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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
FACULDADE DE MEDICINA DE RIBEIRÃO PRETO
Presença de Acanthamoeba na conjuntiva de
nadadores hígidos
LUIS ANTONIO GORLA MARCOMINI
RIBEIRÃO PRETO
2009
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LUIS ANTONIO GORLA MARCOMINI
Presença de Acanthamoeba na conjuntiva de
nadadores hígidos
Tese apresentada à Faculdade de Medicina
de Ribeirão Preto da Universidade de São
Paulo para obtenção do Título de Doutor em
Ciências Médicas.
Área de Concentração: Mecanismos
Fisiopatológicos nos Sistemas Visual e
Audio-Vestibular.
Orientador: Prof. Dr. Sidney Júlio de Faria e Sousa
RIBEIRÃO PRETO
2009
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AUTORIZO A REPRODUÇÃO E DIVULGAÇÃO TOTAL OU PARCIAL DESTE TRABALHO,
POR QUALQUER MEIO CONVENCIONAL OU ELETRÔNICO, PARA FINS DE ESTUDO E
PESQUISA, DESDE QUE CITADA A FONTE.
FICHA CATALOGRÁFICA
Marcomini, Luis Antonio Gorla
Presença de Acanthamoeba na conjuntiva de nadadores hígidos.
Ribeirão Preto, 2009.
97p.: il.; 30 cm
Tese de Doutorado, apresentada à Faculdade de Medicina de
Ribeirão Preto/USP. Área de Concentração: Mecanismos
Fisiopatológicos nos Sistemas Visual e Audio-Vestibular.
Orientador: Sousa, Sidney Júlio de Faria e
1. Acanthamoeba; 2. nadadores hígidos; 3. conjuntiva.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus por ter permitido que eu chegasse até aqui.
Agradeço aos meus pais, Cecília Gorla Marcomini e Natal Marcomini por terem
provido todos os meios para que eu chegasse até aqui.
Agradeço à minha esposa Elina, e aos meus filhos André e Natália, pelo apoio e
incentivo durante a execução deste trabalho.
Agradeço ao Prof. Dr. João Aristeu da Rosa, por ter permitido que utilizássemos
as instalações do Laboratório de Parasitologia da UNESP - Araraquara.
Agradeço à Profª Dr
a
. Isabel Martinez, por ter me acompanhado e muito me
ajudado nas atividades práticas para identificação das amoebas, personagens
principais destes escritos.
Agradeço ao Prof. Dalton Geraldo Guaglianoni da UNESP - Araraquara, pela
ajuda nas análises estatísticas iniciais deste trabalho.
Agradeço à Srª. Luciana Martins de Alencar Provinzano, por ter participado das
atividades laboratoriais deste trabalho.
Agradeço a todos os participantes deste estudo, que sempre me surpreenderam
com sua generosidade e paciência.
Finalmente, quero registrar aqui três agradecimentos especiais:
À Srª. Eloísa Marcela Rueda Furlan, que esteve presente durante a realização de
praticamente todas as atividades laboratoriais deste estudo, e manteve-se
sempre disposta a colaborar ativamente até a conclusão do mesmo.
Ao Prof. Maurício Tadeu Frajácomo, amigo de longa data, que demonstrando
enorme generosidade e extrema coragem, tranquilamente abriu-me as portas de
sua casa e permitiu a realização deste trabalho. Quando agimos com
generosidade nos tornamos pessoas melhores. Quando agimos com coragem
construímos um mundo melhor. Generosidade e coragem têm norteado suas
atitudes, o que faz de você uma pessoa imprescindível.
Ao meu Orientador, Prof. Dr. Sidney Júlio de Faria e Sousa, que esteve presente
na minha formação Oftalmológica, desde os tempos de minha Residência
Médica nos idos de 1985 e 1986, e mais recentemente, recebeu-me no Setor de
Doenças Oculares Externas do Hospital das Clínicas da FMRP-USP, aceitando-
me como seu pós-graduando. Além de indicar o caminho, que me trouxe até
aqui, o Prof. Sidney esteve comigo durante todo o percurso. Sua presença
constante facilitou a travessia dos trechos pedregosos que não puderam ser
evitados.
LISTA DE FIGURAS
Lista de Figuras
Figura 1: Escova e aplicador em envelope estéril.................................... 46
Figura 2: Escova e aplicador..................................................................46
Figura 3: Escova e aplicador sem a capa de proteção.............................47
Figura 4: Escova e aplicador desmontado ..............................................47
Figura 5: Escova e aplicador - montagem ..............................................48
Figura 6: Demonstração de uso da escova - I.........................................48
Figura 7: Demonstração de uso da escova - II........................................49
Figura 8: Coleta de amostra de material conjuntival ..............................50
Figura 9: Tubo com thioglicolato - I .......................................................50
Figura 10: Tubo com thioglicolato – II.................................................... 51
Figura 11: Inserção da escova no tubo após coleta do material
conjuntival.............................................................................................51
Figura 12: Tubo contendo thioglicolato e escova carregada de material
conjuntival.............................................................................................52
Figura 13: Trofozoítos ...........................................................................54
Figura 14: Trofozoítos e cistos recém formados......................................54
Figura 15: Cistos maduros .................................................................... 55
LISTA DE TABELAS
Lista de Tabelas
Tabela 1: Dados demográficos dos nadadores............................................. 57
Tabela 2: Frequência de resultados de culturas de Acanthamoeba de
conjuntivas de esportistas hígidos da academia “A” (maio de 2007) ........ 57
Tabela 3: Frequência dos resultados de culturas de Acanthamoeba de
conjuntivas de nadadores das piscinas “A” e “B” (maio de 2007).............57
Tabela 4: Resultados de culturas de Acanthamoeba da água de duas
piscinas cobertas, em função do dia e do período da colheita (maio de
2007)............................................................................................................ 58
Tabela 5: Frequência dos resultados de culturas de Acanthamoeba da
água das piscinas “A” e “B” (maio de 2007).............................................58
Tabela 6: Resultados de culturas de Acanthamoeba da água de duas
piscinas cobertas, em função do dia e do período da colheita (maio de
2008)............................................................................................................ 58
Tabela 7: Frequência dos resultados de culturas de Acanthamoeba da
água das piscinas “A” e “B” (maio de 2008)................................................ 58
Tabela 8: Cotejo de dois resultados consecutivos de culturas de
Acanthamoeba da água da piscina “A”.................................................... 59
Tabela 9: Cotejo de dois resultados consecutivos de culturas de
Acanthamoeba da água da piscina “B”....................................................59
Tabela 10: Frequência dos resultados de culturas de Acanthamoeba de
conjuntivas de nadadores das piscinas “A” e “B” (maio de 2008).............59
Tabela 11: Frequência dos resultados de culturas de Acanthamoeba de
conjuntivas de dois grupos independentes, de nadadores da piscina “A”,
segundo a data do exame.......................................................................60
Tabela 12: Cotejo de dois resultados consecutivos de culturas de
Acanthamoeba de um mesmo grupo de nadadores da piscina “A”. ..........60
RESUMO
Resumo
Marcomini, L.A.G. Presença de Acanthamoeba na conjuntiva de
nadadores hígidos. 97f. Tese de Doutorado – Faculdade de Medicina,
Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2009.
Introdução. A Acanthamoeba é uma amoeba de vida livre, que pode
causar ceratite de difícil diagnóstico e tratamento, particularmente em
usuários de lentes de contato. Como esses protozoários já foram
isolados de águas de piscinas, o objetivo deste estudo foi o de observar
se a conjuntiva de nadadores hígidos pode albergar Acanthamoeba.
Material e Método. Noventa e dois indivíduos hígidos de duas
academias de esportes dotadas de piscinas cobertas e aquecidas,
pertencentes a uma mesma companhia, foram estudados entre 2007 e
2008, após assinarem termo de consentimento. Os critérios de exclusão
foram: uso de lentes de contato, uso de qualquer medicação ocular ou
qualquer antibiótico sistêmico, idade inferior a 18 anos, e a utilização
de ambas as piscinas durante o experimento. O estado de higidez dos
participantes foi atestado pela equipe médica das academias. O estudo
foi dividido em duas fases. Uma das academias, identificada como “A”
tinha em torno de 33 anos de construção. A outra, identificada como
“B”, tinha cinco anos. Primeira fase: Foram coletados raspados
conjuntivais de 30 nadadores e 13 não-nadadores da academia “A” e de
11 nadadores da academia “B”. Ao mesmo tempo, foram coletadas duas
amostras de água (uma pela manhã e outra à noite) de cada uma das
piscinas, durante sete dias consecutivos. Então, a piscina “A” foi
esvaziada e submetida a uma limpeza diferenciada. Os procedimentos
de limpeza e manutenção de ambas as piscinas passaram a ser feitos
Resumo
três vezes por semana ao invés de uma vez como era até então. Segunda
fase: seis meses mais tarde, amostras de água de ambas as piscinas
foram coletadas novamente, segundo o mesmo esquema da primeira
fase. Raspados conjuntivais de nadadores da piscina “A” foram
coletados e separados em dois grupos: um grupo constituído por 18
nadadores que ainda não haviam sido testados, e o outro constituído
por 16 nadadores que já haviam sido testados na primeira fase. Na
piscina “B” foram coletados raspados conjuntivais de 20 nadadores que
não haviam sido testados na primeira fase. O material foi coletado com
uma escova de cerdas de nylon, especialmente desenhada para este
estudo; cultivado em Agar não nutriente com cobertura de Escherichia
coli; e, observado diariamente ao microscópio óptico, para pesquisa de
cistos e trofozoítos de Acanthamoeba, durante 14 dias. Resultados.
Primeira fase: A porcentagem de contaminação da conjuntiva tarsal
superior de nadadores da piscina “A” foi de 76,7% (23/30); nenhum dos
13 não-nadadores da academia “A” e nenhum dos 11 nadadores da “B”
foram positivos. A taxa de contaminação dos nadadores da academia
“A” foi significativamente maior que as taxas de contaminação dos não-
nadadores (Teste Exato de Fisher p<0,0001) e dos nadadores da
academia “B” (Teste Exato de Fisher p=0,0001). A porcentagem de
contaminação das amostras de água das piscinas “A” e “B” foi,
respectivamente, 85,7% (12/14) e 35,7% (5/14). Essa diferença foi
estatisticamente significativa (Teste exato de Fisher p=0,0183). Segunda
Fase: em ambas as piscinas a porcentagem de contaminação das
Resumo
amostras de água passou a ser de 14,3 % (2/14). A mudança na taxa de
contaminação na piscina “A” de 85,7% para 14,3% foi estatisticamente
significante (Teste de McNemar p=0,0094). A mudança na taxa de
contaminação da piscina “B” de 35,7% para 14,3% não foi
estatisticamente significante (Teste de McNemar p=0,3711). A
porcentagem de contaminação da conjuntiva tarsal dos 18 nadadores
da piscina “A” foi de 5,5% (1/18). Nenhum dos 20 nadadores da piscina
“B” estava contaminado. A diferença na proporção de contaminação dos
nadadores de ambas as piscinas não foi estatisticamente significante
(Teste Exato de Fisher p=0,4737).
A diferença entre as taxas de contaminação dos 14 nadadores da
primeira fase (78,6%) e dos 18 nadadores da segunda fase (5,5%) da
piscina “A” foi estatisticamente significante (Teste Exato de Fisher
p<0,0001). A mudança na taxa de contaminação de 75% para 18,7%
entre os 16 nadadores da piscina “A”, que foram testados em ambas as
fases, foi estatisticamente significante (McNemar p=0,0077).
Conclusões: pudemos concluir que: 1) a conjuntiva de nadadores
hígidos pode albergar Acanthamoeba; 2) a chance de se encontrar
Acanthamoeba na conjuntiva de nadadores hígidos está provavelmente
relacionada com o grau de contaminação da água da piscina por esse
protozoário. 3) nadadores com resultado positivo para Acanthamoeba
podem tornar-se negativos com a redução da contaminação da piscina.
Palavras-chave: Acanthamoeba, nadadores hígidos, conjuntiva
ABSTRACT
Abstract
Marcomini, L.A.G. Presence of Acanthamoeba in the conjunctiva of
healthy swimmers. 97f. Thesis (Doctoral) - Faculdade de Medicina de
Ribeirão Preto, Universidade de São Paulo, Ribeirão Preto, 2009.
Introduction: Acanthamoeba is a free-living amoeba that can cause a
keratitis of difficult diagnosis and treatment, particularly in wearers of
contact lenses. As these protozoans have already been isolated from the
water of swimming pools, the purpose of this study was to know if the
conjunctiva of healthy swimmers can carry Acanthamoeba. Material
and Method: Ninety two healthy individuals of two athletic facilities
with indoor heated swimming pools, belonging to a same company, were
studied between 2007 and 2008 after full informed consent. The
exclusion criteria were: the wear of contact lenses, use of any topical
medication in the eye or any systemic antibiotic, age under 18 and the
use to both swimming pools during the period of the experiment. The
health state of the participants was attested by the medical staff of the
facility. The study was divided in two stages. One of the facilities,
identified as “A”, was about 33-years-old. The other, identified as “B”,
was 5-years-old. First stage: it was collected conjunctival scrapings of
30 swimmers and 13 non-swimmers of the facility “A” and of 11
swimmers from the facility “B”. At the same time, two daily water
samples (morning and evening) were collected from both swimming
pools, during seven consecutive days. Then the swimming pool “A” was
emptied and submitted to thorough cleaning. The standard cleaning
Abstract
procedure of both swimming pools started to be done 3 times a week
rather than the original once a week schedule. Second stage: Six
months later, water samples from each swimming pool were collected
again the same way as before. Conjunctival scrapings from the
swimmers of the facility “A” were collected and separated in two groups:
one group formed by 18 swimmers who had not been tested yet and
another including 16 swimmers who had already been tested in the first
stage. In the swimming pool “B”, scrapings from 20 swimmers who had
not been tested in the first stage were collected. The materials were
collected with sterile nylon brushes, specially designed for this purpose,
and cultured into non nutrient Agar with an Escherichia coli overlay and
daily probed for cysts of Acanthoameba during 14 days. Results: First
stage: the percentage of contamination of the tarsal conjunctiva of 30
swimmers of the facility “A” was 76.7% (23/30); none of the 13 non-
swimmers of this facility “A” and none of the 11 swimmers of the facility
“B” was positive. The rate of contamination of the swimmers of the
facility “A” was significantly higher than the rates of contamination of
the non-swimmers (Fisher’s exact p<0.0001) and the swimmers of
facility “B” (Fisher’s exact p=0.0001). The percentage of contamination
of the water of the swimming pool “A” and “B” were respectively 85.7%
(12/14) and 35.7% (5/14). This difference was statistically significant
(Fisher´s exact p=0.0183). Second stage
: in both swimming pools the
percentage of contamination of the water turned to be 14.3% (2/14).
Abstract
The change in the rate of contamination of the swimming poll “A” from
85.7% to 14.3% was statistically significant (McNemar p=0.0094). The
change in the rate of contamination of the swimming poll “B” from
35.7% to 14.3% was not statistically significant (McNemar p=0.3711).
The percentage of contamination of the tarsal conjunctiva of 18
swimmers of the facility “A” was 5.5% (1/18). None of the 20 swimmers
of the facility “B” were contaminated. The difference in the proportion of
contamination of the swimmers of both facilities was not statistically
significant (Fisher´s exact p=0.4737). The difference in rates of
contamination of 14 swimmers of the first stage (78.6%) and of 18
swimmers of the second stage (5.5%) of the facility “A” was statistically
significant (Fisher´s exact p<0.0001). The change in the rate of
contamination from 75.0% to 18.7% of 16 swimmers of the facility “A”,
that were tested in both stages, was statistically significant (McNemar
p=0.0077). Conclusions: the following conclusions could be reached: 1)
the conjunctiva of healthy swimmers can carry Acanthamoeba; 2) the
chance of finding Acanthamoeba in the conjunctiva of healthy
swimmers is probably related to the degree of contamination of the
water of the swimming pool by this protozoan. 3) swimmers with
positive results for Acanthamoeba can become negative with the
reduction of the contamination of the swimming pool.
Key words: Acanthameba, healthy swimmers, conjunctiva.
SUMÁRIO
1- INTRODUÇÃO ..............................................................................18
2- REVISÃO DE LITERATURA ..........................................................29
3- OBJETIVOS .................................................................................39
4- MATERIAL E MÉTODOS...............................................................41
5- RESULTADOS ..............................................................................56
6- DISCUSSÃO .................................................................................61
7- CONCLUSÕES..............................................................................71
8- REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................73
9- ANEXOS ......................................................................................85
ANEXO DE PUBLICAÇÃO
1- INTRODUÇÃO
Introdução
19
A Ameba (do grego “amoibé” – que muda, que se deforma
constantemente) é um protozoário rizópode, que se move e se alimenta
por meio de pseudópodes (NEVES, 2000).
Existem mais de 50 gêneros de amebas conhecidos, e dentre as
dezenas de espécies, algumas são parasitas obrigatórios, e outras são
de vida livre, isto é, capazes de se desenvolver e se reproduzir no meio
ambiente (NEVES, 2000).
Dentre as espécies de amebas de parasitismo obrigatório, que
acometem o homem, algumas são: comensais, como a Entamoeba
hartmanni, que vive no intestino grosso; não patogênicas, como a
Entamoeba gingivalis, comum no tártaro dentário; patogênicas, como a
Entamoeba histolytica, que pode causar lesões intestinais, ulcerando
mucosa e submucosa e, por via sanguínea, pode alcançar o fígado, os
pulmões e o cérebro, causando os abscessos amebianos (NEVES, 2000).
As amebas de vida livre podem apresentar-se sob a forma de
trofozoítos ou de cistos, de acordo com as condições ambientais
(NEVES, 2000). No meio ambiente, os trofozoítos vivem em locais
úmidos e alimentam-se de bactérias (NEVES, 2000). Sempre que o
ambiente torna-se hostil, as amebas assumem a forma de cistos.
Os cistos não se alimentam, não se movem e não se reproduzem
(NEVES, 2000). Entretanto, são extremamente resistentes às condições
Introdução
20
desfavoráveis do meio ambiente: mantêm-se viáveis em ambientes secos
como, por exemplo, no solo e na poeira doméstica e de hospitais (SILVA;
ROSA, 2003); resistem ao tratamento químico das piscinas e ao
tratamento da água distribuída nas residências (cloração). São
resistentes ao congelamento (CULBERTSON, 1961) e a inúmeros
agentes antimicrobianos (NAGINGTON; RICHARDS, 1976).
Um meio líquido que contenha bactérias oferece condições ideais
para a vida desses protozoários. Nesse ambiente ocorre o
“desencistamento”, isto é, os cistos transformam-se em trofozoítos, que
passam a se locomover, se alimentar e se reproduzir (NEVES, 2000).
Culbertson, Smith e Minner (1958) demonstraram que as
linhagens de Acanthamoeba, que apresentavam atividade citolítica em
cultura de tecidos, eram capazes de provocar meningoencefalite em
animais de laboratório. A partir de então, passou-se a aceitar a hipótese
amebiana para a etiologia de casos de meningoencefalite, que até então
ficavam sem diagnóstico.
Hoje, sabe-se que algumas amebas de vida livre podem agir como
parasitas eventuais e causar infecções em humanos. Elas pertencem
aos gêneros Naegleria, Acanthamoeba, Balamuthia (NEVES, 2000).
Apesar de pouco frequentes, infecções por esses três gêneros de
amebas de vida livre parecem ocorrer no mundo todo, pois as mesmas
habitam as mais diversas altitudes, latitudes e longitudes. Existe uma
Introdução
21
única espécie do gênero Naegleria capaz de infectar humanos, a
Naegleria fowleri (NEVES, 2000).
A Naegleria fowleri apresenta três estágios: trofozoítos, forma
flagelada e forma cística. Os trofozoítos podem assumir a forma
flagelada temporariamente e então voltar à forma trofozoítica. Os
trofozoítos da Naegleria fowleri reproduzem-se por um mecanismo
conhecido por pró-mitose, no qual a membrana nuclear permanece
intacta durante a reprodução celular (NEVES, 2000).
A Naegleria fowleri pode ser encontrada em águas frescas (rios e
lagos), ou aquecidas (liberadas de usinas de energia elétrica, piscinas
aquecidas, aquários), no solo e em esgotos. Produz uma doença aguda,
geralmente fatal, que acomete o sistema nervoso central, denominada
meningoencefalite amebiana primária. As formas infectantes, que são os
trofozoítos e a forma flagelada, penetram através do bulbo olfatório de
nadadores ou banhistas hígidos e alcançam o cérebro. Após dois a três
dias do contato com a água contaminada, o doente apresenta cefaléia,
sinais meníngeos, náuseas, vômitos e deficiências neurológicas focais
que evoluem, em menos de 10 dias, para o coma e morte. Na necropsia
encontram-se os trofozoítos no tecido do sistema nervoso central (SNC)
e no liquor. A forma flagelada é encontrada apenas no liquor (NEVES,
2000).
A Acanthamoeba spp tem sido encontrada como constituinte da
flora normal das vias aéreas superiores de pessoas aparentemente
Introdução
22
hígidas, sugerindo que essa infecção possa ser comum e auto limitada
em indivíduos imunocompetentes (MA et al., 1990; SELL; RUPP;
ORRISON Jr., 1997; RODRIGUEZ et al., 1998; ARMSTRONG, 2000;
SEIJO-MARTINEZ et al., 2000; LEVINE et al., 2001; RIVERA; PADHYA,
2002).
A Acanthamoeba spp e a Balamuthia mandrillaris são infectantes
oportunistas capazes de causar encefalite amebiana granulomatosa em
indivíduos imunodeprimidos ou com doenças crônicas degenerativas de
longa data (NEVES, 2000).
A Balamuthia mandrillaris é morfologicamente similar à
Acanthamoeba, à microscopia óptica. A Acanthamoeba spp e a
Balamuthia mandrillaris têm apenas dois estágios em seu ciclo de vida:
trofozoíto e cisto. Os trofozoítos, que se multiplicam por divisão binária
pró-mitótica, são a forma infectante. Acredita-se que penetrem no
organismo pelo trato respiratório ou através de soluções de
continuidade da pele e atinjam o SNC por via hematogênica. Cistos e
trofozoítos de Acanthamoeba spp e de Balamuthia mandrillaris são
encontrados nos sítios de infecção (NEVES, 2000).
No gênero Acanthamoeba existem várias espécies implicadas em
enfermidades humanas, entre elas: Acanthamoeba culbertsoni,
Acanthamoeba polyphaga, Acanthamoeba castellanii, Acanthamoeba
astronyxis, Acanthamoeba rhysodes, Acanthamoeba hatchetti,
Acanthamoeba palestinensis, Acanthamoeba royreba (NEVES, 2000).
Introdução
23
A partir de 1973, a Acanthamoeba spp passou a figurar como
agente infeccioso ocular. Nesse ano foi descrito o primeiro caso de
ceratite por esse protozoário (JONES; ROBINSON; VISVESVARA, 1973).
A Acanthamoeba spp tem grande importância na Oftalmologia,
porque pode causar uma infecção na córnea que, a despeito do
tratamento, muitas vezes, leva à perda da visão e, algumas vezes, do
próprio olho (NEVES, 2000).
Quanto mais precocemente se diagnostica a enfermidade e se
inicia o tratamento, melhor o prognóstico. O problema reside no fato de
que, às vezes, a ceratite por Acanthamoeba simula outras enfermidades,
dificultando o diagnóstico.
A ceratite por Acanthamoeba apresenta-se de diferentes formas,
com fases de melhora e de piora do quadro clínico. Tem como
comemorativos: fotofobia, lacrimejamento, sensação de corpo estranho,
turvação visual e, por vezes, dor de intensidade desproporcional à
inflamação (SCULLY; MARK; McNEELY, 1985). Os sinais iniciais
também tendem a ser inespecíficos, constituindo-se de erosões, de
irregularidades e de opacidades epiteliais. Em muitos casos, a
aparência é de uma ceratite dendrítica, o que faz com que seja
confundida com o Herpes simplex (JOHNS et al., 1987; LINDQUIST;
SHER; DOUGHMAN, 1988). Infiltrados perineurais, dispostos
radialmente, associados aos sintomas acima parecem ser
patognomônicos da doença (MOORE et al., 1986). Um infiltrado central
Introdução
24
em anel é comumente encontrado em estágios avançados. A limbite é
comum, tanto nos estágios iniciais como nos avançados. A doença pode
ser acompanhada de hipópio e de uveíte, tendo sido relatados casos de
glaucoma e de catarata associados a ceratites prolongadas (LOTTI;
DART, 1992).
Uma vez estabelecido o diagnóstico, a próxima dificuldade passa a
ser a do tratamento. Testes “in vitro” mostram que algumas espécies de
trofozoítos são sensíveis a alguns agentes antimicrobianos; entretanto,
o parasita pode encistar-se no estroma da córnea, o que o torna
resistente aos mesmos (NAGINGTON; RICHARDS, 1976). O tratamento
é usualmente clínico. Utiliza-se topicamente colírios de isotianato de
propamidina, usada pela primeira vez para tratamento de ceratite por
Acanthamoeba por Wright, Wanhurst e Jones, em 1985, poli-
hexametileno de biguanida (LARKIN; KILVINGTON; DART, 1992) e
neomicina, que é ineficaz contra cistos, mas que tem eficácia variável
frente à trofozoítos de certas cepas de Acanthamoeba, (HAY et al.,
1994). Sistemicamente pode-se usar o cetoconazol ou itraconazol
(LINDQUIST; SHER; DOUGHMAN DJ, 1988). O uso de antiinflamatórios
e esteróides é controverso e tem sido reservado para controle da dor e
em casos de uveítes (FREITAS, 2000).
Inicialmente, a ceratite por Acanthamoeba foi associada a
traumas corneanos. A partir de 1981 começou a ocorrer um aumento
gradual nos casos de ceratite por Acanthamoeba, sendo o pico mais
Introdução
25
importante no início de 1985 (STEHR-GREEN; BAILEY; VISVESVARA,
1989). Em 1986 foram notificados 24 casos de pacientes com úlcera de
córnea por Acanthamoeba ao “Center of Diseases Control”, órgão da
Secretaria da Saúde dos Estados Unidos (MMWR, 1986). Esse
identificou como fatores de risco: o uso inadequado de lentes de contato
e o não cumprimento das normas de manutenção e assepsia das
mesmas (MMWR, 1987).
Confirmando essa conclusão, Wilhelmus correlacionou o aumento
gradual de casos de ceratite por Acanthamoeba com o aumento do
número de usuários de lentes de contato (WILHELMUS, 1991).
Sabe-se que cuidados inadequados na manipulação e na
manutenção das lentes de contato aumentam muito a chance de
infecção corneana. Usualmente, lentes de contato contaminadas
representam o primeiro passo da patogênese da ceratite por
Acanthamoeba (ONDRISKA et al., 2004). Em 1995 Radford et al. já
havia constatado que a ceratite por Acanthamoeba ocorre com uma
frequência 20 vezes maior entre os usuários de lentes de contato,
quando comparados aos não usuários. Na Grã-Bretanha, por exemplo,
a ocorrência de ceratite por Acanthamoeba era de 1,2 por milhão de
habitantes adultos não usuários de lentes de contato, e de cerca de 20
por milhão entre os usuários de lentes de contato (RADFORD et al.,
1995).
Introdução
26
O advento das descartáveis popularizou o uso de lentes de
contato, permitindo que pessoas com baixo nível sócio-econômico e
cultural tivessem acesso a esse tipo de correção óptica. A política de
distribuição e venda dessas lentes afastou o oftalmologista do processo
de indicação, adaptação e seguimento do usuário desse tipo de correção
óptica. No Brasil, muitos usuários recorrem às ópticas para repor suas
lentes de contato, ficando, às vezes, anos sem visitar o oftalmologista
que fez a primeira adaptação; outros têm a indicação e a primeira
adaptação feitas em ópticas sem avaliação oftalmológica (SOUSA; DIAS;
MARCOMINI, 2008). Todos esses fatores contribuíram para disseminar
a prática de maus hábitos na utilização, na manutenção, na
conservação e na assepsia das lentes. Stehr-Green, Bailey e Visvesvara,
no final da década de oitenta, já constatavam aumento acentuado no
número de usuários de lentes de contato, assim como na negligência
com a rotina de manutenção das mesmas. Nessa época eles estimavam
que 20 milhões de americanos fossem usuários de lentes de contato
(STEHR-GREEN; BAILEY; VISVESVARA, 1989).
Por vários motivos, inclusive econômicos e culturais, o usuário
tende a não descartar as lentes no tempo certo e a não usar os produtos
de assepsia adequados, chegando, às vezes, a usar água de torneira
para lavar as lentes. Tudo isso aumenta a possibilidade de infecção por
Acanthamoeba, uma vez que esse protozoário tem sido encontrado no ar
(RIVERA et al., 1991), no solo, em águas límpidas, na água tratada
Introdução
27
distribuída em residências de áreas urbanizadas (JADIN; WILLAERT;
COMPERE, 1972), em garrafas de água mineral no México (RIVERA et
al., 1981) e no Brasil (SALAZAR; MOURA; RAMOS, 1982), lagos
(WELLINGS et al., 1977), água do mar (SAWYER; VISVESVARA;
HARKE, 1977), piscinas (RIVERA et al., 1983; FORONDA et al., 1985;
MOURA, 1980), esgotos (PROCA; LUPASCU; STERYU, 1973), estojos de
lentes de contato (GRAY et al., 1995; LARKIN; KILVINGTON; EASTY,
1990), instrumental odontológico (MICHEL; BORNEFF, 1989), estações
de lavagem de olhos (TYNDALL; LYLE; IRONSIDE, 1987), culturas de
células de mamíferos (JAHNES; FULLMER; LI, 1957), narinas (DE
JONCKHEERE; MICHEL, 1988) e gargantas de humanos hígidos
(WANG; FELDMAN, 1967).
Uma lente de contato mal cuidada parece ser um importante fator
predisponente para a instalação de um processo infeccioso por
Acanthamoeba. A lógica dessa suspeita é a seguinte: a própria lente de
contato já coloca a córnea em situação desvantajosa, devido à sua
interferência com trocas gasosas e metabólicas da superfície ocular. Na
verdade, toda lente de contato provoca, em maior ou menor grau,
hipóxia nos tecidos da córnea. Isso tende a prejudicar a aderência entre
as células epiteliais, que normalmente atuam como barreira mecânica
às infecções. Por outro lado, os descuidos com a limpeza facilitam a
aderência dos germes à lente e, por conseguinte, o acesso destes à
superfície corneana debilitada.
Introdução
28
Diante de um usuário de lentes de contato com ceratite por
Acanthamoeba, podemos nos fazer as seguintes perguntas: a
Acanthamoeba chegou ao olho veiculada por uma lente mal cuidada? Já
havia no olho cistos de Acanthamoeba, que, devido ao uso de tal lente,
transformaram-se em trofozoítos e se reproduziram?
Desde as últimas décadas do século XX tem-se observado um
crescente interesse na população pela prática regular de exercícios
físicos, com a finalidade de preservar a saúde e manter a estética
corporal. O uso de lentes de contato também faz parte dessa tentativa
de aperfeiçoamento pessoal. Como consequência, é esperado que se
encontre grande número de usuários de lentes de contato entre os
esportistas.
Sabendo-se que as piscinas são propícias para o desenvolvimento
da Acanthamoeba, teoricamente, pessoas que as frequentam
regularmente estariam expostas a um risco maior de contaminação pelo
protozoário. Sendo isso verdadeiro, elas teriam maior chance de
infecção corneana caso viessem a usar lentes de contato. Então, os
critérios de indicação de lentes de contato e o trabalho de
conscientização para a aderência aos cuidados com as mesmas teriam
que ser muito mais rigorosos nesse grupo.
Cientes de que cistos de Acanthamoeba são resistentes aos
produtos químicos de tratamento de piscinas (DE JONCKHEERE,
1979), nos propusemos a realizar este estudo.
2. REVISÃO DE LITERATURA
Revisão de Literatura
30
Em 1755, Rosendorf observou pela primeira vez uma ameba ao
microscópio (ROSENDORF, 1755 – apud WILLAERT, 1976). Em 1841,
DuJardin descreveu a Amoeba limax, um protozoário encontrado na
água, que movia-se como uma lesma (DuJARDIN, 1841 - apud
LOCKEY, 1978). Em 1899, Schardinger isolou e descreveu a Amoeba
gruberi a partir de fezes humanas e iniciou os debates sobre a
patogenicidade das amebas (SCHARDINGER, 1899 - apud WILLAERT,
1976).
No início do Século XX, Schauddinn estabeleceu o conceito de que
a única espécie de ameba capaz de causar doença em humanos era a
Entamoeba histolytica (SCHAUDDINN, 1903 - apud CLAKINS, 1926).
Em conformidade com essas idéias, Alexeieff criou os gêneros
Hartmannella e Naegleria, separando-os das amebas parasitas dos
vertebrados (ALEXEIEFF, 1912). Craig notou que algumas amebas de
vida livre podiam parasitar o homem, pelo menos, por certo tempo,
alertando que as mesmas podiam atuar como parasitas eventuais.
Entretanto, não havia evidências de que fossem patogênicas (CRAIG,
1917).
Em 1912, Chatton e Lalung-Bonaire descreveram amebas que se
reproduziam por pró-mitose, mecanismo típico de amebas de vida livre,
isoladas a partir de fezes de indivíduos atacados por surtos de diarréia
Revisão de Literatura
31
(CHATTON; LALUNG-BONAIRE, 1912). Whitmore, em 1911, Hogue, em
1914 e Pinto, em 1922, descreveram amebas promitóticas isoladas a
partir de fezes humanas diarréicas e mesmo de abscessos hepáticos,
considerando-as agentes desses processos (WHITMORE, 1911; HOGUE,
1914; PINTO, 1922). Entretanto, prevaleceram as idéias de Schauddinn,
segundo as quais, apenas amebas de parasitismo obrigatório causavam
doenças em humanos, sendo que essas se disseminavam pelo
organismo a partir do intestino. Não se cogitava a possibilidade de que
outros órgãos ou tecidos pudessem ser sítios primários de infecção por
amebas (SCHAUDDINN, 1903 - apud CLAKINS, 1926).
Até 1926, a classificação das amebas era baseada apenas em
características morfológicas. Schaeffer foi o primeiro a apresentar uma
classificação detalhada das amebas, baseada, não somente na
morfologia, mas também em características como: locomoção, formação
de pseudópodes e tipo de divisão celular (SCHAEFFER, 1926).
Winogradowa (1927), Cutler e Crump (1927) e Servertzone (1928)
cultivaram o protozoário em placas de Agar com bactérias e
descreveram a destruição sofrida pelas últimas (WINOGRADOWA, 1927;
CUTLER; CRUMP, 1927; SERVERTZONE, 1928 - apud CLAKINS, 1926).
Castellani publicou em 1930 uma série de quatro trabalhos em
que descrevia uma ameba, isolada em culturas de Cryptococcus
pararoseus, que crescia em meios sólidos contendo leite e peptonas,
tanto a 26ºC como a 35ºC. Conseguiu, ainda, obter crescimento desse
Revisão de Literatura
32
protozoário em culturas de bactérias Gram-negativas (CASTELLANI,
1930a; CASTELLANI, 1930b; CASTELLANI 1930c; CASTELLANI 1930d).
Nesse mesmo ano, Douglas classificou essa ameba como sendo uma
nova espécie, à qual deu o nome de Hartmannella castellani (DOUGLAS,
1930 - apud HEWITT, 1937). Descobriu-se que a mesma fagocitava
bactérias presentes no meio de cultura. Seu crescimento era mais difícil
em meios contendo bactérias Gram-positivas. Não era patogênica
quando inoculada por via oral ou parenteral em ratos, camundongos,
cobaias e coelhos. Em 1936, Shinn e Hadley isolaram ameba
semelhante a partir de culturas do bacilo de Friedlander (SHINN;
HADLEY, 1936).
Em 1937, Hewitt isolou H. castellani a partir de culturas de
bactérias e salientou o fato de esses protozoários nunca terem sido
encontrados em estado realmente livre, mas sempre em consórcio com
fungos ou bactérias (HEWITT, 1937). Em 1941, Negroni e Fischer
isolaram Vahlkampfia debilis, associada a uma levedura de maçã em
decomposição. Notaram que o crescimento da ameba acontecia em
concomitância com a lise celular, semelhante ao que ocorre quando o
vírus bacteriófago parasita uma bactéria (NEGRONI; FISCHER, 1941).
Singh (1952) propôs uma classificação baseada na morfologia do
núcleo durante a fase de repouso e no comportamento desse durante a
fase de reprodução celular. Criou duas famílias de amebas de vida livre:
Revisão de Literatura
33
Schizopyrenidae e Hartmannellidae, separando-a da família
Endamoebidae, na qual reuniu as amebas parasitas (SINGH, 1952).
Em 1953, Chatton propôs outra classificação que se baseava em
outras características que não o núcleo e chamou a atenção para o fato
de que algumas amebas apresentavam flagelos em algum estágio de
vida (CHATTON, 1953). Nesse mesmo ano, Bovee relatou a necessidade
de se criar uma chave de classificação das amebas que levasse em
conta métodos de identificação mais precisos, observando
características morfológicas, fisiológicas e do ciclo de vida (BOVEE,
1953).
Jahnes, Fullmer e Li (1957) observaram que as amebas eram
capazes de destruir e ingerir células de mamíferos. Tal observação se
deu quando uma cepa de Acanthamoeba sp contaminou culturas de
células de rim de macaco (JAHNES; FULLMER; LI, 1957).
Durante o desenvolvimento da vacina contra a poliomielite eram
feitos testes de segurança injetando-se vírus em animais de
experimentação (ratos e macacos), via hematogênica, intranasal e
intracerebral. Em 1958, houve um incidente em que todos os animais
de um dos grupos de estudo morreram. Exames histopatológicos e de
cultura de tecidos cerebrais desses animais revelaram como causa
mortis infecção por amebas de vida livre. Tais amebas foram
classificadas como pertencentes ao gênero Acanthamoeba
(CULBERTSON; SMITH; MINNER, 1958). A partir de então ficou provado
Revisão de Literatura
34
que amoebas ditas de vida livre podiam comportar-se como parasitas
eventuais, causando infecção e mesmo a morte do hospedeiro.
Culbertson sugeriu que algumas amebas de vida livre eram
capazes de alcançar o cérebro através da mucosa olfatória e produzir
meningoencefalite fatal, após simples instilação nasal (CULBERTSON,
1964 e 1971).
Em 1965 publicou-se na Austrália um relato dos quatro primeiros
casos de meningoencefalite aguda fatal em humanos, tendo como
agente etiológico amebas de vida livre. O primeiro desses casos havia
ocorrido em 1961 e permanecera, até então, sem diagnóstico etiológico
(FOWLER; CARTER, 1965). Em 1966, BUTT denomina a doença de
Meningoencefalite Amebiana Primária e aponta como agente causal
amebas de vida livre do gênero Naegléria (BUTT, 1966).
Jones (1973) apresentou em Dallas o primeiro caso de ceratite por
Acanthamoeba (JONES, 1973). Em 1974, Nagington publicou o primeiro
caso de infecção ocular por ameba do Reino Unido (NAGINGTON et al.,
1974).
Com o intuito de entender a fisiopatologia da infecção ocular por
Acanthamoeba, Schlaegel e Culbertson desenvolveram o primeiro
modelo experimental usando coelhos. Nesse estudo injetaram cistos e
trofozoítos de Acanthamoeba culbertsoni no estroma corneano, como
tentativa de produzir ceratite; na câmara anterior como tentativa de
Revisão de Literatura
35
produzir uveíte anterior e na cavidade vítrea, como tentativa de produzir
coriorretinite e/ou neurite óptica (SCHLAEGEL; CULBERTSON, 1972).
Entre 1981 e 1982, Font et al. desenvolveram um modelo
experimental para produzir ceratite em coelhos usando Acanthamoeba
polyphaga. Nesse modelo, durante quatro dias consecutivos eram
realizadas injeções subconjuntivais de corticoesteróides. No quinto dia
realizava-se injeção intraestromal do protozoário (FONT et al., 1981 e
1982).
Com o aumento do número de casos de ceratite por
Acanthamoeba relacionado ao aumento do número de usuários de
lentes de contato observado nos anos oitenta, Moore et al. propõem que
o micro trauma ao epitélio da córnea causado pela lente de contato,
somado à exposição do olho a soluções contaminadas, seriam os dois
principais fatores para instalação da ceratite por Acanthamoeba
naqueles pacientes (MOORE et al., 1985).
Atribui-se a Nosé et al. a descrição dos quatro primeiros casos
brasileiros de ceratite por Acanthamoeba (NOSÉ et al., 1988). Na
sequência, Bocaccio et al. relataram casos no Rio Grande do Sul
(BOCACCIO et al., 1997).
Em 1989, STHER-GREEN et al. publicaram um estudo
epidemiológico em que apontam o uso de lentes de contato como o
principal fator de risco para a ceratite por Acanthamoeba. Nesse
Revisão de Literatura
36
trabalho de 189 casos de ceratite por Acanthamoeba, 85% eram
usuários de lentes de contato (STHER-GREEN et al., 1989).
Em 1991, Wilhelmus correlacionou o aumento de casos de
ceratite por Acanthamoeba com o aumento do número de usuários de
lentes de contato (WILHELMUS, 1991). A partir de então foram
publicados vários trabalhos descrevendo modelos experimentais de
ceratite por Acanthamoeba em coelhos (LIN et al., 1989) e ratos
(LARKIN; EASTY, 1990; LARKIN; EASTY, 1991).
Em 1991, Stopak et al. demonstraram que o crescimento de
Acanthamoeba em culturas de células epiteliais e ceratócitos de córneas
humanas depende de componentes dessas células (STOPAK et al.,
1991). Em 1992, Panjwani et al., demonstraram que a Acanthamoeba
adere-se a glicopeptídeos de membranas celulares de coelhos
(PANJWANI et al., 1992).
Em 1992, He et al. desenvolveram um modelo experimental de
ceratite por Acanthamoeba em porcos, no qual usavam como veículo
lentes de contato contaminadas com Acanthamoeba (HE et al., 1992).
Em 1993, usando cobaias, van Klink et al. desenvolveram
modelos de ceratite em que utilizaram lentes de contato, traumas e
células de Langerhans para contaminar a córnea (van KLINK et al.,
1993).
Em 1993, Garner propôs, baseado em estudos histopatológicos de
trinta casos de ceratite por Acanthamoeba, uma sequência de eventos
Revisão de Literatura
37
para explicar a fisiopatologia da ceratite: 1) quebra da superfície
epitelial corneana (micro trauma, hipóxia) abrindo porta para
penetração dos protozoários no estroma; 2) destruição de ceratócitos
pelos trofozoítos invasores; 3) resposta inflamatória do hospedeiro,
mediada principalmente por neutrófilos; 4) necrose estromal por
enzimas proteolíticas liberadas no sítio da infecção pelos neutrófilos
(GARNER, 1993).
Em 2003, Hurt mostrou que diante de uma abrasão corneana,
um micro trauma ou uma condição de hipóxia, por exemplo, uso de
lentes de contato, ocorre um aumento na concentração de manoses
(hexose) no local da lesão corneana. Esses açucares ligam-se a
receptores presentes na membrana celular da Acanthamoeba e essa
passa a produzir uma proteína batizada de MIP-133, que apresenta
atividade citolítica para as células do epitélio da córnea e atividade
colagenolítica na matriz do estroma corneano (HURT, 2003).
Em sua tese apresentada à The University of Texas Southwestern
Medical Center of Dallas, Hurt demonstrou que a capacidade de
produzir ceratite está relacionada à produção de MIP-133. Nesse
estudo, o autor imunizou animais com MIP-133 por via oral e obteve
anticorpos das mucosas dos mesmos. Esses anticorpos (anti-MIP-133)
neutralizaram as atividades citolíticas e colagenolíticas da MIP-133 “in
vitro”, assim como inibiram a migração de trofozoítos através da matriz
extracelular. Ainda nesse estudo, os animais previamente imunizados
Revisão de Literatura
38
apresentaram uma importante redução na gravidade e na duração de
ceratite experimental por Acanthamoeba. Além disso, animais com
ceratite por Acanthamoeba já estabelecida, ao receber imunização oral
com MIP-133, apresentaram imediatamente melhora do quadro ocular
(HURT, 2003).
3. OBJETIVOS
Objetivos
40
O presente estudo objetiva determinar se a conjuntiva de
nadadores, com olhos saudáveis, pode albergar Acanthamoeba, e em
caso positivo, se a frequência desses achados se correlaciona com a
presença desse protozoário em amostras de água da piscina onde se
pratica a natação.
4. MATERIAL E MÉTODOS
Material e Métodos
42
O presente estudo foi desenvolvido em duas academias de esporte
de uma mesma companhia da cidade de Araraquara. Cada academia
possui sala de esportes para não-nadadores e uma piscina. Cada
academia está localizada em um bairro, aos quais daremos os nomes de
Bairro “A” e Bairro “B”. Daqui por diante identificaremos cada uma das
academias e suas respectivas piscinas também pelas letras “A” e “B”,
segundo o Bairro em que estão situadas. A piscina “A” é abastecida por
água de cisterna (poço caipira) e tem aproximadamente 33 anos de
construção. A piscina “B” é abastecida por água de poço artesiano, e
tem aproximadamente cinco anos de construção. Ambas são cobertas e
aquecidas.
Este estudo desdobrou-se em duas fases. Na primeira fase (maio
de 2007), a rotina de tratamento da água de ambas as piscinas era a
seguinte: diariamente eram realizados filtração, ajuste de pH e cloração.
Na quarta-feira à noite, após o término do período de uso das piscinas,
eram adicionados à água produtos para decantar partículas em
suspensão. Na quinta-feira pela manhã, antes do início das atividades
de natação, era feita a aspiração dos sedimentos que haviam se
depositado no fundo das piscinas. Esse esquema de manutenção
obedecia a um padrão fixo que se repetia semana pós semana.
Material e Métodos
43
Na segunda fase (maio de 2008), a rotina de manutenção de
ambas as piscinas mudou, passando a obedecer ao seguinte esquema:
a) filtração, ajuste de pH e cloração continuaram a ser realizados
diariamente nas duas piscinas; b) a decantação de sedimentos passou a
ser realizada em ambas as piscinas nas terças, quintas e nos sábados à
noite, e a aspiração nas quartas, sextas e nos domingos pela manhã.
Entre a primeira e a segunda fase deste estudo, a piscina “A”
passou por um processo de limpeza diferenciado, que não se fazia havia
mais de 20 anos: foi esvaziada, poliram-se os azulejos e os rejuntes do
fundo com máquina de polir granito. Os azulejos e rejuntes das paredes
laterais foram escovados à mão. Nessas tarefas usou-se ácido muriático
como produto de limpeza. A piscina “B” não passou por nenhum
processo especial de limpeza.
Inicialmente, na academia “A” foram colhidas 30 amostras de
esfregaço conjuntival dos frequentadores da piscina e 13 amostras
idênticas de pessoas que frequentavam a sala de esportes, mas não a
piscina. Na academia “B”, foram colhidas 11 amostras do esfregaço
conjuntival dos frequentadores da piscina, e não foram colhidas
amostras de material conjuntival de não-nadadores. Nessa primeira
fase do estudo, também foram colhidas 14 amostras de água de cada
uma das piscinas.
Informados dos resultados dos exames das amostras de material
conjuntival e das amostras de água das piscinas, os proprietários das
Material e Métodos
44
academias decidiram realizar a limpeza especial da piscina “A”, descrita
acima, o que ocorreu em novembro de 2007.
Seis meses após a limpeza da piscina “A”, novamente foram
colhidas 14 amostras de água de cada piscina. Dessa vez foram
colhidas 34 amostras de esfregaço conjuntival dos nadadores da piscina
“A” e 20 amostras idênticas dos nadadores da piscina “B”.
Todos os 54 nadadores participantes da segunda fase deste
estudo (34 da piscina “A” e 20 da “B”) frequentavam as respectivas
piscinas desde o início.
Na piscina “A” foram coletadas amostras de raspado conjuntival
de 48 nadadores. Desses, 16 participaram das duas fases, 14 apenas
na primeira e 18 apenas da segunda fase do experimento. Na piscina
“B” foram coletadas amostras de 31 nadadores. Desses, 11 participaram
na primeira fase e 20 na segunda. Nessa piscina, os participantes da
primeira fase não participaram da segunda e vice-versa.
Tanto na primeira fase, quanto na segunda, colheu-se uma única
amostra de material conjuntival de cada participante. Como
consequência, os 16 nadadores da piscina “A” que participaram das
duas fases deste estudo submeteram-se a duas coletas de material
conjuntival, uma em cada fase.
Todos os participantes eram pessoas hígidas frequentadores
regulares da academia. Todos os nadadores usavam óculos de natação.
Material e Métodos
45
Os frequentadores de uma piscina seguramente não frequentavam a
outra.
Tanto na primeira como na segunda fase deste estudo o processo de
cloração da água das piscinas não envolveu o uso de ozônio, salinização,
radiação ultravioleta ou artefatos de liberação contínua do cloro (Anexo 1).
Coleta do material da conjuntiva
Todas as pessoas submetidas a coletas de material conjuntival eram
adultas. Foram informadas sobre a finalidade do estudo e assinaram
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Anexo 1). Nenhum
participante era usuário de lentes de contato, encontrava-se em uso de
antibióticos sistêmicos ou medicações oculares de qualquer natureza.
As coletas foram feitas, por uma mesma pessoa, sempre após o
período da prática esportiva, na própria academia de esportes. A região
escolhida foi a conjuntiva tarsal superior do olho esquerdo.
Para a raspagem da conjuntiva utilizou-se uma mini-escova de fios
de nylon, estéril, montada em aplicador que evita a contaminação
inadvertida da mesma pelas mãos do operador. Tanto a escova como o
sistema de proteção de esterilidade foram criados pelo Setor de Doenças
Oculares Externas, do Departamento de Oftalmologia, Otorrinolaringologia
e Cirurgia de Cabeça e Pescoço da FMRP-USP, especialmente para o
presente trabalho. As Figuras de 1 a 7 mostram as características dessa
escova.
Material e Métodos
46
Figura 1: escova e aplicador em envelope estéril
Figura 2: escova e aplicador
Material e Métodos
47
Figura 3: escova e aplicador sem a capa de proteção
Figura 4: escova e aplicador desmontado
Material e Métodos
48
Figura 5: escova e aplicador - montagem
Figura 6: demonstração de uso da escova - I
Material e Métodos
49
Figura 7: demonstração de uso da escova - II
No ato da coleta, a superfície ocular era anestesiada com duas
gotas de colírio de cloridrato de proximetacaína a 0,5%. Em seguida, a
pálpebra superior esquerda era evertida e a escova friccionada, com
movimentos de vai-e-vem, contra a conjuntiva tarsal superior. A escova
era então ejetada do aplicador dentro de um tubo de vidro estéril,
contendo 3ml de caldo de Thioglicolato. Imediatamente aplicava-se a
tampa a esse tubo.
As Figuras de 8 a 12 ilustram esses procedimentos.
Material e Métodos
50
Figura 8: coleta de amostra de material conjuntival
Figura 9: tubo com thioglicolato - I
Material e Métodos
51
Figura 10: tubo com thioglicolato - II
Figura 11: inserção da escova no tubo após coleta do material
conjuntival
Material e Métodos
52
Figura 12: tubo contendo thioglicolato e a escova carregada de material
conjuntival
Coleta da água das piscinas
Em cada uma das piscinas, num período de sete dias
consecutivos - de segunda-feira a domingo - foram colhidas 14
amostras de água. Em cada dia eram colhidas duas amostras: uma pela
manhã, antes do uso da piscina pelos banhistas, e outra à noite, antes
do tratamento da água com produtos químicos. Cada amostra era
coletada em uma seringa estéril exclusiva de 10ml. Cerca de 3ml do
conteúdo da seringa eram injetados dentro de um tubo estéril com
tampa rosqueada contendo igual volume de Thioglicolato líquido. Esses
Material e Métodos
53
tubos eram enviados ao laboratório para a pesquisa de cistos e
trofozoítos de Acanthamoeba.
Os procedimentos foram idênticos em ambas as fases deste
estudo.
A análise laboratorial
O tubo de Thioglicolato, com a escova ou a água da piscina, era
encubado a 28ºC por 72 horas. Então, o material era semeado em
placas de Petri contendo Agar não nutriente com cobertura de
Escherischia coli. Essas placas eram colocadas em sacos plásticos para
evitar a dessecação e mantidas a 28°C. A leitura das placas era feita
diariamente ao microscópio óptico com aumentos de 100 e 400 vezes,
por um período de até 14 dias. Se após esse período a placa não
revelasse trofozoítos ou cistos de Acanthamoeba o resultado era
considerado negativo.
Identificação das Acanthamoebae
As Acanthamoebae isoladas foram classificadas por gênero, segundo
os critérios de Page (PAGE, 1976): os trofozoítos apresentavam movimentos
lentos e citoplasma com zona periférica hialina, e vacúolos pulsáteis; os
cistos apresentavam parede com membrana dupla e com aspecto poligonal.
Como os espécimes foram observados sempre em placas de Petri, em meio
Agar, não foi possível a visualização dos acantopódios.
Material e Métodos
54
Figura 13: trofozoítos
Figura 14: trofozoítos e cistos recém formados
Material e Métodos
55
Figura 15: cistos maduros
Análise estatística dos dados
Como o estudo envolveu comparações de médias e proporções, os
testes utilizados para amostras independentes foram: ANOVA, Exato de
Fisher e Qui-quadrado. Para amostras pareadas utilizou-se o Teste de
McNemar. Consideramos os resultados como estatisticamente
significantes quando p<0,05.
5. RESULTADOS
Resultados
57
Tabela 1. Dados demográficos dos nadadores.
Nadadores Fase 1 Fase 2 Ambas Fases p
Frequência 25 38 16
Idade (anos)* 45,5 ± 17,5
46,8 ±15,9 45,1 ± 13,6 0,9196
Faixa etária (anos) 19 - 75 18 - 75 20 - 68
Masculino 9 14 7
Sexo **
Feminino 16 24 9
0,8656
*ANOVA. **Qui-quadrado
Tabela 2: Frequência de resultados de culturas de Acanthamoeba de
conjuntivas de esportistas hígidos da academia “A” (maio de 2007).
Esportista Acanthamoeba Total
+ -
Nadador 23 7 30
Não nadador 0 13 13
Total 23 20 43
Teste Exato de Fisher p<0,0001
Tabela 3: Frequência dos resultados de culturas de Acanthamoeba de
conjuntivas de nadadores das piscinas “A” e “B” (maio de 2007).
Piscina Acanthamoeba Total
+ -
“A” 11 3 14
“B” 0 11 11
Total 11 14 25
Teste Exato de Fisher p=0,0001
Resultados
58
Tabela 4: Resultados de culturas de Acanthamoeba da água de duas piscinas
cobertas, em função do dia e do período da colheita (maio de 2007).
M = manhã, N = noite
Tabela 5: Frequência dos resultados de culturas de Acanthamoeba da água
das piscinas “A” e “B” (maio de 2007).
Piscina Acanthamoeba Total
+ -
"A" 12 2 14
"B" 5 9 14
Total 17 11 28
Teste Exato de Fisher p=0,0183
Tabela 6: Resultados de culturas de Acanthamoeba da água de duas piscinas
cobertas, em função do dia e do período da colheita (maio de 2008).
M = manhã, N = noite
Tabela 7: Frequência dos resultados de culturas de Acanthamoeba da água
das piscinas “A” e “B” (maio de 2008).
Piscina Acanthamoeba Total
+ -
"A" 2 12 14
"B" 2 12 14
Total 4 24 28
Teste Exato de Fisher p=1,0000
Dia da Semana
SEG TER QUA QUI SEX SAB DOM
Piscina
M N M N M N M N M N M N M N
“A” + + + + + + - - + + + + + +
“B” - + + + + + - - - - - - - -
Dia da Semana
SEG TER QUA QUI SEX SAB DOM
Piscina
M N M N M N M N M N M N M N
“A” + - - - - - - + - - - - - -
“B” - - + - - - - - - + - - - -
Resultados
59
Tabela 8: Cotejo de dois resultados consecutivos de culturas de
Acanthamoeba da água da piscina “A”.
Teste de McNemar p=0,0094
Tabela 9: Cotejo de dois resultados consecutivos de culturas de
Acanthamoeba da água da piscina “B”.
Teste de McNemar p=0,3711
Tabela 10: Frequência dos resultados de culturas de Acanthamoeba de
conjuntivas de nadadores das piscinas “A” e “B” (maio de 2008).
Piscina Acanthamoeba Total
+ -
“A” 1 17 18
“B” 0 20 20
Total 1 37 38
Teste Exato de Fisher p=0,4737
Acanthamoeba Maio 2008 Total
+ -
+ 1 11 12
Maio 2007
- 1 1 2
Total 2 12 14
Acanthamoeba Maio 2008 Total
+ -
+ 1 4 5
Maio 2007
- 1 8 9
Total 2 12 14
Resultados
60
Tabela 11: Frequência dos resultados de culturas de Acanthamoeba de
conjuntivas de dois grupos independentes de nadadores da piscina “A”,
segundo a data do exame.
Data Acanthamoeba Total
+ -
Maio 2007 11 3 14
Maio 2008 1 17 18
Total 12 20 32
Teste Exato de Fisher p<0,0001
Tabela 12: Cotejo de dois resultados consecutivos de culturas de
Acanthamoeba de um mesmo grupo de nadadores da piscina “A”.
Teste de McNemar p=0,0077
Acanthamoeba Maio 2008 Total
+ -
+ 3 9 12
Maio 2007
- 0 4 4
Total 3 13 16
6. DISCUSSÃO
Discussão
62
A Acanthamoeba tem sido encontrada em vias aéreas de pessoas
aparentemente saudáveis (MA et al., 1990; SELL; RUPP; ORRISON Jr.,
1997; RODRIGUEZ et al. 1998; ARMSTRONG, 2000; SEIJO-MARTINEZ
et al., 2000; LEVINE et al., 2001; RIVERA; PADHYA, 2002). Entretanto,
Anisah et al. (2005) pesquisaram Acanthamoeba na conjuntiva de 286
crianças hígidas na Malásia e não encontraram nenhum caso positivo
(ANISAH et al., 2005). Classicamente é aceito que ambientes líquidos
que contenham bactérias, como piscinas, são ideais para o
desenvolvimento desse protozoário (NEVES, 2000). Assim, imaginamos
que nadadores, teoricamente, teriam alguma chance de apresentar
Acanthamoeba em suas conjuntivas. Frente a esses fatos, nos
propusemos a verificar se a conjuntiva de nadadores hígidos poderia
albergar Acanthamoeba.
A Tabela 1 apresenta os dados demográficos dos nadadores. Nela
é importante a observação de que a média das idades dos três grupos,
identificados na tabela, não difere estatisticamente pelo teste de análise
de variância. As proporções dos sexos, nos grupos em questão, também
não apresentaram diferenças estatisticamente significativas pelo teste
do Qui-quadrado. Embora não haja na literatura médica informações
sobre a influência dessas variáveis na contaminação do saco
Discussão
63
conjuntival, isso diminui a chance de que as mesmas se configurem
como variáveis de confusão.
Primeira fase do trabalho
O trabalho começou na piscina “A” com a observação de que
76,7% dos seus usuários apresentavam positividade para
Acanthamoeba no material colhido da conjuntiva tarsal superior. A
primeira pergunta que se impôs foi, se o problema se concentrava na
piscina ou no ambiente físico da academia. Colheu-se, então, material
de esportistas que a frequentavam, mas que seguramente não se
banhavam nessa ou noutra piscina. A Tabela 2 compara os resultados
de ambas as colheitas.
Entre os 30 nadadores encontraram-se 23 casos positivos. Entre
os 13 não nadadores, não houve nenhum caso positivo. A diferença
entre os dois grupos revelou-se altamente significante pelo teste Exato
de Fisher (p<0,0001). Concluiu-se, então, que o achado se devia a
utilização da piscina. A primeira pergunta do trabalho estava
respondida: a conjuntiva de nadadores hígidos podia albergar
Acanthamoeba, mesmo que o fenômeno fosse transitório, resultante de
contaminação pela água.
Como a empresa proprietária da academia “A” possuía outra
unidade, que chamamos de “B”, também dotada de piscina coberta e
aquecida, decidimos estudar os esfregaços conjuntivais de uma amostra
Discussão
64
de nadadores da piscina, denominada “B”. Nela, dos 11 nadadores
estudados, nenhum apresentou positividade para a Acanthamoeba.
A Tabela 3 compara os resultados dessa piscina com os da “A”.
Nela, observa-se que a proporção dos casos positivos da piscina “A” foi
significativamente maior que da “B” pelo Teste Exato de Fisher
(p<0,0001). Isso sugeria que algum fator intrínseco das piscinas deveria
estar respondendo por esse resultado.
De Jonckheere (De JONCKHEERE, 1979) já havia mostrado que
as amoebas mais prevalentes na superfície da água de piscinas são as
Acanthamoebae pelo fato dos seus cistos serem resistentes ao cloro.
Outros tipos de amoeba de vida livre, cujos cistos são mais sensíveis,
devem ser procurados, não na superfície da água, mas nos sedimentos
das paredes e do fundo das piscinas onde eles ficam protegidos da ação
do cloro. Esse autor encontrou Acanthamoeba em amostras de apenas
1,0ml de água da superfície de piscinas cloradas. Baseados nessa
experiência foi que idealizamos nosso método de coleta da água das
piscinas. Como todos os dias, à noite, era feito filtração, cloração e
ajuste do pH das piscinas, concluímos que para termos informação
mais completa sobre a eventual contaminação das mesmas pela
Acanthamoeba, seria interessante a feitura de duas coletas diárias de
água. A primeira, pela manhã, quando elas estariam teoricamente mais
limpas e a segunda à noite, antes do tratamento, quando elas estariam
teoricamente mais sujas.
Discussão
65
A Tabela 4 mostra os resultados das culturas das amostras de
água das piscinas “A” e “B” e indica o momento da coleta de cada
amostra (dia da semana e período). Nela observa-se que a porcentagem
de contaminação da piscina “A” era de 85,7% (12/14) e que a da piscina
“B” era de 35,7% (5/14). A Tabela 5 compara a frequência dos
resultados de culturas de Acanthamoeba da água das piscinas “A” e “B”.
Nela observa-se que a proporção de casos positivos de “A” era
significativamente maior que a de “B”, pelo Teste Exato de Fisher
(p=0,0183). O fato de a piscina “A” estar muito mais contaminada que a
“B” sugere uma possível relação causa-efeito entre o grau de
contaminação da piscina e dos seus usuários. O fato de a piscina “B”
também estar contaminada, sem que nenhum dos seus nadadores
apresentasse o protozoário na conjuntiva, sugere que tal fenômeno só
se manifeste acima de um nível crítico de contaminação da água. Afinal,
a contaminação de piscinas por amebas de vida livre não parece ser fato
infrequente: De Jonckheere, estudando 16 piscinas da Bélgica, das
quais 15 cobertas e uma descoberta, encontrou 10 delas com esses
protozoários, sendo que 43,6% deles eram Acanthamoebae (De
JONCKHEERE, 1979); Moura, estudando 10 piscinas na Cidade do Rio
de Janeiro, encontrou 15 gêneros de amoebas de vida livre, sendo que a
Acanthamoeba estava presente em todas as piscinas. Nesse estudo, o
autor repetiu a coleta de água após seis meses e dessa vez encontrou
Acanthamoeba em oito piscinas, nas outras duas encontrou outros
Discussão
66
gêneros de amoebas de vida livre (MOURA, 1980); Rivera et al.,
estudando 11 piscinas selecionadas ao acaso na cidade do México,
encontraram oito delas contaminadas com 29 cepas de amoebas
pertencentes a oito generos; cerca de 32% dos casos eram de
Acanthamoebae (RIVERA et al., 1993).
O tratamento da água era idêntico nas duas piscinas. As únicas
diferenças entre elas eram: o tempo de construção e a fonte de
suprimento da água. A piscina “A” tinha 33 anos de construção e a “B”
aproximadamente cinco anos. A água da primeira era obtida de poço
raso, cisterna, e da segunda de poço artesiano.
Outra conclusão importante de De Jonckheere é que a maior
concentração do protozoário se encontrava no chão ao redor da piscina
e, principalmente sob o chuveiro onde os usuários se banhavam antes
de entrar na piscina. Conjeturou, então, que as amoebas de vida livre
seriam introduzidas continuamente na água das piscinas pelos próprios
usuários (De JONCKHEERE, 1979). Sendo correta essa conjectura,
podemos supor que quanto mais velha a piscina maior a chance de
estar contaminada. Entretanto, ainda existia a possibilidade de que a
fonte de água das piscinas tivesse alguma influência na diferença de
contaminação entre elas.
Informamos aos proprietários das academias os resultados
obtidos. Diante disso, eles resolveram realizar a limpeza especial da
piscina “A”, citada previamente.
Discussão
67
Segunda fase do trabalho
Seis meses após a limpeza da piscina “A”, e um ano após as
coletas da primeira fase, colheram-se novamente amostras de água das
duas piscinas. A Tabela 6 mostra os resultados dessas colheitas. A
porcentagem de contaminação de ambas as piscinas passou a ser
idêntica, ou seja, 14,3% (2/14). A Tabela 7 compara esses resultados
pelo Teste Exato de Fisher, que não revelou diferença estatística
significante entre os mesmos (p=1,0000). Esses resultados nos
mostravam que agora não havia mais diferença aparente entre as
piscinas “A” e “B” quanto à contaminação por Acanthamoeba.
Como a piscina “A” continuava a ser abastecida por água de
cisterna e a “B” por água de poço artesiano, concluímos que,
provavelmente a fonte de abastecimento não era o fator responsável
pela diferença de contaminação que existia entre as piscinas na
primeira fase.
A Tabela 8 compara os resultados de culturas de Acanthamoeba
da água da piscina “A” nas Fases 1 e 2. Nela observa-se, pelo Teste de
McNemar, que houve uma descontaminação estatisticamente
significante da piscina “A” (p=0,0094) com a passagem para a Fase 2. A
Tabela 9 compara os resultados de culturas de Acanthamoeba da água
da piscina “B” nas Fases 1 e 2. Nela observa-se, pelo Teste de McNemar,
que não houve mudança aparente, estatisticamente significante, na
Discussão
68
porcentagem de contaminação da piscina “B” (p=0,3711) com a
passagem para a Fase 2.
Entre a primeira e a segunda fase deste estudo, três fatos
importantes ocorreram: 1) a água da piscina “A” foi trocada e as paredes
e o fundo da mesma foram exaustivamente limpos; 2) o esquema de
manutenção de ambas as piscinas mudou. Era feito uma vez por
semana e passou a ser feito três vezes por semana; 3) passou um ano
entre as colheitas.
Todos esses três fatos podem ter contribuído para a
descontaminação da piscina “A”. Rivera et al. mostraram que o
isolamento de Acanthamoeba nas piscinas tende a ser influencidado
pela sazonalidade. Nas épocas quentes tende a aumentar e nas frias a
diminuir (RIVERA et al., 1993). Como as colheitas nas duas fases foram
feitas na mesma época do ano (maio) e como a porcentagem de
contaminação se manteve constante na piscina “B” , é provável que esse
fator não tenha sido crítico na descontaminação da piscina “A”. O fato
de a porcentagem de contaminação da piscina “B” ter se mantido
constante também sugere que a mudança do regime de manutenção
das piscinas na Fase 2 não tenha sido o principal fator da
descontaminação da piscina “A”. Sobrou, portanto, como principal fator
de explicação desse fenômeno, a troca da água e a limpeza diferenciada
da piscina “A”. Restava, então, saber se essa descontaminação poderia
Discussão
69
influenciar na porcentagem de contaminação das conjuntivas dos
usuários dessa piscina.
A Tabela 10 compara as frequências dos resultados de culturas
de Acanthamoeba de conjuntivas dos nadadores das piscinas “A” e “B”
na segunda fase deste estudo (maio de 2008). Nela, a porcentagem de
positividade dos nadadores de “A” caiu para 5,5% e a de “B” manteve-se
nula. Pelo Teste Exato de Fisher já não era mais possível detectar
diferença estatisticamente significante entre os nadadores das duas
piscinas (p=0,4737).
Da análise da tabela anterior, concluiu-se que, como os
nadadores da piscina “B” continuaram negativos, a igualdade estatística
entre os nadadores das duas piscinas, agora vigente, provavelmente se
deveu à descontaminação das conjuntivas dos nadadores da piscina
“A”.
A Tabela 11 compara as frequências dos resultados de culturas
de Acanthamoeba de conjuntivas de dois grupos de nadadores da
piscina “A”; um grupo testado só na primeira fase com porcentagem de
contaminação de 78,6% com outro, testado só na segunda fase, com
porcentagem de contaminação de 5,5%. O Teste Exato de Fisher revelou
diferença estatisticamente significante entre eles (p<0,0001). Isso
mostrava a existência de efetiva descontaminação dos nadadores da
piscina “A”. Para reforçar essa conclusão, tomamos uma amostra de 16
nadadores, que haviam sido testados nas duas fases, e estudamos, com
o Teste de McNemar, a variação de positividade dentro do grupo. A
Discussão
70
Tabela 12 mostra os resultados. O teste foi altamente significante
(p=0,0077). Isso confirmava cabalmente que na passagem da Fase 1
para a Fase 2 houve descontaminação das conjuntivas dos usuários da
piscina “A”.
Quando a piscina “A” estava inquestionavelmente mais
contaminada que a piscina “B” os nadadores da primeira apresentavam
alta taxa de contaminação na conjuntiva tarsal e os da segunda
nenhuma contaminação. Quando a taxa de contaminação da água da
piscina “A” caiu a ponto de não diferir estatisticamente da “B”, a
porcentagem de contaminação dos seus nadadores caiu
vertiginosamente de 78,6% para 5,5%. Isso sugere possível relação
causal entre a taxa de contaminação da água e a taxa de contaminação
dos nadadores. Culturas conjuntivais positivas seriam, portanto, mais
frequentes à medida que a água se tornasse mais contaminada.
Entretanto, o fato de a piscina “B” estar contaminada e mesmo assim
não apresentar nenhum nadador contaminado também suscita outra
conjectura: que a contaminação conjuntival só ocorreria após a
ultrapassagem de um limiar critico de contaminação água. Não haveria,
pois, uma linearidade entre as duas variáveis. De qualquer forma,
ambas as hipóteses levam à conclusão de que a chance de se encontrar
Acanthamoeba na conjuntiva de nadadores sadios esteja provavelmente
relacionada com o grau de contaminação da água da piscina.
7. CONCLUSÕES
Conclusões
72
Pelos resultados obtidos neste estudo podemos concluir que:
1) a conjuntiva de nadadores hígidos pode albergar
Acanthamoeba;
2) a chance de se encontrar Acanthamoeba na conjuntiva de
nadadores hígidos está provavelmente relacionada com o grau
de contaminação da água da piscina por este protozoário;
3) nadadores com resultado positivo para Acanthamoeba podem
tornar-se negativos com a redução da contaminação da piscina.
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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Referências Bibliográficas
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agosto de 2000. Ed Nova Fronteira.
NASCENTES A: Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa. Impresso
nas Oficinas do Jornal do Comércio, Av. Rio Branco, 117 Rio de
Janeiro, 1955.
9. ANEXOS
Anexos
86
ANEXO 1
LIMPEZA E TRATAMENTO DE PISCINAS
A natação é uma das principais modalidades esportivas da atualidade.
Isto pode ser facilmente comprovado pelo enorme espaço que a mesma ocupa
nas principais competições esportivas realizadas por todo o mundo. Além de
nadadores de alto nível, muitos atletas amadores dedicam-se à natação como
forma de exercitar-se. Natação e hidroginástica fazem parte do arsenal
terapêutico da medicina e da fisioterapia, e têm sido recomendadas no
tratamento de inúmeras patologias. Em países de clima quente, como o Brasil,
as piscinas abertas são muito utilizadas para o lazer e atraem milhares e
milhares de indivíduos de praticamente todas as faixas etárias, principalmente
nos meses de primavera e verão. Em países de climas frios predominam as
piscinas cobertas e aquecidas, que também são comuns nas Regiões Sul e
Sudeste do nosso País. Pelo exposto podemos concluir que a utilização de
piscinas é um hábito presente em todo o mundo civilizado, e largamente
difundido na população.
Utilizar uma piscina de água cristalina pode ser muito prazeroso.
Entretanto, a água da piscina pode representar um risco para saúde dos
usuários. Várias doenças como conjuntivites, ceratites, otites, faringites,
dermatomicoses, gastrenterites, etc podem ser adquiridas ao se utilizar uma
piscina contaminada.
Fatores climáticos (chuva e vento) nas piscinas abertas, e os próprios
usuários tanto nas abertas como nas cobertas, podem carrear para a água da
piscina material inorgânico (como areia e terra), e orgânico (como folhas de
vegetais, insetos, excrementos de pássaros, células de descamação,
secreções de vias aéreas, gordura, suor, urina). Estes materiais podem estar
contaminados com diversos tipos de bactérias, fungos, vírus ou protozoários,
que precisam ser eliminados ou pelo menos neutralizados, para que tenhamos
Anexos
87
uma piscina em condições adequadas para o uso. Portanto é necessário que
se realize regularmente a limpeza da piscina e o tratamento da água.
Existem vários métodos de limpeza e tratamento de piscinas. Todos
visam manter a qualidade estética e sanitária da água, que deve apresentar-se
cristalina, sem odores e livre de microrganismos.
Didaticamente podemos dividir o tratamento da água em duas fases. A
primeira fase consiste no tratamento físico e a segunda no tratamento químico.
O tratamento físico consiste em: 1- remover mecanicamente os
elementos, que estejam flutuando na superfície (como folhas, insetos, etc)
utilizando-se para isto uma peneira de nylon montada na ponta de uma haste
de alumínio, 2 – sempre que necessário promover a decantação de partículas
que estejam em suspensão através do uso de floculantes (sulfato de alumínio),
3 - aspirar dos resíduos depositados no fundo da piscina, 4 – filtrar a água
diariamente por 4 a 8 horas, dependendo do tamanho da piscina e da
intensidade de uso, 5 – limpar as bordas e as paredes até o nível da superfície
da água com escova e produtos biodegradáveis, que não alterem o pH.
Quanto ao tratamento químico, trata-se de equilibrar a ação de produtos
para o tratamento da água. Os elementos básicos para o cuidado químico de
uma piscina são a alcalinidade, o pH e o cloro livre. A alcalinidade mede a
concentração de substâncias capazes de seqüestrar íons H
+
, que deve estar
entre 80 e 120 ppm. O pH deve estar entre 7,4 e 7,6, pois caso contrário a
eficácia dos outros produtos estará comprometida. Para ajuste do pH existem
produtos que promovem elevação, como a barrilha (carbonato de sódio) e
produtos diminuem o pH liberando íons H
+
. Ainda que a piscina esteja limpa,
com as paredes e bordas escovadas, a água pode estar contaminada com
diversos microrganismos (vírus, bactérias, fungos e protozoários) causadores
de doenças. Então, torna-se necessário utilizar um desinfetante. Comumente
utiliza-se o cloro.
Chamamos genericamente de “Cloro” vários produtos desinfetantes, que
contêm este elemento químico. Entre os mais usados temos: cloro gás, cloro
líquido (hipoclorito de sódio), cloro granulado (hipoclorito de cálcio) e os
Anexos
88
isocianuratos clorados, que são chamados de “cloro orgânico” e são
encontrados no mercado sob a forma de pastilhas ou granulado. Todos estes
compostos, em contato com a água, liberam o “ácido hipocloroso” (fórmula
química – HClO) que é o agente sanitizante ativo. As moléculas do ácido
hipocloroso atravessam a membrana celular dos microrganismos, reagem com
estruturas celulares provocando danos que acabam levando à morte dos
mesmos.
O cloro começou a ser utilizado em larga escala, para tratamento da
água distribuída à população, em 1908, na cidade de Jersey City, nos Estados
Unidos, com a finalidade de diminuir os casos de febre tifóide. Com esta
medida o número de dessa doença em Jersey City caiu de 25.000 em 1900
para 20 em 1960. No Brasil a cloração de águas públicas iniciou-se em 1925,
por iniciativa do Professor Geraldo Horácio de Paula Souza, importante
sanitarista paulista.
Ainda hoje produtos à base de cloro são os mais utilizados para tratar a
água distribuída à população e a de piscinas, pois além de terem ação efetiva
contra a maioria dos microrganismos encontrados na água, são de baixo custo,
uma vez que o cloro é o 11º elemento químico mais abundante no planeta.
Para o tratamento de piscinas preconiza-se que a quantidade de cloro
deva estar entre 1,0 e 3,0 ppm. No Estado de São Paulo existe uma lei que
regulamenta a quantidade de cloro em piscinas públicas, que deve estar entre
0,5 e 0,8 g para cada mil litros de água.
Embora o tratamento de piscinas com cloro apresente grande eficácia e
baixo custo, existem dois problemas principais:
1 - O cloro sofre evaporação o que faz com que as concentrações
diminuam com o passar do tempo, obrigando a reposição constante,
geralmente diárias, do produto. Para minimizar este problema, já há
algum tempo, tem-se utilizado pastilhas de cloro de baixa
solubilidade, que acondicionadas em artefatos flutuantes liberam
cloro continuamente em doses ideais conforme o volume de água de
cada piscina.
Anexos
89
2 - O cloro pode causar irritação nos olhos e nas vias aéreas,
ressecamento da pele e dos cabelos e maior desgaste das roupas
utilizadas durante a natação. A única maneira de minimizar estes
efeitos é diminuir a concentração de cloro na água. Ultimamente têm
sido desenvolvidos tecnologias e equipamentos para limpeza e
tratamento de piscinas que, embora, não dispensem a utilização do
cloro aumentam sua eficiência, permitindo que o mesmo seja
utilizado em concentrações bem menores. Atualmente estão
disponíveis no mercado brasileiro a salinização de piscinas, o uso do
ozônio e da radiação ultravioleta “C”.
No sistema de salinização são utilizados 5 a 6 gramas de sal para cada
litro de água. No circuito de circulação de água da piscina é adaptado um
aparelho que promove a eletrólise do cloreto de sódio gerando íons livres, que
se difundem por toda a água da piscina. Como o cloro é liberado
continuamente não ocorrem flutuações na concentração deste elemento.
Segundo o fabricante, funcionando continuamente, este aparelho mantém a
piscina com a concentração ideal de cloro durante as 24 horas, fazendo com
que a maioria dos microrganismos seja eliminada. Estima-se que existam em
torno de 10.000 piscinas salinizadas no Brasil. Segundo o fabricante este
sistema diminui em 80% a utilização do cloro convencional.
No sistema que utiliza ozônio, este gás é injetado na tubulação de água
na casa de máquinas. Segundo o fabricante o ozônio mata bactérias até três
mil vezes mais rápido que o cloro. Entretanto ainda assim é necessário que se
adicione cloro à água, porém a quantidade necessária é muito menor que nos
sistemas que não utilizam o ozônio.
O sistema que utiliza luz ultravioleta promove a destruição dos
microrganismos através de danos provocados no DNA pela radiação UVC, que
é emitida no interior de um tubo por onde circula a água da piscina. Segundo o
fabricante o equipamento permite uma redução de 75% no uso do cloro nas
piscinas públicas e este tratamento é capaz de destruir até mesmo alguns
protozoários como a giárdia.
Anexos
90
Fonte consultada:
- Clorosur – Associação Latino-Americana da Indústria de Cloro,
Álcalis e Derivados
- Abiclor - Associação Brasileira da Indústria de Álcalis, Cloro e
Derivados
www.abiclor.com.br
Anexos
91
ANEXO 2
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Grupo de estudo: usuários de piscinas
Projeto de pesquisa
: “Presença de Acanthamoeba na conjuntiva de esportistas
hígidos: comparação entre usuários e não usuários de piscinas”
Responsável pela pesquisa (orientado): Luís Antonio Gorla Marcomini
Orientador: Prof Dr Sidney Julio de Faria e Sousa
I – Identificação do Participante
Nome:_________________________________Idade:_________sexo_____
Endereço:_____________________________________RG:_____________
Telefone:_______________________E-mail:_________________________
II – Responsável legal pelo Participante
Nome:_________________________________Idade:_________sexo_____
Endereço:_____________________________________RG:_____________
Telefone:_______________________E-mail:_________________________
Utilize o tempo que for necessário para ler e entender este termo de
consentimento informado. Havendo qualquer duvida em qualquer tempo, por
favor, sinta-se completamente à vontade para nos perguntar.
III – Objetivos e esclarecimentos a respeito deste projeto de pesquisa
A – Esta pesquisa tem por objetivo determinar se a conjuntiva (membrana
transparente que recobre a parte branca dos olhos, e a porção interna das pálpebras)
de esportistas sem doença ocular pode conter um microrganismo, chamado de
Acanthamoeba. O presente estudo também pretende verificar se a ocorrência da
Acanthamoeba é diferente entre usuários e não usuários de piscinas. Devido à
biologia da Acanthamoeba presume-se que talvez seja mais prevalente em usuários
de piscinas.
B – Pelo exposto no item “A” fica claro que haverá dois grupos de voluntários
participantes deste estudo: um grupo formado por usuários de piscinas, e outro grupo
constituído por esportistas que não utilizam piscinas nas suas práticas esportivas. O
grupo de usuários de piscinas será chamado grupo de estudo e o grupo de não
usuários será denominado grupo controle.
C – Para realização do presente estudo, será realizada coleta de material conjuntival
dos voluntários, da seguinte maneira: serão instiladas duas gotas de colírio anestésico
no olho esquerdo, para que não haja desconforto durante a coleta do material. Após a
anestesia com o referido colírio, uma micro-escova de cerdas de nylon esterilizada
será aplicada à região da conjuntiva que se localiza sob a pálpebra superior do olho
Anexos
92
esquerdo. O contato desta escova com a conjuntiva promoverá a liberação de material
em quantidade suficiente para o estudo. A coleta do material será realizada pelo
oftalmologista responsável pelo estudo: Luis Antonio Gorla Marcomini
D – A presença da Acanthamoeba na conjuntiva, assim como em outros tecidos do
corpo humano, sem outros sinais de inflamação (dor, febre, vermelhidão ou edema),
não caracteriza doença e, portanto, não requer tratamento.
E – Embora a presença da Acanthamoeba na conjuntiva, por si só, não caracterize
doença, torna-se importante se a pessoa tiver intenção de usar lentes de contato.
Acanthamoeba presente na conjuntiva, associada ao uso de lente de contato mal
cuidada, pode causar doença ocular grave.
F – Se esta pesquisa confirmar o pré-suposto que usuários de piscinas têm maior
chance de ter Acanthamoeba em seus olhos, este trabalho servirá para alertar estas
pessoas que elas correm maior risco de contrair doença ocular por Acanthamoeba, se
resolverem usar lentes de contato.
IV – Situação dos Participantes
Sendo usuário regular de piscinas, serei incluído no grupo de estudo.
Devido ao esquema desta pesquisa, os participantes do grupo de estudo estarão
sujeitos às mesmas condições dos participantes do grupo controle, uma vez que o que
define o grupo é o tipo de esporte que a pessoa pratica, e não o que será feito no
desenvolvimento do estudo.
Compreendi também que aceitando participar:
A – Estou dando meu consentimento (permissão) para que seja coletado material de
meu olho esquerdo, conforme técnica descrita na letra “C” do item III. Entendi que a
coleta do material conjuntival não costuma trazer nenhum tipo de risco, uma vez que
serão removidas apenas células superficiais que se desprendem e caem
continuamente.
B – A coleta do material dos meus olhos será realizada na academia de esportes, logo
após o término de minhas atividades físicas. Se eu sentir qualquer tipo de desconforto,
ou alguma preocupação quanto à saúde dos meus olhos após o referido
procedimento, serei prontamente atendido pelo responsável pela pesquisa o
oftalmologista Luis Antonio Gorla Marcomini, que poderá ser acionado pelo telefones
listados no final deste documento. Mesmo que não haja nenhum tipo de desconforto,
serei re-avaliado no dia seguinte à coleta do material, pelo profissional citado acima.
C – Qualquer problema oftalmológico que eu apresente, poderá impedir que eu
participe do presente estudo, entretanto, mesmo que eu não possa ser incluído entre
os participantes, me será garantido o tratamento e/ou seguimento do problema
oftalmológico detectado. Entendi também que me será assegurado o tratamento e/ou
seguimento de qualquer problema decorrente da minha participação neste estudo.
D – Entendi que o participante tem total liberdade de retirar seu consentimento, a
qualquer momento, em qualquer fase da pesquisa, sem que haja prejuízo aos
cuidados, que o mesmo esteja eventualmente recebendo.
E – A qualquer momento, o participante poderá solicitar informações sobre a pesquisa.
Anexos
93
F - Cada participante será informado em caráter particular sobre o resultado do exame
do material colhido do seu olho.
G – Os resultados dos exames do material coletado dos olhos de todos os
participantes comporão o presente estudo, e jamais será feita identificação entre o
resultado do exame de uma determinada amostra de material e o participante do qual
foi colhida tal amostra. Nem mesmo o pessoal do laboratório onde serão realizados
tais exames poderá identificar de quem é uma determinada amostra de material, uma
vez que o material encaminhado ao laboratório, será identificado apenas por um
número. Isso garante sigilo e assegura a privacidade dos participantes.
H – Havendo necessidade de utilização de medicamentos para tratamento de
eventuais desconfortos causados pela participação neste estudo, os mesmos serão
fornecidos gratuitamente ao participante pelo pesquisador responsável por este
estudo.
I – Eventuais danos sofridos devido a minha participação neste estudo, serão
indenizados pelo responsável pela pesquisa, o oftalmologista Luis Antonio Gorla
Marcomini, na forma da Lei.
J – Para qualquer esclarecimento:
Dr Luis Antonio Gorla Marcomini 16 – 3336-8225 (clinica) ou 16 -3336-6575
(residência) ou 16 - 9156 – 5149
Após ter lido e entendido todas as informações contidas neste documento, como
objetivos, metodologia, possíveis riscos e benefícios,
eu______________________________________________, consinto, por vontade
própria, em participar deste estudo. Afirmo ainda que todas as minhas dúvidas foram
sanada pelo pesquisador, o qual estará a minha disposição para eventuais sanar
eventuais duvidas que surjam no futuro, com relação à pesquisa, ou com relação a
qualquer sintoma ou sinal que apareça nos meus olhos e que eu eventualmente
relacione à minha participação neste estudo.
______________________________________
Participante ou responsável legal
______________________________ _________________________________
Prof Dr Sidney Júlio de Faria e Sousa Luis Antonio Gorla Marcomini CRM 5185
Orientador Pesquisador responsável
Araraquara,_______de _______________________de_____________ .
Anexos
94
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
Grupo Controle: não usuários de piscinas
Projeto de pesquisa: “Presença de Acanthamoeba na conjuntiva de esportistas
hígidos: comparação entre usuários e não usuários de piscinas”
Responsável pela pesquisa (orientado): Luís Antonio Gorla Marcomini
Orientador: Prof Dr Sidney Julio de Faria e Sousa
I – Identificação do Participante
Nome:_________________________________Idade:_________sexo_____
Endereço:_____________________________________RG:_____________
Telefone:_______________________E-mail:_________________________
II – Responsável legal pelo Participante
Nome:_________________________________Idade:_________sexo_____
Endereço:_____________________________________RG:_____________
Telefone:_______________________E-mail:_________________________
Utilize o tempo que for necessário para ler e entender este termo de
consentimento informado. Havendo qualquer duvida em qualquer tempo, por
favor sinta-se completamente à vontade para nos perguntar.
III – Objetivos e esclarecimentos a respeito deste projeto de pesquisa
A – Esta pesquisa tem por objetivo determinar se a conjuntiva (membrana
transparente que recobre a parte branca dos olhos, e a porção interna das pálpebras)
de esportistas sem doença ocular pode conter um microrganismo, chamado de
Acanthamoeba. O presente estudo também pretende verificar se a ocorrência da
Acanthamoeba é diferente entre usuários e não usuários de piscinas. Devido à
biologia da Acanthamoeba presume-se que talvez seja mais prevalente em usuários
de piscinas.
B – Pelo exposto no item “A” fica claro que haverá dois grupos de voluntários
participantes deste estudo: um grupo formado por usuários de piscinas, e outro grupo
constituído por esportistas que não utilizam piscinas nas suas práticas esportivas. O
grupo de usuários de piscinas será chamado grupo de estudo e o grupo de não
usuários será denominado grupo controle.
C – Para realização do presente estudo, será realizada coleta de material conjuntival
dos voluntários, da seguinte maneira: serão instiladas duas gotas de colírio anestésico
no olho esquerdo, para que não haja desconforto durante a coleta do material. Após a
anestesia com o referido colírio, uma micro-escova de cerdas de nylon esterilizada
será aplicada à região da conjuntiva que se localiza sob a pálpebra superior do olho
esquerdo. O contato desta escova com a conjuntiva promoverá a liberação de material
em quantidade suficiente para o estudo. A coleta do material será realizada pelo
oftalmologista responsável pelo estudo: Luis Antonio Gorla Marcomini
Anexos
95
D – A presença da Acanthamoeba na conjuntiva, assim como em outros locais do
corpo humano, sem outros sinais de inflamação (dor, febre, vermelhidão ou inchaço),
não caracteriza doença e, portanto, não requer tratamento.
E – Embora a presença da Acanthamoeba na conjuntiva, por si só, não caracterize
doença, torna-se importante se a pessoa tiver intenção de usar lentes de contato.
Acanthamoeba presente na conjuntiva, associada ao uso de lente de contato mal
cuidada, pode causar doença ocular grave.
F – Se esta pesquisa confirmar o pré-suposto que usuários de piscinas têm maior
chance de ter Acanthamoeba em seus olhos, este trabalho servirá para alertar estas
pessoas que elas correm maior risco de contrair doença ocular por Acanthamoeba, se
resolverem usar lentes de contato.
IV – Situação dos Participantes
Sendo esportista não usuário de piscinas, serei incluído no grupo controle. Devido ao
esquema desta pesquisa, os participantes do grupo controle estarão sujeitos às
mesmas condições dos participantes do grupo de estudo, uma vez que o que define o
grupo é o tipo de esporte que a pessoa pratica, e não o que será feito no
desenvolvimento do estudo. Compreendi também que aceitando participar:
A – Estou dando meu consentimento (permissão) para que seja coletado material de
meu olho esquerdo, conforme técnica descrita na letra “C” do item III. Entendi que a
coleta do material conjuntival não costuma trazer nenhum tipo de risco, uma vez que
serão removidas apenas células superficiais que se desprendem e caem
continuamente.
B – A coleta do material dos meus olhos será realizada na academia de esportes, logo
após o término de minhas atividades físicas. Se eu sentir qualquer tipo de desconforto,
ou alguma preocupação quanto à saúde dos meus olhos após o referido
procedimento, serei prontamente atendido pelo responsável pela pesquisa o
oftalmologista Luis Antonio Gorla Marcomini, que poderá ser acionado pelo telefones
listados no final deste documento. Mesmo que não haja nenhum tipo de desconforto,
serei re-avaliado no dia seguinte à coleta do material, pelo profissional citado acima.
C – Qualquer problema oftalmológico que eu apresente, poderá impedir que eu
participe do presente estudo, entretanto, mesmo que eu não possa ser incluído entre
os participantes, me será garantido o tratamento e/ou seguimento do problema
oftalmológico detectado. Entendi também que me será assegurado o tratamento e/ou
seguimento de qualquer problema decorrente da minha participação neste estudo.
D – Entendi que o participante tem total liberdade de retirar seu consentimento, a
qualquer momento, em qualquer fase da pesquisa, sem que haja prejuízo aos
cuidados, que o mesmo esteja eventualmente recebendo.
E – A qualquer momento, o participante poderá solicitar informações sobre a pesquisa.
F - Cada participante será informado em caráter particular sobre o resultado do exame
do material colhido do seu olho.
Anexos
96
G – Os resultados dos exames do material coletado dos olhos de todos os
participantes comporão o presente estudo, e jamais será feita identificação entre o
resultado do exame de uma determinada amostra de material e o participante do qual
foi colhida tal amostra. Nem mesmo o pessoal do laboratório onde serão realizados
tais exames poderá identificar de quem é uma determinada amostra de material, uma
vez que o material encaminhado ao laboratório, será identificado apenas por um
número. Isso garante sigilo e assegura a privacidade dos participantes.
H – Havendo necessidade de utilização de medicamentos para tratamento de
eventuais desconfortos causados pela participação neste estudo, os mesmos serão
fornecidos gratuitamente ao participante pelo pesquisador responsável por este
estudo.
I – Eventuais danos sofridos devido a minha participação neste estudo, serão
indenizados pelo responsável pela pesquisa, o oftalmologista Luis Antonio Gorla
Marcomini, na forma da Lei.
J – Para qualquer esclarecimento:
Dr Luis Antonio Gorla Marcomini 16 – 3336-8225 (clinica) ou 16 -3336-6575
(residência) ou 16 - 9156 – 5149
Após ter lido e entendido todas as informações contidas neste documento, como
objetivos, metodologia, possíveis riscos e benefícios,
eu______________________________________________, consinto, por vontade
própria, em participar deste estudo. Afirmo ainda que todas as minhas dúvidas foram
sanada pelo pesquisador, o qual estará a minha disposição para eventuais sanar
eventuais duvidas que surjam no futuro, com relação à pesquisa, ou com relação a
qualquer sintoma ou sinal que apareça nos meus olhos e que eu eventualmente
relacione à minha participação neste estudo.
______________________________________
Participante ou responsável legal
______________________________ _________________________________
Prof Dr Sidney Júlio de Faria e Sousa Luis Antonio Gorla Marcomini CRM 5185
Orientador Pesquisador responsável
Araraquara,_______de _______________________de_____________
Anexos
97
ANEXO 3
APROVAÇÃO DO COMITÊ DE ÉTICA
ANEXO DE PUBLICAÇÃO
Presença de Acanthamoeba na conjuntiva de nadadores hígidos
Luis Antonio Gorla Marcomini, Sidney Júlio de Faria e Sousa
Departamento de Oftalmologia, Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço da
Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo
Endereço para Correspondência:
Prof. Dr. Sidney Júlio de Faria e Sousa - Av. Bandeirantes, 3900 – Monte Alegre –
CEP: 14049-900 – Ribeirão Preto – SP – Fone: 16-3602-2862 – Fax: 16-3602-2860 – e-
mail: sidneyjulio@terra.com.br
Anexo de Publicação
2
RESUMO
Objetivo:Determinar se a conjuntiva de nadadores hígidos pode albergar
Acanthamoeba. Método: O presente trabalho desdobrou-se em duas fases e foi
desenvolvido em duas academias de esportes de propriedade de uma mesma
empresa. Ambas possuem piscina coberta e aquecida e sala de musculação. A
academia mais velha identificada como “A” tem 33 anos de construção. A
outra identificada como “B”, tem cinco anos de construção. Primeira fase. Na
academia “A” colheram-se esfregaços conjuntivais de 30 nadadores e de 13
não nadadores. Na academia “B” colheram-se esfregaços conjuntivais de 11
nadadores. Concomitantemente, foram colhidas 14 amostras de água de cada
uma das piscinas. A piscina “A” passou por um processo diferenciado de
limpeza, e a “B” não. Segunda fase. Seis meses após essa limpeza diferenciada
colheram-se novamente esfregaços conjuntivais de 34 nadadores da piscina
“A”, divididos em 2 grupos: 18 que estavam participando do estudo pela
primeira vez e 16 que já haviam sido testados na primeira fase. Foram
colhidas amostras de 20 nadadores da piscina “B”, que ainda não haviam sido
testados. Novamente colheram-se 14 amostras de água de cada uma das
piscinas. Pesquisou-se a presença de Acanthamoeba nas amostras de material
conjuntival e nas amostras de água. Resultados: Primeira fase. Dos 30
nadadores testados na academia “A”, 23 (76,6%) foram positivos para
Acanthamoeba. Entre os 13 participantes do grupo controle não houve
positivos. Entre os 11 nadadores da piscina “B” não houve positivos. Das 14
amostras de água da piscina “A”, 12 (85,7%) foram positivas e apenas duas
negativas. Das 14 amostras da piscina “B”, cinco (35,7%) foram positivas e
Anexo de Publicação
3
nove negativas. Segunda fase. Dos 18 nadadores testados na piscina “A” que
estavam participando do estudo pela primeira vez, apenas um (5,5%) foi
positivo. Entre os 16 nadadores da piscina “A” que já haviam sido testados na
primeira fase tivemos: nove eram positivos e tornaram-se negativos, quatro
eram negativos e continuaram assim, três eram positivos e continuaram
assim. Entre os 20 nadadores da piscina “B” não houve positivos. Entre as
amostras de água tivemos, tanto na piscina “A” quanto na “B”, apenas duas
(14,3 %) positivas e 12 (85,7%) negativas. Conclusões: A conjuntiva de
nadadores hígidos pode albergar Acanthamoeba. A chance de se encontrar
Acanthamoeba na conjuntiva de nadadores hígidos está provavelmente
relacionada com o grau de contaminação da piscina por esse protozoário.
Nadadores com resultado positivo para Acanthamoeba podem tornar-se
negativos com a redução da contaminação da piscina.
Anexo de Publicação
4
INTRODUÇÃO
Apesar de pouco frequente, a ceratite por Acanthamoeba sempre teve um papel
importante em oftalmologia devido ao caráter potencialmente devastador dessa
patologia. O quadro clínico pode variar consideravelmente, o que, às vezes, dificulta o
diagnóstico e retarda o tratamento.
Inicialmente, os casos de ceratite por Acanthamoeba foram relacionados a
traumas oculares, sendo que o primeiro caso fora descrito em 1973
1
. Na década de 1980
houve grande aumento no número de casos de ceratite por Acanthamoeba. Em 1991,
Wilhelmus
2
correlacionou o aumento gradual de casos de ceratite por Acanthamoeba
com o aumento do número de usuários de lentes de contato
2
.
Esses fatos sugerem que para que se estabeleça uma ceratite por Acanthamoeba,
talvez seja necessária, além da presença do protozoário, a quebra das barreiras naturais
que protegem a superfície ocular (traumas ou uso de lentes de contatos). Se isso for
verdadeiro, teoricamente poderíamos encontrar Acanthamoeba em olhos hígidos.
Como a Acanthamoeba já fora, inúmeras vezes, isolada de piscinas
3,4,5,6
, o
objetivo deste estudo foi: determinar se a conjuntiva de nadadores hígidos pode albergar
Acanthamoeba.
MATERIAL E MÉTODO
O presente estudo desdobrou-se em duas fases, que serão descritas na sequência
cronológica em que ocorreram.
Anexo de Publicação
5
Primeira fase (maio de 2007)
Estudaram-se duas academias de esportes, geograficamente distintas, de uma
mesma companhia de esportes. Cada academia era dotada de sala de musculação e
piscina coberta e aquecida. A piscina de ambas as academias era de alvenaria, revestida
com azulejos. A academia mais velha, identificada como ”A”, tinha aproximadamente
33 anos de construção. A academia mais nova, identificada como “B”, tinha cerca de
cinco anos de construção. O regime de manutenção era idêntico em ambas as piscinas.
A filtração, o ajuste de pH e a cloração eram procedimentos diários. Decantação e
aspiração de sedimentos eram realizadas uma vez por semana. Em ambas as piscinas a
decantação era realizada nas quartas-feiras à noite e a aspiração nas quintas-feiras pela
manhã.
Inicialmente, pesquisou-se a presença de Acanthamoeba em raspados
conjuntivais numa amostra de esportistas da academia “A” composta por 30 nadadores e
13 não-nadadores. Na sequência, colheu-se material conjuntival de 11 nadadores da
piscina “B”. Também foram colhidas duas amostras diárias de água (uma diurna e outra
noturna) de ambas as piscinas, durante sete dias consecutivos.
Em novembro de 2007, a piscina “A” foi submetida a uma limpeza exaustiva: a
mesma foi esvaziada, os azulejos e os rejuntes das paredes foram escovados a mão e os
azulejos e rejuntes do fundo foram escovados com máquina de polir granito. Usou-se
ácido muriático para a realização dessas tarefas. A piscina “B” não passou por nenhum
processo especial de limpeza.
A partir de então, em ambas as piscinas, a decantação e a aspiração passaram a
ser feitas três vezes por semana, sendo: decantação nas terças, quintas e aos sábados à
Anexo de Publicação
6
noite e aspiração nas quartas, sextas e aos domingos pela manhã. Cloração, filtração e
ajuste de pH continuaram a ser procedimentos diários em ambas.
Segunda fase (maio de 2008)
Seis meses após a limpeza especial realizada na piscina “A”, novamente foram
colhidas amostras de água de cada uma das piscinas. Concomitantemente, colheram-se
também raspados conjuntivais dos nadadores de cada piscina. Na piscina “A”, os
participantes foram separados em dois grupos: 18 nadadores que ainda não haviam sido
testados e 16 nadadores que já haviam sido testados na primeira fase. Na piscina “B”
foram colhidos raspados de 20 nadadores que não tinham sido testados na primeira fase.
Em cada fase deste estudo colheu-se uma única amostra de material conjuntival
de cada participante. Como consequência, os 16 nadadores da piscina “A” foram
submetidos a duas coletas de material conjuntival, uma em cada fase deste estudo.
Independentemente de terem sido testados apenas na primeira, apenas na segunda, ou
em ambas as fases, todos os nadadores frequentaram as piscinas durante todo o período
em que este estudo foi realizado. Todos os nadadores sempre utilizaram óculos de
natação durante a prática esportiva. Os nadadores da piscina “A” nunca frequentaram a
“B” e vice-versa.
Coleta do material da conjuntiva
Todos os participantes deste estudo eram adultos, foram informados sobre os
objetivos do estudo e assinaram termo de consentimento. Nenhum participante estava
em uso de antibiótico sistêmico ou medicações oculares de qualquer natureza. Todas as
coletas foram feitas por uma mesma pessoa, sempre após o término da atividade
Anexo de Publicação
7
esportiva, na própria academia de esportes. A região escolhida foi a conjuntiva tarsal
superior do olho esquerdo. Para a coleta do material utilizou-se uma mini-escova de
cerda de nylon, estéril, montada sobre aplicador que evita contaminação da escova pelas
mãos do operador. Tanto a escova como o aplicador foram desenvolvidos pelo Setor de
Doenças Oculares Externas do Departamento de Oftalmologia, Otorrinolaringologia e
Cirurgia de Cabeça e Pescoço da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto - USP,
especialmente para este trabalho. Tal escova tem formato cilíndrico e mede 5mm de
extensão por 1,5mm de diâmetro. No ato da coleta, a conjuntiva era anestesiada com
duas gotas de colírio de proximetacaína a 0,5%. Em seguida, a pálpebra superior
esquerda era evertida e a escova friccionada contra a conjuntiva tarsal superior. A
escova era ejetada do aplicador diretamente no interior de um tubo de vidro estéril,
dotado de tampa rosqueada, contendo 3ml de caldo de Thioglicolato. Imediatamente,
aplicava-se a tampa a este tubo.
Coleta das amostras de água
Em cada uma das fases deste trabalho foram colhidas 14 amostras de água de
cada piscina. Essas amostras foram colhidas durante sete dias consecutivos, sendo uma
pela manhã antes do início das atividades de natação e outra à noite, após o término das
mesmas. Cada amostra era colhida da superfície da piscina com uma seringa estéril
exclusiva de 10ml. Cerca de 3ml do conteúdo da seringa era injetado dentro de um tubo
de vidro estéril com tampa rosqueada, contendo igual volume de Thioglicolato líquido.
Anexo de Publicação
8
A análise laboratorial
Cada tubo de Thioglicolato com a escova ou com a amostra de água da piscina
era encubado em estufa a 28ºC por 72 horas. Então, o material era semeado em placas
de Agar não nutriente com cobertura de Escherischia coli mortas. Essas placas eram
colocadas em sacos plásticos para evitar a dessecação e mantidas a 28°C. A leitura das
placas era feita diariamente ao microscópio óptico com aumentos de 100 e 400 vezes,
por um período de até 14 dias. Se após esse período a placa não revelasse trofozoítos ou
cistos de Acanthamoeba o resultado era considerado negativo.
Análise estatística
Como o estudo envolveu comparações de médias e proporções, os testes
utilizados para amostras independentes foram: ANOVA, Exato de Fisher e Qui-
quadrado. Para amostras pareadas utilizou-se o Teste de McNemar. Consideramos os
resultados como estatisticamente significantes quando p < 0,05.
RESULTADOS
Neste trabalho colheu-se raspados conjuntivais de 92 indivíduos sadios: 79
nadadores e 13 não nadadores. A Tabela 1 apresenta os dados demográficos dos
nadadores, que participaram deste estudo: 25 participaram apenas na primeira fase, 38
apenas na segunda e 16 em ambas as fases. Os 13 não nadadores participaram apenas na
primeira fase.
Anexo de Publicação
9
Primeira Fase (maio de 2007)
Inicialmente, foram colhidas 30 amostras de material conjuntival de nadadores
da piscina “A”. Dessas amostras, 23 (76,7%) mostraram-se positivas para
Acanthamoeba. Para o grupo controle foram selecionados os esportistas dessa academia
que não praticavam natação. Nesse grupo foram colhidas 13 amostras e todas resultaram
negativas. A Tabela 2 mostra esses resultados.
A Tabela 3 compara os resultados obtidos de 14 nadadores da piscina “A” que
participaram apenas na primeira fase deste estudo com os resultados obtidos de 11
nadadores da piscina “B”.
Concomitantemente à coleta das amostras de material conjuntival dos nadadores,
colhemos as amostras de água, conforme já relatado em material e método. A Tabela 4
mostra esses resultados.
A Tabela 5 compara as frequências dos resultados de culturas de Acanthamoeba
da água das piscinas “A” e “B”, na primeira fase (maio de 2007)
Segunda Fase (maio de 2008)
Seis meses após a limpeza especial realizada somente na piscina ”A”, e um ano
após as primeiras coletas de amostras de água, novamente foram colhidas amostras de
água das piscinas de ambas as academias. A Tabela 6 mostra os resultados obtidos das
amostras de água e a Tabela 7 a frequência desses resultados.
A Tabela 8 compara as frequências dos resultados obtidos das amostras de água
da piscina “A” nas duas fases deste estudo.
A Tabela 9 compara as frequências dos resultados obtidos das amostras de água
da piscina “B” nas duas fases deste estudo.
Anexo de Publicação
10
A Tabela 10 compara as frequências dos resultados de culturas de
Acanthamoeba de conjuntivas de nadadores das piscinas “A” e “B” obtidos na segunda
fase deste estudo (maio de 2008).
A Tabela 11 compara as frequências dos resultados de culturas de
Acanthamoeba de conjuntivas de dois grupos independentes de nadadores da piscina
“A”, segundo a data do exame.
A Tabela 12 compara as frequências dos resultados obtidos entre os nadadores
da piscina “A” que participaram nas duas fases deste estudo.
DISCUSSÃO
A Acantahmoeba já em sido encontrada em vias aéreas de pessoas
aparentemente hígidas
7,8,9,10,11,12,13
. Entretanto, Anisah et al
14
pesquisaram
Acanthamoeba em conjuntiva de 286 crianças na Malásia e não encontraram nenhum
caso positivo. Classicamente é aceito que ambientes líquidos que contenham bactérias
são ideais para o desenvolvimento de Acanthamoeba
15
. Assim, imaginamos que
nadadores, teoricamente, teriam alguma chance de apresentar Acanthamoeba em suas
conjuntivas. Frente a esses fatos, nos propusemos a verificar se a conjuntiva de
nadadores hígidos poderia albergar Acanthamoeba.
Neste trabalho estudou-se a presença de Acanthamoeba na conjuntiva de
noventa e dois indivíduos sadios, sendo 79 nadadores (grupo de estudo) e 13 não-
nadadores (grupo controle).
A Tabela 1 mostra os dados demográficos dos nadadores. Nela observa-se que a
média das idades dos três grupos, identificados na tabela, não difere estatisticamente
pelo teste de análise de variância. As proporções dos sexos, nos grupos em questão,
Anexo de Publicação
11
também não apresentaram diferenças estatisticamente significativas, pelo teste do Qui-
quadrado. Embora não haja na literatura médica informações sobre a influência dessas
variáveis na contaminação do saco conjuntival, isso diminui a chance de que as mesmas
se configurem como variáveis de confusão.
Primeira fase (maio de 2007)
Na primeira fase deste estudo comparamos a presença de Acanthamoeba na
conjuntiva de nadadores com não nadadores (Tabela 2). Encontramos diferença
altamente significativa (Fisher p < 0,0001) entre esses dois grupos e assim, pudemos
concluir que a conjuntiva de nadadores hígidos pode albergar Acanthamoeba, enquanto
que a probabilidade de se encontrar este protozoário em não nadadores é muito pequena.
Como a empresa proprietária da academia “A” possuía outra unidade, “B”,
também dotada de piscina coberta e aquecida, decidimos estudar os esfregaços
conjuntivais de uma amostra de nadadores da piscina “B”. A Tabela 3 mostra a
comparação dos resultados obtidos entre os nadadores da piscina “A” (que participaram
apenas na primeira fase) com os obtidos entre os nadadores da “B”. Nela observa-se que
a proporção de positivos na “A” é significativamente maior que na “B” (Fisher p =
0,0001).
Aventou-se a hipótese de que algum fator intrínseco das piscinas fosse
responsável pela diferença de contaminação dos usuários. Então, foram colhidas 14
amostras de água de cada uma das piscinas (conforme Tabela 4); e comparou-se a
frequência desses resultados (Tabela 5). A Tabela 5 mostra que a proporção de positivos
nas amostras de água da piscina “A” foi de 85,7% (12/14) e na “B” foi de 35,7% (5/14).
A diferença entre essas proporções foi estatisticamente significante (Fisher p=0,0183).
Anexo de Publicação
12
Isso mostra que a piscina “A” apresentava um nível de contaminação maior que a “B”.
O tratamento da água era idêntico nas duas piscinas. As únicas diferenças eram o tempo
de construção (“A” 33 anos e “B” cinco anos) e a fonte de abastecimento de água (“A”
cisterna e “B” poço artesiano).
De Jonckheere estudou a prevalência de Acanthamoeba em 16 piscinas da Bélgica
(15 cobertas e aquecidas e uma aberta) e encontrou o protozoário nas piscinas,
propriamente ditas, nos lava-pés, nas áreas ao redor das piscinas e, principalmente no
chão sob os chuveiros. Conjecturou, então, que as Acanthamoebae são introduzidas
continuamente nas piscinas, principalmente pelos próprios usuários
3
. Se isso for
verdadeiro, podemos supor que, quanto mais velha a piscina maior a chance de estar
contaminada por Acanthamoeba. E isso explicaria a maior contaminação da piscina
“A”. Entretanto, ainda podíamos supor que a fonte de água pudesse influir na
contaminação das piscinas.
Segunda fase (maio de 2008)
Após a limpeza especial, novamente foram colhidas amostras de água de ambas as
piscinas (Tabela 6). A proporção de positivos nas amostras de água passou a ser a igual
em ambas as piscinas. Tivemos, tanto entre as amostras de “A” como entre as de “B”,
14,3% (2/14) de positividade (Tabela 7 Fisher p=1,0000). A Tabela 8 compara os
resultados das amostras de água da piscina “A” obtidos nas duas fases deste estudo.
Nela verificamos que a taxa de positividade passou de 85,7% (12/14) na primeira fase
para 14,3% (2/14) na segunda fase. Esse resultado mostra que houve diferença
estatisticamente significante entre as taxas de positividade dessa piscina em cada fase
deste estudo (McNemar p=0,0094). Assim podemos dizer que houve uma
Anexo de Publicação
13
descontaminação dessa piscina. A Tabela 9 compara os resultados das amostras de água
da piscina “B” obtidos nas duas fases deste estudo. Nela verificamos que a taxa de
positividade passou de 35,7% (5/14) na primeira fase, para 14,3% (2/14) na segunda
fase. Esse resultado mostra que não houve diferença estatisticamente significante entre
as taxas de positividade dessa piscina em cada fase deste estudo (McNemar p = 0,3711).
Como a piscina “A” continuava a ser abastecida por cisterna e a “B” por água de poço
artesiano, concluímos que, provavelmente a fonte de abastecimento não era o fator
responsável pela diferença de contaminação das piscinas obtida nas amostras da
primeira fase deste estudo.
Como nessa fase do estudo não foi possível detectar diferença na taxas de
positividade para Acanthamoeba entre as piscinas “A” e “B” (Tabela 7), resolvemos
colher novamente raspados conjuntivais dos nadadores de ambas as piscinas. A Tabela
10 compara as frequências de positivos entre as culturas de raspados conjuntivais dos
nadadores de ambas as piscinas na segunda fase deste estudo. Nela observamos 5,5% de
positivos entre os nadadores de “A” e ausência de positivos entre os de “B”. Essa
diferença não foi estatisticamente significante (Fisher p=0,4737). Embora nas duas fases
do estudo a piscina “B” se apresentasse contaminada, não houve positivos entre seus
usuários em nenhuma das duas fases. Isso sugere que, para que haja contaminação dos
nadadores é necessário um nível mínimo de contaminação da piscina, e que
provavelmente a piscina “B” tenha estado sempre abaixo desse nível. A piscina “A” era
mais contaminada que a “B” na primeira fase. Após a limpeza diferenciada a piscina
“A” passou a não diferir estatisticamente da “B” quanto ao grau de contaminação por
Acanthamoeba. A Tabela 11 compara a frequência de positividade para Acantahmoeba
na conjuntiva de nadadores da piscina “A” que participaram apenas na primeira fase do
Anexo de Publicação
14
estudo com a frequência de positividade para Acantahmoeba na conjuntiva de
nadadores que participaram apenas na segunda fase. Nessa tabela observa-se que a
porcentagem de positivos entre os nadadores de “A” que participaram apenas na
primeira fase era de 78,6% (11/14) e entre os nadadores dessa piscina que participaram
apenas na segunda fase era de 5,5% (1/18). A diferença entre estas taxas de positividade
foi estatisticamente significante (Fisher p<0,0001). Assim, observamos que
concomitantemente à diminuição de positividade nas amostras de água da piscina “A”,
houve uma diminuição na positividade entre as culturas de Acanthamoeba da conjuntiva
dos nadadores dessa piscina. Isso sugere uma relação de causa-efeito entre o grau de
contaminação da piscina e a contaminação da conjuntiva do nadador por
Acanthamoeba.
A Tabela 12 compara as taxas de positividade de um mesmo grupo de nadadores
da piscina “A” testados em ambas as fases deste estudo. Nela observa-se que a taxa de
positividade na primeira fase era de 75% (12/16) e passou a ser de 18,7% (3/16) na
segunda fase deste estudo. A diferença entre essas proporções foi estatisticamente
significante (McNemar p = 0,0077). Esse resultado vem reforçar a hipótese de que haja
uma relação positiva entre o grau de contaminação da piscina e a contaminação
conjuntival do nadador, e nos permite concluir que a descontaminação da piscina pode
levar à descontaminação dos nadadores.
CONCLUSÕES
Pelos resultados obtidos neste estudo podemos concluir que:
1) a conjuntiva de nadadores hígidos pode albergar Acanthamoeba;
Anexo de Publicação
15
2) a chance de se encontrar Acanthamoeba na conjuntiva de nadadores
hígidos está provavelmente relacionada com o grau de contaminação
da água da piscina por esse protozoário;
3) nadadores com resultado positivo para Acanthamoeba podem tornar-
se negativos com a redução da contaminação da piscina.
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free-living amoebae inhabiting swimming pool water in Mexico City. Environmental
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16
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9. Rodríguez R, Mendes O, Molina O, Luzardo G, Martinez A, Visvesvara G, Cardoso
J. Infeccion del sistema nervioso central por amebas de vida libre: comunicación de
três nuevos casos venezuelanos. Ver Neurol, 26: 1005-1008, 1998.
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11. Seijo-Martínez M, Gonzáles-Medeiros G, Santiago P, Rodíguez De Lope A, Diz J,
Conde C, Visvesvara G. Granulomatous amebic encephalitis in a patient with
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treatment with sulfadiazine and fluconazole. J Clin Microbiol, 38: 3892-3895,
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12. Levine S, Goldstein AE, Dahdouh M, Blank P, Hoffman C, Gropper CA.
Cutaneous Acanthamoeba in a patient with AIDS: a case study with a review.
Cutis, 67: 377-380, 2001.
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Anexo de Publicação
17
Tabela 1. Dados demográficos dos nadadores.
Nadadores Fase 1 Fase 2 Ambas Fases p
Frequência 25 38 16
Idade (anos)* 45,5 ± 17,5
46,8 ±15,9 45,1 ± 13,6 0,9196
Faixa etária (anos) 19 - 75 18 - 75 20 - 68
Masculino 9 14 7
Sexo **
Feminino 16 24 9
0,8656
*ANOVA. **Qui-quadrado
Tabela 2: Frequência de resultados de culturas de Acanthamoeba de conjuntivas de esportistas
hígidos da academia “A” (maio de 2007).
Esportista Acanthamoeba Total
+ -
Nadador 23 7 30
Não nadador 0 13 13
Total 23 20 43
Teste Exato de Fisher p<0,0001
Tabela 3: Frequência dos resultados de culturas de Acanthamoeba de conjuntivas de nadadores
das piscinas “A” e “B” (maio de 2007).
Piscina Acanthamoeba Total
+ -
“A” 11 3 14
“B” 0 11 11
Total 11 14 25
Teste Exato de Fisher p=0,0001
Anexo de Publicação
18
Tabela 4: Resultados de culturas de Acanthamoeba da água de duas piscinas cobertas, em
função do dia e do período da colheita (maio de 2007).
M = manhã, N = noite
Tabela 5: Frequência dos resultados de culturas de Acanthamoeba da água das piscinas “A” e
“B” (maio de 2007).
Piscina Acanthamoeba Total
+ -
"A" 12 2 14
"B" 5 9 14
Total 17 11 28
Teste Exato de Fisher p=0,0183
Tabela 6: Resultados de culturas de Acanthamoeba da água de duas piscinas cobertas, em
função do dia e do período da colheita (maio de 2008).
M = manhã, N = noite
Tabela 7: Frequência dos resultados de culturas de Acanthamoeba da água das piscinas “A” e
“B” (maio de 2008).
Piscina Acanthamoeba Total
+ -
"A" 2 12 14
"B" 2 12 14
Total 4 24 28
Teste Exato de Fisher p=1,0000
Dia da Semana
SEG TER QUA QUI SEX SAB DOM
Piscina
M N M N M N M N M N M N M N
“A” + + + + + + - - + + + + + +
“B” - + + + + + - - - - - - - -
Dia da Semana
SEG TER QUA QUI SEX SAB DOM
Piscina
M N M N M N M N M N M N M N
“A” + - - - - - - + - - - - - -
“B” - - + - - - - - - + - - - -
Anexo de Publicação
19
Tabela 8: Cotejo de dois resultados consecutivos de culturas de Acanthamoeba da água da
piscina “A”.
Teste de McNemar p=0,0094
Tabela 9: Cotejo de dois resultados consecutivos de culturas de Acanthamoeba da água da
piscina “B”.
Teste de McNemar p=0,3711
Tabela 10: Frequência dos resultados de culturas de Acanthamoeba de conjuntivas de
nadadores das piscinas “A” e “B” (maio de 2008).
Piscina Acanthamoeba Total
+ -
“A” 1 17 18
“B” 0 20 20
Total 1 37 38
Teste Exato de Fisher p=0,4737
Acanthamoeba Maio 2008 Total
+ -
+ 1 11 12
Maio 2007
- 1 1 2
Total 2 12 14
Acanthamoeba Maio 2008 Total
+ -
+ 1 4 5
Maio 2007
- 1 8 9
Total 2 12 14
Anexo de Publicação
20
Tabela 11: Frequência dos resultados de culturas de Acanthamoeba de conjuntivas de dois
grupos independentes de nadadores da piscina “A”, segundo a data do exame.
Data Acanthamoeba Total
+ -
Maio 2007 11 3 14
Maio 2008 1 17 18
Total 12 20 32
Teste Exato de Fisher p<0,0001
Tabela 12: Cotejo de dois resultados consecutivos de culturas de Acanthamoeba de um mesmo
grupo de nadadores da piscina “A”.
Teste de McNemar p=0,0077
Acanthamoeba Maio 2008 Total
+ -
+ 3 9 12
Maio 2007
- 0 4 4
Total 3 13 16
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