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Assim Hegel, no Adendo ao §206 da Enciclopédia das Ciências Filosóficas, explica
que o desenvolvimento do fim à idéia acontece por três degraus, onde o primeiro é o fim
subjetivo; o segundo, o fim em via de realizar-se (meio); e o terceiro, o fim realizado. Hegel
diz, na Ciência da Lógica,
261
que o fim subjetivo primeiramente volta a encontrar e se põe na
centralidade da esfera objetiva, ou seja, a indiferença frente à determinação, o que Hegel
chama de “ponto negativo da unidade”. Na Enciclopédia das Ciências Filosóficas, ele diz
que “o conceito para si essente, ele mesmo é a totalidade dos momentos-do-conceito.”
262
E o
presente trabalho busca apreender a unidade entre o sujeito e o objeto nesses momentos do
conceito, captando a progressão da subjetividade e da objetividade, na oposição e na diferença
que perfazem a realidade dessa unidade.
Hegel mostra, o que é significativo observar, que, no fim subjetivo, o conceito
universal, pela particularidade, se conclui juntamente com a singularidade. Esta particulariza
esse universal, que se encontra ainda indeterminado, tornando-o conteúdo determinado,
apresentando, com isso, a oposição entre subjetividade e objetividade.
263
Este momento é o da
universalidade idêntica consigo, onde tudo está contido, mas nada separado. Sobre o fim em
via de realizar-se (meio), Hegel diz que, diante do mundo objetivo, este fim constitui apenas a
primeira negação, ela mesma imediata e, por isso, externa. “Este pôr não é, todavia, o fim
mesmo realizado, mas só o início para tal realização. O objeto assim determinado é ainda só
o meio.”
264
Este fim caracteriza-se como a particularidade do universal, retorna a ele,
concluindo-se junto consigo mesmo. Este fim em via de realizar-se (ou meio) é a
singularidade, como atividade voltada para fora, que mantém a identidade com a
particularidade. Além do conteúdo, inclui a objetividade exterior, refere-se ao objeto, mas de
maneira exterior e se apodera dele como um meio.
265
Hegel diz que este fim é a potência interior do conceito enquanto atividade. Nele, o
objeto é o meio enquanto reunido na imediatez, e onde se mantém. “O fim alcança o objeto,
por estar nele contida a particularidade e, nesta, também a objetividade.”
266
Explicando
sobre o fim realizado, o comentário de Hegel na Ciência da Lógica é o seguinte: “este é
diferente, ao ser em primeiro lugar a atividade finita subjetiva dos silogismos precedentes,
mas é também a eliminação da objetividade exterior, e com isso, da exterioridade em geral,
por meio de si mesmo, e, portanto, é a totalidade em seu ser-posto.”
267
E significativo também
é o que Hegel diz na Enciclopédia das Ciências Filosóficas, quando diz que o fim realizado
261
G.W.F. HEGEL. Ciência da Lógica, op. cit. v.II, p. 652.
262
G.W.F. HEGEL. Enciclopédia das Ciências Filosóficas, op. cit., §206.Ad., p. 344
263
Ibidem, §207, p. 344.
264
G.W.F. HEGEL. Ciência da Lógica, op. cit. v.II, p. 655.
265
G.W.F. HEGEL. Enciclopédia das Ciências Filosóficas, op. cit., §208, p. 345.
266
Ibidem, §208.Ad., p. 345.
267
G.W.F. HEGEL. Ciência da Lógica, op. cit. v.II, p. 663.