71
somaram-se outras ações sociais, tais como a presença, naquela jurisdição paroquial, sem
vínculo com a igreja, de representantes da Universidade Federal de Mato Grosso – UFMT. Na
perspectiva de ação social, vejo isso como uma inteligente capacidade de iniciativa acadêmica
que descobre o potencial e a riqueza de um espaço prenhe de oportunidades possibilitadoras
de uma prática de ações que permitiram aos seus profissionais avançarem juntos em direção a
libertações. Para que não surjam distintas interpretações e até para uma melhor compreensão
das outras seções deste trabalho, entendo por bem transcrever, na íntegra, os dados colhidos
junto à ilustre professora Drª Artemis Torres, conforme segue:
Havia na UFMT um núcleo de pesquisa e pós-graduação em educação (NPG-EDU),
no qual participamos, eu, Paulo Speller, Joaquim Barbosa e outros. João Monlevade,
também da UFMT e do Departamento de Educação, articula-se com os três
primeiros numa tarefa de redação de artigos sobre educação, para o Diário de
Cuiabá. Durante um ano. João Monlevade, no entanto, tem seu nome mais vinculado
ao Sintep, do qual era um líder muito respeitado, naquela época. Quanto ao Eudson,
sociólogo, também se articula com o NPG-EDU, em discussões que fazíamos sobre
a realidade social, econômica e política de Mato Grosso, que foram, aliás, células
fomentadoras da fundação do GERA (Grupo de estudos rurais da
Amazônia)/UFMT, que ele coordenou por vários anos. No trabalho do Bela Vista,
além de outros, estivemos Paulo e eu, que éramos os que buscávamos uma
aproximação com o Passos.
O Eudson e o Monlevade, originários do PMDB, se transferiram para o PT, partido
do qual participei desde o início, no Rio de Janeiro, acompanhando as primeiras
discussões de pré-fundação e tendo tido também oportunidade de presenciar o ato de
fundação, assinando a ata da famosa reunião, em S. Paulo, no Colégio Sion, em
fevereiro de 80, se bem me lembro. Início do ano seguinte, concluído meu mestrado,
retornei a Cuiabá. Antes, porém, busquei informação sobre possíveis parceiros de
PT, em Cuiabá, tendo sabido de Gilney Vianna, que, segundo me informaram, teria
se mudado pra cá, com a missão de ajudar a criar o PT, em Mato Grosso. Foi de
fato, um líder de presença marcante, nesse processo. E, como no Rio eu
acompanhava meu então marido Luiz Scala em um trabalho de educação em saúde
pública, na periferia (Padre Miguel), também tive interesse de saber quem poderia
ser um contato em Cuiabá, que tivesse atuação na periferia. Foi quando me deram o
nome do Padre Passos. No mesmo ano de 81, ao retornar a Cuiabá, imediatamente
ingressei no NPG-EDU, como faziam os recém-titulados como mestres e dispostos a
continuar fazendo pesquisa. Nesse semestre, surgiu um convite ao Luiz Scala, ainda
meu marido, para auxiliar a paróquia do Rosário, na pastoral de saúde, no bairro
Pedregal. Foi quando conhecemos o Passos. Em seguida, veio a possibilidade de,
pelo NPG-EDU, desenvolver um projeto na periferia, com verba do Prodasec, um
programa do MEC. Foi quando levei o Paulo Speller, consultor do NPG-EDU e
coordenador do Projeto do Prodasec, para uma conversa com o Passos, uma vez que
os bairros escolhidos estavam nos limites da paróquia do Rosário (Bela Vista,
Carumbé e Planalto).
Como resultado, não necessariamente desta aproximação, e sim estimulada por um
conjunto de forças que se articularam, surgiu a luta pela implantação de uma escola pública
no Bairro Bela Vista, em uma perspectiva de construção da democracia e de autonomia e