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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ
PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
MESTRADO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO E SISTEMAS
ELIANE MARIA BRAMBILLA
APLICAÇÃO DA USABILIDADE NO CICLO DE DESENVOLVIMENTO DE UM
VEÍCULO PARA PORTADORES DE NECESSIDADES ESPECIAIS - UM ESTUDO
DE CASO
CURITIBA
2008
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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO PARANÁ
ELIANE MARIA BRAMBILLA
APLICAÇÃO DA USABILIDADE NO CICLO DE DESENVOLVIMENTO DE UM
VEÍCULO PARA PORTADORES DE NECESSIDADES ESPECIAIS - UM ESTUDO
DE CASO
Dissertação apresentada ao Programa de
Pós-Graduação em Engenharia de Produção e
Sistemas da Pontifícia Universidade Católica
do Paraná, como requisito para obtenção do
título de Mestre em Engenharia de Produção E
Sistemas.
Orientador: Prof. Osíris Canciglieri Junior,
Ph.D
Curitiba, Setembro de 2008.
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Pontifícia Universidade Católica do Paraná
Programa de Pós-graduação em Engenharia de Produção e
Sistemas
TERMO DE APROVAÇÃO
ELIANE MARIA BRAMBILLA
APLICAÇÃO DA USABILIDADE NO CICLO DE DESENVOLVIMENTO DE UM
VEÍCULO PARA PORTADORES DE NECESSIDADES ESPECIAIS - UM ESTUDO
DE CASO
Dissertação aprovada como requisito parcial para a obtenção de grau de Mestre no Curso de
Mestrado em Engenharia de Produção e Sistemas, Programa de Pós-graduação em Engenharia de
produção e Sistemas, do Centro de Ciências Exatas e de Tecnologia da Pontifícia Universidade
Católica do Paraná, pela seguinte banca examinadora.
_______________________________________________
Prof. Osiris Canciglieri Junior, Ph.D. (PPGEPS – PUCPR)
Orientador
_______________________________________________
Prof. Alfredo Iarozinski Neto, Dr. (PUCPR)
Membro Interno
_______________________________________________
Profa. Dra. Maria Lucia Leite Ribeiro Okimoto, Dra. (UFPR)
Membro Externo
_______________________________________________
Dra. Adriana Holtz Betiol (INTERFÁCIL)
Membro Externo
Curitiba, Setembro de 2008.
III
DEDICAÇÃO
Dedico esta pesquisa a meu marido Roque, que me acompanhou, apoiou e
compreendeu a cada passo dado durante a caminhada.
E a minha grandiosa, maravilhosa e inspiradora família: Pais Arcêncio e Gracinda,
irmãos: Maria, Aliceu, Alice, Isabel, Norberto, Leonardo, Norma e Grizolde.
Orgulho-me muito de todos vocês.
IV
"Existem apenas duas maneiras de ver a vida; Uma é pensar que não existem
milagres e a outra é que tudo é um milagre."
.ALBERT EINSTEIN
V
AGRADECIMENTOS
Muitos contribuíram para que chegasse ao resultado final deste trabalho, o qual foi
feito a luz de muito carinho e com um objetivo final em especial, e o rito se
estende a todos que neste objetivo acreditaram, especialmente a Deus, que sempre
com seu amor e carinho de pai me guiou.
Durante esta caminhada muitas pessoas especiais participaram e estiveram ao meu
lado e, dentre eles meu orientador, Prof. Dr. Osíris Canciglieri Junior e sua esposa
Rosana, a quem agradeço pelo conhecimento, apoio e encorajamento em todos os
momentos, a disponibilidade de mesmo distante dispor de muita atenção e
dedicação mesmo quando o fuso-horário desfavorecia qualquer conversa.
Aos professores do Programa de Pós-Graduação Em Engenharia da Produção e
Sistemas da Pontifícia Universidade Católica, pelo apoio e participação concreta
neste momento de formação.
Aos participantes da pesquisa, pessoas especiais aos quais tenho muito carinho, e
abraço como causa de vida em apoiá-los para tornar suas vidas melhores, obrigada
pelo exemplo de vida de continuar sorrindo e de bem com a vida seja qual for as
limitações físicas, estas pessoas super especiais para mim são Norberto, Ana Paula,
Marlei, Carmem, Carlos e seus familiares.
À minha grande família, que indiscutivelmente me apoiou em toda e qualquer
decisão da minha vida. Grande em amor, carinho e coração: Arcêncio e Gracinda ,
meus pais amados, Aliceu, Alice (in memorian), Isabel, Normberto, Leonardo, Norma
e Grizolde (Irmãos), Anísia, Jovino, Luiz e Elisandra (Cunhados); Guilherme, Sandra,
Renata, Aliceu Jr.; Patrícia, Letícia, Ana Paula, Camila, Caroline, Karen e Kayllane
(Sobrinhos). Amo tanto todos vocês.
Aos amigos que entenderam e apoiaram todas as situações, e se tornaram minha
segunda família quando o coração apertava: Daniela, Dieter, Ivete, Lariessa Cristina,
Christianne, Valéria, Mara, Luiz (e as crianças), Cleima, Ladir, Luiza, Rafaela,
Rogério, Claudia, Márcia, Paulo, Rosana, Adriana, Eliana, Ilisete, Lucirda, Sandesh,
Regina, Flávia entre outros, que devo uma gratidão imensa.
E principalmente às adversidades que me aconteceram, que me fizerem refletir e um
pouco mais aprender.
VI
RESUMO
A competitividade tem sido o resultado mais evidente da globalização, apresentando uma
acirrada concorrência entre as empresas desenvolvedoras de produtos, mudanças
tecnológicas e consumidores atentos e exigindo maior qualidade, prazo e preços mais
acessíveis. Dessa forma, é necessário otimizar ao máximo o processo de concepção e
desenvolvimento de produtos, através da geração e utilização de conceitos e ferramentas
ainda pouco explorados no segmento, e principalmente o conhecimento das necessidades
de usuários especiais de produtos. Com o avanço da tecnologia, atualmente, áreas como a
de ciências exatas buscam implementar também melhorias nas áreas sociais, incorporando
nesse cenário, pessoas com características especiais, ou seja, pessoas com alguma
deficiência mental ou física e principalmente as portadoras de dificuldades de locomoção.
Essas pessoas, na maioria das vezes, não são providas de recursos que lhes possibilitem
se integrar à sociedade locomovendo-se de forma mais confortável segura e independente,
e o que se tornou também um nicho de pesquisa no ciclo de desenvolvimento de produtos
customizados destinados a princípio, a este público especial. Com isso, esta pesquisa
apresenta uma aplicação dos conceitos de usabilidade integrada às etapas de projeto no
ciclo de desenvolvimento de um produto para usuários com necessidades especiais. Estes
conceitos foram aplicados sob um novo foco, isto é, o de aumentar a potencialidade de
assertividade das características do produto durante o ciclo de desenvolvimento, tornando-o
em um produto mais competitivo e menos dispendioso.
Palavras-chave: Desenvolvimento de produto, ergonomia, usabilidade, influência e
deficiente físico.
VII
ABSTRACT
Competitiveness has been the most obvious result of globalization by presenting a fierce
competition between companies in developing new products, where technological changes
and consumers aware are demanding for higher quality, less time to market and for a
reasonable price. Thus, it is necessary to optimize the maximum conception process of
design and product development, through of generation and use of concepts and tools that
are still poorly explored in the segment, and especially the knowledge of users’ need in a
special product. With the advancement of technology, for instance, areas such as human
sciences is seeking benefits in social areas incorporating in this scenario people with special
characteristics with some mental or physical disabilities and especially those is suffering from
difficulties in walking. These people, most of the time, are not provided with resources to
enable them to become integrated into society by moving themselves to be more comfortable
and secure and independent and this has became a search niche in the special and
customizing products development. With this, this research presents an application of use
the usability concepts for integrating stages of the design to develop a product for users with
special needs. These concepts were applied under a new focus, namely to increase the
capability of assertiveness of the characteristics of the product during the product
development cycle, making it into a more competitive and less expensive to be
manufactured.
Key-Words: Product development, ergonomics, usability, influence, ergonomics and
dubiousness.
VIII
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1.1 FLUXO DA METODOLOGIA DE PESQUISA.........................................4
FIGURA 2.1 ENFASES OBJETIVAS DO ESTUDO DE CASO...................................8
FIGURA 2.2 ETAPAS DE UM ESTUDO DE CASO....................................................9
FIGURA 3.1 ETAPAS DE DESENVOLVIMENTO DE PRODUTOS..........................14
FIGURA 3.2 PLANEJAMENTO DE PROJETO.........................................................15
FIGURA 3.3 PROJETO INFORMACIONAL..............................................................17
FIGURA 3.4 PROJETO CONCEITUAL.....................................................................18
FIGURA 3.5: PROJETO CONCEITUAL E DETALHADO..........................................19
FIGURA 3.6 TESTES DE USABILIDADE NAS ETAPAS DE DESENVOLVIMENTO
DE PRODUTO ..........................................................................................................21
FIGURA 3.7 EXEMPLO DE SALA DE OBSERVAÇÃO ............................................32
FIGURA 3.8 EXEMPLO DE UTILIZAÇÃO DA ERGONOMIA ...................................38
FIGURA 3.9 IMAGEM "HOMEM DE VITRÍVIO"........................................................43
FIGURA 3.10 CARACTERÍSTICAS FEMININAS......................................................45
FIGURA 3.11 CARACTERÍSTICAS MASCULINAS..................................................46
FIGURA 3.12 ÁREAS DE ALCANCE AVALIAÇÃO ANTROPOMÉTRICA................50
FIGURA 3.13 REGIÕES DA COLUNA CERVICAL...................................................53
FIGURA 3.14 REGIÕES DO CORPO AFETADAS POR LESÃO MEDULAR...........54
FIGURA 4.1 MODELO CONCEITUAL PROPOSTO DA PESQUISA........................59
FIGURA 4.2 TESTES DE USABILIDADE NAS ETAPAS DE DESENVOLVIMENTO
DE PRODUTO ..........................................................................................................60
FIGURA 4.3 GRUPOS DE TEMAS A SEREM ABORDADOS..................................62
FIGURA 4.4 - NÍVEIS DE LESÃO E EXTENSÃO DA PARALISIA POR LESÃO......63
FIGURA 5.1 - NECESSIDADES A SEREM ATENDIDAS DO PONTO DE VISTA
DOS USUÁRIOS.......................................................................................................73
FIGURA 5.2 - ÁREAS COMPROMETIDAS COM A LESÃO C6 DO CASO
ESTUDADO ..............................................................................................................75
FIGURA 5.3 - MÃOS DO USUÁRIO SELECIONADO PARA O ESTUDO DE CASO.
..................................................................................................................................76
FIGURA 5.4 - PRENSAGEM E PEGA DE MÃO - MÃO DIREITA.............................77
IX
FIGURA 5.5 - PRENSAGEM E PEGA DE MÃO - MÃO ESQUERDA.......................77
FIGURA 5.6 - MOVIMENTOS DE PULSO E BRAÇOS PARA A ATIVIDADE DE
DIGITAÇÃO...............................................................................................................78
FIGURA 5.7 - MOVIMENTOS DE PULSO E BRAÇOS PARA A ATIVIDADE DE
REDAÇÃO.................................................................................................................79
FIGURA 5.8 - EXEMPLO DE ADAPTADOR PARA REDAÇÃO................................79
FIGURA 5. 9 – EQUILÍBRIO E MOVIMENTO DE CINTURA....................................81
FIGURA 5.10 – DADOS ANTROPOMÉTRICOS DO USUÁRIO...............................83
FIGURA 5.11 - REPRESENTAÇÃO DE MEDIDAS ANTROPOMÉTRICAS
DINÂMICAS. .............................................................................................................83
FIGURA 5.12 – TRICICLO DESENVOLVIDO (PROTÓTIPO)...................................88
FIGURA 5.13 – VISTA LATERAL DO TRICICLO......................................................89
FIGURA 5.14 - SINALIZAÇÕES DO TRICICLO PROTÓTIPO..................................90
FIGURA 5.15 - ASSENTO DO VEÍCULO. ................................................................91
FIGURA 5.16 - ACIONAMENTO DA PARTIDA DO TRICICLO.................................93
FIGURA 5.17 - ACIONAMENTO DOS COMANDOS DE FREIO E ACELERADOR. 94
FIGURA 5.18 - BAGAGEIRO DE CARGAS..............................................................95
FIGURA 5.19 - APLICAÇÃO DO BAGAGEIRO. .......................................................95
FIGURA 5.20 - ERGONOMIA E CONFORTO...........................................................96
FIGURA 5.21 - ACESSIBILIDADE AO TRICICLO. ...................................................97
FIGURA 5.22 - EQUILÍBRIO E CONFORTO. ...........................................................98
FIGURA 5.23 - ADEQUAÇÃO DO PROTÓTIPO - CINTO DE SEGURANÇA...........99
FIGURA 5.24 - ADEQUAÇÃO DO PROTÓTIPO - ESPELHO RETROVISOR........100
X
LISTA DE TABELAS
TABELA 5.1- DADOS ATROPOMÉTRICOS DO USUÁRIO EM ESTUDO
(ESTÁTICO)..............................................................................................................82
TABELA 5.2 - DADOS ATROPOMÉTRICOS DO USUÁRIO – DINÂMICOS............84
TABELA 5.3 - TABELA DE AVALIAÇÃO DOS ITENS DE ACESSIBILIDADE.........85
TABELA 5.4 - TABELA DE AVALIAÇÃO DOS ITENS DE SEGURANÇA.................85
TABELA 5.5 - TABELA DE AVALIAÇÃO DOS ITENS DE DIRIGIBILIDADE............86
TABELA 5.6 - TABELA DE AVALIAÇÃO DOS ITENS DE ERGONOMIA,
EQUILÍBRIO E CONFORTO.....................................................................................87
XI
LISTA DE GRÁFICOS
GRÁFICO 3.1 CAUSAS DE LESÕES MEDULARES................................................51
GRÁFICO 3.2 FAIXA ETÁRIA DOS ATINGIDOS POR CAUSAS EXTERNAS.........52
GRÁFICO 3.3 INTERNAMENTO POR CLASSIFICAÇÃO DE CAUSAS...................55
GRÁFICO 5.1 - CLASSIFICAÇÃO QUANTO À ESCOLARIDADE............................68
GRÁFICO 5.2 - LOCOMOÇÃO UTILIZADA PELOS USUÁRIOS .............................69
GRÁFICO 5.3 - PROFISSÃO DOS USUÁRIOS........................................................70
GRÁFICO 5.4 - MOVIMENTOS COMUNS EM TODOS OS USUÁRIOS
ENTREVISTADOS....................................................................................................71
GRÁFICO 5.5 - IMPORTÂNCIA DAS PRINCIPAIS FUNÇÕES................................74
XII
LISTA DE QUADROS
QUADRO 3.1 ETAPAS DE DESENVOLVIMENTO DE PRODUTO..........................11
QUADRO 4.1 QUADRO 4.1 - CORRELAÇÃO DAS ATIVIDADES...........................59
QUADRO 4.2 - USUÁRIOS E AS PARTICIPAÇÕES NAS ETAPAS ESTUDADAS .64
QUADRO 4.3 - ITENS FORMADORES DO TRICICLO ............................................65
QUADRO 5.1 - PARTICIPANTES DA ETAPA DE TESTE DE EXPLORAÇÃO. .......68
QUADRO 5.2 - ITENS AVALIZADOS EM CADA UM DOS SEIS QUESITOS ..........73
XIII
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
ADD Associação Desportiva para Deficientes - São Paulo
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
CADEIRANTES Portador de necessidade especial de locomoção com
dependência de cadeira de rodas.
ISO Internation Standarization Organization, Organização
internacional para Padronização
LESÃO C6 Lesão Cervical na 6º vértebra
LESÃO C7 Lesão Cervical na 7º Vértebra
NBR Norma Brasileiras de Regulamentação
NEDIP Núcleo de Desenvolvimento integrado de produtos - UFSC
PUCPR Pontifícia Universidade Católica do Paraná
SARAH Hospital Federal de Reabilitação especializado no aparelho
locomotor.
SICORDE Sistema de Informações da Coordenadoria Nacional para
Integração da Pessoa Portadora de Deficiência (CORDE) -
Ministério da Justiça relacionado as Nações Unidas
XIV
SUMÁRIO
AGRADECIMENTOS.............................................................................V
RESUMO...............................................................................................VI
ABSTRACT..........................................................................................VII
LISTA DE FIGURAS............................................................................VII
LISTA DE TABELAS .............................................................................X
LISTA DE TABELAS .............................................................................X
LISTA DE GRÁFICOS ..........................................................................XI
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS .............................................XIII
CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO.............................................................. 1i
1.1. CONTEXTO..................................................................................................1
1.2. MOTIVAÇÃO................................................................................................2
1.3. JUSTIFICATIVA ...........................................................................................3
1.4. METODOLOGIA DA PESQUISA.................................................................3
1.4.1. Justificativa das metodologias científicas aplicadas à pesquisa - estudo de
caso ......................................................................................................................4
1.5. OBJETIVOS .................................................................................................5
1.6. ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO...............................................................5
CAPÍTULO 2 - METODOLOGIA CIENTÍFICA - ESTUDO DE CASO .... 7
2.1. CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA...........................................................7
2.2. METODOLOGIA DE ESTUDO DE CASO....................................................7
2.3. JUSTIFICATIVA DA ESCOLHA DO MÉTODO............................................8
2.4. PROCEDIMENTOS ADOTADOS NO ESTUDO DE CASO .........................9
CAPÍTULO 3 - REVISÃO DA LITERATURA ........................................
11
3.1. DESENVOLVIMENTO DE PRODUTO.......................................................12
3.1.1. Modelos para o processo de desenvolvimento de novos produtos.............12
3.1.2. Principais fases de desenvolvimento de produto........................................14
XV
3.1.3 Definição da idéia principal do produto.......................................................15
3.1.4 Projeto do produto................................................................................................ 16
3.1.5 Projeto informacional............................................................................................ 17
3.1.6 Projeto conceitual ................................................................................................. 18
3.1.6 Projeto detalhado.................................................................................................. 18
3.2 USABILIDADE ............................................................................................20
3.2.1 Testes de usabilidade .................................................................................21
3.2.1.1 Teste de comparação .................................................................................22
3.2.1.2 Teste de exploração....................................................................................22
3.2.1.3 Teste de avaliação......................................................................................23
3.2.1.4 Teste de validação......................................................................................23
3.2.2. Perfil do avaliador .......................................................................................24
3.2.3. Desenvolvimento do plano de teste............................................................24
3.2.4 Declaração das atividades e os objetivos do teste......................................25
3.2.5 Definição do perfil do usuário......................................................................25
3.2.6 Medotologia de aplicação do teste..............................................................26
3.2.7 Lista de tarefas ...........................................................................................27
3.2.8 Selecionando os participantes ....................................................................27
3.2.9 Determinando o número de participantes...................................................28
3.2.10 Roteiro do avaliador....................................................................................28
3.2.11 Questionário de identificação do perfil do participante................................29
3.2.12 Roteiro orientativo.......................................................................................29
3.2.13 Instrumentos de coleta de dados................................................................30
3.2.14 Questionário de avaliação do sistema pelo participante.............................30
3.2.15 Tópicos para questionamento.....................................................................31
3.2.16 Ambiente de avaliação................................................................................31
3.2.17 Análise dos dados.......................................................................................32
3.2.17.1 Compilação dos dados................................................................................32
3.2.17.2 Criar resumos e analisar.............................................................................33
3.2.18 Identificar e focalizar as tarefas que não possuem critérios........................33
3.2.18 Identificar a fonte dos erros analisados.......................................................34
3.2.20 Priorizar os problemas por criticidade.........................................................34
3.2.21 Desenvolvendo recomendações.................................................................36
XVI
3.3 Ergonomia e biomecânica...........................................................................36
3.3.1 Ergonomia na vida diária ............................................................................37
3.3.2 Aplicação da ergonomia e da biomecânica no projeto................................39
3.3.3 Biomecânica ...............................................................................................39
3.4. ANTROPOMETRIA.....................................................................................41
3.4.1. Perspectiva da antropometria .....................................................................42
3.4.2. Conceitos básico da antropometria.............................................................43
3.4.3. Variação ou diversidade humana................................................................44
3.4.4 Diferenças individuais.................................................................................44
3.4.4.1. Diferenças entre homens e mulheres .........................................................45
3.4.5. Constrições impostas pela variabilidade humana.......................................46
3.4.6. Dados antropométricos estáticos e dinâmicos............................................46
3.4.6.1. Dados antropométricos estáticos................................................................47
3.4.6.2 Dados antropométricos dinâmicos..............................................................47
3.4.7 Posturas versus movimentos......................................................................48
3.4.8. Localizações do centro de massa dos segmentos corporais......................50
3.5. DEFICIÊNCIA FÍSICA.................................................................................51
3.5.1 Lesão medilar com causas externas...........................................................51
3.5.2 Tipos de deficiências físicas .......................................................................53
3.5.3 Classificação das deficiências ...................................................................55
3.5.4 Deficiência física estudada .........................................................................56
CAPÍTULO 4 - PROPOSTA METODOLÓGICA CONCEITUAL PARA ANÁLISE DA
INFLUÊNCIA DA USABILIDADE NO CICLO DE DESENVOLVIMENTO DE UM
PRODUTO ESPECIAL .............................................................................................57
4.1 CARACTERIZAÇÃO DA PESQUISA.........................................................57
4.2 METODOLOGIA APLICADA NA PESQUISA............................................58
4.3. TESTES DE USABILIDADE APLICADO AO ESTUDO DE CASO............60
4.3.1. Formação dos grupos de temas a serem abordados............................60
4.3.2 Teste de comparação ...............................................................................61
4.3.3 Teste de avaliação ....................................................................................61
4.3.4 Teste de validação....................................................................................61
4.4. FORMAÇÃO DOS GRUPOS DE TEMAS A SEREM ABORDADOS.........62
4.5 PERFIL DOS USUÁRIOS DO PRODUTO .................................................63
XVII
4.6 OUTROS PARTICIPANTES DA PESQUISA.............................................64
4.7 FORMAÇÃO DOS CONCEITOS PARA O PROTÓTIPO TRICICLO.........65
4.8 TIPOS DE QUESTÕES ELABORADAS ....................................................65
4.9 TIPOS DE TESTES ELABORADOS..........................................................66
4.10 APLICAÇÃO A PESQUISA........................................................................66
CAPÍTULO 5 - APLICAÇÃO DO MODELO METODOLÓGICO PROPOSTO
ATRAVÉS DE ESTUDO DE CASO..........................................................................67
5.1. LEVANTAMENTO PRELIMINAR (GRUPO I) ............................................67
5.1.1 Identificação do perfil dos usuários........................................................67
5.1.2 Grau de escolaridade dos usuários ........................................................68
5.1.3 Quanto aos meios de locomoção utilizados pelos usuários ................69
5.1.4 Atividade profissional desenvolvida.......................................................70
5.2 (GRUPO II) .................................................................................................71
5.2.1 Usabilidade - testes de exploração .........................................................71
5.2.2 Necessidades a serem atendidas do ponto de vista dos usuários
potenciais entrevistados - teste de exploração....................................................72
5.2.3 Movimentos de mão – caso estudado.....................................................74
5.2.4 Pinçagem de dedos – caso estudado ....................................................76
5.2.5 Movimentos de braço...............................................................................78
5.2.6 Movimentos de equilíbrio de cintura.......................................................80
5.2.7 Atividade desenvolvida pelo usuário......................................................81
5.3. CLASSIFICAÇÃO ANTROPOMÉTRICA (GRUPO III).............................. 82
5.4. Testes de usabilidade (grupo iv) .............................................................84
5.4.1 Conceitos de acessibilidade....................................................................84
5.4.2 Conceitos de segurança...........................................................................85
5.4.3 Conceitos de dirigibilidade ......................................................................86
5.4.4 Conceitos de ergonomia, equilíbrio e conforto......................................86
5.5 TESTE DE USABILIDADE APLICADA AO PROTÓTIPO (GRUPO V) .....87
5.5.1 Apresentação do veículo..........................................................................88
5.5.1.1 Conceitos de sinalização .........................................................................89
5.5.1.2 Conceitos do assento do triciclo.............................................................90
5.5.1.3 Altura montagem do assento do triciclo.................................................91
5.5.1.4 Conceitos dos comandos do triciclo - partida .......................................92
XVIII
5.5.1.5 Conceito dos comandos do triciclo - freio e acelerador .......................93
5.5.1.6 Conceitos do suporte bagageiro.............................................................94
5.6 RESULTADOS TESTE DE USABILIDADE APLICADA AO TRICICLO
QUANTO ERGONOMIA E CONFORTO ..................................................................96
5.7. RESULTADOS TESTE DE USABILIDADE APLICADA AO TRICICLO
QUANTO A ACESSIBILIDADE...............................................................................97
5.8 INTERVENÇÕES E ADEQUAÇÕES DOS CONCEITOS ESTABELECIDOS
APÓS TESTE COM PROTÓTIPO. ...........................................................................99
5.8.1 Adaptação do cinto de segurança...........................................................99
5.8.2 Adaptação do espelho retrovisor..........................................................100
5.9 COMENTÁRIOS ADICIONAIS DOS USUÁRIOS ....................................101
CAPÌTULO 6 -CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES
PARA TRABALHOS FUTUROS
....................................................................102
6.1 CONCLUSÕES SOBRE QUESTÕES DE IDENTIFICAÇÃO E PERFIL DOS
PARTICIPANTES (GRUPO I).......................................................................................
103
6.2 CONCLUSÕES SOBRE QUESTÕES AVALIAÇÃO DO GRAU DE
DIFICULDADE DOS MOVIMENTOS DO CASO ESTUDADO (GRUPO II)............104
6.3 CONCLUSÕES SOBRE QUESTÕES CLASSIFICAÇÃO
ANTROPOMÉTRICA DO USUÁRIO III).................................................................104
6.4 CONCLUSÕES SOBRE QUESTÕES AVALIAÇÃO DOS CONCEITOS
APLICADOS TESTE DE USABILIDADE (GRUPO IV) ..........................................105
6.5 CONCLUSÕES SOBRE QUESTÕES AVALIAÇÃO COM O PROTÓTIPO
(GRUPO V) .............................................................................................................105
6.6 RECOMENDAÇÕES PARA PESQUISAS FUTURAS .............................106
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................
107
CAPÍTULO 1 - INTRODUÇÃO
1.1 - CONTEXTO
No Brasil a preocupação com deficientes físicos pelo Estado iniciou-se com a
promulgação da Lei número 7.853, de 24 de outubro de 1989 (Congresso
Nassional), através da qual o Ministério da Justiça e CORDE,(2005) proporcionou
garantias legais, a obrigatoriedade de se incluir nos censos nacionais informações
especificas e de acordo com a realidade brasileira. O tema “Pessoas Portadoras de
Dficiência” foi objeto de investigação a partir do censo de 1991, pois aentão estas
informações não eram levantadas de maneira estruturada, enquanto que em outros
países, como Estados Unidos, estes índices eram apurados e estudados hà muito
mais tempo. Constatou-se no senso realizado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística) ano de 2000 e nas parciais de 2003 que uma parcela
significativa da sociedade possui algum tipo de deficiência. Assim, este último senso
apontou que cerca de vinte e quatro milhões de pessoas, ou seja, em torno de
14,5% de toda a população Brasileira apresentam dificuldades visuais (não somente
o uso de lentes corretivas), auditivas, mentais ou de locomoção (MINISTÉRIO DA
JUSTIÇA – SICORDE 2005).
Pessoas portadoras de deficiências físicas e com dificuldades de locomoção
causadas por fatores congênitos ou não, constituem mais de 36% do total de
deficientes. No Brasil em torno de nove milhões de pessoas necessitam de alguma
atenção ou cuidado especial na locomoção ou mesmo um meio de locomoção
diferenciado. Os casos mais críticos são os dos cadeirantes (deficiente físico
dependentes de cadeira de rodas para locomoção) por possuírem um grau de
dependência mais elevado.
O levantamento realizado pela Rede de Hospitais Sarah Kubischek (rede pública
especializada em atendimento de pessoas com necessidades especiais de
locomoção), constatou que quase 76% de todos os pacientes que foram atendidos
no período de 2001 a 2005 nas unidades de Salvador e Brasília (demais unidades
da rede SARAH não fizeram parte do levantamento por tratarem de especialidades
mais específicas, com poucos lesados medulares) caracterizam-se por serem
2
jovens adultos, do sexo masculino. Sendo que 50% deste total eram solteiros e mais
de 90% residiam na área urbana (SARAH, 2005), ou seja, é o perfil de pessoas que
estariam plenamente dentro da faixa produtiva do mercado.
Para tais indivíduos, a capacidade de se locomoverem de maneira com maior
facilidade e de forma autônoma é um fator muito importante, juntamente com a
reabilitação e re-socialização, na sua integração psico-social e econômica
(SASSAKI, 2005), melhorando a auto-estima e predispondo o individuo à realização
de atividades economicamente produtivas. Existem hoje no mercado vários meios de
locomoção destinados a esse público, que vão desde cadeiras de rodas
convencionais, cadeiras motorizadas elétricas, adaptações para carros, e outros
meios de locomoção com as adaptações necessárias para cada caso ou tipo de
dificuldade.
Levando em conta os padrões estabelecidos pelo próprio mercado e a
competitividade cada vez mais elevada, e também o tipo de cliente e suas
necessidades específicas, torna-se essencial a aplicação de novos métodos de
concepção em todo o ciclo de vida do produto. Com base nestes fatores, a questão
de pesquisa que orienta este trabalho está no estudo da influência da usabilidade
aplicada no ciclo de desenvolvimento de um protótipo customizado destinado à
locomoção de pessoas com necessidades especiais.
1.2 - MOTIVAÇÃO
A Usabilidade vem sendo aplicada cada vez mais em desenvolvimento de softwares,
páginas da internet e produtos eletrônicos como celulares, computadores, palm tops
etc., com ênfase para interfaces mais amigáveis entre produtos e usuários. Aplicar
esta mesma analogia ao desenvolvimento de um produto customizado e deixá-lo
mais amigável ao usuário tornou-se o desafio desta proposta de trabalho.
Juntar os conhecimentos tecnológicos utilizados nas etapas de projeto durante o
ciclo de desenvolvimento do produto com os conceitos de usabilidade, buscando
incorporar nos produtos características personalizadas.
Outro fator motivacional é poder trazer de volta à sociedade e ao mercado de
trabalho pessoas que por dificuldades de locomoção, estariam à margem e
desacreditadas de si mesmas. Buscar facilitar o deslocamento destes usuários com
3
necessidades especiais, melhorar a qualidade de vida e autoconfiança foi o objetivo
pessoal vislumbrado.
1.3 – JUSTIFICATIVA
Pessoas com deficiência com restrição de mobilidade, porém com suas capacidades
psíquicas e intelectuais em funcionamento são hoje a maior parte dos casos de
traumatismos Raqui-medular. A grande maioria é de jovens, que as causas mais
comuns são acidentes automobilísticos, mergulho, quedas em prática de esporte,
acidente urbano entre outros (SARAH, 2005). Os distúrbios de humor,
particularmente ansiedade e depressão são fatores que geralmente afetam os
pacientes e uma a reintegração precoce em programas de reabilitação, socialização,
prática de esportes e atividades profissionais diminui consideravelmente a incidência
destes problemas, melhorando a qualidade de vida de um lesado medular e de toda
a família, segundo Associação Desportiva para Deficientes em São Paulo (ADD).
Para se desenvolver um produto mais adequado a este tipo de público fatores como
características físicas e funcionais, bem como conforto, independência e tipos de
atividades, devem ser considerados. Para isso, é necessário que se integrem
diferentes áreas do conhecimento para uma melhor formação do conceito do
produto. Normalmente as etapas de desenvolvimento de um produto não possuem
integração com os métodos utilizados em usabilidade durante o processo de
desenvolvimento. Portanto, a aplicação dos conceitos e técnicas de usabilidade
durante as etapas do ciclo de vida do produto poderá influenciar significativamente
toda a concepção do protótipo, demonstrando o nível de influência desses conceitos
de forma integrada, a eficácia na conceitualização e a redução de interferência
(retrabalhos) após o conceito ser estabelecido.
1.4 METODOLOGIA DA PESQUISA
A Metodologia completa da pesquisa foi dividida em duas partes: a primeira –
Revisão de Literatura - referente à captação de conhecimento necessário para a
concepção da pesquisa e a segunda parte Desenvolvimento da Pesquisa -
concepção conceitual e aplicação através de um estudo de caso.
Na Revisão da Literatura foram abordados os temas: Metodologia Científica, Estudo
4
de Caso aplicada ao ciclo de desenvolvimento de um produto; Desenvolvimento de
Produto; Usabilidade e Biomecânica; Antropologia e Ergonomia e Portadores de
Necessidades Especiais de Locomoção. No Desenvolvimento da Pesquisa foi
apresentada a proposta do modelo conceitual da pesquisa (capítulo 4); aplicação do
modelo proposto através de um estudo de caso e a análise dos resultados (capítulo
5).
Figura 1.1 – Metodologia da Pesquisa
DESENVOLVIMENTO
DE PRODUTO
METODOLOGIA
CIENTÍFICA
ESTUDO DE CASO
USABILIDADE E
BIOMECÂNICA
ANTROPOMETRIA E
RGONOMIA
PORTADOR DE
NECESSIDADE
ESPECIAL DE
LOCOMOÇÃO
REVISÃO DA LITERATURA
PROPOSTA DO
MODELO CONCEITUAL
DA PESQUISA
APLICAÇÃO DO
MODELO CONCEITUAL
ATRAVÉS DE ESTUDO
DE CASO
ANÁLISE
DOS
RESULTADOS
DESENVOLVIMENTO
DA PESQUISA
USABILIDADE
Portador de
necessidade especial
de locomoção
Desenvolvimento de produto
Pré
Pós
Planejamento
estratégico do
produto
Idéia/necessidade
do produto a ser
desenvolvido
Planejamento
projeto
Projeto
Informacional
Projeto
Conceitual
Prototipagem
e teste
Demais etapas
Necessidade de um produto
para melhor locomoção
Proposta Prototipada
Levantamento dos produtos
existentes no mercado
Levantamento das
necessidades do usuário
Modelagem dos conceitos
Aplicação das avaliações de
usabilidade aos conceitos
Teste de usabilidade com o
usuário
Validação dos testes com o
usuário
Planejamento das atividades
Portador de
necessidade especial
de locomoção
Desenvolvimento de produto
Pré
Pós
Planejamento
estratégico do
produto
Idéia/necessidade
do produto a ser
desenvolvido
Planejamento
projeto
Projeto
Informacional
Projeto
Conceitual
Prototipagem
e teste
Demais etapas
Necessidade de um produto
para melhor locomoção
Proposta Prototipada
Levantamento dos produtos
existentes no mercado
Levantamento das
necessidades do usuário
Modelagem dos conceitos
Aplicação das avaliações de
usabilidade aos conceitos
Teste de usabilidade com o
usuário
Validação dos testes com o
usuário
Planejamento das atividades
DESENVOLVIMENTO
DE PRODUTO
METODOLOGIA
CIENTÍFICA
ESTUDO DE CASO
USABILIDADE E
BIOMECÂNICA
ANTROPOMETRIA E
RGONOMIA
PORTADOR DE
NECESSIDADE
ESPECIAL DE
LOCOMOÇÃO
REVISÃO DA LITERATURA
PROPOSTA DO
MODELO CONCEITUAL
DA PESQUISA
APLICAÇÃO DO
MODELO CONCEITUAL
ATRAVÉS DE ESTUDO
DE CASO
ANÁLISE
DOS
RESULTADOS
DESENVOLVIMENTO
DA PESQUISA
USABILIDADE
Portador de
necessidade especial
de locomoção
Desenvolvimento de produto
Pré
Pós
Planejamento
estratégico do
produto
Idéia/necessidade
do produto a ser
desenvolvido
Planejamento
projeto
Projeto
Informacional
Projeto
Conceitual
Prototipagem
e teste
Demais etapas
Necessidade de um produto
para melhor locomoção
Proposta Prototipada
Levantamento dos produtos
existentes no mercado
Levantamento das
necessidades do usuário
Modelagem dos conceitos
Aplicação das avaliações de
usabilidade aos conceitos
Teste de usabilidade com o
usuário
Validação dos testes com o
usuário
Planejamento das atividades
Portador de
necessidade especial
de locomoção
Desenvolvimento de produto
Pré
Pós
Planejamento
estratégico do
produto
Idéia/necessidade
do produto a ser
desenvolvido
Planejamento
projeto
Projeto
Informacional
Projeto
Conceitual
Prototipagem
e teste
Demais etapas
Necessidade de um produto
para melhor locomoção
Proposta Prototipada
Levantamento dos produtos
existentes no mercado
Levantamento das
necessidades do usuário
Modelagem dos conceitos
Aplicação das avaliações de
usabilidade aos conceitos
Teste de usabilidade com o
usuário
Validação dos testes com o
usuário
Planejamento das atividades
Fonte: O Autor
1.4.1
Justificativa das metodologias científicas aplicadas à pesquisa -
Estudo de caso
A metodologia de estudo de caso é a ferramenta mais apropriada para demonstrar a
efetividade e resultados, classificar e tratar os dados coletados em pesquisas,
entrevistas e de levantamento de informações em campo, dando suporte a um
conceito. Este instrumento de pesquisa ajuda a embasar e explicar o estudo em
questão, viabilizando a aplicação de forma mais detalhada, envolvendo não o
5
portador de necessidade especial de locomoção, mas também outros usuários
potenciais, familiares, profissionais ligados à área e engenheiros de desenvolvimento
de produtos, garantindo evidência e embasamento.
1.5 OBJETIVOS
O objetivo geral da pesquisa foi aplicar técnicas de usabilidade no desenvolvimento
baseado em conceitos de projeto centrado no usuário, NORMA ISO 13407 (1999)
um protótipo de um produto customizado dentro das etapas de desenvolvimento de
produto. Através de um estudo de caso de um triciclo motorizado utilizado por uma
pessoa com deficiência física. Para que este objetivo global fosse atingido a
pesquisa foi dividida em:
O estudo da metodologia científica Estudo de Caso aplicando a
usabilidade ao ciclo de desenvolvimento de um produto;
O estudo da Usabilidade aplicada ao ciclo de desenvolvimento de um
produto especial;
Proposta metodológica do modelo conceitual da pesquisa;
A aplicação e avaliação de um modelo metodológico proposto através de
um estudo de caso para a concepção e desenvolvimento de um protótipo;
Análise dos resultados;
1.6 ESTRUTURA DA DISSERTAÇÃO
A dissertação foi estruturada em seis capítulos, que são:
Este primeiro capítulo introduz o trabalho, a fim de colocar o leitor no
contexto da pesquisa, esclarecer a motivação com relação à escolha do
tema, associado a sua justificativa e à necessidade de realização; cita as
metodologias utilizadas e os objetivos da pesquisa;
O segundo capítulo descreve as metodologias Estudo de Caso utilizando
como base método científica no desenvolvimento da pesquisa;
O terceiro capítulo apresenta o estado da arte através de uma revisão da
literatura sobre os temas pertinentes ao estudo: Fases de
Desenvolvimento de Produto, o Atleta Paraolímpico usuário direto do
produto, a Biomecânica, a Ergonomia e a Usabilidade;
6
No quarto capítulo é apresentado o modelo conceitual do instrumento de
coleta de dados, organizada em blocos de temas referente ao produto e a
delimitação da amostra estudada;
O quinto capítulo apresenta a aplicação, avaliação e discussão do
instrumento de coleta de dados obtidos a partir das entrevistas, divididas
em blocos de questões, realizadas com os paraatletas e especialistas
(blocos e amostra delimitados no capítulo 4);
E o sexto capítulo traz as considerações finais da pesquisa e sugestões
para trabalhos futuros.
CAPÍTULO 2 - METODOLOGIA CIENTÍFICA - ESTUDO DE CASO
Este capítulo apresenta uma revisão sobre a metodologia científica sobre Estudo de
Caso que foi utilizada no processo de desenvolvimento do protótipo de um produto
especial (triciclo) integrando os conceitos de usabilidade ao ciclo de
desenvolvimento de produtos.
2.1 - Caracterização da Pesquisa
A Metodologia Científica aplicada nesta pesquisa tem por objetivo dar suporte às
etapas de projeto durante o ciclo de desenvolvimento de um protótipo de um produto
especial através da integração dos conceitos de usabilidade nas etapas de projeto.
Considerando que a ciência evolui constantemente, e que os fatos podem alterar
esta evolução, que se pesquisar cientificamente e investigar as novas
proposições. Segundo Gil (2002) a pesquisa científica possui um caráter pragmático,
compreendendo que ela é processo formal e sistemático de desenvolvimento do
método científico. O objetivo fundamental de uma pesquisa é encontrar respostas
para problemas mediante o emprego de metodologias científicas. A metodologia é
de extrema importância na elaboração de estudos, sendo que os trabalhos podem
ser verificados sempre que houver necessidade e/ou necessidade da reprodução
dos resultados, dessa forma os resultados serão aceitos sem restrições e tornam
fontes científicas comprovadas com as devidas evidências (COTRIM, 2005; DEMO,
1985). Godoy (1995) ainda ressalta que o estudo de caso é indicado quando os
pesquisadores procuram compreender “como” e “por que” certos fenômenos
ocorrem, e onde pouca possibilidade de controle sobre os eventos estudados.
Este método de análise também permite retratar uma configuração que, embora
particular, funciona como “ponto de partida” para uma análise que busque o
estabelecimento de relações sociais mais amplas de um determinado objeto de
estudo (FRANCO, 1986).
Para identificar a influência da aplicação dos princípios da usabilidade no ciclo de
desenvolvimento de novos produtos será aplicado aqui as ferramentas de estudo de
caso, buscando assim validar uma proposta sob o enfoque qualitativo.
69
2.2 - Metodologia de Estudo de Caso
A característica do estudo de caso é o aprofundamento de forma intensa de
análise de poucos ou simplesmente de um objeto, de forma a possibilitar a quem o
estuda vasto conhecimento (GIL, 2002). A metodologia que será utilizada nessa
pesquisa é a de Estudo de Caso que deve ser dividida em:
Definição do caso: Selecionar o tema de estudo a ser abordado, definir
as características a ser estudadas e quais os aspectos que precisam da
investigação propriamente dita;
Aplicação da investigação: são as informações coletadas, podendo
serem realizadas por entrevistas, testes e experimentos, entre outros, para
reunir e organizar um conjunto de probabilidades;
Formatação dos dados coletados: ordenar as informações em
documentos, textos, notas, e armazená-los de forma a comprovar o estudo
de caso.
Segundo Yin (2001) e Chizzotti (2003), o método Estudo de Caso muito
contribui na compreensão de detalhes e particularidades. O estudioso de Estudo de
Caso deve enfatizar quatro aspectos da pesquisa qualitativa (ênfase objetiva) como
ilustrado na figura 2.1:
Figura 2.1 - Ênfases objetivas do estudo de caso
Veracidade dos dados
Validação
dos
estudos
Validação
interna
Domínio para
Generalização
Veracidade dos dados
Validação
dos
estudos
Validação
interna
Domínio para
Generalização
Autor: Baseado
Yin (2001) e Chizzotti (2003).
70
Validação do estudo: Estabelecer formas de medição para os conceitos que
estão sendo estudados;
Validade interna: Para estudos de caso propriamente ditos e/ou
embasamentos explanatórios; propõe estabelecer uma relação entre as
condições analisadas e propostas;
Generalidade: Estabelece domínio nos quais o resultado do estudo pode ser
generalizado;
Veracidade dos dados: Objetiva demonstrar que as etapas de um estudo
podem ser reproduzidas com a mesma confiabilidade demonstrada, repetindo
os mesmos resultados.
Uma estruturação rica e teórica acerca do estudo de caso é considerada de
extrema importância (YIN, 2005), todo pesquisador que fizer uso da metodologia de
estudo de caso deve se preocupar com as ênfases objetivas (figura 2.1),
independentemente de se tratar de um estudo descritivo, explicativo ou de
exploração. Algumas etapas básicas devem ser seguidas durante uma aplicação de
estudo de caso. De acordo com Gil (2002), estas etapas podem ser conforme
ilustrado na figura 2.2.
Figura 2.2 - Etapas de um estudo de caso
Formulaçã
o do
problema
Definição
do caso
Determinar
quantidade
de casos
Definir
protocolo
Coletar
dados
Analisar
dados
coletados
Avaliar
resultados
Formulaçã
o do
problema
Definição
do caso
Determinar
quantidade
de casos
Definir
protocolo
Coletar
dados
Analisar
dados
coletados
Avaliar
resultados
Fonte:
Gil (2002).
71
A etapa de formulação do problema, a mais difícil de se realizar, é uma fase inicial
de estudos exigindo uma reflexão mais aprofundada e busca a fundamentação em
fontes bibliográficas. A fase seguinte deve ser a de definição da unidade-caso, ou
seja, a determinação do que será estudado. A unidade-caso pode ser considerada
um grupo, uma organização a ser estudada, podendo também ser tratada como uma
coletividade.
Todavia, se mais casos ou grupos forem estudados, haverá a necessidade da
determinação do número de casos. Ao final destas etapas deve-se elaborar um
protocolo que contemple a coleta de informações e definir como será realizada a sua
aplicação e a estrutura da aplicação propriamente dita. Este protocolo é uma forma
organizada e eficaz na aplicação de estudo de caso e mostrando confiabilidade.
Na etapa seguinte de coleta de dados, considerada a etapa mais completa, analisam
e avaliam as informações originadas em entrevistas, levantamento de documentos e
informações. Esta etapa visa demonstrar os resultados quanto ao assunto em
questão, e apresentá-los em relatórios apropriados, sem forma fixa ou pré-
estabelecida.
2.3 - Justificativa da escolha do método
Para conceituar o modelo, a análise do todo de pesquisa Estudo de Caso
mostrou-se mais adequada por estabelecer uma linha de estudos e analisar melhor
as etapas de conceitualização do modelo e verificação das interferências do uso de
conceitos de usabilidade no processo de desenvolvimento de um protótipo. Por meio
desta metodologia pode-se embasar e comprovar a influência da usabilidade
integrada às fases de projeto no ciclo de desenvolvimento de um produto especial.
CAPÍTULO 3 - REVISÃO DA LITERATURA
Este capítulo apresenta a revisão da literatura enfocando as áreas de
desenvolvimento de produto, usabilidade, ergonomia e biomecânica e antropometria
que são as bases conceituais utilizadas no desenvolvimento desta pesquisa.
3.1 Desenvolvimento de produto
Esta seção apresenta aspectos da estrutura do processo de sistematização do ciclo
de desenvolvimento de um produto, as metodologias e as etapas a serem seguidas
para responder questões primordiais de desenvolvimento de um projeto; a
usabilidade dentro deste contexto e a sua influência como fator importante no estudo
de um produto conceitual e na avaliação das suas funcionalidades.
3.1.1 - Modelos para o Processo de Desenvolvimento de Novos
Produtos
Nos processos de desenvolvimento de novos produtos, observa-se que não há uma
única estruturação, faz-se uso de modelos propostos por autores e segue-se a que
melhor se adequar às necessidades. Segundo Takahashi e Takahashi (2007) “o
modo como a empresa efetua o desenvolvimento de produto (sua velocidade,
eficiência e qualidade do trabalho) é que determinará a competitividade do produto”.
O quadro 3.1 apresenta alguns desses modelos baseado no estudo desenvolvido
por Mattar e Santos (2003).
Quadro 3.1 - Etapas de desenvolvimento de produto
Autor Etapas do processo de desenvolvimento de produtos
(KOTLER, 1999, p. 280)
Geração de idéias/ Triagem de idéias
Desenvolvimento e teste de conceitos
Desenvolvimento da estratégia de marketing e Análise comercial
Desenvolvimento de produto
Teste de mercado
Comercialização
69
(WILSON; KENNEDY &
TRAMMELL, 1996, p. 17)
Geração de idéias
Idéias sobre as necessidades futuras dos consumidores
Seleção e desenvolvimento da tecnologia do produto
Seleção e desenvolvimento da tecnologia do processo Definições
finais do produto e do projeto
Preparação da comercialização e distribuição do produto
Projeto e avaliação do produto
Projeto do sistema de fabricação
Fabricação, entrega e uso do produto.
(GRUENWALD, 1994, p. 139)
Busca de oportunidades
Concepção
Desenvolvimento de produtos
Pesquisa e desenvolvimento do produto
Plano de marketing
Teste de mercado Introdução efetiva
(HISRICH; PETERS, 1978, p.
37 e 81)
Desenvolvimento da idéia
Estágio do conceito total
Estágio do teste de conceito
Informações de mercado
Desenvolvimento do produto
Testes de mercado e/ ou pesquisas de marketing
Plano de mercado e Comercialização
(CRAWFORD, p. 43)
Planejamento estratégico
Geração de conceito
Avaliação pré-técnica
Desenvolvimento técnico
Comercialização
(URBAN & HAUSER, p. 38)
Identificação da oportunidade
Planejamento
Testes
Introdução
Gerenciamento do ciclo de vida
(SEMENIK & BAMOSSY, p.
67)
Identificação das oportunidades de mercado
Geração de idéias
Julgamento de idéias sobre novos produtos
Desenvolvimento e testes de produtos
Análise comercial
Planejamento estratégico de marketing
(MATTAR; SANTOS, 2003, p.
322)
Levantamento de oportunidades para novos produtos
Levantamento de idéias para novos produtos
Novas propostas de novos produtos e testes de conceito
Análise da viabilidade
Desenvolvimento do(s) produto(s)
Realização de pesquisas e testes de mercado
Preparação do plano de marketing do novo produto
Produção, comercialização e distribuição.
Acompanhamento, controle, correções e ajustes.
Fonte: Adaptado de Mattar e Santos (2003, p. 321)
No caso de empresas menores, com recursos e estrutura de planejamentos
reduzidos, o desenvolvimento de produtos é feito de forma mais aleatória e reativa
às necessidades de mercado. Já, para as empresas de maior porte, onde se busca a
liderança de mercado através da inovação produtos, serviços ou processos, a
70
preocupação com a forma como será trabalhado o desenvolvimento de novos
produtos torna-se uma prática mais consciente e adaptada à própria realidade
organizacional.
Na competitividade observada no mercado atualmente, percebe-se que a disputa
por cliente é altamente significativa, lançar produtos que estejam em conformidade
com aquilo que os consumidores desejam, levantar as necessidades de sistematizar
o processo e investir em pesquisa e desenvolvimento, destacando-se as seguintes
razões para este processo (MATTAR; SANTOS, 2003):
Garantir a sua permanência no mercado por intermédio da substituição de
produtos que perderam poder competitivo ou que atingiram o estágio do
declínio no ciclo de vida do produto;
Aproveitar oportunidades de expandir a empresa por meio da adição de novos
produtos;
Procurar obter melhores resultados com o incremento na produtividade ou
mesmo pela exploração de sinergia multidisciplinar;
Obter vantagens no mercado com novos produtos, superiores em termos de
tecnologia e outros atributos considerados de valor pelos consumidores;
Aproveitar desenvolvimentos científicos podem se converter em soluções
inovadoras de produtos e serviços para o mercado;
Manter-se alinhada com o nível competitivo das demais empresas do setor.
As empresas estão inseridas em um ambiente que tende a sofrer mudanças
constantes, isso requer que se observem as alterações e mantenham produtos e
serviços em sintonia com as tendências de mercado. Dentre as mudanças no
mercado, Gurgel (2001) destaca três dos aspectos mais significativos, que são a
tecnologia, mercado e sociedade:
Tecnologia - mudanças na tecnologia de materiais, equipamentos e processos de
produção;
Mercado - mudanças nos hábitos dos usuários, refletindo na alteração de suas
necessidades e alterações de renda, bem como, em suas disponibilidades de
recursos;
71
Sociedade - mudanças no ambiente de comunicação de massa, que provoca
diversas influências no mercado e a dispersão cada vez mais rápida de novas idéias,
desejos e aspectos culturais da sociedade.
O relacionamento destes fatores gera mudanças nos produtos, processos e formas
de comercialização. Dentre as diversas metodologias propostas pelos autores, pode
ser que na prática se juntem mais de um dos modelos, ou mesmo que a forma de
aplicação da metodologia de desenvolvimento de produtos ocorra de forma não
programada e em setores não especializados.
3.1.2 - Principais Fases de Desenvolvimento de Produto
A velocidade de evolução dos produtos, exigências do mercado em receber
novidades com qualidade, preços menores e rapidez sem aumentar os custos de
produção forçaram o surgimento de desenvolvimento e aprimoramento de produtos.
O uso de certas metodologias organiza o desenvolvimento de um produto em fases
lógicas e distintas, que visam estruturar um projeto e tornar o processo de criação de
um novo produto ainda mais competitivo.
As fases de desenvolvimento de um produto qualquer estão estruturadas segundo
Baxter (2000), Forcellini (2002) e Rozenfeld et al. (2006), em quatro fases principais
em destaque na figura 3.1.
Figura 3.1: Etapas de desenvolvimento de produtos
Planejamento
projeto
Planejamento
estratégico do
produto
Informacional
Conceitual
Projeto
Detalhado
Produção
Implementação de
Melhorias
ao produto
Mercado
Desenvolvimento
Pré
Pós
Fonte: Adaptado de Rozenfeld et al. (2006)
72
A primeira fase é a definição do produto, ou seja, o surgimento da idéia principal.
Dependendo do tipo de produto a ser desenvolvido, esta é uma fase de pesquisa de
mercado e definição da idéia. A fase subseqüente, de projeto informacional,
consistirá na documentação e categorização das informações obtidas para a
geração dos conceitos na fase seguinte (projeto conceitual). Uma vez concretizados
os conceitos do produto é necessário documentar todo o projeto detalhadamente
para que seja utilizado no processo de produção. A fase de produção do produto
inicia-se com a construção do protótipo até configurar a produção final em escala.
Na última fase acontece o lançamento e acompanhamento do produto no mercado.
3.1.3 - Definição da Idéia Principal do Produto
É basicamente uma fase onde se trata da seleção e desenvolvimento de uma idéia
de um novo produto ou as alterações de um produto existente. A figura 3.2
apresenta as principais etapas de desdobramento desta fase e ressalta que não se
trata de uma regra. Para cada produto em especial pode-se ter uma forma diferente
de se chegar às informações e definições.
Figura 3.2 - Planejamento de projeto
Planejament
o estratégico
do produto
Planejamento
projeto
Projeto
Informacional
Projeto
Conceitual
Projeto
Detalhado
Produção
Mercado
Desenvolvimento
Pré
Pós
Fonte: Adaptado de Rozenfeld et al. (2006)
As etapas principais de definição do produto o: a de planejamento do produto, na
qual se tem a definição do que se quer desenvolver; aceitação do produto através da
avaliação dos clientes em potencial que basicamente se feita por pesquisa de
mercado. Na etapa de análise econômica é feita uma estimativa aproximada dos
custos e verifica-se o quanto o cliente está disposto a pagar; por último se faz a
73
estimativa da capacidade de produção de acordo com a demanda de mercado e
também uma previsão de quando este produto poderá ser lançado.
Para este projeto a inspiração e a seleção da idéia, ou seja, a proposta do veículo
para portadores de necessidades de locomoção (triciclo) foi obtida a partir de casos
de pessoas próximas com necessidades de locomoção e/ou pessoas e familiares
que convivem com este tipo de problema, além da dificuldade de encontrar um
produto comercial que atendesse às necessidades. Por se tratar de um produto
muito específico não houve a necessidade de aplicação de todas as fases de
definição de produto.
3.1.4 - Projeto do Produto
Todo projeto de um produto é uma seqüência de atividades que empregam os
fundamentos de engenharia aliados aos conceitos de desenvolvimento de produto
direcionado a atender às necessidades dos clientes.
Para uma melhor ordenação das atividades a serem executadas na definição de um
produto deve-se seguir uma seqüência de ações estabelecendo cronologicamente
as etapas de projeto informacional, conceitual e detalhado, que delineará o
surgimento de um novo produto. O seguimento desta seqüência de etapas é
necessário para que o processo tenha sucesso sendo que a conclusão de cada
etapa servirá de base para as etapas posteriores.
A etapa de projeto informacional é onde se busca toda informação pertinente ao
pleno conhecimento do problema visando ao final à obtenção das especificações do
produto (FORCELLINI, 2002). A etapa de projeto conceitual é a mais importante de
todo o projeto, sendo que todas as decisões tomadas a respeito dos conceitos
aplicados ao produto devem focar sempre no atendimento das necessidades dos
clientes. As duas fases seguintes, a de projeto preliminar e projeto detalhado visam
à documentação do projeto respeitando as normas de engenharia.
As características de retro-alimentação de uma etapa para outra fazem com que o
ganho do conhecimento tanto do problema quanto da solução aumente
significativamente.
74
3.1.5 - Projeto Informacional
Na fase de projeto informacional é levantada toda informação necessária para a
formação dos conceitos das partes do produto. Essas informações serão utilizadas
ao longo do ciclo de projeto, desde a coleta das necessidades dos clientes até a
especificação do projeto. Diferentes meios podem ser utilizados, e a seqüência
lógica das tarefas é ilustrada na figura 3.3, que apresenta as tarefas que serão
executadas na etapa do projeto informacional.
Figura 3.3 – Projeto Informacional
DesenvolvimentoPré Pós
Planejamento
projeto
Projeto
Informacional
Projeto
Conceitual
Projeto
Detalhado
Produção Mercado
Planejamento
estratégico
Planejamento
do projeto
Planejamento do Projeto Informacional;
Pesquisar as Informações Sobre o Problema;
Identificação dos Requisitos do Cliente;
Definição das Restrições do Produto;
Requisitos de Usabilidade do Produto;
Definição das Especificações do Produto.
Tarefas do Projeto Informacional
DesenvolvimentoPré Pós
Planejamento
projeto
Projeto
Informacional
Projeto
Conceitual
Projeto
Detalhado
Produção Mercado
Planejamento
estratégico
Planejamento
do projeto
DesenvolvimentoPré Pós
Planejamento
projeto
Projeto
Informacional
Projeto
Conceitual
Projeto
Detalhado
Produção Mercado
Planejamento
estratégico
Planejamento
do projeto
DesenvolvimentoPré Pós
Planejamento
projeto
Projeto
Informacional
Projeto
Conceitual
Projeto
Detalhado
Produção Mercado
Planejamento
estratégico
Planejamento
do projeto
Planejamento do Projeto Informacional;
Pesquisar as Informações Sobre o Problema;
Identificação dos Requisitos do Cliente;
Definição das Restrições do Produto;
Requisitos de Usabilidade do Produto;
Definição das Especificações do Produto.
Tarefas do Projeto Informacional
Planejamento do Projeto Informacional;
Pesquisar as Informações Sobre o Problema;
Identificação dos Requisitos do Cliente;
Definição das Restrições do Produto;
Requisitos de Usabilidade do Produto;
Definição das Especificações do Produto.
Tarefas do Projeto Informacional
Planejamento do Projeto Informacional;
Pesquisar as Informações Sobre o Problema;
Identificação dos Requisitos do Cliente;
Definição das Restrições do Produto;
Requisitos de Usabilidade do Produto;
Definição das Especificações do Produto.
Tarefas do Projeto Informacional
Fonte: Adaptado de Forcellini (2002) e Rozenfeld et al. (2006).
75
3.1.6 - Projeto Conceitual
A etapa do projeto conceitual tem o objetivo de avaliar os requisitos e especificações
do produto pesquisado, estabelecendo os elos dos conceitos das necessidades do
cliente aos requisitos do produto.
As tarefas do projeto conceitual estão descritas na figura 3.4 e deverão ser
fundamentadas nas informações obtidas na etapa anterior. Nesta etapa são
definidos todos os conceitos para o produto final. Primeiramente é a atividade de
conceituação, ou seja, é basicamente a obtenção dos conceitos de definição das
funções e/ou características do produto de acordo com as necessidades e
exigências do cliente. Uma vez conceituado é necessário fazer uma análise das
tarefas e funções de todos os conceitos gerados. A validação dos conceitos nada
mais é do que a certificação de que os conceitos escolhidos representam a melhor
solução para o desenvolvimento do produto. Com base nisso é possível conceber o
protótipo.
Figura 3.4 – Projeto Conceitual
Planejamento
projeto
Planejamento
estratégico
do produto
Projeto
Informacional
Projeto
Conceitual
Projeto
Detalhado
Produção Mercado
Obtenção dos
conceitos
Análise das
tarefas e funções
Validação dos
conceitos
Conceber o
protótipo
DesenvolvimentoPré Pós
Fonte: Adaptado Rozenfeld et al. (2006).
3.1.7 - Projeto Detalhado
Com as definições e conceitos estabelecidos desenvolve-se o protótipo do produto,
76
ou seja, nesta etapa se caracteriza a configuração final do produto com os devidos
detalhamentos. A partir daí se faz o modelo para as primeiras aplicações de série,
isto é, se apresenta a evolução a partir da concepção até o protótipo final otimizado
do produto (PAHL e BEITZ, 1995).
As atividades do projeto detalhado do produto devem seguir uma seqüência de
atividades gicas como mostrado na figura 3.5. Observa-se que na seqüência das
atividades se obtém as especificações de materiais, a viabilidade técnica e
econômica, os procedimentos e padronizações que devem ser empregadas
conforme os requisitos e a viabilidade de produção e dos seus meios. Abre-se
também a discussão e definição dos processos de manufatura e os equipamentos e
meios utilizados, os procedimentos e formas de fabricação, bem como a análise
crítica da produtividade deste processo de fabricação. Os projetos de ferramental,
adequação e certificação as normas, desenvolvimento de fornecedor e homologação
do produto também acontecem até o final desta etapa (FORCELLINI, 2002).
As ferramentas de engenharia aplicadas nesta fase de projeto são normalmente
CAD (Computer Aided Design), programas de construção e de simulação, e ainda,
programas de auxílio aos cálculos e dimensionamento (FORCELLINI, 2002).
É necessário um cronograma de atividades e um gerenciamento de implementação
de projeto para viabilizar o desenvolvimento do produto, pois o volume de atividades
e a seqüência destas devem cumprir uma data definida para o lançamento do
produto.
Deve-se chegar ao final desta etapa com uma documentação completa do produto
projetado contendo as definições de funções, dimensões e tolerâncias, materiais,
durabilidade, montagem, produção, custos, entre outros. Para um maior
aprofundamento referente a estas tarefas dentro do projeto detalhado pode-se
consultar FORCELLINI (2002), ROOZEMBURG (1995) e BAXTER (2000).
Figura 3.5 – Projeto conceitual e detalhado
77
Planejamento
projeto
Planejamento
estratégico
do produto
Projeto
Informacional
Projeto
Conceitual
Projeto
Detalhado Produção Mercado
DesenvolvimentoPré Pós
Homologação do Produto.
Estruturação do Produto;
Tarefas do Projeto Detalhado
Especificação dos Componentes;
Pro
jeto do Estilo;
Criação do Modelo Geométrico;
Planejamento do Processo de Fabricação;
Testes do Produto;
Análise e Considerações do Ciclo de Vida;
Projeção da Mantenabilidade e Confiabilidade;
Desenvolver Rede de Assisncia Pó
s Vendas;
Adequação e Certificação com as Normas;
Produzir os Desenhos Detalhados;
Detalhar Recursos e Planos de Fabricação;
Planejamento do Gerenciamento da Série;
Avaliação da Viabilidade Técnica e Econômica;
Fonte: Adaptado de NEDIP (Forcellini, 2002) e Rozenfeld et al. (2006).
3.2 USABILIDADE
Usabilidade pode ser considerada sinônimo de facilidade de uso. Se um produto é
fácil de usar, o usuário demonstra esta facilidade manuseando mais fácil e
78
confortavelmente. Historicamente, o termo usabilidade surgiu como uma ramificação
da ergonomia direcionada para a área de informática e para as interfaces
computacionais. É uma técnica aplicada na criação e remodelação de produtos,
tendo atualmente sua aplicação na área de informática para a avaliação de
interfaces de sites, portais colaborativos, aplicativos e jogos. Segundo Nielsen
(1993), o conceito de usabilidade, no entanto, é mais amplo e se refere à
capacidade de um produto qualquer ser utilizado por seus usuários de maneira que
eles atinjam seus objetivos com eficiência e satisfação.
Segundo Lavery et al. (1997) “Problema de usabilidade pode ser definido como um
aspecto do sistema e/ou da demanda sobre o usuário que torna o sistema
desagradável, ineficiente, oneroso ou até mesmo que torna impossível a realização
dos objetivos do usuário em uma situação típica de uso” .
Sempre que houver uma interface, ou seja, uma operacionalização do equipamento
observa-se a facilidade de manipulação e o grau de usabilidade deste produto. A
partir da difusão da rede de computadores (internet) os conceitos de usabilidade
também foram sendo difundidos. Para Nielsen (1993) a popularização da
usabilidade se por apresentar resultados apreciáveis, fornecendo informações a
respeito de como os produtos são manipulados e a real necessidade o que torna
esta linha de pesquisa bastante atraente para as empresas dos mais variados tipos
de produtos.
Um dos maiores desafios da usabilidade, no entanto, é sua aplicação, pois se trata
de algo relativamente novo. A formulação de questionários apropriados, facilitando
que o usuário visualize e encontre a melhor forma de interagir com a interface.
3.2.1 - Testes de Usabilidade
Segundo Rubin (1994) os testes de usabilidade são mais eficientes quando
implementados como parte do processo de desenvolvimento de um produto. Se
alguma deficiência não for identificada em um dos testes será necessária a
realização de outro tipo de teste, que deverá oferecer oportunidade e identificação
desta deficiência. Os tipos de teste utilizados em usabilidade estão ilustrados na
figura 3.6.
79
Figura 3.6 - Testes de usabilidade nas etapas de desenvolvimento de produto.
Desenvolvimento de produtoPré Pós
Produto a ser
desenvolvido
Levantamento de
Mercado
Especificação dos
Requisitos
Projeto preliminar
Projeto detalhado
Fabricação inicial
Liberação do
produto
Testes de
comparação
Testes de
exploração
Testes de
avaliação
Testes de
validação
Desenvolvimento de produtoPré Pós
Produto a ser
desenvolvido
Levantamento de
Mercado
Especificação dos
Requisitos
Projeto preliminar
Projeto detalhado
Fabricação inicial
Liberação do
produto
Testes de
comparação
Testes de
exploração
Testes de
avaliação
Testes de
validação
Fonte: Adaptado de
J. Handbook of Usability Testing (RUBIN, 1994)
3.2.1.1 Teste de Comparação
O teste de comparação pode ser usado como complemento dos demais testes, e
objetiva comparação em todos os níveis (HANDBOOK, 1994). O teste de
comparação não é associado a nenhuma etapa específica do desenvolvimento de
um produto. Nos primeiros estágios, pode ser usado, para comparar diferenças entre
os produtos disponíveis no mercado através do teste de exploração; nas etapas
intermediárias, pode ser usado para medir a efetividade dos conceitos estabelecidos;
80
nas etapas finais, pode ser usado para identificar o impacto de um produto em
relação ao produto concorrente.
3.2.1.2 Teste de Exploração
O teste de exploração pode ser aplicado quando o produto encontra-se em um
estágio preliminar de desenvolvimento. Neste estágio, os dados do usuário e a
análise de tarefas provavelmente estarão definidos. A etapa de especificação pode
estar em conclusão e a etapa de projeto estará em sua fase inicial. O objetivo do
teste de exploração é avaliar a efetividade do projeto preliminar, ainda em desenho e
conhecer a concepção do usuário ou modelo mental do produto. O processo para
este tipo de teste é bastante informal, com interação entre o avaliado e o avaliador.
Uma representação em desenho poderá ser utilizada através de uma simulação do
protótipo representando o modelo básico.
3.2.1.3 Teste de Avaliação
Considerado o mais comum, simples e objetivo dos testes, pode ser conduzido
durante todas as etapas de desenvolvimento do produto, mas comumente é aplicado
após o desenho fundamental ou modelo do produto ter sido estabelecido. Seu
propósito é expandir o que foi conseguido no teste de exploração avaliando a
usabilidade em um nível mais apurado de operações e aspectos do produto.
Baseando-se no modelo conceitual do produto, este teste busca examinar e avaliar
como o conceito foi implementado efetivamente, verificando como o usuário
consegue desenvolver tarefas reais, identificando deficiências específicas de
usabilidade.
3.2.1.4 Teste de Validação
Pode ser realizado nas etapas finais de desenvolvimento do produto, o teste de
validação certifica a usabilidade do produto. Seu objetivo é verificar como o produto
se adequa em relação aos padrões de usabilidade, padrões de performance e
padrões históricos. Esses padrões são originados de acordo com os conceitos de
81
usabilidade definidos no começo do projeto através de sondagem de mercado, de
entrevistas com usuários ou simplesmente de suposições da equipe de
desenvolvimento (HANDBOOK, 1994). Este teste valida também a interação entre
os componentes do produto e como suas funções precisam ser executadas de forma
integrada.
3.2.2 Perfil do Avaliador
O avaliador é responsável por tudo que ocorre durante a aplicação dos testes. Sua
função é interagir com o participante, coletar informações, compilar e comunicar o
resultado dos testes para a equipe de desenvolvimento. Ele é responsável pela
preparação dos testes incluindo disponibilidade dos materiais de apoio, distribuição
dos participantes e suas funções, coordenação e orientação durante a execução dos
testes caso for necessário. Após a realização do teste, o avaliador interage com os
outros membros da equipe para assegurar que os objetivos foram alcançados. Este
avaliador pode ser um especialista tais como: psicólogos, engenheiros industriais,
especialistas de marketing ou mercado, pessoas da área de comunicação,
especialistas em treinamento, colegas de outros projetos ou consultores externos
(MACLEOD, 1994). Entretanto, o avaliador não deve ser o dono do produto que está
sendo testado, pois este terá uma grande tendência em conduzir os participantes na
direção que ele deseja. Algumas características são fundamentais em um avaliador:
Conhecimento nos fundamentos básicos de engenharia de usabilidade;
Perceber a sutileza da voz e da expressão, e a ênfase dos comentários do
participante;
Conduzir com sutileza as observações conflitantes ou situações inesperadas
durante o teste;
Manter-se atento durante todo o teste;
Possuir empatia com os participantes;
Capacidade de absorção rápida de novos conceitos a fim de entender melhor
as ações e comentários dos participantes e absorver conhecimentos
relacionados ao produto que está sendo testado (situações de mercado);
Relacionar-se bem com os participantes a fim de achar o melhor tipo de
aproximação (formal ou informal);
82
Flexibilidade para oferecer feedback´s à organização responsável pelo
produto, refletindo de forma fiel as observações e resultados;
Habilidade de agrupar as várias formas de entrada, comentários e dados do
teste a fim de se ter uma visão coesa do desempenho do participante, não
perdendo o foco do crítico e do importante;
Boa comunicação com todos participantes do teste (inclusive com os
membros da equipe de teste), mostrando as implicações por trás do resultado
dos testes;
Ser organizador e coordenador, pois mesmo um simples teste de usabilidade
requer uma organização bem feita acerca dos eventos, materiais e membros;
Comportamento neutro, utilizando somente sugestões sutis acerca do teste,
sem que isso interfira no resultado.
3.2.3 - Desenvolvimento do Plano de Teste
O plano de teste consiste na base de toda avaliação especificando como, quando
onde, quem, o porquê e o quê sobre o teste de usabilidade. O plano do teste é
essencial para a compreensão da avaliação, sendo um importante veículo de
comunicação entre a equipe de desenvolvimento e o participante e não deve ser
negligenciado (RUBIN, 1994). O formato de um plano de teste depende do tipo de
teste e do grau de formalidade requisitado pela empresa.
3.2.4 - Declaração das atividades e os Objetivos do Teste
Descreve as funções e as atividades associadas com planejamento,
desenvolvimento e condução do teste. A determinação das atividades deve ser
precisa, clara e preferencialmente mensurável. Estas atividades podem ser
determinadas através de discussões com a equipe de desenvolvimento, com
especialistas, usuários ou com o pessoal de marketing. Um produto específico deve
ser enfocado e problemas ou atividades relacionadas podem ser descritos através
de perguntas, como por exemplo, Produto: Software Declaração dos problemas: Os
usuários o capazes de navegar livremente entre a maioria dos módulos? As telas
83
representam o modelo conceitual do usuário final?. São Perguntas a serem
esclarecidas com o teste (RUBIN, 1994).
3.2.5 - Definição do Perfil do Usuário
A determinação do perfil do usuário é extremamente importante para o sucesso do
projeto e do teste, pois um mesmo sistema pode ser excelente para algumas
pessoas e inadequado ou inaceitável para outras. É importante priorizar o mercado a
fim de determinar a população focal. Aspectos acerca da experiência computacional,
nível educacional, idade, sexo, estilo de aprendizado e outros podem ser utilizados
para a determinação do perfil.
3.2.6 - Metodologia de aplicação do teste
O detalhamento dos testes é essencial para determinar claramente o que irá
acontecer, o tipo de material a ser usado e recursos adicionais necessários. Se o
método possuir defeitos ou o teste for conduzido com pouca atenção, os resultados
serão comprometidos, afetando o progresso da engenharia de usabilidade dentro da
organização (MACLEOD, 1994). A definição do todo depende do aspecto do
produto a ser testado e qual o objetivo a ser alcançado. varias formas de se
agrupar os participantes do teste: de acordo com o perfil do usuário e suas
habilidades; de acordo com a seqüência dos módulos a serem testados; de acordo
com as versões a serem testadas de um mesmo produto; dentre outros. Além do
mais, o teste deve ser conduzido dentro de um rigor experimental, alcançado da
seguinte forma:
Para cada desenho experimental de 10 a 12 participantes por condição
devem ser utilizados. Em um teste de usabilidade menos formal, 4 a 5
participantes serão capazes de expor 80% das deficiências de usabilidade de
um produto (NIELSEN, 1994);
A consistência de uma sessão de testes para outra deve ser mantida através
da utilização dos mesmos materiais, caminhos e condições, utilizando-se
84
roteiros, listas de checagem, devendo ser conduzido pelo mesmo avaliador
em todas as sessões de testes;
Assegurar as características dos participantes do teste;
Registrar se algum problema incomum ocorrer;
Estabelecer metas e objetivos;
Realizar o teste piloto;
Manter a simplicidade do teste;
Tornar o teste o mais realista possível.
3.2.7 - Lista de Tarefas
A lista de tarefas inclui atividades que serão realizadas pelos participantes durante o
teste. No primeiro estágio de desenvolvimento do teste, a descrição da lista de
tarefas é direto somente para os membros da equipe do projeto, contendo detalhes
suficientes capazes de revisar o plano de teste e verificar se as tarefas estão
corretas. Em um segundo estágio, as tarefas são expandidas em cenários
apresentados aos participantes, provendo detalhes realistas e habilitando os
participantes a executarem as tarefas com o mínimo de intervenção do avaliador.
Uma breve descrição das tarefas, o material e a máquina requerida para a
execução, o significado da conclusão com sucesso da tarefa e o estabelecimento do
tempo máximo para execução de cada tarefa devem ser incluídos na lista de tarefa
(MACLEOD, 1994).
3.2.8 - Selecionando os Participantes
A seleção dos participantes é algo crucial para o sucesso efetivo do processo de
teste, envolvendo a identificação e descrição de habilidades relevantes e o
conhecimento do usuário (PROCTER, 2003). A determinação do perfil e
caracterização do usuário é determinada nos primeiros estágios do desenvolvimento
do produto e servem como base para a seleção dos participantes. Uma
caracterização genérica do usuário pode envolver, por exemplo:
85
Histórico pessoal: idade, gênero, habilidade com computador;
Histórico educacional: grau, assuntos estudados;
Experiência computacional: tempo de utilização, freqüência, periféricos;
Experiência com o produto: tempo de utilização, freqüência, tarefas;
H
istórico da ocupação: cargo ocupado, responsabilidades, tempo de
trabalho na companhia atual.
É interessante determinar um usuário típico, alguém que consiga representar uma
média dos usuários finais. Isto auxilia na determinação do teste de usabilidade e
ajuda os desenvolvedores a ter a representação de um usuário para o qual o
sistema está sendo desenvolvido.
As informações necessárias para se determinar o perfil do participante dos testes
podem ser encontradas na especificação funcional, em análises e estudos
realizados no mercado, junto ao gerente do produto, análise de grupo e padrões
competitivos. Uma boa maneira de se conseguir uma representação efetiva dos
usuários finais é subdividir o perfil do usuário em diferentes categorias, como por
exemplo, para um mesmo cargo, subdividir em usuários menos experientes e em
usuários mais experientes determinando o número de usuários para cada categoria.
Essas categorias devem ser definidas com segurança baseadas em um mesmo
aspecto (por exemplo, a experiência do usuário) objetivando um ponto de referência
(no caso do exemplo o tempo decorrido de uso do produto ou a freqüência com que
uma tarefa é executada) (MACLEOD, 1994).
3.2.9 - Determinando o Número de Participantes
A determinação do número de participantes é influenciada pelo grau de confiança
que se deseja atingir, pela quantidade de recursos disponíveis para estabelecer e
conduzir o teste, por uma análise do tipo de participantes e pelo tempo estimado de
duração da sessão de teste. Se o objetivo do teste é validar resultados estatísticos,
será necessária uma quantidade de participantes a fim de conduzir às análises
apropriadas e generalização de uma população específica (MACLEOD,1994). Se o
objetivo é tentar expor os problemas de usabilidade do produto, alcançado em um
86
tempo mais curto, de 4 a 5 participantes serão capazes de expor uma vasta maioria
dos problemas de usabilidade (NIELSEN, 1994).
3.2.10 - Roteiro do Avaliador
O roteiro do avaliador serve como guia orientando o avaliador durante a sessão de
teste. Bastante semelhante ao plano de teste, descreve o ambiente que será
utilizado, as funções do avaliador, o perfil do participante, tarefas do sistema,
procedimentos e uma lista dos formulários utilizados. O roteiro deve iniciar sempre
com a apresentação do que será conduzido e qual a contribuição do participante,
para que o avaliador possa se concentrar unicamente na execução do teste.
3.2.11 - Questionário para Identificação do Perfil do Participante
O questionário para identificação do perfil do participante, completado no início da
sessão de testes, relaciona informações históricas sobre o participante auxiliando no
entendimento de seu comportamento e desempenho. Deve ser facilmente entendido
e preenchido, ser breve (de uma a duas páginas) e se basear em informações
extraídas do perfil do usuário que poderão afetar a performance dos participantes.
3.2.12 - Roteiro Orientativo
É a ferramenta de comunicação entre os avaliadores e os participantes antes do
inicio dos testes. Descreve a sessão de testes em uma ou duas páginas (a não ser
que se trate de testes mais complexos), com uma linguagem técnica, porém
amigável deixando o participante mais confortável. Este documento deve conter de
forma bem clara que o objeto de estudos será o produto e não o participante; uma
apresentação sobre o avaliador; sobre os testes que serão realizados; os objetivos e
importância dos testes, descrição dos equipamentos e recursos utilizados bem como
o papel do participante. Deve, ainda, especificar que o avaliador será um
87
observador, não podendo interferir quanto as realizações de tarefas que os
participantes podem realizar por si mesmos; quanto aos materiais que estiverem
disponibilizados; e quanto a solução de problemas com o produto detectados pelos
participantes.
3.2.13 - Instrumentos para Coleta de Dados
O propósito dos instrumentos de coleta de dados é registrar acontecimentos
ocorridos durante o teste podendo ser sobre desempenho ou dados preferenciais.
Tanto os dados sobre desempenho quanto os dados preferenciais podem ser
analisados quantitativa ou qualitativamente (NIELSEN, 1994). Para se desenvolver
estes instrumentos, os tipos de dados a serem coletados devem ser bem claros e
diretamente ligados a questões que necessitam ser resolvidas, extraídas do plano
de testes. Deve-se selecionar um método para a coleta de dados que alcance o
objetivo do teste. Em casos de testes com softwares, há instrumentos para coleta de
dados totalmente automatizados capazes de verificar o número e o tipo de batidas
de teclas realizadas pelo participante; detectar quais recursos do programa foram
acessados para a realização de uma tarefa; o tempo de acesso em cada recurso,
acessos à ajuda on-line etc. Outras maneiras de se coletar dados são de forma
manual ou on-line podendo ser pelo avaliador ou pelo próprio participante sendo
que as ações serão registradas através de um ambiente computacional (software).
Podem ser customizados códigos de até três letras que representam eventos críticos
para facilitar o registro das ações.
3.2.14 - Questionário de Avaliação do Sistema pelo Participante
Aplicado logo após a realização dos testes, o principal propósito deste questionário é
coletar informações preferenciais dos participantes para esclarecer e aprofundar o
entendimento do produto, apontando pontos fortes e pontos a melhorar, baseando-
se nos problemas encontrados. É importante formular perguntas relacionadas com
aspectos difíceis de serem detectados somente com a observação, tais como:
sentimentos, opiniões e sugestões para melhoria. Para o desenvolvimento deste
88
questionário deve-se enfocar as áreas e tópicos que o necessários atingir como
por exemplo, testes de telas, documentação, painéis de controle, dentre outros. As
questões devem direcionar a respostas simples e breves, tornando o teste mais
objetivo e facilitando a compilação dos dados. O teste piloto também pode ser usado
para refinar o questionário, pois ele assegura se as questões extraíram as
informações corretas.
3.2.15 - Tópicos para Questionamento
O objetivo dos picos de questionamento é estruturar a sessão de questionamento
do participante em relação aos testes realizados. Os conceitos usados em
usabilidade sugerem que se estruture desta forma, o que dependerá das
circunstâncias encontradas durante cada sessão de avaliação, podendo adequar-se
de acordo com determinadas ações ou comentários realizados ou de acordo com a
experiência que o participante possui a respeito do produto, (NIELSE, 1994). A
realização de anotações durante a sessão de teste sobre itens específicos que
necessitam ser aprofundados na sessão de questionamento do participante é de
grande valia. Como estes tópicos são originados principalmente através da
observação durante cada sessão de teste, poderão surgir outros tópicos específicos.
3.2.16 - Ambiente de Avaliação
O ambiente de avaliação deve ser um espaço agradável ou mesmo ao ar livre, para
que o participante se sinta a vontade durante a execução dos testes (figura 3.7a). É
necessário também um ambiente de observação onde o condutor acompanha
visualmente o comportamento do participante durante a execução do teste, podendo
ser através de monitores ou paredes espelhadas, como mostra a figura 3.7b. No
inicio da avaliação um moderador recebe o participante e explana as etapas do teste
e as tarefas a serem executadas. Durante a avaliação um ou mais condutores,
observam o comportamento e registram os resultados das execuções das tarefas.
89
Figura 3.7 - Exemplo de Sala de Observação
(a) sala de avaliação. (b) sala de monitoriamento.
Fonte: Rubin, J. Handbook of Usability Testing, 1994.
3.2.17 - Análise dos Dados
Geralmente, a análise dos dados é executada através de duas etapas. A primeira
constitui em uma analise preliminar onde o objetivo é uma averiguação rápida dos
maiores problemas de forma que se possa começar a solucioná-los sem a
necessidade de se esperar pelo relatório final. A análise deverá ser realizada assim
que teste seja completado, podendo ser um pequeno relatório ou uma apresentação
verbal.
A segunda etapa constitui de uma análise mais abrangente, cuja duração pode se
estender por duas a quatro semanas após o teste. Esta análise será o relatório final
que incluirá todas as descobertas apontadas no relatório preliminar devidamente
atualizadas, outras formas de análises (caso necessário) e novas descobertas.
Segundo Rubin (1994), os passos para se analisarem os dados do teste e
desenvolver as recomendações necessárias são: compilar os dados, criar resumos e
analisá-los.
3.2.17.1 Compilação os Dados
Compilar envolve organizar os dados coletados de acordo com padrões predefinidos
devendo ser realizado durante as sessões de teste. Este mecanismo acelera o
90
processo de análise, verifica se foram coletados os dados corretos, os problemas
declarados no plano de teste e ajuda a detectar se algo importante foi esquecido. Ao
final de cada dia, é interessante reunir todos os dados coletados e verificar se estão
legíveis e se os observadores estão contribuindo efetivamente para a coleta. Uma
compilação contínua dos dados é bastante vantajosa, pois os acontecimentos
acerca do teste ainda são facilmente lembrados, provendo uma maior rapidez para o
desenvolvimento de uma análise preliminar.
3.2.17.2 Criar Resumos e Analisar
Depois das sessões de testes terem sido completadas, a compilação dos dados
deve ser finalizada e deve ser gerado um resumo descritivo dos dados quantitativos.
Isto pode ser realizado através da transferência de informações das planilhas que
contêm os dados coletados para planilhas de resumo. Resumos estáticos também
podem ser usados para indicar se ocorreram diferentes performances em diferentes
grupos de participantes ou diferentes performances na utilização de versões
diferentes do produto.
Depois de transformar os dados em resumos organizados, é hora de analisá-los.
Primeiramente são identificadas quais o as tarefas mais difíceis que os usuários
tiveram que realizar, determinando assim os maiores problemas, priorizando-os para
as devidas providências junto a equipe de desenvolvedores.
3.2.18 - Identificar e Focalizar as Tarefas que não Possuem Critérios
Para tarefas que não possuem critérios, deve-se predeterminar a percentagem de
participantes que não conseguiram completar a tarefa com sucesso dentro do tempo
de benchmark. Se a percentagem for bastante alta, em torno, por exemplo de 70%,
o problema é considerado bastante grave e deve ser tratado com cautela. Para
testes com poucos participantes, a tarefa mais difícil a ser executada será facilmente
percebida. Entretanto, deve ser realizada uma distinção entre os níveis de
91
desempenho, em vez de listar todos os resultados em uma única tabela. Esta
distinção ajudará a enfocar os problemas por áreas.
3.2.19 - Identificar a Fonte dos Erros Analisados
O erro é definido como qualquer divergência ocorrida diante de um comportamento
esperado, como por exemplo, a omissão de um passo para a realização de uma
tarefa, dar a partida em um automóvel sem ter fechado a porta ou entrar em
movimento sem ter fixado o sinto de segurança etc.
A identificação da fonte dos erros analisados constitui o último trabalho de detecção
e é a porção de trabalho mais intensa após a realização dos testes. Tem como
objetivo identificar as razões de ocorrência de dificuldades e de baixo desempenho
dos participantes. Os motivos que levaram os usuários a erros devem estar bem
claros para a elaboração de recomendações precisas. Revisões das fitas e
conversas com os observadores dos testes ajudam na identificação das fontes dos
erros, sendo que algumas razões podem ser óbvias e não precisem de pesquisa e
outras necessitem de uma sondagem mais aprofundada. Várias formas de pesquisa
podem ser usadas para identificar o motivo da ocorrência dos erros, tais como:
anotações, lembranças acerca do teste, gravações do teste, o entendimento de
como o produto trabalha e o entendimento por parte do usuário das funções e
tarefas a cerca do produto. No caso de erros críticos é bastante útil analisar as
gravações, pois pode-se ter esquecido algo importante durante o teste. Não se deve
tentar resolver o problema prematuramente e realizar a manutenção antes que
estejam identificadas todas as fontes do erro. A pesquisa dos erros deve ser
realizada para toda tarefa e todo participante. Desta forma, todas as deficiências
serão contadas e as recomendações serão bem elaboradas (AMYRIZ, 2005).
92
3.2.20 - Priorizar Problemas por Criticidade
Depois de identificadas as fontes específicas de erros deve-se priorizar os
problemas por criticidade. A criticidade é a combinação da severidade e da
probabilidade de ocorrência do problema, podendo ser representada em uma
equação da seguinte forma (AMYRIZ, 2005).
Criticidade = Severidade + Probabilidade de ocorrência
Priorizar os problemas por criticidade habilita a equipe de desenvolvimento a
estruturar e priorizar o trabalho necessário para melhorar o produto, focando
primeiramente nos problemas mais críticos (CYBIS, 1996). Para isso deve-se
primeiro categorizar os problemas por severidade e depois por freqüência em que
ocorrem. Para medir a severidade é utilizada uma escala de quatro pontos, que em
geral são: inutilizado, severo, moderado e irritante.
A freqüência é influenciada por dois fatores: a percentagem do total de usuários
afetados pelo problema e a probabilidade de um usuário de um grupo afetado
experimentar o problema. Para medir a freqüência é utilizada uma escala de quatro
pontos, tal como a severidade, conforme se apresenta:
Ocorre em 90% ou mais do tempo de utilização do produto;
Ocorre de 51 a 89% do tempo de utilização do produto;
Ocorre de 11 a 50% do tempo de utilização do produto;
Ocorre em 10% ou menos do tempo de utilização do produto.
Averiguar a criticidade de um problema é uma maneira simples de relacionar a
severidade e a freqüência de um problema. Se um problema particular (relacioado a
severidade 4), mas estima-se que somente ocorrerá em 5% do tempo de utilização
(freqüência 1), então a prioridade do problema será 5 (4 + 1). Caso tenha ocorrido
um problema que foi simplesmente irritante, mas afeta a quase todos, também
poderá ser categorizado com prioridade 5. Estas prioridades ajudam a decidir como
alocar recursos com a equipe de desenvolvimento, concentrando em solucionar
primeiramente os problemas mais críticos. Pode-se também desenvolver uma
93
hierarquia própria de definições de criticidade baseados nos objetivos da
organização e no produto que está sendo testado. Outra estratégia interessante é
perguntar aos participantes, durante a sessão de questionamento, qual a situação
mais problemática que encontraram. Se as respostas de vários participantes
coincidirem, então esta é uma importante indicação sobre onde focar os recursos.
3.2.21 - Desenvolvendo Recomendações
Neste momento, serão reunidas todas as informações analisadas com a finalidade
de traduzi-las em recomendações para que sejam realizadas as ações. O processo
de recomendação é uma das áreas que podem ser beneficiadas imensamente pelo
projeto centrado no usuário e pelo conhecimento dos princípios de usabilidade. Não
é sempre óbvio qual é o componente responsável pelos problemas. O teste e o
processo de análise podem ser bastante exaustivos por exigirem longos períodos de
concentração. Deve-se ter um coordenador responsável pela elaboração do relatório
sendo que a equipe de projeto deve participar efetivamente do processo. Sempre
haverá várias alternativas vindas de diferentes perspectivas. A equipe de
desenvolvimento poderá ser composta de peritos em várias disciplinas, como
engenheiros, profissionais de comunicação, marketing e outros.
O mesmo teste pode ser visto de forma distinta entre os diferentes observadores. Os
observadores devem presenciar mais de duas sessões para poderem possuir base
suficiente para interpretar os resultados. o avaliador, por assistir cada sessão,
possui uma perspectiva bem mais ampla. Os projetistas devem ter um contato direto
com os resultados e recomendações, para isso é importante e fundamental que eles
tenham acesso aos pontos importantes do relatório onde é sugerido recomendações
para o desenvolvimento do produto. Antes de finalizar o relatório é interessante
realizar reuniões com todos os envolvidos provendo discussões sobre as
percepções, opiniões e identificar falhas nas recomendações.
94
3.3 ERGONOMIA E BIOMECÂNICA
Uma definição concisa da ergonomia é a seguinte: “Ergonomia é o estudo do
relacionamento entre o homem e o seu trabalho, equipamento e ambiente, e
particularmente a aplicação dos conhecimentos de anatomia, fisiologia e psicologia
na solução de problemas surgidos deste relacionamento” (Ergonomics Research
Society, 2002). É, portanto, um campo de estudos da adaptação das atividades e
situações de postura do trabalho ao homem.
Observa-se que sempre ocorrem adaptações do ambiente e da forma que o trabalho
é executado às condições em que o homem pode executá-lo sem prejuízo a sua
saúde ou integridade. Nem sempre o contrário é possível, pois adaptar o homem a
situação de trabalho ou a posição de postura existente pode acarretar problemas
futuros e no caso do desenvolvimento de um produto pode comprometer a
continuidade deste no mercado. Isso significa que a ergonomia deve fazer parte dos
conhecimentos estudados no desenvolvimento de um projeto de um produto ou
posto de trabalho.
Para o cumprimento dos objetivos do campo de estudos ergonomia, alguns aspectos
importantes são classificados de acordo com Duarte (2003):
O homem – características físicas de cada um, fisiológicas, psicológicas e
sociais das pessoas, influência do sexo, idade, cultura e motivação na realização
das atividades;
Os meios ou seja, toda máquina, equipamento ou material de ajuda que o
homem se utiliza no seu trabalho ou dia-a-dia;
O ambiente estuda as características do ambiente físico que envolve o
homem durante o trabalho como vibrações, deslocamentos, movimentos repetidos,
ou força a ser aplicada etc.
Os objetivos práticos da aplicação da ergonomia são: a segurança, a satisfação, o
bem-estar e a eficiência das pessoas no relacionamento com os sistemas nos quais
estão envolvidas e devem fazer parte dos requisitos de um projeto.
95
3.3.1 - A Ergonomia na Vida Diária
A ergonomia tem contribuído para melhorar a vida cotidiana das pessoas,
tornando os meios de transportes mais cômodos e seguros, as mobílias mais
confortáveis e os eletrodomésticos mais práticos e eficientes.
Os produtos, no entanto, são dimensionados para as características físicas
médias da população, ou seja, definem-se alguns biotipos comuns e com base nisso
é feito o dimensionamento (GRIMARÃES, 2006).
No entanto, os produtos para uma classe de pessoas com necessidades especiais
são ditos como produtos especiais, se enquadrando neste campo os equipamentos
e acessórios para portadores de necessidades especiais. As necessidades
especiais, as características das pessoas bem como as condições do meio em que
estão dificultam a definição dos biótipos mais comuns.
Para pessoas com dificuldade de locomoção as características encontradas
dependem do tipo de deficiência e dos meios de auxilio. Um exemplo do uso da
ergonomia para melhoria de aparelhos para deficientes é mostrada na figura 3.8.
Figura 3.8 – Exemplo de utilização da Ergonomia.
(a) Muleta convencional (b) Muleta “Canadense”
Fonte:
Fonte: Indaiá indústria de muletas
96
As muletas convencionais ou americanas (figura 3.8a) apesar de não serem
ergonomicamente desenvolvidas ainda não deixaram de ser utilizadas, porém a
sugerida como muleta canadense (figura 3.8b) apresenta uma evolução em termos
ergonômicos oferecendo maior conforto, segurança e mobilidade.
Muitos outros acessórios e dispositivos de auxílio à locomoção m sido
melhorados e criados com a aplicação dos estudos da ergonomia, e para ajudar no
desenvolvimento conceitual do produto proposto neste projeto faz-se uso do que
se pode considerar uma ciência aplicada, também na área de engenharia.
3.3.2 Aplicação da Ergonomia e da Biomecânica no Projeto
Por serem ciências experimentais cujas conclusões dependem de experimentos
realizados com seres humanos, as atividades preliminares de pesquisas tornam-se
ainda mais importantes, pois se forem bem feitas e bem fundamentadas levam a
uma economia de tempo, esforço e dinheiro e ao final oferecem resultados mais
significativos sem expor o usuário a tantas experiências e experimentos (DUARTE,
2003).
Para que a aplicação da ergonomia e da biomecânica venha a somar colaborando
para o atendimento dos objetivos deste trabalho, propõe-se considerar estes
princípios para os casos de deficiência que caracteriza a classe especial de
usuários.
3.3.3 - Biomecânica
O estudo da biomecânica é um ramo da ciência destinada ao estudo dos esforços
internos e externos que atuam no corpo humano e os efeitos produzidos por estes
esforços. Segundo Hamil e Knutzen (1994) a definição de biomecânica seria "A
ciência que aplica os conhecimentos da Mecânica em sistemas vivos"; outra
definição interessante é a de Herzog (1997) o qual a define como a ciência que
estuda os esforços e seus efeitos.
97
Muitas áreas têm aplicado os conceitos da Biomecânica como a ortopedia, a
ortodontia, educação física, aeronáutica, reabilitação.
Os estudos dos esforços aos quais o corpo humano está sujeito no dia a dia
apresentam-se em duas áreas distintas que são: O estudo das forças internas e o
das forças externas, e suas repercussões respectivas, assim classificadas de acordo
com Hay,(1978) e Amadio (1996): a primeira área preocupa-se com as
determinações das forças internas ao corpo humano e as conseqüências resultantes
desta força; já a segunda representa os parâmetros de determinação que se referem
a mudanças de lugar e posição do corpo, ou seja, características observáveis
exteriormente nos tipos de movimentos das pessoas.
As áreas envolvidas com a biomecânica o: anatomia, fisiologia, mecânica, entre
outras e somam-se ainda os conhecimentos de cinemática, dinâmica e estudos de
biomateriais (estrutura óssea e tecidos).
De acordo com Adriam e Cooper (1995), os principais campos de aplicação desta
ciência são:
Biomecânica do desenvolvimento Estuda os padrões de
movimentos e as alterações e as devidas interferências do meio;
Biomecânica do desporto Estudo de técnicas desportivas
procurando maximizar a eficiência e reduzir riscos de lesão;
Biomecânica da reabilitação Estuda os padrões de movimentos em
pessoas lesionadas ou portadoras de deficiências;
Biomecânica ocupacional Estudo da interação do trabalhador em
seu meio de trabalho;
Biomecânica nas artes Estudo da eficiência de técnicas artísticas
como dança, música, teatro, etc.
Alguns estudos da biomecânica serão utilizados neste projeto, principalmente o da
reabilitação, o ocupacional e do desenvolvimento, pois apresentam estudos de
postura e movimentos ergonômicos importantes.
A biomecânica, portanto, contribui para a realização do projeto conceitual do veículo
para deficientes no momento da definição das funções e características finais do
produto que levam em consideração a análise dos esforços internos e externos
exigidos no uso do veículo.
98
3.3.3.1 - Avaliação através da Escala de Likert
Para uma melhor análise dos resultados da pesquisa serão aplicados os conceitos
da escala de Likert, através da qual pode-se fazer uma abordagem quantitativa para
estabelecer o Ranking Médio (RM). Desta forma, é possível realizar a verificação
quanto à concordância ou discordância das questões avaliadas, através da obtenção
do RM e da pontuação atribuída às respostas relacionadas à freqüência das
respostas dos participantes.
Na escala de Likert as pessoas respondem cada item expressando a importância
deste, através dos seguintes critérios:
Grau 1 – Essencial;
Grau 2 – Muito importante;
Grau 3 – Importante;
Grau 4 – Menos importante;
Grau 5 – Dispensável.
3.4 ANTROPOMETRIA
As diferenças das características físicas entre as pessoas e entre raças deram
espaço para um campo de estudo chamado Antropometria, a qual trata de medidas
físicas dos membros, tronco e conjunto. A proporção média de um público alvo
define, por exemplo, as características ergonômicas de um novo produto.
(GUIMARÃES 2004).
A antropometria foi definida como a ciência que estuda as medidas e o dimensões
corporais (NASA, 1978). Sendo assim, a antropometria é considerada um ramo das
ciências biológicas que tem como objetivo o estudo dos características mensuráveis
da morfologia humana. Como diz Sobral (l985) "o método antropométrico baseia-se
na mensuração sistemática e na análise quantitativa das variações dimensionais do
corpo humano".
Os resultados tabelados ou classificados, seja por regiões, países, raças, entre
outros, quanto a característica física, podem ser considerado, um fator
99
importantíssimo para a verificação do grau de adequação de um produto ao seu
usuário, e o conforto ergonômico de qualquer produto.
As diferenças corporais que se pode observar são decorrentes dos mais variados
fatores (ROBERTS, 1975), sejam pelo tipo de alimentação, as características
climáticas da região onde vivem, dos hábitos como esportes, trabalho, vida
cotidiana, idade ou sexo.
O tipo físico de uma população pode ser determinado através das dimensões
corporais tais como comprimentos, profundidades e circunferências, e os resultados
obtidos podem ser utilizados para a concepção de postos de trabalho, equipamentos
e produtos que sirvam as dimensões da população.
A antropometria divide-se em:
Odontometria que se ocupa do estudo das dimensões dos dentes e das
áreas dentárias;
Somatometria que consiste na avaliação das dimensões corporais do
indivíduo;
Osteometria que tem como finalidade o estudo dos ossos cranianos;
Pelvimetria que se ocupa das medidas pélvicas;
Cefalometria que se ocupa do estudo das medidas da cabeça do indivíduo.
As técnicas antropométricas parecem simplistas, no entanto o domínio exige um
treino rigoroso e uma seleção criteriosa tanto das técnicas pré-estabelecidas como
dos instrumentos de medida, das medidas e dos pontos de referência
antropométricos.
3.4.1 Perspectiva da Antropometria
Na era romana a antropometria e o projeto eram considerados relacionados entre si.
Na história, o arquiteto romano Vitrúvius, argumentou que o projeto de edifícios
devia ser baseado em certos princípios estéticos pré-estabelecidos do corpo
humano. O sistema de proporções humano mais detalhado que nos chegou dos
tempos clássicos foi fruto da teoria deste arquiteto. Vitrúvius via a ciência das
proporções humanas como principio fundamental na concepção. O desenho de
Leonardo da Vinci (1452-1519) (figura 3.9) no qual um homem é mostrado inscrito
100
dentro de um quadrado e de um circulo deriva diretamente de Vitrúvius, e é uma das
imagens mais conhecidas.
É considerado como precursor o estudioso Albrecht Dürer (1471-1528) que marcou
o inicio da ciência antropometria tentando categorizar a diversidade de tipos físicos
humanos de acordo com uma observação sistemática e medição de uma grande
quantidade de pessoas.
A ciência antropométrica se desenvolveu no século XIX e princípio do século XX.
Era o tempo onde eram feitas tentativas para subdividir e classificar a raça humana
de acordo com as dimensões físicas. Na última parte do século XX o foco tem
incidido no crescimento humano e classificação de características físicas. Os
avanços tecnológicos como as viagens espaciais e a atividade militar têm também
requerido substanciais fontes de dados.
Figura 3.9 - Imagem "Homen de Vitrúvio"
Fonte: Leonardo Da Vinci(1452-1519).
101
3.4.2 Conceitos Básico da Antropometria
Uma simples observação nas características das pessoas mostra que a espécie
humana varia grandemente quanto aos aspectos físicos. Um bom indicativo é a
fabricação de roupas que são feitas não para diferentes tamanhos e alturas mas
também para diferentes comprimentos e circunferências de braços e pernas,
diferentes circunferências de cintura e peito além da largura dos ombros. Isto é
derivado dos dados de levantamentos antropométricos, porém estas observações
não são suficientes para permitir que as roupas ou produtos sejam adequados as
formas e tamanhos das pessoas. Desta forma é necessário dispor de dados
objetivos que tenham sido cuidadosamente colhidos de um largo número de
pessoas (SHELDON, 1940). Exemplos são as pesquisas antropométricas de
militares que foram utilizados para determinar o posto de trabalho e o vestuário
adequado das respectivas populações militares.
3.4.3 - Variação ou diversidade Humana
Os tamanhos, formas e forças dos seres humanos são muitas vezes definidas pela
idade e pelo sexo. Definindo uma população alvo para propósitos antropométricos,
também deve-se levar em conta a etnia, classe social e ocupação. Sobrepostas a
estas diferenças estão mudanças que ocorrem dentro das populações durante um
período de tempo (GUIMARÃES 2004)..
Algumas destas mudanças são atribuídas à migração e mistura genética de grupos
étnicos distintos; outras a outros processos históricos mais complexos, que no último
século levou a um aumento geral da altura na população mundial. Existem dados
disponíveis sobre tamanhos corporais de adultos americanos, britânicos, alemães,
japoneses, suecos, holandeses, franceses, polacos, brasileiros, indianos, chineses,
japoneses para quase todas as idades (SHELDON, 1940).
102
3.4.4 Diferenças Individuais
As populações mundiais o compostas de indivíduos de diferentes tipos físicos ou
biotipos. Pequenas diferenças nas proporções de cada segmento corporal existem
desde o nascimento e tendem a acentuar-se com o crescimento, até a fase adulta.
Sheldon, W. (1940) estudou a população americana tendo definido três tipos de
características individuais dominantes: O endomorfo - indivíduo de formas
arredondadas e macias, com grandes depósitos de gordura. O mesamorfo que
possui características basicamente com formas retangulares, peso e altura
equivalente. E o ectomorfo que são pessoas esguias, com pernas e braços grandes
em relação ao corpo, pequena porcentagem de gordura corporal e poucos músculos.
3.4.4.1 - Diferenças entre Homens e Mulheres
Homens e mulheres apresentam diferenças antropométricas significativas, não
apenas em dimensões absolutas, mas também nas proporções dos diversos
segmentos corporais. Os três tipos físicos femininos principais estão representados
na figura 3.10.
Figura 3.10 - Características femininas"
Fonte: Sheldon (1940).
103
A percentagem com que a gordura contribui para o corpo é de 13.5% para o homem
adulto e 24.2% para a mulher adulta (SHELDON, 1940). A gordura subcutânea é
diferentemente distribuída entre os sexos, as mulheres acumulam gordura no peito,
coxas, ancas e antebraços. A gordura abdominal é acumulada acima do umbigo no
homem, e abaixo do mesmo na mulher
A maioria dos homens excede a estatura da maioria das mulheres da mesma origem
étnica (GUIMARÃES 2004).. Os homens apresentam braços mais compridos, devido
ao antebraço ser maior. Os homens ultrapassam as mulheres em quase todas as
variáveis antropométricas (exceto na largura e circunferência da anca). Além das
dimensões antropométricas descritas, os homens e as mulheres diferem na
composição corporal (SHELDON, 1940). A representação dos tipos físicos
masculinos põem ser observadas na Figura 3.11.
Figura 3.11 - Características Masculinas.
Fonte: Sheldon (1940).
3.4.5 Constrições Impostas pela Variabilidade Humana
A diversidade antropométrica traduzida no fato de os seres humanos variarem
consideravelmente em todas as dimensões corporais, na probabilidade de encontrar
104
um indivíduo com o mesmo perfil ser mínima, e do chamado homem médio não
existir, provoca constrições no processo de concepção. Estas constrições fazem se
sentir, sobretudo ao nível de quatro fatores: o espaço livre, o alcance, a força e a
postura. Espaço livre espaço mínimo necessário para o movimento/transito das
pessoas. Na concepção de qualquer produto é necessário fornecer espaço
suficiente para a cabeça, o cotovelo, as pernas, etc. Se for escolhido 95% da
população que faz uso então o restante terá que necessariamente se acomodar
nessas medidas. Alcance Resulta do deslocamento dos segmentos corporais no
espaço tendo em vista a execução de uma tarefa.
3.4.6 Dados Antropométricos Estáticos e Dinâmicos
As características antropométricas da população são distinguidas por dois tipos de
dados, antropométricos estáticos (também conhecidos como estruturais) e
antropométricos dinâmicos (conhecidos como funcionais). Os dados antropométricos
estáticos dizem respeito às dimensões estruturais fixas do corpo humano, por
exemplo, a estatura, a altura do ombro (ou mais corretamente a altura acromial), e a
altura do olho (que é normalmente utilizada como ponto de referência para a
concepção de tarefas visuais). dados antropométricos dinâmicos é a medida de
uma extensão de movimento de uma articulação ou da força das várias ações da
articulação. Estes dados também incluem a medida do alcance e espaço livre em
condições operacionais (SHELDON, 1940).
3.4.6.1 - Dados Antropométricos Estáticos
As dimensões estáticas são medidas feitas em posições corporais fixas entre pontos
anatômicos do esqueleto. O número de possíveis medidas é enorme NASA (1978)
ilustra 973 destas medidas. Muitas delas estão relacionadas com o design especifico
de certas aplicações, como por exemplo, capacetes, e no design de espaços de
trabalho. Os dados são utilizados para estabelecer as dimensões mínimas de certos
fatores como, por exemplo, o alcance, tamanho e forma da mão, etc. Estes dados
105
têm, no entanto as suas limitações, por exemplo, o limite prático para o alcance do
braço não é o comprimento do ombro até á ponta do dedo porque os operadores
empregarão outros movimentos articulares para ir além deste comprimento. Assim,
serão necessários além dos dados estáticos os dados antropométricos dinâmicos
para estabelecer outros fatores como por exemplo o alcance. Na concepção de
espaços de trabalho é necessário ter-se em conta as correções para o vestuário de
trabalho a utilizar (SHELDON, 1940).
3.4.6.2 Dados Antropométricos Dinâmicos
Os dados antropométricos dinâmicos são dimensões tiradas quando o corpo está
efetuando alguma atividade física. Nestas circunstâncias as partes individuais, ou
unidades funcionais, do corpo são coordenadas para agir em uníssono e alcançar o
objetivo desejado. Neste tipo de dimensões o alcance tem lugar de destaque. A
zona de alcance conveniente pode ser definida como a zona ou espaço na qual o
objeto pode ser confortavelmente alcançado, isto é sem nenhum esforço excessivo.
A zona de alcance conveniente das mãos pode ser descrita pelos movimentos do
membro superior centrados na articulação medida do ombro até á ponta do dedo
numa série de arcos para cada mão. O volume que é consequentemente definido é
a intersecção dos dois hemisférios. O raio de cada hemisfério é o comprimento do
membro superior, e os seus centros são as distâncias iguais à largura bi-acromial.
Muitos problemas de concepção têm a ver com a intersecção dos planos horizontal e
vertical, com o volume do envelope e a zona de alcance conveniente. A intersecção
de um plano horizontal, que pode ser caracterizado no plano industrial por um banco
ou linha de produção, com a zona de alcance conveniente define uma área chamada
área de trabalhoxima. Dentro desta existe outra menor, designada como área de
trabalho normal (GUIMARÃES 2004)..
As zonas de alcance conveniente e a área de trabalho normal são critérios
necessários na concepção de postos de trabalho para operações normais. No
entanto, é por vezes necessário saber a extensão à qual os operadores podem
chegar ao seu esforço máximo. Os dois exemplos mais comuns são o alcance da
perna e do braço. Considerando o alcance do braço, a antropometria estática no diz
que o comprimento do braço (pega ou ponta do dedo até ao acrómio) é de certa
106
dimensão (ou extensão de dimensão no caso de uma população). No entanto a
extensão que um indivíduo pode alcançar é também influenciada pelo movimento do
ombro, rotação do tronco, flexão anterior da coluna e função manual.
3.4.7 Posturas Versus Movimentos
Uma abordagem simplista sobre desenvolvimento de produto leva em consideração
somente idéia da “postura” corporal. Em parte, este falso conceito pode ter sido
provocado pela postura ereta estandardizada, sentada ou em pé, utilizada na
medida do corpo humano, ou na força estática. Infelizmente esta postura “direita”
tem sido empregue como modelo de concepção, provavelmente porque é facilmente
visualizável e transferível para um modelo. Todavia, o homem é incapaz de manter
qualquer postura direita durante longos períodos de tempo, manter-se de pé,
sentado ou imóvel, mesmo confortavelmente, torna desconfortável em pouco tempo,
pois o corpo humano é feito para o movimento.
O corpo humano é concebido para o movimento, especialmente nos braços, com as
articulações do ombro e do cotovelo fornecendo uma liberdade angular extensiva.
As pernas fortes são capazes de mover o corpo no solo, com os maiores
movimentos a ocorrerem nas articulações do joelho e da anca. Os movimentos do
tronco ocorrem, sobretudo, em flexão e extensão na coluna lombar. No entanto,
estes movimentos são muito limitados e levam muitas vezes a sobre- esforços,
especialmente se combinados com torções laterais do tronco. Os problemas do
pulso têm sido associados com requerimentos excessivos de movimento desde o
inicio de 1700. A cabeça e o pescoço têm uma mobilidade limitada na inclinação e
na torção. Os nossos polegares e dedos têm uma capacidade de movimento
limitada, mas grandemente controlada. As extensões de movimento (também
chamadas de mobilidade ou flexibilidade) dependem muito da idade, saúde, forma,
treino e habilidade. As extensões de mobilidade têm sido medidas em diferentes
grupos de pessoas com várias instruções e técnicas de medida existindo grande
diversidade nos resultados obtidos.
A concepção para os movimentos começa pelo estabelecimento das extensões reais
de alcance. Os movimentos convenientes podem agrupar-se à volta da média de
107
mobilidade numa articulação corporal, ou podem estar próximo dos limites de
flexibilidade, por exemplo, uma pessoa ao andar, ou de , tem os joelhos, na maior
parte do tempo, praticamente estendidos na vista sagital os ângulos dos joelhos
próximos do valor extremo de 180º. O ângulo sagital da anca (entre o tronco e a
coxa) também varia na proximidade dos 180º. Ambos os ângulos mudam para cerca
de 90º na posição sentada. As áreas de trabalho preferidas das mãos e pés são em
frente do corpo, dentro de envelopes que refletem a mobilidade do antebraço na
articulação do cotovelo, ou do total do braço na articulação do ombro; da perna na
articulação do joelho, e da totalidade da perna na articulação da anca. Na figura 3.12
é possível visualizar as áreas de alcance em uma avaliação antropométrica
(GUIMARÃES 2004)..
Figura 3.12 - Áreas de alcance avaliação Antropométrica
Fonte: Sheldon (1940).
Estes envelopes de alcance são muitas vezes descritos como esferas parciais à
volta das presumíveis localizações das articulações corporais, no entanto, as
extensões preferidas dentro das zonas possíveis de movimento são diferentes
quando os principais requerimentos são a força, a velocidade, a precisão ou a visão.
Dessa forma, o existe um único envelope de alcance, mas diferentes envelopes
devem ser considerados.
108
3.4.8 Localizações do centro de massa dos segmentos corporais
É possível expressar a massa de cada segmento como uma percentagem da massa
corporal total. Conhecer apenas a massa de um segmento corporal pode não ser
suficiente, deve-se também, ser capaz de localizar onde o efeito gravitacional da
massa do segmento atua, em outras palavras, se um segmento está suspenso por
um ponto, onde é que este ponto se localizaria de maneira que o efeito gravitacional
fosse igual ou equilibrado em qualquer dos lados, em relação à orientação do
segmento no espaço? O ponto resultante no segmento é conhecido como centro de
massa (SHELDON, 1940).. O conhecimento da localização do centro de massa num
segmento corporal juntamente com o seu peso e comprimento é suficiente para
realizar a análise estática das forças e momentos em cada articulação para uma
dada postura corporal. A localização do centro de massa também é dada como uma
percentagem do comprimento do segmento a partir do extremo proximal e do
extremo distal.
3.5 DEFICIÊNCIA FÍSICA
3.5.1 Lesão Medular com Causas Externas
Segundo SARAH (2005), as lesões medulares por causas externas são as
mais agressivas por se tratarem de um problema motor adquirido no decorrer da
vida, e também por ter causas trágicas e na maioria das vezes evitáveis.
As causas externas podem ser acidentes de trânsito, quedas, agressão por
armas de fogo, prática de esportes, acidentes em mergulho entre outras.
O gráfico 3.1 apresenta percentualmente as principais causas de lesão
medular por causas externas. Observa-se que a maior incidência é a provocada por
acidentes de trânsito, seguida em segundo e terceiro lugares respectivamente por
109
quedas e agressão por arma de fogo. Estes dados foram levantados de 1 de
fevereiro de 1999 a 31 de janeiro de 2000 nos hospitais da Rede Sarah de Salvador.
Gráfico 3.1 – Causas de Lesões Medulares.
0,3
0,4
1,0
1,0
1,3
1,8
2,2
3,0
3,3
4,1
9,1
16,9
17,1
38,5
0,0 5,0 10,0 15,0 20,0 25,0 30,0 35,0 40,0
Afogamento
Agressção animal/inseto
Proced. cirúrgico/anest.
Acidente com máquinas
Objeto pérfuro-cortantes
Agressão arma branca
Impacto por objeto
Queimadura
Outras causas externas
Acidente por mergulho
Acid. prática de esportes
Agressão arma de fogo
Quedas
Acidentes de trânsito
Agressão animal/inseto
FONTE: (SARAH, 2005)
De todos os pacientes investigados em torno de 76% caracterizam-se por serem
jovens adultos, do sexo masculino. Deste total, 50% eram solteiros e mais de 90%
residiam na área urbana (Sarah, 2005), ou seja, o características de pessoas que
estariam produzindo e trabalhando caso o tivessem sofrido nenhum tipo de
problema ou acidente.
O gráfico 3.2 apresenta o percentual de pessoas em cada uma das dez faixas
etárias subdividida entre zero e noventa e nove anos. É possível observar que a
grande maioria das pessoas lesadas está na faixa etária de dez a vinte e nove anos,
ou seja, são jovens que poderiam ingressar no mercado de trabalho e ou
continuarem produzindo.
110
Gráfico 3.2 – Faixa Etária dos Atingidos por Causas Externas.
3,5
4,5
13,1
17,8
16,2
20,29
8,7
5,7
2,8
2,7
0
5
10
15
20
25
0 a 4 5 a 9 10 a 14 15 a 19 20 a 24 25 a 29 30 a 39 40 a 59 60 a 69 70 a 99
Fonte: (Sarah, 2005)
É comum o uso desses e outros dados de pesquisa pela indústria automobilística,
que conseguiu nos últimos dez anos desenvolver uma célula de sobrevivência
dentro do veículo e acessórios e dispositivos que oferecem mais segurança ao
condutor e passageiros, especialmente para crianças e adolescentes, que antes
lideravam no grupo de feridos e lesados em acidentes de trânsito por não terem
cintos e cadeiras compatíveis ao tamanho e orientações de como acomodá-los
adequadamente.
3.5.2 - Tipos de Deficiências Físicas.
As deficiências físicas analisadas pela Rede Sarah (2005) são de pessoas com os
membros inferiores total ou parcialmente debilitados como amputados, pessoas com
miopatias congênitas, distrofia muscular progressiva e lesão medular por causas
externas como acidentes automobilísticos, mergulho, agressão por arma de fogo ou
outros. Também foi estudada a possibilidade de adaptação para pessoas com
debilidade parcial nos membros superiores, ou seja, com algum tipo de movimento
nas articulações dos braços, antebraços e pulsos, movimentos mínimos para a
adaptação dos comandos do veículo.
111
As lesões medulares com agentes causadores externos na sua grande maioria
ocorreram na região cervical da coluna vertebral, entre C1 e C8, conforme mostra a
figura 3.13.
Figura 3.13 - Regiões da coluna Cervical
Cervical
Nervos C1-8
Toráxica
Nervos
T1-12
Lombar
Nervos L1-5
Sacral
Nervos S1-5
Coccis
Nervo
rebro
SegmentoN
ervoso
Cervical
Espinhal
Lombar
Fonte: baseado em MOORE K. L. (1999)
A medula espinhal é organizada em segmentos ao longo da sua extensão e as
raízes nervosas de cada um destes segmentos inervam regiões específicas do
corpo. Os segmentos cervicais (C1-8) controlam a sensibilidade e movimento da
região cervical e dos membros superiores, os torácicos (T1 a T12) controlam o tórax,
abdome e parte dos membros superiores; segmentos lombares (L1 a L5) são
relacionados aos membros inferiores e os sacrais (S1 a S5) controla parte dos
membros inferiores e funcionamento dos órgãos como bexiga e intestino.
Conforme é possível observar na figura 3.14 cada área delimitada no corpo
corresponde ao segmento cervical lesado, e o grau da deficiência é medido desta
forma.
112
Figura 3.14 – Regiões do corpo afetadas por lesão medular.
Fonte: Hospital Sarah (2002)
Abaixo de cada linha delimitada desenhada no corpo, o acidentado não possui
sensibilidade e nem o comando dos movimentos, no caso do usuário estudado nesta
pesquisa a lesão corresponde a C6. A possibilidade de desenvolvimento de um tipo
de comando para pessoas sem qualquer movimento nos membros superiores (os
tetraplégicos totais, pessoas com lesões medulares cervicais, acima da vértebra C5)
não será abordado por necessitar pesquisas na área de eletrônica e mecatrônica
para uma possível adaptação e está além do escopo deste projeto.
As características das lesões são específicas para cada caso sendo que em alguns
tipos apesar de se caracterizarem por lesão alta, os pacientes conseguem a
recuperação de alguns movimentos nos membros superiores.
Não muitas pesquisas sobre pessoas com problemas no aparelho locomotor com
causas congênitas ou externas como amputados, porém a rede Sarah fez uma
pesquisa generalizada, como pode ser observado no gráfico 3.3, onde do total de
internados aproximadamente 74% são outras causas, como acidente vascular
113
cerebral, distrofia muscular progressiva, miopatias congênitas, derrames cerebrais
entre outros.
Gráfico 3.3 - Internamento por classificação de causas.
Causas de internamento
26,2%
Causas
extermas
73,8% Outras
causas
Fonte:Adaptado (SARAH 2005).
Neste trabalho será desenvolvido um protótipo para um deficiente com lesão
medular com causas externas, porém são levadas em consideração algumas
características específicas de outros deficientes entrevistados para se definir alguns
conceitos do veículo proposto.
3.5.3 Classificação das Deficiências
As deficiências serão classificadas de acordo com a NBR 14970-2 que rege a
classificação de deficiências físicas de uma pessoa para a concessão da autorização
de condução de veículo automotor, conforme descrito a seguir:
Deficiência Física Leve: é toda aquela em que não o comprometimento das
funções dos segmentos corpóreos. Estas pessoas não necessitam de muitas
particularidades em um veículo para conseguir conduzi-los, em geral são veículos
normais e passam apenas por uma avaliação clínica e de dirigibilidade diferenciada.
Deficiência Física Moderada: Neste tipo de deficiência o comprometimento dos
segmentos corpóreos envolvidos na segurança da direção veicular, amputados,
alterações da motricidade e sensibilidade, seqüelas neurológicas ou doenças
progressivas e degenerativas são alguns exemplos, porém possibilidade de
adaptação de um veículo convencional e da condução com segurança.
114
Deficiência Física Grave: Neste tipo de classificação enquadram-se as pessoas
que além das limitações e comprometimentos dos membros corpóreos o
comprometimento na segurança da direção veicular, são os casos citados acima,
porém com o maior comprometimento das funções motoras.
3.5.4 Deficiência Física Estudada
Segundo a classificação da NBR 14970-2, a classe GRAVE de deficiência é a que o
portador possui pouca ou nenhuma condição de conduzir um veículo automotor
convencional ou adaptado. Esta será a classe a ser utilizada para o desenvolvimento
da pesquisa, pois é na qual se encontra pessoas sem movimentos e/ou com
impossibilidades de executar com as mãos e membros superiores algumas funções
vitais na condução de um veículo.
CAPÍTULO 4 - PROPOSTA METODOLÓGICA CONCEITUAL PARA APLICAÇÃO
DA USABILIDADE NO CICLO DE DESENVOLVIEMTNO DE UM PRODUTO
ESPECIAL
Este capítulo apresenta o modelo conceitual da pesquisa e a concepção do
instrumento para coleta de dados através de um estudo de caso baseado nos
conceitos de engenharia de usabilidade. Será estudada a aplicação destes conceitos
nas etapas do ciclo de desenvolvimento de um protótipo de um produto especial.
4.1 Caracterização da pesquisa
A metodologia estudo de caso utilizada nesta pesquisa visa embasar cientificamente
cada etapa definida na análise e aplicação da proposta. A integração entre diversas
áreas do conhecimento propiciará um produto melhor projetado e melhor
manufaturado uma vez que será concebido ou formado conceitualmente de maneira
integral.
Pesquisadores como Gil (2002), defendem que a pesquisa científica possui uma
função decisiva, entendendo que esta é uma ferramenta para estabelecer um
processo formal e sistemático dentro da aplicação do método científico. Sendo o
objetivo primordial da pesquisa, comprovar suspeitas e descobrir respostas para
propostas de problemas mediante o emprego de procedimentos científicos. Godoy
(1995) ressalta que o estudo de caso é indicado quando os pesquisadores procuram
compreender “como” e “por que” certos fenômenos ocorrem, e onde há pouca
possibilidade de controle sobre os eventos estudados. Este método de análise
também permite retratar uma configuração que, embora particular, funciona como
“ponto de partida” para uma análise que busca o estabelecimento de relações
sociais mais amplas de um determinado objeto de estudo (FRANCO, 1986).
A coleta de dados referente ao estudo de caso terá como base de estudo uma
classe de pessoas portadores de necessidades especiais com dificuldade de
locomoção muito específica que não têm suas características especiais atendidas,
69
na maioria das vezes, pelos modelos tradicionais de cadeiras de rodas existentes no
mercado.
A identificação das necessidades especiais a serem atendidas para permitir uma
maior autonomia dos usuários, fez com que a estruturação do instrumento de coleta
de dados tenha como objetivo evidenciar as funções e itens necessários do produto
em questão (protótipo). Essas funções e itens serão levantados pelos usuários
durante a observação e relatos de dificuldades de locomoção durante a execução
das suas atividades diárias (ROZENFELD et al., 2006). Além dos usuários diretos
serão também levantadas informações junto a familiares envolvidos no dia-a-dia dos
usuários. Todas essas informações serão utilizadas como suporte ao
desenvolvimento do protótipo, através de fotos, entrevistas e testes integrando áreas
como ergonomia, antropometria e engenharia de usabilidade no ciclo de
desenvolvimento de novos produtos.
4.2 Metodologia aplicada na pesquisa
A metodologia aplicada no estudo é baseada na fundamentação teórica abordada no
capítulo 3 e segue alguns passos pré-definidos, conforme a figura 4.1, onde se
observa que os conceitos de usabilidade acompanham as principais etapas no ciclo
de desenvolvimento de um produto. O modelo proposto foi baseado em dois
conceitos, o primeiro representando todo o ciclo de desenvolvimento de produtos,
mostrado no lado direito da figura. O segundo, pelos conceitos de usabilidade
representados no lado esquerdo da figura e enfatizados pelo retângulo em verde. A
figura ilustra as correlações individuais existentes entre os diferentes estágios da
engenharia de usabilidade e as fases definidas no ciclo de desenvolvimento dos
produtos.
No entanto, os testes e correlações de usabilidade deverão ser analisados a partir
de interações aplicadas nas etapas de projeto informacional e conceitual
implementadas experimentalmente no protótipo. O quadro 4.1 apresenta essas
correlações existentes entre a usabilidade e as respectivas etapas de projeto
(apresentadas na figura 4.1) do ciclo de desenvolvimento do produto.
70
Figura 4.1- Modelo Conceitual proposto da pesquisa
USABILIDADE
Portador de
necessidade especial
de locomoção
Desenvolvimento de produto
Pré
Pós
Planejamento
estratégico do
produto
Idéia/necessidade
do produto a ser
desenvolvido
Planejamento
projeto
Projeto
Informacional
Projeto
Conceitual
Prototipagem
e teste
Demais etapas
Necessidade de um produto
para melhor locomoção
Proposta Prototipada
Levantamento dos produtos
existentes no mercado
Levantamento das
necessidades do usuário
Modelagem dos conceitos
Aplicação das avaliações de
usabilidade aos conceitos
Teste de usabilidade com o
usuário
Validação dos testes com o
usuário
Planejamento das atividades
Portador de
necessidade especial
de locomoção
Desenvolvimento de produto
Pré
Pós
Planejamento
estratégico do
produto
Idéia/necessidade
do produto a ser
desenvolvido
Planejamento
projeto
Projeto
Informacional
Projeto
Conceitual
Prototipagem
e teste
Demais etapas
Necessidade de um produto
para melhor locomoção
Proposta Prototipada
Levantamento dos produtos
existentes no mercado
Levantamento das
necessidades do usuário
Modelagem dos conceitos
Aplicação das avaliações de
usabilidade aos conceitos
Teste de usabilidade com o
usuário
Validação dos testes com o
usuário
Planejamento das atividades
Fonte: baseado em Rozenfeld et al. (2006) e Nielsen (1994).
Quadro 4.1 - Correlação das atividades
Atendimento com os existentes no
mercado quanto à usabilidade
Planejamento Estratégico do
Produto
Planejamento das Atividades
Planejamento do Projeto
Levantamento das necessidades
dos usuários
Projeto Informacional
Modelagem dos Conceitos
Projeto Conceitual
Fonte: baseado em Neilsen (1994).
71
4.3 Testes de Usabilidade Aplicados ao Estudo de Caso
Os testes de usabilidade aplicados ao estudo de caso deverão ter foco e aplicações
nas várias etapas de desenvolvimento do produto. A figura 4.2 apresenta em que
momentos do ciclo de desenvolvimento do produto, deverão ser aplicados os testes
baseados em RUBIN (1994). Os testes deverão ser divididos em:
1. Teste de Exploração;
2. Teste de Comparação;
3. Teste de Avaliação;
4. Teste de Validação.
Figura 4.2 - testes de usabilidade nas etapas de desenvolvimento de produto
Desenvolvimento de produto
Pré Pós
Produto a ser
desenvolvido
Levantamento de
Mercado
Especificação dos
Requisitos
Projeto preliminar
Projeto detalhado
Fabricação inicial
Liberão do
produto
Testes de
comparação
Testes de
exploração
Testes de
avaliação
Testes de
validação
Desenvolvimento de produto
Pré Pós
Produto a ser
desenvolvido
Levantamento de
Mercado
Especificação dos
Requisitos
Projeto preliminar
Projeto detalhado
Fabricação inicial
Liberão do
produto
Testes de
comparação
Testes de
exploração
Testes de
avaliação
Testes de
validação
Desenvolvimento de produto
Pré Pós
Produto a ser
desenvolvido
Levantamento de
Mercado
Especificação dos
Requisitos
Projeto preliminar
Projeto detalhado
Fabricação inicial
Liberão do
produto
Testes de
comparação
Testes de
exploração
Testes de
avaliação
Testes de
validação
Desenvolvimento de produto
Pré Pós
Produto a ser
desenvolvido
Levantamento de
Mercado
Especificação dos
Requisitos
Projeto preliminar
Projeto detalhado
Fabricação inicial
Liberão do
produto
Testes de
comparação
Testes de
exploração
Testes de
avaliação
Testes de
validação
72
Fonte: Adaptado de
Handbook of Usability Testing (1994).
4.3.1 - Teste de Exploração
Nas etapas de levantamento e aquisição das informações de campo, ou seja, na
fase de projeto informacional e especificação das necessidades do usuário os testes
de exploração devem fazer com que os usuários diretos e indiretos avaliem se o que
existe no mercado atende às necessidades. Nessa fase deve ser avaliado qual é o
grau de facilidade ou dificuldade de operação de cada usuário no uso do produto,
levando-se em conta, no caso dessa pesquisa, o grau de comprometimento dos
movimentos do usuário direto. Nas etapas de projeto preliminar os testes de
usabilidade deverão ser realizados com protótipos na forma de desenhos e esboço
simples, concebendo e formando os conceitos principais do produto.
4.3.2 - Teste de Comparação
O teste de comparação deverá ser aplicado durante a etapa de projeto preliminar.
Nessa etapa o projeto é detalhado e os conceitos definidos na etapa anterior
poderão ser apresentados de forma mais acurada e direcionada pelo condutor dos
testes comparativos de usabilidade. Estes testes comparativos podem ser realizados
durante todo o desenvolvimento, pois para se definir quais as funções são
necessárias, deve-se buscar um produto disponível no mercado e o atendimento aos
critérios de usabilidade, no entanto o teste é mais de observação de execução de
tarefas.
4.3.3 - Teste de Avaliação
Uma vez estabelecidos os conceitos de forma completa agora será o momento de
aplicá-los a um protótipo físico para que possam ser testados através da execução
de tarefas, obtendo dessa forma, dos usuários diretos e indiretos uma validação
completa do produto em termos de sua funcionalidade, ergonomia e usabilidade.
Este nível de levantamento de intervenções deve ser feito na última fase de testes e
deverá mostrar a eficiência de um projeto de desenvolvimento de produto quando
influenciado pelos conceitos de engenharia de usabilidade desde sua concepção.
73
4.3.4 - Teste de Validação.
Este teste deve demonstrar o grau de eficiência do projeto, devendo, porém, ser
considerada também a avaliação psicológica e comportamental do usuário quanto à
autonomia, autoconfiança e integração com o meio, propondo, na medida do
possível, pontos de melhoria para a fabricação do produto final.
4.4 Formação dos Grupos de temas a serem abordados
Para que melhor possam ser formuladas as questões e com a finalidade de abordar
melhor o assunto, procura-se segmentar o conteúdo em entrevistas em cinco grupos
distintos conforme figura 4.3,. Os grupos serão compostos de um conjunto de
questões baseados em Strauss (1997). O grupo “1” deverá obter informações
referentes à identificação do entrevistado (idade, sexo, etc.); o grupo “2” procurará
captar informações com relação ao grau de dificuldade dos movimentos; o grupo
“3” explorará a classificação antropométrica dos usuários; o grupo “4” apresentará
uma avaliação sobre os conceitos de usabilidade aplicados em formas de teste; e
finalmente o grupo “5” será a avaliação final do protótipo.
Figura 4.3 - Grupos de temas a serem abordados
GRUPOS DOS TEMAS ABORDADOS
Identificação dos participantes
Avaliação do grau de
dificuldade dos movimentos
Classificação antropométrica
dos usuários
Avaliação dos conceitos
aplicados Teste de usabilidade
Avaliação com o protótipo
Grupo 1
Grupo 2
Grupo 3
Grupo 4
Grupo 5
GRUPOS DOS TEMAS ABORDADOS
Identificação dos participantes
Avaliação do grau de
dificuldade dos movimentos
Classificação antropométrica
dos usuários
Avaliação dos conceitos
aplicados Teste de usabilidade
Avaliação com o protótipo
Grupo 1
Grupo 2
Grupo 3
Grupo 4
Grupo 5
Fonte: O Autor
74
Esses grupos de questões devem convergir informações de maneira a oferecer
suporte a todo o ciclo de desenvolvimento do produto, buscando-se aplicar a
usabilidade nos testes durante as etapas de desenvolvimento de um produto
especial, avaliando itens como: autonomia, conforto, facilidade de operação,
segurança e ergonomia. Todavia, é necessário elaborar questões que contribuam
para a melhor formação do conceito.
4.5 Perfil dos Usuários do Produto
Os usuários estudados nessa pesquisa são classificados como portadores de
necessidade especiais de locomoção, em especial lesados medulares, cujas lesões
são acima da região torácica (C7) e também portadores de distrofia muscular
passiva. Ambas as classes de usuários são pessoas que em geral estão em faixa
etária profissionalmente ativa, desempenhando alguma atividade profissional que
necessita de uma forma de locomoção mais adaptada. Para o caso de lesado
medular, a lesão está entre C6 e C7 e conforme se pode observar na figura 4.4.
Figura 4.4 - Níveis de lesão e extensão da paralisia por lesão
Fonte:
Retirado do blog "Depois do trauma" (2008).
75
Observa-se que um comprometimento nos movimentos dos membros superiores,
sendo afetado principalmente os movimentos das mãos, a pessoa não consegue se
pôr em pé e inclusive a capacidade respiratória fica reduzida. Estas pessoas em
geral se adaptam mais a cadeira de rodas elétrica. Os casos mais graves como
lesados medulares acima da vértebra C6, onde os movimentos de braços e ombros
são ainda mais comprometidos não serão abordados nesta pesquisa.
4.6 Outros participantes da pesquisa
Além dos usuários diretos, participarão desta pesquisa os familiares, que serão
considerados como usuários indiretos, e devem oferecer informações a respeito das
rotinas, necessidades, fragilidades e expectativas do usuário. Esses entrevistados
devem trazer a tona informações que por ventura os usuários diretos não consigam
apresentar ou citar durante a formação dos conceitos no processo de avaliação. O
objetivo é captar as informações quanto as observações e as necessidades
especiais de apoio ao usuário, como por exemplo, a facilidades de acesso ao
veículo, portabilidade do triciclo, manutenção e apoio e também quanto a situações
de emergências que o usuário esteja envolvido. O quadro 4.2 apresenta o grau de
participação dos envolvidos neste processo.
Quadro 4.2 - Usuários e as participações nas etapas estudadas
Usuário Direto
Relatar as necessidades;
Avaliar o atendimento as necessidades pelos
produtos existentes;
Validar os conceitos aplicados ao protótipo.
Usuário Indireto
Relatar necessidades observadas;
Testar acessibilidade e portabilidade do produto;
Observar junto aos avaliadores o comportamento
durante os testes de validação, comparando quanto
a comportamentos anteriores;
Relatar a percepção, aceitação e socialização do
usuário após testes com protótipo.
Engenheiro
mecânico
Relatar facilidades de manutenção;
Elaborar testes a serem aplicadas, focando na
construção da funcionalidade;
Acompanhar os testes de usabilidade, focando nos
aspectos construtivos e funcionais.
76
Fonte: O Autor
Os profissionais da área de Engenharia Mecânica, Fisioterapia deverão ser também
consultados, já que as suas opiniões serão fundamentais para uma melhor formação
do conceito do produto. As informações levantadas junto a esses profissionais trarão
requisitos de como o protótipo a ser desenvolvido deverá interagir com o usuário de
forma a não agravar as seqüelas existentes e não gerar problemas a partir de
postura ou esforços incoerentes com a sua capacidade física.
4.7 Formação dos Conceitos para o Protótipo Triciclo
A formação dos conceitos do protótipo do estudo de caso a ser desenvolvido deverá
abordar os itens mais importantes para a definição do produto, procurando cobrir
todas as necessidades do seu usuário. Os conceitos a serem tratados aqui estarão
relacionados à segurança, comandos e operacionalização, conforto, ergonomia e
usabilidade do veículo especial. Os principais itens a serem analisados na formação
do conceito do protótipo triciclo para portadores de necessidade especial de
locomoção, proposto nesta pesquisa, estão apresentados no quadro 4.3.
Quadro 4.3 - Itens formadores do triciclo
Comandos
Apoios para os pés
Assento
Acionamento de segurança
Acessibilidade
Autonomia
Propulsão
PRINCIPAIS ITENS A SER
ANALISADOS
Estabilidade
Fonte: O Autor
A discussão em torno destes itens deverá ser realizada dentro dos grupos de
questionamentos apresentados na sessão 4.3 (testes de exploração, comparação,
avaliação e validação), através do levantamento que será feito com os usuários
diretos e indiretos. Os testes de usabilidade a serem aplicados deverão buscar,
também, o melhor entendimento de cada item e as necessidades de cada um dos
tópicos apresentados no quadro 4.3.
77
4.8 Tipos de questões elaboradas
Nos grupos de questionários serão abordadas tanto questões abertas e semi-
abertas quanto questões fechadas. As questões abertas e semi abertas deverão ser
respondidas pelos usuários de forma livre, onde a opinião poderá ser expressa
através de suas próprias palavras e nas questões fechadas o entrevistado escolherá
uma das opções que esteja mais condizente com sua opinião (LABES, 1998). Nas
questões fechadas será utilizada a avaliação de acordo com a percepção do usuário
através de uma escala comparativa (LIKERT,1932), nas questões abertas serão
utilizadas listas de tarefas com roteiros de execução (NIELSEN, 1994).
4.9 Tipos de Testes elaborados
As avaliações de usabilidade serão aplicadas utilizando-se desenhos, protótipos em
papel e também com protótipo real, onde se espera obter respostas a partir de
observações, anotações e comentários registrados durante a execução de tarefas
(NIELSEN, 2002). Os estes práticos de usabilidade serão aplicados e conduzidos
por equipes multifuncionais baseado em RUBIN (1994), as quais devem analisar
criticamente as informações obtidas sem influenciar nos resultados e na condução
dos testes.
4.10 Aplicação da pesquisa
A aplicação dos conceitos de engenharia da usabilidade integrados ao ciclo de
desenvolvimento de um protótipo de um produto especial através de um estudo de
caso será explorado no capítulo 5. Nele serão apresentados todo o desenvolvimento
do estudo de caso e a discussão dos resultados.
CAPÍTULO 5 - APLICAÇÃO DO MODELO METODOLÓGICO PROPOSTO
ATRAVÉS DE ESTUDO DE CASO
Este capítulo apresenta todo o desenvolvimento do estudo de caso baseado no
modelo conceitual proposto no capítulo 4, onde a usabilidade foi aplicada durante o
ciclo de desenvolvimento de um triciclo protótipo.
5.1 Levantamento Preliminar (Grupo 1)
Esta secção apresenta a aplicação do instrumento de coleta de dados referente a
identificação dos entrevistados. É uma etapa muito importante onde as informações
coletadas serão utilizadas para a formação dos conceitos em concordância com as
etapas de desenvolvimento do produto (ROZENFELD et al., 2006). Nela serão
apontadas as necessidades dos usuários potenciais e também a percepção de
quem participa no convívio com eles, através da aplicação efetiva do teste de
usabilidade no ciclo de desenvolvimento do protótipo.
5.1.1 Identificação do perfil dos usuários
Nesta etapa, conhecida como teste de exploração, foi realizado o levantamento
sobre a identificação dos usuários em potencial. No processo de aplicação deste
teste procurou-se manter o sigilo quanto a informações pessoais de cada
participante (nomes, dados pessoais, etc.), conforme acordo de confidencialidade
estabelecido no momento da entrevista. Foram entrevistadas 11 indivíduos como
ilustrado no quadro 5.1, distribuídos na seguinte da seguinte forma: 5 usuários
diretos cadeirantes (1 destes com distrofia muscular, 3 destes portador de lesão
medulares e 1 destes com poliomielite); e 6 assistentes (familiares e ajudantes
diretos). A faixa de idade dos usuários diretos está entre 22 e 43 anos, sendo a
pessoa com distrofia muscular com 32 anos, a com poliomielite 43 anos, e os
lesionados medulares com 27, 36 e 39 anos respectivamente. os familiares e as
69
pessoas que atuam diária e diretamente no auxílio destes deficientes possuem idade
entre 31 e 73 anos.
Quadro 5.1 - Participantes da etapa de teste de exploração.
Usuários
1 Distrofia muscular
3 Lesados medulares
1 Poliomielite
Assistentes
6 Familiares ou responsáveis
Fonte: O Autor.
5.1.2 Grau de escolaridade dos usuários
Com relação ao nível de escolaridade dos usuários diretos, como ilustrado no gráfico
5.1, observou-se que 1 deles possui somente estudo até o ensinodio de maneira
incompleta, 2 possuem o ensino médio completo e 2 possuem o curso superior
incompleto.
Gráfico 5.1 - classificação quanto à escolaridade
1
2 2
0
Ensino Médio
Inclompleto
Ensino médio
Completo
Superior
Incompleto
Superior
Completo
Fonte: Autor.
O ensino superior, embora pretendido pelos entrevistados, em geral não faz parte da
realidade deles devido às dificuldades de acesso e locomoção ao ambiente
universitário que apresentou-se como fator limitante para continuidade dos estudos,
e isso também foi relatado pelos acompanhantes e familiares.
70
5.1.3 Quanto aos Meios de Locomoção Utilizados Pelos Usuários
Nesta questão foram perguntados aos usuários diretos quais eram os meios de
locomoção que eles utilizavam no seu dia a dia, deixando que cada um deles tivesse
a oportunidade de escolher mais do que um se fosse o caso e as respostas obtidas
estão apresentadas no gráfico 5.2. Então se observou que todos os usuários
assinalaram a cadeira de rodas convencional como principal meio de locomoção, 3
deles utilizam como veículo condutor, 2 utilizam também o transporte público, 2
ainda possuem cadeira de rodas motorizadas, como um segundo tipo de locomoção,
que em geral são complementos. Disso pode-se afirmar que quatro indivíduos
dispõe de cadeiras convencionais, porém mesmo dispondo desta como sua principal
forma de locomoção ainda precisa de outra forma complementar de locomoção,
dependendo do trajeto e/ou do cotidiano em que cada um está inserido.
Gráfico 5.2 - Locomoção utilizada pelos usuários
4
3
2 2
0
Cadeira de
Rodas
Convencional
Veículo com
condutor
transporte
público
Cadeira de
Rodas
mortorizada
Veículo
adaptado
Fonte: Autor
Observa-se também pelas afirmações dos entrevistados que as características o
atendem plenamente a necessidade de alguns deles, como a questão das
adaptações de ônibus, especialmente em cidades interioranas, o que faz com que
as pessoas necessitem ter seu próprio veículo e um condutor para melhor se
locomover.
5.1.4 Atividade Profissional Desenvolvida
71
Quanto à atividade profissional desenvolvida pelos usuários diretos, através das
respostas obtidas nos questionários, observa-se que um deles não trabalha
profissionalmente, dois são autônomos (um assistente de agricultor e um artista
plástico) e três são atletas para olímpicos e isso está ilustrado no gráfico 5.3.
Gráfico 5.3 - Profissão dos usuários
50%
17%
17%
17%
Atleta para olímpico
Autônomo Artista plástico
Aunomo Administrador
agrícola
o trabalha
Fonte: Autor.
A realidade profissional de todos os usuários que contribuíram para o levantamento
dessas necessidades principais do veículo (protótipo) foi muito importante, pois foi
possível definir as características comuns, individuais de cada usuário, e
especialmente enfatizar a questão do conforto e da segurança que foram as mais
apontadas. Isso é realçado pelo fato deles passarem grande parte do tempo
utilizando o veículo em seus deslocamentos e constantemente se deparam com
obstáculos em seus trajetos. No entanto cada atividade profissional e o contexto
onde estes usuários potenciais estão inseridos têm suas características particulares.
5.2 AVALIAÇÃO DO GRAU DE LIMITAÇÕES DE MOVIMENTO (GRUPO 2)
Dentre os usuários envolvidos no desenvolvimento dos conceitos do produto, um
deles é portador de lesão medular com comprometimento até de seus movimentos
de mão, e este foi o escolhido para explorar aplicação dos conceitos de usabilidade
no ciclo de desenvolvimento de um protótipo. Ele for escolhido por representar a
categoria de usuários com maior grau de dificuldade quanto à utilização de um
veículo por condução própria. Este deficiente não consegue executar as atividades
72
de higiene pessoal como escovar os dentes, barbear, segurar talheres entre outros
uma vez que utiliza um adaptador acoplado à mão para a execução.
5.2.1 Usabilidade - Testes de Exploração
Durante esta etapa os usuários foram questionados a respeito das suas condições
de executar os movimentos de braço, antebraço e mãos. As perguntas foram
elaboradas no sentido de saber quais as funções que cada um conseguia
desempenhar e as respostas obtidas estão apresentadas no gráfico 5.4, onde se
observa dentre os cinco usuários diretos entrevistados somente nos movimentos de
giro de tronco, braços e antebraço e a ação de segurar objetos médios foi atendida
por 100%. os movimentos de segurar objetos pequenos, com pinça de
mão/dedos, articulação dos dedos e a escrita de maneira fácil somente a parte deles
conseguiam realizar, isto é, são movimentos com um grau de dificuldade maior para
a execução.
Gráfico 5.4 - Movimentos comuns em todos os usuários entrevistados
5 5
2
5
3
3
2
Giro de ombro Mov. braços e
antebraços
Segura objetos
pequenos
Segura objetos
médios (duas
mãos)
Com pinça de
mãos/dedos
Articulação dos
dedos
Escrevem com
facilidade
Fonte: O Autor.
Dentre os movimentos mais comuns entre os usuários avaliados, estão: Giro de
ombro, movimentos de braços e antebraços, e a capacidade de segurar objetos
médios com as duas mãos. Fica um pouco limitada a capacidade de: pinçar
mão/dedos e os movimentos que envolvam a articulação das falanges. Apenas dois
usuários conseguiam escrever com facilidade e segurar objetos pequenos. Nenhum
73
dos usuários possuía movimentos de pernas, ou tinham capacidade de ficar em pé.
Isto fez com que as avaliações posteriores ficassem mais ceis, pois como os
usuários possuíam limitações semelhantes inclusive em seus movimentos dos
membros superiores.
5.2.2 Necessidades a serem atendidas do ponto de vista dos usuários
potenciais entrevistados - Teste de exploração
Para um usuário comum as necessidades de conforto, segurança e usabilidade
devem ser atendidas, porém em um veículo para usuários especiais portadores de
necessidades especiais de locomoção estes cuidados devem ser atendidos de
maneira completa. Outro ponto a ser considerado indispensável é quanto ao tipo de
atividade e ambiente onde o usuário está inserido, pois estes dois fatores podem
transformar requisitos menos importantes para uns em indispensáveis para outros. A
figura 5.1 apresenta as necessidades que devem ser atendidas pelos itens
formadores do protótipo triciclo de acordo com as necessidades dos usuários
entrevistados.
Figura 5.1 - Necessidades a serem atendidas do ponto de vista dos usuários
Segurança
Dirigibilidade
Ergonomia
Acessibilidade
Equilíbrio
Conforto
Segurança
Dirigibilidade
Ergonomia
Acessibilidade
Equilíbrio
Conforto
Fonte: O Autor.
74
Essas necessidades identificadas na pesquisa foram abordadas durante todas as
etapas do desenvolvimento de produto (protótipo) em concordância com os testes
realizados para avaliá-los. Pode-se dizer que os conceitos definidos para cada uma
das partes do triciclo contemplam preocupações quanto à acessibilidade, segurança,
dirigibilidade, ergonomia, equilíbrio e conforto.
Cada um dos requisitos enfatizado na figura foi exemplificado, para que os usuários
tivessem uma maior clareza do que avaliar em cada um dos itens, mantendo assim
uma uniformidade na compreensão, ou seja, foi realizada uma representação gráfica
baseado em Nielsen (2004). O resultado disso pode ser observado no quadro 5.2
onde cada um dos itens está detalhado de forma a facilitar a leitura e aplicação dos
testes.
Quadro 5.2 - Itens avalizados em cada um dos seis quesitos
Acessibilidade
Facilidade de acomodação
Ambientes em que o veículo pode circular
Limitações de obstáculos (meio fio, pedras e etc)
Capacidade de entrar e sair do veículo sozinho
Segurança
Sistema de parada
Sistema para arrancada
Sinalizações
Iluminação/Buzina
Dirigibilidade
Sistema de direção
Sistema partida
Facilidade de acionamento de comandos
Raio de curva
Ergonomia
Posição sentado
Posição dos pés
Posição dos joelhos
Distância do guidon
Movimentos em curva
Equilíbrio
Distância entre rodas - Quanto ao ponto equilíbrio do veículo
Equilíbrio de cintura quando em movimento
Equilíbrio de tronco nas curvas
Conforto
Após tempo de permanência sentado - incômodo
Posição das mãos no guidon
Apoio das costas no assento
Fonte: O Autor.
Através da escala de “Likert” foi possível classificar as 6 funções e o resultado pode
ser visto no gráfico 5.5. O gráfico demonstra o grau de importância de cada uma das
funções sob a ótica dos entrevistados e isso de ser expresso da seguinte forma:
indispensável, importante, muito importante, ou pouco importante, e para a maioria
dos itens os usuários consideraram como indispensável especialmente nos casos
75
em que o comprometimento de movimentos estava mais acentuado.
Gráfico 5.5 - Importância das principais funções.
0% 20% 40% 60% 80%
Acessibilidade
Segurança
Dirigibilidade
Ergonomia
Equilíobro
Conforto
Indispensável
Importante
Muito
Importante
Fonte: O Autor.
Os itens mais relevantes do ponto de vista dos usuários foram, portanto, a
segurança, o conforto e a acessibilidade ficando acima de sessenta por cento dos
entrevistados, para quase quarenta por cento os itens ergonomia, dirigibilidade e
equilíbrio foram mais relevantes. A partir deste grupo de perguntas, as avaliações
foram direcionadas para apenas um usuário, que foi considerado o caso mais crítico
que foi escolhido por possuir maiores limitações de movimentos.
5.2.3 Movimentos de mão - Caso estudado
A partir deste ponto da pesquisa, buscou-se desenvolver o estudo de caso com o
deficiente que possuía o maior grau de dificuldade nos movimentos, tratando-se de
um lesado medular com características de tetrapelgia. A lesão deste usuário foi
classificada como “C6”, ou seja, com uma lesão na cervical número 7 e com
comprometimento dos movimentos a partir desta altura, conforme representado na
figura 5.2.
O que se observa do caso estudado é que a lesão na cervical C6, afeta os cinco
dedos das mãos e a sensibilidade da parte posterior do braço, porém os movimentos
de pulso, cotovelo e ombros são da região C5 e que, portanto para este usuário não
apresentou dificuldades no movimento.
76
Como nenhum músculo é inervado unicamente por C6, o grupo muscular dos
extensores do punho é inervado em parte por C6 e por C7, conforme exposto na
figura 5.5, enquanto que o bíceps, região muscular inferior do braço, recebe tanto de
C6 quanto de C5 (HOPPENFELD, 2001). Pelos testes, o usuário pôde ser avaliado
na execução de algumas funções de comando com a utilização dos pulsos. Este
teste de sensibilidade para verificar a capacidade sensitiva da face lateral do
antebraço, polegar, indicador e metade do dedo médio definidas como áreas
afetadas por lesão C6 (HOPPENFELD, 2001).
Figura 5.2 - Áreas comprometidas com a lesão C6 do caso estudado.
(a) Vista Anterior (b) Vista Posterior
Fonte: Mapa dos dermátomos (NETTER, 1999).
5.2.4 Pinsagem de dedos - Caso estudado
Nesta etapa da avaliação o usuário teve algumas tarefas práticas que foram
realizadas com acompanhamento e observação, nela foi realizadas as avaliações de
usabilidade de exploração onde foram observadas as habilidades e limitações do
usuário utilizando as mãos em algumas atividades. A figura 5.3 apresenta duas fotos
das mãos e antebraços do usuário, onde é possível observar sua musculatura mais
atrofiada comprometendo dessa forma os movimentos dos dedos e pega de mão.
Figura 5.3 - Mãos do usuário selecionado para o estudo de caso.
77
(a) vista de cima.
(b) Vista de baixo.
Fonte: O Autor
Na atividade seguinte foi observado o usuário no ato de pegar um copo vazio e
depois cheio, e simular os movimentos de trocar de lugar, levar a boca e trocá-lo de
mão. A figura 5.4 apresenta duas fotos desse processo de prensagem ou a pega da
mão direita do usuário segurando um copo e como pode ser observado o copo está
preso em sua mão. Devido ao movimento do pulso após diversos testes
observaram-se as dificuldades dos dedos em segurar o copo utilizando os dedos em
forma de pinça. O usuário declarou que durante os testes que não havia
sensibilidade nos dedos médio, anelar e mínimo, e com relação aos demais, isto é
polegar e indicador, mesmo com sensibilidade não conseguia movimentá-los. Outro
fato importante relatado é que a mão direita, mesmo parecendo ter o mesmo
desempenho nas atividades testadas demonstrou ser a mais firme e precisa nos
movimentos.
Figura 5.4 - Prensagem e pega de mão - Mão direita
Fonte: O Autor.
Foi testado o mesmo processo de pega com um copo cheio de água e o que foi
78
observado que copo fica preso entre os dedos da mesma forma, o que demonstra
que mesmo com os movimentos de braços e pulsos deste usuário ser extremamente
limitados existe a possibilidade de o usuário segurar algum tipo de comando nas
mãos.
com a mão esquerda o usuário declarou ter mais dificuldade, e durante os testes
foi observado que para conseguir sustentar o copo o usuário tinha que ficar com o
pulso um pouco mais girado como pode ser observado na Figura 5.5 -. Observou-se
também que os movimentos foram mais cuidadosos e lentos onde o usuário buscava
um melhor equilíbrio do objeto antes de suspendê-lo.
Figura 5.5 - Prensagem e pega de mão - Mão Esquerda.
Fonte: O Autor.
Porém neste teste, quando o copo foi completado com água o usuário precisou do
apoio das duas mãos para conseguir manter suspenso. Estes testes foram os mais
importantes, pois a partir deles é que os conceitos de comandos e acionamentos do
triciclo serão elaborados de acordo com as possibilidades do usuário estudado.
5.2.5 Movimentos de braço
Para os testes de movimentos de braços e antebraços, foram solicitadas algumas
atividades relacionadas ao dia-a-dia do usuário. Nele foi observado o processo de
digitação no qual utiliza os movimentos dos dedos que se alongam quando o pulso
ficar estendido conseguindo, desta forma, a firmeza necessária nos dedos
indicadores e assim poder executar a digitação como ilustrado na figura 5.6.
Figura 5.6 - Movimentos de pulso e braços para a atividade de digitação.
79
Fonte: O Autor.
O Usuário executou além da atividade definida no roteiro as tarefas de pegar o
computador, ligá-lo, utilizar o mouse (movimentos do mouse operados com as duas
mãos) finalizar as telas abertas e desligar o computador, e executou tais atividades
com agilidade e demonstrando bastante prática.
Na atividade de redação com caneta o usuário utilizava os antebraços e as duas
mãos para executá-la. Primeiro pegava o caderno, posicionando-se na postura ideal
para iniciar a redação, pegava a caneta, a posicionava entre os dedos e iniciava o
processo de escrita de um texto de 30 linhas, como pode ser observado na figura
5.7.
Figura 5.7 - Movimentos de pulso e braços para a atividade de Redação.
Fonte: O Autor.
Observou-se também que durante toda a atividade de redação, o usuário parou para
arrumar a caneta entre os dedos apenas 3 vezes, e executou toda a atividade em 12
80
minutos e meio, o que não pode ser considerado pouco tendo em vista a dificuldade
do usuário. Um dado interessante é que para estas duas atividades o usuário
dispunha de adaptadores, mas preferiu executá-las apenas com as mãos. Um
exemplo deste tipo de adaptador está ilustrado na foto da figura 5.8, qual o usuário
poderia ter utilizado para a execução da atividade, mas optou-se por fazer a tarefa
como as próprias mãos sem o uso do tal adaptador.
Durante as execuções das tarefas solicitadas e das tarefas cotidianas do usuário,
observou-se que mesmo com o comprometimento dos movimentos das mãos o
usuário está bem adaptado e faz sempre muita questão de demonstrar sua
independência mesmo que para a execução de atividades muito simples. Com essa
observação é possível afirmar que as atividades executadas permitem ao usuário
desenvolver uma melhor agilidade de seus movimentos e reflexos, o que para a
execução da atividade de acionamento dos comandos e condução do triciclo poderá
se tornar executável.
Figura 5.8 - Exemplo de adaptador para redação.
Fonte: MN Suprimentos Médicos (www.mnsuprimentos.com.br, 2008).
5.2.6 Movimentos e Equilíbrio de Cintura
Na avaliação dos movimentos de cintura, ou mais precisamente o movimento e o
equilíbrio de tronco, que para este tipo de lesado é um dos mais comprometidos,
foram observados apenas o usuário em atividade no uso dos braços para se
equilibrar. A figura 5.9 apresenta uma foto deste usuário utilizando uma cadeira de
rodas convencional. Nesta atividade foi observado também que o usuário fez uso
dos apoios laterais da cadeira para se reposicionar e utilizar o apoio do corpo na
execução de movimentos laterais.
81
Figura 5. 9 – Equilíbrio e movimento de cintura.
Fonte: o Autor.
Esta característica de necessidade de apoios laterais é comum em lesados a partir
da T4 (torácica 4) (HOPPENFELD, 2001). Porém em alguns casos com a prática de
exercício físicos regulares e monitorados por profissionais e mesmo as condições
alimentares e de postura, fazem com que estas pessoas tenham uma rigidez
muscular na região da cintura, tornando-se menos dependentes para atividades do
dia-a-dia. Característica sutilmente observada no usuário estudado, pois tratava-se
de uma pessoa com independência para movimentos de sentar, deitar ou virar-se de
uma posição para outra.
5.2.7 Atividade Desenvolvida pelo Usuário
A atividade profissional desenvolvida pelo usuário estudado é a de administrador
agrícola com a necessidade de se deslocar em regiões de solo acidentado, terrenos
com pouca compactação, umidade entre outros tipos de situações. Este tipo de
situação não é ideal para o uso de uma cadeira convencional mesmo, onde essas
limitações tornam-se obstáculos. No caso desta pesquisa o desenvolvimento do
protótipo foi caracterizado para o uso exclusivamente externo, em áreas cobertas ou
dentro de galpões onde o uso de uma cadeira convencional não atenderia às
necessidades.
Dentre as atividades que este usuário desempenha está a de controle de insumos e
entradas e saídas de recursos, que são atividades basicamente desenvolvidas em
computador, a necessidade de verificar os prazos de plantio, colheita e intervenções
com adubos ou insumos, e providenciar a logística e a mão de obra para a
82
execução, ou seja, são tarefas que exigem que ele se desloque ao longo da
propriedade.
5.3 - CLASSIFICAÇÃO ANTROPOMÉTRICA (Grupo 3)
Para os dimensionamentos prévios de assento, distância dos comandos e apoios
dos pés foi necessário classificar o usuário dentro de uma categoria antropometria,
uma vez que durante o desenvolvimento do protótipo este não pôde participar de
testes para verificar tais medidas por estar residindo muito distante de onde estava
sendo desenvolvido o protótipo. A tabela 5.1 ilustra os dados do usuário de acordo
com as medições realizadas.
Tabela 5.1- Dados atropométricos do usuário em estudo (estático).
Peso
98 Kg
Altura "de pé"
1,86 m
Altura da cabeça ao assento
88 cm
Altura do ombro ao assento
60 cm
Altura do Cotovelo ao assento
20 cm Direito e 23cm esquerdo
Altura dos joelhos quando sentado
53 cm
Largura do abdômen quando sentado
186 cm
Largura do abdômen quando deitado
153 cm
Comprimento dos braços
38 cm
Comprimento membro superior (Braço/antebraço)
79 cm
Fonte: O Autor.
Como podem ser observadas nos dados apresentados na tabela 5.1 as dimensões
foram obtidas a partir de medições simples realizadas com o usuário sentado e em
posição confortável, em postura de execução das atividades, ou seja, sem estar com
o corpo completamente relaxado como ilustrado na figura 5.10.
Figura 5.10 – Dados antropométricos do usuário.
Fonte: O autor e Sheldon (1940).
83
Ainda sobre a classificação antropométrica, o usuário pode ser classificado dentro
de uma variação do tipo físico Endomorfo, devido a suas características corpóreas.
Esta classificação antropometria estática se deu através dos dados corpóreos e pela
correlação destes com as informações de levantamentos antropométricos realizados
em outros países (CRONEY, 1978).
Essas características corpóreas podem ser assim consideradas pela definição do
endomorfo como tipos de formas arredondadas e macias, com grandes depósitos de
gordura, onde o abdômen é cheio e extenso e o tórax parece pequeno (Guimarães,
2004). A figura 5.11 apresenta os valores alcançados através das medições
realizadas durante a avaliação antropométrica dinâmica e isso foi utilizada como
referencial comparativo para a tomada de medidas do usuário em questão.
A tabela 5.2 apresenta os valores obtidos nas medições dos dados antropométricos
dinâmicos do usuário durante a avaliação obedecendo as zonas de alcance ótimo e
máximo.
Figura 5.11 - Representação de Medidas antropométricas dinâmicas.
ALCANCE ÓTIMO
ÁREA ÓTIMA PARA TRABALHO COM AS DUAS MÃOS
ALCANCE MÁXIMO
50 cm
50 cm
55-
35-45
100
100 cm
160
160 cm
Alcance ótimo
Alcance máximo
Área ótima para trabalho
com as duas mãos
55º ~ 65º
35º ~ 45º
25 cm
Fonte: baseado em Grandjean (1998).
Estas características observadas do usuário servirão de base à acomodação,
conforto e firmeza do triciclo para a utilização do usuário e isso será fundamental
para o processo de dimensionamento das partes.
Tabela 5.2 - Dados atropométricos do usuário – dinâmicos.
Zona de alcance Ótimo
Alcance braço direito 32 a 40cm
Alcance braço esquerdo 30 a 40 cm
Área de trabalho com as duas mãos Frontal 40X45 cm2
Alcance máximo de trabalho 100 cm
84
Zona de alcance Máximo
Alcance braço direito 48 a 62cm
Alcance braço esquerdo 45 a 60 cm
Alcance máximo de trabalho 150 cm
Fonte: O Autor.
5.4 - TESTE DE USABILIDADE PARA A AVALIAÇÃO DOS CONCEITOS (GRUPO
4)
Estabeleceu-se nas avaliações de usabilidade que o grau de percepção e
importância de cada um dos itens levantados como importante na caracterização
das necessidades do usuário aplicadas ao triciclo. Esta avaliação foi realizada
baseada na escala “Likert”.
5.4.1 Conceitos de Acessibilidade
De acordo com a tabela 5.3 os conceitos de acessibilidade avaliados neste teste
foram relacionados tanto na facilidade de entrada e saída do triciclo quanto ao grau
de facilidade dele circular com o veículo em solos com relevos acidentados, rampas
entre outros. Dentre as avaliações feitas pelo usuário, de acordo com suas
exigências, os itens em destaque na cor verde foram os pontos de concordância e
os itens 6 e 8, em amarelo, respectivamente, ele não opinou e discordou totalmente.
Isto é, houve discordância com relação ao item assento giratório e não conseguiu
opinar quanto a descansa braço móvel.
Tabela 5.3 - Tabela de avaliação dos itens de acessibilidade.
Itens
Concorda
plenamente
Concorda
Sem
Opinião
Discorda
Discorda
Totalmente
1
Altura do veículo em relação ao chão
(facilitar o acesso)
X
2
Vencer terrenos com irregularidades
X
3
Vencer rampas e irregularidades do
solo
X
4
Acesso facilitado para sentar e sair do
triciclo
X
5
Suportar carga de até 130kg
X
6
Descansa braço móvel para facilitar o
acesso ao veículo
X
7
Porta bagagens
X
8
Assento giratório para facilitar o
acesso ao veículo
X
9
Formas de cantos arredondados
X
Fonte: O Autor.
85
5.4.2 Conceitos de Segurança
Como relação aos conceitos de segurança, o usuário realizou a classificação dos
itens e o resultado está expresso na tabela 5.4, discordando com os itens 2
(espelhos retrovisores), 4 (sinalização sonora) e 10 (proteções laterais), nos
demais se demonstrou em pleno acordo.
Tabela 5.4 - Tabela de avaliação dos itens de segurança.
Itens
Concorda
Plenamente
Concorda
Sem
Opinião
Discorda
Discorda
Totalmente
1
Acelerador manual de comando
simples de pressionar ou empurrar
X
2
Espelhos retrovisores
X
3
Funções de sinalização luminosa
(Luz de alerta)
X
4
Função de sinalização sonora
(Buzina)
X
5
Velocidade máxima de 20Km/h
X
6
Resposta rápida no acionamento
dos freios
X
7
Entrar em movimento lentamente
X
8
Proteção para os membros
inferiores
X
9
Proteções contra choques
mecânicos
X
10
Proteções laterais p/ condutor
(proteger contra quedas)
X
11
Cortar a aceleração assim que o
comando for solto
X
Fonte: O Autor
5.4.3 Conceitos de Dirigibilidade
Nos itens relacionados à dirigibilidade o usuário teve a maioria dos itens em
concordância e concordância plena, isto é, os itens 1, 2, 3 e 5, e discordância e
discordância totalmente nos itens 6 (mudança de direção por Volante) e 4 (Marcha
ré) respectivamente, como apresentado na tabela 5.5.
Tabela 5.5 - Tabela de avaliação dos itens de Dirigibilidade.
Itens
Concorda
plenamente
Concorda
Sem
Opinião
Discorda
Discorda
Totalmente
1
Partida de acionamento simples, com
botão de pressionar
X
86
2
Acionamento dos freios, com
acionamento por pressão
X
3
Painel de instrumentos (painel
monitoramento veículo)
X
4
Sistema de manobras (Marcha ré)
X
5
Mudança de direção por guidon
X
6
Mudança de direção por volante
X
7
Mudança de direção por Joystick
X
Fonte: O Autor.
5.4.4 Conceitos de Ergonomia, Equilíbrio e Conforto
Com relação aos conceitos de ergonomia, equilíbrio e conforto, sob a ótica do
usuário, a avaliação aconteceu de forma integrada e suas respostas foram na
maioria dos casos em concordância plena como pode ser visto na tabela 5.6 (item 1
“assento ergonômico que permita movimentos dos quadris”, item 2 “apoios para os
pés” e item 5 “proteção das partes móveis para evitar contatos acidentais”). A tabela
também ilustra que para os itens 3 e 6 (Apoio lombar no assento e formas de cantos
arredondados) o usuário declarou somente concordar com estes quesitos e isso
pode se observar que para o ponto de vista dele o apoio lombar e as formas
arrendadas dos cantos não tem tanta influência devido a não possuir sensibilidade
em seu corpo nessas regiões. com relação aos itens 4 e 7 (proteção de acrílico
na parte frontal - pára-brisa e cobertura de proteção) o usuário declarou discordar
totalmente. Que são os conceitos de: Sistema de Marcha ré, que segundo o usuário
para os trajetos e usos aplicados não será necessário, e que pode se assemelhar
aos conceitos de uma moto convencional, e também os conceitos de mudança de
direção por volante, segundo o usuário, girar 360 graus com o volante seria um tipo
de movimento que dependeria mais adaptação, sentindo-se mais confortável pelo
sistema guidon.
Tabela 5.6 - Tabela de avaliação dos itens de Ergonomia, equilíbrio e conforto.
Itens
Concorda
plenamente
Concorda
Sem
Opinião
Discorda
Discorda
Totalmente
1
Assento ergonômico que permita
movimentos dos quadris
X
2
Apoios para os pés
X
3
Apoio lombar no assento
X
4
Proteção de acrílico na parte frontal
(pára-brisa)
X
5
Proteção das partes móveis para evitar
contatos acidentais
X
6
Formas de cantos arredondados
X
7
Cobertura de proteção
X
Fonte: O Autor.
87
A próxima etapa será avaliar os resultados da avaliação o Grupo 5 foram utilizadas
para a confecção do protótipo, procurando atender cada item de acordo com as
avaliações até então estabelecidas. A fase de elaboração do protótipo teve uma
maior colaboração por parte dos observadores familiares do que o usuário que
nesse caso participou de uma forma mais discreta.
Discordando totalmente dos itens, proteção de Acrílico no para brisa e Cobertura de
proteção, entendeu que para o seu uso em dias chuvosos não seria utilizado e caso
fosse, poderia estar utilizando outro tipo de proteção, como capa de chuva etc.
5.5 - TESTE DE USABILIDADE APLICADO AO PROTÓTIPO CONSTRUÍDO
(GRUPO 5)
Este tópico apresenta o protótipo construído baseado nas características do usuário
através das informações adquiridas nas observações e consultas ao usuário durante
as avaliações de usabilidade aplicados nos itens anteriores. Serão também
apresentados os testes de usabilidade realizados com o usuário a partir do protótipo
construído para validação do uso dos conceitos da usabilidade aplicados ao seu
ciclo de desenvolvimento.
5.5.1 Apresentação do Veículo
Após as informações obtidas nas avaliações de usabilidade realizadas através de
pesquisa com produtos utilizados para locomoção disponíveis no mercado, com a
participação do usuário direto, foi possível configurar conceitualmente um veículo
que atenderia em suas necessidades. Estas informações levantadas auxiliaram a
formação do conceito e foram necessários investimentos em tempo no projeto e
recursos para a construção de um protótipo, como ilustrado na figura 5.12. A figura
ilustra a implementação de tais conceitos e a origem do veículo protótipo após seis
meses de desenvolvimento.
Figura 5.12 – Triciclo desenvolvido (protótipo).
88
Fonte: O Autor.
O Triciclo foi construído a partir de uma moto de 50 cilindradas que utiliza gasolina
como combustível, com sistema de câmbio automático para evitar a necessidade de
troca de marchas e para facilitar as adaptações dos demais conceitos. A moto
possui os seguintes acessórios de fábrica: painel e medidores que garantem a
autonomia do triciclo e informações importantes como o volume do tanque de
combustível; velocímetro para indicação da velocidade; indicador de óleo e partida;
iluminação; e buzina. Outra facilidade encontrada neste modelo de moto, que foi um
dos motivos para a sua escolha, é que o sistema de partida é elétrico com
acionamento direto por meio de botão.
A figura 5.13 apresenta uma vista lateral do triciclo com mais detalhes da adaptação
realizada. O veículo possui uma alavanca na lateral esquerda que nada mais é do
que um sistema de partida a pedal, para que em caso de ficar sem bateria ou com
algum problema na partida elétrica, outra pessoa poderá ajudá-lo no processo de
ignição e colocar o triciclo em movimento novamente. É possível ainda observar na
figura a robustez do triciclo que está sendo testado em condições de trabalho do dia-
a-dia do usuário.
Figura 5.13 – Vista lateral do triciclo.
89
Fonte: O Autor.
5.5.1.1 Conceitos de Sinalização
O triciclo em condições normais de uso não terá circulação em via pública, ou dentro
de cidades onde existem as regulamentações de trânsito (o que facilitou os testes e
a implementação em caráter experimental), no entanto, em vias rurais onde o
veículo circula, há necessidade de sinalização mínima para garantir a segurança do
usuário e a fácil identificação de outros motoristas. Na Figura 5.14 é possível
observar as sinalizações disponíveis no protótipo, sendo lanternas traseiras
indicadoras de direção e área listrada (amarela e preta) e também a identificação
internacional de portador de necessidade especiais.
Figura 5.14 - Sinalizações do triciclo protótipo.
(a) Lanternas indicadoras de direção.
(b) indicador de pessoa com
necessidades especiais
Fonte: O Autor.
90
Para que o triciclo atendesse ao máximo as regulamentações exigidas pelas normas
de trânsito o mesmo deve manter os faróis acessos sempre que estiver com o motor
funcionando e em movimento, permitindo dessa forma uma melhor visualização.
Segundo a opinião do usuário estas características de sinalização são fundamentais
para o deslocamento mais seguro evitando acidentes.
5.5.1.2 Conceito do assento do triciclo
O assento do triciclo foi montado em fibra e revestido em resina, deixando o ao
mesmo tempo resistente e confortável, partiu-se dos princípios de assentos de
carros de corrida tipo “kart”, porém com adaptações nas laterais externas, para
manter a firmeza dos membros inferiores quando em movimento. A figura 5.15
ilustra uma foto do assento depois de pronto e montado, possuindo encosto nas
duas laterais, nas pernas e nas costas. O assento é reforçado com fibra de vidro
garantindo a acomodação e evitando o desequilíbrio. Segundo o usuário os apoios
laterais de costas e quadris o deixaram mais seguro e evitou que ele movimentasse
involuntariamente as pernas.
Figura 5.15 - Assento do veículo.
Fonte: O autor.
91
Na parte inferior do assento o ângulo para uma melhor acomodação das nádegas foi
concebido para não oferecer risco de escorregamento ou movimento de
deslizamento para frente do usuário durante o uso do triciclo. A altura do espaldar do
assento foi feito de acordo com a distância máxima onde este tipo de lesado pode
sofrer algum tipo de desequilíbrio. Para uma pessoa com sensibilidades normais foi
pedido para que se sentasse no assento antes da montagem final e testes,
sensação que este descreveu foi quanto a inexistência de pressão em qualquer
parte apoiada, o que segundo Iida (2005) caracteriza-se como conforto.
Quanto a profundidade do assento, este foi planejado de forma que acomodasse
uma pessoa nas características antropométricas do usuário chegando próximo as
profundidades máximas de assento recomendadas em algumas literaturas (TILLEY,
2005; DREYFUSS, 2005), ou seja, profundidade deve estar em torno 400 mm, para
um melhor conforto.
5.5.1.3 Altura Montagem do Assento do Triciclo
Quanto a instalação do assento no triciclo, segundo o usuário, o assento deve estar
mais alto que os joelhos. A justificativa dada pelo usuário é quanto a minimização de
espasmos musculares involuntários (GUYTON, 1993) quando sentado nesta posição
poderiam ocorrer com maior freqüência e influenciar na condução do veículo. De
acordo com a literatura estes movimentos musculares involuntários são
conseqüência das características deste tipo de usuário, que não realiza atividades
físicas e dispõe apenas de sessões de fisioterapia para a movimentação dos
membros e articulações (CLARKSON, 1992).
Quanto aos ângulos de inclinação de acordo com o disponível na literatura,
encontra-se que o apoio do assento pode estar nivelado e os ângulos de apoio
lombar devem estar com um ângulo de aproximadamente 90º e da mesma forma foi
o ângulo formado entre os joelhos (DREYFUSS, 2005).
Cruzando as informações do que o usuário respondeu versus as recomendações
encontradas na literatura, chegou-se nas características do assento, permitindo que
o usuário ficasse com a planta do totalmente apoiada e os ângulos de joelhos e
apoio lombas dentro dos valores sugeridos.
92
5.5.1.4 Conceito dos comandos do triciclo - Partida
A elaboração e aplicação dos conceitos de comandos do triciclo foram os mais
estudados e elaborados, pois a maior limitação do usuário são os movimentos de
pinça de mão e pega de objetos, pois como estes sculos são os comprometidos
pela lesão, este dispõe de pouca força e sensibilidade nos dedos e mão para
comandar o triciclo. Os movimentos mais adaptados são os de giro de pulso e em
situações de empurrar os objetos com as mãos.
Na figura 5.16, observa-se o acionamento da partida do triciclo, para este entrar em
movimento identificado com o “número 1”, onde o usuário pode acionar somente
pressionado com a parte posterior da mão de forma suave, sem necessidade de
aplicar muita pressão. O sistema de partida precisou ser adaptado para que em caso
de se utilizar as duas os para pressionar a partida o veículo não saia
imediatamente em movimento.
Figura 5.16 - Acionamento da Partida do Triciclo.
2
1
Fonte: O Autor.
Para que o usuário consiga dar a partida, a alavanca de freio no lado esquerdo
precisa necessariamente estar pressionada, garantindo a segurança do usuário.
Importante salientar também que, para evitar acionamentos acidentais ao entrar ou
sair do triciclo, este deve estar com a chave (número 2) na posição de acionada, e
para acontecer o desembarque o usuário deve proceder da mesma forma. De
acordo com a NBR 14970-3 (Acessibilidade em Veículos Automotores - Diretrizes
para avaliação da dirigibilidade do condutor com mobilidade reduzida em veículo
93
automotor apropriado) o veículo deve oferecer condições para que o usuário tenha
as adaptações de tal forma que consiga realizar todos os comandos de forma segura
sem a necessidade de um segundo condutor.
5.5.1.5 Conceito dos comandos do triciclo - Freio e acelerador
Com o sistema de marchas adaptado, o triciclo precisou de adaptações apenas para
facilitar o acionamento do freio e acelerador uma vez que tais comandos deveriam
ser executados utilizando os pulsos.
Na figura 5.17a, observa-se que o pulso abraça a alavanca do freio e pressiona
contra a manopla do guidon, garantindo ao mesmo tempo a frenagem e o comando
da direção, mesmo sem a utilização dos dedos. Da mesma forma quando se deseja
interromper a frenagem o usuário solta a alavanca de freio e segura o comando do
guidon diretamente na manopla. na Figura 5.17b o acionamento do freio acorre
de forma semelhante, porém sem ter a necessidade de retirar a mão da manopla do
guidon, pois uma adaptação simples de um degrau na manopla garante o apoio do
pulso, como os movimentos de giro para acelerar são curtos, uma inclinação leve de
apenas 20 graus já garante a aceleração próxima a máxima.
Optou-se por manter a alavanca de aceleração original para testes futuros com
outras categorias de usuários com características de movimentos menos
comprometidos.
Figura 5.17 - Acionamento dos comandos de freio e acelerador.
(a) freio do lado esquerdo. (b) freio do lado direito.
Fonte: O Autor.
94
5.5.1.6 Conceito do suporte bagageiro
Tendo em vista as características peculiares de uso do caso estudado, observou-se
a necessidade de um compartimento para se carregar bagagens, utensílios e
mesmo a cadeira de rodas convencional, como pode ser observado na figura 5.18.
Para que o bagageiro pudesse suportar o peso, de uma carga de a 60Kg, foi
adaptada a suspensão um novo sistema de amortecimento, com dois amortecedores
utilizados em motor de a125 cilindradas, devidamente calculado e com um ângulo
de inclinação que facilite a distribuição da força nas rodas traseiras e ainda assim
garanta a sustentabilidade do peso.
Figura 5.18 - Bagageiro de cargas.
Fonte: O Autor.
Segundo a avaliação do usuário, pode ser utilizado com certa freqüência ou mesmo
tornar-se uma adequação as atividades que já desenvolve.
Na figura 5.19 tem-se a aplicação do bagageiro para o transporte da cadeira de
rodas do próprio usuário, com a área total de apoio o espaço para transporte da
cadeira foi projetado para que não houvesse necessidade de desmontagem desta
cadeira, sendo necessário apenas recolher as laterais (dobrar) para que esta caiba
no compartimento de bagagens.
95
Figura 5.19 - Aplicação do bagageiro.
Fonte: O Autor
Para o caso de necessidade de se deslocar até um ambiente fechado onde não
poderá fazer uso do triciclo a gasolina o usuário poderá dispor dos dois meios de
transporte.
5.6 Resultados teste de usabilidade aplicada ao triciclo quanto a ERGONOMIA
e CONFORTO
Na realização dos testes de ergonomia e conforto, foi observado como o usuário foi
acomodado no triciclo e qual a sua opinião a respeito destes quesitos. O usuário foi
acomodado no triciclo com a ajuda de três pessoas e declarou que com relação ao
as medidas dos acessórios e seu conforto durante o processo de dirigir foram bons.
O único problema encontrado com o tempo de permanência no veículo, pois mesmo
o assento sendo confortável ele precisa ser estofado para que não cause nenhuma
assadura ou qualquer tipo de escarras prejudicando ainda mais a sua debilidade
física. Foram efetuadas simulações de movimentos de braço, tronco, cintura de
forma a perceber a melhor acomodação (figura 5.20).
96
Figura 5.20 - Ergonomia e conforto.
Fonte: O Autor.
5.7 Resultados teste de usabilidade aplicada ao triciclo quanto a
ACESSIBILIDADE
A acessibilidade do triciclo pôde ser avaliada de duas formas a primeira diretamente
pelo usuário quanto a sua percepção do veículo, nos acessos deste em terrenos
mais desfavoráveis e acidentados, e a segunda pelos assistentes e familiares
quanto a facilidade de acomodação do usuário e retirada deste no triciclo (figura
5.21. Na opinião do usuário a facilidade de entrar e sair do veículo se assemelha a
sua cadeira convencional, no entanto para os familiares parece estar mais difícil
devido a distância do assento até a lateral do veículo, o que pode ser melhorado
talvez com o sistema de giro de banco ou apoios laterais removíveis, porém tais
conceitos não foram aplicados ao triciclo.
As avaliações de equilíbrio e conforto foram avaliadas de forma direta, pela própria
percepção do usuário, após realizar testes em terrenos bastante íngremes, porém o
usuário demonstrou insegurança na realização de manobras e na pilotagem,
sentindo necessidade de estar com o tronco mais fixo ao triciclo.
97
Figura 5.21 - Acessibilidade ao triciclo.
Fonte: O Autor.
A fixação e sustentação do triciclo no chassi foram feitas utilizando-se a estrutura
original do assento da moto, porém com a aplicação de reforços laterais, garantido a
firmeza do acendo na estrutura do triciclo. Os amortecedores foram instalados de
forma a compensar os movimentos laterais e dar a sustentabilidade necessária
(figura 5.22).
Figura 5.22 - Equilíbrio e conforto.
Fonte: O Autor.
98
5.8 Intervenções no protótipo dos conceitos estabelecidos após teste de
validação.
O objetivo de todo o levantamento preliminar e estudo das características e
condições do usuário tiveram o objetivo de reduzir significativamente as intervenções
nas fases seguintes de desenvolvimento do produto e para isso foram necessárias a
aplicação de duas intervenções, como:
Adaptação do cinto de segurança;
Adaptação do cinto de espelho retrovisor.
5.8.1 Adaptação do cinto de segurança
No levantamento preliminar dos conceitos, durante os testes de exploração, o item
"Cinto de Segurança", não foi citado por nenhum dos entrevistados, nem mesmo
pelo usuário que realizou os testes de validação posteriormente. No entanto, durante
os primeiros testes de pilotagem do triciclo o usuário não se sentiu confiante e
seguro para realizar a manobras em curvas ou percorrer terrenos com declive sem o
uso dele.
Houve necessidade então de realizar-se uma intervenção no triciclo para continuar
com os testes, e como é possível observar na figura 5.23, foi acoplado um cinto
peitoral garantindo assim a segurança do usuário em situações extremas de
dirigibilidade.
Figura 5.23 - Adequação do protótipo - Cinto de Segurança.
Fonte: O autor.
99
Os testes realizados sem a aplicação do cinto de segurança demonstraram que caso
o tronco sofresse alguma forma de desequilíbrio o corpo poderia ser lançado em
direção ao guidon e isso, com certeza iria comprometer a direção do triciclo através
de movimentos involuntários podendo provocar acelerações acidentais ou freadas
bruscas.
5.8.2 Adaptação do espelho retrovisor
Durante as fases de levantamento de necessidades do usuário, uma das
necessidades relacionadas a segurança, foi a de aplicação do "Espelho retrovisor".
Porém na avaliação dos entrevistados esta foi avaliada como menos importante e
como houve algumas mudanças necessárias no veículo como adequações dos
freios e acelerador, os espelhos originais precisaram ser removidos. A figura 5.24,
apresenta a adaptação de um espelho retrovisor instalado no lado direito, garantindo
que o usuário possa observar a movimentação sem a necessidade de girar o corpo
ou cabeça.
Figura 5.24 - Adequação do protótipo - Espelho retrovisor.
Fonte: O autor.
5.9 - Comentários adicionais dos usuários
Os entrevistados foram questionados com relação ao atendimento com um veículo
adaptado para que este pudesse atender melhor suas necessidades, e o que
100
gostariam de acrescentar à pesquisa, sobre algum dado relativo à aplicação da
usabilidade e da melhor interface usuário produto ao projeto de desenvolvimento
deste triciclo e as respostas obtidas foram:
Usuários Diretos - O triciclo poderia possuir um sistema de fixação das mãos ao
guidon, que garantisse a firmeza ao realizar curvas, também poderia ter proteções
das rodas laterais evitando acidentes ou mesmo o arremesso de pedras ou sujeira
por falta de pára-lamas. Deveria melhorar a sensibilidade dos comandos de freio e
acelerador, pois um acelerador muito sensível ou mesmo freio com acionamento
muito duro causam dificuldade para o usuário utilizá-los. Outro ponto seria verificar
questão do sistema de amortecedores, pois como se pretende utilizar em ambientes
bem acidentados o desconforto pode provocar até mesmo o tombamento. E por
último verificar a questão de facilidade de manutenção e disponibilidade de peças de
reposição no mercado.
Usuário Indireto - Para os usuários indiretos as preocupações ficam em torno da
limitação da velocidade, para que o usuário não fique exposto aos riscos de
acidentes de proporções graves, e também quanto a facilidade de entrada e saída
do veículo, pois como necessita de ajuda de outras pessoas este deslocamento
pode ser feito por quem não tem muita prática e vir até mesmo a provocar algum tipo
de ferimento. Outra preocupação pertinente do usuário indireto foi com relação a
postura, para que se evite a incidência de surgimento de escarras nas partes de
apoio, solas dos pés, nádegas, sacro e costas.
101
CAPÌTULO 6 - CONSIDERAÇÕES FINAIS E RECOMENDAÇÕES
PARA TRABALHOS FUTUROS
Esta pesquisa apresentou a aplicação da engenharia da usabilidade no ciclo de
desenvolvimento de um produto especial. O objetivo geral foi verificar se a aplicação
dos conceitos de engenharia da usabilidade nas definições dos conceitos nas etapas
de desenvolvimento iria contribuir para a melhor configuração do produto.
Apresentou-se o perfil dos usuários com as suas características, limitações e
atividades diárias, formando uma estrutura informacional que foi utilizada para
conceituar um produto especial e customizado, composto por quesitos definidos
juntamente com os usuários diretos e indiretos e com a contribuição de alguns
profissionais de áreas relacionadas. Estes profissionais fazendo uso dos conceitos
de usabilidade aplicados aos testes e as etapas de desenvolvimento contribuíram na
formação de um projeto conceitual de um produto que estivesse mais adequado ao
usuário com deficiência e em especial com o comprometimento dos membros
inferiores e superiores, proporcionando uma maior facilidade de inclusão social e um
aumento significativo da auto-confiança na execução das atividades diárias.
Ficou evidente a influência dos resultados da engenharia da usabilidade nos
resultados do desenvolvimento do produto através da aplicação dos testes e
conceitos na fase informacional do projeto, desenvolvimento dos conceitos e
validação destes, agregando informações de uso para melhoria do produto. Durante
o desenvolvimento da pesquisa as opiniões dos usuários diretos e indiretos
apontaram para:
a clarificação quanto as reais necessidades do usuário do produto em
questão, o cenário onde o usuário está inserido e suas características
peculiares;
a compilação dos dados dando base à metodologia de estudo de caso.
A revisão da literatura para a realização da presente pesquisa foi embasada em
alguns temas estruturais como: Fases de desenvolvimento de produto com ênfase
ao projeto informacional e conceitual. Visto que o usuário estudado o possuía
movimentos dos membros inferiores e dificuldade motriz nos membros superiores
(como pega de mão e sensibilidade dos dedos) o estudo da biomecânica foi também
102
abordado, focando nas partes do corpo utilizadas no movimento de condução do
triciclo e a análise mais detalhada da biomecânica das mãos. O estudo da
ergonomia forneceu subsídios à concepção do projeto conceitual focado no conforto
e acomodação do usuário.
Na seqüência do desenvolvimento da pesquisa seguiu-se com a observação do
usuário nas atividades diárias, com a concepção e o desenvolvimento do
instrumento de coleta de dados, com a aplicação deste instrumento e com a análise
dos resultados. O instrumento de coleta de dados criado compôs-se por um grupo
inicial de questões envolvendo participantes com características semelhantes ao
caso estudado. Este grupo definiu-se como: identificação dos entrevistados e mais
quatro sub-grupos de questões subseqüentes relativo à: avaliação do grau de
dificuldade dos movimentos, classificação antropométrica do usuário; avaliação dos
conceitos aplicados e avaliação com o protótipo, aplicados aos conceitos que
compõem o triciclo relacionados a acessibilidade, segurança, dirigibilidade,
ergonomia, equilíbrio e conforto.
6.1 Conclusões sobre questões de identificação e perfil dos
participantes (Grupo 1)
Nesta etapa delineou-se o perfil dos usuários através de amostragem. Para isso,
entrevistou-se cinco usuários com características de deficiência similares e as
pessoas que dão suporte (familiares ou responsáveis) e na etapa posterior focou-se
apenas no caso estudado (lesado medular).Foram entrevistados usuários diretos
com idades entre 27 e 43 anos e usuários indiretos com idade entre 31 e 73 anos,
de acordo com o mencionado no capítulo 5.
O estudo do projeto conceitual do triciclo, a construção e validação do protótipo,
foram baseadas nas respostas descritivas apontadas pelos usuários de que os
meios de transporte convencionais e cadeiras de rodas em geral (incluindo as
motorizadas) o atendem as necessidades de seus usuários de forma satisfatória
e/ou as especificidades de cada um, ficando evidente a necessidade de melhorias
no produto, tornando-o mais amigável e compatível com as dificuldades físicas de
cada usuário.
103
6.2 Conclusões sobre questões avaliação do grau de dificuldade
dos movimentos do caso estudado (Grupo 2)
O grupo 2 foi composto por questões relacionadas a testes com atividades rotineiras,
observações e ao grau dificuldade relatado pelo próprio usuário e pelos familiares.
Os testes aplicados ao usuário foram de caráter exploratório e com questões que
demonstraram os movimentos relevantes aos respectivos conceitos do triciclo.
Observou-se que, para o entrevistado, a definição do conceito de estabilidade e
segurança são semelhantes, sendo estes conceitos muito importantes no veiculo,
tendo em vista as condições de movimento do usuário.
Quanto aos acionamentos observou-se que não podem ser compostos por
dispositivos de “puxar ou que necessitem de pega de mão, sendo que os
movimentos mais facilitados são os que exigem pressão.
Em relação à segurança e estabilidade da fixação do usuário na cadeira observou-
se que o equilíbrio de cintura desenvolvido com exercícios de fisioterapia o manteria
equilibrado junto ao triciclo, sem necessidade de fixação adicional, ou seja, ficando
a fixação similar ao que hoje é na cadeira de rodas convencional.
6.3 Conclusões sobre questões classificação antropométrica do
usuário (Grupo 3)
O usuário foi classificado com características de um “endomorfo” que é
característica de usuários com este tipo de lesão, uma vez que as atividades físicas
são muito limitadas. As medições de distâncias apontadas no item 5.3, dando as
coordenadas para as distâncias de apoio de pés, guidon, posição, tamanho e apoio
do assento possibilitando que os acionamentos fiquem dentro da área de conforto
foram fundamentais para a concepção do protótipo.
Os itens apontados na classificação antropométrica não refletem apenas no
conforto, mas também na segurança, que permitem que o projeto dos dispositivos
utilizados no triciclo seja de acordo com as necessidades do usuário tornando os
movimentos e acionamentos mais precisos.
104
Todos os resultados da avaliação antropométrica foram colhidos a partir de testes de
exploração realizados com o usuário nas suas atividades diárias.
6.4 Conclusões sobre questões avaliação dos conceitos aplicados
Teste de usabilidade (Grupo 4)
Com base nos resultados dos testes de exploração foram estabelecidos conceitos
relacionados a:
Acessibilidade - facilidade de acomodação do usuário; ambientes em que o veículo
circulará, por exemplo, capacidade de vencer obstáculos como irregularidades de
relevo e calçamentos irregulares; e facilidades para entrar e sair do veículo.
Segurança - foram apontados os itens de parada e arrancada e sistema de
sinalização.
Dirigibilidade - sistema de direção, partida e facilidade de acionamento dos
comandos.
Ergonomia - o conforto tanto na acomodação quanto durante a condução do
veículo.
6.5 Conclusões sobre questões Avaliação com o protótipo
(Grupo 5)
Durante os testes e avaliações com o protótipo o usuário apontou a importância de
todos os conceitos implementados, no entanto houve a necessidade de adaptação e
intervenção em dois itens: cinto de segurança e espelhos retrovisores.
Quanto ao cinto de segurança, durante os testes exploratórios não foi apontado
como necessário, no entanto durante a condução do veículo protótipo o usuário
apresentou bastante desequilíbrio, comprometendo o acionamento de freio e
acelerador. Em caráter experimental foi adaptado um cinto de segurança que
mostrou-se efetivo e foi definitivamente incluído no protótipo. O espelho retrovisor foi
105
apontado como item não importante durante os testes de exploração, porém durante
o teste e uso do protótipo observou-se a necessidade de inclusão para que o usuário
tivesse maior noção da movimentação da via.
Verificou-se a efetiva influência da aplicação dos testes de usabilidade durante as
etapas de desenvolvimento de produto, tendo uma interferência mínima (dois casos)
nos conceitos aplicados ao protótipo, uma vez que estes conceitos foram
direcionados exclusivamente às necessidades específicas do usuário.
6.6 Recomendações para pesquisas futuras
Diante do que foi apresentado pode-se recomendar os seguintes temas para
pesquisas futuras:
Aplicação da usabilidade no ciclo total de desenvolvimento de um produto que
não seja especial;
Aplicar o mesmo estudo levando-se em conta um número maior de usuários
diretos;
Propor uma metodologia de aplicação da usabilidade no ciclo completo de
desenvolvimento dos produtos.
.
106
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