D. VILMA: Não. Não tava, não. Ele ia mas ele não ficava lá, né. O Bernardo Élis
nunca ficou assim, porque teve uns que ficaram escondidos, né, lá em casa. Alguns
companheiros perseguidos na época da Ditadura Militar, ficavam lá em casa. Agora,
o Bernardo Élis, ele assim..., eles falavam simpatizante, né, do Partido Comunista
Brasileiro, então eles faziam reuniões, às vezes eles ficavam lá semanas fazendo
reuniões, discutindo as estratégias do Partido, discutindo os rumos do Partido aqui
em Goiás. Então eles faziam reuniões lá na chácara, na roça mesmo, sabe, sentava
lá no mato. De noite eles iam dormir, mas ficavam o dia inteiro embaixo das árvores,
discutindo as estratégias do Partido, os rumos que o Partido ia tomar e o Bernardo
participava dessas reuniões, mas o Bernardo mesmo não chegou, assim, a ficar lá
em casa escondido, não. Ele participou de reuniões, e aí em função disso ele ficou
amigo, né, então ele ia chupar jabuticaba, ele ia visitar a gente, né, ele chamava
para a gente vir aí na casa dele, então era assim, ele era uma referência para a
gente aqui em Goiânia, né. Assim como outros simpatizantes, o José Garcia Godoy,
que era um outro simpatizante da época também, que era escritor também (...).
CRISTIANE: Vocês precisaram depor, com relação ao Movimento?
D. VILMA: É... aí quando... já foi assim, em fim de 71, início de 72, em 71 eles
fizeram uns encontros lá na chácara, só que eram encontros mais jovens, né, de
estudantes, porque tinha ala jovem, né, do Partido Comunista. Foram muitos jovens,
estudantes, e estudante, né, muito assim, sem aquela preocupação que os adultos
tinha, né, os mais idosos, os militantes antigos, eles tinham os cuidados com a
segurança, né, e os estudantes empolgavam, né, e aí foram alguns estudantes que
participavam do Partido Comunista e, nesses estudantes foram infiltrados agentes
do DOPS, porque eles falavam para todo mundo, né, e foi agente do DOPS
infiltrado. Aí, bom, passou uns dias, né, eles pegaram e esse agente do DOPS
dedou todo mundo que tava e, aí eles prenderam, foram prendendo várias pessoas
que eram estudantes na época e que tava lá. A gente tava lá. A gente não
participava das reuniões, que nessa época eu mais a Lola, a gente morava aqui em
Goiânia, a gente conhecia eles, fazia retiro fim de semana, quando eles tava lá, mas
a gente não participava das reuniões, a gente ficava na cozinha fazendo a comida,
que era muita gente, né. Às vezes tinha um homem, um ou dois, que ficava também
pra fazer a comida e a gente não participava das reuniões, mas a gente era