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pungente em diminuir cada vez mais a distância entre o planejamento e a execução das atividades
planejadas.
Esta lógica coloca em cheque as concepções tradicionais do planejamento. Alguns chegam
a afirmar que o planejamento na atualidade é uma miríade. Entretanto, se percebe que, em lugar
de perder importância, o ato de planejar se tornou essencial. O que muda é a sua natureza, a
forma de praticá-lo, com procedimentos estratégicos onde, de maneira particular, se utiliza a
direcionalidade do processo com tantos ajustes quanto necessários para o alcance de sua meta.
Isto pode ser percebido pela figura abaixo:
Planejamento Tradicional Planejamento Estratégico
• Basicamente é um problema técnico
• Centrado na lógica da formulação
• Os planos, programas e projetos expressam o
desejável
• Enfatiza o tecnocrático, fazendo do planejamento
uma tecnologia que orienta as formas de
intervenção social
• Dá muita importância ao papel dos técnicos
• O centro do planejamento é um desenho e se
expressa em aspectos específicos da realidade
social
• A definição de objetivos resulta do diagnóstico
• Importância nas decisões do sujeito planejador
que está fora da realidade, considerada como
objeto do planejamento
• Não leva em conta, de maneira significativa, os
oponentes, os obstáculos e dificuldades que
condicionam a factibilidade do planejamento
• O ponto de partida é um modelo analítico que
explica a situação problema, expressa num
diagnóstico
• O ponto de chegada é um modelo normativo, que
expressa o desenho do ´deve ser´.
• A dimensão tradicional se expressa num ´deve
ser´, da qual deriva um esquema rigoroso,
formalizado e articulado de atuação
• Parte-se do pressuposto:
• De que o sistema social pode ser objeto de
orientação por parte do planejador
• O sujeito que planifica está sobre e fora da
realidade planificada
• O sujeito que planeja tem monopólio do plano
• Basicamente é um problema entre pessoas
• Centrado na lógica da realização
• Os planos, programas e projetos expressam a
possibilidade
• Destaca a importância da política e da intervenção
dos diferentes atores sociais
• Importância de integrar o aporte metodológico dos
diferentes profissionais com as expectativas,
interesses e necessidades, e problemas das pessoas
envolvidas.
• O centro do planejamento é a dinâmica da
condução e não se cristaliza em um plano, levando
em conta permanentemente as questões da
conjuntura política, econômica e social
• A definição do objeto resulta do consenso social
entre os diferentes atores sociais implicados no
processo
• Importa a confluência das decisões dos diferentes
atores sociais que, de uma ou outra forma, está
interessada e implicada; o sujeito planejador está
dentro da realidade e coexiste com outros atores
sociais
• Procura conciliar o conflito e o consenso como os
fatores atuantes dos processos sociais e que
condicionam a realização do planejamento
• O ponto de partida é a situação inicial que explica a
situação-problema, expressa num diagnóstico
• O ponto de chegada é a situação-objetivo que
expressa a realização do tempo e da imagem-
objetivo, que configura o horizonte utópico
• A situação-objetivo se articula com um plano
estratégico do ´pode ser´ e um plano operacional