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variedades lingüísticas de uma mesma língua. Isso faz com que a quantidade de gêneros
existentes seja quase infinita, pelo fato de a língua e a sociedade estarem em constantes
modificações e evoluções, fazendo-se necessário, ampliar os gêneros, a fim destes,
conseguirem suprir a demanda comunicativa. Portanto, na maioria das vezes, o surgimento de
novos gêneros é realizado através dos hibridismos entre os gêneros já existentes.
Também, complementando a noção de hibridização que discutimos acima, pode-se
falar num outro tipo, o do processo de textualização. Segundo Rojo (1995, p. 99) in Signorini,
capítulo 4 “Construindo com a escrita outras cenas de fala”, em estudo sobre o hibridismo,
afirma que esse pode ser verificado em nível do processo de textualização:
“(...) o hibridismo desse tipo de escrita se verifica no/pelo imbricamento, conjunção,
ou “mixagem” – para usar um termo de Street (1984), não só de formas percebidas
como próprias das modalidades oral e escrita, como também, de códigos gráfico-
visuais, gêneros discursivos e modelos textuais. E o mecanismo que orienta e
organiza essa mixagem é o da instanciação, na textualização de matrizes
interacionais, ou modos prototípicos de interlocução relacionados a diferentes
práticas sociais de uso de materiais escritos e a diferentes dispositivos inculcados de
produção e avaliação desses materiais. Esse mesmo mecanismo orienta a
re(con)textualização que se verifica na leitura, o que não significa que sejam,
necessariamente, instanciadas as mesmas matrizes interacionais na produção e na
leitura.”
Observamos que o hibridismo apresenta diferentes elementos de heterogeneidade,
tanto no que se refere às modalidades oral/escrita (interferência do oral no escrito, por
exemplo), quanto em relação aos gêneros discursivos, se apresentando em diferentes graus de
comunicação, sem deixar de levar-se em consideração também os interlocutores e as práticas
e níveis de letramento presentes em determinada interlocução. Assim, tomando por base,
Bakhtin (2004), o produtor para compor o seu texto tem como parâmetro, o seu interlocutor e
a situação na qual está inserido em todo seu contexto.
Rojo (apud Meurer, Bonini, Motta-Roth, 2005, p. 188) “aponta para dois tipos de
mecanismos dialógicos de introdução e organização do plurilingüismo no discurso, ligados a
gêneros: a construção híbrida e os gêneros intercalados”, quando discute a questão da
diluição da fronteira entre gênero e texto. Ou seja, cada gênero pode ter na sua estrutura ou no
seu estilo, características de outro gênero, acarretando uma hibridização de gêneros.
Queremos assim, explicitar que podemos ter um gênero discursivo/textual com suas
características próprias, atravessado também por características próprias de outro gênero, pois
é comum este tipo de hibridação entre gêneros com proximidades de uso e forma.
Quanto aos gêneros intercalados, eles servem como elementos de construção da
orientação axiológica (valorativa), e Marcuschi (2002, p. 31, apud Rojo, 2005, p. 188) os