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Quadro 8 - Reflexos dos problemas da empresa familiar na gestão do seu conhecimento:
Problema Definição Conseqüências Reflexos na gestão do conhecimento
Nepotismo
“A lógica familiar quase sempre se sobrepõe às razões do negócio
em uma empresa familiar. (...) Essa ausência de justiça mina com
um dos pilares da cultura corporativa: a confiança. A falta de
confiança por sua vez, influencia a satisfação com o trabalho, a
motivação e o desempenho (...) Em tais casos, torna-se difícil atrair
gerentes capazes, o que coloca em perigo o futuro da empresa. As
pessoas que concordam em permanecer, mesmo em tais
circunstâncias, podem não ser aquelas de quem a empresa mais
precisa”.
- Falta de confiança;
- Comunicação deficiente;
- Entraves no compartilhamento
do conhecimento.
- A cultura organizacional é prejudicada
pela lógica familiar que se sobrepõe à
empresarial;
- A comunicação, base dos sistemas de
informações, é prejudicada pela lógica
familiar;
- A política de RH se torna deficiente
quando o foco são os elementos da
família empresária
Síndrome da criança
mimada
“No cenário da empresa familiar típica, o principal protagonista é o
empresário que trabalha duro e é inteiramente obsessivo com o seu
negócio (...) É comum tais homens tornarem-se estranhos a seus
filhos e esposa (...), tinham dado muito pouca atenção às
necessidades intangíveis de seus filhos. Parece terem dado pouco
valor à educação, ao treinamento para os negócios e à questão da
responsabilidade social”.
- Desmotivação;
- Falta de visão de futuro;
- Distanciamento dos detentores
do conhecimento.
- A falta de visão de futuro,
especialmente com relação a sucessão,
resulta na ausência de estratégias da
alta administração;
- A mensuração de resultados, bem
como a cultura e os valores
organizacionais são baseados em bens
tangíveis, desprezando os intangíveis
como o conhecimento.
O fantasma do pai-
patrão
“Muitos empresários fundadores têm personalidade bastante
autocrática e dominadora; afinal, sem sua dominação e persistência,
a empresa nunca teria saído do lugar. Mas o corolário da regra
autocrática é o paternalismo (...) Uma empresa assombrada pelo
‘fantasma do pai-patrão’ pode, então, mostrar-se cheia de segredos,
conservadora e tradicional. Conseqüentemente, pode se tornar
excessivamente voltada para dentro de si mesma, ignorando os
desdobramentos que ocorrem em seu ambiente. Naturalmente, tal
atitude não fomenta a mudança e pode ameaçar seriamente a
continuidade e a sobrevivência da empresa”.
- Normas e regras excessivas;
- Centralização;
- Bloqueio à iniciativa
individual.
- A centralização do proprietário se
confronta com a estrutura
organizacional correta, descentralizada,
e apresenta a falta de abertura que a alta
administração tem que praticar;
- O conservadorismo e segredos dessas
empresas impedem a inovação trazida
pelo aprendizado com o ambiente;
- A auto confiança excessiva desses
proprietários faz esquecer a riqueza do
ambiente ao seu redor.
Explorando a galinha
dos ovos de ouro
“Quando um grande número de empregados pertencente à família
agrega pouco ou nenhum valor, a empresa corre o risco de se tornar
uma instituição de benemerência, que oferece aos familiares ‘algo
para fazer’ sem que eles, na verdade, participem de algum trabalho
produtivo (...) Além da carga financeira, parasitas improdutivos
podem causar sérios problemas para o moral da empresa;
empregados que trabalham duro e têm que dar conta do peso dos
outros ficam cada vez mais ressentidos”.
- Sentimento de injustiça;
- Desmotivação;
- Falta de confiança;
- Falta de compromisso.
- A política de RH é muitas vezes
injusta quando se admite familiares
incompetentes;
- Os sistemas de informações não
funcionam, pois falta confiança que é a
base de tudo e, além disso, a
mensuração e a comunicação dos
resultados é centralizada apenas nos
elementos familiares.
Fonte: Adaptado de Vries (2003, p. 58-63).