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I
UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE
CENTRO DE TECNOLOGIA E RECURSOS NATURAIS
PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA AGRÍCOLA
KARINA DE SOUSA ANDRADE
DEGRADAÇÃO AMBIENTAL E RISCO A DESASTRE DESERTIFICAÇÃO NOS
MUNIPIOS DE SERRA BRANCA E COXIXOLA (CARIRI PARAIBANO) E
MIRANDELA (PORTUGAL): UMA ALISE COMPARATIVA
CAMPINA GRANDE – PB
Fevereiro, 2008
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II
UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE
CENTRO DE TECNOLOGIA E RECURSOS NATURAIS
PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA AGRÍCOLA
KARINA DE SOUSA ANDRADE
DEGRADAÇÃO AMBIENTAL E RISCO A DESASTRE DESERTIFICAÇÃO NOS
MUNIPIOS DE SERRA BRANCA E COXIXOLA (CARIRI PARAIBANO) E
MIRANDELA (PORTUGAL): UMA ALISE COMPARATIVA
Tese de Doutorado
Tese apresentada como requisito parcial para
obtenção do título de Doutor pelo Programa
de Pós-Graduação em Engenharia Agrícola
da Universidade Federal de Campina Grande.
Orientador: Doutor Marx Prestes Barbosa
Linha de pesquisa: Monitoramento e Controle
de Degradação Ambiental
CAMPINA GRANDE – PB
29 de fevereiro de 2008
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III
FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL DA UFCG
A553d
2008 Andrade, Karina de Sousa.
Degradação ambiental e risco a desastre desertificação nos município
s
de Serra Branca e Coxixola (cariri paraibano) e Mirandela (Portugal): uma
análise comparativa / Karina de Sousa Andrade. Campina Grande, 2008.
117f. : il.
Tese (Doutorado em Engenharia Agrícola)
Universidade Federal de
Campina Grande, Centro Tecnologia e Recursos Naturais.
Referências.
Orientador: Prof. Dr. Marx Prestes Barbosa.
Monitoramento e Controle de áreas Degradadas. I. Título.
CDU – 631.458 (043)
IV
V
Dedico,
à minha família, que nunca desistiu de mim, que
soube me dar apoio na medida certa, acreditando
e incentivando e soube me entender durante as
minhas ausências e momentâneos desequilíbrios
emocionais decorrentes da pressão que faz parte
do “pacote”.
VI
AGRADECIMENTOS
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), pela
concessão da bolsa de estudo no país e no exterior, através do Programa de Estágio
Doutorando (PDEE), sob a responsabilidade da Pró-Reitoria de Pós-Graduação da
Instituição, e em especial, ao Pró-Reitor Michel François Fossy, por essa oportunidade;
Ao Professor Dr. Marx Prestes Barbosa, que mesmo por acaso, me escolheu como
orientanda, e como orientador, paciente, integro e dimico, esteve presente nas
constantes divergências com o Departamento de Engenharia Agrícola, sempre lutando
pelos seus pupilos, por incentivo e por inovões, no que tange a interdisciplinaridade dos
conhecimentos e da pesquisa;
Ao Professor Dr. António de Sousa Pedrosa da Faculdade de Letras da
Universidade do Porto, que me orientou durante o peodo de esgio em Portugal, e à
Professora Dra. Fantina Pedrosa, que, sempre solícitos, forneceram todo suporte
necessário para realização desse trabalho, abrindo as portas do Curso Integrado de
Estudos s-Graduados em Gestão de Riscos Naturais da Faculdade de Letras do Porto;
Às prefeituras de Serra Branca e Coxixola, com especial agradecimento às
Secretarias de Saúde e aos Agentes Comunitários de Saúde dos dois munipios, que
dedicaram seu tempo e conhecimento nas entrevistas com a população rural, e conosco;
Ao Serviço Municipal de Protão Civil de Mirandela, nomeadamente, Sr. Marcelo
Lago e em especial à Maria Gouveia e Maria João, pelo apoio, atenção, dinamismo na
aquisão dos dados solicitados, companheirismo e amizade, que nos acompanharam no
Concelho de Mirandela, e também abriram suas casas para nos receber;
Aos funcionários Maria de Fátima, Miguel e Davi, do Laboratório de Sensoriamento
Remoto, Dona Rivanilda, Dona Cida, Dona Socorro e Dona Marlene, representando a
Coordenação de Pós-Graduão, pelo convívio, ajuda e boa vontade comigo, onde muitas
vezes, mesmo muito atarefados, não negaram informações, conhecimentos ou atenção;
Aos colegas de laborario do Departamento de Geografia da Universidade do
Porto, Andréia Pereira, Andréia Silva, Bruno, Cacilda, Carlos, Daniela, Is, Jo e
Sandra, por todo o trabalho, dedicão, amizade e disposão em ajudar;
A todos os amigos que conheci durante o tempo de curso do mestrado e
doutorado, representados aqui pela Karina Correia e pelo Erick Moreno, pela troca de
VII
experiências, de sentimentos, encorajamento e momentos de descontrão. (para o
Erick, mil desculpas extras pelosaperreioscom o computador);
Aos companheiros da residência universitária da D. Pedro V, representada pela
minha colega de quarto Aliuska, uma cubana com energia brasileira. Agrado os favores,
ateão, paciência com minhas chatices e brincadeiras, a todos os chazinhos, bolinhos e
chocolates, entre conversas infinitas e troca de experiências, que foram de fundamental
importância durante o tempo que passei longe de casa, sendo a minha nova casa;
Aos amigos brasucas, portugas, espanos, polacos, italianos, e de toda Europa,
que lá fora, me acolheram, e com todo carinho, atenção e nas inúmeras brincadeiras ou
em simples palavras de apoio, mostraram que podemos nos adaptar em qualquer canto
do mundo, e que a convivência com outras culturas, é a maior escola de todas;
A amiga e companheira de doutorado, Patrícia, que conviveu comigo esses 5
anos de doutorado, por compartilharmos juntas dificuldades dentro do curso, no
exterior, e em nossas vidas. Por me agüentar nos momentos mais estressantes, e
por confiar em mim como colega, amiga e mulher. Por ser uma irmã mais velha, me
aconselhando, abrindo meus olhos, sempre tão ponderada (até ponderada demais
em alguns momentos), e por rir comigo nos momentos mais “pérolas” desse
percurso. Sem você, não teria sido a mesma coisa. Que bom que estávamos juntas;
Aos meus amigos Cassandra, Clédson, Fabiano, Helder e Katyane que, em
qualquer canto do Brasil ou do mundo, a qualquer momento, nunca deixaram de
serem amigos, nunca me disseram um “não”, e estavam sempre presentes, nem que
fosse através do chat, telefone, ou em pensamentos, me ajudando, encorajando e
participando comigo dessa caminhada, e agora, sonho concretizado;
Aos meus pais, Rosália e Lafaelson, irmãos, Rogério e Daniel, filho, Carlos
Heitor, e minha avó, Joaninha, por mostrarem que a família é realmente o nosso
bem mais precioso, por tudo que representam pra mim, como exemplo, e símbolo de
força maior, e que se não fosse por vocês, nenhuma caminhada teria sido
começada, ou nenhuma conquista faria sentido;
Aos integrantes da banca em especial à Professora Vera Lúcia que, sempre
com uma disposição contagiante, me apresentou à pesquisa acadêmica, sendo
minha orientadora no primeiro projeto PIBIC que participei;
E a todos aqueles que, direta ou indiretamente, contribuíram para a
concretização desta tese, meu sincero agradecimento.
VIII
"Se depender de mim, nunca ficarei
plenamente maduro nem nas idéias, nem
no estilo, mas sempre verde, incompleto,
experimental".
Gilberto Freyre, Tempo morto e outros
tempos, 1926.
IX
RESUMO
DEGRADAÇÃO AMBIENTAL E RISCO A DESASTRE DESERTIFICAÇÃO NOS
MUNICÍPIOS DE SERRA BRANCA E COXIXOLA (CARIRI PARAIBANO) E
MIRANDELA (PORTUGAL): UMA ANÁLISE COMPARATIVA
Este trabalho teve o objetivo de fazer um estudo comparativo entre os municípios de
Serra Branca e Coxixola, localizados no Cariri Paraibano, Brasil e Mirandela, no
Norte de Portugal, avaliando o uso das terras agrícolas e identificando fatores que
colocam as populações desses municípios num Estado vulnerável, frente aos riscos
da seca e ao desastre desertificação. O uso do geoprocessamento, aliado ao
trabalho de reconhecimento de campo e à aplicação de questionários às famílias
rurais, serviram como base de estudo na análise do processo de degradação das
terras e vulnerabilidades físicas, econômicas, tecnológicas e sociais dos municípios
estudados. A pesquisa constatou que, no Cariri Paraibano, as terras agrícolas estão
severamente comprometidas pelo uso dos solos com a pecuária extensiva,
atualmente determinada pela ovinocaprinocultura. A intensiva ação antrópica nos
três municípios estudados, através do manejo inadequado dos solos e práticas
agrícolas não adaptadas à região, no caso de Serra Branca e Coxixola, têm sido
responsáveis pelo avanço na degradação das terras e erosão acelerada, que
desencadeou o risco a desertificação a níveis comprometedores. Os altos níveis de
desertificação encontrados em Serra Branca e Coxixola também são resultantes das
fortes limitações socioeconômicas das famílias rurais, da falta de uma infra-estrutura
de mitigação dos efeitos da seca e de políticas públicas adaptadas para viabilizar a
convivência dessas populações nas regiões semi-áridas do nordeste brasileiro.
Todos os três municípios apresentaram vulnerabilidades variando de alta a muito
alta, caracterizando a construção social dos riscos ao desastre desertificação, e que
os problemas das secas somente serão sanados por profundas transformações
sócio-econômicas, culturais e políticas, de âmbito nacional, nos dois países. A alta
vulnerabilidade global verificada em Mirandela é resultado da política pública única
adotada pela União Européia, e faz com que Portugal sofra com a pressão dos
países mais desenvolvidos da Europa visto que o mercado português ainda não
apresenta cnicas de produção agropecuária capazes de concorrer com os seus
países vizinhos. Assim, o país lusitano passa por um momento de reestruturação
econômica e busca no desenvolvimento tecnológico soluções para suprir as suas
necessidades econômicas e sociais.
PALAVRAS-CHAVE: degradação dos solos, vulnerabilidade, geoprocessamento
X
ABSTRACT
ENVIRONMENTAL DEGRADATION AND DESERTIFICATION DISASTER RISC IN
SERRA BRANCA AND COXIXOLA (CARIRI PARAIBANO) AND MIRANDELA
(PORTUGAL): A COMPARATIVE ANALISES
The objective of this comparative research is to evaluate Serra Branca and Coxixola
towns (located at the Cariri Paraibano Brazil) and Mirandela town (North of
Portugal). Both regions were evaluated concerning the soil degradation and
identifying factors that place the populations of these towns in a high vulnerability
status, face to the risks, particularly to drought disaster. The present study had been
based on use of GIS (with use of TM/Landsat 5 images) between 1987 and 2004,
ally to the field work and the forms application of forms to the rural families, and
source of data in the analysis of the land degradation process and physical,
economic, technological and social vulnerabilities on the studied area. The research
evidenced that the agricultural fields are severely compromised in Cariri Paraibano.
Presenting itself as a highly degradative activity of fields, the cattle raising extensive
practice is the mainly practical agriculturists responsible for erosion occurrence that
unchains processes of soil degradation. The soil degradation, particularly in Coxixola
and Serra Branca, results the lack of conservation practical in agricultural soils, a
strong social-economics limitations of the families, lack of drought mitigation
infrastructure and of inadequate public polices for field population; thus
demonstrating the social construction of desertification disaster risk in all researched
tows. The high global vulnerability in Mirandela is a result of the general public
polices in Europe, which is dissociated to the local reality in Portugal. They all had
presented vulnerabilities, variable to high or very high among them, which
characterize the social construction of the risks and droughts problems. This means
that it will only be solved by deep partner-economic and cultural transformations in
both regions.
KEYWORDS: soil degradation, vulnerability, geoprocessing
XI
LISTA DE FIGURAS
F
IGURA
1.
L
OCALIZAÇÃO DAS ÁREAS DE ESTUDO NO
E
STADO DA
P
ARAÍBA
,
B
RASIL
.
F
ONTE
:
IBGE
(2006),
ADAPTADO
............................................................................................................7
F
IGURA
2.
A
SPECTO DA VEGETAÇÃO LOCAL DE COXIXOLA EM
11/01/2007
(S
7
º
40’50,3’’;
O
36
º
37’32,7’’).
F
ONTE
:
K
ARINA DE
S
OUSA
A
NDRADE
...........................................................10
F
IGURA
3.
A
SPECTO DA VEGETAÇÃO LOCAL EM SERRA BRANCA EM
10/01/2007
(S
7
º
39’32,5’’;
O
36
º
36’05,2’’).
F
ONTE
:
K
ARINA DE
S
OUSA
A
NDRADE
...........................................................10
F
IGURA
4.
A
ÇUDE SALGADINHO EM
29/11/2003.
F
ONTE
:
K
ARINA DE
S
OUSA
A
NDRADE
...............11
F
IGURA
5.
A
ÇUDE SALGADINHO EM
03/02/2004.
F
ONTE
:
K
ARINA DE
S
OUSA
A
NDRADE
...............11
F
IGURA
6.
M
APA DA REDE DE DRENAGEM E ESTRADAS DOS MUNICÍPIOS DE
S
ERRA
B
RANCA E
C
OXIXOLA
,
PB...............................................................................................................12
F
IGURA
7.
M
APA DE SOLOS PARA OS MUNICÍPIOS DE
S
ERRA
B
RANCA E
C
OXIXOLA
,
ADAPTADO DE
P
ARAÍBA
(1978)
E
M
APA DE
S
OLOS DA
P
ARAÍBA
,
AESA
PB. .........................................13
F
IGURA
8.
NUT
I,
NUT
II,
NUT
III
E
C
ONCELHO DE
M
IRANDELA
.
F
ONTE
:
G
OUVEIA
,
2005...........17
F
IGURA
9.
P
ORTUGAL
,
D
ISTRITO DE
B
RAGANÇA
,
C
ONCELHO E
F
REGUESIAS DE
M
IRANDELA
.
F
ONTE
:
G
OUVEIA
,
2005....................................................................................................17
F
IGURA
10.
C
ARACTERIZAÇÃO DE SEMI
-
ARIDEZ NO
C
ONCELHO DE
M
IRANDELA
.
F
ONTE
:
INAG...18
F
IGURA
11.
B
ACIA HIDROGRÁFICA DO RIO
T
UA
,
AFLUENTE DO RIO
D
OURO
,
E PRINCIPAIS CURSOS
D
ÁGUA DE
M
IRANDELA
.
F
ONTE
:
G
OUVEIA
,
2005................................................................20
F
IGURA
12.
C
ARTA DE SOLOS DO
C
ONCELHO DE
M
IRANDELA
.
F
ONTE
:
G
OUVEIA
,
2005...............22
F
IGURA
13.
F
ÓRMULA DE IDENTIFICAÇÃO DAS CLASSES PARA
C
APACIDADE DE
U
SO DAS
T
ERRAS
.
F
ONTE
:
ADAPTADO DE
P
ARAÍBA
(1978)..............................................................................31
F
IGURA
14.
Á
REAS COM RISCO DE DESERTIFICAÇÃO EM
P
ORTUGAL
.
F
ONTE
:
INAG/DSRH.........36
F
IGURA
15.
S
EQÜÊNCIA DA EVOLUÇÃO DOS DIVERSOS TIPOS DE SECA
.
F
ONTE
:
V
ALIENTE
(2001)......................................................................................................................................48
F
IGURA
16.
M
APA DE CAPACIDADE DE USO DOS SOLOS PARA
S
ERRA
B
RANCA E
C
OXIXOLA
F
ONTE
:
P
ARAÍBA
(1978),
ADAPTADO
..............................................................................................51
F
IGURA
17.
D
ISTRIBUIÇÃO DAS CLASSES DE CAPACIDADE DE USO DAS TERRAS NOS MUNICÍPIOS DE
S
ERRA
B
RANCA E
C
OXIXOLA
,
PB....................................................................................53
F
IGURA
18.
M
APA DE USO ATUAL DO SOLO NOS MUNICÍPIOS DE
S
ERRA
B
RANCA E
C
OXIXOLA
,
PB
.....................................................................................................................................55
F
IGURA
19.
I
RRIGAÇÃO PRESSURIZADA DE HORTALIÇAS
,
EM
10/01/2008
(S
7
º
42’14,6’’;
O
36
º
37’01,3’’).
F
ONTE
:
K
ARINA DE
S
OUSA
A
NDRADE
...........................................................56
F
IGURA
20.
C
APIM IRRIGADO COM ASPERSORES
,
EM
10/01/2008
(S
7
º
42’14,6’’;
O
36
º
37’01,3’’).
F
ONTE
:
K
ARINA DE
S
OUSA
A
NDRADE
................................................................................57
XII
F
IGURA
21.
P
LANTIO DE SEQUEIRO DE MILHO E FEIJÃO CONSORCIADO NO PRIMEIRO PLANO
;
BANANA E COCO IRRIGADO NO SEGUNDO
,
EM
10/01/2008
(S
7
º
36’15,9;
O
36
º
40’30,5’’).
F
ONTE
:
K
ARINA DE
S
OUSA
A
NDRADE
................................................................................57
F
IGURA
22.
E
FETIVO DOS REBANHOS EM
C
OXIXOLA
,
PB.
F
ONTE
:
P
ESQUISA
P
ECUÁRIA
M
UNICIPAL
,
IBGE
2006.................................................................................................................58
F
IGURA
23.
E
FETIVO DOS REBANHOS EM
S
ERRA
B
RANCA
,
PB.
F
ONTE
:
P
ESQUISA
P
ECUÁRIA
M
UNICIPAL
,
IBGE
2006...............................................................................................58
F
IGURA
24.
D
ELIMITAÇÃO DA REGIÃO AGRÁRIA
T
RÁS
-
OS
-M
ONTES
.
F
ONTE
:
I
NSTITUTO DE
D
ESENVOLVIMENTO
R
URAL E
H
IDRÁULICA
,
2006.............................................................59
F
IGURA
25.
C
ARTA DE USO ATUAL DA
T
ERRA EM
M
IRANDELA
PT.
F
ONTE
:
G
OUVEIA
,
2005......60
F
IGURA
26.
M
APA DE USO DO EM PARTE DA FREGUESIA DE
M
IRANDELA
....................................61
F
IGURA
27.
P
LANTIO DE FRUTAS SECAS
.
F
ONTE
:
K
ARINA DE
S
OUSA
A
NDRADE
..........................62
F
IGURA
28.
P
LANTIO DE OLIVAL SEGUINDO O DECLIVE
,
VINHAS AO FUNDO
.
F
ONTE
:
K
ARINA DE
S
OUSA
A
NDRADE
..............................................................................................................62
F
IGURA
29
I
RRIGAÇÃO LOCALIZADA
.
F
ONTE
:
K
ARINA DE
S
OUSA
A
NDRADE
.................................62
F
IGURA
30.
O
VINOCAPRINOCULTURA SEMI
-
INTENSIVA
.
F
ONTE
:
K
ARINA DE
S
OUSA
A
NDRADE
. ....62
F
IGURA
31.
V
INHO E CEREAIS ARMAZENADOS PARA AUTO CONSUMO
.
F
ONTE
:
K
ARINA DE
S
OUSA
A
NDRADE
.........................................................................................................................62
F
IGURA
32.
P
RESUNTO
,
VINHO E AZEITE ARMAZENADOS PARA AUTO CONSUMO
.
F
ONTE
:
K
ARINA DE
S
OUSA
A
NDRADE
..............................................................................................................62
F
IGURA
33.
P
RODUÇÃO INDUSTRIAL DE QUEIJO DE OVELHA
.
F
ONTE
:
K
ARINA DE
S
OUSA
A
NDRADE
.........................................................................................................................62
F
IGURA
34.
M
APA DE COBERTURA VEGETAL DOS MUNICÍPIOS DE
S
ERRA
B
RANCA E
C
OXIXOLA NO
ANO DE
1987....................................................................................................................63
F
IGURA
35.
M
APA DE COBERTURA VEGETAL DOS MUNICÍPIOS DE
S
ERRA
B
RANCA E
C
OXIXOLA NO
ANO DE
2004.................................................................................................................64
F
IGURA
36.
M
APA DE DEGRADAÇÃO DOS SOLOS NOS MUNICÍPIOS DE
S
ERRA
B
RANCA E
C
OXIXOLA
,
EM
2004........................................................................................................................66
F
IGURA
37.
M
APA DE DESERTIFICAÇÃO DOS MUNICÍPIOS DE
S
ERRA
B
RANCA E
C
OXIXOLA EM
2004
.....................................................................................................................................69
F
IGURA
38.
D
ISTRIBUIÇÃO DA RENDA EM
S
ERRA
B
RANCA
,
PB....................................................71
F
IGURA
39.
D
ISTRIBUIÇÃO DA RENDA EM
C
OXIXOLA
,
PB............................................................71
F
IGURA
40.
S
ITUAÇÃO DA ASSISTÊNCIA TÉCNICA EM
S
ERRA
B
RANCA
,
PB..................................72
F
IGURA
41.
S
ITUAÇÃO DA ASSISTÊNCIA TÉCNICA EM
C
OXIXOLA
,
PB...........................................72
F
IGURA
42.
A
BASTECIMENTO DOMICILIAR EM
S
ERRA
B
RANCA
,
PB.............................................73
F
IGURA
43.
A
BASTECIMENTO DOMICILIAR EM
C
OXIXOLA
,
PB......................................................73
F
IGURA
44.
V
ULNERABILIDADE SOCIAL DE
S
ERRA
B
RANCA
,
PB..................................................75
XIII
F
IGURA
45.
V
ULNERABILIDADE SOCIAL DE
C
OXIXOLA
,
PB..........................................................75
F
IGURA
46.
V
ULNERABILIDADE SOCIAL DE
M
IRANDELA
,
PT.......................................................75
F
IGURA
47.
R
ECIPIENTES DE COLETA SELETIVA
.
F
ONTE
:
K
ARINA DE
S
OUSA
A
NDRADE
................76
F
IGURA
48.
L
IXO NOS CÓRREGOS
.
F
ONTE
:
K
ARINA DE
S
OUSA
A
NDRADE
....................................76
F
IGURA
49.
C
ASAS DE PEDRA
.
F
ONTE
:
K
ARINA DE
S
OUSA
A
NDRADE
..........................................77
F
IGURA
50.
C
ASAS DE PEDRA
.
F
ONTE
:
K
ARINA DE
S
OUSA
A
NDRADE
..........................................77
F
IGURA
51.
V
ULNERABILIDADE ECONÔMICA EM
S
ERRA
B
RANCA
,
PB,
2004................................77
F
IGURA
52.
V
ULNERABILIDADE ECONÔMICA EM
C
OXIXOLA
,
PB,
2007.........................................77
F
IGURA
53.
V
ULNERABILIDADE ECONÔMICA EM
M
IRANDELA
,
PT,
2006.......................................78
F
IGURA
54.
V
ULNERABILIDADE TECNOLÓGICA DE
S
ERRA
B
RANCA
,
PB,
2004.............................80
F
IGURA
55.
V
ULNERABILIDADE TECNOLÓGICA DE
C
OXIXOLA
,
PB,
2006......................................80
F
IGURA
56.
V
ULNERABILIDADE TECNOLÓGICA DE
M
IRANDELA
,
PT,
2006....................................80
F
IGURA
57.
U
SO DO SOLO EM
M
IRANDELA
,
PT..........................................................................81
F
IGURA
58.
P
RÁTICAS DE CONSERVAÇÃO REALIZADAS EM
M
IRANDELA
,
PT.................................81
F
IGURA
59.
P
ERCENTUAL DE PESSOAS QUE SABEM EXECUTAR OBRAS DE CONTENÇÃO NO
MUNICÍPIO DE
C
OXIXOLA
,
PB.............................................................................................81
F
IGURA
60.
P
ERCENTUAL DE PESSOAS QUE SABEM EXECUTAR OBRAS DE CONTENÇÃO NO
MUNICÍPIO DE
S
ERRA
B
RANCA
,
PB....................................................................................81
F
IGURA
61.
V
ULNERABILIDADE ÀS SECAS EM
S
ERRA
B
RANCA
,
PB,
2004....................................82
F
IGURA
62.
V
ULNERABILIDADE ÀS SECAS EM
C
OXIXOLA
,
PB,
2007............................................82
F
IGURA
63.
V
ULNERABILIDADE ÀS SECAS EM
M
IRANDELA
,
PT,
2006..........................................82
F
IGURA
64.
F
ORMAS DE ARMAZENAMENTO DE ÁGUA EM
C
OXIXOLA
,
PB ....................................84
F
IGURA
65.
F
ORMAS DE ARMAZENAMENTO DE ÁGUA EM
S
ERRA
B
RANCA
,
PB.............................84
F
IGURA
66.
A
BASTECIMENTO DOMICILIAR EM
C
OXIXOLA
,
PB......................................................84
F
IGURA
67.
A
BASTECIMENTO DOMICILIAR EM
S
ERRA
B
RANCA
,
PB.............................................84
XIV
LISTA DE TABELAS
T
ABELA
1.
D
ADOS CLIMATOGICOS MÉDIOS MENSAIS CONSIDERADOS PARA OS MUNICÍPIOS DE
S
ERRA
B
RANCA E
C
OXIXOLA
,
A PARTIR DO POSTO METEOROGICO DE
M
ONTEIRO
-
P
ERÍODO
:
1961-1990..9
T
ABELA
2.
C
LASSIFICAÇÃO EM FUNÇÃO DO ÍNDICE DE ARIDEZ
(AI)..............................................9
T
ABELA
3.
D
ISPONIBILIDADE HÍDRICA SUPERFICIAL
..................................................................11
T
ABELA
4.
D
ISTRIBUIÇÃO DOS SOLOS NOS MUNICÍPIOS DE
S
ERRA
B
RANCA E
C
OXIXOLA
,
PB......13
T
ABELA
5.
U
NIDADES DE SOLO ENCONTRADAS NOS MUNICÍPIOS DE
S
ERRA
B
RANCA E
C
OXIXOLA
,
PB.14
T
ABELA
6.
N
OMENCLATURA E CARACTERÍSTICAS DOS SOLOS ENCONTRADOS EM
M
IRANDELA
,
PT ........21
T
ABELA
7:
D
IVISÃO DAS CLASSES DE VULNERABILIDADE
(V) .....................................................34
T
ABELA
8.
P
OTENCIAL DE UTILIZAÇÃO DAS TERRAS EM
S
ERRA
B
RANCA E
C
OXIXOLA
,
PB...........52
T
ABELA
9:
C
LASSES DE USO DAS TERRAS E SUAS RESPECTIVAS ÁREAS DE EXTENSÃO
..........55
T
ABELA
10:
U
SO ATUAL DAS TERRAS EM
M
IRANDELA
,
PT,
ADAPTADO DE
G
OUVEIA
,
2005..........59
T
ABELA
11:
C
OBERTURA VEGETAL E SUA DISTRIBUIÇÃO AO LONGO DA ÁREA PARA OS ANOS DE
1987
E
2004,
PARA OS MUNIPIOS DE
S
ERRA
B
RANCA E
C
OXIXOLA
,
PB.........................................64
T
ABELA
12:
N
ÍVEIS DE DEGRADAÇÃO DAS TERRAS NOS MUNICÍPIOS DE
S
ERRA
B
RANCA E
C
OXIXOLA
,
PB................................................................................................................................66
T
ABELA
13.
C
ARACTERIZAÇÃO DOS ESTÁGIOS DE DESERTIFICAÇÃO DOS MUNICÍPIOS DE
S
ERRA
B
RANCA E
C
OXIXOLA
,
PB...............................................................................................69
T
ABELA
14.
Í
NDICES DE VULNERABILIDADE ENCONTRADOS NOS MUNICÍPIOS DE
S
ERRA
B
RANCA
,
C
OXIXOLA
(PB)
E
M
IRANDELA
(PT) ............................................................................................................85
XV
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ACS – Agente Comunitário de Saúde
AESA – Agência Executiva de Gestão das Águas do Estado da Paraíba
AGRIS* Medidas Agrárias de Desenvolvimento Rural
CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
CE – Comunidade Européia
CEDUC – Centro de Educação
CT – Centro de Tecnologia
CTRN – Centro de Tecnologia e Recursos Naturais
DGN – Formato do software Micro Station
DHG – Departamento de História e Geografia
DNOCS – Departamento Nacional de Obras Contra as Secas
DSC – Departamento de Sistemas e Computação
E – Leste
EMATER – Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural
EMBRAPA – Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
FAO – Organização das Nações Unidas para a Agricultura e a Alimentação
FUNCEME – Fundação Cearense de Meteorologia e Recursos Hídricos
GPS – Global Positioning System
IA – Índice de Aridez
IAI – Interamerican Institute for Global Change Research
IBAMA – Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IDRHa* – Instituto de Desenvolvimento Rural e Hidráulica
IGEO* – Instituto Geográfico Português
IGeoE* – Instituto Geográfico do Exército
IICA – Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura
INAG* – Instituto Nacional da Água
INCRA – Instituto de Colonização e Reforma Agrária
INE* – Instituto Nacional de Estatística
INPE – Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais
IPCC – Intergovernmental Panel on Climate Change
ISA* – Instituto Superior de Agronomia
IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada
ISRIC – International Soil Reference and Information Centre
ITDG – Intermediate Technology Development Group
IVDN – Índice de Vegetação por Diferença Normalizada
LA RED – Red de Estudios Sociales en Prevención de Desastres en América Latina
LANDSAT – Land Remote Sensing Satellite
Lat - Latitude
LMRS – Laboratório de Meteorologia Recursos Hídricos e Sensoriamento Remoto
Long – Longitude
MMA – Ministério do Meio Ambiente
NE – Nordeste
NUT* – Nomenclatura das Unidades Territoriais
O – Oeste
XVI
P – Precipitação
PACS – Programa de Agente Comunitário de Saúde
PANBRASIL – Programa de Ação Nacional de Combate à Desertificação e
Mitigação dos Efeitos da Seca
PB – Paraíba
PC – Principal Componente
PDEE – Programa de Estágio Doutorando no Exterior
PDI – Processamento Digital de Imagens
PDRH-PB – Plano Diretor de Recursos Hídricos da Paraíba
PERH – Plano Estadual de Recursos Hídricos
PNCD – Plano Nacional de Combate à Desertificação
PNRH – Política Nacional de Recursos Hídricos
PNUMA – Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente
PSF – Programa de Saúde da Família
RADAMBRASIL – Projeto do Ministério de Minas e Energia
RDD* – Região Demarcada do Douro
REDESERT – Rede de Informação e Documentação em Desertificação
RGB – Red-Green-Blue (Composição colorida vermelho-verde-azul)
RURIS* – Plano de Desenvolvimento Rural
S – Sul
SAD 69 – South American Datum 1969 (Datum Horizontal do Sistema Geodésico
Brasileiro)
SAFs Sistemas Agroflorestais
SCARTA – Software de Produção Cartográfica (módulo do SPRING)
SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas
SEDAP – Secretaria de Estado do Desenvolvimento da Agropecuária e da Pesca
SEMARH – Secretaria Extraordinária do Meio Ambiente, dos Recursos Hídricos e
Minerais
SHP – formato vetorial de um Sistema de Informações Geográficas
SIG – Sistema de Informações Geográficas
SISCAV – Sistema de Cálculo de Vulnerabilidades
SNGRHSistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos
SPRING – Sistema para Processamento de Informações Georreferenciadas
SUDEMA – Superintendência de Administração do Meio Ambiente
SUPLAN – Subcoordenadoria de Planejamento
SUS – Sistema Único de Saúde
TM – Thematic Mapper
UAEAg – Unidade Acadêmica de Engenharia Agrícola
UEPB – Universidade Estadual da Paraíba
UFCG – Universidade Federal de Campina Grande
UFPB – Universidade Federal da Paraíba
UNCCD – Convenção das Nações Unidas para o Combate à Desertificação
UTAD*
1
– Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro
UTM – Universal Transverse Mercator
*
Abreviaturas e siglas utilizadas em Portugal
XVII
SUMÁRIO
RESUMO
IX
ABSTRACT
X
LISTA
DE
FIGURAS
XI
LISTA
DE
TABELAS
XIV
LISTA
DE
SIGLAS
E
ABREVIATURAS
XV
CAPÍTULO
1
-
ELEMENTOS
INTRODUTÓRIOS
1
1.1
INTRODUÇÃO 2
1.2
OBJETIVO 4
1.2.1
O
BJETIVOS
E
SPECÍFICOS
4
CAPÍTULO
2
-
DESCRIÇÃO
DAS
ÁREAS
DE
ESTUDO 6
2.1
SERRA
BRANCA
E
COXIXOLA,
CARIRI
PARAIBANO,
BRASIL 7
2.1.1
C
LIMA
8
2.1.2
V
EGETAÇÃO
10
2.1.3
R
ECURSOS HÍDRICOS
11
2.1.4
S
OLOS
12
2.1.5
G
EOLOGIA
15
2.1.6
E
CONOMIA
15
2.2
MIRANDELA,
PORTUGAL 16
2.
2.1
C
LIMA
18
2.2.2
G
EOMORFOLOGIA
19
2.2.3
R
ELEVO
19
2.2.4
R
ECURSOS
H
ÍDRICOS
20
2.2.5.
S
OLOS
21
2.2.6
V
EGETAÇÃO
23
2.2.7
E
CONOMIA
23
CAPÍTULO
3
-
METODOLOGIA______________________________________________ 25
3.1
AQUISIÇÃO
DOS
DADOS 26
3.1.1
D
ADOS
O
RBITAIS
26
3.1.2
D
ADOS
C
ARTOGRÁFICOS E
T
EMÁTICOS
26
3.2
EQUIPAMENTOS
E
APLICATIVOS 27
3.3
BANCO
DE
DADOS
GEORREFERENCIADO 27
3.4
INTERPRETAÇÃO
VISUAL
DAS
IMAGENS 28
3.4.1
P
ROCESSAMENTO
D
IGITAL DAS
I
MAGENS
(PDI) 28
3.5
POTENCIAL
DE
UTILIZAÇÃO
DAS
TERRAS 31
3.6
AVALIAÇÃO
DAS
VULNERABILIDADES 32
XVIII
3.6.1
P
ARÂMETRO DE
D
ETERMINAÇÃO DOS
F
ATORES DE
V
ULNERABILIDADE
33
3.7
TRABALHO
DE
CAMPO 35
3.8
INTERCÂMBIO 35
CAPITULO
4
-
REVISÃO
BIBLIOGRÁFICA E
RRO
!
I
NDICADOR NÃO DEFINIDO
.
4.1
DEGRADAÇÃO
DO
SOLO 38
4.2
DESERTIFICAÇÃO 40
4.3
A
RETIRADA
DA
VEGETAÇÃO 41
4.4
O
USO
DO
SENSORIAMENTO
REMOTO 42
4.5
CLASSES
DE
CAPACIDADE
DE
USO
DAS
TERRAS 44
4.6
DESASTRES 45
4.7
A
SECA 47
4.7.1
C
LASSIFICAÇÃO DAS
S
ECAS
48
CAPITULO
5
-
RESULTADOS
E
DISCUSSÕES E
RRO
!
I
NDICADOR NÃO DEFINIDO
.
5.1
CAPACIDADE
POTENCIAL
DE
USO 51
5.2
USO
ATUAL
DAS
TERRAS 54
5.3
COBERTURA
VEGETAL
1987
X
2004 63
5.4
DEGRADAÇÃO 65
5.5
DESERTIFICAÇÃO 68
5.6
PERDAS
E
DANOS 70
5.7
VULNERABILIDADE
SOCIAL 74
5.8
VULNERABILIDADE
ECONÔMICA 77
5.9
VULNERABILIDADE
TECNOLÓGICA 79
5.10
VULNERABILIDADE
À
SECA 82
CAPÍTULO
6
-
CONSIDERAÇÕES
FINAIS E
RRO
!
I
NDICADOR NÃO DEFINIDO
.
6.1
CONCLUSÕES 89
6.2
MEDIDAS
DE
MITIGAÇÃO
E
PREVENÇÃO 89
REFERÊNCIAS E
RRO
!
I
NDICADOR NÃO DEFINIDO
.
APÊNDICE
1
MAPOTECA 100
ANEXO
1
-
DESCRIÇÃO
DAS
UNIDADES
DE
SOLO
E
ASSOCIAÇÕES
ENCONTRADOS
EM
SERRA
BRANCA
E
COXIXOLA 100
ANEXO
2
-
MODELO
DO
QUESTIONÁRIO
APLICADO
ÀS
FAMÍLIAS
RURAIS 111
ANEXO
3
-
CARACTERÍSTICAS
E
TABELAS
UTILIZADAS
NO
MAPA
DE
CAPACIDADE
DE
USO 114
1
1º Capítulo
1º Capítulo1º Capítulo
1º Capítulo
Elementos
Elementos Elementos
Elementos
Introdutórios
IntrodutóriosIntrodutórios
Introdutórios
Mirandela
-
PT
2
1.1 INTRODUÇÃO
Em um contexto global, tem-se verificado que a população pobre das regiões
semi-áridas geralmente é marcada pelo ruralismo tradicional, com pouco acesso ao
mercado, extrema dificuldade de absorção de novas tecnologias, hábitos fixados
através de gerações e com uma relação extremamente paternalista com o Estado.
Atualmente, sobressaem nessas áreas a policultura de autoconsumo, a
pecuária extensiva e alguns pólos mais de agricultura irrigada, sendo que estas
atividades tradicionais vêm sofrendo constantes perdas em sua produção em função
do despreparo das populações rurais às adversidades climáticas, além de passar
por problemas decorrentes da perda de produtividade dos solos e,
conseqüentemente, de competitividade nos mercados.
A atividade agrícola tanto produz riscos ao meio ambiente como é alvo de
riscos de agentes sociais externos. Estes riscos são os principais fatores produtores
das vulnerabilidades humanas, pela exclusão social e econômica da população mais
pobre. A produção do espaço rural desde o início da colonização, baseado no
sistema capitalista de produção, a mais valia, desencadeou a construção dos riscos
ao desastre da desertificação no semi-árido.
A vulnerabilidade dessa população está intimamente ligada aos processos
sociais que ali vêm se desenvolvendo, como também à fragilidade, ao risco e à falta
de políticas públicas para mitigação das diferentes ameaças.
No semi-árido nordestino brasileiro, esse sistema de vulnerabilidade se
caracteriza por uma sucessiva implementação de políticas públicas assistencialistas
voltadas ao desenvolvimento dessas regiões. Pode-se acrescentar que essa
dinâmica reflete problemas de ordem estrutural com fortes reflexos ambientais.
Quando as oportunidades de renda e de acesso ao mercado são limitadas
estruturalmente, uma tendência à sobre exploração dos recursos naturais como
medida compensatória, com efeitos de médio prazo sobre a qualidade ambiental e
sobre as possibilidades de manter a população fixada na região. Isso acaba por
gerar pressões no sentido do deslocamento espacial das populações que não
conseguem resolver seus problemas localmente (MATALO JÚNIOR, 2001).
3
A magnitude dos riscos e dos desastres a eles associados, depende da infra-
estrutura e do modelo de desenvolvimento. Seu paroxismo recai sobre uma
problemática bastante pertinente dos dias atuais, a desertificação.
Os estudos de Ferreira et al. (1994) indicam que o processo de desertificação
na região semi-árida brasileira vem comprometendo seriamente uma área de
181.000 km
2
, com a geração de impactos difusos e concentrados sobre o território.
Nas áreas onde ocorrem os impactos difusos, os danos ambientais produzidos
resultam em erosão dos solos, empobrecimento da Caatinga e degradação dos
recursos hídricos, com efeitos diretos sobre a qualidade de vida da população.
nas áreas onde os efeitos estão concentrados em pequena parte do território, os
danos ocorrem com profunda gravidade, configurando o que se chama de Núcleo de
Desertificação.
Sampaio & Menezes (2002) identificaram algumas das causas que provocam
esse fenômeno: desmatamento, práticas inadequadas do uso do solo (queimadas,
produção de lenha e carvão, sobre-pastoreio e cultivo excessivo) e até modelos de
desenvolvimento regionais com caráter imediatista e com reduzida preocupação com
o equilíbrio ambiental. O resultado traduz-se no avanço de erosão e da salinização
em algumas áreas.
Sob uma ótica agrícola, o nível de degradação dos solos e as condições de
vulnerabilidade das famílias do meio rural constituem fatores determinantes dos
riscos a desastres em um determinado local.
Os impactos ambientais podem ser observados na destruição da
biodiversidade (flora e fauna), na diminuição da disponibilidade e rebaixamento da
qualidade dos recursos hídricos, no assoreamento de rios e reservatórios e na
degradação dos solos. Todos estes fatores reduzem a capacidade produtiva da
terra, diminuindo a produtividade agrícola com conseqüência danosa para a
economia local, regional e nacional, refletida no empobrecimento da população.
Essas informações traduzem a realidade da vulnerabilidade cio-econômica
e/ou físico-ambiental em que se encontram os municípios do Cariri Paraibano, e em
que se encaminham algumas áreas do norte de Portugal, o que configura um
exemplo clássico da construção social dos riscos.
É necessário, portanto, estudar detalhadamente os fatores ambientais,
econômicos sociais, culturais e políticos que induzem o aumento das
4
vulnerabilidades de uma população frente aos riscos e as ameaças da seca e ao
desastre desertificação.
A investigação comparativa é capaz de detectar um amplo horizonte de
padrões da construção social dos riscos e dos desastres, com um alto nível de
resolução e entendimento dos processos físicos, sociais, econômicos, políticos e
territoriais, que se encontram na base de sua evolução.
Assim, torna-se extremamente necessário elaborar ações que impeçam um
maior alastramento da desertificação nas terras do semi-árido. Primeiro, para mitigar
o processo. Segundo, para recuperar o que foi degradado. Ambas igualmente
trabalhosas, sendo que a segunda, é bem mais onerosa. Portanto, trata-se do
desencadeamento de uma política de prevenção, envolvendo capacitação de
recursos humanos, conscientização da população sobre o uso inadequado do solo e
da água e repasse de tecnologias adequadas respeitando a especificidade de cada
região.
1.2 OBJETIVO
Avaliar a vulnerabilidade de localidades rurais, frente aos riscos e ameaças da
seca e do desastre desertificação, através de um estudo comparativo entre os
municípios de Serra Branca e Coxixola, localizados no Cariri Paraibano, e Mirandela,
no Norte de Portugal; bem como analisar e condensar as informações referentes ao
estudo dos recursos naturais nesses municípios, de maneira simples e qualificada,
para servir como instrumento de gestão e tomada de decisão.
1.2.1 Objetivos Específicos
Identificar áreas em processo de degradação ambiental através da utilização de
técnicas de geoprocessamento;
5
Fazer um estudo da evolução da degradação/desertificação associado à
cobertura vegetal dos solos, entre os anos de 1987 a 2004, utilizando imagens de
satélite nos municípios de Serra Branca e Coxixola, na Paraíba;
Diagnosticar qualitativamente as áreas afetadas pelos principais aspectos
limitantes quanto ao uso do solo, que são: salinidade/sodicidade; erosão;
drenagem superficial; drenagem subterrânea; perda de fertilidade;
compactação elevada (natural ou provocada); acidez; baixa retenção de umidade;
baixa concentração de matéria orgânica; pedregosidade e rochosidade;
Analisar do ponto de vista da dinâmica dos sistemas naturais: o uso das terras, a
cobertura vegetal, os níveis de degradação das terras e os estágios de
desertificação nos municípios de Serra Branca e Coxixola, na Paraíba, e
compará-los com Mirandela, no norte português;
Estudar os fatores que configuram a construção social dos riscos a desastre dos
diferentes processos que operam na região e que determinam as hipóteses
desses riscos.
6
2º Capítulo
2º Capítulo2º Capítulo
2º Capítulo
Descrição das
Descrição das Descrição das
Descrição das
Áreas de Estudo
Áreas de EstudoÁreas de Estudo
Áreas de Estudo
Coxixola
-
PB
7
2.1 SERRA BRANCA E COXIXOLA, CARIRI PARAIBANO, BRASIL
O estudo foi realizado em uma área central do Estado da Paraíba nos
municípios de Serra Branca e Coxixola (Figura 1), que estão situados na
Mesorregião da Borborema e Microrregião do Cariri Ocidental e localizados na
Superfície Aplainada do Planalto da Borborema (PARAÍBA, 2006).
Figura 1. Localização das áreas de estudo no Estado da Paraíba, Brasil. Fonte: Fonte: IBGE
(2006), adaptado
O município de Serra Branca, distante 230,8 km da capital do Estado, João
Pessoa, tem sua sede municipal localizada nas coordenadas geográficas: 07º29’00”
de latitude Sul, e 36º39’54” de longitude Oeste do Meridiano de Greenwich, e sua
altitude é de 493 m. Limita-se com os municípios São João do Cariri, Parari, São
8
João dos Cordeiros, Sumé, Congo e Coxixola. A região foi habitada pelos índios
Cariris, oleiros habilidosos, e sua primeira fazenda de gado surgiu por volta do ano
de 1820. O município foi emancipado em 1959. Sua área total é de,
aproximadamente, 737,74 km
2
, e segundo dados do IBGE (2006), possui uma
população estimada em 12.054 habitantes e densidade populacional é de 16,3
hab/km
2
.
Coxixola tem sua sede municipal localizada nas coordenadas geográficas:
07º37’36” de latitude Sul, e 36º36’21” de longitude Oeste do Meridiano de
Greenwich, e altitude de 475 m. Distante 247 km da capital, é considerado o menor
município da Paraíba, com uma área de cerca de 119,06 km
2
, mas tem criado
projetos, para incentivar seus habitantes a terem oportunidade num município
castigado pela seca. Segundo contam os moradores mais antigos, alguém que
passava ao sul de Coxixola, encontrou caboclos que batiam tijolos. Quando
interrogados porque faziam tijolos, responderam: “vamos fazer um cochicholo” (casa
pequena em Tupi-Guarani). Daí teve origem o nome do município, que deixou de ser
distrito de Serra Branca em 1994. De acordo com o IBGE (2006), possui uma
população de 1.719 habitantes e densidade populacional de 14,45 hab/km
2
.
2.1.1 Clima
Na classificação de Köppen, que se baseia fundamentalmente na
temperatura, na precipitação e na distribuição de valores de temperatura e
precipitação durante as estações do ano, o clima nos dois municípios estudados é
do tipo BSh: semi-árido quente onde a primeira letra maiúscula, representa a
característica geral do clima da região [B: climas secos (chuvas anuais abaixo de
500 mm)]; a segunda letra, maiúscula, [S: clima semi-árido (chuvas anuais entre 250
e 500 mm)], e a terceira letra, minúscula, [h: deserto ou semi-deserto quente
(temperatura anual média igual ou superior a 18ºC)], (BRASIL, 1972).
O regime pluviométrico da região tem comportamento bem distinto,
caracterizando-se pela irregularidade espacial e temporal das chuvas, pela
ocorrência de chuvas torrenciais e pela concentração de mais de 70% do total
9
precipitado em apenas três a quatro meses do ano. as taxas de evaporação
observadas evidenciam os meses de outubro, novembro, dezembro e janeiro com
maiores quantidades de evaporação e o período de fevereiro a junho, com as
menores taxas (Tabela 1).
A definição de aridez para fins de aplicação no Plano de Ação de Combate à
Desertificação, elaborado pelas Nações Unidas, baseou-se na metodologia
desenvolvida por Thornthwaite (1941), com posterior ajustamento por Penman
(1953), quando o índice de aridez (IA) de uma região depende da quantidade de
água advinda da chuva (P) e da evapotranspiração potencial (ETP). As classes de
variação para este índice são apresentadas na Tabela 2. que a
evapotranspiração média da região é em torno de 2.000 mm/ano, os municípios de
Serra Branca e Coxixola encontram-se na classe de semi-aridez, segundo este
índice.
Tabela 1. Dados climatológicos médios mensais considerados para os municípios de Serra
Branca e Coxixola, a partir do posto meteorológico de Monteiro - Período: 1961-1990
Fonte: LMRS - Estação de Monteiro: (Latitude: S 07.53
O
; Longitude: O 37.04
O
).
Tabela 2. Classificação em função do índice de aridez (AI)
Classificação IA (P/EV)
Hiper-árido IA<0,05
Árido 0,05<IA<0,2
Semi-árido 0,21<IA<0,50
Sub-úmido seco 0,51<IA<0,65
Sub-úmido úmido 0,66<IA<1,00
Úmido IA>1,00
Fonte: FUNCEME, 2007.
Dados
Metereol.
jan. fev. mar. Abr maio jun. jul. ago. set. out. nov. dez. ano
Pressão
(hPa)
943,9 943,3 943,3 944 944,9 946,3 947 946,7 946 945 943,4 943 944,7
T. Média (ºC) 24,2 23,5 24,6 23,6 22,7 21,6 21,3 22 23 24,5 25,2 25,4 23,4
T. Máx. (ºC) 33,3 31,3 30,4 29,5 28,6 27,6 27,8 29,1 30,4 32,1 32,7 32,4 30,4
T. Mín. (ºC) 19,6 19,6 20 20,2 20,5 16,5 15,6 15,3 15,8 18,2 19,1 19,6 18,3
P. Média
(mm)
58,7 107,9 157 151 67,1 45,9 39,7 37 11 14,5 11,3 37,3 738,6
EV Média
(mm)
232,8 177,7 156,4 116 114,6 127 156 205,7 239 363 266,1 273 2328
UR Média
(%)
66 68 73 78 77 77 75 68 66 61 60 60 69,1
Isolação
Total (h)
239,3 225,4 215,1 194 196,1 185,2 193 241,4 248 253,4 213,1 254 2657
10
2.1.2 Vegetação
A vegetação predominante da área é a Caatinga hiperxerófila, caracterizada
por vegetais de porte variável arbóreo (8 a 12 metros), arbustivo (2 a 5 metros) e o
herbáceo (abaixo de 2 metros), geralmente aberta e de caráter xerófilo; o xerofitismo
é a propriedade que a planta tem de resistir à seca, perdem as folhas na estação
das secas (espécies caducifólias), em qualquer grau, em qualquer ambiente. Esta
vegetação vem sofrendo com a pressão antrópica, sendo devastada ao longo dos
anos desde a colonização da região, existindo poucos exemplares da formação
primitiva, geralmente encontrado nas áreas mais elevadas (Figuras 2 e 3).
Com as visitas de campo foram identificados os principais representantes da
Caatinga características da região, também citados por Gomes (2005), que são:
jurema (Mimosa hostilis), juazeiro (Zizyphus joazeiro), pinhão bravo (Jatropha
pohliana), xique-xique (Pilosocereus gounelli), catingueira (Caesalpinia pyramidalis),
pereiro (Aspidosperma pirifolium), marmeleiro (Croton sonderianus), angico
(Anadenanthera macrocaipa), coroa de frade (Melocactus bahiensis), cacto
mandacaru (Cereus jamacaru), entre outros.
Figura 3. Aspecto da vegetação local de
Serra Branca em 10/01/
2007 (S 7º39’32,5’’;
O 36º36’05,2’’). Fonte: Karina de Sousa
Andrade.
Figura 2
. Aspecto da vegetação local de
Coxixola em 11/01/2007 (S 4050,3’’; O
36º37’32,7’’). Fonte: Karina de Sousa
Andrade
.
11
2.1.3 Recursos hídricos
O município de Serra Branca encontra-se inserido nos domínios da bacia
hidrográfica do Rio Paraíba, dividido entre a região do Alto Paraíba e a sub-bacia do
Rio Taperoá. Seus principais tributários são os rio Serra Branca e o Sucuru. Suas
principais fontes hídricas de acumulação são os açudes Serra Branca I e Serra
Branca II, quantificados na Tabela 3.
Tabela 3. Disponibilidade hídrica superficial
Açudes Volume máximo (m
3
)
Serra Branca I 2.117.000
Serra Branca II 14.042.568
Fonte: LMRS, 2004.
Além desses reservatórios públicos, existem pequenos açudes espalhados
heterogeneamente pelos municípios, aproveitados, quando com água suficiente,
para abastecimento humano e animal, pequena irrigação e cultivo de vazantes,
como mostram as Figuras 4 e 5 do Açude Salgadinho do Município de Serra Branca,
em duas épocas distintas, antes e depois do período chuvoso.
Coxixola está completamente inserido na bacia hidrográfica do Rio Paraíba,
região do Alto Paraíba. O principal curso d’água é o rio Sucuru. A Figura 6 ilustra a
rede de drenagem e estradas para a área estudada.
Todos os cursos d’água têm
regime de escoamento intermitente e o padrão de drenagem é o dendrítico. Todos
os mapas, citados na forma de figura ao longo do texto, estão apresentados no
Apêndice 1, no seu formato original, tamanho A4.
Figura 4. Açude Salgadinho em 29/11/2003.
Fonte: Karina de Sousa Andrade.
Figura 5. Açude Salgadinho em 03/02/2004.
Fonte: Karina de Sousa Andrade
12
Figura 6. Mapa da rede de drenagem e estradas dos municípios de Serra Branca e
Coxixola, PB.
2.1.4 Solos
No mapa de reconhecimento de solos (Figura 7), estão contidas as classes
identificadas nos municípios de Serra Branca e Coxixola, e foi confeccionado a partir
de Brasil (1972) e Paraíba (1978), um trabalho de levantamento em campo e de
reconhecimento de componentes ambientais como relevo, geologia, vegetação e
uso das terras.
Através do mapa de reconhecimento do solo, foi possível concatenar as
informações de solo e sua distribuição nos munipios, conforme verificado na Tabela 4.
Uma descrição sucinta das unidades de solos com suas principais
características e utilização é apresentada na Tabela 5. No Anexo 1, consta a
descrição detalhada de cada associação das unidades de solo identificadas na área.
13
A antiga nomenclatura de classificação dos solos foi mantida, em virtude de,
até o momento, não ter sido encontrado nenhum estudo específico e detalhado com
a nova nomenclatura para a área estudada, e a própria Embrapa (1999),
desaconselha a simples correlação entres os nomes sem haver um estudo
detalhado, em que seja levado em consideração as características do solo em
associações, acentuando a complexidade desta alteração.
Entretanto, uma correlação direta aproximada, até o segundo nível categórico
da nova nomenclatura, conforme Embrapa (2006), foi introduzida na Tabela 5,
limitando-se a esse nível, já que não foi realizada a reclassificação dos solos.
Figura 7. Mapa de solos para os municípios de Serra Branca e Coxixola, adaptado de
Paraíba (1978) e Mapa de Solos da Paraíba, AESA – PB.
Tabela 4. Distribuição dos solos nos municípios de Serra Branca e Coxixola, PB
Solo Representação Extensão (km
2
) Total abrangido (%)
Aluvial eutrófico Ae 76,51 8,87
Bruno não cálcico NC 167,25 19,41
Litólico Re 449,02 52,08
Regossolo REe 41,24 4,78
Vertissolo V 128,09 14,86
Total 862,11 100
14
Tabela 5. Unidades de solo encontradas nos municípios de Serra Branca e Coxixola, PB
TIPO DE
SOLO
EMBRAPA
(1999)
PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS UTILIZAÇÃO
Bruno não
cálcico
NC 25
NC45
NC 49
Luvissolo
Hipocrômico
TP
São solos minerais pouco profundos ou rasos, o
hidrorficos, com argila de atividade alta.
Apresentam horizonte superficial de colorão marrom
não muito escuro, eutficos com horizonte A de
consistência dura a muito dura, quando secos,
estrutura maciça ou em blocos fracamente
desenvolvidos. o solos que apresentam uma
tendência muito forte à eroo e ocorrência de forte
pedregosidade na superfície. O contdo de cálcio,
magsio e potássio é alto. São comuns no semi-árido
brasileiro, onde as chuvas escassas, mal distribuídas e
de altas intensidades e baixas durações, contribuem
para que sejam rasos, por dificultar a decomposição
das rochas enquanto que as chuvas intensas
provocam forte erosão.
Sua utilização é restrita devido ao
clima, à pedregosidade e à pouca
profundidade. Os principais usos
encontrados no semirido o
algodão mocó, pecuária extensiva
e culturas de subsistência.
Vertissolo
V2
V13
Vertissolo
Cromado
VC
São solos argilosos a muito argilosos, com elevado
teor de argila do tipo 2:1 (montmorilonita), que se
caracteriza por expandir com o umedecimento e se
contrair em condições de pouca umidade, provocando
a formação de fendas que, podem atingir 10 a 20 cm
de largura na superfície e estendem-se a
profundidades de 50 a 100 cm. Situam-se
normalmente em baixadas planas. Proporcionam um
escoamento fraco ou médio no início das chuvas,
período em que apresentam profundas fendas.
Entretanto, quando saturados com água, devido à
expansão de suas argilas e conseqüente fechamento
das fendas, podem provocar um escoamento muito
elevado, essas características, aumentam a
irregularidade dos escoamentos.
No semi-árido m sido utilizados
para culturas de algodão com
pecria extensiva em meio à
vegetão natural, feijão e milho.
Solo
Aluvial
Eutrófico
Ae3
Ae6
Neossolos
Flúvicos
RU
Esta unidade é constitda por solos pouco
desenvolvidos, provenientes de deposições fluviais,
constituídos de camadas alternadas e,
freentemente, de classes texturais distintas, que
apresentam um horizonte A bem desenvolvido
assentado diretamente sobre o horizonte C, composto
de camadas estratificadas das decomposões
sedimentares sem nenhuma relão genética entre si.
Tem saturação de bases alta (V%), saturação com
alunio praticamente nula e atividade de argila alta
(Ta).
Possuem grande potencialidade
agrícola pela proximidade às
áreas de várzea. Na região semi-
árida do nordeste este tipo de solo
oferece melhor condão de
umidade e o os mais
importantes para a região para o
cultivo de culturas irrigadas ou de
sequeiro.
Solo
Litólico
Re20
Re23
Re25
Re39
Re66
Re70
Neossolo
Litólico
RL
São solos pouco desenvolvidos, rasos ou muito rasos,
apresentando alta pedregosidade e/ou rochosidade à
supercie. Possuem forte drenagem, e devido a sua
reduzida espessura e ao relevo são comumente muito
suscetíveis à erosão.
Sua grande limitação es
relacionada à pequena
espessura, o que dificulta a
penetração do sistema radicular
das plantas. São indicados para
reservas naturais, reflorestamento
e pastagens. Essa limitão é
acentuada no semi-árido.
Regossolo
REe17
Neossolo
Regolítico
RR
São solos de textura arenosa (com menos de 15% de
argila) e que possuem minerais pririos de cil
intemperizão, como mica e feldspato. Variam em
profundidade de pouco a muito profundos, o bem
drenados a excessivamente drenados. Ocupam
regiões com relevo plano e suave ondulado.
São utilizados para a agricultura
devido à reserva de nutrientes e à
textura arenosa, que facilita a
cultura não mecanizada. São
comumente cultivados mandioca,
milho, feijão, algodão herbáceo,
palma forrageira, sisal e
pastagens. A vocação natural é o
uso com pequena agricultura, não
sendo recomendada utilizão
intensiva com alta tecnologia e
insumos em grandes
propriedades.
Fonte: Paraíba (1978), Embrapa (1999), Prado (2003), adaptados.
15
2.1.5 Geologia
Sabe-se que as rochas são as fontes do material originário dos solos, que
constitui importante fator de formação. Nos municípios paraibanos estudados,
predominam a geologia do Pré-Cambriano (CD), representado por gnaisses e
migmatitos, com presença acentuada sobre os terrenos sedimentares da maior parte
do Estado. Ocorrem sempre associados com micaxistos e granitos, incluindo diques
de quartzo (PARAÍBA, 1978).
Os gnaisses usualmente quartzo-feldspáticas, de granulação dia a grossa
e com moderada a forte orientação planar (foliação gnáissica). Esse tipo de
orientação planar favorece o desenvolvimento de estruturas intemperizadas, uma
vez que a brica da rocha é composta por materiais de diferentes propriedades
mecânicas. Os migmatitos são rochas de composição e estruturas heterogêneas e
de granulação média a grossa; sua origem pode ser dada pela fusão parcial de
rochas pré-existentes ou injeção de materiais graníticos em rochas gnáissicas. Os
gnaisses e os migmatitos apresentam grande resistência mecânica, desde que o
padrão de falhas e fraturas existente não favoreça a intemperização da mesma,
assim, devido a sua grande heterogeneidade, possuem grande tendência à erosão.
(MAGALHÃES & CELLA, 1998).
2.1.6 Economia
A pecuária extensiva, de bovinocultura e ovinocaprinocultura, e a agricultura
familiar, destacam-se como principais atividades econômicas da região, mas ainda
estão em fase de ascensão. Juntos, os municípios de Serra Branca e Coxixola
possuem o efetivo dos rebanhos, estimados segundo o IBGE (2006), de mais de
4.000 cabeças de bovinos, 32.500 cabeças de caprinos e 20.000 ovinos. A área
aproximada de lavouras permanentes é de mil hectares e mais de 6 mil hectares
com lavouras temporárias.
16
A fragilidade dessas atividades agrícolas deve-se principalmente ao fato de
existir métodos rudimentares de uso do solo que prejudicam sua fertilidade, a
exemplo das queimadas, da ausência de práticas de conservação do solo e do
combate a erosão, além da inconstância pluviométrica, atingindo diretamente a
população local.
O cultivo é realizado na maior parte em minifúndios. As principais culturas
destas áreas são o milho, feijão, mandioca, jerimum, palma e fruteiras como
mangueiras, bananeira, cajueiro, coqueiro, que em sua maioria, são destinados ao
consumo familiar e ao comércio interno do Estado. Mas não se excluem a presença
de latifúndios, compreendendo as áreas mais degradadas e onde, geralmente, estão
localizadas as principais reservas hídricas, evidenciando ainda mais a situação de
vulnerabilidade da região.
No semi-árido, o predomínio da produção animal é explicado pelo fato das
limitações climáticas que a região geralmente enfrenta. Além disso, os solos são
rasos e pedregosos.
2.2 MIRANDELA, PORTUGAL
É uma cidade portuguesa situada nas margens do rio Tua. De acordo com a
Nomenclatura das Unidades Territoriais (NUT) para fins estatísticos, o Concelho
2
insere-se nas NUT I - Portugal, NUT II - Norte e na NUT III - Alto Trás-os- Montes
(Figura 8).
O Concelho de Mirandela situa-se no Distrito de Bragança, a Norte dos
Concelhos de Alfândega da Fé, Carrazeda de Ansiães e Vila Flor; a Leste dos
Concelhos de Murça e Valpaços; a Oeste do Concelho de Macedo de Cavaleiros; e
a Sul do Concelho de Vinhais, conforme ilustrado na Figura 9.
2
Em Portugal utiliza-se tanto a designação município quanto Concelho, apesar da segunda ser mais frequente.
17
Figura 8. NUT I, NUT II, NUT III e Concelho de Mirandela. Fonte: Gouveia, 2005.
Figura. 9. Portugal, Distrito de Bragança, Concelho e Freguesias de Mirandela. Fonte:
Gouveia, 2005.
Fonte: Gouveia, 2005.
18
Segundo o Instituto Nacional de Estatística (INE), em 2006, o Concelho, com
25.000 habitantes, ocupa uma área de 658,97 km
2
e é constituído por 37 freguesias
3
.
Durante o reinado de D. Afonso III obteve concessão de vila, em 25 de maio de
1250. Foi elevada a cidade a 28 de junho de 1984. Tem seu quadrante envolvente
nas seguintes coordenadas planas [(x,y)
1
:(59373;229856) ; (x,y)
2
:(96915;185722)].
2. 2.1 Clima
O Concelho de Mirandela, com um clima mediterrâneo, caracteriza-se pela
existência de um verão longo e muito quente, a temperatura máxima média do mês
mais quente varia entre 29ºC e 33ºC, existindo 100 a 120 dias onde as máximas
atingem valores acima de 35ºC. No inverno, frio e curto, o valor mínimo médio do
mês mais frio varia entre 1ºC e 2ºC, existindo 30 a 40 dias com valor mínimo inferior
a 0ºC. A precipitação anual varia entre os 500 e 700 mm, não chovendo em mais de
70% dos dias do ano. (DAVEAU, 1995).
Caracteriza-se também, pela existência de uma aridez acentuada (IA < 0,5)
Figura 10, devido à fraca influência marítima nas depressões e nas vertentes
expostas a Sul, em que se localiza, podendo apenas contar-se com a influência das
massas de ar do Atlântico nos lugares cuja altitude é mais elevada.
3
Freguesia é o nome que têm, em Portugal, a menor divisão administrativa. Trata-se de subdivisões dos Concelhos e são
obrigatórias, no sentido de que todos os Concelhos têm pelo menos uma freguesia (cujo território, nesse caso, coincide
com o do Concelho).
Semi-árido
Sub-úmido seco
Úmido
Figura 10. Caracterização de semi-aridez no Concelho de Mirandela. Fonte: INAG.
19
O município é incluído na classificação climática de Köppen no subtipo Csa. A
umidade relativa do ar é baixa no pico do verão, sendo, por isso, designada por
Terra Quente Transmontana, em uma classificação regional agrária (DAVEAU,
1995).
2.2.2 Geomorfologia
Do ponto de vista geomorfológico, o Concelho de Mirandela situa-se no
Maciço Antigo. Como tal, é constituído, essencialmente, por rochas eruptivas e
metamórficas, isto é, essencialmente, por granitos e xistos, podendo ainda salientar
a presença de quartzitos, que surgem em afloramentos pontuais devido à sua forte
resistência face à erosão, constituindo-se em relevos residuais que se salientam em
relação à área que os envolve (GOUVEIA, 2005). Ao noroeste da cidade de
Mirandela encontra-se uma pequena área de formações sedimentares, isto é, as
areias, seixos, arenitos pouco consolidados, argilas.
2.2.3 Relevo
Em Mirandela existe um conjunto de relevos - depressões e serras - que se
destacam do meio que os circunda. A altitude média do Concelho é de 393 metros.
A cota mais elevada localiza-se a Oeste, em plena Serra de Orelhão e Passos,
correspondendo a 945 metros de altitude, junto ao local denominado Fraga da
Conta, na freguesia de Lamas de Orelhão.
A cidade de Mirandela situa-se numa depressão de origem tectônica com
cerca de 20 km de largura, de orientação NNE-SSW e apresenta altitudes não
superiores a 250 m que “está associada à componente vertical do movimento de
uma falha principal de orientação N-S, observada desde a Torre de D. Chama, e ao
basculamento da superfície situada a oeste da falha” (PEREIRA, 1997).
20
2.2.4 Recursos Hídricos
Todos os cursos de água que se encontram no Concelho pertencem à bacia
hidrográfica do rio Douro, a segunda maior bacia hidrográfica de Portugal. Os
principais cursos de água que atravessam o Concelho de Mirandela são: o rio Tua, o
rio Rabaçal, o rio Tuela e a ribeira de Carvalhais (Figura 11).
Na área do Concelho de Mirandela, é o rio Tua que apresenta a maior
extensão, sendo o seu comprimento total cerca de 54 km, seguindo-se o rio Tuela,
com cerca de 52 km, o rio Rabaçal e a ribeira de Carvalhais, cada um com um
comprimento total de cerca de 35 km.
Figura 11. Bacia hidrográfica do rio Tua, afluente do rio Douro, e principais cursos d’água
de Mirandela. Fonte: Gouveia, 2005.
21
2.2.5. Solos
As características dos solos são determinadas pela composição das rochas
(Direção de SISNIEGA, LORENZO, s/d apud GOUVEIA, 2005). No Concelho de
Mirandela predominam os xistos e os granitos, caracterizando os solos da região
como sendo ácidos, solos xistentos delgados e pedregosos e os solos graníticos,
arenosos.
De acordo com o estudo Carta dos Solos, Carta do Uso Atual da Terra, Carta
de Aptidão da Terra do Nordeste de Portugal (AGROCONSULTORES & COBA,
1991), pode verificar-se que do conjunto das unidades pedológicas, o Concelho de
Mirandela contempla a existência das seguintes unidades de solos, verificadas na
Figura 12. Na Tabela 6, se tem os principais solos encontrados em Mirandela, com
uma conversão direta para a nomenclatura brasileira, feita com base na ordem e em
suas características mais relevantes.
Tabela 6. Nomenclatura e caractesticas dos solos encontrados em Mirandela, PT
Nomenclatura
em Portugal
Nomenclatura no
Brasil (antiga)
Principais características
leptossolos
dístricos
leptossolos
êutricos
leptossolos
úmbricos
Litólico
São solos pouco desenvolvidos, rasos, bem drenados, apresentam perfis
normalmente moderadamente ácidos. São solos pobres com baixa reserva de
minerais necessários ao desenvolvimento das plantas. O relevo é montanhoso,
com erosão laminar e presença de calhaus e matacões na superfície do solo.
fluvissolos
êutricos;
Aluvial
São solos pouco desenvolvidos derivados de sedimentos aluviais não consolidados,
depositados nas várzeas sob condições de clima variados, apresentando um
horizonte A bem desenvolvido, as características variam em função do material
originário. Apresentam fertilidade natural alta, são relativamente profundos,
apresentando diversos tipos de textura e drenagem geralmente imperfeita ou
moderada.
cambissolos
crômicos
cambissolos
dístricos
Cambissolo
Estes solos são profundos, com horizonte A fraco, textura média acentuadamente
ou fortemente drenados, em geral severamente erodidos (erosão laminar), ácidos
ou moderadamente ácidos. O relevo desses solos geralmente varia de forte
ondulado a montanhoso.
Fonte: adaptado de FAO, 1994; Prado, 2003.
Os leptossolos têm maior representação no Concelho de Mirandela, seguidos
pelos cambissolos e depois pelos fluvissolos. Os leptossolos representam cerca de
87% da área total do Concelho, enquanto os cambissolos representam cerca de
10% desse total; os fluvissolos, que se dispõem ao longo dos cursos de água (rio
Tua e rio de Macedo), têm uma representação de cerca de 2%, e os restantes 2% da
área total do Concelho são classificados como área urbana (Figura 12).
22
Os leptossolos úmbricos de xistos e rochas afins apresentam um horizonte Ah
ou Ap franco-arenoso, franco ou franco-limoso, por vezes úmico e/ou cascalhento;
em geral com horizonte C constituído por rocha desagregada com ou sem terra, e/ou
rocha contínua e coerente (R) a partir de 10-50 cm de profundidade. Os leptossolos
úmbricos de granitos e rochas afins apresentam um horizonte “Ah ou Ap franco-
arenoso ou arenoso-franco, freqüentemente úmico e por vezes cascalhento, sobre
material da desagregação da rocha subjacente (C), e/ou sobre rocha contínua e
coerente (R), a partir de 10 a 50 cm de profundidade;
Os leptossolos dístricos órticos de xistos e rochas afins apresentam um
horizonte “A ou Ap franco, franco-limoso ou franco-arenoso, por vezes cascalhento;
em geral com horizonte C constituído por rocha desagregada com ou sem terra, e/ou
rocha contínua e coerente a profundidade entre 10 e 50 cm”.
Figura 12. Carta de solos do Concelho de Mirandela. Fonte: Gouveia, 2005.
23
Os leptossolos dístricos órticos de granitos e rochas afins apresentam um
horizonte A ou Ap franco-arenoso ou arenoso-franco, freqüentemente cascalhento
saibrento; em geral com horizonte C constituído por rocha desagregada em saibro e
cascalho com alguma terra, e/ou rocha contínua e coerente (R) a partir de 10 e 50
cm de profundidade.
Os leptossolos êutricos órticos de xistos e rochas afins apresentam um horizonte
A ou Ap franco, franco-limoso ou franco-arenoso, freqüentemente cascalhento; C com
material grosseiro da desagregação da rocha e alguma terra, e/ou rocha contínua e
coerente a partir de 10- 50 cm; Os leptossolos êutricos órticos de rochas sicas
apresentam um horizonte A ou AP franco ou franco-limoso e por vezes franco-argiloso,
por vezes cascalhento; C constituído por rocha fragmentada com pouca terra, e/ou
rocha connua e coerente a partir de 10-50 cm.
2.2.6 Vegetação
Segundo Gouveia (2005), a vegetação local é composta de vegetação
arbustiva alta e de carvalhos (Quercus), ou sobreiros (Quercus suber); vegetação
arbustiva alta e pinheiro bravo (Pinus pinaster); vegetação esclerófitica; Matos, que
são constituídos por vegetação arbustiva baixa; castanheiro manso (Castanea sativa),
eucalipto (Eucalyptus globulus) e castanheiro bravo (Aesculus hippocastanum).
Essa vegetação é extremamente sensível a altas temperaturas, e durante o
verão, quando a temperatura máxima pode chegar a 40ºC, a atenção é grande, pois
ela fica sob alto risco de queimar, sendo esta a principal vulnerabilidade ambiental
da região: as queimadas.
2.2.7 Economia
A agricultura é a atividade sica da população, o sustento e o lucro para
muitos, mantendo ainda processos tradicionais, embora se notem muitas mudanças
24
na aplicação de técnicas de cultivo e produção modernas, com sementes
selecionadas, adubos, mecanização e estufas. Predominam os olivais, vinhas,
amendoais, fruteiras diversas, batata, cereais e hortaliças, as suas produções não
são só para abastecimento local, mas também para outros pontos do país.
Mirandela possui um setor de serviços importantes, nomeadamente no
domínio do comércio, da indústria, da educação, da saúde e da administração. A
Câmara Municipal é a principal empregadora, onde os trabalhos ligados à
jardinagem, às obras, aos serviços de águas e outros, representam a oportunidade
de ter trabalho para muitos.
O turismo vem contribuindo igualmente para o desenvolvimento econômico de
Mirandela, que as estruturas criadas nestes últimos 10 anos têm levado o nome
do Concelho a várias partes do país e estrangeiro. E a realidade tem mostrado que
Mirandela é cada vez mais procurada pelos investidores (na construção de hotéis,
restaurantes, habitações) e pelos turistas que aumentam todos os anos. As
potencialidades locais acabam por serem aproveitadas e fazem com que os
produtos locais sejam mais procurados, comercializados, como é o caso dos
embutidos, azeite, queijo, mel e presuntos.
25
3º Capítulo
3º Capítulo3º Capítulo
3º Capítulo
Metodologia
MetodologiaMetodologia
Metodologia
Mirandela
-
PT
26
3.1 AQUISIÇÃO DOS DADOS
3.1.1 Dados Orbitais
Os dados orbitais utilizados para Serra Branca e Coxixola foram do
TM/Landsat 5 órbita/ponto 215.065, bandas de 1 a 7, para duas datas de passagem,
09 de maio de 1987 e 17 de dezembro de 2004. Esta multitemporalidade permite o
estudo da evolução do uso do solo de forma qualitativa. Para Mirandela, foram
utilizadas ortofotomapas de 17 de dezembro de 2003, cedidas pelo Serviço
Municipal de Proteção Civil de Mirandela.
3.1.2 Dados Cartográficos e Temáticos
Os dados de altimetria, limites, rodovias, estradas e caminhos, hidrografia,
solos, e localidades foram obtidos em diferentes instituições e/ou entidades como
SUDEMA - PB, AESA - PB e banco de dados do Laboratório de Sensoriamento
Remoto da Unidade Acadêmica de Engenharia Agrícola. Eles foram selecionados
para que a área pudesse ser caracterizada quanto ao meio físico, fornecendo
informações diretas sobre os diferentes temas.
Alguns dos dados tiveram que ser digitalizados para que seu uso fosse
viabilizado.É o caso dos caminhos, e como fonte, foram usadas cartas da SUDEMA.
Em Mirandela, os dados cartográficos e temáticos foram cedidos em forma de
cartas e mapas pelo Serviço Municipal de Proteção Civil de Mirandela,
nomeadamente pela mestra Maria João Gouveia, a qual desenvolveu sua
dissertação na mesma área de estudo. A base de dados utilizado em sua pesquisa
tem como fonte: a Carta Administrativa; Atlas do Ambiente, 1/1000000, formato SHP,
DGA, 1989; Base Geográfica de Referência da Informação, formato SHP, INE, 2001
e Carta Militar de Portugal, 1/25000, formato DGN, IGeoE, 1999.
27
3.2 EQUIPAMENTOS E APLICATIVOS
Os equipamentos e aplicativos utilizados nessa pesquisa foram os seguintes:
Computador e seus aplicativos, para o processamento e edição dos dados;
Software SPRING 4.2 (Sistema para Processamento de Imagens e
Geoprocessamento) e seu pacote de aplicativos desenvolvido pelo INPE
(Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) para ambientes UNIX e Windows,
utilizado para a manipulação dos dados de sensoriamento remoto;
Mesa digitalizadora Summagraphics, modelo Summagrid IV, formato A0;
Câmera fotográfica digital e GPS para os trabalhos de campo;
Programa SISCAV (Sistema de Cálculo de Vulnerabilidade), desenvolvido em
parceria entre as Unidades Acadêmicas de Ciências da Computação e de
Engenharia Agrícola, ambas pertencentes à UFCG, para a tabulação das
respostas dos questionários com a finalidade de obter a reta de
vulnerabilidade.
3.3 BANCO DE DADOS GEORREFERENCIADO
O SPRING 4.2 se trata de um sistema que atende as necessidades do
trabalho que são, basicamente, a de operar como um banco de dados e administrar
tantos dados vetoriais como matriciais. Em Serra Branca e Coxixola, o projeto deste
trabalho foi definido com as seguintes características:
Projeção: UTM/SAD 69;
Zona 24; Meridiano central: Long oeste 39° 00' 00" ;
Retângulo envolvente com coordenadas planas:
o X1: 68468.893279 X2: 111341.622662
o Y1: 9142552.481044 Y2: 9183349.010276
Retângulo envolvente com coordenadas geográficas:
o Long1: 36º54’37.83’’O; Long2: 36º31’10.35’’O
o Lat1: 7º44’33.08’’S; Lat2: 7º22’15.48’’S
28
Em Mirandela, Portugal, o projeto foi definido com as seguintes
características:
Projeção: UTM/WGS84;
Zona 29; Datum Lisboa
Ponto central: Long.: 8º07’54,86’’O; Lat.: 39º40’00,00’’N
3.4 INTERPRETAÇÃO VISUAL DAS IMAGENS
A interpretação visual das imagens orbitais foi feita com base nas técnicas de
foto-interpretação de fotografias preto-e-branco, adaptadas à análise de imagens
orbitais, com relação ao relevo, solo, vegetação para obter as unidades ambientais
da área de estudo e respectivos mapas temáticos (VENEZIANI & ANJOS, 1982).
Assim, a metodologia foi baseada na análise do padrão de resposta espectral dos
alvos. Esta análise permitiu definir zonas de solos expostos, áreas agrícolas,
vegetação nativa, entre outros.
A fase de fotointerpretação da imagem foi concluída após a verificação, in
situ, das paisagens identificadas na área de estudo. Trata-se da etapa de trabalho
de campo que facilitou a delimitação das áreas de paisagem natural e as áreas de
ação antrópica.
3.4.1 Processamento Digital das Imagens (PDI)
O processamento digital das imagens consistiu na manipulação de imagens
através de técnicas computacionais, com a finalidade de identificar e extrair
informações da imagem, para resultar finalmente numa classificação de padrões.
Foram usados os seguintes algoritmos:
Realce de contrastes (função linear e equalizada): realizou-se a operação
ponto a ponto, independentemente da vizinhança. Essa transferência
29
radiométrica foi realizada com ajuda de histogramas, que foram manipulados
para obter o realce desejado (CÂMARA,1996);
Composições coloridas: o meio computacional de processamento permitiu a
visualização das imagens multi-espectrais em composição, de forma aditiva, a
três cores primárias: o vermelho, o verde e o azul (RGB). As composições
coloridas são formadas a partir da atribuição de cores a cada banda espectral.
A imagem resultante é colorida, porém com cores que não correspondem às
cores verdadeiras que se percebem em fotografias. Na obtenção de
composições coloridas podem ser combinadas três bandas quaisquer, no
entanto, essas devem ser escolhidas em função do objetivo de trabalho,
assim, para o trabalho, não houve uma combinação fixa levada em
consideração até o fim, e sim, um misto de combinações;
Principais componentes: é uma técnica de realce que reduz ou remove a
redundância espectral, ou seja, gera um novo conjunto de imagens cujas
bandas individuais apresentam informações não-disponíveis em outras
bandas;
Operações aritméticas: neste caso, foi utilizada a operação 5, na qual se
manipulou as imagens das bandas 3 e 4, a fim de obter uma imagem temática
matricial chamada de Índice de Vegetação por Diferença Normalizada - IVDN,
de onde é possível extrair informações sobre a cobertura vegetal da área
estuda;
Segmentação: é definida como o processo de separação de regiões
homogêneas de uma imagem, considerando parâmetros tais como o nível de
cinza dos pixels, a textura e o contraste. O método utilizado neste estudo foi o
crescimento de regiões, os valores de similaridade, área mínima dos pixels,
bem como a imagem utilizada para essa ação variaram, dependendo do
objetivo pretendido. Para os Mapas de Uso, adotou-se a imagem PC3,
segmentada 10x20; nos Mapas de Cobertura Vegetal, foi usada a imagem
IVDN, segmentada 10x20; e nos Mapas de Degradação, a Banda 5, com
contraste linear, segmentada 20x30. Essas combinações, independentes para
cada mapa temático, foram escolhidas por apresentarem melhor distinção
entre os alvos estudados para os seus respectivos objetos de análise;
Classificação: é o processo de extração de informação em imagens para
reconhecer padrões e objetos homogêneos. Durante a classificação, padrões
30
são reconhecidos e associados aos diversos temas. Para a construção dos
mapas temáticos, foi utilizada a classificação supervisionada do tipo
Battacharya. Nessa classificação, são usadas amostras que distinguem cada
classe. A definição das classes de Cobertura Vegetal foi feita a partir da
análise visual das tonalidades de cinza, na tela do computador. As
tonalidades de cinza clara a médio foram consideradas como representativas
do solo exposto e vegetação rala; as escuras como representativas de corpos
d’água e as tonalidades de cinza média a escuro como representativas de
cobertura vegetação, e assim as amostras foram adquiridas. Essa mesma
metodologia foi usada para o Mapa de Degradação e Mapa de Uso em que,
além da mesma percepção visual das imagens levando em consideração
tonalidades de cinza e textura, também se fizeram imprescindíveis os dados
das visitas de campo, para completar e dar mais legitimidade a análise das
áreas. O mapa de Risco a Desertificação, foi formulado de maneira distinta.
Este mapa indica a evolução do processo de desertificação, e seus estágios,
foram delimitados a partir dos níveis de degradação do Mapa de Degradação;
Mapeamento: as imagens classificadas foram transformadas em matriz,
através da função Mapeamento, o que permitiu fazer uma quantificação das
diferentes classes para os diversos mapas temáticos de cada município
estudado. Essa imagem foi editada e foi feito o refinamento da classificação
para eliminar a confusão de borda entre as imagens para homogeneização
dos temas e para minimizar os erros de omissão (áreas que não foram
classificadas como pertencente a nenhuma das classes) e de comissão (uma
determinada classe é classificada como outra classe). A quantificação das
áreas em km
2
estará sendo considerada relativa, embora a soma de seus
valores corresponda ao total da área territorial dos municípios (MORAIS
NETO, 2003).
Os dados finais foram levados para o SCARTA, um aplicativo que faz parte do
SPRING para que as legendas pudessem ser inseridas. Assim formou-se a
mapoteca verificada no Apêndice 1.
31
3.5 POTENCIAL DE UTILIZAÇÃO DAS TERRAS
A definição do Potencial de Utilizão das Terras para os munipios de Serra
Branca e Coxixola, baseou-se nas informações contidas nos trabalhos desenvolvidos
por Paraíba (1978), que obedeceu às diretrizes do Manual Brasileiro para
Levantamento da Capacidade de Uso da Terra – III
a
aproximação, de 1971.
A determinação e respectivas variedades das classes de capacidade de uso
das terras seguem uma chave de características, conforme exemplificado abaixo na
Equação 1, e levaram em consideração os aspectos identificados na Figura 13.
Equação
765
353
5
223
31
)],().[( Ads
efh
A
SSVIId
efh
A
AeIIIIII
fsdewd
Φ
+
Φ
... (1)
Esses parâmetros citados na equão anterior, que se distribuem em: classe de
capacidade de uso das terras, fator limitante, classe taxonômica, classe textural, classe de
declividade, pedregosidade e rochosidade, profundidade efetiva, fertilidade aparente,
eroodrica, outros fatores limitantes e secas edáficas, foram utilizados na determinação
das classes de capacidade de uso das terras e têm seus intervalos de classificação
determinados conforme descrito em Paraíba (1978), e apresentados no Anexo 3.
Figura 13.
Fórmula de identificação das classes para Capacidade de Uso das Terras.
Fonte: adaptado de Parba (1978).
32
3.6 AVALIAÇÃO DAS VULNERABILIDADES
A população local de Serra Branca e Coxixola está distribuída de forma não
homogênea ao longo da extensão territorial dos municípios. Assim, a metodologia
utilizada para fazer a avaliação das vulnerabilidades dessa população foi por meio
de aplicação de questionários que, após tabulados e analisados, indicaram o grau
de vulnerabilidade ao qual aquela população se encontrava.
Conforme realizou Silva (2002), para efeito de trabalho, tomou-se a
distribuição espacial das famílias a partir de um mapa pré-estabelecido pela
Secretaria Municipal de Saúde, que agrupa um número n de famílias por Agente
Comunitário de Saúde.
Os Agentes foram contatados através das Secretarias de Saúde de cada
município estudado do Cariri Paraibano, com os quais se estabeleceu uma
cooperação sob forma de prestação de serviço, para a aplicação dos questionários
junto às comunidades rurais. Para isso, tiveram uma capacitação para que
compreendessem os objetivos do trabalho e o conteúdo das informações contidas
nos questionários.
A aplicação dos questionários foi atribuída aos Agentes Comunitários de
Saúde na busca pela minimização de erros nas respostas, procurando com isto,
traçar um perfil mais fiel da população local, que os agentes fazem parte da
realidade desses moradores e têm a confiança destes.
De acordo com o número de famílias residentes nas áreas de atuação de
cada Agente de Saúde, foi entregue determinado número de questionários que
corresponde a 11% do número total de famílias cobertas por cada agente. Esta
metodologia e os questionários foram adaptados do modelo desenvolvido por
Medina (1994), citados por Rocha (1997) e Richardson (1999), e ajustado às
características locais do semi-árido paraibano por Araújo (2002) e Morais Neto
(2003). O modelo do questionário utilizado está no Anexo 2.
O perímetro urbano e as famílias que o compõem foram desconsideradas no
estudo, que o foco é a zona rural. Nesse sentido, foram aplicados 134
questionários em Serra Branca e 33 em Coxixola. Em Mirandela, a título de
comparação foram aplicados 7 questionários. O número reduzido em Mirandela
justifica-se pela dificuldade de acesso às famílias. de ser considerado que em
33
outro país, o contraste cultural interfere diretamente na metodologia, a qual foi
aplicada no Brasil de maneira menos burocrática. Em Mirandela, a aplicação dos
questionários sempre tinha de ser acompanhada dos profissionais do Serviço
Municipal de Proteção Civil, tanto para que fosse obtida a permissão de entrada nas
propriedades e tirar fotos, como para transmitir confiabilidade e minimizar
preconceitos junto à população local.
Nos questionários foram considerados os seguintes fatores e suas variáveis:
Fator Vulnerabilidade Social. Variáveis: demográfica, habitação, consumo
de alimentos, participação em organizações associativas, salubridade rural;
Fator Vulnerabilidade Econômico. Variáveis: produção vegetal, animais de
trabalho, animais de produção, verticalização de matéria prima,
comercialização, crédito e rendimento;
Fator Vulnerabilidade Tecnológica. Variáveis: uso de tecnologias nas
propriedades, uso das máquinas e equipamentos agrícolas;
Fator Vulnerabilidade a Seca. Variáveis: recursos hídricos, produção,
manejo da Caatinga, exploração de espécies nativas, armazenamento,
redução de rebanho, observação das previsões de chuva, ocupação nas
estiagens, educação, administração rural, histórico das secas, sugestões,
migração.
3.6.1 Pametro de Determinação dos Fatores de Vulnerabilidade
De posse dos questionários respondidos, a tabulação desses dados foi feita
por meio do Programa SISCAV - Sistema de Cálculo de Vulnerabilidade, que foi
desenvolvido com apoio financeiro e convênio UFCG-ATECEL/IAI-LARED e CNPq,
e em Cooperação entre as Unidades Acadêmicas de Sistemas e Computação e a de
Engenharia Agrícola/Área de Sensoriamento Remoto.
O SISCAV trabalha todas as variáveis citadas na seção anterior. Segundo
Araújo (2002) e Morais Neto (2003), as variáveis são divididas em itens, e cada item
é composto de alternativas para preenchimento. A cada variável foram atribuídos
valores (códigos de 1 a 2, 1 a 6, 1 a 8, etc), variando de acordo com o número de
34
itens a ela associados e crescente com a piora da situação, ou seja, o valor maior do
código representou a maior vulnerabilidade, e o valor menor do código representou a
menor vulnerabilidade. Cada item teve seu valor máximo correspondente ao número
de alternativas de preenchimento que ele possuía, e o mínimo foi sempre igual a 1.
O valor de uma variável qualquer corresponderá ao somatório dos valores de
seus itens. De forma que o valor máximo de uma variável qualquer correspondeu ao
somatório dos valores máximos de seus itens, bem como o valor mínimo de uma
variável qualquer correspondeu ao somatório dos valores mínimos de seus itens.
Assim, se numa variável qualquer existiram quatro itens, cada um com três
alternativas de preenchimento, a menor vulnerabilidade corresponderá ao código 4 e
a maior ao código 12.
A soma dos códigos das variáveis forma o código do Fator de Vulnerabilidade
a qual as mesmas correspondem, sendo esse o valor de x.
Para cada Fator, é calculada uma reta de vulnerabilidade. A equação da reta
apresentada é de primeiro grau, do tipo:
Equação
V = ax + b, ...(2)
onde: V = Fator Vulnerabilidade;
a e b = constantes para cada variável;
x = valor significativo encontrado.
Os valores encontrados nas retas de vulnerabilidade podem variar de zero
(vulnerabilidade nula) até 100 (vulnerabilidade máxima) e foram divididos em quatro
classes (Tabela 7). As classes foram definidas de acordo com (ARAÚJO, 2002)
Tabela 7. Divisão das classes de vulnerabilidade (V)
Classes de Vulnerabilidade
Baixa Moderada Alta Muito Alta
0-15 16-30 31-45 > 45
Fonte: Araújo, 2002.
35
3.7 TRABALHO DE CAMPO
Considerada a etapa mais elucidativa para o processo de interpretação das
imagens, a coleta de dados em campo constou de um reconhecimento geral da
área, com a finalidade de caracterizar as diversas unidades de mapeamento (relevo,
vegetação natural, erosão, declividade, uso atual das terras, aspectos sociais e
econômicos). Essa atividade também permitiu a verificação de pontos considerados
duvidosos.
Esse trabalho teve como objetivo: 1) Correlação dos padrões
fotointerpretativos de tonalidades de cinza, de textura e de geometria, obtidos na
interpretação visual das imagens TM; 2) Identificação dos aspectos referente a
recursos hídricos, rede de drenagem existentes na área de estudo; 3) Identificação
das unidades de mapeamento, visando à determinação dos diferentes tipos de usos;
4) Avaliação das condições sócio-econômicas da população rural, por amostragem,
e dos aspectos físicos ambientais e sociais que caracterizam o processo de
desertificação, como a identificação de domicílios abandonados na zona rural, fruto
da imigração forçada.
Durante o trabalho de campo, os pontos foram adquiridos e registrados com
uso do GPS e podem ser identificados no mapa de localidades e pontos de campo,
inseridos no Apêndice 1.
3.8 INTERCÂMBIO
Uma das propostas metodológicas deste trabalho foi a realização de uma
análise comparativa para se avaliar quais são os processos que causam a
degradação do solo, com ênfase ao risco a desertificação e quais os sistemas
político-organizacionais municipais das áreas estudadas no Brasil, e de uma área de
estudo localizada no Norte de Portugal.
O trabalho foi conduzido no Curso Integrado de Estudos Pós-Graduados em
Gestão de Riscos Naturais da Faculdade de Letras do Porto, na cidade do Porto, em
Portugal, e a área escolhida como foco de estudo foi o Concelho de Mirandela,
36
Mirandela
localizado na região norte de Portugal, e foi definida por apresentar alto risco a
desertificação, conforme verificado na Figura 14.
Figura 14.
Áreas com risco de desertificação em Portugal. Fonte: INAG/DSRH.
37
4º Capítulo
4º Capítulo4º Capítulo
4º Capítulo
Revisão
Revisão Revisão
Revisão
Bibliográfica
BibliográficaBibliográfica
Bibliográfica
Serra Branca
-
PB
38
4.1 DEGRADAÇÃO DO SOLO
Segundo Silva et al. (1993), o semi-árido brasileiro abrange pelo menos 17
das 20 grandes unidades de paisagem em que foi dividido o Nordeste, e 105 das
172 unidades geoambientais. Toda essa área tem em comum a baixa relação entre
precipitação e evapotranspiração, o que resulta, em geral, em falta de água para o
crescimento das plantas. Mas a disponibilidade de água, além de condicionada pela
chuva, é influenciada pela posição topográfica e pela capacidade do solo em reter
água.
A combinação destes fatores cria um mosaico de situações que não tem sido
devidamente apreciado. O resultado tem criado generalizações muito amplas sobre
a região semi-árida, recomendações muito simplistas quanto a suas potencialidades
e avaliações insuficientes das perspectivas de uso do solo (SAMPAIO & MENEZES,
2002). Esta é uma preocupação global, mas difícil de ser considerada pelos usuários
mais imediatos das áreas agrícolas. Alterações que levem à diminuição da
capacidade produtiva causam preocupação mais direta nos usuários, pois se não for
evitado, implica em uma redução futura na produtividade. Portanto, na maioria das
situações, a degradação da terra é uma conseqüência indesejada de seu uso.
As técnicas agropecuárias aumentam a produção, entretanto, alteram o
ambiente e algumas das alterações podem ser consideradas nocivas. A perda de
biodiversidade da área agrícola é um exemplo e ela pode ser grave quando as áreas
de vegetação nativa se reduzem ao ponto de comprometer a manutenção de
espécies animais e vegetais. Ela vem do desconhecimento das conseqüências
negativas, da inevitabilidade de sua ocorrência e/ou do sacrifício do futuro face às
necessidades mais prementes do presente (LE HOUÉROU, 2002).
Conforme afirmam Sampaio & Sampaio (2002), a degradação mais
generalizada da capacidade produtiva é a redução de fertilidade pela diminuição da
quantidade de nutrientes das plantas, presente em uma área. Quanto maior a
produtividade, maiores são as perdas. uma reposição natural de nutrientes pela
ciclagem e pela decomposição dos minerais do solo, mas ela tende a ser lenta. A
agricultura tradicional de derrubada – queima – cultivo – pousio faz uso desta
recuperação, baseada em períodos de vários anos de recuperação. Entretanto,
39
dificilmente um método tradicional de reposição de nutrientes consiga assegurar
produtividades altas por períodos longos em um mesmo local e em amplas áreas de
cultivo. A redução de fertilidade pode desencadear o processo de desertificação,
com queda de produção agrícola, de renda e de condições sociais. Obviamente, o
combate a este processo não deve ser a suspensão generalizada de atividades
agrícolas, mas a reposição dos nutrientes perdidos.
Ainda segundo Sampaio & Sampaio (2002), outra forma generalizada de
degradação das características do solo é sua própria perda por erosão. Porém, a
erosão é um fenômeno geológico natural em sentido amplo, como um dos processos
pedogenéticos, corresponde a desnudação dos solos e seu transporte, que busca o
nivelamento das superfícies (balanço energético). A erosão passa a ser um
problema sério e preocupante, que conduz à desertificação, quando se tem a erosão
acelerada, geralmente provocada por ações antrópicas, como o uso incorreto do
solo, cultivo intensivo, que resulta em áreas degradadas, contrariando assim as
recomendações das boas técnicas agronômicas.
O homem precisa plantar e colher em escala crescente, para produzir
alimentos que atendam às necessidades de uma população que cresce
desordenadamente. As demandas de cereais e carne aumentam constantemente,
exigindo o cultivo de extensas lavouras e a manutenção de grandes pastagens, com
índices elevados de produtividade. No entanto, para que isso seja possível, é
preciso que os agricultores e pecuaristas adotem práticas adequadas de manejo e
uso dos solos, de modo a evitar a erosão e a perda da fertilidade.
A erosão tende a ser maior com a retirada da cobertura vegetal nas áreas
com maior declive. Assim, áreas descobertas podem ter perdas grandes de solo,
principalmente se tiverem topografia acidentadas e forem atingidas por chuvas
intensas. Valores na ordem de 100 ton.ha
-1
.ano
-1
são citados para o Nordeste. São
perdas muito grandes, mas correspondem a uma camada de solo de apenas alguns
milímetros e podem passar despercebidas se não formarem sulcos profundos. Os
campos de cultivo não ficam descobertos por muito tempo e sua erosão tende a ser
menor que a citada acima. Culturas de ciclo curto com plantios anuais têm as
maiores perdas. Pela percepção dos agricultores, as perdas por erosão podem levar
muitos anos até causarem uma redução marcante na produtividade agrícola e, seus
efeitos são desprezíveis (SAMPAIO & SALCEDO, 1997).
40
várias práticas agrícolas de controle da erosão ou métodos de
conservação do solo. Em geral, são pouco usadas no Nordeste, exceto a prática de
evitar o plantio ladeira abaixo e, mais recentemente, o plantio direto. Indicações de
que a erosão é um problema são a combinação de chuvas fortes na época do
plantio e os cultivos em terrenos muito inclinados, as águas de riachos e rios
carregadas de sedimentos na estação de chuvas, o assoreamento de reservatórios
de água, o acúmulo de sedimentos nas baixadas e, como evidência inquestionável,
os sulcos e voçorocas amplamente disseminados (LEPRUN & SILVA, 1995).
Accioly et al (2002) apresentam a complexidade da seleção de indicadores
para os processos de degradação do solo. Nesta revisão verificou-se que variáveis
associadas à cobertura vegetal estão presentes em todas as listas de indicadores.
Tal fato se deve a intrínseca relação entre cobertura vegetal e degradação dos
solos. As diferenças nos critérios de classificação das áreas com potencial risco à
desertificação, têm levado à produção de mapas que, como era de ser esperar,
diferem na área e/ou no grau de ocorrência da desertificação em regiões semi-
áridas.
4.2 DESERTIFICAÇÃO
A Convenção das Nações Unidas para o Combate à Desertificação (United
Nations, 2001) conceituou a desertificação como o “processo de degradação das
terras das regiões áridas, semi-áridas e sub-úmidas secas, resultante de diferentes
fatores, entre eles as variações climáticas e as atividades humanas”. Além da
pobreza, estão ligadas a essa conceituação as degradações do solo, da fauna, da
flora e dos recursos hídricos. Segundo o mesmo documento, entende-se por
“degradação” das terras áridas, semi-áridas e sub-úmidas secas, a redução ou perda
da produtividade biológica ou econômica de atividades como, agricultura
convencional, agricultura irrigada, pastagens naturais, pastagens plantadas e
florestas, resultante do uso ou de processos que incluam atividades humanas tais
como: a) a erosão dos solos causada pelas chuvas ou pelos ventos; b) deterioração
41
das propriedades físicas, químicas e biológicas dos solos; c) perdas, em longo
prazo, da vegetação natural.
A desertificação é um processo de degradação da terra que pode ter múltiplas
causas e pode dar lugar a múltiplas conseqüências. Causas e conseqüências
costumam estar interligadas por mecanismos de retro-alimentação, formando ciclos
viciosos. O emaranhamento de todos estes fenômenos tem contribuído para o
tratamento confuso do assunto e para a inexistência de indicadores aceitos de forma
generalizada (MATALLO JÚNIOR, 2001).
O processo de desertificação reflete um mecanismo de retro-alimentação
entre as atividades humanas impactantes e o meio ambiente, sendo que a maior
parte dessa atividade está relacionada ao mal uso do solo por meio dessas
atividades agrícolas não sustentáveis. Segundo Danfeng (2005), a desertificação
certamente limita a produção agrícola pela redução do espaço disponível para o
desenvolvimento da agricultura. Do outro lado, o aumento na produtividade agrícola
influencia o risco de desertificação, quando são usadas práticas não sustentáveis ao
longo do tempo ou não adequadas às condições físicas da área cultivada.
4.3 A RETIRADA DA VEGETAÇÃO
A cobertura do solo é um importante fator no processo da erosão, visto que
reduz a energia de impacto das gotas de chuva sobre o solo, a velocidade e o
volume de escoamento superficial e, conseqüentemente, o desprendimento das
partículas e a capacidade de transporte de solo. A cobertura do solo é constituída
pelo dossel da cultura e pelos resíduos vegetais, e sofre contínuas modificações à
medida que os resíduos se decompõem e a cultura se desenvolve. Desta forma, a
quantificação desse parâmetro torna-se de grande importância para as pesquisas
que estudam a infiltração da água no solo e a erosão dos solos. (VARELLA et al.,
2002).
Sampaio & Sampaio (2002), ressaltam que a retirada da vegetação é
mencionada na Conferência de Combate à Desertificação (United Nations, 2001)
como uma forma de degradação da terra pela destruição da vegetação por períodos
42
prolongados. Essa destruição tem cinco razões principais e cada uma delas
origem a uma cadeia de eventos que pode levar a desertificação. As razões o: 1)
a substituição da cobertura vegetal por construções ou sua retirada contínua para a
manutenção de áreas descobertas; 2) a retirada da vegetação para utilizar material
do solo ou subsolo; 3) a destruição periódica por fogo para facilitar a caça ou manter
uma cobertura baixa; 4) retirada da vegetação para produção de lenha; e 5) a
substituição da vegetação original por outra de melhor produção agrícola, ou melhor
uso como pastagem.
O corte da vegetação para lenha, a rigor, não poderia ser considerado como
destruição da vegetação por períodos prolongados. Se a área não for mais mexida
após o corte, a vegetação começa a se recompor em pouco tempo e em alguns
meses, em geral, recobre o solo. Assim, a biodiversidade não seria afetada. O
corte, em si, não expõe o solo a risco acentuado de degradação, mas ele
geralmente é seguido de queima para limpar o terreno da galhada não aproveitada,
para posterior uso com atividades agropecuárias. Com a queima, há perda de
nutrientes e matéria orgânica, principalmente por meio da erosão hídrica
(KAUFFMAN et al., 1993).
Sampaio & Sampaio (2002) afirmam que a substituição da vegetação primitiva
por outra com maior produção de interesse para a sociedade humana é a base da
agropecuária. A expansão das áreas agropecuárias tem sido enorme nas últimas
décadas, acompanhando o crescimento da população humana. Com isto, a
proporção de terras com vegetação nativa caiu muito. Nas áreas agrícolas, a
biodiversidade é muito menor que nas nativas, problema criado através do cultivo de
monoculturas, e essa prática tem sido repetida em extensas regiões em todos os
continentes, fazendo desse, um problema ambiental de proporção global.
4.4 O USO DO SENSORIAMENTO REMOTO
Uma das ferramentas utilizadas para fazer o levantamento e reconhecimento
da cobertura dos solos é o sensoriamento remoto. A partir de 1972, com o
lançamento dos sistemas sensores para coleta de informações sobre recursos
43
naturais, tem-se realizado muitas pesquisas na área de solo para atender a esses
objetivos. A grande vantagem do uso de sensoriamento remoto orbital é que essas
informações são obtidas periodicamente, de modo que, constantemente, é possível
fazer uma adequação dos resultados obtidos em datas anteriores. Outra vantagem
diz respeito à visão ampla da área de estudo e à maior facilidade de se fazer o
levantamento e acompanhamento do uso do solo em áreas de difícil acesso
(MOREIRA, 2003).
Segundo Thornes (2001), a vasta literatura, sobre o uso o sensoriamento
remoto através de sensores orbitais no monitoramento da cobertura vegetal em
diferentes escalas e para diferentes ambientes, mostra a relevância da sua
aplicação. Além disso, o surgimento de novos sensores (p. ex. MODIS) cria a
expectativa de que novos dados permitam uma melhor compreensão da evolução
dos processos de desertificação e ofereçam, também, valiosas informações aos
planejadores e tomadores de decisão. Ainda, nesta linha, deve-se ressaltar que a
continuidade, por mais de vinte anos, de programas como os do NOAA/AVHRR, do
LANDSAT e do SPOT oferecem excelentes oportunidades para o estudo de
processos que são conseqüências da intervenção humana a longo prazo, como é o
caso da desertificação.
Verstraete & Pinty (1991) comentam que as regiões semi-áridas e áridas são
muito dinâmicas e somente podem ser monitoradas sistematicamente e
regularmente através de plataformas de satélites de sensoriamento remoto devido
às suas peculiaridades. As peculiaridades estão relacionadas à cobertura vegetal,
cuja componente sombra é bastante relevante, características do solo pedregoso ou
até mesmo a presença de afloramentos rochosos que modificam a resposta
espectral e individualizam o semi-árido quando interpretado. Estas características
podem ser interpretadas, definidas ou analisadas profundamente com relação ao
seu comportamento espectral.
A importância do sensoriamento remoto como ferramenta para avaliar a
evolução da desertificação fica, ainda, mais evidente quando se verifica que um dos
quatro indicadores recomendados pela ONU para avaliar o problema é o “índice de
vegetação normalizada – IVDN, derivado de imagens de satélite”.
No Brasil, os relatos sobre desertificação se intensificaram a partir das
décadas de 70 e 80 (RODRIGUES, 1997). No Nordeste, um dos primeiros trabalhos
de identificação de áreas em processo avançado de desertificação com base em
44
imagens de satélite foi realizado por Vasconcelos Sobrinho, (1983). Com base na
interpretação visual de imagens do LANDSAT MSS de 1976 e 1978, esse autor
mapeou, na escala de 1:500.000, oito núcleos de desertificação na região semi-árida
de Pernambuco. Ainda com base em imagens do LANDSAT MSS, Carvalho (1986)
usou imagens do mesmo sensor para estudar a cobertura vegetal como indicadora
dos processos de desertificação em Quixadá-PE.
Em anos mais recentes, o sensoriamento remoto tem sido utilizado para o
acompanhamento das secas e para delimitar áreas degradadas com risco aos
processos de desertificação nos Estados da região nordeste (NOBRE et al., 1992;
SOARES et al., 1992; MORAES NETO, 2003).
4.5 CLASSES DE CAPACIDADE DE USO DAS TERRAS
Lepsch et al. (1991), destacam que as informações geradas do meio físico,
levando em consideração a declividade, solos e uso das terras, permitem conhecer
as características e as condições das áreas, fornecendo subsídios para atividades
de análise ambiental e planejamento agrícola. Um estudo de caracterização,
planejamento e uso do solo, gera informações objetivas e proporciona uma
discussão embasada em critérios reais sobre o planejamento sustentável da área.
De uma forma geral, não se tem levado em consideração a capacidade de
uso na utilização das terras agricultáveis. Como conseqüência, tem-se observado
queda de produtividade, perda ou diminuição do potencial de sustentabilidade
destas áreas (ALVES et al., 2003).
A classificação da capacidade de uso da terra visa estabelecer bases para
seu melhor aproveitamento e envolve a avaliação das necessidades para os vários
usos que possam ser dados a determinada gleba. As classes de capacidade de uso
da terra deverão ser utilizadas como base sobre a qual os fatores econômicos e
sociais de determinada área possam ser considerados ao elaborar modificações no
uso do solo (ROCHA & KURTS, 2003).
45
4.6 DESASTRES
Kobiyama et al (2006) definem inundações, secas, furacões, entre outros,
como fenômenos naturais severos, fortemente influenciados pelas características
regionais, tais como, rocha, solo, topografia, vegetação, e condições metereológicas.
Quando estes fenômenos intensos ocorrem em locais onde os seres humanos
vivem, resultando em danos (materiais e humanos) e prejuízos (sócio-econômicos)
são considerados como “desastres naturais”.
É importante diferenciar o fenômeno natural da ameaça. Segundo Cardona,
(1996), a ameaça é definida como a probabilidade de ocorrência de um fenômeno
físico, potencialmente desastroso, de origem natural, tecnológica ou provocada pelo
homem, que pode manifestar-se em um local e durante um determinado tempo,
frente ao qual uma comunidade particular está exposta e é vulnerável. Por sua vez,
o fenômeno natural é caracterizado por sua dimensão e situação geográfica.
A vulnerabilidade é essencialmente uma condição humana, uma
característica da estrutura social e um produto de processos sociais históricos
(LAVELL, 1994). Implica numa combinação de fatores que determinam o grau ao
qual a vida e a subsistência de alguém ficam em risco por um evento distinto e
identificável da natureza ou da sociedade (BLAIKIE et al., 1996). Pode-se afirmar
então, que vulnerabilidade é o mesmo que insegurança. Quando alguém está em
uma situação de vulnerabilidade, este alguém está inseguro.
A vulnerabilidade dos elementos expostos às ameaças está intimamente
relacionada às características dos membros da sociedade, em termos de sua
capacidade para antecipar, enfrentar, resistir e se recuperar do impacto negativo
(HAQUE & BRANCO, 1998) ou à incapacidade de uma comunidade para absorver,
mediante o auto-ajuste, os efeitos de uma determinada mudança em seu meio
ambiente (WILCHES-CHAUX, 1993).
O risco pode ser definido como uma situação de perigo, perda ou dano, ao
homem e as suas propriedades, em razão da possibilidade de ocorrência de
processo natural, induzido ou não. Isto é, risco poder ser interpretado como a
possibilidade da ocorrência de um acidente ou evento indesejado. (CERRI &
AMARAL, 1998).
46
Assim, segundo Vargas (2002), tem-se que os desastres o determinados
pelos riscos e pelas vulnerabilidades, conforme a relação:
DESASTRE = RISCO X VULNERABILIDADE
Desastre é qualquer perda de vidas humanas, bens materiais e/ou ambientais
causada por um evento perigoso, de origem natural ou humana, que pode ter uma
escala pessoal, familiar, comunal, regional, nacional ou internacional e, por sua vez,
tem a ver com alteração ou interrupção da vida cotidiana de uma comunidade,
devido à incapacidade de recuperação, por meios próprios, pois os impactos
destrutivos excedem a capacidade de adaptação e ajustamento, em termos de
resposta para absorver o efeito produzido (CARDONA, 1993).
Segundo Filgueira (2004), pode-se expressar o risco de desastre em função
da ameaça potencial e da vulnerabilidade do sistema e seus elementos a essa
ameaça, ou seja, (Risco a desastre = Ameaça x Vulnerabilidade).
Para estimar o risco a desastre é necessário, de acordo com Maskrey (1994),
ter em conta, desde o ponto de vista multidisciplinar, não somente o dano sico
esperado, as vítimas ou perdas econômicas equivalentes, mas também fatores
sociais, organizacionais e institucionais, relacionados com o desenvolvimento das
comunidades.
A deficiente informação, comunicação e conhecimento entre os atores sociais,
a ausência de organização institucional e comunitária, as debilidades na preparação
para a atenção de emergências, a instabilidade política e a falta de saúde econômica
contribuem, em uma área geogfica, a ter um maior risco (CARDONA, 2001).
A acumulação de riscos a desastres está relacionada à falta de políticas
públicas, ou de estratégias orientadas a sua gestão e, ainda, à inexistência de
estruturas administrativas e sistemas legislativos adequados, tanto em nível local,
como nacional e regional (PNUD, 2002).
A vulnerabilidade não se determina por fenômenos perigosos, mas por certos
processos sociais, econômicos e políticos, daí que os mais vulneráveis a fenômenos
perigosos são os países mais pobres e dependentes, as regiões mais
desfavorecidas e a população com menos recursos (GAREIS et al., 1996). De forma
geral, o pobre sofre mais com os desastres que o rico, se bem que pobreza e
47
vulnerabilidade não são sinônimas, ainda que às vezes estejam estreitamente
relacionadas (BLAIKIE et al., 1996).
Os desastres naturais aceleram o processo de degradação e limitam ainda
mais o uso dos recursos naturais, muitos deles gravemente deteriorados
(CUTTER, 2001). Os pobres para sobreviver se vêm obrigados a explorar os
recursos ambientais, aumentando assim, tanto o risco como a exposição aos
desastres, especialmente aqueles provocados por inundações, secas e
deslizamentos (EIRD, 2002).
É necessário ressaltar que a vulnerabilidade em si mesma constitui um
sistema dinâmico, isto é, surge como conseqüência da interação de uma série de
fatores e características - internas e externas - que convergem em uma comunidade
particular. O resultado dessa interação é a incapacidade da comunidade para
responder adequadamente frente a presença de uma ameaça determinada.
4.7 A SECA
A combinação dos fatores naturais, sociais e econômicos, é feita em função
do objetivo pelo qual se define a seca. Como conseqüências existem diferenças
entre as definições conceituais e as operacionais, sobretudo marcadas pelas
realidades locais.
A UNCCD (United Nations Convention to Combat Desertification) define Seca
“como o fenômeno que acontece de forma natural e que se produz quando a
precipitação é significativamente inferior aos níveis normalmente registrados,
produzindo desequilíbrios hidrológicos severos que afetam de forma adversa os
sistemas de produção de recursos agrícolas”
4
.
A seca pode ser definida como um fenômeno natural no nordeste brasileiro,
caracterizado pelo atraso na precipitação de chuvas ou a sua distribuição irregular,
que acaba prejudicando o crescimento ou desenvolvimento das plantações
agrícolas.
4
United Nations Convention to Combat Desertification, glossário <http://www.unccd.entico.com/spanish/glossary-
es.htm>
48
Esse fenômeno manifesta-se com intensidades diferentes, dependendo do
índice de precipitações pluviométricas: quando uma deficiência acentuada na
quantidade de chuvas no ano, inferior ao mínimo do que necessitam as plantações,
a seca é absoluta; quando as chuvas são suficientes apenas para cobrir de folhas a
Caatinga e acumular um pouco de água nos barreiros e açudes, mas não permitem
o desenvolvimento normal dos plantios agrícolas, dá-se a seca verde.
4.7.1 Classificação das Secas
A diversidade de tipologias climáticas existentes no planeta torna impossível
utilizar o mesmo gradiente de déficit hídrico e pluviométrico em dois lugares
diferentes. Portanto, diversas classificações tem sido desenvolvidas, com o interesse
de ser aplicadas universalmente, mas na prática não tem sido possível.
Valiente (2001) realizou uma ampla coleta de índices, a qual fora organizada
de maneira a demonstrar uma sequência de evolução para diversos tipos de seca,
conforme ilustrado na Figura 15.
Figura 15. Seqüência da evolução dos diversos tipos de seca. Fonte: Valiente (2001).
49
Seca meteorológica: é uma expressão do desvio da precipitação em relação
à média durante um período de tempo determinado.
Seca agrícola: como a quantidade de água é diferente para cada cultura, e
varia ao longo do crescimento de uma mesma planta, não é possível
estabelecer valores de tipos de seca agrícolas válidos nem mesmo para uma
única área geográfica.
Seca hidrológica: refere-se a uma deficiência no caudal das águas
superficiais e subterrâneas. Quando se produz uma defasagem entre a
escassez de chuvas ou níveis e a redução do caudal dos rios ou o nível dos
lagos e reservatórios, as medições hidrológicas não podem ser utilizadas
como indicador do início da seca, mas sim da sua intensidade. Enquanto a
seca agrícola tem lugar pouco tempo depois da meteorológica, a seca
hidrológica pode manifestar-se depois de muito tempo da escassez
pluviométrica, ou se as chuvas retornam em pouco tempo, pode não chegar a
se manifestar. A capacidade de gestão dos recursos hídricos faz com que a
seca hidrológica não dependa exclusivamente do volume de água existente,
mas também da forma que se utiliza a água armazenada.
Seca sócio-econômica: é quando a disponibilidade da água diminui, até
produzir danos econômicos e pessoais à população da zona afetada. Não é
necessário que se produza uma restrição da provisão da água, basta que
algum setor econômico seja afetado negativamente. O incremento da pressão
antrópica sobre o recurso água faz que, cada vez seja maior a incidência da
seca sócio-econômica, inclusive nos casos de seca meteorológica leve.
Em termos gerais, a seca sócio-econômica sucede à agrícola e, para avaliá-la, a
única referência quantitativa existente são as relações de perdas econômicas
derivadas da escassez hídrica, ou o número de pessoas afetadas pelas restrições de
abastecimento de água e em casos extremos, o número de mortos. Isso demonstra
uma evidente carência metodológica na determinação do que é uma seca sócio-
econômica.
50
5
55
5º Capítulo
º Capítuloº Capítulo
º Capítulo
Resultados
ResultadosResultados
Resultados e
e e
e
Discussões
DiscussõesDiscussões
Discussões
Serra Branca
-
PB
51
5.1 CAPACIDADE POTENCIAL DE USO
Tomando como base Paraíba (1978), foi confeccionado o mapa de
capacidade de uso dos solos para Serra Branca e Coxixola, ilustrado na Figura 16. A
partir desse mapa, foi construída a tabela de Potencial de utilização (Tabela 8) das
terras em Serra Branca e Coxixola, PB, com a síntese das características
associadas a essas classes, que foi completada, seguindo a chave de parâmetros
para cada uma das manchas identificadas, e os índices citados no Anexo 3,
conforme metodologia sugerida.
Analisando o mapa, tem-se as classes identificadas na área estudada e como
elas estão distribuídas na região (Figura 17).
Figura 15. Mapa de capacidade de uso dos solos para Serra Branca e Coxixola
Fonte:
Paraíba (1978), adaptado
.
52
Tabela 8. Potencial de utilização das terras em Serra Branca e Coxixola, PB
Id
Capacidade
de uso
Classes de
capacidade
de uso das
terras
Fator
limitante
Classe
taxonômica
do solo
Classe
textural
Declividade
(t)
Pedregosidade
e rochosidade
(p/r)
Profundidade
efetiva (h)
Fertilidade
aparente
(f)
Erosão
hídrica
(e)
Outros
Fatores
Seca
edáfica
(A)
III10 III wd Ae ø A - h
3
f
2
e
2
d
5
A7
III31 III+VII wd+fsde Ae+SS ø A - h
3
f
2
+f
5
e
2
+e
3
d
5
+s
5
,d
6
A7
IV23 IV hdp V Ag/Ag B
-
- h
3
f1 e
2
d
6
,p
3
A7
IV37 IV+VII hd+hpe V+NCv+Re
Ag/Ag+
M/Ag+
(G-M)
B
-
+B - h
3
+ h
4
f
1
+f
3
e
2
+ e
3
p
3
,d
5/6
+p
4
A7
IV69 (IV-VI)+VII hpe+hpre NCv+Re
M/Ag+
(G-M)
B
-
+B p
4
/r
4
h
3/4
+ h
4
f
1
+f
3
e
3
+e
3/4
p
3/4
+p
4
/r
4
A7
IV74 (IV-VI)+VI+IV
hpe+hpre
+
pde
NCv+Re+V
M/M+
(G-M)+
Ag/Ag
B
-
+B+AB
-
p
4
/r
4
h
3/4
+h
4
+h
3
f
1
+f
3
e
3
+e
4
p
3
,c
1
+
p
4
/r
4
A7
IV78 IV+VI hpe+hpre NC+Re+AR
M/Ag+
(G-M)
B
-
p
4
/r
4
h
3
+h
4
f
2/3
+f
3
e
3
p
4
, p
4
/r
4
A7
IV103 IV+VI fd+hpre REe+Re+AR G+(G-M) B
-
+B p
4
/r
4
h
2
+h
4
f
4
+f
3
e
2
+e
3
d
5
+ p
4
/r
4
A7
VI24 (VI-VII)+VIII hpre+t Re+AR (G-M) B p
4
/r
4
h
4
f
3
e
3
p
4
/r
4
A7
VI26 VI hpe Re+NCv
(G-M)+
M/Ag
B
-
p
4
/r
4
h
4
+h
3
f
3
+f
1
e
3
p
4
/r
4
A7
VI27 VI hpre+phe Re+NCv
(G-M) +
G/M
B+B
-
p
4
/r
4
h
4
+h
3
f
3
e
3
p
4
/r
4
+p
4
A7
VI48 VI+IV+VIII hpre+phe Re+NCv+AR
(G-M) +
M/M
B+B
-
p
4
/r
4
h
5
+h
3
f
3
+f
1
e
3
p
4
/r
4
+p
4
A7
VII36 VII+IV+VIII htpre+phe Re+NCv+AR
(G-M)+
M/Ag
B
+
C
-
+B p
4
/r
4
h
5
+h
3
f
3
+f
1
e
3/4
+ e
3
p
4
/r
4
+p
4
A7
VII41 (VII-VIII)+VIII htpre Re+AR (G-M) C
+
D
-
p
4
/r
4
h
5
f
3
e
3/4
p
4
/r
4
A7
52
53
Distribuição das classes de capacidade de uso para Serra
Branca e Coxixola - PB
0
10
20
30
40
50
60
1
Classes
Área (%)
Classe III
Classe IV
Classe VI
Classe VII
Analisando as Figuras 16 e 17 e a Tabela 8, observa-se que apenas 8,9%
da região está classificada como Classe III, correspondendo a 76,51km
2
de
aluvião, que compreende terras regulares, que podem ser cultivadas sem riscos
de erosão, desde que sejam empregadas as práticas agronômicas de terraço ou
plantio em faixas. (PARAÍBA, 1978). Em geral, essa classe de terra exige rotação
de cultura, cultivos protetores e o uso de fertilizantes químicos e minerais.
Um fato que vale ressaltar, é que, uma área com classe considerada com
potencial para agricultura está localizada na várzea, e o uso desta para a
agricultura, conflita com o papel de proteção dos riachos, com a manutenção e/ou
plantio de matas ciliares. A sustentabilidade dessas áreas fica comprometida, pois
nos períodos de chuva intensa, o solo vai estar desprotegido, contribuindo para o
acúmulo de sedimentos nas baixadas e assoreamento de reservatórios de água e
rios.
A classe IV, que é formada pelos vertissolos, brunos não cálcicos, e áreas
de regossolos, ocupam a maior parte da área dos municípios de Serra Branca e
Coxixola, com 49,65% da área, que corresponde 426,79 km
2
inclusos nessa
classe e apresentam um maior risco a erosão. Em um contexto geral, apresentam
problemas de topografia, pedregosidade, erosão (bruno-não-cálcicos são
considerados solos “intermediários” por possuírem diferenças com relação aos
outros solos baseadas na textura entre os horizontes A e B, dificultando a
infiltração da água e favorecendo os processos de perda de solo), fertilidade,
drenagem, risco de inundação e profundidade efetiva, problemas esses em Estado
Figura 16.
Distribuição das classes de capacidade de uso das terras nos municípios
de Serra Branca e Coxixola, PB
54
não avançado, que com um manejo adequado dos solos, essas limitações podem
ser mitigadas, configurando terras ainda próprias para lavoura.
Os solos da área de estudo, representados pelos regossolos, litossolos e
vertissolos, o considerados pouco desenvolvidos. Neles ocorre a ausência do
horizonte B, assentando-se diretamente sobre o horizonte C ou sobre a rocha
mãe. Apesar da rocha mãe (granito) ser bastante resistente aos processos de
intemperismo, os solos, em particular, são bastante instáveis, por isso, são os que
possuem maior limitação quanto à mecanização e erosão laminar, conforme
verificado na Tabela 8.
As terras impróprias para a lavoura, correspondentes às classes VI e VII,
correspondem juntas a 41,45% da área dos municípios de Serra Branca e
Coxixola, configurando uma grande extensão de solos inadequados para a
irrigação, pois são formados, na sua maioria, por solos litólicos. Desse total,
17,31% são terras que possuem associações entre classes VI, VII e VIII, que são
terras que apresentam pedregosidade e são severamente erodidas.
Assim, o seu uso é recomendado, segundo Paraíba (1978), para abrigo da
fauna silvestre, preservação da flora, com o plantio de essências nativas de
caráter xerófilo para isso, uma alternativa bastante razoável, seria a implantação
de SAFs (Sistemas Agroflorestais) através da introdução e mistura de árvores ou
arbustos nos campos de produção agrícola ou pecuária, assim, obtem-se
benefícios a partir das interações ecológicas e econômicas que acontecem nesse
processo.
5.2 USO ATUAL DAS TERRAS
Barbosa (1989) explica que apenas a utilização da tonalidade de cinza,
como critério de classificação dos dados não é suficiente para a interpretação das
imagens de satélites. Isso pode ser explicado pelo fato de que as classes
analisadas variam sua resposta espectral em função das diferenças de solo,
topografia, estação do ano e posição relativa das classes no espaço. Para um
mapeamento das classes de uso da terra, por meio de imagens orbitais, tornou-se
55
necessária a utilização de outros critérios de classificação como: tamanho, forma,
localização e textura, complementados com intenso trabalho de campo.
Com o trabalho de campo, constatou-se que a utilização do solo na área
estudada tem sido voltada à atividade agropecuária extensiva. Os tipos de uso
observados, bem como sua distribuição em toda a área estudada podem ser
verificados na Figura 18, enquanto na Tabela 9, estão discriminadas as áreas que
ocupam essas classes.
Figura 18. Mapa de uso atual do solo nos municípios de Serra Branca e Coxixola, PB.
Tabela 9. Classes de uso das terras e suas respectivas áreas de exteno
CLASSE DE USO ÁREA (km
2
) ÁREA (%)
Vegetão natural 53,00 6,16
Algaroba 6,30 0,73
Cultura agcola 284,08 33,04
Pecuária extensiva 469,20 54,57
Afloramento de rocha* 1,44 0,17
Cultura agcola em aluvo 42,40 4,93
Água* 3,44 0,40
Total 859,86 100,00
* Embora afloramento de rocha e água não correspondam a uma classe de uso da terra, as áreas
ocupadas por estes foram considerados nos cálculos para obter uma melhor configurão da área total
em estudo.
56
A economia nessa região é caracterizada pela agricultura de baixa
produtividade e pecuária extensiva. Os solos onde estão instaladas as
propriedades agrícolas são em sua maioria ricos em elementos nutritivos para as
plantas, embora apresentem sérias limitações para a agricultura convencional,
como o regime inconstante de chuvas e solos rasos com pedregosidade elevada.
As áreas classificadas como cultura agrícola em aluvião, que se caracteriza
por apresentar uma vegetação mais densa, poderiam ser classificadas como mata
ciliar. No entanto, analisando a imagem orbital, as feições se tornaram bastante
confusas e a identificação precisa desta classe poderia não ser coerente. Assim,
durante o trabalho de campo, foi constatado o desenvolvimento de agricultura de
auto consumo em grande parte dos leitos dos rios, sobretudo as culturas
temporárias, como verduras e hortaliças, milho e feijão, para consumo humano e o
cultivo de palma forrageira e capim utilizada para alimentação bovina e caprina.
Em Coxixola, não só nas várzeas foram encontras áreas com cultivos
irrigados, tanto com culturas agrícolas temporárias, tomate, pimentão, coentro,
alface, cenoura, como também com permanentes, principalmente o cultivo de
frutíferas, como bananeiras e coqueiros. Segundo produtores locais, o
escoamento dessa produção é feito nas feiras de Campina Grande, PB e Caruaru,
PE, e a venda realizada através de atravessadores. As Figuras 19, 20 e 21
ilustram algumas áreas irrigadas no município de Coxixola.
micro-aspersor
Figura 19. Irrigação pressurizada de hortalas, em 10/01/2008 (S 7º42’14,6’’; O 337’01,3’’).
Fonte: Karina de Sousa Andrade
.
57
Como verificado no mapa de uso atual do solo, Figura 18, a capacidade de
uso para a pecuária, indicada no mapa de capacidade de uso, tem sido efetiva,
totalizando uma área de 489,20 km
2
ocupados por essa atividade, principalmente
na região central e na região sul da área estuda.
Entretanto, são regiões com limitações, e essa potencialidade de uso deve
ser acompanhada de práticas adequadas de manejo e assistência técnica, que
minimizem essas limitações, e que viabilizem a produção pecuária de maneira a
gerar renda, de preferência, com uma política de incentivo que dê sustentabilidade
a esse setor da economia na região. Sem essas ações, elas vão continuar
estagnadas, sem evoluir no tocante aprimoramento de técnicas produtivas,
manejo adequado, e vão continuar degradando o solo.
A ovinocaprinocultura se destaca na região, por se tratar de animais mais
resistentes às limitações de água e forragem. Entretanto, o manejo inadequado
desses animais é nocivo ao solo, pois são criados extensivamente, na maioria das
vezes ultrapassando a capacidade de suporte da Caatinga, de 1 a 1,5 ha/caprino
(LANGUIDEY & CARVALHO FILHO, 1994). Retirando os vestígios de vegetação
nativa, que mostram dificuldade de regeneração natural, deixam o solo sem
cobertura vegetal, e altamente vulnerável a erosão e a degradação.
Analisando as Figuras 22 e 23, do efetivo da produção dos rebanhos nos
municípios de Coxixola e Serra Branca, respectivamente, verificou-se que ao
longo dos anos, que a produção de caprinos tem sido superior às demais criações,
e esse restante, têm se mantido mais ou menos constante.
Figura 21.
Plantio de sequeiro de milho e feijão
consorciado no primeiro plano; banana e côco
irrigado no segundo, em 10/01/2008 (S 7º36’15,9;
O 36º4030,5’’). Fonte: Karina de Sousa Andrade
Figura 20.
Capim irrigado com aspersores,
em 10/01/2008 (S42’14,6’; O 337
01,3’’).
Fonte: Karina de Sousa Andrade
58
O que de certa forma, parece bom para a economia local, vai se
distanciando cada vez mais de uma situação de equilíbrio com o meio ambiente.
Em virtude do manejo inadequado desses animais, com a criação extensiva,
altamente degradante, pois o bode, um animal de dieta diversificada e de pastejo
aéreo, deixa o solo desprotegido, associado ao pisoteio dos animais, que
compactam o solo, colocando em risco a própria economia local dos próximos
anos.
Rebanho do Município de Coxixola - PB
0
2.000
4.000
6.000
8.000
10.000
12.000
1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006
Ano
Unidade
Bovino
Sno
Caprino
Ovino
Aves
Figura 22. Efetivo dos rebanhos em Coxixola, PB. Fonte: Pesquisa Pecuária Municipal,
IBGE – 2006.
Rebanho do Município de Serra Branca - PB
0
5.000
10.000
15.000
20.000
25.000
30.000
1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006
Ano
Unidade
Bovino
Suíno
Caprino
Ovino
Aves
Figura 23. Efetivo dos rebanhos em Serra Branca, PB. Fonte: Pesquisa Pecuária
Municipal, IBGE – 2006.
59
Em Portugal, é usada uma caracterização genérica que criou regiões
agrárias. Nesse contexto, Mirandela está situada na região autônoma Terra
Quente Transmontana inserida na Região Agrária de Trás-os-Montes, conforme
indicado na Figura 24.
Figura 24. Delimitação da região agrária Trás-os-Montes. Fonte: Instituto de
Desenvolvimento Rural e Hidráulica, 2006.
Verifica-se na Tabela 10, que a área urbana se reduz a 1% da área do
Concelho, e 58,59% da área é usada com agricultura, onde suas culturas
principais são: olival, frutos secos, como ameixa e uva, cereais, as vinhas e as
pastagens. Os embutidos, como as alheiras e o queijo, além dos vinhos e azeites
são os principais produtos verticalizados oriundos da região Transmontana.
Tabela 10. Uso atual das terras em Mirandela, PT, adaptado de Gouveia, 2005
Classe Ocupação (ha) Ocupação (%)
Agricultura 38611 58,59
Área urbana 659 1,00
Incultos 22671 34,41
Matas e florestas 3956 6,00
Área total 65897 100,00
60
Essa caracterização, fundamentalmente agrícola é reafirmada ao
analisarmos a carta de uso atual das terras na Figura 25,. onde manchas com
agricultura são notadamente prioritárias comparadas aos outros usos do solo.
A Figura 26 ilustra o uso do solo na freguesia de Mirandela, onde a
vegetação densa é representada pelas florestas de eucalipto, responsáveis pela
maior preocupação do Concelho durante o verão, por resultarem em queimadas
desastrosas, que ganham maior magnitude pela fragilidade da espécie ao calor e
se expandem rapidamente na região, pela influência dos ventos.
Figura 17. Carta de uso atual da Terra em Mirandela – PT. Fonte: Gouveia, 2005.
61
As áreas de agricultura e pecuária ressaltam o cultivo intensivo das terras
com parcelas pequenas.A área explorada não chega a 1,5 ha, esse é um grande
problema não só da freguesia de Mirandela, mas de todo o Concelho.
Uma prática agrícola bastante utilizada pelos portugueses, o plantio morro a
baixo, não agride o solo tanto quanto aqui, pois no inverno neva, assim, uma
camada de proteção impede que a água das chuvas erodam tanto o solo, que são
profundos e mais estruturados. Essa prática foi trazida pelos portugueses para a
sua colônia brasileira, que as características do solo são diferentes dos
encontrados lá. E essa prática, ainda repassada entre os agricultores, tem um
efeito aqui bem mais danoso.
Figura 26. Mapa de uso do em parte da freguesia de Mirandela, PT.
A seqüência das Figuras 27 a 33, registradas entre os dias 08 e 10 de
maio de 2006, ilustra o cotidiano agcola mirans. Analisando essas figuras,
pode ser constatada a divio das propriedades em pequenas parcelas com
uso intensivo das terras, assim, o se encontram áreas abandonadas,
entretanto, pela pressão de uso que eso sendo submetidos esses solos, a
região se encontra numa alta vulnerabilidade física, e conseqüentemente,
social.
62
Figura 27. Plantio de frutas secas. Fonte: Karina de
Sousa Andrade.
Figura 28. Plantio de olival seguin
do o declive,
vinhas ao fundo. Fonte: Karina de Sousa Andrade.
F
igura 29.
Irrigação localizada.
Fonte: Karina de
Sousa Andrade.
Figura 32
. Presunto, vinho e azeite
armazenados para auto consumo.
Fonte: Karina de Sousa Andrade.
Figura 31
Vinho e cereais
armazenados para auto
consumo. Fonte: Karina de
Sousa Andrade.
Figura 30. Ovinocaprinocultura semi-
intensiva.
Fonte: Karina de Sousa Andrade.
Figura 33.
Produção industrial
de queijo de ovelha.
Fonte:
Karina de Sousa Andrade.
63
5.3 COBERTURA VEGETAL 1987 X 2004
A análise da cobertura vegetal nos municípios de Serra Branca e Coxixola,
PB foi feita com base na interpretação das imagens orbitais para os anos de 1987
e 2004. Através dessa interpretação foram gerados os Mapas de Cobertura
Vegetal para os dois anos, Figuras 34 e 35.
Figura 34. Mapa de cobertura vegetal dos municípios de Serra Branca e Coxixola, PB, em
1987.
A análise da evolução da cobertura vegetal tem uma direta implicação na
qualidade dos solos e uma dependência na pressão da atividade antrópica sobre
este meio. Atividades humanas que resultam em áreas de solo exposto, culturas
anuais e pastagens, possuem um alto valor de vulnerabilidade nos processos de
perda de solo, devido à baixa cobertura do solo e ao constante preparo para a
agricultura. As classes abrangidas nesse estudo e seus valores de ocorrência nos
municípios são verificados na Tabela 11.
64
Figura 35. Mapa de cobertura vegetal dos municípios de Serra Branca e Coxixola, PB em
2004.
Tabela 11. Cobertura vegetal e sua distribuição ao longo da área para os anos de
1987 e 2004, para os munipios de Serra Branca e Coxixola, PB
CLASSES DE COBERTURA VEGETAL
Área (km
2
)
Classes
1987
%
2004
%
Incremento
(%)
Vegetação densa 128,53
14,97
132,18
15,39
0,43
Vegetação semi-densa 178,36
20,77
154,84
18,03
-2,74
Vegetação rala 414,32
48,25
292,48
34,06
-14,19
Vegetação rala + solo exposto 106,97
12,46
231,03
26,91
14,45
Solo exposto 22,41
2,61
43,15
5,02
2,42
Afloramento de rocha 0,81
0,09
0,83
0,10
0,00
Água* 7,25
0,84
4,15
0,48
-0,36
Área Total das Classes 858,65
100,00
858,65
100,00
* Embora a água não corresponda a uma classe de cobertura vegetal, as áreas dos corpos hídricos foram
considerados nos cálculos para obter uma melhor configuração da área total em estudo.
Na Tabela 11, verifica-se que os valores de vegetação densa, a priori,
representada pelo bioma Caatinga, teve um pequeno acréscimo ao longo do
intervalo dos anos, em valores quantitativos, o que deveria ser considerado
65
positivo. Entretanto, ao confrontar os mapas de cobertura vegetal de 1987 e 2004,
constata-se que ocorreu uma dissipação da vegetação densa, que antes se
convergia a noroeste e leste da área. Agora é representado nas porções mais
elevadas do terreno e de reflorestamento de algaroba.
Nas imagens de satélite, áreas com reflorestamento de algaroba possuem
resposta espectral similar a de vegetação densa, levando à classificação como
matas ciliares, que protegem os corpos d´água ao longo de sua extensão.
Entretanto, essa planta exótica degrada cada vez mais o solo, pois, além de se
caracterizar por um alto consumo hídrico, é alopática, impedindo o
desenvolvimento de qualquer outro tipo de vegetação no seu perímetro, e assim,
minimiza a capacidade de auto-recuperação da vegetação nativa.
As áreas de vegetação semi-densa e de vegetação rala, que em sua
maioria representam as áreas de Caatinga em recuperação e cultivo agricultura,
tiveram um decréscimo, justificado pelo aumento na classe de vegetação rala +
solo exposto e vegetação rala. Esse acréscimo nas classes mais críticas (antes
representavam 15,07%, agora, 31,93%) configura a realidade da pecuária
extensiva sem manejo adequado, à criação pecuária da região, onde os caprinos
e ovinos vem devastando tudo ao longo dos anos, e a vegetação, quando
presente, se caracteriza por diferentes graus de raquitismo em seu
desenvolvimento.
Esse aumento da degradação termina por ser confirmada no acréscimo das
áreas de solo exposto, demonstrando mais uma vez o aumento das
vulnerabilidades dessas áreas e criando uma alerta: se não houver uma mudança
na configuração dessa realidade em que vive essa população local, a
sustentabilidade futura da área está seriamente comprometida.
5.4 DEGRADAÇÃO
Acreditando-se que o Estado de conservação dos recursos naturais está
diretamente relacionado com as vulnerabilidades e com os riscos existentes em
uma determinada comunidade, realizou-se a identificação da degradação das
66
terras usando-se técnicas descritas na metodologia, que se baseiam em uma
seqüência de etapas lógicas e sistemáticas.
Os principais procedimentos consistem na caracterização dos padrões do
terreno formadores das tonalidades de cinza de toda a área de trabalho da
imagem. Essa classificação foi utilizada no mapa de degradação dos solos dos
municípios de Serra Branca e Coxixola, PB ,Figura 36, e em seguida agrupada em
níveis de degradação, conforme apresentada na Tabela 12.
Figura 36. Mapa de degradação dos solos nos municípios de Serra Branca e Coxixola,PB,
em 2004.
Tabela 12. veis de degradação das terras nos municípios de Serra Branca e
Coxixola, PB
Nível de Degradação Área (km²) Ocorrência nos municípios (%)
Baixo 47,89 5,57
Moderado 238,57 27,74
Moderado Grave 3,63 0,42
Grave 461,76 53,70
Muito Grave 105,27 12,24
Sombra 0,53 0,06
Água 2,3 0,27
Total 859,95 100,00
* Embora a água não corresponda a uma classe de degradação, as áreas dos corpos hídricos foram
considerados nos cálculos para obter uma melhor configuração da área total em estudo.
67
Vale destacar que a classificação da degradação é relativa, o
quantitativa. A única quantificação realizada foi referente à delimitação dessas
áreas na imagem e quanto de área que ocupam. Mas o que diferencia uma da
outra é uma classificação relativa, baseada na conservação, seguindo de uma
comparação com outras áreas. Assim, cada um desses níveis possui
características próprias no tocante ao relevo, vegetação e uso, as quais foram
agrupadas, qualitativamente, da seguinte maneira:
Nível de Degradação Baixo: foi constatado esse nível geralmente nas
áreas de serra, onde vegetação densa, preservada, fechada, com
bastante presença de elementos arbóreos arbustivos nativos. O relevo é
montanhoso ou fortemente ondulado, e alguns pontos com afloramento de
rochas pela própria característica dos solos. Alguns pontos também
apresentam erosão laminar;
Nível de Degradação Moderado: o relevo é ondulado a fortemente
ondulado vegetação de porte baixo, caracterizado por uma vegetação
nativa semi-densa em regeneração. O solo possui cobertura por detritos
orgânicos e gramíneas, sendo que em algumas áreas aparecem manchas
de solo exposto. Erosão laminar, pedregosidade baixa. Áreas com cultivo
agrícola de sequeiro e pequena irrigação;
Nível de Degradação Moderado Grave: vegetação arbustiva aberta em
regeneração. Erosão laminar e sulcos incipientes. Pedregosidade média;
Nível de Degradação Grave: solo exposto, com alguma cobertura vegetal
e detrítica, drenagem natural com processos erosivos avançados, erosão
laminar forte, com formação de sulcos e voçorocas, erosão solar
5
.
Presença de lixo. Geralmente áreas de reflorestamento com algaroba,
pasto abandonado ou plantio de palma. Alta pedregosidade, vegetação
5
Erosão solar: ocorre quando o solo está nu, e a radiação solar incide diretamente sobre ele, a temperatura
fica em torno de 50-60ºC, num grau em que os microorganismos não suportam viver. o esses seres os
responsáveis pesa decomposição da matéria orgânica, e sem eles, não produção de matéria orgânica no
solo. Como o solo está desprotegido, ele esquenta muito, e suas partículas se dilatam. A noite, elas se
contraem, e com isso, elas se quebram. Esse é um processo natural, mas da maneira como ocorre,
acelerado, se configura num processo degradativo do solo.
68
natural arbustiva. Uso agrícola em áreas de baixio, nas demais, usada com
pecuária extensiva;
Nível de Degradação Muito Grave: vegetação arbustiva aberta de porte
pequeno, rala, raquítica, que não consegue se desenvolver (nanismo), solo
exposto, raso, pedregosidade alta, afloramento rochoso e rolamento de
algumas rochas, erosão laminar, por sulcos, ravinas, voçorocas e solar em
diferentes níveis e extensão. Inexiste ou baixa densidade populacional.
Nesse nível de degradação, a vegetação nativa não mais possui
capacidade de regeneração sem auxilio externo, tornando-se igualmente
mais onerosa.
O alto valor encontrado dos níveis de degradão grave e muito grave (totalizando
quase 66% da área) é um alerta ao processo de ocupão e uso dessas terras. Um
problema de cunho social e cultural. Se as comunidades ali presentes continuarem
com as explorões inadequadas da terra, esse processo só tende a crescer
independente da existência ou o de chuvas.
5.5 DESERTIFICAÇÃO
Os níveis de degradação ambiental verificados no mapa de degradação
permitiram a confecção do mapa de desertificação. Os níveis de degradação das
terras definem, juntamente com os dados do diagnóstico sócio-econômico
ambiental, os estágios de desertificação em que se encontram as áreas estudadas
(Figura 37).
Conforme pode ser verificado na Figura 37 do mapa de desertificão, quatro
estágios foram identificados e caracterizados, apresentados na Tabela 13.
69
Figura 37. Mapa de desertificação dos municípios de Serra Branca e Coxixola em 2004.
Tabela 13. Caracterização dos estágios de desertificação dos municípios de Serra
Branca e Coxixola, PB
Estágios de
desertificação
Área
km
2
%
Descrição
Baixo 46,64km
2
5,4%
Definido a partir do nível baixo de degradação,
corresponde a algumas áreas onde a vegetação nativa
ainda está presente, com poucas evidências de
antropismo, por se localizarem em áreas de relevo alto.
Também neste estágio, estão inseridas algumas áreas
localizadas ao longo dos rios, onde se encontram
algumas culturas agrícolas de cultivo de capim, feijão e
hortaliças, e alguns pontos de mata ciliar, representadas
por plantas nativas, algarobas, ou árvores frutíferas, como
cajueiros e mangueiras.
Moderado 228,07km
2
26,6%
Definido a partir do nível de degradação moderado,
caracteriza-se pelo uso misto de terras como agricultura,
pecuária e plantios de algaroba.
Severo
477,21km
2
55,7%
Foi definido a partir dos níveis de degradação grave e
muito grave. Como observado em campo, as áreas de
ocorrência desse estágio são ainda bastante utilizadas
pela pecuária extensiva.
Muito severo 105,33km
2
12,3%
Definido pelo nível de degradação muito grave, uma das
características desse estágio é uma densidade
populacional muito baixa ou quase nula na zona rural.
Possivelmente este estágio avançado de desertificação,
mais representativo pelas proximidades das sedes dos
municípios, tenha se instalado, pela própria
proximidade à sede, propiciando o uso mais intensivo
dessas áreas, sem práticas conservacionistas.
70
Se o clima fosse, de fato, o responsável pela desertificação, não existira um
estágio de desertificação baixo, com nível de degradação baixo e suas
características de vegetação nativa conservadas. Isso prova que o clima em si não
pode ser o responsável pelo agravamento do processo.
Assim, o processo de desertificação, como um desastre, deve ser
considerado um processo social, e não natural. Ele é construído pelo homem. A
falta de manejo agrícola adequado, de práticas conservacionistas, a monocultura,
as queimadas, o extrativismo vegetal e mineral, entre outras ações antrópicas,
detonaram o processo de desertificação.
O fato de 68% do território dos municípios de Serra Branca e Coxixola na
Paraíba, estarem em estágios severo e muito severo de desertificação é a
constatação de como esse uso inadequado e não sustentável do solo tem se
agravado ao longo dos anos. Se não houver uma mudança nas práticas do uso
desses, num futuro não muito distante, pouco vai poder ser feito para mudar essa
dura realidade construída pela própria população, e as ações cabíveis para
reverter esse quadro, vão se tornando cada vez mais onerosas.
5.6 PERDAS E DANOS
As secas que atingem o cariri paraibano, por falta de mecanismos e infra
estrutura que mitiguem os seus efeitos, prejudicam o crescimento das plantações
e acabam provocando um rio problema social, uma vez que expressivo
contingente de pessoas que habita a região semi-árida vive, verdadeiramente, em
situação de extrema pobreza. As conseqüências mais evidentes das grandes
secas são a fome, a desnutrição, a miséria e a migração para os centros urbanos
(êxodo rural). Isso pode ser verificado nas Figuras 38 e 39, com dados oriundos
dos questionários aplicados, referentes à renda anual das famílias nos municípios
estudados no Brasil
71
RENDA BRUTA DA PROPRIEDADE POR ANO
SERRA BRANCA - PB
62%
19%
0%
6%
13%
0 A 500 (R$)
501 a 1000 (R$)
1001 a 1500 (R$)
1501 a 2000 (R$)
Acima de 2000
Conforme verificado, em ambos os casos a renda de até R$ 500,00 por ano
atinge mais de 60% das famílias entrevistadas. Esse valor está bem aquém de um
valor que as sustente nas propriedades. Diante dessa situação, na maioria das
famílias entrevistadas, pelo menos uma pessoa que trabalhe para a prefeitura
ou na zona urbana do município em que residem; os que ficam na zona rural
trabalham em outras propriedades para completar a renda, como acontece na
maioria dos casos, ou mesmo os obriga a deixar a propriedade, em casos
extremos.
Esses problemas que sucedem às secas resultam de falhas no processo de
ocupação e de utilização dos solos e da manutenção de uma estrutura social
profundamente concentradora e injusta, que ocasiona o controle da propriedade
da terra e do processo político pelas oligarquias locais.
Por meio das Figuras 40 e 41 pode ser visualizada essa fragilidade, que
em ambos os municípios paraibanos estudados, mais de 90% das famílias não
dispõem de assistência técnica que os oriente no uso dos solos. Assim, induzem
ao surgimento de problemas como a introdução de culturas de difícil adaptação às
condições climáticas existentes e do uso de técnicas de utilização dos solos não
compatíveis com as condições físicas da região.
Figura 38. Distribuição da renda em Serra
Branca, PB.
RENDA BRUTA DA PROPRIEDADE POR ANO
COXIXOLA - PB
76%
0%
8%
8%
8%
0 A 500 (R$)
501 a 1000 (R$)
1001 a 1500 (R$)
1501 a 2000 (R$)
Acima de 2000
Figura 39. Distribuição da renda em
Coxixola, PB.
72
ASSISTÊNCIA CNICA
SERRA BRANCA - PB
5%
0%
95%
REGULAR
OCASIONAL
NÃO TEM
ASSISTÊNCIA TÉCNICA
COXIXOLA - PB
8%
0%
92%
REGULAR
OCASIONAL
NÃO TEM
O fenômeno natural das secas originou o surgimento de um fenômeno
político denominado ‘indústria da seca’. Os grandes latifundiários nordestinos,
valendo-se de seus aliados políticos, interferem nas decisões tomadas, à escala
federal, estadual e municipal. Beneficiam-se dos investimentos realizados e dos
créditos bancários concedidos. Não raro aplicam os financiamentos obtidos em
outros setores que não o agrícola, e aproveitam-se da divulgação dramática das
secas para não pagarem as dívidas contraídas. Os grupos dominantes têm saído
fortalecidos, enquanto é protelada a busca de soluções para os problemas sociais
e de oferta de trabalho às populações pobres.
Os trabalhadores sem terra (assalariados, parceiros, arrendatários,
ocupantes) são os mais vulneráveis à seca, porque são os primeiros a serem
despedidos ou terem os acordos desfeitos. Em Serra Branca, 40% das famílias
vivem essa situação, e no período de estiagem, deixam suas propriedades e se
ocupam de frentes de emergência, prestam serviços a outros produtores ou
abandonam a terra.em Coxixola esse valor cai para 23%. Essa diferença entre
os dois municípios pode ser justificada pelo fato de, em Coxixola, 60% das
famílias da zona rural analisadas, possuem água encanada, enquanto que em
Serra Branca, só 9% desfrutam dessa realidade, conforme pode ser verificado nas
Figuras 42 e 43.
Figura 40.
Situação da assistência
técnica em Serra Branca, PB.
Figura 41. Situação da assistência técnica
em Coxixola, PB.
73
No município de Coxixola, a prefeitura vem trabalhando para disponibilizar
água encanada a toda sua populão rural, entretanto, trata-se de um caso isolado
na rego do Cariri Paraibano, e que deveria ser seguido como exemplo. Essa ão
mostra que a queso da seca não se resume à falta de água, e sim à falta de
soluções para resolver a sua distribuão e as dificuldades de seu
aproveitamento.
Fica evidenciada que a economia do semi-árido, que depende quase que
exclusivamente da agricultura de auto-consumo e pecuária, é determinada por
práticas produtivas, agudamente anacnicas. O resultado é o colapso da renda
mínima de subsistência nas épocas de seca, fortalecendo a pobreza crônica na
maior parte da região. Esses aspectos agravam os resultados das secas e
provocam a destruição da natureza, a poluição dos rios e a exploração por parte os
grandes proprietários e altos comerciantes, dos recursos destinados ao combate à
pobreza da região, no que se denomina de "indústria da seca".
Crises climáticas periódicas, como as secas no Cariri Paraibano, acontecem
em qualquer parte do mundo, prejudicando a agricultura. Em alguns casos tornam-
se calamidades sociais. Porém, se transformam em flagelo social quando
condições sociais, políticas e econômicas assim o permitem. Regiões semi-áridas e
áridas do mundo são aproveitadas pela agricultura, por meio do desenvolvimento de
culturas de sequeiro ou culturas adaptadas à região.
No Nordeste as secas são tratadas, quando muito, com medidas paliativas e
não estruturadas, atingindo quase 100% da populão dos munipios estudados, a
exemplo da distribuão de cestas sicas, do uso do carro-pipa, da bolsa-renda, entre
outros. Isso rotineiramente, as as conseqüências do fenômeno já terem levado
FORMA DE ABASTECIMENTO DOMICILIAR
SERRA BRANCA - PB
38%
34%
19%
9%
LATA
ANIMAIS
CARROS PIPA
ENCANADA
FORMA DE ABASTECIMENTO DOMICILIAR
COXIXOLA - PB
13%
7%
60%
20%
LATA
ANIMAIS
CARROS PIPA
ENCANADA
Figura 42
.
Abastecimento domiciliar em
Serra Branca, PB.
Figura 43
.
Abastecimento domiciliar em
Coxixola, PB.
74
pânico à populão. Os resultados dessa forma de procedimento na região, todos os
brasileirosm acompanhado pela mídia impressa e televisiva do ps: uma verdadeira
ciranda de descaso falta de respeito para com o próximo e, como se isso o bastasse,
facilidade de serem cometidos atos icitos na chamada ‘indústria da seca’.
Os municípios paraibanos estudados se configuram como uma região
procia para a pecuária e agricultura de auto consumo, como constatado através
do mapa de capacidade potencial de uso das terras, entretanto, necessita ser
direcionado um tratamento racional a essas atividades, especialmente no aspecto
ambiental. No entanto, predomina a falta de vontade política na região, refletida
numa ‘seca de vontade’ que é guiada por poderosos interesses econômicos e
políticos: indústria da seca, eleitoral, troca de verbas por votos, etc., os Estados
nordestinos impedem uma política orientada à sustentabilidade da vida no semi-
árido e reproduzem a exclusão. Privilegia-se a fruticultura irrigada e os centros
industriais localizados, enquanto os demais são abandonados como
desinteressante para o capital.
5.7 VULNERABILIDADE SOCIAL
As variações climáticas prejudicam o crescimento das plantações e acabam
provocando um sério problema social. Essa situação de vulnerabilidade ao
desastre seca pode ser verificada por meio das Figuras 44, 45 e 46, obtidos
conforme referenciado na metodologia do trabalho, para os municípios de Serra
Branca, Coxixola e Mirandela.
75
Município de Mirandela – PT, 2006
Figura 46. Vulnerabilidade social de Mirandela, PT.
A vulnerabilidade social dos 3 municípios, com valores entre 31 e 45% foi
considerada alta, a partir da Tabela 7, que referencia a classificação das
vulnerabilidades.
Uma característica comum aos municípios estudados é o perfil educacional
e cultural deficientes dos produtores rurais. Por meio dos dados dos questionários,
verificou-se que em Serra Branca e Coxixola, 70% dos chefes das famílias
estudadas são considerados analfabetos, em Mirandela o valor é de 30%. Em
países altamente desenvolvidos como a Suíça, por exemplo, esse valor não passa
dos 10%.
Município de Serra Branca
PB, 2004
Município de Coxixola
PB, 2007
Figura 44.
Vulnerabilidade social de Serra
Branca, PB.
Figura 45.
Vulnerabilidade social de
Coxixola, PB.
76
Aliada a essa característica, tem-se uma questão extremamente importante,
em se tratando do interior de Portugal, que é a questão do envelhecimento da
população e a problemática da estrutura fundiária. Segundo o Instituto Nacional de
Estatística (INE), o índice de envelhecimento é de 140%, enquanto que a taxa da
natalidade em Mirandela, é de 10,4%. Junto com essa baixa taxa de natalidade,
também a migração, principalmente dos jovens, que saem do município
geralmente em busca das cidades litorâneas, em busca de ensino superior e
maiores oportunidades profissionais. Esses dados demonstram a realidade da
última década, de uma população residente que só tem diminuído.
No tocante a estrutura fundiária, em 80% das freguesias do município, a
área explorada não chega a 1,5 ha/exploração. Assim, esse tem sido o maior
problema do Concelho, o abandono e as subdivisões excessivas das áreas por
motivo familiar (herança). Com essas inúmeras subdivisões, quem tem ganhado é
o grande produtor que, geralmente, arrenda essas terras para cultivo de espécies
com o ciclo longo, degradando o solo cada vez mais.
Dois pontos valem ser ressaltados no que se refere à estrutura das vilas no
setor rural de Mirandela: 1) todo o município é coberto pela coleta seletiva de lixo.
Na visita de campo, verificou-se a presença de recipientes específicas para a
coleta seletiva (Figura 47), que são limpas 2 vezes por semana, mesmo assim, foi
encontrado lixo, jogado nos córregos (Figura 48); 2) a grande parte das casas das
vilas são construídas por pedras, são construções histórias, que resistem bem até
hoje (Figuras 49 e 50).
Figura 47. Recipientes de coleta seletiva, em
08/05/2006. Fonte: Karina de Sousa Andrade.
Figura 48
. Lixo nos córregos, em 08/05/2006.
Fonte: Karina de Sousa Andrade.
77
Figura 49. Casas de pedra, em 09/05/2006 Figura 50. Casas de pedra, em 10/05/2006.
Fonte: Fonte: Karina de Sousa Andrade. Fonte: Karina de Sousa Andrade.
5.8 VULNERABILIDADE ECONÔMICA
Dentre as atividades econômicas existentes nos três municípios estudados,
pontifica, pela sua importância econômica, social e potencial, a agricultura e a
pecuária. As retas estão dispostas nas Figuras 51 e Figura 52 para Serra Branca e
Coxixola, respectivamente, e Figura 53 para Mirandela. Os três municípios
estudados apresentaram vulnerabilidade econômica classificada como muito alta.
Município de Serra Branca
PB
Município de
Coxixola
PB
Figura 51. Vulnerabilidade ecomica em Serra Branca,
PB, 2004.
Figura 52. Vulnerabilidade ecomica em
Coxixola, PB, 2007.
78
Em Mirandela, PT, a atividade agrícola é regional e tem procurado
respeitar as produções tradicionais, tirando partido do vasto saber acumulado ao
longo de culos na sua exploração, no qual foram sendo introduzidas novas
cnicas de cultivo que tem promovido a sua qualidade, sem a sua
descaracterização. Suas principais culturas são a vitivinicultura, a olivicultura, a
caprino-ovinocultura, a produção de cereais, como aveia e centeio, e de frutos
(amêndoas, castanhas, maçãs e cerejas). A verticalização dos produtos é
intensa, principalmente a oriunda da vitivinicultura, olivicultura e caprino-
ovinocultura.
O que coloca os produtores sob alta vulnerabilidade econômica em
Mirandela é o fato de todos serem dependentes dos subsídios do governo. A
vantagem é que para receberem esses subsídios (75% oriundos da Comunidade
Europeia - CE e 25% do Estado), eles precisam fazer parte de alguma
associação, dependendo do seu produto, e obedecer um conjunto de ações
determinadas pela CE, que tem como objetivo a preservação da paisagem e do
meio ambiente (ações essas chamadas de Medidas Agroambientais). Assim,
eles têm acompanhamento técnico integral e subsídios a fundo perdido que varia
conforme produto, produção e área da propriedade. O lado negativo é que, se o
governo extingue esse benefício, os produtores o tem como sobreviverem
apenas do que produzem.
Município de
Mirandela
PT
Figura 53.
Vulnerabilidade econômica em Mirandela, PT, 2006
79
Em Serra Branca e Coxixola, o setor econômico é bastante similar entre
eles, resumindo-se, basicamente, à agricultura familiar para auto-consumo,
pecuária extensiva e plantio irrigado nas áreas de aluvião com fruticultura e
capim. Praticamente, não produção verticalizada, e o que é comercializado
ainda passa pelos atravessadores.
Um indicativo dessa vulnerabilidade alta é o exemplo do Seguro Safra
07/08 em Coxixola, em que 283 famílias se inscreveram, mas só havia 209
vagas. Para se inscreverem, eram exigidos: ivel com área inferior a 220 ha;
plantar 0,6-10 ha de milho e/ou feijão; renda bruta da família inferior a 1,5
sarios mínimos; ter trabalho familiar como base da exploração; e morar dentro
ou próximo ao imóvel explorado. A seleção foi feita seguindo os seguintes
cririos:
(1) famílias com menor renda per capita;
(2) famílias sustentadas pela mulher;
(3) famílias que tenham portadores de necessidades especiais;
(4) famílias não proprierias de imóvel rural.
Essa realidade demonstra a fragilidade das políticas assistencialistas em
que se encontram as famílias rurais de Serra Branca e Coxixola, pois até para
receber o seguro, que teoricamente seria para mitigar os danos oriundos da
vulnerabilidade à seca, nem todos podem ser cobertos e, para os beneficiados, a
situação das famílias tem de ser de precariedade.
5.9 VULNERABILIDADE TECNOLÓGICA
Os municípios de Serra Branca e Coxixola encontram-se inseridos numa
classe de vulnerabilidade muito alta, cujo grau encontrado foi de 77% e 68%,
respectivamente (Figuras 54 e 55). O Concelho de Mirandela apresentou uma
alta vulnerabilidade tecnológica, de 39% (Figura 56), tendo em vista que para os
pades europeus, Portugal esta aquém do desenvolvimento tecnogico quando
se fala em cnicas agropecuárias.
80
MUNICÍPIO DE MIRANDELA – PT
MUNICÍPIO DE SERRA BRANCA – PB MUNICÍPIO DE COXIXOLA – PB
Um fator que contribuiu para esse valor em Mirandela diz respeito à relação
na forma de utilização dos solos, na qual 55% dos entrevistados fazem o uso da
terra seguindo o declive do terreno (Figura 57) e 86 % da população não aplica
qualquer prática de conservação ao meio ambiente (Figura 58). Esse descaso
com os recursos naturais foram costumes repassados culturalmente para a
população brasileira desde a época da colonização, o que vem ocasionando uma
degradação dos solos em nosso país.
Figura 55. Vulnerabilidade tecnológica
de Coxixola, PB, 2007.
Figura 54. Vulnerabilidade tecnológica de
Serra Branca, PB, 2004.
Figura 56. Vulnerabilidade tecnológica de Mirandela, PT, 2006.
81
Na avaliação da vulnerabilidade tecnológica nos municípios estudados no
Cariri Paraibano, também é preocupante a maneira de como o solo é tratado, visto
que em Coxixola, apenas 18% da população sabe executar obras de contenção
do solo (Figura 59). Em Serra Branca, esse valor ainda é mais baixo, chega a 10%
das famílias questionadas (Figura 60). Esses dados evidenciam realidades duras,
de falta de conhecimento da própria realidade do campo, falta de disciplinas
contextualizadas no ensino fundamental e médio, ausência de um
acompanhamento cnico, entre outros indicativos, que levam a uma degradação
do solo cada vez mais acelerada e inconsequente.
SABE EXECUTAR OBRAS DE CONTENÇÃO
Coxixola, PB
18%
82%
SIM
NÃO
Figura 59. Percentual de pessoas que sabem
executar obras de contenção no munipio de
Coxixola, PB.
SABE EXECUTAR OBRAS DE CONTENÇÃO
Serra Branca, PB
10%
90%
SIM
NÃO
USO DO SOLO
Mirandela, PT
55%
45%
SEGUE O DECLIVE
EM NÍVEL
PRATICA DE CONSERVAÇÃO
Mirandela, PT
14%
86%
USA NÃO USA
Figura 57. Uso do solo em Mirandela, PT.
Figura 58. Práticas de conservação
realizadas em Mirandela, PT.
Figura 60. Percent
ual de pessoas que
sabem executar obras de conteão no
munipio de Serra Branca, PB.
82
MUNICÍPIO DE SERRA BRANCA – PB MUNICÍPIO DE COXIXOLA – PB
5.10 VULNERABILIDADE À SECA
A vulnerabilidade hídrica, aqui chamada de vulnerabilidade à seca, incide
diretamente na qualidade de vida da população situada na zona rural, tendo uma
relação direta com as outras vulnerabilidades anteriormente citadas; pode servir
de base para a adoção das políticas públicas aplicadas na região, sobretudo nas
comunidades que sofrem riscos a desastre desertificação e seus efeitos sobre a
população residente.
O grau de vulnerabilidade às secas encontrado nos municípios analisados é
muito alto, cujo valor corresponde a 78% em Serra Branca (Figura 61), 72% em
Coxixola (Figura 62) e 45% em Mirandela (Figura 63).
MUNICÍPIO DE MIRANDELA – PT
Figura 63. Vulnerabilidade às secas em Mirandela, PT, 2006.
Figura 62. Vulnerabilidade às secas
em Coxixola, PB, 2007.
Figura 61. Vulnerabilidade às secas em
Serra Branca, PB, 2004.
83
São muitos os fatores de risco que conduzem a essas vulnerabilidades
mostradas nos municípios estudados. A periodicidade e qualidade da oferta
hídrica é um fator determinante do padrão, estabelecido pelo homem, de
convivência com o meio ambiente e uso de seus recursos naturais, bem como
condiciona o desenvolvimento econômico de uma região.
Em Mirandela, a seca não é um fenômeno natural freqüente, e, portanto a
população e os gestores públicos não se preparam para a ocorrência das mesmas.
Este fato vem mudando a partir da seca que ocorreu em todo o território português
em 2005 e que trouxe vários prejuízos econômicos para a população portuguesa
como um todo. Essa despreocupação com a oferta hídrica reflete em práticas de
despercio desse recurso natural tão exaustivamente degradado em todo o mundo.
Conforme os dados levantados durante as visitas de campo, foi constatado que
100% da população rural desse Concelho não fazem racionamento da água, o
captam água das chuvas e nem fazem o aproveitamento de águas residuais.
Isso se deve ao fato de que os moradores da região norte de Portugal
consideram ou consideraram, por muito tempo, a seca como uma ameaça
distante, visto que toda a população residente nas áreas deste Concelho tem
oferta hídrica permanentemente para abastecimento humano e animal, com água
canalizada em todas as residências da zona rural e cerca de 50% da população
possui outras fontes de água, que permitem irrigação durante todo o ano.
O desastre da seca no Brasil encobre interesses econômicos e políticos de
uma elite nordestina que procura eternizar o problema e impedir que ações
eficazes sejam adotadas, no sentido de minimizar as vulnerabilidades da
população dos municípios de Serra Branca e Coxixola para que esta venha a se
adequar a padrões aceitáveis de risco na convivência com o semi-árido.
Neste cenário, observa-se uma disparidade na distribuição da água nos
municípios brasileiros estudados, onde os pequenos agricultores não têm acesso
à água. Esta situação vem diminuindo um pouco no município de Coxixola, mas é
ainda bastante evidente em Serra Branca.
Diante dos dados levantados na pesquisa de campo, pode ser constatado
que no município de Coxixola, 46% dos produtores rurais não fazem
armazenamento da água (Figura 64), enquanto em Serra Branca este dado
aumenta para 56% (Figura 65), mostrando uma situação ainda mais agravante.
84
ARMAZENAMENTO DE ÁGUA
COXIXOLA - PB
31%
0%
15%
8%
46%
NÃO FAZ
CISTERNA
BARREIROS
AÇUDES (DOIS ANOS SEM
SECAR)
AÇUDE (MAIS DE DOIS ANOS
SEM SECAR)
ARMAZENAMENTO DE ÁGUA
SERRA BRANCA - PB
27%
10%
7%
0%
56%
NÃO FAZ
CISTERNA
BARREIROS
UDES (DOIS ANOS SEM
SECAR)
UDE (MAIS DE DOIS
ANOS SEM SECAR)
Tem-se ainda que 83%, dos entrevistados em Coxixola não têm oferta hídrica
permanente e em Serra Branca este valor aumenta para 87%.
No tocante ao abastecimento familiar, os dois municípios apresentam
situações bem particulares. Coxixola tem 60% da população rural com água
encanada (Figura 66) e Serra Branca apresenta 9% de sua população rural
com acesso a este recurso (Figura 67).
Fazendo-se um resumo dos índices de vulnerabilidades encontrados nos
municípios (Tabela 14), vê-se que Serra Branca é o município que se mostra mais
vulnerável em todos os aspectos avaliados. Isto reafirma a importância da gestão
integrada dos recursos naturais disponíveis e o incremento de políticas públicas
voltadas as necessidades da população nordestina.
FORMA DE ABASTECIMENTO DOMICILIAR
COXIXOLA - PB
60%
7%
13%
20%
LATA
ANIMAIS
CARROS PIPA
ENCANADA
FORMA DE ABASTECIMENTO DOMICILIAR
SERRA BRANCA - PB
38%
34%
19%
9%
LATA
ANIMAIS
CARROS
PIPA
ENCANADA
Figura 66. Abastecimento domiciliar em
Coxixola, PB
Figura 67. Abastecimento domiciliar em
Serra Branca, PB
Figura. 65. Formas de a
rmazenamento de
água em Serra Branca, PB
Figura 64. Formas de armazenamento
de água em Coxixola, PB.
85
Tabela 14. Índices de vulnerabilidade encontrados nos municípios de Serra Branca, Coxixola
(PB) e Mirandela (PT)
ÍNDICE DE VULNERABILIDADE (%)
SERRA BRANCA (%) COXIXOLA (%) MIRANDELA (%)
SOCIAL
42 39 37
ECONÔMICA
78 72 71
TECNOLÓGICA
77 68 39
SECA
78 72 45
86
Mirandela
-
PT
6
66
6º Capítulo
º Capítuloº Capítulo
º Capítulo
Considerações
Considerações Considerações
Considerações
Finais
FinaisFinais
Finais
87
6.1 CONCLUSÕES
As técnicas de geoprocessamento utilizadas foram bastante eficientes e
satisfatórias, resultando em mapas de simples utilização e de fácil entendimento;
Os solos llitólicos compreendem a classe de solos de maior expressão geográfica
nos municípios de Serra Branca e Coxixola, abrangendo 52,08% da área
estudada;
Em Serra Branca e Coxixola, 8,9% das terras foram classificadas como classe III
de capacidade de uso, 49,65% como classe IV, 24,14% como classe VI e 17,31%
como VII, considerada a classe mais crítica da área estudada, em se tratando de
limitações para agricultura e pecuária;
No mapa de uso atual das terras dos municípios de Serra Branca e Coxixola, 16%
dos solos encontram-se com vegetação natural conservada, enquanto 54% estão
sendo usados com pecuárias extensiva, principalmente de ovinocaprinocultura,
evidenciando o efeito de degradação acelerada das terras em virtude desse uso
inadequado para a área;
Em Coxixola, o fato da maior parte do município possuir oferta permanente de
água, refletiu em um aumento da produção dos cultivos tanto de ciclo curto como
de ciclo longo;
Mesmo possuindo água distribuída por tubulações, a vulnerabilidade da população
coxixolense permanece alta, configurando que o risco as secas é uma questão
social, e não de disponibilidade hídrica;
A falta de políticas públicas de convivência com as adversidades climáticas, e que
respeitem a especificidade das populações rurais do Cariri, fornecendo-lhes infra-
estrutura decente, que prepare essas comunidades aos períodos de estiagem, é o
que os coloca sob alta vulnerabilidade social, econômica, tecnologia e ambiental;
88
A área total de cobertura vegetal densa apresentada nos municípios de Serra
Branca e Coxixola, na Paraíba, que praticamente não se alterou entre os anos de
1987 e 2004, teve sua degradação verificada “in loco”, nos trabalhos de campo,
onde foi constatado que, o que os sensores classificavam como vegetação densa,
nas imagens, na verdade se tratava de algaroba, uma planta exótica e alopática;
Nas regiões estudadas do Cariri Paraibano, verifica-se a ocorrência de um estágio
severo do processo de desertificação relacionado à exploração inadequada do
meio ambiente pelo homem;
A degradação das terras (vegetação, solos, etc.) em Serra Branca e Coxixola em
estudo tem causas históricas, ou seja, o processo de desertificação vem sendo
construído socialmente, desde o início da colonização; o mais preocupante,
entretanto, é a permanência de elementos que impedem uma recuperação do
ecossistema, como o desmatamento e o sobre-pastoreio;
As práticas agrícolas que para os colonizadores é ancestral e se adapta bem à
realidade portuguesa, da maneira como foi imposta na colônia, foi danosa e até
hoje pressiona o meio ambiente;
A degradação dos recursos naturais pode ser observada de forma heterogênea,
em todos os municípios estudados;
O município de Serra Branca é o que apresenta maior grau de vulnerabilidade em
todos os fatores estudados, social, econômico, tecnológico e ambiental;
As vulnerabilidades altas em Mirandela se devem à alta dependência dos subsídios
recebidos pelo Estado e pela Comunidade Européia, à problemática da estrutura
fundiária do norte português, e às técnicas agrícolas adotadas nas propriedades
rurais, ainda em fase de adaptação as exigências da Comunidade Européia;
As famílias rurais dos três municípios estão altamente vulneráveis, com índices
acima de 45%, o que mostra o alto grau de insegurança, um dos grandes
obstáculos ao desenvolvimento sustentável;
89
A limitação da infra-estrutura hídrica potencializa a vulnerabilidade às secas,
principalmente das populações mais pobres. Somente um manejo racional
adequado dos recursos naturais, com a recuperação das áreas degradadas
poderá garantir sustentabilidade à agricultura familiar e reduzir as vulnerabilidades
a níveis aceitáveis;
O relevo dos três municípios estudados varia desde suave ondulado a
montanhoso, o que proporciona ao homem do campo possibilidades restritas de
utilização em algumas áreas, sendo necessário destacar o uso de técnicas de
conservação dos solos que possibilitem sua exploração agrícola de forma racional.
6.2 MEDIDAS DE MITIGAÇÃO E PREVENÇÃO
Eliminar um fenômeno natural não é possível. As secas vão continuar a existir,
mas é possível conviver com o problema. As regiões semi-áridas são viáveis. Os
seus maiores problemas o provenientes mais da ação ou omissão dos homens
e da concepção da sociedade que foi desenvolvida, do que propriamente das
secas de que é vítima.
Os Estados nordestinos impedem uma política orientada à sustentabilidade da vida
no semi-árido e reproduzem a exclusão. Privilegia-se a fruticultura irrigada em áreas
restritas e os centros indústrias localizados, enquanto as demais áreas o
abandonadas como desinteressante para o capital. Contudo, somente por meio de
uma reforma agrária e agrícola, da educação, saúde, emprego, distribuição de
renda e participação, a democratização pode chegar ao interior do país.
Soluções implicam a adoção de uma política oficial para a região, que respeite a
especificidade de cada agricultor, dando-lhes condições de acesso à terra e ao
trabalho.
90
O desenvolvimento de projetos simples com a participação popular, valorizando-se
a etnociência pode ser o início de uma mudança, para a qual precisa-se de
qualificação, planejamento, execução connua e diversificação do processo
produtivo na agricultura.
A seca deve ser tratada de forma prioritária, através de ações coerentes, sérias,
levando-se em consideração o estabelecimento de uma metodologia doméstica
para convivência com o fenômeno, medidas essas que poderão ser postas em
prática em caráter permanente (com ou sem a existência de seca) e, sobretudo,
levando-se em conta as especificidades locais de cada região.
Ações pontuais e diretas devem ser tomadas o quanto antes para desacelerar o
processo de desertificação e tornar os moradores das regiões semi-áridas do
Brasil menos vulneráveis ao desastre desertificação, tais como:
Recuperar áreas degradadas e em Estado de desertificação;
Gerar programas de sustentabilidade sócio-econômico e ambiental no
bioma caatinga;
Incentivar ações de combate às queimadas e ao desmatamento da
Caatinga;
Implantar programas de recuperação de nascentes e alimentação natural
do lençol freático e aqüífero;
Fazer diagnóstico econômico-produtivo de acordo com as potencialidades
locais;
Prestar assistência técnica e extensão rural para os agentes produtivos;
Promover cursos de capacitação para os produtores rurais e
acompanhamento técnico e ambiental;
Investir no desenvolvimento do nível tecnológico de produção;
Promoção de cursos de educação ambiental para todos os segmentos da
sociedade e agentes produtivos;
Criar centros de comercialização de produtos hortifrutigranjeiros;
Fortalecer políticas públicas voltadas para a convivência com o semi-árido;
Desenvolver projetos experimentais sustentáveis nos espaço semi-árido;
Incentivar a utilização da técnica de pousio dos solos e rotação de culturas;
Desenvolver meios para facilitar a convivência do homem na Caatinga;
91
Transformar o semi-árido nordestino em área de referência técnica no
convívio com a vulnerabilidade ambiental;
Solicitar ao Poder Público, política agrícola para a agricultura familiar;
Promover encontros, palestras e treinamentos nas áreas técnico-ambiental
para os agentes produtivos;
Investir na criação e difusão de tecnologias apropriadas para o semi-árido;
Promover a qualidade dos produtos do bioma caatinga para garantir sua
competitividade;
Adotar mudanças e ajustes no modelo de ensino voltados para a realidade
do semi-árido nordestino;
Favorecer a prática da Agroecologia nos espaços produtivos;
Criar alternativas econômicas inovadoras para agricultura familiar;
Promover políticas públicas de manutenção do homem do campo, garantido
a sustentabilidade do meio rural;
Realizar dias de campo sobre as alternativas de produção mais adequada;
Incentivar a utilização do manejo integrado da Caatinga;
Desenvolver suporte forrageiro suficiente para a criação dos animais nas
propriedades rurais;
Criar incentivos fiscais para o reflorestamento;
Realizar trabalhos de recomposição da mata ciliar dos rios, riachos e
reservatórios;
Gerar tecnologias sociais para facilitar a vida do homem do campo;
Ajustar o Zoneamento Agroecológico do Cariri Paraibano, objetivando
assegurar os financiamentos para as culturas de acordo com o quadro
climático regional;
Facilitar a prática da intersetorialidade nas instituições governamentais ou
não governamentais;
Formar agentes ambientais voluntários para auxiliar no processo de
fiscalização ambiental nas áreas dos municípios;
Combater o analfabetismo e melhorar as condições de ensino das escolas
e a capacidade dos professores.
92
Referências
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99
APÊNDICES e
APÊNDICES eAPÊNDICES e
APÊNDICES e
ANEXOS
ANEXOSANEXOS
ANEXOS
Mirandela
-
PT
100
APÊNDICE 1 MAPOTECA
A. Mapa base de estradas e hidrografia. Municípios de Serra Branca e Coxixola 2004
B. Mapa de localidade e pontos de campo. Municípios de Serra Branca e Coxixola 2004
C. Mapa de solos. Municípios de Serra Branca e Coxixola – 2004
D. Mapa de capacidade de uso dos solos. Municípios de Serra Branca e Coxixola
E. Mapa de uso do solo. Municípios de Serra Branca e Coxixola – 2004
F. Mapa de uso do solo. Freguesia de Mirandela – 2006
G. Mapa de cobertura vegetal. Municípios de Serra Branca e Coxixola – 1987
H. Mapa de cobertura vegetal. Municípios de Serra Branca e Coxixola – 2004
I. Mapa de degradação. Municípios de Serra Branca e Coxixola – 2004
J. Mapa de risco desertificação. Municípios de Serra Branca e Coxixola – 2004
K. Mapa de risco desertificação. Freguesia de Mirandela – 2006
101
ANEXO 1 - DESCRIÇÃO DAS UNIDADES DE SOLO E ASSOCIAÇÕES
ENCONTRADOS NOS MUNICÍPIOS DE SERRA BRANCA E COXIXOLA, PB
TERMOS UTILIZADOS
A descrição detalhada das unidades de solos, suas associações, características e
uso foram realizados segundo Brasil (1972) e Paraíba (1978).
As características utilizadas na subdivisão das classes e estabelecimento das
fases foram definidas conforme abaixo descritas:
1 Caráter Eutrófico e Distrófico Foram utilizadas as seguintes especificações:
Eutróficos para os solos apresentando saturação de base (V) média a alta, isto é,
iguais ou superiores a 50%, e Distróficos para os solos com saturação de base (V)
baixa, isto é, inferior a 50%. Para determinação desta característica levou-se em
consideração o valor “V”. No caso de uma só camada diferir das demais, foi levado em
consideração o valor V predominante na maioria das camadas.
2 SodicidadeO termo “solódico” foi empregado quando a saturação com sódio variou
de 8 a 20% no horizonte B ou no C, quando não existe o B.
3 Atividade de argila - T Na designação de solos com atividade de argila alta ou
baixa adotou-se os seguintes limites (EMBRAPA, 1979): Argila de atividade alta (Ta):
quando o valor T, após correção para o carbono, for igual ou superior a 24 meq/100g
de argila. Argila de atividade baixa (Tb): quando o valor T, após correção para o
carbono, for inferior a 24meq/100g de argila.
4 Caráter vértico O termo “vértico” indica que a classe de solos é intermediária para
Vertissolo.
5 Salino Refere-se à presença de sais solúveis, em quantidades que interferem no
desenvolvimento das culturas, expresso pela condutividade elétrica do extrato de
saturação igual ou maior que 4 mmhos/cm a 25ºC.
6 Classe Textural A classe textural constitui a característica distintiva das unidades
de solo, diferindo segundo a composição granulométrica, sendo consideradas:
102
6.1 Textura arenosa – compreende as classes texturais areia, areia franca e franca
arenosa, com teor de argila inferior a 15%.
6.2 Textura média compreende classes texturais ou parte delas tendo na composição
granulométrica menos de 35% de argila e mais de 15% de areia, excluídas as classes
texturais areia e areia franca.
6.3 Textura argilosa – compreende classes texturais ou parte delas tendo na composição
granulométrica de 35 a 60% de argila. É comumente definida assim para solos que
apresentam uma ou mais das seguintes classes de textura: argilosa com menos de
60% de argila, argila arenosa e franca argilosa com mais de 35% de argila.
6.4 Textura muito argilosa compreende classes texturais tendo na composição
granulométrica mais de 60% de argila.
6.5 Textura siltosa compreende parte de classes texturais que tenham silte maior que
50% (além de areia menor que 15% e argila menor que 35%). É assim considerada
em solos que apresentam uma ou mais das seguintes classes de textura: silte, franco
siltosa, franco argilo-siltoso e argila siltosa.
6.6 Textura indiscriminada quando o teor de argila é muito variável para a perfeita
definição de uma dada classe textural, ou seja, ocorrem constantes mudanças de
teores de argila em uma unidade de mapeamento.
7 Fases Empregadas O objetivo do emprego das fases é fornecer maiores subsídios
para a interpretação do uso dos solos. Os fatores levados em consideração para o
estabelecimento das fases, no presente trabalho foram: vegetação, relevo,
pedregosidade, rochosidade e substratos.
7.1 Quanto à vegetação O clima e os solos têm influência sobre a vegetação. Desta
forma, sendo escassos os dados meteorológicos na área, procuraram-se inferir, por
intermédio da vegetação natural, informações sobre o maior ou menor grau de
umidade de determinada área, tendo em vista que esta é o reflexo das condições
climáticas.
7.2 Quanto ao relevo As fases de relevo foram empregadas com o objetivo de
proporcionar subsídios de grande importância para o estabelecimento dos graus de
limitação quanto à viabilidade de emprego de máquinas e implementos agrícolas e
susceptibilidade à erosão.
7.3 Quanto à pedregosidade e rochosidade - As fases de pedregosidade e
rochosidade, em conjunto com o relevo, constituem os meios para o estabelecimento
dos graus de limitações ao emprego de implementos agrícolas. Referem-se aos solos
103
que apresentam, na parte superficial, quantidades significativas de calhaus e
matacões. Desta forma, estas são indicadas como fases de uma determinada classe
de solo. Quando ocorrem em quantidade elevada limitam o uso de implementos
agrícolas.
7.4 Quanto ao substrato O substrato indica a natureza do material subjacente ao solo. Foi
considerado no caso de SOLOS LITÓLICOS, em que a natureza do substrato e seu maior
ou menor grau de consolidação têm inflncia, sobretudo no que diz respeito à
susceptibilidade à erosão, profundidade efetiva do solo e ao seu manejo, constituindo
aspectos de grande importância para a definão do seu uso.
7.5 Quanto o material originário saprolito: produto inicial do intemperismo de uma rocha.
DESCRIÇÃO DOS SOLOS:
1 Bruno não cálcico
NC 25: ASSOCIAÇÃO de: BRUNO NÃO CÁLCICO vértico, com A fraco, textura argilosa,
fase pedregosa, caatinga hiperxerófila, relevo suave ondulado + SOLOS LITÓLICOS
EUTRÓFICOS, com A fraco, textura arenosa e/ou média, fase pedregosa e rochosa,
caatinga hiperxerófila, relevo suave ondulado, substrato gnaisse e granito.
i Com um horizonte A fracamente desenvolvido, apresentam limitações fortes quanto à
carência de água e moderadas quanto à susceptibilidade à erosão. O caráter vértico
atribui ao solo valores mais elevados para atividade de argila, em relação ao solo que
não apresentam este critério. Possuem condições para serem cultivados com culturas
anuais na época chuvosa, entretanto, são mais apropriados para a pecuária.
ii O uso dos solos desta fase está restrito à pecuária extensiva, em condições muito
precárias. O sistema mais racional de aproveitamento destes solos é com pecuária
procurando aproveitar o máximo as inclusões de SOLOS ALUVIAIS EUTRÓFICOS
que ocorrem entre os SOLOS LITÓLICOS, para a produção de forragens
complementada pela roçagem da vegetação natural.
NC45: ASSOCIAÇÃO de: BRUNO NÃO CÁLCICO, com A fraco, textura argilosa, fase
pedregosa, caatinga hiperxerófila, relevo suave ondulado + SOLOS LITÓLICOS
104
EUTRÓFICOS com A fraco, textura arenosa/ou média, fase pedregosa e rochosa,
caatinga hiperxerófila, relevo ondulado, substrato gnaisse e granito + AFLORAMENTO DE
ROCHA.
i Estes solos situam-se nas áreas de clima semi-árido quente, onde se verifica
precipitações pluviométricas baixas e irregulares. Este aspecto conduz a uma restrita
utilização agrícola destes solos. Além disso, são muito susceptíveis à erosão e
apresentam pedregosidade superficial e, muitas vezes, dentro do corpo do solo,
dificultando a mecanização. São ocupados praticamente com vegetação nativa
arbóreo-arbustiva, sendo pequena parte cultivada com algodão arbóreo, geralmente
consorciado com milho e feijão.
ii O uso dos solos desta fase está restrito à pecuária extensiva, em condições muito
precárias. O sistema mais racional de aproveitamento destes solos é com pecuária
procurando aproveitar o máximo as inclusões de SOLOS ALUVIAIS EUTRÓFICOS
que ocorrem entre os SOLOS LITÓLICOS, para a produção de forragens
complementada pela roçagem da vegetação natural.
iii Os solos que constituem essa unidade são os do tipo afloramentos de quartzitos,
que possuem um aspecto característico de cristais de dorso sinuoso, apresentando-se
em superfícies suaves. São referidas ao Pré-Cambriano (B). O relevo onde ocorrem é
muito variável, principalmente nas regiões semi-áridas sertanejas, aparecendo, as
vezes, em superfícies suaves onduladas e onduladas ou, com maior freqüência, nas
encostas íngremes ou dorsos de elevações, onde predomina o relevo forte ondulado e
montanhoso. A vegetação é rala e constituída por espécies xerófilas que caracterizam
as formações rupestres predominando as cactáceas, bromeliáceas, apocináceas e
veloziáceas.
NC 49: ASSOCIAÇÃO de: BRUNO NÃO CÁLCICO vértico, com A fraco, textura média,
fase pedregosa, caatinga hiperxerófila, relevo suave ondulado + SOLOS LITÓLICOS
EUTRÓFICOS, com A fraco, textura arenosa e/ou média, fase pedregosa e rochosa,
caatinga hiperxerófila, relevo suave ondulado e ondulado, substrato gnaisse e granito +
VERTISOL, com A moderado, fase pedregosa, caatinga hiperxerófila, relevo plano e
suave ondulado.
i São solos com argila de atividade alta, apresentando a textura com teores de argila
entre 15 e 35%. Como na maioria dos solos onde predominam argilas expansivas, as
105
condições de drenagem e as más propriedades físicas, aliadas à pedregosidade e
forte escassez de água são as maiores limitações ao aproveitamento agrícola. São,
portanto, solos mais próprios para pecuária, com plantio de pastagens artificiais
resistentes à seca, podendo, entretanto, serem cultivados com algodão arbóreo e
algumas culturas de subsistência no período chuvoso.
ii O uso dos solos está restrito à pecuária extensiva, em condições muito precárias. O
sistema mais racional de aproveitamento destes solos será com pecuária procurando
aproveitar o máximo as inclusões de SOLOS ALUVIAIS EUTRÓFICOS que ocorrem
entre os SOLOS LITÓLICOS, para a produção de forragens complementada pela
roçagem da vegetação natural.
iii Tem como material originário o Saprolito de folhelhos e argilitos calcíferos,
pertencente à Série do Peixe do Cretácico. Seu relevo é plano, com desníveis
máximos de 3% e suave ondulado com elevações de topos planos de centenas de
metros e encostas com declives entre 3 e 6%. Sua vegetação é a caatinga
hiperxerófila, pouco densa, de porte baixo. São solos de grande potencialidade
agrícola, devendo ser aproveitados intensamente. A maior parte destas terras é
utilizada com culturas de milho, feijão, algodão, pastagens e palma forrageira. A
escassez de umidade, a pedregosidade e susceptibilidade à erosão laminar, são
fatores que condicionam as fortes limitações ao uso agrícola destes solos.
2 Vertissolos
V2: VERTISOL, com A moderado, fase pedregosa, caatinga hiperxerófila, relevo suave
ondulado.
A principal limitação ao aproveitamento agrícola destes solos, decorre de forte
carência de água. Também concorre para isto, a pedregosidade superficial e a
profundidade efetiva. Adaptam-se mais à pecuária, com o incentivo de plantio da
palma forrageira.
V13: Associação de: VERTISOL, com A moderado, fase pedregosa, caatinga
hiperxerófila, relevo suave ondulado + BRUNO NÃO CÁLCICO vértico, com A fraco,
textura argilosa, fase pedregosa, caatinga hiperxerófila, relevo suave ondulado + SOLOS
106
LITÓLICOS EUTRÓFICOS, com A fraco, textura arenosa e/ou média fase pedregosa,
caatinga hiperxerófila, relevo suave ondulado e ondulado, substrato gnaisse e granito.
i A principal limitação ao aproveitamento agrícola destes solos, decorre de forte
carência de água. Também concorre para isto, a pedregosidade superficial e a
profundidade efetiva. Adaptam-se mais à pecuária, com o incentivo de plantio da
palma forrageira.
ii Com um horizonte A fracamente desenvolvido, apresentam limitações fortes
quanto à carência de água e moderadas quanto à susceptibilidade à erosão.
Possuem condições para serem cultivados com culturas anuais na época chuvosa,
entretanto, são mais apropriados para a pecuária.
iii Deriva-se do saprolito do gnaisse, referido ao Pré-Cambriano. Predomina o
relevo suave ondulado com ocorrência do ondulado. Os declives variam de 5 a 10
%. A vegetação é a caatinga hiperxerófila arbóreo-arbustiva densa. Os principais
fatores limitantes à utilização agrícola destes solos, são devidos à extrema
carência de água e grande pedregosidade e rochosidade. Em vista disso, devem
ser conservados com vegetação para proteção da fauna regional.
3 Solos Aluviais Eutróficos
Ae3: SOLOS ALUVIAIS EUTRÓFICOS Ta, textura indiscriminada, fase caatinga
hiperxerófila, relevo plano.
São solos de grande potencialidade agrícola, tendo limitações fortes quanto às
inundações temporárias (excesso de água) e escassez de água durante o período
de estiagem. Devem ser cultivados intensivamente, desde que sejam irrigados e
protegidos contra as inundações.
Ae6: Associação de: SOLOS ALUVIAIS EUTRÓFICOS Ta, textura indiscriminada, fase
caatinga hiperxerófila, relevo plano + SOLONETZ SOLODIZADO Ta, com A fraco, textura
indiscriminada, fase caatinga hiperxerófila, relevo plano.
i São solos de grande potencialidade agrícola, tendo limitações fortes quanto às
inundações temporárias (excesso de água) e escassez de água durante o período
107
de estiagem. Devem ser cultivados intensivamente, desde que sejam irrigados e
protegidos contra as inundações.
ii Apresentam fortes limitações pela falta d’água e elevado teor de sódio trocável
no complexo sortivo, tornando-se desta maneira inaptos para agricultura. Podem
ser utilizados com pecuária extensiva, com cultivo da palma forrageira.
4 Solo Litólico
Re20: Associação de: SOLOS LITÓLICOS EUTRÓFICOS, com A fraco, textura arenosa
e/ou média, fase pedregosa, caatinga hiperxerófila, relevo suave ondulado, substrato
gnaisse e granito + BRUNO NÃO CÁLCICO vértico, com A fraco, textura argilosa, fase
pedregosa, caatinga hiperxerófila, relevo suave ondulado.
i São solos oriundos de saprolitos de rochas gnáissicas e graníticas de
composição variada, referidas ao Pré-Cambriano. Ocupa relevo suave ondulado. A
maior parte dos declives está em torno de 5%. A vegetação das áreas abrangidas
pelos solos desta fase é a caatinga hiperxerófila arbóreo-arbustiva pouco densa.
Como uso, o melhor a fazer é deixar com a vegetação natural para proteção da
fauna regional.
ii Com um horizonte A fracamente desenvolvido, apresentam limitações fortes
quanto à carência de água e moderadas quanto à susceptibilidade à erosão.
Possuem condições para serem cultivados com culturas anuais na época chuvosa,
entretanto, são mais apropriados para a pecuária.
Re23: Associação de: SOLOS LITÓLICOS EUTRÓFICOS, com A fraco, textura arenosa
e/ou média, fase pedregosa e rochosa, caatinga hiperxerófila, relevo suave ondulado e
ondulado, substrato gnaisse e granito + AFLORAMENTO DE ROCHA.
i O uso dos solos desta fase está restrito à pecuária extensiva, em condições
muito precárias. O sistema mais racional de aproveitamento indicado para este
solo é com pecuária procurando aproveitar o máximo as inclusões de SOLOS
ALUVIAIS EUTRÓFICOS que ocorrem entre os SOLOS LITÓLICOS, para a
produção de forragens complementada pela roçagem da vegetação natural.
108
ii Os solos que forma esta unidade são os do tipo afloramentos de quartzitos, que
possuem um aspecto característico de cristais de dorso sinuoso, apresentando-se
em superfícies suaves. São referidas ao Pré-Cambriano (B).
Re25: Associação de: SOLOS LITÓLICOS EUTRÓFICOS, com A fraco, textura arenosa
e/ou média, fase pedregosa e rochosa, caatinga hiperxerófila, relevo suave ondulado e
ondulado, substrato gnaisse e granito + BRUNO NÃO CÁLCICO vértico, com A fraco,
textura média, fase pedregosa, caatinga hiperxerófila, relevo ondulado.
ii O uso dos solos desta fase está restrito à pecuária extensiva, em condições
muito precárias. O sistema mais racional de aproveitamento destes solos será com
pecuária, procurando aproveitar o máximo as inclusões de SOLOS ALUVIAIS
EUTRÓFICOS que ocorrem entre os SOLOS LITÓLICOS, para a produção de
forragens complementada pela roçagem da vegetação natural.
ii Apresentam limitações fortes quanto a carência de água e moderadas quanto à
susceptibilidade à erosão. Possuem condições para serem cultivados com culturas
anuais na época chuvosa, entretanto, são mais apropriados para pecuária.
Re 39: Associação de: SOLOS LITÓLICOS EUTRÓFICOS, com A fraco, textura arenosa
e/ou média, fase pedregosa e rochosa, caatinga hiperxerófila, relevo forte ondulado e
montanhoso substrato gnaisse e granito + AFLORAMENTO DE ROCHA.
i São solos mais apropriados para conservação da flora e preservação da fauna
silvestre.
ii Os solos que forma esta unidade são os do tipo afloramentos de quartzitos, que
possuem um aspecto característico de cristais de dorso sinuoso, apresentando-se
em superfícies suaves. São referidas ao Pré-Cambriano (B).
Re66: Associação de: SOLOS LITÓLICOS EUTRÓFICOS, com A fraco, textura arenosa
e/ou média, fase pedregosa e rochosa, caatinga hiperxerófila, relevo suave ondulado e
ondulado, substrato gnaisse e granito + BRUNO NÃO CÁLCICO vértico, com A fraco,
textura média, fase pedregosa, caatinga hiperxerófila, relevo suave ondulado +
AFLORAMENTO DE ROCHA.
109
i O uso dos solos desta fase está restrito à pecuária extensiva, em condições
muito precárias. O sistema mais racional de aproveitamento destes solos será com
pecuária procurando aproveitar o máximo as inclusões de SOLOS ALUVIAIS
EUTRÓFICOS que ocorrem entre os SOLOS LITÓLICOS, para a produção de
forragens complementada pela roçagem da vegetação natural.
ii São solos com horizonte argílico (B textural) argila de atividade alta,
apresentando a textura com teores de argila entre 15 e 35%. Como na maioria dos
solos onde predominam argilas expansivas, as condições de drenagem e as más
propriedades físicas, aliadas à pedregosidade e forte escassez de água são as
maiores limitações ao aproveitamento agrícola. São, portanto, solos mais próprios
para pecuária, com plantio de pastagens artificiais resistentes à seca, podendo,
entretanto, serem cultivados com algodão arbóreo e algumas culturas de
subsistência no período chuvoso.
iii Os solos que forma esta unidade são os do tipo afloramentos de quartzitos, que
possuem um aspecto característico de cristais de dorso sinuoso, apresentando-se
em superfícies suaves. São referidas ao Pré-Cambriano (B).
Re70: Associação de: SOLOS LITÓLICOS EUTRÓFICOS, com A fraco textura arenosa
e/ou média, fase pedregosa e rochosa, caatinga hiperxerófila, relevo ondulado e forte
ondulado substrato gnaisse e granito + BRUNO NÃO CÁLCICO vértico, com A fraco,
textura argilosa, fase pedregosa, caatinga hiperxerófila, relevo suave ondulado e
ondulado + AFLORAMENTO DE ROCHA.
i O uso potencial deste solo, face as limitações devido à pedregosidade,
rochosidade, pouca profundidade dos solos, devem ser mantidos para
conservação da vegetação natural e preservação da fauna.
ii Seu material originário é oriundo do saprolito de gnaisse, referido ao Pré-
Cambriano. A topografia desta área apresenta-se suave ondulada e ondulada,
com encostas de declividade máxima em torno de 12%. Sua vegetação é
essencialmente a caatinga hiperxerófila, pouco densa, arbóreo-arbustiva,
representada por marmeleiro, jurema, pinhão, mufumbo, além de grande
incidência de cactáceas. Estes solos apresentam-se quase totalmente cobertos
com a vegetação natural de caatinga hiperxerófila, sendo aproveitados com a
pecuária extensiva em condições precárias. Em algumas áreas observam-se
110
culturas de milho, feijão e algodão em pequena escala. As principais limitações ao
uso agrícola destas terras decorrem da grande escassez de umidade e
pedregosidade superficial impedindo a utilização de máquinas agrícolas.
iii Os solos que forma esta unidade são os do tipo afloramentos de quartzitos, que
possuem um aspecto característico de cristais de dorso sinuoso, apresentando-se
em superfícies suaves. São referidas ao Pré-Cambriano (B).
5 Regossolos
REe17: Associação de REGOSOL EUTRÓFICO, com FRAGIPAN, com A fraco, textura
arenosa, fase caatinga hiperxerófila, relevo suave ondulado + SOLOS LITÓLICOS
EUTRÓFICOS, com A fraco, textura arenosa e/ou média, fase pedregosa e rochosa,
caatinga hiperxerófila, relevo ondulado, substrato gnaisse e granito + AFLORAMENTO DE
ROCHA.
i São solos cuja principal limitação ao uso agrícola é a falta de água que é muito
forte. Para o aumento de produtividade é aconselhado o emprego de fertilizantes
químicos a base de fosfatos e adubos orgânicos, além das práticas
conservacionistas, tendo em vista serem muito susceptíveis à erosão
principalmente quando revolvidos.
ii O uso dos solos desta fase está restrito à pecuária extensiva, em condições
muito precária. O sistema mais racional de aproveitamento destes solos será com
pecuária procurando aproveitar o máximo as inclusões de SOLOS ALUVIAIS
EUTRÓFICOS que ocorrem entre os SOLOS LITÓLICOS, para a produção de
forragens complementada pela roçagem da vegetação natural.
iii Os solos que forma esta unidade são os do tipo afloramentos de quartzitos, que
possuem um aspecto característico de cristais de dorso sinuoso, apresentando-se
em superfícies suaves. São referidas ao Pré-Cambriano (B).
111
Diagnóstico Sócio-Econômico e Ambiental aplicado às famílias Rurais do
Município _____________________ – Paraíba.
ANEXO
2
-
MODELO
DO
QUESTIONÁRIO
APLICADO
ÀS
FAMÍLIAS
RURAIS
Fator Vulnerabilidade Social
Variável Demográfica
1.1. Número total de pessoas na família _________sexo masculino ______ sexo feminino ________
1.2. Número total de pessoas economicamente ativa na família__ sexo masculino __sexo feminino__
1.3. Faixa etária 0-7__ 8-14__ 15-18__ 19-25__ 26-35__ 36-45__ 46-45__ >65 ______
1.4.
Escolaridade até a 4ª série ___até a 8ª série___ ensino médio incompleto___ ensino médio
completo___ superior incompleto__ superior completo___ analfabeto____
escolaridade do produtor__________________
1.5. Residência do produtor casa rural__ cidade__ distrito___ capital___
1.6. Área da propriedade __________________
1.7. Número de famílias/pessoas na propriedade _____________
1.8. Mortalidade
número______ idades_______ sexo_____ causas__________________ anos_______________
número______ idades______ sexo_____ causas__________________ anos_______________
b) Variável Habitação
2.1. Tipo de habitação: taipa em mau Estado___ bom Estado___ alvenaria em mau Estado___ bom Estado__
2.2. Fogão lenha/carvão ___ lenha/carvão + gás___ gás___ elétrico___
2.3. Água consumida: potável (filtro, poço tubular ou encanada) ___ não potável ___
2.4. Esgotos: rede de esgotos ___ fossa________ eliminação livre___
2.5. Eliminação de lixo: coleta ___ enterra ou queima ___livre___
2.6. Eliminação de embalagens de agrotóxicos: comercialização com as próprias firmas___
devolução aos revendedores___ reutilização para o mesmo fim ___colocada em fossa especial__
queimada___ reaproveitada para outros fins ou deixada em qualquer lugar__
2.7. Tipo de piso: chão batido__ tijolo__ cimento___ cerâmica___
2.8. Tipo de teto: palha___ telha cerâmica___ outros_________________________________
2.9.Energia: não tem elétrica monofásica elétrica bifásica__ elétrica trifásica__ solar__ eólica__
2.10. Geladeira: tem ___ não tem ___
2.11. Televisão tem ___ não tem ___ Antena Parabólica: Sim ______ Não: ________
2.12. Vídeo cassete tem__ não tem __
2.13. Rádio: tem ___ não tem ___
2.14. Periódicos: tem ___ não tem ___ Qual (is)_________________________________________
2.15. Equipamentos de informática: Sim____ Quais___________________________ Não________
Variável Consumo de Alimentos
3.1. Consumo deleite em dias da semana_____
3.2. Consumo de carne bovina em dias da semana______
3.3. Consumo de carne caprina/ovina em dias da semana ______
3.4. Consumo de carne de porco em dias da semana_____
3.5. Consumo de legumes em dias da semana_____
3.6. Consumo de verduras em dias da semana ______
3.7. Consumo de frutas em dias da semana_____
3.8. Consumo de batata-doce em dias da semana ____
3.9. Consumo de ovos em dias da semana ______
3.10. Consumo de café em dias da semana_____
3.11. Consumo de massas em dias da semana_____
3.12. Consumo de feijão em dias da semana ______
3.13. Consumo de aves (guiné, galinha, peru, pato) em dias da semana_____
3.14.Consumo de peixe em dias da semana_____
3.15. Consumo de caça em dias da semana_____
3.16.Consumo de derivados do milho (cuscuz, angu, polenta, mugunzá) em dias da semana _____
3.17.Consumo de farinha de mandioca em dias da semana_____
Dados
d
e Identificação
Número do questionário:
Nome da propriedade:
Localidade:
Nome do produtor:
Propriedade: própria_______ Arrendada_________ Empregado_________ Morador__________
112
d) Variável Participação em Organização
4.1. Pertence sim__ não qual__________________________
Variável Salubridade Rural
5.1.Infestação de nematóides: inexistente___ baixa____ média alta__
5.2.Infestação de cupins: inexistente baixa média alta___
5.3.Infestação de formigas: inexistente baixa média___ alta__
5.4.Infestação de doenças vegetais: inexistente___ baixa___ media__ alta __qual (is) __________
5.5.Infestação de vermes/carrapato nos animais: inexistente baixa dia___ alta___
5.6.Infestação de mosca do chifre: inexistente___ baixa___ média alta__
5.7.Infestação de doenças nos animais: inexistente___ baixa__ média__ alta__ qual (is) ________
5.8.Surtos de febre aftosa sim__ não__
5.9.Infestação de doenças nas pessoas: inexistente__ baixa__ média__ alta__ qual (is) ________
5.10. Infestação de piolhos/fungos nas pessoas: inexistente___ baixa__ média__ alta__
Combate às pragas domésticas sim___ não___ qual (is)___________________________
Infestação por cólera: sim______ não_________ quantas pessoas infectadas ____________ mortes
sim_____ não ______ Quando (em que período?) _____________________
Infestação por dengue: sim______ não_________ quantas pessoas infectadas ____________ mortes
sim_____ não ______ Quando (em que período?) _____________________
Fator Vulnerabilidade Econômica
Variável Produção Vegetal
6.1. Cultivo _______________produção __________área ________produtividade ____
6.2. Cultivo _______________produção __________área ________produtividade ____
6.3. Cultivo _______________produção __________área ________produtividade ____
6.4. Cultivo _______________produção __________área ________produtividade ____
6.5. Cultivo _______________produção __________área ________produtividade ____
6.6. Área de pastejo: não tem___ abandonada conservada____
6.7. Florestamento/mata nativa: não tem ___<25% da área___ 25% da área___ > 25% da área___
b) Variável Animais de Trabalho
7.1.Bois: tem ___ não tem ___
7.2. Cavalos: tem ___não tem
7.3. Muares: tem ___não tem
7.4. Jumentos: tem ___ não tem ___
c) Variável Animais de Produção
8.1.Garrotes: tem _____não tem ___
8.2.Vacas: tem ______não tem ___
8.3.Aves: tem _____ não tem ___
8.4.Bodes / carneiros: tem _____não tem ___
8.5.Ovelhas: tem ______ não tem ___
8.6.Cabras: tem _____não tem ___
8.7.Porcos: tem ______não tem___
8.8. Peixes: tem______ não tem___
d) Variável Verticalização
9.1Matéria prima processada/melhorada na propriedade sim_____ qual fonte _______
9.2Matéria prima processada/melhorada na propriedade sim_____ qual fonte _______
9.3 Matéria prima processada/melhorada na propriedade sim_____ qual fonte _______
e) Variável Comercialização, Crédito e Rendimento
10.1Venda da produção agrícola: não faz__ atravessador__ varejista__ cooperativa__ agroindústria ___
consumidor___
10.2Venda da produção pecuária: não faz__ atravessador__ varejista__ cooperativa__ agroindústria__
consumidor__
10.3Venda da produção verticalizada: não faz__ atravessador__ varejista__ cooperativa__ agroindústria__
consumidor ____
10.4 Fonte principal de cdito: não tem__ agiota__ banco particular__ cooperativa__ banco oficial__
10.5 Renda bruta aproximada da propriedade por ano (R$)______________
10.6 Outras rendas (R$) ______________ Qual _________________________
10.7 Renda total (R$)
113
Fator Vulnerabilidade Tecnológica
Variável Tecnologia
11.1 Área da propriedade (ha):
<50 (aproveitamento de até 50%) __ <50 (aproveitamento >50%)__
51-100 (aproveitamento de até 50%) __ 51-100 (aproveitamento >50%)__
101-200 (aproveitamento de até 50%) __ 101-200 (aproveitamento>50%)__
11.2Tipo de posse: proprietário__ arrendatário__ meeiro__ ocupante__
11.3Uso de Biocidas (veneno caseiro): regular__ ocasional__ não usa__ controle biológico__
11.4 Uso de adubação/calagem: regular__ ocasional__ não usa__ adubação orgânica__
11.5Tração das ferramentas: máquina__ manual__ animal__
11.6 Uso do solo: segue o declive__ em nível__
11.7 Práticas de conservação: não usa__ usa__ quais_____________________________________
11.8Conflitos ambientais: sim__ quais___________________________________________ não__
11.9Irrigação: regular__ ocasional__ não usa__
11.10 Assistência técnica: regular__ ocasional__ não tem__ quem?_______________________
11.11 Exploração da terra: intensiva irracional__ extensiva irracional__ racional__
11.12 Capacitação para exploração: instituições governamentais e/ou ONG__ técnicos particulares__
sozinho__ não faz__ quais__________________________
11.13 Sabe executar obras de contenção: sim__ quais_____________________________ não__
Variável Máquinas e Verticalização
12.1 Possui máquinas agrícolas e/ou implementos: nenhum__ alguns__ principais__ todos__
12.2 Possui equipamentos adequados para transformação de matéria prima: sim__ não__
Fator Vulnerabilidade às Secas
Variável Recursos Hídricos
13.1 Armazenamento de água: não faz__ caixa d’água__ cisternas__ barreiros__ açudes (2 anos sem
secar)__
açudes (+ de 2 anos sem secar)__ outras opções de armazenamento______________________________
13.2 Água armazenada seca nas pequenas estiagens: sim__ não__
13.3 Captação de água das chuvas(telhado): não faz__ faz__
13.4 Fonte de água: não possui__ cacimba__ poço amazonas__ poço tubular__ outras_______________
13.5 Fonte de água seca nas pequenas estiagens: sim__ não__
13.6 Periodicidade da oferta hídrica dos reservatórios e fontes: temporária__ permanente__
13.7 Água das fontes permite abastecimento humano todo o ano: sim__ não__
13.8 Água das fontes permite abastecimento animal todo o ano: sim__ não__
13.9 Água das fontes permite irrigação todo o ano: sim__ não__
13.10 Forma de abastecimento domiciliar: lata__ animais__ carros pipas__ encanada__
13.11 Racionamento: não faz__ faz durante as estiagens__ faz permanentemente__
13.12 Aproveitamento das águas residuais: não__ sim__ como______________________________
13.13 Observação de alguma fonte/barragem que não secava e passou a secar: sim__ não__
qual__________
Variável Produção
14.1 Orientação técnica para as secas: tem__ não tem _________________________
14.2 Pecuária: não explora__ explora raças não adaptadas_________ explora raças
adaptadas___________
14.3 Agricultura de sequeiro: não faz__ faz sempre__ faz com chuvas suficientes__
14.4 Cultivo de vazantes: não faz__ faz ocasionalmente__ faz sempre__ Espécies____________
14.5 Irrigação: não faz__ faz ocasionalmente__ faz sempre__ Espécies ________________
Método__________
c) Variável Manejo da Caatinga
não faz__ faz ocasionalmente__ faz sempre__ Como______________________________
d) Variável Exploração de Espécies Nativas
16.1 faz sem replantio__ não faz__ faz com replantio__
Espécies/Finalidades________________________________________
e)Variável Armazenamento
17.1 Alimentação humana: não faz__ faz (estoque para um ano)__ faz (para mais de um ano)__
Forma________________________________________________
17.2 Armazenamento da alimentação animal: não faz__ faz (estoque para um ano)__ faz (para mais de
uni ano) ____Forma__________________________________________________
114
f)Variável Redução do Rebanho
não faz__ faz antes das estiagens__ faz durante as estiagens__
Critérios de descarte________________________________________
g)Variável Observação das Previsões De Chuvas
19.1 não faz__ faz pela experiência__ faz por instituições__
Quais______________
h)Variável Ocupação nas Estiagens
20.1 abandona a terra__ frentes de emergência__ presta serviços a outros produtores__
se mantém na atividade__
j)Variável Educação
21.1 Disciplinas contextuais no ensino básico: não possui__ até a 4
a
série__ da 5
a
à 8
a
série__ em
todas__ Qual (is)_____________
Disciplinas contextuais no ensino médio: não possui__ possui em uma série__ mais de uma série__
l)Variável Administração Rural
22.1 Planejamento da produção: não faz__ faz empiricamente__ acompanhamento técnico__
22.2 Oferta contínua dos produtos: não__ sim__ por que______________________________
não comercializa__ comercializa o excedente__ produz para comercialização__
22.3 Fontes de renda: exclusivamente da propriedade__ outras _____________________________
Histórico das Secas
Secas acontecidas: ano_____ duração_____ (meses)
Perdas e impactos (comentários e quantificações)
________________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________________
________________________________________________________________
Secas acontecidas: ano_____ duração_____ (meses)
Perdas e impactos (comentários e quantificações)
________________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________________
________________________________________________________________
Sugestões para a problemática "seca"
________________________________________________________________________________________
________________________________________________________________________________________
_______________________________
24.1 A família reside a quantos anos?_____
24.2 Quantas pessoas da família deixaram a propriedade nos últimos anos?______
a dois anos ___ a quatro anos ____ a seis anos ___ a oito anos ___ a dez anos ___ ou mais___
24.3 Quantas pessoas da família regressaram e se fixaram? ____
24.4 Quantas famílias regressaram e se fixaram na: própria propriedade__ em outra propriedade —
24.5 Destino dos que saíram: zona urbana do município__ outras localidades na Paraíba__ outros Estados__
115
ANEXO
3
-
PARÂMETROS
UTILIZADOS
NA
DETERMINAÇÃO
DAS
CLASSES
DE
CAPACIDADE
DE
USO
DAS
TERRAS,
ADAPTADOS
DE
PARAÍBA
(1978).
Textura Superficial e Subsuperficial – a importância desta característica reside no fato de
se poder fazer inferências quanto à susceptibilidade à erosão, impedimentos à mecanização,
permeabilidade e capacidade de retenção de umidade, sistema de irrigação e aplicação de
fertilizantes;
Tabela 15. Textura Superficial e Subsuperficial
Símbolos Limite Textura
G
< 15% de argila
Arenosa
M
> 15% e < 35% de argila
Média
Ag Entre 35 e 60% de argila Argilosa
M. Ag.
> 60% de argila
Muito argilosa
Entre < 15% e > 65% de argila
Indiscriminada
Fonte: Adaptado de Parba (1978)
Declividade es relacionada com a susceptibilidade dos solos à erosão pelas
precipitações pluviométricas e impedimentos à mecanização; considera-se a declividade
como sendo um dos pametros de maior poder de condicionamento ou determinação de
utilização a ser dado às terras.
Tabela 16. Classes de Declividade
Índice Limite Classe de Declividade
t1 0 - 2,5% A
1
t2 2,5 - 5,0% B
-
t3 5,0 - 12,0% B
+
t2/t3 2,5 - 12,0% B
2
t4 12,0 - 25,0% C
-
t5 25,0 - 50,0% C
+
t4/t5 12,0 - 50,0% C
3
t6 50,0 - 100,0% D
-
4
Fonte: Adaptado de Paraíba (1978)
Fertilidade aparenteDesta característica depende a produção agrícola. Os pametros
escolhidos para a designação conceitual da fertilidade aparente foram: a soma de bases (S),
a saturação com alumínio (Al
3+
), a saturação com dio (Na
+
), a condutividade etrica do
extrato de saturação (CE) e o índice de acidez (pH).
1
Terras com declives suaves, podendo ser aradas em todas as direções e sentidos.
2
Terras com declives moderados, podendo ser trabalhadas em curvas de níveis por trator de roda e a tração
animal.
3
Terras com declives fortes, ainda mecanizáveis com limitações e cuidados especiais, por tratores de esteiras
e a tração animal.
4
Terras com declives muito fortes, não mais podendo ser trabalhadas mecanicamente, somente trabalháveis
com instrumentos e ferramentas manuais.
116
Tabela 17. Classes de Fertilidade
Índice Classe de Fertilidade (f)
f1 Muito alta
f2 Alta
f3 Média
f4 Baixa
f5 Muito baixa
Fonte: Adaptado de Paraíba (1978)
Eroo o reconhecidos como agentes erosivos o vento, a água, e o sol, sendo aqui
considerada a erosão drica. A eroo laminar baseou-se na topografia, cobertura vegetal e
níveis tecnogicos. Com relação à eroo em sulcos, comumente associada à eroo laminar
em esgios avançados, somente imprime fortes limitações ao uso agrícola, quando os sulcos
ocorrerem com muita intensidade e forem profundos. A erosão em voçorocas ocorre em áreas
muito restritas e está correlacionada com os solos de pouca estabilidade do horizonte A.
Tabela 18. Classes de erosãodrica
Índice
Erosão drica (e)
e1 Não aparente
e2 Ligeira (Desgaste de a 25% do horizonte A)
e3 Moderada (Desgaste de 25% a 75% do horizonte A)
e4
Severa (Desgaste > 75% do horizonte A)
e5 Muito Severa (Desgaste de 25% a 75% do horizonte B)
e6 Extremamente Severa (Horizonte B parcialmente removido e Horizonte C atingido)
Fonte: Adaptado de Paraíba (1978)
Pedregosidade e rochosidade É de grande imporncia quando se trata das limitações
às atividades agrícolas, no tocante aos impedimentos a mecanizão, sobretudo com relação
às exigências edáficas das plantas.
Tabela 19. Classes de pedregosidade e rochosidade
Índice Limite Classe
p
1
/r
1
Menos de 0,1 % Não mencionável
1
p
2
/r
2
0,1% a 1% Ligeira
2
p
3
/r
3
1% a 10 % Moderada
3
p
4
/r
4
10 % a 30 % Pedregosa e Rochosa
4
p
5
/r
5
30 % a 50 % Muito pedregosa e Muito rochosa
5
r
6
Mais de 50 % Extremamente rochosa
6
AR - Afloramento rochoso
Fonte: Adaptado de Paraíba (1978)
1
Terras que não apresentam fragmentos grosseiros
2
Terras em que os fragmentos grosseiros cobrem menos de 1,0% da superfície geográfica
3
Terras em que os fragmentos cobrem 1 a 10% da superfície geográfica
4
Terras em que a superfície geográfica apresenta 10 a 30% de fragmentos grosseiros
5
Terras em que as exposições rochosas cobrem de 30 a 50% da superfície geográfica
6
Terras em que as exposições rochosas abrange mais de 50% da superfície geográfica
117
Profundidade efetiva Diz respeito à profundidade que as raízes das plantas podem
penetrar livremente no solo à procura de umidade e nutrientes.
Tabela 20. Classes de profundidade efetiva
Índice Classe de profundidade efetiva (h)
h1
Muito profunda (> 200cm)
h2 Profunda (entre 100 a 200cm)
h3 Moderada (entre 50 a 100cm)
h4 Rasa (entre 25 a 50cm)
h5
Muito rasa (< 25cm)
Fonte: Adaptado de Paraíba (1978)
Drenagem (d) A drenagem é um pametro de grande valor não apenas para classificação
de solo designando os processos responveis pela sua formão, como também, para
determinação da sua capacidade de uso indicando as suas limitações para utilizão agcola.
A drenagem es relacionada ao excesso de água, que por sua vez é resultado de condições
climatológicas, relevo local, propriedades sicas do solo e leol freático.
Tabela 21. Classes de drenagem
Índice Drenagem (d)
d5 Moderada (ligeira deficiência de oxigênio)
d6 Imperfeita (moderada deficiência de oxigênio)
Fonte: Paraíba (1978)
Salinidade e Sodicidade (S) o condições fornecedoras de sua capacidade de uso na
região semirida do Estado da Parba, onde se encontram solos que apresentam sais
solúveis e dio trocável com valores elevados, como é o caso do índice encontrado para os
municípios estudados.
Tabela 22. Classe de salinidade
Limites (%)
Índice
Sais CE Na+
Classe
S5 > 65 > 16 > 20 Muito Forte
5
Fonte: Adaptado de Parba (1978)
Risco de inundação (w) Está relacionado com as várzeas que ocorrem ao longo da área.
Este fator foi caracterizado em fuão da freência e duração usual, com que o mesmo ocorre.
Seca edáfica (A) Refere-se à auncia de água no solo para as plantas. Baseia-se no
balanço drico de perfil de solo e pode ser considerada: (i) para culturas anuais, quando há
ausência de água disponível nos primeiros 50 cm durante o ano e, (ii) para culturas perenes,
quando ocorre falta de água disponível em todo o perfil durante certo peodo do ano. Para a área
estuda só foi constatado um índice:
5
Terras que apresentam quantidade excessiva de sais solúveis e sódio trocável no complexo
118
A7 Classe: Muito Longa; Com revestimento flostico do tipo Caatinga hiperxerófila.
Outros fatores - c
1
Com cascalho (6 15% de cascalho).
As classes pedológicas e tipos de terrenos (Afloramentos de Rocha) foram enquadradas
em Classes de Terras, baseadas nas informações obtidas, e são representadas por
algarismos de I a VIII.
(i) Terras próprias para lavouras Terras profundas, isentas de pedras. Compreende as
classes I, II, III e IV, distintas com base no conjunto de práticas e medidas necessárias para uma
agricultura racional permanente. Dentre essas, as classes encontradas na área de estudo foram:
Classe III – compreende terras regulares, que podem ser cultivadas sem riscos de eroo desde
que sejam empregadas as práticas agromicas de terraço ou plantio em faixas. Em geral essa
classe de terra exige rotação de cultura, cultivos protetores e o uso de fertilizantes químicos e
minerais.
Classe IV define terras que se prestam mais para lavoura espodica. São áreas de relevo
bastante variados, susceptíveis à erosão e próprias para cultivos connuos. As áreas de relevo
mais acidentado são mais indicadas para culturas permanentes ou silvicultura. As áreas mais
planas e mal drenadas o propícias para o cultivo de arroz e/ou capineiras.
(ii) Terras Impprias para Lavouras nessa categoria o incldas as classes VI e VII,
descritas a seguir:
Classe VI compreende terras pprias para culturas permanentes principalmente pastagem ou
reflorestamento. São terras muito susceptíveis à erosão com restrão ao seu uso agrícola, com
ou sem práticas conservacionistas. São mais rasas que a Classe IV.
Classe VII compreende terras não cultivadas com severas limitações para culturas
permanentes e reflorestamento. São terras acidentadas, rasas, erosivas, pedregosas e ou
rochosas e com problemas de salinidade e/ou sodicidade.
(iii) Terras Impprias para Vegetação Produtiva compreende terras pprias para abrigo de
fauna silvestre e preservão da flora natural. Nessa categoria está inclda a classe VIII, definida
a seguir:
Classe VIII geralmente o terras com pedregosidade severamente erodidas, arenosas e
encharcadas. O seu uso é recomendado para abrigo da fauna silvestre, preservão da flora,
com o plantio de esncias nativas de cater xefilo.
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