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UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS
MESTRADO DO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO
EM PATOLOGIA TROPICAL
FERIDAS NOS PÉS DE PESSOAS COM DIABETES E SEUS
IMPACTOS SOBRE A QUALIDADE DE VIDA
SELMA BARBOZA PERDOMO
MANAUS
2008
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1
UNIVERSIDADE FEDERAL DO AMAZONAS
MESTRADO DO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM
PATOLOGIA TROPICAL
SELMA BARBOZA PERDOMO
FERIDAS NOS PÉS DE PESSOAS COM DIABETES E SEUS
IMPACTOS SOBRE A QUALIDADE DE VIDA
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Patologia Tropical da
Universidade Federal do Amazonas, como
requisito para a obtenção do título de Mestre
em Patologia Tropical, na área de concentração
“Processo Saúde-Doença” e na linha de
pesquisa “Etiopatogênese, Clínica e
Ações Básicas de Saúde”
Orientadora: Profª Doutora Maria Cristina dos Santos
Co-orientadora: Doutora Beatriz Farias Alves Yamada
MANAUS
2008
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SELMA BARBOZA PERDOMO
FERIDAS NOS PES DE PESSOAS COM DIABETES E SEUS
IMPACTOS SOBRE A QUALIDADE DE VIDA
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Patologia Tropical da
Universidade Federal do Amazonas, como
requisito para a obtenção do título de Mestre
em Patologia Tropical, na área de concentração
“Processo Saúde-Doença” e na linha de
pesquisa “Etiopatogênese, Clínica e
Ações Básicas de Saúde”
Aprovado em 10 de novembro de 2008
BANCA EXAMINADORA
_______________________________________
Profª Doutora Maria Cristina dos Santos
Universidade Federal do Amazonas
_______________________________________
Prof. Doutor. Cleinaldo de Almeida Costa
Universidade do Estado do Amazonas
_______________________________________
Prof. Doutor. David Lopes Neto
Universidade Federal do Amazonas
Escola de Enfermagem de Manaus-UFAM
3
DEDICATÓRIA
A Deus por me conceder a vida.
Ao meu amor Javier, por me ajudar em toda
essa trajetória, por acreditar nos meus sonhos e
por não me deixar desistir deles: Você é a
prova mais visível do amor e da bondade de
Deus para comigo.
À minha pequena Ana Letícia, que transborda
a minha vida de alegria e graciosidade.
Aos meus pais, Expedito e Francisca, pela
dedicação, amor, renúncia e compromisso que
tiveram para me educar.
Amo vocês.
4
AGRADECIMENTO ESPECIAL
À Profª Dra. Maria Cristina dos Santos que mesmo tão ligada ao “meio imunológico” aceitou
o desafio de trilhar os caminhos da Qualidade de Vida e
À Profa. Dra. Beatriz Yamada que, de forma generosa e com tamanha vontade de
compartilhar seu conhecimento, doou seu tempo e me permitiu caminhar ao seu lado.
A vocês duas minha sincera gratidão.
5
6
AGRADECIMENTOS
Aos pacientes que me concederam as entrevistas, compartilhando comigo suas experiências
de vida.
À minha querida irmã Márcia que esteve ao meu lado me ajudando no primeiro ano de vida
da minha filha.
Às amigas Gisele e Giane pela ajuda fundamental durante a minha gestação, principalmente
no início do mestrado.
À aluna Amanda Vales que me ajudou na captação dos pacientes no Hospital Adriano Jorge e
João Lúcio.
Às alunas Amanda, Súzie e Liviany que me ajudaram com o banco de dados.
À Fernanda e Karine pelo tratamento estatístico
Às professoras de Fundamentos da Assistência ao Paciente que assumiram minhas atividades
ao término da dissertação.
Ao enfermeiro Frank por me encaminhar os pacientes.
A Jose Alfredo Sobreira de Sampaio que, gentilmente, fez as correções de Português.
Às minhas queridas vizinhas Lúcia Helena, Patrícia, Ana Cláudia, Angélica Maria e Maria
Tereza pelos palpites durante a construção da dissertação e “apoio moral” quando as coisas
não iam bem.
À Lea e Liliana que cuidam do meu lar e da minha filha com carinho e dedicação.
7
Sem Sonho a vida não tem brilho.
Sem metas, os sonhos não têm alicerces.
Sem prioridades, os sonhos não se tornam reais.
Augusto Cury
8
RESUMO
O Índice de Qualidade de Vida de Ferrans e Powers–Versão Feridas (IQVFP-VF) foi
aplicado pela primeira em pessoas diabéticas com ferida no pé após sua construção e
validação. A escassez de estudos realizados, no Brasil, específicos acerca da Qualidade
de Vida (QV) nessa população, foi a motivação para realizar este estudo que teve como
objetivos: a) descrever o perfil sócio-demográfico dos pacientes diabéticos com
ferida no pé; b) correlacionar os escores de Qualidade de Vida segundo as características
sócio-demográficas e c) descrever as características clínicas, relacionadas ao Diabetes
mellitus (DM). O estudo foi descritivo, transversal, realizado por meio de entrevista e
aplicação do IQVFP-VF nas pessoas atendidas em três serviços públicos da cidade de
Manaus-AM, sendo dois ambulatórios e um setor de internação de cirurgia vascular. O
IQVFP-VF foi construído e validado por Yamada (2006) é composto por 70 itens e
está dividido em quatro subescalas: Saúde/Funcionamento (SF), Sócio-Econômico
(SE), Psicológico/Espiritual (PE), e Família (Fa). Inicialmente o estudo recebeu
autorização da autora do instrumento, parecer favorável do Comitê de Ética da
Universidade Federal do Amazonas-UFAM e autorizações dos hospitais para a coleta
dos dados. Houve predomínio de: homens (54%); idade média de 59,65 anos; pessoas
com união estável (47,5%); católicos (82%); afastamento da atividade profissional por
causa da ferida (36%). A respeito das condições clínicas houve: predomínio de DM do
tipo 2; média de 9,89 anos para o tempo com DM; uso de hipoglicemiante oral e
alimentação balanceada com forma de controle da glicemia. Concernente à ferida ficou
constatado: média de 1,19 feridas; 29,5% da amostra tiveram como fator
desencadeador da ferida objeto cortante/perfurante ao andar descalço; 31,1% com
amputação. Para melhor discussão dos resultados, foi utilizada categorização
distribuída de tal forma que “zero” indica QV muito ruim e 30 QV muito boa. Acerca
da QV, foi obtido escore médio de 20,66 (±5,29) para IQVT. O Domínio mais afetado
foi o Saúde/Funcionamento com escore médio de 17,07 (±6,46) e com maior escore o
PE com média de 25,96 (±6,12). Não houve correlação entre as variáveis: atividade
profissional, idade, número de feridas, tempo de DM, com o IQVT. Houve correlação
positiva, porém fraca, entre renda familiar (r=0,11), sexo (r=0,11), tempo com a ferida
(r=0,11) e correlação forte entre amputação (r=0,49) e IQVT e seus domínios. Os
pacientes com união estável tiveram média superior aos demais no Domínio Fa (p=0,
045). Em conclusão, ficou constatado que o IQVFP-VF é adequado para avaliar a QV
de diabéticos com ferida no pé, que essa população mostrou ter qualidade de vida
“boa”, porém, apresentou escore baixo no Domínio Saúde/Funcionamento
demonstrando que a ferida no pé do diabético é uma complicação do DM que tem
impacto negativo sobre a Qualidade de Vida dessas pessoas.
Palavras Chave: Qualidade de Vida. Ferida no Pé. Diabete Mellitus.
9
ABSTRACT
The Wound Version of Ferrans and Powers about the Life Quality Rate (IQVFP-VF) was
firstly applied in diabetic people with wound on the foot. The lack of specific studies made in
Brazil on life quality (QV) about this population has been a motivation for this paper to be
carried out, which aims at – a) describing the socio-demographic profile of the diabetic
patients with wounds on the foot; b) to correlate the QV scores according to its socio-
demographic characteristics e; c) to describe the clinic characteristics, related to Diabetes
mellitus (DM). This study has been descriptive, transversal, carried out through interviews
and IQVFP-VF application on people who have been assisted in three different public
services in Manaus-AM, where two in ambulatories and one at an internment sector of
vascular surgery. The IQVFP-VF was built up and certified by Yamada (2006) and it is
constituted of 70 items divided into four dominions: Health/Functioning (SF), Socio-
economics (SE), Psychological/Spiritual (PE), and Family (Fa). Initially the study received
the author’s instrument authorization, also a favorable opinion of the Amazon Federal
University - UFAM’s Ethic Committee, and the Hospitals’ authorization for datum gathering.
There was a predominance of: men (54%); average age of 59,65 years old; people in stable
matrimony (47,5%); Catholics (82%); dismissal from labor activities because of the wound
(36%). About the clinical conditions there was: DM predominance type 2; average age of 9,89
years old for the time with the DM; use of oral hypoglycemia and balanced alimentation as a
way to control glucose. Concerning to the wound it was verified: 1,19 wound average; 29,5%
of the samples had a wound unleashing factor, the bruise by cutting/perforating object when
walking bare foot; 31,1% with amputation. For a better results discussion it was used a
distributed categorization in such a way that “zero” indicates very bad QV and 30 very good
QV. Concerning to the QV, we had an average scores of 20,66 (±5,29) for IQVT. The most
affected dominion was the Health/Functioning with an average score of 17,07 (±6,46) and
with the highest score the PE with the average of 25,96 (±6,12). There was not correlation
among the variables: professional activity, age, number of wounds, time with the DM; with
the IQVT. There was a positive, but weak, correlation between family income (r=0,11), sex
(r=0,11), time with the wound (r=0,11) and a strong correlation among amputation (r=0,49)
and IQVT and its dominion. Patient in stable matrimony situation had an average higher than
the others under Fa dominion (p=0,045). There was no meaningful difference either among
intern patients and the ones who had been assisted at the ambulatories in the IQVT nor in its
dominions. In conclusion, it has been attested that the IQVFP-VF is adequate to assess the
diabetics’ life quality with wounds on the feet, and this population has shown to have a life
quality considered “good”, but it has shown low score in the Health/Functioning dominion
showing that the wound on the diabetic’s foot is a complication from the DM that has
negative impact over these people’s life quality.
Key-words: Life Quality. Wound on the Foot. Diabete Mellitus.
10
LISTA DE ABREVIATURAS
CGJ Comprometimento da Glicose em Jejum
CTG Comprometimento da Tolerância à Glicose
DFS Diabetic Foot Ulcer Scale
DM Diabetes mellitus
DM1 Diabetes mellitus tipo 1
DM2 Diabetes mellitus tipo 2
Fa Família
HFAJ Hospital Fundação Adriano Jorge
HPSJLPM Hospital e Pronto Socorro João Lúcio Pereira Machado
HRQOL Health Related Quality of Life
HUGV Hospital Universitário Getúlio Vargas
IL-2 Interleucina-2
IQV Índice de Qualidade de Vida
IQVFP Índice de Qualidade de Vida de Ferrans e Powers
IQVFP-VF Índice de Qualidade de Vida de Ferrans e Powers – Versão Feridas
IQVT Índice de Qualidade de Vida Total
LFUQ Leg and Foot Ulcer Questionnaire
OMS Organização Mundial da Saúde
PE Psicológico/Espiritual
QV Qualidade de Vida
QVRS Qualidade de Vida Relacionada à Saúde
SC Sistema Complemento
SE Sócio/Econômico
SF Saúde/funcionamento
SF-36 Medical Outcomes Short-Form Health Survey
SIP Sickeness Impact Profile
SUS Sistema Único de Saúde
TOTG Teste de Tolerância a Glicose Oral
WHOQOL World Health Organization Quality of Life
11
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Boxplot dos Domínios e do IQV Total. .................................................................... 53
12
LISTA DE QUADROS
Quadro 1: Modelo Conceitual de Qualidade de Vida Proposto por Ferrans e Powers ............ 22
Quadro 2: Itens Índice de Qualidade de Vida de Ferrans e Powers Versão Feridas ................ 24
13
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Diagnóstico do diabetes mellito e alterações da tolerância à glicose de acordo com
valores de glicose plasmática (mg/dl). ..................................................................... 27
Tabela 2: Coeficientes de Fidedignidade de Cronbach dos Domínios e Itens ......................... 45
Tabela 3: Distribuição da Amostra Segundo as Variáveis Sócio-Demográficas ..................... 46
Tabela 4: Distribuição da Amostra Segundo as Variáveis Clínicas. Manaus, Fev /Ago 2008 49
Tabela 5: Distribuição de Freqüências da QV Total Segundo a Categoria. ............................. 52
Tabela 6: Medidas Descritivas dos Domínios e do IQV Total. ................................................ 52
Tabela 7: Média dos escores de QV dos itens do Domínio Saúde/Funcionamento. ................ 53
Tabela 8: Média da QV dos itens do Domínio Sócio-econômico. ........................................... 54
Tabela 9: Média da QV dos itens do Domínio Psicológico/Espiritual. .................................... 54
Tabela 10: Média dos escores dos itens do Domínio Família. ................................................. 54
Tabela 11: Categorização dos escores de QV do Domínio Saúde/Funcionamento. ................ 55
Tabela 12: Categorização dos escores de QV do Domínio Saúde/Funcionamento. ................ 55
Tabela 13: Comparação das médias dos domínios da qualidade de vida entre homens e
mulheres .................................................................................................................. 56
Tabela 14: Comparação das médias dos domínios da QV entre tipos de estado civil ............. 56
Tabela 15: Comparação das médias dos domínios da QV segundo a atividade Profissional. . 57
Tabela 16: Comparação das médias da QV entre pacientes com diferentes faixas salariais.
Manaus, .................................................................................................................. 59
Tabela 17: Correlação entre as Variáveis Clínicas e o IQV Total............................................ 60
Tabela 18: Correlação entre o tempo com a ferida e o IQV total. ............................................ 60
Tabela 19: Comparação das médias dos domínios da QV entre amputados e não Amputados. . 61
Tabela 20: Média dos escores de QV dos itens do domínio SF das pessoas amputadas. ........ 61
14
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................... 15
1 Revisão de Literatura ............................................................................................................ 18
1.1 Refletindo sobre Qualidade de Vida .............................................................................. 18
1.1.1 Qualidade de Vida Relacionada à Saúde .................................................................... 20
1.2 O Diabetes mellitus ............................................................................................................. 25
1.3 A Ferida no Pé do Diabético ............................................................................................. 29
2 QUESTÃO DE PESQUISA ................................................................................................... 34
3 HIPÓTESES ............................................................................................................................. 35
4 OBJETIVOS ............................................................................................................................ 36
4.1 Geral ......................................................................................................................................... 36
4.2 Específicos ............................................................................................................................... 36
4.2.1 Descrever o perfil sócio-demográfico e clínico da amostra; .............................. 36
5 CASUÍSTICA E MÉTODO .............................................................................................. 37
5.1 Locais do Estudo ................................................................................................................. 37
5.1.1 Descrição dos Locais de Estudo ................................................................................... 37
5.2 Amostra ................................................................................................................................. 38
5.3 Coleta de Dados .................................................................................................................. 40
5.3.1 Procedimentos ................................................................................................................... 40
5.3.2 Instrumentos utilizados ................................................................................................... 41
6 ANÁLISE DA CONFIABILIDADE DO INSTRUMENTO ...................................... 45
7 RESULTADOS ........................................................................................................................ 46
7.1 Caracterização da Amostra ...................................................................................................... 46
7.1.1 Análise dos Dados Sócio-Demográficos ............................................................................. 46
7.1.2 Análise dos Dados Clínicos .................................................................................................. 49
7.2 Dados Sobre a Análise da Qualidade de Vida da Amostra ........................................ 51
7.2.1 Categorização dos Escores Médios da Qualidade de Vida Total .......................... 51
7.2.2 Análise dos Escores Médios do IQV Total, dos Seus Domínios e Itens ............. 52
7.2.3 Análise de Correlação entre cada Domínio, o IQVFP-VF Total e as Variáveis
do Estudo. ......................................................................................................................... 55
7.2.3.1 Variáveis Sócio-demográficas ................................................................................... 55
7.2.3.2 Variáveis Clínicas .............................................................................................................. 59
8 DISCUSSÃO .......................................................................................................................... 62
9 CONCLUSÕES ..................................................................................................................... 74
10 CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................................................................................... 77
11 SUGESTÕES .......................................................................................................................... 80
APÊNDICES ................................................................................................................................ 89
ANEXOS ....................................................................................................................................... 91
15
INTRODUÇÃO
O conceito Qualidade de Vida é um termo utilizado em duas vertentes: na
linguagem cotidiana, por pessoas da população em geral e profissionais de diversas
áreas e no contexto da pesquisa científica, em diferentes campos do saber (FLECK,
1999 a; CASTRO ET AL., 2003; BELASCO; SESSO, 2006).
Nas últimas décadas o interesse crescente da comunidade científica e de todo
o setor da saúde, em questões de Qualidade de Vida, levou a um desenvolvimento
marcante desse conceito e tem suscitado pesquisas por equipes profissionais, que
atuam junto a usuários acometidos por enfermidades (SEID; ZANONON, 2004).
Tal interesse advém da mudança do perfil de morbi-mortalidade, com o
aumento da prevalência de doenças crônicas e de suas seqüelas, incitando nos
profissionais de atenção à saúde a reflexão, que outrora era focada na cura e agora
objetiva a melhoria da qualidade de vida dos pacientes (CAMPOLINA;
CICIONELLI, 2006).
Nesse contexto, o Diabetes mellitus (DM) é um problema de importância
crescente em Saúde Pública, uma vez que afeta aproximadamente 171 milhões de
indivíduos em todo o mundo com projeção de alcançar 366 milhões de pessoas no
ano de 2030, alterando a prevalência de 2,8% da população global, em 2000, para
4,4%, em 2030 (WILD et al., 2004).
Os fatos de que a incidência do DM está aumentando e que 15% dos diabéticos
desenvolvem feridas nos pés durante suas vidas (NEGRATO, 2006) realçam a
necessidade de implementar estratégias profiláticas e terapêuticas, principalmente as
educativas. A ulceração do pé com seqüelas, como feridas crônicas que não cicatrizam
16
osteomielite e amputação, constitui uma complicação onerosa, tanto em termo de
gastos com a assistência à saúde, como da qualidade de vida (GIBBONS, 2001).
No Brasil, os problemas com os pés são comuns e podem coexistir, por
exemplo, com a doença de Hansen na região Norte. Um projeto específico-“Salve o
Pé no Diabético-Brasil”, foi criado no Distrito Federal, Brasília, com o suporte do
governo (BOULTON; VILEIKYTE, 2001).
Embora exista vasta literatura sobre feridas nos pés de diabéticos, no Brasil,
há poucos estudos relacionados à Qualidade de Vida (QV) dessa população.
Quantificar a “qualidade” é um grande desafio. Definir “qualidade” e “vida” se torna
uma questão filosófica. Contudo, pesquisadores como Ferrans, Powers, Ribu, Hiland,
Santos, Yamada, dentre outros, têm buscado a integração do conhecimento das
ciências humanas, exatas e biológicas, integrando-os com o objetivo de saber não só
as condições de saúde desse paciente, mas também suas condições de vida, se são
boas ou ruins, segundo suas próprias percepções.
Considerando a ausência de instrumento de avaliação de QV, específica para
pessoas com ferida crônica, adaptada à nossa cultura, Yamada (2006) construiu e
validou a Versão Feridas do Índice de Qualidade de Vida de Ferrans e Powers (IQVFP),
para avaliar a QV das pessoas com feridas em geral. Em tese de doutorado, Yamada
constatou que o Índice de Qualidade de Vida de Ferrans e Powers-Versão Feridas
(IQVFP-VF), como um instrumento relacionado à saúde, é válido e tem confiabilidade
atestada nos aspectos revelados mais importantes para a população com feridas: a QV
O presente estudo aplicou, pela primeira vez, o IQVFP-VF em população
diabética com ferida no pé, após o processo de construção e validação.
O interesse pela investigação do tema se deu por meio da constatação de que o
DM é uma doença cujos principais problemas clínicos residem nas suas complicações
17
crônicas, sendo a ferida no pé do diabético uma grave complicação (uma das que
implica mais custos associados às freqüentes amputações e a longos períodos de
internação) e a observação de que a prática clínica sugere que as seqüelas crônicas do
DM podem ter significativo impacto na QV dessas pessoas.
Além disso, o desejo de saber sobre as implicações do DM na saúde geral, nas
atividades diárias, na vida social e familiar dessas pessoas, associados à escassez de
literatura sobre esse assunto, foram fatos relevantes e motivadores para a realização
deste estudo.
18
1 REVISÃO DE LITERATURA
1.1 Refletindo sobre Qualidade de Vida
A busca pela definição do termo Qualidade de Vida (QV) tem sido, no
decorrer dos séculos, um enorme desafio. Essa busca parece ser tão antiga quanto à
civilização. Desde a antiguidade, filósofos tentam conceituar sobre o que é ter uma
vida com qualidade. Para Aristóteles (384-322 a.C), descrito por Diniz (2006),
Pessoas distintas concebem “boa vida” como sendo a mesma coisa que
“felicidade”. Mas o que é felicidade torna-se uma questão de contestação
[...] alguns afirmam que é uma coisa e outros dizem que é outra e, de fato,
muito freqüentemente o mesmo homem diz diferentes coisas em tempos
diferentes: quando ele adoece, ele concebe saúde como sendo felicidade,
quando ele empobrece, como riqueza e prosperidade (DINIZ, 2006).
Pigou, em seu livro sobre economia e bem estar, publicado em 1920,
relacionou a Qualidade de Vida ao suporte governamental oferecido às classes menos
favorecidas e avaliou o que o impacto na vida desses indivíduos causa nas finanças
nacionais (BELASCO; SESSO, 2006).
A expressão Qualidade de Vida foi empregada de forma marcante pelo
presidente dos Estados Unidos, Lyndon Johnson, em 1964, ao declarar que “os
objetivos não podem ser medidos por meio dos balanços dos bancos. Eles só podem ser
medidos pela Qualidade de Vida que proporcionam às pessoas (FLECK et al., 1999a).
A definição de Qualidade de Vida teve como marco importante a afirmação da
Organização Mundial da Saúde (OMS), em 1946, na qual constata que saúde é: “o
estado de completo bem-estar físico, mental e social, e não apenas a ausência ou
presença da doença” (WHO, 1946). DINIZ (2006) relata que a partir dessa declaração
19
foi iniciado um ciclo de formação em QV que, apesar de parecer difícil de ser
completado, já permite a formação técnico-científica de acordo com a área profissional.
Segre e Ferraz (1997) afirmaram que dentro da Bioética, do conceito de
autonomia, Qualidade de Vida é algo intrínseco, só possível de ser avaliada pelo
próprio sujeito, onde é priorizada a subjetividade.
Do ponto de vista semântico, “Qualidade” é um atributo que determina a
natureza de algo, enquanto “Vida” é o tempo entre nascer e morrer, estando
relacionada com a existência, ânimo e força (HOUAISS, 2001). Ao serem integrados,
ambos os termos, surge uma expressão indivisível com novos significados, tornando
difícil estabelecer uma conceituação abrangente (SANTOS; KIMURA, 2000).
Com relação à subjetividade do termo, Santos e Kimura (2000) referem que,
embora os aspectos objetivos devam ser incluídos na avaliação, são os aspectos
subjetivos os que mais precisamente podem se aproximar da definição de QV, ao
estarem permeados de significados das próprias experiências vividas.
Embora não haja um consenso a respeito do conceito de Qualidade de Vida,
três aspectos fundamentais referentes ao seu constructo
1
foram obtidos pelo World
Health Organization Quality of Life-WHOQOL, em 1994. Tais constructos dizem
respeito à: (1) subjetividade; (2) multidimensionalidade; (3) presença de dimensões
positivas (ex. mobilidade) e negativas (ex. dor). O desenvolvimento desses elementos
conduziu o grupo de pesquisadores de diferentes culturas da OMS a definição de
Qualidade de Vida como: “a percepção do indivíduo de sua posição na vida no
contexto da cultura e de sistemas de valores nos quais ele vive e em relação aos seus
objetivos, expectativas, padrões e preocupações” (FLECK et al., 1999a, 1999b).
1
Conceito elaborado baseado em dados simples (www.priberam.pt/dlpo/definir) consultado em
05/08/08.
20
Logo, o conceito de QV é dado de forma variada e de acordo com as experiências
e estados físico e psicológico vivenciados pelo indivíduo naquele momento.
Embora existam outros conceitos e definições que incluem, principalmente,
concepções de satisfação, felicidade e bem-estar (SANTOS; KIMURA, 2000b), o
presente estudo será fundamentado naquele estabelecido por FERRANS e POWERS
(1985; 1992) para quem a Qualidade de Vida é entendida... “como a sensação de bem
estar de uma pessoa que deriva da satisfação ou insatisfação com as áreas da vida que
são importantes para ela”.
Os instrumentos de QV podem ser genéricos ou específicos. Os genéricos
enfatizam de forma ampla os estudos sociológicos (BELASCO; SESSO, 2006),
podem ser aplicados em pessoas saudáveis ou com qualquer tipo de doença e estão
disponíveis em nosso país o da Organização Mundial da Saúde (WHOQOL), e o
Índice de Qualidade de Vida de Ferrans e Powers (IQVFP). Os específicos são
destinados para determinadas áreas (família, trabalho) ou faixa etária (FERRAZ,
1998; YAMADA; SANTOS, 2005).
Há também instrumentos de Qualidade de Vida Genéricos Relacionados à Saúde-
QVRS (Health-Related Quality of Life – HRQOL). Enquanto QV genérico é um termo
utilizado em acepção ampla, QVRS, além de contemplar estudos sociológicos, faz
referência a disfunções físicas e agravos à saúde (HAG et al., 1991 apud BELASCO;
SESSO, 2006). Dentre os usados em nosso meio temos como exemplo: o Medical Outcomes
Short-Form Health Survey-SF-36, o Sickeness Impact Profile-SIP e o Nottinghan Health
Profile-NHP (YAMADA; SANTOS, 2005) e, recentemente, o IQVFP-VF.
1.1.1 Qualidade de Vida Relacionada à Saúde
Os instrumentos de Qualidade de Vida Relacionados à Saúde (QVRS) recebem
21
essa especificação por incluir os domínios físico, psicológico e social relacionado à
saúde e a demanda, por tais medidas, tem relevância uma vez que permitem avaliar o
impacto de uma doença sobre a vida do paciente (GUYTATT et al., 1996,
GARRATT et al., 2002 apud BLAY; MERLIN, 2006).
A QVRS foi definida por Guyatt et al. (1993) como “uma medida de opinião
subjetiva individual do paciente considerando sua saúde, nas dimensões físicas,
psíquicas e sociais”. Ela pode ser global, quando refere como o indivíduo avalia seu
próprio bem estar e sua saúde, ou específica, quando é fundamentada na percepção
do paciente sobre como uma doença compromete seu bem estar e sua saúde.
A partir de 1975 o conceito Qualidade de Vida Relacionado à Saúde (QVRS)
foi iniciado pela clínica oncológica e seus dilemas como a alta freqüência de casos
sem perspectiva de cura em que as atenções principais passaram a ter enfoque no
bem-estar do paciente (BLAY; MERLIN, 2006).
Nos Estados Unidos e Inglaterra, desde que o termo QV foi introduzido na
área da saúde, o número de pesquisas cresceu de forma exponencial nas mais
diversas disciplinas, como também, a quantidade de instrumentos para sua avaliação,
principalmente a partir da década de oitenta (YAMADA, 2001). A criação desses
instrumentos tem como objetivos não só fornecer dados quantitativos sobre a
Qualidade de Vida, mas, principalmente, avaliar o resultado das intervenções
realizadas, especialmente em doenças crônicas (FLECK et al., 1999a).
Belasco e Sesso (2006) acreditam que a necessidade de avaliar, por meio de
instrumento, a QV na área de saúde, possivelmente tenha sido decorrente de três
fatores. O primeiro foi o grande avanço tecnológico que propiciou maiores
possibilidades para a recuperação da saúde e prolongamento da vida; o segundo fator
consiste na mudança do panorama epidemiológico das doenças, sendo que o perfil
22
dominante passou a ser o das crônicas; o terceiro fator trata da mudança sobre a
visão do ser humano, antes visto como organismo biológico que deveria ser reparado
e, hoje, como um agente social.
Nesse contexto, Ferrans e Powers (1984), após várias etapas de estudo,
desenvolveram o instrumento Índice de Qualidade de Vida de Ferrans e Powers
(IQVFP) que possibilitou a produção de uma relação de 32 elementos de avaliação de
QV em geral, agrupados em quatro domínios (áreas da vida) inter-relacionados com a
QV: Saúde/ Funcionamento (SF); Sócio-Econômico (SE); Psicológico/ Espiritual
(PE) e Família (Fa), conforme Quadro I:
Quadro 1: Modelo Conceitual de Qualidade de Vida Proposto por Ferrans e Powers
FONTE: Yamada, 2006
A partir desse modelo conceitual foram desenvolvidas várias versões do
IQVFP. Além da versão Genérica (aplicada em pessoas saudáveis ou com qualquer
tipo de doença), existem outras versões específicas: Câncer III, Cardíaca IV,
Síndrome da Fadiga Crônica III, Diabetes III, Epilepsia III, Transplante de Fígado
III, Pulmonar III, Lesão Medular III, Anemia Falciforme III, Acidente Vascular III
(disponíveis em www.uic.edu/orgs/qli) e, mais recentemente a Versão Feridas
(YAMADA; SANTOS, 2006).
QV
Domínio
Saúde/
Funcionamento
Domínio
Sócio-
Econômico
Domínio
Psicológico/
Espiritual
Domínio
Família
23
Quanto a avaliação da Qualidade de Vida de pacientes com feridas, estão na
pagina da Internet www.procolid.org vários instrumentos relacionados a determinadas
feridas ou a doenças desencadeadoras de feridas crônicas, tais como: Leg and Foot
Questionnaire (LFUQ), para úlcera de pernas e pés; Diabetic Foot Ulcer Scale
(DFS), para “pé diabético”; o Charing Cross Venous Ulcer Questionnaire (CCVUQ),
para úlcera venosa; Aberdeen Varicose Vein Questionnaire (AVVQ), para
insuficiência venosa, entre outros (YAMADA; SANTOS, 2006). Vileikyte et al.
(2003) desenvolveu e validou o neuropathy-and foot ulcer-specific quality of life
instrument, específico para pessoas com ferida decorrentes da neuropatia periférica.
Entretanto, todos os instrumentos supracitados não estão disponíveis para
uso em nosso meio, pois não foram traduzidos para a Língua Portuguesa e,
tampouco, realizadas as adaptações transculturais.
Yamada (2006), em sua tese de doutorado, elaborou e validou um instrumento
para avaliar pacientes com feridas, a partir da versão genérica do Índice de Qualidade de
Vida de Ferrans e Powers (IQVFP), denominando-o IQVFP-Versão Feridas. O resultado
desse estudo possibilitou a produção de uma relação de 35 elementos de avaliação de
QV para pessoas com feridas (Quadro 2) o qual será adotado neste estudo.
24
Itens do Índice de Qualidade de Vida de Ferrans e Powers-Versão Feridas
Saúde/Funcionamento
S/F
Sócio-econômico
S/E
Psicológico/Espiritual
P/E
Família
Fa
1. Saúde
2. O cuidado com a saúde
3.Dor na ferida
4.Dor não relacionada à ferida
5.O tratamento para a dor
6.Estar com a ferida
7.Tempo de cicatrização
8. Drenagem e odor da ferida
9.A aparência da ferida
10. Energia (fadiga)
11. Capacidade para se cuidar
sem ajuda de outra pessoa
12. Controle sobre a própria vida
13. Mudanças na vida por causa
da ferida
14. Capacidade de movimentar-se
e locomover-se
15. Possibilidade de viver tanto
quanto gostaria
22. Sono
23. Preocupações
27. Lazer, Diversão
28. Possibilidade de futuro feliz
19. Amigos
21. Suporte emocional
de outras pessoas que
não são da família
24. Vizinhança
25. Lar
26. Administrar o
dinheiro
29. Paz de espírito,
tranqüilidade.
30. Fé em Deus
31. Objetivos pessoais
32. Felicidade
33. Satisfação com a vida
34. Aparência pessoal
35. Consigo próprio
(self)
16/17. Filhos/não ter
filhos
18. Felicidade da
família
20. Suporte
emocional da família
Copyright 1984 & 1998 Ferrans & Powers (Do not use without permission).
Versão Feridas Construída e validada por Yamada & Santos, 2006
Quadro 2: Itens Índice de Qualidade de Vida de Ferrans e Powers Versão Feridas
Quando o paciente desenvolve úlcera, o risco de recidiva é grande. Da mesma
forma, quando ocorre amputação, a probabilidade de amputações subseqüentes chega
a 51%, em cinco anos (REIBER, 2002).
Em estudo realizado para obtenção de dados sobre QV de pacientes com doença
crônica, foi observado que os pacientes diabéticos estudados apresentaram valores
menores na dimensão “capacidade funcional geral de saúde”, quando comparados aos
pacientes sem diabetes. Da mesma forma, quando estratificados por faixa etária, os
pacientes diabéticos, consistentemente, obtiveram piores resultados quando comparados
aos pacientes não diabéticos. As complicações decorrentes do DM associadas à
ocorrência de neuropatia e insuficiência vascular periférica, contribuem para a piora da
QV de pacientes acometidos por essa nosologia (CASTRO et al., 2003).
25
Ao estudar a QV e as complicações crônicas do DM Silva et al., (2003)
demonstraram que entre os indivíduos diabéticos, aqueles que sofrem de
complicações como a macro e microangiopatia e a neuropatia periférica têm
qualidade de vida inferior à dos que não sofrem com seqüelas da doença.
Outro estudo, realizado na Austrália, relacionando a prevalência de DM,
depressão e suas repercussões na QV, observou que 24% da população com DM tinha
depressão, enquanto a prevalência na população não diabética era de 17%. Os
pacientes diabéticos tiveram comprometido as várias dimensões da vida em função
da doença, levando os autores à conclusão de que, nessa população, a depressão é
uma comorbidade importante, que requer intervenção, pois tem impacto negativo na
qualidade de vida (GOLDNEY, 2004).
Cofey et al. (2002) em estudo realizado com mais de 2000 americanos
diabéticos, visando analisar o tipo de tratamento clínico e seus respectivos impactos na
QV, constataram que os pacientes com ferida no pé tiveram maior impacto negativo na
QV quando comparados com aqueles que tinham outras complicações do DM.
As alterações nos pés de diabéticos, como feridas crônicas que não cicatrizam,
osteomielite e amputação, constituem complicações onerosas para os órgãos
governamentais de assistência à saúde, bem como, causam impactos negativos na QV
dos pacientes acometidos.
1.2 O Diabetes mellitus
O DM é uma síndrome de etiologia múltipla, decorrente da falta de insulina ou
da incapacidade de exercer adequadamente seus efeitos, caracterizada por
hiperglicemia crônica e tem como conseqüência distúrbios do metabolismo dos
carboidratos, lipídios e proteínas (Brasil, 2001). Acomete mundialmente mais de 135
26
milhões de indivíduos, com perspectiva de aumentar para 300 milhões, em 2025
(WILD et al., 2007).
No Brasil é estimada a prevalência de 8% em pessoas na faixa etária de 30 a
69 anos, o que coloca o DM como um dos principais problemas de saúde do país
(BARBOSA et al., 2001).
As conseqüências do DM, a longo prazo decorrem de alterações micro e
macrovasculares que levam a disfunção, dano ou falência de vários órgãos. As
complicações crônicas incluem a nefropatia, como possível evolução para
insuficiência renal, a retinopatia, com a possibilidade de cegueira e/ou a neuropatia,
com risco de úlceras nos pés, amputações e artropatia de Charcot (SOCIEDADE
BRASILEIRA DE DIABETES, 2003a).
Nos Estados Unidos, o DM é a principal causa de cegueira adquirida por
adultos, é responsável por 40% dos pacientes que chegam à diálise ou ao transplante
renal e é a causa principal da doença renal terminal (SKILER, 2001). O mesmo autor
comparou o risco de amputação entre a população diabética e não diabética
constatando que o DM aumenta de 15 a 40 vezes esse risco e que, naquele país, é a
principal causa de amputação não traumática dos membros inferiores.
O DM é classificado em:
1) Diabetes estabelecido ou clínico e
2) Condições de risco para o diabetes.
No grupo de DM estabelecido estão: o DM do tipo 1 (DM1), o DM do tipo 2
(DM2) e outros tipos específicos (os defeitos genéticos da função das células β e na
ação da insulina; doença do pâncreas exócrino; endocrinopatias; o DM induzido por
fármacos ou substâncias químicas; induzido por infecção; as formas incomuns de DM
imunologicamente mediado; outras síndromes genéticas e o DM gestacional). No
27
grupo de condições de risco para diabetes mellitus fazem parte os pacientes que têm
comprometimento da glicose em jejum (CGJ), comprometimento da tolerância à
glicose (CTG), que demonstram estados metabólicos intermediário entre a
homeostasia da glicose e o diabetes franco (SHERWIN, 2005).
O diagnóstico do DM é baseado fundamentalmente nas alterações da glicose
plasmática de jejum (8 horas), após 2 horas de sobrecarga oral de 75g glicose (teste
oral de tolerância à glicose) e na medida da glicose plasmática casual, conforme
descrição na tabela 1 (GROSS et al., 2002).
Categoria Jejum TOTG 75 g-2h Casual
Normal <110 <140 -
Glicose Plasmática de Jejum Alterada _>110 e <126
Tolerância à Glicose diminuída < 126 >_140 e <200
Diabetes melitto _>126 >_200 >-200 com sintomas
Diabetes gestacional >-110 >-140
Tabela 1: Diagnóstico do diabetes mellito e alterações da tolerância à glicose de acordo com
valores de glicose plasmática (mg/dl).
Fonte: Gross et al.(2002)
As manifestações clínicas do DM1 estão relacionadas com os níveis baixos ou
ausentes de insulina endógena, por isso, os sinais clínicos aparecem de forma abrupta
em crianças ou adultos jovens e é caracterizada por: poliúria, polidipsia, polifagia e
perda de peso.
No DM2 o paciente tem como sintomas: fadiga, fraqueza, tontura e visão
turva, sinais relacionados a hiperinsulinemia e resistência à insulina na maioria dos
casos (STEFANI, BARROS et al., 2002; SHERWIN, 2005).
O nível constantemente elevado de glicose na corrente sangüínea pode resultar
em complicações metabólicas agudas, tais como cetoacidose metabólica e síndrome
hiperglicêmica hiperosmolar não cetótica. Em longo prazo, o DM tem como
complicações mais freqüentes a retinopatia, nefropatia, neuropatia, comprometimento
28
macro e microvasculares (GRIFFIN, 2001; SMELTZER; BARE, 2002). Portanto, os
diabéticos que não controlam sua glicemia adequadamente podem apresentar
problemas relativos a alterações na sensibilidade das extremidades, especialmente
nos pés, o que constitui um problema de saúde pública, pela alta freqüência com que
ocorre e alto custo com o tratamento (GAMBA, 1998).
Uma melhora significativa nos modelos de atenção à saúde das populações
veio acompanhada da conquista do aumento de tempo de vida, trazendo ao século
XXI, o fenômeno do envelhecimento mundial, juntamente com estes novos desafios a
saúde pública contemporânea (LIMA-COSTA; VERAS, 2003).
Apesar da transição demográfica ser um fenômeno mundial, no Brasil, ocorre
em velocidade e dinâmica diferentes daquela vista em outros países industrializados,
onde esse processo ocorreu gradativamente, dando-lhes tempo para desenvolver
condições necessárias para assistir à população. Por exemplo, a evolução médico-
sanitária com a melhoria das condições de educação, saneamento básico, infra-
estrutura, condições sócio-econômicas dentre outros fatores (VERAS, 2003;
OLIVEIRA et al., 2004).
Nesse contexto, o DM é problema de importância crescente em saúde pública.
Sua incidência e prevalência estão aumentando, alcançando proporções epidêmicas.
Suas complicações comprometem a produtividade, a qualidade de vida e a sobrevida
dos indivíduos. Além disso, acarreta altos custos para seu controle metabólico e
tratamento de suas complicações (SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES, 2003).
Importante ressaltar a intensa e complexa problemática que envolve a vivência
da doença crônica, pois compromete muito além da esfera biológica, interfere de
diferentes formas no próprio estilo de vida de indivíduos acometidos, como também
dos seus grupos familiar e social.
29
1.3 A Ferida no Pé do Diabético
Ao paciente diabético com ferida nos pés são adotados vários termos, tais
como: pé diabético, ferida diabética, úlcera diabética, síndrome do pé diabético.
Jorge-Filho (2006) se refere à essa problemática como uma síndrome definida
como quaisquer lesões, agudas ou crônicas, que ocorrem nos pés das pessoas
diabéticas, em geral causadas pela presença de neuropatia periférica, doença oclusiva
arterial periférica e redução da microcirculação na extremidade inferior.
Apesar de não haver um consenso quanto a nomenclatura, está estabelecido,
na comunicação profissional, que o diabético com úlcera crônica apresenta a
complicação denominada “pé diabético”. Esta complicação é resultante da neuropatia
e da doença vascular periférica (PARISI, 2003).
Segundo o Consenso Internacional Sobre Pé Diabético (2001), com base nas
descrições da Organização Mundial da Saúde (OMS), o “pé diabético” tem por
definição: a infecção, ulceração e/ou destruição dos tecidos profundos associadas a
anormalidades neurológicas e a vários graus de doença vascular periférica nos
membros inferiores. Esse mesmo consenso considera “pé” a estrutura do tornozelo ou
abaixo dele (BRASIL, 2001).
Publicações recentes mostram que pacientes com DM, no Brasil, recebem
assistência precária pelo Sistema Único de Saúde (SUS), muitos deles não têm
informações adequadas sobre o autocuidado, poucos têm seu pés examinados durante
a consultas (CALSOLARI, 2002; BRASIL, 2004), havendo elevadas taxas de
internações decorrentes das complicações com os pés, amputações e mortes por este
agravo em vários lugares do país (PITTA, 2005; MILMAN, 2005).
A prevalência de neuropatia diabética é difícil de ser determinada devido aos
30
vários critérios utilizados para defini-la, porém, foi estimado que dois terços dos
pacientes com DMI ou DM2 têm evidência clínicas ou subclínicas, de neuropatia
periférica que, por sua vez, está relacionada com a duração do DM, com o controle
inadequado da glicemia e com a presença de retinopatia e/ou nefropatia
(NASCIMENTO, 2006).
A neuropatia periférica diabética promove alterações: nos nervos sensitivos,
resultando em anormalidade da sensibilidade tátil e dolorosa podendo ocorrer
dormência; nos nervos motores, resultando atrofia muscular que pode levar ao
desequilíbrio entre os grupos musculares dos pés, causando deformidades como o pé
com dedos em garra, causada pela flexão permanente dos dedos, predispondo à
microfraturas; e nos nervos autônomos levando à diminuição da função sudomotora,
pés secos, ou a um fluxo sanguíneo peririco anormal (TANENBERG et al., 2002;
VINIK et al., 2003; NASCIMENTO, 2006 ).
O comprometimento dos nervos sensitivos causa a perda da sensibilidade
protetora do tegumento, tendo como conseqüência a não percepção do ferimento, que
por sua vez, ainda que pequeno, facilita a penetração de microrganismos patogênicos
e a instalação de infecção (JORGE-FILHO, 2006).
A preexistência da neuropatia periférica e as pressões geradas na superfície
plantar do pé em contato com o solo são os fatores mais importantes na gênese das
feridas neuropáticas diabéticas (JEFFCOATE; HARDING, 2003). As áreas sobre as
proeminências ósseas são os locais mais freqüentes de desenvolvimento de úlceras
nos pés de indivíduos com DM, incluindo: as cabeças dos metatarsos, o hálux e o
calcanhar (AZEVEDO et al., 2003).
A neuropatia diabética é freqüente e constitui causa comum de incapacitação.
Sua avaliação e tratamento muitas vezes são negligenciados. É raramente
diagnosticada, até que o paciente se queixe de dor ou apresente uma úlcera de pé
(SCHUMER; PFEIFER, 2001; SCHAPER et al., 2007).
31
A ferida decorrente da vasculopatia diabética é conseqüência da doença
arterial periférica na qual a aterosclerose é a responsável por toda a fisiopatologia da
obstrução ou isquemia arterial. O perfil de obstrução predominante é bilateral,
simétrico e distal. A isquemia dificulta o processo cicatricial de qualquer lesão,
lentificando-o e, às vezes, impossibilitando-o. O “pé isquêmico” em geral é pálido,
frio, com atrofia da musculatura do membro inferior e, nas fases mais adiantadas,
com presença de hiperemia paradoxal (PARISI, 2003).
O pé que apresenta ao mesmo tempo as complicações neuropáticas e
isquêmicas é considerado um pé de altíssimo risco para ulceração, pois é insensível,
pode apresentar as deformidades, alterações de pressão plantar do pé neuropático,
calosidades e, ao mesmo tempo, diminuição de fluxo arterial (PARISI, 2003).
As feridas, já instaladas, podem apresentar complicações importantes com as
infecções. O risco de infecção nas feridas de pessoas diabéticas é proporcional aos
níveis de glicose na circulação sangüínea. Estudos sugerem que os diabéticos
apresentam disfunção no processo de imunidade celular. As infecções nas feridas dos
pés de diabéticos são de progressão rápida e causam grandes lesões teciduais, uma
vez que os pacientes, não sentindo dores, ao invés de repousar, continuam a
caminhar, contribuindo para que agentes patogênicos se aprofundem nos tecidos
(JORGE-FILHO, 2006).
Lipsk (2001) atribui a predisposição à infecção de ferida no pé de diabéticos
aos distúrbios imunológicos que acometem esse paciente. Entre os defeitos da defesa
imunológica associada ao DM estão as avarias das funções dos neutrófilos, como: a
migração, fagocitose, morte intracelular dos patógenos e quimiotaxia. O autor
afirma que muitas dessas deficiências da imunidade estão diretamente relacionadas
às perturbações metabólicas causadas pela DM mal controlada, por exemplo: a
32
cetose, diminui a função dos leucócitos, reduz a resposta imune celular e a função
dos monócitos, e a hiperglicemia, prejudica a função do Sistema Complemento (SC).
Além da menor capacidade de fagocitose apresentada pelos neutrófilos,
relacionada aos níveis de hiperglicemia, Rocha et al. (2002) relatam mais duas
alterações imunológicas importantes no processo infeccioso no paciente diabético:
1. a alteração na aderência, quimiotaxia e opsonização leucocitária, levando
a uma resposta ineficiente e retardada aos agentes patogênicos;
2. a alteração dos sistemas antioxidantes e diminuição da interleucina, que
refere ser ponto chave no processo inflamatório necessário a uma resposta
imunológica eficaz. Esse conceito está sendo revisto pelos atuais estudos
de Imunologia.
Concernente a avaliação das feridas e alterações vasculonervosas nos pés de
pacientes diabéticos, Wagner (1981), citado por Dealey (2001), propôs uma
classificação de seis graus, bastante utilizada na prática hospitalar, distribuídos da
seguinte forma:
Grau 0: pé em risco.
Grau 1: Úlcera superficial não infectada clinicamente.
Grau 2: Úlcera mais profunda, freqüentemente infectada, sem osteomielite.
Grau 3: Úlcera mais profunda, formação de abscesso, osteomielite.
Grau 4: Gangrena localizada (dedo, parte dianteira do pé ou calcanhar).
Grau 5: Gangrena de todo o pé.
As úlceras de graus 0-3 tendem a ser predominantemente neuropáticas,
enquanto as de graus 4 ou 5 a isquemia é o fator principal (DEALEY, 2001).
Nunes et al. (2006) em estudo prospectivo sobre a predisposição para
33
amputação de membro inferior, em pacientes diabéticos internados com pés
ulcerados, relataram que a gravidade das lesões, as ausências de detecção dos dois
pulsos distais e a idade acima de 60 anos são fatores predisponentes para a
ocorrência de amputação.
A causa mais freqüente de hospitalização entre os pacientes diabéticos são as
feridas nos pés. A estimativa é que cerca de 15% dos diabéticos apresentarão uma
úlcera durante o curso da doença (NEGRATO, 2006).
34
2 QUESTÃO DE PESQUISA
Feridas nos pés de pessoas diabéticas têm impacto negativo sobre a Qualidade
de Vida?
35
3 HIPÓTESES
O presente estudo foi norteado pelas hipóteses de que apresentariam menores
escores de Qualidade de Vida pessoas:
Sem atividade profissional;
Do sexo masculino;
Separadas;
Com maior tempo de Diabetes mellitus;
Amputadas;
Com baixa renda;
Com mais tempo de desenvolvimento das feridas;
Com número maior de feridas.
36
4 OBJETIVOS
4.1 Geral
Avaliar a Qualidade de Vida de pessoas diabéticas com feridas nos pés.
4.2 Específicos
4.2.1 Descrever o perfil sócio-demográfico e clínico da amostra;
4.2.2 Analisar os escores de Qualidade de Vida total e das subescalas;
4.2.3 Correlacionar os escores de Qualidade de Vida segundo as características sócio-
demográficas (sexo, idade, atividade profissional, renda familiar) e clínicas (tempo de
Diabetes mellitus, tempo com a ferida, número de feridas e presença de amputação) da
amostra estudada.
37
5 CASUÍSTICA E MÉTODO
Este estudo é do tipo descritivo, transversal com abordagem quantitativa.
5.1 Locais do Estudo
O estudo foi desenvolvido no município de Manaus, no período de 20
fevereiro a 20 agosto de 2008 (seis meses), nos ambulatórios de Cirurgia Vascular do
Hospital Universitário Getúlio Vargas (HUGV) e do Hospital Fundação Adriano
Jorge (HFAJ) e no setor de internação de Cirurgia Vascular, do Hospital e Pronto
Socorro Doutor João Lúcio Pereira Machado (HJLPM), localizados na cidade de
Manaus, Amazonas.
5.1.1 Descrição dos Locais de Estudo
O Hospital Universitário Getúlio Vargas da Universidade Federal do
Amazonas é um hospital de médio porte com aproximadamente 260 leitos, referência
na formação de profissionais da área de saúde, portanto, campo de prática de
acadêmicos de enfermagem. Sua estrutura física é composta por unidades de
internação (clínica cirúrgica de homens e mulheres, clínica neurológica, clínica
cardiológica, pronto-socorro, clínica médica, clínica pediátrica, clínica ortopédica,
clínica renal, centro cirúrgico, sala de recuperação pós-anestésica, centro de material
esterilizado e unidade de terapia intensiva).
O Hospital Geral Adriano Jorge foi fundado em 1953, completando, em 2008,
55 anos de existência. Seu funcionamento teve início no bairro da Cachoeirinha, que
38
na época, era um bairro muito afastado do centro da cidade, para realizar tratamento
de pacientes com tuberculose. A instituição foi criada pela Campanha Nacional
contra Tuberculose (CNCT) com 432 leitos reservados para o tratamento dessa
doença. Era administrado pelo Ministério da saúde e foi transformado em hospital
geral após os anos 60, quando a unidade funcionou sob uma gestão formada pelos
governos Estadual e Federal.
Hoje, subordinada à Secretaria de Estado da Saúde, a Instituição atende,
principalmente, como unidade de apoio aos pronto-socorros de Manaus. Funcionando
em instalações modernas e confortáveis, distribuídas em cinco blocos, quatro andares
de Enfermarias, Ambulatório, Centro Cirúrgico, Clínicas Ortopédica, Cirúrgica e
Médica, além dos setores administrativos.
Possui vários programas de atendimento especializado, dentre os quais é
referência no acompanhamento de diabéticos com feridas nos pés.
O Hospital e Pronto Socorro João Lúcio Pereira Machado inaugurado em 1998
é referência no atendimento de urgência e emergência na capital, sendo o hospital de
maior demanda do Estado, com média diária de 520 atendimentos e até 700
internações por mês. Possui 147 leitos disponíveis para clínica médica, cirúrgica e
terapia intensiva.
O setor de cirurgia vascular acolhe, dentre outros, pacientes diabéticos com
feridas nos pés para realização de procedimentos como desbridamento cirúrgico e
amputação, bem como, para tratamento clínico, principalmente nos casos das
feridas infectadas.
5.2 Amostra
Foi utilizada uma amostra não-probabilística obtida no período de seis meses
39
(fevereiro a agosto de 2008), por meio de busca ativa de pacientes diabéticos com
feridas nos pés, nos três serviços supracitados.
Das 77 pessoas abordadas, quatro não consentiram em participar da pesquisa
dando como justificativa não querer falar sobre questões pessoais; sete não tinham
condições físicas para responder às perguntas até o fim (dispnéia e sonolência) e
cinco, apesar de não terem diagnóstico que justificasse déficit neurológico, não
conseguiram compreender as questões, respondendo-as de forma desconexa. É
importante ressaltar que muitos pacientes que foram entrevistados no hospital
(internados) eram encaminhados, após alta, aos ambulatórios onde acontecia a
pesquisa. Portanto, a amostra do estudo foi constituída por 61 pacientes que
atenderam aos seguintes critérios de elegibilidade:
Ter idade superior ou igual a 18 anos;
Apresentar ferida(s) no(s) pé(s) de etiologia neuropática, vascular ou
mista, com ou sem infecção, decorrentes de DM tipo 1 ou 2, sem limites
de tempo, número ou recidivas de lesões (sendo considerado “pé” a
estrutura do tornozelo ou abaixo dele);
Matriculados nos ambulatórios dos diferentes serviços, presentes para
consultas médicas, para realização de curativos ou internados no HJLPM
no período de coleta de dados. Como se tratou de uma pesquisa
transversal, mesmo mudando a condição de atendimento (ambulatório para
internação ou vice versa), o instrumento foi aplicado uma única vez.
Concordar em participar do estudo e assinar o Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido (APÊNDICE A);
Ter condições físicas, mentais e intelectuais para compreender os
objetivos do estudo.
40
Foram excluídos dessa pesquisa:
Pessoas de etnias indígenas e
Aqueles que não se enquadraram nos critérios de inclusão.
5.3 Coleta de Dados
5.3.1 Procedimentos
Inicialmente o projeto foi submetido à apreciação do Comitê de Ética em
Pesquisa da Universidade Federal do Amazonas-UFAM e aprovado sob o protocolo:
CAAE – 0284.0.115.193-07 (ANEXO A) e autorização da autora que construiu o
IQVFP-VF (ANEXO B).
As entrevistas foram realizadas em sala privativa, concedidas pelos serviços,
antes ou após a consulta médica ou procedimento relacionado à(s) ferida(s) (curativo,
desbridamento etc.) e ainda, à beira do leito quando esses pacientes estavam acamados
e essa condição não permitia deslocamento. Após a leitura do Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido era iniciada a coleta dos dados sócio-demográficos.
O preenchimento do Índice de Qualidade de Vida-Versão Feridas (IQVFP-VF)
pode ser aplicado por duas formas, propostas por Yamada (2001): assistida, para
pacientes com maior escolaridade; e entrevista para aqueles com baixa escolaridade. Para
a forma assistida, o próprio paciente preenche o questionário sendo acompanhado pela
pesquisadora somente nas dúvidas. Na entrevista, após orientações quanto ao
funcionamento do IQVFP-VF e o sistema de pontuação, cada item é lido e solicitado ao
paciente para pontuar a resposta que julgasse mais adequada para si. Caso o item não
fosse entendido, lia-se novamente até que todas as dúvidas fossem esclarecidas para que o
paciente pudesse, então, escolher a resposta mais apropriada para si (YAMADA, 2001).
41
Nesse estudo o IQVFP-VF foi aplicado na forma de entrevista para todos, pois
as pessoas tinham baixo grau de escolaridade o que conceituou fator limitante para a
auto-aplicação.
A coleta de dados foi feita pela pesquisadora que, previamente, se submeteu o
treinamento, para aplicação do IQVFP-VF, com a autora que construiu e validou esse
instrumento e por duas acadêmicas finalistas do curso de Enfermagem que receberam
treinamento, acompanhamento e supervisão da pesquisadora.
5.3.2 Instrumentos utilizados
Para coleta de dados foi empregado o instrumento que consta de duas partes.
A primeira corresponde aos dados sócio-demográficos e clínicos que foi
desenvolvida por Yamada (2001), adaptada para aplicação ao paciente com DM
(ANEXO C) e a segunda parte pelo IQVFP-Versão Ferida. (ANEXO D).
Os dados sócio-demográficos que compõe o instrumento estão relacionados:
ao nome, idade, sexo, estado civil, número de filhos, religião, grau de instrução,
atividade profissional atual, renda mensal familiar, atividade de lazer; os dados
relacionados à ferida: relativos ao início da ferida, ao tempo com a ferida atual (em
meses), ao número de ferida(s) que possui, em que pé está(ão) localizada(s) a(s)
ferida(s) e os dados clínicos
:como faz para controlar o DM, há quanto tempo em
DM, qual o tipo de DM, se houve amputações anteriores e, em caso afirmativo,
quantas foram. (YAMADA, 2006, adaptado para este estudo).
Inicialmente, foi realizado um pré-teste com 15 pessoas para reconhecimento
das possíveis deficiências da primeira parte do questionário (dados sociais e
demográficos). Esse teste permitiu detectar a falta de informações sobre: atividade
de trabalho que exerceu a maior parte da vida, como iniciou a ferida e, no caso de
42
afastamento da atividade profissional atual, informar se o motivo foi para
tratamento da ferida. Tais itens foram acrescentados ao questionário, e procurado
os sujeitos para completar esses dados. Tendo em vista que o IQVFP-VF foi
integralmente compreendido pelos mesmos e a dificuldade de compor uma amostra
(desistência no decorrer da entrevista, recusa em para participar e escassez de
pacientes que se enquadrassem na pesquisa), foi utilizada a amostra do pré-teste na
amostra final do estudo.
O IQVFP-Versão Feridas é composto de 70 itens de avaliação da QV,
estruturados em duas partes. A primeira é constituída por 35 itens destinados à
avaliação da satisfação com a vida, e a segunda parte é composta pelos mesmos itens
para avaliar a importância atribuída pela pessoa a cada item. Embora os 35 itens que
compõem a primeira parte do IQVFP-VF estejam repetidos na segunda parte, existem
pequenas modificações em algumas questões, quanto a forma de apresentação.
Apesar de constarem 35 itens de avaliação, há um deles, referente a filhos (17), que é
excludente, fazendo com que, apenas, 34 itens sejam contabilizados na pontuação,
quando todos os itens são respondidos.
No momento do preenchimento do IQVFP-Versão Feridas, os pacientes
respondem os itens de cada uma das partes, atribuindo valores em uma escala de seis
pontos, tipo Likert, que varia de “muito insatisfeito” a “muito satisfeito” para os
itens de satisfação com a vida e de “sem nenhuma importância” a “muito importante”
para os itens de importância (FERRANS; POWERS, 1985, 1992).
A pontuação inicial de cada um dos itens de satisfação nessa escala é de
1;2;3;4;5;6. Para realizar a recodificação dos mesmos subtraem-se 3,5 (ponto médio
da escala likert) de cada um desses números iniciais obtendo como nova pontuação: -
2,5;-1,5;-0,5; +0,5; +1,5 e +2,5 (FERRANS; POWERS, 1985a).
43
A atribuição dos escores do IQVFP-VF foi desenvolvida de tal forma que cada
item de satisfação recodificado é multiplicado pelo seu correspondente de
importância a fim de produzir um escore ajustado. Tal ajuste reflete não apenas a
satisfação, mas também o quanto cada aspecto é valorizado pelo indivíduo
(FERRANS; POWERS, 1985b).
Os valores obtidos, que resultam do valor total do IQVFP-VF, variam de 0 a
30, sendo a melhor QV indicada pelos maiores valores. Para calcular os escores de
cada domínio, foi seguido o mesmo procedimento do IQV Total (FERRANS;
POWERS, 1985). Os itens não respondidos, em ambas ou em uma das partes do IQV,
não foram considerados no processo de cálculo.
Não existe ponto de corte no instrumento. Porém, para fins de discussão dos
resultados obtidos, este estudo adotou a categorização proposta por Yamada (2001),
assim distribuída: 24|-|30 (QV Muito Boa); 18|- 24 (QV Boa); 12|-18
(Regular); 6|- 12 (QV Ruim) e 0|- 6 (QV Muito Ruim) (YAMADA, 2001).
Para atender os objetivos propostos neste estudo, foram utilizadas estatísticas
descritivas na análise dos dados sócio-demográficos e das características clínicas.
Para a análise inferencial, os seguintes procedimentos estatísticos utilizados:
Intervalo de confiança de 95%, usado para estimar o valor médio real das
variáveis quantitativas e porcentagens reais de alguns eventos de interesse
do estudo;
Teste de Normalidade de Shapiro, usado para testar a hipótese de
normalidade das variáveis quantitativas do estudo;
Coeficiente de Correlação Ordinal de Sperman e o Coeficiente de
Correlação Linear de Pearson, usados na avaliação das correlações;
Teste de Mann-Whitney e t-student para a comparação entre as médias de
44
variáveis de duas populações independentes;
Análise de Regressão Múltipla, usada para avaliar a “força do
relacionamento”, no sentido de poder regressivo – medido pelo quadrado do
coeficiente de correlação – das variáveis quantitativas com o IQVT;
Teste de “post hoc de Benferroni, usado na avaliação das diferenças
detectadas nas análises de Variância, e
Análise de Variância usada na comparação entre as médias de variáveis de
mais de duas populações independentes com distribuição normal.
45
6 ANÁLISE DA CONFIABILIDADE DO INSTRUMENTO
O coeficiente de confiabilidade alfa de Cronbach foi usado para medir a
Consistência Interna do IQVFP-VF para esse estudo. A confiabilidade é um termo
genérico que indica quão bem uma medida pode ser replicada repetidamente nas mesmas
pessoas produzindo resultados semelhantes (DUARTE; CICCIONELLI, 2006).
Os valores de alfa de Cronbach variam de 0-1, e quanto maior o coeficiente,
maior a consistência interna e homogeneidade dos itens, o que indica acurácia da
medida. Bowling (1997) apud Yamada (2006) considera que valores de alfa
inferiores a 0,5 são indicativos de inconsistência.
O estudo da consistência interna para essa pesquisa foi obtida por meio do
pacote estatístico SPSS® e estão descritos na Tabela abaixo:
Itens N Coeficiente de Alfa de Cronbach
Domínios
4 0,83
Itens da escala 34 0,93
Saúde/Funcionamento 19 0,89
Sócio-Econômico 5 0,76
Psicológico/Espiritual 7 0,89
Família 3 0,83
Tabela 2: Coeficientes de Fidedignidade de Cronbach dos Domínios e Itens. Manaus, Fev/Ago 2008
Os dados da Tabela 1 mostram que a variação dos coeficientes foi de 0,76 a
0,93. Nos domínios os valores foram de 0,89; 0,89; 0,83 e 0,76 respectivamente para
SF, PE, Fa e SE.
Na avaliação do IQVFP Total obteve-se o índice de 0,93. Esses resultados
permitem constatar que todos os coeficientes de Cronbach são superiores a 0,50 e,
portanto, considerados satisfatórios, para atestar a consistência interna do
instrumento para a população alvo.
46
7 RESULTADOS
Os resultados desse estudo são apresentados em forma de tabelas, gráficos e figuras,
por meio de análise descritiva de freqüência, média, mediana e desvio-padrão. Inicialmente
são exibidos os resultados da análise da caracterização sócio-demográfica, das informações
sobre a ferida e das condições clínicas e em seguida as análises de Qualidade de Vida total e
seus respectivos domínios.
7.1 Caracterização da Amostra
7.1.1 Análise dos Dados Sócio-Demográficos
A distribuição das características sócio-demográficas da amostra está expressa na
Tabela 3.
VARIÁVEL
DISTRIBUIÇÃO
n %
SEXO
Feminino 28 46%
Masculino 33 54%
IC para 95% para % Feminino (39, 52 ; 52, 28)
IDADE
0|--20 0 0%
20|--40 1 2%
40|--60 19 31%
60|--80 34 56%
80|--100 7 11%
Média 59.65 Mediana 58
Desvio Padrão 11 Máximo 23
IC para 95% (56.76 ; 62.51) Mínimo 81
Tabela 3: Distribuição da Amostra Segundo as Variáveis Sócio-Demográficas. Manaus, Fev /Ago 2008
47
VARIÁVEL
DISTRIBUIÇÃO
n %
Estado Civil
União estável 29 47,5%
Separado 7 11,5%
Solteiro 11 18%
Viúvo 14 23%
Número de Filhos
0|--2 3 5%
2|--4 19 31%
4|--6 12 20%
6|--8 14 23%
8|--10 7 11%
10|--12 1 2%
12|--|14 5 8%
Média 5.30 Mediana 5
Desvio Padrão 0.4 Máximo 14
IC para 95% (4.44 ; 6.159) Mínimo 0
Escolaridade
Não estudou 9 15%
Fundamental incompleto/ completo 34 56%
Médio incompleto/ completo 15 25%
Superior incompleto / completo 2 3%
Outros 1 2%
Total geral 61 100%
Religião
Cristã Católica 50 82%
Cristã Evangélica 10 16%
Não tem 1 2%
Atividade profissional que exerceu por mais tempo
Servidor público 10 16,4%
Artistas 4 6,6%
Técnicos 8 13,1%
Serv. administrativo 4 6,6%
Comerciantes 2 3,3%
Agricultores 7 11%
Industriários 2 3,3%
Serv. manutenção 9 14,8%
Autônomo 6 9,8%
Do lar 9 14,8%
Atividade Profissional Atual
Servidor Público 2 3,3%
Artista 2 3,3%
Setor Administrativo 1 1,6%
Comerciantes 1 1,5%
Agricultores 1 1,6%
Servidor de Manutenção 2 3,3%
Autônomo 2 3,3%
Do lar 9 14,8%
Aposentado 19 31%
Afastado 22 36%
Tabela 3: Distribuição da Amostra Segundo as Variáveis Sócio-Demográficas.Manaus, Fev /Ago 2008 cont.
48
VARIÁVEL
DISTRIBUIÇÃO
n %
Renda
< 1 salário mínimo 3 4,9%
1 salário mínimo 12 19,7%
2 salários mínimos 14 23%
3 salários mínimos 10 16,4%
>=4 salários mínimos 22 36%
Lazer
Atividade Manual 2 3,3%
Atividade Lazer passivo 19 31,1%
Atividade Lazer ativo 20 32,8%
Não tem 20 32,8%
Tabela 3: Distribuição da Amostra Segundo as Variáveis Sócio-Demográficas. Manaus, Fev /Ago 2008 Cont.
Os dados da Tabela 3 informam que dos 61 pacientes, que participaram da amostra
deste estudo, 33 (54%) eram do sexo masculino; que quanto ao estado civil 29 (47,5%)
estavam com união estável e 7 (11,5%) separados. O número de filhos variou entre 1 a 14
filhos, com média de 5.25 (±3,29) e mediana de 5.0 filhos (p<0,005).
A idade variou de 23 a 81 anos, com média de 59,0 (±11,26) e mediana de 58,1 anos,
com predomínio da faixa etária de 60 a 80 anos (56%).
Quanto à escolaridade, a maioria 34 (56%) cursou ensino fundamental
(incompleto/completo), enquanto, apenas um (2%) cursou o ensino superior. Apesar de nove
(15%) pessoas da amostra não terem estudo, não foram classificados como analfabetos, pois
sabiam escrever o seu próprio nome.
Na variável relacionada ao tipo de religo, 60 (98%) das pessoas eram cristãs, sendo
50 (82%) católicos e 10 (16%) evangélicos.
Quanto à renda familiar, 22 (36%) famílias recebiam valores mensais iguais ou
superiores a quatro salários mínimos (R$1660,00 reais mensais), apenas duas (3%) recebiam
menos que um salário e uma família (2%) sem renda.
Na situação frente ao trabalho, de acordo com a Classificação Brasileira de
Ocupações-CBO (BRASIL, 2002), na amostra foi predominante o número de pessoas
49
afastadas da atividade profissional por causa da ferida no pé, 22 (36%), seguido de 19
(31,1%) aposentados por idade ou por tempo de serviço.
Concernente ao lazer, foi observado um percentual significativo (32%) de pessoas que
gostam de desenvolver atividades de forma ativa (caminhar, jogar futebol), seguido do mesmo
percentual que referiram não ter atividade de lazer.
7.1.2 Análise dos Dados Clínicos
A Tabela exibe a distribuição das variáveis relacionadas com as características
clínicas da população estudada.
1. TEMPO COM DM (anos) n %
< 5 anos 14 22%
5--|10 15 23%
10--|20
26
41%
> 20 9 14%
Média 9,89 Mediana 10
Desvio Padrão 0,85 Máximo 30
IC para 95% (8.18 ; 11.602) Mínimo 0,019
2. CONTROLE DO DM n %
Hipoglicemiante oral/alimentação 38 62,3%
Hipoglicemiante oral 13 21,3%
Hipoglicemiante oral/alimento/insulina 9 14,8%
Hipoglicemiante oral/alimentação/exercício físico 1 1,6%
3. ÍNDICE DE MASSA CORPÓREA (IMC) n %
IMC menor do que 18.5 kg/m² - Peso abaixo do Normal 2 3%
IMC 18.5 a 24.4 kg/m² - Normal 23 38%
IMC 24.5 a 29.9 - Pré-Obesidade 24 39%
IMC 30.0 a 34.9 kg/m² - Obesidade classe I 8 13%
IMC 35.0 a 39.9 kg/m² - Obesidade classe II 3 5%
IMC de 40 ou mais kg/m² - Obesidade classe III 1 2%
Média 26.2 Mediana 25.6
Desvio Padrão 4.6 Máximo 40
IC para 95% (25.06 ; 27.45) Mínimo 17.7
Tabela 4: Distribuição da Amostra Segundo as Variáveis Clínicas. Manaus, Fev /Ago 2008
50
4. COMO INICIOU A FERIDA
n %
Calçado 9 14,8%
Ferimento por objeto cortante/perfurante 18 29,5%
Fissura plantar/calosidade 12 19,7%
Mordida de animal/formiga/jacuraru/rio 3 4,9%
Obstrução arterial 1 2%
Tropeço 14 23%
Outros (Úlcera por pressão/micose/unha encravada) 4 7%
5. TEMPO COM A FERIDA n %
1 ano 37 61%
1--|10 19 31%
10--|20 3 5%
>20 anos 2 3%
Média 2,3 Mediana 0,25
Desvio Padrão 0,8 Máximo 35
IC para 95% (0.69 ; 3.99) Mínimo 0,008
6. NÚMERO DE FERIDAS n %
1 52 85%
2 6 10%
3 3 5%
Média 1,19 Mediana 1
Desvio Padrão 0,06 Máximo 3
IC para 95% (1.06 ; 1.3274) Mínimo 1
7. LOCALIZAÇÃO DO PÉ ULCERADO n %
Esquerdo 36 59%
Direito 20 32,8%
Ambos 5 8,2%
IC para 95% para % Pés Esquerdo (57,88 ; 70,69)
8. AMPUTAÇÃO n %
Não 42 68,9%
Sim 19 31,1%
IC para 95% para % Sim (16.50; 46.50)
9. QUANTIDADE DE AMPUTAÇÃO n %
1 11 58%
2 6 32%
3 1 5%
6 1 5%
Média 1,684 Mediana 1
Desvio Padrão 1,204 Máximo 6
IC para 95% (1,1030 ; 2,2647) Mínimo 0
Tabela 4: Distribuição da Amostra Segundo as Variáveis Clínicas. Manaus, Fev /Ago 2008 cont.
Das 61 pessoas estudadas 100% tinham DM2 (TABELA 4). Dessas, 26 (41%)
desenvolveram doença entre 10 a 20 anos atrás com média de 9,89 (±0,85) e 37
51
(61%) dispunham como principal forma de controle do DM o uso de hipoglicemiante
oral e controle alimentar.
Quanto ao Índice de Massa Corpórea, foi constatado que 24 (39%) dos
diabéticos estavam no intervalo de risco para obesidade (pré-obesidade), 24,5-29,9
kg/m², com média de 26,20 (±4.6).
Concernente ao fator que desencadeou o aparecimento da ferida, 17 (28%)
pessoas referiram que a ferida iniciou por ter pisado em objeto cortante (vidro) ou
perfurante (prego) e 23% por tropeço (“topada”).
Analisando o tempo de ocorrência da ferida, foi observado variação de 0,008
(dias) a 35 anos, com média de 2,3 anos (±0,8) e mediana de 0,25, sendo que a
maioria das pessoas, 37 (61%), conviviam com a lesão por menos de 1 ano.
Com relação ao número de feridas, 52 (85%) pessoas apresentaram apenas
uma (1) ferida, com média de 1,19 (±0,06). O número máximo de feridas relatado foi
de três (3) para 3 (5%) pessoas entrevistadas.
Quanto à localização das feridas, 36 (59%) pacientes apresentaram ulceração
no pé esquerdo e 5 (8,2) em ambos os pés. Por isso foram totalizados 66 pés com
feridas sendo 41 localizadas no pé esquerdo e 25 no direito.
Com respeito à amputação, 42 (69%) pessoas não haviam realizado tal
procedimento. Das 19 (31%) pessoas amputadas, o número de intervenções variou de
uma a seis, sendo que 11 (58%) sofreram apenas uma amputação.
7.2 Dados Sobre a Análise da Qualidade de Vida da Amostra
7.2.1 Categorização dos Escores Médios da Qualidade de Vida Total
Na Tabela 5 está apresentada a categorização proposta para este estudo, dos
escores médios atribuídos pelos pacientes com feridas nos pés, para a QV Total.
52
Categoria n %
0|--6 (Muito Ruim) 0 0%
6|--12 (Ruim) 3 5%
12|--18 (Regular) 14 23%
18|--24 (Boa) 21 34%
24|--30 (Muito Boa) 23 38%
Tabela 5: Distribuição de Freqüências da QV Total Segundo a Categoria. Manaus, Fev/Ago 2008
Os dados da Tabela 5 mostram que 23 (38%) e 21 (34 %) pessoas diabéticas
com feridas nos pés estão inseridas dentro das categorias que consideram a QV Total
como “muito boa” e “boa”, respectivamente. Catorze (23%) pessoas apresentaram
escores médios enquadrados em QV “regular” e somente três (5%) pessoas da
amostra apresentaram QV Total “ruim”. Não foram obtidos índices inferiores a seis,
categorizados como QV “muito ruim”.
7.2.2 Análise dos Escores Médios do IQV Total, dos Seus Domínios e Itens
Na Tabela 6 estão os resultados obtidos na análise da qualidade de vida obtida
no IQVFP-VF Total e nos domínios. Já, a Figura 1 exibe o Boxplot do IQV Total e
dos seus respectivos domínios com barra de erros representando o Intervalo de
Confiança (IC) de 95% para cada média correspondente.
Variável n Média Desvio padrão Mediana IC 95%
IQV Total 61 20,66 ±5,29 20,70 (19.31; 22.02)
SF 61 17,07 6,46 17,05 (15.41; 18.75)
SE 61 24,85 6,21 26,40 (23.26 ; 26.44)
PE 61 25,96 6,12 28,29 (24.38 ; 27.52)
Fa 61 23,28 5,39 26,25 (21.90; 24.66)
Tabela 6: Medidas Descritivas dos Domínios e do IQV Total. Manaus, Fev /Ago 2008
53
Item Elemento a ser avaliado Média
1 Saúde 16.86
2 O cuidado com a saúde 21.36
3 Dor na ferida 15.11
4 Dor não relacionada a ferida 17.71
5 O tratamento para a dor 23.10
6
Estar com ferida 6.39
7
Tempo de cicatrização 10.62
8 Drenagem e odor da ferida 16.83
9 A aparência da ferida 17.73
10 Energia (fadiga) 17.25
11 Capacidade para se cuidar sem ajuda de outra pessoa 18.22
12 Controle sobre a própria vida 20.64
13
Mudanças na vida por causa da ferida 10.31
14 Capacidade de movimentar-se e locomover-se 15.15
15 Possibilidade de viver tanto quanto gostaria 22.19
22 Sono 22.98
23
Preocupações 6.51
27 Lazer, diversão 18.92
28 Possibilidade de futuro feliz 24.53
Tabela 7: Média dos escores de QV dos itens do Domínio Saúde/Funcionamento. Manaus, Fev/Ago 2008
Da d os
QV FAQV PEQV SEQV SFQVTotal
30
25
20
15
10
5
0
Boxplot dos dos Domínios e do IQVTotal
Figura 1: Boxplot dos Domínios e do IQV Total. Manaus, Fev/Ago 2008
A análise da Tabela 6 e Figura 1 mostra que apenas o IQVT e o domínio Saúde
/ Funcionamento apresentam distribuição simétrica. Além disso, foi identificado 2, 6,
e 7 “outliers” para o os Domínios Sócio/Econômico e Psicológico/E e Família,
respectivamente. Todos os “outliers” observados são do tipo que reduzem o valor da
média dessas variáveis.
Os dados da Tabela 7 permitem constatar que os itens de menores escores no
54
Domínio Saúde/Funcionamento foram os relacionados ao fato de estar com a ferida,
à quantidade de preocupações, às mudanças na vida por causa da ferida e ao
tempo de cicatrização com médias e 6,9; 6,51; 10,51 e 10,62, respectivamente.
Item Elemento a ser avaliado Média
19 Amigos 24.97
21 Suporte emocional de pessoas que não são da família 24.08
24 Vizinhança 25.63
25 Lar 25.28
26 Administrar o dinheiro
23.11
Tabela 8: Média da QV dos itens do Domínio Sócio-econômico. Manaus, Fev/Ago 2008
Os resultados obtidos na Tabela 8 mostram que o item 26 (administrar o dinheiro) foi
o que obteve o menor escore médio (23,11) no Domínio Sócio-econômico.
Item Elemento a ser avaliado Média
29 Paz de espírito, tranqüilidade 26.34
30 Fé em Deus 29.02
31 Objetivos pessoais
24.45
32 Felicidade 25.20
33 Satisfação com a vida
24.71
34 Aparência pessoal 25.06
35 Consigo próprio (self) 25.93
Tabela 9: Média da QV dos itens do Domínio Psicológico/Espiritual. Manaus, Fev/Ago 2008
O exame da Tabela 9 mostra que o item 31 (objetivos pessoais) foi o que obteve
menor escore do Domínio PE com média de 24,45, seguido do item 33 (satisfação com a
vida) com média de 24,71.
Item Elemento a ser avaliado Média
16/17 Filhos / não ter filhos 25.89
18 Felicidade da família 24.69
20 Suporte emocional da família 26.02
Tabela 10: Média dos escores dos itens do Domínio Família. Manaus, Fev/Ago 2008
A análise da Tabela 10 mostra que não houve variabilidade importante no
Domínio Fa, sendo o item 18 (felicidade da família) o que obteve menor escore
(24,69).
55
Categoria n %
0|--6 (Muito Ruim) 2 3%
6|--12 (Ruim) 13 21%
12|--18 (Regular) 18 30%
18|--24 (Boa) 15 25%
24|--30 (Muito Boa) 13 21%
Total 61 100%
Tabela 11: Cate
g
orização dos escores de QV do Domínio Saúde/Funcionamento.
Manaus, Fev/Ago 2008.
Os dados exibidos na Tabela 11 mostram que ao analisar a QV segundo o Domínio
SF, 33 (54%) pessoas estavam nas categorias “muito ruim”, “ruim” e “regular”, enquanto 28
(46%) nas categorias “boa” e “muito boa”.
7.2.3 Análise de Correlação entre cada Domínio, o IQVFP-VF Total e as Variáveis
do Estudo.
7.2.3.1 Variáveis Sócio-demográficas
As correlações entre o IQVFP-VF total, as variáveis sociais, demográficas e
clínicas investigadas no estudo, objetivaram avaliar se essas variáveis têm alguma
influência na QV dos indivíduos com feridas nos pés. Tais análises são apresentadas
nas tabelas 11, 12,13
Variável Correlação
Idade -0.02
Renda 0.11*
Sexo 0.11*
Atividade Profissional 0.03
*Estatisticamente significativo, porém, a relação é fraca
Tabela 12: Cate
g
orização dos escores de QV do Domínio Saúde/Funcionamento.
Manaus, Fev/Ago 2008.
Os resultados apresentados na Tabela 12 revelam que as variáveis atividade profissional
e idade não estão correlacionadas com IQV Total (r= 0,03 e r= -0, 02, respectivamente) e que a
renda e o sexo têm relação fraca com o IQV Total (ambos com r=0,11).
56
SEXO N Média Desvio-padrão
Qualidade de Vida Total
Fem
28
21,94 5,48
Mas
33
20,83 5,85
Domínio Saúde e Funcionamento
Fem
28
18,03 6,89
Mas
33
16,97 6,61
Domínio Sócio-econômico
Fem
28
25,74 5,19
Mas
33
23,66 7,15
Domínio Psicológico/espiritual
Fem
28
27,26 4,05
Mas
33
24,59 7,79
Domínio Família
Fem
28 24,45 8,49
Mas
33
26,45 5,77
Tabela 13: Comparação das médias dos domínios da qualidade de vida entre homens e mulheres.
Manaus, Fev/Ago 2008.
Apesar das pessoas do sexo feminino apresentarem médias de QV nos domínios SE,
SF e Família maiores que as do sexo masculino, não foram estatisticamente significativas
(p>0,05).
N Média
Desvio-
padrão
Intervalo de
Confiança de 95%
Mínimo Máximo
Limite
inferior
Limite
superior
Qualidade de Vida
Total
União estável
29 23,04 4,32 21,36 24,72 13,16 29,79
Separado
7
16,05
5,60 10,87 21,22 5,84 25,01
Solteiro
11 19,20 6,77 14,65 23,75 9,40 29,80
Viúvo
14 22,22 5,58 19,00 25,44 12,80 30,38
Total
60 21,33 5,67 19,87 22,79 5,84 30,38
Domínio Saúde e
Funcionamento
União estável
29 19,28 5,58 17,16 21,40 8,47 28,74
Separado
7
11,23
5,12 6,49 15,96 5,95 20,84
Solteiro
11 15,48 7,51 10,43 20,53 6,63 28,11
Viúvo
14 18,35 7,24 14,17 22,53 5,74 29,37
Total
61 17,46 6,70 15,74 19,17 5,74 29,37
Domínio Sócio-
econômico
União estável
29 27,43 3,86 25,97 28,90 15,60 30,00
Separado
7
19,11
8,12 11,61 26,62 4,60 28,50
Solteiro
11 20,73 7,85 15,46 26,00 6,00 30,00
Viúvo
14 24,58 5,48 21,42 27,74 11,10 30,00
Total
61 24,61 6,36 22,99 26,24 4,60 30,00
Tabela 14: Comparação das médias dos domínios da QV entre tipos de estado civil. Manaus,
Fev/Ago 2008
57
N Média
Desvio-
padrão
Intervalo de
Confiança de 95%
Mínimo Máximo
Limite
inferior
Limite
superior
Domínio
Psicológico/espiritual
União
estável
29 26,61 6,56 24,12 29,11 ,00 30,00
Separado
7
23,02
9,05 14,65 31,39 4,29 30,00
Solteiro
11 23,81 6,98 19,12 28,49 9,43 30,00
Viúvo
14 27,15 3,58 25,08 29,21 19,71 30,00
Total
61 25,82 6,44 24,17 27,47 ,00 30,00
Domínio Família
União
estável
29 27,66 4,60 25,91 29,41 10,00 30,00
Separado
7
20,00
9,45 11,26 28,74 6,00 30,00
Solteiro
11 23,59 9,34 17,32 29,86 ,00 30,00
Viúvo
14 25,43 7,25 21,24 29,61 4,00 30,00
Total
61 25,53 7,15 23,70 27,36 ,00 30,00
Tabela 14: Comparação das médias dos domínios da QV entre tipos de estado civil. Manaus, Fev/Ago
2008 cont.
A observação inicial da tabela 14 sugere que no, Domínio Família, todos os
estados civis tiveram médias superiores a das pessoas separadas (p=0,045).
N Média
Desvio-
padrão
Intervalo de
Confiança de 95%
Mínimo Máximo
Limite
inferior
Limite
superior
Qualidade de
Vida Total
Servidor público
10 23,42 5,21 19,70 27,15 15,38 30,38
Artista
4 23,23 6,92 12,21 34,25 13,16 28,00
Técnico
8 19,60 5,66 14,87 24,33 11,05 28,05
Setor administrat.
4 22,10 5,12 13,96 30,25 14,69 25,96
Comerciantes
2 17,81 16,93 -134,34 169,96 5,84 29,79
Agricultores
7 18,19 4,46 14,07 22,32 12,80 24,21
Industriários
2 23,69 8,35 -51,30 98,69 17,79 29,60
Servidor de manut.
9 20,81 4,57 17,29 24,32 13,63 29,80
Autônomo
6 23,21 4,84 18,13 28,29 16,26 28,45
do lar
8 21,31 5,73 16,51 26,10 9,40 27,60
Total
60 21,33 5,67 19,87 22,79 5,84 30,38
Domínio Saúde e
Funcionamento
Servidor público
10 19,59 7,19 14,45 24,73 7,42 29,37
Artista
4 19,82 7,07 8,56 31,07 9,79 24,95
Técnico
8 15,79 6,63 10,25 21,34 8,21 26,84
Setor administrat.
4 19,03 3,62 13,27 24,79 13,97 22,26
Comerciantes
2 17,18 15,89 -125,59 159,96 5,95 28,42
Agricultores
7 13,14 5,31 8,23 18,05 5,74 19,34
Industriários
2 19,79 12,21 -89,89 129,46 11,16 28,42
Servidor de manut.
9 15,29 5,76 10,86 19,72 9,03 28,11
Autônomo
6 18,84 7,30 11,18 26,49 7,26 27,47
do lar
9 18,97 6,29 14,14 23,80 6,63 25,89
Total
61 17,46 6,70 15,74 19,17 5,74 29,37
Tabela 15: Comparação das médias dos domínios da QV segundo a atividade Profissional.
Manaus, Fev/Ago 2008.
58
N Média
Desvio-
padrão
Intervalo de
Confiança de 95%
Mínimo Máximo
Limite
inferior
Limite
superior
Domínio Sócio-
econômico
Servidor público
10 26,94 4,36 23,82 30,06 20,40 30,00
Artista
4 29,70 ,60 28,75 30,65 28,80 30,00
Técnico
8 22,04 7,84 15,48 28,59 6,00 30,00
Setor administrat.
4 23,63 6,81 12,79 34,46 15,60 30,00
Comerciantes
2 17,30 17,96 -144,07 178,67 4,60 30,00
Agricultores
7 22,06 7,39 15,23 28,89 11,10 30,00
Industriários
2 25,65 6,15 -29,62 80,92 21,30 30,00
Servidor de manut.
9 25,36 3,75 22,48 28,24 19,30 30,00
Autônomo
6 27,00 3,29 23,55 30,45 21,60 30,00
do lar
9 23,56 7,17 18,04 29,07 7,20 29,50
Total
61 24,61 6,36 22,99 26,24 4,60 30,00
Domínio
Psicológico/
espiritual
Servidor público
10 27,51 2,44 25,77 29,26 24,00 30,00
Artista
4 22,50 15,00 -1,37 46,37 ,00 30,00
Técnico
8 23,39 7,87 16,81 29,97 9,43 30,00
Setor administrat.
4 25,63 7,43 13,80 37,45 14,57 30,00
Comerciantes
2 16,71 17,58 -141,21 174,63 4,29 29,14
Agricultores
7 24,70 4,37 20,66 28,74 19,71 30,00
Industriários
2 28,29 2,42 6,50 50,07 26,57 30,00
Servidor de manut.
9 27,10 4,93 23,31 30,90 15,21 30,00
Autônomo
6 29,00 1,57 27,35 30,65 26,57 30,00
do lar
9 26,57 4,18 23,36 29,78 20,57 30,00
Total
61 25,82 6,44 24,17 27,47 ,00 30,00
N Média
Desvio-
padrão
Intervalo de
Confiança de 95%
Mínimo
Máximo
Limite
inferior
Limite
superior
Domínio Família
Servidor público
10 26,80 7,44 21,48 32,12 6,00 30,00
Artista
4 27,00 4,76 19,42 34,58 20,00 30,00
Técnico
8 25,44 5,57 20,78 30,10 14,83 30,00
Setor administrat.
4 25,00 10,00 9,09 40,91 10,00 30,00
Comerciantes
2 19,00 15,56 -120,77 158,77 8,00 30,00
Agricultores
7 24,86 4,60 20,60 29,11 18,00 30,00
Industriários
2 27,00 4,24 -11,12 65,12 24,00 30,00
Servidor de manut.
9 27,56 3,84 24,60 30,51 20,00 30,00
Autônomo
6 25,67 4,27 21,18 30,15 20,00 30,00
do lar
9 23,33 12,21 13,95 32,72 ,00 30,00
Total
61 25,53 7,15 23,70 27,36 ,00 30,00
Tabela 15: Comparação das médias dos domínios da QV segundo a atividade Profissional.
Manaus, Fev/Ago 2008. Cont.
O exame da Tabela 15 mostra que não houve nenhuma diferença as categorias
profissionais (p>0,05).
59
N Média
Desvio-
padrão
Intervalo de
Confiança de 95%
Mínimo Máximo
Limite
inferior
Limite
superior
Qualidade de
Vida Total
< 1 salário
3
16,30
6,97 -1,03 33,62 11,05 24,21
1 salário
11 19,43 5,82 15,52 23,34 9,40 27,56
2 salários
14 23,13 5,00 20,24 26,01 17,75 30,38
3 salários
10 22,66 4,73 19,27 26,04 13,16 28,05
4 salários
22 21,21 5,99 18,56 23,87 5,84 29,79
Total
60 21,33 5,67 19,87 22,79 5,84 30,38
Domínio Saúde e
Funcionamento
< 1 salário
3
13,35
5,36 ,05 26,66 9,03 19,34
1 salário
12 16,71 6,73 12,43 20,98 5,74 25,89
2 salários
14 19,25 7,14 15,13 23,37 11,16 29,37
3 salários
10 18,66 5,41 14,79 22,53 9,79 26,84
4 salários
22 16,74 7,19 13,55 19,93 5,95 28,42
Total
61 17,46 6,70 15,74 19,17 5,74 29,37
Domínio Sócio-
econômico
< 1 salário
3
18,70
12,06 -11,26 48,66 6,00 30,00
1 salário
12 21,40 7,43 16,68 26,12 7,20 30,00
2 salários
14 26,05 4,19 23,63 28,47 19,30 30,00
3 salários
10 26,97 4,40 23,82 30,12 18,00 30,00
4 salários
22 25,19 6,19 22,44 27,94 4,60 30,00
Total
61 24,61 6,36 22,99 26,24 4,60 30,00
Domínio
Psicológico/
espiritual
< 1 salário
3
18,21
10,61 -8,14 44,57 9,43 30,00
1 salário
12 25,14 4,73 22,14 28,15 19,71 30,00
2 salários
14 27,61 4,32 25,11 30,10 14,00 30,00
3 salários
10 25,51 9,23 18,91 32,11 ,00 30,00
4 salários
22 26,22 6,10 23,51 28,93 4,29 30,00
Total
61 25,82 6,44 24,17 27,47 ,00 30,00
Domínio Família
< 1 salário
3
21,61
7,71 2,46 40,77 14,83 30,00
1 salário
12 22,50 10,48 15,84 29,16 ,00 30,00
2 salários
14 27,05 3,42 25,07 29,02 20,00 30,00
3 salários
10 27,80 3,33 25,42 30,18 22,00 30,00
4 salários
22 25,73 7,72 22,31 29,15 6,00 30,00
Total
61 25,53 7,15 23,70 27,36 ,00 30,00
Tabela 16: Comparação das médias da QV entre pacientes com diferentes faixas salariais. Manaus,
Fev/Ago 2008
O exame da tabela 16 mostra que há diferenças entre os grupos de diferentes faixas
salariais, principalmente para os indivíduos com renda menor que um salário mínimo, porém,
essa diferença não foi significante (p>0,05).
7.2.3.2 Variáveis Clínicas
As correlações entre cada domínio, o IQVFP-VF total e as variáveis clínicas
60
investigadas no estudo, objetivaram avaliar se essas variáveis têm alguma influência na QV
dos indivíduos com feridas nos pés. Tais análises são apresentadas nas tabelas 17 e 18.
Variável Correlação
Tempo com a ferida (meses) 0.11*
Número de feridas
-0.02
Tempo com DM (anos) -0.04
Ter amputação
-0.40*
Tabela 17: Correlação entre as Variáveis Clínicas e o IQV Total Manaus, Fev/Ago 2008
*Estatisticamente significativo
A análise da Tabela 17 mostra que as variáveis número de feridas e tempo com DM
não estão correlacionada com IQVFP-VF Total (r=-0,02 e – 0,04 respectivamente). O tempo
com a ferida apresentou correlação positiva fraca (r= 0,11) enquanto o fato de ter
amputação (r=-0,40) a correlação apresentada foi forte com o IQVFP-VF Total e os valores
foram estatisticamente significativos.
Tempo com a Ferida (em meses)
Qualidade de Vida
Ruim/Regular Boa/Muito boa
0--|50 12 41
23% 77%
50--|100 2 3
40% 60%
>100 0 3
0% 100%
Total 14 47
Tabela 18: Correlação entre o tempo com a ferida e o IQV total. Manaus Manaus, Fev/Ago 2008
O exame da Tabela 18 mostra que, de acordo com teste de estendido de Fisher
obtido com os pacotes estatístico R com o p = 0.6354, não há evidencias de que o
tempo com a ferida seja variável influenciável na qualidade de vida, ou seja, não há
diferença significativa entre a qualidade de vida de pessoas com mais ou menos
tempo de ferida.
61
Tem amputação? N Média Desvio-padrão
Qualidade de Vida Total Sim
19 18,14 6,37
Não
41 22,81 4,69
Domínio Saúde e Funcionamento Sim
19
14,19
6,87
Não
42 18,93 6,16
Domínio Sócio-econômico Sim
19 20,01 8,26
Não
42 26,70 3,87
Domínio Psicológico/espiritual Sim
19 22,73 7,42
Não
42 27,21 5,49
Domínio Família Sim
19 24,29 8,47
Tabela 19: Comparação das médias dos domínios da QV entre amputados e não Amputados.
Manaus, Fev/Ago 2008.
Os dados da Tabela 19 mostram que os pacientes sem amputação tiveram
melhor QV em todos os domínios, exceto no domínio Família, quando comparados
com aqueles que já sofreram alguma amputação (p<0,05).
Item Elemento a ser avaliado Média
1 Saúde 14,03
2 O cuidado com a saúde 18,05
3 Dor na ferida 13,50
4 Dor não relacionada à ferida 16,74
5 O tratamento para a dor 19,58
6 Estar com ferida 4,74
7
Tempo de cicatrização 7,26
8 Drenagem e odor da ferida 14,24
9 Aparência da ferida 13,74
10 Energia (fadiga) 13,26
11 Capacidade para se cuidar sem a ajuda de outra pessoa 13,03
12 Controle sobre a própria vida 14,53
13 Mudanças na vida por causa da ferida 5,63
14 Capacidade de movimentar-se e locomover-se 11,37
15 Possibilidade de viver tanto quanto gostaria 18,58
22 Sono 18,00
23 Preocupações 14,53
27 Lazer, diversão. 15,79
28 Possibilidade de futuro feliz 22,11
Tabela 20: Média dos escores de QV dos itens do domínio SF das pessoas amputadas.
A análise da Tabela 20 mostra que a maioria dos itens do Domínio Saúde
Funcionamento está afetada, sendo os principais relacionados: ao fato de estar com a
ferida (4,74), às mudanças na vida por causa da ferida (5,63) e o tempo de cicatrização
(7,26).
62
8 DISCUSSÃO
É importante considerar os esforços da comunidade científica em estudar
indicadores humanísticos na área da saúde, em especial para pacientes diabéticos,
uma vez que essa doença ainda não tem cura e suas complicações modificam a vida e
as relações sociais e familiares do indivíduo acometido.
Ferida nos pés de uma pessoa diabética é uma séria complicação do DM e está
associada à seqüelas e alto custo de tratamento. Além disso, a ferida confere o
impacto negativo na QV à medida que altera o cotidiano da pessoa que perde, pouco
a pouco, sua mobilidade e, com isso, a capacidade de caminhar, trabalhar, realizar
atividade de lazer dentre outras.
O termo QV vem sendo usado amplamente na área da saúde, nas últimas décadas. A
literatura internacional mostra vários estudos sobre a QV de pessoas com DM, justificada
pelo aumento expressivo de diabéticos e pela expectativa de que, tal fato, seja incrementado
devido às mudanças no perfil epidemiológico da população em geral. Entretanto, no Brasil,
pesquisar a QV de uma população de diabéticos com feridas nos pés, é algo novo. Esse
interesse foi despertado por Yamada (2007) ao construir e validar o IQVFP para a versão
Ferida. Hyland (2003) considera que para escolher um instrumento para avaliação da
qualidade de vida é necessário: a) determinar o tipo de estudo: se é longitudinal ou
transversal; b) delinear a aplicabilidade do instrumento: se é para fins de pesquisa ou para
aplicação clínica; c) atender às especificidades da população ou clientela estudada. Na
pesquisa de populações está indicado o tipo de estudo transversal com uso de instrumentos
longos, abrangentes, enquanto, para a prática clínica é mais apropriado o uso de
instrumentos curtos de forma longitudinal.
A escolha deste instrumento, em detrimento dos demais, se deu ao fato de que
63
esse instrumento foi construído e validado para a Língua Portuguesa, especificamente
para pessoas com feridas e principalmente por ser abrangente, e por identificar todas
as dimensões importantes da Qualidade de Vida na ótica do próprio paciente.
Por se tratar de um estudo pioneiro na aplicação desse instrumento para essa
população diabética, antes de iniciar o tratamento estatístico sobre as análises da QV
propriamente dito, foi observada a necessidade de testar a confiabilidade do
instrumento para essa população. O alfa de Chronbach mostrou confiabilidade em
todos os itens da escala bem como em seus domínios.
Do ponto de vista sócio-demográfico (Tabela 2), houve predominância do sexo
masculino, dado que vai ao encontro do descrito por Nabuurs-Franssen et al. (2005)
que encontrou a ocorrência de 72% de homens nessa população.
Neste estudo, ao correlacionar os sexos com a QV Total e seus Domínios foi
observado que as mulheres tiveram escores mais elevados do que os homens em
todos os domínios, exceto o Fa. Esse achado confirma os resultados da pesquisa
realizada por Akca e Cinar (2008), porém, contrastam com o encontrado por Lopes et
al., (2007) que, ao estudarem um grupo de pessoas com doença crônica, constataram
que as mulheres apresentaram menores escores em todas as subescalas de QV,
independente da idade e da presença de comorbidades.
Esses autores supracitados consideram que as mulheres são aparentemente
mais facilmente afetadas psicologicamente pelos estressores ambientais e que além
de terem que lidar com as conseqüências da doença elas precisam manter suas
funções tradicionais, ou seja, a responsabilidade de cuidar da casa e dos filhos,
ficando exposta a maior carga de “stress” físico e mental (LOPES et al., 2007). A
contradição do presente estudo com os achados por Lopes e colaboradores (2007)
pode ser devido a melhor adaptabilidade das mulheres às condições adversas.
64
Com relação à idade, a variação foi de 23 a 81 anos, com predomínio da faixa
etária entre 60 a 80 anos (56%). Esse dado é similar aos resultados relados por
Valensi et al.(2005), Nabuurs-Franssen et al. (2005) e Akca e Cinar (2008) que, ao
estudarem a QV em Diabéticos com ferida no pé, obtiveram em suas amostras
predominância da população idosa.
Nunes et al. (2006), em estudo prospectivo sobre a predisposição de
amputação em pacientes diabéticos com ferida no pé, observaram que ter idade acima
de 60 anos era fator de risco para amputação.
Ao comparar as diferentes faixas etárias e QV não foi constatado
significância estatística (Tabela 12), devido a concentração de pessoas na mesma
faixa etária (idosos).
Nesse sentido podemos observar que uma melhora significativa nos modelos de
atenção à saúde das populações veio acompanhada da conquista do aumento da
longevidade, trazendo a este século o fenômeno do envelhecimento mundial. Juntamente
com este fenômeno, novos desafios à saúde pública contemporânea (LIMA-COSTA e
VERAS, 2003) fizeram com que o termo QV seja explorado nas últimas décadas.
Apesar de ser um fenômeno mundial a transição demográfica, no Brasil,
ocorre em velocidade e dinâmica diferentes daquela vista em outros países
industrializados. De acordo com Oliveira et al. (2004), o processo de transição
demográfica ocorreu gradativamente nos países desenvolvidos dando-lhes tempo para
desenvolver condições necessárias para assistir a população. Nesses países, o
processo está associado tanto com a evolução médico-sanitária como com a melhoria
das condições de educação, saneamento básico, infra-estrutura, condições sócio-
econômicas e outros fatores (VERAS, 2003; OLIVEIRA et al., 2004). O fato desse
estudo ter predominância da população idosa reforça a importância da comunidade
65
científica investigar, diagnosticar e intervir nos itens que interferem na qualidade de
vida, uma vez que a expectativa de vida da população brasileira tem aumentado.
A situação conjugal esteve representada principalmente por pessoas com união
estável (casados, amasiados). Ao analisar a QV Total dessas pessoas foi observado
que elas obtiveram melhores escores em todos os Domínios, com exceção dos viúvos
que tiveram média superior no Domínio PE. Resultados similares foram encontrados
nos trabalhos realizados com outras populações por Jóia et al. (2007a) e Awadalla et
al. (2006), sugerindo que pessoas com união estável tendem a ter melhor Qualidade
de Vida do que os demais.
Quanto à religião, a maioria das pessoas era cristã. Para obtenção dessa
variável foi feita questão aberta, dando ao entrevistado a liberdade de resposta. É
possível que a predominância do cristianismo justifique a média alta do escore
relacionado à fé em Deus (29,09). Guimarães e Avezum (2007) relataram que vários
estudos vêm demonstrando que a prática religiosa motiva as pessoas a hábitos de
vida saudável, suportes social, menores taxas de “stress” e depressão além de
incentivá-las às práticas como perdão, altruísmo, prece, esperança e voluntarismo,
ações essas que melhoram a saúde física do indivíduo e dão impacto positivo à
Qualidade de vida (GUIMARÃES; AVEZUM, 2007). Nos estudos realizados por
Santos et al. (2002) foi verificado que a prática de uma religião permite que a pessoa
estabeleça um elo entre as limitações e o aproveitamento de suas potencialidades.
Quanto à renda familiar, a maioria das famílias recebia valores mensais iguais
ou superiores a quatro salários mínimos (R$1660,00 reais mensais), o que corrobora
ao fato dessa população estar predominantemente na categoria de Qualidade de Vida
“boa” uma vez que foi demonstrado que a renda influencia positivamente nos escores
de QV Total (FURIA; CARVALHO, 2006). Apesar dos testes estatísticos
66
demonstrarem pouca significância (p>0,05) foi observado que as pessoas com renda
inferior a um salário mínimo obtiveram os escores mais baixos em todos os Domínios
quando comparados com as de maior renda familiar. Desses o mais comprometido foi
o Domínio SF (média=13,35), inserindo essas pessoas na categoria de QV “regular”.
Nesse aspecto, um estudo multicêntrico em uma população com câncer,
realizado por Fúria e Carvalho (2006) encontrou significância (p<0,001) e relação
forte entre renda familiar e QV. Os autores constataram que quanto maior a renda
familiar maior era o escore de QV e isso tinha repercussões positivas nas relações
sociais dessas pessoas.
Quanto à escolaridade, a maioria cursou ensino fundamental incompleto.
Apesar de nove pessoas não ter estudo, não foram classificados como analfabetos,
pois, sabiam escrever o seu próprio nome. O baixo nível de escolaridade e a falta de
instrução são problemas associados à ocorrência da ferida no pé do diabético, além
disso, as pessoas com essa complicação têm impacto negativo na qualidade de vida
(VALENSI et al., 2005, RIBU et al.,2007, AKCA; CINAR, 2008).
Para a situação frente ao trabalho foi utilizado a Classificação Brasileira de
Ocupações- CBO (BRASIL, 2002), que é o documento do Ministério do Trabalho e
Emprego que nomeia, codifica os títulos e descreve as características das ocupações
do mercado de trabalho brasileiro. Na população de estudo, foi predominante o
número de pessoas afastadas da atividade profissional por causa da ferida no pé,
seguidos de aposentados por idade ou por tempo de serviço. A principal atividade
profissional exercida anteriormente à ferida foi a de comerciantes e industriários.
Na relação entre a atividade profissional que exerceu a maior parte da vida e a
atividade profissional atual foi observado número expressivo (36%) de pessoas, em
idade produtiva, afastadas do trabalho para tratamento da ferida no pé. Nesse sentido
67
Brod (1998) ao avaliar o impacto da ferida nos membros inferiores de pacientes
diabéticos, observou que 50% da amostra (n=14) perderam o trabalho por causa da
ferida e aqueles que estavam trabalhando referiram diminuição da produtividade,
perda de horas de trabalho para tratamento da ferida e perda de oportunidade de
crescimento na carreira.
Concernente ao lazer foi observado um percentual significativo (32%) de
pessoas que gostam de desenvolver atividades de forma ativa (caminhar, jogar
futebol), porém, apesar de afirmarem “esse é o meu lazer” não estavam praticando
pela restrição dada pela ferida. Isso reforça, nessas pessoas, o sentimento de privação
e aumenta o isolamento social. Essas pessoas precisam reencontrar o significado de
lazer, buscando satisfação em outras atividades, de forma a reorganizar suas funções
psicológicas, emocionais e restaurar as interações sociais (BAHARESTANI, 2008).
Quanto aos dados clínicos, todas as pessoas apresentaram DM2. Esse resultado
vai ao encontro do estudo realizado por Samann et al. (2008) na Alemanha, que ao
estudar 4.778 (100%) pacientes com DM, encontrou 4.412 (92,3%) com DM2.
A maior parte das pessoas desenvolveu a doença entre 10 a 20 anos atrás e
disponibilizavam como principal forma de controle do DM o uso de hipoglicemiante
oral e controle alimentar.
Concernente ao tempo com DM, o coeficiente de correlação de Pearson foi
igual a 0.0061, demonstrando não ser significativo, sinalizando que o tempo com a
doença não está correlacionada com o escore da QVT Total, portanto, não podemos
afirmar que pessoas com maior tempo com DM têm os piores escores de QV.
Quanto ao Índice de Massa Corpórea (IMC), foi constatado um número
expressivo de pessoas na faixa de risco para obesidade (pré-obesidade). Esse foi um
problema comum encontrado por Ribu et al. (2007) nas três populações estudadas, em
68
que os pacientes com DM e ferida no pé tiveram IMC=28 kg/m², os diabéticos(sem
ferida no pé) IMC= 27 kg/m² enquanto a população em geral (sem diabetes e sem
ferida) apresentou IMC=25 kg/m². Isso sugere que o risco para a obesidade não
somente tem relação forte com o DM, mas também, pode ser um problema da
população em geral que aumenta o risco para o desenvolvimento do DM2.
O principal fator desencadeante da ferida foi o acidente com objeto cortante
(vidro) e perfurante (prego), seguido pelo “tropeço”. Dados referentes ao início da
ferida foram relatados por Schaper et al. (2007), na Inglaterra, os quais afirmam que
a ferida no pé do diabético é desencadeada tendo como base a polineuropatia, as
alterações biodinâmicas do pé, sendo o uso inadequado de calçados a principal causa
dessas lesões, naquele país. Na Alemanha, Sammann et al. (2008) encontraram na
população diabética a prevalência de 2,9% de pessoas com ferida no pé, no setor
primário de saúde e os fatores de risco detectados para o desenvolvimento da ferida
foram: hiperqueratose e a calosidade, ambos, associado às altas taxas de glicemia.
O fato de o Brasil ter clima tropical, em especial o Amazonas apresentar alta
temperatura e umidade o ano todo, faz com que as pessoas usem calçados abertos, ou
ainda, andem descalças em casa e no quintal. Sob o ponto de vista do atrito exercido
nos pés pelo calçado fechado, é um grande benefício o uso de sandálias e chinelos.
Porém, se faz necessário avaliar o risco do uso de calçados abertos e com tiras entre
os dedos uma vez que esses calçados expõem os pés a objetos como vidros, pregos e
a tropeços.
A neuropatia periférica diabética é considerada por muitos profissionais da
assistência à saúde como sendo uma “complicação esquecida” do diabete, pois é
raramente diagnosticada, até que o paciente se queixe de dor ou apresente uma ferida
no pé (TANEMBERG et al., 2001, KRASNER; SIBBALD, 2001). Esse fato é um
69
alerta para as equipes de saúde quanto à necessidade de realizarem os testes para a
detecção de sensibilidade protetora em todos os pacientes diabéticos, nas consultas
de rotina, e, associadas a essas medidas, desenvolver estratégias de ensino que alerte
tais pacientes sobre os riscos de desenvolver feridas nos pés.
A alta ocorrência de “tropeço” sugere que essas pessoas possuem alterações
biodinâmicas dos pés, alterações posturais e limitações das amplitudes de movimento
das extremidades, características essas peculiares à neuropatia periférica (JORGE-
FILHO, 2006).
Analisando o tempo de ocorrência da ferida, não houve evidências de que essa
variável seja influenciável na Qualidade de Vida. Porém, em uma avaliação
prospectiva da QV de diabéticos com ferida no pé, Nabuurs-Franssen et al. (2005)
estudaram população com DM por mais de 17 anos e constataram que, à medida que
a ferida cicatrizava, todos os escores da subescala do IQV aumentavam, indicando
melhora significativa da QV, enquanto, o inverso acontecia naqueles pacientes em
que não observaram mudança, ou ainda, piora na evolução da ferida.
Neste trabalho, o tempo com a doençao foi correlacionado com o escore da
QVT Total, portanto, não podemos afirmar que pessoas com maior tempo com DM
têm os piores escores de QV.
Com relação ao número de feridas, a maioria das pessoas apresentou apenas
uma (1) ferida, sendo o número máximo de feridas de três (3). Os testes estatísticos
não demonstraram significância na correlação entre o número de feridas e o IQV.
Quanto à localização das feridas, houve predominância (36) de pacientes que
estavam com ferida no pé esquerdo e 5, em ambos os pés. Dessa forma, foram
obtidos um total de 66 pés com feridas (41 no esquerdo e 25 no direito).
Com respeito à amputação, foi confirmada a hipótese de que pessoas amputadas
70
têm pior Qualidade de Vida do que as não amputadas. Os pacientes sem amputação
tiveram melhor escore em todos os domínios, exceto no Domínio Família, quando
comparados com aqueles que já sofreram alguma amputação (p<0,05). Resultados
similares descritos por Tennvall e Apelqvist (2000) e Reiber (2002) demonstram que a
QV de diabéticos com amputação é reduzida, comparada com pacientes diabéticos não
amputados. Os mesmos autores afirmaram que a porcentagem de amputações de
membros inferiores realizadas em pacientes diabéticos é maior do que na população sem
DM. Porém, Willrich et al. (2005) compararam a QV de pessoas diabéticas com ferida
no pé com pessoas amputadas e constataram similaridade nos escores desses dois
grupos. Ambos os grupos apresentaram má qualidade de vida.
Ao analisar o Domínio SF dos pacientes com ferida no pé e com algum tipo de
amputação foi constatado que os itens que mais comprometem essas pessoas estão
relacionados ao fato de estar com a ferida, às mudanças na vida por causa da
ferida e ao tempo de cicatrização. Tais itens obtiveram médias muito baixas (4,74,
5,63 e 7,26, respectivamente), mostrando o forte impacto negativo que têm sobre a
Qualidade de Vida dessas pessoas.
As conseqüências negativas da ferida no pé de uma pessoa que já sofreu
amputação não estão relacionadas apenas à mobilidade física. A ferida causa sério
impacto psicológico relacionado à auto-imagem, ao sentimento de desesperança e,
muitas vezes, esse sentimento de mutilação leva a pessoa a desistir de viver
(ALPEQVIST; LARSSON, 2000).
A reabilitação após amputação deve ser considerada como mais uma etapa do
tratamento, pois permite o retorno da pessoa às atividades laborais trazendo, com
isso, o controle sobre a própria vida e melhora significativa na Qualidade de Vida
(CHINNI; BOEMER, 2007).
71
No que tange a analise geral da QV Total e seus Domínios, a maioria das
pessoas ficou inserida dentro da categoria que considera a QV Total como “muito
boa” e “boa”. Souza et al. (1997), ao aplicar um questionário genérico com o
objetivo de avaliar a QV de pessoas com DM, verificaram que 66,6% dos diabéticos
estavam satisfeitos com a vida, mesmo tendo complicações de saúde relacionados ao
DM, e que o grau de satisfação estava relacionado ao seu bem estar físico,
estabilidade socioeconômica, bem-estar emocional e espiritual. Isso pode refletir
certo grau de adaptabilidade das pessoas à sua condição física.
O domínio Saúde/Funcionamento obteve menor média de escore (17,07) para
determinação da Qualidade de Vida Total. Pietro-Flores et al. (2008) ao relacionar os
fatores de saúde de uma população, constataram que o número de problemas de saúde
e a percepção da gravidade da doença influenciavam de forma negativa o bem estar
emocional e a qualidade de vida dessas pessoas.
Em revisão de literatura sobre QV de diabéticos com feridas nos pés, feita por
Goodridge et al. (2005), ficou constatado que essas pessoas estão prejudicadas
principalmente nos aspectos físicos, no estado psicológico e nas relações sociais.
Além da qualidade de vida ruim essas pessoas têm forte tendência à depressão
(Vileikyte, 2001).
Neste trabalho, ao examinar a QV desta população sob o aspecto funcional
(sob o ponto de vista do Domínio Saúde/funcionamento) foi observado que a maioria
dos pacientes, nessa área, está com a Qualidade de vida “regular”, sendo os itens
relacionados ao fato de estar com a ferida, às preocupações, às mudanças na vida
por causa da ferida e o tempo de cicatrização os que mais interferiram para
obtenção do escore baixo para esse Domínio. Nesse sentido, Santos et al. (2002) ao
indagar uma determinada população de idosos sobre sua maior preocupação,
72
obtiveram como resposta predominante do grupo o estado de saúde (25%).
A limitação física, a saúde e o bem-estar foram as áreas da vida mais
comprometidas nos pacientes diabéticos com ferida no pé e as que mais contribuiram
para impacto negativo na QV dessas pessoas (MEIJER et al., 2001; GOODRIGE et
al., 2006; RIBU et al., 2007).
Meijer et al.(2001) e Willrich et al. (2005), em estudos separados, fizeram
correlação entre as complicações do DM e a Depressão Clínica e encontraram
evidências de que a ferida no pé do diabético é fator predisponente para essa doença.
Ao estudar a QV de diabéticos com feridas nos pés, buscando nessa pesquisa as
principais queixas físicas, Lange et al. (2003) constataram que as dificuldades com a
locomoção e o tempo de internação prolongado para tratamento da ferida foram os principais
fatores que contribuíram para o impacto negativo da qualidade de vida dessa população.
É importante ressaltar que, apesar de não ter tido a menor média dentro do
Domínio SF, a dor pode ser considerada um componente que afeta a população deste
estudo, uma vez que obteve média de 15,11. Ao estudar uma população de 127
pessoas diabéticas com ferida no pé, Ribu et al. (2006) constatou que a dor é um
problema clínico importante uma vez que 75% dessas pessoas relataram sentir dor na
maior parte do tempo. Dessas 75%, 57% relataram sentir dor ao caminhar e durante a
noite e apenas 25% relataram não sentir dor na ferida (RIBU et al., 2006).
Com o intuito de saber o real impacto da ferida nos membros inferiores de ingleses e
alemães sobre a Qualidade de vida, Herber et al. (2007) realizaram revisão de literatura, no
período de 1990 a 2006, e constataram a necessidade de estabelecer “guidelines”, ou ainda,
sistematização da assistência prestada a essas pessoas, otimizando a cicatrização da ferida,
com conseqüente melhora da QV, uma vez que esse foi o principal problema de impacto
negativo sobre a QV diagnosticado nessa população.
73
O Domínio Fa obteve média de 23,28, sendo o escore mais baixo o
relacionado com a felicidade da família. Os resultados da pesquisa realizada por
Silva (2003), Jóia (2007), Robazzi et al. (2008) reforçam a idéia de que o apoio
social, quer por parte de familiares, quer de amigos, desempenham papel importante
no controle glicêmico e na Qualidade de Vida de indivíduos com DM. Os autores
afirmam que os profissionais da área da saúde necessitam valorizar este aspecto no
contexto de cuidados de saúde.
Nesse sentido a revisão de literatura de estudos qualitativos, realizada por
Goodridge et al. (2005), confirmaram a observação clínica de que diabéticos com ferida
no pé tinham déficit no domínio social e psicológico, incluindo redução das atividades
sociais, aumento da tensão familiar, sentimento de castração e dificuldade financeira.
O Domínio com melhor escore foi o PE (média = 25,96) sendo o item Fé em
Deus o que obteve melhor média de todos os itens do instrumento. A Qualidade de Vida
está relacionada à auto-estima, ao bem-estar pessoal e isso tem relação com os valores
pessoais, culturais, éticos e religiosos (VECCHIA, 2005). Como já mencionado, a
prática religiosa motiva as pessoas a hábitos de vida saudável (GUIMARÃES;
AVEZUM, 2007). Além disso, permite que a pessoa estabeleça um elo entre as
limitações e o aproveitamento de suas potencialidades (SANTOS et al., 2002).
Os itens do Domínio PE com menor média foram os relacionados aos objetivos
pessoais e à aparência pessoal. Sobre isso, Yamada (2001) afirma que a pele, por ser
um órgão externo, ao ser lesada, expõe os indivíduos ao meio, diferentemente do que
acontece com as doenças que acometem os órgãos internos. As feridas crônicas, além
de ocasionar limitações físicas e sociais, podem gerar alterações na imagem corporal e
na auto-estima (YAMADA, 2001). Essas alterações, por sua vez, podem contribuir
para o comprometimento da Qualidade de Vida dessas pessoas.
74
9 CONCLUSÕES
As conclusões deste estudo acerca da qualidade de vida das 61 pessoas
diabéticas com ferida(s) no(s) pé(s) são apresentadas de acordo com os objetivos
propostos.
1. Quanto à descrição do perfil sócio-demográfico e clínico da amostra houve:
Predomínio de pessoas do sexo masculino;
Idade média de 59,65 anos e mediana de 58 anos. A faixa etária
predominante foi de 60-80 anos;
Predomínio de pessoas com união estável (casados ou amasiados);
Mediana para número de filhos de 5 por pessoa;
Baixo nível educacional, já que 34 pessoas possuíam somente ensino
fundamental (incompleto);
Predomínio de pessoas cristãs católicas;
Predomínio de pessoas com renda familiar igual ou superior a quatro
salários mínimos;
Afastamento do trabalho para tratamento da ferida;
Predomínio de pessoas com lazer ativo- jogar futebol e caminhar e de
vinte pessoas que não tinham atividade de lazer;
Predomínio de pessoas com DM2;
Principal forma de controle do DM com hipoglicemiante oral;
Índice de Massa Corpórea entre 24,5 – 29,9 kg/m² para 24 pessoas
indicando predomínio de pré-obesidade;
Predomínio de pessoas que tiveram como fator predisponente á ferida
75
ferimento por objeto cortante/perfurante (vidro/prego), seguido de
tropeço;
Tempo com a ferida menor que um ano sendo que 52 pessoas tinham
apenas uma ferida;
Localização da ferida predominante no pé esquerdo e
Predomínio de pessoas sem amputação sendo que 11 das amputadas
sofreram apenas uma amputação.
2. Quanto à análise dos escores de Qualidade de Vida total e das subescalas da
amostra:
Das 61 pessoas com ferida(s) no(s) pé(s), 23 e 21 pessoas apresentaram
QV considerada como “muito boa” e “boa”, respectivamente.
Foi obtido como escores médios de qualidade de vida, 20,66 para IQV
Total; 17,07 para o Domínio SF; 24,85 para o Domínio SE; 25,96 para o
Domínio PE e 23,28 para o Domínio Fa;
O Domínio SF obteve a menor média (17,07) demonstrando que essa
população tem déficits nos itens desse Domínio com impacto negativo
sobre a QV Total.
O fato de estar com a ferida, as preocupações, as mudanças na vida
diária por causa da ferida e o tempo de cicatrização foram os itens
que mais influenciaram de forma negativa sobre o escore médio do
domínio SF;
A relação com os amigos obteve a melhor média do Domínio SE e a
maneira como administra o dinheiro a menor desse Domínio.
No Domínio PE, a menor média (24,45) foi atribuída à satisfação com a
vida e a maior (29,02) relacionada com a fé em Deus.
76
O Domínio Fa obteve o item suporte emocional da família como o mais
influente para esse Domínio;
3. Quanto à correlação dos escores de Qualidade de Vida segundo as
características sócio-demográficas (sexo, idade, atividade profissional) e clínicas
(tempo de DM, tempo com a ferida, número de feridas), não foram constatadas
correlações estatisticamente significantes.
4. As hipóteses de que a renda familiar baixa, a situação conjugal separada e
a presença de amputação tinham impacto negativo sobre a Qualidade de Vida foram
confirmadas.
77
10 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O Sistema de cadastramento e Acompanhamento de Hipertensos e Diabéticos
do Ministério da Saúde-Amazonas, possui em seu banco de dados o cadastro de 2.151
pacientes com diagnóstico de DM1 e 4.429 com DM2. Somando obtemos o total de
6.580 pacientes com DM, na cidade de Manaus, até maio de 2008
(http://tabnet.datasus.gov.br) acesso em 24/06/08. Considerando que 15% dos
indivíduos com DM desenvolvem úlcera no(s) pé(s) durante a vida (NEGRATO,
2006), foi obtida a estimativa, para Manaus, de 987 pessoas com essa complicação.
A opção pela amostra de conveniência (seis meses de coleta de dados) se deu
em função da deficiência de informações relacionadas ao pé diabético no prontuário
médico, especificamente ao Código de Internacional da Doença (CID) correto e à
subnotificação dessa nosologia pelo Serviço de Arquivo médico (SAME) dos
hospitais alvo do estudo.
Na cidade de Manaus, os serviços de referência para tratamento ambulatorial
do pé diabético são o Hospital Universitário Getúlio Vargas (HUGV) e o Hospital
Fundação Adriano Jorge (HFAJ) que possuem, em média, a demanda mensal de 50 e
77 pacientes, respectivamente (Serviço de Arquivo Médico do HUGV e HFHAJ).
Havendo necessidade de internação ou intervenção cirúrgica, tanto para
desbridamento como para amputação, esses pacientes são encaminhados para o
HPSJLPM e/ou Hospital 28 de Agosto.
Inicialmente houve a tentativa de buscar dos dados clínicos gerais e
específicos da ferida no prontuário, tais como: etilogia da ferida do pé (neuropático,
vascular ou misto), existência de escala de classificação para avaliação da ferida
78
(ex:. classificação de Wagner) e, havendo classificação, qual o grau da ferida. Porém,
nenhum dos dados supracitados foram encontrados no prontuário dos pacientes,
impossibilitando, assim, a coleta desses dados.
Outro fator limitante importante para o acompanhamento dessas pessoas foi a
ausência de serviço especializado no tratamento de feridas, na cidade de Manaus.
Nesse sentido vários esforços têm sido feito para a capacitação de enfermeiros e,
como fruto desses esforços, a implantação de serviços que, quiçá, serão referência
para o atendimento especializado de pessoas diabéticas. Em Outubro de 2008, iniciou
o I Curso de Especialização Lato Sensu em Estomaterapia (Estomias, Feridas e
Incontinências) da Região Norte, em Manaus. Esse Curso visa formar enfermeiros
com o propósito de suprir a necessidade que várias instituições têm no atendimento
desses pacientes pessoas.
Como já descrito anteriormente, os pacientes com DM no Brasil recebem
assistência precária pelo SUS, muitos deles não recebem informações adequadas
sobre o autocuidado e poucos têm seus pés examinados durante a consulta
(CALSOLARI, 2002; BRASIL, 2004) havendo elevadas taxas de internações
decorrentes das complicações com os pés, amputações e mortes por esse agravo em
vários lugares do país (PITTA, 2005; MILLMAN, 2005).
No decorrer dos anos de atuação como enfermeira, em especial nas atividades
realizadas junto a Associação dos Diabéticos do Amazonas e atendimento domiciliar,
pude acompanhar vários casos de pacientes com feridas crônicas e posso afirmar o
quanto é desgastante e temeroso, para elas, o período de tratamento dessas lesões,
uma vez que a demora da melhoria permeia a possibilidade de infecção, internação,
intervenção cirúrgica e, muitas vezes, amputação do membro afetado.
Inúmeros fatores inerentes ao DM retardam o reparo tecidual, porém, a falta
79
de conhecimento para manejar adequadamente as feridas complicadas, por parte de
profissionais, pode tornar o processo de cicatrização ainda mais lento, especialmente
em pacientes diabéticos.
Entretanto, tratar a ferida de uma pessoa diabética vai além da esfera técnica e
científica. É necessário investigar quais as alterações na vida sofridas em decorrência
de uma ferida no pé, que, em muitas das vezes, incapacita o indivíduo que a possui.
Estudar a Qualidade de Vida dessas pessoas nos permite olhá-las integralmente (bio-
psico-social). A visão holística tão almejada, agora viabilizada por meio de um
instrumento. Nesses aspectos este estudo pode contribuir para reflexão para o contato
mais empático entre os profissionais da saúde e a população assistida.
Seria importante o desenvolvimento de futuros estudos, de caráter
longitudinal, que nos permitissem melhor compreensão da forma como os diferentes
graus de desenvolvimento da ferida, o acompanhamento do controle dos níveis
glicêmicos e a associação de outras complicações crônicas do DM, interferem na
Qualidade de Vida, no sentido de tornar mais eficaz a intervenção no Domínio
Saúde/Funcionamento.
Uma vez detectado impacto na QV dessa população no Domínio SF, novos
estudos poderão ser realizados no sentido de comparar a QV da população diabética
com ferida no pé, com os diabéticos sem ferida e, ainda, com a população em geral
(sem diabete e sem ferida).
80
11 SUGESTÕES
Finalizando as reflexões sobre a Qualidade de vida de diabéticos com ferida
no pé, considerando que os itens que mais afetaram o cotidiano dessas pessoas são os
relacionados à ferida, acreditamos que algumas ações seriam necessárias no sentido
de tratar a ferida no pé do diabético, prevenir novas lesões e, consequentemente,
diminuir o risco de amputação, tais como:
1. Abordagem clínica precoce, por meio de exame físico e técnicas para
detectar neuropatia periférica, para identificar as pessoas que têm risco de
desenvolver ferida no pé;
2. Diagnóstico “quantitativo” das áreas dos pés onde ocorrem os picos de
pressão, por meio da podobarometria dinâmica (disponível em serviço
público, na Cidade de Manaus), para as pessoas com risco de desenvolver
ferida e para aquelas que já a possuem (visando otimizar a cicatrização).
Esse exame permite ao examinador a oportunidade de avaliar um elemento
chave na gênese da ferida neuropática, que são as alterações posturais e as
limitações das amplitudes de movimento das extremidades (JORGE-
FILHO, 2006).
3. Indicação de calçados adequados para prevenir lesões nos pés e prótese
para amputados visando diminuir o risco de ulceração no membro não
amputado, bem como a reabilitação social dessas pessoas.
4. Processo de educação e conscientização desses indivíduos quanto às
81
medidas preventivas para ulceração no pé, como: controle glicêmico; não
andar descalço; uso adequado de calçados; corte das unhas; lavar os pés
diariamente e secá-los com tecido de algodão, examinando-os (inclusive
entre os dedos) à procura de rachaduras, micose, ferimento e, antes de
calçar os sapatos, verificar se existe objeto que possa machucar, dentre
outros procedimentos.
5. Manejo adequado (técnica e tecnologia adequada) no tratamento da ferida.
Sabendo que o Domínio SF é uma área potencialmente modificável é
possível estabelecer medidas que atuem sobre esse domínio para melhorar a evolução
clínica e, consequentemente, a Qualidade de vida de diabéticos com feridas no pé.
82
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89
APÊNDICES
90
APÊNDICE A – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Prezado Sr.(a),
Solicito o seu consentimento para participar da nossa pesquisa cujo nome é:
QUALIDADE DE VIDA DE PACIENTES COM PÉ DIABÉTICO”. Essa pesquisa tem como
objetivo a avaliação da qualidade de vida de pessoas que tem feridas nos pés e não oferece
qualquer risco a sua saúde.
As informações de seus dados e de sua saúde, necessárias para o preenchimento do
questionário, serão obtidas através do seu prontuário, do médico e do Sr(a). Para
preenchermos o questionário que avalia a qualidade de vida faremos uma entrevista
diretamente com o Sr(a). Todas essas informações são absolutamente sigilosas, serão
mantidas comigo e seu nome jamais será mencionado na divulgação dos resultados da
pesquisa.
A sua participação é voluntária e caso não queira participar em nenhum momento o
seu acompanhamento nessa instituição será prejudicado, podendo desistir de participar do
estudo e solicitar suspensão do seu consentimento mesmo após ter sido realizada a entrevista.
Agradeço-lhe atenção e deixo o meu endereço e telefone para contato.
Selma B.Perdomo
Pesquisadora
End. Residencial:
Av. Visconde de Porto Seguro, 500 condomínio Ilha do Sol, casa 7, Pq. das Laranjeiras.
Tel:3236-7199
Manaus,..../..../.... Consentimento do Paciente:...................................................................
91
ANEXOS
92
ANEXO A – Parecer do Comitê de Ética em Pesquisa
93
ANEXO B – Autorização da Autora do IQVFP-VF
94
ANEXO C – DADOS SÓCIO-DEMOGRÁFICOS E CLÍNICOS:
DADOS SÓCIO-DEMOGRÁFICOS E CLÍNICOS:
QV DE PESSOAS DIABÉTICAS COM FERIDAS NOS PÉS
Data:___/___/___Quest nº______Hospital_________________________RG___________
Endereço:_________________________________________________________________
Cidade:__________________________________Tel :_____________________________
1.Nome:__________________________________2.Idade:___3.Nascimento:___/___/___
4.Sexo: 1.Feminino 2.Masculino
5.Peso:________________________6.Alt:______________________7.IMC__________
8.EstadoCivil:_____________________________________________________________
9.Número de Filhos: _______________________________________________________
10.Religião:_______________________________________________________________
11.Escolaridade:
1.Não estudou
2.Ensino Médio Completo
3.Ensino Fundamental Incompleto 6.Ensino Superior Incompleto
4.Ensino Fundamental Completo 7.Ensino Superior Completo
5.Ensino Médio Incompleto 8.outros________________________
12.Qual a atividade profissional que exerceu a maior parte de sua vida?
___________________________________________________________________________
_____
13.Qual a sua atividade profissional atual?
14.Qual a renda familiar mensal (em salários) da sua casa?
Menos que um salário mínimo
Um salário mínimo 6.sem renda
Dois salários mínimos
Três salários mínimos
Quatro ou mais salários mínimos
15. Tem alguma atividade de lazer? 1.Sim 2. Não Qual?________________________
16.Há quanto tempo está com a (s) ferida (s) atual (is)? (em meses):
17.Qual o número de feridas que possui?
18.Pé em que está (ão) localizada (s) a (s) ferida (s)? 1. DIREITO 2.ESQUERDO
19.Como você faz para controlar a DM?
20.Há quanto tempo tem DM?
21.Qual o tipo de DM?
22.Fez amputação (ões) anterior (es)? Quantas?
1
2
4
3
5
95
ANEXO D – Índice de Qualidade de Vida de Ferrans e Powers – Versão Feridas
Parte 1: Para cada uma das questões a seguir, por favor, escolha a resposta que melhor
descreve o quanto satisfeito você está com aquele aspecto de sua vida, tendo como
referência as últimas quatro semanas. Por favor, responda marcando um círculo ao
redor do número escolhido.
Não há respostas certas ou erradas.
Quanto você está satisfeito com:
Muito Insatisfeito
Moderadamente insatisfeito
Pouco Insatisfeito
Pouco satisfeito
Moderadamente satisfeito
Muito Satisfeito
1. Sua saúde? 1 2 3 4 5 6
2. O cuidado que você tem com sua saúde? 1 2 3 4 5 6
3. A intensidade de dor que você sente na ferida (se
tiver dor na ferida)?
1 2 3 4 5 6
4. A intensidade de dor que você sente (se tiver dor em
qualquer lugar sem ser na ferida)?
1 2 3 4 5 6
5. O tratamento que você recebe para aliviar (passar,
melhorar) a dor?
1 2 3 4 5 6
6. O fato de estar com ferida? 1 2 3 4 5 6
7. O tempo que a ferida está levando para cicatrizar? 1 2 3 4 5 6
8. A drenagem (“secreção”) e/ou odor (cheiro) da(s)
sua(s) ferida(s)?
1 2 3 4 5 6
9. A aparência (aspecto) de sua(s) ferida(s)? 1 2 3 4 5 6
10. A energia (disposição, vigor, força) que você tem
para as atividades diárias?
1 2 3 4 5 6
11. Sua capacidade para se cuidar sem ajuda de outra
pessoa?
1 2 3 4 5 6
12. O controle (governa, manda) que você tem sobre
sua vida?
1 2 3 4 5 6
13. As mudanças que você precisa fazer na sua vida
diária por causa da(s) sua (s) ferida (s) (tais como fazer
curativos, forma de tomar banho, mudanças no uso de
calçados e roupas, tomar remédios, forma de alimentar-
se)?
1 2 3 4 5 6
96
Parte 1: Para cada uma das questões a seguir, por favor, escolha a resposta que melhor
descreve o quanto satisfeito você está com aquele aspecto de sua vida, tendo como
referência as últimas quatro semanas. Por favor, responda marcando um círculo ao
redor do número escolhido.
Não há respostas certas ou erradas.
Quanto você está satisfeito com:
Muito Insatisfeito
Moderadamente
itifit
Pouco Insatisfeito
Pouco satisfeito
Moderadamente
ti f it
Muito Satisfeito
14. Sua capacidade de movimentar-se (mudar/mexer o
corpo de lugar) e ou locomover-se (ir de um lugar para o
outro)?
1 2 3 4 5 6
15. Sua possibilidade (chance) de viver tanto quanto
você gostaria?
1 2 3 4 5 6
16. Seus filhos [se tiver filho(s)] ? 1 2 3 4 5 6
17. O fato de não ter filhos [se não tiver filho(s)] ? 1 2 3 4 5 6
18. A felicidade de sua família? 1 2 3 4 5 6
19. Seus amigos? 1 2 3 4 5 6
20. O apoio emocional que você recebe da sua família? 1 2 3 4 5 6
21. O apoio emocional que você recebe de outras
pessoas que não são da sua família?
1 2 3 4 5 6
22. O seu sono? 1 2 3 4 5 6
23. A quantidade de preocupações em sua vida? 1 2 3 4 5 6
24. Sua vizinhança (vizinhos)? 1 2 3 4 5 6
25. Sua casa, seu apartamento ou o local onde você
mora?
1 2 3 4 5 6
26. A maneira como você administra (cuida, controla) o
seu dinheiro?
1 2 3 4 5 6
27. As suas atividades de lazer, de diversão? 1 2 3 4 5 6
28. Suas possibilidades (chances) de ter um futuro feliz? 1 2 3 4 5 6
29. Sua paz de espírito, sua tranqüilidade? 1 2 3 4 5 6
30. Sua fé em Deus? 1 2 3 4 5 6
31. A realização de seus objetivos pessoais (planos,
sonhos)?
1 2 3 4 5 6
32. Sua felicidade de modo geral? 1 2 3 4 5 6
33. Sua vida de modo geral? 1 2 3 4 5 6
34. Sua aparência pessoal? 1 2 3 4 5 6
35. Você mesmo(a) de modo geral? 1 2 3 4 5 6
97
Parte 2: Para cada uma das perguntas a seguir, por favor, escolha a resposta que melhor
descreve o quanto importante é para você aquele aspecto de sua vida, tendo como
referência as últimas quatro semanas. Por favor, responda marcando um círculo ao
redor do número escolhido.
Não há respostas certas ou erradas
Quanto é importante para você:
Sem nenhuma importância
Moderadamente sem
itâi
Um pouco sem importância
Um pouco importante
Moderadamente importante
MuitoImportante
1. Sua saúde? 1 2 3 4 5 6
2. O cuidado que você tem com sua saúde? 1 2 3 4 5 6
3. Não sentir dor na ferida? (se
tiver dor na ferida) 1 2 3 4 5 6
4. Não sentir dor? (se tiver dor sem ser na ferida) 1 2 3 4 5 6
5. Receber tratamento para aliviar (passar, melhorar)
a dor?
1 2 3 4 5 6
6. Não ter ferida? 1 2 3 4 5 6
7. Que a cicatrização de sua(s) ferida(s) ocorra em
menor tempo possível?
1 2 3 4 5 6
8. Não ter drenagem (“secreção”) e/ou odor (cheiro)
em sua(s) ferida(s)?
1 2 3 4 5 6
9. A aparência (
a
specto) de sua(s) ferida(s)? 1 2 3 4 5 6
10. Ter energia (disposição, vigor, força) suficiente
para as atividades diárias?
1 2 3 4 5 6
11. Cuidar-se sem ajuda de outra pessoa? 1 2 3 4 5 6
12. Ter controle (governo, comando)
sobre sua vida? 1 2 3 4 5 6
13. Que a sua vida diária não precise ser mudada por
causa da(s) sua(s) ferida(s) (tais como fazer curativos,
forma de tomar banho, mudanças no uso de calçados e
roupas, tomar remédios, forma de alimentar-se)?
1 2 3 4 5 6
98
Parte 2: Para cada uma das perguntas a seguir, por favor, escolha a resposta que melhor
descreve o quanto importante é para você aquele aspecto de sua vida, tendo como
referência as últimas quatro semanas. Por favor, responda marcando um círculo ao
redor do número escolhido.
Não há respostas certas ou erradas
Quanto é importante para você:
Sem nenhuma importância
Moderadamente sem
itâi
Um pouco sem importância
Um pouco importante
Moderadamente importante
MuitoImportante
14. Ser capaz de movimentar-se (mudar/mover o
corpo de lugar) e ou locomover-se (ir de um lugar para
o outro)?
1 2 3 4 5 6
15. Viver tanto quanto você gostaria? 1 2 3 4 5 6
16. Seus filhos? [se tiver filho(s)] 1 2 3 4 5 6
17. Ter filhos? [se não tiver filho(s)] 1 2 3 4 5 6
18. A felicidade de sua família? 1 2 3 4 5 6
19. Seus amigos 1 2 3 4 5 6
20. O apoio emocional que você recebe de sua
família?
1 2 3 4 5 6
21. O apoio emocional que você recebe de outras
pessoas que não são da sua família?
1 2 3 4 5 6
22. O seu sono? 1 2 3 4 5 6
23. Não ter preocupações? 1 2 3 4 5 6
24. Sua vizinhança (vizinhos)? 1 2 3 4 5 6
25. Sua casa, seu apartamento ou o local onde você
mora?
1 2 3 4 5 6
26. Ser capaz de administrar (cuidar, controlar) o seu
dinheiro?
1 2 3 4 5 6
27. Ter atividades de lazer, de diversão? 1 2 3 4 5 6
28. Ter um futuro feliz? 1 2 3 4 5 6
29. Sua paz de espírito, sua tranqüilidade? 1 2 3 4 5 6
30. Sua fé em Deus? 1 2 3 4 5 6
31. Realizar seus objetivos pessoais (planos, sonhos)? 1 2 3 4 5 6
32. Sua felicidade de modo geral? 1 2 3 4 5 6
33. Estar satisfeito(a) com a vida? 1 2 3 4 5 6
34. Sua aparência pessoal? 1 2 3 4 5 6
35. Ser você mesmo(a)? 1 2 3 4 5 6
Copyright 1984 & 1998 Ferrans & Powers (Do not use without permission).
Versão Feridas Construída e validada por Yamada & Santos, 2006
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