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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL
INSTITUTO DE GERIATRIA E GERONTOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-
GRADUAÇÃO EM GERONTOLOGIA BIOMÉDICA
JOÃO BORGES DE LIMA
A EFETIVIDADE DE UM PROGRAMA ERGONÔMICO EM IDOSOS ATIVOS
USUÁRIOS DA INFORM
ÁTICA
Porto Alegre
2007
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JOÃO BORGES DE LIMA
A EFETIVIDADE DE UM PROGRAMA ERGONÔMICO EM IDOSOS ATIVOS
USUÁRIOS DA INFORMÁTICA
Dissertação apresentada como requisito para
obtenção do grau de Mestre, pelo Programa de
Pós
-Graduação em Gerontologia Biomédica no
Instituto de Geriatria e Gerontologia da Pontifícia
Universidade Católica do Rio Grande do Sul.
Orientador: Prof. Dra. Valdemarina Bidone de Azevedo e Souza
Porto Alegre
2007
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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
L732e Lima, João Borges
A efetividade de um programa ergonômico em idosos ativos
usuários da informática / João Borges Lima.
-
Porto Alegre,
2007.
92 f.
: il.
Dissertação (Mestrado)
Instituto de Geriatria e
Gerontologia, PUCRS, 2007.
Orientador: Prof. Dra. Valdemarina Bidone de Azevedo e
Souza.
1. Geriatria. 2. Informática
Idoso. 3. Programa
Ergonômico
Fisioterapia. 4. Id
oso
Atividades. 5.
Alongamento. I. Título. II. Souza, Valdemarina Bidone de
Azevedo e.
CDD 618.97072
Bibliotecária Responsável: Deisi Hauenstein CRB 10/1479
JOÃO BORGES DE LIMA
A EFETIVIDADE DE UM PROGRAMA ERGONÔMICO EM IDOSOS ATIVOS
USUÁRIOS DA INFORMÁTICA
Dissertação apresentada como requisito para obtenção
do grau de Mestre, pelo Programa de Pós-Graduação
em Gerontologia Biomédica no Instituto de Geriatria e
Gerontologia
da Pontifícia Universidade Católica do
Rio Grande do Sul.
Aprovada em _______ de _____________ de ________
BANCA EXAMINADORA:
Dedico este trabalho aos meus avós cujo
amor e carinho me fizeram
opt
ar por este
campo de
atuação,
a meus pais que
sempre me apoiaram e me
incentivaram o meu
crescimento
profissional e
realização pessoal
e a minha
namorada pelo
carinho
e
ajuda
em todos os
momentos
AGRADECIMENTOS
Agradeço ao Programa de Pós-Graduação em Gerontologia Biomédica, pela
oportunidade de estudo e desenvolvimento da presente pesquisa.
A CAPES pela bolsa concedida
e
que permitiu minha dedicação exclusiva a
esta pesquisa.
À prof. Dra. Valdemarina Bidone de Azevedo e Souza, pelo incentivo de
nunca fazer seus alunos pararem de pesquisar, desenvolverem e crescerem
profissionalmente.
Ao prof. Antônio Carlos Araújo e Souza, pelo apoio e estímulo para o
crescimento deste estudo.
Ao coordenador do curso de Fisioterapia da Faculdade de Enfermagem,
Fisioterapia e Nutrição, prof. Dr. Denizar Alberto da Silva Melo, pelo apoio e auxílio
neste estudo.
Aos meus colegas de pesquisa Anderson, Ângela, Cláudia, Lérida, Letícia,
Márcia e Vivian, pelo apoio e auxílio na pesquisa e demonstração de sua
importância aos idosos.
Às colegas de Mestrado Fabiane Azevedo e Souza e Caren Lara, pelo apoio
e auxílio nos momentos necessários.
Aos idosos do Projeto Potencial
Idade
, cuja participação ativa nas Oficinas de
inclusão digital permitiram a realização deste estudo pioneiro em sua área,
ampliando os conhecimentos a respeito da nova imagem quanto ao idoso que está
sendo formada.
O bem mais valioso que um ser humano
possui é sua experiência de vida. Um
conjunto de memórias, quando
compartilhado,
para ser um verdadeiro
patrimônio para a humanidade.
(Veronika Vadja)
RESUMO
Introdução: Conjuntamente com o crescimento demográfico da população idosa,
um avanço tecnológico, percebido
também
pelo maior uso de computadores nos
diversos segmentos sociais e para as mais diferentes aplicações. Por essa razão, é
imprescindível que o indivíduo idoso seja inserido nesse contexto de avanço
tecnológico. No entanto, o advento da informática tem gerado conseqüências físicas
em seus usuários, principalmente
qu
ando utilizam o computador por longos
interruptos
períodos.
Objetivos:
Verificar a efetividade de um
Programa
Ergonômico, elaborado a partir de um Protocolo Avaliação Fisioterapêutica, para
Intervenção Postural para idosos participantes de Oficina de Inclu
são Digital
; e como
objetivos específicos:
a)
avaliar a resposta dos idosos submetidos a um Programa
Ergonômico de intervenção, elaborado a partir de um Protocolo de Avaliação
Fisioterapêutica,
postura no ambiente das oficinas de
inclusão
digital;
b)
i
dent
ificar
no
ambiente da oficina de alfabetização digital fatores que podem influenciar as
posturas adotadas em frente ao computador
;
c)
a
valiar os resultados da aplicação do
P
rotocolo
de Avaliação F
isioterapêutic
a de I
ntervenção
Postural na prevenção e/ou
re
dução de
alterações
posturais dos idosos participantes das oficinas de
alfabetização digital. Materiais e
Métodos
:
o
estudo
foi desenvolvido numa
abordagem
quanti
-
qualitativ
a em que foram avaliados
40
idosos
. Inicialmente foi
realizada uma avaliação postur
al
por meio do Protocolo de Avaliação
Fisioterapêutica e por fotografia da postura do idoso frente ao computador, para
identificação de possíveis desvios. Após, realizou-
se
a
análise do ambiente da
oficina
tendo como base referências bibliográficas, buscan
do
identificar-
se
fatores
que pudessem contribuir para alterações posturais nos idosos integrantes. Com
base n
os
fatores elencados e na avaliação postural,
foi
aplicado
o P
rograma
Ergonômico de I
ntervenção
. O programa ergonômico foi constituído por
alongam
entos e orientações ergonômicas. A aplicação do Programa foi realizada
duas vezes por semana, durante cinco semanas. Ao final das cinco semanas
de
aplicação
, foi realizada
outra
avaliação postural. Além disso, foi utilizada a
goniometria também como parâmetro de efetividade para mobilidade da coluna
cervical e fez-
se
a constatação de queixas sicas que os idosos participantes
9
poderiam apresentar após aplicação do protocolo. Após essa reavaliação o
protocolo foi novamente aplicado pelo mesmo período, e ao f
inal
(após dez
semanas)
foi realizada nova avaliação para verificação da efetividade do Programa
.
Resultados:
de acordo com os dados iniciais da avaliação postural, identificou-
se
que
65% das 26 participantes do sexo feminino e 35% dos 14 do sexo masculi
no
possuíam alguma alteração postural antes de iniciarem o programa.
Observou
-
se
,
também
, que 57% dos idosos possuíam problema osteoarticular. A análise
das
fotografias
revelou que os idosos, frente ao computador, adota
v
am uma postura
com
indicativos de presença de postura
hiper
cifótica
. Não foram observadas alterações
estatisticamente
significativas nos movimentos de flexão, extensão, flexão lateral
direita, rotação à direita e rotação à esquerda da coluna cervical. Em relação às
queixas físicas avaliadas não houve alterações após aplicação do Programa nas
duas fases.
Conclusão:
a)
a aplicação do Programa Ergonômico não foi efetiva para
aumento de amplitude dos movimentos da coluna cervical dos participantes; b) o
Programa f
oi
significativamente
efetivo
em relação ao movimento de flexão lateral
esquerda para as representantes do sexo feminino nas fases I e II de aplicação
;
c) a
ausência de ajuste do encosto da cadeira pode ter influenciado nas posturas
funcionais adotadas pelos participantes. Portanto, neste tópico o ambiente
influenciou a postura frente ao computador
;
d) a maioria dos integrantes do sexo
feminino (65% das 26 integrantes) e do masculino (35% dos 14 integrantes) possui
lordose. Esta pode ter sido decorrente da postura
hiper
cifótica adotada frente ao
computador, o que pode ter levado ao aparecimento de queixas dolorosas
identificadas; e) embora não tenham sido identificadas mudanças na postura dos
participantes, o presente estudo pôde delinear um desenho clínico da postura do
idoso usuário do comp
utador
,
e não
houve
agrav
amento
d
os problemas identificados
no início do estudo.
Palavras
-
chave
:
idoso; informática; programa ergonômico;
alongamento; postura.
ABSTRACT
Introduction:
There is a technological advance concomitantly with the demographic
growth of the aged population. The technological advance is perceived across the
biggest use of computers in the diverse social segments and for the most different
applications. Therefore, it is essential that the aged individual be inserted in this
contex
t. However, the advent of computer science has generated physical
consequences in users, mainly when they use the computer for long interrupts
periods. Objectives:
To verify the effectiveness of an Ergonomic Program designed
for aged participants of Works
hop for Digital Inclusion. The specific objectives are:
a) By means of a Physiotherapeutic Evaluation Protocol, to evaluate the answer of
aged individuals submitted to a Ergonomic program b) to identified on the
environment of the workshop of digital alphabetization, risk factors that can influence
postural alterations in front of the computer; c) to evaluate the results of the
application of the ergonomic program in the prevention and/or reduction of postural
changes of the aged participants of the digital alphabetization workshops.
Materials
and Methods:
The study was developed in a qualitative and quantitative approach. It
was evaluated 40 elderly. A first postural evaluation was accomplished by means
of a
Physiotherapeutic Evaluation Protocol and photographs of elderly in front of the
computer, in order to identify eventual postural deviation. After, the environment was
evaluated in order to identify factors that could contribute to postural changes of
elderly. Based on the finds of the first evaluation, an intervention with an Ergonomic
Program was applied. The program consisted in allongue sections and ergonomic
advertisement. The program was applied twice a week, during five weeks. After that,
another postural evaluation protocol was done. The
goniometr
y was also used as a
parameter of effectiveness for the mobility of the cervical column and to identify
complains related to the protocol application. After that the protocol was again
applied during five weeks when the final evaluation was accomplished. R
esults
: in
accordance with the initial 65% of 26 women participants and 35% of 14 men had
postural changes before the beginning of program. It was also observed that 57% of
the totality of elderly had osteoarticular problems. The photographs analysis showe
d
that in front of the computer, the participants adopted a kyphotic posture. It was not
find any statistically significant alterations in the flexion, extention, side righ ion, righ
11
and left rotation of cervical column movements. Related to physical complains there
where no significant changes after the program phases.
Conclusion:
a) the
ergonomic program was not effective for changing the amplitude of participants
cervical movements b) the ergonomic program was effective in changing the left
lateral
fl
exion
of women participants; c) the lack of seat back adjusts can be
influenced functional postures adopted by the participants. So in that topic the
environment had an influence on the posture in front of the computer
; d) most women
and men participants
have
lordosis
. This lordosis can be related to the kyphotic
posture adopted in front of the computer. e) Although it was not identified change in
the posture of participants, the present study could delineate a clinical picture of the
posture status of elderly computer user and did not aggravated the problems
identified at the beginning of study.
Keywords:
elderly; informatic; ergonomic program; allonge; position.
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Figura 1
-
Modificação da Postura em funç
ão do processo de
envelhecimento................................................................................
.............
.....................
....2
7
Figura 2
-
Postura
Hiperc
ifótica.....................................................................
...........
............
..............
....2
8
Figura 3
-
Postura
Hiperc
ifótica, relaxada ou desleixada.........................................
............
..............
....29
Figura 4
-
Aplicação da Ergonomia em ambiente organizado com regulagem de altu
ra para
pessoas altas ou baixas............................................
.................
........................................
....3
8
Figura 5
-
Conseqüências de organização de mobiliário e dispositivo muito
alto.....................................
...............................................................
............
......................
....40
Figura 6
-
Conseqüências de organização de mobiliário e dispositivo muito
baixo.......................................................................
..........................
............
......................
....
41
Figura 7
-
Alterações com o Processo de Envelhecimento e suas Implicações no
Desenvolvimento de Ambientes
..................................................................................
.......
....42
Figura 8
-
Deslizamento dos filamentos de actina sobre os de miosina durante a contração
muscular......................................................................................
.......................................
....4
6
Figura 9
-
Medição da Amplitude de Movimento para Flexão da Coluna
Cervical.........................................................................................................
......................
....55
Figura 10
-
Medição da Amplitude de Movimento para Ex
tensão da Coluna
Cervical.........................................................................................................
......................
....5
5
Figura 11
-
Medição da Amplitude de Movimento para Flexão Lateral da Coluna
Cervical...........
..............................................................................................
.....................
....
56
Figura 12
-
Primeiro Alongamento..................................................................................
..................
....
....58
Figura 13
-
Segundo Alongamento.................................................................................
......................
....59
Figura 14
-
Terceiro Alongamento....................................................................
..............
......................
....60
Figura 15
-
Quarto Alongamento.....................................................................................
.....................
....6
0
Figura 16
-
Quinto Alongamento.....................................................................................
.....................
....61
Figura 17
-
Sexto Alongamento......................................................................................
......................
....61
Figura 18
-
Gráfico da comparaç
ão das médias de amplitude de movimento
dos representantes do
sexo masculino participantes das oficinas de inclusão digital em três momentos:
avaliação inicial, fase I de aplicação do Programa e fase II..............................................
....6
6
Figura 19
-
Gráfico da comparação das médias de amplitude de movimento
dos representantes do
sexo feminino participantes das oficinas de inclusão digital em três momentos:
avaliação inicial, fase I de aplicação do Programa e fase II......................
........................
....6
7
Figura 20
-
Análise Qualitativa da postura hipercifótica do indivíduo frente ao computador................
....7
0
Figura 21
-
Análise Qualitativa da postura não
-
hipercifótica do indivíduo frente ao computador........
...
.7
1
L
ISTA DE TABELAS
Tabela
1
-
Número de pessoas idosas para cada 100 indivíduos jovens por ano,
segundo Região e Unidade da Federação no Brasil no período de 1991, 1996
a 2004...........................................................
...........
............................................
....
21
Tabela
2
-
Distribuição dos segmentos corporais em relação ao peso corporal
total.....................................................................................
.................................
...
.2
6
Tabela
3
-
Conseqüência da manutenção de posturas estáticas no ambiente de
trabalho........................................................................................
........................
....
40
Tabela 4
-
Efeitos da idade sobre os movimentos
ativos da Coluna Cervical: Valores
Médios em Graus em Homens e Mulheres com Idade Igual ou Superior a 50
Anos.............................................................
........................................................
....
50
Tabela
5 -
Queixas f
ísicas mais freqüentes evidenciadas pela coleta de dados e seu
comportamento durante as três avaliações realizadas
........................................
....
65
Tabela
6 - Análise da significância das amplitudes de movimento articular para coluna
cervica
l entre a Avaliação Inicial e a Fase I de Aplicação do Programa
Ergonômico para os homens...............................................................................
....
68
Tabela 7
- Análise da significância das amplitudes de movimento articular para coluna
cervical entre a Avaliação Inicial e a Fase II de Aplicação do Programa
Ergonômico para os homens...............................................................................
....68
Tabela 8
- Análise da significância das amplitudes de movimento articular para coluna
cervical entre a Avaliação Inicial e a Fase I de aplicação do Programa
Ergonômico para as mulheres.............................................................................
....68
Tabela 9
- Análise da significância das amplitudes de movimento articular para coluna
cervical entre a Avaliação Inicial e a Fase II de aplicação do Programa
Ergonômico para as mulheres.............................................................................
....68
Tabela 10
- Média das amplitudes de movimento articular da coluna cervical dos homens
e mulheres integrantes das Oficinas na Avaliação Inicial....................................
....69
Tabela 11
- Média das amplitudes de movimento articular da coluna cervical dos homens
e mulheres integrantes das Oficinas na Fase I de aplicação do Programa
Ergonômico..........................................................................................................
....69
Tabela 12
- Média das amplitudes de movimento articular da coluna cervical dos homens
e mulheres integrantes das Oficinas na Fase II de aplicação do Programa
Ergonômico..........................................................................................................
....69
LISTA DE SIGLAS
AVD
-
Ati
vidades de Vida Diária
FLE
-
Flexão Lateral Esquerda
FLD
-
Flexão Lateral Direita
RD
-
Rotação á Direita
RE
-
Rotação à Esquerda
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
................................
................................................................
........................
16
1 REFERENCIAL TEÓRICO
................................
................................................................
..20
1.1 Conceito de Envelhecimento
................................................................
..........................
20
1.2 O En
velhecimento Populacional
................................................................
.....................
21
1.3 Alterações Biológicas do Envelhecimento
................................
................................
.....23
1.4 A Postura do Indivíduo Idoso
................................................................
.........................
27
1.5 A interação do idoso com a Informática
................................
................................
.........32
1.6 Ergonomia
................................
................................................................
.......................
36
1.6.1 Conceito de Ergo
nomia
................................................................
...........................
36
1.6.2 Aplicação da Ergonomia nos Ambiente de Trabalho
................................
..............39
1.6.3 Ergonomia aplicada aos Idosos
................................
................................
................43
1.7 Alongamento
................................................................
................................
...................44
1.7.1 A Prática do Alongamento para Idosos
................................................................
...45
1.7.2 Fisiologia do alongam
ento
................................................................
.......................
46
1.7.3 Avaliação da efetividade do alongamento
...............................................................
48
2 JUSTIFICATIVA
................................................................
................................
..................51
2.1 Problema de Pesquisa
................................
................................
................................
.........51
2.2 Hipótese
................................
................................................................
..........................
51
2.3 Objetivos
................................
................................................................
.........................
52
2.3.1 Objetivo Geral
................................
................................
................................
..........52
2.3.2 Objetivos Específicos
................................
................................
..............................
52
3 MATERIAIS E MÉTODOS
................................
................................................................
..53
3.1 Delineamento do Estudo
................................
................................................................
.
53
3.3 Critérios de Inclusão
................................
................................
................................
.......53
3.4 Critérios de Exclusão
................................
................................
................................
......53
3.5 Desenvolvimento do Estudo
................................................................
...........................
54
3.5.1 Estratégia metodológica
................................................................
...........................
54
3.5.2 Procedimentos e Equip
amentos
................................
................................
...............55
3.5.3 Procedimentos de Intervenção................................
................................
.................59
4 ASPECTOS ÉTICOS
................................................................
................................
............64
5 RESULTADOS
................................
................................................................
.....................
65
5.1 Dados quantitativos
................................
................................
................................
.........65
5.1.1 Aspectos Gerais
................................
................................
................................
.......65
5.1.2 Disfunções posturais
................................
................................................................
66
5.3 Resultados do desenvolvimento do Protocolo Fisioterapêutico de Intervenção Postural
sobre amplitude de Movimentos
................................................................
...........................
67
5.2 Resultados dos dados qualitativos
................................
................................
..................71
6 DISCUSSÃO
................................
................................................................
.........................
74
CONCLUSAO
................................
................................................................
..........................
79
REFERÊNCAS BIBLIOGRÁFICAS
................................................................
.......................
81
ANEXOS
................................
................................
................................................................
..86
I
NTRODUÇÃO
Este trabalho possui como objetivo a análise dos resultados de um
programa
erg
onômico de intervenção para idosos usuários da informática
.
A Ergonomia é uma ciência em desenvolvimento
que
possibilita maior
conforto e segurança
às pessoas
sem impedir a eficiência do
ambiente de
trabalho.
Diferente de adaptar o indivíduo ao ambiente de trabalho, as noções de
ergonomia alteram a disposição do ambiente de maneira que fique de fácil acesso
para todos os usuários. Como resultado dessa aplicação, os indivíduos aumentam
seu rendimento, motivação, e também reduzem os riscos de acidentes ou
doenças
decorrentes do trabalho
1
.
De acordo com estatísticas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
(IBGE)
2
e do Departamento de Informática do SUS de 2007 (DATASUS)
3
, o mundo
está vivendo um processo significativo de envelhecimento populacional desde a
década de 50.
Ao mesmo tempo em que está ocorrendo esse aumento da
representatividade idosa, o mundo vem
passando
por um acelerado avanço
tecnológico.
Dados
da Organização das Nações Unidas
4
demonstram um aumento da
presença do computador e de outros recursos no cotidiano das pessoas nos últimos
20 anos.
É
um fato constatado que a informática tem influenciado
,
pela sua presença
,
o
comportamento das pessoas. Quem não acompanha esse acelerado
desenvolvimento
convive com a idéia de que está excluído do contexto social. E o
problema está justamente nisso, pois embora haja um crescente envelhecimento
populacional, a
os
idosos não estão sendo oferecidas oportunidades para o
acompanhamento do contexto evolutivo com a mesma facilidade que as faixas
etárias mais jovens.
A informática para o indivíduo com idade igual ou superior a 60 anos ainda é
vista como uma novidade, podendo haver hesitação na hora de lidar com isso.
Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
2
demonstram que o
Bras
il, no período de 1991 à 2000, teve um aumento de quatro milhões de idosos,
de forma que havia em 2000 14
.
536
.
029 pessoas com idade a partir de 60 anos.
17
Esse número crescente tem gerado impacto na Sociedade, atingindo os
núcleos familiares. Em função do acelerado ritmo de vida, os idosos modificaram
seus papéis sociais dentro das famílias.
O avanço tecnológico contribuiu para potencializar a dificuldade de
comunicação do idoso com indivíduos mais jovens
principalmente
netos
, pois a
informática influenciou a forma de comunicação das pessoas a ponto de permitir a
elaboração de um idioma informatizado de conhecimento único dos usuários mais
freqüentes
5
.
A fim de poder minimizar este impacto, as Universidades têm desenvolvido
programas e projetos de inclusão digital, com o objetivo de auxiliar o indivíduo idoso
a se familiarizar com as ferramentas tecnológicas e, com isso, poder acompanhar os
avanços
da Sociedade. No entanto, o idoso é uma pessoa que possui alterações
próprias do processo de envelhecimento que podem limitar sua eficiência
na
execução d
as atividades diárias.
Das alterações naturais que o fenômeno do envelhecimento pode trazer, as
alterações posturais são as
visíveis,
contribuindo para o estereótipo do indivíduo
idoso
como um individuo curvo com ombros para frente e com indicativo de
hiper
cifose
.
Nesta
perspectiva
, a ergonomia tem avançado em estudos
buscando
minimizar o impacto dos ambientes, especialmente os de trabalho, para essa
parcela
da
população
6
.
Além disso, o ritmo urbano da sociedade capitalista
tem
estimula
do
as
pessoas ao sedentarismo,
influenciando na qualidade de vida.
Com o uso do computador, pessoas adotam a postura sentada como a mais
vigente no dia-a-dia, exigindo menos da musculatura dos membros inferiores.
Manter
-
se
nesta postura por longos períodos contribui para sobrecarga postural e o
aparecimento de lesões osteoarticulares em decorrência associada ao ambiente de
trabalho, reduzindo a capacidade de adaptação ao ambiente e aumentando
eficiência na execução de determinada atividade
6,7,8
. Para um indivíduo idoso, essa
sobrecarga postural é mais prejudicial em razão das alterações que a postura sofre
em função do processo natural do envelhecimento
6,7
.
Como alternativa
par
a evitar lesões osteoarticulares e a
pareciment
o de
doenças ocupacionais, as empresas e programas de universidades têm adotado
programas de Ginástica Laboral, utiliza
ndo
-
se
dos conceitos da ergonomia, para
oferecer
mais conforto e segurança aos seus funcionários e participantes dos
18
projetos de inclusão digital para, com isso, manter a eficiência com qualidade de
vida.
Para o indivíduo idoso, a prática de atividade física, além de obter benefícios
orgânicos, também leva a benefícios sociais pela oportunidade de integração com
outros indivíduos idosos,
aumenta
ndo
a auto-estima e incentiva
ndo
a maior
participação social
9
.
No Rio Grande do Sul, a capital Porto Alegre possui aproximadamente
1.440.939 habitantes, dos quais 47.077 possuem de 60 à 64 anos, 39.928 possuem
idade entre 65 e 69 anos, 32.269
encon
tram
-
se
entre 70 e 74 anos, 21.073
estão
entre 75 e 79 anos e 20.194 possuem idade igual ou superior a 80 ano
s
3
.
A partir destes dados, tornam-se relevantes
os
estudos sobre os aspectos
posturais dos indivíduos idosos e sua interação com a informática, bem como o
desenvolvimento de políticas de ação que promovam a manutenção do quadro
cl
í
nico postural e
que
possibilit
e
m conforto e segurança ao lidarem com um ambiente
informatizado
.
Em relação ao desenvolvimento de programas de inclusão digital, ergonom
ia
e programas de intervenção física, ainda há poucos estudos, de forma que o vigente
estudo
contribui para o conhecimento sobre a população idosa, o avanço
tecnológico e os aspectos ergonômicos associados
.
O presente trabalho está estruturado da seguinte
forma:
a)
A
pós os elementos pré
-
textuais, é apresentada a introdução;
b) No capitulo 1 encontra
-
se o referencial teórico em que
são
abordado
s
o fenômeno
do envelhecimento, aspectos posturais, ergonomia
,
e alongamento;
c) No capitulo 2 é apresentada a justificativa da realização do estud , o problema e
os objetivos;
d) No Capitulo 3, de
tulo
Material e M
étodos
, são apresentados o delineamento do
estudo, amostra, critérios de inclusão e exclusão, procedimentos e
equipamentos,
descrição da intervenção e asp
ectos
éticos
;
e) No capitulo 4 são apresentados os resultados, divididos em Resultados
Antropométricos, Resultados das Avaliações Posturais e Fatores de Risco do
Ambiente, e Resultados do Desenvolvimento do Protocolo Fisioterapêutico de
Intervenção Postura
l;
f) No capitulo 5 são apresentadas as discussões referentes aos resultados;
19
g) No capitulo 6
encontram
-
se
as conclusões em relação ao estudo e, após,
são
apresentadas as referências bibliográficas
utilizadas
para o desenvolvimento do
estudo e os anexos
,
incluindo o
T
ermo de
C
onsentimento
Li
vre e
E
sclarecido, a ficha
de
A
valiação
F
isioterap
ê
utica
e
o protocolo de
R
egistro da
A
mplitude de
M
ovimento.
1
REFERENCIAL TEÓRICO
1
.1 Conceito de Envelhecimento
De acordo Lopes
10
o fenômeno do envelhecimento se
inicia desde o momento
da concepção e continua progressivamente a cada dia. Ou seja, diariamente as
pessoas sofrem alterações que modificam sua capacidade de adaptação ao meio
ambiente
de
inserção
nas mais diversas condições.
O envelhecimento é um processo que depende não apenas de alterações
internas do organismo, mas também
de
fatores externos.
O conceito que é
mais
aceito
sobre o termo envelhecimento é o proposto por
Okuma
9
no qual é definido como processo dinâmico e progressivo em que ocorrem
alteraçõ
es
tanto morfológicas, funcionais,
bioquímicas
e psicológicas, que
determinam a progressiva perda das capacidades de adaptação do indivíduo ao
meio ambiente.
Para
Okuma
9,
o fenômeno envelhecimento não pode ser definido apenas pela
cronologia, mas também pelas condições físicas, funcionais, mentais e pessoais do
indivíduo, razão pela qual o envelhecimento é pessoal e diferenciado.
Entretanto
, o
marcador cronológico ainda é adotado para identificar o início da velhice que,
segundo a Organização Mundial da Sa
úde
,
começa a partir dos 60 anos
para países
em desenvolvimento e 65 para os desenvolvidos. Com essa demarcação, os
indivíduos com idade igual ou superior a 60 ou 65 são chamados de idosos e, por
via de regra, estão sujeitos a políticas de seguridade social e, especialmente, à
aposentadoria
11
.
21
1
.2 O Envelhecimento Populacional
Como têm mostrado as tendências e estudos demográficos, países como o
Brasil têm apresentado um acelerado envelhecimento populacional, representado
por uma maior represen
tação dos indivíduos com idade igual ou superior a 60 anos.
Dados de estimativas populacionais apontados pelo Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística
apontam
que em 2025 o Brasil poderá ser considerado o
sexto país do mundo no
ranking
de países co
m maior número de idosos.
Atualmente
, o Brasil conta com, aproximadamente,
15
milhões de idosos;
quantidade
que pode aumentar para 30 milhões nos próximos 20 anos
12
. Segundo
Andrews
12
, esse acelerado aumento populacional se deve aos mais diversos fatores,
dentre eles:
a)
aumento de 19 anos da esperança de vida ao nascer,
desde 1950;
b)
uma em cada dez pessoas tem 60 anos de idade ou mais, estimando-se que, em
2050
, essa relação aumente para cinco em todo o mundo, e para três
especificamente nos países dese
nvolvidos;
c)
é esperado para 2050 um significativo aumento no número de centenários
(indivíduos com 100 anos de idade ou mais), podendo atingir 2,2 milhões de
indivíduos
: um aumento de 15 vezes, aproximadamente, a contar de 1999;
d)
c
om
o aumento populacional, haverá uma diminuição da população inativa dentro
da sociedade, principalmente nas nações desenvolvidas.
Em relação ao Brasil, a região sudeste é a que possui maior contingente
populacional de idosos
2
. Essa tendência é mostrada na tabela abaixo:
22
Tabela 1 - Número de pessoas idosas para cada 100 indivíduos jovens por ano, segundo Região e
Unidade da Federação no Brasil no período de 1991, 1996 a 2004.
Região e UF
1991
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
Região Norte
10,9
12,9
15,9
1
6,7
17,3
14,7
16,6
15,7
16
16,3
Rondônia
9,4
12,1
14,6
11,3
17,4
15,1
18,6
17,8
18,4
17,8
Acre
10,8
12,7
15,6
18,7
16,1
14
15,7
14,6
14,8
15,5
Amazonas
9,6
11,4
14,3
16,6
17,6
12,5
13,2
13,1
13,3
13,6
Roraima
8,5
9,3
15,6
10
8,1
10,5
15,6
11
11,1
11,2
Pará
11,5
13,6
17,2
17,9
17,6
15,5
16,8
16,6
16,9
17,3
Amapá
8,6
9,4
10,1
14
12,5
10,4
23,7
10,5
10,6
10,8
Tocantins
13,5
16,3
18,3
18,2
17,9
19,2
22,7
20,3
20,8
21,8
Maranhão
13,7
16,7
18,5
19,9
20,5
19,3
20
20,8
21,4
22,1
Piauí
16,2
20,6
21,2
25,3
2
3,8
24,8
30,2
27,7
28,8
30
Ceará
19,9
23
22,4
24,6
26,1
26,4
27,7
28,3
29
29,7
Rio Grande do Norte
22,1
25
23,9
25
27
28,6
29,1
30,5
31,2
32
Paraíba
23,9
27,8
32,5
30,9
35,3
32,4
33,4
35,1
36,2
37,4
Pernambuco
21,3
25,1
25
26,7
28,3
28,6
27,4
30,8
31,7
32,6
Alagoas
15,9
18,3
22
23,8
22,7
20,6
24,4
21,7
22,2
22,7
Sergipe
17,3
19,7
21,8
21,6
24,3
22
22,2
23,3
23,8
24,3
Bahia
17,3
21,5
26,8
24,5
27,4
25,8
28,4
28,4
29,5
30,7
Região Sudeste
25,4
30,3
34,5
35,8
37,7
34,8
37,9
37,5
38,6
39,7
Minas Gerais
22,3
27,3
30,3
30,2
33,1
32
35,1
34,8
36
37,2
Espírito Santo
19,3
23,8
25,3
25,5
27,5
28,1
26,2
30,7
31,8
32,8
Rio de Janeiro
32,5
38,2
45,3
45,2
50
42,6
47,6
45,5
46,6
47,8
São Paulo
25,1
29,5
33,8
36,5
36,7
34
36,9
36,6
37,6
38,6
Região Sul
24,1
28,
6
28,8
31,5
31,2
33,4
36,6
36,1
37,1
38,2
Paraná
20,5
24,9
24,7
28
27,8
29,5
32,1
32,1
33,1
34,2
Santa Catarina
20,4
24,2
24,1
27,2
26,6
28,5
34,5
30,8
31,7
32,6
Rio Grande do Sul
29,7
34,8
35,7
37,5
37,2
40,1
42,4
43,3
44,5
45,8
Região Centro-
Oeste
14
,7
18,3
19,5
21,5
23,2
22,1
23,2
24,1
24,9
25,6
Mato Grosso do Sul
16,5
20,5
20,9
23,8
24,2
24,7
29,5
27
28
28,9
Mato Grosso
11,5
14,7
16,5
19,8
19,3
18,1
19
19,9
20,6
21,3
Goiás
16,7
20,5
21,7
22,7
26,7
24,5
25,4
26,5
27,3
28,1
Distrito Federal
11,8
1
5,1
16,2
18,2
18,2
18,8
17
20,6
21,3
22
Total
21
25
28,1
29,3
30,7
28,9
31,7
31,2
32,1
33
Fonte: IBGE/Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios - PNAD (1997-1999 e 2001), Censos
Demográfico
s (1991 e 2000), Contagem Populacional (1996) e projeções e estimativas demográficas
(2002
-
2004).
Disponível no Datasus
3
.
Este aumento no contingente idoso tem causado impacto
na
Sociedade em
função d
e suas
necessidades ec
onômicas, sociais
,
e de saúde
.
De acordo com Camarano
13
, o envelhecimento populacional brasileiro gerou
conseqüências em três grandes grupos: arranjos familiares, saúde
,
e renda.
A manutenção dos Serviços Previdenciários e de Saúde para os idosos tem
gerado gastos ao Estado, o que tem se tornado um fator preocupante. Como
alternativa
para o alto cu
sto
,
surg
iram
políticas de prolongamento do tempo de
23
serviço dos adultos mais jovens e também prorrogação do tempo para
aposentadoria
; incluindo, t
ambém
, a possibilidade de retorno de idosos ao mercado
de trabalho, p
romovendo
sua
permanência, por vezes, co
mo
chef
es
de
famílias e
prove
do
res d
o sustento
destas
.
Destaque especial tem sito dad
o à
mulher, pela maior longevidade em relação
ao homem. Socialmente, o estereótipo de um indivíduo idoso é uma mulher, viúva,
vivendo
s
ozinha
sem experiência no mercado de trabalho em razão de
conhecimentos históricos
13
,
14
,
15
.
A longevidade tem gerado, também, conseqüências negativas
no
contexto
populacional
, pois a mulher está mais exposta ao risco de desenvolvimento de
quadros demenciais e outros ficits biológicos
do
que o homem, que morre mais
cedo.
Em decorrência disso, maior possibilidade da presença de solidão
associada ao envelhecimento e à longevidade embora, para as mulheres, essa
solidão possa ser
considerada
sinônimo de liberdade e independência.
Na
família, houve mudança
nos
papéis sociais, pois o avanço tecnológico e a
urbanização contribuíram para o afastamento dos membros das famílias de forma
que o indivíduo idoso não encontra correspondência afetiva e de companhia no seu
tempo livre
neste
núcleo. Como
conseqüência,
sente a necessidade de buscar
alternativas
para o preenchimento do tempo livre e das necessidades
psicossociais
13
,
15
.
1.3
Alterações Biológicas do Envelhecimento
O fenômeno do envelhecimento está associado a alterações no organismo
influ
encia
ndo
a capacidade adaptativa do idoso frente às atividades de vida diária.
Historicamente, tais alterações
eram
vistas como doenças e, com isso,
foram
associadas
à idéia de que envelhecimento significa estar doente, embora seja
possível uma pessoa envelhecer, mesmo tendo alterações, e até mesmo limitações
que surg
em
com o passar dos anos,
com
uma boa qualidade de vida
16
.
Segundo Rocha
16
,
o fenômeno do envelhecimento leva a uma deteriorização
do sistema motor e sensorial, o que
pode
compromete
r a manutenção de um estilo
de vida independente
e gerar conseqüências como quedas.
24
Com relação à força, à medida que a pessoa envelhece, há uma perda
gradual que se acentua a partir dos 60 anos, o que pode comprometer tanto a
postura quanto o equilíbrio, não apenas favorecendo o risco, como também a
possibilidade de fraturas conseqüentes que, dependendo da gravidade, pode levar a
total dependência
17
.
Como principais alterações decorrentes do processo de envelhecimento,
encontram
-
se
as seguintes
16
,
17
,
18
:
a. Composição Corporal: uma queda da quantidade de água total do corpo e
um aumento do conteúdo de gordura. Os músculos começam a ficar mais frágeis e
atrofiados
,
aumentando
o risco de quedas. Além disso, substituição dos tecidos
funcionais por tecido adiposo e a diminuição da massa dos órgãos, o que leva a
redução do peso corporal.
b. Pele: juntamente com seus anexos (pêlos, cabelos e unhas), a pele sofre
mudanças com o envelhecimento: torna-se mais seca, com menor quantidade de
pêlos e o surgimento de man
chas,
diminuindo
a quantidade de gordura abaixo da
pele, deixando
-a mais fina. Do ponto de vista intrínseco, ocorrem mudanças
em nível
de
tecido conjuntivo que compõe a derme, além de modificações na trama e
qualidade das fibras colágenas e propriedades das fibras elásticas. Tais mudanças
conferem menor resistência da pele ao atrito e
à
pressão, o que favorece o
aparecimento de
lesões
. Outra modificação
em
nível de derme é a redistribuição dos
vasos sangüíneos e do tecido adiposo subjacente, diminuindo a ca
pacidade
termorreguladora da pele.
c. Órgãos dos Sentidos: os sentidos também se alteram com o avanço da idade:
desde o nascimento a audição está em constante mudança, na busca de percepção
das diferentes freqüências de
sons
que podem ser captadas. Contudo, com o
envelhecimento essa percepção diminui podendo chegar à surdez, o que pode levar
a
problemas sociais. Com relação à visão, verifica-se uma diminuição da percepção
da luz, devido ao aumento da opacidade do cristalino e no humor vítreo do olho,
acompa
nhado da diminuição na velocidade de ajuste de foco do olho e no controle
da qualidade da luz sob
re
os olhos.
d. Ossos: a saúde dos ossos diminui, assim como sua densidade. um desgaste
deixando o
s
osso
s
mais fraco
s
e quebradiço
s.
e. Postura: no envelhec
imento
,
com
diminuição da altura das vértebras (causadas
pela osteoporose), a postura no idoso torna-se mais curvada. O idoso perde pelo
25
menos um centímetro a cada 10 anos; o andar também é modificado em função
disso, o que deixa o indivíduo menos equilibr
ado e com passos mais curtos.
f. Sangue: uma mudança
em
nível celular: um declínio da capacidade
hematopoiética da medula vermelha, levando à diminuição na produção de
eritrócitos. Como conseqüência, há maior tendência a quadros de anemia.
g. Coração: a
função
deste órgão é diminuída, acompanhada de um estreitamento
arterial, com maior depósito
de cálcio e gordura.
h. Pulmões: a capacidade respiratória é diminuída pela maior rigidez da caixa
torácica
e
diminuição da força dos músculos respiratórios
i. Aparelho Digestivo: a capacidade de processamento dos alimentos durante a
digestão
é
diminuída,
em
razão
d
as enzimas digestivas se torna
re
m menos eficazes.
Outra
modificação
que acomete o aparelho digestivo é a diminuição do volume total
do fígado com redução da sua eficiência. Isso leva
às
alterações metabólicas que,
principalmente
em
relação ao uso de medicamentos, aumentam os riscos e efeitos
secundários em idosos. Além do fígado, o pâncreas produz menos insulina, o que
aumenta a incidência de diabetes. A mucosa do estômago se atrofia, o que pode
levar a anemia e o intestino se movimenta menos.
j. Aparelho Gênito-
Urinário:
No
homem a função renal diminui em função da
diminuição de frons (unidade funcional). Além disso, um aumento gradual do
tamanho da próstata. Na mulher ocorre atrofia vaginal. Além disso, a diminuição da
eficiência do rim leva a menor eliminação de substâncias, o que aumenta a
concentração delas, especialmente de medicamentos, gerando efeitos secundários.
k. Sistema Nervoso Central: com relação ao Sistema N
ervoso
Central, há
alterações tanto morfológicas quanto fisiológicas. Com relação à morfologia,
percebe
-
se
, a partir da segunda década de vida, uma redução do peso cerebral em
torno de 1,4 à 1,7% a cada década. Para as mulheres o declínio do peso cerebral é
mais precoce que os homens. Embora haja uma redução do peso do cérebro, o
volume
deste órgão se mantém constante até aproximadamente os 60 anos de
idade. Após os 60 anos inicia-se o declínio no volume, que se acentua entre
os
70 e
90 anos, podendo reduzir em até 20%. Além disso, uma retração de grandes
neurônios corticais e perda de pequenos neurônios por causa de alterações na
substância branca e no corpo caloso. Essa perda de células nervosas varia de
acordo com a área do cérebro atingida. Em algumas áreas a perda é pequena, mas
em outras é significativa. Contudo, o fator mais
importante
para as mudanças, é a
26
redução do metabolismo de glicose, o que pode reduzir em a20% o tamanho das
células neuronais do córtex. Fisiologicame
nte
, as alterações são mais evidenciadas
na oitava década de vida, onde modificação no sistema de neurotransmissores,
correlacionando
os achados com as Doenças de Parkinson e de Alzheimer. H
á
também redução da atenção e da capacidade de aprendizado, queixas de declínio
de memória e de orientação espacial e temporal, dificuldade de linguagem e
alterações no comportamento. Nos casos mais avançados, essas alterações podem
afetar nas Atividades de Vida Diária do idoso (AVDs).
A realidade mostra que, o processo de envelhecimento não acontece
isoladamente nas pessoas. Associado a esse fenômeno está o surgimento de
doenças crônicas, que tiveram início na vida adulta e com o passar do tempo
dese
nvolvem limitações no indivíduo
19
.
As principais doenças crônicas com maior relevância são as doenças
cardiovasculares, fraturas, doenças reumáticas e seqüelas de Acidentes Vasculares
Cerebrais.
De acordo com Rauth
15
, estima-se que, no Rio Grande do Sul, 10,17% da
população com idade igual ou superior a 80
anos
possua pelo menos duas doenças,
o que exige mais cuidado por parte dos familiares
e
reduz a independência do idoso.
Um problema muito encontrado dentro das profissões da saúde tem sido
diferenciar o que pode ser considerado envelhecimento
normal
também chamado
de senescência e o que pode ser chamado envelhecimento patológico
também
chamado de senilidade.
Os
hábitos adotados ao longo da vida podem tanto auxiliar a manter uma boa
qualidade de vida,
como
podem acentuar as limitações impostas pelo processo de
envelhecimento normal, além d
os
fatores de herança genética, meio ambiente e
fatores socioeconômicos. Tais hábitos incluem tabagismo, alcoolismo, hábitos
alimentares,
pr
á
tica de
exercícios físicos, estresse e tensão emocion
al
16,19
.
27
1.4
A Postura do I
ndivíduo Idoso
A postura está incluída nas alterações esperadas do processo de
envelhecimento.
Dentre as alterações biológicas presentes, a postura é a alteração física
mais
destacada
.
Entende
ndo
-se a postura como a interação entre os discos
intervertebr
ais, ligamentos espinhais, vértebras, costelas, cartilagem articular e
musculatura
tanto do tronco quanto dos membros superiores e inferiores, e sua
biomecânica
20
.
Ao longo do ciclo da vida, a postura vai sofrendo alterações devido a
diversos fatores, que faz
em
com que o indivíduo se adapte não apenas fisicamente,
mas também psicol
ogicamente,
pois
podem
desencadear
diferentes estados
emocionais, sensações de bem
-
estar,
alterações na
auto
-
estima.
Segundo Kisner e Colby
21
, para que um indivíduo mantenha po
stura
adequada
e equilíbrio, a linha de gravidade da massa corporal deve cair exatamente
no
eixo de rotação do corpo, ou, a articulação que sustenta o peso corporal deve
possuir uma força considerável a fim de poder contrabalançar a força da gravidade.
Ess
a força é gerada pelos músculos e estruturas inertes, que atuam em conjunto
para que a pessoa mantenha uma postura ereta, distribuindo corretamente a
posição da cabeça, do tronco, dos membros superiores e inferiores.
Na
tabela abaixo é apresentada distribuição dos segmentos corporais em
relação ao
percentual de
peso corporal total das pessoas:
Tabela
2
Distribuição dos segmentos corporais em relação ao peso corporal total
Parte do Corpo
% do peso total
Cabeça
6 a 8%
Tronco
40 a 46%
Membros Superiores
11 a 14%
Membros Inferiores
33 a 40%
Fonte: Ergonomia:
Projeto e Produção.Itiro Iida
6
.
Os valores mencionados n
esta
tabela estão relacionados à postura ereta
das
pessoas
, de forma que qualquer alteração
modifica
essa relação de peso. Com os
indivíduos
idosos, essa distribuição dos segmentos em relação ao peso está em
constante transformação, pois, embora a postura sofra alterações a partir da
segunda década de vida, é a partir da quinta década que elas
são
acentuadas
22
.
Entre essas alterações está inclu
ída
a diminuição das propriedades elásticas do
28
disco intervertebral, em função de menor distensão da proteína elastina, deixando a
pessoa mais vulnerável a forças externas, dentre elas à força de gravidade
6,
21
. Com
is
to, o disco intervertebral pode, em função de ações mecânicas, sofrer
fragmentações e, conseqüentemente, desgaste. Ainda segundo Hall
22
,
essas lesões
podem, de maneira irreversível, reduzir a capacidade de absorção de água pelos
discos intervertebrais, de maneira que a coluna reduz sua capacidade de
resistência
a choques.
Como conseqüência des
t
a degeneração, os corpos vertebrais não poderão se
movimentar normalmente como antes, o que altera a relação de distribuição de força
sobre a coluna, principalmente cargas compressivas, forças tensoras e
cisalhamento
sobre a coluna. Ao mesmo tempo, os ligamentos anteriores e posteriores alteram
sua capacidade de sustentar a coluna, o que contribui para uma “frouxidão” da
postura do idoso, razão pela qual ela se torna mais flexionada, como demonstrado
na fi
gura
abaixo:
Figura 1:.
Modificação da Postura em função do processo de envelhecimento
...
Fonte:
Trat
ado de Geriatria e Gerontologia
19
Além dessas questões fisiológicas, uma outra modificação se encontra
presente na cartilagem articular, especialmente na estrutura do colágeno. Com
degeneração da cartilagem, há possibilidade de compressão dos nervos, o que pode
gerar dor, fraqueza muscular e desequilíbrios freqüentes (por alterar a mecânica
entre os ossos, ligamentos e musculatura envolvid
os
)
com conseq
üentes quedas.
29
No contexto social fica evidente o estereótipo do indivíduo idoso como uma
pessoa curvada, com protusão dos ombros, deslocamento anterior do centro de
gravidade e extremidades
superiores
20
.
Tem sido constatado que o aparecimento de uma deformidade postural
conhecida como
hiper
cifose na parte superior da coluna, mais precisamente na
região cervicodorsal. A
hiper
cifose é conceituada como um aumento significativo da
convexidade posterior da curvatura na região torácica, o que é também conhe
cido
como dorso curvo
19
,
23
,
24
. Como conseqüência, pode haver uma diminuição da
distância entre a nuca e os ombros e dos próprios ombros em si (distância
biacromial) e um aumento do diâmetro do tórax.
A figura abaixo enfatiza significativamente o dorso curvo resultante do
aumento da convexidade posterior da curvatura da região torácica:
Figura 2
: Postura
hiperc
ifótica
Fonte:
Merck
25
Em decorrência, há redução da funcionalidade do indivíduo bem como da sua
amplitude de movimento, principalmente durante a
marcha.
Para que um idoso
consiga deambular satisfatoriamente e funcionalmente, ele
precisa
aumentar sua
base de sustentação a fim de manter o equilíbrio
24
.
Em termos anatômicos, a postura
hiper
cifótica, que pode acontecer em
qualquer idade durante o ciclo de vida,
pois
não é uma alteração única e
30
exclusivamente do processo de envelhecimento, possui certas características de
acometimento tanto na região pélvica e lombar quanto nas regiões torácica e
cervical. Segundo Kisner e Colby
21
,
es
t
as características
são as seguintes:
a) Região Pélvica e Lombar
A postura
hiper
cifótica leva a um deslocamento do segmento pélvico anterior,
o que leva a extensão do quadril e deslocamento posterior do segmento torácico,
levando
a uma flexão do tórax. Como conseqüência,
um aumento da lordose na
região lombar inferior e uma cifose aumentada na região torácica inferior com
deslocamento anterior da cabeça.
Quando
uma pessoa está na posição de por períodos prolongados,
uma mudança periódica da concentração do peso sobre os membros inferiores, de
um membro
pa
ra
outro.
Com relação à musculatura, há retração dos músculos reto abdominal e
oblíquos, intercostal interno, extensor do quadril e músculos extensores da região
lombar inferior e fáscia relacionada. Em contraparti
da
, os músculos abdominais
inferiores estão alongados e fracos, tais como os segmentos inferiores do reto
abdominal e oblíquos, músculos extensores da região torácica inferior e músculos
flexores do quadril. Isso contribui para a postura assumida na figura
abaixo:
Figura 3:
Postura
hiper
cifótica, relaxada ou desleixada
.
Fonte: Kisner e Colby
21
.
31
b) Região Torácica
Na região torácica a postura
hiper
cifótica leva a uma protração escapular,
também conhecida como ombros curvos, acompanhada de uma protração da
cabeça.
Em termos de musculatura, na região torácica
,
a postura leva a uma
retração dos músculos na região anterior do tórax, dos músculos intercostais,
músculos do membro superior originários do tórax, os peitorais maior e menor,
grande dorsal, serrátil anterior, músculos da coluna cervical e cabeça inseridos na
escápula (levantadores da escápula e trapézio superior) e
nos
músculos da região
cervical. Em contrapartida, os músculos eretores torácicos da espinha e retratores
da escápula (rombóides e trapézio superior e inferior)
apresentam
-
se
alongados e
fracos.
c
) Região Cervical
A postura
hiper
cifótica leva
ao
aumento da flexão da região cervical baixa e
torácica alta, com impacto sobre as vértebras cervicais (aumento da extensão
occipital sobre a primeira vértebra cervical e aumento na extensão das vértebras
cervicais superiores).
Como
conseqüência, pode
ocasionar
disfunção na articulação
temporomandibular com retrusão da mandíbula. Os músculos levantadores da
escápula, esternocleidomastóideo, escaleno e suboccipital
apresentam
retração
.
Os
músculos trapézios superiores também podem estar retraídos caso as escápulas
estejam levantadas. Com o impacto da postura na articulação temporomandibular,
pode haver um aumento de tensão nos músculos da mastigação. Os músculos
anteriores do pescoço e eretores cervicais da espinha estão alongados e fracos.
No entanto, a
hiper
cifose não pode ser considerada como única alteração
postural existente. também como alterações posturais que também podem
acometer indivíduos de qualquer faixa etária a
hiperl
ordose e a Escoliose. No
entanto
, para que sejam identificadas estas alterações são necessárias avaliações
posturais mais específicas: para identificação de lordose será necessário que o
individuo esteja em posição ortostática e com vista lateral e, para escoliose, o
individuo deverá estar também em posição ortostática, mas de costas para o
avaliador
21
.
32
1.5
A interação do idoso com a
i
nformática
Nos últimos 20 anos o uso de computadores tem sido uma realidade co
nstada
no mundo
4,26
. Dentro dos mais diversos segmentos sociais está havendo um maior
consumo de computadores, não apenas na questão profissional, mas também
pessoal.
Neitzel
27
define o computador
como
o grande marco do desenvolvimento
tecnológico
, pois agrupa todos os resultados dos meios de comunicação
anteriormente desenvolvidos em um único equipamento; possui como característica
a facilidade e a rapidez na condução da informação, permitindo às pessoas
acessarem informações a qualquer hora e
em
qualquer
lugar.
O advento da informática mudou rotinas tanto no trabalho quant
o
em
núcleos
familiares
,
mudando o papel social do idoso
13
.
Historicamente, o indivíduo idoso possuía um papel de representante da
família em função de sua experiência de vida. O idoso era visto como o sábio, chefe
de família.
O desenvolvimento tecnológico e seu impacto dentro da sociedade são
melhores desfrutados pelos mais jovens, de forma que eles poderão ser conhecidos
como os novos velhos
,
no futuro
15
.
Em
função da mentalidade capitalista e da Revolução Industrial, o idoso
começou a perder espaço dentro das famílias, pois começou a ser visto como uma
pessoa que não poder
á
produzir mais
, sendo afastado gradativamente.
De acordo com Lahwon et al.
4
, a população idosa ainda experimenta muitas
dificuldades em lidar com certos recursos tecnológicos em função de não
conseguirem
a
ss
imilar seus conceitos tão rapidamente quanto os jovens.
Estudos
como o de Richardson et. al
5
reportam que os idosos
formam
o grupo etário que
menos utilizam tecnologias computacionais.
Dentro dos recursos tecnológicos presentes no cotidiano das pessoas, a
televisão possui grande hegemonia sobre as atividades de lazer e bem-
estar
psicológico e emo
cional dos idosos, sendo e
stes
os
que mais consome
m
es
t
a mídia,
ale
gando que ela satisfaz suas necessidades psicossociais. No entanto, com o
computador
, a relação de hegemonia é diferente: é dito que as tecnologias de
informação constituem um mal necessário, pois ao mesmo tempo em que
33
contribuem para melhoria da Qualidade de Vida das pessoas (por meio da redução
dos fatores de morbidade dos idosos), as pessoas que não estão familiarizadas, ou
mesmo não estão interessadas em aprender a lidar com elas, são estereotipadas
e
excluídas
, ficando em desvantagem no mundo informati
zado
5
.
Pesquisa realizada na Nova Zelândia buscou identificar as barreiras
existentes entre o idoso e o computador, além de salientar os benefícios e malefícios
da informática aplicada à terceira idade
.
Pelo estudo, foi verificado que indivíduos
com idade entre 50 e 64 foram apontados como o grupo que menos utilizam o
computador, sendo considerados como excluídos do contexto social, o que tem se
constituído problema social e econômico. os indivíduos com idade acima de 64
anos
, por vezes fizeram um pequeno uso da informática, mas pouco tempo depois
também foram abandonando o contato.
Neste estudo realizado na Nova Zelândia foram realizadas entrevistas com
amostra de 98 idosos.
Os
resultados
indicaram
que as conseqüências iniciais do uso
de computadores fo
ram
: auxilio no contato dos idosos com outros indivíduos dentro
do país, diminuindo o sentimento de solidão causado não somente pelo avanço
tecnológico, mas também pela urbanização que levou ao afastamento dos membros
da família
13,
28
.
Ainda assim foram poucos os idosos que se interessaram pela
máquina informatizada.
Como barreiras ao uso do computador, o estudo classificou como sendo as
seguintes:
1
Barreira Econômica: a aquisição de um computador p
or
um idoso, cuja renda
procede
de
pensão
, o que
repres
enta um alto custo.
2
Barreiras
de
aprendizado e ensino: além do processo de envelhecimento
inerente às pessoas, há dificuldade de adaptação dos programas de ensino de
informática aos idosos.
3
Barreira Motivacional: o idoso ainda não sente necessidade de ter
um
computador
ou interesse em
usá
-
lo.
4
Barreiras Físicas: os idosos ao lidar
em
inicialmente com o computador,
principalmente com o teclado e o
mouse
, têm levado ao aumento dos quadros de
queixas de dor nas costas.
5
Barreira de Suporte Social:
há falta de apoio e incentivo por parte dos amigos e
familiares do idoso para
a
prendizagem do
uso de recursos informatizados
16
.
34
Para poder contornar barreiras, Kachar
28
propõe uma adequação da
linguagem informatizada ao individuo idoso, de forma que estimule o interesse em
lidar com a máquina. A linguagem informatizada é considerada muito complicada
pelos idosos sendo necessária sua adaptação, para melhor compreensão por parte
desta
parcela populacional. Além disso, para que seja possível lidarem com a
in
formática,
inicialmente, é sugerida a criação de atividades mais simples, por meio
de editores de texto
onde
, progressivamente,
seja
aumentado o nível de
complexidade, respeitando os limites de cada idoso.
Em relação ao aspecto físico, em King, são destacadas algumas
especificações com relação ao tipo de
hardware
e
software
bem como técnicas de
ensino que devem ser consideradas para que se torne atrativo ao idoso
28
:
a) Em relação ao
hardware
:
-
tamanho do monitor e iluminação da tela
;
- teclado com
design
especial e cores diferenciadas, para chamar a atenção das
teclas
;
-
mouse
com
design
especial
,
permitindo maior controle e direção
;
-
melhor qualidade de impressão em cores padronizadas
;
-
tamanho e cor da área de trabalho do monitor (sem muitos destaques
para distrair)
;
-
qualidade do assento, permitindo adaptação da postura e liberdade de movimento
.
b) Em relação ao
software
:
- um bom processador de textos para prática imediata e aprendizado dos comandos
básicos
;
-
criação de uma
home page
, contendo tema
s de interesse do cotidiano deles
;
-
ajuda
on
-
line
constante
;
-
desenvolv
imento
uma biblioteca de referencia
.
c) Em relação às técnicas de ensino:
-
começar com jogos, Internet e
e-
mail
;
- ter outros idosos para ajudar e oferecer segurança ao que está apr
endendo
(este
ponto é atendido no Projeto Potencial
Idade
);
-
pedir aos idosos que escrevam e avaliem o currículo
;
-
utilizar as experiências de vida dos idosos
;
-
preparar material de apoio com caracteres grandes e fortes
;
-
manter um ritmo lento, abrindo
espaço para discussões
.
35
A informática tende a beneficiar e
a
auxiliar o idoso na reinserção social, pois
pode
ajudar na estimulação
de relações sociais
do idoso
.
Estudos associam a idade avançada como sinônimo de déficit mental e
deteriorização,
o que encaminha para a necessidade de buscar novas estratégias
para auxiliar a retardar a perda de memória e incentivar a capacidade de processar
informações
.
A
Internet incentiva as pessoas a lerem, pensarem e
a
se concentrarem sobre
o que estão lendo
28
,2
9,
30,3
1
.32
. Também pode ser considerado um
hobby
após a
aposentadoria, principalmente na questão das chamadas comunidades virtuais, que
permitem conversar e trocar idéias sobre os mais diversos assuntos relacionados ao
interesse, além de oferecer um renovado senso de autoconfiança e fortalecer auto-
imagem.
Para fortalecer essa questão e contribuir com a inserção social do idoso,
Universidades desenvolvem projetos chamados Projetos
niors
, onde o objetivo é
auxiliar o idoso a construir uma identidade contemporân
ea
e
sentirem
-
se
inseridos
no contexto atual
29,
30
. Como exemplos destes programas têm-se a Universidade
Aberta à Terceira Idade (UNATI) onde
são
desenvolv
idos
programas de ensino de
informática aos idosos, visando principalmente
29
:
- integração do idoso em seu ambiente familiar, facilitando a comunicação do idoso
com os indivíduos mais jovens;
-
atualizaç
ão e transmissão dos conhecimentos e experiência de vida;
-
integração do idoso com o mundo globalizado;
-
promoção de
um novo ambiente
com
expectativas qu
e outrora parecia
m
não haver.
Alem desse a Pontifícia Universidade Católica de São Paulo também
desenvolveu projeto de inclusão digital voltado para pessoas com 50 anos
ou
mais,
propondo, dentro de sua experiência, o estabelecimento de uma pedagogia
adapta
da para a população idosa
28
.
Outra iniciativa desta natureza é o Projeto Potencial
Idade
PUC
RS
, no qual
se integra o presente estudo.
O Projeto Potencial
Idade
, desenvolvido desde 2004, integra oficinas de
Inclusão Digital para idosos, que são oferecidas duas vezes por semana, com
duração de uma hora e meia
cada uma
.
Nestas oficinas os idosos aprendem a usar o Word, PowerPoint, Internet,
FrontPage
.
36
Estudos realizados como subprojetos do Potencial
Idade
em forma de
dissertações de Mestrado e teses de Doutor
ado reafirmam que:
a) A Internet representou, além de uma nova forma de comunicação, uma forma de
laz
er e enriquecimento pessoal, de
est
í
mu
lo
à
curiosidade
;
b
)
Que em relação às principais dificuldades dos idosos ao lidar com o computador,
verificou
-se o problema visual, principalmente em relação ao layout
dos
sites
de e-
mail
e ícones da máquina, e problemas de motricidade, principalmente no manejo do
mouse
. Para resolver esse problema, foram aumentados o tamanho da ponteira do
mouse
e dos ícones apresent
ados
33
. Após algumas semanas, foi possível o retorno
aos tamanhos normais.
As pesquisas realizadas por Ferreira
34
, Glock
35
, Wehmeyer
36
e Nunes
37
,
demonstraram que houve mudança na concepção de envelhecimento dos idosos
participantes,
migrando desde concepções em que predominam os aspectos
biológicos, para concepções incluindo aspectos psicológicos, sociais, culturais,
educacionais e espirituais. Entretanto,
ainda
necessidade de estudos sobre a
adequação dos programas de inclusão digital às habilidades m
otoras e cognitivas do
idoso
.
1.6
Ergonomia
1.6
.1 Conceito de Ergonomia
Como ciência, a Ergonomia tem avançado em seus estudos desde o advento
da revolução industrial. Embora ainda em expansão como campo científico, tem
conquistado diversas áreas de abrangência, não apenas profissional, mas também
pessoal, influenciando o cotidiano das pessoas
6,26
. De acordo com Couto
26
, o termo
Ergonomia pode ser definido
como
: adaptação do trabalho às pessoas.
Complementando, o conceito mais aceito sobre o termo
Erg
onomia é o
desenvolvi
do
pela Ergonomics Research Society, que diz que:
Ergonomia é o estudo do relacionamento entre o homem e seu
trabalho, equipamento e ambiente, e particularmente a aplicação dos
conhecimentos de anatomia, fisiologia e psicologia na solução dos
problemas surgidos desse relacionamento
6; 11
.
37
A partir deste conceito,
entende
-se que a ciência da Ergonomia o está
aplicada apenas ao indivíduo trabalhador, mas também à organização do ambiente
de
trabalho, não prejudicando a produtividade e a
eficiência.
Em termos gerais, é
afirmado
que
a
sua aplicação prática está baseada em quatro princípios
administrativos
:
a
)
a
nálise racional do trabalho e instituição da técnica correta de trabalho;
b
)
a
utoridade técnica do engenheiro industrial para faz
er análise do trabalho;
c
)
a
daptação do homem ao trabalho;
d
)
pagamento diferenciado de produção.
As noções e conceitos de ergonomia podem ser aplicados em indústrias,
empresas e no dia-a-dia das pessoas. Exemplos disso são vistos cotidianamente
com o desenvolvimento e estudo da comodidade nos meios de transporte,
mobiliários domésticos e aparelhos eletrodomésticos, não melhorando apenas o
produto
oferecido
para as pessoas, mas também desenvol
vend
o dispositivos que
auxiliam deficientes e necessitados e o
utras populações especiais.
A Ergonomia surgiu em 1950 nos países socialmente e industrialmente
desenvolvidos, quando um grupo de cientistas interessados se reuniu para
formalizar esse novo campo da ciência, a partir das análises feitas das condições de
tr
abalho e adaptação do funcionário à sua atividade, dentro de indústrias
.
O termo Ergonomia foi adotado nos principais países europeus onde foi
fundada a Associação Internacional de Ergonomia. O impacto desse episódio foi tão
significativo que os demais países começaram a se inserir nesse novo campo. Os
Estados Unidos, diferente dos outros países, adotou o termo Human Factors ao
invés de Ergonomia para esse campo da ciência.
Este
campo possui várias abrangências, pois seus conceitos e noções, para
benefici
ar os trabalhadores, podem variar de acordo com o trabalho de cada
indivíduo
1
. Para melhor análise, foi sugerida a seguinte classificação sobre essa
abrangência
6
,
7
:
Análise de sistemas
Parte da Ergonomia preocupada mais com o funcionamento global de uma
equipe de trabalho, utilizando uma ou mais máquinas, partindo de aspectos mais
gerais, tais como: distribuição de tarefas entre o homem e a máquina, mecanização
das tarefas. Esse tipo de análise possui um início mais generalizado, no entanto,
38
pode ir se aprofundando gradativamente até chegar ao nível de cada um dos postos
de trabalho
qu
e compõe o sistema.
Análise dos postos de trabalho
Neste
ramo, o estudo enfoca mais o lugar em que atua um trabalhador. Aqui
são feitas: análise da tarefa, da postura e do
s movimentos do trabalhador e das suas
exigências físicas e psicológicas. Esse ramo de estudo parte da interface homem-
máquina e suas interações com o ambiente, propondo que essas interações devem
ser hamornizadas.
Ainda
nesta
análise, a ergonomia atua em várias áreas de
trabalho
:
a)
Ergonomia no trabalho fisicamente pesado: área em extinção em função do
acelerado desenvolvimento tecnológico;
b)
Ergonomia no trabalho em altas temperaturas
:
ainda presente nos processos
de transformação de metais;
c)
Biomecâ
nica
: em que se encontram principalmente estudos sobre sobrecargas
posturais e efeitos na coluna vertebral;
d)
Ergonomia no método e na organização do trabalho: onde se analisam os
aspectos ergonômicos dos postos de trabalho e o posicionamento do corpo n
o
posto;
e)
Melhoria da confiabilidade humana:
abrangendo
a qualidade do trabalho e do
trabalhador;
- Prevenção da fadiga no trabalho:
objetivando
não apenas a fadiga física, mas
também a fadiga mental.
No entanto, a aplicação de seus conceitos acontece quando há pressão
(social, econômica e sindical) para que uma atitude contra uma queda na
produtividade seja tomada. Desta forma, um dos
motivo
s para o rápido
desenvolvimento da Ergonomia no mundo foi o advento das chamadas lesões
osteomusculares que, além d
e dolorosas, são incapacitantes e, com isso, reduzem a
produtividade dentro de um sistema organizado.
Numa sociedade capitalista, a aplicação dos conceitos de ergonomia gera
significativo
custo
, o que conduz decisões empresariais. Além de haver custo alt
o
em
sua aplicação, os benefícios que trazem não são tão facilmente quantificáveis,
mas incluem o conforto e a segurança dos trabalhadores a longo prazo, além da
39
redução das faltas de trabalhadores por motivos de doença, satisfação pessoal ao
executar uma
tarefa
, e aumento da motivação e moral da equipe de trabalho
6,
26
.
1.6
.2 Aplicação da Ergonomia nos Ambiente de Trabalho
Em função do acelerado desenvolvimento tecnológico, os postos de trabalho
com computadores estão se tornando mais freqüentes. Diferente dos postos antigos
de trabalho, os postos informatizados
levam
o
empregado
a executar diversas
funções:
executa serviços de datilografia, fala ao telefone, redige notas, cuida do
arquivo, atende às pessoas, e conversa com colegas. A figura abaixo ilustra um
posto de trabalho informatizado, com aplicação dos conceitos de ergonomia para
regulagem da mesa em função da altura do tabalhador
26, 7
:
Figura 4 : Aplicação da ergonomia em ambiente organizado com regulagem de altura para pessoas
altas ou baixas
Fonte: Couto
26
Na hora de analisar um posto de trabalho, o enfoque ergonômico visa,
principalmente,
à redução das exigências biomecânicas que a atividade demanda.
A
idéia é que o
individuo
possa executar sua atividade com conforto, eficiência e
seguranç
a.
Ao
realizar uma análise ergonômica correta do ambiente, diversos
40
fatores devem ser considerados no relacionado entre o homem e seu ambiente, tais
como
1,
6,
7,
26
:
-
No que diz respeito ao homem
Na aplicação da Ergonomia são analisadas as características
sicas,
fisiológicas, psicológicas, e sociais de cada indivíduo (influência do sexo, idade,
treinamento e motivação), além de analisar a máquina (todo e qualquer dispositivo
que auxilie o homem no seu trabalho, englobando ferramentas, mobiliário e
instalaçõ
es).
Ao analisar o tipo de trabalho que o indivíduo está realizando é preciso se ter
em mente o trabalho muscular
realizado
.
Aproximadamente 40% do peso corporal humano
são
representados pelo
sistema muscular, que permite a movimentação e
a
execução das mais diversas
atividades em combinação com o sistema ósseo. No entanto, a aplicação de carga
sobre a musculatura pode gerar conseqüências, como lesões osteoarticulares e
contribuir para desvios posturais.
Grandjean
1
define que dois tipos de trabalho que são realizados dentro de
um ambiente de trabalho: trabalho muscular dinâmico e trabalho muscular estático
;
conceitua trabalho muscular dinâmico como tipo de trabalho onde alternância
entre tensão e relaxamento, ou seja, entre contração e extensão do m
úsculo.
O trabalho muscular estático é
entendido
como uma contração muscular
prolongada.
Geralmente esse trabalho é representado pela nossa manutenção
postural.
Durante o esforço estático, os vasos sangüíneos são pressionados pela
pressão interna do tecido muscular de forma que o sangue não consegue mais fluir
pelo músculo. Com isso, pouco suprimento de oxigênio, e como conseqüência
gera fadiga e dores musculares.
A tabela abaixo mostra as possíveis conseqüências da adoção de
determinadas posturas está
tica sobre os demais segmentos corporais:
41
Tabela
3
Conseqüência da manutenção de posturas estáticas no ambiente de trabalho
Postura de Trabalho
Possíveis Conseqüências
De pé no lugar
Pés e pernas; possibilidade de veias varicosas
Sentado er
eto, sem suporte para as costas
Músculos extensores das costas
: possiblidade de fadiga
e, conseqüentemente, dor
Assento muito alto
Joelhos; pernas e pés
: possibilidade de estase venosa.
Assento muito baixo
Ombros e pescoço
: possibilidade de periartrite d
os
ombros e dor
no pescoço.
Tronco inclinado para a frente, na postura sentada ou
de pé
Ombros e braços; possibilidade de periartrite dos
ombros
Braço estendido para os lados, para frente ou para
cima
Ombros e braço; possibilidade de periartrite dos ombr
os
Cabeça excessivamente curvada para trás ou para
frente
Pescoço; deteriorização dos discos intervertebrais
Postura forçada de mão em comandos ou
ferramentas
Antebraço; possibilidade de inflamação dos tendões
Fonte: Kroemer & Grandjean
1
- No que diz respeito ao ambiente: s
ão
analisa
das
a temperatura, freqüência e
intensidade de ruídos, vibrações, intensidade luminosa e disposição de cores,
emissão
de gases e outros agentes, além de estudar a troca de informações entre
os elementos do sistema, a organização do ambiente e as conseqüências que o
ambiente e o trabalho trazem a pessoa (incluindo estresse e a fadiga). Para essas
análises também s
ão
considera
das
medidas antropométricas do trabalhador e seu
aspecto comportamental.
Como marco inicial do dimensionamento do posto de trabalho se correlaciona
a altura do trabalho, principalmente a altura do mobiliário, de forma que
é
recomenda
do
que cadeiras e mesas sejam reguláveis. Caso não sejam reguláveis
pode haver conseqüências como compensações do corpo, principalmente por parte
dos ombros (se for muito alto), gerando contrações musculares na altura da nuca e
das costas; ou, um excesso de curvatura do tronco sobrecarregando as costas (se
for muito baixo), como é mostrado nas figuras abaixo:
Figura 5
Conseq
üências de organização de mobiliário e dispositivo muito alto
.
Fonte: Brandimiller
7
.
42
Figura 6:
Conseqüências de organização de mobiliário e dispositivo muito baixo
.
Fonte: Brandimiller
7
.
Para evitar esses quadros dolorosos, estudos foram feitos s
obre
a adoção de
simples medidas p
ara
evitar as principais queixas musculares em trabalhadores.
Tais medidas incluem:
1
) Evitar qualquer postura curvada ou não
-
natural
, pois a curvatura lateral do
tronco ou da cabeça força mais do que a curvatura para fren
te;
2) Evitar a manutenção dos braços estendidos para frente ou para os lados
,
pois gera fadiga rápida;
3) Procurar
,
na medida do possível, trabalhar na posição sentada
;
4) Os movimentos dos braços dev
em ser em sentidos opostos
ou em direção
simétrica
;
5)
A área de trabalho deve ser de tal forma que esteja na melhor distância
visual do operador
;
6) Pegas, alavancas, ferramentas e materiais de trabalho devem estar
organizados de tal forma que os movimentos mais freqüentes sejam feitos
com os cotovelos dobrad
os e próximos ao corpo
;
7) O trabalho manual pode ser facilitado com
o
uso de apoio para os cotovelos,
antebraços e mãos.
Para a população idosa, o posto de trabalho também pode conter simples
alterações de maneira que seja evit
ado
o surgimento de quadros dolorosos
:
alterações na iluminação do ambiente, um maior espaço para movimentação
(principalmente se utiliza cadeira de rodas), espaço amplo para descanso dos
braços, não dispensando o uso de apoio para cotovelos, antebraços e mãos. Alé
m
43
disso, a adoção de um ambiente melhor organizado,
de
maneira que não concentre
muitos materiais em um único lado permite que o idoso consiga trabalhar
livremente
26
.
1.6
.3 Ergonomia aplicada aos Idosos
Ao desenvolver ambientes de trabalho, muita ênfase é dada para ativid
ades
que exijam postura estática, sem também analisar as peculiaridades anatômicas e
fisiológicas de cada população.
Com o acelerado envelhecimento populacional, torna-se essencial a
adequação dos postos e ambientes de trabalho para esta faixa populacional. N
o
entanto,
esses ambientes ainda são mais voltados para o trabalho dos adultos
jovens, de forma que h
ouve
perda do conceito de universal design em que qualquer
ambiente deveria permitir que as pessoas de qualquer idade pudessem utilizá-
lo
plenamente.
Para que um indivíduo idoso possa
usufruir
do
ambiente, deve sentir-
se
seguro, com independência e autonomia.
A
figura
a seguir entafiza as principais alterações decorrentes do processo de
envelhecimento com as conseqüências para o planejamento de ambien
tes:
Figura
7
-
Alterações com o Processo de Envelhecimento e suas Implicações no Desenvolvimento de
Ambientes
Alterações com o Envelhecimento
Conseqüências em Relação ao Ambiente
Sistema Muscular
Sarcopenia, diminuição da força, da potência e
da flexibi
lidade muscular.
Risco de queda e de levantar
-
se após a queda. Dificuldade
em levantar
-
se de cadeiras, vaso sanitário e sofás baixos.
Dificuldade em subir escadas sem corrimãos.
Dificuldade no banho de banheira, no vestir
-
se sem sentar e
em acessar armário
s muito profundos.
Sistema Conjuntivo
Diminuição da elasticidade, aumento da rigidez
articular com diminuição da amplitude de
movimentos, perda da elasticidade e da altura
dos discos intervertebrais, aumento da cifose e
perda da altura corporal
Dificuldad
e em movimentos amplos com o pescoço e tronco,
dificuldade em abaixar
-
se ou curvar
-
se: armários, estantes
altas ou baixas.
Dificuldade em ultrapassar obstáculos ou degraus muito altos
em ambientes de diferentes níveis e com degraus.
Sistema Ósseo
Diminuiç
ão da densidade óssea, com alteração
da microarquitetura óssea
Risco de fratura aumentando quando associado à dureza da
superfície e altura da queda.
Risco de fratura espontânea de vértebras em movimentos de
curvar
-
se e de rotação exageradas para acessar p
ertences
em outros armários.
Evitar armários ou gabinetes muito altos ou muito baixos,
co
locar interruptores de luz e quanto
ao nível do tronco.
Fonte:
Adaptado do
Tratado de Geriatria e Gerontologia
19
Para um idoso, o ambiente
precisa ap
resentar
as segu
intes vantagens
:
44
fa
cil
idade de a
cess
o
e uso;
facilidade de circulação, especificamente no que diz respeito ao
conforto, conveniência
,
e possibilidade de escolha;
comunicação
,
segurança;
proteção
,
e privacidade.
No entanto, os ambientes de trabalho são projetados para serem cada vez
mais otimizados, reduzindo o espaço e a liberdade de movimento e mantendo o
indivíduo na mesma postura por longos períodos o que não apresenta adequação a
população idosa. Para conseguir reduzir esse fator, as empresas e univ
ersidades
têm incentivado a prática de alongamentos e realização de
outros
exercícios
que
contribuem para minimizar as conseqüências do ambiente e/ou tempo de
trabalho
38
,3
9,
40
,4
1
.
1.7
Alongamento
Os alongamentos são considerados a forma mais simples de
exercícios
como
solução para longos períodos de imobilidade e inatividade
38
. Seu principal efeito é o
aumento da flexibilidade, permitindo maior movimentação da articulação comandada
pelo músculo.
O alongamento é uma modalidade de exercício presente desde os tempos
antigos:
nas tradições do Oriente Próximo e Extremo Oriente, por milhares de anos,
posturas de alongamento chamadas de asanas estavam incluídas nos textos de
Yoga
(Yoga Sutras, escrito no segundo século d.C.), onde posturas de alongamento
eram incentivadas e descritas como postura "estável e agradável" ou "postura firme
e relaxada"
a partir da qual uma pessoa pode obter um estado relaxado.
Ainda na tradição do Extremo Oriente e também do Oriente Próximo, o
alongamento tem sido um componente vital no desenvolvimento das habilidades de
sobrevivência defensiva e ofensiva em várias artes marciais (por exemplo, o caratê e
o
tae kown do
).
Atualmente, em função da urbanização da sociedade e da vida sedentária,
aliada a
os
hábitos posturais inadequados, as estruturas corporais do organismo
humano são comprometidas
38
,
39
.
45
O estresse da vida diária provoca tensão muscular, o que leva ao
encurtamento das fibras musculares, diminuindo a amplitude normal de movimentos,
além de comprometer a circulação e causar desconfortos. Por essa razão, os
exercícios de alongamento estão incluídos nos programas de ginástica laboral
desenvolvidos em empresas onde, além de permitir uma pausa ativa durante o
desenvolvimento do trabalho, a prática regular é incentivada
40
. Sua prática diária e
regular é recomendada para prevenir rigidez e dor musculares. O principal objetivo
de realizar alongamentos é o aumento da flexibilidade
38
e seus benefícios são
sentidos após a prática, compreendendo:
Diminuição da tensão muscular;
Melhora
da circulação;
Redução da ansiedade, estresse e fadiga;
Diminuição do risco de lesões;
Facilita
ção
de
realização do trabalho;
Melhor bem
-
estar
.
Para que a pessoa consiga
melhor
perceber
esses benefícios, é orientado a
:
Respirar naturalmente
Relaxar
Concen
trar
-
se nos músculos e articulações
que estão
sendo alongados
Sentir o alongamento
Orientar
-se pela sensação do alongamento
Não balançar muito o corpo
Ir até um limite tolerável de sensação
1.7
.1 A Prática do Alongamento para Idosos
Para os indivíduos idosos, quando corretamente orientad
os
,
o alongamento,
como qualquer
atividade física
,
melhora
a
capacidade funcional, trazendo benefícios:
biológicos, psicológicos e sociais.
A prática
do
alongamento
traz benefícios psicológicos
ao
promover a
interação
entre os idosos, melhorando o bem
-
estar
9
.
46
O mesmo exercício de alongamento pode ser repetido, buscando alongar um
pouco mais o músculo, evitando sentir dor. Para aumentar o resultado, após cada
alongamento, o músculo pode ser contraído por alguns segundos, voltando a ser
alongado novamente.
Dependendo do tipo de treinamento que é oferecido nas empresas ou mesmo
em treinamento pessoal, é possível optar por um tipo ou outro de alongamento. No
entanto, os alongamentos devem ser orientados a fim de que se obtenha o objetivo
desejado.
Na prática, um alongamento pode ser visto da seguinte forma:
Alongamento suave: quando a pessoa mantém o alongamento por um período de
20 a 30 segundos.
Alongamento progressivo: quando o alongamento é mantido por 30 segundos ou
ma
is.
Alongamento drástico: é a forma menos recomendada de alongamento, pois
estimula uma reação muscular involuntária pelo excesso de alongamento, o que
favorece o surgimento de lesões musculares.
Inicialmente
,
nos
iniciantes
pode ocorrer o surgimento de dores musculares
24 horas após o término dos exercícios de
alongamento
. No entanto, a prática
constante minimiza este efeito. Em função da facilidade de execução, a maioria dos
alongamentos pode ser feita, praticamente, a qualquer hora e sempre que uma
tensã
o muscular for percebida.
De acordo dom Alter
40
a prática de exercícios de alongamento pode ensinar
as pessoas sobre seus próprios limites e fornecer ao indivíduo a oportunidade de se
testar fisiologicamente.
1.7.2
Fisiologia do alongamento
Segundo Kroemer & Grandjean
1
, os músculos são compostos por um grande
número de fibras musculares. Um único músculo pode ter entre 100 mil e um milhão
de fibras, e dependendo do tamanho do músculo, essas fibras podem ter entre 5 e
140 mm de comprimento. A combinação dessas fibras é que forma os tendões nas
extremidades musculares
1,6
,
40
.
47
Microscopicamente, pode ser observado que cada fibra muscular é composta
por unidades menores chamadas de miofibrilas, que possuem diâmetro variável (1 a
2 µm). Essas miofibrilas são agrupadas em feixes e seguem a extensão da fibra
muscular
39
.
Ainda com relação a estrutura da fibra, cada miofibrila é composta por um
filamento longo e fino de sarcômeros ligados em série. O sarcômero é considerado a
unidade funcional do músculo, possuindo comprimento aproximado de 2,3 µm e
repetem
-se em padrão específico em cada miofibrila
39
.
Além do sarcômero, as miofibrilas são compostas de pequenas estruturas
chamados de filamentos, de forma que cada miofibrila é composta e contém
aproximadament
e 450 filamentos grossos no centro do sarcômero e 900 filamentos
finos em cada extremidade do sarcômero. É por meio desses filamentos que temos
a principal habilidade de um músculo: a contração muscular
3
9.43
.
A contração é a capacidade do músculo de poder se contrair até metade do
seu comprimento normal, em repouso
1,43
. A contração se dá por meio do
deslizamento dos filamentos de actina (filamento fino, com diâmetro aproximado de
5 ou 6 nm e um comprimento de aproximadamente 1 µm) sobre os de miosina
(fil
amento grosso, medindo entre 10 e 15 nm de diâmetro e aproximadamente 1,5
µm de comprimento)
, que gera o encurtamento do músculo.
A figura abaixo ilustra a contração muscular por meio do deslizamento dos
filamentos de actina sobre os de miosina:
Figura
8:
Deslizamento dos filamentos de actina sobre os de miosina durante a contração muscular.
Fonte: Iida
6
48
Durante a contração muscular, as paredes dos capilares se estrangulam, e o
sangue deixa de circular, causando
rapidamente
a fadiga. Por meio do rela
xamento,
permite
-
se a nova irrigação
42
.
Para ocorrer um alongamento, necessidade de ação de forças externas
,
pois
as fibras musculares não possuem a capacidade de se alongarem ou
se
estenderem
sozinhas
38
. Entre as forças necessárias podem estar incluídas a
gravidade, o movimento dos músculos antagonistas no lado oposto da articulação e
a força fornecida por outra pessoa ou por alguma parte do corpo de outra pessoa.
Quando ocorre o alongamento, o sarcômero é alongado até o seu comprimento
máx
i
mo,
ou seja
,
até o seu ponto de ruptura.
O sarcômero pode atingir comprimento de até 3,6 µm, ou seja, n
o
alongamento permite que o sarcômero é capaz de aumentar seu comprimento em
até 1,2 µm
39.42
.
Os músculos possuem uma característica importante que é a elasticida
de,
capacidade que permite
que
ele
s voltem ao comprimento normal depois de
alongados.
1.7
.3 Avaliação da efetividade do alongamento
O alongamento objetiva, principalmente, o ganho de flexibilidade, ou seja,
o
aumento da amplitude de movimento disponível em uma articulação ou grupo de
articulações.
A prática do alongamento implica liberdade de movimento em sua amplitude
total dentro dos limites de dor, de forma que o músculo possa relaxar e ceder à
aplicação de uma força externa sem haver estresse ex
cessivo
39
.
As
sensações são individuais de forma que uma quantificação por sensação
após alongamento se torna muito difícil e sujeita a imprecisões. Portanto, para
avaliar a efetividade do alongamento tem se aplicado a goniometria, que pode ser
definida
como medida do ângulo criado nas articulações humanas pelos ossos
39
,44
.
A goniometria pode ser utilizada tanto para determinar uma posição articular
como também sua quantidade total de movimento possível. No entanto,
é preciso
ter
noção de que essa amplit
ude de movimento pode ser medida
de duas formas
44
:
49
Amplitude de movimento ativa: primeiramente o paciente executa o
movimento sozinho. É indicador de anormalidades.
Amplitude de movimento passiva: o examinador, quando encontra alguma
anormalidade em algum segmento, executa o movimento tentando identificar
os motivos que levam o paciente a ficar com essa limitação.
Durante uma avaliação goniométrica, onde o paciente é orientado a execução d
o
movimento, o examinador
tem
a oportunidade
de
identificar os movime
ntos anormais
e com isso poder encontrar as causas desta limitação. Essa informação, juntamente
com as outras coletadas, permite ao profissional
40
,44
:
Determinar a presença ou ausência de disfunção;
Estabelecer um prognóstico;
Desenvolver objetivos de trat
amento;
Avaliar o progresso ou não dos objetivos da recuperação funcional;
Modificar o tratamento;
Motivar o sujeito;
Pesquisar a eficiência das técnicas ou de determinados regimes
terapêuticos;
Fabricar órteses e próteses, além de mais equipamentos adapta
tivos.
Contudo, para indivíduos idosos, algumas considerações devem ser feitas:
em função do processo do envelhecimento, uma redução do tônus muscular e
constituição óssea que contribuíram para as alterações posturais, anteriormente
descritas
,
que o ind
ivíduo idoso sofre.
As
articulações tornam-se mais endurecidas em função da diminuição da
flexibilidade, de forma que a amplitude de movimento d
as
pessoas se reduz e, como
conseqüência, gera alterações no equilíbrio e na marcha
45
.
Na
realização de uma avaliação goniométrica, deve-se ter
conhecimento
de
que os valores angulares não são os mesmos para todas as idades. Além disso,
inúmeros fatores externos podem influenciar a postura e os hábitos posturais das
pessoas, de forma que os valores de liberdade de movimento não são considerados
tão precisos
39,44
,4
5
.
Como exemplo da redução da flexibilidade, apresenta-
se,
abaixo, a tabela 5,
de amplitude de movimento ativa para os movimentos da coluna cervical de
indivíduos e os efeitos da idade para sua redução, in
iciando a partir dos 50 anos.
50
Tabela
4 - Efeitos da idade sobre os movimentos ativos da Coluna Cervical: Valores Médios em
Graus em Homens e Mulheres com Idade Igual ou Superior a 50 Anos
50
59 anos
60
69 anos
70
79 anos
80
89 anos
Movimento
H
omens
Mulheres
Homens
Mulheres
Homens
Mulheres
Homens
Mulheres
Flexão
45.5
45.5
41.0
41.0
39.2
39.2
40.4
40.4
Extensão
59.9
65.3
57.4
65.2
53.7
54.8
49.4
50.3
FLE
34.9
35.1
30.4
34.4
25
26.9
23.5
22.6
FLD Direita
35.6
37.3
29.8
32.7
25.8
27.7
23.8
26.3
RD
58
62.8
56.6
59.7
49.7
50.1
46.8
50.5
RE
61
61.2
53.6
65.2
50
53.4
46.4
52.6
Fonte: Ameri
can Physical Therapy Association
44
De acordo com os dados da American Physical Therapy Association e citados
por Norkis & White
44
, os valores acima mencionados foram obtidos por meio de um
estudo de acompanhamento de indivíduos idosos sem presença de doenças ou
alterações que pudessem contribuir para disfunções posturais e redução da
amplitude de movimento articular total.
Como conseqüência do avanço tecnológico, as pessoas estão permanecendo
muito mais tempo restritas a um único ambiente: o ambiente em que haja um
computador.
Para os indivíduos idosos, essa restrição pode ser acentuada, pois a
evolução tecnológica
constrói
facilidades que os auxilia na reins
er
c
ão
contexto
social.
Entretanto
, há uma conseqüência que é o sedentarismo e o aumento do risco
de doenças, como insuficiência cardíaca, problemas respiratórios, osteoporose,
atrite e artrose. Por isso, a prática de exercícios, alongamentos associados ao us
o
do computador é essencial, principalmente para os indivíduos idosos, sendo
considerada como complemento ao tratamento de doenças articulares como a
artorse, artrite
,
e osteoporose
19,4
1
,4
4
,45
.
2
JUSTIFICATIVA
Após
consultar
bases de dados observou-se que existem poucos trabalhos
relaciona
n
do a informática e noções de ergonomia com população idosa.
Os estudos
existentes sobre informática para idosos
abordam, princ
ipalmente,
os
aspectos psicológicos e comportamentais, como os de Richardson et a
l.
5
, Pereira
et
al
30
.
e Christ et al
32
.
Em
relação à Ergonomia, os estudos enfocam o
desenvolvimento de ambientes domésticos adaptados às limitações físicas que os
idosos possam apresentar.
O desenvolvimento de postos de trabalho informatizados normalmente segue
as exigências ergonômicas necessárias para possibilitar o conforto e
a
segurança
de
seus
usuários em idade ativa
,
não
sendo incluídos os
indivíduos idosos.
Dados sobre o impacto físico que tais postos de trabalho e o uso do
computador podem gerar abordam a população mais jovem, já previamente
familiarizada com as ferramentas tecnológicas modernas.
Em função disso, este estudo é pioneiro a sugerir um Protocolo
Fisioterapêutico de Intervenção Postural para idosos ativos participantes de oficinas
de
inclusão digital, pois a informática é uma ferramenta que na atualidade e no
futuro estarão presentes no cotidiano das pessoas, de forma que aqueles indivíduos
que não se encontram familiarizados com essa linguagem estarão excluídos do
contexto social
.
2
.1 Problema de Pesquisa
Qual
a efetividade de
um
Programa Ergonômico de Intervenção
quando
aplicado junto a idosos em inclusão digital?
2.2 Hipótese
Um Programa Ergonômico de Intervenção junto a idosos em oficinas
de
inclusão digital apresenta efetividade no
aumento
de mobilidade articular e em
relação a qu
e
ixas físicas.
52
2.3
Objetivos
2.3
.1
Objetivo
Geral
Verificar a efetividade de um Programa Ergonômico, elaborado a partir de um
Protocolo Avaliação Fisioterapêutica, para i
ntervenção
postural para idos
os
participantes de Oficina de Inclusão Digital.
2.3
.2
Objetivos
Específicos
Avaliar a resposta dos idosos submetidos a um Programa Ergonômico,
elaborado a partir de um Protocolo de Avaliação Fisioterapêutica para Intervenção
Postural, no ambiente das Ofi
cinas de Inclusão Digital;
Identificar no ambiente da oficina de
inclusão
digital fatores que podem
influenciar as
posturas adotadas em frente ao computador
;
Avaliar
os resultados da aplicação do P
rotocolo
de Avaliação F
isioterapêutic
a
de
I
ntervenção
P
ostu
ral na prevenção e
/ou
redução de
alterações
posturais dos
idosos participantes das oficinas de alfabetização digital.
3
MATERIAIS E MÉTODOS
3
.1 Delineamento do Estudo
Trata
-se de um ensaio clínico do tipo antes e depois, envolvendo variáveis
qu
antitativas
e
qualitativas
, desenvolvido no Laboratório de Informática localizado no
Prédio 40 da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul
.
3
.2
Seleção da Amostra
A amostra foi constituída de
40
idosos participantes do Projeto Potencial
Idad
e
desenvolvido por meio de uma parceria entre o Programa de Pós-Graudação do
Instituto de Geriatria e Gerontologia/PUCRS e o Programa de Pós-Graduação da
Faculdade de Educação/PUCRS. Os idosos convidados a participar do estudo
aceita
ram
se submeter ao Prog
rama
, passa
ndo
a serem avaliados individualmente
pelo protocolo elaborado individual (Anexo
II
)
.
Todos os idosos participantes
,
após
receberem as informações pertinentes à pesquisa, assinaram o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido.
3
.3
Critérios de
Inclusão
Participar do Projeto Potencial
Idade
;
Ter idade igual ou superior a 60
anos;
3
.4
Critérios de Exclusão
Presença de problemas
osteo
articulares
que impedissem a realização dos
exercícios e condutas propostas pelo trabalho
;
Ausência de comparecimento às oficinas por mais 25% do total de freqüência
semestral.
O Laboratório de Informática onde se realizou o estudo está organizado da
seguinte maneira: uma sala organizada em “U”, contendo 20 computadores
dispostos
de forma que o usuário fique de frente para a parede. O espaço permite
54
circulação do idoso e dos monitores pelo ambiente, a iluminação é por lâmpadas
fluorescentes
compondo uma iluminação adequada
.
As oficinas são desenvolvidas com o auxílio de
DataShow
situado próximo ao
quadro.
As cadeiras possuem regulagem de altura e são giratórias, permitindo ao
idoso
se deslocar facilmente não apenas para pedir auxílio, mas também para
utilização do computador. Não ajuste de encosto nas cadeiras, que significa um
menor conforto e a possibilidade de nova tensão muscular na musculatura eretora
espinhal.
3
.5 Desenvolvimento do Estudo
3
.5.1 Estratégia metodológica
No desenvolvimento do estudo foram utilizados os movimentos estratégicos
metodológicos básicos
, propostos por
Azevedo e Souza
46
.
Após a es
colha do tema da pesquisa
,
foram realizados:
recorte de uma problemática de uma totalidade mais ampla (escolha de ângulo
de análise);
delimitação do problema e dos objetivos;
construção de referencial teórico inicial a partir de conclusões de trabalhos
an
teriores;
estruturação de trajetória metodológica;
coleta de dados por observação participante;
elaboração de protocolo de avaliação e validação por especialista;
coleta de dados a partir do protocolo e de tomada por fotos;
análise dos dados quantitativos por distribuição por freqüência, cálculo de dia
e desvio padrão;
análise dos dados qualitativos por meio de análise semi
ótica
de imagens
paradas
, numa adaptação a partir de
Penn
47
;
complementação do referencial teórico para discussão dos resultados;
bus
ca de informações que complementem e ampliem a proposta e o referencial
teórico;
discussão teórica e metodológica sobre os resultados;
55
elaboração de pontos de referência para novos estudos e/ou de intervenção.
3
.5.2
Procedimentos
e Equipamentos
F
oi
r
ealizada
uma avaliação postural nos idosos participantes a fim de
identificar alterações posturais presentes. Para isso, utilizou-se um
Protocolo
de
A
valiação
F
isiote
rap
êutica
(Anexo
II
)
constituído por três partes.
A primeira
parte
referia
-
se
a
os
dados de identificação dos participantes
e
outras informações relacionadas à profissão, estado civil, e atitude profissional de
cada participante.
A segunda parte
avaliava
aspectos físicos dos idosos, incluindo presença de
doenças cardiovasculares, neurológicas, respiratórias, psiquiátricas, digestivas e
infecciosas que foram diagnosticadas
,
e tratamentos já realizados.
A terceira parte foi constituída da avaliação física do idoso, incluindo
avaliação da posição de cabeça e do tronco. Também foi incluída a
avali
ação
de
suas posturas
no
ambiente das oficinas (Anexo II item 4) e
de
sua
s rotinas diárias
,
buscando
-
se
identificar fatores de risco que pudessem potencializar essas
alterações. Além da análise da rotina de diária dos idosos, a avaliação também
procur
ou
identificar aspectos como histórico de quedas, presença de doenças
diagnosticadas
, e
co
n
statação
de queixas físicas que os participantes pudessem
apresentar.
Realizou
-
se
a goniometria para mobilidade articular da coluna cervical.
Com
base no método descrito por Norkis &
White
44
, utilizou-
se
um goniômetro universal
Fisio 2000
®
.
Os movimentos avaliados
e os procedimentos utilizados
foram os seguintes:
Flexão de pescoço: o goniômetro foi colocado abaixo da orelha tendo como ponto
de referência abaixo do nariz. Com isso, foi solicitado, ao idoso, para que
fleti
sse
a
cabeça de forma a encostar o queixo no
esterno
. Esse movimento foi quantificado
:
56
Figura
9 –
Medição da Amplitude de Movimento para Flexão da Coluna Cervical.
Fonte: Norkin & White
44
E
xt
ensão de pescoço: estando o goniômetro no mesmo ponto de referência do
movimento
anterior
, foi pedido ao paciente estender a coluna cervical
,
com o tronco
fixo
. Esse movimento també
m foi quantificado:
Figura
10
Medição da Amplitude de Movimento para Ext
ensão da Coluna Cervical
. Fonte: Norkin & White
44
57
Flexão lateral: a mensuração desse movimento foi realizada fletindo a cabeça para
esquerda e para a direita. O ponto de referência para ambos os lados foi o mesmo: o
goniômetro foi colocado tendo como ponto o processo espinhoso da vértebra
cervical C7. F
oi
solicitado
ao idoso para
que
fleti
sse
a coluna cervical para o lado
direito e depois esquerdo,
sendo
orientado a não compensar o movimento, apenas
isolando o pescoço
:
Figura
11 –
Medição da Amplitud
e de Movimento para Flexão Lateral da Coluna Cervical.
Fonte: Norkin & White
44
R
otação
Cervical
: para os movimentos de rotação à direita e à esquerda o
goniômetro foi colocado no centro da cabeça, sendo solicitado ao idoso
que
roda
sse
o pescoço para
a direita e depois para a esquerda.
Paralela a esta avaliação postural foi realizada uma análise qualitativa dos
dados coletados através da tomada de fotos de 21 idosos na posição sentada frente
ao computador para
auxiliar na elaboração do Protocolo de In
tervenção Postural. Foi
utilizada uma câmera fotográfica marca
Genius G
-
Shot P611 6.3 mega pixel.
Em relação à busca de garantia de cientificidade, utilizou-
se
o recurso
metodológico da triangulação entre dados quantitativos e qualitativos e entre formas
de coleta de dados (uso de protocolo de avaliação e tomada de fotos), buscando-
se
58
a complementaridade como forma de uma maior aproximação da realidade
47
.
Também foi utilizado o critério de saturação em relação à
s fotos.
Os dados qualitativos no presente estudo foram coletados por meio da
observação participante e analisados conforme o estabelecido por Taylor e
Bogdan
48
. A utilização de notas de campo em que eram adicionados detalhes sobre
a postura normalmente adotada pelos idosos durante as oficinas evidenciou que
eles não assumiam uma postura ergonomicamente adequada, sugerida por Ida e
Gandjean
1
.
A constatação desta problemática foi impulsionadora da idéia de se realizar
tomada por fotos com o objetivo de registr
ar
as posturas adotadas frente ao
computa
dor. Estas fotos serão analisadas com os idosos que nelas aparecem, com
o objetivo de levá-los a fazerem uma reflexão sobre as conseqüências de uma
postura inadequada
no
uso do computador.
Os idosos aceitaram as tomadas de fotos. Entretanto, ficou combinado que
não seriam avisados do momento em que elas aconteceriam, para evitar-se a
tomada de posturas não usuais.
A análise semiótica dos dados qualitativos compreendeu:
a)
análise das imagens paradas (fotos) segundo Penn
47
,
compreendendo a
dissecação e reconstrução das imagens, buscando-se a compreensão de seu
sentido através das etapas:
a1)
seleção das fotos a serem analisadas de acordo com o objetivo do estudo e a
disponibilidade do material.
a2)
inventário realizado em relação a cada uma das fotos selecionadas a partir da
maior clareza de aspectos fundamentais a serem observados na postura adotada
(exemplificado nas páginas 69 e 70 dos resultados da análise qualitativa das fotos).
a3)
associações a partir de questões:
Que indicadores de disfunções postu
rais estão presentes?
Como se relacionam estes indicadores com o referencial teórico?
Que aspectos do ambiente são importantes para entender a postura adotada?
a4)
construção da matriz a partir do inventário realizado e das associações com a
s
questões esp
ecificadas.
Após
a
realiza
ção da análise da avaliação postural e d
as
queixas físicas dos idosos, realizou-
se
análise ergonômica do ambiente de trabalho
(Anexo II item 5) para identificação dos principais fatores de risco que poderiam
acarretar alterações
posturais.
59
3.
5.3
P
rocedimentos de Intervenção
Após a avaliação clínica dos participantes e a análise ergonômica do
ambiente de trabalho, foi elaborado o Protocolo Fisioterapêutico de Intervenção
postural. O protocolo era constituído por: orientações ergonômicas relacionadas ao
ambiente de trabalho e posicionamento do computador para melhor conforto do
idoso
e por alongamentos executados em grupo, com curtos períodos de tempo, de
20 à 30 segundos por exercício de alongamento. O protocolo fisioterapêutico foi
aplicado em duas fases: fase I (segunda avaliação do indivíduo idoso) e fase II
(terceira avaliação)
Os alongamentos eram feitos antes do início das
oficinas
, com duração de,
aproximadamente, 15 minutos. Como as oficinas são desenvolvidas duas vezes
por
semana, o tempo total de prática de alongamentos foi de 30 minutos semanais.
Os
alongamentos foram
realizados
utilizando
-se como referencial Bob
Anderson
38
pela sua relevância em tratar de alongamentos frente a computadores.
Cada alongamento praticado lev
ou
aproximadamente de 10 a 20 segundos de
sustentação na posição,
sendo
executados da seguinte maneira:
Primeiro Alongamento
: com os dedos entrelaçados atrás da cabeça,
mant
inham
-
se
os cotovelos abertos para os lados e a parte superior do corpo ereta.
Para
criar uma
sensação de tensão na parte superior das costas,
eram
aduzi
das
as escápulas.
Procur
ou
-se manter a posição por cinco segundos, para então relaxar. Fo
ram
orientado
s a fazer
os procedimentos
duas vezes. Esse alongamento permite alongar
os
músc
ulos peitorais maior e menor,
a
porção anterior do deltóide
,
e tríceps
:
Figura
12 –
Alongamento dos músculos peitorais maior e menor, porção anterior do deltóide e tríceps.
60
Fonte: Bob Anderson
38
Segundo alongamento: com os dedos entrelaçados, fazia-se supinação do
antebraço, acima da cabeça, com os braços esticados. Enquanto faziam este
movimento, eram orientados para que prestassem atenção se estavam sentindo o
alongamento nos braços e na parte superior e lateral das costelas, e para respira
rem
fundo, mantendo por 10 a 20 segundos. Esse alongamento permitia alongar os
Peitorais maior e menor, o deltóide anterior, o bíceps , o flexor radial do carpo, o
palmar longo, o flexor ulnar do carpo e o superficial dos dedos, o flexor profundo dos
dedos
:
Figura
13 –
Alongamento de Peitorais maior e menor, deltóide anterior, bíceps , flexor radial do carpo,
palmar longo, flexor ulnar do carpo e flexor superficial dos dedos, flexor profundo dos dedos.
Fonte: Bob Anderson
38
Terceiro alongamento: os idosos eram orientados a segurar o cotovelo esquerdo
com a mão direita. De maneira suave, puxa
vam
o cotovelo por trás da cabeça até
sentir
em
uma suave tensão nos músculos oblíquos e eretores espinhais unilaterais
61
e
,
ou
, detrás do braço. O alongamento
era
mantido por 10 segundos, não
excedendo
a tensão do alongamento. Deve
ria
ser feito dos dois lados com os
joelhos ligeiramente flexionados. Esse alongamento permit
ia
alongar
Tríceps,
oblíquos interno e externo do abdome, e eretores espinais unilaterais (iliocos
tais,
dorsais longos e semi
-
espinais lombares e do tórax)
:
Figura
14 Alongamento de Tríceps, oblíquos interno e externo do abdome e eretores espinais
unilaterais (iliocostais, dorsais longos e semi
-
espinais lombares e do tórax).
Fonte: Bob Anderso
n
38
Quarto alongamento: estando sentad
os
,
aos idosos era solicitado que inclina
ssem
para
frente
, de forma a manter
em
a cabeça abaixada e o pescoço relaxado.
O
procedimento era mant
ido
por 15 a 20 segundos. Pod
ia
m usar as mãos para
retornar à posição vertical. Esse alonga
mento permit
iu
alongar os músculos
eretores
espinhais
:
Figura
15 –
Alongamento de eretores espinhais (iliocostais dorsais longos e semi
-
espinhais).
62
Fonte: Bob Anderson
38
Quinto alongamento:
com
os idosos em pé,
era
solicitado
que
colo
ca
ssem
as mãos
logo acima dos quadris com os cotovelos para trás. Suavemente, pressiona
va
-
se
para frente levantando o esterno enquanto mantinha o alongamento, por 10 à 15
segundos. Esse alongamento permit
ia
alongar o músculo peitoral maior, deltóide
anteri
or e
o
reto abdominal
:
Figura
16 –
Alongamento do músculo peitoral maior, deltóide anterior e reto abdominal.
Fonte: Bob Anderson
38
Sexto alongamento: estando sentad
os
, os idosos procura
vam
entrelaçar os dedos
fazendo uma supinação e, lentamente, pro
cura
vam
girar o cotovelo para dentro
enquanto e
xtend
iam
os braços, a sentir uma leve tensão. Enquanto realiz
ou
o
alon
gamento, procurou-
se
levantar ligeiramente o
esterno
, por 10 segundos. Esse
alongamento permit
ia
alongar os músculos deltóide anterior, porção esternal do
peitoral maior, bíceps, supinador, flexor radial do carpo, palmar longo, flexor ulnar do
carpo e flexor superficial dos dedos, flexor profundo dos dedos
:
63
Figura 1
7 –
Alongamento dos músculos deltóide anterior, porção esternal do peitoral
maior, bíceps,
supinador, flexor radial do carpo, palmar longo, flexor ulnar do carpo e flexor superficial dos dedos,
flexor profundo dos dedos.
Fonte: Bob Anderson
38
O protocolo foi aplicado durante cinco semanas, totalizando dez intervenções.
Após
essa intervenção
,
os idosos realizavam nova avaliação postural
(Anexo 2)
para
identificação de possíveis alterações e
,
ou
, danos que pudessem surgir. Além disso,
também era feita nova constatação, por meio de entrevista aberta, das queixas
físicas que os idosos poderiam apresentar pelo uso do computador. Após a
reavaliação postural, o protocolo era novamente aplicado por mais um período de
cinco semanas.
Terminada as cinco semanas os idosos realizaram uma avaliação final a para
comparação dos achados com avaliações anteriores
visando
verificação da
efetividade da sua aplicação. Após isso
,
foi feita a análise das fotografias tiradas das
posturas no ambiente das oficinas sem a percepção dos idosos.
Em relação aos dados quantitativos referentes, foi o utilizado o teste t
univariado para comparação dos achados entre as fases de avaliação e comparação
das diferenças entre os sexos.
4
ASPECTOS ÉTICOS
Todos os participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e
Esclarecido
(Anexo I) e o projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética e Pesquisa do
Hospital São Lucas da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul,
número do documento 971/05.
5
RESULTADOS
5
.1
Dados quantitativos
5.1.1
Aspectos
Gerais
Em relação à amostra particip
ante
, foram observados os seguintes
result
ados: dos 40 idosos integrantes, 26 (65%)
eram
do sexo feminino e 14 (35%)
masculino
.
Em relação à idade observou-se que a média de idade do sexo feminino foi
66
±
4 anos
,
e a
do sexo
masculino foi
69
±
6 anos
.
Dos 40 idosos participantes: 25 (62,5%)
eram
casados, sendo 14 do sexo
f
eminino)
; 4 (10%)
eram
divorciados,
sendo
2 do sexo masculino; 8 (20%)
eram
viúvos
, sendo todos do sexo feminino e 3 (7,5%)
eram
solteiros, sendo 2 do sexo
feminino
.
Ao analisar a situação funcional dos idosos integrantes, foi verificado que
a
maioria dos participantes é aposentada
,
sendo que dos 40, 22 (55%)
eram
do sexo
feminino
e 13 (32,5%) do masculino.
Um
(2,5%) integrante do sexo masculino está
desempregado
e apresenta indicativos de
hiper
cifose e quatro do sexo feminino
trabalham desempenhando trabalhos manuais e destas 4 (10%), três possuem
indicativos de
hiper
cifose.
Em relação às doenças diagnosticadas, dos 40 idosos participantes, a maior
ocorrência (57%) foi em relação à doença osteo-articular, sendo 18 participantes do
sexo feminino e 5 do masculino;16 (42%), possuem doenças cardiovasculares,
sendo 8 do sexo feminino e 8 do masculino; 2 (5%) possuem doença respiratória,
sendo 1 do sexo feminino e 1 do masculino; 3 (7,5%) possuem doença neurológica,
sendo 2 do sexo feminino e 1 do masculino e 1 (2,5%) doença psiquiátrica, sendo do
sexo feminino. Com relação às outras doenças, 7% possu
em
doença digestiva, no
entanto nenhum idoso declarou possuir doença infecciosa diagnosticad
a.
Em relação à ocupação atual, 12
(3%)
integrantes do sexo masculino e 12
(3%)
do feminino dedicam-
se
exclusivamente às atividades do lar; 1 (2,5%) do sexo
masculino
e um (2,5%) do sexo feminino se ocupam participando em outros grupos
de convivência
;
4
(1
0%)
do sexo feminino
dedicam
-
se
às atividades do lar e também
66
a grupos de convivência; 5 (12,5%) do sexo feminino fazem trabalho voluntário
;
4
(10%)
do sexo feminino
e um
do masculino
dedicam
-
se
a outras atividades.
Em relação às atividades de rotina,
11
(27,5%)
executam movimentos
repetitivos
, sendo 7
(17,5%)
do sexo feminino e 4 (10%) do masculino; 7
(17,5%)
permanecem muito tempo em uma única postura
, sendo 2
(5%)
do
sexo masculino e
5
(5%)
do feminino
.
Dest
e
s últim
o
s 5, 3 fazem trabalhos manuais
.
Em r
elação
à realização de movimentos repetitivos, estes foram relacionados
às atividades domésticas di
árias
. Quanto à variável permanecer muito tempo em
uma única postura, foi mencionado, por todos os respondentes, o ato de assistir
televi
são
,
permanecendo na
posição sentada.
5.1.2 Disfunções posturais
Na avaliação da presença de disfunção postural foi identificada a lordose
como
a mais evidenciada nos idosos em posição ortostática. À coleta de dados,
junto aos 40 participantes, evidenciou a presença de h
iperlordose
em
17
(
65%
)
dos
26
integrante
s
do sexo feminino
e 5
(
35%
)
dos
14 do
masculino
.
Nesta
verificação postural foi também evidenciado que 15 (
60%
) das
participantes do sexo feminino possuem o tronco flexionado para frente em posição
ortostática.
De acordo com a coleta de dados, foi identificado, na primeira avaliação e na
segunda aplicação realizada num espaço de 5 semanas (10 sessões),
que
um
mesmo número de idosos (9) apresentou como principais queixas físicas dores no
pescoço e nas costas. Na
terceira
aplicação do protocolo, realizada também num
espaço de 5 semanas (10 sessões), os resultados indicaram que houve mais um
idoso que apresentou a queixa de dores no pescoço e nas costas (
10
)
.
Os resultados da coleta na avaliação inicial e nas duas fases estão dispostos
na tabela abaixo:
Tabela
5 Queixas físicas mais freqüentes evidenciadas pela coleta de dados e seu comportamento
durante as três avaliações realizadas
Avaliação Inicial
Segunda Avaliação
Terceira Avaliação
Queixa
Sim
Não
Sim
Não
Sim
Não
Dor no Pescoço
9
31
9 -
10
30
Dor de Cabeça
-
40
-
40
-
40
Dor nas Costas
14
26
14
26
15
25
67
Como demonstrado pela tabela não houve indicativo de outras queixas
apresentadas pelos participantes.
Este resultado pode sugerir que a intervenção ergonômica não obteve o
resultado esperado.
5.3 Resultados do desenvolvimento do Protocolo Fisioterapêutico de
Intervenção Postural
sobre amplitude de Movimentos
Em relação à amplitude de movimento, observou-se que as medidas
mantiveram valores próximos e uma mesma tendência. Com isso, conclui-se que
não houve melhora significativa em termos de mobilidade articular. Podem-
se
observar tais resultados no
s gráficos
a seguir:
Figura
18 - Gráfico da comparação das médias de amplitude de movimento dos representantes do
sexo masculino
participantes das oficinas de
inclusão
digital em três momentos: avaliação inicial, fase
I aplicação do P
rograma
e fase II
.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
Flexão Extensão Flexão
Lateral
Esquerda
Flexão
Lateral
Direita
Rotação à
Esquerda
Rotação à
Direita
Avaliação Inicial
Fase I
Fase II
68
Figura
19 - Gráfico da comparação das médias de amplitude de movimento dos representantes do
se
xo feminino participantes das oficinas de inclusão digital em três momentos: avaliação inicial, fase I
aplicação do Protocolo e fase II
.
0
10
20
30
40
50
60
70
80
Flexão Extensão Flexão Lateral
Esquerda
Flexão Lateral
Direita
Rotação à
Esquerda
Rotação à
Direita
Avaliação Inicial
Fase I
Fase II
Ao analisar as figuras 17 e
18
, verific
ou
-se que houve maior diminuição de
amplitude
para os movimentos de extensão e flexão lateral esquerda para as
integrantes do sexo feminino e nos movimentos de flexão e rotação à
direita
para os
do sexo masculino
.
Verificou-
se
, também, que o movimento de rotação à direita
manteve a mesma tendência de diminuição de amplitude para ambos os sexos.
Além disso, houve um aumento de amplitude para o movimento flexão lateral direita
para os integrantes do sexo masculino
.
A
partir dos dados coletados,
apresentam
-se a seguir as tabelas 7 e 8
,
referentes às participantes do sexo
masculino
e as tabelas 9 e 10, referentes aos do
sexo
feminino
, sobre a amplitude dos movimentos nos três momentos de coleta.
69
Tabela
6 –
Análise da significância das amplitudes de movimento articular para coluna cervical entre a
Avaliação Inicial
e a Fase I de Apli
cação do Programa Ergonômico
para os homens
Movimento
Avaliação Inicial
Fase I
p
Flexão
40,4 ± 7,5
39,6 ± 6,9
0,98
Exten
são
47,7 ± 13,
42,9 ± 8,1
0,86
FLE
32,4 ± 6,8
31,5 ± 7,5
0,07
FLD
32,8 ± 8,3
33,1 ± 7,7
0,99
RE
60,9 ± 15,3
53 ± 11,4
0,14
RD
58,7
± 14,3
58,8 ± 11,7
0,99
Tabela
7 –
Análise da significância das amplitudes de movimento articular para coluna cervical entre a
Avaliação Inicial e a Fase II de Aplicação do Programa Ergonômico para os homens
Movimento
Avaliação Inicial
Fase II
p
Flexão
40,4 ± 7,5
36,6 ± 7,4
0,92
Exten
são
47,7 ± 13,
45,7 ± 7,9
0,94
FLE
32,4 ± 6,8
27,9 ± 6,9
0,07
FLD
32,8 ± 8,3
34,3 ± 7,1
0,96
RE
60,9 ± 15,3
57,8 ± 9,2
0,94
RD
58,7 ± 14,3
59,5 ± 6,4
0,98
Tabela
8 –
Análise da significância das amplitudes de movimen
to articular para coluna cervical entre a
Avaliação Inicial e a Fase I de aplicação do Programa Ergonômico para as mulheres
Movimento
Avaliação Inicial
Fase I
p
Flexão
37,3 ± 10,4
38,3 ± 9,3
0,97
Exten
são
45,9 ± 14,7
40,5 ± 8,2
0,85
FLE
32,8 ± 7,9
28,8
± 6,7
0,01
FLD
35,6 ± 8,2
33 ± 6,6
0,24
RE
55,1 ± 12,9
53,4 ± 12,1
0,95
RD
54,6 ± 12,7
59 ± 7,3
0,07
Tabela
9 –
Análise da significância das amplitudes de movimento articular para coluna cervical entre a
Avaliação Inicial e a Fase II de aplicação do
Programa Ergonômico para as mulheres
Movimento
Avaliação Inicial
Fase I
I
p
Flexão
37,3 ± 10,4
37,8 ± 8,6
0,98
Exten
são
45,9 ± 14,7
38,5 ± 6,9
0,80
FLE
32,8 ± 7,9
31,3 ± 3,7
0,01
FLD
35,6 ± 8,2
30 ± 4,2
0,24
RE
55,1 ± 12,9
54,1 ± 10,3
0,97
RD
54,6 ±
12,7
58,1 ± 8,9
0,90
Estes resultados podem sugerir efetividade do Programa Ergonômico de
Intervenção
para o movimento de Flexão Lateral à Esquerda, para as integrantes do
sexo feminino, sendo seus resultados significativos evidenciados nas tabelas 8 e
9
acima
apresentadas
.
A seguir é apresentada, nas tabelas 11, 12 e 13, a comparação e
ntre
as
médias das amplitudes de movimento entre os integrantes do estudo do sexo
masculino e
do
feminino nos três momentos de coleta de dados: Avaliação Inicial,
Avalia
ção
Fase I de aplicação do Programa Ergonômico e
Avaliação da
Fase
II.
70
Tabela
10– Média das amplitudes de movimento articular da coluna cervical dos homens e mulheres
integrantes das Oficinas na Avaliação Inicial
Movimento
Homens
Mulheres
p
Flexão
40,4 ±
7,5
37,3 ± 10,4
0,93
Exten
são
47,7 ± 13,
45,9 ± 14,7
0,94
FLE
32,4 ± 6,8
32,8 ± 7,9
0,99
FLD
32,8 ± 8,3
35,6 ± 8,2
0,93
RE
60,9 ± 15,3
55,1 ± 12,9
0,87
RD
58,7 ± 14,3
54,6 ± 12,7
0,90
Tabela
11 – Média das amplitudes de movimento articular da coluna cervical dos homens e mulheres
integrantes das Oficinas na Fase I de aplicação do Programa Ergonômico
Movimento
Homens
Mulheres
p
Flexão
39,6 ± 6,9
38,3 ± 9,3
0,97
Exten
são
42,9 ± 8,1
40,5 ± 8,2
0,94
FLE
31,5 ± 7,5
28,8 ± 6,7
0,99
FLD
33,1 ± 7,7
33 ±
6,6
0,36
RE
53 ± 11,4
53,4 ± 12,1
0,14
RD
58,8 ± 11,7
59 ± 7,3
0,10
Tabela 12Média das amplitudes de movimento articular da coluna cervical dos homens e mulheres
integrantes das Oficinas na Fase II de aplicação do Programa Ergonômico
Movimento
Homen
s
Mulheres
p
Flexão
36,6 ± 7,4
37,8 ± 8,6
0,93
Exten
são
45,7 ± 7,9
38,5 ± 6,9
0,84
FLE
27,9 ± 6,9
31,3 ± 3,7
0,98
FLD
34,3 ± 7,1
30 ± 4,2
0,34
RE
57,8 ± 9,2
54,1 ± 10,3
0,92
RD
59,5 ± 6,4
58,1 ± 8,9
0,97
Estes resultados podem sugerir que, embora os participantes do sexo
masculino apresentem uma maior amplitude de movimento, não houve
significância
em relação
a
o sexo feminino, de forma que o resultado não foi significativo.
Os resultados apresentados
evidenciam
um alto desvio padrão para ambos
os se
xos
em
cada movimento
.
Na bibliografia consultada encontra-se referência
de
que
a amplitude destes movimentos diminui com o avanço da idade, não fazendo
referência à incidência por sexo.
Também é importante apontar que o aumento da amostra poderá trazer
da
dos que permitem a corroboração ou não d
este
s resultados e que
estes
resultados dizem respeito à amostra investigada, não se pretendendo sua
generalização
.
Ainda, de acordo com os resultados do teste t univariado
,
é possível dizer
que, nesta amostra,
houv
e maior
amplitude
na média referente ao movimento de
rotação
à direita para os representantes do sexo masculino, ultrapassando valor
estipulado pela American Physichal Therapy Association (
53,6)
44
. Entretanto, como
71
Olhos acima do
monitor
Mão direita
utilizando o
mouse
Uso de óculos
não bifocais
Cadeira
próxima ao
computador
Ombro direito
anteriorizado
Expressão
concentrada no
trabalho
Hiperexte
nsão
de Cervical
demonstrado na figura
19,
anteriormente apresentada, os valores da média de
amplitude ficaram muito pr
óximos, além de apresentarem um alto desvio padrão.
A comparação das médias, demonstrada nas tabelas 8, 9 e 10 entre os
indivíduos do sexo masculino e
12, 13, e 14 entre os do sexo feminino evid
encia que
os resultados encontrados não foram significativos.
Em relação aos riscos do ambiente Laboratório de Informática onde foi
realizado o estudo, considerando-se as indicações de Grandjean
1,
Ida
6
e Couto
26
, é
possível dizer que o risco evidenciado foi o referente às cadeiras não terem ajuste
de encosto para melhor adaptação postural. O fato de serem giratórias atende às
condições ergonômicas para ambientes informatizados. Os computadores possuem
a possibilidade de regulagem de altura do monitor para melhor conforto e
visualização durante as oficinas e o ambiente de trabalho permite livre circulação
dos idosos, além de oferecer condições de segurança
.
5.2 Resultados dos dados qualitativos
Em relação aos resultados da análise semiótica das fotografias dos idosos
frente ao computador, perceb
eu
-
se
que 16 idosos (76,2%), dos 21 integrantes
fotografados, mantinham postura com suspeita de
hiper
cifose, durante o
desenvolvimento das oficinas, como mostra a figura 1
9 abaixo:
Figura
20
Análise Qualitativ
a da postura
hiper
cifótica do indivíduo frente ao computador
Sexo Masculino
Postura curva
72
Olhos voltados ao
monitor
Posição
Sentada
Corpo
encostado na
cadeira
Cabeça
alinhada
Mão direita
utilizando o
mouse
Cadeira
próxima
ao
computador
Uso de óculos,
mas não quando
está trabalhando
no computador
.
Expressão
sorrident
e
Dos integrantes, cinco (23,8%) não mantinham indicativos de postura
hiper
cifótica, parecendo manter postura mais ergonomicamente adequada fre
nte
à
máquina, como exemplificado na figura abaixo:
Figura
21
Análise Qualitativa da postura não
-
hiper
cifótica do indivíduo frente ao computador
Sexo Feminino
Do ponto de vista qualitativo, a partir da análise das 21
imagens,
a maior
presença ocorreu nos níveis de significação: forma de relação entre elementos e
ênfase na postura:
a)
Como os elementos se relacionam uns com os outros, na figura 19, foi observado
no aspecto físico
que
estão correlacionados os elementos:
posição
sentada, corpo
afastado da cadeira e próximo ao teclado, posição da cabeça próxima ao monitor
,
monitor
na altura dos olhos, olhos centralizados no monitor. Esses elementos
permit
ira
m uma visualização da postura adot
ada
em frente ao computador e também
as co
mpensações
realizadas.
Em função de o corpo estar afastado da cadeira e
próximo ao teclado, o idoso fez a protu
são
e novo alinhamento da cabeça,
numa
73
posição de hiperextensão cervical, a fim de manter os olhos centralizados no
monitor.
b)
Ênfase (figura 1
7)
:
indicativos de ênfase da postura
hiper
cifótica adotada pelo
idoso frente ao computador, com o corpo afastado do computador e sem apoio no
encosto da cadeira, protu
são
de cabeça e olhos centralizados na altura do monitor.
Ao analisar o nível de significação das imagens, identificou-se que os
seguintes elementos se correlacionaram para a conotação da postura adotada: a
postura sentada, a posição do corpo (encontra-se afastado ou não da cadeira), a
posição da cabeça como elementos individuais. Além disso, também se relacio
na
a
altura e o posicionamento do monitor
,
e também a iluminação do ambiente.
Não foi possível identificar pelas imagens, indicativos da presença de lordose
e escoliose nos indivíduos participantes, em razão das fotografias se referirem
às
tomadas laterais.
Em relação a
os
fatores de risco do ambiente relacionados às alterações
posturais, os idosos referiram que a iluminação estava adequada e observou-se que
não ajustavam a altura do monitor, mas sim a altura da cadeira. Entretanto havi
a
ausência da possibilidade de ajuste do encosto da cadeira.
74
6
DISCUS
SÃO
De acordo com Camarano
13
,
as mulheres possuem maior longevidade em
relação ao homem e também, pelas
anteriores
tendências populacionais,
elas
ocupam menor espaço no mercado de trabalho, o que tem
traz
ido
repercussões na
sua atuação no
contexto social.
As
mulheres
idosas
, atualmente,
possuem maior liberdade e tempo disponível
para buscar atividades que satisfaçam suas necessidade psicossociais
13
. Isso
é uma
das características das mulheres que
freqüentam
as oficinas
,
pois
participam de
muitas atividades fora do ambiente doméstico e, entre elas, das oficinas de inclu
são
digital
.
Os resultados obtidos identificaram que as mulheres idosas participantes das
oficinas carr
ega
m objetos pesados mais relacionados a compras no supermercado
do que os homens,
corroborando
Rauth
15
que afirma que ainda uma vi
são
social
de mulher
idosa ligada
a atividades domésticas.
A permanência na mesma postura por períodos muito longos contribui para
maior sobrecarga postural e posterior aparecimento de complicações, tais como
contraturas disfunções posturais
45
. Entretanto, esta afirmação refere-se às pessoas
de
uma forma geral. Em relação aos idosos não foi encontrado nenhum estudo
.
Entretant
o, um estudo que avaliou a postura sentada em crianças em idade escolar
chegou a estimativa de que estas crianças poderão apresentar um aumento na
sobrecarga postural e de desenvolvimento de lesões no disco intervertebral, em até
35%
, ao chegaram aos 60 anos, pois na atualidade elas permanecem em média 8
horas diárias na posição sentada
49
.
Ao analisar os dados coletados, verificou-se que os idosos participantes
afirmam passar um período de até 4 horas do seu tempo na mesma postura,
principalmente no turno da noite assistindo à televi
são
. Segundo Orjuela
41
, a
televi
são
está entre as facilidades mais presentes na vida dos idosos, sendo que
estes
permanecem, em média, 50 horas
semanais
em frente a esse recurso
audiovisual.
Segundo
Freitas
19
,
é esperado, com o
envelhecimento
, uma alteração para
a
postura
hiper
cifótica
, que se acentua com o passar dos anos. A análise semiótica
das 21 imagens trouxe a suspeita de uma postura
hiper
cifótica na posição sentada
75
na maioria dos idosos (16) o que pode contribui para o deslocamento anterior da
posição da cabeça e para a ocorrência de problemas posturais com
comprometimento
do sistema
nervoso
16
.
Em relação à hiperlordose identificada, Kisner e Colby
21
e Laughton
17
atribuem esse aumento da curvatura normal da coluna lombar à adoção de maus
hábitos posturais associados aos próprios fatores do envelhecimento, pois a postura
hipercifótica pode levar a uma curvatura lordótica da coluna lombar, para compensar
o deslocamento anterior do centro de gravidade. Com isso, o indivíduo pode manter
um estado de tensão elevada na coluna, podendo levar a quadros dolorosos
agudos.
Quanto
à análise do ambiente de inclu
são
digital, Grandjean
1
e Ida
6
sugerem
o estabelecimento de cadeiras com ajuste de encosto, de maneira a oferecer mais
confort
o ao usuário e também como medida ergonômica adequada para prevenir
ten
são
na musculatura eretora espinhal.
Como as cadeiras do Laboratório, onde
foram
desenvolvidas as oficinas, não
oferecem a possibilidade de ajustes do encosto, d
e acordo com o
s
autor
es
citados
, o
ambiente de trabalho não está ergonomicamente adequado neste aspecto,
influencia
ndo
nas
posturas funcionais para execução de atividades, com
conseqüê
ncias na postura
.
O advento da tecnologia permite a reorganização do ambiente de trabalho
para
melhor atender o indivíduo, no entanto uma preocupação quanto ao
sedentarismo que esse avanço pode trazer, principalmente em relação aos
idosos
1,6,14,20
.
Além disso, os resultados coletados pelo Protocolo de Avaliação
Fisioterapêutica
indicaram
maior prevalência de alteração na posição do tronco
(hiperextendido)
nas mulheres em relação aos homens. Durante a coleta de dados,
principalmente na avaliação postural, houve relato por parte de participantes sobre a
dificuldade de visualização dos ícones na tela do monitor o que pode influenciar na
postura mantida durante as oficinas
.
C
omo
mostrado
na figura 19, pela análise da postura, foi possível perceber
que,
para poder se aproximar do monitor e conseguir visualizar a atividade
proposta
,
o
idoso apresentava um deslocamento do corpo para frente com uma modificação
da posição do pescoço (uma hiperexten
são
de pescoço). Nos estudos de
Ferreira
34
,
Glock
35
e
Wehmeyer
36
fo
ram
evidenciados neste grupo de idosos que eles
76
apresentam problemas de vi
são
que, aliás,
enca
minha
ra
m para a necessidade de
aumento dos ícones na tela.
O aparecimento de dores no pescoço e nas costas f
oi
a queixa mais
freqüente
no presente estudo e em pesquisas
envolvendo secretárias, que utilizam o
computador por longos períodos. G
randjean
1
atribui isso ao fato de que o trabalho
no computador, a digitação, é considerado um trabalho de preci
são
, de forma que há
adaptação do corpo e
concentração para a realização da tarefa. Com isso,
a
posição do corpo se modifica
.
S
egundo
este
autor, os segmentos que mais podem
ser atingidos p
elo
trabalho
de digitação,
são
os braços e os ombros, o que não fo
i
mencionado pelos idosos do estudo.
Os resultados obtidos evidenciaram maior amplitude para o movimento de
flexão lateral direita para os integrantes do sexo masculino. No entanto, a análise
estatística evidenciou que os valores encontrados não foram significativos para os
movimentos de flexão, extensão, flexão lateral direita, rotação à esquerda e rotação
à direita para ambos os sexos. Quanto ao movimento de
flexão lateral esquerda, nas
fases de aplicação do programa ergonômico para as participantes do sexo feminino,
as diferenças foram estatisticamente significativas. No entanto, os valores
encontrados na medição da amplitude de movimento foram mais elevados para os
participantes do sexo masculino em relação ao feminino. De acordo com Abreu
50
,
esse comprometimento cervical pode ser atribuído a maior incidência do sexo
feminino em relação à artrite reumatóide doença articular caracterizada por
inflamação da membrana sinovial que envolve todas as aritulações, sendo as mãos,
os joelhos, os pés, os cotovelos, os ombros e a coluna cervical as mais atingidas.
Segundo Kisner e Colby
21
, a hiperexten
são
se explica por uma manutenção
por maior tempo do estado de contr
ação da musculatura extensora do pescoço e por
um enfraquecimento da musculatura flexora. Como conseqüência, redução da
amplitude de flexão de cervical e aumento na amplitude do movimento de exten
são
.
Os resultados apresentados na amplitude de movimento nas fases de
aplicação do Protocolo
indicam
que o programa, não foi efetivo para ganho de
amplitude de movimento da coluna cervica
l.
O
estudo de Santos
51
,
afirma que
as
aplicaç
ões
de programas
físicos laborais
,
definid
os
como programas de condutas com curta duração, contribu
em
para
melhorar a Qualidade de Vida dos indivíduos,
pois
auxiliam
para melhora de
77
sensações individuais e subjetivas, difíceis de serem quantificadas, mas que
oferecem um melhor estado ao praticante.
As
afirmações de Cheik et al.
52
, indicam que a prática de atividade física leva
a benefícios psicológicos aos seus praticantes, principalmente idosos, na medida em
que estimula o contato e interação com outros indivíduos da mesma faixa etária.
Na presente pesquisa os idosos apresentavam-se motivados para a
participação no Programa oferecido, exigi
ndo
comprometimento e seriedade d
e
alguns idosos para seguirem corretamente as orientações durante a aplicação das
condutas.
De acordo com Grandjean
1
, trabalhar com computador envolve a seguinte
questão: o indivíduo encontra-se concentrado na máquina com seus movimentos
restritos (atenção focada no monitor e mãos no teclado) e com isso fica mais
vulnerável a problemas ergonômicos (posturas desfavoráveis, atividades repetitivas,
problemas de iluminação do ambiente e qualidade e resolução dos monitores). Não
foi analisada a questão da resolução dos monitores, no entanto a análise semiótica
das imagens demonstra que o idoso que aparece na figura 19 não ajustou o monitor
na altura dos olhos e nem a altura da cadeira
,
o
que
pode ter
contribu
ído
para um
maior deslocamento anterior do corpo. Entretanto, em relação à análise do
ambiente
, para identificação dos fatores de risco, pode-se dizer que a altura de
cadeira era a variável mais controlada pelos idosos, pois os próprios idosos faziam
os ajustes necessários para altura da cadeira a fim de possibilitar o conforto durante
o desenvolvimento da aula.
Seguindo as postulações de Bob Anderson
38
, o protocolo de intervenção era
aplicado antes dos idosos iniciarem suas atividades a fim de prepará-los para o
trabalho. Essa aplicação teve boa aceitação, principalmente para as mulheres idosas
que se queixavam muito de dores no pescoço.
Durante o desenvolvimento das oficinas eram realizadas, também,
orientações para a conscientização da adoção da postura correta frente à
quina,
de forma que durante as reavaliações os idosos eram orientados a manter a postura
alinhada durante as aulas e, caso houvesse alguma dificuldade para visualizar o
monitor, poderiam ajustá-
lo
ou
ajustar
a cadeira. Contudo, mesmo orientado
s,
poucos idosos realmente o faziam, de forma que a maioria dos participantes
deslocava seu tronco
para a frente
, concentra
n
do
-
se
na tarefa
a ser realizada
.
78
Ao reavaliar e orientar novamente, os idosos afirmavam estar cientes de que
não praticavam o hábito correto. De acordo com Brandimiller
7
, para estar sentado
frente
à
máquina, deve
-
se
manter os ombros relaxados, mãos
e antebraços na altura
da mesa, cotovelos próximos da cintura, região lombar bem apoiada no encosto,
dobra do joelho um pouco afastada do assento (para frente e para cima) e pés bem
apoiados no chão. Porém, como esperado, o corpo humano se mantém em balanço
constante, de forma que a postura é mantida por pouco tempo. Ainda, estudos
de
Iglarsh
8
, Ro
cha
19
e Filho
23
demonstram o aumento do balanço do indivíduo idoso,
em função das alterações de equilíbrio.
CONCLU
SAO
O presente estudo buscou avaliar a
efetividade
de um Programa Ergonômico
de Intervenção Postural, elaborado a partir de um Protocolo de Avaliação
Fisioterapêutica,
para
idosos participantes de oficinas de inclusão digital.
Além disso,
também objetivou identificar, no ambiente informatizado de desenvolvimento da
oficina
, indicadores que pudessem influenciar a adoção de posturas ina
dequadas
frente ao computador.
Pela razão deste trabalho referir-se a idosos, não eram esperadas alterações
muito significativas. Em relação aos resultados evidenciados, pode-se concluir que:
a aplicação do Programa
Ergonômico
não foi efetiva para aumento
de amplitude dos
movimentos de flexão, extensão, flexão lateral direita, rotação à esquerda e rotação
à direita da coluna cervical para os representantes do sexo masculino e do sexo
feminino nos três momentos de avaliação (avaliação inicial, fase I de aplicação do
programa e fase II)
.
O único movimento que foi significativo foi o de flexão lateral
esquerda
para as representantes do sexo feminino
nas fases I e II de aplicação
.
Em relação à análise do ambiente informatizado, observou-se que a ausência
de ajuste do encosto da cadeira pode ter influenciado nas posturas funcionais
adotadas
pelos participantes e identificadas pela análise semiótica das fotografias
(adaptada de Penn). A forma como as pessoas sentam ao longo do trabalho
realizado com o uso do comp
utador é importante para o agravamento das alterações
posturais. O fato de não ter constatado piora nos aspectos mensurados evidencia,
também
,
resultado importante em relação ao quadro clínico.
O Protocolo de Avaliação Fisioterapêutica evidenciou que a maioria dos
integrantes do sexo feminino (65% das 26 integrantes) e do masculino (35% dos 14
80
integrantes) possui a
hiper
lordose como alteração postural identificada. Esta pode
ter sido decorrente da postura
hiper
cifótica adotada frente ao computador, o que
p
ode ter
lev
ado
ao aparecimento de queixas dolorosas identificadas.
Embora não tenha sido identificadas mudanças na postura dos participantes,
o presente estudo pôde delinear um desenho clínico da postura do idoso usuário do
computador e não agravou os problemas identificados no início do estudo. Ainda
assim,
se salienta a necessidade de mais investigações dentro desse campo e de
novo estudo com aumento da amostra.
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-
52.
ANEXOS
Anexo
I
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
A Efetividade de um Programa Ergonômico em Idosos Ativos
Usuários da Informática
I. Justificativa e objetivos:
O computador provoca algumas alterações e compensações posturais que
ocasionar dores e/ou acentuar desvios posturais que você possa ter desenvolvido
em função da idade. A fisioterapia nesse sentido atua na prevenção de maiores
seqüelas, potencializando as capacidades que o idoso possui, visando a auton
omia
e a independência funcional e com isso melhorando a Qualidade de Vida. O objetivo
deste trabalho é verificar o impacto postural da informática em idosos,
principalmente as seqüelas em coluna cervical.
87
II. Procedimentos a serem utilizados:
Para isso poder ser verificado será necessária uma avaliação fisioterapêutica
onde serão coletados dados sobre estilo de vida, história de doenças anteriores,
cirurgias feitas, profis
são
que exerce ou exerceu e o que fazia dentro da profis
são
e será feita uma inspeção onde poderá ser verificada qualquer alteração na postura,
dificuldades de movimento e qual a sua queixa principal. Para a verificação será
utilizado um instrumento chamado de goniômetro que serve para medir a amplitude
do movimento. Para isso ele será colocado atrás da orelha e será pedido a você que
mova a sua cabeça para frente objetivando encostar o queixo no peito e depois será
pedido para você olhar para cima. Esse movimento será medido. Essa medição será
feita a cada cinco semanas para verificar se houve alteração na amplitude desse
movimento Além disso, será feito um registro fotográfico de sua postura em frente ao
computador durante as oficinas. Não é necessária preocupação, pois sua
privacidade será respeitada e seu rosto será apa
gado da foto.
III. Riscos
Ressalto aqui que os riscos
eram
pequenos, referentes simplesmente a dor
ao fazer o movimento, que no caso indica que o paciente possui alguma patologia
cervical.
IV. Garantias
Ressalto aqui, que o estudo em questão não irá interferir com quaisquer
tratamentos que o paciente esteja realizando. Além disso, o paciente terá total
liberdade para fazer perguntas e terá privacidade quanto aos seus dados. Também
o paciente possui a liberdade para abandonar a pesquisa sem que isso acarrete
prejuízos para ele. Caso o idoso se sinta mal, este receberá atendimento imediato.
Eu...............................................................................(pessoa ou responsável) fui
informado dos objetivos da pesquisa de maneira clara e detalhada. Sei que em
88
qualquer momento poderei solicitar novas informações e modificar minha deci
são
se
assim desejar. O fisioterapeuta João Borges de Lima, sob orientação da Prof. Dra.
Valdemarina Bidone de Azevedo e Souza, certific
ou
-me de que todos os dados
desta pesquisa referentes a minha avaliação e meus dados serão confidenciais, bem
como qualquer tratamento que eu esteja fazendo não será afetado pela pesquisa e
terei a liberdade de retirar meu consentimento de participação na pesquisa, face a
estas informações. Caso tiver novas perguntas sobre este estudo, posso chamar
João Borges de Lima no telefone 9275.8454. O Comitê de Ética em Pesquisa da
PUCRS, que já aprovou este projeto para ser realizado, está a sua disposição
através
do telefone 33203345 ou na sala 228 do Hospital
Eram
Lucas, em horário
comercial.
Declaro que recebi cópia do presente Termo de Consentimento
_______________________ _________________
__________ ____________
Assinatura da Pessoa
Nome Data
_______________________ _________________
____________ __________
Assinatura do Pesquisador Nome Data
Este
formulário foi lido para ________________________________ (nome da
pessoa) em ______/_____/______ pelo João Borges de Lima enquanto eu estava
presente
_____________________ _______________
__________ _______________
Assinatura da Testemunha Nome Data
89
Anexo
II
Modelo de Avaliação Fisioterapêutica
1
Dados Pessoais:
Nome:_________________________________________________________
____
Número de Registro:____ Sexo:
Masculino
Feminino
Endereço
Residencial:_________________________________________________
Idade: _______ anos
Estado Civil:
Casado
Namorando(a)
Solteiro(a)
Viúvo(a)
Situação Funcional:
Empregado
Desempregado
Autônomo
Rural
Aposentado
Outros
Ocupação
Atual:_____________________________________________________
Ati
tude Profissional:
Carrega objetos muito pesados
Muito tempo em uma posição
Movimentos repetitivos
Reside na moradia sozinho?
sim
não
90
2
– Histórico:
Tipos de Patologia apresentadas:
Cardiocirculatória
Neurológica
Respiratória
DORT
Psiquiátrica
Ósteo-Articular
Digestiva
Infecciosa
Outros
Sem Diagnóstico
Queixa Principal:
Dor no Pescoço
Dor de Cabeça
Dor nas Costas
Dor nos Pulsos
Sem Queixas
Diagnóstico da Incapacidade:
Cifose
Lordose Cervical
Lordose Lombar
Escoliose
Tratamentos já Realizados:
Clínico
Clínico-Cirgico
Mental
Cirúrgico
sico-Mental
Nenhum
Histórico de Quedas:
Sim
Não
Causas e Conseqüências das Quedas:____________________________
__
___________________________________________________________________
________________
___________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
____
_______________________________________________________________
____
_______________________________________________________________
3
Avaliação Física:
Apresentação do Paciente:
Lúcido
Uso de Andador
Uso de Bengala
Acompanhante
Força Muscular (Coluna Cervical):
Flexão
Grau 1
Grau 2
Grau 3
Grau 4
Grau 5
Exten
são
Grau 1
Grau 2
Grau 3
Grau 4
Grau 5
91
Flexão Lateral
Grau 1
Grau 2
Grau 3
Grau 4
Grau 5
Rotação
Grau 1
Grau 2
Grau 3
Grau 4
Grau 5
Avaliação da Postura:
Cabeça:
Hiperestendida
Flexionada
Normal
Tronco:
Hiperestendido
Flexionado
Normal
Presença de Deformidades:
Sim
Não
Presença de Retrações na Coluna Cervical:
Sim
Não
Padrão Respiratório:
Apical
Diafragmático
Misto
4
Postura dentro do Ambiente de Inclu
são
Digital:
Postura adotada
dentro do ambiente:
Alinhada
Hiperc
ifótica
Hiperestendida
Posicionamento da cabeça:
Alinhada ao corpo
Flexionada
Hiperestendida
5
Análise ergo
nômica do ambiente de Oficina de
Inclu
são
Digital:
Descrição do ambiente: ___________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___
________________________________________________________________
Fatores ressaltados pelo idoso como
influenciadores da postura adotada:____
___________________________________________________________________
92
Anexo
III
REGISTRO DA AMPLITUDE DO M
OVIMENTO
Nome_________________________________________
Data de Nascimento___________
Diagnóstico____________________________________
Data de Início________________
Registro:
Esquerda
Direita
Examinador
Data
Articulação
Tempor
omandibular
Depres
são
Protu
são
Anterior
Desvio Lateral
Comentários
Coluna Cervical
Flexão
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