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INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA
ALISSON CLAY RIOS DA SILVA
COMPORTAMENTO DO CONCRETO GEOPOLIMÉRICO PARA PAVIMENTO
SOB CARREGAMENTO CÍCLICO
Dissertação de Mestrado apresentada ao Curso de
Mestrado em Ciência dos Materiais do Instituto
Militar de Engenharia, como requisito parcial para a
obtenção do título de Mestre em Ciências em
Ciência dos Materiais.
Orientador: Prof. Clelio Thaumaturgo - D.C.
Rio de Janeiro
2006
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2
c2006
INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA
Praça General Tibúrcio, 80 Praia Vermelha.
Rio de Janeiro - RJ CEP: 22290-270
Este exemplar é de propriedade do Instituto Militar de Engenharia, que poderá
incluí-lo em base de dados, armazenar em computador, microfilmar ou adotar
qualquer forma de arquivamento.
É permitida a menção, reprodução parcial ou integral e a transmissão entre
bibliotecas deste trabalho, sem modificação de seu texto, em qualquer meio que
esteja ou venha a ser fixado, para pesquisa acadêmica, comentários e citações,
desde que sem finalidade comercial e que seja feita a referência bibliográfica
completa.
Os conceitos expressos neste trabalho são de responsabilidade do(s) autor
(es) e do(s) orientador (es).
S 586 Silva, Alisson Clay Rios da.
Comportamento do concreto geopolimérico para Pavimento sob carregamento
cíclico.
Alisson Clay Rios da Silva Rio de Janeiro: Instituto Militar de Engenharia, 2006.
183 p.:il.,
Dissertação (mestrado)- Instituto Militar de Engenharia, 2006.
1. Concreto. 2. Geopolímero. 3. Fadiga. 4. Propriedades mecânicas. I.
Título. II. Instituto.Militar de Engenharia.
CDD: 624.1834
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INSTITUTO MILITAR DE ENGENHARIA
ALISSON CLAY RIOS DA SILVA
COMPORTAMENTO DO CONCRETO GEOPOLIMÉRICO PARA PAVIMENTO
SOB CARREGAMENTO CÍCLICO
Dissertação de Mestrado apresentada ao Curso de Mestrado em Ciência dos
Materiais do Instituto Militar de Engenharia, como requisito parcial para a obtenção
do título de Mestre em Ciências em Ciência dos Materiais.
Orientador: Clelio Thaumaturgo - D.C.
Aprovada em 16 de fevereiro de 2006 pela seguinte Banca Examinadora:
_______________________________________________________________
Prof. Clelio Thaumaturgo D.C. do IME - Presidente
_______________________________________________________________
Prof. Antônio Eduardo Polisseni D.C. da UFJF
_______________________________________________________________
Prof. Alaelson Vieira Gomes D.C. do IME
_______________________________________________________________
Prof. Felipe José Silva D.C. do IME
_______________________________________________________________
Prof. Elie Chahdan Mounzer D.C. da UNIPLI
Rio de Janeiro
2006
4
O verdadeiro idealista não é aquele cujos sonhos
são delimitados pelas montanhas que o cercam,
mas sim pela força, coragem e pela fé que ele
tem em si mesmo.
(Alisson)
5
A meus pais, Reginaldo e Ceres. Em homenagem
a essa união, que este ano completa 30 anos e
que estrutura e fortalece meu ser a cada dia. Amo
vocês.
6
AGRADECIMENTOS
Primeiramente a DEUS, PAI protetor e fonte de toda a minha força, sabedoria e
principalmente fé.
Aos meus pais Reginaldo e Ceres, meus irmãos André (gulhus) e Regina
(pó), meu cunhado (irmão) Lennon, minha sobrinha Beatriz (super neném), que a
pesar da distância, me deram sempre muita força, determinação, coragem,
carinho, alegria e vontade de vencer.
A Família Silva e a Família Rios, por todo amor, carinho e formação pessoal.
Um agradecimento todo especial ao meu avô Benedito Silva, in
memorian, por sua simplicidade, humildade e exemplo de trabalhador. Senti
muito sua força e proteção no desenvolvimento deste trabalho, pois colher de
pedreiro, cimento, pedra, areia e outros acessórios da construção civil sempre
fizeram parte de sua vida e que me acompanharam diariamente durante todos os
experimentos desta pesquisa. Saudades de você meu Bené.
Ao meu grande AMIGO Wallace, pelo incentivo de enfrentar o grande
desafio de estudar no Rio de Janeiro e no IME.
Ao meu amigo Carlos, pela acolhida na chegada ao Rio de Janeiro.
Aos meus Professores e orientadores, Clelio Thaumaturgo e Felipe Silva,
desbravadores de condições estruturais para o desenvolvimento da pesquisa em
geopolímero. Obrigado pela orientação, respeito, paciência, compreensão e por
confiarem no meu potencial para o desenvolvimento deste trabalho.
A todos os professores do IME, pelo conhecimento adquirido.
Aos amigos, Claudia, Vivienne, Vivian, Sheyla, Fernando, Cap. Ricardo,
Alberto, Douglas, Edson, Ducos, Gláucio, Liliane, Luiz Eduardo, Jackeline, André,
Fabiana, Renata e Osmar , pelos momentos de companheirismo.
Aos meus companheiros diários de trabalho, Leonardo, Izabella,
Fernandão, Elie, Fabiano e Diegles. Um agradecimento todo particular ao meu
grande amigo e irmão Diegles (louro), pela amizade, compreensão, respeito e
principalmente pela paciência nos momentos de minhas dificuldades acadêmicas.
Conseguimos chegar juntos, valeu louro.
7
Aos amigos do curso de Transportes e Nuclear, Gleicy, Amílcar e Luiz, pela
oportunidade do conhecimento em outras áreas de estudo e amizade.
Aos meus amigos de curso dentro e fora do IME, Itamar, Christian e
Tibério, pelos bons momentos em nossas reuniões cheias de descontração e
muita alegria.
As minhas amigas, Déia e Patrícia, pela oportunidade de me apresentarem
melhor as coisas boas do Rio de Janeiro.
A amiga Adriana pela acolhida nesta reta final de Dissertação.
Aos funcionários do IME, em especial, ao velhinho prestativo Cap. Veltri,
por sua grande atenção e prestatividade para comigo. Aos técnicos Joel,
Leonardo e Vanderlei, pelo apoio no desenvolvimento desta pesquisa.
Aos técnicos do Laboratório de Compósitos, Eduardo e sorriso pela
contribuição indispensável durante a realização da parte experimental desta
pesquisa. Valeu cambada.
A minha namorada, amiga e companheira em TODOS os momentos desta
difícil jornada, que sempre disposta a compreender, ajudar e me incentivar,
contribuiu da mais bela forma possível para que eu alcançasse meus objetivos.
Quero te dizer o quanto te admiro, por seres uma pessoa linda em teus atos e em
teus pensamentos. Obrigado Elaine, minha pequena grande mulher.
Obrigado meu DEUS, por me passares tanta confiança, tanta força e me
fazer entender que uma Dissertação é feita com muito sacrifício sim, mas que o
bom é olhar pra traz e saber que todo esse sacrifício é a essência que nos traz a
satisfação ímpar que sentimos ao chegar ao final do trabalho e poder dizer, eu
sou capaz.
Obrigado a todos aqueles que de uma forma ou de outra contribuíram no
desenvolvimento deste trabalho. Meus sinceros agradecimentos.
Valeu.
8
SUMÁRIO
LISTA DE ILUSTRAÇÕES ....................................................................................12
LISTA DE TABELAS .............................................................................................18
LISTA DE ABREVIATURAS e SÍMBOLOS ...........................................................24
LISTA DE SIGLAS ................................................................................................27
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................30
1.1 MOTIVAÇÃO...........................................................................................30
1.2 OBJETIVO...............................................................................................30
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA..............................................................................31
2.1 Geopolímero............................................................................................31
2.1.1 Cimento Geopolimérico...........................................................................33
2.1.1.1 Metacaulim..............................................................................................36
2.1.1.2 Escória Básica Granulada de Alto-Forno (EBGAF).................................39
2.1.2 Concreto de Cimento Geopolimérico (CCG)............................................40
2.2 Pavimento De Concreto ..........................................................................44
2.3 Fadiga .....................................................................................................53
2.3.1 Comportamento Sob Fadiga do Concreto...............................................53
2.3.2 Fadiga em Pavimentos de Concreto. .....................................................55
2.3.3 Fatores que Afetam o Comportamento Sob Fadiga...............................57
2.3.3.1 Relacionados ao Tráfego .......................................................................57
2.3.3.2 Condições Climáticas.............................................................................58
2.3.3.3 Níveis de Aplicação de Tensões ............................................................59
2.3.3.4 Freqüência de Aplicação de Cargas.......................................................62
2.3.3.5 Concreto Reforçado Com Fibras de Aço (CRFA)...................................63
2.3.4 Materiais que Constituem o Concreto ....................................................65
2.3.4.1 Dimensões dos Agregados ....................................................................66
9
2.3.4.2 Relação Água / Aglomerante (a/a) ........................................................66
2.3.4.3 Consumo de Cimento.............................................................................67
2.3.5 Hipótese de Palmgren-Miner (Dano Contínuo Linear)............................68
2.3.6 Modelos de Fadiga Para Pavimentos de Concreto ................................69
2.3.6.1 Modelos Experimentais..........................................................................70
2.3.6.2 Modelo Atualmente Empregado no Brasil..............................................71
3 MATERIAIS E MÉTODOS .................................................................................72
3.1 Materiais.................................................................................................72
3.1.1 Agregado Miúdo .....................................................................................72
3.1.2 Agregado Graúdo...................................................................................73
3.1.3 Cimento Geopolimérico..........................................................................75
3.1.3.1 Metacaulim .............................................................................................75
3.1.3.2 Cimento CPIII .........................................................................................77
3.1.3.3 Silicato de Sódio.....................................................................................79
3.1.4 Cimento Portland....................................................................................81
3.1.5 Fibras de Aço .........................................................................................85
3.2 Métodos Experimentais..........................................................................86
3.2.1 Calcinação do Caulim.............................................................................86
3.2.2 Obtenção do CCG..................................................................................86
3.2.3 Obtenção do CCP ..................................................................................89
3.2.4 Determinação da Consistência Ideal......................................................90
3.2.5 Moldagem de Corpos-de-Prova .............................................................91
3.2.5.1 Confecção de Corpos-de-Prova Cilíndricos ...........................................91
3.2.5.2 Confecção de Corpos-de-Prova Prismáticos..........................................92
3.2.5.2.1 Seleção das Dimensões dos Corpos-de-Prova...................................... 94
3.2.6 Absorção de Água, Índice de Vazios e Massa Específica......................99
3.2.7 Resistência à Compressão Axial..........................................................100
3.2.8 Resistência à Tração por Compressão Diametral (Tração Indireta).....101
3.2.9 Módulo de Elasticidade e Coeficiente de Poisson................................102
10
3.2.10 Resistência à Flexão ............................................................................104
3.2.11 Ensaio de Fadiga..................................................................................104
3.2.11.1 Metodologia dos Ensaios de Fadiga.....................................................106
3.2.11.2 Ensaios de Fadiga no CCG..................................................................108
3.2.11.3 Ensaios de Fadiga no CCP ..................................................................112
3.2.12 Desgaste por Abrasão Superficial ........................................................114
3.2.13 Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV) ........................................115
4 RESULTADOS.................................................................................................116
4.1 Ensaios Preliminares............................................................................116
4.2 Dosagem..............................................................................................118
4.3 Ajuste de Consistência.........................................................................122
4.4 Absorção de Água, Índice de Vazios e Massa Específica....................124
4.5 Compressão Axial ................................................................................125
4.6 Compressão Diametral.........................................................................128
4.7 Módulo de Elasticidade (E) e Coeficiente de Poisson ().....................129
4.8 Flexão...................................................................................................131
4.8.1 Resistência de Corpos-de-Prova de Diferentes Dimensões.................131
4.8.2 Resultados Obtidos para Dimensões de 100x100x400 mm.................137
4.8.2.1 Concreto Reforçado com Fibras de Aço...............................................140
4.9 Ensaio de Fadiga..................................................................................144
4.9.1 Ensaios com Tensão Constante...........................................................144
4.9.2 Ensaios com Diferentes Freqüências de Aplicação de Carga..............149
4.9.3 Ensaios com Tensão Variável ..............................................................153
4.9.4 Ensaios com o CCG Para Diferentes Tensões Mínimas......................157
4.9.5 Ensaios com o CCG Para Diferentes Idades .......................................160
4.9.6 Ensaios com o CCG para Diferentes Volumes de Fibras.....................163
4.10 Desgaste por Abrasão Superficial ........................................................167
4.11 Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV). .......................................168
11
5 CONCLUSÕES ................................................................................................173
6 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS ..............................................175
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................................176
12
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
FIG.2.1 Fórmula empírica, nomenclatura e abreviaturas propostas para os
geopolímeros e suas estruturas tridimensionais de silico-aluminatos
amorfos a semi-cristalinos : [a] : polissialato ; [b] : polisiloxosialato ; [c] :
polidisiloxosialato, (DAVIDOVITS, 1991)..............................................32
FIG.2.2 (a) Estrutura proposta para o polímero Na-polissialato. (Ib) Estrutura
tridimensional proposta para Na-polissialato, (BARBOSA e
THAUMATURGO, 2000). .....................................................................32
FIG.2.3 Produção anual de cimento Portland e CO
2
no mundo. Os cimentos
Geopoliméricos assumindo um mercado potencial, com uma redução
na produção do cimento Portland em 1989, (DAVIDOVITS, 1991)......34
FIG.2.4 Estrutura da gibbsita (a), Sílica (b), Montagem da estrutura ideal da
caulinita (c), Estrutura final da caulinita (d), (GARDOLINSKI et al,
2003)....................................................................................................37
FIG.2.5 Empilhamento e estrutura do cristal lamelar da caulinita, (SANTOS,
1989)....................................................................................................37
FIG.2.6 (a) Estrutura lamelar da caulinita, (FERNANDES, 1992); (b) Cristais de
caulinita do Rio Capim, (LUZ e CHAVES, 2000)..................................38
FIG.2.7 Metacaulins obtidos pelo processo de calcinação: (a) 850 ºC / 4h, (b) 850
ºC / 24h, (LIMA, 2004)..........................................................................39
FIG.2.8 Resistência à compressão em diferentes idades, (HARDJITO et al,
2004)....................................................................................................42
FIG.2.9 Resistência à tração obtida por ensaios de compressão diametral para o
CCG e CCP, (THOMAZ, 2000).............................................................43
FIG.2.10 Custos X Durabilidade de pavimentos rígidos e flexíveis, (ABCP, 2000).45
FIG.2.11 Exemplos de utilização de pavimentos rígidos,(a) Rodovia Itaipava (RJ);
(b) Pátio de Manobras do Aeroporto Santos Dumont (RJ); (c) Av. Edson
Passos, (RJ); (d) Praia da Boa Viagem, (PE), (RODRIGUES, 2003)...46
FIG.2.12 Correlação entre CBR e K, (RODRIGUES, 2003).................................49
13
FIG.2.13 Seção de pavimentos, (a) rígido (b) flexível, (ABCP, 2005). .................50
FIG.2.14 Distribuição das pressões nas camadas de solo subjacentes ao
revestimento de concreto, (RODRIGUES, 2003). ................................50
FIG.2.15 Curvas S-N para valores de R constantes, onde R = S
min
/S
max
, (AITCIN,
2000)....................................................................................................55
FIG.2.16 Empenamento da placa devido ao gradiente térmico, (PEREIRA, 1998).58
FIG.2.17 Representação gráfica dos ensaios de fadiga à tensão e deformação
controlada, (ALBUQUERQUE, 2005)...................................................61
FIG.2.18 Influência do modo de carregamento na vida em fadiga,
(ALBUQUERQUE, 2005)......................................................................61
FIG.2.19 Matriz frente à fissuração, (FIGUEIREDO, 2000)..................................65
FIG.2.20 Matriz com fibra de aço, frente à fissuração, (FIGUIREDO, 2000)........65
FIG.3.1 Curva granulométrica da areia (PEREIRA, 2006) .................................73
FIG.3.2 Curva granulométrica da brita (PEREIRA, 2006). .................................74
FIG.3.3 Distribuição das partículas do metacaulim. ...........................................77
FIG.3.4 Distribuição das partículas do CPIII-40 RS. ..........................................79
FIG.3.5 Espectro de EDS do cimento geopolimérico. ........................................81
FIG.3.6 Picos característicos dos componentes químicos do CCP, mapeados por
EDS......................................................................................................83
FIG.3.7 Distribuição das partículas do CP V. .....................................................84
FIG.3.8 Fibras de aço Wirand ® FS3N...............................................................85
FIG.3.9 Betoneira de eixo inclinado, com capacidade de 145 L de concreto.....89
FIG.3.10 Abatimento de tronco-de-cone, (a) adensamento do concreto, (b)
nivelamento antes da medida...............................................................90
FIG.3.11 Corpos-de-prova cilíndricos, (a) moldados, (b) cura ambiente.............91
14
FIG.3.12 Correlação entre resistências para corpos-de-prova de diferentes
dimensões CAD, (CERVO et al , 2004)................................................93
FIG.3.13 Dimensões dos corpos-de-prova utilizados nas moldagens e nos
ensaios (100 x 100 x 400) mm. ............................................................95
FIG.3.14 Posição dos apoios e da carga aplicada para os ensaios em corpos-de-
prova de 400 mm de comprimento.......................................................96
FIG.3.15 Moldes utilizados para confecção dos corpos-de-prova nas duas
dimensões: (a) (100 x 100 x 400) mm e (b)(150 x 150 x 500) mm.......96
FIG.3.16 Moldagem de corpo-de-prova de (150 x 150 x 500) mm......................97
FIG.3.17 Corpos-de-prova de (100 x 100 x 400) mm em mesa vibratória, (a)
antes da vibração, (b) após vibração e rasamento, (c) cura.................97
FIG.3.18 Corpos-de-prova de (100 x 100 x 400) mm após moldagem, (a) vista
geral, (b) vista frontal............................................................................98
FIG.3.19 Compressão axial, (a) realização do ensaio, (b) CP rompido. ..........101
FIG.3.20 Faceamento do corpo-de-prova. .......................................................101
FIG.3.21 Tração indireta, (a) realização do ensaio, (b) CP rompido.................102
FIG.3.22 Módulo, (a) CP preparado para ensaio (vio geral), (b) ensaio em
execução. ...........................................................................................103
FIG.3.23 Tração na flexão estática Corpos-de-prova (100 x 100 x 400) mm, (a)
Prensa equipada com LVDT, (b) Ruptura à tração do CP..................104
FIG.3.24 MTS para ensaio de fadiga. ................................................................105
FIG.3.25 Osciloscópio, visualização da senóide gerada a partir da aplicação de
cargas cíclicas....................................................................................106
FIG.3.26 Fadiga do CCG, vista Frontal..............................................................109
FIG.3.27 Fadiga do CCG, vista lateral. ..............................................................109
FIG.3.28 Fadiga do CCG, vista geral. ................................................................110
15
FIG.3.29 Ruptura do CCG, vista lateral..............................................................110
FIG.3.30 Ruptura do CCG, vista geral. ..............................................................111
FIG.3.31 Primeira fissura do CCG com 1% de fibras.........................................111
FIG.3.32 Ruptura do CCG com 1% de fibras.....................................................112
FIG.3.33 Ruptura do CCP, vista lateral..............................................................112
FIG.3.34 Ruptura do CCP, vista geral................................................................113
FIG.3.35 Primeira fissura do CCP com 1 % de fibras. .......................................113
FIG.3.36 Ruptura do CCP com 1% de fibras......................................................114
FIG.3.37 Ensaio de desgaste, (a) equipamento, (b) amostras...........................115
FIG.4.1 Relação entre f
ctM
e f
cK
.........................................................................117
FIG.4.2 Relação entre abatimento e quantidade de agregados.......................120
FIG.4.3 Curva da relação C x f
c
........................................................................121
FIG.4.4 Ensaio de abatimento do tronco-de-cone . NBR NM 67 (1998), (a)
medida do abatimento do CCG, (b) medida do abatimento do CCP..122
FIG.4.5 Teor de superplastificante adicionado no CCP. ..................................123
FIG.4.6 Relação entre a resistência à compressão axial com diversas idades .127
FIG.4.7 Curvas carga-deformação específica para ambos os concretos.........130
FIG.4.8 Correlação entre os diferentes tamanhos 100 x 100 x400 mm e 150 x
150 x 500 mm no CCP.......................................................................132
FIG.4.9 Correlação entre os diferentes tamanhos 100 x 100 x400 mm e 150 x
150 x 500 mm no CCG.......................................................................134
16
FIG.4.10 Correlação entre os diferentes tamanhos 100 x 100 x400 mm e 150 x
150 x 500 mm para os dois tipos de concreto....................................135
FIG.4.11 Relação de f
c
x Consumo, para diferentes consumos de aglomerantes.136
FIG.4.12 Relação entre carga e deformação para os dois concretos. ...............139
FIG.4.13 Superfícies de fratura dos concretos, (a) lado 1 CCG, (b) lado 2 CCG,
(c) lado 1 CCP, (d) lado 2 CCP. .........................................................140
FIG.4.14 Relação carga deformação no CCG....................................................142
FIG.4.15 Relação carga deformação no CCP com fibras. .................................143
FIG.4.16 Relação carga deformação para os dois concretos.............................143
FIG.4.17 Relação entre tensões e números de ciclos alcançados.....................148
FIG.4.18 Relação entre a freqüência e o número de ciclos alcançados. ...........152
FIG.4.19 Influência de tipos de aplicações de tensão para os dois concretos. ..156
FIG.4.20 Variação de tensão mínima para os dois concretos............................160
FIG.4.21 Fadiga em diferentes idades para ambos os concretos......................163
FIG.4.22 Fadiga com diferentes volumes de fibras para ambos os concretos...166
FIG.4.23 Micrografias obtidas por MEV de ambos concretos. (a) Microestrutura
porosa do CCP. (b) Microestrutura densa do CCG. (c) Presença de
diversas fases no CCP. (d) Formação de uma fase no CCG. ............169
FIG.4.24 Micrografias obtidas por MEV de ambos concretos. (a) Zona de
transição no CCP. (b) Interface matriz agregado no CCG. ................170
FIG.4.25 Micrografias obtidas por MEV de ambos concretos. (a) Propaga
ção da
trinca no CCG. (b) Propagação da trinca no CCP..............................171
17
FIG.4.26 Micrografias obtidas por MEV de ambos concretos. (a) interface
fibra/matriz no CCP. (b) interface fibra/matriz no CCG.......................172
18
LISTA DE TABELAS
TAB.2.1 Razões molares entre óxidos na mistura de reagentes........................35
TAB.2.2 Resistências à compressão e tração para ambos os concretos (DIAS e
THAUMATURGO, 2005). .....................................................................43
TAB.3 1 Características físicas do agregado miúdo...........................................72
TAB.3 2 Características físicas do agregado graúdo. ........................................74
TAB.3 3 Caracterização química do metacaulim................................................76
TAB.3 4 Caracterização física do metacaulim....................................................76
TAB.3 5 Características físicas do CP III 40 RS Holcim.....................................78
TAB.3 6 Características químicas do CP III 40 RS Holcim.................................78
TAB.3 7 Composição química do CPIII 40 RS Holcim. ......................................78
TAB.3 8 Características físicas do silicato..........................................................80
TAB.3 9 Características químicas do silicato. ....................................................80
TAB.3 10 Características físicas do KOH.............................................................80
TAB.3 11 Características físicas do CPV-ARI Holcim..........................................82
TAB.3 12 Características químicas do CPV-ARI Holcim......................................82
TAB.3 13 Composição química do CPV-ARI Holcim............................................83
TAB.3 14 Características do superplastificante, fornecido pela Rheotec. ............84
TAB.3 15 Propriedades físicas das fibras de aço Wirand ® FS3N.......................85
19
TAB.3 16 Propriedades mecânicas das fibras de aço Wirand ® FS3N................85
TAB.3 17 Exigências para pavimento rígido (DNIT 054 PRO (2004))..................86
TAB.4 1 Traços iniciais do CCG.......................................................................116
TAB.4 2 Características do CCG 380...............................................................118
TAB.4 3 Características do CCG 430...............................................................119
TAB.4 4 Características do CCG 480...............................................................119
TAB.4 5 Resistência a compressão dos traços do CCG. .................................120
TAB.4 6 Características do CCG 459...............................................................121
TAB.4 7 Características do CCP 459. ..............................................................123
TAB.4 8 Ar incorporado e índice de vazios. .....................................................124
TAB.4 9 Massa específica real.........................................................................125
TAB.4 10 Resistência à compressão do CCP em diferentes idades..................126
TAB.4 11 Resistência à compressão do CCG em diferentes idades. ................126
TAB.4 12 Resistência à tração por compressão diametral.................................128
TAB.4 13 Resultados de E e . ..........................................................................129
TAB.4 14 Dimensão usual do CCP. ...................................................................131
TAB.4 15 Dimensão reduzida do CCP. ..............................................................132
TAB.4 16 Dimensão usual do CCG....................................................................133
TAB.4 17 Dimensão reduzida do CCG...............................................................133
20
TAB.4 18 Resultados das moldagens utilizando os corpos-de-prova de
dimensões 100 x 100 x 400 mm CCP. ...............................................137
TAB.4 19 Resultados das moldagens utilizando os corpos-de-prova de
dimensões 100 x 100 x 400 mm para o CCG....................................138
TAB.4 20 Resistência a flexão dos concretos. ...................................................141
TAB.4 21 Número de ciclos de fadiga com freqüência de 10 Hz e relação entre
tensões constante (RT = 0,70) no CCG. ............................................145
TAB.4 22 Número de ciclos de fadiga com freqüência de 10 Hz e relação entre
tensões constante (RT = 0,75) no CCG. ............................................146
TAB.4 23 Número de ciclos de fadiga com freqüência de 10 Hz e relação entre
tensões constante (RT = 0,80) no CCG. ............................................146
TAB.4 24 Número de ciclos de fadiga com freqüência de 10 Hz e relação entre
tensões constante (RT = 0,85) no CCG. ............................................146
TAB.4 25 Número de ciclos de fadiga com freqüência de 10 Hz e relação entre
tensões constante (RT = 0,70) no CCP..............................................147
TAB.4 26 Número de ciclos de fadiga com freqüência de 10 Hz e relação entre
tensões constante (RT = 0,75) no CCP..............................................147
TAB.4 27 Número de ciclos de fadiga com freqüência de 10 Hz e relação entre
tensões constante (RT = 0,80) no CCP..............................................147
TAB.4 28 Número de ciclos de fadiga com freqüência de 10 Hz e relação entre
tensões constante (RT = 0,85) no CCP..............................................148
TAB.4 29 Número de ciclos de fadiga com freqüência de 10 Hz e relação entre
tensões constante (RT = 0,75) para CCG..........................................149
TAB.4 30 Número de ciclos de fadiga com freqüência de 5 Hz e relação entre
tensões constante (RT = 0,75) para o CCG. ......................................149
TAB.4 31 Número de ciclos de fadiga com freqüência de 1 Hz e relação entre
tensões constante (RT = 0,75) par o CCG. ........................................150
21
TAB.4 32 Número de ciclos de fadiga com freqüência de 10 Hz e relação entre
tensões constante (RT = 0,75) para o CCP........................................151
TAB.4 33 Número de ciclos sob fadiga com freqüência de 5 Hz e relação entre
tensões constante (RT = 0,75) para o CCP........................................151
TAB.4 34 Número de ciclos sob fadiga com freqüência de 1 Hz e relação entre
tensões constante (RT = 0,75) para o CCP........................................152
TAB.4 35 Avaliação da vida útil sob fadiga ........................................................153
TAB.4 36 Número de ciclos de fadiga com freqüência de 10 Hz e tensão
variável crescente para o CCG...........................................................155
TAB.4 37 Número de ciclos de fadiga com freqüência de 10 Hz e tensão
variável decrescente para o CCG.......................................................155
TAB.4 38 Número de ciclos de fadiga com freqüência de 10 Hz e tensão
variável crescente para o CCP...........................................................155
TAB.4 39 Número de ciclos de fadiga com freqüência de 10 Hz e tensão
variável crescente para o CCP...........................................................156
TAB.4 40 Número de ciclos de fadiga com freqüência de 10 Hz, relação entre
tensões RT = 0,75 e R = 0,07 para o CCG. .......................................157
TAB.4 41 Número de ciclos de fadiga com freqüência de 10 Hz, relação entre
tensões RT = 0,75 e R = 0,20 para o CCG. .......................................158
TAB.4 42 Número de ciclos de fadiga com freqüência de 10 Hz, relação entre
tensões RT = 0,75 e R = 0,40 para o CCG. .......................................158
TAB.4 43 Número de ciclos de fadiga com freqüência de 10 Hz, relação entre
tensões RT = 0,75 e R = 0,07 para o CCP.........................................158
TAB.4 44 Número de ciclos de fadiga com freqüência de 10 Hz, relação entre
tensões RT = 0,75 e R = 0,20 para o CCP.........................................159
22
TAB.4 45 Número de ciclos de fadiga com freqüência de 10 Hz, relação entre
tensões RT = 0,75 e R = 0,40 para o CCP.........................................159
TAB.4 46 Número de ciclos de fadiga com freqüência de 10 Hz, relação entre
tensões RT = 0,85 com 1 dia para o CCG..........................................161
TAB.4 47 Número de ciclos de fadiga com freqüência de 10 Hz, relação entre
tensões RT = 0,85 com 7 dias para o CCG........................................161
TAB.4 48 Número de ciclos de fadiga com freqüência de 10 Hz, relação entre
tensões RT = 0,85 com 28 dias para o CCG......................................161
TAB.4 49 Número de ciclos de fadiga com freqüência de 10 Hz, relação entre
tensões RT = 0,85 com 1 dia para o CCP..........................................162
TAB.4 50 Número de ciclos de fadiga com freqüência de 10 Hz, relação entre
tensões RT = 0,85 com 7 dias para o CCP. .......................................162
TAB.4 51 Número de ciclos de fadiga com freqüência de 10 Hz, relação entre
tensões RT = 0,85 com 28 dias para o CCP. .....................................162
TAB.4 52 Número de ciclos de fadiga com freqüência de 10 Hz, relação entre
tensões RT = 0,85 com 0% de fibras para o CCG. ............................164
TAB.4 53 Número de ciclos de fadiga com freqüência de 10 Hz, relação entre
tensões RT = 0,85 com 0,5% de fibras para o CCG. .........................164
TAB.4 54 Número de ciclos de fadiga com freqüência de 10 Hz, relação entre
tensões RT = 0,85 com 1% de fibras para o CCG. ............................164
TAB.4 55 Número de ciclos de fadiga com freqüência de 10 Hz, relação entre
tensões RT = 0,85 com 0% de fibras para o CCP..............................164
TAB.4 56 Número de ciclos de fadiga com freqüência de 10 Hz, relação entre
tensões RT = 0,85 com 0,5% de fibras para o CCP...........................165
TAB.4 57 Número de ciclos de fadiga com freqüência de 10 Hz, relação entre
tensões RT = 0,85 com 1% de fibras para o CCP..............................165
TAB.4 58 Desgaste por abrasão superficial do CCP e do CCG.........................167
23
TAB.4 59 Tipo de solicitação, classificação e desgaste para argamassas de alta
resistência mecânica..........................................................................168
24
LISTA DE ABREVIATURAS E SÍMBOLOS
ABREVIATURAS
CAD
- Concreto de Alto Desempenho
CBR
- Índice de Suporte California
CCG
- Concreto de Cimento Geopolimérico
CCP
- Concreto de Cimento Portland
CRFA
- Concreto reforçado com fibra de aço
DC
- Deformação controlada
TC
- Tensão controlada
TV
- Tensão variável
A - Teor de areia
a/a - Relação água/aglomerante sólidos.
a/c - Relação água/cimento
b - Espessura
C - Consumo de aglomerante
CBR - Índice de Suporte Califórnia
d - Altura do Corpo de Prova
D - Dimensão máxima característica do agregado
d - Dimensão básica da amostra
D - Fração do dano.
D’’ - Diâmetro do Cilindro
D
máx
- Dimensão máxima característica do agregado
E - Módulo de elasticidade
Iv - Índice de vazios
K - Coeficiente de Recalque
L - Comprimento do Cilindro
L - Comprimento do Corpo de Prova
25
m
i
- Massa do cp imerso em água
m
s
- Massa do cp seco
m
sat
- Massa do cp saturado
N - Número de ciclos
n' - Número de ciclos aplicado a uma determinada tensão
N - Número de ciclos que causará a ruptura
P - Carga atuante
p - Teor de brita
P - Pressão transmitida ao subleito
pH - Potencial Hidrogeniônico
R - Relação entre a tensão mínima aplicada e a resistência a tração na
flexão.
RT - Relação entre a tensão máxima aplicada e a resistência a tração na
flexão.
W - Deslocamento Vertical da área carregada
w - Quantidade de moléculas de água
LISTA DE SÍMBOLOS
S
max
- Carregamento máximo
- Teor de argamassa
- Massa específica
- Coeficiente de Poisson
- Ângulo de Bragg para a k-ésima reflexão
- Tensão
- Deformação
a
- Tensão igual a 0,5MPa
a
- Deformação específica correspondente a
a
f
- Tensão correspondente
f
- Deformação específica correspondente a
f
26
máx
- Tensão máxima aplicada
r
- Massa específica real
D(3,2) - Diâmetro médio superficial
D(4,3) - Diâmetro médio volumétrico
f
cj
- Resistência de dosagem do concreto aos j dias
f
ckj
- Resistência característica do concreto aos j dias
f
ct,sp
- Resistência a Tração por Compressão Diametral
f
ct,m
- Resistência à tração na flexão
S - Relação entre S
min
/S
máx
S
d
- Desvio padrão
S
min
- Carregamento mínimo
SPAN - Amplitude
- Diâmetro
27
LISTA DE SIGLAS
IME Instituto Militar de Engenharia
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas
MEV Microscopia Eletrônica de Varredura
PUC Pontifícia Universidade Católica
UFRJ Universidade Federal do Rio de Janeiro
DRX Difração de Raios-X
EBGAF Escória Básica Granulada de Alto Forno
28
RESUMO
Os pavimentos de concreto de cimento Portland (CCP) há muitas cadas
têm sido utilizados no país, seja para grandes construções como as rodovias,
portos e aeroportos, mas também como corredores de ônibus e pisos industriais,
tendo um impulso marcante em meados dos anos 90, quando passou a ser objeto
crescente de interesse nos meios rodoviários brasileiros. Por ser uma tecnologia
recentemente empregada no país, existem muitos questionamentos, por exemplo,
aqueles relacionados ao desempenho deste material frente ao fenômeno da fadiga
para concretos tipicamente empregados no Brasil, devido o desenvolvimento
científico nesta área ainda ser limitado de certa forma.
Neste trabalho, através de uma dosagem adequada dos componentes que
constituem o geopolímero, foi desenvolvido o concreto de cimento geopolimérico
(CCG), que teve suas características comparadas com o concreto de cimento
Portland (CCP), através da fixação de alguns parâmetros de dosagem, como
consumo de aglomerantes, relação água/aglomerante e teor de argamassa.
A seguir, foram realizados ensaios para avaliar as propriedades mecânicas
dos concretos, com ênfase nos ensaios de fadiga. O estudo deste comportamento,
foi realizado por meio de ensaios dinâmicos, nos dois tipos de concretos,
avaliando os efeitos de diferentes freqüências, tensões (máximas, mínimas,
crescentes e decrescentes), idades e teores de fibras. Também foram realizados
ensaios de compressão, tração por compressão diametral, flexão, desgaste
superficial e porosidade pelo menor índice de vazios. A superfície de fratura foi
analisada por microscopia eletrônica de varredura (MEV), a partir dos fragmentos
retirados dos corpos-de-prova rompidos nos ensaios mecânicos.
Os resultados de fadiga nas diversas variações realizadas, mostram um
melhor desempenho ao comportamento em fadiga do CCG. Sua resistência à
fadiga, quanto a aplicação de tensões da ordem de 70%, da resistência estática
do concreto, apresentou valores 15% mais elevadas em relação à mesma tensão
aplicada no CCP. Já em tensões mais altas, em torno de 80%, esses resultados
chegam a valores 96% mais elevados para o CCG. Nos demais ensaios
mecânicos realizados, o CCG apresentou melhores resultados em relação ao
CCP. A adição de fibras de aço no CCG promoveu resultados mais satisfatórios
em relação ao comportamento à fadiga do que no CCP. Na análise microestrutural
foi observado a melhor aderência matriz/agregado desenvolvida no CCG.
29
ABSTRACT
Portland cement concrete (PCC) pavements have been widely used in
Brazil for many decades in construction of highways, ports, airports or running of
bus and industrial floors. Its use had increased in middle 90s in the area of road
construction. For being a technology recently used in the country, many
questionings exist, for example, those related to the performance of this material
front to the phenomenon of concrete fatigue but scientific development in the area
was still limited.
In this work, a Geopolymeric Cement Concrete (GCC) was developed
through adequate portions of geopolymer components. Its characteristics were
compared with Portland Cement Concrete (PCC), through of the establishment of
some parameters of design, as consumption of binders, water/aggregates ratio and
mortar content.
The concrete mechanical performance was evaluated with emphasis to the
fatigue behavior. Were tested the effects of different frequencies, tensile strength
(maximum, minimum, increasing and decreasing), age and fiber content. Also
compression, splitting and flexural tests, and superficial wearing, water absorption
were realized. The fracture surface was analyzed by scanning electron microscopy
(SEM) with fragments of the concrete tested.
The results of fatigue tests had shown that GCC presents a better
performance when compared to PCC. Its fatigue strength was 15% higher than
that of PCC, when 70% of rupture tension of the concrete in static bending (SR),
was applied. Tensions of about 80% SR resulted in 96% of increase, when
compared to GCC. Nevertheless GCC presented better results in other mechanical
tests. The values obtained for compressive strength, indirect tensile and flexural
strengths were 12, 15 and 5% higher than those for PCC, respectively.
In the water absorption tests, the GCC showed values 13% lower than PCC,
indicating the low porosity of the GCC matrix. The Flexural and fatigue tests
employing steel fibers reinforced concretes were also done. The results of GCC
flexural strength and fatigue showed values 14% and 31% higher than PCC,
respectively. The SEM microstructural analysis showed that the GCC has a
matrix/aggregate bonding very strong, when compared to PCC, probably due to
the massive nature of the geopolymeric matrix.
30
1 INTRODUÇÃO
1.1 MOTIVAÇÃO
No concreto geopolimérico, o geopolímero é utilizado como aglomerante ao
invés de cimento Portland. Os Concretos de Cimento Geopolimérico (CCG)
apresentam propriedades físicas e mecânicas bem similares àquelas
apresentadas pelos Concretos de Alto Desempenho (CAD). Estudos sobre o
desempenho mecânico (resistências à compressão, à tração e tenacidade à
fratura) do CCG vêm sendo desenvolvidos pelo Laboratório de Materiais
Compósitos do IME, obtendo-se bons resultados comparativos com os
encontrados para o cimento Portland. Existe na literatura, entretanto, uma grande
carência de resultados aplicados ao estudo da fadiga em materiais compósitos em
forma de concreto, em especial se tratando de geopolímeros.
Este trabalho apresenta um estudo do comportamento sob fadiga do CCG,
que avalia a influência da variação de alguns parâmetros como tensão e
freqüência no desempenho do material.
1.2 OBJETIVO
Através do estudo da fadiga, este trabalho tem como o objetivo principal,
analisar o comportamento do concreto produzido com matriz de cimento
geopolimérico quando submetido a um carregamento cíclico, para a determinação
de sua aplicação em pavimentos rígidos, seja como revestimento ou sub-base.
Foram analisados diversos parâmetros que influenciam na fadiga do concreto,
como a tensão máxima aplicada, tensão mínima aplicada, tipo de carregamento
(crescente e decrescente), freqüência aplicada, diversos volumes de fibras
metálicas e comportamento do concreto sob fadiga em diferentes idades. Para
isso, foi utilizado como referência o concreto de cimento Portland de Alta
Resistência Inicial (CP V ARI).
31
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 GEOPOLÍMERO
Os chamados geopolímeros ou polissialatos, uma terminologia adotada para
abreviatura de poli-silico-aluminatos, são polímeros inorgânicos de uma nova
classe de materiais que apresentam características particulares, sendo
sintetizados a partir de reações de geopolimerização de vários constituintes, como
matérias-primas naturais de origem geológica contendo aluminossilicatos, que
conferem a este material boas propriedades como: elevada resistência, dureza,
estabilidade química e durabilidade. Essas reações de polimerização podem ser
feitas a partir da mistura apropriada de vários tipos de argilominerais. O termo
geopolimerização foi usado pela primeira vez em 1978 por Davidovits para
classificar as reações de geosíntese que produziam materiais poliméricos
inorgânicos, atualmente utilizados para um grande número de aplicações
industriais (DAVIDOVITS, 1991). Segundo o autor, os geopolímeros são estruturas
geopoliméricas tridimensionais de silício-oxigênio, não muito diferentes da
estrutura dos zeólitos, diferindo apenas quanto à cristalinidade. As zeólitas o
altamente cristalinas e os geopolímeros são amorfos.
A estrutura proposta para o polissialato consiste de tetraedros de SiO
4
e AlO
4
que são ligados alternadamente por pontes de oxigênios (SILVA, 2000). A fórmula
empírica dos geopolímeros é apresentada da seguinte forma, segundo Davidovits:
(EQ. 2.1)
onde Z assume os valores: 1, 2 ou 3, M é um íon positivo (Na
+
, K
+
, Li
+
,
Ca
++
, Ba
++
, NH
4
+
, H
3
O
+
), n é o grau de policondensação e w assume um valor em
torno de 7.
A FIG. 2.1 apresenta as nomenclaturas e abreviaturas dos geopolímeros e
as suas estruturas tridimensionais de silico-aluminatos amorfos à semi-cristalinos.
Já a FIG. 2.2 apresenta um modelo esquemático segundo BARBOSA e
M - SiO AlO wH O
n 2 2
n
2
z
,
32
THAUMATURGO (2000), baseado no modelo de DAVIDOVITS (1994), para
polissialatos obtidos em presença de sódio.
a) polissialato
(-Si-O-Al-O-)
(PS)
b) polissiloxosialato
(-Si-O-Al-O-Si-O-)
(PSS)
c) polidissiloxosialato
(-Si-O-Al-O-Si-O-Si-O-)
(PSDS)
FIG.2.1: Fórmula empírica, nomenclatura e abreviaturas propostas para os
geopolímeros e suas estruturas tridimensionais de silico-aluminatos amorfos a
semi-cristalinos : [a] : polissialato ; [b] : polisiloxosialato ; [c] : polidisiloxosialato,
(DAVIDOVITS, 1991).
Os polissialatos cristalinos Mn (-Si-O-Al-O-)
n
bem como os
polisiloxossialatos cristalinos, Mn (-Si-O-Al-O-Si-O-)
n
resultam de condições
hidrotérmicas de cura bem controladas. Porém, os materiais que apresentam
propriedades de interesse para aplicações industriais, como os cimentos
polisiloxossialatos, são amorfos, podendo ser obtidos até mesmo em temperatura
ambiente.
(a) (b)
FIG.2.2: (a) Estrutura proposta para o polímero Na-polissialato. (b) Estrutura
tridimensional proposta para Na-polissialato, (BARBOSA e THAUMATURGO,
2000).
33
Os polissialatos apresentam como suas principais características: alta
resistência inicial, baixa retração, boa resistência ao ataque químico, resistência
ao congelamento e degelo, baixa porosidade e resistência a temperaturas
elevadas. As razões atômicas entre o silício e o alumínio (Si:Al) nas suas
estruturas, determinam as propriedades e campos de aplicação dos produtos
resultantes da geosíntese, onde baixas razões, entre 1 e 3, iniciam uma rede
tridimensional muito rígida, enquanto que, razões muito altas, acima de 15,
promovem cadeias lineares de menor resistência mecânica, mas que ainda
conferem propriedades interessantes.
2.1.1 CIMENTO GEOPOLIMÉRICO
Os polissialatos apresentam características particulares que revelam o seu
grande potencial de aplicação como aglomerante, em substituição ao cimento
Portland. Segundo SILVA (2000), trata-se de uma adaptação moderna de
processos de estabilização de solos cauliníticos ou lateríticos com cal [Ca(OH)
2
],
feita pelos antigos Romanos e Egípcios na confecção de aglomerantes estruturais.
O cimento geopolimérico possui características especiais, pois foi desenvolvido
com tecnologia inovadora empregando principalmente argilominerais, de forma
distinta em relação a indústria cimenteira tradicional que tem como principal fonte
de matéria-prima a rocha calcárea objetivando gerar o clínquer Portland.
A necessidade de redução de consumo de energia e de emissão de CO
2
é
uma exigência constante na indústria de cimento Portland, gerando esforços na
melhoria da eficiência dos processos de fabricação, assim como o aproveitamento
de resíduos e subprodutos de outras indústrias.
A produção de cimento Portland gera CO
2
de duas formas:
 Por calcinação de carbonato de cálcio e materiais sílico aluminatos,
segundo a reação (EQ. 2.2), de forma que a produção de uma tonelada de
cimento Portland gera uma tonelada de CO
2
.
5 CaCO
3
+ 2 SiO
2
(3CaO, SiO
2
) + (2CaO, SiO
2
) + 5 CO
2
(EQ. 2.2)
34
 Pela queima de grandes quantidades de combustível fóssil para calcinação
a 1540ºC.
Segundo estudos de DAVIDOVITS (1991), em relação à produção anual de
cimento Portland e de CO
2
no mundo até o ano 2003, houve uma redução da
produção de 20% do ano de 1989 até 2000, indicando uma grande mudança nos
sistemas cimentícios envolvidos na produção do cimento (FIG. 2.3).
FIG.2.3: Produção anual de cimento Portland e CO
2
no mundo. Os cimentos
Geopoliméricos assumindo um potencial de mercado, com uma redução na
produção do cimento Portland em 1989, (DAVIDOVITS, 1991).
Os cimentos geopoliméricos podem ser obtidos a partir da reação da solução
poli-aluminossilicatos alcalina com escória básica granulada de alto forno. Quando
as razões molares entre os óxidos reagentes para a produção do
polissiloxossialato são mantidas, o resultado é um produto com propriedades
particulares, de pega rápida, alta resistência inicial e estabilidade dimensional
(SILVA, 2000).
Os diferentes exemplos para a síntese de geopolímeros estão baseados nas
composições molares entre os compostos reagentes, onde as relações entre
esses compostos têm influência direta nas características finais do produto obtido.
Estas características dependem do resultado de uma série de reações sólido-
35
sólido e sólido-líquido, que variam de grau e intensidade de acordo com a
reatividade dos componentes (SILVA, 2000).
A TAB. 2.1 mostra um exemplo das razões molares entre reagentes, fixadas
em um exemplo de uma Patente (DAVIDOVITS, 1982).
TAB.2 1: Razões molares entre óxidos na mistura de reagentes.
(Na
2
O, K
2
O)/SiO
2
0,20 a 0,28
SiO
2
/Al
2
O
3
3,5 a 4,5
H
2
O/(Na
2
O, K
2
O) 15 a 17,5
(Na
2
O, K
2
O)/Al
2
O
3
0,8 a 1,2
Fonte: (DAVIDOVITS, 1982).
Em 1985, foi registrada por Davidovits nos Estados Unidos, a patente de um
cimento geopolimérico denominado Pyrament, que utilizou a química do
geopolímero, em especial do sistema baseado em poli(siloxi-sialato) para melhorar
as propriedades do cimento Portland e dos concretos fabricados até então com os
cimentos comuns. No Brasil, as pesquisas para a aplicação do geopolímero como
alternativa aos cimentos existentes começaram no Instituto Militar de Engenharia a
aproximadamente dez anos pelo grupo de compósitos, desenvolvendo
geopolímeros na forma de resinas e também cimentos com propriedades
diferenciadas em relação às do cimento Portland e de suas argamassas e
concretos (BARBOSA, 1999; SILVA, 2000; THOMAZ, 2000).
Como os cimentos atualmente utilizados têm suas propriedades normatizadas,
os cimentos alternativos têm sido comparados com as do cimento Portland. Os
resultados para o cimento geopolimérico em estudo são geralmente comparados
com as mesmas características encontradas para o cimento Portland, e em alguns
casos, a outros tipos de cimento. O cimento geopolimérico inicialmente
desenvolvido teve suas propriedades avaliadas a partir da mistura com areia,
formando argamassas. Os resultados de resistências iniciais e finais à
compressão e à tração, trabalhabilidade da mistura fresca, resistência química e
36
reforço com fibras, foram considerados superiores aos do cimento Portland
(SILVA, 2000; DIAS, 2001). A partir dos resultados obtidos com as argamassas,
foram desenvolvidos concretos geopoliméricos com desempenho (resistência
mecânica e química) superiores aos concretos convencionais produzidos com
cimento Portland (THOMAZ, 2000).
2.1.1.1 METACAULIM
O metacaulim é o material resultante da calcinação do caulim. O caulim é
formado essencialmente pela caulinita, apresentando em geral cor branca ou
quase branca, devido ao baixo teor de ferro. Ocorre em depósitos residuais,
hidrotermais e sedimentares. As ocorrências em depósitos residuais e
hidrotermais classificam os caulins como caulins primários, enquanto que as
ocorrências em depósitos sedimentares os classificam como caulins secundários
(SILVA 2001). No estudo desenvolvido em materiais geopoliméricos, o caulim
exerce um importante papel, apresentando-se como a principal matéria-prima para
a produção deste tipo de material. De acordo com GARDOLINSKI (2001), o caulim
apresenta características estruturais, onde um lado da lamela é constituído por
uma estrutura do tipo da gibbsita (variedade polimórfica do Al (OH)
3
), com átomos
de alumínio coordenados octaedricamente a oxigênio e grupamentos hidroxila. O
outro lado da lamela é constituído por uma estrutura do tipo sílica, onde átomos de
silício são coordenados tetraedricamente por átomos de oxigênio (FIG.2.4).
37
FIG.2.4: Estrutura da gibbsita (a), Sílica (b), Montagem da estrutura ideal da
caulinita (c), Estrutura final da caulinita (d), (GARDOLINSKI et al, 2003).
As folhas tetraédricas e octaédricas formadas são contínuas nas direções
dos eixos cristalográficos A e B, organizando-se empilhadas umas sobre as outras
na direção do eixo cristalográfico c (FIG.2.5).
FIG.2.5: Empilhamento e estrutura do cristal lamelar da caulinita, (SANTOS,
1989).
FERNANDES. (1992), apresenta a micrografia de uma partícula de caulinita
bem cristalizada (FIG. 2.6 a), evidenciando o empilhamento das lamelas.
Enquanto LUZ e CHAVES (2000), apresentam uma micrografia de uma caulinita
bem cristalizada (FIG. 2.6 b), evidenciando o caráter hexagonal das lamelas de
caulinita.
38
FIG.2.6: (a) Estrutura lamelar da caulinita, (FERNANDES, 1992); (b) Cristais de
caulinita do Rio Capim, (LUZ e CHAVES, 2000).
Segundo SILVA (2000), o metacaulim é uma pozolana altamente reativa
derivada da calcinação do caulim puro a altas temperaturas (700 a 800ºC). Nesta
condição o material adquire uma estrutura altamente desorganizada,
apresentando reatividade rápida com o Ca(OH)
2
. O processo de calcinação visa
remover apenas os grupos estruturais de hidroxila e criar uma instabilidade
química pela mudança do número de coordenação do alumínio de VI para IV.
Estudos sobre as transformações do caulim investigadas por LIMA (2004), através
de Difração de Raios X (DRX), relatam que a estrutura da caulinita a 850ºC parece
estar totalmente desordenada. A inexistência de picos intensos a 2 12,5º indica
que nesta temperatura, independentemente dos tempos de calcinação estudados,
ocorre uma desorganização na estrutura da caulinita (FIG. 2.7).
39
MMP 223 - 15% CaF2 - Rietveld
Lin (Counts)
0
100
200
300
400
500
600
700
800
900
1000
1100
1200
1300
2-Theta - Scale
5 10 20 30 40 50 60 70 80
90
(a)
MMP 227 - 15% CaF2 - Rietveld
Lin (Counts)
0
100
200
300
400
500
600
700
800
900
1000
1100
1200
2-Theta - Scale
5 10 20 30 40 50 60 70 80
90
(b)
FIG.2.7: Metacaulins obtidos pelo processo de calcinação: (a) 850 ºC / 4h,
(b) 850 ºC / 24h, (LIMA, 2004).
2.1.1.2 ESCÓRIA BÁSICA GRANULADA DE ALTO-FORNO (EBGAF)
A EGAF é um resíduo não metálico da produção de ferro gusa, que quando
resfriada bruscamente por meio de jatos de água sob alta pressão, não havendo
40
tempo suficiente para formação de cristais, forma grânulos que apresentam
propriedades aglomerantes. Já que, quando a escória é resfriada lentamente,
grande parte de sua estrutura torna-se cristalina (MELO, 2002). A característica
mais importante da EBGAF é sua capacidade hidráulica potencial que, quando
moída e em contato com a água, endurece (propriedade cimentante), podendo
substituir o clínquer Portand, material utilizado tradicionalmente na fabricação do
cimento Portland. SILVA (2000), relata que a finura, a quantidade de fases
cristalinas e a composição química estão intimamente ligadas a reatividade da
EGAF.
A utilização da EBGAF pode também trazer vantagens para os concretos.
Dentre estas vantagens, pode-se destacar maiores resistências finais e maior
durabilidade, em função da aplicação a que se destina. Pode-se destacar a melhor
trabalhabilidade e plasticidade; menor porosidade e permeabilidade (favorece a
durabilidade) e o aumento da resistência à corrosão por cloretos e sulfatos.
A perda de reatividade da EBGAF, segundo MELO (2002), é um grande
problema encontrado pelas indústrias de cimento no Brasil. A ativação química da
escória é a mais usual para promover sua reatividade, através do emprego de
quantidades relativamente pequenas de espécies químicas, em massa. Os
principais tipos de ativação química, geralmente nomeados segundo as espécies
químicas empregadas são a ativação por álcalis, por sulfatos alcalinos e ativação
mista. A preferência no uso de álcalis na ativação da escória se dá em razão a sua
capacidade de elevar o pH do meio, que é o fator preponderante para uma
evolução satisfatória das reações de hidratação. No caso dos cimentos
geopoliméricos, a ativação também é feita por álcalis, onde a escória funciona
como fonte de cálcio e de pequenas concentrações de silício.
2.1.2 CONCRETO DE CIMENTO GEOPOLIMÉRICO (CCG)
O concreto tem sido considerado como o material de constru
ção mais
largamente utilizado no mundo. Este fato pode ser explicado pela facilidade de
produção, pela possibilidade do uso de materiais locais e pela grande variedade
41
de formas e dimensões em que pode ser moldado. O uso do concreto como
material estrutural é favorecido pelas suas propriedades mecânicas,
principalmente a resistência à compressão, que é um parâmetro fundamental de
caracterização, que serve como referência para a sua classificação.
Nas últimas cadas, o avanço na tecnologia do concreto foi voltado
principalmente ao desenvolvimento de novos materiais e componentes, que
resultaram no aumento da resistência e melhoria no desempenho dos concretos
de cimento Portland para adequação aos novos requisitos de durabilidade das
estruturas de concreto. Nesse contexto, surgiram os concretos de alto
desempenho (CAD) (ALVES, 2004).
O emprego de escórias álcali-ativadas e compostos silicosos de elevada
reatividade potencial, permite, além da melhoria das propriedades do concreto, o
aproveitamento de uma grande variedade de materiais antes sem potencial de
aplicação, proporcionando assim, a obtenção de produtos mais estáveis, mais
resistentes quimicamente e relativamente mais duráveis (THOMAZ, 2000).
Os concretos devem envolver cada vez menos cimentos à base de cálcio,
sendo este substituído por materiais que fornecem propriedades cimentícias
similares ou melhores ao produto convencional. Os concretos de cimento
geopolimérico são materiais que apresentam grande potencial de aplicação para
esta finalidade.
Os CCG apresentam propriedades físicas e mecânicas bem similares
àquelas apresentadas pelos CAD. Um estudo sobre o desempenho mecânico do
CCG foi feito pela comparação das resistências de um traço fixado a partir do
estudo estatístico com mais de 200 traços diferentes de concretos de cimento
Portland existentes na literatura (THOMAZ, 2000).Os resultados de resistência à
compressão variaram entre 45 MPa e 60 MPa, bem semelhantes aos resultados
encontrados na literatura para concretos de cimento Portland de composição
similar. Uma outra observação encontrada foi a excelente trabalhabilidade
apresentada pelo CCG, que atingiu um abatimento da ordem de 110 mm com
relação água/aglomerante igual a 0,384.
42
A durabilidade da matriz cimentícia é outro aspecto muito importante para os
CAD. Os agentes agressivos podem exercer ação química ou física que
deterioram o cimento Portland. Conforme resultados de DIAS (2000), os
geopolímeros constituem uma nova classe de materiais cimentícios de elevada
resistência aos agentes agressivos (sulfatos e ácidos).
HARDJITO et al (2004), realizaram experimentos com CCG à base de cinza
volante e estudaram o efeito de diversos parâmetros sobre a resistência à
compressão deste concreto. De acordo com a FIG. 2.8, a resistência à
compressão do CCG não apresenta grandes variações com o passar do tempo.
Isso ocorre devido à reação de geopolímerização ser um processo
substancialmente rápido, diferentemente das reações que ocorrem no Concreto de
Cimento Portland (CCP), que quando submetido ao processo de hidratação,
ganha resistência gradativamente.
FIG.2.8: Resistência à compressão em diferentes idades, (HARDJITO et al, 2004).
THOMAZ (2000), mostra através da FIG. 2.9, a relação entre a resistência à
compressão e a resistência à tração, medida no ensaio por compressão diametral,
para o CCG. A figura também mostra as curvas de correlação entre duas
resistências de CCP, com formulações experimentais diferentes. Pode-se
observar que os resultados do CCG mostram-se similares aos resultados
indicados no CCP.
43
FIG.2.9: Resistência à tração obtida por ensaios de compressão diametral para o
CCG e CCP, (THOMAZ, 2000).
Em um estudo comparativo sobre a aderência de barras de aço entre o
CCP e o CCG, DIAS e THAUMATURGO (2000), relatam as resistências à
compressão e à tração médias, para os dois tipos de concreto, com idade de 28
dias (TAB. 2.2).
TAB.2 2: Resistências à compressão e tração para ambos os concretos (DIAS e
THAUMATURGO, 2005).
CCP CCG
Resistências Resistências
Compressão
Tração Compressão
Tração
f
cm28 (MPa)
f
ct,m28 (MPa)
f
cm28 (MPa)
f
ct,m28 (MPa)
32,5 3,63 52,0 3,12
Assim, como relatado por THOMAZ (2000), os resultados obtidos pelos
autores mostram o bom desempenho mecânico do CCG para os dois tipos de
comportamento, ou seja, tração e compressão.
44
2.2 PAVIMENTO DE CONCRETO
Até o início da década de 1950 era intensa em nosso País a utilização do
concreto de cimento Portland na pavimentação, tanto em vias urbanas quanto em
rodovias. Essa prática sofreu, a partir de então, grande retenção devido vários
fatores de natureza política e econômica. A partir do término da Segunda Guerra
Mundial, a produção nacional de cimento foi destinada prioritariamente ao
suprimento de necessidades fundamentais da emergente indústria da Construção
Civil, o que conduziu os setores de pavimentação a lançarem-se em
empreendimentos que não dependessem maciçamente desse produto. Na mesma
época desenvolveu-se nos EUA (e rapidamente foi absorvida pelos órgãos
brasileiros ligados ao ramo) extensa tecnologia de pavimentos flexíveis à base de
produtos betuminosos em detrimento dos pavimentos rígidos; os preços dos
derivados de petróleo eram muito baixos e, por isso, muito convidativos. Essa
situação estimulou o meio cnico de pavimentação a aparelhar-se quase que
exclusivamente para emprego de pavimentos asfálticos. Como conseqüência,
uma certa resistência para que se passe novamente a adotar a alternativa dos
pavimentos rígidos para a pavimentação, mesmo havendo sinais efetivos da
mudança das circunstâncias técnicas e, principalmente, econômicas (PITTA,
2004).
O pavimento de concreto ressurgiu, nos últimos anos, em países de
características tão diversas como o México, a África do Sul, a Espanha e a Índia.
Isso ocorre porque, em primeiro lugar, seu custo inicial tornou-se atraente, diante
das alterações nos preços dos derivados de petróleo e do crescimento da
conscientização de governos e contribuintes, da necessidade vital que é aproveitar
ao máximo a aplicação dos recursos públicos, buscando o maior benefício e o
menor custo (PITTA, 2004).
A comparação entre os custos dos tipos de pavimentos pode ser feita
considerando-se custos iniciais e custos futuros, como manutenção e
recapeamento para cada alternativa.
45
Para RODRIGUES (2003), economicamente, o custo inicial para construção
de pavimento de concreto em vias de tráfego médio e pesado é normalmente igual
ou um pouco maior do que o asfalto. Considerando-se o mesmo período de vida
útil para um longo prazo entre pavimentos rígidos e flexíveis, o custo final será
igual ou menor para pavimentos rígidos, quando dimensionados para a mesma
condição.
De acordo com a ABCP, quando se compara o pavimento de concreto com
uma estrutura de pavimento asfáltico, principalmente em rodovias de tráfego
pesado, obtém-se um melhor desempenho da opção de pavimento de concreto,
em função do seu custo construção (custo inicial) ser competitivo e requerer quase
que nenhuma manutenção em função de sua boa durabilidade, FIG.2.10.
FIG.2.10:Custos X Durabilidade de pavimentos rígidos e flexíveis, (ABCP, 2000).
A evolução da pavimentação rodoviária em concreto denota a introdução
deste processo tecnológico em diferentes regiões do nosso país. Contudo,
segundo RODRIGUES (2003), uma das barreiras enfrentadas atualmente é a falta
de tradição na sua utilização, em função do pouco conhecimento na área técnica,
como a difusão de metodologias de dimensionamento.
46
Uma das primeiras obras de pavimentação executadas em concreto, no
Brasil, ocorreu na cidade de Pelotas, RS, em 1925. Desde então, o pavimento de
concreto vem sendo empregado na execução de pavimentação rodoviária no
Brasil. Outra oportunidade de aplicação é em áreas industriais como pisos
industriais, uma vez que atende às exigências de planicidade e nivelamento
destas áreas. Atualmente, pode-se destacar seu emprego em rodovias nacionais,
como na terceira faixa de interligação Anchieta-Imigrantes; na marginal da rodovia
Presidente Dutra (SP); na pista descendente da Rodovia dos Imigrantes; na pista
sul das Marginais da Rodovia Castelo Branco; no Rodoanel Mário Covas; em
avenidas como a Av. Assis Brasil (RS) ou corredores de ônibus como de São
Mateus-Jabaquara em Diadema (SP). Outros exemplos são apresentados na
FIG.2.11.
(a) (b)
(c) (d)
FIG.2.11: Exemplos de utilização de pavimentos rígidos,(a) Rodovia Itaipava (RJ);
(b) Pátio de Manobras do Aeroporto Santos Dumont (RJ); (c) Av. Edson Passos,
(RJ); (d) Praia da Boa Viagem, (PE), (RODRIGUES, 2003).
47
MEDINA (1997), define o pavimento rodoviário como uma estrutura
constituída por diversas camadas superpostas, destinadas a resistir e distribuir os
esforços verticais e horizontais de tensão provocados por cargas veis (veículos
de grande, médio ou pequeno porte), bem como garantir a segurança e o conforto
dos usuários.
Um pavimento é constituído por camadas: subleito, leito, sub-base, base e
revestimento (no caso dos pavimentos flexíveis) ou placa de concreto (no caso de
pavimentos rígidos), que apresentam materiais com diferentes características e
propriedades, ou seja, que se comportam diferentemente quanto à deformação,
quando submetidos a carregamentos externos (carga dos veículos automotivos).
Este comportamento estrutural está relacionado com o estado do pavimento.
Neste contexto, é possível avaliar o comportamento estrutural do pavimento,
na medida em que é feita uma análise prevendo a compatibilidade entre os
diferentes materiais, levando em conta as diferenças nas suas propriedades
físicas e mecânicas (SAMPAIO, 2003).
O pavimento de concreto também conhecido como pavimento rígido, por
absorver grandes tensões de tração na flexão produzidas pelo carregamento, não
requer, necessariamente, uma fundação de grande suporte, mas sim, um suporte
constante e uniforme. Este tipo de pavimento produz uma bacia de deformação,
na fundação, menor que aquela produzida por pavimentos flexíveis. Devido a isto,
as camadas subjacentes são mais protegidas quanto às deformações
(RODRIGUES, 2003).
Segundo RODRIGUES (2003), o subleito é o terreno sobre o qual se
assentam as camadas do pavimento e que, em última análise, irá suportar as
cargas atuantes nos pisos e pavimentos, sendo necessária uma investigação para
determinar a sua capacidade de suporte, pois o solo tem um papel extremamente
importante para viabilização ou não dos projetos rodoviários.
De acordo com ALVES (2002), a região amazônica, por exemplo, sofre de
carência de infra-estrutura de transporte, pois, as estradas são precárias ou
inexistentes. Isto se deve ao fato de haver barreiras geológicas, devido às
características dos solos com predominância de estrutura argilosa, que dificultam
48
ou inviabilizam a implantação de um eixo viário, por terem características
plásticas, não possuírem boas propriedades físicas e apresentarem um certo grau
de dificuldade para serem compactados, ou seja, não atingem sua densidade
máxima. Quanto menor for a sua densidade, maior será a compressibilidade e a
permeabilidade, acarretando, em uma redução da resistência mecânica do solo e
provocando a degradação do material que constitui o pavimento.
As falhas que ocorrem na estrutura do pavimento são causadas pelo
recalque diferencial, que por sua vez é conseqüência do inchamento (absorção de
água, que ocorre, em maior ou menor grau, pelos argilominerais) e da compressão
do ar nos espaços intergranulares sob ação da força de penetração da água
(ALVES, 2002). Portanto, é essencial o estudo das propriedades mecânicas e
físicas dos solos para um melhor dimensionamento das camadas que compõe o
pavimento, seja ele rígido ou flexível.
Para se obter a medida de resistência do solo ou capacidade de suporte
pode ser realizada uma prova de carga determinada pelo coeficiente de recalque,
expresso por:
(EQ. 2.3)
Onde, K é o módulo de reação ou coeficiente de recalque (MPa/m); P é a
pressão transmitida ao subleito (MPa) e W é o deslocamento vertical da área
carregada.
A Norma DNER-35 (1989), estabelece o procedimento para determinação
do coeficiente de recalque do subleito e sub-base de pavimentos de concreto de
cimento Portland, de acordo com o método ASTM D1196-64 (1997). É possível
utilizar outro método para determinação do coeficiente de recalque através do
ensaio de suporte Califórnia, que fornece o Índice de Suporte Califórnia (CBR).
Através de curvas de correlação entre o CBR e K, é possível obter o coeficiente de
recalque da fundação, conforme apresentado na FIG.2.12.
K = P/W
49
FIG.2.12: Correlação entre CBR e K, (RODRIGUES, 2003).
A sub-base corresponde a uma camada delgada situada sob a base da
placa de concreto, sendo necessária, em alguns casos, para melhorar as
características de suporte do subleito. Tem a finalidade de aumentar a capacidade
de suporte da fundação do pavimento, evitando o bombeamento, caracterizado
por acentuada retração ou expansão dos solos da fundação, o que implica na
perda da uniformidade do suporte. A sub-base pode ser constituída por materiais
britados in natura, solo-cimento ou materiais britados, estabilizados com cimento,
asfalto ou cal, no caso de solos, ou ainda mediante mistura com outros materiais.
(MAGGI, 2004).
De acordo com RODRIGUES (2003), os pavimentos rígidos têm bom
desempenho, mesmo em terrenos com baixo valor de suporte. Entretanto, a
adoção das sub-bases confere benefícios, que torna imprescindível o seu
emprego, como a redução dos efeitos prejudiciais dos solos expansivos à
estrutura do pavimento.
Segundo MEDINA (1997), o revestimento é a camada, tanto quanto
possível impermeável, que recebe diretamente a ação do rolamento dos veículos,
sendo destinada a melhorar as condições de tráfego quanto à comodidade e
50
segurança, além de resistir aos esforços horizontais que nele atuam, tornando
mais durável a superfície de rolamento. No caso dos pavimentos rígidos, as placas
de concreto preenchem as finalidades próprias de revestimento e base,
simultaneamente (FIG.2.13) e (FIG. 2.14).
(a) (b)
FIG.2.13: Seção de pavimentos, (a) rígido (b) flexível, (ABCP, 2005).
FIG.2.14: Distribuição das pressões nas camadas de solo subjacentes ao
revestimento de concreto, (RODRIGUES, 2003).
Os pavimentos flexíveis, por sua vez, requerem um maior número de
camadas e espessuras mais significativas no combate às tensões impostas, além
de necessitar de um reforço no subleito. Seu revestimento é a base de materiais
betuminosos, como o asfalto. A pequena área de distribuição de cargas na
51
fundação provoca o surgimento de grande pressão na sub-base e sub-leito
levando a grandes deformações, conforme apresentado na FIG. 2.13 (b).
As primeiras estradas de rodagem em solo argiloso, que perdiam a
compacidade por ocasião das chuvas, passaram a receber cascalhos e saibro
para manter seu desempenho. Mais tarde, passaram a ser revestidas com pedra
britada. Este tipo de revestimento foi chamado de primário, pois não exercia
todas as funções de um pavimento como os de hoje em dia (MEDINA, 1997).
2.2.1 TIPOS DE PAVIMENTOS RÍGIDOS
Segundo RODRIGUES (2003), o pavimento rígido tem por característica a
presença ou o de armaduras; barras de transferência de cargas e adições,
como alternativa para reabilitação de pavimentos. Para cada situação,
previamente analisada, é possível determinar a escolha mais viável para a
pavimentação. Pode-se destacar, dentre os vários tipos de pavimentos de
concreto de cimento Portland:
1. Pavimento de Concreto Simples: dotado de placas de concreto simples
separadas por juntas moldadas ou serradas. Pode contar ou não com dispositivos
de transferência de carga.
2. Pavimento de Concreto com Armadura Descontínua: possui armadura
destinada, exclusivamente, a combater a fissuração oriunda da retração do
concreto. As barras de aço são geralmente colocadas a 5cm da superfície e
localizadas em cada junta transversal e longitudinal do pavimento, por isso
mesmo, o termo descontínua.
3. Pavimento de Concreto Continuamente Armado: apresenta armadura
longitudinal contínua sem a presença de juntas transversais intermediárias de
expansão ou contração. É usualmente empregado na construção de pavimentos
de aeroportos.
4. Pavimento de Concreto Estruturalmente Armado: possui armadura
posicionada na face inferior ou nas duas faces da placa. A função essencial do
aço é de combater as tensões geradas pelo carregamento.
52
5. Pavimento de Concreto Protendido: empregado principalmente em
pavimentos de aeroportos e pisos industriais pesados. Há grande redução da
espessura necessária de concreto.
6. Pavimento de Concreto Rolado: apresenta baixo consumo de cimento, e
uma trabalhabilidade tal, que permita a sua compactação com rolos
compressores. Pode ser aplicado como superfície de rolamento, base ou sub-base
de pavimentos.
7. Pavimento de Concreto com Fibras: pavimento composto de placas de
concreto com adição de fibras de aço ou poliméricas náilon e polipropileno.
Apresenta maior resistência a desgastes, fissuração e impacto.
8. Whitetopping: constitui na construção de pavimento de concreto apoiado
sobre pavimento asfáltico. É uma solução para reabilitação de pavimentos
asfálticos já existentes.
Com relação às vantagens do pavimento rígido em relação ao pavimento
flexível, a ABCP destaca a elevada vida útil destes pavimentos, devido a sua
durabilidade e mínima necessidade de manutenção anual, que mesmo quando
necessária é menor que em pavimentos asfálticos. A planicidade do concreto
também é uma vantagem considerada, visto que, a rigidez do concreto permite
que ele mantenha sua superfície de percurso plana por muito tempo após sua
construção e garante maior segurança e conforto. Alguns outros exemplos como a
facilidade em receber a texturização durante a construção, a abertura de tráfego
em pelo menos 12 horas e a economia de até 11% no combustível gasto por
veículos que trafegam em vias de concreto, segundo a ABCP, podem ser
ressaltadas e analisadas do ponto de vista técnico. Surge então, a necessidade de
estudos que permitam o conhecimento do seu comportamento para sua melhor
utilização no Brasil.
53
2.3 FADIGA
2.3.1 COMPORTAMENTO À FADIGA DO CONCRETO
O processo de degradação (ou dano) por fadiga de um material, está
associado à deterioração sob carregamento cíclico que leva ao surgimento e à
evolução de microfissuras ou à propagação de microfissuras pré-existentes no
material, podendo causar a ruptura da estrutura. A fadiga ocorre devido a um
processo de degradação progressiva na microestrutura do material sujeito a
condições de solicitações de magnitude inferior à capacidade resistente do
material, isto é, a deformações ou a tensões impostas com magnitudes inferiores à
deformação ou à tensão de ruptura estática (CERVO, 2004).
As fissuras por fadiga nos concretos de cimento Portland são de natureza
frágil, por apresentar pouca, ou nenhuma, deformação plástica associada à
fissuração, ocorrendo a ruptura pela iniciação e propagação de microfissuras,
sendo que em geral, a superfície de fratura é perpendicular à direção de tensão
aplicada (CALLISTER, 2002). Para GUIMARÃES (2002), no concreto, a ruptura
por fadiga ocorre pela microfissuração interna progressiva, com a abertura e
crescimento de trincas, que por sua vez induz a um aumento nas deformações no
material, o que ocasiona uma mudança estrutural interna no mesmo, quando
sujeito a tensões repetidas. Essas modificações microscópicas prejudicam as
propriedades macroscópicas do material.
Segundo BASTOS (1999), o processo de ruptura por fadiga se caracteriza
por três etapas que resultam na perda de rigidez gradual da estrutura. A primeira
etapa se caracteriza pelo início da fissura, quando uma pequena fissura se forma
em algum ponto de alta concentração de tensões; ou pelas descontinuidades pré-
existentes no material previamente ao processo de fadiga. Podem ocorrer ainda,
os dois itens anteriores, simultaneamente. Na segunda etapa, a propagação da
fissura ocorre através de um lento crescimento das microfissuras a um tamanho
crítico, durante a qual, a mesma avança em incrementos a cada ciclo de tensões,
devido à existência de zonas de concentração de tensões. A terceira etapa é onde
54
ocorre a ruptura final em virtude da rápida propagação das fissuras, uma vez que
estas fissuras tenham atingido sua abertura crítica.
A iniciação de microfissuras é uma característica inerente ao concreto
devido à presença de vazios de ar e regiões fracas ou sem aderência entre os
agregados e a pasta. Haverá alguma microfissura com forma, dimensão e
orientação que crescerá de maneira lenta e estável a um tamanho crítico, e então
aumentará rapidamente. Quando um suficiente número de fissuras se une para
formar uma fissura contínua, a ruptura do concreto ocorre rapidamente. A ruptura
por fadiga somente ocorre se a carga aplicada fornecer tensão suficiente para o
crescimento e propagação das fissuras ou, para que alterações significativas
ocorram no material, atingindo um estado de instabilidade e afetando a vida útil da
estrutura. Essa situação é definida como o limite de fadiga do material (BASTOS,
1999).
O estudo das propriedades de fadiga do concreto podem ser determinadas
a partir de ensaios de simulação em laboratório, através de dados representados
graficamente na forma de tensão (ó) ou de deformação (å) em função do número
de ciclos (N) até a ruptura, para cada corpo-de-prova ensaiado. De acordo com
TATRO (1987), nos ensaios de fadiga, dois tipos de comportamento ó-N distintos
são verificados. O primeiro comportamento diz respeito à magnitude da tensão,
onde, quanto maior a magnitude da tensão, menor o número de ciclos que o
material é capaz de suportar antes da ruptura. O segundo, diz respeito à
existência de um limite de resistência à fadiga, abaixo do qual a ruptura não irá
ocorrer. Este limite é o maior valor de tensão cíclica que um elemento pode resistir
após o carregamento com um mero infinito de ciclos sem que ocorra a ruptura
do material.
Segundo AITCIN (2000), outro parâmetro importante que caracteriza o
comportamento à fadiga de um material é a vida útil sob fadiga, que representa o
número de ciclos (N) necessários para causar a ruptura em um nível de tensão
específico. Para MAGGI (2004), existe sempre uma dispersão considerável nos
resultados de testes de fadiga, ou seja, uma variação no valor de N medido para
vários corpos-de-prova testados sob o mesmo nível de tensão. Esta variação dos
55
resultados pode ser explicada pela sensibilidade da resistência à fadiga a diversos
parâmetros relacionados ao ensaio e ao material, que são praticamente
impossíveis de serem controlados de maneira absolutamente precisa. Esses
parâmetros incluem as condições de moldagem dos corpos-de-prova, o
nivelamento do corpo-de-prova no equipamento de ensaio, a tensão média, dentre
outros.
Os resultados dos estudos sobre fadiga são geralmente apresentados na
forma de diagramas de Wohler, também conhecidos como curvas S-N. Essas
curvas são representações semilogarítmicas, onde o carregamento máximo,
expresso como S
max
, e N é indicado no eixo x em escala logarítmica. Usualmente,
o S
max
é representado como uma fração da carga estática na qual ocorre a
ruptura. As curvas S-N podem ser representadas para diferentes valores de carga
mínima (S
min
) ou em função da razão R=S
min
/ S
max
(FIG. 2.15).
FIG.2.15: Curvas S-N para valores de R constantes, onde R = S
min
/S
max
, (AITCIN,
2000).
2.3.2 FADIGA EM PAVIMENTOS DE CONCRETO.
Um dos maiores problemas encontrados por profissionais no campo da
pavimentação está associado à formação de fissuras nas placas de concreto em
56
um determinado período de serviço, pois, tais fissuras são a causa de diversos
processos de deterioração em fases posteriores na estrutura do pavimento,
caracterizando um estado limite de utilização da estrutura.
Segundo CERVO (2004), nos pavimentos de concreto simples, o principal
esforço é a de tração na flexão, sendo a resistência à fadiga sob flexão
representada pelo confronto entre as tensões solicitantes e o número de ciclos
alcançados. A fadiga devido à aplicação de cargas repetidas, em pavimentos de
concreto, é dependente do tipo de carga aplicada, da sua duração, bem como do
número de ciclos de aplicações de cargas. De acordo com MAGGI (2004),
estruturas de concreto sujeitas a carregamento cíclico apresentam maiores
deformações, além de maior grau de fissuração, se comparadas com estruturas
submetidas a carregamento estático de mesma intensidade. A relação entre a
tensão máxima aplicada e a resistência à tração na flexão estática do concreto,
parece não ser o único fator a se considerar, uma vez que a própria
heterogeneidade do material, condições ambientais, freqüência de aplicação das
cargas, dentre outros fatores, afetam o comportamento do concreto à fadiga.
AVELINO et al (2001), citam que em relação à freqüência e amplitude dos ciclos
de carga, as solicitações causadas por terremotos ou tempestades o de baixa
freqüência e alta amplitude, enquanto que aquelas provocadas por vento, ondas e
tráfego rodoviário, de interesse desta Dissertação, são de alta freqüência e baixa
amplitude.
Em um pavimento, cada ciclo pode iniciar ou propagar microfissuras no
concreto, desde que o nível de carga deste ciclo de carregamento relatado exceda
um nível mínimo podendo ocasionar a ruptura do material. Quanto maior o nível
de tensão máxima, menor o número de ciclos alcançados, e mais rapidamente o
concreto se deteriorará por fadiga, para uma mesma freqüência de carregamento.
A ruptura é também acelerada, pela redução da freqüência de aplicação de carga
(SHI et al, 2004).
Alguns fatores que afetam a resist
ência estática do concreto, tais como tipo
e consumo de cimento, zona de transição, porosidade, cura, cuidados na
moldagem, dentre outros, afetam também a resistência à fadiga do concreto por
57
esta ser definida como uma fração da resistência estática ou resistência última do
concreto. Desta forma, pesquisadores como ZHANG et al. (1997), têm
demonstrado, por exemplo, que o comportamento sob fadiga do concreto simples
em flexão é influenciado pela relação água/cimento da mistura. Segundo
AVELINO et al (2001), as pesquisas mostram que muitas vezes o colapso das
estruturas de concreto ocorre devido à ruptura por fadiga e os modelos
desenvolvidos para a fadiga de metais e ligas, desde a metade do século, não se
aplicam adequadamente ao concreto, devido, principalmente, à sua elevada
heterogeneidade e forma de ruptura. Isso tem proporcionado, no decorrer dos
tempos, o desenvolvimento de uma grande quantidade de estudos para o
desenvolvimento de modelos de fadiga.
O número de cargas repetidas (N) para o colapso da estrutura pode ser
experimentalmente ou empiricamente descrito por uma das equações mais
conhecidas, que é a clássica equação ó N. Isto é, que relaciona a tensão
aplicada com o número de ciclos à fadiga, desenvolvida por AAS-JAKOBSEN
(1970) e descrita a seguir:
(EQ. 2.4)
Onde a e b são constantes empíricas ou experimentais referentes ao
material, obtidas por regressão dos dados.
2.3.3 FATORES QUE AFETAM O COMPORTAMENTO SOB FADIGA
2.3.3.1 RELACIONADOS AO TRÁFEGO
O tráfego a que o pavimento está sujeito é de extrema importância no
comportamento sob fadiga, uma vez que a intensidade do carregamento cíclico
pode acelerar o surgimento de fissuras e até mesmo o colapso da estrutura do
pavimento através da fissuração que tem inicio, e se desenvolve na camada de
Nba
f
mct
log
,
max
58
maior rigidez da estrutura. Segundo MEDINA (1997), a variação do tráfego deve-
se ao tipo de veículos e cargas transportadas. Uma das dificuldades no
dimensionamento de pavimentos é a previsão da evolução do tráfego ao longo do
tempo e a avaliação do poder de destruição, de modo comparativo, que exercem
as várias cargas a diferentes níveis de repetição, mostrando que a tensão e a
freqüência de carregamento não são constantes em campo.
2.3.3.2 CONDIÇÕES CLIMÁTICAS
Os pavimentos estão sujeitos a um incremento de tensão devido às
diferenças de temperatura entre o topo e o fundo da placa de concreto, que geram
diferenciais térmicos que causam o empenamento do pavimento. PEREIRA
(1998), relata que durante o dia, a parte superior da placa de concreto está sujeita
a uma temperatura maior que a parte inferior da mesma, tendendo a expandir o
topo e contrair a parte inferior da placa. Contudo, esse movimento é restringido
pelo peso próprio do elemento. Desta forma, surgem tensões de compressão na
parte inferior e de tração na parte superior da placa (gradiente positivo). Durante a
noite, com o resfriamento, ocorre o inverso (gradiente negativo), conforme
observado na FIG. 2.16.
FIG.2.16: Empenamento da placa devido ao gradiente térmico, (PEREIRA, 1998).
Peso da placa
Tração
Compressão
59
No que diz respeito à freqüência de variação da temperatura em relação a
do tráfego, CERVO (2004), relata que a variação da temperatura é muito menor do
que a do tráfego, sendo representada como uma carga cíclica longa, em que as
tensões devido ao tráfego são sobrepostas. Além disso, o empenamento, a
abertura de juntas e as fissuras, são alguns dos defeitos relacionados às
condições climáticas, o que torna essencial conhecer as características do clima
onde o pavimento será construído, para que atenda satisfatoriamente às
exigências de desempenho, através do conhecimento de seus efeitos.
2.3.3.3 NÍVEIS DE APLICAÇÃO DE TENSÕES
As tensões atuantes em um pavimento estão intimamente relacionadas ao
tráfego e ao clima a que o pavimento está sujeito, conforme se apontou nos dois
itens anteriores. Entretanto, as tensões devido ao tráfego são detentoras da maior
parcela de danos causados aos pavimentos, e estas tensões são bastante
variadas, já que as cargas que solicitam os pavimentos o muito diferentes em
suas magnitudes e pressões aplicadas.
Para MAGGI (2004), a resistência à fadiga aumenta com a redução do
intervalo entre a tensão mínima e a tensão máxima. Isto significa que, para uma
mesma intensidade de tensão máxima, a resistência à fadiga será maior quando a
tensão mínima for maior. Assim como, se um material for solicitado por diferentes
intensidades de tensão, a resistência é menor quando forem aplicadas primeiro
tensões mais altas.
No estudo à fadiga de pavimentos de concreto, a relação entre a tensão
máxima aplicada e a resistência estática do concreto representa um fator
importante a se considerar. Os ensaios de fadiga em concretos para
pavimentação podem ser de tensão controlada (TC), que resultam em modelos à
tensão constante (comumente realizados), ou à tensão variável (TV), que o
mais difíceis de realizar devido, principalmente, às limitações dos equipamentos
de ensaios à fadiga.
60
O ensaio de fadiga à TC relatado por MEDINA (1997), caracteriza-se por
uma tensão gerada por um carregamento pneumático, hidráulico ou
eletromagnético que solicita um corpo-de-prova cilíndrico ou prismático. Procura-
se com a freqüência de aplicação de carga, simular a passagem da roda de um
veículo em uma determinada seção do pavimento em campo. Neste ensaio, a
carga é mantida constante, enquanto que as deformações resultantes da contínua
aplicação das tensões vão aumentando ao longo do ensaio até a ruptura completa
do corpo-de-prova. O critério de parada do ensaio de fadiga à tensão controlada é
a fratura completa do corpo-de-prova, que corresponde a um determinado número
de solicitações.
Diferentemente do ensaio de fadiga à TC, no ensaio de deformação
controlada (DC) ocorre uma diminuição da carga aplicada ao longo do ensaio, de
maneira a manter a deformação recuperável do corpo-de-prova constante até o
final do ensaio. MEDINA (1997), afirma que este ensaio é de execução mais difícil,
pois, o equipamento de ensaio necessita de um servo-mecanismo retro-
alimentador que permita ajustar a força aplicada em função dos desvios da
deformação medida. Neste ensaio, precisa-se estabelecer um critério de ruptura
específico que o ensaio é caracterizado por um decréscimo na tensão
solicitante e, portanto, não existe claramente um momento de ruína completa do
corpo-de-prova. Os critérios utilizados têm sido a redução a consideração do
momento no qual se atinge aproximadamente, 40% a 50% da carga inicial
aplicada (ALBUQUERQUE, 2005).
A FIG. 2.17 apresenta esquematicamente os tipos de carregamento
utilizados nos ensaios de fadiga.
61
FIG.2.17: Representação gráfica dos ensaios de fadiga à tensão e deformação
controlada, (ALBUQUERQUE, 2005).
A FIG. 2.18 mostra a comparação entre a vida em fadiga no ensaio à
tensão controlada e à deformação controlada, na qual é possível verificar que o
ensaio à tensão controlada é mais severo do que o de deformação controlada.
FIG.2.18: Influência do modo de carregamento na vida em fadiga,
(ALBUQUERQUE, 2005).
Adotando-se três diferentes níveis de tensão máxima: 65%, 75% e 85% da
resistência à tração na flexão estática do concreto, OH (1991b), estudou o
comportamento à fadiga do concreto, realizando ensaios cíclicos em flexão. Os
62
resultados mostraram que a resistência à fadiga do concreto apresenta
comportamentos diferentes para os três diferentes níveis de tensão aplicados,
onde o número de ciclos à fadiga para RT = 0,65 foi 93% superior do que para RT
= 0,75, e este foi 93% superior do que para RT = 0,85. Sendo RT a relação entre
tensão máxima aplicada e a tensão estática. Observa-se assim, que quanto maior
a tensão máxima, maior o grau de deterioração do concreto e que, se a tensão for
ampliada, resultará em um menor número de ciclos à fadiga.
Existem divergências entre os diversos autores em relação à influência da
tensão alternada na resistência à fadiga do concreto. Enquanto alguns observam
que a tensão alternada não influencia na resistência à fadiga, outros autores
observaram que existia uma pequena influência. ZHANG (1998) afirma que, em
nível microscópico, ocorre uma degeneração da estrutura interna do material
submetido à fadiga, e os microdefeitos se desenvolvem, tais como poros e
fissuras. O concreto submetido a tensões alternadas sofre deterioração mais
rápida que a tensão repetida (de um único sinal), o que é explicado pela interação
das diferentes microfissuras devido à compressão e tração atuantes.
Estudando a fadiga com tensão alternada, CERVO (2004) verificou que a
resistência à fadiga do concreto submetido a níveis de tensão variáveis se
mostrou maior do que a resistência à fadiga com tensão constante, somente
quando a tensão variou de baixa para alta (tensão crescente). Quando a tensão
variou de um nível mais elevado para um mais baixo, o mero de ciclos obtidos
foi inferior àquele alcançado em testes conduzidos com tensão constante. MAGGI
(2004), através de ensaios em concreto armado, concluiu que as tensões
alternadas provocam maior dano por fadiga que as tensões constantes.
2.3.3.4 FREQÜÊNCIA DE APLICAÇÃO DE CARGAS
Na aplicação de cargas a que um pavimento está sujeito, a freqüência é um
fator muito importante a ser considerado no desempenho dos pavimentos de
concreto e apresenta considerável influência na resistência à fadiga do concreto,
devido a estas cargas serem impostas ao pavimento em freqüências variadas e
63
existindo um tempo de relaxação no material entre a aplicação de uma carga e
outra ocasionada pelo tráfego.
Desconsiderada, até bem pouco tempo, a influência da freqüência de
aplicação de cargas em relação ao estudo da fadiga em pavimentos de concreto
passou a ser considerada em alguns trabalhos, como o de ZHANG et al. (1996).
Os autores observam que, quando a tensão xima é menor do que 75% da
resistência estática do concreto, as freqüências entre 1 e 15 Hz apresentam
pequena influência na resistência à fadiga. Enquanto que outros autores mostram
que para tensões ximas entre 75% e 100% da resistência estática do concreto,
somados a elevados valores de freqüência, melhoram o desempenho à fadiga. No
entanto, quando a tensão máxima é menor que 75%, freqüências com valores
entre 0,1 e 100 Hz não têm influência sobre o número de ciclos à fadiga.
Aplicando uma tensão máxima em torno de 83% da resistência estática do
concreto e freqüências de 1Hz, 5Hz e 10Hz, CERVO (2004) observou que com
uma freqüência de 10 Hz é possível atingir uma resistência à fadiga superior, da
ordem de 94% e 96%, àquelas obtidas para freqüências de 1 Hz e 5 Hz,
respectivamente.
Com base nas diversas pesquisas sobre freqüências de aplicação de
cargas, pode-se observar que, quanto mais elevada é a freqüência maior é o
número de ciclos de fadiga que o concreto pode suportar. Além disso, a
combinação entre a freqüência de carregamento e o nível de tensão aplicado, está
intimamente ligado ao desempenho do material quando submetido à fadiga.
2.3.3.5 CONCRETO REFORÇADO COM FIBRAS DE AÇO (CRFA)
A principal característica das fibras de aço é possuir alto módulo de
elasticidade e absorver um grande nível de tensão,o permitindo que as fissuras
se propaguem na estrutura de concreto. Assim, o concreto reforçado com fibras de
aço (CRFA), apresenta boa resistência mesmo quando fissurado e ainda permite
uma redistribuição dos esforços, mesmo quando baixos teores de fibras de aço
são usados. A conseqüência direta da restrição à propagação das fissuras é o
64
aumento da resistência à fadiga, o que melhora a durabilidade da estrutura
AITCIN (2000). Os concretos reforçados com fibras de aço podem ter várias
aplicações potenciais, como em pisos industriais submetidos a altas cargas,
pavimentos de aeroportos, revestimentos de túneis, dormentes para ferrovias e
fundações para quinas. A maioria destes elementos estruturais é carregada de
forma cíclica, o que tem levado os projetistas a considerarem a falha por fadiga
dos materiais, nestes elementos estruturais.
Segundo FIGUEIREDO (2000), para que as fissuras continuem se
propagando no concreto, é necessária energia suficiente para que a fibra se
rompa, ou seja, arrancada da matriz. Este aumento da energia gasto até a ruptura
total do material representa um aumento da tenacidade, a principal característica
do CRFA.
A adição de fibras de aço no concreto acaba influenciando beneficamente
também a sua resistência à fadiga, à abrasão e ao impacto. As fibras atuam como
elementos de reforço, com a finalidade de impor obstáculos à propagação das
fissuras, além de funcionar como ponte de transferência dos esforços, garantindo,
assim, uma capacidade resistente após a abertura da mesma.
Em compósitos reforçados com fibras MOUNZER (2004), cita que a fratura
é retardada tornando-se um processo progressivo, pois as pontes de transferência
formadas pelas fibras absorvem parte das solicitações e originam uma fissuração
mais distribuída. O que se verifica é que, com o aumento do número de fibras, a
abertura das fissuras torna-se menor, reduzindo assim, a área total de fissuração.
Já em concretos simples, a abertura da fissura não encontra resistência e dá
origem ao colapso da peça. Este comportamento pode ser observado nas figuras
FIG. 2.19 e FIG. 2.20.
65
Concentração de tensão
Fissura
FIG.2.19: Matriz frente à fissuração, (FIGUEIREDO, 2000).
FIG.2.20: Matriz com fibra de aço, frente à fissuração, (FIGUIREDO, 2000).
2.3.4 MATERIAIS QUE CONSTITUEM O CONCRETO
Observando o comportamento sob fadiga do concreto em algumas
pesquisas anteriores, (MAGGI, 2004) e (BALBO, 2002), é possível observar nas
curvas ó - N uma diferença, provavelmente em razão da variabilidade da
Diminuição na abertura das fissuras
Diminuição da concentração de tensões
66
resistência estática que não especifica, na maioria das vezes, os parâmetros que
controlam a resistência estática do material tais como, consumo e tipo de cimento,
relação água/cimento (a/c), tipo e dimensão máxima característica do agregado
(max).
2.3.4.1 DIMENSÕES DOS AGREGADOS
Diante dos relatos dos estudos de IWAMA E FUKUDA (1986) é possível
perceber a influência do diâmetro máximo (max) do agregado graúdo no
comportamento à fadiga do concreto. Os ensaios foram realizados com 150
amostras com duas dimensões máximas de agregado, 20 mm e 40 m. Os autores
observaram que os efeitos das diferentes dimensões dos agregados graúdos são
desprezíveis no comportamento do concreto submetido à fadiga.
Investigando, de forma semelhante, este tipo de influência no estudo de
fadiga, KOYANAGAWA et al. (1994) ensaiaram amostras em flexão e compararam
as dimensões máximas de 20 mm e 40 mm do agregado graúdo utilizados na
confecção do concreto. Os resultados mostraram que a influência do diâmetro do
agregado no comportamento à fadiga do concreto foi insignificante para relação
entre tensões acima de 0,8. Entretanto, foi observado pelos autores que níveis
inferiores a este valor, a dimensão do agregado apresentou certa influência no
comportamento à fadiga do concreto.
2.3.4.2 RELAÇÃO ÁGUA / AGLOMERANTE (a/a).
A relação água/cimento (a/c), no caso do CCP, é outro parâmetro que pode
influenciar no comportamento à fadiga do concreto. No caso do CCG está relação
é a água/aglomerante (a/a). De acordo com ZHANG et al (1997) o aumento da
relação a/c ou do consumo de cimento diminuem a resistência à fadiga.
Os estudos de KLAIBER e LEE (1982), mostram que a resistência à fadiga
do concreto simples reduz para relação a/c inferior a 0,4, enquanto que para
relação a/c entre 0,4 e 0,6 ocorre pouca variação desta resistência.
67
Através da variação da relação água/cimento de 0,39, 0,45, 0,53 e 0,65,
ZHANG et al. (1997), concluíram que a relação a/c apenas modificou a resistência
estática, não influenciando na resistência à fadiga do concreto.
Ainda existem muitas divergências entre os conceitos desenvolvidos pelos
diversos autores sobre a influência dos materiais constituintes do concreto no
comportamento à fadiga deste material. Algumas pesquisas mostram que algumas
características de um dado material aumentam a resistência à fadiga do concreto,
enquanto que outros trabalhos observam o contrário. Este fato comprova o quanto
é difícil ter uma precisão do comportamento à fadiga de um material heterogêneo,
como é o caso do concreto de cimento Portland. No caso do concreto de cimento
geopolimérico, a influência dos materiais que constituem o concreto também deve
ser levada em consideração durante sua produção.
Além do diâmetro do agregado ou da relação a/c, é importante ressaltar a
importância do tipo de ensaio que está sendo executado, que pode ser de tração
direta, de compressão ou de flexão. Cada tipo de ensaio produz um efeito distinto
no concreto, ainda que o material seja o mesmo. No caso dos ensaios de
pavimentação rígida, sempre os ensaios de flexão são os mais representativos do
comportamento estrutural, em vista das aplicações em estruturas sujeitas à tração
como pontes, pisos industriais e pavimentos. Todavia, existem estudos de fadiga
desenvolvidos a partir de ensaios diferentes dos de tração direta, compressão e
flexão, como é o caso de KIM e KIM (1996), através do estudo de fadiga em
compressão que oferecem um outro tipo de análise do comportamento do
concreto quando submetido a este tipo de ensaio.
2.3.4.3 CONSUMO DE CIMENTO
O efeito do consumo de cimento nos ensaios de fadiga do concreto foi
investigado por TEPFERS & KUTTI (1979), onde os autores ensaiaram dois
concretos sujeitos a tensões resultantes da ação de cargas do tráfego, com
consumos de 236 Kg/m
3
e 365Kg/m
3
. A partir dos resultados encontrados, os
autores puderam concluir que a fadiga independe do consumo de cimento.
68
Diferentemente disto, BALBO (2002) cita que o comportamento à fadiga é
muito dependente da resistência a tração na flexão estática. Assim, o autor conclui
que fatores como o consumo de cimento que afetam a resistência estática,
também influenciam no comportamento a fadiga.
2.3.5 HIPÓTESE DE PALMGREN-MINER (DANO CONTÍNUO LINEAR)
Diversas pesquisas mostram que as propriedades de fadiga do concreto
limitam-se à aplicação de cargas a uma tensão constante, entretanto, isto não
ocorre no campo. O histórico de tensões irá determinar níveis de carregamento
com tensão variada, números de ciclos, seqüências de carregamentos e tempos
de relaxação diferentes. Na análise da influência da história de tensões na
resistência à fadiga dos materiais, a hipótese clássica de MINER (1945) é
amplamente utilizada. PALMGREN em 1924, foi quem primeiro sugeriu um
modelo linear de dano por fadiga, no qual é possível considerar o efeito de
carregamento, por meio do acúmulo do dano que cada intensidade de tensão
provoca no material. MINER em 1945, apresentou uma equação linear de dano
por fadiga, hoje conhecida como modelo de PALMGREN-MINER. Este modelo
assume que a resistência à fadiga o consumida pela repetição de uma dada
carga fica disponível para a repetição de outras cargas, podendo ser determinado
por:
(EQ.2.5)
onde D é uma fração de dano, n é o número de ciclos aplicado num nível
determinado de tensão e N é o número de ciclos que causará a ruptura por fadiga
no mesmo nível de tensão.
O colapso por fadiga pode ocorrer quando a soma do dano para todos os
níveis de tensão atingir um certo valor crítico, que no caso da teoria de MINER é
igual a 1. Este fato pode ser expresso por:
1
'
'
'
N
n
D
69
(EQ. 2.6)
Portanto:
(EQ. 2.7)
Observa-se que a expressão da teoria do dano não considera a influência
da seqüência de aplicação de cargas para vários níveis de tensão, e que a
hipótese assume acumular uma mesma taxa de um dado nível de tensão sem
verificar a história de tensões anteriores, provocando em alguns casos
incoerências no estudo da fadiga no concreto.
O tipo de aplicação de tensão máxima foi investigada por HILSDORF e
KESLER (1966), através de dois estágios de seqüência de aplicação de carga em
flexão no concreto. Para o primeiro caso, foi aplicado um nível de tensão (ó
1
) até
um certo número de ciclos e, posteriormente, este nível de tensão foi elevado para
um nível (ó
2
) e mantido constante até a ruptura do CP. No segundo caso, os
autores começaram com o nível de tensão ó
2
até um certo número de ciclos e
posteriormente diminuíram este nível de tensão para ó
1
. Os resultados mostram
que no segundo caso, o número de ciclos à fadiga foi inferior ao alcançado no
primeiro caso, ou seja, reduzindo a tensão máxima de alta para baixa, a
resistência à fadiga diminuiu consideravelmente.
Através do estudo de fadiga em flexão com tensão variável, OH (1991a),
concluiu que o colapso por fadiga no concreto é influenciado pela magnitude e
seqüência de aplicação de carga com tensão variável. Para o autor, a soma do
dano acumulado, seguindo o modelo linear de PALMGREN-MINER, é maior que 1
quando a intensidade da tensão de carregamento é aumentada e menor que 1,
quando antes é aplicada uma tensão mais alta.
2.3.6 MODELOS DE FADIGA PARA PAVIMENTOS DE CONCRETO
1
..............
2
2
1
1
n
n
N
n
Ni
ni
N
n
N
n
D1 + D2 +......+ Di +.....+Dn 1
70
2.3.6.1 MODELOS EXPERIMENTAIS
BALBO (1999), define dois tipos de modelo de fadiga para os pavimentos
de concreto: experimentais e semi-empíricos. Os modelos experimentais são
construídos a partir de ensaios de laboratório, quando amostras do material de
interesse moldadas em laboratório ou extraídas de campo, são submetidas a
ciclos de carregamentos sucessivos, chamados de ensaios dinâmicos. Esses
ensaios geralmente são realizados com freqüência elevada e sem períodos de
folga, não se levando em conta as flutuações na tensão causadas pela variação
da posição da carga que ocorre nos pavimentos. Porém, como os pavimentos de
concreto estão sujeitos à ação de cargas e freqüências variáveis, diversos
trabalhos tentam se aproximar destas variações que ocorrem em campo,
determinando o comportamento sob fadiga do concreto através de ensaios
laboratoriais, com tensões e ou freqüências variáveis. Entretanto a aplicação de
cargas e freqüências constantes, m sido realizada nos ensaios experimentais
em laboratório por muitos pesquisadores, principalmente devido às limitações dos
equipamentos em realizar ensaios variando a tensão e a freqüência. Assim, de
uma maneira geral, os modelos experimentais são conservativos. os modelos
semi-empíricos são definidos a partir de dados de pistas experimentais ou de
pistas em funcionamento.
Os ensaios à fadiga realizados com tensão ou freqüência constante ou
variável são realizados por meio de ensaios dinâmicos em tração pura, em
compressão, alternando tração-compressão, ou em tração na flexão simples ou
alternada, sendo estes dois últimos os mais comuns e também os que melhor
retratam as condições de pontes, pisos industriais e pavimentos. Segundo MAGGI
(2004), a resistência à fadiga é definida como uma fração da resistência estática
que pode ser suportada para um certo número de ciclos. Ela é normalmente
apresentada em diagramas que indicam o número admissível de ciclos, ou o
logaritmo desse número, em função da relação de tensão, RT.
Modelos à fadiga para pavimentos de concreto m sido estudados para
verificar alguns fatores, tais como cargas limites (tensão máxima e mínima),
71
período de relaxação, freqüência de aplicação de cargas, condições ambientais,
tipos de ensaios, dentre outros. Os modelos de fadiga normalmente são
apresentados em função do mero de ciclos de carregamentos e da relação
entre o nível de tensão atuante no pavimento e a resistência à tração na flexão
estática do concreto.
2.3.6.2 MODELO ATUALMENTE EMPREGADO NO BRASIL
Segundo MEDINA (1997) a maioria das estruturas de pavimentos
rodoviáros e urbanos de concreto no Brasil m sido dimensionadas pelo método
da Portland Cement Association (PCA/84) em sua segunda edição, que foi
publicado pela Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP) em 1996. Este
método foi proposto inicialmente em 1966, sendo revisto em 1984 nos Estados
Unidos da América, descrevendo um modelo de fadiga para o concreto, sendo
este modelo o mais utilizado no Brasil. O número permissível de repetições para
uma dada carga no eixo foi determinado baseado na relação entre tensões. O
modelo propõe um limite de fadiga, assumindo que para relação entre tensões
inferiores a 0,45, o número de repetições de ciclos seria ilimitado, qualquer que
fosse a carga geradora daquela tensão. O todo da PCA/84 , entretanto,
desconsidera o efeito das tensões de empenamento devido aos gradientes
térmicos.
Optou-se pelo modelo mais prático e consagrado de se medir o número de
ciclos em função da tensão relativa, isto é, a curva S-N, que também oferece a
vantagem de permitir comparações simples entre diferentes experimentos
realizados para os diferentes concretos.
72
3 MATERIAIS E MÉTODOS
Procurou-se manter constante a rotina dos ensaios, que levou em
consideração a equipe técnica, equipamento e, sobretudo, a normatização dos
ensaios. A constância dos procedimentos adotados buscou evitar possíveis
interferências de variação de rotina. Outro aspecto muito importante foi o
cumprimento das datas de realização dos ensaios, pois ao longo do tempo o
concreto modifica suas características reológicas, modificando as condições de
uso fixadas para o estudo.
3.1 MATERIAIS
3.1.1 AGREGADO MIÚDO
Os agregados empregados na elaboração dos dois concretos (CCG e CCP)
foram caracterizados no laboratório de Materiais Compósitos e no laboratório de
Solos do Instituto Militar de Engenharia, conforme as especificações da norma
NBR 7211 (2005). Como agregado miúdo foi utilizada areia comercial de rio
lavada, quartzosa, passante na peneira de 4,8 mm, proveniente da região
metropolitana do Rio de Janeiro. A TAB.3.1 apresenta os resultados de
caracterização da areia.
TAB.3 1: Características físicas do agregado miúdo.
Descrição Resultados
Massa Unitária (NBR 7251) 1,45 g/cm
3
Massa específica (NBR NM52) 2,62 g/cm
3
Teor de Argila (NBR 7218) 0,61%
Materiais Pulverulentos (NBR7219) 0,34%
Impurezas Orgânicas (NBR NM49) <300 ppm
Módulo de finura (NBR 7211) 2,51
Dimensão máxima (NBR 7211) 2,4 mm
73
Os resultados mostram que as características do agregado miúdo em
estudo, estão dentro dos limites aceitáveis determinados pelas normas brasileiras.
A FIG. 3.1 mostra a curva da distribuição granulométrica da areia.
1,2
40
PORCENTAGEM EM PESO RETIDA ACUMULADA
Fundo
Zona
ótima
ABNT-
0
10
30
20
Zona utiliz
ável
0,30,15 0,6
50
60
70
80
100
90
Areia em Estudo
2,4 4,8 6,3 9,5
ABERTURA DA PENEIRA (mm)
FIG.3 1: Curva granulométrica da areia (PEREIRA, 2006)
3.1.2 AGREGADO GRAÚDO
O agregado graúdo utilizado foi a brita de graduação zero procedente da
pedreira Santo Antônio de mineração em Nova Iguaçu RJ, classificado por
ensaio petrográfico de acordo com a ABNT NBR 7389 (2005), pelo Laboratório de
Petrografia do CENPES, como granito. A brita foi lavada, peneirada e seca em
estufa. A caracterização deste material está descrita na TAB. 3.2.
74
TAB.3 2: Características físicas do agregado graúdo.
Descrição Resultados
Massa Unitária (NBR 7251) 1,53 g/cm
3
Massa específica (NBR NM52) 2,75 g/cm
3
Teor de Argila (NBR 7218) 0,21%
Materiais Pulverulentos (NBR 7219)
0,63%
Módulo de finura (NBR 7211) 5,91
Dimensão máxima (NBR 7211) 9,5 mm
Abrasão Los Angeles 21,50%
Assim como os resultados do agregado miúdo, os resultados do agregado
graúdo também estão dentro dos limites aceitáveis determinados pelas normas
brasileiras. A FIG. 3.2 mostra a curva da distribuição granulométrica da brita
utilizada.
100
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
PORCENTAGEM EM PESO RETIDA ACUMULADA
Fundo
0,15 0,3 0,6 1,2 2,4 4,8 6,3 9,5 12,5
19ABNT-
ABERTURA DA PENEIRA (mm)
Limite superior Brita em Estudo
Limite inferior
FIG.3 2: Curva granulométrica da brita (PEREIRA, 2006).
75
3.1.3 CIMENTO GEOPOLIMÉRICO
Para a obtenção do cimento geopolimérico foi utilizado metacaulim, como
principal fonte de alumínio e silício e cimento Portland do tipo alto forno, como
fonte de cálcio. Para a ativação alcalina foi utilizado hidróxido de potássio (KOH) e
silicato de sódio alcalino em solução. O hidróxido tem a função de promover a
ativação alcalina da reação, enquanto que o silicato é utilizado como fonte
suplementar de silício. O resultado da mistura de todos esses componentes é um
produto que apresenta elevada resistência inicial, dureza, estabilidade química e
durabilidade.
3.1.3.1 METACAULIM
O metacaulim foi obtido através da calcinação a 850ºC por duas horas,
conforme estudos desenvolvidos por LIMA (2004), pelo tratamento térmico do
caulim fornecido pela Casa Wolff S.A proveniente das jazidas localizadas no
Estado do Rio Grande do Norte. O processo visa remover apenas os grupos
estruturais de hidroxila e criar uma instabilidade química pela mudança do número
de coordenação do alumínio de VI para IV.
A TAB. 3.3 apresenta as características químicas do metacaulim utilizado,
enquanto que as TAB. 3.5, 3.6 e 3.7 apresentam, respectivamente, as
características físicas e químicas do CPIII produzido pela Holcim que foi utilizado
neste trabalho. A massa específica encontrada para o CP III foi igual a 2,96 kg/m
3
76
TAB.3 3: Caracterização química do metacaulim.
Metacaulim
Óxidos Porcentagem em massa
SiO
2
50,6
Al
2
O
3
41
MgO 0,34
CaO 0,72
Na
2
O 1,1
K
2
O 0,09
TiO
2
0,14
Fe
2
O
3
0,62
P
2
O
5
0,16
Os resultados de massa específica do metacaulim, assim como o do
cimento, foram obtidos através do frasco volumétrico de Le Chatelier NBR NM 23
(2001), enquanto que os resultados de superfície específica foram obtidos através
de permeabilidade ao ar, pelo método de do Método de Blaine, NBR NM 76(1998).
Esses resultados podem ser melhor visualizados na TAB. 3.4.
TAB.3 4: Caracterização física do metacaulim.
Metacaulim
Massa específica 2,58 kg/m
3
Superfície específica
950,9 m
2
/kg
A calcinação foi feita em forno mufla do laboratório de Materiais Compósitos
do IME, especificado no item 3.2, a uma temperatura de 850ºC por duas horas.
Para análise granulométrica das partículas do metacaulim foi utilizada a
técnica de difração a laser no laboratório do CENPES, em um equipamento da
marca Malvern Instruments, modelo Mastersizer 2000. Para a análise das
amostras foi utilizado álcool etílico. Os resultados podem ser visualizados na FIG.
3.3.
77
0,1 1 10 100
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
Porcentagem em volume
Diâmetro da partícula (
m)
FIG.3 3: Distribuição das partículas do metacaulim.
O parâmetro estatístico da análise granulométrica a laser que corresponde
ao diâmetro médio volumétrico é representado por D(4,3), enquanto que o
diâmetro dio superficial é representado pelo parâmetro D(3,2). É possível obter
ainda a amplitude da distribuição em função da mediana, que é calculada por
SPAN = [D(v,0,9) D(v,0,1) / D(v,0,5)].
Na a análise da amostra de metacaulim, os resultados obtidos foram de
D(4,3) = 15,51 m, D(3,2) = 4,71 m e SPAN = 3,602.
3.1.3.2 CIMENTO CPIII
Foi utilizado como fonte de cálcio na produção do CCG, o cimento do tipo
CPIII 40 RS Holcim. Suas características, fornecidas pelo fabricante, são
apresentadas nas tabelas a seguir.
78
TAB.3 5: Características físicas do CP III 40 RS Holcim.
Ensaio Resultado Limite de norma
Retido na # 200 (%)
NBR 11579 (1991)
0 8
Superfície específica (m²/kg)
NBR NM76 (1998)
432
_
Início 230 60
Tempo de pega (min.)
NBR NM65 (2002)
Fim 305 720
3d 26,30 12
7d 37,50 23
Resistência à
compressão (MPa)
NBR7215 (1996)
28d 48,70 40
Fonte: Holcim.
TAB.3 6: Características químicas do CP III 40 RS Holcim.
Ensaio Resultado Limite de norma
CO
2
(%) NBR NM20 (2004) 2,59 3
PF 1000ºC NBR NM18 (2004) 3,34 4,5
Resíduo insolúvel (%) NBR NM15 (2004) 1,14 1,5
SO
3
NBR NM16 (2004) 2,39 4,0
Sulfeto NBR NM19 (2004) 0,51 1,0
Fonte: Holcim
TAB.3 7: Composição química do CPIII 40 RS Holcim.
Óxidos Porcentagem em massa
SiO
2
28,18
Al
2
O
3
9,30
MgO 4,15
CaO 51,69
K
2
O 0,48
C
3
A 2,86
Fe
2
O
3
1,74
Fonte: Holcim.
79
Da mesma forma que o metacaulim, as partículas de CP III foram
analisadas por difração a laser. Os resultados estão apresentados na FIG.3.4.
0,1 1 10 100 1000
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
Porcentagem em volume
Diâmetro da partícula (
m)
FIG.3 4: Distribuição das partículas do CPIII-40 RS.
Para a análise da distribuição granulométrica da amostra de CPIII-40RS, os
resultados obtidos foram de D(4,3) = 20,04 m, D(3,2) = 8,61 m e SPAN = 2,362.
3.1.3.3 SILICATO DE SÓDIO
Como fonte complementar de SiO
2
, foi utilizado silicato de sódio
(Na
2
SiO
3
nH
2
O) alcalino comercial, fornecido pela Prozil S.A. Suas características
físicas e químicas estão apresentadas nas TABs. 3.8 e 3.9, respectivamente.
80
TAB.3 8: Características físicas do silicato.
Estado físico Líquido
Aparência Viscoso
Cor Opaco
Solubilidade em água Total
Porcentagem de sólidos
47%
pH 12
Massa específica 1,58 kg/dm³
Viscosidade à 25ºC 800 a 3000 cP
Voláteis 0 %
TAB.3 9: Características químicas do silicato.
Silicato de sódio
Óxidos Porcentagem em massa
SiO
2
33,15
Na
2
O 14,81
H
2
O 52,04
Para garantir o pH, necessário para a geopolimerização, foi utilizado
hidróxido de potássio (KOH) comercial, fabricado pela Panamericana S.A. São
apresentadas suas características físicas na TAB. 3.10.
TAB.3 10: Características físicas do KOH.
Estado físico Sólido higroscópico
Aparência Escamas
Cor Branca
Massa específica 2,59 kg/dm³
pH 14
Solubilidade em água Total
81
Os principais componentes do cimento geopolimérico foram caracterizados
através da análise por espectroscopia por dispersão de energia, EDS (Energy
Dispersive Spectroscopy), como mostra a FIG. 3.5, onde se identifica os picos
característicos dos componentes que constituem o cimento geopolimérico. O pico
referente ao ouro (Au), ocorre devido à sua deposição na superfície da amostra
para torná-la condutora de elétrons.
FIG. 3.5: Espectro de EDS do CCG.
FIG.3 5: Espectro de EDS do cimento geopolimérico.
3.1.4 CIMENTO PORTLAND
O cimento Portland utilizado foi o cimento de alta resistência inicial do tipo
CP V - ARI RS, da Holcim. Suas características foram fornecidas pelo próprio
fabricante (Holcim) e mostrados nas TAB. 3.11, 3.12, 3.13.
O cimento Portland de alta resistência inicial (CP V), é considerado um tipo
especial de cimento Portland, mas é na verdade o cimento Portland, com a
particularidade de possuir maior superfície específica. Devido ao menor tamanho
de partículas, este cimento tem a peculiaridade de atingir altas resistências iniciais
já nos primeiros dias de aplicação. Segundo ALBUQUERQUE (2003), o
desenvolvimento da alta resistência inicial é conseguido pela utilização de uma
dosagem diferente de calcário e argila na produção do clínquer, além da moagem
82
mais fina do cimento, de modo que, ao reagir com a água, ele adquira elevadas
resistências em menor tempo.
As idades dos ensaios realizados em corpos-de-prova produzidos com este
tipo de cimento, de alta resistência inicial, o estabelecidas conforme a norma
NBR 5733 (1991).
TAB.3 11: Características físicas do CPV-ARI Holcim.
Ensaio Resultado Limite de norma
Retido na # 200 (%)
NBR 11579 (1991)
0 6
Superfície específica (m²/kg)
NBR NM76 (1998)
476,6 300
Início 143 60
Tempo de pega (min.)
NBR NM65 (2002)
Fim 200 600
1d 28,00 14
3d 42,60 24
Resistência à
compressão (MPa)
NBR7215 (1996)
7d 46,80 34
Fonte: Holcim.
TAB.3 12: Características químicas do CPV-ARI Holcim.
Ensaio Resultado Limite de norma
CO
2
(%) NBR NM20 (2004) 1,42 3
PF 1000ºC NBR NM18 (2004) 3,26 4,5
Resíduo insolúvel (%)NBR NM15 (2004)
0,29 1,0
SO
3
NBR NM16 (2004) 2,65 3,5
Fonte: Holcim.
83
TAB.3 13: Composição química do CPV-ARI Holcim.
Óxidos Porcentagem em massa
SiO
2
19,19
Al
2
O
3
4,80
MgO
0,69
CaO
64,94
K
2
O
0,75
Fe
2
O
3
2,91
Fonte: Holcim.
É possível observar na TAB. 3.13 a maior porcentagem de CaO em relação
aos outros óxidos presentes no cimento Portland. Isto foi confirmado na análise de
EDS realizada no CCP, onde é possível identificar a maior intensidade do pico de
cálcio presente na amostra, como observado no espectro de EDS na FIG. 3.6.
FIG.3 6: Picos característicos dos componentes químicos do CCP, mapeados por
EDS.
Da mesma forma que o metacaulim e o CPIII, a distribuição granulométrica
do CP V foi analisada por difração a laser. Os resultados encontrados foram de
84
D(4,3) = 16,93 m, D(3,2) = 6,59 m e SPAN = 2,262 e podem ser mais bem
observados na FIG. 3.7 a seguir.
0,1 1 10 100
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
Porcentagem em volume
Diâmetro da partícula (
m)
FIG.3 7: Distribuição das partículas do CP V.
Os resultados apresentados para o cimento Portland estão de acordo com a
norma NBR 5733 (1991).
Neste trabalho utilizou-se o aditivo superplastificante à base de éter
carboxílico (TEC FLOW 7000), fornecido pela Rheotec, para reduzir a água
adicionada ao concreto e, conseqüentemente, a relação água/aglomerantes, para
obter aumento da trabalhabilidade do concreto de cimento Portland. Suas
características são apresentadas na TAB. 3.14.
TAB.3 14: Características do superplastificante, fornecido pela Rheotec.
Aspecto líquido Castanho claro
pH
6,0 1,0
Massa específica
1,095 0,02 g/cm
3
Teor de sólidos
40,0 2,0 %
85
3.1.5 FIBRAS DE AÇO
As fibras de aço utilizadas nos dois concretos deste trabalho (FIG. 3.8),
foram produzidas pela Maccaferri do Brasil Ltda, apresentando suas
características nas TABs. 3.15 e 3.16, fornecidas pelo próprio fabricante.
TAB.3 15: Propriedades físicas das fibras de aço Wirand ® FS3N.
Propriedades físicas FS3N
Relação L/d (comprimento / diâmetro) 44
Tolerância do valor individual da relação L/d 15%
Tolerância do valor médio da relação L/d 7,5%
Diâmetro 0,75mm
Tolerância do valor individual do diâmetro 10%
Tolerância do valor médio do diâmetro 5%
Comprimento 33mm
Tolerância do valor individual do comprimento
10%
Tolerância do valor médio do comprimento 5%
Fonte: Maccaferri.
TAB.3 16: Propriedades mecânicas das fibras de aço Wirand ® FS3N.
Propriedades mecânicas FS3N
Resistência à tração do aço >1100 MPa
Deformação na Ruptura <4%
Módulo elástico 210 GPa
Fonte: Maccaferri.
FIG.3 8: Fibras de aço Wirand ® FS3N.
86
3.2 MÉTODOS EXPERIMENTAIS
3.2.1 CALCINAÇÃO DO CAULIM
A calcinação do caulim, para a produção do metacaulim, foi realizada em um
forno mufla da marca EDG equipamentos, modelo EDG3P-S, com capacidade de
aquecimento de até 1200ºC, a uma temperatura de 850ºC por um período de 2h.
O tempo e a temperatura empregados foram estabelecidos com base nos estudos
desenvolvidos por LIMA (2004).
3.2.2 OBTENÇÃO DO CCG
A dosagem foi baseada no método descrito por HELENE e TERZIAN (1993),
adaptado para o concreto geopolimérico, baseada nos estudos desenvolvidos por
THOMAZ (2000). As exigências para as adaptações da dosagem do CCG
seguiram recomendações da norma DNIT 054 PRO (2004), para aplicação em
pavimentação e são mostradas na TAB. 3.17.
TAB.3 17: Exigências para pavimento rígido (DNIT 054 PRO (2004))
Recomendações Pavimento rígido
Consumo de aglomerante Mínimo = 320 kg/m³
Agregado graúdo 1/5 a 1/4 da espessura da placa
Água/aglomerante 0,40 a 0,46
Abatimento
20 mm
O teor de argamassa variou entre 60 a 66%, de acordo com o método de
HELENE e TERZIAN (1993), buscando atingir uma consistência adequada para
atender a adição de fibras.
A quantidade de água no concreto foi determinada visando atingir uma faixa
de abatimento no ensaio de abatimento do tronco de cone para o CCG igual a 100
20mm. A resistência a tração na flexão foi determinada de acordo com as
tendências do concreto de alto desempenho utilizado em pavimentos rígidos.
87
Segundo a ABCP e MEDINA (1997), estes concretos assumem valores de f
ctm,k
que variam de 5,0 MPa a 6,5 MPa aos 28 dias de idade. A resistência à tração na
flexão aos 7 dias (f
ctm,7
) adotada neste trabalho foi de 5,0 MPa.
Para a determinação da resistência de dosagem do CCG, seguiu-se
recomendação da norma DNIT 054 PRO (2004). A resistência de dosagem foi
calculada através da expressão:
(EQ. 3.1)
Sendo:
 f
cd
- Resistência de dosagem do concreto aos j dias de idade;
 f
cj
- Resistência característica do concreto à compressão aos j dias de
idade; e
 S
d
- Desvio padrão.
Através dos resultados obtidos para o CCG, nos ensaios de compressão e
tração na flexão, foi determinada a relação f
ctm
/f
ck,
que no caso do CCP é
determinada pela Norma 6118 (2003). Utilizando está relação, foi possível realizar
a dosagem do concreto pelos ensaios de resistência à compressão axial, o que
torna, de certa forma, a dosagem menos trabalhosa levando-se em consideração
o volume de material requerido por corpo-de-prova em relação ao ensaio de flexão
e a facilidade de execução do ensaio considerando o tamanho do corpo-de-prova
utilizado. Com isso, foram realizados ensaios preliminares para determinação da
relação f
cm
/f
ctm
, sendo o valor do desvio padrão adotado igual a 5,5 MPa, o que
representa padrão de qualidade razoável, segundo a Norma DNIT 054 PRO
(2004).
A dosagem do CCG foi baseada na determinação de um traço básico e dois
auxiliares (traço rico e traço pobre). A composição do traço sico foi obtida
através dos resultados obtidos da relação f
cm
/f
ctm
. O consumo dos três traços foi
calculado pelas EQs 3.2 e 3.3 a seguir:
f
cd
= f
cj
+ 0,84 S
d
88
(EQ. 3.2)
(EQ. 3.3)
Sendo:
- a massa específica do material (kg/m
3
);
C - o consumo de aglomerantes sólidos (kg/m
3
);
a - o teor de areia;
p - o teor de brita; e
- teor de argamassa (%).
A seqüência de colocação dos materiais para a produção do CCG seguiu a
ordem desenvolvida nos estudos preliminares do concreto de referência.
Inicialmente, a betoneira de eixo inclinado teve sua cuba e pás umedecidas, sendo
adicionado todo o agregado graúdo e toda a solução alcalina, com o acionamento
da betoneira por 1 minuto. Em seguida, foi adicionado todo o agregado miúdo com
o acionamento da betoneira por 2 minutos. Finalmente, foram adicionados os pós
de cimento geopolimérico, previamente misturados, sendo a betoneira acionada
por mais 2 minutos.
No caso dos concretos com adição de fibras metálicas, a adição das
mesmas ocorreu logo após a adição do agregado graúdo. A FIG. 3.9 ilustra a
betoneira de eixo inclinado com capacidade para 145 L de concreto, utilizada na
produção dos concretos.
Os corpos-de-prova cilíndricos (10 x 20) cm foram moldados em duas
camadas com tempo de vibração aproximado de 15 segundos para cada camada.
./
1
%1000
aglomágua
pedra
p
areia
a
eaglomerant
oincorporadAr
C
100.
1
1
pa
a
89
No caso dos CP com (15 x 30) cm, o tempo de vibração foi de 20 segundos.
Quanto aos CP prismáticos, sua metodologia será descrita mais adiante.
FIG.3 9: Betoneira de eixo inclinado, com capacidade de 145 L de concreto.
3.2.3 OBTENÇÃO DO CCP
Para uma melhor comparação entre os concretos que possuem diferentes
características, na produção do CCP foi utilizada a mesma relação a/c e mesmo
consumo de aglomerante usada na produção do CCG, onde, através de um
correto proporcionamento entre agregados e da utilização de aditivo
superplastificante, foi possível alcançar a trabalhabilidade e consistência
desejadas.
A preparação do CCP obedeceu a uma seqüência de inserção dos
materiais na betoneira, conforme recomendações de GIAMMUSSO (2005).
Inicialmente, a betoneira de eixo inclinado teve sua cuba e pás umedecidas, sendo
adicionado todo o agregado graúdo e parte da água de amassamento 1/2 de
água), com o acionamento da betoneira por 1 minuto. Seguida pela adição do
cimento e mistura por mais 2 minutos. Finalmente foram adicionados o agregado
miúdo e o restante da água, sendo a betoneira acionada por mais 3 minutos. O
aditivo foi previamente diluído na água para evitar perdas no momento da adição
do mesmo em função de sua viscosidade.
90
As características dos traços do CCG e do CCP, estão descritos nos itens
4.2 e 4.3, respectivamente.
3.2.4 DETERMINAÇÃO DA CONSISTÊNCIA IDEAL
Logo após a mistura dos concretos, foi determinada no estado fresco, a
consistência ideal de ambos em função do abatimento do tronco-de-cone,
segundo a NBR NM 67 (1998). Para comparar as propriedades mecânicas do
CCG com o CCP foi necessário estabelecer uma equivalência na trabalhabilidade
inicial dos concretos sem fibras para obtenção de uma compacidade semelhante.
O CCG, no entanto apresentou uma trabalhabilidade mais elevada do que o
CCP com a mesma relação a/c e sem a utilização de superplastificante. Estudos
desenvolvidos por THOMAZ (2000), mostraram a boa trabalhabilidade do CCG.
Os resultados de abatimento de tronco de cone para uma baixa razão
água/aglomerantes foram surpreendentemente elevados, da ordem de 100%
superiores ao do Portland.
Para uma comparação mais adequada das propriedades entre os CCP e
CCG, foram desenvolvidos estudos preliminares de ajuste da consistência, que se
baseou na porcentagem adequada de superplastificante adicionada ao CCP. A
FIG. 3.10 mostra o ensaio de abatimento.
(a) (b)
FIG.3 10: Abatimento de tronco-de-cone, (a) adensamento do concreto, (b)
nivelamento antes da medida.
91
3.2.5 MOLDAGEM DE CORPOS-DE-PROVA
3.2.5.1 CONFECÇÃO DE CORPOS-DE-PROVA CILÍNDRICOS
Foram moldados corpos-de-prova cilíndricos de (10 x 20) cm para a
determinação da resistência à compressão nas idades de 1, 7 e 28 dias, bem
como para determinação da tração indireta aos 7 dias de idade, como mostra a
FIG. 3.11 (a). A moldagem foi feita segundo a Norma 5738 (2003). Após a
moldagem dos corpos-de-prova, estes foram mantidos nos moldes por um período
de 24 horas, no caso do ensaio com idade de 1 dia e por 72 horas no caso dos
ensaios com idades de 7 e 28 dias. No caso do ensaio de 24 horas, a
desmoldagem foi realizada quase que no mesmo momento do ensaio, enquanto
que nas demais idades os corpos-de-prova foram desmoldados e colocados em
cura a temperatura ambiente até a idade de ruptura, conforme FIG. 3.11 (b).
Foram moldados corpos-de-prova cilíndricos de (15 x 30) cm para a
determinação do módulo de elasticidade de ambos os concretos, seguindo os
mesmos critérios de moldagem e desmoldagem dos corpos-de-prova de (10 x
20) cm. Os ensaios de módulo de elasticidade foram realizados aos 7 dias de
idade, conforme as especificações da ABNT NBR 8522 (2003).
(a) (b)
FIG.3 11: Corpos-de-prova cilíndricos, (a) moldados, (b) cura ambiente.
92
3.2.5.2 CONFECÇÃO DE CORPOS-DE-PROVA PRISMÁTICOS
A Norma para procedimento a execução de pavimentos de concreto
simples por meio mecânico NBR 7583 (2003), determina que o controle
tecnológico para pavimentação deve ser realizado por meio de ensaios em tração
na flexão de corpos-de-prova de concreto de cimento Portland (CCP), utilizando
CP prismático com dimensões prismáticas de (150 x 150 x 500) mm, moldadas e
curadas em laboratório, conforme a NBR 5738 (1994) (CERVO, et al 2004).
Nos ensaios de flexão em corpos-de-prova de CCP, recomendados pela
NBR 12142 (1991), há a indicação da utilização de corpos-deprova prismáticos
com dimensões que devem ser escolhidas preferencialmente entre as dimensões
básicas (d) de 150 mm, 250 mm e 450 mm, sendo que os corpos-de-prova
deverão ter seção quadrada de aresta igual à dimensão básica (d) e comprimento,
no mínimo, igual a 3d + 50 mm. A NBR 5738 (1994), indicando ainda que a
dimensão básica dos corpos-de-prova prismáticos deve atender à seguinte
expressão indicada abaixo (EQ. 3.4):
EQ. (3.4)
sendo que d é a dimensão básica da amostra, e D é a dimensão máxima
característica do agregado. Entretanto, para agregados com dimensão máxima
característica menor ou igual a 50 mm, a norma estabelece a utilização de moldes
com dimensão básica igual a 150 mm.
Com a intenção de minimizar os inconvenientes existentes ao longo da
realização do ensaio de flexão como o peso do corpo-de-prova (ou CP+forma),
principalmente as dificuldades em se posicionar corretamente um corpo-de-prova
com peso elevado no equipamento além do maior custo de ensaio, levaram ao
início de estudos preliminares sobre a possibilidade de redução das dimensões
desses corpos-de-prova prismáticos, assim como estudos desenvolvidos por
CERVO et al (2004).
d
3D
93
Na FIG. 3.12 são apresentadas duas correlações entre resistências para
corpos-de-prova de diferentes dimensões obtidas do estudo dos autores.
FIG.3 12: Correlação entre resistências para corpos-de-prova de diferentes
dimensões CAD, (CERVO et al , 2004).
OH (1981b), preparou e ensaiou corpos-de-prova prismáticos nas
dimensões de (100 x 100 x 500) mm, para determinar o comportamento à fadiga
do concreto em flexão, uma vez que as normas existentes em outros países
possibilitam a utilização de corpos-de-prova com dimensões inferiores às
indicadas pela norma brasileira. A Norma ISO/FDIS 1920-3, 52 (2004), indica a
moldagem de corpos-de-prova prismáticos com dimensões distintas daquelas
padronizadas pela ABNT, quando propõem como preferência as dimensões de
(100 x 100 x 400) mm ou de (150 x 150 x 600) mm. GUIMARÃES et al (2000),
moldaram corpos-de-prova prismáticos com dimensões de (100 x 100 x 400) mm,
adensados em mesa vibratória, para a determinação da tenacidade à fratura em
flexão de concretos reforçados com fibras de aço.
Assim, é possível observar que além de normas existentes em outros
países, trabalhos têm sido realizados para determinar a resistência estática e a
resistência à fadiga do concreto, utilizando corpos-de-prova com dimensões
inferiores àquelas recomendadas pela NBR 5738 (1994).
94
3.2.5.2.1 SELEÇÃO DAS DIMENSÕES DOS CORPOS-DE-PROVA
A princípio desejava-se moldar corpos-de-prova prismáticos tanto de CCP,
quanto de CCG nas dimensões (150 x 150 x 500) mm.
Entretanto, analisando as condições e funcionamento do equipamento
utilizado para ensaios dinâmicos, foi constatada a existência de dificuldades em se
utilizar os corpos-de-prova com as dimensões usuais. Isso levou a um trabalho um
trabalho preliminar de pesquisa, considerando-se a possibilidade de reduzir as
dimensões das amostras a serem utilizadas nos ensaios de tração na flexão e nos
ensaios de fadiga.
Um dos principais motivos que levaram ao estudo da utilização de corpos-
de-prova com dimensões reduzidas foram: as dimensões do equipamento para
ensaio dinâmico; a dificuldade em se posicionar o corpo-de-prova na prensa nas
dimensões usualmente utilizadas e recomendadas por norma; o próprio peso do
corpo-de-prova (27 kg aproximadamente); a necessidade de grande quantidade
de material e o custo elevado para a confecção. Outros fatores como a existência
de estudos anteriores com amostras de tamanho inferior àquele especificado por
norma, onde se verifica que o efeito de escala é inexistente ou insignificante;
também contribui para a escolha da utilização de corpos-de-prova de menores
dimensões.
Com as novas dimensões, foram observados requisitos básicos que as
amostras deveriam apresentar na realização dos ensaios:
- dimensões adequadas ao tamanho da prensa em que seriam executados
os ensaios;
- execução dos ensaios de tração na flexão, considerando-se o terço médio
dos corpos-de-prova, segundo NBR 12142 (1991);
- possibilidade de se utilizar a mesma expressão indicada pela NBR 12142
(1991), empregada para as amostras de (150 x 150 x 500) mm, a fim de calcular a
resistência à tração na flexão;
95
- correlação dos resultados de resistência à tração na flexão obtida para a
nova dimensão dos corpos-de-prova e aqueles obtidos para as amostras de (150 x
150 x 500) mm.
Para uma melhor comparação entre as diferentes dimensões de CPs e
constatação da possibilidade de utilização de amostras reduzidas, foram moldados
concretos com as dimensões usualmente utilizadas de (150 x 150 x 500) mm e no
tamanho reduzido de (100 x 100 x 400) mm. Na FIG. 3.13 estão apresentadas as
novas dimensões dos CPs utilizados nas moldagens e nos ensaios. na FIG.
3.14, é mostrada a posição dos apoios e da carga aplicada no ensaio com
amostras reduzidas, enquanto que a FIG. 3.15 são mostrados os moldes utilizados
na produção de ambos os tamanhos.
Os CP com dimensões de (150 x 150 x 500) mm foram moldados em uma
camada e adensados em mesa vibratória por aproximadamente 30 segundos, com
posterior arrasamento. Todos os corpos-de-prova de (100 x 100 x 400) mm foram
moldados em uma única camada e vibrados em mesa vibratória por 15 segundos;
posteriormente as amostras foram arrasadas. As FIGs. 3.16 e 3.17, apresentam
respectivamente, a moldagem dos corpos-de-prova de (150 x 150 x 500) mm e
(100 x 100 x 400) mm.
Após a moldagem, os corpos-de-prova foram cobertos por sacos plásticos,
como mostra a FIG. 3.17 (c), e mantidos nos moldes por um período de 48 horas,
no caso dos corpos-de-prova menores, e por 72 horas quando se tratava das
amostras maiores. Posteriormente, os corpos-de-prova foram desmoldados e
colocados em cura a temperatura ambiente até a idade de ruptura.
100 mm
400 mm 100 mm
FIG.3 13: Dimensões dos corpos-de-prova utilizados nas moldagens e nos
ensaios (100 x 100 x 400) mm.
96
P P
20 mm 120 mm 120 mm 120 mm 20 mm
FIG.3 14: Posição dos apoios e da carga aplicada para os ensaios em corpos-de-
prova de 400 mm de comprimento.
(a) (b)
FIG.3 15: Moldes utilizados para confecção dos corpos-de-prova nas duas
dimensões: (a) (100 x 100 x 400) mm e (b)(150 x 150 x 500) mm.
97
FIG.3 16: Moldagem de corpo-de-prova de (150 x 150 x 500) mm.
(a) (b)
(c)
FIG.3 17: Corpos-de-prova de (100 x 100 x 400) mm em mesa vibrat
ória, (a) antes
da vibração, (b) após vibração e rasamento, (c) cura.
98
Durante a mistura dos materiais na betoneira, foram preparados volumes
suficientes de concreto fresco para a preparação de corpos-de-prova em ambos
os tamanhos anteriormente mencionados. A FIG. 3.18 mostra a comparação entre
os diferentes tamanhos de corpos-de-prova prismáticos.
(a) (b)
FIG.3 18: Corpos-de-prova de (100 x 100 x 400) mm após moldagem, (a) vista
geral, (b) vista frontal.
Após a definição do traço de concreto a ser utilizado e do confronto entre
resultados de resistência a tração na flexão entre diferentes dimensões, iniciou-se
então a etapa de moldagem dos corpos-de-prova de concreto a serem ensaiados
à fadiga. A moldagem e desmoldagem das amostras seguiu o mesmo
procedimento descrito no item 3.2.5.3 para corpos-de-prova de dimensões de (100
x 100 x 400) mm. As moldagens foram realizadas ao longo da Dissertação, sendo
confeccionadas 6 amostras de (100 x 100 x 400) mm por moldagem, corresponde
ao número de moldes existentes, resultando em um total de 108 corpos-de-prova
moldados para cada tipo de concreto. A capacidade da betoneira, conforme visto
anteriormente, de 145 L possibilitou moldar os 6 CP em uma única betonada,
garantindo assim, maior uniformidade entre as amostras. As vigotas foram
mantidas em cura ambiente até completarem 7 dias, quando então, de cada
batelada de 6 CP, 2 foram rompidos à tração na flexão para confirmar a
resistência exigida e os demais para a execução dos ensaios à fadiga.
99
3.2.6 Absorção de água, índice de vazios e massa específica
Para a determinação das propriedades dos concretos relacionadas com
durabilidade, porosidade e resistência, foram realizados ensaios de absorção de
água por imersão, que segundo a Norma 9778 (2005), caracteriza-se pela
presença de moléculas de água nos poros de um material poroso e é calculada
pela diferença entre a massa de água incorporada e a massa deste corpo no
estado seco. Para pavimentos rígidos, o conhecimento da porosidade do concreto
é fundamental no desempenho do material em relação a durabilidade, pois, a
elevada absorção de água no concreto indica que o material é suscetível à ação
de agentes agressivos que, da mesma forma que a água, são incorporados em
sua estrutura, contribuindo para o processo de deterioração.
Outro ensaio muito importante para os concretos é a determinação do
índice de vazios, que mede a relação entre o volume de poros permeáveis a água
e o volume total da amostra, de acordo com a EQ. 3.5, sem considerar o volume
de poros não permeáveis à água. Este parâmetro é de grande importância, pois
exerce influência direta na resistência e porosidade do concreto.
(EQ.3.5)
Sendo:
Iv - índice de vazios;
m
sat
- massa do CP saturado em água após imersão e fervura;
m
s
- massa do CP seco em estufa;
m
i
- massa da amostra imersa em água após fervura.
A massa específica real (
r
) é definida pela relação entre a massa do
material seco e o seu volume, desconsiderando os poros permeáveis a água. É
determinada segundo a EQ. 3.6.
(EQ. 3.6)
100.
isat
ssat
mm
mm
Iv
100.
is
s
r
mm
m
100
Sendo:
r
- massa específica real;
m
s
- massa da amostra seca em estufa;
m
i
- massa da amostra saturada imersa em água após fervura.
Os ensaios de absorção de água, índice de vazios e massa específica
foram realizados conforme recomendações da NBR 9778 (2005), no Laboratório
de Materiais Compósitos do IME - SE/4, utilizando estufa da marca MARCONI
Modelo MA033 capaz de manter a temperatura em 105 ± 5ºC, banho termostático
da marca NOVA ÉTICA Modelo 500/DE para imersão e fervura das amostras e
balança da marca MARTE Modelo AC 10K com precisão de 0,1 g.
As amostras foram CP cilíndricos de concreto (10 e 20) cm, preparados
conforme descrito na norma NBR 5738 (2003).
3.2.7 Resistência à compressão axial
Além da resistência à tração na flexão, foram também analisados os
resultados de resistência à compressão conforme ABNT NBR 5738 (1994), no
Laboratório de Materiais Compósitos do IME SE/4, utilizando uma prensa
hidráulica da marca CONTENCO, modelo 13022, com capacidade para 100
toneladas, como mostra a FIG. 3.19. Os corpos-de-prova foram retificados no
topo, garantindo assim, uma superfície lisa e sem ondulações através de um
retificador CONTENCO Modelo I-3064, conforme FIG. 3.20.
101
(a) (b)
FIG.3 19: Compressão axial, (a) realização do ensaio, (b) CP rompido.
FIG.3 20: Faceamento do corpo-de-prova.
3.2.8 RESISTÊNCIA À TRAÇÃO POR COMPRESSÃO DIAMETRAL (TRAÇÃO
INDIRETA)
O ensaio de tra
ção indireta, desenvolvido pelo Professor Fernando Lobo
Carneiro, para determinar a resistência à tração de corpos-de-prova de concreto
102
através de carregamento estático, é conhecido internacionalmente como ensaio
brasileiro. O corpo-de-prova cilíndrico é posicionado diametralmente em relação à
direção da aplicação da carga, resultando em tração na direção perpendicular.
Os ensaios foram realizados no Laboratório de Materiais Compósitos do
IME-SE/4, conforme ABNT NBR 7222 (1994), utilizando uma prensa hidráulica da
marca CONTENCO, modelo I3022, com capacidade para 100 toneladas, conforme
mostrado na FIG. 3.21.
(a) (b)
FIG.3 21: Tração indireta, (a) realização do ensaio, (b) CP rompido.
3.2.9 MÓDULO DE ELASTICIDADE E COEFICIENTE DE POISSON
Os ensaios de Módulo de Elasticidade e de Coeficiente de Poisson para os
concretos foram realizados no Laboratório de controle de qualidade da concreteira
LAFARGE, em uma prensa EMIC modelo PC 120, equipada com compressômetro
para medição de deformação longitudinal, com dois extensômetros digitais com
resolução de 0,001mm, da marca SOLOTEST Modelo 1.093.001 e o
expansômetro para medição de deformação transversal, CONTENCO Modelo I-
3036 com um extensômetro analógico com resolução de 0,001mm. O ensaio foi
realizado conforme especificações da ABNT NBR 8522 (2003). A FIG. 3.22 mostra
o preparo do CP, bem como a realização do ensaio.
103
(a) (b)
FIG.3 22: Módulo, (a) CP preparado para ensaio (visão geral), (b) ensaio em
execução.
Através do coeficiente angular da reta secante ao diagrama tensão-
deformação específica, nos pontos de tensão igual a 0,5 MPa e 30% da
resistência dia à compressão axial, foi determinado o Módulo de Elasticidade
(E) conforme a equação EQ. 3.7. O coeficiente de Poisson () foi determinado pela
relação entre a deformação transversal e a deformação longitudinal, conforme
EQ.3.8.
(EQ. 3.7)
(EQ. 3.8)
onde:
E-módulo de elasticidade
f
-tensão correspondente a 30% da resistência média à compressão (f
cm
);
a
-tensão igual a 0,5 MPa;
tf
-deformação transversal específica correspondente à tensão
f
;
la
-deformação longitudinal específica correspondente à tensão
a
.
lf
-deformação longitudinal específica correspondente à tensão
f
;
ta
-deformação transversal específica correspondente à tensão
a
.
la
f
l
af
a
llf
tatf
104
3.2.10 RESISTÊNCIA À FLEXÃO
Para o ensaio de resistência à tração na flexão das amostras reduzidas, a
distância entre o apoio extremo do corpo-de-prova de (100 x 100 x 400) mm e sua
seção transversal externa, foi tomada proporcionalmente ao corpo-de-prova
padrão, resultando em 20 mm, o que definiu a distância entre os apoios de 360
mm (com distâncias de 120 mm entre os terços médios do vão de 400 mm). A
velocidade para aplicação de carga nos ensaios estáticos de corpos-de-prova de
dimensões reduzidas foi proporcional ao seu tamanho, tendo como base as
dimensões da seção transversal do corpo-de-prova. A FIG. 3.23 mostra a
configuração do ensaio para as amostras reduzidas.
(a) (b)
FIG.3 23: Tração na flexão estática Corpos-de-prova (100 x 100 x 400) mm, (a)
Prensa equipada com LVDT, (b) Ruptura à tração do CP.
3.2.11 ENSAIO DE FADIGA
Os ensaios de fadiga foram realizados em uma máquina servo-hidráulica da
marca MTS (Material Test System) com capacidade máxima de 10.000 kgf e
105
equipado com osciloscópio (FIG. 3.25), existente no Laboratório de Ensaios
Mecânicos do IME-SE4, onde todos os ensaios dinâmicos foram realizados. Um
LVDT foi conectado ao equipamento de ensaios dinâmicos com o objetivo de
medir a deformação do CP sob carregamento cíclico. O equipamento é
apresentado na FIG. 3.24.
Antes dos primeiros ensaios, houve a preocupação de calibrar o
equipamento através de anel dinanométrico para certificar que a carga aplicada é
realmente a desejada.
FIG.3 24: MTS para ensaio de fadiga.
106
FIG.3 25: Osciloscópio, visualização da senóide gerada a partir da aplicação de
cargas cíclicas.
3.2.11.1 METODOLOGIA DOS ENSAIOS DE FADIGA
Nos ensaios de fadiga para ambos os concretos, ou seja, o CCG e o CCP,
buscou-se determinar o comportamento destes materiais quando submetidos aos
seguintes casos:
1. para uma tensão constante e freqüência de 10 Hz, foi
determinada a relação entre tensões (RT = ó
max
/f
ctm
) que levasse
o concreto à ruptura com um mero de ciclos de fadiga N, de
aproximadamente 10
5
;
2. para a freqüência de 10 Hz, foi determinado o número de ciclos
(N) necessário para a ruptura da amostra quando submetida a
variações na relação entre tensões (RT);
3. com a mesma relação entre tensões (RT) obtida para N = 10
5
com freqüência de 10 Hz, foi determinado o número de ciclos (N)
necessários para a ruptura do concreto com freqüências de 1 Hz
e 5 Hz;
4. para a freqüência de 10 Hz, foi determinado o número de ciclos
(N) necessários para a ruptura da amostra quando submetida a
variações na relação entre tensões (RT) de uma forma crescente
(ensaio à tensão variável);
107
5. para a freqüência de 10 Hz, foi determinado o número de ciclos
(N) necessários para a ruptura da amostra quando submetida a
variações na relação entre tensões (RT) de uma forma
decrescente (ensaio à tensão variável);
6. para a mesma relação entre tensões (RT) obtida em alguns dos
ensaios e com uma freqüência de 10 Hz, encontrar o número de
ciclos que leve à ruptura do concreto quando a tensão mínima for
superior àquela utilizada nos demais ensaios (S
min
= 0,07);
7. para uma relação entre tensões (RT) de 85% e freqüência de 10
Hz, encontrar o número de ciclos para a ruptura quando o corpo-
de-prova estiver com adição de 0,5% de fibras metálicas;
8. para uma relação entre tensões (RT) de 85% e freqüência de 10
Hz, encontrar o número de ciclos para a ruptura quando o corpo-
de-prova estiver com adição de 1,0% de fibras metálicas.
Os oito experimentos acima citados, foram escolhidos para atingir um dos
objetivos deste trabalho, que foi determinar a resistência à fadiga dos concretos
CCP e CCG em nível experimental (estudo inédito nacionalmente em relação ao
concreto geopolimérico para uso em pavimentação). Através dos resultados, foi
possível comparar e discutir as diferenças e similaridades destes dois concretos.
Seria possível ainda, observar a influência da freqüência de aplicação de carga na
resistência à fadiga dos concretos, fator esse que está intimamente relacionado
com as condições reais de solicitação do concreto em campo e que tem sido muito
discutido no meio profissional e acadêmico. Ainda, determinar qual o
comportamento do concreto à fadiga quanto à variação de tensões, buscando-se
aproximar das condições de campo onde as tensões variam. Com estas análises e
outras que seriam realizadas ao longo do trabalho, poderia-se questionar e talvez
esclarecer pontos referentes ao estudo da fadiga do concreto geopolimérico
aplicado em pavimentação.
Em todos os ensaios realizados, foi aplicada uma tensão mínima de tração
na flexão aos corpos-de-prova para simular a tensão mínima devido à
temperatura, como ocorre em condições reais de pista, segundo BALBO (2002). A
108
tensão mínima aplicada em todos os ensaios foi de 7% da tensão de ruptura
estática do concreto à tração na flexão, ou seja, s
min
= 0,07.
Os ensaios à fadiga foram realizados utilizando-se pedaços de couro de
aproximadamente 60 mm de largura, 150 mm de comprimento e 4 mm de
espessura, que foram colocados entre os apoios e o corpo-de-prova e entre os
dois pontos de aplicação de carga cíclica e o corpo-de-prova, para tentar evitar
qualquer tipo de folga entre o corpo-de-prova e o dispositivo de ensaio à tração na
flexão durante a execução dos ensaios.
Quanto aos ensaios de fadiga com tensão variável, o modo de
carregamento foi realizado da seguinte maneira: (a) variando a tensão de forma
crescente; e (b) variando a tensão de forma decrescente. No primeiro caso, foram
determinados três níveis de relação entre tensões que variaram de forma
crescente, estes níveis de relação entre tensões empregados foram de RT1 =
0,70, RT2 = 0,75 e RT3 = 0,80, sendo que foram aplicados para cada um dos três
níveis de tensões, o seguinte número de ciclos: RT1 = 50.000 ciclos, RT2 =
30.000 ciclos e RT3 = livre (até ruptura do corpo-de-prova). No segundo caso, em
que a relação entre tensões variou de maneira decrescente, foram determinados
dois níveis de relações entre tensões que foram, RT1 = 0,85 e RT2 = 0,80, sendo
aplicado um número de 3.000 ciclos para RT1 e um mero de ciclos livre (até a
ruptura) para RT2. Estes níveis de variação de tensão máxima foram
determinados em função de que seria possível comparar estes resultados com
aqueles obtidos para relação entre tensões constante e igual a 0,80. A freqüência
adotada nos ensaios de tensão variável foi de 10 Hz para ambos os concretos.
3.2.11.2 ENSAIOS DE FADIGA NO CCG
As FIG. 3.26, 3.27 e 3.28 ilustram os ensaios de fadiga realizados com o
CCG. As FIG. 3.29 e 3.30, denotam a ruptura do corpo-de-prova, que ocorreu
sempre (durante os testes) no terço médio, da mesma forma que no ensaio
estático de tração na flexão. as FIG. 3.31 e 3.32 mostram a primeira fissura e a
ruptura total do concreto com fibras, respectivamente.
109
FIG.3 26: Fadiga do CCG, vista Frontal.
FIG.3 27: Fadiga do CCG, vista lateral.
110
FIG.3 28: Fadiga do CCG, vista geral.
FIG.3 29: Ruptura do CCG, vista lateral.
111
FIG.3 30: Ruptura do CCG, vista geral.
FIG.3 31: Primeira fissura do CCG com 1% de fibras.
112
FIG.3 32: Ruptura do CCG com 1% de fibras.
3.2.11.3 ENSAIOS DE FADIGA NO CCP
Da mesma forma que o CCG, a ruptura dos corpos-de-prova do CCP
ensaiados em fadiga sempre ocorreu no terço médio. As FIG. 3.33, 3.34, 3.35 e
3.36 mostram o ensaio realizado no CCP.
FIG.3 33: Ruptura do CCP, vista lateral.
113
FIG.3 34: Ruptura do CCP, vista geral.
FIG.3 35: Primeira fissura do CCP com 1 % de fibras.
114
FIG.3 36: Ruptura do CCP com 1% de fibras.
3.2.12 DESGASTE POR ABRASÃO SUPERFICIAL
Os ensaios de desgaste por abrasão superficial foram realizados no
Laboratório de Construção e Solos do IME SE/2, conforme recomendações da
NBR 12042 (1992), em um equipamento Amsler-Laffon (FIG. 3.37 a), composta
basicamente por disco horizontal de ferro fundido que gira em torno do seu eixo
vertical com velocidade de rotação de 30 1 rpm.
Os corpos-de-prova para o ensaio foram extraídos de prismas de concreto
apresentando dimensões iguais a (75 x 75 x 45)mm, conforme mostrado na FIG.
3.37 b. A carga aplicada sobre cada amostra foi igual a 66 N e o abrasivo utilizado
foi areia natural com diâmetro entre 0,3 e 0,15 mm. O ensaio foi realizado em via
seca e após 500 voltas do disco, o que corresponde a 1.000 metros de percurso,
foi feita a medição do desgaste dos concretos. O desgaste sofrido pelos corpos-
de- prova foi medido por diferença de espessura e perda de massa.
115
(a) (b)
FIG.3 37: Ensaio de desgaste, (a) equipamento, (b) amostras.
3.2.13 MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE VARREDURA (MEV)
A análise das superfícies de fratura dos concretos em estudo foi realizada
no Laboratório de Microscopia Eletrônica do IME SE/4, utilizando um
Microscópio Eletrônico de Varredura (MEV JSM 5800 LV) da marca Jeol,
equipado com EDS (Energy Dispersive Spectroscopy), da marca Noran. O
filamento utilizado na geração do feixe principal de elétrons foi o de tungstênio,
com uma tensão que variou entre 20 e 25 kV.
As amostras para a análise em MEV foram extraídas das superfícies de
fratura dos corpos-de-prova após o rompimento dos mesmos nos ensaios
mecânicos. Por serem o condutoras, houve a necessidade de deposição de
ouro sobre todas as amostras para evitar o carregamento eletrostático.
116
4 RESULTADOS
4.1 ENSAIOS PRELIMINARES
O concreto deve apresentar boas características no estado fresco, assim
como no estado endurecido. No estado fresco as características mais importantes
são a fluidez e coesão adequadas a aplicação do concreto. Já no estado
endurecido, as características desejadas no concreto são a resistência mecânica e
durabilidade, que também estão diretamente relacionadas com sua aplicação
(PEREIRA, 2005 e GIAMMUSSO, 2005).
A dosagem experimental desenvolvida foi determinada para a aplicação do
CCG em pavimentação rígida, para atender as especificações previstas por
Norma (DNIT 054 PRO, 2004), para este tipo de aplicação.
Para a determinação da relação f
ctm
/f
cK
, foram realizados ensaios
preliminares com três consumos distintos de aglomerante para o CCG. As
características dos concretos ensaiados estão apresentadas na TAB. 4.1.
TAB.4 1: Traços iniciais do CCG.
Traço
Consumo de
aglomerante
(kg/m
3
)
Tipo de agregado
graúdo
f
c
(MPa)
S
d
(MPa)
f
ctm
(MPa)
S
d
(MPa)
CCG 430 430 traquito 44,77 1,454 5,55 0,791
CCG 455 455 granito 38,73 2,33 4,59 0,293
CCG 480 480 traquito 50,48 2,292 5,93 0,658
A partir dos resultados da TAB. 4.1, foi possível observar a menor
resistência do concreto com consumo 455 kg/m
3
em relação ao concreto com 430
kg/m
3
de aglomerante. Apesar de utilizar um maior consumo de aglomerantes, no
concreto 455 foi utilizado um agregado graúdo do tipo granito, que apresenta uma
menor resistência que o agregado graúdo, traquito, utilizado nos traços 430 e 480.
117
Isto mostra a influência do tipo de agregado na resistência do concreto. A escolha
do agregado graúdo granito foi adotado em função de sua disponibilidade, já que o
uso do traquito tornou-se inviável em função da pedreira fornecedora ter sido
fechada.
Partindo dos resultados encontrados na TAB 4.1 traçou-se o gráfico que
relaciona f
c
e f
ctm
dos três traços, para a determinação do f
ck
a partir de um f
ctM
igual a 5,0 MPa. (FIG 4.1).
FIG.4 1: Relação entre f
ctM
e f
cK
.
Com base na equação da reta obtida por ajuste linear e correspondente a
relação f
ctm
/f
cK
, o f
c
foi obtido como segue:
f
c
= 8,7025 x 5
0,9743
f
c
de 41,75 MPa.
Em relação a f
c
encontrada, foi determinada a resistência de dosagem
através da EQ. 3.1, conforme vista no CAP.3, como segue:
f
cdj
= f
c
+ 0,84 S
d
sendo S
d
igual a 5,5MPa (DNIT 054 PRO, 2004).
Assim, a resistência de dosagem encontrada para o CCG foi de 46,37 MPa.
4,4 4,6 4,8 5,0 5,2 5,4 5,6 5,8 6,0 6,2
34,0
36,0
38,0
40,0
42,0
44,0
46,0
48,0
50,0
52,0
54,0
y = 8,7025 x
0,9743
R
2
= 0,95
f
cK
(MPa)
f
ctM
(MPa)
118
4.2 DOSAGEM
Para a determinação do traço final em função do consumo de aglomerante
sólido correspondente à resistência de dosagem obtida, foram desenvolvidos três
traços, um básico e dois auxiliares. Os consumos de aglomerantes desses traços
foram determinados com base nas resistências à compressão encontradas nos
ensaios preliminares. A relação água total/cimento (a/c) para o concreto Portland é
função de três parâmetros: a durabilidade requerida, a resistência à compressão e
a trabalhabilidade ideal. Para o concreto geopolimérico é importante salientar a
dificuldade de se compatibilizar um aditivo superplastificante redutor de água com
os materiais constituintes, porém, o concreto apresenta níveis razoáveis de
trabalhabilidade com relações água total/aglomerantes sólidos da ordem de 0,4.
Para atingir uma faixa de abatimento igual a 100 20mm, a quantidade de água
total foi fixada em 195 L/m
3
para os três traços, enquanto o teor de argamassa
utilizado foi de 62%.
Nas TAB. 4.2, 4.3 e 4.4, a seguir, estão apresentados os concretos
desenvolvidos para a obtenção do traço definitivo.
TAB.4 2: Características do CCG 380.
Características do concreto Valores
Cimento (kg/m
3
) 380
Areia (kg/m
3
) 927
Brita (kg/m
3
) 801
Relação a/a 0,51
Abatimento (mm) 70
119
TAB.4 3: Características do CCG 430.
Características do concreto Valores
Cimento (kg/m
3
) 430
Areia (kg/m
3
) 877
Brita (kg/m
3
) 801
Relação a/a 0,45
Abatimento (mm) 80
TAB.4 4: Características do CCG 480.
Características do concreto Valores
Cimento (kg/m
3
) 480
Areia (kg/m
3
) 821
Brita (kg/m
3
) 797
Relação a/a 0,41
Abatimento (mm) 115
Os concretos apresentaram faixa de abatimento dentro das especificações
de 100 20 mm, exceto o CCG 380, que por apresentar alto teor de agregados e
baixa quantidade de cimento, resultou em valor de abatimento igual a 70 mm,
apesar de possuir relação a/a alta em relação aos outros traços. Porém, sua
resistência apresentou valores compatíveis com os dos outros dois traços. A FIG.
4.2 mostra a influência da quantidade de agregados na trabalhabilidade do
concreto, medida por ensaio de abatimento de tronco-de-cone para os três traços,
onde foi observado o baixo valor de abatimento para o traço CCG380, ou seja, a
redução da trabalhabilidade com aumento da quantidade de agregados e a
redução do consumo de aglomerantes sólidos. na TAB. 4.5 foram observados
os resultados de resistência a compressão, sendo observada a resistência do
traço CCG380, que apresentou bons resultados quando comparados com os
outros dois traços, apesar de uma relação a/a mais elevada.
120
FIG.4 2: Relação entre abatimento e quantidade de agregados.
TAB.4 5: Resistência a compressão dos traços do CCG.
Para a determina
ção do consumo de aglomerante do traço final, que foi
utilizado nesta Dissertação, foram relacionados os consumos de aglomerantes dos
traços CCG 380, CCG 430 e CCG 480 com o f
cd
encontrado, como mostra a FIG.
4.3.
3,2 3,4 3,6 3,8 4,0 4,2 4,4 4,6
50
60
70
80
90
100
110
120
Abatimento (mm)
m (a + p)
T380 T430 T480
f
c
(MPa) f
c
(MPa) f
c
(MPa)
31,96 44,47 48,8
30,6 38,78 52,78
27,11 43,68 51,64
32,48 40,99 47,43
MÉDIA
30,54 41,98 50,16
121
FIG.4 3: Curva da relação C x f
c
.
De acordo com a FIG. 4.3, foi possível determinar o consumo de
aglomerante de 459 kg/m
3
correspondente ao f
cd
de 46,37 MPa.
Através das EQs.3.2 e 3.3, foi determinado o traço final que foi utilizado nas
moldagens do CCG ensaiados neste trabalho. As características do traço
utilizadas são apresentadas na TAB. 4.6.
TAB.4 6: Características do CCG 459.
Características do concreto Valores
Cimento (kg/m
3
) 459
Areia (kg/m
3
) 849
Brita (kg/m
3
) 801
Relação a/a 0,42
Abatimento (mm) 80
As proporções entre todos os componentes do CCG 459 seguem as
seguintes relações: 1 : 1,849 : 1,745 : 0,42.
360 380 400 420 440 460 480 500
26
28
30
32
34
36
38
40
42
44
46
48
50
52
Ajuste linear
fc (MPa)
Consumo de aglomerante (Kg/m
3
)
y = - 43,472 + 0,196 X
122
4.3 AJUSTE DE CONSISTÊNCIA
Como não especificação na Norma do DNIT 054 PRO (2004), sobre a
faixa de abatimento de concretos para pavimentação, foi adotada a faixa de 100
20mm em função da aplicação do concreto para o CCG, sendo encontrado o valor
de 80 mm, (FIG. 4.4a). Para uma comparação adequada das consistências, foi
necessário o estudo do teor adequado de superplastificante no CCP, conforme
mostra a FIG. 4.5. Observa-se na FIG 4.4 (b), que após a adição do
superplastificante, houve o ajuste de consistência do CCP para 80 mm.
(a) (b)
FIG.4 4: Ensaio de abatimento do tronco-de-cone . NBR NM 67 (1998), (a) medida
do abatimento do CCG, (b) medida do abatimento do CCP.
123
0,0 0,1 0,2 0,3 0,4
0
20
40
60
80
100
120
140
Y = 273,07132 X + 22,43377
Ajuste linear
Abatimento (mm)
% de aditivo plastificante
FIG.4 5: Teor de superplastificante adicionado no CCP.
De acordo com a curva da FIG. 4.5, foi possível observar que, para atingir o
abatimento de 80 mm o teor de superplastificante adicionado foi de 0,2%.
Utilizando o mesmo consumo de aglomerante de 459 Kg/m
3
, a mesma
relação a/a de 0,42, o teor de argamassa igual a 62%, o traço final do CCP foi
determinado através das EQs. 3.2 e 3.3. Suas características são apresentadas
na TAB. 4.7.
TAB.4 7: Características do CCP 459.
Características do concreto Valores
Cimento (kg/m
3
) 459
Areia (kg/m
3
) 897
Brita (kg/m
3
) 831
Relação a/c 0,42
Abatimento (mm) 80
124
As proporções entre todos os componentes do CCG têm as seguintes
relações: 1 : 1,954 : 1,810 : 0,42.
4.4 ABSORÇÃO DE ÁGUA, ÍNDICE DE VAZIOS E MASSA ESPECÍFICA
A absorção de água por imersão segundo a Norma NBR 9778 (2005), é o
processo pelo qual a água é conduzida e tende a ocupar os porros permeáveis de
um corpo sólido poroso. É calculada pela diferença de massa de água incorporada
em seus poros permeáveis e a massa deste corpo no estado seco. A porosidade
do concreto influência diretamente na durabilidade do concreto, pois, com a
elevada absorção de água pode ocorrer também a absorção de agentes
agressivos, contribuindo assim para o processo de deterioração do mesmo.
O índice de vazios é definido como a relação entre o volume de poros
permeáveis e o volume total da amostra, de acordo com a EQ. 3.5 do capítulo 3,
não sendo levado em consideração o volume de poros o permeáveis. Estes
parâmetros são de grande importância, pois exercem influência direta na
resistência à compressão e na porosidade do concreto.
Para a determinação destes parâmetros foram moldados CP cilíndricos de
(10 x 20) cm. Os resultados segundo PEREIRA(2006), mostraram que, quanto
mais elevada a absorção de água, maior a porosidade do concreto (TAB. 4.11).
TAB.4 8: Ar incorporado e índice de vazios.
Tipo de
concreto
Ar incorporado
(%)
S
d
(MPa)
I
v
(%)
S
d
(%)
CCG 5,05 0,148 11,40 0,395
CCP 5,82 0,070 12,77 0,246
OLIVEIRA (2005), investigou a porosidade de argamassa de CCG e CCP
reforçados com fibras de polipropileno através de intrusão de mercúrio, tendo
observado que a porosidade aumenta com a perda de trabalhabilidade da
argamassa devido ao aumento do volume de fibras incorporado nas duas
125
argamassas. O autor utilizou água para correção da trabalhabilidade, enquanto
que, na presente Dissertação, o ajuste no CCP foi feito com superplastificante. O
uso de superplastificante diminui a porosidade do material por não apresentar
grandes perdas de água no estado endurecido do mesmo.
Segundo PEREIRA (2005), é difícil compatibilizar um aditivo
superplastificante redutor de água com os materiais constituintes do CCG, porém
o material apresenta boa trabalhabilidade com relações água total/aglomerantes
sólidos da ordem de 0,4.
Com adição de 0,2% de superplastificante no CCP, conforme apresentado
no item 4.3, os resultados mostram um teor de ar incorporado no CCP é 15,2%
superior em relação ao CCG. Enquanto que o índice de vazios do CCP foi 12%
mais elevado que o índice do CCG, conforme TAB. 4.11.
A massa específica real (
r
), definida pela relação entre a massa do
material seco e o seu volume, desconsidera os poros permeáveis e foi
determinada segundo a EQ. 3.6 do capítulo 3.
Os resultados obtidos por PEREIRA, (2006) para a determinação da massa
específica real estão apresentados na TAB. 4.12. Os resultados encontrados são
aproximados, sendo que, a massa específica real do CCG é 1,2% maior que a do
CCP.
TAB.4 9: Massa específica real.
Tipo de
concreto
r
(%)
S
d
(%)
CCG 2,544 0,025
CCP 2,514 0,025
4.5 COMPRESSÃO AXIAL
Para fins de comparação entre o CCG e o CCP, foram realizados ensaios
de compressão axial nas idades de 1, 7 e 28 dias. Os resultados de resistência à
126
compressão axial do CCP e do CCG em corpos-de-prova cilíndricos (10 x 20)
cm, são mostrados nas TABs. 4.8 e 4.9, e na FIG. 4.6.
TAB.4 10: Resistência à compressão do CCP em diferentes idades.
1 Dia 7 Dias 28 Dias
f
c
(MPa) f
c
(MPa) f
c
(MPa)
28,55 43,25 59,83
27,12 45,68 57,02
29,92 44,97 55,97
30,49 49,44 59,12
MÉDIA MÉDIA MÉDIA
29,02 45,84 57,98
S
d
S
d
S
d
1,508 2,61 1,796
TAB.4 11: Resistência à compressão do CCG em diferentes idades.
1 Dia 7 Dias 28 Dias
f
c
(MPa) f
c
(MPa) f
c
(MPa)
29,42 50,28 58,72
29,09 51,97 55,39
27,57 52,81 54,15
30,84 49,52 55,25
MÉDIA MÉDIA MÉDIA
29,23 51,15 55,88
S
d
S
d
S
d
1,343 1,514 1,974
127
0 5 10 15 20 25 30
25
30
35
40
45
50
55
60
65
CCG
CCP
f
c
(MPa)
Idade (dias)
FIG.4 6: Relação entre a resistência à compressão axial com diversas idades.
As idades de ruptura de 1, 7 e 28 dias dos corpos-de-prova, foram
determinadas com base na Norma de cimento Portland de alta resistência inicial
NBR 5733 (1991). Nota-se que a curva do CCG para as idades de 1, 7 e 28 dias,
segue aproximadamente a curva experimental do CCP de endurecimento rápido e
com alta resistência inicial. Percebe-se também, que a resistência à compressão
do CCG aumentou com a idade do concreto, destacando-se na idade de 7 dias
onde o resultado de resistência obtido foi cerca de 12% superior ao do CCP para a
mesma idade. Isso indica que, a temperatura ambiente, o geopolímero desenvolve
resistência gradativamente através do progresso da reação de geopolimerização.
Desta forma, caracterizando o concreto geopolimérico como similar a um concreto
Portalnd de alta resistência inicial.
THOMAZ (2000), também relatou em seus experimentos a ocorrência de
elevada resistência inicial no CCG, através de uma comparação com o CCP,
analisando curvas que relacionam a resistência à compressão com idades que
atingiram até 35 dias. A resistência do CCG também foi estudada por HADJITO et
al (2004), onde observa-se o ganho de resistência inicial do CCG relacionado com
128
diversos parâmetros como relação a/c, idade, concentração de superplastificante,
tipo de cura, entre outros. No estudo da resistência em diversas idades, o autor
afirma que a resistência à compressão do CCG não varia significativamente para
idades mais avançadas de 20, 40, 60 e 80 dias. Isso ocorre devido à reação
química do geopolímero ser um processo de polimerização substancialmente
rápido, diferente do comportamento conhecido do Concreto de Cimento
Portland (CCP), que quando submetido ao processo de hidratação, ganha
resistência ao longo do tempo. Este comportamento pode ser observado na FIG.
4.6, onde o ganho de resistência do CCG no intervalo de 1 dia para 7 dias
apresenta um aumento de 75%, enquanto que no intervalo de 7 dias para 28 dias
este ganho é de 9%.
4.6 COMPRESSÃO DIAMETRAL
No estudo dos pavimentos rígidos, as tensões de tração são consideradas
por ocorrer por flexão, mas também podem ser provocadas no concreto em virtude
da ação térmica que ocorre durante o dia e a noite e que pode provocar retrações
no material (BALBO, 2000). neste trabalho, foram ensaiados 4 corpos-de-prova
com 7 dias para cada tipo de concreto, conforme a Norma NBR 7222 (1994). Os
resultados obtidos são mostrados na TAB. 4.10.
TAB.4 12: Resistência à tração por compressão diametral.
CCP CCG
f
ct, sp
(MPa) f
ct, sp
(MPa)
3,82 5,64
5,15 4,56
4,39 5,48
4,71 5,13
MÉDIA MÉDIA
4,52 5,2
S
d
S
d
0,56 0,478
129
A tração do CCG foi 15% superior em relação ao CCP. Este
comportamento pode estar associado a baixa porosidade do CCG em relação ao
CCP e a presença de fases de baixa resistência, presentes no CCP, como a
portlandita. A resistência a tração do CCG foi comparada com o CCP por
THOMAZ (2000), onde foi constatado um comportamento semelhante do CCG
quando comparado com diferentes tipos de concretos de cimentos Portland.
4.7 MÓDULO DE ELASTICIDADE (E) E COEFICIENTE DE POISSON ().
Geralmente a resistência à compressão do concreto é a propriedade mais
importante deste material, embora, em alguns casos, outras características como
o Módulo de Elasticidade e a durabilidade possam ser priorizadas. No caso dos
pavimentos de concreto, o Módulo de Elasticidade é um parâmetro de grande
importância, pois possui influência direta na durabilidade. A TAB. 4.13 mostra os
resultados obtidos para o Módulo de Elasticidade e o Coeficiente de Poisson, que
segundo a Norma NBR 6118 (2003), é determinado pela relação entre as
deformações transversais e longitudinais entre as tensões de 0,5MPa e 0,3f
cm
, e
que assume o valor em torno de 2,0.
TAB.4 13: Resultados de E e .
Tipo de Concreto
E
(GPa)
S
d
(MPa)
CCG 0,231 23,7 0,478
CCP 0,214 36,1 0,450
Para este estudo foram moldados 4 CP de ( 15 x 30) cm. Os resultados
obtidos para o Coeficiente de Poisson no CCG foram 8,0% superiores aos do CCP
estudado, 11% se comparado com o CCG desenvolvido por THOMAZ (2000), que
obteve um resultado do coeficiente igual a 0,208. Assim, o CCG desenvolvido
nesta Dissertação, apresenta boas características de deformação transversal.
130
A FIG. 4.7 apresenta a curva tensão-deformação específica média obtida
para ambos os concretos. O Módulo de Elasticidade foi determinado como o
coeficiente angular da reta secante ao diagrama que passa pela tensão de 0,5
MPa e 0,30 f
cm
. O valor de 30% f
c
corresponde ao início de crescimento das
microfissuras existentes no concreto, sendo que, para valores acima deste
percentual ocorre um crescimento destas fissuras levando o material a ruptura.
0 50 100 150 200
0
10
20
30
40
Tensão (MPa)
Deformação específica (mm/mm) x 10
-5
CCP
CCG
FIG.4 7: Curvas tensão-deformação específica para o CCP e o CCG.
Foi possível observar valores 30% mais elevados de deformação dia do
CCG em relação ao CCP para uma mesma tensão aplicada. Segundo NUNES
(2005), vários parâmetros influenciam no Módulo de Elasticidade do concreto
como relação água/aglomerante, consumo de cimento, dimensão e natureza do
agregado e porosidade. Alguns desses parâmetros foram fixados para os dois
tipos de concreto analisados, assim, a matriz passou a ser o principal fator que
determina o melhor desempenho apresentado pelo CCG. Ou seja, a matriz do
CCG apresenta menor rigidez que o CCP, porém, desenvolveu melhor capacidade
de deformação. Os resultados da TAB. 4.13 mostram que o CCG apresenta
valores médios do Módulo de Elasticidade 34% menores que do CCP.
131
THOMAZ (2000), realizou ensaios de Módulo de Elasticidade em CCG,
apresentando resultados 22,3GPa, que corresponde a 65% do Módulo de
Elasticidade do CCP. É importante citar que os resultados obtidos pelo autor nos
ensaios de resistência à compressão tanto para o CCP, quanto para o CCG foram
iguais, comprovando a melhor capacidade de deformação do CCG.
4.8 FLEXÃO
4.8.1 RESISTÊNCIA DE CORPOS-DE-PROVA DE DIFERENTES DIMENSÕES
Este item se refere aos resultados dos ensaios de resistência à tração na
flexão realizados no CCP para os corpos-de-prova de dimensões de 150 x 150 x
500 mm e de 100 x 100 x 400 mm. Os ensaios de resistência à tração na flexão
foram determinados utilizando o carregamento em quatro pontos segundo a
Norma NBR 12142 (1991), sendo determinada na seção do momento fletor
localizada no terço médio do corpo-de-prova prismático. As TAB. 4.14 e 4.15,
apresentam os resultados de resistência à tração na flexão aos sete dias de idade
e as cargas de ruptura resultantes para o CCP de cada dimensão de corpo-de-
prova empregada. A FIG. 4.8 apresenta uma correlação entre os resultados de
flexão para diferentes dimensões de CP.
TAB.4 14: Dimensão usual do CCP.
cp 150 x 150 x 500 mm
Concreto cp
f
ctm7
(MPa)
Carga
(Kg)
Média
(MPa)
S
d
(MPa)
1 4,87 3490
2 5,21 4010
3 5,96 4010
CCP
4 4,63 3650
5,17 0,58
132
TAB.4 15: Dimensão reduzida do CCP.
4,4 4,6 4,8 5,0 5,2 5,4 5,6 5,8 6,0 6,2
4,4
4,6
4,8
5,0
5,2
5,4
5,6
5,8
6,0
6,2
f
ctm
(MPa) para cp com 100x100x400 mm
f
ctm
(MPa) para cp com 150x150x500 mm
100x100x400mm (5,40 MPa)
150x150x500mm (5,17 MPa)
FIG.4 8: Correlação entre os diferentes tamanhos 100 x 100 x400 mm e 150 x 150
x 500 mm no CCP.
As TAB. 4.14 e 4.15, assim como a FIG. 4.8, mostram que não existe
diferença significativa entre as resistências à tração na flexão para corpos-de-
prova de dimensões de 100 x 100 x 400 mm e de 150 x 150 x 500 mm no CCP,
pois, as dimensões reduzidas apresentaram um valor dio 4,0% maior que os
valores nas amostras usuais, o que significa dizer que, é possível utilizar amostras
cp 100 x 100 x 400 mm
Concreto cp
f
ctm7
(MPa)
Carga
(Kg)
Média
(MPa)
S
d
(MPa)
1 5,33 1480
2 5,44 1510
3 5,11 1420
CCP
4 5,72 1590
5,40 0,25
133
com dimensões de 100 x 100 x 400 mm para determinar a resistência à tração na
flexão do concreto considerando o terço médio dos corpos-de-prova e a mesma
expressão indicada pela NBR 12142 (1991) para cálculo da resistência em
amostras de 150 x 150 x 500 mm. Estes resultados vão ao encontro dos estudos
desenvolvidos por CERVO et al (2004) que analisaram este efeito tanto em
concreto convencional, quanto em CAD.
Os maiores resultados encontrados para os CP de menores dimensões
podem ser explicados pelo fato de que nos CP de maiores dimensões existem
mais defeitos, como poros e trincas, em posições críticas. Desta forma, o material
pode apresentar uma menor resistência mecânica.
Os resultados do estudo de redução de corpos-de-prova prismáticos para o
CCG, estão apresentados nas TAB. 4.16 e 4.17. A correlação entre as diferentes
dimensões está apresentada na FIG. 4.9.
TAB.4 16: Dimensão usual do CCG.
TAB.4 17: Dimensão reduzida do CCG.
cp 150 x 150 x 500 mm
Concreto cp
f
ctm7
(MPa)
Carga
(Kg)
Média
(MPa)
S
d
(MPa)
1 5,84 4380
2 5,71 4280
3 5,24 3930
CCG
4 5,04 3780
5,46 0,38
cp 100 x 100 x 400 mm
Concreto cp
f
ctm7
(MPa)
Carga
(Kg)
Média
(MPa)
S
d
(MPa)
1 5,54 1539
2 6,11 1697
3 6,17 1715
CCG
4 5,80 1610
5,91 0,29
134
FIG.4 9: Correlação entre os diferentes tamanhos 100 x 100 x400 mm e 150 x 150
x 500 mm no CCG.
Os resultados para o CCG nas dimensões reduzidas apresentaram valores
8,0% maiores em relação aos corpos-de-prova de dimensões usuais.
De acordo com MONTEIRO (2001), quanto maior o volume do corpo-de-
prova, maior é a probabilidade de se encontrar defeitos em posições críticas.
Desta forma, a tendência é que ocorra uma diminuição na resistência mecânica do
mesmo. Isso explica o pequeno aumento, porém, não tão significativo nos
resultados encontrados para ambos os concretos.
A diferença percentual entre as diferentes dimensões para o CCG,
apresentou valores mais elevados quando comparados com valores obtidos para
o CCP. Isto indica que, pelo fato do CCG apresentar menor porosidade que o
CCP, ocorra um aumento em sua resistência mecânica, quando moldado em
dimensões menores.
4,4 4,6 4,8 5,0 5,2 5,4 5,6 5,8 6,0 6,2 6,4
4,4
4,6
4,8
5,0
5,2
5,4
5,6
5,8
6,0
6,2
6,4
f
ctm
(MPa) para cp com 100x100x400 mm
f
ctm
(MPa) para cp com 150x150x500 mm
100x100x400mm (5,91 MPa)
150x150x500mm (5,46 MPa)
135
A FIG. 4.10 mostra as relações entre os dois concretos, para as diferentes
dimensões de corpos-de-prova. É possível observar uma certa correlação entre os
resultados dos ensaios para as duas dimensões citadas tanto no CCP quanto no
CCG. Este fato comprova a pequena influência das dimensões dos CP reduzidos
nos resultados obtidos na flexão.
FIG.4 10: Correlação entre os diferentes tamanhos 100 x 100 x400 mm e 150 x
150 x 500 mm para os dois tipos de concreto.
Foram realizados ainda no CCG, ensaios de relação entre a resistência e o
consumo de aglomerante aos 28 dias. Foram adotados os consumos de 430 e 480
kg/m
3
para as duas dimensões de CP. O objetivo desse estudo foi de verificar a
influência das dimensões do CP com consumo de aglomerante diferente ao
adotado como padrão nesta Dissertação que é 459 Kg/m
3
. Os resultados obtidos
podem são apresentados na FIG. 4.11.
4,6 4,8 5,0 5,2 5,4 5,6 5,8 6,0
5,1
5,2
5,3
5,4
5,5
5,6
5,7
5,8
5,9
6,0
6,1
6,2
6,3
6,4
f
ctm
(MPa) para cp com 100x100x400 mm
f
ctm
(MPa) para cp com 150x150x500 mm
CCP
CCG
136
430 440 450 460 470 480
4,6
4,8
5,0
5,2
5,4
5,6
5,8
6,0
6,2
6,4
6,6
6,8
7,0
150 x 150 x 500 mm
100 x 100 x 400 mm
Consumo (kg/m
3
)
f
ctm
(MPa)
FIG.4 11: Relação de f
ctm
x Consumo, para diferentes consumos de aglomerantes.
Nota-se que, a diferença de resistências nas diferentes dimensões é
pequena, apresentando-se muito próximas, mesmo para diferentes consumos de
aglomerantes e idades daquelas utilizadas na presente pesquisa. É possível
verificar na FIG. 4.11, o baixo desvio padrão encontrado nos ensaios para
dimensões reduzidas, quando comparados aos de dimensões usuais. Isto pode
indicar uma melhor eficiência na obtenção dos resultados em função,
principalmente, de uma maior homogeneidade do concreto nas formas menores
durante a moldagem e maior facilidade de posicionamento do CP no equipamento
de ensaio.
É possível perceber por comparação entre médias para cada tipo de
dimensão de amostra, para diferentes consumos, que as resistências resultantes
apresentam-se muito próximas, além de desvios padrão muito baixos.
137
4.8.2 RESULTADOS OBTIDOS PARA DIMENSÕES DE 100x100x400 mm
Para cada uma das 16 betonadas realizadas na moldagem de CP para o
ensaio de fadiga, foram moldadas vigas para a determinação da resistência
estática para a aplicação de carregamentos cíclicos em função do percentual
desta resistência. O CCP e o CCG apresentaram resistência à tração na flexão
que variou de 5,3 a 5,5 MPa e de 5,6 a 5,8 MPa respectivamente, o que indica a
resistência de um concreto empregado em pavimentação. São apresentados nas
TAB. 4.18 e 4.19, os resultados obtidos nos ensaios em tração na flexão estáticos
realizados em corpos-de-prova de dimensões reduzidas (100 x 100 x 400 mm),
para os dois tipos de concretos.
TAB.4 18: Resultados das moldagens utilizando os corpos-de-prova de dimensões
100 x 100 x 400 mm CCP.
Com base nos resultados da TAB. 4.18, a resistência a flexão média
encontrada foi de 5,4 MPa e serviu de base para os ensaios de fadiga. No caso do
CCG, o resultado médio encontrado foi de 5,7 MPa (TAB. 4.19).
Moldagem CP f
ctm7
(MPa) Média (MPa)
S
d
(MPa)
1
5,33
1
2
5,60
5,5 0,19
1
5,27
3
2
5,42
5,3 0,11
1
5,61
8
2
5,38
5,5 0,16
1
5,42
12
2
5,40
5,4 0,01
1
5,22
16
2
5,37
5,3 0,11
138
TAB.4 19: Resultados das moldagens utilizando os corpos-de-prova de dimensões
100 x 100 x 400 mm para o CCG.
ARRUMAR A TABELA
No estudo de flexão em vigas com dimensões reduzidas, foram analisadas
as deformações sofridas para ambos os concretos quando submetidos à aplicação
de carga estática. Os resultados mostraram uma deformação final para o CCG
50% mais elevada que o CCP. Estes valores estão apresentados na FIG. 4.12 a
seguir.
Percebe-se ainda que, até a carga de 1 kN, o CCP e o CCG apresentam o
mesmo comportamento de deformação. A partir deste ponto é possível notar uma
maior deformação sofrida pelo CCG para cargas mais elevadas. Este
comportamento pode estar associado à boa aderência entre a matriz
geopolimérica com os agregados, além boa resistência a flexão apresentada pela
matriz.
Moldagem CP f
ctm7
(MPa) Média (MPa)
S
d
(MPa)
1
5,82
1
2
5,70
5,7 0,08
1
5,76
3
2
5,69
5,7 0,05
1
5,74
8
2
5,52
5,6 0,16
1
5,82
12
2
5,77
5,8 0,04
1
5,85
16
2
5,61
5,7 0,17
139
0,0 0,1 0,2 0,3 0,4
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
20
P(KN)
Deformação(mm)
0,0% CCP
0,0% CCG
FIG.4 12: Relação entre carga e deformação para os dois concretos.
Após a fratura dos corpos-de-prova ensaiados em flexão, a superfície de
fratura foi observada. A análise superficial mostra a existência de muitos
agregados fraturados e poucos deslocados no CCG, evidenciando a boa
aderência entre os agregados e a matriz geopolimérica. Nos concretos Portland
também foram observados agregados fraturados, porém, a existência de
agregados deslocados, ou arrancados da matriz, foram identificados com maior
facilidade. A FIG. 4.13, mostra as superfícies de fratura de ambos os concretos
ensaiados. As setas vermelhas representam os agregados graúdos fraturados, as
setas amarelas representam os agregados graúdos arrancados da matriz.
140
(a) (b)
(c) (d)
FIG.4 13: Superfícies de fratura dos concretos, (a) lado 1 CCG, (b) lado 2 CCG, (c)
lado 1 CCP, (d) lado 2 CCP.
4.8.2.1 CONCRETO REFORÇADO COM FIBRAS DE AÇO
No caso da adição de 0,5% e 1,0% de fibras metálicas no CCP e no CCG,
os ensaios mostraram um acréscimo da carga de ruptura (P
máx
), em relação ao
concreto sem fibras. No caso do volume de fibras de 1,0% para ambos os
141
concretos, o ganho de resistência à flexão não ocorreu como esperado,
apresentando apenas valores similares aos obtidos com 0,5% de adição de fibras.
No caso do CCP com adição de 0,5% ocorreu um ganho de resistência a
tração na flexão de 33% em relação ao concreto com 0,0% de adição de fibras. No
caso da adição de 1,0%, foi observado um ganho similar de 31% em relação ao
concreto sem fibras.
Para o CCG, o acréscimo de resistência foi de 42% para a 0,5% e de 44%
para a adição de 1% de fibras em relação ao concreto sem fibras. Foi observado
ainda que, o valor médio obtido para o volume de 1,0% de adição foi 1,4%
inferiore em relação ao de 0,5% para o CCP. Isso pode ser explicado pela adição
de um volume maior de fibras, que diminuiu a trabalhabilidade do concreto,
conforme visto no item 4.2, e com isso aumentando a porosidade do mesmo. A
conseqüência disso, é a redução da resistência à flexão do concreto. Este
comportamento foi mais elevado no CCP em virtude da porosidade de sua matriz
(item.4.6), que com a adição do volume 1% de fibras, ocorreu o enfraquecimento
da estrutura, quando submetida a carga de flexão.
A porosidade do concreto foi analisada por SATO (2003), através da
utilização de diferentes relações água/aglomerante e cimentos distintos, onde o
autor afirma que a resistência a tração na flexão, diminui com o aumento da
porosidade do concreto. Estudos relacionados com a adição de fibras no CCP e
no CCG desenvolvidos por PEREIRA (2006), também relatam este tipo de
comportamento. Os resultados de tração na flexão para os concretos reforçados
por fibras de aço estão, apresentados nas TAB. 4.20.
TAB.4 20: Resistência a flexão dos concretos.
Tipo de Concreto
Vf(%) f
ctm7
(MPa) S
d
(MPa)
0,0 5,7 0,10
0,5 8,1 0,22
CCG
1,0 8,2 0,21
0,0 5,4 0,11
0,5 7,2 0,22
CCP
1,0 7,1 0,23
142
O aumento da resistência à flexão com a adição de fibras metálicas, de
0,0% para 0,5%, é justificada pelo aumento da transferência de carga para as
fibras quando o carregamento aplicado provoca fissuração na matriz. Esta
transferência de carga é obtida pela ação de pontes formadas pelas fibras, que
atravessam as fissuras e promovem a transferência de esforços.
As FIG 4.14, 4.15, 4.16 mostram as comparações das deformações dos
concretos com e sem fibras.
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0
0
5
10
15
20
25
P(KN)
Deformação(mm)
0,0%
0,5%
1,0%
FIG.4 14: Relação carga deformação no CCG com adição de fibras de aço.
143
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0
0
5
10
15
20
25
P(KN)
Deformação(mm)
0,0%
0,5%
1,0%
FIG.4 15: Relação carga deformação no CCP com fibras de aço.
0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5 4,0 4,5 5,0
0
5
10
15
20
25
30
P(KN)
Deformação(mm)
0,0% CCP
0,5% CCP
1,0% CCP
0,0% CCG
0,5% CCG
1,0% CCG
FIG.4 16: Relação carga deformação para os dois concretos com fibras de aço.
144
Foi observado nas FIG. 4.14 e 4.15, que os concretos sem fibras
apresentaram rompimento imediato logo no surgimento da primeira fissura,
enquanto que, nos concretos reforçados, nota-se o efeito significativo da adição de
fibras em ambos os concretos, quanto a maior capacidade de deformação. Após o
pico máximo de carga, principalmente no CCG, foi possível observar valores de
deformação 33%, 34% e 41% superiores aos valores encontrados pelo CCP com
teores de adição de fibras iguais a 0%, 0,5% e 1,0%, respectivamente. Estes
resultados indicam a boa capacidade do CCG em continuar a suportar cargas,
mesmo que menores que P
máx
, após a fissuração da matriz, devido à elevada
tensão de aderência entre a fibra e a matriz e a boa trabalhabilidade apresentadas
por este concreto, como relata DIAS (2001).
Ainda observando as FIG. 4.14 e 4.15, é possível notar a maior rigidez à
flexão do CCP em relação ao CCG em função do maior Módulo de Elasticidade
obtido para este concreto. PEREIRA (2006), relata a mesma observação em seus
estudos quando compara a resistência à tração na flexão do CCG e do CCP com
teores de adição de fibras de 0%, 1%, 1,5% e 2,0% em corpos-de-prova nas
dimensões usuais.
4.9 ENSAIO DE FADIGA
4.9.1 ENSAIOS COM TENSÃO CONSTANTE
A TAB. 4.21, apresenta os resultados obtidos para o ensaio de fadiga com
tensão constante e freqüência de 10 Hz, que buscou alcançar um número de
ciclos de aproximadamente 10
5
, o que caracteriza uma estrutura submetida a
solicitações de alto ciclo como pavimentos rodoviários. A relação entre tensões
(RT) obtida para o propósito foi RT = 0,70, o que significa que para atingir um
número de ciclos, N, de aproximadamente 100.000, foi necessário aplicar uma
carga dinâmica com valor de 70% da carga estática que levaria o concreto à
ruptura por tração na flexão.
145
TAB.4 21: Número de ciclos de fadiga com freqüência de 10 Hz e relação entre
tensões constante (RT = 0,70) no CCG.
Amostra Relação entre tensões Nº Ciclos (N)
log N
1 0,70 161585 5,208401
2 0,70 133024 5,123930
3 0,70 148633 5,172115
4 0,70 156873 5,195548
Média 150029 5,176175
A resistência à fadiga do CCG foi maior, quando comparadas àquelas
obtidas por modelos experimentais de autores como YAO (1990), que obteve uma
relação entre tensões de 0,65, necessária para alcançar 10
5
repetições. Contudo,
a ausência de maiores informações sobre a dosagem do concreto utilizado por
este autor e o fato de ter realizado ensaios de fadiga no concreto convencional,
certamente diferente do CCG de alto desempenho, empregado no presente
estudo, torna-se difícil uma comparação adequada dos resultados obtidos. Uma
melhor comparação de resultados pode ser feita através dos resultados de BALBO
(1999), para um concreto de alto desempenho, cuja relação RT encontrada para
se atingir 10
5
foi RT=0,73, o que mostra um concreto que suporta um número
maior de ciclos de fadiga sob um nível de tensão relativamente alto. STET e
FRÉNAY (1998), em ensaios com vigas de concreto convencional, necessitaram
de uma relação entre tensões de 0,55. ROESLER (1998) ensaiou vigas
simplesmente apoiadas, variando a relação entre tensões de 0,65 a 0,90. Sendo
que para alcançar 10
5
ciclos a relação necessária foi de 0,65. Assim, os resultados
indicam que o CCG apresenta um bom desempenho à fadiga.
Uma observação muito importante a ser feita é que os materiais existentes
e utilizados em pesquisas no Brasil para a produção de concretos, o diferentes
dos existentes em países europeus, americanos e orientais. Isto pode justificar, de
certa forma, o melhor comportamento dos concretos desenvolvidos nesta
pesquisa.
Foram realizados ainda ensaios com outros valores de RT, com o objetivo
de analisar o comportamento do concreto para diversos níveis de tensão máxima
146
aplicada. As TAB. 4.22, 4.23 e 4.24 a seguir, apresentam os resultados para este
estudo no CCG.
TAB.4 22: Número de ciclos de fadiga com freqüência de 10 Hz e relação entre
tensões constante (RT = 0,75) no CCG.
Amostra Relação entre tensões Nº Ciclos (N)
log N
1 0,75 58482 4,767022
2 0,75 80811 4,907470
3 0,75 69845 4,844135
4 0,75 51645 4,713028
Média 65196 4,814221
TAB.4 23: Número de ciclos de fadiga com freqüência de 10 Hz e relação entre
tensões constante (RT = 0,80) no CCG.
Amostra Relação entre tensões Nº Ciclos (N)
log N
1 0,80 14062 4,148047
2 0,80 23334 4,367989
3 0,80 19709 4,294664
4 0,80 16697 4,222638
Média 18451 4,266019
TAB.4 24: Número de ciclos de fadiga com freqüência de 10 Hz e relação entre
tensões constante (RT = 0,85) no CCG.
Amostra Relação entre tensões Nº Ciclos (N)
log N
1 0,85 9694 3,9865030
2 0,85 10191 4,0082160
3 0,85 8702 3,9396190
4 0,85 9452 3,9755230
Média 9510 3,9781800
Os resultados mostram que com o aumento da tensão máxima aplicada,
menor a resistência à fadiga do material. Em contra partida, para níveis de tensão
inferiores, o número de ciclos suportado aumenta. OH (1991a), realizou ensaios
cíclicos em flexão, considerando três níveis de RT: 0,65, 0,75, e 0,85. Os
resultados obtidos mostraram que a resistência à fadiga do concreto é diferente
para os diversos níveis de tensão aplicados, verificando que o número de ciclos
sob fadiga para RT = 0,65 foi superior aos encontrados para as outras relações.
147
Já para o CCP, para se atingir 10
5
ciclos, foi utilizada também uma relação
entre tensões de 0,70. Quanto ao estudo com tensões máximas constantes, os
resultados apresentados nas TAB. 4.25, 4.26, 4.27 e 4.28, também mostram
redução do número de ciclos à medida que a relação entre tensões aumenta. Fato
que também foi observado no CCG, porém, este com maiores valores de N.
TAB.4 25: Número de ciclos de fadiga com freqüência de 10 Hz e relação entre
tensões constante (RT = 0,70) no CCP.
Amostra Relação entre tensões Nº Ciclos (N)
log N
1 0,70 119378 5,076924
2 0,70 147325 5,168276
3 0,70 133985 5,127056
4 0,70 121772 5,085547
Média 130615 5,115993
TAB.4 26: Número de ciclos de fadiga com freqüência de 10 Hz e relação entre
tensões constante (RT = 0,75) no CCP.
Amostra Relação entre tensões Nº Ciclos (N)
log N
1 0,75 58916 4,770233
2 0,75 30587 4,485536
3 0,75 33419 4,523993
4 0,75 40237 4,604625
Média 40790 4,610553
TAB.4 27: Número de ciclos de fadiga com freqüência de 10 Hz e relação entre
tensões constante (RT = 0,80) no CCP.
Amostra Relação entre tensões Nº Ciclos (N)
log N
1 0,80 12137 4,084111
2 0,80 15053 4,177623
3 0,80 11208 4,049528
4 0,80 7173 3,855700
Média 11393 4,056638
148
TAB.4 28: Número de ciclos de fadiga com freqüência de 10 Hz e relação entre
tensões constante (RT = 0,85) no CCP.
Amostra Relação entre tensões Nº Ciclos (N)
log N
1 0,85 5595 3,747800
2 0,85 7229 3,859078
3 0,85 3439 3,536432
4 0,85 3145 3,497620
Média 4852 3,685920
A FIG. 4.17 mostra a curva Relação entre tensões versus Número de ciclos,
para os dois concretos. É possível perceber que no caso de relações entre
tensões de 0,70, a diferença média do CCG em relação ao CCP, para as mesmas
condições, apresentou valores 15% superiores. Para relações entre tensões de
0,85, o CCG exibiu valores 96% mais elevados, quando comparado ao CCP. Isto
indica um comportamento favorável sob fadiga do CCG, não só em tensões
baixas, como também em tensões mais altas.
FIG.4 17:Variação do Número de ciclos de fadiga com a Relação entre as tensões
aplicadas, para o CCG e CCP.
0,70 0,75 0,80 0,85
0
20000
40000
60000
80000
100000
120000
140000
160000
Número de ciclos
Relação entre tensões
CCP
CCG
149
4.9.2 ENSAIOS COM DIFERENTES FREQÜÊNCIAS DE APLICAÇÃO DE
CARGA.
Para o estudo da influência da freqüência na fadiga dos concretos, foram
realizados ensaios com freqüências diferentes daquela adotada na maioria dos
ensaios deste trabalho, que foi de 10Hz. Para os ensaios de fadiga com diferentes
freqüências foram utilizados os valores de 5Hz e 1Hz, adotando-se a mesma
relação entre tensões, de RT = 0,75. Nas TAB. 4.29, 4.30 e 4.31, encontram-se os
resultados obtidos para o CCG, com as três diferentes freqüências de aplicação
de carga.
TAB.4 29: Número de ciclos de fadiga com freqüência de 10 Hz e relação entre
tensões constante (RT = 0,75) para CCG.
Amostra Relação entre tensões Nº Ciclos (N)
log N
1 0,75 58482 4,767022
2 0,75 80811 4,907470
3 0,75 69845 4,844135
4 0,75 51645 4,713028
Média 65196 4,814221
TAB.4 30: Número de ciclos de fadiga com freqüência de 5 Hz e relação entre
tensões constante (RT = 0,75) para o CCG.
Amostra Relação entre tensões Nº Ciclos (N)
log N
1 0,75 4553 3,658297
2 0,75 5145 3,711385
3 0,75 3937 3,595165
4 0,75 4012 3,603360
Média 4412 3,644635
150
TAB.4 31: Número de ciclos de fadiga com freqüência de 1 Hz e relação entre
tensões constante (RT = 0,75) par o CCG.
Amostra Relação entre tensões Nº Ciclos (N)
log N
1 0,75 4159 3,618988
2 0,75 5029 3,701481
3 0,75 4238 3,627161
4 0,75 3012 3,478854
Média 4110 3,613842
Comparando-se os valores obtidos nos ensaios com 1 Hz, 5 Hz e 10Hz, para
a relação entre tensões RT = 0,75, observou-se que, com uma freqüência de 10
Hz, é possível atingir a resistência à fadiga para o CCG, após um número de
ciclos, muito superior (mais de 60000 ciclos de diferença) àqueles obtido para
freqüências de 1 Hz e 5 Hz. Esses resultados indicam que os ensaios
experimentais em laboratório, utilizados para determinar o comportamento sob
fadiga de um pavimento de concreto, que são realizados, via de regra, a uma
freqüência de 10 Hz, ou superior, superestimam o comportamento sob fadiga do
pavimento real, já que 10 Hz está muito acima das freqüências que normalmente
ocorrem em campo.
Da mesma forma que os resultados obtidos neste trabalho, ZHANG et al.
(1996) e MAGGI (2004), constataram que uma freqüência de aplicação de carga
mais elevada possibilita ao concreto suportar um maior número de ciclos.
Para AITCIN (2000), o desempenho do material sob fadiga depende da
combinação entre a freqüência e o nível de tensão xima aplicado, existindo um
determinado nível de tensão abaixo do qual a freqüência de aplicação de carga
não afeta o número de ciclos suportado. Já RAITHBY e GALLOWAY (1974),
MAGGI (2004), que executaram ensaios em vigas de concreto simples,
verificaram para freqüências superiores a 20Hz, que o nível de tensão máxima
aplicada não afeta a resistência à fadiga. ZHANG et al (1996) relatam sobre o
trabalho pioneiro desenvolvido por GRAF e BRENNER na Alemanha entre os
anos de 1934 e 1936 com relação ao estudo do efeito da freqüência de
carregamento no comportamento sob fadiga do concreto. Os autores observaram
que freqüências entre 4,5 e 7,5 Hz exercem pequeno efeito na resistência à
151
fadiga. Porém, quando a freqüência é reduzida para valores inferiores a 0,16 Hz a
resistência à fadiga diminui.
O número de ciclos à fadiga obtidas para os ensaios com freqüências de
aplicação de carga de 1Hz e 5 Hz, foram muito próximas, permitindo concluir que
não existe diferença no comportamento sob fadiga para essas duas freqüências,
assim como observado também por CERVO (2004), em ensaios com os mesmos
valores de freqüência aplicados.
Utilizando freqüências de 5 e 15 Hz, CREPALDI (2001) observou a
diminuição do número de ciclos sob fadiga para a freqüência de 5 Hz.
Através das TAB. 4.32, 4.33 e 4.34, foi possível observar os resultados
obtidos para os ensaios com menor freqüência de aplicação de cargas para o
CCP. Observou-se um aumento no número de ciclos à medida que a freqüência
de aplicação de cargas foi aumentada. Para o CCP, foi possível atingir com
freqüência de 10Hz, uma resistência à fadiga mais elevada (mais de 40000 ciclos
de diferença), do que aquelas obtidas para freqüências de 1 Hz e 5 Hz,
respectivamente.
TAB.4 32: Número de ciclos de fadiga com freqüência de 10 Hz e relação entre
tensões constante (RT = 0,75) para o CCP.
Amostra Relação entre tensões Nº Ciclos (N)
log N
1 0,75 58916 4,770233
2 0,75 30587 4,485536
3 0,75 33419 4,523993
4 0,75 40237 4,604625
Média 40790 4,610553
TAB.4 33: Número de ciclos sob fadiga com freqüência de 5 Hz e relação entre
tensões constante (RT = 0,75) para o CCP.
Amostra Relação entre tensões Nº Ciclos (N)
log N
1 0,75 1455 3,162862
2 0,75 2013 3,303843
3 0,75 1987 3,298197
4 0,75 1125 3,051152
Média 1645 3,216165
152
TAB.4 34: Número de ciclos sob fadiga com freqüência de 1 Hz e relação entre
tensões constante (RT = 0,75) para o CCP.
Amostra Relação entre tensões Nº Ciclos (N)
log N
1 0,75 1769 3,247727
2 0,75 1328 3,123198
3 0,75 1485 3,171726
4 0,75 1980 3,296665
Média 1641 3,215108
A FIG.4.18 mostra graficamente os resultados para diferentes níveis de
freqüência em ambos os concretos, mostrados nas tabelas anteriores.
FIG.4 18:Relação entre a freqüência e o número de ciclos alcançados.
Através da FIG. 4.18 é possível observar que quanto mais elevada for a
freqüência aplicada, maior o número de ciclos alcançados. Para todos os níveis de
freqüência aplicados os ganhos de resistência à fadiga para o CCG, foram mais
elevados do que os alcançados pelo CCP. No caso de pavimentos de concreto, a
freqüência é um dos principais fatores que influenciam na durabilidade (AITCIN,
0 5 10
0
20000
40000
60000
80000
100000
Número de ciclos
Frequência (Hz)
CCP
CCG
153
2000). De acordo com os resultados expostos, o CCG apresenta comportamento
mais favorável à variação de freqüências a que os pavimentos estão sujeitos em
campo.
Entretanto, quando as freqüências são variáveis o número de ciclos perde
seu valor de comparação. Para uma melhor avaliação da vida útil do pavimento, a
variável temporal é o parâmetro que deve ser introduzida no estudo de fadiga.
Através da relação: f = 1/T, sendo f a freqüência e T o período, é possível
obter os seguintes resultados mostrados na TAB. 4.35.
TAB.4 35: Avaliação da vida útil sob fadiga
CCG
Freqüência (Hz) Período (s) Total (s)
10 0,1 6519,6
5 0,2 882,4
1 1,0 4110
CCP
Freqüência (Hz) Período (s) Total (s)
10 0,1 4079,0
5 0,2 329,0
1 1,0 1641
Para a aplicação da freqüência de 10 Hz a vibração do material é muito
rápida, o que não permite o alívio completo das tensões dentro do mesmo ciclo de
carregamento. Neste caso ocorre um maior efeito de tração e um menor efeito de
fadiga.
Com a aplicação de 5 Hz a vibração é mais lenta, havendo o alívio parcial
das tensões dentro de um mesmo ciclo de carregamento. O efeito neste caso é
mais acentuado tanto em fadiga quanto em tração.
Já para o carregamento com freqüência de 1 Hz a vibração é muito lenta,
ocorrendo assim um alívio total das tensões dentro de um mesmo ciclo de
carregamento. Neste caso há um efeito moderado de tração e fadiga, além de um
maior tempo sem carregamento.
154
4.9.3 ENSAIOS COM TENSÃO VARIÁVEL
Os resultados à fadiga com tensão variável, segundo o método de ensaio
descrito no Item 3.2.10.1, quando a variação ocorreu de forma crescente, estão
apresentados na TAB. 4.36. O número de ciclos (N) encontrado de N
médio
= 85688
ciclos. Estes valores encontrados e comparados com aqueles obtidos nos ensaios
com tensão constante (RT = 0,80), para uma mesma freqüência de aplicação de
carga, são apresentados na curva da FIG. 4.18. É possível observar que existe
pouca influência da variação de tensões, quando esta for aplicada de forma
crescente, no comportamento dos concretos sob fadiga. Estas observações
também foram feitas por diversos autores como ZHANG et al. (1997) e CERVO
(2004), através da aplicação de dois estágios de tensão. Aplicando níveis de
tensão que iam de alto para baixo e níveis de baixo para alto, os autores puderam
concluir que a tensão quando aplicada de baixa para alta, a hipótese de Palmgren-
Miner seria correta; entretanto isto não era observado variando a tensão de alta
para baixa, ou seja, a hipótese nestas condições conduzia a erro nos resultados.
Já na TAB. 4.37, estão os resultados obtidos para os ensaios de fadiga com
a tensão variando de forma decrescente com N
médio
= 11886. A FIG. 4.19
apresenta os valores encontrados, onde é possível observar que o número de
ciclos obtidos foi menor do que àqueles encontrados nos ensaios com tensão
constante (RT = 0,80), e inferiores também àqueles obtidos para tensão variável
de forma crescente. Isto indica a maior influência da variação de tensões, quando
aplicada de forma decrescente, no comportamento do concreto sob fadiga. Estes
resultados concordam com aqueles encontrados por MAGGI (2004), onde a autora
observa a menor resistência à fadiga encontrada em tensões decrescentes.
HOLMER (1982), realizando ensaios de fadiga em concreto convencional,
verificou, que quando a tensão variava de alta para baixa, a resistência à fadiga do
concreto era reduzida. MOUNZER (2004) desenvolveu um modelo de fadiga para
materiais compósitos, onde através de suas colocações, o autor cita a maior
influência das tensões, na redução do número de ciclos, quando aplicadas de
forma decrescente no material compósito.
155
TAB.4 36: Número de ciclos de fadiga com freqüência de 10 Hz e tensão variável
crescente para o CCG.
Amostra Relação entre tensões Nº Ciclos (N)
log N
1 0,70 , 0,75 e 0,80 84505 4,926882
2 0,70 , 0,75 e 0,80 88952 4,949155
3 0,70 , 0,75 e 0,80 99854 4,999365
4 0,70 , 0,75 e 0,80 69439 4,841603
Média 85688 4,932920
TAB.4 37: Número de ciclos de fadiga com freqüência de 10 Hz e tensão variável
decrescente para o CCG
Amostra Relação entre tensões Nº Ciclos (N)
log N
1 0,85 e 0,80 15987 4,203766
2 0,85 e 0,80 12049 4,080951
3 0,85 e 0,80 10603 4,025428
4 0,85 e 0,80 8903 3,949536
Média 11886 4,075035
Os ensaios com tensão variável realizados no CCP estão apresentados na
TAB. 4.38, onde é possível verificar, assim como no CCG, que o número de ciclos
(N) para tensão crescente atingido resultou em N
médio
= 47425 ciclos. Enquanto
que o valor encontrado para tensão decrescente foi de N
médio
= 7451 ciclos. Os
valores encontrados para tensões crescentes mostraram pouca influência da
variação de tensão, enquanto que para tensões decrescentes essa influência
passou a ser mais significativa, quando comparada com tensões constantes.
TAB.4 38: Número de ciclos de fadiga com freqüência de 10 Hz e tensão variável
crescente para o CCP.
Amostra Relação entre tensões Nº Ciclos (N)
log N
1 0,70, 0,75 e 0,80 41800 4,621176
2 0,70, 0,75 e 0,80 52062 4,716520
3 0,70, 0,75 e 0,80 44845 4,651714
4 0,70, 0,75 e 0,80 50992 4,707502
Média 47425 4,676007
156
TAB.4 39: Número de ciclos de fadiga com freqüência de 10 Hz e tensão variável
crescente para o CCP.
Amostra Relação entre tensões Nº Ciclos (N)
log N
1 0,85 e 0,80 7285 3,862429
2 0,85 e 0,80 9374 3,971924
3 0,85 e 0,80 8127 3,909930
4 0,85 e 0,80 5019 3,700617
Média 7451 3,872214
FIG.4 19:Influência das condições de aplicações de tensão para os dois concretos
estudados.
Os resultados encontrados neste item tanto para o CCP, quanto para o
CCG, indicam a concordância dos autores com relação aos níveis de aplicação
das cargas, quanto a sua condição de tensão aplicada. Indicando também que
quando a tensão varia de forma crescente, a hipótese de Palmgren-Miner é válida.
Entretanto quando a tensão é aplicada de forma decrescente, a hipótese para a
determinação do dano acumulado pode não ser segura.
1 2 3
0
20000
40000
60000
80000
100000
Número de ciclos
Condição de tensão aplicada
CCP
CCG
1 Tens
ão constante (RT=0,80)
2 Tensão decrescente (RT=0,85 , 0,80)
3 Tensão crescente (RT=0,70 , 0,75 , 0,80)
157
4.9.4 ENSAIOS COM O CCG PARA DIFERENTES TENSÕES MÍNIMAS
Para o estudo da influência da tensão mínima na fadiga do concreto, através
das alterações no número de ciclos com um aumento da relação entre tensões
mínimas (ó
min
/f
ct,m
= R), foram adotados dois novos valores: R = 0,20 e R = 0,40,
distintos do valor utilizado nos demais ensaios que foi de R = 0,07. Com estes dois
novos níveis de tensão mínima foram realizados ensaios com relação entre
tensões máxima de RT = 0,75, mantendo-se cada ensaio com RT constante.
É importante relatar que a maioria dos trabalhos sobre fadiga consultados,
não levam em consideração o efeito provocado pela tensão mínima. Considerando
na maioria das vezes a tensão mínima igual à zero, ou, próximo desse valor. Um
exemplo é o estudo desenvolvido por CREPALDI (2001) em concreto com adição
de látex, em que o autor realiza seus ensaios com tensão mínima sempre igual à
zero.
Nas TAB. 4.40, 4.41 e 4.42, são apresentados os resultados dos ensaios de
fadiga com tensões mínimas de, respectivamente, R = 0,07, R = 0,20 e R = 0,40,
para uma relação entre tensões RT = 0,75. A FIG. 4.20, ilustra estes resultados,
onde é possível observar que existe pouca ou nenhuma influência do aumento de
R no número de ciclos de fadiga encontrado, possivelmente pelo fato de se ter
aumentado a tensão mínima em função da relação entre tensões. Isto significa
uma alteração pequena, quando comparada ao comportamento em pista, onde as
tensões mínimas aumentam de forma mais significativa, não estando apenas sob
a ação das cargas do tráfego, mas também das intempéries.
TAB.4 40: Número de ciclos de fadiga com freqüência de 10 Hz, relação entre
tensões RT = 0,75 e R = 0,07 para o CCG.
Amostra Relação entre tensões Nº Ciclos (N)
log N
1 0,75 58482 4,767022
2 0,75 80811 4,907470
3 0,75 69845 4,844135
4 0,75 51645 4,713028
Média 65196 4,814221
158
TAB.4 41: Número de ciclos de fadiga com freqüência de 10 Hz, relação entre
tensões RT = 0,75 e R = 0,20 para o CCG.
Amostra Relação entre tensões Nº Ciclos (N)
log N
1 0,20 39832 4,600232
2 0,20 71254 4,852809
3 0,20 69856 4,844203
4 0,20 63253 4,801081
Média 61049 4,785678
TAB.4 42: Número de ciclos de fadiga com freqüência de 10 Hz, relação entre
tensões RT = 0,75 e R = 0,40 para o CCG.
Amostra Relação entre tensões Nº Ciclos (N)
log N
1 0,40 50894 4,706666
2 0,40 55894 4,747365
3 0,40 77125 4,887195
4 0,40 81230 4,909716
Média 66286 4,821422
O estudo da tensão mínima também foi realizado no CCP, com relação
entre tensões, RT = 0,75 e tensões mínimas assumindo valores iguais a R = 0,07,
R = 0,20 e R = 0,40. Os resultados podem ser vistos nas TAB. 4.43, 4.44 e 4.45.
TAB.4 43: Número de ciclos de fadiga com freqüência de 10 Hz, relação entre
tensões RT = 0,75 e R = 0,07 para o CCP.
Amostra Relação entre tensões Nº Ciclos (N)
log N
1 0,07 58916 4,770233
2 0,07 30587 4,485536
3 0,07 33419 4,523993
4 0,07 40237 4,604625
Média 40790 4,610553
159
TAB.4 44: Número de ciclos de fadiga com freqüência de 10 Hz, relação entre
tensões RT = 0,75 e R = 0,20 para o CCP.
Amostra Relação entre tensões Nº Ciclos (N)
log N
1 0,20 55006 4,740410
2 0,20 40045 4,602548
3 0,20 29672 4,472346
4 0,20 32009 4,505272
Média 39183 4,593097
TAB.4 45: Número de ciclos de fadiga com freqüência de 10 Hz, relação entre
tensões RT = 0,75 e R = 0,40 para o CCP.
Amostra Relação entre tensões Nº Ciclos (N)
log N
1 0,40 42129 4,624581
2 0,40 56329 4,750732
3 0,40 30195 4,479935
4 0,40 38818 4,589033
Média 41868 4,621882
BALBO (2000), através de estudos sobre a influência de tensões ximas
e mínimas causadas pela ação térmica sobre pavimentos de concreto, relata que
este tipo de tensão tem pequena influência sobre a fadiga de pavimentos, porém,
não deve ser desprezada.
MAGGI (2004), relata em suas pesquisas sobre a fadiga em concreto
armado para a aplicação em pavimentos, que quanto maior a tensão mínima
aplicada, maior o número de ciclos alcançado pelo concreto para uma mesma
tensão máxima aplicada.
Porém, de acordo com os resultados alcançados no presente trabalho,
tanto no CCP quanto no CCG, foi possível afirmar que isto não ocorre quando
se considera a ação de relações entre tensões (R). A redução do número de ciclos
pode ocorrer, em função da tensão mínima aplicada, quando consideração
também das ações térmicas, que contribuem para a majoração deste tipo de
tensão sobre as estruturas de pavimentos. Segundo BALBO (2000), a ação em
conjunto destes dois parâmetros é que provoca grande influência no pavimento,
quando há aplicação de tensões mínimas.
160
FIG.4 20:Variação de tensão mínima para os dois concretos.
4.9.5 ENSAIOS COM O CCG PARA DIFERENTES IDADES
Para o estudo do desenvolvimento da resistência à fadiga do CCG em
idades iniciais, foram realizados ensaios nas idades de 1, 7 e 28 dias, apesar de
não existirem muitos estudos sobre fadiga em concreto com idades iniciais.
Da mesma maneira que nos outros ensaios mecânicos, foi feita uma
comparação direta com o CCP desenvolvido neste trabalho. Os resultados obtidos
para os dois tipos de concreto, estão apresentados nas TAB 4.46, 4.47, 4.48, para
o CCG e TAB. 4.49, 4.50, 4.51, para o CCP
0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 0,30 0,35 0,40 0,45
0
20000
40000
60000
80000
100000
120000
140000
160000
Número de ciclos
Tensão Mínima
CCP
CCG
161
TAB.4 46: Número de ciclos de fadiga com freqüência de 10 Hz, relação entre
tensões RT = 0,85 com 1 dia para o CCG.
Amostra Relação entre tensões Nº Ciclos (N)
log N
1 0,85 2928 3,466571
2 0,85 1025 3,010723
3 0,85 1567 3,195069
4 0,85 1004 3,001733
Média 1631 3,212453
TAB.4 47: Número de ciclos de fadiga com freqüência de 10 Hz, relação entre
tensões RT = 0,85 com 7 dias para o CCG.
Amostra Relação entre tensões Nº Ciclos (N)
log N
1 0,85 9694 3,9865030
2 0,85 10191 4,0082160
3 0,85 8702 3,9396190
4 0,85 9452 3,9755230
Média 9510 3,9781800
TAB.4 48: Número de ciclos de fadiga com freqüência de 10 Hz, relação entre
tensões RT = 0,85 com 28 dias para o CCG.
Amostra Relação entre tensões Nº Ciclos (N)
log N
1 0,85 13521 4,131008
2 0,85 10278 4,011908
3 0,85 11854 4,073864
4 0,85 10674 4,028327
Média 11582 4,063783
Assim como observado nos ensaios de resistência à compressão, nos
ensaios de fadiga foi constatado que a resistência à fadiga aumentou com a idade
do concreto. Os resultados mostraram que houve ganho de resistência
significativo já aos 7 dias de idade. Observou-se também que a taxa de resistência
entre 7 e 28 dias, é menor que aquele que ocorre entre 1 e 7 dias. Isso pode ser
explicado pelo rápido processo de geopolimerização, que ocorre intensamente nas
primeiras idades e se estabiliza ao longo do tempo.
No caso do CCP, foi constatado também um desenvolvimento da
resistência à fadiga ao longo do tempo, porém, diferentemente do CCG, o CCP
162
ganha resistência à fadiga gradativamente através do processo contínuo de
hidratação, que ocorre muito mais lentamente que o de geopolimerização. Os
resultados do CCP são mostrados a seguir.
TAB.4 49: Número de ciclos de fadiga com freqüência de 10 Hz, relação entre
tensões RT = 0,85 com 1 dia para o CCP.
Amostra Relação entre tensões Nº Ciclos (N)
log N
1 0,85 2583 3,412124
2 0,85 924 2,965671
3 0,85 1378 3,139249
4 0,85 883 2,945960
Média 1442 3,158965
TAB.4 50: Número de ciclos de fadiga com freqüência de 10 Hz, relação entre
tensões RT = 0,85 com 7 dias para o CCP.
Amostra Relação entre tensões Nº Ciclos (N)
log N
1 0,85 5595 3,747800
2 0,85 7229 3,859078
3 0,85 3439 3,536432
4 0,85 3145 3,497620
Média 4852 3,685920
TAB.4 51: Número de ciclos de fadiga com freqüência de 10 Hz, relação entre
tensões RT = 0,85 com 28 dias para o CCP.
Amostra Relação entre tensões Nº Ciclos (N)
log N
1 0,85 10902 4,037506
2 0,85 8425 3,925570
3 0,85 9751 3,989049
4 0,85 8102 3,908592
Média 9295 3,968250
Na FIG. 4.21, são mostrados os resultados dos dois diferentes tipos de
concreto, onde através das curvas traçadas, é possível visualizar melhor a
diferença do desenvolvimento da resistência à fadiga ao longo do tempo.
163
FIG.4 21: Evolução da resistência à fadiga, em diferentes idades para ambos os
concretos.
4.9.6 ENSAIOS COM O CCG PARA DIFERENTES VOLUMES DE FIBRAS.
Foi estudado o efeito da quantidade de um determinado tipo de fibra de aço
no comportamento sob fadiga do CCP e do CCG. Foram ensaiados corpos de
provas com volumes de fibras metálicas iguais a 0%, 0,5% e 1%, através de
cargas cíclicas, em flexão a quatro pontos, com tensões máximas iguais a 85% da
resistência estática à flexão. A referência para a resistência à fadiga foi a
resistência estática à flexão, obtida antes do ensaio de fadiga para cada caso. Nos
testes de fadiga utilizou-se um carregamento cíclico de 10Hz. Foram determinadas
as curvas de tensão aplicada, S, versus número de ciclos, N, da tensão aplicada.
Os resultados mostraram que a resistência à fadiga aumenta com a quantidade de
fibra para ambos os concretos, porém, de forma mais significativa para o CCG. Os
resultados são mostrados a seguir nas TAB 4 52 a 4 54.
0 7 14 21 28
0
2000
4000
6000
8000
10000
12000
14000
16000
CCG
Número de ciclos
Idade (dias)
CCP
164
TAB.4 52: Número de ciclos de fadiga com freqüência de 10 Hz, relação entre
tensões RT = 0,85 com 0% de fibras para o CCG.
Amostra Relação entre tensões Nº Ciclos (N)
log N
1 0,85 12694 4,103598
2 0,85 10491 4,020816
3 0,85 7298 3,863203
4 0,85 11452 4,058881
Média 10484 4,073168
TAB.4 53: Número de ciclos de fadiga com freqüência de 10 Hz, relação entre
tensões RT = 0,85 com 0,5% de fibras para o CCG.
Amostra Relação entre tensões Nº Ciclos (N)
log N
1 0,85 33899 4,530186
2 0,85 10903 4,037546
3 0,85 18022 4,255802
4 0,85 21530 4,333044
Média 21089 4,324059
TAB.4 54: Número de ciclos de fadiga com freqüência de 10 Hz, relação entre
tensões RT = 0,85 com 1% de fibras para o CCG.
Amostra Relação entre tensões Nº Ciclos (N)
log N
1 0,85 65710 4,817631
2 0,85 29534 4,470322
3 0,85 40594 4,608451
4 0,85 48027 4,681485
Média 45966 4,662436
A seguir, são mostrados os resultados obtidos para o CCP, também com
teores de 0%, 0,5% e 1% de fibras de aço.
TAB.4 55: Número de ciclos de fadiga com freqüência de 10 Hz, relação entre
tensões RT = 0,85 com 0% de fibras para o CCP.
Amostra Relação entre tensões Nº Ciclos (N)
log N
1 0,85 5595 3,747800
2 0,85 7229 3,859078
3 0,85 3439 3,536432
4 0,85 3145 3,497620
Média 4852 3,685920
165
TAB.4 56: Número de ciclos de fadiga com freqüência de 10 Hz, relação entre
tensões RT = 0,85 com 0,5% de fibras para o CCP.
Amostra Relação entre tensões Nº Ciclos (N)
log N
1 0,85 18202 4,260119
2 0,85 28861 4,460311
3 0,85 14333 4,156337
4 0,85 8470 3,927883
Média 17467 4,242218
TAB.4 57: Número de ciclos de fadiga com freqüência de 10 Hz, relação entre
tensões RT = 0,85 com 1% de fibras para o CCP.
Amostra Relação entre tensões Nº Ciclos (N)
log N
1 0,85 45452 4,657552
2 0,85 38766 4,588451
3 0,85 31983 4,504919
4 0,85 26442 4,422294
Média 35661 4,552193
Os resultados dos ensaios de fadiga para o CCG mostraram que houve
ganho maior de resistência à fadiga em relação ao CCP, quando comparados para
o mesmo volume de fibras. Mesmo com o volume de 1%, onde ocorreu maior
dificuldade de distribuição homogênea das fibras e que poderia provocar um
aumento no volume de vazios no material, os resultados foram consideravelmente
superiores em relação ao concreto com 0% de volume de fibras.
Estudos do comportamento sob fadiga em concretos reforçados por fibras
metálicas com volumes de 0,25% e 1,25%, desenvolvidos por GUIMARÃES
(2002), também mostraram ganho de resistência à fadiga com um aumento da
quantidade de fibras metálicas incorporadas.
Testes realizados por KORMELING et al (1980), variando os tipos de fibras e
sua fração volumétrica, cujo carregamento aplicado foi de 3 Hz, mostraram que a
resistência à fadiga nas peças de concreto reforçado com fibras foi bem superior à
resistência das peças de concreto armado.
Nos ensaios com fibras de aço incorporadas, pode-se observar ainda, o
surgimento e o crescimento da primeira fissura para ambos os concretos, fato não
observado para os concretos sem adição de fibras metálicas, em razão da
166
formação de pontes de transferência. Já no concretos simples, a fissura não
encontra resistência a sua propagação e origem ao colapso abrupto da peça.
Segundo S. P. SHAH, citado por PINTO JÚNIOR e MORAES (1996), a resistência
à primeira fissura é influenciada pelo volume de fibras incorporado, pela
orientação e pelo fator de forma das fibras.
Foi observado nos ensaios com adição de fibras que houve dispersão
considerável nos resultados de uma mesma composição. Isto ocorreu
provavelmente devido à má distribuição das fibras dentro do corpo-de-prova. Esta
dispersão também foi relatada nos estudos de PEREIRA (2006), através de
estudos de caracterização do CCG em diversos ensaios mecânicos, como de
compressão e flexão.
Os resultados de ensaios de fadiga com diferentes volumes de fibras
metálicas adicionadas ao CCP e ao CCG, estão apresentados na FIG.4.22.
FIG.4 22: Variação do número de ciclos de fadiga para diferentes volumes de
fibras, em ambos os tipos de concreto.
0,0 0,5 1,0
0
10000
20000
30000
40000
50000
60000
70000
Número de ciclos
Vf (%)
CCP
CCG
167
4.10 DESGASTE POR ABRASÃO SUPERFICIAL
Devido à proposição de uso do concreto em estudo, ser para pavimentação,
e estar sujeito a ação do tráfego rodoviário, foram realizados ensaios de desgaste
por abrasão superficial. Os resultados dos ensaios foram obtidos a partir da
redução da espessura dos corpos-de-prova em milímetros. A TAB. 4.58 mostra os
resultados médios obtidos para o CCP e para o CCG.
TAB.4 58: Desgaste por abrasão superficial do CCP e do CCG
Tipo de Concreto
Desgaste médio
(mm)
Sd
(mm)
CCG 1,00 0,141
CCP 1,20 0,141
Os resultados mostraram que o CCG apresentou desgaste inferior ao CCP,
porém, com uma pequena margem de diferença entre os dois tipos de concreto
(20% superior para o CCP), o que pode ser explicado pela utilização de
parâmetros muito semelhantes na composição do traço e que influenciaram nos
resultados, como o consumo de aglomerante e o tipo e a quantidade de agregado
graúdo.
Melhorias consideráveis na resistência à abrasão do cimento Portland
foram constatadas por BAUER et al (2002), utilizando em seus estudos, agregado
graúdo artificial à base de óxido de alumínio. Contudo, a melhor resistência ao
desgaste do CCG certamente é em razão de sua estrutura mais compacta e da
boa interface matriz/agregado desenvolvida, como visto nos resultados dos
ensaios de flexão, no presente capítulo.
A inexistência de uma norma de especificação de limite de desgaste para
pavimentos de concreto levou a comparação dos resultados obtidos com a Norma
de Ladrilho Hidráulico, NBR 9457 (1986), que limita o desgaste superficial em 3
mm para um percurso de 1000m. Os resultados foram comparados ainda com a
Norma de argamassas de alta resistência mecânica para pisos, NBR 11801
168
(1992), onde, de acordo com os resultados de desgaste obtidos, o material recebe
uma classificação de aplicação ao qual ele pode ser empregado, como mostra a
TAB. 4.59.
TAB.4 59: Tipo de solicitação, classificação e desgaste para argamassas de alta
resistência mecânica.
Tipo de
solicitação
Classificação
Desgaste (D)
Percurso de
1000m
Grupo A
Solicitação por abrasão, causada pelo arraste e rolar
de cargas pesadas, tráfego de veículos de rodas
rígidas e impacto de grande intensidade.
< 0,8mm
Grupo B
Solicitação por abrasão, causada pelo arraste e rolar
de cargas médias, tráfego de veículos de rodas
rígidas e tráfego intenso de pedestre.
0,8mm < D <
1,6mm
Grupo C
Solicitação por abrasão, causada pelo arraste e rolar
de pequenas cargas leves, tráfego de veículos de
rodas macias e pequeno trânsito de pedestres.
1,6mm < D <
2,4mm
Para a Norma NBR 9457 (1986), os resultados apresentaram um desgaste
satisfatório, pois, assumiram valores inferiores em relação ao limite máximo
especificado. Já para a Norma NBR 11801 (1992), tanto o CCG quanto o CCP
podem ser classificados como pertencentes ao grupo B.
4.11 MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE VARREDURA (MEV).
Foram obtidas imagens por elétrons secundários da superfície de fratura
dos concretos ensaiados à fadiga aos 7 dias de idade, visando observar a
morfologia e as características da zona de transição na interface dos agregados
com a matriz geopolimérica e com a matriz de cimento Portland. Como
mencionado, as suas propriedades físicas e mecânicas e a sua composição
169
química são fundamentais para o comportamento mecânico do concreto. As
amostras para a análise em MEV foram retiradas dos corpos-de-prova após a
ruptura por fadiga, onde a relação entre tensões para este caso foi de 0,80.
As micrografias apresentadas na FIG. 4.23, mostraram as morfologias
características de cada tipo de concreto. Contudo, nas micrografias de ambos os
concretos, percebe-se a ocorrência de superfície de fratura irregular, o que é uma
característica comum do concreto. Observa-se nas FIG. 4.23b e 4.23d, que a
matriz de cimento geopolimérico é constituída de uma única fase contendo
aluminossilicato de potássio, cálcio e sódio, não apresentando morfologia definida.
Sua microestrutura é menos porosa e mais massiva que a microestrutura da pasta
de cimento Portland, apresentadas nas FIG. 4.23a e 4.23 c.
(a) (b)
(c) (d)
FIG.4 23: Micrografias obtidas por MEV de ambos os concretos. (a) Microestrutura
porosa do CCP. (b) Microestrutura densa do CCG. (c) Presença de diversas fases
no CCP. (d) Formação de uma fase no CCG.
170
As FIG. 4.24a e. 4.24b mostram, para os dois tipos de concreto, a fissura
tendendo a contornar os agregados, propagando-se pela interface matriz-
agregado, mostrando que essa é a região crítica da micrografia do concreto. A
aderência entre matriz e agregado é um fator determinante para as propriedades
mecânicas do concreto.
(a) (b)
FIG.4 24: Micrografias obtidas por MEV de ambos os concretos. (a) Zona de
transição no CCP. (b) Interface matriz agregado no CCG.
A boa aderência entre a matriz do CCG e a areia pode ser notada na FIG.
4.24b, a partir da menor degradação da zona de interface agregado/matriz do
material após a aplicação do carregamento cíclico, devido à inexistência de
gradientes de concentração de Portlandita nesta zona, conforme, também
observado por THOMAZ (2000) e PEREIRA (2006). Isto indica que não há uma
zona de transição nítida entre agregado e matriz no CCG, como observado na
FIG. 4.24b. Já na FIG. 4.24a, é possível observar que a fissura tende a contornar
os agregados pela interface matriz agregado, assim como acontece no CCG,
porém, no CCP observa-se uma maior degradação na zona de transição devido a
mesma ser mais porosa e rica em cristais de Portlandita, o que limita
consideravelmente as propriedades mecânicas do concreto Portland em função da
baixa aderência desenvolvida entre agregado e matriz. Esta característica também
foi observada por DIAS (2001).
AREIA
MATRIZ
AREIA
MATRIZ
171
Para THOMAZ (2000), os agregados graúdo e miúdo no CCP, são
envolvidos por um filme de água e, segundo o autor, nestes locais se formam
núcleos de hidróxido de cálcio, Portlandita, que são cristais fracos e podem limitar
as propriedades mecânicas do concreto. Este fenômeno não foi observado no
CCG.
A FIG.4.25 mostra a propagação da fissura no CCP e CCG até encontrar o
agregado, onde a partir deste ponto ocorre um desvio em sua trajetória passando
a contornar o agregado para continuar seu crescimento. Segundo BUENFELD e
OKUNDI (1998), se o agregado é mais poroso do que a matriz, as partículas de
agregado podem resultar num caminho mais curto através do concreto. Caso
contrário, os agregados atuam como obstáculo à propagação desta fissura. No
caso do CCG ocorrem microfissuras da ordem 1µm que são formadas devido à
tensões internas geradas durante as reações de geopolimerização. Para a
diminuição do efeito destas fissuras no comportamento mecânico do concreto,
podem ser adicionadas cargas particuladas, assim como fibras metálicas.
(a) (b)
FIG.4 25: Micrografias obtidas por MEV de ambos os concretos. (a) Propagação
da trinca no CCG. (b) Propagação da trinca no CCP.
No caso dos concretos refor
çados por fibras metálicas, houve uma melhora
geral da resistência à fadiga. Esses ganhos obtidos foram característicos para
cada tipo de concreto, devido às particularidades microestruturas das matrizes,
principalmente em relação à aderência entre fibra e matriz.
AREIA
TRINCA
MATRIZ
MATRIZ
TRINCA AREIA
172
Na micrografia da FIG.4.26a, é possível observar a superfície de fratura
com a presença das fibras metálicas no CCP com adição de 0,5%. Durante a
aplicação de cargas cíclicas, antes da ruptura, as fibras sofrem um processo de
estiramento durante o arrancamento da matriz, que está relacionado com o
processo de dissipação de energia, influenciando de uma forma geral no
comportamento mecânico sob fadiga do material. A FIG. 4.26b, mostra a
micrografia do CCG reforçado com 0,5% de fibras metálicas. Nos ensaios de
fadiga foi observado que o processo de arrancamento das fibras da matriz
geopolimérica ocorreu de forma diferente em relação às fibras no CCP. As
mesmas apresentaram menos estiramento, indicando a maior aderência entre a
matriz geopolimérica e a fibra metálica, como citado anteriormente. No CCP, as
diferentes fases de baixa resistência e porosidade elevada são muito inferiores às
do geopolímero, afetando o desempenho mecânico e químico do material.
(a) (b)
FIG.4 26: Micrografias obtidas por MEV de ambos os concretos. (a) interface
fibra/matriz no CCP. (b) interface fibra/matriz no CCG (PEREIRA, 2006).
FIBRA
MATRIZ
MATRIZ
FIBRA
173
5 CONCLUSÕES
Segundo os resultados dos ensaios de resistência à tração na flexão,
conclui-se que não existe diferença significativa entre corpos-de-prova de
dimensões prescritas em norma (150 x150 x 500) mm e aquelas de dimensões
reduzidas (100 x 100 x 400) mm utilizadas nesta Dissertação.
Para os corpos-de-prova de dimensões reduzidos, houve economia de
cerca de 64% no consumo de material para moldagem, além do mesmo montante
de redução no peso próprio do CP, tornando o ensaio, sob vários aspectos, mais
conveniente.
Nos ensaios com diferentes freqüências o CCG apresentou um
desempenho, em relação a vida útil, 66% maior que a do CCP, devido a sua maior
flexibilidade encontrada nos ensaios de módulo de elasticidade e tração na flexão.
A resistência à fadiga quanto a variação de tensões em ambos os
concretos, foi maior do que quando submetido a resistência à fadiga com tensão
constante, somente, quando a tensão variou de baixa para alta (tensão crescente).
Para a variação de tensão de um nível mais elevado para um mais reduzido, o
número de ciclos obtido foi inferior àquele alcançado com tensão constante.
Não houve influência no número de ciclos de fadiga com o aumento da
tensão mínima para ambos os tipos de concreto. Isto está relacionado com o
aumento da tensão mínima em virtude da relação entre tensões, representando
um aumento pequeno, em relação ao comportamento no campo, onde as tensões
mínimas crescem em maior grandeza, não pela ação do tráfego, mas também
pelas condições climáticas do local.
No caso dos concretos reforçados por fibras,a resistência à fadiga para os
dois tipos de concreto aumentou com a quantidade de fibras incorporada. Os
resultados apontam um ganho máximo para o CCG com a adição de 1% de fibras
metálicas, chegando a 29% em relação ao CCP com a mesma quantidade de
fibras.
No intervalo de 1 para 7 dias, ocorreu maior ganho de resistência à fadiga
no CCG , em função do rápido processo de geopolimerização. Enquanto que no
174
CCP, pelo processo de hidratação ser mais lento, ocorreu o desenvolvimento
gradativo da resistência à fadiga. entre 7 e 28 dias, o CCG ganhou 22%,
enquanto que o CCP, 91%. Isso mostra que neste último intervalo o CCG tende a
se estabilizar.
As análises por microscopia eletrônica de varredura mostram que a
interface entre os agregados e as fibras, no caso do CCG reforçado por fibras é
densa e contínua, assim como a da matriz. A estrutura mais densa e compacta do
CCG foi determinante no bom desempenho deste concreto, em relação aos
ensaios do CCP.
Nos ensaios complementares, de desgaste o melhor desempenho do CCG,
tornou-se mais evidente, em função da menor perda de material (20%) durante o
ensaio, em relação ao CCP.
O CCG foi enquadrado no grupo B (TAB. 4.58) segundo a norma BR 9457
(1986). Seus resultados foram classificados como satisfatórios em relação ao
limite máximo de desgaste, segundo a norma NBR 9457/86.
175
6 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS
Estudar o comportamento em fadiga do concreto geopolimérico, com
diferentes consumos de aglomerantes; tipo de agregado e relações
água/aglomerantes sólidos;
Investigar com mais rigor a influência da tensão mínima no concreto,
através de estudos que possam variar a temperatura aplicada durante o
ensaio;
Estudar o comportamento em fadiga do concreto quando submetido
simultaneamente à ação de diferentes níveis de tensão e freqüências
aplicadas;
Investigar a ação variável e aleatória da tensão máxima e da freqüência,
para aproximar os ensaios realizados em laboratório, das condições
reais de solicitação em campo;
Aplicação de diferentes métodos de cura do concreto, para o estudo da
influência deste parâmetro na fadiga dos pavimentos;
Adição de outros teores e tipos de fibras no concreto, para verificar a
eficácia deste tipo de reforço em pavimentos de CCG.
Utilizar relações entre tensões mais baixas, que possibilitem o estudo da
fadiga nos concretos quando submetidos a um grande número de
solicitações cíclicas.
176
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