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RACHEL OLIVEIRA DE SOUZA MARINHO
ESTUDO FITOQUÍMICO DA ESPÉCIE BYRSONIMA SERICEA E SUA
APLICAÇÃO EM DERMOCOSMÉTICA
Rio de Janeiro
2008
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO
FACULDADE DE FARMÁCIA
DEPARTAMENTO DE MEDICAMENTOS
MESTRADO EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS
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RACHEL OLIVEIRA DE SOUZA MARINHO
ESTUDO FITOQUÍMICO DA ESPÉCIE BYRSONIMA SERICEA E SUA
APLICAÇÃO EM DERMOCOSMÉTICA.
Dissertação apresentada à Faculdade de Farmácia
da Universidade Federal do Rio de Janeiro
como parte dos requisitos para obtenção
do Título de Mestre em Ciências Farmacêuticas
Orientadores:
Prof. Dr. Lúcio Mendes Cabral, UFRJ
Profa. Dra. Tereza Cristina dos Santos, FIOCRUZ
Rio de Janeiro
2008
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Marinho, Rachel Oliveira de Souza
Estudo Fitoquímico da Espécie Byrsonima sericea e sua aplicação em
dermocosmética - 2008.
xxi, 100 f.: il..
Dissertação (Mestrado em Ciências Farmacêuticas) Universidade
Federal do Rio de Janeiro, Faculdade de Farmácia, Rio de Janeiro,
2008
Orientador: Lúcio Mendes Cabral
1. Byrsonima sericea. 2. Friedelina. 3. Lupeol. 4. Betulina. 5. Anti-
malarial. 6. DMAE bitartarato. I. Cabral, Lúcio Mendes (Orient.). II.
Universidade Federal do Rio de Janeiro. Faculdade de Farmácia. III. Título.
FOLHA DE APROVAÇÃO
ESTUDO FITOQUÍMICO DA ESPÉCIE BYRSONIMA SERICEA E SUA APLICAÇÃO EM
DERMOCOSMÉTICA.
RACHEL OLIVEIRA DE SOUZA MARINHO
Comissão Avaliadora da
Dissertação para obtenção do Grau de MESTRE
___________________________________________
Prof. Dr. Lúcio Mendes Cabral
Orientador
______________________________________________
Prof. Dr. Antônio Jorge Ribeiro da Silva
NPPN - UFRJ
_______________________________________________
Prof. Dr. Carlos Rangel Rodrigues
Faculdade de Farmácia - UFRJ
________________________________________________
Profa. Dra. Lúcia Cruz de Sequeira Aguiar
NPPN - UFRJ
Rio de Janeiro, 29 de setembro de 2008.
Dedico esta dissertação à José, Maria, Nana e Dani.
AGRADECIMENTOS
A Deus, pelo dom da vida.
Agradeço aos meus pais, José e Maria, por seu amor incondicional, incentivo e apoio.
Por me ensinarem a ter persistência e a ser fiel aos princípios ensinados. A Ana Paula
por ser tão querida e sempre ter uma palavra de incentivo.
Agradeço ao marido Daniel, pelo amor, carinho, incentivo e por fazer parte da minha
vida.
Agradeço aos meus orientadores, professores Lúcio Mendes Cabral e Tereza Cristina
dos Santos, pela disponibilidade, boa vontade, incentivo e amizade.
Agradeço ao professores Carlos Rangel Rodrigues e Maria Bernadete Riemma Pierre,
membros da Comissão de Acompanhamento. À professora Gisela Dellamora Ortiz,
coordenadora do curso de pós-graduação e a professora Valéria Pereira de Sousa, pelo
empenho e boa vontade. À professora Ana Claudia de Macêdo Vieira pela coleta,
identificação da matéria prima vegetal, caracterização anatômica, histológica e
química da espécie.
Agradeço aos amigos Ilídio, Ana Helena e Gláucia pelo apoio, incentivo e pelas horas
divertidas.
Agradeço a Dra. Lair Monteiro Ramos pela compreensão.
Enfim, agradeço a todos que de alguma forma estiveram presente e que me ajudaram a
concluir esta etapa.
“ É melhor tentar e falhar,
que preocupar-se e ver a vida passar;
é melhor tentar, ainda que em vão,
que sentar-se fazendo nada até o final.
Eu prefiro na chuva caminhar,
que em dias tristes em casa me esconder.
Prefiro ser feliz, embora louco, que em conformidade viver ....”
Martin Luther King
RESUMO
MARINHO, Rachel Oliveira de Souza. Estudo Fitoquímico da espécie Byrsonima sericea e
sua aplicação em dermocosmética. Rio de Janeiro, 2008. Dissertação (Mestrado em
Ciências Farmacêuticas) Faculdade de Farmácia, Universidade Federal do Rio de Janeiro,
Rio de Janeiro, 2008.
O gênero Byrsonima é composto por cerca de 150 espécies, pertence à família
Malphigiaceae e está amplamente distribuída na América Central e do Sul. Seus frutos são
utilizados com finalidade alimentícias e as espécies possuem indicações terapêuticas
tradicionais como anti asmática e para infecções na pele. Dentre as espécies do gênero,
existem poucos estudos fitoquímicos relacionados, principalmente relacionado à espécie
Byrsonima sericea. O estudo anatômico, histológico e fitoquímico desta espécie de uso
etnofarmacológico consagrado, assim como avaliação em formulação dermocosmética e em
terapia representam uma grande contribuição para a caracterização deste gênero. As
substâncias friedelina e lupeol foram identificadas a partir da avaliação fitoquímica da
partição hexânica do extrato etanólico. A substância friedelina foi identificada pela primeira
vez na espécie. A substância betulina foi isolada a partir da partição em diclorometano.
Dentre as partições testadas no teste anti-malarial, a partição em acetato de etila apresentou
melhor resultado em relação à taxa de sobrevivência e à parasitemia nos animais infectados. A
formulação dermocosmética contendo DMAE Bitartarato, ativo dermatológico de amplo uso
na indústria cosmética por ações na promoção da elasticidade e firmeza da pele, e extrato
etanólico de Byrsonima sericea apresentou resultados compatíveis a estabilidade para o
período de 12 meses. Assim, com os resultados obtidos nas investigações fitoquímicas e
farmacológicas, evidencia-se o potencial da espécie para atividade anti-malarial.
Palavras-chave: Byrsonima sericea, friedelina, lupeol, betulina, anti-malarial
ABSTRACT
MARINHO, Rachel Oliveira de Souza. Estudo Fitoquímico da espécie Byrsonima sericea e
sua aplicação em dermocosmética. Rio de Janeiro, 2008. Dissertação (Mestrado em
Ciências Farmacêuticas) Faculdade de Farmácia, Universidade Federal do Rio de Janeiro,
Rio de Janeiro, 2008.
The genus Byrsonima is composed for approximately 150 species, belongs to the
Malphigiacea family and is widely distributed in Central and South America. Their fruits are
used for medicinal purposes, as anti-asthmatics ad in skin infections. Among the species that
emcompass the genus, there are limited phytochemical investigation, especially related to the
specie Byrsonima sericea. The anatomical, histological and phytochemical studies from
these specie with etnopharmacological use, as with dermocosmetic and in therapy evaluation
represents a large contribution for this genus characterization. The phytochemical evaluation
from hexanic partition of ethanolic extract afforded substances friedelin and lupeol. The
substance friedelin was identified at the first time in this specie. The substance betulin was
isolated from dicloromethane partition. Among the partitions tested in anti malarial test, ethyl
acetate showed the best results linked to the survival rate of infected animals and parasitemia.
The dermocosmetic formulation with DMAE bitartarate, widespreadly used in cosmetic
industry promoting elasticity and firmness of the skin, and ethanol extract of Byrsonima
sericea presented itself stable for use for 12 months. Thus, with the results obtained in
phytochemical and pharmacological research shows the potential of the specie to the isolation
of new molecules with anti-malarial activity.
Keywords: Byrsonima sericea, friedelin, lupeol, betulin, anti-malarial
LISTA DE FIGURAS
Página
Figura 01 - Substâncias isoladas na espécie Byrsonima crassa 23
Figura 02 - Byrsonima crassifolia – arbusto, flores e frutos. 28
Figura 03 - Substâncias isoladas na espécie Byrsonima crassifólia. 29
Figura 04 - Byrsonima verbascifolia – árvore e flores. 31
Figura 05 - Substâncias isoladas na espécie Byrsonima verbascifolia. 31
Figura 06 - Byrsonima sericea – árvore e botão floral com abelha da espécie
Epicharis nigra retirando óleo floral.
33
Figura 07 - Substâncias isoladas na espécie Byrsonima sericea. 33
Figura 08 - Camadas da pele. 35
Figura 09 - Esquema representativo das vias propostas para permeação de drogas
no Estrato Córneo.
37
Figura 10 - Substâncias de natureza terpênica utilizadas como promotores de
absorção.
42
Figura 11 - Estruturas representativas: DMAE, Colina e Acetilcolina. 44
Figura 12 - Preparo do extrato bruto em etanol e respectivas partições em n-
hexano, diclorometano e acetato de etila.
50
Figura 13 - Partição em hexano das folhas de Byrsonima sericea. 55
Figura 14 - Obtenção da substância BS 01. 56
Figura 15 - Obtenção da substância BS 02. 57
Figura 16 - Partição em diclorometano das folhas de Byrsonima sericea. 58
Figura 17 - Obtenção da substância BS 03. 60
Figura 18 - Arbusto ou arboreta representativo da espécie Byrsonima sericea. 64
Figura 19 - Corte transversal da região mediana da folha de Byrsonima sericea. 66
Figura 20 - Mesófilo com parênquima paliçádico e esponjoso. 66
Figura 21 - Nervura central da região mediana da folha de Byrsonima sericea. 67
Figura 22 - Tecido parenquimático com presença de substâncias fenólicas. 68
Figura 23 - Tecido parenquimático com presença de substâncias lipofílicas. 68
Figura 24 - Estruturas isoladas e identificadas na partição em hexano de
Byrsonima sericea.
69
Figura 25 - Espectro de RMN H
1
da substância Friedelina – CDCl
3
300 MHz. 71
Figura 26 - Espectro RMN C
13
da substância Friedelina – CDCl
3
, 300 Mhz. 71
Figura 27 - Espectro de RMN H
1
da substância Lupeol – CDCl
3,
500 MHz. 73
Figura 28 - Espectro RMN C
13
da substância Lupeol – CDCl
3
, 125 MHz. 73
Figura 29 - Estrutura isolada e identificada na partição em diclorometano de
Byrsonima sericea.
74
Figura 30 - Espectro de RMN H
1
da substância Betulina – CDCl
3,
400 MHz. 76
Figura 31 - Espectro RMN C
13
da substância Betulina – CDCl
3
, 125 MHz. 76
Figura 32 - Avaliação farmacológica da partição em Acetato de Etila (BSAc) e
em Etanol (BSEt).
78
Figura 33 - Avaliação farmacológica da partição em Diclorometano (BSDM) e
em Hexano (BSHX).
79
Figura 34 - Avaliação da parasitemia e sobrevida dos animais infectados com P.
berghei 10
8
e tratados com partições em diclorometano (BSDM).
80
Figura 35 - Avaliação da parasitemia e sobrevida dos animais infectados com P.
berghei 10
8
e tratados com partições em Acetato de Etila (BSAc).
81
Figura 36 - Avaliação da parasitemia e sobrevida dos animais infectados com P.
berghei 10
7
e tratados com partições em Acetato de Etila (BSAc).
81
Figura 37 - Efeito da fração BSAc na parasitemia e na sobrevida dos animais
infectados.
82
LISTA DE TABELAS E GRÁFICO
Página
Tabela 01 - Sistema eluente utilizado na partição hexânica. 55
Tabela 02 - Sistema eluente utilizado na partição em diclorometano. 58
Tabela 03 - Sistema eluente para fracionamento de BSD FII. 59
Tabela 04 - Formulação dermocosmética proposta. 62
Tabela 05 - Classes químicas presentes nas partições de Byrsonima sericea. 65
Tabela 06 - Dados de RMN H
1
e C
13
para Friedelina. 70
Tabela 07 - Dados de RMN H
1
e C
13
para Lupeol. 72
Tabela 08 - Dados de RMN H
1
e C
13
para Betulina. 75
Tabela 09 - Relação entre volume gasto de solução titulante e período da
formulação em estabilidade.
84
Tabela 10 - Correlação entre percentual declarado e encontrado durante estudo
de estabilidade.
84
Gráfico 01
-
Percentual encontrado na formulação cosmética com extrato
etanólico de Byrsonima sericea.
85
LISTA DE SIGLAS
CCD Cromatografia em Camada Delgada
DMAE Dimetilaminoetanol
EC Estrato Córneo
IC 90 Concentração capaz de inibir atividade em 90%
HPLC High performance liquid cromatograph
MeOH Metanol
CHCl
3
Clorofórmio
EtOH Etanol
HCl Ácido Clorídrico
H
2
SO
4
Àcido Sulfúrico
HClO
4
Ácido Perclórico
NP/PEG Difenilaminoborato/polietileloglicol
DPPH 1,1 difenil 2 picrilhidrazil
DMSO Dimetilsulfóxido
DMACA ρ dimetilaminocinamaldeído
C. I. Color Index
mg Miligramas
mL Mililitros
nm Nanômetros
PM Peso Molecular
RMN Ressonância Magnética Nuclear
TF Flavonóides totais
TP Fenólicos totais
UV Ultravioleta
UV-B Radiação ultravioleta B
μL Microlitros
SUMÁRIO
Página
1 . Introdução
1.1 – Distribuição Geográfica do Gênero Byrsonima 17
1.2 – Algumas espécies do gênero Byrsonima 21
1.2.1 – Espécie Byrsonima crassa 21
1.2.2 – Espécie Byrsonima crassifolia 24
1.2.3 – Espécie Byrsonima verbascifolia 30
1.2.4 – Espécie Byrsonima sericea 32
1.3 – Anatomia e fisiologia da pele 34
1.4 – Vias de absorção da pele 36
1.5 – Uso de promotores de absorção 38
1.6 – Uso de terpenos como promotores de absorção 39
1.7 – 2-Dimetilaminoetanol, Deanol ou DMAE e uso cosmético 42
2 – Objetivos 47
2.1 – Objetivo Principal 47
2.2 – Objetivo Secundário 47
3 – Materiais e Métodos 48
3.1 – Matérias-primas 48
3.2 – Reagentes, solventes e outros 48
3.3 – Equipamentos 49
3.4 – Coleta da matéria-prima vegetal 49
3.5 – Preparo do extrato etanólico inicial e suas partições 50
3.6 Caracterização química do extrato etanólico bruto e suas respectivas
partições
51
3.7 – Caracterização morfológica e anatômica de Byrsonima sericea 52
3.7.1 – Microscopia óptica 52
3.7.2 – Registro fotográfico 53
3.8 – Caracterização cromatográfica dos extratos de Byrsonima sericea 53
3.9 – Estudo da partição em hexano do extrato etanólico das folhas de
Byrsonima sericea
54
3.10 – Estudo da partição em diclorometano do extrato etanólico das folhas de
Byrsonima sericea
57
3.11 – Avaliação farmacológica das partições obtidas a partir do extrato
etanólico de Byrsonima sericea
60
3.12 – Elaboração de formulação cosmética contendo extrato etanólico de
Byrsonima sericea
61
3.12.1 – Técnica de doseamento da formulação dermocosmética contendo
DMAE e extrato etanólico de Byrsonima sericea
63
3.12.2 – Condições analíticas para doseamento da formulação
dermocosmética
63
4 – Resultados 64
4.1 – Caracterização da espécie 64
4.2 – Caracterização química da espécie Byrsonima sericea 65
4.3 – Análise anatômica e histoquímica da espécie Byrsonima sericea 65
4.4 – Identificação das substâncias isoladas na partição em hexano do extrato
etanólico de Byrsonima sericea
69
4.5 – Identificação da substância isolada na partição em diclorometano do
extrato etanólico de Byrsonima sericea
74
4.6 – Resultado da avaliação farmacológica das partições do extrato etanólico
de Byrsonima sericea
77
4.7 – Avaliação da formulação dermocosmética desenvolvida 83
5 – Discussão 86
6 – Conclusão 90
7 – Referências Bibliográficas 91
1 – Introdução:
1.1 – Distribuição Geográfica do Gênero Byrsonima
A região Central do Brasil é uma das regiões mais ricas em biodiversidade do mundo e
também uma das mais inexploradas. Registros recentes da flora local relatam a ocorrência de
cerca de 6253 espécies nativas incluídas em 150-160 famílias (MENDONÇA et al., 1998).
Dentre estas, a família Malpighiaceae destaca-se. Barroso (1984) cita a existência de 63
gêneros e cerca de 800 espécies; Anderson (1990) aumenta esse número para 66 gêneros
compreendendo aproximadamente 1200 espécies. Cerca de 50% destas espécies estão
concentradas no Brasil e são encontradas nos mais diversos ambientes ocupando áreas de
restinga, cerrado, caatinga e matas pluviais. Estas espécies são constituídas por árvores,
arbustos e lianas (MABBERLEY, 1993) e estão distribuídas principalmente nas regiões Norte
e Nordeste (AGUIAR, 2005).
A família Malpighiaceae contém exemplares que apresentam diferentes substâncias
biologicamente ativas. Por exemplo, o gênero Banisteriopsis, de ocorrência principalmente na
região Amazônica, apresenta algumas espécies que são empregadas em rituais indígenas
devido aos seus efeitos narcóticos e alucinógenos. Após serem estudadas sob o ponto de vista
químico e farmacológico, as substâncias responsáveis por esses efeitos foram identificadas
como alcalóides carbolínicos (MENDES et al., 1999).
Byrsonima é um dos gêneros de Malpighiaceae de maior destaque entre os taxa
brasileiros. É composto por cerca de 150 espécies e encontrado principalmente a partir do
México, difundindo-se por toda América do Sul (AGUIAR, 2005). Ocorre em diferentes
ambientes como restingas, florestas e cerrados (ARAÚJO & HENRIQUES, 1984; MEIRA
NETO et al., 1989; OLIVEIRA FILHO, 1989; SILVA & OLIVEIRA, 1989; FILGUEIRAS &
PEREIRA, 1990; OLIVEIRA FILHO & MACHADO, 1993).
No Brasil, os membros do gênero Byrsonima são popularmente conhecidos como
“murici”, murici-cascudo” ou “murici-vermelho” e empregados não apenas na medicina
tradicional, mas também como no preparo de alimentos como sucos, geléias e licores,
principalmente nas regiões norte e nordeste do país (SANNOMYIA, et al. 2005). Dados
obtidos no NAPRALERT (Natural Products Alert Database) indicaram que as espécies deste
gênero são comumente empregadas pela medicina tradicional como antiasmáticas,
antitérmicas e no tratamento de infecções de pele (CACERES, et al. 1993). foram isolados
do gênero Byrsonima alguns derivados flavonoídicos, no entanto, são os triterpenos que
representam a classe de substâncias naturais de ocorrência mais freqüente neste gênero
(GOTTLIEB, 1975).
Um levantamento realizado com 32 plantas da região do nordeste brasileiro na região
semi-árida denominada caatinga em março de 2003 avaliou a atividade citotóxica,
antioxidante e sequestradora de radicais livres. As plantas estudadas eram empregadas pela
população local na medicina popular e utilizadas com as seguintes finalidades: laxativa,
sedativa, diurética, anti-hipertensiva, digestiva, dermatites, gripes, asma, eczemas, desordens
menstruais e doenças renais.
A atividade seqüestradora de radicais dos extratos das plantas foi determinada através
de espectrofotometria utilizando ensaio com 1,1 difenil-2-picril-hidrazil (DPPH) (DAVID et
al, 2007) . A atividade antioxidante dos extratos metanólicos foi avaliada com o teste de
branqueamento com β-caroteno em uma suspensão de ácido linolênico; e o teste de letalidade
com salmoura de camarão (BST) foi realizado de acordo com SERRANO et al (1996) com
poucas modificações. Nos resultados obtidos, observou-se que a maior atividade seqüestrante
de radicais livres foi observada no extrato de Byrsonima gardneriana (0,3 mg/mL) quando
comparada com butil-hidroxianisol (BHA) [IC
50
(34,1 ± 0,6) x 10
-3
mg/mL]. Os extratos
testados não exibiram atividade antioxidante e sequestradora de radicais quando comparados
aos antioxidantes comerciais. Entretanto, a espécie B. gardneriana apresentou maior atividade
antioxidante e baixa toxicidade em BST nos ensaios realizados.
O Parque Nacional da Restinga de Jurubatiba, localizado no município do Rio de
Janeiro, norte do estado, é o único em área totalmente de restinga, sendo uma das mais
conservadas do país. Essa área representa um ecossistema frágil, com forte ação antrópica,
apresentando espécies endêmicas e ameaçadas de extinção. As plantas de restinga que vivem
em ambientes com alta intensidade solar segundo Larson (1988) deveriam apresentar altas
taxas de metabólitos especiais, com função antioxidante. Terpenos oxidados, taninos, fenóis,
alcalóides, lignanas, cafeína e aminas são exemplos de substâncias do metabolismo especial
que estas plantas apresentam (OKADA et al; 1996). Estas substâncias além de serem
antioxidantes, também contribuem com diversas funções ecológicas de extrema importância
nas relações de competição nos ecossistemas terrestres, como polinização, alelopatia, defesa
contra herbívoros e patógenos (GOTTLIEB, 1989; LANGENHEIN, 1994). Dentre doze
extratos etanólicos de plantas desta região submetidos ao teste de atividade antioxidante, o
extrato de Byrsonima sericea foi o que apresentou maior atividade, ou seja, menor valor de
CE50. Tal resultado era esperado, pois as plantas pertencentes à família Malpighiaceae são
ricas em substâncias antioxidantes como os taninos (GOTTLIEB & BORIN, 2001).
Algumas plantas tiveram seu uso popular comprovado a partir dos resultados obtidos
ao relacionar a patologia indicada pela população e o fato de possuir forte demanda de
radicais livres como agente etiológico. Como exemplos, podem ser citados a aroeira, a
embaúba e o jambo branco que apresentaram alta atividade antioxidante e são indicadas para
o tratamento de gripe e febre, patologias conhecidamente relacionadas com altas taxas de
radicais livres (BOSCOLO et al., 2007).
No nordeste brasileiro, ocorrem diversas espécies do gênero Byrsonima e apesar do
grande número de espécies vegetais, pouco é conhecido acerca da constituição química da
família.
Relatos na literatura reportam a presença de triterpenos em Byrsonima verbascifolia e
Byrsonima microphylla e, flavonóides e esteróides em Byrsonima variabilis (DAVID et al,
2003). Da espécie Byrsonima sericea foram isolados e identificados os triterpenos lupeol e
ácido betulínico (SOUZA et al, 1970).
Investigações fitoquímicas a partir de Byrsonima crassifolia, B. microphylla e B.
verbascifolia revelaram a ocorrência de sulfonoglicolipídios, esteróides, triterpenos, ésteres
aromáticos, aminoácidos e proantocianidinas (SANNOMYIA et al.; 2005).
Aguiar et al. (2005), a partir do extrato clorofórmico de Byrsonima microphylla A.
Juss, isolaram duas naftoquinonas, que pela primeira vez foram relatadas em Malpighiaceae,
além de flavanol e triterpenos (Δ-lupenona, β-amirina, betulina e lupeol).
Reis et al. (2007) evidenciaram a composição química do óleo floral de Byrsonima
intermedia. Este óleo floral é rico em ácidos graxos livres e o principal constituinte
identificado foi o ácido birsônico.
1.2 – Algumas espécies do Gênero Byrsonima
1.2.1 - Espécie Byrsonima crassa
A espécie Byrsonima crassa Niedenzu (IR) é uma espécie nativa da formação de
Cerrado. É popularmente conhecida como murici-cascudo ou murici-vermelho e seus frutos
são utilizados como alimento. Dentre as propriedades atribuídas à casca e às folhas desta
espécie, podemos citar ações anti emética, diurética, febrífuga, tratamento de úlcera, gastrite e
diarréia.
Investigações fitoquímicas preliminares por Cromatografia em Camada Delgada
utilizando padrões autênticos conduziram à detecção de flavonóides com atividade
antioxidante nos extratos polares das folhas desta espécie. Por a atividade antioxidante estar
relacionada com a ação antiulcerativa dos extratos de plantas, ensaios biológicos com
compostos puros poderiam contribuir para melhor entendimento do processo de cura. Apesar
do fato da maioria das preparações herbais brasileiras serem constituídas de extratos brutos,
sem nenhuma etapa de purificação antes do uso, o isolamento e a elucidação estrutural dos
constituintes principais é essencial para promover melhor conhecimento acerca da
bioatividade alegada a planta (SANNOMYIA et al., 2004). Sendo assim, Sannomyia et al.
(2005) avaliaram os extratos de CHCl
3
, MeOH e 80% MeOH (hidrometanólico) em relação a
atividade antiulcerogênica em úlceras gástricas induzidas por HCl/EtOH. Ratos albinos Swiss
foram alimentados 24 h antes de receberem uma dose oral dos extratos a serem testados
(CHCl
3
, MeOH e 80% MeOH, nas dosagens 250, 500 e 1000 mg/kg) e do medicamento
utilizado como controle (lansoprazol 30 mg/kg). Após cinquenta minutos, os animais foram
tratados com 0,2 mL de uma solução 0,3 M HCl/60% EtOH (solução HCl/etanol) para
indução das ulcerações gástricas. Logo após, os animais foram sacrificados e a extensão das
lesões quantificada. A administração desta solução ácida no grupo controle, produziu lesões
extensas na mucosa com áreas com necrose características e lesões petequiais. A presença da
solução de HCl na lesão apenas acelera o processo de ulcerogênese gástrico. A administração
prévia do extrato CHCl
3
e lansoprazol inibiram a formação de úlceras em 67, 59, 57 e 69%,
respectivamente. O extrato de MeOH (500 e 1000 mg/kg) inibiu a formação de úlceras em 93
e 99% respectivamente, enquanto o tratamento com extrato 80% MeOH (250, 500 e 1000 mg/
kg peso corporal) inibiu a formação de úlceras em 74, 78 e 92%, e também reduziu as lesões
hemorrágicas, caracterizando um efeito do tipo dose-resposta.
Os resultados demonstraram que os extratos polares apresentaram melhor atividade
antiulcerativa do que o extrato apolar. Vários mecanismos podem relacionar-se com o efeito
observado, incluindo o aumento do nível de hexosamina gástrica e a força da barreira gástrica,
fisicamente ou por bloqueio da H
+
, K
+
ATPase. Estudos relatam que a geração de oxigênio
derivado dos radicais livres e da peroxidação lipídica é um dos mecanismos mais importantes
envolvidos na patogênese da úlcera gástrica. Os antioxidantes são reconhecidamente sabidos
em inibirem a peroxidação lipídica e sequestrar radicais livres. Análises cromatográficas dos
extratos testados por Cromatografia em Camada Delgada com solução de DPPH (1,1 difenil 2
picril-hidrazil) revelaram a presença de manchas amareladas, indicativas de atividade
antioxidante presentes no extratos MeOH e 80% MeOH. Placas reveladas com reagente
NP/PEG (difenilaminoborato/polietilenoglicol) produziram manchas laranjas e amarelas
características de flavonóides e placas reveladas com anisaldeído/ácido sulfúrico também
produziram manchas avermelhadas, sugerindo a presença de derivados de catequina. A
investigação fitoquímica realizada no extrato MeOH conduziu ao isolamento do biflavonóide
amentoflavona, quercetin-3-O-β-D-galactopiranosídeo, quercetin-3-O-α-L-
arabinopiranosídeo, (-) epicatequina e (+) catequina.
Flavonóides e catequinas são metabólitos secundários presentes nas plantas e têm
merecida atenção pelo largo espectro de suas atividades biológicas. Vários estudos relatam as
propriedades antiulcerogênicas dos flavonóides (GRACIOSO et al., 2002). Galati et al.,
(2003) também relatam correlação entre atividade antiulcerogênica e antioxidante dos
flavonóides. A presença de (-)epicatequina e (+) catequina nos extratos metanólicos pode
contribuir para a gastroproteção observada em Byrsonima crassa, pois estão relacionados
com inibição da peroxidação lipídica, além de possuírem potente atividade antioxidante
(IWAI et al., 2001). Relatos nas literaturas citam que amentoflavona apresenta ambas
atividades antioxidante e antiúlcerogênica (GOEL et al., 1988; CHOLBI et al., 1991).
1 – Amentoflavona 2- quercetin-3-O-α-L-arabinosídeo,
3 – quercetin-3-O-β-D-galactosídeo).
Figura 1 – Substâncias isoladas da espécie Byrsonima crassa.
1.2..2 – Espécie Byrsonima crassifolia
A espécie Byrsonima crassifolia está amplamente distribuída em várias regiões do
México, América Central e do Sul e é popularmente conhecida como nanche”. Tem sido
utilizada com fins terapêuticos desde os tempos pré-hispânicos por vários grupos étnicos. As
folhas e raízes são utilizadas para desordens gastrointestinais, infecções da pele e como
antiofídicas e antitussígenas. As frutas são comestíveis e comumente vendidas em mercados
locais. O extrato obtido a partir de folhas e raízes demonstrou exercer efeitos espasmogênicos
em ratos, assim como atividades antifúngicas e antidermatofíticas.
Martinez-Vásquez et al., (1999) testaram a atividade antibacteriana dos extratos
obtidos por percolação das raízes e do caule com hexano, acetato de etila e metanol. As cepas
bacterianas testadas foram: Bacillus subtilis, Escherichia coli, Klebsiella pneumoniae,
Peudomonas aeruginosa, Salmonella typhi, Shigella flexneri, Staphylococcus aureus,
Staphylococcus epidermidis, Streptococcus pneumoniae e Micrococcus luteus. Os extratos
também foram avaliados quanto à presença de flavonóides, taninos, esteróides e/ou terpenos,
alcalóides, glicosídeos e saponinas. Os resultados indicaram que os extratos de acetato de
etila, obtidos a partir do caule e das raízes, foram os mais efetivos contra as espécies
microbianas testadas, apresentando atividade dose dependente.
O extrato metanólico das raízes apresentou atividade contra K. pneumoniae, S. aureus,
E. coli e S. typhi, enquanto o extrato metanólico do caule e o extrato hexânico do caule foram
ineficazes. A análise preliminar fitoquímica revelou a presença de glicosídeos, saponinas e
flavonóides em ambos os extratos de acetato de etila. Taninos foram detectados nos extratos
metanólico e de acetato de etila obtidos a partir do caule de Byrsonima crassifolia. A
atividade anti dermatofítica dos extratos aquosos das folhas e a atividade antimicótica dos
extratos obtidos a partir de folhas e cascas de B. crassifolia haviam sido relatadas por
Caceres et al (1991, 1993). A atividade do extrato de acetato de etila contra bactérias Gram
positivas e Gram negativas poderia ser indicativa da presença de um largo espectro de
compostos antibióticos ou simplesmente de toxinas metabólicas. A heterogeneidade da
composição fitoquímica assinalada com triterpenos, esteróides, ésteres aromáticos,
aminoácidos e glicolipídios havia sido relatada por Amarquaye et al., (1994), Bejar et al.,
(1995) e Rastrelli et al., (1997). Apesar da presença de flavonóides, saponinas e glicosídeos
no extrato de acetato de etila obtido a partir das raízes, apenas os flavonóides e glicosídeos
poderiam contribuir para a atividade antibacteriana do extrato. (HARBONE & BAXTER,
1995).
Berger et al. (1999), avaliaram a atividade de cinco plantas, selecionadas por
pesquisadores da Universidade de São Carlos, Guatemala, utilizadas popularmente para
doenças bacterianas e protozoárias, dentre as quais Byrsonima crassifolia. O extrato etanólico
foi particionado em butanol e água. A partir das soluções estoques dos extratos brutos, foram
preparadas soluções com concentrações variáveis de 100, 10 e 1 mg/kg de peso corporal dos
animais submetidos ao teste. A administração dos extratos ocorreu após 24 h de inoculação
com Trypanossoma cruzi, e de forma contínua a cada 48 h por 3 semanas. Nos dias 7, 14, e
21, os ratos foram sangrados e a parasitemia foi avaliada microscopicamente em cada animal.
O número de formas tripomastigotas encontrados nos animais foi comparado com o
encontrado nos animais considerados controle positivo (tratados com nifurtimox e
benznidazole) e controle negativo (tratados com solução de DMSO). As drogas utilizadas
como controle positivo são drogas de primeira escolha neste país, porém apresentam vários
efeitos colaterais, tais como anorexia, distúrbios gastrointestinais e neuropatias; causando
muitas vezes abandono do tratamento pelos pacientes. Assim, plantas utilizadas popularmente
contra doenças protozoárias poderiam ser uma alternativa eficaz a terapia contra a Doença de
Chagas.
Quatro extratos de B. crassifolia inibiram tripomastigotos com 90% da concentração
inibitória de 420,9, 442,3, 580,1 e 376,3 μg/mL para as infusões das cascas e folhas, e para os
extratos de hexano e etanol das folhas respectivamente. Nenhum extrato avaliado foi ativo
contra a forma epimastigota, ou apresentou toxicidade. O extrato etanólico foi o mais ativo
contra a forma tripomastigota e três frações suprimiram o crescimento deste estágio com IC
90
de 98,7, 89,3 e 94,3 mg/mL. Estes valores são equivalentes a uma inibição 14 e 10 vezes
menor do que com as drogas utilizadas como controle positivo nifurtimox e benznidazole.
Análises por CCD e HPLC destas frações revelaram a presença de sapogeninas triterpênicas,
ácido 2-α- e 2-β- hidroxi-oleanólico, ácido lupeanólico, ácido 2-α-hidroxi-lupeanólico,
catequina, epicatequina e quercetin 3O-β-D-galactosídeo. As frações continham ainda
flavonóides (quercetin 3-O-β-D-galactosídeo, quercetin 3-O-β-d-glucosideo, isorhamnetin 3-
O-β-D-rutinosídeo e isorhamnetin 3-O-β-D-galactosideo) em diferentes concentrações. Como
as frações ativas apresentaram-se como misturas complexas de vários componentes, testes
com estas substâncias isoladas seriam de grande valia para avaliar a atividade tripanocida.
O interesse em substâncias polifenólicas antioxidantes, devido à ação seqüestradora
de radicais livres e a relação entre radicais livres com diversas doenças como doença cardíaca
coronariana, câncer, regulação gênica e doenças neurodegenerativas, estimulou Silva et al.
(2007) a estudarem o potencial antioxidante de 15 espécies nativas da região Amazônica.
Estas plantas são utilizadas pela população indígena e local a muitos anos para tratamento
de várias doenças como diabetes e doença coronariana. O estudo deste material pode levar a
descoberta de novas fontes antioxidantes e serve de incentivo à preservação destas espécies e
ao desenvolvimento sustentável da região. Dentre estas plantas, a espécie Byrsonima
crassifolia foi avaliada quanto ao potencial antioxidante. As partes das plantas utilizadas no
estudo foram escolhidas de acordo com o uso tradicional na medicina popular, utilizaram-se
as folhas, cascas e frutos da espécie B. crassifolia.
As substâncias fitoquímicas com propriedades antioxidantes são originárias das vias
do chiquimato e do acetato-malonato e compartilham um esqueleto carbônico básico: uma
unidade fenilpropanóide (C
6
-C
3
). O maior grupo de compostos fenólicos inclui os fenóis
simples (C
6
-C
2
), os ácidos fenólicos (C
6
-C
2
), ácidos hidroxicinámicos (C
6
-C
3
), estilbenos (C
6
-
C
2
-C
6
), flavonóides (C
6
-C
3
-C
6
), biflavonóides (C
6
-C
3
-C
6
)
2
e proantocianidinas. Os flavonóides
representam as moléculas antioxidantes mais eficientes e cerca de 6400 estruturas foram
definidas. Estão sub-divididos em várias famílias tais como flavonóis, flavan-3-óis,
flavanonas, antocianinas, chalconas, etc. A determinação de derivados fenólicos totais foi
determinado pelo método colorimétrico de Folin-Ciocalteau; e a determinação de flavonóides
totais (TF) usou o cromógeno p-dimetilaminocinamaldeído (DMACA). Os extratos foram
submetidos à espectrofotometria na região de 200 nm a 800 nm e exibiram banda de absorção
entre 200 e 325 nm, a qual é característica de absorção por compostos polifenólicos.
Entretanto, nenhuma amostra apresentou banda de absorção entre 465 e 560 nm, típica de
antocianinas. A espécie B. crassifolia apresentou os maiores resultados na estimativa dos
conteúdos totais fenólicos (TP) e de flavonóides (TF) dentre as espécies analisadas. Vale
ressaltar que para estes valores totais, foram consideradas substâncias químicas equivalentes
(ácido gálico e catequina, respectivamente). O extrato obtido a partir da folhas de B.
crassifolia apresentou maior valor de TP. Tal resultado correlaciona-se com o fato dos
polifenóis serem encontrados em maior concentração nas folhas com a biossíntese acelerada
pela exposição a luz solar, além de servir como mecanismo protetor contra as radiações UV-
B. Na amostra de cascas de B. crassifolia, foi encontrado o segundo maior valor de TP e TF,
devido a presença de derivados flavanol (taninos condensados), os quais possuem a função de
defesa através da função antimicrobiana e pronunciado gosto amargo.
Estudos fitoquímicos anteriormente feitos na espécie B. crassifolia realizados por
Geiss (1995) revelaram a presença de trímeros e dímeros de proantocianidinas, monômeros e
ácido gálico, nas cascas desta espécie. Rastrelli et al., (1997) isolaram a partir do extrato
metanólico, 14 compostos, dentre os quais compostos glicolipídios foram isolados pela
primeira vez na espécie.
Figura 2 – Byrsonima crassifolia – arbusto, flores e frutos
Fonte: www.cybertruffle.org.uk
Catequina Ácido Gálico
Figura 3 – Substâncias isoladas na espécie Byrsonima crassifolia
1.2.3 – Espécie Byrsonima verbascifolia
Na espécie Byrsonima verbascifolia, a partir do extrato hexânico foram isolados β-
amirina, sitosterol, friedelina, ácido 3-O-acetiloleanólico, β-amirenona, 3-O-acetillupeol e
glocidona em 1975 por Gottlieb et al.
Lopez et al. (2001) pesquisaram a atividade antimicrobiana e antiviral de trinta plantas
tradicionalmente utilizadas na medicina popular na Colômbia, dentre as quais a espécie B.
verbascifolia. Testou-se o extrato metanólico, elaborado a partir das plantas secas. As cepas
viróticas testadas foram: Herpes simplex tipo 1 (HSV) e Poliovírus tipo 1; as cepas
bacterianas dividiam-se em Gram positivas: Bacillus subtilus, Streptococcus faecalis e
Sthaphylococcus aureus e Gram negativas: Escherichia coli, Klebsiella pneumoniae,
Pseudomonas aeruginosa, Salmonella typhimerium e Mycobacterium phlei. A atividade anti
fúngica foi testada com a cepa de Candida albicans.
As amostras foram testadas em duplicata com ensaio de difusão de disco. Os papéis
foram impregnados com 20 µL de uma solução preparada com 100 mg de cada extrato
dissolvidos em 1 mL de metanol. Vinte e quatro extratos apresentaram atividade contra HSV,
porém nenhum foi ativo contra o Poliovírus.
O extrato de Byrsonima verbascifolia apresentou particularmente atividade contra
HSV, com a menor Concentração Mínima Inibitória (MIC) dentre os extratos testados. Os
valores observados foram 2,5 µL/mL para o extrato elaborado a partir da folhas e 6,5 µL/mL
para o extrato de cascas e raízes. Os extratos das folhas, das cascas e das raízes apresentaram
atividade contra as seguintes cepas bacterianas: Streptococcus faecalis, Mycobacterium phlei,
Bacillus subtillus e Staphylococcus aureus. Dentre as espécies avaliadas apenas duas
apresentaram atividade anti fúngica promissora (Piper lanceaefolium e Juglans neotropica)
Figura 4 – Byrsonima verbascifolia – árvore e flores
Fonte: http://portalteses.cict/fiocruz.br
Sitosterol β amirina
Figura 5 – Substâncias isoladas na espécie Byrsonima verbascifolia
1.2.4 – Espécie Byrsonima sericea
Em um estudo etnofarmacológico realizado na Reserva Extrativista Marinha de
Arraial do Cabo, RJ, Brasil, com objetivo de inventariar as espécies vegetais usadas na faixa
terrestre e associar as tradições locais; 68 espécies foram catalogadas e estão compreendidas
em 61 gêneros e 42 famílias. Dentre os vários relatos, os pescadores citam que a restinga é
rica em saborosos e nutritivos frutos, dentre os quais destacam-se representantes de várias
famílias, incluindo o murici (Byrsonima sericea – Malpighiaceae). O murici também é citado
como parte da cultura e tradição do local e é utilizado pelos pescadores locais para tingir redes
de pesca, evitando assim o ataque excessivo dos peixes à rede. (FONSECA-KRUEL &
PEIXOTO, 2004).
A espécie Byrsonima sericea D.C. é a mais representativa do gênero nas áreas de
restingas do estado do Rio de Janeiro (ARAÚJO & HENRIQUES, 1984). Apresenta-se como
uma árvore encontrada frequentemente na zona da mata, em florestas úmidas, ocorrendo na
região litorânea e nos estados do Espírito Santo e Pernanbuco (TEIXEIRA & MACHADO,
2000). Assim como as outras espécies do gênero, é vulgarmente conhecida como murici,
murici penima ou murici-da-praia (PIO CORRÊA, 1974).
A dissertação de Silva (1990) trata de aspectos da floração, frutificação e polinização
desta espécie. Os indivíduos apresentam cerca de 3 a 20 m de altura, flores pentâmeras e
pétalas amarelas. A floração inicia-se em meados de outubro, estendendo-se até o final de
janeiro. A frutificação tem início no final de dezembro, estendendo-se até o final de abril. Os
primeiros botões de B. sericea aparecem no início da estação seca ou logo após o término da
estação chuvosa. (TEIXEIRA & MACHADO, 2000).
Desta espécie, em especial existem pouco relatos de estudos anatômicos e
histoquímicos, e referem-se a floração e frutificação. As poucas investigações fitoquímicas
descritas na literatura descrevem o isolamento do triterpeno β-amirina das cascas de B.
sericea, assim como lupeol e ácido betulínico (BÉJAR & MALONE, 1993). Entretanto, a
atividade anitparasitária de outras espécies do gênero e a possibilidade de que estas espécies
apresentem flavonóides e terpenóides dentre seus prováveis metabólitos especiais, desperta a
possibilidade de que esta seja estudada em termos fitoquímicos e anátomo-morfológico,
buscando caracterização de forma mais efetiva desta espécie de ampla aplicação
etnofarmacológica e apontar seu potencial uso em terapia.
Figura 6 – Byrsonima sericea – árvore e botão floral com abelha da espécie Epicharis nigra
retirando óleo floral
Fonte: http://www.faperj.br/boletin_intern.pht,?objid=3574
w ww.qualibio.ufba.br/txt067.html
Ácido betulínico Lupeol
Figura 7 – Substâncias isoladas da espécie Byrsonima sericea
1.3 – Anatomia e fisiologia da pele:
A maior limitação à liberação de drogas por via transdérmica é representada pela
própria pele. A pele é a camada mais externa do organismo humano, e separa o meio interno
do meio externo agindo como uma barreira de duas vias, ou seja, prevenindo o ingresso de
moléculas externas e o egresso de substâncias endógenas.
A principal barreira à penetração é representada pelo Estrato Córneo (EC) e por sua
estrutura compacta. Além disso, essa função de barreira também é assistida por atividade
metabólica, apesar de apresentar menor capacidade de biotransformação do que o intestino e o
fígado.
A pele é essencialmente composta por duas camadas: a epiderme, camada mais
externa, não vascularizada e a derme, camada interna, composta por capilares, nervos,
glândulas sebáceas e folículos pilosos sustentados por tecido conectivo.
A epiderme pode ainda ser dividida em várias camadas anatômicas cada qual
representando um estágio diferente de diferenciação. A camada mais externa da epiderme, o
estrato córneo (EC) é formado por várias camadas de células mortas embebidas em uma
matriz lipídica. Em peso seco, o EC é basicamente protéico (75-80%) com uma grande parte
composta de α-queratina e uma pequena porção de β-queratina amorfa. Juntos, estes
componentes tornam os corneócitos densos e quase impermeáveis aos solutos. Cerca de
10-15% da fração protéica é solúvel em água. O restante do EC consiste em uma mistura
lipídica complexa (5-15%) e material não identificado (5-10%).
Figura 8 – Camadas da pele
Fonte: http://www.nlm.nih.gov/medlineplus/spanish/ency/images/ency/fullsize/8912.jpg
A permeabilidade do EC à água é cerca de 1000 vezes menor do que as outras
membranas biológicas, o que pode ser atribuído a sua composição lipídica única e ao
conteúdo do EC, especialmente ao arranjo estrutural da matriz intercelular lipídica e o
envelope lipídico que circunda os corneócitos. O papel desta composição lipídica nas
propriedades de barreira, pode ser demonstrado pela remoção dos lipídios por solvente. O
resultado é a perda aumentada de água via transepidermal e permeabilidade aumentada da
pele. Tais fatos podem ser comprovados ao comparar a função de barreira da pele doente com
anormalidades na composição lipídica do EC e na recuperação dessa função barreira quando
ocorre aplicação tópica de lipídios que fazem parte da composição do EC.
A composição lipídica do EC é única, especialmente atribuída aos fosfolipídios. É
composta principalmente por ceramidas (41%), colesterol (27%), ésteres de colesterol (10%)
e ácidos graxos (9%) com uma pequena fração de sulfato de colesterol (2%). A composição e
a proporção lipídica pode variar conforme a localização corporal. Um grupo estruturalmente
heterogêneo de sete ceramidas representam o principal conteúdo protéico presente no EC. O
alto conteúdo de ceramidas com cadeias alifáticas saturadas, longas e rígidas, parecem ser
ideiais para a formação das membranas impermeáveis altamente ordenadas, as quais
promovem resistência as variações de temperatura, exposição a raios UV e oxidação do ar.
Os lipídios extracelulares entre os corneócitos estão arranjados em múltiplas estruturas
lamelares formando uma fase lipídica contínua que ocupa cerca de 20% do volume total do
EC. Este arranjo é possível devido a presença das ceramidas que fornecem a polaridade
necessária para tal rearranjo e realizam ligações de hidrogênio extensivas. Também foi
sugerido que substâncias anfifáticas presentes na fração lipídica do EC, tais como sulfato de
colesterol, sejam responsáveis pela manutenção da forma lamelar (SUHONEN, et al. 1999).
1.4 – Vias de absorção da pele
A absorção de drogas através da pele ocorre pela via passiva. A permeação
transdérmica pode envolver a passagem de moléculas através da epiderme intacta ou através
de uma via derivada distribuída universalmente pelos folículos pilosos e glândulas écrinas.
Estes apêndices, entretanto ocupam apenas cerca de 0,1% da superfície total da pele humana.
Desta forma, a idéia da difusão passiva via transepidermal associada com a permeação de
drogas pela pele, é largamente difundida (SUHONEN, et al. 1999).
A absorção percutânea via transepidérmica envolve a difusão através do EC e das
camadas celulares viáveis da epiderme, e finalmente através das camadas superiores da
epiderme para a microcirculação. O passo determinante na taxa de absorção percutânea da
maioria das drogas é sua permeação através do EC vencendo sua resistência natural. Apenas
para drogas muito lipofílicas, a natureza essencialmente aquosa da epiderme viável pode
resultar em uma barreira significativa.
O EC geralmente é caracterizado como uma estrutura semelhante a uma parede de
tijolos com os corneócitos (células protéicas) assemelhados aos tijolos e a matriz intracelular
como o cimento. A fase protéica é descontínua enquanto a fase lipídica é contínua. Através do
EC, teoricamente, existem duas vias potenciais, a transcelular (através dos corneócitos e da
matriz lipídica) e a intercelular (via os domínios lipídicos entre os corneócitos).
Estudos experimentais indicam que a permeação da maioria dos compostos através do
EC é fortemente dependente do tamanho molecular e da sua lipofilicidade. Entretanto, os
compostos muito hidrofílicos penetram tanto pelas regiões hidrofílicas dos corneócitos
(presumivelmente pela água associada a queratina) quanto pela matriz lipídica.
Figura 9 – Esquema representativo das vias propostas para permeação de drogas no
Estrato Córneo (SUHONEN et al., 1999).
1.5 – Uso de promotores de absorção
A chave para promover a permeação de drogas através da pele é alterar as
propriedades da principal via associada com a penetração de drogas através do EC, a via
lipídica intercelular e a via polar. Entretanto, devido a estrutura do EC e a continuidade da
barreira lipídica, as interações lipídica intercelulares com EC possuem importância crucial na
efetividade da ação do promotor de penetração (SUHONEN, 1999).
Apesar de várias substâncias químicas terem sido avaliadas como promotores de
absorção em pele humana ou animal, nenhuma ainda tornou-se ideal. Dentre as propriedades
mais desejáveis para os promotores de absorção, podemos citar: atoxicidade, não irritantes ou
alergênicos; devem atuar de forma rápida, ter ação e duração de efeito predizível e
reproduzível; não devem ter atividade farmacológica, ou seja não ligar-se em receptores;
devem ter ação unidirecional, ou seja, permitir a entrada do agente terapêutico no corpo e
prevenir a perda de material endógeno; quando removido da pele, as propriedades de barreira
devem retornar rapidamente e de forma completa; devem ser compatíveis com excipientes e
fármacos e ser cosmeticamente aceitáveis (WILLIAMS & BARRY, 2004).
Asbill & Michniak (2000) citam como os promotores podem agir para promover
melhor absorção dos fármacos: aumentar a difusibilidade do fármaco na pele; causar
fluidificação lipídica do EC, ocasionando decréscimo na função de barreira (ação reversível);
aumentar e otimizar a ação termodinâmica do fármaco no veículo e na pele; servir como um
reservatório do fármaco na pele e alterar o coeficiente de partição do mesmo, aumentando sua
liberação a partir da formulação para as camadas mais internas da pele.
Dentre as várias substâncias ou classes de substâncias utilizadas como promotoras de
absorção podemos citar: a água; sulfóxidos e substâncias químicas similares, como por
exemplo, DMSO, solvente aprótico utilizado em várias áreas das ciências farmacêuticas como
um “solvente universal”; azona, primeira molécula desenvolvida especificamente como essa
finalidade; pirrolidonas, que agem preferencialmente em substâncias hidrofílicas; ácidos
graxos; alcóois, alcóois graxos e glicóis; surfactantes; fosfolipídios; solventes em altas
concentrações; óleos essenciais e terpenos.
1.6 – Uso de terpenos como promotores de absorção:
Os terpenos formam uma diversificada família de substâncias naturais, com funções
diferenciadas nos vegetais. Ocorrem naturalmente em plantas e são compostos por átomos de
carbono, hidrogênio e oxigênio, porém não apresentam aromaticidade. São classificados de
acordo com o número de unidades isoprênicas formadoras. Os monoterpenos atuam na
atração de polinizadores; os diterpenos dão origem aos hormônios de crescimento vegetal e
os sesquiterpenos em geral apresentam função protetora contra fungos e bactérias. Os
triterpenos e seus derivados, apresentam uma gama de funções variadas tais como proteção
contra herbívoros, função antimitótica e outros atuam na germinação das sementes e na
inibição do crescimento de raízes (HARBONE & BAXTER, 1995).
Os terpenos são promotores clinicamente aceitáveis devido a baixa toxicidade
sistêmica, a alta atividade promotora e baixa irritação cutânea em baixas concentrações
(1-5%). O terpeno com aplicação farmacêutica mais popularmente conhecido é o
mentol. Este é considerado uma substância segura ao uso segundo o FDA (GRAS
Generally Regarded As Safe) e é utilizado em preparações inalatórias tradicionais, além de
possuir leve efeito antipruriginoso quando incorporado em preparações emolientes Os
terpenos aumentam os parâmetros de permeação percutânea para um grande número de
substâncias, incluindo compostos lipofílicos e hidrofílicos. O efeito dos terpenos nas
propriedades de barreira podem ser atribuídas a sua habilidade de afetar o empacotamento
intercelular dos lipídios do EC. Entretanto, a alteração lipídica é considerada totalmente
reversível e causa muito pouca irritação cutânea. Compostos naturais e do tipo GRAS tais
como terpenos são considerados moléculas promissoras em aplicações farmacêuticas como
promotores de absorção, devido a baixa toxicidade e habilidade em aumentar permeabilidade
de moléculas tanto hidrofílicas quanto lipofílicas (ASBILL & MICHNIAK, 2000).
Os óleos essenciais do eucalipto, quenopodium e ylang ylang são promotores efetivos
para a substância 5-fluorouracil atravessar a pele humana in vivo (WILLIAMS & BARRY,
1989). O óleo mais potente do eucalipto aumentou a permeabilidade do coeficiente do
fármaco em 34 vezes. O principal elemento terpênico do óleo de eucalipto é 1,8-cineol. Uma
série de 17 terpenos foi avaliada em um modelo de fármaco hidrofílico (5-fluoruracil) na pele
humana in vitro (WILLIAMS & BARRY, 1991). Algumas observações relacionando
estrutura atividade dos terpenos analisados podem ser citadas: terpenos hidrocarbonetos são
menos potentes para o fármaco estudado do que terpenos contendo a função álcool ou cetona,
e a maior atividade promotora foi observado por terpenos óxidos. Dentro da subclasse óxido,
a potência dos éteres cíclicos foi maior do que epóxidos. O pré-tratamento das membranas
epidérmicas humanas com 1,8-cineol promoveu um acréscimo próximo a 100 vezes no
coeficiente de permeabilidade do fármaco modelo.
Os mesmos terpenos foram empregados em um protocolo idêntico, porém com
fármaco lipofílico estradiol (WILLIAMNS & BARRY, 1991). O resultado demonstrou que
apesar dos terpenos com função álcool ou cetona para o fármaco 5-fluorouracil apresentarem
atividade promotora moderada (aumento de 10-40 vezes o coeficiente de permeabilidade),
estes mesmos agentes não aceleraram a atividade de absorção no modelo lipofílico e
inclusive, pareceram retardar sua permeação. Os éteres cíclicos, tão potentes para 5-
fluoruracil, promoveram apenas uma promoção moderada da permeação do estradiol, e em
contraste com o fármaco hidrofílico, os terpenos hidrocarbonetos (tais como d-limoneno)
foram mais efetivos para o fármaco esteróide.
Moléculas maiores de terpenos sesquiterpenos, também foram avaliados quanto a
sua capacidade em promover permeação. O nerolidol aumentou a permeabilidade de 5-
fluoruracil cerca de 20 vezes através da pele humana in vitro. Assim como para promotores
lipofílicos com cadeias maiores, os efeitos destes agentes são estendidos por períodos mais
prolongados mais de 5 dias, em contraste com os monoterpenos que são facilmente
removidos por lavagem do EC (WILLIANS & BARRY, 2004).
Os terpenos e sesquiterpenos sugerem-se como promotores de permeação promissores.
Por exemplo, l-mentol tem sido utilizado para facilitar in vitro a permeação de morfina e
imipramina em pele de rato (MORIMOTO et al., 2002; JAIN et al., 2002). Ainda existe
pouco controle acerca do uso tópico da maioria dos terpenos e o uso excessivo pode oferecer
dano potencial além da atividade farmacológica que alguns possuem. Aparentemente, os
terpenos menores tendem a ser promotores de absorção mais ativos do que os sesquiterpenos.
A presença de hidrocarbonetos e grupamento não polar, tais como limoneno promove melhor
promoção para permeantes lipofílicos do que para terpenos “polares”. Inversamente, o grupo
polar contido em terpenos (tais como l-mentol, 1,8- cineol) promove melhor promoção dos
permeantes hidrofílicos. Vários terpenos permeam bem a pele humana e grandes quantidades
de terpenos (acima de 1,5 μg/cm
2
) foram encontrados na epiderme após a aplicação de uma
matriz do tipo patch. Os terpenos em experimentos de permeação, onde o lag time para
permeação geralmente foi reduzido, indicam o aumento na difusibilidade da droga através da
membrana.
Estudos de difração de Raio X indicam que d-limoneno e 1,8-cienol rompem a
bicamada lipídica do EC, enquanto o sesquiterpeno nerolidol reforça a bicamada,
possivelmente por reorientação ao longo dos lipídios do EC (WILLIANS & BARRY, 2004).
d-Limoneno Nerolidol 1,8-Cineol
Figura 10 – Substâncias de natureza terpênica utilizadas como promotoras de absorção
1.7 – 2-Dimetilaminoetanol (Deanol ou DMAE) e uso cosmético
A pele humana está sujeita a eventos extrínsecos e intrínsecos variávies. Assim, uma
molécula que exercesse um efeito tensor deveria modificar a força tênsil cutânea e/ou alterar a
percepção sensorial dos pacientes. O aumento da firmeza da pele pode ser resultado da
modulação da contração dos músculos lisos dérmicos ou pelo aumento da contratilidade e
adesão de outras células dérmicas e epidérmicas.
A acetilcolina é um exemplo de neurotransmissor com ocorrência extra-neuronal
reconhecida em uma ampla variedade de células. O sistema colinérgico não neuronal está
envolvido em funções básicas como diferenciação de queratinócitos, formação de barreira
epidérmica, circulação sanguínea, angiogênese e reações imunes (KURZEN, 2004).
Nguyen et al. (2003) investigaram o mecanismo da adesão celular de queratinócitos
mediada por acetilcolina não neuronal produzida nos próprios queratinócitos. Os resultados
demonstraram que estes receptores regulam a adesão dos seus desmossomos.
Danysz et al. (1967) relataram aumento da tensão muscular com uso de DMAE por
via oral em doses de 20 mg/dia com leve estimulação mental, aumento gradual do tônus
muscular e possível aumento da frequência da convulsão em indivíduos susceptíveis. Devido
a estes relatos e as observações clínicas do aumento da tensão muscular nos indivíduos
tratados começou-se a investigar o uso cosmético do DMAE no aumento do tônus facial e
suas propriedades anti-envelhecimento da pele.
Desta forma, acetilcolina, seu precursor colina e 2-dimetilaminoetanol (deanol, DMAE
sintético análogo dos anteriormente citados) representam bons candidatos para tal efeito.
Assim, receptores colinérgicos modulam uma grande variedade de atividades celulares,
incluindo proliferação, diferenciação, migração e viabilidade. Queratinócitos, melanócitos,
células endoteliais e fibroblastos possuem receptores e/ou enzimas colinérgicas das classes
muscarínicas e/ou nicotínicas. Estas células podem formar uma rede local de transdução de
sinais com a acetilcolina e mediar a comunicação entre tipos diferentes de células. (UHODA
et al. 2002)
Acetilcolina
DMAE Colina
Figura 11 - Estruturas representativas: DMAE, Colina e Acetilcolina
O interesse cosmético pelo DMAE, segundo a literatura, iniciou-se por volta de 1996,
quando Nicholas Perricone, dermatologista americano patenteou e divulgou um cosmético
antiidade, promotor do aumento do tônus cutâneo, contendo DMAE (3 a 5%), éster de
vitamina C (ascorbil palmitato) e outras vitaminas e minerais (DECCACHE, 2006).
O DMAE (dimetilaminoetanol) é classificado como aminoálcool com peso molecular
(PM) 89,1 e fórmula molecular C
4
H
11
NO. É uma molécula pequena, de baixo ponto de
ebulição 134 °C e que se apresenta na forma de base livre, como um líquido incolor com forte
odor característico de aminas e pH por volta de 11 (DECCACHE, 2006).
O uso de DMAE é largamente difundido em formulações cosméticas, com a promessa
de promover um ‘lifting’ instantâneo na pele, proporcionando firmeza e melhora na textura
com redução das de expressão. O DMAE também confere uma certa proteção contra os
radicais livres, exercendo ações antiinflamatória e antioxidante. O mecanismo de ação do
DMAE em dermatologia ainda não está totalmente elucidado, especula-se que uma possível
interferência com neurotransmissores colinérgicos (talvez, de forma análoga ao efeito anti-
rugas da toxina botulínica) associado a um suave efeito antiinflamatório seja responsável pela
sua ação (MORISSETTE et al., 2007). A via da acetilcolina é possível ao nível da junção
neuromuscular e/ou ainda, por aumento da contratilidade de células não epidérmicas e dérmicas.
Em um estudo realizado em 2002 (UHODA et al.) com trinta voluntárias com idades
entre 36 a 49 anos, comparou o uso de uma formulação contendo 3% DMAE e outra
formulação sem DMAE. Poucas voluntárias foram inconclusivas em comparar os efeitos da
formulação com DMAE e da formulação placebo. As medidas realizadas sobre a força
tensional intrínseca da pele não podem ser atribuídas as alterações de propriedades visco-
elásticas relacionadas com a hidratação do estrato córneo. As medições de hidratação e
conteúdo lipídico foram similares para ambas formulações. Entretanto, DMAE proporcionou
a repartição da água em membranas celulares e nas macromoléculas da matriz dérmica. O
aumento da retenção de água na superfície do tecido conectivo poderia aumentar a firmeza
tissular resultando em rigidez da superfície da pele.
Uma formulação contendo DMAE 3% e extratos de duas plantas - Rosmarinus
officinalis e Centella asiatica - foi avaliada quanto a promoção de elasticidade e firmeza da
pele em um estudo randomizado, placebo-controlado e duplo cego (SOMMERFELD, 2007).
Das 28 mulheres que participaram do estudo, três não concluíram o período de tratamento de
4 semanas, por desenvolverem dermatite de contato irritativa. As medições do aparelho que
determina a firmeza da pele após 4 semanas de tratamento apresentaram diferença
significativa entre as leituras da parte da face tratada com a formulação e a parte tratada com a
formulação placebo. Com a formulação contendo DMAE e extratos de plantas houve uma
redução de mais de 20% das medidas de distenção da pele, demonstrando que a formulação
aumentou a firmeza da pele significativamente. Os efeitos adversos ao tratamento foram
limitados, algumas mulheres relataram reações irritantes que desapareceram em alguns dias.
Nenhum outro efeito adverso foi relatado. Os componentes desta formulação sabidamente
inibem o processo inflamatório destruitivo da pele, reduzem o dano causado por radicais
livres, aumentam a elasticidade e firmeza com possível envolvimento do tônus muscular
facial, e melhoram a cicatrização de feridas. O extrato de Centella asiatica com os
terpenóides asiaticosídeo e madecosídeo que desempenham a função regulatória da atividade
dos fibroblastos, poderia ser a exzplicação para seu uso em para feridas, queimaduras e
eczemas. A planta Rosmarinus officinalis contém o antioxidante ácido rosmarínico, enquanto
que o óleo essencial contem os triterpenos cineol e borneol aumentam o fluxo sanguíneo
local. As ações combinadas destes componentes podem representar efeito benéfico à pele
danificada.
2 – Objetivos
2.1 – Objetivo Principal
Estudo anatômico, histológico e fitoquímico da espécie Byrsonima sericea, de uso
etnofarmacológico consagrado, assim como a avaliação de sua aplicação cosmética e
em terapia.
2.2 – Objetivos Específicos
Partição e identificação dos constituintes químicos do extrato etanólico bruto das
folhas de Byrsonima sericea;
Avaliação farmacológica das partições obtidas a partir do extrato etanólico inicial;
Desenvolvimento de formulação com extrato etanólico de Byrsonima sericea para uso
cosmético;
Avaliação da estabilidade da formulação dermocosmética obtida.
3 – Materiais e Métodos
3.1 – Matérias-primas:
2-dimetilaminoetanol (DMAE) bitartarato – Henrifarma
Cera Auto Emulsificante (Lanette) - Farmos
Vaselina líquida - Farmos
Monoestearato de Glicerol - Galena
Glicerina - Vetec
Metilparabeno - Galena
Propilparabeno - Galena
Lanolina Anidra - Farmos
Propilenoglicol – Vetec
3.2 – Reagentes, Solventes e Outros
Ácido Acético Glacial P.A. - Vetec
Ácido Perclórico 70% P.A. - Vetec
Ácido Sulfúrico – Vetec
Acetato de Etila – Vetec
Anidrido Acético P.A. - Vetec
Diclorometano - Vetec
Etanol P.A. - Vetec
Etanol 96°GL - Vetec
Hexano – Vetec
Sílica gel Mesh 60 – Merck Darmstad
Cromatoplacas com indicador de fluorescência 254 nm – Merck Darmstad
3.3 – Equipamentos
Câmara Climática – Nova Ética
Titulador Automático - Mettler DL 25
Rota Evaporador – Fisaton
Placa de aquecimento – Corning
Balança analítica
Colunas cromatográficas de vidro
Lâmpada UV - Bioespectro
Vidrarias em geral
3.4 – Coleta da matéria-prima vegetal
As folhas de B. sericea foram coletadas nas restingas de Maricá, Itaipuaçú, Recreio
dos Bandeirantes e Grumari, no estado do Rio de Janeiro. Exsicatas foram depositadas no
Herbário do Instituto de Biologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro sob os números
28574 e 28575, após sua identificação. A coleta e identificação foi realizado pela Profª Ana
Cláudia Macêdo Vieira.
3.5 - Preparo do Extrato Etanólico inicial e suas partições
Cerca de 1,5 kg de folhas de Bysonima sericea foram submetidas à secagem em estufa
com ar circulante. Após esta etapa, o material obtido, cerca de 700 g, foi triturado em
liquidificador e submetido à percolação com etanol 96° GL por cinco dias até esgotamento
total do mesmo. Posteriormente, o extrato etanólico obtido foi concentrado sob pressão
reduzida para remoção do solvente obtendo-se o extrato concentrado.
O extrato concentrado foi submetido à partição líquido-líquido com solventes de
polaridades crescentes (hexano, diclorometano e acetato de etila).
Figura 12 – Preparo do extrato bruto em etanol e respectivas partições em n-hexano,
diclorometano e acetato de etila
Após evaporação dos solventes, obteve-se partições com os seguintes pesos: partição
hexânica 24,34g, partição em diclorometano 11,74 g e partição em acetato de etila
27,69g.
3.6 - Caracterização química do extrato etanólico bruto e suas respectivas partições
O extrato etanólico bruto e cada partição foi quimicamente analisada de forma a
identificar as possíveis classes químicas presentes nas mesmas. A metodologia para avaliação
segundo Mattos et al. (1988) determinou a presença de flavonóides, esteróides, oses/osides,
alcalóides e antraquinonas.
3.7 – Caracterização morfológica e anatômica da espécie Byrsonima sericea
3.7.1 – Microscopia óptica
A análise morfológica das folhas foi realizada com material recém-coletado e/ou
fixado em etanol 70% (JENSEN, 1962). A terminologia empregada nas descrições foi
proposta por Radford et al. (1974).
Estudos anatômicos e histoquímicos foram desenvolvidos com a utilização de material
recém-coletado e/ou fixado. Foram empregados como fixadores etanol 70%, formalina
tamponada neutra (LILLIE 1948 in CLARK, 1981) ou glutaraldeído a 2,5% com tampão de
fosfato de sódio (ZHANG & O´NEIL, 1993), dependendo do objetivo da análise e corados
com azul de astra (C. I. não indicado) e safranina (C. I. 50240) (BUKATSCH, 1972). Após a
desidratação etanólica das seções histológicas, a montagem das minas foi feita com resina
sintética (Entellan). Para os estudos histoquímicos, as amostras foram secionadas à mão, por
intermédio de uma lâmina cortante ou com auxílio de micrótomo do tipo Ranvier. As seções
foram submetidas aos seguintes tratamentos:
- A detecção de amido foi feita com o reagente de Lugol (JENSEN, 1962) em material
recém-coletado. O controle foi realizado de acordo com a metodologia descrita por Ling-Lee
et al. (1977).
- A detecção de lipídios foi feita com Sudan III (C. I. 26100) (SASS, 1951) em
material fixado em formalina neutra tamponada ou em glutaraldeído. O material controle foi
submetido a banho de clorofórmio e metanol (1:1, v/v) de acordo com Pearse (1968).
- A presença de substâncias fenólicas foi avaliada com solução de cloreto férrico
(JOHANSEN, 1940). O teste controle foi realizado com pré-tratamento em bicromato de
potássio 5% por 24 h (REEVE, 1959 apud WHITTIER & PETERSON, 1995).
- A presença de açúcares foi detectada com o emprego dos reagentes de Fehling e
Benedict (MACLEAN & IVIMEY-COOK, 1952).
Também foi analisada a natureza dos cristais através do uso de ácido acético a 10% e
ácido nítrico a 10% (MACLEAN & IVIMEY-COOK, 1952).
As minas dos cortes histológicos foram montadas em água ou glicerina a 50%,
dependendo do teste empregado.
Estas análises foram realizadas pela Profª Ana Claudia de Macêdo Vieira.
3.7.2 - Registro fotográfico
As fotografias de campo foram obtidas a partir do uso de câmaras fotográficas com
filme Kodak Gold ASA 100 e ASA 400. As fotografias em laboratório foram feitas sob
microscópio, com equipamento fotográfico acoplado, portando filme Kodak Gold ASA 100.
As fotos foram realizadas pela Profª Ana Claudia de Macêdo Vieira
3.8 – Caracterização cromatográfica dos extratos de Byrsonima sericea
Para visualização de grupos de substâncias similares contidas em cada partição, foi
realizado Cromatografia em Camada Delgada (CCD) com sistemas eluentes com diferentes
polaridades, a saber:
Hexano: Acetato de Etila 7:3
Hexano: Acetato de Etila 1:1
Hexano: Acetato de Etila 3:7
Diclorometano:Acetato de Etila 1:1
Utilizou-se como sistema revelador solução a 5% de H
2
SO
4
em etanol e observação
prévia na lâmpada de ultra-violeta a 254 nm.
3.9 – Estudo da partição em hexano do extrato etanólico das folhas de Byrsonima sericea
Optou-se por iniciar os estudos fitoquímicos com a partição em hexano já que quando
submetido à CCD, a natureza triterpênica das substâncias pode ser evidenciada pela coloração
rósea obtida na amostra após revelação das amostras. Além de que, dentre os poucos relatos
na literatura acerca da composição química deste gênero, a maioria indica a presença de
triterpenos (MENDES, et al., 1999; ROCHA et al., 2006).
Cerca de 10 g da partição hexânica foi ressuspensa em diclorometano e adicionada em
sílica gel. A mistura foi submetida à evaporação em rota-evaporador a temperatura (40°C) e
pressão constante para preparo da pastilha de sílica com o extrato.
Esta pastilha foi cromatografada em coluna de vidro contendo sílica gel. Utilizou-se
como fase móvel gradiente crescente de polaridade dos solventes, Hexano:Acetato de Etila até
Acetato de Etila puro. As frações recolhidas possuíam cerca de 200 mL de volume. Doze
frações foram recolhidas e analisadas por cromatografia em camada delgada e reunidas de
acordo com as semelhanças cromatográficas, fornecendo três junções (Figura 13). A tabela 1
representa o sistema eluente usado em relação ao fracionamento inicial.
Figura 13 – Partição em hexano das folhas de B. sericea
Tabela 1 – Sistema eluente utilizado na partição hexânica
Frações Sistema Eluente
I – IV Hexano:Acetato de Etila
9:1
V – VIII Hexano:Acetato de Etila 1:1
IX – XII Acetato de Etila
As frações I IV da partição em hexano, após reunidas (peso 2,68 g) foram
novamente cromatografadas em sílica gel (mesh 60), em coluna de vidro (BSH FII),
utilizando como fase móvel Hexano:Acetato de Etila na proporção 9:1. O volume recolhido
de cada fração foi cerca de 20 ml. Das cinquenta e duas frações recolhidas, as frações 6, 7 e 8
apresentaram uma alta formação de um precipitado branco com formato de agulhas. Estas
frações foram novamente reunidas e submetidas à recristalização. O produto obtido (80 mg)
foi submetido a espectroscopia de RMN H
1
e C
13
, fornecendo a primeira substância isolada da
partição em hexano das folhas de B. sericea (BS 01). A figura 14 representa o fracionamento
realizado.
Figura 14 – Obtenção da substância BS01
A junção das frações IX XII (peso 5 g) da partição inicial hexânica (BSH FI) foi
cromatografada em gel de sílica (mesh 60) em coluna de vidro (BSH FIII). O sistema solvente
utilizado como fase móvel foi Hexano:Acetato de Etila na proporção 8:2. Vinte e cinco
frações foram recolhidas (cerca de 20 mL cada) e analisadas por CCD com fase móvel
Hexano:Acetato de Etila 8:2. As frações com perfis cromatográficos semelhantes foram
reunidas fornecendo 4 junções. Especialmente, as frações 11 e 12 apresentaram alto grau de
pureza quando submetidas a CCD e analisadas à lâmpada de UV. Estas frações foram
reunidas e submetidas à recristalização. O produto da recristalização foi submetido a
espectroscopia de RMN H
1
e C
13
, fornecendo a segunda substância isolada da partição em
hexano das folhas de B. sericea (BS 02).
A figura 15 representa o fracionamento realizado.
Figura 15 – Obtenção da substância BS02.
3.10 - Estudo da partição em Diclorometano do extrato etanólico das folhas de
Byrsonima sericea
Cerca de 7,0 g da partição em diclorometano do extrato etanólico das folhas de B.
sericea, foi ressuspensa em diclorometano e adicionado sílica gel (mesh 60). A mistura foi
submetida à evaporação em rota-evaporador a temperatura (40°C) e pressão constante para
preparo da pastilha de sílica com o extrato.
A pastilha foi cromatografada em coluna de vidro com sílica gel - mesh 60 (BSD FI).
A fase móvel utilizada foi Diclorometano:Acetato de Etila em gradiente crescente de
polaridade até utilizar Acetato de Etila puro. 162 frações com cerca de 20 mL foram
recolhidas. A tabela 2 representa as frações e o respectivo sistema eluente utilizado.
Tabela 2 – Sistema eluente utilizado na partição em Diclorometano
Frações Diclorometano:Acetato de Etila
1 – 20 9:1
21 – 45 7,5:2,5
46- 80 5:5
81 – 162 0:10
Estas frações foram analisadas quanto ao perfil cromatográfico utilizando sistema
eluente Hexano:Acetato de Etila 8:2 e reunidas conforme semelhança. Seis grupos de frações
foram obtidos conforme representado na figura 16.
Figura 16 – Partição em Diclorometano de folhas de B. sericea
A junção da fração 50-82 (BSD FII) foi cromatografada em coluna de vidro com gel
de sílica. Cinquenta e duas frações foram recolhidas com 5 ml cada. Como sistema eluente foi
utilizado gradiente crescente de polaridade conforme a tabela 3 representa.
Tabela 3 – Sistema eluente para fracionamento de BSD FII
Fração BSD FII Sistema eluente
1 - 22 Hexano:Acetato de Etila 5:5
23 - 43 Hexano:Acetato de Etila 4:6
44 - 52 Hexano:Acetato de Etila 3:7
Novamente, as frações foram submetidas a análise por CCD, utilizando o mesmo
sistema eluente da coluna cromatográfica. As frações com perfil cromatográfico semelhantes
foram reunidas, fornecendo 3 grupos principais. As frações reunidas 6-10 (peso 80 mg)
apresentaram alto grau de pureza e após recristalização foi enviada para análise por
espectroscopia de RMN H
1
e C
13
, fornecendo a substância BS 03. A figura 17 representa esta
etapa do processo de isolamento e purificação da partição em diclorometano do extrato
etanólico de B. sericea.
Figura 17 – Obtenção da substância BS03
A substância BS 01 foi analisada no aparelho Gemini 200 (200 MHz), as substâncias
BS 02 e BS 03 em aparelho Bruker (500 e 400 MHz respectivamente). CDCl
3
(77.0 ppm) foi
utilizado com padrão interno. DEPT (135) foi utilizado para determinação de multiplicidade.
Os espectros obtidos foram comparados com dados da literatura para sua elucidação
estrutural.
A partição em acetato de etila não foi analisada.
3.11 Avaliação farmacológica das partições obtidas a partir do extrato etanólico de
Byrsonima sericea
A avaliação da atividade farmacológica das partições etanólica, hexânica, em
diclorometano e em acetato de etila do extrato etanólico de Byrsonima sericea, foi focada no
teste anti-malarial, que dentre as várias propriedades atribuídas as plantas deste gênero,
existem relatos de uso etnofarmacológicocom finalidade antiparasitária e para o tratamento
de febre (SANNOMIYA et al., 2005). O experimento foi realizado em colaboração com o
Laboratório de Imunofarmacologia (Instituto Oswaldo Cruz/Fundação Oswaldo Cruz).
Utilizou-se como droga controle a cloroquina . Os animais Swiss webster (SW) foram
infectados com 10
8
hemácias parasitadas com Plasmodium berghei ANKA e tratados por 04
dias consecutivos com diferentes concentrações das partições diluídas em DMSO 1%. Após
esse período, foi avaliado o percentual de parasitemia em esfregaços (realizados em lâminas
coradas pelo método Panótico). A sobrevida dos animais também foi acompanhada por um
período de 15 dias.
3.12 Elaboração de formulação dermocosmética contendo extrato etanólico de
Byrsonima sericea
O objetivo pretendido ao elaborar uma formulação para uso tópico (uso
dermocosmético) com extrato etanólico de Byrsonima sericea e 2-dimetilaminoetanol
(DMAE), ativo cosmético com amplo uso na indústria cosmética por promover efeitos
firmadores na pele a longo prazo, seria relacionar os terpenos presentes neste extrato a uma
melhor resposta do produto cosmético. Ou ainda, acrescentar efeitos benéficos à formulação
devido à composição natural do extrato, já que outras espécies do gênero Byrsonima possuem
ações antiinflamatórias e antioxidantes descritas. Como citado, o uso de DMAE
associado a extratos de plantas já foi anteriormente avaliado (SOMMERFELD, 2007).
Nesta etapa do estudo, avaliou-se a estabilidade da formulação proposta, segundo o
Guia para Realização de Estudos de Estabilidade (ANVISA, 2005), objetivando identificar
degradação química e/ou mudanças físicas no produto. Conforme a norma técnica, o
doseamento ocorreu nos tempos 0, 3 e 6 meses. A formulação foi armazenada em câmara
climática com temperatura e umidade pré-definidas (40 ± 2 °C e 75 ± 5%).
A formulação proposta está descrita na tabela 4.
A fim de verificar se o extrato etanólico de B. sericea poderia interferir no
doseamento do ativo DMAE, uma formulação idêntica a anteriormente descrita porém sem o
extrato etanólico de B. sericea foi elaborada e avaliada.
Tabela 4 – Formulação dermocosmética proposta
Componentes Concentração (%)
Fase Oleosa
Cera auto emulsificante 8 %
Vaselina líquida 8 %
Monoestearato de glicerila 4 %
Lanolina anidra 2 %
Fase Álcoolica
Metilparabeno 0,1 %
Propilparabeno 0,1 %
Álcool etílico 5 %
Propilenoglicol 2 %
Extrato etanólico de B. sericea 5 %
Fase Aquosa
Glicerina 12 %
DMAE bitartarato 5%
Água destilada Qsp 100g
3.12.1 Técnica de doseamento da formulação dermocosmética contendo DMAE e
extrato etanólico de Byrsonima sericea
A titulação potenciométrica em meio não aquoso é uma metodologia que se mostra
adequada para a determinação de substâncias fracamente básicas ou fracamente ácidas, assim
como para alguns sais de amônio quaternário. Esta metodologia é comumente utilizada por
alguns fornecedores para a determinação quantitativa do DMAE na matéria-prima. Deccache
(2006) validou esta metodologia durante avaliação de uma formulação dermocosmética
contendo DMAE glicolato e filtros solares.
3.12.2 – Condições analíticas para doseamento da formulação dermocosmética
A metodologia seguiu os seguintes parâmetros:
Solução Titulante - HClO
4
0,1 N
Padrão primário para fatoração: Biftalato de Potássio previamente dessecado por 4
horas a 105 °C
Solvente: Ácido Acético Glacial P.A. 50,0 mL + Anidrido Acético 1,0 mL
Tempo de agitação das amostras antes da titulação: aproximadamente 2 minutos;
Velocidade da hélice: Graduação 4
Eletrodo: Dupla ponte CV4 Mettler Tolledo
Eletrólito: KCl 3M/LiCl 3M em ácido acético P.A.
Esta metodologia foi utilizada durante a avaliação do estudo de estabilidade acelerado.
4 – Resultados
4.1 – Caracterização da espécie
A espécie Byrsonima sericea é um arbusto ou arvoreta (Figura 18) que ocorre do
primeiro cordão arenoso até as regiões de mata nas restingas de Maricá e no segundo cordão
arenoso na restinga de Itaipuaçu ambos municípios localizados no Estado do Rio de Janeiro,
Brasil. Apesar de outras espécies do gênero terem aplicação etnofarmacológica ampla, esta
espécie possui apenas algumas poucas citações referentes à identificação de constituintes
químicos, sem nenhuma referência quanto a aplicação farmacológica (SOUZA et al., 1970;
SANNOMYIA et al, 2005)
Figura 18 – Arbusto ou arvoreta representativo da espécie Byrsonima sericea
Foto: Profª Ana Claudia de Macêdo Vieira
4.2 -Caracterização química da espécie Byrsonima sericea
Segundo a metodologia de Mattos et al. (1988), o resultado referente as classes
químicas presentes nas partições de Byrsonima sericea estão descritos na tabela 05.
Tabela 05 – Classes químicas presentes nas partições de Byrsonima sericea
Substância ↓ Extrato → Hexano Diclorometano Acetato de
Etila
Etanol
bruto
Flavonóides - - -
Esteróides - -
Oses/Osides -
Alcalóides - - - -
Antraquinonas - - - -
4.3 - Análise anatômica e histoquímica da espécie Byrsonima sericea
O corte transversal da região mediana da folha (figuras 19 e 20) revelou epiderme
uniestratificada na face adaxial, com células comuns com parede periclinal externa espessada
pela presença de grossa cutícula. A epiderme da face abaxial exibe células comuns menores
que as da face adaxial com cutícula espessa e longos flanges, estômatos e numerosos tricomas
em T. O mesófilo (figura 20) era constituído de uma camada de parênquima paliçádico e
cerca de seis camadas de parênquima esponjoso. Nessa região foram observados feixes
vasculares colaterais e idioblastos contendo drusas (figura 20).
Figura 19 – Corte transversal da região mediana da folha de B. sericea
Foto: Profª Ana Claudia de Macêdo Vieira
Figura 20 – Mesófilo com parênquima paliçádico e esponjoso
Foto: Profª Ana Claudia de Macêdo Vieira
Na nervura central da região mediana da folha (figura 21) as células comuns da
epiderme de ambas as faces apresentam-se menores que na lâmina foliar. Na face inferior,
tricomas foram observados entre as células comuns da epiderme. Junto à epiderme da adaxial
foram observadas de uma a duas camadas de colênquima, e junto à face abaxial, foram
observadas três a quatro camadas de colênquima angular. Um número variável de camadas
parenquimáticas foram observadas em ambas as faces, formando uma região cortical. A
região vascular (figura 21) apresentou formato circular e desenvolvimento secundário dos
tecidos condutores, com um anel esclerenquimático circundando o floema. Entre o floema e o
xilema secundários, foi observada uma região cambial. Na parte central da região vascular, foi
observada presença de floema e parênquima medular
Figura 21 – Nervura central da região mediana da folha de B. Sericea
Foto: Profª Ana Claudia de Macêdo Vieira
Os testes histoquímicos revelaram a presença de substâncias fenólicas nos tecidos
parenquimáticos, como evidenciado na figura 22 e de substâncias lipofílicas como pode ser
observado na figura 23, dentre estas ácidos graxos de cadeia longa. Houve resultados
positivos também nos testes para detecção de lignina e amido. Os testes realizados mostraram
que os cristais do tipo drusa presentes em idioblastos dos parênquimas são constituídos por
oxalato de cálcio.
Figura 22 – Tecido parenquimático com presença de substâncias fenólicas
Foto: Profª Ana Claudia de Macêdo Vieira
Figura 23 – Tecido parenquimático com presença de substâncias lipofílicas
Foto: Profª Ana Claudia de Macêdo Vieira
4.4 Identificação das substâncias isoladas na partição em hexano do extrato etanólico
de Byrsonima sericea
Duas substâncias BS 01 e BS 02 - foram isolados a partir da partição hexânica. A
substância BS01 foi obtida a partir das frações 6, 7, 8 da partição BSH FII, enquanto a
substância BS02 foi obtida a partir das frações 11 e 12 da partição BSH FIII. Ambas após
recristalização foram enviadas a análise por espectroscopia por RMN H
1
e C
13
.
A partir da análise dos espectros de RMN C
13
e H
1
e tomado-se por base dados
previamente obtidos na literatura (KULSHRESHTHA, 1972; MAHATO, 1994; QUIEROGA
et al., 2000, CASTOLA et al; 2002; AGETA et al; 2005), caracterizou-se as substâncias
obtidas como: BS 01 friedelina e BS 02 - lupeol. Os dados de RMN H
1
e C
13
encontram-se
listados nas tabelas 06 a 08. As figuras 24 a 28 representam as estruturas e os espectros
obtidos para as substâncias friedelina e lupeol.
Friedelina Lupeol
Figura 24 – Estruturas isoladas e identificadas na partição em hexano de Byrsonima sericea
Tabela 6 – Dados de RMN H
1
e C
13
para Friedelina (CDCl
3
, 200 MHz)
*
Dados descritos por AGETA et al., 2005
Posição δH
1 *
δH
1
BS 01 δC
13
BS 01
1 - - 22,18
2 - - 41,17
3 - - 213,17
4 - - 58,1
5 - - 42,03
6 - - 41,41
7 - - 18,12
8 - - 52,98
9 - - 37,32
10 - - 59,35
11 - - 35,50
12 - - 30,38
13 - - 39,57
14 - - 38,17
15 - - 32,29
16 - - 35,90
17 - - 29,87
18 - - 42,67
19 - - 35,22
20 - - 28,05
21 - - 32,64
22 - - 39,14
23 0,88 (3H, d, J=6,6 Hz) 0,871 (3H, d) 6,73
24 0,73 (3H, s) 0,726 (3H, s) 14,55
25 0,87 (3H, s) 0,897 (3H, s) 17,85
26 1,00 (3H, s) 0,955 (3H, s) 20,16
27 1,05 (3H, s) 1,052 (3H, s) 18,56
28 1,18 (3H, s) 1,183 (3H, s) 31,99
29 0,95 (3H, s) 0,955 (3H, s) 34,92
30 1,00 (3H, s) 1,007 (3H, s) 31,68
Figura 25 – Espectro RMN H
1
da substância Friedelina – CDCl
3,
200 MHz
Figura 26 – Espectro RMN C
13
da substância Friedelina – CDCl
3,
200 MHz
Tabela 07 - Dados de RMN H
1
e C
13
para Lupeol (CDCl
3,
H
1
500 MHz, C
13
125 MHz)
*
Dados descritos por ROCHA, 2004
Posição δH
1 *
δH
1
δC
13
1 - - 38,70
2 - - 27,46
3 3,18 (1H, dd, J=4,0 e
11,0 Hz)
3,18 (1H, dd) 79,04
4 - - 38,81
5 - - 55,30
6 - - 18,35
7 - - 34,32
8 - - 40,88
9 - - 50,49
10 - - 37,21
11 - - 20,97
12 - - 25,20
13 - - 38,10
14 - - 42,88
15 - - 27,49
16 - - 35,62
17 - - 43,04
18 - - 48,02
19 2,38 (1H, m) 2,38 (1H, m) 48,36
20 - - 150,99
21 - - 29,86
22 - - 40,04
23 0,76 (3H, s) 0,76 (3H, s) 28,01
24 0,78 (3H, s) 0,79 (3H,s) 15,38
25 0,83 (3H, s) 0,83 (3H, s) 16,14
26 0,94 (3H, s) 0,94 (3H,s) 16,01
27 0,96 (3H, s) 0,97 (3H, s) 14,58
28 - - 18,03
29 4,68 (1H, d, J= 4 Hz) 4,57, 4,68 (d) 109,34
30 1,68 (3H, s) 1,68(3H, s) 19,34
Figura 27 – Espectro RMN H
1
da substância Lupeol – CDCl
3,
500 MHz
Figura 28 – Espectro RMN C
13
da substância Lupeol – CDCl
3,
125 MHz
4.5 Identificação da substância isolada na partição em Diclorometano do extrato
etanólico de B. sericea
A substância BS 03, isolada da partição em diclorometano (BSD FII), após ser
submetido a recristalização foi enviado para análise por espectroscopia de RMN H
1
e C
13
.
A partir da análise dos espectros de RMN C
13
e H
1
e tomado-se por base dados
previamente obtidos de de literatura (TINTO, 1992; MAHATO, 1994), caracterizou-se a
substância BS 03 como betulina. Os dados de RMN H
1
e C
13
encontram-se listados na tabela
08. As figuras 29 a 31 representam a estrutura e os espectros obtidos para a subtância
betulina.
Betulina
Figura 29 – Estrutura isolada e identificada na partição em Diclorometano de B. sericea
Tabela 08 - Dados de RMN H
1
e C
13
para Betulina (CDCl
3,
H
1
400 MHz, C
13
100 MHz)
*
Dados descritos por TINTO et al; 1992
Posição δH
1 *
δH
1
BS 03 δC
13
BS 03
1 1,65, 0,89 1,64, 0,89 38,70
2 <1,58> 1,59 27,38
3 3,18 3,18 79,00
4 - - 38,88
5 0,67 0,67 55,29
6 1,52, 1,38 1,53, 1,37 18,33
7 <1,39> 1,39 34,23
8 - - 40,94
9 1,27 1,27 50,42
10 - - 37,18
11 1,41, 1,19 1,42, 1,20 20,85
12 1,63, 1,03 1,62 1,02 25,24
13 1,64 1,63 37,34
14 - - 42,73
15 1,70, 1,04 1,70, 1,04 27,07
16 1,93, 1,20 1,93, 1,21 29,19
17 - - 47,00
18 1,57 1,57 48,81
19 2,38 2,39 47,80
20 - - 150,47
21 1,95, 1,40 1,95 29,77
22 1,86, 1,02 1,85, 0,99 33,98
23 0,96 0,96 28,00
24 0,76 0,76 15,37
25 0,82 0,82 16,11
26 1,02 1,02 16,00
27 0,98 0,98 14,75
28 3,77, 3,31 3,78, 3,32 60,58
29 4,68, 4,58 4,68, 4,57 109,69
30 1,68 1,68 19,11
Figura 30 – Espectro RMN H
1
da substância Betulina – CDCl
3,
400 MHz
Figura 31 – Espectro RMN C
13
da substância Betulina – CDCl
3,
125 MHz
4.6 Resultado da avaliação farmacológica das partições do Extrato Etanólico de
Byrsonima sericea
O modelo experimental proposto pelo grupo foi o ensaio de quatro dias, onde animais
da estirpe Swiss webster (18-25 g) são infectados com Plasmodium berghei (10
8
) e duas horas
após a infecção o tratamento via oral (200 µL) é iniciado, perdurando por mais três dias.
Como controle foi utilizada a droga padrão anti malarial cloroquina (25 mg/ kg peso
corporal).
Os animais foram avaliados em relação aos parâmetros parasitemia (96 horas após
infecção) e sobrevivência à infecção com o parasita. Seguem abaixo os resultados obtidos.
No primeiro experimento (figura 32), as partições BsAc e BsEt foram testadas nas
doses de 10 e 100 mg/kg. O produto BsAc inibiu a parasitemia na menor dose em
aproximadamente 46% e aumentou a taxa de sobrevivência dos animais. Estes efeitos não
foram observados para BsEt.
Survival Rate
(P. berghei 10
8
)
0 2 4 6 8 10 12 14 16 18
0
25
50
75
100
controle
DMSO 1%
CQ 50mg/Kg
BSAc 10mg/Kg
BSAc100mg/Kg
BSet 10mg/Kg
BSet 100mg/Kg
Days post-infection
survival (%)
Em um segundo experimento (figura 33) foram testadas duas doses das partições
BsDM (10 e 100 mg/kg peso corporal) e uma do BsHx (30 mg/kg peso corporal). O
tratamento com a partição BsDM na dose de 10 mg/kg causou pouca inibição em relação à
parasitemia dos animais. Em relação à sobrevivência, o tratamento com as duas partições
na dose testada elevou a taxa de sobrevivência dos animais. Com base nestes dados re-
testamos a fração BsAc.
Survival Rate
(P. berghei 10
8
)
0 2 4 6 8 10 12 14 16
0
25
50
75
100
DMSO 1%
Cloroquina 50mg/Kg
BSDM 10mg/Kg
BSDM 100mg/Kg
BSHx 30mg/Kg
Cs 40mg/Kg
Cs 100mg/Kg
Creatina 150mg/Kg
Days post-infection
survival (%)
Survival Rate
(P. berghei 10
8
)
0 2 4 6 8 10 12 14 16
0
25
50
75
100
DMSO 1%
Cloroquina 50mg/Kg
BSDM 10mg/Kg
BSDM 100mg/Kg
BSHx 30mg/Kg
Cs 40mg/Kg
Cs 100mg/Kg
Creatina 150mg/Kg
Days post-infection
survival (%)
Figura 32 – Avaliação farmacológica da partição em Acetato de Etila (BsAc) e em Etanol (BsEt)
Figura 33 – Avaliação farmacológica da partição em diclorometano (BsDM) e em hexano
(BsHX).
O efeito das partições de diclorometano (BsDM) e de acetato de etila (BsAc) na
parasitemia e na sobrevida de animais foi avaliado inoculando-os com hemácias infectadas
com P. berghei 10
8
(figura 34 e figura 35) ou 10
7
(figura 36). Os animais foram infectados no
dia 0 e tratados durante quatro dias com diferentes doses das partições. Após 24h do último
tratamento foi avaliado o percentual de parasitemia no sangue dos animais (esfregaço corado
pelo método Panótico) e observado a sobrevida dos animais.
Os resultados indicaramm que a partição BsDM nas doses utilizadas (figura 34) não
foi capaz de reduzir a parasitemia provocada pela infecção com P. berghei nos animais.
Conseqüentemente, também não foi observado aumento da sobrevida dos animais nestas
condições experimentais.
Quando analisamos o efeito da fração BsAc, observamos que a dose de 50 mg/kg
apresentou uma discreta redução da parasitemia (25%), sem contudo ser observado aumento
na sobrevida dos animais (figura 36).
Estes resultados sugerem que novos testes devem ser realizados com a fração BsAc
utilizando doses mais altas para melhor avaliação de seu potencial antimalarial e
antiparasitário.
Figura 34 – Avaliação da parasitemia e sobrevida dos animais infectados com P. berghei 10
8
e
tratados com partições em diclorometano (BsDM)
Figura 35 - Avaliação da parasitemia e sobrevida dos animais infectados com P. berghei 10
8
e
tratados com partições em acetato de etila (BsAc)
Figura 36 - Avaliação da parasitemia e sobrevida dos animais infectados com P. berghei 10
7
e
tratados com partições em acetato de etila (BsAc)
O tratamento com o BsAc na dose de 50 mg/kg p.c. inibiu em 31% a parasitemia no
teste de 4 dias. A figura 37 reune os dados obtidos.
C Cq 1 10 50
0
10
20
30
40
BsAc mg/kg p.c.
Parasitemia (%)
0 2 4 6 8 10 12 14 16
0
25
50
75
100
C
Cq
BsAc 1 mg
BsAc 10 mg
BsAc 50 mg
Dias após a infecção (PbA 10
7
)
Taxa de sobrevida (%)
Figura 37 – Efeito da fração BsAc na parasitemia e na sobrevida dos animais infectados
4.7 – Avaliação da Formulação Dermocosmética Desenvolvida
A formulação foi submetida a condições extremas de temperatura pelo período de 6
meses. Nos tempos 0, 3 e 6 meses, as amostras foram submetidas à análise. Em cada tomada
de amostra foi utilizado cerca de 1 g da formulação.
Como citado anteirormente, a análise foi conduzida por titulação potenciométrica em
meio não aquoso. Assim sendo, utilizou-se como titulante HClO
4
0,1 N (fc = 0,9906) e como
solvente para a amostra ácido acético P.A.:anidrido acético (50:1). As análises foram
realizadas em duplicata.
Deve-se considerar ainda:
PM DMAE bitartarato – 239,23
PM DMAE base livre – 89,14
1 ml HClO
4
0,1N ―— 23,923 mg DMAE Bitartarato
Para o preparo da formulação, os componentes oleosos (fase oleosa - cera auto
emulsificante, lanolina líquida, monoestearato de glicerila e lanolina anidra) foram levados a
aquecimento a 75-80 °C. Em outro recipiente, os componentes aquosos (fase aquosa -
glicerina, DMAE bitartarato e água purificada) também foram aquecidos a mesma
temperatura. Sob agitação constante, a fase oleosa foi vertida sobre a fase aquosa. Quando a
temperatura atingiu 45 °C, os outros componentes (fase alcóolica – metilparabeno,
propilparabeno, propilenoglicol, álcool etílico e extrato etanólico de Byrsonima sericea)
foram adicionados à formulação. Manteve-se agitação constante até resfriamento da
formulação.
Uma formulação placebo foi elaborada seguindo o mesmo procedimento, excetuando-
se a adição do extrato etanólico de Byrsonima sericea na fase alcóolica.
Os dados obtidos estão representados na tabela abaixo:
Tabela 09 – Relação entre volume de solução titulante gasto e período da formulação em
estabilidade
Amostra Peso (g) Volume gasto HClO
4
0,1N (ml)
Placebo
1,00 0,4937
1,00 0,5753
Tempo 0
1,00 6,7240
1,00 6,9110
Tempo 3 meses
0,9970 6,7103
1,0733 6,9110
Tempo 6 meses
1,103 5,1778
1,087 5,7926
Considerando o valor inicial declarado como 5,0% (100%), obtivemos os valores
abaixo discriminados, relacionando-os com o percentual inicial declarado.
Tabela 10 – Correlação entre percentual declarado e encontrado durante estudo de
estabilidade
Análise Tempo (dias) Percentual declarado (%)
T0 0 5,5% (110%)
T3 90 5,5% (110%)
T6 180 4,4 % (88%)
Gráfico 1 – Percentual encontrado na formulação dermocosmética com extrato
etanólico de B. sericea
Pode-se observar que o teor de DMAE manteve-se estável pelo período de 90 dias,
porém, ao final do prazo de 180 dias, a formulação dermocosmética apresentou perda
significativa do teor de DMAE, registrando queda maior do que 10% do teor declarado.
5 – Discussão
A família Malpighiaceae está amplamente distribuída nas regiões tropicais, sendo que,
dentre os 60 gêneros reconhecidos, 47 são exclusivamente neotropicais. Dentre eles, os mais
representativos são: Banisteria, Byrsonima, Malpighia, Stigmaphyton e Thyrallis. A despeito
da grande diversidade de hábitos, morfologia das partes vegetativas dos frutos, a morfologia
floral de Malpighiaceae é relativamente constante (VOGEL, 1990). .
Não existiam relatos na literatura acerca de estudos morfológicos da espécie
Byrsonima sericea, nem mesmo sobre espécies do mesmo gênero. Existe um relato de estudo
da composição química de óleos florais na espécie Byrsonima crassifolia que apresenta
variação intra-específica na sua composição floral onde dois tipos de óleos podem ser
observados. Assim como estudos de polinização descrevendo o sistema reprodutivo de outras
espécies do gênero Byrsonima, porém sem descrição anatômica e/ou histoquímica
(TEIXEIRA & MACHADO, 2000; BENEZA, 2006).
A espécie Byrsonima sericea DC é a espécie mais representativa do gênero nas
restingas do Rio de Janeiro (ARAÚJO & HENRIQUES, 1984.). Desta espécie, em especial
existem poucos relatos de investigações fitoquímicas e não existem relatos de estudos
anatômicos ou histoquímicos descritos na literatura. Entretanto, a atividade parasiticida de
outras espécies do gênero e a possibilidade de que estas espécies apresentem flavonóides e
terpenóides dentre seus prováveis metabólitos especiais, despertou a possibilidade de que esta
fosse estudada em termos fitoquímicos e anatômo-morfológico, buscando a caracterização de
forma mais efetiva desta espécie de ampla aplicação etnofarmacológica, e avaliação de seu
potencial uso em terapia.
A natureza triterpênica das substâncias isoladas da partição em hexano do extrato
etanólico de B. sericea foi evidenciada pela coloração rósea obtida na CCD deste, após
revelação utilizando-se ácido sulfúrico a 5% em etanol. As substâncias friedelina e lupeol
foram identificados através de comparação direta de dados de RMN com dados da literatura.
Friedelina foi isolada como um sólido branco em forma de cristais. O espectro de
RMN H
1
mostra principalmente a presença de sete singletos (metilas terciárias) na região de δ
0,7 a 1,20 ppm e um dubleto centrado em δ 0,88 (3H, d, J = 6,6 Hz) que foi atribuído a
Me-23 (metila secundária). No espectro de RMN C
13
aparecem trinta sinais de carbono,
sendo um carbonílico em δ 213,17 ppm localizado em C-3. O sinal das metilas caracteriza um
triterpeno com esqueleto friedelano.
Lupeol também apresentou-se como um sólido branco, porém amorfo. O espectro de
RMN H
1
indica a presença de sete metilas e os sinais são representados com singletos a δ
0,76, 0,78, 0,83, 0,94, 0,96 e 1,68 ppm. Além disso, foi observado um sinal em δ 4,68 (1H, d,
J = 4 Hz) atribuído ao H-29, em δ 3,18 (1H, dd, J = 4,0 e 11,0) atribuído para H-3 e um outro
sinal centrado em δ 2,38 (1H, m) atribuído ao H-19. No espectro de RMN C
13
foram
observados trinta sinais. Os sinais em δ 150,99 e δ 109,34 são referentes aos carbonos de
dupla ligação terminal e o sinal 79,04 atribuído ao carbono carbinólico localizado em C-3.
Betulina apresentou-se também como um sólido branco, porém amorfo. O espectro de
RMN H
1
indica a presença de seis metilas. Observou-se um sinal em δ 3,18 ppm atribuído a
H-3 e outros dois grupos de sinais em δ 4,68 e 4,58 referentes ao H-29 e δ 3,77 e 3,31
referentes ao H-28. O espectro de RMN C
13
também apresentou 30 sinais, dentre os quais
podemos destacar os sinais em δ 150,47 e δ 109,69 ppm referentes a dupla ligação terminal e
os sinais δ 60,58 e δ 79,00 referentes aos carbonos carbinólicos C28 e C-3, respectivamente.
SOUZA et al., (1970) haviam relatado a presença de lupeol e ácido betulínico em
Byrsonima sericea, porém não existem relatos de friedelina nesta espécie. A substância
betulina também está sendo relatado pela primeira vez nesta espécie. Essas substâncias
poderão servir como marcadores químicos para a espécie Byrsonima sericea.
O perfil triterpênico observado na espécie Byrsonima sericea relaciona-se com ao uso
popular atribuído as espécies deste gênero: ação antinflamatória, antibacteriana, analgésica e
antiespasmódica. Além da ocorrência de sulfonoglicolipídios, esteróides, ésteres aromáticos,
proantocianidinas e amentoflavonas nas espécies Byrsonima crassifolia, B. microphylla, B.
crassa e B. verbascifolia; os triterpenos Δ lupenona, lupeol, β amirina e betulina foram
isolados na espécie B. microphylla (SANNOMYIA et al., 2004; AGUIAR, et al. 2005).
Estas substâncias apesar de descritas anteriormente em outras espécies vegetais, são pela
primeira vez descritas para a espécie Byrsonima sericea (excetuando-se o lupeol),
confirmando o padrão quimiossistemático já apresentado por outras espécies do gênero.
Dentre as partições testadas, a partição em acetato de etila inibiu a parasitemia na
dosagem 10 mg/kg em cerca de 46% e aumentou a taxa de sobrevivência dos animais. Em
um segundo experimento, quando a fração em diclorometano e acetato de etila foram re-
testadas, o tratamento com BSAc na dose 50 mg/kg peso corporal inibiu em 25% a
parasitemia no teste ao qual os animais foram submetidos.
Estes resultados podem ser indicativos da presença de substâncias com atividade
antimalarial, o que ressalta a importância da complementação do estudo fitoquímico da
espécie. Além da complementação com a análise fitoquímica da partição em acetato de etila.
Produtos naturais passaram a ter maior valor na sociedade atual. Uma parte
significante dos consumidores são convictos que os produtos naturais estão associados com
segurança e saúde, enquanto produtos sintéticos estão relacionados a efeitos colaterais
indesejáveis. Em resposta a essa tendência, cresce em vários setores, dentre os quais podemos
citar os setores cosméticos e farmacêutico, pesquisas por produtos que possam agregar estes
valores. A “onda verde” leva várias indústrias a buscarem nos produtos naturais novos
mercados para expandir seus negócios (MOREIRA et al.; 2006).
Desta forma, o desenvolvimento de uma formulação cosmética com extrato de uma
espécie nativa associada a um ativo cosmético de uso consagrado pode ser promissor ao
associar a busca de produtos “naturais” com o uso de ativos já conhecidos.
Os dados obtidos durante o estudo de estabilidade acelerada demonstram que houve
perda significativa do teor declarado de DMAE Bitartarato. Em relação ao aspecto físico da
formulação, este apresentou-se durante todo o estudo cosmeticamente aceitável, porém houve
leve escurecimento da formulação, o que poderia tornar-la visualmente menos atrativa. Por
apresentar-se de forma instável ao final do período de estudo, a determinação de prazo de
validade maior do que 2 anos torna-se inviável, o prazo proposto seria de 12 meses. Novos
estudos devem ser realizados de forma a adequar a formulação dermocosmética ao extrato
etanólico de Byrsonima sericea, de forma a minimizar as alterações apresentadas.
Estudos de permeabilidade in vitro devem ser realizados (RHEE, et al. 2001) de forma
a esclarecer se o extrato etanólico de Byrsonima sericea realmente atua como permeador do
ativo cosmético; e se a promoção da permeação não poderia causar efeitos colaterais. Ou seja,
causando uma absorção sistêmica do produto.
Esta etapa pode ser complementada com a continuidade do isolamento e identificação
dos componentes presentes nas partições de Byrsonima sericea.
6 – Conclusões
O presente trabalho representa um marco no estudo tanto histoquímico, anatômico e
fitoquímico da espécie Byrsonima sericea. O isolamento das substâncias friedelina, lupeol e
betulina - nunca antes descritas na espécie e no gênero representa um avanço na
caracterização desta espécie nativa da região de restinga.
Na avaliação farmacológica, a partição de Acetato de Etila apresentou melhor
resultado quanto a inibição da parasitemia e aumento na taxa de sobrevivência dos animais.
Desta forma, novas avaliações devem ser realizadas para melhor caracterização desta partição.
A formulação dermocosmética apresentou-se cosmeticamente aceitável. A
instabilidade da formulação observada no estudo de estabilidade acelerada reforça a sugestão
de buscar alternativas aos problemas encontrados na mesma.
7 - Referências Bibliográficas
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crassifolia. Planta Medica, v. 60, p. 85-86, 1994.
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of the New York Botanical Garden, v. 64, p. 210-224. 1990.
AGETA, H.; ARAI, Y.; SUZUKI, H.; et al. NMR spectra of tripernoids III. Oleanenes and
migrated oleanenes. Chemical Pharmaceutical Bulletin, v. 43, n. 2, p. 198-203, 2005.
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29 de julho de 2005. Guia para realização de estudos de estabilidade. Disponível em:
http://e-legis.anvisa.gov.br/leisref/public/showAct.php?id=18109&word. Acesso em 10 set
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