Anexos 13
cristalino, tais como defeitos pontuais, lacunas, discordâncias, defeitos de
empilhamento, maclas, interfaces e pequenos precipitados.
A transformação de austenita para martensita influencia diretamente nos
mecanismos de arranjo das discordâncias, tanto com sua propagação como com o
arranjo espacial e deslizamento. Faz-se uma analogia ao fenômeno da maclagem
por que desta maneira se consegue compreender a maioria dos parâmetros que
exercem influência direta na propagação das discordâncias e que influenciam
diretamente a transformação martensítica (MOULIN, 2001).
Nestes sítios preferenciais citados acima existem certos arranjos atômicos
favoráveis para a nucleação da martensita, os quais poderiam ser transformados em
martensita estável, através de vibrações térmicas dos reticulados, ou mesmo por
tensões aplicadas (BHADESHIA, 2001). Os defeitos do reticulado que se encontram
perto dos contornos de grão tendem a migrar para estes lugares, diminuindo
conseqüentemente o número de sítios de nucleação próximos aos contornos. Além
disso, o crescimento das placas de martensita é impedido pelos contornos de grãos.
Isso mostra que materiais com grãos finos tendem a apresentar uma forte
estabilização da austenita (BHADESHIA, 2001).
A aplicação de tensões ou deformações produz um aumento na quantidade
de defeitos cristalinos na austenita, especialmente do número de discordâncias, o
que aumenta o número de sítios para o início da transformação martensítica. A
deformação plástica excessiva pode, entretanto, estabilizar mecanicamente a
austenita e suprimir a transformação, já que um aumento na densidade de
discordâncias pode provocar um aumento dos sítios potenciais de nucleação. Muita
deformação pode introduzir restrições ao crescimento dos núcleos, em decorrência
das tensões internas produzidas. Esse efeito de estabilização também pode ser
provocado pela deformação plástica devido à acomodação das tensões em torno de
uma placa de martensita formada, sem a aplicação de forças externas
(BHADESHIA, 2001).
Acima da temperatura de início de transformação martensítica (Ms), a
austenita pode se transformar em martensita sob deformação. De acordo com a
figura 7 (BLECK, 2002), as temperaturas M
s
σ
e M
d
(sob aplicação de tensão ou
quando deformada) são normalmente utilizadas para descrever a estabilidade da
austenita, visto que elas definem a resistência que o material oferece à
transformação na presença de tensão ou deformação. A temperatura M
s
σ
é aquela