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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
FACULDADE DE MEDICINA
MESTRADO EM SAÚDE DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: ATENÇÃO INTEGRADA À CRIANÇA E AO ADOLESCENTE
ANA THEREZINHA MARTINS DOS SANTOS
ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS DA HANSENÍASE EM MENORES DE QUINZE
ANOS NO ESTADO
DO RIO DE JANEIRO NO PERÍODO DE 2003 a 2006
NITERÓI
2008
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2
ANA THEREZINHA MARTINS DOS SANTOS
ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS DA HANSENÍASE EM MENORES DE QUINZE
ANOS NO ESTADO
DO RIO DE JANEIRO NO PERÍODO DE 2003 A 2006
Dissertação apresentada ao Curso
de Pós-Graduação da Faculdade
de Medicina da Universidade
Federal Fluminense, como
requisito para obtenção do
Grau de Mestre.
Á
rea de
Concentração: Atenção Integrada à
Criança e ao Adolescente.
Orientadora: Prof. Dra. MARILDA ANDRADE
Niterói
2008
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3
S237
Santos,AnaTherezinhaMartinsdos
Aspectosepidemiológicosdahanseníaseemmenoresde15
anosnoEstadodoRiodeJaneironoperíodode2003a2006/
AnaTherezinhaMartinsdosSantos.–Niterói:[s.n.],2008.
87 f.:il., 30 cm.
Dissertação(MestradoemSaúdedaCriançaedo
Adolescente)‐UniversidadeFederalFluminense,2008.

1. Hanseníase. 2. Hanseníase-Crianças.
3. Hanseníase-Epidemiologia. I. Título.
CDD 616.998
4
ANA THEREZINHA MARTINS DOS SANTOS
ASPECTOS EPIDEMIOLÓGICOS DA HANSENÍASE EM MENORES DE QUINZE
ANOS NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO NO PERÍODO DE 2003 A 2006
Dissertação apresentada ao
Curso de Pós-Graduação da
Faculdade de Medicina da
Universidade Federal Fluminense,
como requisito para obtenção do
Grau de Mestre.
Área de Concentração: Atenção
integrada à Criança e ao
Adolescente.
Aprovada em:
BANCA EXAMINADORA
________________________________________________________
Prof. Dra DALVANI MARQUES (UFF)
________________________________________________________
Prof. Dra SANDRA MARIA BARBOSA DURÃES (UFF)
Prof. Dr. MARIALDA MOREIRA CHRISTOFFEL (UFRJ)
Niterói
2008
5
Dedico este trabalho ao meu marido
Paulo e aos meus filhos, Ana Paula
e André Luiz, por serem eles os
maiores incentivadores da minha
carreira profissional.
6
DEDICATÓRIA ESPECIAL
Àquela que com sua sabedoria, calma e paciência conseguiu
não me deixar esmorecer e seguir em frente na pesquisa. Foi e é um exemplo de
mestre, que vou me espelhar e seguir seus ensinamentos. Muito obrigada,
professora Dra. Marilda Andrade.
À minha querida irmã Marcela (in memorium), que partiu durante
o processo de confecção deste trabalho tornando este período bastante difícil, mas
que me inspira a lutar sempre pelos meus ideais de felicidade.
7
AGRADECIMENTOS
Ao meu melhor amigo, Marcelo Torres Gonçalves, que me incentivou
desde o início; acompanhou todos os percalços, facilitou todo o desenrolar da
pesquisa, com sua inigualável inteligência e orientação.
À admirável profissional, Ana Luíza Latini, que com a sua inteligência
privilegiada, viabilizou através das suas orientações a execução e conclusão deste
trabalho.
Aos meus familiares, que mesmo de longe acompanham e se orgulham
da minha trajetória profissional.
Aos meus amigos, especialmente Valma Souza e Raquel Bruno, que
torceram pela conclusão deste trabalho.
Aos meus alunos e ex-alunos, que foram minha inspiração para percorrer
mais uma trajetória da carreira acadêmica.
Aos responsáveis pelo programa do controle da hanseníase de secretaria
estadual de saúde e defesa civil do estado do Rio de Janeiro (SES-DEC/RJ), pela
disponibilização do banco de dados utilizado no trabalho.
8
EPÍGRAFE
Traduzir é trazer o outro ao
texto. Copiar, porque “copiar um texto o
abre sem o violar”. Traduzir é adulterar:
“adulteramos o que está escrito, mas esse
adultério é pleno de ensinamentos, revela-
nos o que o nosso sexo de ler está vendo”.
Tradução é, aqui, uma forma de
desatenção na intensividade, dívida que se
paga e dádiva que se faz.
(João Barrento, comentando o pensamento da escritora Maria Gabriela
Llansol sobre tradução, em O poço de Babel. Para uma poética literária, 2002)
9
SUMÁRIO:
LISTAS DE ILUSTRAÇÕES............................................................................... pag.09
RESUMO........................................................................................................... pag.17
ABSTRACT........................................................................................................ pag.18
INTRODUÇÃO................................................................................................... pag.19
1. CONSIDERAÇÕES GERAIS SOBRE A HANSENÍASE.............................. pag.25
1.2- QUADRO CLÍNICO.............................................................................. pag.26
1.3- AS INCAPACIDADES NA HANSENÍASE............................................ pag.31
1.4- HANSENÍASE NA INFÂNCIA........................................................ pag.37
1.5- TRATAMENTO..................................................................................... pag.41
2. CASUÍSTICA E MÉTODOS ........................................................................ pag.42
3. RESULTADOS............................................................................................. pag.47
4. DISCUSSÃO................................................................................................ pag.68
5. CONCLUSÃO............................................................................................... pag.77
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................. pag.79
10
LISTAS DE ILUSTRAÇÕES:
LISTA DE FIGURAS:
FIGURA 1: Distribuição da hanseníase no território nacional brasileiro......... pag. 21
FIGURA 2: Fotomicrografia de Mycobacterium leprae, pequenos bastonetes vermelhos.
...................................................................................................... pag. 25
FIGURA 3: Duas pequenas placas, uma na região geniana e outra na mandibular,
ambas bem delimitadas e de tonalidade Pardacenta na região malar.......... pag. 28
FIGURA 4: Lesão pápulo-nodular, eritêmato-pardacennta............................ pag. 29
FIGURA 5: Grande nódulo junto à epitróclea no trajeto do nervo ulnar – Necrose
caseosa do nervo (“abscesso de nervo”)........................................................ pag. 29
FIGURA 6: Infiltração em toda a face, “Fácies Leonina” e lesão em pavilhão
auricular. ........................................................................................................ pag. 29
FIGURA 7: Os nervos mais afetados na hanseníase. ....................................pag. 32
FIGURA 8: Lagoftalmo unilateral.................................................................... pag. 33
FIGURA 9: Paralisia do nervo ulnar............................................................... pag. 33
FIGURA 10: Paralisia dos nervos ulnar e mediano........................................ pag. 33
FIGURA 11: Paralisia do nervo radial............................................................. pag. 34
11
FIGURA 12: Amiotrofias devido ao comprometimento dos nervos ulnar e
mediano........................................................................................................... pag. 34
FIGURA 13: Paralisia do nervo fibular............................................................. pag. 34
FIGURA 14: Paralisia do nervo tibial posterior................................................ pag. 35
FIGURA 15: Hanseníase dimorfa com discreta atrofia da borda cubital E...... pag. 39
FIGURA 16 e 17: Placa eritematosa................................................................ pag. 39
FIGURA 18: Crianças com hanseníase........................................................... pag. 40
FIGURA 19: Distribuição espacial da hanseníase em menores de 15 anos, nos
municípios do Estado do Rio de Janeiro 2003 a 2006.................................... pag. 52
12
LISTA DE TABELAS
TABELA I: Distribuição da hanseníase no mundo............................................ pag. 20
TABELA II: Prevalência e detecção da hanseníase no Brasil e Regiões.........pag. 21
TABELA III: Casos prevalentes de hanseníase de 2003 a 2006...................... pag. 47
TABELA IV: Municípios e regiões que notificaram casos de hanseníase em menores
de quinze anos no estado do Rio de Janeiro de 2003 a 2006...........................pag. 49
TABELA V: Casos novos residentes no estado do Rio de Janeiro
de 2003 a 2006..................................................................................................pag. 53
TABELA VI: Coeficiente de detecção da hanseníase em menores de quinze anos no
Brasil, Região Sudeste e Estado do Rio de Janeiro de 2003 a 2006............... pag. 54
TABELA VII: Coeficiente de detecção de casos novos em menores de quinze anos
por municípios do estado do Rio de Janeiro nos anos de 2003 a 2006 ...........pag 55
TABELA VIII: Distribuição de freqüência do modo de detecção dos casos novos de
hanseníase em menores de quinze anos......................................................... pag. 56
TABELA IX: Distribuição da hanseníase segundo a faixa etária, em portadores
menores de quinze anos no estado do Rio de Janeiro em 2003-2006............. pag. 56
TABELA X: Distribuição da hanseníase segundo o sexo, em portadores menores de
quinze anos no estado do Rio de Janeiro em 2003-2006................................ pag. 57
13
TABELA XI: Distribuição da hanseníase segundo a etnia, em portadores menores de
quinze anos no estado do Rio de Janeiro em 2003-2006................................ pag. 58
TABELA XII: Distribuição da hanseníase segundo classe operacional, em portadores
menores de quinze anos no estado do Rio de Janeiro em 2003-2006............. pag. 59
TABELA XIII: Distribuição da hanseníase segundo as formas clínicas, em portadores
menores de quinze anos no estado do Rio de Janeiro em 2003-2006..............pag. 59
TABELA XIV: Distribuição da hanseníase segundo o grau de
incapacidade......................................................................................................pag. 60
TABELA XV : Quantidade de lesões cutâneas de acordo com a classe operacional
da hanseníase ..................................................................................................pag. 61
TABELA XVI: Distribuição da hanseníase por sexo, segundo a classe operacional,
as formas clínicas, a faixa etária e o grau de incapacidade...............................pag. 62
TABELA XVII: Distribuição de freqüência de incapacidade pelo sexo..............pag. 63
TABELA XVIII: Distribuição da hanseníase segundo o grau de incapacidade por
faixa etária, em portadores menores de quinze anos no estado do Rio de Janeiro no
período 2003-2006...........................................................................................pag. 63
TABELA XIX: Distribuição da hanseníase segundo a incapacidade por faixa
etária.................................................................................................................pag. 63
TABELA XX: Relação entre forma clínica e o grau de incapacidade...............pag. 64
TABELA XXI: Relação entre classe operacional e o grau de incapacidade.....pag. 64
TABELA XXII: Distribuição de freqüência da evolução dos casos de hanseníase em
menores de quinze anos..................................................................................pag. 65
14
TABELA XXIII: Evolução da hanseníase por faixa etária, sexo, forma clínica, grau de
incapacidade, e classe operacional.................................................................pag. 65
TABELA XXIV: A percentagem dos casos com incapacidades físicas entre os casos
novos detectados e avaliados ao ano..............................................................pag. 66
TABELA XXV: A percentagem dos casos novos diagnosticados no ano com grau de
incapacidade física avaliado.............................................................................pag. 66
TABELA XXVI: A percentagem de cura entre casos novos diagnosticados nos anos
das coortes......................................................................................................pag. 66
TABELA XXVII: A percentagem de casos curados no ano com grau de incapacidade
física avaliado...................................................................................................pag. 67
TABELA XXVIII: Percentagem de abandono de tratamento entre os casos novos
diagnosticados nos anos das coortes...............................................................pag. 67
15
LISTA DE QUADROS
QUADRO 1: Sinopse para classificação das formas clínicas da
hanseníase...................................................................................................... pag.28
QUADRO 2: Classificação das incapacidades da hanseníase....................... pag. 36
16
LISTA DE GRÁFICOS
GRÁFICO 1: Evolução
da hanseníase no estado do Rio de Janeiro de 2003 a
2006................................................................................................................... pag. 48
GRÁFICO 2: Evolução do coeficiente de detecção da hanseníase em menores de
quinze anos no Brasil, Região Sudeste e estado do Rio de Janeiro de 2003 a
2006................................................................................................................... pag. 54
GRÁFICO 3: Distribuição da hanseníase por faixa etária nos anos
estudados............................................................................................................pag.57
GRÁFICO 4: Distribuição da hanseníase por sexo........................................... pag. 58
GRÁFICO 5: Distribuição das formas clínicas entre os sexos...........................pag. 62
17
LISTA DE ABREVIAÇÕES
ML = Mycobacterium leprae
TT = Forma Tuberculóide de hanseníase
DT = Forma Dimorfo-Turberculóide de hanseníase
DD =Forma Dimorfo – Dimorfo de hanseníase
DV =Forma Dimorfo – Virchowiano de hanseníase
Ws =Forma Virchowiano-Subpolar de hanseníase
VV = Forma Virchowiano de hanseníase
ILEP = Federação internacional de associações contra a hanseníase
HI = Forma Indeterminada de hanseníase
ENH = Eritema nodoso da Hansen
PQT = Poliquimioterapia
OMS = Organização Mundial de Saúde
MS = Ministério da Saúde
SINAN = Sistema de informação nacional de agravos notificáveis (vigilância
epidemiológica).
PB = Formas paucibacilares
MB = Formas multibacilares
SVS = Secretaria de Vigilância Sanitária
SES-DEC/RJ = Secretaria estadual de saúde e defesa civil de estado do Rio de
Janeiro
SPSS = Statistic Package for the Social Sciences
NLR = Netherlands leprosy relief
IQM = Índice de qualidade dos municípios
18
RESUMO
Hanseníase é um problema de saúde pública por ainda apresentar indicadores
epidemiológicos altos, inclusive na faixa etária abaixo de quinze anos. A literatura
aponta que a presença da hanseníase nesta faixa etária é utilizada como indicador
do nível de transmissão da doença e da gravidade da endemia. Apesar disso, seus
índices são poucos divulgados, sendo apenas veiculados nos informes
epidemiológicos especializados. Para atingir a meta de eliminação da doença, se
faz necessário maior conhecimento de sua distribuição de freqüência e maior
divulgação científica sobre a hanseníase em crianças. Portanto, este trabalho tem
como objetivo, estudar as características da hanseníase em menores de quinze
anos no estado do Rio de Janeiro no período de 2003 a 2006. Foi realizado um
estudo transversal descritivo, baseado no banco de dados do SINAN/HANSEN, do
qual se obteve 820 casos prevalentes. Para estatística descritiva foi utilizado o
programa SPSS 10.0 for Windows Data Editor. Os resultados foram analisados,
com margem de 95% de confiabilidade estatística. Foram obtidas freqüências
simples das variáveis, estudando-se as diferenças entre as proporções por meio do
teste qui-quadrado. Cinqüenta e oito dos noventa e dois municípios do estado
(63%) notificaram casos de hanseníase em crianças. Observou-se predominância
no sexo masculino (50,5%); faixa entre 10 a 14 anos (52,9%); classe paucibacilar
(74,8%); forma tuberculóide (44%); e, 18,4% apresentaram algum grau de
incapacidade física. Verificou-se taxas de detecção altas para essa faixa etária, alto
percentual de casos diagnosticados com incapacidade e/ou com as formas clínicas
paucibacilares, o que demonstra a força de transmissão da doença e manutenção
da endemia na região.
Palavras chaves: hanseníase na infância, epidemiologia, hanseníase,saúde pública
19
ABSTRACT
Leprosy is a public health problem by presenting epidemiological indicators still high,
even in the age group under fifteen years. The literature indicates that the presence
of leprosy in this age group is used as an indicator of the level of transmission of the
disease and the severity of the disease. Nevertheless, its contents are little disclosed
and are linked only in specialized reports. To achieve the goal of eliminating the
disease, it is necessary greater knowledge of their distribution and greater disclosure
on leprosy in children. Therefore, this work has as objective to study the
characteristics of leprosy in the age of fifteen in the state of Rio de Janeiro from 2003
to 2006. This was a descriptive cross-sectional study, based on the database SINAN
/ HANSEN, of which he returned 820 prevalent cases. For descriptive statistics, was
used SPSS 10.0 for Windows Data Editor. The results were analyzed, with a margin
of 95% of statistical reliability. Frequencies were obtained from simple variables,
studying the differences between proportions using the chi-square. Fifty-eight of the
ninety-two cities in the state (63%) reported cases of leprosy in children. There was
predominance in males (50.5%); range between 10 to 14 years (52.9%); class
paucibacillary (74.8%); tuberculoid form (44%), and 18.4% had some degree of
physical disability. There was high detection rates for this age group, high percentage
of cases diagnosed with disability and / or with clinical forms paucibacillary, which
demonstrates the strength of disease transmission and maintenance of the endemic
in the region.
Keywords: Childhood Leprosy, epidemiology, leprosy, public health
20
INTRODUÇÃO
Em 1991, a Organização Mundial de Saúde (OMS) propôs a eliminação da
hanseníase como um problema de saúde pública até o ano de 2000, definindo a
eliminação como prevalência de menos de um caso por dez mil habitantes. O Brasil
não atingiu esta meta, mantendo altas taxas de prevalência e detecção na maioria
das regiões e assumiu novo compromisso de eliminação da doença até o final de
2005, que também não foi cumprido (BRASIL, MINISTÉRIO DA SAÚDE; 2000)
Foi lançado, então, um novo Plano de Eliminação da Hanseníase no Brasil,
em março de 2006 pelo Ministério da Saúde, que pretende atingir em cinco anos -
até 2010 - o índice de menos de um caso da doença por dez mil habitantes
(BRASIL, MINISTÉRIO DA SAÚDE; 2006).
O plano pretende fortalecer as ações de vigilância epidemiológica da
hanseníase, para alcançar baixos níveis endêmicos da doença até 2010,
assegurando que as atividades de controle da hanseníase estejam disponíveis e
acessíveis a todos os indivíduos nos serviços de saúde mais próximos de suas
residências (Op. cit.).
O número de casos novos de hanseníase detectados no mundo a cada ano
é de aproximadamente 750.000. Entre os casos novos detectados, 76% deles vivem
na Índia; 10,3% são crianças abaixo de quinze anos de idade e 42% são
multibacilares. No Brasil, entre os casos novos diagnosticados no ano de 1998, 10%
foram crianças, 29% pacientes paucibacilares e 71% multibacilares (Op. cit.).
O Brasil é o campeão latino-americano e o segundo no mundo em casos de
hanseníase, também conhecida como lepra e mal de Lázaro. O Brasil tinha, de
acordo com os dados de 1999 do Ministério da Saúde, 77 mil doentes registrados.
Esse número, em termos mundiais, só ficava atrás da Índia, que possuía quase 600
mil portadores do mal (Op. cit.). Tabela I.
Tabela I: Maiores registros de hanseníase no mundo:
País Casos registrados Detecção em 1999
Índia 384.240 559.938
Brasil 77.676 41.070
Myanmar 10.389 10.286
Madagascar 8.662 8.445
21
Nepal 7.984 8.020
Moçambique 7.834 6.617
Total 496.785 634.376
Fonte:WHO-Weekly Epidemiological Record, January 2002
Apesar do número de casos de hanseníase ter diminuído drasticamente nos
últimos dez anos no Brasil, como demonstram os coeficientes de prevalência (em
1990, era de 25,16/10.000 habitantes e, em 2001, de 3,94/10.000 habitantes), a
doença continua sendo um problema de saúde pública.
De acordo com os dados do Ministério da Saúde (MS), em 2001, no Brasil, 55
mil pessoas tinham hanseníase, sendo que, desse total, 34.098 são casos novos da
doença. Em 2002, segundo informações do MS, a hanseníase seria eliminada em
três estados brasileiros: São Paulo, Distrito Federal e Paraná. Até agora o Brasil só
conseguiu controlar a hanseníase no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina
(OLIVEIRA, 2002).
De 2003 a 2006, a prevalência (número total de casos) da hanseníase nas
regiões do Brasil apontou em primeiro lugar o Norte, depois o Nordeste, o Sudeste,
o Centro-oeste e o Sul. Já em relação à detecção (número de casos novos), a
ordem decrescente das regiões foi: Norte, Centro-oeste, Nordeste, Sudeste e o Sul.
Apesar dos valores terem diminuído no decorrer destes anos, a ordem em relação a
detecção de casos novos continuou a mesma.Tabela II e figura 1.
Tabela II: Prevalência e detecção da hanseníase no Brasil e Regiões
PREVALÊNCIA DETECÇÃO
REGIÃO Nº TAXA/10.000 habitantes Nº TAXA/10.000 habitantes
NORTE 15.764 11,44 10.488 7,61
NORDESTE 33.234 6,73 17.380 3,52
SUDESTE 18.079 2,40 10.917 1,45
SUL 2.040 0,79 2.184 0,84
CENTRO OESTE 10.783 8,75 8.057 6,54
BRASIL 79.908 4,52 49.026 2,77
Fonte: SINAN/ATDS/SES, 2003/4
FIGURA 1: Distribuição da hanseníase no território nacional brasileiro
22
Fonte: BRASIL, Ministério da Saúde;2006
A Região Sudeste apresenta o maior número absoluto, porém, por ser a
mais populosa do Brasil, apresenta coeficientes bem mais baixos do que os das
demais regiões (NOGUEIRA, 2005).
Segundo os parâmetros para a eliminação da hanseníase, definido pela
Organização Mundial de Saúde, ainda se observa no Estado do Rio de Janeiro a
gravidade do problema, expressada pela presença de quatro vezes mais o número
de casos existentes da meta estabelecida (SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE
do RJ, 2004( MOREIRA, 2002).
Embora a prevalência tenha sido reduzida substancialmente em 2004, a
tendência de detecção de casos não tem apresentado declínio no Brasil nos últimos
anos (SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE DO RIO DE JANEIRO, 2006). Por
isto, novamente ficaram acordadas novas metas para a eliminação da doença, como
diz o Plano Nacional de Eliminação da Hanseníase 2006/2010 através da II Carta
Estadual de Eliminação da Hanseníase, do Rio de Janeiro em 2005:
“Seqüelas em crianças vítimas do atraso no diagnóstico e início do
tratamento da hanseníase, ainda são realidade no Brasil. Nos últimos
cinco anos, no Rio de Janeiro, em média, 178 crianças foram
diagnosticadas com hanseníase a cada ano. Isso não é pouco, ainda
mais quando se sabe da gravidade da doença. Para aumentar a
oportunidade de diagnóstico é crucial que a rede de serviços básicos
de saúde esteja apta e preparada para descobrir os casos na fase
inicial da doença, principalmente examinando os contatos familiares
dos casos. Em 2004, para cada 100 adultos diagnosticados no Rio de
Janeiro, sete eram crianças. Somente de janeiro a outubro de 2004,
foram diagnosticados 72 casos de hanseníase em crianças menores
de quinze anos, caracterizando o Estado como uma área de nível
23
endêmico médio. Esses números significam que, na maioria das
vezes, essas crianças moram com alguém que tem a doença, mas
que ainda não faz o tratamento. É muito importante lembrar que, ao
tomar a primeira dose do tratamento PQT/OMS,a hanseníase deixa
de ser contagiosa” (BRASIL,MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2005).
A hanseníase é doença de notificação compulsória em todo o território
nacional e de investigação obrigatória. Cada caso deve ser notificado utilizando-se
para tanto, a ficha de notificação e investigação do Sistema de Informação de
Agravos de Notificação (SINAN), enviando-a em papel ou em meio magnético ao
órgão de vigilância epidemiológica hierarquicamente superior, segundo fluxo e
periodicidade estabelecidos pela União Federativa e em conformidade com o
manual de procedimentos preconizados pelo SINAN. Além dos dados referentes à
notificação e investigação, é necessário o registro de informações relativas ao
acompanhamento dos casos, para avaliar a efetividade do tratamento e monitorar o
comportamento da endemia. Os dados de acompanhamento são registrados nas
unidades de saúde (prontuário e boletim de acompanhamento) e enviados ao órgão
de vigilância epidemiológica hierarquicamente superior, utilizando o relatório de
acompanhamento (papel) ou disquete (digitação dos dados na tela de
acompanhamento do SINAN). Os dados de acompanhamento dos casos devem ser
atualizados com uma periodicidade mínima de seis meses. A partir desses dados,
são construídos indicadores epidemiológicos e operacionais indispensáveis a
analise epidemiológica da doença, ao acompanhamento e à avaliação operacional
do Programa de Controle da Hanseníase e planejamento de suas ações (CORDE &
SICORDE, 1999).
A hanseníase é um problema de saúde pública porque ainda apresenta
indicadores epidemiológicos altos, inclusive na faixa etária abaixo de quinze anos. A
hanseníase em crianças reflete a transmissão da doença na comunidade e a
deficiência dos programas de controle (CORTÉS & RODRIGUES, 2004). Ela é
considerada uma endemia importante e a existência da hanseníase na infância deve
ser lembrada pelos profissionais de saúde, apesar de ela ser apenas mencionada
nos tratados de pediatria (PERNAMBUCO, 2001).
Em 2002, o indicador epidemiológico Coeficiente Específico de Casos Novos,
na faixa etária menor de quinze anos, foi de 0,43/10.000 habitantes, no Estado do
24
Rio de Janeiro, refletindo a intensidade da transmissão da doença (SECRETARIA
DE ESTADO DE SAÚDE, 2004).
Para atingir a meta de eliminação da doença no estado (menos de um caso por
10 mil habitantes), faz-se necessário maior conhecimento da distribuição de
freqüência da doença na faixa etária de menores de quinze anos, além de maior
divulgação científica sobre as características clínicas e epidemiológicas da
hanseníase na infância.
A idéia deste trabalho partiu da observância de minha prática clínica pediátrica,
visto que atuo com crianças desde a conclusão de minha graduação em fisioterapia
(1985), dentro da área de fisioterapia ortopédica e fisioterapia neuropediátrica;
associada ao embasamento teórico adquirido em uma das disciplinas que ministro
no curso superior de fisioterapia, em que é abordada a atuação da fisioterapia em
hanseníase (fisioterapia em clínica médica no item de fisioterapia em dermatologia).
O objetivo geral deste trabalho é descrever as características clínicas e
epidemiológicas dos pacientes portadores de hanseníase, menores de quinze anos
no Estado do Rio de Janeiro. Para isto foram elaborados os seguintes objetivos
específicos: investigar a ocorrência dos tipos de hanseníase (formas clínicas) em
crianças; a faixa etária e o sexo mais acometido no intervalo de zero a quinze anos
incompleto; a notificação de presença de incapacidades e de deformidades típicas
da hanseníase em crianças; e analisar a freqüência de distribuição da hanseníase
nos municípios do Estado do Rio de Janeiro.
Este estudo, portanto, se propõe a contribuir para a divulgação dos indicadores
epidemiológicos da hanseníase na infância, no intuito de auxiliar, na prevenção, no
tratamento, na reabilitação; e na eliminação da doença.
Para melhor compreensão do assunto, o trabalho foi iniciado com uma breve
revisão da literatura sobre a hanseníase e, em particular, sobre a hanseníase na
infância. E após a descrição da casuística e métodos da pesquisa, foram
apresentados e discutidos os resultados encontrados. A partir destes, foi concluído
que o estado do Rio de Janeiro ainda apresenta taxa de detecção considerada alta
para a hanseníase em crianças.
25
REVISÃO DA LITERATURA
A Hanseníase é uma doença granulomatosa crônica de seres humanos
causada por Mycobacterium leprae (M.L.) (WYNGAADEN & SMITH, 1998).
Em 1873, o pesquisador norueguês Gerhard A. Hansen demonstrou a
existência do M.L., ou bacilo de Hansen, a partir do material de lesões cutâneas de
indivíduos afetados pela doença. Esta foi a primeira evidência científica do aspecto
infecto-contagioso da doença; outras teorias, então vigentes (hereditárias,
congênitas, alimentares), foram abandonadas. Em 1874 Daniel Cornelius Danielssen
publicou o livro “Om Spdalskhead”, no qual descreveu aspectos evolutivos da
doença, inclusive manifestações viscerais (CALIL, 1998).
O período de incubação da hanseníase, geralmente é de três a cinco anos,
mas varia de seis meses a décadas. Os fatores do hospedeiro que determinam a
suscetibilidade à doença após o indivíduo ter sido infectado pelo M.L., são mal
compreendidos (WYNGAADEN & SMITH, 1998).
O M. L. parece ser o único agente etiológico da hanseníase sendo o ser
humano ainda o único reservatório da infecção. A transmissão principal é por via
aérea superior. Outras vias são aventadas, como nódulos ulcerados, leite materno,
secreção sebácea e pela própria pele, porém sem comprovação (CALIL, 1998).
FIGURA 2: Fotomicrografia de Mycobacterium leprae (pequenos bastonetes vermelhos).
Fonte: Agência Fiocruz de notícias, 2006.
O paciente, após ter sido iniciado a terapia em um período de
aproximadamente de duas semanas, deixa de ser infectante. Apesar disto, o M.L.
apresenta alta infectividade, porém é de baixa patogeniciade e de alto poder
imunogênico, e possui alto poder incapacitante, o que se permite afirmar que o
bacilo é de alta virulência (Op. cit).
26
1.1- QUADRO CLÍNICO:
As classificações clínicas mais usadas no Brasil são as de Madri
(CONGRESSO INTERNACIONAL, 1953) e de Ridley e Jopling (RIDLEY &
JOPLING; 1966). Na de Madri, consideram-se dois pólos estáveis e opostos
(virchowiana e tuberculóide) e dois grupos instáveis (indeterminada e dimorfa), que
caminhariam para um dos pólos, na evolução natural da doença (Quadro 1). A
classificação proposta por Ridley e Jopling, em 1966, é utilizada em pesquisas e
leva em consideração a imunidade dentro de um espectro de resistência do
hospedeiro. Esta classificação não inclui a forma indeterminada no espectro e o
exame histopatológico torna-se necessário para sua utilização. São descritas as
formas tuberculóide (TT), os casos borderline ou dimorfos que são subdivididos em
dimorfo-turberculóide (DT), dimorfo – dimorfo (DD) e dimorfo – virchowiano (DV) ,
virchowiano-subpolar (VS) e virchowiano (VV) (ARAÚJO,2003).
Segundo a classificação de Madri, as formas clínicas são:
FORMAS CLÍNICAS:
A hanseníase indeterminada (HI) é considerada uma forma inicial ou
incaracterística, que se manifesta como mancha, única ou numerosa, bem
delimitada, de pequena proporção, em geral hipocrômica, porém algumas vezes há
hipercromia (eritematosa) (Figura 3). Também há uma apresentação somente com
área hipoestésica delimitada, sem, contudo, haver comprometimento dos nervos
periféricos e lesões cutâneas. As formas paucibacilares podem acometer ambos os
sexos e idades variadas (SALLES et al,2000). Após o período de incubação que
varia, em média, de dois a cinco anos, surgem as lesões e após poucos meses até
anos, ocorre evolução para cura ou para outra forma clinica (ARAUJO; 2003).
Na Forma tuberculoide (TT), as lesões são localizadas, únicas ou em
pequenos números, apresentando pouco ou nenhum bacilo, aspecto clinico de
máculas ou placas e marcada alteração da sensibilidade, tanto térmica como
dolorosa e tátil (NERY, 1995). Nesta forma clinica, encontram-se lesões bem
27
delimitadas de distribuição assimétrica. Observa-se ainda, a variedade infantil e a
forma neural pura. A primeira manifesta-se em crianças conviventes com portadores
de formas bacilíferas e localiza-se principalmente na face (ARAUJO, 2003). Ela é
denominada forma nodular e é uma forma clinica benigna variante da TT. A lesão
histopatológica é caracterizada por reação inflamatória granulomatosa (FAKHOURI
et al, 2003).
Na forma neural pura, não se encontram lesões cutâneas (Figura 5). Apesar
da possibilidade de cura espontânea na TT, a orientação é de que os casos sejam
tratados para reduzir o tempo de evolução da doença e o risco de dano neural
(ARAUJO, 2003).
A Hanseníase virchowiana (VV) manifesta-se com envolvimento cutâneo
extenso e simétrico com lesões variáveis; podendo incluir máculas, nódulos, placas
ou pápulas (Figura 4); havendo infiltração difusa da derme. Evolui para
espessamento da pele da face (fácies leonina); e os lóbulos das orelhas tornam-se
pendulares (ISSELBACHER et al, 1995) (Figura 6). Trata-se de forma multibacilar
manifestando-se em indivíduos que apresentam imunidade celular deprimida para o
M.L.. Admite-se que a VV possa evoluir a partir da forma indeterminada ou se
apresentar como tal desde o inicio. Sua evolução crônica caracteriza-se pela
infiltração progressiva e difusa da pele, mucosa das vias aéreas superiores, olhos,
testículos, nervos, podendo afetar ainda, os linfonodos, o fígado e o baço. A
infiltração é difusa e mais acentuada na face e nos membros. O comprometimento
dos troncos nervosos vai apresentar deficiências funcionais e seqüelas tardias
(ARAUJO, 2003).
A hanseníase dimorfa (DD) caracteriza-se por instabilidade imunológica, o
que faz com que haja grande variação em suas manifestações clinicas, seja na pele,
nos nervos, ou no comprometimento sistêmico. As lesões da pele revelam-se
numerosas e a sua morfologia mescla aspectos de VV e TT; podendo haver
predominância ora de um ora de outro tipo (ARAUJO, 2003).
QUADRO 1: Sinopse para classificação das formas clínicas da hanseníase
Clínicas Características
baciloscópicas
Formas
clínicas
Classificação
operacional
vigente para a
rede pública
Áreas de hipo ou anestesia,
parestesias, manchas hipocrômicas
Negativa Indeterminada
(HI)
28
e/ou eritematohipocrômicas, com ou
sem diminuição da sudorese e
rarefação dos pêlos
Placas eritematosas, eritemato-
hipocrômicas, bem delimitadas, hipo ou
anestésicas, com comprometimento de
tronco nervoso
Negativa Tuberculóide
(TT)
Paucibacilar (PB)
Até 5 lesões de
pele
Lesões pré-fovelares (eritematosas
planas com o centro claro). Lesões
foveolares (eritematopigmentares de
tonalidade feruginosa ou pardacenta),
apresentando alterações de
sensibilidade
Positiva (bacilos e
globias ou com raros
bacilos) ou negativa
Dimorfa
(DD)
Eritema e infiltração difusos, placas
eritematosas infiltradas e de bordas mal
definidas, tubérculos e nóduos,
madarose, lesões das mucosas, com
alteração de sensibilidade
Positiva (bacilos
abundantes e
globias)
Virchowiana
(VV)
Multibacilar (MB)
Mais de 5 lesões
de pele
Fonte: Secretaria de vigilância em saúde, 2004
FIGURA 3: Duas pequenas placas, uma na região geniana e outra na mandibular, ambas bem
delimitadas e de tonalidade Pardacenta na região malar.
Fonte: Guia “Atlas de Hanseníase” (OPROMOLLA & URA, 2002).
FIGURA 4: Lesão pápulo-nodular, eritêmato-pardacennta.
Fonte: Guia “Atlas de Hanseníase” (OPROMOLLA & URA, 2002).
FIGURA 5: Grande nódulo junto à epitróclea no trajeto do nervo ulnar – Necrose caseosa do
nervo (“abscesso de nervo”)
29
.
Fonte: Guia “Atlas de Hanseníase” (OPROMOLLA & URA, 2002).
FIGURA 6: Infiltração em toda a face, “Fácies Leonina” e lesão em pavilhão auricular.
Fonte: Guia “Atlas de Hanseníase” (OPROMOLLA & URA, 2002) e Atlas de hanseníase,
Sasakawa memorial helth foundation,1990 (BRASIL, MINISTÉRIO DA SAÚDE; 2002)
ESTADOS REACIONAIS:
São exacerbações clínicas agudas comuns na hanseníase e acredita-se que
reflitam alteração abrupta do equilíbrio imunológico do hospedeiro-parasita (ARVIN
et al,2002).
Os surtos reacionais representam episódios inflamatórios que se intercalam no
curso crônico da hanseníase (ARAÚJO, 2003). Eles podem ocorrer antes, durante
ou após o tratamento. Tais estados reacionais são especialmente comuns nos
primeiros anos de tratamento. Até 50% dos pacientes que recebem quimioterapia
eficaz apresentam reações que, se não forem tratadas adequadamente, resultarão
em deformidades incapacitantes (ARVIN et al, 2002).
Os episódios reacionais, provenientes de alterações do estado imunológico
do indivíduo têm importante significado na manutenção do estigma da doença; pois
30
são devido a eles que o paciente permanece necessitando de auxílio médico mesmo
após tratamento para o M.L. (NERY et al, 1999).
São reconhecidas duas variantes principais dos estados reacionais: a reação
reversa ou do tipo I e a reação de eritema nodoso da Hansen (ENH) ou tipo II. As
reações seguem-se a fatores desencadeantes, tais como: infecções recorrentes,
vacinação, gravidez e puerpério, medicamentos iodados, estresse físico e
emocional. Os quadros reacionais, às vezes, antecedem o diagnóstico da
hanseníase, surgem durante o tratamento ou após a alta (ARAÚJO, 2003).
9 As reações do tipo I (de reversão) = são observadas predominantemente na
hanseníase limítrofe (dimorfa). Hipersensibilidade e tumefação aguda no local
das lesões cutâneas e neurais existentes e o aparecimento de novas lesões
são as principais manifestações. As lesões cutâneas existentes ou novas com
freqüência ulceram-se ou deixam cicatrizes inestéticas e desfigurantes. Febre
e toxemia sistêmica são incomuns, mas a neurite aguda pode apresentar-se
como insidiosa e indolor e acarretar lesão nervosa irreversível (anestesia,
paralisia facial, mão em garra, pé caído) se não tratada imediatamente. As
reações de reversão talvez constituam a única emergência médica
relacionada à hanseníase. Um aumento súbito da imunidade celular eficaz em
resposta a antígeno (do M.L.) após destruição rápida dos bacilos é o evento
desencadeante (ARVIN et al, 2002).
9 As reações do tipo II (eritema nodoso) = ocorrem na maioria dos pacientes
com a forma virchowiana e em 25-40% dos casos da forma dimorfa. Nódulos
dérmicos dolorosos à palpação, clinicamente semelhantes ao eritema nodoso,
são características desta síndrome. Podem ocorrer: febre alta, poliartralgia
migratória, orquite, iridociclite e, raramente, nefrite. Imunocomplexos
circulantes e situados em tecidos estão presentes em muitos casos e podem
explicar a semelhança a outros distúrbios devido à imunocomplexos, mas o
mecanismo subjacente parece envolver a ativação de uma sub-população de
células T auxiliares. Há uma forte tendência à recorrência e um risco de
amiloidose e insuficiência renal se o tratamento foi inadequado (Op cit).
1.2- AS INCAPACIDADES NA HANSENÍASE
31
A hanseníase é uma doença marcada no imaginário popular, por imagens
desfiguradoras e mutiladoras. O aspecto grotesco determinado pelas incapacidades
físicas constitui um dos aspectos mais evidenciados dentre os fatores determinantes
do estigma associado à doença (RAPOSO et al , 2004).
Todos os doentes de hanseníase, independente da forma clínica, poderão
desenvolver incapacidade física e algum tipo de dificuldade funcional. Em geral, este
quadro decorre do comprometimento neural. Por isto é freqüentemente conseqüente
às lesões nos pés, mãos e olhos (BRASIL, MINISTÉRIO DA SAÚDE; 2002). Isto
porque os nervos mais acometidos pela hanseníase são: o facial, o ulnar, o
mediano, o tibial posterior e o fibular comum (NOGUEIRA, 2005). Figura 7.
Lesões do nervo facial com paralisia do olho com lagoftalmo ou de todos os
músculos faciais (Figura 8). Lesões do nervo ulnar e do mediano podem provocar
dedos em garra e perda da sensibilidade na área cutânea da mão e paralisia dos
músculos da oponência e ulcerações (Figura 9, 10 e 11). Paralisia do nervo radial
com o resultado da mão caída (Figura 12). Lesão do nervo tibial posterior com perda
de sensibilidade na planta do pé e possibilidade de produção de úlceras plantares,
desintegração do tarso e dedos em garra (Figura 13). Lesão do nervo fibular comum
pode levar ao pé caído e resultar no pé eqüino - varo rígido (Figura 14)
(DUERKSEN, 2000).
FIGURA 7: Os nervos mais afetados na hanseníase.
Fonte: Guia didático 2. Como reconhecer e tratar as lesões hansênicas, ILEP, 2002 e Revista Prática
Hospitalar, Nogueira, 2005.
32
Danos causados diretamente pelo bacilo de Hansen são: perda de
sobrancelhas, nariz fundido, lóbulos e pavilhão auricular aumentado de tamanho,
excesso de rugas na face. Estas são alterações altamente antiestéticas e
estigmatizantes. Outras lesões diretas são as úlceras de estase nos membros
inferiores, lesões por eritema nodoso como a mão reacional ou úlceras
disseminadas na reação necrotizante. O comprometimento testicular leva a
ginecomastia, perda de libido e infertilidade. Anestesia da córnea e lesões intra-
oculares, juntamente com o lagoftalmo pode levar a lesões severas, incluindo
cegueira (Op cit).
FIGURA 8: Lagoftalmo unilateral - Paralisia do músculo Orbicular das pálpebras, inervado por um
ramo do nervo facial. É freqüente a lesão também do nervo trigêmeo, levando à anestesia da córnea.
Fonte: Atlas de Hanseníase, OPROMOLLA & URA, 2002
FIGURA 9: Paralisia do nervo ulnar - Amiotrofia total da eminência hipotênar, parcial da tenar,
com comprometimento do ramo superficial do músculo flexor curto e do adutor do polegar, paralisia
dos músculos interósseos e dos dois últimos lumbricais, causando a "garra" do ulnar. Há anestesia na
área inervada pelo ulnar e alterações de fibras simpáticas.
Fonte: Atlas de Hanseníase, OPROMOLLA & URA, 2002
33
FIGURA 10: Paralisia dos nervos ulnar e mediano.Todos os músculos intrínsecos estão
comprometidos. É característico o aplainamento completo da eminência tênar, levando ao aspecto de
"mão simiesca". Esses nervos são mistos e, portanto, há sempre lesões das fibras sensitivas
alterando a sensibilidade nas palmas e lesões de fibras autonômicas, causando hipo ou anidrose.
Fonte: Atlas de Hanseníase, OPROMOLLA & URA, 2002
FIGURA 11: Amiotrofias devido ao comprometimento dos nervos ulnar e mediano; ulcerações
traumáticas e fissuras devidas ao distúrbio de sensibilidade; e há também ressecamento das palmas
das mãos.
Fonte: Atlas de Hanseníase, OPROMOLLA & URA, 2002
FIGURA 12: Paralisia do nervo radial - Aspecto de "mão caída", devido à paralisia dos músculos
extensores da mão. Há também alterações sensitivas no dorso da mão
Fonte: Atlas de Hanseníase, OPROMOLLA & URA, 2002
FIGURA 13: Paralisia do nervo tibial posterior. Esse nervo inerva todas as estruturas da
planta e do interior do pé – Na foto, observam-se duas úlceras com bordos calosos (males
perfurantes plantares), devidas à insensibilidade na planta do pé; retração dos artelhos e o
afinamento da planta pela paralisia e amiotrofia dos músculos intrínsecos; e a pele lisa e seca devida
às alterações das fibras autonômicas que inervam as glândulas sudoríparas.
34
Fonte: Atlas de Hanseníase, OPROMOLLA & URA, 2002
FIGURA 14: Paralisia do nervo fibular - O nervo fibular inerva todos os músculos da loja ântero-
externa da perna, responsáveis pela dorsi-flexão do pé e sua eversão. Esse nervo, quando lesado,
leva ao pé "eqüino varo" ("caído" e voltado para dentro). As alterações da sensibilidade não são
importantes.
Fonte: Atlas de Hanseníase, OPROMOLLA & URA, 2002
Calcula-se que existem entre dois e três milhões de indivíduos física e
socialmente incapacitados em conseqüência da hanseníase (NORDEEN, 1999).
SHAH e cols (1993) afirmam, além disso, que cerca de vinte e cinco por cento dos
pacientes que não receberam tratamento na fase inicial da doença evoluem para a
anestesia e/ou para as deformidades de mão e pés (apud, BURNS & MACDONALD,
1999).
Todo o paciente com hanseníase, independente da forma clínica, deve ser
avaliado no momento do diagnóstico para a classificação quanto ao grau de
incapacidade. O sistema mais usado é o da Organização Mundial da Saúde (OMS)
(WHO Disability Grade). Quadro 2.
QUADRO 2: classificação das incapacidades da hanseníase
35
Grau de
incapacidade
(OMS)
GRAU 0 GRAU 1 GRAU 2
OLHOS NORMAL -
Visão reduzida (não consegue contar
os dedos a seis metros de distância),
Lagoftalmia
MÃOS NORMAL
Perda da sensibilidade
na palma da mão
Danos visíveis nas mãos, tal como
feridas, mão em garra ou perda de
tecido
PÉS NORMAL
Perda de sensibilidade
na sola do pé
Danos visíveis nos pés, tal como
feridas, perda de tecido ou pé caído
Fonte: Guia didático 1.Como diagnosticar e tratar a lepra.ILEP ,2002
Ressalta-se que, até 2000, classificava-se a incapacidade física também em
grau III. A partir deste mesmo ano, o Departamento de Dermatologia Sanitária do
Ministério da Saúde modificou o critério de classificação, excluindo o grau III, e esta
nova classificação continua vigente até os dias atuais (CUNHA, 2007). No presente
estudo utilizou-se o grau III para todos os casos selecionados, pois o banco de
dados ainda utiliza esta classificação.
O prognóstico para a interrupção da progressão da doença e da lesão dos
nervos é bom, mas a recuperação da função sensitiva e motora perdida é variável e
geralmente incompleta; a hiper e hipopigmentação e perda de órgãos da pele,
persistem. Estados reacionais intercorrentes; descumprimento e aparecimento de
resistência às drogas; acarretam exacerbações ou recidivas clínicas que requerem
acompanhamento estreito dos pacientes. Boa parte da debilidade crônica resulta de
traumatismos repetitivos dos dedos e membros anestesiados. O aconselhamento
cuidadoso dos pacientes; e pareceres de serviços de fisioterapia e terapia
ocupacional, são essenciais para um bom prognóstico (ARVIN et al, 2002). Caso
contrário, teoricamente, pode-se prejudicar o desenvolvimento músculo esquelético
em plena modificação, justamente na faixa etária mais comum da hanseníase
pediátrica surgir: a partir dos sete anos.
36
1.3-HANSENÍASE NA INFÂNCIA
A hanseníase ainda é um problema de saúde pública por apresentar
indicadores epidemiológicos altos, inclusive na faixa etária abaixo de quinze anos.
O problema da hanseníase em menores de quinze anos e suas
conseqüências vem sendo objeto de estudo por parte de diversos autores e
organismos internacionais (GANAPATI, 1978; BELDA, 1973).
Apesar de hanseníase ser considerada como doença do adulto e do adulto-
jovem, existe numerosos relatos de casos desta enfermidade em faixas etárias
menores de quinze anos (LOMBARDI, 1990; YAWALKAR, 2002). A literatura aponta
que a presença da hanseníase em menores de quinze anos é utilizada
habitualmente como um indicador do nível de transmissão da doença hansênica.
Também existe uma relação entre a proporção de casos em menores de quinze
anos e a gravidade da endemia (LOMBARDI, 1990; YAWALKAR, 2002). Ou seja,
quando a transmissão é intensa, aumenta a probabilidade da doença na população
mais jovem, devido à exposição ao bacilo da Hansen nos primeiros anos de vida
(TALHARI, 1997), sendo possível observar uma detecção da doença entre crianças
de três a cinco anos e raramente são observados casos em menores de dois anos,
principalmente da forma virchowiana (TALHARI, 1997; EL-ZAWAHR, 1977).
Em 2002, o indicador epidemiológico coeficiente específico de casos novos na
faixa etária menores de quinze anos foi de 0,43/10.000 habitantes, no Estado do Rio
de Janeiro, refletindo a intensidade de transmissão da doença (SECRETARIA DE
ESTADO DE SAÚDE, 2004).
A hanseníase em crianças é mais freqüente do que geralmente se acredita. O
diagnóstico não é facilmente realizado, porque os primeiros sinais das alterações
são pouco evidentes (SAUL, 1976; DUCAN,1985). Os sinais clínicos da hanseníase
muitas vezes não são fáceis de serem diagnosticados na infância (DUCAN, 1985).
Em algumas regiões endêmicas, é elevado o número de crianças com deformidades
provocadas pela hanseníase (HAMMOND, 1999).
Na infância, ocorrem as mesmas formas clínicas que no adulto, mas a forma
característica das crianças na faixa etária de dois a quatro anos que é a hanseníase
tuberculóide nodular da infância (RICCO, 2000). As lesões são pápulas, pequenos
tubérculos ou nódulos, únicos ou em pequeno número, de tonalidade marrom-
37
avermelhada e sem lesão aparente de nervo periférico. Não se encontram bacilos
nos esfregaços de rotina e a histopatologia mostra um quadro histológico
tuberculóide. A reação de Mitsuda é positiva e os casos têm tendência à cura
espontânea (OPROMOLLA & E URA, 2002).
A incidência de casos novos geralmente é mais alta em crianças maiores e
em adultos jovens. Embora as respostas imunes celulares das crianças menores
sejam relativamente imaturas na época da exposição inicial ao M.L. e, desse modo,
predisponham a uma incidência aumentada da doença, os fatores ambientais
inegavelmente também exercem um importante papel. O caso índice na hanseníase
infantil freqüentemente é um dos pais com a doença não tratada com o qual a
criança tinha contato íntimo prolongado (WYNGAADEN & SMITH, 1998). As
crianças correm maior risco quando existe a presença da hanseníase na família ou
quando um caso bacilífero está próximo a elas (PRASAD,1998;EBENEZER,1997;
CHEN,2000).
Está definido que as crianças a partir de dois anos são mais susceptíveis à
infecção, se estendendo esta predisposição até a adolescência. Todavia, também
está comprovado cientificamente que até um ano e meio de idade, as crianças são
dotadas de uma resistência natural a ação da bactéria (SANTOS,1990).
A hanseníase nodular da infância (HNI) acomete crianças com menos de sete
anos de idade, com lesões cutâneas variadas. O reconhecimento deste quadro
clínico é de importância fundamental, visando à quebra da cadeia epidemiológica,
pois, na grande maioria das vezes há a presença de um caso multibacilar infectante
no exame de contato desta criança (CORTÉS, RODRIGUES; 2004). Formas
multibacilares ocorrem também em crianças com idade abaixo de quinze anos, com
índices baciloscópicos altos, e assim como os adultos, constituem fontes de contágio
infectante (SALLES, et al, 2000).
A hanseníase nodular infantil se dá em crianças na primeira infância, tendo
como particularidade o excelente prognóstico, dada sua resolução espontânea sem
necessidade de tratamento especifico. Nela o organismo com alta capacidade de
resposta a agressão bacilar desenvolve granulomas tuberculoides reacionais nos
locais de inoculação ou contato com o antígeno (GATTI; 1982). A característica
típica é a mácula hipopigmentada, comum da forma indeterminada, tuberculoide,
38
borderline (dimorfa) - tuberculoide ou borderline - borderline (dimorfa-dimorfa).
Borderline (dimorfa) - virchowiana, virchowiana, e hanseníase polineuritica são
incomuns. ( SEHGAL & CHAUDHRY, 1993).
A hanseníase nodular da Infância acomete crianças, geralmente com menos
de sete anos de idade, ocorrendo excepcionalmente após os dez anos e há
predomínio de lesão única. Entretanto, é possível observar algumas crianças com
numerosas lesões, podendo chegar a acima de vinte (NERY, 1995).
A OMS considera a hanseníase na infância aqueles casos de hanseníase em
menores de quinze anos. Nos tratados de hanseologia, as formas clínicas da
hanseníase na infância se apresentam segundo a seguinte ordem de frequência:
Tuberculóide (páulo-liquenóide) e a forma nodular infantil entre três a quatro anos. A
forma indeterminada, ocorrendo depois de três anos e a forma virchowiana, depois
de cinco anos de idade; a forma dimorfa (Figura 15,16 e 17), menos freqüentemente
se apresenta na infância (PAREDES et al,2002).
FIGURA 15: hanseníase dimorfa FIGURA 16: placa eritematosa com discreta atrofia da borda ulnar
Fonte: Rev Int. Hansen, 2001 Fonte: Rev Int. Hansen, 2001
FIGURA 17: placa eritematosa
Fonte: Rev Int. Hansen, 2001
39
Além das manifestações clínicas características da hanseníase, fazem parte
do quadro, os estados reacionais. O mais comum deles é o eritema nodoso que
induz a vários distúrbios constitucionais graves, incluindo pirexia intensa, iridociclite,
orquite, linfadenite, poliartrite e neurite (WYNGAARDEN & SMITH, 1998).
Embora não represente uma causa básica de óbito, a hanseníase figura em
lugar destacado entre as morbidades e, principalmente as condições que originam
incapacidades (GOMES et al, 2002). Sendo assim é provável que a hanseníase na
Infância, poderá provocar alteração no crescimento e no desenvolvimento músculo-
esquelético da criança.
A importância desses agravos e seus problemas sociais, físicos e
desenvolvimento psicológicos não podem ser negligenciados, devido à possibilidade
do próprio futuro dessa clientela estar comprometida (MAHAJAN, JOGAIKAR,
MEHTA; 1995).
Quanto ao tratamento, a introdução do esquema padronizado produziu
significativa redução na prevalência da doença, especialmente em crianças
(SELVASEKAR et al, 1999). Um controle rigoroso, envolvendo a vigilância
epidemiológica, deve ser mantido em crianças sob risco de contrair a hanseníase,
no sentido de detectar a doença mais precocemente e evitar as conseqüências do
diagnóstico tardio (HAMMOND, 1999) (Figura 18), e dos estigmas sociais
(BECHELLI, 1973).
FIGURA 18:Crianças com hanseníase
Fonte: Google imagem, 2008
40
1.4- TRATAMENTO
Quanto ao tratamento, a introdução do esquema padronizado produziu
significativa redução na prevalência da doença, especialmente em crianças
(SELVASEKAR et al, 1999). Um controle rigoroso, envolvendo a vigilância
epidemiológica, deve ser mantido em crianças sob risco de contrair a hanseníase,
no sentido de detectar a doença mais precocemente e evitar as conseqüências do
diagnóstico tardio (HAMMOND, 1999), e dos estigmas sociais (BECHELLI, 1973).
O tratamento é realizado por meio da poliquimioterapia (PQT) seguindo
esquemas de acordo com a classificação do paciente. Nos casos paucibacilares
tratar com seis blisteres de paucibacilar sendo, o blister Infantil constituído por dose
supervisionada com 300 a 450 mg de rifampicina, 50 mg de dapsona, a cada vinte e
oito dias num total de seis doses, num período máximo de nove meses; dose auto-
administrada com 50 mg de dapsona, diárias, num total de vinte e sete comprimidos
(MINISTÉRIO DA SAÚDE DO BRASIL,2002)
Nos casos multibacilares, tratar com doze blisteres de multibacilar sendo o
blister infantil constituído por dose supervisionada com 300 a 450 mg de rifampicina,
150 mg de clofazimina e 50 mg de dapsona, a cada vinte e oito dias, num total de
doze doses, num período máximo de dezoito meses; e dose auto-administrada com
50 mg de dapsona diária, num total de vinte e sete unidades, e 150 mg de
clofazimina por semana, num total de treze unidades. Crianças com menos de trinta
quilos deverão ter a dose ajustada por quilo de peso corporal: dapsona 1,5
mg/kg/dia, clofazimina 1,5 mg/kg na dose auto-administrada e 5 mg/kg na dose
supervisionada, rifampicina 10 a 20 mg/kg. Os esquemas alternativos utilizam
medicamentos de 2ª linha como ofloxacina e minociclina (Opi cit).
Serão considerados curados os pacientes paucibacilares que completarem as
seis doses supervisionadas num período de até nove meses. O paciente faltoso
pode ter as doses anteriores contabilizadas desde que o período de nove meses não
seja ultrapassado. Nos casos multibacilares, serão considerados curados os
pacientes que completarem as doze doses supervisionadas num período de até
dezoito meses. O paciente faltoso pode ter as doses anteriores contabilizadas desde
que o período de dezoito meses não seja ultrapassado (Op cit).
41
CASUÍSTICA E MÉTODOS
Este trabalho é um estudo transversal descritivo, com abordagem quantitativa
sobre as características da hanseníase em menores de quinze anos, baseado nos
indicadores epidemiológicos, no estado do Rio de Janeiro, no período de 2003 a
2006.
Para este estudo, foi utilizado o banco de dados do sistema de informação de
agravos de notificação de hanseníase (SINAN/HANSEN), gerido pela Secretaria de
Vigilância Sanitária-SVS, em conjunto com a Secretaria Estadual de Saúde
(SESDEC/RJ) e as Secretarias Municipais de Saúde. Deste banco se obteve 12.916
casos totais de hanseníase notificados (todos através de notificação individual), no
período de 2003 a 2006.
Foram incluídos no estudo, todos os casos em que a idade na data do
diagnóstico, era menor de quinze anos. Foram analisados os dados de 820 casos
prevalentes e 780 incidentes de hanseníase em menores de quinze anos no estado
do Rio de Janeiro de 2003 a 2006.
A base de dados da hanseníase, gerada pelo SINAN, disponibiliza variáveis
oriundas da ficha de notificação/investigação e acompanhamento. Foram excluídas
todas as variáveis que pudessem identificar os indivíduos para manter o sigilo ético
da pesquisa.
As variáveis analisadas no estudo foram:
Município de residência (código e nome do município de residência do caso
notificado),
Idade, classificada em faixa etária (menor de 1 ano, de 1 a 4 anos, de 5 a 9
anos e de 10 a 14 anos),
42
Sexo (feminino, masculino e ignorado),
Avaliação da incapacidade no diagnóstico (grau zero, grau 1, grau 2 e grau 3,
não avaliado e ignorado),
Classificação operacional (paucibacilar, multibacilar e ignorado),
Formas clínicas (indeterminada, turberculóide, dimorfa, virchowiana, não
classificada),
Número de lesões cutâneas,
Modo de entrada do paciente no sistema (caso novo, transferência do mesmo
município, transferência de outro município - mesma Unidade Federativa
(UF), transferência de outro estado, transferência de outro país, recidiva,
outros ingressos, ignorado),
Modo de detecção do caso novo (encaminhamento, demanda espontânea,
exame de coletividade, exame de contatos, outros modos, ignorado),
Esquema terapêutico inicial
Avaliação de incapacidade física no momento da cura,
Tipo de alta (cura, óbito, transferência para o mesmo município, transferência
para outro município, transferência para outro estado e para outro país, alta
estatística (saída administrativa), erro diagnóstico, transferência provisória). A
saída administrativa (antiga alta estatística) é a retirada do paciente do
registro ativo de hanseníase, devido ao abandono de tratamento, desde que
pacientes multibacilares tenham permanecido no registro ativo por pelo
menos quatro anos (48 meses) a contar da data do diagnóstico; e pacientes
paucibacilares tenham permanecido no registro ativo por pelo menos dois
anos (24 meses) a contar da data do diagnóstico.
Também foram utilizados os indicadores epidemiológicos recomendados pelo
Ministério da saúde para o acompanhamento das ações de controle da hanseníase.
Eles são construídos utilizando as informações constantes do sistema de informação
em hanseníase (DATASUS, 2008).
A avaliação do programa de hanseníase é feita através da utilização de
cinco indicadores epidemiológicos e dez indicadores operacionais. Destes os
seguintes foram utilizados no trabalho:
43
Coeficiente de detecção anual de casos novos na população menor de 15
anos por 10.000 habitantes:
Casos novos residentes menores de 15 anos
diagnosticados no ano
____________________________________________ X 10.000
População residente menor de quinze anos
em 01/07/ano
Utilidade: Determinar a tendência secular da endemia
Parâmetro: hiperendêmico (acima de 1,0/10.000 habitantes), endemia muito alta (de 1,0 a 0,5/10.000
habiantes), endemia alta ( de 0,5 a 0,25/10.000 habitantes), endemia média ( de 0,25 a 0,05/10.000
habitantes), endemia baixa ( abaixo de 0,05/10.000 habitantes).
Percentagem dos casos com incapacidades físicas entre os casos novos
detectados e avaliados no ano:
Casos novos residentes diagnosticados no ano com
grau de incapacidade física II ou III
_____________________________________________ X 100
Casos novos residentes diagnosticados
no ano, com grau de incapacidade física avaliado
Utilidade: Estimar a efetividade das atividades para a detecção precoce de casos; estimar a endemia
oculta
Parâmeros: alto (10%), médio (5 a 10%), baixo (abaixo de 5%).
Percentagem de casos novos diagnosticados no ano que iniciaram
poliquimioterapia padrão OMS:
Casos novos diagnosticados que iniciaram PQT/OMS no ano
_______________________________________________ X 100
Total de casos novos diagnosticados no ano
Utilidade: Medir a qualidade do atendimento dos serviços de saúde
Parâmetros: bom (98%), regular ( 90 a 98%), precário ( abaixo de 90%).
Percentagem de casos novos diagnosticados no ano com grau de
incapacidade física avaliado:
Casos novos diagnosticados no ano com grau
de incapacidade avaliado
______________________________________________________ X 100
Total de casos novos diagnosticados no ano
Utilidade: Medir a qualidade do atendimento dos serviços de saúde
Parâmetro: bom (90%), regular ( 75 a 90%), precário ( abaixo de 75%).
44
Percentagem de cura entre casos novos diagnosticados nos anos das
coortes:
Casos novos diagnosticados nos anos das coortes e
curados até 31/12/ano de avaliação
___________________________________________ X 100
Total de casos diagnosticados nos anos das coortes
Utilidade: Avaliar a efetividade dos tratamentos
Parâmetro: bom (90%), regular ( 75 a 90%), precário ( abaixo de 75%).
Percentagem de casos curados no ano com grau de incapacidade física
avaliado:
Casos curados no ano com grau de incapacidade
física avaliado por ocasião da cura
_______________________________________ X 100
Total de casos curados no ano
Utilidade: Medir a qualidade do atendimento dos serviços de saúde
Parâmetro: bom (90%), regular ( 75 a 90%), precário ( abaixo de 75%).
Percentagem de abandono de tratamento entre os casos novos
diagnosticados nos anos das coortes:
Casos novos diagnosticados nos anos das
coortes que abandonaram o tratamento ou estão em situação
ignorada em 31/12 do ano de avaliação
___________________________________________________ X 100
Total de casos novos diagnosticados nos anos das coortes
Utilidade: Medir a capacidade dos serviços em assistir aos casos de hanseníase
Parâmetro: bom (10%), regular (10 a 25%), precário ( abaixo de 25 %).
Proporção de municípios com ações de controle implantadas:
Número de municípios com ações
de controle implantadas
_____________________________________ X 100
Número total de municípios
Utilidade: Medir a cobertura territorial das ações de controle
Parâmetro: bom (75%), regular ( 75 a 60%), precário ( abaixo de 60%).
45
Proporção da população coberta pelas ações de controle:
População coberta pelas ações de controle
_______________________________________ X 100
População total residente
Utilidade: Medir a cobertura populacional das ações de controle
Parâmetro: bom (90%), regular (75 a 90%), precário (abaixo de 75%).
Para a análise estatística descritiva dos dados foi utilizado o programa SPSS
10.0 for Windows Data Editor (Statistic Package for the Social Sciences, 1999).
Todos os resultados foram analisados, assegurando-se a margem de segurança
de 95% de confiabilidade estatística, com nível de significância, portanto, de 5%
(α = 0,05) (PEREIRA, 1995; ALAN, 2004; SANTOS & BATISTA, 2006; MEDRONHO,
2002).
Foram obtidas as freqüências simples das variáveis, estudando-se as diferenças
entre as proporções por meio do teste qui-quadrado.
Este trabalho seguiu os princípios básicos da resolução 196/96 e foi submetido
ao comitê de ética da Universidade Federal Fluminense.
Projeto aprovado no CEP CMM/HUAP em17/07/2007, parecer n°. 092/07.
46
RESULTADOS
No período do estudo (2003 a 2006), do total de casos prevalentes
notificados (12916), o resultado da hanseníase em menores de quinze anos de
idade (820) variou de 6,1% a 6,5%. Tabela III.
Tabela III: Casos prevalentes de hanseníase de 2003 a 2006.
Idade
Total
Menores de 15 anos Maiores de 14 anos
Ano 2003 Casos 220 3210 3430
%
6,4% 93,6% 100,0%
2004 Casos 212 3122 3334
% 6,4% 93,6% 100,0%
2005 Casos
199 2870 3069
% 6,5% 93,5% 100,0%
2006 Casos 189 2894 3083
%
6,1% 93,9% 100,0%
Total Casos 820 12096 12916
% 6,3% 93,7% 100,0%
x
2
= 9844,23 p = 0,00
Durante este período, não se observou diferença estatisticamente significativa
na freqüência de notificação de casos de hanseníase no decorrer dos anos (x
2
=
0,36; p = 0,947), mantendo-se quase uma constante, tanto no caso dos maiores de
quatorze anos, como nos menores de quinze anos de idade, no estado do Rio de
Janeiro. Gráficos 1.
Gráfico 1: Distribuição dos casos de hanseníase no estado do Rio de Janeiro de 2003 a 2006 em
menores de 15 anos e maiores de 14 anos de idade.
2006 2005 2004 2003
100
80
60
40
20
0
Menores de 15 anos
Maiores de 14 anos
47
Dos noventa e dois municípios do estado do Rio de Janeiro, cinqüenta e oito
notificaram casos de hanseníase em menores de quinze anos no período estudado
(63%). Os municípios são divididos para fins político - administrativos em nove
regiões: Metropolitana I; Metropolitana II; Serrana; Baixada Litorânea; Baía da Ilha
Grande; Centro sul Fluminense; Norte Fluminense; Noroeste Fluminense; e Médio
Paraíba.
Verificando o número de notificação por região do estado, observou-se que a
região Metropolitana I, notificou mais casos de hanseníase em menores de quinze
anos (n= 569; 69,3%), com diferença estatisticamente significativa ( x
2
= 2881,968; p
= 0,000).Porém não houve diferença desta distribuição no decorrer dos anos
estudados ( x
2
= 28,002
; p= 0,260). Tabela IV.
Tabela IV: Municípios e regiões que notificaram casos de hanseníase em menores de quinze anos
no estado do Rio de Janeiro de 2003 a 2006
REGIÃO MUNICÍPIOS ANO TOTAL p
METROPOLIANA I 2003 2004 2005 2006 0,260
1 Belford Roxo 5 11 14 6 36
2 Duque de Caxias 30 23 20 26 99
3 Itaguaí 3 5 2 2 12
4 Japeri 2 1 4 0 7
5 Magé 8 4 2 7 21
6 Mesquita 1 4 2 3 10
7 Nilópolis 1 0 0 0 1
8 Nova Iguaçu 18 14 15 8 55
9 Queimados 3 4 6 4 17
10 Rio de Janeiro 59 73 64 68
264
11 São João de Meriti 7 4 16 5 32
12 Seropédica 4 5 4 2 15
Total 141 148 149 131
569
METROPOLITANA II
13 Itaboraí 8 5 5 3 21
14 Marica 1 1 1 0 3
15 Niterói 9 3 3 5 20
16 Rio Bonito 0 0 0 0 0
17 São Gonçalo 13 8 13 7 41
18 Silva Jardim 1 1 0 0 2
19 Tanguá 2 2 1 0 5
TOTAL 34 20 23 15 92
BAIXADA LITORÂNEA
20 Araruama 3 2 2 4 11
21 Armação de Búzios 2 0 0 0 2
22 Arraial do Cabo 0 1 0 1 2
23 Cabo Frio 3 2 4 0 9
24 Casimiro de Abreu 0 0 0 1 1
25 Iguaba Grande 0 0 0 0 0
26 Rio das Ostras 1 1 1 1 4
27 São Pedro da Aldeia 0 1 2 1 4
28 Saquarema 0 1 0 4 5
Total 9 8 9 12 38
NOROESTE
29 Aperibé 0 0 0 0 0
30 Bom Jesus do Itabapoana 0 3 0 0 3
31 Cambuci 0 0 0 0 0
48
32 Italva 0 0 0 0 0
33 Itaocara 1 1 0 0 2
34 Itaperuna 2 2 4 0 8
35 Laje do Muriaé 0 0 0 0 0
36 Miracema 0 0 0 0 0
37 Natividade 0 0 0 0 0
38 Porciúncula 0 1 0 0 1
39 Santo Antônio de Pádua 0 0 0 1 1
40 São José de Ubá 1 0 0 0 1
41 Varre-Sai 1 0 0 0 1
Total 5 7 4 1 17
CENTRO SUL
42 Areal 0 0 0 0 0
43 Comendador Levy Gasparian 0 0 0 0 0
44 Engenheiro Paulo de Frontin 0 1 0 0 1
45 Mendes 0 0 0 0 0
46 Miguel Pereira 0 0 0 0 0
47 Paraíba do Sul 0 0 0 0 0
48 Paracambi 2 1 0 0 3
49 Paty do Alferes 0 0 0 0 0
50 Sapucaia 0 0 0 0 0
51 Três Rios 0 0 1 0 1
52 Vassouras 0 0 1 0 1
Total 2 2 2 0 6
Continuação tabela IV:
Municípios e regiões que notificaram casos de hanseníase em menores de
quinze anos no estado do Rio de Janeiro de 2003 a 2006
REGIÃO MUNICÍPIOS ANO TOTAL
MÉDIO PARAÍBA
53 Barra do Piraí 0 0 0 0 0
54 Barra Mansa 0 0 0 1 1
55 Itatiaia 0 2 0 0 2
56 Pinheiral 0 0 0 0 0
57 Piraí 0 0 0 2 2
58 Porto Real 0 0 0 0 0
59 Quatis 0 1 0 3 4
60 Resende 2 2 0 1 5
61 Rio Claro 0 1 0 0 1
62 Rio das Flores 0 0 0 0 0
63 Valença 1 0 1 0 2
64 Volta Redonda 1 1 1 0 3
Total 4 7 2 7 20
NORTE
65 Campos dos Goytacazes 13 12 6 16 47
66 Carapebus 0 0 0 0 0
67 Cardoso Moreira 0 0 0 0 0
68 Conceição de Macabu 0 0 0 0 0
69 Macaé 4 2 0 0 6
70 Quissamã 1 0 1 1 3
71 São Fidélis 1 1 0 0 2
72 São Francisco de Itabapoana 0 1 0 0 1
73 São João da Barra 0 0 0 0 0
Total 19 16 7 17 59
SERRANA
74 Bom Jardim 0 0 0 0 0
75 Cachoeiras de Macacu 1 0 0 0 1
76 Cantagalo 0 0 0 0 0
77 Carmo 0 0 0 0 0
78 Cordeiro 0 0 0 0 0
79 Duas Barras 0 0 0 0 0
80 Guapimirim 1 2 1 2 6
81 Macuco 0 0 0 0 0
82 Nova Friburgo 0 0 0 0 0
83 Petrópolis 1 0 0 0 1
49
84 Santa Maria Madalena 0 0 0 0 0
85 São José do Vale do Rio Preto 0 0 0 0 0
86 São Sebastião do Alto 0 0 0 0 0
87 Sumidouro 0 0 0 0 0
88 Teresópolis 0 0 1 0 1
89 Trajano de Morais 1 0 0 0 1
Total 4 2 2 2 10
BAÍA DA ILHA GRANDE
(COSTA VERDE)
90 Angra dos Reis 1 1 0 0 2
91 Mangaratiba 0 1 1 4 6
92 Parati 1 0 0 0 1
Total 2 2 1 4 9
92 TOTAL 220 212 199 189 820
Fonte: SES-DEC/RJ,2008
Quanto ao modo de entrada dos casos no sistema, 780 (95,1%) foram casos
novos. Os demais casos foram transferências, recidivas ou outros ingressos (x
2
=
4376,59; p = 0,00).
Também em relação aos casos novos, o município do Rio de Janeiro e a
região Metropolitana I notificaram mais casos (n= 254, 32,6%; n= 541, 69,4%;
respectivamente), com diferença estatisticamente significativa (x
2 =
5075,538; p =
0,000; x
2
= 2753,67; p = 0,000, respectivamente). Porém também não houve
diferença nesta distribuição durante os anos estudados (x
2
= 175,230; p = 0,179 e x
2
= 24,920; p= 0,410, respectivamente). Os casos novos foram notificados em
cinqüenta e quatro municípios e residiam em cinqüenta e seis dos noventa e dois
municípios do estado, sendo que um caso novo notificado no município do Rio de
Janeiro residia no Paraná. Também houve mais um casos que residia em outro
estado, porém era um caso prevalente, que residia no estado de Minas Gerais. A
maioria dos casos novos detectados nos anos do estudo residia na região
metropolitana I (195 (25%) no município do Rio de Janeiro e 106 (13,6%) no
município de Caxias). Figura 19. Tabela V.
50
FIGURA 19: Distribuição espacial da hanseníase em menores de 15 anos, nos municípios do Estado
do Rio de Janeiro 2003 a 2006
Casos de hanseníase em menores de quinze anos
51
Tabela V: Casos novos residentes no estado do Rio de Janeiro de 2003 a 2006
N Municípios ANO Total p
2003 2004 2005 2006
0,179
1 Angra dos reis 1 1 2
2 Araruama 3 2 2 3 10
3 Armação de Búzios 2 2
4 Arraial do Cabo 1 1 2
5 Barra Mansa 1 1 2
6 Belford Roxo 8 11 12 7 38
7 Bom Jesus do Itabapoana 3 3
8 Cabo Frio 3 2 3 8
9 Cachoeira de Macacu 1 1 2
10 Campos dos Goytacazes 13 11 6 15 45
11 Casimiro de Abreu 1 1
12 Duque de Caxias 35 26 20 25
106
13 Engenheiro Paulo de Frontin 1 1
14 Guapimirim 2 1 2 5
15 Itaboraí 5 6 5 1 17
16 Itaguaí 3 7 2 3 15
17 Itaocara 1 1 2
18 Itaperuna 1 2 4 7
19 Itatiaia 2 2
20 Japeri 2 2 4 1 9
21 Macaé 4 2 6
22 Magé 7 4 4 9 24
23 Mangaratiba 1 1 3 5
24 Maricá 1 1 1 3
25 Mesquita 2 5 4 3 14
26 Nilópolis 2 1 4 7
27 Niterói 7 3 2 5 17
28 Nova Iguaçu 17 19 18 9 63
29 Paracambi 2 1 3
30 Parati 1 1
31 Petrópolis 1 1
32 Piraí 2 2
33 Quatis 1 3 4
34 Queimados 3 3 6 4 16
35 Quissamã 1 1 1 3
36 Resende 2 2 1 5
37 Rio Claro 1 1
38 Rio das Ostras 1 1 1 1 4
39 Rio de Janeiro 44 53 51 47
195
40 Santo Antônio de Pádua 1 1
41 São Francisco de Itabapoana 1 1
42 São Fidelis 1 1 2
43 São Gonçalo 16 8 12 9 45
44 São João da Barra 1 1
45 São João de Meriti 8 4 17 10 39
46 São José do Ubá 1 1
47 São Pedro da Aldeia 1 2 1 4
48 Saquarema 1 4 5
49 Seropédica 3 5 4 2 14
50 Silva Jardim 1 1 2
51 Tanguá 3 1 1 5
52 Trajano de Moraes 1 1
53 Valença 1 1 2
54 Varre e Saí 1 1
55 Vassouras 1 1
56 Volta Redonda 1 1
57 Paraná 1 1
210 203 187 180 780
Fonte: SES-DEC/RJ,2008
52
O coeficiente de detecção de casos de hanseníase em menores de quinze
anos, no Estado do Rio de Janeiro de 2003 a 2006 foi menor do que o coeficiente
nacional e maior do que o da região Sudeste. Eles apresentaram um decréscimo no
período estudado (Tabela VI), porém sem diferença estatisticamente significativa (x
2
= 12,0; p = 0,213). Gráfico 2.
Tabela VI: Coeficiente de detecção da hanseníase em menores de quinze anos no Brasil, Região
Sudeste e Estado do Rio de Janeiro de 2003 a 2006
Ano Brasil Região Sudeste Estado do Rio de Janeiro
2003 0,64/10
4
hab. 0,31/10
4
hab. 0,56/10
4
hab.
2004 0,62/10
4
hab. 0,23/10
4
hab. 0,53/10
4
hab.
2005 0,60/10
4
hab. 0,21/10
4
hab. 0,48/10
4
hab.
2006 0,57/10
4
hab. 0,25/10
4
hab. 0,45/10
4
hab.
Fonte: Ministério da Saúde/IDB-2006 e DATASUS
Gráfico 2: Evolução do coeficiente de detecção da hanseníase em menores de quinze anos no Brasil,
Região Sudeste e estado do Rio de Janeiro de 2003 a 2006
O coeficiente de detecção da hanseníase em menores de quinze anos nos
municípios do estado do Rio de Janeiro variou de 0 a 8,98, ou seja, houve
municípios considerados hiperendêmicos.Tabela VII.
53
Tabela VII: Coeficiente de detecção de casos novos em menores de quinze anos por municípios do
estado do Rio de Janeiro nos anos de 2003 a 2006
N Municípios ANO
2003 2004 2005 2006
1 Angra dos reis 0,26 0,25 0 0
2 Araruama 1,18 0,76 0,72 1,06
3 Armação de Búzios 3,36 0 0 0
4 Arraial do Cabo 0 1,48 0 1,40
5 Barra Mansa 0 0 0 0,21
6 Belford Roxo 0,36 0,72 0,69 0,27
7 Bom Jesus do Itabapoana 0 3,27 0 0
8 Cabo Frio 0,70 0,45 0,63 0
9 Cachoeira de Macacu 0,70 0 0 0
10 Campos dos Goytacazes 1,14 1,04 0,51 1,27
11 Casimiro de Abreu 0 0 0 1,36
12 Duque de Caxias 1,28 0,97 0,78 1,05
13 Engenheiro Paulo de Frontin 0
3,38 0 0
14 Guapimirim 0 1,58 0,75 1,47
15 Itaboraí 1,22 0,85 0,81 0,47
16 Itaguaí 1,17 1,91 0,73 0,71
17 Itaocara 1,88 1,88 0 0
18 Itaperuna 0,90 0,89 1,74 0
19 Itatiaia 0 2,51 0 0
20 Japeri 0,70 0,34 1,32 0
21 Macaé 0,99 0,48 0 0
22 Magé 1,07 0,60 0,28 0,99
23 Mangaratiba 0 1,31 1,25 3,65
24 Maricá 0,45 0,43 0,40 0
25 Mesquita 0,21 0,63 0,40 0,60
26 Nilópolis 0,27 0 0 0
27 Niterói 0,93 0,31 0,20 0,50
28 Nova Iguaçu 0,65 0,51 0,62 0,32
29 Paracambi 1,91 0,94 0 0
30 Parati 1,04 0 0 0
31 Petrópolis 0,13 0 0 0
32 Piraí 0 0 0 3,06
33 Quatis 0 3,1 0
8,98
34 Queimados 0,76 0,74 1,43 0,94
35 Quissamã 2,31 0 2,16 2,11
36 Resende 0,67 0,65 0 0,31
37 Rio Claro 0 2,11 0 0
38 Rio das Ostras 0,84 0,81 0,74 0,71
39 Rio de Janeiro 0,41 0,52 0,45 0,46
40 Santo Antônio de Pádua 0 0 0 0,93
41 São Francisco de Itabapoana 0 0,73 0 0
42 São Fidelis 1,08 1,07 0 0
43 São Gonçalo 0,56 0,34 0,50 0,29
44 São João da Barra 0 1,3 0 0
45 São João de Meriti 0,56 0,32 1,19 0,39
46 São José do Ubá
6,01 0 0 0
47 São Pedro da Aldeia 0 0,47 0,90 0,43
48 Saquarema 0 0,61 0 2,26
49 Seropédica 1,93 2,30 1,80 0,88
50 Silva Jardim 1,44 1,42 0 0
51 Tanguá 2,52 2,48 1,19 0
52 Trajano de Moraes 3,84 0 0 0
53 Valença 0,57 0 0,55 0
54 Varre e Saí 4,19 0 0 0
55 Vassouras 0 0 1,11 0
56 Volta Redonda 0,16 0 0,15 0
Fonte: SES-DEC/RJ,2008
54
A detecção dos casos novos foi realizada por encaminhamento (36,6%),
seguido de demanda espontânea (35,8%), havendo três casos não preenchidos (x
2
=
650,792; p = 0,000), também havendo diferença estatisticamente significativa entre o
modo de detecção de casos novos por ano (x
2
= 25,32; p = 0,04). Tabela VIII.
Tabela VIII = Distribuição de freqüência do modo de detecção dos casos novos de hanseníase em
menores de quinze anos
Modo de detecção ANO
Total p
2003 2004 2005 2006
Encaminhamento Casos 80 81 69 54 284
% 10,3% 10,4% 8,9% 6,9% 36,6% 0,04
Demanda espontânea Casos 75 73 67 63 278
% 9,7% 9,4% 8,6% 8,1% 35,8%
Exame de coletividade Casos 14 7 13 4 38
% 1,8% ,9% 1,7% ,5% 4,9%
Exame de contato Casos 35 35 36 53 159
% 4,5% 4,5% 4,6% 6,8% 20,5%
Ouros modos Casos 3 6 2 4 15
% 0,4% 0,8% 00,3% 0,5% 1,9%
Ignorado Casos 1 0 0 2 3
% 0,1% 0 0 0,3% 0,4%
Total Casos 208 202 187 180 777
% 26,8% 26,0% 24,1% 23,2% 100,0%
Observando-se as características clínicas dos casos prevalentes verificou-se
uma distribuição maior na faixa entre 10 a 14 anos, correspondendo a 52,9% dos
casos, com diferença estatisticamente significativa (x
2
= 578,29; p = 0,000); também
havendo diferença significativa no decorrer dos anos estudados ( x
2
= 17,36
; p =
0,04) . Tabela IX. Gráfico 2.
Tabela IX: Distribuição da hanseníase segundo a faixa etária, em portadores menores de quinze anos
no estado do Rio de Janeiro em 2003-2006
Faixa etária Ano Total p
2003 2004 2005 2006
Menor de 1 ano
7
(3,2%)
9
(4,2%)
1
(0,5%)
1
(0,5%)
18
(2,2%)
0,04
1 a 4 anos
17
(7,7%)
12
(5,7%)
15
(7,5%)
17
(9%)
61
(7,4%)
5 a 9 anos
79
(35,9%)
72
(34%)
72
(36,2%)
84
(44,5%)
307
(37,5%)
10 a 14 anos
117
(53,2%)
119
(56,1%)
111
(55,8%)
87
(46%)
434
(52,9%)
Total 220 212 199 189 820
55
Gráfico 3: Distribuição da hanseníase por
faixa etária nos anos estudados
Ano
2006200520042003
Casos
140
120
100
80
60
40
20
0
Faixa Etária
Menores de 1 ano
1 a 4 anos
5 a 9 anos
10 a 14 anos
Quanto à distribuição da doença segundo ao sexo, 49,5% dos casos
ocorreram no sexo feminino e 50,5%, no sexo masculino, sem diferença
estatisticamente significativa (x
2 =
0,07; p = 0,78), inclusive por ano estudado( x
2
=
6,55; p = 0,080). Tabela X e Gráfico 4.
Tabela X
: Distribuição da hanseníase segundo o sexo, em portadores menores de quinze anos no
estado do Rio de Janeiro em 2003-2006
Ano Total P
N (%)
2003 2004 2005 2006
Sexo Feminino 106 99 114 87 406 0,088
48,2% 46,7% 57,3% 46,0%
49,5%
Masculino 114 113 85 102
414
51,8% 53,3% 42,7% 54,0%
50,5%
Total 220 212 199 189
820
56
O banco de dados apresentou uma classificação étnica dos indivíduos de
acordo com cor e raça, tendo que a classificação parda como a maioria (n=297,
38%, x
2
= 589,420; p = 0,000). Porém em 39 casos esta variável não foi anotada; e
em 48 (5,9%) a cor foi ignorada. Não houve diferença nesta distribuição no decorrer
dos anos (x
2
= 15,804
a
; p = 0,395). Tabela XI.
Tabela XI: Distribuição da hanseníase segundo a etnia, em portadores menores de quinze anos no
estado do Rio de Janeiro em 2003-2006
Ano Total p
N
(%)
2003 2004 2005 2006 0,395
Etnia Branca 62 63 55 47 227
30,0% 31,7% 28,9% 25,4% 29,1%
Preta 50 42 46 52 190
24,2% 21,1% 24,2% 28,1% 24,3%
Amarela 4 3 6 2 15
1,9% 1,5% 3,2% 1,1% 1,9%
Parda 69 79 73 76 297
33,3% 39,7% 38,4% 41,1% 38,0%
Indígena 2 0 1 1 4
1,0% 0 0,5% 0,5% 0,5%
Ignorado 20 12 9 7 48
9,7% 6,0% 4,7% 3,8% 6,1%
Total
207
26,5%
199
25,5%
190
24,3%
185
23,7%
781
100,0%
A classe operacional paucibacilar da hanseníase correspondeu a 74,8% dos
casos ( X
2
= 705,588, P = 0,000), mas sem diferença estatisticamente significativa ao
longo dos anos estudados ( x
2
= 7,796, p = 0,253). Tabela XII.
57
Tabela XII: Distribuição da hanseníase segundo classe operacional, em portadores
menores de quinze anos no estado do Rio de Janeiro em 2003-2006
Classe Operacional Ano Total p
2003 2004 2005 2006
Paucibacilar Casos 165 149 159 140 613 0,253
% 20,1% 18,2% 19,4% 17,1% 74,8%
Multibacilar Casos 55 62 38 48 203
% 6,7% 7,6% 4,6% 5,9% 24,8%
Ignorado Casos 1 2 1 4
% 0,1% 0,2% 0,1% 0,5%
Total Casos 220 212 199 189 820
% 26,8% 25,9% 24,3% 23,0% 100,0%
Em relação às formas clínicas da hanseníase, houve predomínio da forma
tuberculóide (44%; x
2 =
770,261; p = 0,000) entre os casos notificados de hanseníase
em menores de quinze anos, no período estudado,mas sem diferença ao longo dos
anos (x
2
= 19,161, p = 0,207).Tabela XIII.
Tabela XIII
: Distribuição da hanseníase segundo as formas clínicas, em portadores menores de
quinze anos no estado do Rio de Janeiro em 2003-2006
Formas Clínicas Ano Total p
2003 2004 2005 2006
Indeterminada Casos 59 56 73 46 234 0,207
% 7,3% 6,9% 9,0% 5,7% 28,9%
Tuberculóide Casos 100 93 83 90 366
% 12,4% 11,5% 10,3% 11,1% 45,2%
Dimorfa Casos 41 43 29 36 149
% 5,1% 5,3% 3,6% 4,4% 18,4%
Virchowiana Casos 12 12 9 9 42
% 1,5% 1,5% 1,1% 1,1% 5,2%
Não classificada Casos 7 3 2 4 16
% 0,9% 0,4% 0,2% 0,5% 2,0%
Ignorada Casos 0 0 0 2 2
% 0 0 0 0,2% 0,2%
Total Casos 219 207 196 187 809
% 27,1% 25,6% 24,2% 23,1% 100,0%
A maioria dos casos (81,7%), com diferença estatisticamente significativa,
não apresentou incapacidade no momento da avaliação (x
2
= 1419,2; p = 0,000),
sendo que 18,4% apresentou incapacidade física grau 1, 2 ou 3 , típicas da
hanseníase,também havendo diferença na freqüência de incapacidades no decorrer
dos anos estudados ( x
2
= 8,593; p = 0,476). Tabela XIV.
58
Tabela XIV: Distribuição da hanseníase segundo o grau de incapacidade
Grau de Incapacidade Ano Total p
2003 2004 2005 2006
0 Casos 186 169 165 150 670 0,476
% 22,7% 20,6% 20,1% 18,3% 81,7%
1 Casos 10 8 12 14 44
% 1,2% 1,0% 1,5% 1,7% 5,4%
2 Casos 5 7 2 3 17
% ,6% ,9% ,2% ,4% 2,1%
3 Casos 19 28 20 22 89
% 2,3% 3,4% 2,4% 2,7% 10,9%
Total Casos 220 212 199 189 820
% 26,8% 25,9% 24,3% 23,0% 100,0%
A quantidade de lesões cutâneas encontradas nos casos variou de nenhuma
a vinte lesões (x
2
= 3642,0; p= 0,000). Os casos que apresentaram maior número de
lesões (n=23; 2,8%), todos eram da classe operacional multibacilar, tendo uma
distribuição de freqüência estatisticamente significante (x
2
= 67,1; p = 0,000). Destes
casos, dezesseis apresentaram a forma clínica dimorfa (2%), e sete, a forma
virchowiana (0,9%). Mas em 11 casos, a forma clínica não foi anotada. Tabela XV.
59
Tabela XV = Quantidade de lesões cutâneas de acordo com a classe operacional da hanseníase
Número de lesões cutâneas Classe operacional Total p
Paucibacilar Multibacilar Ignorado
0 Casos 21 17 3 41 0,000
% 2,6% 2,1% 0,4% 5,0%
1 Casos 390 17 1 408
% 47,6% 2,1% 0,1% 49,8%
2 Casos 115 12 0 127
% 14,0% 1,5% 0 15,5%
3 Casos 40 11 0 51
% 4,9% 1,3% 0 6,2%
4 Casos 19 16 0 35
% 2,3% 2,0% 0 4,3%
5 Casos 17 35 0 52
% 2,1% 4,3% 0 6,3%
6 Casos 2 25 0 27
% 0,2% 3,0% 0 3,3%
7 Casos 1 5 0 6
% 0,1% 0,6% 0 0,7%
8 Casos 3 11 0 14
% 0,4% 1,3% 0 1,7%
9 Casos 0 2 0 2
% 0 0,2% 0 0,2%
10 Casos 1 11 0 12
% 0,1% 1,3% 0 1,5%
11 Casos 1 3 0 4
% 0,1% 0,4% 0 0,5%
12 Casos 0 3 0 3
% 0 0,4% 0 0,4%
14 Casos 0 1 0 1
% 0 0,1% 0 0,1%
15 Casos 3 7 0 10
% 0,4% 0,9% 0 1,2%
16 Casos 0 2 0 2
% 0 0,2% 0 0,2%
18 Casos 0 1 0 1
% 0 0,1% 0 0,1%
19 Casos 0 1 0 1
% 0 0,1% 0 0,1%
20 Casos 0 23 0 23
% 0 2,8% 0 2,8%
Total Casos 613 203 4 820
% 74,8% 24,8% 0,5% 100,0%
Houve diferença estatisticamente significativa na distribuição da classe
operacional da hanseníase em relação ao sexo, sendo mais freqüente a classe
paucibacilar, no sexo feminino, e a classe multibacilar no sexo masculino (x
2
=
12,89; p = 0,002). E também houve diferença significativa quanto à forma clínica,
sendo a forma tuberculóide a mais freqüente em ambos os sexos (x
2
= 18,89; p =
0,002). Tabela XVI. Gráfico 5.
60
Tabela XVI: Distribuição da hanseníase por sexo, segundo a classe operacional, as formas clínicas, a
faixa etária e o grau de incapacidade.
Variável Classificação Sexo X
2
P
F M
Classe operacional Paucibacilar 324 289 12,89 0,002
Multibacilar 79 124
Ignorado 3 1
Forma clínica Indeterminada 121 113 18,89
0,002
Tuberculóide 199 167
Dimorfa 55 94
Virchowiana 15 27
Não classificada 9 7
Ignorada 2
Faixa etária Menor 1 ano 8 10 4,84 0,183
1 a 4 anos 30 31
5 a 9 anos 138 169
10 a 14 anos 230 204
Incapacidade Grau 0 335 335 7,43 0,059
Grau 1 16 28
Grau 2 5 12
Grau 3 50 39
Gráfico 5:Distribuição das formas clínicas entre os sexos
Formas Clínicas
Ignorada
Não classificada
Virchowiana
Dimorfa
Tuberculóide
Indeterminada
casos
300
200
100
0
Sexo
F
M
Não houve diferença significativa na distribuição da hanseníase por sexo,
segundo a faixa etária (x
2
= 4,84; p = 0,183). Mas estudando a distribuição da
hanseníase por sexo segundo o grau de incapacidade, o resultado sugere uma
diferença limítrofe (x
2
= 7,43; p = 0,059). (Tabela XVI). Porém quando foi
desconsiderado o grau 0 de incapacidade (sem incapacidade), houve diferença
61
estatisticamente significativa (x
2
= 7,180; p = 0,029), com a incapacidade grau III
sendo mais freqüente no sexo feminino. Tabela XVII.
Tabela XVII: Distribuição de freqüência de incapacidade pelo sexo
Grau de Incapacidade Sexo Total p
F M
1 Casos 16 28 44 0,029
% 10,7% 18,7% 29,3%
2 Casos 5 12 17
% 3,3% 8,0% 11,3%
3 Casos
%
50
33,3%
39
26,0%
89
59,3%
Total Casos 71 79 150
% 47,3% 52,7% 100,0%
Não houve diferença estatística na distribuição de freqüência das
incapacidades por faixa etária ( x
2
= 10,5; p = 0,308) (tabela XVIII), mesmo quando
não considerando o grau zero (x
2
= 10,366; p = 0,110). Tabela XIX.
Tabela XVIII
: Distribuição da hanseníase segundo o grau de incapacidade por faixa etária, em
portadores menores de quinze anos no estado do Rio de Janeiro no período 2003-2006
Faixa etária Grau de incapacidade Total p
0 1 2 3
Menor 1 ano Casos 15 2 0 1 18 0,308
% Total 1,8% 0,2% 0 0,1% 2,2%
1 a 4 anos Casos 50 2 0 9 61
% Total 6,1% 0,2% 0 1,1% 7,4%
5 a 9 anos Casos 254 10 6 37 307
% Total 31,0% 1,2% 0,7% 4,5% 37,4%
10 a 14 anos Casos 351 30 11 42 434
% Total 42,8% 3,7% 1,3% 5,1% 52,9%
Total
casos
% Total
670
81,7%
44
5,4%
17
2,1%
89
10,9%
820
100,0%
Tabela XIX: Distribuição da hanseníase segundo a incapacidade por faixa etária sendo
desconsiderado o grau 0
Faixa etária Incapacidades Total p
1 2 3
Menor de 1 ano Casos 2 0 1 3 0,110
% 1,3% 0 0,7% 2,0%
De 1 a 4 anos Casos 2 0 9 11
% 1,3% 0 6,0% 7,3%
De 5 a 9 anos Casos 10 6 37 53
% 6,7% 4,0% 24,7% 35,3%
De 10 a 14 anos Casos 30 11 42 83
% 20,0% 7,3% 28,0% 55,3%
Total Casos 44 17 89 150
% 29,3% 11,3% 59,3% 100,0%
62
A incapacidade grau 3, foi mais freqüente na forma tuberculóide, tendo uma
diferença estatisticamente significativa nesta distribuição ( x
2
=90,857; p =
0, 000).Tabela XX.
Tabela XX: Relação entre forma clínica e o grau de incapacidade
Formas clínicas Grau de incapacidade Total p
0 1 2 3
Indeterminada
Casos 202 5 0 27 234
0,000
% 25,0% 0,6% 0 3,3% 28,9%
Tuberculóide
Casos 313 11 3
39 366
% 38,7% 1,4% 0,4% 4,8% 45,2%
Dimorfa
Casos 106 20 10 13 149
% 13,1% 2,5% 1,2% 1,6% 18,4%
Vichowiana
Casos 33 6 2 1 42
% 4,1% 0,7% 0,2% 0,1% 5,2%
Não classificada
Casos 10 1 2 3 16
% 1,2% 0,1% 0,2% 0,4% 2,0%
Ignorada
Casos 0 0 0 2 2
% 0 0 0 0,2% 0,2%
Total
Casos
%
664
82,1%
43
5,3%
17
2,1%
85
10,5%
809
100,0%
A classe operacional paucibacilar apresentou mais casos de incapacidade
grau 3; e o grau 2 foi mais freqüente na forma multibacilar, com uma distribuição
estatisticamente significante (x
2
= 67,164; p = 0, 000). Tabela XXI.
Tabela XXI: Relação entre classe operacional e o grau de incapacidade
Classe Operacional Grau de Incapacidade Total p
0 1 2 3
Paucibacilar Casos 525 17 6 65 613 0,000
% 64,0% 2,1% 0,7% 7,9% 74,8%
Multibacilar Casos 144 27
11 21 203
% 17,6% 3,3% 1,3% 2,6% 24,8%
Ignorada Casos 1 0 0 3 4
% 0,1% 0 0 0,4% 0,5%
Total Casos 670 44 17 89 820
% 81,7% 5,4% 2,1% 10,9% 100,0%
Em relação à evolução dos casos de hanseníase em menores de quinze anos,
houve a cura de 87,4% dos casos, e apenas um óbito sem registro da causa. E em
44 (5,4%) casos esta variável não foi anotada. Tabela XXII. Não houve diferença
significativa desta, ao longo dos anos estudados (x
2
= 18,10; p = 0,257).
63
Tabela XXII: Distribuição de freqüência da evolução dos casos de hanseníase em menores de quinze
anos
Tipo de Alta
Frequência
(n)
Percentagem
(%)
X
2
p
Cura 717 87,4 3210,01 0,000
Óbito 1 0,1
Transferências
para outro país
25 3,0
Abandono 29 3,5
Erro Diagnóstico 4 0,5
Total 776 94,6
Os casos em que mais se obteve cura foram os da forma tuberculóide da
hanseníase (n = 328; x
2
= 55,67; p = 0,0004), não havendo diferença
estatisticamente significativa na relação da evolução da doença com nenhuma outra
característica clínica. Tabela XXIII.
Tabela XXIII: Evolução da hanseníase por faixa etária, sexo, forma clínica, grau de incapacidade, e
classe operacional.
Tipo de Alta
Cura Óbito Transf. Abandono Erro
Diagnóstico
x
2
p
Faixa
Etária
Menor de 1 ano 16 12,99 0,60
1 a 4 anos 55 3
5 a 9 anos 273 5,00 9 3
10 a 14 anos 373 1 17 20 1
Sexo
F
M
360
357
1
10
15
16
13
4
7,77 0,16
Forma
Clínica
Indetermi.
Tuberculói.
Dimorfa
Virchowiana
Não classificada
Ignorada
203
328
124
38
14
1
1
6
10
7
1
10
12
5
1
1
2
1
1
55,67
0,00
Grau
Incapacid.
0
1
2
3
588
42
13
74
1
19
4
3
24
1
4
4
17,06 0,31
02Classe
Operacio.
Paucibacilar
Multibacilar
Ignorado
541
172
4
1
17
8
23
6
3
1
4,32 0,93
A percentagem dos casos com incapacidades físicas entre os casos novos
detectados e avaliados ao ano estima a efetividade das atividades para detecção
precoce de casos e estima a endemia oculta. Tabela XXIV.
64
Tabela XXIV: A percentagem dos casos com incapacidades físicas entre os casos novos detectados
e avaliados ao ano
Ano
2003 2004 2005 2006
Incapacidade entre os casos novos
72,7% 55% 64,5% 65,7%
A qualidade do atendimento dos serviços de saúde é classificada de acordo
com a percentagem dos casos novos diagnosticados no ano que iniciaram a
poliquimioterapia padrão OMS. Tabela XXV.
Tabela XXV: A percentagem dos casos novos diagnosticados no ano com grau de incapacidade física
avaliado.
Ano
2003 2004 2005 2006
Casos novos diagnosticados no ano
com grau de incapacidade
15,7% 20,2% 16,5% 21,1%
A efetividade dos tratamentos administrados é verificada pela percentagem
de cura entre os casos novos diagnosticados nos anos das coortes. Tabela XXVI.
Tabela XXVI: A percentagem de cura entre casos novos diagnosticados nos anos das coortes.
Ano
2003 2004 2005 2006
Cura entre os casos novos diagnosticados
nos anos das coortes
87,1% 91,5% 88,2% 82,7%
A qualidade do atendimento dos serviços de saúde também pode ser medida
pela percentagem de casos curados no ano com grau de incapacidade física
avaliado. Tabela XXVII.
65
Tabela XXVII: A percentagem de casos curados no ano com grau de incapacidade física avaliado.
Ano
2003 2004 2005 2006
Casos curados no ano com grau
de incapacidade física avaliado
31,9% 34,5% 35,5% 37,3%
A capacidade dos serviços de saúde podem ser avaliados através da
percentagem de abandono de tratamento entre os casos novos diagnosticados nos
anos das coortes. Tabela XXVIII.
Tabela XXVIII: Percentagem de abandono de tratamento entre os casos novos diagnosticados nos
anos das coortes.
Ano
2003 2004 2005 2006
Abandono de tratamento entre os
casos novos diagnosticados nos anos das coortes
4,2% 3,9% 3,7% 1,1%
66
DISCUSSÃO
Apesar de a hanseníase ser uma doença de notificação compulsória, seus
índices são pouco divulgados nos meios de comunicação, sendo apenas veiculados
nos informes epidemiológicos de jornais e revistas especializadas. Muito menos
ainda são divulgados os números elevados da hanseníase na infância.
São quase quatro mil crianças com a doença no país (BRASIL, MINISTÉRIO DA
SAÚDE; 2004). Apesar disto, são poucos os trabalhos científicos que já tenham
estudado as características da hanseníase na infância.
A população deste estudo representou 6,0% do total doentes de hanseníase,
em todas as faixas etárias, no estado do Rio de Janeiro. Este resultado ficou abaixo
dos resultados anteriores, visto que, em 2003, o estado apresentou 7% de crianças
com hanseníase (SVS//MS, 2004). Isto, provavelmente, porque o governo brasileiro
vem incluindo a hanseníase entre os agravos prioritários para intervenção, seguindo
as diretrizes da Organização Mundial da Saúde (OMS) para os países endêmicos.
Dentre elas inclui-se o diagnóstico precoce da hanseníase, com ações dirigidas aos
menores de quinze anos, fortalecimento das atividades de vigilância epidemiológica,
bem como a ampliação do acesso ao diagnóstico, tratamento, prevenção de
incapacidades e reabilitação dos pacientes, em todos os níveis da atenção à saúde.
Ou seja, os dados de detecção passam a ser os mais importantes para monitorar a
endemia (SES/SVS,2004).
para ARAÚJO (2001), mudanças sócio-econômicas são os maiores
determinantes da queda da incidência de hanseníase ocorrida nos países
desenvolvidos e parece ser um dos principais componentes no declínio da incidência
em alguns países em desenvolvimento. A hanseníase é considerada ser relacionada
às condições socioeconômicas, tais como: o crescimento acelerado da população
destas áreas, o deslocamento de contingente populacional de áreas rurais para as
67
cidades, que pode não ter sido acompanhado de melhoria da estrutura urbana com
conseqüente declínio nas condições de vida dessas populações (HELENE &
SALUM, 2002). Confirmando este fato, este trabalho verificou maior coeficiente de
detecção da hanseníase em menores de quinze anos durante os anos pesquisados,
em municípios com baixo índice de qualidade dos municípios (IQM): em 2003, São
José do Ubá que foi o 89º do ranking (classe D); em 2004, Engenheiro Paulo de
Frontin em 73º lugar (classe C); em 2005, Quissamã em 24º (classe B); e em 2006,
Quatis em 65º (classe C) (FUNDAÇÃO CIDE, 2008).
Durante o período estudado, não se observou diferença estatisticamente
significativa na freqüência de notificação de casos de hanseníase no decorrer dos
anos (x
2
= 0,36; p = 0,947), mantendo-se quase uma constante, tanto no caso dos
maiores de quatorze e como no de menores de quinze anos de idade , no estado do
Rio de Janeiro (Gráfico 1). Este dado é comparável aos dados nacionais já que
atualmente no Brasil, o número de casos novos tem se mantido estável, mostrando
que muitos casos novos irão surgir nos próximos anos. Um fato preocupante é essa
prevalência oculta, definida como os casos novos esperados que não estejam sendo
diagnosticados ou o são tardiamente (SANCHES et al, 2007;GOULART et al,2002).
Neste sentido, OPROMOLLA e cols. (2005), observaram que o
comportamento de detecção de casos de hanseníase se mantém constante nos
últimos 30 anos, constatando ainda que a distribuição da hanseníase no Brasil
ocorre de maneira desigual entre as áreas.
Apesar dos municípios do Rio de Janeiro e de Caxias terem notificados mais
casos de hanseníase em crianças, em função de serem os mais populosos, não
tiveram coeficientes de detecção dos mais altos (Tabela IV). Isto porque o parâmetro
do cálculo deste indicador é a base populacional, o que eleva o coeficiente de
municípios com menor quantidade populacional. Em 2003, São José do Ubá
apresentou o coeficiente de 6,01; em 2004, Engenheiro Paulo de Frontin com 3,38;
em 2005 Quissamã com 2,16; e em 2006 Quatis com 8,98; foram os municípios
classificados como hiperendêmicos nestes períodos. Em 2006, dez municípios foram
considerados hiperendêmicos, com coeficiente de detecção de hanseníase em
menores de quinze anos acima de um: Araruama (1,06), Arraial do Cabo (1,40),
Casimiro de Abreu (1,36), Duque de Caxias (1,05), Guapimirim (1,47), Mangaratiba
(3,65), Piraí (3,06), Quatis (8,98), Quissamã (2,11), e Saquarema (2,26).
68
Ressalta-se que o diagnóstico precoce e o tratamento efetivo da hanseníase,
impedem que uma parcela importante da população seja infectada precocemente e
desenvolva a doença, que os indivíduos de alta resistência também adoeçam e que
os indivíduos apresentem incapacidades e contribuam para a manutenção do
estigma da doença. Medidas que permitam o esclarecimento da população e, em
especial, a reorientação social, científica e tecnológica dos profissionais e serviços
de saúde tornam-se urgentes para a reversão da realidade do Brasil e,
conseqüentemente, do estado do Rio de Janeiro (ARAÚJO, 2004).
Uma estratégia recomendada pelo Ministério da Saúde é aumentar o
reconhecimento da doença em seu estágio inicial pela população. Interroga-se se a
divulgação e informação sobre a doença têm mostrado ser eficiente. Em estudo
recente realizado na região metropolitana do Estado do Rio de Janeiro em 2002, foi
observado um grande desconhecimento por parte da população sobre a doença.
Apenas 5,9% da população entrevistada foram capazes de identificar as
manifestações iniciais relacionadas à categoria hanseníase. A realização de
campanhas freqüentes, com distribuição de panfletos e outras atividades educativas
junto à comunidade, podem ser benéficas neste sentido (CUNHA, 2007).
Este fato também foi verificado em nosso estudo, uma vez que a forma mais
freqüente de entrada do caso no sistema foi através de encaminhamento ( n= 780,
95,1%).
Ao analisar a hanseníase com relação ao sexo, não houve diferença
estatisticamente significativa (x
2
= 0,078; p = 0,780) entre os acometidos (F= 49,5%,
M = 50,5%; gráfico 4 ). Este resultado é corroborado por outros estudos (FERREIRA;
ALVAREZ; 2005), exceto um estudo na Índia (JAIN et al, 2002) onde foi visto um
maior percentual nos meninos (60%). Em um trabalho realizado em Pernambuco em
2002, a distribuição da hanseníase por sexo em adultos, mostrou predominância do
sexo feminino, contrariamente aos relatos da literatura internacional. Os autores
justificaram tal fato, pela região estudada apresentar “vocação para a área materno-
infantil e saúde pública”, influenciando na população sob vigilância com nítida
predominância de mulheres e crianças. Na maioria dos estudos de prevalência por
sexos, os homens são mais afetados que as mulheres na razão de 2:1, como nas
Filipinas, Índia, Havaí e Camarões. NORDEEN (1999) atribui a diferença entre sexos
69
a determinados vieses como nos serviços em que a maioria dos profissionais é
homem e o exame na mulher é feito de modo menos completo e menos satisfatório,
particularmente em situações culturais, resultando numa sub-detecção de
hanseníase no sexo feminino. Esta diferença entre sexos é menos registrada em
crianças e a predominância em homens (variando em algumas áreas) estaria
relacionada à oportunidade de contato, maneira de vestirem-se, hormônios, genes
ou fatores sociais; variáveis estas que permanecem interrogadas (OLIVEIRA, 2002).
quando avaliado o sexo relacionado a outras varáveis, este estudo
verificou diferença estatisticamente significativa em relação à classe operacional (p =
0,002), sendo a forma paucibacilar mais freqüente no sexo feminino ( n = 324); e a
forma clínica tuberculóide a mais freqüente em ambos os sexos ( M = 167; F= 199;
Tabela XVI). Os resultados dessa associação foram compatíveis com a literatura,
como por exemplo, no estudo de LIVORATO et al (1987) , que mostra um
predomínio da forma paucibacilar no sexo feminino.
Apesar da literatura considerar a forma dimorfa de hanseníase rara em
crianças, em nosso estudo formam notificados 149 casos da forma dimorfa em
menores de quinze anos. Pacientes sendo diagnosticados na forma dimorfa
demonstra diagnóstico tardio. LANA et al.(2004) alertam que pacientes menores de
quinze anos, diagnosticados já de formas polarizadas, demonstram alta prevalência
da doença, pois deveriam ser diagnosticados na forma Indeterminada, que é a inicial
da doença. Segundo a bibliografia consultada, na infância há predomínio da forma
turbeculóide, seguida pela forma indeterminda; já a forma virchowiana aumenta sua
freqüência com a idade (HINRICHSEN et AL, 2004). Neste presente trabalho foi
verificado predomínio da forma tuberculoíde (n = 366), seguida da indeterminada (n=
234; Tabela XIII).
Apesar de existir uma forma clínica específica na infância, a forma nodular
infantil, a mesma não consta no banco de dados, provavelmente por ser uma
variante da forma tuberculóide, por isto não foi detectada na pesquisa.
Quanto à distribuição dos casos por faixa etária, observou-se que a
freqüência dos casos aumenta com a idade, com apenas 3,26% dos casos
ocorrendo em crianças menores de um ano e 52,86% dos casos ocorrendo em
crianças de dez a quatorze anos ( P = 0,000; Tabela IX). Este resultado também foi
70
compatível com os dados da literatura (SAHOO et al, 2002). A bibliografia
pesquisada justificou, de forma unânime, a menor prevalência da hanseníase em
crianças menores de sete anos de idade, pela proteção orgânica natural e pelo
tempo longo de incubação do bacilo. Porém, vários estudos detectaram a doença
em crianças pequenas. Em Campina Grande (PB), em 2003, foi detectado um
coeficiente de 1,02/10.000 habitantes em menores de quinze anos, sendo a idade
mínima encontrada, de oito anos (RAPOSO, 2004). Em Curionópolis, no sudeste do
Pará, foi registrado um caso abaixo de três anos de idade (AMADOR, 2001). Em
1999, em Hyberabad na Índia, foi publicada uma pesquisa que verificou a presença
da hanseníase em uma criança de nove meses de vida (JAIN et, 2002). No Estado
do Rio de Janeiro, onze municípios (10,67%) diagnosticaram a doença em crianças
abaixo de um ano (2,2%), no período do estudo.
Segundo Bechelli, Dominguez & Patwary (HINRICHSEN at al, 2002), existiria
forte correlação entre forma clínica e idade, tendo maior prevalência as formas
paucibacilares na infância. No Estado do Rio de Janeiro a distribuição das formas
clínicas da hanseníase em crianças ocorreu conforme os dados da literatura, tendo
uma maior proporção das formas paucibacilares (73,75%). Quando a classificação
operacional paucibacilar apresenta-se em maior número que a multibacilar, reflete
que a endemia ainda está sem controle, pois só quando houver inversão dos valores
dos grupos multibacilar e paucibacilar; prevalecendo o primeiro, que é o grupo mais
suscetível a adoecimento, a endemia estará caminhando para o controle e possível
eliminação (OLIVEIRA et al, 2002).
Comparando a freqüência das incapacidades na avaliação inicial e no
momento da alta, verificou-se uma diferença estatisticamente significativa, havendo
piora do grau das incapacidades detectadas. Este fato pode ser reflexo de um
diagnóstico tardio interferindo no processo de reabilitação, possibilidade também
destacada no trabalho de FERREIRA & ALVAREZ (2005), que estudou a
hanseníase em menores de quinze anos no município de Paracatu em Minas
Gerais. A maioria dos doentes, quando diagnosticados precocemente, não
apresenta incapacidades. O risco de aparecimento das incapacidades aumenta com
o tempo de duração da doença. Portanto, o percentual de casos descobertos já com
alguma incapacidade, sejam apenas com alterações na sensibilidade da pele (Grau
71
1) ou já com perda de força muscular e/ou deformações (Grau 2); pode ser
considerado diagnóstico tardio (GOULART et al, 2002; LANA et al, 2004; SUÁREZ
et al ,1997). A percentagem dos casos com incapacidades físicas entre os casos
avaliados é considerada alta, quando ultrapassa os 10%, média, se encontrado
entre 5 e 10%; e baixa, se esta porcentagem for menor do que 5% (BRASIL,
MINISTÉRIO DA SAÚDE; 2002). Ela estima a efetividade das atividades para
detecção precoce de casos e estima a endemia oculta. Esta variável em menores de
quinze anos de idade foi classificada como alta (acima de 10%) no estado do Rio de
Janeiro em todos os anos estudados.
Apesar da quantidade relativamente grande de publicações existentes sobre
incapacidades físicas na hanseníase deve-se observar que a quantidade de
trabalhos publicados sobre essas incapacidades na criança é bastante reduzida. A
quantidade de crianças que apresentaram algum grau de incapacidade física está
compatível com a literatura. Segundo vários trabalhos, há relação entre
incapacidade em criança e o sexo, havendo predomínio no sexo masculino (COSTA
& PATRUS,1992).
O número de deformidade em crianças aumenta com a idade (JIMÉNEZ,
2006), fato também constatado neste trabalho, onde a maioria dos pacientes com
algum grau de incapacidade estava na faixa etária de 10 a 14 anos, embora tenham
sido encontradas incapacidades em crianças abaixo desta faixa. A hanseníase em
menores de 5 anos pode ser potencialmente incapacitante, em virtude do
acometimento precoce e da possibilidade do aparecimento de deformidades,
embora muitos estudos epidemiológicos revelem ser rara a ocorrência de
incapacidades graves em crianças (AMADOR et al,2001). Neste estudo, dez
crianças com idade abaixo de cinco anos apresentaram grau avançado de
incapacidade física, sendo que uma criança tinha idade inferior a um ano.
A incapacidade grau 3, é citada como de baixa freqüência em crianças,
porém em nosso estudo esta foi diagnosticada em 89 casos, representando 59,3%
do total de crianças com incapacidade. Esse fato é preocupante, pois as
incapacidades não fazem parte, necessariamente, do quadro e evolução clínica da
hanseníase. Essas incapacidades ocorrem em grande parte por falhas dos
programas de controle de hanseníase, no tocante ao diagnóstico e tratamento
72
adequados. Num programa bem estruturado, as incapacidades, principalmente as
do tipo secundário, que podem ser prevenidas com ações educativas adequadas,
raramente deverão ocorrer. Portanto, a presença de incapacidades no momento do
diagnóstico pode indicar diagnóstico tardio da hanseníase e, conseqüentemente,
controle ineficaz da doença, já que as incapacidades só se desenvolvem mais
tardiamente. Desse modo, pode-se considerar o registro de incapacidades no
momento do diagnóstico como um bom indicador para a avaliação de um programa
de hanseníase (COSTA & PATRUS, 1992).
A quantidade de lesões, usualmente, reflete a resistência do organismo ao
bacilo, sendo inversamente proporcional ao número de lesões e às áreas corporais
afetadas, e, assim quanto menor a resistência, mais numerosas são as lesões.
Considerando que a maioria dos casos estudados pertencia à forma tuberculóide e,
portanto com maior resistência, observou-se maior número de casos com lesão
única (HINRICHSEN et AL, 2004).
Quanto à análise do número de lesões em relação às formas clínicas e classe
operacional, é significativa a diferença entre os grupos. Os casos que apresentaram
maior número de lesões cutâneas, todos eram da classe operacional multibacilar.
Destes casos 16 apresentavam a forma clínica dimorfa e 7 a virchowiana,
demonstrando a baixa resistência ao bacilo.
O abandono do tratamento é um obstáculo que deve ser superado. No Brasil,
em média, 15% dos pacientes abandonam os procedimentos antes de completar o
ciclo de terapia (NLR, 2008). O estado do Rio apresentou um resultado bastante
inferior a esta média nacional (3,2%). Provavelmente este resultado se deve pela
cobertura do programa de controle da hanseníase ocorrer em 100% dos municípios,
além da descentralização em todos os noventa e dois municípios das ações
programáticas de controle da hanseníase (PIMENTEL et al, 2004).
Também foi verificado no período, que os serviços de saúde estão bem
capacitados em assistir aos casos de hanseníase em menores de quinze anos, pois
o indicador que mede esta capacidade (percentagem de abandono de tratamento
entre os casos novos diagnosticados nos anos das coortes) foi classificado como
bom em todos os anos estudados (abaixo de 10%).
73
A qualidade do atendimento dos serviços de saúde é classificada de acordo
com a percentagem dos casos novos diagnosticados no ano que iniciaram a
poliquimioterapia padrão OMS. Os serviços de atendimento à criança com
hanseníase foram considerados bons em todos os anos estudados, pois o resultado
foi sempre acima de 98% (em 2003 foi de 99,5% e nos demais anos, 100%). Porém
quando a qualidade dos serviços é medida com o indicador percentagem de casos
novos diagnosticados no ano com grau de incapacidade física avaliado, os serviços
tiveram a classificação de precária, pois em todos os anos tiveram resultados abaixo
de 75%.
A efetividade dos tratamentos administrados é verificada pela percentagem
de cura entre os casos novos diagnosticados nos anos das coortes e é considerada
boa, quando o resultado é acima de 90%. Só no ano de 2004, o resultado foi bom
(91,5%). Nos demais anos o resultado foi regular.
A qualidade do atendimento dos serviços de saúde, quando medida pela
percentagem de casos curados no ano com grau de incapacidade física avaliado
obteve a classificação de precário (abaixo de 75%).
A importância da taxa de detecção em menores de 15 anos é reconhecida
por diversos autores e adotada pelo Ministério da Saúde como um dos indicadores
epidemiológicos que contribui para a compreensão do comportamento endêmico da
hanseníase em um determinado local.
Este estudo deparou-se com taxas de detecção consideradas altas para essa
faixa etária no Estado do Rio de Janeiro. Além disso, o alto percentual desses casos
diagnosticados com alguma incapacidade física e/ou com as formas clínicas
multibacilares nesse grupo demonstraram a força de transmissão da doença e a
manutenção da endemia na região, o que proporciona contato precoce da população
com bacilo. Os resultados também sugerem a existência de uma prevalência oculta
da doença que deve ser enfrentada, visando o diagnóstico precoce da forma inicial
Indeterminada.
Esses problemas na verdade são decorrentes da ausência de um trabalho
sistematizado de divulgação de sinais e sintomas junto à comunidade, falta de
74
capacitação da equipe multiprofissional quanto ao diagnóstico, tratamento e
prevenção de incapacidades e a não promoção de atividades educativas.
Por outro lado, também existem fatores como, as subnotificações, a
negligência quanto à avaliação do grau de incapacidade e a possibilidade de uma
endemia oculta que justificam, por exemplo, e a incidência elevada de grau de
incapacidade zero. Além da dificuldade natural de se avaliar grau de sensibilidade
em crianças.
Embora a busca ativa seja uma das estratégias mais importantes para a
descoberta de casos em crianças menores de quinze anos, os resultados mostraram
que esse método foi responsável somente por uma pequena parte dos doentes
notificados. Isso evidencia uma passividade dos serviços de saúde, que estariam
apenas recebendo aqueles pacientes que procuram o serviço após desenvolver as
formas mais agravantes da doença.
Ficou demonstrada a necessidade de busca ativa na população menor de
quinze anos, tanto pelas altas taxas de detecção quanto pelo percentual destes em
relação ao total de casos novos. Uma estratégia seria a avaliação e
acompanhamento dos escolares, dentro da prevenção primária nos programas de
atenção integral à saúde da criança e do adolescente.
A efetividade das ações do programa de controle da hanseníase depende do
nível de comprometimento dos gestores, de sua autonomia na estrutura política de
saúde de cada município, e até do conhecimento acerca da enfermidade pelos
profissionais responsáveis (PIMENTEL et al, 2004). Por isto se faz necessário o
contínuo treinamento e capacitação de profissionais da área de saúde, para auxiliar
no diagnóstico precoce da hanseníase em crianças.
75
CONCLUSÕES
Com base nos resultados obtidos, pode-se concluir que no grupo estudado:
A forma de hanseníase de maior prevalência foi a tuberculóide, respondendo
por 44,6% dos casos (n = 366), (p<0,000), havendo, portanto, endemicidade
com evidências ainda de expansão da doença;
Quanto à distribuição dos casos por faixa etária, observou-se que a
freqüência dos casos aumenta com a idade (x
2
= 578,293; p = 0,000)
A classe operacional de maior freqüência no sexo feminino foi a paucibacilar,
prevalecendo no sexo masculino, a multibacilar (x
2
= 12,89; p = 0,002);
Nas formas paucibacilares houve predomínio de lesão única (63,6%),
enquanto nas multibaciares apresentaram variação de cinco a vinte lesões
(64%) dos casos (x
2
= 462,3; p =0,000);
Entre os pacientes paucibacilares, a maioria apresentava a forma tuberculóide
(58,5%), sendo os multibacilares em sua maioria portadores das formas
dimorfa e virchowiana (69,7% e 20,2%, respectivamente) (x
2
= 651,9;
p=0,000);
Os casos em que mais se obteve cura foram os da forma tuberculóide da
hanseníase (x
= 55,67; p = 0,000);
A incapacidade grau 3, foi mais freqüente na forma tuberculóide, tendo uma
diferença estatisticamente significativa nesta distribuição
O Estado do Rio de Janeiro ainda não controlou totalmente a endemia
hansênica, pois apresentou municípios com altas taxas de detecção da hanseníase
em menores de quinze anos.
O Estado também apresentou uma endemia oculta, pois ainda é realizado o
diagnóstico da hanseníase na infância tardiamente.
76
Apesar da baixa letalidade e baixa mortalidade, o acometimento da
hanseníase em crianças, quando não diagnosticada a tempo e tratada, pode
repercutir no futuro destes indivíduos como conseqüência dos problemas físicos,
sociais e psicológicos decorrentes da doença.
Devem ser incentivadas estratégias de saúde pública para prevenção primária
da doença perante a comunidade. Além do incentivo ao treinamento de profissionais
de saúde quanto ao diagnóstico precoce, tratamento e reabilitação da hanseníase
na infância.
77
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www.rededecaridade.com.br/imagens/ghana2.jpg,
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