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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS
ESCOLA DE VETERINÁRIA
Programa de Pós-Graduação
CONSUMO, DIGESTIBILIDADE APARENTE, TAXA DE
PASSAGEM RUMINAL E COMPORTAMENTO INGESTIVO
DE OVELHAS GESTANTES DA RAÇA SANTA INÊS
SUBMETIDAS OU NÃO À RESTRIÇÃO ALIMENTAR
YURI IDA BENEVIDES
MINAS GERAIS
BELO HORIZONTE
2008
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YURI IDA BENEVIDES
CONSUMO, DIGESTIBILIDADE APARENTE, TAXA DE PASSAGEM
RUMINAL E COMPORTAMENTO INGESTIVO DE OVELHAS GESTANTES
DA RAÇA SANTA INÊS SUBMETIDAS OU NÃO À RESTRIÇÃO
ALIMENTAR
Dissertação apresentada à Universidade
Federal de Minas Gerais como requisito
parcial para obtenção do grau de Mestre em
Zootecnia.
Área de concentração: Nutrição Animal.
Orientador: Dr. Warley Efrem Campos
Belo Horizonte
Escola de Veterinária - UFMG
2008
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2
B465c Benevides, Yuri Ida, 1981-
Consumo, digestibilidade aparente, taxa de passagem ruminal e comportamento ingestivo de
ovelhas gestantes da raça Santa Inês submetidas ou não à restrição alimentar / Yuri Ida
Benevides. – 2008.
65 p. : il.
Orientador: Warley Efrem Campos
Dissertação (mestrado) – Universidade Federal de Minas Gerais, Escola de Veterinária
Inclui bibliografia
1. Ovelha – Alimentação e rações – Teses. 2. Dieta em veterinária – Teses. 3. Nutrição
animal – Teses. 4. Digestibilidade – Teses. I. Campos, Warley Efrem. II. Universidade Federal
de Minas Gerais. Escola de Veterinária. III. Título.
Artigo 1.
CDD – 636.308 5
3
Tese defendida e aprovada em 04 de abril de 2008
pela comissão examinadora constituída por:
__________________________________
Dr. Warley Efrem Campos
(Orientador)
__________________________________
Dr. Fernando César Ferraz Lopes
__________________________________
Prof. Norberto Mário Rodriguez
__________________________________
Prof. Iran Borges
4
5
Dedicatória
À base de tudo que sou, meus pais e irmãos, por serem tão fundamentais na minha vida dando-me amor,
carinho e apoio para superar o tempo e a distância, tornando as dificuldades em meras lições de vida.
Vocês não são minha família, são minha vida.
Amo muito vocês!
“Competência é passar por um lugar, mesmo que por pouco tempo, e deixar saudades”
6
Agradecimentos
À Deus pela oportunidade da vida, guiando meus passos, dando-me força para concretização desse sonho.
À Escola de Veterinária da UFMG pela oportunidade de realização do curso.
À Capes pela concessão da bolsa de estudo.
À Vaccinar® pelo apoio à pesquisa concedendo o sal mineralizado Vacciphós.
À Itambé® pelo apoio à pesquisa concedendo o concentrado base do experimento
À Minas Cabra®, em especial ao Dr. Luiz Antônio, pela parceria e concessão dos animais experimentais
Ao meu Papis, Dr. Warley Efrem Campos pela amizade, paciência e por todos os conhecimentos
repassados ao longo deste percurso.
Ao Prof. Iran Borges por ter-me buscado na UFC, por toda ajuda, orientação e dedicação com que me
acolheu.
Ao Prof. Norberto Rodriguez pela confiança, ensinamentos e pela imensa ajuda durante o mestrado.
Ao Prof. Marc Henry pelas realizações dos exames de ultra-som.
Ao Dr. Fernando Cesar Ferraz Lopes pelo auxílio, presteza e compreensão na elaboração da dissertação.
Aos professores do Depto. de Zootecnia, em especial ao prof. Lúcio Gonçalves, que contribuíram para
minha formação profissional.
Ao irmão e amigo Gilberto de Lima Macedo Júnior, Gigi, pela paciência, companherismo, pela ajuda
incondicional em todas as etapas do experimento, pelos ensinamentos de vida e profissionais que foram e
serão de grande valia em todos os momentos.
Às minha amigas, que tanta falta fizeram nesse ano, Paula, Maria Paula e Sassá pela acolhida e terem sido
tão amigas que mais pareciam minhas irmãs.
À Léo por ter sido minha família e mesmo tendo que me aturar, ainda diz que vai sentir saudades.
Às amigas Juju e Veri pelo companheirismo, apoio e, principalmente, por tornarem inesquecíveis todos os
momentos que passamos juntas, inclusive as várias “noitadas” de laboratório.
Aos amigos Fernando, Túlio, Carolzinha, Wilma, Monique, Bel, Luigi, Julinha, Fernandinha, Márcio,
Julião, Fudem, Tássia e todos os outros filhos do Iran que tanto me ajudaram na execução do
experimento, pelos ensinamentos e companhia maravilhosa nas festas de fim de alguma coisa e,
principalmente, pela grande amizade, a esses, não existem palavras para agradecer.
Aos amigos Wilson e Gui pela amizade, por nunca terem me deixado sentir sozinha, vou sentir falta das
nossas conversas e à amiga Mari pela amizade e confiança, especialmente, pelo companheirismo.
Aos amigos Lu, Jorge, Paty, Jana, Kélvia, Daniel, Vinícius, Leandro, Dayana, Ju Colodo e a nova amiga
Fernanda, a vocês agradeço por cada sorriso, pela amizade e companhia ao longo desse percurso.
Ao amigos de longa data Carol, Vivi, Val e Davi pelas visitas e por serem tão especiais na minha vida.
Aos funcionários do Laboratório de Nutrição Animal e do depto de Zootecnia pelo convívio e carinho
com que me acolheram.
Às minhas titias queridas Tô, Rê, Iana e Zula, primos, família Saint Louis, amigos de São Paulo e
Fortaleza pelo carinho que sempre me receberam, pela torcida. Quanta falta vocês fizeram!
Ao Silas por todo amor e carinho, por ter tornado-se uma pessoa tão especial em minha vida, porque
vale a pena estar com alguém que nos leve ao melhor que podemos ser.
Especialmente às ovelhas, a elas não o meu agradecimento, como o meu perdão, pois, sem escolhas,
permitiram a realização desse experimento.
E a todos aqueles que contribuíram de alguma forma para concretização desse sonho.
7
SUMÁRIO
RESUMO................................................................................................................................................
11
INTRODUÇÃO GERAL......................................................................................................................
12
Capitulo 1
REVISÃO DE LITERAT
URA.......................................................................................
13
1.1 INTRODUÇÃO................................................................................................................................
13
1.2 NUTRIÇÃO DE OVELHAS DURANTE A GESTAÇÃO.............................................................
13
1.2.1 Subnutrição de ovelhas na gestação................................................................................................
13
1.2.2 Consumo de alimentos....................................................................................................................
15
1.2.3 Digestibilidade e taxa de passagem................................................................................................
19
1.2.4 Consumo de água............................................................................................................................
20
Capítulo 2 CONSUMO E DIGESTIBILIDADE DE NUTRIENTES
E TAXA DE
PASSAGEM RUMINAL DE OVELHAS GESTANTES D
A RAÇA SANTA INÊS
SUBMETIDAS OU NÃO À RESTRIÇÃO ALIMENTAR...............................................................
22
2.1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................
23
2.2 MATERIAL E MÉTODOS...............................................................................................................
23
2.2.1 Consumo e digestibilidade dos nutrientes......................................................................................
23
2.2.1.1 Local............................................................................................................................................
23
2.2.1.2 Animais ......................................................................................................................................
23
2.2.1.3 Tratamentos e delineamento experimental..................................................................................
23
2.2.1.4 Alimentação.................................................................................................................................
24
2.2.1.5 Manejo e colheita de amostras.....................................................................................................
24
2.2.1.6 Análises laboratoriais e estatísticas..............................................................................................
25
2.2.2 Taxa de passagem de sólidos..........................................................................................................
25
2.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO.......................................................................................................
26
2.3.1 Consumo e digestibilidade dos nutrientes aos 90 dias de gestação................................................
26
2.3.2 Consumo e digestibilidade dos nutrientes aos 110 dias de gestação..............................................
31
2.3.3 Consumo e digestibilidade dos nutrientes aos 130 dias de gestação..............................................
36
2.3.4 Consumo e digestibilidade dos nutrientes em diferentes fases da gestação...................................
41
2.3.5 Taxa de passagem em diferentes fases da gestação........................................................................
49
2.3.5. Consumo de água e sal em diferentes fases da gestação...............................................................
51
2.4 CONCLUSÃO...................................................................................................................................
53
Capítulo 3
COMPORTAMENTO INGESTIVO EM DIFERENTES FASES E TIPO DE
GESTAÇÃO DE OVELHAS SUBMETIDAS À RESTRIÇÃO ALIMENTAR..............................
54
3.1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................
54
3.2 MATERIAL E MÉTODOS...............................................................................................................
55
3.2.1 Local...............................................................................................................................................
55
3.2.2 Animais e alimentação....................................................................................................................
56
2.2.3 Manejo e colheita de amostras........................................................................................................
56
2.2.4 Análises laboratoriais......................................................................................................................
56
2.2.5 Delineamento experimental e análises estatísticas.........................................................................
56
3.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO.......................................................................................................
56
3.4 CONCLUSÃO……………………………………………………………………………………...
60
4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.............................................................................................
61
8
LISTA
DE
TABELAS
Tabela 1. Composição bromatológica dos alimentos da dieta experimental .....................................................24
Tabela 2. Composição bromatológica das dietas experimentais .......................................................................24
Tabela 3. Composição centesimal das dietas experimentais .............................................................................24
Tabela 4. Consumos e coeficientes de digestibilidade da matéria seca de dietas restritas ou não
restritas de ovelhas Santa Inês aos 90 dias de gestação de um ou dois fetos.......................................26
Tabela 5. Consumos e coeficientes de digestibilidade de fibra em detergente neutro das dietas
restritas ou não-restritas de ovelhas Santa Inês aos 90 dias de gestação de um ou dois
fetos.....................................................................................................................................................27
Tabela 6. Consumos e coeficientes de digestibilidade de fibra em detergente ácido, hemiceluloses
e celulose das dietas restritas ou não restritas de ovelhas Santa Inês aos 90 dias de
gestação de um ou dois fetos...............................................................................................................28
Tabela 7. Consumos e coeficientes de digestibilidade da proteína bruta (PB) e balanço de
nitrogênio das dietas restritas ou não restritas de ovelhas Santa Inês aos 90 dias de
gestação de um ou dois fetos...............................................................................................................29
Tabela 8. Consumos de energia bruta, digestível e metabolizável e digestibilidade de energia bruta
das dietas restritas ou não restritas de ovelhas Santa Inês aos 90 dias de gestação de um
ou dois fetos ........................................................................................................................................31
Tabela 9. Consumo e coeficientes de digestibilidade da matéria seca de dietas restritas ou não
restritas de ovelhas Santa Inês aos 110 dias de gestação de um ou dois fetos.....................................32
Tabela 10. Consumos e coeficientes de digestibilidade da fibra em detergente neutro de dietas
restritas ou não restritas de ovelhas Santa Inês aos 110 dias de gestação de um ou dois
fetos.....................................................................................................................................................33
Tabela 11. Consumos e coeficientes de digestibilidade de fibra em detergente ácido, hemiceluloses
e celulose das dietas restritas ou não restritas de ovelhas Santa Inês aos 110 dias de
gestação de um ou dois fetos...............................................................................................................34
Tabela 12. Consumos e coeficientes de digestibilidade da proteína bruta (PB) e balanço de
nitrogênio das dietas restritas ou não restritas de ovelhas Santa Inês aos 110 dias de
gestação de um ou dois fetos...............................................................................................................35
Tabela 13. Consumos de energia bruta, digestível e metabolizável das dietas restritas ou não
restritas de ovelhas Santa Inês aos 110 dias de gestação de um ou dois fetos.....................................36
Tabela 14. Consumos e coeficientes de digestibilidade da matéria seca de dietas restritas ou não
restritas de ovelhas Santa Inês aos 130 dias de gestação de um ou dois fetos.....................................37
Tabela 15. Consumos e coeficientes de digestibilidade da fibra em detergente neutro de dietas
restritas ou não restritas de ovelhas Santa Inês aos 130 dias de gestação de um ou dois
fetos.....................................................................................................................................................38
Tabela 16. Consumos e coeficientes de digestibilidade de fibra em detergente ácido, hemiceluloses
e celulose das dietas restritas ou não restritas de ovelhas Santa Inês aos130 dias de
gestação de um ou dois fetos...............................................................................................................39
Tabela 17. Consumos e coeficientes de digestibilidade da proteína bruta (PB) e balanço de
nitrogênio das dietas restritas ou não restritas de ovelhas Santa Inês aos 130 dias de
gestação de um ou dois fetos...............................................................................................................40
9
Tabela 18. Consumos de energia bruta, digestível e metabolizável das dietas restritas ou não
restritas de ovelhas Santa Inês aos 130 dias de gestação de um ou dois fetos.....................................41
Tabela 19. Consumos e coeficientes de digestibilidade da matéria seca de dietas restritas ou não
restritas em ovelhas Santa Inês aos 90, 110 e 130 dias de gestação de um ou dois fetos....................42
Tabela 20. Consumos e coeficientes de digestibilidade da fibra em detergente neutro de dietas
restritas ou não restritas em ovelhas Santa Inês aos 90, 110 e 130 dias de gestação de um
ou dois fetos ........................................................................................................................................43
Tabela 21. Consumos e coeficientes de digestibilidade da fibra em detergente ácido, hemiceluloses
e celulose de dietas restritas ou não restritas em ovelhas Santa Inês aos 90, 110 e 130 dias
de gestação de um ou dois fetos..........................................................................................................44
Tabela 22. Consumos e coeficientes de digestibilidade da proteína bruta (PB) e balanço de
nitrogênio das dietas restritas ou não restritas de ovelhas Santa Inês aos 90, 110 e 130
dias de gestação de um ou dois fetos...................................................................................................46
Tabela 23. Consumos de energia bruta, digestível e metabolizável das dietas restritas ou não
restritas de ovelhas Santa Inês aos 90, 110 e 130 dias de gestação de um ou dois fetos.....................48
Tabela 24. Médias dos consumos de matéria seca, proteína bruta e energia metabolizável
observados e preconizados pelos NRC (1985) e NRC (2006) ............................................................49
Tabela 25. Taxas de passagem ruminal de sólidos de ovelhas de ovelhas Santa Inês em diferentes
fases da gestação de um ou dois fetos, submetidas ou não a restrição alimentar ................................50
Tabela 26. Consumo de água, sal e densidade da urina de ovelhas Santa Inês em diferentes fases
da gestação de um ou dois fetos, submetidas ou não a restrição alimentar .........................................51
Tabela 27. Tempos despendidos com ingestão diária e relacionados aos consumos de matéria seca
(CMS) e fibra em detergente neutro (CFDN) em ovelhas Santa Inês aos 90, 110 e 130
dias de gestação de um ou dois fetos e submetidas ou não à restrição alimentar................................57
Tabela 28. Tempos despendidos com ruminação diária e relacionados aos consumos de matéria
seca (CMS) e fibra em detergente neutro (CFDN) em ovelhas Santa Inês aos 90, 110 e
130 dias de gestação de um ou dois fetos e submetidas ou não à restrição alimentar .........................58
Tabela 29. Tempos despendidos com mastigação diária e relacionados aos consumos de matéria
seca (CMS) e fibra em detergente neutro (CFDN) em ovelhas Santa Inês aos 90, 110 e
130 dias de gestação de um ou dois fetos e submetidas ou não à restrição alimentar .........................59
Tabela 30. Tempos em ócio em ovelhas Santa Inês aos 90, 110 e 130 dias de gestação de um ou
dois fetos e submetidas ou não à restrição alimentar ..........................................................................60
10
LISTA
DE
FIGURAS
Figura 1. Corte transversal na 3° vértebra lombar.............................................................................................16
Figura 2. Alterações hormonais de vacas de leite no período periparto. ...........................................................17
Figura 3. Modelo conceitual de nutrientes e fluxo de informações...................................................................18
11
CONSUMO, DIGESTIBILIDADE APARENTE, TAXA DE PASSAGEM RUMINAL E
COMPORTAMENTO INGESTIVO DE OVELHAS GESTANTES DA RAÇA SANTA
INÊS SUBMETIDAS OU NÃO À RESTRIÇÃO ALIMENTAR
Benevides, Y.I.
RESUMO
O objetivo foi avaliar a influência da gestação, número de fetos e restrição alimentar no consumo,
digestibilidade, taxa de passagem e comportamento ingestivo de ovelhas. Foram utilizadas 24 ovelhas aos
90, 110 e 130 dias de gestação, divididas entre os tratamentos em função do número de fetos. Essas
receberam dietas balanceadas ou restritas em 15% nos requisitos de proteína e energia. Ovelhas com dois
fetos sofrendo restrição nutricional consumiram mais matéria seca que aquelas com um feto. Animais que
não sofreram restrição e os de gestação dupla apresentaram maiores consumos de proteína bruta. O
balanço nitrogenado foi maior aos 130 dias e nas ovelhas em gestação dupla. Animais de gestação
simples e dieta restrita consumiram menos energia bruta. Aos 130 dias houve maior consumo de fibra,
energia, proteína e água. O manejo alimentar não influenciou o tempo gasto com a ingestão. Animais
recebendo dieta restrita ruminaram mais tempo. Ovelhas de gestação dupla apresentaram maiores
digestibilidades, exceto nas frações fibrosas. A restrição alimentar acarretou em menores ingestões de
matéria seca e proteína. A fase da gestação altera o consumo de energia bruta e proteína. A taxa de
passagem ruminal aumenta ao final da gestação. Ovelhas gestantes de dois fetos gastam menos tempo
mastigando. O avanço da gestação aumenta o tempo despendido com ingestão, ruminação e mastigação.
Palavras-chave: manejo alimentar, número de fetos, ovinos, pré-parto
ABSTRACT
This research was carried out to evaluate the effects of pregnancy, fetus number and feed restriction on
nutrients intake and digestibility, rate passage and ingestive behavior of ewes. 24 ewes were used at 90,
110 and 130 pregnancy days distributed among treatments by fetus number. They received balanced diet
or 15% off protein and energy requirement. Ewes with two fetuses on feed restriction had more dry
matter intake than those with one fetus. Ewes which did not submit to feed restriction and two fetuses
pregnant showed the highest crude protein intake. Nitrogen balance was the highest at130 days and twin
pregnancy. Animals with one fetus and on feed restriction intakes smaller crude energy. At 130 day there
was the highest fiber, protein, energy and water intake. In both pregnancy type. Ewes on feed restriction
ruminate longer time. Twin pregnancy ewes showed the highest digestibilities, except fiber fraction. Feed
restriction carted in the smallest dry matter and protein intake. Pregnancy time altered crude protein and
energy intakes. Ruminal rate passage increased in late pregnancy. Ewes with twin fetus loosen lesser
chewing time than single pregnancy ewes. Pregnancy progress increase time spent to feeding, rumination
ant chewing. Feed restriction increase idle time. Ewes single and twin pregnancy show variable ingestive
behavior at studied phases.
Keywords: feed management, fetus number, prepartum, sheep
12
INTRODUÇÃO GERAL
Segundo dados do IBGE (2007) a produção
brasileira de carne ovina foi de 114.501,8
toneladas em 2006 e o rebanho de
aproximadamente, 14 milhões de animais. O
consumo per capita, 700 g/hab/ano ainda é muito
pequeno comparando com alguns países da
Comunidade Européia que consomem em torno
de 28 kg/hab/ano (FAO, 2007). Porém, é
importante destacar que nem o baixo consumo de
carne ovina faz do Brasil um país auto-suficiente
na sua produção, tendo importado mais de 7 mil
toneladas em 2006, 49% a mais do que a
importação em 2004 (Secex/MDIC, 2007).
O aumento da demanda por carne ovina fez com
que a ovinocultura brasileira expandisse para as
regiões Sudeste e Centro-Oeste que não tinham a
tradição de criação. Enquanto na região Sul,
tradicional produtora de ovinos, houve queda na
produção devido à crise da em 1990, o
Nordeste registrou aumento de 15,39% nos
últimos dez anos (IBGE, 2007). Como
conseqüência desse crescimento e da expansão
para outras regiões houve a difusão das raças
deslanadas, como a Santa Inês, que além de
adaptada ao clima tropical apresenta grande
potencial para produção de carne.
Com bases nesses dados é possível afirmar que
tanto o comércio quanto a produção de carne
ovina vêm passando por mudanças. Embora
ainda existam sistemas de criação tradicionais,
onde os animais são criados livres e sem
qualquer acompanhamento veterinário, sanitário
e nutricional, a demanda da carne ovina pelos
grandes centros urbanos, especialmente pelas
classes de maior poder aquisitivo, impulsionou a
produção de cordeiros em sistemas de criação
intensivos. O mercado consumidor atual busca
um produto com alto padrão de qualidade e valor
agregado.
Considerando que a alimentação do rebanho
representa quase 40% dos custos totais de um
sistema de criação intensivo, é natural que esta
seja um dos maiores entraves da produção, já que
a nutrição inadequada, seja em excesso ou
deficiente, certamente não trará os lucros
esperados.
Qualquer sistema que vise à produção de
cordeiros deverá ter como uma das principais
preocupações o aspecto nutricional das matrizes.
Pois, se elas forem alimentadas adequadamente
terão maior prolificidade, provocado pelo
aumento e saúde dos folículos ovarianos e da
taxa ovulatória, assim como menor intervalo
entre partos, além da produção de cordeiros mais
pesados, saudáveis e que atingirão o peso de
abate mais cedo. Os períodos mais críticos na
nutrição das ovelhas situam-se na época da
cobrição, na metade ao final da gestação e
durante a lactação (Geraseev, 2003).
A partir da nutrição é possível alterar a curva de
crescimento e a composição corporal dos animais
e, as fases nutricionais mais críticas são durante
o desenvolvimento pré-natal e início do
crescimento do cordeiro. Durante o crescimento
fetal, a baixa disponibilidade de nutrientes,
conseqüência da nutrição inadequada da mãe,
pode afetar o desenvolvimento de alguns órgãos,
afetando a fisiologia do animal ao nascer
(Geraseev, 2003).
A gestação é uma fase muito importante na vida
produtiva da ovelha, já que as transformações
que ocorrem afetam não somente o aparelho
reprodutivo, mas também todo o organismo. O
metabolismo da ovelha sofre profundas
modificações, principalmente no último terço da
gestação, quando os tecidos fetais m maior
desenvolvimento e em torno de 70% do
crescimento do fetal (Rattray et al., 1974).
Os objetivos desse estudo são avaliar os efeitos
da gestação, número de fetos e da restrição
alimentar no consumo, digestibilidade, taxa de
passagem ruminal e comportamento ingestivo
dos nutrientes em ovelhas Santa Inês.
13
CAPÍTULO 1 - REVISÃO DE LITERATURA SOBRE A NUTRIÇÃO DE
OVELHAS DURANTE A GESTAÇÃO
1.1 INTRODUÇÃO
A nutrição animal é geralmente reconhecida
como sendo dependente de quatro fatores
básicos: exigência nutricional do animal,
composição dos alimentos, digestibilidade e
consumo (Alisson, 1985). Devido às limitações
físicas do trato gastrintestinal, o conhecimento da
taxa de passagem pelo trato digestivo é de
fundamental importância, a fim de formular
dietas que atendam às exigências sem prejudicar
o consumo dos alimentos.
O consumo voluntário expressa a quantidade de
alimento ingerido por um animal quando esse é
oferecido ad libitum (Van Soest, 1994). É um
importante parâmetro de determinação do valor
nutricional do alimento, porque qualquer
decréscimo na ingestão tem efeito significativo
sobre a eficiência de produção (Euclides et al.,
2000).
Para elaborar rações é necessário ter
conhecimento de alguns componentes básicos,
como composição química e energética dos
alimentos, assim como sua eficiência de
utilização devendo satisfazer às exigências
nutricionais dos animais. Esse último aspecto,
quando mal ajustado às características de cada
espécie, categoria, sexo, nível de produção e
estádio fisiológico, comprometem o desempenho
animal, resultando em perdas econômicas.
1.2 NUTRIÇÃO DE OVELHAS DURANTE
A GESTAÇÃO
Vários fatores podem influenciar o crescimento
fetal, entre os quais podem-se destacar: o nível
de nutrição materna, tipo de gestação (simples ou
múltipla), idade da mãe, intervalo entre partos
etc. Dentre esses fatores a influência do nível
nutricional da mãe, principalmente durante o
terço final da gestação é muito importante, pois é
nesse período que ocorre o maior
desenvolvimento do feto, acarretando grande
demanda de nutrientes pelo mesmo.
Algumas substâncias como oxigênio, dióxido de
carbono e água são difundidas livremente na
circulação placentária, entretanto, substâncias
como a glicose (principal fonte energética
durante a vida intra-uterina) são difundidas
passivamente por meio de carreadores
moleculares específicos. Dessa forma, restrições
severas impostas à mãe, principalmente em
espécies multíparas, podem levar à redução na
concentração de glicose, afetando a velocidade
de difusão dessa por meio da circulação
placentária, com conseqüências no suprimento
energético para o feto (Geraseev et al., 2005).
O período gestacional da ovelha é, em média, de
147 a 150 dias. No início, o crescimento do feto
é pequeno sendo regido por padrões genéticos da
espécie. no terço final ocorre grande
crescimento fetal, sendo esse altamente
influenciado pela nutrição materna. No caso de
ovinos, até 90% do peso dos neonatos é obtido
durante os últimos dois meses da gestação, sendo
o crescimento fetal resultado de um balanço
entre o potencial genético para o crescimento e
os limites impostos pelo suprimento de nutrientes
(Ferrell et al., 1992).
Além de aumentar as exigências nutricionais,
deve-se considerar dois aspectos que tendem a
agravar a situação ao final da gestação: redução
do aproveitamento da energia dos alimentos e
um menor apetite devido à diminuição do
volume do trato gastrintestinal promovido pelo
maior espaço ocupado pelo feto e anexos. O
aumento das concentrações de estrógenos
circulantes e do hormônio lactogênico
placentário, produzidos durante a gestação,
também contribuem para inibir o apetite das
ovelhas (Selaive-Villarroel, 1989 e Forbes,
1986).
1.2.1 Subnutrição de ovelhas durante a
gestação
As ovelhas gestantes apresentam características
peculiares quanto às necessidades nutricionais.
Durante os primeiros três meses e meio ocorrem
poucas alterações quanto às exigências
nutricionais de mantença. Essas, quase sempre
são aplicados com sucesso para esta fase
fisiológica (Jurgens, 1982). Entretanto, as
exigências aumentam rapidamente durante o
estádio mais avançado da gestação, mais
especificamente nas últimas seis semanas
(Ensminger e Olentine,1980). Ainda segundo
esses autores, uma restrição nutricional nesse
14
período crítico leva à redução do peso ao
nascimento, de 10 a 25%, dependendo do grau da
restrição. A disponibilidade dos nutrientes para o
feto somente ocorrerá se forem atendidos
primeiramente os requisitos de mantença
maternos.
Greenwood et al. (1998) afirmaram que a
restrição alimentar durante a gestação afeta o
metabolismo energético do feto e essa alteração é
ainda mais pronunciada nas primeiras semanas
de vida do cordeiro, porque a capacidade de
utilização da energia para deposição de tecidos é
limitada, resultando em menor crescimento e
desenvolvimento desses animais. Além disso,
quando as ovelhas são submetidas à restrição
alimentar pré-natal, apresentam menores
exigências em energia de mantença e, quando
suplementadas após o nascimento, m maiores
taxas de deposição de gordura na carcaça.
Segundo os autores, esse fato ocorre devido a
capacidade limitada dos tecidos magros, como
ossos e músculos, em responderam à
suplementação.
A eficiência de utilização da energia
metabolizável para o crescimento fetal, ao fim da
gestação, é de somente 10 a 15%. O incremento
calórico na gestação é intimamente relacionado
com o peso do feto e aparenta ser independente
do plano nutricional materno. Bell (1993) citou
que 15 a 20% do consumo de oxigênio das
fêmeas ao final da gestação simples é usado pelo
útero grávido.
A importância das reservas energéticas maternas
será ainda maior do que é observado, uma vez
que durante a gestação se verifica uma
redistribuição apreciável de tecidos (Robinson et
al., 1978). O aumento do volume sangüíneo,
peso do úbere e de alguns órgãos abdominais é
compensado por acentuadas reduções de peso em
outros sítios.
Oddy et al. (1995) citados por Bell (1993)
reportaram que a restrição de 50% das exigências
de energia por um longo período teve um efeito
relativamente pequeno na captação de glicose
pelo útero, porém a redução da glicose materna
foi de 50% e irreversível.
Ao final da gestação, ovelhas alimentadas com
dietas de média a alta qualidade, apresentam
taxas de glicose geralmente maiores do que em
ovelhas não prenhes. Parte desse acréscimo na
gliconeogenese é devido ao aumento do consumo
voluntário. Entretanto, isso também ocorre
quando são oferecidas dietas restritas. Os
mecanismos dessa aparente adaptação não são
claramente definidos, mas ao final da gestação, a
fração de conversão do propionato ruminal em
glicose, ocorrida no fígado, aumenta
significativamente.
Qualquer trabalho de pesquisa que objetive
encontrar os requisitos nutricionais de fêmeas
gestantes precisa supri-las com quantidades
adequadas de nutrientes para o crescimento e
desenvolvimento do feto, além de manter esta
fêmea em condição corporal condizente com a
lactação. De maneira geral, considera-se que as
necessidades de nutrientes para a gestação são
proporcionais ao peso ao nascimento da cria
somado à necessidade de mantença e
crescimento das borregas. Desta maneira, fatores
que afetem o peso ao nascimento do cordeiro
(número de fetos, sexo, temperatura ambiental)
afetam também os requisitos durante a gestação
(NRC, 1985).
Modyanov (1969) destacou que nas primeiras 12
semanas de gestação, em ovinos, o metabolismo
e gasto energético do desenvolvimento fetal são
insignificantes em termos absolutos, indicando
que neste estádio as ovelhas gestantes não
necessitam de suplementos alimentares. Já no
que se refere ao último terço de gestação é
necessária suplementação considerável.
Esta maior necessidade energética durante as
últimas seis semanas de gestação deve-se ao
aumento das exigências para o crescimento fetal
e para a produção de leite. Dietas excessivas em
energia, no entanto, causam acúmulo de gordura
e dificuldades no parto. Ao mesmo tempo, dietas
deficientes energeticamente causam problemas
na gestação em ovelhas, com conseqüente
produção de cordeiros frágeis e com peso abaixo
da média (Ensminger e Olentine, 1980).
A literatura recomenda, para ovelhas adultas
não-lactantes, aproximadamente 20 gramas de
proteína digestível por Mcal de energia
digestível. No caso de animais de primeira
gestação, o NRC (1985) sugeriu acréscimo de
20% desse valor, levando-se em conta que o
animal ainda se encontra em crescimento. Nesse
aspecto, é importante considerar que quanto
maior for a participação do concentrado
energético na ração, maior será a exigência de
proteína, advindo daí a necessidade de
suplementação protéica destes animais de
15
produção tão especializada (Ensminger e
Olentine, 1980).
Outro fator que implica no aumento dos
requisitos energéticos e protéicos de fêmeas
gestantes deve-se ao crescimento e ao
desenvolvimento dos tecidos uterinos e
placentários. O desenvolvimento desses é
requisito para tolerar o subseqüente
desenvolvimento fetal. Além disso, a capacidade
dos sistemas materno e placentário em atender
esta demanda é refletido pelo fluxo sangüíneo
uterino ou pelo tamanho da placenta ou sua
capacidade funcional (NRC, 1985).
Macedo Júnior et al. (2007) avaliando o consumo
de oxigênio aos 130 dias de gestação de borregas
recebendo dietas com restrição de 15% das
exigências de proteína e energia ou dietas não
restritas, observaram que o consumo de oxigênio
foi maior nos animais consumindo a segunda
dieta. Possivelmente porque a dieta adequada
possibilitou maior crescimento fetal, elevando a
taxa de metabolismo das borregas, dado o melhor
aporte nutricional decorrente da oferta e energia
e proteína desse tratamento.
Segundo McNeill et al. (1996) a retenção do
nitrogênio pelo útero grávido e, principalmente,
nos tecidos maternais aumenta linearmente com
o consumo de proteína. Nesse trabalho, os
autores forneceram dietas restritas em proteína
dos 110 aos 140 dias de gestação. Eles
observaram que a restrição protéica não alterou o
peso do útero, entretanto, tanto a retenção de
nitrogênio por esse órgão e pela glândula
mamária como os pesos dos fetos foram menores
do que quando comparados com a ingestão ideal
de proteína. Ainda, segundo esses autores, a
magnitude da queda da retenção de nitrogênio foi
menor do que a restrição do nutriente, sendo esse
fato explicado pela grande mobilização desse
nutriente da carcaça.
Um dos problemas mais comuns durante a
gestação estão relacionados com a ocorrência de
períodos sazonais de carência alimentar. Nessa
situação, a deficiência tem que ser compensada
através da depleção das reservas corporais, para
que o crescimento e, mais tarde a lactogênese,
não sejam prejudicados. Entretanto, a depleção
das reservas corporais, em geral, acarreta
problemas ao animal como toxemia e outros de
ordem reprodutiva.
1.2.2 Consumo de alimentos
Geralmente, a ingestão de alimentos pelos
animais é proporcional à sua demanda
energética. Entretanto, tal associação nem
sempre é correta. Durante a gestação a demanda
por nutrientes pelo feto aumenta
progressivamente, assim como o volume que
esse ocupa na cavidade abdominal. Essas
mudanças físicas e metabólicas afetam a ingestão
voluntária de alimentos. Na Figura 1, observa-se
o efeito da compressão ruminal pelo
desenvolvimento do útero em função do avanço
da gestação e pelo número de fetos. O
mecanismo que explique exatamente porque o
consumo é inibido por esse menor espaço
ruminal ainda não é conhecido, podendo tal fato
ser decorrente do desconforto no trato
gastrintestinal (Van Soest, 1994).
O decréscimo do consumo torna-se um problema
ainda maior em fêmeas multíparas e pode
promover toxemia e cetose nas ovelhas
gestantes. Geralmente isto ocorre devido à
excessiva mobilização de gorduras a partir do
tecido adiposo das ovelhas, em conseqüência da
baixa ingestão de energia. O excesso de gordura
ultrapassa a capacidade do fígado em
metabolizá-la, formando corpos cetônicos,
responsáveis por alterações patológicas no
sistema nervoso central. O fornecimento de
dietas mais densas pode reduzir o déficit
energético, o qual é agravado em casos de
gestações gemelares, em função da maior
demanda de nutrientes e da menor ingestão de
alimentos quando comparado aos animais que
possuem gestação unitária. Por outro lado, o
excesso de energia, especialmente no início da
gestação, também pode causar toxemia. A
superalimentação provocará acúmulo de gordura
nas cavidades abdominais e torácicas e no tecido
subcutâneo. Qualquer fator que cause estresse
desencadeará anorexia súbita, o que provocará
mobilização de gorduras (Ortolani, 2007).
Viana et al. (2007) avaliando o peso dos
estômagos em relação ao peso vivo durante
quatro fases da gestação, 90, 110, 130 e 140 dias,
observaram que houve redução de 29% nos
pesos comparando-se com a primeira e a última
fase. Nesse mesmo trabalho, o número de fetos
também influenciou o peso e os animais em
gestação dupla obtiveram os menores pesos nas
fases estudadas, 2,77 e 2,62 kg para 1 e 2 fetos,
respectivamente, demonstrando que a capacidade
de armazenamento desses órgãos diminui com a
gestação
16
Figura 1. Corte transversal na vértebra
lombar. (a) 88 dias de gestação com um feto; (b)
111 dias de gestação com um feto; (c) 143 dias
de gestação com um feto; (d) 95 dias com dois
fetos; (R) rúmen, (U) útero (Adaptado de Forbes,
1968).
Nas mesmas fases de gestação estudadas pelos
autores citados anteriormente, Borges et al.
(2007a) encontraram que o peso do útero grávido
aumentou de 2,25 kg aos 90 dias para 5,76 kg
aos 140 dias de gestação em ovelhas de parto
simples e de 4,21 kg para 10,04 kg aos 90 e 140
dias, respectivamente, para gestação dupla. O
aumento do peso do útero ocorreu,
principalmente, pelo grande desenvolvimento
fetal nos últimos meses da gestação. Os pesos
médios, nesse estudo, foram de 0,48; 1,07; 2,62 e
3,62 kg nas fases de 90, 110, 130 e 140 dias,
respectivamente, para os fetos oriundos de
gestação simples, mostrando aumento de um
quilo nos últimos dez dias estudados. os fetos
de dupla gestação apresentaram pesos médios de
1,11; 2,51; 5,12 e 6,40 kg para 90, 110, 130 e
140 dias, respectivamente.
Corroborando com esses resultados, o NRC
(1985) citou que no último terço da gestação o
feto apresenta crescimento exponencial,
chegando a crescer cerca de 70 a 80% do seu
peso vivo ao nascer, e conseqüentemente,
elevando de forma significativa as exigências
nutricionais das ovelhas, aliando-se a redução da
capacidade ingestiva.
Tanto em vacas como em ovelhas, o consumo ao
final da gestação é reduzido. Em ovelhas
alimentadas com feno, pequeno aumento no
consumo no meio da gestação, porém, nas
últimas semanas antes do nascimento há declínio
no consumo que pode começar mais cedo e ser
mais prolongado de acordo com o número de
conceptos. Apesar de certa seletividade, ovelhas
não escolhem dietas balanceadas, mesmo quando
essas são oferecidas ad libitum, tornando
necessária a suplementação com concentrado nas
últimas seis semanas antes do parto. Vacas nos
últimos meses de gestação gastam menos tempo
se alimentando que no início da gestação ou
quando comparadas às não-gestantes (Forbes,
1995), evidenciando a necessidade de dietas mais
densas nos últimos dias antes do parto.
Embora haja grande atenção para o final da
gestação, Green et al. (1994) observaram
resposta linear negativa para ingestão de matéria
seca a partir dos 60 dias de gestação gemelar
em ovelhas recebendo silagem de milho ad
libitum.
Com relação à qualidade do alimento, Ferret et
al. (1998) trabalhando com ovelhas de gestação
simples alimentadas com feno de alfafa ou feno
de azevém ad libitum e 600 g de concentrado,
obtiveram incremento no consumo no tratamento
com feno de alfafa, a duas semanas antes do
parto, após esse período o consumo diminuiu.
nos animais alimentados com feno de azevém,
não houve redução no consumo. Segundo esses
autores, as ovelhas de gestação dupla
alimentadas com feno de alfafa diminuíram o
consumo a partir de quatro semanas antes da
gestação, enquanto as alimentadas com feno de
azevém reduziram o consumo somente nas duas
semanas antecedentes ao parto. Concluindo que
tanto o número de fetos quanto o alimento
utilizado influenciaram no consumo voluntário
das ovelhas, já que os autores utilizaram
gramíneas e leguminosas que apresentam
diferenças na composição químico-
bromatológica. Os diferentes comportamentos na
ingestão do alimento podem decorrer de
diferenças estruturais nas forragens estudadas,
pois o fornecimento de leguminosas, como a
alfafa, tende a resultar em maiores consumos em
relação às gramíneas (azevém).
Stanley et al. (1993) avaliando a ingestão,
capacidade ruminal e características digestivas
em vacas de corte alimentadas com feno de
alfafa observaram menores consumos de matéria
seca nos dois meses antes do parto. Houve
incremento do consumo até o dia do parto,
provavelmente, resultado do aumento da taxa de
passagem que atingiu o pico justamente antes do
parto. Isso pode ter ocorrido devido à maior
R
R
R
R
U
U
U
U
17
freqüência no fornecimento do alimento. Os
mesmos resultados foram encontrados em ovinos
por Kaske e Groth (1997).
Coppock et al. (1972) observaram que o
decréscimo do consumo de vacas foi mais
pronunciado quando alimentadas com maior
proporção de concentrado O mesmo resultado foi
encontrado em ovelhas alimentadas com
concentrado ao final do período de gestação
(Prió, 1996). Tal fato pode ser justificado pelo
efeito quimiostático das dietas sobre o centro da
saciedade (Forbes, 2003).
Sob essas circunstâncias não é possível afirmar
que a limitação física do trato gastrintestinal seja
o fator determinante que afete o consumo. O
volume do men é limitado pelo espaço na
cavidade física, entretanto, o mecanismo de
regulação envolve diversos fatores. As mudanças
físicas coincidem com alterações no sistema
endócrino e com a mobilização das reservas
corporais que suprem energia para gestação e
lactação que se aproxima. Têm-se descritos
muitos trabalhos sobre outros fatores além da
limitação física, que parecem ter importante
papel na regulação do consumo, tais como,
hormônios reprodutivos e ligados ao estresse do
periparto (Ingvartsen e Andersen, 2000).
A alteração hormonal que a vaca sofre ao final
da gestação (Figura 2), principalmente a
elevação da concentração de estrógeno, é um dos
fatores responsáveis pela diminuição da ingestão
de matéria seca (Forbes, 1995). Forbes (1986)
sugeriu que mudanças hormonais podem
influenciar a passagem da digesta em ovelhas,
uma vez que progesterona e estrógeno aumentam
a mobilidade do intestino. Além de alterarem a
mobilidade intestinal, a progesterona e o
estrógeno podem ter efeitos no consumo
voluntário em ruminantes gestantes. Infusões
diárias de Estradiol 17-β durante a gestação
resultaram em decréscimo no consumo de
matéria seca como resultado do efeito direto no
hipotálamo, sendo o efeito dose dependente. Em
contrapartida, esse decréscimo de ingestão de
matéria seca pode ser diminuído com
administração de progesterona exógena (Hanks
et al., 1993). A redução no consumo em função
do incremento de estrógenos ainda não está bem
evidenciada, especialmente porque, nessa fase, o
crescimento fetal e a lactogênese demandam
energia. Além disso, o estrógeno afeta o
metabolismo do fígado e do tecido adiposo, e
ambos implicam no controle da ingestão. O
fígado informa o sistema nervoso sobre o estado
metabólico do animal, e esta informação é usada
como ‘feedback’ para o controle da ingestão. O
tratamento com estrógeno resulta em incremento
hepático de RNA e, consequentemente, na
síntese de proteína, aumentando o conteúdo de
glicogênio hepático e diminuindo a
gliconêogenese, o que implicará no controle da
ingestão. Além disso, a concentração de insulina
também aumenta com tratamento com estrógeno,
sendo aquele fator implicado na redução da
ingestão de matéria seca (Ureste, 2001).
-21 -14 -7 0 +7
15
10
5
30
20
10
150
100
50
10
5
6
4
2
GH
Corticóides
Prolactina
Progesterona
Estrógeno
Parto
Dias
ng/ml
Lactogênico
Placentário
*
Figura 2. Alterações hormonais de vacas leiteiras
no período periparto (Adaptado de Forbes,
1995).
O sistema de controle que regula a ingestão de
energia não é simples nem direto. A ingestão se
ajusta indiretamente para manter o balanço
energético como pode ser observado na Figura 3.
A regulação da ingestão é complicada pelo fato
de que o animal armazena energia na forma de
gordura. E essas reservas são como um tampão
que equilibra as alterações de ingestão a médio e
longo prazo (Mertens, 1996).
Com relação à regulação homeostática da energia
corporal, Mertens (1996) citou que a função
condutora do apetite deveria ser a diferença entre
o status energético em que o animal se encontra e
o limite superior para as reservas energéticas
estabelecidos pela base genética do animal. Os
mecanismos homeostáticos funcionam para
manter o animal em estado ótimo de
sobrevivência e as exigências para mantença
seria o custo energético deste estado
homeostático. Dessa maneira, existem quatro
fatores que modificam a homeostase: idade,
estação do ano, gestação e lactação.
18
Figura 3. Modelo conceitual de nutrientes e fluxo de informações (Adaptado de Mertens, 1996).
A gestação seria o resultado de uma modificação
(homeorrese) da linha basal de regulação
homeostática da ingestão. Durante a gestação, há
uma tendência do organismo a acumular gordura,
o qual estimula a ingestão. Esse efeito é
diminuído ao final da gestação, devido às
limitações físicas do trato gastrintestinal pelo
crescimento do feto e por alterações hormonais
que ocorrem no periparto. Ao final da gestação,
há redução da ingestão de alimentos no momento
em que aumenta a demanda energética,
indicando que o ritmo de acúmulo de reservas
deve diminuir.
A ingestão voluntária também está relacionada
negativamente com as reservas corporais em
determinado estado fisiológico. Foot (1972)
observou que ovelhas com boa condição corporal
consumiram 26% menos do que aquelas com
pior condição. Além disso, os animais com
maiores reservas corporais no momento do parto
são os que consomem menos no início da
gestação. Sugere-se que exista uma utilização
mais rápida dos substratos lipogênicos em
animais mais magros, prevenindo o excessivo
acúmulo sanguíneo de precursores lipogênicos, o
que aumentaria sua absorção a partir do rúmen,
estimulando a ingestão em animais magros
(Bines e Morant, 1983).
Esse equilíbrio entre as reservas corporais e a
ingestão está relacionado com a teoria lipostática
de regulação da ingestão. O fator de regulação da
ingestão é a leptina, um hormônio produzido no
tecido adiposo, que parece ter papel importante
ao informar o centro de controle de adiposidade
sobre o estado das reservas corporais, além de
inúmeras funções fisiológicas, como: regulação
da ingestão, crescimento e desenvolvimento da
glândula mamária, partição de nutrientes entre
19
mãe e feto, etc. (Chien et al., 1997; Henry et al.,
1999).
1.2.3 Digestibilidade e taxa de passagem
A digestibilidade do alimento é, basicamente, sua
capacidade de permitir que o animal utilize, em
maior ou menor escala, seus nutrientes. Essa
capacidade é expressa pelo coeficiente de
digestibilidade do nutriente, em que devem ser
respeitadas as diferenças entre ruminantes e
monogástricos (Coelho da Silva e Leão, 1979). A
digestão é um processo de conversão das
macromoléculas do alimento para compostos
simples tornando-os absorvíveis em
determinados locais do trato gastrintestinal.
Assim, medidas de digestibilidade têm
contribuído significativamente para o
desenvolvimento de sistemas que descrevem o
valor nutritivo dos alimentos (Van Soest, 1994).
Já a taxa de passagem ruminal é influenciada,
principalmente, pelo consumo de matéria seca,
pelo estádio fisiológico das meas (não-
lactantes, gestantes e em lactação) e pela relação
concentrado/volumoso na dieta. Ela aumenta em
função do incremento da ingestão de matéria
seca e porcentagem de concentrado na dieta e é
inversamente proporcional à digestibilidade, uma
vez que um menor tempo no trato gastrintestinal
acarreta em menor tempo para degradação do
alimento.
Uma das prováveis causas da redução do
consumo no fim da gestação é a da compressão
do rúmen pelo útero e pela gordura abdominal.
Entretanto, a queda no consumo é
proporcionalmente menor que a diminuição do
volume ruminal, provavelmente em função do
aumento da taxa de passagem (Forbes, 1995).
Kaske e Groth (1997) estimaram que o tempo
médio de retenção no retículo-rúmen, tanto do
fluido como de partículas de plástico (1,0 e 10
mm), diminuía, em média, 20 a 30% durante a
gestação. No entanto, essa diminuição não foi
acompanhada de queda na digestibilidade da
matéria orgânica na mesma magnitude, podendo
ser explicado por maior eficácia do processo
digestivo durante a gestação. Os autores
reportaram que a queda da digestibilidade
aparente foi significativa nos últimos vinte
dias antes do parto.
Avaliando o terço final da gestação de ovelhas
alimentadas com feno de alfafa e farelo de soja,
Coffey et al. (1989) observaram aumento na taxa
de passagem nas últimas seis semanas antes do
parto e, conseqüentemente, redução no tempo de
retenção do alimento. Para ingestão de matéria
seca encontraram respostas quadráticas onde,
houve incremento até 3-4 semanas antes do parto
e decréscimo após esse período, tal redução pode
atingir valores de até 87% (Ureste, 2001).
Trabalhando com ovinos, Weston (1988)
observou incremento na taxa de passagem de
alimentos, com diminuição de 36% no tempo de
retenção do alimento no rúmen-retículo com
avanço da gestação (13 a 1 semanas antes do
parto). Tal diminuição resultou em queda de 15%
na digestibilidade da matéria orgânica no rúmen-
omaso-abomaso, entretanto a digestibilidade em
todo o trato gastrintestinal diminuiu apenas 5%.
Stanley et al. (1993) evidenciaram uma resposta
quadrática da taxa de passagem da fibra em
detergente ácido indigestível (FDAi) com o
avançar da gestação. A maior taxa de passagem
ocorreu nos dias próximos ao parto, com
aumento total de 87% nos últimos dois meses de
gestação. As mudanças observadas na taxa de
passagem parecem ter importante papel na
manutenção da ingestão de forragem durante o
periparto. Um aumento no tempo de retenção do
alimento no intestino poderia moderar os efeitos
negativos ocasionados pela maior taxa de
passagem no rúmen.
Em experimento realizado com vacas de corte
gestantes (no terceiro trimestre de gestação) e
não gestantes recebendo alimentação restrita a
15g de MS/kg PV de feno, Hanks et al. (1993)
observaram que vacas gestantes tiveram maior
taxa de passagem que as não gestantes,
resultando também em queda no tempo de
retenção. Por outro lado, a digestibilidade
aparente não foi afetada pelo menor tempo do
alimento no trato gastrintestinal, sugerindo um
possível aumento na atividade ruminal durante a
fase de gestação, que não foi observada
diferença em parâmetros da fermentação ruminal
como a concentração de ácidos graxos voláteis
(AGV). A concentração de AGV foi menor em
vacas gestantes apenas até 68 dias antes do parto,
sendo esta situação revertida aos 41 dias pré-
parto.
Vários mecanismos podem explicar as causas do
aumento da taxa de passagem com o avanço da
gestação. Sob o aspecto físico, a pressão exercida
pelo útero no rúmen, retículo, omaso e abomaso
pode estimular a motilidade e o aumento na
20
pressão intraruminal. Isso pode então aumentar a
sensibilidade dos receptores ruminais que resulta
no aumento da atividade propulsiva ao final da
gestação. Além disso, as concentrações
circulantes de estrógeno, progesterona e
prolactina também poderiam ser responsáveis
pelas alterações na taxa de passagem da digesta
(Ureste, 2001).
1.2.4 Consumo de Água
A água representa 70% da carcaça
desengordurada dos animais adultos. No mesmo
indivíduo, varia de 85% enquanto embrião até,
aproximadamente, 65%, no adulto, dependendo
do grau de obesidade, pois tem relação inversa
com a gordura. Devido à grande variedade de
suas funções e à magnitude dos seus requisitos, a
água pode ser considerada o segundo nutriente
mais essencial, sendo o primeiro o oxigênio, para
os animais (Nunes, 1998). Ela tem elevada
capacidade ionizante para facilitar as reações
energéticas nas células e alto calor específico que
permite absorver calor dessas reações com o
mínimo de elevação da temperatura corporal
(Maynard, 1979).
A origem da água corporal pode ser a partir da
ingestão in natura’, da composição dos
alimentos ingeridos, a água metabólica resultante
das reações como a oxidação das gorduras e
carboidratos, água liberada de reações de
polimerização, como condensação de
aminoácidos e peptídeos e aquela pré-formada
associada aos tecidos que são catabolizados
durante o período de balanço energético negativo
(Church, 1974).
Em mamíferos adultos, a ingestão de água tende
a ocorrer paralelamente com a ingestão de
alimentos, ou seja, antes ou após as refeições. As
propriedades sensoriais dos alimentos parecem
ser estímulos sensoriais à ingestão,
provavelmente, devido aos estímulos pré-
gástrico e gastrintestinal ou até mesmo à
sensação de secura durante a ingestão, o que
facilitaria a mastigação e deglutição dos
alimentos secos. Além disso, as ingestões de
água e de alimento atendem mecanismos
homeostáticos, para satisfazer ou evitar
deficiências de metabólitos energéticos e fluidos
do corpo. A ingestão de alimento é inibida pela
escassez de água, tornando evidente que essa é
necessária para digestão, absorção e eliminação
dos produtos residuais, inclusive o calor
(Langhans et al.,1995, citados por Coelho da
Silva, 2006).
O conteúdo de água no corpo e a concentração
de sódio no fluido celular são mantidos
praticamente constantes, por meio de um balanço
dinâmico entre a ingestão e excreção exercida
pelo animal. O controle homeostático da água
depende da liberação do hormônio antidiurético
(ADH) e o mecanismo de sede que induz a
ingestão da mesma de acordo com a perda pelo
corpo. a ingestão em excesso inibe a liberação
do hormônio. A deficiência de sódio leva à maior
liberação do hormônio retentor de sal
(aldosterona) e ao apetite por sais de sódio. A
ingestão excessiva de sal e o aumento do volume
extracelular estimulam a excreção renal de sódio
(Anderson e Olson, 1970 citados por Coelho da
Silva, 2006).
Os ruminantes diferem dos monogástricos por
apresentarem grande reserva de fluidos no rúmen
e, normalmente, a saliva é excretada em maior
quantidade durante a ingestão. também uma
constante taxa de renovação de água no corpo
dos ruminantes. Shirley (1985) citado por Coelho
da Silva (2006) observou que os ovinos contêm,
em média, 54,6% de água no corpo, e que a meia
vida biológica desta é de, aproximadamente, 5,4
dias. Além disso, foi constatado que os ovinos
excretam, em média, de 6 a 10 litros de saliva
por dia, indicando que grande parte da água no
trato digestivo é recirculada no sangue. Em
bovinos as maiores perdas são pela exceção renal
e pelas fezes, já nos ovinos, devido às fezes
serem mais secas, boa parte da água é perdida
pela transpiração e respiração.
A ingestão de água está relacionada com a
ingestão de energia digestível, e a renovação
desta pelo corpo está relacionada com o
metabolismo energético e, conseqüentemente,
com o consumo de oxigênio. Para que ocorra a
utilização do alimento pelo corpo, a água é
inicialmente necessária para mastigação e
deglutição, bem como todo o processo de
digestão, os quais requerem homogeneização e
translocação da digesta e fluidos dentro do lúmen
gastrintestinal. Quando os nutrientes são
absorvidos, a água acompanha o gradiente
osmótico resultante entre o ambiente luminal e o
epitélio de absorção. quando oxidação dos
nutrientes nos tecidos ocorre perda de água
respiratória, além da dissipação do calor
resultante do metabolismo e eliminação dos seus
21
resíduos via renal que também necessitam de
água (Coelho da Silva, 2006).
A quantidade diária exigida por ovinos é
influenciada por diversos fatores, tais como
temperatura ambiente, peso, idade, fase da vida
do animal (prenhez, engorda, crescimento) e o
consumo de matéria seca. O fornecimento
inadequado diminui o consumo alimentar,
prejudicando o desempenho animal.
Alimentos com alto teor de umidade irão
demandar menor ingestão de água, alimentos
ricos em proteína resultam em aumento de até
26%, devido ao incremento calórico da proteína
e da eliminação dos resíduos do metabolismo. O
organismo animal pode obtê-la a partir do seu
próprio metabolismo; a utilização de um lipídeo,
por exemplo, resulta em produção de água
metabólica de 1,07 vezes a quantidade de lipídeo
utilizada, sendo os valores para proteína e amido
de 0,4 e 0,56, respectivamente (Maynard, 1979).
A adequada ingestão é essencial para a excreção
de substancias tóxicas, tais como oxalatos,
amônia e sais minerais.
Se a temperatura ambiente for alta, aumenta o
consumo de água e afeta a sua utilização de duas
maneiras, diminuindo o consumo de matéria seca
e aumentando as necessidades para evaporação e
esfriamento cutâneo. A água presente no
retículo-rúmen funciona como proteção térmica
contra a ingestão de alimentos e águas a baixas
temperaturas protegendo a capacidade
fermentativa, não alterando a digestibilidade da
fibra, matéria seca e balanço de nitrogênio
(Church, 1974).
Os ruminantes podem tolerar restrição moderada
de água, diminuído sua excreção pelas fezes e
urina, porém acarretando em queda na retenção
de nitrogênio. Entretanto, quando essa restrição é
maior, passa a haver diminuição do tempo gasto
com ruminação e, conseqüentemente, queda na
digestibilidade (Church, 1974).
Asplund e Pfander (1972) avaliando a restrição
de água e alimentos em carneiros observaram
que a perda de água pela urina é mais
significante em ovinos do que em bovinos e as
altas digestibilidades aparente da matéria seca e
do nitrogênio encontradas nos animais com alta
ingestão de alimento e baixa de água ocorreram,
possivelmente, por diminuição da taxa de
passagem ruminal e, conseqüente aumento na
taxa de fermentação.
Com relação ao estádio fisiológico, ovelhas
prenhes aumentam o consumo a partir do terceiro
mês e, dobram no quinto mês. meas gestantes
de um feto necessitam de menos água do que as
de gestações gemelares. Quando em lactação,
têm o dobro do consumo que a não lactante. A
deprivação de água é acompanhada por severa
depressão no consumo de alimentos e predispõe
os animais a toxemia (NRC, 2006).
22
CAPÍTULO 2 CONSUMO E DIGESTIBILIDADE DE NUTRIENTES E TAXA
DE PASSAGEM RUMINAL DE OVELHAS GESTANTES DA RAÇA SANTA
INÊS SUBMETIDAS OU NÃO À RESTRIÇÃO ALIMENTAR
Nutrients intake and digestibility and ruminal rate passage in pregnancy Santa
Ines ewes submitted or not to feed restriction
RESUMO
O objetivo foi avaliar a influência da gestação, número de fetos e restrição alimentar no consumo e
digestibilidade aparente e taxa de passagem ruminal. Foram utilizadas 24 ovelhas aos 90, 110 e 130 dias
de gestação, divididas entre os tratamentos em função do número de fetos. Essas receberam dietas
balanceadas ou restritas em 15% nos requisitos de proteína e energia. Ovelhas com dois fetos sofrendo
restrição nutricional consumiram mais matéria seca que aquelas com um feto. Animais que não sofreram
restrição e os de gestação dupla apresentaram maiores consumos de proteína bruta. O balanço nitrogenado
foi maior aos 130 dias e nas ovelhas em gestação dupla, porém positivo em todas as fases. Ovelhas que
não sofreram restrição retiveram mais nitrogênio. Animais de gestação simples e dieta restrita
apresentaram menores consumos de energia bruta. Aos 130 dias houve maior consumo de fibra, energia,
proteína e água. O consumo de sal não foi alterado pelos tratamentos. Ovelhas de gestação dupla
apresentam maiores digestibilidades dos nutrientes, exceto nas frações fibrosas. A restrição alimentar
acarretou em menores ingestões de matéria seca e proteína. A fase da gestação alterou o consumo de
energia bruta e proteína, porém não alterou o consumo de energia metabolizável. A taxa de passagem
ruminal aumenta ao final da gestação.
Palavras-chave: manejo alimentar, número de fetos, ovinos, pré-parto
ABSTRACT
This research was carried out to evaluate the effects of pregnancy, fetus number and feed restriction on
nutrients intake and digestibility and on ruminal rate passage. 24 ewes were used at 90, 110 and 130
pregnancy days distributed among treatments by fetus number. They received balanced diet or 15% off
protein and energy requirement. Ewes with two fetuses on feed restriction had more dry matter intake
than those with one fetus. Ewes which did not submit to feed restriction and two fetuses pregnant showed
the highest crude protein intake. Nitrogen balance was the highest at130 days and twin pregnancy and
positive in all phases; however ewes without feed restriction showed highest nitrogen retention. Animals
with one fetus and on feed restriction had the smallest crude energy intake. At 130 day there was the
highest fiber, protein, energy and water intake. Mineral salt was not altered with treatments. Twin
pregnancy ewes showed the highest nutrients digestibilities, except fiber fraction. Feed restriction carted
in the smallest dry matter and protein intake. Pregnancy time altered crude protein and energy intakes,
but did not change metabolizable energy intake. Ruminal rate passage increased in late pregnancy.
Keywords: feed management, fetus number, prepartum, sheep
2.1 INTRODUÇÃO
23
A determinação da composição dos alimentos,
baseada somente em análises químicas, tem
pouca validade para determinação do valor
nutritivo. Portanto, estimativas, como consumo e
digestibilidade, obtidas com animais têm sido
usadas no balanceamento das dietas. Os atributos
biológicos de um alimento são muito mais
significativos na predição do desempenho
animal, todavia, são mais difíceis de serem
determinados acuradamente, devido à interação
da composição química do alimento com as
capacidades metabólicas e digestivas do animal
(Preston, 1999).
As quantidades ingeridas estão reguladas, em
grande parte, pela demanda nutricional do
organismo que por sua vez, é alterada de acordo
com o estádio fisiológico do animal
(crescimento, gestação, lactação). Com a
finalidade de satisfazer essa demanda, o
organismo passa por importantes modificações
físicas e hormonais para manter a capacidade
ingestiva e as exigências nutricionais em
equilíbrio.
O ciclo gestação-lactação se caracteriza por
variações importantes nas exigências nutricionais
e capacidade de ingestão. Apesar do incremento
nas necessidades, ao final da gestação ocorre
diminuição do consumo devido ao volume
ocupado pelo útero gravídico, além de outros
fatores como a gordura abdominal que limitam a
capacidade ruminal.
Esse trabalho foi desenvolvido com o objetivo de
avaliar o consumo e a digestibilidade dos
nutrientes aos 90, 110 e 130 dias de gestação de
ovelhas Santa Inês com um ou dois fetos e
submetidas ou não a restrição alimentar.
2.2 MATERIAL E MÉTODOS
2.2.1 Consumo e digestibilidade dos nutrientes
2.2.1.1 Local
O experimento e as análises laboratoriais foram
realizados, respectivamente, nas dependências do
Laboratório de Calorimetria e Metabolismo
Animal e no Laboratório de Nutrição Animal,
ambos no Departamento de Zootecnia da Escola
de Veterinária da Universidade Federal de Minas
Gerais, Belo Horizonte, MG.
2.2.1.2 Animais
Foram utilizadas ovelhas da raça Santa Inês
adquiridas em rebanhos da região Centro-Sul de
Minas Gerais. Para a confirmação da gestação e
posterior quantificação fetal foi utilizado
aparelho de ultra-sonografia da marca Aloka
®
,
com auxílio de transdutor de 3,5mhz. A
quantificação fetal foi realizada aos sessenta dias
de gestação. Após este procedimento, 24 animais
(12 com um feto e 12 com dois fetos) foram
transportados para o local de realização do
experimento.
As ovelhas foram alojadas individualmente em
gaiolas metabólicas com piso ripado e
dispositivos apropriados para colheita de urina e
fezes, localizadas em galpão de alvenaria coberto
com telha dupla de zinco, separadas por placas
de poliuretano e com piso concretado. Antes do
início da fase experimental os animais foram
vacinados contra clostridioses, realizados exames
de OPG e OOPG e, posteriormente,
vermifugados. Nas semanas antecedentes ao
período experimental, as ovelhas foram pesadas
três vezes por semana, sendo as respectivas
ingestões individuais diárias ajustadas até que as
variações de peso se tornassem inferiores a 2 kg
do peso vivo no início do período experimental,
conforme recomendações de Afonso e Barata
(1999).
2.2.1.3 Tratamentos e delineamento
experimental
Ao completarem 65 dias de gestação as ovelhas
foram separadas em dois grupos de acordo com o
número de fetos. Posteriormente, em cada grupo,
os animais foram divididos aleatoriamente nos
manejos alimentares (alimentação balanceada ou
restrita). Dessa maneira, os grupos experimentais
consistiram em:
Grupo 1: 6 ovelhas gestante de um feto e
alimentação balanceada;
Grupo 2: 6 ovelhas gestantes de um feto e
alimentação restrita;
Grupo 3: 6 ovelhas gestantes de dois fetos e
alimentação balanceada;
Grupo 4: 6 ovelhas gestantes de dois fetos e
alimentação restrita.
Os grupos experimentais foram avaliados aos 90,
110 e 130 dias de gestação.
Cada tipo de gestação (simples ou dupla) e
esquema alimentar (alimentação restrita ou não)
constituíram os grupos experimentais (quatro)
delineados em casualização completa com
parcelas subdivididas (fase da gestação: 90, 110
24
e 130 dias), havendo seis repetições por
tratamento.
2.2.1.4 Alimentação
As dietas foram balanceadas segundo
recomendações do NRC (1985) para suprir as
exigências de nutrientes digestíveis totais (NDT)
e proteína bruta para mantença e gestação e,
fornecidas duas vezes ao dia. Os animais da
alimentação não restrita receberam quantidades
de ração ajustadas diariamente em função das
sobras observadas mantendo-se sempre 10%
acima do consumido, enquanto o grupo restrito
foi reduzido em 15% a quantidade de energia e
proteína ofertada aos animais, tanto para ovelhas
com gestação simples quanto para gestação
dupla. A ração foi composta por feno de Tifton
85 (Cynodon spp.) picado, concentrado base
composto por 81% de farelo de milho, 18% de
farelo de soja e 1% de calcáreo (porcentagem na
matéria seca), além de milho moído (Zea mays) e
farelo de soja (Glicine max) utilizados quando
necessário para ajustar as dietas às exigências de
NDT e proteína. As composições nutricionais
podem ser vistas na Tabela 1. Aos 120 dias de
gestação as dietas dos animais foram reajustadas
seguindo as recomendações do NRC (1985),
mantendo as mesmas condições de experimentos
para todos os tratamentos, as composições
centesimais das dietas dos 65 aos 120 dias de
gestação encontram-se na Tabela 2 e dos 120 aos
130 dias de gestação na Tabela 3. Água e sal
mineral (Vacci-phós, Vaccinar
®
) foram
disponibilizados à vontade.
Tabela 1. Composição bromatológica dos alimentos da dieta experimental
Ingredientes MS
a
MM
b
FDN
c
FDA
d
HCEL
e
CEL
f
PB
g
EB
h
Farelo de Soja 87,43 6,41 16,06 7,85 8,21 6,94 52,57 4,15
Farelo de Milho 88,07 2,17 20,07 5,06 15,00 3,54 9,95 3,81
Tifton (feno) 87,95 4,49 84,81 41,13 43,68 34,46 8,45 3,98
a: Matéria seca (%), b: matéria mineral (%MS), c: fibra em detergente neutro (%MS), d: fibra em detergente ácido (%MS), e:
Hemiceluloses (%MS), f: Celulose (%MS), g: Proteína Bruta (%MS), h: Energia Bruta (kcal/g)
Tabela 2. Composição bromatológica das dietas experimentais
Até 120 dias de gestação
120 a 150 dias de gestação
Nutrientes
1 feto dieta
restrita
1 feto dieta
não restrita
2 fetos dieta
restrita
2 fetos dieta
não restrita
1 feto dieta
restrita
1 feto dieta
não restrita
2 fetos dieta
restrita
2 fetos dieta
não restrita
Proteína bruta 7,93 9,32 9,60 11,19
9,27 10,91 9,78 11,50
NDT¹ 47,38 55,74 56,86 66,89
50,00 59,00 56,08 64,76
FDN² 70,55 56,47 54,55 37,68
66,02 50,73 55,74 41,03
¹ Nutrientes digestíveis totais; ² Fibra em detergente neutro.
Tabela 3. Composição centesimal das dietas experimentais
Até 120 dias de gestação
120 a 150 dias de gestação
Ingredientes
1 feto dieta
restrita
1 feto dieta
não restrita
2 fetos dieta
restrita
2 fetos dieta
não restrita
1 feto dieta
restrita
1 feto dieta
não restrita
2 fetos dieta
restrita
2 fetos dieta
não restrita
Farelo de milho 8,73 26,35 28,48 49,81
11,90 30,57 26,09 43,69
Farelo de Soja 1,93 4,55 5,17 8,09
5,27 8,50 5,79 9,29
Feno de Tifton 89,25 68,82 66,04 41,63
82,65 60,53 67,78 46,41
Calcáreo 0,11 0,28 0,31 0,47
0,18 0,40 0,34 0,61
2.2.1.5 Manejo e colheia de amostras
Foram realizados três ensaios com o objetivo de
determinar os consumos e coeficientes de
digestibilidade dos nutrientes, além do consumo
de água, sal e densidade da urina., Os
experimentos foram realizados do 85
o
ao 90
o
, do
105
o
ao 110
o
e do 125
o
ao 130
o
dias de gestação,
caracterizando as fases 90, 110 e 130 dias,
respectivamente. Em cada fase de avaliação os
períodos experimentais tiveram duração de 20
25
dias, sendo 15 para adaptação dos animais e
cinco para as coletas das amostras de fezes,
sobras, dieta oferecida e urina.
Os animais foram pesados no início do período
de adaptação e o peso utilizado para o cálculo do
consumo em gramas por quilo de peso
metabólico (kg
0,75
).
As amostras do alimento oferecido e das sobras
foram colhidas, diariamente, antes da primeira
alimentação, pesadas e guardadas em sacos
plásticos. As fezes foram coletadas, pesadas e
retirada uma amostra de 20% da produção total.
O material foi embalado em sacos plásticos
individuais e armazenado em câmara frigorífica
(–15
o
C). No final do experimento as amostras
foram descongeladas à temperatura ambiente por
14 horas, passadas em peneira de malha grossa,
homogeneizadas e pesadas. Posteriormente,
foram acondicionadas em bandejas de alumínio e
levadas à estufa de ventilação forçada (60
o
C),
por 72 horas, para determinação da matéria pré-
seca. As amostras de fezes, sobras e fezes foram
moídas em moinho de facas com peneira com
abertura de malhas de 1 mm e acondicionadas
em recipientes plásticos para futuras análises.
Nos baldes coletores de urina, foi colocado 100
mL de ácido sulfúrico (H
2
SO
4
2N) na véspera de
cada coleta. O volume total de líquido foi pesado
e mensurado, retirando-se uma alíquota de 20%
do volume total colhido diariamente, filtrada em
gaze e acondicionada em frascos plásticos em
câmara frigorífica.
A densidade da urina foi determinada por
refratômetro e os consumos de água e sal foram
mensurados pela diferença entre a quantidade
ofertada e as sobras. As sobras de sal foram
levadas à estufa de ventilação forçada a (60°C)
por 24 horas antes da pesagem.
2.2.1.6 Análises laboratoriais e estatísticas
Nas amostras da dieta fornecida, sobras e fezes
foram analisadas matéria seca e mineral segundo
recomendações do AOAC (1980) e a fibra em
detergente neutro e ácido de acordo com Van
Soest et al. (1991). As análises de nitrogênio,
proteína bruta (N x 6,25) foram realizadas
conforme AOAC (1980) e energia bruta
determinada em calorímetro adiabático marca
PARR, nas amostras de dieta oferecida, sobras,
fezes e urina.
A energia digestível foi obtida pela diferença
entre a energia bruta consumida e a eliminada
nas fezes. Os valores de energia metabolizável
(EM) foram estimados pela diferença entre
energia bruta ingerida (EBI) e perdas energéticas
advindas da formação de fezes (EBF), urina
(EBU) e gases da digestão (EBPGD), de acordo
com a equação proposta por Sniffen et al. (1992):
EM=EBI (EBF+EBU+EPGD)
EPGD=PGD x EBI/100
PGD = 4,28 + 0,059 CDEB
Em que: PGD= produção de gases da digestão,
CDEB= coeficiente de digestibilidade da energia
bruta.
Foi utilizado o ‘software’ SAEG 9.0 (SAEG,
2005) para o processamento e o teste SNK a 5%
de probabilidade para comparação das médias.
2.2.2 Taxa de Passagem de sólidos
Foram selecionadas 16 ovelhas do ensaio de
digestibilidade, quatro de cada tratamento. Após
o ensaio de digestibilidade, de 90 e 130 dias de
gestação, foi realizado o de taxa de passagem,
caracterizando respectivamente, os terços médio
e final da gestação.
O volumoso foi mordentado com Dicromato de
Potássio conforme recomendações de Úden et al.
(1980). Esse foi fornecido em dose pulso de 10g
de Cr-mordente e as amostras de fezes coletadas
0, 5, 8, 11, 14, 17, 20, 23, 26, 35, 47, 71 e 96
horas após fornecimento do indicador. As
amostras foram processadas e analisadas a
matéria seca, conforme AOAC (1980) e Cr, por
absorção atômica, de acordo com Williams et al.
(1962).
Os parâmetros da cinética de trânsito ruminal
foram estimados pelo ajustamento à curva de
excreção fecal do indicador ao modelo gama-2
tempo-dependente proposto por Ellis et al.
(1994) utilizando-se o procedimento NLIN do
programa SAS (SAS,1999):
C
t
= Z * (t - τ) * L * exp[-L*(t - τ)]
26
Em que: Ct= concentração fecal do indicador no
tempo “t” (ppm); t = tempo relativo após o
fornecimento do indicador (h); L= parâmetro
taxa tempo-dependente relativo ao fluxo ruminal
de partículas (h
-1
); Z= parâmetro sem
interpretação biológica direta (ppm. h); e τ =
tempo decorrido entre a aplicação e o
aparecimento do indicador nas fezes (h).
Os tempos médios de retenção no retículo rúmen
e no trato gastrintestinal total foram estimados
pelas equações (Ellis et al., 1994):
TMRR = 2/L
TMRT = TMRR + τ
Em que: TMRR= tempo médio de retenção no
rúmen-retículo (h); TMRT = tempo médio de
retenção total (h) e L e τ conforme definidos
anteriormente.
2.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
2.3.1 Consumo e digestibilidade dos nutrientes
aos 90 dias de gestação
Verifica-se na Tabela 4 que o consumo de
matéria seca (CMS) foi, em média, de 1,17 kg
para ovelhas gestantes de um feto e 1,48 kg para
as com dois fetos. De acordo com o NRC (2006)
os animais com 90 dias de gestação dupla
consomem em média 1,31 kg. Entretanto, foram
observadas quantidades superiores (1,62 kg)
quando estavam se alimentando sem restrição,
assim como para animais com gestação simples,
em que o preconizado é 1,16 kg e se observou
1,34 kg.
Tabela 4. Consumos e coeficientes de digestibilidade da matéria seca de dietas restritas ou não restritas de
ovelhas Santa Inês aos 90 dias de gestação de um ou dois fetos
Consumo
(kg/dia)
Consumo
(%Peso Vivo)
Consumo
(g/kg Peso Vivo
0,75
)
Coeficiente de
digestibilidade
1feto 2fetos Média
1feto 2fetos Média
1feto 2fetos Média
1feto 2fetos Média
Matéria Seca
Não restrita
1,34 1,62 1,48A 2,67 2,94 2,80A 70,98 80,1 75,54B
0,57 0,69 0,63A
Restrita 1,00 1,34 1,17B 2,16 2,46 2,31B 56,35 66,62 61,48A
0,56 0,63 0,59B
Média 1,17b 1,48a 2,41b 2,69a 63,66b
73,36a
0,56b 0,65a
CV (%) 11,3 10,6 9,0 7,1
Letras distintas minúsculas na mesma linha e variável e maiúsculas na mesma coluna e variável diferem entre si (p<0,05) pelo teste
SNK.
O consumo de matéria seca (CMS) tanto em
kg/dia quanto em relação ao peso vivo e ao peso
metabólico foi influenciado (p<0,05) pelo
manejo nutricional (restrito e não restrito) e
número de fetos (1 e 2). Os animais que sofreram
restrição apresentaram menor CMS. Esses
sofreram restrição de 15% na quantidade de
energia e proteína, porém, a eles foi oferecida
dieta com maior proporção de volumoso. Dessa
forma, pode-se inferir que esse tenha sido o
principal motivo na queda do consumo de
matéria seca. Segundo Mertens (1987) e Church
(1974), esses mecanismos de controle fisiológico
ou físico podem atuar como limitantes primários
de consumo, em virtude da densidade energética
e dos teores de fibra das dietas, representando,
assim, um diferencial para o entendimento da
teoria de controle de consumo em ruminantes. A
redução apresentada entre os manejos
alimentares foi de 21%, o que vem a corroborar
com a explicação para a queda no consumo de
MS.
O número de fetos interferiu (p<0,05)
diretamente no consumo de MS, sendo que
ovelhas com gestação dupla apresentaram maior
consumo. Esse resultado está, provavelmente,
relacionado ao fato que, ovelhas com gestação
gemelar receberam maior volume de alimento
que ovelhas com gestação simples, já que as
recomendações de consumo foram baseadas na
faixa de peso dos animais e pelo número de fetos
e período da gestação. O fato de não haver
interação entre o manejo nutricional e o número
de fetos pode ter ocorrido porque os animais
estavam no início da gestação e ainda não estaria
ocorrendo compressão do men e ação
hormonal conforme relatou Forbes (1995). Esse
resultado sugere que animais que estejam com
27
escore corporal baixo podem ter seu consumo
aumentado a fim de recuperar a condição
corporal (Robinson, 1986).
O número de fetos e restrição alimentar
causaram variação nos coeficientes de
digestibilidade aparente da matéria seca (DMS);
os maiores valores observados foram para
gestação dupla (0,65) e quando os animais foram
alimentados sem restrição (0,63), possivelmente
a maior oferta de alimentos aos animais do
último tratamento, possibilitou a seleção de
partes mais nutritivas. Outro fator que pode ter
contribuído nesta resposta é que os animais que
não sofreram restrição, bem como aqueles com
gestação dupla continham em sua dieta maior
quantidade de carboidratos não estruturais, isto é,
grãos. Segundo Valadares Filho (1985),
carboidratos não-estruturais possuem coeficiente
de digestibilidade aparente total acima de 90% e
carboidratos estruturais próximos a 50%. Assim
pode-se inferir que o aumento na digestibilidade
nesses animais é influenciado pelas
características dos alimentos componentes da
dieta.
Doreau et al. (2003) revisando os diferentes
processos da digestão ruminal observaram que a
principal causa da variação da digestibilidade é o
tempo de retenção de partículas no men. Sendo
assim, a restrição alimentar levaria à queda na
taxa de passagem e conseqüente aumento na
digestibilidade. Entretanto, esses autores
observaram diferentes respostas de
digestibilidade em animais mantidos sob
restrição alimentar, não sendo elucidado todos os
fatores que levam a essas variações,
especialmente com relação à diminuição na
digestibilidade. Essas quedas não ocorrem
devido ao tempo de retenção de partículas no
rúmen, ou insuficiente redução de tamanho de
partícula. Diferenças na atividade microbiana
também não foram encontradas em experimentos
utilizando a técnica de degradabilidade in situ.
Segundo os autores, diversos fatores contribuem
para a diversidade nas respostas, desde o nível de
concentrado da dieta até mecanismos de
adaptação na absorção de nutrientes.
Na Tabela 5 encontram-se os dados de consumo
de fibra em detergente neutro (FDN) e os
coeficientes de digestibilidade de ovelhas aos 90
dias de gestação. Pode-se verificar que ocorreu
interação entre o tipo de gestação e o manejo
nutricional. Verifica-se que ovelhas com dois
fetos e sem restrição nutricional apresentaram
menor consumo de FDN. Esse resultado pode ser
explicado pelo fato de que a dieta desses animais
apresentava maior quantidade de concentrado,
isto é, carboidratos solúveis, além da maior
possibilidade de seleção de frações mais
digestíveis.
Tabela 5. Consumos e coeficientes de digestibilidade de fibra em detergente neutro das dietas restritas ou
não-restritas de ovelhas Santa Inês aos 90 dias de gestação de um ou dois fetos
Consumo
( g/dia)
Consumo
( %Peso Vivo)
Consumo
(g/kg Peso Vivo
0,75
)
Coeficiente de
digestibilidade
1feto 2fetos Média
1feto 2fetos Média
1feto 2fetos Média
1feto
2fetos
Média
Ñ restrita
825,2Aa
678,9Bb
752,0
1,65Aa
1,23Bb
1,44
43,75Aa
33,58Bb
38,67 0,50 0,51 0,51
Restrita
747,4Aa
829,9Aa
788,7
1,61Aa
1,52Aa
1,57
41,97Aa
41,33Aa
41,65 0,58 0,56 0,57
Média
786,3 754,4
1,63 1,38
42,86 37,46
0,54 0,53
CV (%)
9,4 9,9 7,7 13,5
Letras distintas minúsculas na mesma linha e variável e maiúsculas na mesma coluna e variável diferem entre si (p<0,05) pelo teste
SNK.
A concentração de fibra em detergente neutro no
alimento é um dos fatores que pode limitar a
ingestão (Van Soest, 1994), porém os resultados
apresentados até aqui sugerem que não
limitação física no consumo da FDN, o mesmo
comportamento também foi sugerido para o
consumo de matéria seca como citado
anteriormente. Outro motivo possível para este
comportamento é devido à maior quantidade de
alimentos oferecido às ovelhas com dois fetos e
sem restrição, além da dieta mais adensada, para
atender as exigências. Dessa maneira, puderam
selecionar melhor o alimento oferecido e
consumiram alimentos mais fermentescíveis
28
(carboidratos solúveis), resultando em redução
no consumo de FDN. nas ovelhas submetidas
à restrição alimentar, com um ou dois fetos, não
foi observado este comportamento, pois estes
continham menor quantidade de concentrado na
dieta, o que fazia com que os mesmos buscassem
mais a parte fibrosa da dieta (carboidrato
estrutural) igualando assim o consumo de FDN
dos mesmos. Silva et al. (2002), utilizando dietas
com diferentes níveis de concentrado para ovinos
lanados e deslanados, observaram que o
incremento dietético de FDN na dieta aumentou
o consumo de FDN e FDA. Macedo Júnior et al.
(2006) trabalhando com ovelhas da raça Santa
Inês não gestantes recebendo diferentes níveis de
fibra em detergente neutro aumentaram o
consumo de FDN à medida que se elevou a
quantidade desta na dieta.
Não a concentração do FDN, mas também a
sua digestibilidade podem impor limitações
sobre o consumo de MS e energia, restringindo o
desempenho produtivo dos animais (Turino,
2003). No presente estudo, a digestibilidade da
FDN não foi afetada pelas variáveis estudadas e
também não apresentaram interações. A
digestibilidade da fibra de forragens não é
constante para todos os animais, tendo como
fontes de variação a estrutura da planta,
composição química, relação
volumoso:concentrado. O feno oferecido para os
animais foi igual em todas as dietas inferindo-se
que mesmo servido em quantidades diferentes
não foi o suficiente para alterar a digestibilidade
da FDN. Macedo Junior et al. (2006) trabalhando
com ovelhas não-gestantes recebendo níveis
crescentes de FDN na dieta também não
verificaram diferença na digestibilidade. Os
mesmos autores verificaram coeficiente médio
de digestibilidade de 57%. No presente estudo,
os coeficientes de digestibilidade da FDN para
ovelhas sem restrição, com restrição, gestação
simples e gestação dupla foram 51%, 57%, 54%
e 53%, respectivamente, e a média geral obtida
nesse estudo foi de 53,75%.
A Tabela 6 contém as médias de consumo e
digestibilidade de FDA, hemiceluloses e celulose
de ovelhas aos 90 dias de gestação de um ou dois
fetos submetidas ao regime alimentar restrito e
não restrito. O consumo de FDA e celulose foi
menor para ovelhas com dois fetos sem restrição
nutricional, acompanhando o consumo de FDN.
Entretanto, o consumo de hemiceluloses sofreu
interação entre o manejo nutricional e o tipo de
gestação.
Tabela 6. Consumos e coeficientes de digestibilidade de fibra em detergente ácido, hemiceluloses e
celulose das dietas restritas ou não restritas de ovelhas Santa Inês aos 90 dias de gestação de um ou dois
fetos
FDA Hemiceluloses Celulose
1feto 2fetos Média 1feto 2fetos Média 1feto 2fetos Média
Consumo (g/dia)
Não restrita 378,22Aa 282,89Bb 330,55 446,94Aa 396,03Bb 421,48 251,41Aa 182,29Bb 216,85
Restrita 355,68Aa 380,17Aa 367,93 391,75Bb 449,78Aa 420,76 237,33Aa 252,53Aa 244,93
Média 366,95 331,53 419,34 422,90 244,37 217,41
CV (%) 9,6 9,6 9,7
Coeficientes de digestibilidade
Não restrita 0,45 0,45 0,45 0,55 0,56 0,55 0,50 0,45 0,47B
Restrita 0,54 0,51 0,52 0,61 0,59 0,60 0,58 0,55 0,57A
Média 0,50 0,48 0,58 0,57 0,54 0,50
CV (%) 18,8 10,7 17,2
Letras distintas minúsculas na mesma linha e variável e maiúsculas na mesma coluna e variável diferem entre si (p<0,05) pelo teste
SNK.
Verifica-se que ovelhas que receberam dieta
balanceada e com um feto e as ovelhas sob
restrição nutricional e com dois fetos
apresentaram maiores consumos de
hemiceluloses. As hemiceluloses são coleções
heterogêneas de polissacarídeos. Nas células
vegetais maduras encontram-se mais unidas às
ligninas, por ligações covalentes, do que outros
polissacarídeos, tornando-se indisponível (Van
Soest, 1994).
29
A FDN contém a celulose, hemiceluloses e
lignina. Assim, deduz-se que o consumo de
hemiceluloses está diretamente relacionado com
o consumo de FDN. Observou-se que o consumo
de FDN por ovelhas com um feto e sem restrição
foi significativamente maior. Para ovelhas com
gestação dupla foi numericamente maior, porém
sem diferença estatística para ovelhas com um
feto e restrita.
Não foi observada diferença no coeficiente de
digestibilidade da FDA e hemiceluloses. A
digestibilidade da celulose foi maior nas ovelhas
que receberam dietas restritas.
O consumo de proteína bruta de ovelhas aos 90
dias de gestação foi afetado tanto pelo número de
fetos quanto pelo manejo nutricional, porém não
houve interação entre eles, evidenciando que os
efeitos ocorreram de forma isolada (Tabela 7).
Observa-se que ovelhas que receberam dieta
balanceada apresentaram consumo superior às
ovelhas sob restrição. Essa superioridade no
consumo de proteína bruta foi,
aproximadamente, 31%. A diferença entre o
grupo restrito e não restrito foi de 15%,
destacando que as ovelhas do grupo restrito
tinham em sua dieta maior quantidade de feno,
que ter contribuído para a redução no consumo
de proteína bruta.
Outro fator que pode contribuir para esta
resposta é o consumo de matéria seca que
também foi superior para o grupo que consumia
a dieta não-restrita. As ovelhas com dois fetos
apresentaram maiores consumos de proteína
bruta como mostra a Tabela 7. As exigências em
proteína dos animais foram atendidas baseando-
se nas recomendações do NRC (1985). Assim,
pode-se afirmar que o maior consumo pelas
ovelhas com gestação dupla esteve ligado à
maior exigência em proteína. A superioridade no
consumo foi de, aproximadamente, 30%, estando
assim equivalente à diferença obtida no consumo
em função do manejo nutricional. Verificou-se o
consumo de proteína bruta em função do peso
vivo também foi maior para as ovelhas com dois
fetos e àquelas que receberam dietas
balanceadas, indicando que a dieta mais rica em
proteína acarretou em incremento no consumo.
Tabela 7. Consumos e coeficientes de digestibilidade da proteína bruta (PB) e balanço de nitrogênio das
dietas restritas ou não restritas de ovelhas Santa Inês aos 90 dias de gestação de um ou dois fetos
Consumo PB
(g/dia)
Consumo PB
(%Peso Vivo)
Coeficiente de
digestibilidade PB
Consumo N
( g/dia)
1feto 2fetos Média 1feto 2fetos Média 1feto 2fetos Média 1feto 2fetos Média
Ñ restrita 147,99
206,86 177,42A 0,30 0,37 0,34A 0,65 0,72 0,68 23,68 33,10 28,39A
Restrita 97,83
146,84 122,33B 0,21 0,27 0,24B 0,69 0,72 0,71 15,65 23,49 19,57B
Média 122,91b
176,85a 0,25b 0,32a 0,67b 0,72a 19,67b 28,30a
CV (%)
13,2 12,1 6,8 13,2
N fecal
(g/dia)
N urinário
(g/dia)
Balanço de
Nitrogênio (g/dia)
N retido/
N ingerido
Ñ restrita 8,23
9,55 8,89A 4,48 6,68 5,58A 10,97 16,87 13,92A 0,46 0,50 0,48
Restrita 4,80
6,57 5,69B 3,52 4,86 4,19B 7,33 12,07 9,70B 0,47 0,51 0,49
Média 6,52b
8,06a 4,00b 5,77a 9,15b 14,47a 0,47 0,51
CV (%)
25,2 30,2 26,7 15,2
Letras distintas minúsculas na mesma linha e variável e maiúsculas na mesma coluna e variável diferem entre si (p<0,05) pelo teste
SNK.
O coeficiente de digestibilidade da PB foi
influenciado (p<0,05) pelo número de fetos,
sendo que ovelhas com gestação dupla
apresentaram maior digestibilidade. Esse fato
está diretamente relacionado com o consumo de
proteína, principalmente a oriunda do
concentrado, e com quantidade de carboidratos
solúveis presentes na dieta, que como dito
anteriormente apresentava maior quantidade
deste tipo de carboidrato. O consumo de
nitrogênio seguiu a mesma resposta do consumo
de proteína bruta como era esperado.
Tanto a excreção de nitrogênio nas fezes como
na urina foram afetadas pelo número de fetos
como pelo manejo nutricional. As ovelhas sob
restrição nutricional apresentaram menor
excreção de nitrogênio nas fezes e na urina.
Segundo Leng et al. (1980), a excreção de
30
nitrogênio está relacionada com a ingestão de
proteína bruta, consumo de matéria seca e o
estádio fisiológico dos animais. Dessa forma,
animais consumindo dieta pobre em proteína, ou
submetidos restrição alimentar, apresentam
mecanismos de defesa para evitar a perda de
nitrogênio, principalmente, pela urina na forma
de uréia. Segundo os autores, a fração de uréia
excretada, que normalmente é entre 50-60%,
pode reduzir em até 20% quando é fornecida
dieta com baixos níveis de nitrogênio.
Animais submetidos à restrição nutricional ou
que estão consumindo dieta pobre em proteína
aumentam a reciclagem e reabsorção do
nitrogênio no organismo. A reciclagem de
nitrogênio ocorre quando a produção de amônia
ultrapassa a capacidade de utilização pelas
bactérias. Dessa forma, a amônia passa pela
parede do rúmen e, é transportada para o fígado
via portal, onde, é metabolizada em uréia no
ciclo da uréia. A uréia produzida no fígado volta
à circulação sangüínea e pode ser excretada ou
reciclada no rúmen ou via saliva. Essa retorna ao
rúmen no processo mastigatório, sendo
reutilizada pela microbiota ruminal (Forbes,
1993; Marini e Van Amburgh, 2003). Com
menor expressão, outro fator que pode interferir
na excreção de nitrogênio é a relação entre a
proteína e a energia da dieta. O déficit energético
pode reduzir o crescimento da população
microbiana e, dessa forma, a proteína não-
degradada no rúmen, pode ser digerida no trato
gastrintestinal posterior, sendo absorvida no
duodeno (Santos, 2006).
O mero de fetos interferiu na excreção do
nitrogênio fecal e urinário, sendo que ovelhas
com gestação dupla apresentaram maiores perdas
de nitrogênio. Conforme discutido anteriormente,
estes animais apresentaram maior consumo de
nitrogênio, conseqüentemente apresentaram
maior perda deste nutriente.
O balanço de nitrogênio indica a quantidade
desse nutriente retido no corpo do animal. O
mesmo foi positivo para todos os tratamentos,
indicando que 15% de restrição protéica não foi
suficiente para gerar balanço negativo. Contudo,
observa-se que as ovelhas sob restrição
apresentaram menor balanço de nitrogênio em
relação às ovelhas que receberam dieta
balanceada, provavelmente, devido ao discutido
anteriormente em relação ao consumo e excreção
do nitrogênio. Ovelhas com gestação dupla
apresentaram maior balanço nitrogenado do que
as ovelhas de gestação simples. A relação entre
nitrogênio retido pelo nitrogênio ingerido não foi
afetada pelos tratamentos.
A Tabela 8 mostra as médias de consumo de
energia em ovelhas Santa Inês aos 90 dias de
gestação de um ou dois fetos recebendo dietas
restritas ou não-restritas. O consumo de energia
bruta, digestível e metabolizável apresentaram o
mesmo comportamento entre os tratamentos.
Pode-se observar que o consumo de energia
metabolizável foi superior para as ovelhas que
receberam dietas balanceadas e para as ovelhas
com gestação dupla. Observa-se que não houve
interação (p>0,05) entre o manejo nutricional e o
número de fetos, indicando que as respostas
obtidas apresentaram efeitos específicos.
As ovelhas do grupo não-restrito apresentaram
consumo de energia metabolizável 20,88%
superior às sob restrição nutricional. Essa
superioridade deve-se à maior oferta de energia
às ovelhas alimentadas com dieta balanceada.
Outro fator que contribuiu para o maior consumo
é o fato da dieta desses animais apresentarem
maior quantidade de grãos, o que eleva a
digestibilidade da dieta e também o consumo,
além do que este tipo de alimento apresenta
maior quantidade de energia quando comparado
ao feno.
O número de fetos interferiu significativamente
no consumo de energia metabolizável, de forma
que ovelhas com gestação gemelar apresentaram
consumo superior, cerca de 34%. Essa grande
superioridade está atribuída ao fato que ovelhas
com gestação dupla apresentam maior exigência
em energia. Segundo o NRC (1985), nas últimas
quatro semanas antes do parto, ovelhas prenhas
de um feto com peso médio de 50 kg necessitam
de 0,94 kg de nutrientes digestíveis totais (NDT),
e 1,0 kg quando essas estão gestantes de dois
fetos.
31
Tabela 8. Consumos de energia bruta, digestível e metabolizável e digestibilidade de energia bruta das
dietas restritas ou não restritas de ovelhas Santa Inês aos 90 dias de gestação de um ou dois fetos
Energia Bruta
kcal/dia
kcal/PV
kcal/kg PV0,75
Coef. digestibilidade
1feto 2fetos Média
1feto 2fetos
Média
1feto 2fetos Média
1feto 2fetos Média
ñ restrita 5.241,1 6.273,3 5.757,2A
104,7
113,8 109,2A
27,81 30,97 29,44A
0,52 0,65 0,59
Restrita 3.969,0 5.260,3 4.614,6B
85,8 96,5 91,1B 22,35 26,18 24,27B
0,51 0,59 0,55
Média 4.605,0b
5.766,82a
91,1b
95,2a 25,08b
28,58a
0,52b 0,62a
CV (%) 11,2 10,5 8,8 9,3
kcal/dia
kcal/PV
kcal/kg PV0,75
1feto 2fetos Média
1feto 2fetos Média
1feto 2fetos Média
Energia Digestível
Não restrita
2.747,5 4.050,4 3.398,9A 54,4 73,5 64,0A 14,49 20,02 17,26A
Restrita 2.028,4 3.090,4 2.559,4B 43,9 56,5 50,2B 11,44 15,35 13,39B
Média 2.387,9b 3.570,4a 49,2 65,1 12,96 17,69
CV (%) 15,1
11,7
11,0
Energia Metabolizável
Não restrita
2.455,1 3.689,6 3072,4A 48,5 67 57,8A 12,93 18,23 15,58A
Restrita 1.809,5 2.789,0 2299,3B 39,2 51 45,1B 10,21 13,84 12,03B
Média 2.132,3b 3.239,3a 43,9b 59,0a 11,57b 16,04a
CV (%) 16,3
12,1
11,7
Letras distintas minúsculas na mesma linha e variável e maiúsculas na mesma coluna e variável diferem entre si (p<0,05) pelo teste
SNK.
É interessante ressaltar que o maior coeficiente
de digestibilidade da EB nas ovelhas de gestação
dupla acarretou no aumento do consumo de
energia digestível. Dessa forma, pode-se inferir
que a maior oferta de alimento concentrado
oferecido a esses animais possibilitou melhor
aproveitamento da energia.
2.3.2 Consumo e digestibilidade dos nutrientes
aos 110 dias de gestação
Na Tabela 9 encontram-se os valores de
consumo de matéria seca em kg, em função do
peso vivo e do peso metabólico, além do
coeficiente de digestibilidade de ovelhas aos 110
dias de gestação, de um ou dois fetos
alimentadas com dietas restritas ou não restritas.
Verifica-se que o consumo de matéria seca foi
afetado pelos tratamentos e pela interação entre
os mesmos. O consumo de matéria seca, em kg
por dia, foi menor para os animais gestantes de
um feto e com alimentação restrita (1,03 kg/dia),
o que foi esperado porque, além desses
apresentarem menores exigências nutricionais, a
dieta estava restrita em 15% de proteína e
energia. Esses valores foram inferiores aos
encontrados por Ureste (2001), que trabalhando
com ovelhas leiteiras entre 2 e 8 semanas antes
do parto observou consumo médio durante o
período experimental de 2,168 kg/dia. Os
maiores valores encontrados pelo autor devem-se
ao uso de raças mais pesadas, uma vez que, o
consumo em relação ao peso metabólico, foi
próximo aos observados no presente estudo. Em
ovelhas gestantes de um feto e alimentação
balanceada, o autor observou, que o consumo de
ovelhas Manchega e Lacaune foi 80 e 88
g/kgPV
0,75
, respectivamente, nesse estudo o
consumo médio dessas ovelhas foi 80,64
g/kgPV
0,75
.
O consumo de matéria seca em função do peso
metabólico para ovelhas com gestação simples
foi menor nas que sofreram restrição nutricional
(57,72 vs. 80,64 g/kgPV
0,75
, para ovelhas
recebendo dietas restritas e balanceadas,
respectivamente). Nas ovelhas de gestação dupla,
não houve diferença entre os manejos
alimentares. Quando a dieta foi ofertada
balanceada, a gestação dupla levou ao menor
consumo em relação ao peso metabólico,
indicando que o início da expansão do útero
começou a comprimir o rúmen, podendo
32
ocasionar desconforto físico, reduzindo o
consumo dos animais.
Durante a gestação a demanda por nutrientes por
parte do feto aumenta progressivamente, assim
como o volume que esse ocupa na cavidade
abdominal. Essas mudanças físicas e metabólicas
acabam por afetar a ingestão voluntária de
alimentos. O mecanismo exato com que o
consumo é inibido por esse menor espaço
ruminal não é conhecido, podendo tal fato ser
devido ao desconforto no trato gastrintestinal
(Van Soest, 1994). Viana et al. (2007) avaliando
o peso dos estômagos de ovelhas em relação ao
peso vivo durante quatro fases da gestação, 90,
110, 130 e 140 dias, observaram que houve
redução de 29% no peso dos estômagos
comparando a primeira e a última fase. Nesse
mesmo trabalho, o número de fetos também
influenciou o peso e os animais em gestação
dupla apresentaram os menores pesos de
estômago nas fases estudadas, 2,77 e 2,62 kg
para 1 e 2 fetos, respectivamente. Isto demonstra
que a capacidade de armazenamento desses
órgãos diminui com a gestação.
Tabela 9. Consumo e coeficientes de digestibilidade da matéria seca de dietas restritas ou não restritas de
ovelhas Santa Inês aos 110 dias de gestação de um ou dois fetos
Consumo
(kg/dia)
Consumo
(%Peso Vivo)
Consumo
(g/kg Peso Vivo
0,75
)
Coeficiente de
digestibilidade
1feto 2fetos Média
1feto 2fetos Média
1feto 2fetos Média
1feto 2fetos
Média
Matéria Seca
Não restrita 1,53Aa
1,29Aa
1,40 3,03Aa
2,36Ab
2,69 80,64Aa
64,00Ab
72,32 0,62 0,70 0,66A
Restrita 1,03Bb
1,32Aa
1,17 2,21Ba
2,43Aa
2,32 57,72Ba
65,82Aa 61,77 0,56 0,61 0,58B
Média 1,28 1,3 2,62 2,39 69,18 64,9
0,59b
0,65a
CV (%) 17,9 19,5 18,4 10,7
Letras distintas minúsculas na mesma linha e variável e maiúsculas na mesma coluna e variável diferem entre si (p<0,05) pelo teste
SNK.
Desta forma, é possivel inferir que ovelhas com
gestação simples até os 110 dias de gestação
ainda não sofrem influência da gestação no
consumo de matéria seca, o que poderia facilitar
a recuperação de animais que estejam em
condição corporal ruim. Entretanto, ovelhas com
gestação dupla devem receber maior atenção
antes desta fase, especialmente aquelas que em
baixa condição corporal, assim estas devem
receber dieta mais calórica a fim de compensar
essa queda em seu consumo. Outros fatores
hormonais e metabólicos também podem fazer-
se atuantes, porém, seu mecanismo de ação ainda
é bastante controverso e inconclusivo.
O coeficiente de digestibilidade foi afetado pelos
tratamentos, contudo não houve interação
(p>0,05) entre eles, indicando o efeito pontual
dos tratamentos nesta variável. Observa-se que
ovelhas sem restrição nutricional e com gestação
dupla apresentaram maiores coeficientes de
digestibilidade. Isso está associado à maior
quantidade de carboidratos solúveis presentes na
dieta desses animais. Esse tipo de carboidrato
apresenta elevados coeficientes de
digestibilidade. A mesma tendência foi
verificada quando as ovelhas estavam com 90
dias de gestação.
Os consumos de FDN estão apresentados na
Tabela 10. O consumo de FDN em kg/dia
apresentou diferença entre os tratamentos e
interação entre os mesmos (p<0,05). Observa-se
que ovelhas sem restrição nutricional com dois
fetos apresentaram menores consumos de FDN.
A dieta desses animais continha menor
quantidade de feno e maior de grãos o que,
conseqüentemente, diminuiu a quantidade de
FDN da dieta consumida. Além disso, o maior
consumo está relacionado à capacidade ingestiva
desses animais, que como visto no consumo de
matéria seca, possivelmente, houve efeito de
compressão do rúmen pelo útero e anexos,
reduzindo o consumo de FDN em relação ao
peso vivo (1,88 vs. 1,01 %PV, um e dois fetos,
respectivamente) para ovelhas recebendo dieta
não restrita.
33
Tabela 10. Consumos e coeficientes de digestibilidade da fibra em detergente neutro de dietas restritas ou
não restritas de ovelhas Santa Inês aos 110 dias de gestação de um ou dois fetos
Consumo
(kg/dia)
Consumo
(%Peso Vivo)
Consumo
(g/kg Peso Vivo
0,75
)
Coeficiente de
digestibilidade
1feto 2fetos Média
1feto 2fetos Média
1feto 2fetos Média
1feto
2fetos
Média
Não restrita
949,8Aa
550, 9Bb
750,4
1,88Aa
1,01Bb
1,44
50,07Aa
27,35Bb
38,71 0,58 0,55 0,56
Restrita 767,9Ba
816,4Aa 792,2 1,65Aa
1,50Aa
1,58 43,04Aa
40,71Aa
41,87 0,56 0,55 0,55
Média 858,9 683,6 1,76 1,25 46,55 34,03
0,57 0,55
CV (%) 9,4
9,9
7,7
13,5
Letras distintas minúsculas na mesma linha e variável e maiúsculas na mesma coluna e variável diferem entre si (p<0,05) pelo teste
SNK.
No consumo de FDN de ovelhas que sofreram
restrição nutricional ocorreu efeito inverso das
que não sofreram restrição. Ovelhas com
gestação dupla apresentam exigências
nutricionais mais elevadas que ovelhas com
gestação simples e no caso dos animais que
sofreram restrição nutricional a quantidade de
grãos na dieta era reduzida, obrigando-os a
buscarem na parte fibrosa da dieta o que faltava
para atender suas necessidades em energia e
proteína.
As ovelhas com gestação simples, sem restrição
alimentar apresentaram maior consumo de FDN
de acordo com os pesos vivo e metabólico em
relação às ovelhas que sofreram restrição. Esse
fato pode ser atribuído à maior oferta de alimento
que os animais do grupo não-restrito
apresentavam. Contudo, ovelhas com dois fetos
apresentaram maiores consumos de FDN para os
animais com restrição, isto mostra que a restrição
nutricional forçou os animais a buscarem, na
forragem, o complemento para atender suas
exigências de mantença. Essas repostas mostram
que tanto o número de fetos como o manejo
nutricional podem afetar o consumo dos animais
e, conseqüentemente, o peso ao nascer das crias.
Assim, a separação dos animais pelo número de
fetos é importante para que seja feito um manejo
nutricional correto para cada categoria.
Os coeficientes de digestibilidade aparente da
FDN não foram influenciados pelos tratamentos
(p>0,05). Esse fato indica que o maior
coeficiente de digestibilidade da matéria seca
observado para o grupo de animais de
alimentação não-restrita foi influenciado pela
dieta mais rica em nutrientes e mais digestível
oferecida a esses.
Na literatura, quando a dieta é basicamente
composta por feno, como observado nesse estudo
para as dietas restritas e nos animais de gestação
simples, é observado que a digestibilidade da
matéria orgânica e FDN geralmente não seguem
a mesma tendência. Nesses casos a primeira pode
diminuir, como nas ovelhas de dupla gestação,
porém, a digestibilidade da fibra permanece
inalterada, indicando que o efeito abrasivo da
fibra na mucosa do trato gastrintestinal pode
acarretar em descamação desse e, dessa forma,
parte da matéria orgânica presente nas fezes dos
animais é originária das descamações do
intestino, enquanto a FDN apresenta
digestibilidade verdadeira (Doreau et al., 2003;
Michalet-Doreau e Doreau, 2001).
Como visualizado na Tabela 11, o consumo de
FDA de ovelhas Santa Inês aos 110 dias de
gestação com um ou dois fetos apresentou o
mesmo tipo de resposta que a FDN em virtude
do que foi explicado anteriormente. Os
coeficientes de digestibilidade também não
foram influenciados, seguindo a mesma
tendência da FDN.
O consumo de hemiceluloses sofreu influência
(p<0,05) dos tratamentos e interação entre os
mesmos. Observa-se que ovelhas com gestação
simples e alimentação não restrita apresentaram
maior consumo. Isto se deve ao fato de que
ovelhas com um feto sem restrição tiveram maior
disponibilidade de forragem em sua dieta,
contribuiu significativamente para o aumento no
consumo de hemiceluloses. Essa é obtida pela
diferença entre FDN e FDA. Assim o consumo
de hemiceluloses está diretamente relacionado
com o consumo de FDN, e como visto o
consumo de FDN foi maior para ovelhas com um
feto sem restrição, fato este que vem a corroborar
com as explicações propostas acima.
34
Tabela 11. Consumos e coeficientes de digestibilidade de fibra em detergente ácido, hemiceluloses e
celulose das dietas restritas ou não restritas de ovelhas Santa Inês aos 110 dias de gestação de um ou dois
fetos
Fibra em detergente ácido Hemiceluloses Celulose
1feto 2fetos Média 1feto 2fetos Média 1feto 2fetos Média
Consumo
Não restrita 435,63Aa 234,80Bb 335,21 514,22Aa 316,08Bb 415,15 361,50Aa 189,05Bb 275,28
Restrita 365,88Ba 375,69Aa 370,78 402,06Ba 440,73Aa 421,39 305,38Aa 309,50Aa 307,44
Média 400,75 305,24 458,14 378,40 333,44 249,28
CV (%) 16,4 16,1 16,6
Coeficiente de digestibilidade
Não restrita 0,55 0,46 0,50 0,60 0,58 0,59 0,58 0,53 0,55
Restrita 0,53 0,50 0,52 0,59 0,59 0,59 0,59 0,54 0,57
Média 0,54 0,48 0,59 0,58 0,58 0,54
CV (%) 21,6 13,1 17,9
Letras distintas minúsculas na mesma linha e variável e maiúsculas na mesma coluna e variável diferem entre si (p<0,05) pelo teste
SNK.
Não se observou diferença (p>0,05) no consumo
de hemiceluloses para ovelhas que sofreram
restrição alimentar. A redução na quantidade de
alimento ofertado pode ter contribuído para esta
resposta. Observa-se comportamento inverso
para ovelhas com gestação simples e dupla em
função do manejo nutricional. Ovelhas com um
feto e não submetidas à restrição nutricional
apresentaram os maiores consumos, ao passo
que, nas ovelhas gestantes de dois fetos a maior
ingestão foi observada para àquelas sob restrição
alimentar. Este tipo de comportamento foi
observado no consumo de FDN e, conforme dito
anteriormente, o consumo de hemiceluloses está
diretamente relacionado ao de FDN, concluindo-
se que os mesmos fatores que afetaram o
consumo da FDN afetaram o de hemiceluloses.
O coeficiente de digestibilidade das
hemiceluloses não foi influenciado (p>0,05)
pelos tratamentos. Como essas estão ligadas
covalentemente às ligninas em função da idade
de maturação da planta, pode-se concluir que a
digestibilidade dessa foi mais influenciada pela
ligação com a lignina do que pelos tratamentos
estudados.
A celulose é o polissacarídeo mais abundante na
natureza e o principal constituinte da parede
celular dos vegetais, exceto de algumas sementes
(McDougall et al, 1996). O consumo de celulose
foi afetado significativamente. Observa-se que
nas ovelhas não submetidas à restrição alimentar,
as com um feto apresentaram maiores consumos
que àquelas com gestação dupla. A celulose é
parte integrante da FDN. Por esse motivo, infere-
se que o consumo de celulose está atrelado ao
consumo de FDN. Não houve diferença no
consumo de celulose (p>0,05) pelas ovelhas com
um ou dois fetos quando as mesmas receberam
dietas restritas, este mesmo comportamento foi
apresentado no consumo de FDN em função do
peso metabólico. Isto, mais uma vez corrobora
com a explicação feita anteriormente.
Não houve diferença (p>0,05) no consumo de
celulose para ovelhas com um feto em função do
manejo nutricional, contudo ovelhas com dois
fetos e sob restrição nutricional apresentaram
maior consumo de celulose. Essa resposta seguiu
o comportamento no consumo de FDN.
Não foram observadas diferenças na
digestibilidade de celulose dos animais em
função dos tratamentos (p>0,05).
Na Tabela 12 encontram-se os valores médios de
consumo de proteína bruta de ovelhas aos 110
dias de gestação de um ou dois fetos, recebendo
dietas restritas ou não restritas. Pode-se observar
que houve (p<0,05) interação entre o número de
fetos e o manejo alimentar. Ao se verificar o
efeito da restrição sobre o número de fetos
observa-se que ovelhas com gestação simples
apresentaram menores consumos de proteína
(p>0,05).
Observa-se que, mais uma vez, a restrição
reduziu o consumo de proteína bruta. Em ambos
os casos essa redução deve-se ao fato de que as
ovelhas gestantes de um feto sob alimentação
restrita receberam menor quantidade de proteína
e energia (15%) na dieta.
35
Tabela 12. Consumos e coeficientes de digestibilidade da proteína bruta (PB) e balanço de nitrogênio das
dietas restritas ou não restritas de ovelhas Santa Inês aos 110 dias de gestação de um ou dois fetos
Consumo PB
( g/dia)
Consumo PB
(%Peso Vivo)
Coeficiente de
digestibilidade PB
Consumo N
(g/dia)
1feto 2fetos Média
1feto
2fetos
Média
1feto 2fetos
Média
1feto 2fetos Média
Não restrita
166,24Aa
158,71Aa
162,47
0,33 0,29 0,31A
0,67 0,69 0,68 26,60Aa
25,39Aa
26,00
Restrita 98,53Bb 144,85Aa
121,69
0,22 0,27 0,24B 0,63 0,66 0,65 15,77Bb
23,18Aa
19,47
Média 132,38 151,78 0,27 0,28 0,65 0,68 21,18 24,28
CV (%) 20,7 23,3 8,5 20,7
N fecal
(g/dia)
N urinário
(g/dia)
Balanço de
Nitrogênio (g/dia)
N retido/
N ingerido
Não restrita
8,62 7,76 8,19 5,58 4,88 5,23 12,40
12,76 12,58A
0,45 0,47 0,46
Restrita 5,89 7,76 6,83 4,89 4,87 4,88 4,99 10,55 7,77B 0,31 0,45 0,38
Média 7,25 7,76 5,23 4,87 8,69 11,65 0,38 0,46
CV (%) 21,5
31,1
48,4
30,2
Letras distintas minúsculas na mesma linha e variável e maiúsculas na mesma coluna e variável diferem entre si (p<0,05) pelo teste
SNK.
A diferença entre o grupo não-restrito e o restrito
foi de 40%. Essa elevada diferença pode também
ser atribuída ao fato de que a dieta restrita
continha grande quantidade de feno, o que,
possivelmente, reduziu o consumo de PB, pois
esse alimento contém menor quantidade desse
nutriente (cerca de 7%). Entretanto, pode-se
observar que, mesmo com menor consumo, o
balanço de proteína foi positivo em todos os
animais independentemente do tratamento.
Contudo, ovelhas que sofreram restrição
nutricional apresentaram menor retenção de
nitrogênio, provavelmente, em função do
explicado anteriormente.
Como esperado, o consumo de nitrogênio teve a
mesma resposta que o consumo de PB. Não
foram observadas diferenças (p>0,05) na
excreção de nitrogênio nas fezes e na urina nos
tratamentos estudados. Esse resultado indica que
os animais estão reciclando o nitrogênio com
melhor eficiência, provavelmente, em função do
aumento nas exigências em PB. A relação entre
nitrogênio retido e nitrogênio ingerido, bem
como a digestibilidade aparente da PB não foram
afetadas pelos tratamentos, conforme observado
aos 90 dias de gestação. A relação da quantidade
do nitrogênio retido em função do ingerido
mostra a capacidade, especialmente dos animais
que sofreram restrição nutricional, em
metabolizar este nutriente. Essa resposta indica
que animais quando submetidos a algum tipo de
restrição buscam alternativas em seu
metabolismo para tentar compensar a falta de um
ou mais nutrientes em sua dieta, conforme
explicado no item 2.2.3.
Na Tabela 13 encontram-se o consumo de
energia bruta, digestível e metabolizável em
ovelhas Santa Inês aos 110 dias de gestação de
um ou dois fetos, submetidas a dietas restritas e
não restritas. Verifica-se que o consumo de
energia bruta sofreu (p<0,05) influência das
interações entre número de fetos e o manejo
nutricional.
Ovelhas com um feto, recebendo dietas restritas
apresentaram menores consumo de energia bruta,
provavelmente, porque a dieta desses animais
possuía 15% menos de energia quando
comparadas com as dietas não restritas.
Observa-se também que ovelhas com gestação
dupla com restrição apresentaram maior
consumo do que as ovelhas com um feto e dieta
restrita. Como as exigências das ovelhas de dois
fetos são maiores, pode-se então atribuir esta
diferença a este fato. Porém, as ovelhas sem
restrição alimentar, apresentaram maior consumo
por peso metabólico quando essas estavam
gestantes de um feto, do que quando estavam
gestantes de dois fetos. Apesar da dieta com
menor teor de FDN oferecida a esses animais, a
relação entre a ingestão de MS e o conteúdo de
FDN da dieta pode ser interpretada de forma
quadrática, havendo um ponto de transição entre
o controle físico e o fisiológico, no qual o efeito
da repleção ruminal pela presença da FDN deixa
de ocorrer, e o consumo passa a ser regulado pela
ingestão de energia (Bull et al., 1976).
36
Tabela 13. Consumos de energia bruta, digestível e metabolizável das dietas restritas ou não restritas de
ovelhas Santa Inês aos 110 dias de gestação de um ou dois fetos
kcal/dia
kcal/PV kcal/kg PV
0,75
Coef. digestibilidade
1feto 2fetos Média
1feto 2fetos Média
1feto 2fetos Média
1feto 2fetos
Média
Energia Bruta
ñ restrita
5.992,3Aa
5.066,2Aa
5.529,3
118,8Aa
93,9Ab
106,3 31,61Aa
25,44Ab
28,52 0,57 0,67 0,62A
Restrita 4.055,0Bb
5.174,9Aa
4.615,0
87,5Ba 95,1Aa
91,3 22,80Ba
25,79Aa
24,29 0,50 0,55 0,53B
Média 5.026,7 5.120,6
103,1 94,5 27,21 25,61 0,54b
0,61a
CV (%) 17,5
18,6 17,5 13,1
kcal/dia kcal/PV kcal/kg PV0,75
1feto 2fetos Média 1feto 2fetos Média 1feto 2fetos Média
Energia Digestível
Não restrita 3.515,0 3.396,2 3.455,6A 68,7 62,7 65,7A 18,34 16,99 17,66A
Restrita 2.015,9 2.869,6 2.442,7B 43,5 52,7 48,1B 11,34 14,29 12,81B
Média 2.765,4 3.132,9 56,1 57,7 14,84 15,64
CV (%) 27,2 26,2 25,9
Energia Metabolizável
Não restrita 3.188,3 3.107,9 3.148,1A 62,2 57,4 59,7A 16,61 15,55 16,08A
Restrita 1.787,7 2.580,9 2.184,3B 38,6 47,4 43,0B 10,05 12,85 11,45B
Média 2.488,0 2.844,4 65 52,4 13,3 14,2
CV (%) 29,1 28,0 27,8
Letras distintas minúsculas na mesma linha e variável e maiúsculas na mesma coluna e variável diferem entre si (p<0,05) pelo teste
SNK.
O consumo de energia metabolizável foi
influenciado (p<0,05) pelo manejo nutricional
aos quais os animais foram submetidos. Observa-
se que os que receberam dieta não-restrita
apresentaram maior consumo. A diferença no
consumo entre esses dois tratamentos foi de
30%, valor esse superior à diferença existente
entre a dieta restrita e não restrita para a
quantidade de energia que era de 15%. O fato de
não haver diferença entre o consumo de energia
metabolizável entre ovelhas com um ou dois
fetos pode estar relacionado com algumas
mudanças que ocorrem no metabolismo do
animal com o avançar da gestação. Isto é,
podemos inferir que as ovelhas do grupo restrito
com um ou dois fetos possivelmente
apresentaram maior eficiência na metabolização
da energia ingerida, pois estas sempre recebiam
menores quantidades de energia.
As digestibilidades da energia bruta foram
menores (p<0,05) para os animais submetidos à
restrição alimentar e gestação simples, dessa
maneira, infere-se que a maior oferta de energia
proveniente do volumoso, conseqüentemente,
menos digestível, acarretou nos menores valores
observados.
2.3.3 Consumo e digestibilidade dos nutrientes
aos 130 dias de gestação
O consumo de matéria seca das ovelhas aos 130
dias de gestação de um ou dois fetos submetidas
ou não à restrição nutricional encontra-se na
Tabela 14. Observa-se que a restrição acarretou
em menor consumo de matéria seca pelas de
ovelhas com gestação simples.
Observa-se que as ovelhas sob restrição
alimentar e gestantes de dois fetos consumiram
mais matéria seca que as ovelhas com um feto,
1,62 e 1,27 kg/dia, respectivamente. Essa
diferença pode ser atribuída à quantidade de
alimento ofertado às ovelhas com gestação
dupla, pois suas exigências são maiores e, dessa
forma, receberm maior quantidade de alimento.
37
Tabela 14. Consumos e coeficientes de digestibilidade da matéria seca de dietas restritas ou não restritas
de ovelhas Santa Inês aos 130 dias de gestação de um ou dois fetos
Consumo
(kg/dia)
Consumo
(%Peso Vivo)
Consumo
(g/kg Peso Vivo
0,75
)
Coeficiente de
digestibilidade
1feto 2fetos Média
1feto 2fetos Média 1feto 2fetos Média 1feto 2fetos
Média
Matéria Seca
Não restrita
1,54Aa
1,59Aa
1,56 2,89 2,55 2,72 77,9 71,6 74,7 0,59 0,62 0,60
Restrita 1,27Bb
1,62Aa
1,44 2,65 2,7 2,68 69,6 75,2 72,4 0,54 0,61 0,58
Média 1,40 1,60 2,77 2,63 73,7 73,4
0,57b
0,61a
CV (%) 8,3 14 11,5 6,1
Letras distintas minúsculas na mesma linha e variável e maiúsculas na mesma coluna e variável diferem entre si (p<0,05) pelo teste
SNK.
Entre os animais não submetidos à restrição
alimentar, não houve diferença entre aqueles
gestantes de um e dois fetos, sendo a média de
consumo 1,56 g/dia. Esse resultado foi similar ao
observado por Scheaffer et al. (2004), avaliando
consumo de ovelhas de diferentes raças, aos 130
dias de gestação, que encontraram valor de
consumo médio de 1,46 g/dia.
Não foram observadas diferenças (p>0,05) no
consumo de matéria seca em função dos pesos
vivo e metabólico. Esses resultados sugerem que
houve certa interferência da gestação no
consumo, visto que as ovelhas estavam a 20 dias
do parto, período esse que o crescimento fetal
ocorre de forma exponencial (Ferrel et al., 1992).
Observa-se que a digestibilidade aparente da
matéria seca foi influenciada pelo número de
fetos. Ovelhas com dois fetos apresentaram
maior digestibilidade aparente da matéria seca.
Ressalta-se que estes animais recebiam grande
quantidade de carboidratos solúveis em sua dieta,
o que pode ter elevado o coeficiente de
digestibilidade desses. Segundo Valadares Filho
(1985), carboidratos não estruturais possuem
coeficiente de digestibilidade aparente total
acima de 90% e carboidratos estruturais próximo
de 50%.
Trabalhando com diferentes proporções de fibra
em detergente neutro oriundo de forragens
(FDNf), Macedo Júnior (2004) observou
aumento na digestibilidade da MS em ovelhas
não gestantes, a medida que elevou a quantidade
de FDNf nas dietas. Outro fator que
possivelmente possa estar associado ao maior
coeficiente de digestibilidade da matéria seca é
que ovelhas com gestação dupla aumentam a
capacidade de metabolizar os nutrientes
ingeridos a fim de suprir suas exigências, além
de estar preparando-se para lactação
subseqüente, principalmente tratando-se de parto
gemelar, quando a produção de leite é maior.
Ao final da gestação, ovelhas alimentadas com
dietas de média a alta qualidade, apresentam as
concentrações plasmáticas de glicose, geralmente
superiores às observadas em ovelhas não
gestantes. Parte dessa melhor gliconeogênese é
devido ao aumento do consumo voluntário.
Entretanto, isso também ocorre quando são
oferecidas dietas restritas. Os mecanismos dessa
aparente adaptação não são claramente definidos,
mas ao final da gestação, a fração de conversão
do propionato ruminal em glicose, ocorrida no
fígado, aumenta significativamente (Scheaffer et
al., 2004). Esses autores observaram aumento da
massa hepática de 870,3 para 927,3 g dos 90 aos
130 dias de gestação, sendo que quando a dieta
foi oferecida ad libtum a massa foi de 911,9 g
contra 717,8 g quando a dieta foi restringida em
40 % das exigências de mantença.
A Tabela 15 mostra que o consumo de fibra em
detergente neutro foi influenciado pelo manejo
nutricional ao quais as ovelhas foram
submetidas. Os animais que sofreram restrição
nutricional apresentaram maior consumo,
provavelmente porque na composição das dietas
havia maior quantidade de feno, elevando a
quantidade de FDN consumida. Outro fator que,
provavelmente, contribuiu para este resultado foi
que esse grupo tinha menor aporte de energia e
PB em sua dieta, obrigando os animais a
selecionar, no alimento oferecido, os nutrientes
necessários para suprir as exigências, desta
forma elevando o consumo da parte fibrosa da
dieta. Ao observarmos o consumo de FDN em
função dos pesos vivo e metabólico pode-se
verificar que ovelhas com gestação simples
apresentaram maior consumo, provavelmente em
38
virtude de que sua dieta era composta em sua
maior parte de feno, quando comparado com
animais de gestação dupla. Nota-se observar que
não houve interação entre os tratamentos,
indicando indica efeito pontual dos mesmos
.
Tabela 15. Consumos e coeficientes de digestibilidade da fibra em detergente neutro de dietas restritas ou
não restritas de ovelhas Santa Inês aos 130 dias de gestação de um ou dois fetos
Consumo
(kg/dia)
Consumo
(%Peso Vivo)
Consumo
(g/kg Peso Vivo
0,75
)
Coeficiente de
digestibilidade
1feto 2fetos Média 1feto 2fetos Média 1feto 2fetos Média 1feto 2fetos Média
Não restrita
878,8 829,9 854,3B
1,65 1,33 1,49B 44,51 37,38 40,95B 0,50 0,50 0,50B
Restrita 895,0 987,5 941,2A
1,87 1,66 1,76A 49,20 45,97 47,59A 0,52 0,55 0,53A
Média 886,9 908,7 1,76a 1,49b 46,86a 41,68b
0,51 0,53
CV (%) 10,0 15,9 13,5 7,2
Letras distintas minúsculas na mesma linha e variável e maiúsculas na mesma coluna e variável diferem entre si (p<0,05) pelo teste
SNK.
Ao analisar os coeficientes de digestibilidade da
FDN pode-se observar que as ovelhas recebendo
dieta restrita apresentaram maior valor de
digestibilidade. A digestibilidade de uma dieta
está relacionada ao consumo da mesma, bem
como a composição bromatológica, relação
volumoso:concentrado, número de refeições, o
estádio fisiológico, entre outros. Assim pode-se
inferir que, o maior consumo de fibra acarretou
em menor taxa de passagem e, conseqüente,
incremento da digestibilidade. Além disso, as
ovelhas do grupo restrito podem ter utilizado
mecanismos fisiológicos que elevaram a
digestibilidade da fibra.
Outro fator que poda ter influenciado nessa
resposta é a presença de carboidratos solúveis na
dieta das ovelhas que não sofreram restrição
nutricional. A interferência dos carboidratos não
estruturais (CNE) na digestão da fibra tem sido
observada freqüentemente. Os principais efeitos
são a redução do pH ruminal e efeito negativo na
digestão da fibra, que pode estar relacionado com
o desbalanço da microbiota ruminal, gerando
uma sobreposição das bactérias amilolíticas
sobre as bactérias fibrolíticas, ou até mesmo as
enzimas que degradam a fibra que podem ser
inibidas pelos CNE e pelos produtos de sua
digestão (Tamminga et al., 1990; Hoover, 1986).
Os animais têm grande capacidade de adaptarem-
se às condições que lhe são impostas. Assim,
sugere-se que as ovelhas do grupo restrito
ajustaram o consumo de carboidratos solúveis
com a ingestão de carboidratos estruturais,
aumentando digestibilidade da fibra. Esse
mecanismo aliado maior tempo de ingestão do
alimento, indicando seleção de frações mais
nutritivas, podem atuar em conjunto para
elevação na digestibilidade.
Na Tabela 16 encontram-se os valores de
consumo de FDA, hemiceluloses e celulose das
ovelhas consumindo dietas restritas e não
restritas aos 130 dias de gestação. O consumo e o
coeficiente de digestibilidade da celulose e FDA
foram influenciados pelos manejos nutricionais
ao quais os animais foram submetidos. O grupo
que recebeu alimentação restrita apresentou os
maiores valores, sendo o consumo de FDA de
435,61 g/dia e 49% de digestibilidade, o
consumo de celulose foi 364,25 g/dia e 56% de
digestibilidade
A digestão da fibra em ruminantes não é
constante para todos os animais como também
para todas as fontes de alimentação, sendo que as
principais fontes de variação dependem da
maturidade, estrutura e composição química da
planta e, ressalta-se, que o estádio fisiológico do
animal também influencia a digestibilidade da
dieta (Van Soest, 1994).
No presente estudo, a maior oferta de volumoso,
nas dietas restritas, levou ao maior consumo de
frações de FDA e celulose que acarretou em
maiores digestibilidades. Esses resultados estão
de acordo com Macedo Júnior et al. (2005) que
trabalhando com ovelhas Santa Inês no último
terço de gestação observaram incremento de 50%
no consumo de FDA quando aumentou de 8,67
para 34,69% o nível de FDN forrageiro da dieta.
Paula et al. (2004) avaliando a digestibilidade
dos nutrientes nos mesmos tratamentos e animais
do trabalho anterior, observaram oscilações nos
39
coeficientes de digestibilidade da FDA sendo os
valores extremos, justamente, nos tratamentos
intermediários. O maior valor foi 0,60 para a
inclusão de FDNf de 17,34% e o menor 0,44
para oferta de 26,01% de FDNf e não houve
diferenças entre o maior e o menor valor para os
tratamentos de 8,67 e 34,69% de FDNf. .
Tabela 16. Consumos e coeficientes de digestibilidade de fibra em detergente ácido, hemiceluloses e
celulose das dietas restritas ou não restritas de ovelhas Santa Inês aos130 dias de gestação de um ou dois
fetos
Fibra em detergente ácido Hemicelulose Celulose
1feto 2fetos Média 1feto 2fetos Média 1feto 2fetos Média
Consumo (g/dia)
Não restrita 399,63 364,31 381,97B 479,14 465,57 472,36 332,64 307,50 320,07B
Restrita 421,25 449,96 435,61A 473,76 537,49 505,63 352,79 375,71 364,25A
Média 410,44 407,14 476,45 501,53 342,71 341,61
CV (%) 10,6 8,8 11,1
Coeficiente de digestibilidade
Não restrita 0,45 0,44 0,45B 0,54 0,55 0,55 0,52 0,51 0,52B
Restrita 0,48 0,50 0,49A 0,56 0,58 0,57 0,56 0,56 0,56A
Média 0,47 0,47 0,55 0,57 0,54 0,54
CV (%) 10,6 9,6 8,2
Letras distintas minúsculas na mesma linha e variável e maiúsculas na mesma coluna e variável diferem entre si (p<0,05) pelo teste
SNK.
A restrição nutricional imposta aos animais faz
com que os mesmos busquem mecanismos
fisiológicos de adaptação a fim de manter
constante o aporte de PB e energia para suprir as
necessidades nutricionais. Vários mecanismos
são propostos pela literatura (Church 1974;
Forbes, 1995), entretanto, em ovelhas gestantes o
aumento na taxa de passagem e o incremento na
eficiência digestiva parecem ser os mais
atuantes.
Os consumos de PB e de nitrogênio das ovelhas
aos 130 dias de gestação foram influenciados
pelo manejo nutricional e pelo número de fetos,
conforme apresentado na Tabela 17. A restrição
nutricional reduziu o consumo tanto de PB
quanto de nitrogênio. Esse resultado deve-se a
restrição em 15% de PB na dieta desses animais.
A redução no consumo de PB do grupo restrito
para o não-restrito foi de 17%, valor próximo à
restrição imposta. Dessa forma, fica bem
caracterizado o efeito do manejo nutricional no
consumo tanto de PB quanto de nitrogênio.
O número de fetos também influenciou de
maneira significativa, evidenciando maior
consumo de PB para os animais com dois fetos.
Ovelhas com gestação gemelar possuem maior
exigência em energia e PB do que ovelhas com
gestação simples. Dessa forma, como as dietas
buscavam atender às exigências em função tipo
de gestação, pode-se atribuir esta diferença no
consumo de PB e nitrogênio ao maior aporte de
PB nos animais com dois fetos.
A excreção de nitrogênio foi afetada pelo manejo
nutricional dos animais, sendo que a restrição
reduziu sua concentração nas fezes. Ovelhas com
dietas sem restrição tinham na composição da
mesma grande quantidade de carboidratos
solúveis. Esses tipos de carboidratos quando
presentes em alta quantidade na dieta modificam
o sítio de digestão do animal (Van Soest, 1994)
fazendo com que grande parte da digestão ocorra
fora do ambiente ruminal, ou seja, no trato
posterior, o que aumenta a produção microbiana
no intestino grosso. Esses microrganismos saem
nas fezes, o que eleva a concentração de
nitrogênio na mesma. Outro fator que eleva a
quantidade de nitrogênio fecal é a presença de
alimentos não digeridos nas fezes. Além disso,
possivelmente a demanda pelo nutriente aliada à
restrição alimentar imposta às ovelhas, podem ter
ocasionado aumento da eficiência digestiva
desses animais, uma vez que as frações menos
digestíveis da dieta, como FDA, apresentaram
também maiores coeficientes de digestibilidade.
40
Tabela 17. Consumos e coeficientes de digestibilidade da proteína bruta (PB) e balanço de nitrogênio das
dietas restritas ou não restritas de ovelhas Santa Inês aos 130 dias de gestação de um ou dois fetos
Consumo PB
(g/dia)
Consumo PB
(%Peso Vivo)
Coeficiente de
digestibilidade PB
Consumo N
(g/dia)
1feto 2fetos Média 1feto
2fetos Média 1feto 2fetos
Média 1feto 2fetos Média
Não restrita 192,66 204,16 198,41A 0,36 0,33 0,35 0,67 0,67 0,67 30,83 32,67 31,75A
Restrita 142,95 184,61 163,78B 0,30 0,31 0,30 0,65 0,68 0,66 22,87 29,54 26,21B
Média 167,80b 194,39a 0,33 0,32 0,66 0,67 26,85a 31,10b
CV (%) 20,0 7,5 20,0
N fecal
(g/dia)
N urinário
(g/dia)
Balanço de
Nitrogênio (g/dia)
N retido/
N ingerido
Não restrita 10,17 10,28 10,23A 5,91 4,98 5,44 14,74 17,40 16,07 0,48 0,51 0,50
Restrita 8,04 9,48 8,76B 5,53 5,60 5,57 9,30 14,46 11,88 0,41 0,49 0,45
Média 9,11 9,88 5,72 5,29 12,02 15,93 0,44 0,50
CV (%) 14,2 36,2 37,5 16,5
Letras distintas minúsculas na mesma linha e variável e maiúsculas na mesma coluna e variável diferem entre si (p<0,05) pelo teste
SNK.
Não foram observadas diferenças na excreção de
nitrogênio na urina, indicando que os animais
lançaram mão de recursos para aumentar a
reciclagem do nitrogênio, evitando a perda na
urina. Ruminantes que sofrem restrição
nutricional tanto pela quantidade ou qualidade do
alimento, bem como pela deficiência em
nitrogênio dietético, apresentaram maior
eficiência na regulação da excreção de nitrogênio
na urina (Forbes, 1995; Van Soest, 1994).
O balanço de nitrogênio foi positivo em todos os
tratamentos. Sendo que os animais que
receberam dieta restrita, que apresentaram
consumo de 17% menor que os não restritos. Tal
resultado reforça a idéia de que as ovelhas se
adaptaram fisiologicamente de forma a reduzir a
perda de nitrogênio, principalmente na forma de
uréia. A via metabólica protéica é representada
pela uréia, pois depende do aporte de proteínas
degradáveis da ração. Entretanto, o valor
energético da ração também tem efeito sobre a
concentração urinária de uréia. Se o consumo de
energia é baixo, o metabolismo dos
microrganismos ruminais é alterado,
ocasionando aumento na concentração sangüínea
de uréia e aumento na reciclagem do nitrogênio
(Contreras et al., 2000).
A relação entre o nitrogênio retido e consumido
foi positiva para todos os tratamentos, entretanto
não houve diferença significativa. Essa relação
mostra quanto do nitrogênio retido foi originado
do nitrogênio ingerido. Assim, mais uma
evidência que os animais do grupo com
alimentação restrita utilizaram certo recurso
metabólico para maximizar a utilização do
nitrogênio ingerido.
Na Tabela 18 estão apresentados os valores de
consumo da energia bruta, digestível e
metabolizável de ovelhas aos 130 dias de
gestação, submetidas aos regimes alimentares
restrito ou não restrito.
Observa-se que o consumo de energia
metabolizável assim como energia bruta e
digestível em kcal/dia foram influenciados pelos
tratamentos e pela interação entre eles (p<0,05).
A restrição nutricional reduziu o consumo de
energia pelos animais com gestação simples e
alimentação restrita. Esse fato pode ter ocorrido
em função do menor aporte de energia na dieta,
pois a exigência é inferior às ovelhas com
gestação gemelares (NRC, 1985), além de
estarem submetidas à restrição alimentar.
A digestibilidade da energia foi afetada somente
pelo número de fetos, provavelmente, a dieta
mais digestível oferecida aos animais de gestação
dupla aliada ao maior metabolismo, acarretou em
incremento da utilização energética.
As ovelhas de gestação simples e, submetidas à
restrição alimentar consumiram em média 25,9%
menos energia metabolizável que às não
submetidas à restrição, e 33,7% menos do que as
gestantes de dois fetos sob mesmo manejo
nutricional. A diferença no consumo, entre
ovelhas sob restrição nutricional ou não, foi a
esperada, em torno a 15%, já que as dietas eram
ajustadas em função do peso dos animais e a
diferença em relação ao peso vivo foi de 15,7%.
41
Tabela 18. Consumos de energia bruta, digestível e metabolizável das dietas restritas ou não restritas de
ovelhas Santa Inês aos 130 dias de gestação de um ou dois fetos
kcal/dia
kcal/PV
kcal/kg PV
0,75
Coef. digestibilidade
1feto 2fetos Média
1feto 2fetos Média
1feto 2fetos Média
1feto 2fetos Média
Energia Bruta
ñ restrita
6.023,5Aa
6.160,7Aa
6.092,1
113 99,1 106 30,46 27,38 29,13
0,52 0,56 0,54
Restrita 4.983,7Bb
6.319,1Aa
5.651,4
104,2 105,9 105,1 27,38 29,39 28,39
0,48 0,55 0,52
Média 5.503,6 6.239,9 108,6 10,25 28,92 28,6
0,50b 0,56a
CV (%) 8,7 14,3 11,9
8,7
Kcal/dia
kcal/PV
kcal/kg PV
0,75
1feto 2fetos Média
1feto 2fetos Média
1feto 2fetos Média
Energia Digestível
Não restrita
3.155,2Aa 3.430,2Aa 3.292,8 58,6Aa 55,1Aa 56,9 15,85Aa 15,47Aa 15,66
Restrita 2.364,1Bb 3.487,2Aa 2.925,7 49,4Bb 58,0Aa 53,7 12,99Bb 16,13Aa 14,59
Média 2.759,7 3.458,8 54 56,5 14,41 15,79
CV (%) 11,4
11,5
9,9
Energia Metabolizável
Não restrita
2.807,4Aa 3.088,9Aa 2.948,2 52,1Aa 49,6Aa 50,9 14,09Aa 13,93Aa 14,01
Restrita 2.080,2Bb 3.136,3Aa 2.608,2 43,4Bb 52,1Aa 47,8 11,43Bb 14,49Aa 12,96
Média 2.443,8 3.112,6 47,8 50,9 12,76 14,21
CV (%) 12
11,3
10,0
Letras distintas minúsculas na mesma linha e variável e maiúsculas na mesma coluna e variável diferem entre si (p<0,05) pelo teste
SNK.
É interessante ressaltar que o consumo de
energia em kcal por dia foi 17,3% menor para
ovelhas com um feto sob restrição alimentar
quando comparadas às que não sofreram
restrição. Porém, em relação ao peso metabólico,
não foi observado diferença.
2.3.4 Consumo e digestibilidade dos nutrientes
em diferentes fases da gestação
Não houve interação (p>0,05) entre as fases da
gestação e o manejo alimentar, nem interação
tripla (nº de fetos x fase da gestação x manejo
alimentar) nas variáveis de consumo e
digestibilidade aparente em todos os nutrientes
estudados.
Na Tabela 19 observa-se que o consumo de
matéria seca por ovelhas aos 90, 110 e 130 dias
de gestação foi influenciado pelos tratamentos e
suas interações. Observa-se que ovelhas com
dois fetos sofrendo restrição nutricional
apresentaram consumos maiores que aquelas
com um feto. Isso se deve ao fato de que a
gestação dupla acarreta aumento da exigência
nutricional e como as dietas foram calculadas em
função do tipo de gestação, os animais com
gestação dupla, mesmo sofrendo restrição,
tinham maior quantidade de alimento sendo
ofertada. Esse comportamento não foi observado
para aqueles que não sofreram restrição.
A restrição em PB e energia interferiu no
consumo de matéria seca das ovelhas em
gestação simples. Aquelas que foram submetidos
à restrição apresentaram menores consumos de
matéria seca. Esses resultados também foram
observados por Rodrigues et al. (2001) avaliando
os últimos 30 dias de gestação de cabras Alpinas
divididas, recebendo dietas com 13% de PB e
1,0; 1,4 ou 1,7 Mcal de Energia Líquida por kg
de MS. Os autores constataram que a ingestão de
matéria seca foi maior para as dietas mais
energéticas e quando houve menor ingestão de
FDN.
Houve interação significativa entre o número de
fetos e o período gestacional. Segundo o NRC
(1985) a gestação da ovelha pode ser dividida em
42
duas fases muito distintas, sendo que até os 120
primeiros dias as exigências nutricionais são
equivalentes às de animais em mantença. Porém,
Macedo Junior et al. (2007a) trabalhando com
ovelhas Santa Inês com gestação simples e dupla
em diferentes fases, observaram que as ovelhas
com dois fetos aos 110 dias apresentavam maior
exigência em energia líquida que aquelas aos 90
dias de gestação. Nos últimos 30 dias de
gestação, segundo o NRC (2006), observa-se que
o crescimento fetal apresenta-se de forma
exponencial fazendo com que as exigências
nutricionais se elevem na mesma velocidade. Em
virtude desse fato, sugere-se que no terço final da
gestação haja aumento no fornecimento de
energia e proteína, bem como de minerais.
Tabela 19. Consumos e coeficientes de digestibilidade da matéria seca de dietas restritas ou não restritas
em ovelhas Santa Inês aos 90, 110 e 130 dias de gestação de um ou dois fetos
Consumo
(kg/dia)
Consumo
(%Peso Vivo)
Consumo
(g/kg Peso Vivo
0,75
)
Coeficiente de
digestibilidade
1 Feto 2Fetos Média
1 Feto 2Fetos Média
1 Feto 2 Fetos Média
1Feto
2Fetos
Média
Matéria Seca
Não restrita
1,47Aa 1,50Aa 1,48
2,86Aa
2,62Aa
2,74
76,51Aa
71,89Aa
74,20
0,59 0,67 0,63A
Restrita 1,10Bb 1,43Aa 1,26
2,34Ba
2,53Aa
2,44
61,21Bb
69,21Aa
65,21
0,55 0,61 0,58B
90 dias
1,17Bb 1,48ABa
1,32
2,42 2,70 2,56
63,67 73,36 68,51
0,56 0,66 0,61
110 dias
1,28ABa
1,30Ba 1,29
2,62 2,39 2,51
69,18 64,91 67,04
0,59 0,65 0,62
130 dias
1,40Ab 1,60Aa 1,50
2,77 2,63 2,70
73,73 73,38 73,56
0,57 0,61 0,59
Média 1,28 1,46
2,60 2,57
68,86 70,55
0,57b
0,64a
CV 12,8
15,1
13,4
8,4
Letras distintas minúsculas na mesma linha e variável e maiúsculas na mesma coluna e variável diferem entre si (p<0,05) pelo teste
SNK.
No presente estudo, verificou-se que ovelhas
com 130 dias de gestação apresentaram maiores
consumos de matéria seca em relação às ovelhas
de 90 dias de gestação. O mesmo comportamento
foi observado para ovelhas com gestação dupla
que apresentaram maiores consumos de matéria
seca, aos 90 dias de gestação, quando
comparadas com as ovelhas aos 110 dias. Esse
maior consumo na fase final de gestação pode ser
explicado pela elevação nas exigências
nutricionais dos animais e pelo fornecimento de
dieta mais rica em carboidratos solúveis, além da
maior oferta de alimento a partir dos 120 dias de
gestação, conforme indicado pelo NRC (1985).
Observa-se que ovelhas com gestação dupla
apresentaram maior consumo aos 90 e 130 de
gestação, esse resultado deve-se à maior
quantidade de alimento disponível a essas, em
função da maior exigência nutricional.
O NRC (2007) preconiza que ovelhas gestantes
de um feto no início da gestação, com peso
médio de 60 kg, consumam 3,11%do peso vivo e
ovelhas com dois fetos 3,35% e ao final da
gestação 3,48 e 3,20% do peso vivo para um e
dois fetos, respectivamente. No presente estudo,
os animais apresentaram menores consumos,
mesmo quando não estavam com a alimentação
restringida, provavelmente, devido às raças
utilizadas nos trópicos, que apresentam menores
méritos genéticos. Outro fator que pode ter
alterado o consumo, deve-se às forrageiras
utilizadas nos trópicos, que apresentam menor
digestibilidade, acarretando em menor consumo.
A digestibilidade aparente da matéria seca foi
influenciada significativamente pelo manejo
nutricional e pelo número de fetos. Os grupos
que não sofreram restrição nutricional bem como
ovelhas com gestação dupla apresentaram maior
coeficiente de digestibilidade aparente da matéria
seca, provavelmente porque a quantidade de
carboidratos solúveis era maior nas dietas desses.
Segundo Valadares Filho (1985), esses
carboidratos possuem coeficiente de
digestibilidade aparente total acima de 90% e
carboidratos estruturais próximos a 50%. Outro
fator que pode ter interferido deve-se
digestibilidade da fibra de forragens, que não é
constante para todos os animais ou para todas as
condições de alimentação, além das principais
fontes de variação que se devem Às diferenças
na sua estrutura, composição química e estádio
de maturidade. Assim, como os animais com
43
gestação simples ou que sofreram restrição
alimentar continham em suas dietas maior
quantidade de fibra, tal fato pode ter interferido
na digestibilidade.
Na Tabela 20 encontram-se os valores de
consumo e o coeficiente de digestibilidade
aparente da FDN por ovelhas aos 90, 110 e 130
dias de gestação. Pode-se observar que houve
interação entre o número de fetos e o manejo
nutricional bem como entre o período da
gestação e o número de fetos. Estas respostas
retratam a influência do tipo de gestação
(simples ou dupla). O consumo de fibra em
detergente neutro foi influenciado pelo manejo
nutricional de forma que ovelhas com gestação
dupla sem restrição e ovelhas com gestação
dupla com restrição nutricional apresentaram
maior consumo. Em ambos os casos a quantidade
de feno (carboidrato estrutural) era maior que nas
demais dietas, desta forma elevando-se o
consumo de FDN
.
Tabela 20. Consumos e coeficientes de digestibilidade da fibra em detergente neutro de dietas restritas ou
não restritas em ovelhas Santa Inês aos 90, 110 e 130 dias de gestação de um ou dois fetos
Consumo
(g/dia)
Consumo
(%Peso Vivo)
Consumo
(g/kg Peso Vivo
0,75
)
Coeficiente de
digestibilidade
1Feto 2Fetos Média 1Feto 2Fetos Média
1Feto 2 Fetos Média 1Feto
2Fetos
Média
Ñ restrita
884,59Aa
686,56Bb
785,57
1,73Aa
1,19Bb
1,46
46,11Aa
32,77Bb
39,44 0,53 0,52 0,52
Restrita 803,46Bb
877,94Aa
840,70
1,71Aa
1,56Aa
1,64
44,74Aa
42,67Aa
43,70 0,55 0,55 0,55
90 dias 786,30Aa
754,43Ba
770,36
1,63 1,38 1,50
42,86 37,45 40,16B 0,54 0,53 0,54
110 dias 858,89Aa
683,64Bb
771,27
1,76 1,25 1,51
46,55 34,03 40,29AB
0,57 0,55 0,56
130 dias 886,89Aa
908,67Aa
897,78
1,76 1,49 1,63
46,86 41,67 44,27A 0,51 0,53 0,52
Média 844,03 782,25 1,72a 1,38b
45,42 37,72 0,54 0,54
CV 12,0 14,4
12,6 12,7
Letras distintas minúsculas na mesma linha e variável e maiúsculas na mesma coluna e variável diferem entre si (p<0,05) pelo teste
SNK.
No caso das ovelhas com gestação dupla
recebendo alimentação restrita, destaca-se que
além da grande maior oferta de fibra na dieta,
acrescenta-se que esses animais possuem alta
exigência nutricional e devido à restrição
nutricional, os mesmos consumiram todo
alimento disponível a fim de suprir suas
necessidades.
As ovelhas com gestação simples e alimentação
restrita apresentaram menores consumos de
FDN, possivelmente pela redução em 15% na
quantidade de energia e PB em suas dietas.
Entretanto, observa-se que o consumo de FDN
em função dos pesos vivo e metabólico verifica-
se que nas ovelhas recebendo alimentação não
restrita, as em gestação simples consumiram
mais FDN as em gestação dupla, provavelmente
pela maior quantidade de fibra em sua dieta.
Entre as ovelhas de gestação dupla observa-se
que as que receberam dieta restrita consumiram
mais FDN. Ressalta-se que os animais que não
sofreram restrição nutricional tinham em sua
dieta grande quantidade de concentrado (grãos)
fazendo com que os mesmos precisassem menos
da fibra para completar as suas exigências.
que é sabido que o teor de FDN de grãos é baixo
e desta forma reduziu-se o consumo de FDN.
Observa-se que o período da gestação
influenciou somente os animais com gestação
dupla de forma que aos 130 dias de gestação
houve maior consumo de FDN. As exigências
em energia e proteína de ovelhas aumentam de
acordo com o período da gestação. Segundo o
NRC (1985) a partir dos 120 dias de gestação o
crescimento fetal ocorre de forma exponencial,
elevando as exigências. No caso de ovelhas em
gestação dupla, estas aumentam de forma mais
significativa. Dessa maneira, recomenda-se
incremento na densidade energética e protéica
da dieta, fato que foi seguido nesse trabalho.
Assim, o maior consumo de FDN pode ser
explicado em função do exposto acima. No caso
das ovelhas com gestação simples, mesmo
havendo aumento nas exigências, após 120 dias
de gestação, não houve alteração no consumo de
FDN, provavelmente pela menor exigência
quando comparado aos com dois fetos. Somente
aos 110 dias observou-se que os animais com
44
gestação dupla apresentaram menores consumos
de FDN.
A digestibilidade aparente da FDN não foi
afetada pelos tratamentos. A digestibilidade da
FDN é afetada pelo consumo da mesma bem
como pela idade da planta, forma de
apresentação, relação volumoso concentrado
entre outros. Assim, evidencia-se que o estádio
fisiológico aos quais os animais se encontravam
não foi capaz de interferir na digestibilidade da
mesma.
Na Tabela 21 apresentam-se o consumo e
digestibilidade da FDA, hemiceluloses e
celulose de ovelhas aos 90, 110 e 130 dias de
gestação. Pode-se observar que estas seguiram a
mesma tendência de consumo da FDN.
A digestibilidade aparente foi influenciada pelo
manejo nutricional. Observa-se que a restrição
nutricional elevou a digestibilidade da FDA.
Esse fato pode ter relação com o consumo das
frações fibrosas, que, geralmente, foi maior para
os animais submetidos à restrição alimentar.
Outro fator que pode estar atuando é a maior
presença de carboidratos solúveis, na dieta
balanceada, que pode estar interferindo
negativamente na digestão da FDN.
Tabela 21. Consumos e coeficientes de digestibilidade da fibra em detergente ácido, hemiceluloses e
celulose de dietas restritas ou não restritas em ovelhas Santa Inês aos 90, 110 e 130 dias de gestação de
um ou dois fetos
Fibra em detergente ácido Hemiceluloses Celulose
1feto 2fetos Média 1feto 2fetos Média 1feto 2fetos Média
Consumo g/dia
Não restrita 404,49Aa 294,00Bb 349,24 480,10Aa 392,56Bb 436,33 315,18Aa 226,28Bb 270,73
Restrita 380,94Aa 401,94Aa 391,44 422,52Bb 476,00Aa 449,26 298,50Aa 312,58Aa 305,54
90 dias 366,95Aa 331,53Ba 349,24 419,34Aa 422,90Ba 421,12 244,37Ba 217,41Ba 230,89
110 dias 400,75Aa 305,24Bb 353,00 458,14Aa 378,40Bb 418,27 333,44Aa 249,28Bb 291,36
130 dias 410,44Aa 407,14Aa 408,79 476,45Aa 501,53Aa 488,99 342,71Aa 341,61Aa 342,16
Média 392,71 347,97 451,31 434,28 306,84 269,43
CV (%) 12,4 11,9 13,2
Coeficiente de Digestibilidade
Não restrita 0,48 0,45 0,47B 0,56 0,56 0,56 0,53 0,50 0,51B
Restrita 0,52 0,51 0,51A 0,58 0,59 0,59 0,58 0,55 0,56A
90 dias 0,50 0,48 0,49 0,58 0,57 0,58 0,54 0,50 0,52
110 dias 0,54 0,48 0,51 0,59 0,58 0,59 0,58 0,54 0,56
130 dias 0,47 0,47 0,47 0,55 0,57 0,56 0,54 0,54 0,54
Média 0,50 0,48 0,57 0,58 0,55 0,52
CV (%) 17,6 10,5 15,2
Letras distintas minúsculas na mesma linha e variável e maiúsculas na mesma coluna e variável diferem entre si (p<0,05) pelo teste
SNK.
A digestibilidade de um alimento pode variar da
composição, do animal e das condições de
alimentação (Mertens, 1987). De acordo com
Santini et al. (1992), os coeficientes de
digestibilidade aparente usados na avaliação dos
alimentos podem ser influenciados por uma série
de fatores, sendo que dentre estes, a relação
volumoso:concentrado está, com certeza, entre
os mais importantes. A digestibilidade da fibra
de forragens não é constante para todos os
animais ou para todas as condições de
alimentação, mas a principal fonte de variação
decorre das diferenças na sua estrutura,
composição química e estágio de maturidade
(Zanine e Macedo Júnior, 2006). A interferência
dos CNE na digestão da fibra tem sido observada
freqüentemente. Os principais efeitos são a
redução do pH ruminal e um efeito negativo na
digestão da fibra, que pode ser decorrente da
preferência dos microrganismos por CNE,
45
através da sobreposição das bactérias amilolíticas
em relação àquelas que digerem a fibra, na
competição pelos mesmos substratos ou pelas
enzimas que degradam a fibra, que podem ser
inibidas pelos CNE ou pelos produtos de sua
digestão (Hoover, 1986).
O consumo de hemiceluloses foi alterado pelos
tratamentos e houve interação entre o manejo
alimentar e o número de fetos, de forma que as
ovelhas sem restrição com um feto e as sob
restrição com dois fetos apresentaram maiores
valores. Animais com gestação simples, por
apresentarem menor exigência, tinham maior
quantidade de feno em sua dieta, explicando
assim o maior consumo. Observou-se que
ovelhas com dois fetos e dieta restrita
apresentaram maior consumo de hemiceluloses.
Como a exigência dessas eram maiores e sofriam
restrição nutricional em sua dieta, elas acabavam
por consumir todo o alimento disponível,
deixando somente partes com baixa
digestibilidade (talos) como sobra no cocho,
elevando assim a ingestão de fibra na dieta e,
conseqüentemente, aumentando o consumo de
hemiceluloses.
Também houve interação do período da gestação
com o mero de fetos de forma que somente
aos 130 dias de gestação, ovelhas com dois fetos
apresentaram maiores consumos de
hemiceluloses. Esse aumento pode estar
associado a dois fatores: após 120 dias de
gestação, a dieta foi ajustada segundo as
recomendações do NRC (1985) e também devido
à maior exigência dos animais nessa fase,
principalmente, aqueles que apresentavam
gestação gemelar. Assim, esses consumiram
mais matéria seca e FDN o que possivelmente
elevou o consumo de hemiceluloses.
A digestibilidade aparente de hemiceluloses não
foi afetada pelos tratamentos seguindo, a mesma
tendência da FDN. Esse comportamento pode ser
atribuído ao fato de que hemiceluloses são
constituem parte da FDN. Dessa forma, sofrem
influência dos fatores que afetaram a
digestibilidade da FDN.
O consumo de celulose foi afetado pelos
tratamentos. Observa-se o consumo foi maior
pelas ovelhas com gestação dupla e dietas
restritas. Quando se observa o efeito da restrição
e o mero de fetos verifica-se que as ovelhas
sem restrição e com gestação simples
apresentaram maior consumo de celulose. Esta
resposta pode estar associada ao maior consumo
de FDN por esses animais, bem como pelas
ovelhas com gestação dupla e dietas restritas,
pois assim como as hemiceluloses, a celulose
também faz parte da composição da FDN.
A digestibilidade da celulose foi afetada pelo
manejo nutricional de forma que as ovelhas
restritas apresentaram maior coeficiente de
digestibilidade aparente. Este resultado foi
idêntico ao da digestibilidade da FDA. Assim, a
maior presença de grãos na dieta das ovelhas sem
restrição pode ter afetado a digestibilidade da
mesma, em função das explicações dadas acima.
Outro fator que pode ter interferido é com
relação à seleção exercida pelos animais. Como
os mesmos sofreram restrição na dieta
selecionaram a parte mais digestível do alimento
a fim de consumir a quantidade necessária de
nutrientes para suprir suas exigências.
O consumo de PB foi afetado pelo manejo
nutricional, número de fetos e fase da gestação,
porém não ocorreram interações entre eles, como
visualizado na Tabela 22. Animais que não
sofreram restrição nutricional apresentaram
maiores consumos de PB, bem como ovelhas
com dois fetos e as que estavam com 130 dias de
gestação. Essas respostas estão associadas à
maior quantidade de carboidratos solúveis na
dieta, em função da maior exigência, seja para
ovelhas com parto duplo ou para os animais ao
final da gestação.
O consumo de nitrogênio seguiu o mesmo tipo
de resposta da proteína bruta. A digestibilidade
aparente da proteína bruta só foi afetada pelo
número de fetos, sendo que ovelhas com
gestação dupla apresentaram maior coeficiente
de digestibilidade. Esses animais receberam
maior aporte protéico na dieta, que elevou a
ingestão de proteína bruta, e maior oferta de
grãos, fatores que elevaram a digestibilidade da
proteína bruta, ou seja, são capazes de responder
às dietas mais protéicas nessa fase, em
atendimento às maiores exigências nessa fase.
A excreção de nitrogênio nas fezes foi maior
para as ovelhas com dietas sem restrição, aos 130
dias e aquelas com gestação dupla. Esse fato foi
similar ao consumo de nitrogênio e PB,
inferindo-se que a maior oferta de grãos a esses
animais alterou o sítio de digestão passando a ser
pós-ruminal elevando a excreção de nitrogênio
nas fezes. Esse incremento deve-se ao aumento
da fermentação no intestino grosso devido à
46
grande quantidade de grãos que chega sem ser
fermentada no rúmem. Assim, o aumento nas
fezes está atrelado à presença de microrganismos
e também de alimentos que não foram digeridos.
No trato posterior, especialmente no intestino
grosso, a absorção é muito baixa, o que
determina maior perda de nitrogênio nas fezes.
Tabela 22. Consumos e coeficientes de digestibilidade da proteína bruta (PB) e balanço de nitrogênio das
dietas restritas ou não restritas de ovelhas Santa Inês aos 90, 110 e 130 dias de gestação de um ou dois
fetos
Consumo PB
(g/dia)
Consumo PB
(%Peso Vivo)
Coeficiente de
digestibilidade PB
Consumo N
(g/dia)
1feto 2fetos Média 1feto 2fetos Média
1feto 2fetos Média 1feto 2fetos Média
ñ restrita
168,96 189,91 179,43A
0,33 0,33 0,33A
0,66 0,69 0,68 27,03 30,39 28,71A
Restrita 113,10 158,77 135,94B
0,24 0,28 0,26B
0,66 0,69 0,67 18,10 25,40 21,75B
90 dias 122,91 176,85 149,88B
0,25 0,32 0,29B
0,67 0,72 0,70 19,67 28,30 23,98B
110 dias 132,38 151,78 142,08B
0,27 0,28 0,28B
0,65 0,68 0,66 21,18 24,28 22,73B
130 dias 167,80 194,39 181,10A
0,33 0,32 0,32A
0,66 0,67 0,67 26,85 31,10 28,98A
Média 141,03b
174,34a
0,29 0,31
0,66b
0,69a 22,57b
27,89a
CV (%) 18,6 20,0
7,6 18,6
N fecal
(g/dia)
N urinário
(g/dia)
Balanço de
Nitrogênio (g/dia)
N retido/
N ingerido
ñ restrita
9,01 9,20 9,10A 5,32 5,51 5,42
12,70
15,68 14,19A 0,46 0,49 0,48
Restrita 6,24 7,94 7,09B 4,65 5,11 4,88
7,21 12,36 9,78B 0,40 0,48 0,44
90 dias 6,52 8,06 7,29B 4,00Bb 5,77Aa 4,88
9,15 14,47 11,81AB
0,47 0,51 0,49A
110 dias 7,25 7,76 7,51B 5,23ABa
4,87Ba 5,05
8,69 11,65 10,17B 0,38 0,46 0,42B
130 dias 9,11 9,88 9,49A 5,72Aa 5,29ABa
5,51
12,02
15,93 13,98A 0,44 0,50 0,47AB
Média 7,63b 8,57a 4,99 5,31
9,95b
14,02a
0,43b 0,49a
CV (%) 19,9 32,9
37,6 20,9
Letras distintas minúsculas na mesma linha e variável e maiúsculas na mesma coluna e variável diferem entre si (p<0,05) pelo teste
SNK.
A excreção de nitrogênio na urina apresentou
interação entre o período da gestação e o número
de fetos. Os animais com gestação dupla
apresentaram maior perda de nitrogênio na urina
com o avanço da gestação, apresentando a maior
perda aos 130 dias. Observa-se também que aos
90 dias de gestação os animais com gestação
dupla apresentaram maiores perdas de nitrogênio
na urina que aqueles com um feto. Em ambos os
casos os animais receberam maior aporte de PB,
fato este que pode explicar essas perdas.
No caso das ovelhas com gestação dupla
observa-se que somente aos 110 dias houve
menor excreção de nitrogênio nas fezes. Aos 110
dias de gestação começa haver aumento nas
exigências dos animais, especialmente os de
gestação dupla, fazendo com que o animal
excrete menos nitrogênio e aumentando a
eficiência de reutilização do nitrogênio pelo
organismo do animal. Como a partir dos 120 dias
de gestação as dietas foram ajustadas de acordo
com o NRC (1985), possivelmente, esse ajuste
tenha suprido a exigência em PB dos animais
fazendo com que os mesmos aumentassem a
excreção de nitrogênio na urina na forma de
uréia.
O balanço nitrogenado foi positivo em todas as
fases, entretanto as ovelhas que não sofreram
restrição apresentaram maior retenção de
nitrogênio, provavelmente pelo maior aporte de
PB contida na dieta desses animais. No caso das
ovelhas com dois fetos essa retenção foi maior,
provavelmente porque na dieta continha grande
quantidade de grãos, que apresentam alta
digestibilidade elevando assim a retenção de
nitrogênio no corpo do animal. As maiores
retenções de nitrogênio ocorreram aos 90 e 130
dias, fases essas em que houve maior excreção
de nitrogênio na urina, indicando que a
quantidade estava acima das exigências. É
comum observarmos para animais dos trópicos,
quando alimentados com dietas baseadas nas
recomendações do NRC (1985), superestimativa
nas exigências nutricionais.
47
A relação entre nitrogênio retido e o ingerido em
ovelhas aos 90, 110 e 130 dias de gestação foi
afetada pelos tratamentos. Essa relação mostra a
eficiência de utilização do nitrogênio ingerido.
Observa-se que maiores eficiências foram
observadas aos 90 e aos 130 dias de gestação,
esse não diferido dos 110 dias. Aos 90 dias, as
ovelhas consumiram menos nitrogênio e
apresentaram maior retenção, evidenciando
assim mecanismo eficiente na utilização do
nitrogênio ingerido. Corroborando com isso
observa-se que a perda de nitrogênio fecal foi
menor aos 90 dias de gestação e a excreção de
nitrogênio na urina foi menor para as ovelhas
com um feto aos 90 dias de gestação. O mero
de fetos também influenciou a relação entre o
nitrogênio retido e o ingerido de forma que os
animais de parto gemelar apresentaram maior
eficiência, devido ao fato de que possivelmente
depositaram mais nitrogênio no útero gravídico,
em função da dupla gestação. Ressalta-se
também que nesta fase, a exigência em PB
especialmente para ovelhas com gestação
gemelar é muito alta.
Com o avanço da gestação, aumento nas
exigências de nitrogênio para a manutenção da
gestação. Durante o terço final, quando o
fornecimento de proteína é menor do que essas
exigências, o organismo passa a não depositar
nitrogênio nos tecidos maternos e até mesmo
mobilizá-los, direcionando para o útero gravídico
e, principalmente para o feto (McNeill et al.,
1996).
O consumo de energia bruta por ovelhas aos 90,
110 e 130 dias de gestação foi influenciado pelos
tratamentos, conforme apresentado na Tabela 23.
Os animais gestantes, de um feto, que sofreram
restrição apresentaram menores consumos de
energia bruta, esse resultado está relacionado
com a redução de 15% na exigência. O período
da gestação também influenciou de forma
significativa o consumo de energia bruta, de
forma que aos 130 dias de gestação houve maior
consumo de energia.
O coeficiente de digestibilidade da energia bruta
foi maior para ovelhas que não sofreram
restrição alimentar e gestantes de dois fetos,
possivelmente devido à dieta mais rica em
concentrado, em ambos os tratamentos, acarretou
em aumento tanto em quantidade de energia
como na fração mais fermentescível da mesma,
uma vez que a fonte energética do concentrado é
mais digestível que da forragem. Os animais aos
130 dias de gestação apresentaram as menores
digestibilidades da energia bruta. Nesse caso,
embora a dieta fosse mais rica em concentrado,
possivelmente, a menor quantidade de forragem
acarretou em aumento na taxa de passagem o que
levou ao decréscimo da digestibilidade da
energia.
Segundo o NRC (1985) no terço final de
gestação as exigências em energia e proteína são
mais altas, dessa forma, foram realizados ajustes
na dieta dos animais aos 120 dias o que,
provavelmente, elevou o consumo de energia dos
animais. O consumo de energia metabolizável foi
mais alto para animais que não sofreram
restrição nutricional, pois esses recebiam energia
suficiente para a mantença em cada fase da
gestação e em função do tipo de gestação.
A diferença no consumo de energia
metabolizável entre o grupo restrito e o não
restrito foi de 22,6%, enquanto que para o grupo
restrito foi imposta uma restrição de 15% na
exigência de energia e proteína. Outro fator que
pode ter contribuído é a qualidade da dieta, pois
os animais não submetidos à restrição tinham na
composição de sua dieta maior quantidade de
grãos que possuem alta digestibilidade, enquanto
nas dietas restritas a maior parte da mesma era
composta por feno, que em geral, possui menor
digestibilidade.
O número de fetos também influenciou o
consumo de energia metabolizável de forma que
as ovelhas com gestação dupla apresentaram
maior consumo. Isso se deve à maior exigência
em energia dessas.
48
Tabela 23. Consumos de energia bruta, digestível e metabolizável das dietas restritas ou não restritas de
ovelhas Santa Inês aos 90, 110 e 130 dias de gestação de um ou dois fetos
kcal/dia
kcal/PV
kcal/kg PV
0,75
Coef. digestibilidade
1feto 2fetos Média
1feto 2fetos Média
1feto 2fetos Média
1feto 2fetos
Média
Energia Bruta
ñ restrita
5.752,3Aa
5.833,4Aa
5.792,9
112,17Aa
102,28Aa
107,2
29,96Aa
28,08Aa
29,0
0,54 0,63 0,58A
Restrita 4.335,9Bb
5584,8Aa 4960,4
92,49Ba 99,21Aa 95,8
24,18Bb
27,12Aa
25,7
0,49 0,56 0,53B
90 dias 4.605,1 5.766,8 5.185,9B
95,27 105,18 100,2 25,09 28,58 26,8 0,52 0,62 0,57A
110 dias 5.023,7 5.120,6 5.072,1B
103,13 94,55 98,8 27,21 25,61 26,4 0,53 0,61 0,57A
130 dias 5.503,6 6.239,9 5.871,8A
108,59 102,51 105,6
28,92 28,6 28,8
0,50 0,56 0,53B
Média 5044,1 5709,1 102,33 100,75 27,07 27,6 0,52b
0,59a
CV (%) 12,6 14,8 13,1 10,6
kcal/dia
kcal/PV
kcal/kg PV
0,75
1feto 2fetos Média
1feto 2fetos Média
1feto 2fetos Média
Energia Digestível
Não restrita 3.139,2 3.625,7 3.382,4A 60,6 63,79 62,2A 16,23 17,49 16,9A
Restrita 2.136,1 3.149,1 2.642,6B
45,62 55,76 50,7B
11,92 15,26 13,6B
90 dias 2.387,9 3.570,4 2.979,2 49,20Ab 65,08Aa 57,1 12,97Ab 17,69Aa 15,3
110 dias 2.765,4 3.132,9 2.949,2 56,08Aa 57,69Aa 56,9 14,84Aa 15,64Aa 15,2
130 dias 2.759,7 3.458,8 3.109,2
54,04Aa 56,56Aa 55,3
14,42Aa 15,80Aa 15,1
Média 2.637,7b 3387,4a 53,11 59,78 14,08 16,38
CV (%) 18,9
18
17,3
Energia Metabolizável
Não restrita 2.817,0 3.295,5 3.056,2A 54,29 57,99 56,1A 14,54 15,9 15,2A
Restrita 1.892,4 2.835,4 2.363,9B
40,43 50,16 45,3B
10,57 13,73 12,1B
90 dias 2.132,3 3.239,3 2.685,8 43,91 59 51,5 11,57 16,04 13,8
110 dias 2.488,0 2.844,5 2.666,2 50,37 52,37 51,4 13,33 14,2 13,8
130 dias 2.443,8 3.112,6 2.778,2
47,81 50,87 49,3
12,76 14,21 13,5
Média 2.354,7b 3.065,5a 47,36b 54,08a 12,55b 14,82a
CV (%) 20,3
19
18,4
Letras distintas minúsculas na mesma linha e variável e maiúsculas na mesma coluna e variável diferem entre si (p<0,05) pelo teste
SNK.
Na Tabela 24 pode-se visualizar a comparação
entre os consumos observados e preconizados
pelo NRC (1985 e 2006). De acordo com o
NRC (2006) o consumo de matéria seca, aos 90
dias de gestação simples, deve ser em torno de
2,3 % peso vivo, os valores observados nesse
estudo foram pouco superiores aos preconizados
por esse comitê. Entretanto, aos 110 dias de
gestação as ovelhas com um feto consumiram,
em média, 23% a mais que o indicado. Essa
diferença não foi verificada para os animais
gestantes de dois fetos. Ao final da gestação,
não foi observada diferença entre os valores
observados e preconizados.
O NRC (1985) preconiza ingestão de 112
gramas por dia de PB para ovelhas ao início de
gestação simples e 116 g quando gestante de
dois fetos. Ao final da gestação, a ingestão
deveria ser 179 e 207 g para um e dois fetos,
respectivamente. No presente estudo, a ingestão
de PB foi maior nas fases estudadas com
exceção de ovelhas com gestação dupla aos 130
dias de gestação que apresentaram consumos
semelhantes aos recomendados. Ressalta-se que
as dietas, utilizadas no presente estudo, foram
calculadas baseadas no NRC (1985). Os valores
observados também foram superiores aos
preconizados pelas recomendações do NRC
(2006), inclusive ao final a gestação dupla.
49
O consumo de energia metabolizável pelas
ovelhas aos 90 dias de gestação simples
apresentou comportamento semelhante aos
propostos pelos comitês. Entretanto, quando
gestantes de dois fetos, as ovelhas do presente
estudo, consumiram, em média, 27% mais do
que o preconizado em 2006 e 32% em 1985.
Aos 130 dias de gestação, os animais de
gestação simples, consumiram,
aproximadamente, o recomendado pelo NRC
(2006), porém 20% a menos do que a
recomendação do NRC (1985). É importante
ressaltar que as dietas foram ajustadas seguindo
as recomendações desse último citado.
Tabela 24. dias dos consumos de matéria seca, proteína bruta e energia metabolizável observados e
preconizados pelos NRC (1985) e NRC (2006)
90 dias 110 dias 130 dias
1 feto 2 fetos 1 feto 2 fetos 1 feto 2 fetos
Matéria seca (% peso vivo)
Observado 2,7 2,9 3,0 2,4 2,9 2,6
NRC 1985 2,4 2,3 2,4 2,3 3,0 2,9
NRC 2006 2,3 2,6 2,3 2,6 2,8 2,7
Proteína bruta (g/dia)
Observado 148,0 206,9 166,2 158,7 192,7 204,2
NRC 1985 112,0 116,5 112,0 116,5 179,5 207,3
NRC 2006 96,0 120,5 96,0 120,5 133,5 177,8
Energia Metabolizável (Mcal/dia)
Observado 2,5 3,7 3,2 3,1 2,8 3,1
NRC 1985 2,4 2,5 2,4 2,5 3,5 4,3
NRC 2006 2,2 2,7 2,2 2,7 2,9 4,0
Os consumos de energia dos animais com
gestação dupla também foram menores que o
sugerido pelo comitê, indicando que ao final da
gestação, tanto o NRC (1985) como o NRC
(2006) superestimaram as exigências em
energia. Nesse caso, a diferença de raças e a
superioridade genética dos animais usados para
a composição das tabelas podem influenciar
nessa superioridade das predições dos consumos
de energia. Baseado nas respostas acima
verifica-se que as ovelhas, até aos 110 dias de
gestação, apresentaram maior consumo tanto de
PB quanto de energia. Infere-se que nesse caso,
os animais deslanados apresentam metabolismo
energético diferente dos lanados, esses
utilizados pelos estrengeiros, principalmente no
que se refere à deposição de gordura intra-
cavitária, que nos deslanados é a principal fonte
de energia quando submetidos à privação
energética. Dessa forma, como o crescimento
fetal até os 110 dias de gestação é muito
pequeno, possivelmente nessa fase, os animais
acumulam gordura para o terço final da gestação
que impõe aos mesmos, grande mobilização de
suas reservas.
Ao final da gestação observou-se que as ovelhas
apresentaram consumo próximo ou inferior ao
preconizado pelo NRC (1985), principalmente
em energia metabolizável, evidenciando
mobilização de reservas corporais com redução
do consumo de energia. Outro fator que pode
influenciar nessas respostas é o fato dos
cordeiros de raças lanadas nascerem mais
pesados, impondo assim maior exigência
protéica e energética às mães, aumentando o
consumo desses animais, os quais foram usados
como base para a montagem das tabelas de
recomendações nutricionais do NRC. Em geral,
a capacidade ingestiva dos animais lanados é
maior que de animais deslanados, impondo
assim maiores necessidades em energia e
proteína por esses animais.
2.3.5 Taxa de passagem ruminal em
diferentes fases da gestação
50
Na Tabela 25 encontram-se os valores de taxa
de passagem da digesta e seus respectivos
coeficientes de digestibilidade. Conforme visto
na Tabela 19 o consumo de matéria seca foi
maior para os animais com um e dois fetos ao
final da gestação, verifica-se que essas ovelhas
além de apresentarem alta exigência nutricional
devido ao fim da gestação (NRC, 1985) foram
os que apresentaram maiores taxas de passagem
ruminal.
Os animais com gestação simples sem restrição
nutricional, assim como aqueles com dois fetos,
apresentaram maiores consumos de MS,
observa-se que essas ovelhas apresentaram
maior taxa de passagem ruminal no terço final
da gestação quando comparados com o terço
médio de gestação.
Tabela 25. Taxas de passagem ruminal de sólidos de ovelhas de ovelhas Santa Inês em diferentes fases da
gestação de um ou dois fetos, submetidas ou não a restrição alimentar
Dieta não restrita
Dieta restrita
Terços da
gestação
k (%/h)
TMRR TMRT R² (%)
k (%/h)
TMRR TMRT R² (%)
1 feto 2,64 75,76 80,56 36,3
2,45 81,63 85,56 82,2
Médio
2 fetos 3,12 64,10 67,60 73,5
2,84 70,42 73,49 84,4
1 feto 3,20 62,50 65,48 87,1
3,29 60,79 63,42 87,7
Final
2 fetos 3,74 53,48 56,51 90
3,48 57,47 60,24 84,9
k= taxa de passagem ruminal; TMRR= tempo médio de retenção no retículo rúmen, TMRT= tempo médio de retenção no trato
gastrintestinal; R²= coeficiente de determinação.
Nas ovelhas com gestação simples, o consumo
de matéria seca elevou-se à medida que o
período gestacional avançou. O mesmo foi
verificado para aquelas recebendo dietas restritas
e não restritas, e ambos os tipos de gestação.
Observa-se que os animais com gestação dupla
apresentaram maiores consumos de matéria seca
ao longo da gestação, devido à maior exigência
em nutrientes. Entretanto, também se verifica
que esses animais apresentaram maior passagem
do alimento pelo rúmen, fato esse que contribui
para o aumento do consumo de matéria seca.
A restrição nutricional reduziu o consumo das
ovelhas com um feto. Verifica-se que naquelas
com um feto no terço médio tiveram maior
tempo de retenção da digesta no rúmen,
provavelmente, pela maior oferta de feno em sua
dieta. Porém, ressalta-se que no terço final de
gestação as ovelhas submetidas à restrição
alimentar apresentaram maior passagem da
digesta no rúmen quando comparadas com
aquelas um feto. Esse comportamento pode ser
explicado como tentativa do animal em elevar o
consumo de matéria seca. Outra possível
explicação seria que os animais estavam
buscando nessa dieta restrita alimentos mais
digestíveis que são rapidamente digeridos,
aumentando assim a passagem da digesta pelo
rúmen.
Observa-se na Tabela 19 que o tempo médio de
retenção da digesta no rúmen-retículo e no trato
digestivo total sempre foi menor para as ovelhas
com dois fetos, independente da fase gestacional
e do tipo de manejo nutricional. Verifica-se que
os animais sob restrição alimentar no terço
médio de gestação de um feto apresentaram
maior tempo de retenção da digesta no rúmen-
retículo e ao longo de todo trato digestivo. Esses
animais recebiam grande aporte de feno em sua
dieta, fato que pode ter contribuído para a maior
retenção da digesta no rúmen. Contudo, no final
da gestação esses animais apresentaram menor
tempo de retenção da digesta, indicando um
mecanismo de adaptação para tentar elevar o
consumo de matéria seca a fim de atender suas
exigências nutricionais uma vez que estavam
recebendo dieta com 15% menos de energia e
PB.
Ureste (2001) trabalhando ovinos lanados da raça
Manchega observaram incremento de 15% no
tempo de retenção da digesta com o avanço da
gestação, oito a duas semanas antes do parto,
resultados similares ao encontrado no presente
estudo, o qual foi verificado incremento de
17,5% dos 90 aos 130 dias de gestação de
ovelhas com um feto e alimentação não restrita.
As ovelhas com gestação dupla e que não
sofreram restrição nutricional apresentaram
51
menor tempo de retenção da digesta na fase
inicial e final da gestação, possivelmente pela
grande quantidade de carboidratos solúveis
presentes em suas dietas. Porém, quando
compara-se esses animais entre as fases da
gestação, verifica-se que no terço final o tempo
de retenção foi menor, indicando que esses
animais estavam usando recursos fisiológicos
para aumentar o consumo de matéria seca, uma
vez que nessa fase da gestação ocorre queda no
consumo de matéria seca devido a fatores físicos
e fisiológicos.
As ovelhas com gestação dupla e dieta não
restrita diminuíram 16,6% no tempo de retenção
no men-retículo com o avanço da gestação.
Entretanto a diferença na retenção da digesta
entre as fases da gestação foi bem maior para
aqueles submetidas a restrição alimentar, 18,4%,
possivelmente, devido ao fato de estarem
recebendo dieta com menos 15% de energia e
PB, o que as obrigava a buscar recursos
fisiológicos a fim de tentar elevar o consumo e
atender a crescente demanda em energia e
proteína.
Chama-se a atenção para os coeficientes de
determinação (R
2
) que foram elevados, indicando
que o modelo mostrou-se adequado ao
fenômeno, com exceção dos animais com um
feto e dieta não restrita na fase inicial da
gestação.
2.3.6 Consumo de água e mistura mineral em
diferentes fases da gestação
O consumo de água foi afetado pelo período da
gestação conforme mostra a Tabela 26. Observa-
se que aos 130 dias de gestação o consumo de
água foi maior que nas outras fases (3,2 L aos 90
e 110 dias da gestação e 3,9 L aos 130 dias).
Esses valores estão de acordo com os
recomendados por Annicchiarico e Taibi (2002)
que citaram que ovelhas no final da gestação
ingerem cerca de 3 a 3,5 L de água quando estão
gestantes de um feto e 3,5 a 4,0 L por aquelas de
gestação gemelar. No presente estudo, ovelhas
gestantes de um feto consumiram em média 3,36
L e 3,58 L quando com dois fetos.
Tabela 26. Consumo de água, sal e densidade da urina de ovelhas Santa Inês em diferentes fases da
gestação de um ou dois fetos, submetidas ou não a restrição alimentar
Consumo de Água Consumo de Água PM Consumo de Sal Mineral
(mL/dia)
(mL/kgPV
0,75
)
(g/dia)
1feto 2fetos Média 1feto 2fetos Média 1feto 2fetos Média
Não restrita
3175,5 3502,9 3339,2
167,79 165,04 166,42
39,83 41,56 40,69
Restrita 3541,4 3653,1 3597,2 185,63 178,02 181,82 31,63 42,51 37,07
90 dias 3195,8 3268,5 3232,2B
172,2 160,55 166,38
36,81 39,9 38,35
110 dias 3142 3294 3218,0B 167,34 163,42 165,38 39,31 39,25 39,28
130 dias 3737,6 4171,4 3954,5A
190,59 190,61 190,6
31,08 46,95 39,02
Média 3358,5 3578 176,71 171,53 35,73b 42,03a
CV (%) 28,6
30
19,5
Densidade da Urina Produção urina/consumo água
1feto 2fetos Média 1feto 2fetos Média
Não restrita 1,025 1,028 1,026A 0,35 0,29 0,32
Restrita 1,021 1,024 1,023B 0,41 0,35 0,38
90 dias 1,024 1,027 1,025 0,42 0,4 0,41A
110 dias 1,023 1,025 1,024 0,36 0,3 0,33B
130 dias 1,022 1,026 1,024 0,35 0,26 0,30B
Média 1,023 1,026 0,38a 0,32b
CV (%) 0,67 34,7
Letras distintas minúsculas na mesma linha e variável e maiúsculas na mesma coluna e variável diferem entre si (p<0,05) pelo teste
SNK.
52
Ao final da gestação o metabolismo da fêmea é
acelerado devido ao crescimento exponencial do
feto, e conseqüentemente, elevando as
necessidades nutricionais. Este aumento no
metabolismo eleva a produção de calor interno
em função das reações bioquímicas, fazendo com
que o animal consuma mais água para ajudar na
termorregulação e retirada dos produtos finais do
metabolismo celular (Macedo Júnior, 2007). A
água tem alta capacidade ionizante para facilitar
as reações energéticas nas células e alto calor
específico que permite absorver o calor dessas
reações com um mínimo de elevação da
temperatura corporal (Maynard et al., 1979
citados por Coelho da Silva et al., 2006).
As ovelhas gestantes ou lactantes são as
categorias com maior necessidade de água para o
consumo, segundo Ferrer e Ortigosa (1989)
citados por Borges et al. (2007b). O fator que
começa a afetar a ingestão ao final da gestação é
o colostro, que começa a ser produzido,
aumentando assim o consumo de água, pois essa
representa cerca de 80% da constituição deste.
Pode-se também destacar que a taxa de passagem
dos alimentos aumenta nessa fase, o que acaba
aumentando o fluxo não de nutrientes como
de água, fazendo, também, com que os animais
aumentem o consumo da mesma.
O consumo de água em função do consumo de
matéria seca não foi afetado. Os valores obtidos
foram 2,84 mL/g, 2,70 mL/g e 2,58 mL/g para
ovelhas aos 90, 110 e 130 dias de gestação,
respectivamente. Para os animais com um e dois
fetos os valores encontrados foram de 2,8 e 2,61
mL/g, respectivamente. De acordo com Forbes
(1968) citado por Church (1974), ovelhas de
gestação simples ingerem em média 2,73 L/g aos
quatro meses de gestação, valor próximo a
encontrado no presente estudo. Porém, quando
gestantes de dois fetos, o valor de 3,32 mL/g
indicado pelo autor foi superior ao encontrado no
presente estudo.
Animais gestantes possuem maior necessidade
de água, sendo muito importante o fornecimento
constante e de boa qualidade. Outro fator que
pode ter contribuir para o aumento no consumo
de água nesta fase é a mobilização de líquidos
para o ambiente uterino, ressaltando que nesse
momento o desenvolvimento do feto é muito
intenso. Pode-se relacionar que com o aumento
no metabolismo maior necessidade de
excreção dos produtos finais das reações
metabólicas, aumentando assim o consumo de
água. Hatfield (1968) citado por Chuch (1974)
ainda citou que alimentos ricos em nitrogênio,
como os oferecidos no presente estudo ao final
da gestação, determinam aumentos consideráveis
na ingestão de água para eliminar a uréia via
urina. De acordo com o autor, o consumo e
metabolismo de 100 g de proteína proporciona
40 a 45g de água metabólica e ainda seriam
necessários 800 g de água de outras fontes para
eliminar o nitrogênio restante.
A relação de produção de urina e consumo de
água foi maior para os animais aos 90 dias de
gestação, indicando que estes urinaram mais em
função da maior ingestão de água. Esse resultado
reforça a idéia de que com o passar da gestação a
necessidade de água pelos animais aumenta
significativamente, como encontrado
anteriormente. Assim, os animais aumentam o
consumo, porém acabam urinando menos, pois
necessitam mais da água para seu metabolismo.
Observa-se que as ovelhas com gestação dupla
apresentaram a menor relação, resultado que
reforça esta hipótese. Dessa forma vê-se que a
necessidade hídrica, especialmente, no final da
gestação é muito importante, devendo-se ter
muita atenção não com disponibilidade, mas
também com a qualidade da água fornecida.
Ovelhas de gestação dupla consumiram 15%
mais sal mineral que as gestantes de um feto.
Sabe-se que ovelhas com gestação dupla
apresentam maiores exigências nutricionais não
em energia e PB como por minerais. Segundo
o NRC (2006), a gestação dupla eleva as
necessidades de cálcio, ao final da gestação, em
30% e 20% em fósforo em relação à gestação
simples. Especialmente no terço final da
gestação, a mobilização de nutrientes para o feto
ocorre de forma muito elevado. É nessa fase que
ocorre cerca de 80% do crescimento do feto,
elevando assim a necessidade de minerais dos
animais, em especial do cálcio e fósforo. O
consumo de sal não foi alterado pelas fases da
gestação e pelos manejos nutricionais.
Figueiredo et al. (2006) também não observaram
diferenças no consumo de sal mineral com o
avanço da gestação de borregas Santa Inês.
A densidade da urina foi afetada pelo manejo
nutricional da dieta de forma que as ovelhas sem
restrição apresentaram maior valor. O volume de
urina depende de diversos fatores fisiológicos,
incluindo ingestão de água, dieta e atividade do
53
animal. Em animais saudáveis, o volume urinário
é inversamente proporcional à densidade da
mesma. O vel de proteína da dieta e a glicose
sangüínea aumentam a densidade da urina
(Coles, 1984). Dessa forma, provavelmente, a
maior oferta de nitrogênio às ovelhas de
alimentação não restrita foi responsável pelo
incremento da densidade da urina, visto que,
esses animais apresentaram maiores consumos
de nitrogênio e maior valor numérico para
excreção de nitrogênio, provavelmente, devido à
necessidade de excreção da amônia.
2.4 CONCLUSÃO
Ovelhas gestantes de dois fetos consumiram mais
e apresentaram melhores coeficientes de
digestibilidade, exceto nas frações fibrosas.
A restrição alimentar imposta às ovelhas não
acarreta balanço nitrogenado negativo, sendo que
esse foi mais elevado em ovelhas em gestação
gemelar e aos 130 dias de gestação.
A fase da gestação não alterou o consumo de
energia metabolizável.
As predições de ingestão de energia
metabolizável proposta pelo NRC (1985 e 2006)
mostram-se superestimadas.
A taxa de passagem aumenta com o avanço da
gestação.
54
CAPÍTULO 3 – COMPORTAMENTO INGESTIVO EM DIFERENTES FASES E
TIPO DE GESTAÇÃO DE OVELHAS SUBMETIDAS OU NÃO À RESTRIÇÃO
ALIMENTAR
Ingestive behavior on different pregnancy phase and type of ewes submitted or not
to feed restriction
RESUMO
O objetivo do trabalho foi avaliar a influência da gestação, do número de fetos e da restrição alimentar no
comportamento ingestivo de ovelhas. Foram utilizadas 24 ovelhas da raça Santa Inês aos 90, 110 e 130
dias de gestação, divididas entre os tratamentos em função do número de fetos. Essas receberam dietas à
vontade ou restritas, sendo essa com redução de 15% nos requisitos de proteína e energia. As ovelhas
foram observadas individualmente, a cada cinco minutos, determinando os tempos gastos com ingestão,
ruminação, ócio e mastigação. O manejo alimentar não influenciou o tempo gasto com a ingestão. Aos 90
dias de gestação, ovelhas despenderam menor tempo para ingestão do alimento em ambos os tipos de
prenhez. Animais recebendo dieta restrita ruminaram mais tempo e aos 90 dias de gestação despenderam
menos tempo ruminando. Ovelhas gestantes de dois fetos gastaram menos tempo mastigando do que as de
gestação simples. O avanço da gestação aumenta o tempo despendido com ingestão, ruminação e
mastigação. A restrição alimentar aumenta o tempo em ócio de ovelhas com um feto. Animais gestantes
de um e dois fetos apresentam comportamento ingestivo variável nas fases da gestação estudadas.
Palavras-chave: manejo alimentar, número de fetos, ovinos, pré-parto
ABSTRACT
This research was carried out in order to evaluate effects of pregnancy, fetus number and feed restriction
on ingestivo behavior of ewes. Were used 24 ewes at 90, 110 and 130 pregnancy days distributed among
treatments by the fetus number. They received free or restricted diet, the last one with 15% of protein and
energy requirement reduction. Ewes were individually observed each five minutes to determinate time
spent in feeding, rumination, idle and chewing. Feed management did not influence time spent in feeding.
In both pregnancy types, at 90 days the animals spent smaller rumination and feeding time. Ewes on feed
restriction ruminate longer time. Ewes with twin fetus loosen lesser chewing time than single pregnancy
ewes. Pregnancy progress increase time spent to feeding, rumination ant chewing. Feed restriction
increase idle time. Ewes single and twin pregnancy show variable ingestive behavior at studied phases.
Keywors: feed management, fetus number, prepartum, sheep
3.1 INTRODUÇÃO
O conhecimento do comportamento ingestivo é
uma ferramenta de grande importância na
avaliação de dietas, pois possibilita ajustar o
manejo alimentar dos animais, para obtenção de
melhor desempenho produtivo. Os ruminantes
adaptam-se às diversas condições de
alimentação, manejo e ambiente, modificando
seus parâmetros de comportamento ingestivo
para alcançar e manter determinado nível de
consumo, compatível com as exigências
nutricionais (Hodgson, 1990).
O comportamento ingestivo é constituído pelos
tempos de alimentação, ruminação, ócio,
eficiência de alimentação e ruminação. O
comportamento alimentar tem sido estudado
com relação às características dos alimentos, a
motilidade do pré-estômago, ao estado de vigília
e ao ambiente climático (Dado et al., 1995).
Segundo Van Soest (1994), os períodos de
alimentação de animais estabulados podem
55
variar de uma a duas horas para alimentos ricos
em energia e até seis horas ou mais para dietas
com baixo teor de energia.
O estádio fisiológico é um dos fatores que
afetam o comportamento ingestivo. Forbes
(1995) cita que vacas no fim da gestação gastam
menos tempo se alimentando quando
comparadas àquelas no início da gestação ou a
animais não gestantes, além disso, tendem a
consumir menor quantidade de volumoso.
Sendo assim, a capacidade ingestiva do
alimento e o comportamento alimentar são
resultados da integração entre diversos fatores
relacionados com o alimento, com o ambiente e
o estádio fisiológico do animal, não sendo um
único fator que controla a ingestão. Parte da
dificuldade existente sobre os mecanismos de
regulação e a predição da ingestão ocorre
devido a não ser considerado que o animal e a
estratégia de alimentação podem afetá-las tanto
quanto as características do alimento, que a
ingestão é resultado da interação entre essas
(Mertens, 1994).
Esse trabalho foi desenvolvido com o objetivo
de avaliar o comportamento alimentar de
ovelhas aos 90, 110 e 130 dias de gestação de
um ou dois fetos e submetidas ou não à restrição
alimentar
3.2 MATERIAL E MÉTODOS
3.2.1 Local
O experimento e as análises laboratoriais foram
realizados, respectivamente, nas dependências
do Laboratório de Calorimetria e Metabolismo
Animal e no Laboratório de Nutrição Animal
ambos na Escola de Veterinária da Universidade
Federal de Minas Gerais, em Belo Horizonte,
MG.
3.2.2 Animais e alimentação
Foram utilizadas ovelhas da raça Santa Inês
adquiridas em rebanhos da região Centro-Sul de
Minas Gerais. Para a confirmação da gestação e
posterior quantificação fetal foi utilizado
aparelho de ultra-sonografia da marca Aloka
®
,
com auxílio de transdutor de 3,5mhz. A
quantificação fetal foi realizada aos sessenta
dias de gestação. Após este procedimento, 24
animais (12 com um feto e 12 com dois fetos)
foram transportados para o local de realização
do experimento.
As ovelhas foram alojadas individualmente em
gaiolas metabólicas com piso ripado e
dispositivos apropriados para colheita de urina e
fezes, localizadas em galpão de alvenaria
coberto com telha dupla de zinco, separadas por
placas de poliuretano e com piso concretado.
Antes do início da fase experimental os animais
foram vacinados contra clostridioses, realizados
exames de OPG e OOPG e, posteriormente,
vermifugados. Nas semanas antecedentes ao
período experimental, as ovelhas foram pesadas
três vezes por semana, sendo as respectivas
ingestões individuais diárias ajustadas até que as
variações de peso se tornassem inferiores a 2 kg
do peso vivo no início do período experimental,
conforme recomendações de Afonso e Barata
(1999).
Ao completarem 65 dias de gestação as ovelhas
foram separadas em dois grupos de acordo com
o número de fetos. Posteriormente, em cada
grupo, os animais foram divididos
aleatoriamente nos manejos alimentares
(alimentação balanceada ou restrita). Dessa
maneira, os grupos experimentais consistiram
em:
Grupo 1: 6 ovelhas gestante de um feto e
alimentação balanceada;
Grupo 2: 6 ovelhas gestantes de um feto e
alimentação restrita;
Grupo 3: 6 ovelhas gestantes de dois fetos e
alimentação balanceada;
Grupo 4: 6 ovelhas gestantes de dois fetos e
alimentação restrita.
Os grupos experimentais foram avaliados aos
90, 110 e 130 dias de gestação.
As dietas foram balanceadas segundo
recomendações do NRC (1985) para suprir as
exigências de nutrientes digestíveis totais
(NDT) e proteína bruta para mantença e
gestação e, fornecidas duas vezes ao dia. Os
animais da alimentação não restrita receberam
quantidades de ração ajustadas diariamente em
função das sobras observadas mantendo-se
sempre 10% acima do consumido, enquanto o
grupo restrito foi reduzido em 15% a quantidade
de energia e proteína ofertada aos animais, tanto
para ovelhas com gestação simples quanto para
gestação dupla. A ração foi composta por feno
de Tifton 85 (Cynodon spp.) picado,
concentrado base composto por 81% de farelo
de milho, 18% de farelo de soja e 1% de
calcáreo (porcentagem na matéria seca), além de
56
milho moído (Zea mays) e farelo de soja
(Glicine max) utilizados quando necessário para
ajustar as dietas às exigências de NDT e
proteína. A composição bromatológica dos
alimentos utilizados podem ser visualizados na
Tabela 1 (capítulo 2). Aos 120 dias de gestação
as dietas dos animais foram reajustadas
seguindo as recomendações do NRC (1985),
mantendo as mesmas condições de
experimentos para todos os tratamentos, as
composições bromatológicas e centesimais das
dietas encontram-se, respectivamente, nas
Tabelas 2 e 3 (capítulo 2). Água e sal mineral
(Vacci-phós, Vaccinar
®
) foram disponibilizados
à vontade.
2.2.3 Manejo e colheita de amostras
O comportamento ingestivo foi avaliado em
cada período experimental (90 aos 93, 110 aos
113 e 130 aos 133 dias de gestação). As ovelhas
foram observadas individualmente, a cada cinco
minutos, durante 48h, sendo 24 horas de
observação, 24 horas de descanso e mais 24
horas de observação. Foram determinados os
tempos despendidos com ingestão, ruminação e
ócio em minutos/dia, além do tempo total de
mastigação, soma da ingestão e ruminação. O
tempo despendido em cada atividade foi
calculado multiplicando-se o número total de
observações pelo intervalo entre as leituras,
conforme recomendado por Johnson e Combs
(1991). Os consumos de matéria seca e fibra em
detergente neutro foram realizados durante
cinco dias. Para tanto as amostras do alimento
oferecido e das sobras foram colhidas,
diariamente, antes da primeira alimentação,
pesadas moídas em moinho de facas dotados de
peneiras com abertura de malhas de 1 mm.
2.2.4 Análises laboratoriais
As análises de matéria seca foram realizadas
segundo recomendações do AOAC (1980) e a
fibra em detergente neutro (FDN) de acordo
com Van Soest et al. (1991), nas amostras de
dieta oferecida e sobras.
2.2.5 Delineamento experimental e análises
estatísticas
Cada tipo de gestação (simples ou dupla) e
esquema alimentar (alimentação restrita ou não)
constituíram os grupos experimentais (quatro)
delineados em casualização completa com
parcelas subdivididas (fase da gestação: 90, 110
e 130 dias), havendo seis repetições por
tratamento. Foi utilizado o software SAEG 9.0
(SAEG, 2005) para o processamento e o teste de
Duncan a 5% de probabilidade para comparação
das médias.
3.3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Não houve interações (p>0,05) entre os manejos
alimentares e as fases da gestação nas variáveis
avaliadas nesse capítulo.
Na Tabela 27 pode-se observar que velhas
recebendo alimentação restrita despenderam
32,39% do dia se alimentando e aquelas que não
foram submetidas 31,41%. O manejo alimentar
não influenciou o tempo total gasto com a
ingestão (minutos/dia). Entretanto, quando
relacionado com o consumo de matéria seca, a
restrição alimentar imposta às ovelhas de
gestação simples acarretou em maiores tempos
de ingestão por grama de matéria seca
consumida (0,35 min/g). Isso pode ter ocorrido,
devido ao tempo gasto com a seleção de frações
mais nutritivas, uma vez que a dieta dessas
ovelhas era composta basicamente por feno. Em
contrapartida, os animais de gestação dupla,
mantidos em restrição alimentar gastaram
menos tempo para ingerir o alimento
provavelmente porque a dieta desses continha
mais concentrado que a das ovelhas sob mesmo
manejo alimentar, mas gestantes de um feto.
Welch e Smith (1969) citados por Balbinotti et
al. (2003) citaram que a acessibilidade ao
alimento, expressa aqui como quantidade
disponível, altera a velocidade de ingestão dos
alimentos. Animais submetidos à restrição
alimentar normalmente ingerem mais
rapidamente o alimento, levando a um menor
tempo de ingestão diário. No presente estudo,
não foi verificado esse resultado,
provavelmente, porque as ovelhas despenderam
tempo selecionando frações mais nutritivas do
alimento oferecido, a fim de atender suas
exigências nutricionais.
Aos 90 dias de gestação, ovelhas despenderam
menor tempo para ingestão do alimento em
ambos os tipos de prenhez, 23,29 e 16,97% do
dia para um e dois fetos, respectivamente,
possivelmente, resultado da menor exigência
nutricional nessa fase, uma vez que animais
gastaram menos tempo selecionando os
alimentos. Aos 130 dias de gestação, o número
de fetos influenciou o tempo de ingestão. Nessa
fase, pode-se se inferir que a dieta com menor
57
quantidade de volumoso, nessa fase, influenciou
a diferença. Essa observação está de acordo com
Carvalho et al. (2006) que estudando o nível de
FDN na dieta de cabras em lactação,
observaram que o aumento de concentrado na
dieta reduziu o tempo de ingestão, devido à alta
densidade energética da dieta.
Tabela 27. Tempos despendidos com ingestão diária e relacionados aos consumos de matéria seca (CMS)
e fibra em detergente neutro (CFDN) em ovelhas Santa Inês aos 90, 110 e 130 dias de gestação de um ou
dois fetos e submetidas ou não à restrição alimentar
Ingestão
Ingestão /CMS
Ingestão /CFDN
(%dia)
(min/g)
(min/g)
1 feto 2 fetos Média
1 feto 2 fetos Média
1 feto 2 fetos Média
Não restrita
32,51 30,19 31,41
0,35Ba
0,32Aa
0,33
0,59Aa
0,68Aa
0,64
Restrita
32,43 32,34 32,39
0,47Aa
0,34Ab
0,41
0,64Aa
0,56Ba
0,6
90 dias
23,29Ba 16,97Bb
20,13
0,29 0,17 0,23C
0,43Ba
0,33Ca
0,38
110 dias
41,05Aa 41,34Aa
41,20
0,49 0,47 0,48A
0,72Ab
0,90Aa
0,81
130 dias
32,93Aa 35,37Ab
29,36
0,45 0,35 0,40B
0,70Aa
0,61Ba
0,66
Média
32,47 31,28
0,41 0,33
0,62 0,61
CV (%)
12,50
22,0
25,0
Letras distintas minúsculas na mesma linha e variável e maiúsculas na mesma coluna e variável diferem entre si (p<0,05) pelo teste
de Duncan.
O maior tempo de ingestão em relação ao
consumo de matéria seca aos 110 dias da
gestação deve-se, provavelmente, ao aumento na
exigência nutricional nessa fase da gestação
quando comparados aos 90 dias, uma vez que, a
dieta foi ajustada aos 120 dias, conforme
recomendações do NRC (1985). Porém aos 130
dias de gestação as ovelhas despenderam menor
tempo por grama de matéria seca consumida do
que aos 110 dias devido à dieta mais rica em
concentrado e com menor tamanho de partícula
da primeira.
Ovelhas gestantes de dois fetos sob restrição
alimentar despenderam mais tempo para
consumir um grama de FDN (0,56 min/g)
quando comparadas às ovelhas com dieta não
restrita (0,68 min/g). Esse resultado,
provavelmente, foi ocasionado pela maior oferta
dessa fração para as primeiras, resultando em
maior consumo de FDN, porém menor tempo
relativo, ou ainda, devido à maior exigência
nutricional, que não possibilitou ao animal
seleção de partes mais nutritivas. Segundo
Macedo Júnior (2004), o tempo gasto com a
ingestão tem correlação com a seletividade dos
animais, ou seja, quanto maior a seleção de
alimento maior será o tempo ingerindo (Macedo
Júnior, 2004).
Em relação às fases da gestação, houve interação
entre o número de fetos e as fases. Ovelhas com
um feto aos 90 dias apresentaram o menor tempo
por grama de FDN ingerido. Isso pode ter
ocorrido porque, nesse período, elas tinham
menores exigências. O mesmo ocorreu nos
animais de gestação dupla. Aos 110 dias de
gestação, as ovelhas de gestação única tiveram
valores menores do que as de gestação dupla.
Na Tabela 28 pode-se observar que o tempo de
ruminação foi afetado pela interação entre
número de fetos e manejo alimentar. Ovelhas
gestantes de dois fetos recebendo dieta não-
restrita passaram menor tempo ruminando do que
aquelas gestantes de um feto, possivelmente,
devido ao menor teor de fibra na dieta. Segundo
Van Soest (1994), o tempo despendido em
ruminação também é influenciado pela natureza
da dieta e, provavelmente, é proporcional ao teor
de parede celular dos volumosos.
O manejo alimentar foi responsável por
diferenças no tempo de ruminação e nos
consumo de MS e FDN. Em relação ao consumo
de matéria seca, ovelhas recebendo dieta restrita
apresentaram maiores valores, 0,44 min/g e 0,50
min/g para ovelhas alimentadas com dietas não-
restritas. Isso, possivelmente, porque, os menores
consumos de matéria seca aliado à maior
58
proporção de fibra na dieta desses animais
acarretaram na necessidade de maior diminuição
do tamanho de partícula, afim de não prejudicar
o aproveitamento dos nutrientes.
Tabela 28. Tempos despendidos com ruminação diária e relacionados aos consumos de matéria seca
(CMS) e fibra em detergente neutro (CFDN) em ovelhas Santa Inês aos 90, 110 e 130 dias de gestação de
um ou dois fetos e submetidas ou não à restrição alimentar
Ruminação
Ruminação/CMS Ruminação/CFDN
(% do dia)
(min/g)
(min/g)
1 feto 2 fetos Média
1 feto 2 fetos Média
1 feto 2 fetos dia
Não restrita
44,43Aa
39,70 42,17
0,48 0,39 0,44B
0,81 0,84 0,83A
Restrita
40,27Aa
41,04 40,64
0,57 0,43 0,50A
0,79 0,7 0,74B
90 dias
41,28Ba
35,87Bb
38,58
0,52Ba 0,35Bb 0,44
0,76Ba 0,68Ba 0,72
110 dias
33,44Ca
34,76Ba
34,10
0,38Ca 0,38Ba 0,38
0,57Cb 0,75ABa
0,66
130 dias
50,00Aa
50,08Aa
43,16
0,68Aa 0,50Ab 0,59
1,07Aa 0,87Ab 0,97
Média
42,35 40,39 0,00
0,53 0,41
0,8 0,77
CV (%)
15,5
18,7
19,4
Letras distintas minúsculas na mesma linha e variável e maiúsculas na mesma coluna e variável diferem entre si (p<0,05) pelo teste
de Duncan.
O decréscimo no consumo resulta em maior
eficiência de ruminação, pelo maior tempo
despendido para ingestão e ruminação por
quilograma de alimento ingerido (Aitchison et
al., 1986). Como conseqüência, o tamanho de
partícula diminui (Mudgal et al., 1982) e a área
de superfície para o ataque dos microrganismos
aumenta, uma vez que a estrutura do alimento é
destruída pela mastigação. É importante
ressaltar que não houve diferença entre o tempo
de ruminação para esses animais, porém pode-se
verificar que quando essa variável foi
relacionada com o consumo de FDN, as ovelhas
recebendo dieta restrita despenderam menor
tempo por grama, porque, embora elas tenham
consumido maior quantidade desse nutriente, o
tempo de ruminação não foi acrescido na
mesma magnitude.
Aos 90 dias de gestação as ovelhas gestantes de
um feto despenderam menos tempo ruminando
(41,28%dia) gestantes de dois fetos (35,87%). O
menor consumo aliado à menor exigência dos
animais nessa fase da gestação, provavelmente,
levaram a esses dados, uma vez que, quando foi
relacionado com o consumo de matéria seca,
não retrataram menores valores para os animais
de gestação única.
O tempo de ruminação também foi influenciado
pela interação entre a fase e tipo de gestação. As
ovelhas gestantes de um feto, aos 110 dias,
gastaram menos tempo ruminando que em
outras fases da gestação. Embora esses animais
tenham despendido maior tempo para ingestão
que aos 90 dias de gestação, possivelmente
houve seleção de frações menos fibrosas o que
acarretou em menor tempo de ruminação. O
mesmo tipo de resposta foi encontrado no tempo
de ruminação por grama de MS e FDN
ingeridos. Uma possível explicação para isso se
deve ao fato de que animais com maiores
apetites ruminam menos por grama de parede
celular, resultando em maior tamanho de
partícula fecal e inevitavelmente menor digestão
dessa fração. Isto pode ser uma resposta
paralela adaptativa dos selecionadores de
concentrado para consumir mais alimento,
evitando o limite de enchimento ruminal a partir
da maior passagem e menor processamento da
ingesta (Van Soest, 1994).
Aos 130 dias de gestação, as ovelhas passaram
mais tempo ruminando, talvez porque nessa fase
há grande efeito da compressão ruminal pelo
maior volume do útero e anexos e conseqüente
aumento da taxa de passagem no trato
gastrintestinal. Dessa forma, o maior tempo
despendido com a ruminação acarretaria em
menor tamanho de partícula possibilitando
menor tempo de retenção da digesta sem
diminuir a eficácia do processo digestivo.
59
Forbes (1995) ainda citou que a ruminação é
afetada tanto por fatores físicos como por
químicos e hormonais, dessa forma é possível
inferir que alguma alteração hormonal nessa
fase da gestação possa ter influenciado esse
resultado. Nessa fase da gestação, ovelhas
gestantes de dois fetos passaram menos tempo
ruminando por grama de matéria seca que as de
gestação simples. Nesse aspecto, acredita-se que
a dieta, mais adensada, oferecida aos animais de
dupla gestação levou ao menor tempo de
ruminação por grama de alimento ingerido. De
acordo com Welch et al. (1982), citados por
Van Soest (1994) existe relação linear entre o
logaritmo da taxa de ruminação e o tamanho
corporal, ilustrando que as taxas de ruminação
relacionam o tamanho do men ou do trato
digestivo com o peso vivo dos animais. Assim,
o maior espaço ocupado pela gestação gemelar,
pode ter influenciado no tempo de ruminação.
Pode-se visualizar na Tabela 29 que o tempo de
mastigação de ovelhas Santa Inês aos 90, 110 e
130 dias de gestação foi afetado pela interação
entre manejo e feto. Ovelhas gestantes de dois
fetos gastaram menos tempo mastigando do que
ovelhas de gestação simples, quando a
alimentação foi oferecida balanceada.
Provavelmente, a dieta com menor porção de
fibra produziu esses resultados, uma vez que,
essa resposta não foi observada quando o tempo
despendido com a mastigação em relação ao
consumo de matéria seca ou FDN.
Animais sob dieta restrita e, gestantes de um
feto, mastigaram mais tempo por grama de
matéria seca que quando comparados àqueles
recebendo dieta não restrita. Dessa maneira,
conjectura-se que a restrição alimentar redundou
em maior tempo tanto na seleção de frações
mais nutritivas quanto no de ruminação. Além
da maior concentração de FDN na dieta, que
demanda maior tempo de mastigação, isso
ocorreu possivelmente, devido a elevada
capacidade seletiva desses animais,
especialmente quando submetidos à
subnutrição. A mastigação é o principal
mecanismo da redução do tamanho de partícula
da forragem ingerida, possibilitando o
desaparecimento da digesta do retículo-rúmen.
A mastigação está associada com a produção de
saliva, com a manutenção do pH do líquido
ruminal e da celulólise, conseqüentemente,
influencia a extensão, a taxa e local da digestão
dos alimentos e o consumo (Ulyatt et al., 1986
).
Tabela 29. Tempos despendidos com mastigação diária e relacionados aos consumos de matéria seca
(CMS) e fibra em detergente neutro (CFDN) em ovelhas Santa Inês aos 90, 110 e 130 dias de gestação de
um ou dois fetos e submetidas ou não à restrição alimentar
Mastigação
Mastigação/CMS Mastigação/CFDN
(% do dia)
(min/g)
(min/g)
1 feto 2 fetos Média
1 feto 2 fetos Média
1 feto 2 fetos Média
Não restrita
76,94Aa
69,90Ab
73,57
0,84Ba 0,70Aa 0,77
1,40Aa 1,52Aa 1,47
Restrita
72,70Aa
73,38Aa
73,03
1,04Aa 0,77Ab 0,9
1,43Aa 1,25Ba 1,34
90
64,58Ba
52,83Cb
58,70
0,81Ba 0,52Bb 0,67
1,19Ba 1,01Ba 1,1
110
74,49Ba
76,12Ba
75,31
0,87Ba 0,85Aa 0,86
1,28/Bb
1,64Aa 1,46
130
82,93Aa
85,47Aa
72,53
1,13Aa 0,85Ab 0,99
1,77Aa 1,48Aa 1,62
Média
74,82 71,67 0,00
0,66 0,56
1,42 1,38
CV (%)
13,7
23,1
26
Letras distintas minúsculas na mesma linha e variável e maiúsculas na mesma coluna e variável diferem entre si (p<0,05) pelo teste
de Duncan.
O tempo de mastigação por grama de alimento
foi maior quando as ovelhas estavam gestantes
de um feto e mantidas sob restrição alimentar,
esse incremento foi de 19 e 26% em relação às
não submetidas à restrição alimentar e gestantes
de dois fetos, sugerindo que a menor quantidade
de alimento oferecida a esses animais tenha
acarretado em aumento dessa relação, uma vez
que o tempo total despendido com a mastigação
não foi afetado.
O tempo de mastigação em relação ao consumo
de FDN foi 17,7% maior para as ovelhas
gestantes de dois fetos sob manejo alimentar
60
não-restrito que quando comparadas àquelas que
receberam dietas restritas.
O tempo de mastigação foi afetado pela interação
entre fase da gestação e número de fetos. Aos
110 dias de gestação das ovelhas com um feto, o
tempo de mastigação foi menor do que aos 130
dias, não tendo diferido de 90 dias. Quando essas
estavam gestantes de dois fetos, aos 110 dias, o
tempo de mastigação foi 30% maior que aos 90
dias e 11% menor que aos 130 dias. Isso indica
que houve um incremento no tempo de
mastigação com o avanço da gestação.
Aos 90 de gestação as ovelhas gestantes de dois
fetos passaram menor tempo em mastigação que
as de gestação simples, provavelmente, pela dieta
mais rica em concentrado das primeiras. O
mesmo comportamento foi observado nas
respostas relacionadas com o consumo de
matéria seca. O tempo de mastigação por grama
de FDN ingerido foi menor para ovelhas
gestantes de um feto somente aos 110 dias de
gestação. Nesse aspecto, pode-se inferir que
nessa fase da gestação, os animais passaram mais
tempo selecionando frações do alimento.
Na Tabela 30 são apresentados os valores médios
dos tempos em ócio de ovelhas aos 90, 110 e 130
dias de gestação, que foram afetados pela
interação entre manejo e número de fetos.
As ovelhas recebendo dieta não restrita e
gestantes de um feto ficaram menos tempo em
ócio. Embora esses animais tivessem menor
oferta de alimentos do que os de gestação dupla,
a maior oferta de alimento, quando comparados
aos recebendo dieta restrita, minimizou o tempo
despendido com a seleção de frações mais
nutritivas e com o tempo de ruminação, devido à
menor oferta de volumoso.
Aos 90 dias de gestação, as ovelhas com um feto
ficaram em ócio 28% mais tempo que aos 110
dias, e 37% aos 130 dias. Provavelmente, as
menores exigências desses animais aliadas aos
menores consumos acarretaram essas respostas.
Essa diferença foi mais acentuada nas gestações
duplas, os quais aos 90 dias os animais passaram
em média 49% mais tempo em ócio que aos 110
dias e 69% a mais que aos 130 dias.
Tabela 300. Tempos em ócio em ovelhas Santa Inês aos 90, 110 e 130 dias de gestação de um ou dois
fetos e submetidas ou não à restrição alimentar
Ócio (% do dia)
1 feto 2 fetos Média
Não restrita 23,06%Bb 30,10%Aa 26,43%
Restrita 27,30%Aa 26,62%Aa 26,97%
90 dias 35,43%Ab 47,16%Aa 41,29%
110 dias 25,51%Ba 23,90%Ba 24,70%
130 dias 17,07%Ba 14,55%Cb 27,47%
Média 25,18% 28,33%
CV (%)
Letras distintas minúsculas na mesma linha e variável e maiúsculas na mesma coluna e variável diferem entre si (p<0,05) pelo teste
de Duncan.
A gestação única levou ao maior tempo em ócio
aos 90, por outro lado, quando s ovelhas
atingiram 130 dias o menor valor foi observado
para a gestação dupla indicando que o maior
tempo despendido com a alimentação foi
responsável por essa resposta.
3.4 CONCLUSÃO
O avanço da gestação aumenta o tempo
despendido com ingestão, ruminação e
mastigação.
A restrição alimentar aumenta o tempo em ócio
de ovelhas com um feto.
Ovelhas gestantes apresentam comportamento
ingestivo variável nas fases da gestação
estudadas, independente do número de fetos
gestados.
61
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