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Mônica Lauriano Danielski
COMPORTAMENTOS DE MÃES E FILHOTES DE
BALEIAS-FRANCA-AUSTRAIS, Eubalaena australis
(DESMOULINS, 1822), EM SANTA CATARINA, BRASIL
.
Orientador: Prof. Dr. Artur Andriolo
Co- Orientador: Prof. Dr. Eduardo Secchi
JUIZ DE FORA
MAIO DE 2008
Dissertação apresentada ao Programa
de Pós-Graduação em Ecologia da
Universidade Federal de Juiz de Fora,
como parte dos requisitos necessários à
obtenção do grau de Mestre em
Ecologia Aplicada a Conservação e
Manejo de Recursos Naturais
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Mônica Lauriano Danielski
COMPORTAMENTOS DE MÃES E FILHOTES DE
BALEIAS-FRANCA-AUSTRAIS, Eubalaena australis
(DESMOULINS, 1822), EM SANTA CATARINA, BRASIL
.
________________________________________________
Orientador: Prof. Dr. Artur Andriolo
________________________________________________
Prof. Dr. Eduardo Secchi
________________________________________________
Prof. Dr. Alexand
re Azevedo
________________________________________________
Prof. Dr. Paulo César Simões Lopes
JUIZ DE FORA
MAIO DE 2007
Dissertação apresentada ao Programa
de Pós-Graduação em Ecologia da
Universidade Federal de Juiz de Fora,
como parte dos requisitos necessários à
obtenção do grau de Mestre em
Ecologia Aplicada a Conservação e
Manejo de Recursos Naturais
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3
Danielski, Mônica Lauriano
Comportamentos de mães e filhotes de baleias-franca-
austrais, Eubalaena australis (
DESMOULINS, 1822), em Santa
Catarina, Brasil.
113 p.
Mônica Lauriano Danielski (UFJF, M.Sc., Ecologia, 2008)
.
Dissertação -
Universidade Federal de Juiz de Fora, Juiz de
Fora
1. Baleias-franca I. Título
4
Dedico inteiramente este
trabalho para minha família:
Pai, Mãe, Tati e Mari...
pelo suporte, confiança, doação e
por todas alegrias que me dão diariamente!
Meu amor infinito e gratidão eterna!
5
Com fios de orvalho, aranhas tecem as madrugadas
A noite dormia escorada nos arvoredos.
Vestida de sol, eu vi a chuva em cima de um morro.
Eternidade é uma palavra encostada em Deus.
Tenho canduras por bobagens, quando crescer, eu vou ser criança.
Quem ornamenta os azuis das manhãs são os sabiás.
O sangue do Sol na água atrai mariposas.
Há um comportamento de eternidade nos caramujos. Eles carregam com
paciência, o início do mundo,
Dentro de mim eu me eremito, como um padre no ermo.
O corpo do rio prateia quando a Lua se abre.
Poesia não é para compreender, mas para incorporar.
Entender é parede: procure ser uma árvore.”
Manoel de Barros
“... quão belo deve ser o cantar das baleias no fundo do oceano...
doces acordes de encantamento e serenidade.
Seu calmo bailado é “paz-i-ficador”!
Tranqüiliza e permanece eternamente...
Ensina-nos mais, com sua vasta sabedoria!
Obrigada, obrigada, obrigada!”
Autor desconhecido
6
AGRADECIMENTOS
Ao Professor Orientador Artur Andriolo, pela orientação neste trabalho, pelos
ensinamentos, paciência, pela dedicação e principalmente por sua postura, que
sempre será um grande exemplo para mim. Muito obrigada!
Ao Professor Co-orientador Eduardo Secchi, pelo profissionalismo e pela grande
ajuda nesse trabalho. Obrigada pelas sugestões e por me mostrar a importância
dos pequenos detalhes. Obrigada à Expedição Baleia-Franca que nos apresentou!
Aos membros da banca: Professor Alexandre Azevedo (por sua simpatia e seu
pronto aceite para banca), Professor Roberto da Gama Alvez (por também ter
avaliado o projeto), Professor Paulo César Simões Lopes (por ter grande
responsabilidade na minha escolha profissional, inclusive no meu mestrado).
Obrigada!
Aos meus pais! Por serem do jeito que são. Pelos exemplos de vida e amor que
cada um do seu jeito demonstra. Obrigada por tudo! Amo vocês!
À Tati e Mari, pela agradável companhia e pelos momentos de descontração.
Pela sempre pronta ajuda de minha irmã, e pelo carinho, alegria e ensinamentos
de minha sobrinha. Meu sincero amor e respeito!
Ao Gui, pela compreensão nos meus momentos de ausência, à sua sempre
disponibilidade em me ensinar e ajudar, e principalmente ao seu carinho. Pelas
agradáveis e esclarecedoras discussões filosóficas! Meu grande amor a você!
À Ane, amiga, que foi grande responsável pelo meu crescimento pessoal e
profissional. Obrigada pela paciência, amizade e carinho!
Ao Professor Mário Steindel qeu me ensinou a perceber e aproveitar as
oportunidades, além de ser um exemplo de profissional.
Às amigas: Carol (pelas palavras e pela ajuda!), Pkn (por mesmo longe estar
perto), Bety (amiga de coração pra sempre) e Aline (amizade de infância é
eterna).
Aos amigos Rúbia e Elielton, pela ajuda logística infinita, e por me mostrar o
quanto o Rio de Janeiro é lindo. Obrigada pela amizade e carinho tão notórios.
Adoro vocês!
À amiga Luísa, pelas longas e sérias conversas e por tantas risadas. Obrigada
pela ajuda, pelas palavras e principalmente por sua amizade!
7
À Salete e dona Didi, pelo suporte e ajuda nas horas mais difíceis! Infinitamente
obrigada!
Aos Canis mestres, companheiros e fiéis: Pituca, Bidu, Jumi, Lua e Happy.
Aos amigos de embarque: Calú (Adoro!), Roberto, Malabim, Rodolpho e Dani.
Vocês fizeram com que meus dias no mar fossem ainda mais agradáveis!
Aos GRANDES e velhos amigos do Laboratório de Ecologia da UFJF: Simone,
Lúcia, Luciana, Raphaela, Priscila, Mariana, Natália, Marcela, Lili, Felipe,
Nathan, Caique, Alessandro e Gladinho. E aos novos: Guilherme, Rafael,
Michele e Anderson. Vocês alegraram todos os meus dias em Juiz de Fora.
Obrigada pela amizade sincera! Adoro vocês!
Aos amigos do mestrado pelas divisões de dúvidas e inseguranças, além da
amizade.
À Raquel (“diamante de caquis”), pelas longas conversas, risadas e carambolas
divididas. Sua amizade é um presente. Obrigada a toda sua família por terem me
recebido tão bem em sua casa.
À Professora Morgana Gaidzinski pela simpatia, atenção e ajuda no estágio
docência.
Ao Instituto Baleia Franca pela oportunidade na realização deste trabalho.
Obrigada Enrique e Eduardo pela confiança.
A todos que passaram pelo Instituto Baleia Franca e de certa forma ajudaram
nesse trabalho: Juliana, Doro, Mônica, Nubem, Juninho, Denis, Marina(s), Alan,
Ana, Pri, Aline, Fabi, Gika, Simone, Evelyn, Cibele, Silésio e Enrique.
À comunidade de Garopaba e Imbituba.
Às grandes amigas do IBF: Milene, Chá, Maíra e Fê. Vocês foram e são muito
importantes na minha caminhada. Adoro vocês!
Ao Programa de Pós Graduação em Ecologia da UFJF, Carlos e ao
coordenador Professor Fábio Roland pela oportunidade.
A CAPES pela concessão da bolsa de estudos.
Às baleias-franca, por retornarem todos os anos e me ensinarem tanto. Muito
obrigada!
8
ÍNDICE
INTRODUÇÃO ..........................................................................................10
1.1Aspectos Gerais ................................................................................10
1.2Caracterização da espécie .............................................................. 12
CAPÍTULO 1 Comportamentos de es e Filhotes de Baleias-franca-
austrais (Eubalaena asutralis) na temporada reprodutiva ..........................15
Resumo .......................................................................................................16
Abstract.......................................................................................................17
Introdução...................................................................................................18
Metodologia................................................................................................21
Caracterização da área de estudo ........................................................21
Coleta de dados ....................................................................................22
Definições .............................................................................................23
Análise dos dados ..................................................................................26
Resultados..................................................................................................29
Discussão...................................................................................................42
Conclusões.................................................................................................52
Referências Bibliográficas.........................................................................54
CAPÍTULO 2 Respostas Comportamentais de Mães e Filhotes de
Baleias-franca (Eubalaena asutralis) frente à embarcações de turismo de
observação de baleias..................................................................................67
Resumo .......................................................................................................68
Abstract.......................................................................................................69
Introdução....................................................................................................70
Metodologia.................................................................................................73
Caracterização da área de estudo ........................................................73
Coleta de dados .....................................................................................74
Definições ..............................................................................................76
9
Análise dos dados ...................................................................................78
Resultados...................................................................................................81
Discussão.....................................................................................................95
Conclusões.................................................................................................102
Referências Bibliográficas........................................................................103
Anexos.......................................................................................................109
Apêndices..................................................................................................112
10
INTRODUÇÃO
1.1 Aspectos Gerais
As baleias-franca-austrais sofreram intensas pressões de caça que
reduziram drasticamente suas populações. As baleias-franca do Atlântico e
Pacífico Norte, Eubalaena glacialis e Eubalaena japonica respectivamente,
foram as primeiras a mostrarem sinais de sobre-exploração e escassez,
levando os baleeiros a direcionarem a caça às baleias-franca (Eubalaena
australis) no Hemisfério Sul (IWC, 2001).
As populações de baleias-franca-austrais sofreram com a caça
comercial até o final do século passado. Acredita-se que sua população
original era de aproximadamente 90 mil indivíduos (Richards, 1998).
Atualmente estima-se que ela esteja entre 7 e 8 mil animais (Best et al.,
2001).
Embora protegidas internacionalmente desde 1935, com reafirmação
de proteção após criação da Convenção Internacional para a
Regulamentação da Atividade Baleeira, em 1946 (Donovan, 1992), as
atividades de caça ilegais seguiram sem critérios em diversas áreas do
Hemisfério Sul (Palazzo & Carter, 1983; Tormosov et al., 1998). Segundo
Tormosov et al. (1998), frotas ilegais soviéticas em apenas quatro anos
capturaram 3368 Baleias-franca austrais.
No Brasil, a caça de baleias tornou-se uma verdadeira indústria,
apoiada por noruegueses, japoneses e soviéticos. Esse financiamento
internacional impulsionou a construção de numerosas armações baleeiras
ao longo do litoral brasileiro, além da rápida evolução nas técnicas de caça,
permitindo uma grande dizimação da população de baleias-franca no Brasil
(Palazzo & Carter, 1983; Palazzo et all., 1999).
11
Apesar de discretos registros destes animais no sudeste e nordeste do
Brasil (Lodi et al., 1996; Santos et al., 2001), a grande área de
concentração reprodutiva no país encontra-se nas baías do litoral sul
brasileiro entre os meses de julho e novembro (Lodi & Bergallo, 1984;
Câmara & Palazzo, 1986; Simões-Lopes et al.; Palazzo & Flores, 1998).
Foi também nessa área de concentração que a caça de baleias-franca foi
predominante até 1973, levando a um período de ausência de avistagens na
costa Sul do Brasil até o início da década de 80, quando os primeiros
indivíduos foram reavistados (Palazzo & Carter, 1983). Desde então,
através de monitoramentos aéreos foi possível estabelecer uma área
preferencial de concentração destes animais em Santa Catarina, entre o
Cabo de Santa Marta, Laguna (28º36’ S, 48º49’ W) e Florianópolis (27º25’
S, 48º30’ W) (Simões-Lopes et al., 1992; Groch, 2005).
Com a proibição oficial da caça comercial de baleias no Brasil em
1987 e o reconhecimento de importante área de reprodução e cria de
filhotes de baleias-franca em Santa Catarina, foi estabelecida a criação da
Área de Proteção Ambiental da Baleia Franca (APA da Baleia Franca), em
2000, através de Decreto Federal do Ministério do Meio Ambiente. Esta
área se estende do sul da Ilha de Florianópolis (27º25’ S, 48º30’ W) à Praia
do Rincão (28º42’ S, 49º16’ W), extremo sul de Santa Catarina. A APA da
Baleia Franca visa proteger a espécie em águas brasileiras, garantir o uso
racional dos recursos naturais da região e ordenar as atividades de turismo
e tráfego local de embarcações e aeronaves (Brasil, 2008).
No litoral catarinense é possível observar grupos de acasalamento,
indivíduos solitários e em sua grande maioria pares de mães com filhotes.
Groch (2005), através de monitoramentos aéreos ao longo da costa
catarinense, observou que entre 1987 e 2003, 58,3% dos grupos
encontrados eram compostos de mães com filhote. Anualmente ao longo de
12
toda a temporada são observados diversos pares de mães de baleias-franca
com seus filhotes em diversas atividades.
1.2 Caracterização da espécie
As baleias-franca (Eubalaena spp.), pertencem à Ordem Cetácea,
Subordem Mysticeti. Juntamente com as baleias da Groelândia (Balaena
mistycetus Linnaeus, 1758), formam a família Balaenidae (Gray, 1825)
(Cummings, 1985). O gênero Eubalaena é composto por três espécies,
sendo que duas delas, Eubalaena glacialis (Muller, 1776), e Eubalaena
japonica (Lacépède, 1818), habitam os oceanos Atlântico Norte e Pacífico
Norte, respectivamente (Rosenbaum et al., 2000; Gaines et al., 2005). A
terceira espécie, Eubalaena australis (Desmoulins, 1822), possui diversas
populações que habitam o Hemisfério Sul (Rice, 1998; Clapham et al.,
1999).
As baleias-franca austrais possuem quatro principais estoques
populacionais no Hemisfério Sul localizados na África do Sul, Austrália,
América do Sul, e região sub-Antártica da Nova Zelândia (IWC, 2001). Na
América do Sul, a principal concentração reprodutiva fica na Península
Valdés, na Argentina (Thomas & Taber, 1984), além de uma pequena e
importante população encontrada nas águas costeiras do sul do Brasil
(Palazzo et al., 1999), a qual tem relação com a população da Argentina
(Best et al., 1993; Ott et al., 2003).
As baleias da família Balaenidae possuem características particulares
que as diferenciam de outros misticetos. Dentre elas, a principal é a
ausência de nadadeira dorsal. Possuem o corpo negro e arredondado, com
manchas brancas ventrais irregulares, sendo que a cabeça ocupa quase um
quarto do comprimento total do animal, destacando na boca uma grande
13
curvatura maxilar para comportar as longas e finas barbatanas (Bastida et
al., 2007).
A mais evidente característica morfológica do gênero Eubalaena,
entretanto, é o conjunto de calosidades que apresentam no alto e nas
laterais da cabeça formadas por espessamentos naturais da pele (Payne et
al., 1983). Geralmente estas “verrugas”, que existem ao nascimento do
animal, possuem coloração acinzentada ou branco-amarelada, com grande
influência de colônias de crustáceos ciamídeos, que surgem pouco após o
nascimento e acompanham o animal por toda sua vida. O tamanho das
calosidades altera-se pouco ou nada, permitindo seu uso para identificação
e acompanhamento dos indivíduos a longo prazo (e.g. Payne, 1976; Payne
et al., 1983; Payne et al., 1990; Groch, 2005). O papel destes
espessamentos no comportamento e fisiologia da espécie ainda é alvo de
especulação e investigação científica.
As baleias-franca podem chegar até 17 metros de comprimento
quando adultas, sendo as fêmeas relativamente maiores que os machos. As
fêmeas adultas, segundo registros de captura, podem chegar a pesar mais de
60 toneladas, enquanto os machos raramente pesam acima de 45 toneladas
(Cummings, 1985; Litcher & Harris, 1992; Tormosov et al., 1998). Os
filhotes nascem com aproximadamente 5 metros de comprimento e pesam
cerca de 5 toneladas (Thomas & Taber, 1984).
Durante o verão, as baleias-franca-austrais se alimentam nos pólos.
O período reprodutivo ocorre entre julho e novembro, em águas tropicais
ou temperadas, quando ocorre a cópula e nascimento dos filhotes
provenientes do acasalamento do ano anterior (Lockyer & Brown, 1981;
Whitehead & Payne, 1981; Cummings, 1985). A maturidade sexual é
atingida em torno de 6 anos (Payne, 1986), e acredita-se que a primeira
gestação ocorra aos 9 anos (Payne, 1986; Hamilton et al., 1998). Estima-se
que a gestação dure em torno dos 12 meses, que corresponde a
14
sazonalidade de sua migração de retorno às áreas de reprodução
(Whitehead, 1981).
As baleias-franca são animais pouco gregários (Payne, 1986; Best et
al., 2003), sendo que indivíduos solitários ou grupos de dois animais, em
sua maioria mães e filhotes, são os mais avistados (Bannister, 1990;
Simões-Lopes et al., 1992).
No início da década de 80, a população de baleias-franca no Brasil
apresentou evidentes sinais de recuperação, embora ainda seja considerada
vulnerável pela World Conservation of Nature and Natural Resoucers
(IUCN), dependentes de um programa de proteção e conservação ambiental
(IUCN, 2007).
15
CAPÍTULO 1
COMPORTAMENTOS DE MÃES E FILHOTES DE BALEIAS-
FRANCA (Eubalaena australis) NA TEMPORADA REPRODUTIVA.
16
RESUMO
Em cetáceos, as relações entre mães e filhotes fazem parte de um
composto complexo de elementos comportamentais. Baleias-franca migram
no outono para regiões tropicais e temperadas exclusivamente para
reprodução e cria de filhotes. Nessas áreas os filhotes permanecem com
suas mães por volta de quatro meses, temporada que envolve um
importante período de amamentação e estreito contato com sua mãe. O
presente estudo teve como objetivo estudar os padrões comportamentais de
mães e filhotes de baleias-fraca, suas interações espaciais, verificar as
freqüências respiratórias dos pares e descrever o processo de aprendizagem
do filhote através da imitação. Foram realizadas 37,5 horas de observações
focais de 49 pares de mães e filhotes considerados distintos nas praias do
Rosa e Ibiraquera, em Santa Catarina, ao longo das temporadas
reprodutivas de 2006 e 2007. Foi observado para mães maiores médias de
repousos e deslocamentos lentos, comportamentos de baixo custo
energético. Filhotes apresentaram semelhantes médias de repousos,
deslocamentos lentos, comportamentos aéreos e exposições, diretamente
relacionados com seu processo de aprendizagem e desenvolvimento
fisiológico ao longo da temporada reprodutiva. A imitação dos
comportamentos das mães por seus filhotes aparece de forma expressiva no
mês de outubro, pois nesse mês os filhotes adquiriram grande
coordenação e aptidão motora sendo possível imitar os comportamentos de
suas mãe. As freqüências respiratórias de filhotes são maiores em relação à
de suas mães nos meses de agosto e setembro, e sincronizam com elas nos
meses de outubro e novembro. Durante toda temporada reprodutiva um
contato direto entre mãe e filhote foi observado. O distanciamento entre
eles vai aumentando ao longo dos meses, embora em novembro certa
aproximação seja retomada, provavelmente devido ao processo de
migração iminente. O tamanho dos filhotes também influencia na
expressão dos comportamentos, sendo que filhotes de tamanho dois
realizam maiores quantidades de exposições, e filhotes de tamanho um
apresentam os menores valores de comportamentos aéreos.
Palavras-chave: Eubalaena australis, mães, filhotes, aprendizado,
comportamentos.
17
ABSTRACT
The mothers and calves relations in cetaceans are compound by
complex behaviors elements. Right whales migrate on fall to breeding areas
were mothers and calves spend for four moths nursing and in an important
contact. Behaviors patterns, spacials interactions between mother and calf,
breath frequencies and learning procedures were examined. Were observed
49 mother and calves pairs for 37,5 hours in Rosa’s and Ibiraquera’s
beaches, in Santa Catarina, at right whale breeding season in 2006 and
2007. Mothers spent more time resting and swimming, both low energy
behaviors. Calves were seen resting, swimming, making expositions and
aerial behaviors, important to their learning process and physiologic
development. The imitation made by the calves is most seen in October,
where they have motor coordination to imitate their mothers. The calves
breathe more than the mothers in August and September, and
synchronizing their breathing with the mothers in October and November.
During the breeding season, both maintaining a close proximity, that
decrease in September and October and increase in November, probably
because of the migration event. The calves’ size is important in the
behaviors expressions. Calves size two are seen making more expositions
than the others, and calves size one making less aerial behaviors than the
others calves.
Keywords: Eubalaena australis, mothers, calves, learning, behaviors.
18
INTRODUÇÃO
O comportamento social em mamíferos é governado por fatores
extrínsecos e intrínsecos, enquanto que o desenvolvimento específico de
respostas comportamentais no início do desenvolvimento determina o
comportamento social na vida adulta (Manning, 1982; Lusseau et al.,
2004).
O cuidado parental é de extrema importância em mamíferos, visto
que é um comportamento que visa o aumento da aptidão e sobrevivência
dos filhotes (Clutton-Brock, 1991). Esse cuidado é dado em sua maioria
pelas mães desde o nascimento até que os filhotes desenvolvam
características e habilidades que assegurem sua própria sobrevivência,
tornando-se independentes da dieta láctea e dos demais cuidados parentais
(Crowell-Davis & Houpt, 1986).
O desenvolvimento natural do comportamento maternal e de filhotes
acontece numa díade caracterizada por interações sincrônicas e recíprocas
(Moore, 2007). O comportamento materno ocupa uma posição central nas
relações sociais de mães e filhotes e na organização social dos mamíferos
(Rheingold, 1963).
Em cetáceos, as relações de mães e filhotes fazem parte de um
composto complexo de elementos comportamentais, de natureza e
significância biológica ainda pouco compreendidas (Krasnova et al.,2006).
Muitos trabalhos de comportamentos em cetáceos são realizados em
cativeiro, entretanto, estudos comportamentais em ambiente natural são
importantes, pois dessa forma pode-se compreender algumas de suas
necessidades sociais e ecológicas, gerando informações sobre a exploração
espaço-temporal do ambiente (Moderi, 2007).
Baleias-franca iniciam no outono sua migração das zonas de
alimentação nas altas latitudes, para regiões tropicais e temperadas
19
exclusivas para reprodução e cria de filhotes (Payne, 1986). Nessas áreas os
filhotes permanecem com suas mães por volta de 4 meses, temporada que
envolve um longo período de amamentação e estreito contato com sua mãe.
Durante esse tempo, os filhotes precisam armazenar reservas
principalmente na camada de gordura (importante no isolamento térmico),
fortalecer sua musculatura, melhorar sua resistência e desenvolver a
coordenação e aptidão motora para a migração de retorno às áreas de
alimentação (Taber & Thomas, 1982; Thomas & Taber, 1984; Payne 1986;
Payne et al., 1991).
É de extrema importância para os filhotes a presença de sua mãe
nesse período, não apenas pelo fornecimento do leite, mas por todo cuidado
maternal envolvido no seu desenvolvimento. Com o objetivo de minimizar
os gastos energéticos dos filhotes e evitar perigos iminentes, mães
selecionam áreas com condições ambientais favoráveis: águas costeiras
calmas e de baixa profundidade, protegidas de ventos e do mar aberto com
substratos arenosos (Elwen & Best, 2004).
Taber & Thomas (1982), fizeram um importante trabalho
comportamental com mães e filhotes de baleias-franca na Península de
Valdés, onde descreveram três fases de desenvolvimento dos filhotes desde
seu nascimento até o estágio pré-migratório: na primeira fase, os filhotes
são recém-nascidos e prevalecem em deslocamentos lentos; na segunda,
eles têm entre um e três meses e apresentam um gradual aumento de
atividade; na terceira fase (período pré-migratório), os filhotes reduzem as
atividades.
O estudo de padrões comportamentais, particularmente de interações
espaciais de mães e filhote, são importantes para entender o papel de
contatos intraespecíficos que determinam a ecologia e estrutura social da
população (Krasnova et al., 2006). Dentro desse contexto, o presente
estudo teve como objetivo caracterizar e quantificar os comportamentos de
20
mães e filhotes de baleias-franca nas áreas reprodutivas, avaliar variações
de proximidade entre mães e filhotes, relações de tamanho de filhotes com
seus comportamentos, descrever as freqüências respiratórias dos pares,
além de verificar o papel da imitação dos filhotes em seu processo de
aprendizagem na área reprodutiva do litoral de Santa Catarina.
21
METODOLOGIA
Caracterização da área de estudo
O litoral de Santa Catarina possui 670 quilômetros e estende-se da
Ilha Saí-guaçú (Itapoá; 25º58’37”S 48º35’24”W) como divisa Nordeste
com o Estado do Paraná, seguindo até a Foz do Rio Mampituba (Passos de
Torres; 29º18’18”S 49º42’02”W) como limite Sudeste com o Rio Grande
do Sul (Cruz, 1998) (Figura 1 em anexo). É formado por um relevo
recortado com baías, enseadas, manguezais, lagunas, mais de quinhentas
praias além de seis Unidades de Conservação.
A área de estudo pertence ao chamado litoral centro-sul de Santa
Catarina, e está inserida na Área de Proteção Ambiental da Baleia Franca
(APA da Baleia Franca), uma Unidade de Conservação estabelecida em
2000 através de Decreto Federal do Ministério do Meio Ambiente. Sua área
se estende do sul da Ilha de Florianópolis (27º25’ S, 48º30’ W) à Praia do
Rincão (28º42’ S, 49º16’ W) (Brasil, 2008) (Figura 2 em anexo).
A APA da Baleia Franca é uma região com grande diversidade de
ecossistemas, belezas nicas, rica fauna e flora terrestre e marinha, serve
como refúgio para espécies de cetáceos como a baleia-franca, apresenta
ninhais de aves marinhas e da Mata Atlântica além de sítios arqueológicos.
Todos esses atributos potencializam o desenvolvimento de uma série de
atividades turísticas como a observação de aves, o mergulho contemplativo,
pesca esportiva, trilhas ecológicas e mais recentemente do turismo de
observação de baleias.
A porção central da APA da Baleia Franca compreende os
municípios de Garopaba e Imbituba. As praias do município de Imbituba,
onde este estudo foi realizado, são em sua maioria formadas por pequenas
baías arenosas que alcançam entre 1,5km e 5km de extensão. Todas são
22
separadas por costões rochosos que possuem um grande declive acentuado
em pelo menos um dos seus lados (Carvalho, 1994). O grande conflito na
região vem da forte pressão antrópica, como especulação imobiliária,
intensa atividade de turismo, pesca, práticas de esportes aquáticos, tráfego
de pequenas embarcações, além do crescente tráfego do Porto de Imbituba
(Klein et al., 2002). Além disso, no litoral catarinense é notável a erosão
das praias devido aos efeitos naturais como ressacas (Gianuca, 1997).
Como no restante do estado, no litoral catarinense prevalece o clima
subtropical úmido com quatro estações bem definidas. As chuvas
costumam ser bem distribuídas ao longo do ano com uma pequena
diminuição nos meses do inverno. O verão apresenta-se bastante quente e
prolongado. No inverno, os ventos predominantes são de sentido sul, que
trazem para a atmosfera uma umidade oceânica (Carvalho, 1994).
Coleta de dados
Os dados foram coletados a partir de pontos fixos elevados
(aproximadamente 200 metros acima do nível do mar) nas praias do Rosa e
Ibiraquera em Imbituba, Santa Catarina, ao longo da temporada reprodutiva
de 2006 e 2007 (agosto a novembro). Precedendo o início da coleta de
dados, toda baía foi monitorada por volta de 15 minutos para que o
observador pudesse identificar e quantificar os grupos encontrados.
Prevalecia como escolha do grupo a ser monitorado o mais próximo do
observador. O registro de dados foi realizado por um observador e um
anotador que se alternavam ao longo de cada hora de amostragem para
minimizar a fadiga. Os dados foram coletados entre 08:00 e 12:00 horas
e/ou entre 14:00e 17:00.
O método de observação utilizado foi animal focal, com registros de
todas as ocorrências (Altmann, 1974; Lehner, 1996; Mann, 1999). Os
23
dados foram coletados com auxílio de binóculos (Zenit 10X50) e
armazenados em forma de registros de ocorrências de comportamentos a
cada 5 minutos, em planilhas previamente elaboradas e categorizadas em
eventos e estados comportamentais (Altmann, 1974).
Além dos dados comportamentais, também foram coletadas as
diferentes proximidades entre mães e filhotes e o tamanho dos filhotes em
relação ao tamanho de sua mãe. Para a análise da freqüência respiratória de
mães e filhotes, foram observadas as quantidades de borrifos dos animais.
As observações foram interrompidas quando os animais se
distanciaram mais de 700 metros do observador ou ficaram fora do campo
de visão impedindo o registro dos dados, ou ainda devido a más condições
metereológicas (Beaufort acima de 4, ventos superiores a 20 nós, chuva e
alta nebulosidade).
Todos observadores foram capacitados para a coleta de dados
objetivando minimizar as diferenças nas interpretações dos eventos ou
estados comportamentais.
Definições
Filhote: Indivíduo nascido na temporada em andamento, que se mantém
bem próximo e em constante associação com um adulto (presumivelmente
sua mãe).
Temporada reprodutiva: Período compreendido entre agosto e novembro
quando a espécie utiliza o litoral catarinense como área de reprodução e
cria de filhotes.
Grupo: Associação entre um filhote e sua mãe.
24
Imitação: Repetição pelo filhote do comportamento realizado pela mãe.
Estados comportamentais: Comportamento de duração apreciável em que
o indivíduo ou grupo está engajado (Altmann, 1974).
1) Deslocamento lento: Natação caracterizada onde o indivíduo locomove-
se linearmente e lentamente na superfície, sem grandes variações de
velocidade.
2) Deslocamento rápido: Natação caracterizada onde o indivíduo
locomove-se linearmente na superfície em alta velocidade.
3) Repouso: O indivíduo é observado na superfície, sem movimento
aparente e sem a realização de eventos.
Eventos comportamentais: Comportamentos de ocorrência instantânea
(Altmann, 1974).
a) Batida de cauda: Indivíduo bate com sua nadadeira caudal contra a
superfície da água.
b) Batida de peitoral: Indivíduo bate com sua nadadeira peitoral contra a
superfície da água.
c) Salto: Indivíduo projeta grande parte de seu corpo para fora da água.
d) Periscópio: Indivíduo expõe sua cabeça em um ângulo acima de 70
o
em
relação à superfície da água.
25
e) Exposição de cauda: Indivíduo expõe sua nadadeira caudal.
f) Exposição de cabeça: Indivíduo expõe a cabeça em um ângulo menor
que 70
o
em relação à superfície da água.
g) Exposição peitoral: Indivíduo expõe a nadadeira peitoral com o corpo
posicionado lateralmente.
h) Exposição ventral: Indivíduo expõe o ventre em direção à superfície da
água.
Comportamentos aéreos: Categoria que inclui os seguintes
comportamentos: batidas de cauda, batidas de peitoral, saltos e periscópios.
Exposições: Categoria que inclui os seguintes comportamentos: exposição
de cauda, exposição de cabeça, exposição de peitoral e exposição de ventre.
Grau de proximidade entre mãe e filhote:
a) Grau 0: Mãe e filhote estão em contato;
b) Grau 1: Distância entre mãe e filhote é da largura de um corpo da
mãe;
c) Grau 2: Distância entre mãe e filhote é de duas vezes a largura do
corpo da mãe;
d) Grau 3: Distância entre mãe e filhote é de mais de duas vezes a
largura do corpo da mãe.
26
Os graus de distanciamento entre mães e filhotes foram classificados
conforme Taber & Thomas, 1982.
Tamanhos dos filhotes:
a) Tamanho 1: Filhote tem menos de ¼ do tamanho de sua mãe;
b) Tamanho 2: Filhote tem entre ¼ e metade do tamanho de sua mãe;
c) Tamanho 3: Filhote tem metade ou mais do tamanho de sua mãe.
Os tamanhos dos filhotes foram classificados conforme Taber & Thomas,
1982.
Análise de dados
Para a quantificação de cada categoria comportamental de mães e
filhotes, os dados coletados foram relativizados conforme o número de
grupos de animais observados ao longo dos meses e anos:
Freqüência: Somatório de cada comportamento dos dois anos em determinado mês
Somatório de grupos observados nos dois anos em determinado mês
Freqüência mensal: Registros de cada comportamento no mês em determinado ano
Número de grupos observados no mês em determinado ano
27
Repertório comportamental de mães e filhotes
O teste de Mann-Whitney foi utilizado para verificar se existiam
diferenças nos comportamentos individuais de mães e filhotes nos dois
anos de estudo. Também foi empregado para comparar as freqüências
comportamentais de mães e filhotes em cada mês ao longo dos dois anos.
As categorias comportamentais que não foram observadas em qualquer um
dos meses das temporadas reprodutivas para mães e/ou para filhotes
(deslocamento rápido e comportamento aéreo), não foram comparadas.
Imitação de comportamento pelos filhotes
O teste de Mann-Whitney foi empregado para averiguar a existência
de diferenças significativas entre os comportamentos imitados pelos
filhotes em relação ao comportamento de suas mães. A categoria
comportamental “deslocamento rápidonão foi testada pois foi observada
apenas no mês de agosto.
Freqüência respiratória de mães e filhotes
As freqüências respiratórias de mães e filhotes foram comparadas
individualmente ao longo dos meses através do teste de Kruskal-Wallis.
Posteriormente o teste de Mann-Whitney foi empregado para identificar as
diferenças duas a duas.
28
Grau de proximidade entre mães e filhotes
O teste de Kruskal-Wallis foi utilizado para verificar se existiam
diferenças nos graus de proximidade entre mães e filhotes ao longo dos
meses, seguido de Mann-Whitney para apontar as diferenças duas a duas.
Os graus de proximidade que não foram observados em qualquer um dos
meses (Grau 3, no mês de setembro), não foram comparados.
Relação entre tamanho de filhotes e comportamentos
Para verificar se existiam diferenças entre os tamanhos dos filhotes e
suas categorias comportamentais, foi empregado o teste de Kruskal-Wallis.
Análise complementar através do teste de Mann-Whitney foi utilizada para
verificar as diferenças duas a duas. As categorias comportamentais que não
foram observadas para qualquer um dos tamanhos de filhotes analisados
(deslocamentos rápidos para filhotes; deslocamento rápido e
comportamentos aéreos para mães), não foram comparadas.
Os testes estatísticos foram realizados no programa Biostat 3.0 (Ayres et
al., 2003). Para todos os testes adotou-se o nível de significância de 5%.
29
RESULTADOS
Foram realizadas 37,5 horas de observações focais de 49 pares de
mães e filhotes considerados distintos ao longo das temporadas
reprodutivas de 2006 e 2007.
Repertório comportamental de mães e filhotes
As freqüências relativas de cada categoria comportamental de mães e
filhotes individualmente, não diferiram entre os dois anos de
monitoramento, possibilitando que os dados fossem agrupados.
Ao longo de toda temporada reprodutiva, as médias de
comportamentos mais observadas para mães foram repouso (R) e
deslocamentos lentos (DL) (Agosto: R=10,2±2,01 e DL=9,4±1,44;
Setembro: R=14,17±1,89 e DL= 11,29±1,27; Outubro: R=7,5±1,56 e
DL=8,08±1,07; Novembro: R= 4,6±0,81 e DL=4,8±1,35) (Figura 1, Tabela
1). Mães realizaram deslocamentos rápidos apenas no mês de agosto. Em
novembro não foi registrado nenhum comportamento aéreo.
0
2
4
6
8
10
12
14
16
18
Agosto Setembro Outubro Novembro
Média
DL
DR
R
CA
E
Figura1. Médias± Erro padrão de comportamentos realizados por mães de baleia-
franca ao longo dos meses das temporadas reprodutivas de 2006 e 2007 no litoral
catarinense. DL=Deslocamento lento; DR= Deslocamento rápido; R= Repouso;
CA= Comportamento aéreo; E= Exposição.
30
Agosto
Setembro Outubro Novembro
DL x DR
< 0,001
NC NC NC
DL x R 0,868
0,3015 0,839 0,676
DL x CA
< 0,001
< 0,001 0,0002
NC
DL x E 0,110
0,0002 0,009
0,117
DR x R
0,0001
NC NC NC
DR x CA
0,561 NC NC NC
DR x E
< 0,001
NC NC NC
R x CA
< 0,001 < 0,001 0,0008
NC
R x E
0,350
0,0001
0,073 0,060
CA x E
< 0,001 0,009 0,032
NC
Tabela 1. Comparação entre as freqüências relativas dos comportamentos de mães de
baleia-franca ao longo dos meses na temporada reprodutiva de 2006 e 2007. Em
negrito, valor de p significativo. NC= Não calculado. DL=Deslocamento lento; DR=
Deslocamento rápido; R= Repouso; CA= Comportamento aéreo; E= Exposição.
31
Para filhotes, repousos (R), deslocamentos lentos (DL),
comportamentos aéreos (CA) e exposições (E) expressaram-se
semelhantemente ao longo da temporada reprodutiva. A única exceção foi
para comportamentos aéreos em agosto, os quais foram observadas médias
menores em relação às outras categorias comportamentais (Agosto:
R=6,73±1,40, DL=7,06±1,18, CA=2,13±1,05, E=8,2±2; Setembro:
R=7,76±1,39, DL=8,76±1,05, CA=9,23±2,98, E=7,23±1,97; Outubro:
R=6,58±1,79, DL=6,91±1,32, CA=7,5±3,77, E=7,83±2,33; Novembro:
R=4,2±0,08, DL=4,6±1,53, CA=3±2,14, E=2±1,3) (Tabela 2; Figura 2).
Não foram observados deslocamentos rápidos nos meses de setembro e
novembro.
Agosto
Setembro Outubro Novembro
DL x DR
< 0,001
NC
0,0002
NC
DL x R 0,648
0,546 0,603 0,834
DL x CA
0,001
0,370 0,119 0,403
DL x E 0,966
0,094 0,772 0,250
DR x R
0,001
NC
0,001
NC
DR x CA
0,663 NC 0,078 NC
DR x E
0,0001
NC
0,001
NC
R x CA
0,012
0,558 0,214 0,347
R x E
0,819 0,428 0,817 0,094
CA x E
0,002
0,317 0,184 0,916
Tabela 2. Comparação entre as freqüências relativas dos comportamentos de filhotes de
baleia-franca ao longo dos meses na temporada reprodutiva de 2006 e 2007. Em negrito,
valor de p significativo. NC= Não calculado. DL=Deslocamento lento; DR=
Deslocamento rápido; R= Repouso; CA= Comportamento aéreo; E= Exposição.
32
0
2
4
6
8
10
12
14
Agosto Setembro Outubro Novembro
Média
DL
DR
R
CA
E
Imitação do comportamento das mães pelos filhotes
As categorias comportamentais com maiores freqüências de imitação
dos filhotes foram deslocamento lento (2,99±0,06) e repouso (2,86±0,04)
(Figura 3; Tabela 3). Comportamento aéreo foi a categoria menos
freqüentemente imitada pelos filhotes (3,55±0,27).
O mês de outubro apresentou maior porcentagem de imitação de
comportamento de filhotes com 95,94%, seguido do mês de novembro
(51,42%), agosto (37,43%) e setembro (21,88%) (Figura 4).
Figura 2. Médias± Erro padrão de comportamentos realizados por filhotes de baleia-
franca ao longo dos meses nas temporadas reprodutivas de 2006 e 2007 no litoral
catarinense. DL=Deslocamento lento; DR= Deslocamento rápido; R= Repouso;
CA= Comportamento aéreo; E= Exposição.
33
0
0.4
0.8
1.2
1.6
2
2.4
2.8
3.2
3.6
DL DR R CA E
Categorias Comportamentais
Médias das Freqüências
Categorias Comportamentais
Resultados
Desl. Lento X Repouso
p= 0,563
Desl. Lento X Comp. Aéreo
p= 0,020
Desl. Lento X Exposição
p= 0,043
Repouso X Comp. Aéreo
p= 0,020
Repouso X Exposição
p= 0,020
Figura 3. Média das freqüências ± Erro padrão dos comportamentos imitados de
filhotes de baleia-franca em relação ao comportamento de suas mães nas temporadas
reprodutivas de 2006 e 2007. DL=Deslocamento lento; DR= Deslocamento rápido;
R= Repouso; CA= Comportamento aéreo; E= Exposição.
#
Tabela 3. Comparação entre as freqüências relativas dos comportamentos imitados
pelos filhotes de baleia-franca nas temporadas reprodutivas de 2006 e 2007. Em
negrito, valor de p significativo.
34
0
20
40
60
80
100
120
Agosto Setembro Outubro Novembro
Meses
Porcentagem
Figura 4. Porcentagens de comportamentos imitados de filhotes de baleia-franca em
relação ao comportamento de suas mães ao longo dos meses nas temporadas
reprodutivas de 2006 e 2007.
35
Freqüência respiratória de mães e filhotes
Foram realizadas 17 horas de observações focais de 16 pares de mães
com filhotes considerados distintos ao longo da temporada reprodutiva de
2007.
As freqüências respiratórias das mães não diferiram ao longo dos
meses da temporada reprodutiva de 2007 (H= 1,534; p= 0,674).
Os filhotes apresentaram diferenças significativas em sua freqüência
respiratória ao longo da temporada (H=11,575; p= 0,009). A média da
freqüência respiratória de filhotes em agosto (7,83±0,48) foi
significantemente maior que em outubro (5,18±0,83) e novembro
(4,83±0,76). Filhotes do mês de setembro apresentaram a maior média de
freqüência respiratória em relação a todos os outros meses da temporada
(11,97±0,47) (Figura 5). Não foi encontrada diferença significativa entre as
médias das freqüências respiratórias de filhotes apenas entre os meses de
outubro e novembro (Tabela 4).
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
Agosto Setembro Outubro Novembro
Média Freqüência Respiratória
(número de borrifos)
Figura 5. Médias das freqüências respiratórias ± Erro padrão de filhotes de baleia-
franca ao longo dos meses na temporada reprodutiva de 2007.
36
Meses
Resultados
Agosto X Setembro
p= 0,020
Agosto X Outubro
p= 0,020
Agosto X Novembro
p= 0,033
Setembro X Outubro
p= 0,014
Setembro X Novembro
p= 0,033
Outubro X Novembro
p= 0,456
Também foram avaliadas comparativamente as freqüências
respiratórias de mães e filhotes. As freqüências respiratórias dos filhotes no
mês de agosto e setembro foram significativamente maiores que as de suas
mães para todos os meses da temporada reprodutiva. Em outubro e
novembro, filhotes não apresentaram diferenças significativas de suas
freqüências respiratórias em relação às de suas mães ao longo da temporada
reprodutiva (Tabela 5; Figura 6).
Tabela 4. Comparação entre as médias das freqüências respiratórias de filhotes de
baleia-franca ao longo dos meses da temporada reprodutiva de 2007. Em negrito, valor
de p significativo.
37
Freqüência Respiratória Filhotes
Freqüência
Respiratória Mães
Agosto
Setembro
Outubro
Novembro
Agosto
p= 0,020
p=0,020
p=0,391
P=0,479
Setembro
p=0,030
p=0,020
p=0,902
P=0,723
Outubro
p=0,014
p=0,014
p=0,347
P=0,296
Novembro
p=0,033
p=0,033
p=0,456
P=0,512
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
1
Agosto Setembro Outubro Novembro
Média de freqüências
(número de borrifos)
Tabela 5. Comparação entre as médias das freqüências respiratórias de es e filhotes
de baleia-franca ao longo dos meses da temporada reprodutiva de 2007. Em negrito,
valor de p significativo.
Figura 6. Médias das freqüências respiratórias ± Erro padrão de mães e filhotes de
baleia-franca ao longo dos meses na temporada reprodutiva de 2007.
Filhote
s
Mães
38
Grau de proximidade entre mães e filhotes
Ao longo de todos os meses das temporadas reprodutivas foram
observadas diferenças significativas nos graus de proximidade entre mães e
filhotes (Agosto: H= 27,898; p< 0,001, Setembro: H= 32,068; p< 0,001,
Outubro: H= 22,337; p< 0,001, Novembro: H= 25,529; p< 0,001).
Em agosto, as freqüências dos graus 0 e 1 (Grau 0: 0; Grau 1:
0,84± 0,10) foram significativamente maiores que as freqüências dos graus
2 e 3 (Grau 2: 0,23± 0,12; Grau 3: 0,07± 0,07). No mês de setembro, as
freqüências dos graus 0 e 1 (Grau 0 e 1: 0) foram maiores que as do
grau 2 (0,5± 0,14). Ainda neste mês, o grau 3 não foi observado. Para o
mês de outubro, o grau 0 (1± 0) apresentou freqüência maior que os graus 2
e 3 (Grau 2: 0,57± 0,11; Grau 3: 0,42± 0,11). O grau 1 no mês de outubro
(0,94± 0,52) foi significativamente maior que o grau 3 (0,42±0,11). Em
novembro, o grau 3 (0,125± 0,125) foi significativamente menor que os
graus 0,1 e 2 (Graus 0,1 e 2: 1±0) (Figura 7; Tabela 6).
0
0.2
0.4
0.6
0.8
1
1.2
Agosto Setembro Outubro Novembro
Grau de Proximidade
Freqüências
Grau 0
Grau 1
Grau 2
Grau 3
Figura 7. Freqüências dos graus de proximidade± Erro padrão entre mães e filhotes
de baleia-franca ao longo dos meses nas temporadas reprodutivas de 2006 e 2007.
39
Meses
Agosto Setembro Outubro Novembro
Grau0 x Grau1
0,505
1,000
0,781
1,000
Grau0 x Grau2
< 0,001
0,037
0,026
1,000
Grau0 x Grau3
< 0,001
NC
0,002
0,003
Grau1 x Grau2
0,007
0,037
0,052
1,000
Grau1 x Grau3
< 0,001
NC
0,005
0,003
Grau2 x Grau3
0,505
NC
0,405
0,003
Tabela 6. Comparações entre as freqüências dos graus de proximidade entre mães e
filhotes de baleia-franca ao longo dos meses na temporada reprodutiva de 2006 e
2007. Em negrito, valor de p significativo. NC= Não Calculado
40
Relação entre tamanho de filhotes e comportamentos
O tamanho dos filhotes mostrou influência nas freqüências de
exposições (H=9,0005; p=0,011) e comportamentos aéreos (H=6,8227;
p=0,033). Filhotes considerados de tamanho 2 apresentaram médias de
exposição maiores que filhotes de tamanho 1 (Z=2,6539; p=0,008) e de
tamanho 3 (Z= 2,0706; p=0,038). Filhotes de tamanho 1 realizaram menos
comportamentos aéreos que os de tamanho 2 (Z=2,1943; p=0,028) e de
tamanho 3 (Z=2,3452; p=0,019). Filhotes de tamanho 3 não realizaram
deslocamentos rápidos (Figura 8).
As mães mostraram semelhante padrão comportamental de seus
filhotes para exposições (H= 6,7695; p= 0,033). Mães de filhotes de
tamanho 2 tiveram maiores médias de exposições em relação à mães de
filhotes com tamanho 1 (Z= 2,0115; p= 0,044) e com tamanho 3 (Z=
2,3302; p= 0,0198). Mães de filhotes de tamanho 3 não apresentaram
deslocamentos rápidos e comportamentos aéreos (Figura 9).
41
0
1
2
3
4
5
6
7
8
DL DR R CA E
Categorias Comportamentais
Médias
tamanho 1
tamanho 2
tamanho 3
0
1
2
3
4
5
6
7
8
DL DR R CA E
Categorias Comportamentais
Médias
tamanho 1
tamanho 2
tamanho 3
Figura 8. Médias± Erro padrão dos comportamentos realizados por filhotes de
baleia-franca de três diferentes tamanhos ao longo da temporada reprodutiva de
2006 e 2007 no litoral catarinense.
*
Média significativamente diferente da
categoria. DL=Deslocamento lento; DR= Deslocamento rápido; R= Repouso; CA=
Comportamento aéreo; E= Exposição.
Figura 9. Médias± Erro padrão dos comportamentos realizados por mães de filhotes de
baleia-franca de três diferentes tamanhos ao longo da temporada reprodutiva de 2006 e
2007 no litoral catarinense.
*
Média significativamente maior da categoria.
DL=Deslocamento lento; DR= Deslocamento rápido; R= Repouso; CA=
Comportamento aéreo; E= Exposição.
*
*
*
42
DISCUSSÃO
Repertório comportamental de mães e filhotes
Definir padrões comportamentais de cetáceos é difícil, pois esses
animais passam grande parte de sua vida submersos, exigindo dos
pesquisadores cautela em suas suposições (Whitehead & Dufault, 1999).
Entretanto, conhecer o repertório comportamental das espécies é de
extrema importância para a compreensão de sua ecologia populacional e
estrutura social (Krasnova et al., 2006).
Em baleias-franca, embora mães e filhotes tenham apresentado
semelhantes repertórios comportamentais ao longo das temporadas
reprodutivas, a expressão dos comportamentos de cada um variou
diferentemente ao longo dos meses.
Foi observado que para mães, repousos e deslocamentos lentos
prevaleceram ao longo de todos os meses da temporada reprodutiva. Essas
duas categorias comportamentais desprendem pouca energia na sua
execução, essencial para minimizar o gasto energético das mães, o qual é
elevado durante o nascimento, amamentação e cuidado do filhote (Hui,
1987). Padrões semelhantes foram vistos por Thomas & Taber (1984), para
baleias-franca na Península de Valdez e Mann & Smuts (1999), em
Tursiops sp. em Shark Bay, Austrália. Comportamentos considerados de
alto custo energético como deslocamentos rápidos e comportamentos
aéreos foram pouco observados. Supõe-se que, como as mães precisam
realizar atividades de alto gasto energético (parir, amamentar e cuidar de
seu filhote), e ainda, em torno de quatro meses precisam retornar através de
longa migração para áreas de alimentação, elas procuram minimizar ao
máximo seu gasto de energia (Whitehead & Payne, 1981). No presente
trabalho, foram observados maiores registros de repouso de mães em
43
relação aos filhotes, elucidando sua necessidade de minimizar a perda de
energia. Ainda com o mesmo objetivo, mães selecionam áreas com
condições ambientais favoráveis à manutenção energética para sua
permanência com o filhote ao longo da temporada reprodutiva guas
costeiras calmas e de baixa profundidade, protegidas de ventos e do mar
aberto com substratos arenosos) (Elwen & Best, 2004).
Os filhotes apresentaram freqüências muito semelhantes para
exposições, comportamentos aéreos, deslocamentos lentos e repousos ao
longo da temporada reprodutiva.
Filhotes de baleias-franca têm aproximadamente quatro meses após
seu nascimento para estarem prontos para a migração até as áreas de
alimentação. Isso inclui adquirir eficiente camada de gordura, fortalecer sua
musculatura, melhorar sua resistência, desenvolver a coordenação e aptidão
motora através de seu repertório comportamental (Taber & Thomas, 1982;
Thomas & Taber, 1984; Payne, 1986; Payne et al., 1991). Embora os
filhotes alimentem-se de leite materno, aparentemente sempre disponível
por suas mães, eles precisam utilizar sua energia de forma racional, que não
venha a comprometer suas habilidades em atividades vitais e na sua
migração. Exposições e comportamentos aéreos o considerados
comportamentos de ocorrência instantânea (Altmann, 1974), e na maioria
das vezes são formas de comunicação não vocal entre indivíduos dentro de
um contexto motivacional ou intencional, embora as razões ainda sejam
pouco claras (Lusseau, 2006). Acredita-se que no caso de filhotes de
baleias-franca exposições e comportamentos aéreos tenham diferentes
significados fisiológicos e/ou sociais dependendo do período em que são
realizados. Em agosto, os filhotes precisam estar em constante movimento,
pois não tem perfeita capacidade de flutuação (Scoresby, 1820; Taylor &
Saayman, 1972), e possuem uma baixa eficiência respiratória. Portanto,
como observado por Thomas & Taber (1984), os filhotes foram vistos
44
em comportamentos bruscos e sem coordenação, expondo cauda e
principalmente peitorais, refletindo sua dificuldade para retornar e
manterem-se na superfície. A pouca freqüência de comportamentos aéreos
neste mês elucida a baixa eficiência respiratória e necessidade de
fortalecimento de seus músculos para realização dessa atividade.
Em setembro e outubro, é possível supor que além de implicações
fisiológicas (fortalecimento da musculatura, aptidão motora e ganho de
resistência), esses comportamentos tenham um contexto social. Dentre eles,
respostas aos impedimentos de amamentação impostos pela mãe assim
como uma forma de manter contato e chamar atenção da mesma (Thomas
& Taber, 1984; Payne, 1995; Groch, 2000).
Deslocamentos lentos foram observados em expressivas freqüências
ao longo de toda temporada reprodutiva, comprovando a importância dessa
categoria no repertório comportamental de filhotes, auxiliando em suas
questões fisiológicas e adaptativas mencionadas (Taber e Thomas, 1982;
Payne, 1995). No mês de novembro deslocamentos lentos foram bastante
observados nas atividades dos filhotes. Sabe-se que neste mês, mães e
filhotes iniciam seu retorno para as altas latitudes, sujeitando o filhote a
reservar energias para o processo migratório.
Atualmente é bem conhecida a necessidade de descanso e sono como
uma função vital em mamíferos e outros animais (Lyamin et al., 2007).
Todos mamíferos terrestres estudados exibem logo após o nascimento,
mínimas atividades em contraste a longos períodos de sono, sendo que este
vai diminuindo com a maturidade (Lyamin et al., 2005). Cetáceos opõem-
se a esta regra: neonatos são altamente ativos imediatamente após o
nascimento, e suas mães tamm apresentam poucos sinais de sono em até
três semanas após o parto (Siegel, 2005; Lyamin et al., 2007). Alguns
autores acreditam que filhotes têm habilidade de permanecerem ativos logo
após o nascimento, pois é um comportamento que vai favorecê-los no
45
sentido de manter sua temperatura corporal até adquirir camada de gordura
suficiente, desenvolver atividade motora e evitar predação (Lyamin et al.,
2007).
Embora a maioria dos estudos envolvendo processos do sono em
cetáceos seja realizada em cativeiro (Yang et al., 2001; Gnone et al., 2006;
Lyamin et al., 2007), acredita-se que, resumidamente, cetáceos podem
apresentar três comportamentos considerados de sono: dormir enquanto
deslocam vagarosamente próximo à superfície; enquanto estão inquietos na
superfície, em movimentos definidos como “solavancos”; e também através
de longos mergulhos (Lyamin et al., 2000, Siegel, 2005; Lyamin et al.,
2007; Miller et al., 2008).
Alguns dos comportamentos caracterizados como sendo de sono em
cetáceos foram cogitados no presente estudo. Embora cetáceos sejam muito
menos dependentes do sono, sabe-se que este tem um papel importante nos
seus processos fisiológicos (Miller et al., 2008). Deslocamentos lentos,
também característicos de sono, foram realizados em maior parte pelas
mães de baleias-franca em relação aos seus filhotes. Como descrito, o
sono em cetáceos aumenta com a maturação dos animais e neonatos
dormem menos que suas mães, sendo que esses resultados refletem essa
característica do grupo.
Imitação do comportamento das mães pelos filhotes
Os comportamentos mais freqüentemente imitados pelos filhotes de
baleia-franca foram deslocamentos lentos e repousos. É muito importante
para o filhote a proximidade de sua mãe, e, sabe-se também que o
comportamento dos filhotes em seguirem suas mães é comum entre os
mamíferos (Lent, 1974). É possível que a imitação dessas duas categorias
46
de comportamentos reflita a necessidade do filhote em permanecer junto de
sua mãe. Além disso, a imitação desses comportamentos nos meses de
outubro e novembro provavelmente deve também fazer parte do início do
importante processo de aprendizagem dos filhotes para a migração às áreas
de alimentação, como já descrito anteriormente.
Levando em consideração a temporada reprodutiva, os meses de
outubro e novembro apresentaram maior porcentagem de imitação pelo
filhote. Considerando que a maioria dos filhotes nascem em agosto (Best,
1993; Payne, 1995; Groch, 2005), neste mês e em setembro, os filhotes
ainda precisam desenvolver sua resistência respiratória, coordenar seus
movimentos e fortalecer sua musculatura, sendo difícil acompanhar os
comportamentos de suas mães. nos meses de outubro e novembro os
filhotes já adquiriram grande coordenação e aptidão motora, sendo possível
imitar os comportamentos de suas mãe (Taber & Thomas, 1982).
A importância dos processos de imitação na evolução
comportamental em cetáceos associados à possibilidade de existência de
cultura neste grupo vem sendo estudada (Rendell & Whitehead, 2001;
Whitehead et al., 2004). As determinações das imitações comportamentais
podem ser genéticas, fisiológicas, ecológicas e, no seu mais alto grau de
complexidade, imitadas e aprendidas culturalmente (Rendell & Whitehead,
2001). Sabe-se da grande habilidade que filhotes de cetáceos possuem em
imitar os comportamentos de suas mães (Bauer & Harley, 2001). Alguns
autores acreditam que em jubartes, o comportamento dos filhotes
acompanharem suas mães até as áreas de alimentação e retorno às áreas
reprodutivas é imitado e então posteriormente repetido todos os anos. Esse
comportamento, embora se saiba que tenha importantes fatores genético-
fisiológicos envolvidos, já vem sendo considerado por alguns autores como
um comportamento de imitação, aprendido e repetido por toda a vida dos
47
filhotes (Katona & Beard, 1990; O’Corry- Crowe et al., 1997; Rendell &
Whitehead, 2001).
Freqüência respiratória de mães e filhotes
Ao longo da evolução, cetáceos adquiriram diversas adaptações
fisiológicas e anatômicas para seu processo respiratório (Reidenberg,
2007). A freqüência respiratória da grande maioria dos mamíferos
aquáticos é baixa quando comparadas com espécies terrestres (Mortola &
Limoges, 2006).
No presente trabalho, as freqüências respiratórias das mães
mantiveram-se as mesmas ao longo de toda temporada reprodutiva, ou seja,
seu padrão de respiração caracterizado como sendo de um adulto, não se
alterou ao longo de toda temporada.
Foi observado que para filhotes, as freqüências respiratórias dos
meses de agosto e setembro foram significativamente maiores em relação
às suas próprias freqüências de outubro e novembro e às de suas mães ao
longo de todos os meses da temporada reprodutiva. Esses resultados
corroboram com a idéia de que para muitas espécies de cetáceos, neonatos
apresentam maiores freqüências respiratórias em relação aos adultos
(Whitehead, 1996; Mann & Smuts, 1999; Noren et al., 2004; do Valle &
Vaz, 2005; Mortola & Limoges, 2006).
As análises ainda indicam que as freqüências respiratórias dos meses
de outubro e novembro dos filhotes foram semelhantes às de suas mães, ou
seja, o filhote, aproximadamente na metade da temporada reprodutiva,
apresenta freqüência respiratória similar a de um adulto. Esses resultados
sugerem que os filhotes com aproximadamente dois meses de vida
adquiriram rapidamente grande resistência respiratória, equivalente a de
48
adultos, importante para suas interações sociais. Além disso, o aumento do
tamanho de seu corpo facilita sua capacidade respiratória (Noren &
Edwards, 2007). Peddemors (1990), verificou que no 25
o
dia após o
nascimento, filhotes de Tursiops trucatus apresentaram freqüências
respiratórias semelhantes a dos adultos desta espécie.
Um outro fator importante para a respiração nos cetáceos é sua
camada de gordura, pois auxilia na capacidade de boiar, facilitando a sua
subida na superfície para respirar, minimizando tamm gastos energéticos
(Mortola & Limoges, 2006). Aproximadamente 40% do corpo das baleias-
franca é composto de gordura (Lockyer, 1991), sendo que ao longo da
temporada, através da amamentação, os filhotes adquirem camada de
gordura suficiente que além de outras funções, vai auxiliar nos processos
respiratórios.
Grau de proximidade entre mães e filhotes
A proximidade entre mães e filhotes e o comportamento dos filhotes
seguirem sua mãe, é observado na maioria dos cetáceos e assemelha-se
muito aos ungulados (Lent, 1974).
As proximidades entre mães e filhotes de baleias-franca variaram ao
longo de toda a temporada. O grau de proximidade zero, ou seja, contato
físico direto entre mães e filhotes foi observado ao longo de toda
temporada reprodutiva. Resultados semelhantes foram encontrados por
Taber & Thomas (1982), para baleias-franca na Península de Valdes,
demonstrando a importância do contato direto de mães com filhotes.
Para os meses de agosto, suposto mês de nascimento da maioria dos
filhotes (Best, 1993; Payne, 1995; Groch, 2005), foi observado que os
graus de proximidade zero e um foram muito maiores que os graus dois e
três (pouco observado). Nesse mês a dependência dos filhotes de suas mães
49
é expressiva, sendo arriscado afastar-se dela a grandes distâncias,
principalmente devido à presença de possíveis predadores. Mann & Stmuts
(1999) e Moderi (2007), observaram que para Tursiops sp., na primeira
semana após o nascimento, os filhotes não se separam de suas mães,
mantendo contato físico ao longo de todo tempo. Essa diferença de tempo e
distâncias entre mães e filhotes varia de acordo com as espécies conforme
suas necessidades fisiológicas e sociais. Acredita-se que os filhotes tenham
importantes vantagens com o forte contato com suas mães nas primeiras
semanas de vida como: proteção contra predadores (Lent, 1974; Taber e
Thomas, 1982; Ubbins et al., 1999), maior facilidade do filhote para a
amamentação (Noren & Edwards, 2007), redução nos custos energéticos
mantendo sua natação próxima à hidrodinâmica produzida pelo grande
corpo de sua mãe (Taber & Thomas, 1982; Noren & Edwards, 2007).
Foi observado que no mês de setembro as proximidades entre mães e
filhotes de baleias-franca foram muito semelhantes a agosto, sendo que o
grau três não foi registrado. Os graus dois e três são mais expressivos no
mês de outubro, porém ainda não sobressaem sobre o grau zero. Nesse mês
é evidente o aumento da independência do filhote com maiores
distanciamentos da mãe. no início do mês de novembro, os graus zero,
um e dois foram observados igualmente, sendo que o grau três torna a
diminuir. Como descrito para algumas espécies de cetáceos, espera-se
que o grau de distanciamento entre mães e filhotes aumente ao longo do
desenvolvimento do filhote (Taber & Thomas, 1982; Mann & Stmuts,
1999; Reid et al., 1995). Para baleias-franca, entretanto, foi observado que
no início de novembro, o grau de proximidade três torna a diminuir, e certa
aproximação entre mães e filhotes é retomada. Taber & Thomas (1982)
observaram semelhantes resultados na Península de Valdez, acreditando
que essa importante reaproximação tenha relação com o processo
migratório, que se inicia no referido mês.
50
Relação entre tamanho de filhotes e comportamentos
Embora não se saiba a data exata do nascimento de um filhote de
baleia-franca, apenas que a maioria deles nasce no mês de agosto (Best,
1993; Payne, 1995; Groch, 2005), utiliza-se a relação de tamanho dos
filhotes em comparação ao tamanho de suas mães como base para
rudimentares estimativas de idade (Taber & Thomas, 1982).
Foram encontradas diferenças significativas entre os tamanhos dos
filhotes para as categorias “exposição” e “comportamento aéreo”. Filhotes
de tamanho dois apresentaram maiores médias de exposições em relação
aos outros tamanhos de filhotes. Quando comparados com suas mães, o
mesmo padrão comportamental foi encontrado. Acredita-se que o estágio
dois compreenda filhotes entre dois e três meses de idade (possivelmente
entre meados dos meses de setembro e outubro), período onde os filhotes já
apresentam maior eficiência respiratória, sendo que conseguem submergir
por mais tempo, aumentando sua capacidade de amamentação (Taber &
Thomas, 1982; Thomas & Taber, 1984). Entretanto, muitas vezes as mães
evitam a amamentação, rolando na superfície, nadando em maior
velocidade, expondo as peitorais e ficando muito tempo com o ventre
exposto. Em resposta a esse comportamento, filhotes sobem no ventre e
dorso de sua mãe, rolam na superfície e expõe a cabeça e as peitorais
(Payne, 1995; Groch, 2000), aumentando suas freqüências de exposições.
Além disso, conforme citado anteriormente, outubro é o mês com maior
imitação de comportamento das mães por seus filhotes, e a categoria
“exposição” é a segunda mais imitada, sendo que esses resultados podem
estar refletindo essa característica.
Filhotes de tamanho um apresentaram ainda menores médias de
comportamentos aéreos em relação aos filhotes de outros tamanhos.
Segundo Taber & Thomas (1982), filhotes recém-nascidos até 3 semanas
51
de vida são considerados de tamanho um. A baixa freqüência de
comportamentos aéreos observados em filhotes deste tamanho, evidencia a
necessidade ainda de desenvolvimento de características fisiológicas e
anatômicas (fortalecimento de musculatura, coordenação e aptidão motora,
aumento da eficiência respiratória), que permitam que os filhotes realizem
tais comportamentos de alto custo energético (Taber & Thomas, 1982;
Thomas & Taber, 1984).
52
CONCLUSÕES
Ao longo de toda temporada reprodutiva, as médias de
comportamentos mais observadas para mães foram repouso e
deslocamentos lentos;
Filhotes apresentaram semelhantes médias de repousos,
deslocamentos lentos, comportamentos aéreos e exposições ao longo
da temporada reprodutiva, com exceção para agosto, o qual as
médias dos comportamentos aéreos foram menores em relação às
outras categorias comportamentais;
As categorias comportamentais com maiores freqüências de
imitação dos filhotes foram deslocamento lento e repouso, sendo
outubro o mês com maior porcentagem de imitação do
comportamento das mães pelos filhotes;
As freqüências respiratórias das mães não diferiram ao longo dos
meses da temporada reprodutiva de 2007;
Filhotes no mês de setembro apresentaram a maior média de
freqüência respiratória em relação a todos os outros meses da
temporada;
As freqüências respiratórias dos filhotes no mês de agosto e
setembro foram maiores que as de suas mães para todos os meses da
temporada reprodutiva. Em outubro e novembro, filhotes não
apresentaram diferenças significantes de suas freqüências
respiratórias em relação às de suas mães;
Ao longo de todos os meses da temporada reprodutiva foi observada
alta freqüência dos graus de proximidade 0 e 1 entre mães e filhotes;
O grau de proximidade 3 não foi observado no mês de setembro;
53
Filhotes de tamanho 2 e suas mães apresentaram as maiores médias
de exposição;
Filhotes de tamanho 1 realizaram menos comportamentos aéreos que
os de tamanho 2 e de tamanho 3.
54
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67
CAPÍTULO 2
RESPOSTAS COMPORTAMENTAIS DE MÃES E FILHOTES DE
BALEIAS-FRANCA (Eubalaena australis) FRENTE A
EMBARCAÇÕES DE TURISMO DE OBSERVAÇÃO DE BALEIAS.
68
RESUMO
As embarcações de turismo de observação de baleias (TOB) podem
despertar diferentes respostas comportamentais dos animais. Alterações nos
orçamentos comportamentais podem apresentar importantes informações
sobre a significância biológica do impacto da atividade na população. O
presente estudo teve como objetivo estudar as respostas comportamentais
de mães e filhotes de baleias-franca frente à embarcação de TOB. Foram
realizadas 38 saídas para TOB, que resultaram em 24 horas de observações
focais ao longo de 88 aproximações a pares de mães e filhotes na
temporada reprodutiva de 2006 em Santa Catarina. Foi observado que
filhotes de diferentes tamanhos acompanhados de suas mães aproximam-se
da embarcação de TOB, entretanto, com o aumento do tamanho do filhote,
também aumentam as aproximações. Estes resultados refletem que a
curiosidade exploratória dos filhotes aumenta com seu aumento de idade. A
maioria dos comportamentos de mães e filhotes foram observados com
maiores freqüências nos primeiros 10 minutos de permanência do barco
com os animais. Nesse tempo, foram observados de ambos as maiores
freqüências de exposições peitorais, caudal e periscópios. Esses
comportamentos podem estar sendo exibidos em relação à embarcação
como forma de aviso sobre sua presença.
M
ães e filhotes exibem maiores
quantidades de eventos comportamentais à medida que ficam mais
próximos da embarcação. Para mães, a exibição de comportamentos foi
mais observada entre 1 e 10 metros de distância da embarcação; filhotes, a
20 metros exibem uma grande quantidade de eventos comportamentais.
Mães e filhotes apresentaram batidas de nadadeira caudal somente a 5
metros de distância da embarcação. Esse comportamento associado à
proximidade da distância da embarcação pode estar relacionado a sinais
agonísticos frente à presença da embarcação.
Palavras-chave: Eubalaena australis, turismo de observação de baleias,
respostas comportamentais, distâncias.
69
ABSTRACT
The whales show different behaviors to whale watching boats
approaches. These behaviors are important biological events that help to
understand the impact of the whale watching activity on the populations.
This study examined the behaviors displayed by right whales mother and
calves to whale watching. Were made 38 cruises in 2006, resulting in 88
whale watching approaches at breeding season in Santa Catarina. Calves
with different sizes approached to whale watching boats, but their
interesting increase with the age, showing that the curiosity increase too.
The most mother and calf behavior was seen at the first 10 minutes of the
approach, where they displayed spy hopes and pectoral and tail expositions.
They must display these behaviors like an advice to the boat approach.
Mother and calf display more tail slap when they get about 5 meters the
boat. This behavior is related with agonistics signals to the whale watching
boats.
Keywords: Eubalaena australis, whale watching, behaviors events,
approaches.
70
INTRODUÇÃO
Populações de baleias-franca foram alvo de exploração comercial
por aproximadamente dois séculos. Embora a proteção internacional tenha
ocorrido em 1935, operações continuaram em diversas regiões (Palazzo &
Carter, 1983; Tormosov et al.,1998; Baker & Clapham, 2004). A população
de baleias-franca da costa brasileira foi caçada até 1973, quando a espécie
pareceu ausente das águas brasileiras (Palazzo & Carter, 1983). No início
da década de 80, pares de mães e filhotes, principalmente de baleias-franca
começaram a ser reavistados no litoral sul brasileiro (Simões-Lopes et al.,
1992).
Com o reaparecimento da população de baleias-franca no Brasil,
esforços de pesquisa e conservação da espécie através de meios não letais
ganharam força. Paralelamente aos trabalhos de conservação, surgiu em
1999 o turismo de observação de baleias (TOB) com baleias-franca em
Santa Catarina (Palazzo, 1999).
As primeiras atividades de TOB, ainda em pequena escala,
aconteceram na Califórnia por volta de 1950 (Garrod & Fennel, 2004).
Atualmente o turismo de observação de baleias existe em pelo menos 492
comunidades de 87 países (Hoyt, 2000; Carlson, 2007), sob as legislações
pertinentes a cada região e espécie.
Hoje no Brasil o TOB está estabelecido em algumas regiões ao longo
do litoral, tendo reconhecimento econômico e social pelo governo
brasileiro, que percebeu a necessidade de regulamentar essa atividade para
que ela fosse sustentável e que os impactos em cetáceos fossem
minimizados (Palazzo, 1999). Para estabelecimento das normas, foi
promulgada em 1996 a Portaria 117, alterada posteriormente em 2002
(Brasil, 2008). Essa Portaria estabelece normas quanto às aproximões das
71
embarcações, produção de ruídos, tempo de permanência com os animais,
fornecimento de informações educacionais, além de outras
regulamentações importantes para a realização da atividade.
Em Santa Catarina, o TOB é realizado dentro dos domínios da Área
de Proteção Ambiental da Baleia-franca, unidade de conservação
estabelecida em 2000 através de Decreto Federal do Ministério do Meio
Ambiente, que tem como objetivo proteger em águas brasileiras a baleia-
franca-austral e garantir o uso racional dos recursos naturais da região
(Brasil, 2008). Em 2006, foi decretada a Normativa 102, que delimitou seis
baías nos municípios de Garopaba e Imbituba onde as atividades de TOB
são proibidas. Essas áreas ficaram definidas como áreas de refúgios para a
baleia-franca, assegurando a ausência de qualquer atividade motorizada.
As embarcações de turismo de observação de baleias podem
despertar diferentes respostas comportamentais: os animais podem evitar a
aproximação, ficar indiferentes à mesma, e até mesmo interessar-se por ela
(Lundquist, 2007). Alguns estudos sobre impactos do TOB em cetáceos
mostraram que eles podem mudar seus padrões de deslocamento, aumentar
sua velocidade de natação e alterar suas freqüências respiratórias (Williams
et al., 2002). A importância biológica destas mudanças precisa ser
estabelecida. Alterações nos orçamentos comportamentais (diretamente
relacionado com o orçamento energético), podem apresentar importantes
informações sobre a significância biológica do impacto da atividade na
população (Lusseau, 2004).
Groch (2005), não observou claras evidências de distúrbios
imediatos de baleias-franca em relação a embarcações de TOB em Santa
Catarina, entretanto estudos a longo prazo de respostas comportamentais
dos animais precisam ser conduzidos para que as implicâncias biológicas
causadas por essa atividade possam ser entendidas (Lusseau, 2004).
72
O presente estudo teve como objetivo verificar o interesse dos
animais na aproximação da embarcação, a relação do tempo de
permanência das embarcações junto aos animais com suas respostas
comportamentais e a influência das diferentes distâncias entre o barco e os
animais nos seus comportamentos.
73
METODOLOGIA
Caracterização da área de estudo
O litoral de Santa Catarina possui 670 quilômetros e estende-se da
Ilha Saí-guaçú (Itapoá; 25º58’37”S 48º35’24”W) com divisa Nordeste
com o Estado do Paraná, seguindo até a Foz do Rio Mampituba (Passos de
Torres; 29º18’18”S 49º42’02”W) como limite Sudeste com o Rio Grande
do Sul (Cruz, 1998). É formado por um relevo recortado com baías,
enseadas, manguezais, lagunas, mais de quinhentas praias além de 6 (seis)
Unidades de Conservação.
A área de estudo pertence ao litoral centro-sul de Santa Catarina, e
está inserida na Área de Proteção Ambiental da Baleia Franca (APA da
Baleia Franca), uma Unidade de Conservação estabelecida em 2000 através
de Decreto Federal do Ministério do Meio Ambiente. Sua área se estende
do sul da Ilha de Florianópolis (27º25’ S, 48º30’ W) à Praia do Rincão
(28º42’ S, 49º16’ W) (Brasil, 2008).
A APA da Baleia Franca foi criada com o objetivo principal de
proteger a baleia-franca em sua principal área de reprodução e cria de
filhotes no Brasil. A atividade mais diretamente relacionada com esses
animais é o turismo de observações de baleias, que através de cruzeiros
turísticos aproxima e permanece certo tempo com as baleias. A fiscalização
dessa atividade também cabe à APA da Baleia Franca, que através de
legislações visa regulamentar o TOB na região.
Como forma de envolver a comunidade nos assuntos da região, foi
criado em 2006, o conselho gestor da APA da Baleia Franca, que junto com
o órgão ambiental fiscalizador, aponta os problemas da região e propõe
soluções. Esse conselho é composto por diferentes esferas da comunidade
74
pertencente à APA da Baleia Franca, e visa à integração de idéias e busca
de soluções para as diferentes questões ambientais da região.
A porção central da APA da Baleia Franca compreende os
municípios de Garopaba, composto por 7 praias; e Imbituba, composto por
8 praias. Essas praias são formadas por pequenas baías arenosas que
alcançam entre 1,5Km e 5Km de comprimento. São baías separadas por
costões rochosos, protegidas do vento, que possuem um grande declive
acentuado em pelo menos um dos seus lados (Carvalho, 1994). As duas
cidades são as mais exploradas para o turismo de observação de baleias
devido a grande concentração de baleias nessa região.
Alguns conflitos como intensa pressão antrópica através de
especulação imobiliária, atividade de turismo (incluindo o turismo de
observação de baleias), pesca, práticas de esportes aquáticos, tráfego de
pequenas embarcações, além do crescente tráfego do Porto de Imbituba são
alvos de discussão na região (Klein et al., 2002).
Coleta de dados
Os dados foram coletados a partir da embarcação “Baleia Franca”,
um bote inflável com fundo rígido de 9 metros, próprio para turismo de
observação de baleias equipada com dois motores de 90HP. A cada
cruzeiro, um observador utilizava a embarcação como plataforma de
oportunidade para coleta de dados. Além disso, o observador verificava o
cumprimento da Legislação de Turismo de Observação de Baleias para o
Brasil (Portaria 117, de 26 de dezembro de 1996; Alterada pela Portaria
nº 24, de 08 de fevereiro de 2002).
Os cruzeiros turísticos foram realizados ao longo de toda temporada
de 2006 (agosto a novembro), nas praias de Garopaba: Guarda, Siriú e
Ferrugem; e nas praias de Imbituba: Rosa, Ibiraquera e Porto. A escolha da
75
praia se dava pela presença de animais na baía mais próxima do ponto de
saída da embarcação.
A plataforma para a coleta de dados ficava no alto da embarcação
(2m acima da linha do mar), onde o método de observação utilizado foi
animal focal (Altmann, 1974; Lehner, 1996; Mann, 1999). Os dados foram
coletados a partir do momento em que os motores eram desligados. Os
registros cessavam assim que os motores eram religados e a aproximação
era considerada finalizada.
O observador trabalhava com uma planilha previamente elaborada
contendo campos de preenchimento para eventos comportamentais, tempo
de aproximação (entre 1 e 25 minutos) e distância dos animais em relação
ao barco (entre 1m e 100m). O tempo de aproximação foi categorizado a
cada cinco minutos. As distâncias analisadas foram: 5 metros, 10 metros,
20 metros, 30 metros, 40 metros, 50 metros e 100 metros.
Dados de aproximação dos animais à embarcação foram
considerados efetivos quando os mesmos realizavam evidente
deslocamento em relação ao barco após o desligamento dos motores. Esse
comportamento apenas foi considerado quando a natação era caracterizada
pela locomoção dos indivíduos linearmente na superfície em direção à
embarcação.
Os trabalhos de estimativas de distância foram realizados com o
objetivo de verificar se existiam diferenças nas estimações de distâncias de
cada observador. A bordo da embarcação Baleia Franca”, todos
observadores foram expostos a cinco diferentes distâncias por eles
desconhecidas. As distâncias foram demarcadas individualmente com uma
bóia de fácil visualização. As medidas correspondiam às seguintes
distâncias em relação à embarcação: 1 metro, 5 metros, 20 metros, 50
metros, 70 metros e 100 metros. Sem qualquer comunicação entre eles, os
76
observadores então registraram suas interpretações de distâncias da
embarcação em relação à bóia.
Todos observadores foram capacitados para a coleta de dados
objetivando minimizar as diferenças nas observações.
Definições
Filhote: Indivíduo nascido na temporada em andamento, que se mantém
bem próximo e em constante associação com um adulto (presumivelmente
sua mãe).
Temporada reprodutiva: Período compreendido entre julho e novembro
quando a espécie utiliza o litoral catarinense como área de reprodução e
cria de filhotes.
Grupo: Associação entre um filhote e sua mãe.
Eventos comportamentais: Comportamentos de ocorrência instantânea
(Altmann, 1974).
a) Batida de cauda: Indivíduo bate com sua nadadeira caudal contra a
superfície da água.
b) Batida de peitoral: Indivíduo bate com sua nadadeira peitoral contra a
superfície da água.
c) Salto: Indivíduo projeta grande parte de seu corpo para fora da água.
77
d) Periscópio: Indivíduo expõe sua cabeça em um ângulo superior a 70
o
em
relação à superfície da água.
e) Exposição de cauda: Indivíduo expõe sua nadadeira caudal.
f) Exposição de cabeça: Indivíduo expõe a cabeça em um ângulo inferior a
70
o
em relação à superfície da água.
g) Exposição peitoral: Indivíduo expõe a nadadeira peitoral com o corpo
posicionado lateralmente.
h) Exposição ventral: Indivíduo expõe o ventre em direção à superfície da
água.
Tamanhos dos filhotes:
a) Tamanho 1: Filhote tem menos de ¼ do tamanho de sua mãe;
b) Tamanho 2: Filhote tem entre ¼ e metade do tamanho de sua mãe;
c) Tamanho 3: Filhote tem metade ou mais do tamanho de sua mãe.
Os tamanhos dos filhotes foram classificados conforme Taber e Thomas,
1982.
78
Análise de dados
Aproximações de mães e filhotes a embarcação de turismo de observações
de baleias
Cálculos de porcentagens de aproximações dos grupos à embarcação
de turismo foram feitos relacionando os tamanhos dos filhotes com sua
efetiva aproximação intencional ao barco.
Comportamento de mães e filhotes nos diferentes tempos de aproximação
da embarcação de turismo de observação de baleias
Para a caracterização quantitativa de cada categoria comportamental
de mães e filhotes, os dados coletados foram relativizados conforme o
número de grupos de animais observados ao longo dos diferentes intervalos
de tempo:
Freqüências:
ΣC
it
ΣN
t
onde: Ci = Comportamento i
t= Tempo t
N= número de grupos observados
O teste de Kruskal-Wallis foi utilizado para verificar se existiam
diferenças nos comportamentos individuais de mães e filhotes nos
diferentes tempos de permanência da embarcação próxima aos grupos. O
teste de Mann-Whitney foi empregado para verificar diferenças entre os
comportamentos de mães e filhotes ao longo dos diferentes tempos de
79
aproximação da embarcação. As categorias comportamentais “batidas de
cauda” e “saltos” não foram comparadas, pois foram observadas em apenas
um dos intervalos de tempo estudados para mãe e/ou filhote.
Comportamento de mães e filhotes em diferentes distâncias da embarcação
de turismo de observação de baleias
Para a caracterização quantitativa de cada categoria comportamental
de mães e filhotes, os dados coletados foram relativizados conforme o
número de grupos de animais observados ao longo das diferentes distâncias
estudadas:
Freqüências:
ΣC
id
ΣN
t
onde: Ci = Comportamento i
d= Distância d
N= número de grupos observados
O teste de Mann-Whitney foi empregado para verificar se houve
diferenças entre os comportamentos de mães e filhotes ao longo das
distâncias dos grupos às embarcações. As categorias comportamentais
“exposições de cabeça” e “batidas de cauda” não foram comparadas, pois
foram observadas em apenas um dos intervalos de distância estudados para
mãe e/ou filhote.
80
Estimativas de distâncias dos observadores
A análise de Qui-quadrado foi utilizada para verificar se existiam
diferenças entre as distâncias estimadas pelos observadores e os valores
reais das distâncias. O teste de Kruskal-Wallis avaliou se existiam
diferenças nas estimativas entre os observadores. A correlação entre as
médias dos erros dos observadores e as distâncias a serem estimadas foi
determinada pelo coeficiente de Spearman.
Os testes estatísticos foram realizados no programa Biostat 3.0 (Ayres et
al., 2003). Para todos os testes adotou-se o nível de significância de 5%.
81
RESULTADOS
Foram realizadas 38 saídas para turismo de observação de baleias,
distribuídas em 30 dias ao longo dos meses da temporada reprodutiva de
2006. As saídas de campo resultaram em 24 horas de observações ao longo
de 88 aproximações a pares de mães e filhotes considerados distintos.
Aproximações de mães e filhotes a embarcação de turismo de
observações de baleias
Filhotes de todos os tamanhos acompanhados de suas mães
aproximaram-se da embarcação de turismo de observação de baleias. Foi
registrado que 50% (n=3) dos filhotes tamanho um aproximaram-se da
embarcação. Para filhotes de tamanho 2, observou-se 53% (n=29) de
aproximação. Filhotes com tamanho 3, também demonstraram interesse nas
embarcações, sendo que 64% (n=16) aproximaram-se das mesmas (Figura
1).
0
5
10
15
20
25
30
35
Tamanho 1 Tamanho 2 Tamanho 3
Aproximações (n)
Aproximaram
o aproximaram
Figura 1. Número de aproximações de filhotes a embarcação de turismo de
observação de baleias conforme seu tamanho em relação às mães na temporada
reprodutiva de 2006.
82
Comportamento de mães e filhotes nos diferentes tempos de aproximação
da embarcação de turismo de observação de baleias
Não foram encontradas diferenças significativas entre as freqüências
das categorias comportamentais individuais de mães (H=9,043; p=0,249) e
filhotes (H=9,668; p=0,208) frente aos diferentes tempos de aproximação
das embarcações de turismo ao longo da temporada reprodutiva de 2006.
A maioria dos comportamentos realizados pelas mães foram mais
freqüentes entre 6 e 10 minutos de observação (Exposição de cauda: 0,23;
Exposição de cabeça: 0,08; Exposição de peitoral: 0,32; Exposição de
ventre: 0,14; Salto: 0,08; Periscópio: 0,17). Batidas de cauda (0,02) foram
observados apenas no intervalo entre 6 e 10 minutos. As batidas de
peitorais (0,06) foram observadas em maior freqüência nos primeiros 5
minutos de observação. Entre 11 e 15 minutos, foram observadas apenas
exposições de ventre (0,10) e cauda (0,05) (Figura 2, 3 e 4).
Semelhante às mães, os filhotes apresentaram maiores freqüências de
comportamentos entre 6 e 10 minutos de observação (Exposição de cauda:
0,20; Exposição de peitoral: 0,26; Exposição de ventre: 0,58; Batida de
peitoral: 0,20; Periscópio: 0,20). Saltos (0,20) foram apenas observados no
intervalo entre 6 e 10 minutos. Exposições de cabeça (0,1) foram
registradas mais freqüentemente nos primeiros cinco minutos, e batidas de
cauda (0,05) entre 11 e 15 minutos de observação (Figura 5, 6 e 7).
Quando os comportamentos entre mães e filhotes foram comparados,
nenhuma diferença significativa foi encontrada (Tabela 1). Não foram
registrados quaisquer comportamentos entre 16 e 25 minutos de
monitoramento, sendo que este último foi o tempo máximo de coleta de
dados comportamentais de mães e filhotes frente à presença de
embarcações de turismo.
83
0
0.05
0.1
0.15
0.2
0.25
0.3
Freqüências
1
Categorias Comportamentais
Aproximação entre 1 e 5 minutos
Ecauda
Ecaba
Epeitoral
Eventre
Bcauda
Bpeitoral
Salto
Periscópio
0
0.05
0.1
0.15
0.2
0.25
0.3
0.35
Freqüências
1
Categorias Comportamentais
Aproximação entre 6 e 10 minutos
Ecauda
Ecaba
Epeitoral
Eventre
Bcauda
Bpeitoral
Salto
Periscópio
Figura 2. Freqüências de comportamentos de mães em relação à permanência da
embarcação de TOB entre 1 e 5 minutos junto aos animais ao longo dos meses na
temporada reprodutiva de 2006.
Figura 3. Freqüências de comportamentos de mães em relação à permanência da
embarcação de TOB entre 6 e 10 minutos junto aos animais ao longo dos meses na
temporada reprodutiva de 2006.
84
0
0.02
0.04
0.06
0.08
0.1
0.12
Freqüências
1
Categorias Comportamentais
Aproximação entre 11 e 15 minutos
Ecauda
Ecaba
Epeitoral
Eventre
Bcauda
Bpeitoral
Salto
Periscópio
0
0.05
0.1
0.15
0.2
Freqüências
1
Categorias Comportamentais
Aproximação entre 1 e 5 minutos
Ecauda
Ecaba
Epeitoral
Eventre
Bcauda
Bpeitoral
Salto
Periscópio
Figura 4. Freqüências de comportamentos de mães em relação à permanência da
embarcação de TOB entre 11 e 15 minutos junto aos animais ao longo dos meses na
temporada reprodutiva de 2006.
Figura 5. Freqüências de comportamentos de filhotes em relação à permanência da
embarcação de TOB entre 1 e 5 minutos junto aos animais ao longo dos meses na
temporada reprodutiva de 2006.
85
0
0.05
0.1
0.15
0.2
0.25
0.3
Freqüências
1
Categorias Comportamentais
Aproximação entre 6 e 10 minutos
Ecauda
Ecaba
Epeitoral
Eventre
Bcauda
Bpeitoral
Salto
Periscópio
0
0.05
0.1
0.15
0.2
0.25
Freqüências
1
Categorias Comportamentais
Aproximação entre 11 e 15 minutos
Ecauda
Ecaba
Epeitoral
Eventre
Bcauda
Bpeitoral
Salto
Periscópio
Figura 6. Freqüências de comportamentos de filhotes em relação à permanência da
embarcação de TOB entre 6 e 10 minutos junto aos animais ao longo dos meses na
temporada reprodutiva de 2006.
Figura 7. Freqüências de comportamentos de filhotes em relação à permanência da
embarcação de TOB entre 11 e 15 minutos junto aos animais ao longo dos meses na
temporada reprodutiva de 2006.
86
Categorias Comportametais Resultados
Exp. Cauda Mãe X Exp. Cauda Filhote
p= 0,8345
Exp. Cabeça Mãe X Exp. Cabeça Filhote
p= 0,7540
Exp. Peitoral Mãe X Exp. Peitoral Filhote
p= 0,9168
Exp. Ventre Mãe X Exp. Ventre Filhote
p= 0,3472
Batida Cauda Mãe X Batida Cauda Filhote
NC
Batida Peit. Mãe X Batida Peit. Filhote
p= 0,5309
Salto Mãe X Salto Filhote
NC
Periscópio Mãe X Periscópio Filhote
p= 0,6761
Tabela 1. Comparações entre as categorias de comportamentos de mães e filhotes
nos diferentes tempos de aproximação da embarcação de turismo de observação de
baleias na temporada reprodutiva de 2006. As categorias de tempo foram agrupadas
para essa análise. NC= Não calculado.
87
Comportamento de mães e filhotes em diferentes distâncias da
embarcação de turismo de observação de baleias
Mães apresentaram maior freqüência de exposição de cauda (0,37) a
uma distância de 50 metros do barco, já seus filhotes realizaram esse
comportamento em maior freqüência a 100 metros da embarcação (0,25).
Enquanto que mães realizaram exposições de cabeça apenas na distância de
40 metros dos barcos (0,14), para filhotes esse comportamento foi
observado em maior freqüência (0,14) a 10 e 40 metros da embarcação.
Exposições de peitorais foram mais freqüentes para mães a 40 metros da
embarcação (0,28) e para filhotes a 40 e 20 metros (0,42). Foram
registrados maiores números de exposições de ventre para mães a 50 e 100
metros da embarcação (0,25), e para filhotes a uma distância de 20 metros
(0,14). Para mães foi observada maior freqüência de batidas de peitoral a
40 metros (0,14), para seus filhotes, a freqüência desse comportamento foi
maior a 30 metros da embarcação (0,2). Periscópios foram realizados em
freqüências maiores e iguais para mães e filhotes (0,25) a 100 metros da
embarcação, e também a 50 metros apenas para filhotes. Saltos foram
registrados em maiores freqüências a 10 metros da embarcação para mães e
filhotes (Mães= 0,14; Filhotes= 0,42). Mães e filhotes realizaram batidas de
cauda apenas na distância de 5 metros da embarcação (Mães: 0,04;
Filhotes=0,08) (Figura 8 até 15). Na comparação de comportamentos entre
mães e filhotes ao longo das diferentes distâncias, nenhuma diferença
significativa foi encontrada (Tabela 2).
88
0
0.05
0.1
0.15
0.2
0.25
0.3
0.35
0.4
Freqüências
Mães Filhotes
Exposição Cauda
5m
10m
20m
30m
40m
50m
100m
0
0.02
0.04
0.06
0.08
0.1
0.12
0.14
0.16
Freqüências
Mães Filhotes
Exposição Cabeça
5m
10m
20m
30m
40m
50m
100m
Figura 8. Freqüências de exposições de cauda de mães e filhotes de baleia-franca em
diferentes distâncias da embarcação de turismo de observação de baleias ao longo
dos meses na temporada reprodutiva de 2006.
Figura 9. Freqüências de exposições de cabeça de mães e filhotes de baleia-franca
em diferentes distâncias da embarcação de turismo de observação de baleias ao
longo dos meses na temporada reprodutiva de 2006.
89
0
0.05
0.1
0.15
0.2
0.25
0.3
0.35
0.4
0.45
Freqüências
Mães Filhotes
Exposição Peitoral
5m
10m
20m
30m
40m
50m
100m
0
0.05
0.1
0.15
0.2
0.25
Freqüências
Mães Filhotes
Exposição Ventre
5m
10m
20m
30m
40m
50m
100m
Figura 10. Freqüências de exposições de peitorais de mães e filhotes de baleia-franca
em diferentes distâncias da embarcação de turismo de observação de baleias ao
longo dos meses na temporada reprodutiva de 2006.
Figura 11. Freqüências de exposições de ventre de mães e filhotes de baleia-franca
em diferentes distâncias da embarcação de turismo de observação de baleias ao
longo dos meses na temporada reprodutiva de 2006.
90
0
0.01
0.02
0.03
0.04
0.05
0.06
0.07
0.08
0.09
Freqüências
Mães Filhotes
Batida Cauda
5m
10m
20m
30m
40m
50m
100m
0
0.02
0.04
0.06
0.08
0.1
0.12
0.14
0.16
0.18
0.2
Freqüências
Mães Filhotes
Batida Peitoral
5m
10m
20m
30m
40m
50m
100m
Figura 13. Freqüências de batidas de peitorais de mães e filhotes de baleia-franca em
diferentes distâncias da embarcação de turismo de observação de baleias ao longo
dos meses na temporada reprodutiva de 2006.
Figura 12. Freqüências de batidas de cauda de mães e filhotes de baleia-franca em
diferentes distâncias da embarcação de turismo de observação de baleias ao longo
dos meses na temporada reprodutiva de 2006.
91
0
0.05
0.1
0.15
0.2
0.25
0.3
0.35
0.4
0.45
Freqüências
Mães Filhotes
Saltos
5m
10m
20m
30m
40m
50m
100m
0
0.05
0.1
0.15
0.2
0.25
Freqüências
Mães Filhotes
Periscópio
5m
10m
20m
30m
40m
50m
100m
Figura 15. Freqüências de periscópios de es e filhotes de baleia-franca em
diferentes distâncias da embarcação de turismo de observação de baleias ao longo
dos meses na temporada reprodutiva de 2006.
Figura 14. Freqüências de saltos de mães e filhotes de baleia-franca em diferentes
distâncias da embarcação de turismo de observação de baleias ao longo dos meses
na temporada reprodutiva de 2006.
92
Categorias Comportametais Resultados
Exp. Cauda Mãe X Exp. Cauda Filhote
p=0,250
Exp. Cabeça Mãe X Exp. Cabeça Filhote
NC
Exp. Peitoral Mãe X Exp. Peitoral Filhote
p=0,565
Exp. Ventre Mãe X Exp. Ventre Filhote
p=0,224
Batida Cauda Mãe X Batida Cauda Filhote
NC
Batida Peit. Mãe X Batida Peit. Filhote
p=0,084
Salto Mãe X Salto Filhote
p=0,798
Periscópio Mãe X Periscópio Filhote
p=0,701
Tabela 2. Comparacões entre as categorias de comportamentos de mães e filhotes de
baleia-franca em diferentes distâncias da embarcação de turismo de observação de
baleias na temporada reprodutiva de 2006. NC= Não calculado.
93
Estimativas de distâncias dos observadores
Os valores estimados pelos observadores não apresentaram
diferenças significativas em relação às distâncias reais (Obs.1: X
2
=10,540 /
p=0,061; Obs.2: X
2
=3,096 / p=0,685; Obs.3: X
2
=6,468 / p=0,263; Obs.4:
X
2
=2,807 / p=0,729). Não foram verificadas diferenças entre os valores
estimados pelos observadores (H= 0,434; p= 0,933). A partir das distâncias
estimadas pelos observadores, foram calculadas as médias dos seus erros
(tabela 3). Foi observada uma forte correlação entre o erro médio nas
estimativas de distância dos observadores com o aumento da distância a ser
estimada (rs= 0,942; p= 0,004) (Figura 16).
Distâncias
reais (m)
Observ.1
(m)
Observ. 2
(m)
Observ. 3
(m)
Observ. 4
(m)
Médias erros (m)
± EP
1 5 1 1 1
1±1
5 10 5 5 5
1.25±1,25
20 30 15 10 10
8.75±1,25
50 50 30 50 50
5±5
70 80 60 40 60
15±5
100 75 95 90 80
15±4,56
Tabela 3. Valores reais das distâncias, distâncias estimadas pelos observadores e
médias de seus erros.
94
Figura 17. Correlação entre a distância a ser estimada e as médias dos erros nas
estimativas de distâncias dos observadores.
95
DISCUSSÃO
Aproximações de mães e filhotes a embarcação de turismo de
observações de baleias
Mamíferos em geral são animais curiosos que procuram analisar o
que lhe desperta interesse. A curiosidade é importante nos processos de
aprendizagem e cognição (Sachser, 2004).
As embarcações de turismo de observação de baleias podem
despertar diferentes respostas comportamentais: os animais podem evitar a
aproximação, ficar indiferentes à mesma, e até mesmo interessar-se por ela
(Lundquist, 2007).
No presente estudo, foi observado que filhotes de todos os tamanhos
acompanhados de suas mães aproximaram da embarcação. Watkins (1986)
observou que baleias minke eram curiosas e na maioria das vezes
aproximavam-se da embarcação de turismo. A porcentagem de
aproximação aumentou conforme o aumento de tamanho dos filhotes, e
conseqüente idade dos mesmos. Em Santa Catarina, o TOB com baleias-
franca acontece ao longo de todos os meses da temporada reprodutiva
(Groch, 2005), desde agosto, quando os filhotes são considerados de
tamanho um, até novembro, quando a maioria dos filhotes alcançou o
tamanho três. Logo, filhotes de tamanho três provavelmente foram
expostos ao TOB antes, podendo ter se acostumado com a embarcação.
Além disso, à medida que os filhotes crescem, eles aumentam
gradativamente sua independência e curiosidade exploratória (Rheingold,
1963). Filhotes de baleias-franca de tamanho três desenvolveram grande
resistência e muitas de suas características motoras (Taber & Thomas,
96
1982; Thomas & Taber 1984), permitindo com que as suas aproximações
sejam mais freqüentes.
No Brasil, o TOB deve seguir a Portaria 117, de 26 de dezembro
de 1996, alterada pela Portaria 24, de 08 de fevereiro de 2002 (Brasil,
2008). Dentre outras diretrizes, a lei afirma que os motores devem ser
desligados a 100 metros dos animais, e então, a maior aproximação entre
animais e embarcação além dessa distância, depende do interesse dos
animais. Em algumas vezes, o posicionamento da embarcação em relação
ao vento pode fazer com que a mesma aproxime-se dos animais. Sabe-se
que efeitos cumulativos de estresse devido a constantes distúrbios podem
reduzir a aptidão dos indivíduos (Baker & Herman, 1989). É de extrema
importância que a legislação do TOB seja seguida de forma correta, e que
uma maior aproximação seja decidida pelos animais, minimizando assim os
possíveis efeitos de estresse, que podem ser desde uma alteração em seu
comportamento até uma mudança de área de ocorrência para evitar
embarcações (Bedjer et al., 2006).
Comportamento de mães e filhotes nos diferentes tempos de aproximação
da embarcação de turismo de observação de baleias
Segundo a legislação brasileira de Turismo de Observação de Baleias:
Artigo 2
0
:
I- É vedado a embarcações que operem em águas jurisdicionais
brasileiras
:
perseguir, com motor ligado, qualquer baleia por
mais de 30 (trinta) minutos, ainda que respeitadas as
distâncias supra estipuladas.
97
II- Religar o motor antes de avistar claramente a (s) baleia (s) na
superfície ou a uma distância de, no mínimo, de 50m
(cinqüenta metros) da embarcação.
Embora a legislação não seja muito clara quanto ao tempo de
permanência com os animais, no TOB com baleias-franca em Santa
Catarina, a aproximação efetiva da embarcação aos animais é considerada a
partir do momento em que ela se encontra a 100 metros dos mesmos, e os
motores então são desligados. O tempo de permanência com os mesmos é
estipulado em no máximo 25 minutos, onde os motores são religados em
baixa rotação, somente com visualização dos animais e a no mínimo 50
metros de distância deles.
A reação de cetáceos na presença de barcos pode variar conforme
sua faixa etária ou sexo (Erbe, 2002). Respostas comportamentais frente ao
tempo de permanência da embarcação com baleias-francas mostraram
diferentes expressões das categorias comportamentais de mães e filhotes ao
longo dos tempos de aproximação. A maioria dos comportamentos para
mães e filhotes foi observada com maior freqüência nos primeiros 10
minutos de permanência do barco com os animais. Poucas categorias
comportamentais foram observadas acima de 10 minutos de aproximação.
Mamíferos em geral procuram analisar o que lhe desperta interesse,
investigando novas situações e novos objetos (Sachser, 2004). É possível
que as respostas comportamentais aconteçam logo no início da
aproximação devido à curiosidade dos animais com a presença da
embarcação.
Mães apresentaram, nos primeiros dez minutos de aproximação,
maiores freqüências de exposições peitorais, caudal e periscópios. A
exibição de comportamentos frente às embarcações pode ter diferentes
razões. Comportamentos como exposições podem ser formas de
98
comunicações não vocais intencionais entre indivíduos (Lusseau, 2006).
No caso das baleias-franca, esses comportamentos podem estar sendo
exibidos em relação à embarcação como forma de aviso sobre sua
presença. Batidas de peitoral, caudal e saltos também foram observados,
porém em baixas freqüências. Eles podem fazer parte de um outro sinal de
alerta, onde a mãe busca chamar atenção com o objetivo de proteger a si e
seu filhote, avisando sobre a sua presença. Comportamentos de aviso
semelhantes também foram observados por Lusseau (2006), em Tursiops
sp., com o objetivo de evitar um confronto direto com outros indivíduos.
Um outro comportamento expressivo verificado para mães foram
periscópios, que podem ser usados para identificar visualmente a
embarcação fora da água. Acredita-se que eles podem servir na orientação
visual, auxiliando a identificar indivíduos, objetos e orientar seus próprios
movimentos (Pryor, 1986).
Filhotes nos primeiros 10 minutos exibiram com maiores freqüências
os mesmos comportamentos de suas mães, além de exposições de cabeça,
batidas de peitoral e saltos. Acredita-se que o filhote possa estar imitando
sua mãe, ou ainda exibindo algum comportamento aprendido em algum
encontro com uma embarcação num momento anterior (Dere et al., 2006).
Exposições de cabeça podem ter sido tentativas frustradas de filhotes em
realizar periscópios que pudessem permitir uma boa visualização da
embarcação. Entretanto, por um motivo ainda não claramente
compreendido, exibiram mais batidas de peitorais e saltos que suas mães.
Sabe-se que filhotes são menos eficientes em reações de fuga, podendo
estar usando de sinais de alerta em relação à presença da embarcação com o
objetivo de intimidá-la, e possivelmente afastá-la (Lundquist, 2007).
Após 15 minutos de permanência da embarcação junto aos animais,
não foram observadas exibições comportamentais de mães e filhotes. Os
animais podem ter se habituado com a presença do barco e até mesmo
99
entender que ele não seja uma ameaça. A habituação comportamental é
considerada quando existe uma redução nas reações dos indivíduos, os
quais entendem que não existem conseqüências benéficas ou maléficas em
determinado estímulo (Bejder et al., 2006).
Watkins (1986), observou que
baleias fin em Cape Cod, acostumadas a responder agressivamente às
embarcações de TOB, se habituaram à presença das mesmas;
semelhantemente jubartes, que também respondiam de forma agressiva,
passaram a se aproximar das embarcações. Entretanto, é difícil discernir se
os animais se habituaram à atividade ou a toleram (Bedjer, 2005). Além
disso, a habituação comportamental tem uma importância ecológica muitas
vezes apenas compreendida através de estudos a longo prazo (Bejder et al.,
2006). Para baleias-franca, a exibição de comportamentos em resposta à
presença de embarcações tem um custo energético considerável, sendo
importante estudos que avaliem o efeito da atividade no balanço energético
dos animais, e o acompanhamento das respostas dos mesmos às
embarcações, para que seja feito um correto manejo da atividade.
Comportamento de mães e filhotes em diferentes distâncias da
embarcação de turismo de observação de baleias
Cetáceos também exibem respostas comportamentais a estímulos de
distância. Lundquist (2007), observou que baleias-franca na Península de
Valdés a uma distância de 500 metros da embarcação apresentam as
primeiras respostas comportamentais.
No presente estudo, foi observado que tanto mães quanto filhotes
exibem maiores quantidades de eventos comportamentais à medida que
ficam mais próximos da embarcação. Para mães, essa exibição de
comportamentos foi mais observado entre 1 e 10 metros de distância da
100
embarcação. Filhotes a 20 metros de distância da embarcação exibem
uma grande quantidade de eventos comportamentais.
Exposições de nadadeiras peitorais e caudal foram observados para
mães e filhotes em todas as distâncias trabalhadas em freqüências
diferentes. Exposições de nadadeiras caudais podem estar envolvidas no
processo de deslocamento de mães e filhotes devido às embarcações.
Lundquist (2007), encontrou alterações na direção de deslocamento de
mães e filhotes de baleias-franca na Península de Valdés na presença de
embarcações de TOB.
Exposições de nadadeiras peitorais, mais freqüentemente observadas
para filhotes, possivelmente fazem parte de interações entre mães e filhotes
(Mann & Smuts, 1999), além de poder anteceder ou suceder batidas de
peitorais. Filhotes apresentaram maiores freqüências de batidas de peitorais
em relação às mães entre 1 e 50 metros de distância da embarcação, as
mães apresentaram freqüências notáveis a 40 metros da embarcação. Mães
e filhotes apresentaram batidas de nadadeira caudal somente a 5 metros de
distância da embarcação. Essas duas categorias comportamentais
associadas à proximidade da distância da embarcação, podem estar
relacionadas a sinais agonísticos frente à presença do barco. Tais
comportamentos são observados como reações agressivas entre indivíduos
de Tursiops truncatus (Tamaki et al., 2006).
Periscópios, usados na orientação visual fora da água (Pryor, 1986),
foram exibidos por mães e filhotes a todas as distâncias da embarcação,
entretanto, foram mais freqüentes a 100 metros de distância da mesma.
Possivelmente seja uma forma de identificação e localização da
embarcação.
Para filhotes, saltos foram observados entre 5 e 30 metros da
embarcação; para mães foram mais freqüentes nos primeiros 10 metros de
distância. Saltos são considerados uma das formas de comunicação não
101
vocal de cetáceos, principalmente para odontocetos (Lusseau, 2006). Eles
podem ser exibidos com o objetivo dos animais avisarem sobre sua
presença, ou até mesmo advertir para outros indivíduos sobre a presença da
embarcação.
Estimativas de distâncias dos observadores
No presente trabalho, foram realizadas coletas de distância dos
animais à embarcação de TOB. Estimativas de distâncias a olho nu muitas
vezes são consideradas imprecisas e altamente variáveis entre os
observadores (Gordon, 2001). Embora nem todas as distâncias estimadas
tenham sido exatamente iguais aos valores reais do ensaio metodológico,
não foram encontradas diferenças significativas entre eles e nas estimativas
dos observadores entre si. Os erros foram maiores conforme as distâncias
entre a embarcação e o objeto aumentaram. Anterior ao início da
temporada reprodutiva, foram realizados exercícios de treinamento e
calibração das distâncias com os observadores. É possível que esses
exercícios tenham minimizado as diferenças entre os observadores,
entretanto técnicas precisas são mais seguras na determinação das
distâncias de objetos no mar (Thompson & Hiby, 1985).
102
CONCLUSÕES
Filhotes de todos os tamanhos acompanhados de suas mães
aproximaram-se da embarcação de TOB, entretanto, com o aumento
do tamanho do filhote, também foi observado um aumento nas
aproximações à embarcação.
A maioria dos comportamentos para mães e filhotes foram
observados com maior freqüência nos primeiros 10 minutos de
permanência do barco com os animais.
Mães e filhotes apresentaram, nos primeiros dez minutos de
aproximação, maiores freqüências de exposições peitorais, caudal e
periscópios; filhotes ainda exibiram exposições de cabeça, batidas de
peitoral e saltos.
Após 15 minutos de permanência da embarcação junto aos animais,
não foram observadas exibições comportamentais de mães e filhotes.
M
ães e filhotes exibem maiores quantidades de eventos
comportamentais à medida que ficam mais próximos da embarcação.
Para mães, a exibição de comportamentos foi mais observada entre 1
e 10 metros de distância da embarcação; filhotes a 20 metros,
exibem uma grande quantidade de eventos comportamentais.
Exposições de nadadeiras peitorais e caudal foram observados para
mães e filhotes em todas as distâncias trabalhadas em freqüências
diferentes.
Mães e filhotes apresentaram batidas de nadadeira caudal somente a
5 metros de distância da embarcação.
103
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108
Williams, R.; Trites, A, W. & Bain, D. Behavioural responses of killer
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255–270. 2002.
109
ANEXOS
110
Fig. 1 – Mapa do litoral de Santa Catarina, Brasil. Fonte: http://www.mileniodomar.org.br
Litoral
Catarinense
Limite Norte
estado de Santa
Catarina
111
Fig. 2 – Mapa da APA da Baleia-franca, Santa Catarina, Brasil. Fonte: http://www.ibama.gov
112
APÊNDICES
113
Intervalo de tempo
Número de Observações
1- 5 minutos
30
6- 10 minutos
34
11-15 minutos
19
16-20 minutos
7
21-25 minutos
2
Apêndice 1. Número de observações em pares de mãe com filhotes nos cruzeiros de
TOB nos diferentes intervalos de tempo na temporada reprodutiva de 2006.
114
Distâncias
Número de Observações
Até 5 metros
24
Entre 6-10 metros
14
Entre 11-20 metros
14
Entre 21-30 metros
5
Entre 31-40 metros
7
Entre 41-50 metros
8
Entre 51-100 metros
4
Apêndice 2. Número de observações em pares de mãe com filhotes nos cruzeiros de
TOB em relação às diferentes distâncias utilizadas na temporada reprodutiva de 2006.
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