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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ZOOTECNIA
DISSERTAÇÃO
CONTROLE INTEGRADO DO CAPIM ANNONI-2 (Eragrostis plana Nees).
PEDRO VALÉRIO DUTRA DE MORAES
Pelotas, 2005
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PEDRO VALÉRIO DUTRA DE MORAES
CONTROLE INTEGRADO DO CAPIM ANNONI-2 (Eragrostis plana Nees).
Dissertação apresentada ao programa
de Pós-Graduação em Zootecnia da
Universidade Federal de Pelotas, como
requisito parcial à obtenção do título de
Mestre em Ciências (área de
conhecimento: Pastagens).
Orientador: Prof. Dr. Pedro Lima Monks
Co-orientador (es): Prof. Ph. D. Lotar Siewerdt
Pelotas, 2005
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Dados de catalogação na fonte:
( Marlene Cravo Castillo – CRB-10/744 )
M827c Moraes, Pedro Valério Dutra de
Controle integrado do Capim Annoni-2 (Eragrostis plana Nees)
/ Pedro Valério Dutra de Moraes. - Pelotas, 2007.
71f. : il.
Dissertação ( mestrado em Pastagens ) –Programa de Pós-
Graduação em Zootecnia. Faculdade de Agronomia Eliseu Maci-
el. Universidade Federal de Pelotas. - Pelotas, 2005, Pedro Lima
Monks, Orientador; co-orientador Lotar Siewerdt..
1. Eragrostis plana Nees 2. Sucessão de culturas 3. Sorgo
4. Soja I Monks, Pedro Lima (orientador) II .Título.
CDD 633.2
Banca examinadora:
Prof. Dr. Pedro Lima Monks (FAEM/UFPEL)
Prof. Ph. D. Lotar Siewerdt (FAEM/UFPEL)
Prof. Dr. Manoel de Souza Maia (FAEM/UFPEL)
Dra. Andréia Mittelmann (EMBRAPA CPACT)
AGRADECIMENTOS
A Deus primeiramente, por mais esta etapa vencida.
Aos meus pais pelo apoio, estímulo e compreensão.
Ao conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)
pela concessão da bolsa de estudo.
A Universidade Federal de Pelotas, Programa de Pós-Graduação em
Zootecnia, pela oportunidade de realizar o curso.
Ao professor Pedro Lima Monks, pela orientação durante o curso.
Aos professores do Departamento de Zootecnia pela amizade e
ensinamentos passados durante o curso.
A Embrapa Clima Temperado e em especial ao pesquisador José Carlos
Leite Reis pela orientação, paciência e colaboração para a realização deste
trabalho.
A minha esposa e fonte inspiradora, Patrícia Rossi, pelas palavras de
incentivo, carinho, amor, compreensão, ensinamentos, apoio, e pela paciência em
ajudar quando também precisava de meu carinho, amor e minha atenção.
Aos colegas de curso, em especial André Borba Affonso, Dirceu Brum de
Menezes Neto, Otoniel Geter Lauz Ferreira, Carlos Eduardo Pedroso e Marcela
Bicca Bragança Corrêa pela amizade, apoio, incentivo, convívio e
companheirismo.
Aos funcionários do Departamento de Zootecnia pela constante e
incansável ajuda, Roger Marlon Gomes Esteves e Lindoufo Mota (Seu Mota).
MUITO OBRIGADO!
Resumo
MORAES, DUTRA PEDRO VALÉRIO Controle integrado do capim Annoni-2
(Eragrostis plana Nees). 2005. 72f. Dissertação (Mestrado) Programa de Pós-
Graduação em Zootecnia. Universidade Federal de Pelotas, Pelotas.
Em outubro de 1995, na Estação Experimental Terras Baixas (Capão do
Leão, RS), da Embrapa Clima Temperado deu-se inicio ao trabalho de campo
para avaliar formas de controle do capim Annoni-2 em campo nativo através do
“controle integrado”. A forma de controle foi o estabelecimento de três
diferentes sucessões de culturas: soja, sorgo-granífero e forrageiro semeados
no verão e aveia-preta no inverno nos anos de 1996 e 1997. Todos os
tratamentos consistiam no estabelecimento de uma pastagem de Pensacola
(Paspalum notatum cv. Pensacola) no final das sucessões vegetais. Foram
utilizados os herbicidas pré-emergentes Metolachlor (DUAL 960E) para a soja,
e Atrazine (GESAPRIN) para os sorgos granífero e forrageiro. Foram avaliados:
área de cobertura, composição florística, banco de sementes no solo, produção
de grãos e forragem e análise da viabilidade econômica do sistema de controle
da invasora. O delineamento experimental constituiu-se de blocos completos ao
acaso, com seis repetições, com os seguintes tratamentos: soja + aveia-preta;
sorgo-forrageiro + aveia-preta; sorgo-granífero + aveia-preta e testemunha
representada por campo nativo. Estes tratamentos foram realizados em dois
ciclos agrícolas 1995/1996 e 1996/1997. Os tratamentos para controle,
aplicados por dois ciclos agrícolas, diminuíram significativamente o banco de
sementes viáveis do capim Annoni-2, sendo igualmente eficientes nesta
diminuição. Dois anos após a semeadura de Pensacola, realizada ao final do
segundo ciclo agrícola, a área de solo coberto por capim Annoni-2 foi em
média, inferior a 4%, porém no campo nativo invadido foi de 65%. Foi analisada
também, com base na produção de grãos e forragem, a viabilidade econômica
das culturas durante os dois anos do estudo. A sucessão de sorgo-forrageiro x
aveia-preta e soja x aveia-preta apresentaram resultados satisfatórios, ao
contrário da sucessão sorgo-granífero x aveia-preta.
Palavras-chave: Eragrostis plana Nees. Sucessão de culturas. Sorgo. Soja.
Abstract
MORAES, DUTRA PEDRO VALÉRIO Controle integrado do capim Annoni-2
(Eragrostis plana Nees). 2005. 72f. Dissertação (Mestrado) Programa de Pós-
Graduação em Zootecnia. Universidade Federal de Pelotas, Pelotas.
In October 1995, a field study was initiated at Estação Experimental Terras Baixas
(Capão do Leão, RS, Brazil), to evaluate forms of controlling Annoni-2 grass in an
invaded native grassland area. Three different crop successions were used:
soybeans, grain sorghum and forage sorghum sown in Summer and black oats in
Winter, in the years of 1996 and 1997. All treatments were fallowed by a
Pensacola pasture (Paspalum notatum cv. Pensacola) at the end of cropping
successions. Pre-emergence herbicide Metolachlor (DUAL 960 E) was used for
soybeans and atrazine (GESAPRIN) for both sorghums. The following variables
were evaluated: covered area, floristic composition, soil seed banks, production of
forage and grain, as well as an economic analysis of the weed control system. A
complete randomized block design was used, with six replications and the
following treatments: soybeans + black oats; forage sorghum + black oats; grain
sorghum + black oats and a control treatment represented by the native grassland.
Crop successions were applied in the agricultural cycles of 1995/96 and 1996/97.
All treatments significantly lowered soils seed banks (viable seed of Annoni-2
grass), with the same efficiency. Two years after Pensacola sowing, the area
cowered by Annoni-2 grass was lower than 4%. However, in the invaded native
pasture it was 65%. It was also performed the economic feasibility of the cropping
in the cycles successions during the two years of its application. The on
sucessions of forage sorghum + black oats and soybeans + black oats showed
satisfactory results, compared to succession with grain sorghum + black oats.
keywords: Eragrostis plana Nees. Crop succession. Sorghum. Soybeans.
INDICE
Página
SUMARIO.............................................................................................................. vi
SUMMARY............................................................................................................ viii
INTRODUÇÃO GERAL......................................................................................... 1
Artigo 1- Resultados técnicos de sucessão de culturas no controle de capim
Annoni-2 (Eragrostis plana Nees) em campo nativo............................................ 6
Resumo................................................................................................................. 7
Abstract.................................................................................................................. 8
Introdução....................................................................................... ...................... 9
Material e Métodos................................................................................................ 14
Resultado e Discussão......................................................................................... 22
Área coberta e composição florística....................................................... 22
Número de plântulas de capim Annoni-2.................................................. 26
Conclusões........................................................................................................... 31
Referências Bibliográficas..................................................................................... 32
Artigo 2- Resultados econômicos de sucessão de culturas no controle de capim
Annoni-2 (Eragrostis plana Nees) em campo nativo............................................. 35
Resumo................................................................................................................. 36
Abstract.................................................................................................................. 37
Introdução............................................................................................................. 38
Material e Métodos................................................................................................ 42
Resultados e discussão........................................................................................ 50
Produção de grãos e forragem................................................................... 50
Análise econômica...................................................................................... 55
Conclusões............................................................................................................ 65
Referências Bibliográficas..................................................................................... 66
Apêndice................................................................................................................ 70
INTRODUÇÃO GERAL
No Brasil a área total de pastagens (cultivadas e nativas) ocupava em 1996
aproximadamente 178 milhões de hectares (IBGE, 1996). No Rio Grande do Sul,
45% da superfície é coberta por pastagens, sendo que 95% são pastagens
naturais (Machado, 1999).
Medeiros et al. (2004), relatam que as pastagens naturais do RS têm uma
composição florística bastante rica, formada por cerca de 400 espécies de
gramíneas e 150 de leguminosas, entre outras famílias representativas.
Apesar das pastagens naturais da Região Sul do Brasil serem a principal
fonte de alimento volumoso para bovinos de corte e ovinos, e contribuírem com a
conservação do solo, da água e da biodiversidade, este importante recurso natural
tem sido degradado pelo avanço da agricultura e do excesso de pastejo, com
diminuição da presença de espécies de melhor qualidade. Além disso, esta
degradação provoca a abertura da comunidade vegetal, a compactação do solo,
redução da taxa de crescimento da pastagem, da cobertura do solo e da infiltração
da água (Gomes et al., 1998; Medeiros et al., 2004).
A pastagem nativa do Rio Grande do Sul é formada por um tapete de
espécies com características peculiares, que podem ser agrupadas de acordo com
a duração do ciclo, família, época, e hábito de crescimento (Machado, 1999).
Gonçalves et al. (1998), agruparam a vegetação de um campo nativo, de acordo
com o tipo de solo do RS, indicando a existência de diferentes tipos de campo
(vegetação). Em função disto, as práticas de manejo utilizadas visando elevar a
produtividade dos mesmos também são diferentes. Nos campos onde se aplicam
medidas de controle de plantas indesejáveis, provavelmente isto acarretará uma
elevação significativa da capacidade de suporte dos mesmos. A presença de
plantas indesejáveis na maioria das formações campestres é um dos fatores que
contribui para redução de produtividade.
A produção forrageira dos campos naturais é sazonal, ocorrendo uma
estação favorável (primavera/ verão) com excesso de oferta de forragem e uma
estação desfavorável (outono/inverno) na qual existe uma acentuada escassez de
forragem verde natural devido às baixas temperaturas e ocorrência de geadas que
paralisam o crescimento das pastagens. A natureza destes campos de
crescimento estival, leva à necessidade de suprir a carência alimentar nos meses
de outono/ inverno (maio a setembro) que é a principal causa dos baixos índices
de produção e produtividade da pecuária de bovinos no Rio Grande do Sul
(Siewerdt et al., 1995).
A pecuária é uma atividade pouco tecnificada que, se não for modernizada,
ficará cada vez mais à margem da economia. Apesar da importância deste
segmento da economia, os índices de produtividade são muito baixos, fato este
que pode ser atribuído, principalmente, à estacionalidade característica das
espécies de plantas que compõem o campo natural. Além disso, as pastagens
naturais sofrem com excesso de lotação, queima indiscriminada, esgotamento da
fertilidade do solo, que conduzem à degradação tão acentuada que a vegetação
campestre cede lugar a invasoras indesejáveis e gramíneas de baixa qualidade
e/ou baixa produção. Até a década de 1950, grande parte das invasoras eram
conhecidas dos produtores e muitas técnicas agronômicas mostravam-se
eficientes para o controle. No entanto, nesta mesma década (1950) foi introduzida
uma gramínea de origem africana denominada de capim Annoni-2 (Eragrostis
plana Ness), que se adaptou muito bem no ambiente desses campos. Esta
gramínea de baixa qualidade ocorre com alta incidência em várias regiões do Rio
Grande do Sul.
Segundo Reis (1993) o capim Annoni-2 é uma gramínea polêmica que, ao
ser julgado segundo as manifestações veementes a seu respeito, desperta ou ódio
ou paixões.
O capim Annoni-2, gramínea perene de verão, originário da África, foi
introduzido no RS, por acaso, na década de 1950. Inicialmente era visto com
entusiasmo, pois, chamava atenção por seu porte vigoroso e pela produção de
biomassa e sementes (Reis & Coelho, 2000). Foi difundida com entusiasmo como
forrageira alternativa, capaz de promover aumentos de produção na pecuária
gaúcha. A partir de 1979 foi proibida a comercialização e o transporte de
sementes e mudas de capim Annoni-2, em todo o RS, passando esta gramínea a
ser considerada invasora e não mais planta forrageira (Reis & Coelho, 2000).
Na primavera-verão, esta espécie não apresenta vantagens sobre o campo
natural (Gonzaga & Souza, 1999), na produção e qualidade de forragem, sendo
inferior em relação às espécies do campo nativo.
A principal forma de dispersão do capim Annoni-2 é por sementes
(cariopses). A espécie possui grande capacidade de produção de sementes
diminutas com alto poder de germinação, ampla época de produção e facilidade
de dispersão. A dispersão ocorre pelo transporte das sementes daqueles locais
onde está presente ou é dominante, que são as fontes de disseminação, para as
áreas adjacentes, ou mais distantes, através dos agentes de disseminação. Os
agentes de disseminação podem ser vento, máquinas agrícolas, automóveis e
amimais (Reis, 1993).
Apesar do constante alerta dos pesquisadores para a ameaça do capim
Annoni-2, pouco tem sido feito para evitar que continue invadindo novas áreas
(Coelho, 1993).
Os impactos produzidos pelo capim Annoni-2 resumem-se, portanto, à total
substituição da vegetação campestre nativa, implicando perda de diversidade
biológica de flora e fauna, assim como impactos econômicos e sociais decorrentes
da redução da capacidade produtiva de áreas rurais e dos custos de controle
(www. institutohorus.org.br).
Várias técnicas têm sido testadas para o seu controle. Entre estas podem
ser citadas: sucessão de culturas, uso de herbicidas, controle mecânico. As
opções de controle vão depender da severidade da invasão, podendo ser desde
enxada e aplicação de herbicidas para invasões iniciais; para áreas dominadas
deve-se eliminar plantas e esgotar sementes do solo através de práticas agrícolas
(Reis & Coelho, 2000 e Boggiano et al., 2004).
Este trabalho de resultado técnico de sucessão de cultura no controle do
capim Annoni-2 descende de um projeto da Embrapa Pecuária Sul (Bagé), onde o
projeto original intitulava-se “Utilização, manejo e preservação de recursos
forrageiros dos campos naturais no sul do Brasil (código: Embrapa 01.0.94.781,
unidade responsável Embrapa Pecuária Sul). Um dos subprojetos componentes
foi ”Controle de invasoras do campo natural” (cód. Embrapa 01.0.94.781.08). No
subprojeto, entre os experimentos conduzidos, houveram ações para estudar o
controle do capim Annoni-2. Na Embrapa Clima Temperado (Pelotas), conduziu-se
o trabalho “Sistemas de recuperação de áreas invadidas por capim Annoni-2” sob
a responsabilidade do pesquisador José Carlos Leite Reis. Um dos experimentos
foi “Sucessão de culturas no controle do capim Annoni-2” no período de outubro
de 1995 até janeiro de 1999.
A integração da agricultura/pecuária consiste na diversificação da produção,
através de sucessão de culturas, possibilitando o aumento da eficiência da
utilização dos recursos naturais e preservação do ambiente, resultando em
incrementos e maior estabilidade da renda do produtor rural. O sistema de
integração lavoura/pecuária é um sistema em que predomina a agricultura com
espécies anuais durante a estação quente, sendo que na estação fria são
cultivadas espécies de pastagens anuais, que são usadas para terminação de
animais, com retorno da lavoura na safra do verão seguinte
(www.planetaorgânico.com.br).
Neste trabalho foram analisados, técnica e economicamente, os resultados
deste sistema integrado de controle do capim Annoni-2. Os resultados técnicos,
apenas parcialmente divulgados anteriormente, (Reis & Coelho, 2000), são
apresentados e discutidos. No entanto, uma recomendação de um “sistema
integrado” para controle do capim Annoni-2, baseado em critérios apenas
técnicos, tem pouca validade aos produtores. Para isto foi incluído o fator
economicidade dos sistemas a serem recomendados. Assim sendo, foi também
realizada a análise econômica das sucessões de culturas utilizadas para o
controle de capim Annoni-2, invasor do campo natural.
O objetivo foi esgotar o banco de sementes e plantas do capim Annoni-2,
tendo os ciclos agrícolas sidos repetidos por dois anos. No outono do segundo
ano, por ocasião da semeadura da aveia-preta, foi também semeada Pensacola
(sementes sem escarificação), para proporcionar uma subseqüente cobertura do
solo, visando evitar o retorno do capim Annoni-2. Em razão da necessidade de
avaliar formas de controle da espécie em áreas onde a agricultura é possível, foi
aplicado o sistema de sucessão de culturas, visando um controle viável, tanto
técnica como economicamente.
ARTIGO 1
Sucessão de culturas no controle de capim Annoni-2
(Eragrostis plana Nees).
SUCESSÃO DE CULTURAS NO CONTROLE DE CAPIM-ANONNI-2
(Eragrostis plana NEES)
1
PEDRO VALÉRIO DUTRA DE MORAES
2
, PEDRO LIMA MONKS
3
, JOSÉ CARLOS LEITE REIS
4
RESUMO O objetivo do trabalho foi analisar tecnicamente os sistemas de
sucessão de culturas, para reduzir o número de plantas e banco de sementes de
capim Annoni-2 no solo, em área infestada há vários anos. Foram utilizados soja,
sorgo-forrageiro e sorgo-granífero no verão e aveia-preta no inverno. No final do
experimento foi semeada pensacola juntamente com aveia-preta. Ao final de cada
ciclo foram realizadas avaliações de sementes viáveis de Eragrostis plana, bem
como um ano após o término das sucessões. Foi acompanhado o número de
plantas emergidas em bandejas e área coberta do solo pelos componentes da
vegetação. O delineamento utilizado foi de blocos completos ao acaso, com seis
repetições. As sucessões culturais foram igualmente eficientes no controle de
plantas de capim Annoni-2 e do banco de sementes no solo, a partir do primeiro
ciclo agrícola. O controle do banco de sementes de capim Annoni-2 é mais efetivo
após a aplicação do segundo ciclo de culturas de verão seguido de aveia-preta.
Palavras chave: banco de sementes, herbicidas pré-emergentes, soja, Sorghum
spp., aveia-preta.
1
Artigo a ser enviado a Revista Pesquisa Agropecuária Gaúcha
2
Eng. Ag Acadêmico do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia da Ufpel. E-mail [email protected]
3
Eng. Agr° Dr. Professor Adjunto do Departamento de Zootecnia da Ufpel. E-mail: [email protected]
4
Eng. Agr° Msc. Pesquisador Embrapa Clima Temperado. E-mail: [email protected]apa.br
CROPPING SUCCESSIONS IN THE CONTROL OF ANONNI-2 GRASS
(Eragrostis plana NEES)
PEDRO VALÉRIO DUTRA DE MORAES, PEDRO LIMA MONKS, JOSÉ CARLOS LEITE REIS
ABSTRACT – The objective of this study was to perform a technical analysis of the
systems of cropping successions, to reduce number of plants and soil seed bank of
Anonni-2 grass, in an infested area for several years. Soybean, forage sorghum
and grain sorghum were used in Summer and black oat in Winter. Evaluations
were made at the end of each cycle and at the end of cropping successions, for
viable seeds of Eragrostis plana. Number of emerged plants was observed in
greenhouse trays, and the covered soil area by vegetation components. A
complete randomized block design, with six replications was used. Successional
croppings were equally efficient in the control of Anonni-2 grass and soil seed
bank, from the beginning of the first agricultural cycle. The control of soil seed bank
of Anonni-2 grass is more effective after the second Summer agricultural cycle,
followed by blak oat grass.
Key Word: soil seed bank, pre-emergence herbicides, soybean, Sorghum spp.,
black oat.
INTRODUÇÃO
O capim Annoni-2 (Eragrostis plana Nees) é uma gramínea perene e
exótica, com centro de origem no sul da África estando presente em várias regiões
do Rio Grande do Sul (Reis & Coelho, 2000). É a mais agrassiva invasora de
pastagens naturais e cultivadas que surgiu no sul do Brasil (Reis, 1993).
O aparecimento desta espécie no Rio Grande do Sul ocorreu na década de
50. Provavelmente foi acidentalmente introduzida como espécie contaminante em
sementes(cariopses) de capim-de-Rhodes (Chloris gayana Kunth) procedentes da
África do Sul. Foi primeiramente notado em carazinho e Tupanciretã, por volta de
1951 e 1957, respectivamente (Coelho, 1983).
Desde seu aparecimento, o capim Annoni-2 é uma espécie que suscita
polêmicas. Foi inicialmente difundida no Rio Grande do Sul e restante do país,
pelo Grupo Rural Annoni, que produzia e comercializava suas sementes, como
sendo forrageira excelente e revolucionária (Reis & Coelho, 2000). A propaganda
para venda de sementes de Capim annoni-2 em 1975 vinha com o slogan “capim
annoni S2 rusticidade e perenidade real uma revolução em pastagens”, além de
grande rusticidade, possui uma amplitude de acomodação (Suplemento Rural,
1975).
Pesquisas na década de 1970 mostraram que a invasora não apresentava
vantagens forrageiras sobre o campo natural, tendo baixa qualidade nutricional,
reduzido consumo voluntário, e constituindo-se em mau suporte alimentar para os
animais. Também apresentava características de planta nociva e grande invasora,
com fácil e rápido estabelecimento via sementes, e alta capacidade de
colonização de campos, pastagens cultivadas, acostamentos de estradas,
estradas vicinais, corredores internos em áreas rurais, e terrenos perturbados ou
não. Portanto uma espécie dominante e de difícil erradicação (Reis & Coelho,
2000).
O capim Annoni-2 embora prefira solos secos e moderadamente drenados,
não apresenta um nicho ecológico definido e vegeta em todas as regiões e tipos
de solo (Reis & Coelho, 2000).
Acredita-se que em torno de 500 mil ha de terras no RS, tenham o capim
Annoni-2 como espécie contaminante e/ou dominante, e este começa a se
expandir para o Mercosul, tomando conta das margens das estradas uruguaias e
argentinas, indicando sua expansão descontrolada (Maciel, 2003). Além de ser a
invasora mais agressiva e de mais difícil controle nos Campos Sulinos, estando
presente em Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso e Brasília (Ala dos Ministérios).
Invasora também no Havaí, EUA (www.institutohorus.org.com).
O capim Annoni-2 agride o ambiente, rompe o equilíbrio, torna-se
dominante, em quase uma monocultura. A espécie tem ativos mecânicos de
defesa e preservação, isto é, apresenta grande produção de sementes viáveis,
competitividade por água, luz e nutrientes, pastejo seletivo e alelopatia, sendo
estes os principais responsáveis pela sua disseminação/invasão/dominância
(Reis, 1993).
A velocidade de disseminação, invasão e dominação dependem do tipo de
solo e vegetação, da maior ou menor abertura da comunidade vegetal, do uso
agrícola e da intensidade com que as fontes e os agentes de disseminação atuam
no ambiente (Reis & Coelho, 2000).
A principal forma de dispersão do capim Annoni-2 é por sementes. A
espécie tem muitas sementes diminutas, com alto poder de germinação, acima de
96%, com ampla época de produção e facilidade de dispersão. A produtividade
média de sementes do capim Annoni-2 é de 232 kg/ha/ano, variando no início e
fim do verão. (Coelho, 1983). As sementes são pequenas e leves, altamente
viáveis, podendo permanecer viáveis por mais de 10 anos (www
institutohorus.org.com).
As sementes de capim Annoni-2 formam um banco de sementes no solo
supostamente do tipo persistente, podendo durar mais de um ano e germinar em
vários fluxos ao longo das estações do ano. Este comportamento proporciona
maior probabilidade de sucesso das plântulas germinadas, aumentando a
infestação local, bem como a infestação regional através da dispersão secundária
(Medeiros et al., 2004). Estes mesmos autores, analisando a longevidade das
sementes de capim Annoni-2 no campo nativo, verificaram que o desaparecimento
das sementes diminui a medida que ela se posiciona nas camadas mais profundas
do solo. a germinação das sementes que se encontram nas camadas mais
profundas do solo forma menos afetadas pelo tempo de permanência no solo do
que as posicionadas mais próximas da superfície. A preservação da capacidade
germinativa das sementes foi favorecida pela profundidade e prejudicada pelo
tempo de permanecia no solo.
As medidas para o controle de capim Annoni-2 devem ser tomadas
conforme a severidade da invasão. Em fase inicial deve-se atenuar a ação dos
agentes disseminadores (animais, veículos e implementos), arranquio e queima do
material e aplicação de herbicida com jato dirigido. No controle de áreas muito
invadidas, deve-se eliminar as plantas, esgotar o banco de sementes do solo,
evitar e reposição de mais sementes, eliminar as novas plantas que vão surgindo,
e destruir os resíduos, para eliminar o efeito alelopático. Para isso, o ideal é
utilizar práticas agrícolas durante alguns anos, com culturas e herbicidas
específicos ou forrageiras anuais, para após introduzir espécies forrageiras
perenes. O sistema que usa este princípio chama-se “controle integrado”. Os
herbiciadas pré-emergentes são mais eficientes que os pós-emergentes. A
rotação deve ser estabelecida por no mínimo de dois a três anos, até que o banco
de sementes do capim Annoni-2 seja substancialmente reduzido (Reis & Coelho,
2000).
O “controle integrado” via cultivo convencional presta-se apenas para
regiões e áreas agricultáveis (Reis & Coelho, 2000). Existe ainda o “controle
integrado” via sistema de plantio direto, que pode ser utilizado tanto em áreas
agricultáveis ou não (Reis & Coelho, 2000).
Na Estação Experimental de Tupanciretã, em áreas totalmente inçadas e
com ressemeadura natural do capim Annoni-2, ocorrendo por vários anos, foi
realizado, por dois anos e meio, um experimento em que foram utilizados cultivos
sucessivos com forrageiras anuais de inverno (aveia Avena strigosa, azevém
Lolium multiflorum) e verão (soja – Glycine Max, milheto – Pennisetum glaucum).
No período de inverno a aveia principalmente, e o azevém, exerceram um
controle muito bom sobre a invasora, em parte devido ao clima adverso ao da
invasora. No período do verão, devido a grande agressividade da invasora, o
milheto e soja conseguiram exercer um controle apenas razoável da invasora.
Com estas práticas conseguiu-se o estabelecimento de forrageiras perenes
(Panicum maximum e Chloris gayana Kuntz), o que seria totalmente inviável antes
da sucessão de culturas. O manejo adotado para as forrageiras, em período de
quatro anos foi para a produção de feno e pastejo, e com isso foi permitido um
controle razoável da invasora, porém temporariamente (Guterres, 1993).
Coelho & Reis (1990), por três anos analisaram o efeito da rotação soja x
aveia-preta no controle do capim-Annoni-2 em uma área de campo nativo com
cobertura vegetal média de 73%. Ao final do terceiro ano a porcentagem de
cobertura de capim Annoni-2 havia baixado para menos de 3%, estando a área
apta para o plantio de pastagem perene.
A vantagem do “controle integrado”, com base em culturas anuais de grãos,
é o maior e mais rápido retorno econômico aos investimentos (Reis & Coelho,
2000).
A integração da agricultura e pecuária consiste na diversificação da
produção, possibilitando o aumento da eficiência de utilização dos recursos
naturais e preservação do ambiente, resultando em incrementos e maior
estabilidade da renda do produtor rural (www.planetaorganico.com.br).
Sucessão de culturas com forrageiras anuais é o sistema em que
predomina a agricultura com espécies anuais durante o verão (soja, milho, sorgo),
e no inverno são cultivadas pastagens anuais como aveia e azevém, que são
usados para terminação de animais, neste período, retornando a lavoura na safra
do verão seguinte, podendo ser conduzido o sistema convencional ou plantio
direto (www. institutohorus.org.br).
Os impactos causados pela infestação do capim Annoni-2 em campos
nativos resumem-se, portanto, na total substituição da vegetação campestre
nativa, implicando perda de diversidade biológica de flora e fauna, assim como
impactos econômicos e sociais decorrentes da redução da capacidade produtiva
de áreas rurais e dos custos de controle do capim Annoni-2 (www.
institutohorus.org.br).
Em razão da necessidade e interesse em avaliar formas de controle desta
espécie em áreas onde a agricultura é possível, foi planejado este trabalho, cujo
objetivo foi analisar tecnicamente os sistemas de sucessão de culturas para
diminuir o número de plantas e banco de sementes de capim Annoni-2 presentes
no solo.
MATERIAL E MÉTODOS
Local
O trabalho foi conduzido em área de campo nativo invadido por capim
Annoni-2 (Eragrostis plana Nees), na Estação Experimental Terras Baixas (ETB),
Embrapa Clima Temperado (CPACT), Capão do Leão, RS. A ETB, encontra-se
distante a 15 Km do centro da cidade Pelotas, e está situado a 31°52’ de latitude
sul e 52°29’ de longitude oeste. A altura média acima do nível do mar é 13 m.
Clima
O clima da região é do tipo Cfa, segundo Köeppen-Geiger citado por Mota
(1953). As letras apresentam o seguinte significado: C= clima temperado, em que
a temepatura media do mês mais frio é inferior a 18°C e superior a - C; f=
nenhum mês a precipitação media é inferior a 60 mm; a= a temperatura média do
mês mais quente é superior a 22°C. O clima de Pelotas é considerado úmido, com
ocorrências de secas não muito intensas no verão, embora, esporadicamente,
possam ocorrer estiagens bastante prolongadas.
A distribuição da precipitação varia de ano para ano e de região para
região, situando-se em torno de 34% no inverno, 25% na primavera, 25% no
outono e 16% no verão. As geadas ocorrem em abril a outubro, com maior
freqüência de junho a agosto, variando de 13 a 35 por ano.
Solo
O experimento foi implantado sobre solo hidromórfico eutrófico solódico
(Pinto et al.,1999). Em julho de 1995, procedeu-se à análise básica dos
componentes do solo, no Laboratório de Análise de Solo (LAS) do Departamento
de solos da UFPEL, apresentando as seguintes características: 10% de argila;
pH= 5,1; M.O. = 2,12%; P e K= 4,2 e 46 mg/L respectivamente; Al= 0,7 cmol/L e
Ca + Mg= 3,7 cmol/L .
Histórico da área
A área de campo nativo estava dominada por capim Annoni-2. antes do
experimento, haviam sido introduzidas espécies forrageiras de estação fria,
utilizadas em sistemas de pastejo rotativo com bovinos, por volta do ano de 1970.
A pastagem introduzida deteriorou-se, e foi sendo posteriormente invadida
por capim Annoni-2 à medida que as espécies introduzidas e as de ocorrência
natural forma diminuindo.
Área experimental
O experimento foi constituído de seis blocos com três parcelas cada mais
testemunha, sendo que cada parcela apresentava as seguintes dimensões: 10m x
6m (60m²) num total de 24 parcelas. A área total do experimento foi de 1237,5 m
2
(37,5m x 33m).
- Tratamentos
Os tratamentos utilizados foram:
1) Testemunha - campo natural invadido pelo capim Annoni-2;
2) Soja (Glycine max) + aveia-preta (Avena strigosa) + Pensacola
(Paspalum notatum cv. Pensacola);
3) Sorgo-forrageiro (Sorghum sudanense Piper/Stapf) + aveia-preta (Avena
strigosa) + Pensacola (Paspalum notatum cv. Pensacola);
4) Sorgo-granífero (Sorghum bicolor L. Moench) + aveia-preta (Avena
strigosa) + Pensacola (Paspalum notatum cv. Pensacola).
Delineamento
O delineamento utilizado foi de blocos completos ao acaso, com seis
repetições.
Procedimento e culturas utilizadas
Foram realizados dois ciclos agrícolas. O primeiro começou na estação
quente 1995/1996 com o cultivo das culturas de verão, e da aveia preta durante a
estação fria em 1996. Após o encerramento do ciclo da aveia-preta iniciou-se o
segundo ciclo agrícola na estação quente 1996/1997. Este segundo ciclo foi
finalizado na primavera de 1997, com o fim do ciclo da aveia-preta.
Primeiro ciclo agrícola
Cronograma dos procedimentos utilizados na condução do primeiro ciclo
agrícola.
Adubação e preparo do solo:
Em julho de 1995 foi feita análise de solo, para posterior adubação de
acordo com a recomendação para culturas anuais de verão, da Comissão de
Fertilidade de Solo (1994).
Em 28 de dezembro de 1995 foi feita aplicação de 5,12 t/ha de calcário
dolomítico comercial do tipo B (PRNT=65%) e 450 kg/ha de adubo na fórmula 0-
20-20 (P
2
O
5
e K
2
O).
Foi passada na área uma grade de disco, que não foi suficiente para
incorporar o material morto e fazer a semeadura, sendo então utilizado arado de
aviveca e mais duas gradagens. Nestas operações, foram incorporados calcário e
o adubo.
Culturas utilizadas:
A soja, sorgo-granífero e sorgo-forrageiro foram semeados em 04/01/1996.
Ao final do ciclo dos cultivos foi semeada aveia preta em 23/07/1996.
A soja sel. Pel 8710 (semi-tardia) foi inoculada com inoculante específico.
A semeadura foi feita com densidade de 480 g/parcela (80 kg/ha) com distância
entre linhas de 0,50m. Aplicou-se herbicida pré-emergente Metolachlor (DUAL
960 E), em 08/01/1996, na dose de 2 l/ha, com pulverizador costal.
Os sorgo-forrageiro cv. Sordan e granífero cv. A9904 (antipássaro) foram
semeados com densidade de 72 g/parcela (12 kg/ha) com distância entre linhas
de 0,70 m. Após a semeadura dos sorgos, em 08/01/1996 foi feita a aplicação do
herbicida pré-emergente Atrazine (GESAPRIN) na dose de 4 l/ha. Nos sorgos foi
aplicada a dose de uréia em 01/02/1996, em cobertura, numa dose de 70 kg/ha
e 120 kg/ha na segunda aplicação, realizada em 01/03/1996.
A soja foi colhida com 14% de umidade, sorgo granífero com 13% de
umidade e o sorgo forrageiro em fase de grão pastoso. Após a colheita das
culturas, em 26/06/1996 passou-se uma enxada rotativa com o objetivo de
preparar a área para o plantio da aveia-preta. Esta operação equivaleu-se ao uso
de uma grade niveladora
A aveia-preta foi semeada a lanço, com densidade de 100 kg/ha, sendo que
a quantidade de sementes por bloco (180 m²) foi de 1,8 kg. Uma enxada rotativa
foi utilizada para revolvimento superficial do solo após semeadura. Em
17/09/1996 aplicou-se 2,6 kg de uréia por bloco (144 kg/ha) em cobertura. Não foi
feita adubação com fósforo e potássio no inverno, para que ocorresse o
aproveitamento pela aveia-preta do adubo residual das culturas de verão.
Avaliações:
As avaliações realizadas antes do primeiro ciclo agrícola foram:
1) Área coberta (%) e composição florística:
A avaliação da área coberta foi feita antes do ciclo agrícola, em 25/10/1995.
A área experimental foi submetida a uma avaliação da área de cobertura por
capim Annoni-2, gramíneas nativas, leguminosas nativas, outras espécies, manto
e solo desnudo. Para fazer a leitura da área coberta foi utilizado quadrado de 1m
x 1m dividido em oito partes segundo a escala de Braun-Blanquet (1979). No total
foram feitas 12 leituras.
2) Banco de sementes:
A avaliação do banco de sementes viáveis de capim Annoni-2, presentes
no solo, foi realizado pela contagem de plântulas emergidas em amostras de solo
retiradas com auxílio de um trado holandês (10 cm de diâmetro x 15 cm de
profundidade=1178 cm³). As amostras foram coletadas em 03/11/1995
(amostragem inicial), e secas em estufa com temperatura média de 35°C. Para se
verificar o número de sementes viáveis, o solo foi espalhado em bandejas
plásticas, apresentando uma camada de 2 a 3 cm de espessura. O solo foi
mantido úmido, em casa de vegetação, por 60 dias. A contagem e arranquio das
plântulas de capim Annoni-2 emergidas foram feitas a cada 20 dias. No primeiro
ciclo agrícola foram feitas duas coletas de solo para determinação do banco de
sementes presentes no solo (Tabela 1). A primeira coleta de solo realizado no
campo nativo, antes do preparo, onde foram retirados 14 amostras. A segunda
coleta realizada ao fim do ciclo da aveia-preta, retirou-se 36 amostras, (sendo
duas por parcela) e 12 amostras da testemunha (duas por repetição).
TABELA 1- Data da coleta do solo, inicio da irrigação das bandejas plásticas e
contagem e arranquio das plântulas de capim Annoni-2
Coleta Inicio da
Irrigação
Dias da
Contagem
coleta (antes do ínicio
do 1° ciclo agrícola)
03/11/1995
07/11/1995
27/11/1995
07/12/1995
29/12/1995
coleta (fim do 1° ciclo
agrícola)
31/10/1996
07/12/1996
17/12/1996
30/12/1996
06/01/1997
Segundo ciclo agrícola
O segundo ciclo agrícola realizado na mesma área do ciclo anterior teve
início em 07/01/1997, com a implantação dos cultivos anuais de estação quente.
O início das avaliações (colheita das culturas) foi realizado em 09/05/1997 para as
culturas de verão e em 25/09/1997 foi feito o corte de aveia-preta.
Adubação e preparo do solo:
O preparo do solo do segundo ciclo foi iniciado em 29/11/1996 com a
passagem de uma enxada rotativa para uniformização da área (equivale a
passagem de uma grade niveladora).
A adubação foi feita no dia 07/01/1997 com aplicação de fósforo e potássio,
apenas de manutenção, de acordo com resultados de análise do solo, realizada
no Laboratório de Análise de Solo (LAS), do Departamento de solos da UFPEL.
Foram aplicados 462 kg/ha de adubo na fórmula 0-20-20 (P
2
O
5
e K
2
O). A
incorporação do mesmo foi realizada através de enxada rotativa.
Culturas utilizadas:
Os sorgos e a soja foram semeados no dia 08/01/1997, e as sementes
foram cobertas com solo com o auxílio de um ancinho manual.
Usou-se a cultivar de soja BR-16, na densidade de semeadura de 480
g/parcela (80 kg/ha) e com distância entre linhas de 0,50m. A inoculação foi feita
com inoculante específico. No dia 09/01/1997 foi aplicado herbicida pré-
emergente Metalaclor (DUAL 960 E), após a semeadura, na dose de 2 l/ha, com
pulverizador costal.
A semeadura dos sorgos granífero (A9904 antipássaro) e forrageiro cv. DK
915 (silagem) foi realizada em 09/01/1997. A densidade de semeadura foi 72
g/parcela (12 kg/ha) com espaçamento entre linhas 0,70m. Após semeadura dos
sorgos, foi feita a aplicação do herbicida pré-emergente Atrazine (GESAPRIN)
com um pulverizador costal na dose de 4 l/ha.
A adubação nitrogenada nos sorgos foi dividida, sendo 30% na base
(07/01/1997) e 70% em cobertura (12/02/1997) totalizando 312 kg/ha de uréia.
Em 30/05/1997, a aveia-preta foi semeada a lanço com densidade de 100
kg/ha, sendo que a quantidade de sementes por bloco (180 m²) foi de 1,8 kg.
Uma enxada rotativa foi utilizada para revolvimento superficial do solo após
semeadura para incorporar as sementes ao solo. Em 11/06/1997 foi aplicado 1,7
kg (90 kg/ha) de uréia por bloco e a mesma quantidade na segunda aplicação
realizada em 14/08/1997. Não foi feita adubação com fósforo e potássio no
inverno para que ocorresse aproveitamento residual dos nutrientes aplicados nas
culturas de verão.
A Pensacola foi semeada juntamente com a aveia-preta, para produzir
cobertura de solo na primavera-verão, após os encerramentos dos ciclos
agrícolas.
Avaliações:
As avaliações realizadas ao final do segundo ciclo agrícola foram:
1) Área de cobertura (%):
Entre 07/01/1999 e 15/01/1999 foi avaliada a área coberta de solo sendo
observados os seguintes componentes: capim Annoni-2, Pensacola, outras
gramíneas, outras espécies, manto, e solo desnudo. Para fazer a leitura da área
de cobertura foi utilizado um quadrado de 1m x 1m dividido em oito partes
segundo a escala de Braun-Blanquet (1979). No total foram feitas 18 leituras com
o quadrado.
2) Banco de sementes:
A avaliação do banco de sementes viáveis de capim Annoni-2, presentes no
solo, foi realizada utilizando o mesmo procedimento do primeiro ciclo. Em cada
amostragem retirou-se duas amostras de solo por repetição, num total de 48. As
amostras de solo foram coletadas em 21/10/1997 (final do segundo ciclo agrícola)
e em 22/10/1998, ao final das avaliações. As amostras foram secas em estufa
com temperatura média de 35°C. Para verificar as sementes viáveis, o solo foi
espalhado em bandejas plásticas, apresentando de 2 a 3 cm de espessura. O
solo foi mantido úmido com água destilada, em casa de vegetação, por 80 dias
sendo que a contagem e arranquio das plântulas emergidas eram feitos a cada 20
dias (Tabela 2). Os resultados de sementes viáveis foram submetidos à análise
de variância, e a comparação das médias pelo teste de Duncan a 5 % de
probabilidade.
TABELA 2 - Datas da coleta de solo, irrigação, e dias de contagens das plântulas
emergidas de capim Annoni-2
Coleta Irrigação Datas da Contagem
coleta (após
corte da aveia
preta)
21/10/1997
24/10/1997 26/12/1997 14/01/1998 23/01/1998
coleta (área
em pousio)
22/10/1998
23/10/1998 18/12/1998 04/01/1999 25/01/1999
Análise estatística
A análise estatística constou de análise de variância convencional sendo as
médias comparadas pelo teste de Duncan. Foi utilizado o pacote Sanest, de
Análise Estatística para Microcomputadores (Zonta E Machado, 1984).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
1) Área coberta e composição florística
Em outubro de 1995, antes de implantar o experimento, a vegetação
encontrava-se baixa e bem pastejada. No levantamento inicial em 1995, a área
coberta pela invasora, capim Annoni-2 era de 32,46%. A área coberta com “outras
gramíneas” de ocorrência natural era de 49,95%. As “leguminosas” e “outras
espécies” apresentavam menor proporção de área coberta, 5,81% e 6,16%
respectivamente.
Na finalização do experimento em janeiro de 1999, avaliou-se a área de
cobertura dos componentes da vegetação para comparar com a avaliação feita em
1995. A área de solo coberto pelo capim Annoni-2 no campo invadido aumentou
de 32,46% em 1995 para o valor de 64,71% em 1999, um aumento de 100%,
mostrando que o pastejo contínuo e com alta lotação, não impediu o aumento da
invasora. A área invadida por capim Annoni-2 em 1995 apresentava 49,95% e
5,8% de área coberta de “outras gramíneas” e “leguminosas” respectivamente. No
entanto em 1999 a área de cobertura era de 29,12% e 3,68% respectivamente,
mostrando uma diminuição. Isto pelo aumento da área coberta pelo capim
Annoni-2 (aumento da dominação) e o consumo seletivo dos animais. Segundo
Couto (1994) o capim Annoni-2 é sempre a última espécie a ser consumida pelos
animais, que têm preferência pelas espécies mais palatáveis.
Outro fator que pode ter contribuído para a diminuição ou desaparecimento
das outras espécies da área em 1999, é a liberação de compostos alelopáticos
pelo capim Annoni-2. A alelopatia é a influência de um individuo sobre o outro,
seja prejudicando ou favorecendo o segundo, e este efeito é realizado por
aleloquímicos produzidos por uma planta e lançados no ambiente, seja na fase
aquosa do solo ou substrato, seja por substâncias gasosas volatilizadas no ar que
cerca as plantas terrestres (Ferreira & Áquila, 2000).
Coelho (1986), estudando substâncias fitotóxicas do capim Annoni-2
verificou que estas substâncias, quando liberadas no solo prejudicaram o
crescimento de plantas de azevém, tanto da parte aérea como das raízes. Assim
como inibiram a germinação de trevo-branco (Trifolium repens L.). Este mesmo
autor considera ainda que o capim Annoni-2 apresenta auto-alelopatia,
prejudicando a germinação e estabelecimento de suas próprias sementes. Isto é
verificado de forma bastante nítida no campo, onde as touceiras de capim Annoni-
2 estão separadas umas das outras por espaços vazios de solo desnudo de 5-10
cm de raio.
nas áreas cultivadas ocorreu uma redução na área de cobertura do
capim Annoni-2 ao final dos dois ciclos agrícolas, apresentando o valor médio de
4,46% de cobertura em janeiro 1999, enquanto que o campo invadido em 1999
apresentava 64,71% de área coberta pelo capim Annoni-2. A área cultivada com
soja + aveia-preta, tendeu a uma menor área de cobertura do capim Annoni-2,
mas não diferiu estatisticamente (α=0,05) dos demais tratamentos utilizados para
controle (Tabela 3). Isto pode ter sido pelo efeito mais eficiente do herbicida pré-
emergente, aplicado para esta cultura. O herbicida Metalachlor, aplicado na soja
para controle de plantas invasoras, tem maior efeito, sobre gramíneas, por isso
maior controle do capim Annoni-2. No entanto, as três culturas de estação quente
mostraram bons resultados no controle das plântulas desta invasora originadas do
banco de sementes do solo.
TABELA 3 - Área de solo coberta pelos componentes de vegetação antes e após
dois ciclos agrícolas (culturas de verão + aveia-preta) e semeadura
da pensacola
Média final da área de cobertura (%)
Culturas anteriores
Capim
Annoni-2
Pensacola Outras
gramíneas
Outras
espécies
Manto Solo
desnudo
Soja +aveia-preta 2,55 46,79 22,54 10,96 5,04 21,54
Sorgo granífero +
aveia-preta
4,95 46,5 21,62 10,75 3,54 22,71
Sorgo forrageiro +
aveia-preta
5,9 48,5 18,71 10,21 4,42 24,83
Média dos
tratamentos
4,46 47,26 20,95 10,64 4,33 23,02
P 0,5384 0,9382 0,8612 0,8972 0,3048
0,3647
Cv (%) 78,00 22,06 60,07 26,92 36,77 16,79
Médias seguidas por letras distintas nas colunas diferem entre si ao nível 5% de significância pelo teste de
Duncan
.
Após a sucessão de cultura (soja x aveia-preta), em 1996 e 1997,
conseguiu-se reduzir a cobertura do capim Annoni-2 de 32,46%, encontrado na
primeira leitura, para 2,55%, enquanto que a leitura final do campo invadido em
1999 apresentava uma evolução para 64,71%. Então, entre a leitura inicial em
1995 e a final em 1999 ocorreu aumento da invasão de capim Annoni-2 no campo
invadido. Em contrapartida, diminuiu a área coberta de “outras gramíneas” e
“outras espécies” (Tabela 3). Aparentemente a invasora ocupou os seus espaços
no processo invasivo.
Semelhantemente, Coelho & Reis (1990), utilizando a sucessão de soja e
aveia-preta para redução de capim Annoni-2 em campo nativo invadido,
conseguiram ao final do terceiro ano reduzir a área de cobertura do capim Annoni-
2 de 73 % para 3%.
As três sucessões culturais aumentaram a área coberta de “outras
espécies”, mas também aumentaram a área do “solo desnudo”. Para os demais
componentes “outras gramíneas”, “leguminosas” e manto não houve diferenças
entre os tratamentos quanto a área coberta, ao final do experimento (Tabela 3).
Os tratamentos com sorgo-granífero e forrageiro apresentaram
uniformidade na área de cobertura dos componentes avaliados (Tabela 3),
possivelmente por terem sido tratados com o mesmo herbicida (atrazine).
A área de cobertura da Pensacola não apresentou diferença significativa
(α=0,05) nas áreas cultivadas (Tabela 3). A Pensacola apresentou um lento
estabelecimento na estação quente 1997/1998, período favorável ao seu
crescimento. Em janeiro de 1999, a sua cobertura média nas áreas cultivadas era
de 47,26% (Tabela 3). O lento estabelecimento e a baixa cobertura da Pensacola
são decorrentes de condições inerentes à espécie e da estiagem reinante na
primavera de 1998 e inicio da estação quente 1998/1999, (Tabela 4), promovendo
21-25% de solo desnudo nas áreas controladas.
TABELA 4 Registro da Estação Agroclimatológica de Pelotas-RS (período de
janeiro de 1998 a março de 1999)
Meses TEMP. MEDIA (C°) PREC. PLUV. (mm) RAD. SOLAR
Cal/cm
2
/dia
O N O N O N
1998
JANEIRO 22,4 23,2 188,4 116,4 416,6 507,0
FEVEREIRO 22,3 23,2 293,8 121,0 395,4 441,0
MARÇO 20,7 21,6 158,8 113,0 358,3 366,5
ABRIL 18,6 18,4 270,7 73,5 260,4 397,5
MAIO 15,5 15,2 113,9 83,9 229,6 227,3
JUNHO 12,6 12,6 130,9 92,8 200,5 179,0
JULHO 13,8 12,6 123,0 121,7 189,9 185,6
AGOSTO 14,2 13,5 269,8 137,6 206,0 234,2
SETEMBRO 19,6 15,1 119,2 137,0 306,4 286,3
OUTUBRO 18,0 17,6 10,2 94,6 423,4 385,8
NOVEMBRO 20,0 19,7 63,2 96,7 523,8 470,2
DEZEMBRO 21,6 21,9 108,5 91,9 533,8 519,2
1999
JANEIRO 22,3 23,2 167,4 116,4 484,3 507,0
FEVEREIRO 21,9 23,2 51,8 121,9 504,9 441,0
MARÇO 23,0 21,6 46,4 113,0 350,1 366,5
Fonte: Estação Agroclimatológica de Pelotas (Convênio com EMBRAPA/UFPEL/INMET)
N= normal, O= ocorrida
Na área submetida aos tratamentos para o controle do capim Annoni-2, ao
final do experimento em 15/01/1999, as espécies com ocorrência mais freqüente
eram: Pensacola, Cynodon dactylon, Axonopus sp., Paspalum urvillei, Setaria
geniculata, Panicum sp., Ciperaceas, e Desmodium incanum. Na área de campo
invadido, onde não foi aplicado o tratamento verificou-se a presença de Axonopus
sp. (principalmente), Paspalum urvillei, Paspalum sp., Desmodium incanum. As
“outras espécies” estavam praticamente ausentes.
2) Número de plântulas de capim Annoni-2
O número médio de sementes viáveis (plântulas emergidas) de capim
Annoni-2 no banco do solo do campo nativo invadido, antes da aplicação dos
tratamentos de sucessão de culturas era de 2.010 plântulas em 0,15m
3
de solo.
Este valor indica uma alta presença de sementes de capim Annoni-2 no banco de
sementes no solo. A partir da aplicação dos tratamentos nos dois anos de
sucessão de culturas, o número de sementes viáveis diminuiu drasticamente.
Entre os tipos de sucessão não houve diferença, diferindo apenas com relação à
área de campo invadido. Houve também diminuição das sementes viáveis da
invasora, ao longo dos três anos analisados (Tabela 5).
Ocorreu diferença significativa entre a área de campo invadido e os
tratamentos (α=0,05), quanto ao número de sementes viáveis de capim Annoni-2
presentes após o primeiro ciclo de sucessão de culturas (outubro de 1996).
Ocorreu uma diminuição no banco de sementes no solo de capim Annoni-2 com
relação à área de campo invadido. O tratamento que tendeu a melhores
resultados na diminuição do banco de sementes do solo foi o que recebeu sorgo-
granífero no verão e aveia-preta no inverno (Tabela 5).
TABELA 5- Número de plântulas de capim Annoni-2 emergidas em amostras de
solo da área dominada pela invasora e da área submetida a controle
via rotação de culturas x aveia-preta + pensacola.
Tratamento de plântulas de capim Annoni-2 em 0,15 m
3
(1m x 1m x 0,15 m)
1
Amostragem
inicial
Após 1º ciclo agrícola Após 2º ciclo agrícola Um ano após o termino
dos ciclos agrícolas
03/11/1995 31/10/1996 %
controle
2
21/10/1997 %
controle
2
22/10/1998 %
controle
2
Área dominada
pela invasora
2.010 1.930,83 a 700,33 a 551,66 a
Sorgo-
granífero x
aveia-preta
- 477,16 b 24 84,83 b 4 519,75 a
25
Sorgo-
forrageiro x
aveia-preta
- 530,33 b 26 180,33 b 9 445,66 a 22
Soja x aveia-
preta
- 869,83 b 43 190,91 b 10 275,75 a 14
CV % - 103,774 107,264 118,869
Valor de P - 0,00274 0,00014 0,59559
1
Médias seguidas por letras iguais nas colunas, não diferem entre si ao nível de 5 % de significância (teste de
Duncan).
2
porcentagem em relação a amostragem inicial
Após o 2º ciclo agrícola (outubro 1997) também ocorreu diferença
significativa dos tratamentos (α=0,05) com a área dominada pela invasora. Não
houve diferença significativa entre os tratamentos aplicados (Tabela 5).
Em outubro de 1998 (amostragem final), não houve diferença significativa
para os tratamentos e a área dominada pela invasora, quanto ao número de
plântulas emergidas de capim Annoni-2. Após o término da aplicação das culturas
de verão e inverno em 1997, ocorreu um aumento de sementes no solo em 1998,
devido a possível influência da reinfestação a partir de áreas próximas e das
poucas plantas da invasora emergidas nas áreas tratadas (Tabela 5).
A reinfestação proveniente de plantas nas áreas contíguas e bordaduras é
explicada pelo fato da espécie possuir grande capacidade de produção de
sementes diminutas, com alto poder de germinação, ampla época de produção e
grande facilidade de dispersão das sementes (Reis, 1993).
Nos dois anos de sucessão de culturas, as três sucessões culturais
utilizadas foram superiores a testemunha e igualmente eficientes na diminuição
das sementes viáveis de capim Annoni-2 (Tabela 5). O número de sementes
emergidas não diferiu significativamente, e isto se deve a diminuição de sementes
presentes no solo, visto que não foi dada oportunidade e condição para o
estabelecimento, crescimento e produção das sementes do capim Annoni-2, pelo
constante revolvimento do solo e uso de herbicida.
A diminuição também na área dominada pela invasora nos três anos
(Tabela 2), deu-se provavelmente pelo uso contínuo por animais, que mantiveram
disponibilidade controlada da forragem de capim Annoni-2, diminuindo as chances
de formação de novas sementes. Isto não influenciou, no entanto, contínua
evolução da invasora na área dominada pela invasora (Tabela 3).
As diferenças para os três anos em que foi feita a contagem de plântulas de
capim Annoni-2, emergidas nos amostras de solo nas sucessões de culturas e
área dominada pela invasora é mostrado na Tabela 6.
TABELA 6 – Diferença entre os anos para o número de plântulas de capim
Annoni-2 emergidas nos amostras de solo de 0,15 m
3
retiradas dos
diferentes tratamentos
Ano Sorgo-granífero
x
Aveia-preta
Sorgo-forrageiro
x
Aveia-preta
Soja
x
Aveia-preta
Área dominada pela
invasora
1996 477,16 a 530,33 a 869,83 a 1.930,83 a
1997 84,83 a 180,33 a 190,91 b 700,33 b
1998 519,75 a 445,66 a 275,75 b 551,66 b
Médias seguidas por letras iguais (nas colunas) não diferem entre si ao nível de 5 % de significância pelo
teste de Duncan.
As áreas em que foram cultivados sorgo-forrageiro e granífero, não
apresentaram diferença significativa (α=0,05) entre anos, nos três anos em que
foram feitas as contagens de plântulas emergidas (Tabela 6).
Na área com soja x aveia-preta o ano de 1996, apresentou um maior
número de plântulas emergidas de capim Annoni-2. Assim, nesta sucessão
cultural o controle do banco de sementes da invasora no solo foi mais efetivo do
primeiro para o segundo ciclo agrícola (Tabela 6).
Na média geral dos três anos, ocorreu diferença significativa (α=0,05). O
ano de 1996 diferiu estatisticamente dos demais anos no número de plântulas
emergidas. Os anos de 1997 (2º ciclo agrícola) e 1998 não diferiram entre si
(Tabela 7).
Assim sendo, após a aplicação do primeiro ciclo agrícola (1996) o número
de sementes viáveis do capim Annoni-2 diminui bastante em relação a coleta
inicial (2.010 plântulas emergidas em 0,15 m
3
), mas teve queda significativa no
segundo ciclo agrícola (1997). Em 1998, após o término das sucessões
culturais houve tendência de recuperação do banco de sementes da invasora
(Tabela 7). Uma das causa é a possível reinfestação por sementes provenientes
de áreas contíguas e plantas isoladas de capim Annoni-2 que surgem, conforme
mencionou-se anteriormente.
TABELA 7- Diferença entre os três anos no banco de sementes viáveis nas áreas
que receberam os tratamentos. Médias das sucessões culturais
Anos Número médio de plântulas em 0,15 m
3
de solo
1996 952,04 a
1997 289,10 b
1998 448,20 b
Médias seguidas por letras iguais não diferem entre si ao nível de 5 % de significância pelo teste de Duncan.
Deste modo, o controle do banco de sementes do solo foi efetivo a partir do
ciclo agrícola, melhorando sua eficiência no final do ciclo. As sucessões
diminuíram o banco de sementes viáveis da invasora para 22-26% do original no
final do 1° ciclo agrícola, e para 4-10% no termino do 2° ciclo.
O lento estabelecimento da Pensacola (50% área coberta) ao final do
experimento ensejou a ocorrência de 21-25% de solo desnudo nas áreas
controladas. Com isso os 4-10% de sementes viáveis remanescentes de capim
Annoni-2 seriam suficientes para reinício da invasão em janeiro de 1999, quando o
capim Annoni-2 aparece com 4% de área coberta de solo. No entanto, a invasora
cobria 65% do solo da área, o que demonstra a efetividade das sucessões cultura
no controle da invasora.
Em áreas onde esta invasora também foi controlada (“controle integrado”)
Couto (1994) semelhantemente notou que a cobertura de solo pelo capim Annoni-
2 atingia 6-10%, dois anos após a implantação de gramíneas perenes de estação
quente.
Com o gradual retorno da invasão por capim Annoni-2, haverá necessidade
de aplicação de novo ciclo de sucessões culturais.
CONCLUSÕES
As sucessões culturais foram igualmente eficientes no controle de plantas
de capim Annoni-2 e do banco de sementes no solo, a partir do primeiro ciclo
agrícola.
O controle do banco de sementes de capim Annoni-2 é mais efetivo após a
aplicação do segundo ciclo de cultura de verão seguido de aveia-preta.
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ARTIGO 2
Análise econômica de sucessão de culturas no controle do capim
Annoni-2 (Eragrostis plana Nees).
Análise econômica de sucessão de culturas no controle do capim annoni-2
(Eragrostis plana Nees)
1
PEDRO VALÉRIO DUTRA DE MORAES
2
, PEDRO LIMA MONKS
3
, JOSÉ CARLOS LEITE REIS
4
,
ISABEL VERNETTI AZAMBUJA
4
, LOTAR SIEWERDT
5
RESUMO- Este trabalho teve como objetivo avaliar a economicidade de um
sistema de sucessão de culturas, através de produção de grãos e forragem,
visando o controle do capim Annoni-2. Durante dois anos foram utilizadas soja,
sorgo-forrageiro e sorgo-granífero como culturas de verão e aveia-preta no
inverno. O delineamento constou de blocos completos ao acaso, com seis
repetições. Foi avaliada produção de matéria seca da aveia-preta e as médias
comparadas pelo teste de Duncan. Foi feita análise da variabilidade econômica da
produção de grãos e forragem do e 2º ciclo agrícola. Para a análise econômica
foi adotada a metodologia do custo direto (gastos com máquinas, implementos
agrícolas e insumos) da produção para os diferentes sistemas aplicados. Foi
concluído que a produção de sorgo-forrageiro + aveia-preta, soja + aveia-preta
apresentam resultados positivos na receita bruta por ano, e no conjunto dos dois
anos em que foi aplicado o sistema de sucessão de culturas, dentro das condições
da região. O maior retorno econômico ocorreu a partir do segundo ano de cultivo.
Palavras chave: capim Annoni-2, banco de sementes, sucessão de culturas,
custos de produção.
1
Artigo a ser enviado a Revista Pesquisa Agropecuária Gaúcha
2
Eng. Agr° Acadêmico do Programa de Pós-Graduação em Zootecnia da Ufpel. E-mail [email protected]
3
Eng. Agr° Dr. Professor Adjunto do Departamento de Zootecnia-Ufpel. E-mail: [email protected]
4
Pesquisador Embrapa Clima Temperado. Cx.P. 403. Cep 96001-970, Pelotas/RS. E-mail: [email protected]brapa.br
5
Eng. Agr° Ph.D. Professor Titular do Departamento de Zootecnia da Ufpel. E-mail: lot[email protected]
ECONOMIC ANALYSIS OF SUCCESSIONAL CROPPINGS IN THE CONTROL
OF ANONNI-2 GRASS (Eragrostis plana NEES)
ABSTRACT This study evaluated the economics os cropping successions,
utilizing forage and grain production, to control Anonni-2 grass. During two years,
soybean, forage sorghum and grain sorghum were used as Summer crops and
black oat as Winter crop. Experimental design consisted of randomized complete
blocks, with six replications. Dry matter yield of black oat was evaluated and
means compared by Duncan’s test. Economic viability analysis of grain and forage
sorghum production was performed for the first and second years. For this analysis
the direct cost methodology (agricultural machinery and implements and raw
materials input) of production for the different systems compared, was used. It is
concluded that production of forage sorghum + black oat, soybean + black oat
show positive results in gross income per year, and in the overall two years, in
which the cropping systems was applied, in the context of regional conditions. The
greatest economic return, occurs after the second year cropping.
Key Words: soil seed bank, pre-emergent herbicides, Sorghum spp., black oat
INTRODUÇÃO
O capim Annoni-2, gramínea perene de estação quente, originário da África,
foi introduzido no RS por acaso, na década de 1950. Inicialmente era visto com
entusiasmo por produtores, extensionistas e até pesquisadores, pois, chamava a
atenção pelo porte vigoroso e grande produção de biomassa e sementes (Reis &
Coelho, 2000). Foi difundido pelo grupo Rural Annoni como forrageira alternativa,
capaz de promover aumentos de produção na pecuária gaúcha. No entanto,
devido a sua grande capacidade de propagação e dominância tornou-se em vez
de solução, um grande problema para a pecuária e agricultura gaúcha.
Constatou-se que na primavera-verão, esta espécie não apresenta vantagens
sobre o campo natural (Gonzaga & Souza, 1999; Reis & Coelho 2000). Em
termos de produção de forragem e qualidade, o capim Annoni-2 é inferior a grande
parte do conjunto de espécies formadoras do campo nativo (Reis & Oliveira, 1978;
Reis, 1993).
Acredita-se que em torno de 500 mil ha de terras no RS, tenham o capim
Annoni-2 como espécie contaminante e/ou dominante, e começa a se expandir
para o Mercosul, tomando conta das margens das estradas uruguaias e
argentinas, indicando sua expansão descontrolada (Maciel, 2003). Além de ser a
invasora mais agressiva e de difícil controle nos Campos Sulinos, também
encontra-se presente em Santa Catarina, Paraná, Mato Grosso, Brasília e Havaí/
EUA (www institutohorus.org.com).
Os impactos produzidos pelo capim Annoni-2 resumem-se, portanto, na
invasão e total substituição da vegetação campestre nativa, implicando perda de
diversidade biológica de flora e fauna, assim como impactos econômicos e sociais
decorrentes da redução da capacidade produtiva de áreas rurais e dos custos de
controle desta invasora (www. institutohorus.org.br). Basicamente, as sementes
difundidas no ambiente são um dos maiores problemas para o controle da
invasora (Coelho, 1983). As técnicas de controle devem esgotar o banco de
sementes, evitar a reposição de mais sementes e eliminar as novas plantas que
surgem (Reis & Coelho, 2000). Para isso, várias técnicas têm sido testadas para
o seu controle. Entre estas podem ser citadas: sucessão de culturas, herbicidas e
controle mecânico. As opções de controle dependerão da severidade da invasão.
Estas opções vão desde controle com enxada e aplicação de herbicidas, nas
invasões iniciais e em áreas dominadas eliminação das plantas e esgotamento do
banco de sementes no solo através de práticas agrícolas (Reis & Coelho, 2000;
Boggiano et al.,2004).
Em razão da necessidade de avaliar formas de controle desta espécie em
áreas onde a agricultura é possível, tenta-se utilizar sistemas de sucessão de
culturas, visando um controle viável, tanto técnica como economicamente.
A integração da agricultura/pecuária consiste na diversificação da produção,
através de sucessão de culturas. E isto possibilita o aumento da eficiência da
utilização dos recursos naturais e a preservação do ambiente, resultando em
incrementos e maior estabilidade da renda do produtor rural. O sistema de
integração lavoura/pecuária é aquele onde predomina a agricultura com espécies
anuais, durante a estação quente (soja, sorgo, milho), e uso de forrageiras anuais
na estação fria (aveia-preta, azevém), que são usadas para terminação de
animais, com retorno da lavoura na safra do verão seguinte
(www.planetaorgânico.com.br). No controle do capim Annoni-2, este sistema é
denominado controle integrado”, com a utilização de herbicidas específicos,
sendo mais eficiente os pré-emergentes (Reis & Coelho, 2000).
Uma recomendação de um “sistema integrado” para controle do capim
Annoni-2, baseado em critérios apenas técnicos, não é totalmente completa para
orientação aos produtores. É preciso que seja levada em conta a economicidade
dos sistemas a serem recomendados. Com esse propósito procedeu-se à análise
econômica das diversas sucessões de culturas utilizadas para o controle de capim
Annoni-2, invasor do campo natural. A vantagem do controle integrado”, com
base em culturas anuais de grãos, é o maior e mais rápido retorno econômico dos
investimentos (Reis & Coelho, 2000).
Excluindo objetivos não monetários da propriedade rural, esta, para se
reproduzir ao longo do tempo, deve ter como objetivo produzir com lucro. Uma
das variáveis de domínio mais simples e de resultado mais efetivo para cumprir
este objetivo é o cálculo do custo de produção. Para Iribarrem et al. (1998) custo
de produção é a “compensação” que os donos dos fatores de produção utilizados
por uma propriedade, para conduzir determinado bem, têm de receber para que
continuem a fornecer esses fatores a essa propriedade.
Segundo Soldatelli et al.,1992; Melo Filho et al., 1999 e Godinho et al.,
2000, os custos de produção são estimados pela soma de todos as despesas
diretas e indiretas, associados à produção de uma determinada cultura. O custo
fixo remunera os fatores de produção cujas quantidades não podem ser
modificadas em curto prazo, como: depreciação, conservação e juros sobre o
capital empregado em terras ou o seu custo de oportunidade, benfeitorias,
máquinas, equipamentos e mão-de-obra fixa. O custo variável refere-se às
despesas realizadas com os fatores de produção, cujas quantidades podem ser
modificadas em função do nível de produção desejável, tais como: sementes
fertilizantes, defensivos, combustíveis, lubrificantes, reparos de máquinas e
equipamentos, e outros. O custo total é a soma de custos fixos e variáveis.
Para Pinto et al., (1999) os solos hidromórficos são apropriados e utilizados
com a cultura do arroz irrigado, devido às limitações físicas. Os principais fatores
limitantes ao uso agrícola destes solos são a drenagem e os valores
relativamente baixos da soma de bases, principalmente nas camadas superficiais,
requerendo adubações freqüentes. É muito utilizado para uso de rotação arroz
irrigado e pastagens. Nestes solos é muito pouco expressiva a área cultivada
com culturas anuais de sequeiro, como soja e sorgo. Deve-se levar em conta que
os índices de produção, e a análise econômica desenvolvida, são para culturas de
sequeiro semeadas neste tipo de solo.
Em razão do problema surgido com o capim Annoni-2, invasor de campos
naturais, desenvolveu-se um trabalho com diferentes sistemas de culturas para
proporcionar ao produtor a possibilidade de escolher o sistema que lhe forneça um
controle eficaz da invasora, e um maior retorno econômico, de acordo com as
necessidades na propriedade rural.
MATERIAL E MÉTODOS:
Local
O trabalho foi conduzido em área de campo nativo invadido por capim
Annoni-2 (Eragrostis plana Ness), na Estação Experimental Terras Baixas (ETB),
Embrapa Clima Temperado (CPACT), Capão do Leão, RS. A ETB encontra-se
distante a 15 km do centro da cidade Pelotas, e está situada a 31°52’ de latitude
sul e 52°29’ de longitude oeste. A altura média acima do nível do mar é 13 m.
Clima
O clima da região é do tipo Cfa, segundo Köeppen, Geiger citado por Mota
(1953). As letras apresentam o seguinte significado: C= clima temperado, em que
a temperatura média do mês mais frio é inferior a 18°C e superior a - C; f=
nenhum mês a precipitação media é inferior a 60 mm; a= a temperatura média do
mês mais quente é superior a 22°C. O clima de Pelotas é considerado úmido,
com ocorrências de secas não muito intensas no verão, embora,
esporadicamente, possam ocorrer estiagens bastante prolongadas.
A distribuição da precipitação varia de ano para ano e de região para
região, situando-se em torno de 34% no inverno, 25% na primavera, 25% no
outono e 16% no verão. As geadas ocorrem de abril a outubro, com maior
freqüência de junho a agosto, variando de 13 a 35 geadas por ano.
Solo
O experimento foi implantado sobre solo Hidromórfico Eutrófico solódico.
Estes solos apresentam a características de deficiência de drenagem
(hidromorfismo), motivado pelo relevo predominantemente plano, associado a um
perfil cuja camada superficial é pouco profunda e a subsuperficial e praticamente
impermeável. A densidade é elevada, com relação micro/macroporos muito alta,
com baixa capacidade de armazenamento de água na camada superficial,
principalmente os que têm horizonte A raso, com textura franco-arenosa (Pinto et
al.,1999), como é o caso do solo da área experimental.
Em julho de 1995, procedeu-se análise básica dos componentes do solo no
Laboratório de Análise de Solo (LAS) do Departamento de Solos da UFPEL,
apresentando as seguintes características: 10% de argila; pH= 5,1; M.O.= 2,12%;
P e K= 4,2 e 46 mg/L respectivamente; Al= 0,7 cmol/L e Ca + Mg= 3,7 cmol/L .
Histórico da área
A área de campo nativo estava dominada por capim Annoni-2. Antes do
experimento, haviam sido introduzidas espécies forrageiras de estação fria em
sistema de pastejo rotativo com bovinos, por volta do ano de 1970.
A pastagem introduzida deteriorou-se, e foi sendo posteriormente invadida
por capim Annoni-2 à medida que as espécies introduzidas e as de ocorrência
natural foram diminuindo.
Tratamentos
Os tratamentos utilizados foram:
1) Soja (Glycine max) + aveia-preta (Avena strigosa)
2) Sorgo-forrageiro (Sorghum sudanense Piper/Stapf) + aveia-preta (Avena
strigosa)
3) Sorgo-granífero (Sorghum bicolor L. Moench) + aveia-preta (Avena strigosa)
Área experimental
O experimento foi constituído de seis blocos com três parcelas cada, sendo
que cada parcela apresentava as seguintes dimensões: 10m x 6m (60m²) num
total de 18 parcelas. A área total do experimento foi de 1237,5m
2
(37,5m x 33m).
Delineamento
O delineamento utilizado foi de blocos completos ao acaso, com seis
repetições.
Procedimentos e culturas utilizadas
Foram realizados dois ciclos agrícolas. O primeiro começou na estação
quente 1995/1996 com o cultivo das culturas de verão, e da aveia preta durante
estação fria 1996. Após o encerramento do ciclo da aveia-preta iniciou-se o
segundo ciclo agrícola na estação quente 1996/1997. Este segundo ciclo foi
finalizado na primavera de 1997, com o fim do ciclo da aveia-preta.
Primeiro ciclo agrícola
Cronograma dos procedimentos realizados na condução do primeiro ciclo agrícola.
Adubação e preparo do solo:
Em julho de 1995 foi feita análise de solo, para posterior adubação de
acordo com a recomendação para culturas anuais de verão, da Comissão de
Fertilidade de Solo (1994). Em 28 de dezembro de 1995 foi feita aplicação de
5,12 t/ha de calcário dolonítico comercial do tipo B (PRNT=65%) e 450 kg/ha de
adubo na fórmula 0-20-20 (P
2
O
5
e K
2
O).
Foi passada na área uma grade aradora de disco, que não foi suficiente
para incorporar o material vegetativo e fazer a semeadura, sendo então utilizado
arado de aiveca e mais duas gradagens. Nestas operações, foi incorporados
calcário e o adubo.
Culturas utilizadas
A soja, sorgo-granífero e sorgo-forrageiro foram semeados em 04/01/1996.
Ao final do ciclo dos cultivos foi semeada aveia preta em 23/07/1996.
A soja sel. Pel 8710 (semi-tardia) foi inoculada com inoculante específico.
A semeadura foi feita com densidade de 480 g/parcela (80 kg/ha) com distância
entre linhas de 0,50m. Aplicou-se herbicida pré-emergente Metolachlor (DUAL 960
E), em 08/01/1996, na dose de 2 l/ha, com pulverizador costal.
Os sorgos-forrageiro cv. Sordan e granífero cv. A9904 (antipássaro) foram
semeados com densidade de 72 g/parcela (12 kg/ha) com distância entre linhas
de 0,70 m. Após a semeadura dos sorgos, em 08/01/1996 foi feita a aplicação do
herbicida pré-emergente Atrazine (GESAPRIN) na dose de 4 l/ha. Nos sorgos foi
aplicada a dose de uréia em 01/02/1996, em cobertura, numa dose de 70 kg/ha
e 120 kg/ha na segunda aplicação, realizada em 01/03/1996.
Após a colheita das culturas, em 26/06/1996 passou-se uma enxada
rotativa. Esta operação equivaleu-se ao uso de uma grade niveladora
A aveia-preta foi semeada com densidade de 100 kg/ha, sendo que a
quantidade de sementes por bloco (180 m²) foi de 1,8 kg. Uma enxada rotativa foi
utilizada para revolvimento superficial do solo após semeadura. Em 17/09/1996
aplicou-se 2,6 kg de uréia por bloco (144 kg/ha) em cobertura. Não foi feita
adubação com fósforo e potássio no inverno, para que ocorresse o
aproveitamento pela aveia-preta do adubo residual das culturas de verão.
Avaliações:
As avaliações realizadas no primeiro ciclo foram:
1) Produção de grãos e forragem
No primeiro ciclo a produção dos sorgos e soja foi prejudicada porque
ocorreu invasão de búfalos na área em 27/02/1996. Os animais consumiram e
pisotearam as culturas de modo desuniforme. Para ajudar na recuperação da soja
e dos sorgos foi aplicada uréia (120 kg/ha) no dia 01/03/1996.
A colheita do sorgo-forrageiro foi feita manualmente no dia 10/06/1996, com
uso de foice em duas linhas centrais com área útil de 14 m
2
(10m x 1,4m), quando
foi pesada a MV total. Foi tirada uma sub-amostra para secagem em estufa com
ar forçado, para verificar a produção de MS.
A colheita do sorgo-granífero também foi efetuada manualmente no dia
10/06/1996, em uma área útil de 11,2m
2
(8m x 1,4m) onde foram cortadas as
panículas com auxílio de uma foice, nas duas linhas centrais de cada parcela. As
panículas colhidas foram trilhadas e secas para verificação da produção de grãos
“secos e limpos” em cada parcela. A soja foi colhida dentro de 1 m
2
na área útil,
onde recolheu-se o material existente. O material foi debulhado manualmente.
O material remanescente das culturas de estação quente foi cortado
(motosegadeira de parcelas) e retirado da área experimental.
O corte para avaliação da forragem disponível de aveia-preta foi feito com
motosegadeira de parcelas no dia 06/11/1996 numa área útil de 8 (1m x 8m),
de onde foi tirada uma sub-amostra para secagem em estufa com ar forçado,
regulada para 60°C. Realizou-se um corte de emparelhamento, retirando-se o
material da área experimental. Após o primeiro corte a aveia-preta não se
recuperou devido à estiagem.
Segundo ciclo agrícola
O segundo ciclo agrícola realizado na mesma área do ciclo anterior, teve
início em 07/01/1997, com a implantação dos cultivos anuais de estação quente.
O início das avaliações (colheita das culturas) foi realizado 09/05/1997 para as
culturas de verão e 25/09/1997 foi feito o corte de aveia-preta.
Adubação e preparo do solo:
O preparo do solo foi iniciado em 29/11/1996 com a passagem de uma
enxada rotativa para uniformização da área (equivale a passagem de uma grade
niveladora).
A adubação foi feita no dia 07/01/1997 com aplicação de fósforo e potássio,
apenas de manutenção, de acordo com resultados de análise do solo, realizada
no Laboratório de Análise de Solo (LAS), do Departamento de solos da UFPEL.
Foram aplicados 462 kg/ha de adubo na fórmula 0-20-20 (P
2
O
5
e k
2
O). A
incorporação do mesmo foi realizada através de enxada rotativa.
Culturas utilizadas:
Os sorgos e a soja foram semeados no dia 08/01/1997, e as sementes
foram cobertas com solo com o auxílio de um ancinho manual.
Usou-se a cultivar de soja BR-16, na densidade de semeadura de 480
g/parcela (80 kg/ha) e com distância entre linhas de 0,50m. A inoculação foi feita
com inoculante específico. No dia 09/01/1997 foi aplicado herbicida pré-emergente
Metalaclor (DUAL 960 E), após a semeadura, na dose de 2 l/ha, com pulverizador
costal.
A semeadura dos sorgos granífero (A9904 antipássaro) e forrageiro cv. DK
915 (silagem) foi realizada em 09/01/1997. A densidade de semeadura foi 72
g/parcela (12 kg/ha) com espaçamento entre linhas 0,70m. Após semeadura dos
sorgos, foi feita a aplicação do herbicida pré-emergente Atrazine (GESAPRIN)
com um pulverizador costal na dose de 4 l/ha.
A adubação nitrogenada nos sorgos foi dividida, sendo 30% na base
(07/01/1997) e 70% em cobertura (12/02/1997) totalizando 312 kg/ha de uréia.
Em 30/05/1997, a aveia-preta foi semeada a lanço com densidade de 100
kg/ha, sendo que a quantidade de sementes por bloco (180 m²) foi de 1,8 kg.
Uma enxada rotativa foi utilizada para revolvimento superficial do solo após
semeadura para incorporar as sementes ao solo. Em 11/06/1997 foi aplicado 1,7
kg (90 kg/ha) de uréia por bloco e a mesma quantidade na segunda aplicação
realizada em 14/08/1997. Não foi feita adubação com fósforo e potássio no
inverno para que ocorresse aproveitamento residual dos nutrientes aplicados nas
culturas de verão.
Avaliações:
As avaliações realizadas no segundo ciclo foram:
1) Produção de grãos e forragem
A colheita da soja e dos sorgos foi realizada dia 09/05/1997. A colheita do
sorgo-forrageiro foi feita com foice em duas linhas centrais com área útil de 14 m
2
(10m x 1,4m), onde se pesou a MV total, tirou-se uma sub-amostra para secagem
em estufa com ar forçado, para verificar a produção de MS.
A colheita do sorgo-granífero foi efetuada, em área útil de 11,2m
2
(8m x
1,4m) onde também foram cortadas as panículas com auxílio de um foice, nas
duas linhas centrais de cada parcela. As panículas colhidas foram trilhadas e
secadas para verificação da produção de grãos “secos e limpos” em cada parcela.
A soja foi colhida em 1m
2
da área útil de cada parcela e debulhada
manualmente para evitar perdas.
O corte para avaliação da forragem disponível de aveia-preta foi feito no dia
25/09/1997 numa área útil de 8 (1m x 8m), onde foi tirada uma sub-amostra
para secagem em estufa em ar forçado, regulada para 60°- 6C. Em 26/09/1997
fez-se corte de emparelhamento, limpeza em toda a área experimental, retirando-
se o material. Houve ma recuperação de parte da área da aveia preta após este
corte.
Análise econômica do experimento
A partir dos dados da pesquisa, estimou-se o custo direto de produção para
os diferentes sistemas de produção. A metodologia adotada foi a de custo direto, o
qual considera apenas gastos diretos com máquinas e implementos agrícolas:
reformas e manutenção mecânica, combustível e mão-de-obra; e os gastos com
insumos. Os preços adotados são de março de 2005.
Foi feita uma análise da viabilidade econômica da sucessão de culturas, a
partir desta metodologia, da produção de grãos e forragem do primeiro e segundo
ciclos agrícolas implantados e conjunto dos dois ciclos, objetivou-se determinar
qual sistema de produção para o controle do capim Annoni-2, é economicamente
mais viável.
Análise estatística
A análise estatística da produção de matéria seca de aveia-preta constou
de análise de variância convencional sendo as médias comparadas pelo teste de
Duncan. Foi utilizado o pacote de Análise Estatística para Microcomputadores
Sanest (Zonta & Machado, 1984).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
1) Produção de grãos e forragem
As produções de grãos e forragem nas safras dos verões de 1996 e 1997
são apresentadas na Tabela 1.
TABELA 1-Produção média, de grãos, matéria verde (MV) e matéria seca (MS)
obtidos nas culturas de verão, nas safras de 1996 e 1997 (Média de seis
repetições)
kg/ha
Culturas/cv. Ano Grãos secos e
limpos
(13% de umidade)
Matéria verde
(MV)
Matéria seca
(MS)
Soja sel.Pel.
8710
1996 1.684* - -
Soja cv. Br-16 1997 2.620 - -
Sorgo-granifero
cv. A9904
1996 1.603* - -
Sorgo-granifero
cv. A9904
1997 3.533 - -
Sorgo-pastejo
cv. Sordan
1996 - 14.048* 4.246*
Sorgo-silagem
cv. DK 915
1997 - 35.732 9.903
Obs: (*) na safra de 1996, a área experimental sofreu pastejo involuntário de animais. Com este fato as
produções de soja e sorgo obtidas foram abaixo do patamar esperado.
No ano de 1996, todas as culturas de verão tiveram um menor desempenho
devido à invasão de bubalinos na área (27/02/1996), e também devido às
condições de baixa precipitação ao longo do ciclo da cultura (Tabela 2).
A produção das culturas de verão, tanto na produção de grãos como na
produção de forragem, foi melhor para o ano de 1997 devido ao desenvolvimento
normal das culturas e à precipitação ocorrida estar mais próxima da normal
(Tabela 2).
TABELA 2– Registros climáticos na Estação Agroclimatológica de Pelotas-RS
(período de janeiro de 1996 a dezembro de 1997)
MESES TEMP. MEDIA (C°) PREC. PLUV. (mm) RAD. SOLAR
cal/cm
2
/dia
O N O N O N
1996
JANEIRO 22,9 23,2 157,4 116,4 432,5 507,0
FEVEREIRO 22,8 23,2 171,4 121,0 488,1 441,0
MARÇO 22,4 21,6 35,4 113,0 423,7 366,5
ABRIL 19,5 18,4 95,4 73,5 279,5 297,5
MAIO 14,2 15,2 7,6 83,9 265,5 227,3
JUNHO 10,1 12,6 60,0 92,8 226,2 179,0
JULHO 9,4 12,6 20,2 121,7 222,5 185,6
AGOSTO 13,8 13,5 113,2 137,6 254,9 234,2
SETEMBRO 14,1 15,1 65,3 137,0 295,9 286,8
OUTUBRO 18,6 17,6 124,8 94,6 399,6 385,8
NOVEMBRO 20,8 19,7 24,2 96,7 512,8 470,2
DEZEMBRO 33,6 39,7 116,4 91,6 519,0 519,2
1997
JANEIRO 23,9 23,2 77,6 116,4 545,0 507,0
FEVEREIRO 22,7 23,2 297,6 121,0 363,5 441,0
MARÇO 21,1 21,6 62,3 113,0 481,7 366,5
ABRIL 18,6 18,4 42,4 73,5 344,7 297,5
MAIO 15,2 15,2 94,2 83,9 264,2 227,3
JUNHO 12,6 12,6 162,1 92,8 185,1 179,0
JULHO 14,1 12,6 131,9 120,7 213,2 185,6
AGOSTO 15,3 13,5 190,0 137,6 257,5 234,2
SETEMBRO 15,1 15,1 127,2 137,0 340,6 286,3
OUTUBRO 18,0 17,6 192,7 94,6 364,7 385,8
NOVEMBRO 20,2 19,7 186,2 96,7 435,7 470,2
DEZEMBRO 21,9 21,9 328,8 91,9 487,5 519,2
Fonte: Estação Agroclimatológica de Pelotas (Convênio com EMBRAPA/UFPEL/INMET)
N= normal O=ocorrido
Segundo Bisotto & Farias (2001) as cultivares de soja registradas para o
cultivo no RS, na safra de 2000/2001 chegaram a valores médios de 3.081 kg/ha a
3.419 kg/ha para soja de ciclo precoce e tardio respectivamente. Em áreas com
solos hidromórficos as produtividades medias são menores e muito dependentes
das condições climatológicas. Assim, em condições de planossolo, também na
Estação Experimental Terras Baixas, Coelho & Reis (1990), em sistema de
rotação soja e aveia-preta, produziram o valor médio de 1.411 kg/ha de grãos
secos e limpos de soja, valor este abaixo do produzido em 1997 (2.620 kg/ha).
Raupp et al., (2000a) compararam 21 cultivares de sorgo-granífero em
Bagé, determinaram que, dependendo do cultivar, a produção de grãos pode
chegar a 6.791 kg/ha e que quase todas as 21 cultivares testadas foram
estatisticamente semelhantes. Resultados da rede estadual (1999/2000), para
avaliar as cultivares comerciais em diferentes microclimas do Rio Grande do Sul
mostrou que a melhor produção foi de 5.366 kg/ha, mesmo havendo déficit hídrico
no período de desenvolvimento da cultura (Raupp et al., 2000b).
A produtividade encontrada no experimento, com o sorgo-granífero, em
1996 foi inferior (1.603 kg/ha) e em 1997 foi superior (3.533 kg/ha) ao relatado por
Zago (1999) que encontrou 2.428 kg/ha. No entanto, a produção de grãos de
sorgo nos dois anos de sucessão foi inferior ao encontrado por Raupp et al.
(2000a; 2000b) em diferentes ambientes no Rio Grande do Sul.
Zago (1999) relata que a produtividade de diferentes sorgos forrageiros
para silagem pode variar de 12,7 a 16,5 t/ha de MS. Segundo Mondadori et al.
(2000) a produção de cinco híbridos de sorgo para silagem, na região de Santa
Maria, teve como produção máxima 22,65 t/ha de MS e a menor produção 15,16
t/ha de MS. Enquanto que em terras baixas (solos hidromórficos), com dez
cultivares de sorgo-forrageiro para silagem, Raupp et al. (2000c) obtiveram como
produção máxima de matéria verde 4.7731 kg/ha e produção mínima de 2.6346
kg/ha.
A produção de MS de sorgo-forrageiro nos dois anos agrícolas (Tabela 1)
foi inferior às produções citadas por Zago (1999) e Mondadori et al. (2000). Mas
quanto a produção de matéria verde para o ano de 1997, apresentou-se com valor
dentro do encontrado por Raupp et al. (2000c) em terras baixas.
A maior produção de MS de aveia-preta foi na área de soja nos dois ciclos
agrícolas. Ainda que no ciclo agrícola (1996) não tenha apresentado diferença
com a área ocupada com sorgo-forrageiro (Tabela 3). Tal fato pode ter acontecido
devido ao benefício de ter sido semeada sobre uma área onde havia uma
leguminosa
.
TABELA 3- Produção média de forragem de aveia-preta semeada sobre áreas
anteriormente ocupadas por outras culturas (sucessão de culturas de
verão + aveia-preta). Produção por ano e total de dois anos
Tratamentos - Culturas de verão Matéria seca de aveia-preta
(kg/ha)
1996 1997 Total MS
(kg/ha)
Soja 2.410 a 1.837 a 4.247 a
Sorgo-forrageiro 1.636 ab 1.245 b 2.881 b
Sorgo granifero 1.409 b 1.140 b 2.549 b
CV % 37,68 17,063 17,916
Valor de P 0,05474 0,00049 0,00051
Médias seguidas por letras distintas na coluna diferem entre si ao nível 5% de significância (teste de Duncan).
Como resultado direto da fixação simbiótica do nitrogênio, as leguminosas
aumentam a qualidade e quantidade de forragem produzida da cultura que a
segue na seqüência de rotação, alem de aumentar gradualmente a matéria
orgânica e fertilidade do solo (Spain, 1995),
Um fator que pode ter contribuído na menor produção de MS de aveia-preta
na área dos sorgos, é o efeito alelopático que estas plantas apresentam sobre
outras. Ferreira & Áquila (2000) relatam que o sorgo apresenta potente
aleloquímico, a quinona sorgoleone, que é bastante persistente no solo junto com
os restos desta cultura.
A maior produção de MS de aveia-preta ocorreu no ano 1996, para
qualquer das culturas usadas no verão. Nos tratamentos em que se fez uso da
soja em 1996 a produção de MS da aveia-preta não diferiu significativamente do
tratamento de sorgo-forrageiro, mas diferiu significativamente da área onde foi
plantado sorgo-granífero. A maior produção de MS de aveia-preta em 1996, pode
ser explicada pela maior luminosidade, temperaturas mais altas, e que no período
de desenvolvimento da aveia-preta ocorreu uma precipitação abaixo da normal
(Tabela 2). No ano 1997 e aveia-preta apresentou desenvolvimento abaixo do
esperado, as plantas não afilharam bem e apresentavam amarelecimento, em
observações realizadas em 12/08/1997. Mesmo na área onde havia soja notava-
se este fenômeno. Um provável efeito do período frio e úmido (Tabela 2). O solo
(mal drenado) permaneceu encharcado ao longo do ciclo da cultura. No entanto,
25/09/1997 notou-se que a aveia-preta semeada na área de soja estava mais alta,
mais verde e mais densa.
Assim sendo no ano de 1997, ocorreu diferença significativa (α=0,05) para
a produção de MS de aveia-preta para os tratamentos. A MS produzida sobre
soja foi maior, do que aquelas produzidas sobre as áreas de sorgo. De modo
geral, a menor produção de MS de aveia-preta em relação ao ano anterior pode
ser explicada pelo excesso de chuvas e frio, que causou um desenvolvimento
lento com baixo perfilhamento (Tabela 2).
A produção de MS de aveia-preta na soma dos dois anos apresentou
diferença significativa (α=0,05) para os tratamentos, sendo que a maior produção
de MS ocorreu na área da soja, onde praticamente foi o dobro da produzida nas
demais áreas, antes cultivadas com sorgo (Tabela 3).
O valor encontrado na produção de MS de aveia-preta nos anos de 1996 e
1997 está entre os valores de produção mencionados por Floss (1995) e Fonseca
(1997), ou seja, de duas a sete toneladas por hectare. A Comissão Brasileira de
Pesquisa de Aveia (2000), relata que para obter feno de aveia de boa qualidade e
maior rendimento, as plantas devem ser ceifadas em estádios de florescimento e
de grão leitoso. Pode-se conseguir, nestes estádios, de cinco a dez toneladas de
matéria seca por hectare, em corte único, em cultivares de aveia-preta ou branca.
2) Análise Econômica
Para as três sucessões culturais em estudo foi realizada uma análise
econômica para o primeiro e segundo ciclos, nos anos de 1996 e 1997 e a anáise
dos dois ciclos.
Nas tabelas 4, 5 e 6 que se seguem, são monstrados os custos diretos dos
sistemas de produção.
TABELA 4- Demonstrativo de custos diretos do sistema sorgo-granífero x aveia-preta
ESPECIFICAÇÃO SORGO-GRANIFERO AVEIA SORGO-GRANIFERO AVEIA
ano ano ano ano
Unidade/há R$/ha Unidade/ha R$/ha Unidade/ha R$/ha Unidade/ha R$/ha
12 kg 5,76 100 kg 40,00 12 kg 5,76 100 kg 40,00
450 kg 306,00 - - 460 kg 312,80 - -
190 kg 228,00 140 kg 168,00 300 kg 360,00 180 kg 216,00
4 l 56,00 - - 4 l 56,00 - -
- - - - - - - -
1,024 t 92,16 - - 1,0224 t 92,16 - -
INSUMOS
Sementes
Adubo
Uréia
Herbicidas
Inoculante
Calcário***
Sub total
687,92 208,00 826,72 256,00
Hora máq./ha Hora máq./ha Hora máq./ha
1,5 46,47 - - - - - -
1,5 50,43 1,25 42,18 1,25 42,18 1,25 42,18
0,13 4,01 - - - - - -
3 99,24 - - - - - -
0,3 11,29 - - 0,3 11,29 - -
1 37,56 1 30,87 1 37,56 1 30,87
- - 1,25 42,18 - - 1,25 42,18
0,13 4,01 0,13 4,01 0,13 4,01 0,25 7,72
OPERAÇÕES MÁQUINAS.
Aração c/ aiveca
Gradagem aradora
Aplicação de calcário
Incorporação de calcário
Aplicação de herbicida
Semeadura/adubação
Incorporação sementes
Adubação de cobertura
Colheita 0,7 51,70 0,63 21,17 0,7 51,70 0,63 21,17
Sub total
304,71 140,41 146,74 144,12
TOTAL (A)
992,63 348,41 973,46 400,12
PRODUÇÃO (B)
kg/ha kg/ha (feno) kg/ha kg/ha (feno)
1.603 387,39 1.403 631,35 3.533 853,81 1.140 513,00
MARGEM BRUTA (B-A)
R$/há -605,24 R$/ha 282,94 R$/ha -119,65
R$/ha 112,88

Sistema sorgo-granífero x aveia-preta
Ano Ano Total nos dois anos
Custo R$/ha 1.341,04 1.373,58 2.714,62
Receita R$/ha 1.018,74 1.366,81 2.385,55
Margem bruta
R$/ha -322,30 -6,77 -329,07
Fonte: dados de pesquisa; preços no mercado de Pelotas em março/05;
www.emater.tche.br/site/suporte/ptbr/php/artigos_pdf/preço_01042005.pdf acessado em 21/04/2005.
Cotação: Soja (sc 60 kg) R$ 32,32
Feno de aveia-preta (kg) R$ 0,45
Sorgo-gran. grãos (sc 60kg) R$ 14,50
Sorgo-pastejo feno (kg) R$ 0,20
Sorgo-forrag -silagem (t) R$ 75,00
A cultura do sorgo-granífero, nos dois anos, apresentou margem bruta
insuficiente, devido ao custo de produção ter sido maior que a receita gerada
com os grãos produzidos. A aveia-preta apresentou resultados diferentes ao
ocorrido com o sorgo-granífero, onde a margem bruta foi aceitável dentro da
viabilidade econômica.
Ao final do ciclo de dois anos, o custo de produção total (R$ 2.714,62) foi
superior à receita total (R$ 2.385,55) gerada no sistema sorgo-granífero x
aveia-preta, apresentando uma margem bruta negativa (R$ -329,07). Através
desta análise de viabilidade econômica, pode-se observar que a integração de
sorgo-granífero e aveia-preta não gerou saldo positivo ao produtor, dentro das
condições da região do estudo. Esta sucessão de culturas mostrou-se inviável.
TABELA 4, cont.
TABELA 5- Demonstrativo de custos diretos do sistema sorgo-forrageiro x aveia-preta
SORGO-FORRAGEIRO AVEIA SORGO-FORRAGEIRO AVEIA
ano ano ano ano
ESPECIFICAÇÃO
Unidade/ha R$/ha Unidade/ha R$/ha Unidade/ha R$/ha Unidade/h
a
R$/ha
12 kg 104,88 100 kg 40,00 12 kg 104,88 100 kg 40,00
450 kg 306,00 - - 460 kg 312,80 - -
190 kg 228,00 140 kg 168,00 300 kg 360,00 180 kg 216,00
4 l 56,00 - - 4 l 56,00 - -
- - - - - - - -
1,024 t 92,16 - - 1,0224 t 92,16 - -
INSUMOS
Sementes
Adubo
Uréia
Herbicidas
Inoculante
Calcário***
Sub total
787,04 208,00 925,84 256,00
OPERAÇÕES MÁQ. Hora máq./ha Hora máq./ha Hora máq./ha Hora máq./ha
1,5 46,47 - - - - - -
1,5 50,43 1,25 42,18 1,25 42,18 1,25 42,18
0,13 4,01 - - - - - -
3 99,24 - - - - - -
0,3 11,29 - - 0,3 11,29 - -
1 37,56 1 30,87 1 37,56 1 30,87
- - 1,25 42,18 - - 1,25 42,18
0,13 4,01 0,13 4,01 0,13 4,01 0,25 7,72
Aração c/ aiveca
Gradagem
Aplicação de calcário
Incorporação de calcário
Aplicação de herbicida
Semeadura/adubação
Incorporação sementes
Adubação de cobertura
Colheita 0,63 21,17 0,63 21,17 3,7 115,06 0,63 21,17
Sub total
274,19 140,41 209,95 144,12
TOTAL (A)
1061,23 348,41 1135,79 400,12
PRODUÇÃO (B)
kg/ha (feno) kg/ha (feno) t/ha (silagem) kg/ha (feno)
4.246 849,20 1.636 736,20 35,732 2.679,90
1.245 560,25
MARGEM BRUTA (B-A)
R$/há -212,03 R$/ha 387,79 R$/ha 1544,11 R$/ha 160,13
***Custo do calcário diluído em cinco anos.
Sistema sorgo-forrageiro x aveia-preta
Ano Ano Total nos dois anos
Custo R$/ha 1.409,64 1.535,91 2.945,55
Receita R$/ha 1.585,40 3.240,15 4.825,55
Margem bruta
R$/ha 175,76 1.704,24 1.880,00
Fonte: dados de pesquisa; preços no mercado de Pelotas em março/05;
www.emater.tche.br/site/suporte/ptbr/php/artigos_pdf/preço_01042005.pdf acessado em 21/04/2005.
Cotação: Soja (sc 60 kg) R$ 32,32
Feno de aveia-preta (kg) R$ 0,45
Sorgo-gran. (sc 60kg) R$ 14,50
Sorgo-pastejo feno (kg) R$ 0,20
Sorgo-forrag. silagem (t) R$ 75,00
O sorgo-forrageiro apresentou na análise econômica (Tabela 5) um
custo de produção maior do que o sorgo-granífero nos dois anos agrícolas
(1996/1997), devido ao acréscimo no preço das sementes e pelas operações
agrícolas na colheita serem maiores no sorgo-forrageiro.
A receita (R$ 849,20) gerada, com a produção de feno no primeiro ano,
não permitiu cobrir os custos (R$ 1.061,23) da produção do sorgo-forrageiro
apresentando margem bruta negativa (R$ 212,03). No segundo ano a receita
obtida (R$ 2.679,90) com a produção de silagem de sorgo-forrageiro, foi
suficiente para cobrir os custos (R$ 1.135,79) apresentando margem bruta
positiva (R$ 1.544,11).
A aveia-preta em sucessão com os sorgos-forrageiros e graníferos
apresentou pouca diferença no custo de produção, nos dois anos, diferindo
apenas com acréscimo na adubação com uréia.
No primeiro ano (1996), a aveia-preta, quando em sucessão com sorgo-
forrageiro, apresentou um saldo positivo (R$ 387,79), onde a produção de feno
da gramínea cobriu os custos gerados. No ano seguinte, também apresentou
margem bruta positiva (R$ 160,13), embora menor do que a apresentada no
primeiro ano da sucessão.
Em 1996, o sistema de sucessão de sorgo-forrageiro x aveia-preta
apresentou uma margem bruta positiva de R$ 175,76/ha, e no ano seguinte,
apresentou um saldo de R$ 1.704,24. Esta diferença deve-se não ao custo,
TABELA 5, cont.
que foi maior, mas também, à maior receita gerada, em 1997, com a produção
de silagem.
O sistema sorgo-forrageiro x aveia-preta teve como custo total/ha, para
os dois anos, onde foi aplicada a sucessão, o valor de R$ 2.945,55 e uma
receita total de R$ 4.825,55/ha, tendo como margem bruta total um valor de R$
1.880,00/ha.
SOJA AVEIA SOJA AVEIA
ano ano ano ano
ESPECIFICAÇÃO
Unidade/ha R$/ha Unidade/ha R$/ha Unidade/ha R$/ha Unidade/ha
R$/ha
INSUMOS
80 kg 128,00 100 kg 40,00 80 kg 128,00 100 kg 40,00
450 kg 306,00 - - 460 kg 312,80 - -
120 kg 144,00 140 kg 168,00 - - 180 kg 216,0
0
2 l 85,00 - - 2 l 85,00 - -
100 ml 11,00 - - 100 ml 11,00 - -
Sementes
Adubo
Uréia
Herbicidas
Inoculante
Calcário***
1,024 t 92,16 - - 1,0224 t 96,12 - -
Sub total
766,16 208,00 632,92 256,0
0
OPERAÇÕES MÁQ. Hora máq./ha Hora máq./ha Hora máq./ha Hora máq./ha
1,5 46,47 - - - - - -
1,5 50,43 1,25 42,18 1,25 42,18 1,25 42,18
0,13 4,01 - - - - - -
3 99,24 - - - - - -
0,3 11,29 - - 0,3 11,29 - -
1 37,56 1 30,87 1 37,56 1 30,87
- - 1,25 42,18 - - 1,25 42,18
0,13 4,01 0,13 4,01 - - 0,25 7,72
Aração c/ aiveca
Gradagem
Aplicação de calcário
Incorporação de calcário
Aplicação de herbicida
Semeadura/adubação
Incorporação sementes
Adubação de cobertura
Colheita 0,7 51,70 0,63 21,17 0,7 51,70 0,63 21,17
Sub total
304,71 140,41 142,58 144,1
2
TOTAL (A)
1070,87 348,41 775,50 400,1
2
PRODUÇÃO (B)
kg/ha kg/ha (feno) t/ha kg/ha (feno)
1.684 907,11 2.410 1.084,5
2.620 1.411,30
1.837 826,6
5
MARGEM BRUTA (B-A)
R$/há -163,76 R$/ha 736,09 R$/ha 635,81 R$/ha 426,5
3
***Custo do calcário diluído em cinco anos.
TABELA 6- Demonstrativo de custos diretos do sistema soja x aveia-preta
Sistema soja x aveia-preta
Ano 2º Ano Total nos dois anos
Custo R$/ha 1.419,28 1.175,62 2.594,90
Receita R$/ha 1.991,61 2.237,96 4.229,57
Margem bruta
R$/ha 572,33 1.062,34 1.634,67
Fonte: dados de pesquisa; preços no mercado de Pelotas em março/05;
www.emater.tche.br/site/suporte/ptbr/php/artigos_pdf/preço_01042005.pdf acessado em 21/04/2005.
Cotação: Soja (sc 60 kg) R$ 32,32
Feno de aveia-preta (kg) R$ 0,45
Sorgo gran. (sc 60kg) R$ 14,50
Sorgo pastejo-feno (kg) R$ 0,20
Sorgo forrag.-silagem (t) R$ 75,00
No primeiro ano (1996) a cultura da soja, o custo de produção por hectare
foi de R$ 1.070,87, valor maior do que o gerado pela produção de grãos (R$
907,11), e como decorrência obteve-se uma margem bruta negativa de R$ 163,76.
No ano seguinte, o custo de produção por hectare diminuiu para R$ 775,50,
enquanto que a produção de grãos apresentou um aumento, gerando uma
margem bruta positiva para a soja, no valor de R$ 635,81.
Para a aveia-preta a diferença nos custos de produção para o primeiro e
segundo ano foi muito pequena (R$ 51,71/ha), diferindo apenas, pela maior
aplicação de uréia no segundo ano. A margem bruta gerada no primeiro e
segundo ano de produção de feno de aveia-preta foi positiva.
O custo de produção de grãos e feno em R$/ha do sistema soja x aveia-
preta, no primeiro ano (1996), foi de R$ 1.419,28/ha, a receita de R$ 1.991,61 e
com isto, obteve-se uma margem bruta de R$ 572,33/ha. No ano seguinte (1997),
ocorreu uma diminuição dos custos de produção do sistema, ficando em R$
1.175,62, e tendo um aumento da produtividade da soja (R$ 2.237,96/ha) e com
isto obteve-se uma margem bruta de R$ 1.062,34, valor este, próximo ao dobro
obtido no primeiro ano.
Considerando os dois anos do sistema, o custo em R$/ha foi de R$
2.594,90, a receita de R$ 4.229,57 e a margem bruta foi de R$ 1.634,67. A
TABELA 6, cont.
margem bruta do sistema soja x aveia-preta foi menor do que o obtido pelo
sistema sorgo-forrageiro x aveia-preta (R$ 1880,00).
Considerando que as três sucessões culturais são igualmente eficientes
para o controle de plantas e banco de sementes de capim Annoni-2 (Moraes et
al.,2005; trabalho não publicado) e levando-se em conta os resultados
econômicos, recomenda-se, então a utilização da sucessão de sorgo-forrageiro x
aveia-preta, por no mínimo dois anos.
CONCLUSÕES
O sistema sorgo-forrageiro x aveia-preta apresenta melhor retorno
econômico, ao final de cada ano e dos dois anos agrícolas, seguido do sistema
soja x aveia-preta.
O maior retorno econômico se dá a partir do segundo ano de cultivo.
O sistema sorgo-granífero x aveia-preta, não apresenta vantagem
econômica nos dois anos avaliados na região em estudo.
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RAUPP, A. A. A.; CHIELLE, Z. G.; TOMAZZI, D. J.; FRANCO, J. C. B. Ensaio
Sulriograndense de sorgo-granífero 1999/2000. In. REUNIÃO TÉCNICA ANUAL
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APÊNDICE
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Rio Grande do Sul. Revista Brasileira de Agrociência, Pelotas, v. 1, 3, p. 157-
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