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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS
INSTITUTO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE
MESTRADO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE
JULIANA VASCONCELOS LYRA DA SILVA
PARASITOSES, ESTADO NUTRICIONAL, CONSUMO
ALIMENTAR E INDICADORES SOCIAIS EM CRIANÇAS E
ADOLESCENTES RESIDENTES EM UMA ÁREA DE INVASÃO
EM MACEIÓ, ALAGOAS
MACEIÓ, ALAGOAS
2008
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JULIANA VASCONCELOS LYRA DA SILVA
PARASITOSES, ESTADO NUTRICIONAL, CONSUMO
ALIMENTAR E INDICADORES SOCIAIS EM CRIANÇAS E
ADOLESCENTES RESIDENTES EM UMA ÁREA DE INVASÃO
EM MACEIÓ, ALAGOAS
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
graduação em Ciências da Saúde da Universidade
Federal de Alagoas, como requisito para obtenção
do grau de Mestre em Ciências da Saúde.
Orientadora:
Profa. Dra. ELIANA MARIA MAURICIO DA ROCHA
MACEIÓ, ALAGOAS
2008
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Catalogação na fonte
Universidade Federal de Alagoas
Biblioteca Central
Divisão de Tratamento Técnico
Bibliotecária Responsável: Helena Cristina Pimentel do Vale
S586p Silva, Juliana Vasconcelos Lyra da.
Parasitoses, estado nutricional, consumo alimentar e indicadores sociais em
crianças e adolescentes residentes em uma área de invasão em Maceió, Alagoas /
Juliana Vasconcelos Lyra da Silva. – Maceió, 2008.
133 f. : il. grafs. e tabs.
Orientadora: Eliana Maria Mauricio da Rocha.
Dissertação (mestrado em Ciências da Saúde) – Universidade Federal de
Alagoas. Instituto de Ciências da Saúde. Maceió, 2008.
Bibliografia: f. [99]-113.
Apêndices: f. [114]-130.
Anexos: f. [131]-133.
1. Doenças parasitárias – Maceió (AL). 2. Enteroparasitoses. 3. Doenças
parasitárias – Condições sociais. 4. Crianças e adolescentes – Estado nutricional.
5. Crianças e adolescentes – Consumo alimentar. I. tulo.
CDU: 616.99-053.2/.6(813.5)
DEDICO ESTE TRABALHO,
À DEUS, força que impulsiona o meu viver;
Aos meus pais, cujos ensinamentos me fizeram
capaz de alcançar esta vitória;
Aos meus irmãos e prima-irmã, cujas amizades
são essenciais na minha vida;
Ao Guga, cuja paciência, apoio e dedicação
foram imprescindíveis para esta conquista.
AGRADECIMENTOS
À Deus, por conceder-me força e capacidade, física e intelectual, primordiais para
conquistar os meus sonhos. Sem a tua inspiração, nada disto seria possível!
À minha querida família, painho (Romeu), mainha (Graça), Roberta, Sandra, Felipe,
Telma, Larissa e Guga, alicerces da minha vida. Obrigada pelo amor incondicional e
pelo incentivo. Vocês são essenciais na minha vida!
Ao Gustavo Peplau (Guga), pela companhia nos dias de angustia, principalmente
quando achava que não daria conta, pela dedicação nas ilustrações deste trabalho,
por entender minha ausência e por tornar esta fase da minha vida mais tranqüila.
Amor, você sabe o quanto me ajudou e ainda me ajuda. Você é essencial na minha
vida!
À Profa. Eliana Rocha, exemplo concreto de dedicação e paciência, que aceitou este
desafio e mergulhou neste trabalho sem medir esforços, sempre buscando a
perfeição. Professora, o meu eterno obrigado, por todos os ensinamentos!
Ao Prof. Gilberto Fontes, pela incontestável contribuição para o desenvolvimento
deste trabalho e para meu crescimento profissional e pessoal. Professor, com sua
perseverança você me mostrou que tudo é possível, basta lutar.
À Profa. e amiga Célia Santos, pela oportunidade a mim proporcionada de participar
deste trabalho e pelas contribuições essenciais para sua realização, por acreditar
que seríamos capazes de realizá-lo e participar de todas as etapas dele. Professora,
obrigada por acreditar no meu potencial, este trabalho também é seu!
Às Profas. Sandra Mary Vasconcelos e Betzabeth Slater pela ajuda na avaliação do
consumo alimentar e nas análises estatísticas. Sem a ajuda de vocês este trabalho
não seria possível!
À todos os professores do Programa de Pós Graduação em Ciências da Saúde
pelas contribuições na minha formação acadêmica e pelos exemplos de dignidade,
ética e profissionalismo.
Aos professores examinadores que disponibilizaram tempo para correção e
colaboraram com suas sugestões para melhoria deste trabalho.
À Anny Karinny Timóteo, minha amiga, comadre, irmã, conselheira, enfim, mulher de
garra, que iniciou este trabalho comigo e tornou este sonho possível. Anny, esta
conquista também é sua!
À Paula Queiroz, amiga fiel, que com toda paciência acompanhou-me nesta etapa
da vida. Obrigada pelos momentos de partilha, pelo ombro amigo, pelo sorriso
sincero, e acima de tudo, por estar sempre ao meu lado.
Aos amigos Rafael Vital e Ana Rachel Lima, pelo incentivo, apoio, amizade e
companheirismo. Amigos, estarei sempre disposta a ajudar vocês. Valeu por tudo!
À Ana Paula Oliveira, pessoa que fui encarregada de acompanhar, orientar e
ensinar, que me ensinou muito e hoje é uma verdadeira amiga. Espero que tenha
contribuído para sua formação acadêmica. Minha primeira orientanda, nunca me
esquecerei de você!
Às minhas amigas do peito, Danielle Torres, Gabriela Madeira, Andréa Vieira,
Daniele Gomes, Louise Dantas, Anny Karinny Timóteo, Mirella Freire e Danile
Rodriguez, por estarem sempre ao meu lado mesmo nos momentos em que a
distância geográfica nos separa. Obrigada por todos os momentos e pelo eterno
companheirismo.
Aos amigos da turma de mestrado, Acácia, Adalberto, Anderson, Angela, Ariana,
Benísio, Charles, Círia, Daniela, Gabriela, Juliane, Luciano, Paula, Socorro e
Yolanda, pelos momentos de discussões construtivas que tanto me ajudaram a
alcançar este título, pelo apoio nos momentos difíceis e pelas festas que tornaram
estes dois anos maravilhosos.
À todos da família Lapeviana, antigos e atuais (preferi não citar nomes para não
cometer injustiças) que ajudaram diretamente na execução deste trabalho, o meu
eterno agradecimento. Vocês foram e são muito importantes na minha vida,
ensinaram-me a lidar com as diferenças e a amar cada um do seu jeito.
Às alunas do curso de Nutrição integrantes do projeto, que participaram da fase de
coleta de dados e com muita dedicação contribuíram para a concretização deste
trabalho, muito obrigada!
Aos moradores da comunidade do Vale do Reginaldo, que nos receberam em suas
residências, sempre disponíveis a ajudar, permitindo a realização deste trabalho.
Vocês nos mostraram que as dificuldades devem ser superadas e que devemos ser
felizes, independente de qualquer coisa.
Ao Laboratório Central Dr. Aristeu Lopes de Andrade (LACEN-AL) pela realização
dos exames bioquímicos.
À Universidade Federal de Alagoas e ao Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde
pela criação do Programa de Pós Graduação em Ciências da Saúde, tornando
possível a conquista deste sonho.
Ao apoio financeiro das instituições: Universidade Federal de Alagoas (UFAL),
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), Conselho
Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Fundação de Apoio
à Pesquisa de Alagoas (FAPEAL), Secretaria Municipal de Saúde de Mace(SMS),
Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e Organização Mundial da Saúde
(OMS).
Enfim, agradeço a todos aqueles que contribuíram direta ou indiretamente para a
execução deste trabalho. Muito obrigada!!!
“Senhor, eu não te peço para fazer isso e depois aquilo.
Peço sim, a graça de fazer, conscientemente, no tempo
que me dás, o que queres que eu faça”.
Vovô Israel Lyra
RESUMO
Problemas comuns nos países em desenvolvimento incluem a desnutrição
energético-protéica e a anemia ferropriva. Estas carências nutricionais são
comumente associadas ao parasitismo intestinal, causando prejuízos ao
crescimento e desenvolvimento infantil, além de aumentar os riscos de
morbimortalidade. Entretanto, estudos têm demonstrado controvérsias a respeito
desta relação. O presente trabalho tem como objetivo avaliar a associação entre
parasitoses, estado nutricional, consumo alimentar e indicadores sociais em crianças
e adolescentes, residentes numa área de invasão em Maceió, Alagoas. Para tal,
realizou-se um estudo de delineamento transversal com 367 indivíduos menores de
16 anos, residentes em uma área de assentamento subnormal de Maceió, Alagoas.
Foram realizadas avaliações parasitológica, sócio-econômica e nutricional. Para os
exames coproparasitológicos foram utilizados os métodos de sedimentação
espontânea e Kato-Katz. Os dados socioeconômicos foram coletados através da
aplicação de questionários abordando aspectos referentes às condições de moradia,
características econômicas e comportamentos relacionados à educação sanitária. A
avaliação nutricional incluiu inquérito dietético, exame bioquímico e avaliação
antropométrica. Na avaliação dietética utilizou-se o todo da Necessidade Média
Estimada (EAR) como ponto de corte, sendo os dados coletados através de
recordatório de 24 horas, ajustados quanto à variabilidade intrapessoal. Foram
dosadas as concentrações séricas de hemoglobina, ferro sérico (FeS) e ferritina
(FER) para avaliação do estado orgânico de ferro. As medidas antropométricas
foram avaliadas através do índice altura para idade e do índice de massa corporal
para idade, expressos em escores Z em relação ao padrão antropométrico de
crescimento da OMS 2005/2006. A associação entre as variáveis foi realizada por
análise logística bivariada seguida da multivariada. Em todos os testes, foi adotado
um nível de significância estatística de 5%. A população estudada não possui
saneamento básico, encontra-se nas piores classes econômicas e a maioria dela
possui renda menor ou igual a um salário mínimo. A freqüência de enteroparasitoses
nas crianças e adolescentes foi 68,0%, sendo 63,7% com poliparasitismo. Do total
de indivíduos avaliados pela antropometria, 12,3% apresentou déficit estatural e
3,5% baixo peso. As freqüências de déficit estatural (12,3%) e sobrepeso (13,4%)
foram equivalentes. Dosagens abaixo da referência para FER, FeS e Hb foram
encontradas, repectivamente, em 15,9%, 33,2% e 10% dos indivíduos. Com relação
ao consumo alimentar, 5,6% apresentavam ingestão energética excessiva e 3,7%
insuficiente. A freqüência de ingestão protéica inadequada variou de 28,6% a 47,8%
entre as faixas etárias, e o consumo dos micronutrientes foi mais deficiente na faixa
etária de 1 a 3 anos. Na verificação da associação entre as variáveis, não foi
possível construir um modelo logístico multivariado final para déficit estatural e baixo
peso, pois não foi encontrada associação destes agravos antropométricos com as
demais variáveis. A concentração sérica de FER, concentração de FeS e classe
econômica associaram-se com anemia. As enteroparasitoses apresentaram
associação com classe econômica e aglomeração familiar. Devido à morbidade
causada pelas parasitoses, e os efeitos prejudiciais da anemia e nutrição
inadequada para o crescimento e desenvolvimento de crianças e adolescentes, os
resultados apresentados alertam para a necessidade de implantação de ações para
correção dos problemas identificados.
Palavras-chave: enteroparasitoses, estado nutricional, consumo alimentar.
ABSTRACT
Parasitosis, nutritional status, food intake and social indicators in children and
adolescents in an area of invasion, Maceió, Alagoas.
Common problems in the developing countries includes protein-energy undernutrition
and iron deficiency anemia. These nutritional deficiencies are commonly associated
with intestinal parasites, causing damage to growth and development and increasing
the risk to morbidity-mortality. However, studies have shown controversy about this
relationship. This study aimed to evaluate the association between parasitic,
nutritional status, food intake and social indicators in children and adolescents, living
in a slum area of Maceio, Alagoas. A cross-sectional was taken in a public with 367
individuals under 16 years old, living in a substandard settlement in Maceio, Alagoas.
Parasitological, socioeconomic and nutritional evaluations were performed.
Sedimentation concentration method and Kato-Katz techniques were used for stool
examinations. Socioeconomic data was collected through the use of questionnaires
addressing issues relating to housing conditions, economic characteristics and
behaviors related to sanitation education. The nutritional evaluation included dietary
assessment, biochemical examinations and anthropometric measurements. The
dietary evaluation used the method of Estimated Average Requirement (EAR) as a
cutoff point, and the data collected through 24 hour recall, adjusted for intrapersonal
variability. Serum concentrations of hemoglobin (Hb), iron (SI) and ferritin (SF) were
measured to assess the organic iron status. Anthropometric measurements were
evaluated using the height-for-age index and body mass index for age, expressed as
Z scores in relation to anthropometric growth patterns of WHO 2005/2006. The
association between variables was performed by bivariate followed by multivariate
logistic regression analysis. In all the tests a 5% statistical level of significance was
adopted. The population studied lacked basic sanitation and most had an income
lower or equal to the minimum salary. The frequency of enteroparasitosis in children
and adolescents was 68.0% with 63.7% having polyparasitosis. Of the total number
of individuals assessed by anthropometry, 12.3% presented with stature deficit and
3.5% with low weight. The frequencies of short stature and overweight (13.4%) were
equivalent. Levels lower than the reference values were found for SF, SI and Hb in
15,9%, 33,2% and 10% of individuals, respectively. With respect to food intake, 5.6%
presented with excessive and 3.7% with insufficient energy intake. The frequency of
inadequate protein intake ranged from 28.6% to 47.8% between age groups, and
consumption of micronutrients was more deficient in the age group from 1 to 3 years.
Concerning association between variables, it was not possible to build a final
multivariate logistic model for short stature and low weight, because no association
was found with these anthropometric deficits and the other variables. The serum
concentrations of SF and SI and economic class were associated with anemia.
Intestinal parasitosis was associated with economic class and overcrowded living
conditions. Because of morbidity caused by parasitic infections and the adverse
effects of anemia and nutrition on the growth and development of children and
adolescents, the results presented warn of the need for implementation of actions to
correct the identified problems.
Key words: intestinal parasitosis, nutritional status, food intake.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Distribuição mundial das áreas com transmissão ativa das geohelmintoses
com destaque para as áreas onde estas parasitoses se constituem um problema de
saúde pública (Adaptado de WHO, 2008b). .............................................................. 23
Figura 2: Série histórica da desnutrição infantil no Brasil: 1974 1996 (Adaptado de
UNICEF, 2005a). ....................................................................................................... 29
Figura 3: Distribuição de nanismo em crianças menores de 10 anos, de acordo com
as regiões do Brasil (Adaptado de SISVAN, 2008). .................................................. 30
Figura 4: Estimativa da prevalência de anemia no mundo em crianças (Adaptado de
WHO, 2001b). ........................................................................................................... 34
Figura 5: Como as infecções parasitárias causam ou agravam a desnutrição e
retardam o desenvolvimento (Traduzido de Stephenson e cols., 2000). ................... 39
Figura 6: A. Mapa da cidade de Maceió, Alagoas, dividido por regiões
administrativas (RA) (Adaptado de http://www.maceio.al.gov.br/) B. Área do estudo:
Vale do Reginaldo, situado entre os bairros Farol, Pitanguinha, Feitosa e Jacintinho
(Google Earth, versão 4.3). ....................................................................................... 46
Figura 7: Vista do Vale do Reginaldo, Maceió, Estado de Alagoas. ......................... 46
Figura 8: Treinamento teórico-ptico da equipe responsável pela coleta dos dados. ... 47
Figura 9: Sistema de pontos padronizado “Critério Padrão de Classificação
Econômica Brasil/2008” (ABEP, 2007). ..................................................................... 48
Figura 10: Material utilizado e fluxograma do protocolo da técnica
coproparasitológica de sedimentação espontânea. .................................................. 50
Figura 11: Material utilizado e fluxograma do protocolo da técnica
coproparasitológica de Kato-Katz. ............................................................................. 52
Figura 12: Avaliação antropométrica - Pesagem das crianças e adolescentes. ....... 53
Figura 13: Avaliação antropométrica Mensuração do comprimento/altura das
crianças e adolescentes. ........................................................................................... 53
Figura 14: Equações utilizadas para obtenção dos escores Z dos índices altura para
idade (A/I) e o índice de massa corporal para idade (IMC/I) (WHO, 2008g). ............ 54
Figura 15: Material utilizado para coleta de sangue para a realização dos exames
bioquímicos e coleta de sangue venoso. .................................................................. 55
Figura 16: Aplicação do questionário para avaliação do consumo alimentar. .......... 56
Figura 17: Alimentos regionais nordestinos pesados e fotografados para inclusão ao
Álbum de Registro Fotográfico. ................................................................................. 57
Figura 18: Equações utilizadas para encontrar a variância intrapessoal (S
2
w),
variância interpessoal (S
2
b), fator de ajuste (λ) e nutriente ajustado (NUT_AJUST)
(SLATER et al., 2004). .............................................................................................. 59
Figura 19: Fluxograma do método estatístico utilizado na correção da variabilidade
intrapessoal. .............................................................................................................. 59
Figura 20: Número de participantes do estudo por avaliação. ................................. 64
Figura 21: Freqüência de monoparasitismo e poliparasitismo de acordo com a faixa
etária, em indivíduos infectados, menores de 16 anos, residentes numa área de
invasão em Maceió, Alagoas, 2005. .......................................................................... 70
Figura 22: Distribuição da freqüência dos parasitos segundo espécie, em indivíduos
infectados, menores de 16 anos, residentes numa área de invasão em Maceió,
Alagoas, 2005. .......................................................................................................... 71
Figura 23: Distribuição da intensidade das infecções para diferentes helmintos de
acordo com parâmetro da OMS (MONTRESSOR et al., 2002), em indivíduos
infectados, menores de 16 anos, residentes numa área de invasão em Maceió,
Alagoas, 2005. .......................................................................................................... 74
Figura 24: Estado nutricional segundo os índices antropométricos, altura para idade
(A/I) e índice de massa corporal para idade (IMC/I), em indivíduos menores de 16
anos, residentes numa área de invasão em Maceió, Alagoas, 2005. ....................... 78
Figura 25: Distribuição de concentrações abaixo do normal de ferritina sérica, ferro
sérico e hemoglobina, por faixa etária, em indivíduos menores de 16 anos,
residentes numa área de invasão em Maceió, Alagoas, 2005. ................................. 81
Figura 26: Consumo energético em indivíduos menores de 16 anos, residentes
numa área de invasão em Maceió, Alagoas, 2005. ................................................... 83
Figura 27: Distribuição de ingestão inadequada de nutrientes, de acordo com as
faixas etárias, em indivíduos menores de 16 anos, residentes numa área de invasão
em Maceió, Alagoas, 2005. ....................................................................................... 89
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Classificação da classe econômica, segundo “Critério Padrão de
Classificação Econômica Brasil/2008” (ABEP, 2007). ............................................... 49
Tabela 2: Classificação da intensidade de infecção para os diferentes helmintos
(MONTRESOR et al., 2002). ..................................................................................... 52
Tabela 3: Classificão do estado nutricional pela aplicão dos pontos de corte
(FAGUNDES et al., 2004). .......................................................................................... 54
Tabela 4: Recomendação nutricional dos nutrientes analisados (IOM, 1999; IOM,
2002a; IOM, 2002b; IOM, 2002c). ............................................................................. 60
Tabela 5: Faixa de distribuição aceitável de macronutrientes (AMDR) de acordo com
faixas etárias e macronutrientes (IOM, 2002a). ......................................................... 61
Tabela 6: Distribuição, por sexo e faixa etária, dos indivíduos menores de 16 anos
residentes em uma área de invasão em Maceió, Alagoas, 2005. ............................. 64
Tabela 7: Condições de moradia dos indivíduos menores de 16 anos, residentes em
uma área de invasão em Maceió, Alagoas, 2005. ..................................................... 66
Tabela 8: Características econômicas dos indivíduos menores de 16 anos,
residentes em uma área de invasão em Maceió, Alagoas, 2005. ............................. 67
Tabela 9: Comportamentos relacionados à educação sanitária dos indivíduos
menores de 16 anos distribuídos por faixa etária, residentes em uma área de
invasão em Maceió, Alagoas, 2005. .......................................................................... 67
Tabela 10: Distribuição dos resultados dos exames parasitológicos de fezes de
acordo com a faixa etária, em indivíduos menores de 16 anos, residentes numa área
de invasão em Maceió, Alagoas, 2005. ..................................................................... 69
Tabela 11: Freqüência dos parasitos segundo espécie e faixa etária, em indivíduos
infectados, menores de 16 anos, residentes numa área de invasão em Maceió,
Alagoas, 2005. .......................................................................................................... 72
Tabela 12: Freqüência da intensidade das infecções para diferentes helmintos de
acordo com parâmetro da OMS (MONTRESSOR et al., 2002), por faixa etária, em
indivíduos infectados menores de 16 anos, residentes numa área de invasão em
Maceió, Alagoas, 2005. ............................................................................................. 75
Tabela 13: Contagem média de ovos de parasitos por grama de fezes (opg) em
indivíduos infectados, menores de 16 anos, residentes numa área de invasão em
Maceió e classificação da intensidade das infecções segundo parâmetro da OMS
(MONTRESSOR et al., 2002). ................................................................................... 75
Tabela 14: Contagem média de ovos de parasitos por grama de fezes (opg), por
faixa etária, em indivíduos infectados, menores de 16 anos, residentes numa área de
invasão em Maceió e classificação de infecção moderada segundo parâmetro da
OMS (MONTRESSOR et al., 2002). ......................................................................... 76
Tabela 15: Média geométrica de ovos de parasitos por grama de fezes (opg), por
faixa etária, em menores de 16 anos, residentes numa área de invasão em Maceió,
Alagoas, 2005. .......................................................................................................... 76
Tabela 16: Estado nutricional segundo os índices altura para idade (A/I) e índice de
massa corporal para idade (IMC/I), de acordo com as faixas etárias, em indiduos
menores de 16 anos, residentes numa área de invasão em Mace, Alagoas, 2005. ... 79
Tabela 17: Média dos índices Altura para idade (A/I) e IMC para idade (IMC/I) em
escore Z, de acordo com as faixas etárias, em indivíduos menores de 16 anos,
residentes numa área de invasão em Maceió, Alagoas, 2005. ................................. 79
Tabela 18: Freqüências de concentrações de ferritina sérica, ferro sérico e
hemoglobina, em indivíduos menores de 16 anos, residentes numa área de invasão
em Maceió, Alagoas, 2005. ....................................................................................... 81
Tabela 19: Distribuição do consumo energético e consumo médio, em indivíduos
menores de 16 anos, residentes numa área de invasão em Mace, Alagoas, 2005. ... 83
Tabela 20: Faixa de distribuição aceitável de macronutrientes (AMDR) e percentual
médio de macronutrientes provenientes da ingestão energética total, de acordo com
faixas etárias, em indivíduos menores de 16 anos, residentes numa área de invasão
em Maceió, Alagoas, 2005. ....................................................................................... 84
Tabela 21: Distribuição dos indivíduos menores de 16 anos, residentes numa área de
invasão em Maceió, segundo a participação de macronutrientes abaixo da faixa de
distribuição aceitável de macronutrientes (AMDR), de acordo com faixas etárias. ........ 84
Tabela 22: Necessidade média estimada (EAR) e média de consumo de nutrientes,
de acordo com faixas etárias, em indivíduos menores de 16 anos do sexo masculino,
residentes numa área de invasão em Maceió, Alagoas, 2005. ................................. 88
Tabela 23: Necessidade média estimada (EAR) e média de consumo de nutrientes,
de acordo com faixas etárias, em indivíduos menores de 16 anos do sexo feminino,
residentes numa área de invasão em Maceió, Alagoas, 2005. ................................. 88
Tabela 24: Ingestão adequada (AI) e consumo médio de lcio, de acordo com
faixas etárias, em indivíduos menores de 16 anos, residentes numa área de invasão
em Maceió, Alagoas, 2005. ....................................................................................... 90
Tabela 25: Análise bivariada paraficit de altura para idade (A/I), em indivíduos
menores de 16 anos residentes em uma área de invasão em Maceió, Alagoas, 2005. ... 92
Tabela 26: Análise bivariada para baixo peso, em indivíduos menores de 16 anos
residentes em uma área de invasão em Maceió, Alagoas, 2005. ............................. 93
Tabela 27: Análise bivariada para anemia, em indivíduos menores de 16 anos
residentes em uma área de invasão em Maceió, Alagoas, 2005. ............................. 95
Tabela 28: Modelo final da regressão logística multivariada para anemia, em
indivíduos menores de 16 anos residentes em uma área de invasão em Maceió,
Alagoas, 2005. .......................................................................................................... 95
Tabela 29: Análise bivariada para enteroparasitoses, em indivíduos menores de 16
anos residentes em uma área de invasão em Maceió, Alagoas, 2005. .................... 97
Tabela 30: Modelo final da regressão logística multivariada para enteroparasitoses,
em indivíduos menores de 16 anos residentes em uma área de invasão em Maceió,
Alagoas, 2005. .......................................................................................................... 97
LISTA DE ABREVIATURAS
A/I Altura para Idade
AF Anemia Ferropriva
AI Ingestão Adequada
AMDR Faixa de Distribuição Aceitável de Macronutrientes
CASAL Companhia de Abastecimento D'água e Saneamento do Estado de Alagoas
DEP Desnutrição Energético-Protéica
DRIs Ingestão Dietética de Referência
EAR Necessidade Média Estimada
EER Necessidade Energética Estimada
ENDEF Estudo Nacional da Despesa Familiar
FER Ferritina
FeS Ferro Sérico
Hb Hemoglobina
IMC/I Índice de Massa Corporal para Idade
NCHS National Center for Health Statistics
NHANES National Health and Nutrition Examination Survey
OMS Organização Mundial de Saúde
opg Ovos por Grama de Fezes
OR Odds Ratio
P/A Peso para Altura
PNDS Pesquisa Nacional Sobre Demografia e Saúde
PNSN Pesquisa Nacional de Saúde e Nutrição
RDA Ingestão Dietética Recomendada
REC24h Recordatório 24 Horas
SM Salário Mínimo
SISVAN Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional
UL Nível Superior Tolerável de Ingestão
UNICEF Fundo das Nações Unidas para a Infância
SUMÁRIO
1.
I
NTRODUÇÃO
........................................................................................................... 18
2.
R
EVISÃO DA
L
ITERATURA
......................................................................................... 21
2.1 Enteroparasitoses.......................................................................................... 22
2.1.2 Transmissão .............................................................................................. 25
2.1.3 Diagnóstico ............................................................................................... 25
2.1.4 Tratamento ................................................................................................ 27
2.2 Estado Nutricional ......................................................................................... 27
2.2.1 Carências Nutricionais .............................................................................. 28
2.2.1.1 Desnutrição Energético-Protéica ........................................................ 28
2.2.1.1.1 Diagnóstico .................................................................................. 31
2.2.1.2 Anemia Ferropriva .............................................................................. 32
2.2.1.2.1 Diagnóstico .................................................................................. 35
2.2.2 Consumo Alimentar ................................................................................... 36
2.3 Enteroparasitoses, Desnutrição e Anemia .................................................. 38
3.O
BJETIVOS
.............................................................................................................. 42
3.1 Objetivo geral ................................................................................................. 43
3.2 Objetivos específicos .................................................................................... 43
4.
M
ATERIAIS E
M
ÉTODOS
............................................................................................ 44
4.1 Delineamento do estudo ............................................................................... 45
4.2 Área estudada ................................................................................................ 45
4.3 População estudada ...................................................................................... 47
4.4 Treinamento de recursos humanos ............................................................. 47
4.5 Coleta de dados ............................................................................................. 48
4.5.1 Inquéritos socioeconômicos ...................................................................... 48
4.5.2 Exames parasitológicos ............................................................................ 49
4.5.2.1 Método de sedimentação espontânea ou HPJ ................................... 50
4.5.2.2 Método de Kato-Katz .......................................................................... 51
4.5.3 Avaliações antropométricas ...................................................................... 52
4.5.4 Exames bioquímicos ................................................................................. 55
4.5.4.1 Dosagem de hemoglobina .................................................................. 55
4.5.4.2 Dosagem de ferritina e ferro sérico ..................................................... 55
4.5.5 Avaliação de consumo alimentar .............................................................. 56
4.6 Análise dos dados ......................................................................................... 61
4.7 Aspectos éticos ............................................................................................. 62
5.
R
ESULTADOS E
D
ISCUSSÃO
...................................................................................... 63
5.1 Caracterização da amostra ........................................................................... 64
5.1.1 Condições socioeconômicas ..................................................................... 65
5.1.2 Infecções parasitárias ............................................................................... 68
5.1.3 Avaliação antropométrica .......................................................................... 77
5.1.4 Exames bioquímicos ................................................................................. 80
5.1.5 Caracterização do consumo alimentar ...................................................... 82
5.2 Associação das variáveis ............................................................................. 90
6.
C
ONCLUSÕES
.......................................................................................................... 99
R
EFERÊNCIAS
........................................................................................................... 101
A
PÊNDICES
............................................................................................................. 116
A
NEXOS
............................................................................................................. 133
1. Introdução
Introdução
19
A infância, caracterizada por intenso crescimento e desenvolvimento sem um
ritmo padronizado (DORIN, 1972), inclui os indivíduos em idade pré-escolar (< 5
anos) e escolar (5 a 9 anos) (WHO, 2008). A adolescência, período de transição
entre a infância e a vida adulta, é caracterizada por intensas mudanças somáticas,
psicológicas e sociais (DORIN, 1975) e compreende os indivíduos de 10 a 19 anos
(WHO, 2008). Este período é dividido em quatro fases: pré-adolescência (10 a 12
anos), adolescência inicial (13 a 15 anos), adolescência média (16 a 18 anos) e
última adolescência (> 18 anos) (DORIN, 1975). Os limites destes grupos sofrem
variações a depender do autor.
As crianças em idade escolar formam o grupo com as maiores taxas de
prevalência de enteroparasitoses, sendo considerada a faixa etária mais susceptível
a estas infecções. Isto se deve principalmente à ausência de imunidade a
reinfecção, práticas e hábitos de higiene precários (WHO, 2006a).
Os parasitos intestinais estão entre os patógenos mais freqüentemente
encontrados em seres humanos, apresentando maiores prevalências nas
populações caracterizadas por precárias condições de habitação, saneamento,
educação e saúde (CROMPTON, 1999).
Os danos que os enteroparasitos podem causar a seus portadores incluem
obstrução intestinal, anorexia, anemia, diarréia e absorção, sendo estas
manifestações proporcionais à carga parasitária albergada pelo indivíduo
(STEPHENSON et al., 2000).
O estado nutricional reflete a intensidade pela qual as necessidades
fisiológicas dos nutrientes estão sendo alcançadas, ou seja, a relação entre o
consumo de alimentos e as necessidades nutricionais do indivíduo (CHRISTAKIS et
al., 1968). Para melhor avaliação do estado nutricional devem ser considerados
parâmetros antropométricos, indicadores bioquímicos e consumo alimentar (TUMA
et al., 2005).
A avaliação antropométrica reune um conjunto de procedimentos, eficaz e de
baixo custo para detectar casos de desnutrição. O padrão de crescimento
identificado nesta avaliação é um excelente indicador do estado de saúde e nutrição
da população infantil (HOFFMANN, 1995; MONTEIRO et al., 1995).
Os parâmetros bioquímicos podem indicar os níveis de nutrição dos diversos
nutrientes, que variam de adequado até deficiente. As concentrações de ferritina e
Introdução
20
hemoglobina séricas são utilizadas na identificação dos níveis de deficiência de ferro
(TRUGO & TORRES, 2007).
A avaliação do consumo alimentar pode ser capaz de constatar situações de
risco alimentar e nutricional, sendo fundamental o seu conhecimento para promover
mudanças no comportamento alimentar (MARCHIONI et al., 2004).
Problemas comuns nos países em desenvolvimento incluem a desnutrição
energético-protéica (DEP) e a anemia ferropriva (AF). Nestes países, a pobreza é
um fator determinante, que contribui para a insegurança alimentar, ambientes
insalubres e precários cuidados com a saúde (WHO, 2002).
A DEP ocorre quando as necessidades de proteínas e energia não são
supridas pela dieta, devido à deficiência na ingestão de alimentos e absorção de
nutrientes, ou aumento nos requisitos pelo organismo (MOREIRA Jr. &
WAITZBERG, 2004).
A AF ocorre quando um desequilíbrio entre a quantidade de ferro
biologicamente disponível e a necessidade orgânica, e usualmente está associada
às infecções que espoliam este mineral do organismo (FINCH & COOK, 1984;
MONTEIRO, 1985). Esta enfermidade pode causar diversos agravos a saúde,
relacionados à capacidade produtiva e intelectual, desenvolvimento neuropsicomotor
e imunocompetência (MONTEIRO & SZARFARC, 1987).
As carências nutricionais, DEP e AF, são comumente associadas ao
parasitismo intestinal, entretanto alguns estudos demonstram controvérsias a
respeito desta associação. Tsuyuoka e cols. (1999) verificaram associação entre as
enteroparasitoses e desnutrição, mas não com anemia. Monteiro (1985)
considera as helmintoses intestinais e a inadequada ingestão de alimentos como
fatores primordiais na fisiopatologia da anemia e da desnutrição. Muniz-Junqueira e
Queiroz (2002) encontraram associação apenas entre desnutrição e giardíase, e
Castro e cols. (2004) entre anemia e parasitismo pela Entamoeba histolytica.
Diante do exposto, percebe-se que ainda não está claro o quanto as
parasitoses intestinais podem influenciar no estado nutricional da população. Por
isto, surgiu o interesse para realização deste estudo com o objetivo de avaliar a
associação das parasitoses, estado nutricional, consumo alimentar e indicadores
sociais em crianças e adolescentes de uma área de invasão de Maceió, Alagoas.
2. Revisão da Literatura
Revisão da Literatura
22
2.1 Enteroparasitoses
Infecções intestinais podem ser causadas por vários agentes etiológicos,
entre eles protozoários e helmintos parasitos. Estes patógenos estão entre os mais
freqüentemente encontrados em seres humanos, apresentando maiores
prevalências nas populações caracterizadas por precárias condições de habitação,
saneamento, educação e saúde. As parasitoses intestinais podem comprometer o
desenvolvimento físico e intelectual, particularmente das faixas etárias mais jovens
da população. Por isto, são consideradas um grave problema de saúde pública
(TEIXEIRA & HELLER, 2004a).
As crianças no período escolar constituem a faixa etária com as maiores
taxas de prevalência de enteroparasitoses. Este grupo encontra-se em um período
de intenso crescimento físico e rápido metabolismo resultando no aumento das
necessidades nutricionais. Quando estas necessidades não são adequadamente
satisfeitas ocorre uma redução da função imunológica, aumentando a
susceptibilidade à infecções. Além disto, as crianças estão mais expostas à
contaminação do solo e da água, devido a não incorporação de hábitos de higiene
pessoal (WHO, 1997; WHO, 2006a).
A evolução da infecção pode determinar desde quadros assintomáticos até
variada sintomatologia caracterizada por inapetência seguida de emagrecimento,
diarréia, dificuldade no aprendizado e no crescimento (TRIPATHY et al., 1971;
HLAING, 1993).
Cerca de dois bilhões de pessoas estão infectadas por alguma espécie de
enteroparasito, das quais 300 milhões sofrem de morbidades associadas a eles
(WHO, 2001a).
Os helmintos mais freqüentes são os nematelmintos, Ascaris lumbricoides e
Trichuris trichiura, e os ancilostomídeos, Necator americanus e Ancylostoma
duodenale (CROMPTON & NESHEIM, 2002).
Vale ressaltar que estes helmintos são transmitidos pelo contato com o solo,
sendo por esta razão, também denominados geohelmintos. As geohelmintoses são
amplamente distribuídas no mundo principalmente nas zonas tropicais e
subtropicais. Na figura 1 observam-se as áreas onde este agravo é considerado um
problema saúde pública.
Revisão da Literatura
23
Figura 1: Distribuição mundial das áreas com transmissão ativa das geohelmintoses com destaque
para as áreas onde estas parasitoses se constituem um problema de saúde pública (Adaptado de
WHO, 2008b).
Estima-se que um bilhão de indivíduos em todo o mundo albergue A.
lumbricoides, sendo apenas pouco menor o contingente infestado por T. trichiura e
pelos ancilostomídeos
.
Dentre os protozoários que parasitam os seres humanos,
destacam-se Entamoeba histolytica e Giardia lamblia. Estima-se que 200 e 400
milhões de indivíduos alberguem, respectivamente, G. lamblia e E. histolytica (WHO,
1997).
No Brasil, as parasitoses são consideradas um importante problema de saúde
pública. Sabe-se que o número de brasileiros infectados por parasitos intestinais não
é pequeno. Isto ocorre principalmente devido às baixas condições socioeconômicas
de grande parte da população, aumento demográfico, às migrações internas, às
condições precárias de saneamento básico e moradia, à alimentação e aos
baixos níveis educacionais (SOUZA et al., 1997).
As prevalências das parasitoses intestinais sofrem variações de acordo com a
região do país, uma vez que o Brasil possui uma grande diversidade geográfica,
climática, econômica e social (SCHNACK et al., 2003). Em 1998, um estudo
conduzido por Amaral e cols. (1998), encontrou uma prevalência de parasitoses
Revisão da Literatura
24
intestinais no Brasil de 36,2%, ressaltando que taxas maiores foram encontradas
nos estados da região nordeste.
Um dos primeiros estudos sobre a prevalência de enteroparasitoses em um
grande centro urbano no Brasil foi realizado na cidade de São Paulo em 1973/74.
Neste estudo observou-se que dois terços das crianças menores de cinco anos
apresentavam pelo menos uma espécie de parasito (FERREIRA et al., 2000).
Decorridos dez anos, outro inquérito foi realizado na mesma cidade e observou-se
que a ocorrência de enteroparasitoses nas crianças, da mesma faixa etária, caiu
pela metade (MONTEIRO et al., 1988). Em 1995/96, realizou-se em um novo
inquérito na mesma cidade, seguindo a mesma metodologia, e o declínio na
prevalência das enteroparasitoses foi ainda maior, pois apenas 10,7% das crianças
albergavam pelo menos uma espécie de parasito (FERREIRA et al., 2000).
Estudos realizados com escolares em Minas Gerais, encontraram
prevalências semelhantes. Nas três mesoregiões do estado, Carvalho e cols. (2002)
encontraram 18% dos escolares parasitados, no município de Bambuí, Rocha e
cols. (2000a) encontraram 20,1% de parasitismo. Nos dois estudos o helminto mais
frequente foi A. lumbricoides (CARVALHO et al., 2002; ROCHA et al., 2000a).
Em 1991, um estudo realizado com crianças de favelas da cidade do Rio de
Janeiro, avaliou 78% do total estimado de crianças em idade pré escolar. Neste
estudo, a prevalência geral encontrada de parasitismo intestinal foi 54,5%, sendo os
parasitos mais freqüentes G. lamblia e A. lumbricoides (COSTA-MACEDO et al.,
1998).
Em inquéritos coproparasitológicos realizados com escolares nos municípios
de Guarapuava e Rolândia, Estado do Paraná, 75,27% e 52,5% dos examinados
encontravam-se parasitados, respectivamente. Em ambos, a prevalência foi maior
dos protozoários do que helmintos, sendo G. lamblia mais freqüente (BUSCHINI et
al., 2007; GIRALDI et al., 2001).
Um estudo realizado em Salvador com crianças na idade escolar, como parte
de um estudo para avaliar as relações de mudanças ambientais e ocorrência de
infecções, registrou 66,1% de infectados por pelo menos um enteroparasito (PRADO
et al., 2001).
Prevalência de enteroparasitos em escolares também foi descrita por Tsuyoka
e cols. (1999) em Aracaju-SE. Este estudo verificou 42% das crianças em idade
Revisão da Literatura
25
escolar com enteroparasitoses, sendo as infecções mais freqüentes ascaridíase e a
tricuríase.
Poucos são os relatos sobre a intensidade das infecções parasitárias em
Alagoas. Em 2001, Santos realizou um estudo com escolares da capital, encontrou
38,5% de parasitoses; outro estudo realizado por Fontes e cols. (2003) no município
Barra de Santo Antônio encontrou 92% dos escolares infectados.
Em estudo com crianças de uma favela, na cidade de Maceió, identificou-se
83,2% com pelo menos um tipo de parasito. Destas, 50,9% eram poliparasitadas,
sendo a associação mais freqüente A. lumbricoides e T. trichiura (FERREIRA et al.,
2002).
Os danos que os enteroparasitos podem causar a seus portadores incluem
obstrução intestinal, anorexia, anemia, diarréia e absorção, sendo estas
manifestações proporcionais à carga parasitária albergada pelo indivíduo
(STEPHENSON et al., 2000).
2.1.2 Transmissão
A transmissão das enteroparasitoses ocorre na maioria dos casos por via
passiva oral, com a ingestão de água ou alimentos contaminados com as fezes de
indivíduos infectados, sendo a maior prevalência vinculada a áreas que apresentam
condições higiênico-sanitárias precárias, associadas à falta de tratamento adequado
de água e esgoto. Estes fatores facilitam a disseminação de cistos de protozoários,
ovos e larvas de helmintos (CARDOSO et al., 1995). Existe a transmissão por
penetração de larvas infectadas na pele. Estas larvas podem estar presentes no
solo, para os parasitos Strongyloides stercoralis e Ancylostomatidae, e na água de
rios e lagos, para Schistosoma mansoni (MONTRESOR et al., 2002).
2.1.3 Diagnóstico
O exame parasitológico de fezes é realizado normalmente por apresentar um
baixo custo, ser de execução fácil e relativamente rápida. Permite demonstrar pela
microscopia ótica, a presença dos parasitos na forma de ovos, cistos e larvas
eliminadas nas fezes (MACHADO et al., 2001).
Revisão da Literatura
26
Os métodos coproparasitológicos podem ser qualitativos, quando recuperam
e identificam parasitos nas suas diferentes formas evolutivas, sem quantificá-las, e
quantitativos quando permitem a contagem de ovos dos parasitos nas fezes,
possibilitando a avaliação da intensidade do parasitismo (ROCHA, 2005).
Chaves e cols. (1979) compararam os métodos sedimentação espontânea ou
Hoffman, Pons e Janer (HPJ), o quantitativo de Kato-Katz e o de concentração pelo
sulfato de zinco de Faust modificado por Larsh. Este estudo revelou que o método
Kato-Katz apresentou uma sensibilidade (positividade) nitidamente superior aos
métodos de Lutz e Faust mod. Ele foi capaz de detectar duas a quatro vezes mais
casos de ancilostomídeos, T. trichiura e S. mansoni, sendo, entretanto, equivalente
ao método de Lutz no diagnóstico de A. lumbricoides (CHAVES et al., 1979).
Estudo realizado por Santos e cols. (2005) com o intuito de comparar a
eficácia dos métodos sedimentação espontânea e Kato-Katz, encontrou
sensibilidade do primeiro superior a do segundo, com exceção para detecção do
parasito S. mansoni. Os autores preconizam a combinação do método de Kato-Katz
com de sedimentação espontânea, a fim de aumentar a sensibilidade do exame de
fezes.
O Kato-Katz é um método quantitativo muito utilizado para o diagnóstico de
helmintos. Este consiste na preparação de lâminas com volume determinado de
fezes tamizadas e solução de verde malaquita em glicerina para coloração. Os ovos
observados ao microscópio são contados, e o número encontrado é multiplicado por
um fator de correção para ajustar o valor em termos de ovos por gramas de fezes
(opg) (KATZ et al., 1972). De acordo com critérios pré estabelecidos para cada
parasito classifica-se a intensidade da infecção em leve, moderada e alta
(MONTRESOR et al., 2002)
O HPJ é um método qualitativo de procedimento simples. Baseia-se na
possibilidade de concentração de ovos e larvas de helmintos e cistos de
protozoários presentes nas fezes de pacientes infectados, por meio de
sedimentação de partículas submetidas à ação gravitacional (HOFFMANN et al.,
1934). Dentre os helmintos, podem ser identificados ovos de A. lumbricoides, T.
trichiura, Ancylostomatidae (N. americanus e A. duodenale), Enterobius vermicularis,
Taenia sp, Hymenolepis nana e S. mansoni e larvas de S. stercoralis. Dentre os
Revisão da Literatura
27
protozoários, podem ser visualizados cistos de G. lamblia, E. histolytica/E. dispar e
E. coli (HOFFMANN et al., 1934).
2.1.4 Tratamento
O tratamento adotado de indivíduos parasitados pode ser realizado
individualmente, após diagnóstico coproparasitológico, ou tratamento em massa (de
uma população) (LEITE, 2005).
Boia e cols. (2006) recomendam o tratamento em massa para o controle das
helmintíases intestinais, e Silva (2003) sugere o uso de antihelmintícos de largo
espectro em dose única. Entretanto, Zani e cols. (2004) recomendam que o
tratamento seja seletivo e individualizado.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda o tratamento das
geohelmintoses e da esquistossomose visando reduzir a morbidade associada a
estas enfermidades, melhoria imediata da saúde e desenvolvimento das crianças e
prevenir o aparecimento das conseqüências irreversíveis no adulto, no caso da
esquistossomose (MONTRESOR et al., 2002).
Para o tratamento de geohelmintoses recomenda-se o uso de Albendazol
(400mg), Levamisol (80mg), Mebendazol (600mg), Pamoato de pirantel (10mg/kg) e
para esquistossomose Praziquantel (40–60mg/kg) ou Oxamniquine (15–30mg/kg)
(MONTRESOR et al., 2002).
Os antiprotozoários utilizados no tratamento da giardíase o metronidazol,
ornidazol, tinidazol e secnidazol, e da amebíase são metronidazol, ornidazol,
nitroimidazol, e seus derivados, secnidazol e tinidazol (MONTRESOR et al., 2002).
2.2 Estado Nutricional
O estado nutricional reflete a intensidade pela qual as necessidades
fisiológicas dos nutrientes estão sendo alcançadas, ou seja, a relação entre o
consumo de alimentos e as necessidades nutricionais do indivíduo (CHRISTAKIS,
1968).
Os distúrbios do estado nutricional durante a infância podem ser ocasionados
por múltiplas condições, aumentando os riscos de morbimortalidade e influenciando
Revisão da Literatura
28
o crescimento e desenvolvimento infantil (MONTEIRO et al., 1995; MONTEIRO &
CONDE, 2000).
A avaliação do estado nutricional tem por objetivo verificar o crescimento e as
proporções corporais em um indivíduo ou em uma comunidade, e pode ser realizada
por diferentes métodos. Para a escolha do método considera-se o objetivo do
estudo, custo, nível de habilidade dos entrevistadores, tempo necessário para
execução, receptividade da população e, ainda, possíveis riscos para a saúde
(SIGULEM et al., 2000).
A combinação de diferentes métodos permite uma melhor determinação do
estado nutricional, sendo o diagnóstico nutricional final mais seguro e preciso (TUMA
et al., 2005).
2.2.1 Carências Nutricionais
Os distúrbios do estado de saúde e nutrição durante a infância podem ser
ocasionados por múltiplas condições, predominando, deficiências alimentares e
infecções (MONTEIRO & CONDE, 2000).
Nos países em desenvolvimento, as carências nutricionais mais graves o a
DEP, AF, hipovitaminose A e morbidade por deficiência de iodo (SOARES et al.,
2000).
2.2.1.1 Desnutrição Energético-Protéica
A DEP passa a existir a partir do consumo inadequado de proteínas e
energia, que pode ser conseqüência de infecções, como gastroenterites e
parasitoses intestinais, que prejudicam a absorção de nutrientes e aumentam
exageradamente os requisitos do organismo (MONTEIRO, 1985). Pode ser
classificada em déficit de estatura para idade (nanismo) e déficit de peso para altura
(magreza).
O nanismo nutricional corresponde à falha no crescimento linear da criança e
está ligado ao consumo insuficiente de macro ou micronutriente por um período
prolongado e às péssimas condições de saúde. A magreza indica ganho inadequado
de massa corporal em relação à estrutura física do indivíduo e está ligada a
Revisão da Literatura
29
processos agudos e mais recentes, traduzidos pelo catabolismo dos tecidos
corporais e pela deficiência de energia (CONDE & GIGANTE, 2007).
De acordo com o relatório da UNICEF, “Situação Mundial da Infância 2007 -
Mulheres e Crianças: O Duplo Dividendo da Igualdade de Gênero”, a prevalência de
déficit de estatura para idade em menores de cinco anos é maior que a de déficit de
peso para altura. No mundo, estima-se que 30% e 9% de crianças menores de cinco
anos apresentam nanismo e magreza, respectivamente (UNICEF, 2006).
No Brasil, observa-se um declínio na prevalência de DEP de acordo com
dados do Estudo Nacional da Despesa Familiar (ENDEF), da Pesquisa Nacional de
Saúde e Nutrição (PNSN) e da Pesquisa Nacional sobre Demografia e Saúde
(PNDS); compilados pela UNICEF (Figura 2) (UNICEF, 2005a).
Figura 2: Série histórica da desnutrição infantil no Brasil: 1974 – 1996 (Adaptado de UNICEF,
2005a).
Apesar de o quadro nutricional revelar mudanças no padrão nutricional das
crianças, estes agravos ainda constituem graves problemas de saúde pública no
Brasil (CAVALCANTE et al., 2006).
A PNDS (1996) estimou que 17,9% e 2,8% das crianças da região nordeste
encontravam-se, respectivamente, com nanismo e magreza; valor superior ao
encontrado para a região norte (16,2% e 1,2%) e para região sul (5,1% e 0,9%)
(UNICEF, 2005a).
Segundo o Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional (SISVAN), em 2006,
as regiões Nordeste, Centro-Oeste e Sul apresentaram prevalência semelhante de
32,0
5,0
15,4
2,0
10,5
2,3
0
5
10
15
20
25
30
35
Nanismo Magreza
Prevalências (%)
ENDEF (1974/75)
PNSN (1989)
PNDS (1996)
Revisão da Literatura
30
nanismo nutricional entre as crianças menores de 10 anos (Figura 3) (SISVAN,
2008).
Figura 3: Distribuição de nanismo em crianças menores de 10 anos, de acordo com as regiões do
Brasil (Adaptado de SISVAN, 2008).
Na Pesquisa de Orçamento Familiar 2002/2003 verificou-se que 9,8% dos
adolescentes brasileiros apresentavam déficits de altura para idade, sendo sua
freqüência duas vezes maior na Região Nordeste do que nas Regiões Sul, Sudeste
e Centro-Oeste (IBGE, 2008a).
Estudos realizados com crianças em São Paulo, encontraram prevalências
diferentes em relação ao nanismo. Strufaldi e cols. (2003), trabalhando com crianças
de zero a cinco anos, encontraram prevalência de 7,1% no município de Embu; já no
município de Mogi-Guaçú, Fernandes e cols. (2006) encontraram 1,15% de crianças
menores de sete anos com nanismo.
Um estudo realizado em Pernambuco com crianças verificou 16,9% e 12,1%,
respectivamente, de crianças em idade escolar e menores de cinco anos com déficit
estatural (LAURENTINO et al., 2006).
Estudo realizado em 2006 no estado de Alagoas, diagnosticou nanismo em
10,3% das crianças menores de cinco anos e magreza em 1,2% (LUCIANO, 2008).
NORTE
48,7%
14,7%
CENTRO
-
OESTE
13,4%
SUL
14,6%
SUDESTE
8,5%
Revisão da Literatura
31
2.2.1.1.1 Diagnóstico
A avaliação antropométrica é uma maneira bastante sensível, eficaz e de
baixo custo para detectar casos de DEP. O padrão de crescimento identificado nesta
avaliação é um excelente indicador do estado de saúde e nutrição da população
infantil (MONTEIRO et al., 1995; HOFFMANN, 1995).
Entretanto, este tipo de avaliação na adolescência é complexa, devido à
grande variabilidade do crescimento e das dimensões corporais nesta fase. A
variabilidade depende do estado nutricional dos indivíduos, e também, do
desempenho do crescimento nas idades anteriores e de fatores hormonais
relacionados ao processo da maturação sexual (IBGE, 2008a).
A interpretação das medidas antropométricas exige o uso de padrões de
referência e de pontos de corte definidos. Ponto de corte é uma linha divisória, que
distingue os que necessitam e os que não necessitam de intervenção. Para o
estabelecimento dos pontos de corte é necessário o estabelecimento de um padrão
(SOARES, 2003). Neste sentido, convém ressaltar que existe uma diferença
importante entre padrões e referências de crescimentos. Um padrão indicaria uma
trajetória recomendável, ou prescritiva, de crescimento ideal, à qual todas as
crianças deveriam alcançar. uma referência seria menos prescritiva e mais
descritiva, ao documentar como uma determinada população (considerada como “de
referência”) cresce, ou seja, é o conjunto de dados que proporciona efetuar
comparações (ARAÚJO, 2007).
Em 1977, o National Center for Health Statistics (NCHS) divulgou e
recomendou para os Estados Unidos um referencial para crianças de 0 a 18 anos de
idade. Posteriormente, a OMS recomendou seu uso internacional, sendo o mesmo
adotado pelo Ministério da Saúde do Brasil (FERREIRA, 2000). Algumas questões
devem ser consideradas em relação a este referencial. A amostra foi restrita em
termos de origem genética; as crianças foram predominantemente alimentadas com
mamadeira; o ajuste das curvas não foi adequado para descrever o padrão e a
variabilidade do crescimento normal; o tamanho amostral oscilou nas diferentes
idades. Além disso, existe uma diferença na curva em relação à baseada no
National Health and Nutrition Examination Survey (NHANES) (GARZA & ONIS,
2004).
Revisão da Literatura
32
Em 2000, o referencial de crescimento do NCHS/1977 foi revisado,
objetivando refletir mudanças seculares e corrigir e/ou minimizar uma série de falhas
que o apontam atualmente como um indicador imperfeito do crescimento
(CDC/NCHS, 2008). As principais inovações foram: aprimoramento das técnicas
estatísticas; ampliação das amostras, garantindo representatividade racial e
diversidades étnicas (população americana), além da inserção de crianças
alimentadas com leite materno; padronização dos métodos de coleta de dados;
incorporação de dados de cinco pesquisas nacionais; extensão de todas as curvas
até a idade de 20 anos; desenvolvimento do índice de massa corporal para idade
(IMC/I); publicação de limites menores de comprimento e altura; e desenvolvimento
dos percentis 3 e 97 para todas as curvas e do percentil 85 para a curva de P/A e
IMC/idade (OGDEN et al., 2002).
Em 1994, a Assembléia Mundial de Saúde da OMS referendou a construção
das novas curvas de crescimento da OMS, a partir de um trabalho multicêntrico
realizado em seis países, de modo a representar as regiões geográficas do mundo.
O trabalho, que teve início em 1996, foi desenvolvido no Brasil, Índia, Noruega,
Oman, Ghana e Estados Unidos. As novas curvas de crescimento foram lançadas
em abril de 2006 no Brasil, e desde então são recomendadas pelo Ministério da
Saúde (MS, 2008). Estas apresentam diversos aspectos inovadores, entre eles o
uso de uma amostra internacional e multi-étnica, e de crianças de zero a quatro
meses com aleitamento materno exclusivo. Ao contrário das referências tradicionais,
como a referência NCHS/OMS, que são primariamente descritivas de uma
determinada amostra populacional, as novas curvas são prescritivas, ou normativas
(WHO, 2006b; ONIS et al., 2007).
Em 2007 foram divulgadas as curvas para crianças em idade escolar e
adolescentes dos índices: altura para idade, peso para idade e IMC para idade
(WHO, 2008c; WHO, 2008d; WHO, 2008e; WHO, 2008f).
2.2.1.2 Anemia Ferropriva
O ferro é essencial para expansão do volume sangüíneo e da massa
muscular, exercendo funções metabólicas ou enzimáticas e de estoque para manter
a homeostase. Quando a ingestão de ferro não está adequada, os estoques de ferro
Revisão da Literatura
33
são mobilizados para mater a produção de hemoglobina (Hb) e outros componentes
que contêm ferro (URBANO et al., 2002).
A deficiência de ferro é definida como uma condição na qual não existem
reservas de ferro mobilizáveis e os sinais de comprometimento de fornecimento de
ferro para os tecidos são observados (WHO, 2001b). Ocorre de forma gradual e
progressiva, considerando-se três estágios até que a anemia se manifeste. No
primeiro estágio, ocorre alteração nos depósitos de ferro. No segundo, ocorre
eritropoiese ferro-deficiente que reflete na produção deficiente de Hb e outros
componentes férricos. O terceiro estágio caracteriza-se pela diminuição dos níveis
de Hb, com prejuízos funcionais ao organismo (BEARD et al., 1996).
A anemia ferropriva está associada ao retardo do desenvolvimento
neuropsicomotor em crianças, comprometimento da imunidade celular e diminuição
da capacidade física e intelectual. Alguns autores sugerem efeitos de longo prazo ao
desempenho congnitivo, mesmo que a deficiência de ferro seja revertida (NEUMAN
et al., 2000).
O segmento materno-infantil representa o grupo biológico mais exposto. Três
fatores contribuem para a alta prevalência de anemia na infância: as reservas de
ferro ao nascer, a velocidade de crescimento e o balanço entre a ingestão e as
perdas do mineral (BATISTA-FILHO, 2004; SANTOS et al., 2004).
A deficiência de ferro é o agravo nutricional mais comum e generalizado no
mundo. Além de ser a única deficiência nutricional significativamente prevalente em
todos os países industrializados, afeta um grande número de indivíduos nos países
não-industrializados. No mundo, 0,8 milhões (1,5%) das mortes são atribuídas à
deficiência de ferro. A estimativa da OMS para a prevalência de anemia é
apresentada na figura 4 (WHO, 2001b; WHO, 2002).
Segundo a OMS a anemia é considerada um problema de saúde pública
quando a prevalência de anêmicos numa população excede 5% (WHO, 2001b).
Revisão da Literatura
34
Figura 4: Estimativa da prevalência de anemia no mundo em crianças (Adaptado de WHO, 2001b).
No Brasil não existe, ainda, uma avaliação consistente sobre a dimensão do
problema da anemia. No entanto, dados consolidados pela Organização
Panamericana de Saúde cerca de três anos e estudos específicos realizados em
alguns estados (Paraíba, Pernambuco e São Paulo) são concordantes no seguinte
aspecto: 40 a 50% das crianças menores de cinco anos são portadoras de anemia
(BATISTA-FILHO, 2004).
Estudos em diversas regiões do País vêm demonstrando alta prevalência de
anemia em crianças de várias faixas etárias. Silva e cols. (2002), analisando
lactentes atendidos na rede pública de saúde, em Viçosa, MG, encontraram
prevalência de 60,8%. Prevalências de 51,9% em São Paulo, SP (KONSTANTYNER
et al., 2007) e de 55,1% em Belém, PA (NEVES et al., 2005) foram observadas em
menores de 24 meses. Brunken e cols. (2002), estudando crianças menores de três
anos, que freqüentavam creches públicas de Cuiabá, Mato Grosso, registraram
prevalência de 63,0%. Santos e cols. (2004) encontraram 53,0% de crianças
anêmicas de zero a seis anos, no município de Pelotas, RS. Prevalência de 24,4%
foi verificada em escolares de 7 a 15 anos de favelas da cidade de São Paulo
(SANTOS et al., 2007a).
Em Alagoas, Santos e cols. (2002) estudando escolares da rede pública de
Maceió, encontraram prevalências de 9,9% e 25,4%, utilizando como ponto de corte
Hb < 11,5g/dL e Hb < 12,0g/dL respectivamente. Ferreira e cols. (2007)
verificaram 46,4% de crianças anêmicas em Alagoas a partir de um estudo
desenvolvido com amostra probabilística de crianças menores de cinco anos.
0
10
20
30
40
50
< 4 5 a 14
Prevalências (%)
Idade das crianças (anos)
Países industrializados
Países não industrializados
Revisão da Literatura
35
2.2.1.2.1 Diagnóstico
Existem diversos parâmetros hematológicos e bioquímicos que refletem os
três estágios de carência de ferro. Contudo, não é recomendada a utilização de
nenhum deles isoladamente (COOK & FINCH, 1979).
O único método quantitativo para medir as reservas de ferro "in vivo" é a
flebotomia, mediante o cálculo das reservas de ferro, após indução da deficiência do
mineral na hemoglobina circulante. Entretanto, esse tipo de avaliação é inviável em
nível populacional ou mesmo individual, por se tratar de um método bastante
invasivo (COOK et al., 1992).
Em todo o mundo, o método mais comum para rastreamento da deficiência de
ferro em indivíduos ou populações envolve a determinação da prevalência de
anemia medindo níveis de Hb do sangue ou hematócrito (WHO, 2001b). No entanto,
a concentração de Hb apresenta baixa especificidade e sensibilidade para avaliar o
estado nutricional de ferro, uma vez que pode se encontrar alterada em condições
de infecção e inflamação, hemorragia, hemoglobinopatias, DEP, deficiência de folato
e/ou vitamina B
12
, uso de medicamentos e desidratação (COOK & FINCH, 1979).
Informações mais completas sobre o estado orgânico de ferro devem ser
obtidas analisando-se outros indicadores de ferro corporal, especialmente a ferritina
(FER) no soro, que indica a situação dos depósitos corporais de ferro e permite
comprovar a etilogia ferropriva da anemia. O nível de FER sérica é o teste
bioquímico considerado mais específico para avaliar as reservas totais de ferro
orgânico (VIOLA et al., 1981; WHO, 2001b).
Outro parâmetro utilizado é a determinação da concentração de ferro sérico
(FeS). Quando as reservas de ferro estão exauridas, qualquer declínio adicional no
ferro corporal é acompanhado por uma redução na concentração do FeS.
Entretanto, este parâmetro é bastante instável pois sofre variações na concentração
ao longo do dia, e pode ser alterado devido a processos infecciosos (COOK et al.,
1992; WHO, 2001b).
Apesar da baixa especificidade, os critérios indicados pela OMS para
diagnosticar a anemia baseiam-se na concentração de Hb (WHO, 2001b).
Revisão da Literatura
36
2.2.2 Consumo Alimentar
A avaliação do consumo alimentar pode ser utilizada como indicador indireto
do estado nutricional, capaz de detectar situações de risco alimentar e nutricional.
Além disso, avaliar a ingestão de energia e nutrientes é fundamental para promover
mudanças no comportamento alimentar. Mais que isso, auxilia no planejamento e
definições de políticas de saúde pública e de ações de intervenção (MARCHIONI et
al., 2004; TUMA et al., 2005).
Durante a infância e a adolescência, quando ocorrem acentuado crescimento
e desenvolvimento, a avaliação do consumo alimentar deve ser realizada, pois uma
alimentação balanceada em energia e nutrientes é fundamental para possibilitar o
pleno crescimento e desenvolvimento dos indivíduos nestas fases da vida (GARCIA
et al., 2003).
Tal avaliação pode sofrer interferência de fatores como complexidade da
dieta, hábitos alimentares, qualidade da informação, idade, imagem corporal,
memória do entrevistado, crenças, comportamento, cultura e status socioeconômico,
bem como fatores de exposição, o que torna muito difícil o ato de registrar a
ingestão alimentar de um indivíduo (FISBERG et al., 2000).
Diversos são os métodos utilizados para avaliação dietética, entre eles,
registro alimentar, recordatório alimentar de 24 horas (REC24h) e avaliação da
freqüência alimentar (FISBERG et al., 2005).
Vale ressaltar que não existe uma metodologia de inquérito dietético ideal,
porém, a escolha do método adequado a um determinado propósito permite a
obtenção de melhores resultados. A validade e confiabilidade da metodologia
empregada dependem fortemente do entrevistador, entrevistado, entrevista,
instruções para coleta e treinamento, além de um banco de dados válido e confiável
sobre os nutrientes (DWYER, 2003).
Para estimar a prevalência de inadequação da ingestão de determinado
nutriente, é necessário calcular seu consumo pelo grupo populacional de interesse,
comparando-o com padrões de referência (FISBERG et al., 2001).
Atualmente utiliza-se como padrão de referência as recomendações do
Institute of Medicine (IOM), denominadas Dietary Reference Intake (DRIs). As DRIs
incluem as Recommended Dietary Allowances (Ingestão Dietética Recomendada,
RDAs) como metas de consumo para os indivíduos, e mais três valores de
Revisão da Literatura
37
referência: Adequate Intake (Ingestão Adequada, AI), Estimated Average
Requirement (Necessidade Média Estimada, EAR) e Tolerable Upper Intake Level
(Nível Superior Tolerável de Ingestão, UL) (IOM, 2001).
O método recomendado para avaliação do consumo alimentar é o método
EAR como ponto de corte, proposto por Beaton. Para sua utilzação é necessário
conhecer a necessidade média estimada (EAR) para o nutriente e a distribuição da
ingestão habitual da população (FISBERG et al., 2005).
Além disto, cinco requisitos devem ser cumpridos, são eles: independência
entre os valores de necessidades e ingestão, simetria da distribuição das
necessidades em torno da EAR, conhecimento da ingestão média do grupo,
variância de ingestão maior que a variância das necessidades e conhecimento da
variância intrapessoal e interpessoal (SLATER et al., 2004).
Nos casos em que a EAR do nutriente não está definida, recomenda-se a
utilização dos valores de AI, verificando se a mediana de ingestão encontrada,
excede ou não os valores recomendados. O uso de AI não permite estimar a
proporção de indivíduos da população com ingestão inadequada, pois, a relação da
AI com as necessidades para o nutriente para o qual foi estimada é desconhecida
(FISBERG et al., 2001).
Os indivíduos freqüentemente variam o tipo e a quantidade de alimentos que
consomem diariamente, portanto a dieta é um evento aleatório. Isto reflete a elevada
variabilidade no consumo dos nutrientes na mesma pessoa (intrapessoal) e entre as
pessoas (interpessoal) (WILLET, 1998). A variabilidade intrapessoal faz com que a
estimativa da prevalência seja incorreta, entretanto existe a possibilidade de corrigi-
la através de todos estatísticos. Para sua correção, necessita-se de, pelo menos,
dois REC24h em, pelo menos, 20% da amostra (FISBERG et al., 2001)
.
Hoffmann e cols. (2002) relata que a repetição do REC24h pode ser utilizada
para descrever a ingestão dietética habitual e recomenda a utilização de dois
REC24h por indivíduos, em dias não consecutivos, de modo que os dias avaliados
de todos os participantes cubram todos os dias da semana.
Recentemente alguns estudos foram realizados no intuito de caracterizar o
consumo alimentar de crianças e adolescentes. Spinelli e cols. (2003), avaliando o
consumo alimentar de crianças menores de dois anos matriculadas em creches do
Revisão da Literatura
38
município de São Paulo, revelaram que a oferta de energia, ferro, cálcio, vitamina A
e fibras foi insuficiente, segundo as referências das DRIs.
Estudo desenvolvido com gestantes adolescentes atendidas em serviços de
assistência pré-natal em Fortaleza, no Ceará, mostrou que 63,6% delas tinham
menos de 90% das necessidades energéticas de gestantes e mais da metade
estava adequada em seu conteúdo protéico, com excesso de lipídios e inadequado
conteúdo de carboidratos. Além disso, o consumo de ferro, lcio, zinco, vitamina B
e ácido fólico estavam abaixo do recomendado (AZEVEDO & SAMPAIO, 2003).
Cavalcante e cols. (2006) estudando crianças menores de três anos
atendidas em serviços públicos de saúde do município de Viçosa, MG, revelaram
que a quantidade de energia consumida excedeu a recomendação para ambos os
sexos e que as prevalências de baixo peso para idade foi 13,2%. Prevalência de
inadequação do consumo de energia de 42,4% foi encontrada por Menezes e Osório
(2007) estudando crianças menores de cinco anos do estado de Pernambuco. Neste
mesmo estudo, o percentual de baixo peso para estatura foi 1,5%. Ambos
demonstraram associação positiva entre déficit nutricional e consumo alimentar
inadequado (CAVALCANTE et al., 2006; MENEZES & OSÓRIO, 2007).
2.3 Enteroparasitoses, Desnutrição e Anemia
As infecções parasitárias podem acelerar o trânsito intestinal e alterar o
equilíbrio de nitrogênio, por meio de perdas excessivas de proteínas pelas fezes ou
urina, produzindo absorção e intolerância aos açúcares e às vitaminas,
promovendo desta forma um precário estado nutricional (ORTIZ et al., 2000). Por
esse motivo, as parasitoses acarretam algumas complicações como aumento do
risco de anemia, desnutrição e déficits no desenvolvimento da criança. Podem,
ainda, afetar fatores sensoriais, neurais e hormonais, além de causar anorexia e
vômitos (CROMPTON & NESHEIM, 2002). Podem também comprometer a resposta
imune que, por sua vez, facilita o estabelecimento de infecções (STEPHENSON et
al., 2000).
Os parasitos que têm como habitat o trato gastrointestinal alteram a ingestão
e digestão de alimentos e a absorção de nutrientes. A figura 5 descreve como as
infecções por nematódeos intestinais e outros parasitos podem influenciar
negativamente o estado nutricional e o desenvolvimento físico e cognitivo dos
indivíduos (
STEPHENSON
Figura 5:
Como as infecções parasitárias causam ou agravam a desnutrição e retardam o
desenvolvimento (Traduzido
de
Magreza
Deficiência de ferro
e anemia
Perda crônica de
sangue pela urina,
fezes ou pela
hemólise de hemácias
Exaustão das
reservas de ferro
Ascaridíase
Estrongi
loidíase
Ferro
Vit. B12
Diminuição da
aptidão e
atividade física
negativamente o estado nutricional e o desenvolvimento físico e cognitivo dos
STEPHENSON
et al., 2000).
Como as infecções parasitárias causam ou agravam a desnutrição e retardam o
de
Stephenson et al., 2000).
Déficit estatural
Magreza
Déficit de peso e
altura na
adolescência
RN com baixo peso
Deficiência de ferro
Diminuição da
ingestão de alimentos
Perda crônica de
sangue pela urina,
hemólise de hemácias
Mecanismos comuns
de várias parasitoses
mesmo sem anemia
Ex.
:
TNF
α
Anorexia
Diarréia
Vômito
Dor abdominal
Franqueza
Diminuição do
apetite
Diminuiç
utilização dos nutrientes
Di
minuição da
absorção
Ascaridíase
Tricuríase Anci
lostomíase
Esquistossomose Giardíase
loidíase
Filariose linfática
DEFICIÊNCIA
Ferro
Energia Proteína
Vit. A Zinco
Vit. B12
Iodo
Folato
Diminuição do
crescimento
Diminuição do
desenvolvimento
cognitivo
CRIANÇAS
Revisão da Literatura
39
negativamente o estado nutricional e o desenvolvimento físico e cognitivo dos
Como as infecções parasitárias causam ou agravam a desnutrição e retardam o
Adulto com
baixa estatura
RN com baixo peso
Anorexia
Febre
Diarréia
Disenteria
Vômito
Náuseas
Dor abdominal
Franqueza
Diminuiç
ão da
utilização dos nutrientes
minuição da
absorção
dos nutrientes
lostomíase
Malária
s
Folato
Aumento do
absenteísmo
escolar
Revisão da Literatura
40
Um dos mais importantes mecanismos pelo qual as helmintoses podem
prejudicar o estado nutricional é a anorexia, diminuindo o consumo alimentar e
comprometendo a ingestão energética. Além disto, o metabolismo de diversos
nutrientes essenciais para os seres humanos pode ser afetado pelas infecções
parasitárias, incluindo dio e potássio, que estão particularmente relacionados com
vômitos e diarréias (STEPHENSON et al., 2000).
Crompton (1984), em uma revisão de 23 estudos com seis espécies de
animais infectados separadamente com 12 diferentes espécies de helmintos e
protozoários, encontrou ingestão alimentar reduzida em animais infectados com 10
dos 12 parasitos, além de ganho de peso menor nos animais infectados.
Como conseqüência da lesão provocada pelos parasitos na mucosa intestinal
o desencadeamento de uma resposta inflamatória sistêmica, com elevação das
concentrações séricas de proteínas de fase aguda e citocinas. Em crianças, a
anorexia induzida pelas citocinas pode contribuir para o crescimento inadequado
(NORTHROP-CLEWES et al., 2001).
Alguns parasitos intestinais podem reduzir em até 20% a absorção do ferro
ingerido na alimentação, sendo a causa orgânica imediata da deficiência de ferro
circulante. Na ancilostomose, a anemia geralmente é causada pelo intenso
hematofagismo exercido pelos vermes, que sugam até 0,03 a 0,05mL de
sangue/dia. Essa espoliação, associada a uma deficiência nutricional, poderá causar
anemia ferropriva. Na ascaridíase a anemia é de ordem secundária, causada por
hemorragias produzidas pelas larvas durante o ciclo pulmonar (CANTOS et al.,
2003).
A intensidade das infecções é a chave para entender a morbidade que os
helmintos induzem. O impacto nutricional das helmintoses está relacionado a esta
intensidade: quanto maior for a carga parasitária de um indivíduo, mais grave será a
morbidade associada (CROMPTON & NESHEIM, 2002).
Entretanto, estudos têm mostrado controvérsia em relação à influência das
infecções parasitárias no estado nutricional e na prevalência de anemia em crianças
e adolescentes. Phathammavong e cols. (2007), investigando escolares da cidade
Vientiane, capital do país asiático Laos, encontraram maiores prevalências de
nanismo e baixo peso nas crianças infectadas por parasitos intestinais. Alvarado e
Vásquez (2006) durante estudo na cidade de Guapi (Cauca, Colômbia), com
Revisão da Literatura
41
menores de dois anos, encontraram freqüências maiores de desnutrição aguda nas
crianças infectadas por T. trichiura e com poliparasitismo.
No Perú, Casapía e cols. (2006) avaliaram os fatores de risco para nanismo
em escolares, e concluíram que anemia e co-infecção de intensidade moderada e
alta de T. trichiura e A. lumbricoides são fatores de risco para nanismo. No Egito,
Curtale e cols. (1998), confirmaram associação de infecções por S.mansoni e G.
lamblia com anemia em escolares de seis a doze anos.
Tsuyuoka e cols. (1999), estudando alunos de primeiro grau de escolas
municipais de Aracaju, encontraram associação das enteroparasitoses com má
condição de saneamento e desnutrição, mas não encontraram associação com
anemia. Em um estudo realizado em Brasília com crianças menores de seis anos,
Muniz-Junqueira e Queiroz (2002) concluíram que a deficiência na quantidade e na
qualidade da ingestão foram os principais problemas causadores da desnutrição
energético-protéica, e exceto para G. lamblia, não foi influenciada pelo parasitismo
por helmintos intestinais.
Em Minas Gerais, Castro e cols. (2004) avaliando crianças menores de 5
anos de um assentamento de reforma agrária, encontraram associação apenas
entre anemia e E. histolytica, apesar de 96,1% das crianças apresentarem pelo
menos uma espécie de parasito. Brito e cols. (2003) em estudo realizado na Bahia,
mostraram que crianças do sexo masculino, com idade entre sete e nove anos,
cujas famílias possuíam renda per capita abaixo de um quarto do salário mínimo e
ingestão inadequada de ferro biodisponível eram mais propensas a desenvolver
anemia.
Apesar de existirem estudos sobre a relação entre enteroparasitoses e estado
nutricional no Brasil, a literatura sobre o assunto em Alagoas é ainda escassa. Além
disto, ainda não está claro o quanto as parasitoses intestinais podem influenciar no
estado nutricional da população. Portanto, no intuito de contribuir com esses
conhecimentos procurou-se investigar a associação entre parasitoses, estado
nutricional, consumo alimentar e indicadores sociais em crianças e adolescentes,
residentes numa área de invasão em Maceió, Alagoas.
3.Objetivos
Objetivos
43
3.1 Objetivo geral
Avaliar a associação entre parasitoses, estado nutricional, consumo alimentar
e indicadores sociais em crianças e adolescentes, residentes numa área de invasão
em Maceió, Alagoas.
3.2 Objetivos específicos
Identificar o perfil socioeconômico da população alvo.
Determinar a freqüência e a intensidade das infecções parasitárias nas
crianças e adolescentes estudados.
Determinar a freqüência de déficit estatural e baixo peso nos indivíduos
avaliados.
Avaliar a deficiência de ferro nas crianças e adolescentes estudados.
Descrever a ingestão de nutrientes relacionados ao crescimento e
desenvolvimento da população alvo.
Verificar a associação entre as variáveis estudadas.
4. Materiais e Métodos
Materiais e Métodos
45
4.1 Delineamento do estudo
Trata-se de um estudo transversal de base domiciliar, realizado de janeiro a
dezembro de 2005.
4.2 Área estudada
A cidade de Maceió, capital do Estado de Alagoas, localiza-se no litoral médio
do Estado, com uma área total de 511 Km
2
, sendo 212 km
2
de área urbana, e uma
população de 896.965 habitantes (IBGE, 2008b). Segundo dados da Companhia de
Abastecimento D'água e Saneamento do Estado de Alagoas (CASAL), 27% da
cidade possui coleta e tratamento de esgoto e 41,6% possui abastecimento de água
tratada (CASAL, 2008). O município é dividido em 50 bairros organizados em sete
regiões administrativas, apresentado na figura 6A (http://www.maceio.al.gov.br).
A área onde o trabalho foi realizado pertence à região denominada Vale do
Reginaldo, localizada às margens do Canal do Reginaldo. O vale está situado em
parte dos bairros do Farol, Pitanguinha, Feitosa e Jacintinho. É caracterizado por ser
uma área de encostas com uma parte plana às margens do canal, de ocupação
irregular com habitações espalhadas de maneira desordenada, típico de
assentamentos subnormais (Figura 6B e 7).
No Vale do Reginaldo, as residências localizadas a um raio de 100 m do
riacho compreendem o foco endêmico de filariose linfática da cidade, previamente
detectado por Fontes e cols. (1998) e Rocha e cols. (2000b). Selecionou-se uma
área de aproximadamente 60.000 m
2
nesse foco, que no passado apresentava a
maior prevalência de filariose linfática (Figura 6B).
Materiais e Métodos
46
B
A
Figura 6: A. Mapa da cidade de Maceió, Alagoas, dividido por regiões administrativas (RA) (Adaptado
de http://www.maceio.al.gov.br/) B. Área do estudo: Vale do Reginaldo, situado entre os bairros Farol,
Pitanguinha, Feitosa e Jacintinho (Google Earth, versão 4.3).
Figura 7: Vista do Vale do Reginaldo, Maceió, Estado de Alagoas.
Materiais e Métodos
47
4.3 População estudada
A população estimada de menores de 16 anos da área estudada é de 510
indivíduos. Para determinação do tamanho mínimo da amostra, levou-se em
consideração freqüência esperada de 53,3% de enteroparasitoses, encontrada em
um estudo realizado numa outra área dentro do Vale do Reginaldo, distante 1km da
área estudada. Utilizando-se um erro máximo tolerável de 10% e um intervalo de
confiança de 99%, a amostra mínima foi calculada em 273 indivíduos.
4.4 Treinamento de recursos humanos
Alunos dos cursos de graduação de biologia, farmácia, medicina e nutrição da
Universidade Federal de Alagoas (UFAL), agentes de saúde e técnicos da
Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Maceió, envolvidos na coleta dos dados,
participaram de treinamentos com o propósito de uniformizar a conduta da equipe
multidisciplinar. Esta equipe participou das etapas de cadastramento dos indivíduos,
coleta das amostras, realização dos exames coproparasitológicos, aferição das
medidas antropométricas, aplicação dos questionários dietético e socioeconômico e
tratamento dos indivíduos.
Os treinamentos, do tipo teórico-prático, foram ministrados pelos
responsáveis pelo estudo (Figura 8). Todos os membros da equipe receberam um
Manual de Coleta de Dados (Apêndice 1, p. 116-124), especialmente elaborado para
o presente estudo, com informações sobre a avaliação antropométrica e de
consumo alimentar. Além disso, foram realizadas pesquisas piloto para avaliar a
aplicabilidade dos questionários.
Figura 8: Treinamento teórico-prático da equipe responsável pela coleta dos dados.
Materiais e Métodos
48
4.5 Coleta de dados
4.5.1 Inquéritos socioeconômicos
Os inquéritos socioeconômicos foram realizados através de visitas
domiciliares com aplicação de questionários ao chefe da família (Apêndice 2, p.126).
As variáveis foram divididas em três blocos: condições de moradia, características
econômicas e comportamentos relacionados à educação sanitária.
O bloco das questões relativas às condições de moradia continha seis
variáveis: número de residentes, canalização da água, tipo de banheiro, destino do
lixo e escoamento de dejetos sanitários e domésticos.
As variáveis no bloco referente às características econômicas foram: renda
familiar, posse de bens e grau de instrução do chefe. Algumas destas variáveis
foram utilizadas para identificar a classe econômica através do sistema de pontos
padronizado denominado “Critério Padrão de Classificação Econômica Brasil/2008”
(ABEP, 2007). Esse sistema leva em conta a posse de itens e grau de instrução do
chefe da família (Figura 9). Os pontos de corte das classes econômicas são
apresentados na tabela 1.
Figura 9: Sistema de pontos padronizado “Critério Padrão de Classificação Econômica Brasil/2008”
(ABEP, 2007).
Materiais e Métodos
49
Tabela 1: Classificação da classe econômica, segundo “Critério Padrão de Classificação Econômica
Brasil/2008” (ABEP, 2007).
Classe econômica Pontos
A1 42 a 46
A2 35 a 41
B1 29 a 34
B2 23 a 28
C1 18 a 22
C2 14 a 17
D 8 a 13
E 0 a 7
O comportamento da população relacionado à educação sanitária foi
verificado através de duas variáveis: uso de calçado e contato com água do riacho.
Vale ressaltar que o uso de calçado foi referido pelo entrevistado e não observado.
Portanto, este resultado deve ser analisado com cautela.
4.5.2 Exames parasitológicos
Os indivíduos e seus responsáveis receberam informações sobre o
procedimento correto para a coleta das fezes. Cada participante do estudo recebeu
um pote coletor devidamente identificado. A distribuição dos potes e recolhimento
eram de responsabilidade dos agentes de saúde da SMS de Maceió.
As amostras fecais recolhidas eram levadas ao Laboratório de Filariose do
Instituto de Ciências Biológicas e da Saúde (ICBS) UFAL, devidamente
acondicionadas em isopor. Com o material fecal de cada indivíduo foram realizados
dois tipos de exames: a cnica qualitativa de sedimentação espontânea ou HPJ
(HOFFMANN et al., 1934) e a técnica quantitativa de Kato-Katz (KATZ et al., 1972).
Para minimizar a perda e aumentar a sensibilidade do exame, eram feitas
cinco lâminas com material proveniente da técnica de sedimentação espontânea, e
duas preparadas segundo o todo de Kato-Katz. Para controle de qualidade do
método de Kato-Katz, as lâminas eram revisadas por diferentes microscopistas.
Santos e cols. (2005) preconizam a combinação do método de Kato-Katz com
de sedimentação espontânea, a fim de aumentar a sensibilidade do exame de fezes.
Portanto, os resultados dos dois métodos foram associados de maneira que um
indivíduo foi considerado parasitado quando positivo em pelo menos um dos
métodos.
Materiais e Métodos
50
4.5.2.1 Método de sedimentação espontânea ou HPJ
Para a realização do método de sedimentação espontânea, uma pequena
quantidade da amostra fecal (aproximadamente 5-10 g) foi colocada em um pote
plástico descartável com cerca de 50 mL de água e homogeneizada com auxílio de
um bastão de vidro. Em seguida a suspensão foi filtrada, utilizando-se uma gaze
cirúrgica dobrada em quatro, para um cálice cônico completando-se o volume com
água. Posteriormente, a suspensão foi colocada para sedimentar por no mínimo
duas horas. Após a completa sedimentação, foi retirada, com uma pipeta obliterada
pelo dedo indicador, uma alíquota do conteúdo do fundo do cálice. O material era
colocado em uma lâmina com uma gota de corante Lugol (2 g de iodo + 2 g de
iodeto de potássio puro + 100 mL de água destilada) e coberta com uma lamínula
para visualização dos cistos de protozoários e dos ovos e larvas de helmintos
(Figura 10) (HOFFMANN et al., 1934).
Foram feitas cinco lâminas de cada amostra fecal, lidas por diferentes
microscopistas, que utilizavam a objetiva de 10X (aumento de 100 vezes) para a
pesquisa de ovos e larvas, e a objetiva de 40X (aumento de 400 vezes) para a
confirmação da presença de cistos de protozoários.
Figura 10: Material utilizado e fluxograma do protocolo da técnica coproparasitológica de
sedimentação espontânea.
Diluição das fezes em água
Filtração em gaze cirúrgica
Sedimentação por duas horas
Preparo de 5 lâminas
Adição do lugol e da lamínula
Leitura imediata
Diagnóstico qualitativo
Materiais e Métodos
51
4.5.2.2 Método de Kato-Katz
A outra técnica utilizada para a análise das amostras foi o método de Kato-
Katz, específico para identificação de ovos de helmintos. Este permite a
quantificação da carga parasitária, e conseqüentemente, a classificação da
intensidade da infecção (KATZ et al., 1972). O material necessário e o fluxograma
estão apresentados na Figura 11.
Para a preparação das lâminas, uma pequena quantidade das fezes, retirada
de diferentes pontos da amostra, era colocada numa placa de vidro. Em seguida, as
fezes foram comprimidas com uma tela de náilon para retenção dos detritos fecais
mais grosseiros. O material tamizado foi transferido, com auxílio de uma espátula
plástica, para o orifício de uma placa perfurada sobre uma lâmina de microscopia,
com a finalidade de padronizar a quantidade de fezes a ser examinada (cerca de 40
mg). A placa foi retirada e sobre cilindro formado com a amostra fecal foi colocada
uma lamínula de papel celofane, previamente tratada por no mínimo 24 horas com
solução de verde malaquita em glicerina (100 mL de glicerina + 100 mL de água
destilada + 1 mL de verde-malaquita a 3%). A preparação foi invertida e
pressionada, para distribuição e uniformização do material entre a mina e a
lamínula. Após deixar o material por pelo menos uma hora em repouso, para
clarificação, as lâminas foram examinadas e revisadas ao microscópio com a
utilização das objetiva de 10X (aumento de 100 vezes), para identificação dos ovos
de helmintos e de 40X (aumento de 400 vezes) para a confirmação das estruturas.
Os ovos observados na lâmina foram contados, e o número encontrado foi
multiplicado por 24. Este fator foi usado para ajustar o valor em termos de ovos por
gramas de fezes (opg) (KATZ et al., 1972).
A intensidade das infecções foi classificada em leve, moderada e alta, a partir
da contagem de opg (Tabela 2), de acordo com os critérios estabelecidos pela OMS
(MONTRESOR et al., 2002). Esta classificação é utilizada para os seguintes
helmintos: Ascaris lumbricoides, Trichuris trichiura, Schistosoma mansoni e
Ancylostomatidae.
Materiais e Métodos
52
Figura 11: Material utilizado e fluxograma do protocolo da técnica coproparasitológica de Kato-Katz.
Tabela 2: Classificação da intensidade de infecção para os diferentes helmintos (MONTRESOR et al.,
2002).
PARASITOS
INTENSIDADE DA
INFECÇÃO
(opg*)
LEVE
MODERADA
ALTA
Ascaris lumbricoides
1 - 4.999 5.000 - 49.999 > 50.000
Trichuris trichiura
1 - 999 1.000 - 9.999 > 10.000
Ancylostomatidae 1 - 1.999 2.000 - 3.999 > 4.000
Schistosoma mansoni
1 - 99 100 - 399 > 400
*opg número de ovos por grama de fezes
Os números de ovos por grama de fezes foram expressos em médias
aritiméticas e geométricas. Para o cálculo da média geométrica, utilizou-se o
somatório de opg em logaritmo, dividido pelo número de indivíduos infectados, de
acordo com o helminto diagnosticado pelo método Kato-Katz.
4.5.3 Avaliações antropométricas
Na avaliação antropométrica foram obtidos peso e comprimento/altura dos
indivíduos, de acordo com as técnicas propostas pelo Ministério da Saúde do Brasil
(FAGUNDES et al., 2004).
Tamização das fezes
Preenchimento do molde
Preparo de 2 lâminas
Deposição da lamínula com verde malaquita
Clarificação por uma hora
Leitura + Revisão
Diagnóstico quantitativo
Materiais e Métodos
53
O peso das crianças menores de 24 meses foi aferido em balança eletrônica
digital infantil, da marca Filizola com capacidade máxima para 16 Kg e sensibilidade
de 10 g. Para os indivíduos com idade igual ou maior que 24 meses utilizou-se
balança eletrônica, da marca Filizola, com capacidade máxima para 150 Kg e
sensibilidade de 100 g (Figura 12).
Figura 12: Avaliação antropométrica - Pesagem das crianças e adolescentes.
O comprimento das crianças menores de 2 anos foi verificado em posição de
decúbito dorsal em estadiômetro pediátrico de madeira com escala milimétrica, em
fibra de vidro, com capacidade de 120 cm. Para mensuração da estatura, os
indivíduos maiores de 24 meses foram medidos em posição ortostática em
estadiômetro WCS vertical em alumínio, com 212 cm de altura, escala em milímetro,
desmontável (Figura 13).
Figura 13: Avaliação antropométrica Mensuração do comprimento/altura das crianças e
adolescentes.
Materiais e Métodos
54
As medidas antropométricas foram avaliadas através do índice altura para
idade (A/I) e o índice de massa corporal para idade (IMC/I), expressos em escores Z
em relação ao referencial antropométrico de crescimento da OMS (WHO, 2006b;
WHO, 2008c; WHO, 2008d; WHO, 2008e; WHO, 2008f). Para as crianças menores
de 5 anos, estes índices foram obtidos com o auxílio do programa de computador
WHO Anthro versão 2.02. Para os indivíduos com idade igual ou superior a cinco
anos, os índices antropométricos foram calculados no programa
Excel
2007(Microsoft Office Excel® 2007), através da criação de planilhas utilizando as
equações abaixo (Figura 14) e as constantes disponibilizadas nas tabelas de
referência da OMS (WHO, 2008c; WHO, 2008d; WHO, 2008e; WHO, 2008f).
Os valores obtidos foram utilizados para identificar o estado nutricional e
foram, também, expressos em médias de escores Z.
M (t), SD (t), S (t) e L (t) coeficientes de variação de acordo com a idade (tabelado)
Y valor de altura ou IMC aferido
Figura 14: Equações utilizadas para obtenção dos escores Z dos índices altura para idade (A/I) e o
índice de massa corporal para idade (IMC/I) (WHO, 2008g).
Na classificação do estado nutricional, foram considerados com déficit
nutricional, os indivíduos com escore Z < –2, risco nutricional para déficit com escore
Z -2 a <-1, eutrófico com escore Z -1 a 1, risco de excesso com escore Z > 1 a
2 e excesso com escore Z > 2 (FAGUNDES et al., 2004). A classificação do
estado nutricional, com os respectivos pontos de corte para os índices A/I e IMC/I,
está apresentada na tabela 3.
Tabela 3: Classificação do estado nutricional pela aplicação dos pontos de corte (FAGUNDES et al., 2004).
Índice antropométrico Estado nutricional Ponto de corte do escore Z
Altura para idade
Déficit estatural < -2
Risco de déficit estatural -2 a < -1
Altura eutrófica -1
IMC para idade
Baixo IMC < -2
Risco de baixo IMC -2 a < -1
IMC normal -1 a 1
Sobrepeso > 1 a 2
Obesidade >2
Cálculo do escore Z (Z) para o índice A/I
Z = _y – M (t)_
SD (t)
Cálculo do escore Z (Z) para o índice IMC/I
Z = _[y / M (t)]
L (t)
-1_
S (t) * L (t)
Materiais e Métodos
55
4.5.4 Exames bioquímicos
A avaliação bioquímica foi realizada por técnicos do Laboratório Central Dr.
Aristeu Lopes de Andrade (LACEN, AL). O sangue foi colhido por punção venosa e
recolhido em dois tubos de ensaio, um contendo anticoagulante (EDTA) e o outro
sem anticoagulante, para separação do soro (Figura 15).
Figura 15: Material utilizado para coleta de sangue para a realização dos exames bioquímicos e
coleta de sangue venoso.
4.5.4.1 Dosagem de hemoglobina
A determinação da concentração de Hb foi realizada no sangue pelo método
da cianometahemoglobina, em contador eletrônico do tipo Coulter STKS. Foram
considerados anêmicos os indivíduos de 6 a 59 meses, 5 a 11 anos, 12 a 15 anos
com concentração de Hb, respectivamente, <11,0 g/dl, < 11,5 g/dl e <12,0 g/dl. Para
os indivíduos com idade igual ou superior a 15 anos, utilizou-se o ponto de corte
para diagnóstico da anemia de 13,0 g/dl para o sexo masculino, e 12,0 g/dl para o
sexo feminino (WHO, 2001b).
4.5.4.2 Dosagem de ferritina e ferro sérico
As dosagens de FER e FeS foram utilizadas para avaliar a reserva orgânica
de ferro. Para determinação destas concentrações foi utilizado o soro obtido após a
centrifugação do sangue coletado.
A FER foi determinada pelo sistema automatizado de quimioluminescência
(ACS 180
®
, Bayer HealthCare). Foram consideradas normais as dosagens de FER
Materiais e Métodos
56
iguais ou superiores a 12 ng/mL para crianças menores de 5 anos, e iguais ou
superiores 15 ng/mL para os demais indivíduos (WHO, 2001b).
A dosagem de FeS foi determinada por espectrofotometria, sendo
considerado dentro da normalidade as dosagens iguais ou maiores que 50 µg/mL
(LEE, 1998).
4.5.5 Avaliação de consumo alimentar
A avaliação do consumo alimentar foi realizada através do método REC24h
que consiste em definir e quantificar todos os alimentos e bebidas ingeridos nas
últimas 24 horas, avaliando a dieta atual e sua adequação às necessidades do
consumidor (FISBERG et al., 2005).
A coleta destes dados foi realizada através de entrevistas domiciliares, com
utilização de formulário (Apêndice 3, p.128), no qual eram anotados os alimentos
consumidos, formas de preparo, quantidades consumidas e marcas comerciais, no
caso de alimentos industrializados. Não foram realizadas entrevistas nas segundas-
feiras, evitando a obtenção de dados atípicos, uma vez que o consumo alimentar
nos finais de semana, habitualmente, não segue o padrão alimentar.
Para as crianças menores de 10 anos a entrevista foi realizada com a mãe ou
o responsável na presença da criança (Figura 16). Foram excluídos desta avaliação,
os dez indivíduos menores de um ano devido a ausência de EAR para esta faixa
etária em relação aos nutrientes selecionados.
Figura 16: Aplicação do questionário para avaliação do consumo alimentar.
Materiais e Métodos
57
Para a padronização das porções dos alimentos foi utilizando o Álbum de
Registro Fotográfico (ZABOTTO et al., 1996), com a inclusão dos alimentos
regionais reconhecidos como de maior consumo por populações de baixa renda no
Nordeste brasileiro. Tais alimentos, cuscuz, batata doce, inhame, charque e
mortadela, foram pesados em duplicata, fotografados e anexados ao Álbum de
Registro Fotográfico (Figura 17). Para a pesagem dos alimentos utilizou-se uma
balança digital (Marte Balanças e Aparelhos de Precisão Ltda), com capacidade
máxima de 5.000g e sensibilidade de 1g.
Figura 17: Alimentos regionais nordestinos pesados e fotografados para inclusão ao Álbum de
Registro Fotográfico.
As medidas caseiras foram transformadas em porções, quantidade em grama
(g) ou volume em mililitro (mL), para subseqüente análise de energia e dos
macronutrientes: carboidratos (HC), proteínas (PTN) e lipídios (LIP); vitaminas: A
(vitA), C (vitC) e E (vitE); minerais: ferro (Fe), zinco (Zn) e cálcio (Ca). O critério
adotado para seleção destes nutrientes foi a relação com o crescimento e
desenvolvimento das crianças e adolescentes (PTN, Ca, Fe, Zn, vitA e vitE) e com a
anemia ferropriva (Fe, vitC).
A análise da composição nutricional das dietas foi realizada utilizando-se o
programa Virtual-Nutri 1.0 (PHILIPPI et al., 1996),
sendo inseridos os dados de
alimentos não encontrados no programa a partir de uma seqüência predefinida de
tabelas de composição química de alimentos: NEPA-UNICAMP (2006), IBGE (1977),
Pinheiro e cols. (2004) e Martins (1982). Foram utilizados os dados presentes nos
rótulos dos alimentos industrializados quando estes não constavam nas tabelas, e
no caso de preparações ausentes, tanto no programa quanto nas tabelas, a
Materiais e Métodos
58
composição nutricional do alimento foi obtida a partir da receita.
A composição energética avaliada foi calculada a partir do consumo de
calorias fornecidos pelos nutrientes HC, PTN e LIP.
A análise de prevalência de inadequação da ingestão de energia e nutrientes
foi feita com base nas recomendações do IOM, denominadas DRIs (IOM, 2001).
Para PTN, Fe, Zn, vitA, vitC e vitE utilizou-se o método EAR como ponto de corte
(BEATON, 1994).
No intuito de corrigir a variabilidade intrapessoal, o REC24h foi repetido em 69
indivíduos, que participaram da avaliação dietética, correspondendo a 25% da
amostra. Como existe uma grande variação na ingestão alimentar entre as faixas
etárias, decidiu-se realizar a correção por faixas etárias.
Para correção da variabilidade intrapessoal foi verificado se os nutrientes
avaliados seguiam a distribuição normal. Para tal, aplicou-se o teste Kolmogorov
Smirnov com os dados de cada dia de inquérito, sendo a hipóteses nula (distribuição
normal) aceita quando p>0,05. Os nutrientes que não seguiram a distribuição
normal, foram convertidos em seu log natural (base 10). Após a transformação em
log natural, novo teste Kolmogorov Smirnov foi realizado para verificar se a variável
passou a seguir a distribuição normal.
A segunda etapa da correção, realizada com os indivíduos que tinham dois
REC24h, foi determinar a variância intrapessoal, interpessoal e o fator de ajuste, que
ocorreu com a utilização das equações apresentadas na figura 18. Para tal, foi
necessário encontrar os valores das dias quadráticas intrapessoal e interpessoal,
obtidos pela análise de variância com os dados de cada dia de inquérito. O fator de
ajuste é definido como a razão entre o desvio-padrão interpessoal e o desvio-padrão
observado. Este fator foi encontrado através da equação expressa na figura 18.
Deste ponto em diante, trabalhou-se com o banco composto pelos dados de
ingestão dos indivíduos que tinham um REC24h e média de ingestão dos indivíduos
que tinham dois REC24h
O ajuste dos nutrientes foi realizado utilizando-se a equação para nutriente
ajustado (Figura 18). Após o ajuste, os nutrientes que tinham sido transformados em
seu log natural foram reconvertidos aos seus valores brutos.
No intuito de facilitar o entendimento do método estatistico utilizado para
correção da variabilidade intrapessoal, é apresentado o fluxograma na figura 19.
MQw
média quadrática intrapessoal / MQb
k
número de repetições de REC24 /
pop
média de ingestão da popul
Figura 18:
Equações utilizadas para encontrar a
(S
2
b), fator de ajuste (λ) e nutriente ajustado (NUT_AJUST)
Figura 19:
Fluxograma do método estat
Cálculo da variância intrapessoal (S
Cálculo da variância interpessoal (S
Cálculo do fator de ajuste (
Cálculo do nutriente ajustado (NUT_AJUST)
média quadrática intrapessoal / MQb
média quadrática interpessoal
número de repetições de REC24 /
média de ingestão da popul
ação / ing ingestão do indivíduo
Equações utilizadas para encontrar a
variância intrapessoal (S
2
w),
) e nutriente ajustado (NUT_AJUST)
(SLATER et al.,
200
Fluxograma do método estat
í
stico utilizado na correção da variabilidade intrapessoal.
Cálculo da variância intrapessoal (S
2
w)
S
2
w = MQw
Cálculo da variância interpessoal (S
2
b)
S
2
b = (MQb – S
2
w)
K
Cálculo do fator de ajuste (
λ)
λ = ___________1_____________
1 + __S
2
w__
1/2
K * S
2
b
Cálculo do nutriente ajustado (NUT_AJUST)
NUT_AJUST = pop + (ing – pop) * λ
Materiais e Métodos
59
média quadrática interpessoal
w),
variância interpessoal
200
4).
stico utilizado na correção da variabilidade intrapessoal.
Materiais e Métodos
60
Finalmente, com os valores de ingestão alimentar ajustados, calculou-se a
freqüência de inadequação através da distribuição do escore Z. Para o cálculo deste
utilizou-se EAR, média de consumo da população e DP dos nutrientes ajustados. Foi
observada a proporção de indivíduos correspondente ao valor de z na tabela da
curva z. Os valores utilizados de EAR para cada nutriente estão descritos na tabela
4 (IOM, 1999; IOM, 2002a; IOM, 2002 b; IOM, 2002c).
Para o mineral Cálcio não existe EAR definida, portanto não foi possível
estimar a prevalência de inadequação deste micronutriente. Desta forma, os valores
de ingetão encontrados foram expressos em média e DP, sendo a média comparada
com a AI.
Tabela 4: Recomendação nutricional dos nutrientes analisados (IOM, 1999; IOM, 2002a; IOM, 2002b;
IOM, 2002c).
Nutriente
DRI
utilizada
Faixas etárias (anos)
1 3 3 8 8 13 13 15
M F M F M F M F
Proteínas (g/kg de peso) EAR 0,87 0,87 0,76 0,76 0,76 0,76 0,73 0,71
Vitamina A (µg RAE) EAR 210,0 210,0 275,0 275,0 445,0 420,0 630,0 485,0
Vitamina C (mg) EAR 13,0 13,0 22,0 22,0 39,0 39,0 63,0 56,0
Vitamina E (mg) EAR 5,0 5,0 6,0 6,0 9,0 9,0 12,0 12,0
Zinco (mg) EAR 2,5 2,5 4,0 4,0 7,0 7,0 8,5 7,3
Ferro (mg) EAR 3,0 3,0 4,1 4,1 5,9 5,7 7,7 7,9
Cálcio (mg) AI 500,0 500,0 800,0 800,0 1300,0 1300,0 1300,0 1300,0
Quanto a avaliação do consumo energético, foi utilizado o peso corporal como
marcador biológico de equilíbrio ou desequilíbrio entre ingestão e gasto de energia,
sendo a proporção de indivíduos com ingestão adequada ou inadequada avaliada
em relação a distribuição dos indivíduos segundo IMC (IOM, 2002a). Desta forma,
os indivíduos com IMC abaixo de -2DP foram considerados com ingestão
insuficiente, IMC entre -2DP e 2DP com ingestão adequada e IMC acima 2DP com
ingestão excessiva.
A distribuição de macronutrientes foi avaliada através da Faixa de Distribuição
Aceitável de Macronutrientes (Acceptable Macronutrient Distribution Range, AMDR)
por faixa etária, ilustrada na tabela 5 (IOM, 2002a).
Materiais e Métodos
61
Tabela 5: Faixa de distribuição aceitável de macronutrientes (AMDR) de acordo com faixas etárias e
macronutrientes (IOM, 2002a).
Faixa Etária
(meses)
AMDR (% do VCT)
Lipídios Proteínas Carboidratos
13 a 36 30 a 40 5 a 20 45 a 65
37 a 107 25 a 35 10 a 30 45 a 65
108 a 191 25 a 35 10 a 30 45 a 65
4.6 Análise dos dados
A análise dos dados foi dividida em dois blocos: caracterização da amostra e
associação das variáveis. Os dados do primeiro bloco foram analisados com auxílio
do programa “Statistical Package for Social Science” (SPSS) versão 11.5 e os dados
do segundo bloco, com auxílio do programa “STATA Statistical Software” versão 10.
A caracterização da amostra foi feita utilizando distribuição de freqüências e
médias por grupos etários. Utilizou-se o teste χ
2
(Qui quadrado) de Pearson, para
comparação das freqüências. Com relação às variáveis contínuas, inicialmente
aplicou-se o teste Kolmogorov-Smirnov para verificar a distribuição gaussiana. A
comparação das médias entre os grupos etários foi realizada utilizando-se análise
de variância (ANOVA) seguida do teste de Tukey, para comparar variáveis com
distribuição simétrica e o teste Kruskal-Wallis, para variáveis com distribuição
assimétrica.
A associação entre as variáveis foi realizada através da análise logística
bivariada e multivariada. Inicialmente realizou-se a análise bivariada, sendo a força
da associação medida através do cálculo da “Odds ratio” ou Razão de chances
(OR), com intervalo de confiança de 95%. Para a construção dos modelos
multivariados, as variáveis com mais de duas categorias foram transformadas em
variáveis dummy (categórica 0 - 1). A construção dos modelos completos incluiu
todas as variáveis que apresentaram p0,20 e variáveis de relevância
epidemiológica ou descritas na literatura como associadas aos agravos estudados,
mesmo com p>0,20. Para obtenção do modelo final foram descartadas as variáveis
que apresentaram p>0,10 no modelo completo.
Para todas as análises estatísticas adotou-se um nível de significância
estatística de 5%, ou seja, p
0,05.
Materiais e Métodos
62
4.7 Aspectos éticos
O presente trabalho é um sub-projeto da pesquisa “An integral, multi-disease
community-based approach in the control of soil-transmitted helminths in Brazil” que
atendeu as Normas Regulamentares de Pesquisa envolvendo Seres Humanos
Resolução 196/96, do Conselho Nacional de Saúde (BRASIL, 1996) e foi aprovado
pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Alagoas, em 8 de
julho de 2004, com Registro no CEP número 006491/2004-85 (Anexo 1, p.133).
Os responsáveis pelas crianças e adolescentes foram informados e
esclarecidos sobre o propósito do estudo, sendo o consentimento obtido através da
assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Apêndice 4, p.130).
Todos os indivíduos que participaram do inquérito coproparasitológico
receberam os resultados dos exames e o tratamento em sua residência. Todos os
medicamentos foram administrados por via oral, com a devida prescrição e
orientação médica. Apenas os indivíduos parasitados por S. mansoni e H. nana,
foram encaminhados a Unidade de Saúde para o tratamento.
Os indivíduos parasitados por A. lumbricoides, T. trichiura, Ancylostomatidae
e E. vermicularis, foram tratados com Albendazol na dose única de 400mg. Para as
crianças menores de sete anos foi administrado o medicamento em suspensão, e os
demais receberam o medicamento na forma de comprimido.
Para o tratamento dos parasitados por protozoários intestinais, G. lamblia e E.
coli e E. histolytica/E. dispar foi utilizado o medicamento Secnidazol. Para as
crianças com massa corporal até 35kg, foi administrado a dose única de 1mL/kg de
peso (solução após reconstituição); os indivíduos com massa corporal acima de
35kg, receberam a dose única de 2.000mg em comprimido.
Os portadores de S. stercoralis foram tratados com Albendazol 400mg por
três dias consecutivos. Para as crianças menores de sete anos foi administrado o
medicamento em suspensão, e para os maiores de sete anos foi administrado o
medicamento em comprimido.
O Praziquantel, medicamento utilizado no tratamento dos indivíduos
parasitados por H. nana e S. mansoni, foi utilizado em dose única de 25 mg/kg e 60
mg/kg, respectivamente.
Os indivíduos anêmicos foram tratados com sulfato ferroso sob supervisão
médica, seguindo as recomendações da OMS.
5. Resultados e Discussão
Resultados e Discussão
64
5.1 Caracterização da amostra
Foram estudadas 367 crianças e adolescentes (idade média de 7,7 ± 4,2
anos), dos quais 186 (50,7%) eram do sexo masculino e 181 (49,3%) do sexo
feminino. A distribuição da população por idade foi relativamente uniforme
nas
diferentes faixas etárias. A distribuição da amostra por sexo e faixa etária é
apresentada na tabela 6.
Tabela 6: Distribuição, por sexo e faixa etária, dos indivíduos menores de 16 anos residentes
em uma área de invasão em Maceió, Alagoas, 2005.
Faixa etária
(anos)
Sexo
Masculino Feminino Total
n % n % n %
0 5 65 48,9 68 51,1 133 36,2
5 10 74 54,8 61 45,2 135 36,8
10 15 47 47,5 52 52,5 99 27,0
Total 186 50,7 181 49,3 367 100,0
A figura 20 apresenta o número de indivíduos participantes de cada
avaliação. A variação do número de indivíduos amostrados por avaliação deve-
se a perda de seguimento, já prevista no cálculo do tamanho da amostra.
População Estudada
(n = 367)
Avaliação Nutricional
(n = 283)
Inquérito Sócio-econômico
(n = 300)
Antropométrica
(n = 283)
Bioquímica
(n = 239)
Moradia
(n = 300)
Sócio-econômica
(n = 300)
Dietética
(n = 272)
Atitudes
(n = 300)
Avaliação Parasitológica
(n = 300)
HPJ
(n=300)
Kato-Katz
(n = 272)
Figura 20: Número de participantes do estudo por avaliação.
Resultados e Discussão
65
5.1.1 Condições socioeconômicas
A população participante desta avaliação foi constituída de 300
indivíduos, sendo 146 (48,7%) do sexo masculino e 154 (51,3%) do sexo
feminino, com idade média de 7,9 ± 4,1 anos.
A tabela 7 apresenta as características das condições de moradia da
população estudada. Não houve diferença estatisticamente significativa entre
as faixas etárias com relação às variáveis estudadas (p>0,05).
O número de residentes por domicílio variou de 2 a 12 indivíduos, com
média de 5,9 ± 2,3 pessoas. Desta forma, categorizou-se esta variável em dois
grupos: domicílios com 6 ou mais moradores e domicílios com menos de 6
moradores. Por conseguinte, a maioria dos avaliados (52,3%) pertenciam ao
segundo grupo (Tabela 7).
Com relação ao tipo de sanitário dos domicílios, a maioria (58,0%) dos
indivíduos possuía banheiro interno com água e 37 (12,3%) possuíam banheiro
externo com água. Entretanto, 43 (14,3%) moravam em residências que não
possuíam banheiro (Tabela 7).
Foram encontrados 176 (58,7%) indivíduos que residiam em domicílios
com água encanada e 96 (32%) das residências tinham acesso à água através
de poços artesianos (Tabela 7).
A maioria dos avaliados (82%) residiam em habitações com escoamento
de dejeto sanitário conduzido para o canal e a minoria (3,7%) habitava casas
com fossa coberta (Tabela 7). Situação semelhante foi encontrada para o
destino dado ao dejeto doméstico, pois 273 (91%) indivíduos moravam em
domicílios com dejeto doméstico encaminhado para o canal. Esse canal
pertence ao Riacho do Reginaldo, que tem sua foz na praia da Avenida
(Centro), tendo os resíduos lançados sem tratamento adequado.
Quanto ao destino do lixo, 244 (81,2%) crianças e adolescentes residiam
em habitações com coleta diária de lixo e 17 (5,7%) em residências que
jogavam o lixo no canal (Tabela 7).
A população não possui saneamento básico, que é o conjunto de
serviços de abastecimento de água potável, esgotamento sanitário, limpeza
urbana, manejo de resíduos sólidos e drenagem de águas pluviais urbanas
(BRASIL, 2007). A área trabalhada dispõe apenas de coleta de lixo e água
encanada.
Resultados e Discussão
66
Tabela 7: Condições de moradia dos indivíduos menores de 16 anos, residentes em uma área
de invasão em Maceió, Alagoas, 2005.
Condições de moradia Número de indivíduos (%)
NÚMERO DE RESIDENTES / DOMICÍLIO
2 a 5 157 (52,3)
6 a 12 143 (47,7)
TIPOS DE SANITÁRIOS
Ausente 43 (14,4)
Interno com água 174 (58,0)
Interno sem água 22 (7,3)
Externo com água 37 (12,3)
Externo sem água 24 (8,0)
CANALIZAÇÃO DA ÁGUA
Encanada 176 (58,7)
Vizinhança 14 (4,7)
Cacimba 13 (4,3)
Poço 96 (32,0)
Outros 1 (0,3)
ESCOAMENTO DEJETOS SANITÁRIO
Canal 246 (82,0)
Fossa coberta 11 (3,7)
Outros 43 (14,3)
ESCOAMENTO DEJETOS DOMÉSTICO
Rua 7 (2,3)
Canal 273 (91,0)
Fossa coberta 1 (0,3)
Outros 19 (6,4)
DESTINO DO LIXO
Coleta diária 244 (81,2)
Coleta semanal 20 (6,7)
Queimado 2 (0,7)
Jogado no canal 17 (5,7)
Outros 17 (5,7)
As características econômicas dos indivíduos estudados são
apresentadas na tabela 8. Não houve diferença estatisticamente significativa
entre as faixas etárias com relação às variáveis estudadas (p>0,05).
A classe econômica mais freqüente foi a classe D (47,0%), seguida da
classe E (45,3%) (Tabela 8). Mais de 90% da população estudada encontrava-
se nas classes econômicas mais baixas, evidenciando baixo nível
socioeconômico da população estudada, uma vez que esta classificação leva
em conta a posse de bens e o grau de instrução do chefe. Confirmando este
dado, 97 (32,3%) dos indivíduos pertenciam as famílias com renda familiar
mensal inferior a um salário mínimo (SM) e 91 (30,3%) renda de um SM
Resultados e Discussão
67
(Tabela 8), isto é, mais da metade das indivíduos pertenciam as famílias com
renda igual ou inferior a um SM.
Tabela 8: Características econômicas dos indivíduos menores de 16 anos, residentes em uma
área de invasão em Maceió, Alagoas, 2005.
Características econômicas Número de indivíduos
(%)
CLASSE ECONÔMICA*
C1 2 (0,7)
C2 21 (7,0)
D 141 (47,0)
E 136 (45,3)
RENDA FAMILIAR (salário mínimo**)
Não sabe 44 (14,7)
<1
97 (32,3)
1
91 (30,3)
1-2
50 (16,7)
2-3
16 (5,3)
4-5
2 (0,7)
*Segundo Critério Padrão de Classificação Econômica Brasil/2008 (ABEP, 2007).
**Valor do salário mínimo em 2005 = R$ 300,00.
A tabela 9 apresenta os comportamentos da população em relação à
educação sanitária. Do total de indivíduos avaliados 177 (59,0%) não
utilizavam calçados e 88 (29,3%) referem contato com a água do riacho,
demonstrando a falta de educação sanitária da população infanto-juvenil. A
faixa etária de 11 a 15 anos foi a que apresentou maior freqüência em relação
ao contato com a água do riacho, sendo a diferença estatisticamente
significativa (p<0,05). Isto se deve, em parte, ao tipo de atividade lúdica
realizada por este grupo, comumente associada a jogos com bolas que
freqüentemente caem no canal.
Tabela 9: Comportamentos relacionados à educação sanitária dos indivíduos menores de 16
anos distribuídos por faixa etária, residentes em uma área de invasão em Maceió, Alagoas,
2005.
Comportamentos
Faixa etária
Total
(n=300)
0 5
(n=104)
5 10
(n=111)
10 15
(n=85)
n % n % n % n %
USO DE CALÇADO
Sim
44
42,3
44
39,6
35
41,2
123
41,0
Não 60
57,7
67
60,4
50
58,8
177
59,0
CONTATO COM ÁGUA*
Sim 14
13,5
37
33,3
37
43,5
88
29,3
Não 90
86,5
74
66,7
48
56,5
212
70,7
*p<0,05
Resultados e Discussão
68
A situação sócio-econômica encontrada assemelha-se aquela de
moradores de áreas de assentamento subnormal no Brasil, definidas por
Marques e cols. (2007). Estes autores relataram que as famílias destas áreas,
em geral, têm renda insuficiente para subsistência e conseqüentemente estão
expostas a condições precárias de alimentação, habitação, saneamento
ambiental e de higiene (MARQUES et al., 2007). Segundo estes mesmos
autores, os assentamentos em Maceió estão entre os que apresentam os
piores indicadores em termos de renda, escolaridade, precariedade
habitacional e de condições de saneamento no país. Chama atenção o fato de
Maceió ser citada como a capital com a mais grave situação do esgotamento
sanitário, onde 80% dos domicílios em áreas precárias não contam com este
tipo de serviço.
5.1.2 Infecções parasitárias
Para o diagnóstico parasitológico utilizou-se uma associação de dois
métodos coproparasitológicos, sedimentação espontânea e Kato-Katz, a fim de
aumentar a sensibilidade do exame, segundo recomendação de Teles e cols.
(2003). Diferentes estudos mostraram que a associação de pelo menos duas
técnicas com fundamentos diferentes proporciona a obtenção de um
diagnóstico parasitológico mais fiel e preciso (MESQUITA et al., 1999;
SANTOS et al., 2005). foi demonstrado inclusive, que o método Kato-Katz
apresenta sensibilidade (positividade) nitidamente superior ao método da
sedimentação espontânea, particularmente nos casos de infecções por S.
mansoni (COURA & CONCEIÇÃO, 1974; CHAVES et al., 1979; SANTOS et al.,
2005). No entanto, com relação aos outros helmintos é, em geral, equivalente
ao método de HPJ (SANTOS et al., 2005).
Dos 300 indivíduos que realizaram o exame parasitológico de fezes, 96
(32,0%) não apresentaram nenhum tipo de infecção parasitária, na amostra de
fezes analisada; enquanto 204 (68,0%) estavam parasitados por pelo menos
uma espécie de enteroparasito (Tabela 10). Resultados semelhantes foram
encontrados em estudos desenvolvidos por Gomes e cols. (2002) e Buschini e
cols. (2007) em indivíduos da mesma faixa etária. O primeiro encontrou 63,2%
Resultados e Discussão
69
de parasitoses em moradores de rua da cidade do Rio de Janeiro; o segundo
encontrou 75,3%, em escolares provenientes de Guarapuava, Paraná.
Rice e cols. (2003) estudando crianças africanas imigrantes na Austrália,
com idade entre 0 e 17 anos, encontraram prevalência de 50% de parasitoses
intestinais. Estudo desenvolvido por Scolari e cols. (2000) com escolares de 5 a
15 anos, diagnosticaram infecções parasitárias em 22% dos indivíduos de uma
área urbana e 93%, de uma reserva indígena, do Estado do Paraná. Fontes e
cols. (2003) encontraram 92% dos escolares de 5 a 18 anos, do município
Barra de Santo Antônio em Alagoas, infectados por pelo menos uma espécie
de parasito.
A tabela 10 apresenta os resultados obtidos na avaliação parasitológica
de fezes de acordo com as faixas etárias. A distribuição de infectados por faixa
etária foi estatisticamente semelhante entre as faixas etárias (p>0,05).
Tabela 10: Distribuição dos resultados dos exames parasitológicos de fezes de acordo com a
faixa etária, em indivíduos menores de 16 anos, residentes numa área de invasão em Maceió,
Alagoas, 2005.
Resultados dos exames
parasitológicos de fezes
Faixa etária
Total
0 5 5 10 10 15
n % n % n % n %
POSITIVO 65 63,7 75 65,8 64 76,2 204 68,0
NEGATIVO 37 36,3 39 34,2 20 23,8 96 32,0
Total 102 100,0 114 100,0 84 100,0 300 100,0
Foram detectadas onze espécies de parasitos, sendo registrado o
poliparasitismo em 130 (63,7%) dos infectados. O número de espécies por
indivíduo infectado variou de uma a seis, com média de 2,1 ± 1,1
parasitos/infectado. Este resultado foi superior aos encontrados por Gomes e
cols. (2002) e Buschini e cols. (2007), que identificaram, respectivamente,
38,9% e 26,7% de poliparasitismo em indivíduos com idade entre 0 e 15 anos.
Estudo realizado em creches comunitárias de Niterói, RJ, com crianças de 1 a
11 anos, encontrou 57,5%, 29,2% e 13,3% de mono, bi e poliparasitismo,
respectivamente (UCHÔA et al., 2001). Freqüência maior de monoparasitismo
(64,5%) foi encontrada em crianças de 0 a 7 anos de Uberlândia, MG
(MACHADO & COSTA-CRUZ, 1998). Estas diferenças podem ser explicadas
Resultados e Discussão
70
por fatores como condições ambientais, sanitárias, sociais e econômicas da
população estudada.
As altas taxas de infecções mistas encontradas no presente trabalho
estão provavelmente relacionadas com a falta de saneamento básico, precárias
condições de higiene sanitária e baixo nível socioeconômico da população.
A freqüência de número de parasitos por faixas etárias é apresentada na
figura 21. A proporção de mono e poliparasitismo foi semelhante entre os
diferentes grupos etários (p>0,05).
Figura 21: Freqüência de monoparasitismo e poliparasitismo de acordo com a faixa etária, em
indivíduos infectados, menores de 16 anos, residentes numa área de invasão em Maceió,
Alagoas, 2005.
Na figura 22 estão relacionadas as freqüências de cada uma das
espécies encontradas. O somatório das freqüências excede 100% devido aos
casos de poliparasitismo. Independente da faixa etária, os helmintos foram
mais freqüentes que os protozoários, entre eles destacam-se o T. trichiura
(51,5%) e o A. lumbricoides (46,6%). Estes também foram os parasitos mais
freqüentemente encontrados por investigadores da Bahia, em crianças com
idade entre 7 e 14 anos, e de Alagoas, em escolares de 5 a 18 anos. (PRADO
et al., 2001; FONTES et al., 2003). No entanto, Costa-Macedo e cols. (1998) e
Buschini e cols. (2007), estudando crianças do Rio de Janeiro e do Paraná,
respectivamente, encontraram maior freqüência de infecções por protozoários
que por helmintos, e entre estes últimos o A. lumbricoides foi o mais
comumente encontrado.
44,6
33,3
31,3
55,4
66,7
68,7
0
10
20
30
40
50
60
70
80
0 a 5 6 a 10 11 a 15
Freqúência (%)
Faixa etária (anos)
Monoparasitismo
Poliparasitismo
Resultados e Discussão
71
No presente estudo, E. coli foi o protozoário mais freqüente (31,4%).
Apesar de desprovido de patogenicidade, este parasito é considerado um
excelente indicador da qualidade da água utilizada para consumo (FUSCONI &
GODINHO, 1999). O protozoário patógeno mais encontrado foi G. lamblia
(10,7%), dado este semelhante a estudos realizados em outras localidades
(MACHADO & COSTA-CRUZ, 1998; GIRALDI et al., 2001).
Figura 22: Distribuição da freqüência dos parasitos segundo espécie, em indivíduos
infectados, menores de 16 anos, residentes numa área de invasão em Maceió, Alagoas, 2005.
De acordo com a análise da ocorrência das espécies de parasitos por
faixa etária, apresentada na tabela 11, observou-se diferença estatisticamente
significativa entre os grupos etários para S. mansoni, T. trichiura,
Ancylostomídeos, E. vermicularis e G. lamblia (p<0,05).
A faixa etária de 0 a 5 e 6 a 10 anos apresentou, respectivamente,
freqüência maior para G. lamblia e E. vermicularis. A transmissão destes
patógenos é oro-fecal, desta forma os precários hábitos de higiene destas
faixas etárias, como a falta de higienização das mãos, podem explicar este
resultado. A freqüência de giardíase diminuiu com o aumento da idade.
Estudo realizado em Uberlândia (MG) verificou que indivíduos com idade
até 7 anos apresentavam maiores prevalências para protozoários intestinais,
enquanto aqueles com idade 14 anos foram mais parasitados por helmintos
(FERREIRA & MARÇAL-JÚNIOR, 1997).
14,7
15,7
31,4
4,9
5,4
5,9
12,7
22,1
46,6
51,5
0 10 20 30 40 50 60
E. hystolitica/E. dispar
Giardia lamblia
Entamoeba coli
Enterobius vermicularis
Hymenolepis nana
Schistosoma mansoni
Strongyloides stercoralis
Ancylostomatidae
Ascaris lumbricoides
Trichuris trichiura
Freqüência (%)
Espécies de Parasitos
Resultados e Discussão
72
Os indivíduos de 11 a 15 anos tinham as maiores taxas de infecção para
Ancilostomídeos, S. mansoni e T. trichiura, demonstrando relação direta destas
infecções com idade. A freqüência elevada de ancilostomose nesta faixa etária
pode ser explicada pelo fato destes indivíduos deslocarem-se pela região de
moradia, muitas vezes descalças, aumentando o risco de se infectarem pelo
contato com o solo contaminado pelas larvas infectantes; além disso, o solo
funciona como referencial lúdico para os adolescentes. A freqüência de
esquistossomose pode ser explicada pelo fato destes indivíduos possuírem
maior freqüência de contato com água do canal (p<0,05) aumentando a
possibilidade de transmissão da mesma, uma vez as larvas infectantes do S.
mansoni têm habitat na água.
Tabela 11: Freqüência dos parasitos segundo espécie e faixa etária, em indivíduos infectados,
menores de 16 anos, residentes numa área de invasão em Maceió, Alagoas, 2005.
Espécies de Parasitos*
Faixa etária
Total
(n=204)
0 5
(n=75)
5 10
(n=65)
10 15
(n=64)
HELMINTOS n % n % n % n %
T. trichiura**
26
40,0
41
54,7
38
59,4
105
51,5
A. lumbricoides
28
43,1
38
50,7
29
45,3
95
46,6
Ancylostomatidae**
7
10,8
14
18,7
24
37,5
45
22,1
S. stercoralis
11
16,9
7
9,3
8
12,5
26
12,7
S. mansoni**
1
1,5
4
5,3
7
10,9
12
5,9
H. nana
3
4,6
6
8,0
2
3,1
11
5,4
E. vermicularis**
1
1,5
8
10,7
1
1,6
10
4,9
PROTOZOÁRIOS n % n % n % n %
E. coli
14
21,5
30
40,0
20
31,3
64
31,4
G. lamblia**
18
27,7
10
13,3
4
6,3
32
15,7
E. hystolitica/E. dispar
6
9,2
16
21,3
8
12,5
30
14,7
*Inclui casos de poliparasitismo
**p < 0,05
Os resultados referentes à intensidade da infecção são apresentados na
figura 23. Não foi possível classificar a intensidade da infecção em todos os
indivíduos parasitados por A. lumbricoides, T. trichiura, S. mansoni e
Ancylostomatidae, pois algumas amostras coletadas encontravam-se
diarréicas, inviabilizando a realização da técnica quantitativa. Sendo assim, a
intensidade da infecção foi verificada em 272 indivíduos.
Resultados e Discussão
73
A morbidade das enteroparasitoses, de um modo geral, é reflexo da
intensidade da infecção. Quanto maior a média da carga parasitária de uma
dada população maior a proporção de indivíduos que sofrem conseqüências
mais graves da infecção (MONTRESOR et al., 2002). A intensidade de
infecção dos parasitados influencia também o nível de contaminação ambiental
em áreas que não possuem condições de saneamento adequadas, e
conseqüentemente aumenta o risco de transmissão da infecção.
Entre os indivíduos parasitados, as infecções com intensidade leve
representaram a maioria dos casos para T. trichiura (78,4%), S. mansoni
(72,7%) e Ancylostomatidae (97,4%). Entretanto, 9,1% e 2,6% dos indivíduos
infectados apresentaram, respectivamente, esquistossomose e ancilostomose
com intensidade elevada. Ressalta-se que quanto maior for a carga parasitária,
maior será a chance de desenvolver formas graves da esquistossomose.
Em 34 (39,1%) dos indivíduos, as infecções por A. lumbricoides foram
classificadas como leve; em 40 (46,0%), moderada; e em 13 (14,9%), alta.
Scolari e cols. (2000) encontraram resultados diferentes entre escolares da
área urbana do Paraná, pois a maioria das infecções por A. lumbricoides foram
classificadas como leve.
Com relação aos portadores de ancilostomose, nenhum indivíduo
apresentou infecção moderada. Scolari e cols. (2000) encontraram resultados
semelhantes entre escolares de área urbana do Paraná. Navone e cols.
(2006) encontraram 17% dos indígenas Mbyá-Guaraní da Argentina com
ancilostomose severa e 8,7% com infecção moderada. Segundo a UNICEF
(2005b), as crianças desta região da Argentina, vivem em ambientes sem água
potável, redes de esgoto e coleta de lixo, portanto estão mais expostas as
doenças infecciosas e parasitárias.
Resultados e Discussão
74
Al: Ascaris lumbricoides, Tt: Trichuris trichiura, Sm: Schistosoma mansoni, An: Ancylostomatidae
Figura 23: Distribuição da intensidade das infecções para diferentes helmintos de acordo com
parâmetro da OMS (MONTRESSOR et al., 2002), em indivíduos infectados, menores de 16
anos, residentes numa área de invasão em Maceió, Alagoas, 2005.
A tabela 12 apresenta a classificação das infecções parasitárias nos
enteroparasitados, de acordo com as faixas etárias. Identificou-se diferença
estatisticamente significativa entre as faixas etárias apenas para infecção por
A. lumbricoides; sendo, respectivamente, as infecções leve, moderada e alta,
mais freqüente entre os indivíduos com idade entre 11 e 15 anos, 6 e 10 e 0 e
5 anos (p<0,05). Para os demais helmintos, as intensidades das infecções
foram igualmente distribuídas entre as faixas etárias (p>0,05).
A média de ovos por grama de fezes (opg) dos indivíduos infectados que
realizaram o exame de Kato-Katz é apresentada na tabela 13. Observa-se, que
apenas para A. lumbricoides, a média encontrou-se no intervalo de opg para
classificação de infecção moderada; para os demais parasitos, a média de opg
encontrava-se no intervalo para classificação de infecção leve.
Resultado semelhante foi encontrado por Machado e cols. (1996) em
indivíduos, menores de 15 anos, antes do tratamento anti-helmintíco em estudo
realizado em Minas Gerais.
Com relação à média de opg de S. mansoni, a média encontrada neste
estudo (98,2 opg) foi superior a encontrada em estudo realizado no município
de Bananal, SP no ano de 2000 (78,9opg) (TELES et al., 2003).
39,1
72,7
78,4
97,4
46,0
18,2
21,6
14,9
9,1
2,6
0%
10%
20%
30%
40%
50%
60%
70%
80%
90%
100%
Al
Sm
Tt
An
Freqüência
Espécies de helmintos
Alta
Moderada
Leve
Intensidade das infecções
Resultados e Discussão
75
Vale ressaltar que a tamisação das fezes pode representar uma causa
de erro nas contagens de ovos dos parasitos, uma vez que os mesmos não
estão uniformemente distribuídos na amostra fecal (TELES et al., 2003).
Tabela 12: Freqüência da intensidade das infecções para diferentes helmintos de acordo com
parâmetro da OMS (MONTRESSOR et al., 2002), por faixa etária, em indivíduos infectados
menores de 16 anos, residentes numa área de invasão em Maceió, Alagoas, 2005.
Espécies de Parasitos
Faixa etária
Total
0 5 5 10 10 15
Ascaris lumbricoides*
(n=26) (n=34) (n=27) (n=87)
n % n % n % n %
Intensidade
Leve 9 34,6 11 32,4 14 51,9 34 39,1
Moderada 8 30,8 19 55,9 13 48,1 40 46,0
Alta 9 34,6 4 11,8 0 0,0 13 14,9
Schistosoma mansoni
(n=1) (n=4) (n=6) (n=11)
n % n % n % n %
Intensidade
Leve 1 100,0 3 75,0 4 66,7 8 72,7
Moderada 0 0,0 1 25,0 1 16,7 2 18,2
Alta 0 0,0 0 0,0 1 16,7 1 9,1
Trichuris trichiura
(n=26) (n=40) (n=36) (n=102)
n % n % n % n %
Intensidade
Leve 20 76,9 30 75,0 30 83,3 80 78,4
Moderada 6 23,1 10 25,0 6 16,7 22 21,6
Ancylostomatidae
(n=5) (n=12) (n=21) (n=38)
n % n % n % n %
Intensidade
Leve 5 100,0 11 91,7 21 100,0 37 97,4
Alta 0 0,0 1 8,3 0 0,0 1 2,6
*p<0,05
Tabela 13: Contagem média de ovos de parasitos por grama de fezes (opg) em indivíduos
infectados, menores de 16 anos, residentes numa área de invasão em Maceió e classificação
da intensidade das infecções segundo parâmetro da OMS (MONTRESSOR et al., 2002).
Espécies de
Parasitos
INTENSIDADE DA INFECÇÃO
Média ± DP (opg) Leve (opg) Moderada (opg) Alta (opg)
A. lumbricoides
28.130,6 ± 51.237,6 1-4.999 5.000-49.999 >50.000
T. trichiura
855,6 ± 1.415,3 1-999 1.000-9.999 >10.000
Ancylostomatidae 641,4 ± 1.497,2 1-1.999 2.000-3.999 >4.000
S. mansoni
98,2 ± 156,4 1-99 100-399 >400
Resultados e Discussão
76
A tabela 14 apresenta a média de opg dos indivíduos infectados que
realizaram o exame de Kato-Katz distribuída por faixa etária. Apenas os
indivíduos com idade de 0 a 5 anos apresentaram média de opg de A.
lumbricoides maior que o intervalo de classificação para infecção moderada.
Tabela 14: Contagem média de ovos de parasitos por grama de fezes (opg), por faixa etária,
em indivíduos infectados, menores de 16 anos, residentes numa área de invasão em Maceió e
classificação de infecção moderada segundo parâmetro da OMS (MONTRESSOR et al., 2002).
Espécies de
Parasitos
Infecção
Moderada
(opg)
Faixa etária
0 5 5 10 10 15
Média ± DP (opg) Média ± DP (opg) Média ± DP (opg)
A. lumbricoides 5.000-49.999 54.278,3 ± 82.153,8
21.906,8 ± 28.291,8
10.788,7±11.462,5
S. mansoni 100-399 ----- 48,0 ± 48,0 144,0 ± 204,8
T. trichiura 1.000-9.999 981,1 ± 1.573,3 971,3 ± 1.671,5 636,3 ± 966,3
Ancylostomatidae 2.000-3.999 225,6 ± 270,4 1.152,0 ± 2.581,3 448,6 ± 478,7
A variável ovos por grama de fezes dos quatro helmintos não apresentou
distribuição normal na população estudada (p<0,05), além disso os valores de
opg encontrados apresentavam grande discrepância confirmada pelos
elevados desvios-padrão das médias aritiméticas. Portanto, utilizou-se a
transformação logarítmica para satisfazer a premissa de normalidade, tendo as
variáveis passado a seguir a distribuição gaussiana (p>0,05).
As médias geométrica de opg são apresentadas na tabela 15, não houve
diferença estatisticamente significativa entre os grupos etários para todos os
helmintos avaliados (p>0,05). Prado e cols. (2001), estudando escolares de 7 a
14 anos residentes em Salvador-BA, encontraram médias geométricas mais
elevadas para todos os helmintos quantificados pelo Kato-Katz.
Tabela 15: Média geométrica de ovos de parasitos por grama de fezes (opg), por faixa etária,
em menores de 16 anos, residentes numa área de invasão em Maceió, Alagoas, 2005.
Espécies de Parasitos
Faixa etária
TOTAL
0 5 5 10 10 15
Média (log opg) Média (log opg) Média (log opg) Média (log opg)
A. lumbricoides 10,016 9,333 9,086 9,472
S. mansoni ---- 3,983 4,074 4,028
T. trichiura 6,064 5,885 5,688 5,861
Ancylostomatidae 5,338 5,825 5,710 5,703
Resultados e Discussão
77
5.1.3 Avaliação antropométrica
Na avaliação antropométrica de crianças e adolescentes foram utilizadas
as curvas de crescimento da OMS, construídas a partir de uma amostra
internacional e multi-étnica, formada por crianças em aleitamento materno até
os quatro meses (WHO, 2006b). Este referencial substituiu o NCHS/1977, que
utilizou uma amostra restrita em termos de origem genética e crianças
predominantemente alimentadas com mamadeira (GARZA & ONIS, 2004), e o
NCHS/CDC/2000, que revisou o NCHS/1977 com inclusão de dados de
pesquisas nacionais e crianças alimentadas com leite materno (OGDEN et al.,
2002).
Estudo realizado com o intuito de comparar estes referenciais, concluiu
que as novas curvas da OMS são capazes de detectar crianças em risco de
comprometimento estatural e obesidade, antes que as curvas do NCHS
mostrem qualquer sinal de desvio nutricional, aumentando as chances de
recuperação do estado nutricional infantil (TORRES et al., 2007).
A discussão dos resultados encontrados no presente trabalho com a
literatura disponível foi limitada, devido a carência de estudos baseados nas
novas curvas de crescimento da OMS.
Dos 283
indivíduos avaliados, 35 (12,3%) e 82 (29,0%) apresentaram
respectivamente, déficit e risco de déficit estatural, ou seja, mais de 1/3 da
população em estudo encontrava-se com desnutrição crônica ou sob risco
nutricional (Figura 24).
Crianças com déficit de estatura apresentam um quociente respiratório
maior do que crianças que nunca foram desnutridas, isto significa que o
organismo delas tende a acumular gordura corporal. Portanto, a criança
crescerá menos, ganhará menos massa muscular e óssea, e utilizará a energia
ingerida para o acúmulo de gordura (SAWAYA, 1998).
Numa população sadia, freqüências menores que 2,3% de déficit
antropométrico são consideradas normais. Entretanto, se for constatado
proporção de crianças superior a 2,3% em algum indicador de déficit
antropométrico, tem-se um indicativo de que as condições de saúde e nutrição
são inadequadas (WHO, 1995). Portanto, a população estudada possui
precárias condições de saúde e nutrição.
Resultados e Discussão
78
Trabalhos realizados utilizando metodologia semelhante, encontraram
10,3% de ficit estatural em menores de 5 anos do Estado de Alagoas
(LUCIANO, 2008) e 4,0%, em adolescentes de uma escola municipal de Belo
Horizonte (MG) (MELGADO et al., 2008).
Em relação ao índice IMC/I, 10 (3,5%) apresentavam baixo peso e 15
(5,3%), obesidade (Figura 24). A probabilidade de uma criança obesa tornar-se
um adulto obeso é de 20% aos 4 anos de idade e 40%-80% na adolescência.
Além disso, é grande a possibilidade de doenças associadas à obesidade,
como hipertensão arterial, diabetes e dislipidemia, persistirem no adulto
(MONTE, 2008).
As freqüências de déficit estatural e sobrepeso, encontradas neste
estudo, foram equivalentes. Este resultado ratifica o processo de transição
nutricional pelo qual o Brasil vem passando, que é caracterizado por uma
redução marcante na freqüência de desnutrição e aumento da obesidade
(BATISTA-FILHO & RISSIN, 2003).
Apesar do declínio na freqüência de DEP, observa-se uma situação
oposta, a chamada “fome oculta”, definida como a carência subclínica de um
ou mais micronutrientes. É o estágio anterior ao aparecimento dos sinais
clínicos de carências detectáveis e não necessariamente associado à DEP
(RAMALHO, 2006).
Figura 24: Estado nutricional segundo os índices antropométricos, altura para idade (A/I) e
índice de massa corporal para idade (IMC/I), em indivíduos menores de 16 anos, residentes
numa área de invasão em Maceió, Alagoas, 2005.
12,3
29,0
58,7
3,5
16,6
61,2
13,4
5,3
0
10
20
30
40
50
60
70
Déficit Risco déficit Eutrofia Sobrepeso Obesidade
Freqüência (%)
Estado Nutricional
A/I
IMC/I
Índices antropométricos
Resultados e Discussão
79
O estado nutricional distribuído por faixa etária é apresentado na tabela
16. Observa-se distribuição estatisticamente semelhante entre as faixas etárias
para o índice antropométrico A/I (p>0,05) e diferente para IMC/I (p<0,05).
Segundo o IMC/I, a faixa etária 11 a 15 anos apresentou maiores
freqüências de baixo peso (5,9%) e risco de baixo peso (32,4%), e o grupo
etário 0 a 5 anos apresentou maior freqüência de sobrepeso (17,5%) e
obesidade (8,7%).
Tabela 16: Estado nutricional segundo os índices altura para idade (A/I) e índice de massa
corporal para idade (IMC/I), de acordo com as faixas etárias, em indivíduos menores de 16
anos, residentes numa área de invasão em Maceió, Alagoas, 2005.
Índice Antropométrico /
Estado Nutricional
Faixas etárias (anos)
TOTAL
(n=283)
0
5
(n=103)
5
10
(n=112)
10
15
(n=68)
Altura para idade n % n % n % n %
Déficit estatural
16 15,5 10 8,9 9 13,2 35 12,3
Risco de déficit estatural
33 32,0 28 25,0 21 30,9 82 29,0
Altura eutrófica
54 52,5 74 66,1 38 55,9 166 58,7
IMC para idade*
Baixo peso
3 2,9 3 2,7 4 5,9 10 3,5
Risco de baixo peso
8 7,8 17 15,2 22 32,4 47 16,6
Peso adequado
65 63,1 75 67,0 33 48,5 173 61,2
Sobrepeso
18 17,5 15 13,4 5 7,4 38 13,4
Obesidade
9 8,7 2 1,8 4 5,9 15 5,3
*p<0,05
A tabela 17 apresenta as médias de escores Z para os índices A/I e
IMC/I, observa-se que houve diferença estatisticamente significativa entre as
faixas etárias apenas para o IMC/I, sendo a média da faixa etária 0 a 5 anos
estatisticamente maior que as médias dos demais grupos etários (p<0,05).
Tabela 17: Média dos índices Altura para idade (A/I) e IMC para idade (IMC/I) em escore Z, de
acordo com as faixas etárias, em indivíduos menores de 16 anos, residentes numa área de
invasão em Maceió, Alagoas, 2005.
Índice
Antropométrico
Faixa etária (anos)
0 5 5 10 10 15
X (escore z) ± DP X (escore z) ± DP X (escore z) ± DP
Altura para idade
-0,84 ± 1,37
-0,47 ± 1,25 -0,74 ± 1,18
IMC para idade*
0,39 ± 1,21
-0,11 ± 1,00 -0,41 ± 1,24
*p<0,05
Resultados e Discussão
80
5.1.4 Exames bioquímicos
A avaliação das concentrações séricas de FER, FeS e Hb determinam o
estado orgânico de ferro. Na população estudada, 15,9%, 33,2% e 10%
apresentaram, respectivamente, dosagens abaixo da referência para FER, FeS
e Hb (Tabela 18). Somente 13 (34,2%) e 17 (21,5%) dos indivíduos com FER e
FeS diminuído tinham anemia, indicando que a medida isolada de Hb
subestima a magnitude da deficiência de ferro.
Santos e cols. (2007a), estudando escolares de 7 a 11 anos de favelas
de São Paulo, encontraram diferença estatisticamente significativa para níveis
diminuídos de ferro sérico entre crianças anêmicas e não anêmicas.
O resultado encontrado no presente estudo para FER foi inferior ao
encontrado por Vieira e cols. (2007) estudando crianças menores de 5 anos
provenientes de creches públicas de Recife (30,8%), semelhante ao
determinado em estudo realizado no Piauí (16,9%) em crianças de 7 a11 anos
(SANTOS et al., 2007b) e superior ao verificado por Urbano e cols. (2002)
(8,5%) em adolescentes atendidos no Ambulatório de Adolescência Clínica de
São Paulo.
As concentrações reduzidas de FeS devem ser avaliadas com
precaução, devido as suas variações diurnas (WHO, 2001b). Vieira e cols.
(2007), estudando crianças menores de 5 anos de creches públicas de Recife,
encontraram resultados superiores (62,2%) ao verificado no presente estudo
com relação aos níveis de fero sérico. Discordando destes resultados, Urbano
e cols. (2002) encontraram todos os indivíduos com níveis normais de ferro
sérico, entre adolescentes atendidos no Ambulatório de Adolescência Clínica
do município de São Paulo.
Com relação à freqüência de anemia, o resultado encontrado evidencia
que a anemia é um problema de saúde pública na população estudada.
Resultados superiores foram encontrados em estudo realizado em Londrina
(41,3%) com crianças e adolescentes provenientes de unidades educacionais
da periferia (MIGLIORANZA et al., 2002), em Pelotas (53,0%) com crianças de
zero a seis anos (SANTOS et al., 2004), e em Alagoas (46,4%) com crianças
menores de cinco anos (FERREIRA et al., 2007). Santos e cols. (2002)
estudando escolares da rede pública de Maceió encontraram freqüência
Resultados e Discussão
81
semelhante ao presente estudo (9,9%), demonstrando que o quadro de anemia
da cidade não mudou nos últimos anos.
Tabela 18: Freqüências de concentrações de ferritina sérica, ferro sérico e hemoglobina, em
indivíduos menores de 16 anos, residentes numa área de invasão em Maceió, Alagoas, 2005.
Concentrações
Séricas
Marcador bioquímico
FERRITINA*
(n=239)
FERRO SÉRICO**
(n=238)
HEMOGLOBINA*
(n=239)
n %
n %
n %
Baixa
38 15,9
79 33,2
24 10,0
Normal
201 84,1
159 66,8
215 90,0
*Classificação de acordo com parâmetros da OMS (2001b)
** Classificação de acordo com parâmetros Lee (1998)
A distribuição por faixa etária dos níveis de FER, FeS e Hb é
apresentada na figura 25. As concentrações abaixo do normal para FER, FeS e
Hb foram mais freqüentes nas crianças de 0 a 5 anos (p<0,05). Isto indica que
o risco da deficiência de ferro aumenta nos primeiros anos de vida e retrocede
gradativamente com o aumento da idade.
Na primeira infância a necessidade de ferro é alta devido ao intenso
crescimento, por isso a introdução de alimentos deve ser realizada seguindo as
orientações da OMS, a fim de prevenir o aparecimento da anemia (SIGULEM,
1988).
*p<0,05
Figura 25: Distribuição de concentrações abaixo do normal de ferritina sérica, ferro sérico e
hemoglobina, por faixa etária, em indivíduos menores de 16 anos, residentes numa área de
invasão em Maceió, Alagoas, 2005.
28,8
48,8
20,0
10,3
31,3
5,2
8,1
16,1
4,8
0
10
20
30
40
50
60
FER* FeS* Hb*
Freqüência (%)
Marcador Bioquímico
0 a 5
6 a 10
11 a 15
Faixa etária (anos)
Resultados e Discussão
82
5.1.5 Caracterização do consumo alimentar
As DRIs fornecem valores de referência, recomendados para prevenção
de deficiências nutricionais e doenças crônicas o transmissíveis, além de
estabelecer limites máximos para a ingestão de nutrientes, minimizando os
riscos de efeitos adversos de toxicidade provinda da ingestão excessiva.
Entretanto, estas referências foram estabelecidas para a população americana
e canadense e sua utilização na população brasileira deve levar em
consideração possíveis diferenças nos padrões alimentares (IOM, 2001).
A discussão com a literatura relativa aos dados de consumo alimentar,
não foi possível, devido à ausência de trabalhos publicados com dados de
consumo alimentar corrigidos pela variabilidade intrapessoal.
Dos 216 indivíduos avaliados quanto a ingestão energética, 196 (90,7%)
apresentavam ingestão adequada e 12 (5,6%) ingestão excessiva (Figura 26).
O consumo excessivo de energia, especialmente nos estágios mais precoces
da vida, pode facilitar o sobrepeso e, desta forma, tornar-se um fator de risco
para doenças, particularmente aquelas de origem metabólicas na vida adulta
(SICHIERI et al., 1997).
Adverte-se que a utilização do recordatório de 24 horas tende a
subestimar o consumo de energia, devido a lapsos de memória e dificuldade na
quantificação dos alimentos consumidos. É possível, portanto, que a freqüência
do consumo excessivo de energia seja ainda maior.
Além disso, o consumo adequado ou excessivo de energia não garante
a adequação de micronutrientes, pode estar associado ao consumo de
alimentos que fornecem “calorias vazias”, isto é, alimentos ricos em energia e
pobres em micronutrientes; levando a “fome oculta”, representada pela
carência de micronutrientes na presença de adequação calórica.
A freqüência encontrada de indivíduos com ingestão energética
insuficiente foi 8 (3,7%) (Figura 26). Indivíduos nesta situação se encontram
em risco de desenvolver desnutrição energético-protéica, uma vez que a
ingestão energética inadequada constitui uma condição desfavorável para o
adequado crescimento e desenvolvimento das crianças e adolescentes.
Levy-Costa e cols (2005) ressaltaram as mudanças no padrão alimentar
da população brasileira, que incluem aumento no consumo de alimentos
industrializados e diminuição na ingestão de frutas e hortaliças. Além disso,
Resultados e Discussão
83
informações disponíveis acerca do consumo alimentar de crianças e
adolescentes, revelam ingestão excessiva de alimentos densamente
energéticos, ricos em gorduras e açucares simples (ANDRADE et al., 2003;
DALLA-COSTA et al., 2007; NOVAES et al., 2007; NUNES et al., 2007;
FIATES et al., 2008).
Figura 26: Consumo energético em indivíduos menores de 16 anos, residentes numa área de
invasão em Maceió, Alagoas, 2005.
A tabela 19 apresenta o consumo médio de energia e a freqüência de
ingestão energética insuficiente, adequada e excessiva na população
estudada. Os grupos de 1 a 3 anos e de 14 a 15 anos apresentaram as
maiores freqüências de ingestão energética excessiva (p<0,05).
Tabela 19: Distribuição do consumo energético e consumo médio, em indivíduos menores de
16 anos, residentes numa área de invasão em Maceió, Alagoas, 2005.
Faixa
Etária
(anos)
n
Consumo energético
Média ± DP
(Kcal/dia)
Insuficiente Adequado Excessivo*
n % n % n %
1 3 45
1.260,6 ± 440,5 0 0,0
38 84,4 7 15,6
3 8 84
1.470,4 ± 219,9 3 3,6
80 95,2 1 1,2
8 13 80
1.542,3 ± 405,5 4 5,0
73 91,3 3 3,8
13 15 7
1.720,1 ± 403,2 1 14,3
5 71,4 1 14,3
*p<0,05
3,7
90,7
5,6
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Insuficiente Adequado Excessivo
Freqüência (%)
Consumo Energético
Resultados e Discussão
84
Com relação à ingestão dos macronutrientes, proteínas, carboidratos e
gorduras, verifica-se que o percentual de participação destes na ingestão
energética total encontrava-se dentro da faixa de distribuição aceitável de
macronutrientes (AMDR) para todos os grupos, com exceção do percentual de
lipídios provenientes do valor energético total para a faixa etária 1 a 3 anos,
que não atingiu o valor mínimo de referência (Tabela 20).
Tabela 20: Faixa de distribuição aceitável de macronutrientes (AMDR) e percentual médio de
macronutrientes provenientes da ingestão energética total, de acordo com faixas etárias, em
indivíduos menores de 16 anos, residentes numa área de invasão em Maceió, Alagoas, 2005.
Faixa Etária
(anos)
Carboidratos (%) Lipídios (%) Proteínas (%)
AMDR Média ± DP AMDR Média ± DP AMDR Média ± DP
1 3 45 a 65
58,2 ± 7,6 30 a 40 28,2 ± 4,8 5 a 20 13,5 ± 4,7
3 8 45 a 65
59,9 ± 5,3 25 a 35 25,9 ± 4,1 10 a 30 14,2 ± 3,2
8 13 45 a 65
58,5 ± 6,9 25 a 35 25,1 ± 5,2 10 a 30 16,4 ± 3,4
13 15 45 a 65
56,2 ± 9,8 25 a 35 27,6 ± 7,1 10 a 30 16,2 ± 3,7
A tabela 21 apresenta a distribuição da participação de macronutrientes
abaixo da AMDR, de acordo com as faixas etárias. Observa-se que 2,9%,
49,3% e 1,8% da população estudada apresentavam respectivamente,
percentual de carboidratos, lipídios e proteínas provenientes do valor
energético total abaixo da AMDR. Quando analisada por faixa etária, esta
distribuição foi estatisticamente diferente apenas para os lipídios (p<0,05),
sendo mais freqüente no grupo de 1 a 3 anos (64,3%), provavelmente devido
ao consumo predominante de alimentos lácteos nesta faixa etária.
Tabela 21: Distribuição dos indivíduos menores de 16 anos, residentes numa área de invasão
em Maceió, segundo a participação de macronutrientes abaixo da faixa de distribuição
aceitável de macronutrientes (AMDR), de acordo com faixas etárias.
Faixa Etária
(anos)
Consumo abaixo da AMDR
Carboidratos Lipídios* Proteínas
n % n % n %
1 3 3 5,4 36 64,3 0 0,0
3 8 1 0,9 41 38,7 4 3,8
8 13 3 3,0 53 53,5 1 1,0
13 15 1 9,1 4 36,4 0 0,0
TOTAL 8 2,9 134 49,3 5 1,8
*p<0,05
Resultados e Discussão
85
As tabelas 22 e 23 apresentam a necessidade média estimada (EAR) e
a média de consumo de nutrientes, segundo faixa etária e sexo, nos indivíduos
avaliados.
O consumo médio de proteínas foi superior a recomendação em todas
as faixas etárias para ambos os sexos (Tabelas 22 e 23). A freqüência de
ingestão protéica inadequada, apresentada na figura 27, distribui-se
semelhantemente entre as faixas etárias (p>0,05), com percentuais variando
de 28,6% a 47,8%.
O consumo de proteínas possui relação com a ingestão energética.
Quando não o consumo adequado de energia as proteínas são utilizadas
para suprir esta necessidade, prejudicando sua função na construção de novos
tecidos. Dessa maneira, a relação síntese e deposição de proteínas é
diretamente influenciada pelo valor energético da alimentação e relação
proteína/energia, principalmente, na criança cujo crescimento se apresenta de
forma mais acelerada (MARCHINI et al., 1993 e AMARAL et al., 1996)
.
Entre as vitaminas estudadas, apenas a vitamina A, apresentou média
de consumo superior a recomendação em todas as faixas etárias em ambos os
sexos (Tabelas 22 e 23). A distribuição da ingestão inadequada de vitamina A
foi diferente entre as faixas etárias (p<0,05), com freqüência maior (49,7%) nos
indivíduos de 1 a 3 anos (Figura 27).
Essa vitamina desempenha papel essencial na diferenciação celular
normal, no crescimento e desenvolvimento ósseo, nos processos imunológicos,
na visão e na reprodução (AMBRÓSIO et al., 2006). Devido a estas
importantes funções seu consumo deve ser adequado em qualquer fase da
vida, principalmente nos indivíduos em fase de crescimento.
A deficiência de vitamina A inibe o metabolismo normal do ferro podendo
causar a anemia ferropriva, além disso, esta vitamina age aumentando a
absorção de ferro não hemínico (GARCIA-CASAL et al., 1998; WHO, 2001b).
A média de ingestão da vitamina E, foi inferior a recomendação em
todas as faixas etárias para meninos e meninas (Tabelas 22 e 23). Além disso,
a freqüência de ingestão inadequada de vitamina E foi superior a 25% em
todos os grupos, sendo a diferença entre eles estatisticamente significativa
(p<0,05), atingindo todos os indivíduos de 1 a 3 anos (Figura 27).
Resultados e Discussão
86
Essa vitamina, além de possuir papel estrutural, protege a integridade de
membranas celulares devido sua ação antioxidante que reduz a peroxidação
lipídica (TRUGO & TORRES, 2007). Por esta ação antioxidante, desempenha
importante papel na imunocompetência (BRICARELLO & GOULART, 1999). O
comprometimento das defesas imunológicas facilita a instalação dos processos
infecciosos, que comprometem o estado nutricional (OLIVEIRA et al., 2005).
Com relação ao consumo de vitamina C, a média de ingestão foi inferior
a recomendação nos indivíduos de ambos os sexos do grupo etário de 9 a 13 e
14 a 15 anos (Tabelas 22 e 23), e o consumo inadequado distribui-se
diferentemente entre as faixas etárias (p<0,05), sendo mais frequente no grupo
de 14 a 15 anos, atingindo quase metade dos indivíduos deste grupo (45,5%)
(Figura 27).
A vitamina C ou ácido ascórbico, devido ao seu alto poder redutor, tem
papel importante na absorção do ferro não heme e proporciona proteção contra
oxidação descontrolada no meio aquoso da célula (AMAYA-FARFAN et al.,
2001). O consumo inadequado pode influenciar a absorção de ferro não
hemínico. Além disso, a vitamina C atua como co-fator em várias reações
enzimáticas essenciais, sendo a mais importante a hidroxilação da prolina,
indispensável para a formação do colágeno (BRICARELLO & GOULART,
1999).
Entre os minerais estudados, apenas o ferro, apresentou média de
consumo superior a recomedação nas faixas etárias avaliadas em ambos os
sexos (Tabelas 22 e 23). Foram excluídos da avaliação de inadequação
maiores de 9 anos do sexo feminino, devido a variação das necessidades
diárias de ferro nesta população.
Apesar da ingestão de ferro estar acima da média, a absorção deste
mineral, na forma não hemínica, pode estar comprometida pelo baixo consumo
de vitamina C. A figura 27 apresenta a freqüência de ingestão inadequada
deste mineral nas duas faixas etárias avaliadas, cuja distribuição foi
semelhante (p>0,05).
O ferro é essencial para expansão do volume sangüíneo e da massa
muscular, exercendo funções metabólicas ou enzimáticas e de estoque para
manter a homeostase. Quando a ingestão de ferro não está adequada, os
Resultados e Discussão
87
estoques de ferro são mobilizados para mater a produção de hemoglobina (Hb)
e outros componentes que contêm ferro (URBANO et al., 2002).
Uma avaliação complementar sobre a ingestão alimentar de ferro
poderia ser realizada calculando-se a biodisponilidade do ferro ingerido e
separando-se o ferro total em ferro heme e não heme. Entretanto, esta
avaliação não foi objeto deste estudo.
A média de ingestão de zinco, foi inferior a recomendação nos indivíduos
de ambos os sexos do grupo etário de 9 a 13 e 14 a 15 anos (Tabelas 22 e 23).
Além disso, o consumo inadequado de zinco foi superior a 20% em todos os
grupos, sendo mais freqüente entre os indivíduos de 1 a 3 anos com diferença
estatisticamente significativa (p<0,05) (Figura 27).
O zinco atua nos mecanismos de defesa do organismo, no
desenvolvimento cognitivo e tratamento de diarréias (MAFRA & COZZOLINO,
2004). A ingestão inadequada deste mineral pode levar a alterações
bioquímicas e funcionais em condições fisiológicas que aumentam seu
requerimento, como na fase de crescimento de crianças ou adolescentes. Uma
das principais conseqüências da deficiência de zinco consiste na disfunção
imune (CUNHA et al., 2008).
Em relação ao consumo dos micronutrientes avaliado segundo o método
EAR como ponto de corte, a faixa etária de 1 a 3 anos foi a que apresentou
alimentação habitual mais deficiente.
O padrão alimentar encontrado necessita de ajustes para prevenir
deficiências nutricionais específicas que repercutem na saúde e no estado
nutricional das crianças e adolescentes.
Resultados e Discussão
88
Tabela 22: Necessidade média estimada (EAR) e média de consumo de nutrientes, de acordo
com faixas etárias, em indivíduos menores de 16 anos do sexo masculino, residentes numa
área de invasão em Maceió, Alagoas, 2005.
Faixa Etária
(anos)
PTN Vit A Vit C Vit E Fe Zn
(g/kg/dia) (µg RAE/dia) (mg/dia) (mg/dia) (mg/dia) (mg/dia)
1 3
EAR 0,87 210,0 13,0 5,0 3,0 2,5
Média ± DP
3,90 ± 1,78 1271,7 ± 299,8 39,6 ± 51,3 3,5 ± 0,4 7,9 ± 2,3 4,0 ± 0,5
3 8
EAR 0,76 275,0 22,0 6,0 4,1 4,0
Média ± DP
2,65 ± 0,97 1242,3 ± 1370,0 35,8 ± 48,6 4,2 ± 1,8 9,3 ± 2,7 5,5 ± 2,1
8 13
EAR 0,76 445,0 39,0 9,0 5,9 7,0
Média ± DP
2,07 ± 0,62 2.018,2 ± 2.883,1 28,4 ± 26,7 5,5 ± 2,8 10,0 ± 1,6 5,0 ± 1,4
13 15
EAR 0,73 630,0 63,0 12,0 7,7 8,5
Média ± DP
1,82* 7.479,4 ± 9.168,5 29,5 ± 15,3 9,8 ± 8,8 10,5 ± 1,5 5,1 ± 2,2
*o calculo da média não foi possível pois apenas um indivíduo deste grupo teve o peso corporal aferido.
Tabela 23: Necessidade média estimada (EAR) e média de consumo de nutrientes, de acordo
com faixas etárias, em indivíduos menores de 16 anos do sexo feminino, residentes numa área
de invasão em Maceió, Alagoas, 2005.
Faixa Etária
(anos)
PTN Vit A Vit C Vit E Fe Zn
(g/kg/dia) (µg RAE/dia) (mg/dia) (mg/dia) (mg/dia) (mg/dia)
1 3
EAR 0,87 210,0 13,0 5,0 3,0 2,5
Média ± DP
3,84 ± 2,87 1.512,2 ± 502,6 46,8 ± 57,3 3,5 ± 0,4 8,1 ± 2,1 4,0 ± 0,7
3 8
EAR 0,76 275,0 22,0 6,0 4,1 4,0
Média ± DP
2,54 ± 0,84 1.150,4 ± 1.102,2 48,8 ± 73,9 3,8 ± 1,6 9,4 ± 2,6 5,1 ± 2,0
8 13
EAR 0,76 420,0 39,0 9,0 5,9 7,0
Média ± DP
1,73 ± 0,61 2.153,0 ± 3.642,0 24,7 ± 18,7 5,6 ± 3,4 9,4 ± 1,5 5,1 ± 1,4
13 15
EAR 0,71 485,0 56,0 12,0 7,9 7,3
Média ± DP
1,67 ± 1,26 1.656,8 ± 1.709,0 21,6 ± 16,5 6,5 ± 3,0 10,8 ± 2,1 4,4 ± 1,2
Resultados e Discussão
89
*p<0,05
Figura 27: Distribuição de ingestão inadequada de nutrientes, de acordo com as faixas etárias,
em indivíduos menores de 16 anos, residentes numa área de invasão em Maceió, Alagoas,
2005.
A tabela 24 apresenta os valores de ingestão adequada (AI) e consumo
médio de cálcio nas faixas etárias estudadas. Devido à ausência de EAR para
este mineral, não é possível calcular a freqüência de indivíduos com ingestão
inadequada.
Observa-se que, apenas o grupo de 1 a 3 anos teve o consumo médio
de Ca superior a AI; possivelmente, a freqüência de ingestão inadequada nesta
faixa etária pode ser baixa. Nos demais grupos etários o consumo médio foi
aquém da recomendação e nenhuma conclusão pode ser estabelecida.
Durante os períodos de intenso crescimento físico, o requerimento de
cálcio chega a triplicar, pois o osso maduro é constituído de 60% do peso dos
minerais cálcio e fósforo (LERNER et al., 2000) Portanto uma ingestão
inadequada deste mineral nestas fases poderá comprometer o crescimento
esquelético (SPEAR, 2005). Além disso, é consenso entre os especialistas,
que indivíduos, que não alcançam a maior densidade de massa óssea durante
o pico de formação, se encontram em maior risco de vir a desenvolver
osteoporose em idades mais avançadas (HEANEY, 1992; SCHAAFSMA, 1992;
MATKOVIC et al., 1993).
0
20
40
60
80
100
120
PTN
Vit A*
Vit C*
Vit E*
Fe
Zn*
Freqüência de Ingestão Inadequada (%)
Nutrientes
1 a 3
4 a 8
9 a 13
14 e 15
Faixa etária (anos)
Resultados e Discussão
90
Tabela 24: Ingestão adequada (AI) e consumo médio de cálcio, de acordo com faixas etárias,
em indivíduos menores de 16 anos, residentes numa área de invasão em Maceió, Alagoas,
2005.
Faixas etárias (anos) N AI (mg) Média ± DP (mg)
1 3 56 500 774,05 ± 238,47
3 8
106
800 380,54 ± 208,39
8 13 99 1300 274,93 ± 74,15
13 15 11 1300 284,20 ± 68,47
5.2 Associação das variáveis
Em estudos transversais, como o presente, a aferição da doença e
exposição é realizada simultaneamente, conseqüentemente não se pode
estabelecer causalidade. Portanto, quando os fatores de exposição suspeitos
apresentarem associação com a variável desfecho, estes fatores passam a ser
reconhecidos como fatores de risco em potencial (ALMEIDA FILHO &
ROQUAYROL, 1999).
Diversos fatores podem influenciar a variável dependente, enquanto
outros podem atuar como fatores de confusão. Estes fatores atuam
simultaneamente sobre a variável dependente. Portanto, para se obter uma
interpretação adequada dos resultados, devem-se utilizar métodos que
analisem a ação conjunta das variáveis independentes. Desta forma,
recomenda-se a utilização dos métodos bivariados como etapa preliminar na
análise de dados, e a análise multivariada como o segundo passo (QUEIROZ,
2004).
Os resultados das análises bivariadas encontram-se nas tabelas 25, 26,
27 e 29. Não foi possível construir um modelo multivariado final para avaliar a
associação das variáveis com baixo peso e déficit estatural, pois nenhuma
variável apresentou p<0,10 no modelo multivariado completo.
Não foi encontrada associação de déficit estatural com condições
socioeconômicas, desta forma, as condições socioeconômicas das famílias
avaliadas não influenciaram o crescimento linear das crianças e adolescentes.
Resultados diferentes foram encontrados em trabalho na região Centro-
Oeste do Brasil, com crianças menores de cinco anos. No qual, déficit estatural
foi influenciado pela renda familiar mensal e pelo nível de escolaridade do
chefe da família (RIBAS et al., 1999). Gross e cols. (1990) encontraram relação
Resultados e Discussão
91
das características antropométricas com tamanho da família, nível de
escolaridade dos pais, moradia própria, presença de eletricidade e mero de
cômodos da residência.
Com relação à influência das infecções parasitárias no estado
nutricional, diversos estudos têm mostrado controvérsias. No presente, não foi
encontrada associação de déficit estatural com infecções parasitárias e
poliparasitismo. Resultado semelhante foi encontrado por Casapía e cols.
(2007), estudando crianças em idade pré-escolar. Divergindo desses
resultados, Phathammavong e cols. (2007) encontraram maiores prevalências
de nanismo nutricional em escolares infectados por parasitos intestinais, da
cidade Vientiane (Laos). Sackey e cols. (2003) identificaram infecção por G.
lamblia como fator de risco para déficit de estatura, avaliando indivíduos
menores de 14 anos. Casapía e cols. (2006) concluíram que co-infecção de
intensidade moderada e alta de T. trichiura e A. lumbricoides foram fatores de
risco para nanismo, no Peru.
Não foram observadas associações estatisticamente significativas entre
baixa estatura e deficiência de ferro. Este resultado reforça observações de
estudos anteriores, em diferentes regiões do país, que encontraram situação
semelhante (STEFANINI et al., 1995; SANTOS et al., 2002; MIRANDA et al.,
2003; ORELLANA et al., 2006).
Possivelmente, devido ao pequeno número de indivíduos com baixo
IMC/I (baixo peso) e a homogeneidade da amostra, não foi identificada
associação deste agravo nutricional com condições de moradia, características
econômicas, comportamentos relacionados à educação sanitária,
enteroparasitoses e deficiência de ferro (Tabela 26).
Estudo realizado em áreas de invasão de Juiz de Fora (MG), identificou
associação do baixo peso com número de cômodos da residência, entretanto
não encontrou relação com fatores ambientais (TEIXEIRA & HELLER, 2004b).
Contrariando dos resultados encontrados no presente estudo, alguns
autores encontraram associação das infecções parasitárias com estado
nutricional. Alvarado e Vásquez (2006) verificaram freqüências maiores de
desnutrição aguda nas crianças com poliparasitismo e tricuríase durante estudo
na cidade de Guapi (Cauca, Colômbia). Phathammavong e cols. (2007),
investigando escolares da cidade Vientiane (Laos), no continente Asiático,
Resultados e Discussão
92
encontraram maiores prevalências de baixo peso nas crianças infectadas por
parasitos intestinais.
Com relação à deficiência de ferro, resultados semelhantes foram
encontrados por Santos e cols. (2002), que não verificaram associação da
desnutrição aguda com anemia.
Tabela 25: Análise bivariada para déficit de altura para idade (A/I), em indivíduos menores de
16 anos residentes em uma área de invasão em Maceió, Alagoas, 2005.
Variáveis
Número de
indivíduos
Déficit A/I OR
ajustada
IC (95%) p
n %
Faixa etária
0 a 5 63 11 17,5 1
6 a 10* 77 6 7,8 0,5 0,2 - 1,4 0,18
11 a 15 41 4 9,8 0,7 0,2 - 2,5 0,68
Sexo**
Masculino 92 10 10,9
Feminino 89 11 12,4 1,2 0,5 – 2,9 0,75
Classe econômica**
C e D 105 10 9,5
E 76 11 14,5 1,6 0,6 – 4,0 0,31
Renda***
>1SM 46 5 10,9
1SM 103 14 13,6 1,3 0,4 - 3,8 0,65
Número de residentes**
5 100 10 10,0
> 5 81 11 13,6 1,4 0,6 – 3,5 0,46
Banheiro interno
Tem 120 15 12,5
Não tem 61 6 9,8 0,8 0,3 - 2,1 0,60
Uso de calçado*
Sim 78 12 15,4
Não 103 9 8,7 0,5 0,2 - 1,3 0,17
Contato com água do canal
Não 135 18 13,3
Sim 46 3 6,5 0,4 0,1 - 1,6 0,22
Parasitoses
Não 60 7 11,7
Sim 121 14 11,6 1,0 0,4 - 2,6 0,98
Poliparasitismo
Não 44 5 11,4
Sim 77 9 11,7 1,0 0,3 – 3,3 0,96
Anemia
Não 161 19 11,8
Sim 20 2 10,0 0,8 0,2 - 3,9 0,83
Ferritina sérica baixa
Não 152 16 10,5
Sim 29 5 17,2 1,8 0,6 – 5,3 0,31
Ferro sérico baixo
Não 117 12 10,3
Sim 64 9 14,1 1,4 0,6 – 3,6 0,45
*variáveis selecionadas para regressão logística multivariada (p20)
**variáveis de controle selecionadas para regressão logística multivariada
***32 indivíduos não informaram a renda
Resultados e Discussão
93
Tabela 26: Análise bivariada para baixo peso, em indivíduos menores de 16 anos residentes
em uma área de invasão em Maceió, Alagoas, 2005.
Variáveis
Número de
indivíduos
Baixo Peso OR
IC (95%) p
n % ajustada
Faixa etária
0 a 5 63 3 4,8 1
6 a 10* 77 1 1,3 0,1 0,0 - 1,5 0,12
11 a 15* 41 4 9,8 3,7 0,9 - 15,4 0,08
Sexo*
Masculino 92 6 6,5
Feminino 89 2 2,2 0,3 0,6 - 1,7 0,18
Classe econômica**
C e D 105 4 3,8
E 76 4 5,3 1,4 0,3 - 5,8 0,64
Renda***
>1SM 46 1 2,2
1SM 103 7 6,8 3,3 0,4 - 27,5 0,27
Número de residentes*
5 100 2 2,0
> 5 81 6 7,4 3,9 0,8 - 20,0 0,10
Banheiro interno
Tem 120 6 5,0
Não tem 61 2 3,3 0,6 0,1 - 3,3 0,60
Uso de calçado
Sim 78 2 2,6
Não 103 6 5,8 2,4 0,5 - 12,0 0,30
Contato com água do canal
Não 135 6 4,4
Sim 46 2 4,3 1,0 0,2 - 5,0 1,0
Parasitoses
Não 60 1 1,7
Sim 121 7 5,8 3,6 0,4 - 30,1 0,23
Poliparasitismo
Não 44 2 4,5
Sim 77 5 6,5 1,5 0,3 - 7,8 0,66
Anemia
Não 161 6 3,7
Sim 20 2 10,0 2,9 0,5 - 15,3 0,22
Ferritina sérica baixa****
Não 152 8 5,3
Sim 29 0 0,0
Ferro sérico baixo
Não 117 6 5,1
Sim 64 2 3,1 0,6 0,1 - 3,0 0,54
*variáveis selecionadas para regressão logística multivariada (p20)
**variáveis de controle selecionadas para regressão logística multivariada
***32 indivíduos não informaram a renda
****análise não realizada devido a inexistência de indivíduos com baixo peso e ferrtina sérica baixa
Os indivíduos da classe econômica E apresentaram uma razão de
chance de 2,9 (IC95%: 1,1 - 7,6) para anemia, indicando sua relação com nível
socioeconômico (Tabela 27). Esta associação pode ser explicada pela
influência da classe econômica na aquisição dos alimentos considerados fonte
de ferro mais facilmente absorvível (ferro heme), que são de custo elevado.
Resultados e Discussão
94
A tabela 27 mostra que a associação entre anemia e infecção
parasitária, ou por enteroparasitose não foi estatisticamente significante.
Diversos trabalhos em âmbito nacional, também referem inexistência de
associação entre parasitoses intestinais e anemia (PEDRAZZANI et al., 1988;
FERREIRA et al., 1998; TSUYUOKA et al., 1999; NEUMAN et al., 2000;
SANTOS, 2001).
Stephenson e cols. (2000) relataram que a deficiência de ferro causada
pelos parasitos intestinais depende da intensidade de infecção. Isto pode
explicar ausência de associação no presente estudo, pois mais de 80% dos
indivíduos parasitados apresentavam infecção leve ou moderada. Brooker e
cols. (1999) apóiam esta suposição, pois identificaram associação de anemia
apenas com ancilostomose de elevada intensidade.
Como não foi encontrada associação da anemia com enteroparasitoses,
supõe-se que a anemia foi decorrente do consumo inadequado de ferro, uma
vez que verificou-se elevada freqüência de consumo inadequado deste mineral
na população estudada. Além disso, a OMS considera a ingestão alimentar
inadequada de ferro como a principal causa de anemia (WHO, 2001b).
A anemia ocorre de forma gradual e progressiva. Inicialmente uma
diminuição dos níveis ricos de componentes férricos e posteriormente,
redução dos níveis de Hb com prejuízos funcionais ao organismo (BEARD et
al., 1996). Isto explica os resultados encontrados, uma vez que níveis baixos
de ferritina e ferro rico apresentaram relação com anemia (p<0,05) (Tabela
27).
As variáveis que tiveram associação significativamente estatistica na
análise bivariada, permaneceram com esta associação na análise multivariada
final (Tabela 28).
Resultados e Discussão
95
Tabela 27: Análise bivariada para anemia, em indivíduos menores de 16 anos residentes em
uma área de invasão em Maceió, Alagoas, 2005.
Variáveis
Número de
indivíduos
Anemia OR
IC (95%) p
n % ajustada
Faixa etária
0 a 5 63 14 22,2 1
6 a 10* 77 5 6,5 0,4 0,1 - 1,2 0,10
11 a 15* 41 1 2,4 0,2 0,0 - 1,2 0,08
Sexo**
Masculino 92 8 13,3
Feminino 89 12 9,9 0,8 0,3 - 2,1 0,69
Classe econômica*
,
***
C e D 105 7 6,7
E 76 13 17,1 2,9 1,1 – 7,6 0,03
Renda*
,
****
>1SM 46 2 4,3
1SM 103 16 15,5 4,0 0,9 - 18,4 0,07
Número de residentes**
5 100 9 9,0
> 5 81 11 13,6 1,6 0,6 - 4,0 0,33
Banheiro interno
Tem 120 12 10,0
Não tem 61 8 13,1 1,4 0,5 - 3,5 0,53
Uso de calçado
Sim 78 11 14,1
Não 103 9 8,7 0,6 0,2 - 1,5 0,26
Contato com água do canal
Não 135 15 11,1
Sim 46 5 10,9 1,0 0,3 - 2,8 0,96
Parasitoses
Não 60 8 13,3
Sim 121 12 9,9 0,7 0,3 - 1,9 0,49
Poliparasitismo
Não 44 4 9,1
Sim 77 8 10,4 1,2 0,3 - 4,1 0,82
Ferritina sérica baixa*
,
***
Não 152 10 6,6
Sim 29 10 34,5 7,5 2,8 - 20,3 0,00
Ferro sérico baixo*
,
***
Não 117 6 5,1
Sim 64 14 21,9 5,2 1,9 - 14,3 0,00
Déficit estatural
Não 160 18 11,3
Sim 21 2 9,5 0,8 0,2 - 3,9 0,81
Baixo peso
Não 173 18 10,4
Sim 8 2 25,0 2,9 0,5 - 15,3 0,22
*variáveis selecionadas para regressão logística multivariada (p20)
**variáveis de controle selecionadas para regressão logística multivariada
***estatisticamente significativo
****32 indivíduos não informaram a renda
Tabela 28: Modelo final da regressão logística multivariada para anemia, em indivíduos
menores de 16 anos residentes em uma área de invasão em Maceió, Alagoas, 2005.
Variáveis associadas OR ajustada IC (95%) p
Concentração sérica baixa de ferritina* 6,4 2,2 - 19,0 0,00
Concentração baixa de ferro sérico* 4,6 1,6 - 13,5 0,01
Classe econômica E* 3,2 1,1 - 9,4 0,03
*estatisticamente significativo
Resultados e Discussão
96
Com relação às infecções parasitárias, identificou-se associação
significativa com a classe econômica (p<0,05), mas não com renda familiar
(Tabela 29). Esta falta de associação pode ser explicada pela pobreza
generalizada, pois a comunidade apresenta uma uniformidade de condições de
vida caracterizada por baixa renda familiar e condições precárias de moradia.
Resultado diferente foi verificado em estudo desenvolvido com crianças
de creches de Botucatu (SP). Neste, a prevalência de enteroparasitoses foi
inversamente proporcional ao aumento da renda, e os indivíduos com renda
menor que dois SM apresentaram maior prevalência quando comparados aos
outros grupos, dois a quatro SM e maior que quatro SM (MASCARINI &
DONALISIO, 2006).
Houve associação estatisticamente significativa entre o número de
residentes por domicílio com enteroparasitoses (Tabela 29). Nematian e cols.
(2004), estudando escolares de Teerã (Iran), também encontraram associação
entre número de irmãos e infecções parasitárias. Um grande número de
pessoas na família acarreta uma diminuição dos cuidados com saúde; além
disso, casas com maior número de moradores o, geralmente, consideradas
como de pior nível socioeconômico.
Banheiro interno no domicílio não foi associado com a presença de
parasitoses. Entretanto, a ausência de banheiro sugere que a deposição de
fezes seja realizada no peridomicílio, o que contribui com o ciclo de
transmissão das verminoses (Tabela 29).
Embora o contato com água do canal não tenha apresentado associação
com enteroparasitoses, deve-se destacar que o mesmo serve de escoamento
para dejetos sanitários da cidade. Como não foi possível conferir a
fidedignidade da informação relacionada ao contato com a água do canal, é
possível que este dado esteja subestimado. Outros autores (ELLIS et al., 2007)
encontraram associação significativa entre contato com água do rio e infecções
por A. lumbricoides e T. trichiura na população da região Poyang Lake, China.
A classe econômica e o número de residentes por domicílio
permaneceram com associação significativa com enteroparasitoses na análise
multivariada final.
Resultados e Discussão
97
Tabela 29: Análise bivariada para enteroparasitoses, em indivíduos menores de 16 anos
residentes em uma área de invasão em Maceió, Alagoas, 2005.
Variáveis
Número de
indivíduos
Enteroparasitoses OR
IC (95%) p
n % ajustada
Faixa etária
0 a 5 63
42 66,7 1
6 a 10 77
49 63,6 0,8 0,4 - 1,4 0,43
11 a 15 41
30 73,2 1,5 0,7 - 3,2 0,33
Sexo*
Masculino 92
59 64,1
Feminino 89
62 69,7 1,3 0,7 - 2,4 0,43
Classe econômica**
,
***
C e D 105
63 60,0
E 76
58 73,6 2,2 1,1 - 4,1 0,02
Renda****
>1SM 46
27 58,7
1SM 103
71 68,9 1,6 0,8 - 3,2 0,22
Número de residentes**
,
***
5 100
59 59,0
> 5 81
62 76,5 2,3 1,2 - 4,3 0,01
Banheiro interno
Tem 120
78 65,0
Não tem 61
43 70,5 1,3 0,7 - 2,5 0,46
Uso de calçado***
Sim 78
47 60,3
Não 103
74 71,8 1,7 0,9 - 3,14 0,10
Contato com água do canal
Não 135
88 65,2
Sim 46
33 71,7 1,4 0,6 - 2,8 0,42
Anemia
Não 161
109 67,7
Sim 20
12 60,0 0,7 0,3 - 1,9 0,49
Ferritina sérica baixa
Não 152
100 65,8
Sim 29
21 72,4 1,4 0,6 - 3,1 0,49
Ferro sérico baixo
Não 117
78 66,7
Sim 64
43 67,2 1,0 0,5 - 2,0 0,94
Déficit estatural
Não 160 107 66,9
Sim 21 14 66,7 1,0 0,4 - 2,6 0,98
Baixo peso
Não 173 114 65,9
Sim 8 7 87,5 3,6 0,4 - 30,1 0,23
*variáveis de controle selecionadas para regressão logística multivariada
**estatisticamente significativo
***variáveis selecionadas para regressão logística multivariada (p20)
****32 indivíduos não informaram a renda
Tabela 30: Modelo final da regressão logística multivariada para enteroparasitoses, em
indivíduos menores de 16 anos residentes em uma área de invasão em Maceió, Alagoas, 2005.
Variáveis associadas OR ajustada IC (95%) p
Classe econômica E* 2,4 1,2 - 4,6 0,01
Domicílio com mais de 5 residentes* 2,5 1,3 - 4,8 0,01
*estatisticamente significativo
Resultados e Discussão
98
Levando-se em consideração a morbidade associada às parasitoses, e
os efeitos prejudiciais da anemia e nutrição inadequada para o crescimento e
desenvolvimento de crianças e adolescentes, os resultados apresentados
alertam para a necessidade de implantação de ações para correção dos
problemas identificados.
As ações preventivas para diminuição da prevalência das parasitoses
intestinais incluem: educação em saúde, para socializar o conhecimento sobre
os parasitos e hábitos de higiene, tratamento dos portadores, e saneamento
ambiental. Para prevenção e controle dos agravos nutricionais sugere-se a
implantação de medidas estratégicas de educação alimentar, com a promoção
de práticas alimentares saudáveis.
Essas medidas podem colaborar para a melhoria das condições de
saúde das crianças e adolescentes, ainda que não resolvam totalmente o
problema devido aos determinantes socioeconômicos.
Vale ressaltar que a principal limitação deste estudo provém do seu
delineamento transversal podendo afetar a interpretação dos resultados. Para
identificação dos fatores de risco seriam necessários estudos longitudinais, que
permitiriam identificar e quantificar estes fatores, além de verificar suas
repercussões em longo prazo. O presente estudo deve ser visto como uma
contribuição para o entendimento da associação entre enteroparasitoses,
anemia e estado nutricional.
6. Conclusões
Conclusões
100
A população estudada não possui saneamento básico, encontra-se nas
piores classes econômicas e a maioria dela possui renda menor ou igual
a um salário mínimo.
A freqüência de enteroparasitoses nas crianças e adolescentes desta
área é elevada e as intensidades das infecções para os diferentes
helmintos variaram de leve a alta.
Mais de um terço da população estudada encontra-se com déficit
estatural, ou sob risco de desenvolvê-lo. A freqüência de sobrepeso foi
equivalente a de déficit estatural.
A obesidade foi mais freqüente que o baixo peso nesta população.
A deficiência de ferro é um agravo comum na população estudada e a
anemia é um problema de saúde pública desta comunidade.
O consumo alimentar das crianças e adolescentes avaliados necessita de
ajustes relativos à qualidade da dieta.
Na amostra estudada não se evidencia associação entre agravo
antropométrico e condições de moradia, características econômicas,
comportamentos relacionados à educação sanitária, enteroparasitoses e
deficiência de ferro.
Existe associação entre anemia e concentração sérica de ferritina,
concentração de ferro sérico e classe econômica na população avaliada.
Classe econômica e aglomeração familiar estão associadas à
enteroparasitoses nos indivíduos avaliados.
Os dados obtidos não demonstram associação das enteroparasitoses
com anemia, déficit estatural e baixo peso.
Referências
Referências
102
ABEP (Associação Brasileira de Empresas de Pesquisa). Critério padrão de
classificação econômica Brasil/2008. São Paulo: ABEP; 2007.
Almeida Filho N, Rouquayrol MZ. Desenhos de pesquisa em epidemiologia. In:
Rouquayrol MZ, Almeida Filho N. Epidemiolgia & Saúde. Rio de Janeiro:
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Referências elaboradas de acordo com
normas para publicação nos Cadernos de
Saúde Pública, disponível em
http://www.scielo.br/revistas/csp/pinstruc.htm.
Apêndices
117
APÊNDICE 1
Manual de Coleta de Dados
118
UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS
SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE – MACEIÓ
“AÇÃO INTEGRADA COM A COMUNIDADE PARA O
COMBATE DAS VERMINOSES TRANSMITIDAS PELO
CONTATO COM O SOLO EM UMA ÁREA DEFINIDA DE
MACEIÓ, ALAGOAS, BRASIL”
(INQUÉRITOS DIETÉTICO E ANTROPOMÉTRICO)
MANUAL DE COLETA DE DADOS
ELABORAÇÃO: ANNY KARINNY CALHEIROS DUTRA TIMÓTEO
JULIANA VASCONCELOS LYRA DA SILVA
ORIENTAÇÃO: PROF
a
CÉLIA DIAS DOS SANTOS
MACEIÓ, 2005
119
APRESENTAÇÃO
A elaboração deste manual tem por objetivo minimizar os erros durante
a coleta de dados, visando a precisão dos resultados. Trata-se de um
instrumento importante para a padronização das técnicas empregadas na
pesquisa e, por isso, deverá fazer parte da bagagem do entrevistador”, para
ajudá-lo a superar as possíveis dificuldades, durante todo o trabalho.
A coleta de dados é a base do trabalho científico, sendo, por isso,
considerada a fase mais importante da pesquisa. Portanto, é necessário todo o
esforço da equipe no sentido de desenvolver, da melhor maneira possível, essa
etapa do trabalho para garantir a confiabilidade da pesquisa.
Serão aplicados os inquéritos dietético, antropométrico e bioquímico com
as gestantes e menores de 15 anos, além do socioeconômico com todas as
famílias da população – alvo do presente estudo. Contudo, este manual
apresenta, apenas, os passos para a execução dos dois primeiros métodos,
em função das dificuldades que lhes são inerentes.
120
DICAS PARA ENTREVISTA
Estar vestido adequadamente para ocasião.
Conhecer exatamente o conteúdo do formulário, para tornar-se seguro e
confiante quanto ao trabalho a ser desempenhado.
Agir com naturalidade, educação, humildade e simpatia.
Quando chegar à casa selecionada : perguntar o nome da (o)
informante; apresentar-se (dizer seu nome, o que faz, qual a
instituição promotora da pesquisa, além de garantir o sigilo da
entrevista); explicar o motivo de sua presença (objetivos da pesquisa)
e informar-se sobre a disponibilidade da (o) informante (caso não
possa no momento, marcar outro horário para a entrevista).
Jamais exigir, intimidar, prometer benefícios ou forçar o entrevistado
(a) a participar da pesquisa.
Iniciar a entrevista, permanecendo atento para:
Procurar ouvir mais do que falar;
Procurar ter clareza e simplicidade, favorecendo a compreensão
do informante;
Assumir um papel passivo para não influenciar o informante;
Jamais induzir o entrevistado (com palavras, gestos ou
impressões faciais);
Procurar conduzir o assunto quando for desviado;
Quando necessário, buscar os detalhes da informação, evitando,
contudo, a Impertinência;
Permanecer dando atenção ao informante, mesmo que não
concorde com as suas afirmações;
Registrar todos os dados com a maior fidedignidade possível;
Ficar atento, ao final da entrevista, para as observações casuais
do informante, anotando-as no item “observações” do formulário ou no
verso da folha.
OBS:
Quando perceber o erro / equívoco de uma ou mais respostas
do informante, registre-a (as) da forma como ele falou e deixe para
orientá-lo, sobre o assunto, no final de toda a entrevista.
121
INQUÉRITO DIETÉTICO (Recordatório de 24h)
1- Propor à/ao informante recordar e descrever todos os alimentos e
bebidas ingeridos (pela própria pessoa ou pela criança que está sendo
avaliada) nas últimas 24 horas, começando pela última refeição.
(Ex : A / o senhora (or) pode me dizer tudo o que comeu e bebeu,
de ontem para hoje? - O que comeu na última refeição?”
2- Registrar tudo o que for dito, sem preocupação com quantidades e sem
interromper o informante.
3- Em seguida, perguntar sobre as quantidades de todos os alimentos
citados, em medidas caseiras (cheias, niveladas, rasas), apresentando
as fotos para ajudá-los a descrever as porções utilizadas.
(Ex: “Qual a quantidade que a senhora (or) comeu deste alimento?”,
mostrando-lhe as fotos referentes ao 1
o
alimento, ao 2
o
alimento e, assim,
por diante).
4- No caso de preparações, perguntar sobre os ingredientes e suas
respectivas quantidades, mostrando as fotos, para identificar as medidas
usadas na confecção daquela preparação.
(Exs : Café com leite - café : ½ xícara; leite : 1 xícara; açúcar : 1 colher(chá)
Sopa de legumes cenoura: ½ peq.; batatinha (batata inglesa): 1 peq.;
chu-chu: ¼ médio; carne de boi (vaca, bovina) moída: 1 colher (sopa) rasa.
5- No caso de frutas, biscoitos, pães e ovos, perguntar quantas unidades
foram consumidas, mostrando, mais uma vez, as fotos para que
indiquem o tamanho (pequeno, médio ou grande).
6- Para carnes, em geral, (boi, frango, charque, porco, peixe) utilizar
unidades como: fatia (pequena, média ou grande), pedaço (pequeno,
médio ou grande), posta (pequena, média ou grande).
7- Registrar se a preparação da carne foi cozida, assada, frita, à milanesa
ou grelhada.
8- No caso de saladas de: legumes, verduras (cruas ou cozidas) e de
frutas, perguntar quais os ingredientes que compõem a salada, com o
auxílio das fotos para identificar as quantidades.
OBS : Em saladas cruas, registrar da seguinte forma: alface –2 folha;
tomate – 3 rodelas; cebola – 1rodela; azeite – 1 fio.
122
Legumes cozidos ou refogados (perguntar sempre o tipo de preparação),
registrar em colheres de sopa ou de servir, de acordo com a foto indicada
pela (o) informante.
9- Registrar as marcas comerciais dos alimentos industrializados e as
variedades dos alimentos (banana-prata, banana-maçã, banana-nanica,
banana - d’água, manga-espada, manga-rosa, manguito, etc).
10- Preparações habituais, como: feijão, arroz, macarrão , utilizar as
medidas caseiras de referência (colher de sopa, colher de servir,
concha, pegador de macarrão), sempre de acordo com o que for
indicado.
11- Não induzir ou fazer perguntas tendenciosas, questionando sobre
alimentos ou fatos específicos.
(Ex: “Você não toma leite?”; “Você tomou café da manhã?”; Você come
pouco?”
12- Evitar qualquer sinal de surpresa, aprovação ou desaprovação, em
relação a qualquer resposta.
INQUÉRITO ANTROPOMÉTRICO
Pesando e medindo crianças
O ato de pesar e medir requer contato físico e isto pode gerar uma
situação normal de insegurança e estresse nas crianças. A situação pede
concentração, paciência e muita cordialidade. Nunca se deve pesar ou medir
uma criança sem antes conversar com ela e/ou com a família explicando o que
vai ser feito. Não subestime a força ou a agilidade das crianças, mesmo as
muito pequenas. Muitas crianças costumam chorar durante a tomada do peso
ou da altura. Caso o choro não cesse e o nível de estresse fique alto, solicite à
mãe que pegue a criança no colo e aguarde alguns momentos. Seja firme,
porém gentil, com as crianças.
123
PESANDO CRIANÇAS MENORES DE 2 ANOS
1 º Passo:
A balança deve estar ligada antes da criança ser colocada sobre a mesma.
Esperar que a balança chegue ao zero.
2 º Passo:
Forrar a balança com papel ou fralda e calibrá -la.
3 º Passo:
Despir a criança com o auxílio da mãe/responsável.
4 º Passo:
Colocar a criança despida no centro do prato da balança, sentada ou deitada,
de modo que o peso fique distribuído. Manter a criança parada (o máximo
possível) nessa posição. Orientar a mãe/responsável a manter-se próxima (o),
sem tocar na criança e no equipamento.
5 º Passo:
Aguardar que o valor do peso esteja fixado no visor e realizar a leitura.
6 º Passo:
Anotar o peso no formulário.
7 º Passo:
Retirar a criança
PESANDO CRIANÇAS MAIORES DE 2 ANOS, ADOLESCENTES e
GESTANTES
1 º Passo:
A balança deve estar ligada antes da criança, adolescente ou gestante se
colocar sobre a plataforma do equipamento. Esperar que a balança chegue ao
zero.
2 º Passo:
Pedir que a criança, o adolescente ou a gestante, posicione-se no centro da
plataforma da balança, com o mínimo de roupa possível, sem nenhum
acessório, descalço (a), ereto (a), com os pés juntos e os braços estendidos ao
longo do corpo. Mantê-lo (a) parado (a) nessa posição.
3 º Passo:
Realizar a leitura após o valor do peso estar fixado no visor.
124
4 º Passo:
Anotar o peso no formulário.
5 º Passo:
Pedir que a criança, o adolescente ou a gestante desça da balança.
MEDINDO O COMPRIMENTO DE CRIANÇAS MENORES DE 2 ANOS
1 º Passo:
Deitar a criança no centro do infantômetro, descalça e com a cabeça livre de
adereços.
2 º Passo:
Manter, com a ajuda da mãe/responsável, a cabeça da criança apoiada,
firmemente, contra o esquadro ou prancha fixa do equipamento, com o
pescoço reto, o queixo afastado do peito e a linha do olhar paralela à prancha
fixa; os ombros totalmente em contato com a superfície de apoio do
antropômetro e os braços estendidos ao longo do corpo.
3 º Passo:
As nádegas e os calcanhares da criança deverá estar em pleno contato com a
superfície que apóia o antropômetro.
4 º Passo:
Pressionar, cuidadosamente, os joelhos da criança para baixo,com uma das
mãos, de modo que eles fiquem estendidos. Juntar os pés, fazendo um ângulo
reto com as pernas. Levar o esquadro móvel do instrumento até às plantas dos
pés, com cuidado para que não se mexam.
5 º Passo:
Realizar a leitura do comprimento quando estiver seguro de que a criança não
se moveu da posição indicada.
6 º Passo:
Anotar o resultado no formulário. Retirar a criança
125
MEDINDO A ESTATURA DE CRIANÇAS MAIORES DE 2 ANOS,
ADOLESCENTES e GESTANTES
1 º Passo:
Posicionar a criança, o adolescente ou a gestante descalço (a) e com a cabeça
livre de adereços, no centro da base do estadiômetro. Mantê-lo de pé, ereto,
com os braços estendidos ao longo do corpo, com a cabeça erguida, olhando
para um ponto fixo na altura dos olhos (linha do horizonte).
2 º Passo:
Encostar os calcanhares, ombros e nádegas em contato com o antropômetro.
3 º Passo:
Os ossos internos dos calcanhares devem se tocar, bem como a parte interna
de ambos os joelhos. Unir os pés, fazendo um ângulo reto com as pernas,
deixando porém, um espaço na parte frontal, formando um ângulo de,
aproximadamente, 45
o
entre os pés, favorecendo o equilíbrio do indivíduo em
posição bem ereta.
4 º Passo:
Abaixar o esquadro vel do equipamento, fixando-o contra a cabeça, com
pressão suficiente para comprimir o cabelo. Pedir que a criança, o adolescente
ou a gestante saia da plataforma do instrumento quando tiver certeza de que o
mesmo não se moveu.
5 º Passo:
Realizar a leitura da estatura, sem soltar a parte móvel do equipamento.
6 º Passo:
Anotar o resultado no formulário.
OBS:
Para aumentar a precisão das medidas, recomenda-se que sejam
realizadas em duplicata, calculando-se, em seguida, a média dos valores
obtidos.
126
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127
APÊNDICE 2
Questionário socioeconômico
128
INQUÉRITO
SOCIOECONÔMICO
FAMILIAR
PROJETO GEOHELMINTOS
UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS
SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE DA CIDADE DE MACEIÓ
Código da Família: __________ Entrevistador:__________________ Data: / /
Identificação do Informante:
Nome: ________________________________________________________ Sexo: (F) (M)
Naturalidade: ____________________________ Religião: __________________
Relação dos habitantes da casa (incluindo o informante):
Nome D.Nasc Idade Sexo
Est.
Civil
a
Profissão Instr.
b
Parent. c/
chefe
c
Uso
calçado
d
Contato água
canal?
e
1-
2-
3-
4-
5-
6-
a
Est. Civil: (1) Solteira; (2) Casado/Com companheiro; (3) Viúvo; (4) Separado/sem companheiro
b
Instrução: (1) Analfab.; (2) 1º grau compl.; (3) 1º grau incompl.; (4) 2ºgrau compl.; (5) 2º grau incompl; (6) 3ºgrau compl; (7) 3ºgrau incompl.
c
Parent. c/ chefe: (1) cônjuge/companh; (2) Pais; (3) avós; (4) filho(a); (5) Neto(a); (6) Genro/Nora; (7) Enteado; (8); sobrinho (9) Agregado
d
Uso de calçado no bairro: sim ou não ;
e
Sim/Não
Renda familiar (nº de salários mínimos): ( ) Não sabe; ( ) < 1; ( ) 1; ( ) 1-2;
( ) 2-3; ( ) 3-4; ( ) 4-5; ( ) 5-6; ( ) >6; Obs.:_______________________________
Bens móveis: ( ) geladeira; ( ) fogão; ( ) ventilador; ( ) liquidificador; ( ) ferro elétrico;
( ) televisão; ( ) carro; ( ) outros:______________________________________
Situação sócio-sanitária:
Tipo moradia: ( ) casa; ( ) apto.; ( ) quarto; ( ) rua; ( ) abrigo; ( ) outro: __________
Moradia situação: ( ) própria; ( ) alugada; ( ) cedida; ( ) invadida; ( ) outro: __________
Tipo costrução: ( ) alvenaria; ( ) tábua; ( ) taipa; ( ) outro: _________________
Água casa: ( ) encanada; ( ) vizinhança; ( ) cacimba; ( ) poço; ( ) outro: __________
Banheio: ( ) Não tem; ( ) interno c/ água; ( ) interno s/ água; ( ) externo familiar c/
água; ( ) externo familiar s/ água; ( ) comunitário c/ água; ( ) comunitário s/ água.
Escoamento dejetos sanitários: ( ) rede pública; ( ) rua; ( ) canal; ( ) fossa coberta; ( )
fossa sem vedação; ( ) outro: ______________________________
Dejetos domésticos: ( ) rede pública; ( ) rua; ( ) canal; ( ) fossa coberta; ( ) fossa sem
vedação; ( ) outro: __________________________________
Lixo doméstico: ( ) coleta diária; ( ) coleta semanal; ( ) a céu aberto; ( ) queimado; ( )
enterrado; ( ) canal; ( ) outro __________________
129
APÊNDICE 3
Questionário consumo alimentar
130
INQUÉRITO DIETÉTICO INDIVIDUAL
PROJETO GEOHELMINTOS
UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS
SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE DA CIDADE DE MACEIÓ
Código da Família: __________ Entrevistador:_______ Data: / /
Identificação do Informante:_____________________________
Parentesco:________
Dados alimentares (fazer um questionário para cada membro da família menor de 15
anos, gestantes e nutrizes)
1 Nome: ________________________________ Sexo: (F) (M) Idade: ______anos
Gestante (Sim) (Não) Nutriz (Sim) (Não).
RECORDARIO 24 HORAS
Refeição
Preparações
Alimentos
Quantidade*
DESJEJUM
LANCHE
ALMOÇO
LANCHE
JANTAR
CEIA
* De acordo com álbum.
REJEITO: Desjejum ( ) Lanche ( ) Almoço ( ) Lanche ( ) Jantar ( ) Ceia ( )
131
APÊNDICE 4
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
132
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Eu,_____________________________,C.I. e/ouCPF:_____________ ______,
residente no endereço: _____________________________________ estou ciente da
pesquisa sobre controle de verminoses: “Ação integrada com a comunidade para o
combate das verminoses transmitidas pelo contato com o solo em uma área definida
de Maceió-Alagoas, Brasil”. Após esclarecido da situação, participarei como
voluntário(a) da citada Pesquisa que está sendo desenvolvida pela Universidade
Federal de Alagoas e Secretaria Municipal de Saúde de Maceió, sabendo que serei
acompanhado(a) durante o período mínimo de 2 (dois) anos em intervalos pré-
estabelecidos para exames médicos, avaliação nutricional e colheitas de sangue e
fezes.
O sangue a ser analisado, será colhido com uso de material descartável, sem
risco nenhum ou desconforto e será encaminhado para o exame laboratorial na
Universidade Federal de Alagoas (UFAL) e/ou no Laboratório Central do Estado de
Alagoas (LACEN). Também estou ciente que receberei os resultados dos exames que
serão mantidos em sigilo e que se necessário, serei tratado e acompanhado por
clínicos especializados da Secretaria Municipal de Saúde de Maceió. Também tenho
consciência que irei receber orientação nutricional e educação em saúde.
Autorizo a Universidade Federal de Alagoas (UFAL) a conservar, sob sua
guarda, o material biológico, para ser usado com objetivo de pesquisa médica ou
educacional. Autorizo ainda, que as informações médicas obtidas de minha pessoa,
possam ser utilizadas em publicações científicas, preservando nesse caso minha
identidade.
Atesto ainda que recebi esclarecimentos dados por educadores em saúde da
Secretaria Municipal de Saúde, sobre a Filariose (Elefantíase) e as verminoses, e seus
riscos à saúde humana .
Estou ciente que poderei recusar ou retirar meu consentimento, em qualquer
momento da investigação, sem qualquer penalização.
Finalmente, estou ciente que terei o direito garantido à melhor conduta médica
diante de uma intercorrência indesejável que possa ocorrer durante o
acompanhamento ou desenvolvimento da pesquisa.
Este termo de consentimento” me foi totalmente explicado e eu entendi seu
conteúdo e minha participação no mencionado estudo. Estou consciente dos meus
direitos, das minhas responsabilidades, dos riscos e dos benefícios que a minha
participação implicam. Concordo em participar e DOU O MEU CONSENTIMENTO
SEM QUE PARA ISSO EU TENHA SIDO FORÇADO OU OBRIGADO.
Endereço do responsável pela pesquisa: Professor Dr. Gilberto Fontes
Instituição: Universidade Federal de Alagoas, Centro de Ciências Biológicas, Depto Patologia
Endereço: CCBi/UFAL – Praça Afrânio Jorge s/n, bairro Prado, 57010-020, Maceió, Alagoas.
Telefones p/ contato: (82) 223-5613 ram. 222/223
ATENÇÃO: Para informar ocorrências irregulares ou danosas durante a sua participação no
estudo, dirija-se ao: Comi de Ética em Pesquisa da Universidade Federal de Alagoas:
Prédio da Reitoria, sala do COC, Campus A C Simões, Cidade Universitária, Fone 214-1053
Maceió, AL, / / .
_________________________________________
Assinatura do voluntário ou responsável legal
_________________________________________
Membro da Equipe de Pesquisa
Anexos
134
ANEXO 1
Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa da UFAL
135
Livros Grátis
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