie, pelo enorme contributo nas mensurações efetuadas.
Aos meus irmãos, Cláudio e Tânia, pelo carinho e sabedoria com
que sempre me apoiaram, não só nessa tese, mas em cada passo de minha
vida. Obrigado, vocês sabem quanto eu os amo!!!
Aos meus cunhados(as) Wanice, Janice, Sueli, Alberto e João , um
agradecimento especial, pela paciência ao me ouvirem, pela compreensão
nas minhas ausências em tantas oportunidades que poderíamos estar
juntos, pelos bate papos e estímulos recebidos. Moram no meu coração e as
“piadinhas” sobre cunhados e cunhadas não valem para vocês!!!
Ao meu cunhado Harry, que durante todos os anos da pós me
acolheu em seu apartamento como um filho. No seu exemplo de
competência e determinação profissional, tive um estímulo constante para
concluir essa tese.
Ao meu sobrinho Adriano, pela “super” ajuda no uso do programa
AutoCad. Você é o “Cara”!!!
À minha sogra Eunice, pelo incentivo e interesse por mim, a quem
realmente sinto que adotou como filho. Suas orações sempre “chegaram” e
me ajudaram a ter equilíbrio e paz nos momentos mais difíceis dessa
jornada. Obrigado pelo carinho de Mãe...
À Chiara Lubich por me ensinar o valor do Amor e da Dor.
Aos amigos do Focolare, um agradecimento muito especial. Vocês
sabem cada passo dado até aqui e estiveram sempre presentes, mesmo à
distância. Compartilho com vocês essa tese, fazem parte dela e o incentivo
de cada um colaborou para eu chegar até o fim.
Aos amigos veterinários Ramiro, Josele, Gian e Carlos, por todo
apoio e amizade que sempre me ofereceram em nosso ambiente de
trabalho, tornando mais fácil meu caminho nesses anos de pós-graduação.
SUMÁRIO
SUMÁRIO
Resumo
Summary
1 INTRODUÇÃO
1
2 REVISÃO DE LITERATURA
5
3 OBJETIVOS
16
4 MÉTODO
18
4.1 Material
19
4.2 Método para obtenção das peças anatômicas
21
4.3 Método para preparo das peças anatômicas
22
4.3.1 Preparo ventricular
22
4.3.2 Preparo valvar
25
4.4 Método de captura de imagem digital
25
4.5 Método de mensuração computadorizada das imagens digitais
27
4.5.1 Perímetro interno do ventrículo esquerdo
27
4.5.2
Espessura das paredes anterior, posterior, lateral e do septo
interventricular
28
4.5.3 Perímetro do anel mitral
29
4.6 Variáveis mensuradas
30
4.7 Análises realizadas
31
4.7.1 Comparação e correlação das medidas intra e intergrupos
31
4.7.2 Análise das relações do ventrículo esquerdo (VE)
32
4.7.2.1 Análise das relações de proporcionalidade perimetral
intersegmentar (porcentual)
32
4.7.2.2 Análise da esfericidade nos corações dilatados por
meio da submissão das medidas perimetrais
ventriculares esquerdas e distância do sulco
atrioventricular ao ápice ventricular esquerdo (dist
AV-AP) à fórmula tridimensional da esfera
33
4.8 Método de análise estatística
34
5 RESULTADOS
35
5.1 Análise das variáveis mensuradas (comparação e correlação)
36
5.1.1 Análise da variável perímetro do anel mitral
36
5.1.2 Análise da correlação entre perímetro do anel mitral e os
perímetros segmentares ventriculares esquerdos (intragrupo)
38
5.1.2.1 Análise da correlação entre o perímetro segmentar
apical ventricular esquerdo e o perímetro do anel
mitral nos grupos CMDId e CMDIsq
38
5.1.2.2 Análise da correlação entre o perímetro segmentar
equatorial ventricular esquerdo e o perímetro do anel
mitral nos grupos CMDId e CMDIsq
39
5.1.2.3 Análise da correlação entre o perímetro segmentar
basal ventricular esquerdo e o perímetro do anel
mitral nos grupos CMDId e CMDIsq
41
5.1.3 Análise das variáveis do ventrículo esquerdo
42
5.1.3.1 Análise da variável DistAV-AP
42
5.1.3.2 Análise dos perímetros segmentares, intra e
intergrupos
43
5.1.3.3 Análise da correlação entre os perímetros
segmentares ventriculares esquerdo intragrupos
46
5.1.3.3.1 Análise da correlação entre os perímetros
segmentares apicais e equatoriais
ventriculares esquerdo nos grupos CMDId,
CMDIsq e Normal
46
5.1.3.3.2 Análise da correlação entre os perímetros
segmentares apicais e basais ventriculares
esquerdo nos grupos CMDId, CMDIsq e
Normal
47
5.1.3.3.3 Análise da correlação entre os perímetros
segmentares basais e equatoriais
ventriculares esquerdo nos grupos CMDId,
CMDIsq e Normal
48
5.1.3.4 Análise comparativa da espessura da parede anterior
segmentar (PAB, PAE e PAA),intra e intergrupos
50
5.1.3.5 Análise comparativa da espessura da parede posterior
segmentar (PPB, PPE e PPA), intra e intergrupos
52
5.1.3.6 Análise comparativa da espessura da parede lateral
segmentar (PLB, PLE e PLA), intra e intergrupos
54
5.1.3.7 Análise comparativa da espessura da parede septal
segmentar (PSB, PSE e PSA), intra e intergrupos
55
5.2 Análise das relações do ventrículo esquerdo
58
5.2.1 Análise da relação de proporção porcentual intersegmentar
dos perímetros ventriculares (intergrupos)
58
5.2.2 Submissão das medidas perimetrais ventriculares esquerdas e
distAV-AP à fórmula tridimensional da esfera
60
5.3 Representação esquemática do ventrículo esquerdo
63
6 DISCUSSÃO
65
6.1 Considerações gerais
66
6.2 Análise do método
69
6.3 Análise dos resultados
76
6.4 Considerações finais
83
7 CONCLUSÕES
87
8 ANEXOS
89
8.1 Aprovação Comissão de Ética do Instituto do Coração (InCor)
90
8.2 Aprovação da Comissão de Ética para Análise de Projetos de
Pesquisa (CAPPesq) da Diretoria Clínica do Hospital das Clínicas
e da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
91
8.3 Dados dos pacientes e respectivos corações analisados
92
9 REFERÊNCIAS
94
RESUMO
RESUMO
JULIANI, PS. Avaliação morfogeométrica do ventrículo esquerdo e do anel
valvar mitral na cardiomiopatia dilatada isquêmica ou idiopática: estudo
comparativo computadorizado. São Paulo, 2008. 104 p. Tese (Doutorado).
Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo.
INTRODUÇÃO: O conhecimento anatômico desempenha importante papel no
desenvolvimento de técnicas diagnósticas e cirúrgicas. Com esse objetivo, na área
cardiológica, se mostra fundamental para o entendimento do processo de
remodelamento cardíaco que acompanha as cardiomiopatias dilatadas (CMD) tanto
isquêmicas (CMDIsq) como idiopáticas (CMDId), de modo particular do ventrículo
esquerdo (VE) e sua correlação com alterações do anel atrioventricular esquerdo,
levando a graus variáveis de insuficiência cardíaca (IC). OBJETIVOS: Os objetivos
desta pesquisa são: 1) Obter medidas do anel atrioventricular esquerdo (mitral) e do
ventrículo esquerdo em corações normais, com CMDIsq ou CMDId, comparando-as
entre si; 2) Analisar a proporcionalidade entre segmentos da câmara ventricular
esquerda dos corações com CMDIsq ou CMDId em relação ao normal; 3)
Determinar a esfericidade ou não da câmara ventricular esquerda nos corações com
CMDIsq ou CMDId. MÉTODO: Foram analisados 43 corações humanos, divididos
em três grupos: NORMAL (n=10), CMDIsq (n=15) e CMDId (n=18). De posse da
medida da distância do sulco atrioventricular posterior até o ápice do VE, foram
realizados cortes transversais baso-apicais seqüenciais e, após digitalização dos
mesmos, por meio de método computadorizado, foram obtidas medidas perimetrais e
espessura das paredes. Empregando-se o mesmo método, mensurou-se o perímetro
do anel mitral. Foram criados índices de proporção porcentual entre os perímetros
dos segmentos provenientes dos cortes do VE, comparando-os intergrupos. Nos
dilatados os perímetros segmentares mensurados foram comparados com os
perímetros esperados se considerássemos a câmara ventricular como uma esfera
perfeita. Realizou-se a análise estatística dessas medidas e índices. RESULTADOS:
O perímetro do anel mitral teve o seguinte resultado: somente o grupo CMDIsq teve
média significativamente maior que o grupo NORMAL e houve baixo coeficiente de
correlação com os perímetros ventriculares segmentares nos corações dilatados.
Distância do sulco atrioventricular até o ápice do VE: CMDId = CMDIsq >
NORMAL. Perímetros segmentares ventriculares basais (PerB), equatoriais (PerE) e
apicais (PerA): grupo NORMAL-> PerE = PerB > PerA; grupos CMDId e CMDIsq-
> PerE > PerB > PerA, sendo que o grupo CMDId teve essas 3 medidas maiores que
o grupo CMDIsq e ambos tiveram essas 3 medidas maiores que o grupo NORMAL.
Nos 3 grupos as medidas de espessura das paredes ventriculares foram iguais
estatisticamente. O índice de proporção perimetral PerB/PerE foi igual nos 3 grupos,
enquanto o índice PerA/PerE foi igual entre os corações dilatados, mas em ambos foi
menor que no grupo NORMAL. Todos perímetros segmentares ventriculares dos
corações dilatados foram menores do que os calculados segundo a fórmula da esfera.
CONCLUSÕES: 1) O anel atrioventricular esquerdo dilata-se na CMDIsq, sendo
essa alteração independente da dilatação dos três segmentos do VE; 2) Os corações
com CMDId e CMDIsq desenvolvem uma similar dilatação longitudinal do VE; 3)
Ocorre uma dilatação transversal do VE nessas afecções, sendo essa maior nos
corações com CMDId; 4) A espessura das paredes ventriculares esquerdas dos
corações com CMDIsq ou CMDId não se altera quando comparada aos corações
normais; 5) A dilatação transversal da câmara ventricular esquerda nos corações com
CMD não se dá de forma proporcional ao longo do seu eixo longitudinal, sendo mais
acentuada nas regiões basal e equatorial; 6) A câmara ventricular esquerda nos
corações com CMD de origem isquêmica ou idiopática não apresenta formato
esférico.
Descritores: 1.Coração/anatomia & histologia 2.Coração/patologia 3.Ventrículos
cardíacos/ anatomia & histologia 4.Ventrículos cardíacos/patologia 5.Valva
mitral/anatomia & histologia 6.Valva mitral/patologia 7.Cardiomiopatia
Dilatada/patologia 8.Remodelação ventricular.
SUMMARY
SUMMARY
JULIANI, PS. Morphogeometric evaluation of left cardiac ventricle and mitral
valval ring in dilated ischemic and idiopathic cardiomyopathies: computer
assisted comparative study. São Paulo, 2008. 104 p.. Tese (Doutorado). Faculdade
de Medicina, Universidade de São Paulo.
BACKGROUND: Anatomic knowledge is the cornerstone for the development of
surgical and diagnostic image techniques and for understanding pathological entities.
Understanding cardiac anatomy is essential for understanding cardiac remodeling in
both ischemic and idiopathic dilated cardiomyopathies. Dysfunction in the
physiological relationship between the morphology of left ventricle and its mitral
ring plays an important role in the cardiac insufficiency etiopathogenesis.
OBJECTIVES: 1) To compare morphology of left ventricle and its mitral ring among
normal, ischemic and idiopathic dilated cardiomyophatic anatomic specimens; 2) To
compare intra specimen ventricular segmental perimeters relationships between
normal and dilated specimens; 3) To verify the presence of the spheroid shape of left
ventricular chamber in dilated specimens. METHODS: It was analyzed 43 specimens
of human hearts, classified in three groups: normal (n=10), dilated due to ischemic
(n=15) or idiopathic cardiomyopathies (n=18). Several lengths were measured: the
length from the posterior atrioventricular sulcus to the ventricular apex in the intact
specimen; followed by three sequential transversal ventricular slicing in the basal,
equatorial and apical level. Digital pictures were taken from these slices, in order to
be analyzed in a computer assisted fashion. Internal perimeter and ventricular walls
width of each slice were measured, as well the mitral ring perimeter. The three intra
group perimeters were compared and correlated between themselves. Basal,
equatorial and apical perimeter of each group was compared to their correspondent
pairs inter groups. Regarding intra group relationships, for a given group, each slice
perimeter was measured and considered as a percentage of the equatorial slice
(index). This percentage was compared inter groups. Three perimeters were
evaluated in both dilated groups, each one was compared to its expected value when
considering left ventricular chamber as a perfect sphere (hypothesis). Measurements
and index statistical analysis was performed. RESULTS: Mitral ring perimeter was
longer than the NORMAL group only in ischemic group. There was a low
correlation coefficient between mitral ring perimeter and ventricular segmental
perimeters in both dilated groups. Longitudinal length from the left atrioventricular
sulcus until the apex was similar in dilated specimens and higher compared to the
normal group. Regarding sequential perimeters of ventricular slices in the normal
specimens, the equatorial perimeter was as long as the basal ones, but both of them
longer than the apical one. In the other hand, for dilated specimens, equatorial
diameter was the longest one and apical the smallest one. Comparing ventricular
slices perimeters between dilated groups, all the perimeters lengths were longer in
the idiopathic group than in the ischemic one. All the ventricular slices perimeters
were longer for both dilated groups than for the normal group. There was no
difference of ventricular wall width between groups. The proposed index of
proportional perimeter: considering the proportion between basal and equatorial
perimeter, there was no difference between any groups; but considering the
proportion between apical and equatorial perimeter, dilated specimens displayed a
lower index when compared to normal specimens. All the observed ventricular slice
perimeters were smaller than the hypothetical (sphere) expected ones in both dilated
groups. CONCLUSIONS: 1) Left atrioventricular ring dilatation occurs in ischemic
dilated cardiomyopathy and it is independent of the dilatation of segments (apical,
basal and equatorial) ventricular; 2) Longitudinal left ventricular dilatation is similar
between dilated groups; 3) A transversal ventricular chamber dilatation was observed
in dilated diseases and it is greater in the idiopathic disease; 4) The left ventricular
wall widths in both dilated cardiomyopathies were similar to normal hearts; 5)
Transversal dilatation of left ventricular chamber in both dilated cardiomyopathies is
not proporcional along their longitudinal axis because it is more accentuated in
equatorial and basal regions; 6) Left ventricular chamber in both dilated
cardiomyopathies does not keep spherical shape.
Descriptors: 1.Heart, anatomy 2.Heart, pathology 3.Heart Ventricle, anatomy 4.Heart
Ventricle, pathology 5.Mitral Valves, anatomy 6.Mitral Valves, pathology
7.Cardiomyopathy, Dilated 8.Remodeling, Ventricular.
INTRODUÇÃO
Paulo Sérgio Juliani
2
Avaliação morfogeométrica do ventrículo esquerdo e do anel valvar mitral na
cardiomiopatia dilatada isquêmica ou idiopática: estudo comparativo computadorizado
1 INTRODUÇÃO
A Anatomia compreende em si fundamentos necessários para um preciso
entendimento, diagnóstico e evolução de estratégias cirúrgicas em diversas situações
patológicas que acometem os seres vivos. A história médica do desenvolvimento de
técnicas diagnósticas e cirúrgicas teve sempre, nos estudos anatômicos, um
importante suporte e, via de regra, grandes marcos dessas técnicas foram
acompanhados por detalhados processos de elucidação anatômica.
Portanto, devido à crescente casuística mundial de cardiopatias que, sendo
elemento de grande preocupação em saúde pública, suscita esforços concentrados
nos estudos sobre a fisiopatologia, diagnóstico e terapêutica das mesmas, a pesquisa
anatômica cardiológica tem encontrado espaço para um maior aprofundamento.
De especial interesse mostra-se o entendimento do processo de
remodelamento cardíaco, mais especificamente as alterações morfogeométricas, que
acompanham as cardiomiopatias dilatadas (CMD), tanto isquêmicas (CMDIsq) como
idiopáticas (CMDId), de modo particular do ventrículo esquerdo (VE) e suas
correlações com alterações do anel atrioventricular esquerdo, levando a graus
variáveis de insuficiência cardíaca (IC).
Durante os anos 60 e 70 do século passado, acreditava-se que as alterações
ocorridas na musculatura cardíaca, atualmente referidas como remodelamento
cardíaco, davam-se predominantemente por fenômenos hemodinâmicos decorrentes
das cardiopatias. Hoje, mostra-se claro que o remodelamento, em especial o
ventricular, ocorrido tanto nas cardiomiopatias dilatadas isquêmicas como nas
Paulo Sérgio Juliani
3
Avaliação morfogeométrica do ventrículo esquerdo e do anel valvar mitral na
cardiomiopatia dilatada isquêmica ou idiopática: estudo comparativo computadorizado
idiopáticas, é fruto de complexas interações. Delas participam o sistema
neurohormonal, representado de maneira relevante pelo sistema renina-angiotensina-
aldosterona e sistema nervoso simpático, bem como a ativação das citocinas pró-
inflamatórias (com ênfase às interleucinas 1, 2 e 6 e o fator de necrose tumoral), os
fenômenos de estresse intracavitário, de isquemia-reperfusão e de apoptose
cardiomiocítica, também a ativação de fatores de crescimento e o estresse oxidativo.
A interação desses fatores leva à ativação das metaloproteinases matriciais, com
remodelamento da matriz extracelular e hipertrofia cardiomiocítica.
Houve, dessa forma, um avanço significativo na compreensão dos
mecanismos envolvidos no remodelamento ventricular esquerdo, com alteração na
expressão gênica. Assim, os aspectos macroscópicos decorrentes dessa alteração são
objeto de avaliação das técnicas de obtenção de imagens por vias não-invasivas, cada
vez mais refinadas, que progrediram concomitantemente, como o ecocardiograma, a
ressonância nuclear magnética e a tomografia computadorizada. Essas vieram a
fornecer dados subsidiários à análise do processo de remodelamento, bem como
propiciaram correlação das alterações em diferentes sítios ventriculares dentro de
uma mesma doença e comparação desses fenômenos entre afecções como a CMDIsq
ou CMDId.
Nesse contexto, os estudos anatômicos ainda têm papel importante na
validação da fisiopatologia atualmente proposta para o remodelamento ventricular
esquerdo, tanto na CMDId como na CMDIsq , e também na confirmação dos dados
obtidos nos exames de imagem, visando a otimizar as terapias, especialmente as
cirúrgicas, para essas duas entidades.
Paulo Sérgio Juliani
4
Avaliação morfogeométrica do ventrículo esquerdo e do anel valvar mitral na
cardiomiopatia dilatada isquêmica ou idiopática: estudo comparativo computadorizado
Existem poucos trabalhos comparativos entre o remodelamento mais apical e
mais basal no VE nessas duas afecções e implicações desse em possíveis alterações
no anel valvar mitral. Sendo assim, o presente trabalho fornece e compara dados
anatômicos relativos às áreas acima mencionadas, fazendo também uma análise
geométrica, podendo, desta forma, auxiliar o diagnóstico por imagem e colaborar no
desenvolvimento de técnicas cirúrgicas mais precisas. A busca por essas técnicas
visa à melhor performance hemodinâmica e ao remodelamento reverso nas áreas
onde o miocárdio remodelado inadequadamente pode estar colaborando, de forma
mais ativa, na manutenção da disfunção ventricular esquerda.
REVISÃO DE LITERATURA
Paulo Sérgio Juliani
6
Avaliação morfogeométrica do ventrículo esquerdo e do anel valvar mitral na
cardiomiopatia dilatada isquêmica ou idiopática: estudo comparativo computadorizado
2 REVISÃO DE LITERATURA
Krehl apud Mady e Fernandes
1
realizou a primeira descrição de
cardiomiopatia.
Brigden
2
foi quem introduziu o termo cardiomiopatia na literatura médica, no
seu artigo “Uncommon myocardial diseases. The non-coronary cardiomyopathies”,
publicado na revista Lancet, suscitando, já naquele primeiro momento, polêmicas
com relação a definições e aspectos classificatórios, com várias tentativas de
padronização que se seguiram conseqüentemente.
A mais conhecida classificação, publicada pela primeira vez, em 1980, pela
World Health Organization (WHO) e International Society and Federation of
Cardiology (ISFC)
3
, definiu as cardiomiopatias como “doenças do músculo cardíaco
de causa desconhecida” (idiopáticas). Ainda subdividiu-as em dilatadas, hipertróficas
e restritivas. Quando a causa do comprometimento do miocárdio fosse conhecida, a
doença seria classificada dentro do grupo “doenças específicas do músculo
cardíaco”, tendo etiologia infecciosa, tóxica, metabólica, heredofamiliar e sistêmica.
As cardiomiopatias alcoólica e periparto foram classificadas separadamente.
Vários autores
4-8
, em seus artigos, contestaram e criticaram essa classificação,
colocando em dúvida os critérios utilizados, considerando-a rígida e restrita.
Em seu relatório de 1995, a WHO/ISFC
9
retomou o debate, reconhecendo que
não havia sentido diferenciar “cardiomiopatia” de “doenças específicas do músculo
cardíaco”, em razão do avanço no entendimento da etiopatogênese dessas doenças.
Paulo Sérgio Juliani
7
Avaliação morfogeométrica do ventrículo esquerdo e do anel valvar mitral na
cardiomiopatia dilatada isquêmica ou idiopática: estudo comparativo computadorizado
Nesse novo relatório, denominou-se “Cardiomiopatias” as moléstias envolvendo o
miocárdio que resultam em disfunção cardíaca, encerrando, portanto, uma forma
definitiva, mais abrangente e simples.
A classificação proposta foi a seguinte:
Cardiomiopatia dilatada (CMD), da qual fazem parte, como agentes
etiológicos, os fatores idiopáticos, virais e/ou auto-imunes e alcoólico-
tóxicos;
Cardiomiopatia hipertrófica, que tem na hipertrofia miocárdica e
disfunção diastólica suas principais características;
Cardiomiopatia restritiva, caracterizada pelo déficit de elasticidade da
parede levando a uma redução do volume diastólico, como observado
nos casos de endomiocardiofibrose;
Cardiomiopatia arritmogênica do ventrículo direito;
Cardiomiopatias não-classificadas, das quais fazem parte a
fibroelastose, a disfunção sistólica acompanhada de mitocondriopatia
e dilatação cardíaca mínima, e outras doenças, como a hipertensão
arterial sistêmica e a amiloidose, que também podem participar de
outros tipos de cardiomiopatias;
Cardiomiopatias específicas, as quais alguns autores, como Johnson et
al.
10
, já denominavam cardiomiopatias secundárias:
Ø Cardiomiopatia isquêmica, definida como uma
cardiomiopatia dilatada, já citada e estudada na sua evolução
natural por Yatteau et al.
11
, que a chamaram também de
miopatia da doença arterial coronária, caracterizada por
Paulo Sérgio Juliani
8
Avaliação morfogeométrica do ventrículo esquerdo e do anel valvar mitral na
cardiomiopatia dilatada isquêmica ou idiopática: estudo comparativo computadorizado
diminuição generalizada da contratilidade do ventrículo
esquerdo, gerando uma fração de ejeção < ou = 25%,
acompanhada por aterosclerose coronária de um ou mais
vasos. Os pacientes com danos miocárdicos segmentares
(aneurisma de VE e infarto miocárdico causando acinesia) não
se incluem nesse subgrupo;
Ø Cardiomiopatia valvar, secundária a uma sobrecarga de
volume ou pressão decorrente de valvopatia, de longa
duração e de grande intensidade
12,13
;
Ø Cardiomiopatia hipertensiva, freqüentemente traduzida em
cardiomiopatia hipertrófica, mas pode estar presente nas
CMD e cardiomiopatias restritivas;
Ø Cardiomiopatia inflamatória, ou uma miocardite
acompanhada de disfunção cardíaca. Diagnosticada por meio
de critérios histológicos, imunológicos e
imunohistoquímicos. Fazem parte deste grupo a
cardiomiopatia chagásica, as cardiomiopatias viróticas (HIV,
enterovírus, adenovírus e citomegalovírus), as
cardiomiopatias auto-imunes, as cardiomiopatias bacterianas
e as outras afecções promotoras de inflamação do miocárdio;
Ø Cardiomiopatias metabólicas, as quais têm como fatores
etiológicos os distúrbios endócrinos (hipotireoidismo,
tireotoxicose, insuficiência adreno-cortical, feocromocitoma,
Paulo Sérgio Juliani
9
Avaliação morfogeométrica do ventrículo esquerdo e do anel valvar mitral na
cardiomiopatia dilatada isquêmica ou idiopática: estudo comparativo computadorizado
diabete melito), os distúrbios nutricionais-carenciais, a
amiloidose, e outros;
Ø Cardiomiopatias derivadas de outras doenças sistêmicas
como, por exemplo, o lúpus eritematoso, a artrite reumatóide,
a esclerodermia e a sarcoidose;
Ø Cardiomiopatias causadas por distúrbios musculares e
neuromusculares como, por exemplo, a doença de Duchenne,
as distrofias miotônicas e a ataxia de Friedreich;
Ø Cardiomiopatias tóxicas alcoólicas, antraciclina e
irradiação;
Ø Cardiomiopatia periparto, que tem um perfil etiológico
multifatorial.
Boffa et al.
14
discutem que, nessa classificação, a WHO/ISFC definiu a
cardiomiopatia isquêmica como uma cardiomiopatia dilatada que causa prejuízo à
performance contrátil, não justificado pela extensão da doença coronária ou pelos
danos isquêmicos. Entretanto, sua análise retrospectiva feita com 14 pacientes,
portadores de lesão obstrutiva de até 50% de tronco principal das coronárias ou mais
de 50% da porção distal desses troncos ou ramos secundários, fração de ejeção do
VE de 27% +/- 6% e volume diastólico final do VE de 170 +/- 45 ml/m
2
, leva ao
questionamento da aplicabilidade clínica dessa classificação no caso específico das
cardiomiopatias isquêmicas. Nesse estudo, os autores encontraram ao menos uma
outra possível causa (diabetes e/ou hipertensão arterial sistêmica, alcoolismo,
CMDId, infarto prévio silencioso) para a grave disfunção do VE, não explicada pela
coronariopatia detectada.
Paulo Sérgio Juliani
10
Avaliação morfogeométrica do ventrículo esquerdo e do anel valvar mitral na
cardiomiopatia dilatada isquêmica ou idiopática: estudo comparativo computadorizado
Em seu Tratado de Medicina Cardiovascular, Braunwald et al.
15
definem a
CMDId como uma síndrome caracterizada pela dilatação cardíaca e
comprometimento da função sistólica de um ou dos dois ventrículos. Ressaltam,
porém, que em alguns casos a função contrátil pode estar normal. Relatam uma
incidência de 5-8 casos por 100 mil habitantes por ano, mas ressalvam que este
número pode ser fruto de uma subavaliação. Nos EUA, cerca de um quarto dos casos
de insuficiência cardíaca congestiva é devido à CMDId. Ocorre com freqüência
quase três vezes maior em negros e homens que em brancos e mulheres, com
sobrevida possivelmente pior no primeiro grupo. Atestam, assim como outros
autores, que a doença pode representar uma via final comum resultante de lesão
miocárdica produzida por uma variedade de mecanismos citotóxicos, metabólicos,
imunológicos, familiais e infecciosos
16-18
. Citam o álcool, por exemplo, como
potencial produtor de disfunção cardíaca grave e com achados clínicos,
hemodinâmicos e patológicos idênticos àqueles presentes na CMDId. A ligação
familial parece exercer maior influência do que normalmente se considera. Em cerca
de 20% dos pacientes, um parente de primeiro grau também mostra evidências de
CMDId. Foi demonstrada transmissão autossômica dominante e seis loci
cromossômicos foram já identificados. Atestam que alguns casos são ligados ao
cromossomo X, determinando uma alteração no primeiro exon do gene, que codifica
para a proteína distrofina, componente do citoesqueleto dos miócitos. Alegam
também ser intrigante a deficiência metabólica familial de carnitina nesses casos,
ocorrendo melhora da miopatia com a reposição dessa substância.
Mady e Fernandes
1
afirmam que a conceituação e classificação das
cardiomiopatias permanecem difíceis e controversas e que, atualmente, essas são
Paulo Sérgio Juliani
11
Avaliação morfogeométrica do ventrículo esquerdo e do anel valvar mitral na
cardiomiopatia dilatada isquêmica ou idiopática: estudo comparativo computadorizado
classificadas pela fisiopatologia dominante e, se possível, por agentes etiológicos e
patogênicos.
Algumas novas propostas classificatórias foram sugeridas. Thiene et al.
19
consideram a possibilidade de uma classificação genômica ou pós-genômica para as
cardiomiopatias. Alegam que, com os extraordinários avanços da genética molecular,
nas últimas duas décadas, houve identificação de defeitos genéticos para algumas das
cardiomiopatias, tanto dilatadas como hipertróficas, restritivas ou arritmogênicas do
ventrículo direito, não havendo mais sentido para chamar algumas dessas de
idiopáticas. Propõem, para as cardiomiopatias herdadas, a distinção entre aquelas que
afetam o citoesqueleto, o sarcômero ou canais iônicos, chamando-as de
citoesqueletopatias, sarcomiopatias e canalopatias, respectivamente.
Portanto, é sensível a complexidade de possibilidades que envolvem o
desenvolvimento das até então chamadas, segundo a WHO e a ISFC, CMDId e
CMDIsq.
Independente das divergências classificatórias, um ponto comum é que,
nessas doenças, as alterações na massa e, em especial, na geometria ventricular
esquerda, geram conseqüências na mecânica dessa estrutura, com déficits de função e
prognóstico variáveis, sendo alvo, portanto, de diversas estratégias terapêuticas
20-31
.
Visando a otimizar essas estratégias, estudos realizados em corações normais e
doentes são desenvolvidos para melhor compreensão desse remodelamento, tanto do
VE como um todo, como em segmentos ventriculares diferentes
32
.
Gómez Doblas et al.
30
afirmam que a melhor forma de estudar a geometria do
ventrículo esquerdo seria a análise da peça anatômica, o que é viável somente em
estudos experimentais. Porém, alguns métodos foram criados para o estudo da
Paulo Sérgio Juliani
12
Avaliação morfogeométrica do ventrículo esquerdo e do anel valvar mitral na
cardiomiopatia dilatada isquêmica ou idiopática: estudo comparativo computadorizado
geometria ventricular, a maioria por ventriculografia ou ecocardiografia
33-38
. Estes
geraram alguns índices que foram correlacionados com mortalidade, capacidade de
exercício e progressão do aparecimento de eventos cardiovasculares. Um dos mais
utilizados é o idealizado por Lamas et al.
38
, em 1989, o índice de esfericidade
telesistólico e telediastólico (SSI e DSI). Este é calculado dividindo-se o volume do
VE, obtido por eco ou ventriculografia, pelo volume de uma esfera hipotética com
um diâmetro igual ao eixo maior do VE. Esses autores advogam que, a medida que
este índice aumenta, a forma do ventrículo esquerdo se aproxima mais da forma de
uma esfera. Vale ressaltar que a grande variedade desses métodos, bem como a falta
de padronização no emprego destes, comprometem suas valorizações em diferentes
estudos sobre geometria ventricular.
Edwards et al. apud Cerqueira et al.
39
, em trabalho anatômico que serviu
como base para uma análise regional tomográfica do coração, seccionaram
perpendicularmente ao maior eixo ventricular esquerdo 102 corações, provenientes
de pessoas adultas, sem doença cardíaca, em terços apicais, mediais e basais.
Verificaram o porcentual de massa miocárdica em cada um dos terços ventriculares,
obtendo como resultado a média de 42% para o basal, 36% para o medial e 21% para
o apical.
Markus et al.
20
avaliaram a massa ventricular esquerda em pacientes com
insuficiência cardíaca, por ecocardiografia em modo M, e indexaram-na pela altura.
Encontraram índices de massa ventricular esquerda variando de 35,3 g/m a 332,6
g/m (média 177,7 g/m), nos portadores de CMDId, e de 86,5 g/m a 264,2 g/m (média
162 g/m), nos portadores de CMDIsq.
Paulo Sérgio Juliani
13
Avaliação morfogeométrica do ventrículo esquerdo e do anel valvar mitral na
cardiomiopatia dilatada isquêmica ou idiopática: estudo comparativo computadorizado
Hueb et al.
40
, em um estudo anatômico com 68 corações humanos de adultos,
sendo 20 normais, 24 com CMDId e 24 com CMDIsq, realizaram secção transversal
das paredes dos ventrículos esquerdo e direito ao nível da meia altura do corpo do
músculo papilar anterior. Na cavidade ventricular esquerda, analisaram: (1) Distância
do Septo Interventricular ao Músculo Papilar Posterior; (2) Distância entre os
Músculos Papilares; (3) Distância do Septo Interventricular ao Músculo Papilar
Anterior; (4) Extensão do Septo Interventricular e o Perímetro Interno do VE.
Verificaram que as variáveis ventriculares analisadas demonstraram uma dilatação
global e proporcional entres os segmentos observados.
Segundo Kono et al. apud Hueb et al.
40
, as mudanças na cavidade ventricular
esquerda, que ocorrem durante o curso da insuficiência cardíaca, manifestam-se pelo
aumento da esfericidade da câmara, ou seja, não ocorrem em segmentos e sim,
globalmente.
Nikitin et al.
41
avaliaram, com metodologia ecocardiográfica, 71 pacientes
com CMDIsq e mais 30 pessoas como grupo controle. Salientaram, no embasamento
de seu trabalho, que independente da variada etiopatologia, o remodelamento
ventricular esquerdo está sempre associado com uma seqüência similar de eventos
moleculares, bioquímicos e mecânicos, que podem levar à falência cardíaca,
hipertrofia cardiomiocítica, acentuada produção de matriz extracelular e fibrose.
Também afirmaram que a distorção geométrica e a dilatação ventricular esquerda são
conhecidas como os principais marcadores do remodelamento ventricular esquerdo.
No seu estudo, usaram um índice de esfericidade diastólica do ventrículo esquerdo
como indicador da progressão do remodelamento ventricular. Atestaram que, em
seus estudos prévios, ficou demonstrada a sensibilidade desse índice no processo de
Paulo Sérgio Juliani
14
Avaliação morfogeométrica do ventrículo esquerdo e do anel valvar mitral na
cardiomiopatia dilatada isquêmica ou idiopática: estudo comparativo computadorizado
remodelamento ventricular esquerdo, em pacientes com cardiomiopatia dilatada.
Concluíram que, nesses indivíduos, um remodelamento ventricular mal adaptado
progride com significativa dilatação e distorção geométrica do ventrículo esquerdo,
hipertrofia excêntrica e aumentada tensão de parede no final da sístole. A
esfericidade ventricular esquerda aumentada se correlacionou com restrições no
enchimento diastólico e no grau de regurgitação mitral. Assim, os dados obtidos
indicaram que a evolução do remodelamento ventricular na cardiomiopatia dilatada
está associada com deterioração da função sistólica do ventrículo esquerdo e maior
gravidade da insuficiência cardíaca.
Essa distorção geométrica acaba por determinar um índice de sobrevida pior
nesses pacientes. Douglas et al.
21
analisaram, por ecocardiografia bidimensional, as
relações entre formato (maior e menor eixos) e estresse de parede ventricular
esquerda com a sobrevida em 36 pacientes com CMDId, em um seguimento de 52
meses dos sobreviventes (n = 16). Concluíram que a pior sobrevida estava associada
ao menor eixo diastólico final > 7,6 cm, a razão menor/maior eixo diastólica final >
0,76, e a uma razão de estresse meridional/circunferencial de parede no final da
sístole > 0,54, ou seja, a um ventrículo mais esférico e uma distribuição mais
uniforme da pós-carga. Não encontraram associação entre a sobrevida e a espessura
da parede ventricular, função sistólica ou massa ventricular.
Outro ponto importante é que, nessas afecções, a disfunção valvar mitral,
gerando regurgitação, é bastante comum, contribuindo sobremaneira para o déficit
hemodinâmico, progressão desfavorável e pior prognóstico
40,42,43
. É pouco explorada
na literatura a correlação entre o perímetro do anel mitral e a dilatação do VE em
diferentes segmentos, tanto na CMDId como na CMDIsq. Existem indicações que a
Paulo Sérgio Juliani
15
Avaliação morfogeométrica do ventrículo esquerdo e do anel valvar mitral na
cardiomiopatia dilatada isquêmica ou idiopática: estudo comparativo computadorizado
disfunção da valva atrioventricular esquerda, encontrada tanto na CMDIsq como na
CMDId, está relacionada à dilatação do seu próprio anel, do VE e do átrio esquerdo,
bem como à distensão das cordas tendíneas e a anormalidades na contração dos
músculos papilares e da parede do VE
44
.
Alguns estudos procuraram embasar essas indicações sobre esse mecanismo
regurgitante. He et al.
45,46
, em estudo com valvas porcinas, defendem que a dilatação
do anel valvar mitral contribui de forma consistente para essa regurgitação, e que o
deslocamento dos músculos papilares, com conseqüente aumento da tensão das
cordas tendíneas, restringe o fechamento das cúspides. Existe, também, por conta da
disfunção ventricular esquerda, uma diminuição na pressão sistólica contra a face
ventricular dos folhetos. Alegam que, esses fatores, atuando de forma conjunta na
CMD idiopática ou isquêmica, geram regurgitação mitral.
Um trabalho, realizado por Chandraratna e Aranow
47
, com 22 pacientes
portadores de CMD com e sem regurgitação mitral, avaliou, pela ecocardiografia, a
dilatação do anel, do VE e a regurgitação, e concluiu que a dilatação do anel ocorre
somente em alguns pacientes, sem proporcionalidade ao grau de dilatação do VE.
Sugeriu que a regurgitação, associada à dilatação do VE, poderia se dar em
conseqüência da perda da ação esfincteriana do anel e/ou alinhamento inadequado
dos músculos papilares e não simplesmente pela dilatação do anel.
OBJETIVOS
Paulo Sérgio Juliani
17
Avaliação morfogeométrica do ventrículo esquerdo e do anel valvar mitral na
cardiomiopatia dilatada isquêmica ou idiopática: estudo comparativo computadorizado
3 OBJETIVOS
Os objetivos desta pesquisa são:
1. Obter medidas do anel atrioventricular esquerdo e do ventrículo esquerdo em
corações normais, com CMDIsq ou CMDId, comparando-as entre si;
2. Analisar a proporcionalidade entre segmentos da câmara ventricular esquerda
dos corações com CMDIsq ou CMDId em relação ao normal;
3. Determinar a esfericidade ou não da câmara ventricular esquerda nos
corações com CMDIsq ou CMDId.
MÉTODO
Paulo Sérgio Juliani
19
Avaliação morfogeométrica do ventrículo esquerdo e do anel valvar mitral na
cardiomiopatia dilatada isquêmica ou idiopática: estudo comparativo computadorizado
4 MÉTODO
O projeto deste estudo foi inicialmente submetido e aprovado pelas
Comissões Científica e de Ética do Instituto do Coração (InCor) e de Ética para
Análise de Projetos de Pesquisa (CAPPesq da Diretoria Clínica do Hospital das
Clínicas e da Faculdade de Medicina (FM) da Universidade de São Paulo (USP)),
conforme pareceres apresentados (Anexos 1 e 2). Para efeito do nosso estudo,
usamos o padrão classificatório atual, proposto pela World Health Organization
(WHO) e International Society and Federation of Cardiology (ISFC)
9
, na seleção
das peças utilizadas e análise dos resultados.
4.1 Material
Foram estudados corações considerados normais e dilatados. Os normais
foram provenientes do Serviço de Verificação de Óbitos da Capital (SVOC-USP),
cedidos dentro das normais legais e éticas vigentes. Os dilatados foram provenientes
do Laboratório de Anatomia Patológica do Instituto do Coração do Hospital das
Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (InCor-HC-FM-
USP), oriundos de necropsias realizadas em pacientes falecidos na Instituição ou do
Centro Cirúrgico, resultado de cardiectomia em pacientes submetidos a transplante
cardíaco. O número de registro e características das peças estão no Anexo 3. A
caracterização dos grupos foi estabelecida com base nos laudos anatomopatológicos.
Os critérios de inclusão e exclusão estão listados a seguir:
Paulo Sérgio Juliani
20
Avaliação morfogeométrica do ventrículo esquerdo e do anel valvar mitral na
cardiomiopatia dilatada isquêmica ou idiopática: estudo comparativo computadorizado
Critérios de Inclusão:
Ø Corações normais:
1. Causa mortis não relacionada a cardiopatia.
2. Peças livres de alterações macroscópicas, em particular
valvopatias.
3. Peso até 340g.
4. Provenientes de pessoas entre 18 e 75 anos.
5. Laudo anatomopatológico atestando normalidade.
Ø Corações dilatados:
1. Provenientes de pessoas entre 18 e 75 anos.
2. Laudo anatomopatológico atestando CMDId.
3. Laudo anatomopatológico atestando CMDIsq ou doença cardíaca
isquêmica associada a dilatação do VE.
Critérios de Exclusão:
Ø Corações com CMDId:
1. Doença coronária isquêmica e/ou aneurismas do VE.
2. Anormalidades cardíacas congênitas.
3. Anomalias valvulares.
4. Doença miocárdica infiltrativa.
5. Cirurgia cardíaca prévia.
6. Uso prévio de marca-passo ou terapia de ressincronização e/ou
dispositivos de assistência circulatória.
Ø Corações com CMDIsq:
1. Os mesmos dos corações com CMDId, com exceção da doença
coronária isquêmica.
Paulo Sérgio Juliani
21
Avaliação morfogeométrica do ventrículo esquerdo e do anel valvar mitral na
cardiomiopatia dilatada isquêmica ou idiopática: estudo comparativo computadorizado
Os seguintes grupos foram constituídos:
Grupo CMDId: 18 corações, dos quais 13 (72,22%) provinham de
indivíduos do sexo masculino. A idade variou de 26 a 64 anos, com
média de 42,44 anos. O peso dos corações variou de 358 a 942 gramas,
com média de 595,44 gramas;
Grupo CMDIsq: 15 corações, todos provenientes de indivíduos do sexo
masculino. A idade variou de 35 a 75 anos, com média de 59,73 anos. O
peso dos corações variou de 400 a 840 gramas, com média de 606,47
gramas;
Grupo NORMAL: 10 corações, dos quais 9 (90%) provinham de
indivíduos do sexo masculino. A idade variou de 29 a 70 anos, com
média de 51,4 anos. O peso dos corações variou de 212 a 338 gramas,
com média de 280,4 gramas.
4.2 Método para obtenção das peças anatômicas
O método para retirada das peças obedeceu à rotina própria do Serviço de
Verificação de Óbito da Capital (SVOC), do Laboratório de Anatomia Patológica do
InCor HC-FM-USP, utilizando-se as seguintes técnicas, descritas a seguir. No item
(d) é feita referência aos corações obtidos de receptores do Programa de Transplante
Cardíaco.
(a) Decúbito dorsal horizontal;
(b) Incisão longitudinal mediana desde a projeção superficial da incisura
jugular até a projeção da sínfise púbica, abrangendo pele, tela subcutânea e,
no abdome, a linha alba e o peritônio parietal. Os retalhos da pele e
Paulo Sérgio Juliani
22
Avaliação morfogeométrica do ventrículo esquerdo e do anel valvar mitral na
cardiomiopatia dilatada isquêmica ou idiopática: estudo comparativo computadorizado
subcutâneo do tórax foram rebatidos, e a porção anterior da caixa torácica
seccionada no nível das articulações condrocostais direita e esquerda, e
retirada, mantendo-se o músculo diafragma íntegro.
(c) O pericárdio foi seccionado longitudinalmente, o coração elevado pelo seu
ápice e realizada a secção da veia cava superior e inferior, além dos vasos da
base.
(d) Os corações de receptores de transplantes foram retirados de acordo com
a técnica de cardiectomia padronizada para esta operação.
Todos os corações foram retirados dos cadáveres num período máximo de
24h “post-mortem”. Os provenientes de pacientes submetidos a transplante, uma vez
realizada a cardiectomia, foram encaminhados para o Serviço de Anatomia
Patológica. Após pesagem e identificação, os corações foram submetidos à fixação
em folmaldeído a 10%, em conformidade com outros estudos anatômicos
48,49
.
4.3 Método para preparo das peças anatômicas
Caracterizou-se pela dissecção e preparação das peças para a obtenção das
imagens digitais das regiões que foram posteriormente mensuradas.
4.3.1 Preparo ventricular
Os cortes transversais de cada coração, para possibilitar a visualização e
obtenção de imagens digitais do ventrículo esquerdo, foram realizados por faca
elétrica após estabilização e fixação das peças em posição adequada, sobre superfície
plana, com sua face posterior voltada para cima. Para caracterização dos locais de
corte, determinou-se uma linha imaginária (mestra) na face cardíaca posterior,
Paulo Sérgio Juliani
23
Avaliação morfogeométrica do ventrículo esquerdo e do anel valvar mitral na
cardiomiopatia dilatada isquêmica ou idiopática: estudo comparativo computadorizado
paralela e próxima ao sulco interventricular e perpendicular ao sulco atrioventricular
(AV), ligando esse ao ápice ventricular esquerdo. De posse da medida dessa linha,
realizada por fita flexível sobre a superfície cardíaca, foi fixado um critério de
proporcionalidade, partindo-se do ápice ventricular esquerdo, promovendo-se, então,
cortes perpendiculares (laminação) a essa linha, transversais ao VE, nos pontos
relativos a 20% (segmento apical), 50% (segmento equatorial) e 80% (segmento
basal) da distância total da mesma. Na Figura 1, estão representados
esquematicamente estes locais de laminação, a partir dos quais foram obtidos os
segmentos estudados.
Figura 1. Face posterior de coração com delimitação esquemática dos pontos para
laminação ventricular. Segmento basal (80%), segmento equatorial (50%), segmento
apical (20%). DistAV-AP = distância do sulco atrioventricular até o ápice
ventricular esquerdo
Paulo Sérgio Juliani
24
Avaliação morfogeométrica do ventrículo esquerdo e do anel valvar mitral na
cardiomiopatia dilatada isquêmica ou idiopática: estudo comparativo computadorizado
A laminação foi realizada sem pressões externas deformantes, de modo
suave, uniforme e perpendicular à linha mestra. Os segmentos provenientes dessa
laminação estão representados nas Figuras 2, 3 e 4.
Figura 2. Vista da face cranial do segmento apical (A) ventricular esquerdo em
coração dilatado
Figura 3. Vista da face cranial do segmento equatorial (E) ventricular esquerdo em
coração dilatado
Paulo Sérgio Juliani
25
Avaliação morfogeométrica do ventrículo esquerdo e do anel valvar mitral na
cardiomiopatia dilatada isquêmica ou idiopática: estudo comparativo computadorizado
Figura 4. Vista da face cranial do segmento basal (B) ventricular esquerdo em
coração dilatado
4.3.2 Preparo valvar
O preparo dos espécimes para a captura das imagens das valvas
atrioventriculares esquerdas foi feito por meio da excisão dos átrios esquerdo e
direito na região basal cardíaca e dissecção meticulosa até a altura do anel valvar
esquerdo, expondo-o de maneira adequada para a digitalização.
4.4 Método de captura de imagem digital
Uma vez realizadas as secções, os segmentos provenientes foram
posicionados sobre uma superfície plana de uma mesa com suporte de aço para
fixação da máquina fotográfica digital (“Sony” modelo “Cyber-Shot” de 3,2
Paulo Sérgio Juliani
26
Avaliação morfogeométrica do ventrículo esquerdo e do anel valvar mitral na
cardiomiopatia dilatada isquêmica ou idiopática: estudo comparativo computadorizado
megapixels). A face de corte basal (cranial) do segmento foi posicionada paralela à
superfície da mesa e voltada para cima, de modo a permitir a captura de imagens
digitais, pelo equipamento fotográfico, num plano de incidência precisamente
perpendicular à superfície citada. Ao lado de cada peça, e na mesma altura da
superfície que seria posteriormente analisada, posicionou-se uma régua graduada em
centímetros, usada na calibração do “software” para a mensuração dos espécimes
(Figuras 2 a 4). Da mesma forma procedeu-se à captura das imagens das valvas
atrioventriculares esquerdas (Figura 5). Seqüencialmente, foram identificados os
segmentos e respectivas imagens.
Figura 5. Vista cranial da região atrioventricular com visualização de vasos da
base, das valvas semilunares e atrioventriculares
Paulo Sérgio Juliani
27
Avaliação morfogeométrica do ventrículo esquerdo e do anel valvar mitral na
cardiomiopatia dilatada isquêmica ou idiopática: estudo comparativo computadorizado
4.5 Método de mensuração computadorizada das imagens digitais
Consistiu de mensurações computadorizadas, realizadas por três observadores
independentes, feitas a partir das imagens digitais captadas. Os “softwares”
utilizados foram o Image Tool for Windows, versão 1.28, desenvolvido pelo The
University of Texas Health Science Center, EUA, e o AutoCad 2006 (Autodesk,
Inc.). Previamente à mensuração, realizou-se a calibração do programa utilizado. Isso
foi obtido através da delimitação de uma reta, com auxílio do “mouse” e respectivo
cursor, sobre um centímetro da régua milimetrada disposta ao lado das peças. Feito
isso, inseriu-se no programa a informação que a distância daquela reta traçada
equivaleria a um centímetro. Calibrados os programas, foram coletadas as seguintes
medidas (em cm) de cada segmento.
4.5.1 Perímetro interno do ventrículo esquerdo
Delimitou-se, com o cursor, o perímetro da cavidade ventricular esquerda,
com exclusão do relevo trabecular (Figura 6).
Figura 6. Vista da face cranial do segmento equatorial (E) ventricular esquerdo em
coração dilatado com delimitação (linha preta) de seu perímetro interno
Paulo Sérgio Juliani
28
Avaliação morfogeométrica do ventrículo esquerdo e do anel valvar mitral na
cardiomiopatia dilatada isquêmica ou idiopática: estudo comparativo computadorizado
4.5.2 Espessura das paredes anterior, posterior, lateral e do septo
interventricular
Para avaliação das espessuras das paredes e septo, procedeu-se ao seguinte
modelo, usando o “software” AutoCad 2006: uma reta foi traçada entre os limites
anterior e posterior da parede septal (linha vermelha da Figura 7), e então, partindo
da meia distância dessa reta, traçou-se uma outra linha, perpendicular à primeira
(linha verde da Figura 7), em direção à parede lateral, determinando o ponto da
medida de espessura dessa parede. Essa mesma linha (verde) prolongou-se em
direção ao septo, determinando o ponto de medida da espessura desse. Na meia
distância dessa reta, entre o septo e a parede lateral, partiu uma outra reta
perpendicular tanto na direção da parede anterior como também da posterior (linha
rosa no centro do VE da Figura 7), determinando assim os pontos da medida de
espessura em ambas.
Figura 7. Corte transversal ventricular esquerdo, vista cranial do segmento basal,
com delimitação esquemática dos pontos para mensuração das seguintes espessuras:
A: Espessura do septo interventricular; B: Espessura da parede posterior do VE; C:
Espessura da parede lateral do VE; D: Espessura da parede anterior do VE
Paulo Sérgio Juliani
29
Avaliação morfogeométrica do ventrículo esquerdo e do anel valvar mitral na
cardiomiopatia dilatada isquêmica ou idiopática: estudo comparativo computadorizado
4.5.3 Perímetro do anel mitral
Delimitou-se, com o cursor, o perímetro do anel atrioventricular esquerdo
(mitral). Essa delimitação está representada na Figura 8.
Figura 8. Vista cranial da região atrioventricular com delimitação (linha preta
pontilhada) do perímetro do anel valvar atrioventricular esquerdo
Paulo Sérgio Juliani
30
Avaliação morfogeométrica do ventrículo esquerdo e do anel valvar mitral na
cardiomiopatia dilatada isquêmica ou idiopática: estudo comparativo computadorizado
4.6 Variáveis mensuradas
As variáveis obtidas em cada grupo foram:
No anel mitral:
o Perímetro do Anel Mitral
No ventrículo esquerdo:
ü Medida externa:
o Distância do Sulco Atrioventricular (AV) Posterior até o Ápice do
VE (DistAV-AP)
ü A partir da laminação:
Ø Segmento Apical (A)
o Perímetro Interno Apical do VE (PerA)
o Espessura da Parede Anterior (PAA)
o Espessura da Parede Posterior (PPA)
o Espessura da Parede Lateral (PLA)
o Espessura do Septo Interventricular ou Parede Septal
(PSA)
Ø Segmento Equatorial (E)
o Perímetro Interno Equatorial do VE (PerE)
o Espessura da Parede Anterior (PAE)
o Espessura da Parede Posterior (PPE)
o Espessura da Parede Lateral (PLE)
o Espessura do Septo Interventricular ou Parede Septal
(PSE)
Ø Segmento Basal (B)
o Perímetro Interno Basal do VE (PerB)
o Espessura da Parede Anterior (PAB)
o Espessura da Parede Posterior (PPB)
o Espessura da Parede Lateral (PLB)
o Espessura do Septo Interventricular ou Parede Septal
(PSB)
Paulo Sérgio Juliani
31
Avaliação morfogeométrica do ventrículo esquerdo e do anel valvar mitral na
cardiomiopatia dilatada isquêmica ou idiopática: estudo comparativo computadorizado
4.7 Análises realizadas
As análises realizadas estão descritas a seguir:
Comparação e correlação das medidas de diferentes locais
dentro do mesmo grupo (análise intragrupo);
Comparação das medidas do mesmo local entre os 3 grupos
(análise intergrupos);
Análise das relações do VE :
(a) De proporcionalidade perimetral intersegmentar
(porcentual) entre os corações dilatados e deles com
relação ao normal;
(b) De esfericidade nos corações dilatados.
4.7.1 Comparação e correlação das medidas intra e intergrupos
Nessa análise, houve comparação (para detecção de diferenças) e correlação
(para detecção de relações de dependência) das variáveis mensuradas. O perímetro
do anel mitral foi comparado entre os grupos e também correlacionado com os
perímetros segmentares nos corações dilatados. A distância do sulco atrioventricular
posterior até o ápice do VE foi comparada entre os grupos. Os perímetros de cada
segmento do VE foram comparados entre os grupos. Os perímetros segmentares do
VE também foram comparados e correlacionados entre si dentro do mesmo grupo.
Cada espessura segmentar de cada parede do VE foi comparada entre os grupos.
Houve também uma comparação entre as espessuras segmentares de cada parede
dentro do mesmo grupo.
Paulo Sérgio Juliani
32
Avaliação morfogeométrica do ventrículo esquerdo e do anel valvar mitral na
cardiomiopatia dilatada isquêmica ou idiopática: estudo comparativo computadorizado
4.7.2 Análise das relações do VE
A câmara ventricular esquerda das patologias implicadas em nosso estudo
tendem, segundo a literatura, a um formato esférico
25,27,30,31
. Analisamos os dados
perimetrais segmentares obtidos do VE, objetivando uma melhor compreensão de
suas relações geométricas. Para isso, além da análise comparativa dos perímetros
ventriculares esquerdos intra e intergrupos, usamos também a comparação desses
perímetros com a fórmula tridimensional da esfera nos corações dilatados e
realizamos uma análise de proporção perimetral intersegmentar (porcentual).
4.7.2.1 Análise das relações de proporcionalidade perimetral intersegmentar
(porcentual)
Analisamos a relação intersegmentar de forma porcentual em cada grupo,
comparando-a entre os corações dilatados e deles com relação ao normal. Assim
criamos 3 índices, todos expressos em porcentual. Foram esses: o porcentual
perimetral da base em relação ao equador (PerB/PerE), o porcentual perimetral do
ápice com relação ao equador (PerA/PerE) e o porcentual perimetral do ápice com
relação à base (PerA/PerB). Os porcentuais encontrados foram relacionados
intergrupos para detecção de diferenças significativas e verificação de dilatação
proporcional ou não do VE nos corações dilatados.
Paulo Sérgio Juliani
33
Avaliação morfogeométrica do ventrículo esquerdo e do anel valvar mitral na
cardiomiopatia dilatada isquêmica ou idiopática: estudo comparativo computadorizado
4.7.2.2 Análise da esfericidade nos corações dilatados por meio da submissão
das medidas perimetrais ventriculares esquerdas e distAV-AP à fórmula
tridimensional da esfera
A partir da distância média sulco AV-ápice de cada grupo patológico,
calculou-se, por meio da fórmula perimetral de um segmento de uma esfera
(representada abaixo), qual deveria ser o perímetro basal, equatorial e apical em cada
um deles para que tivessem um formato esférico, e se relacionou esse resultado com
a média perimetral basal, equatorial e apical mensurada nas peças, objetivando
detectar similaridades da câmara ventricular com o formato de uma esfera. Fórmula
perimetral de um segmento de esfera: P= 2 Pi . raiz quadrada de (R
2
- d
2
), onde P
representa o perímetro calculado, R o raio da esfera e d a distância entre o centro da
esfera e o centro do segmento. Portanto, o R usado para o cálculo foi o equivalente a
metade da média da DistAV-AP em cada grupo. O valor de d foi o equivalente a
30% dessa mesma distância (Figura 9).
Figura 9. Representação geométrica da esfera, com determinação das variáveis
participantes do cálculo dos perímetros segmentares
Paulo Sérgio Juliani
34
Avaliação morfogeométrica do ventrículo esquerdo e do anel valvar mitral na
cardiomiopatia dilatada isquêmica ou idiopática: estudo comparativo computadorizado
4.8 Método de análise estatística
O método consistiu da análise estatística intra e intergrupos das variáveis
coletadas nos três grupos, sejam eles: Grupo NORMAL, Grupo CMDId e Grupo
CMDIsq. Foi usado o teste de Kolmogorov-Smirnov que, detectando normalidade na
distribuição da amostra, orientou a escolha de testes comparativos paramétricos da
análise. Para o estudo comparativo das variáveis do VE, foram utilizados o teste de
correlação de Pearson e testes de análise de variância de medidas repetidas,
complementados pelo teste de Tukey para a discriminação das diferenças
encontradas. Nessa análise de variância para medidas repetidas, três hipóteses
básicas foram testadas:
H
01
: Os perfis de médias são paralelos, ou seja, o comportamento dos grupos é igual
ao longo dos segmentos;
H
02
: Os perfis de médias são coincidentes, ou seja, não existe diferença de médias
entre os grupos;
H
03
: Não há efeito de posição (segmento), ou seja, os perfis são paralelos ao eixo
das abscissas.
Para a análise das relações do VE e das variáveis distância sulco AV-Ápice e
perímetro do anel mitral foram utilizadas análises de Variância de um Fator,
complementados pelo teste de Tukey para a discriminação das diferenças
encontradas, bem como o teste t de Student. Foi usado também um teste de
correlação de Pearson para o estudo entre o perímetro do anel mitral e os perímetros
dos segmentos ventriculares. O nível de significância considerado neste trabalho foi
de 5%.
RESULTADOS
Paulo Sérgio Juliani
36
Avaliação morfogeométrica do ventrículo esquerdo e do anel valvar mitral na
cardiomiopatia dilatada isquêmica ou idiopática: estudo comparativo computadorizado
5 RESULTADOS
5.1 Análise das Variáveis Mensuradas (comparação e correlação)
Apresentamos os resultados de maneira comparativa e correlativa, em tabelas
contendo média, desvio padrão, valores mínimos e máximos, e, por fim, em gráficos.
Objetivando facilitar a compreensão dos resultados, as análises das variáveis, obtidas
nos três grupos (CMDId, CMDIsq e NORMAL), foram disponibilizadas como se
segue:
5.1.1 Análise da Variável Perímetro do Anel Mitral
Uma premissa importante é relatar que, nessa análise, houve a
impossibilidade, pelo estado ruim da região valvar mitral de algumas peças, da
digitalização e mensuração dessa variável em todos os espécimes selecionados no
estudo. A variável Perímetro do Anel Mitral é uma medida cujo comportamento
demonstrou ser diferente entre os grupos pela análise de variância (p= 0,007). No
teste de Tukey, observou-se somente diferença significativa entre o grupo NORMAL
e o grupo CMDIsq, sendo o primeiro menor que o segundo (p= 0,006). Nas demais
associações feitas pelo teste, não houve diferença significativa. A Tabela 1 e o
Gráfico 1, representam esses resultados.
Paulo Sérgio Juliani
37
Avaliação morfogeométrica do ventrículo esquerdo e do anel valvar mitral na
cardiomiopatia dilatada isquêmica ou idiopática: estudo comparativo computadorizado
Tabela 1 - Medidas descritivas da variável perímetro do anel mitral nos grupos
CMDId, CMDIsq e NORMAL (cm)
Grupo N Média
Desvio
Padrão
Mínimo Máximo
CMDId 14 10,19 1,37 7,51 12,03
CMDIsq 12 10,74 1,28 9,15 13,69
NORMAL 10 9,00 0,81 7,68 10,23
p= 0,007 (análise de variância)
Gráfico 1 - Variável perímetro do anel mitral nos grupos CMDId, CMDIsq e
NORMAL (cm)
0
2
4
6
8
10
12
14
CMDId CMDIsq NORMAL
PERÍMETRO DO ANEL MITRAL
p=0,0
6
p=0,489 p=0,006
Paulo Sérgio Juliani
38
Avaliação morfogeométrica do ventrículo esquerdo e do anel valvar mitral na
cardiomiopatia dilatada isquêmica ou idiopática: estudo comparativo computadorizado
5.1.2 Análise da Correlação entre o Perímetro do Anel Mitral e os Perímetros
Segmentares Ventriculares Esquerdos (intragrupo)
5.1.2.1 Análise da Correlação entre o Perímetro Segmentar Apical Ventricular
Esquerdo e o Perímetro do Anel Mitral nos Grupos CMDId e CMDIsq
Conforme se pode observar no Gráfico 2, por meio do teste de Correlação de
Pearson, os grupos CMDId e CMDIsq apresentaram fraca correlação (R
2
=0,0053 e
R
2
=0,0183 respectivamente), sendo esse valor do coeficiente de determinação baixo
um indicativo de pouca dependência do perímetro apical em relação ao perímetro do
anel mitral, nos dois grupos. As curvas gráficas foram determinadas pelas seguintes
equações:
Grupo CMDId: y = -0,0426x + 10,745
Grupo CMDIsq: y = 0,0625x + 10,011
Paulo Sérgio Juliani
39
Avaliação morfogeométrica do ventrículo esquerdo e do anel valvar mitral na
cardiomiopatia dilatada isquêmica ou idiopática: estudo comparativo computadorizado
Gráfico 2 - Regressão linear entre o perímetro segmentar apical ventricular
esquerdo e o perímetro do anel mitral nos grupos CMDId e
CMDIsq (cm)
R
2
= 0,0053
R
2
= 0,0183
0
2
4
6
8
10
12
14
16
0 5 10 15 20
PERÍMETRO APICAL VE
PERÍMETRO ANEL MITRAL
CMDId CMDIsq Linear (CMDId) Linear (CMDIsq)
5.1.2.2 Análise da Correlação entre o Perímetro Segmentar Equatorial
Ventricular Esquerdo e o Perímetro do Anel Mitral nos Grupos
CMDId e CMDIsq
Conforme se pode observar no Gráfico 3, por meio do teste de Correlação de
Pearson, os grupos CMDId e CMDIsq apresentaram fraca correlação (R
2
=0,0282 e
R
2
=0,0832 respectivamente), sendo esse valor do coeficiente de determinação baixo
Paulo Sérgio Juliani
40
Avaliação morfogeométrica do ventrículo esquerdo e do anel valvar mitral na
cardiomiopatia dilatada isquêmica ou idiopática: estudo comparativo computadorizado
um indicativo de pouca dependência do perímetro equatorial em relação ao perímetro
do anel mitral, nos dois grupos. As curvas gráficas foram determinadas pelas
seguintes equações:
Grupo CMDId: y = -0,0689x + 11,57
Grupo CMDIsq: y = 0,1001x + 8,8829
Gráfico 3 - Regressão linear entre o perímetro segmentar equatorial ventricular
esquerdo e o perímetro do anel mitral nos grupos CMDId e
CMDIsq (cm)
R
2
= 0,0282
R
2
= 0,0832
0
2
4
6
8
10
12
14
16
0 5 10 15 20 25 30
PERÍMETRO EQUATORIAL VE
PERÍMETRO ANEL MITRAL
CMDId CMDIsq Linear (CMDId) Linear (CMDIsq)
Paulo Sérgio Juliani
41
Avaliação morfogeométrica do ventrículo esquerdo e do anel valvar mitral na
cardiomiopatia dilatada isquêmica ou idiopática: estudo comparativo computadorizado
5.1.2.3 Análise da Correlação entre o Perímetro Segmentar Basal Ventricular
Esquerdo e o Perímetro do Anel Mitral nos Grupos CMDId e CMDIsq
Conforme se pode observar no Gráfico 4, por meio do teste de Correlação de
Pearson, os grupos CMDId e CMDIsq apresentaram fraca correlação (R
2
=0,0088 e
R
2
=0,0153 respectivamente), sendo esse valor do coeficiente de determinação baixo
um indicativo de pouca dependência do perímetro basal em relação ao perímetro do
anel mitral, nos dois grupos. As curvas gráficas foram determinadas pelas seguintes
equações:
Grupo CMDId: y = 0,0471x + 9,3197
Grupo CMDIsq: y = 0,0612x + 9,6745
Gráfico 4 - Regressão linear entre o perímetro segmentar basal ventricular
esquerdo e o perímetro do anel mitral nos grupos CMDId,
CMDIsq (cm)
R
2
= 0,0088
R
2
= 0,0153
0
2
4
6
8
10
12
14
16
0 5 10 15 20 25
PERÍMETRO BASAL VE
PERÍMETRO ANEL MITRAL
CMDId CMDIsq Linear (CMDId) Linear (CMDIsq)
Paulo Sérgio Juliani
42
Avaliação morfogeométrica do ventrículo esquerdo e do anel valvar mitral na
cardiomiopatia dilatada isquêmica ou idiopática: estudo comparativo computadorizado
5.1.3 Análise das Variáveis do Ventrículo Esquerdo
A análise das variáveis ventriculares esquerdas foi subdividida da seguinte
forma:
5.1.3.1 Análise da Variável DistAV-AP
Nessa variável, a comparação entre os três grupos pela técnica de análise de
variância foi significante (p= 0,0001), indicando diferença entre os grupos com
relação à DistAV-AP. Verificou-se o aumento dessa distância nos grupos CMDId e
CMDIsq com relação ao grupo NORMAL (p=0,0001) e não houve diferença entre
os grupos CMDId e CMDIsq. Isso fica demonstrado na Tabela 2 e no Gráfico 5.
Tabela 2 - Medidas descritivas da variável distância sulco AV-ápice nos grupos
CMDId, CMDIsq e NORMAL (cm)
Grupo N Média
Desvio
Padrão
Mínimo Máximo
CMDId 18 10,39 1,14 8,50 12,50
CMDIsq 15 10,60 1,07 9,00 13,00
NORMAL 10 8,35 0,91 7,00 10,00
p= 0,0001 (análise de variância)
Paulo Sérgio Juliani
43
Avaliação morfogeométrica do ventrículo esquerdo e do anel valvar mitral na
cardiomiopatia dilatada isquêmica ou idiopática: estudo comparativo computadorizado
Gráfico 5 - Variável distância sulco AV-Ápice nos grupos CMDId, CMDIsq e
NORMAL (cm)
5.1.3.2 Análise dos Perímetros Segmentares (Intra e Intergrupos)
O perfil das médias dos perímetros ao longo dos segmentos, ou seja, PerA,
PerE e PerB, tem comportamento diferente entre os grupos (p<0,001), portanto, o
aumento desta medida não é proporcional ao longo dos segmentos, ou as medidas
dos grupos com doença não aumentam proporcionalmente em relação ao grupo
NORMAL. Nos grupos CMDId e CMDIsq, existe diferença entre as médias dos
três segmentos. Nesses, o PerE tem média maior que os demais e o PerB, maior que
o PerA. No grupo NORMAL, observou-se que o PerA é menor que PerE e PerB
(p=0,001 e p= 0,05, respectivamente) e entre PerE e PerB não houve diferença
significativa. O grupo CMDId tem médias maiores que o grupo CMDIsq, em todos
os segmentos (PerA: p=0,048, PerE: p=0,005 e PerB: p=0,049). Os grupos CMDId
e CMDIsq têm médias maiores que o grupo NORMAL, em todos os segmentos
0
2
4
6
8
10
12
14
CMDid CMDisq NORMAL
DISTÂNCIA SULCO AV-ÁPICE
p
=0,840
p
<0,001
p<0,001
Paulo Sérgio Juliani
44
Avaliação morfogeométrica do ventrículo esquerdo e do anel valvar mitral na
cardiomiopatia dilatada isquêmica ou idiopática: estudo comparativo computadorizado
(PerA: p<0,001, PerE: p<0,001e PerB: p<0,001). Esses dados estão representados
nas Tabelas 3 e 4, e no Gráfico 6.
Tabela 3 - Medidas descritivas das variáveis perímetro apical (PerA),
perímetro equatorial (PerE) e perímetro basal (PerB) nos grupos
CMDId, CMDIsq e NORMAL (cm)
Grupo Segmento N Média Desvio Padrão Mínimo Máximo
CMDId A 18
12,59 2,30 9,09 17,96
E 18
19,85 2,99 15,19 26,20
B 18
17,91 2,88 12,30 22,42
CMDIsq A 15
11,58 2,47 8,61 17,34
E 15
18,39 3,35 13,96 27,14
B 15
16,90 2,55 13,25 23,35
NORMAL A 10
8,81 0,89 7,69 10,22
E 10
11,09 0,99 9,91 13,20
B 10
10,10 1,12 8,62 12,21
p< 0,001 (análise de variância para medidas repetidas)
Paulo Sérgio Juliani
45
Avaliação morfogeométrica do ventrículo esquerdo e do anel valvar mitral na
cardiomiopatia dilatada isquêmica ou idiopática: estudo comparativo computadorizado
Tabela 4 - Probabilidades de significância (p) no contraste intra (células azuis)
e intergrupos (células amarelas) com relação ao perímetro
segmentar do VE
ISQ - E
ISQ - B
ID - A
ID E
ID B
NOR-A
NOR-E
NOR-B
ISQ A
<0,001 <0,001 0,048 <0,001
<0,001
<0,001 0,412 0,014
ISQ E
0,006 <0,001
0,005 0,342 <0,001 <0,001 <0,001
ISQ B
<0,001
<0,001
0,049 <0,001 <0,001 <0,001
ID A <0,001
<0,001
<0,001 0,010 <0,001
ID E <0,001
<0,001 <0,001 <0,001
ID B <0,001 <0,001 <0,001
NOR-A
0,001 0,050
NOR-E
0,128
Gráfico 6 - Variável perímetro segmentar do VE nos grupos CMDId, CMDIsq e
NORMAL (cm)
0
5
10
15
20
25
A E B
PERÍMETRO
CMDId CMDIsq NORMAL
Paulo Sérgio Juliani
46
Avaliação morfogeométrica do ventrículo esquerdo e do anel valvar mitral na
cardiomiopatia dilatada isquêmica ou idiopática: estudo comparativo computadorizado
5.1.3.3 Análise da Correlação entre os Perímetros Segmentares Ventriculares
Esquerdos (intragrupo)
5.1.3.3.1 Análise da Correlação entre os Perímetros Segmentares Apicais e
Equatoriais Ventriculares Esquerdos nos Grupos CMDId, CMDIsq e
NORMAL
Conforme podese observar no Gráfico 7, por meio do teste de Correlação de
Pearson, no grupo NORMAL houve uma fraca correlação entre o PerA e o PerE,
com coeficiente de determinação baixo (R
2
= 0,1328). Já nos grupos CMDId e
CMDIsq, essa correlação foi mais forte (R
2
=0,5333 e R
2
=0,7865, respectivamente).
Especialmente no grupo CMDIsq, cujo coeficiente de determinação permite até
previsibilidade por meio de curvas de regressão, houve uma relação de dependência
no aumento desses dois perímetros, nessas duas afecções. As curvas gráficas foram
determinadas pelas seguintes equações:
Grupo CMDId: y = 0,9467x + 7,9258
Grupo CMDIsq: y = 1,2058x + 4,425
Grupo NORMAL: y = 0,4063x + 7,5129
Paulo Sérgio Juliani
47
Avaliação morfogeométrica do ventrículo esquerdo e do anel valvar mitral na
cardiomiopatia dilatada isquêmica ou idiopática: estudo comparativo computadorizado
Gráfico 7 - Regressão linear entre os perímetros segmentares apicais e
equatoriais ventriculares esquerdos nos grupos CMDId, CMDIsq
e NORMAL (cm)
R
2
= 0,1328
R
2
= 0,7865
R
2
= 0,5333
0
5
10
15
20
25
30
0 5 10 15 20
PERÍMETRO APICAL
PERÍMETRO EQUATORIAL
CMDId CMDIsq NORMAL
Linear (NORMAL) Linear (CMDIsq) Linear (CMDId)
5.1.3.3.2 Análise da Correlação entre os Perímetros Segmentares Apicais e
Basais Ventriculares Esquerdos nos Grupos CMDId, CMDIsq e
NORMAL
Conforme podese observar no Gráfico 8, por meio do teste de Correlação de
Pearson, nos grupos NORMAL e CMDId houve uma fraca correlação entre o PerA e
o PerB, com coeficientes de determinação baixos (R
2
=0,0592 e R
2
=0,0863,
respectivamente). Já no grupo CMDIsq, essa correlação foi mais forte (R
2
=0,647),
sendo esse valor do coeficiente de determinação alto o suficiente para permitir
previsibilidade por meio de curvas de regressão, indicando, portanto, uma relação de
dependência no comportamento desses dois perímetros segmentares nesse grupo. As
curvas gráficas foram determinadas pelas seguintes equações:
Paulo Sérgio Juliani
48
Avaliação morfogeométrica do ventrículo esquerdo e do anel valvar mitral na
cardiomiopatia dilatada isquêmica ou idiopática: estudo comparativo computadorizado
Grupo CMDId: y = 0,3667x + 13,288
Grupo CMDIsq: y = 0,8319x + 7,2626
Grupo NORMAL: y = 0,3059x + 7,404
Gráfico 8 - Regressão linear entre os perímetros segmentares apicais e basais
ventriculares esquerdos nos grupos CMDId, CMDIsq e NORMAL
(cm)
R
2
= 0,0592
R
2
= 0,647
R
2
= 0,0863
0
5
10
15
20
25
0 5 10 15 20
PERÍMETRO APICAL
PERÍMETRO BASAL
CMDId CMDIsq NORMAL
Linear (NORMAL) Linear (CMDIsq) Linear (CMDId)
5.1.3.3.3 Análise da Correlação entre os Perímetros Segmentares Basais e
Equatoriais Ventriculares Esquerdos nos Grupos CMDId, CMDIsq e
NORMAL
Conforme podese observar no Gráfico 9, por meio do teste de Correlação de
Pearson, nos grupos NORMAL e CMDIsq houve uma forte correlação entre o PerB e
o PerE, com coeficientes de determinação altos (R
2
=0,6781 e R
2
=0,7479,
Paulo Sérgio Juliani
49
Avaliação morfogeométrica do ventrículo esquerdo e do anel valvar mitral na
cardiomiopatia dilatada isquêmica ou idiopática: estudo comparativo computadorizado
respectivamente). Já no grupo CMDId, essa correlação foi mais fraca (R
2
=0,3335),
sendo esse valor do coeficiente de determinação baixo um indicativo de pouca
dependência desses perímetros nessa afecção. Já o valor de R
2
alto no grupo CMDIsq
é suficiente para permitir previsibilidade por meio de curvas de regressão, indicando,
portanto, uma relação de dependência no comportamento desses dois perímetros
segmentares nesse grupo. As curvas gráficas foram determinadas pelas seguintes
equações:
Grupo CMDId: y = 0,5561x + 6,8695
Grupo CMDIsq: y = 0,6578x + 4,7998
Grupo NORMAL: y = 0,929x - 0,2061
Gráfico 9 - Regressão linear entre os perímetros segmentares basais e
equatoriais ventriculares esquerdos nos grupos CMDId,
CMDIsq e NORMAL (cm)
R
2
= 0,6781
R
2
= 0,7479
R
2
= 0,3335
0
5
10
15
20
25
30
0 5 10 15 20 25 30
PERÍMETRO EQUATORIAL
PERÍMETRO BASAL
CMDId CMDIsq NORMAL
Linear (NORMAL) Linear (CMDIsq) Linear (CMDId)
Paulo Sérgio Juliani
50
Avaliação morfogeométrica do ventrículo esquerdo e do anel valvar mitral na
cardiomiopatia dilatada isquêmica ou idiopática: estudo comparativo computadorizado
5.1.3.4 Análise Comparativa da Espessura da Parede Anterior Segmentar
(PAB, PAE e PAA), Intra e Intergrupos
Os perfis das médias de espessura da parede anterior (PA) são paralelos
(p=0,057) e coincidentes (p=0,323), ou seja, não existe diferença entre os grupos,
porém há diferença entre os segmentos (p<0,001). O segmento B tem média maior
que os demais segmentos e o segmento E tem média maior que o segmento A. Essas
constatações estão representadas nas Tabelas 5 e 6, e no Gráfico 10.
Tabela 5 - Medidas descritivas das variáveis espessura da parede anterior
apical (PAA), equatorial (PAE) e basal (PAB) nos grupos CMDId,
CMDIsq e NORMAL (cm)
Grupo Segmento N
Média
Desvio
Padrão
Mínimo Máximo
CMDId
A 18 1,13 0,20 0,75 1,49
E 18 1,20 0,28 0,88 2,06
B 18 1,44 0,48 0,86 2,48
CMDIsq
A 15 0,95 0,25 0,56 1,28
E 15 1,09 0,22 0,70 1,41
B 15 1,44 0,29 0,70 1,82
NORMAL
A 10 1,10 0,10 0,86 1,22
E 10 1,17 0,10 1,06 1,33
B 10 1,19 0,09 1,06 1,35
H
01
p=0,057
Os perfis de médias são paralelos
H
02
p=0,323
Os perfis de médias são coincidentes
H
03
p<0,001
Há diferença entre os segmentos
Paulo Sérgio Juliani
51
Avaliação morfogeométrica do ventrículo esquerdo e do anel valvar mitral na
cardiomiopatia dilatada isquêmica ou idiopática: estudo comparativo computadorizado
Tabela 6 - Probabilidades de significância (p) no contraste entre os segmentos
com relação à espessura da parede anterior (PA)
Contraste p
A x E
0,013
A x B <0,001
E x B <0,001
Gráfico 10 - Variável espessura da parede anterior (PA) segmentar do VE nos
grupos CMDId, CMDIsq e NORMAL (cm)
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
A E B
ESPESSURA PA
CMDId CMDIsq NORMAL
Paulo Sérgio Juliani
52
Avaliação morfogeométrica do ventrículo esquerdo e do anel valvar mitral na
cardiomiopatia dilatada isquêmica ou idiopática: estudo comparativo computadorizado
5.1.3.5 Análise Comparativa da Espessura da Parede Posterior Segmentar
(PPB, PPE e PPA), Intra e Intergrupos
Os perfis das médias de espessura da parede posterior (PP) são paralelos
(p=0,580) e coincidentes (p=0,443), ou seja, não existe diferença entre os grupos,
porém há diferença entre os segmentos (p<0,001). O segmento B tem média maior
que os demais segmentos e o segmento E tem média maior que o segmento A. Essas
constatações estão representadas nas Tabelas 7 e 8, e no Gráfico 11.
Tabela 7 - Medidas descritivas das variáveis espessura da parede posterior
apical (PPA), equatorial (PPE) e basal (PPB) nos grupos CMDId,
CMDIsq e NORMAL (cm)
Grupo
Segmento
N Média
Desvio
Padrão
Mínimo Máximo
CMDId
A 18 0,91 0,25 0,57 1,42
E 18 1,10 0,39 0,62 1,95
B 18 1,29 0,55 0,66 2,95
CMDIsq
A 15 0,85 0,26 0,47 1,35
E 15 0,95 0,33 0,40 1,61
B 15 1,20 0,36 0,79 1,91
NORMAL
A 10 0,94 0,06 0,78 0,99
E 10 1,00 0,08 0,82 1,06
B 10 1,12 0,11 0,91 1,33
H
01
p=0,580 Os perfis de médias são paralelos
H
02
p=0,443 Os perfis de médias são coincidentes
H
03
p<0.001 Há diferença entre os segmentos
Paulo Sérgio Juliani
53
Avaliação morfogeométrica do ventrículo esquerdo e do anel valvar mitral na
cardiomiopatia dilatada isquêmica ou idiopática: estudo comparativo computadorizado
Tabela 8 - Probabilidades de significância (p) no contraste entre os segmentos
com relação à espessura da parede posterior (PP)
Contraste p
A x E
0,030
A x B <0,001
E x B 0,023
Gráfico 11 - Variável espessura da parede posterior (PP) segmentar do VE nos
grupos CMDId, CMDIsq e NORMAL (cm)
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
1,6
1,8
2,0
A E B
ESPESSURA PP
CMDId CMDIsq NORMAL
Paulo Sérgio Juliani
54
Avaliação morfogeométrica do ventrículo esquerdo e do anel valvar mitral na
cardiomiopatia dilatada isquêmica ou idiopática: estudo comparativo computadorizado
5.1.3.6 Análise Comparativa da Espessura da Parede Lateral Segmentar (PLB,
PLE e PLA), Intra e Intergrupos
Os perfis das médias de espessura da parede lateral (PL) são paralelos
(p=0,545) e coincidentes (p=0,416), ou seja, não existe diferença entre os grupos,
também não há diferença entre os segmentos (p=0,256). Esses dados estão
representados na Tabela 9 e no Gráfico 12.
Tabela 9 - Medidas descritivas das variáveis espessura da parede lateral apical
(PLA), equatorial (PLE) e basal (PLB) nos grupos CMDId, CMDIsq
e NORMAL (cm)
Grupo Segmento N Média
Desvio
Padrão
Mínimo Máximo
CMDId A 18 1,27 0,32 0,79 2,01
E 18 1,21 0,35 0,74 2,09
B 18 1,21 0,37 0,88 2,34
CMDIsq
A 15 1,23 0,32 0,62 1,87
E 15 1,21 0,30 0,76 1,69
B 15 1,27 0,29 0,74 1,82
NORMAL
A 10 1,06 0,07 0,94 1,21
E 10 1,10 0,09 0,96 1,27
B 10 1,22 0,08 1,10 1,36
H
01
p=0,545 Os perfis de médias são paralelos
H
02
p=0,416 Os perfis de médias são coincidentes
H
03
p=0,256 Não há diferença entre os segmentos
Paulo Sérgio Juliani
55
Avaliação morfogeométrica do ventrículo esquerdo e do anel valvar mitral na
cardiomiopatia dilatada isquêmica ou idiopática: estudo comparativo computadorizado
Gráfico 12 - Variável espessura da parede lateral (PL) segmentar do VE nos
grupos CMDId, CMDIsq e NORMAL (cm)
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
1,6
1,8
A E B
ESPESSURA PL
CMDId CMDIsq NORMAL
5.1.3.7 Análise Comparativa da Espessura da Parede Septal Segmentar (PSB,
PSE e PSA), Intra e Intergrupos
Os perfis das médias de espessura da parede septal (PS) são paralelos
(p=0,562) e coincidentes (p=0,453), ou seja, não existe diferença entre os grupos,
porém há diferença entre os segmentos (p=0,001). O segmento A tem média menor
que os demais segmentos e não há diferença entre os segmentos E e B (p=0,394).
Esses dados são visualizados nas Tabelas 10 e 11, e no Gráfico 13.
Paulo Sérgio Juliani
56
Avaliação morfogeométrica do ventrículo esquerdo e do anel valvar mitral na
cardiomiopatia dilatada isquêmica ou idiopática: estudo comparativo computadorizado
Tabela 10 - Medidas descritivas das variáveis espessura da parede septal apical
(PSA), equatorial (PSE) e basal (PSB) nos grupos CMDId, CMDIsq
e NORMAL (cm)
Grupo
Segmento N Média
Desvio
Padrão
Mínimo Máximo
CMDId
A 17 0,85 0,39 0,00 1,33
E 17 1,12 0,20 0,82 1,43
B 17 1,04 0,30 0,69 1,70
CMDIsq
A 12 0,62 0,51 0,00 1,25
E 12 1,06 0,36 0,47 1,68
B 12 1,06 0,30 0,63 1,82
NORMAL
A 10 0,90 0,10 0,76 1,07
E 10 1,05 0,22 0,70 1,53
B 10 1,00 0,09 0,91 1,17
H
01
p=0,562 Os perfis de médias são paralelos
H
02
p=0,453 Os perfis de médias são coincidentes
H
03
p=0,001 Há diferença entre os segmentos
Paulo Sérgio Juliani
57
Avaliação morfogeométrica do ventrículo esquerdo e do anel valvar mitral na
cardiomiopatia dilatada isquêmica ou idiopática: estudo comparativo computadorizado
Tabela 11 - Probabilidades de significância (p) no contraste entre os segmentos
com relação à espessura da parede septal (PS)
Contraste p
A x E
<0,001
A x B 0,006
E x B 0,394
Gráfico 13 - Variável espessura da parede septal (PS) segmentar do VE nos
grupos CMDId, CMDIsq e NORMAL (cm)
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
1,4
1,6
A E B
ESPESSURA PS
CMDId CMDIsq NORMAL
Paulo Sérgio Juliani
58
Avaliação morfogeométrica do ventrículo esquerdo e do anel valvar mitral na
cardiomiopatia dilatada isquêmica ou idiopática: estudo comparativo computadorizado
5.2 Análise das Relações do Ventrículo Esquerdo
Confrontamos os resultados obtidos tanto por meio da submissão das medidas
perimetrais ventriculares esquerdas e distância sulco AV- ápice à fórmula
tridimensional da esfera como por meio da análise de proporção porcentual
intersegmentar dos perímetros ventriculares. Nessa análise, feita em conjunto com a
análise comparativa dos perímetros ventriculares, constatou-se um formato não
esférico da câmara ventricular esquerda nos corações dilatados e uma dilatação não
uniforme da mesma nos 3 segmentos analisados.
5.2.1 Análise da Relação de Proporção Porcentual Intersegmentar dos
Perímetros Ventriculares
O índice PerB/PerE não apresentou diferença significativa nos 3 grupos, ou
seja, nos corações doentes, mesmo ocorrendo dilatação nos segmentos basal e
equatorial, ela se deu de forma proporcional, mantendo a mesma relação que possui
no grupo NORMAL. Já o índice PerA/PerE não demonstrou diferença significativa
entre grupos CMDId e CMDIsq, mas em ambos foi menor que o grupo NORMAL,
significando que nos grupos patológicos a dilatação apical é proporcionalmente
menor que a dilatação equatorial. E, por fim, o índice PerA/PerB também não
demonstrou diferença significativa entre grupos CMDId e CMDIsq, mas em ambos
foi menor que o grupo NORMAL, significando que nos grupos patológicos a
dilatação apical é proporcionalmente menor que a dilatação basal. Esses dados estão
representados na Tabela 12 e Gráfico 13.
Paulo Sérgio Juliani
59
Avaliação morfogeométrica do ventrículo esquerdo e do anel valvar mitral na
cardiomiopatia dilatada isquêmica ou idiopática: estudo comparativo computadorizado
Tabela 12 - Índices porcentuais da relação perimetral intersegmentar nos
grupos CMDId, CMDIsq e NORMAL
Índice \ Grupos CMDId CMDIsq NORMAL
PerB/PerE 90,22% 91,89% 91,07%
PerA/PerE 63,42% 62,97% 79,44%
PerA/PerB 70,29% 68,52% 87,22%
Gráfico 13 - Representação da relação de proporção porcentual intersegmentar
dos perímetros ventriculares (intergrupos)
Paulo Sérgio Juliani
60
Avaliação morfogeométrica do ventrículo esquerdo e do anel valvar mitral na
cardiomiopatia dilatada isquêmica ou idiopática: estudo comparativo computadorizado
5.2.2 Submissão das medidas perimetrais ventriculares esquerdas e distAV-AP
à fórmula tridimensional da esfera
Tanto no grupo CMDId como no CMDIsq, os valores mensurados no
perímetro apical, equatorial e basal foram bem menores que os calculados pela
fórmula da esfera, demonstrando clara falta de similaridade das câmaras do VE nos
corações doentes com o formato esférico. Esses dados estão representados na Tabela
13 e Gráficos 14, 15 e 16.
Tabela 13 - Medidas descritivas e comparativas das variáveis perímetro apical,
equatorial e basal observados nas peças e calculados pelo método da
fórmula perimetral do segmento de uma esfera, nos grupos CMDId
e CMDIsq (cm)
OBSERVADO
CALCULADO
(ESFERA)
GRUPO SEGMENTO
Média
CMDId A 12,59 26,23
E 19,85 32,67
B 17,91 26,23
CMDIsq A 11,58 26,63
E 18,39 33,19
B 16,90 26,63
Paulo Sérgio Juliani
61
Avaliação morfogeométrica do ventrículo esquerdo e do anel valvar mitral na
cardiomiopatia dilatada isquêmica ou idiopática: estudo comparativo computadorizado
Gráfico 14 - Representação dos valores perimetrais apicais ventriculares
esquerdos observados e aqueles calculados pelo método da
fórmula perimetral do segmento de uma esfera, nos grupos
CMDId e CMDIsq (cm)
Gráfico 15 - Representação dos valores perimetrais equatoriais ventriculares
esquerdos observados e aqueles calculados pelo método da
fórmula perimetral do segmento de uma esfera, nos grupos
CMDId e CMDIsq (cm)
0
5
10
15
20
25
30
35
CMDId CMDIsq
PERÍMETRO EQUATORIAL
Observado Calculado - esfera
p>0,001
p>0,001
0
5
10
15
20
25
30
CMDid CMDisq
PERÍMETRO APICAL
Observado Calculado - esfera
p>0,001 p>0,001
Paulo Sérgio Juliani
62
Avaliação morfogeométrica do ventrículo esquerdo e do anel valvar mitral na
cardiomiopatia dilatada isquêmica ou idiopática: estudo comparativo computadorizado
Gráfico 16 - Representação dos valores perimetrais basais ventriculares
esquerdos observados e aqueles calculados pelo método da
fórmula perimetral do segmento de uma esfera, nos grupos
CMDId e CMDIsq (cm)
0
5
10
15
20
25
30
CMDId CMDIsq
PERÍMETRO BASAL
Observado
Calculado - esfera
p>0,001
p>0,001
Paulo Sérgio Juliani
63
Avaliação morfogeométrica do ventrículo esquerdo e do anel valvar mitral na
cardiomiopatia dilatada isquêmica ou idiopática: estudo comparativo computadorizado
5.3 Representação esquemática do ventrículo esquerdo
Com base nos dados obtidos, foi possível construir um modelo esquemático,
em escala, para melhorar a visibilização da configuração geométrica do ventrículo
esquerdo (Figuras 10 a 12).
Figura 10. Formato e representação esquemática em escala dos perímetros
segmentares e da distância do sulco atrioventricular ao ápice do VE nos grupos
NORMAL, CMDIsq, CMDId
Paulo Sérgio Juliani
64
Avaliação morfogeométrica do ventrículo esquerdo e do anel valvar mitral na
cardiomiopatia dilatada isquêmica ou idiopática: estudo comparativo computadorizado
Figura 11. Formato e representação esquemática em escala das espessuras
segmentares da parede septal e lateral do VE nos grupos NORMAL, CMDIsq,
CMDId
Figura 12. Formato e representação esquemática em escala das espessuras
segmentares da parede anterior e posterior do VE nos grupos NORMAL, CMDIsq,
CMDId
DISCUSSÃO
Paulo Sérgio Juliani
66
Avaliação morfogeométrica do ventrículo esquerdo e do anel valvar mitral na
cardiomiopatia dilatada isquêmica ou idiopática: estudo comparativo computadorizado
6 DISCUSSÃO
Para efeito de melhor compreensão analítica, dividimos este capítulo da
seguinte forma:
6.1 – Considerações Gerais;
6.2 – Análise do Método;
6.3 – Análise dos Resultados;
6.4 – Considerações Finais.
6.1 Considerações Gerais
A idéia e a estruturação desse estudo surgiram após levantamento de estudos
morfogeométricos do VE na CMDId e CMDIsq.
Autores realizaram estudos sobre índices geométricos do VE, sobre a
morfologia dessas afecções na região equatorial do VE, sobre a massa do VE em
diferentes sítios e a relação dessa com algumas variáveis, como por exemplo, a altura
do indivíduo, entre outros
20,21,30,33-35,38
.
Porém, notamos existir uma deficiência de estudos relativos ao
remodelamento macroscópico nas áreas mais apicais e basais do VE nessas afecções,
bem como possível correlação desses com alterações do anel valvar mitral. Referente
ainda às duas patologias, não encontramos estudos anatômicos que correlacionassem
a dilatação ocorrida entre diferentes segmentos da câmara ventricular esquerda, no
seu sentido baso-apical. Isso nos propiciaria confirmar ou não se a dilatação se dá de
Paulo Sérgio Juliani
67
Avaliação morfogeométrica do ventrículo esquerdo e do anel valvar mitral na
cardiomiopatia dilatada isquêmica ou idiopática: estudo comparativo computadorizado
forma proporcional em todo o VE, gerando conceitos de tendências geométricas,
com claras implicações em condutas terapêuticas.
Outro fato que julgamos importante foi a percepção, já no início do projeto,
de haver considerável discussão e controvérsia em torno dos aspectos classificatórios
referentes às duas afecções que nos propúnhamos a estudar
1-9,11,14-19,50
. Decidimos
adotar na seleção da amostra a classificação proposta pela WHO e ISFC
9
, em 1995,
cientes que, se no futuro essa vier a ser revisada, poderá gerar a necessidade de
reavaliação do presente estudo.
As principais características macroscópicas na CMDId são: massa cardíaca
aumentada, dilatação dos ventrículos e com freqüência também dos átrios, presença
de trombos nas câmaras cardíacas, dilatação dos anéis das valvas atrioventriculares e
artérias coronárias normais
15
. Microscopicamente temos hipertrofia acentuada e
degeneração de cardiomiócitos, fibrose intersticial e aglomerados linfocíticos
4,51
.
Já a CMDIsq tem características muito semelhantes às acima citadas para
CMDId, com adição de doença coronária obstrutiva
52
.
A obtenção do material foi permeada de grande dificuldade.
Para os corações doentes, foi necessária a avaliação dos laudos e visualização
direta de mais de 900 peças. Não é rotina no Laboratório de Anatomia Patológica do
InCor HC-FM-USP a separação dos espécimes por afecções e sim por datas, sendo
acondicionadas várias peças nos baldes com solução de formalina. Quando partíamos
da separação de laudos que se encaixavam em nossos critérios de seleção para
posterior localização das peças nos baldes com formalina, freqüentemente nos
deparávamos com peças que haviam sofrido muitos cortes e, portanto, inviáveis a
nossa metodologia. Também a coleta dos corações normais sofreu dificuldades visto
Paulo Sérgio Juliani
68
Avaliação morfogeométrica do ventrículo esquerdo e do anel valvar mitral na
cardiomiopatia dilatada isquêmica ou idiopática: estudo comparativo computadorizado
que, freqüentemente, foram feitos cortes na análise pelo patologista, o que muitas
vezes inviabilizou a peça para nosso estudo. Esses fatos implicam em limitação na
detecção de diferenças muito pequenas entre algumas das variáveis comparadas, já
que a dificuldade encontrada na obtenção de amostras adequadas impossibilitou o
cálculo e adoção de um número de espécimes (n) suficiente, necessário segundo
Jones et al.
53
, para cumprir esse escopo específico.
Nas duas afecções estudadas, é comum ocorrer insuficiência valvar mitral,
atribuída a diferentes fatores
46
. Deslocamento dos músculos papilares com retração
das cúspides pelas cordas tendíneas e dilatação do anel valvar levando a deficiente
coaptação das cúspides são fatores citados como causadores de regurgitação mitral.
A importância isolada de cada componente da disfunção valvar ainda permanece
pouco compreendida
54
. Vários autores advogam que a dilatação do anel valvar
mitral, gerando regurgitação, se dá em conseqüência da dilatação da câmara
ventricular esquerda
55-58
.
Avaliamos a dilatação do anel valvar mitral especialmente no que tange a sua
relação de dependência da dilatação dos três segmentos analisados do VE.
Também a dilatação longitudinal do VE foi analisada, por existirem poucos
estudos anatômicos comparativos dessa variável
32
.
Outro aspecto que merece destaque nessa analise é o número reduzido de
corações provenientes de indivíduos do sexo feminino nos três grupos formados,
dificultando a avaliação da influência do sexo nas variáveis estudadas.
É dado de literatura que as patologias estudadas ocorrem com freqüência
maior em indivíduos do sexo masculino
15
. E também existe grande dificuldade na
obtenção de peças anatômicas normais, provenientes de indivíduos do sexo feminino
Paulo Sérgio Juliani
69
Avaliação morfogeométrica do ventrículo esquerdo e do anel valvar mitral na
cardiomiopatia dilatada isquêmica ou idiopática: estudo comparativo computadorizado
que tenham sofrido morte acidental ou morrido em conseqüência de afecções não
relacionadas ao sistema cardiovascular
59
. Bezerra
60
alega que essa dificuldade
possivelmente esteja relacionada à exposição menos freqüente das mulheres aos
fatores causais de morte acidental.
6.2 Análise do Método
Trabalhos morfométricos realizados na história da anatomia cardíaca são
passíveis de discussões, críticas e tentativas de evolução com relação à fidedignidade
dos métodos escolhidos para mensuração das estruturas
48, 49, 60-66
.
A informática “enxertou-se” de modo profundo na vida da sociedade
moderna e não poderia ser diferente na área médica, onde assume um papel vital no
seu desenvolvimento, certamente pouco imaginado há vinte anos atrás
59, 67-69
.
Nesse contexto, analisamos trabalhos anatômicos recentes, bem estruturados,
de resultados fidedignos e que usaram metodologia computadorizada
54,59
. Optamos,
desta forma, pelo uso de metodologia similar em nosso estudo, já bem aceita no meio
científico e de superior precisão com relação aos métodos convencionais de
mensuração manual.
Algumas considerações importantes devem ser feitas no processo de seleção
das peças, baseadas nos critérios de inclusão e exclusão estabelecidos.
Para os corações normais, além do laudo do médico patologista, atestando
normalidade, e de detalhada inspeção da peça após nossos cortes e dissecções,
determinamos a variação de peso cardíaco com base em trabalhos anteriores,
realizados com corações de indivíduos brasileiros
54,59,70
.
Paulo Sérgio Juliani
70
Avaliação morfogeométrica do ventrículo esquerdo e do anel valvar mitral na
cardiomiopatia dilatada isquêmica ou idiopática: estudo comparativo computadorizado
A literatura cita a CMDId e a CMDIsq como sendo as cardiomiopatias de
maior incidência
71,72
.
Portanto, não tivemos grande dificuldade em selecionar laudos atestando
CMDId no Laboratório de Anatomia Patológica do InCor HC-FM-USP. Entretanto,
como citado anteriormente, ao verificarmos as peças relativas aos laudos pré-
selecionados, nos deparamos com espécimes já submetidos a diversos cortes e,
conseqüentemente sem condições necessárias a precisão que desejávamos ao nosso
estudo. Mesmo assim, o “n” conseguido foi suficiente para detecção de diferenças
significativas importantes na análise intragrupo dessa afecção, como por exemplo,
entre o perímetro segmentar apical, equatorial e basal do VE.
Já na seleção dos corações com CMDIsq tivemos algumas dificuldades
adicionais além do estado das peças. A terminologia CMDIsq praticamente não
aparecia nas filtragens dos bancos de dados dos laudos, e tivemos que realizar
minuciosas buscas por doença cardíaca isquêmica concomitante à dilatação do VE.
Em concordância com as afirmações de Boffa et al.
14
, nos pareceu muito difícil a
ocorrência isolada de dilatação do VE associada a uma deficiência da performance
contrátil não justificada pela extensão do dano isquêmico, como afirma a
WHO/ISFC
9
na sua classificação de CMDIsq. Como esses autores, encontramos com
freqüência nos laudos algum outro fator que poderia contribuir para a disfunção,
como por exemplo, a hipertensão ou o alcoolismo. Portanto, essa discussão
classificatória de CMDIsq foi detectada também na emissão dos laudos no
Laboratório de Anatomia Patológica do InCor HC-FM-USP.
Ao contrário de outros estudos
54
, evitamos, na seleção de corações com essa
afecção, espécimes com infarto agudo do miocárdio (IAM) prévio, obstruções
Paulo Sérgio Juliani
71
Avaliação morfogeométrica do ventrículo esquerdo e do anel valvar mitral na
cardiomiopatia dilatada isquêmica ou idiopática: estudo comparativo computadorizado
superiores a 50% dos ramos principais das artérias coronárias e aqueles submetidos à
cirurgia de revascularização. Essa conduta teve por finalidade evitar alterações
morfogeométricas em áreas específicas do VE.
Cabe ressaltar alguns aspectos referentes à digitalização das imagens,
determinação de locais para mensuração e metodologia empregada para este fim.
A digitalização das imagens das valvas mitrais foi feita com as mesmas in
situ e posicionadas perpendicularmente à câmera digital, evitando, deste modo, a
obliqüidade dos anéis atrioventriculares direito e esquerdo citadas por Van Der
Spuy
73
, passível de imprecisão na mensuração futura. A não excisão valvar, com
posterior digitalização fora da peça, conferiu maior precisão, visto existir, segundo
Chiechi et al.
63
, uma tendência a superestimar as dimensões de valvas excisadas.
Optamos por mensurar a distância do sulco AV até o ápice na face posterior
dos corações em razão de notarmos, nesta face, uma posição mais perpendicular
entre sulco AV e sulco interventricular. Isso facilitou a padronização dessa medida e
maior precisão na determinação dos locais de corte segmentares do VE, diminuindo
o risco de obliqüidade na laminação.
Discutimos amplamente sobre os pontos que deveríamos adotar para a
mensuração das espessuras das paredes anterior, posterior, lateral e septal. Cerqueira
et al.
39
sugeriram, para efeito de avaliação por tomografia, uma segmentação das
paredes do VE. Indicaram 17 pontos distribuídos nos níveis apical, medial e basal,
porém sem a precisão que desejávamos na delimitação dos pontos a serem
mensurados. Não encontramos outros trabalhos padronizando, nos três níveis, essas
localizações, nem tampouco estruturas anatômicas bem definidas que pudessem
servir de referência.
Paulo Sérgio Juliani
72
Avaliação morfogeométrica do ventrículo esquerdo e do anel valvar mitral na
cardiomiopatia dilatada isquêmica ou idiopática: estudo comparativo computadorizado
A presença dos limites anterior e posterior da parede septal nos impulsionou à
criação do método baseado nessas possíveis e talvez únicas referências de cada
segmento.
O método, já detalhado anteriormente, desenvolvido por meio do programa
de informática Auto Cad, padronizou esses pontos de mensuração, aperfeiçoando a
análise dessas variáveis.
Alguns corações não apresentavam mais a parede septal em seu corte apical,
sendo, desta forma, excluídos da análise dessa variável.
Uma dúvida surgida durante a mensuração dos perímetros segmentares do
VE foi sobre a importância de se levar em consideração ou não a anatomia trabecular
durante a mensuração com o programa Image Tools. Ou seja, contornaríamos o
relevo trabecular ou simplesmente não o levaríamos em consideração, realizando
uma medida mais externa, na base de todo esse relevo. Em um trabalho usando
ressonância magnética, Papavassilliu et al.
74
verificaram o efeito das trabéculas
endocárdicas em medidas do VE. Concluíram que sua inclusão ou não na
mensuração afeta de forma significativa medidas como volume e massa. Como não
encontramos estudos bem estabelecidos determinando a influência trabecular na
forma geométrica da câmara ventricular esquerda, realizamos, em cada grupo, testes
de correlação de Pearson intersegmentares (A, E e B), usando medidas perimetrais
levando em consideração ou não o relevo trabecular. Como resultado, obtivemos
índices de correlação similares nos testes. Da mesma forma, calculamos a proporção
porcentual de um segmento com relação ao outro, com e sem o relevo trabecular,
obtendo resultados similares. Sendo assim, adotamos a mensuração sem o relevo
Paulo Sérgio Juliani
73
Avaliação morfogeométrica do ventrículo esquerdo e do anel valvar mitral na
cardiomiopatia dilatada isquêmica ou idiopática: estudo comparativo computadorizado
trabecular, diminuindo a complexidade e agilizando sua realização em estudos
futuros.
As mensurações foram feitas por três observadores diferentes. Tal
procedimento visou à redução da imprecisão nas medidas, fato caracterizado pela
literatura como possível viés em estudos anatômicos
49,61
. Não entendemos ser
necessária a realização do teste de concordância entre os três observadores por não se
tratar da verificação de variável qualitativa e sim quantitativa, portanto, as três
medidas têm por escopo gerar, na sua média, um valor mais confiável.
Na avaliação estatística, discutimos muito a respeito do emprego da análise
de variância para medidas repetidas. Esse teste é normalmente empregado quando
analisamos o comportamento de determinada variável ao longo do tempo. Tratando-
se nosso trabalho de um estudo transversal e, portanto, sem o componente tempo,
questionamos a aplicabilidade desse tipo de teste.
No entanto, no nosso caso, seu emprego também é possível e justificou-se
pela alta correlação encontrada entre diversas variáveis do nosso estudo, o que fez
com que nossos corações fossem considerados como uma única unidade, com
medidas repetidas dentro da mesma, viabilizando desta maneira, segundo discussão
com alguns estaticistas e a literatura
75,76
, resultados mais fidedignos.
Cabe aqui um detalhamento das hipóteses pesquisadas nesse teste.
A hipótese H
01
afirma serem os perfis das médias paralelos, significando que,
na comparação entre os grupos, a variável analisada tem o mesmo comportamento ao
longo dos três segmentos, mas não necessariamente a mesma medida.
Paulo Sérgio Juliani
74
Avaliação morfogeométrica do ventrículo esquerdo e do anel valvar mitral na
cardiomiopatia dilatada isquêmica ou idiopática: estudo comparativo computadorizado
A hipótese H
02
afirma existir uma coincidência no perfil das médias, ou seja,
na comparação entre os grupos, a variável analisada possui a mesma medida ao
longo dos três segmentos.
Já a hipótese H
03
afirma não existir efeito de segmento, ou seja, a variável
analisada tem a mesma medida nos três segmentos (intragrupo).
Fixos nos objetivos do trabalho, outro aspecto que se revestiu de estratégica
importância foi a discussão e desenvolvimento da metodologia de avaliação
geométrica da câmara ventricular esquerda nos corações estudados. Atualmente
existe grande interesse em determinar-se o comportamento geométrico do VE, tanto
na CMDId como na CMDIsq. São muitos os trabalhos que relacionam a geometria
ventricular com regurgitação valvar mitral, função ventricular, gravidade da
insuficiência cardíaca, prognóstico, consumo de energia do miocárdio, estado clínico,
enchimento diastólico, capacidade de exercício, entre outros
21,24,27,30,31,33,40,41,77-79
.
Concomitantemente, métodos e índices foram criados, objetivando
determinar a progressão da distorção geométrica do VE em diversas cardiopatias
30,33-
38,80
. Esses dão suporte às terapias e avaliação prognóstica.
Estratégias cirúrgicas ou não cirúrgicas são desenvolvidas objetivando
restaurar a “geometria fisiológica” do VE em CMD. Muitas resultam em efetiva
melhora no desempenho ventricular esquerdo e nos parâmetros clínicos
25-29,31,81-95
.
A idéia de submetermos as medidas perimetrais basais, equatoriais e apicais
do VE e a distância do sulco atrioventricular até o ápice do VE à fórmula
tridimensional da esfera, nasceu do questionamento sobre a afirmação de grande
parte da literatura a respeito do formato esférico dos corações com CMDId e
CMDIsq
21,23,24,27,30,31,33,40
.
Paulo Sérgio Juliani
75
Avaliação morfogeométrica do ventrículo esquerdo e do anel valvar mitral na
cardiomiopatia dilatada isquêmica ou idiopática: estudo comparativo computadorizado
Esse conceito é baseado na Lei de Laplace, que prevê uma cavidade mais
esférica conseqüente ao aumento da tensão na parede ventricular.
Autores como Gibson e Brown
35
e Hutchins et al.
24
questionam esse conceito,
afirmando existirem mais variáveis envolvidas no ciclo cardíaco que podem
influenciar o estresse da parede e não são detectadas nos métodos baseados na Lei de
Laplace.
Conseqüentemente, esse estresse pode se dar de maneira não uniforme,
gerando também uma dilatação não uniforme da câmara ventricular.
No nosso método pudemos, por meio da comparação das medidas perimetrais
segmentares encontradas no VE dos corações estudados com a fórmula
tridimensional da esfera, analisar o quão o remodelamento do VE nessas patologias
aproxima ou não a câmara ventricular esquerda do formato esférico.
O outro “braço” dessa avaliação geométrica foi a análise da proporção
porcentual entre os segmentos A, E e B nos três grupos estudados.
Sua finalidade principal foi responder se as relações de proporção entre os
segmentos nos corações normais se mantinham ou não nos corações doentes, bem
como quantificar essas relações de proporcionalidade.
Essa resposta implicaria no entendimento de um possível aumento global,
proporcional da câmara ventricular esquerda, como afirmam Kono et al.
33
, e também
poderia auxiliar no desenvolvimento de terapias focadas no restabelecimento das
relações entre os segmentos do VE.
Paulo Sérgio Juliani
76
Avaliação morfogeométrica do ventrículo esquerdo e do anel valvar mitral na
cardiomiopatia dilatada isquêmica ou idiopática: estudo comparativo computadorizado
6.3 Análise dos Resultados
O desempenho da bomba cardíaca altera-se de acordo as micro
81,96-100
e
macro
21-23,79,101
alterações advindas das afecções focadas em nosso estudo.
A análise dos resultados obtidos passa pela avaliação individual de cada
região topográfica escolhida no método, bem como pela integração desses dados.
Dessa forma, uma alteração que nos pareceu interessante foi a dilatação
longitudinal, observada por meio do aumento da distância sulco AV-ápice nos
grupos com CMDId e CMDIsq (p< 0,001). Essa medida é pouco explorada em
estudos anatômicos, existindo uma tendência a afirmar que ela não se altera nessas
afecções. Simão Filho
32
encontrou valores absolutos dessa variável similares aos
nossos para corações normais e com CMDId, detectando, como nós, diferença entre
eles (p = 0,0001). Porém, ao contrário do nosso trabalho, não encontrou dilatação
significativa nos corações com CMDIsq (p = 0,54).
Mesmo parecendo paradoxal, pensamos que essa dilatação longitudinal pode
ser um fenômeno importante na manutenção de uma performance mais adequada.
Em seus estudos, Torrent-Guasp et al.
102,103
demonstraram haver uma configuração
helicoidal dos feixes miocárdicos em corações normais. Essa disposição confere,
segundo os autores, um processo diastólico otimizado, ativo por um mecanismo
físico de “envaretamento”, que ocorre com a despolarização dos últimos feixes
musculares ventriculares.
Buckberg
27,31
advoga que essa configuração gera eixos de tração muscular
dispostos em um ângulo aproximado de 60° no seu sentido baso-apical, o que
confere uma contração (sístole) otimizada tanto no eixo transversal (horizontal)
como no longitudinal (vertical). Portanto, uma dilatação transversal modifica a
Paulo Sérgio Juliani
77
Avaliação morfogeométrica do ventrículo esquerdo e do anel valvar mitral na
cardiomiopatia dilatada isquêmica ou idiopática: estudo comparativo computadorizado
orientação dessas fibras musculares, diminuindo sua angulação, tornando-as mais
transversais e menos eficientes na tração do ápice ventricular em direção à base,
fundamento de um bom bombeamento. Nessa linha de raciocínio também o processo
de enchimento ventricular (diastólico) poderia ficar prejudicado pela alteração na
angulação dos feixes de tração.
Diante do exposto, reafirmamos nossa idéia de que a dilatação longitudinal
verificada nos corações com CMDId e isquêmico pode colaborar na reorientação dos
feixes musculares ventriculares para sentidos mais longitudinais e, portanto, ser um
fenômeno benéfico para a performance ventricular.
Na avaliação do perímetro do anel mitral, obtivemos valores similares entre
CMDId e CMDIsq, mas somente o isquêmico se mostrou significativamente maior
que o normal. Hueb et al.
40,54
verificaram dilatação significativa do anel mitral em
ambas afecções com relação aos corações normais. Observaram valores absolutos
dessa variável similares aos nossos, tanto nos seus corações normais como nos com
CMDIsq. Porém, nos corações com CMDId os nossos valores absolutos foram
menores que os desses autores. Esse fato pode ser devido a um número maior de
indivíduos do sexo feminino no nosso grupo CMDId (27,78%) versus um número
menor (10,5%) no trabalho anatômico computadorizado daqueles autores. O número
maior de mulheres em nosso grupo CMDId provavelmente proporcionou uma média
menor dessa variável em nosso estudo, podendo também ser a explicação para não
encontrarmos diferença significativa em relação ao nosso grupo de corações normais
(p = 0,06), o qual possuía somente 10% de corações provenientes de indivíduos do
sexo feminino.
Paulo Sérgio Juliani
78
Avaliação morfogeométrica do ventrículo esquerdo e do anel valvar mitral na
cardiomiopatia dilatada isquêmica ou idiopática: estudo comparativo computadorizado
Portanto, entendemos existir sim uma dilatação do anel mitral em corações
com CMDId, fato que não foi evidenciado nesse estudo pelos motivos acima citados.
A dilatação do anel mitral nessas afecções já é relatada com freqüência na
literatura, a qual também assume estratégias terapêuticas relacionadas a essa
dilatação como parte fundamental do tratamento nas CMDId e CMDIsq
83,87,90,104
.
Nesse sentido, a correlação, pouco explorada em estudos anatômicos, entre a
dilatação do VE e do anel mitral nessas afecções, pode fornecer elementos
importantes para o desenvolvimento de ferramentas terapêuticas.
Assim, confirmamos em nosso estudo a independência, encontrada por Hueb
et al.
40,54
, entre o fenômeno de dilatação do anel mitral e da dilatação da região
mediana ou equatorial do VE nessas afecções (CMDId=> R² = 0,0282 e CMDIsq=>
R² = 0,0832 no nosso trabalho).
Além disso, detectamos não haver também dependência da dilatação do anel
mitral com a dilatação ocorrida tanto no segmento apical (CMDId=> R² = 0,005 e
CMDIsq=> R² = 0,018) como no basal do VE ( CMDId=> R² = 0,008 e CMDIsq=>
R² = 0,015) do anel. Como justificar esse resultado de independência entre a
dilatação do anel mitral e a dilatação de todos os segmentos do VE?
Uma hipótese seria que os tecidos formadores do anel mitral são mais ricos
em matriz fibrosa, em especial a região da menor distância intertrigonal, que o
músculo ventricular e, portanto, mesmo sofrendo a “pressão” da dilatação
ventricular, além de estarem sujeitos aos mesmos agentes etiológicos que
determinam a dilatação do VE na CMDId e CMDIsq, seu ritmo de dilatação se dá de
modo diferente.
Paulo Sérgio Juliani
79
Avaliação morfogeométrica do ventrículo esquerdo e do anel valvar mitral na
cardiomiopatia dilatada isquêmica ou idiopática: estudo comparativo computadorizado
A análise puramente topográfica da região equatorial dos corações doentes
estudados não trouxe nenhuma novidade, confirmando os resultados de trabalhos
similares, ou seja, houve dilatação perimetral acentuada nessa região, sendo essa
ainda maior nos corações com CMDId
40,54
. O mesmo aconteceu com as regiões basal
e apical. Não encontramos trabalhos anatômicos comparando essas regiões. Esses
últimos resultados poderiam levar à leitura simplista de que todo o VE dilata em seu
perímetro interno, nas duas patologias, sendo a dilatação mais acentuada no grupo
com CMDId (nos três segmentos). Isso é verdade e a literatura também se orienta
nesse sentido!! Mas seria esse aumento uniforme, proporcional, como afirma a
literatura
33,40,54
?
Por meio dos testes de proporção porcentual, notamos que, apesar de existir
dilatação do segmento apical nas duas patologias, essa não se dá de forma
proporcional, uniforme, com relação à base e ao equador.
Nos corações normais, o perímetro apical representa 87,22% do perímetro
basal, enquanto nos corações com CMDId e CMDIsq esses valores são de 70,29% e
68,52%, respectivamente.
O mesmo acontece na relação ápice/equador. Nos corações normais, o
perímetro apical representa 79,44% do perímetro equatorial, enquanto nos corações
com CMDId e CMDIsq estes valores são de 63,42% e 62,97%, respectivamente.
Esses resultados indicam que a dilatação do segmento equatorial e basal nas
afecções estudadas se dá de forma mais acentuada que a dilatação do segmento
apical. Aqui não existe uniformidade. Tal fenômeno vai contra as afirmações de
grande parte da literatura sobre o aumento global e proporcional de toda câmara
ventricular esquerda. Uma provável explicação para esse resultado seria o próprio
Paulo Sérgio Juliani
80
Avaliação morfogeométrica do ventrículo esquerdo e do anel valvar mitral na
cardiomiopatia dilatada isquêmica ou idiopática: estudo comparativo computadorizado
arranjo arquitetônico dos feixes musculares do VE que formam no ápice ventricular
uma região mais densa
27,31,102,103
, portanto com maior resistência à dilatação.
Importante frisar que essa relação entre ápice e equador encontrada nos
grupos CMDId e CMDIsq de nosso estudo é previsível. Isto porque os testes de
correlação entre esses dois segmentos nos proporcionaram coeficientes de
determinação razoavelmente altos (R² = 0,5333 no grupo CMDId e R² = 0,786 no
grupo CMDIsq).
Isso nos permite dizer que a dilatação desses dois segmentos são fenômenos
dependentes, passíveis de reprodução e extrapolação, por meio de curvas de
regressão, para a população acometida por essas patologias.
Nessa relação entre os segmentos do VE outro ponto nos chamou atenção. O
fato de que não existia diferença significativa entre o perímetro basal e equatorial no
nosso grupo de corações normais (p = 0,128), ao contrário dos resultados obtidos dos
corações doentes, nos quais o maior perímetro ventricular acontecia em sua porção
equatorial, seguida da basal e apical.
Questionamos se nosso “n” no grupo NORMAL seria suficiente para detectar
uma diferença tão pequena entre essas duas regiões, basal e equatorial.
Provavelmente não! Por conta dessa dúvida realizamos, de modo informal, o cálculo
do “n” necessário para detecção dessa diferença específica.
Encontramos um “n” de aproximadamente 75 corações normais, que teriam
um poder de 85% em demonstrar essa diferença entre a base e o equador, se ela
porventura existisse. E nos corações patológicos, já com um “n” bem menor que o
acima calculado (15 isquêmicos e 18 idiopáticos) encontramos diferenças
significativas entre esses dois segmentos (id=> p < 0,001 e isq. => p = 0,006).
Paulo Sérgio Juliani
81
Avaliação morfogeométrica do ventrículo esquerdo e do anel valvar mitral na
cardiomiopatia dilatada isquêmica ou idiopática: estudo comparativo computadorizado
O motivo dessa diferença teria sido uma dilatação não uniforme entre esses
dois segmentos, mais acentuada na região equatorial? Ou sendo a diferença muito
pequena desses segmentos nos corações normais e esses sofrendo uma dilatação
proporcional, porém acentuada, também a diferença se acentuou e foi detectada pelo
teste estatístico e também notada na representação geométrica? Concluímos ser a
segunda afirmação a mais adequada. Para isso nos servimos dos testes de relação da
proporção porcentual intersegmentar ventriculares. Neles observamos que nos
corações normais o perímetro basal representa 91,07% do perímetro equatorial. Nos
corações com CMDId e CMDIsq, esses valores são de 90,22% e 91,89%,
respectivamente, não havendo diferença estatística entre esses valores nos três
grupos.
Isso significa que, nas duas patologias, a dilatação desses dois segmentos se
dá de forma proporcional, uniforme. Portanto, a diferença encontrada nos valores
perimetrais foi decorrente da amplificação da pequena diferença, não detectada
estatisticamente, mas que já existia nos corações normais.
Outro resultado importante nessa relação base-equador nos corações normais
é que ela é previsível e extrapolável para população (R² = 0,6781). Isso significa
dizer que a diferença perimetral entre esses dois segmentos é realmente pequena em
indivíduos normais.
Essa forte relação de dependência no comportamento da dilatação foi obtida
também como resultado no teste de correlação entre a base e o equador do VE nos
corações com CMDIsq (R² = 0,7478), ao contrario dos corações com CMDId (R² =
0,3235).
Paulo Sérgio Juliani
82
Avaliação morfogeométrica do ventrículo esquerdo e do anel valvar mitral na
cardiomiopatia dilatada isquêmica ou idiopática: estudo comparativo computadorizado
Algumas observações nos parecem pertinentes na análise dos resultados
referentes à espessura segmentar das paredes do VE.
A primeira é não ter havido diferença em todas as medidas entre corações
normais e os doentes. Em uma rápida análise poderíamos deduzir que não houve
incremento na espessura das paredes dos corações com CMDId e CMDIsq. Em
valores absolutos isso é verdade. Porém, se fizermos uma analogia com a parede de
um balão (bexiga) que, quanto mais se enche, dilata, mais tem suas paredes afinadas,
reavaliaríamos com mais atenção esses resultados. Poderíamos inferir que, se ao
contrário do fenômeno físico que acontece com a bexiga, as paredes dos corações
dilatados não se afinam, provavelmente, além do alongamento houve também um
aumento de espessura dos cardiomiócitos como tentativa de compensação da função
ventricular. Isso confirmaria o raciocínio desenvolvido por Braunwald et al.
15
sobre o
assunto.
Uma outra observação foi relativa à espessura das paredes no segmento basal.
Notamos que esse possui a espessura de parede septal e lateral igual a dos
segmentos equatorial e apical, porém ganha desses na espessura de suas paredes
anterior e posterior. Isso pode significar uma maior reserva contrátil nesse segmento,
com conseqüentes implicações clínico-terapêuticas.
Finalizando, a comparação do formato da câmara ventricular esquerda nos
corações com CMDId e CMDIsq com a figura geométrica de uma esfera levou a uma
reflexão sobre os conceitos de esferismo
21,23,24,27,30,31,33,40
nessas patologias.
No grupo com CMDId, obtivemos médias perimetrais de 12,59 cm no ápice,
19,85 cm no equador e 17,91 cm na base, contra 26,23 cm, 32,67 cm e 26,33 cm,
respectivamente, pela fórmula da esfera. É consideravelmente grande a diferença
Paulo Sérgio Juliani
83
Avaliação morfogeométrica do ventrículo esquerdo e do anel valvar mitral na
cardiomiopatia dilatada isquêmica ou idiopática: estudo comparativo computadorizado
entre o que encontramos e o que deveria existir para que estivéssemos diante de uma
câmara ventricular esférica, nos proporcionando sempre um p inferior a 0,001. A
diferença, em valores absolutos, foi ainda um pouco maior nos corações com
CMDIsq. Obtivemos no ápice 11,58 cm, no equador 18,39 cm e na base 16,90 cm,
contra 26,63 cm, 33,19 cm e 26,63 cm, respectivamente, pela fórmula da esfera (p<
0,001). Desta forma, como Gibson e Brown
35
, questionamos e propomos revisão dos
conceitos sobre esferismo e aumento global e proporcional da câmara ventricular
esquerda.
6.4 Considerações Finais
Parece-nos importante tecer mais algumas considerações sobre a forma da
câmara ventricular esquerda.
Em determinado ponto do trabalho, observamos a pequena, não notada
estatisticamente (p = 0,128) e confirmada como previsível pelo teste de correlação
(R² = 0,6781), diferença entre o perímetro equatorial e o basal nos corações normais.
Assim, no sentido equador-base, a angulação das paredes é mínima, conferindo à
câmara ventricular esquerda um aspecto similar a uma parábola, advindo daí o termo
parabolóide. Nesse mesmo trecho, conforme discutimos anteriormente, a diferença
se acentuou nos corações com CMDId e CMDIsq, conferindo-lhes um aspecto mais
similar a uma elipse, derivando o termo elipsóide. Esse aspecto visual,
macroscópico, desse trecho de “saída” da câmara ventricular esquerda se confirmou
quando representamos essas câmaras com desenhos em escala, respeitando com
precisão todas as medidas encontradas.
Paulo Sérgio Juliani
84
Avaliação morfogeométrica do ventrículo esquerdo e do anel valvar mitral na
cardiomiopatia dilatada isquêmica ou idiopática: estudo comparativo computadorizado
Nosso foco nesse trecho equador-base tem sua razão, possibilitando algumas
inferências sobre o fluxo sangüíneo na câmara ventricular esquerda que discutiremos
a seguir.
Do ponto de vista físico, podemos considerar que a sístole ventricular
esquerda gera, na região entre o equador e a base, um vetor de fluxo resultante em
direção à via de saída.
Esse vetor principal, que acaba por determinar a eficiência com que o sangue
é bombeado para a aorta, é basicamente o resultado da soma dos vetores gerados pela
contração miocárdica no seu sentido ápice -> base, ou seja, longitudinal, e no seu
sentido transversal ou circunferencial
105
. Se imaginarmos a contração de um coração
normal com um formato parabolóide, teríamos basicamente três tipos de vetores
geradores de fluxo sendo formados: 1- vetor longitudinal gerado pelo movimento do
ápice em direção à base; 2 vetores gerados pela contração circunferencial no trecho
ápice->equador, em direção ao centro ventricular e angulados no sentido ápice-
equador, somando e potencializando o primeiro; 3- Os vetores gerados pela
contração circunferencial do trecho equador->base que formariam um ângulo
próximo a 90° com o vetor proveniente da soma dos dois primeiros.
Porém, se imaginarmos a mesma situação nos corações com CMDId e
CMDIsq, teríamos, pela angulação das paredes (elipsóide), um vetor final de saída
menor. No trecho entre o equador e base, gerados pela contração circunferencial, os
vetores caminhariam no sentido contrário ao fluxo proveniente das duas primeiras
forças citadas anteriormente. Isso poderia gerar um fluxo mais turbulento nesse
trecho, diminuindo a eficiência da bomba.
Paulo Sérgio Juliani
85
Avaliação morfogeométrica do ventrículo esquerdo e do anel valvar mitral na
cardiomiopatia dilatada isquêmica ou idiopática: estudo comparativo computadorizado
Antes de realizar essas inferências, tivemos o cuidado de discutir com alguns
engenheiros (Escola Politécnica USP e Departamento de Bioengenharia do Incor)
com experiência em fluxo de fluídos e bombas, se essa linha raciocínio era
pertinente. Confirmaram que, isolando-se todas as demais variáveis que entram em
um processo de bombeamento, hipoteticamente uma bomba com formato
parabolóide seria mais eficiente do que uma com formato elipsóide.
Vale a pena ressaltar que a possibilidade de uma reserva contrátil maior no
trecho basal (em concordância com Greenbaum et al.
106
verificamos maior espessura
na parede anterior e posterior nesse segmento, nos três grupos) implicaria em um
poder maior desse contra-fluxo. Soma-se a isso a angulação mais transversal dos
feixes musculares ventriculares
27,31
que ocorre nos corações com CMDId e CMDIsq,
levando a uma deficiência na tração do ápice em direção à base. Isso faria com que o
vetor proveniente dessa contração longitudinal tivesse menor intensidade.
A soma de todos esses fatores poderia clarificar, do ponto de vista físico, a
influência dessas alterações morfogeométricas na eficiência da bomba ventricular
esquerda.
A insuficiência cardíaca representa hoje um enorme problema de saúde em
termos de número de pacientes, hospitalizações e custos
82,107,108
. Seu prognóstico é
extremamente pobre, com uma taxa de sobrevivência em torno de 40% em cinco
anos
109
. O número desses pacientes triplicou nos últimos vinte anos e é estimado em
torno de 1% da população
110
.
Sabemos que, nas afecções estudadas, a falência da bomba ventricular
esquerda é dependente de outros fatores além da geometria, como o estado contrátil
(alterações microscópicas), pré e pós-carga, alterações no ritmo cardíaco
111-113
.
Paulo Sérgio Juliani
86
Avaliação morfogeométrica do ventrículo esquerdo e do anel valvar mitral na
cardiomiopatia dilatada isquêmica ou idiopática: estudo comparativo computadorizado
Porém, é ainda desafiador determinar o “peso” de cada um desses elementos
na gênese e perpetuação da insuficiência cardíaca.
Novos estudos surgem e outros são necessários para aprofundarmos a
questão. Terapias cirúrgicas e não cirúrgicas objetivam anular ou amenizar a
influência desses fatores
25-29,82,84-88,90,104,107,111,114,115
.
Apostando em uma significativa contribuição da geometria ventricular
esquerda no desenvolvimento da insuficiência cardíaca, estratégias terapêuticas mais
incisivas são discutidas. Teriam por função a restauração de um formato geométrico
mais próximo da normalidade. Entre outras, a ventriculectomia
27,92-94,116,117
e as
malhas contentoras
84,85
se destacam em tentar cumprir esse objetivo.
Os resultados de nosso estudo podem, em conjunto com outros, servir de
suporte para o refinamento dessas técnicas de reestruturação da geometria ventricular
esquerda, alterada nessas afecções.
CONCLUSÕES
Paulo Sérgio Juliani
88
Avaliação morfogeométrica do ventrículo esquerdo e do anel valvar mitral na
cardiomiopatia dilatada isquêmica ou idiopática: estudo comparativo computadorizado
7 CONCLUSÕES
Quanto às medidas do anel mitral e ventrículo esquerdo:
ü O anel atrioventricular esquerdo dilata-se na CMDIsq, sendo essa alteração
independente da dilatação dos três segmentos do VE.
ü Os corações com CMDId e CMDIsq desenvolvem uma similar dilatação
longitudinal do VE.
ü Ocorre uma dilatação transversal do VE nessas afecções, sendo essa maior
nos corações com CMDId.
ü A espessura das paredes ventriculares esquerdas dos corações com CMDIsq
ou CMDId não se altera quando comparada aos corações normais.
Quanto à proporcionalidade e esfericidade:
ü A dilatação transversal da câmara ventricular esquerda nos corações com
CMD não se dá de forma proporcional ao longo do seu eixo longitudinal,
sendo mais acentuada nas regiões basal e equatorial.
ü A câmara ventricular esquerda nos corações com CMD de origem isquêmica
ou idiopática não apresenta formato esférico.
ANEXOS
Paulo Sérgio Juliani
90
Avaliação morfogeométrica do ventrículo esquerdo e do anel valvar mitral na
cardiomiopatia dilatada isquêmica ou idiopática: estudo comparativo computadorizado
8 ANEXOS
8.1 Aprovação da Comissão de Ética do Instituto do Coração (InCor)
Paulo Sérgio Juliani
91
Avaliação morfogeométrica do ventrículo esquerdo e do anel valvar mitral na
cardiomiopatia dilatada isquêmica ou idiopática: estudo comparativo computadorizado
8.2 Aprovação da Comissão de Ética para Análise de Projetos de Pesquisa
CAPPesq da Diretoria Clínica do Hospital das Clínicas e da Faculdade de
Medicina da Universidade de São Paulo
Paulo Sérgio Juliani
92
Avaliação morfogeométrica do ventrículo esquerdo e do anel valvar mitral na
cardiomiopatia dilatada isquêmica ou idiopática: estudo comparativo computadorizado
8.3 Número de registro, patologia, idade (anos), sexo, peso do coração (gramas)
e distância do sulco atrioventricular posterior até o ápice ventricular
esquerdo (cm)
Número
Patologia/
Normal
Causa Mortis Idade Sexo
Peso do
coração
Distância
sulco AV-
Ápice
A 160/03 Isq
Choque
cardiogênico
73 Masculino
580 9
A072/00 Isq
Choque
cardiogênico
58 Masculino
580 10,5
A124/05 Isq
Choque
cardiogênico
50 Masculino
706 12
B1126/89
Id - 51 Masculino
900 11
A212/03 Id
Choque
cardiogênico
64 Masculino
726 11,5
A168/00 Id
Choque
cardiogênico e
séptico
41 Feminino 620 10
A172/00 Id
Choque
cardiogênico
31 Feminino 440 9
A010/00 Id
Choque
cardiogênico
50 Feminino 650 10
A171/00 Id
Choque
cardiogênico
29 Masculino
470 10
A146/04 Id
Choque
cardiogênico
48 Masculino
810 10,5
B562/00 Id
-
57 Feminino 365 10
A233/00 Id
Choque
cardiogênico e
neurogênico
43 Masculino
600 12
B3545/03
Isq - 58 Masculino
478 10
B1676/05
Id - 26 Masculino
500 11
B2474/05
Id - 40 Feminino 358 9
A140/01 Isq
Choque
cardiogênico
35 Masculino
514 9
A080/02 Isq
Choque
cardiogênico
75 Masculino
740 11
B1027/88
Id - 38 Masculino
390 9
B1191/05
Isq - 53 Masculino
410 11
B256/00 Id - 46 Masculino
485 10
A021/05 Id
Choque
cardiogênico
47 Masculino
942 12
Paulo Sérgio Juliani
93
Avaliação morfogeométrica do ventrículo esquerdo e do anel valvar mitral na
cardiomiopatia dilatada isquêmica ou idiopática: estudo comparativo computadorizado
Número
Patologia/
Normal
Causa Mortis Idade Sexo
Peso do
coração
Distância
sulco AV-
Ápice
A178/01
Isq
Choque
cardiogênico
71 Masculino
590 10
A176/01 Isq
Choque
cardiogênico
71 Masculino
545 10
A122/03 Isq
Choque
cardiogênico e
séptico
54 Masculino
710 13
B245/88 Isq - 43 Masculino
400 10
A148/02 Isq
Choque
cardiogênico
60 Masculino
790 10
B070/04 Id - 47 Masculino
804 12,5
A54/00 Isq
Insuficiência
cardíaca
descompensada
74 Masculino
840 11
B2923/01
Id - 33 Masculino
462 11
A56/02 Id
Choque
cardiogênico
32 Masculino
570 8,5
A070/05 Id
Choque
cardiogênico
41 Masculino
626 10
B203/05 Isq - 58 Masculino
514 11,5
A126/99 Isq Choque séptico 63 Masculino
700 11
11923 Normal
AVC
hemorrágico
70 Masculino
338 8,5
12075 Normal
Insuficiência
respiratória
52 Masculino
238 7
11024 Normal Hemoptise 63 Masculino
262 8
12077 Normal Broncopneumonia
66 Masculino
256 8
11034 Normal Broncopneumonia
52 Masculino
274 9
11161 Normal
Insuficiência
respiratória
49 Masculino
320 10
11171 Normal Edema cerebral 29 Feminino 330 8,5
11032 Normal
Hemorragia
digestiva alta
46 Masculino
212 8,5
308 Normal Choque séptico 42 Masculino
280 7
11850 Normal
Tuberculose
pulmonar
cavitada
45 Masculino
294 9
REFERÊNCIAS
Paulo Sérgio Juliani
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Avaliação morfogeométrica do ventrículo esquerdo e do anel valvar mitral na
cardiomiopatia dilatada isquêmica ou idiopática: estudo comparativo computadorizado
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