Download PDF
ads:
Universidade Federal do Rio de Janeiro
Centro de Ciências da Saúde
Faculdade de Medicina
Programa de Pós-Graduação em Medicina –Clínica Médica
AVALIAÇÃO DA RESPOSTA AO TRATAMENTO COM INTERFERON
PEGUILADO α2b ASSOCIADO À RIBAVIRINA EM PACIENTES COM
HEPATITE CRÔNICA C, GENÓTIPO 1, VIRGENS DE TRATAMENTO
ELZA CRISTINA DE MORAES
Rio de Janeiro
2008
ads:
Livros Grátis
http://www.livrosgratis.com.br
Milhares de livros grátis para download.
AVALIAÇÃO DA RESPOSTA AO TRATAMENTO COM
INTERFERON PEGUILADO α2b ASSOCIADO À RIBAVIRINA
EM PACIENTES COM HEPATITE CRÔNICA C, GENÓTIPO 1,
VIRGENS DE TRATAMENTO
Elza Cristina de Moraes
Dissertação de Mestrado apresentada ao
Programa de Pós-Graduação em Medicina
(Clínica Médica - Hepatologia), Faculdade de
Medicina, da Universidade Federal do Rio de
Janeiro, como parte dos requisitos necessários à
obtenção do título de Mestre em Medicina (Clínica
Médica - Hepatologia).
Orientadores: Prof. Dr. Henrique Sérgio Moraes Coelho
Profª. Drª. Renata de Mello Perez
Rio de Janeiro
Fevereiro/2008
ads:
Moraes, Elza Cristina de
Avaliação da resposta ao tratamento com interferon peguilado
α2b associado à ribavirina em pacientes com hepatite crônica C,
genótipo 1, virgens de tratamento / Elza Cristina de Moraes. -- Rio de
Janeiro: Faculdade de Medicina, 2008.
xi, 74 f. : il. ; 31 cm.
Orientadores: Henrique Sérgio Moraes Coelho e Renata de Mello
Perez.
Dissertação (mestrado) – UFRJ / Faculdade de Medicina,
2008.
Referências bibliográficas: f. 54-61.
1. Hepatite C crônica - quimioterapia. 2. Interferon alfa-2b – uso
terapêutico. 3. Ribavirina – uso terapêutico. 4. Terapia combinada.
5. Clínica Médica - Tese. I. Coelho, Henrique Sérgio Moraes. II.
Perez, Renata de Mello. III. Universidade Federal do Rio de Janeiro,
Faculdade de Medicina. IV. Título.
ii
AVALIAÇÃO DA RESPOSTA AO TRATAMENTO COM INTERFERON
PEGUILADO α2b ASSOCIADO À RIBAVIRINA EM PACIENTES COM
HEPATITE CRÔNICA C, GENÓTIPO 1, VIRGENS DE TRATAMENTO
Elza Cristina de Moraes
Orientadores: Prof. Dr. Henrique Sérgio Moraes Coelho
Profª. Drª. Renata de Mello Perez
Dissertação de Mestrado submetida ao Programa de Pós-Graduação em
Medicina (Clínica Médica - Hepatologia), Faculdade de Medicina, da Universidade
Federal do Rio de Janeiro - UFRJ, como parte dos requisitos necessários à
obtenção do título de Mestre em Medicina (Clínica Médica - Hepatologia).
Aprovada por:
__________________________________________________
Presidente, Prof. Dr. Gil Fernando da Costa Mendes de Salles
__________________________________________________
Profª. Dr.ª Cristiane Alves Villela Nogueira
__________________________________________________
Prof. Dr. Carlos Eduardo Brandão Mello
Rio de Janeiro
Fevereiro/2008
iii
A minha mãe Elza e meu pai José,
pelo exemplo e amor.
iv
AGRADECIMENTOS
A Deus, pela graça da vida e por todas as conquistas alcançadas.
A todos que tiveram fundamental importância na realização desse trabalho.
Ao Professor Henrique Sérgio Moraes Coelho, mestre, por seu brilhantismo
em ensinar e compartilhar sua experiência.
A Professora Renata de Mello Perez, por seu incentivo, dedicação, por suas
críticas e disponibilidade em transmitir seu extenso conhecimento.
Ao Professor Carlos Eduardo Brandão Mello, a quem devo o início da minha
formação, interesse pela Hepatologia e pesquisa clínica.
Ao Professor Jorge André Segadas, por sua pronta disponibilidade em
ensinar e ajudar.
A Universidade Gama Filho, aos colegas da 9ª Enfermaria da SCMRJ e aos
alunos que me proporcionam um crescimento profissional diário.
Aos meus pais, pelos ensinamentos a respeito do ser humano, que muito me
ajudaram no exercício da difícil arte de ser médico.
v
“Todos os homens desejam,
naturalmente, conhecer.”
(Aristóteles)
vi
RESUMO
AVALIAÇÃO DA RESPOSTA AO TRATAMENTO COM INTERFERON PEGUILADO α2b ASSOCIADO À
RIBAVIRINA EM PACIENTES COM HEPATITE CRÔNICA C, GENÓTIPO 1, VIRGENS DE TRATAMENTO
Elza Cristina de Moraes
Orientadores: Prof. Dr. Henrique Sergio Moraes Coelho
Profª. Drª. Renata de Mello Perez
Resumo da Dissertação de Mestrado submetida ao Programa de Pós-Graduação em
Medicina (Clínica Médica - Hepatologia), Faculdade de Medicina, da Universidade Federal do Rio de
Janeiro - UFRJ, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Medicina
(Clínica Médica - Hepatologia).
Introdução: Os resultados dos tratamentos da hepatite crônica C com interferon peguilado
associado à ribavirina têm se baseado em dados de estudos multicêntricos, nos quais existe uma
triagem rigorosa dos pacientes incluídos. É importante conhecer, na prática clínica, a taxa de resposta
virológica sustentada (RVS) obtida em nossa população. Objetivos: avaliar o tratamento com
peginterferon α2b associado à ribavirina em pacientes com hepatite crônica C, genótipo 1, virgens de
tratamento; determinar os fatores preditivos de resposta virológica sustentada (RVS) e comparar as
características clínicas, laboratoriais e histológicas entre os pacientes com RVS e resposta com recaída
(RR). Metodologia: estudo retrospectivo longitudinal com análise de 139 pacientes tratados com
peginterferon α2b 1,5 µg/Kg/semana associado à ribavirina, utilizando dose baseada no peso, por 48
semanas. Resultados: Dos 139 pacientes, 84 eram do sexo feminino (60%), com média de idade de
50 ± 11 anos e 43% apresentavam IMC 25. Os níveis de ALT e GGT encontravam-se elevados em
92% e 74% dos casos, respectivamente. Em 49% dos pacientes a carga viral era superior a 800.000
UI/mL e, em 76% estava acima de 400.000 UI/mL. Resposta ao final do tratamento (RFT) foi obtida em
62%. Dos pacientes que obtiveram RFT, 70% apresentaram RVS e 30% RR. A taxa global de RVS foi
de 43%. Na análise univariada, nível de GGT normal (p=0,008), carga viral pré-tratamento inferior a
400.000UI/mL (p=0,005) e ausência de cirrose (p=0,001) apresentaram associação com RVS. Na
análise de regressão logística, os fatores independentemente associados à RVS foram níveis normais
de GGT [OR (odds ratio): 2,48; IC 95%: 1,07-5,72; p=0,033] e ausência de cirrose (OR: 5,65; IC 95%:
2,15-14,87; p<0,001). Na análise comparativa entre os pacientes que apresentaram RVS (N=59) e RR
(N=26), HCV-RNA indetectável na 12ª semana de tratamento (p=0,002) e diagnóstico histológico
(p=0,045) mostraram significância estatística, porém, na análise de regressão logística, o principal fator
associado à RVS foi o HCV-RNA indetectável na 12
a
semana de tratamento (OR: 6,9; IC 95%: 1,8-
26,1; p=0,004). Conclusão: Em nossa população, a taxa de RVS observada nos pacientes genótipo 1
(43%) foi semelhante à descrita na literatura. Niveis normais de GGT pré-tratamento e ausência de
cirrose são os principais fatores preditivos de RVS. Na análise comparativa entre pacientes com RVS e
RR, a única variável independentemente associada à resposta sustentada foi o HCV-RNA indetectável
na 12ª. semana de tratamento.
Palavras-chave: Hepatite C crônica; interferon α2b; ribavirina
Rio de Janeiro
Fevereiro/2008
vii
ABSTRACT
ASSESSMENT OF RESPONSE TO TREATMENT WITH PEGYLATED INTERFERON α2b
ASSOCIATE RIBAVIRIN IN PATIENTS WITH CHRONIC HEPATITIS C, GENOTYPE 1, NAIVES
Elza Cristina de Moraes
Orientadores: Prof. Dr. Henrique Sergio Moraes Coelho
Profª. Drª. Renata de Mello Perez
Abstract da Dissertação de Mestrado submetida ao Programa de Pós-Graduação em
Medicina (Clínica Médica - Hepatologia), Faculdade de Medicina, da Universidade Federal do Rio de
Janeiro - UFRJ, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Medicina
(Clínica Médica - Hepatologia).
I
ntroduction: The results of treatments of chronic hepatitis C with pegylated interferon
associate to ribavirin have been based almost exclusively from multicentric studies, in which there are
very strict criteria for patient inclusion. It is important to know, in the practical clinic, the rate of sustained
virological response (SVR) obtained in our population. Objectives: to evaluate the treatment with
peginterferon α2b associated to ribavirin in patients with chronic hepatitis C, genotype 1, naives; to
determine the predictive factors of sustained virological response (SVR) and to compare the clinical,
laboratorial and histological characteristics among the patients with SVR and relapsers (RR).
Methodology: A longitudinal, retrospective study with analysis of 139 patients treated with peginterferon
α2b 1,5 µg/Kg/week associated with ribavirin, in a weight-based dose, per 48 weeks. Results: From 139
patients, 84 were female (60%), with mean age of 50 ± 11 years and 43% presented BMI 25. The ALT
and GGT levels were raised in 92% and 74% of cases, respectively. In 49% of the patients, the viral load
was superior to 800,000 UI/mL and, in 76%, superior to 400,000 UI/mL. At the end of the treatment, 62%
of the patients showed virological response. Among the patients who have gotten response at the end of
treatment, 70% presented SVR and 30% presented RR. The global rate of SVR was 43%. In the
univariada analysis, normal level of GGT (p=0,008), viral load inferior to 400,000 UI/mL copies prior to
treatment (p=0,005) and absence of cirrhosis (p=0,001) have presented association with SVR. In the
logistic regression analyses, the factors independently associated to the SVR were the normal levels of
GGT[OR (odds ratio): 2,48; 95% CI: 1,07-5,72; p=0,033] and absence of cirrhosis (OR: 5,65; 95% CI:
2,15-14,87; p< 0,001). In the comparative analysis between the patients who presented SVR (N=59)
and RR (N=26), undetectable HCV-RNA in the 12
th
week of treatment (p=0,002) and histological
diagnosis (p=0,045) have shown statistic significancy. However, in the logistic regression analysis, the
main factor associated to the SVR was the undetectable HCV-RNA in the 12
th
week of treatment (OR: :
6,9; 95% CI: 1,8-26,1; p=0,004). Conclusion: In our population, the obtained rates of SVR in patients
with genotype 1 (43%) were in accordance with those of the international literature. Normal levels of GGT
before treatment and absence of cirrhosis are the main predictive factors of SVR. In the comparative
analysis between patients with SVR and RR, the undetectable HCV-RNA in the 12
th
. week of treatment
was the only variable independently associated to the sustained response
Key-words: Chronic C hepatitis ; interferon α2b; ribavirin
Rio de Janeiro
Fevereiro/2008
viii
SUMÁRIO
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS ................................................ X
LISTA DE ILUSTRAÇÕES, DE QUADROS E DE TABELAS.............. XI
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................1
2 OBJETIVOS......................................................................................4
3 REVISÃO DA LITERATURA ............................................................5
3.1 Virologia........................................................................................................5
3.2 Epidemiologia...............................................................................................7
3.3 Diagnóstico da Infecção pelo HCV.............................................................8
3.4 História Natural da Doença .......................................................................10
3.5 Farmacologia do Interferon, Ribavirina e Interferon Peguilado.............13
3.5.1 Interferon
α
.............................................................................................13
3.5.2 Ribavirina................................................................................................14
3.5.3 Interferon Peguilado ...............................................................................15
3.5.3.1 Os diferentes Interferons Peguilados ..................................................16
3.5.3.2 Características do Interferon Peguilado ..............................................17
3.5.3.3 Farmacocinética..................................................................................17
3.6 Tratamento..................................................................................................18
3.6.1 Monoterapia com Interferon
α
................................................................18
3.6.2 Terapia Combinada: interferon
α
associado à Ribavirina.......................19
3.6.3 Monoterapia com Interferon Peguilado...................................................22
3.6.4 Terapia Combinada: Interferon Peguilado associado à Ribavirina .........23
4 MATERIAL E MÉTODOS ...............................................................26
4.1 DESENHO DO ESTUDO .............................................................................26
4.2 CASUÍSTICA ...............................................................................................26
4.2.1 Critérios de Inclusão...............................................................................26
4.2.2 Critérios de Exclusão..............................................................................27
4.2.3 Ética........................................................................................................27
4.3 METODOLOGIA..........................................................................................28
4.3.1 Variáveis Avaliadas ................................................................................28
4.3.1.1 Demográficas e epidemiológicas ........................................................28
4.3.1.2 Laboratoriais .......................................................................................28
4.3.1.3 Histologia ............................................................................................29
4.3.2 Esquema de tratamento dose e duração................................................29
4.3.2.1 Critérios de uso para fatores de crescimento da eritropoese..............30
4.3.2.2 Critério de suspensão do tratamento ..................................................30
4.3.3 Avaliação da reposta ao tratamento: ......................................................31
4.3.4 Análise estatística...................................................................................31
ix
5 RESULTADOS................................................................................33
5.1 Características Gerais da Amostra...........................................................33
5.2 Resposta Virológica ao Tratamento.........................................................34
5.2.1 Variáveis Associadas à Resposta Virológica Sustentada.......................35
5.2.2 Análise de Regressão Logística .............................................................36
5.2.3 Análise comparativa entre os pacientes com resposta virológica
sustentada (RVS) e os que apresentaram resposta com recaída
(RR) após término de tratamento ...........................................................37
5.2.4 Análise comparativa dos pacientes HCV-RNA indetectável na 12ª
semana de tratamento que apresentaram resposta virológica
sustentada (RVS) ou resposta com recaída (RR) após término de
tratamento ..............................................................................................40
5.3 Análise da necessidade de redução de dose do Interferon
Peguilado e da Ribavirina, suspensão do tratamento e uso de
Filgastrima (G-CSF) e Eritropoietina ........................................................41
6 DISCUSSÃO ...................................................................................42
7 CONCLUSÕES ...............................................................................53
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .....................................................54
ANEXOS................................................................................................................62
x
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
A acurácia
ALT alanina aminotransferase
Anti-HCV anticorpo contra o vírus da hepatite C
Anti-TNFalfa anti-fator de necrose tumoral alfa
AST aspartato aminotransferase
CD4 linfócito T auxiliador
CD8 linfócito T supressor
CEP Comitê de Ética em Pesquisa
DNA ácido desoxirribonucléico
E especificidade
ELISA (EIE) ensaio imunoenzimático, enzyme-linked immunosorbent assay
G-CSF fator estimulante de colônias de neutrófilos, granulocyte colony-
stimulating factor
GGT gamaglutamiltransferase
HBV vírus da hepatite B
HCC hepatocarcinoma
HCV vírus da hepatite C
HCV-RNA ácido ribonucléico do vírus da hepatite C
HIV vírus da imunodeficiência humana
IC intervalo de confiança
IMC índice de massa corporal
INF interferon
LNS limite superior da normalidade
NK célula natural killer
NR não respondedor
OMS Organização Mundial de Saúde
OR razão de chances, odds ratio
PCR reação em cadeia da polimerase, polimerase chain reaction
PEG polietilenoglicol
RNA ácido ribonucléico
RR resposta com recaída
RVF resposta virológica ao final do tratamento
RVP resposta virológica precoce
RVS resposta virológica sustentada
S sensibilidade
TMA amplificação mediada pela transcrição, nucleic acid amplication
UI unidades internacionais
USG ultra-sonografia
VPN valor preditivo negativo
VPP valor preditivo positivo
vs. versus
xi
LISTA DE ILUSTRAÇÕES, DE QUADROS E DE TABELAS
Figura 1 Estrutura genômica do vírus da hepatite C. ..........................................6
Figura 2 Farmadinâmica do IFN........................................................................18
Gráfico 1 Resposta virológica na 24ª semana após o término do
tratamento...........................................................................................35
Tabela 1 Análise comparativa entre os dois tipos de interferon peguilado ........17
Tabela 2 Características gerais da amostra (N=139).........................................34
Tabela 3 Taxa de RVS de acordo com as características demográficas
clínicas e laboratoriais.........................................................................36
Tabela 4 Análise de regressão logística (modelo final)......................................37
Tabela 5 Taxa de RVS segundo diagnóstico histológico e nível de GGT..........37
Tabela 6 Análise comparativa entre os pacientes com RVS e os que
apresentaram RR................................................................................38
Tabela 7 Relação entre a resposta na 12
a
semana de tratamento e
resposta virológica sustentada............................................................39
Tabela 8 VPP, VPN, S, E e A dos pacientes que alcançaram RVP com
queda que 2 log
10
no HCV-RNA ou RVP com HCV-RNA
indetectável.........................................................................................39
Tabela 9 Análise comparativa entre os pacientes com HCV-RNA
indetectável na 12ª semana de tratamento que apresentaram
RVS ou RR..........................................................................................40
1 INTRODUÇÃO
A hepatite C é um significativo problema de saúde pública em todo mundo,
com amplo impacto pessoal, social e econômico.
O vírus da hepatite C foi descoberto por Choo et al. em 1989. O HCV é um
membro da família Flaviviridae, é um vírus RNA simples, formado por cerca de 9600
nucleotídeos. De acordo com o sistema de classificação de Simmonds (1993),
possui seis genótipos (1 a 6), e os seus correspondentes subtipos designados por
letras (1a, 1b, 1c, 2a, 2b, 2c, 3a, 3b, 4a, 5a e 6a).
O genótipo 1 é o mais prevalente no Brasil, sendo identificado em 70% da
população infectada, seguido pelo genótipo 3 em 25%, e o genótipo 2 em
aproximadamente 5% (Cavalheiro Nde et al., 2002; Campiotto et al., 2005).
A principal forma de transmissão do HCV ocorre através do contato com
sangue e hemoderivados contaminados, do uso de drogas injetáveis e exposições
percutâneas (Shepard et al., 2005).
Estima-se que haja cerca de 170 milhões de pessoas infectadas com o vírus
C no mundo, correspondendo a 3% da população mundial (Alter e Seeff, 2000).
As taxas de prevalência variam nas diversas regiões geográficas, sendo
considerada muito baixa quando acomete 0,1% da população, baixa de 0,2% a
1%, intermediária de 1,1% a 5% e alta quando maior do que 5%. Assim observa-se
que a prevalência do vírus C é baixa na Alemanha (0,6%) (Palitzsch et al., 1999) e
Canadá (0,8%) (Zou et al., 2000); intermediária na França (1,1%) (Desenclos, 2000),
no Brasil (1,4%) (Focaccia et al., 1998) nos EUA (1,6%) (Armstrong et al., 2006) e
alta no Egito (22%) (Frank et al., 2000).
2
O diagnóstico da hepatite C é realizado através do teste anti-HCV pela
técnica de imunoensaio enzimático Elisa (EIE). O anti-HCV positivo indica contato
com o vírus C, sendo necessária à realização do HCV-RNA qualitativo para se
confirmar à infecção em atividade (Pawlotsky, 2002). A biópsia hepática permite o
estadiamento da fase evolutiva da doença e a definição de critérios para tratamento.
A forma aguda da doença é raramente diagnosticada por ser geralmente
assintomática (Kamal, 2007). A infecção aguda pelo HCV progride para hepatite
crônica em 70% a 85% dos pacientes (Thomas e Seeff, 2005). A infecção crônica
pelo vírus C é definida pela persistência do HCV-RNA positivo após seis meses da
contaminação (Thomas e Seeff, 2005).
Após 20 anos de doença, 15% a 20% desenvolverão cirrose (Poynard et al.,
1997) e, uma vez cirrótico, o risco de hepatocarcinoma é de 1% a 4% ao ano
(Fattovich et al., 2004). A cirrose hepática pelo vírus C é atualmente a maior
indicação de transplante hepático em todo o mundo (El-Serag, 2002).
A história do tratamento da hepatite crônica C se inicia com alfa interferon
monoterapia três milhões de UI, três vezes por semana (National Institutes of Health
Consensus Development Conference Panel statement: management of hepatitis C,
1997) alcançando 15% a 20% de resposta virológica sustentada (RVS). No final da
década de noventa, a associação do interferon α a ribavirina elevou a taxa de RVS
para 43% (Poynard et al., 1998), até a associação do interferon peguilado e
ribavirina atingindo 54% a 56% de RVS (Manns et al., 2001; Fried et al., 2002).
O tratamento padrão com interferon peguilado associado à ribavirina alcança
uma taxa de RVS ainda aquém do ideal, com inúmeros efeitos colaterais e alto
custo. Assim, se faz necessário definir quais pacientes devam ser tratados e quais
os fatores preditivos de boa resposta ao tratamento. O tratamento da hepatite
3
crônica C é a principal arma contra a progressão da doença, prevenindo o
desenvolvimento de cirrose hepática e reduzindo o risco de hepatocarcinoma.
É de extrema importância à avaliação dos resultados do tratamento da
hepatite crônica C com interferon peguilado associado à ribavirina fora dos
protocolos de pesquisa desenvolvidos por laboratórios farmacêuticos, pois tais
resultados reproduziriam melhor a prática clínica diária.
2 OBJETIVOS
1. Avaliar, em pacientes portadores de hepatite crônica C ou cirrose,
genótipo 1, virgens de tratamento, a eficácia terapêutica do Interferon
Peguilado α2b associado à Ribavirina, e os fatores preditivos de
resposta virológica sustentada.
2. Comparar as características clínicas, laboratoriais e histológicas entre
os pacientes que apresentaram resposta virológica sustentada e
resposta com recaída.
3 REVISÃO DA LITERATURA
A hepatite C é um importante problema de saúde pública. Admite-se,
atualmente, que existam cerca de 170 milhões de indivíduos, aproximadamente 3%
da população mundial, infectados pelo HCV (OMS, 1999), com 3 a 4 milhões de
pessoas sendo infectadas a cada ano.
Em 1989, Choo et al. clonaram e seqüenciaram o genoma do HCV, quando
então testes diagnósticos foram desenvolvidos. O vírus C é responsável por cerca
de 90% das hepatites pós-transfusionais não-A, não-B. Hoje o HCV é a maior causa
de doença hepática no mundo, e a maior indicação de transplante hepático (Wasley
e Alter, 2000).
3.1 Virologia
O vírus C é um flavivírus, constituído por um genoma RNA de fita simples e
polaridade positiva, formado por cerca de 9.600 nucleotídeos, que codificam uma
única poliproteína com aproximadamente 3.000 aminoácidos (Choo et al., 1989). A
região terminal 5’ não-codificante é altamente conservada, composta por cerca de
340 nucleotídeos. Imediatamente após a região 5’, inicia-se uma ampla região
aberta para leitura (open reading frame), que codifica uma poliproteína de 3.000
aminoácidos, que, quando clivada proteoliticamente, dá origem a proteínas
estruturais, que formam a partícula viral, e não-estruturais, envolvidas na replicação
do vírus (Umlauft et al., 1996).
As proteínas estruturais do HCV compreendem os primeiros 809
6
aminoácidos, sendo compostas pela proteína de core (região altamente conservada)
e por duas proteínas do envelope, E
1
e E
2
. As proteínas não-estruturais iniciam-se
no aminoácido 810 da poliproteína e compreendem várias proteases (NS
2
, NS
3
,
NS
4
A/B e NS
5
A), uma helicase e uma RNA-polimerase RNA dependente, necessária
para a replicação genômica (NS
5
B).
Finalmente, segue-se a extremidade 3’ não-codificante, que consiste em
aproximadamente 50 nucleotídeos.
Vários tipos de antígenos (c100, c200, c33c, c22, 5’–1 -1) originam-se das
diversas regiões do genoma do HCV, os quais são empregados na elaboração de
testes diagnósticos (Figura 1).
Capsídeo protease/helicase RNA
5’ 3’
core E
1
E
2
NS
2
NS
3
NS
4
NS
5
região
hipervariável
Figura 1 Estrutura genômica do vírus da hepatite C.
Uma das características mais importantes do HCV é a sua heterogeneidade
genética que determina a caracterização de diversos genótipos do vírus, com
diferentes subtipos. De acordo com o sistema de classificação de Simmonds (1993),
seis genótipos foram reconhecidos e denominados de genótipo 1 a 6, e os seus
correspondentes subtipos designados por letras (1a, 1b, 1c, 2a, 2b, 2c, 3a, 3b, 4a,
5a e 6a).
Os diferentes genótipos do HCV resultam do acúmulo de mutações que
7
ocorrem na evolução do vírus, as chamadas quasispecies, representadas por uma
população heterogênea de vírus infectando um mesmo indivíduo. A presença das
quasispecies determina um mecanismo pelo qual o HCV escapa ao sistema
imunológico do hospedeiro, estabelecendo a persistência da infecção, e ausência de
imunidade à reinfecção.
A variabilidade responsável pela diversidade genética do vírus predomina na
região do envelope E
2
/NS
1
, conhecida como região hipervariável. Em contrapartida,
a região 5’ NC é altamente conservada, variando pouco entre os diferentes
genótipos.
3.2 Epidemiologia
A aquisição da infecção se dá, predominantemente, por diferentes modos de
transmissão parenteral, transfusão de hemoderivados, uso de drogas endovenosas,
hemodiálise, exposição ocupacional a sangue, além das possibilidades de
transmissão sexual e perinatal. Tatuagens, piercing, e acupuntura também foram
associadas à transmissão do HCV. O transplante de órgãos e tecidos de um doador
infectado pelo HCV para um receptor soronegativo quase sempre resulta na
transmissão do HCV (Shepard et al., 2005).
Antes de 1986, a prevalência de hepatite não-A, não-B pós-transfusional era
de 5% a 13% nos EUA, decrescendo a 1,5% a 9% de 1986 a 1990, e para 0,6% a
3% após a introdução do teste de ELISA de primeira geração (Donahue et al., 1992),
e para 0,01% a 0,001% após 1994 (Alter et al., 1999). Coelho (1998) avaliou a
prevalência de infecção pelo vírus C, através do anti-HCV ELISA de 1ª geração, em
pacientes transfundidos antes e após 1991. A prevalência de infecção pelo vírus C
8
antes e após 1991 foi de 18% e 1,4% respectivamente (p<0,001). A taxa de redução
de infecção pelo vírus C após a introdução do anti-HCV ELISA de 1ª geração foi de
92,3% (Coelho, 1998).
Com o teste de anti-HCV ELISA de 3ª geração, o risco foi reduzido mais
acentuadamente e, atualmente, o uso de drogas ilícitas endovenosas é o principal
modo de transmissão da doença (Wasley e Alter, 2000).
O uso de drogas ilícitas injetáveis é uma das mais eficientes formas de
transmissão do HCV. Após cinco anos, 50 a 90% dos usuários de drogas ilícitas
injetáveis estarão infectados pelo HCV (Crofts et al., 1993; Villano et al., 1997).
A transmissão do HCV de mãe para filho tem sido observada em todo o
mundo, mas o risco é considerado baixo, aproximadamente 6% quando a mãe não
está coinfectada com HIV (Granovsky et al., 1998). A transmissão materno-fetal
aumenta consideravelmente na coinfecção HCV-HIV para 17% (Catalano et al.,
1999).
A transmissão sexual do HCV não é freqüente. Nos EUA e Europa
Ocidental, a prevalência do anti-HCV entre os indivíduos que mantêm contato sexual
com portadores de hepatite crônica C é baixa, não ultrapassando 3% (Brook, 2002).
3.3 Diagnóstico da Infecção pelo HCV
O diagnóstico da infecção pelo HCV baseia-se em testes sorológicos e
moleculares.
O teste imunoenzimático (EIE, ELISA) representa o principal método de
triagem para detectar o anticorpo anti-HCV, por ser simples, rápido e barato. A
especificidade do teste ELISA de 3
a
geração por anti-HCV é maior do que 99%
9
(Colin et al., 2001). A sensibilidade é de 97% podendo estar prejudicada nos
pacientes imunodeprimidos (Gretch, 1997). A presença do anti-HCV positivo pode
representar infecção prévia resolvida, infecção em atividade ou falso positivo. Para
discriminar estas três situações clinicas é necessário à realização de testes
moleculares para diferenciar infecção ativa ou resolvida, e do teste imunoblotting
(RIBA) para distinguir falso positivo de infecção prévia curada.
O nível da carga viral e o genótipo são utilizados na abordagem clínica do
paciente com hepatite crônica C.
Os métodos disponíveis para a detecção qualitativa do HCV-RNA são a PCR
(polymerase chain reaction), e o TMA (trancription mediated amplification). No
método de PCR, que é o mais utilizado, a detecção do RNA viral depende da
transcrição do DNA complementar (transcrição reversa), a qual é amplificada pela
PCR.
O HCV-RNA qualitativo é o teste mais recomendado para detecção de
viremia sendo indicado em todos os pacientes com anti-HCV positivo. Além disso,
pode ser utilizado no diagnóstico de hepatite aguda ou fulminante atribuídos ao vírus
C, em pacientes imunossuprimidos, recém-natos de mãe anti-HCV positivo, e na
avaliação de resposta ao tratamento.
O nível da carga viral e a genotipagem são importantes fatores preditivos de
resposta ao tratamento, visto que pacientes com carga viral baixa, assim como os
pacientes infectados pelo genótipo 3, apresentam melhor resposta à terapia anti-
viral.
O HCV-RNA pode ser quantificado pela técnica de reação em cadeia de
polimerase (PCR) ou por técnica de amplificação de sinal por DNA ramificado
(branched DNA [bDNA] assay) (Pawlotsky, 2002).
10
O genótipo é importante para determinar o tempo de tratamento (24
semanas para os genótipos 2 e 3 e 48 semanas para o genótipo 1), assim como a
chance de resposta ao tratamento da hepatite crônica C.
Ao lado dos testes laboratoriais destinados à pesquisa do vírus e de seus
anticorpos no soro, a biópsia hepática representa importante ferramenta diagnóstica
na caracterização e seguimento de pacientes portadores de hepatite crônica C. O
estudo histológico permite o estadiamento da fase evolutiva da doença, a verificação
de eventuais doenças associadas, a determinação do prognóstico do paciente e a
definição da existência de critérios de tratamento.
A biópsia hepática estará indicada quando houver confirmação do
diagnóstico de infecção crônica pelo HCV, independentemente dos níveis de
aminotransferases. Tem sido amplamente demonstrado na literatura que não existe
correlação entre os níveis de aminotransferases e os achados histológicos à biópsia
hepática, uma vez que muitos pacientes com níveis persistentemente normais de
ALT podem exibir alterações inflamatórias crônicas e fibrose hepática.
A histologia da hepatite crônica C varia de hepatite discreta com mínimas
alterações até cirrose, dependendo da duração e gravidade da doença.
A biópsia hepática é dispensável quando houver evidência clínica de cirrose.
3.4 História Natural da Doença
A hepatite C aguda é raramente diagnosticada, por ser freqüentemente
assintomática. Apenas 20% dos pacientes desenvolvem sintomas como: mal estar,
icterícia e náusea (Hoofnagle, 2002). O período de incubação pode variar de 2
semanas a 6 meses, mas freqüentemente o quadro se apresenta dentro de 7 a 8
11
semanas após a exposição ao HCV. O HCV-RNA é detectável no sangue dentro de
1 a 3 semanas, e o anti-HCV geralmente se torna detectável em até 12 semanas. A
elevação das aminotransferases ocorre com pico variando de 6 a 15 vezes acima do
valor da normalidade (Yee et al., 2006), com predomínio de elevação da ALT sobre
a AST. A forma fulminante da hepatite C é rara (Farci et al., 1996).
Na infecção aguda pelo HCV, a recuperação espontânea é a exceção, cerca
de 75%-85% dos pacientes evoluirão para forma crônica (Alter et al., 1992; Puoti et
al., 1992), definida como HCV-RNA positivo após 6 meses de doença. A infecção
crônica em sua maioria não causa sintomas, e os níveis de ALT são tipicamente
flutuantes de 1 a 2 vezes o limite da normalidade (Inglesby et al., 1999).
Na hepatite crônica C, a taxa de progressão da doença é variável e os
estudos de história natural da doença trazem dados imprecisos por terem limitações
metodológicas. A maioria desses estudos são retrospectivos, presumindo a data de
início da doença e, em geral, se originam de centros terciários. Já os estudos
prospectivos são muito curtos. O estudo ideal seria uma larga coorte que
identificasse a infecção aguda, acompanhasse esses pacientes sem tratamento até
a morte, comparando com um grupo controle sem hepatite C. Estudos prospectivos
e retrospectivos têm sugerido progressão para cirrose após 20 anos em 20% dos
pacientes(Tong et al., 1995; Seeff, 2002).
A progressão da fibrose determina o prognóstico e indica a necessidade de
terapia. A biópsia hepática permanece o padrão-ouro para se estimar a fibrose.
Estimativas baseadas em histologia seriadas únicas ou pareadas sugerem
que a taxa de evolução da fibrose na hepatite crônica C possa ser lenta, moderada
ou rápida (Yano et al., 1996); entretanto, a progressão da fibrose pode não ser
linear, e os determinantes não são definitivamente conhecidos (Lagging et al., 2002;
12
Marcellin et al., 2002; Ghany et al., 2003). A variabilidade na taxa de progressão da
doença não pode ser explicada por diferenças no genótipo do HCV ou outros fatores
virais. Como exemplo da variabilidade na progressão, verifica-se que entre 17 e 20
anos após adquirirem infecção pelo HCV através de globulina anti-DRh
contaminada, mulheres jovens apresentaram taxa de progressão para cirrose entre
0% e 2% (Kenny-Walsh, 1999), enquanto, em pacientes com agamaglobulinemia
que receberam imunoglobulina contaminada, a taxa de progressão para cirrose foi
de 30% em menos de 11 anos (Bjoro et al., 1994).
Alguns fatores contribuem na progressão da fibrose, tais como: sexo
masculino, idade avançada, ingestão de bebida alcoólica (Poynard et al., 1997;
Marcellin et al., 2002), co-infecção com HBV, co-infecção com HIV, e
imunossupressão (Di Martino et al., 2001), esteatose hepática, obesidade (Asselah
et al., 2006), hemocromatose.
A taxa anual de descompensação hepática em pacientes cirróticos é de 4 a
5% (Fattovich et al., 1997; Serfaty et al., 1998). O risco de hepatocarcinoma (HCC) é
aumentado a partir da 3ª década de infecção pelo HCV, quase exclusivamente no
grupo com cirrose. A incidência de HCC em cirróticos pelo vírus C varia entre 1 a 4%
(Bruno et al., 1997; Di Bisceglie, 1997; El-Serag, 2002). Atualmente 1/3 dos casos
de HCC nos EUA e 90% no Japão estão associados à hepatite crônica C (El-Serag
e Mason, 1999).
O tratamento da hepatite crônica C é a arma para retardar a progressão da
doença e a prevenção de complicações como a cirrose, reduzindo o risco de
hepatocarcinoma e tratando as manifestações extra-hepáticas do vírus.
O tratamento deve ser recomendado para doença progressiva e adiado na
doença precoce ou inativa. Das variáveis clínicas, o grau de fibrose hepática é o
13
mais importante para diferenciar quem precisa ou não de terapia. Outro importante
critério para indicação de tratamento é a presença de manifestações extra-hepáticas
do vírus C, tais como: crioglobulinemia sintomática e gromerulonefrite
membranoproliferativa (National Institutes of Health Consensus Development
Conference Statement: Management of hepatitis C 2002 (June 10-12, 2002), 2002).
3.5 Farmacologia do interferon, ribavirina e interferon peguilado
3.5.1 Interferon α
O mecanismo da ação do interferon alfa pode ser explicado por dois
aspectos: atividade antiviral e resposta imunomodulatória. O interferon alfa induz
enzimas intracelulares como a 2,5 oligodenilato sintetase, que ativamente degrada o
RNA mensageiro viral, inibindo a síntese de proteínas virais. Paralelamente, o alfa-
interferon ativa a cinase protéica R com importante papel na resposta antiviral. A
ação imunomodulatória se faz através de células NK, além do aumento da
expressão dos antígenos de histocompatibilidade de classe I e II, os quais expostos
na membrana celular juntamente com antígenos virais, facilitam o reconhecimento
pela célula CD4 e CD8, promovendo a destruição das células infectadas. A ação
imunomodulatória se faz ainda através do estímulo à ativação de clones de CD4 e
CD8, especificamente contra antígenos virais.
Assim sendo, o interferon induz um status antiviral, protegendo as células
não infectadas de nova infecção, ao mesmo tempo em que estimula o sistema
imunológico a destruir células já infectadas pelo vírus C.
Esses efeitos são responsáveis pela rápida redução da carga viral que se
14
observa após o uso do interferon. Tal fato pode ser corroborado com a observação
da cinética viral, que demonstra uma queda da carga viral após a utilização de uma
dose do interferon alfa, com posterior retorno da viremia após 24 horas.
Supõe-se que o interferon alfa tenha também um efeito antifibrosante
através da inibição do beta-TGF, citocina que estimula a transformação das células
de Ito em miofibroblastos (Poynard et al., 1997).
3.5.2 Ribavirina
A ribavirina é um análogo nucleosídeo que partilha semelhanças estruturais
com a guanosina.
A associação do interferon alfa com a ribavirina demonstrou melhor eficácia
terapêutica no tratamento da hepatite C, duplicando a taxa de resposta virológica
sustentada (McHutchison et al., 1998; Poynard et al., 1998).
O mecanismo sinérgico da ribavirina na ação antiviral junto com interferon é
desconhecido, uma vez que a ribavirina usada isoladamente não altera a replicação
viral. Por outro lado, cerca de 50% dos pacientes tratados com monoterapia com
ribavirina reduzem ou normalizam as aminotransferases, o que pode sugerir um
efeito citoprotetor no hepatócito ou mesmo antiinflamatório no tecido hepático
(Dusheiko et al., 1996).
É provável que a ribavirina exerça ainda um efeito imunomodulador,
corrigindo parcialmente a distorção do padrão de resposta imunológica perturbada
pelo vírus C. Assim, aparentemente, a ribavirina favorece o padrão de resposta Th 1
permitindo que o interferon alfa potencialize seu efeito antiviral (Hultgren et al.,
1998).
15
Além disso, a ribavirina concentra-se nas células apresentadoras de
antígenos e ultrapassa a barreira hematoencefálica, atingindo as células da
microglia, o que poderia sugerir uma ação nos reservatórios extra-hepáticos do
HCV.
A ribavirina é facilmente absorvida pelo trato gastrointestinal, ainda no tubo
digestivo proximal (Patil et al., 1998). Após a absorção, a ribavirina é rapidamente
transportada para todas as células do organismo humano.
No compartimento intracelular, a ribavirina sofre um processo de
fosforilação, transformando-se em ribavirina mono, di e trifosfato. Como o
transportador intra-membranar não pode transportar a ribavirina fosforilada para que
esta deixe o compartimento intracelular para o extracelular, é necessária sua
desfosforilação. Como o processo de desfosforilação depende do núcleo celular, as
células anucleadas concentram a ribavirina entre 60 a 70 vezes mais do que as
células nucleadas. Este fato explica a toxicidade que essa droga exerce sobre os
eritrócitos, diminuindo a vida média das hemácias e causando anemia, principal
efeito colateral do tratamento com ribavirina (Page e Connor, 1990).
3.5.3 Interferon peguilado
O polietilenoglicol (PEG) é uma pequena molécula atóxica que pode ser
polimerizada em longas cadeias e ligada a proteínas. O interferon peguilado tem
uma meia-vida maior em comparação ao interferon não-modificado, mantendo sua
atividade biológica por um período maior.
O interferon associado ao polietilenoglicol está protegido da proteólise e, por
isso, circula por períodos prolongados em sua forma ativa. Uma característica
16
adicional do interferon peguilado é ter menor imunogenicidade, por isso, tende a
produzir poucos anticorpos em comparação ao interferon não-modificado.
Dois tipos de interferon peguilado são comercializados: o interferon
peguilado α2a (PEGASYS) e o interferon peguilado α2b (PEG-INTRON).
3.5.3.1 Os diferentes interferons peguilados
O interferon peguilado α2a consiste no interferon α2a associado a uma
molécula de PEG de 40kD, através de uma ligação ramificada e não-linear.
O interferon peguilado α2b consiste no interferon α2b com uma ligação
linear a uma molécula de PEG que possui menor peso molecular (12kD).
O interferon peguilado α2a e o interferon peguilado α2b parecem ter
propriedades diferentes. O interferon peguilado α2a apresenta uma meia-vida
próxima de 168 horas, enquanto o interferon peguilado α2b tem meia-vida de
aproximadamente 144 horas. Além disso, são metabolizado de formas diferentes: o
primeiro sofre metabolismo hepático, enquanto o segundo é metabolizado pelo rim
(Foster, 2004).
Um estudo randomizado comparou os efeitos farmacocinéticos,
farmacodinâmicos e antivirais do peginterferon α2b e α2a em pacientes com
hepatite crônica C, genótipo 1. Os resultados desse estudo sugerem que a atividade
biológica medida por genes precocemente induzidos pelo interferon e pela
receptividade antiviral precoce, pode ter sido mais expressiva em pacientes tratados
com peginterferon α2b, apesar da menor exposição a esse agente, quando
comparados com os pacientes tratados com peginterferon α2a(Silva et al., 2006).
17
Tabela 1 Análise comparativa entre os dois tipos de interferon peguilado
Interferon peguilado α2a Interferon peguilado α2b
40 kDa 12kDa
IFN alfa 2a IFN alfa 2b
Múltiplos locais de ligação (4) Múltiplos locais de ligação (7)
Ramificado Linear
Ligação amida (não separa) Ligação uretano (separa)
Níveis >168 horas Níveis <144 horas
3.5.3.2 Características do Interferon Peguilado
A molécula de polietilenoglicol confere ao interferon as seguintes
características: maior solubilidade; menor proteólise; menor imunogenicidade; menor
depuração renal; maior meia-vida, possibilitando dose única semanal; distribuição
restrita ao sangue, fígado e rim e maior estabilidade.
3.5.3.3 Farmacocinética
O Interferon convencional apresenta uma meia-vida curta (7 a 10 horas),
com altos picos de concentração sistêmica logo após a sua administração, seguidos
por profunda queda, o que pode levar ao retorno da viremia após 48 horas de sua
aplicação.
Por outro lado, a concentração terapêutica do interferon peguilado inicia-se
após 3 horas de sua aplicação, atingindo o nível de pico após 80 horas, perdurando
por cerca de 160 horas. (Figura 3)
18
Figura 2 Farmadinâmica do IFN
3.6 Tratamento
A infecção pelo HCV causa um amplo espectro de doença hepática, com
predomino de formas leves e lentamente progressivas. Assim, se faz necessário
definir quais pacientes devem ser tratados. Tratar indiscriminadamente todos os
portadores de hepatite C não encontra respaldo na literatura e, seguramente, terá
uma desfavorável análise de “custo x benefício”.
3.6.1 Monoterapia com Interferon α
A monoterapia com interferon α foi originalmente descrita por Hoofnagle et
al. (1986) que relataram os efeitos benéficos de redução dos níveis das
aminotransferases e de melhora histológica em um estudo piloto com portadores de
hepatite crônica não-A, não-B. O interferon α tornou-se a droga de escolha no
tratamento da hepatite C, padronizada desde 1991 pelo FDA, por sua ação antiviral
e imunomoduladora.
19
Em geral, a administração de interferon α na dose de 3 milhões UI, por via
subcutânea, 3 vezes por semana, durante 12 meses induz resposta virológica ao
término do tratamento de 30%-40%, e resposta virológica sustentada nas melhores
séries de 10%-20%.
Naqueles pacientes que obtiveram resposta sustentada 24 semanas após o
término do tratamento, a remissão parece ser duradoura. Marcellin et al. (1997), ao
analisarem 80 pacientes que obtiveram resposta sustentada, durante um período de
seguimento médio de 4 anos, perceberam que 93% persistiram com ALT normal;
96% deles mantiveram HCV-RNA indetectável no soro e 100% no fígado daqueles
biopsiados (Marcellin et al., 1997). Um estudo recente avaliou a durabilidade da RVS
alcançada em pacientes tratados com interferon peguilado α2a monoterapia ou em
terapia combinada com ribavirina. Outro estudo acompanhou 997 pacientes que
alcançaram RVS por um tempo médio de 4,1 (0,4-7) anos e, destes, 989 (>99%)
mantiveram o HCV-RNA indetectável (Swain et al., 2007)
O uso do interferon α, infelizmente, é limitado por diversos efeitos colaterais,
tais como: fadiga, mialgia, cefaléia, febrícula, mimetizando muitas vezes quadro
gripal; alopécia, citopenias (leucopenia e trombocitopenia); quadros depressivos, de
irritabilidade e labilidade emocional; disfunção tireoidiana e tireoidite; diabetes e
exacerbação de doenças auto-imunes.
3.6.2 Terapia Combinada: Interferon α associado à Ribavirina
Em estudos pilotos de monoterapia com ribavirina em pacientes com
hepatite crônica C, observou-se resposta bioquímica, com redução e até mesmo
normalização das aminotransferases, porém mínima ou nenhuma atividade antiviral
20
contra o HCV. A maioria desses estudos utilizava ribavirina na dose de 1.0 a 1.2
gramas/dia, via oral, por seis meses, inexistindo qualquer efeito benéfico sobre a
histologia hepática (Reichard et al., 1991; Di Bisceglie et al., 1992; Di Bisceglie et al.,
1995; Dusheiko et al., 1996).
A ribavirina é via de regra bem tolerada, sendo seu principal efeito colateral
a hemólise, geralmente leve, reversível e dose-dependente. Sintomas inespecíficos
como fadiga, depressão, insônia, anorexia, náuseas, congestão nasal e prurido
foram também descritos, assim como anormalidades congênita e perda fetal.
A associação de interferon α e ribavirina tornou-se a opção mais adequada
na tentativa de se erradicar o vírus da hepatite C. Os estudos iniciais já
demonstravam uma superioridade da terapia combinada sobre a monoterapia com
interferon α, tanto para os pacientes virgens de tratamento, como para aqueles que
tiveram recidiva após o término do tratamento (Reichard et al., 1998).
Dois grandes estudos, multicêntricos, randomizados, compararam o
esquema combinado com a monoterapia com interferon α, em pacientes
previamente não tratados. A resposta virológica ao término do tratamento e a
resposta virológica sustentada desses 1744 pacientes foi respectivamente de 55% e
33% naqueles pacientes tratados durante seis meses e de 51% e 41% naqueles
tratados durante doze meses (McHutchison et al., 1998; Poynard et al., 1998).
A resposta virológica sustentada foi significativamente melhor no grupo que
recebeu terapia combinada do que no tratado com monoterapia com interferon α,
tanto no grupo tratado por seis meses (33% vs. 6%) quanto no tratado por doze
meses (41% vs. 16%). Os dados apresentados (McHutchison et al., 1998; Poynard
et al., 1998) nos informaram que a terapia combinada com interferon α e ribavirina é
nitidamente superior à monoterapia com interferon α.
21
Na análise de regressão logística, três fatores do hospedeiro se associaram
independentemente com boa resposta ao tratamento: sexo feminino; menor grau de
fibrose hepática à biópsia; idade < 40 anos. Por outro lado, dois fatores relacionados
ao vírus C foram considerados preditivos de boa resposta: genótipo diferente de
1a/1b e menor carga viral (HCV-RNA < 2 milhões de cópias/mL).
Os pacientes com genótipo 2 ou 3 tratados com interferon α associado à
ribavirina demonstraram o dobro de resposta virológica sustentada quando
comparada com o genótipo 1 (62% vs. 17% com 6 meses, e, 62% vs. 29% com doze
meses de duração).
Do mesmo modo, os pacientes com alta carga viral no pré-tratamento (> 2
milhões de cópias/mL) tiveram menor resposta sustentada do que aqueles com
baixa carga viral no pré-tratamento, 38% vs. 46% (p< 0.05), respectivamente.
Os trabalhos de McHutchinson (1998) e Poynard (1998) indicam cinco
principais fatores preditivos de resposta ao tratamento com interferon α e ribavirina:
sexo feminino, idade menor que 40 anos, genótipo não-1, fibrose mínima e carga
viral baixa no pré-tratamento. O mais poderoso desses fatores parece ser o genótipo
do HCV.
Baseados nesta avaliação, o tratamento a ser oferecido ao paciente deverá
ser de seis meses para os portadores de genótipo 2 ou 3 e de doze meses para
aqueles com genótipo 1. É de fundamental importância da avaliação do HCV-RNA
qualitativo no sexto mês, neste último grupo de pacientes. Caso a pesquisa do HCV-
RNA seja detectável, a terapia combinada deve ser interrompida. Caso contrário
deve ser continuado por 48 semanas (Poynard et al., 2000).
22
3.6.3 Monoterapia com Interferon Peguilado
Dois grandes estudos em monoterapia com interferon peguilado foram
realizados por grupos internacionais: Zeuzem et al. em 2000 e Lindsay et al. em
2001.
O primeiro estudo (Zeuzem et al., 2000) analisou a terapia com interferon
α2b 3milhões UI, 3 vezes semana vs. interferon peguilado α2a 180 µg
semanalmente em uma amostra total de 531 pacientes, 67% homens, 86%
caucasianos, 12% cirróticos, 63% genótipo 1, com uma carga viral média de 7,4 X
10
6
cópias/mL. A resposta virológica sustentada global foi de 19% para interferon
α2b e 39% para interferon peguilado α2a. Na análise estratificada por genótipo,
observou-se que, entre os pacientes com genótipo 2 ou 3, a resposta foi de 38% vs.
57% e, entre aqueles com genótipo 1, foi de 7% vs. 28%.
O segundo estudo (Lindsay et al., 2001) comparou 3 doses de interferon
peguilado α2b (0,5 µg/Kg, 1,0 µg/Kg e 1,5 µg/Kg) com interferon α convencional.
Uma amostra total de 1219 pacientes, 63% homens, 91% caucasianos, 9%
cirróticos, 70% genótipo 1, 60% com carga viral maior que 2 X 10
6
cópias/mL. A
resposta sustentada virológica global foi de 12% no grupo tratado com interferon α
(N=303) e de 23% no grupo que recebeu interferon peguilado α2b 1,5 µg/Kg
(N=304). Na análise estratificada por genótipo, observou-se que, entre os pacientes
com genótipo 2 ou 3, a resposta foi de 28% vs. 49% e, entre aqueles com genótipo
1, foi de 6% vs. 14%, e ainda, analisando a resposta virológica sustentada para os
pacientes com genótipo 1 e carga viral alta > 2 X 10
6
cópias /mL, o resultado foi de
2% com interferon e 7% com interferon peguilado α2b.
23
3.6.4 Terapia Combinada: Interferon Peguilado associado à Ribavirina
Dois grandes estudos de Manns (2001) e Fried (2002), multicêntricos,
randomizados, avaliaram a terapia com interferon peguilado e ribavirina.
O estudo de Manns et al. avaliou os benefícios da terapia combinada em 3
braços: interferon α2b 3 milhões UI, 3 vezes por semana e ribavirina 1000-1200mg/
dia vs. interferon peguilado α2b 1,5 µg/Kg/semana e ribavirina 800 mg/dia vs.
interferon peguilado α2b 1,5 µg/Kg/semana, por 4 semanas e ribavirina 1000-
1200mg/dia, seguido de interferon peguilado α2b 0,5 µg/Kg/semana e ribavirina
1000-1200 mg/dia. Foram incluídos 1530 pacientes, sendo 66% homens, 68%
genótipos 1, 67% com HCV-RNA > 2 x 10
6
cópias/mL e 11% cirróticos. Todos os
grupos foram tratados por 48 semanas. A resposta virológica sustentada foi de 47%
vs. 54% vs. 47%. Na análise estratificada por genótipo, observou-se que, entre os
pacientes com genótipo 1, a resposta foi de 33% vs. 42% vs. 34% e, entre aqueles
com genótipo 2 e 3, foi de 79% vs. 82% vs. 80%. Quando avaliado a RVS na fibrose
mínima, foi de 49% vs. 57% vs. 51% e, na presença de pontes fibrosas ou cirrose,
foi de 41% vs. 44% vs. 43% (Manns et al., 2001).
O estudo de Fried et al. em terapia combinada interferon peguilado α2a e
ribavirina utilizou três braços: monoterapia com interferon peguilado α2a 180µg por
semana, interferon α2b 3 milhões UI, 3 vezes por semana, associado à ribavirina
1000-1200 mg, e interferon peguilado α2a 180µg por semana associado à ribavirina
1000 a 1200 mg. Foram incluídos 1.121 pacientes, sendo 71% eram homens, 66%
genótipo 1, 66% com HCV-RNA > 2x10
6
cópias/mL e 12% cirróticos. A resposta
virológica sustentada global foi respectivamente 29% vs. 44% vs. 56%. Na análise
estratificada por genótipo, observou-se que, entre os pacientes com genótipo 1, a
24
resposta foi de 36% vs. 21% vs. 46% e, entre aqueles com genótipo 2 e 3, foi de
45% vs. 61% vs. 76%. Se analisarmos a resposta virológica sustentada em relação
ao genótipo 1 e carga viral alta > 2x10
6
cópias/mL, os resultados foram 13% vs. 33%
vs. 41%, respectivamente. Quando avaliada a RVS na presença de cirrose, foi de
21% vs. 33% vs. 43% (Fried et al., 2002).
O estudo de Hadziyannis et al. avaliou a terapia com interferon peguilado
α2a 180µg por semana durante 24 e 48 semanas, associados à baixa dose de
ribavirina (800 mg) ou 1000 a 1200 mg de ribavirina com dose padrão baseada no
peso. Nos pacientes infectados pelo genótipo 1, o tratamento por 48 semanas foi
estatisticamente superior ao tratamento por 24 semanas (p<0,001) e a dose padrão
de ribavirina foi mais efetiva do que a dose baixa (p=0,005). A taxa de resposta
virológica global com interferon peguilado α2a 48 semanas e dose padrão de
ribavirina foi de 63% e, nos pacientes com genótipo 1, foi de 52%. Nos pacientes
com genótipo 2 ou 3, não houve diferença estatisticamente significante entre as
taxas de RVS dos quatro grupos. Conclui-se desse estudo que pacientes com
genótipo 1 requerem 48 semanas de tratamento com interferon peguilado α2a e
dose padrão de ribavirina (Hadziyannis et al., 2004).
Um estudo nacional, prospectivo, multicêntrico, de Gonçales et al. avaliou a
terapia combinada com interferon peguilado α2b 1,5 µg/Kg/semana e ribavirina
baseada no peso (abaixo de 65 Kg – 800 mg/dia, entre 65 e 85 Kg – 1000 mg/dia e,
acima de 85 Kg – 1200 mg/dia, administrado por via oral, duas vezes ao dia) durante
48 semanas em pacientes virgens de tratamento, recidivantes e não-respondedores
com hepatite crônica C. Um total de 133 pacientes foram incluídos no estudo, sendo
67 pacientes virgens de tratamento. Destes 67 pacientes, 64% eram homens, 60%
apresentavam genótipos 1, 40% tinham carga viral alta > 800.000 cópias/mL e 10%
25
eram cirróticos. A resposta virológica sustentada foi de 64%. Na análise estratificada
por genótipo, observou-se que, entre os pacientes com genótipo 1, a resposta foi de
45% e, entre aqueles com genótipo não-1, foi de 67%. A taxa de RVS foi de 60% na
fibrose mínima e, na presença de pontes fibrosas ou cirrose, foi de 29%. A taxa de
RVS foi significantemente maior em pacientes com genótipo não-1, em comparação
com genótipo 1, apenas no subgrupo de pacientes virgens de tratamento. Não
houve diferenças significativas nas taxas de RVS em cada subgrupo em relação à
carga viral alta e baixa, as três faixas de peso corporal e aos graus de fibrose
mínima e presença de pontes fibrosas ou cirrose. Este fato pode ter sido causado
pelo pequeno tamanho da amostra (Goncales et al., 2006).
4 MATERIAL E MÉTODOS
4.1 DESENHO DO ESTUDO
Estudo longitudinal com análise retrospectiva dos casos.
4.2 CASUÍSTICA
Foram incluídos pacientes oriundos da clínica privada, com hepatite crônica
C ou cirrose, genótipo 1, tratados com interferon peguilado α2b associado à
ribavirina, que iniciaram tratamento no período de abril de 2001 até Junho de 2005.
4.2.1 Critérios de Inclusão
1. anti-HCV positivo e HCV-RNA detectável;
2. Genótipo 1;
3. Biópsia hepática com fibrose moderada a intensa (maior ou igual a F2
pela classificação de METAVIR), e/ou atividade necro-inflamatória
moderada a intensa, ou evidência clínica de cirrose compensada;
4. Idade entre 18 a 73 anos;
5. Contagem de plaquetas acima de 75.000/mm
3
;
6. Contagem de leucócitos acima de 1500/mm
3
;
27
4.2.2 Critérios de Exclusão
1. Tratamento prévio com Interferon alfa ou Interferon Peguilado
(associado ou não a Ribavirina);
2. Co-infecção HBV e/ou HIV;
3. Consumo abusivo de álcool nos últimos seis meses;
4. Consumo regular de drogas ilícitas;
5. Pacientes transplantados;
6. Doença auto-imune sistêmica;
7. Anemia hemolítica;
8. Hepatopatia descompensada;
9. Cardiopatia grave;
10. Doença da tireóide descompensada;
11. Neoplasias;
12. Diabetes Mellitus de difícil controle ou descompensado;
13. Convulsões não controladas;
14. Depressão grave;
15. Imunodeficiências primárias;
16. Homens e mulheres sem adequado controle contraceptivo;
17. Gravidez (βHCG positivo);
18. Não concordância com os termos do Consentimento Informado.
4.2.3 Ética
O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa – CEP do Hospital
28
Universitário Clementino Fraga Filho. Todos os pacientes assinaram o termo de
consentimento informado (Anexos 1 e 2).
4.3 METODOLOGIA
4.3.1 Variáveis Avaliadas
4.3.1.1 Demográficas e epidemiológicas
Sexo
Idade
IMC
4.3.1.2 Laboratoriais
Bioquímicos
alanina aminotransferase (ALT): analisada por método cinético
automatizado e por método de química seca. Valor normal até 40
UI/L.
gamaglutamiltransferase (GGT): analisada por método cinético
automatizado. Valores normais: sexo feminino até 28U/L e sexo
masculino até 32 U/L.
Testes sorológicos e moleculares
HCV-RNA qualitativo: detectado por técnica de PCR, utilizando kits
29
Amplicor
(Roche Diagnostic System). A sensibilidade do teste,
definida pelo fabricante, é de 50 UI/mL.
HCV-RNA quantitativo: detectado por técnica de RT-PCR, utilizando
kits Amplicor HCV Monitor, versão 2.0 (Roche Diagnostic System). O
limite de detecção definido pelo fabricante, é de 600 UI/mL.
4.3.1.3 Histologia
A biópsia hepática foi indicada em todos os pacientes com HCV-RNA
positivo.
Foram consideradas contra-indicações para realização de biópsia hepática:
atividade de protrombina < 50%, plaquetas < 50.000/mm
3
, anticoagulação sistêmica,
hemoglobina < 9 g/dL.
A biópsia hepática foi dispensável quando a ultra-sonografia abdominal
apresentava sinais de cirrose hepática ou quando endoscopia digestiva alta (EDA)
evidenciava varizes esofagianas.
Para análise comparativa os pacientes foram categorizados em hepatite
crônica e cirrose.
4.3.2 Esquema de tratamento dose e duração
Os pacientes foram tratados com interferon peguilado α2b na dose de 1,5µg/
Kg/semana, por via subcutânea, e ribavirina de 750 mg/dia a 1250 mg/dia via oral,
divididos em duas doses diárias, conforme o peso, a saber: até 65 kg, 750 mg/dia;
entre 65 Kg e 85 Kg, 1000 mg/dia; e mais de 85 Kg, 1250 mg/dia.
30
O tempo de tratamento foi de 48 semanas.
Acompanhamento Clínico:
Dosagens de ALT e hemograma foram realizados antes do início do
tratamento, quinzenalmente no 1
o
mês, mensalmente até o término do tratamento, e
no 3
o
e 6
o
mês após final do tratamento.
Foi realizado HCV-RNA quantitativo pré-tratamento e na 12ª semana de
tratamento, e HCV-RNA qualitativo na 24ª, 48ª e 72ª semanas de tratamento.
4.3.2.1 Critérios de uso para fatores de crescimento da eritropoese
Critério de uso para Eritropoietina
Nos pacientes com níveis de hemoglobina inferior a 9g/dl era recomendado
o uso de eritropoietina na dose de 4000 U, de 1 a 3 vezes por semana, por via
subcutânea.
Critério de uso para Filgastrima (G-CSF)
Nos pacientes com níveis de polimorfonuclear inferior a 750 células/ mm
3
era recomendado o uso de filgastrima (G-CSF) na dose de 300 µg por semana, por
via subcutânea.
4.3.2.2 Critério de Suspensão do tratamento
Os pacientes que apresentavam HCV-RNA qualitativo positivo na 24
a
semana ou HCV-RNA quantitativo com queda inferior a 2 log
10
na 12
a
semana de
tratamento foram considerados não respondedores, e tiveram o tratamento
interrompido.
31
4.3.3 Avaliação da reposta ao tratamento:
NR - não respondedores: HCV-RNA qualitativo detectável na 24
a
semana
de tratamento, ou queda inferior a 2 log
10
no HCV-RNA quantitativo
da 12
a
semana;
RVP - resposta virológica precoce: HCV-RNA indetectável ou com queda 2
log
10
na 12
a
semana de tratamento;
RVF - resposta virológica ao final do tratamento: HCV-RNA qualitativo
indetectável ao término das 48 semanas de tratamento;
RVS - resposta virológica sustentada: HCV-RNA qualitativo indetectável 24
semanas após o término do tratamento;
RR - resposta com recaída: HCV-RNA qualitativo indetectável ao término
das 48 semanas de tratamento, com HCV-RNA qualitativo detectável
após interrupção do tratamento.
Os pacientes que abandonaram o seguimento ou interromperam o
tratamento foram considerados não respondedores.
4.3.4 Análise Estatística
As variáveis quantitativas foram representadas por média e desvio padrão.
Para comparações de variáveis contínuas entre dois grupos, foi aplicado o teste t de
Student. Para comparações entre variáveis categóricas foi utilizado o teste do Qui-
quadrado.
Foram avaliados, por análise bivariada, os fatores associados à RVS e foi
aplicada análise de regressão logística para identificação das variáveis
32
independentemente associadas à RVS.
Foi adotado o nível de significância de 0,05 (α = 5%). Níveis descritivos (p)
inferiores a este valor foram considerados significativos.
5 RESULTADOS
No período de abril de 2001 a junho de 2005, foram incluídos no estudo 139
pacientes com hepatite crônica C, genótipo 1, virgens de tratamento, que foram
submetidos a tratamento com interferon peguilado α 2b associado à ribavirina.
5.1 Características gerais da amostra
Dos 139 pacientes estudados, 55 (40%) eram do sexo masculino e 84 (60%)
do sexo feminino. A idade variou entre 19 e 73 anos, com média e desvio padrão de
50 ± 11 anos. O IMC foi 25 em 43% dos pacientes.
A média do nível de ALT foi de 103 ± 83 UI/L, com mediana de 71 UI/L, e
92% apresentavam ALT elevada. A média do nível de GGT foi de 75 ± 67 UI/L, com
mediana de 55 UI/L, e 74% apresentavam GGT elevada pré-tratamento.
A média da carga viral pré-tratamento foi de 632.845 ± 328.269 UI/mL, com
mediana de 707.936 UI/mL. A distribuição da carga viral conforme diferentes níveis
de corte estão apresentados na tabela 2.
Nesta amostra, 39 (28%) pacientes apresentavam evidência clínica de
cirrose.
As características gerais da amostra estão representadas na tabela 2.
34
Tabela 2 Características gerais da amostra (N=139)
N=139
Sexo feminino 60% (N=83)
Idade (anos) 50 ± 11
IMC 25 43% (N=60)
ALT elevada 92% (N=128)
GGT elevada 74% (N=103)
Carga viral >800.000 UI/mL 49% (N=68)
Carga viral >400.000 UI/mL 76% (N=106)
Cirrose 28% (N=39)
5.2 Resposta Virológica ao Tratamento
Resposta virológica ao final do tratamento foi observada em 62% dos
pacientes, e 38% foram não respondedores ao tratamento. Entre os pacientes com
resposta virológica ao final do tratamento, 70% apresentaram resposta virológica
sustentada e 30% evoluíram com recaída após o término do tratamento.
A taxa de RVS global da amostra foi de 43%. A resposta virológica 24
semanas após o final do tratamento está representada no gráfico 1.
35
43%
38%
19%
RVS NR RR
Gráfico 1 Resposta virológica na 24ª semana após o término do tratamento
5.2.1 Variáveis Associadas à Resposta Virológica Sustentada
Para identificação das variáveis associadas à RVS, foi realizada uma análise
comparativa da taxa de RVS segundo as características demográficas, clínicas e
laboratoriais. Nessa análise, o nível de GGT, carga viral pré-tratamento e
diagnóstico histológico apresentaram associação com RVS.
36
Tabela 3 Taxa de RVS de acordo com as características demográficas clínicas e
laboratoriais
RVS p
Masculino 42%
Sexo
Feminino 43%
0,904
40 anos 33%
Idade
> 40 anos 44%
0,321
< 25 42%
IMC
25 42%
0,98
Normal 61%
GGT
Elevada 36%
0,008
800.000 48%
Carga viral
> 800.000 37%
0,21
400.000 64%
Carga viral
> 400.000 36%
0,005
Hepatite crônica 54%
Diagnóstico histológico
Cirrose 15%
<0,001
5.2.2 Análise de regressão logística
As variáveis GGT, carga viral (categorizada em 400.000 UI/mL) e
diagnóstico histológico (hepatite crônica ou cirrose), que apresentaram p<0,20 na
análise bivariada, foram submetidas à análise de regressão logística para
identificação das variáveis independentemente associadas à RVS. O modelo final da
análise de regressão logística está apresentado na tabela 4.
37
Tabela 4 Análise de regressão logística (modelo final)
p OR IC (95%)
GGT 0,033 2,48 1,07 – 5,72
Diagnóstico histológico <0,001 5,65 2,15 – 14,87
Como a GGT e o diagnóstico histológico ausência de cirrose foram as
variáveis que apresentaram associação independente com RVS no modelo final da
regressão, foi realizada análise da taxa de RVS segundo estas duas variáveis
(Tabela 5)
Tabela 5 Taxa de RVS segundo diagnóstico histológico ausência de cirrose e
nível de GGT
Histologia GGT RVS p
Normal
N=30
73%
Hepatite crônica
N=100
Elevada
N=69
45%
0,009
Normal
N=5
0%
Cirrose
N=39
Elevada
N=34
18%
0,57
5.2.3 Análise comparativa entre os pacientes com resposta virológica sustentada
(RVS) e os que apresentaram resposta com recaída (RR) após término de
tratamento
Com objetivo de identificar variáveis que pudessem predizer quais pacientes
38
evoluirão com resposta virológica sustentada (RVS) ou resposta com recaída (RR),
após terem obtido resposta virológica ao final do tratamento (RVF), foi realizada uma
análise comparativa entre esses grupos quanto às variáveis demográficas, clínicas,
laboratoriais e histológicas.
Tabela 6 Análise comparativa entre os pacientes com RVS e os que
apresentaram RR
RVS
N=59
RR
N=26
p
Sexo feminino 61% 58% 0,77
Idade (anos) 50 ± 9 50 ± 13 0,83
IMC 25 43% 38% 0,71
GGT elevada pré-tratamento 63% 73% 0,35
Mediana da GGT pré-tratamento 35 60 0,16
Mediana da GGT ao final tratamento 27 29 0,42
ALT elevada pré-tratamento 93% 96% 0,99
Mediana da ALT pré-tratamento 83 84 0,65
Mediana da ALT ao final tratamento 25 23 0,78
Carga viral >800.000 UI/mL. 42% 58% 0,19
Carga viral >400.000 UI/mL. 64% 81% 0,13
RVP 97% 88% 0,14
HCV-RNA negativo na 12ª semana 93% 65% 0,002
Cirrose 10% 28% 0,045
Na análise de regressão logística, o principal fator associado à RVS foi HCV-
39
RNA indetectável na 12
a
semana de tratamento (OR:6,9; IC 95%: 1,8-26,1;
p=0,004).
Foram calculadas as taxas de RVS, RR e NR nos pacientes sem RVP, com
RVP, RVP com queda maior ou igual a 2 log
10
no HCV-RNA e RVP com HCV-RNA
indetectável (Tabela 7).
Tabela 7 Relação entre a resposta na 12
a
semana de tratamento e resposta
virológica sustentada
Com RVP
N=91
Queda HCV-RNA
2 log
10
N=15
HCV-RNA
indetectável
N=76
RVS 63% 14% 72%
RR 23% 33% 21%
NR 14% 53% 7%
Calculamos o valor preditivo positivo (VPP), o valor preditivo negativo (VPN),
a sensibilidade (S), a especificidade (E) e a acurácia (A) na RVP com queda maiorr
ou igual a 2 log
10
no HCV-RNA, ou na RVP com HCV-RNA indetectável, uma vez
que houve significativa diferença nas taxas de RVS entre estes (Tabela 8).
Tabela 8 VPP, VPN, S, E e A dos pacientes que alcançaram RVP com queda
que 2 log
10
no HCV-RNA ou RVP com HCV-RNA indetectável
VPP VPN S E A
HCV-RNA queda 2 log10 63% 95% 97% 53% 73%
HCV-RNA indetectável 71% 93% 93% 70% 80%
40
5.2.4 Análise comparativa dos pacientes HCV-RNA indetectável na 12ª semana
de tratamento que apresentaram resposta virológica sustentada (RVS) ou
resposta com recaída (RR) após término de tratamento
Com objetivo de identificar variáveis que pudessem predizer quais pacientes
evoluirão com RVS ou RR, após terem obtido resposta virológica precoce com HCV-
RNA negativo, foi realizada uma análise comparativa entre esses grupos quanto às
variáveis demográficas, clínicas, laboratoriais e histológicas.
Tabela 9 Análise comparativa entre os pacientes com HCV-RNA indetectável na
12ª semana de tratamento que apresentaram RVS ou RR
RVS
N=55
RR
N=17
p
Sexo feminino 60% 59% 0,93
Idade (anos) 49 ± 9 52 ± 11 0,40
IMC 25 40% 36% 0,77
GGT elevada pré-tratamento 60% 59% 0,93
Mediana da GGT pré-tratamento 35 38 0,65
Mediana da GGT ao final tratamento 26 29 0,34
ALT elevada pré-tratamento 93% 94% 0,99
Mediana da ALT pré-tratamento 84 76 0,59
Mediana da ALT ao final tratamento 24 21 0,74
Carga viral alta >800.000 UI/mL. 40% 59% 0,17
Carga viral alta >400.000 UI/mL. 64% 82% 0,15
Cirrose 7% 31% 0,023
41
5.3 Análise da necessidade de redução de dose do interferon peguilado e
da ribavirina, suspensão do tratamento e uso de Filgastrima (G-CSF) e
Eritropoietina
Dos 139 pacientes tratados, 29 pacientes (21%) reduziram a dose do
interferon peguilado α2b e três pacientes (2%) necessitaram de suspensão, sendo
dois por anemia e neutropenia e um por neutropenia isolada. Trinta e cinco (25%)
reduziram a dose de ribavirina e dois pacientes (1%) necessitaram de suspensão do
tratamento.
Dezenove pacientes (14%) utilizaram Filgastrima (G-CSF) e, destes, 11
pacientes não necessitaram reduzir a dose do interferon peguilado α2b, oito
reduziram a dose e nenhum paciente interrompeu o tratamento.
Onze pacientes utilizaram Eritropoietina e, destes, dois pacientes não
necessitaram reduzir a dose da ribavirina, oito reduziram a dose e um interrompeu o
tratamento.
6 DISCUSSÃO
O tratamento padrão com interferon peguilado e ribavirina alcança taxa de
RVS global ainda aquém do ideal. Somente 54-56% (Manns et al., 2001; Fried et al.,
2002) de todos os pacientes tratados, independente do genótipo alcançam RVS. O
genótipo 1 que é o mais prevalente no Brasil, representando cerca de 70% da
população infectada (Cavalheiro Nde et al., 2002; Campiotto et al., 2005), atinge
taxas de RVS ainda menores (42-46%) (Manns et al., 2001; Fried et al., 2002). Em
função das taxas de RVS baixa, dos inúmeros efeitos colaterais e do alto custo do
tratamento, se faz necessário definir quais pacientes devam ser tratados, e quais os
fatores preditivos de boa resposta ao tratamento.
Nesse estudo realizado em uma população de pacientes brasileiros,
oriundos da clínica privada, genótipo 1, tratados com interferon peguilado α2b e
ribavirina, com dose baseada no peso, por 48 semanas, foi encontrada taxa de RVS
global no genótipo 1 de 43%, semelhante ao encontrado nos dois grandes ensaios
clínicos de Manns et al. (42%). e Fried et al. (46%) (Manns et al., 2001; Fried et al.,
2002). Um estudo nacional realizado por Gonçales et al. encontrou no genótipo 1,
virgem de tratamento, 45% de RVS (Goncales et al., 2006). Estudos internacionais,
mais recentes, com casuísticas menores, encontraram no genótipo 1, taxa de RVS
que varia de 41% a 58% (Akuta et al., 2007; Barcena et al., 2007; Lindh et al., 2007;
Yu et al., 2007).
Dois trabalhos nacionais apresentados sob a forma de pôster no último
Congresso Brasileiro de Hepatologia (Almeida et al., 2007; Pierre et al., 2007), em
pacientes genótipo 1, virgens de tratamento, tratados no serviço público com
43
peginterferon α associado a ribavirina por 48 semanas, alcançaram taxas de RVS de
35,3% e 37,4%. Outros dois estudos compararam as taxas de RVS entre os
pacientes tratados no serviço público e na clínica privada (Campos de Magalhães et
al., 2007; Fernandes et al., 2007), e estas foram superiores nos pacientes tratados
na clínica privada: 53% vs. 31% (p=0,0028) e 36,36 vs. 22,45%.(Silva et al., 2006)
Em geral, pacientes do sexo feminino e com menos de 40 anos tendem a
melhor resposta ao tratamento com qualquer terapia baseada em interferon
(Ferenci, 2004). Entretanto, em nossa casuística, as variáveis sexo e idade não
apresentaram associação com RVS. A RVS foi de 43% no sexo feminino e 42% no
sexo masculino (p=0,904). Em relação à idade, a RVS foi de 33% entre pacientes
com idade 40 anos e de 44% nos pacientes com idade > 40 anos (p=0,321). Esses
dados sugerem que, em pacientes tratados com interferon peguilado α2b, sexo e
idade não têm importância como fatores preditivos de resposta.
Um inquérito epidemiológico realizado em 1997 avaliou o IMC de brasileiros
nas regiões Nordeste e Sudeste. Neste inquérito, 38% dos homens e 39% das
mulheres tinham IMC 25, semelhante à nossa casuística de 43% de pacientes com
IMC 25 (Monteiro e Conde, 1999). As análises de resultados de monoterapia à
base de interferon convencional α2b demonstraram que pacientes com peso e IMC
mais elevados estavam associados a menores taxas de RVS (McHutchison et al.,
2001). Estudos com interferon peguilado α2a que utilizaram doses fixas semanais
independente do peso (Zeuzem et al., 2000; Fried et al., 2002) também observaram
que o peso corporal 75 Kg aumentava de maneira independente e significativa a
probabilidade de alcançar RVS. O tratamento com interferon peguilado α2b e
ribavirina baseado no peso corporal permite que os pacientes com maior peso
alcancem taxas de RVS semelhantes àquelas alcançadas pelos pacientes com
44
menor peso, além de possibilitar o ajuste de dose nos pacientes que apresentam
perda ponderal durante o tratamento. Este fato pode ter impacto direto na freqüência
de eventos adversos e, conseqüentemente, na adesão dos pacientes com perda de
peso significativa secundária ao tratamento. O estudo POWeR (Prospective Optimal
Weight-based dosing Response) avaliou a taxa de RVS, em pacientes com hepatite
crônica C, virgens de tratamento, com qualquer genótipo,com interferon peguilado
α2b baseado no peso, na dose de 1,5 µg/Kg/semana subcutânea e ribavirina via
oral, também baseada no peso, a saber: até 50 Kg – 800 mg/dia, entre 50 Kg e
63,9Kg – 900 mg/dia, entre 64 Kg e 74,9 Kg - 1000 mg/dia, entre 75 Kg e 84,9 Kg -
1100 mg/dia, e acima de 85 Kg – 1200 mg/dia. Nesse estudo, a taxa de RVS global
foi de 55%, e não houve diferença na taxa de RVS entre as categorias de peso: 57%
vs. 56% vs. 54% vs. 52% vs. 56% (p=0,17) (Marotta et al., 2006). Em nosso estudo,
com o uso de interferon peguilado α2b e ribavirina baseados no peso, a taxa de RVS
foi de 42% tanto nos pacientes com IMC 25 quanto nos pacientes com IMC < 25
(p=0,98). Esses dados reforçam a idéia de que, em pacientes tratados com
interferon peguilado α2b e ribavirina baseados no peso corporal, o peso e o IMC não
influenciam a taxa de RVS.
A eficácia da terapia combinada de interferon peguilado e ribavirina em
pacientes com hepatite crônica C e níveis de ALT persistentemente normais é similar
à observada nos pacientes com níveis de ALT elevada (Zeuzem et al., 2004; Snoeck
et al., 2008). No nosso estudo, esta análise não pôde ser realizada, uma vez que
havia um número muito reduzido de pacientes com ALT normal (8%), e a Portaria n
o
863, de 04 de novembro de 2002, do Ministério da Saúde não autorizava a liberação
de interferon peguilado para pacientes com ALT normal. Atualmente, a nova Portaria
n
o
34, de 28 de setembro de 2007, permite que pacientes com ALT normal sejam
45
incluídos no tratamento.
Em pacientes tratados com interferon convencional foi demonstrado que o
nível da GGT pré-tratamento é um importante fator preditivo de RVS. Testa et al.
avaliaram os fatores preditivos da não resposta à monoterapia com interferon
convencional e, na análise multivariada de regressão logística, evidenciaram que
pacientes não respondedores tinham níveis de GGT elevados pré-tratamento (Testa
et al., 1999). Em um estudo de Taliani et al., o nível de GGT normal pré-tratamento
foi considerado um fator preditivo independente de RVS, em pacientes com hepatite
crônica C tratados com interferon α convencional (Taliani et al., 2002).
Villela Nogueira et al. demonstraram que a GGT normal pré-tratamento foi
um fator preditivo independente de RVS, em pacientes com hepatite crônica C com
qualquer genótipo, tratados com interferon α convencional associado à ribavirina. Os
pacientes com nível de GGT normais pré-tratamento obtiveram RVS de 62%,
enquanto os pacientes com GGT elevada obtiveram RVS de 27% (p<0,001) (Villela-
Nogueira et al., 2005).
Em pacientes tratados com interferon peguilado os dados são mais
escassos. Dois estudos avaliaram interferon convencional e interferon peguilado em
conjunto. No estudo de Berg et al., a taxa de RVS em pacientes genótipo 1, 4 ou 6
tratados com interferon convencional, interferon peguilado α2a e α2b, em
monoterapia ou terapia combinada com ribavirina, e nível de GGT pré-tratamento
>0.93 LSN ou 0.93 LSN foi de 26,8% e 63,2% respectivamente (p<0,0001) (Berg et
al., 2003). Em um estudo que avaliou a esteatose hepática como um fator de risco
independente de resposta ao tratamento com interferon e ribavirina ou com
interferon peguilado e ribavirina, os níveis de GGT elevados pré-tratamento se
associaram de forma independente com a não resposta ao tratamento (p=0,005)
46
(Thomopoulos et al., 2005). Apenas um estudo analisou especificamente pacientes
tratados com interferon peguilado e ribavirina; entretanto, este estudo foi realizado
com doses de indução de interferon peguilado por tempo prolongado associado à
ribavirina, comparados ao tratamento padrão com interferon peguilado e ribavirina,
em pacientes previamente não respondedores. Na análise de regressão logística, o
nível de GGT pré-tratamento menor que duas vezes o limite superior da normalidade
(LSN) teve associação com a RVS (p=0,009)(Bergmann et al., 2007).
Em nossa casuística, pacientes com níveis normais de GGT pré-tratamento
obtiveram 61% de RVS, enquanto os pacientes com nível de GGT elevada
apresentaram taxa de RVS de 36% (p=0,008). Quando submetida à análise de
regressão logística, a GGT demonstrou ser uma variável independentemente
associada à RVS (OR 2,48; IC 95 1,07 – 5,72; p=0,03). Isso demonstra que, em
pacientes tratados com interferon peguilado associado à ribavirina, a GGT tem o
mesmo valor como fator preditivo de RVS do que naqueles tratados com interferon
convencional. A fisiopatologia dos níveis elevados de GGT como fator preditivo de
não resposta ao tratamento não está totalmente elucidada, entretanto, foi descrita
correlação entre os níveis de GGT com esteatose hepática, fibrose hepática (Hwang
et al., 2001; Silva et al., 2004), e expressão intra-hepática do fator anti-TNF α
(Taliani et al., 2002).
Com relação à carga viral, os estudos de Manns et al., Fried et al. e
Hadziyannis et al. categorizaram a carga viral em > 2 x 10
6
cópias/mL (carga viral
alta) ou 2 x 10
6
cópias/mL (carga viral baixa), que equivale a 800.000 UI/mL.
(Manns et al., 2001; Fried et al., 2002; Hadziyannis et al., 2004). Fried encontrou
taxa de RVS de 41% nos pacientes genótipo 1 com carga viral > 2 x 10
6
cópias/mL e
56% naqueles com carga viral 2 x 10
6
cópias/mL. Hadziyannis et al. observaram
47
nos pacientes com genótipo 1 e carga viral elevada taxa de RVS de 47%, e de 65%
entre os pacientes com carga viral baixa. Nos estudos de Manns et al. e Gonçales et
al. foi avaliada a taxa de RVS em relação à carga viral incluindo todos os genótipos,
não sendo realizada uma análise específica do genótipo 1 e, na análise comparativa
entre os pacientes com carga viral alta e baixa, os resultados observados foram 42%
vs. 78% (Manns et al., 2001), e 48% vs. 58% (Goncales et al., 2006). Quando
aplicada análise de regressão logística, nos estudos de Fried et al. e Gonçales et al.
a carga viral não se associou de forma independente à RVS, apenas nos estudos de
Manns et al. e Hadziyannis et al. a carga viral permaneceu como variável
independente associada à RVS. Da mesma forma, no estudo de Bárcena et al., em
pacientes com genótipo 1, tratados com interferon peguilado e ribavirina, o HCV-
RNA pré-tratamento maior que 800.000UI/mL se associou de forma independente
com a falha ao tratamento (OR:2,12; 95% IC: 1:005-4,488; p=0,048) (Barcena et al.,
2007).
Definições diferentes para níveis de carga viral baixa têm sido usada em
ensaios clínicos como HCV-RNA 800.000UI/mL (Barcena et al., 2007) ou HCV-
RNA 600.000UI/mL (Jensen et al., 2006; Zeuzem et al., 2006). Estudos recentes
têm proposto níveis de cortes de carga viral ainda mais baixos como fator preditivo
de RVS, propondo sua utilização para redução do tempo de tratamento. Zeuzem et
al., em um estudo com interferon peguilado α2a 180µg/semanal e ribavirina 1000-
1200mg/dia, em 568 pacientes genótipo 1 tratados por 48 semanas, observou-se
que a carga viral pré-tratamento foi um fator preditivo independente de RVS
(p=0,001). Entretanto, este efeito não foi linear e, usando análise de regressão
logística e curva ROC, o nível de carga viral pré-tratamento que efetivamente
diferenciou a carga viral em alta ou baixa, e a probabilidade de RVS foi de 5,6 log
10
,
48
aproximadamente 400.000 UI/mL. Usando esta linha de corte, a taxa de RVS em
pacientes com carga viral baixa 400.000 UI/mL foi de 70% comparados com 43%
em pacientes com carga viral alta > 400.000 UI/mL (p<0,005). No estudo de Lidh et
al., em 53 pacientes genótipo 1, tratados com interferon peguilado α2a 180
µg/Kg/semana e ribavirina 1000-1200 mg/dia, a taxa global de RVS foi de 58%. A
taxa RVS foi alcançada em 100% dos pacientes (10/10) que apresentavam HCV-
RNA pré-tratamento 400.000 UI/mL (Lindh et al., 2007).
Em nosso estudo, a taxa de RVS nos pacientes com carga viral > 800.000
UI/mL foi de 37% e, nos pacientes com carga viral 800.000 UI/mL, foi de 48%
(p=0,21), não demonstrando diferença entre os grupos. A partir desse resultado, e
dos estudos de Zeuzem et al. e Lindh et al., optamos por avaliar a taxa de RVS com
o corte de 400.000 UI/mL. Nessa análise, encontramos taxa de RVS de 64% quando
a carga viral 400.000 UI/mL e de 36% se a carga viral > 400.000 UI/mL (p=0,005).
Apesar do nível de corte do HCV-RNA em 400.000 UI/mL ter demonstrado
significância estatística na análise univariada, na análise de regressão logística, a
carga viral não se mostrou uma variável independentemente associada à RVS.
A presença de cirrose é considerada um fator preditivo de má resposta ao
tratamento da hepatite C (Di Marco et al., 2007). A maioria dos estudos clínicos,
quando analisam as taxas de RVS em cirróticos avaliam conjuntamente pacientes
com classificação histológica F3 - F4 de METAVIR (Bedossa e Poynard, 1996), ou
F5 - F6 de Ishak (Ishak et al., 1995) e, excluem pacientes com anemia, leucopenia,
plaquetopenia, síndrome de hipertensão portal, dentre outras alterações.
Certamente, esta seleção acaba resultando em taxas de RVS maiores entre
pacientes cirróticos.
Hadziyannis et al. (2004) observaram no genótipo 1 sem pontes fibrosas ou
49
cirrose taxa de RVS de 57% e, na presença de pontes fibrosas ou cirrose, taxa de
41%. Uma análise estratificada, feita a partir do estudo de Hadziyannis et al.,
encontrou taxa de RVS de 28% em pacientes com genótipo 1 e cirrose histológica
(F4 METAVIR) (Horoldt et al., 2006).
Nos estudos de Manns et al., Fried et al. e Gonçales et al., a análise da taxa
de RVS em relação à histologia inclui todos os genótipos. No estudo de Manns et al.,
a taxa de RVS na fibrose mínima ou moderada foi de 57% enquanto entre pacientes
com pontes fibrosas ou cirrose foi de 44% (p=0,001). Fried et al. encontraram taxa
de RVS global de 56% vs. 43% na cirrose, sem significância estatística. Gonçales et
al. obtiveram 60% de RVS nos pacientes com fibrose graus 0 a 2 e 29% na fibrose
graus 3 e 4, sem significância estatística. Em uma coorte com 61 pacientes cirróticos
(F5 e F6 de Ishak) tratados com interferon peguilado e ribavirina, a taxa de RVS foi
de 39% considerando todos os genótipos, e de 35% para o genótipo 1 (Horoldt et al.,
2006).
Nesse estudo, a taxa de RVS nos pacientes com hepatite crônica foi de
54%, e de 15% em cirróticos (METAVIR F4) (p<0,001). A nossa baixa taxa de RVS
em cirróticos (15%) deve-se possivelmente ao fato de incluirmos pacientes com
cirrose clínica, leucopenia, trombocitopenia e varizes de esôfago, potencialmente
mais graves, que são habitualmente excluídos dos grandes ensaios clínicos.
Um ensaio clínico randomizado, envolvendo 102 pacientes cirróticos com
hipertensão portal tratados com interferon peguilado α2b 1,0 µg/Kg/semana, em
monoterapia ou terapia combinada com ribavirina (800 mg/dia), a taxa de RVS
global foi de 9,8% e 21,6% respectivamente (p=0,06). A resposta foi mais freqüente
no genótipo 2 ou 3 do que no genótipo 1 (66,6% vs. 11,3%). Embora, este estudo
tenha utilizado doses de tratamento menores, tanto do interferon peguilado quanto
50
da ribavirina, o perfil de cirrose mais avançada, assim como a taxa de RVS no
genótipo 1 de 11,3%, se assemelham mais ao nosso estudo (Di Marco et al., 2007).
Pela análise de regressão logística, os fatores preditivos de RVS foram nível
de GGT normal e ausência de cirrose. Com base nesses achados foi elaborada a
tabela 5 que avaliou a taxa de RVS em relação a essas duas variáveis. Os
resultados demonstraram uma taxa de RVS de 73% na hepatite crônica com nível
de GGT normal e 45% na hepatite crônica com nível de GGT elevado (p=0,009).
Nos casos de cirrose hepática, a análise ficou comprometida possivelmente pela
casuística pequena.
Avaliando comparativamente os pacientes que obtiveram RVS com os
pacientes com RR, na análise univariada, somente ter HCV-RNA indetectável na 12ª
semana de tratamento (p=0,002) e ausência de cirrose (p=0,045) mostraram
significância estatística. Entretanto, na análise de regressão logística, a única
variável que apresentou associação independente com RVS foi o HCV-RNA
indetectável na 12ª semana de tratamento.
Os pacientes com RVP (queda 2 log
10
na 12ª semana de tratamento)
apresentam VPP de 63% e VPN de 95% para RVS. As taxas de VPN encontradas
nos estudos de tratamento com interferon peguilado e ribavirina indicam que a
ausência de RVP aponta para uma probabilidade de cura muito baixa. Já o VPP de
63% indica que nem todos que apresentam RVP alcançarão RVS. O conceito de
RVP inclui alcançar HCV-RNA indetectável na 12ª semana de tratamento ou uma
queda 2 log
10
na carga viral. Entretanto, existe uma grande diferença entre estes
dois resultados. Entre os pacientes com RVP, a taxa de RVS foi de 72% no
subgrupo com HCV-RNA indetectável e de 14% naqueles apresentaram apenas
queda 2 log
10
.
51
Analisando as variáveis clínicas, laboratoriais e histológicas
comparativamente entre os pacientes HCV-RNA indetectável na 12ª semana de
tratamento que obtiveram RVS ou RR, somente a presença de cirrose mostrou
significância estatística (p=0,023). A prevalência de cirrose foi de 7% entre os
pacientes com RVS e de 31% entre os pacientes com RR, mostrando que o
diagnóstico histológico é um importante fator preditivo de RVS, mesmo em pacientes
que obtiveram o HCV-RNA indetectável durante o tratamento.
A taxa de suspensão do tratamento no estudo de Manns et al. (2001) foi de
14%, e de redução de dose por algum evento adverso foi de 42%. Houve redução
de dose do interferon peguilado α2b em 18% devido à neutropenia. Menos de 1%
dos doentes interromperam o tratamento devido a esta alteração hematológica.
Plaquetopenia ocorreu em 3% dos pacientes, entretanto, nestes casos não houve
necessidade de se suspender o tratamento. A dose de ribavirina foi reduzida em 9%
dos pacientes devido à anemia, e a interrupção do tratamento, por este motivo, foi
rara.
No estudo de Fried et al. (2002), 10% dos pacientes interromperam o
tratamento, 3% por anormalidades laboratoriais e 7% por outros eventos adversos.
Dos pacientes tratados menos de 1% descontinuaram o tratamento por neutropenia
e menos de 1% por plaquetopenia. A incidência de redução de dose por algum
evento adverso foi de 36%, sendo 25% por anormalidades laboratoriais (anemia 1%,
neutropenia 20%, trombocitopenia 4%).
No estudo de Gonçales et al., o tratamento foi interrompido em 12% dos
pacientes virgens de tratamento (perda de acompanhamento, depressão,
neutropenia, anemia e plaquetopenia). A redução de dose do interferon peguilado
α2b ocorreu em 22% devido à neutropenia, e 4% devido à plaquetopenia. A
52
ribavirina foi reduzida em 10% dos pacientes devido à anemia.
Nesse estudo, o tratamento foi interrompido em 2% dos pacientes (3/139),
2% por neutropenia (3/139), e 1% por anemia (2/139). Houve redução da dose do
interferon peguilado α2b em 21% dos pacientes (29/139) e da ribavirina em 25% dos
pacientes (35/139). Provavelmente, a utilização de critérios menos rígidos de
suspensão do tratamento do que os adotados nos estudos iniciais e o uso de fatores
de crescimento hematopoiético contribuíram para a menor taxa de suspensão do
tratamento observada no presente estudo. O uso de fatores de crescimento
minimiza os efeitos colaterais como anemia e neutropenia, melhora a qualidade de
vida e pode contribuir para a manutenção da terapia antiviral, podendo manter e até
aumentar as taxas de RVS (Afdhal et al., 2004; Lebray et al., 2005).
7 CONCLUSÕES
1. A taxa de RVS em pacientes com hepatite crônica C tratados com interferon
peguilado α 2b associado à ribavirina foi de 43%, semelhante à observada
em outros estudos. Níveis normais de GGT pré-tratamento e ausência de
cirrose são os principais fatores preditivos de RVS.
2. Na análise comparativa entre os pacientes com resposta virológica
sustentada e resposta com recaída, a única variável que se mostrou
independentemente associada à resposta sustentada foi HCV-RNA
indetectável na 12ª semana de tratamento.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Afdhal NH, Dieterich DT, Pockros PJ, Schiff ER, Shiffman ML, Sulkowski MS, Wright
T, Younossi Z, Goon BL, Tang KL, Bowers PJ. Epoetin alfa maintains ribavirin
dose in HCV-infected patients: a prospective, double-blind, randomized
controlled study. Gastroenterology 2004; 126(5):1302-11.
Akuta N, Suzuki F, Kawamura Y, Yatsuji H, Sezaki H, Suzuki Y, Hosaka T,
Kobayashi M, Kobayashi M, Arase Y, Ikeda K, Kumada H. Predictors of viral
kinetics to peginterferon plus ribavirin combination therapy in Japanese
patients infected with hepatitis C virus genotype 1b. J Med Virol 2007;
79(11):1686-95.
Almeida PRL, Zanin P, Mattos AA,Tovo CV. Tipo de resposta na semana 12 versus
resposta virológica sustentada (RVS) no tratamento de pacientes com
hepatite crônica por virus (HCV) tratados com interferon peguilado e
ribavirina (PEG+IFN+RBV) In: Nasi A, Sette H, Zeitune JMR, Andreollo NA,
Alves PRA, editors. GED. Poster do XIX Congresso Brasileiro de Hepatologia;
2007 Out 17-29; Ouro Preto, Minas Gerais. 2007; 26(Supl 1):S48.
Alter HJ, Seeff LB. Recovery, persistence, and sequelae in hepatitis C virus infection:
a perspective on long-term outcome. Semin Liver Dis 2000; 20(1):17-35.
Alter MJ, Kruszon-Moran D, Nainan OV, McQuillan GM, Gao F, Moyer LA, Kaslow
RA, Margolis HS. The prevalence of hepatitis C virus infection in the United
States, 1988 through 1994. N Engl J Med 1999; 341(8):556-62.
Alter MJ, Margolis HS, Krawczynski K, Judson FN, Mares A, Alexander WJ, Hu PY,
Miller JK, Gerber MA, Sampliner RE, et al. The natural history of community-
acquired hepatitis C in the United States. The Sentinel Counties Chronic non-
A, non-B Hepatitis Study Team. N Engl J Med 1992; 327(27):1899-905.
Armstrong GL, Wasley A, Simard EP, McQuillan GM, Kuhnert WL, Alter MJ. The
prevalence of hepatitis C virus infection in the United States, 1999 through
2002. Ann Intern Med 2006; 144(10):705-14.
Asselah T, Rubbia-Brandt L, Marcellin P, Negro F. Steatosis in chronic hepatitis C:
why does it really matter? Gut 2006; 55(1):123-30.
Barcena R, Moreno A, del Campo S, Muriel A, Mateos ML, Garrido E, Garcia M,
Quereda C, Moreno S, Moreno A. The magnitude of week 4 HCV RNA decay
on pegylated interferon/ribavirin accurately predicts virological failure in
patients with genotype 1. Antivir Ther 2007; 12(3):401-6.
Bedossa P, Poynard T. An algorithm for the grading of activity in chronic hepatitis C.
The METAVIR Cooperative Study Group. Hepatology 1996; 24(2):289-93.
Berg T, Sarrazin C, Herrmann E, Hinrichsen H, Gerlach T, Zachoval R, Wiedenmann
B, Hopf U, Zeuzem S. Prediction of treatment outcome in patients with chronic
hepatitis C: significance of baseline parameters and viral dynamics during
therapy. Hepatology 2003; 37(3):600-9.
Bergmann JF, Vrolijk JM, van der Schaar P, Vroom B, van Hoek B, van der Sluys
Veer A, de Vries RA, Verhey E, Hansen BE, Brouwer JT, Janssen HL, Schalm
SW, de Knegt RJ. Gamma-glutamyltransferase and rapid virological response
as predictors of successful treatment with experimental or standard
55
peginterferon-alpha-2b in chronic hepatitis C non-responders. Liver Int 2007;
27(9):1217-25.
Bjoro K, Froland SS, Yun Z, Samdal HH, Haaland T. Hepatitis C infection in patients
with primary hypogammaglobulinemia after treatment with contaminated
immune globulin. N Engl J Med 1994; 331(24):1607-11.
Brook MG. Sexually acquired hepatitis. Sex Transm Infect 2002; 78(4):235-40.
Bruno S, Silini E, Crosignani A, Borzio F, Leandro G, Bono F, Asti M, Rossi S, Larghi
A, Cerino A, Podda M, Mondelli MU. Hepatitis C virus genotypes and risk of
hepatocellular carcinoma in cirrhosis: a prospective study. Hepatology 1997;
25(3):754-8.
Campiotto S, Pinho JR, Carrilho FJ, Da Silva LC, Souto FJ, Spinelli V, Pereira LM,
Coelho HS, Silva AO, Fonseca JC, Rosa H, Lacet CM, Bernardini AP.
Geographic distribution of hepatitis C virus genotypes in Brazil. Braz J Med
Biol Res 2005; 38(1):41-9.
Campos de Magalhães M, De Almeida AJ, Brandão-Mello CE, Brasil-Neri C, Salgado
MCF, Marçal OP. Eficácia do tratamento combinado de peg-interferon alfa 2b
e ribavirina em pacientes com hepatite crônica pelo virus C (HCV) genótipo 1.
Comparação de duas populações: público e privado In: Nasi A, Sette H,
Zeitune JMR, Andreollo NA, Alves PRA, editors. GED. Poster do XIX
Congresso Brasileiro de Hepatologia; 2007 Out 17-29; Ouro Preto, Minas
Gerais. 2007; 26(Supl 1):S61.
Catalano D, Pollio F, Ercolano S, Ascione L, Desantis B, Russo C. [Maternal-fetal
transmission of HCV. Role of HIV as a risk factor]. Minerva Ginecol 1999;
51(4):117-9.
Cavalheiro Nde P, Barone AA, Tengan FM. HCV serotypes in Brazilian patients. Int J
Infect Dis 2002; 6(3):228-32.
Choo QL, Kuo G, Weiner AJ, Overby LR, Bradley DW, Houghton M. Isolation of a
cDNA clone derived from a blood-borne non-A, non-B viral hepatitis genome.
Science 1989; 244(4902):359-62.
Coelho HSM. Detecção de anticorpos contra o vírus da hepatite C na prevenção da
infecção pós-transfusional pelo vírus da hepatite C. 1998. Tese (Doutorado
em Clínica Médica) UFRJ, Rio de Janeiro. 1998.
Colin C, Lanoir D, Touzet S, Meyaud-Kraemer L, Bailly F, Trepo C. Sensitivity and
specificity of third-generation hepatitis C virus antibody detection assays: an
analysis of the literature. J Viral Hepat 2001; 8(2):87-95.
Crofts N, Hopper JL, Bowden DS, Breschkin AM, Milner R, Locarnini SA. Hepatitis C
virus infection among a cohort of Victorian injecting drug users. Med J Aust
1993; 159(4):237-41.
Desenclos JC. [Epidemiology of hepatitis C]. Rev Prat 2000; 50(10):1066-70.
Di Bisceglie AM. Hepatitis C and hepatocellular carcinoma. Hepatology 1997; 26(3
Suppl 1):34S-38S.
Di Bisceglie AM, Conjeevaram HS, Fried MW, Sallie R, Park Y, Yurdaydin C, Swain
M, Kleiner DE, Mahaney K, Hoofnagle JH. Ribavirin as therapy for chronic
hepatitis C. A randomized, double-blind, placebo-controlled trial. Ann Intern
Med 1995; 123(12):897-903.
Di Bisceglie AM, Shindo M, Fong TL, Fried MW, Swain MG, Bergasa NV, Axiotis CA,
Waggoner JG, Park Y, Hoofnagle JH. A pilot study of ribavirin therapy for
chronic hepatitis C. Hepatology 1992; 16(3):649-54.
Di Marco V, Almasio PL, Ferraro D, Calvaruso V, Alaimo G, Peralta S, Di Stefano R,
Craxi A. Peg-interferon alone or combined with ribavirin in HCV cirrhosis with
56
portal hypertension: a randomized controlled trial. J Hepatol 2007; 47(4):484-
91.
Di Martino V, Rufat P, Boyer N, Renard P, Degos F, Martinot-Peignoux M, Matheron
S, Le Moing V, Vachon F, Degott C, Valla D, Marcellin P. The influence of
human immunodeficiency virus coinfection on chronic hepatitis C in injection
drug users: a long-term retrospective cohort study. Hepatology 2001;
34(6):1193-9.
Donahue JG, Munoz A, Ness PM, Brown DE, Jr., Yawn DH, McAllister HA, Jr., Reitz
BA, Nelson KE. The declining risk of post-transfusion hepatitis C virus
infection. N Engl J Med 1992; 327(6):369-73.
Dusheiko G, Main J, Thomas H, Reichard O, Lee C, Dhillon A, Rassam S, Fryden A,
Reesink H, Bassendine M, Norkrans G, Cuypers T, Lelie N, Telfer P, Watson
J, Weegink C, Sillikens P, Weiland O. Ribavirin treatment for patients with
chronic hepatitis C: results of a placebo-controlled study. J Hepatol 1996;
25(5):591-8.
El-Serag HB. Hepatocellular carcinoma and hepatitis C in the United States.
Hepatology 2002; 36(5 Suppl 1):S74-83.
El-Serag HB, Mason AC. Rising incidence of hepatocellular carcinoma in the United
States. N Engl J Med 1999; 340(10):745-50.
Farci P, Alter HJ, Shimoda A, Govindarajan S, Cheung LC, Melpolder JC, Sacher
RA, Shih JW, Purcell RH. Hepatitis C virus-associated fulminant hepatic
failure. N Engl J Med 1996; 335(9):631-4.
Fattovich G, Giustina G, Degos F, Tremolada F, Diodati G, Almasio P, Nevens F,
Solinas A, Mura D, Brouwer JT, Thomas H, Njapoum C, Casarin C, Bonetti P,
Fuschi P, Basho J, Tocco A, Bhalla A, Galassini R, Noventa F, Schalm SW,
Realdi G. Morbidity and mortality in compensated cirrhosis type C: a
retrospective follow-up study of 384 patients. Gastroenterology 1997;
112(2):463-72.
Fattovich G, Stroffolini T, Zagni I, Donato F. Hepatocellular carcinoma in cirrhosis:
incidence and risk factors. Gastroenterology 2004; 127(5 Suppl 1):S35-50.
Ferenci P. Predictors of response to therapy for chronic hepatitis C. Semin Liver Dis
2004; 24 Suppl 2:25-31.
Fernandes FF, Pereira GHS, Martins DS, Veiga ZST, Flausino KCG, Ahmed EO,
Santos, CMB, Miranda N, Pereira JL. Resposta virológica sustentada na
hepatite C: comparação de resultados de clínica privada e hospital público no
Rio de Janeiro. In: Nasi A, Sette H, Zeitune JMR, Andreollo NA, Alves PRA,
editors. GED. Poster do XIX Congresso Brasileiro de Hepatologia; 2007 Out
17-29; Ouro Preto, Minas Gerais. 2007; 26(Supl 1):S62.
Focaccia R, da Conceicao OJ, Sette H, Jr., Sabino E, Bassit L, Nitrini DR, Lomar AV,
Lorenco R, Vieira De Souza F, Kiffer CR, Santos EB, Gonzales MP, Saez-
Alquezar A, Riscal JR, Fischer D. Estimated Prevalence of Viral Hepatitis in
the General Population of the Municipality of Sao Paulo, Measured by a
Serologic Survey of a Stratified, Randomized and Residence-Based
Population. Braz J Infect Dis 1998; 2(6):269-284.
Foster GR. Review article: pegylated interferons: chemical and clinical differences.
Aliment Pharmacol Ther 2004; 20(8):825-30.
Frank C, Mohamed MK, Strickland GT, Lavanchy D, Arthur RR, Magder LS, El Khoby
T, Abdel-Wahab Y, Aly Ohn ES, Anwar W, Sallam I. The role of parenteral
antischistosomal therapy in the spread of hepatitis C virus in Egypt. Lancet
2000; 355(9207):887-91.
57
Fried MW, Shiffman ML, Reddy KR, Smith C, Marinos G, Goncales FL, Jr.,
Haussinger D, Diago M, Carosi G, Dhumeaux D, Craxi A, Lin A, Hoffman J, Yu
J. Peginterferon alfa-2a plus ribavirin for chronic hepatitis C virus infection. N
Engl J Med 2002; 347(13):975-82.
Ghany MG, Kleiner DE, Alter H, Doo E, Khokar F, Promrat K, Herion D, Park Y,
Liang TJ, Hoofnagle JH. Progression of fibrosis in chronic hepatitis C.
Gastroenterology 2003; 124(1):97-104.
Goncales FL, Jr., Vigani A, Goncales N, Barone AA, Araujo E, Focaccia R, Oliveira
U, Coelho HS, Paixao J, Perez R, Lobato C, Weirich J, Rosa H, Borges A, Vila
R, Correa-Giannella ML, Ferraz ML. Weight-based combination therapy with
peginterferon alpha-2b and ribavirin for Naive, relapser and non-responder
patients with chronic hepatitis C. Braz J Infect Dis 2006; 10(5):311-6.
Granovsky MO, Minkoff HL, Tess BH, Waters D, Hatzakis A, Devoid DE, Landesman
SH, Rubinstein A, Di Bisceglie AM, Goedert JJ. Hepatitis C virus infection in
the mothers and infants cohort study. Pediatrics 1998; 102(2 Pt 1):355-9.
Gretch DR. Diagnostic tests for hepatitis C. Hepatology 1997; 26(3 Suppl 1):43S-
47S.
Hadziyannis SJ, Sette H, Jr., Morgan TR, Balan V, Diago M, Marcellin P, Ramadori
G, Bodenheimer H, Jr., Bernstein D, Rizzetto M, Zeuzem S, Pockros PJ, Lin
A, Ackrill AM. Peginterferon-alpha2a and ribavirin combination therapy in
chronic hepatitis C: a randomized study of treatment duration and ribavirin
dose. Ann Intern Med 2004; 140(5):346-55.
Hoofnagle JH. Course and outcome of hepatitis C. Hepatology 2002; 36(5 Suppl
1):S21-9.
Hoofnagle JH, Mullen KD, Jones DB, Rustgi V, Di Bisceglie A, Peters M, Waggoner
JG, Park Y, Jones EA. Treatment of chronic non-A,non-B hepatitis with
recombinant human alpha interferon. A preliminary report. N Engl J Med 1986;
315(25):1575-8.
Horoldt B, Haydon G, O'Donnell K, Dudley T, Nightingale P, Mutimer D. Results of
combination treatment with pegylated interferon and ribavirin in cirrhotic
patients with hepatitis C infection. Liver Int 2006; 26(6):650-9.
Hultgren C, Milich DR, Weiland O, Sallberg M. The antiviral compound ribavirin
modulates the T helper (Th) 1/Th2 subset balance in hepatitis B and C virus-
specific immune responses. J Gen Virol 1998; 79 ( Pt 10):2381-91.
Hwang SJ, Luo JC, Chu CW, Lai CR, Lu CL, Tsay SH, Wu JC, Chang FY, Lee SD.
Hepatic steatosis in chronic hepatitis C virus infection: prevalence and clinical
correlation. J Gastroenterol Hepatol 2001; 16(2):190-5.
Inglesby TV, Rai R, Astemborski J, Gruskin L, Nelson KE, Vlahov D, Thomas DL. A
prospective, community-based evaluation of liver enzymes in individuals with
hepatitis C after drug use. Hepatology 1999; 29(2):590-6.
Ishak K, Baptista A, Bianchi L, Callea F, De Groote J, Gudat F, Denk H, Desmet V,
Korb G, MacSween RN, et al. Histological grading and staging of chronic
hepatitis. J Hepatol 1995; 22(6):696-9.
Jensen DM, Morgan TR, Marcellin P, Pockros PJ, Reddy KR, Hadziyannis SJ,
Ferenci P, Ackrill AM, Willems B. Early identification of HCV genotype 1
patients responding to 24 weeks peginterferon alpha-2a (40 kd)/ribavirin
therapy. Hepatology 2006; 43(5):954-60.
Kamal SM. Acute hepatitis C: Prospects and challenges. World J Gastroenterol
2007; 13(48):6455-7.
58
Kenny-Walsh E. Clinical outcomes after hepatitis C infection from contaminated anti-
D immune globulin. Irish Hepatology Research Group. N Engl J Med 1999;
340(16):1228-33.
Lagging LM, Westin J, Svensson E, Aires N, Dhillon AP, Lindh M, Wejstal R,
Norkrans G. Progression of fibrosis in untreated patients with hepatitis C virus
infection. Liver 2002; 22(2):136-44.
Lebray P, Nalpas B, Vallet-Pichard A, Broissand C, Sobesky R, Serpaggi J, Fontaine
H, Pol S. The impact of haematopoietic growth factors on the management
and efficacy of antiviral treatment in patients with hepatitis C virus. Antivir Ther
2005; 10(6):769-76.
Lindh M, Alestig E, Arnholm B, Eilard A, Hellstrand K, Lagging M, Wahlberg T,
Wejstal R, Westin J, Norkrans G. Response prediction and treatment tailoring
for chronic hepatitis C virus genotype 1 infection. J Clin Microbiol 2007;
45(8):2439-45.
Lindsay KL, Trepo C, Heintges T, Shiffman ML, Gordon SC, Hoefs JC, Schiff ER,
Goodman ZD, Laughlin M, Yao R, Albrecht JK. A randomized, double-blind
trial comparing pegylated interferon alfa-2b to interferon alfa-2b as initial
treatment for chronic hepatitis C. Hepatology 2001; 34(2):395-403.
Manns MP, McHutchison JG, Gordon SC, Rustgi VK, Shiffman M, Reindollar R,
Goodman ZD, Koury K, Ling M, Albrecht JK. Peginterferon alfa-2b plus
ribavirin compared with interferon alfa-2b plus ribavirin for initial treatment of
chronic hepatitis C: a randomised trial. Lancet 2001; 358(9286):958-65.
Marcellin P, Asselah T, Boyer N. Fibrosis and disease progression in hepatitis C.
Hepatology 2002; 36(5 Suppl 1):S47-56.
Marcellin P, Boyer N, Gervais A, Martinot M, Pouteau M, Castelnau C, Kilani A,
Areias J, Auperin A, Benhamou JP, Degott C, Erlinger S. Long-term histologic
improvement and loss of detectable intrahepatic HCV RNA in patients with
chronic hepatitis C and sustained response to interferon-alpha therapy. Ann
Intern Med 1997; 127(10):875-81.
Marotta P, Feinman SV, Ghent C, Scully L, Varenbut M, Daiter J, Sullivan H, Robert
J, Bailey R, Romanowski B, Farley J, Abadir N. An interim analysis of the
canadian power program (peginterferon alfa-2b prospective optimal weight-
based dosing response): consistent svr rates across all weight categories. J
Hepatol 2006; 44((4), suppl 1):324A.
McHutchison JG, Gordon SC, Schiff ER, Shiffman ML, Lee WM, Rustgi VK,
Goodman ZD, Ling MH, Cort S, Albrecht JK. Interferon alfa-2b alone or in
combination with ribavirin as initial treatment for chronic hepatitis C. Hepatitis
Interventional Therapy Group. N Engl J Med 1998; 339(21):1485-92.
McHutchison JG, Shad JA, Gordon SC, Morgan TR, Ling MH, Garaud JJ, Albrecht
JK, Dienstag JL. Predicting response to initial therapy with interferon plus
ribavirin in chronic hepatitis C using serum HCV RNA results during therapy. J
Viral Hepat 2001; 8(6):414-20.
Monteiro CA, Conde WL. A tendência secular da obesidade segundo estratos
sociais: Nordeste e Sudeste do Brasil, 1975-1989-1997. Arq Bras Endocrinol
Metab 1999; 43(3):186-94.
National Institutes of Health Consensus Development Conference Panel statement:
management of hepatitis C. Hepatology 1997; 26(3 Suppl 1):2S-10S.
National Institutes of Health Consensus Development Conference Statement:
Management of hepatitis C 2002 (June 10-12, 2002). Gastroenterology 2002;
123(6):2082-99.
59
Page T, Connor JD. The metabolism of ribavirin in erythrocytes and nucleated cells.
Int J Biochem 1990; 22(4):379-83.
Palitzsch KD, Hottentrager B, Schlottmann K, Frick E, Holstege A, Scholmerich J, Jilg
W. Prevalence of antibodies against hepatitis C virus in the adult German
population. Eur J Gastroenterol Hepatol 1999; 11(11):1215-20.
Patil SD, Ngo LY, Glue P, Unadkat JD. Intestinal absorption of ribavirin is
preferentially mediated by the Na+-nucleoside purine (N1) transporter. Pharm
Res 1998; 15(6):950-2.
Pawlotsky JM. Use and interpretation of virological tests for hepatitis C. Hepatology
2002; 36(5 Suppl 1):S65-73.
Pierre AM,Pereira KB, Nóbrega ACM, Uchoa LV, Fernandes SG, Hyppolito EB,
Pinheiro SR, Rocha MLX, Lima JWO, Lima JMC. Resposta ao interferon
peguilado associado a ribavirina em pacientes com hepatite C crônica In: Nasi
A, Sette H, Zeitune JMR, Andreollo NA, Alves PRA, editors. GED. Poster do
XIX Congresso Brasileiro de Hepatologia; 2007 Out 17-29; Ouro Preto, Minas
Gerais. 2007; 26(Supl 1):S53.
Poynard T, Bedossa P, Opolon P. Natural history of liver fibrosis progression in
patients with chronic hepatitis C. The OBSVIRC, METAVIR, CLINIVIR, and
DOSVIRC groups. Lancet 1997; 349(9055):825-32.
Poynard T, Marcellin P, Lee SS, Niederau C, Minuk GS, Ideo G, Bain V, Heathcote J,
Zeuzem S, Trepo C, Albrecht J. Randomised trial of interferon alpha2b plus
ribavirin for 48 weeks or for 24 weeks versus interferon alpha2b plus placebo
for 48 weeks for treatment of chronic infection with hepatitis C virus.
International Hepatitis Interventional Therapy Group (IHIT). Lancet 1998;
352(9138):1426-32.
Poynard T, McHutchison J, Goodman Z, Ling MH, Albrecht J. Is an "a la carte"
combination interferon alfa-2b plus ribavirin regimen possible for the first line
treatment in patients with chronic hepatitis C? The ALGOVIRC Project Group.
Hepatology 2000; 31(1):211-8.
Puoti M, Zonaro A, Ravaggi A, Marin MG, Castelnuovo F, Cariani E. Hepatitis C virus
RNA and antibody response in the clinical course of acute hepatitis C virus
infection. Hepatology 1992; 16(4):877-81.
Reichard O, Andersson J, Schvarcz R, Weiland O. Ribavirin treatment for chronic
hepatitis C. Lancet 1991; 337(8749):1058-61.
Reichard O, Norkrans G, Fryden A, Braconier JH, Sonnerborg A, Weiland O.
Randomised, double-blind, placebo-controlled trial of interferon alpha-2b with
and without ribavirin for chronic hepatitis C. The Swedish Study Group. Lancet
1998; 351(9096):83-7.
Seeff LB. Natural history of chronic hepatitis C. Hepatology 2002; 36(5 Suppl 1):S35-
46.
Serfaty L, Aumaitre H, Chazouilleres O, Bonnand AM, Rosmorduc O, Poupon RE,
Poupon R. Determinants of outcome of compensated hepatitis C virus-related
cirrhosis. Hepatology 1998; 27(5):1435-40.
Shepard CW, Finelli L, Alter MJ. Global epidemiology of hepatitis C virus infection.
Lancet Infect Dis 2005; 5(9):558-67.
Silva IS, Ferraz ML, Perez RM, Lanzoni VP, Figueiredo VM, Silva AE. Role of
gamma-glutamyl transferase activity in patients with chronic hepatitis C virus
infection. J Gastroenterol Hepatol 2004; 19(3):314-8.
Silva M, Poo J, Wagner F, Jackson M, Cutler D, Grace M, Bordens R, Cullen C,
Harvey J, Laughlin M. A randomised trial to compare the pharmacokinetic,
60
pharmacodynamic, and antiviral effects of peginterferon alfa-2b and
peginterferon alfa-2a in patients with chronic hepatitis C (COMPARE). J
Hepatol 2006; 45(2):204-13.
Simmonds P, Holmes EC, Cha TA, Chan SW, McOmish F, Irvine B, Beall E, Yap PL,
Kolberg J, Urdea MS. Classification of hepatitis C virus into six major
genotypes and a series of subtypes by phylogenetic analysis of the NS-5
region. J Gen Virol 1993; 74 ( Pt 11):2391-9.
Snoeck E, Hadziyannis SJ, Puoti C, Swain MG, Berg T, Marcellin P, Zarski JP, Jorga
K, Zeuzem S. Predicting efficacy and safety outcomes in patients with
hepatitis C virus genotype 1 and persistently 'normal' alanine
aminotransferase levels treated with peginterferon alpha-2a (40KD) plus
ribavirin. Liver Int 2008; 28(1):61-71.
Swain MG, Lai M-Y, Shiffman ML, et al. Durable sustained virological response after
treatment with peginterferon alfa-2a alone or in combination with ribavirin: 5-
year follow-up and the criteria of a cure. 42nd Annual Meeting of the European
Association for the Study of the Liver. 2007.
Taliani G, Badolato MC, Nigro G, Biasin M, Boddi V, Pasquazzi C, Clerici M. Serum
concentration of gammaGT is a surrogate marker of hepatic TNF-alpha mRNA
expression in chronic hepatitis C. Clin Immunol 2002; 105(3):279-85.
Testa R, Giannini E, Picciotto A, Risso D, Caglieris S, Fasoli A, Lantieri PB, Icardi
GC, Lapertosa G, Celle G. Probability of non-response during interferon
therapy in patients with chronic hepatitis C. Hepatogastroenterology 1999;
46(27):1928-36.
Thomas DL, Seeff LB. Natural history of hepatitis C. Clin Liver Dis 2005; 9(3):383-98,
vi.
Thomopoulos KC, Theocharis GJ, Tsamantas AC, Siagris D, Dimitropoulou D, Gogos
CA, Labropoulou-Karatza C. Liver steatosis is an independent risk factor for
treatment failure in patients with chronic hepatitis C. Eur J Gastroenterol
Hepatol 2005; 17(2):149-53.
Tong MJ, el-Farra NS, Reikes AR, Co RL. Clinical outcomes after transfusion-
associated hepatitis C. N Engl J Med 1995; 332(22):1463-6.
Umlauft F, Wong DT, Oefner PJ, Underhill PA, Cheung RC, Wright TL, Kolykhalov
AA, Gruenewald K, Greenberg HB. Hepatitis C virus detection by single-round
PCR specific for the terminal 3' noncoding region. J Clin Microbiol 1996;
34(10):2552-8.
Villano SA, Vlahov D, Nelson KE, Lyles CM, Cohn S, Thomas DL. Incidence and risk
factors for hepatitis C among injection drug users in Baltimore, Maryland. J
Clin Microbiol 1997; 35(12):3274-7.
Villela-Nogueira CA, Perez RM, de Segadas Soares JA, Coelho HS. Gamma-
glutamyl transferase (GGT) as an independent predictive factor of sustained
virologic response in patients with hepatitis C treated with interferon-alpha and
ribavirin. J Clin Gastroenterol 2005; 39(8):728-30.
Wasley A, Alter MJ. Epidemiology of hepatitis C: geographic differences and
temporal trends. Semin Liver Dis 2000; 20(1):1-16.
Yano M, Kumada H, Kage M, Ikeda K, Shimamatsu K, Inoue O, Hashimoto E,
Lefkowitch JH, Ludwig J, Okuda K. The long-term pathological evolution of
chronic hepatitis C. Hepatology 1996; 23(6):1334-40.
Yee HS, Currie SL, Darling JM, Wright TL. Management and treatment of hepatitis C
viral infection: recommendations from the Department of Veterans Affairs
61
Hepatitis C Resource Center program and the National Hepatitis C Program
office. Am J Gastroenterol 2006; 101(10):2360-78.
Yu JW, Wang GQ, Sun LJ, Li XG, Li SC. Predictive value of rapid virological
response and early virological response on sustained virological response in
HCV patients treated with pegylated interferon alpha-2a and ribavirin. J
Gastroenterol Hepatol 2007; 22(6):832-6.
Zeuzem S, Buti M, Ferenci P, Sperl J, Horsmans Y, Cianciara J, Ibranyi E, Weiland
O, Noviello S, Brass C, Albrecht J. Efficacy of 24 weeks treatment with
peginterferon alfa-2b plus ribavirin in patients with chronic hepatitis C infected
with genotype 1 and low pretreatment viremia. J Hepatol 2006; 44(1):97-103.
Zeuzem S, Diago M, Gane E, Reddy KR, Pockros P, Prati D, Shiffman M, Farci P,
Gitlin N, O'Brien CB, Lamour F, Lardelli P. Peginterferon alfa-2a (40
kilodaltons) and ribavirin in patients with chronic hepatitis C and normal
aminotransferase levels. Gastroenterology 2004; 127(6):1724-32.
Zeuzem S, Feinman SV, Rasenack J, Heathcote EJ, Lai MY, Gane E, O'Grady J,
Reichen J, Diago M, Lin A, Hoffman J, Brunda MJ. Peginterferon alfa-2a in
patients with chronic hepatitis C. N Engl J Med 2000; 343(23):1666-72.
Zou S, Tepper M, Giulivi A. Current status of hepatitis C in Canada. Can J Public
Health 2000; 91 Suppl 1:S10-5, S10-6.
ANEXOS
63
TERMO DE CONSENTIMENTO INFORMADO
Interferon alfa, Interferon alfa Peguilado e Ribavirina
Eu, ____________________________ (nome do(a) paciente), abaixo identificado(a) e
firmado(a), declaro ter sido informado(a) claramente sobre todas as indicações, contra-
indicações, principais efeitos colaterais e riscos relacionados ao uso de interferon alfa
ou interferon alfa peguilado, associados ou não com ribavirina, preconizados para o
tratamento da Hepatite Viral Crônica C. Estou ciente de que este(s) medicamento(s)
somente poderá ser utilizado por mim, comprometendo-me a devolvê-lo(s) caso o
tratamento seja interrompido. Os termos médicos foram explicados e todas as minhas
dúvidas foram esclarecidas pelo médico ________________________________ (nome
do médico que prescreve). Expresso também minha concordância e espontânea
vontade em submeter-me ao referido tratamento, assumindo a responsabilidade e os
riscos por eventuais efeitos indesejáveis decorrentes.
Assim, declaro que:
Fui claramente informado que a associação de ribavirina + interferon alfa ou
ribavirina + Interferon peguilado podem trazer os seguintes benefícios no tratamento
da Hepatite Viral Crônica C:
- Redução da replicação viral;
- Melhora da inflamação e fibrose hepáticas; Ainda não se sabe se esses benefícios
irão significar no futuro cura da hepatite C, prevenção de cirrose, de insuficiência
hepática ou do câncer do fígado. Também não está estabelecido se o tratamento
previne a transmissão do vírus da hepatite C para outras pessoas, mesmo em
pacientes que tiveram boa resposta ao tratamento. Fui também claramente
informado a respeito das seguintes contra-indicações, potenciais efeitos adversos,
riscos e advertências a respeito da associação de ribavirina + interferon alfa ou
ribavirina + interferon peguilado no tratamento da Hepatite Viral Crônica C:
- Medicações classificadas na gestação como fator de risco X para ribavirina
(contra-indicada durante a gestação por causar graves defeitos, efeitos
teratogênicos, oncogênicos, mutagênicos e embriotóxicos significativos nos bebês) e
fator de risco C para interferon alfa e interferon peguilado (estudos em animais
mostraram anormalidades nos descendentes, porém não há estudos em humanos; o
risco para o bebê não pode ser descartado, mas um benefício potencial pode ser
maior que os riscos);
- É contra-indicado o uso da ribavirina em pacientes de ambos os sexos nos quais o
controle da contracepção não pode ser feito de maneira adequada e rigorosa,
devendo ser utilizado método seguro de contracepção para pacientes em idade fértil
até seis meses do final do tratamento;
- Não é recomendada a amamentação durante o tratamento com ribavirina,
interferon alfa e interferon peguilado;
- Deve-se evitar a gravidez durante a vigência do tratamento e por 6 meses após
seu término;
- O paciente não deve doar sangue;
- Os principais efeitos adversos relatados para o interferon alfa e interferon
peguilado são dor de cabeça, fadiga, depressão, ansiedade, irritabilidade, insônia,
febre, tontura, dor torácica dificuldade de concentração, dor, perda de cabelo,
coceiras, secura na pele, borramento da visão, alteração no paladar gosto metálico
na boca, estomatite, náuseas, perda de apetite, diarréia, dor abdominal, perda de
peso, dor muscular, infecções virais, reações alérgicas de pele, hipertireoidismo e
hipotireoidismo, vômitos, indigestão, diminuição das células do sangue (plaquetas,
neutrófilos, hemácias), tosse, faringite, sinusite. Os efeitos adversos menos
64
freqüentes incluem comportamento agressivo, aumento da atividade de doenças
auto-imunes, infarto do miocárdio, pneumonia, arritmias, isquemias.
- Os principais efeitos adversos relatados para ribavirina incluem cansaço, fadiga,
dor de cabeça, insônia, náuseas, perda de apetite, anemia. Os efeitos adversos
menos freqüentes são dificuldade na respiração, conjuntivite, pressão baixa, alergias
de pele, rinite, faringite, lacrimejamento.
- É necessária a realização de exames hematológicos, especialmente durante as 4
primeiras semanas de tratamento, para detecção de alterações nas células do
sangue e, desta forma, quando for necessário, proceder ajuste de dose;
- Estes medicamentos podem interagir com vários outros medicamentos. Por isso,
em caso de uso de outros medicamentos, comunique ao médico.
Estou ciente de que posso suspender o tratamento a qualquer momento, sem que
este fato implique qualquer forma de constrangimento entre mim e meu médico, que
se dispõe a continuar me tratando em quaisquer circunstâncias.
Autorizo o Ministério da Saúde e as Secretarias de Saúde a fazer uso de
informações relativas ao meu tratamento desde que assegurado o anonimato.
Declaro ter compreendido e concordado com todos os termos deste Consentimento
Informado.
Assim, o faço por livre e espontânea vontade e por decisão conjunta, minha e de
meu médico.
Paciente: _________________________________________
R.G. do paciente: ___________________________________
Sexo do paciente: Masculino ( ) Feminino ( )
Idade: ______
Endereço:_________________________________________Cidade:_________CE
P:______
Telefone: ( ) ______
Responsável legal (quando for o caso): ____________________
R.G. do responsável legal: _____________
__________________________________________
Assinatura do paciente ou do responsável legal
Médico Responsável:___________________
CRM:___________
Endereço do consultório: ______________________________________
Cidade:_________ CEP:__________
Telefone: ( ) ____________
___________________________
Assinatura e carimbo do médico
__________
Data
Observações:
a) o preenchimento completo deste Termo e sua respectiva assinatura são
imprescindíveis para o fornecimento do medicamento;
b) este Termo ficará arquivado na farmácia responsável pela dispensação dos
medicamentos.
Livros Grátis
( http://www.livrosgratis.com.br )
Milhares de Livros para Download:
Baixar livros de Administração
Baixar livros de Agronomia
Baixar livros de Arquitetura
Baixar livros de Artes
Baixar livros de Astronomia
Baixar livros de Biologia Geral
Baixar livros de Ciência da Computação
Baixar livros de Ciência da Informação
Baixar livros de Ciência Política
Baixar livros de Ciências da Saúde
Baixar livros de Comunicação
Baixar livros do Conselho Nacional de Educação - CNE
Baixar livros de Defesa civil
Baixar livros de Direito
Baixar livros de Direitos humanos
Baixar livros de Economia
Baixar livros de Economia Doméstica
Baixar livros de Educação
Baixar livros de Educação - Trânsito
Baixar livros de Educação Física
Baixar livros de Engenharia Aeroespacial
Baixar livros de Farmácia
Baixar livros de Filosofia
Baixar livros de Física
Baixar livros de Geociências
Baixar livros de Geografia
Baixar livros de História
Baixar livros de Línguas
Baixar livros de Literatura
Baixar livros de Literatura de Cordel
Baixar livros de Literatura Infantil
Baixar livros de Matemática
Baixar livros de Medicina
Baixar livros de Medicina Veterinária
Baixar livros de Meio Ambiente
Baixar livros de Meteorologia
Baixar Monografias e TCC
Baixar livros Multidisciplinar
Baixar livros de Música
Baixar livros de Psicologia
Baixar livros de Química
Baixar livros de Saúde Coletiva
Baixar livros de Serviço Social
Baixar livros de Sociologia
Baixar livros de Teologia
Baixar livros de Trabalho
Baixar livros de Turismo