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DANIEL CARVALHO DE LIMA
Avaliação do balanço autonômico e da resposta hiperglicêmica à hemorragia em
ratos obesos induzidos pela dieta hipercalórica
Orientador: Prof. Dr. Cândido Celso Coimbra
Co-orientadora: Profa. Dra. Andrea Siqueira Haibara
Belo Horizonte
2008
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DANIEL CARVALHO DE LIMA
Avaliação do balanço autonômico e da resposta hiperglicêmica à hemorragia em
ratos obesos induzidos pela dieta hipercalórica
Dissertação apresentada ao Departamento de
Fisiologia e Biofísica do Instituto de Ciências
Biológicas da universidade Federal de Minas
Gerais, como requisito parcial para a obtenção do
grau de mestre em fisiologia.
Orientador: Prof. Dr. Cândido Celso Coimbra
Co-orientadora: Profa. Dra. Andrea Siqueira Haibara
Belo Horizonte
2008
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RESUMO
O objetivo deste estudo foi avaliar os ajustes metabólicos à hemorragia em ratos alimentados
com dieta hipercalórica. Ratos Wistar machos (4 semanas) foram alimentados com dieta
controle (grupo controle, n= 12) ou com dieta hipercalórica (Grupo obeso, n = 13) durante 9 e 19
semanas. O peso corporal e a ingestão alimentar foram avaliados semanalmente e a taxa
metabólica basal foi mensurada durante todo o período experimental. Após 19 semanas de dieta,
seis animais de ambos os grupos foram anestesiados com dose letal de barbital de sódio (100
mg de / Kg de peso corporal, IP). O índice de Lee e o grau de obesidade foram avaliados pela
mensuração do peso final e comprimento naso-anal (mm) e pelo peso dos tecidos adiposos. Os
demais animais foram submetidos à implantação de uma cânula venosa (cateter de silicone)
para administração de drogas e realização de hemorragia (1,2 mL/100g iv / 2 minutos). Um
cateter de polietileno (PE50) foi inserido na artéria abdominal através artéria femoral para
registros cardiovasculares. A análise do balanço autonômico foi feito pela avaliação da
sensibilidade do barorreflexo (injeção intravenosa de fenilefrina e nitroprussiato de sódio) e
hemorragia (1,2 mL/100g i.v. / 2 minutos). Os resultados mostraram que a dieta hipercalórica
induziu obesidade, maior ganho de peso e aumento do peso dos tecidos adiposos na 9º semana
de dieta. Os níveis plasmáticos de triglicérides e de ácidos graxos livres aumentaram nos
animais alimentados com a dieta hipercalórica por cerca de 300% e 90% na semana de dieta
(p<0,01), respectivamente, e mantiveram elevados em aproximadamente 424% e 124% na 1
semana (p<0,01). A taxa metabólica basal apresentou-se elevada durante todo o período do
experimento (p<0,01), bem como a insulina e a leptina sérica na 19ª semana de dieta (p<0,01).
Os dados também indicam que a sensibilidade do barorreflexo induzida pela fenilefrina foi
reduzida em 55% e a resposta hiperglicêmica à hipotensão hemorrágica foi 35% superior em
ratos alimentados com a dieta hipercalórica. Encontramos também uma estreita correlação
negativa entre a alteração da sensibilidade do barorreflexo e o aumento da resposta
hiperglicêmica à hipotensão hemorrágica nos ratos obesos (r = 0,72; p<0,01) e uma correlação
positiva entre o índice Lee e a hiperglicemia hemorrágica (r = 0,93; p<0,01). Nossos dados
mostraram que a obesidade induzida pela dieta hipercalórica em ratos Wistar promove um
desequilíbrio autonômico, caracterizado pelo aumento da resposta hiperglicêmica à hipotensão
hemorrágica, o que foi correlacionada com a redução da sensibilidade do barorreflexo. Palavras -
chave: dieta hipercalórica, obesidade, sensibilidade do barorreflexo, hemorragia, e desbalanço
autonômico.
ABSTRACT
The aim of this study was to assess the metabolic adjustments during hemorrhage in adult rats
fed with hypercaloric diet. Male Wistar rats (4 weeks) were fed a chow (CD, n=12) or hypercaloric
diet (HD, n=13) for 19 weeks. Body weight and diet intake were measured every week and the
basal metabolic rate was assessed during the whole period of diet. After 19 weeks on diet, six
animals from both groups were anesthetized with lethal dose of barbital sodium (100 µg/Kg body
weight, I.P.). Lee index and adiposity index were evaluated by measuring the final weight,
nasoanal length (mm), and adipose pads weight. The remaining animals were submitted to
implantation of silastic cannula into the jugular vein for drugs administration, blood collecting and
hemorrhage (1.2 mL/100g bw/2 minutes). A polyethylene catheter (PE50) was inserted into the
abdominal artery through femoral artery for cardiovascular monitoring. The assessment of
autonomic balance was done by evaluation of baroreceptor sensitivity (intravenous injection of
phenylephrine and sodium nitroprusside) and hemorrhage (1.2 mL/100g bw/2 minutes). The
results showed that hypercaloric diet is able to develop obesity, increasing weight gain and
adipose pads weight. The plasma level of triacylglycerides and free fat acids were increased in
animals submitted to hypercaloric diet by about 300% and 90% at 9
th
week (p<0,01), respectively,
and by about 424% and 124% at 19
th
week (p<0,01). The basal metabolic rate increased in the
whole period of diet (p<0.01). We observed that baroreflex sensitivity induced by phenylephrine
was reduced on the bradycardia reflex by about 55% and hyperglycemic response to hemorrhage
hypotension was 35% higher in rats fed with hypercaloric diet. We found also a close negative
correlation between the alteration in baroreflex sensitivity and the increase in hyperglycemic
response to hemorrhage of the obese rats (r=0.72, p<0.01) and a positive correlation between the
increased Lee index and the hemorrhagic hyperglycemia (r=0.93, p<0.01. Our data demonstrated
that obesity induced by hypercaloric diet in Wistar rats promotes an autonomic imbalance
characterized by enhanced hyperglycemic response to hemorrhage hypotension which is relate
to an impaired baroreflex sensitivity Key words: Hypercaloric diet, obesity, baroreflex sensitivity,
hemorrhage, and autonomic balance.
1. INTRODUÇÃO
Considerações gerais
A obesidade é uma doença metabólica, caracterizada pelo ganho de peso
excessivo, pelo aumento do tecido adiposo, por modificações no
metabolismo dos carboidratos e lipídeos, e pelo surgimento da resistência
insulínica e da disfunção autonômica (Kaufman et al, 1991; Beske et al,
2002; Fantuzzi, 2005). Seu desenvolvimento tem sido atribuído a questões
multifatoriais, como por exemplo, carga genética, fatores ambientais e
mudanças comportamentais (Beske et al, 2002). A obesidade ainda
apresenta uma forte associação com inúmeras doenças crônicas, tais como
dislipidemia, intolerância a glicose, diabetes, aterosclerose, hipertensão e
outras doenças cardiovasculares (Beske et al, 2002).
O excesso de peso constitui um dos maiores problemas de saúde em
países desenvolvidos e em desenvolvimento (OMS, 2008). Entretanto, o
aumento da prevalência da obesidade pode ser parte de um processo
evolutivo, pelo qual o desenvolvimento de mecanismos eficientes para
estoques energéticos veio de encontro com as mudanças nos hábitos de vida
do homem moderno (Groop, 1999; Kreier et al, 2003). A facilidade nos dias
de hoje em obter alimentos, associada à dieta mal balanceada e ao
sedentarismo muito tem contribuído para a alta incidência da obesidade não
apenas em indivíduos adultos, mas em crianças e adolescentes (IBGE,
2004). A inatividade física e a ingestão calórica em excesso induzem ganho
de peso elevado, hiperplasia e hipertrofia do tecido adiposo, assim como,
alterações nos parâmetros lipídicos do plasma (Kreier et al, 2003) e
modificações no balanço autonômico (Kaufman et al, 1991; Bunag et al,
1990; Bunag et al, 1996).
Modulação da obesidade induzida pela dieta hipercalórica sobre o tônus
autonômico
Um modelo de obesidade animal que mimetiza em laboratório as
alterações metabólicas e autonômicas é realizado com roedores alimentados
com dieta hipercalórica. Essa dieta apresenta valores elevados de
carboidratos ou lipídios, os quais correspondem a no mínimo 50% ou 30% do
valor total de calorias, respectivamente (Oscai, 1982; Cooper et al, 1985;
Zuben et al, 1996). O armazenamento energético proveniente das calorias
dessa dieta ocorre sob a forma de triacilglicerois, principalmente no tecido
adiposo branco e em menor escala no marrom e músculos (Sell et al, 2004).
Contudo, o aumento da deposição lipídica ocorre a partir do surgimento da
resistência insulínica periférica (Um et al, 2004; Manco et al, 2004). Esse
quadro desvia a utilização de glicose pelos tecidos resistentes à insulina para
a síntese de triglicérides no tecido adiposo (Um et al, 2004; Manco et al,
2004).
Estudos mostraram que o consumo calórico diário dessa dieta é maior
do que o gasto energético total diário do organismo (Young et al, 1977;
Morgan et al, 1993). Hoje se sabe que o balanço energético positivo modifica
a atividade de áreas do sistema nervoso central (SNC), induzindo respostas
contra-regulatórias através da mudança do tônus simpático para territórios
periféricos (Fukushima et al, 1987; Grassi et al, 1998; Young et al, 1977;
Alvarez et al, 2002). Trabalhos realizados com voluntários obesos mostraram
uma forte correlação entre o grau de obesidade associada à resistência
insulínica e o aumento da atividade simpática do músculo esquelético
(Alvarez et al, 2002; Fagius, 2003). Em contrapartida, a redução do peso de
voluntários submetidos a uma dieta hipocalórica mostrou uma atenuação da
atividade simpática do músculo esquelético e melhora da sensibilidade à
insulina e do barorreflexo (Grassi et al, 1998; Emdin et al, 2001). Estudos
mostraram um aumento da atividade noradrenérgica no tecido adiposo
marrom interscapular e no tecido adiposo branco retroperitoneal e epididimal
de ratos alimentados com uma dieta à base de glicose (Landsberg et al,
1978; Young et al, 2004). Outros autores observaram que animais obesos
induzidos pela dieta hipercalórica apresentam também um aumento da
atividade do nervo renal simpático (Barnes et al, 2003).
Sabe-se que o tecido adiposo branco (TAB) está sobre forte influência de
fibras autonômicas simpáticas, reguladas por áreas centrais, localizadas no
tronco encefálico e no hipotálamo (Bamshad et al, 1998). A hiperatividade
simpática no tecido adiposo de ratos, principalmente no visceral, induz uma
maior mobilização lipídica, levando ao aumento da concentração de ácidos
graxos livres no plasma (Frayan et al, 1994; Hoffstedt et al, 1996). Além
disso, já é bem descrito que AGLs promovem resistência insulínica periférica,
como por exemplo, no fígado e músculo esquelético (Um et al, 2004; Manco
et al, 2004).
Além do TAB, o tecido adiposo marrom (TAM) também sofre forte
influência do sistema nervos simpático (Bamshad et al, 1999; Collins et al,
2006). O TAM tem um papel essencial na manutenção da temperatura
corporal e na regulação do gasto energético, uma vez que é considerado o
local da termogênese (produção de calor) induzida pelo frio e pela dieta
hipercalórica (Himms Hagen et al, 1981; Himms - Hagen, 1984; Cannon et
al, 1998).
A produção de calor pelo TAM é controlada por diferentes áreas
hipotalâmicas, tais como núcleo ventromedial, núcleo paraventricular e área
pré-óptica. (Bamshad, 1999; Cano et al, 2003; Steiner et al, 2007). As
respostas regulatórias são emitidas através de projeções hipotalâmicas
eferentes para núcleos específicos do tronco encefálico e para a coluna
intermediolateral da medula espinhal, os quais modulam a atividade dos
neurônios pré-ganglionares simpáticos (Cano et al, 2003).
Um dos moduladores centrais da termogênese induzida pela dieta
hipercalórica é a leptina. Esse peptídeo é secretado pelo tecido adiposo
branco e age no controle central do balanço energético (Friedman, 2002;
Boustany et al, 2004; Fantuzzi, 2005), aumentando a atividade simpática do
tecido adiposo marrom e a atividade do nervo simpático renal (Rahamouni et
al, 2007).
Sensibilidade do barorreflexo na obesidade induzida pela dieta
hipercalórica
O barorreflexo é um mecanismo fisiológico de respostas reflexas rápidas
à variabilidade da pressão arterial (Tharasher, 2005), sendo considerado um
sinal aferente para a regulação autonômica periférica. Ele é controlado por
regiões do sistema nervoso central que recebem informações sobre a
variação da pressão arterial, codificadas em frequência de disparos neurais,
oriundas principalmente dos barorreceptores rtico e carotídeo (Figura 1)
(Pilowsky et al, 2002). De acordo com a característica do estímulo, o
barorreceptor responde aumentando ou diminuindo os impulsos nervosos
aferentes para o SNC (Pilowsky et al, 2002). A primeira sinapse das
informações aferentes dos barorreceptores ocorre no núcleo do trato solitário
(NTS). Neurônios de ordem do NTS são estimulados determinando
alterações da atividade autonômica aferente simpática e parassimpática
(Pilowsky et al, 2002). Assim, a redução da resistência periférica produz uma
diminuição do estiramento dos barorreceptores, o que inibe a atividade
simpática através de conexão entre o NTS e neurônios gabaérgicos da área
caudal ventro-lateral do bulbo (CVLM), responsáveis pela inibição tônica dos
neurônios pré-motores simpáticos da área rostral ventro lateral do bulbo
(RVLM) (Pilowsky et al, 2002). Por outro lado, o aumento da resistência
periférica induz um maior estiramento dos barorreceptores, provocando uma
elevação do tônus vagal cardíaco induzido pelas conexões entre o NTS e os
neurônios do núcleo ambíguo (NA) e o núcleo motor dorsal do vago (NMDV)
(Pilowsky et al, 2002).
Alterações cardiovasculares e da sensibilidade do barorreflexo têm sido
observadas em humanos e em modelos de obesidade animal induzidos pela
dieta hipercalórica (Bunag et al, 1996; Lohmeier et al, 2003). Crandall et al
(1987) observaram que a ingestão alimentar excessiva associada com
inatividade resultava em aumento do trabalho ventricular esquerdo e do
débito cardíaco em ratos Sprague Dawley. Estudos utilizando dietas
hiperlipídicas ou hiperglicídicas mostraram um ligeiro aumento na pressão
arterial quando mensurada pelo método de pletismografia de cauda, assim
como redução da sensibilidade do reflexo induzido pelo barorreceptor
(Kaufman et al, 1991; Bunag et al, 1990; Bunag et al, 1996). Outros estudos
também demonstraram uma atenuação do reflexo bradicárdico, além de
alterações pressóricas em ratos obesos induzidos pela dieta após a
administração de angiotensina II (Miller et al, 1999).
Vários autores observaram que o desequilíbrio do barorreflexo provoca
mudanças nos ajustes autonômicos periféricos. Estudos mostraram que a
redução da sensibilidade do barorreflexo induzida pela dieta hipercalórica
(Bunag et al, 1990; Kaufman et al, 1991; Bunag et al, 1996) desencadeia um
aumento do tônus das fibras eferentes simpáticas da coluna intermediolateral
(Lohmeier et al, 2003). Parte dessa resposta tem sido atribuída à elevação
da atividade da área ventrolateral rostral do bulbo (RVLM), uma vez que esta
região é considerada o principal centro gerador do tônus simpático para
territórios periféricos (Lohmeier et al, 2003). A facilitação da atividade
vasomotora simpática modula as respostas cardiovasculares, a secreção de
catecolaminas pela medula adrenal e a atividade gliconeogênica e
glicogenolítica hepática (Jarhult, 1975; Yamaguchi, 1992; Machado et al,
1995a).
Ajustes cardiovasculares e metabólicos induzidos pela hipotensão
hemorrágica em ratos
A hiperglicemia induzida pela hipotensão hemorrágica foi primeiramente
descrita em cães por Claude Bernard (1877) e, mais tarde, confirmada em
diferentes espécies, principalmente no homem (Jarhult et al, 1975;
Yamaguchi, 1992). Ela é parte integrante do mecanismo de ajustes
metabólicos, cardiovasculares e hormonais desencadeados pela hipotensão
hemorrágica aguda (Jarhult, 1975). A hiperglicemia hemorrágica aumenta a
sobrevida, melhora a situação nutricional dos tecidos com baixa perfusão e
atua como um dos fatores osmóticos importantes na recuperação do volume
plasmático (Yamaguchi, 1992). A redução da pressão hidrostática e o
aumento da osmolaridade sanguínea promovem a difusão do fluído
intracelular para a circulação, ajudando na restauração deste volume
(Jarhult, 1975; Yamaguchi, 1992).
A hipotensão hemorrágica provoca uma redução da atividade do
barorreceptor, ativando um sistema redundante de controle da homeostasia
que envolve o aumento do tônus simpático, originados de regiões
hipotalâmicas, tais como PVN e RVLM (Silveira et al, 2003; Silveira et al,
2005). Este sistema, por sua vez, seria responsável pelo aumento da
produção hepática de glicose por meio de quatro mecanismos: 1. secreção
de catecolaminas pela medula da adrenal; 2. inervação simpática direta para
o fígado; 3. secreção pancreática de glucagon e; 4. ativação do sistema
renina angiotensina periférico (figura 2). Esses mecanismos foram
propostos a partir de experimentos que mostraram que a simpatectomia
esplânquica ou a desnervação hepática regional associada à adrenalectomia
cirúrgica bilateral diminuíam a resposta hiperglicêmica à hipotensão
hemorrágica (Jarhult, 1975; Yamaguchi, 1992; Machado et al, 1995a).
Sabe-se que os ajustes cardiovasculares e metabólicos induzidos pela
hipotensão hemorrágica envolvem a integração da atividade do barorreceptor
com o núcleo paraventricular do hipotálamo (PVN) (Silveira et al, 2003;
Silveira et al, 2005). Conforme ilustrado na figura 1, a ativação dessa via
induz alteração dos disparos neurais das fibras pré-ganglionares simpáticas
da coluna intermediolateral para territórios periférico, (Silveira et al, 2003;
Silveira et al, 2005).
Silveira et al (2005) mostraram ainda que 70% da resposta hiperglicêmica
à hipotensão hemorrágica são referentes à participação direta do
barorreceptor dos corpos carotídeos. Os 30% restantes seria induzido por
outros barorreceptores, possivelmente, pelos aórticos e ou pelos
quimiorreceptores localizados no RVLM sensíveis à hipóxia e à glicopenia.
Dessa forma, os estudos indicam que a hiperglicemia hemorrágica é
resultante de um aumento da atividade simpática desencadeada
principalmente pela redução da atividade dos barorreceptores.
Figura 1: Mecanismos do controle do barorreflexo sobre os ajustes
cardiovasculares e metabólicos. Abreviações: nervo glossofaríngeo (IX),
núcleos do trato solitário (NTS), bulbo ventrolateral caudal (CVLM), bulbo
ventrolateral rostral (RVLM), coluna intermediolateral (IML) e paraventricular
do hipotálamo (PVN). (Silveira et al, 2003 – modificado)
Ajustes cardiovasculares
Fígado
Hipotálamo
PVN
Bulbo
Barorreceptor Medula torácica
Neurônio simpático
Pré-ganglionar
Medula adrenal
Estudos realizados em nosso laboratório mostraram ainda o envolvimento
do sistema renina angiotensina na modulação da hiperglicemia durante a
hipotensão hemorrágica (Machado et al, 1995ab) (Figura 2). Machado et al,
(1995a) observaram que a administração intravenosa de sarthram, um
antagonista de angiotensina II, promoveu uma atenuação de 51,8% na
hiperglicêmica induzida pela hemorragia.
Figura 2: Mecanismos de controle da hiperglicemia hemorrágica
Ref. n
30 e 60
Ref. n
39
Ref. n
38
Fígado
Ref. n
60
pâncreas
Ref. n
30 e 60
Ref. n
51
Ref. n
52
HEMORRAGIA
HIPOTÁLAMO
medula
adrenal
catecolaminas
HIPERGLICEMIA
renina
Angiotensinogênio
Angiotensina I
ECA
Angiotensina II
Atividade dos
barorreceptores
Atividade simpática
glicogenólise / gliconeogênese
Ref. n
30 e 60
insulina / glucagon
Ref. n
10, 39
Levando em consideração a possibilidade de que a obesidade induzida
pela dieta altera a sensibilidade do barorreflexo, é razoável propor que neste
modelo poderia haver, além das alterações autonômicas, modificações
metabólicas que estariam associadas às respostas cardiovasculares
induzidas pela hemorragia. Entretanto, não relatos na literatura que
mostre a relação da obesidade e a hipotensão hemorrágica. Sendo assim, o
presente estudo avalia se a redução da sensibilidade do barorreflexo está
relacionada com o grau de obesidade e com as respostas reflexas
promovidas pela hipotensão hemorrágica em ratos obesos induzidos pela
dieta.
2. OBJETIVOS
OBJETIVO GERAL
Analisar a resposta metabólica à hipotensão hemorrágica em animais com
obesidade induzida por dieta hipercalórica.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
- Analisar os parâmetros metabólicos (ácidos graxos livres do plasma,
triglicérides, glicose, lactato, colesterol plasmáticos e taxa metabólica de
repouso), hormonais (insulina/leptina) e distribuição de gordura em vários
coxins adiposos (retroperitoneal, epididimal, inguinal e interscapular) de ratos
com obesidade induzida pela dieta.
- Avaliar o balanço autonômico de ratos obesos a partir das respostas
cardiovasculares reflexas induzidas por doses intravenosas de fenilefrina
(agonista α adrenérgico) e de nitroprussiato de sódio (doador de óxido
nítrico) e pela avaliação da integração dos ajustes cardiovasculares (pressão
arterial e frequência cardíaca) e metabólicas (glicose e lactato plasmáticos)
frente à hipotensão hemorrágica.
3. MATERIAL E MÉTODOS
3.1. ANIMAIS E DIETA
Para a realização dos experimentos foram utilizados ratos Wistar, recém
desmamados (28 30 dias), provenientes do Centro de Bioterismo do
Instituto de Ciências Biológicas da UFMG. Eles foram mantidos em gaiolas
individuais com água e dieta ad libitum e em ambiente de temperatura e
iluminação controlada (14 horas de luz diária, 0500-1900 h).
Os animais foram distribuídos em dois grupos distintos; 1- Grupo
controle: alimentado com a ração da marca Nuvilab - CR e; 2- Grupo obeso:
alimentado com uma dieta hipercalórica, contendo 33% de leite condensado
(moça Nestlé), 33% de ração Nuvilab - CR, 7% de açúcar e 8,6% de água
(Cooper et al, 1985) (Tabela 1).
Os valores calóricos da ração Nuvilab – CR e da dieta hipercalórica foram
de 292 Kcal/100g e 318 Kcal/100g, respectivamente. Dessas calorias, 57,5%
da ração e 68% da dieta provinham do valor calórico do carboidrato contido
nas duas dietas (Tabela 1).
Todos os procedimentos experimentais foram previamente aprovados
pelo Comitê de Ética em Experimentação Animal da Universidade Federal de
Minas Gerais, sob o protocolo n
o
100/07.
Tabela 1: Composição calóricas das dietas
Composição
Dieta controle Dieta hipercalórica
Densidade calórica (Kcal/100g) 292 318
Carboidrato (%) 57,5 68
Proteína (%) 30 16
Lipídeo (%) 12,5 16
Umidade (%) 12,5 27
Dieta controle (g/100g de dieta): Ração NUVILAB CR (carboidrato, 44g;
proteína, 22g; lipídeo, 4g).
Dieta hipercalórica (g/100g de dieta): Ração NUVILAB CR (carboidrato,
44g; proteína, 22g; lipídeo, 4g); Leite condensado Moça, Nestlé
(carboidrato, 57g; proteína, 7g; lipídeo, 8g); Sacarose (carboidrato, 99g;
proteína, 0g; lipídeo, 0g).
3.2. TAXA METABÓLICA
Os animais foram pesados e colocados numa câmara hermeticamente
fechada e calibrada para o registro do consumo de oxigênio de repouso. A
taxa metabólica foi mensurada utilizando um sistema de fluxo aberto de
calorimetria indireta (OXYMAX v500, Columbus Instruments / Ohio, USA),
previamente calibrada com uma mistura de gases com certificado padrão do
fabricante (20,5% de 0
2
e 0,5% de CO
2
; White Martins). A taxa metabólica de
repouso dos animais foi mensurada durante a 8
a
, 12
a
, 16
a
e 19
a
semanas de
experimento.
3.3. PROCEDIMENTO CIRÚRGICOS
- CANULAÇÃO ATRIAL E DA ARTÉRIA AORTA
Os animais com 19 semanas de dieta foram anestesiados com uma
solução de quetamina (116 mg/Kg de peso corporal, i.p.) e xilasina (5,75
mg/Kg de peso corporal, i.p) e submetidos ao implante de cateteres venoso e
arterial. Para os procedimentos de colheita de sangue e administração de
drogas uma cânula de silicone (silastic, 0,5 mm de DI, 0,94 mm de DE, Down
Corning, EUA) foi inserida no átrio direito através da veia jugular externa,
segundo a técnica de Harms & Ojeda. Após o implante, a cânula foi
preenchida com uma solução de salina com heparina e a extremidade da
mesma exposta no dorso do animal. No final da cirurgia os animais
receberam antibiótico e analgésico conforme descrito por Pires et al (2007).
Para monitorar os parâmetros cardiovasculares, uma cânula (20 cm de
um tubo de polietileno PE50, soldado por aquecimento a 4 cm de um tubo de
polietileno PE10 foi preenchida com heparina em solução salina e inserida na
aorta abdominal através da artéria femoral esquerda. A extremidade da
cânula foi exteriorizada na região dorsal dos animais.
3.4. PROTOCOLOS EXPERIMENTAIS
- PROTOCOLO 1 Caracterísiticas dos animais: Parâmetros bioquímicos
e distribuição lipídica.
Durante 9 e 19 semanas, os animais foram monitorados para
avaliação do peso corpóreo e do consumo alimentar. Após esses períodos,
os animais foram sacrificados com uma dose letal de tiopental (80
mg/mL/100g de peso corporal) para a colheita de sangue (0,2 mL),
mensuração dos coxins adiposos (retroperitoneal, inguinal, epididimal e
intraescapular) e avaliação do índice de Lee (Lee, 1929). Esse índice analisa
o grau de obesidade, calculando a raiz cúbica do peso corporal (g) e dividido-
a pelo comprimento naso-anal (mm) e multiplicado-a por 10 (Lee et al, 1929).
As amostras de sangue foram colhidas para análise do conteúdo
plasmático de glicose, lactato, colesterol, HDL, triglicérides, ácidos graxos
livres, insulina e leptina. O plasma foi separado por centrifugação e mantido
congelado a -20 °C até análise.
Análises bioquímicas
As análises de colesterol, HDL e triglicérides plasmáticos foram
determinadas pelo método enzimático (KATAL - Kit, Belo Horizonte, Brasil). A
glicose e o lactato plasmáticos foram mensurados pelo método enzimático,
autoanalyzer 2300 STATPLUS (Yellow String Inst. USA. Os ácidos graxos
livres plasmáticos foram medidos utilizando o kit NEFA 30T (Randox
Laboratories), modificado por análise micrométrica em leitor de microplacas.
A insulina e a leptina foram determinadas por radioimunoensaio (Linco
Research, St. Charles, MO, E.U.A.).
- PROTOCOLO 2 Avaliação da sensibilidade do barorreflexo em ratos
alimentados com dieta hipercalórica por 19 semanas.
Após 19 semanas de dieta e água ad libitum, os animais foram
submetidos a implantes das cânulas venosa e arterial. Após a recuperação
do peso, cada rato teve sua cânula venosa conectada a um tubo de
polietileno (PE50) de 20cm e a cânula femoral ao sistema de registro (MP100
System Guide Biopac Systems, Santa Bárbara, CA, model MP100 CE
series 198122765), ambas preenchida com solução de salina heparinizada.
Essas conexões permitiram a livre movimentação dos ratos nas gaiolas. Os
animais permaneceram em repouso por uma hora e durante todo o período
experimental não tiveram acesso à água e a dieta.
A avaliação barorreflexo foi realizada através de infusão de bolus de 0,1
mL de fenilefrina e nitroprussiato de sódio pela cânula atrial em diferentes
concentrações (1,0; 2,5; 5,0; 10,0; 20,0 µg/mL). O primeiro agente
farmacológico é um agonista α
1-
seletivo que se difere da adrenalina somente
pela ausência de um grupo hidroxi na posição 4 do anel benzeno (Goodman
& Gilman). A característica principal do efeito fenilefrina é o aumento da
resistência periférica arterial, induzindo resposta bradicárdica reflexa
(Goodman & Gilman). O nitroprussiato de sódio é um agente hipotensor
constituído de uma fração nitroso, responsável pela ação vasodilatadora da
droga (Goodman & Gilman). Ao entrar em contato com os eritrócitos o
nitroprussiato de sódio sofre decomposição, liberando óxido nítrico (NO),
resultando em resposta taquicárdica reflexa (Goodman & Gilman).
A sensibilidade do barorreflexo (IP/PAM) foi avaliada pela razão entre
as alterações reflexas da frequência cardíaca convertidas em intervalo de
pulso (I.P.= 60.000/FC) e as alterações transitórias da PAM (PAM) diante
das infusões das duas drogas.
- PROTOCOLO 3 Avaliação dos ajustes cardiovasculares e metabólicos à
hemorragia em ratos alimentados com dieta hipercalórica por 19 semanas.
No dia seguinte, após a realização do protocolo 2, foi realizado o
protocolo de hemorragia aguda. Para isso, as cânulas foram conectadas e
em seguida realizou-se a hemorragia , retirando-se um volume de sangue
correspondente à 1,2 mL/100 g de peso corporal / 2 minutos. As amostras
de sangue foram colhidas em seringas heparinizadas (0,2 mL)
imediatamente antes de se iniciar o procedimento e durante os 5, 10, 20, 30
minutos de hipotensão hemorrágica.
As alíquotas de sangue foram mantidas em gelo até a centrifugação em
centrífuga refrigerada (3000 RPM, por 12 minutos). Em seguida, os plasmas
foram separados e armazenados a –20ºC para as posteriores dosagens
bioquímicas.
3.5. ANÁLISES ESTATÍSTICAS
Os resultados foram analisados utilizando análise de variância (two-way
ANOVA), seguido do teste de Newman Keuls. As diferenças entre os grupos
foram analisados pelo teste T de Student e a regressão linear pela correlação
de Pearson. A significância estatística foi aceita a partir de p<0,05.
4. RESULTADOS
PROTOCOLO 1: Características dos animais: Parâmetros bioquímicos e
distribuição lipídica
Os animais alimentados com a dieta hipercalórica apresentaram em
média maior ingestão calórica (11%) quando comparados com os animais
alimentados com a dieta controle (Figura 2A). Observamos, ainda, que o ganho
de peso do grupo obeso foi mais acentuado a partir da quarta semana de
tratamanto, estabelecendo uma diferença de 28% no final das 19 semanas de
tratamento (figura 2B).
Comparando os dois grupos na 9 semana de tratamento (Figura 3),
observou-se que o grupo alimentado com dieta hipercalórica apresentava um
aumento de 82%, 65%, 41% e 51% no peso dos tecidos adiposos
retroperitonal, epididimal, inguinal e no peso do tecido adiposo marrom
interescapular, respectivamente (p<0,05). Após a 19ª semana de tratamento a
diferença do peso desses tecidos do grupo obeso em relação ao controle foi de
60%, 52%, 40% e 82%, respectivamente (p<0,05).
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19
Kcal /100g peso corporal /dia
20
30
40
50
60
70
80
Grupo controle (n=24)
Grupo obeso (n=26)
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
A
*
1 3 5 7 9 11 13 15 17 19
Ganho de peso (g)
0
100
200
300
400
500
600
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
*
B
*
*
Semanas
Figura 2: Ingestão calórica (A) e ganho de peso corporal (B) do grupo controle
(CT) e do grupo obeso (OB). * p<0,05 (OB vs CT)
g/100g do peso corporal.
0,5
1,0
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
Grupo controle (n=12)
Grupo Obeso (n=13)
*
*
*
*
*
*
9 semanas
19 semanas
Retrop. Retrop.
Epid. Epid.
Ing. Ing.
A
mg/100 g do peso corporal
0,04
0,06
0,08
0,10
0,12
0,14
0,16
0,18
0,20
9 semanas
19 semanas
*
*
B
*
*
Figura 3: Peso do tecidos adiposos brancos (A) e do tecido adiposo marrom
interescapular (B), mensurados na semana e na 19ª semana no grupo
controle (CT) e no grupo obeso (OB). *p<0,05 (OB vs CT).
O índicie de Lee avaliado na e na 19ª semana de experimento
apresentou, respectivamente, um aumento de 3% e 8%, confirmando o
desenvolvimento da obesidade induzida pela dieta hipercalórica (Tabela 2).
Como observado na tabela 2, não houve diferenças entre os grupos
quanto as concentrações plasmáticas de colesterol, HDL, glicose, lactato na 9ª e
19ª semana de tratamento. Contudo, o tratamento de 9 semanas aumentou os
níveis circulantes de triglicérides e ácidos graxos livres em 311% e 90%,
respectivamente, no grupo com dieta hipercalórica comparado com o grupo
controle (P<0,05). Após a 19ª semana de tratamento dietético, além dos
triglicérides e dos ácidos graxos plasmáticos, também foi observado um
aumento sérico de insulina e leptina (424%, 124%, 119% e 500%,
respectivamente).
9 semanas 19 semanas
Grupo Controle Grupo Obeso Grupo Controle Grupo Obeso
(n=6) (n=6) (n=6) (n=6)
Índice de Lee
0,31 + 0,003
0,32 + 0,002* 0,31 + 0,006 0,33 + 0,005**
Colesterol (mg/dL) 140,5 + 20.0 163,9 + 15,8 151,3 + 16,0 175,0 + 13,0
HDL (mM) 0,61 + 0,03 0,66 + 0,05 0,69 + 0,03 0,66 + 0,03
Triglicérides (mM) 1.32 + 0,46 5,43 + 0,32** 1,26 + 0,22 6,61 + 0,97**
AGL (mM) 0,44 + 0,01 0,84 + 0,01** 0.89 + 0.13 2.00 + 0.33**
Glicose (mM) 10,35 + 0,82 14,60 + 0,75 14,60 + 0,75 15,67 + 0,37
Lactato (mM) 1,41 + 0,28 1,02 + 0,06 3,69 + 0,46 2,34 + 0,22
Insulina (ng/mL) 1.85 + 0.37 4.06 + 0.61*
Leptina (ng/mL) 1.90 + 0.91 11.45 + 1.95 **
Tabela 2: Parâmetros metabólicos avaliados na 9
a
e na 19
a
semana no grupo
controle (CT) e no grupo obeso (OB) * p <0,05, **p<0,01 (OB vs CT)
Os animais alimentados com dieta hipercalórica apresentaram um
aumento no consumo de oxigênio durante todo o período experimental
comparados com os animais alimentados com a dieta controle. As medidas
realizadas durante a 8ª, 12ª, 1e 19ª semana de tratamento identificaram uma
diferença de 4%, 6%, 16% e 14% na taxa metabólica basal, respectivamente
(figura 4).
mL/Kg/min
0
2
4
6
8
10
12
Grupo controle (n=5)
Grupo Obeso (n=5)
*
* *
*
8
a
semana 12
a
semana
16
a
semana
19
a
semana
Figura 4: Consumo de oxigênio mensurado durante o período de dieta no grupo
controle (CT) e no grupo obeso (OB). *p<0,05 (OB vs CT)
PROTOCOLO 2: Avaliação da sensibilidade do barorreflexo em ratos
alimentados com dieta hipercalórica por 19 semanas
A resposta à bradicardia reflexa apresentou uma correlação positiva
quanto à variação da pressão arterai (mmHg) nos dois grupos estudados (Grupo
controle, r
2
=0,980, p<0,01; Grupo obeso, r
2
=0,940, p<0,01), assim como a
resposta taquicárdica reflexa (Grupo controle: r
2
=0,970, p<0,01; Grupo obeso:
r
2
=0,960, p<0,01).
Conforme a ilustração da figura 5A, a sensibilidade do barorreflexo
induzida pela administração de diferentes doses de fenilefrina (1,0; 2,5; 5,0;
10,0; 20,0 µg/mL) foi significativamente menor no grupo obeso, comparado com
o grupo controle (p<0,01). O reflexo bradicárdico induzido por essa droga foi
atenuado em 55%. Por outro lado, a taquicardia reflexa induzida pela
administração de diferentes doses de nitroprussiato de sódio foi similar nos dois
grupos estudados (Figura 5B).
0.0
0.2
0.4
0.6
0.8
1.0
1.2
Grupo controle (n=5)
Grupo obeso (n=7)
*
Fenilefrina
IP/PAM
0.0
0.2
0.4
0.6
0.8
1.0
1.2
B
Nitroprussiato de sódio
PAM (mmHg)
0 10 20 30 40 50 60 70 80
IP (ms)
0
10
20
30
40
50
60
Grupo controle (r
2
= 0.98; p < 0.01)
Grupo obeso (r
2
= 0.94; p <0.01)
IP/
PAM
-50 -40 -30 -20 -10 0
-50
-40
-30
-20
-10
0
Grupo controle: r
2
=0,97; p<0,01
Grupo obeso: r
2
=0,96; p<0,01
A
PAM (mmHg)
IP (ms)
Figura 5: Avaliação da sensibilidade do barorreflexo induzida pela resposta
reflexa bradicárdica (A) e taquicárdica (B) do grupo controle (CT) e do grupo
obeso (OB) na 19ª semana de experimento. * p<0.01 (OB vs CT)
Verificou-se uma correlação negativa na avaliação entre a relação do
grau de obesidade (índice de Lee) e o índice da sensibilidade do
barorreflexo induzido pela fenilefrina nos animais alimentados com a dieta
hipercalórica (r=0,720; p<0,01; Figura 6).
Índice de Lee
0.324 0.333 0.342 0.351
IP/PAM (ms/mmHg)
0.00
0.25
0.50
0.75
1.00
1.25
(r = 0.72; p <0.01)
Figura 6: Correlação linear entre o índice de Lee e o índice de sensibilidade
do barorreflexo induzido pela fenilefrina (ms/mmHg) do grupo obeso.
PROTOCOLO 3: Avaliação dos ajustes cardiovasculares e metabólicos à
hipotensão hemorrágica em ratos alimentados com dieta hipercalórica
Ajustes cardiovasculares
Os valores de pressão arterial média e de frequência cardíaca basais do
grupo obeso (106,9 + 3,0 mmHg / 392,0 + 9,3 bpm) não foram diferentes quando
comparados com o grupo controle (105,0 + 1,4 mmHg / 399,2 + 32,7 bpm).
Durante a hemorragia, ambos grupos experimentais apresentaram uma queda
acentuada da pressão arterial média (PAM) aos 10 minutos em torno de 58% e
54%, respectivamente. A recuperação da mesma ocorreu aos 30 minutos,
quando observou-se uma estabilização dos valores de pressão arterial média
em 27 mmHg e 35 mmHg abaixo dos valores basais em ambos os grupos
(Figura 7A).
Comparando com os valores basais, o declínio máximo da frequência
cardíaca foi de 183 batimento por minuto (bpm) no grupo controle e 174 bpm
no grupo obesos, aos 10 e aos 15 minutos após a hemorragia, respectivamente
(figura 7B). A frequência cardíaca do grupo controle e do grupo obeso
estabilizaram a 22 bpm e a 55 bpm dos valores basais, respectivamente.
Entretanto, não foi verificado diferenças estatísitcas entre os grupos.
0 10 20 30
PAM (mmHg)
20
40
60
80
100
120
Grupo controle (n=6)
Grupo obeso (n=6)
he
*
*
*
*
*
*
A
Tempo (minutos)
0 10 20 30
FC (bpm)
150
200
250
300
350
400
450
*
*
he
B
Figura 7: Avaliação dos ajustes cardiovasculares à hemorragia do grupo
controle (CT) e do grupo obeso (OB). (A) pressão arterial média; (B) frequência
cardíaca. *P<0,05 vs basal. Abreviação: he (Hemorragia).
Ajustes metabólicos
A hiperglicemia induzida pela hemorragia foi observada aos 5 minutos
após a hemorragia, atingindo o pico aos 10 minutos quando a glicose plasmática
aumentou em torno de 3 e 4 vezes em animais alimentados com dieta controle
e dieta hipercalórica, respectivamente. No entanto, aos 20 minutos de
hemorragia, a hiperglicemia do grupo controle reduziu para 10,2 mM, enquanto
no grupo obeso permaneceu elevado 13,1 mM. Neste ponto, a hiperglicemia do
grupo obeso foi 128% superior ao grupo controle (p <0,05; Figura 8A). O
aumento da resposta hiperglicêmica à hipotensão hemorrágica (p <0,01) dos
animais obesos pode ser melhor observado na figura 8B, a qual ilustra a área
sob a curva de glicose durante os 30 minutos de hemorragia.
Conforme ilustrado na figura 8C, os níveis plasmáticos de lactato também
aumentaram imediatamente após hemorragia em ambos os grupos. Isso foi
observado durante os primeiros 10 minutos do procedimento, quando o lactato
plasmático aumentou em torno de 300% no grupo controle e no grupo obesos.
Após 30 minutos de hipotensão hemorrágica, o lactato plasmático reduziu, mas
permanecendo 64% e 73% acima de níveis basais, respectivamente. No
entanto, esta resposta metabólica a hemorragia foi similar entre os grupos. A
área sob a curva do lactato após 30 minutos de hemorragia ilustra este resultado
(Figura 8D).
A análise do efeito da obesidade sobre a resposta hiperglicêmica nos
animais obesos, mostrou a existência de uma correlação positiva entre o índice
de Lee e o aumento da glicose plasmática após a hemorragia ( r=0,93; p<0,01;
Figura 9). Além disso, houve uma correlação negativa entre as variações de
glicose no plasma após a hemorragia e o índice de sensibilidade do barorreflexo
induzido pela fenilefrina (r = 0,72, p <0,01) em ratos alimentados com a dieta
hipercalórica.
Tempo (minutos)
0 10 20 30
glicose (mM)
0
1
2
3
4
5
6
7
Grupo controle (n=6)
Grupo obeso (n=6)
he
A
Área sob a curva da glicose (mM) x 30 min
0
25
50
75
100
125
150
175
Grupo controle (n=6)
Grupo obeso (n=6)
B
*
*
0 10 20 30
lactato (mM)
0
1
2
3
4
5
C
Tempo (minutos)
Área sob a curva do lactato (mM) x 30 min
0
20
40
60
80
100
120
D
he
Figura 8: Avaliação dos ajustes metabólicos à hemorragia no grupo controle
(CT) e do grupo obeso (OB). (A) glicose plasmática; (B) área sob a curva de
glicose; (C) lactato plasmático; (D) área sob a curva de lactato. *P<0,05 (OB vs
CT). Abreviação: he (Hemorragia).
glicose (mM)
4 6 8 10
IP/
PAM (ms/mmHg)
0.0
0.3
0.6
0.9
1.2
1.5
Índice de Lee
0.328 0.332 0.336 0.340
Área sob a curva de glicose (mM)
35
70
105
140
175
210
r = 0.930 (p<0.01)
B
(r = 0.720; p <0.01)
A
Figura 9: Correlação linear entre o índice de Lee e a hiperglicemia hemorrágica
(A) e o índice de sensibilidade do barorreflexo induzido pela fenilefrina com a
hiperglicêmia hemorrágica (B) do grupo obeso.
5. DISCUSSÃO
O presente estudo mostra que a dieta hipercalórica promove redução da
sensibilidade do barorreflexo e aumento da resposta hiperglicêmica à hipotensão
hemorrágica em ratos obesos induzidos pela dieta hipercalórica. Ambos os
resultados foram correlacionados com o grau de obesidade. Esses dados
indicam que a obesidade interfere nos ajustes metabólicos que dependem do
aumento da atividade simpática periférica induzido pela redução da sensibilidade
do barorreflexo. De fato, a exacerbação da resposta hiperglicêmica à hemorragia
demonstra que a dieta hipercalórica promove um desequilíbrio autonômico a
partir da redução da sensibilidade da bradicardia barorreflexa.
Foi demonstrado que os receptores carotídeos (baro- e
quimiorreceptores) participam de respostas neuroendócrinas em várias
situações fisiológicas, como por exemplo o exercício (Koyama et al, 2001), a
hipóxia (Zinker et al, 1994), a hipoglicemia (Koyama et al, 2000) e a hipotensão
hemorrágica (Silveira et al, 2003; Silveira et al, 2005). Estudos anteriores
revelaram que a resposta hiperglicêmica à hemorragia é modulada pelo
baroreceptor e a conexão com os receptores colinérgicos do PVN integra o
circuito neural responsável por esta resposta metabólica (Silveira et al, 2003). A
liberação de glicose pelo fígado ocorre através de vários mecanismos reflexos
distintos, incluindo aumento da atividade simpática para o mesmo, secreção de
catecolaminas pela medula adrenal e elevação de angiotensina II circulante.
Existem várias evidências anatômicas e fisiológicas que suportam essa idéia
(Strack et al, 1989; Machado, 1995ab; Palkovits et al, 1999; Silveira et al, 2003;
Silveira et a., 2005). Nossos resultados sugerem que a dieta hipercalórica,
promovendo a redução da sensibilidade do barorreflexo, talvez altere a atividade
desse circuito. Alguns autores demonstraram que os neurônios do PVN estão
cronicamente ativados em cães obesos e que uma predominância da
atividade das fibras simpáticas oriundas do RVLM, indicando uma redução da
sensibilidade do barorreceptor (Lohmeier et al, 2003). Além disso, foi relatado
que ratos com obesidade induzida por dieta hipercalórica apresentam redução
da sensibilidade do barorreflexo observado pela administração intravenosa de
fenilefrina (Bunag et al,1990; Bunag et al, 1996; Miller et al, 1999). Esses
estudos corroboram com a hipótese que alterações na regulação metabólica de
ratos obesos talvez sejam mediadas, inicialmente e em parte, pela
dessensibilização do barorreflexo, promovendo uma exacerbação da atividade
simpática induzida pela hipotensão hemorrágica.
O aumento dos coxins adiposos brancos e marrom e elevação da taxa
metabólica associados com o aumento plasmático de triglicérides e de ácidos
graxos livres observados nos ratos obesos, indicam a possibilidade da
participação do sistema renina angiotensina periférico (SRA) no desequilíbrio
autonômico. Alguns estudos demonstraram que a dieta hipercalórica induz
elevação da atividade do nervo renal simpático (Barnes et al, 2003) e eleva a
concentração plasmática de angiotensina II e a expressão de angiotensinogênio
nos tecidos adiposos de ratos (Boustany et al, 2004). Assim, essas observações
indicam um possível envolvimento da angiotensina II no aumento da atividade
simpática observado nos animais obesos. Além disso, a angiotensina II induz
disfunção do barorreflexo (Tan et al, 2007) e participa da reposta hiperglicêmica
à hipotensão hemorrágica em ratos (Machado et al, 1995a). Ela produz
hiperglicemia direta e indiretamente, ativando a glicogenólise e a
gliconeogênese hepática (Coimbra et al, 1999) e elevando o fluxo simpático para
a periferia (Machado et al, 1995a; Mishessen-neto et al, 1996). Esses trabalhos
reforçam a possibilidade da participação da angiotensina II circulante nas
respostas reflexas alteradas presentes neste estudo.
O aumento da leptina plasmática observado em nossos resultados
associada com a elevada taxa metabólica basal e mobilização de ácidos graxos
confirma a ação desse hormônio em induzir o aumento da atividade simpática
periférica para o tecido adiposo marrom, rins e medula adrenal (Dunbar et al,
1997). A leptina é uma proteína secretada pelo tecido adiposo que passa pela
barreira hemato-encefálica e ativa neurônios localizados em diversas áreas do
hipotálamo, incluindo o núcleo paraventricular (Van Dijk et al, 1996; Elmquist et
al, 2001). Além de sua ação no controle do balanço energético, a leptina
também participa da regulação do sistema cardiovascular (Dunbar et al, 1997;
Correia et al, 2001). Já foi mostrado que a administração de leptina em áreas do
sistema nervoso central aumenta a atividade simpática resultando na elevação
da pressão arterial sistêmica (Dunbar et al, 1997; Correia et al, 2001). Essa
alteração cardiovascular observada pela ação central da leptina parece ser
mediada pela sua interação com o barorreflexo (Grassi et al, 2004). É importante
ressaltar que o PVN faz parte de um circuito neural que envolve a modulação
dos reflexos cardiovasculares e ativação simpática, levando a uma resposta
hiperglicêmica induzida pela hipotensão hemorrágica (Silveira et al, 2003). foi
mostrado que a ativação dos neurônios do PVN pela leptina resulta em aumento
do tônus simpático, taquicardia e supressão do reflexo do barorreceptor (Shih et
al, 2003). Também foi observado que a ativação do barorreflexo induzida pela
fenilefrina abole totalmente o aumento da atividade simpática do nervo renal
induzido pela leptina (Hausberg et al, 2002). Dessa forma, a redução da
sensibilidade do barorreflexo induzida pela fenilefrina em ratos obesos,
observada em nosso trabalho, talvez facilite a ativação simpática do nervo renal
induzindo o aumento da atividade do sistema renina angiotensina periférico.
Sendo assim, o desequilíbrio autonômico induzido pela dieta hipercalórica ocorre
através de diversos fatores endócrinos que afetam a homeostase metabólica e
cardiovascular, os quais contribuem para o reflexo hiperglicêmico determinado
pela hipotensão hemorrágica.
Em suma, nossos resultados demonstram que a dieta hipercalórica
consumida pelos ratos Wistar induz prejuízo da sensibilidade do barorreflexo, o
qual está intimamente correlacionado com o grau de obesidade desses animais,
e induz aumento da resposta hiperglicêmica à hipotensão hemorrágica. Além
disso, a obesidade está correlacionada com o nus simpático, confirmado pelo
aumento da taxa metabólica basal e da mobilização de ácidos graxos livres.
Sendo assim, nossos resultados mostram que a obesidade induzida pela dieta
hipercalórica promove um desequilíbrio autonômico e metabólico dependentes
da elevação da atividade simpática periférica induzida pela redução da
sensibilidade do barorreflexo.
6. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
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