RESUMO
No final do Pré-Cambriano, os continentes Sulamericano, Africano, Indiano,
Antártico e Australiano formavam um único e grande complexo continental
chamado Gondwana. A partir do Mesozóico, este mega-continente passou a
experimentar esforços extensionais em várias partes do seu interior, ocorrendo
em várias escalas processos de soerguimentos regionais com ou sem
vulcanismo associado, formação de junções tríplices e de rifteamentos em vários
estágios. Estes eventos decorreram, na região meio-norte do Brasil, da
Reativação Wealdeniana ou Evento Sul-Atlantiano que incidiram no interior e na
borda da placa Sulamericana e foi acompanhado inicialmente por intenso
magmatismo essencialmente básico, seguido pelo desenvolvimento de sistemas
estruturais extensionais, tendo falhas normais lístricas ou planares como
elementos fundamentais do arcabouço de cada bacia e envolvendo reativações
de zonas de cisalhamento antigas no contexto da tectônica ressurgente. Estes
processos foram materializados, a partir do Triássico, através de soerguimentos
associados ao magmatismo em regiões de fraqueza do embasamento pré-
cambriano e nas bacias paleozóicas instaladas. As áreas soerguidas foram
intensamente erodidas e ocorreu a instalação de junções tríplices, com intenso
vulcanismo intrusivo e explosivo associado. Estes eventos estão ligados à
fragmentação do Pangea, formação do Oceano Atlântico Central e individualização
dos supercontinentes Laurásia e Gondwana. O braço do Atlântico Central na
América do Sul evoluiu para os estágios iniciais de rifteamento nas bacias da Foz
do Amazonas e vulcanismo na Bacia do Parnaíba durante o Triássico e Jurássico.
Este evento de rifteamento perdeu intensidade na região e migrou para o Caribe,
separando a América do Norte da América do Sul. A partir do início do Cretáceo
(final do Barremiano e início do Aptiano), nova fase de rifteamento surgiu na
região, agora sem vínculo com o Atlântico Central. Houve a ampliação das bacias
da Foz do Amazonas, formação da Bacia de Marajó e início de nova fase de
soerguimento e vulcanismo seguido de rifteamento na região do Arco Ferrer-
Urbano Santos, Bacia do Parnaíba, formação do Sistema de Grábens Gurupi
(Bacias de Bragança-Viseu, São Luís e Ilha Nova) e Bacia do Grajaú. Neste
processo, dois eventos distintos ocorreram, um de rifteamento com os estágios
iniciais de formação das Bacias de Bragança-Viseu e Ilha Nova, e outro de
subsidência termal, com a formação da Bacia de São Luís e Bacia de Grajaú,