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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
CENTRO DE TECNOLOGIA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO
Contribuição à Construção dos Fundamentos de uma Linguagem
Comum aos Membros do João Pessoa Convention & Visitors
Bureau para a Elaboração do seu Planejamento Estratégico
Utilizando Técnicas Originárias da Psicologia Social.
ALBERTO DOS SANTOS CABRAL
João Pessoa, 2005.
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ALBERTO DOS SANTOS CABRAL
Contribuição à Construção dos Fundamentos de uma Linguagem
Comum aos Membros do João Pessoa Convention & Visitors
Bureau para a Elaboração do seu Planejamento Estratégico
Utilizando Técnicas Originárias da Psicologia Social.
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-
graduação em Engenharia de Produção do Centro de
Tecnologia da UFPB, como requisito à obtenção do
grau de mestre em engenharia da produção.
Orientador: Aloísio da Silva Lima
João Pessoa
2005.
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C117c Cabral, Alberto dos Santos
Contribuição à construção dos fundamentos de uma linguagem comum aos
membros do JPC & VB para a elaboração do seu planejamento estratégico utilizando
técnica oriundas da psicologia social / Alberto dos Santos Cabral - João Pessoa,
2005.
148 fl. il.:
Dissertação (Mestrado em Engenharia de produção) PPGEP / Centro de
Tecnologia/ Campus I / Universidade Federal da Paraíba – UFPB.
Orientador: Aloísio da Silva Lima
1. Planejamento estratégico 2.Psicologia social 3. Representações sociais
I.Título.
CDU:65.012.2 (043.2)
ALBERTO DOS SANTOS CABRAL
Contribuição à Construção dos Fundamentos de uma Linguagem
Comum aos Membros do João Pessoa Convention & Visitors
Bureau para a Elaboração do seu Planejamento Estratégico
Utilizando Técnicas Originárias da Psicologia Social.
Dissertação de mestrado aprovada em ___ de ____________ de 2005 perante a
banca examinadora composta pelos seguintes membros.
BANCA EXAMINADORA
____________________________________________
Prof. Dr. Aloísio da Silva Lima
Orientador
____________________________________________
Profa. Dra. Maria de Lourdes Gomes Barreto
Examinador
____________________________________________
Profa. Dra. Maria de Socorro Márcia Lopes Souto
Examinador
____________________________________________
Prof. Dr. Gesinaldo Ataíde Candido
Examinador Externo
Dedico esse trabalho a dois homens que contribuíram de
forma marcante e significativa ao que hoje sou em essência.
Américo Graciano Cabral
Romero Furtado Guimarães
AGRADECIMENTOS
A Shirley, que dividiu comigo sua história e ajudou a construir a minha.
A Aloísio da Silva Lima, pela paciência, confiança, incentivo, e liberdade.
A meus filhos, pela forma instigante de questionar.
A meus familiares que nunca mediram esforços no intuito de me auxiliar a suplantar
barreiras praticamente intransponíveis.
A meus entes queridos que já partiram e mesmo assim sinto sua presença viva a me
propiciar o conforto espiritual que tanto necessito.
A Carlos, Elizabeth, Alecsandra e Jean, pelas orações de todas as horas. Tenho
vocês em meu coração.
Aos professores do Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção, por
generosamente dividirem seus conhecimentos.
Aos colegas do mestrado e em especial a Anunciada, Renata, Ana Cláudia e,
Antonio Luís.
A Gabriel, por confiar na elaboração de cenários prospectivos.
A Rosangela, pelo poder de todas as horas.
A Ari, pelo socorro amigo na hora exata.
A Antonio Carlos, por todo o trabalho e dedicação a uma construção.
A Gualberto, pelo incentivo, confiança e compreensão.
Aos colegas de uma realidade coletiva o CIENTE.
Aos colegas do CT Empreendedor, por acreditarem em mim.
Ao Sebrae Paraíba que viabilizou a pesquisa.
A meus entrevistados.
A todos aqueles que de forma indireta permitiram essa realização.
Ao ser supremo de extrema bondade por me dar forças para continuar a caminhada.
Devemos atentar para a impermanência das coisas.
Provérbio Tibetano
RESUMO
O objetivo deste trabalho foi verificar, através de um estudo de caso, como a utilização
de técnicas da Psicologia Social, notadamente a Análise de Conteúdo, pode contribuir
para a elaboração do Planejamento Estratégico nas organizações. A metodologia
utilizada permitiu inferir, dos elementos que compuseram o tecido representacional (a
matéria-prima), o conceito geral de planejamento, vinculado à atividade do setor
turístico e específico aos membros da organização pesquisada. Os resultados mostram
que o baixo nível cultural da população, a infra-estrutura inadequada, a baixa auto-
estima, a desonestidade e o não-profissionalismo do setor, comprometem a coragem dos
investidores. Esses fatores conjugados coroam o pessimismo do setor. Percebe-se,
ainda, que os próprios sujeitos apontam ações no sentido de melhorar a situação em que
se encontram. Os pesquisados apresentaram, em sua grande maioria um comportamento
reativo, pois, desejar um futuro melhor, apenas perceber o futuro como oportunidade, se
preocupar com as dificuldades que o futuro reserva, como inovação entre outras,
permite a ilação de que é pouco provável uma mudança positiva significativa em um
curto espaço de tempo.Verificou-se ainda a existência uma postura que tenta (ao menos
no discurso) preservar o meio ambiente, pois o grupo nitidamente demonstra
preocupações com as futuras gerações, com a construção de uma cidade melhor, com o
aparecimento de oportunidades de um futuro melhor na localidade, o que pode sinalizar
postos dignos de trabalho e possibilidade de diversificação dos investimentos na região.
Palavras-chave: Planejamento Estratégico, Turismo, Análise de Conteúdo.
ABSTRACT
The goal of this paper was to investigate, through a case study, if applying the
techniques of the social psychology, specially the Contents Analysis, could contribute
for the elaboration of these organizations´ strategic plan. The methodology chosen
allowed the researcher to infer some considerations, from the elements that composed
the representational matter (the resources), the general concept of planning, connected
to the activity of the touristic sector, and specific to the members of the organization
surveyed. The results indicate that the low cultural level of the population, an
inadequated support structure, a low self-steem, dishonesty, and the non-
professionalism of the sector, might influence negatively the interest of the investors.
These factors, together, demonstrate the pessimism of the touristic sector. It could also
be perceived that the subjects themselves plan some actions in the sense of improving
the situation they are involved in. The subjects presented, mostly, a reactive behaviour,
for, in wishing a better future, only perceiving the future as an opportunity, worrying
about the difficulties that can be brought by the future, like innovation, among others,
allows the statement that it is little probable that a significative positive change will
occur in a short period of time. It was also observed that there is a position that tries
(at least in the subjetcs´ discourse) to mantain the environmental sustainability, for the
group shows, clearly, concerns related to the future generations, with the building of a
better city, as opportunities of a better future appear in the place they live. This can
signal better working conditions and the possibility of diversification on the
investments in the region in question.
Key words: Strategic Plan, Tourism, Content Analysis.
SUMÁRIO
Lista de Siglas 11
Lista de Tabelas 12
Lista de Figuras 13
1 – Introdução
1.1 Estabelecimento do Problema
1.2 Justificativa
1.3 Importância do Estudo para a Engenharia de Produção
1.4 Objetivos
1.4.1 Objetivo Geral
1.4.2 Objetivos Específicos
1.5 Estrutura do Trabalho
2 – Fundamentação teórica
2.1 O Planejamento Estratégico Orientado ao Desenvolvimento Sustentável
2.2 Evolução do Planejamento Estratégico
2.3 Técnicas de Prospecção do Futuro
2.3.1 Planejamento de Cenários
2.3.1.1 Histórico da Técnica de Cenários
2.3.1.2 Problemas no Uso de Cenários
2.3.1.3 Processo de Elaboração de Cenários
2.3.2 Brainstorming
2.3.3 Técnica Delphi
2.4 Megatendências
2.5 O Turismo como Fator de Desenvolvimento Econômico do Município
2.6 Análise SWOT
2.7 Principais Indicadores do Turismo em João Pessoa
2.7.1 Perfil Básico do Turismo Receptivo na Cidade de João Pessoa
2.8 A Opção pelo Turismo de Negócios, Feiras e Eventos
2.9 O Convention Bureau numa Breve Perspectiva Histórica
2.10 Análise da Concorrência
2.11 O Planejamento do Produto Turístico
2.12 O Desenvolvimento Sustentável e o Turismo
2.13 As Representações Sociais
2.13.1 Processos de Ancoragem e Objetivação
2.13.1.1 Processo de Ancoragem
2.13.1.2 Processo de Objetivação
2.14 Teoria da Autopoiese
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18
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21
21
21
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81
82
83
83
3 – Metodologia
3.1 Tipo da Pesquisa
3.2 População e Amostra
3.3 Identificação dos Sujeitos da Pesquisa
3.4 Levantamento de Dados
3.5 Os Questionários
3.6 Tratamento dos Dados: Análise de Conteúdo
3.7 Procedimentos
4 – Resultados
4.1 A Unidade Pesquisada
4.2 Caracterização dos Sujeitos
4.3 Apresentação das Categorias
4.4 Resultado do Primeiro Questionário
4.5 Resultado do Segundo Questionário
5 – Considerações Finais
5.1 Considerações sobre a utilização de técnicas da Psicologia Social
5.2 Resultado dos Objetivos Específicos
5.3 Modelo Sugerido para a Elaboração do Planejamento Estratégico do
JPC&VB
5.4 Quanto a Generalização dos Resultados e Trabalhos Futuros
Referências
Apêndice
Anexos
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90
90
91
91
92
96
99
101
101
103
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121
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130
131
11
Lista de Siglas
OMT – Organização Mundial do Turismo (WTO)
SEBRAE – Serviço de Apoio a Micro e Pequena Empresa
JPC&VB – João Pessoa Convention & Visitors Bureau
C&VB – Convention & Visitors Bureau
CVB’s – Conventions e Visitors Bureau
EMBRATUR – Instituto Brasileiro de Turismo
PBTUR – Instituto Paraibano de Turismo
GT CIENTE – Grupo de Trabalho do Centro Incubador de Empresas e de
Novas Tecnologias
IACVB – International Association of Convention & Visitors Bureau
12
Lista de Tabelas
Tabela 2.1: Principais mercados emissores de turista para a Paraíba
Tabela 2.2: Motivo da Viagem
Tabela 2.3: Cidades mais Visitadas no País
Tabela 2.4: Motivo da Viagem
59
60
68
68
13
Lista de Figuras
Figura 2.1: Evolução do planejamento estratégico
Figura 2.2: Comparação simplificada entre o planejamento tradicional e o
planejamento estratégico
Figura 2.3: Novo Paradigma Produtivo
Figura 2.4: Gráfico representativo da melhora contínua do nível de
conhecimento
Figura 2.5: Técnicas Simulatórias e Não-Simulatórias
Figura 2.6: Processo de Elaboração dos Cenários.
Figura 2.7: Impactos Sociais do Turismo: benefícios e prejuízos
Figura 2.8: Impactos Culturais do Turismo: favoráveis e desfavoráveis
Figura 2.9: Impactos Ambientais do Turismo: positivos e negativos
Figura 2.10: Impactos Econômicos do Turismo: benefícios e prejuízos
Figura 2.11: Matriz Análise SWOT – Ambiente externo ao município
Figura 2.12: Matriz Análise SWOT – Ambiente interno ao município
Figura 2.13: Gráfico representativo dos mercados emissores do turismo
receptivo em João Pessoa
Figura 2.14: Gráfico representativo da motivação do turista para viajar à
Paraíba
Figura 2.15: Gráfico representativo da faixa etária dos viajantes
Figura 2.16: Gráfico representativo da ocupação dos viajantes / turistas
Figura 2.17: Uso de Serviços de Agência de Viagem
Figura 2.18: Distinções básicas entre produtos e serviços
Figura 3.1: Caracterização da Metodologia da Pesquisa
Figura 5.1: Pensamento grupal dos pesquisados (O Futuro do JPC&VB na
percepção do JPC&VB)
Figura 5.2: Modelo sugerido para a elaboração do planejamento
estratégico do JPC&VB
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29
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37
45
51
52
52
53
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57
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61
62
62
71
89
122
125
14
CAPÍTULO 1
INTRODUÇÃO
Este capítulo apresenta o estabelecimento do problema, sua justificativa, e a relevância para
a Engenharia de Produção. São apresentados ainda o questionamento-chave deste trabalho, os
objetivo geral, específicos e a estrutura do trabalho.
1.1 Estabelecimento do problema
Alguns órgãos públicos perceberam que os empresários do setor turístico, que
tradicionalmente relegavam ao governo a sua ação de marketing, necessitavam se organizar para
suprir a necessidade de entendimento suficiente. Isto deveria ser feito de modo a ocupar o lugar
do Estado, que não terá mais como bancar e articular as suas ações, já que o êxito da atividade
turística depende, fortemente, da integração satisfatória de uma cadeia de empresas.
Nesse sentido, a implantação do convention bureau em João Pessoa ocorreu em função de
uma indução promovida pelo Sebrae Paraíba, que vislumbrou a possibilidade de deslanchar a
atividade a partir da organização da cadeia produtiva do setor.
Entretanto, a atitude inicial dos empresários do setor, que raramente atuavam de forma
organizada, foi a de se reunirem, esperando através de gestões políticas, conseguirem renovar o
15
apoio do governo às suas reivindicações. Porém, neste processo, verificaram que o apoio não se
traduziria em participação financeira.
Depararam-se, então, com um grande problema: tinham que elaborar um planejamento
estratégico de atuação conjunta, formulado por indivíduos que, apesar de trabalharem em
atividades afins, sempre se viram como competidores, exceto obviamente na clássica luta
“démodé” patrões X empregados. Por isso, não possuíam uma linguagem comum, uma cultura
comum que lhes permitisse construir em conjunto uma proposta que atendesse ao interesse de
todos, um planejamento estratégico das suas ações.
Conforme Lima (2001), quando o planejamento estratégico deixa de ser uma ação restrita
aos seus dirigentes, ou seja, imposta de cima para baixo, e permite ampla participação dos
empregados da empresa, pode efetivamente chegar a resultados notavelmente diferentes dos
habituais.
Aqui, diferentemente da referência imediata, os participantes do processo de planejamento
eram todos dirigentes empresariais, mas diferentes entre si, não possuindo uma cultura própria ao
grupo do qual participavam, sendo, portanto, iguais entre si. Tinham o mesmo poder de
interferência, o que nos permite o paralelismo da comparação desta situação àquela.
Ainda para aquele autor, a visão objetivista do planejamento tradicional pressupõe a
existência de uma realidade que extrapola a racionalidade humana, sendo seu maior desafio a
perfeita compreensão do ambiente onde a empresa se situa, a partir do que seria possível a
identificação de oportunidades e ameaças ao seu pleno desenvolvimento.
Ora, um planejamento estratégico pode ser construído sobre uma cultura qualquer, por
que, segundo Maturana e Varela (1995), é a linguagem que faz com que existamos num mundo
sempre aberto a interações lingüísticas recorrentes. A partir da existência da linguagem, não
16
limites para descrever, imaginar, relacionar, pois a mesma permeia de modo absoluto toda a
nossa ontogenia como indivíduos.
Para agravar ainda mais esse fato, se observa que a velocidade e a inconsistência do
ambiente dos negócios, associadas à complexidade do mundo globalizado, estão exigindo que as
organizações tenham estruturas flexíveis e estejam permanentemente atentas às mudanças
ambientais.
Afirma Porter (1998) que tempos os gerentes são desafiados a atuar segundo um novo
conjunto de regras. Numa era em que a economia mundial está passando por uma transformação
profunda, que se manifesta tanto na base produtiva quanto nos âmbitos econômico, político e
social, as organizações são obrigadas a construírem suas estratégias competitivas considerando
este ambiente difuso e turbulento. A partir dele, e tomando por base o grande volume de
informações de inúmeras fontes, tornou-se exercício bastante sofisticado o seu monitoramento e
“controle”. Verifica-se, ainda, que o modo e a velocidade da decodificação e resposta a esses
novos enfrentamentos é o que determina o posicionamento estratégico da organização.
Chiavenato (1987), escrevendo sobre a questão, afirma que muito se percebe que as
técnicas de administração e engenharia não podem ser usadas indiscriminadamente em setores
distintos. Para ele as cnicas utilizadas para a gestão de uma aciaria são distintas das usadas em
uma indústria de confecção, e as que são convenientes para um hospital ou oficina de
manutenção não se aplicam a uma fábrica de refrigerantes ou mesmo uma cultura agrícola.
Os fatores de competitividade atuais deixam de depender exclusivamente dos tradicionais
ganho de escala, acesso privilegiado a fontes de matéria-prima, qualidade superior, melhor
atendimento, customização, aperfeiçoamento contínuo e imagem da marca para envolver a
capacidade de apropriação de conhecimentos e da otimização do capital humano, que
consorciados, potencializam a lucratividade da organização (KOTLER, 1999; PORTER, 1998).
17
Para Porter (1998), a situação é ainda mais complicada quando as empresas, por vezes, são
incapazes de distinguir entre eficácia operacional e estratégia. A busca de produtividade, da
qualidade e da velocidade, disseminou uma quantidade extraordinária de ferramentas e técnicas
gerenciais: gestão da qualidade total, benchmarking, competição baseada no tempo, terceirização,
parcerias, reengenharia e gestão da mudança. Embora as melhorias operacionais daí resultantes
muitas vezes tenham sido significativas, muitas empresas se frustraram com a incapacidade de
transformar estes ganhos em rentabilidade sustentada. Aos poucos, e de forma quase
imperceptível, as ferramentas gerenciais tomaram o lugar da estratégia.
Se para a organização industrial foi imperativo uma mudança de postura no tocante ao uso
de seu capital humano na consecução de seus planos de vôo, avalie-se o que não representa a
participação do elemento humano, quando se trata de empresas que atuam na indústria do
turismo. Isto por que se trata de um setor acentuadamente marcado por elementos que não se
capturam pelas escalas tradicionais de mensurabilidade ou de tangibilidade, no dizer de Slack
(1997).
Muito se tem discutido no ambiente organizacional sobre a necessidade de potencializar seu
capital humano, mas pouco se tem posto em prática. No geral as organizações param na
elaboração de um novo organograma ou na consecução de uma série de planos e projetos, sem
atentar para as muitas dimensões do conhecimento e do capital humano.
As organizações que criam estes ambientes potencializadores possuem uma estrutura
caracterizada por dinamismo que persegue a superação permanente, onde valores como
transparência das relações, participação, inovação, criatividade, informalidade associada a
respeito e coragem para assumir riscos calculados, são experienciados no cotidiano por todos.
18
O presente trabalho assume algumas premissas fundamentais:
Os limites da percepção capaz a um sistema vivo delimitam sua compreensão do
mundo (MATURANA e VARELA, 1995);
As representações que fazemos do mundo circundante não constituem uma
reprodução exata do mesmo, mas uma expressão da capacidade e limites humanos de
estruturação do concreto e das vivências pessoais na sua deriva ontogenética.
(MATURANA e VARELA, 1995).
A partir dessas considerações, essa pesquisa foi limitada a um estudo de caso, visando
responder à seguinte questão-problema:
- Como a utilização de técnicas da Psicologia Social contribui para melhorar a
comunicação entre empresários em um grupo que se interessa em construir um
Planejamento Estratégico conjunto para atuação setorial?
1.2 Justificativa
A Organização Mundial do Turismo OMT (2003) afirma que cada US$ 7 (sete) mil
deixados no país repercutem na manutenção de um emprego. Enquanto na indústria
automobilística são necessários US$ 170 (cento e setenta) mil para gerar um posto de trabalho, no
turismo apenas US$ 40 (quarenta) mil possibilitam um emprego direto num hotel; US$ 10 (dez)
19
mil empregam uma pessoa num restaurante e US$ 50.00 (cinqüenta) podem garantir matéria
prima e trabalho a um artesão.
Com esta projeção, e o em o Brasil apresentando um complexo de possibilidades turísticas,
se deve viabilizar o crescimento da participação brasileira no mercado global, formatando um
complexo infra-estrutural que, antes de qualquer ação, privilegie o saber e a população local,
favorecendo desde já o pensar global e o agir “glocal”.
Desse modo e, acostado nos dados do GT Ciente (2001), a vantagem para o município de
João Pessoa está na possibilidade do desenvolvimento do turismo de eventos, integrando-o à
dinâmica do turismo nacional, assegurando à população local os benefícios econômicos e sociais
derivados da expansão desse setor.
Entretanto, percebe-se um grande desafio: a compreensão do desenvolvimento
sustentável do turismo no que diz respeito à necessidade da anulação de práticas autoritárias,
paternalistas e clientelistas, pois estas apenas contribuem para a reprodução do status quo
vigente.
A perspectiva de desenvolvimento sustentável deve estar ligada à melhoria dos padrões
sociais de bem estar, pois no nível local, ainda é factível permear nas mentes e no corpo social
um sentimento que dê um norte, um rumo, a uma cidade desenvolvida e solidária.
“A igualdade é um pressuposto básico da democracia que, sem ela, não tem condições de sobreviver.
Parece primário, mas a tese é ampla e, com oportunidade, pode ser colocada na atualidade do Brasil.
Segundo estudo recente do BIRD (Banco Mundial), existe entre nós uma espécie de desesperança crônica
que prejudica o desenvolvimento sustentável e, de certa forma enfraquece a democracia” (Barbosa Lima
Sobrinho, Jornal do Brasil 16.07.2000).
Busca-se, aqui, evidenciar que a gestão participativa no processo de formulação do
Planejamento Estratégico se a partir de um processo de auto-reconhecimento, onde a
20
participação de todos os elementos constituintes da organização no exercício do planejamento
torna seu resultado não apenas mais substancioso, mas, sobretudo, a sua capacidade de
enriquecer
estes mesmos elementos numa espécie de círculo virtuoso de melhoria recíproca, pois o
planejamento é determinado pelas representações que os membros da organização fazem do
ambiente circundante e do modo como interagem com o mesmo.
Desse modo, a importância deste trabalho está também relacionada à contribuição fornecida
aos gestores do JPC&VB, considerando que os resultados obtidos poderão orientá-los na
construção de um planejamento estratégico negociado, exeqüível e que promova o
desenvolvimento sustentável da atividade.
1.3 Importância do Estudo para a Engenharia de Produção
Para a Engenharia de Produção, esta pesquisa se reveste da seguinte importância:
demonstrar que, a despeito das críticas que o Planejamento Estratégico sofreu ao longo dos anos
80 e 90, em função da virulenta turbulência no ambiente organizacional, hoje se tornou um
instrumento fundamental para a elaboração de uma “carta de navegação”, que permite à
organização compreender o ambiente no qual está inserida, para que se adapte aos novos e
permanentemente mutáveis contextos de mercado. Entretanto, para que o Planejamento
Estratégico se transformasse nessa ferramenta poderosa, o que se procurou demonstrar aqui foi
que a utilização de técnicas oriundas da Psicologia Social, adequando-as ao escopo da engenharia
de produção, podem ser úteis no desvelamento da complexidade inerente ao ambiente
organizacional.
21
1.4 Objetivos
1.4.1 Objetivo Geral
Verificar como a utilização de técnicas da Psicologia Social contribui para facilitar a
comunicação entre empresários com vistas à construção dos fundamentos do Planejamento
Estratégico na organização.
1.4.2 Objetivos Específicos
Identificar os principais elementos presentes nas representações mentais acerca do
objeto estudado nos membros do grupo;
Socializar, no grupo, os conceitos fundamentais dos principais elementos presentes
nas representações mentais acerca do objeto estudado;
Verificar no grupo a aceitação dos fundamentos da nova linguagem;
Levantar a percepção do grupo quanto ao futuro do JPC&VB.
22
1.5 Estrutura do Trabalho
Capítulo 2 Fundamentação Teórica: permeia a revisão bibliográfica, procurando
estabelecer um embasamento teórico consistente e de fácil assimilação, possibilitando
assim um melhor entendimento do trabalho.
Capítulo 3 Metodologia: apresenta a metodologia de trabalho utilizada nessa
dissertação, tratando da utilização da análise de conteúdo, ferramenta da Psicologia
Social empregada nesse caso como instrumento para melhorar a comunicação nas
ações relacionadas à viabilidade do planejamento estratégico.
Capítulo 4 Resultados: apresenta a unidade pesquisada, a caracterização e, os
resultados do primeiro e do segundo questionário.
Capítulo 5 Considerações Finais: apresenta as considerações acerca da utilização de
técnicas oriundas da Psicologia Social, com vistas à consecução do planejamento
estratégico para o JPC&VB.
23
CAPÍTULO 2
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Este capítulo apresenta a revisão de literatura acerca do tema de estudo, procurando
estabelecer conexões entre os saberes aqui elencados, pois no mundo das organizações, o estado
de mudança se tornou permanente e, para fazer frente a este processo incontrolável, foram
implementadas, ao longo das duas últimas décadas, inúmeras técnicas e outros modismos.
Entretanto, as pessoas necessitam se situar no ambiente onde se encontram para ajustar-se,
conduzir-se, dominá-lo, identificá-lo e resolver os problemas que se colocam.
2.1 O Planejamento Estratégico Orientado ao Desenvolvimento Sustentável
O novo cenário mundial encontra-se marcado pela economia do conhecimento e da
informação. Profundas e marcantes transformações definem esta nova arena internacional, e é
claro que esse processo significa múltiplas oportunidades de progresso. No entanto, representam
também vulnerabilidades e riscos, em particular àquelas organizações que não forem capazes de
se adaptar às novas condições impostas por esse paradigma produtivo.
24
À medida que o desenvolvimento economico depende cada vez mais do conhecimento e da
inovação do que de matérias-primas ou mão-de-obra barata, aquelas organizações que carecerem
destes componentes serão excluídas do processo pois, pela primeira vez na História, o mundo
ficou ligado por uma rede global que suporta e potencia a troca de informações. Em
conseqüência, vem emergindo um novo conjunto de valores onde os ativos intangíveis, como
informação e conhecimento, contribuem tanto ou mais para a criação de valor do que a terra, os
equipamentos ou o dinheiro.
Verifica-se uma transferência gradual de poder dos fabricantes ou fornecedores para os
clientes, o que força aos negócios da era industrial a desenvolverem metodologias de negócios
inovadoras, como forma de poderem competir nesta nova economia.
Segundo Rodrigues (1999), são dez as características da Economia Digital:
1. Convergência de tecnologias, de mercados, de indústrias, de setores, tendo o primeiro
caso sido a “fusão” dos computadores com as telecomunicações. A convergência tem
um efeito multiplicador: a soma de um mais um não resulta somente em dois nem três,
pode gerar n resultados;
2. Intangibilidade é o que mais valor tem hoje no mercado; implica pensar nos novos
multiplicadores de valor: idéias, informação, saber, relações;
3. Saber é o fator de produção por excelência, segundo Peter Drucker, que alcunha a
nova sociedade de Sociedade do Conhecimento e não “Sociedade da Informação
(como é usual dizer-se); e o novo grupo fundamental na força de trabalho das nações e
das empresas, é o de “trabalhadores do conhecimento”;
4. Os competentes: ativo principal da empresa são detentores do seu meio de
produção, o conhecimento (são como que monopólios andantes: eu LTDA. da ou eu
25
SA, Monopólio do meu Capital Humano). A questão central é a sua produtividade e
fidelidade;
5. Rede a rede artificial, o network (palavra inglesa que se popularizou em todas as
línguas), é provavelmente a palavra mais falada hoje em dia, que envolve e exprime as
relações entre pessoas e a interligação entre negócios mais do que entre tecnologias e
aparelhos;
6. Global, global, global dispensa comentários: a geografia deixou de ditar as
fronteiras de mercado. A noção de mercado libertou-se da proximidade e da vantagem
competitiva a ela associada;
7. Concorrência sem pré-aviso por outras palavras, a concorrência pode vir de
qualquer lado. As principais ameaças ao negócio podem vir de setores completamente
estranhos e surgem inesperadamente. Cinqüenta por cento das novas tecnologias de
hoje vieram de fora da própria indústria. Estar atento é o melhor conselho;
8. Lógica de rus esta nova economia atua como um vírus. Até setores mais
tradicionais da velha economia capitalista estão sofrendo o impacto dos novos
modelos de negócio, dos novos processos e das novas tecnologias;
9. Lógica de leilão é talvez um dos fenômenos mais inesperados: a Web está trazendo
de volta um velho método de fixação de preços, altamente dinâmico, através do leilão
ou da negociação em tempo real poderá vir a tornar-se dominante no mercado
eletrônico. O que isso implica? Que os custos vão ter de estar ainda mais orientados
em função dos preços e não o inverso;
10. Empresa descartável a interrogação pragmática que se coloca é esta: que as
empresas raramente ultrapassam, em média, de 15 a 30 anos de idade, vamos assumir
esta premissa e criar empresas que durem apenas enquanto durar a lei dos rendimentos
26
crescentes e as hipóteses de capitalização bolsista num dado nicho ou projeto. Depois
“desfaça-se do que criou e parta para criar outra”.
Os impactos desse novo paradigma no processo de elaboração de um planejamento
estratégico são significativos, pois altera radicalmente a forma de se estruturar toda a ação para o
enfrentamento dessa nova economia. Nesse sentido, é importante compreender que sob condições
de mudanças ambientais rápidas e descontínuas, as tradições e experiências anteriores não serão
mais suficientes para enfrentar as novas ameaças e oportunidades. Nunca, de fato, se precisou
tanto do planejamento como agora. Entretanto, é importante entender o processo de evolução do
planejamento desde a sua gênese até a atualidade.
2.2 A Evolução do Planejamento Estratégico
O Planejamento Estratégico foi arquitetado como instrumental da estratégia militar na
segunda grande guerra, e a aplicação efetiva dos conceitos de planejamento e estratégia na área
empresarial foi difundida a partir dos anos 60 do século passado.
No entanto, sua gênese remonta o século IV a.C quando SUN TZU escreveu o texto
conhecido como “A arte da Guerra” versando sobre a estratégia militar, que na atualidade
encontra aplicação na seara da administração estratégica. Segundo Lima (2001) táticas e
estratégias já eram objeto de reflexão e publicação há mais de 2.000 anos, entretanto, seu enfoque
era dirigido, principalmente, à beligerância, ou à gestão do Estado.
27
O sofisticado sistema de produção industrial criado a partir de Taylor e Ford, consolidado
na metade do século XX tinha, em sua essência, como objetivo gerencial, a eficiência do
processo produtivo. Todavia, para os gestores de então, a prática corrente era que as estratégias
existiam apenas na cabeça dos gerentes das organizações.
Concorria para isso o fato de que até a metade do século passado, o ambiente externo e
interno das organizações ainda era estável, e eram apresentados sinais evolutivos
significativamente previsíveis.
Isto estava consorciado ao episódio de que o mercado se encontrava numa economia de
pós-guerra, ou seja, numa fase de grande crescimento e com um grau de competição muito baixo
entre as organizações. Existia uma clara preocupação com a prospecção do futuro. Este, no
entanto, era entendido como uma extrapolação do passado.
Nos anos 60, em função principalmente dos avanços tecnológicos, o ambiente externo às
empresas começou a apresentar perceptíveis sinais de instabilidade. No ambiente interno, os
gerentes passaram a se preocupar com a comercialização dos produtos e não apenas com a
produção, pois a redução das taxas de crescimento e consumo havia gerado um incremento
significativo na competição entre as empresas.
Turbulências ainda mais acentuadas no ambiente externo acorreram durante os anos 70 que,
culminaram em uma redução significativa do crescimento global, acirrando definitivamente a
competição em escala planetária. No ambiente interno se verifica que, nesse instante, a
preocupação dos gestores passou a ser a qualidade em detrimento da quantidade. Para Wack
(1998) a partir do início dos anos 70, no entanto, os erros de previsão tornaram-se mais
freqüentes e, ocasionalmente, de uma magnitude drástica e sem precedentes.
Nos anos 80 e 90, em função da virulenta turbulência do ambiente externo, o planejamento
passou a ser encarado como agente do processo de mudança. Efetivamente, nos anos 90,
28
começou um movimento no sentido de questionar os modelos tradicionais de planejamento
estratégico, em virtude de os mesmos não se apresentarem mais adequados a um meio ambiente
constituído por mudanças significativas, rápidas e bruscas do mercado, pois eram baseados em
previsões, que funcionavam razoavelmente bem nos relativamente estáveis anos 50 e 60.
De uma forma sintética, pode-se apresentar a evolução do planejamento estratégico
conforme a figura que se segue:
Planejamento
financeiro
Planejamento em
longo prazo
Planejamento
estratégico
Administração estratégica
Flexível
Coordenação de todos os
recursos para o objetivo
Pensamento
estratégico
Integração do planejamento
e do controle
Eficácia do
Planejamento
Projeção de
tendências
Análise de
lacunas
Análise das
mudanças do
ambiente
Análise dos
recursos e das
competências
Alocação de
recursos
Sistemas de apoio:
Motivação e compensação
Desenvolvimento
organizacional
Informações e
comunicações
Orçamento anual
Sistema de valores Cumprir o orçamento Projetar o futuro Definir estratégia Determinar o futuro
Problemas Promover miopia
Não pre
mudanças
Fórmulas
simplistas
Motivação e controle
Predominância Anos 50 Anos 60 Anos 70 Anos 80
Figura 2.1
:
Evolução do planejamento estratégico
Fonte: DEGEN, (1990).
Um novo cenário competitivo fez com que as organizações tivessem que se adaptar, de
forma acelerada, a um ambiente em permanente mutação. Nesse sentido, uma necessidade
29
pungente em diminuir cada vez mais a distância entre o planejamento e a execução das atividades
planejadas.
Esta gica coloca em cheque as concepções tradicionais do planejamento. Alguns chegam
a afirmar que o planejamento na atualidade é uma miríade. Entretanto, se percebe que, em lugar
de perder importância, o ato de planejar se tornou essencial. O que muda é a sua natureza, a
forma de praticá-lo, com procedimentos estratégicos onde, de maneira particular, se utiliza a
direcionalidade do processo com tantos ajustes quanto necessários para o alcance de sua meta.
Isto pode ser percebido pela figura abaixo:
Planejamento Tradicional Planejamento Estratégico
Basicamente é um problema técnico
Centrado na lógica da formulação
Os planos, programas e projetos expressam o
desejável
Enfatiza o tecnocrático, fazendo do planejamento
uma tecnologia que orienta as formas de
intervenção social
Dá muita importância ao papel dos técnicos
O centro do planejamento é um desenho e se
expressa em aspectos específicos da realidade
social
A definição de objetivos resulta do diagnóstico
Importância nas decisões do sujeito planejador
que es fora da realidade, considerada como
objeto do planejamento
Não leva em conta, de maneira significativa, os
oponentes, os obstáculos e dificuldades que
condicionam a factibilidade do planejamento
O ponto de partida é um modelo analítico que
explica a situação problema, expressa num
diagnóstico
O ponto de chegada é um modelo normativo, que
expressa o desenho do ´deve ser´.
A dimensão tradicional se expressa num ´deve
ser´, da qual deriva um esquema rigoroso,
formalizado e articulado de atuação
Parte-se do pressuposto:
De que o sistema social pode ser objeto de
orientação por parte do planejador
O sujeito que planifica está sobre e fora da
realidade planificada
O sujeito que planeja tem monopólio do plano
Basicamente é um problema entre pessoas
Centrado na lógica da realização
Os planos, programas e projetos expressam a
possibilidade
Destaca a importância da política e da intervenção
dos diferentes atores sociais
Importância de integrar o aporte metodológico dos
diferentes profissionais com as expectativas,
interesses e necessidades, e problemas das pessoas
envolvidas.
O centro do planejamento é a dinâmica da
condução e não se cristaliza em um plano, levando
em conta permanentemente as questões da
conjuntura política, econômica e social
A definição do objeto resulta do consenso social
entre os diferentes atores sociais implicados no
processo
Importa a confluência das decisões dos diferentes
atores sociais que, de uma ou outra forma, está
interessada e implicada; o sujeito planejador está
dentro da realidade e coexiste com outros atores
sociais
Procura conciliar o conflito e o consenso como os
fatores atuantes dos processos sociais e que
condicionam a realização do planejamento
O ponto de partida é a situação inicial que explica a
situação-problema, expressa num diagnóstico
O ponto de chegada é a situação-objetivo que
expressa a realização do tempo e da imagem-
objetivo, que configura o horizonte utópico
A situação-objetivo se articula com um plano
estratégico do ´pode ser´ e um plano operacional
30
O sujeito que realiza o plano tem capacidade de
controlar a realidade planificada
com a vontade de fazer; não existe um esquema
rígido de ação, mas sim uma preocupação com a
direcionalidade
Parte-se do pressuposto:
De que o sistema social está integrado por
pessoas que têm sua própria escala de valores e
estabelece o que é conveniente e
inconveniente, bem ou mal, com o objetivo a
alcançar
O ator que planeja está inserido na realidade
que planeja, coexistindo com outros atores
sociais que, de algum modo, também a
planificam
Não monopólio na elaboração do
planejamento, mas a coexistência de vários
planos
Os atores que planejam não controlam por si só
a realidade planejada
Figura 2.2: Comparação simplificada entre o planejamento tradicional e o planejamento estratégico
Fonte: http://jaironogueira.noradar.com/jairo16.htm acessado em 08/06/2004
Pode-se considerar o planejamento estratégico como um conjunto concatenado de
prioridades e de decisões que norteiam o desenvolvimento e a construção do futuro de uma
organização.
É um aparato gerencial fundamental que possibilita racionalidade às decisões, estimulando
a convergência de esforços, e permitindo aos decisores focalizar a atenção nos pontos críticos
para o sucesso da organização.
Mintzberg (2000) agrupou dez escolas de pensamento em três correntes principais:
prescritiva, descritiva e de configuração. As Escolas de natureza Prescritiva (Design,
Planejamento, Posicionamento), estudam a formulação estratégica como um processo
efetivamente deliberado, se originaram nas organizações industriais e, estão preocupadas com o
conteúdo e a análise.
Procuram entender o que funciona estrategicamente do ponto de vista econômico. Para o
autor esta formulação é mais recomendada para situações estáveis em que a estratégia elaborada
não será afetada por cenários turbulentos ou imprevisíveis
31
As Escolas Descritivas (Empreendedora, Cognitiva, Aprendizado, Poder, Cultural e,
Ambiental) preocupam-se com a forma de elaboração do processo de formulação estratégica o
como é. São caracterizadas como modelos emergentes e baseiam-se no pensamento intuitivo, no
aprendizado, na liderança e na cultura da organização.
O autor tece a seguinte crítica: ao preconizarem a aplicação de estratégias emergentes, as
organizações que utilizam estas escolas estão predispostas a um risco maior ao adotarem
estratégias equivocadas em função da ausência de uma análise mais profunda.
A última corrente, a Escola de Configuração, procura integrar conceitos das escolas
prescritiva e descritiva, levando em consideração tanto o processo quanto o conteúdo. Segundo
Mintzberg (2000) essa escola procura integrar várias partes: gênese, conteúdo, estruturas
organizacionais, e contextos em função de estágios de vida diferentes os do crescimento e da
maturidade, considerados de forma progressiva, para demonstrar os ciclos de vida das
organizações.
Ainda segundo Mintzberg (1994), planejamento é o procedimento formal, para produzir um
resultado articulado, na forma de um sistema integrado de decisões. O planejamento ajuda a
traduzir a estratégia pretendida em estratégia realizada, dando o primeiro passo que pode levar a
uma implementação eficiente; consiste na formulação de estratégias para a organização e o seu
desdobramento em diretrizes específicas; tem por objetivo principal orientar o trabalho do dia-a-
dia, alinhando-o com os planos de médio e longo prazo, garantindo que as ações presentes sejam
dirigidas ao alcance de metas projetadas como prioritárias pela organização.
Em poucas palavras, o planejamento representa o trajeto que a organização escolhe para
transpor uma situação presente a uma situação desejada no futuro, num determinado horizonte e
sob efetivas condições de incerteza.
32
Mintzberg apud Lima 2001, define que estratégia pode ser vista de cinco maneiras
diferentes: plano, estratagema, padrão, posição ou prospectiva.
Como plano, pode localizar-se no âmbito das guerras nas definições de alternativas e
possibilidades de enfrentamento do inimigo visando à vitória;
Como estratagema, funciona como um blefe, para iludir adversários ou os seus
clientes, posicionando-se para o enfrentamento de negociações, ameaças, ou para
ganhar tempo de preparar-se para circunstancias adversas;
Como padrão, é um modelo adaptativo (se não há objetivos claros e a empresa procura
ajustar-se ao ambiente); empreendedor (quando há intenções amplas e ambiciosas e os
empregados são instados a alcançá-las; ou planejamento clássico, que analisa e define
os caminhos a percorrer para os alvos estabelecidos);
Como posição, a estratégia define o nicho ou segmento de mercado de atuação da
empresa, onde terá maior capacidade de enfrentamento de concorrentes;
Como perspectiva, caracteriza a visão do mundo segundo os paradigmas da empresa,
a sua cultura, o seu modo de ser. É, portanto um conceito abstrato formulado através
do saber organizacional.
Na atual conjuntura, o planejamento estratégico tem por objetivo a identificação de fatores
competitivos de mercado e potencial interno, para atingir metas e planos de ação que resultem em
vantagem competitiva, com base na análise sistemática de mudanças ambientais previstas para
um determinado período, pois, além de lidar com a complexidade inerente aos ambientes externo
e interno, não se espera que o futuro obrigatoriamente represente uma “doce” evolução deduzida
a partir do passado.
33
Para organizações que atuam em ambientes sujeitos a descontinuidades freqüentes, o
planejamento estratégico pode ser encarado como uma espécie de plano de vôo de longo curso
para a construção do futuro que desejam edificar.
Desde Weber (1946), a teoria das organizações vem concentrando múltiplos esforços na
compreensão do fenômeno organizacional. O ambiente das organizações foi alargado, a literatura
passou a analisar esse fenômeno à luz da noção de sistemas, com ênfase em processos de
mudanças.
Hoje é consensual entre os mais variados teóricos que a era industrial se esgotou e dos seus
“escombros” emergiu a sociedade do conhecimento como uma nova modalidade econômico-
social.
Tem-se então um novo paradigma produtivo, conhecido como “aprendizagem flexível”,
conforme pode ser visto na figura apresentada abaixo:
VELHO PARADIGMA NOVO PARADIGMA
Intensivo em energia.
Grandes unidades de produção e número de
trabalhadores.
Produto homogêneo de uma unidade de
produção.
Padronização.
Mix estável de produtos.
Plantas e equipamentos especializados.
Automação.
Habilidades especializadas.
Intensivo em informações e conhecimento.
Redução no tamanho da produção e no número de
trabalhadores.
Diversidade de produtos.
Customized (dirigida ao cliente).
Mudanças rápidas no mix de produtos.
Sistemas de produção flexível.
Sistematização.
Multi-habilidades interdisciplinares.
Figura 2.3: Novo Paradigma Produtivo
Fonte: NAKANO (1994)
34
O capital humano é o ponto central na transformação global, pois as mudanças que estão
ocorrendo no sistema são tensas para todos. Porém, uma economia baseada em conhecimento é,
provavelmente, o maior passo de nossa sociedade.
Para Ponchirolli (2002), muito embora possa parecer desumano referir-se a pessoas como
capital, trata-se de uma associação que é realidade. Na sociedade do conhecimento a educação é
universal e os níveis crescem para as novas áreas do conhecimento, que requerem mais
treinamento e educação atualizada para sua aplicação.
A “depreciação” do capital humano está ligada à rapidez com que o conhecimento e a
tecnologia se tornam obsoletos. A educação contínua constitui um grande desafio para o capital
humano.
Na atualidade, teóricos como Peter Drucker e Alvin Toffler chamam atenção para a
importância do conhecimento como recurso estratégico. Drucker (1994) afirma que, na nova
economia, o conhecimento não é apenas mais um recurso, ao lado dos tradicionais fatores de
produção, trabalho, capital e terra, mas sim o único recurso significativo.
A teoria do capital humano teve sua origem nos EUA, após a Segunda Guerra Mundial, a
partir de Backer. Para este autor, o investimento em educação / formação é análogo ao
investimento em capital físico.
Backer, professor de Economia e Sociologia da Universidade de Chicago, apresenta a teoria
do capital humano, como um aperfeiçoamento do modelo neoclássico. Na realidade, este modelo
surge da necessidade em alterar a visão mecanicista do trabalho.
Para Backer (1993), a educação passa a ser entendida como um investimento, pois a
acumulação de conhecimentos possibilita ao trabalhador potencializar sua capacidade produtiva,
maximizando os seus rendimentos ao longo da sua vida.
35
Na obra Human Capital, Backer (1993) está interessado em compreender como a formação
do trabalhador pode funcionar como agente catalisador do desenvolvimento de um país. Desse
modo, o conceito de capital humano permite explicar como o desenvolvimento dos países e das
organizações depende da qualidade e não da quantidade do seu potencial humano.
Nesse sentido, o investimento no capital humano representa uma estratégia indispensável
para alcançar o desenvolvimento de uma sociedade sustentável, pois o conhecimento converte-se
num fator de sustentabilidade à medida que segundo Jara (2001) os indivíduos o aplicam a um
determinado contexto, sob forma de decisões inteligentes e em pedagogias que vinculem atores e
agentes estimulados por sentimentos solidários.
Pode-se ressaltar que, na perspectiva da criação de novas modalidades de planejamento, se
deve considerar as informações pertinentes ao front (todos os envolvidos que estão no
relacionamento direto com clientes, fornecedores e demais entidades de interesse da
organização), conforme a figura 2.4 a seguir:
Figura 2.4: Gráfico representativo da melhora contínua do nível de conhecimento
Fonte: Marco Bechara (S/D)
36
Verifica-se que, à medida que a direção ouve e considera as informações do “front”,
melhora o nível de conhecimento para o processo decisório, pois existe o “decréscimo da
ignorância”. Ou seja, as hipóteses a serem criadas sobre a organização e sobre o mercado passam
a ter maior possibilidade de se serem reais e de se concretizarem.
O mais interessante nesse processo de criação de novas modelagens de planejamento é que
o seu cerne, a sua essência, depende basicamente do ser humano. Desse modo, para que haja
mudanças na organização, se necessita produzir primeiro estas mudanças na cabeça das pessoas
que a formam.
Para Senge (1990) as organizações do futuro serão aquelas capazes de alinhar as
responsabilidades e capacidades de aprender de cada indivíduo e, talvez mais importante ainda,
que exista a possibilidade do aprendizado e crescimento em todos os níveis de sua estrutura.
Conseqüentemente, todo processo de mudança organizacional se inicia na capacidade de
adaptação e transformação do ser humano. Por esta razão, se verifica a necessidade emergente de
treinar e valorizar as pessoas, no sentido de capacitá-las à atividade de planejamento.
Todo o planejamento visa conhecer e compreender melhor as tendências de um
determinado sistema e sua dinâmica de evolução, o que permite aos planejadores avaliar os
prováveis efeitos futuros de decisões tomadas hoje.
As técnicas de prospecção do futuro são, portanto, aplicáveis ao planejamento, quer no setor
público, quer no privado. Desse modo, os planejadores devem aliar ao domínio das técnicas uma
qualificação adequada que lhes permita ir além do mecanicismo metodológico.
37
2.3 Técnicas de Prospecção do Futuro
Transformar incertezas em riscos é condição para a criação de cenários que subsidiam a
tomada de decisão segundo Kopittke e Casarotto Filho (1998). As técnicas de construção de
cenários apontam para possibilidades futuras. Algumas destas, como simulações de ensaios e de
exploração, permitem a sua repetição, aproximando a simulação da dinâmica real, posto que
mostram a importância da interação das decisões em cada etapa, conforme se apresenta na Figura
a seguir:
TÉCNICAS
TIPO
EXEMPLO
PRINCIPAIS PONTOS
FORTES
PRINCIPAIS PONTOS
FRACOS
Linha de
Tendências
Análise histórica Rápida, fácil e barata Pressupõe que o futuro será igual
ao passado
Brainstorming
Equipes de
geração de idéias
Fácil, rápido e criativo Qualitativo, baseado em
julgamento
Previsão Modelos
econométricos
Quantitativa, rigorosa Normalmente ignora a reação da
concorrência ou múltiplos
cenários para o futuro
Planejamento
Qualitativo de
Cenários
Não-
Simulatórias
Planejamento de
cenários
Criativo, pode ser
quantificado, pró-ativo
É difícil avaliar se os cenários são
desejáveis ou testar a dinâmica
competitiva
Simulações de
Ensaios
Jogos de Guerra Aumenta a familiaridade e a
confiança em relação à
situação e revela falhas e
problemas que ainda não
foram a público; pró-ativo
Normalmente o jogo dura vários
dias, pois há necessidade prática
de avaliar as estratégias e
conseqüências práticas. É um
processo contínuo, com
características cumulativas
Simulações de
Exploração
Simulatórias
Conselho de
Guerra
Podem ser realizadas
repetidamente, usando
estratégias ou premissas
diferentes; criativo; pró-ativo
Normalmente as simulações são
longas e acontecem
repetidamente. Há o risco de fugir
à realidade a partir das repetições
sucessivas do jogo
Figura 2.5: Técnicas Simulatórias e Não-Simulatórias
Fonte: Reibstein e Chussil apud Silva e Kopittke (2002).
38
Das técnicas descritas na figura 2.5 acima, esta fundamentação teórica abordará técnicas
não simulatórias e, dentre elas o planejamento de cenários, o brainstorming e a técnica delphi.
2.3.1 Planejamento de Cenários
A raça humana, desde a sua gênese, procura respostas para as suas indagações. O instinto de
sobrevivência a conduz na busca dessas respostas para mitigar incertezas que a cercam,
procurando garantir assim sua sobrevivência.
Dentre as indagações que lhes rondam, as que possuem maior grau de inconsistência são
aquelas ligadas ao futuro, posto que a incerteza é uma característica própria. Segundo Geus
(1997), a preocupação com o futuro é uma função biológica do homem que o leva a preocupar-se
em conhecê-lo, para garantir assim sua sobrevivência.
As organizações também passam por indefinições e incertezas com relação ao futuro e
buscam sua sobrevivência. Para elas, este instrumental consiste de uma metodologia de estudo na
qual se elabora possíveis cenários de futuro, pois, em função destes, a organização pode projetar
seu inter-relacionamento com o ambiente alguns anos à frente, prevendo formas de alterar essa
interação, e visa assegurar um posicionamento mais favorável no seu meio ambiente.
Segundo Ross, Christoper et alli (1998) a concepção de cenários oferece um desafio aos
líderes seniores o de ajudar as organizações a se preparar para e predominar em um futuro
em que as regras competitivas terão sido reescritas.
39
É crucial que se faça uma distinção clara entre cenários e previsões. Comumente as
previsões não passam de simples extrapolações de tendências. Cenários, por outro lado, são
sistemas complexos que buscam revelar sinais precoces de alterações do futuro.
Motomura (1990) corrobora com esta visão, afirmando que cenários são como sondas para
o futuro. Seu valor está em sensibilizar os executivos para possibilidades que eles dificilmente
perceberiam de outra forma. Cenários reduzem as chances de surpresas indesejáveis e capacitam
os executivos a tomarem melhores decisões, em melhor timing.
A elaboração de cenários pode ser uma prática executada pelo capital humano da
organização, pelo seu staff, por terceiros contratados, ou pela combinação destes, reunidos para
prospectar os sinais emanados da sociedade e de corporações, que possam representar alguma
espécie de oportunidade ou ameaça para a continuidade da sua sobrevivência. Diferentemente das
pesquisas de mercado, a construção de cenários não elabora apenas tendências do momento atual,
arquiteta imagens do futuro.
Para Motomura (1990), constroem-se cenários, visando:
1. Preparar a organização para as crescentes incertezas do futuro;
2. Apoiar a tomada de decisão para a formulação dos grandes objetivos e estratégias;
3. Identificar oportunidades e riscos originados de mudanças no ambiente externo;
4. Estabelecer referencial para a elaboração do planejamento estratégico.
Não se tem aqui a tola pretensão de adivinhar o futuro, pois a construção de cenários não
está associada ao “determinismo” da bola de cristal. Entretanto, como o futuro ainda não foi
escrito, a construção de cenários busca permitir que a organização possa desenvolver atitudes
pró-ativas em relação a ele, buscando a formulação daquele futuro desejado.
40
2.3.1.1 Histórico da Técnica de Cenários
Segundo Schwartz (1996) os antigos sacerdotes foram os primeiro futurólogos que
entendiam o significado de elementos predeterminados e das incertezas críticas. A História
descreve, em diversas épocas, governantes em busca de informações para mitigar o risco de suas
decisões.
Na Grécia, o futuro era “predito” nos oráculos; no Egito, os sacerdotes anunciavam antes do
plantio o resultado da colheita. Isso era feito com base na observação da coloração e do volume
das águas do rio Nilo no início da primavera.
A preocupação com o futuro ressurge com o Renascimento e toma relevo com Júlio Verne
no século XIX, com sua obra que inspira e direciona o futuro. Durante o século XX novos
pensadores abordam o futuro: Vermon Lee, Berthand Russel, e George Wells.
Na década de 30 do século passado, uma obra literária ficcionista se tornou famosa: O
Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley, onde se verifica que a tecnologia caminha na
direção apontada no livro e nos deixa um alerta sobre a questão política.
As imagens do futuro em um cenário podem ser resultantes da intuição dos especialistas, de
sua sensibilidade em relação à dinâmica da evolução do sistema examinado, bem como do afinco
da prospecção de tendências que envolvem todo o processo.
A construção de cenários futuros proposta nos anos 60 por Herman Kaham, como uma
ferramenta para uso comercial, consiste de numa hipotética seqüência de eventos construída com
o objetivo de focalizar a atenção em processos causais e aspectos relevantes.
41
Ross, Christoper et alli (1998) afirmam que, nos anos 70, a Royal Deutsch / Shell utilizou a
técnica de cenários para gerar e avaliar opções estratégicas. A empresa construiu cenários para os
anos de 70 a 73, onde foi prevista com antecedência a crise da matriz energética mundial, o que
ajudou a Shell a tomar medidas que protegeram a sua competitividade durante a crise.
Contudo, a partir do início dos anos 70, os erros das previsões tornaram-se mais freqüentes
em função da instabilidade mundial, principalmente no que dizia respeito ao mercado de petróleo,
pois todo o planejamento tradicional baseado em previsões clássicas perdia rapidamente sua
razão de ser.
De acordo com Wack (1998), o planejamento tradicional era baseado em previsões, que
funcionavam razoavelmente bem nos relativamente estáveis anos 50 e 60. Entretanto, a partir do
início dos anos 70, os erros de previsão tornaram-se mais freqüentes e, ocasionalmente, de uma
magnitude drástica e sem precedentes.
A finalidade dos cenários exploratórios é ampliar a compreensão sobre o sistema,
identificar os elementos predeterminados e descobrir as conexões entre as várias forças e eventos
que conduziam esse sistema, o que leva, conseqüentemente, à melhor tomada de decisão.
Os resultados obtidos pela Royal Deutsch / Shell por meio do novo enfoque de ver o futuro,
tornaram a empresa mundialmente reconhecida pelo pioneirismo na utilização de cenários, o que
resultou na valorização e no reconhecimento da técnica.
Segundo Wack (1998), a arte dos cenários não é mecanicista, mas sim orgânica. É tão
importante a percepção que a organização tem de seu ambiente de negócios, quanto sua infra-
estrutura de investimentos, porque sua estratégia vem desta percepção. É necessária a ênfase
nesse ponto, pois a menos que o microcosmo corporativo mude, o comportamento gerencial não
mudará; o compasso interno deve ser recalibrado.
42
A construção de cenários colabora com a gerência no sentido de estruturar a incerteza (1)
quando elas são baseadas em uma análise consistente da realidade, e (2) quando elas mudam as
hipóteses dos tomadores de decisão sobre como o mundo funciona e os compele a reorganizar seu
modelo mental da realidade.
Esse processo permite muito mais do que simplesmente projetar bons cenários. Uma
vontade de encarar as incertezas e compreender as forças que as conduzem requer uma
transformação quase revolucionaria em uma organização. Esse processo de transformação é tão
importante quanto o desenvolvimento dos próprios cenários.
Esta metodologia é um instrumento potencializador para a organização, pois amplia sua
visão de mundo, sua adaptabilidade a ambientes via de regra hostis e de alta volatilidade.
2.3.1.2 Problemas no Uso de Cenários
Heráclito afirmara, no século V a.C. que “a única coisa permanente no universo é a
mudança”. Esta, na atualidade, se destaca pela rapidez e profundidade com que transforma os
negócios, as organizações, e as nossas vidas. Para Wack (1998), o futuro não é mais estável. Ele
se tornou um alvo móvel e, desse modo, nenhuma projeção considerada “correta” pode ser
deduzida a partir do comportamento passado.
Na concepção de Wack (1998), o trabalho do planejador, nesse sentido, é obter o interesse e
a participação dos agentes de decisão na reconstrução. Desse modo, planejadores bem-sucedidos
serão aqueles que puderem conectar as novas realidades do mundo exterior o ambiente de
negócios em expansão – ao microcosmo dos gerentes.
43
Desta forma, aos construtores de cenários cabe a elaboração detalhada do conjunto, para
que a tendência do olhar fatores que confirmem o “senso comum empresarial”, e o ignorar sinais
do sistema, dos tomadores de decisão, deixe de ser o elemento-chave das políticas da empresa.
Cenários bem elaborados fornecem uma ligação vital entre as preocupações dos gerentes
quanto à realidade do entorno empresarial. Este processo permite aos gerentes, segundo Wack
(1998), pela seleção dos elementos que consideram importantes para o seu mundo de negócios, a
construção de um novo modelo de realidade.
2.3.1.3 Processo de Elaboração de Cenários
Para Motomura (1990) um "bom" cenário é útil porque:
1. Bons cenários afetam o julgamento dos executivos sobre como o futuro deve ser.
Muitas vezes cenários são desenhados para serem profecias auto-realizáveis
(positivas ou negativas). Por isso, a arte de preparar e interpretar um cenário é
apenas o primeiro passo para alterar o futuro;
2. Bons cenários reconhecem que, ainda que passado e presente sejam importantes no
estabelecimento de direções para o futuro, o objetivo de executivos é transformar as
tendências, o que requer visões de um futuro radicalmente diferente. Em outras
palavras, eles levam em conta a dinâmica do futuro e o poder de ação humana para
moldá-lo;
3. Bons cenários permitem a tradução de declarações sobre o futuro em insights
sobre riscos / probabilidades para o tomador de decisões. Cenários de qualidade
44
guiam os executivos em "cálculos" mentais sobre o que pode acontecer e as inter-
relações entre os fatos e suas decisões;
4. Bons cenários testam todos os elementos de um sistema mais amplo e suas
interações com o ambiente. Por isso, eles levam em conta, de forma abrangente e
equilibrada, aspectos econômicos, tecnológicos, sociais, políticos, psicológicos,
culturais, espirituais, etc;
5. Bons cenários oferecem descrições tão vívidas do futuro que os executivos podem
colocar-se na situação de compreender esse futuro de uma maneira que não seria
possível apenas por meio de números e gráficos. Algumas vezes até artistas são
utilizados para dotar cenários dessas qualidades;
6. Bons cenários dão "pistas" que podem ser verificadas anos antes da ocorrência dos
eventos que elas sinalizam. Essa é uma diferença fundamental entre cenários de
qualidade e meras especulações futurísticas sem fundamento;
7. Bons cenários são resultado de reflexões de pessoas com referenciais intelectuais,
culturais e sociais diversos. A diversidade de opiniões assegura a riqueza dos futuros
idealizados e margem aos executivos para optar pelo futuro que eles desejam
construir.
Tal processo pode ser graficamente representado segundo a figura 2.6 a seguir:
45
Entrevistas Com
Gerentes e
Especialistas:
Incertezas X
Certezas
Grandes
Tendências e
Questões
Consolidação
Consolidação
dos cenários
dos cenários
Atividades
Prepararias
Mapeamento de
tendências
Varreduras na
internet
Consultas a
Especialistas
Geração
de
cenários
Desenvolvimento
dos cenários
mais Proveis
Evento de validação dos
Evento de validação dos
cenários e reflexão
cenários e reflexão
estragica
estragica
Monitoramento e
Monitoramento e
correções
correções
Macrocenários
Mundiais e Nacionais
Figura 2.6: Processo de Elaboração dos Cenários.
Fonte: Marcoplan. (2002) Com adaptações
Os cenários não eliminam as incertezas. Seu propósito primário não é o de predizer o
futuro, e sim sistematizar e delimitar as incertezas, explorando os seus pontos de mudança ou
manutenção dos rumos de acordo com a evolução dos processos no entorno e dentro do sistema.
Do mesmo modo, não podem ser encarados como um fim em si mesmos, mas uma base para a
reflexão e decisão sobre o futuro.
Entretanto, a elaboração de cenários requer um procedimento mais sofisticado por parte das
pessoas envolvidas no processo. Para tanto, se pode utilizar uma ferramenta de apoio à
criatividade utilizada em trabalho de grupo, desenvolvida pela Creative Education Foundation,
46
onde se pretende produzir o máximo de soluções para um determinado problema o
Brainstorming.
2.3.2 Brainstorming
Em seu sentido latu, é um exercício de criatividade, que busca selecionar as melhores idéias
de um conjunto de idéias oriundas de um grupo de pessoas. É uma discussão em grupo,
coordenada por um animador com conhecimento sobre o assunto e qualidades de liderança.
O objetivo do brainstorming é permitir que um grupo de pessoas, de uma forma espontânea,
consiga expor suas idéias ou pensamentos sobre um determinado tema. Nesse sentido, é uma
ferramenta de inestimável valor para orientar as primeiras prospecções ou busca de dados em um
processo. O brainstorming pode ser usado de diversas formas, pois a imaginação ou a
criatividade é o limite.
No entanto, o uso mais geral do brainstorming é o de provocar idéias ou identificar fatos
relacionados a um determinado problema buscando, o mais das vezes, a determinação de suas
causas ou, ainda, a procura de oportunidades para o aprimoramento de um processo.
Princípios do Brainstorming:
1. Suspensão do julgamento: as funções de julgar e criar são mutuamente exclusivas.
Para criar (idealizar o novo, o inusitado) tem-se que suspender temporariamente o
julgamento. Após o período de criação (livre de julgamentos), inicia-se a fase do
julgamento com a finalidade de escolher, entre as idéias expostas, as mais adequadas,
possíveis e adequadas;
47
2. Quantidade: quanto mais idéias, melhor. A fluência de idéias que se produz aumenta a
suspensão de julgamento e a probabilidade de se gerar idéias originais e úteis;
3. Idéias “absurdas”: as idéias tradicionais, clássicas ou consagradas pelo uso estão
disponíveis. Se estiver recorrendo ao Brainstorming é porque se quer idéias novas,
originais, heterodoxas;
4. Carona: devem-se considerar todas as idéias expostas como algo digno de respeito e
procurar ter novas idéias provocadas por elas. Se alguém vislumbrou um caminho
novo, este deve ser explorado.
Atualmente, o brainstorming é muito utilizado como técnica para liberação de criatividade,
pois o seu emprego não requer treinamento especifico, além de proporcionar resultados
imediatos. Todavia, quando o problema em questão assume contornos que requerem a
intervenção de um ou mais especialistas, pode-se partir para outro método, como por exemplo a
técnica Delphi.
2.3.3 Técnica Delphi
O nome Delphi provém da antiga Grécia. Delphos foi à localidade onde se encontrava o
mais famoso santuário panteísta, o oráculo de Apolo (séculos VII a V a. C). Segundo a lenda, este
oráculo manifestava a vontade de Zeus através de uma sacerdotisa (pitonisa), cujas ambíguas
palavras interpretavam os sacerdotes.
48
O primeiro estudo Delphi foi realizado em 1958 por Olaf Helmes, Norman Dalkey T. J.
Gordon e outros, da Rand Corporation, para a força aérea americana, e, recebeu o nome de
Projeto Delphi.
O objetivo deste estudo foi obter o maior consenso possível nas opiniões de um grupo de
especialistas, desde o ponto de vista do planejamento de uma estratégia soviética, de um sistema
industrial norte-americano, à estimação do número de bombas atômicas necessárias em caso de
um confronto.
Resume-se em argüir um número razoável de peritos, a fim de que em suas opiniões
sobre determinados assuntos. As opiniões são analisadas e propostas novamente, e assim
sucessivamente. A finalidade desta interação é a de dar oportunidade aos peritos de reavaliarem
suas opiniões na tentativa de diminuir sua dispersão, com a finalidade de se buscar o consenso.
Os estudos analíticos, experimentais e de simulação realizados pala Rand Corporation com
a técnica Delphi, demonstraram que a dispersão das projeções está diretamente relacionada com o
horizonte da previsão, e que as previsões de longo prazo (10 a 50 anos) tendem a ser pessimistas,
e as de curto prazo, otimistas.
A principal característica da técnica, e que indica seu campo de aplicação, é o fato de
minimizar alguns dos principais inconvenientes dos trabalhos em grupo, como a pressão social
que o grupo exerce sobre seus membros e a influência da personalidade dominante sobre os
outros.
A técnica Delphi se converteu em uma ferramenta fundamental na área de prospecção
tecnológica, pois, na atualidade, existe uma crescente necessidade de incorporar informações
subjetivas diretamente na avaliação de modelos que tratam dos sistemas complexos que a
sociedade enfrenta, tais como: meio ambiente, economia, produção, educação, interatividade das
tecnologias da comunicação, entre outros.
49
Entretanto, as tendências subjetivas estão de certa forma lastreadas em megatendências
que sinalizam o caminho pelo qual os sistemas complexos poderão fluir nos proximos anos.
2.4 Megatendências
Naisbitt e Aburdene (1990) apresentam dez megatendências em relação às quais se
possível conectar as informações que fluirão de forma cada vez mais acelerada a partir dos anos
90. Estas, segundo os autores, influenciarão os elementos importantes da vida de cada pessoa,
suas decisões quanto à carreira e emprego, suas escolhas em termos de viagem, negócios e
investimentos, lugar onde residir e educação dos filhos. As megatendências apresentadas pelos
autores são:
1. Globalização da economia, tecnologia, telecomunicações, informatização;
2. Renascimento das artes;
3. Socialismo de livre mercado;
4. Estilo de vida global X Nacionalismo cultural;
5. Privatização do “Welfare State”;
6. Ascensão dos países da orla do Pacífico;
7. Mulheres na liderança;
8. Era da Biologia;
9. Renascimento religioso do terceiro milênio;
10. Triunfo do indivíduo – A era da primazia do consumidor.
50
Neste novo século dá-se início a uma nova era. Um período de inovações tecnológicas,
oportunidades econômicas sem precedentes, surpreendentes reformas e mudanças sociais,
econômicas e políticas que se formam lentamente e uma vez estabelecidas, influenciam por
algum tempo. E dentre essas oportunidades, o turismo pode e deve ser encarado como um fator
de desenvolvimento econômico para o município. Entretanto, não basta crescer. É necessário
crescer assentado sobre outros alicerces que possibilitem, pari-passu, interconectar-se à economia
mundial, reduzir as aviltantes condições sociais, pois o risco existe. De acordo com o alerta de
Krippendorf (1989), não se deve considerar o desenvolvimento do turismo como um fim em si ou
uma panaia universal, pois os índices, as estatísticas de entradas, de divisas de impostos recolhidos
não necessariamente apontam para o desenvolvimento sustenvel de uma região.
2.5 O Turismo como Fator de Desenvolvimento Econômico do Município
Historicamente e com pequenas exceções, as cidades brasileiras fomentaram sua economia
com base na agricultura e pecuária e, bem posteriormente, na indústria e no comércio.
O turismo, enquanto atividade econômica importante, recentemente surge no âmbito
municipal, e pode se constituir num investimento inicial gerador da diversificação da economia
local e por extensão regional. Em outras palavras, investir no turismo pode ser um caminho
recompensador para os municípios que buscam alternativas para dinamizar sua economia.
O papel do poder público para a implementação de um projeto turístico é fundamental.
Contudo, não é o único ou mais importante; será o responsável pela infra-estrutura básica
necessária ao desenvolvimento do plano para que, desta forma, a comunidade empreendedora se
51
envolva no projeto com a instalação de hotéis, restaurantes, comércio, entretenimentos, entre
outros.
O impacto resultante deste tipo de produção não é tão imediato quanto em relação à
indústria tradicional. Porém, conta com a vantagem de consolidar a estrutura econômica, se
viabilizada através da preservação do que for implantado. Em longo prazo, os benefícios
concretizados pela atividade são de ordem tanto econômica quanto social, cultural e ambiental.
A seguir são mostrados, através das Figuras 2.7, 2.8, 2.9 e 2.10, os impactos sociais, os
impactos culturais, os impactos ambientais, e os impactos econômicos do turismo.
BENECIOS PREJZOS
Diminuição do índice de desemprego
Melhoria e desenvolvimento da infra-
estrutura
Capacitação da mão-de-obra
Aumento da mão-de-obra especializada
Melhoria da qualidade de vida
Conscientizão e educão da comunidade
Auto-estima na comunicão pela
participão direta
Aumento de atividades de lazer
Incremento da qualidade de prestação de
servos
Divulgação do munipio
Integrão e desenvolvimento regional
Contribuão para a paz entre os povos
Imigração desordenada
Aumento da prostituão
Tráfico de drogas
Acúmulo de lixo urbano
Aumento da poluição, congestionamento e
tráfego urbano
Exploração do turista
Crescimento desordenado e desequilíbrio
Aumento da criminalidade e do vandalismo
Desconforto da população local
Evasão da população local
Rejeição do turista pelos residentes
Desagregação familiar
Doenças
Aumento da população sazonal
Problemas de infra-estrutura básica
Figura 2.7: Impactos Sociais do Turismo: benefícios e prejuízos
Fonte: Ruschmann (1997)
52
FAVORÁVEIS DESFAVORÁVEIS
Valorização do artesanato
Valorização da heraa cultural
Orgulho étnico
Valorização e preservão do patrimônio
histórico
Descaracterizão do artesanato
Vulgarizão das manifestões
tradicionais
Arrogância cultural
Destruão do patrimônio histórico
Figura 2.8: Impactos Culturais do Turismo: favoráveis e desfavoráveis
Fonte: Ruschmann (1997)
POSITIVOS NEGATIVOS
Recuperão psicofísica dos indivíduos
Utilizão mais racional dos espaços e
valorização do convio direto com a
natureza
Criação de planos e programas de
conservação e preservação de áreas
naturais, de sítios arqueológicos e, ainda,
de monumentos hisricos
Empreendedores turísticos investem em
iniciativas preservacionistas, para manter
a qualidade e conseqüentemente a
atratividade dos recursos naturais e
socioculturais
Promove-se a descoberta e a
acessibilidade de certos aspectos naturais
em regiões não valorizadas, a fim de
desenvolver o seu conhecimento por meio
de programas especiais (ecoturismo)
A renda dessa atividade, tanto indireta
(impostos) quanto direta (taxas,
ingressos), proporciona as condões
financeiras necessárias para a implantação
de equipamentos e outras medidas
preservacionistas
O turismo implica na ocupação e na
destruão de áreas naturais que se tornam
urbanizadas e poluídas pela presença e
pelo tráfego intenso de turistas
Poluão visual provocada pela construção
de equipamentos turísticos modifica o
meio, descaracterizando a paisagem
Poluão do ar. Provocadas pelos motores,
produção e consumo de energia
Poluão da água provocada por: descarga
de águas servidas in natura, falta ou mau
funcionamento dos sistemas de
tratamento; descargas de esgotos de iates
de recreio, gases emitidos por barcos a
motor
Poluão sonora
Destruão da fauna e da flora, etc.
Figura 2.9: Impactos Ambientais do Turismo: positivos e negativos
Fonte: Ruschmann (1997)
53
BENEFÍCIOS PREJUÍZOS
Geração de postos de trabalho
Geração de renda
Aumento da divisas em moeda
estrangeira
Aumento da arrecadação de impostos
Criação e desenvolvimento de empresas
Descentralização de riquezas
Diversificação da economia
Maior distribuição e circulação de renda
Aumento da renda “Per Capita
Expansão das oportunidades locais
Atração de investimentos diversificados.
Especulação imobiliária
Aumento da economia informal
Aumento do custo de vida
Inflação
Privilégio de benefícios econômicos
Figura 2.10: Impactos Econômicos do Turismo: benefícios e prejuízos
Fonte: Ruschmann (1997)
De acordo com os quadros expostos acima, evitar a monocultura turística é a tônica, quebrando
assim as “ondas cíclicas” de explorão de um único produto tão conhecido em nossa economia. O
que, no dizer de Krippendorf (1989), não apenas é nefasta como qualquer monocultura, mas é
igualmente perigosa.
Do mesmo modo, o turismo só deve ser encorajado na medida em que proporcionar à
populão hospedeira uma vantagem de ordem econômica, antes de tudo sob a forma de lucros e
empregos que esta vantagem seja de natureza sustentável e duradoura, não trazendo prejuízos aos
outros aspectos da qualidade de vida. Ainda segundo Krippendorf (1989), as implicões de um
projeto (custos e benefícios econômicos, compatibilidades sociais e ecológicas) devem ser bem
esclarecidas antes da execução.
Caberia promover-se uma grande diversificação econômica nas reges turísticas, que confira
ao desenvolvimento da agricultura, da silvicultura, das artes e ofícios, do artesanato, da pequena
indústria e dos serviços o-turísticos, uma importância pelo menos equivalente ao turismo. Nas
regiões onde o turismo cresce rapidamente, estes outros ramos econômicos devem inclusive ser alvo
de uma prioridade absoluta. Desse modo, o sucesso de qualquer projeto para o turismo exigirá a
54
participação ética e bem informada tanto do poder público quanto do empresariado e da
comunidade.
Para profissionalizar a atividade e consolidá-la como fonte sustentável de divisas, se faz
necessário construir nas mentes dos gestores públicos, privados e da população, o engajamento,
de forma responsável, através de um planejamento setorial, com diretrizes, estratégia e ações
definidas, buscando a democratização da informação, a descentralização das ações, transferindo
poder e, sobretudo, responsabilidades para os diversos segmentos envolvidos no processo.
Um primeiro passo nesse sentido seria a divulgação de alguns dos resultados de um estudo
que sinaliza tendências para o setor de turismo (APAVT apud CHILLE, 2002).
As tendências apontadas no estudo são as seguintes:
O setor do turismo tende a aumentar e se prevê uma intensificação deste crescimento
nos próximos anos.
Viagens de menor duração e para destinos cada vez mais distantes.
Abolição progressiva das formalidades de viagens tal como o uso do passaporte ou a
posse do bilhete de avião.
Polarização das preferências dos turistas entre conforto e aventura.
Reforço da imagem de destinos de moda.
Declínio do turismo de massas a favor de programas de férias específicos e temáticas
baseadas no divertimento, emoção e educação.
Domínio de produtos associados à natureza e ao ecoturismo, cruzeiros, desportos
aquáticos e turismo nas regiões polares, desertos e florestas tropicais, congressos,
incentivos.
Cada vez mais haverá Agências de Viagens especializadas quer por produtos /
serviços, quer por clientes.
55
Valorização do contato humano e personalizado.
Os clientes são cada vez mais exigentes em termos de qualidade e preço dos produtos
que adquirem.
Os clientes estão mais informados e têm mais facilidade em fazer diretamente as
reservas devido ao desenvolvimento tecnológico.
Com a intensificação das reservas feitas diretamente pelos próprios clientes, as
Agências de Viagens que vendem bilhetes terão tendência para desaparecer uma
vez que o serviço por elas prestado pode ser feito pelos próprios clientes.
Os produtos terão preços cada vez mais competitivos, fruto da intensificação da
concorrência e exigência da procura.
As novas tecnologias, nomeadamente os sistemas GDS (Global Distribuition System)
e a Internet têm uma importância decisiva na oferta do produto turístico; também os
sistemas de informação são instrumentos imprescindíveis de gestão.
Haverá cada vez maior concentração das empresas do setor turístico quer por
integração vertical, quer por alianças e acordos horizontais.
Sendo conhecedores dessas tendências para o setor, os profissionais do turismo em João
Pessoa deveriam, de alguma forma, trabalhar proativamente na internalização destes sinais.
Todavia, o comportamento demonstrado é na direção do estímulo ao turismo de férias e lazer,
posto que, se são decantados apenas alguns aspectos de uma analise ambiental, não abordam de
fato nuances outras que beneficiariam e muito outras modalidades de turismo.
56
2.6 Análise das Forças e Oportunidades - Fraquezas e Ameaças (F.O.F.A.) aplicada ao
município de João Pessoa.
AMBIENTE EXTERNO AO MUNICÍPIO
OPORTUNIDADES - aspectos dos cenários
estadual, nacional e internacional que possam ser
oportunos para a cidade de João Pessoa.
AMEAÇAS - aspectos do cenário estadual,
nacional e internacional que possam ser
contrários aos interesses da cidade de João
Pessoa.
Valorização do ambiente natural pelos
maiores países emissores de turista.
Ritmo de crescimento do turismo mundial e
nacional.
Força do turismo na geração de riqueza.
Projeção mundial do Brasil e seus
representantes políticos.
Instituição do Ministério do Turismo e a
criação do Plano Diretor do Turismo
Nacional.
Amadurecimento do turismo sustentável no
Brasil e no mundo.
Focalização-municipalização da gestão do
turismo.
Relação cambial: real e outras moedas
(dólar, euro, iene).
Surgimento de novas mídias de
comunicação global.
Demanda existente para o turismo de
negócios que, somado com o índice de
congresso, chega a 37%.
Abertura econômica mundial.
Percepção do turismo como bem de
consumo, que implica em melhoria da
qualidade de vida.
Fortalecimento e profissionalização do
turismo em estados vizinhos.
Disponibilidade de capital externo para
financiamento da infra-estrutura e
aparelhamento.
Aumento da insegurança dos vôos
internacionais para a Europa, Oriente médio
e Estados Unidos.
Política externa americana para liberação de
entrada de estrangeiros no país.
O Fortalecimento e profissionalização do
turismo em estados vizinhos.
O Aumento do nível de exigência do
turista.
A imagem externa do país e em especial
do Nordeste.
A imagem nacional do Estado da Paraíba.
O jogo de interesses políticos entre as
oligarquias no Estado.
Figura 2.11: Matriz Análise SWOT – Ambiente externo ao município
Fonte: Adaptado do Plano Amanhecer Paraíba (2000)
57
AMBIENTE INTERNO AO MUNICÍPIO
FORÇAS - aspectos do cenário interno que
possam reforçar a competitividade.
FRAQUEZAS - aspectos do cenário interno que
possam reduzir a competitividade.
Concentração de uma extensa área verde
urbana.
Infra-estrutura básica já implantada.
Cultura local: gastronômica, musical,
folclórica, histórica.
Proximidade da única praia oficial de
naturismo do Nordeste (Tambaba), de sítios
arqueológicos (Ingá, Souza), e monumentos
naturais (Pedra da Boca e Lajedo de Pai
Mateus), o que permite a criação de roteiros
personalizados.
Patrimônio histórico.
Revitalização do centro histórico.
Potencial natural inexplorado.
Definição de plano diretor estadual.
Modernização da cidade sem a perda de seu
caráter provinciano.
Localização geográfica da cidade.
Sucesso de inúmeros eventos locais de
âmbito nacional.
Condições de segurança e conforto urbano.
Relativa proximidade a grandes centros
urbanos (Recife, Fortaleza, Salvador).
Surgimento-incremento do aparelho
educacional e de formação de mão-de-obra
(com dois cursos de formação superior na
área).
Hospitalidade do pessoense.
Percepção nacional da cidade como local
tranqüilo.
Excelentes condições da malha rodoviária.
Existência do PRODETUR.
Disposição para mudar no trade.
Calendário de eventos da cidade não gera
mudanças ao longo do ano permitindo a
programação de eventos de negócios sem
grandes choques com outros eventos.
Eficiência do transporte público urbano,
intermunicipal e interestadual.
Constância do clima ameno e agradável ao
longo do ano.
Deficiência na malha aérea e ferroviária.
Uso predatório de algumas áreas naturais
(piscinas de corais, ilhotas de marés, sítios
arqueológicos).
Ações institucionais desintegradas.
Forma de promoção da cidade.
Deficiências nos serviços: hotéis,
restaurantes, shoppings.
Receptivo deficiente.
Trade multifacetado não permitindo ações
de grande envergadura.
Baixa auto-estima de parte da população.
Educação não prevê disciplinas voltadas
para o turismo no ensino fundamental.
Não atuar em segmentos de mercado.
Pouca profissionalização do empresário
local.
Ausência de calendário de eventos que possa
reforçar a vinda de eventos de negócios para
a cidade.
A existência de poucas empresas com
representatividade nacional de origem
paraibana.
Cidade com baixo nível de
empreendedorismo e alta dependência do
aparelho estatal.
Pequena variedade na oferta de opções de
lazer para o turista: casas de show, teatros,
danceterias, bares, passeios, locais para a
prática de esportes, spas.
Ociosidade de infra-estrutura instalada:
Espaço cultural, hotéis e restaurantes.
Condições precárias de considerável parte do
patrimônio histórico.
Ausência de plano de longo prazo e solução
de continuidade nas políticas de fomento ao
turismo.
Figura 2.12: Matriz Análise SWOT – Ambiente interno ao município
Fonte: Adaptado do Plano Amanhecer Paraíba (2000)
58
Esta matriz apresenta um relato contundente de uma realidade instalada que, acrescida de
informações oriundas dos principais indicadores do turismo em João Pessoa, contribui para um
entendimento bastante significativo do comportamento do Trade turístico local.
2.7 Principais Indicadores do Turismo em João Pessoa
Segundo o Sebrae-PB (2001), a
Região Nordeste é responsável pela recepção de 25% da
demanda turística doméstica, representando em números absolutos 10 milhões de turistas / ano,
gerando uma receita aproximada de R$ 3 (três) bilhões – a preços de dezembro de 1998.
No que tange ao turismo internacional segundo o Sebrae-PB (2001), estima-se para 2001
um total de chegadas ao país de 5,53 milhões de turistas, dos quais 24,6% (o representa que) 1,36
milhões de turistas visitaram pelo menos um destino nessa região.
O Estado da Paraíba se apresenta como parte diferenciada dessa oferta regional, situando-se
estrategicamente em relação aos mercados domésticos representados pelo Sudeste e por outros
estados nordestinos. Está localizada há menos de 120 km do Aeroporto Internacional dos
Guararapes, em Recife, cuja recepção de turistas estrangeiros atinge 1,8% da demanda
internacional anualmente.
Nesse sentido, ainda segundo o Sebrae-PB (2001), o destino turístico Paraíba deve se
preparar (em termos de mão-de-obra e de equipamentos turísticos) para participar da recepção do
fluxo turístico global dos próximos anos, cuja magnitude será de aproximadamente 57 (cinqüenta
e sete) milhões até 2005, segundo projeções otimistas do trade turístico nacional.
59
2.7.1 Perfil Básico do Turismo Receptivo na Cidade de João Pessoa
Figura 2.13: Gráfico representativo dos mercados emissores do turismo receptivo em João Pessoa
Fonte: Sebrae (2001)
O Gráfico da figura 2.13 mostra que os turistas que visitam João Pessoa são, em sua
maioria, das Regiões Nordeste (48%) e Sudeste (41%). Segundo a fonte, 82% dos turistas vindos
do nordeste residem no Estado da Paraíba.
Baseada em pesquisa realizada pela Pbtur, a Tabela 2.1 sinaliza dados que remetem ao
mesmo público-alvo. Lastreado neste resultado, o mercado emissivo potencial está no vizinho
Estado de Pernambuco, em São Paulo e no próprio interior na Paraíba, pois perfazem mais de
50% do total de turistas.
Pernambuco 23,46%
São Paulo 14,96%
Paraíba 12,30%
Rio Grande do Norte 9,66%
Rio de Janeiro Rio de Janeiro
9,52%
Distrito Federal 6,45%
Ceará 3,93%
Bahia 2,98%
Estrangeiros 2,08%
Tabela 2.1: Principais mercados emissores de turista para a Paraíba
Fonte: Pesquisa Estatística Pbtur 1999
60
Motivação da Estada do Turista
Figura 2.14: Gráfico representativo da motivação do turista para viajar à Paraíba
Fonte: Sebrae (2001)
Destaca-se, no gráfico da figura 2.14, os itens: negócios/ trabalho com 39,%; visita a amigos/
parentes (22%); e lazer com 21%.
Passeio 23,77%
Visita parentes/ amigos 36,58%
Congressos 2,15%
Negócio 35,02%
Saúde 1,61%
Religião 0,88%
Tabela 2.2: Motivo da Viagem
Fonte: Pesquisa Estatística Pbtur 1999
61
É importante se verificar acima, na tabela 2.2, um percentual elevado de 35,02% de turistas
que se deslocam para a cidade com o intuito declarado de fazer negócios, ficando abaixo do
item visita a parentes/ amigos com 36,58%, e acima do item passeio com 23,77%. No entanto, é
pertinente acrescer ao percentual referente a negócios o percentual de congressos, elevando assim
a taxa para 37,17%, o que corrobora os dados da figura 2.14.
Faixa Etária e Ocupação
Ainda segundo a pesquisa Sebrae - PB (2001), a demanda é composta, em sua maior parte,
por pessoas com idade entre 27 e 50 anos, cuja principal ocupação é formada por profissionais
liberais, que viajam motivados a fazer negócios ou visitar amigos e parentes. Isso pode ser
observado nos gráficos das figuras 2.15 e 2.16 a seguir.
Figura 2.15: Gráfico representativo da faixa etária dos viajantes
Fonte: Sebrae (2001)
62
Figura 2.16: Gráfico representativo da ocupação dos viajantes / turistas
Fonte: Sebrae (2001)
A pesquisa demonstrou que apenas 9% dos turistas receptivos utilizaram serviços de
agências, o que é preocupante, pois demonstra não existir um esforço adequado em promover o
produto turístico chamado João Pessoa junto aos agentes de viagens profissionais de viagens, (o
próprio convention) conforme o gráfico da figura 2.17 abaixo:
Figura 2.17: Uso de Serviços de Agência de Viagem
Fonte: Sebrae (2001)
63
Ainda de acordo com a pesquisa, os principais meios de transporte utilizados foram: avião
(70%), ônibus de linha (15%) e carro próprio (10%). Em relação aos meios de hospedagem
utilizados, 22,5% hospedaram-se em hotéis, pousadas ou flats, enquanto 64% permaneceram em
casas de amigos ou parentes. Isto corrobora as informações do gráfico da figura 2.17, ou seja,
existe muito trabalho e espaço a ser conquistado.
Deste modo, pode-se afirmar que o incremento da participação turística na cadeia
econômica da região Nordeste, em particular a Paraíba, e nesta João Pessoa, exige uma análise
atenta, para além do discurso oficial da propalada sustentabilidade. Deve se concentrar em
segmentos de mercado que permitam uma relação binomial custo / benefício favorável para os
citadinos.
Este mercado atinge diversos nichos e especialidades, com diferentes graus de impacto
econômico. Entre eles pode-se citar o turismo cultural, de lazer, profissional, científico, de
incentivo, bem-estar, negócios, feiras e eventos, e de terceira idade.
2.8 A Opção pelo Turismo de Negócios, Feiras e Eventos
A fundamentação desta decisão está lastreada nas macrotendências sinalizadas pelo GT
Ciente (2001), que aponta para que direção os investimentos de capital tenderão: à agroindústria,
química, ambiente, eletrônica, energias alternativas, gás e petróleo, alimentos orgânicos,
64
mecânica, serviços de base tecnológica, softhouses, hardwares, mariculturas, biotecnologia,
fitofármacos e às cadeias produtivas do setor sucro-alcooleiro e do turismo.
As macrotendências também sinalizam para o envelhecimento da população com
conseqüente aumento na expectativa de vida com qualidade, energias alternativas, e-commerce,
habitação e ambiente, logística, teletrabalho, segurança pública, cadeia alimentar orgânica,
encasulamento, educação continuada, comércio exterior, lazer e entretenimento.
João Pessoa tem participação expressiva em pesquisas nas áreas de biotecnologia,
fitofármacos, químicos, na cadeia produtiva do setor sucro-alcooleiro, na agroindústria,
softhouses, e em energias alternativas.
Torna-se necessário, pois, um acirrado movimento na captação de parceiros para a
construção de pontes que viabilizem rodadas de negócios. Busca-se, assim, uma equação positiva
para a cidade. Sua orientação será a exploração do turismo de negócios nestas áreas. Isso pode, de
fato, ser viabilizado pelo Convention & Visitors Bureau.
2.9 O Convention & Visitors Bureau numa Breve Perspectiva Histórica
Segundo Carvalho (2003) a história da origem dos CVB’s é tão antiga quanto curiosa! Pelo
que se sabe, no final do século XIX, a linha de montagem criada por Henry Ford em Detroit para
a produção em série dos automóveis da marca, começava a chamar a atenção de empresários de
outros estados e países pelo sucesso obtido com o aumento da produtividade e racionalização dos
custos de produção, introduzindo o conceito de economia de escala.
65
Desse modo, muitos homens de negócio de diversas localidades rumavam a Detroit para
participar de convenções, congressos e reuniões de trabalho. Os hotéis, restaurantes, bares e táxis,
segundo Carvalho (2003), viviam “abarrotados de gente animada com muita propensão para
gastar!”.
“(...) Ao longo dos últimos anos Detroit construiu fama de cidade de convenções. Visitantes vêm de
milhares de quilômetros de distância para participar de eventos empresariais. Fabricantes de todo o país
usam nossa hotelaria para promover reuniões onde discutem os temas de seus interesses, mas tudo isso
sem que haja um esforço por parte da comunidade, nem uma ação que vise dar-lhes algum apoio durante
sua estada entre nós! Eles simplesmente vêm para Detroit porque querem ou precisam! Será que Detroit,
através de um esforço conjunto, não conseguiria garantir a realização de 200 ou 300 convenções
nacionais ao longo do próximo ano? Isso significaria a vinda de milhares e milhares de dólares no
comércio local, beneficiando a população da cidade” (CARMICHAEL, 1896, jornalista do The Detriot
Journal em artigo publicado na capa da edição de 06.02 de 1896 in CARVALHO, 2003).
Esse artigo despertou o interesse de alguns empresários e comerciantes membros da Câmara
de Comércio e do Clube dos Fabricantes que, em reuniões com hoteleiros, agentes de venda do
sistema rodoviário e outros comerciantes, decidiram, em encontro no hotel Cadillac, fundar uma
organização para promover, de forma ordenada, um esforço contínuo para atrair mais convenções
para a cidade.
Surgia a Liga de Convenções e Homens de Negócios de Detroit, primeiro nome da entidade
que, em 1907, passou a adotar a denominação de Detroit Convention & Tourists Bureau,
contando com menos de 20 empresas associadas. Em 1915, havia 12 outros conventions, cujos
representantes se encontraram em Detroit para fundar a organização que hoje é a IACVB
International Association of Convention & Visitors Bureau.
Para Carvalho (2003), quando Carmichael falou em investimento, em gastar dinheiro para
trazer gente de fora, imediatamente algumas vozes mais conservadoras alegaram que seria um
66
desperdício aplicar recursos próprios num projeto tão mirabolante. Segundo essa corrente, caberia
às autoridades locais investir na vinda de visitantes e na captação de eventos.
Vozes de um passado, (...) tão vivas na atualidade! (...) o importante é perceber a mudança
do foco da atividade. A discussão que se trava hoje conduz os convention bureau para outros
setores como, por exemplo, a economia e a engenharia de produção, pois é significativo o peso da
atividade na cadeia produtiva.
Sua ação na captação de eventos acaba impactando direta ou indiretamente em uma série de
atividades que não estão aparentemente ligadas ao setor, como empresas que prestam serviços
auxiliares em eventos: segurança, limpeza, gráficas, recepcionistas, tradução simultânea,
transportes, floriculturas, shows, buffets, restaurantes, casas noturnas, shoppings, táxis (...) um
universo calculado em mais de cinqüenta atividades que, somadas, formam parte da economia do
turismo a qual, calcula-se, seja responsável por cerca de 8% do PIB nacional.
Para a Federação Brasileira de Convention & Visitors Bureau´s, a atividade é responsável
por um faturamento de 37 bilhões de Reais anuais (3,1% do PIB), emprega quase três milhões de
pessoas, e recolhe 4,2 bilhões de Reais em impostos com a realização de 320 mil eventos por ano.
2.10 Análise da Concorrência
O Estado da Paraíba está cercado por visinhos agressivos no tocante à economia do turismo.
As destinações do Ceará, Rio Grande do Norte e Pernambuco se encontram consolidadas e
com uma segmentação de mercado minimamente caracterizada.
67
Com especificidades regionais bem marcadas, estas destinações encontraram suas
mediações imagéticas no repertório nacional. Arquétipos bem marcados definem o gosto do
mercado emissor, aliado a uma indústria cultural fortemente marcada na mídia nacional, que
favorece o reforço mental necessário à escolha da destinação.
Contudo, devem-se buscar vantagens competitivas que agreguem maior valor, procurando
isolar as características de oportunidades únicas de produtos-mercados que darão ao
empreendimento forte posição. A vantagem competitiva deve ser necessariamente apropriável, ou
seja, deve ser capaz de reter para o Estado o valor agregado que criou. Em outras palavras, deve
ser única.
A busca de vantagens competitivas estimula o desenvolvimento de competências distintas e
direciona a otimização de custos de distribuição ou diferenciação de maior valor para o
consumidor.
Os indicadores de vantagem de posição são as habilidades de altas influências e recursos
que fazem o máximo para reduzir custos ou criar valor para o cliente. Cada atividade na cadeia de
valor de uma empresa é influenciada pelo efeito combinado destes indicadores.
Segundo a Embratur (2001), Pernambuco surge com 1,2% de participação como portão de
entrada de turistas estrangeiros no país, estando o Ceará e o Rio Grande do Norte, contemplados
no percentual outros pontos, o que representa 9,5% do total. Isso permite a seguinte ilação (ao
menos temporária): que o mercado emissor para o conjunto destas destinações concorrentes é o
mercado nacional, como se observa nas tabelas 2.3 e 2.4 abaixo.
68
1. Rio de Janeiro (RJ) 34,13%
2. São Paulo (SP) 19,65%
3. Florianópolis (SC) 18,69%
4. Salvador (BA) 13,47%
5. Foz do Iguaçu (PR) 12,94%
6. Balneário de Camboriú (SC) 6,60%
7. Porto Alegre (RS) 5,90%
8. Recife (PE) 5,75%
9. Fortaleza (CE) 5,39%
10. Búzios (RJ) 4%
Tabela 2.3: Cidades mais Visitadas no País
Fonte: Embratur 2001
1. Turismo 57,01%
2. Negócios 23,40%
3. Visita a familiares e amigos 10,90%
4. Congressos / Convenções 4,46%
5. Outros 4,23%
Tabela 2.4: Motivo da Viagem
Fonte: Embratur 2001
O turismo de negócios poderá ser desenvolvido em João Pessoa, posto que, a título de
impacto econômico, os participantes de eventos feiras comerciais, congressos técnico-
científicos ou convenções (...), gastam de 3 (três) a 5 (cinco) vezes mais do que um turista
convencional. Durante um evento, as cidades-sede m seus hotéis, restaurantes, casas de lazer,
locadoras de veículos e toda a cadeia produtiva imbricada em sua organização. Como
conseqüência, faturam centenas de milhares de reais que são distribuídos por toda a sociedade
impactada.
Para se ter uma idéia do impacto na economia local, a Revista dos Eventos (2001) mostra,
como exemplo, um congresso realizado em Belo Horizonte, com 4 (quatro) dias de duração e
com a participação de 1500 congressistas, que deixa na cidade um volume de recursos da ordem
de R$ 1.000.000,00 (um milhão).
69
Pautado nestas informações, pode-se aceitar como um sinalizador de tendências os
segmentos aludidos, e poder-se-ia agir fortemente nos estados de Pernambuco e São Paulo nas
áreas de negócios e lazer, com a permanência média de 3 (três) dias conforme os dados
estatísticos fornecidos pela pesquisa Sebrae – PB (2001).
No entanto, para se alcançar tal meta, se faz importante o planejamento do produto turístico,
pois o discurso de sustentabilidade e do planejamento estratégico do turismo deve ser encarado
como um instrumento dirigido ao desenvolvimento, pautado na capacidade de atingir metas
coletivas e os benefícios delas decorrentes a todos e a cada um individualmente, rumo à eqüidade
social.
2.11 O Planejamento do Produto Turístico
Ruschmann (1997) define planejamento como uma atividade que envolve a intenção de
estabelecer condições favoráveis para alcançar os objetivos propostos. Tem por objetivo o
aprisionamento de facilidades e serviços para que uma comunidade atenda aos seus desejos e
necessidades.
Ainda segundo Ruschmann (1997), é fundamental e indispensável a harmonia do
planejamento com os recursos físicos, culturais e sociais das regiões receptoras, para o
desenvolvimento turístico equilibrado.
70
A sociedade Industrial permitiu que milhões de pessoas agissem somente com o corpo, mas não lhes
deixou a liberdade de expressar-se com a mente. Na linha de montagem, os operários movimentavam
mão e pés, mas não usavam a cabeça. A Sociedade Pós-Industrial oferece uma nova liberdade: depois do
corpo, liberta a alma. (DE MASSI, 2002)
Para Grumbach (1997), muito tempo se tem notícias da preocupação dos homens em
conhecer o seu futuro. Qualquer indivíduo, envolto em sua rotina mais simples, toma decisões em
função do que supõe poder acontecer, pois qualquer decisão tomada no presente baseia-se na
expectativa de realização futura de um evento ou de uma conjuntura qualquer. No momento em
que aceitamos que decidir é posicionar-se em relação ao futuro, tem-se a base racional para o
desejo de conhecê-lo com antecedência. Esse desejo é uma aspiração natural do ser humano.
Dependendo do conjunto de conhecimentos de que é dotado o indivíduo, agregado ao prazo
disponível para a tomada de decisão e da quantidade de informações possíveis de obtenção nesse
prazo, o decisor estará entre dois estados: o de certeza e o da incerteza.
No estado da certeza, sua decisão é única e tem caráter determinístico. Entretanto, no
estado de incerteza, sua decisão é pautada em um conjunto de hipóteses, assumindo um caráter
probabilístico.
O futuro não é apenas inevitável, mas também incerto. Se pudesse ser previsto com
exatidão, a atividade de planejar seria relativamente simples. Contudo, as influências que
intercorrem no ambiente externo e interno da organização tornam o ato de planejar
sofisticadamente complexo.
Deste modo, o futuro passa a ser encarado como algo que não está predeterminado, que não
está definido, mas que está por ser elaborado. Passou-se a acreditar que o homem tem condições
de mudar o futuro por meio de ações desenvolvidas no presente.
71
No caso específico do turismo, onde a característica fundamental é a intangibilidade, o
processo de globalização transformou o mercado em uma disputa cada vez mais acirrada e
complexa, onde ter um produto novo e extraordinário não é mais suficiente para assegurar o
sucesso e até mesmo a sobrevivência de uma empresa. Assim, o diferencial está ligado cada vez
mais a uma função do próprio processo de vendas em conjunto com o preço, a distribuição e o
prazo de entrega.
Diferentemente de um produto físico, que pode ser analisado através de seus atributos
material, acabamento e tamanho, o turismo possui características muito peculiares, que não
podem ser experimentadas antes de sua compra. Para ilustrar este caráter de intangibilidade, tem-
se a Figura abaixo:
BENS/PRODUTOS SERVIÇOS
1. Os bens possuem formas tangíveis e podem
ser facilmente definidos.
1. Os serviços são formas intangíveis e não
podem ser inspecionados.
2. São produzidos e posteriormente
consumidos.
2. São produzidos e consumidos
simultaneamente.
3. São padronizados e uniformes 3. São menos padronizados e uniformes, pois
são baseados em pessoas e em
equipamentos.
4. Podem ser estocados fisicamente para venda
e consumo futuro.
4. São perecíveis e não podem ser estocados
fisicamente.
5. São protegidos por patentes. 5. São facilmente copiados e raramente
podem ser protegidos por patentes.
6. É mais fácil estabelecer preços. 6. É mais difícil estabelecer preços.
Figura 2.18: Distinções básicas entre produtos e serviços
Fonte: Cobra (1986)
Destacam-se quatro características básicas dos serviços turísticos:
1. Intangibilidade – não podem ser vistos nem sentidos antes de serem consumidos;
2. Variabilidadesão altamente variáveis, à medida que dependem de quem os executa
e de quando e onde são executados;
72
3. Inseparabilidade são tipicamente produzidos e consumidos ao mesmo tempo, com
a participação do cliente no processo;
4. Perecibilidade – não é possível estocar os serviços.
Segundo Cobra (1986), o composto de serviços é formado por:
Design: é o composto de apresentação, ou seja, uma descrição dos principais
componentes de um serviço;
Embalagem: a manifestação de uma embalagem nos serviços é realizada de forma
indireta, ou seja, na arquitetura e na decoração do ambiente onde se realiza o serviço,
na qualidade de comunicação entre empresa e cliente, ou na aparência de venda
pessoal;
Marca: um serviço pode ser caracterizado ou diferenciado por um nome, ou seja, uma
marca. Quando pensamos em serviço, a marca assume fundamental importância para
assegurar ao consumidor seriedade, idoneidade, confiança e qualidade;
Preço: muitas vezes o serviço “não tem preço”, dependendo do que o cliente
consumidor necessita. O conceito de caro e barato é relativo à satisfação de
necessidades latentes ou urgentes;
Serviço ao cliente: é a maneira pela qual se pretende proporcionar satisfações, sob a
forma de um bem adquirido.
De acordo com Sviokla e Shapiro (1994), a competição e a inovação tecnológica estão
obrigando as empresas a renovarem os seus compromissos com o serviço ao cliente. Isso tem
73
alterado tão profundamente o grau de escolha no mercado, que uma mudança fundamental se
torna necessária na abordagem de venda e na mentalidade dos que fazem o setor.
Melgar (2001) aponta diversos tipos de produtos turísticos:
1. Produtos regionais: são aqueles que envolvem vários resorts que compartilham iguais
ou diferentes motivações ou atrativos, mas que são localizados numa mesma região
político-geográfica. A responsabilidade pelo desenho do perfil turístico da região é
compartilhada entre os setores públicos e privados;
2. Produtos aéreos: são as rotas de vôos charters ou regulares, nacionais ou
internacionais, que desenvolvem as companhias aéreas;
3. Produtos de hospedagem: são aqueles desenvolvidos com a finalidade de hospedar o
visitante no destino turístico;
4. Pacotes turísticos: representam a integração de produtos aéreos, de hospedagem e
serviços receptivos nos destinos turísticos;
5. Produtos transportadores: são aqueles desenhados para transportar por qualquer meio
– rodoviário, aéreo ou marítimo – os visitantes.
Confundir produto turístico com destino turístico aparentemente é a tônica do setor. No
entanto é indispensável potencializar os recursos estratégicos, sobretudo aqueles ligados à gestão
da produção do turismo, que deverá simultaneamente alterar o sistema produtivo, objetivando
proporcionar maior competitividade e inserção no mercado globalizado.
Neste novo patamar, a competitividade deixa de depender apenas de ganhos de escala, mas
sobretudo, decorre da capacidade de apropriação de conhecimentos e da oferta de produtos
especiais que atendam a segmentos específicos de mercado.
74
Para Betz et alli (2002), seja qual for a empresa produtiva, ela será influenciada por seis
fatores econômicos principais: capital, mão-de-obra, administração, produtos, recursos e
tecnologia:
O capital aprovisiona a capacitação financeira para organizar os demais fatores
necessários em torno de operações produtivas;
A administração e a mão-de-obra, por sua vez, proporcionam capacidade e aptidões
organizacionais, assim como o conhecimento necessário para executar tais operações;
Os produtos, na forma de bens, processos e serviços, repõem e incrementam o capital
das operações produtivas por intermédio de marketing e vendas;
Os recursos fornecem os materiais e a energia necessários para fabricar os produtos
resultantes das operações;
A tecnologia representa os conhecimentos, aptidões, técnicas e ferramentas
empregadas para transformar os recursos em produtos manufaturados pelas operações.
Entretanto, a falta de homogeneidade de pensamento com relação aos objetivos e a razão da
existência da organização é um dos problemas mais comuns. Notadamente no caso especifico do
turismo, onde a característica fundamental é a intangibilidade (um serviço prestado a pessoas por
pessoas), o uso de técnicas oriundas da Psicologia Social no Planejamento Estratégico pode
contribuir, ou até mesmo influenciar de modo eficaz o produto. Isso vai além das tradicionais
divisões de disciplinas que retardam as abordagens multidisciplinares, pois o turismo deve refletir
a vontade da população e seu efetivo envolvimento e participação nas atividades de
planejamento, desenvolvimento e em sua sustentabilidade.
75
2.12 O Desenvolvimento Sustentável e o Turismo
Nos dicionários, a palavra sustentabilidade nos dá a idéia de algo duradouro, suportável,
que apresenta uma imagem atrelada à continuidade. Porém, a palavra dissociada de um contexto
não apresenta um sentido muito claro; trata-se, pois de um conceito ainda em franca construção.
Encontramos em Nash apud Diegues (1996, p.29)
“Aqueles que pesquisaram as raízes históricas da doutrina da conservação moderna geralmente traçaram sua
popularização no trabalho de Gifford Pinchot (...) em seu livro The Figjht for Conservation identificou o
desenvolvimento como o primeiro princípio da conservação, juntamente com a prevenção do desperdício e do
desenvolvimento em benefício da maioria da população e não simplesmente para o lucro de uns poucos”.
Para a Agenda 21, desde 1972, na Conferência de Estocolmo, diversos especialistas vêm
tratando do conceito de desenvolvimento sustentável. A Agenda 21 entende por desenvolvimento
sustentável:
“Aquele que concilia métodos de proteção ambiental, equidade social e eficiência econômica, promovendo a
inclusão econômica e social, através de políticas públicas capazes de universalizar o acesso da população aos
serviços de infra-estrutura econômica e social, mobilizando recursos de modo a satisfazer às necessidades
presentes, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades”.
Segundo Jara (1998, p. 35 e 36),
“O conceito de desenvolvimento sustentável tem dimensões ambientais, econômicas, sociais, políticas e
culturais, o que necessariamente traduz várias preocupações: como o presente e o futuro das pessoas, com a
produção e o consumo de bens e serviços, com as necessidades básicas de subsistência, com os recursos
naturais e o equilíbrio ecossistêmico, com práticas decisórias e a distribuição do poder e com valores pessoais
e a cultura”.
76
Os administradores do turismo, até os anos 60, centravam as suas atenções na ampliação da
demanda; objetivamente, todos os esforços estavam concentrados na ampliação do número de
visitantes / dia, sem qualquer preocupação com a capacidade de carga da destinação.
Nos anos 70, uma nova percepção começou a tomar forma, a consciência de preservação
ambiental. Passaram-se todos estes anos e, com o alargamento desta postura de preservação
ambiental, instala-se um conflito: compatibilizar os interesses do turismo à preservação e a
promoção.
Petrocchi (2000) afirma que a expansão do turismo deve ocorrer até o limite da capacidade
territorial de receber visitantes e, pela preservação do meio ambiente, tanto do ponto de vista
físico como social se deve impor limites ao crescimento do turismo. Neste sentido, o que se
deseja é garantir a sobrevida do turismo enquanto atividade econômica sustentável de longo
prazo, ou seja, uma equação que permita este equilíbrio.
Desse modo, pode-se entender que a sustentabilidade está imbricada com o conceito de
promoção humana, pois a mesma diz respeito à redução da pobreza, à satisfação das necessidades
básicas, ao resgate da eqüidade e ao estabelecimento de formas de gestão que garantam a
participação social nas decisões. São estas as condições essenciais para que o processo de
desenvolvimento seja julgado como sustentável.
Equivocadamente, se sugere que o turismo sustentável seja simplesmente outro tipo de
turismo, alternativo, ou sinônimo de natureza. A antítese do turismo de massa. No entanto, o
conceito de desenvolvimento sustentável deve ser aplicado a qualquer segmento do turismo. A
sustentabilidade, nesse sentido, depende de como a atividade é planejada e executada, levando-se
em conta os aspectos do meio ambiente, sua economia e os fatores sociais.
77
Segundo France (1997), o desenvolvimento do turismo deve ser baseado em critérios de
sustentabilidade. Deve, portanto:
Ser ecologicamente suportado e ao mesmo tempo economicamente viável;
Distribuir eqüitativamente os seus benefícios;
Observar a ética e ser socialmente aceito pela comunidade receptora;
Estar integrado com todos os aspectos do ambiente, respeitando áreas frágeis, bem
como a capacidade de carga das áreas visitadas;
Incentivar a participação de todos os atores envolvidos, pois a conservação da herança
cultural e natural envolve cooperação, planejamento e manejo;
Garantir a satisfação do turista, ao mesmo tempo que direciona o seu comportamento,
no sentido da conservação dos ambientes e o respeito à cultura local (isso deve ser
determinado em conjunto com a comunidade);
Estar integrado com a economia local e promover melhoria da qualidade de vida da
comunidade receptora;
Ser necessariamente planejado e aplicar os princípios da sustentabilidade a todos os
componentes do produto turístico (desde os transportes utilizados, a harmonia com o
ambiente das instalações construídas, a questão do saneamento, do uso de energia,
etc.);
Realizar um marketing responsável;
Realizar pesquisas e monitoramento.
78
De acordo com Wall (1997), turismo sustentável é o turismo que é planejado, operado e
monitorado de uma maneira que não degrade o ambiente visitado, seja ele natural ou cultural,
para que a atividade continue se desenvolvendo pelo maior tempo possível.
Com o intuito de prevenir os impactos ambientais da atividade, a degradação dos recursos e
a restrição do seu ciclo de vida, deve-se orientar a atividade no sentido de concentrar os esforços
em um uso sustentável do patrimônio natural e cultural.
No entender do Plano Amanhecer Paraíba (2000, p.17 e p.24), o conceito de
desenvolvimento do turismo sustentável estabelece como metas “a satisfação dos turistas e dos
cidadãos, o retorno dos investimentos e causar os mínimos impactos ambientais e culturais”. No
entanto, adverte que “o desenvolvimento sustentável tem sucesso em locais que
proporcionaram boa qualidade de vida a seus habitantes”.
Os conceitos de desenvolvimento sustentável e turismo sustentável estão umbilicalmente
ligados a sustentabilidade do meio ambiente. Encontrar o equilíbrio (que é tênue) entre os
interesses que a atividade estimula e um desenvolvimento que preserve o meio ambiente não é
tarefa simplória, principalmente porque seu gerenciamento requer a aplicação de controles
adequados.
Desse modo, o desenvolvimento sustentável do turismo deve avaliar a gestão de todos os
ambientes, os recursos e as comunidades receptoras, de modo a atender às necessidades
econômicas, sociais, vivenciais e estéticas. Enquanto isso, a integridade cultural, os processos
ecológicos essenciais e a diversidade biológica dos meios humano e ambiental são mantidos
através dos tempos.
79
2.13 As Representações Sociais
O conceito de Representações Sociais surgiu a partir do conceito de Representações
Coletivas de Durkheim. Este, por sua vez, buscava identificar os aspectos essenciais e
permanentes na humanidade (mitos, opiniões, e crenças). As representações coletivas, segundo
Durkheim, exerciam uma coerção sobre os indivíduos, levando-os a pensar e agir
homogeneamente.
Segundo Lima (2001), no final dos anos 50, Moscovici estabeleceu uma ruptura na visão
dicotômica de Durkheim, mostrando, a partir do princípio da indissociabilidade entre indivíduo e
sociedade, sujeito e objeto, externo e interno, que as representações coletivas não se constituem
em um domínio situado à parte e dissociado do psíquico e emocional, como pretendia Durkheim.
Assim, não existe um corte entre o universo exterior e o universo interior do indivíduo (ou
do grupo), e o sujeito e o objeto não são fundamentalmente distintos. Este último está inscrito em
um contexto ativo, móvel, visto que ele é parcialmente concebido pela pessoa ou a coletividade
enquanto extensão de sua conduta.
Para Moscovici (1978), a representação social compreende um sistema de valores, de
noções e de práticas relativas a objetos sociais, permitindo a estabilização do quadro de vida dos
indivíduos e dos grupos, constituindo um instrumento de orientação da percepção e de elaboração
das respostas, e contribuindo para a comunicação dos membros de um grupo ou de uma
comunidade, viabilizando a linguagem de um grupo.
Salientam-se os seus três aspectos: a estabilidade; a articulação com os membros da
comunidade – as representações sociais não são apenas da ordem do indivíduo – e o seu
pragmatismo.
80
Segundo Guareschi (1998), as representações constroem “saberes sociais” que são formas
de conhecimento que circunscreve a sociedade, são parte da cultura erudita, científica e popular,
que se misturam, se retro-alimentam mutuamente e se apresentam como recursos sociais para que
uma comunidade possa dar sentido à sua realidade e conhecer o que está acontecendo.
É um ato que provém das pessoas que pensam e sentem, que possuem motivações e
intenções, que possuem identidade e vivem num mundo social. Implicam efetivamente em ação,
pois cognição e afeto são atividades que envolvem sujeitos que se engajam, falam de algo e se
relacionam, entre outras coisas. Essas atividades são práticas sociais.
As Representações Sociais, segundo Vala (1986), são organizadas segundo modalidades de
funcionamento do nosso sistema cognitivo, não pela sua extensão, mas porque emergem num
dado contexto social; porque são elaboradas a partir de quadros de apreensão que fornecem os
valores, as ideologias e os sistemas de categorização social partilhado pelos diferentes grupos
sociais; porque se constituem e circulam através da comunicação social, e; porque refletem as
relações sociais ao mesmo tempo em que contribuem para a sua produção.
Ainda segundo Vala (1986), encontram-se quatro funções nas Representações Sociais:
Organização do significado do real: do real só temos uma imagem;
Explicação e argumentação, enquanto são modos de conhecimento ou teorias;
Diferenciação social;
Organização dos comportamentos individuais e das organizações.
Segundo Jodelet apud Lima (2001), todas as pessoas necessitam situar-se no ambiente onde
se encontram: ajustar-se, conduzir-se, dominá-lo física ou intelectualmente, identificá-lo e
resolver os problemas que se colocam. Por isso fabricam-se representações num ambiente social
81
correto, junto a outros, concordando-se ou não com eles, apoiando-se neles, para compreendê-lo,
administrá-lo ou enfrentá-lo.
As representações sociais são os saberes populares e do senso comum, construídos e
repartidos coletivamente por um determinado grupo social, com a finalidade de construir e
interpretar o cotidiano, dando-lhe organicidade ao significado do real. São modelagens mentais
que um determinado grupo utiliza, com o intuito de construir e interpretar o cotidiano para
poderem se comunicar.
A teoria das representações sociais, nesse sentido, traz importantes subsídios à compreensão
de questões complexas, através de dois mecanismos aos quais Moscovici chamou objetivação e
ancoragem.
2.13.1 Processos de Ancoragem e Objetivação
Novos elementos / signos chegam a todo o momento na sociedade e que geram um certo
estranhamento (na concepção antropológica da palavra) um certo grau de não familiaridade.
Efetivamente, o novo é algo inquietante, na medida em que colocam em risco os referenciais aos
quais estamos habituados. A ancoragem e a objetivação permitem transformar o não familiar em
familiar, esclarecer fatos, propor modelos e conseqüentemente ser incorporado à sociedade.
82
2.13.1.1 Processo de Ancoragem
A ancoragem é um processo de classificação, onde um componente não-familiar deve ser
relacionado com outro familiar e identificado. Esta identificação é quase sempre um juízo de
valor, pois uma nova informação deve ser relacionada com um elemento conhecido, sob pena
de não haver a possibilidade de ancorá-lo, pois este novo conhecimento deve ter decodificação.
A ancoragem consiste, segundo Moscovici (1978), num processo de integração do novo a
um sistema de referências simbólicas preexistente e nas transformações implicadas. Nesse
sentido, ancorar é classificar e denominar. É a maneira pela qual as informações novas são
integradas e transformadas em um conjunto de conhecimentos socialmente estabelecidos e na
rede de significações socialmente disponíveis, para interpretar o real, onde são em seguida
reincorporadas na qualidade de categorias, servindo de guia de compreensão e ação.
A ancoragem é organizada sobre três condições estruturantes:
Atribuição de sentido por um trabalho de memória, o pensamento constituinte se apóia
sobre o pensamento constituído, a fim de ordenar a novidade nos moldes antigos, no
que já é conhecido;
Instrumentalização do saber, que confere um valor funcional à estrutura imageante da
Representação Social, sendo um novo objeto transformado em saber útil que tem uma
função na tradução e na compreensão do mundo;
Enraizamento no sistema do pensamento, movimento de incorporamento social da
novidade atrelada à “familiarização do estranho”.
83
2.13.1.2 Processo de Objetivação
A objetivação, assim como a ancoragem, é mais um dos processos fundamentais para o
fenômeno das representações sociais. Ela se refere a “(...) a forma como se organizam os
elementos constituintes da representação e ao percurso através do qual tais elementos adquirem
materialidade e formam expressões de uma realidade vista como natural” (VALA, 1993, p.360).
Consiste em materializar as abstrações, corresponde à face figurativa da representação, é
uma tentativa de encontrar uma imagem que corresponda a certa idéia que corporifique o
pensamento, tornando físico e visível o impalpável. Enfim, são esquemas mentais ou imagens
que os indivíduos utilizam para dar sentido às realidades nas quais se encontram inseridos e para
se comunicarem, transformar o não familiar em familiar.
Para Moscovici (1978), a objetivação faz um conceito tornar-se realidade, dando
materialidade a ele, através de uma imagem. A objetivação tenta tecer as palavras que circulam
em nosso cotidiano, com algo que até então se desconhece; liga “a palavra à coisa”.
2.14 Teoria da Autopoiese
A palavra Poiesis vem do Grego e se traduz produção. Autopoiese é, deste modo entendido
como um sistema autoproduzido, capaz de gerar seus recursos per si. Em outras palavras, este
sistema reorganiza a sua estrutura, ajustando-se as novas particularidades do seu entorno, sem
84
perder a sua identidade.
A autopoiese descreve como os seres vivos mantêm a identidade de suas espécies. Para
Maturana e Varela (1995), todos os sistemas vivos são sistemas autoproduzidos que funcionam
como entidades autônomas. Para verificar se um sistema é autoproduzido, estes autores
desenvolveram um critério de seis pontos:
Todos os componentes do sistema analisado devem estar perfeitamente identificados;
As propriedades dos componentes devem seguir princípios que estabeleçam relações
de causa e efeito nas transformações desses componentes;
O sistema deve ter uma fronteira com o meio externo, perfeitamente delimitada;
A fronteira deve permitir relações de troca com o meio exterior;
A fronteira do sistema deve ser mantida pela interação dos componentes do sistema e,
portanto, autoproduzida;
Todos os componentes do sistema também devem ser autoproduzidos.
Segundo Morgan (1996), Maturana e Varela desenvolveram a teoria da autopoiese como
uma nova interpretação de fenômenos biológicos e fazem restrições à aplicação da mesma no
mundo social. Entretanto, usada como uma metáfora, a teoria apresenta implicações interessantes
para a compreensão das organizações.
Freqüentemente fala-se sobre organizações como se elas fossem máquinas desenhadas para
atingir fins e objetivos predeterminados que devessem funcionar tranqüila e eficientemente. E,
como resultado desse tipo de pensamento, freqüentemente tentamos organizá-las e administrá-las
de maneira mecanicista, impelindo suas qualidades humanas para um papel secundário
(MORGAN, 1996).
85
Para Maturana e Varela (1995), é dentro do linguajar que o ato de conhecer, na coordenação
comportamental que é a linguagem, produz um mundo.
A ão dessas representações sociais em um organismo vivo, fazendo parte do ambiente e,
ao mesmo tempo interagindo e se comunicando com ele, facilita o entendimento sobre o processo
contínuo de sobrevivência.
Maturana e Varela comprovaram que os seres vivos não são agregados de partes, são
padrões de inter-relacionamentos entre essas partes e, portanto padrões dinamicamente
renováveis. Os sistemas vivos passam, então, a serem descritos como sistemas fechados na sua
auto-referencialidade, orientados para a manutenção de sua identidade.
Luhmann apud Curvello (2001) apropria-se dessa definição para ampliá-la aos sistemas
sociais, ainda que compreenda as ressalvas de Maturana e Varela de que as observações e
formulações científicas por eles desenvolvidas se restringem aos sistemas vivos microscópicos.
O conceito de autopoiese passa a ser a chave para explicar a auto-referencialidade dos
sistemas sociais. Descrevendo o processo de autopoiese como algo que pode ocorrer de três
diferentes maneiras: autopoiese dos sistemas vivos (vida e sistemas vitais), autopoiese dos
sistemas psíquicos (que se traduz via consciência) e autopoiese dos sistemas sociais (que se opera
via comunicação).
Para Curvello (2001) cada um desses grandes sistemas se diferencia em relação ao ambiente
e constrói seu modo próprio de atuação, bem como suas leis de investigação, reduzindo a
complexidade do ambiente que o cerca, realizando algumas seleções que são típicas de seu modo
de atuar e constituido-se num sistema fechado sobre si mesmo. se mesclam mediante
interpenetração, ainda que nesse processo não venham a perder a identidade.
Assim, o sistema no qual as organizações estão inseridas, é construído a partir de suas
percepções, e é a mesclagem que permite essas percepções. Deste modo, a compreensão do
86
“todo”. No entanto, a “realidade” percebida depende da capacidade individual. Assim, existirão
tantas realidades quanto às organizações envolvidas.
Segundo Bauer apud Melo (2004), na década de setenta os acadêmicos se depararam com
a necessidade de conceituar uma espécie de conhecimento que não seria passível de
formalização. Por estar introjetado no indivíduo e intimamente ligado à sua trajetória pessoal de
vivências, crenças e sentimentos, eles denominaram esse termo de conhecimento tácito. E em
contraposição a todo o restante, todo o conhecimento formal seria então denominado
conhecimento explícito.
Nas organizações, o estado de mudança se tornou permanente e, para fazer frente a este
processo incontrolável, foram implementadas, ao longo das duas últimas décadas, inúmeras
técnicas e outros modismos: Desenvolvimento Organizacional, Análise Transacional, Qualidade
de Vida no Trabalho, Zero Defeito, Downsizing, Neurolinguística, Reengenharia, entre outras.
Na realidade, se tem uma percepção clara de que não existe mais espaço para uma
mentalidade tradicional. As organizações que durante anos a fio se preocupavam com a
estabilidade, a solidez e a centralização administrativa, estão enfrentando a quebra desse
paradigma, passando a se preocupar com a estratégia, onde a organização deve ser vista como um
conjunto articulado, permanentemente mutável. Em outras palavras: ou muda, ou morre! o
existe espaço para meio-termo.
87
CAPÍTULO 3
METODOLOGIA
Este capítulo apresenta a metodologia de trabalho utilizada neste trabalho. A documentação
indireta contemplou as leituras indicadas pelo orientador, os documentos do JPC&VB e pesquisa
na Internet. A documentação direta foi produzida pelos sujeitos da pesquisa. Foi empregado o
método da análise de conteúdo, ferramenta da Psicologia Social utilizada nesse caso como um
instrumento para melhorar a comunicação nas ações relacionadas à viabilização do planejamento
estratégico.
3.1 Tipo de Pesquisa
A pesquisa nas engenharias tem sido fortemente marcada, ao longo dos anos, por estudos
que valorizam a adoção de métodos quantitativos na descrição e explicação dos fenômenos.
Todavia segundo Godoy (1995), a pesquisa qualitativa ocupa hoje um reconhecido lugar entre as
várias possibilidades de análises dos fenômenos que envolvem os seres humanos e suas
intrincadas relações sociais, estabelecidas em diversos ambientes.
Para a referida autora, a pesquisa qualitativa está preocupada com o processo e não
simplesmente com os resultados. Assim, a autora destaca que não é possível compreender o
88
comportamento humano sem a compreensão do contexto no qual os indivíduos interpretam seus
pensamentos, sentimentos e ações. Imbuído desse espírito, o pesquisador vai a campo com o
intuito de captar a essência do seu objeto de estudo a partir da ótica das pessoas nele envolvidas,
apreciando todos os pontos de vista relevantes.
Laplantine (1994) ensina que, para alcançar o homem em todas as suas dimensões, é preciso
dedicar-se à observação dos fatos sociais aparentemente minúsculos e insignificantes, cuja
significação pode ser encontrada nas suas posições respectivas no interior de uma totalidade
mais ampla.
Contudo, se devem superar as barreiras, procurando perceber como os sujeitos sociais
investigados constroem a sua realidade, como interagem e que peso relativo atribuem aos fatos
que vivenciam.
Pautada em Trivinos (1990), essa análise interpretativa se baseia em três aspectos
fundamentais:
1. Nos resultados alcançados no estudo (resposta aos instrumentos, documentos, etc.);
2. Na fundamentação teórica (manejo dos conceitos-chaves das teorias e de outros
pontos de vista);
3. Na experiência pessoal do investigador.
Esta pesquisa, segundo o entendimento do autor está classificada quanto aos fins como
descritiva, posto que expõe as características de determinada população, através de observações
registradas, analisadas, classificadas e interpretadas. Quanto aos meios, se caracteriza como um
estudo de caso, pois, segundo Vergara (1997), tem características de profundidade e
detalhamento e está circunscrita a uma unidade.
89
Ela também é interventiva, pois, a partir da atuação do pesquisador, e sob a sua influência,
os membros do JPC&VB passaram a adotar coletivamente valores, conceitos e significados até
então individuais e nebulosos ao grupo e, provavelmente, aos próprios indivíduos.
Tendo em vista o seu caráter exploratório e descritivo, utilizou-se, para a realização deste
trabalho, a pesquisa bibliográfica como fonte para o conhecimento do estado da arte do objeto
aqui proposto, isto é, planejamento estratégico, desenvolvimento turístico local, a teoria das
representações sociais e, os sistemas autopoéticos.
A escolha desta metodologia de pesquisa se justifica pela possibilidade de avaliar e
compreender o que os próprios pesquisados sinalizam sobre o seu processo de cognição a partir
da sistemática proposta: a percepção que o grupo tem quanto ao futuro do João Pessoa
Convention & Visitors Bureau. A figura 3.1 sumariza os principais pontos da metodologia de
pesquisa.
Método de Pesquisa Qualitativa/ Estudo de Caso
Metodologia de Pesquisa Análise de Conteúdo
Coleta de Dados Entrevista estruturada com o capital humano
gerencial do JPC&VB
Análise/ Interpretação Identificação dos principais elementos
presentes nas representações mentais do
grupo estudado.
Fomento à reflexão coletiva acerca dos
principais elementos identificados.
Levantamento da percepção do grupo quanto
ao futuro do JPC&VB.
Considerações Refletir acerca da contribuição das técnicas
de Psicologia Social a elaboração de um
Planejamento Estratégico.
Figura 3.1: Caracterização da Metodologia da Pesquisa
Fonte: Elaborada pelo autor
90
3.2 População e Amostra
A população envolve 54 indivíduos associados ao JPC&VB. No entanto, com relação às
entrevistas estruturadas, a amostra foi representada pelo capital humano gerencial do JPC&VB,
que era composto por 12 indivíduos na época da pesquisa.
Em função das características desta pesquisa, a amostra para as entrevistas foi do tipo
intencional, o que se “constitui um tipo de amostragem não probabilística e consiste em
selecionar um subgrupo da população que, com base nas informações disponíveis, possa ser
considerado representativo da população” (GIL, 1999, p.104), pois os indivíduos dessa amostra
guardam relações diretas com as características estabelecidas na formulação do problema.
3.3 Identificação do Sujeito da Pesquisa
O João Pessoa Convention & Visitors Bureau é uma organização de direito privado, sem
fins lucrativos, constituída com o propósito de atuar na captação de eventos e fluxos turísticos
para a cidade e para o Estado. A pesquisa foi realizada com o capital humano gerencial da
organização posto que é uma amostra significativa do que representam as empresas da iniciativa
privada, direta e indiretamente interessadas no desenvolvimento do turismo. As entrevistas foram
realizadas entre os dias 30 de agosto e 14 de setembro de 2004.
91
3.4 Levantamento de Dados
O levantamento de dados se pautou na seleção de documentação indireta que contemplou:
As leituras indicadas pelo orientador;
Documentos do JPC&VB;
Pesquisa na Internet.
A documentação direta foi produzida pelos sujeitos da pesquisa.
3.5 Os Questionários
A primeira etapa da pesquisa foi realizada com base em um questionário estruturado que
buscava informações acerca de questionamentos que envolviam a percepção do que vinha a ser
futuro, planejamento, planejamento da atividade turismo, planejamento do JPC&VB, o
significado do conceito turismo, e dados não necessariamente identificáveis do respondente e sua
escolaridade, respondidos individualmente a partir de uma troca de idéias oralizada.
O segundo questionário fazia um convite aos participantes para rememorarem o dia 30 de
agosto de 2004, quando da aplicação do questionário. Na ocasião da aplicação do segundo
questionário, foram apresentados os resultados do primeiro questionário. O segundo questionário
92
teve como intenção investigar a consistência da primeira etapa da pesquisa e disseminar, no
grupo, os principais conceitos identificados junto à maioria dos indivíduos do próprio grupo,
motivo pelo qual os pesquisados foram instados a se manifestar sobre as doze categorias obtidas
no questionário anterior. Constatou-se uma similitude significativa entre ambos, permitindo, pois
a ratificação do resultado obtido anteriormente.
Por fim se teve a pretensão de iniciar um processo de construção de uma base comum de
conversação, uma linguagem própria, uma cultura específica ao grupo, que pudesse levar a um
diálogo proficiente entre os participantes de tal grupo, aprofundando a sua reflexão comum sobre
os principais conceitos significativos encontrados nos seus indivíduos.
3.6 Tratamento dos Dados: Análise de Conteúdo
A análise de conteúdo é um conjunto de técnicas de análise de comunicações (BARDIN
1979). Trata-se de um conjunto de procedimentos marcados pelas múltiplas formas de utilização,
aplicadas a um vasto campo de comunicação. É uma técnica que não tem um modelo pronto:
constrói-se através de um vai-e-vem contínuo e tem que ser reinventada a cada momento.
Barros e Lehfeld (1996) afirmam que a análise de conteúdo é utilizada atualmente para
analisar material qualitativo, buscando uma melhor compreensão da comunicação ou do discurso,
e dele extraindo os aspectos mais relevantes.
Para Berelson apud Bardin (1979), a análise de conteúdo é uma técnica de investigação que,
através de uma discrição objetiva, sistemática e quantitativa do conteúdo manifesto das
comunicações, tem, por finalidade, a interpretação dessas mesmas comunicações.
93
O objetivo de tal processo é inferir, a partir das palavras estudadas, conhecido o contexto e
as circunstâncias de sua manifestação, a freqüência de citações e os sentidos da comunicação,
chegando às suas causas ou efeitos buscados, ou seja, às condições de produção ou de recepção
das mensagens Bardin (1979).
Segundo Lima (2001) as organizações são complexas e, às vezes, paradoxais. O senso
comum as aponta como instrumentos sociais racionais e lógicos, onde tudo possui uma razão
clara, pelo menos àqueles que dela tomam parte. No entanto, na verdade não é assim. Cada
organização possui características que a tornam única.
A análise de conteúdo é utilizada quando se quer ir além dos significados, da simples leitura
do “real”. É aplicável a tudo o que é dito em entrevistas, depoimentos e a toda a comunicação não
verbal: gestos, posturas, comportamentos e outras expressões culturais.
Parte-se do pressuposto de que as comunicações humanas utilizam inúmeros símbolos
carregados de significados, os quais podem estar explícitos ou implícitos. A análise de conteúdo
procura um modo de esclarecer sentidos e relações ocultos nessas comunicações.
Aparentemente, a lingüística e a análise de conteúdo possuem o mesmo objeto. A distinção
fundamental proposta por Saussure apud Bardin (1979) é: o objeto da lingüística é a língua
(langue), ou seja, o aspecto coletivo da linguagem, enquanto que o da análise de conteúdo é a
parole, isto é, a palavra.
Diferentemente da lingüística, que se volta para a estrutura formal da comunicação e para a
norma culta, a análise de conteúdo busca a estrutura particular construída nos contextos
vivenciais peculiares de pessoas e grupos, cujo significado pertence àquela organização social no
seu tempo e espaço.
94
A análise de conteúdo trabalha a palavra, a prática da língua realizada por emissores
identificáveis. A lingüística estuda a língua para descrever o seu funcionamento. A análise de
conteúdo procura conhecer aquilo que está por trás das palavras sobre as quais se debruça.
Embora procure não perder de vista o contexto e as circunstâncias em que a mensagem foi
produzida, o processo de análise de conteúdo realiza a análise através da categorização de itens
de sentido, o que pode ser considerado como gavetas significativas que permitem a classificação
dos elementos de significação constitutivos da mensagem (BARDIN, 1979).
As gavetas significativas ou categorias devem ser construídas segundo algumas regras, que
embora sejam raramente aplicáveis, segundo a própria autora, são sempre recomendadas:
homogeneidade, evitando a mistura de conteúdos diferentes; exaustividade, analisando todo o
texto ou mensagem; exclusividade, implicando que um mesmo elemento de conteúdo esteja
classificado em apenas uma categoria; objetividade, o que levaria a que pesquisadores diferentes
alcançassem resultados iguais; e adequabilidade ou pertinência, ao conteúdo e objetivo da análise
(BARDIN apud LIMA, 2001).
Essa fase é o primeiro contato com os documentos se procede ao que Bardin (1979) chamou
de leitura flutuante”. É através dessa leitura que surgem as primeiras hipóteses e objetivos do
trabalho.
Na etapa seguinte, a exploração do material, é considerada a etapa mais longa e cansativa. É
o momento da codificação, em que os dados brutos são transformados de forma organizada e
agregados em unidades, as quais permitem uma descrição das categorias pertinentes ao conteúdo
(HOLSTI apud BARDIN 1979). A codificação compreende a escolha de unidades de registro
(recorte), a seleção de regras de contagem (freqüência), e a escolha de categorias (classificação).
A etapa seguinte é o tratamento dos resultados. Segundo Berta Weill (S/D), durante a
interpretação dos dados, é preciso voltar atentamente aos marcos teóricos, pertinentes à
95
investigação, pois eles dão o embasamento e as perspectivas significativas para o estudo. A
relação entre os dados obtidos e a fundamentação teórica é que dará sentido à interpretação.
As interpretações a que levam as inferências serão sempre no sentido de buscar o que se
esconde sob a aparente realidade, o que significa verdadeiramente o discurso enunciado, que é o
que querem dizer, em profundidade, certas afirmações, aparentemente superficiais.
A análise de conteúdo tem por base o mecanismo clássico da comunicação: o produtor da
mensagem, ou emissor, o destinatário da mensagem ou receptor e, a mensagem em si que é o
alvo da análise.
Isso ocorre, pois, na produção da palavra, o emissor expõe os seus conflitos interiores
enviesados pela lógica do comportamento social. Desse modo o discurso é, além de uma
atualização parcial de processos na sua grande parte inconscientes, a reestruturação do esquema
mental representacional do objeto da comunicação (UNRUG apud BARDIN, 1979). É pelo
domínio da palavra, pelas suas lacunas e doutrinas, que o analista pode reconstruir os
investimentos, as atitudes, e as representações reais (BARDIN apud LIMA, 2001).
O tratamento operacional aqui proposto procurou:
Agrupar signos (palavras, expressões) por aproximações semânticas;
Comparar termos emergentes por categorias;
Realçar dicotomias;
Avaliar atitudes subjacentes;
Descobrir estruturas de encadeamento da associação; sem a presença dos sujeitos-
alvo, pois se deu a partir de documentos pelos mesmos produzidos, e sem a
consideração de variáveis exógenas ou independentes, tais como gênero, idade, renda
e formação.
96
O resultado que se chegou permitiu inferir dos elementos que compuseram o tecido
representacional (a matéria-prima), o conceito geral de planejamento, vinculado à atividade do
setor e específica aos membros do JPC&VB.
Da aplicação do método adotado foram obtidas 308 respostas sobre os 20 questionários
usados nas duas etapas que depois de trabalhados resultaram em cinco categorias. Pode-se
chamar este resultado de estereótipo, significando que o grupo possui ou uma “representação
estável” ou alguns “elementos conceituais estáveis” de um objeto comum. Daí é possível se
propor à análise de conteúdo como um caminho para se preparar à organização para o uso efetivo
do planejamento. Nesse sentido, a substância revelada pela análise de conteúdo poderá ser o
ponto de partida para a construção de uma identidade pelo grupo do objeto em questão. Para
tornar mais compreensível a metodologia aplicada lista-se a seguir passo a passo dos
procedimentos.
3.7 Procedimentos
O Sebrae Paraíba foi provocado pelo pesquisador no sentido de contribuir para o
avanço da atividade turística na cidade de João Pessoa;
Aceita a provocação, o pesquisador foi convidado a dar maiores esclarecimentos sobre
os objetivos da pesquisa;
Demonstrou-se a exeqüibilidade da pesquisa ao Sebrae Paraíba;
97
Foi contatado o JPC&VB na pessoa do seu então presidente através de um encontro
promovido pelo Sebrae Paraíba em suas dependências;
Demonstrou-se a exeqüibilidade da pesquisa ao presidente do JPC&VB;
Elaborou-se o questionário, onde foram pesquisadas as idéias existentes no capital
humano gerencial do JPC&VB sobre o futuro do JPC&VB (pergunta nº 1). As demais
perguntas situaram o pesquisador no universo dos respondentes. Não foi buscado,
aqui, identificar as representações sociais pertencentes ao grupo específico, mas as
principais representações mentais dos objetos pesquisados, próprias aos indivíduos do
grupo, que, talvez, sejam sociais ao se considerar um grupo mais amplo, aquele
formado por dirigentes empresariais que trabalhavam no setor turístico em João
Pessoa, no ano de 2004;
O Planejamento das ações subseqüentes incluiu a convocação do capital humano para
a 1ª entrevista ocorrida no dia 30 de agosto às 18:00, na sala 06 do Centro de
Educação Empreendedora do Sebrae Paraíba;
Deu-se a aplicação do questionário, respondido individualmente a partir de uma
troca de idéias oralizada;
Foi realizado o tratamento dos dados colhidos, caracterizando as idéias vigentes, onde
se investigou os elementos comuns mais efetivamente presentes na mente do capital
humano do JPC&VB, que foram priorizados através da Análise de Conteúdo, segundo
Bardin (1979).
Elaborou-se o 2º questionário a partir das contribuições do 1ºquestionário;
Foi realizada uma apresentação do resultado do 1º questionário junto aos pesquisados;
98
Foi feita a aplicação do 2º questionário, que foram respondidos individualmente a
partir de uma troca de idéias oralizada;
Após colher os questionários, o pesquisador tratou os dados, utilizando os elementos
identificados na etapa para induzir uma reflexão coletiva sobre os elementos que
mais se destacaram. As perguntas ´porque é importante´ e ´porque é necessário´ e a
oposição que originalmente permite a construção de árvores de decisão a partir das
representações sociais de um grupo segundo Ensslin et al (1998), foram utilizadas
nesse processo construtivo, para ajudar a ancorar e objetivar os novos conceitos do
grupo, tornando familiares ao grupo conceitos que eram estranhos a membros do
mesmo;
A última etapa consistiu da explanação da pesquisa, apresentando-se o resultado, nas
dependências do Sebrae Paraíba, tendo o grupo considerado o resultado satisfatório
(conforme documento no apêndice).
99
CAPÍTULO 4
RESULTADOS
Esse capítulo apresenta a unidade pesquisada, a caracterização dos sujeitos, a
apresentação das categorias e os resultados do primeiro e do segundo questionários. Verifica-se o
salto qualitativo entre o primeiro e o segundo questionário. Os próprios pesquisados apontam
ações no sentido de mitigar o processo instalado.
4.1 A Unidade Pesquisada
A implantação do Convention Bureau em João Pessoa ocorreu em função de uma indução
promovida pelo Sebrae Paraíba, que vislumbrou a possibilidade de deslanchar a atividade a
partir da organização da cadeia produtiva do setor.
Foi contratada pelo Sebrae – Paraíba uma consultoria externa, que elaborou um plano
contendo metas e propostas para a estrutura e o funcionamento do C&VB. A consultoria
propunha que a implantação do C&VB exigiria um processo prévio de planejamento estratégico.
Para essa consultoria, o sucesso do processo de constituição e implantação do C&VB, por
ser fundamentalmente uma ação associativa, dependia da participação intensa e pró-ativa das
lideranças e interessados diretos, não só para o alcance das metas propostas, mas principalmente
100
para a criação de uma unidade associativa forte e capaz de produzir os resultados almejados.
Trabalha-se, segundo esta consultoria, com o conceito de responsabilidade compartilhada e ação
participativa.
O próprio documento elencava as forças restritivas que impediam o desenvolvimento do
turismo em João Pessoa:
Poder público e iniciativa privada não fazem planejamento conjunto e divulgação
adequada do destino, seja institucional e mesmo junto aos consumidores finais;
Pouca profissionalização, tanto no poder público como na iniciativa privada, na
gestão dos negócios do turismo;
Ausência de um trabalho de endomarketing junto à sociedade local, sobre a
importância do turismo como atividade econômica e social;
Trade turístico tem pouca força institucional para interferir nas políticas e posturas
adotadas pelo poder público nas questões de interesse do setor;
Falta equipamento adequado para atender congressos e convenções de maior porte;
Poder público e iniciativa privada investem recursos financeiros insuficientes para
a divulgação e captação de eventos e visitantes;
Falta prática e “Ação Coletiva” e compartilhamento de responsabilidades do trade
turístico local;
Malha aérea ineficiente.
Desde a fundação do JPCV&B havia sido descortinada a questão da ausência de “ação
coletiva” o compartilhamento de responsabilidades do trade turístico local. No entanto, até o
início dessa pesquisa, nenhuma ação tinha sido efetivada nessa direção.
101
Dos 54 membros associados ao JPC&VB, apenas 17 estão honrando os compromissos
financeiros assumidos e destes, 12 representavam no momento da pesquisa o capital humano
gerencial da organização. O pequeno número de participantes que mantém em dia o pagamento
das cotas está relacionando de fato a um baixo nível de consciência participativa para atender a
finalidade do interesse coletivo.
4.2 Caracterização dos Sujeitos
Os Sujeitos da pesquisa são empresários da cadeia produtiva do turismo,
predominantemente homens (83%), com mais de 40 anos (66%), com uma experiência média de
estabelecimento no setor de 6,8 anos.
Os setores onde eles atuam são os seguintes: gastronomia, alimentação, centro de formação
profissional, operadoras de turismo, hotelaria, assessoria de imprensa, comunicação e marketing.
4.3 Apresentação das Categorias
As categorias foram utilizadas para agrupar as palavras que têm significados semelhantes e
que representam quase o mesmo sentido em relação ao objeto solicitado segundo o critério do
avaliador. Para que não houvesse dúvidas e cada um dos pesquisados pudesse identificar as
102
respostas utilizadas no contexto geral, as categorias foram apresentadas em ordem decrescente de
importância, com o numero total de referências feitas na categoria, e o subconjunto de palavras
que a formou, cada uma com o respectivo número de citações, colocado logo a seguir, entre
parênteses.
As categorias são identificadas pela palavra do subconjunto que mais vezes foi citada,
sendo cada categoria constituída segundo um significado específico, por sua vez construído a
partir da leitura e interpretação do pesquisador. Assim, sempre lembrando a associação pedida
com o pensar sobre o futuro do JPC&VB, chegamos aos seguintes dados:
1. Crescimento: significa o simples crescimento da atividade, sem relacioná-la a uma
posição de destaque;
2. União: significa trabalho em equipe, com a colaboração entre as pessoas para alcançar os
objetivos comuns;
3. Futuro: denota a preocupação com a ação ordenada, planejada, para o enfrentamento do
futuro;
4. Captação: denota a atividade fim da organização;
5. Educação: demonstra o reconhecimento da necessidade de constante aperfeiçoamento do
pessoal;
6. Divulgação: diz respeito a toda ação para divulgar o destino;
7. Renda: demonstra o poder de geração de renda;
8. Infra-estrutura: significa a necessidade de preparar a cidade;
9. Qualidade de vida: significa o padrão de qualidade que a cidade possui e oferece;
10. Emprego: expõe a capacidade de geração de empregos;
11. Cultura: advoga a valorização da cultura local;
103
12. Difuso: conjunto no qual um agrupamento conceitual que ficaria comprometido se não for
objeto de novo questionamento.
A categorização foi elaborada separadamente para cada questionamento. Em seguida, se
processou uma análise em profundidade do material onde foi realizado o tratamento dos dados
colhidos, caracterizando as idéias vigentes. Investigou-se os elementos comuns mais
efetivamente presentes na mente do capital humano do JPC&VB, através da Análise de
Conteúdo, segundo Bardin (1979), o que permitiu o reagrupamento das 12 categorias iniciais em
cinco novas categorias conceituais que para fins da metodologia permitiram o desvelamento dos
construtos presentes no cognitivo dos pesquisados acerca do objeto de estudo.
4.4 Resultados do Primeiro Questionário
Categoria 1: Atividades Operacionais. Reagrupamento das categorias 4, 6, 7, 8 e 10
Captação (10)
Eventos (02); Negócios (02); Captação de Turismo (01); Captação (01); Captação de Negócios
(01); Trazer Eventos (01); Turismo (01); Viagem (01).
Divulgação (07)
Divulgação do Destino (01); Divulgação (01); Divulgação da Cidade (01); Divulgação de nossa
Gastronomia (01); Comunicação (01); Idéias (01); Marketing (01).
Renda (07)
Renda (02); Geração de Renda (01); Novas fontes de renda (01); Lucro certo (01); Dinheiro (01);
Riqueza (01).
Infra-estrutura (04)
Infra-estrutura (01); Hotéis (01); Entretenimento (01); Preparação e sinalização da cidade para
receber o turista (01)
104
Emprego (04)
Emprego (03); Trabalho (01).
Esta categoria é a mais importante. Com 32 (trinta e duas) referências, revela a percepção
que os pesquisados possuem do setor. De forma bastante objetiva, por não possuírem / criarem
uma cultura de pensar e agir estrategicamente, as atividades operacionais, aquelas ligadas ao dia-
a-dia do setor, são as que estão mais próximas da materialidade percebível.
Aparentemente, os pesquisados não perceberam que os fatores atuais de competitividade
não dependem exclusivamente dos fatores tradicionais consagrados. Eles envolvem, na
atualidade, a capacidade de apropriação de conhecimentos e da otimização do capital humano
que, consorciados, potencializam a lucratividade da organização (KOTLER, 1999; e PORTER,
1998). Tornou-se dessa forma, mais complicada a situação, pois os pesquisados, por vezes, são
incapazes de distinguir entre eficácia operacional e estratégia.
Categoria 2: Cultura. Reagrupamento das categorias 5, 9, 11 e 12
Educação (09)
Educação (01); Capacitação (01); Profissionalização (01); Conhecimento (01); Treinamento (01);
Reciclagem (01); Técnica (01); Mão-de-Obra Qualificada (01); Qualidade (01).
Qualidade de Vida (04)
Qualidade de vida (01); Tranqüilidade (01); Natureza (01); Beleza (01).
Cultura (02)
Cultura (01); Valorização de nosso povo e de nossa gente (01).
Difuso (04)
Ética (01); Lealdade (01); Profissional (01); Capacidade (01).
105
Com 19 (dezenove) citações, esta é a segunda categoria em importância É uma categoria de
natureza mais subjetiva. A educação ou melhoria do insumo humano é condição necessária ao
avanço do setor com qualidade. A atividade é associada também como necessária à construção ou
contribuição da auto-estima ou valorização “do povo”, “da nossa gente”.
Diga-se de passagem, que este aspecto é “muito” difundido pelos chamados especialistas do
setor o turismo como um elemento de reforço à auto-estima do brasileiro e do paraibano em
particular.
A qualidade de vida passa a ser um componente que se deve explorar, pois elementos como
tranqüilidade, natureza e beleza aparecem no discurso dos entrevistados. A sub-categoria
´Difuso´ aponta uma associação bem peculiar do senso comum, que associa a profissionalização
à atuação leal e ética.
Categoria 3: Crescimento
Crescimento (16)
Crescimento (05); Desenvolvimento (04); Crescimento do Turismo (01); Crescimento da Cidade
(01); Potência (01); Desenvolvimento Turístico (01); Expansão Turística (01); Progresso (01);
Alavancar o Turismo (01).
Esse conteúdo, pelo seu apelo econômico (crescer, expandir), suspeitava-se existir, pois se
constitui numa reprodução dos conteúdos veiculados nos discursos oficiais, onde a atividade
106
turística é apontada como tendo um imenso potencial para crescer. Isto pode ser conferido por
uma simples consulta aos programas governamentais.
um relativo equilíbrio no grupo quanto à importância do crescimento aliado ao
desenvolvimento. Entretando, não se pode identificar com clareza a relação de
complementaridade onde o crescimento da atividade deve acompanhar-se do desenvolvimento
em seus vários aspectos.
Categoria 4: União
União (13)
União (02); Conjunto (01); Reunião (01); Parceria (01); Parcerias (01); Força Conjunta (01);
Associativismo (01); Prestativo (01); Troca (01); Contribuição (01); Organização (01);
Amadurecimento (01).
Na percepção do grupo, a soma de esforços / troca aparece como outro aspecto importante
associado a crescimento / desenvolvimento. Há uma significativa possibilidade de que os sujeitos
compreendam que a atividade turística, pela sua dimensão e complexidade, exige a contribuição
de diferentes atores e fatores para uma expansão adequada e sustentável em longo prazo.
Percebe-se, aqui, a importância, muito embora ainda no campo da intenção, que os pesquisados
dão à soma dos esforços, vistos aqui como um elemento importante para a organização
(provavelmente estrutural) e amadurecimento (provavelmente na fisiologia) do setor.
107
Categoria 5: Futuro
Futuro (13)
Planejamento (01); Futuro Melhor (01); Oportunidade (01); Desafios (01); Inovação (01);
Dificuldades (01); Investimento (01); Superação (01); Visão (01); Empreendedor (01);
Empreendedorismo (01); Avaliação (01); Levantamento das necessidades urgentes do turismo na
Paraíba (01).
As respostas na categoria agrupada deixaram claro que a percepção do grupo é de que o
setor é uma área de oportunidades e desafios. Todavia, deve ser objeto de monitoramento e alvo
de um planejamento efetivamente participativo, de modo a se gerar inovação e superação de
dificuldades.
Em relação ao futuro da atividade, ou seja, quanto ao futuro do JPC&VB, temos:
Uma pessoa planeja atitude de calcular ou de tentar construir através do
planejamento aquilo que se quer que aconteça;
Outra pessoa apenas espera ou deseja um futuro melhor;
Uma pessoa percebe o futuro como oportunidade;
Outra pessoa percebe o futuro como inovação;
Percebe-se que outro se preocupa com as dificuldades que o futuro reserva;
Também foi destacada a ligação entre futuro e investimento;
O futuro é encarado, para outro, como superação.
Um encara ou percebe, pela ótica do desafio ou das dificuldades a superar,
aspectos compartilhados pela resposta ´superação´, pois, quem supera, supera um
desafio, uma dificuldade;
108
Outro tem apenas uma visão sem clareza do que esperar, mas enxerga uma luz no
fim do túnel;
Dois pensam de modo pragmático, aí, se é possível empreender;
Dois acreditam que antes de se pensar no futuro é preciso avaliar (avaliação), e
levantar as necessidades.
A categoria é rica em termos de significados, o que aponta para uma provável divergência
no tocante ao futuro do JPC&VB, apesar da “unanimidade” sugerida, de que esta é uma atividade
promissora. Contudo, percebe-se claramente que o grupo não enxerga o ato de pensar o futuro de
forma estratégica.
Apresentam-se os pesquisados, em sua grande maioria, como reativos, pois desejam um
futuro melhor, apenas perceber o futuro como oportunidade, se preocupar com as dificuldades
que o futuro reserva, como inovação (...). É pouco provável uma mudança positiva significativa
em um curto espaço de tempo.
De forma sintética, pode-se apresentar as cinco categorias importantes na percepção do
grupo em questão:
1. Atividades operacionais Este agrupamento de expressões nada mais é do que o
elenco das operações cotidianas do setor, ou seja, infra-estrutura, prospecção,
captação, e geração de emprego e renda, ou seja, aquelas ligadas ao dia-a-dia da
atividade e que estão mais próximas da materialidade percebível dos sujeitos da
pesquisa;
109
2. Cultura O aspecto cultural marca a percepção do grupo e aponta a qualificação
profissional (citada nove vezes) como o definidor da categoria, associada à
melhoria da qualidade de vida, atuação ética (ou com base na lealdade), e
associada à auto-imagem positiva da comunidade receptora;
3. Crescimento – é uma atividade em expansão e que ainda pode crescer; e o
crescimento, para alguns, se deve acompanhar de desenvolvimento;
4. União a soma de esforços dentro e fora do setor é indispensável; para tanto, a
soma, por sua vez, permite a organização e estruturação do setor;
5. Futuro pode ter diferentes formas de enfrentamento. Enquanto uns vão na
direção do planejamento, outros percebem as dificuldades prováveis, outros as
possibilidades de empreender, e, finalmente, alguns às condições atuais que
deveriam ser alvo de “uma avaliação” para o seu descortinamento.
4.5 Resultados do Segundo Questionário
Conteúdo das respostas para a categoria 1: Atividades operacionais
Por oposição
“Desenfocar a atividade-fim do Convention, fazer turismo pessoal com o dinheiro público”.
“Não acreditar no retorno”. “Esperar passivamente que um milagre aconteça de nos
escolherem”. “Captar interesses próprios”. “Fechar-se em si. É cada um por si. Não investir
110
em marketing / eventos”. Divulgação individualizada e sem planejamento estratégico”.
“Mão-de-obra não qualificada”. “A não-credibilidade tanto dos governantes quanto dos
empresários”. “Medo da concorrência; não investir em melhorias, não profissionalizar e não
divulgar seu trabalho / serviço”. “Não se qualificar”.
Porque é importante?
“É fundamental, pois é o turismo que mais deixa divisas e melhores resultados para o
Convention de João Pessoa”. “Traz bastante divisas financeiras é uma forma de divulgar a
cidade”. “O marketing é fundamental para qualquer atividade e o Convention não pode
deixar de este instrumento”. “A divulgação é vital para a percepção do potencial
econômico, social, turístico no nosso Estado”. “É importante trabalhar a divulgação para
podermos mostrar nosso marketing, nossas idéias, nosso trabalho termos serviços”.
“Investimento dos empresários e dos governantes na estrutura de divulgação no Estado”. “É
fundamental, pois estaremos sendo efetivos na atividade do Convention”. “O Convention e
a atividade turística, é fundamental para ajudar na eliminação das desigualdades sociais de
nosso Estado”. “Maior circulação de dinheiro em todos os setores da sociedade”. “Com
investimentos em eventos turísticos haverá crescimento na contribuição de impostos,
tributos e renda, assim podendo-se promover mais empregos para as pessoas”.
Porque é necessário?
“Porque senão o Convention não terá atingido sua atividade fim”. “Aumento de recursos e
maior investidores”. “Crescimento da cidade, pessoas, negócios”. “Porque através do
marketing a atividade turística será alavancada com mais rapidez”. “Trabalhando a
divulgação estamos mostrando o que temos e fazemos”. “Porque vivemos em uma cidade,
111
num Estado muito pobre e o convention poderia ser um instrumento de justiça social”.
“Melhorando a geração de emprego e renda nosso povo terá dinheiro circulando, e menos
índices de marginalidade”. “Investir na educação”. “Porque todos viveríamos melhor e a
atividade turística seria alavancada”.
“Melhorar renda da sociedade”. “Trabalho na área”. “Fazer saneamento básico sinalização
informação”. “Para recebermos o progresso que traz divisas”. “Para podermos melhor
condições para eventos turísticos”. “Dar condição de um conforto que o turista espera”.
“Porque a oferta de empregos em João Pessoa e na PB é escassa. E se o turismo for
alavancado poderíamos eliminar a miséria”. “Melhorando a geração de emprego e renda
nosso povo terá um dinheiro circulando, e menos índices de marginalidade”. “Diminuir a
marginalidade e a segurança da cidade”.
Na Categoria 1, as atividades operacionais apontam que necessidade e importância estão na
“ordem do dia” para o grupo, pois nitidamente apontam para a relevância do setor na
dinamização positiva da sociedade trazendo empregos, crescimento associado a desenvolvimento,
e uma melhora significativa da infra-estrutura que obviamente resvala na qualidade de vida,
possibilitando até uma diminuição na delinqüência.
Contudo, a ausência de foco, o conflito de interesses, o isolamento dos empresários e o
conformismo, promovem a não qualificação do setor, a persistência de uma postura não-ética, a
inexistência de um produto turístico ampliado onde as cinqüenta atividades que estão direta ou
indiretamente ligadas ao setor fossem impactadas de forma positiva e sustentável.
112
Conteúdo das respostas para a categoria 2: Cultura
Por oposição
“Não existe nenhum interesse dos governantes para melhoria da educação na Paraíba”.
“Manter o status quo, as praias sujas, as pessoas jogando lixo na rua”. “Não investir na
educação básica”. “Falta de informação, pertinente principalmente da nossa importância
geográfica, histórica e cultural do Estado”. “Não investir no aperfeiçoamento do pessoal”.
“Desestruturar a cidade em seus órgãos e atividades públicas. Esgotos a céu aberto e na
praia. Incentivar a miséria”. “Acreditar no não tem jeito”. Falta de auto-estima”. “Cidade
que não investe na qualidade de vida”. “Não somos nada. Não valemos nada”. “Falta de
reconhecimento”. “Colocar em segundo plano”. “Desrespeito a sua própria história,
ignoram seus artistas, seus poetas, suas danças etc”. “Ocultar a cultura local”. “Não
conhecer a cultura da sua região”. “Não respeitar a nada e nem a ninguém”. “Pessoas que
gostam de levar vantagem em tudo, sem respeitar a comunidade, os cidadãos que os
elegeram”. “Atuar por cima de todos para se beneficiar”. “Tenho que sempre tirar proveito
a qualquer custo”. “Infidelidade, não dar continuidade a projetos feitos em comum”.
Porque é Importante?
“Para podermos receber bem / corretamente as pessoas / eventos para que retornem e a
atividade se consolide”. “Para capacitar as pessoas”. “Mão-de-obra qualificada, pessoas
preparadas”. É importante para que todos nós nos sintamos bem onde vivemos e com
quem vivemos e que isto seja percebido pelos turistas”. “Aumentando a qualidade de vida
da cidade atrai mais pessoas”. “Mais saúde, maiores investimentos de fora”. “É
113
fundamental porque a cultura da Paraíba como um todo é riquíssima e prodigiosa e sua
valorização é primordial para o turismo”. “Para criar a diferenciação”. “É valorizar o seu
maior patrimônio – o povo”. “Porque é a cultura que mostra quem somos”. “Investir,
divulgar, acreditar”. “Por que se não houver ética, lealdade e honestidade nas relações
nunca sairemos do atoleiro que o Estado está”. “A Capacidade é fundamental. Precisamos
das pessoas certas nos lugares certos, caso contrário nada mudará”. “Precisamos nos cercar
de pessoas capazes e que saibam como fazer as coisas caso contrário o Convention morrerá
por si só”.
Porque é necessário?
“Porque ela vai ajudar na recepção do turismo, na qualidade dos serviços / mão-de-obra que
é ruim”. “Mais pessoas qualificadas”. “Educação é fundamental para o crescimento”. “Para
poder receber melhor os turistas”. Treinamento, reciclagem”. “Porque o IDH de João
Pessoa e da Paraíba é muito baixo em alguns bairros, cidades e o convention poderia ajudar
também neste quesito”. “Mais educação, mais cultura, mais emprego e renda, mais saúde,
mais gente satisfeita e investindo no Estado”. “Para acolher melhor quem vem de fora”.
“Porque ela é um fator que melhora a nossa auto-estima, traria reforço para a atividade
turística”. “Resgate da História do povo e o respeito dos que aqui chegam”. “Investimento
em longo prazo”. “Porque é através dela que podemos contar a história de nossa cidade e de
seu povo”. “Por que sem ética, lealdade, capacidade e profissionalismo dificilmente
conseguiremos mudar a situação de miséria que se vive”. “Para de fato obter respeito é
necessário à transparência de nossos atos”. “Trabalho feito com responsabilidade e
consciente”.
114
Na Categoria 2, o campo oposto aparece com significativo destaque; é como se os
pesquisados encontrassem as possíveis respostas para esse “estado de coisas”: o comportamento
inadequado dos empresários, o desinteresse efetivo dos governantes para com a atividade, posto
que, via de regra, estes governantes nomeiam para a pasta (quando existe) um agente “político”
que nada entende do setor.
O baixo nível cultural da população (percebe-se aqui a questão da educação formal), a
infra-estrutura inadequada, a baixa auto-estima, a desonestidade (entendida aqui como falta de
ética e lealdade) e o não profissionalismo do setor comprometem a coragem em investir. Todos
esses fatores conjugados coroam o pessimismo do setor.
Conteúdo das respostas à categoria 3: Crescimento
Por oposição:
“Desinteresse geral (público e privado), desorganização, incompetência, imediatismo, falta
de planejamento”. Falta de interesse dos governantes e empresários que não aceitam as
mudanças”. “Não ter progresso”. “Omitir estagnação, mentalidade atrasada, permanente
acomodação”. “Acomodação”. “Deixar de fazer a atividade”. “Descaso, desconhecimento”.
“Parar o desenvolvimento do Trade”.
Porque é importante?
“Porque é do turismo que em nosso entendimento depende o futuro de João Pessoa, da
Paraíba e do Nordeste como um todo”. “Melhor cultura, mais empregos, maior
115
investimentos, aceitar as mudanças”. “Melhorar para toda a sociedade”. “Para a valorização
do Estado, gerando emprego e renda”. “No turismo a cidade cresce e promove melhorias
para as pessoas”. “Dá oportunidade de emprego para melhorar a renda”. “Para melhorar o
desenvolvimento do Trade”.
Porque é necessário?
“Por que outros Estados estão fazendo e nós estamos ficando para traz”. “Melhorar renda,
aumentar os investimentos e investidores”. “Melhorar a qualidade de vida das pessoas
envolvidas”. “Senão seremos obsoletos e retardamos nosso pregresso”. “É necessário para a
cidade não morrer”.
A categoria 3 apresenta que necessidade e importância, para o grupo, nitidamente apontam
para impactos econômicos e cio-ambientais. De alguma forma, mesmo que timidamente, isso
resvala também no aspecto da valorização da imagem do Estado.
O pólo oposto denota-se claramente no que faz oposição para o deslanchar da atividade,
como sendo: o imediatismo que não permite ações planejadas; o desconhecimento que leva ao
desinteresse, e conseqüentemente a desorganização, que pode culminar com a estagnação.
Conteúdo das respostas para a categoria 4: União
Por oposição
“Fofocas, interesses pessoais acima de tudo, vaidades pessoais”. “Diferentes interesses sem
os mesmos objetivos”. “Briga”. “Desunidos, atitudes individuais”. “Somente a preocupação
116
com seu próprio negócio”. “Serem individualistas, pensar diferente”. “Atitudes
individualistas”.
Porque é importante?
“Dificilmente os objetivos do Convention serão atingidos se não conseguirmos a somatória
de todas as forças”. “Criar órgão ou associação onde grupos oficiais possam investir no
crescimento do Estado, cobrando dos responsáveis retorno no investimento”. “Unidos
crescemos, pois fica mais fácil ai enfrentar as dificuldades”. “O ganho é maior”.
Porque é necessário?
“Porque caso contrário o Convention não saíra de onde está”. “Ter mais forças e idéias”.
“Fator principal em qualquer organização”. “Para crescimento mútuo, ou seja, tanto das
pessoas quanto da cidade”. “Crescimento mais rápido”.
Na Categoria 4, necessidade e importância para o grupo assumem uma posição de relevo,
pois nitidamente apontam para impactos, que a união no setor poderia potencializar os ganhos, o
fortalecimento do grupo e fundamentalmente a aceleração do crescimento. Entretanto, no lo
oposto, nota-se claramente que o que faz oposição para o deslanchar da sinergia do grupo são as
exacerbadas posturas pessoais e os conflitos de interesses.
Conteúdo das respostas para a categoria 5: Futuro
117
Por oposição
“Viver o presente sem pensar/ planejar o futuro (ações reativas)”. Falta de investimentos
monetário e cultural”. “Acomodar-se”. “Imediatismo”. “Deixando de pensar no futuro, ou
seja, não produzindo nada hoje não haverá o futuro”.
Porque é importante?
“É do futuro que dependem as futuras gerações e temos a obrigação de construí-lo a cada
dia no presente”. “Um mundo melhor para a sociedade”. “Com projeções, com
planejamento é que de fato teremos negócios futuros sólidos e preparados para mudanças”.
“Pois beneficia toda uma população, ascende o mercado de trabalho, urbanização, melhora
a qualidade de vida”.
Porque é necessário?
“Por que todos nós precisamos ter um futuro para nossos filhos e semelhantes”. “Para nossa
gente não sair do Estado buscando novos horizontes; para não andarmos na “contra-mão”
do progresso”. “Uma João Pessoa melhor”. “Trazer o desenvolvimento organizado”.
A Categoria 5 apresenta a existência uma postura que tenta (ao menos no discurso)
preservar o meio ambiente, pois necessidade e importância para o grupo assumem uma vez mais
a posição de relevo, e nitidamente apontam para preocupações com as futuras gerações, com a
construção de uma cidade melhor, e com o aparecimento de oportunidades de um futuro melhor
na localidade, o que pode sinalizar postos dignos de trabalho, além de possibilidade de
diversificação dos investimentos na região. Entretanto, os pesquisados não realçam o futuro da
118
entidade JPC&VB, o que reforça a necessidade da criação de uma cultura, uma linguagem que
permita criar o seu lastro.
Entretanto, no pólo oposto, denota-se claramente que o que faz oposição ao futuro da
atividade é o comodismo, e a cultura do imediatismo associado à descrença no futuro da
atividade, que leva ao não-investimento. Conseqüentemente, gira a roda da economia no sentido
indesejado, pelo já consagrado jargão de economia: o efeito “manada”.
Percebe-se, no conjunto de respostas, o salto qualitativo entre o primeiro e o segundo
questionário, pois eles próprios apontam ações no sentido de mitigar o processo instalado,
elencando: a melhoria do receptivo, a qualificação, a valorização da cultura e do patrimônio local,
a diferenciação, a elevação da auto-estima e fundamentalmente o cumprimento de metas
estabelecidas.
Navegar pela economia do conhecimento implica necessariamente no enfrentamento de
ambientes difusos e permanentemente mutáveis, que vêm provocando arrasadoras alterações nos
modelos gerenciais vigentes, pois, segundo Morgan (1996), administradores eficazes e
profissionais de todos os tipos e estágios, não importa se executivos, administradores públicos,
consultores organizacionais, políticos ou sindicalistas, precisam desenvolver as suas habilidades
na arte de “ler” as situações que estão tentando organizar ou administrar.
119
CAPÍTULO 5
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este capítulo apresenta as considerações acerca da utilização de técnicas oriundas da
Psicologia Social, que percebe-se, a partir da pesquisa aqui desenvolvida, contribuem para
facilitar a construção de uma linguagem comum (uma cultura comum) com vistas a consecução
do Planejamento Estratégico numa organização, também abordando aspectos quanto à
generalização dos resultados, e a tulo de sugestão apresenta uma proposta ainda embrionária de
modelo para o planejamento estratégico para o JPC&VB.
5.1 Considerações sobre a utilização de técnicas da Psicologia Social
O objetivo principal deste trabalho foi verificar como a utilização de técnicas oriundas da
Psicologia Social, contribui para facilitar a comunicação entre empresários com vistas à
construção dos fundamentos do Planejamento Estratégico na organização.
Assumiu-se, como premissas fundamentais, que os limites da percepção de um sistema vivo
delimitam sua compreensão do mundo, e que as representações que uma organização faz do
mundo circundante não constituem uma reprodução exata do mesmo, mas uma expressão da
capacidade e limites humanos de estruturação do concreto e das vivências dos que dela
120
participam na sua deriva ontogenética. Percebe-se que é possível construir um planejamento
estratégico sobre uma determinada cultura.
Para a Psicologia Social, a realidade é construída por cada ser humano, através dos seus
mecanismos de percepção, que passam pela sensação ou captação dos estímulos, e pela
organização, interpretação e retenção dos mesmos. Os objetos são vistos pelo homem através de
uma auto-referencialidade e, não como eles são, pois, segundo Maturana e Varela (1997), os
organismos vivos podem perceber o mundo e adaptar-se às mutantes condições do seu meio
ambiente de acordo com os limites de sua própria estrutura sistêmica.
Na tentativa de interpretar o mundo que o rodeia, para nele sobreviver e dele retirar prazer,
o ser humano evita a dúvida, a ambigüidade, a incerteza e o desconforto, completando a
informação que possui (enviesada pelas limitações perceptivas) com a produção de teorias não-
fundamentadas, que se transformam em quase-certezas. Ou seja, o mundo, tal como o
conhecemos, e cada qual o seu próprio mundo.
“A heterogeneidade de um grupo tende a ser vista pelos estudiosos em Psicologia Social como uma
riqueza potencial, pois permite o confronto de idéias e de competências diferentes. Fato que parece
contrariar afirmações muito difundidas na área de seleção de Recursos Humanos, como a escolha ‘do
homem certo para o lugar certo’. Esse slogan sugere a busca da homogeneidade e, antes disso a evitação
de conflitos e de questionamentos em relação à organização prescrita. Ao adotá-lo, a empresa expressa
sua intenção de perpetuar o instituído, dificultando a criatividade e à mudança”. (...) “Como resolver a
contradição levantada quanto aos efeitos da heterogeneidade num grupo de trabalho? Os experimentos de
Hall e Watson (citados por Moscovici, 1990) evidenciaram que a heterogeneidade do grupo favorece a
criatividade, desde que os conflitos sócio-afetivos sejam considerados e regulados pela organização”
(PEÇANHA e MENEZES, 1998)
A partir dessa constatação, observa-se a existência de um novo lastro para reflexões sobre a
prática de cada individuo como ação transformadora da organização, que pode levá-lo a
participar conscientemente na elaboração do planejamento estratégico, e que, por sua vez,
envolve a definição coletiva de princípios, objetivos e metas, responsabilidades, monitoramento e
121
controle. Faz-se isso enfatizando a comunicação, as relações interpessoais e fundamentalmente a
participação democrática da organização.
Buscou-se evidenciar que a gestão participativa no processo de elaboração do Planejamento
Estratégico se a partir de um processo de auto-reconhecimento que resulta num produto não
apenas mais substancioso, mas, sobretudo, pelo fato de enriquecer os indivíduos participantes,
numa espécie de círculo virtuoso de melhoria recíproca. Isso por que o planejamento é
determinado pelas representações que os membros da organização fazem do ambiente
circundante e do modo como interagem com o mesmo.
5.2 Resultado dos Objetivos Específicos
O primeiro objetivo específico era identificar os principais elementos presentes nas
representações mentais acerca do objeto estudado, presente nos membros do grupo. Utilizando a
Análise de Conteúdo, percebeu-se que a cultura, para os pesquisados, atua como um lastro que
sedimentará as relações entre os envolvidos, permitindo uma sinergia que potencialize o trabalho
com vistas à construção de atitudes para com o futuro, e permitindo o crescimento da atividade.
No entanto, para o deslanchar da atividade, será necessário o enfrentamento de temas por
eles descortinados, como sendo: o imediatismo que não permite ações planejadas; as exacerbadas
posturas pessoais, os conflitos de interesses que impedem a sinergia do grupo; a ausência de foco;
o isolamento dos empresários e o conformismo promovem a não qualificação do setor; a
persistência de uma postura não-ética por parte dos próprios; o desinteresse efetivo dos
governantes para com a atividade, posto que, via de regra, nomeiam para a pasta (quando existe)
122
um agente político”, que nada entende do setor. Todos esses fatores conjugados coroavam o
pessimismo dos membros do JPC&VB no momento da pesquisa.
Esquematicamente, se representa o “pensamento grupal” conforme a Figura 5.1 a seguir:
Figura 5.1: Pensamento grupal dos pesquisados (O Futuro do JPC&VB na percepção do JPC&VB)
Fonte: Elaborado pelo autor
Nesse instante radiografado da organização, percebe-se a cultura como um lastro que
sedimentará as relações entre os envolvidos e que permitirá uma sinergia que potencialize o
trabalho com vistas à construção de atitudes para com o futuro, permitindo o crescimento da
atividade.
O segundo objetivo específico foi atingido utilizando a ancoragem e objetivação a partir da
identificação do pólo oposto e a hierarquização (oriunda da elaboração de mapas cognitivos
MCDA). A metodologia empregada previa uma troca de idéias oralizada antes dos pesquisados
responderem o primeiro questionário. Após o resultado do questionário a socialização dos
ATITUDES PARA COM O FUTURO
UNIÃO
ATIDIDADES
OPERACIONAIS
CULTURA
CRESCIMENTO
123
resultados momentos antes de uma nova troca de idéias oralizada para finalmente a aplicação do
2º questionário.
O terceiro objetivo específico foi atingido conforme o documento em anexo, que considera
satisfatório o resultado da pesquisa e que efetivamente espelha a realidade do momento em que se
encontrava a organização. Nesse sentido, o trabalho foi útil, segundo os pesquisados, porque
permitiu avançar na gestão do conhecimento do JPC&VB.
O quarto objetivo específico era levantar a percepção do grupo quanto ao futuro do
JPC&VB. Percebeu-se que o construto do grupo apontava para uma razoável divergência no
tocante ao futuro do setor, mesmo levando-se em consideração a “unanimidade” sugerida, de que
a atividade é promissora.
No entanto, o grupo não enxerga o ato de pensar o futuro de forma estratégica. Os
pesquisados apresentam, em sua grande maioria, um comportamento reativo, pois desejar um
futuro melhor, apenas perceber o futuro como oportunidade, se preocupar com as dificuldades
que o futuro reserva, como inovação (...), permite a ilação de que é pouco provável uma mudança
positiva significativa em um curto espaço de tempo.
Verifica-se, ainda, a existência uma postura que tenta (ao menos no discurso) preservar o
meio ambiente, pois o grupo nitidamente aponta para preocupações com as futuras gerações, com
a construção de uma cidade melhor, com o aparecimento de oportunidades de um futuro melhor
na localidade, o que pode sinalizar postos dignos de trabalho, além da possibilidade de
diversificação dos investimentos na região.
124
5.3 Modelo Sugerido para a Elaboração do Planejamento Estratégico do JPC&VB
Este modelo é apresentado a tulo de sugestão, pois em função do desdobramento deste
trabalho, surgiu uma idéia ainda embrionária de um possível modelo mais adequado de
planejamento estratégico para o JPC&VB. Portanto, não se pretendeu aqui criar um modelo, mas
apenas compatibilizar os conceitos oriundos da Psicologia Social e adequá-los ao escopo da
Engenharia de Produção, para que fossem úteis no desvelamento da complexidade inerente ao
ambiente organizacional.
Nesse sentido, talvez, se possa contribuir para mitigar erros no planejamento estratégico,
pois a organização se depara com um grande problema: a necessidade de elaborar um
planejamento estratégico, formulado por indivíduos que, apesar de trabalharem em atividades
afins, sempre se viram como competidores. Uma forma de construir uma linguagem comum, uma
cultura comum, que lhes permitisse construir, em conjunto, uma proposta que atendesse ao
interesse de todos, um planejamento estratégico das suas ações. Isso é demonstrado a seguir pela
Figura 5.2.
125
Figura 5.2: Modelo sugerido para a elaboração do planejamento estratégico do JPC&VB
Não
Sim
Não
Não Sim
Sim
Capacidade
instalada?
Desenvolvimento
das idéias geradas
Atividades Preparatórias
Convocação do
Quadro Social
Nivelamento
Conceitual
Contextualização
da Situação Atual
Hierarquização
de Priorização
Brainstorming
para geração de
alternativas
Avaliação das
alternativas
geradas
Monitoramento e
Controle
Evento para
acreditação do
Planejamento
Estratégico pelo
Quadro Social
Consolidação do
documento
Estabelecimento de
responsabilidades,
prazos e metas
Avaliação
Positiva
Especialistas
Avaliação das
alternativas
geradas
Avaliação
Positiva
126
A figura 5.2 apresenta o modelo sugerido para a elaboração do planejamento estratégico
do JPC&VB. O lócus, onde estão atuando fortemente as técnicas oriundas da Psicologia Social,
encontra-se na área nomeada Atividades Preparatórias. Tem-se como ponto de partida:
1. Convocação do quadro social da organizaçãopois se deseja um planejamento
participativo;
2. Nivelamento conceitual o quadro social da organização deverá trabalhar na
construção de uma linguagem comum que permita o entendimento pleno do(s)
objeto(s) em questão;
3. Contextualização da situação atual onde é exercida toda uma práxis negocial
entre os participantes da organização com a finalidade clara de definir os efetivos
problemas que a organização atravessa;
4. Hierarquização de Prioridades – através de votação aberta, o quadro social
hierarquiza suas prioridades;
5. Brainstorming sugere-se essa técnica para a geração de alternativas com vista à
resolução dos problemas hierarquizados pelo grupo, por ser de fácil aplicação;
6. Avaliação das alternativas geradas como aconteceu em momento anterior um
nivelamento conceitual e a contextualização da situação presente, o grupo tem
agora, condições mínimas de avaliar as alternativas geradas:
a. Se negativa – retorna a hierarquização de prioridades;
b. Se positiva – segue para o desenvolvimento das idéias geradas;
7. Desenvolvimento das idéias geradas é um ponto para avaliação inclusive da
maturidade do grupo, pois a possibilidade de erro é muito grande se a decisão
tomada aqui for equivocada:
127
a. Se negativa parte-se para a contratação de especialista(s)
i. Avaliação das alternativas geradas pelo(s) especialista(s) o
quadro social tem condições de avaliar o resultado do trabalho
do(s) especialista(s)
ii. Se negativa – o trabalho retorna ao(s) contratado(s)
iii. Se positiva segue para o estabelecimento de responsabilidades,
prazos e metas;
b. Se positiva segue-se para o estabelecimento de responsabilidades, prazos
e metas;
8. Estabelecimento de responsabilidades, prazos e metas dar-se aqui uma
consolidação de tarefas, em outras palavras: o que, quem, como, quando e quanto;
9. Consolidação do documentomomento de pequenos ajustes (a sintonia fina) do
documento, buscando nesse momento possíveis pequenas falhas não detectadas
nos momentos anteriores;
10. Evento para acreditação do documentodeve-se envolver todo o quadro social
com vistas a pactuar as responsabilidades assumidas durante a consecução do
documento;
11. Monitoramento e controle todo planejamento reflete um dado momento e este
segundo Wack(1998) deixou de ser estático, requer por parte do quadro social
constante vigilância para as devidas correções quando necessárias for.
128
A Teoria das Representações Sociais e a Psicologia Social mostram que a mera existência
de um grupo regular tem impacto na criação de uma determinada visão ou perspectiva sobre
determinado assunto. Entretanto, sem encontros regulares nem propostas continuadas de temas
para reflexão, fica difícil criar uma cultura comum. Acredita-se que, para se atingir a meta de
desenvolvê-la, seria necessária uma articulação de pessoas e organizações, o aprimoramento
profissional e a gestão do conhecimento. O aprimoramento profissional deveria estimular
discussões e reflexões porque fomentam o estabelecimento de um campo de estudos estratégicos
que possam auxiliar na formação continuada de massa crítica para o setor.
A Análise de Conteúdo permitiu identificar os principais conceitos relativos aos objetos de
interesse da pesquisa, os quais, por sua vez, geraram um processo de homogeneização coletiva
das contribuições advindas dos participantes sobre o objeto pesquisado. Partindo de 308
construtos diferentes, chegou-se à construção de 5 (cinco) categorias de significados bem
definidos, o que permite concluir que o método utilizado possibilitou um crescimento no nível
geral do conhecimento dos envolvidos acerca do tema.
Foi perceptível o salto qualitativo dado pelos entrevistados entre o primeiro e o segundo
questionário, pois eles próprios construíram sinalizações no sentido de mitigar o processo
instalado. Esse processo coletivo de construção de um saber coletivo permitiu ao grupo a astúcia,
no sentido da necessidade de se prepararem para o enfrentamento de ambientes difusos e
permanentemente mutáveis.
Para os sistemas autoproduzidos, a identidade é conseqüência da evolução natural da sua
estrutura, como se fosse um ser vivo (ontogenia). Isto significa que a estratégia não é uma
escolha livre e independente do meio. Na verdade, ela é fruto da identidade que surge como
resultante da evolução estrutural da organização nas suas interações com o meio.
129
Como agravante, tem-se que a identidade de uma organização que não decorra de sua
evolução estrutural expõe o sistema ao risco extremo o qual, se mantido, pode acabar destruindo
a organização.
O papel do capital humano não é apenas o de traçar uma estratégia para a organização, mas
sim o de interpretar e articular a nova coerência que está surgindo na interação da organização
com o meio para tentar moldar e ser moldado por essa nova ordem. A estratégia está em
permanente construção. Efetivamente, o padrão do sistema deve ser entendido como um todo,
além de possuir uma gica própria. Daí a importância de se desenvolver um sistema próprio de
gestão que respeite suas características locais, e se perceba que o sistema vivo não pode ser
entendido como uma rede de partes separadas, tal qual uma máquina.
Para a organização, a construção de um planejamento estratégico é fruto de uma intensa
negociação e troca de conhecimento, e informações. Sobretudo, se de fato for elaborado a partir
de um linguajar homogêneo dos seus membros, poderá permitir saltos qualitativos saindo da
ciranda da eficiência operacional para a seara da estratégia propriamente dita.
Como bem coloca Lima (2001), é necessário reconhecer que, por melhor que seja o
planejamento feito, porque o mundo que se enxerga é o que podemos ver e imaginar, isto não
significa que não existam elementos não percebidos, e que, embora se deseje reduzir as
possibilidades de ocorrência de eventos adversos, o futuro a Deus pertence!
130
5.4 Quanto à Generalização dos Resultados e Trabalhos Futuros
O que se buscou com esse estudo foi: gerir um processo de desenvolvimento de uma
linguagem comum aos membros do JPC&VB para a elaboração do seu planejamento estratégico
que, partindo de um senso comum mais amplo, através de aplicação de instrumentos apreendidos
da psicologia social, permitissem criar os elementos do arcabouço, a base da cultura do capital
humano. Desta forma, e em se tratando de um estudo de caso, é importante salientar que os
resultados deste estudo não permitem sua generalização sem as devidas adequações a casos
particulares outros.
No tocante a trabalhos futuros, se pretende testar o modelo sugerido e verificar como, a
partir deste, se pode contribuir para mitigar erros no planejamento estratégico.
131
REFERÊNCIAS
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2. BARDIN, L. Análise de Conteúdo.Lisboa: Edições 70, 1979.
3. BARROS, Aidil J. P. e LEHFELD, Neide A. S. Projeto de Pesquisa: proposta
metodológica. Petrópolis: Vozes, 1996.
4. BECHARA, Marco. Planejamento Estratégico: Visão de Sucesso nos Negócios
S/D
5. BECKER, Gary. Humam Capital. Chicago: University of Chicago Press, 1993
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133
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(http://www.ulbra.br/psicologia/psi-dicas-art.htm) acessado em 12 de julho de
2004.
APÊNDICE
ANEXOS
1
O que se procura neste questionário é conseguir informações do que as
pessoas que compõem o Convention & Visitors Bureau pensam sobre o futuro da atividade
turística da Grande João Pessoa.
É desnecessária a identificação pessoal, porém a identificação facilitaria o
esclarecimento posterior acerca do significado que qualquer resposta mal interpretada.
Todas as informações aqui solicitadas são importantes. As respostas são sigilosas e
ninguém além do pesquisador terá acesso aos questionários individuais.
1. Pedimos que escreva 10 palavras que lhe ocorrem ao pensar no futuro do João
Pessoa Convention & Visitors Bureau.
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2. Faça uma frase que explique o que é, no seu entendimento, planejamento.
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3. O que deve ser levado em conta ao se planejar a atividade turismo?
___________________________________________________________________
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4. O Senhor(a) participa do planejamento do JP C&VB? Se sim, como participa? Se
não, porquê?
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5. O Senhor(a) sabe o que o JP C&VB pretende para o futuro? Se sim, o que ele
pretende?
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2
6. Diga em 10 palavras o que significa turismo para o Senhor(a)?
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7. Sobre a sua pessoa:
7.1. Nome (caso queira se identificar) : ______________________________________
___________________________________________________________________
7.2. Gênero: ( ) masculino ( ) feminino;
7.3. Idade: ( ) menos de 20 anos; ( ) de 20 a 24 anos; ( ) de 25 a 29 anos;
( ) de 30 a 34 anos; ( ) de 35 a 40 anos; ( ) mais de 40 anos.
7.4. O que o Senhor (a) faz? (setor e há quanto tempo)
___________________________________________________________________
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7.5. Escolaridade: ( ) até 4 anos de estudo; ( ) até 8 anos de estudo; ( ) grau
incompleto; ( ) 2º grau completo; ( ) superior incompleto; ( ) superior completo;
( ) pós-graduado.
8. O espaço abaixo é reservado para a colocação de qualquer comentário que julgue
conveniente ser feito.
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______________________________________________________________________
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______________________________________________________________________
Agradecemos a sua colaboração e confiança e colocamo-nos à disposição para quaisquer
esclarecimentos.
Alberto dos Santos Cabral
Programa de Pós-graduação em Engenharia de Produção
Departamento de Engenharia de Produção
Centro de Tecnologia
Universidade Federal da Paraíba
1
Como os senhores se lembram no dia 30 de Agosto de 2004 foi aplicado um
questionário junto aos participantes da pesquisa contendo a abordagem inicial
sobre o pensar no futuro do JP C&VB.
Vamos lembrar como começou:
O que se procura neste questionário é conseguir informações do que as pessoas
que compõem o JP C&VB pensam sobre o futuro da atividade turística da grande
João Pessoa.
1. Pedimos que escreva 10 palavras que lhe ocorrem ao pensar no futuro do
João Pessoa Convention & Visitors Bureau.
Outros questionamentos foram elaborados para identificar a atual participação de
todos na reflexão sobre o futuro da organização e para dar identidade ao grupo
como um todo, mas não a cada participante individualmente.
Estamos muito agradecidos com a participação e o nível de desprendimento de
todos, pois como empreendedores estão investindo uma parcela de tempo
precioso. Contudo, para que o objetivo seja alcançado será necessária mais uma
vez a colaboração de todos.
O Resultado do 1º Questionário
A pesquisa contou com um conjunto representativo do Trade Turístico de João
Pessoa e levou em conta a livre opinião emitida por todos os envolvidos no
projeto. As palavras citadas foram agrupadas em categorias de acordo com a
afinidade conceitual existente entre elas, dando origem 12 categorias.
As categorias são utilizadas para agrupar as palavras que m significados
semelhantes e que representam quase o mesmo sentido em relação ao objeto
solicitado segundo o critério do avaliador.
Para que não haja dúvidas e cada um possa identificar as palavras que usou no
contexto geral, as categorias são apresentadas em ordem decrescente de
importância, com o numero total de referências feitas na categoria, o seu
subconjunto de palavras, cada qual com o respectivo número de citações, logo a
seguir, entre parênteses.
Classificação das Palavras em Categorias Conceituais:
1) Crescimento (16)
Crescimento (05); Desenvolvimento (04); Crescimento do Turismo (01);
Crescimento da Cidade (01); Potência (01); Desenvolvimento Turístico (01);
Expansão Turística (01); Progresso (01); Alavancar o Turismo (01).
2
2) União (13)
União (02); Conjunto (01); Reunião (01); Parceria (01); Parcerias (01); Força
Conjunta (01); Associativismo (01); Prestativo (01); Troca (01); Contribuição
(01); Organização (01); Amadurecimento (01).
3) Futuro (13)
Planejamento (01); Futuro Melhor (01); Oportunidade (01); Desafios (01);
Inovação (01); Dificuldades (01); Investimento (01); Superação (01); Visão
(01); Empreendedor (01); Empreendedorismo (01); Avaliação (01);
Levantamento das necessidades urgentes do turismo na Paraíba (01).
4) Captação (10)
Eventos (02); Negócios (02); Captação de Turismo (01); Captação (01);
Captação de Negócios (01); Trazer Eventos (01); Turismo (01); Viagem (01).
5) Educação (09)
Educação (01); Capacitação (01); Profissionalização (01); Conhecimento
(01); Treinamento (01); Reciclagem (01); Técnica (01); Mão-de-Obra
Qualificada (01); Qualidade (01).
6) Divulgação (07)
Divulgação do Destino (01); Divulgação (01); Divulgação da Cidade (01);
Divulgação de nossa Gastronomia (01); Comunicação (01); Idéias (01);
Marketing (01).
7) Renda (07)
Renda (02); Geração de Renda (01); Novas fontes de renda (01); Lucro certo
(01); Dinheiro (01); Riqueza (01).
8) Infra-estrutura (04)
Infra-estrutura (01); Hotéis (01); Entretenimento (01); Preparação e
sinalização da cidade para receber o turista (01)
9) Qualidade de Vida (04)
Qualidade de vida (01); Tranqüilidade (01); Natureza (01); Beleza (01).
10) Emprego (04)
Emprego (03); Trabalho (01).
11) Cultura (02)
Cultura (01); Valorização de nosso povo e de nossa gente (01).
12) Difuso (04)
Ética (01); Lealdade (01); Profissional (01); Capacidade (01).
3
O significado das Categorias
As categorias o identificadas pela palavra do subconjunto que mais vezes foi
citada. Assim, sempre lembrando a associação pedida com o pensar sobre o
futuro do JP C&VB, temos:
1) Crescimento: significa o simples crescimento da atividade, sem
relacioná-la a uma posição de destaque.
2) União: significa trabalho em equipe, com a colaboração entre as
pessoas para alcançar os objetivos comuns.
3) Futuro: denota a preocupação com a ação ordenada, planejada, para
o enfrentamento do futuro.
4) Captação: denota a atividade fim da organização.
5) Educação: demonstra o reconhecimento da necessidade de
constante aperfeiçoamento do pessoal.
6) Divulgação: diz respeito a toda ação para divulgar o destino.
7) Renda: Demonstra o poder de geração de renda.
8) Infra-estrutura: significa a necessidade de preparar a cidade.
9) Qualidade de vida: significa o padrão de qualidade que a cidade
possui e oferece.
10) Emprego: expõe a capacidade de geração de empregos.
11) Cultura: advoga a valorização da cultura local.
12) Difuso: conjunto no qual o agrupamento conceitual ficaria
comprometido.
Inicialmente pedimos a cada um dos senhores e senhoras que procurem
identificar claramente o significado de cada categoria acima listada.
Observando o conjunto de palavras que deu origem a cada categoria e
reconhecendo suas próprias palavras em cada conjunto.
4
Questionário 2
Quais são as idéias ou palavras que lhe vem à cabeça em oposição a:
1) Fazer crescer a atividade
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
2) Serem unidos
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
3) Construir o futuro
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
4) Captar eventos
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
5) Melhorar a educação
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
6) Trabalhar a divulgação
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
7) Melhorar a geração de renda
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
8) Melhorar a infra-estrutura
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
9) Melhorar a qualidade de vida
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
10) Melhorar a geração de emprego
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
5
11) Valorizar a cultura
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
12) Ética
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
13) Lealdade
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
14) Capacidade
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
15) Profissionalismo
____________________________________________________________
____________________________________________________________
____________________________________________________________
Responda com quantas idéias ou palavras quiser porque é importante:
1) Fazer crescer a atividade
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________
2) Serem unidos
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________
3) Construir o futuro
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________
4) Captar eventos
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________
5) Melhorar a educação
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________
6
6) Trabalhar a divulgação
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________
7) Melhorar a geração de renda
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________
8) Melhorar a infra-estrutura
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________
9) Melhorar a qualidade de vida
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________
10) Melhorar a geração de emprego
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________
11) Valorizar a cultura
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________
12) Ética
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________
_____________________________________________________________
13) Lealdade
_____________________________________________________________
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14) Capacidade
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15) Profissionalismo
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7
Responda com quantas idéias ou palavras quiser porque é necessário:
1) Fazer crescer a atividade
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2) Serem unidos
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3) Construir o futuro
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4) Captar eventos
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5) Melhorar a educação
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6) Trabalhar a divulgação
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7) Melhorar a geração de renda
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8) Melhorar a infra-estrutura
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9) Melhorar a qualidade de vida
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10) Melhorar a geração de emprego
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11) Valorizar a cultura
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12) Ética
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13) Lealdade
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14) Capacidade
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15) Profissionalismo
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Se desejar fazer qualquer comentário, pode utilizar o espaço abaixo.
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Agradecemos a sua colaboração e confiança e colocamo-nos a disposição
para quaisquer esclarecimentos.
Alberto dos Santos Cabral [email protected] 9924.8458
Programa de Pós-graduação em Engenharia de Produção
Departamento de Engenharia de Produção
Centro de Tecnologia
Universidade Federal da Paraíba
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