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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM TECNOLOGIA AMBIENTAL
MESTRADO PROFISSIONAL EM TECNOLOGIA AMBIENTAL
CONTRIBUIÇÃO PARA A DESTINAÇÃO FINAL
DOS RESÍDUOS DE COCO:
GERAÇÃO DE ENERGIA À BASE DA CASCA
Dissertação de Mestrado
JOÃO CARLOS MONTENEGRO COUTINHO JR.
RECIFE
2007
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PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM TECNOLOGIA AMBIENTAL
MESTRADO PROFISSIONAL EM TECNOLOGIA AMBIENTAL
JOÃO CARLOS MONTENEGRO COUTINHO JR.
CONTRIBUIÇÃO PARA A DESTINAÇÃO FINAL DOS RESÍDUOS DE COCO:
GERAÇÃO DE ENERGIA À BASE DA CASCA
Dissertação apresentada ao Mestrado
Profissional em Tecnologia Ambiental
para obtenção do título de MESTRE
em Tecnologia Ambiental.
Orientadora: Profª. Dra. Niédja Maria
Galvão Araújo Oliveira
RECIFE
2007
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Dedico este trabalho a todos os
amigos e amigas que tanto
contribuem e me encorajam a
seguir em frente, aos que
continuam em minha vida e aos
que por ela passaram.
AGRADECIMENTOS
a Deus, por mais uma etapa cumprida do meu projeto existencial;
aos meus pais, João e Marlene, pelo apoio permanente nas horas de
desânimo;
à Profa. Dra. Niédja de Oliveira, pela paciência e pelo privilégio de tê-la como
orientadora ;
ao Prof. Dr. Manfred Schwartz, pela amizade e pelo comprometimento
tecnológico;
às minhas queridas irmãs, Adriana e Andrea, pela verdadeira amizade que
nos une e traz orgulho à minha vida;
ao Secretário de Obras Públicas, Roberto Duarte Gusmão, pela oportunidade
e pelo apoio;
ao IQ - Instituto de Qualificação, principalmente a sua gerente executiva,
Micheline Siqueira, pela dedicação e companheirismo;
à Priscila Lima, que tanto me orientou e me ajudou nas horas que mais
precisei, uma grande amiga;
aos amigos companheiros da Associação dos Engenheiros Agrônomos de
Pernambuco;
ao Instituto de Tecnologia – ITEP;
aos colegas e amigos da turma do Mestrado, pelo convívio.;
à Secretaria do Mestrado, pela dedicação e eficiência;
àqueles que, de forma direta ou indiretamente, colaboraram na execução
desta dissertação;
a todos, o meu muito obrigado.
RESUMO
Assuntos problemáticos de lixo, principalmente de lixo municipal e sua destinação
final, têm uma capacidade limitada. Diante do crescimento do Brasil, também a
geração do lixo, per capita, deve aumentar, existe a necessidade de reduzir o
volume depositados nos aterros, deve se agregar valor aos resíduos e/ou gerar
energia com eles. Diversos instrumentos de geração de energia são discutidos neste
estudo, uma delas, a gaseificação, permite uma boa eficiência energética e como
compravam exemplos da prática, esse instrumento é de bom desempenho. Pode-se
criar um clima que, em várias indústrias, possa se implementar a gaseificação com o
objetivo de gerar energia elétrica. O estudo verifica a possibilidade de uso energético
do coco (Cocos nucifera L.), logo que é retirada sua água, que tem sabor adocicado
e apresenta características isotônicas, em relação ao ser humano, é disposto no lixo
sendo sua biomassa desprezada, além de ser volumoso, é de decomposição muito
lenta no meio ambiente. A biomassa é um tipo de matéria utilizada na produção de
energia a partir de processos como a combustão de material orgânico. Suas
vantagens são o baixo custo, é renovável, permite o reaproveitamento de resíduos,
sendo menos poluente que outras formas de energia, como aquela obtida a partir da
utilização de combustíveis fósseis como petróleo e carvão mineral. Foram realizadas
análises químicas do coco, verificou-se que este tem alto potencial para produção de
energia, sem degradar o meio ambiente. A gaseificação da biomassa apresenta
como uma alternativa sustentável, para geração de energia, com baixa emissão de
poluentes e permitindo, no ciclo global de crescimento e consumo (queima) dos
vegetais, um equilíbrio entre consumo e produção de gás carbônico. Também esse
estudo contribui para o aumento da vida útil dos aterros sanitários, já que toneladas
desse lixo deixarão de ser dispostos, diariamente, nestes locais.
Palavras - chave: biomassa, aterro sanitário, energia e gaseificação.
ABSTRACT
The present study is part of the master’s thesis discussing the possibility to make
energy out of the coconut (Coconuts nucifera L.). In this case the green coconut,
having a high amount of isotonic water is used. After separating the water the
coconut shell normally is thrown away and therefore this residue is an environmental
problem.The use of biomass in energy production is based on organic material. Its
advantages are low cost, is a renewable source, permits to reuse residues and is
less dirty than other sources based on fossil sources like petroleum or mineral
coal.By burning the biomass a liberation of carbon dioxide occurs, but as this
compound was absorbed by the plant giving origin for the energy source during its
growth, the CO
2
emission balance is zero. Gasification of biomass is a sustainable
alternative for energy generation with low emissions and permits a positive
contribution to the global cycle of growing and consuming by plants, and thus
contributes to the equilibrium between production and consumption of carbon
dioxide. A further advantage of this study is its contribution to a longer lifetime of
landfills, as many tons are no any longer wasted in such a way.
Keys word: biomass, sanitary landfill site, energy and gasification.
LISTA DE FIGURAS
1 Cultura de coqueiro anão .......................................................................... 22
2 Disposição de coco a céu aberto .............................................................. 31
3 Degradação humana ................................................................................. 34
4 Chorume a céu aberto ............................................................................... 37
5 Pilhas de composto ................................................................................... 44
6 Amostra de casca de coco para análise ................................................... 66
LISTA DE TABELAS
1 Modelos tecnológicos ................................................................................ 54
2 Análise química da fibra e da quenga do coco ......................................... 68
LISTA DE GRÁFICO
1 Amostra de fibra do coco, extraída com hexano ....................................... 67
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABIPET - Associação Brasileira da Indústria de Embalagens de PET
ABIQUIM – Associação Brasileira da Indústria Química
ANEEL - Agência Nacional de Energia Elétrica
ANIP – Agência Nacional para o Investimento Privado
AP – Autoprodutor (de Energia)
BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
BRIX - Índice de refração expresso em teor percentual de sacarose em um refratômetro:
CAPAC - Commerce Academic Professional Advisory Committee
CDR - Combustível Derivado de Resíduos
CELPE - Companhia Energética de Pernambuco
CEMPRE - Compromisso Empresarial para Reciclagem
CETESB - Companhia de Tratamento de Esgotamento Sanitário do Estado de São Paulo
CHESF - Companhia Hidrelétrica do São Francisco
CICOPA – Organização Internacional de Cooperativas Industriais, Artesanais e de Serviços
COFINS – Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social
CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente
CPRH – Agência Estadual do Meio Ambiente e Recursos Hídricos
DCS - Divisão de Coleta Seletiva
DPAO - Departamento de Planejamento e Apoio Operacional/EMLURB
DQF – Departamento de Química Fundamental
EEA - European Environment Agency
EMLURB - Empresa de Manutenção e Limpeza Urbana do Recife
EPA - Environmental Protection Agency\USA
EPAL – Consultora privada
ETC - Estação de Tratamento de Chorume
ETE - Estação de Tratamento de Esgotos
EU - União Européia
EUA - Estados Unidos da América
GRS - Grupo de Resíduos Sólidos/UFE
IBAMA - Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis
IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
ICMS - Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços
IPSEP - Instituto de Previdência Social do Estado de Pernambuco
ISO – International Standard Organization
ISSO - International Side Saddle Organization
MME - Ministério das Minas e Energia
OIT – Organização Internacional do Trabalho
PET - Politereflalato de Etileno
PETROFLEX - Empresa privada
PIE - Produtor Independente de Energia Elétrica
PIS - Programa de Integração Social
PMSP – Prefeitura Municipal de São Paulo
PNAD - Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios
PNSB - Pesquisa Nacional de Saneamento Básico
PVC - Policloreto de Vinila
RMR - Região Metropolitana do Recife
RSLP - Resíduos Sólidos, Líquidos e Pastosos
SERQUIP - Empresa privada
TIR - Taxa Interna de Retorno
TR - Tonelada de Refrigeração
TMA - Taxa Mínima e Atratividade
UFPE - Universidade Federal de Pernambuco
UNICEF – United Nations Children's Fund (Fundo das Nações Unidas para a Infância)
VPL - Val presente Líquido
SUMÁRIO
AGRADECIMENTOS ......................................................................................... 05
RESUMO ............................................................................................................ 06
ABSTRACT ........................................................................................................ 07
LISTA DE TABELAS ......................................................................................... 08
LISTA DE FIGURAS .......................................................................................... 08
LISTA DE GRÁFICOS ....................................................................................... 08
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS ............................................................ 08
INTRODUÇÃO ................................................................................................... 12
CAPÍTULO 1
A CULTURA DO COQUEIRO E AS CARACTERÍSTICAS DA DESTINAÇÃO
FINAL DOS RESÍDUOS DE COCO ...................................................................
15
1.1 A cultura do coqueiro ................................................................................. 15
1.2 Botânica ....................................................................................................... 17
1.3 Produção de Mudas .................................................................................... 20
1.4 Manejo da cultura e Nutrição ..................................................................... 21
1.5 Condições climáticas ................................................................................. 23
1.6 Irrigação ....................................................................................................... 24
1.7 Pragas e doenças ....................................................................................... 26
1.8 Colheita ........................................................................................................ 26
1.9 Utilização ..................................................................................................... 28
1.10 Caracterização do problema .................................................................... 29
1.11 Benefícios para utilização de resíduos do coco .................................... 30
CAPÍTULO 2
A DIFICULDADE NA DISPOSIÇÃO FINAL DE LIXO: EXEMPLO DA
CIDADE DO RECIFE .........................................................................................
33
2.1 Características do aterro sanitário de Muribeca ..................................... 36
2.2 Caracterização do problema ...................................................................... 38
2.3 Amenização do problema .......................................................................... 39
2.4 Aterro Sanitário ........................................................................................... 42
2.5 Compostagem ............................................................................................. 44
2.6 Geração de energia .................................................................................... 49
CAPÍTULO 3
Avaliação dos diversos instrumentos de geração de energia à base de
resíduos de coco ..............................................................................................
53
3.1 Incineração .................................................................................................. 54
3.2 Biogás .......................................................................................................... 62
3.3 Gaseificação ................................................................................................ 63
3.4 Materiais e métodos ................................................................................... 66
3.5 Resultado e discussão ............................................................................... 68
CONCLUSÕES .................................................................................................. 77
REFERÊNCIAS .................................................................................................. 78
ANEXOS ............................................................................................................. 83
INTRODUÇÃO
As propostas de desenvolvimento sustentável trazem alternativas para o
desenvolvimento socioeconômico das populações humanas presentes e futuras,
sem que haja um esgotamento de recursos naturais ou queda nos padrões de
qualidade de vida devido à degradação ambiental.
Hoje, entre os vários temas da questão, busca-se o desenvolvimento de
tecnologias sustentáveis para geração de energia. Estas tecnologias norteiam
alternativa para o petróleo como principal fonte energética da nossa civilização.
Como nem o petróleo nem o carvão mineral são renováveis, necessário se fazem
alternativas para suprir a demanda energética futura de nossa sociedade.
Assuntos problemáticos de lixo, principalmente de lixo municipal e sua
destinação final, fazem parte da discussão deste estudo. Os aterros têm uma
capacidade limitada e diante do fato que, com o crescimento da Cidade do Recife
também a geração do lixo per capita deve aumentar, existe a necessidade de reduzir
o volume depositado nos aterros, deve se agregar valor aos resíduos e/ou gerar
energia com eles.
Diversos instrumentos de geração de energia são discutidos. Entre os
métodos de produção de energia, a gaseificação permite uma boa eficiência
energética e como compravam exemplos da prática esse instrumento é de bom
desempenho. Mesmo tendo uma boa viabilidade econômica, pode gerar um clima
que em várias indústrias deve-se implementar a gaseificação com o objetivo de
gerar energia elétrica.
13
Diante do exposto a pesquisa tem como:
Objetivo principal
Contribuir para a disposição final dos resíduos do coco gerando energia, de modo a
atender aos requisitos de viabilidade econômica, eficiência tecnológica,
sustentabilidade ambiental e equidade social.
Objetivos específicos
Analisar as características da destinação final dos resíduos do coco;
Avaliar os diversos instrumentos de geração de energia nesse âmbito;
Potencializar o coco como uma alternativa de geração de energia.
Pode-se justificar a materialização da pesquisa, tendo como norte uma
contribuição para o desenvolvimento da humanidade. Verifica-se a intensidade da
poluição ambiental no planeta Terra, prejudicando a qualidade de vida das espécies
existentes. Surge, então, a necessidade de despoluir o Planeta, através de modelos
auto sustentáveis, buscando novas fontes de energia. O que se deve mostrar,
economicamente viáveis, propostas como: cogeração energética, geração
descentralizada de energia elétrica, pequenas centrais geradoras, combustíveis
renováveis e, até mesmo, fontes de fornecimento irregular como a energia eólica e a
conversão de energia solar por células fotovoltáicas.
O setor agroindustrial do coco tem um crescimento estimado de 20% ao ano,
gerando cerca de 2,5 – 3 bilhões de toneladas anuais de casca (resíduos sólidos),
provocando impactos negativos para o meio ambiente. Nos centros urbanos, o
14
problema é mais agravante, pois acabam aumentando o volume dos lixões,
reduzindo a vida útil destes.
O desenvolvimento de tecnologias sustentáveis para geração de energia,
como alternativa para o petróleo que é a principal fonte energética da nossa
civilização, será de grande utilidade para a vida do planeta. Uma dessas
metodologias é a gaseificação, que utiliza a biomassa como fonte. O que deve ser
estudado são as fontes de biomassa, promissoras como alternativa de cada região.
Essa pesquisa está estruturada em três capítulos.
O primeiro capítulo trata da revisão de literatura da cultura do coqueiro, neste
consta: a formação do fruto, suas cultivares existentes, o manejo da cultura, suas
utilizações, benefícios e malefícios que podem trazer à população.
O segundo capítulo apresenta as dificuldades na disposição final de lixo, no
exemplo da cidade do Recife, o que é produzido, o social dos catadores de lixo e a
perspectivas de um futuro.
O terceiro capítulo discute as diversas tecnologias de geração de energia à
base de resíduos de coco, analisa a cidadania ecológica, o desenvolvimento rural e
econômico destas tecnologias e o resíduo utilizado.
Foram realizadas análises químicas do coco, orgânicas e inorgânicas, no
laboratório do Departamento de Química Fundamental (DQF) da Universidade
Federal de Pernambuco. Classificados em quatro cores, o 1º de coloração verde, o
2º dividido em duas cores acinzentada e verde, o 3º predomina a cor acinzentada e
o 4º totalmente acinzentado, foi avaliada a potencialidade do coco para produção de
energia.
CAPÍTULO 1
A CULTURA DO COQUEIRO E AS CARACTERÍSTICAS DA
DESTINAÇÃO FINAL DOS RESÍDUOS DE COCO
Referencial Teórico
1.1 A cultura do coqueiro
A cultura se adaptou bem no litoral brasileiro, sendo encontrada em áreas
desde o Maranhão até o Espírito Santo. O coqueiro pertence ao gênero Cocos e
Família Palmae, sendo comumente tratada como palmeira. Atualmente, o Brasil
possui em torno de 50 mil hectares implantados, com a cultura do coqueiro anão,
praticamente em quase todos os Estados da Federação. O maior produtor é o
Estado do Espírito Santo, com aproximadamente 14 mil hectares, seguido pela
Bahia, com aproximadamente 12 mil hectares e Ceará em terceiro, com 5 mil ha
produzindo (IBGE, 2005).
O Estado de São Paulo vem, nos últimos anos, substituindo as tradicionais
culturas de café e laranja por coqueiro anão, devido à grande procura pela água do
fruto, mundialmente conhecida como "Água de Coco" que, além do sabor adocicado,
apresenta características isotônicas em relação ao ser humano, não sendo
necessário acrescentar nenhum eletrólito. A água de coco envasada já pode ser
encontrada no comércio na forma congelada, refrigerada, 100 % natural e em
embalagens "Tetra Pak
®
", longa vida, com 250 mL (Magalhães et al. 2005).
16
Atualmente, pesquisas têm sido realizadas para a pasteurização da água de
coco verde no próprio fruto, aumentando assim, a vida útil do produto. Com a
expansão, novas áreas nas regiões Centro-Oeste e Sudeste, agricultores de regiões
tradicionais, como o Ceará, Paraíba e Pernambuco estão perdendo mercado,
principalmente pela distância até os centros consumidores. A alternativa encontrada
pelos produtores, além do envasamento da água é a exportação para outros países
(Maciel et al. 1992).
A primeira exportação de frutos verdes, in natura, para a Europa (ltália e
Inglaterra) foi realizada nos meses de agosto e setembro de 1999, o que deixou os
produtores do Vale do São Francisco bastantes otimistas. O fruto, sob temperatura
de 12°C, pode ser armazenado por um período de 28 dias, sem deformação da
casca nem perda da qualidade da água. De posse dessa informação, produtores do
Vale do São Francisco, conseguiram transportar em contêineres refrigerados, por via
marinha, até a Europa, o fruto in natura, o que tornou a operação economicamente
viável (Embrapa 2005).
Os produtores pretendem investir no mercado internacional, principalmente,
durante o verão do Hemisfério Norte, período em que a demanda interna se retrai
em função do inverno no hemisfério Sul. O que facilitou o acesso ao mercado
internacional, do fruto in natura, foi o desenvolvimento de um selo de qualidade, que
atesta a procedência e a padronização do produto (Embrapa 2005).
Conhecida como "a árvore da vida", o coqueiro tem um papel importante na
vida das pessoas que habitam as regiões tropicais úmidas e, indiscutivelmente, tem
tanta importância nos dias de hoje, como em tempos passados. Constitui-se na mais
importante das culturas perenes possíveis de gerar um sistema auto-sustentável de
exploração como provam vários países do continente asiático (FAO, 2007).
17
1.2 Botânica
O coqueiro (Cocos nucifera L.) é uma planta arbórea, com caule ereto, sem
ramificações e com folhas terminais. Pertencendo a família Palmae, uma das mais
importantes famílias da classe Monocotyledoneae, que possui mais de 200 gêneros
e espécies. É dividido em três grupos: Gigantes, Intermediários (híbridos) e Anões.
Cada grupo contém um número de cultivares, que geralmente são nomeadas
de acordo com a sua suposta localidade de origem. As variedades gigantes
apresentam, de modo geral, fecundação cruzada; seu crescimento é rápido e fase
vegetativa longa (cerca de sete anos). As principais variedades existentes no Brasil
são:
Coqueiro-Gigante
Gigante da Praia do Forte – GBrPF - Bahia
Gigante do Oeste Africano – GOA - Costa do Marfim
Gigante de Renell – GRL - Taiti
Gigante da Malásia – GML - Malásia
Coqueiro-Anão
Amarelo-da-Malásia – AAM - Malásia
Vermelho-da-Malásia – AVM - Malásia
Vermelho-dos Camarões – AVC - República dos Camarões
Verde do Brasil – AveB - Rio Grande do Norte
Amarelo do Brasil – AAB - Paraíba
Vermelho do Brasil – AVB - Paraíba
18
A folha do coqueiro é do tipo penada, sendo constituída pelo pecíolo, que se
continua pela ráquis, onde se prendem numerosos folíolos podendo a folha atingir
até 6m de comprimento. A inflorescência é paniculada axilar, protegida por bráctea
grande, chamada espata, com flores masculinas e femininas na mesma
inflorescência (Ferreira, 1998).
O sistema radicular fasciculado, com maior concentração nos primeiros 60
centímetros e raio de 150 centímetros, seu caule é do tipo estipe, não ramificado,
muito desenvolvido e bastante resistente, não apresentando crescimento secundário
(Nogueira et al 2002).
A semente está localizada dentro do endocarpo, é constituída do tegumento,
camada fina de cor marrom, seguida do endosperma sólido com o embrião e o
endosperma líquido ou água dentro de uma grande cavidade. O endosperma sólido
nas variedades gigantes e híbridas é mais espesso que nas cultivares anã. Tanto as
sementes como os frutos variam na sua forma, tamanho e peso, podendo ser
oblongo, ovóide a quase redondo, sendo influenciados geneticamente e por
condições ambientes (Nogueira et al 2002).
O coco se desenvolve a partir de sua semente chamada drupa, sendo
formado por três carpelos, em que apenas um deles se desenvolve. O coco consta
de um exocarpo ou epicarpo, camada fina, que cobre o mesocarpo fibroso,
formando a casca do coco (com aproximadamente 5 cm de espessura) dependendo
da cultivar. Por baixo desta, encontra-se o endocarpo, lenhoso, muito duro,
denominado de casquilho ou quenga. O casquilho apresenta três bordas,
aproximadamente, longitudinal e três depressões bem definidas na base, que
representam as divisões dos três carpelos originados da flor, que são conhecidos
19
como poros germinativos e estão situados no final do fruto, onde se prende ao
pedúnculo (Larcher, 2000).
Segundo Ferreira, (1998) o fruto é uma drupa formada por uma epiderme lisa
ou epicarpo, que pode ser verde, amarela, vermelha ou marrom, quando imaturo,
que envolve o mesocarpo espesso e fibroso, ficando mais para o interior uma
camada muito dura, o endocarpo. A semente é constituída de uma camada fina de
cor marrom, o tegumento, que fica entre o endocarpo e o álbum em sólido (carne)
onde fica o embrião. A cavidade interna é preenchida pelo álbum em líquido (água
do coco).
Antes de amadurecer, os frutos estão quase que completamente cheios com
uma substância denominada água de coco, cuja quantidade e composição
combinam à medida que avança o desenvolvimento. Quando os frutos estão
completamente maduros, esta água desaparece quase que completamente e forma
o endosperma sólido, de cor branca. Para a germinação do fruto é necessária
pequena quantidade de água de coco: um coco seco não germina (Gutiérrez-
Cuenca & Siqueira, 2002).
O endosperma sólido do coco é uma camada fina, e quando jovem, parece
geléia, no entanto, fica mais grossa à medida que a amêndoa vai amadurecendo,
chega a 1 cm ou mais. Na primeira fase, de 4 a 5 meses, ocorre o desenvolvimento
da amêndoa, da casca, casquilho e a água de coco que enche totalmente seu
interior. Na segunda fase, que dura de 6 a 8 meses, a casca e o casquilho se
endurecem e engrossam. Na terceira fase, o endosperma se desenvolve e
amadurece (Passos, et al. 2005).
Os componentes de formação do coco são: 35% de casca, 28 % de
amêndoa, 25% de água e 12% é o restante. Esses valores são bastante uniformes
20
para cocos maduros de vários tamanhos e mesmo cultivar, portanto podem utilizar
como medida para determinar o rendimento de copra, procedendo simplesmente
pesando os frutos. A amostragem de 100 frutos deve dar um peso médio de 3 a 4
quilos, compreendido entre uns 5 a 6% de erro, em 500 frutos, em tomo de 2,5%,
quando os diferentes pesos variam dentro de limites de 3 a 1% (Ferreira Neto et al.
2002).
A produção de frutos na cultivar gigante é de 50 - 80 por planta/ano
geralmente, esse número na cultivar anã é maior 150–240 planta/ano. Os frutos se
prestam tanto para o consumo in natura, como para a produção de copra para a
indústria, pois possuem endocarpo espesso e firme (Silva, et al. 2006).
1.3 Produção de Mudas
As mudas são formadas após criteriosa seleção das plantas matrizes, os
frutos (sementes) são colhidos completamente secos, entre 11 e 12 meses de idade,
e estocados por algumas semanas para completar a maturação (Marinho et al.
2005).
As mudas poderão ser produzidas por diferentes sistemas, passando por
germinadores e/ou viveiros ou em sacos de polietileno (plástico) sendo,
posteriormente, transplantadas diretamente no local definitivo. Em qualquer sistema
é recomendável levar ao campo mudas jovens, contendo em média 3 ou 4 folhas,
variado entre 6 e 8 meses de idade. Mudas com mais de 10 meses de idade são
consideradas velhas (passadas), não devendo ser utilizadas (Kämpf, 2000).
21
O viveiro deverá ser instalado a pleno sol em locais não sujeitos a
encharcamento e sempre mantidos livres de plantas daninhas. O controle de pragas
e doenças é operação importante e deverá ser efetuado quando for necessário
(Marinho et al. 2005).
Na semeadura, os cocos sementes poderão ser dispostos no solo, na posição
horizontal (deitada), ou na vertical (em pé). Quando colocada na posição horizontal,
recomenda-se um pequeno corte (entalhe) na parte mais saliente, próximo do local
de fixação da semente ao cacho, com objetivo de facilitar a germinação. Para uma
boa formação das mudas é indispensável o uso da irrigação e de fertilizantes
(Ghoulam & Fares, 2001).
1.4 Manejo da cultura e Nutrição
As covas devem ser abertas com dimensões de 0,80 m x 0,80 m x 0,80 m. O
espaçamento mais recomendados são 7,5 m x 7,5 m para cultivar o coco anão; 8,5
m x 8,5 m para os híbridos e 9.0 m x 9,0 m para as gigantes em triângulo eqüilátero,
totalizando 205, 160 e 142 plantas/hectare, respectivamente.
Durante a demarcação da área para o coveamento, deve-se dar especial
atenção para o correto alinhamento e distanciamento entre os piquetes. O
balizamento incorreto acarretará em filas tortas, com um número de plantas por
hectare diferente do recomendado. A disposição e distância entre as plantas da
variedade anã, podem ser observados na figura 1 (Silva et al. 2006).
22
A condição nutricional da cultura do coqueiro é extremamente importante à
produção. A quantidade de nutrientes extraídos pela cultura poderá atingir valores
elevados, considerando-se que a produtividade pode se situar entre 150-200
plantas/ano a partir do 3° ano de produção ou 5° ano de cultivo (Silva et al. 2006).
Figura 1: Cultura de coqueiro anão
Fonte: EMBRAPA, 2005.
A deficiência nutricional ocasiona considerável queda dos frutos e baixa
produtividade, já que o pegamento dos frutos determina o tamanho da safra.
Verifica-se também que o índice de pegamento de frutos diminui, após uma safra
abundante, como conseqüência de condição nutricional exaurida. Para manter uma
produção constante, evitando a queda prematura, deve-se realizar além da análise
química uma análise foliar, uma vez que existe relação entre a quantidade de
nutrientes nas folhas e a produção da cultura (Malavolta et al., 1997).
A cultura desenvolve-se melhor em solos com textura média, permeáveis e
férteis, sendo que 70 a 90% de seu sistema radicular fasciculado estão distribuídos
23
entre 0,2 a 1,0 m de profundidade e até 1,50 m de raio do estipe da planta(Ferreira
Neto, 2005).
O uso corretivo de fertilizantes para a cultura do coqueiro, pode ser dividido
na prática em três fases: fase do plantio, fase da formação e fase da produção.
Qualquer que seja a fase da cultura, o importante é determinar quanto, quando e
como adubar, levando-se também em consideração o aspecto econômico (Aragão et
al. 2002).
As plantas de coqueiro apresentam respostas às adubações a médio e longo
prazo, assim, torna-se necessário um programa de adubação, em que um
planejamento de operações de aplicações deverá ser constantemente monitorado e
acompanhado através de análises do solo e de folhas, a fim de correlacionar o nível
de nutrientes e produtividade (Benassi,1999).
1.5 Condições climáticas
O coqueiro é uma palmeira tropical e seu desenvolvimento é favorável em climas
quentes e úmidos, os quais são encontrados entre as latitudes 20° N e 20° S. A
temperatura de 27°C é considerada ótima para o coqueiro, o qual tem seu
desenvolvimento prejudicado se as temperaturas mínimas diárias forem inferiores a
15°C. Temperaturas maiores do que a ótima são toleráveis pela cultura se não
houver baixa umidade relativa do ar (Ferreira et al., 1997).
A umidade relativa do ar em torno de 80% é adequada ao desenvolvimento do
coqueiro. Se a umidade atmosférica for menor do que 60% e estiver associada a
24
ventos quentes e secos, poderá haver prejuízo no desenvolvimento da cultura,
devido a uma alta taxa de transpiração foliar, a qual não poderá ser compensada
pela absorção de água, através das raízes. Uma umidade relativa maior do que 90%
também pode prejudicar a planta, porque reduz a absorção de nutrientes devido à
menor transpiração, provocando queda prematura de frutos, além de favorecer a
propagação de doenças (Teixeira et al. 2005).
Segundo Andrade & Carvalho, (1998) a luz é outro fator importante para o bom
desenvolvimento da cultura, considerando como ideal uma insolação anual de 2.000
horas, com no mínimo 120 horas/mês. Entretanto, a intensidade dessa luz também é
importante. Em dias nublados, as nuvens reduzem a radiação solar, o que pode
interferir negativamente na fotossíntese do coqueiro. A cultura do coqueiro anão
produz continuamente durante o ano todo. E a partir da polinização, os frutos são
colhidos em torno de 6 meses, conclui-se que qualquer estresse, nesse período
pode afetar a produção.
1.6 Irrigação
É uma cultura que exige cuidados em relação aos tratos culturais,
principalmente a irrigação. A ocorrência de déficit hídrico, na fase de produção, afeta
o desenvolvimento e formação dos frutos. A irrigação possibilita elevar a produção
além de suplementar a quantidade total de água que a planta necessita, durante o
período de seca e mantém um nível normal de água disponível no solo, durante o
25
ciclo da cultura, para produzir frutos com qualidade, destinados ao comércio interno
e exportação (Nogueira et al., 1997).
Um déficit hídrico prolongado (mais do que 3 meses com precipitações abaixo
de 50 mm) pode provocar queda prematura de frutos, e reduzir a produção no ano
seguinte, daí a importância da irrigação sobre o rendimento da cultura. Por outro
lado, chuvas excessivas também prejudicam a cultura devido à menor insolação,
eficiência de polinização e aeração do solo e da maior lixiviação de nutrientes
(Rhoades et al., 2000).
A cultura do coqueiro anão (Cocos nucifera L.) exige grande quantidade de
água durante seu crescimento vegetativo e na fase de produção de frutos com boa
qualidade, sendo assim, dificilmente encontrará água disponível em quantidades
adequadas para atender a demanda evapotranspirativa em condições de cultivo em
sequeiro. O coqueiro é uma planta essencialmente tropical e encontrou, no Brasil,
excelentes condições climáticas, para seu pleno desenvolvimento e potencial
produtivo (Ferreira Neto et al. 2002).
Devido ser a cultura extremamente sensível ao déficit hídrico, em regiões com
precipitações irregulares ou inferiores a 1.200 mm/ano, é necessário a
suplementação com água através da irrigação. A cultura tem necessidade de água,
em regiões de pluviosidade entre 1.200 mm a 2.200 mm anuais, bem distribuídos,
são adequados. Os ventos fracos e moderados, com velocidade de até 4 m/s,
beneficiam o desenvolvimento da cultura, estimulando a absorção de água e
nutrientes pela planta (Miranda et al. 1999).
O fruto do coqueiro anão é extremamente rico em água (em torno de 450
mL). A diferenciação das flores femininas ocorre no palmito e a emissão da espata
dura, em torno de doze meses, quando esta se abre e é polinizada. O fruto
26
desenvolve-se e a colheita é realizada aos 6 meses após a abertura da espata
(Miranda et al. 1999).
1.7 Pragas e doenças
O coqueiro pode ser atacado, na fase de produção, por diversas pragas e
doenças, e este é um dos fatores importantes para a redução da produtividade da
cultura. As principais pragas e doenças são:
Homalinotus coriaceus (Gylenhal, 1836) (Coleóptero: Curculionidade) ou
broca do pedúnculo floral. Hyalospila ptychis (Dyar, 1919) (Lepidoptera: Phycitidae)
ou traça dos cocos novos. Parisoschoenos obessulus (Casey, 1922) (Coleóptero:
Curculionidade) ou gorgulho dos frutos e flores. Eriophyes guerreronis Keiher (Acari:
Eriophyidae) ou ácaro da necrose do coqueiro (Ferreira et al., 2002c; Gallo et al.,
2002; Fonseca, 1962; Ferreira et al., 2002). Antracnose ou podridão do fruto,
Colletotrichum gloeosporioides Penz. O ataque é facilitado pelo ferimento deixado
pelo ácaro Eriophyes guerreronis (Ferreira et al., 2002).
1.8 Colheita
Uma das características mais importantes do coco é ter uma produção
escalonada, durante todo o ano, em virtude a sua floração ser ininterrupta. O
27
tamanho dos frutos a serem colhidos, depende do seu uso final. Quando se quer
utilizar a água do coco para consumo in natura, os frutos são colhidos quando estão
tenros (verdes) a partir de 6 a 8 meses após abertura da espata. Nesta fase de
desenvolvimento os componentes da água do copo chegam ao máximo, em torno de
5 %, quando se considera seu sabor ótimo, e o máximo de volume de água (em
torno de 500mL a 600mL) para um coco de bom tamanho.
O método de colheita depende de vários fatores, dentre os quais, a tradição
local, o clima, a cultivar, e a finalidade a que se destina o fruto. De acordo com o
ciclo de crescimento biológico, um cacho maduro é colhido a cada 25 a 30 dias,
segundo a cultivar e os fatores mencionados anteriormente.
A colheita de cocos maduros pode ser através de dois sistemas: colheita dos
frutos caídos ou colheita retirando-se o fruto da árvore. A colheita de frutos caídos é
mais econômica e prática. Contudo, devido às perdas que ocorrem no chão,
particularmente, quando há muita vegetação cobrindo o terreno, oculta os frutos
caídos, que ficam perdidos. Outras perdas são devidas a possíveis rupturas de
alguns frutos ocasionadas na queda. Devido a essas perdas, nem todos os cocos
produzidos atingem a fase de processamento. Uma desvantagem da colheita,
quando o fruto cai, é a impossibilidade de inspecionar a copa da árvore, e de
localizar, um possível ataque de praga ou doenças.
A colheita de frutos, subindo na árvore, apresenta uma série de
inconvenientes. Há perigo, principalmente, quando o tronco está molhado, como
também este método apresenta pouca eficiência. Na colheita diretamente na árvore,
os cachos, ou são cortados com uma pequena foice na extremidade mais longa,
deixando os frutos caírem no chão, ou são descidos amarrados em uma corda ou
em cestos, para evitar as perdas. Este método não é muito eficiente, pois cocos
28
maduros podem ser derrubados juntamente com os do mesmo cacho não maduros.
O colhedor de coco sobe no estipe, com ajuda de dois laços de cordas ou peias,
para cada pé, constituindo uma espécie de degrau de corda, que se desloca com o
colhedor. Este ao atingir o cacho a ser colhido, com um podão, corta os cachos de
cocos maduros ao mesmo tempo em que procede à poda das folhas secas e à
limpeza e outro trato cultural, caso seja necessário, como controle de pragas e
doenças.
Um método mais geral para colheita dos frutos em coqueiros mais baixos,
pode ser com uso de escadas ou com um suporte (vara), com uma pequena foice,
curvada, na extremidade mais longa.
1.9 Utilização
O volume do coco produzido por ano, no Brasil, é muito alto. Hoje, a maior
parte do coco é jogado em aterros sanitários. Francisco Porto, Presidente do
Sindcoco, informa que se produz atualmente 2,5 – 3 bilhões de coco por ano. Assim,
o peso dos resíduos, após a retirada da água de coco, é muito grande.
O coqueiro fornece não somente alimento (água e óleo de cozinha), mas a
planta, como um todo, pode ser utilizado em vários seguimentos, como as folhas
para telhados de palha, fibras para cordas, tapetes e redes. A casca que pode ser
usada como utensílios e ornamentos, açúcar e álcool podem ser feitos da seiva de
sua inflorescência e inúmeros outros produtos elaborados de outras partes da
29
planta. O coqueiro também é muito utilizado como planta ornamental em casas,
parques e jardins (Fonseca, 2001).
Para alimentação local, o coco pode ser colhido em várias fases de
desenvolvimento, desde que estejam totalmente maduros, ou antes, caso seja para
consumo in natura, ou para a indústria de envasamento.
O coco para indústria é colhido completamente maduro, em torno de 12 a 14
meses após a abertura da espata. Para a produção de copra e coco ralado, a coleta
deve ser realizada quando os frutos estiverem completamente maduros. A copra
obtida de coco verde tem mais água e menos leite de coco, sendo mais difícil de
completar sua secagem. A parte gelatinosa do endosperma tem sido empregada
para a alimentação infantil. Em uma fase mais avançada, se utiliza para rápida
refeição e preparo de produtos fermentados ou quando se encontra, totalmente
madura, se consome natural, geralmente ralada, ou é usado para extração do leite
de coco (Negreiros 2004).
1.10 Caracterização do problema
O crescimento agroindustrial, que por um lado é um vetor do desenvolvimento,
por outro, contribui para o aumento da geração de resíduos sólidos que, muitas
vezes, podem resultar em impactos negativos para o meio ambiente. Um exemplo é
o coco verde, que vem despontando como um produto bastante promissor no
mercado brasileiro, com crescimento estimado em 20% ao ano (Rosa et al., 2001).
30
O consumo atual de água-de-coco verde, no Brasil, é bastante expressivo,
em razão de suas qualidades nutritivas. O aumento da produção de coco verde
passou a ser uma tendência natural, causando um conseqüente aumento na
geração do lixo (cerca de 2,5 – 3 bilhões de toneladas anuais de casca).
O problema se agrava, principalmente, nos grandes centros urbanos, onde
esse material é de difícil descarte, sendo enviado para lixões e aterros sanitários,
que têm sua vida útil reduzida. Estima-se que 70% de todo o lixo gerado no litoral,
dos grandes centros urbanos do Brasil, são cascas de coco verde, material de
degradação lenta e foco de proliferação de vetores de doenças. Sua disposição
representa, ainda, um adicional de custo para os chamados "grandes geradores de
lixo", que devem se responsabilizar pela própria coleta.
A utilização econômica da casca de coco verde contribuirá, de forma
significativa, para a agregação de valor na cadeia produtiva do coco verde e para
redução dos impactos ambientais negativos. De uma forma participativa, integrada e
sustentável, por meio do compromisso estabelecido entre as instituições parceiras e
a comunidade.
1.11 Benefícios para utilização de resíduos do coco
O resíduo gerado pelo consumo de coco verde, além de ser volumoso, é de
uma decomposição muito lenta no meio ambiente (Figura 2). Se houver a utilização
dos resíduos de coco ocorrerá o aumento da vida útil dos aterros sanitários, já que
toneladas desse lixo deixarão de ser dispostas, diariamente, nesses locais.
31
O aproveitamento da casca e coco reduz a proliferação de doenças tropicais
(como a dengue, por exemplo) transmitidas por mosquitos. Assim, o governo
reduziria os gastos com a saúde. Desenvolvimento da Comunidade Local pela
geração de emprego, renda e melhora da qualidade de vida (Silveira, 2002).
Figura 2: Disposição de coco a céu aberto
Fonte: O autor, 2007.
Incremento da cadeia produtiva do coco verde, por meio e agregação de
valor, proporcionando uma nova opção de rendimento junto aos sítios de produção e
consumo.
O aproveitamento da casca de coco verde oferece oportunidades boas dentre
as quais se destacam o pó-de-coco, utilizado como substrato agrícola, e as fibras,
que podem ser comercializadas na forma bruta ou utilizadas na fabricação de vasos,
tapetes, cordas, mantas, artesanatos, acessórios automotivos, etc. O pó da casca é
32
um substituto do solo agrícola que permite o desenvolvimento do sistema radicular
da planta, desempenhando um papel de suporte (Silveira, 2002).
O cultivo de plantas utilizando substratos é uma técnica amplamente
empregada na maioria dos países de agricultura avançada, principalmente no cultivo
de mudas de hortaliças, espécies frutíferas, florestais, flores e plantas ornamentais.
O resíduo da casca de coco é indicado como substrato agrícola, utilizado para
germinação de sementes, propagação de plantas em viveiros e cultivo de flores e
hortaliças, principalmente, por apresentar uma estrutura física vantajosa,
proporcionando alta porosidade, alto potencial de retenção de umidade,
favorecimento da atividade fisiológica das raízes e por ser biodegradável (Souza &
Jasmim 2004).
As fibras de casca de coco verde são adequadas para exercer a função de
reforço em materiais, graças a sua alta resistência, rigidez e baixa densidade. A
demanda crescente por fibras de coco se dá em razão do interesse por produtos
ecologicamente corretos e por suas características oferecerem diversas
possibilidades de utilização (Embrapa, 2005).
Suas ações buscam promover o benefício social, gerar emprego e renda,
reforçar o combate à pobreza, estimulando, assim, a melhoria da qualidade de vida
e, conseqüentemente, a construção da cidadania.
CAPÍTULO 2
A DIFICULDADE NA DISPOSIÇÃO FINAL DE LIXO:
EXEMPLO DA CIDADE DO RECIFE
De modo geral, o problema da destinação final do lixo urbano, no Brasil, é
muito grande e exige soluções urgentes. A cidade do Recife encontra-se numa
situação ainda mais difícil: devido à falta de uma área física disponível, que lhe
garanta autonomia política para a efetiva resolução do problema.
O destino final dos resíduos sólidos envolve vários fatores como ambientais
(contaminantes do solo e das águas subterrâneas e superficiais, como o chorume e
gases tóxicos decorrentes da decomposição da matéria orgânica) e fatores sociais
(identificados com a presença de catadores de materiais recicláveis), nos lixões, a
céu aberto, ou mesmo nos aterros controlados, assim como nas ruas, avenidas e
principais pontos comerciais e residenciais das cidades brasileiras, ocasionando um
descontrole urbano nas populações e arranjos produtivos.
Além disso, as soluções atualmente utilizadas demandam recursos
financeiros consideráveis, ocasionando a diminuição de investimentos básicos, nas
áreas de saúde, saneamento, habitação e educação.
A cidade do Recife conta com um aterro controlado, localizado no município
vizinho de Jaboatão dos Guararapes, denominado "Aterro da Muribeca". Ao longo
dos últimos 20 anos de utilização (Inicio da operação no ano de 1995), a área de
60,23 ha passou por diversas transformações, desde um lixão "a céu aberto" até um
aterro controlado, nos dias de hoje. Foram lá despejados cerca de 10 milhões de
toneladas de lixo, no período de 1994 a 2004 (EMLURB, 2004).
34
Quase 1.900 t de lixo são depositadas na área, somente pelo município do
Recife, diariamente. Aproximadamente 1.800 catadores de materiais recicláveis
(dentre eles crianças e adolescentes), trabalham no Aterro da Muribeca, junto às
áreas de descarrego de lixo, além de um número significativo de catadores que
trabalham nas ruas da cidade, sem as condições de higiene e segurança
necessárias (Figura 3) (EMLURB, 2004).
Figura 3: Degradação humana
Fonte: http://www.institutogea.org.br/2b.htm, 1998.
Na década de 1990, cresceu a preocupação da comunidade acadêmica e
científica com os problemas causados pelo lixo urbano. Deu-se isso, principalmente,
entre os profissionais ligados às áreas de saneamento e geotécnica ambiental.
Nesses campos, os estudos, realizados no Brasil, têm-se relacionado às principais
tecnologias de disposição e tratamento final dos resíduos sólidos gerados
diariamente.
Alguns esforços vêm-se concentrando, no objetivo de garantir uma
abordagem econômica à questão dos resíduos sólidos. Motta et al. (1996), por meio
de um estudo sobre possíveis instrumentos econômicos a serem aplicados na
35
promoção da reciclagem no País. Já foram realizados trabalhos de mestrado e
doutorado, abrangendo os aspectos econômicos. Calderoni (1999) evidenciou a
viabilidade econômica da reciclagem do lixo, a partir da mensuração dos ganhos que
cada agente envolvido com a atividade poderia obter, no município de São Paulo.
Trabalho realizado por Valverde (1995) estuda as alternativas de recuperação
de energia, por meio do tratamento dos resíduos sólidos domiciliares. A autora
aplicou a avaliação econômica e a análise energética às alternativas de aterro
sanitário, incineração e reciclagem com compostagem do Rio de Janeiro.
No Estado de Pernambuco, no município do Recife-PE, vários trabalhos
abordam aspectos econômicos das formas de tratamento e disposição final dos
resíduos, como o desenvolvido por Maciel (2002), que avaliou a implantação de
aterros com aproveitamento energético.
Lucena (2004) fez um estudo relacionando custo-benefício da reciclagem dos
resíduos urbanos, nos municípios do Recife e Jaboatão dos Guararapes. Utilizando
um enfoque multidisciplinar, abrangendo não só os diferentes atores da sociedade,
mas também a forma como cada um percebe o seu meio, pela valoração que, além
de incluir os aspectos econômicos convencionais, traduzidos nos custos
operacionais e nos custos de fatores (como energia e matéria-prima), incorpora
aspectos ambientais.
Diferentes estudos realizados sobre questões importantes, quando analisados
os aspectos do planejamento institucional, dentre elas, as seguintes: a viabilidade
econômica das soluções, para os diversos agentes envolvidos; a efetiva
comprovação das soluções, para o uso comercial; a competitividade do
empreendimento e sua sustentabilidade no longo prazo; a eficácia do tratamento dos
efluentes (líquidos, sólidos e gasosos), atendendo às normas e exigências
36
ambientais vigentes; a inserção social e a melhoria da qualidade de vida dos
catadores de materiais recicláveis; o controle urbano e a conscientização ambiental.
Traços da evolução e problemática do Recife: possui uma população de
1.486.869 habitantes, correspondente a cerca de 20% do contingente demográfico
estadual e 43% do efetivo humano da sua Região Metropolitana (IGBE, 2002). Sua
área territorial é de, aproximadamente, 217 km
2
, na quase totalidade urbanizada e
dividida em cerca de 90 bairros.
Com o crescimento urbano, as populações dessas localidades começaram a
construir moradias próximas aos fornos, que, sem aperfeiçoamento técnico, para
reduzir a poluição, foram desativados, em razão das doenças respiratórias por ela
provocadas (GUSMÃO, 2005).
2.1 Características do aterro sanitário de Muribeca
O Aterro da Muribeca iniciou sua operação em 1985 de forma descontrolada,
funcionando como lixão até 1994, quando teve início, a cargo da EMLURB, um
programa de recuperação ambiental da área, por meio de biorremediação (Técnica
que consiste na aplicação de processos biodegradáveis no tratamento de resíduos,
para recuperar e regenerar ambientes, principalmente água e solo, que sofreram
impactos negativos, mantendo o equilíbrio biológico em ecossistemas).
Desencadeou-se então, o processo de transformação de lixão para o aterro
controlado. Para tanto, foram construídas nove células, com dimensões de 200 m de
comprimento por 200 m de largura e altura variável entre 20 e 30 m. Passaram a
37
funcionar o tratamento do chorume pela técnica de recirculação, nas referidas
células. Todo lixo das células passou a ter uma compactação mecânica e também
uma cobertura de argila.
Até 2001, todo o chorume (Líquido percolado, resultante da ação enzimática
dos microorganismos e dos produtos resultantes da degradação dos resíduos e da
infiltração de água nos aterros) (Figura 4), gerado no Aterro, era descartado no Rio
Muribequinha.
Figura 4: Chorume a céu aberto
Fonte:
http://www.rainhadapaz.g12.br/projetos/ciencias/ecologia/coleta_seletiva/destinacao.htm,
2003.
No final de 2001, foi inaugurada a Estação de Tratamento de Chorume, que
permitiu o tratamento e descarte dele, por meio de um Emissário de 600 m, no Rio
Jaboatão. O Aterro da Muribeca recebe cerca de 2.350 t de resíduos sólidos
(EMLURB 2004), por dia, lançados sobre as nove células existentes.
38
2.2 Caracterização do problema
No aterro, vivem cerca de 1.800 catadores, que acarretam não só problemas
de ordem social, mas também problemas técnicos, durante a operação do lixo, como
a má compactação e a impossibilidade da cobertura diária da massa de lixo. A falta
de compactação do lixo conduz a um aumento de volume, e como conseqüência, a
redução do tempo de vida útil do Aterro e compromete a estabilidade das células.
Quando o lixo se encontra exposto a céu aberto, também há uma emissão de
gases tóxicos, para os trabalhadores do Aterro e para a população que mora nas
proximidades. O fato acentua-se, na medida em que o Aterro eleva sua cota a
valores superiores à topografia da área. Esses aspectos mostram a importância da
cobertura diária do lixo, além da necessidade de executar-se a drenagem eficiente
do gás gerado nas células (para evitar-se o risco de explosões, provocadas por seu
acúmulo) e realizar-se o tratamento dos referidos gases tóxicos, com o uso de
queimadores (tipo "flare") ou como aproveitamento energético. Além disso, a
exposição, a céu aberto, do lixo, também ocasiona a proliferação de insetos e aves
no local.
A falta de uma cobertura das células, com solo argiloso e vegetação
(gramas), aliada à ausência da drenagem de águas pluviais, provoca, nas épocas de
chuva, arrastes de argila que obstruam os drenos, condutores do chorume para a
Estação de Tratamento, fazendo com que ele, o chorume, seja escoado diretamente
para o rio Muribequinha. Vale ressaltar que esse rio tem servido à pesca e ao
abastecimento humanos.
39
2.3 Amenização do problema
A cobertura vegetal (gramas) é utilizada para evitar erosão e o conseqüente
arraste de argila, além de evitar a exposição do lixo. Já a drenagem de água pluvial
serve para evitar que a água da chuva penetre nos resíduos aterrados. As águas de
chuva devem ser encaminhadas para os rios, evitando-se que se misturem com o
chorume, o que acarretaria o aumento do percolado a ser tratado, sobrecarregando-
se a Estação de Tratamento (ETC). Atualmente, como as águas de chuva se
misturam com o chorume, existe uma sobrecarga na ETC, reduzindo sua eficiência,
não só pelo excesso de volume de líquidos, como pelo curto período de tratamento
(tempo de detenção), em cada etapa prevista para ele, conforme detectado nos
ensaios realizados e relatados mensalmente pelo Grupo de Resíduos Sólidos (GRS)
da UFPE.
Em relação ao tratamento do chorume, existem parâmetros técnicos de
avaliação dos volumes lançados no Rio Jaboatão. Com freqüência, os volumes
estão acima do permitido. Diante desse quadro, para que a ETC funcionar de modo
a atender às exigências legais em vigor, algumas ações deverão ser implememadas,
tanto em termos de modificação da sua estrutura física, quanto no que diz respeito
aos seus aspectos operacionais.
É importante salientar que existem no Brasil referênciais ou modelos
adotados em algumas unidades dessa natureza em operação com funcionamento e
controle ambiental adequado. Existem sistemas bem mais sofisticados, com
40
eficiência já comprovada, para volumes de chorume muito inferiores aos existentes
no Aterro da Muribeca.
Outro aspecto relevante é a composição do lixo aterrado na Muribeca: ele
sofre na sua constituição, os efeitos dos resíduos industriais dispostos no Aterro e
autorizados pelo órgão ambiental de Pernambuco. Tais resíduos, além de elevar a
concentração dos contaminantes inorgânicos, inibem de forma significativa a
atividade bacteriana, que faz o tratamento dos resíduos orgânicos, através da
biodegradação.
Quanto à operação geral do Aterro, que está sob a responsabilidade da
Prefeitura da cidade do Recife considera que, apesar dos investimentos realizados,
com destaque para o tratamento do chorume, o controle da entrada dos resíduos, a
cobertura parcial das células e a implantação da drenagem de líquidos nas células,
os esforços não têm sido suficientes para a obtenção do benefício fiscal concedido
pelo Governo do Estado e assegurado pelo Decreto n° 23.941, de 11 de janeiro de
2002. Esse decreto regulamentou a Lei n° 12.008, de 01 de junho de 2001, que
dispõe sobre a Política Estadual de Resíduos Sólidos. Tal benefício é aplicado aos
municípios que tenham um tratamento adequado de destinação final de resíduos,
dentro das normas ambientais vigentes e possuam licenciamento do órgão
ambiental estadual.
Em relação à Região Metropolitana, onde é o maior gerador de resíduos, o
Recife poderia tomar a iniciativa, em médio prazo, de elaborar e propor uma política
Metropolitana para os resíduos sólidos, considerando a descentralização da
destinação final para três áreas: uma na Zona Norte (em Paulista, atendendo
também a Olinda e ao Norte do Recife), outra na Zona Oeste (em São Lourenço da
41
Mata, atendendo também a Camaragibe e ao Oeste do Recife) e a ampliação do
Muribeca, na Zona Sul.
Existe espaço para alternativas tecnológicas de aproveitamento energético
dos resíduos, interligado com um projeto sócio-ambiental, além de uma política de
investimentos com participação direta da iniciativa privada, como da comercialização
dos créditos de carbono, do tratamento dos resíduos da construção civil etc.
Em resumo, no campo da limpeza urbana, os principais problemas do
município do Recife são: a falta de área no seu território ou fora dele, em médio
prazo, para a destinação final dos seus resíduos, devido à urbanização; às precárias
condições ambientais de tratamento e disposição final desses resíduos, devido à
falta de investimentos públicos compatíveis e gestão empresarial, no Aterro da
Muribeca, e o inexpressivo compromisso social com a gestão do lixo na cidade.
A questão da destinação final do lixo: o delineamento de um modelo técnico e
institucional de destinação final e tratamento dos resíduos sólidos urbanos
pressupõe uma compreensão precisa dos termos desse problema e das alternativas
para enfrentá-lo. Seus muitos ângulos ou aspectos tornam a solução complexa. Com
efeito, além dos fatores tecnológicos envolvidos, há os ambientais, os econômicos,
os sociais e, com relevância não menor, os políticos.
No caso do município do Recife, as alternativas comprovadamente viáveis,
limitam--se a: aterros sanitários, incineração, reciclagem, compostagem ou
combinação das alternativas anteriores em um único processo, mediante a co-
geração de energia com aproveitamento do combustível derivado de resíduos.
42
2.4 Aterro Sanitário
As principais características positivas dos aterros de resíduos sólidos são:
1. Custos mais baixos, relativamente a outras tecnologias existentes;
2. Possibilidade de comercialização de "créditos de carbono";
3. Possibilidade de comercialização de Energia Elétrica obtida do aproveitamento
do gás metano;
4. Fácil operação, não necessitando de mão-de-obra qualificada;
5. Possibilidade de aproveitamento de materiais recicláveis, com geração de
empregos e renda para os catadores, mediante unidades de triagem:
6. Possibilidade de aproveitamento do composto orgânico contido no resíduo, para
utilização em recuperação de solos;
7. Possibilidade de utilização em áreas degradadas, como pedreiras desativadas,
no caso de aterros de inertes ou cinzas.
As características negativas dos aterros de resíduos sólidos são:
1. Necessidade de grandes áreas de terra, distantes de fontes e cursos de águas;
2. Preparação adequada do terreno para recebimento dos resíduos;
3. Necessidade de sistema de tratamento de líquidos (chorume) com possibilidade
de riscos ambientais, principalmente rios e cursos de água;
4. Necessidade de sistema de tratamento de gases efluentes;
5. Necessidade de manutenção e monitoramento após a desativação;
6. Necessidade de recuperação da área, após o término de sua vida útil;
43
7. Produção de energia restrita à eletricidade por meio do gás metano;
8. Baixa eficiência energética devido à distância entre geração e consumo;
9. Problemas sociais no entorno dos aterros ou mesmo dentro dele, devido à
presença de catadores de materiais recicláveis, sem a adequada organização
social.
Um dos fatores fundamentais para a continuidade das atividades de
disposição em aterros sanitários são os preços de construção e operação. Tanto nos
países da União Européia, quanto nos da Europa Central e do Leste, os custos de
aterramento são muito menores do que outras tecnologias, como, por exemplo, a
incineração.
Nos Estados Unidos, a partir da década de 1980, vêm sendo desenvolvidos
planos e normas para o gerenciamento integrado de resíduos, mediante programas
de gestão, que obedecem às diretrizes de redução na fonte, reciclagem,
transformação por tratamento, composto ou energia, e disposição final em aterros
sanitários apenas dos resíduos inertes. Entretanto, a disposição final de resíduos
sólidos em aterros sanitários continua sendo a técnica mais utilizada (EPA,
Municipal solid waste in the United States: 2000 facts and figures executive
summary, 2002).
No Japão, há um dos mais modernos e caros sistemas de gestão de resíduos
sólidos. Devido à sua pouca área livre disponível, são mínimas as áreas apropriadas
para a construção de aterros sanitários.
Segundo Acurio et al. (1998), na América Latina e no Caribe, as formas de
disposição final e tratamento dos resíduos têm evoluído, muito, embora a uma
velocidade muito inferior à dos países da Europa.
44
No Brasil, mais de 80% dos municípios lançam seus resíduos em locais a céu
aberto, em cursos de água ou em áreas ambientalmente protegidas, a maioria com a
presença de catadores, denunciando os problemas sociais que a má gestão do lixo
acarreta (IBAMA, 2000).
2.5 Compostagem
Dentre as inúmeras tecnologias para a agricultura orgânica, a compostagem
(Figura 5) poderia ser considerada uma grande pioneira. Desde o início da
civilização humana já se praticava a compostagem, cujo princípio continua o mesmo:
misturar diferentes matérias-primas, criando uma pilha de composto, parecendo um
bolo, que será fermentado aerobicamente (compostagem) por microorganismos,
transformando essa mistura em um produto mais estável com elementos nutricionais
para as culturas, bem como, matéria orgânica para o solo.
Figura 5: Pilhas de composto
Fonte: www.sct.embrapa.br/diacampo/2006/releases.htm, 2005.
45
O lixo domiciliar é composto por uma fração orgânica, que tem, em média,
60% de resíduos orgânicos de origem vegetal e animal. Além dos domicílios, onde
normalmente os orgânicos são misturados a plásticos, vidros e outros materiais, que
contribuem para sua contaminação, outras fontes geradoras de resíduos orgânicos
ocorrem no meio urbano. São os restos vegetais gerados em podas, capinas e
roços, resíduos e centrais de abastecimento, cozinhas industriais, restaurantes,
agroindústrias e outras grandes fontes que, na maioria das vezes, diferem do lixo
domiciliar, por serem materiais homogêneos, reconhecidos como Resíduos
Orgânicos Limpos.
Caracterizados pelo seu alto potencial de biodegradação, que ocorre
rapidamente após ficarem expostos, no ambiente, às ações de microorganismos, os
resíduos orgânicos, são quando mal operados, diretamente responsáveis pelos
impactos ambientais mais significativos, provocados pelo lixo urbano, tais como a
proliferação e alimentação de insetos e outros animais, vetores de doenças, geração
de maus odores e de líquidos percolados (chorume). Controlar esses impactos pode
significar ter sob controle grande parte da problemática ambiental da disposição final
do lixo urbano.
Encontram-se na composição dos resíduos orgânicos, a celulose, a
hemicelulose e a lignina, um complexo aromático tri-dimensional, que retarda a
decomposição da celulose e mais: polímeros compostos de açúcares, glucose,
xilose e galactose. O potencial de biodegradabilidade dos resíduos orgânicos pode
ser avaliado mediante um modelo matemático.
No uso da tecnologia da compostagem, a limitação técnica decorre do alto
custo operacional, da necessidade de grandes áreas, e dos grandes riscos de
46
mercado na venda do composto orgânico. Por outro lado, na reciclagem, há
necessidade de grandes investimentos públicos e do desenvolvimento, na cidade,
da consciência ambiental, cujos resultados só ocorrem a longo prazo. A reciclagem,
que se insere no conceito dos 3 R (redução, ré-uso e reciclagem), é uma alternativa
tecnológica que deve ser perseguida com políticas públicas.
Gusmão (2005) combina algumas dessas alternativas, dentro de uma ótica de
planejamento institucional, e tenta chegar a uma solução financeiramente viável, na
cidade do Recife, a partir da valorização física dos resíduos pela reciclagem da
valorização pela compostagem e da valorização energética pela destruição térmica.
Vários são os métodos para a execução do processo de compostagem, entre
eles:
1°. Compostagem artesanal: em pilhas ou leiras, a céu aberto, removidas por
processo manual, para a aeração das camadas interiores, mantendo sob relativo
controle as condições de temperatura e umidade dos materiais;
2°. Compostagem com reviramento mecânico: as pilhas são reviradas com
equipamentos, pá-carregadeira ou equipamentos específicos para reviramento de
leiras;
3°. Compostagem em pilhas estáticas com aeração forçada: Também conhecido
como Método de Beltsville, consiste em fazer injetar ar em pilhas estáticas com
controle do tempo da aeração; com o trabalho de um compressor, injeta-se ar na
base das pilhas; com isso, supre-se a demanda de oxigênio em intervalos,
regulares, durante todo o dia, em períodos de 30 dias;
4°. Compostagem em recintos fechados com aeração forçada: nesse método, os
resíduos ficam em recintos fechados, em contêineres, tubulões ou silos, sendo
47
mantida a aeração; a diferença do método anterior está no isolamento ambiental do
processo;
5°. Compostagem com digestão anaeróbica e geração de energia: nesse método, a
digestão orgânica de resíduos é feita por meio de microrganismos anaeróbicos
(degradação biológica), na ausência de oxigênio, oferecendo a possibilidade de
aproveitamento energético (valorização energética). O processo de compostagem
anaeróbica ocorre a baixas temperaturas e, além de gás carbônico e água, são
produzidos o metano (CH
4
), a amônia (NH
3
) e compostos finais parcialmente
reduzidos (aldeídos, álcoois, etc), ocorrendo uma liberação de energia durante a
decomposição em intensidade menor do que na compostagem aeróbica. É
geralmente feita em escala industrial.
Os processos de compostagem têm-se desenvolvido sob a ótica tecnológica,
no mundo todo. Conceitos, como o de que, para fazer a compostagem basta
empilhar materiais orgânicos e remexê-los, de tempos em tempos, revelam-se
ultrapassados. A compostagem realiza-se em duas fases: a primeira, quando
ocorrem as reações bioquímicas de oxidação mais intensas, predominantemente
termofílicas; a segunda, ou fase de maturação, mesofílica, quando ocorre o
processo de estabilização dos sólidos e humificação.
O período de compostagem depende do método utilizado e do tipo de
material a ser compostado. Geralmente, varia de 25 a 35 dias, para a primeira fase,
e de mais 30 a 50 dias, para a segunda, finda a qual o composto orgânico estará
curado. Já no segundo dia do processo, bactérias termofílicas passam
gradativamente a predominar, ao lado de populações de fungos termofílicos, que
começam a aparecer do quinto ao décimo dia do processo. Nesse momento, o
processo atinge a sua temperatura máxima. A fase de oxidação segue, assim, até o
48
decréscimo gradual da temperatura, que começa a ocorrer pouco antes do trigésimo
dia. Atinge-se, então, a fase de maturação, na qual prevalecem as populações de
actinomicetes e mofos. A atividade microbiana, em todos os métodos de
compostagem, é praticamente similar.
Entre os fatores que influenciam o processo estão:
1°. Tamanho das partículas: a redução de tamanho favorece o aumento da atividade
microbiológica durante o processo;
2°. Taxa de oxigenação (aeração): sendo um processo aeróbico, depende de
oxigênio para se realizar. A demanda por oxigênio atinge seu pico máximo durante a
fase de oxidação (daí inclusive esse nome) do processo;
3°. Temperatura: está relacionada com a taxa de oxigenação a ser ministrada para
garantir o equilíbrio biológico e a eficiência do processo; deve-se manter as
temperaturas entre 40 e 60° C, durante a fase de oxidação; (O esfriamento da pilha
pode não significar cura e, sim, comprometimento do processo de compostagem,
por alterações da taxa de oxigenação, aumento da umidade e outros).
4°. Relação carbono/nitrogênio e concentrão de nutrientes: é o fator ambiental
mais crítico para a compostagem, já que o crescimento e a diversificação dos
microorganismos se relacionam, diretamente, com a disponibilidade de nutrientes,
que suprem a energia necessária para o seu crescimento celular, além de outras
funções.
Uma das preocupações centrais é a sanidade do composto final, que, para
ser considerado seguro, deve apresentar níveis não-detectáveis de salmonela e
contagem inferior a 100 K. coli e streptococus, por grama de composto analisado
(menor do que 100 colônias/g). Pela compostagem, obtem-se produtos finais secos
e estáveis, vantajosos, sob o ponto de vista da logística de distribuição, quando
49
comparados aos produtos líquidos, obtidos na biodigestão, que ocorrem em meio
anaeróbico.
A compostagem é altamente favorecida em regiões subtropicais e tropicais,
exuberantes em biodiversidade e com clima favorável. É uma tecnologia ainda
subutilizada no Brasil, sendo o lixo urbano uma fonte contínua e interminável de
matéria orgânica, que poderia ser convenientemente tratada e direcionada para a
manutenção da fertilidade dos solos, além da produção de energia elétrica por meio
de digestores anaeróbicos.
2.6 Geração de energia
O conceito de co-geração corresponde ao processo em que há produção
simultânea de energia térmica e energia mecânica (normalmente convertida em
energia elétrica), a partir de uma fonte de combustível (biomassa, óleo combustível,
gás natural, resíduos industriais, etc.). Os primeiros sistemas de co-geração,
instalados ao redor do mundo, datam da primeira década do século XX. Nessa
época, era muito rara a produção centralizada de energia e era comum o
consumidor instalar sua própria central de geração de energia.
A partir da década de 1940, com o avanço da tecnologia, surgiram novos
conceitos de geração e de interligação de sistemas elétricos, otimizados de forma
centralizada que, com o apoio das grandes centrais, conseguiam fornecer energia
abundante e de baixo custo. Os sistemas de co-geração foram, então,
gradualmente, perdendo participação no mercado.
50
No entanto, nas últimas décadas, os setores energéticos passaram a conviver
com crises sistêmicas, relacionadas com a escassez ou insuficiência de
investimentos, para assegurar o abastecimento de energia elétrica compatível com o
ritmo de crescimento econômico. Ao lado do aumento da demanda, os mercados
vêm exigindo cada vez mais, a melhoria da qualidade do fornecimento, para
corresponder ao avanço da "robotização da economia" e da massificação do uso de
computadores os grandes sistemas centralizados de geração de energia passaram,
então, a ser exigidos em novas condições de operação e começaram a dar "sinais
de vulnerabilidade".
Essa tendência vem fortalecendo opiniões e promovendo decisões em favor
do avanço dos "sistemas de geração distribuída", pelo que os clientes finais
(indústria, comércio e serviços), utilizando fontes de energia primárias disponíveis
(biomassa e/ou gás natural), produzem, consomem e administram as suas
necessidades de energia elétrica e térmica.
Os processos de co-geração podem ser aplicados, nas suas diferentes
formas, em inúmeros setores de atividade:
1. Setor Industrial - Calor de Processo - Produção de Vapor: Indústria Química,
Petroquímica e Farmacêutica; Indústria de Alimentos e Bebidas; Indústria de Papel e
Celulose; Indústria Têxtil;
2. Setor Industrial - Aquecimento Direto - Forno de Alta Temperatura: Indústria de
Vidro; Indústria de Cimento; Siderúrgica;
3. Setor do Comércio e Serviços - Ar-Condicionado Central, Aquecimento de Água:
Shopping Center; Centro Comercial; Supermercado; Hotel; Hospital; Lavanderia e
Tinturaria; Clube Desportivo.
51
Nos sistemas de co-geração, utilizando-se combustível derivado de resíduo
(CDR), pode-se obter, em uma tonelada de resíduos, o equivalente a 200 kg de
carvão ou 250 kg de combustível, 30 toneladas de água quente ou ainda 500 kWh
de energia elétrica, dependendo de condições tecnológicas, climáticas e
características do resíduo domiciliar de uma determinada região.
Conclui-se que as diversas alternativas descritas são adequadas, quando
executadas de maneira correta, de acordo com as condições energéticas,
financeiras, territoriais e estratégicas de cada país.
Os aterros sanitários e controlados, no caso do Brasil, continuam sendo a
tecnologia mais aplicada, apesar das limitações descritas.
O processo de decisão para uma destinação final dos resíduos sólidos da
cidade do Recife, dentro de uma ótica de planejamento institucional, deve-se a
quatro fatores:
1. Fator Social: diz respeito aos agentes sociais envolvidos por meio da organização
social, da renda e do emprego dos trabalhadores da base da cadeia produtiva de
recicláveis, denominados catadores, e da sua inserção nesse arranjo produtivo, com
características inovadoras e de rentabilidade financeira comprovada; nele, os
trabalhadores se encontram sob grande exploração financeira, principalmente dos
segmentos de intermediação (sucateiros ou agentes de depósitos);
2. Fator Ambiental: diz respeito aos elementos ambientais envolvidos, da medida em
que se exige, na escolha da solução, a que apresente um sistema tecnologicamente
adequado de tratamento dos líquidos do processo de degradação dos resíduos e
depuração de gases finais. A solução escolhida deverá apresentar-se como a
melhor alternativa, em termos de sustentabilidade ambiental, a médio e longo prazo,
52
e cumprimento de normas e exigências internacionais, a fim de manter-se
competitiva, num cenário econômico cada vez mais globalizado.
3. Fator Tecnológico: diz respeito às inovações tecnológicas dos processos,
mediante as técnicas de co-geração de energia, utilizando-se, como fonte
alternativa, o lixo urbano, de modo a garantir-se a competitividade necessária ao
empreendimento e sua sustentabilidade financeira, por um longo tempo.
4. Fator Econômico: diz respeito aos elementos econômicos do processo de escolha
para alguns atores envolvidos, como a Prefeitura da Cidade do Recife (responsável
pela destinação final dos resíduos), a iniciativa privada (responsável neste trabalho,
pela operação e tratamento dos resíduos sólidos, com o aproveitamento energético,
mediante concessão ou Parceria Público Privada (PPP) compra e venda de energia
e utilidades do processo - água quente/gelada e vapor) e os catadores de materiais
recicláveis.
CAPÍTULO 3
Avaliação dos diversos instrumentos de geração de energia à base
de resíduos de coco
A humanidade vive um momento crítico em sua história. O padrão de
desenvolvimento de nossa civilização exigiu um alto consumo dos recursos
energéticos do planeta. A produção de bens e conforto para o ser humano polui
intensamente a Terra, prejudicando a qualidade de vida das espécies existentes.
Surge então, a necessidade de se remodelar o paradigma tecnológico e social da
nossa civilização na Conferência das Nações Unidas para o Meio Ambiente e
Desenvolvimento, firmou-se o conceito de Desenvolvimento Sustentável em 1992.
A busca não se focaliza em um único substituto para o petróleo, mas sim, na
possibilidade de coexistirem várias fontes alternativas, propondo até a mudança do
atual paradigma tecnológico e energético. Isto significa que começam a se mostrar,
economicamente viáveis, propostas como: cogeração energética, geração
descentralizada de energia elétrica, pequenas centrais geradoras, combustíveis
renováveis e, até mesmo, fontes de fornecimento irregular como a energia eólica e a
conversão de energia solar por células fotovoltáicas.
Existem três instrumentos para gerar energia com os resíduos de coco:
1. Queima/incineração
2. Biogás
3. Gaseificação
54
Instrumentos Energia Elétrica Calor
Incineração 20% 60%
Biogás 40% -
Gaseificação 40% 50%
Tabela 1: Modelos tecnológicos
Fonte: Schwartz, 2007.
3.1 Incineração
Incineração é um processo de redução do peso, volume e periculosidade dos
resíduos, com a conseqüente eliminação da matéria orgânica e características de
patogenicidade, através da combustão controlada (Lima & Queiroz, 1991).
A redução de volume é superior a 90% e a de peso superior a 75%. Para a
garantia do meio ambiente, a combustão tem que ser continuamente controlada,
levando-se em conta que o combustível (lixo urbano) é "desconhecido", porquanto
varia, ao longo do tempo, em composição, umidade, peso específico e poder
calorífico. Por isso, os sistemas modernos de incineração de resíduos são dotados
de sistemas computadorizados de controle contínuo das variáveis de combustão,
tanto na câmara primária, quanto na pós-combustão.
Uma alternativa é o uso de um óleo térmico para transferência do calor.
Assim, a geração de energia (elétrica) ocorre através do óleo, ao invés dos gases de
combustão o que permite a construção de sistemas com menos pressão do que
fazendo uso do vapor de água. Mas não aumenta a eficiência energética.
55
O primeiro incinerador municipal, no Brasil, foi instalado em 1896, em
Manaus, para processar 60 t/dia de lixo doméstico, tendo sido desativado somente
em 1958, por problemas de manutenção (Lima & Queiroz 1991). Um equipamento
similar foi instalado em Belém e desativado em 1978, sem nunca ter funcionado. Em
1913, foi instalado em São Paulo, no Araçá, um incinerador com a capacidade de 40
t (Calderoni, 1999), este foi desativado em 1948 e demolido em 1953. Em 1949, foi
instalado, em Pinheiros-SP, um incinerador para 200 t por dia, desativado em 1990.
Dois outros foram também instalados em São Paulo, ambos com capacidade
de 300 t. Em 1959, foi instalado o incinerador de Ponte Pequena , em 1968, o do
Vergueiro (PMSP/ Secretaria do Verde, 1993), mas esses equipamentos encontram-
se paralisados, no momento. Todas essas instalações contaram com tecnologias de
gerações hoje ultrapassadas, não tendo a capacidade de atender às exigências das
leis ambientais atuais.
Faz parte da história da incineração a proliferação de incineradores
residenciais prediais, ocorrida no Rio de Janeiro, a partir de 1950, com o surgimento
das construções de prédios. Esses incineradores foram proibidos, no período de
1969/1970, por não atenderem às especificações ambientais da época, funcionando
como verdadeiras caixas de queimar sem controle.
A partir de 1970, foi iniciada a fase de implantação de incineradores
desenvolvidos para o tratamento de resíduos especiais, como: aeroportuários,
hospitalares, industriais e outros resíduos perigosos. Nessa fase, entre outros, foram
instalados os incineradores das indústrias químicas Ciba, BASF, HOECHST,
BAYER, CETREL, CINAL e da KOMPAC, no aeroporto internacional de Guarulhos-
SP e no Banco Central-RJ.
56
A incineração, no Brasil, ainda se caracteriza pela existência de grande
quantidade de incineradores de pequeno porte, instalados em hospitais, casas de
saúde, etc. São equipamentos com capacidade inferior a 0,1 t/h. A grande maioria
deles está hoje desativada ou incinerando, de forma precária, em geral, com
emissões bastante elevadas. A principal razão estaria no fato de serem esses
equipamentos, geralmente, mal operados e mantidos de forma inadequada, pois o
principal foco de uma unidade hospitalar está no atendimento a seus pacientes e
nos problemas de ordem médica e não nas técnicas de gerenciamento e tratamento
do lixo.
Em países como Alemanha, Japão, Suíça, EUA e outras muitas plantas de
incineração foram construídos, recentemente, e outras estão em construção,
principalmente para a geração de energia. Essa reversão se deu, principalmente,
nos últimos cinco anos, com o avanço das tecnologias de depuração de gases e dos
controles on line, computadorizados, de todas as emissões gasosas e líquidas.
Nos últimos anos, nesses paises, a maioria das instalações de tratamento de
gases, das principais plantas, foi substituída e hoje atende integralmente às mais
exigentes normas de proteção ambiental, sendo a operação delas, acompanhada de
perto, muitas vezes pela comunidade local.
É importante conhecer um pouco da evolução do processo, considerando-se
as gerações ou estágios de desenvolvimento das plantas de incineração (Menezes,
2000):
1. Geração (1950-1965):
Nessa fase, a função única era ainda a de reduzir o volume do lixo. Os gases
eram descarregados, diretamente na atmosfera, sem tratamento algum.
Apareceram, então, as primeiras torres de água de refrigeração, instaladas sobre a
57
câmara de combustão. A concentração de poeira atingia níveis de 1.000 mg/ Nm
3
(os sistemas modernos atuais atingem até 3 mg/Nm
3
). As principais plantas dessa
geração foram as de Lousanne (1959), Berna (1954) e Bruxelas (1957).
2. Geração (1965-1975): Nessa época, aparecem os primeiros sistemas de
proteção do meio ambiente, que reduziram as emissões de 100 mg/Nm
3
. Surgem
também, os incineradores com câmara dupla, cujo objetivo era melhorar a eficiência
da queima. Surgem os primeiros interesses na recuperação do calor, para a geração
de energia e as plantas de grande capacidade. A Babcock apresenta o sistema de
grelhas rolantes.
3. Geração (1975-1990): A fase caracteriza-se no mundo desenvolvido pelo
aumento dão desempenho energético e pelo desenvolvimento das normas de
proteção ambiental. A população começou a estar mais atenta aos problemas de
poluição. Foi introduzido sistemas complexos de lavagem de gases, para reduzir as
emissões de gases ácidos, com a neutralização de HCl, SO
2
, HF e metais pesados.
As caldeiras foram melhoradas e houve a melhoria nos processos de combustão dos
orgânicos. A automação passou a ser centralizada, multiplicaram-se os centros de
tratamento com co-geração de energia.
4. Geração (1990-2005): Previa-se a ampliação dos movimentos verdes. O
tratamento de gases que é sofisticado ainda mais, perseguindo a meta de emissão
Zero. Avançaram sistemas para a remoção de outros poluentes como NO
2
, dioxinas
e furanos. Deu-se o aparecimento das tecnologias avançadas de tratamento para a
produção de resíduos finais inertes, que podem ser reciclados ou dispostos sem
nenhum problema para o meio ambiente, tal como o uso do plasma térmico. Vários
processos foram sofisticados no pré-tratamento do lixo, anterior à incineração, para
aumentar a sua homogeneização, baixar a umidade e melhorar o poder calorífico, de
58
modo a transformá-lo em um combustível de qualidade para a máxima geração de
energia. Sofisticaram-se também os processos de combustão com o aumento dos
sistemas de turbilhonamento, secagem, ignição e controle da combustão.
Na América Latina, o percentual de resíduos incinerados é inferior a 1%,
segundo o BNDES (1997). O município do Recife utiliza, atualmente, a tecnologia de
incineração na destruição dos resíduos hospitalares da rede municipal de saúde e
de outras unidades estaduais e federais.
A prática da reciclagem e a coleta seletiva são atividades amplamente
praticadas e divulgadas, nos principais países da Europa e América do Norte.
Nesses países, as políticas de gestão de resíduos sólidos envolvem a utilização de
instrumentos econômicos, que procuram levar a população a reduzir a quantidade
de resíduos a serem dispostos em aterros ou incinerados, ao mesmo tempo em que
incentivam a reciclagem. Tais instrumentos são implementados principalmente sob a
forma de taxas sobre o volume gerado em cada domicílio ou sobre a utilização de
matéria-prima, subsídios à reciclagem ou, ainda, sistemas de depósito-retorno.
No Brasil, os estudos têm sido conduzidos, de forma distinta, das análises
internacionais. Existe, de forma embrionária, uma ação acerca da importância de
atitudes, como a minimização da geração de resíduos, a reciclagem, entre outros
processos. Algumas resoluções do CONAMA (Conselho Nacional de Meio
Ambiente) apontam nesse sentido, principalmente com instrumentos regulatórios,
como as resoluções que tratam da destinação final de pneus (258/1999) e da
destinação dos resíduos da construção civil (307/2002).
As cidades atendidas, em 100% da população, pela coleta seletiva foram:
Angra dos Reis-RJ, Itapira-MG, Santo André-SP, Santos-SP e São Sebastião-SP,
59
Curitiba-PR, Florianópolis-SC e Belo Horizonte-MG apresentaram, respectivamente:
99,5; 90 e 80 %.
Desde janeiro de 2004, o Recife vem aperfeiçoando o sistema de coleta de
lixo domiciliar e implementando o sistema de coleta seletiva semanal, porta a porta.
O objetivo é melhorar o manejo dos resíduos sólidos domiciliares produzidos pela
população, bem como, dar o correto encaminhamento aos resíduos recicláveis, com
geração de renda e inserção social aos catadores de rua que, hoje, desenvolvem
suas atividades de maneira informal.
A ação consiste na implantação da coleta alternada para os resíduos
domiciliares orgânicos e da coleta seletiva, porta a porta, para os resíduos
recicláveis, em 21 bairros da cidade. Os materiais coletados são levados aos
núcleos de triagem de catadores, a uma associação sem fins lucrativos ou à central
de tratamento de resíduos sob responsabilidade da EMLURB (Empresa de
Manutenção e Limpeza Urbana do Recife). O peso bruto coletado por esse
programa chegou a 229 t, em 2004, segundo dados da EMLURB / Recife (EMLURB
relatório anual de 2004).
A respeito da reciclagem, no Brasil, as informações contidas em pesquisa da
CEMPRE, revelam, relativamente aos setores de papel e papelão, alumínio, aço,
plásticos, PET, PVC, vidro e pneus, os seguintes dados:
1. Entre o segmento de papéis recicláveis, a evolução da taxa de recuperação
aumentou de 30,7%, em 1980, para 43,9%, em 2002 (61,7% dos papéis
recuperados constituem-se de caixas de papelão ondulado). O Brasil situa-se entre
os 10 países com maior taxa de reciclagem de papel, ocupando a nona posição
(base 2001);
60
2. No segmento da reciclagem de alumínio, o País reciclou, no ano de 2003,
89 % de todas as latas de alumínio consumidas. Desde 2001. O Brasil é Campeão
na reciclagem de latinhas de alumínio, entre os países em que a Reciclagem não é
obrigatória por lei. Em 1992, esse número era de 39% (Rondelli, E. – Brasil – um
campeão mundial em reciclagem de alumínio);
3. Em 2002, cinco milhões de toneladas de sucata de aço foram usados no
Brasil, sendo que 3,3 milhões de toneladas se destinaram a regeneração de novo
aço. A fabricação de folhas metálicas para embalagem de aço consumiu um milhão
de toneladas. Esses números indicam que o Brasil já dispõe de capacidade
instalada para absorver 100% da sucata de embalagens de aço. A evolução do
índice de reciclagem de latas de aço para bebidas foi de 49%, em 2001 para 75%,
em 2003 (Reciclagem e Metálico, citadas pelo CEMPRE);
4. De acordo com a estimativa (Programa Plasticidade de Associação
Brasileira da Industria Química - ABIQUIM), a reciclagem de plásticos, pós-consumo,
no Brasil, é de 17,5%, próxima à média européia (da ordem de 22%). No Rio Grande
do Sul, o índice de reciclagem pós-consumo é de 27,6%; no Ceará 21,3%; no Rio de
Janeiro 18,6%; na Grande São Paulo 15,8%; na Bahia 9,4%; e em Minas Gerais
5,6%. Na reciclagem de PET (Poli-Tereftalato de Etileno), o Brasil reciclou em 2002,
35% da resina produzida no País. O Brasil absorve menos de 5% da produção
mundial de PET e está na trigésima terceira posição mundial em consumo per capita
de embalagens de PET (Dados da Associação Brasileira da Indústria do PET). A
evolução do índice de reciclagem de embalagens de PET passou de 16% em 1994,
para 35%, em 2002. O PVC tem taxa de reciclagem de cerca de 10% , evoluindo de
56.700 t, em 1997, para 70.400 t, em 2002 (CEMPRE, micro-cenários);
61
5. A reciclagem de vidro, no Brasil, atingiu o índice, em 2003, de 45%, o que
equivale a 400 mil toneladas, levando-se em conta os três segmentos de vidro:
plano (utilizado em janelas e tampos de mesas), de embalagem (para produtos
como palmitos, azeitona e perfume) e especiais (aplicado em garrafas térmicas, lãs
de vidro e tubos de televisão). A evolução do índice de reciclagem do vidro passou
de 15%, em 1991, para 45%, em 2003 (ABIVIDRO citado pelo CEMPRE);
6. O Brasil possui sete fabricantes de pneus, que trabalham em níveis
próximos aos das respectivas capacidades máximas de produção. Em 2003, foram
fabricado mais do que 713 mil toneladas, sendo que 35% desse total se destinaram
à exportação. Atualmente, 72% da produção correspondem ao tipo radial (ou seja,
produtos que contêm aço) e 28%, ao convencional. Apenas cinco laminadores têm
cadastro no Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais
Renováveis (IBAMA). Mais do que 20, porém, trabalham informalmente, reciclando
pneus convencionais, que são transformados em produtos, como solado de sapato e
per cinta para sofás, entre outros. Cerca de 70.000 t de pneus foram destinadas à
reciclagem, em 2002. Estima-se que 57% das 175 mil toneladas de carcaça
descartadas por ano tenham sido destinadas a fornos de cimento no Brasil. Nos
Estados Unidos, o percentual gira em torno de 73%, ou 685.000 t das 940.000 t de
carcaças jogadas fora por ano.
62
3.2 Biogás
A fermentação de biomassa pode gerar biogás, um gás constituído por
metano, CO, N
2
, S, entre outros. Um dos requisitos é um baixo teor de lignina (a
lignina não é degradada pelos microorganismos da fermentação).
A temperatura ambiental levemente elevada ocorre à degradação de
biomassa na presença de microorganismos convencionais. O biogás formado pode
ser transformado através da queima num motor, em eletricidade. De 100% biomassa
se formam 40% em energia elétrica, o que faz que essa alternativa seja mais
eficiente do que a incineração.
Os inconvenientes deste processo são:
¾ Sensibilidade dos microorganismos, as bactérias que consomem a biomassa e
assim geram o biogás são muito sensíveis a quaisquer mudanças dos
parâmetros (temperatura, compressão, elementos de braço, oxigênio);
¾ Contaminação: qualquer mudança da composição da biomassa e principalmente
contaminações tem uma influência até fatal para os microorganismos. A material
biomassa é de difícil controle sobre esse assunto a que um fator importante da
fermentação;
¾ A produção do biogás não é imediata. Ela depende dos tipos de
microorganismos, a produção do gás começa com 1 a 10 dias, o que faz a
geração de energia com objetivos comerciais difíceis;
¾ Gás, dependendo da biomassa varia a composição de biogás. Normalmente o
biogás contém cerca de 80% de metano, assim o biogás é altamente inflamável o
que aumenta a possibilidade de acidente;
63
¾ Mesmo com a interrupção da alimentação da biomassa no bioreator, não termina
imediatamente a produção do biogás. Dependendo das condições, a
fermentação e assim, a produção do gás acaba entre 30 a 45 dias.
3.3 Gaseificação
Nos países em vias de desenvolvimento, a biomassa é uma importante fonte
de energia. Principalmente em áreas rurais, a utilização da biomassa é, por vezes, a
forma mais barata de produzir eletricidade ou ar quente para secagem de produtos
agrícolas. Atualmente, a maioria dos sistemas que estão sendo utilizados para a
produção de calor a partir de biomassa, tem baixa eficiência, como conseqüência
das características do combustível, bem como da pequena dimensão das centrais
de produção.
A gaseificação é um processo endotérmico em que um combustível sólido, a
biomassa é convertida num gás de baixa ou média capacidade calorífica. Os
gaseificadores de leito fixo e fluidizados são os indicados para sistemas de produção
de energia a partir de biomassa. O oxidante para o processo de gasificação pode ser
o ar atmosférico ou oxigênio puro. Os sistemas que utilizam oxigênio puro permitem
produzir um gás de maior capacidade calorífica, sendo também mais rápida a sua
produção, no entanto, os custos de produção aumentam devido à necessidade de
oxigênio puro.
O uso da gaseificação da biomassa no Brasil é uma prática ainda não
difundida ou utilizada pelos produtores na secagem de produtos agrícolas,
64
principalmente pela tecnologia que demanda e especialmente pela falta de
divulgação dessa prática.
A gaseificação da biomassa se apresenta como uma alternativa sustentável
para geração de energia, com baixa emissão de poluentes e permitindo, no ciclo
global de crescimento e consumo (queima) dos vegetais, um equilíbrio entre
consumo e produção de gás carbônico.
A redução da produção de gás carbônico na geração energética é
fundamental para controlar a poluição atmosférica e o aquecimento global. Por isto
pode se dizer que a própria tecnologia da gaseificação da biomassa é uma forma de
controle, ou melhor, de prevenção da poluição.
Atualmente estão em andamento vários projetos visando o desenvolvimento
de sistemas de cogeração com gaseificação e turbinas a gás, utilizando a biomassa
como combustível. A gaseificação é definida como a conversão da biomassa, ou de
qualquer combustível sólido (carvão), em um gás combustível, por meio da queima
parcial da biomassa.
A disseminação da utilização da biomassa como fonte de energia traria várias
vantagens. Ela poderia permitir o desenvolvimento rural e o aumento do emprego de
mão-de-obra em países sub-desenvolvidos. A geração de energia pela biomassa
poderia sustentar o desenvolvimento rural e o aumento de empregos nos países em
desenvolvimento, atuando para minimizar ou inverter o êxodo rural.
Para que isto ocorra, seria necessária uma política governamental de
incentivos e divulgação da tecnologia, para torná-la conhecida e atrativa aos olhos
da iniciativa privada (Fernandes, 2000).
65
A gaseificação oferece aos usuários dessa técnica as seguintes vantagens:
1) alta eficiência térmica, variando de 60% a 90%, dependendo do sistema
implementado;
2) a energia produzida com a queima dos gases produzido é limpa;
3) os grãos secos não são contaminados por fumaças ou gases;
4) a demanda de energia pode ser controlada e, conseqüentemente, a taxa de
gaseificação pode ser facilmente monitorada e, também, controlada.
As desvantagens são:
1) a biomassa deverá ser limpa, sem a presença de terras ou outros elementos que
possam comprometer o processo de gaseificação;
2) há o potencial de fusão de cinzas, que poderá alterar o desempenho do
gaseificador, quando se usa a biomassa com alto teor de cinzas;
3) se não completamente queimado, o alcatrão, formado durante o processo de
gaseificação, pode limitar suas aplicações.
A pesquisa sugere avaliar os diversos instrumentos de geração de energia e
potencializar o coco como uma alternativa de geração de energia, avaliar sua
viabilidade econômica.
66
3.4 Materiais e métodos
As análises químicas dos resíduos do coco (quenga) foram realizadas no
laboratório do Departamento de Química Fundamental, da Universidade Federal de
Pernambuco (UFPE) (Figura 6).
Figura 6: Amostra de casca de coco para análise
Fonte: O autor, 2007.
Foram retiradas amostras do coco ainda, in natura, estas foram levadas à
estufa regulada a uma temperatura de 100°c por 48 horas para perda de umidade,
em seguida, após a secagem as amostras foram trituradas em moinho de facas e
reduzidas a pó.
Os extratos da casca do coco foram feitos utilizando-se uma massa de 50
gramas de cada amostra em 100 ml de três solventes distintos: água, etanol e
hexano por um período de 96 horas. Após o período de extração as amostras foram
filtradas para separar o extrato dos resíduos. Os extratos foram levados para a
análise de GC/MS e um exemplo dos resultados obtidos em cromatogramas, Gráfico
1.
67
Gráfico 1 – Amostra de fibra do coco, extraída com hexano.
Fonte: Departamento de Química Fundamental, 2007.
O coco, que foi utilizado para as análises químicas em laboratório, foi
classificado, devido à sua tonalidade de cor, sendo classificado em quatro fibras: o
1º de coloração verde (Fibra 1), o 2º dividido em duas cores acinzentada e verde
(Fibra 2), o 3º predomina a cor acinzentada (Fibra 3) e o 4º totalmente acinzentado
(Fibra e Quenga).
Para a realização das análises químicas foi utilizado um espectrômetro de
fluorescência de raios-X Rigaku, modelo RIX 3000, equipado com tubo de Rh. Os
resultados estão expressos em peso %, Tabela 2.
Uma porção de cada amostra foi colocada em estufa a 110
o
C para eliminação
de água de adsorção e, então, levadas a uma mufla a 1000
o
C por duas horas para
determinação de perda ao fogo. Uma porção de cada amostra em pó seca foi
prensada com 25 tons de pressão formando um disco de 30 mm de diâmetro. As
pastilhas assim formadas foram analisadas, qualitativamente, para elementos
pesados e alguns leves, e então semi-quantitativamente para os elementos
detectados na varredura qualitativa.
Os resultados foram recalculados para 100% para incorporar o valor da perda
ao fogo. Todos os elementos da tabela periódica podem ser detectados, com
exceção dos elementos leves H, He, Li, Be, B, C, N e O. Os elementos não listados
não foram detectados.
68
3.5 Resultado e discussão
No resultado das análises químicas, Tabela 2, constam os valores de cada
elemento químico estudado, quanto à coloração da casca, verifica-se que ocorre
pequena diferença para o mesmo elemento químico em alguns tratamentos em
outros essa diferença é nulo. O que possivelmente indica que a utilização do resíduo
do coco (quenga), poderá ser utilizada assim que houver o envasamento da sua
água, nas agroindústrias e na própria cidade, onde este é utilizado, de forma natural
pela sociedade.
Elemento químico Fibra 1 Fibra 2 Fibra 3
Fibra e
quenga
K
2
O 1,39 1,41 1,49 1,10
Cao 0,57 0,37 0,54 0,75
Cl 0,38 0,47 0,30 0,11
Fe
2
O
3
T 0,24 0,16 0,35 0,20
P
2
O
5
0,11 0,09 0,14 0,18
SiO
2
0,10 0,06 0,13 0,21
SO
3
0,06 0,06 0,10 0,21
MgO 0,01 0,01 0,02 0,04
Cr
2
O
3
0,01 0,02 0,03 0,02
MnO 0,01 0,01 0,01 0,01
NiO 0,01 0,01 0,02 0,01
CuO 0,01 0,01 0,03 0,01
ZnO 0,01 0,01 0,02 0,01
Br Tr Tr Tr 0,01
SrO Tr Tr Tr 0,01
Ga
2
O
3
-
Tr 0,01
0,00
ZrO
2
-
Tr Tr
-
TiO
2
0,12
0,03 Tr
-
Al
2
O
3
-
- -
0,03
PF 96,96 97,25 96,80 97,07
Total 100,00 99,99 100,00
PF: perda ao fogo; 0> Tr >1:
Tabela 2: Análise química da fibra e da quenga do coco
Fonte: DQF, 2007.
Verifica-se que a perda ao fogo (PF), para os elementos químicos estudados
é muito alta. Assim a quantidade da escória produzida que poderia danificar o meio
69
ambiente e poderia causar algum tipo de poluição ambiental é muito baixa, sendo
este um ponto essencial, além de reduzir o volume de coco em aterros sanitários,
pode ser indicado para produção de energia, sem causar poluição.
Através pirólise/gaseificação de biomassa sólida e queima desses gases
formados deixa-se produzir 40% de energia elétrica e 40% de calor. O processo é
relativamente simples, apresenta menos problemas do que a incineração e do
biogás, mas tem uma boa eficiência energética (Schwartz, 2007).
O Gráfico 1, visto anteriormente, representa a amostra de fibra do coco,
extraída com hexano, nesta resultou o n-octadecano com o tempo de retenção de
16.61 min e conforme a espectroscopia de massa confirmada com a biblioteca de
WILEY 229. Além disso, n-tetracosano com o tempo de retenção de 17.65 min e
conforme a espectroscopia de massa confirmada com a biblioteca de WILEY229.
Esses tipos de compostos fazem parte de ceras que explica o baixo teor de água e
alta perda ao fogo mesmo, utilizando o coco que sofreu maior intemperismo das
cascas velhas. Esse tipo de composto tem boas características na queima e assim
ajuda na combustão da casca na gaseificação.
Silva (1988) produziu um gaseificador com modificações na câmara; área da
grelha 0,06m
2
; adição de um revestimento envolvendo a parte superior do
gaseificador e foi colocado um registro tipo borboleta na saída da câmara de
combustão. O ar aquecido no combustor foi enviado para um secador, que possuía
câmaras metálicas que eram removíveis, içadas por um sistema de roldanas,
facilitando a homogeneização da secagem.
Os testes para esse sistema foi para secar café despolpado, com umidade
inicial de 54,5% bu até 11,1 ± 1,6% bu. A temperatura do ar de secagem foi de 60
ºC, pressão estática do ar na saída do ventilador de 9 mmca e velocidade de 46,3
70
m
3
min
-1
. Utilizou-se cavacos de lenha como combustível consumiu 15,3 e 18,8 kgh
-1
.
Sendo este equipamento viável para a secagem de café despolpado.
Concluiu-se que o gaseificador, usando cavacos de eucalipto como
combustível, consumiu entre 15,3 e 18,8 kgh
-1
de biomassa, que o equipamento é
viável para a secagem de café despolpado e para outros produtos agrícolas, não o
impregnando de fumaça ou outras partículas, geradas nas fornalhas de fogo direto,
e que todos os combustíveis de biomassa testados são viáveis na utilização do
sistema via gasificação com adjacente combustão dos gases gerados (Silva, 2000).
Campos (1998), utilizando um secador de leito fixo, possuindo quatro
câmaras metálicas, dotadas de movimentação e içadas por um sistema de roldanas
e cabos. Utilizou-se para secagem de café com umidade inicial de 54,4% bu até 11,1
± 1,6% bu. A temperatura do ar de secagem, pressão estática e velocidade do ar
aquecido foram de 60 ºC, 9 mmca e 46,3 m
3
min
-1
, respectivamente. Foram
utilizados, como combustível, cavacos de eucalipto, com dois valores de umidade
17,8 e 9,0% bu. O poder calorífico dos cavacos foi determinado conforme a sua
umidade inicial, considerando o poder calorífico superior do Eucalyptus grandis de
17.974 kJkg
-1
.
Wylen et al. (1998), ao comparar o consumo de combustível no sistema de
gaseificação, de 15,3 a 18,8 kgh
-1
, com aqueles obtidos por Freire (1998), que
verificou, no mesmo secador, consumo de 26,8 kgh
-1
de lenha de eucalipto utilizando
numa fornalha a fogo direto, verifica-se que todas as biomassas testadas no sistema
gaseificador são viáveis como combustível para o gaseificador.
A privatização das empresas públicas de energia vem trazendo dúvidas e
receios quanto à manutenção de alguns serviços de eletricidade definidos como
bens públicos, antes garantidos pela forte atuação do Estado em todas as atividades
71
do setor. Entre estes bens, destacam-se o fornecimento de energia elétrica a
consumidores rurais, consumidores de baixa renda e incentivo ao uso de fontes
renováveis de energia.
Boa parte destes consumidores está localizada em regiões muito distantes,
de difícil acesso e de baixa demanda energética, justificando-se a geração
descentralizada de energia elétrica a partir de sistemas térmicos e as altas tarifas
cobradas por este serviço. Essas regiões isoladas vêm sendo supridas de energia
elétrica, até o momento, graças aos subsídios fornecidos pela sociedade através da
Conta de Consumo de Combustíveis – CCC, que tem data definida para acabar, em
maio de 2013.
Assim, para reduzir a dependência energética é necessário estimular o uso
de fontes locais de energia, principalmente as fontes renováveis alternativas como
solar, eólica e biomassa.
A filosofia do Green Marketing como mecanismo de ação voluntária está
centrada na consciência ambiental dos consumidores. Esta consciência é,
normalmente, conseqüência de dois fatores: o cultural e o grau de efeito sobre a
própria população.
O fator cultural é histórico e demonstra o desenvolvimento e percepção da
sociedade a respeito, neste caso, das fontes renováveis alternativas. Quando os
recursos sejam econômicos, energético é pouco, há uma tendência a valorizá-los.
Como o meio ambiente sempre esteve "disponível", a percepção quanto à sua
valorização tardou a acontecer. Ainda hoje, algumas atividades econômicas não
consideram as externalidades ambientais que produzem, mesmo havendo um
72
aparato legal que ampare o meio ambiente. Assim, existe um forte sentimento de
direito sobre o meio, mas pouco, ou nenhum, dever em preservá-lo.
Mas como exercer essa cidadania com o meio ambiente se, em alguns casos,
o indivíduo não tem recebido a contrapartida do governo para questões básicas. É
neste contexto que se encontra o Brasil. O governo brasileiro, que deveria garantir a
manutenção dos direitos dos cidadãos e também cobrar os deveres de cada um,
não tem conseguido atingir estes objetivos. Muitos bens públicos, de
responsabilidade do governo, como saneamento básico, saúde, educação, etc., têm
sido fornecidos, de maneira insatisfatória, deixando muitos indivíduos à margem
desse atendimento. Essa via de mão dupla tem seguido apenas num sentido,
dissociando o governo do cidadão e, pior, distorcendo o sentido de cidadania. A
insatisfação generalizada acaba propiciando o desenvolvimento equivocado da
cultura da sociedade, que pode levar muito tempo para ser reparado.
Quanto ao grau de efeito sobre a população, este fator está associado à
percepção de que o meio ambiente tem o poder de se adaptar às condições
impostas a ele e de que não se sabe se esta adaptação pode interferir
negativamente no indivíduo.
A partir de então, a sociedade passou a participar cada vez mais,
organizando-se através de entidades ambientalistas, representantes de associações
de classe, etc.; e influenciando o processo de reforma do setor no sentido de
garantir a manutenção e promoção de bens públicos. Hoje, pode-se considerar
como tradição a participação da sociedade civil americana nas decisões da área de
energia.
Infelizmente, a sociedade brasileira ainda não conseguiu atingir o estágio de
participação verificado nos Estados Unidos. Muitos são os fatores que dificultaram
73
esta atitude, mas se pode assegurar que um dos principais se relaciona com os
impactos ambientais pontuais verificados nos projetos elétricos brasileiros. O maior
impacto da geração hidrelétrica está concentrado nas regiões dos arredores das
construções, que serão alagadas com a barragem erguida, atingindo apenas a
população e o meio ambiente local.
Mas, para a disseminação e o bom desempenho de um mecanismo de ação
voluntária, é preciso também dispor de uma renda financeira que permita, ao
indivíduo, optar por uma "eletricidade verde" a um custo maior. Talvez esse seja o
maior empecilho que um mecanismo como o green marketing pode enfrentar num
país como o Brasil. Diferentemente dos americanos, a grande maioria dos brasileiros
apresenta um poder aquisitivo relativamente muito inferior, que atende apenas às
suas necessidades básicas. E se a situação é ruim, para o país como um todo, é
ainda pior para as comunidades do sistema isolado que, em muitos casos, não têm
uma renda mínima, nem educação ou serviços de saúde?
O desenvolvimento rural é parte integrante do desenvolvimento da economia
e sociedade de um país e não deve ser posto em segundo plano por não parecer, à
primeira vista, um agente modernizador do país. De fato, não se pode relegar o
problema agrícola ao preconceito de considerá-lo um problema periférico, de
comunidades intelectual e economicamente inferiores, ou mesmo classificá-lo
simplesmente como uma questão de país subdesenvolvido.
Na verdade, a consciência do real estágio de desenvolvimento rural de um
país, principalmente de uma nação de dimensões continentais e clima favorável
como o Brasil, é estratégica para a retomada de um desenvolvimento econômico, de
forma sustentável, sustentado por políticas maduras de desenvolvimento social e
74
econômico. Um aumento de produtividade rural gera um excedente que permite o
desenvolvimento de outros setores da economia (indústria e serviços) e possibilita,
quando voltado para exportações, um aumento das divisas internacionais do país.
Observa-se que as políticas rurais que, realmente conseguem efetivar nos
países em desenvolvimento, são aquelas a privilegiar as elites dominantes, que
conseguem, desta forma, manter seus privilégios à custa da melhoria de condições
de vida e educação da população local, prejudicando o desenvolvimento social do
país a médio e longo prazo.
A manutenção, por longo tempo, de grandes distorções sociais gera tensões
internas na sociedade, potencializando convulsões sociais. Estas convulsões
poderiam ser evitadas se as elites rurais dominantes permitissem maior
desenvolvimento social no meio rural. A grande dificuldade é que esta mesma elite,
apesar de sua educação formal (quando ocorre), é tão leiga quanto a média da
população do país, sem conseguir discernir as dificuldades futuras de pequenas
economias presentes ou mesmo tentativas de manter a "velha ordem".
Outros problemas surgem contra o desenvolvimento rural, principalmente em
países em desenvolvimento, por exemplo: em vários países ainda é muito grande o
distanciamento do padrão de desenvolvimento e qualidade de vida entre o meio rural
e o urbano. Este gradiente contribui para o fenômeno do êxodo rural e, geralmente,
queda também da qualidade de vida nos grandes centros urbanos.
Entre os vários fatores da falta de recursos no campo, pode-se citar a baixa
qualidade, ou mesmo, a inexistência de rede elétrica em diversas comunidades
rurais de países em desenvolvimento. A energia é um aspecto crítico do processo de
75
desenvolvimento rural (Hurley, 1980). É essencial para as operações agrícolas, no
processamento e transporte de alimentos, na produção de fertilizantes,
agroquímicos e equipamento agrícola. É necessária, também, para operações
industriais que geram empregos, para iluminação e aquecimento doméstico e para a
construção e operação da infra-estrutura necessária para escolas, hospitais e
suprimento de água.
Concernente a análise econômica no uso de um motor diesel, operando de
maneira híbrida é apresentado na literatura (Mukunda, 1992; Fernandes & Sánchez,
1999). Como a energia de ativação dos componentes combustível do gás produto
(CH
4
e CO) é alta, torna-se necessária uma fagulha para ativar a combustão. Tal
fagulha é fornecida no ciclo diesel pela ignição do diesel presente na mistura. A
opção diesel na literatura ocorre porque, fora do Brasil, é produzido comercialmente
apenas grupo-geradores a diesel. Somente aqui há opção para gasolina e álcool.
Este estudo analisa a viabilidade de operar o grupo gerador de maneira
híbrida, misturando 70% gás de biomassa e 30% diesel. Para isto, ao grupo gerador
seria acoplado um gaseificador de biomassa, utilizando o coco como matéria-prima.
Outra aplicação desta tecnologia que pode gerar grande economia, reduzindo
o consumo de derivados de petróleo, é a sua utilização para substituir o GLP - Gás
Liquefeito de Petróleo em indústrias de pequeno e médio porte, para fins de
aquecimento, agora, sem a necessidade de motores e neste caso, dispensando
totalmente o diesel.
Para se ter uma idéia da economia, cada kg de GLP gasto para produzir
calor, pode ser substituído por aproximadamente 3,5 kg de biomassa seca. Esta
76
utilização se mostra, particularmente interessante, nos centros industriais próximos a
florestas plantadas, como as que abastecem as indústrias de celulose e papel.
O aproveitamento de biomassa como fonte energética primária para geração
de eletricidade é uma alternativa completamente condizente com a realidade de
hoje, principalmente, quando se trata de comunidades isoladas. Ela apresenta
balanço global de gás carbônico nulo, geração de apenas 1% de cinzas que podem
ser aproveitadas ou recicladas, emissão de dióxido de enxofre quase nula, assim
como de outros óxidos provenientes da combustão (CENBIO, 2004).
Equacionamento Econômico
1. Levantamento dos custos da planta piloto;
2. Escolha dos cenários (vida útil do equipamento, custo de capital, número
de horas em operação, preços do combustível);
3. Cálculo do custo equivalente anual para os cenários escolhidos;
4. Cálculo do custo da eletricidade para os cenários escolhidos;
Como sugestões as novas pesquisas, se faz necessária análise para verificar
o poder calorífico do coco;
Potencializar teste utilizando um gaseificador utilizando o coco como
combustível, para verificar a produtividade ou seja quantos quilos de coco serão
necessários para gerar 1 Kw;
Com a visão dos resultados pode-se vislumbrar um coeficiente de transição
para o desenvolvimento sustentável.
CONCLUSÕES
Todas as classificações do coco estudadas, têm a potencialidade dos
elementos químicos se perderem ao ser levados ao fogo, devido a este fator,
possivelmente pode ocorrer menor poluição e formação de escória contaminada;
A utilização de resíduo do coco, tem grande potencial de produzir energia
sem causar danos ao meio ambiente;
Apesar de mostrar-se como alternativa viável, a gaseificação de biomassa –
por ser uma tecnologia pouco conhecida no Brasil - necessitaria de políticas
governamentais de divulgação e incentivo, para sua aceitação pela iniciativa privada;
Econômica e sustentavelmente a gaseificação é a melhor metodologia para
produção de energia, a desvantagem é o investimento inicial muito alto;
O emprego de pequenas centrais, de geração de potência integrando um
gaseificador constitui uma alternativa interessante, porque possibilita a produção
independente de energia elétrica;
Com o aproveitamento dos resíduos de biomassa, regionalmente disponíveis,
é possível atender a todos os pressupostos que, direta ou indiretamente, conduzem
a um modelo de sociedade em que o crescimento e o desenvolvimento, com base
nos recursos naturais e seu gerenciamento racional, respeitando limites técnicos,
econômicos e legais;
O desenvolvimento desta tecnologia está sendo estudado e discutido no
momento, devido ao fato que os combustíveis fósseis, serem o grande poluidor do
planeta causando danos catastróficos à humanidade.
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