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DANIELA GOMES CAGNOTO
Estudo do desenvolvimento dos Sistemas Renais de embriões bovinos (Bos indicus e
Bos taurus) durante o período gestacional compreendido entre 10 e 50 dias
São Paulo
2007
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DANIELA GOMES CAGNOTO
Estudo do desenvolvimento dos Sistemas Renais em embriões bovinos (Bos indicus e
Bos taurus) durante o período gestacional compreendido entre 10 e 50 dias
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Anatomia dos Animais Domésti-
cos e Silvestres da Faculdade de Medicina Vete-
rinária e Zootecnia da Universidade de São Pau-
lo para obtenção do título de Mestre em Ciências
Departamento:
Cirurgia
Área de concentração:
Anatomia dos Animais Domésticos e Silvestres
Orientador:
Profa. Dra. Arani Nanci Bomfim Mariana
São Paulo
2007
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Autorizo a reprodução parcial ou total desta obra, para fins acadêmicos, desde que citada a fonte.
DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO-NA-PUBLICAÇÃO
(Biblioteca Virginie Buff D’Ápice da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo)
T.1921 Cagnoto, Daniela Gomes
FMVZ Estudo do desenvolvimento dos Sistemas Renais em embriões
bovinos (Bos indicus e Bos taurus) durante o período gestacional
compreendido entre 10 e 50 dias / Daniela Gomes Cagnoto. – São Paulo :
D. G. Cagnoto, 2007.
78 f. : il
.
Dissertação (mestrado) - Universidade de São Paulo. Faculdade de
Medicina Veterinária e Zootecnia. Departamento de Cirurgia, 2007.
Programa de Pós-Graduação: Anatomia dos Animais Domésticos e
Silvestres.
Área de concentração: Anatomia dos Animais Domésticos e
Silvestres.
Orientador: Profa. Dra. Arani Nanci Bomfim Mariana.
1. Pronefro. 2. Mesonefro. 3. Metanefro. 4. Embrião bovino.
5. Sistemas Renais. I. Título.
FOLHA DE AVALIAÇÃO
Nome: CAGNOTO, Daniela Gomes
Título: Estudo do desenvolvimento dos Sistemas Renais em embriões bovinos (Bos in-
dicus e Bos taurus) durante o período gestacional compreendido entre 10 e 50
dias
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
Graduação em Anatomia dos Animais Domésti-
cos e Silvestres da Faculdade de Medicina Vete-
rinária e Zootecnia da Universidade de São Pau-
lo para obtenção do título de Mestre em Ciências
Data: __/__/__
Banca Examinadora
Prof. Dr. _________________________ Instituição: _________________________
Julgamento: _____________________ Assinatura: _________________________
Prof. Dr. _________________________ Instituição: _________________________
Julgamento: _____________________ Assinatura: _________________________
Prof. Dr. _________________________ Instituição: _________________________
Julgamento: _____________________ Assinatura: _________________________
Dedicatória
Dedico,
A Deus,
Por sempre guiar os meus caminhos...
A meus pais, José Carlos e Izabel,
Por me incentivarem ao estudo desde criança;
Pelas vezes que me ensinaram o caminho correto, mesmo que pela minha dor;
Por serem o meu porto seguro em qualquer situação;
Por terem deixado de realizar sonhos para realizar os meus;
Pelo amor incondicional;
Devo a vocês a pessoa que sou hoje;
Amo muito vocês!
Ao meu marido Gustavo,
Pelas horas de paciência nos momentos de ansiedade;
Pelo apoio de concretizar este sonho;
Pelo cuidado que tem comigo sempre;
Amo você.
AGRADECIMENTOS
Agradeço,
Ao Professor Doutor José Manoel,
Pelos ensinamentos acadêmicos e de vida, pelos conselhos, calma e paciência;
Por sempre estar disposto a auxiliar, mesmo com centenas compromissos.
Por ter sido meu orientador da melhor forma.
Aos meus amigos Rita, Ricardo e Paula,
Por vocês nos momentos mais difíceis, terem mostrado verdadeiros amigos, a-
calmando, ajudando e aconselhando. Muito obrigada pela força!
A Profa. Dra. Maria Angéllica,
Pela oportunidade de continuar estudando e contribuir com a pesquisa.
Aos professores do departamento,
Por todos os ensinamentos durante este período.
Aos funcionários Ronaldo, Maicon, Jaque, Índio, Jõao, Raimundo, Diogo,
Maíse,
Pela ajuda no aprendizado, conselhos e amizade.
A minha amiga Sandra,
Pela amizade, ajuda, companheirismo, conselhos e momentos de descontração.
Aos meus colegas da pós-graduação, Claudinha, João, Celina, Drica, Mir-
yan, e todos que de alguma forma me ajudaram a realizar este sonho.
Ao Frigorífico Mantiqueira de São José dos Campos – SP e ao Frigorífico
Frigonossa de Possos de Caldas – SP,
Que contribuíram para este trabalho na obtenção do material.
RESUMO
RESUMO
CAGNOTO, D. G. Estudo do desenvolvimento dos Sistemas Renais de embriões
bovinos (Bos indicus e Bos taurus) durante o período gestacional compreendido
entre 10 e 50 dias. [Study about the development of renais systems in bovines embryos
(Bos indicus and Bos taurus) during the gestation period 10 and 50 days]. 2007. 78 f.
Dissertação (Mestrado em Ciências) – Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia,
Universidade de São Paulo, São Paulo, 2007.
O presente estudo científico tem como objetivo descrever o desenvolvimento dos Sis-
temas Renais bovinos, durante o período embrionário. Para tanto, foram utilizados em-
briões coletados em frigoríficos da região, e após a coleta os mesmos foram fotografa-
dos e medidos utilizando-se o método Crow-Rump (CR). Para descrição morfológica
foram colocados em solução de Bouin para microscopia de luz e em solução de Gluta-
raldeído 2,5% para microscopia eletrônica de transmissão. Nos embriões com idade
gestacional aproximada de 14 a 15 dias, não observamos a presença do pronefro, en-
tretanto encontramos o mesonefro e indícios morfológicos que indicam sua atividade
funcional. O mesonefro apresenta no interior de suas células tubulares inúmeras mito-
côndrias e interdigitações, indicando uma alta atividade de transporte iônico. Observa-
mos que o metanefro, ou rim definitivo, inicia seu desenvolvimento em embriões apre-
sentando idade gestacional aproximada de 23 e 24 dias. Nossos achados mostram que
a involução do mesonefro acontece simultaneamente com a diferenciação metanefro-
gênica. Em idade gestacional entre 45 e 46 dias, já iniciando sua fase fetal, o metanefro
possui as unidades filtradoras (néfrons), com seus respectivos glomérulos, túbulos con-
torcidos proximais e distais e alça de Henle.
Palavras-chave: Pronefro. Mesonefro. Metanefro. Embrião bovino. Sistemas Renais.
ABSTRACT
ABSTRACT
CAGNOTO, D. G. Study about the development of renais systems in bovines em-
bryos (Bos indicus and Bos taurus) during the gestation period 10 and 50 days. [Es-
tudo do desenvolvimento dos Sistemas Renais de embriões bovinos (Bos indicus e Bos
taurus) durante o período gestacional compreendido entre 10 e 50 dias]. 2007. 78 f.
Dissertação (Mestrado em Ciências) – Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia,
Universidade de São Paulo, São Paulo, 2007.
The present scientific study it has as objective to describe the development of the bo-
vine Renais Systems, during the embryonic period. For in such a way, embryos col-
lected in freezers of the region had been used, and after the collection the same ones
had been photographed and measured using the Crow-Rump method (CR). For mor-
phologic description they had been placed in solution of Bouin for light microscopy and
in solution of Glutaraldeide 2.5% for electronic microscopy of transmission. In the em-
bryos with approached gestational age of 14 the 15 days, we do not observe the pres-
ence of pronephro, however we found mesonephro and morphologic indications that
shows functional activity. Mesonephro presents in the interior of its tubular cells innu-
merable mitochondria and interdigitações, indicating one high activity of ionic transport.
We observe that metanephro, or definitive kidney, initiates its development in embryos
presenting approached gestational age of 23 and 24 days. Our findings show that the
involution of mesonephro happens simultaneously with the metanephrogenic differentia-
tion. In gestational age between 45 and 46 days, already initiating its fetal phase, meta-
nephro possess the filter units (nephrons), with its respective glomeruli, proximal and
distal twisted tubules and handle of Henle.
Key words: Pronephro. Mesonephro. Metanephro. Bovine Embryo. Renais Systems.
LISTA DE FIGURAS
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Fotomicrografias de embrião bovino com CR 3 mm e idade gestacional
estimada de 14 a 15 dias ..............................................................................1
Figura 2 - Fotografia e fotomicrografias de embrião bovino, apresentando CR 8,3
mm e idade gestacional estimada de 18 e 19 dias (A)..................................1
Figura 3 - Fotografia e fotomicrografias de embrião bovino, apresentando CR 10
mm e idade gestacional estimada de 25 e 28 dias........................................1
Figura 4 - Fotomicrografias de embrião bovino, apresentando CR 10 mm e idade
gestacional estimada de 25 e 28 dias ...........................................................1
Figura 5 - Fotomicrografias de embrião bovino, apresentando CR 10 mm e idade
gestacional estimada de 25 e 28 dias ...........................................................1
Figura 6 - Fotografia e fotomicrografia de embrião bovino, apresentando CR 16
mm e idade gestacional estimada de 30 e 31 dias........................................1
Figura 7 - Fotomicrografias de embrião bovino, apresentando CR 16 mm e idade
gestacional estimada de 30 e 31 dias ...........................................................1
Figura 8 -
Fotografia e Fotomicrografias de mesonefro e rim metanefro de
embrião bovino apresentando CR 27 mm e idade gestacional estimada
45 a 46 dias...................................................................................................1
Figura 9 - Fotomicrografias do mesonefro e metanefro de embrião bovino
apresentando CR 27 mm e idade gestacional estimada 45 a 46 dias...........1
Figura 10 - Eletromicrografia do túbulo contorcido distal do mesonefro de embrião
bovino medindo CR de 9,0 mm com idade gestacional estimada de 20
a 21 dias........................................................................................................1
Figura 11 - Eletromicrografia da porção basal do túbulo contorcido distal do
mesonefro de embrião bovino medindo CR de 9,0 mm com idade
gestacional estimada de 20 a 21 dias ...........................................................1
Figura 12 - Eletromicrografia de túbulo mesonéfrico de embrião bovino medindo
CR de 16 mm com idade gestacional estimada de 30 a 31 dias...................1
Figura 13 - Eletromicrografia da porção apical do túbulo contorcido proximal do
metanefro de embrião bovino medindo CR de 16 mm com idade
gestacional estimada de 30 a 31 dias ...........................................................1
Figura 14 - Eletromicrografia da porção apical do túbulo contorcido proximal do
mesonefro de embrião bovino medindo CR de 16 mm com idade
gestacional estimada de 30 a 31 dias ...........................................................1
Figura 15 - Eletromicrografia da porção apical do túbulo contorcido proximal do rim
mesonéfrico de embrião bovino medindo CR de 16 mm com idade
gestacional estimada de 30 a 31 dias ...........................................................1
Figura 16 - Eletromicrografia da porção basal do túbulo contorcido proximal do
mesonefro de embrião bovino medindo CR de 16 mm com idade
gestacional estimada de 30 a 31 dias ...........................................................1
Figura 17 - Eletromicrografia de túbulo mesonéfrico de embrião bovino medindo
CR de 23 mm e com idade estimada de 40 a 41 dias...................................1
Figura 18 - Eletromicrografia de túbulo mesonéfrico de embrião bovino medindo
CR de 23 mm e com idade estimada de 40 a 41 dias...................................1
Figura 19 - Eletromicrografia de túbulo mesonéfrico de embrião bovino medindo
CR de 23 mm e com idade estimada de 40 a 41 dias...................................1
Figura 20 - Eletromicrografia de célula do túbulo de mesonefro de embrião bovino
medindo CR de 23 mm e com idade estimada de 40 a 41 dias ....................1
Figura 21 - Eletromicrografia da porção apical do túbulo contorcido distal de
embrião bovino medindo CR de 27 mm com idade gestacional
estimada de 45 a 46 dias ..............................................................................1
ABREVIATURAS
LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS
CR Crow Rump
ºC Grau Célsius
mm milímetros
µm micrômetros
ηm nanômetros
mg miligramas
% porcentagem
FMVZ/USP Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia de São Paulo
SP São Paulo
MG Minas Gerais
USA Estados Unidos da América
SUMÁRIO
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................21
2 OBJETIVOS................................................................................................................24
2.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ....................................................................................24
3 REVISÃO DE LITERATURA ......................................................................................26
3.1 FERTILIZAÇÃO E DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO .....................................26
3.2 FASES DO PERÍODO GESTACIONAL ...................................................................30
3.3 ORGANIZAÇÃO E ARQUITETURA RENAL............................................................31
3.3.1 Características anatômicas particulares dos rins bovinos .............................33
3.4 FASES DO DESENVOLVIMENTO RENAL..............................................................33
3.4.1 Pronefro ...............................................................................................................34
3.4.2 Mesonefro ............................................................................................................35
3.4.3 Metanefro .............................................................................................................36
3.5 MORTALIDADE DURANTE O PERÍODO EMBRIONÁRIO......................................38
4 MATERIAL E MÉTODOS ...........................................................................................41
4.1 COLETA DE MATERIAL ..........................................................................................41
4.2 ESTUDOS MACROSCÓPICOS...............................................................................42
4.3 ESTUDOS MICROSCÓPICOS ................................................................................42
4.3.1 Processamento microscopia de luz...................................................................42
4.3.2 Processamento microscopia eletrônica de transmissão.................................43
5 RESULTADOS............................................................................................................45
5.1 MICROSCOPIA DE LUZ ..........................................................................................45
5.2 MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE TRANSMISSÃO ...............................................55
6 DISCUSSÃO ..............................................................................................................69
7 CONCLUSÃO .............................................................................................................73
REFERÊNCIAS..............................................................................................................75
INTRODUÇÃO
21
1 INTRODUÇÃO
A bovinocultura é uma das atividades agropecuárias que mais cresce no país.
Pertencendo a família Bovidae e compreendendo duas espécies: Bos taurus e Bos indi-
cus (HAFEZ; HAFEZ, 2004), os bovinos tem a capacidade de adaptação a vários tipos
climáticos e geográficos, é considerado uma espécie de fácil manejo. Objetiva-se um
sucesso na reprodução destes animais dentro do sistema de cria. O desenvolvimento e
utilização de técnicas que visam o melhor desempenho reprodutivo e produtivo do re-
banho são de fundamental importância para que haja um manejo de qualidade.
O Brasil possui o maior rebanho bovino comercial do mundo e a bovinocultura
tem grande importância para a economia do país. A pecuária brasileira participa com
cerca de 9% do PIB e as exportações da área referem-se a US$ 2 bilhões por ano (MI-
NISTÉRIO DA AGRICULTURA; PECUÁRIA E ABASTECIMENTO, 2007).
As pesquisas relacionadas ao desenvolvimento embrionário bovino são limita-
das, entretanto técnicas de transferência de embriões bovinos vêm se desenvolvendo
rapidamente abrangendo novas perspectivas para reprodução e melhoramento animal
(FERNANDES, 1994). Desta forma, há necessidade de pesquisas relacionadas ao de-
senvolvimento do embrião.
Estudos do desenvolvimento embrionário, especialmente em animais, são uns
dos aspectos mais importantes para a evolução das espécies e sua organogênese,
bem como para as prováveis causas das más formações congênitas (USHIZAWA et
al., 2004).
O alto índice de mortalidade embrionária e fetal no terço inicial da gestação de
bovinos é uma das maiores causas de perdas econômicas na produção animal. Assim,
torna-se de grande importância um estudo sobre a dinâmica embriológica, desde o
momento da implantação até a organogênese completa, pois posteriormente será de-
nominado feto. Estes dados serão importantes devido à alta mortalidade embrionária
que ocorrem nestes animais.
Na literatura científica não há referências sobre a cronologia do desenvolvimento
renal em embriões bovinos. Esta pesquisa contribui no entendimento do desenvolvi-
22
mento completo dos sistemas renais destes animais, que como já citado, possuem alta
mortalidade embrionária afetando a produção econômica.
23
OBJETIVOS
24
2 OBJETIVOS
Estudar embriões bovinos quanto ao tempo de gestação relacionado ao seu es-
tágio de desenvolvimento no período inicial de prenhes (10 a 60 dias).
2.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Correlacionar à idade gestacional com:
O desenvolvimento dos Sistemas Renais do embrião, caracterizando as diferenças
nos vários estágios do desenvolvimento durante o período inicial de prenhes;
Identificar as características microscópicas no processo de formação dos Sistemas
Renais do embrião, juntamente de seus tecidos e constituição celular.
25
REVISÃO DE LITERATURA
26
3 REVISÃO DE LITERATURA
Pesquisas relacionadas à embriologia humana são encontradas com facilidade,
porém ao procurarmos publicações sobre a embriologia animal vimos um campo restrito
de pesquisas.
A Revisão de Literatura foi dividida nos seguintes tópicos: fertilização e desen-
volvimento embrionário, fases do período gestacional, fases do desenvolvimento renal e
mortalidade durante o período embrionário.
3.1 FERTILIZAÇÃO E DESENVOLVIMENTO EMBRIONÁRIO
A fertilização, o processo pelo qual os gametas masculinos e femininos se fun-
dem, se dá na ampola uterina. Esta é a parte mais larga da tuba, situando-se próximo
do ovário. As fases da fertilização incluem: penetração do espermatozóide na coroa
radiada, penetração na zona pelúcida e fusão entre a membrana celular (membrana
plasmática) do oócito e a do espermatozóide (SADLER, 2005).
A fertilização é um processo duplo: em seu aspecto embriológico envolve a ati-
vação do oócito pelo espermatozóide. Sem o estímulo da fertilização, o oócito não
completa a sua mitose e nem ocorre a formação do zigoto e consequentemente não há
o desenvolvimento embrionário; já em seu aspecto genético a fertilização envolve a
introdução do material hereditário do macho dentro do oócito para posterior fusão dos
pró núcleos (HAFEZ, 1982; MOORE; PERSAUD, 2004).
Gonçalves (1998) sugeriu que as etapas iniciais do desenvolvimento embrioná-
rio, anteriores a ativação gênica do embrião, são provavelmente prescritos pelos produ-
tos maternos estocados. O melhor indicador de maturação do oócito é o desenvolvi-
mento do embrião até o estágio de blastocisto.
Arthur (1979); Junqueira e Carneiro (2004); Moore e Persaud (2004) descrevem
a formação do embrião e seus anexos a partir do oócito, sendo fertilizado na ampola da
27
tuba uterina, ocorrendo a formação do zigoto, sendo que sua segmentação ocorre à
medida que ele se desloca passivamente na direção do útero. Joshi (1988) complemen-
ta que a tuba uterina é um dos locais mais importantes nos processos reprodutivos, vis-
to que nesta ocorrem os eventos da capacitação e transporte do espermatozóide, o
transporte do oócito, a fecundação e desenvolvimento dos primeiros estágios embrioná-
rios que antecedem a implantação. Seu fluido é proveniente da secreção das células
mucosas do epitélio e do transudato seletivo sanguíneo. Formando o epitélio da tuba
uterina bovina aparecem dois tipos celulares: as células ciliadas e as secretoras não
ciliadas, ambas influenciadas por hormônios ovarianos, o estrogênio e o progestogênio
(NAYAK; ELLIGTON, 1977; JOSHI, 1988).
De acordo com Gonçalves (1998), as células ciliadas estão envolvidas no trans-
porte do oócito e possivelmente, na regulação da progressão espermática. Moore e
Persaud (2004) relataram que essas mesmas células participam da reação de capacita-
ção dos espermatozóides, enquanto que as células não ciliadas secretam fatores liga-
dos à nutrição dos espermatozóides e das células nos primeiros estágios embrionários.
Seguindo-se a fertilização, inicia-se a clivagem do zigoto com a formação dos
blastômeros e, como resultado das contrações peristálticas e ciliares normais da tuba
uterina, as células embrionárias são impulsionadas em direção ao útero. Quando os
blastômeros alcançam o útero, em três ou quatro dias nos bovinos (NODEN; LAHUN-
TA, 1990), a figura embrionária apresenta-se formada por dezesseis a trinta e duas cé-
lulas originadas por mitoses sucessivas, originando assim a mórula. Trata-se de um
aglomerado celular compacto e envolvido pela membrana de fertilização (HAFEZ, 1982;
MOORE; PERSAUD, 2004).
Junqueira e Carneiro (2004) e Moore e Persaud (2004), complementam ainda
que o acúmulo gradual de líquido aparece na parte central da cavidade da mórula. Os
blastômeros afastados pelo líquido passam a constituir uma camada periférica, o trofo-
blasto. O embrioblasto ou massa celular interna encontra-se espessada num ponto on-
de permanece um aglomerado celular, o que faz saliência para dentro da cavidade,
constituindo o blastocisto.
Na espécie humana, por volta do quarto dia após a fecundação, surge a mórula,
um maciço celular que contém doze a dezesseis blastômeros. A mórula, uma vez for-
28
mada, é invadida por um líquido que promove o deslocamento dos blastômeros para a
periferia. Forma-se assim, a blástula ou blastocisto, estrutura que apresenta uma cavi-
dade cheia de líquido, denominada blastocele, e uma camada celular constituída de
micrômeros e macrômeros denominada blastoderme (GARCIA et al.,1991).
Nos ruminantes (ovinos e bovinos) e nos não ruminantes, as células do trofoblas-
to, durante e após a nidação no endométrio, secretam o hormônio gonadotrofina coriô-
nica que prolonga o período de vida útil do corpo lúteo além do ciclo estral; este período
é denominado como reconhecimento materno da prenhez (HAFEZ; HAFEZ, 2004).
Fonseca (2001) descreve ainda que o peso do corpo lúteo está relacionado com sua
capacidade de produzir progesterona adequada ao desenvolvimento embrionário e ma-
nutenção do próprio corpo lúteo durante o período crítico da vida embrionária (da ovu-
lação à implantação), quando ocorre o reconhecimento materno da gestação.
Na fase de blastocisto, a zona pelúcida se adelgaça e se desfaz, permitindo que
as células do trofoblasto, que sofrem diferenciação para constituírem o sinciciotrofoblas-
to e o citotrofoblasto, por ação enzimática, invadem a mucosa, fazendo com que o blas-
tocisto fique implantado no endométrio. Nesta fase do desenvolvimento, a nutrição do
blastocisto é histotrófica com a participação endometrial (JUNQUEIRA; CARNEIRO,
2004; MOORE; PERSAUD, 2004). A estimativa da idade para a fase blastocística em
bovinos vai de 7 a 9 dias até sua liberação (LINDNER; WRIGHT, 1983).
Nas espécies bovinas e ovinas, o período completo de implantação dura 40 – 45
e 14 – 16 dias, respectivamente (NODEN; LAHUNTA, 1990), sendo que os bovinos a-
presentam um processo de implantação superficial, não invasivo, envolvendo três fa-
ses: aposição, adesão e fixação (HAFEZ; HAFEZ, 2004; KING et al., 1982).
Por ocasião da implantação a mucosa do útero se encontra na fase secretora,
período durante as glândulas e artérias uterinas tornam-se espiraladas e os tecidos su-
culentos. Em conseqüência disso, podem-se reconhecer no endométrio três camadas
distintas: uma camada compacta superficial, uma esponjosa intermediária e uma delga-
da basal. Normalmente o blastocisto humano se implanta no endométrio ao longo da
parede anterior ou posterior do corpo do útero, onde fica incrustado entre as aberturas
das glândulas (SADLER, 2005).
29
Neste estágio de desenvolvimento já existe um mesênquima extra-embrionário,
derivado do hipoblasto que aparece no blastocisto o que contribui para a formação dos
anexos embrionários (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 1990; MOORE; PERSAUD, 2004).
Células do embrioblasto por diferenciação formam o epiblasto que junto com o
hipoblasto passam a formar o embrião bidérmico ou disco embrionário bilaminar. No
interior do epiblasto surge uma cavidade que é o primórdio da cavidade amniótica. Cé-
lulas derivadas do epiblasto, localizadas lateralmente e dorsalmente, passam a consti-
tuir os amnioblastos e esses passam a formar o âmino que reveste a cavidade amnióti-
ca e o futuro saco amniótico na região dorsal do disco embrionário. O hipoblasto prolife-
ra ventralmente ao epiblasto e passa a revestir internamente a cavidade blastocística
constituindo o saco vitelínico primitivo. Células se desprendem do hipoblasto e passam
a se posicionar entre o hipoblasto e o citotrofoblasto, estas células passam a formar o
mesoderma extra-embrionário (MOORE; PERSAUD, 2004).
Do epiblasto surge o ectoderma que forma o âmnio, o ectoderma que forma o
embrião e as células da linha primitiva que futuramente formarão parte do mesoderma
extra-embrionário, mesoderma do embrião, o processo notocordal e endoderma do em-
brião. O hipoblasto é responsável pela formação do endoderma que reveste o saco vite-
línico primitivo e de parte do mesoderma extra-embrionário (MOORE; PERSAUD,
2004).
O aparecimento da linha primitiva, o desenvolvimento da notocorda e a diferenci-
ação dos três folhetos germinativos são eventos que ocorrem a partir do disco embrio-
nário bilaminar e caracteriza um rápido crescimento do embrião (MOORE; PERSAUD,
2004).
Os três folhetos embrionários, durante a morfogênese, são responsáveis pela
formação dos órgãos e sistemas. No embrião, passam a ocorrer movimentos de do-
bramentos laterais e ântero-posteriores que resultam na inflexão do embrião e o mesmo
passa a adquirir um aspecto tubular em forma de letra C (MOORE; PERSAUD, 2004).
Em bovinos, a maioria dos órgãos e parte do corpo é formada entre a segunda e
a sexta semana da gestação. Durante este período, o trato digestivo, os pulmões, o fí-
gado e o pâncreas se desenvolvem a partir do intestino primitivo. No 21º dia da gesta-
ção o coração começa a funcionar e inicia-se a circulação (HAFEZ, 1982).
30
Gilard (2004) supõe que embriões machos possuam metabolismo diferenciado
quando em meios de cultivo em certas condições, como presença de alguma substân-
cia ou hormônio, provocando desenvolvimento embrionário mais acelerado quando
comparado ao de embriões femininos.
Assis Neto (2004) verificou em seus estudos que, um embrião bovino com 35 di-
as de gestação, apresentava os anexos embrionários já formados juntamente com seus
órgãos, tais como: coração, pulmão, fígado, estômago, rim primitivo, intestino primitivo e
somitos.
3.2 FASES DO PERÍODO GESTACIONAL
O desenvolvimento pré-natal dos animais domésticos pode ser dividido em três
períodos principais: período de zigoto, período embrionário e período fetal. O período
de zigoto culmina com a união inicial do blastocisto, porém anterior ao estabelecimento
da circulação intra-embrionária. A duração da gestação é calculada como o intervalo
entre o serviço fértil e o parto, e à medida que ela progride o útero aumenta gradativa-
mente para permitir a expansão do feto, porém o miométrio permanece quiescente para
prevenir uma expulsão prematura. O período embrionário se estende de 15 a 45 dias
de gestação na vaca. Neste período ocorre um rápido crescimento e diferenciação, du-
rante o qual os principais tecidos, órgãos e sistemas são estabelecidos e as principais
características da forma externa do corpo são reconhecidas. O período fetal se estende
a partir de 34 dias na ovelha e 45 dias na vaca. Este período caracteriza-se pelo cres-
cimento e modificações da forma do feto (HAFEZ; HAFEZ, 2004).
À medida que cresce, desde o zigoto até o feto a termo, o embrião não apenas
aumenta de tamanho e peso, como também sofre muitas modificações morfológicas. O
padrão de crescimento, isto é, o aumento percentual em peso e dimensões por unidade
de tempo é muito mais rápido nos estágios iniciais e diminuem à medida que a gesta-
ção progride, enquanto que o incremento absoluto por unidade de peso aumenta expo-
nencialmente atingindo o máximo no final da gestação (HAFEZ, 1982).
31
3.3 ORGANIZAÇÃO E ARQUITETURA RENAL
O aparelho urinário é formado pelos dois rins, dois ureteres, a bexiga e a uretra.
A urina é produzida nos rins, passa pelos ureteres até a bexiga e é lançada ao exterior
pela uretra. Esse aparelho contribui para a manutenção da homeostase, produzindo a
urina, através da qual são eliminados diversos resíduos do metabolismo e água, eletró-
litos e não eletrólitos em excesso no meio interno. Essas funções se realizam por meio
de um processo complexo que envolve filtração, absorção ativa, absorção passiva e
secreção. Além destas funções os rins também secretam hormônios como a renina e a
eritropoitina, e ativam a vitamina D
3
(JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2004).
Dyce et al. (2004) descreveu que o rim é composto por uma cápsula fibrosa que
se descola facilmente em um rim sadio. O parênquima é visivelmente dividido em córtex
externo, com sua cor castanho avermelhado e aspecto finamente granular, e a medula,
de coloração escura, arroxeada, da qual faixas (raios medulares) se estendem no cór-
tex. Em muitas espécies, a medula fica distribuída como diversas massas separadas,
cada uma delas de forma aproximadamente piramidal. Nos rins deste tipo, uma porção
do córtex está associada a cada pirâmide e recobre sua base, a face direcionada a su-
perfície externa. O ápice da pirâmide aponta em direção ao seio renal e forma uma pa-
pila, que se assenta em uma expansão em forma de cálice da pelve renal. Cada pirâ-
mide medular com seu córtex associado constitui um lobo renal. Os rins que conservam
esta organização são denominados multipiramidais ou multilobares.
As unidades funcionais dentro do rim são conhecidas como túbulos renais ou
néfrons, que são sustentados por um interstício de tecido conjuntivo (DYCE et al.,
2004). O néfron começa da parte periférica do parênquima, denominada cortical, como
um tubo de fundo cego, dobrado para dentro, a fim de formar uma dupla parede, a cáp-
sula de Bowman, que envolve uma rede arterial admirável, o glomérulo vascular renal.
Esta se continua no túbulo urinífero após breve estreitamento. O túbulo urinífero consta
de uma primeira parte enovelada (túbulo contorcido proximal), de um segmento em
forma de U (alça de Henle) e de uma segunda parte enovelada (túbulo contorcido dis-
tal), que se continua com o tubo coletor (MOTTA, 1974).
32
Junqueira e Carneiro (2004) relataram que o túbulo contorcido proximal é com-
posto por células com citoplasma fortemente acidófilo devido à presença de numerosas
mitocôndrias alongadas. O citoplasma apical apresenta microvilos, que formam a orla
em escova e canalículos que partem da base dos microvilos e aumentam a capacidade
de o túbulo proximal absorver macromoléculas. Nos canalículos formam vesículas de
pinocitose, que introduzem na célula macromoléculas que atravessam a barreira de fil-
tração glomerular. As vesículas se fundem com os lisossomos, onde as macromolécu-
las são digeridas. Os limites entre as células desses túbulos são dificilmente observa-
dos no microscópio óptico, pois elas têm prolongamentos laterais que se interdigitam
com os das células vizinhas. Esses túbulos possuem uma luz ampla e são circundados
por muitos capilares sanguíneos. A alça de Henle é uma estrutura em forma de U que
consiste em um segmento espesso e um segmento delgado. O segmento espesso tem
estrutura muito semelhante à do túbulo contorcido distal. O lúmen do segmento delgado
é largo, porque a parede da alça é formada por células achatadas. Após curto trajeto na
cortical, a parte espessa da alça de Henle torna-se tortuosa e passa a ser chamada de
túbulo contorcido distal. Nos cortes histológicos, a distinção entre os túbulos contorci-
dos distais e os proximais, ambos encontrados na cortical e formados por epitélio cúbi-
co, baseia-se nos seguintes dados: suas células são menores (maior número de nú-
cleos em cada corte transversal), não tem orla estriada e são menos acidófilas (possu-
em menor quantidade de mitocôndrias). Estas células possuem invaginações de mem-
brana baso-lateral e acúmulo de mitocôndrias.
As artérias renais derivam da aorta e são extraordinariamente grandes com rela-
ção aos órgãos que suprem (DYCE et al., 2004).
Cada rim recebe sangue por uma artéria renal, que, antes de penetrar no órgão,
divide-se geralmente em dois ramos. Um vai irrigar a parte anterior (ventral) e outro a
parte posterior (dorsal) do rim. Ainda no hilo estes, ramos dão origem às artérias inter-
lobares que seguem entre as pirâmides renais. Na altura da junção córtico-medular (ba-
se das pirâmides), as artérias interlobares formam as arciformes, que seguem um traje-
to paralelo à cápsula do órgão, percorrendo o limite entre a medular e a cortical. Das
arciformes partem as artérias interlobulares, de curso perpendicular à cápsula do rim e
situam-se entre os raios medulares que, com a cortical adjacente, formam os lóbulos do
33
rim. Das interlobulares originam-se as arteríolas aferentes dos glomérulos, que levam o
sangue para os capilares glomerulares. Destes capilares, o sangue passa para as arte-
ríolas eferentes, que se ramificam novamente para formar a rede capilar peritubular,
responsável pela nutrição e oxigenação da cortical, e pela remoção dos refugos do me-
tabolismo (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2004).
3.3.1 Características anatômicas particulares dos rins bovinos
Os rins dos bovinos adultos mantêm a maior parte de sua lobação fetal, e cada
um deles é dividido, por fissuras superficiais, em cerca de uma dúzia de lobos. A estru-
tura dos rins do bovino é do tipo multipiramidal. As pirâmides medulares separadas são
cobertas por um córtex contínuo, embora à inspeção casual, este também pareça frag-
mentado por fissuras, que se estendem para dentro de sua superfície. O ápice de cada
pirâmide medular ajusta-se a um cálice ou taça formada por um dos ramos terminais do
ureter; posteriormente, estes ramos unem-se para formar dois canais principais, que
convergem aos pólos cranial e caudal produzindo um único ureter. Portanto, não existe
uma grande expansão central correspondente a uma pelve renal (DYCE et al., 2004).
3.4 FASES DO DESENVOLVIMENTO RENAL
Browder et al.(1991) descreveram que o mesoderma intermediário está presente
na linha do tronco como um suporte de células conectando os somitos com a lâmina
lateral do mesoderma. As células desta região dão origem aos órgãos do sistema uriná-
rio e parte do sistema reprodutivo.
Três diferentes rins se desenvolvem em estágios sucessivos em uma progressão
espacial e temporal em direção crânio caudal do embrião, sendo que estes rins são
uma continuidade indistinta. O primeiro rim se desenvolve no mesoderma intermediário
anterior e é conhecido como pronefro (do grego “pro” significa antes). Este rim é funcio-
34
nal somente nos vertebrados adultos menos evoluídos, como larvas de anfíbios. Na
maioria dos vertebrados ele tem um aparecimento curto e transitório e então começa a
regredir e um segundo rim se forma posterior a este. Este novo rim é conhecido como
rim mesonéfrico (do grego “meso” que significa meio), e este é o rim funcional dos anfí-
bios adultos, peixes e embriões de vertebrados superiores. Nos pássaros, répteis e
mamíferos ele também começa a regredir e é sucedido pelo rim metanéfrico (do grego
“meta” que significa atrás ou após) ou rim permanente (BROWDER et al., 1991).
Moore
e Persaud (2004) descrevem que o início do sistema urinário se dá antes
do sistema genital, ambos originados da crista urogenital. No desenvolvimento dos rins
e ureteres três conjuntos de órgãos excretores são formados em embriões humanos.
Ainda segundo esses autores, o pronefro é representado por alguns acúmulos de célu-
las e estruturas tubulosas e tortuosas, na região do pescoço. Este degenera rapidamen-
te. O próximo conjunto de rins a se formar é o mesonefro que consiste em glomérulos e
túbulos mesonéfricos, sempre caudalmente ao pronefro rudimentar. Os túbulos abrem-
se no ducto mesonéfrico que se abre na cloaca. Também ocorre sua degeneração, tor-
nando seus túbulos em ductos eferentes do testículo. O terceiro e permanente conjunto
de rins a se formar é o metanefro, originado de duas fontes: o divertículo metanéfrico e
a massa metanéfrica do mesoderma intermediário, ambos de origem mesodérmica.
3.4.1 Pronefro
Segundo Browder et al. (1991) o túbulo pronéfrico se abre do fim da cavidade ce-
lomática ao ducto conhecido como ducto pronéfrico. O ducto pronéfrico inicialmente é
um cordão sólido de células que migra em direção à cloaca, onde se fusiona e se abre
para o exterior do organismo. Nos organismos nos quais estes rins são funcionais, pro-
dutos residuais são filtrados do sangue em um sulco vascular próximo ao túbulo proné-
frico conhecido como glomus. Este filtrado é impulsionado do celoma para dentro do
túbulo e então do túbulo pronéfrico em direção a cloaca. Enquanto os túbulos pronéfri-
cos caudais estão se formando, a maioria dos túbulos anteriores começa a se degene-
35
rar em grande parte das espécies. O ducto pronéfrico persiste para dar origem ao ducto
excretor funcional do rim mesonéfrico.
Davies (1951) teve interesse em estudar o pronefro em ovelhas e observou que,
num desenvolvimento inicial do embrião já eram encontradas estruturas semelhantes
ao mesonefro. Estas estruturas em outros mamíferos eram consideradas pronefros,
porém nesta espécie, o sistema de excreção não era rudimentar e se manteve até uma
fase mais tardia na vida embrionária. O glomérulo era fusionado em uma massa contí-
nua e irregular, chamada pelo autor de um “glomérulo gigante”. Este complexo glomeru-
lar era drenado por aproximadamente vinte e cinco pequenos túbulos.
3.4.2 Mesonefro
Browder et al.(1991) descreveram que como os túbulos pronéfricos, os túbulos
mesonéfricos se formam em uma progressão crânio caudal. Eles se diferenciam dos
túbulos pronéfricos primeiramente em sua relação com as veias do sangue. Embora a
transição entre os túbulos pronéfricos e mesonéfricos seja gradual, a demarcação entre
os dois rins não é sempre distinta. Os túbulos mesonéfricos alongam-se e desenvolvem
uma concavidade em forma de cálice terminal (a cápsula glomerular), a qual envolve
um grupo de capilares conhecidos como glomérulos. Este glomérulo, o qual é um ramo
do segmento de crescimento da aorta dorsal, difere do glomus do túbulo pronéfrico, o
qual é um sulco vascular alongado. A porção distal do túbulo mesonéfrico se conecta
com a formação do ducto pronéfrico. Devido a este ducto estar agora associado com o
rim mesonéfrico, ele é chamado de ducto mesonéfrico (ou ducto de Wolffian). O filtrado
do glomérulo é passado dentro do túbulo mesonéfrico, onde alguma reabsorção de íon
ocorre. Esta urina não concentrada então passa dentro do ducto mesonéfrico. Como o
rim pronéfrico anterior, o rim mesonéfrico também começa a degenerar, e sua função é
assumida pelo rim definitivo, o rim metanéfrico, em répteis, aves e mamíferos. Nem to-
dos os tecidos são perdidos e os ductos e túbulos de Wolffian formarão parte de ductos
e órgãos reprodutivos do macho.
36
Arey (1954) descreveu que os mesonefros em embriões humanos diferenciam-se
do cordão nefrogênico na quarta semana de vida intrauterina e atinge seu completo de-
senvolvimento no segundo mês, e se torna totalmente afuncional no quarto mês. Saxen
(1987) concluiu que em ratos o desenvolvimento completo ocorre no 12º dia de gesta-
ção e em camundongos no 11º dia. A involução dos mesonefros ocorre simultaneamen-
te com a diferenciação metanefrogênica.
Martino e Zamboni (1966) descreveram que em embriões humanos de 7 a 10
semanas de idade, diferenças morfológicas marcantes são observadas entre o mesone-
fro e o rim definitivo. Estas diferenças relatam a morfologia dos vasos glomerulares afe-
rentes e eferentes, células endoteliais dos capilares glomerulares e células epiteliais
dos túbulos proximais e distais. O aparelho justaglomerular e a alça de Henle estão au-
sentes nos mesonefros. Estas dissimilaridades são evoluções claras da diferença da
funcionalidade dos mesonefros e metanefros.
Tiedemann (1985) estudou a ultraestrutura dos túbulos distais e coletores de
mesonefros de embriões suínos no 41º dia de gestação. Fotografias de microscopia
eletrônica de transmissão revelaram um tipo celular simples com processo interdigital
basolateral, frequentemente com uma superfície de 30 a 120 nm. Processos interdigiti-
ais maiores se ancoram verticalmente orientando as mitocôndrias em forma de lâminas.
Os túbulos coletores apresentam microvilosidades e numerosas mitocôndrias.
3.4.3 Metanefro
Segundo Felix
1
(1911 apud Ludwig e Landmann, 2005, p. 439) em humanos, o
cordão mesonéfrico gera massas celulares provesiculares que se tornam vesículas.
Células crescem das vesículas e se fusionam com o ducto mesonéfrico e, após a aqui-
sição de um lúmen, tornam-se túbulos enquanto as vesículas tornam-se o corpúsculo
do néfron.
1
FELIX, W. Die Entwicklung der Harn – und Geschlechtsorgane. In: Handbuch der Entwicklungsgeschichte des
Menschen. Leipzig: Hirzel, v. 2, 1911. p. 732-955.
37
Browder et al. (1991) descreveram que o desenvolvimento do rim adulto metané-
frico ou permanente dos répteis, aves e mamíferos partem de duas origens: os ductos
coletores se originam do crescimento dos ductos mesonéfricos e os túbulos diferenci-
am-se da cápsula do mesênquima nefrogênico posterior até o túbulo mesonéfrico. O
primeiro aparecimento do rim metanéfrico é um crescimento do ducto mesonéfrico pró-
ximo ao ponto onde ele fusiona com a cloaca, este crescimento é conhecido como di-
vertículo metanéfrico. Ele se alonga e formará o futuro ureter e termina em uma expan-
são em saco cego que formará a pelve renal. Como o divertículo caminha em direção
ao mesênquima posterior nefrogênico, isto mais tarde condensa o mesoderma em volta
da pelve para formar o blastema metanéfrico, do qual a unidade excretora tubular renal
se origina. O resultado da integração recíproca entre estes dois tecidos é a condensa-
ção do blastema metanéfrico, que formam os túbulos renais e os ramos dicotômicos
dos ductos metanéfricos, para formar o sistema de ductos coletores.
No rato, o rim se forma quando o broto do ureter invade o mesênquima metané-
frico e o resultado induz interações que levam o primeiro tecido a gerar uma coleção de
ductos e ureter, e mais tarde produzindo os néfrons, o aparelho justaglomerular, células
estromais e neurônios (BARD, 1996).
Hammerman et al. (1992) verificou que a formação do metanefro ocorre na quin-
ta semana de gestação em humanos, durante o 12º dia de formação do embrião em
ratos e no 11º dia em camundongos.
O divertículo metanéfrico, ou broto do ureter, é o primórdio do ureter, pelve renal,
cálices e túbulos coletores. Ao alongar-se penetra no mesoderma metanéfrico e induz a
formação da massa metanéfrica do mesoderma intermediário sobre sua extremidade
expandida, a qual dará origem ao néfron. A filtração da urina se faz durante toda a vida
fetal, a qual é excretada na cavidade amniótica onde se mistura com o fluido amniótico
(MOORE; PERSAUD, 2004).
38
3.5 MORTALIDADE DURANTE O PERÍODO EMBRIONÁRIO
A mortalidade pré-natal é responsável por aproximadamente um terço de todas
as falhas de gestação, pode ser dividida em mortalidade embrionária e mortalidade fe-
tal.
Segundo Hafez e Hafez (2004) aproximadamente 25 a 40% dos embriões de bo-
vinos são perdidos entre o período de penetração dos espermatozóides no oócito e no
processo final de implantação. O zigoto se desenvolve até a mórula ou estágio precoce
de blastocisto, porém degenera antes da metade do ciclo estral. Os blastocistos dege-
neram após a fase média do ciclo, porém antes ou imediatamente após a implantação.
A mortalidade pré-natal pode ser devida a fatores maternos, a fatores embrioná-
rios ou interações materno-fetais. A falha embrionária afeta os embriões individualmen-
te, deixando os outros ilesos, sendo o período crítico de sobrevivência embrionária o
estágio final de blastocisto (HAFEZ, 1982).
Arthur (1979) e Moore e Persaud (2004) relataram que o período embrionário é o
período de maior susceptibilidade a teratógenos, esta é a época em que as primitivas
camadas germinativas e os rudimentos de órgãos são formados. Cada órgão tem um
período crítico de desenvolvimento e os processos bioquímicos envolvidos no cresci-
mento e diferenciação de cada órgão tem uma seqüência ordenada que é controlada
por vários genes.
Existe uma relação entre as anomalias e a mortalidade embrionária. À medida
que avança a gestação, o embrião torna-se cada vez mais dependente da placenta pa-
ra sua sobrevivência. Com o aumento do número de implantações diminui o suprimento
vascular para cada local, restringindo o desenvolvimento placentário. Isto resulta em
alta taxa de mortalidade embrionária e fetal e provavelmente explica a maior incidência
de mortalidade em bovinos e ovinos após ovulações duplas mais do que ovulações
simples (HAFEZ, 1982).
Recentemente os estudos têm evoluído para realização de diagnósticos pré-
implantacionais embrionários. Os objetivos destes testes são evitar a transmissão de
enfermidades genéticas, predizerem características genotípicas, como a determinação
39
do sexo e de padrões produtivos e reprodutivos (HASSUM FILHO, 1998), apontando de
certa forma, os riscos de anomalias do embrião.
Condições de cultivo não adequadas levariam ao bloqueio de desenvolvimento
ou a perda de viabilidade embrionária, assim afirma Edirisinghe et al. (1934). Já Pinto
Neto et al. (1999) relatou que a transferência de embriões em bovinos, associada a su-
per ovulação das fêmeas, é um artifício técnico que permite a multiplicação de caracte-
res de um único animal de padrão genético elevado, tornando possível a produção de
vários bezerros no mesmo intervalo de tempo, com melhora qualitativa do rebanho.
40
MATERIAL E MÉTODOS
41
4 MATERIAL E MÉTODOS
Os procedimentos foram realizados no Laboratório de Anatomia e Histologia da
Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia / FMVZ – USP.
Os períodos gestacionais foram estimados conforme metodologia preconizada
por Evans e Sack (1973) e Noden e Lahunta (1990) com mensurações da distância oc-
cípto-sacral da cabeça, tomando como referência a crista nucal numa extremidade e a
última vértebra sacral na extremidade oposta (Crow-Rump / CR).
4.1 COLETA DE MATERIAL
Os úteros foram coletados em frigoríficos nas cidades de Poços de Caldas - MG
e São José dos Campos - SP. Foram colhidos úteros de várias raças e origens de bovi-
nos, não conseguindo manter um padrão racial. Foram coletados 50 embriões em dife-
rentes estágios gestacionais.
No local de coleta, os úteros foram abertos realizando uma secção que se inicia-
va na região dorsal da cérvix em direção aos cornos uterinos cuidadosamente. Os em-
briões coletados foram colocados em solução de Bouin (para microscopia óptica) ou
glutaraldeído 2,5%
2
(para microscopia de transmissão) em vidrarias apropriadas para
posterior transporte até o Laboratório de Histologia da Faculdade de Medicina Veteriná-
ria e Zootecnia - FMVZ – USP- São Paulo – SP.
2
Glutaraldehyde grade I: 70% aquoso solution – Sigma chemical Co., USA
42
4.2 ESTUDOS MACROSCÓPICOS
Após a chegada dos embriões no Laboratório foram realizadas medidas, com
auxílio de um paquímetro inoxidável com divisões em milímetros (150 mm x 0,02 mm),
para estimar o período gestacional.
Para os embriões pequenos foram utilizadas lupas estéreomicroscópicas
3
e lupa
cirúrgica
4
.
Para documentação, foram feitos fotografias de cada embrião. Em seguida se-
guiu-se com sua dissecação e processamento do material.
4.3 ESTUDOS MICROSCÓPICOS
O estudo microscópico foi realizado através de técnicas de inclusão e cortes se-
riados, com a finalidade de se obter resultados precisos sobre o assunto.
4.3.1 Processamento microscopia de luz
Os embriões foram fixados em solução de Bouin. Após a fixação, que durou em
torno de 12 horas, foram desidratados em uma série de etanóis em concentrações
crescentes (de 70 a 100%) e diafanizados em xilol, seguindo de inclusão do embrião
inteiro em paraplast®
5
.
Foram realizados cortes seriados de todo embrião de 5 µm de espessura e em
seguida corados com Hematoxilina e Eosina para posterior análise e realização de fo-
tomicrografias.
3
Zeiss, Stemi DV4
4
Leica
5
Parablast Embedding Media Paraplast Plus, Sigma, Oxford Lab, USA
43
4.3.2 Processamento microscopia eletrônica de transmissão
Os embriões foram previamente fixados em solução de glutaraldeído 2,5%
6
em
tampão fosfato 0,1M, PH 7,2. Ao término da fixação o material foi lavado em tampão
fosfato de sódio a 0,1M, PH 7,4 por três vezes durante 10 minutos e pós-fixados em
tetróxido de ósmio 1%
7
por 1 hora. Após novas lavagens em tampão fosfato os embri-
ões foram desidratados em solução de álcool etílico a 50%, 70%, 90% e 100% e lava-
dos em óxido de propileno
8
.
Por um tempo de 12 a 16 horas os fragmentos dos embriões permaneceram sob
rotação a 1:1 de óxido de propileno e resina
9,10
. Na seqüência, essa mistura foi substitu-
ída por resina pura por 4 a 5 horas. Após este período foram embebidas com resina
pura em moldes. Uma vez incluídos, os embriões permaneceram em estufa a 69ºC por
72 horas para consolidar a polimerização da resina.
Os blocos foram cortados em ultra-micrótomo
11
. Cortes semi-finos de 1 µm de
espessura foram obtidos corando-se a quente com solução de borato de sódio a 1% em
água destilada, contendo 0,25% de azul de Toluidina para observação ao microscópio
de luz.
Os cortes ultrafinos de aproximadamente 60 nm de espessura foram colhidos em
telas de cobre e contrastados pela solução de acetato de uranila 2% em água destilada
por 5 minutos e pela solução de citrato de chumbo 0,5% em água destilada durante 10
minutos. As observações e eletromicrografias foram realizadas em microscópio eletrô-
nico
12
.
6
Glutaraldehyde grade I: 70% aqueoso solution – Sigma chemical Co., USA
7
Osmium tetroxide 4% w/w solution in water – polyscience, Inc., USA
8
Propylene oxide EM Grade, Polyciences, Inc, USA
9
Spurr Spurr’s Kit-Electron Microscopy Sciences, Co. USA
10
Araldite – 502 EMBEDDING, Kit-Electron Microscopy Sciences, USA
11
Leica ULTRACUT UCT®
12
MORGANI – modelo 268D, Microscópio Eletrônico de Transmissão – Philips
44
RESULTADOS
45
5 RESULTADOS
Através das análises microscópicas, obtivemos os seguintes resultados:
5.1 MICROSCOPIA DE LUZ
Nos embriões coletados não foi possível observar o pronefro. Nos embriões com
CR 3 mm de tamanho e idade gestacional aproximada em 14 a 15 dias, notamos a
presença do mesonefro com seus túbulos em cortes longitudinal e transversal, ocupan-
do posição dorsal em relação ao coração e ao fígado, esses túbulos são formados por
um epitélio cúbico simples e apresentam aspecto retorcido. No mesmo embrião, pode-
mos notar a presença dos somitos dorsalmente e junto aos túbulos vasos sanguíneos
contendo células do sangue no seu interior (Figura 1).
46
Legenda: A: Observar a localização crânio-dorsal do mesonefro (ms) . Barra = 500 µm.
B: Observar coração (c), fígado (f), mesonefro (ms), ducto mesonéfrico (dm). Barra = 200
µm.
C:Coração (c), fígado (f), mesonefro (ms). Barra = 200 µm.
D: Observar o mesonefro com túbulo contorcido proximal (tcp) e túbulo contorcido distal
(tcd), células sanguíneas (cs). Barra = 50 µm.
Figura 1 - Fotomicrografias de embrião bovino com CR 3 mm e idade gesta-
cional estimada de 14 a 15 dias
c
f
ms
dm
B
C
f
c
ms
D
tcd
tcp
cs
A
ms
47
Em embriões com idade gestacional entre 18 e 19 dias e com CR de 8,3 mm en-
contramos os túbulos mesonéfricos definidos, formados por um epitélio cúbico simples
ou colunar baixo, onde as células apresentam as bordas com aspecto uniforme em al-
guns ductos e não uniforme em outros. Junto aos ductos, notamos a presença de um
mesênquima frouxo e vascularizado (Figura 2- C). Nestes embriões notamos a presen-
ça do tubo neural ainda não fechado, aorta dorsal e notocorda. O celoma intra-
embrionário encontra-se dividido pela membrana pleuroperitoneal, constituída por me-
sênquima. Observamos também a presença do fígado (Figura 2 - B).
Legenda: A: Fotografia de embrião bovino em vista lateral.
B: Observar: Tubo neural (tn), Aorta dorsal (ad), Fígado (f), Celoma intra-embrionário (ci),
notocorda (n), mesonefro (ms). Barra = 200 µm.
C: Observar: o túbulo mesonéfrico (ts), células mesenquimais (cm). Barra = 50 µm.
Figura 2 - Fotografia e fotomicrografias de embrião bovino, apresentando CR
8,3 mm e idade gestacional estimada de 18 e 19 dias (A)
B
rs
rs
ci
f
ad
n
tn
ci
cm
ts
C
2,5 mm
A
B
ms
48
Em embriões com idade gestacional entre 25 e 28 dias apresentando CR de 10
mm, podemos notar que o mesonefro está localizado ventralmente ao longo de doze
vértebras, (Figura 3 – B). Observamos a porção cranial do mesonefro próximo das bor-
das do fígado e a porção caudal junto metanefro (Figura 3 – B). Observamos ainda no
mesonefro um aglomerado de células mesenquimais envolvidas por células sanguí-
neas. As células mesenquimais estão cercadas pelos túbulos mesonéfricos (Figura 3 –
C).
Legenda: A: Fotografia de embrião bovino vista lateral.
B: Obervar mesonefro (ms), fígado (f), vértebra (v), celoma intraembrionário (ci). Barra = 500 µm.
C e D: Observar mesonefro (ms), túbulos mesonéfricos (ts). Barra = 200 µm.
Figura 3 - Fotografia e fotomicrografias de embrião bovino, apresentando CR 10
mm e idade gestacional estimada de 25 e 28 dias
C
ts
B
f
ms
v
ci
2,5 mm
A
D
ms
49
Na figura 4 (A) observamos o metanefro caudal ao rim mesonéfrico, neste último,
os túbulos mesonéfricos possuem lúmen maior e irregular do que observado em outros
estágios, e notamos um aglomerado de células mesenquimais na porção central do ór-
gão. Nesta fase, no metanefro (B) os túbulos iniciam a sua formação e há um arranjo
celular formando possivelmente os glomérulos. Os túbulos são formados por células
cubóides a colunares na direção da área basal à apical.
Legenda: A: Porção Caudal do mesonefro e metanefro. Observar: túbulos mesonéfricos (ts), (vértebra (v),
metabefro (mt) . Barra = 200 µm.
B: Metanefro. Observar os túbulos metanéfricos (tt). Barra = 50 µm.
Figura 4 - Fotomicrografias de embrião bovino, apresentando CR 10 mm e idade
gestacional estimada de 25 e 28 dias
B
tt
A
ts
v
mt
50
O epitélio dos túbulos mesonéfricos perde o aspecto uniforme e as células cu-
bóides e colunares passam a apresentar borda apical irregular. Há células sanguíneas
ao redor dos túbulos (Figura 5).
Legenda: A e B: Mesonefro. Observar os túbulos contorcidos proximais (tcp) e túbulos contorcidos distais
(tcd), células mesenquimais (cm) e células sanguíneas (cs). Barra = 50 µm.
Figura 5 - Fotomicrografias de embrião bovino, apresentando CR 10 mm e ida-
de gestacional estimada de 25 e 28 dias
A
cm
tcp
tcd
B
cm
tcp
tcd
cs
51
Em embriões com idade gestacional entre 30 e 31 dias e com CR de 16 mm (Fi-
gura 6 – A) encontramos outras estruturas formadas como pulmão, estômago, fígado
apresentando um tecido mais diferenciado e medula espinhal formada. Nesta fase, o
mesonefro está localizado na região ventral às vértebras e dorsal ao estômago (Figura
6 - B).
e
v
ms
m
B
c
f
p
Legenda: A: fotografia de embrião bovino em vista lateral.
B: Observar vértebra (v), mesonefro (ms), fígado (f), celoma intraembrionário (ci), estôma-
go (e), pulmão (p), medula espinhal (me). Barra = 500 µm.
Figura 6 - Fotografia e fotomicrografia de embrião bovino, apresentando CR
16 mm e idade gestacional estimada de 30 e 31 dias
A
5 mm
52
Em embriões com 30 e 31 dias de idade gestacional foi observado uma continui-
dade no processo de modificação morfológica das células dos túbulos mesonéfricos.
Nesta fase, a irregularidade do lúmen aumentou em relação ao período anterior, e as
células mesenquimais encontram-se mais dispersas também. O arranjo tubular é parci-
almente perdido (Figura 7).
Legenda: A: Mesonefro. Observar túbulos mesonéfricos (ts), células mesenquimais (cm). Barra = 200 µm.
B: Mesonefro. Observar túbulos mesonéfricos (ts), células mesenquimais (cm).
Barra = 50 µm.
Figura 7 - Fotomicrografias de embrião bovino, apresentando CR 16 mm e idade
gestacional estimada de 30 e 31 dias
ts
cm
B A
cm ts
53
O metanefro (rim definitivo) foi observado em embriões apresentando CR de 27
mm e com idade gestacional entre 45 e 46 dias (Figura 8 – A). Cranialmente ao meta-
nefro, o mesonefro apresenta-se em menor tamanho em relação às outras fases. (Figu-
ra 8 - B). O metanefro (Figura 8 – C) apresenta um arranjo de túbulos bem definidos e
sua arquitetura morfológica já está estabelecida.
Legenda: A: Fotografia de embrião bovino em vista lateral.
B: Mesonefro (ms), metanefro (mt), fígado (f), vértebra (v). Barra = 500 µm.
C: Metanefro(mt); túbulos metanéfricos (tt). Barra = 200 µm.
Figura 8 - Fotografia e Fotomicrografias de mesonefro e rim metanefro de em-
brião bovino apresentando CR 27 mm e idade gestacional estimada
45 a 46 dias
10 mm
B
mt
ms
v
f
cs
C
mt
tt
A
10 mm
54
A arquitetura celular do sistema tubular mesonéfrico, nesta fase não está mais
preservada mostrando células em processo de apoptose (Figura 9 – A). O metanefro
neste período possui as unidades filtradoras (néfrons), com seus respectivos gloméru-
los, túbulos contorcidos proximais e distais e alça de Henle. O túbulo contorcido distal
possui um lúmen maior do que o túbulo contorcido proximal. A alça de Henle possui
lúmen largo e suas células são achatadas (Figura 9 - B).
G
Legenda: A: Mesonefro. Observar: túbulo mesonéfrico (ts). Barra = 50 µm.
B: Metanefro. Observar: glomérulo (g), túbulo contorcido proximal (tcp), túbulo contorcido distal
(tcd), alça de henle (ah) seta. Barra = 50 µm.
Figura 9 - Fotomicrografias do mesonefro e metanefro de embrião bovino apre-
sentando CR 27 mm e idade gestacional estimada 45 a 46 dias
A
ts
B
tcd
tcp
ah
g
55
5.2 MICROSCOPIA ELETRÔNICA DE TRANSMISSÃO
Na fase do desenvolvimento de 20 a 21 dias aproximadamente, o túbulo contor-
cido distal do mesonefro apresentou inúmeras mitocôndrias dispersas no citoplasma.
Observamos núcleos com nucléolos e destituídos deste. Adjacente à célula do túbulo
notamos uma célula endotelial e no interior do vaso há células sanguíneas (Figura 10).
Em maior aumento podemos observar as interdigitações de membrana presentes na
porção basal do túbulo contorcido distal (Figura 11).
Legenda: mitocôndria (m), núcleo (nu), célula endotelial (ce), luz do túbulo (lt), luz do vaso sanguíneo (lv), célula
sanguínea (cs). Barra = 5 µm.
Figura 10 - Eletromicrografia do túbulo contorcido distal do mesonefro de embrião
bovino medindo CR de 9,0 mm com idade gestacional estimada de 20 a
21 dias
56
Legenda: mitocôndria (m), núcleo celular (nu), célula endotelial (ce), luz do vaso sanguíneo (lv), célula sanguínea
(cs), interdigitações (i). Barra = 2 µm.
Figura 11 - Eletromicrografia da porção basal do túbulo contorcido distal do mesonefro
de embrião bovino medindo CR de 9,0 mm com idade gestacional estimada
de 20 a 21 dias
57
Observamos na região basal da célula do túbulo mesonéfrico inúmeras mitocôn-
drias envolvidas por interdigitações de membrana. Notamos a presença de alguns va-
cúolos no citoplasma (Figura 12).
Legenda: mitocôndria (m), interdigitações (i), núcleo (nu), vacúolo (v). Barra = 1 µm.
Figura 12 - Eletromicrografia de túbulo mesonéfrico de embrião bovino medindo CR
de 16 mm com idade gestacional estimada de 30 a 31 dias
v
58
Na figura 13 podemos observar na célula do túbulo contorcido proximal do me-
sonefro a presença de microvilosidades no pólo apical da célula formando a orla em
escova, onde há vários vacúolos subjacentes a esta. Nesta mesma região, as células
do túbulo contorcido proximal possuem canalículos que partem da base dos microvilos.
Estes canalículos formam vesículas de pinocitose. Observamos nesta região, poucas
mitocôndrias comparadas à porção basal da célula e há ausência de interdigitações de
membrana.
Foto 36
Legenda: mitocôndria (m), núcleo celular (nu), microvilosidades (mi), vacúolo (v), canalículos (ca), vesículas de
pinocitose (vp). Barra = 1 µm.
Figura 13 - Eletromicrografia da porção apical do túbulo contorcido proximal do me-
tanefro de embrião bovino medindo CR de 16 mm com idade gestacional
estimada de 30 a 31 dias
v
ca
vp
59
Nas figuras 14 e 15 observamos a orla em escova voltada para a luz do túbulo,
vacúolos, mitocôndrias e lisossomos no citoplasma. O núcleo tem forma arredondada
possuindo um nucléolo evidente e grânulos de cromatina dispersos no nucleoplasma.
Legenda: mitocôndria (m), núcleo celular (nu), microvilosidades (mi), vacúolos (v), lisossomos (L). Barra = 2 µm.
Figura 14 - Eletromicrografia da porção apical do túbulo contorcido proximal do meso-
nefro de embrião bovino medindo CR de 16 mm com idade gestacional es-
timada de 30 a 31 dias
v
L
60
Legenda: mitocôndria (m), núcleo celular (nu), microvilosidades (mi), vacúolos (v), lisossomos (L). Barra = 2 µm.
Figura 15 - Eletromicrografia da porção apical do túbulo contorcido proximal do rim
mesonéfrico de embrião bovino medindo CR de 16 mm com idade gestacio-
nal estimada de 30 a 31 dias
v
L
61
Na figura 16 observamos na porção basal do túbulo contorcido proximal do me-
sonefro próximo ao núcleo, várias mitocôndrias, interdigitações de membranas e vacúo-
lo no citoplasma. Adjacente à célula do túbulo notamos a presença de uma célula endo-
telial.
Legenda: mitocôndria (m), núcleo celular (nu), célula endotelial (ce), interdigitações (i), vacúolo (v). Barra = 1 µm.
Figura 16 - Eletromicrografia da porção basal do túbulo contorcido proximal do meso-
nefro de embrião bovino medindo CR de 16 mm com idade gestacional es-
timada de 30 a 31 dias
v
62
Nos embriões apresentando CR 23 mm, observamos os túbulos mesonéfricos
formados por células epiteliais cúbicas contendo núcleo esférico e central, apresentan-
do um nucléolo evidente e a cromatina formando grânulos eletrodensos dispersos no
nucleoplasma, a membrana plasmática na porção apical apresenta-se com contorno
irregular. No citoplasma das células epiteliais notamos a presença inúmeras mitocôn-
drias. Junto às células epiteliais observamos vasos sanguíneos contendo células do
sangue no seu interior. As células mesenquimais próximas aos túbulos apresentam nú-
cleo contendo um ou dois nucléolos evidentes, a cromatina se encontra em forma de
grânulos e dispersa (Figura 17).
63
Legenda: Observar núcleo (nu), núcleolo (nc), mitocôndrias (m), luz do túbulo (L), célula mesenquimal (cm),
célula sanguínea (cs), membrana plasmática (mp). Barra = 10 µm.
Figura 17 - Eletromicrografia de túbulo mesonéfrico de embrião bovino medindo CR
de 23 mm e com idade estimada de 40 a 41 dias
nu
nc
cm
cs
mp
64
Na figura 18 observamos uma célula tubular do mesonefro apresentando núcleo
sem nucléolo definido e grânulos de cromatina dispersos e outra apresentando núcleo
com nucléolo. Ao redor do núcleo, notamos a presença de inúmeras mitocôndrias e in-
terdigitações de membrana, que são prolongamentos citoplasmáticos entre células vizi-
nhas. Há também uma célula endotelial próxima ao túbulo mesonéfrico sem nucléolo
definido e grânulos de cromatina dispersos no nucleoplasma.
Legenda: Observar: mitocôndria (m), interdigitações (i), célula endotelial (ce), núcleo celular (nu). Barra = 5 µm.
Figura 18 - Eletromicrografia de túbulo mesonéfrico de embrião bovino medindo CR
de 23 mm e com idade estimada de 40 a 41 dias
65
Observamos na figura 19 a presença de uma célula do túbulo mesonéfrico com
núcleo cubóide sem nucléolo evidente, com grânulos eletrodensos dispersos no nucle-
oplasma. Neste aumento é possível visualizar melhor as interdigitações de membrana
no citoplasma envoltas por inúmeras mitocôndrias. Observa-se a irregularidade da
membrana plasmática na porção apical da célula.
Legenda: mitocôndria (m), interdigitações (i), luz do túbulo (lt), núcleo (nu), membrana plasmática (mp). Barra =
2 µm.
Figura 19 - Eletromicrografia de túbulo mesonéfrico de embrião bovino medindo CR
de 23 mm e com idade estimada de 40 a 41 dias
u
mp
66
Em embriões da mesma idade gestacional anterior há próximo à porção basal
inúmeras interdigitações de membrana e mitocôndrias compondo o citoplasma da célula
do túbulo mesonéfrico (Figura 20).
Legenda: mitocôndria (m), interdigitações (i). Barra = 2 µm.
Figura 20 - Eletromicrografia de célula do túbulo de mesonefro de embrião bovino
medindo CR de 23 mm e com idade estimada de 40 a 41 dias
i
67
Em embriões com CR de 27 mm analisamos na porção apical do túbulo contorci-
do distal a presença de mitocôndrias com a arquitetura desarranjada próximas ao nú-
cleo e notamos também que entre duas células há uma junção celular desmossômica
(Figura 21).
Legenda: mitocôndria (m), núceo celular (nu), célula endotelial (ce), luz do túbulo (lt), interdigitações (i), desmos-
somo (d). Barra = 1 µm.
Figura 21 - Eletromicrografia da porção apical do túbulo contorcido distal de embrião
bovino medindo CR de 27 mm com idade gestacional estimada de 45 a 46
dias
68
DISCUSSÃO
69
6 DISCUSSÃO
Browder et al. (1991) relata que o rim mesonéfrico cresce em uma progressão
crânio caudal em humanos. O mesmo foi observado nos embriões bovinos desde o
primeiro período estudado.
Os menores embriões por nós coletados e processados, com idade gestacional
de 14 a 15 dias, apresentando CR de 3,0 mm, onde esperávamos encontrar pelo me-
nos o vestígio do pronefro, observamos um rim metanéfrico formado muito parecido
com o descrito por Davies (1951), quando estudou o desenvolvimento renal em embri-
ões de ovelhas e encontrou em embriões na sua fase inicial de desenvolvimento uma
estrutura muito parecida com o rim mesonéfrico que se manteve até um desenvolvimen-
to mais avançado do embrião.
Nos embriões de vertebrados superiores, no início do desenvolvimento se forma
um rim rudimentar e afuncional, formado por um cordão de células (BROWDER et al.,
1991). Em consequência de nossos estudos, não podemos afirmar que este aconteci-
mento ocorre em embriões bovinos, uma vez que não encontramos tal estrutura desde
os primeiros estágios coletados (embriões com idade gestacional entre 15 e 16 dias).
Em embriões com idade gestacional estimada entre 14 e 15 dias, encontramos
um rim mesonéfrico já formado, adiantados se comparados à formação do mesonefro
de embriões humanos que se dá na quarta semana de gestação (AREY, 1954). O epi-
télio dos túbulos mesonéfricos nesta fase é cúbico simples e existe uma relação entre
esses túbulos e os vasos sanguíneos ao seu redor, mostrando que a estrutura está em
atividade.
Uma formação como descrita por Davies (1951) foi encontrada em embriões com
idade gestacional entre 18 e 19 dias, onde observamos uma massa contínua e irregular
de células mesenquimais. Estas células provavelmente teriam a mesma função do glo-
mérulo mesonéfrico organizado descrito nas outras espécies, como relata Browder et
al.(1991) que nos embriões humanos, os túbulos mesonéfricos alongam-se e desenvol-
vem uma concavidade em forma de cálice terminal (a cápsula glomerular), a qual en-
volve um grupo de capilares conhecidos como glomérulos.
70
O início do desenvolvimento do rim metanéfrico (ou rim definitivo) foi observado
pela primeira vez em embriões bovinos com idade gestacional entre 23 a 24 dias, dife-
rentemente do período relatado por Hammerman et al. (1992), onde afirma que em hu-
manos, a formação do metanefro ocorre na quinta semana de gestação, durante o 12º
dia de formação do embrião em ratos e no 11º dia em camundongos.
Podemos afirmar também que as células dos túbulos mesonéfricos nesta fase já
não mantém sua arquitetura organizada e um início de degeneração, principalmente em
sua porção cranial, é observado, coincidindo com estudos de Saxen (1987) em ratos e
camundongos, onde afirmou que a involução dos mesonefros ocorre simultaneamente
com a diferenciação metanefrogênica.
Verificamos nos embriões bovinos um processo contínuo de perda da arquitetura
celular nos túbulos mesonéfricos com o aumento da idade embrionária. Esta degenera-
ção crânio caudal também é descrita por Sadler (2005) em embriões humanos.
Notamos ainda que, em embriões com idade gestacional entre 45 e 46 dias, o
rim metanéfrico apresenta um arranjo de túbulos bem definidos e sua arquitetura morfo-
lógica já está estabelecida. Este rim definitivo toma aos poucos o lugar do rim mesoné-
frico, o qual nesta fase já possui tamanho reduzido.
Dyce et al. (2004) relata que os rins dos bovinos adultos possuem fissuras super-
ficiais, em cerca de uma dúzia de lobos. A estrutura dos rins do bovino é do tipo multipi-
ramidal. Porém em nossas observações não notamos esta lobação superficial já no iní-
cio da idade fetal (45 a 46 dias). Acreditamos que isto ocorra num momento mais tardio
da vida intra uterina.
Verificamos como Tiedemann (1985) em embriões suínos com idade gestacional
de 41 dias, que o epitélio dos túbulos mesonéfricos em embriões bovinos com idade
gestacional entre 30 e 31 dias, apresenta microvilosidades no pólo apical e inúmeras
mitocôndrias no pólo basal, o que indica intensa atividade de absorção e transporte iô-
nico (JUNQUEIRA; CARNEIRO, 2004), desta forma entendemos que nessa fase do
desenvolvimento o rim está em intensa atividade metabólica, contribuindo como a ho-
meostasia do embrião.
A presença de desmossomos entre as células epiteliais indica adesão entre as
mesmas, e as interdigitações laterais e basais mostram uma relação íntima entre as
71
células tubulares. Estas interdigitações estão presentes em maior número na porção
basal de células dos túbulos contorcidos proximais do rim mesonéfrico.
Junqueira e Carneiro (2004) relatou que o citoplasma apical dos túbulos contor-
cidos proximais de rim metanéfrico, apresenta microvilos que formam a orla em escova
e canalículos que partem da base dos microvilos e aumentam a capacidade de o túbulo
proximal absorver macromoléculas. Nos canalículos formam vesículas de pinocitose,
que introduzem na célula macromoléculas que atravessam a barreira de filtração glome-
rular. As vesículas se fundem com os lisossomos, onde as macromoléculas são digeri-
das. Os limites entre as células desses túbulos são dificilmente observados no micros-
cópio óptico, pois elas têm prolongamentos laterais que se interdigitam com os das cé-
lulas vizinhas. Esses túbulos possuem uma luz ampla e são circundados por muitos
capilares sanguíneos. Afirma ainda que, as células dos túbulos contorcidos distais não
têm orla estriada e são menos acidófilas (possuem menor quantidade de mitocôndrias),
além de possuírem invaginações de membrana baso-lateral e seu lúmen ter um diâme-
tro menor se comparado ao túbulo contorcido proximal.
Seguindo as descrições de Junqueira e Carneiro (2004), conseguimos classificar
os túbulos mesonéfricos encontrados na microscopia eletrônica, apresentando caracte-
rísticas idênticas às citadas pelo autor.
Uma observação interessante foi notada quando ao analizar as fotomicrografias
de microscopia eletrônica de transmissão, não observamos a presença de alça de Hen-
le no rim mesonéfrico, coincidindo com o relato de Martino e Zamboni (1966) que afir-
maram que a alça de Henle estão ausentes nos mesonefros de embriões humanos e
estas dissimilaridades são evoluções claras da diferença da funcionalidade dos meso-
nefros e metanefros.
72
CONCLUSÃO
73
7 CONCLUSÃO
Através dos nossos achados, podemos concluir que:
1 - O desenvolvimento embrionário renal em embriões bovinos depende de um
crescimento progressivo de duas unidades renais, o mesonefro e o metanefro, que são
originados do mesoderma intermediário.
2 - O pronefro não aparece em embriões bovinos no início do desenvolvimento
(14/15 dias de gestação com CR 3,0 mm).
3 - Em embriões com idade gestacional entre14 e 15 dias (CR 3,0 mm) há um
mesonefro formado e funcional.
4 - O mesonefro de embriões bovinos não possui uma forma glomerular típica e
sim um aglomerado de células mesenquimais circundadas por vasos sanguíneos.
5 - O rim definitivo começa a se desenvolver em embriões bovinos no período
gestacional entre 23 e 24 dias (CR 10 mm).
6 - A involução dos mesonefros ocorre simultaneamente com a diferenciação
metanefrogênica.
7 - A lobação externa do rim bovino não é observada até o início da fase fetal
(45/46 dias, CR 27 mm).
8 - Há intensa atividade dos túbulos mesonéfricos durante a maior parte da vida
embrionária.
9 - As células dos túbulos mesonéfricos estão em íntimo contato umas com as
outras, apresentando desmossomos e inúmeras interdigitações, indicando existirem
locais de comunicação celular.
10 - Podemos classificar os túbulos mesonéfricos em dois tipos: túbulo contorci-
do proximal e túbulo contorcido distal, usando como referência suas características
morfológicas.
11 - Não há formação da alça de Henle no rim mesonéfrico.
74
REFERÊNCIAS
75
REFERÊNCIAS
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