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ESCOLA NACIONAL DE CIÊNCIAS ESTATÍSTICAS
POPULAÇÃO EM MOVIMENTO, POLÍTICAS PÚBLICAS E PERTENCIMENTO:
RURALIDADES FLUMINENSES.
Dissertação apresentada como requisito parcial
para obtenção do grau de Mestre pelo Programa
de Pós-graduação em Estudos Populacionais e
Pesquisas Sociais, área de concentração,
Demografia, da Escola Nacional de Ciências
Estatísticas.
MESTRANDA: RITA MARIA DA SILVA PASSOS
ORIENTADORA: PROFª. DRA. NEIDE LOPES PATARRA
Foto: Sebastião Salgado
RIO DE JANEIRO
FEVEREIRO DE 2005
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4.4. População em Movimento em Campos: Políticas, Migrações e
Pertencimento.
4.4.1. Metodologia do Estudo de Caso
São essas as diferenças intramunicipais: o contraste do novo e o velho,
associado à dinâmica do petróleo, ao recebimento de royalties, a exigência de mão-
de-obra altamente especializada com atividades associadas à agropecuária
tradicional, que mantém mão de obra pouco qualificada em termos de educação
formal, que fazem o município atraente para a compreensão das relações rurais –
urbanas deste início de século.
O estudo de caso é resultado da observação participante e entrevistas
realizadas durante o período de 12/07/2004 a 30/07/2004; foram realizados, ao todo,
32 entrevistas com técnicos responsáveis pelas localidades visitadas da Empresa de
Assistência Técnica e Extensão Rural (EMATER_RIO), produtores-assentado,
produtores rurais e representantes dos movimentos sociais e estudiosos na Região.
A seleção dos entrevistados obedeceu aos critérios de disponibilidade e atuação
ativa na área, entendendo como atuação ativa todos aqueles técnicos e produtores
que de fato atuam na região. As áreas escolhidas para a realização do trabalho de
campo foram Dores de Macabu, o distrito de Santa Maria, e os assentamentos de
Antônio de Farias, Che Guevara, Ilha Grande e Zumbi dos Palmares, obedecendo
aos critérios de facilidade de acesso às áreas (transporte) e aos entrevistados
(solicitude).
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Cabe ressaltar que o procedimento qualitativo pretende iluminar algumas das
dimensões da vida social dos entrevistados, entretanto, a sistematização das
informações levantadas (contexto e perguntas) foi omitida do trabalho em si,
priorizando, assim, a tematização das informações (ver em anexo). Neste sentido, o
trabalho ressente-se da ausência do contexto e das perguntas realizadas.
Tabela 69: Perfil dos Informantes
Absoluto (% ) Absoluto (% )
20 - 29 anos - 4 24%
30 - 39 anos 4 27% 4 24%
40 - 49 anos 5 33% 5 29%
50 - 60 anos 3 20% 4 24%
60 e mais anos 3 20% - -
Total 15 100% 17 100%
Homens Mulheres
Grupo Etário
Fonte: Trabalho Qualitativo, 2004.
Tabela 70: Perfil dos Informantes, segundo a atividade desenvolvida no setor
agrícola – Campos dos Goytacazes, 2004.
Absoluto (%) Absoluto (%)
Produtor
2 13% 1 6%
Produtor - Assentado
7 47% 9 53%
Re
p
resentante do Movimentos sociais
1 7% 2 12%
Pesquisadores e Representantes de Instuições
Públicas
1 7% 2 12%
Técnicos
2 13% 2 12%
Ex-produtores
2 13% 1 6%
0%
0%
Total
15 1 17 100%
Homens Mulheres
Condição
Fonte: Trabalho Qualitativo, 2004.
Anteriormente às visitas nas localidades selecionadas, foi estabelecido um
contato com técnicos da EMATER-RIO, moradores e pessoal engajado nos
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movimentos sociais, a fim de estabelecer uma aproximação, em especial, com o
público assentado. O primeiro foi realizado no dia 14/07 em Campos, no Sindicato
dos Produtores Rurais, em um Encontro sobre Agroecologia.
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DESCRIÇÃO DAS ÁREAS.
1. Distrito de Dores de Macabu: distrito do município de Campos, tradicionalmente
reconhecido por sua característica de produção agrícola familiar. Conforme os
dados censitários de 2000, possui uma população de cerca de 7500 pessoas
subdivididas da seguinte forma: 68 % em áreas rurais e 32% em áreas
consideradas urbanas, apresentando 51% de homens e 49% mulheres em ambas
as áreas.
Fonte: Geocities Fonte: Geocities
2. Assentamento de Antônio de Farias: é um assentamento-modelo, resultado da
desapropriação da Fazenda Santa Rita do Jacutinga. Possui 83 famílias assentadas,
divididas em 9 núcleos. O projeto do assentamento é endossado pelo governo do
Estado, que vê o projeto como modelo para o desenvolvimento sustentável.
185
Foto: Assentamento Antônio de Farias. Rita Passos
O assentamento fica a oeste do Município de Campos dos Goytacazes,
próximo à Lagoa de Cima, uma área montanhosa e de veraneio de Campos dos
Goytacazes, considerada um refúgio para as fortes temperaturas do verão Campista.
Foto: Lagoa de Cima, Secretaria Municipal de Turismo de Campos.
186
3. Zumbi dos Palmares: é resultado da desapropriação das terras da Usina São
João, o maior latifúndio de Campos dos Goytacazes e do Estado do Rio de Janeiro,
com 8.005,2 ha. As terras da Usina São João vão de Guarus a São Francisco do
Itabapoana. A ocupação deste acampamento marca retorno do Movimento dos
Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) ao Estado do Rio de Janeiro, em 02 de
novembro de 1997. Estão ali assentadas 507 famílias, divididas em 5 núcleos: Zumbi
1, com 150 famílias; Zumbi 2, com 79 famílias; Zumbi 3, com 63 famílias; Zumbi 4
com 166 famílias, e; Zumbi 5, com 69 famílias.
Foto: Entrada do assentamento Zumbi dos Palmares. Rita Passos
187
Foto: Entrada do assentamento Zumbi dos Palmares. Rita Passos.
Foto: Assentamento Zumbi dos Palmares, núcleo 4. Rita Passos.
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4. Assentamento Che Guevara e Ilha Grande: são dois assentamentos que se
originaram do mesmo acampamento. Situa-se em Baixa Grande, litoral oeste do
município. Área esta que Rua et al (2001) pontua como sendo um sub-eixo de
urbanização da antiga Estrada do Açúcar, que liga o Centro de Campos ao Litoral.
Foi a segunda ocupação sob o comando do MST, em sua retomada no Estado em
1998. O Che Guevara possui 74 famílias e o assentamento de Ilha Grande, 52
famílias em uma área de baixada.
Foto: Assentamento Che Guevara, lote Canudos. Rita Passos
Ambos ficam próximos da região litorânea do Município, reconhecida pelo
turismo praieiro, porque fica próximo do Farol de São Tomé.
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Foto: Pôr-do-Sol no Farol de São Tomé, Secretaria Municipal de Turismo de Campos.
4. Distrito de Santa Maria de Campos: é o 18º Distrito de Campos dos Goytacazes.
Possui uma população de aproximadamente 4000 pessoas e fica ao nordeste de
Campos de Goytacazes, onde a população, conforme os dados censitários, distribui-
se em 63% urbana e 37 % rural. Por sua vez, distribuídos em 49% de homens e 51
% de mulheres na área urbana e 52 % homens e 48% mulheres na zona rural.
Foto: Fazenda em Santa Maria de Campos, Rita Passos.
5. Centro de Campos dos Goytacazes, ou Distrito de Campos: é o centro do
município, possui uma vasta e diversificada oferta de produtos e serviços, uma
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moderna infra-estrutura no setor viário urbano, ainda por progredir, em especial nas
áreas de lazer e entretenimento. Possui o maior percentual de população urbana
com 98% do município residindo em áreas urbanas.
Fonte: COSEAC/UFF Fonte: COSEAC/UFF
A partir dessas definições e observações foi elencado um conjunto de temas
que apareceram no trabalho de campo e seguem a seguir:
4.4.4.1. População em Movimento em Campos dos Goytacazes e as Migrações:
as trajetórias rurais e urbanas.
Entre as trajetórias dos migrantes selecionados rumo à cidade, observa-se
que os principais motivos estão: a falta de oportunidades no campo e a possibilidade
de buscar fora melhores condições de vida para o campo.
Segundo o Informante A, um estudioso da região, de 47 anos de idade, auto
intitulado de filho do Êxodo Rural: “Só vim para cidade porque não tinha opção.” O
mesmo Informante, antes de se tornar professor, teve, em sua trajetória, o trabalho
durante sua juventude na lavoura em Santa Maria; depois, migrou para Camaçari na
Bahia, em 1977, em busca de estudos e progresso profissional; retornou à Santa
Maria de onde foi para o Centro de Campos no mesmo ano quando observou que
não teria oportunidade de estudar.
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Também com o mesmo destino à cidade, o Informante B, de 35 anos, hoje,
Bacharel em Direito e policial no centro de Campos, antes um ex-cortador de cana,
também em Santa Maria e natural do Espírito Santo, coloca que não só ele deixou a
vida na roça, mas também toda a sua família, referindo-se a seus seis irmãos, com
orgulho: “Ninguém mais trabalha na roça, estão todos criados”.
Para a Informante C, 38 anos e segundo grau completo, que é natural do
Paraná e residiu em várias localidades do Brasil, passando por Ceará, São Paulo e
Rio de Janeiro até sua chegada na área urbana de Campos, em 1996, onde ainda
reside:
“Isso me sufoca, a cidade me sufoca, não consigo me imaginar morando a vida
toda na cidade, eu sempre penso que só por um tempo e depois vou para a roça”.
Em cada um dos entrevistados observa-se a vontade de retornar à terra,
expressa em frases como:
“Eu até sonho e todo mundo sabe se eu ganhar na loteria, vou comprar uma
propriedade rural Eu sou um apaixonado pelo campo” (Informante A).
“Eu penso em quem sabe um dia, quando ficar velhinho voltar para o campo para
descansar (Informante B)”.
“Eu tenho um sonho, acho que ainda vou morar na roça para que minha família,
meu filho, os que virão valorizem essa mãe maior que é a terra” (Informante C).
No sentido inverso, das pessoas que saíram de áreas urbanas para áreas
rurais no estudo de campo estão como principais justificativas: o desemprego, a
moradia, a falta de espaço e a busca por tranqüilidade. Além de outros motivos,
menores, mas curioso e menos usuais. Informante D, de 36 anos, ela é o marido são
192
migrantes. Ela é nascida no Estado do Maranhão, mas considera-se Campista de
coração e ele no Espírito Santo.
A gente morava na casa da sogra quando surgiu essa ocupação, a gente
aproveitou a oportunidade porque morando em casa de sogra, né [...] eu vim por
causa da farra do início, conhecer várias pessoas, adoro conhecer pessoas
diferentes e fazer novas amizades, eu não imaginava que ia dar certo.
Os assentamentos rurais são uma simbiose de trajetórias e histórias de vida
como podemos observar no comentário da Informante E de 60 anos: “Meu marido
veio primeiro e ficou embarracado. Era uma confusão, tinha gente de tudo quanto era
lugar”.
O Informante F de 47 anos, primeiro grau completo, foi nascido e criado em
Baixa Grande, área urbana de Campos situada próxima ao Assentamento de Ilha
Grande, onde reside. No entanto, sua trajetória estende-se até o Rio de Janeiro,
onde foi residir para trabalhar em uma empresa de refrigeração da Refinaria de
Petróleo de Caxias (REDUC). Depois que perdeu o emprego retornou a Campos,
onde por dois anos continuou na condição de desempregado até conseguir um
emprego de sapateiro, que deixou assim que conseguiu a concessão de uso da
terra.
A Informante G, de 56 anos de idade e primário completo (corresponde a 4º
ano do ensino fundamental) conta que é mineira e sua família é de origem rural e
193
que depois de muito trabalhar em atividades urbanas, acha que a sua volta é um
encontro com as suas raízes: “Eu não tenho espaço lá fora, esse é o meu lugar”.
Entre as mulheres mais jovens, a escolaridade é mais elevada, até mesmo se
comparando com os homens de faixa etária aproximada, com trajetórias muito
interessantes. A Informante de 29 anos, segundo grau completo, baiana de Porto
Seguro I (Ensino Médio), lembra como foi a sua saída da terra natal aos 10 anos de
idade:
o sonho de todo nordestino era ir para o Norte, então papai levou a gente para
Rondônia [...] minha família até hoje mora lá, aí conheci o pai das minhas filhas, eu
tinha 18 anos, a gente ficou junto. Fiquei grávida da minha filha mais velha, na
época lá era muito difícil por que Rondônia é mais agropecuária mesmo. Ele não
tinha experiência com isso. Então ele tinha um tio no Rio de Janeiro, ele ficou um
tempo trabalhando lá, dando uma ajeitada nas coisas e depois eu vim ficar com
ele. E aí passei esse tempo no Rio de Janeiro. Ele já militava no movimento –
estava meio paradodesde os 17 anos, constitui família, trabalhou como gesseiro,
mas com vontade de voltar a militar. Ele tinha um amigo aqui em Campos com
vários projetos, até esse aqui, em andamento que já era conhecido do Garotinho e
tinha vontade de fazer isso aqui. A gente veio para Campos com o projeto de
trabalhar no gesso, e porque a vida no Rio de Janeiro estava difícil, ? Para
criança então...Então morei em Campos mesmo, lá na Lapa foi o primeiro bairro
que morei em Campos, mesmo! Aí ele veio para cá, aí aconteceu à ocupação no
dia 02/12/2000, ele ficou um tempo aqui acampado, ele era o coordenador. Eu
continuei em Campos, trabalhando, estudando, aí as terras foram parceladas
nesse meio tempo ele desistiu, depois de tanta luta decidi ficar, ele desistiu de tudo
até da família e foi embora. Eu fui ficando...tendo que trabalhar cuidar das
crianças, sozinha!
A Informante L também baiana, só que nascida em Camaçari, 22 anos e
segundo grau completo conta:
Eu vim ‘pequininha’ para cá, meus pais são daqui de Campos e assisti a uma
reunião dos Sem Terra na Tapera, gostei e fizemos a ocupação há 3 anos e meio
atrás e estamos até hoje. Já morei em nova Brasília e já fui para o Rio de Janeiro
também.
194
A Informante, 28 anos, 2º ano do 2º grau, nascida em Campos, conta que sua
primeira mudança de residência foi quando era ainda pequena: “Fui para a Bahia e
voltamos para cá; aí, eu casei tive filhos e fui convidada a assistir uma reunião do
MST e estamos aqui”.
O Informante O de 31 anos e 1º grau completo nos conta que sempre residiu
em Campos na área urbano e dedicado aos trabalhos urbanos, mas sempre com a
expectativa de ter uma vida no campo. Informante Z de 33 anos revela que sua
trajetória inicia na cidade do Rio de Janeiro, onde nasceu. Depois, se mudou com a
família para o Rio Grande do Norte, onde aprendeu a viver e gostar da vida na terra.
Depois, Rio de novamente. de onde saiu para Italva no Noroeste do Estado, com a
família. A partir daí ele resolveu definitivamente que iria tentar a vida no campo. Daí
resolve ir ao INCRA, onde ele ouviu de um técnico:
É melhor procurar o MST, por aqui vai demorar. Mas eu fiquei com medo, eu ouvi
notícias de que eles eram baderneiros, aí deixei para lá e arrumei um emprego no
aeroporto. Até que um dia eu troquei de turno com amigo[...] fui para rodoviária
com destino a Italva ver os meus tios, chegando na rodoviário eu vejo meu tio,
meus parentes carregando um saco cheio de coisas. Ele dizia que ia se juntar aos
Sem Terra em Campos e perguntou se eu queria ir. Claro. Tio, então foi assim que
eu cheguei aqui
É interessante observar que em especial entre os mais jovens a vinda deles,
que sejam casados ou solteiro suas chegada implica, em alguns casos, na vinda de
outros familiares para os assentamentos:
Meus irmãos vieram depois (Informante Z).
195
Minha irmã me chamou para ir assistir uma reunião próxima a comunidade em que
morávamos (Informante M).
Sendo assim, podemos dizer que alguns casos, entre os assentados
entrevistados estabelece-se uma rede de parentesco, em busca de moradia,
trabalho.
Analisando o pertencimento sob esta temática, nota-se a ruralidade dos que
vieram e dos saíram da terra, neste caso, pelo menos vontade de manter um vínculo
mesmo que através da conscientização da luta pela terra dos que saíram, uma
vontade de voltar a residir, e dos chegaram uma vontade de dar certo, ter condições
de sustentar sua família, ter na terra seu suporte. Observa-se também uma
dificuldade dos gestores do INCRa em promover aquisição de terra sem mobilização
social.
4.4.4.2. População em movimento em Campos: ausências, fartura e tradições.
Se por um lado há toda uma literatura que aponta para as novas formas de
apropriação do espaço, a partir das novas formas de apropriação produtiva dada
pela pluriatividade, há, por outro, a re-apropriação subjetiva do espaço rural dada
pelas relações dos de fora com os de dentro, à luz do que Carneiro (2001) observa,
também permanece a polarização cidade –campo sob alguns aspectos que veremos
a seguir. De acordo com assentados, produtores, extensionistas, representantes de
196
movimentos sociais e pesquisadores da região o campo continua a ser visto ainda
como uma área de ausência.
De acordo com o Informante F, de 47 anos, assentado de Ilha Grande, que
saiu da área urbana de Campos para zona rural:
Os enfrentamentos foram muitos, a gente precisa falar com clareza, foi muito difícil
a gente se adaptar a terra. A mudança foi da água para vinho. A gente é
acostumado a andar a noite numa cidade com as ruas todas cheias de luzes
com mil e uma coisa oferecida para gente, né? Passeios diversos, áreas de lazer
diversas. Aqui, na área rural não tem isso. A gente fica propenso às coisas do
assentamento.
Embora se deva ressaltar que cada assentamento possui uma realidade
distinta, a precariedade não se resume ao lazer, como podemos observar que na fala
de outros assentados:A falta de asfalto aqui dentro, não permite que a pessoa saia
para vender, não tem como! Também não tem colégio, não tem posto médico,
dentista, não temos nada aqui!” (Y, de 56 anos, do assentamento Zumbi dos
Palmares). Mesmo reconhecendo que são privilegiados, os assentados de
assentamento modelo, Antônio de Farias, também apontam para dificuldades:
Depois da assistência técnica, realmente nós somos privilegiados, porque temos
um apoio muito grande de todos os órgãos e um apoio moral muito grande. Não é
como a gente sabe que acontece na maioria dos assentamentos. O pessoal
assentado é largado e vive a própria sorte [...] Fora à assistência a gente precisa
de investimentos, um posto de saúde, o mais próximo fica a 6 km daqui, uma
creche escola, temos muitas crianças de 3 a 5 anos de idade, escola, o nosso
sistema viário deu uma parada... (assentada N, 29 anos, presidente da
Associação).
197
Esse ponto de vista também é compartilhado entre outros assentados e pode
ser observado nas seguintes falas:
Só tem uma coisa que me deixa ‘tristinha’, não gosto às vezes de estar aqui,
porque desincentivou muito as minhas crianças com o colégio. Assim, eles acham
muito difícil, sol quente, tempo chuvoso, assim não dá para eles saírem.
(Informante W, 36 anos).
A consciência do rural como espaço de pouca mobilidade e oportunidade
ainda nos dias de hoje é o que faz o pesquisador e o Informante A a não retomar
uma vida no campo.
Tenho filhos também e para educar as minhas filhas e tenho a consciência plena
que isso não pode ser feito do ponto de vista da educação, elas seriam
prejudicadas. Porque a educação é péssima, e como professor tenho a
consciência aguda. Não vou deixar nenhuma herança [...] quero deixar educação e
escolaridade.
Alguns parecem culpar as políticas públicas e/ou gestores públicos pelas
dificuldades:
As nossas necessidades eles não estão atendendo, nós estamos precisando de
escola, não temos! Não temos um posto médico. Não temos uma ambulância. Não
temos estrada e quando chove lá dentro ninguém pode sair
.
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Analisando estas passagens coletadas durante as entrevistas, podemos notar
que se o papel das políticas e dos gestores é o de prover aquelas pessoas de
melhores condições de vida, com base no já descrito no Capítulo I, parece que, na
prática, ainda há muito por fazer. Ressaltando que, uma vez que essas práticas não
se concretizam, tende-se a manter a dicotomia pela ausência de infraestrutura básica
para atender às populações assentadas rurais.
De certo modo, mantém-se a polaridade entre cidade e campo, mas sob
mudanças sociais, econômicas e políticas vivenciadas nos tempos atuais
(globalização, informatização etc.) como observado no Capítulo I. “Por mais que se
viva na periferia se tem energia, água, mesmo que não seja em casa, encanada fora
à facilidade de ir ao centro da cidade, no campo há o isolamento” (Informante C).
Cabe registrar, conforme pontua o Informante J, que a pobreza urbana é muito mais
dependente que a rural.
O perfil urbano dos pobres que não têm acesso a informações, estudos, é um
caboclo, oprimido e de uma forma bem sutil[..]Na cidade, tiram dele a liberdade: de
morar, tem que pagar aluguel então ele depende de alguém; ele não tem nada de
suporte de comida, se ele não trabalha, ele tem de pedir alguém, depender de um
político, do mesmo jeito a saúde. Se ele perde seus conhecimentos de se curar,
ele tem que ir à farmácia ou pedir alguém. Ele quando tem um emprego e paga
pelo remédio, ele está respaldando as empresas que tem direito de vender os
remédios sintéticos. Então eu vejo assim, o caboclo que vai para a cidade ele é um
oprimido. É uma forma de oprimir ele mais quando o tira da terra. Tirar o caboclo
da Terra é tirar o pouco de liberdade que ele tem.
Nem tudo são ausência e isolamento nos assentamentos, conforme aponta a
Informante S: “A vida de Sem Terra é muito boa! Não tem coisa melhor do que você
199
ter fartura!”, comenta a assentada de 54 anos, feliz da vida. A mesma Informante
prossegue dizendo:
Onde eu morava o quintal era muito pequeno você não tinha como plantar,
plantava mais era aquele pouquinho. Aqui você planta o quanto você quiser, se
nenhum animal vier comer, se nenhuma criação vier destruir aquilo, com sacrifício
você colhe [...] Tenho minha criaçãozinha, tenho meus porquinhos, meus
cachorrinhos, eu feliz, Rita! Tem hora que eu me aborreço com a criação dos
vizinhos, mas tirando isso tá tudo chuchu beleza!
O espaço também é mencionado pela Informante L:
Na verdade meus pais não entenderam um pouco porque eu vim pelo sonho de ter
terra, criar coisas, plantar, né? Hoje eu estou com um filho de 1 ano e 9 meses,
tem espaço para ele andar, tem frutas sem veneno, as comidas, as coisas que a
gente planta, uma vida mais saudável [...] morava num quintal de herança do meu
avô, uma casa da minha mãe, outra do meu tio, da minha avó, casa de um, casa
de outro, tudo emboladinho. Aí eu ficava pensando eu vou ficar contando daqui a
pouco vamos ter um punhadinho de terra num saquinho para cada um, se for
dividir mesmo, aqui é espaço, liberdade.
A Informante D, coloca o quanto é gratificante plantar e colher e trabalhar em
família:
Às vezes está um sol quente danado, mas colhendo numa alegria tão grande
porque fui eu que plantei e colhendo. A gente se sente tão bem. As crianças me
viram rindo, contente e perguntaram o que a senhora está rindo mamãe? Você não
sabe como a mamãe está feliz colhendo esse feijão. Aí ele me disse: ‘Aí meu
Deus, como pobre se contenta com pouca coisa... E então eu disse a ele: Pouca
não! É muita porque o que a gente tem aqui é o suor meu, seu do seu pai, a gente
trabalha em conjunto. Família mesmo, eu filhos e marido. É muito bom.
200
O Informante F, também aponta na mesma linha: “Há insetos quando chove
muito, e a gente não pode sair de casa, mas a vida aqui é boa.”A fartura também foi
uma das coisas que motivaram o Informante Z, de 33 anos a lutar pela terra. Uma
lembrança de juventude no município de Italva, para onde havia migrado do Rio de
Janeiro com a família:
Quando colhi 506 abóboras, 4 ¹/² sacas de feijão e 20 sacos de milho, nossa nunca
tinha visto tanta fartura
.
Campos dos Goytacazes é um município marcado pela aristocracia rural. As
manifestações culturais são vistas e algumas realizadas pelos movimentos sociais
organizados, como uma forma de aproximar as realidades permitir, as trocas de
experiência entre campo e cidade. Entre as festas organizadas, está a Festa da
Conquista pela Fartura realizada no final do ano para troca de brinquedos e
alimentos entre as crianças de áreas rurais e urbanas. Esta fusão é possíveis pela
presença do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra e da Comissão
Pastoral da Terra em áreas urbanas, conforme conta a Informante C.
Além dessa atividade, outras são realizadas nos meses de fevereiro, maio,
setembro e dezembro.A Festa de Laço, que se apresenta como uma alternativa,
próxima às comunidades rurais, como diz o Informante F, que também aponta as
poucas opções de lazer:
201
apesar de terem localidades bem próximas do assentamento que oferecem, não
vou dizer assim uma sessão de cinema, tem de ir a Campos, tem outras áreas de
lazer que funcionam como festival, a Festa de Laço. A festa envolve animais de
montaria são algumas das poucas atividades de lazer do meio rural.
Uma outra forma interação entre rurais e urbanos é a Feira da Roça, instituída
para dar suporte econômico, provendo de espaço para venda os de produtores e
produtores-assentado, bem como acabando com os intermediários, como
esbravejava a produtora:
A gente é obrigado a vender a caixa a R$ 2,00, reais a caixa de aipim, `a
atravessadores para não perder o que produziu e investiu.
No início, conforme apontava a Informante M, a feira era um espaço
tipicamente feminino. Com o tempo, os homens foram percebendo a feira como uma
possibilidade real de agregar valor.
Foto: Feira da Roça, Rita Passos.
202
Aliás, entre as interações rurais e urbanas um dos aspectos mais
interessantes observados durante o período da visita à área é o papel da mulher no
campo e as diferenças entre produtoras e produtoras – assentadas. Entre as
produtoras, ainda se pode observar a atividade agrícola como uma forma de ajuda
para atividade masculina. Em Dores de Macabu, em uma comunidade agrícola,
podemos identificar tais aspectos em frases como:
Quando chega nesta época que produção de farinha aumenta, aí elas vêm ajudar
a gente, (o produtor H).
Foto: Grupo de produtoras de Dores de Macabu. Rita Passos
As mulheres produtoras-assentadas parecem possuir mais iniciativas, assim
como é mais comum neste grupo mulheres chefiando as famílias, com ou sem
marido. Um dos aspectos mais relevantes para esta maior expectativa está na maior
presença de mulheres com a titularidade da terra, porque, em alguns casos, os
203
homens possuem trabalho em carteira e/ou eram trabalhadores de fazendas e
tinham medo de algum tipo de retaliação pelo ex-patrão.
Com a titularidade da terra, a mulher passou a ter direito a crédito para
implementar os projetos produtivos em seu lote, passando assim a ter controle sobre
o dinheiro. Um outro aspecto sobre a mulher assentada que pode ser estendido a
todas as mulheres envolvidas direta ou indiretamente envolvido com a luta pela e na
terra, assentadas, extensionistas, representantes de movimentos sociais, é liderança.
Dos assentamentos e núcleos visitados, pelo menos a metade possui mulheres
como liderança política. No entanto, a condição de a independência feminina não
representa um rompimento nem com o machismo atribuído ao homem do campo e
nem com a violência doméstica sofrido pelas mulheres. Neste contexto em especial.
Segundo a Informante V: “60% das mulheres nos assentamentos em Campos já
sofreram algum tipo de violência doméstica. Sendo que a maioria dessas vezes elas
são espancadas e violentadas na presença dos filhos”.
Outra Informante, C, relata que as lideranças também são vítimas: “Uma vez,
durante o Encontro de Gênero, o companheiro achou de bater na esposa no
Encontro, e olha que era líder do Movimento”. São fatos como estes que parece nos
revelar a fragilidade da mulher embora todos os direitos adquiridos e papel
significativo para construção do “novo” rural. “Até antes da Constituição de 1988, a
mulher só precisava ter certidão de nascimento ou casamento e o título de eleitor
para votar. Mas com a Reforma Agrária deu uma equiparada”.
204
Existem ainda casos em que a condição da mulher é muito frágil, do ponto de
vista da sucessão e do direito a terra: “Inclusive, meu nome nem está no contrato,
mas também não importo com isso”, conforme relata a Informante I.
Entre os assentados, pode-se notar que alguns possuem um perfil de
empreendedor que provavelmente não necessitariam das terras de Reforma Agrária,
ou seja, não possuem o “perfil de Reforma Agrária”, portanto, não possuem a
prioridade na obtenção de terras. Mas, paradoxalmente, para as políticas de crédito o
espírito empreendedor é desejável conforme a discussão do Capitulo I, com base
nas informações de Bruno e Dias (2004) e Garcia e Gasques (2001). Neste sentido,
observa-se um descompasso entre os objetivos do que pensa a Reforma Agrária e
do que é importante para a aquisição de crédito.
Se, por um lado, é desejável e também questionável a presença de pessoas
sem a necessidade de uso de áreas destinadas a Reforma Agrária, existem outros
tipos de assentados que não possuem o perfil por não se desprender da origem
urbana, que deturpam o conceito de Reforma Agrária chegando até a venda de lotes,
conforme denuncia a Informante W:
Agora, têm muitos aqui que não têm o perfil de Reforma Agrária, o movimento vem
e pega todo que achar pela frente, pra embarracar, não procura saber se tem
origem rural, não procura saber nada disso... Aí no final, da isso que taí, muita
gente não tem nada a haver com terra, tá abandonando a terra, querendo passar,
querendo vender, coisa que nós não podemos fazer!
Há falta de intimidade com a terra e vendas de lote também levantado por
representantes dos movimentos sociais organizados:
205
O trabalhador vem porque é a única saída e tem uma vida toda urbana. A única
saída dele é o campo, ele vem porque é uma necessidade extrema; ele não
consegue estabelecer uma relação amorosa com a terra. Então ele se estabelece
ali, um lugar para ficar. Então, ele tem uma casinha, mas ele já está pensando
que tem que arrumar um bico, trabalhar como assalariado ou vender alguma
coisa na rua. A primeira dificuldade é falta de pré - disposição com relação a terra,
como gerenciador, como administrador da sua propriedade, como é o caso dos
assalariados do Brasil todo, de maneira especial os de Campos, que aprendeu a
ser mandado é uma relação muito desigual. Uma oportunidade de determinar sua
área, seu quadro em uma cultura de submissão do trabalhador é um problema
muito grande. Um outro problema de adaptação são daqueles que vem para a terra
com o intuito de exploração, muitos vem pegar o lote e negociar, trocar e melhorar
de vida. (Informante J)
Em alguns casos os assentados exibem com orgulho a carteira assinada,
como o caso do R de 48 anos:
Criei 6 filhos, dois deles estão assentados aqui. Eles estão pensando o quê? Eu
sou trabalhador, tenho três carteiras assinadas para comprovar que eu estou
falando é verdade. Eu posso ir lá em casa pegar, para senhora ver.
O Informante K, de 59 anos, fala respeito da demora em sua adaptação e na
produção agrária, que se deu depois de muito tempo residindo na terra:
Hoje, eu tenho de três a quatro profissões: sou pedreiro, mecânico, marceneiro
e eletricista [...] comecei aqui há sete anos, mas começar a movimentar a terra tem
uns três anos. Eu noto que as pessoas na terra tendo coragem para trabalhar, têm
futuro
.
Observa-se nessas duas últimas intervenções, que a legitimação da condição
de produtor veio através da argumentação a partir da capacidade de exercer um
trabalho assalariado e urbano, respectivamente. Deflagra-se, assim, a pluriatividade
206
como uma forte estratégia de sobrevivência e legitimação da condição de produtor,
além de desmistificar a condição de sem terra, considerada muitas vezes vista de
forma negativa, como podemos observar nas falas a seguir:
Nós não somos bandidos. Tenham mais carinho ao ouvir falar dos Sem – Terra.
(Informante L)
As interações rurais - urbanas se dão no âmbito da cooperação em familiar,
como podemos observar na fala do Informante R:
Graças a Deus, eu tenho um filho no Rio de Janeiro que é pedreiro e manda
dinheiro para me ajudar
.
Confirma, assim, a perspectiva discutida no Capítulo I sobre o alcance da
agricultura familiar à luz do que mencionava Martins (2001): que ela é uma rede de
relações que extrapolam a condição de produtor, o tempo e espaço.
A pluriatividade exercidos por produtores e produtores – assentados, também
é uma forma de interação rural e urbana. Para os homens, em especial, os trabalhos
desempenhados estão nas olarias e pedreiras, mais ao centro da cidade, ou em
direção ao centro. Para as mulheres destacam-se os serviços domésticos. Então
eles trabalham durante o dia nessas atividades e na roça durante a noite, e/ou fins
de semana. Cabe registrar que os assentados, mais que os produtores não
assentados praticam mais a pluriatividade o que provavelmente guarda uma relação
207
com o fato de sua maioria vir de áreas e atividades urbanas. A Informante C confirma
a origem do pessoal assentado bem como aponta para as dificuldades em realizar as
ocupações com os trabalhadores rurais das áreas a serem ocupadas:
75% são urbanos, biscates, mecânicos que estão desempregados [...],assalariados
rurais, mas que ainda não é maioria, porque na verdade o trabalhador foi tão
explorado que ele acha que não tem saída. Numa área, por exemplo, que é
Usina, a prioridade é para os trabalhadores da própria Usina, mas sempre é feita
com o pessoal de fora, nunca se consegue fazer com os trabalhadores da própria
usina porque tem medo.
A questão da pluriatividade nos leva a fazer mais uma observação que diz
respeito à disposição geográfica dos assentados, como pudemos observar no
assentamento Zumbi dos Palmares. O assentamento é uma linha que vai de Guarus,
bairro de Campos até São Francisco do Itabapoana, município limítrofe de Campos
dos Goytacazes, conforme ilustra o Cartograma a abaixo. Os primeiros núcleos são
os mais próximos do Centro de Campos escolhidos pelos assentados para
exerceram outras formas de trabalho.
208
Podemos observar que diante, a esses três aspectos: ausências, fartura e
tradicionais, os sentimentos de pertencimento se alteram, principalmente para os
entrevistados do grupo produtor-assentado. À medida que a situação muda, a fala do
assentado muda. Essa mudança poderia ser interpretada como uma mera
contradição, só que a contradição faz parte da complexibilidade humana, ou uma
manifestação às avessas do pertencimento. As farturas reforçam o pertencimento, as
ausências acentuam a negação e as manifestações culturais reforçam pertencimento
expandem para outros espaços as ruralidade, hábitos, ou péssimos hábitos como
espancamento de mulheres, a visão machista associada à imagem do homem do
campo.
Centro de Campos
Assentamento
Zumbi do Palmares
Primeiros Núcleos
do Assentamento
209
4.4.4.3. População em movimento em Campos: o trabalho escravo.
A permanência de uma mão-de-obra escravizada é uma questão que não é
nova no Brasil (Rezende, 2001; Martins, 1999). Aliás, dependendo do prisma, o
trabalho escravo assume as mais distintas conotações, tanto em áreas rurais quanto
em áreas notadamente urbanas, por conta da intensa precarização das relações de
trabalho (Martins, 1999). A historicidade da violência chama atenção pela sua
legitimação estatal herdada do Brasil colônia desde meados do século XVII no Rio de
Janeiro, conforme aponta Oliveira (2000)
Além do aspecto degradante da superexploração do trabalho, o trabalho
escravo guarda uma dimensão íntima com o uso da condição migratória, uma vez
que o recorrente é o uso de mão de obra migrante para tais atividades, a propósito, o
fato de ser mão-de-obra escrava já traz implícita a condição de migrante. Segundo a
Informante C, o uso de migrantes como mão-de-obra escravizada para os produtores
é uma opção mais rentável, segundo ela: “ele trabalha sem parar, o de fora trabalha
mais, rende mais, o daqui é vagabundo”.A Informante J aponta que a relação de
superexploração não é só do migrante, mas o não migrante, ela alerta que os
trabalhadores de ganham a metade dos que vem de fora e por isso não tem força
para realizar todas tarefas exigidas pelos produtores.
De acordo com o D, a maior parte dos casos de migrantes que vivem em
condições análogas a escravidão apurada em Campos a citar são:
210
de Minas Gerais, Alagoas, Espírito Santo e Maranhão. Os trabalhadores de
Campos também são superexplorados, mas não podem ser considerados escravos
porque tem uma certa vantagem em relação aos migrantes, porque eles moram
nas vilas de Campos. Então, durante o dia, não sei qualidade das conduções, mais
ônibus e caminhões, vão cedo e seja a hora que parar lá, seis, setes da noite, eles
voltam para casa. Não ficam nos galpões como os migrantes, galpões mal
cuidados.
Em geral, os migrantes escravizados são pequenos produtores que deixam
suas residências em um determinado período, por causa da seca ou de
improdutividade da propriedade durante o período. Neste sentido, o simples fato de
ser pequeno produtor e terem direitos a crédito, não lhes garante a permanência em
sua propriedade, o que pode estar forçando-lhes a migrar ainda que forma
temporária em condições de trabalho absolutamente espúrias. Conforme noticiou o
Jornal Local:
De 1995 até 2003, 10.789 pessoas foram, libertadas em ações de grupos móveis
de fiscalização do Ministério do Trabalho. No total 1.014 propriedades fiscalizadas
em 243 operações, só no ano passado, foram 135 casos, em 197 propriedades,
onde foram resgatados 4.995 trabalhadores.
Durante o período de realização da visita a Campos dos Goytacazes, tornou-
se manchete noticiada amplamente na mídia local à reincidência de trabalhadores
em regime escravo vindos de Alagoas, em sua maioria do município de Branquinha,
211
que haviam acabado de deixar o os alojamentos da Ururaí. Embora houvesse
interesse em regularizar a situação desses trabalhadores por parte da empresa,
Os empregados preferem deixar o trabalho e retornar as suas cidades de origem.
José Leandro da Silva contou que deixou os dois filhos e esposa em Alagoas e
veio em busca de emprego na Região. As ameaças, dívidas e incertezas propostas
– inicialmente apresentadas por um “gato” – identificado pelos escravizados como
Osmar. Agora, ele deseja apenas a passagem de volta para a casa “Não dá mais
para ficar aqui. Quero ir embora, desabafou”.
4.4.4.4. População em movimento em Campos: Santa Maria e Dores de Macabu,
o que é o Rural?
Qual dos dois distritos é mais rural? Santa Maria, embora seja o 11º em
número de população residente no observado logo no início do Capítulo e Dores de
Macabu 6º em população.
212
Santa Maria foi fundado por turcos que juntamente com outras pessoas que ali
residiam e fizeram uma das primeiras manifestações do período Republicano para a
criação de uma estação ferroviária que os ligassem com Bom Jesus para o
transporte da produção e dos trabalhadores. Assim, fundaram o arraiá de Santa
Maria que foi um distrito que viveu basicamente em função da cana-de-açúcar que
produzia para a Usina Santa Maria, em Bom Jesus de Itabapoana, município limítrofe
a Campos, conforme contam os Informantes N e P, ambos senhores de 79 anos de
idade: “Todo mundo plantava cana, cortava cana e carregava cana”. Todos os
Informantes foram enfáticos em dizer que a queda do distrito se deu com fechamento
da Usina.
Ainda hoje, a caminho de Santa Maria, o retrato que se observa por quase
toda a extensão é um vasto campo coberto por cana-de-açúcar. Santa Maria no
extremo noroeste do município é bem longe do Centro. Possui uma ampla maioria
residindo em áreas denominadas bem como envolvidas em atividades ligadas ao
comércio e aos serviços, além de ser um dos menores distritos de Campos.
213
Foto: Terra em Capoeira, Rita Passos.
A área é marcada por um forte esvaziamento populacional e pela falta de
investimento fazem da região expulsora mão-de-obra, em especial jovem conforme
confirmam as fontes O, N e P: O jovem? Indaga o Informante N: Ah...esse, não... ele
não fica não. Vai daqui pra lá. Não é incomum famílias inteiras indo embora, pude
presenciar a despedida emocionada de uma família que ia embora do distrito rumo
ao Rio de Janeiro. Enquanto o genro coloca as coisas dentro de um carro modesto, a
sogra vizinha de outrora da nossa Informante W, despedia-se dizendo:
Vou para o Rio, vai ser melhor para eles, mas eu volto,
e foi embora junto com a filha, dois netos e cachorro.
Por outro lado, o Informante P conta que:
Sai muita gente, mas hoje já tem gente voltando, principalmente os mais velhos.
Coitados, os filhos vão ficando ‘pra’ trás, no Rio, comenta com pesar a respeito
dos filhos
[...]
214
São pessoas de idade que nasceram aqui e viveu aqui muito tempo e voltam a
viver aqui porque gostam.
Segundo nosso Informante uma das alternativas para a região e sua retomada
para o desenvolvimento seria o incentivo agrícola, já que “a terra é boa, depende de
apoio”, comenta o Informante N.
Já o distrito de Dores de Macabu é uma área onde a maioria da população
reside em áreas rurais, bem como exerce uma atividade agrícola. O distrito possui
uma maior proximidade com o Centro, o que atrai maior atenção, que provavelmente
dá ao distrito maior visibilidade em seus problemas exigindo, assim, maior atenção
por parte dos gestores públicos. A área possui um certo dinamismo, em linhas
gerais, aliada a proximidade do Centro, apóia e incentiva a permanência de pessoas
na localidade.
Em Dores, podem-se observar famílias inteiras, pai, mãe e filhos noras e
genros e até netos morando e trabalhando em atividades rurais. As atividades
complementares à produção agrícola são bem típicas da localidade, onde famílias
inteiras distribuem –se na fabricação de farinha de mandioca. A agroindústria familiar
é um suporte para a produção. Os produtores participam de todas as etapas da
produção, plantando, colhendo, moendo, ensacando e vendendo na Feira da Roça.
Nota-se, portanto, que Dores de Macabu, embora desenvolva mais atividades
rurais, é mais promissora que Santa Maria, conforme o dados censitários apontavam.
Neste nível de desagregação, a definição convencional de rural e urbano – quanto à
215
localização da área - parecem compreender a dinâmica local, em especial as que
descrevem a situação de domicílio e o local de residência.
Expandindo a concepção de rural – não mais de forma operacional e
quantificada, mas abrangendo o significado de pertencimento, podemos observar
que Santa Maria é mais presa a um passado rural, estagnou-se pelo fim da atividade
da cana, vive cercada de latifúndios, de cana e gado e boa parte da população do
distrito produz alguma coisa para sobreviver, seja uma vaquinha, ou galinha nos
fundos do quintal, além dos pequenos produtores. “Hoje, aqui, já tem gente
plantando abóbora, gado e pode ser uma saída”, comenta o Informante N a respeito
das possibilidades do distrito.
Foto: Sítio em Santa Maria de Campos, Rita Passos.
A Informante N de 47 anos reingressou à Santa Maria depois de residir no Rio
de Janeiro e conta:
216
Voltei porque não conseguia andar direito, vivia me perdendo, voltei por medo da
violência, hoje crio minhas galinhas e não me falta nada e todos se conhecem por
aqui
.
Dado a estreita relação entre a comunidade do arraial, as relações pessoais
são mais próximas que nas cidades, a perspectiva de desenvolvimento pela via
agrária, o esvaziamento populacional, podemos dizer que Santa Maria é menos rural
que Dores de Macabu?
217
4.4.4.5. População em Movimento em Campos: as políticas públicas. O Pronaf
em questão.
Conforme produtores, produtores-assentados e todos os demais envolvidos,
direta ou indiretamente, com as formulações e práticas das políticas de
desenvolvimento rural, embora haja uma recondução das políticas tendo como
diretriz (foco) o produtor assentado e o produtor (Bruno e Dias, 2004), o que se
observava era uma grande dificuldade de promover a autonomia para os produtores.
É verdade que a Política de Reforma Agrária, na última década, tem atraído
um contingente maior de pessoas para o campo, principalmente das periferias das
cidades. A conquista da terra é dura, implica esforço físico e resistência emocional
para lidar com o conflito. Todos os assentamentos foram resultados de processos de
ocupação, segundo uma Informante do INCRA.
Ficamos na barraca depois a gente saiu. Ficamos na estrada de novo, depois
entramos para fazenda e estamos até hoje. Olha, eu acho que tem que ter uma
força de vontade, uma luta muito grande, querer ficar mesmo e lutar e permanecer,
não é fácil no início, não! (Informante D)
No início éramos eu e o meu neto, nossa barraca foi embora duas vezes no
temporal, ele tinha problemas de saúde, foi muito difícil mesmo eu pensei em
várias vezes desistir (Informante V).
“Dormia embaixo de uma lona e acordava com os dedos, todos, ruídos de
gafanhoto” (Informante Z).
No início das barraquinhas muita gente desistiu, sabe é difícil, é frio, é calor, é lama
(Informante S.).
Quarenta mil pessoas estão envolvidos na luta pela terra em mais de trinta áreas
de conflito, isso foi uma surpresa que eu tive porque o Censo diz que só 3,5% a
4% de gente na roça.(Informante J)
218
O Informante J., representante dos movimentos sociais organizados na região
aponta que:
a Reforma Agrária deu uma nova vida ao campo com a juventude a crise do
trabalho na cidade fez com que o jovem voltasse para a roça, revitalizou o campo
com a juventude. A saída do campo ainda é mais das mulheres, o homem
permanece mais.
Aqui no Norte do Rio tem voltado uma quantidade grande de idoso muito grande.
Porque o cabloco trabalhou 20 a 30 anos como assalariado e quando foi se
aposentar ele não tinha fundo nenhum (Informante J).
A conquista de terra é só o primeiro passo, agora eles passam a depender do
crédito, mas quando perguntados a respeito das coisas mais importantes para
permanecerem na terra, raros foram os casos que responderam algum tipo de
crédito. Porém, quando perguntados, em especial entre o público produtor –
assentado, se eles imaginariam a vida deles sem o PRONAF, todos foram enfáticos
em dizer: “Não!”
O PRONAF é incentivo ao trabalhador rural, sem PRONAF uma área de 7 ha para
cada um. Não tem como, não é tão grande, mas fica difícil sobreviver da terra,
produzir, cumprir sua função social”.
[...]
O PRONAF foi essencial para gente! Esse empréstimo é para gente mexer com a
terra, um empréstimo para gente investir sem ele a gente não tem de onde tirar
(Informante I).
Os produtores não assentados, em geral são mais autônomos dependem
menos dos créditos, mas não significa que sua situação seja melhor, nota-se que as
condições para obtenção são piores elas possuem maiores exigências e, sobretudo,
219
taxas de juros maiores. Por vezes parece ser mais interessante estar na condição de
produtor - assentado e que a de produtor: “É mais fácil ser assentado do que ser
produtor para conseguir o crédito. Alguns produtores já esboçaram a vontade de sair
das suas terras e tentar um lote” nos fala o Informante e Técnico da região.
Dentre todas as políticas para os produtores, a que mais se destaca é a
Previdenciária. A ampliação da cobertura, realmente, parece ter dado mais fôlego
para o produtor rural. Quando perguntado se ele havia recebido algum crédito para
pôr em funcionamento sua bulandeira, ele foi incisivo em responder: “Não! Conto só
com meu trabalho e minha aposentadoria”.
O Informante J e um dos representantes dos movimentos sociais observa que
a expansão Previdenciária também possibilitou a equiparação de direitos entre
homens mulheres, o reconhecimento da condição da mulher enquanto produtora,
segundo ele:
até o final dos anos 80 ser mulher, trabalhadora rural era humilhação, muitas
pessoas foram empurradas para enculturação, porque não tinham sua profissão
reconhecida, não tinham benefício previdenciário. O único benefício que a mulher
tinha até a década de 90 era a pensão se o marido morresse primeiro que ela.
Então a mulher no meio rural era auxiliar do homem. Depois de 10 anos da
Constituição, a mulher equiparou os direitos nessa questão dos benefícios, isso
facilitou a mulher camponesa, junto com outras questões como desemprego, essas
coisas todas a se identificar como costureira bordadeira, porque falar trabalhadora
rural era cafona essas coisas.
220
Nesse sentido, podemos observar que tais aspectos parecem confirmar o que
Graziano e Del Grossi (2001) analisam a respeito da Previdência, de como a
expansão do público assistido deu melhores condições de vida no campo.
No entanto a maior facilidade na obtenção do crédito também não
corresponde às expectativas dos assentados, por vezes eles esbarram na pressa, na
lentidão e na falta de diálogo, como podemos observar nas falas a seguir:
O PRONAF é o ponta pé inicial, mas não é nenhum mar de rosas. O PRONAF veio
muito corrido, era pegar ou largar, comenta o Informante F.
Na perspectiva contrária, a lentidão do crédito além de dificultar a compra de
material, possui o recurso vinculado, ou seja, destinado aquele único gasto, sem
poder ser redirecionado para outras necessidades, o que era um incomodo para os
produtores –assentados.
Preciso de recursos, mas não gente na mão da gente. Precisamos trocar o Lumiar
pela EMATER, três anos com o contrato na mão e dinheiro nada! Eu já estou com
vontade de desistir, eu não agüento pagar juros altíssimos eu tenho como provar
[...] Inclusive foi liberado o dinheiro do fomento, eles que façam a administração
deles da maneira que eles acharem melhor, mas com o dinheiro tinha que sair em
mãos para a gente comprar aquilo que a gente precisa comprar hoje. Porque
ferramenta eu já comprei, material eu já comprei o que tinha que comprar, então
para que eu vou ‘panhar’ esse material na loja de material. ‘Pra’ quê? Muitos
caminhões aqui com brita aí se perdendo. O INCRA liberou esse dinheiro para
material que não precisava mais. A minha casa está indeterminada por causa de
recursos. Eu estou com uma dívida de R$ 4.900, 00 reais num lote que foi de uma
outra pessoa e que eu peguei. Essa pessoa pegou o dinheiro e não fez nada. Mais
ou menos uma casinha para terminar. Se sou eu que vou ter que pagar ou é o
cara. Eu estou no lote, aí vem o Banco e diz que vou ter que sair, porque o lote
está hipotecado. O INCRA não diz nada, não sabe de nada! (Informante R)
221
Você sabe o que viável eles com dinheiro na mão comprariam outras coisas
melhores, comprariam comida comprava o motor, uma roçadeira, comprava o que
fosse necessário. Porque você com dois alqueires de terra com R$ 9.5000 reais,
sendo manipulado pela mão dos outros, com dinheiro na sua mão você sabe o que
é mais viável para você dar continuidade e pagar seu crédito (Informante W).
A lentidão também demonstra o caráter burocrático e centralizador. Entre
todas as Instituições, o INCRA, segundo os assentados, é a mais afetada. “A gente
precisa de um tanque de expansão, de uma bulandeira de farinha, vários projetos
foram entregues ao INCRA que engaveta tudo. Nós queremos uma solução!
(Informante W)”.
Com 2 alqueire de terra dá para gente sobreviver bem, mas falta apoio por parte do
INCRA, às vezes sai o crédito, é liberado em Brasília chega no Rio, mas parece
que vira uma bucha no ralo (Informante M).
Indignada, a Informante diz:
muitos estão desistindo aqui, desta terra por causa dos recursos. Hoje estamos
com a EMATER, mas nós tivemos com o Lumiar que ‘panharam’ o dinheiro e não
deram assistência técnica e a EMATER está amarrada precisa ter a liberação do
INCRA.
Outro Informante Z aponta que a falta de discussão a respeito dos projetos:
“Eles vem aqui e não dialogam com a gente, o projeto vem pronto sem discussão”
São atitudes como estas que evidenciam o que Bruno e Dias (2004) pontuam como
uma “atuação tímida do INCRA”
222
O PRONAF, através dele a gente está pensando em progredir porque estava meio
apertado. ‘Tá’ certo que às vezes a gente não faz tudo que manda, ao pé da letra.
A gente tenta, mas daí a gente precisa comprar uma coisinha, a gente vai lá e tira
R$ 5,00 sabe, aí precisa comprar mais alguma coisinha e vai lá e tira R$ 5,00 mais
a gente cumpriu, pelo menos eu cumpri a minha parte (Informante D).
Por causa destes aspectos é que no Assentamento Zumbi dos Palmares
foram reassentadas 72 pessoas aproximadamente, e notificadas 300 pessoas
porque não cumpriram o projeto, ou apresentavam alguma irregularidade, os que
mais querem produzir, núcleo 4, agrovila foram os que mais abandonaram
(Informante C).
Um outro aspecto que as políticas parece confirmar-se é a reprodução da
degradação ambiental, conforme Bruno Dias e Kageyama. A necessidade de pagar
os recursos forçam os produtores e produtores assentados, particularmente a
prosseguir com a “cultura do veneno” (Informante C):
Às vezes tem até alguns produtores que voltarem para terra devido alguma
política, a uma cultura. ele volta e daí alguns dias ele está usando veneno também,
porque é tanta pressão, todo mundo usando todo mundo vendendo, os próprios
créditos vem com uma certa exigência, né?
No município, os Informantes apontam que aproximadamente 80% dos
produtores e produtores-assentado usam algum tipo de química no solo e os que não
usam, a maioria, não o fazem pela mais absoluta falta de dinheiro para realizar a
compra. Para a Informante C: “Os mais agrícolas são os que mais degradam”,
referindo-se aos produtores –assentados dos núcleos mais distantes do
223
Assentamento Zumbi dos Palmares. Esses tipos de informação vêm a corroborar
com Bruno & Dias (2004) fazendo alusão a Kageyama (2003), que apontam a
associação positiva entre o uso de agrotóxicos e o PRONAF.
Existem também iniciativas isoladas de difusão de técnicas menos nefastas ao
meio ambiente entre elas destacam-se a agroecologia porque em Campos ainda é
conflitiva as percepções entre técnicos e movimentos sociais organizados para
pensar-se em uma estratégia coletiva.
Nota-se também a inflexão dos bancos, bem como a insensibilidade das
políticas para com as restrições ambientais.
Por causa dessa seca aí, tem muita gente que não pagou o crédito, como eu
também não paguei. Perdi o rebate de R$ 800,00, e hoje já está lá em
R$1.500,000 e pouco. Como é que nós vamos negociar essa dívida com banco? O
banco vai perdoar? Não vai! A gente vai ter que se virar para pagar. Então vou ter
usar o bom senso do INCRA para sentar com a gente, e da EMATER para procurar
os produtores rurais para que eles possam permanecer aqui no assentamento.
(Informante W)
As críticas não se esgotam: falta de preparação, de investimentos, de
qualificação não somente os produtores e produtores-assentado, mais também do
pessoal técnico. “Há anos não temos concurso aqui” diz a Informante X, referindo-se
à assistência técnica.
O INCRA teve aquele concurso lá que tinha um piso de média R$ 1000,00. É
brincadeira (Informante J).
224
Eu apoio a agroecologia, mas sou da geração que se formava para vender pacotes
da Revolução Verde, tem entrar sangue novo! (Informante H).
Estes aspectos não só demonstram a falta de condições de se garantir um
futuro sustentável no campo, o que possibilitaria a permanência das pessoas, bem
como aponta para a ausência de iniciativas mínimas que apontem nessa direção.
Somando-se estes aspectos, ressalta-se o reforço religioso que difunde o
discurso da desigualdade como uma fatalidade a qual nenhum político ou política
dará jeito, somos pecadores desde o nosso surgimento, está no pecado original. Um
discurso como pontua o Informante “totalmente individualista e adaptado ao
capitalismo”. O Informante e Pesquisador chama atenção para a presença e a
disseminação das igrejas neopentecostais nos assentamentos rurais. Já que,
conforme observação entre os produtores, predominava a religião católica praticante
em que se cultivam altares e santinhos nas residências. Durante uma entrevista a
Informante X: coloca que nenhum político seria capaz de resolver a pobreza e a
desigualdade, o que nos deixou, por segundos, felizes pela compreensão de que era
importante participar, mas logo depois prosseguiu: “Porque só Deus é capaz”.
Embora venha sendo perceptível esse esforço de participação social, de fato,
o que se observa é uma verdadeira corrida por esses recursos, que reforçam suas
receitas, adicionando-se aos FPM e a máquina administrativa municipal. Esses
recursos como apontam o Informante R vêm apressados.
225
Também são apontados por técnicos e produtores problemas de
relacionamento entre os órgãos responsáveis INCRA, ITERJ, EMATER, TECNORTE
e FENORTE: “é tanta informação que eles ficam perdidos”, diz a Informante V,
técnica local.
Cada um vem aqui e diz uma coisa, a gente não sabe em quem acreditar e o que
fazer (Informante D).
4.4.4.6. População em Movimento: O Legado da Terra.
Quem vai ficar na terra? Dá para pensar em um futuro no campo? Deve-se
pensar nessas questões como uma perspectiva de longo prazo em que pese à
questão migratória, ou seja, se em longo prazo há uma perspectiva de permanência
ou de saída.
Neste sentido, o débito é somente da sociologia rural, somam-se políticas de
assentamento e crédito que não conseguem projetar um futuro de continuísmos na
terra, para os entrevistados de algumas localidades em Campos dos Goytacazes.
Muito embora se deva ressaltar que as políticas, à luz da exposição de Bruno e Dias
(2004) no Capítulo I tem como proposta dar condições para que a população
permaneça na terra.
No item a respeito de Santa Maria e Dores de Macabu, essa questão já foi
iniciada. Em Santa Maria, a propensão do jovem em permanecer é pequena; já em
226
Dores de Macabu é maior. Entre a população assentada era comum, durante a
conversa, ouvir as pessoas, em especial as mais velhas, dizendo que os filhos não
se interessavam pela terra, eram poucos os filhos em que eles reconheciam o desejo
de continuar na terra ou que tomariam posse da terra em caso de falecimento ou
debilidade dos pais para tocar a propriedade, em especial, os filhos que
permaneceram na cidade não demonstram quase nenhum interesse pela terra.
A esperança também se renova, como nesse relato da produtora-assentada:
Eu não me via, não me imaginava na terra, apesar de ter nascido na roça, de os
meus pais serem agricultores, e espero que minhas filhas continuem.
No geral, a sensação que se tem é que a permanência no campo não é em
longo prazo, não tem perspectiva para as gerações futuras. A Informante S de 54
anos dizia:
Olha, minha filha mais velha já falou comigo mesmo: ’Mãe a senhora taí, mas Deus
nos livre guarde se a Senhora e o papai faltarem eu não venho para cá, não’. Eu
tenho uma outra filha que falou a mesma coisa e mora no Jockey.
A Informante S aponta que suas únicas expectativas estão no genro de sua
terceira filha que reside em Búzios e em um filho adotivo que cuida desde pequeno:
227
contando mesmo da parte de Deus só estou contando com o Bruce pelo menos ele
mora aqui. E todas as lutas que nós passamos, ele estava ali, mas só Deus sabe
porque quando eles crescem de repente a cabeça deles muda.
A preocupação sobre a sucessão da terra também é um temática que
preocupa dos mais jovens a Informante L de 22 anos que fala reportando-se a seu
filho de um pouco mais de 1 ano de idade:
Eu já pensei muito nisso, né? Eu vim da cidade praticamente para a roça, meu
medo é que ele saia da roça para a cidade.
Sua irmã de 28 anos residente no mesmo assentamento aponta que tem
poucas expectativas.
Eu acho que não. Tenho 3 filhos, dois só ficam comigo aos finais de semana
porque as condições de estudar não são das melhores, ainda. O meu garoto
menor já gosta de cavalo e terra.”“.
A expectativa na sucessão da terra concentra-se na permanência em um filho
por família. Há casos daqueles que vêem o campo como uma suporte para que os
filhos possam sair dali, como é caso do senhor de 47 anos:
“A informatização no campo pode despertar um interesse maior e estar segurando
nossa juventude aqui dentro, filhos de assentados que saem para estudar fora,
porque não encontram aqui dentro a perspectiva de voltarem à cidade”.
Para a Informante D:
228
agente pensa que faz para por eles. Não é para eles, a gente está fazendo pela
gente mesmo, porque a gente sabe que eles não ficam aqui, nem adianta... pode
até ser [...] eu acho muito difícil. Eu tenho 4 filhos: um está para casa do tio porque
não gosta nem de vir aqui, que é o Rick, a do meio, Ana Paula, nossa senhora!
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Inserindo-se no debate atual sobre novas configurações espaciais e
rural/rubanas, o estudo desenvolveu-se ancorado num tripé empírico conceitual:
migrações, políticas públicas e pertencimento, procurando avançar no entendimento
das novas ruralidades no estado do Rio de Janeiro.
Os recursos metodológicos adotados permitiram captar dimensões
significativas das transformações, em distintas escalas de observação e análise.
Assim, mediante uma análise quantitativa que resultou na construção de tipos de
ruralidades, em escala regional com base nas migrações - características, fluxos e
saldos - e um leque de indicadores - sociais, econômicos, culturais e ambientais - foi
possível detectar que o Rio de Janeiro é muito mais rural do que a informação de
fontes oficia indicam. Na verdade, encontra-se ruralidades em todas as regiões de
governo, embora, é claro, em níveis diferenciados e com características distintas.
O novo rural, no entanto, significa também dimensões simbólicas, culturais e
valorativas dos sujeitos envolvidos no cotidiano em transformação. O conceito de
pertencimento orientou o levantamento de campo, onde e quando foi possível
observar algumas dessas manifestações para os indivíduos entrevistados. Neste
nível de análise foi possível se perceber que as identidades se reforçam de forma
circunstancial, reproduzindo assim as ações cotidianas e complexas da vida
concreta; é aqui, também, que as migrações - os "de dentro" e os "de fora” - se
constituem em mediação significativa na construção/reconstrução da vida concreta e
230
das dimensões simbólicas; onde a "cidade" e o "campo" se confrontam no imaginário
frente ao espaço em transformação.
As políticas públicas, com seu foco, suas ausências ou negligências, passa a
constituir, nesse contexto, uma dimensão importante; pôde-se observar, nas
entrevistas, que frente às mesmas, manifesta-se o reforço ou a negação de um
pertencimento, resultando em estratégias diferenciadas de reprodução social.
Pôde-se observar, ademais, que mesmo havendo formas de aproximação
entre rurais - urbanos, manifestações rurais nas cidades, identidades sociais ainda
em construção sob quais se revelam um hibridismo de urbanidade e ruralidade, as
barreiras não são mais geográficas e nem tão definitivas, mas, sobretudo sociais;
reforçam-se através das políticas repondo, assim, a dicotomia; recria-se uma
dicotomia ancorada ainda nas desigualdades; atribui-se ainda ao campo o
isolamento, o atraso, mesmo quando a tecnologia reside ao lado como em Campos.
Em síntese, o estudo sugere que o rural e o urbano do século XXI fluminense
campista são espaços sociais dicotomizados e dicotomizantes pelas estratégias
políticas, econômicas e, sobretudo, de reprodução social.
231
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241
ANEXOS
T
ABELAS
Média
geométrica de
crescimento
anual
1991/2000 (%)
De
urbanização
(%)
Estado 1,30 96,0 328,1
Região Metropolitana 1,17 99,3 1.913,5 -32.751
-0,02
35.808
Rio de Janeiro 0,74 100,0 4.858,1 -139.518
-0,58
4.470
Belford Roxo 2,09 100,0 5.499,7 15.407
0,36
222
Duque de Caxias 1,67 99,6 1.655,9 9.854
0,15
1.497
Guapimirim 3,44 67,4 104,9 3.259
0,46
3.252
Itaboraí 3,34 94,5 436,8 16.716
0,57
1.347
Itaguaí 3,40 95,4 291,5 3.697
0,37
2.144
Japeri 2,67 100,0 1.023,1 3.423
0,46
587
Magé 2,57 94,2 532,1 9.903
0,45
10.810
Mangaratiba 3,72 79,8 68,8 2.900
0,60
1.252
Maricá 5,71 82,6 210,9 12.441
0,75
414
Mesquita¹ 1,75 100,0 3.992,3
--
-
Nilópolis -0,31 100,0 7.923,3 -6.829
-0,25
Niterói 0,58 100,0 3.416,0 -5.546
-0,09
190
Nova Iguaçu 2,02 100,0 1.449,6 23.363
0,36
7.144
Paracambi 1,18 91,1 216,7 472
0,16
1.032
Queimados 2,37 100,0 1.590,5 3.238
0,69
428
São Gonçalo 1,49 100,0 3.583,1 8.276
0,12
2.830
São João de Meriti 0,60 100,0 12.953,2 2.080
0,04
45
Seropédica 2,48 79,5 243,3 1.908
0,68
2.615
Tanguá 1,27 86,1 182,5 2.205
0,40
798
Região Noroeste Fluminense 0,96 79,2 55,3 -7.309
-0,20
97.997
Aperibé 2,70 85,3 86,8 310
0,25
2.851
Bom Jesus do Itabapoana 1,33 81,5 56,2 -314
-0,11
8.871
Cambuci -0,21 67,8 26,1 -695
-0,35
15.294
Italva -0,13 70,0 42,8 58
0,04
5.511
Itaocara 0,03 69,2 53,7 -551
-0,17
11.171
Itaperuna 1,18 89,2 78,2 827
0,11
16.797
Laje do Muriaé 0,65 71,1 31,4 -1.055
-0,56
3.210
Miracema 0,84 88,8 89,5 -5.343
-0,69
2.354
Natividade 0,36 77,6 38,7 -1.083
-0,51
6.179
Porciúncula 1,02 75,3 52,9 -341
-0,21
9.779
Santo Antônio de Pádua 1,68 76,0 63,4 482
0,15
7.513
São José de Ubá 0,64 36,3 25,5 143
0,27
3.152
Varre-Sai 1,09 52,6 41,2 253
0,27
5.315
Taxa média geométrica de crescimento anual, taxa de urbanização e densidade demográfica, segundo as Regiões de Governo e municípios do Estado do
Rio de Janeiro - 2000
PIB AgrícolaEficáciaSaldo
Regiões de Governo
e municípios
Taxas
Densidade
demográfica
(hab./km
2
)
242
243
Média
geométrica de
crescimento
anual
1991/2000 (%)
De
urbanização
(%)
Estado 1,30 96,0 328,1
Região Norte Fluminense 1,49 85,1 71,5 -8.270
-0,12
135.938
Campos dos Goytacazes 0,88 89,5 100,7 -9.289
-0,35
85.435
Carapebus 2,02 79,3 34,5 50
0,04
4.203
Cardoso Moreira -0,20 63,8 24,3 -299
-0,19
3.242
Conceição de Macabu 1,14 88,1 47,1 -5.665
-0,67
4.306
Macaé 3,93 95,1 107,8 6.529
0,39
2.189
Quissamã 3,01 56,3 19,2 371
0,24
11.371
São Fidélis 0,69 72,1 35,5 -1.053
-0,23
4.617
São Francisco de Itabapoana 0,68 46,7 36,7 960
0,40
18.520
São João da Barra 3,20 70,9 60,3 126
0,03
2.055
Região Serrana 1,01 83,2 108,0 9.098
0,15
297.840
Bom Jardim 1,04 50,0 58,7 -184
-0,05
8.675
Cantagalo 0,09 69,1 26,3 495
0,25
5.624
Carmo 0,58 72,3 47,7 410
0,30
4.827
Cordeiro 1,46 95,5 165,3 621
0,23
573
Duas Barras 0,51 58,3 27,5 -318
-0,15
12.646
Macuco 1,02 80,3 63,0 -703
-0,54
259
Nova Friburgo 0,41 87,6 184,8 3.471
0,24
29.715
Petrópolis 1,28 94,5 359,5 2.175
0,16
7.110
Santa Maria Madalena -0,39 52,8 12,8 -682
-0,39
18.711
São José do Vale do Rio Preto 2,47 46,7 87,3 242
0,18
13.353
São Sebastião do Alto 0,40 43,8 21,2 -38
0,00
5.929
Sumidouro 0,99 16,5 35,7 38
0,02
38.038
Teresópolis 1,51 83,4 178,7 3.950
0,32
129.918
Trajano de Morais -0,65 36,7 16,9 -379
-0,23
22.462
Região das Baixadas Litorâneas 4,13 85,9 110,7 40.868
0,43
70.299
Araruama 3,83 90,7 129,5 6.626
0,49
11.996
Armação dos Búzios 8,68 100,0 253,9 1.915
0,54
-
Arraial do Cabo 2,06 100,0 151,5 646
0,15
19
Cabo Frio 5,81 83,8 308,7 9.067
0,40
3.692
Cachoeiras de Macacu 2,12 84,7 50,7 386
0,07
20.233
Casimiro de Abreu 3,94 82,8 48,6 1.291
0,34
1.631
Iguaba Grande 7,20 100,0 309,8 2.804
0,71
383
Rio Bonito 1,07 65,3 107,3 -568
-0,09
2.440
Taxa média geométrica de crescimento anual, taxa de urbanização e densidade demográfica, segundo as Regiões de Governo e municípios do Estado do
Rio de Janeiro - 2000 (cont.)
PIB AgrícolaEficáciaSaldo
Regiões de Governo
e municípios
Taxas
Densidade
demográfica
(hab./km
2
)
Rio das Ostras 8,02 94,9 158,1 6.937
0,77
900
São Pedro da Aldeia 4,54 82,5 187,8 5.736
0,59
25.581
Saquarema 3,68 96,1 148,4 5.294
0,59
3.424
Silva Jardim 1,78 66,8 22,6 734
0,23
7.054
244
M
édia
g
eométrica de
crescimento
anual
1991/2000 (%)
D
e
urbanização
(%)
Estado 1,30 96,0 328,1
Região do Médio Paraíba 1,38 93,0 126,6 -3.030
-0,04
106.874
Barra do Piraí 1,24 95,8 152,0 137
0,02
45.888
Barra Mansa 0,49 96,7 311,6 -2.594
-0,23
8.623
Itatiaia 4,91 47,4 102,3 715
0,19
2.403
Pinheiral 4,17 90,7 250,4 1.733
0,56
895
Piraí 0,96 81,7 43,8 -397
-0,10
3.171
Porto Real 4,23 94,2 237,6 601
0,28
1.444
Quatis 2,23 87,7 37,4 99
0,09
2.074
Resende 2,54 91,8 95,0 1.765
0,21
5.552
Rio Claro 1,93 71,6 19,2 646
0,27
16.011
Rio das Flores 1,88 70,3 15,9 -280
-0,25
4.302
Valença 0,97 86,4 50,8 -506
-0,09
13.860
Volta Redonda 1,05 100,0 1.330,0 -4.949
-0,25
2.651
Região Centro-Sul Fluminense 1,19 83,1 83,7 -2.440
-0,08
62.673
Areal 2,08 90,5 89,6 578
0,44
1.212
Comendador Levy Gasparian 1,29 92,3 72,3 392
0,49
871
Engenheiro Paulo de Frontin 0,09 72,1 85,1 -544
-0,28
2.781
Mendes 0,45 99,0 179,5 -242
-0,13
289
Miguel Pereira 2,32 84,0 82,8 -1.782
-0,30
1.337
Paraíba do Sul 1,09 87,4 63,5 -412
-0,08
6.106
Paty do Alferes 1,87 67,2 81,2 435
0,17
6.691
Sapucaia 1,19 70,9 31,8 526
0,33
19.052
Três Rios 0,97 93,6 224,2 -1.210
-0,26
12.409
Vassouras 1,04 63,2 59,1 -181
-0,05
11.925
Região da Baía da Ilha Grande 3,47 86,3 84,9 3.834
0,28
3.186
Angra dos Reis 3,76 95,9 145,5 3.367
0,27
182
Parati 2,37 47,6 31,6 467
0,30
3.004
Taxa média geométrica de crescimento anual, taxa de urbanização e densidade demográfica, segundo as Regiões de Governo e municípios do Estado
d
Rio de Janeiro - 2000 (cont.)
P
IB Agrícola
E
ficácia
Saldo
Migratório
R
egiões de Governo
e municípios
Taxas
D
ensidade
demográfica
(hab./km
2
)
¹ O município de Mesquita foi criado em 2001, senso assim nem todas as informações sobre este município estão
disponíveis
Fonte: Censo Demográfico, 2000.IBGE.
245
Municípios de Residência em 2000 -Situação de
Domícilio Área Rural
Neste
munipio na
zona urbana
Neste
município na
zona rural
Em outro
municipio na
zona urbana
Em outro
municipio
na zona
rural
Em outro
país
Não era
nascido
Total
Região Metropolitana
3.090.623 26.233 608.393 17.854 11.331 53.571 3.808.00
6
Rio de Janeiro 1.451.336 5.318 225.501 9.61
7
17.178 1.708.949
Belford Roxo
157.126 1.178 37.871 85 4.105 200.365
Duque de Caxias 252.091 3.314 47.302 5.715
162
5.421 314.005
Guapimirim 7.827 225 3.153 456
-
295 11.95
6
Itaboraí 59.398 3.721 24.791 1.948
40
2.310 92.209
Itaguaí 27.061 560 8.156 758
52
861 37.448
Ja
p
eri 26.311 905 6.988
-
85 561 34.849
Magé 59.190 1.703 16.817 1.197 17 1.774 80.698
Mangaratiba 5.062 363 3.938 309
27
162 9.861
Maricá 19.845 1.103 13.290 1.269
-
928 36.435
Niló
p
olis 55.232 101 11.890
-
5 991 68.220
Niterói 157.623 506 38.804
-
736 2.467 200.135
Nova I
g
ua
ç
u 303.370 2.62
6
59.933 4.558 263 6.446 377.19
6
Paracambi 11.202 218 1.523 202
-
69 13.215
Q
ueimados 37.492 501 8.934
-
-
827 47.754
São Gon
ç
alo 285.392 1.835 57.954
-
102 5.094 350.37
7
São João de Meriti 151.312 483 33.544
-
105 3.248 188.692
Seropédica 16.143 1.119 5.756 881 34 637 24.570
Tan
g
uá 7.611 454 2.24
6
561
-
199 11.071
Região Norte Fluminense
103.601 2.664 31.99
6
1.020.811 455 3.212 28.887.161
Campos dos Goytacazes 44035 1222 9377 931784 54 1151 28800029
Cara
p
ebus 1088 74 604 79
-
35 1880
Cardoso Moreira 2161 210 390 85887
-
36 2968
Concei
ç
ão de Macabu 4388 100 796 404
-
96 5783
Macaé 40.188 496 15.216 2.242 401 1.384 59.927
Quissamã 1.347 93 716 68
-
47
São Fidélis 4.340 233 1.686 115
-
146 6.520
São Francisco de Itabapoana 2.157 184 1.405 75
-
147 3.969
São João da Barra 3.897 53 1.806 158
-
169 6.083
Re
g
ião das Baixadas Litorâneas
140.989 7.018 64.79
6
8.745 662 5.367 222.174
Araruama 19.303 1.628 10.070 1.513
12
654 33.180
Armação dos Búzios
5.834 229 3.16
7
691 190 428 10.540
Arraial do Cabo
8.093 2.889
-
19 209 11.209
Cabo Frio 36417 565 12924 2711 182 1108 53907
Cachoeiras de Macacu 9054 836 3145 441 39 302 13816
Casimiro de Abreu 5838 192 2402 348 39 124 8943
I
g
uaba Grande 4.324 21 3.691 188 5 264 8.494
Rio Bonito 8.101 270 1.940 120
28
134 10.593
Rio das Ostras 12.343 573 8.026 1.276
-
615 22.833
São Pedro da Aldeia 16.344 691 7.526 709
7
794 26.071
Saquarema 12.209 1.339 7.638 636
141
622 22.58
6
Silva Jardim 3.129 672 1.37
7
111
-
114
-
P
o
p
ula
ç
ão Residente em 2000
,
se
g
undo s situa
ç
ão de domilio em 31/07/1995
246
Municípios de Residência em 2000 -Situação de
Domícilio Área Rural
Neste
município na
zona urbana
Neste
município na
zona rural
Em outro
municipio na
zona urbana
Em outro
municipio
na zona
rura
l
Em outro
país
Não era
nascido
Total
Região Serrana 152.064 4.626 31.774 6.473 315 2.527 186.774
Bom Jardim 2.138 200 873 163
-
31 3.405
Cantagalo 2178 122 760 81
-
82
3.223
Carmo 2299 124 1002 54
-
72 3551
Cordeiro 5.557 90 1.171 446
-
118
-
Duas Barras 1.377 177 552 121
-
40
-
Macuco 1.061 26 211 38
-
19
-
Nova Friburgo 43.621 1.575 7.388 2.332
116
644 55.676
Petrópolis 63.253 793 10.557 1.738
156
874 77.371
Santa Maria Madalena 976 57 289 61
-
26 1.410
São José do Vale do Rio Preto 1.764 158 233 112
-
59 2.327
São Sebastião do Alto 653 37 307 74
-
28 1.099
Sumidouro 497 27 192 5
-
4 726
Teresópolis 26.117 1.140 7.999 1.214
44
520 37.033
Trajano de Morais 574 100 238 33
-
9 954
Região do Médio Paraíba 236.037 2.728 40.156 4.682 225 3.985 278.489
Barra do Piraí 22.166 484 4.109 348
-
243 27.350
Barra Mansa 56.809 131 6.304 601
44
963 64.853
Itatiaia 3.282 52 1.122 273
-
85 4.815
Pinheiral 7.198 109 2.320 184
-
291 10.101
Piraí
4.615 222 1.435 214
-
218 6.705
Porto Real 3.976 49 1.355 129 9 130
-
Quatis 2.879 38 638 92
-
30
-
Resende 28.059 576 8.203 621 119 593 38.170
Rio Claro 2.595 135 1.078 233
-
120 4.160
Rio das Flores 1.467 90 283 76
-
33 1.949
Valença 14.309 386 2.644 361
-
258 17.958
Volta Redonda 88681 457 10665 1550 53 1021 102428
Re
g
ião Centro-Sul Fluminense 53.048 1.537 13.275 1.903 51 1.265 56.790
Areal 2.276 35 780 203
5
79 3.377
Comendador Lev
y
Gas
p
arian 2408 32 709 248
-
133 3530
Engenheiro Paulo de Frontin 2.309 87 561 81
-
62 3.101
Mendes 4.879 146 800 88
7
100
-
Miguel Pereira 5.919 229 1.678 305
19
118
-
Paraíba do Sul 7.202 397 2.521 280
11
159 10.571
Paty do Alferes 3.301 130 1.184 254
-
114 4.982
Sapucaia 2.286 69 1.119 53
-
32 3.559
Três Rios 18.286 205 2.592 204
-
290 21.576
Vassouras 4.182 207 1.330 189
9
178 6.094
Re
g
ião Noroeste Fluminense 51.132 2.274 14.829 2.585 70 1.241 72.130
Aperibé 2.270 177 589 192
-
81 3.309
Bom Jesus do Itabapoana 6305 247 1681 275
-
90 8598
Cambuci 1.348 23 576 66
-
29 2.042
Italva 2.132 161 568 178
-
60 3.099
Itaocara 3.563 155 1.055 134
-
34 4.941
Itaperuna 18.376 582 4.784 687
-
421 24.850
Laje do Muriaé 1.028 85 494 124
-
13 1.744
Miracema 3.931 124 1.229 115
31
113 5.542
Natividade 2.363 194 506 67
-
62 3.192
Porciúncula 2.781 160 780 104
-
77 3.902
Santo Antônio de Pádua 5.916 230 2.268 491
39
240 9.184
Po
p
ula
ç
ão Residente em 2000
,
se
g
undo s situa
ç
ão de domicílio em 31/07/1995
São José de Ubá 280 34 51 62
-
5 433
Varre-Sai 839 102 248 90
-
14 1.293
247
Municípios de Residência em 2000 -Situação de
Domícilio Área Rural
Neste
município na
zona urbana
Neste
município na
zona rural
Em outro
municipio na
zona urbana
Em outro
municipio
na zona
rural
Em outro
país
Não era
nascido
Total
Re
g
ião da Baía de Ilha Grande 38.305 958 12.831 2.757 103 1.467 56.422
Angra dos Reis 35.101 804 12.100 2.542 74 1.414 52.035
Parati 3.204 154 731 216 30 53 4.387
248
MUNICÍPIOS DESMEMBRADOS
MUNICÍPIO CRIADO MUNICÍPIO ORIGEM
1990
QUISSAMÃ
MACAÉ
1993
APERIBÉ SANTO ANTÔNIO DE PÁDUA
AREAL TRÊS RIOS
BELFORD ROXO NOVA IGUAÇU
CARDOSO MOREIRA - CAMPOS DOS GOYTACAZES
COM. LEVY GASPARIAN TRÊS RIOS
GUAPIMIRIM MAGÉ
JAPERI NOVA IGUAÇU
QUATIS BARRA MANSA
QUEIMADOS NOVA IGUAÇU
ARMAÇÃO DOS BÚZIOS CABO FRIO
RIO DAS OSTRAS CASIMIRO DE ABREU
VARRE-SAI NATIVIDADE
1997
CARAPEBUS MACAÉ
IGUABA GRANDE SÃO PEDRO DA ALDEIA
MACUCO CORDEIRO
PINHEIRAL PIRAÍ
PORTO REAL- RESENDE
SÃO FRANCISCO DE ITABAPOANA SÃO JOÃO DA BARRA
SÃO JOSÉ DE UBÁ CAMBUCI
SEROPÉDICA ITAGUAÍ
TANGUÁ ITABORAÍ
2001
MESQUITA NOVA IGUAÇU
249
APÊNDICE METODOLÓGICO
AGLOMERADO SUBNORMAL - Conjunto constituído por unidades
habitacionais (barracos, casas, etc) ocupando ou tendo ocupado, até período
recente, terrenos de propriedade alheia (pública ou particular) dispostas, em geral,
de forma desordenada e densa, e carentes, em sua maioria, de serviços públicos
essenciais. O que caracteriza um aglomerado subnormal é a ocupação desordenada
e que quando de sua implantação não houvesse posse da terra ou título de
propriedade. (1)
ANOS DE ESTUDO - V0430 (4300b) Número de anos de estudo para a
pessoa recenseada em função do último curso e série concluídos, em classes de
valores.
ÁREA COLHIDA – É a parcela da área plantada de cada produto que foi
realmente colhida durante o ano-base do levantamento. Para as culturas temporárias
de curta e média duração, a área colhida será; no máximo, igual à área plantada
quando não houver perda por adversidade climática (chuva, seca, granizo, geada,
etc...), patogênica ou econômica. E para as culturas temporárias de longa duração, a
área em que foi colhida a produção no ano-base do levantamento. Para as culturas
permanentes a área colhida corresponde à área ocupada com pés que produziram
no ano-base do levantamento.
ÁREA TOTAL - Áreas dos estabelecimentos, segundo a sua utilização,
foram divididas nas seguintes categorias:
250
CENSO AGROPECUÁRIO – esta pesquisa teve como período de referência
para as informações de produção e valores o intervalo de 01/agosto/95 a 31/julho/96.
Os dados sobre propriedade, área, pessoal ocupado, referem-se a 31/dez/95,
efetivos da pecuária e de lavouras permanentes e da silvicultura, referem-se a
31/07/96. Dizem respeito ao período, informações sobre investimentos,
financiamentos, despesas, receitas, produção e outras ligadas ao movimento dos
estabelecimentos agropecuários.
CRESCIMENTO VEGETATIVO – crescimento da população devido à
mortalidade e fecundidade.
CULTURAS PERMANENTES – São culturas de longo ciclo vegetativo, que
permitem colheitas por vários anos sem necessidade de novo plantio. Ex.: algodão
arbóreo, banana, cacau, café, coco-da-baía, laranja, pimenta-do-reino, sisal e uva.
CULTURAS TEMPORÁRIAS – São culturas de curta ou média duração,
geralmente com ciclo vegetativo (período compreendido entre o plantio e a colheita)
inferior a um ano e que depois de colhidas, necessitam de um novo plantio. Ex.:
algodão herbáceo, amendoim, arroz, batata-inglesa, cebola, feijão, fumo, milho e
soja.
DATA FIXA - Residência em 31/07/1995, código do município este quesito do
Censo Demográfico serve também, Zona (ou área) urbana e zona (ou área) rural de
um mesmo distrito são definidas em função de seu posicionamento em relação ao
perímetro urbano (linha divisória de seus espaços juridicamente distintos),
estabelecido por lei municipal.
Zona (ou área) de residência no município de residência atual ou em outro
município, ou país estrangeiro de residência, no dia 31/07/1995.
251
DENSIDADE DEMOGRÁFICA – Quociente entre a população residente e a
área geográfica. Se expressa em habitantes / Km2.
ESTABELECIMENTOS AGROPECUÁRIOS - estes foram discriminados,
segundo a propriedade das terras que os constituíam, nas seguintes categorias:
Individual, Condomínio ou Sociedade de Pessoas, Sociedade Anônima, Sociedade
Limitada, Cooperativa, Entidade Pública e Instituição Pia ou Religiosa.
ÍNDICE DE EFICÁCIA MIGRATÓRIA – mede o grau de atratividade da
região. O índice varia de -1 a 1, quanto mais próximo de 1 mais atrativa, mais
próximo de -1 mais expulsora de população e próximo a 0, mais circular, ou seja
entre muita gente mais sai muita gente, ou ainda sai pouca gente e entra pouca
gente.
INVESTIMENTOS (agrícolas) – São dotações para o planejamento e a
execução de obras, inclusive as destinadas à aquisição de imóveis considerados
necessários a realização destas últimas, bem como, para os programas especiais de
trabalho, aquisição de instalação, equipamentos e material permanente e
constituição ou aumento do capital de empresas que não sejam de caráter comercial
ou financeiro.
LAVOURAS PERMANENTES - Compreendeu a área plantada ou em
preparo para o plantio de culturas de longa duração, que após a colheita não
necessitassem de novo plantio, produzindo por vários anos sucessivos. Foram
incluídas nesta categoria as áreas ocupadas por viveiros de mudas de culturas
permanentes.
LAVOURAS TEMPORÁRIAS - Abrangeu as áreas plantadas ou em preparo
para o plantio de culturas de curta duração (via de regra, menor que um ano) e que
252
necessitassem, geralmente de novo plantio após cada colheita, incluíram-se também
nesta categoria as áreas das plantas forrageiras destinadas ao corte.
LOCALIZAÇÃO DAS ÁREAS – esta é uma subdivisão utilizada
elaborada pelo IBGE com base nas informações administrativas, a partir de
1991. Esta localização é dividida em:
ÁREA URBANIZADA DE VILA OU CIDADE - Setor urbano
situado em áreas legalmente definidas como urbanas, caracterizadas
por construções, arruamentos e intensa ocupação humana; áreas
afetadas por transformações decorrentes do desenvolvimento urbano e
aquelas reservadas à expansão urbana;
ÁREA NÃO URBANIZADA - área não urbanizada de vila ou
cidade, setor urbano situado em áreas localizadas dentro do perímetro
urbano de cidades e vilas reservadas à expansão urbana ou em
processo de urbanização; áreas legalmente definidas como urbanas,
mas caracterizadas por ocupação predominantemente de caráter rural;
ÁREA URBANIZADA ISOLADA - Setor urbano situado em
áreas definidas por lei municipal e separadas da sede municipal ou
distrital por área rural ou por um outro limite legal;
RURAL - EXTENSÃO URBANA - Setor rural situado em
assentamentos situados em área externa ao perímetro urbano legal,
mas desenvolvidos a partir de uma cidade ou vila, ou por elas
englobados em sua extensão;
RURAL – POVOADO - Setor rural situado em aglomerado rural
isolado sem caráter privado ou empresarial, ou seja, não vinculado a
um único proprietário do solo (empresa agrícola, indústria, usina etc.),
cujos moradores exercem atividades econômicas no próprio
aglomerado ou fora dele. Caracteriza-se pela existência de um número
mínimo de serviços ou equipamentos para atendimento aos moradores
do próprio aglomerado ou de áreas rurais próximas;
RURA L – NÚCLEO - Setor rural situado em aglomerado rural
isolado, vinculado a um único proprietário do solo (empresa agrícola,
indústria, usina etc.), privado ou empresarial, dispondo ou não dos
serviços ou equipamentos definidores dos povoados;
RURAL - OUTROS AGLOMERADOS - setor rural situado em
outros tipos de aglomerados rurais, que não dispõem, no todo ou em
253
parte, dos serviços ou equipamentos definidores dos povoados, e que
não estão vinculados a um único proprietário (empresa agrícola,
indústria, usina etc.);
RURAL - EXCLUSIVE AGLOMERADOS RURAIS - Área externa
ao perímetro urbano, exclusive as áreas de aglomerado rural.
PESSOAS DESOCUPADAS – são pessoas sem trabalho que tomaram
alguma providência efetiva de procura de trabalho no período de referência
especificado (semana de referência ou período de 365 dias).
PESSOAS ECONOMICAMENTE ATIVASSão todas aquelas pessoas de 10
e mais que no período de referência exerciam uma atividade remunerada, ou não,
com mais 10horas por semanais. Mais todas aquelas pessoas que procuraram
emprego e aquelas que produzem para o próprio consumo no período de referência.
Tendo como condição de atividade econômica da pessoa na semana de referência
(23 a 29 de julho de 2000) do Censo.
PESSOAS NÃO ECONOMICAMENTE ATIVAS – Pessoas que no período de
referência especificado (semana de referência ou período de 365 dias) não foram
classificadas como ocupadas nem desocupadas.
PESSOAS OCUPADAS – são pessoas que tinham trabalho durante todo ou
parte do período de referência especificado (semana de referência ou período de 365
dias). Incluíram-se, ainda, como ocupadas às pessoas que não exerceram o trabalho
remunerado que tinham no período especificado por motivo de férias, licença, greve,
etc.
PIA – é a população considerada em Idade Ativa (a partir de 10 anos).
254
PIRÂMIDE POPULACIONAL OU PIRÂMIDE ETÁRIA
representação gráfica
da composição etária e por sexo de uma população, feita através de valores
absolutos ou proporções de homens e mulheres em cada grupo etário. Somando-se
todos os grupos etários, teremos 100% da população.
POPULAÇÃO RESIDENTE - Pessoas moradoras do domicílio e que estão
presentes na data de referência do censo ou ausentes temporariamente por período
não superior a 12 meses, em relação àquela data.(2)
PRODUTO INTERNO BRUTO – PIB. Volume, medido monetariamente, dos
bens e serviços não consumidos no processo produtivo e produzidos durante um
determinado período de tempo, num determinado espaço geográfico.(1)
PRODUTO INTERNO BRUTO – Valor dos bens e serviços produzidos no
País, durante o ano. É a medida do total do valor adicionado bruto produzido por
todas as atividades econômicas.(2)
PRODUTO INTERNO BRUTO A CUSTO DE FATORES – É o valor agregado
(PIB), excluído do seu cálculo o valor e/ ou participação dos tributos e subsídios
existente sobre as atividades econômicas sob renda.
RECEITA (agrícola) - Refere-se à quantidade e ao valor da produção das
principais culturas permanentes e temporárias, da horticultura, da extração vegetal e
da silvicultura, no período de 01-08-95 a 31-07-96.
Pessoal ocupado
RENDIMENTOS - Os quesitos referentes a rendimentos pesquisaram a
existência e o valor dos rendimentos de trabalho e de outras fontes, tais como
255
aposentadoria ou pensão, aluguel, pensão alimentícia, mesada, doação, programas
oficiais de auxílio e outras, em no mês de julho de 2000, das pessoas de 10 anos ou
mais de idade.
RURAL - área externa ao perímetro urbano de um distrito, composta por
setores nas seguintes situações de setor (V1005): 4 - rural, de extensão urbana, 5 -
rural, povoado, 6 - rural, núcleo, 7 - rural, outros aglomerados, 8 - rural, exclusive
aglomerados.
TRABALHO PRINCIPAL, RENDIMENTO BRUTO. CLASSE V0451 (V4514) -
Para a pessoa que tinha mais de um trabalho na semana de referência, o trabalho
principal é:
aquele ao qual a pessoa dedicava o maior número de horas normalmente
trabalhadas por semana, independentemente de ser remunerado ou não-
remunerado; ou
no caso de igualdade do número de horas trabalhadas, aquele que a pessoa
possuía há mais tempo, independentemente de ser remunerado ou não; ou
no caso de igualdade também do tempo de exercício dos trabalhos, o principal
é aquele que proporcionava o maior rendimento.
Remuneração bruta: pagamento da pessoa empregada, inclusive o salário-
família e os descontos correspondentes ao INSS, Imposto de Renda, faltas etc.,
exclusive o décimo-terceiro salário, a gratificação de férias e a participação nos
lucros paga pelo empregador.
Retirada: o ganho (rendimento bruto menos os gastos efetuados com o
empreendimento, tais como: pagamento de empregados, compra de equipamentos,
matéria-prima, energia elétrica, telefone etc.) da pessoa que explorava um
empreendimento como conta-própria ou empregadora.
256
Rendimento bruto, em reais:
Para a pessoa que possuía rendimento fixo: valor da remuneração bruta (se
empregado ou trabalhador doméstico) ou da retirada (se empregador ou
conta-própria) do mês de julho de 2000 ou o que ganharia se houvesse
trabalhado o mês completo (para a pessoa que ainda não houvesse recebido,
o valor que viria a receber).
Para a pessoa licenciada por instituto de previdência oficial: valor bruto do
mês de julho de 2000 recebido como benefício (auxílio-doença, acidente de
trabalho etc.).
Para a pessoa que possuía rendimento variável: o valor em média da
remuneração bruta ou da retirada do mês de julho de 2000.
Para a pessoa que recebia em produtos ou mercadorias de atividade do ramo
que engloba agricultura, silvicultura, pecuária, extração vegetal ou mineral,
pesca e piscicultura: valor real ou estimado recebido normalmente, referente
ao mês de julho de 2000; e valor em média mensal, real ou estimado referente
ao mês de julho de 2000, que ganharia normalmente com a produção sazonal
(produção temporária, ou seja, que não ocorre o ano inteiro).
Nota: não foram computados os valores da produção para próprio consumo
nem a parcela do pagamento efetuada em benefícios, tais como: moradia,
alimentação (refeições, cesta de alimentos, vale ou tíquete alimentação), vale ou
tíquete transporte, roupas etc.
Rendimento bruto proveniente do trabalho principal, em reais, em classes de
valores. Observação: valor do salário mínimo na data de referência do Censo: R$
151,00 (cento e cinqüenta e um reais).
Não aplicável para pessoa com menos de 10 anos de idade e à pessoa com
10 anos ou mais de idade que não tinha trabalho na semana de referência do Censo.
Trabalho principal, ocupação, grupo(3) V0445 (V4452d)
257
Entende-se por ocupação a função, cargo, profissão ou ofício desempenhado
por uma pessoa numa atividade econômica. A ocupação refere-se sempre ao
trabalho principal.
Trabalho principal é aquele ao qual a pessoa dedica maior número de horas
normalmente trabalhadas por semana independentemente de ser remunerado ou
não-remunerado. No caso de igualdade no número de horas trabalhadas, o trabalho
principal será aquele que a pessoa possuía há mais tempo, independentemente de
ser remunerado ou não. No caso de igualdade também no tempo de exercício dos
trabalhos, o principal será aquele que proporcionava o maior rendimento.
Grupo da ocupação exercida no trabalho principal ou no único trabalho da
pessoa recenseada.
Classificação da Informação:
0 - membros forças armadas, policiais e bombeiros militares
membros das forças armadas, policiais e bombeiros militares
1 - membros sup poder público, dirigentes e gerentes
membros superiores do poder público, dirigentes de organizações de
interesse público e de empresas, gerentes
2 - profissionais das ciências e das artes
3 - técnicos de nível médio
4 - trabalhadores de serviços administrativos
5 - trabs serviços, vends comércio lojas e mercados
trabalhadores dos serviços, vendedores do comércio em lojas e mercados
6 - trabs agropecuários, florestais, caça e pesca
trabalhadores agropecuários, florestais, caça e pesca
258
7 - trabs da produção de bens e serviços industriais (1)
trabalhadores da produção de bens e serviços industriais
8 - trabs da produção de bens e serviços industriais (2)
trabalhadores da produção de bens e serviços industriais
9 - trabalhadores de reparação e manutenção
98 - Ocupações mal especificadas
99 - Não aplicável
Não aplicável à pessoa de menos de 10 anos de idade ou pessoa de 10 ou
mais de idade que não tinha trabalho na semana de referência do Censo.
TAXA DE DESOCUPAÇÃO – é a relação percentual entre as pessoas
desocupadas e população economicamente ativa. Representa o percentual da PEA
que se encontra desocupada.
SALDO MIGRATÓRIO – é o resultado da subtração da população que entrou
no período de referência pela população que saiu.
TAXA DE ATIVIDADE – é a relação entre a PEA e a PIA. Representa o
percentual de pessoas que estando em idade ativa (acima de 10 anos) encontram-se
ocupadas ou desocupadas.
TAXA DE URBANIZAÇÃO – Quociente entre a população urbana e o total da
população (2)
TAXA GEOMÉTRICA DE CRESCIMENTO ANUAL – foi utilizada essa formula
para a obtenção dessa taxa no período 1991-2000 (3):
259
[(
Pop 2000
Pop1991
)
—1
]
*100
TAXA LÍQUIDA DE MIGRAÇÃO – É obtida pela diferença entre a taxa média
geométrica de crescimento anual e a taxa de crescimento vegetativo. Expressa (em
forma de porcentagem) o crescimento da população devido aos movimentos
migratorios. (3)
URBANO (administrativamente) - área interna ao perímetro urbano de um
distrito, composta por setores nas seguintes situações de setor (v1005): 1 - área
urbanizada de vila ou cidade, 2 - área não urbanizada de vila ou cidade, 3 - área
urbana isolada;
Relação das Fontes:
(1) www.armazemdedados.rio.rj.gov.br
(2) Banco Multidimensional de Estatística. (SME)
(3) Documentação do Censo
(4) Beltrão, Camarano, Kanso, Sugahara, 2004
(5) Fundação CIDE, Anuário Estatístico do Rio de Janeiro, 2003
260
ROTEIRO 01:
Seu nome..., sua idade.
Nascido em ...
Estudou até que ano...
Seus pais eram do campo?
Sr.(a) me conta um pouco de como sua trajetória até chegar aqui?
Tem mais algum parente nesta condição de produtor e produtor assentado?
Me diga cinco coisas, sem as quais , não daria para viver no aqui?
Dá para viver sem o PRONAF?
Um palpite, você acha que seus filhos continuam na terra e porquê?
Deixo este espaço para o (a) Sr. (a) colocar alguma coisa que na foi
perguntada...
Obrigada!
261
ROTEIRO 2:
Seu nome... idade... Escolaridade...
Nascido em :
Sr.(a) me conta um pouco de como sua trajetória até chegar aqui?
Qual seu vínculo com a terra?
Sua principal atividade aqui?
Quais são os trabalhos desenvolvidos por você?
Descreva-me o homem do campo?
As políticas auxiliam a permanência do homem?. E o PRONAF?
Existe alguma estratégia unificada entre as instituições? Porquê?
Esta é a sua forma manter seu vínculo com a terra?(para os que são origem
rural)
Deixo este espaço para o (a) Sr. (a) colocar alguma coisa que na foi
perguntada...
Obrigada!
262
ROTEIRO 3:
Seu nome... e sua idade? Estudou até que ano...
Nascido em ...
Sr.(a) me conta um pouco de como sua trajetória até chegar aqui?
Conta-me um pouquinho da história desse lugar?
Tem gente voltando? Quem?
E os jovens, eles ficam aqui?
O que o (a) Sr. (a) acham que as políticas poderiam fazer para melhor a vida e
vocês?.
O que mais marcou o (a) Sr. (a), na história da região?
Há muita diferença da localidade antes para agora?
Deixo este espaço para o (a) Sr. (a) colocar alguma coisa que na foi
perguntada...
Obrigada!
149
4. POPULAÇÃO EM MOVIMENTO: CAMPOS DOS GOYTACAZES,
ENCONTROS E DESPEDIDAS.
Como foi mencionado na Introdução deste trabalho, a metodologia proposta
para o estudo dos movimentos migratórios a partir da perspectiva das novas
ruralidades em configuração no Rio de Janeiro nos conduziu a um procedimento que,
partindo das Regiões Administrativas do Estado e o delineamento das novas
ruralidades encontradas, selecionássemos um município para o estudo de caso, no
qual o levantamento qualitativo pudesse lançar luz sobre dimensões não passíveis
de captação mediante a utilização dos censos demográficos. O município
selecionado para o levantamento qualitativo foi Campos de Goytacazes, por
apresentar, em suas características, uma síntese dos processos de distribuição da
população.
O objetivo desse levantamento qualitativo, portanto, era o de apreender a
percepção, o significado e as estratégias de agentes envolvidos, tanto frente a sua
situação concreta de existência , quanto como frente às políticas de assentamento
de que são alvos. Neste momento, aparece um outro migrante - o migrante
temporário ou interestadual recente – que, embora não pertencente aos fluxos
delineados, carrega de sentido a questão do pertencimento e por conseqüência, a
representação do "novo rural", ainda dicotomizado, mas inserido num outro momento
da vida social inclusiva.
150
4.1. População em Movimento em Campos: passado e do presente
O município de Campos de Goytacazes foi fundado em 28 de março de 1835,
mas sua história começa bem antes. Ainda no século XVI, em 1501, a Coroa
Portuguesa envia a 1ª expedição exploradora comandada por Gaspar de Lemos.
Encontravam-se na tripulação experientes navegadores e cartógrafos, com destaque
para Américo Vespúcio. Tal expedição chegou em 21/12/1501 à Região, na parte
costeira denominada, então, Cabo de São Tomé (Linhares, 2004; & COSEAC, 2004).
No entanto, ocupar as terras não foi algo fácil. As condições geográficas
desfavoráveis dificultavam o acesso à região e ainda havia a presença dos bravos
índios da tribo Goitacá, que representavam a maioria dos indígenas da região. A
primeira iniciativa de ocupação da Região foi em 1532, bem como de todo território,
com as Capitanias Hereditárias estabelecidas por Dom João III. A Região ficou
conhecida como Capitania de São Tomé e foi doada a Pero Gois de Silveira, mas a
iniciativa de ocupação encontrou resistência dos índios goytacazes. (Linhares, 2004;
e COSEAC, 2004)
De fato, a ocupação só efetivou-se a partir de 1627, quando a Coroa através
do Governador-geral Martim Corrêa de Sá resolveu dividir a Capitania em glebas,
que foram doadas a sete capitães portugueses que participaram da expulsão do
franceses do Rio de Janeiro: Miguel Maldonado, Miguel da Silva Riscado, Antônio
Pereira Pinto, João Castilhos, Gonçalo Corrêa Sá, Manuel Corrêa e Duarte Corrêa e
já se chamava capitania do Paraíba do Sul desde 1615. Alguns deles já eram donos
de engenho da Região da Guanabara e doaram suas terra para colonos e padres
151
jesuítas e beneditinos e só Manoel Riscado se estabeleceu na Região (COSEAC,
2004).
Em 1648, o então Governador-geral Salvador Corrêa de Sá e Benevides
conseguiu reaver as terras doando-as a seus dois filhos: Martim Corrêa de Sá, o
Visconde d’Asseca e João Corrêa de Sá. (Linhares, 2004; e COSEAC, 2004), a
população logo cresceu e a capitania se elevou à condição de vila, denominada de
Vila São Salvador e a atividade principal da região, em expansão, era a pecuária.
Mesmo com a expansão da pecuária, em 1650 se instala o primeiro engenho na
região. Contudo a rivalidade, entre os Assecas de um lado, e por outro, os
descendentes do setes capitães e colonos da região, devido o aumento dos impostos
e o desrespeito aos limites da região, resultou na eclosão de um levante, em 1748,
chefiado por uma senhora de 72 anos, a fazendeira Benta Pereira, derrotando,
assim, os Assecas, em 1750.
O fim da dinastia Asseca na região permitiu a divisão das terras em latifúndios
e a expansão para a cana-de-açúcar No entanto, passado pouco tempo, as terras
foram devolvidas aos derrotados pelo Governador. Depois, apesar dos protestos dos
Assecas, em 1752, as terras foram incorporadas à Coroa Portuguesa e, no ano
seguinte, repassadas à Capitania do Espírito Santo, voltando a pertencer, à província
do Rio de Janeiro somente em 1832. No entanto, em 1830, Campos já havia dado
um salto à modernidade com a implantação do primeiro engenho de cana a vapor.
O ano de 1833 marca a criação da Comarca de Campos de Goytacazes; que,
em 28 de março de 1835, a Vila de São Salvador fora elevada à categoria de cidade
152
chamada de Campos de Goytacazes. Nesse momento, boa parte do território
campista era dominado por plantações de cana-de-açúcar. O avanço da produção
canavieira também propiciou, em 1837, a criação da ferrovia Campos – Goytacazes,
que facilitara a circulação da produção.
A importância política e geo-estratégica da região fazem com que, em 1865,
parta o primeiro vapor de voluntários, o Ceres, para a Guerra do Paraguai. Em 1877,
inicia-se o processo de urbanização e em 1879 implanta-se a usinas de cana-de-
açúcar, propriedade Dr. João José Nunes de Carvalho. Em 1890, o município já
estava reduzido praticamente ao território atual: a cidade se transforma e os solares
rurais passam ao núcleo urbano. O dinamismo da região rendeu prestígio à
aristocracia rural canavieira de Campos na política perante o império, que pode ser
evidenciado na presença do imperador D. Pedro II , que viera quatro vezes à região,
sendo que a primeira, em 1883, para a inauguração da primeira cidade com luz
elétrica da América Latina, simbolizando, assim, a importância campista
despontando para o avanço tecnológico.
Campos dos Goytacazes também tem contribuições históricas importantes,
com nomes que foram proeminentes em nossa política. São de Campos dos
Goytacazes os abolicionistas José do Patrocínio – o “Tigre da Abolição” -, Luiz
Carlos de Lacerda – jornalista do jornal Abolicionista Vinte Cinco de Março e
fundador da Sociedade Campista Emancipadora. No período republicano, Nilo
Peçanha – vice-presidente e presidente da República. Este último sem dúvida um
dos maiores estadistas brasileiros, que em sua priorizou a política educacional,
sobretudo em Campos, na qual destacam-se: a escola Técnica, ex-Escola de
153
Aprendizes Artífices e o Colégio (profissional) Nilo Peçanha. Nilo foi criador do
ensino industrial e da escola ao Ar Livre, cuja primeira foi inaugurada em Campos, no
dia 6 de novembro de 1916. (GEOCITIES, 2004)
Além dessas figuras ilustres, também se destacam: Múcio Paixão – escritor e
jornalista –, Luís Filipe De Saldanha Da Gama – almirante, herói nacional
condecorado na Guerra do Paraguai –, João Antônio de Azevedo Cruz – cantor – e
Francisco Saturnino Rodrigues de Brito – arquiteto sanitarista. Coube a este
último[...]os principais estudos urbanísticos e de saneamento de cidades como
Vitória (ES), Campinas, Ribeirão Preto, Limeira, Sorocaba, Amparo, Petrópolis,
Paraíba do Sul, Itaocara e até de Campos, sua terra natal. Também realizou projetos
parciais nas capitais. (Novo Milênio, 2004).
O final do século XIX representa a expansão campista e econômica da elite
canavieira atrelada a uma urbanização que tinha como objetivo maior um projeto
político, que não se concretizou, de transformar Campos na capital do Estado do Rio
de Janeiro (Alves, 1996).
Nunes (2002:3) aponta que a cidade de Campos
ocupou durante todo o Império uma posição relevante no cenário eleitoral da
província, mantendo sempre a condição de “cabeça de distrito”. Em 1866, os
maiores colégios eleitorais da Província do Rio de Janeiro eram: Campos (100
eleitores), Niterói (88), Piraí (73), Itaguaí (68), Barra Mansa e Angra dos Reis (65
cada). Em 1881, Niterói, com 1.131 eleitores, e Campos, com 1.108, permaneciam
como os principais colégios eleitorais provinciais, seguidos por Valença (602), São
Fidélis (588) e Rezende (514).
Campos do início do século XX apresenta transformações socioespaciais que
a contemporizam ao processo urbano industrial, assim como as principais cidades do
154
Brasil, forjando uma representação de cidade derivada da aristocracia rural e da
indústria açucareira (Pohlmann, M. A. & Faria, T. P, 2004:1).
Campos também passou por uma série de intervenções animadas pela ideologia
higienista. A partir do trabalho de Faria (1998:327), podemos observar que, em
Campos, a exemplo das demais cidades importantes do país (Rio de Janeiro, São
Paulo e Santos), tudo o que concerne à higiene e saúde pública foi transformado
em discurso e motivo para intervenções no seu tecido urbano e social. Percebe-se
que a elite campista, juntamente com a municipalidade, manifestava a vontade de
promover o progresso, implementando diversos projetos que objetivavam adequar
sua população às novas regras imperativas da organização do espaço urbano
impostas pelo capitalismo nascente, introduzindo, assim, a cidade no projeto
modernizador brasileiro.
[...]
o Projeto de Saneamento da Cidade de Campos, realizado, em 1902, chefiado
pelo engenheiro Saturnino de Brito apoiado nas idéias positivistas. Segundo Brito
(1943:117), era necessário resolver as questões de higiene e saneamento públicos
das nossas cidades dando muita atenção à forma de morar e de construir a
moradia da população pobre. Ele julgava que era através da moralização e do
saneamento deste lar que o indivíduo estaria sendo reeducado para desempenhar
seu papel no espaço público
.
A cultura canavieira, situada na planície campista, era marcada pela presença
de latifúndios, por um lado e um grande número de pequenas propriedades, por
outro. A cana sempre coexistiu com a pecuária, que predomina no nordeste e no
oeste, bem como com café, nos municípios de Italva e Cardoso, hoje desmembrados
de Campos. “Este fato talvez possa explicar a relativa rapidez com que se recuperou
a agricultura do município após a Lei Áurea” (TCE, 2002:6).
A função polarizadora de Campos dos Goytacazes remonta à sua própria evolução
histórica, tendo o município exercido papel fundamental como difusor do
povoamento por toda a área do Norte e Noroeste Fluminense (op.cit.)
.
155
Os anos de 1970 marcam um novo momento de Campos dos Goytacazes; o
álcool e o petróleo passam a dar o tom dos novos tempos, a cidade se torna, mais
uma vez, alvo do poder político e uma possibilidade de desenvolvimento e
modernização. Mesmo assim, os anos 1980 e 1990 foram períodos de estagnação
em Campos dada à flutuação em torno da cana-de-açúcar, causada pelos subsídios
fornecidos do setor agrícola do Espírito Santo (Rovere & Carvalho, 2003).
O recebimento dos royalties do petróleo fazem com que a cidade amplie
significativamente suas receitas, assim como todos os demais municípios da Região,
sendo Campos seu maior beneficiário, muito embora pesquisas apontem para a total
subestimação dos valores recebidos por parte significativa da população,
demonstrando, assim, que a população desconhece sua magnitude (Pesquisa
CEPECAM):
Campos dos Goytacazes depende, fundamentalmente, da economia açucareira,
que se moderniza, incorporando a mecanização que, se por um lado serviu para
aumentar a capacidade produtiva e a concentração da produção em grandes
unidades, por outro, reduziu a população mantida permanentemente pela
agricultura e também pelas lavouras de subsistência, fazendo crescer o setor
informal e a migração. Mais da metade da população economicamente ativa se
encontra no setor terciário, que atende às populações de grande parte dos
municípios do Norte e Noroeste Fluminenses.
O município concentra o maior número de estabelecimentos industriais do Norte
Fluminense, destacando-se as indústrias de produtos alimentares, química,
transformação de produtos de minerais não metálicos e mecânica. A descoberta de
petróleo e gás natural na plataforma continental da Bacia de Campos, no início dos
anos 70, tem propiciado de maneira significativa o aumento da receita municipal,
através do recebimento de royalties. A proximidade desta bacia pode possibilitar ao
município o desenvolvimento de atividades ligadas ao setor petroquímico e
indústrias que dele se beneficiem (TCE, 2002:7)
Esse novo tempo é marcado pela incorporação de novos setores tem como
algumas das suas conseqüências:
156
a exclusão social agravada pelo desemprego, a proletarização, as migrações
campo-cidade são algumas das transformações socioespaciais que se
intensificaram nas décadas de 70 e 80. Entretanto, na década de 90, com o
pagamento dos royalties e emancipação de municípios (Quissamã, Cardoso
Moreira e Carapebus e São Francisco do Itabapoana), aliados à recente tentativa e
implantação de pólos de fruticultura, essas transformações socioespaciais
ganharam novas nuances, principalmente no que diz respeito ao aproveitamento
de mão-de-obra rural em novos tipos de atividades (Rua et al. 1998), com a
conseqüente possibilidade de retenção de parte do êxodo rural. Esta nova situação
já se verifica a partir da qualidade dos fluxos migratórios em direção aos centros
urbanos mais importantes (Limonad, 1998). Estas agora já começaram a reter
parte dessa população, com famílias que começam a compor sua renda a partir da
combinação de atividades agrícolas e não-agrícolas. (Marafon e Carvalho,
2001:84).
Os anos se passaram e Campos dos Goytacazes apresenta até hoje boa
parte de sua população mantida em atividades associadas à indústria açucareira. Por
outro lado, mais temporários e escassos. Por outro lado à indústria de ponta
associada ao petróleo, inaugura um novo período. Neste sentido, Campos dos
Goytacazes apresentam uma simbiose entre o novo e velho expresso na
contraposição de atividades, assim como na arquitetura eclética da cidade, a
segunda maior depois do Rio de Janeiro (fotos a seguir).
Fonte: Corredor Cultural, COASEC/UFF Foto: Chafariz Belga, COSEAC/UFF
157
4.2. População em movimento em Campos: aspectos gerais da distribuição
espacial da população
O município de Campos de Goytacazes, situado na Região Norte Fluminense,
tinha, de acordo com o Censo Demográfico de 2000, uma população de,
aproximadamente, 407.172 pessoas, subdividas em 14 distritos; com uma extensão
de 4031.91Km² (aproximadamente 10% do território estadual), sua densidade era
cerca de 101 hab/km2, correspondendo a sétima maior população do Rio de Janeiro.
O mapa seguir, permite a visualização do município nos limites geográficos
fluminenses, demonstrando, assim, sua dimensão espacial.
MAPA 29: DIVISÃO MUNICIPAL FLUMINENSE, CAMPOS EM DESTAQUE. 2001.
158
Campos é o maior município, em termos de quantitativo populacional,
correspondendo a 58% da população da região Norte Fluminense. A isso se soma a
sua importância histórica, política e econômica.
Tabela 53: População Residente na Região Norte Fluminense (RJ) – 2000
Absoluto (%)
Cam pos dos Goytacazes
406.989 58%
Carapebus
8.665 1%
Cardoso M oreira
12.592 2%
Conceição de M acabu
18.791 3%
Macaé
132.468 19%
Quissa
13.677 2%
São Filis
36.782 5%
o Francisco de Itabapoana
41.478 6%
São João da Barra
27.681 4%
TOTAL
699.306 100%
M unicípios
Região Norte Flum inense
Fonte: Censo Demográfico, 2000. IBGE.
A densidade populacional de Campos era a maior densidade populacional até
1991, quando foi ultrapassado pelo município de Macaé, que teve sua densidade
mais que duplicada em duas décadas, o que sugere que o aumento da densidade de
Macaé esteja intimamente ligado à implantação da base operacional da Petrobrás
naquele município.
159
Tabela 54: Densidade Demográfica da População da Região Norte Fluminense (RJ) e
seus municípios, de 1940 a 2000
1940 1950 1960 1970 1980 1991 2000
Cam
p
os dos Go
y
tacazes 44
,
749
,6
61
,
170
,
779
,
593
,
2100
,6
Cara
p
ebus 30
,6
28
,
823
,
426
,6
22
,
323
,6
34
,
4
Cardoso Moreira 43
,
141
,
943
,
534
,
828
,
524
,
824
,
3
Concei
ç
ão de Macabu 25 26
,
327
,
933
,
239
,
148
,
746
,
9
Macaé 23
,
822
,
934
,
538
,
848
,
876
,
9 107
Q
uissam
ã
12
,
512
,6
13
,
513
,
813
,
414
,6
19
,
1
São Fidélis 44
,
342
,6
37
,6
34
,
133
,
933
,
535
,
5
São Francisco de Itaba
p
oana 25
,
728
,
932
,
935
,
732
,
234
,6
36
,6
São João da Barra 23
,
127
,
739
,
234
,
140
,
445
,
159
,
9
Re
g
ião Norte Fluminense 35,3 37,5 44,2 48,3 52,8 62,7 71,4
Densidade Demográfica da Região Norte Fluminense (RJ) e seus
municí
p
ios de 1940 - 2000
Munipios
Fonte: Censos Demográficos de 1940 a 2000. IBGE
A tabela a seguir apresenta os catorze distritos em que se subdivide o
município de Campos com suas respectivas populações.
Tabela 55: População Residente nos Distritos de Campos dos
Goytacazes (RJ) – 2000 (Total e Relativa)
Distrito
Populão
Total
%
Cam
p
os dos Go
y
tacazes 316.951
77
,
9
Dores de M acabu 7.464
1
,
8
Ibitioca 3.034
0
,
7
Moran
g
aba 3.322
0
,
8
M orro do Coco 4.412
1
,
1
M ussure
p
e 10.108
2
,
5
Santa M aria 3.991
1
,
0
Santo Amaro de Cam
p
os 7.169
1
,
8
Santo Eduardo 4.272
1
,
0
São Sebastião de Cam
p
os 14.161
3
,
5
Serrinha 1.150
0
,
3
Tocos 7.617
1
,
9
Travessão 18.169
4
,
5
Vila Nova de Cam
p
os 5.169
1
,
3
Total 406.989 100,0
Fonte: Censo Demográfico, 2000. IBGE.
160
O Mapa Social realizado pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), com base no
Censo Demográfico 2000, para o conjunto de distritos do estado do Rio de Janeiro,
aponta que os distritos de município: Travessão e São Sebastião de Campos estão
entre os piores distritos do estado do Rio de Janeiro. Travessão apresenta a quinta
menor taxa de atividade renda, e escolaridade e São Sebastião a pior renda.
O município registrou uma saída de aproximadamente 17.647 pessoas e uma
entrada de 8.568 pessoas, o que resultou em um saldo migratório de negativo de
9.109. Este saldo migratório negativo deveu-se, em sua maior parte, às trocas de
população realizadas com Cabo Frio, Macaé, Niterói e Rio de Janeiro. Como se
sabe, tanto Macaé quanto Cabo Frio pertencem à área da OMPETRO, portanto
áreas de atração migratória seletiva por educação e qualificação de mão de obra.
Neste sentido, Campos dos Goytacazes possuem uma fraca emigração, mas
que pode ter algum impacto na estrutura de população. A distribuição etária da
população residente em Campos em 2000 possui aproximadamente 10% de sua
população com idade superior a 60 anos. Podemos observar também para os grupos
etários mais jovens, entre 25 a 34 anos uma cavidade na pirâmide, o que pode
sugerir um aumento da mortalidade por causas não naturais (externas), ou efeitos da
uma migração, uma vez que se trata de um grupo etário em idade ativa.
161
Pirâmide Etária da População Residente em Campos dos Goytacazes (R. J.) - 2000.
-6-4-20246
De 0 a 4 anos
De 10 a 14 anos
De 20 a 24 anos
De 30 a 34 anos
De 40 a 44 anos
De 50 a 54 anos
De 60 e mais
De 70 a 74 anos
De 80 e Mais
Mulheres Homens
Fonte: Censo Demográfico, 2000. IBGE
163
Quadro 5:População Residente por Situação de Domicílio e Localização da área – Campos dos Goytacazes - RJ
Distritos
Urbana – cidade ou
vila – área
urbanizada
Urbana – cidade
ou vila – área
não urbanizada
Urbana – área
urbana
isolada
Rural – área
rural(exceto
aglomerado)
Rural –
aglomerado -
de extensão
urbana
Rural –
aglomerado
– povoado
Rural -
aglomerad
o - núcleo
Rural -
aglomerad
o - outros
Campos dos
Goytacazes
311.275 (98,35%) - - 4.864 (1,54%) - - 355
(0,11%)
-
Dores de Macabu 1.121 (15,06%) - 1.714
(23,02%)
4.611 (61,93%) - - - -
Ibitioca 556 (18,47%) - 165 (5,48%) 2.290 (76,05%) - - - -
Morangaba 961 (28,95%) - 543 (16,36%) 1.815 (54,69%) - - - -
Morro do Coco 3.138 (71,16%) - - 1.272 (28,84%) - - - -
Mussurepe 3.079 (30,45%) 1.060 (10,48%) 1.264
(12,50%)
3.945 (39,01%) 764 (7,56%) - - -
Santa Maria 2508 (62,87%) - - 1.481 (37,13%) - - - -
Santo Amaro de
Campos
1.030 (14,37%) - 2.117
(29,54%)
4.019 (56,08%) - - - -
Santo Eduardo 1.786 (41,81%) - - 2.073 (48,53%) - 413 (9,57%) - -
São Sebastião de
Campos
6.897 (48,62%) 1.012 (7,13%) 3.928
(27,69%)
2.349 (16,56%) - - - -
Serrinha 581(50,22%) - - 576 (49,78%) - - - -
Tocos 4.937 (64,73%) - - 1.427 (5,37%) - 1.263
(16,56%)
- -
Travessão 12.681 (69,82%) - - 4.506 (24,81%) - 976 (5,
37%)
- -
Vila Nova de Campos 1.368 (26,52%) - - 1.145 (22,19%) - 2.646
(51,29%)
- -
Fonte: Censo Demográfico 2000. IBGE
164
A localização das áreas conforme a situação de domicílio é bastante
heterogênea, basta observar a tabela acima, dos catorze distritos, na qual apenas
nove distritos possuem população urbana acima de 50%; dos nove, apenas seis são
considerados como área urbana – cidade ou vila - área urbanizada, o que
corresponde, a aproximadamente, 42% dos distritos que possuem boas condições
de infraestrutura para serem classificados como áreas urbanas. O distrito de Campos
dos Goytacazes, maior distrito do município, é o único que possui quase toda a sua
população residindo em área urbana, o que provavelmente distorce a análise, pois
desconsidera a dinâmica dos outros distritos.
Sob uma perspectiva ambiental, o que podemos observar é que
os principais acidentes geográficos que condicionam a ocupação urbana [que] são
o Rio Paraíba do Sul, que secciona a cidade, e a Lagoa do Vigário, em torno da
qual foram implantados inúmeros loteamentos. A passagem do Rio Paraíba pela
estrutura urbana interrompe a continuidade da malha viária, que se transforma em
dois conjuntos ligados por pontes (TCE, 2003:6).
Um dos aspectos ambientais a serem considerados é a redução da área
propícia à atividade agrícola que se reduziu de 48% para 40%, dada a expansão da
utilização de áreas urbanas, de acordo com as informações do Índice de Qualidade
dos Municípios – Verde (IQM – Verde). O estudo também sugeriu a criação de
corredores ecológicos, para interligar a fragmentação florestal sofrida do município
em questão pela ação humana.
165
O mapa a seguir representa os principais tipos de uso do solo do IQM – Verde
e em vermelho estão as sugestões dos corredores ecológicos:
MAPA 30: PRINCIPAIS TIPOS DE USO DO SOLO EM CAMPOS DOS GOYTACAZES 2001
Fonte: Estudo Socioeconômico, 2003 – Campos dos Goytacazes. TCE.
Há de se considerar, também, os conflitos ambientais entre usineiros,
produtores e pescadores associados aos recursos hídricos. O estudo realizado por
Carneiro (2003), analisado a partir do recorte analítico do uso da água para
atividades econômicas ligadas à agroindústria canavieira aponta para uma
transformação no final do século XX, iniciada no final dos anos 70, nos quadros
destes conflitos, dada a incorporação de novas formas de organização política como
o fortalecimento de grupos até então excluídos como os pescadores.
166
4.2.1.
POPULAÇÃO EM MOVIMENTO EM CAMPOS: A SELETIVIDADE MIGRATÓRIA
Nota-se em Campos, 2000, que não há grandes diferenciais por escolaridade
entre migrantes vindos de outros municípios do Rio de Janeiro e os que ali estavam
residiam em 30.07.1995. A equiparação dos níveis de escolaridade só se reduz a
partir de 9 anos e mais de escolaridade, contudo, observa-se que o nivelamento
entre os anos de estudos, provavelmente, deva-se a Campos ser considerada o pólo
educacional da região Norte, que propicia qualificação técnica para os demais
municípios de seu entorno, conforme pontua Piquet (2003).
Um segundo aspecto a ser observado é a origem dessa população imigrante,
que Campos, sua maioria da RMRJ, vieram do Rio de Janeiro e Niterói (ver anexo),
além de outras pequenas contribuições da Baixada Fluminense
1
, Macaé e Baixadas,
que enviam para Campos os mais escolarizados e os menos escolarizados.
Tabela 56: População maior de 5 anos de idade que residia e que não residia, segundo
anos de estudo¹ - Campos dos Goytacazes (RJ), 2000.
Anos de Estudo
Sem instru
ç
ão a 3 anos de estudo 125.442 35%
3442
40%
De 4 a 8 anos 145.842 41%
2363
28%
9 a 12 anos 67.404 19%
1958
23%
12 anos e mais 19.634 5% 781 9%
Total 358.322 100% 8.544 100%
Fonte: Censo Demográfico, 2000. IBGE
Migrante
Intraestadual
Não Migrante
¹
Extraídos a população residente (migrante e não migrante) com anos indeterminados de estudo.
A escolaridade da população economicamente ativa (PEA) apresenta uma
seletividade migratória positiva, conforme indica a tabela a seguir.
1
São considerados municípios da Baixada Fluminense do Estado do Rio de Janeiro: Duque de Caxias, Nova Iguaçu, São João
de Meriti, Belford Roxo, Magé, Nilópolis, Mesquita, Guapimirim, Japeri, São Gonçalo, Tanguá, e Queimados, todos da
RMRJ
167
Tabela 57: População economicamente ativa residente em Campos dos Goytacazes
(RJ)– 2000 que não residiam no município em 31.07.1995, segundo anos de estudo
Absoluto % Absoluto %
Anos Indeterminados 479 0,28 - -
Sem instrução ou menos de 1 ano 9.637
5
,
57 223 5
,
05
De mais de 1 a 4 anos
51.459 29
,
73 801 18
,
12
De mais de 4 a 8 anos de estudo 49.951 28
,
86 1116 25
,
25
De mais de 8 a 12 anos de estudo 45.947 26,54 1318 29,82
De 12 anos de estudo e mais 16.104 9,30 962 21,76
Total 173.577 100 4.420 100,00
PEA Migrante
Intraestadual
PEA Não Migrante
Grupos de Anos de Estudo
Fonte: Censo Demográfico, 2000. IBGE
Tal seletividade pode ter relação com as análises de Rosevere & Carvalho
(2003:4 e 9), a partir de um levantamento realizado sobre as cadeias produtivas
locais de Campos, envolvendo empresas do setor agropecuário, alimentos,
cerâmica, construção civil, confecções e mobiliário, com base em uma amostra 145
entrevistas :
os dados da RAIS mostram que o município de Campos se caracteriza por uma
baixa qualificação da mão de obra. Este dado se reflete nos resultados da
pesquisa, que mostra que 43% das empresas têm empregados apenas com o
primeiro grau. Há, portanto em Campos uma expectativa da parte das empresas
de uma maior participação de instituições de treinamento e qualificação nas suas
atividades.Com relação à geração de inovações por parte das empresas, a
pesquisa mostrou que menos da metade das empresas realiza esforços de
pesquisa e aprendizado, apesar de 81% reconhecerem que a atividade inovadora
é um diferencial competitivo.
[...]
O significativo número de empresas que, em Campos, desenvolve relações diretas
com as instituições locais de ensino e pesquisa constitui outra indicação positiva
trazida pela pesquisa . A troca de informações envolve as instituições de ensino e
pesquisa e 36% das empresas do município. Mesmo atividades mais complexas -
o treinamento de funcionários e a melhoria de insumos, produtos e processos -
envolvem essas instituições e um número significativo de empresas. A compra de
insumos e equipamentos e o compartilhamento de equipamentos são outras
atividades que envolvem empresas e instituições de ensino e pesquisa . Dois
fatores estão, a nosso ver, na origem desse elevado grau de ligação entre
empresas do município e instituições de ensino e pesquisa: a tradição local de
pesquisa, sobretudo agrícola e agroindustrial, que se caracterizou, sobretudo nos
anos 60 e 70, por um elevado grau de articulação junto ao setor produtivo. E a
168
crescente inserção e presença, nos últimos anos, das instituições de ensino e
pesquisa nos projetos de apoio às empresas.
Se as relações entre empresas e instituições de ensino e pesquisa são freqüentes,
sua qualidade é objeto de discussão. As empresas não possuem uma avaliação
claramente positiva, sobre a qualidade de suas relações com as instituições de
ensino e pesquisa. Há um predomínio de avaliações positivas. Mas é elevada,
também, a proporção de empresas que fazem uma avaliação negativa dessa
relação.
Os sindicatos profissionais aparecem como a fonte de serviços de apoio mais
utilizada pelas empresas de Campos. Quase metade dos entrevistados declarou
utilizar seus serviços. A proporção é muito menor, mas ainda assim significativa,
para a FIRJAN e o SEBRAE. Já o SESI e o SENAI são bem menos utilizados
pelas empresas locais. Se o uso desses serviços por parte das empresas de
Campos é ainda limitado, sua avaliação dos mesmos é predominantemente
positiva.
As análises dos movimentos migratórios para o município de Campos
sugerem que a dinâmica da exploração petrolífera e seus efeitos acabam por
configurar condições favoráveis a uma seletividade migratória positiva; mais
expressiva nos diferenciais de rendimento.
Tabela 58: População economicamente ativa residente em Campos dos Goytacazes
(RJ)– 2000 que não residiam no município em 31.07.1995, segundo extratos de
rendimento.
Faixas de Rendimento Não Migrante %
Migrante
Intraestadual
%
Até 1 Salário Mínimo 41.513 23,9 452 10,2
De mais de 1 a 3 Salários Mínimos 65.482
37
,
7 819 18
,
5
Mais de 3 a 5 Salários Mínimos 18.016
10
,
4 1306 29
,
5
De mais de 5 a 10 Salários Mínimos 12.564
7
,
2 512 11
,
6
Mais de 10 Salários Mínimos 6.411
3
,
7 476 10
,
8
Não Tem 180
0
,
1- -
Não A
p
licável 27.986
16
,
1 788 17
,
8
Somente Benefícios 1.425
0
,
8671
,
5
Total 173.577 100,0 4420 100
Fonte: Censo Demográfico, 2000. IBGE
169
A seletividade por ocupação não aponta para nenhuma mudança significativa
na estrutura ocupacional, nem para migrantes e nem para não migrantes. Podemos
observar segundo as inserções ocupacionais que para ambos os grupos – não
migrantes e migrantes – a maioria está alocada em atividades do setor de serviços,
ou seja, muito embora os royalties tenham trazido mais divisas para o município,
ainda que o setor de petróleo tenha dinamizado e trazido tecnologia, ou seja, esse
desenvolvimento não é para muitos.
Tabela 59: População economicamente ativa residente em Campos dos Goytacazes (RJ)–
2000 que não residiam no município em 31.07.1995, segundo os grandes grupos
ocupacionais
Absoluto % Absoluto %
Membros for
ç
as armadas
,
p
oliciais e bombeiros militares 1.382
0
,
8531
,
2
Membros su
p
p
oder
p
úblico
,
diri
g
entes e
g
erentes 4.797
2
,
81834
,
1
Profissionais das ciências e das artes 8.807
5
,
1
293
6
,
6
Técnicos de nível médio 13.184
7
,
63838
,
7
Trabalhadores de servi
ç
os administrativos 11.437
6
,
6
210
4
,
8
Trabalhadores de servi
ç
os
,
vendas
,
comércio
,
lo
j
as e mercados 52.333
30
,
11.266 28
,
6
Trabalahadores a
g
ro
p
ecuários
,
florestais
,
ca
ç
a e
p
esca 11.228
6
,
5
217
4
,
9
Trabalhadores da
p
rodu
ç
ão de bens e servi
ç
os industriais
(
1
)
30.276
17
,
475817
,
1
Trabalhadores da
p
rodu
ç
ão de bens e servi
ç
os industriais
(
2
)
4.673
2
,
7
100
2
,
3
Trabalhadores de re
p
ara
ç
ão e manuten
ç
ão 5.195
3
,
01172
,
6
Ocu
p
a
ç
ões mal es
p
ecificadas 2.281
1
,
3
52
1
,
2
Não a
p
licável 27.984
16
,
178817
,
8
Total 173.577
100
,
0
4.420 100
,
0
Não Mi
g
rante Mi
g
rante
Grupos Ocupacionais
Fonte: Censo Demográfico,2000. IBGE
Os royalties representam, na atualidade cerca 62,5% das receitas do
município e
muito provavelmente, como tem acontecido em anos anteriores, esta receita dos
royalties está subestimada em pelo menos R$ 50,0 milhões. Além disso, há que
ser considerado, e não tem sido, como fonte de receita extra, o saldo do exercício
anterior. Estes valores têm sido altos: sobrou do orçamento de 2002 para o
orçamento de 2003 um saldo de R$ 163,0 milhões; de 2003 para o orçamento de
2004 a sobra foi de R$ 218,0 milhões. O fato está relacionado às exigências
170
crescentes do Tribunal de Contas do Estado e ainda pela frágil estrutura pública
municipal que executa o orçamento, tendo que cumprir as exigências burocráticas
e legais hoje vigentes (Pessanha, 2004:4).
Tabela 60: Evolução dos orçamentos do município de Campos dos Goytacazes: 1995-
2005 (R$1.000)
Ano
Valores Correntes Valores Reais
(
R$ de out/ 2004
)
1995 65.000,00 201.266,18
1996 71.000,00 188.850,04
1997 67.000,00 162.300,05
1998 83.000,00 187.730,24
1999 95.000,00 209.737,68
2000 144.000,00 272.824,84
2001 228.000,00 383.415,43
2002 434.000,00 659.685,92
2003 465.000,00 602.093,24
2004 600.000,00 671.046,76
2005 802.000,00 802.000,00
Fonte: Orçamentos municipais apud Pessanha (2004:3) / Correção pelo IGP-DI (FGV)
Além do aspecto burocrático, unem-se três outros aspectos importantes para
não entender a região, especialmente Campos dos Goytacazes como área em
desenvolvimento. O primeiro diz respeito à fragilidade dos critérios adotados para
referendarem a região da OMPETRO e garantir seus repasses (Serra, 2003). O
segundo aspecto se refere aos
estreitos limites da geração de trabalho e renda na economia do NF diz respeito
ao fato de o complexo do petróleo limitar-se à extração. O petróleo sai do fundo do
mar para os oleodutos que o transportam até as unidades de beneficiamento e
distribuição, fora da região; as empresas de serviços a essas atividades, altamente
especializados, que concentram os recursos desse setor, são em maioria
estrangeiras ou sediadas fora da região, em grandes centros nacionais, como São
Paulo. Não houve internalização de etapas de beneficiamento da cadeia produtiva
do petróleo no NF, limitando os efeitos a montante e a juzante da atividade, ou a
difusão espacial e social dos seus benefícios. Isto explicaria o limitado alcance
regional dos seus impactos
e a concentração dos mesmos em Macaé.
(Cruz, 2004:2).
171
Por fim, o último a ser considerado é a exaustão do petróleo, ou seja, a
perspectiva finitude dos recursos:
É importante não esquecer, ainda, que o esgotamento das reservas de petróleo
conhecidas, até o momento, na região, está previsto para daqui a vinte anos, o que
demanda a implantação de uma estratégia de desenvolvimento capaz de se
sustentar sem o petróleo, para a qual vinte anos é um tempo relativamente curto
(Cruz, 2004:3
).
Sem contar os danos ambientais que o vazamento de petróleo, no
carregamento do petróleo e durante a sua extração poderiam acarretar a nossa
ambiciência e os riscos são grandes e os prejuízos incalculáveis. No entanto, há de
se considerar que o avanço tecnológico, com a utilização de tecnologia Sísmica 3 D,
já avançando para a utilização 4 D
2
que será de grande valia para produção da bacia
de Campo em águas profunda (Pereira, 2004; Suslick, 2004; Fainstein & Matos,
2004). O mapa a seguir traz a localização das áreas de bacias petrolíferas e seus
potenciais.
2
Ver no apêndice metodológico.
172
MAPA 31: LOCALIZAÇÃO DAS BACIAS PETROLÍFERAS NO BRASIL
BRASIL
Fronteiras
Elevado
potencial
Bacias maduras
Fonte: ANP, 2004.
De sobremaneira essa tecnologia parece não estar próxima das populações
mais as pobres. Neste sentido, Campos permanece ainda tendo seu alicerce
econômico ancorado na agropecuária e a agroindústria canavieira (Cruz, 2004).
Só o emprego nas olarias e a ocupação nos assentamentos, concentrados em
Campos, beneficiam diretamente os ex-trabalhadores rurais, não sendo,
entretanto, capazes de alterar a dinâmica do mercado de trabalho, pelo pouco
peso que possuem. As olarias, em torno de 100, empregam cerca de 3.000
pessoas, segundo o sindicato dos empresários do ramo. Os assentamentos de
reforma agrária, apesar de abrigarem cerca de 8.000 pessoas, ainda não colheram
frutos positivos da atividade produtiva, para além de ocuparem famílias antes
totalmente dependentes do trabalho temporário na cana, alternado com o biscate
urbano
.
173
Tabela 61: Pessoas de 5 anos ou mais de idade que residiam e que não
residiam no município em 31.07.1995, por situação do domicílio atual,
segundo a situação do domicílio de residência em 31.07.1995.
Resincia em 31/07/1995, zona de
moradia ou
p
aís¹
Urbano Rural
Neste Município, na Zona Urbana 44.034 141
Neste Municí
p
io
,
na Zona Rural 1.221 1.368
Em outro Municí
p
io
,
na Zona Urbana 9.376 426
Em outro Municí
p
io
,
na Zona Rural 1.866 312
Em outro País 54
-
Não era nascido 32.021 3.928
Sem
p
re morou no municí
p
io 275.600 36.814
Fonte: Censo Demográfico, 2000. IBGE.
¹ Incluindo população de município indeterminada e não aplicável
4.3. População em Movimento em Campos: Ruralidades
De acordo com os dados do último censo Agropecuário de 1995-1996
observa-se que a agricultura familiar possui o maior número de estabelecimentos
que por sua vez, representam espacialmente apenas 38% do(a) área destinada à
produção agropecuária. Dentre os estabelecimentos, aproximadamente 50% quase
não possui renda ou renda muito baixa. Ainda de acordo com os mesmo dados
existe, uma apropriação muito superior por parte da agricultura patronal,
evidenciando uma forte concentração fundiária.
174
Tabela 62: Número de Estabelecimentos, Área e Valor Bruto da Produção, segundo as
Categorias Familiares por Tipo de Renda e Patronal
Númer
o
% Hectares % 1000 Reai
s
%
TOTAL 7.114 100 289.042 100 73.163 10
0
Total Familiar 6.130 86
,
2 92.204 31
,9
20.489 2
8
maiores rendas 391 5
,
5 22.504 7
,8
8.412 11
,
5
renda média 1.198 16
,8
28.651 9
,9
6.411 8
,8
renda baixa 1.275 17
,9
16.31
6
5
,6
2.949 4
q
uase sem renda 3.26
6
45
,9
24.731 8
,6
2.717 3
,
7
Patrona
l
91
0
12
,8
196.594 68 52.477 71
,
7
Institui
ç
ões Reli
g
iosas
8
0
,
113
6
0
61 0
,
1
Entidades Públicas 6
6
0
,
910
6
0
137 0
,
2
Não Identificado - - - - - -
Categorias
E
stabelecimentos Valor Bruto da Produ
ç
ã
o
Área Total
Fonte: Censo A
g
ro
p
ecuário 1995/96
,
IBGE.
A maior parte da receita e das despesas da agropecuária em Campos é
proveniente da agricultura patronal. O financiamento destina-se, em sua quase
totalidade, à agricultura patronal o que apontam até o período dos levantamentos
dos dados que os financiamentos, sobretudo os públicos destinavam –se ao
agronegócios. Isto posto, as evidências só tendem a ressaltar o quadro de
vulnerabilidade a qual estava imerso o agricultor familiar durante o período de
realização da pesquisa.
175
Tabela 63: Receita Agropecuária, Despesa, Financiamento e Investimento – Campos dos
Goytacazes (RJ) 1995-96
Tota
l
Tot a
l
Tot a
l
Tot a
l
(R$
1000
)
(R$
1000
)
(R$
1000
)
(R$
1000
)
Total Familiar 3.235 19.832 27
,
4 1.075 6.591 20
,
5137832
,
4 287 1.758 41
,
4
maiores rendas 21.118 8.257 11
,
4 5.411 2.11
6
6
,
66124101.42355713
,
1
renda média 5.162 6.184 8
,
5 1.601 1.918 6
,
019239
,
538345810
,
8
renda baixa 2.13
6
2.723 3
,
8 712 908 2
,
8793
,
72553257
,6
q
uase sem renda 817 2.667 3
,
7 505 1.649 5
,
17229
,
11284199
,
9
Patronal 57.480 52.307 72
,
3 28.118 25.588 79
,
517916367
,
62.73
6
2.490 58
,
6
Instituições
Re li
g
iosas 7.773 62 0
,
1 860 7 0
,
0
-
-
-
20 0 0
,
0
Entidades Públicas 1.987 131 0
,
2 273 18 0
,
1
-
-
-
23 2 0
,
0
Não Identificado
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
-
TOTAL 10.168 72.332 100 4.527 32.204 0,0 34 241 100 597 4.249 100,0
Categorias
R
eceita A
g
ro
p
ecuária
F
inanciamento
di a
(R$)
%
De s
p
esa Investimento
%%
Média
(R$)
d i a
(R$)
%
di a
(R$)
Fonte: Censo Agropecuário, 1995-96
Segundo informações do Levantamento técnico realizado pela EMATER –
RIO, em 2001, o número de arrendatários e meeiros reduziu-se, chegando a 818
pessoas, exercendo como principais atividades o cultivo de cana, a pecuária, a
olericultura, o arroz, a abóbora e o abacaxi. Especula-se um aumento da categoria
ocupante, uma vez que intensificaram o número de ocupações no período posterior
ao Censo Agropecuário.
176
Tabela 64: Estabelecimentos com informação de uso de Assistência Técnica, Adubo e
Corretivos, Controle de Pragas e Doenças, Conservação do Solo, Irrigação, Energia Elétrica
Campos dos Goytacazes, 1995/96.
Cam
p
os dos G o
y
ta ca
z
es A b so lu to %
A ssistência T écnica 1198 11
A dubos e corretivos 2017 18
Controle de Pra
g
as e D oen
ç
as 4718 43
C onservação do Solo 288 3
Irrigação 396 4
energia elétrica 2343 21
Total de Estabelecim entos
10960 100
Fonte: Censo Agropecuário 1995-96. IBGE.
Observa-se em Campos um fraco uso de assistência técnica. Além disso,
pode-se constatar falta de cuidado com o meio-ambiente; a conservação do solo
corresponde a apenas 3% dos estabelecimentos; por outro lado, 4% usam algum
tipo de agrotóxico. A falta de eletrificação deflagrada pela baixa incidência de
estabelecimentos que possuem eletrificação elétrica.
Tabela 65: Maquinaria e Veículos existentes nos Estabelecimentos em 31.12.1995 para
Campos dos Goytacazes (RJ
)
Cam pos dos G oytacazes
Total %
A ssistência Técnica 1.198 11
Adubos e Corretivos
2.017 18
C ontrole de Pragas e D oenças
4.718 43
C onservação do Solo
288 3
Irrig a çã o
396 4
Energia Elétrica
2.343 21
Total dos Estabecimentos 10.960 100
Fonte: Censo Agropecuário, 1995-96. IBGE.
177
Conforme sugerem os dados anteriores, os tratores correspondem à maioria
da maquinaria utilizada em Campos durante o levantamento dos dados. O baixo uso
de maquinaria para colheita provavelmente estava associado ao fato do uso de
manual de colheita, em especial pelo trabalho realizado pelo assalariado da cana.
Tabela 66: Produtos por Rendimento (Pr/Ha) – Campos dos Goytacazes (RJ) – 2002
Produtos,
rendimento
(Pr/H a)
Produtos,
rendimento
(Pr/H a)
operação:
Maior valor
operação:
Menor
valor
Cultivo de cereais para
grãos
3.000,00 2,03 1.300,41 1,75
Cultivo de cana-de-açucar 45.000,00 30,41 45.000,00 60,67
Cultivo outros produs
lavoura temporária
48.000,00 32,43 600 0,81
Cultivo hortaliças,
legumes e outros
12.000,00 8,11 12.000,00 16,18
Cultivo de frutas tricas 15.000,00 10,14 9.000,00 12,13
Cultivo outros prods
lavoura permanente
25.000,00 16,89 6.267,69 8,45
Produtos, CNAE - (3)
Classe
%%
Fonte: Pesquisa Agrícola Municipal, 2002.
Podemos observar, com base nos dados apresentados anteriormente, que a
cana-de-açúcar apresenta os maiores valores e, assim, como as hortaliças, verduras
e legumes, não apresenta oscilação. A cana, especialmente, provavelmente tenha
associada à sua estabilidade as boas condições climáticas,
178
Campos dos Goytacazes é o gigante fluminense, com mais de 3.000.000 de
toneladas produzidas desde a década de 70, apesar dos 2 municípios que dele se
emanciparam (Italva e Cardoso Moreira) a exceção está no ano de 1990, quando
pronunciada a queda de produção esteve associada a más condições climáticas”
(Marafon & Barbosa, 2001:80),
o que provavelmente tenha influência no total de cana-de-açúcar plantada e colhida.
A tabela seguir demonstra o total plantado e colhido em campos dos Goytacazes em
2002.
Tabela 67: Produtos, Área Plantada e Colhida (ha) – Campos dos Goytacazes (RJ) - 2002
Produtos, área
colhida (Ha)
Produtos, área
plantada (Ha)
Operação:
dia
Operação:
dia
Cultivo de cereais para grãos 533,5 0,57 533,5 0,57
Cultivo de cana-de-açucar 92.050,00 98,96 92.050,00 98,96
Cultivo de outros produtos de
lavoura tem
p
orária
224,67 0,24 224,67 0,24
Cultivo de frutas cítricas 40,33 0,04 40,33 0,04
Cultivo de outros produtos de
lavoura permanente
132,17 0,14 132,17 0,14
Fonte: Pesquisa Agrícola Municipal, 2002. IBGE
Produtos, CNAE - (3) Classe % %
Produtos
,
Área
p
lantada e colhida
(
ha
)
- Cam
p
os dos Go
y
tacazes
(
RJ
)
- 2002
Campos concentra a maior parte das usinas de cana-de-açúcar do estado,
com a redução gradativa da produção no resto do Rio de Janeiro. Coube, então, ao
município captar toda essa produção, ainda mais, com a desativação das usinas de
Bom Jesus do Itabapoana e Cambuci (Marafon & Carvalho, 2001). Não obstante, a
179
produção canavieira vem reduzindo sua importância nas estratégias políticas. O
estudo de Rosevere & Carvalho (2003:12-13) aponta:
No que se refere aos projetos de apoio às atividades de base agrícola,
identificamos, em nossa pesquisa 12 programas e projetos de apoio, de origem
pública e privada, federais, estaduais, regionais e municipais. No que se refere aos
programas federais, existem programas de financiamento a investimentos e à
agricultura familiar. No que se refere aos programas estaduais, existem vários
destinados a Campos, para apoiar a construção de um pólo de fruticultura irrigada
na região, para atrair empresas industriais através do fornecimento de condições
de apoio similares às propiciadas pelos estados vizinhos e para incentivar o uso da
irrigação para a produção da cana. No âmbito municipal, as atividades do
FUNDENOR e do FUNDECAM estão voltadas para a diversificação das atividades
econômicas das regiões norte e noroeste fluminense, sejam de cunho agrícola,
agroindustrial ou relativa a setores da economia. O programa Novo Mundo Rural é
um conjunto de programas coordenados pela Secretaria de Agricultura do
município de Campos, voltados à geração de emprego e renda na área rural do
município. Entre esses programas destaca-se os voltados à diversificação das
atividades produtivas (em particular através do desenvolvimento da piscicultura), à
melhoria de infra-estrutura e eletrificação das áreas rurais, apoio à comercialização
e melhoria genética do rebanho. Finalmente, o Executivo da Fruticultura da
FIRJAM foi criado em 1998 com o objetivo de animar o processo de implantação
do pólo de agricultura irrigada nas regiões norte e noroeste do estado.
[...]
O que se observou em Campos, foi a maior presença de projetos de apoio
voltados para a agricultura, sendo que estes ainda contam com orçamentos mais
elevados, o que é explicado pela vocação agrícola da região. Dos projetos
pesquisados, percebe-se que estes estão voltados principalmente para as
atividades agrícolas e agroindustriais, seu contexto econômico e institucional
deixou de ser o da modernização da agricultura e evolui em direção ao
desenvolvimento regional. Uma segunda característica importante dos projetos de
apoio agrícolas é ver a reconversão produtiva da agricultura e da agroindústria
regionais como um processo de médio e longo prazo.
180
Tabela 68: Informações sobre Rebanho Efetivo – Campos (RJ) – 2002
Rebanho,
efetivo (cab)
Rebanho,
efetivo (cab)
Rebanho,
efetivo (cab)
Operação:
dia
Operão:
Maior valor
Operão:
Menor valor
Criação de bovinos 6.799.515,67 99,36 20.143.358 99,34 24.868 86,71
Criação outros animais
grande porte
2.569,00 0,04 9.136 0,05 52 0,18
Criação de ovinos 1.801,00 0,03 1.801 0,01 1.801 6,28
Criação de suinos 3.764,00 0,06 6.508 0,03 1.020 3,56
Criação de aves 34.498,20 0,5 113.506 0,56 693 2,42
Criação de outros
animais
1.301,33 0,02 2.838 0,01 244 0,85
Produtos, CNAE - (3)
Classe
%%%
Fonte: Pesquisa Pecuária Municipal, 2002. IBGE
A partir da tabela anterior é possível observar que a criação de bovinos
corresponde a quase todo o efetivo dos bovinos. A combinação da cultura da cana
nas baixadas e produção pecuária é anterior a própria criação do município.
128
3. RURALIDADES FLUMINENSES
Conforme o item anterior analisa, sob a perspectiva dos processos
migratórios, são perceptíveis as interações sobre o urbano e o rural nas mais
diferentes formas de interpretação empírica dos dados. Mas, cabe incorporar o
desenvolvimento da agropecuária no Estado do Rio de Janeiro, porque muito
embora se aponte para outras interações entre campo e cidade, quer seja sobre o
aspecto econômico, via aumento das atividades não agrícolas, quer seja pela
dimensão subjetiva do imaginário associado ao campo, o fato é que a agropecuária
ainda corresponde a uma parte significativa desse universo, mesmo que muitas
vezes o senso comum leve nos leve a crer que o Estado seja estritamente urbano e
voltado tão somente para estas atividades. Tal fato por resultado do peso da RMRJ
em termos de concentração espacial e importância para cenário político e
econômico
A importância da AMRJ em relação ao interior fluminense é marcante, não
somente em termos demográficos (extremamente significativos), mas nas
dimensões política, cultural, comportamental, econômica onde o significado dessa
área urbana se torna esmagador
. (Rua, 2001:48-49).
Adicionando ao debate as estratégias de desenvolvimento que norteiam as
práticas agropecuárias no Estado, observa-se que seu quadro agrário é como
podemos visualizar no cartograma seguinte:
apresenta relevância e contrastes no âmbito estadual. Estes contrastes são
decorrentes, de uma agropecuária tradicional, que domina maior parte do território
fluminense, diante de outra de caráter moderno[...] De um lado, os produtos
tradicionais, exemplificados pela cana – de – açúcar, além dos cultivos de
subsistência; do outro, culturas que requerem técnicas aprimoradas, como o
tomate, a horticultura, fruticultura e a olericultura, marcando o Cinturão Verde da
metrópole, ocupando municípios integrantes das Regiões Serrana, Centro-Sul e
Noroeste Fluminense (Ribeiro, 2001).
129
MAPA 23 :NÍVEL DE MODERNIZAÇÃO AGRÍCOLA NEGEF/UERJ
A modernização agrícola que atinge a região do Médio Paraíba tem afetado
os recursos hídricos e as “populações (vegetais, animais e humanas), com a
incidência de enchentes, erosões, desmatamentos, envenenamentos por gases
tóxicos, agrotóxicos, efluentes industriais”. (Moreira, 2002:5). E vem trabalhando
através de consórcios intermunicipais, no sentido de reverter o quadro de
degradação socioambiental, respeitando a diversidade ambiental e às inúmeras
relações físico-territoriais, econômicas e culturais, que caracterizam os processos de
revalorização do mundo rural” (Moreira, 2002: 5).
A especialização fluminense, conforme analisa Ribeiro (2002), revela uma
íntima relação com a metrópole do Estado para onde escoa boa parte da produção.
Além dos produtos comerciais, o estado do Rio de Janeiro apresenta áreas com
outras atividades agropecuárias voltadas para produtos mais valorizados em
escala de mercado, tais como os produtos nobres ou raros – ervas finas, scargots,
cogumelos e a pecuária de pequenos e médios de animais selecionados (cabras),
além da criação de trutas e rãs, entre outros. Tais produtos cultivados e criados
principalmente na Região Serrana, mais precisamente nos municípios de
Petrópolis, Teresópolis e Nova Friburgo, atendendo ao mercado carioca,
sobretudo aos restaurantes e aos hotéis que os utilizam para suas iguarias
(Ribeiro, 2002:21).
130
Mas a cultura da cana de açúcar ainda possui maior relevância na agregação
de valor de produção, representa 80% da produção agrícola relativa do Estado,
segundo Jacques e Sinzato (2001), o que pesou no índice de especialização do
Estado, uma vez que “a especialização vai se dando em direção a
produtos/atividades com elevado valor agregado e cuja estrutura de produção está
articulada à agroindústria”, conforme o cartograma abaixo revela (Gasques e
Conceição, 2001: 52). O Estado do Rio de Janeiro possui 11,96 de especialização, o
que significa dizer que, se comparado com a média brasileira de 13,57 está abaixo
da média do país, mas o Estado, já no período de 1985, apresentava altos índices
de especialização (10,42).
MAPA 24: ÍNDICE DE ESPECIALIZAÇÃO AGRÍCOLA PARA OS ESTADOS BRASILEIROS
F
ONTE: IPEA, 2001 APUD GASQUES & CONCEIÇÃO.
131
A cana de açúcar tem reduzido, ao longo da década de 90, o seu espaço de
produção, impulsionada pelo petróleo, que se situa na Bacia de Campos. O impacto
da distribuição de royalties, mais o Fundo de Participação dos Municípios (FPM) têm
re-configurado a distribuição espacial da população e dinâmica econômica do
Estado e das regiões das Baixadas Litorâneas e Norte Fluminense. Neste cenário,
espaços voltados anteriormente para uma economia tradicional e decadente,
ligada principalmente à atividade agrícola, caso verificado em Campos dos
Goytacazes, Quissamã (Rua et al. 2002), Rio das Ostras e principalmente Macaé
(Ramires,1991), onde está sediada a base operacional da Petrobrás (Ribeiro,
2002:23).
Reduziu-se, também, a vegetação de restinga da região, via especulação
imobiliária e a agricultura sendo alvo de denúncia pela Fundação S.O.S. Mata
Atlântica (Jacques e Sinzato, 2001). Os royalties do petróleo distribuídos aos
municípios do Norte Fluminense proporcionam também uma reconversão parcial da
produção agrícola de área destinada à cana-de-açúcar e pastagens em áreas de
fruticultura, possibilitada pela instalação de fábricas processadoras de frutas,
“justamente para que não haja um agravamento na crise do setor sucro-alcooleiro e
para que não se perca toda a infra-estrutura agroindustrial” (Marafon e Barbosa,
2002:85) A conversão em fruticultura no Norte Fluminense pode gerar melhor
aproveitamento das áreas antes ocupadas pela cana-de-açúcar. Os cartogramas a
seguir apontam para essa redução gradual da produção sucro-alcooleira ao longo
da década de 90.
132
MAPA 25: PRODUÇÃO SUCROALCOOLEIRA, 1990.
MAPA 26: PRODUÇÃO SUCROALCOOLEIRA, 1998.
Entretanto, a paisagem da região Norte Fluminense ainda é predominantemente
do cultivo de cana de açúcar, senão mais pelas usinas, mas agora pelo cultivo da
133
cana para caldo e alimento para os animais. As dificuldades de implantação de
outras culturas como a fruticultura estão: na contaminação do solo, redução dos
recursos hídricos, enfim, os aspectos ambientais têm sido um limitador para difusão
dessas novas culturas, e em muito se deve à responsabilidade das usinas de cana.
Esta distribuição possivelmente reflete, entre outros fatores, a estratégia dos
movimentos sociais em darem visibilidade à problemática da luta pela terra, fazendo,
assim, um paralelo com Castells (1999) quando o autor se refere às cidades como
depositárias de todos os tipos de excluídos que querem dar visibilidade à causa.
Ao contrário do observado nos dados acima, em termos de produção agrícola
e modernização, é interessante observar que a distribuição dos assentamentos no
Estado do Rio de Janeiro está localizado próximo às cidades, em especial nas áreas
da RMRJ e Norte Fluminense, Campos em particular, conforme mostra o mapa
abaixo.
MAPA 27: DA DISTRIBUIÇÃO DE ASSENTAMENTOS DO INCRA E ITERJ, 2001.
Fonte: Emater –Rio, 2001
134
Curiosamente, a disposição dos assentamentos não obedece à ordem onde
às atividades agrícolas são mais propícias, como condições climáticas e solo,
características agronômicas mais favoráveis. Os assentamentos estão em áreas de
custo da terra mais elevado, de fácil comercialização, embora sem forte tradição
agrícola. E, no caso da região metropolitana, adiciona-se o fato de que esta tem
pouca expressão na participação do PIB agrícola do Estado, conforme aponta a
tabela a seguir:
Tabela 43: Produto Interno Bruto (PIB) Agropecuário para as regiões de governo do
Estado Rio de Janeiro
Regiões de Governo Agropecuária %
Região Metropolitana 52.469,55 7,14
Região Noroeste Fluminense 116.452,39 15,84
Região Norte Fluminense 169.546,47 23,06
Região Serrana 198.141,08 26,95
Região Baixadas Litorâneas 46.371,03 6,31
Região do Médio Parba 107.257,67 14,59
Região Centro-Sul Fluminense 41.786,39 5,68
Região da Ba de Ilha G rande 3.058,74 0,42
Total 735.083,32 100,00
PIB "Per Ca
p
ita" em R$ a
p
re
ç
os de mercado
Fonte : Anuário Estatístico, Fundação CIDE, 2000
Segundo a tabela acima, a região Serrana é a detentora de 27% do PIB
agropecuário, seguido da região Norte com 23%, tendo em Campos dos Goytacazes
seu pólo tradicional ligado à atividade agro-industrial de cana-de-açúcar. O Noroeste
Fluminense possui os dois municípios entre os mais agrícolas do Estado: São José
de Ubá e Varre - Sai. Na região Serrana estão Sumidouro e São José do Vale do
Rio Preto, também os mais agrícolas do Estado. No entanto, nos mesmos espaços
encontram-se os maiores índices de municípios carentes de infra-estrutura, saúde,
habitação, educação, conforme mostra o mapa seguinte do Índice de Qualidade dos
Municípios(IQM) – Carências.
135
MAPA 28: ÍNDICE DE QUALIDADE DOS MUNICÍPIOS( IQM) CARÊNCIAS POR MUNICÍPIO DA FEDERAÇÃO
Fonte : Fundação CIDE
Podemos observar também que os municípios de Seropédica, Queimados e
Japeri na RMRJ, apresentam elevado índice de carência, Guapimirim, que vimos
anteriormente, possui taxas de crescimento e de migração positivas, mas apresenta
índice elevado de carências.
No Rio de Janeiro, constatou-se no Censo Agropecuário de 1995-1996, uma
redução para 53.860 estabelecimentos e uma variação negativa de 37.600
estabelecimentos com relação a 1985, fato que talvez se deva à redução destas
atividades que se destinam agora ao turismo rural (se tornam hotéis fazendas).
Analisando a estrutura agrária do Estado propriamente dita, observando a
condição do produtor, conforme aponta os dados provenientes do Censo
Agropecuário, podemos observar, conforme o gráfico aponta, que cerca de 79%, a
136
grande maioria era proprietário; 12% parceiros; 5 %de ocupantes; 4% de
arrendatários.
Podemos observar que 68% da população reside no estabelecimento em que
trabalha. Conforme apontam os dados provenientes do Censo Agropecuário 1995-
1996, os residentes nos estabelecimentos estão em boa parte concentrados nas
atividades de criação bovina e na horticultura.
Gráfico 1:
Total do Pessoal ocupado em 31-12-1995, segundo a atividade econômica principal.
Estado do Rio de Janeiro
27%
5%
8%
11%
14%
35%
Outras Banana Cana-de-açúcar
Produção mista - Agropecuária Horticultura Bovinos
Fonte: Censo Agropecuário, 1995-1996. IBGE.
Os homens, segundo Censo Agropecuário 1995-1996, correspondiam a 73%
da população ocupada. Deste universo, aproximadamente 56% dos homens
responsáveis ou membros de família não recebiam remuneração. Dos 44%
restantes, 62% eram homens e estavam trabalhando em empregos permanentes.
Outros 21% da população ocupada masculina estavam alocados em empregos
temporários; 8% de população masculina na condição de empregados parceiros; e
mais 8% alocados em outras atividades. As atividades desempenhadas por homens
se destacavam eram: a bovinocultura, a horticultura, a produção mista
(agropecuária) e a cana-de-açúcar.
137
Entre as mulheres, observa-se um percentual pequeno no universo da
população ocupada desenvolvendo atividades agropecuárias, eram apenas 27%,
conforme dados censitários 1995-1996. Deste percentual, um total de
aproximadamente 73% não recebiam remuneração. Do universo dos empregados
permanentes, as mulheres representavam 7% dos empregados permanentes; 1%
dos empregados temporários; 2% empregados parceiros; e 8% em outra condição.
Para as mulheres, assim como para os homens, as atividades mais desempenhadas
foram: bovinocultura, horticultura, produção mista (agropecuária) e cana de açúcar.
Em 1995-1996, a área total destinada às atividades agropecuárias eram
2.416.305 ha. Esta área estava dividida conforme aponta o gráfico a seguir.
Gráfico 2:
Utilização das Terras - Censo Agropecuário 1995-1996.- Rio de Janeiro
8%
11%
2%
36%
27%
1%
2%
13%
Lavoura permanente Lavoura temporária Lavoura em descanso Pastagem natural
Pastagem plantadas Matas naturais Matas plantadas Produtivas não utilizadas
Fonte: Censo Agropecuário 1995-96. IBGE
Conforme a tabela seguinte, podemos notar oscilações nos valores da
produção dos produtos agrícolas para o conjunto do Estado do Rio de Janeiro, que
138
se reduzem em 1995 e 1996, aumentam em 1997, e declinam 1998 a 2001, e
mantêm-se em uma escala ascendente em 2002.
De toda forma, o que se observa também é que a área plantada vem
reduzindo, com exceção de 2000, verificando – se , assim, um aumento na
produtividade, isto é, um melhor aproveitamento da produção.
Tabela 44: Quantidade produzida, Valor da produção, Área plantada e Área colhida da lavoura
permanente – Rio de Janeiro. – 2002
Anos
Valor da
produção (Mil
Reais
)
Área plantada
(Hectare)
Área colhida
(Hectare)
2002 181.697 56.797 56.797
2001 171.701 55.395 55.395
2000 148.305 58.470 58.470
1999 149.937 57.690 57.690
1998 167.888 58.566 58.566
1997 180.357 61.010 61.010
1996 163.821 62.274 61.427
1995 171.100 63.402 61.268
1 – Os municípios sem informação para pelo menos um produto da lavoura permanente não aparecem nas listas.
2 - A partir do ano de 2001 as quantidades produzidas dos produtos abacate, banana, caqui, figo, goiaba, laranja, limão, maçã,
mamão, manga, maracujá, marmelo, pêra, pêssego e tangerina passam a ser expressas em toneladas.
3 – Até 2001 café (em côco), a partir de 2002 café (beneficiado ou em grão).
Fonte: IBGE – Produção Agrícola Municipal
Quanto ao correspondente às lavouras temporárias, o que podemos constatar
é que houve um aumento significativo do valor de produção e uma redução da área
utilizada, o que sugere a redução da produção de cana de açúcar no estado, em
particular no Norte Fluminense, embora o cultivo ainda seja muito expressivo. Aqui,
também fica nítido o aumento do aproveitamento do solo e da produção entre as
culturas temporárias.
139
Tabela 45: População economicamente ativa não residia no município em
31.07.1995, segundo os grandes grupos ocupacionais – região Metropolitana
do Rio de Janeiro – 2000
Anos
Valor da
produção (Mil
R
eais
)
Área plantada
(Hectare)
Área colhida
(Hectare)
2002 331.659 198.457 198.357
2001 287.028 206.597 206.401
2000 298.808 206.389 206.301
1999 272.345 217.063 216.852
1998 267.086 218.814 218.603
1997 243.978 219.713 218.242
1996 237.778 223.971 223.183
1995 212.159 230.435 224.119
1 – Os municípios sem informação para pelo menos um produto da lavoura temporária não aparecem
nas listas
2 - A partir do ano de 2001 as quantidades produzidas dos produtos melancia e melão passam a ser
expressas em toneladas.
Fonte: IBGE - Produção Agrícola Municipal
Observa-se que a produção de banana destacou-se entre as culturas
permanentes com maior área produzida, contudo a cultura não se destacou entre
aquelas com maior rendimento médio por ha, o que evidencia uma baixa
produtividade se comparada com outras frutícolas como laranja e goiaba, por
exemplo. O café possuía 19% da área plantada e colhida, entretanto, não
correspondeu à altura em valores monetários restando 6% tão somente a esta
cultura. Já as frutas, em sua grande maioria, possuíam áreas menores, contudo,
apresentaram maior rentabilidade e no período referido: laranja, coco-da-baía,
maracujá, tangerina e goiaba.
140
Tabela 46: Área destinada à colheita, área colhida, quantidade produzida, rendimento
médio e valor da produção dos principais produtos das lavouras permanentes – Rio de
Janeiro – 2001.
Abacate 0% 0% 0% 7% 0%
Banana 46% 46% 36% 3% 25%
Borracha (látex coagulado) 0% 0% 0% 0% 0%
Café (beneficiado) 19% 19% 1% 0% 6%
Caqui 1% 1% 4% 12% 4%
Coco-da-baía (*) 6% 6% 10% 6% 11%
Figo 0% 0% 0% 2% 0%
Goiaba 1% 1% 2% 7% 3%
Laranja 13% 13% 22% 6% 27%
Limão 3% 3% 6% 6% 4%
Mamão 0% 0% 1% 13% 0%
Manga 0% 0% 1% 7% 1%
Maracujá 3% 3% 8% 9% 10%
Palmito 0% 0% 0% 1% 0%
Pêra 0% 0% 0% 6% 0%
Pêssego 0% 0% 0% 5% 0%
Tangerina 4% 4% 9% 8% 8%
Urucum (semente) 1% 1% 0% 0% 1%
Total 100% 100% 100% 100% 100%
Área
destinada à
Área
colhida
(
ha
)
Quantidade
p
roduzida
(
t
)
Rendimento
médio
Valor
(1000R$
Produtos
(*) Quantidade produzida em mil frutos e rendimento médio em fruto por hectare.
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Agropecuária, Produção Agrícola Municipal 2001.
Com referência à tabela abaixo, pode-se notar que, como o parágrafo anterior
já apontava, a produção de cana ainda parece ser muito expressiva correspondendo
a 81% das lavouras temporárias, conforme os dados da Pesquisa Agrícola
Municipal. O tomate destacava-se como as mais proeminentes culturas temporárias,
em termos de rentabilidade, aqui expressa na relação entre a área destinada (%) e o
valor (R$1000,00). Também foram expressivas as culturas de aipim e abacaxi.
141
Tabela 47: Área destinada à colheita, área colhida, quantidade produzida, rendimento
médio e valor da produção dos principais produtos das lavouras temporárias – Rio de
Janeiro – 2001.
Produtos
Á
rea
p
lantada
(ha)
Á
rea
colhida
(ha)
Quantidade
p
roduzida (t)
Rendimento
dio
(Kg/ha)
)
Valor
(1000 R$)
Abacaxi (*) (1) 1% 1% 1% 14% 8%
Alho 0% 0% 0% 3% 0%
Arroz (em casca) 1% 1% 0% 2% 1%
Batata-doce 1% 1% 0% 8% 2%
Batata-inglesa 0% 0% 0% 6% 0%
Cana-de-açúcar (1) 81% 81% 94% 22% 52%
Feijão (em grão) 3% 3% 0% 0% 1%
Mandioca (1) 6% 6% 2% 7% 11%
Melancia 0% 0% 0% 3% 0%
Meo 0% 0% 0% 4% 0%
Milho (em grão) 6% 6% 0% 1% 2%
Tomate 1% 1% 2% 30% 23%
Total 100% 100% 100% 100% 100%
fonte: Censo Demográfico, 2000. Microdados da amostra. IBGE
Todo o efetivo de rebanhos tem sua produção oscilante nos últimos anos.
Contudo, o ano de 2002 só não foi bom para os galos e frangos, todos os demais
tiveram um ligeiro aumento. Entre o efetivo, destaca-se a produção bovina.
Tabela 48: Efetivo dos rebanhos por tipo de rebanho (%) – Rio de Janeiro, 2001
Pecuária 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001
2002
Bovino 8,92 7,53 7,87 9,59 11,29 13,43 11,99 14,62
Suíno 1,29 0,79 0,83 0,98 1,17 1,39 1,2 1,48
Eqüino 0,72 0,35 0,37 0,45 0,54 0,69 0,61 0,74
Asinino 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01 0,01
Muar 0,13 0,06 0,06 0,07 0,09 0,1 0,09 0,11
Bubalino 0,02 0,02 0,02 0,02 0,02 0,03 0,03 0,04
Coelhos 0,18 0,13 0,13 0,12 0,13 0,13 0,11 0,13
Ovino 0,1 0,08 0,08 0,1 0,11 0,14 0,14 0,2
Galinhas 14,92 8,41 7,66 7,17 8,97 7,53 6,08 6,34
Galos
,
Fran
g
as
,
F 71,27 80,65 81,3 78,75 75,13 73,9 77,41 73,61
Codornas 2,23 1,88 1,59 2,6 2,38 2,46 2,15 2,51
Caprino 0,21 0,09 0,09 0,12 0,15 0,19 0,17 0,21
Total 100 100 100 100 100 100 100 100
Fonte: Os municípios sem informação para pelo menos um efetivo de rebanho não aparecem nas listas.
Fonte: IBGE - Pesquisa Pecuária Municipal
142
Do total dos estabelecimentos, apenas 28% deles estavam vinculados às
cooperativas, conforme aponta o Censo Agropecuário 1995-1996. E destes
estabelecimentos 91% aproximadamente estavam vinculados às cooperativas de
comercialização, onde a criação de bovinos representava 59%; 14% produção mista
(agropecuária); 4% cana de açúcar; e 3% horticultura.
A bovinocultura lidera em números relativos e absolutos quanto aos
estabelecimentos e em área destina esta atividade no estado do Rio de Janeiro. A
referida atividade também possui maior participação em estabelecimentos
associados a cooperativas de comercialização. Quando se refere a cooperativas de
crédito, a atividade em destaque é a cana de açúcar, com a bovinocultura em
segundo lugar.
Tabela 49: Estabelecimentos associados a cooperativas, segundo atividade econômica
principal – Rio de Janeiro 1995-96
Totais...................................... 100% 53.679 100% 2.416.303.607 100% 13.737 100% 595 100% 700 100% 108
Atividade econômica
Bovinos....................................... 35% 18.888 59% 1.437.555.172 65% 8.966 25% 150 14% 9
6
21% 23
Horticultura............................... 15% 8.032 2% 55.163.935 3% 434 4% 25 50% 352 13% 14
Produção mista - Agropecuária.....
9% 4.995 14% 346.012.559 16% 2.191 10% 62 5% 38 11% 12
Cana-de-açúcar......................... 9% 4.690 8% 203.079.917 4% 54
6
49% 291 6% 40 34% 37
Banana....................................... 5% 2.800 3% 83.521.744 1% 160 1%
6
1% 8 6% 7
Mandioca. ........ .. .. .. .. .. ........ .. .. .. .. 3% 1. 674 1% 19.598.325 1% 158 2% 11 2% 14 3% 3
Tomate....................................... 3% 1.608 1% 25.903.203 2% 281 1%
6
0% 0 0% 0
Outros da tem
p
orária.... .. .. .. .. .. . 3% 1.572 2% 50. 689.291 2% 242 0% 1 2% 13 1% 1
Café............................................ 3% 1.491 1% 28.036.385 1% 78 0% 2 0% 2 0% 0
Avicultura.................................. 2% 1.240 1% 16.802.371 0% 61 1% 4 1% 7 1% 1
Laran
j
a..... .. .. .. .. .. ........ .. .. .. .. ....... 2% 1.067 1% 17.210.181 0% 31 0% 2 7% 47 6%
6
Maracu
j
á.... .. .. .. .. .. .. ........ .. .. .. .. .. .. 1% 640 0% 5.815.797 1% 10
6
0% 1 2% 15 0% 0
Arroz.......................................... 1% 614 0% 9.977.006 0% 59 0% 2 0% 2 0% 0
Milho..... .. .. ....... .. ... .. .. ....... .. .. ... .. . 1% 590 1% 15.965.959 1% 69 0% 0 0% 0 0% 0
Outros da
p
ermanente..... .. .. .. .. . 1% 514 0% 8.307.914 1% 70 2% 9 1% 7 0% 0
Outras... .. .. ....... .. .. .. .. .. .. ........ .. .. .. .. . 6% 3.264 4% 92. 663.848 2% 285 4% 23 8% 59 4% 4
Atividade Econômica
Área (há) Comercialização Crédito
Estabelecimento associados à Cooperativas
Eletrificação Outra
To ta i s
Estabelecimentos
Fonte: Censo Agropecuário, 1995-96. IBGE.
143
Observando-se os investimentos para o período 1995-96, podemos ver na
tabela a seguir que a região do Noroeste Fluminense se destaca, o que ocorre,
provavelmente, pela necessidade de recuperação do solo, altamente degradado,
dado o uso intenso de agrotóxicos. Esta situação do Noroeste do Estado é distinta
da observada, com base nos dados, para a região Serrana, que possui altos níveis
de investimento, no entanto, por condições ambientais mais satisfatórias, dispõe de
maiores financiamentos, e se reflete nas despesas e receitas da Região Serrana.
Este maior percentual de financiamento talvez já esteja sinalizando as mudanças na
política creditícia, uma vez que a região é de predomínio da agricultura familiar, foco
das orientações políticas.
As regiões das Baixadas e Médio Paraíba possuem maiores investimentos
que a Região Centro-Sul Fluminense. Coisa difícil de supor, em virtude da Região
ser reconhecida por seu passado agrícola ligado ao café e por, nos dias de hoje, ter
sua imagem associada à produção de tomate e ao turismo rural, que são referência
para todo o Estado. Além da Festa do Tomate ser uma das mais famosas festas
agropecuárias do Estado, sem mencionar tantas outras de menor expressão .
Constata-se, também, com base na tabela a seguir, que a região do Médio
Paraíba possui percentual ligeiramente mais elevado que a região Norte
Fluminense, o que pode estar evidenciando uma mudança na condução política
visto que a região do Médio Paraíba, embora não seja uma região voltada para este
setor, possui uma população miúda de pequenos produtores, e tem em Resende e
Barra Mansa seu principal expoente.
144
Tabela 50: Valores de investimento, financiamento, despesas e receitas (mil reais) - Rio de
Janeiro 1995-96
Regiões de Governo Investimentos Financiamentos Despesas Receitas
Região da Baía da Ilha Grande 548 229 1536 2207
Região das Baixadas Litorâneas 8060 691 26934 45551
Região do Médio Paraíba 8145 1158 50521 75736
Região Metropolitana 6203 868 28902 51090
Região Noroeste Fluminense 16079 2023 52579 95525
Região Norte Fluminense 12783 1118 64331 98318
Região Serrana 15207 3191 118777 184627
Região Centro-Sul Fluminense 6002 633 18677 42161
Fonte: Censo Agropecuário, 1995-96. IBGE.
A respeito do maquinário, transporte e utilitários as regiões se revezam em
suas posições, conforme apontam os dados do Censo Agropecuário 1995-96. Nos
tratores, destacam-se as regiões Serranas e Metropolitanas, respectivamente. Em
máquinas para o plantio e colheita, a região Norte as possuía em maiores
quantidades. Quanto aos caminhões e utilitários, a região Serrana destacou-se,
conforme os dados seguintes:
Tabela 51: Tratores, Maquinaria,Caminhões e Utilitários para as Regiões de Governo – 1995-
96.
Re
g
o Metro
p
oli tana 1265 17
%
122 10
%
40 6
%
315 13
%
460 10
%
Re
g
ião Noroeste Flumi nense 1118 15
%
123 10
%
12
9
20
%
233 10
%
775 17
%
Re
g
ião Norte Flumi nense 1040 14
%
511 41
%
283 43
%
567 24
%
924 20
%
Re
g
ião Serrana 1950 25
%
112 9
%
37 6
%
730 31
%
1151 25
%
Região das Baixadas
Lit orâneas 1094 14% 127 10% 58 9% 221 9% 352 8
%
Re
g
ião do Médio Parba 735 10
%
170 14
%
72 11
%
156 7
%
552 12
%
Região Centro-Sul Flumi nense
426 6
%
73 6
%
34 5
%
111 5
%
300 7
%
Região da Ba da Ilha Grande
32 0
%
8
1
%
10
%
10 0
%
27 1
%
Total 7660 100% 1246 100% 654 100% 2343 100% 4541 100
%
p
ara
colhei ta
Ca mi nhões Ut i l i t ári osRegiões de Governo Tratores
Má
q
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Má
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Fonte: Censo Agropecuário 1995-96, IBGE.
145
Há poucas manifestações culturais associadas ao mundo rural, mas, nota-se
que em geral todos municípios apresentam alguma forma de expressão deste
universo rural. Essas manifestações podem ser expressas em feiras e exposições
agropecuárias, sob a denominação conhecida de : “Expô” e festas juninas. Também
estão associadas, em pequenos municípios ou em distritos de municípios maiores,
as homenagens rendidas aos padroeiros, associando a religiosidade e ao
fortalecimento da cultural local.
Cabe ressaltar que as exposições agropecuárias se reproduzem nas áreas
urbanas dos municípios. Entre as festividades mais populares no espaço fluminense
estão:
Tabela 52: Principais festividades nos munipios do estado do Rio de Janeiro segundo
origem rural
Período
Município
Localidade Festividade Modalidade
Janeiro
Macuco
Praça Central Encontro de Folia de Reis Religioso
Janeiro
Quissamã Em todo município Festa do Côco
Festa
Janeiro
Teresópolis Encontro de Folia de Reis
Janeiro
Valença Festa do Reisado
Agosto
Paraty
Centro histórico
Festival da Pinga
Diversos
Abril
Itagua
í
Cavalgada de São Jorge
Abril
Paty do Alferes Praça da Estação Ferroviária Festa do Do
Festa
Maio
Petrópolis Palácio Quitandinha
Expo
Petrópolis
Exposição
Maio
Teresópolis Parque de Exposições
Expo
de Cavalo Manga larga Marchador
Exposição
Junho
Angra dos Reis
Centro
Encontro de Quadrilhas
Festa
Junho
Rio das Ostras Festa do Peão de Boiadeiro
Exposição
Junho
Paty do Alferes
Parque de Exposições
Festa do Tomate
Festa
Julho
Paty do Alferes Praça da Estação Ferroviária
Festa Caipira Festa
Agosto
Itatiaia Festival de Inverno
Setembro
Macuco Macuco Rural
Park
Exposição Agropecuária e Concurso Leiteiro
Exposição
Setembro
Resende Parque de Exposições
Exapicor - Exposisção Agropecuária Exposição
Setembro
Teresópolis Festa do Produtor Rural
Parque de Exposições Festa
Outubro
Cabo Frio
Praia do Forte
Cabo Frio Rodeio
S
how
Diversos
Outubro
Quissa Parque de Exposições
Expo
de Cavalo Manga larga Marchador
Exposição
Novembro
Paraty Quilombo do Campinho Encontro da Cultura Negra
Encontro
Fonte: Secretaria Estadual do Turismo do Rio de Janeiro, 2004.
146
Podemos observar que, não necessariamente, as localidades onde ocorrem
os festejos e manifestações rurais outras podem ser espaços bastantes
heterogêneos que se reproduzem em locais no mínimo curiosos (praia?).
Observando a predominância de tipos de interações rurais e urbanas,
podemos considerar, com base em dados empíricos, que as Regiões apresentam
diferenças internas a elas, até mesmo no nível municipal, mas grosso modo, com
base nos dados, podemos caracterizar as regiões conforme descrito a seguir.
Contudo, cabe ressaltar que, face aos dados a seguir a Região Norte possui
características diversificadas em termos de distribuição populacional e inserção
produtiva. Isto posto, reflete-se nas ruralidades. Dependendo do recorte intra –
região é possível observar as mais variadas ruralidades. Para o município de
Campos, em especial, as diversidades de distribuição populacional e inserção
produtiva, além de um quadro físico bastante irregular, tornam difícil categorizar o
município em uma única ruralidade, o que visa a reforçar um estudo para entender
as ruralidades no nível do município como Proxy das mais distintas ruralidades no
Estado:
147
Regiões Governo
Movimentos Populacionais e
Distribuição Espacial
Quadro Físico e Ambiental
Atividade Agrícola e
Modernização
Manisfestação Rural
Políticas Pública e
Desenvolvimento Rural
Ruralidade
Região Noroeste
Fluminense
Região menos urbana do Estado;
Histórico Esvaziamento Populacional;
Saldo migrario negativo; Fraco
adensamento populacional;
Altamente Degradado; Pelo uso
elevado de defensivos químicos na
produção agrícola.Com áreas sujeitas
à desertificação
PIB agrícola relevante na
composição do PIB por setores,
alta modernização agrícola e
agricultura familiar presente.
Apresenta alguma pluriatividade
Muita Alta e apresenta Feiras e
Exposições Agropecuárias no
interior
Pouca Presença de Políticas no
âmbito Estadual e Federal e
Desenvolvimento Rural Inexistente
5
Região Serrana
Mix" de Urbano e Rural; Saldo
Migratório Positivo; Adensamento
populacional relativo.
Relativam ente Degradado.
O maior PIB do Estado, osclando
de alta para m édia em nível de
modernização agrícola e alta
produção familiar.
Muito Alta e apresenta Feiras e
Exposições Agropecuárias e
Turismo Rural
Elevada Presença Políticas no
âmbito M unicipal, Estadual e
Federal e Alto Desenvolvimento
Rural
4
Região da Norte
Fluminense
De m aior diversidade populacional;
apresenta áreas altamante urbano e,
bem como áreas notadamente rurais;
Saldo migrario negativo, com grandes
oscilações entres os municípios que
compõem a Região; Apresentam
Relativo Deslocamento; Presença
expressiva de
Altamente Degradado,com uma
ligeira tendência desertificação, forte
preso imobiliária, forte presença de
períodos de seca.
PIB agrícola expressivo na
composição do PIB por setores,
média modernização agrícola e
alguns poucos grupos de
agricultores fam iliares
Muito Alta e apresenta Feiras
e Exposições Agropecuárias
Presença de Políticas no âmbito
Municipal, Estadual e Federal e
Desenvolvimento Rural
Relativam ente Baixo com grandes
oscilações intra região
4
Região Centro Sul
Fluminense
"Mix" de Urbano e Rural; Saldo
migratório negativo de magnitude
pequena; Adensamento populacional
relativo.
Relativamente Degradado
PIB agrícola irrelevante na
composição do PIB por setores,
média modernização agrícola e
alguns poucos grupos de
agricultores familiares e alguns
a
sse
ntam
e
nt
os
r
u
rai
s
Muito alta e apresenta Feiras e
Exposições Agropecuárias no
interior da RM RJ
Presença de Políticas nos âmbito
Municipal, Estadual e Federal e
Desenvolvimento Rural
Intermedrio
3
Região do Médio
Parba
Altam ente Urbano; Saldo migrario
negativo de magnitude pequena;
Adensamento populacional.
Altamente Degradado;
Principalm ente pelas atividades
industriais.
PIB agrícola irrelevante na
composição do PIB por setores,
alta modernização agrícola e
alguns poucos grupos de
agricultores fam iliares
Ligeiram ente baixa e apresenta
algumasFeiras e Exposições
Agropecuárias, forte presença
do Turismo Rural
Presença Política nos âmbitos
Municipal, Estadual e Federal.
Desenvolvimento Rural Baixo
2
Região das
Baixadas
Litorâneas
Altam ente Urbano; Saldo migrario
positivo; Adensamento populacional;
Forte Deslocamento; Pouca Presença de
Assentamentos Rurais.
Intermediariamente Degradado; Forte
preso im obiliária.
PIB agrícola pequeno, baixa
modernização agrícola e alguns
poucos grupos de agricultores
familiares, alguns áreas de
grande conflito de Terra e
algumas grandes propriedades.
Intermediária e apresenta
poucas Feiras e Exposições
Agropecrias
Presença Política nos âmbitos
Municipal, Estadual e Federal.
Desenvolvimento Rural Baixo
2
Região da Baía da
Ilha Grande
Altam ante Urbano; Saldo migrario
negativo de magnitude pequena;
Adensamento populacional;Forte
Deslocamento;Presença Expressiva de
Assentamentos, com relação as demais
regiões do Estado.
Altamento Degradado; Número
elevado de habitações irregulares em
lugares de alta declividade.
PIB agrícola irrelevante na
composição do PIB por setores,
baixa modernização agrícola e
forte atividade da agroindustria
patronal, Expressivamente
monocultor(cana -de- açúcar).
Algumas festas típicas da
colônias de pesca
Presença Política nos âmbitos
Municipal, Estadual e Federal.
Desenvolvimento Rural Muito
Baixo
2
Região
Metropolitana
Altam ente Urbano; Saldo migrario
negativo; Adensamento
populacional;Forte
Deslocamento;Presença Expressiva de
Assentamentos, com relação as demais
regiões do Estado.
Altamente Degradado; Número
elevado de habitações irregulares em
lugares de alta declividade.
PIB agrícola irrelevante na
composição do PIB por setores,
média modernização agrícola e
alguns poucos grupos de
agricultores fam iliares
Feiras e Exposições
Agropecuárias no interior da
RMRJ
Presença Política nos âmbitos
Municipal e Estadual e
Desenvolvimento Rural inexistente
1
148
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A
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2. POPULAÇÃO EM MOVIMENTO: AS MIGRAÇÕES E SUA
SELETIVIDADE
Este capítulo é uma análise das transformações no espaço fluminense, a
fim de apontar subsídios para identificar ruralidades existentes, partindo das
análises migratórias intraestaduais.
O território do Estado do Rio de Janeiro possui uma dimensão de
aproximadamente, 44.000 km² de extensão e é dividido em oito Regiões Político –
Administrativo, segundo a Lei n.º 2.829 de 11/11/97. São elas as regiões:
Metropolitana, Baixadas Litorâneas, Norte Fluminense, Baía de Ilha Grande,
Centro Sul – Fluminense, Serrana, Médio Paraíba e Noroeste Fluminense, de
acordo com o que o demonstra o mapa abaixo.
MAPA 1: DIVISÃO POLÍTICO ADMINISTRATIVO RIO DE JANEIRO, 2000.
Fonte: Fundação CIDE, 2001
56
No entanto, a população não está distribuída uniformemente. Ao contrário,
75% das pessoas residentes no estado estão concentradas na região
Metropolitana do Estado (RMRJ), de acordo com os dados do censo demográfico
de 2000, embora esta região represente apenas 13% do território do Estado. Este
adensamento da RMRJ se deve à cidade do Rio de Janeiro, onde estão 41% da
população total do Estado, conforme indica o cartograma abaixo.
MAPA 2.: DISTRIBUIÇÃO DA POPULAÇÃO DO ESTADOS DO RIO DE JANEIRO 2000 SEGUNDO O TAMANHO
POPULACIONAL OS
MUNICÍPIOS
Rio de janeiro.shp
4000 - 20000
20001 - 50000
50001 - 100000
100001 - 500000
500001 - 60000000
N
EW
S
População
Rio de Janeiro - 1991/2000
80 0 80 160 Miles
Fonte: Censo Demográfico, 2000. IBGE
57
2.1. A DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DA POPULAÇÃO FLUMINENSE
Em linhas gerais, a distribuição da população fluminense ao longo das três
últimas décadas, conforme a próxima tabela aponta, apresentou pequenos
decréscimos percentuais e progressivos nas regiões Metropolitana, Noroeste e
Centro Sul Fluminense em relação à distribuição total do Estado. Já as regiões do
Médio Paraíba, em menor proporção, Norte Fluminense, Baixadas Litorâneas e
Baía de Ilha Grande tiveram ganhos relativos a sua participação no total do
Estado e a região Serrana apresentou oscilações.
Tabela 1: Distribuição da População (%) do Estado do Rio de Janeiro
segundo Regiões de Governo.
Regiões de Governo 1980 1991 2000
Região Metropolitana 77,7 76,6 75,7
Região Norte Fluminense 4,6 4,8 4,8675
Região das Baixadas Litorâneas 2,7 3 3,9
Região Baía de Ilha Grande 0,7 0,9 1
Região Centro Sul Fluminense 2,2 1,8 1,79
Região Serrana 5,1 5,4 5,2
Região do Médio Paraíba 5,3 5,4 5,5
Região Noroeste Fluminense 2,1 2,1 2,1
Total 100,0 100,0 100,0
Fonte: Censos Demográficos 1980, 1991 e 2000.
A população fluminense, conforme indicam os dados censitários de 2000,
apresenta-se distribuída: 96% da população residente em áreas urbanas e 4%
residem em áreas rurais.
58
Tabela 2: População residente, segundo situação e localização da área
– Rio de Janeiro, 2000.
Localização da Área Absoluto (%)
Urbana - cidade ou vila - área urbanizada
13.691.018 95
,
3
Urbana - cidade ou vila - área não
42.940 0
,
3
Urbana - área urbana isolada
64.138 0
,
5
Rural - área rural
(
exceto a
g
lomerado
)
471.850 3
,
3
Rural - a
g
lomerado - de extensão urbana
62.655 0
,
4
Rural - a
g
lomerado -
p
ovoado
31.955 0
,
2
Rural - a
g
lomerado - núcleo
613 0
,
0
Rural - a
g
lomerado - outros
1.914 0,0
Total
14.367.083 100,0
Fonte: Censo Demo
g
ráfico
,
2000. IBGE.
Os dados a seguir apontam que maior parte dos municípios do Estado,
cerca de 64,8% apresentam população igual ou inferior a 50.000 (mil) habitantes,
cabendo ressaltar que de 1990 até 2001 foram criados 23 novos municípios (em
anexo), o que nos remete a aproximadamente 25% do total de municípios do
Estado, provavelmente impulsionados pela Criação dos Fundos de Participação
Municipal, a partir de 1988 inseridos na Constituição e, para os municípios das
Regiões Litorâneas e do Norte Fluminense, a incorporação e o aumento do
recebimento de royalties também, a partir de 1988.
Tabela 3: Número de municípios e População nos municípios nos
Censos Demográficos por tamanho da população
Absoluto (%) Absoluto (%)
Até 2.000
----
De 2.001 a 5.000
11
,
14.879 0
,
0
De 5.001 a 10.000
99
,
972.601 0
,
5
De 10.001 a 20.000
24 26
,
4359.420 2
,
5
De 20.001 a 50.000
25 27
,
5776.074 5
,
4
De 50.001 a 100.000
11 12
,
1818.292 5
,
7
Mais de 100.000
21 23
,
1 12.335.817 85
,
9
De 100.001 a 500.000
17 18
,
7 3.907.844 27
,
2
Mais de 500.000
44
,
4 8.427.973 58
,
7
Total
91 100 14.367.083 100
Número de Municípios População nos Municípios
Classes de Tamanho da
População
Fonte: Censo Demográfico, 2000. IBGE
59
No cartograma a seguir fica nítida a redução das taxas de crescimento da
Região Metropolitana do Rio de Janeiro, obtendo, na cidade do Rio de Janeiro, a
quinta menor taxa (vide anexo), bem como a emergência da atividade petrolífera,
além da expansão do turismo fora do eixo metropolitano que, em termos de
concentração, vem contribuindo para uma nova (re) configuração populacional no
espaço fluminense:
MAPA 3: TAXAS DE CRESCIMENTO A PARA OS MUNICÍPIOS FLUMINENSES DE 1991/2000.
Rio de janeiro.shp
-3 - 0
0.1 - 1
1.1 - 2
2.1 - 3
3.1 - 8.8
N
EW
S
Taxa de Crescimento
Rio de Janeiro - 1991/2000
Fonte: Censo Demográfico, 2000. IBGE.
Passos e Simões (2004) apontam para a mancha escura que representa as
altas taxas de crescimento populacional, abrangendo uma série de municípios
como Maricá, Cabo Frio, Búzios, Rio das Ostras, Macaé, etc., o que revela um
processo de reorganização espacial da população no território fluminense. Por
outro lado, grande parte desse processo deve-se ao dinamismo da indústria
petrolífera, que atrai, para sua área de influência, contingentes populacionais com
60
as mais diferentes características, que estão relacionadas, por sua vez, a
inserções produtivas diferenciadas. Como bem ressalta Rua (2001:48), esta
mancha pode ser identificada, no
eixo urbano litorâneo centrado na Região dos Lagos e da costa do Sol que vai
da AMRJ até Macaé, tendo como núcleos dinâmicos esta última cidade e Cabo
Frio, os municípios desta faixa litorânea apresentavam em 1996 as constantes
melhorias nas comunicações (novas rodovias, aeroportos de Búzios e Macaé)
o turismo e o veraneio, algumas indústrias, reativação da pesca e da
maricultura, da Petrobrás em Macaé (fundamental como alavanca à
urbanização dessa área) e uma avassaladora especulação imobiliária com
profundas marcas de segregação socioespacial que constituem os principais
elementos concretos do dinamismo urbano desse eixo. (grifos meus)
Este pólo, espacialmente, constitui-se como contínuo litorâneo que se
prolonga pelo litoral da Região das Baixadas e segue até Macaé, no Norte do
estado. Por sua vez, aponta para desigualdades socioeconômicas intra-regionais
e inter-regionais.
Se por um lado, a distribuição de royalties do petróleo viabiliza a geração
de riqueza, sua alocação é extremamente desigual e a aplicação de seus
recursos por parte dos municípios também. Este último fator foi fundamental para
a emancipação de municípios nas duas regiões. Entre eles podemos citar:
Carapebus, Rio das Ostras e Quissamã, como ressalta Ribeiro (2001:24).
Apesar de sedes distritais, estes municípios eram prejudicados à percepção
dos aludidos benefícios, uma vez que os mesmos restringiam-se em quase sua
totalidade às sedes municipais, gerando um descontentamento por parte das
populações residentes nas antigas vilas, culminando em pressão para as
futuras emancipações
.
61
Corroborando, assim, para que os municípios com as receitas provenientes dos
royalties os canalizassem para projetos de desenvolvimento e com isso as
regiões apresentassem estratégias diferenciadas.
Com exceção de Macaé, todos os demais municípios aplicam seus
recursos nas atividades primárias, em especial a fruticultura e a cana de açúcar,
características da região, embora, como aponta Marafon e Barbosa (2001), em
cenário econômico desfavorável por conta da liberação comercial e do fim
subvenção. Perceptíveis são os sinais de investimentos de royalties na
infraestrutura, como a construção da Estrada do Açúcar, em Campos, no norte do
Estado. Além da utilização de ex-usinas de cana para empresas processadoras
de frutas, associando, assim, atividades agrícolas e não agrícolas.
Detecta–se, nesta região, o desmatamento da vegetação nativa nos
campos e nas dunas, ameaçando o equilíbrio ecológico. A única forma de
preservar as restingas presentes na região é permitir apenas “a exploração
voltada para o ecoturismo”. (Dantas, 2001:403).
Verificam-se taxas de crescimento positivas e elevadas também para a
região da Costa Verde Fluminense, no outro extremo do litoral, que, além dos
municípios da Região de governo (RG) da Baía de Ilha Grande, abarcam os
municípios de Mangaratiba e Itaguaí da Região Metropolitana do Rio de Janeiro,
chamado de eixo da Rio – Santos. Este eixo pode ser reconhecido pelo
dinamismo do
turismo, veraneio, serviços e algumas indústrias tradicionais e modernas. Aí
como no primeiro eixo, o mercado de trabalho tem sido alterado profundamente
com mudanças definitivas nas atividades rurais e pescas para ocupações
vinculadas aos outros setores (construção civil e serviços domésticos,
principalmente) em atividades sazonais.(Rua, 2001:49).
62
O PIB destas regiões comprova este “mix” de atividades, pois a região Serrana,
Centro Sul Fluminense, possuía em 2000 um PIB industrial de 14,85 % e 9,45%,
que respectivamente, correspondiam ao segundo e ao terceiro na participação de
cada região. O mesmo ranking é observado para o PIB agropecuário, com 3,98 %
e 3,72%, respectivamente.
Também podemos identificar, a partir do Cartograma anterior, áreas de
crescimento populacional negativo, como Macuco, Trajano de Moraes, Santa
Maria Madalena, mais ao oeste da Região Serrana do Estado, e os municípios de
Italva, Itaocara, Cambuci, situados na região Noroeste Fluminense e Cardoso
Moreira, São Fidélis no Norte Fluminense. Comum a todos os municípios está o
maior peso em atividades agropecuárias e, conforme o cartograma abaixo não
corresponde a nenhum eixo de urbanização.
De qualquer forma, mesmo que sejam utilizadas, tanto para fins urbanos e
agrícolas, as planícies pluviais precisam de uma recomposição da mata ciliar,
tendo em vista a mitigação de enchentes que assolam periodicamente várias
cidades do Norte-Noroeste Fluminense, tais como Itaperuna, Italva, Cardoso
Moreira e Santo Antônio de Pádua. Um agravante a este problema é o intenso
desmatamento das bacias do Rio Pomba e Muriaé, tanto em território
fluminense, quanto em território mineiro, acelerando, assim, o escoamento
superficial e aumentando os picos de vazão destes rios. (Dantas, 2002:408).
A presença de declividade elevada de desmatamentos dos maciços diminui
o potencial hídrico da Região, necessitando de recomposição florestal e limitando
as atividades agrícolas. Nessas áreas, o mais recomendável são atividades
silvipastoris e agroflorestais,
sendo que as atividades agrícolas devem se restringir a vertentes menos
íngremes das colinas, adjacentes a colinas. E as pastagens podem ocupar as
vertentes mais declivosas das elevações (colinas e morros) (Dantas,
2002:408).
63
MAPA 4: PRINCIPAIS EIXOS DE URBANIZAÇÃO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO 2001 - NEGEF
A região do Médio Paraíba apresenta, para seus municípios, taxas de
crescimento positivas e pequenas com relação às demais taxas apresentadas no
Estado, e constitui-se em um eixo urbano que se prolonga até o município de Três
Rios, na Região de Governo do Centro Sul do Estado, onde a atividade industrial
é predominante – em particular à metalurgia, metal-mecânica e automobilística –
e já foi considerada a segunda maior região em termos de importância
econômica, “antiga zona cafeeira, que durante muito tempo vegetou com uma
pecuária relativamente pobre, despontou com um gigantesco parque industrial
após a criação da Usina Presidente Vargas da CSN” (Cunha, 1975:127).
64
Embora a região possua ainda um “crescimento da atividade industrial,
como indica Rua (2001:50), a reestruturação produtiva que afeta diretamente os
postos de trabalho, em geral, neste tipo de atividade industrial juntamente com a
privatização da Cia Siderúrgica Nacional em Volta Redonda sugerem uma
estagnação da região, ainda não perceptível em termos de redução significativa
da população. No entanto, o decréscimo das taxas de crescimento para esta
região podem estar indicando o começo de um processo de desconcentração
populacional, em especial para os municípios de Volta Redonda, Barra Mansa,
Piraí e Valença. Contudo, cabe ressaltar que os decréscimos podem também ser
resultados dos desmembramentos dos municípios, uma vez que se observou
taxas de crescimento positivas para os municípios Porto Real, Pinheiral e Quatis,
criados ao longo da década de 90, de desmembrados de Resende, Piraí e Barra
Mansa, respectivamente, o que sugere a importância da atividade turística, assim
como o município de Resende, coexistindo com uma intensa atividade industrial.
No entanto não isto não é uma prerrogativa, pois o município de Resende apesar
do desmembramento apresentou taxa de crescimento elevada, o que não ocorreu
com os demais municípios desmembrados. Somente Itatiaia apresentou
elevadíssimas taxas de crescimento (ver anexo), acima até mesmo, dos
municípios criados recentemente.
A região Serrana do Estado apresentou taxas de crescimento que
podemos subdividir em quatro grupos: o primeiro, formado por aqueles municípios
que tiveram taxa de crescimento acima da média da região e acima da taxa de
crescimento para o Estado. São eles os municípios (em ordem crescente): São
José do Vale do Rio Preto, Teresópolis, Cordeiro. O segundo grupo é formado por
aqueles que possuem taxa acima da média região e inferiores à taxa do estado:
65
Petrópolis, Bom Jardim e Macuco. Um outro grupo, formado por municípios com
taxas inferiores à taxa de região, mais ainda com taxas positivas: Sumidouro,
Carmo, Duas Barras, Nova Friburgo, São Sebastião do Alto e Cantagalo. E, por
fim, aqueles municípios que possuem taxas negativas de crescimento: Santa
Maria Madalena e Trajano de Moraes.
Ao acrescentarmos as taxas de crescimento dos municípios que
correspondem à região Centro - Sul Fluminense, que em muito se assemelham
com as taxas de crescimento encontradas aos primeiros grupos pertencentes à
região Serrana do Estado, podemos observar a existência de um eixo de
urbanização denominado por Rua e seus colegas no Núcleo de Estudos da
Geografia Fluminense de “topo da serra”. Um eixo que segundo o autor:
Eixo de urbanização bastante interessante em sua especificidade é o que
chamamos de “topo da serra” e que, com alguma descontinuidade, se
desenvolve pelo interior da escarpa da Serra do Mar, de Rio Claro até
Cantagalo [...]É uma área marcada por acelerados processos de transformação
devidos aos impactos do turismo veraneio, atividades já tradicionais na área,
coexistindo com uma forte atividade agrícola e agroindustrial, mas, também,
com importante atividade industrial (moda íntima e confecções e movelaria)
que marca o trabalho urbano e rural. Os núcleos urbanos mais dinâmicos são
Cantagalo, Teresópolis, Petrópolis e Nova Friburgo (2001:49).
Podemos destacar, ainda, um eixo que se estende pela Rodovia Niterói-
Manilha até Cachoeiras de Macacu ao longo da BR 101, e se direciona para Silva
Jardim, onde se desenvolvem atividades rurais não agrícolas e estão presentes
loteamentos urbanos, periurbanos e rurais, “além das grandes indústrias, como a
Schincariol de cerveja, que dão novas qualidades a estas áreas” (Rua, 2001:49).
Um eixo de “forte especulação imobiliário e das modernas atividades
66
agropecuárias”, conforme aponta Rua (2001: 49), que, por sua vez, sofre
constantes conflitos por terras e ambientais.
Aliás, comum a todos os eixos de urbanização e, principalmente, aos eixos
Urbano Litorâneo, da Rio- Santos, e o “topo da serra” estão as transformações
ocorridas nessas áreas
por conta dos impactos causados pelo fluxo de veranistas, turistas, estudantes
universitários que, se de um lado, trazem alternativas para a sobrevivência
(precária em muitos casos), por outro trazem problemáticas novas com as
quais as populações locais lidam com dificuldade (prostituição, ‘farofeiros’,
violência, tráfico de drogas, roubos e furtos etc.).(op.cit)
Um outro dado relevante para os movimentos populacionais no Estado do
Rio de Janeiro são os deslocamentos realizados por motivos de trabalho e/ou
estudo. Cerca de 980.000 pessoas trabalham ou estudam fora do município de
residência. Destes, cerca de 956.000 se deslocam dentro do próprio estado do
Rio de Janeiro. Na maior parte, os casos de deslocamentos se dão da periferia da
região Metropolitana (Caxias, Nova Iguaçu, São João de Meriti, Niterói, São
Gonçalo) para o núcleo (cidade do Rio de Janeiro), o que evidencia a importância
da cidade na dinâmica ocupacional da população fluminense.
Um deslocamento que não tem significado expressivo em termos
numéricos, mas possui relevância, pois aponta para o entendimento da formação
de novos pólos economicamente dinâmicos, já ressaltados no texto, é o município
de Macaé. Este deslocamento que pode vi a se tornar importante com passar do
tempo e com uma possível estabilidade financeira na região Norte Fluminense do
Estado, que recebeu quase 3 mil pessoas em 2000, conforme os dados do
67
Censo, que se deslocavam do Rio de Janeiro e de Rio das Ostras, por motivo de
trabalho e/ou estudo. Entre as pessoas que residem em Rio das Ostras e
trabalham e/ou estudam em Macaé aproximadamente 95% vieram do Rio de
Janeiro nos últimos cinco anos, o que fortalece a hipótese de uma forte pressão
imobiliária em Macaé. Em geral, os deslocamentos se concentram entre 20 e 49
anos de idade, de acordo com os dados provenientes do Censo Demográfico de
2000.
M
APA 5: DESLOCAMENTO POR MOTIVO DE TRABALHO E /OU ESTUDO RIO DE JANEIRO, 2000.
Fonte: Censo Demográfico, 2000. IBGE
68
2.2. “Zanza daqui, zanza pra acolá”: Seletividade Migratória Intraestadual
As migrações, em especial as intraestaduais e os deslocamentos,
enquanto responsáveis pela distribuição espacial da população, obedecem a uma
lógica social e econômica extremamente complexa, que lida com as escolhas
individuais e coletivas.
Dadas as novas perspectivas, alavancadas pelo dinamismo econômico em
áreas de expansão de atividades e ocupações, que passam ao largo da RMRJ,
são perceptíveis as migrações e os deslocamentos para essas regiões. Muito
embora, é claro, sinalize características semelhantes a da região Metropolitana do
Estado (guardadas as especificidades locais).
Nas migrações intraestaduais, utilizando-se o quesito de data fixa
5
do
Censo Demográfico 2000, observa-se que a maior parte das trocas de residência
é realizada dentro da própria região, principalmente a RMRJ, até pelo seu volume
de contingente populacional. Também são realizadas trocas entre regiões de
governo de menor fluxo, mas importantes para reflexão das condições
socioeconômicas vivenciadas pelas pessoas, que podem configurar uma
mudança de atividade produtiva, de estudo, enfim de estilo de vida. A matriz da
página 51 revela as trocas por Regiões de Governo do Estado.
A matriz de trocas nos revela que a maior parte das trocas entre as regiões
foram realizadas com a região Metropolitana do Estado, o que significa dizer que
a RMRJ perde mais do que ganha população para todas as demais regiões de
1. Ver apêndice
69
governo. Destacam-se, assim, em ganhos populacionais da RMRJ as Baixadas
Litorâneas, Serranas e Norte Fluminense.
A região das Baixadas Litorâneas foi a que mais recebeu contingente
populacional vindo das demais regiões do Estado e conforme já mencionado, da
RMRJ, principalmente. Observa-se um contingente populacional, embora
pequeno, vindo da Região Norte Fluminense, região na qual veremos a seguir, se
forma um pólo integrado por conta da presença do petróleo e da atividade
turística.
Na região da Baía de Ilha Grande, podemos notar que, além da troca mais
expressiva ser com a RMRJ, há um percentual de acréscimo populacional de
originado da região do Médio Paraíba, o que pode estar sinalizando uma perda de
mão de obra, isto é, uma transferência de População Economicamente Ativa por
conta da instalação e incentivos de indústria naval, ou mesmo pelo vigor do
turismo e hotelaria.
63
Quadro 1: Matriz de Migração da População
Regiões de Governo
de residência em
2000
Regiões de Governo da residência em 31 de julho de 1995
Região Norte
Fluminense
Região
Serrana
Região
Metropolitana
Região do
Médio
Paraíba
Região
Centro-Sul
Fluminense
Região das
Baixadas
Litorâneas
Região do
Noroeste
Fluminense
Região da
Baía da
Ilha
Grande
Região Norte
Fluminense
664.656
(97%)
1.525
(0,22%)
13.200
(1,9%)
407
(0,06%)
113
(0,02%)
2.180
(0,32%)
1.687
(0,25%)
126
(0,02%)
Região Serrana 1.239
(0,17%)
713013
(96,65%)
17.806
(2,41%)
784
(0,11%)
1.608
(0,22%)
1.146
(0,16%)
2.004
(0,27%)
93
(0,01%)
Região Metropolitana 9.717
(0,09%)
10.031
(0,10%)
10.503.441
(99,5%)
7.610
(0,07%)
3.168
(0,03%)
11.500
(0,11%)
4.849
(0,05%)
2.355
(0,02%)
Região do Médio
Paraíba
385
(0,05%)
634
(0,08%)
8.513
(1,12%)
748.686
(98,30%)
1.846
(0,24%)
96
(0,01%)
84
(0,01%)
1.409
(0,18%)
Região Centro-Sul
Fluminense
65
(0,03%)
1.983
(0,80%)
5.630
(2,27%)
1.350
(0,54%)
238451
(96,20%)
163
(0,07%)
92
(0,04%)
133
(0,05%)
Região das Baixadas
Litorâneas
9.103
(1,69%)
2.466
(0,46%)
41.728
(7,75%)
592
(0,11%)
559
(0,10%)
482.132
(89,5%)
1.747
(0,32%)
289
(0,05%)
Região do Noroeste
Fluminense
1205
(0,41%)
733
(0,25%)
6.455
(2,22%)
330
(0,11%)
85
(0,03%)
528
(0,18%)
281.198
(96,8 %)
109
(0,04%)
Região da Baía da
Ilha Grande
191
(0,14%)
137
(0,10%)
4.303
(3,11%)
3.411
(2,46%)
120
(0,09%)
63
(0,05%)
72
(0,05%)
130.215
(94,01%)
Fonte: Censo Demográfico, 2000.IBGE
71
Os índices de Eficácia Migratória, que medem o grau de atratividade dos
espaços, reforçam a atratividade expressivamente para a Região das Baixadas
Litorâneas. Todas as demais regiões ficaram próximas de zero, o que pressupõe
uma circularidade maior de pessoas, isto é, muitas pessoas entrando e saindo das
regiões, concomitantemente, como ocorre na Região Metropolitana. Ou ainda, pode
representar uma baixa circularidade, poucas pessoas saem e poucas pessoas
entram nessas regiões, por exemplo, na Região Noroeste Fluminense, como
podemos observar na tabela a seguir.
Tabela 4: Saldo Migratório e Índice de Eficácia Migratória – Rio de Janeiro – Regiões de
Governo, 2000.
Regiões de Governo Saldo Migratório Índice de Eficácia Migratória
Região Metropolitana -32.751 -0,02
Região das Baixadas Litorâneas 40.868 0,43
Região Serrana 8.898 0,15
Região Centro Sul Fluminense -2.240 -0,1
Região do Médio Paraíba -3.030 -0,04
Região Baía de Ilha Grande 3.834 0,28
Região Noroeste Fluminense -7.309 -0,2
Região Norte Fluminense -8.270 -0,13
Fonte: Censo Demográfico, 2000. IBGE
A região Metropolitana é a que possui maior saldo negativo, haja vista que
perde, em termos populacionais, para todas as demais regiões. A região Norte
Fluminense, de que poderia se esperar um aumento significativo de população pela
presença do petróleo e seus royalties também possui saldo migratório negativo para
seus municípios correspondentes, como veremos adiante as condicionantes para
72
que esse aumento não se efetive em quantitativos populacionais, acirre e crie novos
dilemas e segregação socioespacial.
Os anos de estudos médios dos migrantes intraestaduais para o estado do
Rio de Janeiro apresentam um maior percentual de pessoas com mais de 9 anos de
estudo do que os de não migrantes, o que sinaliza, para nós, que o fato das maiores
trocas entre as regiões terem sido realizadas com a região Metropolitana, onde a
população, em geral, tem maiores percentuais com mais anos de estudo, estaria
elevando a média da escolaridade dos migrantes, ou seja, a RMRJ estaria
exportando pessoal qualificado para as demais regiões do Estado.
Tabela 5: Proporção de Pessoas de 5 anos ou mais de idade que residiam no município e
proporção de pessoas mudaram de município em 31.07.1995
2
no Estado do Rio de
Janeiro, segundo anos de estudo, 2000
Gru
p
os de Anos de
E
studo
N
ão Migrante
M
i
g
rante
I
ntraestadua
l
Sem instrução até 3 anos de estudo
41 29
De 4 a 8 anos de Estudo 38 40
9 a 12 anos de Estudo 17 22
12 anos e mais 5 9
Total 100 100
Fonte: Censo Demográfico, 2000. Microdados da amostra - FIBGE.
2
Entende-se como população migrante à população que se encontrava no município em 31.07.1995.
e população migrante intraestadual, então, são todos os demais foram recenseados em 2000 e que
mudaram e que em 31/07/1995 moravam em outro domicílio.
73
Em relação à escolaridade da População Economicamente Ativa (PEA)
podemos observar que os imigrantes intraestaduais têm mais anos de estudo que os
não migrantes. Esse fato talvez possa explicada pela maior parte dos migrantes
serem de origem metropolitana, ou seja, repete-se a tendência vista anteriormente.
Adiciona-a isso a demanda por trabalho fora da região metropolitana, em “eixos de
urbanização ligados à indústria naval, do petróleo e seus derivados e setores de
serviços atrelados às atividades turísticas, com exigências de maiores escolaridades.
Tabela 6: Proporção de pessoas economicamente ativas residente de 5 anos ou mais de
idade que residiam e não residiam no município em 31.07.1995 no estado do Rio de Janeiro,
segundo anos de estudo, 2000.
Grupos de anos de estudo
N
ão Migrante
M
igrante
I
ntraestadual
Sem instrução até 3 anos de estudo
20 16
De 4 a 8 anos de estudo 46 42
9 a 12 anos de estudo 26 19
12 anos e mais 8 14
Total 100 100
Fonte: Censo Demográfico, 2000. Microdados da amostra, IBGE.
A educação da PEA assemelha-se a da população em geral, o que nos
sugere que, para os migrantes intraestaduais, a escolaridade mais elevada lhes
garante maiores rendimentos de acordo com dados provenientes do Censo
Demográfico, assim como a baixa escolaridade do não migrante está relacionada
com rendimentos inferiores.
74
Tabela 7: Proporção de Pessoas de 5 anos ou mais de idade que residiam e não residiam no
município em 31.07.1995 no estado do Rio de Janeiro, segundo faixas de rendimento,
2000.
Faixas de Rendimento
N
ão Migrante
M
i
g
rante
I
ntraestadua
l
Sem Rendimentos
15 18
Até 1 salário mínimo 21 16
Mais de 1 a 3 salários mínimos 38 33
Mais de 3 a 5 salários mínimos 12 12
Mais de 5 a 10 salários mínimos 9 12
Mais 10 salários Mínimos 5 9
Total 100 100
Fonte: Censo Demográfico, 2000. Microdados da amostra IBGE
Quanto aos rendimentos recebidos pelos migrantes intraestaduais e os não
migrantes, observa-se, entre os migrantes intraestaduais, um percentual maior de
pessoas que não têm rendimentos, no entanto, na outra ponta das faixas de
rendimento, migrantes intraestaduais apresentam maiores percentuais entre os que
recebem rendimentos superiores a cinco (05) salários mínimos.
Observando a População Economicamente Ativa conforme suas ocupações,
segundo Grandes Grupos Ocupacionais, observa-se que não há grandes mudanças
em sua estrutura tanto para os migrantes intraestaduais e não migrantes. A
população migrante fica mais desocupada e se insere mais nas artes, ciência e em
trabalhos alocados no que o IBGE considera de nível médio. “Este grande grupo
compreende as ocupações cujas atividades principais requerem, para seu
desempenho, conhecimentos técnicos e experiência de uma ou várias disciplinas
das ciências físicas e biológicas ou das ciências sociais e humanas” (Censo
Demográfico, 2000).
75
Tabela 8: Proporção de Pessoas de 5 anos ou mais de idade que residiam e não residiam no
município em 31.07.1995 do Estado do Rio de Janeiro, segundo grandes grupos ocupacionais,
2000.
Rio de Janeiro Não Migrante
Migrante
Intraestadual
Não está ocu
p
ado
15
18
0 - Membros das forças armadas,
p
oliciais e bombeiros
2
2
1 - Membros superiores do poder público, dirigentes de
or
g
aniza
ç
ões de interesse
p
úblico e de em
p
resas
,
g
erentes
4
4
2 - Profissionais das ciências e das artes
4
,
9
7
3 - Técnicos de nível médio
78
4 - Trabalhadores de servi
ç
os administrativos
76
5 - Trabalhadores dos serviços, vendedores do comércio em
lo
j
as e mercados
31 29
6 - Trabalhadores agropecuários, florestais, caça e pesca
75
7 - Trabalhadores da produção de bens e serviços industriais
19 16
8 - Trabalhadores da produção de bens e serviços industriais(2)
22
9 - Trabalhadores de re
p
ara
ç
ão e manuten
ç
ão
22
Total 100 99
Fonte: Censo Demográfico, 2000. Microdados da amostra ,IBGE.
Podemos observar que a maior parte dos trabalhadores de todas as regiões
de governo estão lotados em comércios e serviços, seguidos de trabalhadores da
produção de bens industriais, refletindo, assim, a dinâmica econômica do Estado
fortemente associada às atividades de comércio e serviços.
2.2.1. REGIÃO METROPOLITANA DO RIO DE JANEIRO
A região Metropolitana do Rio de Janeiro possuía 19 municípios até 2001
3
, e
possui a maior taxa de densidade do país, 352hab/km², onde residem 75% da
população fluminense. Conforme visto na matriz de trocas, a maior parte das trocas
3
Em 2002, emancipou-se Mesquita, como ele foi criado aposteriore eu gostaria, mas para a nivelar a
análise e como não há dados disponíveis deste município
76
entre as regiões foram realizadas com a região Metropolitana do Estado,
principalmente com as regiões das Baixadas Litorâneas, Serranas e Norte
Fluminense. A região Metropolitana é a quarta no ranking das regiões em saldo
migratório.
Historicamente marcada por um “esvaziamento”, como sugere Cunha (1975),
que data a partir de quando o Estado do Rio de Janeiro, ainda Distrito Federa, a
RMRJ perde sua hegemonia econômica para São Paulo, conforme aponta a tabela
abaixo.
Tabela 9: Número de Estabelecimentos, operários e valor da produção – Distrito Federal e São
Paulo.
1920
N
úmer
o
de
E
stabelecimentos
N
úmero de Operários Valor da Produção
Distrito Federal 1.541 69.703 666.276
São Paulo 4.157 85.460 1.009.073
1940
N
úmero d
e
E
stabelecimentos
N
úmero de Operários Valor da Produção
Distrito Federal 4.169 23.459 3.321.643
São Paulo 14.225 272.865 7.601.721
Confronto entre os Censos de 1920 e 1940 – Indústrias
Fonte: Anuário Estatístico do Brasil, 1948. IBGE.
Tal retrospecto de perdas substantivas de importância política e econômica no
cenário nacional, que acabaram por se acentuar ao longo do tempo, fez, entre outras
razões, que em 1975 ocorresse à fusão entre o Estado da Guanabara (atual cidade
do Rio de Janeiro e capital Estado) e o Estado do Rio de Janeiro (interior), na
tentativa de recuperar a importância, pelo menos do ponto de vista econômico
(Cunha, 1975; Ribeiro, 2000), e superar esses problemas de descontinuidade a um
progressivo desenvolvimento. A fusão ocorreu de forma autoritária, mas com
77
promessas que não se efetivaram por conta da conjuntura macroeconômica
vivenciada a seguir com a segunda crise do petróleo. E esta, por sua vez, no
panorama nacional, não pôde conter com políticas, nem pela via do financiamento e
nem de ajustamento, conforme aponta Castro & Souza (1985).
São nítidos também os impactos da pressão populacional sobre o meio
ambiente na cidade do Rio de Janeiro, pelo inadequado uso de áreas de brejos e
mangues para ocupação urbana, principalmente entorno da Baía de Guanabara. A
população mais pobre, em geral, é “empurrada” para áreas mais suscetíveis a
alagamentos e alta declividade, gera favelização, em áreas que deveriam ser de
preservação ambiental dos ecossistemas remanescentes de Mata Atlântica. Mesmo
nas áreas mais adequadas a ocupação populacional e da malha urbano-industrial,
também prosperam problemas ambientais, como a “contaminação de rios, do lençol
freático, em geral pouco profundo das lagunas costeiras e baías (Dantas, 2001:4).
No cartograma a seguir, demonstra-se que as imigrações com destino à
Região Metropolitana são, em sua grande maioria, originárias das regiões Serrana e
das Baixadas Litorâneas, contando com uma entrada em contingentes populacionais
entre 10.000 a de 20.000 habitantes. Isso indica o poder de atração que a RMRJ
ainda exerce sobre a população de fora da região. Muito porque a cidade do Rio de
Janeiro, enquanto núcleo da RMRJ, apresenta a função de gestão e controle, ou
seja, sedia matriz de empresas, controle de filiais, escritórios, depósitos e afins que
extravasam os limites estaduais e até nacionais”(Ribeiro,2001:21).
78
A cidade possui um “forte peso nas atividades ligadas ao terciário, como
produtora de serviços atrelados à informação, às empresas e à cultura”, além de
uma grande concentração de estabelecimentos bancários e inúmeras sedes de
empresas (Ribeiro, 2001:21), conferindo ao Rio de Janeiro o status de “cidade
global“ ou “megacidade”, segundo Castells (1999), e, assim como as cidades de
Xangai, México, São Paulo e outras, estranhas a matriz cultural européia/norte
americana.
As megacidades articulam a economia global, ligam as redes informacionais e
concentram o poder mundial. Mas também são depositárias de todos esses
segmentos da população que lutam para sobreviver, bem como aqueles grupos
que querem mostrar sua situação de abandono, para que não morram ignorados
em áreas negligenciadas pelas redes de comunicação[...]; o que é mais importante
é que elas estão desconectadas das populações locais responsáveis.
(Castells,1999:429)
M
APA 6 : PESSOAS QUE IMIGRARAM PARA A REGIÃO METROPOLITANA DO RIO DE JANEIRO - 2000
Acima de 20.000
Até 5.000
De 5.001 a 10.000
De 10.001 a 20.000
Imigração
Destino: Região Metropolitana
Fonte:Censo Demográfico. 2000. IBGE
79
Surpreendentemente, as mesmas regiões que mais enviam população para a
RMRJ, são as que mais recebem população vinda da região Metropolitana, conforme
informa o cartograma a seguir. A Região Serrana, “em razão da atividade industrial e
da função lazer, representada pela segunda residência” (Ribeiro, 2001:19), a região
das Baixadas Litorâneas e a Região Norte Fluminense, por constituírem a região dos
maiores municípios produtores de petróleo do país, são
[...] “novos ricos” que somente passaram a perceber nítidos benefícios fiscais com
o repasse das participações governamentais (royalties + participações especiais),
incidentes sobre a produção de petróleo e gás natural, a partir de 1998, com a
regulamentação da Lei do Petróleo (9.478/97)[...] Os repasses de royalties aos
municípios produtores os colocam entre os detentores dos orçamentos mais ricos
dos municípios brasileiros em termos proporcionais (per capita). (Serra, 2003:1).
M
APA 7: PESSOAS QUE EMIGRARAM PARA A REGIÃO METROPOLITANA DO RIO DE JANEIRO,2000
Acima de 20.000
Até 5.000
De 5.001 a 10.000
De 10.001 a 20.000
Emigração
Saída: Rego Metropolitana
F
ONTE: :CENSO DEMOGRÁFICO,2000. FIBGE
80
Contribuíram para este saldo as pessoas que saíram dos municípios do Rio
de Janeiro, Nilópolis e Niterói. O Rio de Janeiro foi o município que obteve maior
saldo negativo. O município “exportou” população praticamente para todos os
municípios da RMRJ, principalmente para os municípios de Duque de Caxias, Nova
Iguaçu, Maricá, Mangaratiba, Itaguaí, evidenciando, assim, um processo de
espraiamento do núcleo. Nova Iguaçu recebeu pessoas vindas de Belford Roxo,
Caxias, Queimados e Nilópolis. Itaboraí deve seu saldo positivo a importação deve-
se principalmente dos municípios, Niterói, Rio de Janeiro e São Gonçalo.
MAPA 8 : DOS PRINCIPAIS FLUXOS INTRAMETROPOLITANOS ESPRAIAMENTO DO CENTRO EM DIREÇÃO À
PERIFERIA
Fonte: Censo Demográfico, 2000. IBGE
81
A propósito, na relação núcleo – periferia, a RMRJ tende à consolidação
socioespacial, centro-periferia e a tendência à fragmentação, na micro-escala”,
configurando-se assim, duas faces deste mesmo processo”.
Neste sentido, a produção de condomínios de classe média não apenas no centro,
mas também na periferia, assim como a proliferação de assentamentos (ou
mesmo acampamentos) popular por toda a metrópole, marca o novo padrão e
nova escala de segregação sem, no entanto, romperem com o binômio centro-
periferia (Lago, 2001:39).
2.2.1.1. A Seletividade Migratória Região Metropolitana
A região Metropolitana é a região que registra os maiores percentuais de
população total (migrante e não migrante) com 12 anos e mais de estudo, conforme
indica a tabela a seguir. O que confirma a hipótese levantada no item anterior, de
que a RMRJ, provavelmente, exporta população mais escolarizada que a população
não migrante das demais regiões, fazendo, assim, com que o número de anos de
estudo dos migrantes intraestaduais seja maior do que os dos não migrantes.
Tabela 10: Pessoas de 5 anos ou mais de idade que residiam e que não residiam no município
em 31.07.1995, segundo anos de estudo região Metropolitana do Rio de Janeiro, 2000.
A
bsoluto
%
A
bsoluto %
Anos de estudos
34.840 0,34 1.310
0
Sem instrução a 3
3.295.439 32,17 102.598
27
4 a 8 anos 3.757.636 36,68 159.372
42
9 a 12 anos 2.237.924 21,84 88.534
23
12 anos e mais 918.855 8,97 29.157
8
Total 10.244.694 100,00 380.971
100
Grupos de Anos de Estudo
N
ão Migrante
M
i
g
rant
e
I
ntraestadual
Fonte: Censo Demográfico, 2000, Microdados da Amostra, FIBGE.
82
Ao analisar os anos de estudos da PEA para RMRJ, acentua-se ainda mais o
percentual de população (migrante e não migrante) com 12 ou mais anos de
estudos. Observa-se, também, que a população imigrante intraestadual na RMRJ
possui escolaridade menor que a população não migrante da Região. O que significa
dizer que a RMRJ exporta mão de obra mais qualificada e importa força de trabalho
menos qualificada, como podemos verificar na tabela a seguir.
Tabela 11: População economicamente ativa que residia e não residia no município em
31.07.1995, segundo anos de estudo - região Metropolitana do Rio de Janeiro, 2000.
A
bsoluto
%
A
bsoluto %
Anos de estudos indeterminados
18.461 0 709
0
Sem instrução a 3 anos 562.345 14 27.478
13
4 a 8 anos 1.877.517 47 91.360
44
9 a 12 anos 1.531.293 38 64.012
31
12 anos e mais 725.741 18 24.433
12
Total
3.989.616
100 207.992
100
Grupos de Anos de Estudo
N
ão Migrante
M
i
g
rant
e
I
ntraestadua
l
Fonte: Censo Demográfico, 2000, Microdados da amostra, IBGE.
A menor escolaridade da pessoa que vem para a RMRJ, de acordo com os
dados provenientes do Censo Demográfico 2000, provavelmente se reflete em seu
rendimento recebido na região Metropolitana, embora se observe que o não há uma
variação expressiva nos níveis de rendimento, ou seja, os não migrantes possuem
maiores rendimentos que os migrantes, mas sem uma grande disparidade, como
demonstrado na tabela que se segue.
83
Tabela 12: População economicamente ativa que residia e não residia no município em
31.07.1995 na região Metropolitana do Rio de Janeiro, segundo faixas de rendimento, 2000.
Absoluto % Absoluto %
Sem rendiment
o
41.667 14 2.67
8
17
Até 1 salário mínimo 71.951
25
2.726
1
8
Mais de 1 a 3 salários mínimos 108.479
38
5.111
33
Mais de 3 a 5 salários mínimos 31.142
11
1.745
11
Mais de 5 a 10 salários mínimos 23.053
8
1.856
12
Mais 10 salários Mínimos 12.858
4
1.210
8
Total 289.150
100
15.326
100
Migrante
Intraestadua
l
Não Migrante
Faixas de Rendimento
Fonte: Censo Demográfico, 2000. Microdados da amostra, IBGE.
A menor qualificação do imigrante intraestadual, assim como seu menor
rendimento, conforme visto acima, também podem ser observados quanto a sua
inserção produtiva. A maior parte dos imigrantes intraestaduais estão, em maior
percentual, alocados em ocupações que possuem menores exigências em termos de
escolaridade como o setor de comércio, agricultura. Em se considerando a atividade
agrícola na Região, somente 1% dos migrantes está ocupado no setor de atividade e
menos de um 1% entre os não migrantes, ficando próximo de zero (0) a população
ocupada nesta atividade.
Os não migrantes estão mais ocupados em atividades associadas às ciências,
às artes, aos técnicos de nível médio e aos serviços administrativos, ocupações
estas que supõem maior qualificação profissional (escolaridade).
84
Tabela 13: População economicamente ativa que residia e não residia no município em
31.07.1995, segundo os grandes grupos ocupacionais - região Metropolitana do Rio de Janeiro,
2000.
A
bsoluto
%
A
bsoluto %
Não está ocupado
838.453 17,78 39.674 19
0 - Membros das foas armadas, policiais e bombeiros
militares
138.124 2,93 6.565 3
1 - Membros superiores do poder público, dirigentes de
organizações de interesse público e de empresas,
gerentes
200.496 4,25 7.443 4
2 - Profissionais das ciências e das artes
379.454 8,05 13.002 6
3 - Técnicos de nível médio
398.465 8,45 14.858 7
4 - Trabalhadores de serviços administrativos
455.408 9,66 17.696 9
5 - Trabalhadores dos serviços, vendedores do
comércio em lojas e mercados
1.385.142 29,38 66.199 32
6 - Trabalhadores agropecuários, florestais, caça e
pesca
21.400 0,45 1.510 1
7 - Trabalhadores da produção de bens e serviços
industriais (1)
708.674 15,03 33.030 16
8 - Trabalhadores da produção de bens e serviços
industriais (2)
80.695 1,71 3.222 2
9 - Trabalhadores de reparação e manutenção
109.049 2,31 4.793 2
Total 4.715.360
100,00
207.992
100
Grupos Ocupacionais
N
ão Migrante
M
i
g
rante
I
ntraestadua
l
Fonte: Censo Demográfico, 2000. Microdados da amostra, IBGE.
Em síntese, a população que sai da RMRJ, parece estar se beneficiando da
escolaridade mais elevada, aumentando desta forma, por tabela, a escolaridade das
regiões recebedoras desta mão de obra, ocasionada, talvez, por aspectos estruturais
na dinâmica econômica do país a partir dos meados dos anos 90, como aponta
Jannuzzi (2001:):
em meados da década de 90, o status de várias categorias ocupacionais aumento
em resultado da recuperação parcial no nível real dos rendimentos do trabalho, do
aumento dos níveis de escolaridade da população ocupada e da própria
seletividade crescente no mercado empregador na contratação de mão de obra de
maior nível educacional,
85
também impulsionada pela emergência de novos “pólos de absorção migratória no
âmbito inter-regional e intra-regional, onde o conjunto de redes de cidades brasileiras
teve papel importante, servindo de amortecedor dos fluxos para metrópoles.” (Matos
e Baeninger, 2001: 26). Este parece ser o caso dos municípios que pertencem a
OMPETRO (Organização dos Municípios Produtores de Petróleo e Gás Limítrofes da
Zona de Produção Principal da Bacia de Campos), que estão distribuídos nas
regiões Norte Fluminense e das Baixadas Litorâneas.
2.2.2. REGIÃO NORTE FLUMINENSE
A região Norte Fluminense obedece a uma divisão político-administrativa que
conforme diz Piquet (2003:8), toma como referência a produção sucroalcooleira”
que não corresponde à dinâmica. A presença estatal no Norte Fluminense, que data
30 anos, sempre foi impulsionada pela preocupação do Estado com a questão
energética, primeiramente por conta do choque do petróleo, em 1973, criando assim
o Programa Nacional do Álcool. No entanto, a transferência das usinas para o
empresariado externo à região e
mais interessados na aquisição das “cotas de produção” das usinas do que em
suas instalações industriais, a maioria já ultrapassada tecnologicamente. Assim, de
forma gradual, mas inexorável, dá-se o deslocamento do Norte Fluminense como
grande produtor do setor (Piquet, 2003:5).
86
A Região desde dos anos 70 apresentou problemas econômicos e sociais e
como discorre Piquet (2003: 5), já é vista como uma “região problema”,
uma vez que sua economia comportava problemas que iam desde a estagnação e
a queda dos índices de produtividade de seu principal produto até, e sobretudo, ao
alto grau de desemprego sazonal, que levava a um processo de pauperização, de
desenraizamento e de deslocamento do trabalhador rural para a periferia das
cidades da região
.
Depois por obra do que Piquet (2003:6) denomina destino econômico regional
é mudado pelo petróleo”, com a instalação da base operacional em Macaé, na recém
descoberta Bacia de Campos em 1974, “inaugura-se um novo ciclo na região, agora
baseado direta e indiretamente nos recursos oriundos da exploração petrolífera”.
Contudo, é flagrante o desequilíbrio regional entre os municípios desta região,
tanto da perspectiva econômica, quanto das políticas de desenvolvimento local, bem
como da dinâmica populacional. Conforme mencionado na seção anterior, podemos
perceber que nem todos os municípios pertencem a este “pólo” desenvolvimentista,
ou seja nem todos pertencem a OMPETRO.
Do ponto de vista econômico, a região possui grandes desníveis quanto ao
recebimento dos royalties sendo 40% dos municípios da região recebedores de 95%
dos royalties destinados à região, de acordo com a tabela abaixo.
87
Tabela 14: Repartição dos Royalties pelos municípios pertencentes a
OMPETRO
Absoluto
(
R
$)
%
Campos dos
Go
y
tacazes
p
rodutor 77.749.629
,
96 48%
Macaé
p
rodutor 58.312.931
,
35 36%
Quissamã
p
rodutor 17.065.619
,
72 11%
Total Produtor 153.128.181
,
03 95%
Cardoso Moreira 1.139.034
,
17 1%
Conceição de
Macabu
p
eriférico 1.294.513
,
63 1%
São Fidélis
p
eriférico 1.553.236
,
51 1%
São João da Barra
p
eriférico 3.407.056
,
99 2%
Total Periférico 7.393.841
,
30 5%
Região Norte
Fluminense
total 160.522.022,33 100%
Royalties entre janeiro e
j
ulho de 2002
Condição
Munipios da
Região Norte
Fonte: ANP, 2002.
Outro fator que é de extrema importância ressaltar é o recebimento dos
royalties pelos municípios não obedecem a critérios claros para sua repartição como
aponta Serra (2003:18)
Para este fim adotou-se, arbitrariamente, o conjunto dos municípios pertencentes
às regiões das Baixadas e do Norte Fluminense como beneficiários dos royalties
incidentes sobre a extração de petróleo e gás ocorrida na Bacia de Campos. Este
conjunto de municípios foi subdividido em dois grandes grupos: municípios
produtores e municípios pertencentes à área geo-econômica, ou periféricos (ou
seja, os municípios limítrofes e aqueles cortados por dutos que atendam
exclusivamente à Bacia de Campos).
Há de se considerar que, em longo prazo, as mudanças políticas e a falta
critérios, possam fragilizar ainda mais a região já marcada por diferenças
88
socioeconômicas. A própria criação da OMPETRO, que foi criada justamente com o
intuito de defender os interesses de um grupo de municípios desta região pode
acirrar a competição interna a este grupo, dada a subjetividade das regras para seu
recebimento: produtores x periféricos.
São sensíveis também as diferenças da perspectiva populacional e espacial
com relação à origem desses fluxos. Podemos observar, a partir do cartograma a
seguir, que a região Metropolitana do Rio de Janeiro é a que contribuiu com o maior
contingente de população em direção ao Norte Fluminense. Esta característica ajuda
a explicar o saldo migratório negativo de quase 15.000 pessoas obtido pela RMRJ
com as demais Regiões de Governo do Estado, segundo informações do Censo
2000. A região Norte, por sua vez, obteve um saldo negativo de aproximadamente
8.000 pessoas, embora em Macaé, expressivamente e, Quissamã estes saldos
tenham sido positivos, refletindo o dinamismo econômico apresentado por estes dois
municípios e a disparidade e dimensões populacionais.
Quanto à saída de pessoal da Região Norte, nota-se, em menor escala, um
saída mais significativa para as regiões Metropolitana e Baixadas Litorâneas. O
município de Campos dos Goytacazes exportou para Cabo Frio, Rio de Janeiro,
Macaé, Rio das Ostras e São João da Barra e, talvez, isso se deva ao fato de que
Campo sempre exerceu o papel de pólo regional e, após a chegada do petróleo
vem se firmando como centro prestador de serviços qualificados para os demais
municípios principalmente no setor educacional”, segundo aponta Piquet (2003:8).
89
MAPA 9 : PESSOAS QUE IMIGRARAM PARA A REGIÃO NORTE FLUMINENSE (RJ) - 2000
Acima de 20.000
Até 5.000
De 5.001 a 10.000
De 10.001 a 20.000
Imigração
Destino: Região Norte
Fonte: Censo Demográfico, 2000. Microdados da amostra. IBGE.
O município de Conceição de Macabu só “exporta” expressivamente para o
Rio de Janeiro capital. Quissamã, não é um município que tenha exportado mais
intensamente, o que talvez, seja um indício de que o saldo positivo esteja associado
ao fato de ser ele um município recém criado, bem como expressão de uma
estratégia bem sucedida no uso e aplicação das receitas do município (royalties +
participações especiais, fundo de participação dos municípios, contribuições,
impostos e tributos).
90
MAPA 10 : PESSOAS QUE EMIGRARAM PARA A REGIÃO NORTE FLUMINENSE (RJ) - 2000
Acima de 20.000
Até 5.000
De 5.001 a 10.000
De 10.001 a 20.000
Emigração
Saída: Região Norte
Fonte: Censo Demográfico, 2000. Microdados da amostra. IBGE.
Ademais os aspectos ambientais revelam a fragilidade da expansão da
urbanização e estratégias de desenvolvimento sustentável, nesta direção,
repensadas:
Trecho de baixada fluminense, os vales dos Rios São João, Macaé, Macabu e
Imbé, que consistem em extensas áreas inundáveis ladeadas por colinas isoladas
pela sedimentação fluvial. Os baixos vales desses rios consistem de planícies
flúvio-lagunares ou brejos, bastante inundáveis e aproveitáveis apenas para
pecuária extensiva. Os médios cursos, formados por uma sedimentação fluvial e
um pouco melhor drenados, são melhor aproveitados para agricultura de várzea,
desde que seja preservada a mata ciliar. A exploração com controle ambiental de
areia para construção civil também é recomendada. (Dantas, 2001:7)
91
2 2.2.1. Seletividade Migratória na região Norte Fluminense
A tabela a abaixo demonstra a existência de uma emigração qualificada para
a região Norte Fluminense, assim como tende a reforçar os desníveis intra-região,
que de acordo com estudo desenvolvido por Piquet (2003), somente os municípios
Campos e Macaé apresentam na região “um quadro de ocupações onde as funções
que exigem maior qualificação têm uma participação mais significativa. (2003: 9)
Gritantes também são os percentuais de população sem instrução até 3 anos
de estudo, um dos maiores do Estado, o que fortalece o desequilíbrio da região.
Tabela 15: População economicamente ativa que residia e não residia no município em
31.07.1995, segundo os grandes grupos ocupacionais – região Norte Fluminense– 2000.
A
bsolut
o
%
A
bsolut
o
%
Anos de estudos indeterminados
1.966 0 110
0
Sem instrução a 3 anos 282.101 43 9.400
31
4 a 8 anos 239.279 36 12.006
40
9 a 12 anos 110.946 17 6.610
22
12 anos e mais 24.035 4 2.062
7
Total 658.327 100 30.18
8
100
N
ão Migrante
M
i
g
rante
I
ntraestadual
Grupos de Anos de Estudo
Fonte: Censo Demográfico, 2000. Microdados da amostra, IBGE.
No que diz respeito à População Economicamente Ativa (PEA), reduz-se a
participação de pessoas sem instrução ou com até 3 anos de escolaridade, mas
aumenta-se o percentual escolarizado, tanto migrante quanto não migrante, muito
embora a categoria migrante seja proporcionalmente maior, conforme indica a
tabela a seguir.
92
Tabela 16: População economicamente ativa que residia e não residia no município em
31.07.1995, segundo os grandes grupos ocupacionais - região Norte Fluminense – 2000
A
bsoluto %
A
bsoluto %
Anos de estudos indeterminados
1.070 0 74
0
Sem instrução a 3 anos 64.076 22 2.665
17
4 a 8 anos 126.881 44 6.460
42
9 a 12 anos 77.223 27 4.496
29
12 anos e mais 19.901 7 1.631
11
Total 289.151 100 15.326
100
N
ão Migrante
M
igrante
I
ntraestadua
l
Grupos de anos de Estudo
Fonte: Censo Demográfico, 2000. Microdados da Amostra. FIBGE.
Os rendimentos auferidos pelos migrantes são superiores aos não migrantes
tanto nas faixas de 5 a 10 salários mínimos quanto nas faixas acima de 10 salários
mínimos. O que, talvez se deva ao fato das ocupações, além da escolaridade mais
elevada, corroborarem com rendimentos mais elevados, vide tabela seguinte.
Tabela 17: População economicamente ativa que residia e não residia no município em
31.07.1995, segundo faixas de rendimento região Norte Fluminense, 2000
Absoluto % Absoluto %
Sem rendimento 41.667 14 2.678 17
Até 1 salário mínimo 71.951
25
2.726
18
Mais de 1 a 3 salários mínimos 108.479
38
5.111
33
Mais de 3 a 5 salários mínimos 31.142
11
1.745
11
Mais de 5 a 10 salários mínimos 23.053
8
1.856
12
Mais 10 salários Mínimos 12.858
4
1.210
8
Total 289.150
100
15.326
100
Migrante
Intraestadual
Não Migrante
Faixas de Rendimento
Fonte: Censo Demográfico, 2000. Micro dados da amostra, IBGE.
As inserções ocupacionais reiteram as observações realizadas nas análises
de escolaridade e nos extratos de rendimento, uma vez que cargos de chefia,
diretoria e técnicos do nível médio possuem percentuais maiores entre a população
93
migrante intraestadual que a população não migrante, o que, provavelmente,
ocasiona maiores rendimentos e exige maior escolaridade. Porém, cabe ressalva de
que o percentual não ocupado é maior entre a população migrante do que a
população migrante, o que significa dizer que, a população migrante está mais
desocupada, no entanto, quando ocupada, ela está em ocupações de maior status.
Tabela 18: População economicamente ativa que residia e não residia no município em
31.07.1995, segundo os grandes grupos ocupacionais - região Norte Fluminense– 2000
Absoluto
%
Absoluto %
Não está ocu
p
ado
838.453 17
,
78 39.674 19
0 - Membros das forças armadas, policiais e bombeiros
militares
138.124 2
,
93 6.565 3
1 - Membros superiores do poder público, diri
g
entes de
organizações de interesse público e de empresas,
g
erentes
200.496 4
,
25 7.443 4
2 - Profissionais das ciências e das artes
379.454 8
,
05 13.002 6
3 - Técnicos de nível médio
398.465 8
,
45 14.858 7
4 - Trabalhadores de servi
ç
os administrativos
455.408 9
,
66 17.696 9
5 - Trabalhadores dos serviços, vendedores do
comércio em lo
j
as e mercados
1.385.142 29
,
38 66.199 32
6 - Trabalhadores agropecuários, florestais, caça e
p
esca
21.400 0
,
45 1.510 1
7 - Trabalhadores da produção de bens e serviços
industriais
(
1
)
708.674 15
,
03 33.030 16
8 - Trabalhadores da produção de bens e serviços
industriais
(
2
)
80.695 1
,
71 3.222 2
9 - Trabalhadores de re
p
ara
ç
ão e manuten
ç
ão
109.049 2
,
31 4.793 2
Total 4.715.360
100,00
207.992
100
Grupos Ocupacionais
Não Mi
g
rante
Migrante
Intraestadual
Fonte: Censo Demográfico, 2000. Microdados da amostra. IBGE.
94
2.2.3. REGIÃO DAS BAIXADAS LITORÂNEAS
A região das Baixadas Litorâneas é composta por 12 municípios que
correspondem, juntamente com os municípios da Região Norte Fluminense, por
parte considerável dos royalties distribuídos no Estado e no país e também com a
mesma região forma a OMPETRO. A região é reconhecida pelas atividades de
serviços ligadas ao turismo, Cunha (1975:118) já apontava para a potencialidade
turística da região. “Na Costa Azul, Cabo Frio é o centro turístico até com vínculos
internacionais, São Pedro da Aldeia e Saquarema têm, além das praias, uma
arquitetura colonial (…) Araruama é também famosa por suas salinas”.
Tabela 18: Royalties recebidos entre janeiro e julho de 2002, segundo a condição do município
beneficiário
Absoluto
(
R
$)
%
Cabo Frio
p
rodutor 22.749.087
,
63 24%
Casimiro de abreu
p
rodutor 10.839.329
,
60 12%
Rio das Ostras
p
rodutor 34.294.430
,
61
Armação de Búzios
p
rodutor 11.994.364
,
27 13%
Total Produtor 79.877.212
,
11 85%
Araruama
p
eriférico 1.863.875
,
86 2%
Arraial do Cabo
p
eriférico 1.507.043
,
16 2%
Cachoeiras de Macacu
p
eriférico 3.016.091
,
35 3%
Rio Bonito
p
eriférico 1.656.779
,
66 2%
São Pedro aa Aldeia
p
eriférico 1.708.706
,
02 2%
Saquarema
p
eriférico 1.656.779
,
66 2%
Silva Jardim
p
eriférico 2.800.656
,
26 3%
Total Periférico 14.209.931
,
97 15%
Região das Baixadas
Litorâneas
Total 94.087.144,08 100%
Municípios da Regiãodas
Baixadas Litorâneas
Condição
Royalties entre janeiro e
j
ulho de 2002
Fonte: ANP, 2002.
95
Com a presença dos royalties na região várias foram as transformações
socioespaciais que por sua vez já apresentavam diferenças internas. A região das
Baixadas Litorâneas obteve suas trocas mais significativas com as regiões
Metropolitana e Norte Fluminense. A região que obteve o maior saldo positivo foi a
Região das Baixadas Litorâneas, que representa 4,2% do saldo migratório para o
Estado, em data fixa. Também é possível, conforme tabela em Anexo, verificar que,
nenhum município obteve saldo negativo. Destacam os municípios de Rio Bonito,
Cabo Frio e Rio das Ostras
MAPA 11 : PESSOAS QUE IMIGRARAM PARA A REGIÃO DAS BAIXADAS LITORÂNEAS (RJ) - 2000
Acima de 20.000
Até 5.000
De 5.001 a 10.000
De 10.001 a 20.000
Imigração:
Destino: Região das Baixadas Litorâneas
Fonte: Censo Demográfico, 2000. Microdados da amostra , IBGE.
A região da Baixadas também recebe população da RMRJ, sendo que esta,
por sua vez, recebe muito mais do que envia população, obtendo saldos positivos
que se expressam, também, no índice de eficácia migratória, citado a priori.
96
MAPA 12 : PESSOAS QUE EMIGRARAM DA REGIÃO NORTE FLUMINENSE (RJ) - 2000
Acima de 20.000
Até 5.000
De 5.001 a 10.000
De 10.001 a 20.000
Emigrão:
Saída: Região Baixadas Litorâneas
Fonte: Censo Demográfico, 2000. Microdados da amostra. IBGE.
2.2.3.1. Seletividade migratória na região das Baixadas Litorâneas
A região das Baixadas Litorâneas obteve suas trocas mais significativas com
as regiões: Metropolitana e Norte Fluminense. A Região que obteve o maior saldo
positivo foi a região das Baixadas Litorâneas, que representa 4,2% do saldo
migratório para o Estado, em data fixa. Também é possível, conforme tabela em
anexo, observar que somente Rio Bonito obteve saldo negativo e pouco expressivo.
Destacam –se os municípios de Rio Bonito, Cabo Frio e Rio das Ostras.
Quanto à escolaridade em anos de estudo, comparando-se a população
migrante intraestadual com a população não migrante, percebe-se que a população
migrante intraestadual com 12 anos e mais de estudo é o triplo percentual da
97
população não migrante lotada nesta categoria de análise de 12 anos e mais.
Observa-se que a população não migrante com menos de 4 anos de estudo, obtém
maior percentual inserido nessa categoria.
Tabela 19: População que residia e não residia no município em 31.07.1995, segundo os grupos
anos de estudos - região Baixadas Litorâneas – 2000
A
bsoluto %
A
bsoluto %
Anos de estudos indeterminados
1.923 0
255
0
Sem instrução a 3 anos 218.006 46
20.528
29
4 a 8 anos 176.138 37
27.809
39
9 a 12 anos 66.605 14
16.453
23
12 anos e mais 13.650 3
6.044
9
Total 476.322 100
71.089
100
Grupos de Anos de Estudo
N
ão Migrante
M
igrante
I
ntraestadua
l
Fonte: Censo Demográfico, 2000. Microdados da Amostra, IBGE.
Para ambas as categorias extremas - sem instrução a três anos quanto 12
anos e mais de estudo -, nota-se que reduziram os percentuais correspondentes a
cada categoria, vista sob a ótica da PEA. No entanto, não se inverteu a situação, o
que significa dizer que se mantém maior percentual de pessoas escolarizadas para a
população migrante intraestadual e um maior percentual de pessoas menos
escolarizadas para a população não migrante.
Tabela 20: População economicamente ativa que residia e não residia no município em
31.07.1995, segundo anos de estudo - região das Baixadas Litorâneas, 2000.
Absoluto % Absoluto %
Anos de estudos indeterminados
1.032 0 157 0
Sem instrução a 3 anos 53.761 25 5.926 17
4 a 8 anos 102.244 47 13.970 40
9 a 12 anos 48.271 22 10.817 31
12 anos e mais 10.699 5 4.262 12
Total 216.007 100 35.132 100
Grupos de Anos de Estudo
Não Migrante
Migrante
Intraestadual
Fonte: Censo Demográfico, 2000. Microdados da amostra, IBGE.
98
Em termos de rendimento, observa-se também que a população migrante
possui rendimentos maiores nas faixas de 5 a 10 salários mínimos e mais de 10
salários mínimos, todavia, apresenta maior percentual de população
economicamente ativa sem rendimentos.
Os não migrantes apresentam menores percentuais de PEA sem rendimento,
no entanto, o correspondente a cerca de aproximadamente 75% da PEA está
compreendido entre sem rendimento e três salários mínimos.
Tabela 21: População economicamente ativa que residia e não residia no município em
31.07.1995, segundo faixas de rendimento - região das Baixadas Litorâneas
Absoluto % Absoluto %
Sem rendimento 33.439 15 6.282 18
Até 1 salário mínimo 45.778
21
5.519
16
Mais de 1 a 3 salários mínimos 85.004
39
12.042
34
Mais de 3 a 5 salários mínimos 26.103
12
4.191
12
Mais de 5 a 10 salários mínimos 18.229
8
4.644
13
Mais 10 salários Mínimos 7.452
3
2.454
7
Total 216.005
100
35.132
100
Migrante
Intraestadual
Não Migrante
Faixas de Rendimento
Fonte: Censo Demográfico, 2000. Microdados da amostra, IBGE.
Conforme a tabela abaixo, podemos observar, quanto a inserção populacional
do migrante e não migrante, que a população migrante, seguindo a tendência já vista
para o Estado, possui maior população ocupada migrante em técnicos do nível
médio e nas ciências e nas artes, reforçando a hipótese de exportação da RMRJ de
população mais escolarizada.
Para os não migrantes, observa-se que estão alocados, em maiores
percentuais, nas atividades de produção de bens e serviços industriais e no
comércio, conforme aponta a tabela seguir.
99
Tabela 22: População economicamente ativa que residia e não residiam no município em
31.07.1995, segundo os grandes grupos ocupacionais - região das Baixadas Litorâneas – 2000.
A
bsolut
o
%
A
bsolut
o
%
Não está ocupado
41.667
14
2.678 17
0 - Membros das forças armadas, policiais e bombeiros
militares
6.483
2
346 2
1 - Membros superiores do poder público, dirigentes de
organizações de interesse público e de empresas, gerentes
8.659
3
582 4
2 - Profissionais das ciências e das artes
13.062
5
813 5
3 - Técnicos de nível médio
22.067
8
1.383 9
4 - Trabalhadores de serviços administrativos
19.477
7
973 6
5 - Trabalhadores dos serviços, vendedores do comércio em
lojas e mercados
84.620
29
4.367 28
6 - Trabalhadores agropecuários, florestais, caça e pesca
26.286
9
943 6
7 - Trabalhadores da produção de bens e serviços industriais
(1)
51.732
18
2.546 17
8 - Trabalhadores da produção de bens e serviços industriais
(2)
6.962
2
270 2
9 - Trabalhadores de reparação e manutenção
8.134
3
425 3
Total 289.149
100
15.32
6
100
N
ão Migrante
M
igrant
e
I
ntraestadual
Grupos Ocupacionais
Fonte: Censo Demográfico, 2000. Microdados da amostra IBGE
2.2.4. REGIÃO DA BAÍA DE ILHA GRANDE
A região da Baía da Ilha Grande possui apenas dois municípios: Angra dos
Reis e Parati. Essa região apresenta imigração expressiva em se considerando que
são apenas dois municípios.
A área mencionada acima possui uma “paisagem de grande beleza cênica e
ao mesmo tempo, de grande fragilidade física. E sua forma de crescimento
100
acelerado em áreas de planícies inundáveis, adjacentes a núcleos pesqueiros tem
gerado sérios problemas ambientais, principalmente em áreas de mangue, trazendo
danos socioeconômicos à população, tornando necessário um planejamento
ambiental, preservando os ecossistemas locais e incorporando as populações
carentes da região (Dantas, 2001:6).
A Região e os municípios de Mangaratiba e Itaguaí, na RMRJ, formam a
Região da Costa Verde. As singularidades entre esse conjunto maior de municípios
estão na vocação turística do litoral sul do Estado e nas taxas de crescimento
populacional elevadas. Para o mal ou para o bem, pode-se dizer que todas as
características mencionadas servem para este conjunto ampliado de municípios.
A maior parte das pessoas com destino à Baía de Ilha Grande são de origem
Metropolitana e Médio Paraíba. A região da Baía de Ilha Grande foi a terceira e
última região a obter um saldo migratório positivo e havendo de se considerar que a
supracitada região é constituída de apenas dois municípios. A entrada de população
de origem do Médio Paraíba sinaliza um movimento de fraca queda na atividade
industrial, base da economia da região, muito embora não seja refletida ainda no
PIB, por conta de todo processo de reestruturação produtiva e privatização da
CSN.(Amaral, 2001)
101
MAPA 13 : PESSOAS QUE IMIGRARAM PARA A REGIÃO DA BAÍA DE ILHA GRANDE(RJ)- 2000
Acima de 20.000
Até 5.000
De 5.001 a 10.000
De 10.001 a 20.000
Imigração:
Destino : Região Baía de Ilha Grande
Fonte: Censo Demográfico, 2000. Microdados da amostra IBGE
Com base no cartograma abaixo, podemos concluir que a Região não obteve
nenhuma saída de população expressiva para outras regiões. No entanto, como já
visto anteriormente, a região não possui um elevado grau de atratividade, o que
pode significar que entra mais população do que sai, levando nos a crer que a
Região possui um poder retenção da população não migrante.
102
M
APA 14 : PESSOAS QUE EMIGRARAM DA REGIÃO DA BAÍA DE ILHA GRANDE (RJ) - 2000
Acima de 20.000
Até 5.000
De 5.001 a 10.000
De 10.001 a 20.000
Emigração:
Saída: Região Baía de Ilha Grande
Fonte: Censo Demográfico, 2000.Dados da amostra, IBGE
2.2.4.1. Seletividade Migratória na região da Baía de Ilha Grande
No tocante à escolaridade das populações migrante e não migrante, entende-
se, a partir da análise da tabela abaixo, que assim como ocorre para a região das
Baixadas Litorâneas, em termos percentuais, a população migrante com mais de 12
anos de escolaridade é o triplo da população não migrante, cabendo à população
não migrante o maior percentual sem instrução ou com 3 anos de escolaridade.
103
Tabela 23: População economicamente ativa que residia e não residia no município em
31.07.1995, segundo os anos de estudo - região da Baía de Ilha Grande – 2000
Absoluto % Absoluto %
Anos de estudos indeterminados
489 0 58
1
Sem instrução a 3 anos 57.249 44 2.563
27
4 a 8 anos 50.595 39 4.062
43
9 a 12 anos 19.098 15 1.975
21
12 anos e mais 3.851 3 882
9
Total 131.282 100 9.540
100
Grupos de Anos de Estudo
Não Migrante
Migrante
Intraestadua
l
Fonte: Censo Demográfico, 2000, Microdados da amostra. IBGE.
Quando se refere a PEA, nota-se que a população migrante, também nessa
região, possui maior escolaridade em anos de estudo. Quase a metade da
população não migrante possui menos de 4 anos de estudo, estando, assim, abaixo
da escolaridade funcional.
Tabela 24: População economicamente ativa que residia e que não residia Baía de Ilha Grande
–, 2000.
Absoluto % Absoluto %
Anos de estudos indeterminados
252 0 23
0
Sem instrução a 3 anos 12.747 22 836
15
4 a 8 anos 28.334 48 2.303
42
9 a 12 anos 14.031 24 1.489
27
12 anos e mais 3.122 5 768
14
Total 58.486 100 5.419
100
Grupos de anos de estudo
Não Migrante
Migrante
Intraestadual
Fonte: Censo Demográfico, 2000. Microdados da amostra, IBGE.
Observando os rendimentos, reitera-se a possibilidade de que a população
migrante, pelo fato de ser mais escolarizada, possua maiores rendimentos,
104
regularidade esta encontrada em quase todas as demais regiões do Estado, exceto
na RMRJ, onde a situação se inverte.
Tabela 25: População economicamente ativa que residia e não residia no município em
31.07.1995, segundo os grandes grupos ocupacionais - região Metropolitana do Rio de Janeiro
– 2000
A
bsoluto %
A
bsoluto %
Sem rendimento
10.976
19
1.091
20
Até 1 salário mínimo 8.940 15 563
10
Mais de 1 a 3 salários mínimos 22.085 38 1.826
34
Mais de 3 a 5 salários mínimos 7.826 13 766 14
Mais de 5 a 10 salários mínimos 5.903 10 631 12
Mais 10 salários Mínimos 2.756 5 542 10
Total 58.486 100 5.419 100
M
igrante
N
ão Migrante
Faixas de Rendimento
Fonte: Censo Demográfico, 2000, Microdados da amostra, IBGE
No que diz respeito às atividades em que estão alocadas as populações
migrantes, chama-nos à atenção a participação da população não migrante em
atividades como pesca e agropecuária., Isto talvez se deva ao fato da região
até a abertura da Rio Santos, caracterizava-se pela presença da agricultura,
praticada nos moldes tradicionais, principalmente a cultura de banana, assim como
das colônias antigas de pescadores, espalhadas ao longo do litoral (SECIT, 2004),
muito embora Rua (2001:36) aponte para a difusão de urbanidades nessa região,
calcado nas alterações das atividades produtivas e na intensificação de atividades
urbanas “alicerçada na abertura e melhoria de rodovias, na construção de usinas
nucleares e, principalmente, na expectativa de conseguir alguma ocupação nas
atividades ligadas ao turismo e veraneio”.
105
Tabela 26: População economicamente ativa que residia e não residia no município em
31.07.1995, segundo os grandes grupos ocupacionais - região Metropolitana do Rio de Janeiro
– 2000
Absoluto % Absoluto %
Não está ocu
p
ado
10.976
19
1.091 20
0 - Membros das forças armadas, policiais e bombeiros
militares
893
2
103 2
1 - Membros superiores do poder público, dirigentes de
organizações de interesseblico e de empresas,
g
erentes
1.990
3
176 3
2 - Profissionais das ciências e das artes
2.151
4
307 6
3 - Técnicos de nível médio
3.563
6
464 9
4 - Trabalhadores de servi
ç
os administrativos
3.462
6
334 6
5 - Trabalhadores dos serviços, vendedores do
comércio em lo
j
as e mercados
18.808
32
1.651 30
6 - Trabalhadores agropecuários, florestais, caça e
p
esca
3.096
5
86 2
7 - Trabalhadores da produção de bens e serviços
industriais
(
1
)
11.731
20
1.017 19
8 - Trabalhadores da produção de bens e serviços
industriais
(
2
)
708
1
80 1
9 - Trabalhadores de re
p
ara
ç
ão e manuten
ç
ão
1.109
2
111 2
Total 58.487
100
5.420 100
Grupos ocupacionais
Não Mi
g
rante Mi
g
rante
Fonte: Censo Demográfico, 2000. Microdados da amostra. IBGE.
2.2.5. REGIÃO CENTRO SUL FLUMINENSE
A Região Centro Sul Fluminense, área da antiga produção cafeeira como o
Médio Paraíba, enfrentou períodos de estagnação por conta do fracasso da
cafeicultura no Estado, e, atualmente baseia-se no turismo, olericultura e na criação
de gado. Têm em Paty de Alferes, o pólo de produção de tomate e em Três Rios um
município industrial voltado ao atendimento de produtos alimentícios e material
ferroviário.
106
As maiores entradas de população são da RMRJ, podem apontar para uma
saída em busca de melhores qualidades de vida, uma vez que a Região é muito
conhecida como uma área de veraneio com muitos sítios e hotéis fazenda.
M
APA 15: PESSOAS QUE IMIGRARAM PARA A REGIÃO CENTRO SUL FLUMINENSE (RJ) 2000.
Acima de 20.000
Até 5.000
De 5.001 a 10.000
De 10.001 a 20.000
Imigração:
Destino: Região Centro Sul Fluminense
Fonte:Censo Demográfico, 2000. Microdados da amostra. IBGE.
Em contrapartida, as saídas não apresentam expressivamente nenhum
movimento, como podemos ver no cartograma a seguir:
107
MAPA 16: PESSOAS QUE EMIGRARAM DA REGIÃO CENTRO-SUL FLUMINENSE (RJ) 2000.
Acima de 20.000
Até 5.000
De 5.001 a 10.000
De 10.001 a 20.000
Emigração:
Saída: Rego Centro Sul Fluminense
Fonte: Censo Demográfico, 2000. Microdados da amostra. IBGE.
A região Centro Sul Fluminense teve suas trocas mais expressivas com as
regiões Metropolitana, Serrana e Médio Paraíba. É quinta em saldo migratório
negativo. Este saldo negativo, deveu-se principalmente, aos seguintes municípios:
Miguel Pereira, Três Rios e Engenheiro Paulo de Frontin.
2.2.5.1. Seletividade migratória na região Centro-Sul Fluminense
Aponta-se a maior escolaridade expressa por anos de estudo para a
população migrante.
108
Tabela 27: População economicamente ativa que residia e não residia no município em
31.07.1995, segundo grupos de anos de estudo - região Centro Sul – 2000.
Absolut
o
%Absolut
o
%
Anos de estudos indeterminados
791
0
3
2
0
Sem instrução a 3 anos 97.105 41 4.128
29
4 a 8 anos 91.536 39 5.732
40
9 a 12 anos 38.368 16 2.965
21
12 anos e mais 8.012 3 1.420
10
Total 235.812 100 14.277
100
Grupos de anos de estudo
Não Migrante Migrante Intraestadual
Fonte: Censo Demográfico, 2000, Microdados da amostra ,IBGE
Repete-se, na PEA, a mesma situação de maior escolarização de migrantes,
o que não se observa para a população não migrante, que possui menor percentual
de pessoas mais escolarizadas.
Tabela 28: População economicamente ativa que residia e não residia no município em
31.07.1995, segundo grupos de anos de estudo – região Centro Sul Fluminense – 2000
Absoluto % Absoluto %
Anos de estudos indeterminados
488 0 18
0
Sem instrução a 3 anos 22.364 21 1.150
17
4 a 8 anos 50.063 47 2.798
41
9 a 12 anos 27.633 26 1.823
27
12 anos e mais 6.061 6 1.032
15
Total 106.609 100 6.821
100
Região Centro-Sul Fluminense
Não Migrante Migrante Intraestadual
Fonte: Censo Demográfico, 2000, IBGE.
No tocante aos rendimentos, nota-se que a partir de 3 salários mínimos os
percentuais maiores são de população migrante; e 80% da população não migrante
rcebe até 3 salários mínimos.
109
Tabela 29: População economicamente ativa que residia e não residia no município em
31.07.1995, segundo estratos de rendimento - região Centro Sul Fluminense– 2000.
Absoluto % Absoluto %
Sem rendimento
16.779
16 1.245 18
Até 1 salário mínimo 27.680
26
1.221
18
Mais de 1 a 3 salários ínimos 40.425
38
2.097
31
Mais de 3 a 5 salários ínimos 10.780
10
788
12
Mais de 5 a 10 salários mínimos 7.717
7
821
12
Mais 10 salários Mínimos 3.227
3
650
10
Total 106.608
100
6.822
100
Migrante IntraestadualNão Migrante
Faixas de Rendimento
Fonte: Censo Demográfico, 2000. Microdados da amostra IBGE
A respeito das atividades desenvolvidas entre migrantes, e não migrantes
podemos observar o seguinte aspecto: os migrantes se ocupam, em maiores
percentuais em atividades de maior grau de escolaridade, estando entre elas
atividades associadas às artes, diretores, gerentes e membros superiores do setor
público. Mas, também, apontam para alocação de migrantes na outra extremidade,
ou seja, em atividades associadas à pesca, extrativismo e agropecuária, o que, muito
provavelmente, está associado a origem desse migrante. Nas atividades que
requerem maior qualificação profissional, dada a troca com RMRJ e visto que o
metropolitano possui uma escolaridade maior que os demais, pressupõe origem
metropolitana desse migrante para a região Centro Sul.
110
Tabela 30: População economicamente ativa que residia e não residia no município em
31.07.1995, segundo os grandes grupos ocupacionais – região Centro Sul Fluminense –
2000,
Absoluto % Absoluto %
Não está ocu
p
ado
16.779
16
1.245 18
0 - Membros das forças armadas, policiais e bombeiros
militares
1.844
2
137 2
1 - Membros superiores do poder público, dirigentes de
organizações de interesse público e de empresas,
g
erentes
3.738
4
451 7
2 - Profissionais das ciências e das artes
3.875
4
593 9
3 - Técnicos de nível médio
5.862
5
459 7
4 - Trabalhadores de servi
ç
os administrativos
6.514
6
279 4
5 - Trabalhadores dos serviços, vendedores do
comércio em lo
j
as e mercados
34.143
32
1.846 27
6 - Trabalhadores agropecuários, florestais, caça e
p
esca
6.934
7
577 8
7 - Trabalhadores da produção de bens e serviços
industriais
(
1
)
20.345
19
900 13
8 - Trabalhadores da produção de bens e serviços
industriais
(
2
)
3.598
3
154 2
9 - Trabalhadores de re
p
ara
ç
ão e manuten
ç
ão
2.976
3
180 3
Total 106.608 100 6.821 100
Grupos Ocupacionais
Não Migrante Migrante Intraestadual
Fonte: Censo Demográfico, 2000, Microdados da amostra, IBGE
2.2.6. REGIÃO SERRANA
A Região Serrana possui um conjunto de 13 municípios, cada qual com
características muito distintas. E, por ter sua formação muito associada a fatores
históricos, devido à presença da nobreza no país, possui uma forte vocação turística.
Assim como as demais regiões do estado, a região Serrana recebe seu fluxo
maior de pessoas vindas da RMRJ.
111
MAPA 17: PESSOAS QUE IMIGRARAM PARA A REGIÃO SERRANA RIO DE JANEIRO, 2000.
Acima de 20.000
Até 5.000
De 5.001 a 10.000
De 10.001 a 20.000
Imigração
Destino: Região Serrana
Fonte: Censo Demográfico, 2000. Microdados da amostra IBGE
Para a região Serrana, as trocas mais significativas são com as regiões
Metropolitana, Noroeste e Centro Sul. A região Serrana possui uma importância na
indústria têxtil e é grande produtora de produtos agrícolas, um dos prováveis motivas
para atração de pessoas, em especial vindas do Noroeste Fluminense. Além das
formas de ocupações e estratégia de reprodução as duas Regiões estão ligadas,
dado os deslocamentos entre as regiões, como confirma Rua (2001:51)
são múltiplas as formas de trabalho a domicílio (ligadas à industria de confecções),
como no Noroeste Fluminense, onde, da mesma maneira que em áreas da Zona
Serrana, se desenvolvem, integradas à expansão de industrias, principalmente
têxteis, de confecções e de alimentos e alteram, sobremaneira, a anterior
composição da renda doméstica das famílias rurais(…) Se somarmos a esta
forma de trabalho a domicilio os deslocamentos populacionais cotidianos de
segmentos das populações
112
Já na região Serrana é a segunda em saldo migratório positivo. Nesta região,
colaboram para este saldo, os municípios de Nova Friburgo, Petrópolis e Teresópolis
(ver anexo), onde tendem a serem sensíveis os fatores históricos atrelados ao
turismo da região.
MAPA 18: PESSOAS QUE EMIGRARAM DA REGIÃO SERRA RIO DE JANEIRO, 2000.
Acim a de 20.000
Até 5.000
De 5.001 a 10.000
De 10.001 a 20.000
Emigração
Saída: Região Serrana
Fonte:Censo Demográfico, 2000. Microdados da amostra. IBGE.
2.2.6.1. Seletividade Migratória na Região Serrana.
Observando a tabela a seguir, que se refere a anos de estudo para a
população migrante e não migrante, nota-se que a população não migrante
apresenta cerca de seu contingente, 75%, com até 8 anos de estudo. Enquanto para
113
os migrantes este percentual era de 67%, ou seja maior para os não migrantes em
9% da população. E a concentração de população com mais de 8 anos.
Tabela 31: Pessoas com 5 anos e mais que residiam e não residiam no município em
31.07.1995, segundo os grupos de anos de estudo - região Serrana, 2000.
Absoluto % Absoluto %
Anos de estudos indeterminados
2752 0 159
0
Sem instrução a 3 anos 282903 40 10741
29
4 a 8 anos 276806 39 13142
36
9 a 12 anos 108328 15 7281
20
12 anos e mais 34978 5 5183
14
Total 705.767 100,0 36506
100
Grupos de anos estudo
Não Migrante
Migrante
I
ntraestadua
l
Fonte: Censo Demográfico, 2000. Microdados da amostra. IBGE
Para a população economicamente ativa, tanto para os não migrantes quanto
para os migrantes, há uma redução percentual de população sem instrução até 4
anos de estudo. No entanto, a distribuição da mesma escolaridade no grupo dos não
migrantes não chega a ser tão significativa quanto a população migrante, que passa
de 32% da população com 9 anos ou mais anos de estudo.
Tabela 32: População economicamente ativa que residia e não residia no município em
31.07.1995, segundo os anos de estudo-Região Serrana –– 2000
A
bsoluto %
A
bsoluto %
Anos de estudos indeterminados
1625 0 91
0
Sem instrução a 3 anos 74392 21 3226
17
4 a 8 anos 165099 48 7526
39
9 a 12 anos 78038 23 4665
24
12 anos e mais 27200 8 3877
20
Total 346.354 100 19385
100
Grupos de anos de estudo
Não Migrante
Migrante
I
ntraestadua
l
Fonte: Censo Demográfico, 2000, Microdados da amostra. IBGE
114
Em se considerando as faixas de rendimento entre a população migrante e
não migrante, observa-se que o quadro só se reverte a partir de 5 ou mais salários
mínimos, quando o migrante apresenta maior percentual de população
economicamente ocupada com maiores níveis de rendimento que a população não
migrante.
Tabela 33: População economicamente ativa que residia e não residia no município em
31.07.1995, segundo extratos de rendimento – região Serrana, 2000
Absoluto % Absoluto %
Sem rendimento 42.945 12 2.763 14
Até 1 salário mínimo 62.738
18
3.357
17
Mais de 1 a 3 salários mínimos 145.180
42
6.919
36
Mais de 3 a 5 salários mínimos 44.788
13
1.927
1
0
Mais de 5 a 10 salários mínimos 33.457
10
2.239
12
Mais 10 salários mínimos 17.244
5
2.180
11
Total 346.352
100
19.385
100
Migrante
Intraestadual
Não Migrante
Faixas de Rendimento
Fonte: Censo Demográfico, 2000. Microdados da amostra. IBGE
Ocupações como membros do setor público, dirigentes de organizações de
interesse público e empresas, gerentes e profissionais das ciências e das artes,
estão situadas em maior percentual nas regiões Serrana. Fato este que
possivelmente possa ser explicado, assim como foi feito para a região Centro Sul
Fluminense, pelos fatores históricos ligados à ocupação da região associada à
nobreza.
115
Tabela 34: População economicamente ativa que residia e não residia no município em
31.07.1995 da região Serrana, segundo os grandes grupos ocupacionais –– 2000
Absoluto % Absoluto %
Não es ocu
p
ado
42945
12
2763 14
0 - Membros das forças armadas, policiais e bombeiros
militares
4782
1
338 2
1 - Membros superiores do poder público, dirigentes de
or
g
aniza
ç
ões de interesse
p
úblico e de em
p
resas
,
g
erentes
14208
4
1168 6
2 - Profissionais das ciências e das artes
16398
5
1988 10
3 - Técnicos de nível médio
21129
6
1516 8
4 - Trabalhadores de servi
ç
os administrativos
21709
6
1026 5
5 - Trabalhadores dos serviços, vendedores do comércio em
lo
j
as e mercados
104861
30
5768 30
6 - Trabalhadores a
g
ro
p
ecuários
,
florestais
,
ca
ç
a e
p
esca
29601
9
1688 9
7 - Trabalhadores da produção de bens e serviços industriais
(
1
)
74896
22
2551 13
8 - Trabalhadores da produção de bens e serviços industriais
(
2
)
7708
2
364 2
9 - Trabalhadores de re
p
ara
ç
ão e manuten
ç
ão
8116
2
216 1
Total 346353
100
19386 100
Grupos Ocupacionais
Não Migrante
Migrante
Intraestadual
Fonte: Censo Demográfico, 2000, Microdados da amostra, IBGE.
2.7.
REGIÃO DO MÉDIO PARAÍBA
A Região do Médio Paraíba é constituída por 12 municípios, dos quais três
são resultado de desmembramentos realizados ao longo da década de 90. São eles:
Porto Real, Pinheiral e Quatis. Aliás, esta região tem sofrido fortes transformações
socioeconômicas e espaciais desde a segunda metade da década de 90 em
decorrência das transformações .nas atividades econômicas, quer seja por
privatização e modernização da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), quer seja
pela “tentativa de um pólo metal –mecânico, com base na indústria automobilística”
que não foi capaz de contribuir com uma expectativa de expansão dos postos de
trabalho (Amaral, 2001: 6).
116
A Região corresponde ao segundo maior PIB industrial do Estado, atrás
somente da RMRJ, contudo, assim como Amaral (2001), chama a atenção para
outras potencialidades da região nos demais setores de atividades, bem como o
turismo, que vem crescendo muito nos últimos anos principalmente nos municípios
de Itatiaia e Resende, que fora os municípios recentemente criados, são os que mais
crescem em termos populacionais, como veremos mais adiante.
O dois mapas, a seguir, apontam em sentidos invertidos para dois fenômenos
de igual magnitude: as saídas e as entradas na região do Médio Paraíba, que em
ambos os casos são mais expressivas nas trocas realizadas com a RMRJ. Além da
RMRJ, foram realizadas trocas com o Centro Sul e Baía de Ilha Grande.
MAPA 19: PESSOAS QUE IMIGRARAM PARA A REGIÃO DO MÉDIO PARAÍBA
Acima de 20.000
Até 5.000
De 5.001 a 10.000
De 10.001 a 20.000
Imigração:
Destino: Região Médio Parba
Fonte:Censo Demográfico, 2000. Microdados da amostra. IBGE
117
Entre os municípios de fora da região do Médio Paraíba, destacam-se Rio de
Janeiro e Angra dos Reis. Na região do Médio Paraíba as principais trocas foram
com as regiões Metropolitana, Centro Sul e Baía de Ilha Grande. A região do Médio
Paraíba obteve saldo migratório negativo. Contribuíram, principalmente, as pessoas
que saíram dos municípios de Volta Redonda e Barra Mansa. E Volta Redonda
exportou para os municípios vizinhos, Barra do Piraí, Barra Mansa, Pinheiral Entre os
fora da região do Médio Paraíba, estão em destaque Rio de Janeiro e Angra dos
Reis, o que talvez se deva aos indícios apontados por Amaral (2001:8) que
indicam uma redução do peso relativo de Volta Redonda na economia da região, bem
como a importância crescente do eixo Resende – Porto Real, assim como o município de
Itatiaia, que vem sendo favorecido com a expansão do setor turístico.
.
MAPA 20: PESSOAS QUE EMIGRARAM DA REGIÃO DO MÉDIO PARAÍBA RIO DE JANEIRO, 2000.
Acima de 20.000
Até 5.000
De 5.001 a 10.000
De 10.001 a 20.000
Emigração:
Saída: Rego Médio Paraíba
Fonte: Censo Demográfico. 2000. microdados da amostra. IBGE.
118
2.2.7.1. Seletividade Migratória na região do Médio Paraíba
Em se tratando de escolaridade da população migrante e não migrante no
Médio Paraíba, podemos observar que a distribuição percentual da população é
muito similar às demais regiões, com exceção da RMRJ, tendo os migrantes maior
concentração de população com mais anos de estudo, sem que o mesmo ocorra
com a população não migrante.
Tabela 35: Pessoas com 5 anos e mais residiam e que não residiam no município em
31.07.1995, segundo os grandes grupos ocupacionais - região do Médio Paraíba – 2000
Absoluto % Absoluto %
Anos de estudos indeterminados
2.952 0 153
0
Sem instrução a 3 anos 259.264 35 9.545
27
4 a 8 anos 294.202 40 14.288
40
9 a 12 anos 132.859 18 8.130
23
12 anos e mais 43.150 6 3.213
9
Total 732.427 100 35.329
100
Grupos de anos de estudo
Não Migrante
Migrante
Intraestadual
Fonte: Censo Demográfico, 2000, Microdados da Amostra, FIBGE
Ao aferir a escolaridade da população economicamente ativa para os não
migrantes e os migrantes, podemos constatar que a Região possui menor percentual
de PEA com menos anos de estudo juntamente com a RMRJ.
Tabela 36: População economicamente ativa que residia e não residia no município em
31.07.1995, segundo grupos de anos de estudo - região do Médio Paraíba – 2000
Absoluto % Absoluto %
Anos de estudos indeterminados
2.952 0 153
0
Sem instrução a 3 anos 259.264 35 9.545
27
4 a 8 anos 294.202 40 14.288
40
9 a 12 anos 132.859 18 8.130
23
12 anos e mais 43.150 6 3.213
9
Total 732.427 100 35.329
100
Grupos de anos de estudo
Não Migrante
Migrante
I
ntraestadual
Fonte: Censo Demográfico, 2000. Microdados da amostra, IBGE.
119
Inserindo o componente rendimento na PEA, subdividida em migrante e não
migrante nota-se que, assim como para as demais regiões, a maior concentração de
população para ambas as categorias está compreendida na faixa de rendimento
entre 1 e 3 salários mínimos.
Tabela 37: População economicamente ativa que residia e não residia no município em
31.07.1995, segundo extratos de rendimento – região do Médio Paraíba, 2000.
A
bsoluto %
A
bsoluto %
Anos de estudos indeterminados
1.649 0 113
1
Sem instrução a 3 anos 47.962 14 2.133
12
4 a 8 anos 155.104 47 7.773
42
9 a 12 anos 93.624 28 5.737
31
12 anos e mais 35.162 11 2.570
14
Total 333.501 100 18.326 100
Grupos de anos de estudo
N
ão Migrante
M
igrante
I
ntraestadua
l
Fonte: Censo Demográfico, 2000. Microdados da amostra, IBGE.
Ao observar a PEA Migrante intraestadual (quadro a seguir) subdividida pelos
grandes Grupos Ocupacionais, de acordo com dados censitários de 2000, podemos
observar que a região do Médio Paraíba possuía os maiores percentuais de
população economicamente ativa lotada em tais ocupações como: membros das
forças armadas, policiais, bombeiros e militares. Além de outras: como técnicos do
nível médio, trabalhadores da produção de bens e serviços industriais, reparadores,
denotando a importância estratégica da região nas atividades industriais e seu peso
na economia da região. Em 2000, o PIB industrial da região representava cerca de
48% de tudo que era produzido no Médio Paraíba.
120
Tabela 38: População economicamente ativa que residia e não residia no município em
31.07.1995, segundo os grandes grupos ocupacionais -região Médio Paraíba, 2000.
A
bsoluto %
A
bsoluto %
o está ocupado
58.120
17
3.600 20
0 - Membros das forças armadas, policiais e bombeiros militares
4.791
1
609 3
1 - Membros superiores do poder público, dirigentes de
organizações de interesse público e de empresas, gerentes
12.402
4
743 4
2 - Profissionais das ciências e das artes
17.653
5
1.394 8
3 - Técnicos devel médio
25.786
8
1.550 8
4 - Trabalhadores de serviços administrativos
25.252
8
1.110 6
5 - Trabalhadores dos serviços, vendedores do comércio em lojas e
mercados
98.904
30
4.836 26
6 - Trabalhadores agropecuários, florestais, caça e pesca
8.837
3
612 3
7 - Trabalhadores da prodão de bens e serviços industriais (1)
60.640
18
2.808 15
8 - Trabalhadores da prodão de bens e serviços industriais (2)
10.662
3
524 3
9 - Trabalhadores de reparação e manutenção
10.455
3
538 3
Total 333.502 100 18.324 100
Grupos Ocupacionais
N
ão Migrante
M
igrant
e
I
ntraestadua
l
Fonte: Censo Demográfico, 2000. Microdados da amostra, IBGE
2.2.8. REGIÃO NOROESTE FLUMINENSE
A Região, infelizmente, destaca-se pelo esvaziamento populacional, pobreza
e total desamparo político-institucional e problemas ambientais, como assoreamento
dos rios, poluição das águas e desertificação.
121
MAPA 21: PESSOAS QUE IMIGRARAM PARA REGIÃO NOROESTE FLUMINENSE RIO DE JANEIRO, 2000.
Acima de 20.000
Até 5.000
De 5.001 a 10.000
De 10.001 a 20.000
Imigração:
Destino: Região Noroeste
Fluminense
Fonte: Censo Demográfico. 2000. Microdados da amostra. IBGE.
Podemos observar que a Região apresenta as mais fracas trocas
populacionais. Ambos os mapas, como podemos observar, demonstram a fraca
mobilidade espacial da população “de” e “para” o Noroeste Fluminense
A região Noroeste Fluminense foi a que obteve o segundo maior saldo
negativo. Os seguintes municípios contribuem para a maior saída de população da
região: Miracema, Natividade, Laje do Muriaé, Porciúncula, Cambuci e Bom Jesus de
Itabapoana. E saldo populacional mais expressivo foi de Miracema para o Rio de
Janeiro, na ordem de apenas de 1000.
122
MAPA
22: PESSOAS QUE EMIGRARAM DA REGIÃO DA NOROESTE FLUMINENSE
Acima de 20.000
Até 5.000
De 5.001 a 10.000
De 10.001 a 20.000
Emigração:
Saída: Região Noroeste Fluminense
Fonte: Censo Demográfico, 2000. Microdados da amostra.IBGE.
2.2.8.1. Seletividade Migratória na região do Noroeste Fluminense
No que tange à escolaridade da população, os migrantes possuem percentual
de população com mais anos de estudo do que a população não migrante, assim
como ocorre para quase todas as regiões do Estado. Quanto a escolaridade da PEA,
podemos observar que mais vez os migrantes possui mais escolaridade que os não
migrantes.
123
Tabela 39: Pessoas com 5 anos e mais ativa não residiam no município em 31.07.1995,
segundo os anos de estudo – região Noroeste Fluminense – 2000
Absoluto % Absoluto %
Anos de estudos indeterminados
811 0 54
0
Sem instrução a 3 anos 121.088 44 4.837
31
4 a 8 anos 100.655 36 6.464
41
9 a 12 anos 45.617 16 3.325
21
12 anos e mais 9.264 3 1.004
6
Total 277.435 100 15.684
100
Grupos de anos de estudo
Não Migrante
Migrante
Intraestadua
l
Fonte: Censo Demográfico, 2000. Microdados da amostra, IBGE.
Diferente do que ocorrem nas demais regiões do Estado em que o rendimento
de migrantes e não migrantes estão compreendidos entre 1 e 3 salários mínimos, os
rendimentos no Noroeste Fluminense, estão compreendidos em até 1 salário
mínimo, o que talvez se deva a atividades associadas à agropecuária, ainda
predominante na região depois do setor de serviços, que é o setor mais presente em
todas as regiões do Estado.
Tabela 40: População economicamente ativa que residia e não residia no município em
31.07.1995, segundo os grandes de anos de estudo - região Noroeste Fluminense –
2000
Absoluto % Absoluto %
Anos de estudos indeterminados
406 0 26
0
Sem instrução a 3 anos 30.770 24 1.256
17
4 a 8 anos 57.003 44 3.283
43
9 a 12 anos 33.128 26 2.206
29
12 anos e mais 7.706 6 808
11
Total 129.013 100 7.579
100
Grupos de anos de estudo
Não Migrante
Migrante
I
ntraestadual
Fonte: Censo Demográfico, 2000. Microdados da amostra. IBGE
Reforçando a hipótese anterior a existência mais forte das atividades
agrícolas ocasiona maior percentual de população não migrante e migrante com
menores rendimento, a distribuição quanto a ocupações demonstra que a Região
124
Noroeste Fluminense é a que possui maior percentual PEA em atividades
agropecuária e de pesca. Também cabe mencionar a existência de um percentual
expressivo nas atividades de produção e serviços industriais, apontando para
indústria têxteis presentes na região.
Tabela 41: População economicamente ativa que residia e não residiam no município em
31.07.1995, segundo extratos de rendimento – região Noroeste Fluminense – 2000
Absoluto % Absoluto %
Sem rendimento 13.436
10
1.298
17
Até 1 salário mínimo 46.108 36 2.007 26
Mais de 1 a 3 salários mínimos 46.230 36 2.320 31
Mais de 3 a 5 salários mínimos 10.820 8 701 9
Mais de 5 a 10 salários mínimos 8.398 7 749 10
Mais 10 salários mínimos 4.019 3 503 7
Total 129.011 100 7.578 100
Migrante
I
ntraestadua
l
Não Migrante
Faixas de Rendimento
Fonte: Censo Demográfico, 2000, Microdados da Amostra, IBGE
A seletividade migratória segundo os grupos ocupacionais reforça na região a
presença do setor de serviços, assim como nas demais regiões do estado. A única
especificidade da região, a ressaltar, é o peso das atividades agrícolas.
Tabela 42: População economicamente ativa que residia e que não residia no município em
31.07.1995, segundo os grandes grupos ocupacionais – região Noroeste Fluminense, 2000.
Absoluto % Absoluto %
Não está ocu
p
ado
13.436
10
1.298 17
0 - Membros das for
ç
as armadas
,
p
oliciais e bombeiros militares
2.346
2
143 2
1 - Membros superiores do poder público, dirigentes de
or
g
aniza
ç
ões de interesse
p
úblico e de em
p
resas
,
g
erentes
4.400
3
256 3
2 - Profissionais das ciências e das artes
5.297
4
524 7
3 - Técnicos de nível médio
7.749
6
518 7
4 - Trabalhadores de servi
ç
os administrativos
8.406
7
462 6
5 - Trabalhadores dos serviços, vendedores do comércio em lojas e
mercados
36.346
28
2.028 27
6 - Trabalhadores a
g
ro
p
ecuários
,
florestais
,
ca
ç
a e
p
esca
20.675
16
738 10
7 - Trabalhadores da
p
rodu
ç
ão de bens e servi
ç
os industriais
(
1
)
25.748
20
1.381 18
8 - Trabalhadores da
p
rodu
ç
ão de bens e servi
ç
os industriais
(
2
)
2.411
2
117 2
9 - Trabalhadores de re
p
ara
ç
ão e manuten
ç
ão
2.198
2
114 2
Total 129.012
100
7.579 100
Região Noroeste Fluminense
Não Migrante
Migrante
Intraestadual
Fonte: Censo Demográfico,2000, Microdados da amostra, IBGE.
125
Analisando um pouco mais as migrações sob uma perspectiva mais específica
do rural e do urbano, com base nos dados extraídos do Censo Demográfico 2000
4
,
nota-se que, dentre as pessoas que mudaram de residência em áreas urbanas para
áreas rurais em outros municípios, destacam-se: na RMRJ, os municípios de
Guapimirim, Maricá, Itaboraí e Seropédica; na região das Baixadas Litorâneas, os
municípios de Cabo Frio e São Pedro da Aldeia; no Médio Paraíba, os municípios de
Itatiaia e Resende; e na Baía da Ilha Grande, o município de Parati (ver anexo).
Abstraindo o volume de contingente populacional que é ínfimo –considerando
um se pensar no total de 12 milhões habitantes do Estado–, podemos observar uma
tendência para áreas rurais de municípios que apresentam altas taxas de
crescimento, áreas estas com forte vocação turística, com características ambientais
bem peculiares, aliás, um rural muito mais associado à natureza do que rural
associado ao desenvolvimento agropecuário. Em geral, estas áreas estão próximas
a pólos ou centros regionais, que podem ser nas áreas urbanas do próprio município,
como é o caso de Cabo Frio e Resende, ou próximas, como Guapimirim,
Seropédica.
Em se tratando de residentes de áreas rurais que saíram de áreas também
rurais, constata-se que o único município que recebe população e ultrapassa a casa
dos 1000 residentes vindos de áreas rurais é Cabo Frio, cabendo aos demais
4
O quesito do Censo que pergunta se a pessoas morava na zona rural ou zona urbana e em que
município na data de 31.07.2005, pode ser, tanto dentro do estado do Rio de Janeiro quanto de outra Unidade da
Federação.
126
municípios do estado contingentes além de pequenos, altamente distribuídos, não
podendo assim, vislumbrar nenhuma tendência. O que talvez a residência em Cabo
Frio esteja demonstrando é que as pessoas estão “antenadas” com o dinamismo
crescente da região alavancado pelo setor de serviços associado ao turismo e as
atividades petrolíferas presentes na região.
Quadro 2 :
Neste
município
na zona
urbana
Neste
município na
zona rural
Em outro
municipio
na zona
urbana
Em outro
municipio
na zona
rural
Em outro
país
Não era
nascido
Total
Região Metropolitana
2.691 21.931 9.005 2.400 32 73
6
36.794
Região Norte Fluminense
483 6.646 2.051 1.276 8 301 10.765
Re
g
ião das Baixadas Litorâneas
1.772 17.86
7
6.942 3.071 22 931 30.604
Região Serrana 4.120 17.139 4.316 3.506 27 821 29.928
Região do Médio Paraíba 5.422 7.639 4.712 2.366 27 835 21.001
Re
g
ião Centro-Sul Fluminense 660 8.210 1.818 1.220 24 411 12.342
Re
g
ião Noroeste Fluminense 803 7.410 1.546 1.373 0 304 11.436
Re
g
ião da Baía de Ilha Grande
480 4410 1573 22
4
21 14
9
685
9
R
esidência em 31/07/1995
Po
p
ula
ç
ão Residente em 2000
,
se
g
undo situa
ç
ão de domicílio em 31/07/1995 - Rio de Janeiro
Municípios de Residência em 2000 -
Situão de Domícilio Área Rural
Fonte: Censo demográfico 2000, IBGE
Por outro lado, quando se analisam as mudanças e residência para áreas
urbanas de ex-residentes de áreas rurais, observa-se que a preferência maciça em
direção à periferia da RMRJ, em especial para os municípios de Caxias, Nova
Iguaçu, Magé, Itaboraí e Maricá
5
. Mas, chama a atenção o fato de que ninguém de
áreas rurais tenha vindo para a cidade do Rio de Janeiro, Niterói e São Gonçalo, o
que pode vir a ser resultado do senso comum do reconhecimento destas áreas como
5
Na última redefinição em 2004, o município de Maricá saiu da RMRJ
127
notadamente urbanas, ou pela especulação imobiliária que acaba por em encarecer
o custo de vida nesses municípios.
No entanto, quando se trata de pessoal vindo de outros municípios de áreas
urbanas, os municípios do Rio de Janeiro, Niterói, São Gonçalo, adicionados aos
municípios de Itaboraí, Caxias, Nova Iguaçu, Maricá e Magé fazem da RMRJ a maior
recebedora de população urbana do Estado. A região das Baixadas Litorâneas
compete o maior índice de pessoal de áreas rurais para áreas urbanas entre eles os
municípios destacam-se Cabo Frio e Rio das Ostras. O município de Cabo Frio pelo
fato de ser pólo regional desta região. E Rio das Ostras porque é limítrofe com a
região Norte Fluminense, mas especificamente com Macaé, área marcada por forte
especulação imobiliária, dolarização de áreas anteriormente denominadas como
rurais, agora urbanas e locatárias de empresas e ou pessoal voltado às atividades
petrolíferas.
Quadro 3:
Nes te
município na
zona urbana
Nest e
munipio na
zona rural
Em outro
municipio na
zona urbana
Em outro
muni ci pi o
na zona
rural
Em outro
país
Não era
nascido
Total
Região Metropolitana
3.090.623 26.233 608.39
3
17.854 11.331 53.571 3.808.00
6
Região Norte Fluminense
103.60
1
2.664 31.99
6
1.020.81
1
455 3.212 28.887.16
1
Re
g
ião das Baixadas Litorâneas
140.98
9
7.018 64.79
6
8.745 662 5.367 222.174
Região Serrana 152.064 4.626 31.774 6.473 315 2.527 186.774
Região do Médio Paraíba 236.037 2.728 40.156 4.682 225 3.985 278.489
Re
g
ião Centro-Sul Fluminense 53.048 1.537 13.275 1.90
3
5
1
1.265 56.790
Re
g
ião Noroeste Fluminense 51.132 2.274 14.829 2.585 7
0
1.24
1
72.130
Re
g
ião da Baía de Ilha Grande
38.305 958 12.831 2.757 103 1.467 56.422
Residência em 31/07/1995
Po
p
ula
ç
ão Residente em 2000
,
se
g
undo s situa
ç
ão de domilio em 31/07/1995
Munipios de Residência em 2000 -
Situação de Domícilio Área Rural
Fonte: Censo demográfico 2000, IBGE
1
INTRODUÇÃO
O presente trabalho se insere no debate atual, nacional e internacional
sobre as transformações nas relações rurais – urbanas, que se expressam em
novas configurações espaciais, novas modalidades de movimentos migratórios e
de distribuição espacial da população, bem como em rupturas ou alterações das
antigas formas de organização do espaço e das relações sociais em curso.
Essas transformações repõem a relação rural-urbano em um outro contexto
e/ou em um outro momento de nossa história contemporânea, em que a fluidez
dos espaços e as barreiras tanto geográficas, sociais, econômicas e demográficas
estão cada vez mais presentes, tênues e plurais.
Sob esse aspecto, o rural, como um modo de vida, reflete-se em hábitos e
comportamentos, em projeções de rurais que habitam o imaginário dos citadinos,
em manifestações culturais que extravasam a clivagem dicotômica rural-urbano e,
por muitas vezes, fronteiras nacionais.
Considerando essas transformações, a preocupação desta dissertação
voltou-se às novas configurações como uma forma de superação da tradicional
dicotomia; no entanto, o encaminhamento do estudo apontou que não se trata de
uma superação, mas de reconstrução da dicotomia no mesmo espaço.
Refletindo as várias combinações de relações rurais-urbanas, como pensar
um grupo social que corresponda, minimamente, a essa pluralidade? Nessa
perspectiva, os migrantes foram pensados no sentido de reconstruir, através das
trajetórias recentes da população fluminense uma mediação dessa
2
heterogeneidade de ruralidades associada a vários indicadores de ordem
econômica, social e ambiental. Neste sentido, reveste-se de novos sentidos as
modalidades migratórias. As migrações são processos sociais e apresentam-se
como uma componente dinâmica e mutável, que pode expressar as relações de
pertencimento e negação a grupos sociais.
Para tanto, o objetivo desse estudo é propor uma análise dessas novas
relações rurais-urbanas ancoradas em dois eixos, ou seja, duas formas de captar
o uso das migrações para o entendimento dessas ruralidades: o primeiro, em que
pese estruturar, a partir dos diferentes indicadores, a construção de uma tipologia
que expresse essas transformações da perspectiva do novo rural fluminense em
curso; o segundo, que entende que a perspectiva empírica não esgota a
compreensão desse novo contexto, verifica empiricamente, as migrações como
uma dimensão sobre a qual é possível analisar o pertencimento.
A análise do estudo toma como referencial de análise espacial o estado do
Rio de Janeiro. O Rio de Janeiro é a Unidade da Federação com maior grau de
urbanização. Em 2000, aproximadamente 96% residiam em áreas denominadas
urbanas, em grande parte por conta da sua Região Metropolitana, onde, segundo
os dados censitários, residiam cerca de 75% da população do Estado. A capital
fluminense e núcleo metropolitano, Rio de Janeiro contribuía com 41% da
população total do Estado em áreas urbanas, uma vez que o núcleo das
informações administrativas não possui áreas rurais.
Historicamente, o Rio de Janeiro, cidade-capital, seria o modelo do urbano-
cosmopolita, onde a total urbanização poderia parecer aos olhares ufanistas, o
3
inexorável, o seu destino maior. No entanto, há de se refletir: afinal, acabou o rural
no Rio de Janeiro? O que significa dizer 96% de urbanização?
A metrópole fluminense, que atraía grandes contingentes populacionais,
está em crise: o Rio de Janeiro, que era voltado econômica e politicamente para
sua capital, sofreu e vem ainda sofrendo um esvaziamento político-econômico e
uma grande dificuldade em reproduzir condições razoáveis para o
desenvolvimento do Estado como no passado, que o Estado tinha uma maior
importância econômica e era o centro das ações políticas. O que acontece com a
RMRJ e seu núcleo, particularmente, guardadas as suas especificidades, é o que
acontece em quase todas as metrópoles, uma redução nas taxas de crescimento,
uma estagnação no potencial econômico e uma redução da intensidade dos fluxos
migratórios.
O Rio de Janeiro, que até os anos 70 teve um fluxo migratório positivo,
sendo assim, um pólo de atração populacional, teve na década seguinte, seu
quadro invertido, passando a ser expulsor de população. Nota-se, portanto, que a
direção do fluxo populacional com relação aos demais Estados reverteu-se, o que
resultou em um saldo migratório positivo de 45.536 pessoas. Resultado que se
deveu ao aumento das imigrações do Nordeste com destino ao Rio de Janeiro,
que aumentaram de 35.522 pessoas para 79.532 e a redução da emigração para
as demais Regiões brasileiras, embora seu saldo ainda seja pouco expressivo.
O que realmente vem se configurando como uma tendência são os
deslocamentos dentro do estado, de um município para outro, que correspondem
à maior parte dos movimentos populacionais do estado, embora este também não
4
seja tão expressivo quanto os observáveis em outras Unidades da Federação.
Observa-se no Estado que as áreas que passam ao largo da influência
metropolitana vêm aumentando sua importância política, econômica e geo-
estratégica; no entanto, nessas áreas em alguns casos coexistem o tradicional,
voltado ao agropecuário, e o moderno, tecnologicamente avançado, voltado a
atividades que requerem maior profissionalização.
Campos dos Goytacazes pode ser considerado um bom exemplo dessa
coexistência espacial, onde a população está sujeita a novas formas de relações
sociais que geram laços de pertencimento a grupos que tornam a cidade o foco da
análise qualitativa uma vez que os dados utilizados não dão conta de toda a
amplitude no entendimento dessas novas relações rurais-urbanas e síntese das
especialidades encontradas na tipologia elaborada no capítulo II.
O trabalho estrutura-se em quatro capítulos e uma análise de vários níveis
geográficos. O primeiro capítulo apresenta uma revisão da literatura referente ao
debate atual partindo da discussão a respeito da dicotomia rural-urbana e, além
disso, é nesse capítulo em que se sistematiza a proposta das migrações, tendo no
migrante a categoria analítica para entender as ruralidades, passando pelos
procedimentos metodológicos de mensuração do rural, suas críticas e estratégias
de desenvolvimento.
No segundo capítulo se procedeu a uma análise regional dos movimentos
migratórios e seus fluxos, bem como da seletividade dos migrantes envolvidos na
nossa dinâmica entre as oitos Regiões de Governo do estado. Essa análise
permitiu observar uma estruturação do espaço fluminense, com suas
5
espacialidades emergentes e seus respectivos dinamismos locais.
O terceiro contempla a montagem de uma tipologia das ruralidades
existentes. Para tanto, foram utilizados os recursos de hierarquização de um
conjunto de indicadores de naturezas diversas (ambientais, geográficos,
demográficos, econômicos e culturais). No quarto capítulo, utiliza-se um
procedimento qualitativo, em Campos dos Goytacazes, opção de realização do
estudo de caso, entendendo que a análise quantitativa obtida através das mais
diferentes fontes não esgotam o entendimento das relações rurais-urbanas, nem o
significado das migrações. Esse capítulo analisa mediante a interpretação das
entrevistas realizadas em campo, as políticas de desenvolvimento rural a partir do
ponto de vista dos atores sociais (instituições e pessoas beneficiárias), como um
instrumento relevante para a permanência ou a retirada de pessoas dos espaços,
fortalecendo ou enfraquecendo seu pertencimento. Entendendo a importância das
políticas para promover relações de pertencimento e migrações, se elegeu o
PRONAF, foco da análise qualitativa, dada sua abrangência, sua atualidade e seu
alinhamento às mudanças nas conduções políticas nacionais e internacionais;
este programa também corresponde à alteração nos atores sociais beneficiados,
agora, a agricultura familiar.
Finalmente, nas Considerações Finais, se fará um balanço do estudo
apontando para alguns prováveis direcionamentos, destacando as mais
significativas observações a respeito da análise quantitativa dos volumes, fluxos e
características migratórias. Que associada a um conjunto de indicadores
propiciaram a percepção das interfaces rurais-urbanas.
6
A comparação dos tipos estudados evidencia a existência de ruralidades
em todas as regiões de governo fluminense, embora em níveis diferenciados, sem
que, no entanto, as interações viabilizadas pela perspectiva dos processos
migratórios possam refletir do ponto de vista quantitativo nas relações de
pertencimento aos grupos ou redes de sociabilidade.
A análise qualitativa proporcionou uma percepção dos níveis de interação e
engajamento aos grupos sociais da população estudada, conforme as
circunstâncias cotidianas que ora podem reforçar o pertencimento ou sua
negação, correspondendo a distintas trajetórias de vida e resultando em
estratégias de reprodução social diversas. Nota-se, sob essa perspectiva analítica,
para os informantes que as políticas públicas – tanto de acesso à terra quanto de
crédito –mantém e guardam uma relação de permanência de curto prazo. Não
parece haver grandes expectativas de um futuro promissor no campo, o que
reproduz, por sua vez a dualidade campo –cidade dada ausência de políticas de
superação e reconhecimento de autonomia das condições de vida dos produtores,
em especial dos produtores assentados.
Cabe ressaltar que essa dicotomia corresponde a novos tempos e a novos
espaços, distintos da clivagem tradicional, esteio das ciências sociais e das
transformações capitalistas em consolidação no início do século XX. O que
podemos observar são trajetórias que anunciam um outro entendimento da vida
rural-urbana em espaços em transformação, não menos desigual, mas com
certeza distintos da dicotomia tradicional.
7
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8
1. POPULAÇÃO EM MOVIMENTO: SERÁ O FIM DA DICOTOMIA?
1.1. População em Movimento: Aspectos Teóricos e Empíricos
Para Graziano da Silva e Del Grossi (1999:1) “a dicotomia rural – urbano,
que considerava o urbano como ‘locus’ das atividades não agrícolas – indústria –
e que atribuía ao rural das atividades agrícolas, vem perdendo a sua importância
histórica” dada o aumento das atividades não agrícolas no meio rural. Esta
constatação, entre outras questões vem gerando constrangimento entre os
pesquisadores por não corresponderem à dualidade rural-urbana e sua admissão
implicar ir de encontro ao arcabouço teórico-conceitual baseado na polaridade
entre o campo e cidade (Carneiro, 2001), em que, independente do recorte
disciplinar, por vezes antagônico, “a reflexão sobre o rural e o urbano esteve
voltada ao entendimento das relações entre a estrutura espacial e as distintas
etapas do desenvolvimento capitalista”. (Patarra: 1999:2)
Nesta perspectiva, o campo retrógrado, era representado nas figuras do
Jeca Tatu, do Coronel ou ainda da Sinhazinha, personagens que não cabiam nos
novos tempos, logo, não poderiam ser representantes da prosperidade brasileira.
Como uma das alternativas mais progressistas estava o êxodo rural, com suas
levas de campesinos com destino às cidades, em busca de emprego em
ocupações mais nobres e possibilidades de ascensão social. Neste momento, o
migrante interno une-se aos negros e aos nordestinos na pequena fatia que lhes
coube de mobilidade social (Mello e Novais, 1998).
Nota-se, portanto, nos dias atuais que fatores como: o aumento do
desemprego, a fome, a violência, a imobilidade social, permanecem e se agravam.
9
Disseminam-se nas cidades formas precárias de trabalho bem similares às
vivenciadas no campo (Martins, 2001). Tornando crucial o debate sobre as
interfaces e contradições entre campo e cidade, uma vez que “o mundo rural e o
mundo urbano convivem lado a lado, superpondo-se, anulando-se,
complementando-se, criando urgências nunca entendidas pelos administradores
públicos” (Ferreira, 2000:140).
A década de 90, em especial seu último qüinqüênio, torna-se um marco na
ampliação do debate a respeito dos estudos rurais no Brasil permitindo que:
ampliassem seu escopo temático para objetos que vão além das discussões
acerca dos impasses e possibilidades da reforma agrária e dos assentamentos,
das questões relacionadas aos impactos do progresso tecnológico ou das
migrações. Além destes, verifica-se a afirmação da temática ambiental e da
sustentabilidade e assiste-se o crescente interesse dos estudiosos por novos
temas como a agricultura familiar, a conformação dos mercados de trabalho e a
dinâmica ocupacional da população rural (Schneider, 2001:3)
Segundo Schneider (2001), podemos destacar três aspectos fundamentais
para o aumento do escopo temático do rural brasileiro: um primeiro aspecto, que
se refere à intensificação dos segmentos sociais organizados na categoria de
agricultores familiares; o segundo aspecto é a implantação do Programa Nacional
de Apoio ao Agricultor Familiar (PRONAF), criado em 1996, como política de
crédito da qual o agricultor familiar é seu público potencial; e o último é a (re)-
orientação do debate acadêmico acerca das ruralidades.
Todos os aspectos apontados pelo autor são discutíveis entre os demais
autores. Martins (2001) aponta que a intensificação da ação dos movimentos
10
sociais organizados foi realizada tardiamente em relação ao momento mais latente
de conflito, em que se fazia necessária à reforma agrária, mas não desqualificava
sua importância ainda assim. Para o autor, assim como Oliveira (2001), a maior
parte dos movimentos sociais são grupos que se colocam como mediadores ou
interlocutores das demandas vitimadas, o que desvirtua as atribuições do Estado
em prover a população de condições e a compreender a atuação das pessoas
beneficiadas, já que elas não são os agentes da transformação da sua própria
condição social.
Segundo Saraceno (1996), com base na experiência européia, a ruralidade
também é móvel e está longe de ser um conceito consolidado e, até o momento,
não havia um conceito que satisfizesse a todos órgãos oficiais europeus e
mundiais, ainda que em curto prazo. Segundo a autora,
a ruralidade é um conceito territorial que pressupõe a homogeneidade dos
territórios agregados sob a categoria analítica, e isto naturalmente vale também
para o conceito de urbano. Ainda que não contíguos, os territórios rurais
compartem, de fato, algumas características comuns que, no entanto, não
foram definidas nem de maneira clara, nem no que concerne aos indicadores
que devem ser utilizados, nem no que se refere ao limite que deveria distinguir
o rural do urbano Na maior parte dos casos, o que é rural, o que é urbano
vem intuitivamente reconhecido e depois medido (1996:2)
Saraceno (1996) coloca dois problemas que dificultam a formulação de um
conceito consciencioso de ruralidade. O primeiro diz respeito ao que é medido:
conforme a autora, o que era medido era o fenômeno urbano sobre o qual havia
menos dúvidas, o rural era apenas resíduo. Como eram considerados dois pólos,
11
à medida que um se enchia, o urbano, o outro tendia ao esvaziamento, o rural,
sem se dar conta para o que acontecia no nível intermediário desta relação, como
se essas categorias intermediárias (periurbano ou semi-rural) fossem vazias de
interpretação sociológica. “Há, portanto, um vício conceitual na identificação de
rural, que diferencia o espaço de maneira não neutra, inserindo um forte
pressuposto sobre as dinâmicas demográficas, mesmo antes de mensurá-las“
(Saraceno, 1996:2).
A referida autora (1996) aponta, também, que a redução das atividades
agrícolas reduz a significância das taxas de atividade da agricultura, enquanto um
indicador de ruralidade, em que se persiste em associar o rural (uma categoria
territorial) ao agrícola (categoria setorial), que se opõe ao urbano (categoria
territorial) e a indústria e serviços (categoria setorial). Essa associação, segundo a
autora, é uma visão simplificada dos processos sociais, que não corresponde à
divisão do trabalho, nem mesmo no período pré-industrial. Para a autora, o único
momento em que essa divisão é provavelmente verdadeira é no período de
transição, quando o êxodo rural mantém no campo somente os agricultores.
A pluriatividade também é apontada por Schneider (2001:7) como uma
noção importante para a compreensão do debate, em especial, no contexto
nacional. A pluriatividade palavra de origem francesa, pluriactivité, que
refere-se à combinação de uma ou mais formas de renda e inserção
profissional dos membros de uma mesma família [diferentemente do termo de
origem americana] part time farming usado em oposição ao full time farming [e
que tem por definição] a utilização do tempo de trabalho na propriedade por
parte do indivíduo ou da família
.
12
Martins (2001) coloca que a questão da combinação de várias atividades
sempre foi recorrente no Brasil, assim como Graziano da Silva et al. (2001) que
aponta que a pluriatividade brasileira é uma estratégia de sobrevivência praticada
pelos mais pobres, uma vez que o valor recebido pelos produtos não corresponde
às suas necessidades.
Para Carneiro (2001:4), a noção de pluriatividade “privilegia a visão sobre o
leque de atividades econômicas exercidas no meio rural chamando atenção para
os seus múltiplos significados, [por sua vez relega a um] segundo plano as
relações sociais e os atores sociais envolvidos.
Moreira (2001:2-3) concebe as ruralidades, no plural, partindo da premissa
de que ruralidade foi compreendida como manifestações de identidades sociais
associadas ao mundo rural [...] concebi as ruralidades como identidades abertas e
múltiplas, destacando assimetrias de poder associadas aos processos sociais.
O mesmo autor (2001:3) diz que as ruralidades devem contemplar as
“especificidades das vivências de modernidade do centro para periferia,
destacando a modernização incompleta das periferias mundiais e latino-
americanas”. De toda forma, não há como não pensar em tipos de ruralidades que
extravasem as fronteiras nacionais, como: o “estilo country estados-unidense
produzido pela indústria cultural hollywoodiana?; à cozinha, aos vinhos e queijos
franceses?; aos diversos turismos rurais transvestidos de ecológicos?”.
Carneiro (2001:5) também utiliza o termo ruralidades no plural,
concentrado-se na diversidade que encontra no interior de cada uma delas.
13
Nesse sentido não caberia investir na busca de uma essência da ruralidade que
distinguiria o rural e o urbano, mas sim na investigação sobre a dinâmica social,
econômica e cultural de determinadas regiões ou localidades levando em conta
sua interação com universos culturais distintos.
Para a autora (2001), a maior dificuldade em estabelecer um significado do
que venha a ser rural e urbano está na multiplicidade de conotações para defini-
los, cada segmento (pesquisadores, agências de estatística, etc.) os qualificam de
uma maneira. Nesse sentido, a autora (2001:9) sugere que ao invés de tentar
estabelecer as
fronteiras do rural e do urbano, ou mais simplesmente de ignorar as diferenças
culturais compreendidas nesses amplos rótulos, considerarmos mais produtivo,
em termos analíticos, orientarmos nossos esforços para buscar a partir do olhar
dos atores sociais, os significados das práticas sociais que tornam operacional
esta interação (e distinção).
Assim sendo, a autora propõem “o rural como categoria social realizada” ,
como uma proposta metodológica que não tem por objetivo abolir as categorias
rural e urbano, bem como não reafirmar que o rural não se restringe ao agrícola,
muito menos de buscar uma essencialidade dessas categorias de maneira
restituir-lhes a função classificatória(2001:8-9).
A categoria social realizada, sugerida por Carneiro (2001:11), tem como
reflexão os estudos de Marmont (1997) a respeito da categoria operacional que
14
trata da noção de rural vista por diferentes grupos e instituições, de maneira a
criar uma realidade própria como suporte do imaginário que, por sua vez, atribui
sentido a essas categorias e às ações a partir delas”.[E contribuições de
Bourdieu (1993), onde o autor faz uma comparação com a família e o rural
também assim podendo ser uma categoria social realizada, visto que] o sentido
que funciona, no habitus, como um esquema classificatório e princípio de
construção do mundo social (categoria social subjetiva) e de ações, ao mesmo
tempo em que é uma categoria social objetiva que fundamenta a categoria
social subjetiva”.
De acordo com Carneiro (2001:11), “ambas as categorias (família e rural)
encontram-se, no imaginário social, no limiar entre a natureza e a cultura.” O rural,
neste entendimento, possui propriedades estruturais simbólicas e práticas que
possibilitam a compreensão das novas ruralidades a partir das atividades ligadas
ao lazer e à preservação do meio ambiente.
A referida autora aponta que
não se trata, portanto, de um processo que caminharia na direção da
urbanização inexorável do campo. Mudanças de hábitos, na maneira de se
relacionar com os outros e a natureza, e na percepção do mundo, se
expressam de maneira irregular e diversificada, segundo os interesses e a
posição social dos atores o que não implica, necessariamente, uma ruptura
decisiva no tempo e nem espaço. (2001:13).
A “categoria social realizada” parte da lógica de existência (ou de
permanência) de um grupo social, com uma identidade própria, ancorada num
sentimento de pertencimento a uma localidade dada – identidade, materializada
na relação com um espaço e com um conjunto de símbolos culturais –, que
repousa na possibilidade de se estabelecer relações de alteridade com os de fora,
mesmo que estes interajam sobre um mesmo território (Carneiro, 2001).
15
A autora entende que o meio rural sofre uma "revitalização social e
econômica recente de áreas ou localidades rurais que deixaram de ter sua
dinâmica sustentada pela atividade agrícola" (Carneiro, 2001:1). Possui, também,
uma diversidade na composição dos tecidos sociais e laços de pertencimento à
localidade, que pode gerar “nem sempre a fixação de residência no meio rural por
citadinos resulta na participação em redes de sociabilidade locais nem no
desenvolvimento de um sentimento de pertencimento à localidade” (op cit.2001:9).
Mas, por outro lado, também podem produzir “iniciativas de mobilização da
população na direção de fortalecimentos da sociabilidade local que partam
justamente das pessoas vindas de fora” (op cit.2001:9).
Sob uma perspectiva mais operacional, Veiga (2001) alerta para as
distorções no cálculo da taxa de urbanização, por basear-se no conceito de cidade
promulgado em 1938, o que autor denomina de definição normativa. Não
obstante, o mesmo autor aponta para avanços nesta definição, no Pós - 64 e no
Estatuto das Cidades, que, por sua vez, se refletem nas subdivisões setoriais
realizadas pelo IBGE a partir de 1991
1
e em análises como o estudo desenvolvido
pelo IPEA/IBGE/NESUR-IE/UNICAMP em 1999, denominado “Caracterização e
Tendências da Rede Urbana do Brasil”.
A “Caracterização e Tendências da Rede Urbana do Brasil” foi considerada
por Veiga (2001:6) “um desafio que já começou a ser enfrentado com muito
1
O autor refere-se a desagregações do IBGE por localização da área, são elas: :urbana- vila ou cidade – urbanizada, urbana- vila ou cidade – não
urbanizada, urbana – área urbana isolada, rural – área rural exceto aglomerado, rural – área rural – de extensão urbana, rural – aglomerado – povoado,
rural – aglomerado – núcleo e rural aglomerado –outros. Maiores detalhes ver Apêndice Metodológico
.
16
sucesso”, mas aponta algumas críticas. As críticas de Veiga (2001) são feitas sob
dois aspectos: primeiro, a presença relevante dos demais setores da economia
também presentes no meio rural, sendo assim, não se poderia identificar o espaço
rural como eminentemente agrário; o segundo diz respeito à convenção de 60
hab./km² como critério de concentração/rarefação populacional”, que, conforme
Veiga (2001), deve se basear em um texto da Davidovich & Lima (1975), que não
traz nenhuma explicação para adoção deste critério.
O que existe, segundo Veiga (2001:8), é a suposição de que se “basearam
em alguma exploração dos resultados do Censo Demográfico de 1970, quando a
população brasileira era de 93 milhões, pouco mais da metade da população de
2000”. Sendo assim, a referida pesquisa não analisou de forma consistente o que
ocorreu em cerca de 90% dos municípios brasileiros apresentando resultados
genéricos “em praticamente todas as regiões brasileiras, as pequenas cidades
apresentam saldos migratórios negativos, retratados pelo crescimento abaixo da
média nacional, e muito próximos do crescimento vegetativo do país.”
Veiga (2001:10) ainda ressalta a necessidade de construção de uma
tipologia baseada no tamanho e na densidade populacionais para os 5052
municípios que não pertenciam aos aglomerados urbanos e centros urbanos, pois
“o que mais caracteriza as áreas rurais é justamente sua rarefação populacional,
além das distâncias que as separam das aglomerações”. O autor sugere fazer
“diversos agrupamentos e chama a atenção para algumas evidências a respeito
da análise dos municípios com menos de 150 mil habitantes, apontando um
17
aumento brusco da população, a partir de 50 mil habitantes e depois acima de 100
mil habitantes ainda mais intenso.
Sua análise dos agrupamentos possibilitou, ao autor a separação em
grandes tipos de municípios: o primeiro, mais próximo do que se denomina cidade,
composto pelos municípios entre 50 e 100 mil habitantes, mais os que possuem
densidade acima de 80hab./km², mesmo que possua população inferior a 50 mil
habitantes, fenômeno típico da Zona da Mata Nordestina, que segundo Veiga
(2001:10) inspirou Gilberto Freyre a usar o neologismo rurbano, subdivididos entre
as seguintes categorias:
esvaziantes, que tiveram fortes quedas populacionais relativas (e muitas vezes
absolutas), a dos letárgicos, que tiveram perdas relativas, mas assim mesmo
cresceram em termos absolutos em compassos não muito distantes ao de seus
respectivos Estados; e a dos atraentes, que tiveram crescimento superior aos
de seus Estados.(grifos meus)
Baseando-se nas categorias acima, o autor conclui que o êxodo rural, entre
1991 e 2000, foi menor que o apresentado pela Rede Urbana. O êxodo rural
também não é inevitável. Esse é um outro grande mito propagandeado sempre
como resultado inevitável da urbanização do país. “A população rural está
crescendo, embora ainda não se tenham políticas para evitar o êxodo em algumas
regiões, o que é provocado mais pelo êxodo agrícola do que rural propriamente
dito” (Veiga et al., 2001:36).
18
Graziano da Silva (2001), ao debater as categorias elaboradas por Veiga
(2001), aponta: primeiro, para as interpretações e conceitos, especialmente da
denominação de município ‘rurbano’, que não traduz em absoluto a idéia de
Gilberto Freyre de uma ‘fusão’ de culturas rurais e urbanas”. Graziano da Silva
questiona o exagero das críticas de Veiga (2001) com relação às classificações do
IBGE, que, na sua opinião, “o problema não é o critério adotado pelo IBGE,
porque é inevitável uma dose de arbitrariedade em qualquer definição. O problema
está no uso que se faz no país dessas definições como orientadoras de políticas
públicas (Graziano da Silva, 2001:15)”.
Ainda sobre o debate das mensurações técnicas para estimar o rural e
urbano brasileiro, é oportuno lembrar que Souza (2001:2) ressaltava a
indisponibilidade dos dados para compreender as possibilidades e a diversidade
de interações entre campo-cidade, sobre uma outra perspectiva.
Uma séria dificuldade [a indisponibilidade de dados], sem dúvida. Para
estabelecer diagnósticos que vão desde a pobreza rural e urbana até o projeto
social e histórico dos sujeitos da chamada agricultura familiar. A persistência e o
reavivamento de práticas culturais rurais e camponeses em nichos de
imigrantes nas grandes cidades, fala-nos de uma resistência ao
desenraizamento e de uma relutância em ser o sujeito definitivo que os censos
supõem (...) Quando se dispuser de censo antropologicamente sério de
atividades econômicas no Brasil, poderemos compreender a rica diversidade
disso que vem sendo considerado rústico.
As dificuldades, tanto do ponto de vista conceitual quanto empírico, nos
remete a gestão pública, pois os gestores motivados pelas receitas oriundas da
tributação territorial por medida administrativa municipal alteram espaços,
suplantando qualquer outro aspecto de ordem social, econômica, cultural,
19
geográfica ou ambiental (Abramovay, 1999 apud Veiga, 2001). Ou seja, a
“expansão dos perímetros urbanos como artifício para aumentar a arrecadação de
IPTU pode, é claro, piorar a discrepância gritante” (Veiga, 2001:4).
Uma outra questão que se coloca é a dificuldade em taxar a propriedade
rural, dada a inadimplência do pagamento do Imposto Territorial Rural (ITR),
principalmente pela grande propriedade rural, conforme ressaltam Graziano (1996)
e Cardoso (1997). Somando-se ao fato de que, quando é pago, seu recolhimento
é irrisório e não se destina à reforma agrária e nem a nenhuma política destinada
ao desenvolvimento rural. (Vasquez & Villa Verde: 2001).
Vários cenários emergem com as mais distintas possibilidades e, embora
haja problemas comuns ao rural e ao urbano, o que vem ocorrendo,
simultaneamente, é uma revalorização do rural (Sachs, 2001;Carneiro, 2001), o
que pode vir a ser interessante e apontar para possibilidades de desenvolvimento
social e econômico. O rural passa a ser a natureza, os condomínios de luxo e
pousadas, o rural dos acampamentos e assentamentos de trabalhadores rurais, o
rural da pequena e grande propriedade improdutiva, do agronegócio, o que faz do
rural uma heterogeneidade de significados e de apropriações subjetivas e
objetivas por parte das pessoas, assim surgindo as mais distintas ruralidades
De fato, o novo mundo rural está
penetrado pelo mundo urbano com velhos e novos personagens, como os
neorurais (profissionais liberais e outros ex-habitantes da cidade que passaram
a residir no campo) ao lado dos assentados (ex - sem terra) e daqueles que
denominamos sem –sem (sem terra e sem emprego, quase sempre também
sem casa, sem saúde, sem educação e, principalmente, sem organização,
coisa que os sem-terra indiscutivelmente já conseguiram). (Graziano da Silva e
Grossi, 1999:2)
20
1.1.2. População em Movimento: o Papel das Políticas Públicas
O cenário político brasileiro, ao longo da década de 90, foi marcado por
transformações na condução da política econômica, liberalização das tarifas
alfandegárias, privatização das estatais, formação de um Mercado Comum da
América do Sul (MERCOSUL), reestruturação produtiva nas empresas,
flexibilização das relações de trabalho e uma significativa redução do papel do
estado na economia (Fiori, 2001; Pochmann, 1999, Bresser Pereira, 1994). Não
podendo deixar de lembrar que essas mudanças afetam até hoje,
significativamente, a ordem social. Se por um lado, atendiam às demandas de
mecanismos econômicos internacionais, como Organização Mundial do Comércio
(OMC), o Banco Mundial, o Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e o
Fundo Monetário Internacional (FMI), sob a alegação da globalização, por outro
traz benefícios tais como:
Os livres movimentos de capitais contribuem para uma alocação mais eficiente
da poupança, promovendo o bem-estar e o crescimento econômico. Da
perspectiva individual de um país, este passa a ter maior capacidade de
mobilizar poupança financeira. Os influxos de capital, particularmente de
investimento estrangeiro direto, podem incrementar significativamente a
performance e o crescimento do país. Mercados financeiros globais também
proporcionam incentivos adicionais para a execução de políticas
macroeconômicas consistentes. Ao mesmo tempo, o processo de integração
financeira também pode oferecer maiores oportunidades de diversificação do
portfolio e taxas de retorno mais elevadas [...] e um aumento da eficiência do
mercado doméstico [...] Do ponto de vista da economia internacional, a
liberalização financeira apóia o sistema multilateral de comércio e do
investimento utilizados pelos países desenvolvidos e em desenvolvimento. FMI
(1997 apud Goldeinstein, 1998)
21
Sob a perspectiva do emprego, a flexibilização geraria aumentos nos postos
de trabalho, reduzindo, assim, os custos legais. Deste modo dificultou a
consolidação de uma sociedade salarial, polarizando ainda mais o abismo entre os
excluídos e incluídos (Castel,1999). No Brasil, o que aconteceu foi “uma
flexibilização de um mercado de trabalho já bastante flexibilizado e heterogêneo”,
além de uma piora da distribuição de renda e o crescimento das atividades
informais (Pochmann,1999). Essa flexibilização já é vivenciada no campo desde a
década de 70 com a peonagem e o bóia-fria (Martins, 2001).
Essas alterações na condução na política econômica tiveram,
automaticamente, uma importância significativa na redefinição das políticas
agrícolas, apontando para um esgotamento do modelo tradicional baseado na
intensa participação do Estado e na cultura de subsídios.
A realidade imposta pela necessidade de controle dos gastos públicos, em
decorrência da política fiscal e o esforço de modernização do Estado foram
determinantes para que se fizessem alterações substanciais no padrão de
atuação governamental (Gasques e Conceição, 2001:100).
Para concretizar tais necessidades de mudanças, a atuação da política
agrícola nacional pautou-se em campos de atuação: Desregulamentação dos
Mercados de produtos altamente regulados como leite, cana-de-açúcar, café e
trigo; na Política de Garantia dos Preços Mínimos; e Política de Reforma Agrária,
além da liberalização do comércio exterior (Helfand e Rezende, 2001).
22
As estratégias de desregulamentação dos mercados foram diferenciadas
para cada um dos produtos acima mencionados, mas, em linhas gerais,
consistiram em redução de impostos, redução gradual de subsídios, com o intuito
de modernizar a produção e aumentar a qualidade e a produtividade (Helfand e
Rezende, 2001). Já a Política de Garantia dos Preços Mínimos foi uma política de
transição, que consistia na fixação de um preço mínimo a ser pago pelo governo
pelos produtos agrícolas. No final da década com a incorporação dos Contratos de
Opção e dada a conjuntura de liberalização da economia, não se fazia mais
necessária a Política de Garantia dos Preços Mínimos.
Com certeza, a maior evidência foi à ampliação da Política de Reforma
Agrária a partir da segunda metade da década passada. O Governo assentou, em
1994, o maior contingente em todo o período de 1964/94 (Helfand e Rezende,
2001). A Reforma Agrária veio acoplada a uma política creditícia que tinha, e
ainda tem, no pequeno produtor e no assentado seu público alvo.
As Políticas de Crédito iniciadas nos anos 60 para atender as populações
rurais mais carentes se destacam a partir de meados da década de 90 dada a
pressão de movimentos sociais organizados (Schneider, 2001; Bruno e Dias,
2004). A Política Credíticia tem por objetivo “promover uma rápida emancipação”,
em especial, às populações assentadas. No entanto, essa política ainda não era
capaz de cumprir com o objetivo porque não cobria o total dos riscos de crédito
para a população de baixa renda, não possuía prazos dilatados, e as taxas de
juros praticadas ainda são elevadas. Na verdade, ainda não parece haver uma
compreensão que este tipo de política voltado à população mais pobre não segue
23
a lógica de mercado (financeira), que visa ao lucro. Por conta disso, as instituições
financeiras promovem boicotes, aumento da burocracia no intuito de dificultar à
aquisição de crédito (Bruno e Dias, 2004).
O fato das políticas de crédito serem destinadas, de forma individual, aos
assentados é responsável pelo rompimento da política de solidariedade fundada
no período de ocupações, onde os assentados vivam e decidiam quase tudo
coletivamente, derivando, daí, os três principais impasses apontados por Bruno e
Dias (2004), a citar: o alcance limitado, a concentração regional da distribuição
dos recursos na região Sul do país e o caráter seletivo, que dá prioridade ao
agricultor mais capitalizado e voltado à atividade de agronegócios.
No estudo realizado por Gasques e Conceição (2001), os autores apontam
para as mudanças ocorridas na natureza de recursos para crédito rural, que
passou do modelo tradicional, pautado nos recursos advindos do Tesouro, para
outras fontes alternativas, oriundas dos Recursos Obrigatórios, da Poupança Rural
e do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), sendo que só o FAT, corresponde a
80% dos recursos do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar
(PRONAF). Contudo, a leitura dos especialistas aponta para um esgotamento dos
recursos ofertados pelo Sistema Nacional de Crédito Rural, sob argumentação de
que “o sistema se apóia em fontes que não têm conseguido suprir a necessidade
de recursos” (Gasques e Conceição, 2001:106). Os autores observam que todas
as mudanças na atuação por parte do Governo têm como propósito “a
modernização dos instrumentos de política agrícola” (Gasques e Conceição,
2001:112).
24
A complexidade dada pelo surgimento de novas categorias ocupacionais
interligadas pela necessidade de sobrevivência e reprodução social não é capaz
de superar antigos problemas, bem como cria novos dilemas (Graziano da Silva,
2001;Veiga, 2001). Neste sentido, retomam as discussões acerca da reforma
agrária.
A reforma agrária do século 21 não precisa exibir um caráter estritamente
agrícola, pois os problemas fundamentais da produção e dos preços podem ser
resolvidos pelos complexos industriais que já existem no país. O problema da
fome, que afeta milhões de brasileiros, não se deve à insuficiência da produção
agrícola, mas a falta de dinheiro para comprar comida. A reforma agrária é
necessária para ajudar equacionar a questão do excedente populacional do
país, até que seja completada a “transição demográfica” recém iniciada
(Graziano da Silva, 2002:3).
Primeiro, cabe acrescentar que a questão não se resume à fome e ao
dinheiro, é uma questão de cidadania. E segundo, a citação pressupõe o
crescimento populacional como um problema quando na verdade a questão que
está em jogo é a distribuição de renda, a partir da concentração de terras, que
pode ser ampliada para todas as esferas produtivas. O excedente populacional,
mencionado na citação, é um conceito relacional e não absoluto e se constitui na
relação produção/população, não podendo ser reduzida a uma mera
contabilidade, principalmente quando nos referimos a um país com uma trajetória
histórica de desigualdade, conforme lembra Kerstenetzky (2001:5), “desde que se
constituiu como nação, o Brasil organizou sua economia sobre as bases de uma
concentração extrema de riqueza”. Desigualdade esta que se caracteriza ainda
hoje por possuir uma estrutura fundiária marcada pelo
25
“modelo prussiano” que se caracteriza pela transição da grande propriedade
improdutiva para a grande empresa capitalista e pela exclusão da maioria das
pequenas e médias propriedades. O cerne deste modelo está na modernização
conservadora, que tem como pilar a grande propriedade, com conseqüente
manutenção de uma estrutura fundiária concentrada; exigindo-se qualidade e
produtividade, que estão atreladas à adubação química e mecanização, tendo
em vista o mercado externo e as demandas da indústria nacional, as quais
passaram a determinar o perfil da agricultura brasileira (Cardim, Vieira, Viégas,
2000:.2).
No entanto, há de se pensar em ações políticas que incorporem o novo
rural brasileiro e suas mais distintas manifestações. Graziano da Silva e Del
Grossi (2001:13), pensando sobre o caso brasileiro, apontaram um conjunto de
políticas de desenvolvimento do novo rural, agrupadas em cinco grupos.
1. Um conjunto de políticas de “desprivatização” do espaço :
tais como moradia rural, recuperação de vilas e colônias, implantação de áreas
públicas para o lazer no entorno de reservas ecológicas, parques e represas; e
a implantação de uma reforma agrária não exclusivamente agrícola nas regiões
Centro-Sul do país
;
2. Um outro conjunto de políticas de urbanização do meio rural para o
atendimento de água, energia elétrica, saúde e educação, além da criação da
infra-estrutura de transportes e comunicações;
3. Políticas de geração de emprego e renda visando a estimular a pluriatividade e
outras formas de uso de espaço;
4. Políticas sociais compensatórias com aposentadoria precoce, estímulo a jovens
produtores e renda mínima;
5. Por fim,
26
um re-ordenamento político-institucional que reconheça as novas formas de
regulação que vêm surgindo no novo rural e que permitam tanto superar o
tratamento individualizado que até aqui aos beneficiários das políticas públicas,
como fortalecer novas estruturas do poder local para que seja possível a efetiva
descentralização das atuais política públicas do país. (Graziano da Silva e Del
Grossi, 2001:13).
Os autores (2001) também chamam a atenção para a política previdenciária
que permitiu às trabalhadoras e aos trabalhadores rurais, a partir da Constituição
de 1989, o usufruto deste benefício. A ampliação da previdência a estes grupos
propiciou uma nova reconfiguração do espaço rural, permeado por novos atores
sociais, uma vez que o setor rural (agrário) encontrava-se descapitalizado e
empobrecido. Conforme Delgado e Cardoso Jr.(2001), a Política Previdenciária,
ao longo da década de 90, mostrou-se eficaz na transferência de rendimentos, em
particular para as populações pobres rurais, funcionando como um seguro agrícola
indireto, permitindo não só a subsistência, como também garantindo a pequena
produção, sendo, assim, representativa para o rendimento total.
Entre as políticas de crédito, destacam-se: o Programa de Crédito Especial
para a Reforma Agrária (PROCERA) e o Programa de Fortalecimento à
Agricultura Familiar (PRONAF). O PROCERA, criado em 1986 para atender às
demandas de assentados rurais, previsto no Plano Nacional de Reforma Agrária,
de 1985, só é posto em prática em 1987, quando recebe recursos orçamentários,
sendo estes geridos pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social
(BNDES). Em 1991, o PROCERA passa a ser gerido pelo Banco do Brasil, a partir
de um convênio celebrado pelo INCRA e, efetivamente, o Programa só ganha
espaço em 1993. Em 1994, com a incorporação dos Fundos Constitucionais como
27
fonte de recursos para o Programa, os bancos da Amazônia e o Banco do
Nordeste se unem na responsabilidade de gestão dos recursos do Programa
(Bruno e Dias, 2004).
Entre os potenciais do PROCERA, Bruno e Dias (2004) apontam a
dinamização das áreas próximas aos assentamentos, o incentivo à participação
política e o incremento ao patrimônio do assentado. A existência de limitadores
para que o programa atinja a autonomia do assentado, objetivada com a
implantação do Programa, segundo os autores acima mencionados, baseia-se na
experiência de estudos localizados que apontam a insuficiência de recursos, a
descontinuidade e a demora nos processos de liberação” como os principais
entraves ao PROCERA (2004:19).
A justificativa apontada por esses Autores (2004) para os problemas
identificados na execução do Programa estava na atuação tímida do INCRA, na
falta de controle dos recursos por parte do INCRA, na pouca assistência técnica
dado que a
presença dos extensionistas era pontual, em trabalhos estritamente ligados a
questões técnicas, revelando a falta de interesse e de comprometimento com
os agricultores assentados. [Considerando-se que] os bancos não assumiam
responsabilidades e riscos na concessão dos créditos, pouco lhes interessava a
avaliação econômica dos projetos apresentados (2004:21).
Dentro de um novo contexto político institucional surge, em 1996, o
Programa Nacional de Apoio à Agricultura Familiar (PRONAF), ao qual o
PROCERA se integrara em 1999. Esse Programa é associado à reivindicação de
28
demandas sociais organizadas que intensifica sua prática em mobilização e
ocupações em todo território nacional e, por outro lado, a uma orientação
internacional do Banco Mundial, associado a um “ideário neoliberal” que criou a
necessidade de rever as questões ligadas ao desenvolvimento rural, priorizando o
agricultor familiar.
Neste contexto de mudanças institucionais marcadas pelo processo de reforma
do Estado e de pressão dos movimentos sociais por ações em prol da reforma
agrária, as alterações mais significativas no primeiro ano do governo Fernando
Henrique Cardoso (1995-2002) foram à criação do Gabinete do Ministro
Extraordinário de Política Fundiária e a transferência do INCRA para sua
responsabilidade, deixando de estar subordinado ao Ministério da Agricultura.
(Bruno e Dias, 2004:25).
O PRONAF inaugura um novo período com ênfase em outro ator social, o
agricultor familiar, antecedido por um empresariado rural detentor de grandes
extensões de terra, subsídios fiscais e creditícios. A mudança no foco da política
agrícola parte do entendimento da agricultura familiar como componente essencial
de um projeto de desenvolvimento e de consolidação democrática, a exemplo do
observado em países da Comunidade Européia, no Canadá, nos Estados Unidos
e no Japão, entre outros (Ferreira et al., 2001:480).
A implementação do PRONAF proporcionou “um modelo de gestão que
privilegia a parceria com seus possíveis beneficiários” (Ferreira et al., 2001:480).
Para a realização desta parceria, foi importante a criação dos Conselhos
Municipais de Desenvolvimento Rural como uma regra a fim de consolidar a
participação social, participação esta que, conforme Ferreira et al. (2001), vem
29
crescendo, incentivada pelo governo federal, na implantação de diversas ações
setoriais (educação, saúde, reforma agrária, etc.). O levantamento elaborado por
Bruno e Dias (2004:43) aponta aspectos positivos nas organizações locais,
“especialmente aos agricultores familiares e assentados, contribuindo para ampliar
as redes de relacionamento e conhecimento locais.”
Há de se considerar também, como nos chama a atenção Carneiro (1997),
que uma representação paritária entre agricultores familiares e outros segmentos
da sociedade civil podem acarretar obstáculos a uma política agrícola, além da
dificuldade de compatibilizar propostas que atendam às prioridades de cada
instância envolvida (estadual, federal e municipal). Moreira (2002:2) também faz
considerações a este respeito:
Nessas disputas diferentes atores sociais projetam seus interesses no território,
como por exemplo, IBAMA, INCRA e as prefeituras; proprietários de terra e
empresários de agronegócios e do turismo; agricultores familiares e
assentados; movimentos ambientalistas e reforma agrária; proprietários de
chácaras, sítios e condomínios de segunda residência e lazer. Tais
manifestações de interesse no espaço tornam o território um espaço do
exercício da política e de expressão de poderes assimétricos, que se
expressam, por exemplo, nos Conselhos Regionais de desenvolvimento local.
O protagonismo da agricultura familiar, assim como nos países
desenvolvidos, tem como objetivo a promoção da afirmação democrática,
modernização, homogeneidade social e retenção de fluxos migratórios, seu
objetivo. Neste sentido, “a viabilidade (ou a inviabilidade) da agricultura familiar
não é, portanto, algo dado natural, independente de visões políticas, estratégias
de desenvolvimento nacional (Ferreira et al., 2001:484)
30
A agricultura familiar se beneficia por ser uma expressão que comporta os
mais diferentes atores sociais marginais às cidades e por “excluir apenas formas
de organização baseadas em largo uso de trabalho assalariado, agricultura
patronal” (Ferreira et al., 2001:486). No entanto, o controle deste financiamento
apresenta-se de forma dispersa, o que acaba por dificultar o monitoramento do
programa. Em geral, os programas governamentais padecem de um sistema
informatizado devido “à incompetência de equipe técnica, ou à existência de
demandas por informações de parcelas da sociedade.” (Ferreira et al., 2001: 536)
Onde o termo “trabalhador rural” não comporta essa diversidade de atores
sociais no campo,
formas de existência coletiva de dezenas de movimentos sociais que emergiram
nos últimos anos como os movimentos dos sem-terra, dos seringueiros, dos
atingidos por barragem, dos ribeirinhos, dos pescadores, dos quilombolas, das
quebradeiras de coco babaçu, entre outros,
segundo Almeida (2001:3), o que talvez tenha tornado propícia à categoria de
“agricultor familiar” ser capaz de representar os mais diferentes atores sociais.
Segundo Schneider (2001):
no campo político, a adoção da expressão “agricultura familiar” parece ter sido
encaminhada como uma categoria síntese pelos movimentos sociais, do
campo, capitaneados pelo sindicalismo rural ligado a CONTAG. [...] Em face
dos desafios que o sindicalismo rural enfrentava nesta época, tais como os
impactos da abertura comercial a falta de crédito agrícola e a queda dos preços
dos principais produtos agrícolas de exportação, a incorporação e afirmação da
noção de agricultura familiar, mostrou-se capaz de oferecer guarida a um
conjunto de categorias sociais, como assentados, arrendatários, parceiros,
31
integrados à agroindústrias, que não podiam ser confortavelmente identificados
com as noções de pequenos produtores ou simplesmente trabalhadores rurais.
A agricultura familiar, em seu sentido histórico e antropológico, como
lembra Martins (2001), vai além do significado de reprodução ou permanência;
possui uma dimensão multitemporal e multiespacial e por isso dá conta das
transformações econômicas e sociais, bem como dos desafios e necessidades
colocados às famílias. Implícitas a tal categoria estão as relações de dependência
de foro emocional e financeiro, que perpassam os rendimentos auferidos
diretamente ou indiretamente (via transferência de receita de atividades não
agrícolas).
Ela [a agricultura familiar] é mais uma rede de relacionamentos de várias
gerações, em vários lugares, do que simplesmente um grupamento familiar
nuclear como supõem os organizadores dos censos e supõem, em geral, os
pesquisadores interessados em temas econômicos. (Martins, 2001:1).
Sendo assim, ressalta-se que a importância do
surgimento de movimentos sociais, urbanos e rurais, fora de enquadramentos
partidários, foi de certo modo uma grande novidade na sociedade brasileira,
uma nova forma de expressão social que se combinou com o florescer de
novos sujeitos sociais e políticos (Martins, 2000: 269).
32
que resultou, em 1996, na legitimação política e institucional, via o Programa
Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF) implantado pelo
Ministério do Desenvolvimento Agrário.
Este programa em larga escala medida foi formulado como resposta às
pressões do movimento sindical rural realizado desde o início dos anos noventa;
nasceu com a finalidade prover crédito agrícola e apoio institucional às categorias
de pequenos produtores rurais que vinham sendo alijados das políticas públicas
ao longo da década de 1980 e encontravam sérias dificuldades de se manter na
atividade. A partir do surgimento do PRONAF, o sindicalismo rural brasileiro,
sobretudo aquele localizado nas regiões Sul e Nordeste, passou a reforçar a
defesa de proposta que vislumbra o compromisso cada vez mais sólido do Estado
com uma categoria social considerada específica e que necessita de políticas
públicas diferenciadas – juros menores, apoio institucional, etc. – (Schneider,
2001:13).
O Programa também encontra dificuldades por não possuir uma política
articulada a fim de superar as desigualdades, bem como não demarcou “o que
vem a ser o fortalecimento da agricultura familiar, vindo a incorporar novas ações,
sem incorporá-las de forma orgânica”, além de não difundir um conceito
compreensível aos beneficiários, a divisão de competências com outros órgãos
que não conferem importância ao PRONAF e o alcance ainda limitado do
programa. (Ferreira et al., 2001).
Um sério impasse do PRONAF, assim como ocorreu com o PROCERA, é
o vínculo dos projetos técnicos que financiam as práticas agrícolas que promovem
33
a degradação ambiental nos moldes dos financiamentos ocorridos durante a
modernização agrícola. Bruno e Dias (2004:), citando Kageyama (2003), apontam
para uma associação positiva entre o aumento no uso de agrotóxicos e a
presença do PRONAF. Outro fator identificado como restritivo ao crédito foi a
insuficiência de documentação apresentada pelo produtor aos bancos,
adicionando a incapacidade operacional do INCRA e das Empresas de assistência
técnica, assim como mais o desinteresse dos bancos em apoiar este segmento.
Mas já há sinais de parcerias entre banco locais, sindicatos de agricultores e
extensionistas (Delgado et al.,1999 apud Bruno e Dias, 2004).
Carneiro (1997) ressalta as dificuldades de importar modelos adotados em
outros países sem considerar o contexto histórico e a estrutura da composição
social da produção agrícola. A autora (1997) atenta para o caráter excludente
sustentado pelo termo “verdadeiro agricultor”; que enaltece o perfil empreendedor
do agricultor, ao mesmo tempo em que o submete a um segundo plano que não
possui condições de inserir-se na “lógica do mercado e de incorporar as inovações
tecnológicas” (1997:78).
Diferentemente do PROCERA, no PRONAF os bancos assumem maiores
riscos financeiros e por outro lado, ampliam as exigências favorecendo “aqueles
que conseguem oferecer maiores garantias e que estão mais integrados ao
mercado”. (Bruno e Dias, 2004:41). Os autores (2004) apontam uma ampliação do
PRONAF, a partir de meados de 2003, com base em uma série de dispositivos
legais, entre os quais destacam-se o alongamento da dívida do crédito rural, o
estabelecimento de critérios para o serviço de assistência técnica, Social e
34
Ambiental à Reforma Agrária (ATES), além da fusão de várias linhas de crédito, e
uma mudança no crédito de custeio que
vinha sendo sistematicamente utilizada pelos agricultores para gastos não
diretamente relacionados à produção agrícola. Deste modo, agricultores podem
utilizar até 15% dos recursos obtidos para, de acordo com o Manual de Crédito
Rural, comprar medicamentos, agasalhos, roupas e utilidades domésticas;
construir ou reformar instalações e fazer ‘gastos dispensáveis ao bem estar da
família (2004: 64).
A transferência de atribuições e a foco na agricultura familiar culminou, em
1998, com a criação do Ministério do Desenvolvimento Agrário e, ao mesmo
tempo em que retirava da alçada do Ministério da Agricultura, isto é, das mãos do
empresariado rural, fazia com que o governo se tornasse protagonista das ações
para a reforma agrária e restringia a atuação política do MST. (Medeiros, 2002
apud Bruno e Dias, 2004)
Na mesma linha de (re) orientações internacionais, mas encontrando
resistências interna pelos movimentos sociais, surge, em 1998, o Fundo de Terras
para a Reforma Agrária - Banco da Terra:
O Banco da Terra financiava a compra dos imóveis e a infra – estrutura básica,
com prazo de até vinte anos, e até três anos de carência. Este prazo será
fixado em função da capacidade de pagamento determinada a partir da análise
da Proposta de Financiamento. O imóvel adquirido ficará hipotecado ou
alienado até a liquidação do financiamento, pois é a garantia da operação
(Cartilha do Banco da Terra, 2002).
35
Um dos maiores problemas do programa era a sua associação a um
substitutivo da Reforma Agrária Tradicional, quando ele tinha por objetivo ser “um
instrumento complementar à desapropriação(NEAD, 1999). A recusa em aceitar
o Banco da Terra tinha como um dos seus motivos o fato do projeto ter formulado
pelo Banco Mundial sem a participação da sociedade civil, o que na prática fez
com que reforçasse a concepção de substituição e gerasse a rejeição ao
Programa.
A rejeição ao Banco da Terra fez com que o governo brasileiro
formalizasse, em 30 de novembro de 2000, com o Banco Mundial o projeto de
Crédito Fundiário e Combate a Pobreza Rural: “procedeu-se a um a operação
política que resultou num produto híbrido, BT e Cédula da Terra, que conseguiu o
apoio de alguns dos setores dos trabalhadores (Teixeira, 2001:3). Segundo o
autor os projetos são rigorosamente idênticos “com a diferença que o CFCP
possui iniciativa que revela o redicionamento político da estratégia de privatização
das ações de obtenção de terras para o programa de reforma agrária na
perspectiva de ampliar-lhe o número de beneficiários (2001:4)”.
De toda maneira, para garantir o sucesso dos produtores, é preciso
“mais do que apenas terra e crédito. Resta saber se um novo ambiente
institucional e um pacote de auxílio mais abrangente serão criados de modo a
aumentar a chance de sucesso a longo prazo dos beneficiários da reforma
agrária. (Helfand e Rezende, 2001: 257)
36
No contexto fluminense, vários projetos e iniciativas nas esferas estadual e
municipal vêm sendo utilizado em prol do desenvolvimento, entre eles destaca-se
o Frutificar, um programa estadual para incentivar o cultivo de frutícolas no interior
do Estado. O Frutificar é um crédito “para investimento e custeio de lavouras de
fruticultura, com recursos do FUNDES (Fundo de Desenvolvimento Econômico e
Social), financiados através do Banco do Brasil” (SEAAPI, 2004). Estão aptos a
participar do Programa todos os produtores, respeitando as normas ambientais.
As estratégias de desenvolvimento que norteiam as práticas políticas e
estão na agenda de discussão de seus formuladores são a diversificação e/ ou a
especialização. Para Veiga (2001:15),
o dilema entre diversificação e especialização que tanto marcou a evolução
industrial, também se manifesta no âmbito territorial. Nos dois casos, a maior
eficiência no uso dos recursos resulta da exploração inteligente do trio formado
pelas economias de escala, economias de escopo e pelos custos de transação
.
De acordo com este autor (2001:15), “as vantagens que se pode obter com
mais especialização ou mais diversificação advêm das possíveis combinações
desses três ingredientes (escala, escopo e custos de transação)”. Se as condições
espaciais não são propícias a mais de um cultivo existe “uma irresistível tendência
à especialização e à conseqüente formação da economia local, que reagiria
apenas aos sinais enviados por um determinado mercado em geral.” [enquanto],
“no extremo oposto, quando as vantagens estão ligadas à exploração da
economia de escopo, a diversificação levará a uma base econômica mais flexível
37
e menos sujeita às oscilações de um único mercado. E nos casos em que não
haja possibilidade de não produzir nem pela via da especialização e nem da
diversificação, o mais viável seria o desenvolvimento local pela vocação. E mais, a
falta de diversificação teria, sob este ponto de vista, implicações como a não
absorção da força de trabalho, tornando a produtividade redundante, bem como
estimulando a emigração juvenil.
Graziano Silva (2001:18) discorda da especialização como vilã do
desenvolvimento:
Otimismos e esperanças à parte, não estou de acordo que no caso brasileiro “a
palavra-chave é a diversificação” (op. cit., p.6), nem com a interpretação do
papel da pluriatividade associado ao aumento da produtividade na agricultura
familiar. Veiga e colaboradores parecem tomar esses conceitos tais como
utilizados na Comunidade Européia e nos EUA. Aqui, a questão, na minha
opinião, não é “diversificação versus especialização”; e muito menos se pode
associar a diversificação à inclusão ou a especialização à exclusão. Até pelo
contrário: a maioria dos excluídos pela primeira etapa da “modernização
dolorosa” da agricultura brasileira foram os que não se especializaram, os que
não continuaram a produzir basicamente para sua própria subsistência. Não
podemos acreditar que serão essas a base da atual “segunda etapa”, a da
modernização ecológica da nossa agricultura, simplesmente porque eles já
foram excluídos: não são agricultores familiares, são fundamentalmente famílias
de empregados residindo em áreas rurais. O problema maior aqui dos
agricultores que se modernizaram na “primeira etapa” da utilização de insumos
químicos associada à mecanização são os “vazamentos” na cadeia produtiva
que obviamente são maiores nos produtores agrícolas mais especializados.
Esta discussão traz uma questão de fundo: qual o melhor modelo de
desenvolvimento para a produção agrícola, o familiar e o patronal? Guanziroli
(1996:3) aponta as distinções entre os modelos
38
[o modelo patronal] com suas levas de bóias frias e alguns poucos
trabalhadores residentes vigiados por fiscais e dirigidos por gerentes, engendra
forte concentração de renda e exclusão social, enquanto a agricultura familiar,
ao contrário, apresenta um perfil essencialmente distributivo, além de ser
incomparavelmente melhor em termos socioculturais. Sob o prisma da
sustentabilidade (estabilidade, resiliência e equidade) são imensas as
vantagens apresentadas pela agricultura familiar na produção agropecuária,
devido à sua ênfase na diversificação e à maior maleabilidade de seu processo
decisório.
Para Graziano da Silva et al. (2001:21), o bimodalismo (patronal versus
agricultura familiar) reflete uma falsa idéia de antagonismo. Para o autor et al.
(2001), a concepção de desenvolvimento agrega as duas formas, conforme o
próprio advoga:
o que me parece ainda mais equivocado é derivar daí a oposição entre a
“maximização da competitividade” do chamado agribusiness e a “diversificação
das economias locais propiciada pela agricultura familiar, como se fossem
estratégias de desenvolvimento excludentes.
Deste modo, seria interessante retomar a concepção de desenvolvimento
integrado, conforme ressalta Graziano da Silva et al. (2001), à luz do que Tavares
& Mercadante (2001) chamam de “transformações do social em essência do
desenvolvimento econômico”, tendo no combate à pobreza a incorporação de
políticas de emprego e renda como geradoras de cidadania, tanto no campo
quanto na cidade.
Embora haja uma grande preocupação e várias tentativas de lidar com uma
metodologia que seja capaz de capturar as especificidades do campo, Graziano
39
da Silva et al.(2001:16) alerta para o reducionismo que tais abordagens possam
traçar, reforçando a dicotomia.
Assim, desenvolvimento local, regional, urbano, rural, agrícola, não-agrícola,
qualquer outra palavra só atrapalha a noção de um processo amplo que vise,
acima de tudo, à criação de novas oportunidades. Mas, concordo que às vezes
é bom enfatizar as coisas sob pena de ser redundante: embora não se possa
falar de um desenvolvimento apenas rural, nesse caso o adjetivo pode ser
aceito para dar mais ênfase, desde que não se preste para excluir o urbano,
seu espaço contíguo e, cada vez mais, fonte de seu dinamismo.
É importante lembrar, conforme Graziano da Silva et al. (2001:17)
advertem: “grande risco é que, ao falar de desenvolvimento rural, perpetue-se a
abordagem dicotômica rural-urbano (ou campo-cidade), que atualmente
embasa o planejamento e as intervenções de políticas no país”.(grifos meus)
Em face desta situação, a questão da reforma agrária é mais do que tratar
de fome, terra, assistência, técnica, educação, saúde e tantas outras coisas que
são negadas ao homem do campo. É tratar de gente! Tendo em vista que o
esvaziamento do campo não é mais a única alternativa, embora fosse tratado
como a única verdade:
Até recentemente aceitava-se o esvaziamento populacional dos campos do
país como inexorável, sendo resultado da continuidade do processo de
intensificação da mecanização e do uso dos insumos modernos nas atividades
agrícolas. Portanto, ainda persistiria a crença de que milhares de brasileiros
continuariam deixando os campos em direção, em um primeiro momento, às
pequenas cidades, para depois migrarem para as grandes cidades e periferia
das metrópoles [...] o êxodo rural passa por uma sensível transformação,
havendo praticamente ‘uma volta ao campo’ em várias as regiões do país
(Graziano da Silva et al., 2002:2)
.
40
1.1.3. População em Movimento: Migrações, Políticas Públicas e
Pertencimento, uma Proposta de Análise.
Os processos migratórios, ao longo da história brasileira e mundial, sempre
estiveram associados ou sempre corresponderam aos processos sociais ocorridos
em recortes geográficos em geral sempre muito definidos.(Bacci, 1994) Os
estudos populacionais, em especial no Brasil, sempre buscaram associar esses
processos a novas formas de distribuição espacial da população, no sentido de
entender o seu desenvolvimento, tentando buscar seus motivos e causas a fim de
analisar seus impactos econômicos e sociais, refletindo as mudanças na estrutura
populacional dos espaços (Singer, 1973).
Nessa nova etapa de desenvolvimento mundial, em que as relações
tornam-se com cada vez mais complexas e fronteiras espaciais mais tênues,
discute-se simultaneamente: o global, o regional e o local; no entanto não há um
consenso sobre o entendimento dos conceitos e suas estratégias políticas, as
quais, cada vez mais, independem dos governos, particularmente os não
autoritários (Ianni, 1996). Assim, de acordo com Castells,
O Estado-Nação vem sendo cada vez mais destituído de poder para exercer
controle sobre a política monetária, definir o orçamento, organizar a produção e
o comércio, arrecadar impostos de pessoas jurídicas e honrar seu
compromissos visando proporcionar benefícios sociais. Em suma, o Estado-
Nação perdeu a maior parte de seu poder econômico, embora detenha ainda
certa autonomia para o estabelecimento de regulamentações e relativo controle
sobre seus sujeitos (Castells, 1999: 298).
41
Na sociedade globalizada a informatização aproxima as pessoas e
mercados em rede, ao passo que distancia ainda mais populações menos
inseridas na lógica do consumo (Castells, 1999). Em todos os aspectos – sociais,
geográficos, demográficos, econômicos –, torna-se cada vez mais heterogêneo o
significado dos processos em curso na nossa história contemporânea.
Sob a ótica dos estudos de população, entender as mudanças na estrutura
populacional na virada do século XX, no Brasil, implicaram, em grande parte na
observância das mudanças de tipos e modalidades diferenciadas que
correspondiam a processos sociais, por sua vez, também diferenciadas no tempo
e no espaço.
Analisando as mudanças na dinâmica populacional brasileira a partir das
transformações espaciais, Brito (2000) aponta para o que ele denomina de padrão
migratório, partindo da observação das regularidades dos movimentos migratórios
ao longo da segunda metade do século XX no Brasil. O Autor constata mudanças
nos padrões migratórios, onde “fundamentos econômicos, sociais e culturais das
trajetórias migratórias foram fortemente comprometidas (2000:39). Neste sentido,
fazem-se cada vez mais presentes a exacerbação da seletividade migratória,
intensifica-se os movimentos de retorno e a imobilidade social, uma vez que
permanecem desequilíbrios regionais que tendem a aprofundar a crise, gerando
novos conflitos ainda que de forma incipiente (Brito, 2000).
Baeninger (1994) ressalta a importância da formação de pólos regionais à
luz das análises da concentração populacional associada ao dinamismo
econômico regional. A Autora também aponta que os pólos regionais, por sua vez,
42
incidem sobre a redistribuição espacial da população, fazendo-se necessário a
compreensão dos novos processos, tanto do ponto de vista social, a partir da
análise das dinâmicas locais; quanto do ponto de vista territorial, a partir da
observação do processo de urbanização e suas variantes no espaço. Segundo
ela:
Neste sentido, a compreensão de novas formas espaciais de redistribuição da
população está associada tanto ao crescimento inter-regional (como dimensão
territorial do processo de urbanização) quanto a intra-regional (como expressão
local dos processos sociais), onde fenômenos semelhantes aos metropolitanos
vêm ocorrendo, porém, noutro espaço, noutro tempo e noutra escala
(Baeninger, 1994:491).
Vainer e Brito (2001) analisam os últimos 150 anos de processos
migratórios na história brasileira associados às transformações sociais, políticas,
econômicas e espaciais. Os autores identificam três períodos marcados por
grandes tendências na distribuição espacial da população. O primeiro corresponde
ao período marcado pelo trabalho livre (1888), caracterizado pela incorporação de
imigrantes estrangeiros. O segundo, o maior dos períodos, compreendido entre
1930 e 1980, que consiste no processo de industrialização e urbanização
(metropolização), expansão de fronteiras agrícolas com modernização do campo,
êxodo rural e proletarização das massas urbanas. E o último período que se inicia
na década de 80 até os dias atuais marcado por recessão econômica, redução da
taxas de crescimento das metrópoles, em especial, Rio de Janeiro e São Paulo e
crescimento das cidades médias.
43
Matos e Baeninger (2001:30) apontam as tendências espaciais da
população intrínsecas aos processos atuais de transformação da malha urbano-
industrial no Brasil, onde “a migração manifesta-se como uma componente chave
que tanto explica sua expansão concentracionista, como a desconcentração
espacial da população”. Conforme os Autores, as tendências para o Brasil
sugeriam a desaceleração populacional do Sudeste metropolitano, aumento das
taxas de urbanização para antigas áreas de fronteira agrícola e uma aumento
significativo das cidades médias e pequenas. Os Autores também pontuam a
diversidade de posicionamentos acerca dos processos emergentes sobre a
distribuição espacial ainda em curso: espraiamento, reconcentração e
desconcentração espacial das atividades econômicas e das populações.
Hogan (2001) incorpora à discussão recente, no Brasil, as relações entre
recursos naturais e os estudos migratórios que, na atualidade, mais do que serem
exemplos da relação recursos versus população, se constitui em uma componente
importante para o desenvolvimento das populações humanas, embora esta
temática seja pouco estudada por demógrafos. O Autor considera que a dimensão
ambiental vem ganhando espaço em nossas vidas: “They are factors of attraction;
expulsion or retention; factors of change and stagnation; migration selectivity;
migrant turnover; residential segregation; occupation of new lands and the
depletion of old lands; seasonal migration in agriculture; commuting (2001:217)
Patarra (2003) contextualiza as novas tendências de apropriação do espaço
pela população brasileira sugerindo uma periodização que contempla o século XIX
e XX. Nesse sentido, recupera as transformações dos processos migratórios em
44
período histórico de ocorrência, bem como a emergência e a necessidade de
repensar o significado das relações sociais, os tipos e modalidades migratórias e
as definições espaciais. Para tanto desenvolve sua análise a partir de cinco
momentos, nos quais as transformações sociais políticas, demográficas e
econômicas tem sua expressão nas formas de apropriação do espaço. O primeiro
que corresponde aos anos entre 1808 e 1890 e consiste da expansão cafeeira
baseada na mão-de-obra negra e escrava; é durante esse período que se constitui
o alicerce para as transformações espaciais dos períodos subseqüentes nos quais
se consolidam os processos de urbanização e industrialização brasileira.
O segundo período pontuado pela autora (2003) é o que consistem na
formação de um mercado interno forjado na economia agroexportadora e marcado
por fortes fluxos imigratórios internacionais. O terceiro corresponde a um período
de integração do mercado interno e desenvolvimento regional, particularmente no
Centro Sul do país. Esse período também é marcado pelo início do êxodo rural; aí
as migrações internas ganham força e há uma significativa redução da migração
internacional. No quarto período intensifica-se o êxodo rural, a expansão de
fronteira agrícola rumo ao Centro – Oeste e Norte do país e, a economia se torna
mais dinâmica. Nessa etapa incorpora-se à base industrial a produção de bens
intermediários e consumos duráveis. De acordo com autora (2001:11):
a migração interna revela a intensa mobilidade social que caracterizou o
período de rápido crescimento da economia brasileira [...] Mesmo que as
migrações reflitam processos complexos – com transformações sucessivas das
áreas de atração e da natureza dos fluxos, que vão se transformando de rural-
urbano para urbano – urbano, seus principais determinantes podiam ser
apreendidos através das mudanças na estrutura agrária fundiária e no
desempenho econômico das cidades de cada região.
45
O quinto período diz respeito à etapa mais contemporânea de análise que
compreende os anos 1980 a 2000; esse período inicia-se com crises: recessão,
desemprego, redução do produto interno bruto, não se trata apenas de
desconcentração, mas de uma instabilidade crônica retratada na rápida flutuação
do nível de atividade e na deterioração da capacidade de absorção dos mercados
de trabalho, sobretudo nas grandes metrópoles” (Patarra, 2003:13). Esse período
é marcado pela desaceleração do crescimento populacional, redução das
migrações inter-regionais, aumento das migrações de curta distância um forte
adensamento populacional nas metrópoles.
A autora (2003) também aborda a necessidade de analisar os significados
que assumem os movimentos populacionais nesse novo contexto nacional e
internacional, em que pese a observância das territorialidades.
Nesse sentido, há que se refletir também sobre as implicações do novo
contexto rural. Assim, considerando as novas formas de distribuição espacial da
população, Patarra e Passos (2003) apontam para emergência de novas
territorialidades estabelecidas a partir da redefinição das relações rurais –urbanas
mediadas pelas migrações, estas entendidas também a partir do pertencimento a
grupos sociais de referência.
Dentro de uma perspectiva mais específica voltada à compreensão da
dinâmica populacional em solo fluminense, há que se considerar que, apresenta
segundo os dados censitários de 2000, aproximadamente 96% da população vivia
em áreas definidas como urbanas; sem levar em consideração as diferenças entre
os espaços e internamente a eles.
46
Os dados apontam que o estado do Rio de Janeiro possui o maior
adensamento populacional do país, 329 hab./km², aproximadamente 75% da
população residindo na região Metropolitana do Estado (RMRJ) o que por sua vez
tende a enviesar o olhar sobre a dinâmica e distribuição espacial da população.
Neste sentido, Rua (2002:48-49) ressalta a importância da metrópole fluminense:
Num sentido amplo, pouco acurado, parece só existir a área metropolitana no
Estado do Rio de Janeiro. Entretanto no interior apesar de pouco significativo
em termos demográficos, ganha importância crescente, não somente por vir
alcançando destaque no abastecimento de alguns produtos à metrópole, mas,
principalmente, pelas variadas experiências que estão em curso, sobretudo nas
áreas rurais, tão marcadas pelo intenso processo de urbanização que apesar
de comandado a partir e pela metrópole, admite uma série de experiências
novas que estão sendo detectadas e que representam diferentes processos de
criatividade das comunidades locais que não merecem só ser estudados,
como podem significar novas soluções (emergindo de baixo para cima) para a
crise estrutural que se abate sobre nosso Estado como um todo. A essas
inovações transformadora daremos o nome de “urbanidades”. (grifos meus)
Em outra escala espacial, regionalizada, Passos e Simões (2004) apontam
para uma nova dinâmica espacial populacional, a partir das análises
intraestaduais, em direção as regiões produtoras de petróleo, as Baixadas
Litorâneas e o Norte Fluminense, áreas anteriormente tradicionais e decadentes
na produção agrícola voltada à cana-de-açúcar. Estas regiões apresentam,
atualmente, as mais distintas formas de inserção ocupacional. Neste sentido, os
Autores apontam para uma segregação socioespacial que tende a tencionar suas
possibilidades de desenvolvimento.
47
Tomando em conta essas transformações no sentido de perceber as
migrações, busca-se avançar no sentido de uma análise integrada que estabeleça
recortes geográficos e temporais associada a outras dimensões das situações
concretas estudadas. Faz-se necessário, assim, considerar as transformações
sociais nas relações rurais-urbanas à luz de uma nova roupagem conceitual a
respeito dos processos migratórios.
Assim sendo, o estudo baseou-se num tripé conceitual e operacional:
1) O novo debate a respeito da dicotomia rural-urbana e suas variantes, dado o
contexto atual, que aponta as dificuldades conceituais e operacionais em se
estabelecer o que é rural e urbano; a ponto de chegar a pensar se realmente há
uma necessidade em fazer tal distinção, se realmente a dicotomia faz sentido, ou
seja, se de fato ela existe;
2) As políticas públicas, que no contexto atual, partem de pressupostos de
espaços dicotômicos para estabelecerem critérios e promover desenvolvimento
das localidades, por outro lado tentam uma (re)orientação política tornando o
agricultor familiar protagonista de seu esforço, entendendo-o como uma categoria
síntese de vários segmentos sociais, que nem sempre cabem dentro dessa
percepção dicotômica.
3) Os processos migratórios como mediadores das novas relações rurais-
urbanas.
48
Daí em diante, os procedimentos metodológicos adotados conduziram à
análise em dois níveis de observação para compreender e estabelecer ruralidades
vigentes sobre essa perspectiva migratória. O primeiro nível captou essas
ruralidades a partir de uma análise dos processos migratórios associados a
indicadores sociais, econômicos e ambientais.
O recorte temporal considera os movimentos migratórios a partir das
mudanças de residência nos últimos cinco anos, quesito de data fixa
2
do censo O
nível municipal é fundamental para entender as mudanças de trajetórias recentes
da população e só poderia ser obtido a partir deste quesito, muito embora o
estudo contemple a abordagem regional. Nesta etapa utilizaram-se dois diferentes
recortes geográficos: o estado do Rio de Janeiro como um todo e subdividido em
suas oito Regiões de Governo do Estado (2001).
Análise assim realizada associou aos níveis de rendimentos mensurados
em salários mínimos; anos de estudo; e ocupações, subdivididos em migrantes
intraestaduais
3
e não migrantes, para compreender as simetrias e assimetrias
populacionais. Neste sentido as categorias migrantes e não migrantes e sua
seletividade para fins do estudo correspondem à representação empírica das
possíveis combinações existentes entre as relações dos “dentro” e os de “fora”,
tomando por empréstimo a relações estabelecidas por Carneiro (2001), ainda que
essa correspondência (proxy) esteja sujeita a análise das reduções das relações
sociais. Assim, migrantes e não migrantes constituem “proxy” das relações sociais
2
demográfico 2000 onde pergunta-se: onde (município) a pessoa residia em 31.07.1995
.
3 Ver no apêndice metodológico
49
estabelecidas entre os migrantes e não migrantes nesses últimos cinco anos no
Rio de Janeiro. A utilização dessas variáveis corresponde ao que se denomina
nos estudos de população de seletividade migratória.
Além dessas variáveis observaram-se outras formas de analisar a
distribuição espacial da população fluminense: taxas de crescimento geométrico e
eixos de urbanização. Coube também a análise migratória por mudança de
situação de domicílio que corresponde a dizer quem migrou de áreas rurais e
urbanas.
Os indicadores e estudos de ordem social, espacial, econômica e
ambiental, respectivamente foram: Índice Qualidade dos Municípios - Carências,
presença de turismo rural (medido através de hotéis fazendas), existência de
feiras e exposições agropecuárias, disposição dos assentamentos rurais no
Estado, Produto Interno Bruto por setores, produção agrícola e pecuária municipal,
Cobertura do Solo e o estudo Geoambiental.
Combinando essas fontes de informação - indicadores e estudos – foi
possível sistematizar uma tipologia de níveis de ruralidades a partir da
hierarquização dos elementos da análise tematizados em:
50
Partindo dessa hierarquização observaram-se cinco níveis de ruralidades,
onde
Migração e
Mobilidade Espacial da
População
Quadro Físico e
Ambiental
Atividades Agrícolas e
Modernização Agrícola
Manifestação Rural
Políticas Públicas de
Desenvolvimento Rural
RURALIDADES
MUITO ALTO
INTERMEDIÁRIO
BAIXO
MUITO - BAIXO
ALTO
51
O segundo nível de análise adotado é de tipo qualitativo, busca –se
reconstruir as relações rurais-urbanas, onde se analisa o “rural como categoria
social realizada”, sob a qual se estabelece uma heterogeneidade de relações
sociais entre os atores que pode ser expressa pela relação de pertencimento aos
grupos sociais de referência.
O pertencimento é considerado uma dimensão dos processos migratórios
no que diz respeito às relações rurais-urbanas e parte da premissa do não
esgotamento dessas relações, analisado quantitativamente. Assim, os processos
migratórios assumem uma nova conotação percebida a partir do levantamento
qualitativo – estudo de caso –, onde se procura captar os laços de pertencimento
aos grupos sociais de referência tendo nos processos migratórios seu mediador
de relações rurais - urbanas.
Para tanto se investigou seis áreas no município de Campos dos
Goytacazes, entendendo o município como um sintetizador de várias ruralidades.
As áreas são: o distrito de Campos dos Goytacazes – centro do município –; o
distrito de Dores de Macabu, o distrito de Santa Maria de Campos, o
assentamento Zumbi dos Palmares, o assentamento Che Guevara, o
assentamento Antônio de Farias e o assentamento de Ilha Grande.
Os atores sociais envolvidos correspondem a pesquisadores, técnicos,
produtores e produtores assentados e representantes de movimentos sociais
52
organizados; buscou-se selecionar entrevistas em distintas faixas etárias
4
. Foram
realizados 3 roteiros de entrevistas a saber: uma com os produtores e produtores-
assentado; a segunda com outros profissionais que atuam no campo técnicos,
pesquisadores, gestores representantes dos movimentos sociais; e a última com
moradores “anciãos” das comunidades. A seleção dos entrevistados, em linhas
gerais obedeceu a conjunto de critérios como: acessibilidade e confiabilidade.
Para a interpretação das entrevistas utilizou –se um conjunto de temas que
correspondem às trajetórias da população entrevistada, suas percepções e
engajamento dos indivíduos com os grupos de referência quanto a comportamento
e interação; papel das políticas em especial do PRONAF como uma política
pública contemporânea que reflete as transformações na adoção do
desenvolvimento rural; buscou-se captar, ainda as modalidades e tipos de
migração por eles vivenciados.
4 Maiores informações a respeito da descrição da metodologia está no capítulo 4.
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Resumo
O presente trabalho se insere no debate atual, nacional e internacional, sobre as
transformações nas relações rurais – urbanas que se expressam em novas configurações
espaciais, novas modalidades de movimentos migratórios e de distribuição espacial da
população, bem como em rupturas ou alterações das antigas formas de organização do
espaço e das relações sociais em curso.
Essas transformações repõem a relação rural-urbano em um outro contexto e/ou
em um outro momento de nossa história contemporânea, onde a fluidez dos espaços e as
barreiras tanto geográficas, sociais, econômicas e demográficas estão cada vez mais
presentes, tênues e plurais.
Sob esse aspecto o rural como um modo de vida reflete-se em hábitos e
comportamentos, em projeções de "campo" e "cidade" que habitam o imaginário dos
atores, em manifestações culturais que extravasam a clivagem dicotômica rural-urbano e
por muitas vezes fronteiras nacionais.
Considerando essas transformações, a preocupação desta dissertação voltou-se
às novas configurações como uma forma de superação da tradicional dicotomia; no
entanto, o encaminhamento do estudo sugere não se tratar de uma superação, mas de
reconstrução da dicotomia no mesmo espaço. Nessa perspectiva os migrantes foram
pensados no sentido de reconstruir, através das trajetórias recentes da população
fluminense, uma mediação dessa heterogeneidade de ruralidades associada a vários
indicadores de ordem econômica, social e ambiental.
Adotou-se como procedimento metodológico uma análise dessas novas relações
rurais-urbanas ancoradas em dois eixos: o primeiro, que consistiu na análise regional dos
movimentos migratórios recentes no Rio de Janeiro e na construção de uma tipologia das
novas ruralidades fluminenses; o segundo, analisando as migrações no estudo de caso
qualitativo, como mediadora das transformações rurais -urbanas e dimensão expressiva
nas criações de laços de pertencimento, ou seja, na re-construção da dicotomia rural-
urbana no mesmo espaço.
Palavras – Chave: dicotomia – migração – políticas públicas -ruralidades - pertencimento.
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À ENCE /IBGE, pelos auxílios a mim concedidos, sem os quais este trabalho não poderia
ser realizado.
À minha orientadora Professora Neide Lopes Patarra, pelo estímulo, parceria e por fazer
da docência um gesto de amor. “
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À Banca Examinadora pela disponibilidade e solicitude.
Aos Professores: Paulo Jannuzzi, Kaizô Beltrão, Ana Amélia Camarano e Jane Souto,
pelas contribuições valorosas.
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Ao Professor José Eustáquio e Paulo Jannuzzi pelo apoio fundamental na reta de
chegada.
À todos os funcionários ENCE, pelo apoio, incentivo e carinho.
Aos companheiros e amigos de Banco da Terra: José Afonso, Edson, Luiz Alberto e Paulo
Cézar. Nestas pessoas personifico sinceros agradecimentos a todos extensionistas e
produtores.
A Vanete, ao Renato e ao Luiz Carlos, extensionistas, e ao Professor Celso Acácio pelo o
apoio logístico que permitiu a realização do trabalho campo.
Nas pessoas da Inês, do Juvenal e do Davi personifico meus sinceros agradecimentos a
todos os representantes de movimentos sociais organizados.
A Naduska pela revisão e incentivo.
Nas figuras de Bruno Oliveira, Maria de Fátima, Luiz Wanderley, Cleide e Orfir personifico
meus agradecimentos a todos os familiares.
Aos amigos que de uma forma ou de outra contribuíram para a realização deste trabalho.
Afinal de contas, a amizade como qualquer outra forma de amor, acontece.
IV
Aos amigos de outras jornadas e sempre: José Eduardo, Viviane, Leise, Marcos,
Marcelo, Andréa, Jollana, Lívia, Luanara, Roberta, Ana, Alba e Francisco.
Aos amigos da ENCE / IBGE e de sempre: Carlos Frederico, Leonardo, Vera,
Jaílson, Marcela, Solange, Menezes, Luciano, Nádia, Gama, Mercedes, Ribeiro,
Lurdes, Carlos, Ana Luiza, Castiglione, Artur, Moema, Vantoan, Leila, André,
Tadeu.
A Simone Souza pelo apoio e amizade nos momentos bons e em especial nos
mais turbulentos.
A Débora Santana, a amiga mais aguerrida, admirável e companheira.
A Lucia Maria, a nossa pequena e notável amiga pela amizade e apoio.
A Juliana Leitão e Mello, a amiga mais insegura, mais sensível e mais inteligente.
A Angélica Faria, a amiga mais irmã.
Ao Kleber Fernandes o “cabra” mais amigo e lutador.
Ao Humberto Corrêa pela amizade, carinho e conforto, sempre um porto inseguro
nos momentos difíceis.
Ao Ivo Bucaresky pela amizade, integridade, generosidade, apoio, carinho, bom
humor e coragem.
Ao Paulo Henrique Furtado pela amizade, cuja subversão e os pensamentos para
além do capital merecem todo respeito e admiração.
V
Sumário
INTRODUÇÃO.................................................................................................................................................................................. 1
1.
POPULAÇÃO EM MOVIMENTO: SERÁ O FIM DA DICOTOMIA?........................................................................................ 8
1.1.POPULAÇÃO
EM MOVIMENTO: ASPECTOS TEÓRICOS E EMPÍRICOS.......................................................................... 8
1.1.2
POPULAÇÃO EM MOVIMENTO: O PAPEL DAS POLÍTICAS PÚBLICAS....................................................................... 21
1.1.3.
POPULAÇÃO EM MOVIMENTO: MIGRAÇÕES, POLÍTICAS PÚBLICAS E PERTENCIMENTO, UMA PROPOSTA
DE ANÁLISE.....................................................................................................................................................................................
41
2.
POPULAÇÃO EM MOVIMENTO: AS MIGRAÇÕES E SUA SELETIVIDADE....................................................................... 51
2.1.
A DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DA POPULAÇÃO FLUMINENSE........................................................................................ 55
2.2.“ZANZA
DAQUI, ZANZA PRA ACOLÁ”: SELETIVIDADE MIGRATÓRIA INTRAESTADUAL...................................... 57
2.2.1.
REGIÃO METROPOLITANA DO RIO DE JANEIRO........................................................................................................... 68
2.2.1.1
A SELETIVIDADE MIGRATÓRIA REGIÃO METROPOLITANA................................................................................... 75
2.2.2
REGIÃO NORTE FLUMINENSE............................................................................................................................................ 85
2
2.2.1 SELETIVIDADE MIGRATÓRIA NA REGIÃO NORTE FLUMINENSE........................................................................... 91
2.2.3
REGIÃO DAS BAIXADAS LITORÂNEAS............................................................................................................................ 94
2.2.3.1.SELETIVIDADE
MIGRATÓRIA NA REGIÃO DAS BAIXADAS LITORÂNEAS................................... ....................... 96
2.2.4.
REGIÃO DA BAÍA DE ILHA GRANDE................................................................................................................................ 99
2.2.4.1SELETIVIDADE
MIGRATÓRIA NA REGIÃO DA BAÍA DE ILHA GRANDE................................................................. 102
2.2.5
REGIÃO CENTRO SUL FLUMINENSE ................................................................................................................................ 104
2.2.5.1
SELETIVIDADE MIGRATÓRIA NA REGIÃO CENTRO-SUL FLUMINENSE.............................................................. 107
2.2.6
REGIÃO SERRANA................................................................................................................................................................. 110
2.2.6.1.
SELETIVIDADE MIGRATÓRIA NA REGIÃO SERRANA............................................................................................... 112
2.7.
REGIÃO DO MÉDIO PARAÍBA............................................................................................................................................... 115
2.2.7.1
SELETIVIDADE MIGRATÓRIA NA REGIÃO DO MÉDIO PARAÍBA............................................................................ 118
2.2.8.
REGIÃO NOROESTE FLUMINENSE................................................................................................................................... 120
2.2.8.1.
SELETIVIDADE MIGRATÓRIA NA REGIÃO DO NOROESTE FLUMINENSE........................................................... 122
3.
AS RURALIDADES FLUMINENSES.......................................................................................................................................... 128
4.
POPULAÇÃO EM MOVIMENTO: CAMPOS DOS GOYTACAZES, ENCONTROS E DESPEDIDAS................................... 150
4.1.
POPULAÇÃO EM MOVIMENTO EM CAMPOS: PASSADO E DO PRESENTE.................................................................. 151
4.2.
POPULAÇÃO EM MOVIMENTO EM CAMPOS: ASPECTOS GERAIS DA DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DA
POPULAÇÃO..................................................................................................................................................................................... 158
4.2.1.
POPULAÇÃO EM MOVIMENTO EM CAMPOS: A SELETIVIDADE MIGRATÓRIA...................................................... 166
4.3.POPULAÇÃO
EM MOVIMENTO EM CAMPOS: RURALIDADES........................................................................................ 173
4.4
POPULAÇÃO EM MOVIMENTO EM CAMPOS: POLÍTICAS, MIGRAÇÕES E PERTENCIMENTO................................. 181
4.4.1
METODOLOGIA DO ESTUDO DE CASO.............................................................................................................................. 181
4.4.4.1.
POPULAÇÃO EM MOVIMENTO EM CAMPOS DOS GOYTACAZES E AS MIGRAÇÕES: AS TRAJETÓRIAS
RURAIS E URBANAS.......................................................................................................................................................................
188
4.4.4.2.POPULAÇÃO
EM MOVIMENTO EM CAMPOS: AUSÊNCIAS, FARTURA E TRADIÇÕES........................................ 193
4.4.4.3.
POPULAÇÃO EM MOVIMENTO EM CAMPOS: O TRABALHO ESCRAVO................................................................. 205
VI
4.4.4.POPULAÇÃO EM MOVIMENTO EM CAMPOS: SANTA MARIA E DORES DE MACABU, O QUE É O RURAL?... 207
4.4.4.5.POPULAÇ
ÃO EM MOVIMENTO EM CAMPOS: AS POLÍTICAS PÚBLICAS. O PRONAF EM QUESTÃO................. 212
4.4.6.
POPULÃO EM MOVIMENTO: O LEGADO DA TERRA................................................................................................ 220
CONSIDERAÇÕES
FINAIS............................................................................................................................................................. 223
BIBLIOGRAFIA................................................................................................................................................................................ 225
FONTES
DE DADOS........................................................................................................................................................................ 233
ANEXOS............................................................................................................................................................................................ 234
TABELAS.......................................................................................................................................................................................... 240
MUNICÍPIOS
DESMEMBRADOS.................................................................................................................................................. 240
MUNICÍPIO
CRIADO E MUNICÍPIO ORIGEM............................................................................................................................. 240
APÊNDICE
METODOLÓGICO....................................................................................................................................................... 241
ROTEIRO
1........................................................................................................................................................................................ 252
ROTEIRO
2........................................................................................................................................................................................ 253
ROTEIRO
3........................................................................................................................................................................................ 254
VII
LISTAS DE TABELAS
T
ABELA 1: DISTRIBUIÇÃO DA POPULAÇÃO (%) DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO SEGUNDO REGIÕES DE GOVERNO.57
T
ABELA 2: POPULAÇÃO RESIDENTE, SEGUNDO SITUAÇÃO E LOCALIZAÇÃO DA ÁREA RIO DE JANEIRO, 2000. .... 58
T
ABELA 4: SALDO MIGRATÓRIO E ÍNDICE DE EFICÁCIA MIGRATÓRIA RIO DE JANEIRO REGIÕES DE GOVERNO,
2000. .................................................................................................................................................................58
T
ABELA 5: PROPORÇÃO DE PESSOAS DE 5 ANOS OU MAIS DE IDADE QUE RESIDIAM NO MUNICÍPIO E PROPORÇÃO DE
PESSOAS MUDARAM DE MUNICÍPIO EM
31.07.1995 NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, SEGUNDO ANOS DE
ESTUDO
, 200.0.....................................................................................................................................71
T
ABELA 6: PROPORÇÃO DE PESSOAS ECONOMICAMENTE ATIVAS RESIDENTE DE 5 ANOS OU MAIS DE IDADE QUE
RESIDIAM E NÃO RESIDIAM NO MUNICÍPIO EM
31.07.1995 NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, SEGUNDO ANOS DE
ESTUDO
, 2000......................................................................................................................................72
T
ABELA 7: PROPORÇÃO DE PESSOAS DE 5 ANOS OU MAIS DE IDADE QUE RESIDIAM E NÃO RESIDIAM NO MUNICÍPIO EM
31.07.1995 NO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, SEGUNDO FAIXAS DE RENDIMENTO, 2000..............................74
T
ABELA 8: PROPORÇÃO DE PESSOAS DE 5 ANOS OU MAIS DE IDADE QUE RESIDIAM E NÃO RESIDIAM NO MUNICÍPIO EM
31.07.1995 DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO, SEGUNDO GRANDES GRUPOS OCUPACIONAIS, 2000.............75
T
ABELA 9: NÚMERO DE ESTABELECIMENTOS, OPERÁRIOS E VALOR DA PRODUÇÃO DISTRITO FEDERAL E SÃO
PAULO................................................................................................................................................................76
T
ABELA 10: PESSOAS DE 5 ANOS OU MAIS DE IDADE QUE RESIDIAM E QUE NÃO RESIDIAM NO MUNICÍPIO EM
31.07.1995, SEGUNDO ANOS DE ESTUDO REGIÃO METROPOLITANA DO RIO DE JANEIRO, 2000. .................81
T
ABELA 11: POPULAÇÃO ECONOMICAMENTE ATIVA QUE RESIDIA E NÃO RESIDIA NO MUNICÍPIO EM 31.07.1995,
SEGUNDO ANOS DE ESTUDO
- REGIÃO METROPOLITANA DO RIO DE JANEIRO, 200082ERRO! INDICADOR NÃO
DEFINIDO
.
T
ABELA 12: POPULAÇÃO ECONOMICAMENTE ATIVA QUE RESIDIA E NÃO RESIDIA NO MUNICÍPIO EM 31.07.1995 NA
REGIÃO
METROPOLITANA DO RIO DE JANEIRO, SEGUNDO FAIXAS DE RENDIMENTO, 2000. ...........................83
T
ABELA 13:POPULAÇÃO ECONOMICAMENTE ATIVA QUE RESIDIA E NÃO RESIDIA NO MUNICÍPIO EM 31.07.1995,
SEGUNDO OS GRANDES GRUPOS OCUPACIONAIS
- REGIÃO METROPOLITANA DO RIO DE JANEIRO, 2000. ... 84
T
ABELA 14: REPARTIÇÃO DOS ROYALTIES PELOS MUNICÍPIOS PERTENCENTES A OMPETRO...............................87
VIII
TABELA 15:POPULAÇÃO ECONOMICAMENTE ATIVA QUE RESIDIA E NÃO RESIDIA NO MUNICÍPIO EM 31.07.1995,
SEGUNDO OS GRANDES GRUPOS OCUPACIONAIS
REGIÃO NORTE FLUMINENSE 2000.............................. 91
T
ABELA 16: POPULAÇÃO ECONOMICAMENTE ATIVA QUE RESIDIA E NÃO RESIDIA NO MUNICÍPIO EM 31.07.1995,
SEGUNDO OS GRANDES GRUPOS OCUPACIONAIS
- REGIÃO NORTE FLUMINENSE 2000...............................92
T
ABELA 17: POPULAÇÃO ECONOMICAMENTE ATIVA QUE RESIDIA E NÃO RESIDIA NO MUNICÍPIO EM 31.07.1995,
SEGUNDO FAIXAS DE RENDIMENTO REGIÃO
NORTE FLUMINENSE, 2000........................................................ 92
T
ABELA 18: POPULAÇÃO ECONOMICAMENTE ATIVA QUE RESIDIA E NÃO RESIDIA NO MUNICÍPIO EM 31.07.1995,
SEGUNDO OS GRANDES GRUPOS OCUPACIONAIS
- REGIÃO NORTE FLUMINENSE 2000................................93
T
ABELA 18: ROYALTIES RECEBIDOS ENTRE JANEIRO E JULHO DE 2002, SEGUNDO A CONDIÇÃO DO MUNICÍPIO
BENEFICIÁRIO
.....................................................................................................................................................93
T
ABELA 19: POPULAÇÃO QUE RESIDIA E NÃO RESIDIA NO MUNICÍPIO EM 31.07.1995, SEGUNDO OS GRUPOS ANOS DE
ESTUDOS
- REGIÃO BAIXADAS LITORÂNEAS 2000.........................................................................................97
T
ABELA 20: POPULAÇÃO ECONOMICAMENTE ATIVA QUE RESIDIA E NÃO RESIDIA NO MUNICÍPIO EM 31.07.1995,
SEGUNDO ANOS DE ESTUDO
- REGIÃO DAS BAIXADAS LITORÂNEAS.2000 ......................................................97
T
ABELA 21: POPULAÇÃO ECONOMICAMENTE ATIVA QUE RESIDIA E NÃO RESIDIA NO MUNICÍPIO EM 31.07.1995,
SEGUNDO FAIXAS DE RENDIMENTO
- REGIÃO DAS BAIXADAS LITORÂNEAS ......................................................98
T
ABELA 22:POPULAÇÃO ECONOMICAMENTE ATIVA QUE RESIDIA E NÃO RESIDIAM NO MUNICÍPIO EM 31.07.1995,
SEGUNDO OS GRANDES GRUPOS OCUPACIONAIS
- REGIÃO DAS BAIXADAS LITORÂNEAS 2000...................99
T
ABELA 23: POPULAÇÃO ECONOMICAMENTE ATIVA QUE RESIDIA E NÃO RESIDIA NO MUNICÍPIO EM 31.07.1995,
SEGUNDO OS ANOS DE ESTUDO
- REGIÃO DA BAÍA DE ILHA GRANDE 2000................................................103
T
ABELA 24 : POPULAÇÃO ECONOMICAMENTE ATIVA QUE RESIDIA E QUE NÃO RESIDIA BAÍA DE ILHA GRANDE –, 2000.
.........................................................................................................................................................................103
T
ABELA 25: POPULAÇÃO ECONOMICAMENTE ATIVA QUE RESIDIA E NÃO RESIDIA NO MUNICÍPIO EM 31.07.1995,
SEGUNDO OS GRANDES GRUPOS OCUPACIONAIS
- REGIÃO METROPOLITANA DO RIO DE JANEIRO 2000 .104
T
ABELA 26: POPULAÇÃO ECONOMICAMENTE ATIVA QUE RESIDIA E NÃO RESIDIA NO MUNICÍPIO EM 31.07.1995,
SEGUNDO OS GRANDES GRUPOS OCUPACIONAIS
- REGIÃO METROPOLITANA DO RIO DE JANEIRO 2000 .105
T
ABELA 27: POPULAÇÃO ECONOMICAMENTE ATIVA QUE RESIDIA E NÃO RESIDIA NO MUNICÍPIO EM 31.07.1995,
SEGUNDO GRUPOS DE ANOS DE ESTUDO
- REGIÃO CENTRO SUL 2000 .....................................................108
IX
TABELA 28: POPULAÇÃO ECONOMICAMENTE ATIVA QUE RESIDIA E NÃO RESIDIA NO MUNICÍPIO EM 31.07.1995,
SEGUNDO GRUPOS DE ANOS DE ESTUDO
REGIÃO CENTRO SUL FLUMINENSE 2000...............................108
T
ABELA 29: POPULAÇÃO ECONOMICAMENTE ATIVA QUE RESIDIA E NÃO RESIDIA NO MUNICÍPIO EM 31.07.1995,
SEGUNDO ESTRATOS DE RENDIMENTO
- REGIÃO CENTRO SUL FLUMINENSE 2000....................................109
T
ABELA 30: POPULAÇÃO ECONOMICAMENTE ATIVA QUE RESIDIA E NÃO RESIDIA NO MUNICÍPIO EM 31.07.1995,
SEGUNDO OS GRANDES GRUPOS OCUPACIONAIS
REGIÃO CENTRO SUL FLUMINENSE 2000..................110
T
ABELA 31: PESSOAS COM 5 ANOS E MAIS QUE RESIDIAM E NÃO RESIDIAM NO MUNICÍPIO EM 31.07.1995, SEGUNDO
OS GRUPOS DE ANOS DE ESTUDO
- REGIÃO SERRANA, 2000........................................................................113
T
ABELA 32: POPULAÇÃO ECONOMICAMENTE ATIVA QUE RESIDIA E NÃO RESIDIA NO MUNICÍPIO EM 31.07.1995,
SEGUNDO OS ANOS DE ESTUDO
-REGIÃO SERRANA –– 2000 ........................................................................113
T
ABELA 33: POPULAÇÃO ECONOMICAMENTE ATIVA QUE RESIDIA E NÃO RESIDIA NO MUNICÍPIO EM 31.07.1995,
SEGUNDO EXTRATOS DE RENDIMENTO
REGIÃO SERRANA, 2000................................................................114
T
ABELA 34: POPULAÇÃO ECONOMICAMENTE ATIVA QUE RESIDIA E NÃO RESIDIA NO MUNICÍPIO EM 31.07.1995 DA
REGIÃO
SERRANA, SEGUNDO OS GRANDES GRUPOS OCUPACIONAIS –– 2000 .............................................115
T
ABELA 35: PESSOAS COM 5 ANOS E MAIS RESIDIAM E QUE NÃO RESIDIAM NO MUNICÍPIO EM 31.07.1995, SEGUNDO
OS GRANDES GRUPOS OCUPACIONAIS
- REGIÃO DO MÉDIO PARAÍBA 2000 ...............................................118
T
ABELA 36: POPULAÇÃO ECONOMICAMENTE ATIVA QUE RESIDIA E NÃO RESIDIA NO MUNICÍPIO EM 31.07.1995,
SEGUNDO GRUPOS DE ANOS DE ESTUDO
- REGIÃO DO MÉDIO PARAÍBA 2000...........................................118
T
ABELA 37: POPULAÇÃO ECONOMICAMENTE ATIVA QUE RESIDIA E NÃO RESIDIA NO MUNICÍPIO EM 31.07.1995,
SEGUNDO EXTRATOS DE RENDIMENTO
REGIÃO DO MÉDIO PARAÍBA, 2000...............................................119
T
ABELA 38: POPULAÇÃO ECONOMICAMENTE ATIVA QUE RESIDIA E NÃO RESIDIA NO MUNICÍPIO EM 31.07.1995,
SEGUNDO OS GRANDES GRUPOS OCUPACIONAIS
-REGIÃO MÉDIO PARAÍBA, 2000.......................................120
T
ABELA 39: PESSOAS COM 5 ANOS E MAIS ATIVA NÃO RESIDIAM NO MUNICÍPIO EM 31.07.1995, SEGUNDO OS ANOS DE
ESTUDO
REGIÃO NOROESTE FLUMINENSE 2000......................................................................................123
T
ABELA 40: POPULAÇÃO ECONOMICAMENTE ATIVA QUE RESIDIA E NÃO RESIDIA NO MUNICÍPIO EM 31.07.1995,
SEGUNDO OS GRANDES DE ANOS DE ESTUDO
- REGIÃO NOROESTE FLUMINENSE 2000 ...........................123
T
ABELA 41: POPULAÇÃO ECONOMICAMENTE ATIVA QUE RESIDIA E NÃO RESIDIAM NO MUNICÍPIO EM 31.07.1995,
SEGUNDO EXTRATOS DE RENDIMENTO
REGIÃO NOROESTE FLUMINENSE 2000 .....................................124
X
TABELA 42: POPULAÇÃO ECONOMICAMENTE ATIVA QUE RESIDIA E QUE NÃO RESIDIA NO MUNICÍPIO EM 31.07.1995,
SEGUNDO OS GRANDES GRUPOS OCUPACIONAIS
REGIÃO NOROESTE FLUMINENSE, 2000.......................124
T
ABELA 43: PRODUTO INTERNO BRUTO (PIB) AGROPECUÁRIO PARA AS REGIÕES DE GOVERNO DO ESTADO RIO DE
JANEIRO ...........................................................................................................................................................134
T
ABELA 44: QUANTIDADE PRODUZIDA, VALOR DA PRODUÇÃO, ÁREA PLANTADA E ÁREA COLHIDA DA LAVOURA
PERMANENTE
RIO DE JANEIRO. 2002.......................................................................................................138
T
ABELA 45: POPULAÇÃO ECONOMICAMENTE ATIVA NÃO RESIDIAM NO MUNICÍPIO EM 31.07.1995, SEGUNDO OS
GRANDES GRUPOS OCUPACIONAIS
REGIÃO METROPOLITANA DO RIO DE JANEIRO 2000.......................139
T
ABELA 46: ÁREA DESTINADA À COLHEITA, ÁREA COLHIDA, QUANTIDADE PRODUZIDA, RENDIMENTO MÉDIO E VALOR DA
PRODUÇÃO DOS PRINCIPAIS PRODUTOS DAS LAVOURAS PERMANENTES
RIO DE JANEIRO 2001. ..........140
T
ABELA 47: ÁREA DESTINADA À COLHEITA, ÁREA COLHIDA, QUANTIDADE PRODUZIDA, RENDIMENTO MÉDIO E VALOR DA
PRODUÇÃO DOS PRINCIPAIS PRODUTOS DAS LAVOURAS TEMPORÁRIAS
RIO DE JANEIRO 2001. ...........141
T
ABELA 48: EFETIVO DOS REBANHOS POR TIPO DE REBANHO (%) RIO DE JANEIRO, 2001................................141
T
ABELA 49: ESTABELECIMENTOS ASSOCIADOS À COOPERATIVAS, SEGUNDO ATIVIDADE ECONÔMICA PRINCIPAL RIO
DE
JANEIRO 1995-96 ......................................................................................................................................142
T
ABELA 50: VALORES DE INVESTIMENTO, FINANCIAMENTO, DESPESAS E RECEITAS (MIL REAIS) - RIO DE JANEIRO
1995-96...........................................................................................................................................................144
T
ABELA 51: TRATORES, MAQUINARIA,CAMINHÕES E UTILITÁRIOS PARA AS REGIÕES DE GOVERNO 1995-96. 144
T
ABELA 52: PRINCIPAIS FESTIVIDADES NOS MUNICÍPIOS DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO SEGUNDO ORIGEM RURAL145
TABELA
53:POPULAÇÃO RESIDENTE NO NORTE FLUMINENSE..................................................................159
TABELA 54: DENSIDADE DEMOGRÁFICA DO NORTE FLUMINENSE .................................................................160
TABELA 55: POPULAÇÃO RESIDENTE NOS DISTRITOS DE CAMPOS ..............................................................160
TABELA 56:POPULAÇÃO MAIOR DE 5 ANOS DE IDADE QUE RESIDIA E QUE NÃO RESIDIA, SEGUNDO ANOS DE ESTUDO¹ -
CAMPOS DOS GOYTACAZES (RJ), 2000. ..............................................................................................166
T
ABELA 57: POPULAÇÃO ECONOMICAMENTE ATIVA RESIDENTE EM CAMPOS DOS GOYTACAZES (RJ)– 2000 QUE NÃO
RESIDIAM NO MUNICÍPIO EM
31.07.1995, SEGUNDO ANOS DE ESTUDO.........................................................160
XI
TABELA 58: POPULAÇÃO ECONOMICAMENTE ATIVA RESIDENTE EM CAMPOS DOS GOYTACAZES (RJ)– 2000 QUE NÃO
RESIDIAM NO MUNICÍPIO EM
31.07.1995, SEGUNDO EXTRATOS DE RENDIMENTO.ERRO! INDICADOR NÃO
DEFINIDO
.
T
ABELA 59: POPULAÇÃO ECONOMICAMENTE ATIVA RESIDENTE EM CAMPOS DOS GOYTACAZES (RJ)– 2000 QUE NÃO
RESIDIAM NO MUNICÍPIO EM
31.07.1995, SEGUNDO OS GRANDES GRUPOS OCUPACIONAIS ....................... 169
T
ABELA 60 :EVOLUÇÃO DOS ORÇAMENTOS DO MUNICÍPIO DE CAMPOS DOS GOYTACAZES: 1995-2005 (R$1.000)170
T
ABELA 61: PESSOAS DE 5 ANOS OU MAIS DE IDADE QUE RESIDIAM E QUE NÃO RESIDIAM NO MUNICÍPIO EM
31.07.1995, POR SITUAÇÃO DO DOMICÍLIO ATUAL, SEGUNDO A SITUAÇÃO DO DOMICÍLIO DE RESIDÊNCIA EM
31.07.1995........................................................................................................................................173
T
ABELA 63: ESTABELECIMENTOS COM INFORMAÇÃO DE USO DE ASSISTÊNCIA TÉCNICA, ADUBO E CORRETIVOS,
CONTROLE DE PRAGAS E DOENÇAS, CONSERVAÇÃO DO SOLO, IRRIGAÇÃO, ENERGIA ELÉTRICA ............174
T
ABELA 64 : MAQUINARIA E VEÍCULOS EXISTENTES NOS ESTABELECIMENTOS EM 31.12.1995 PARA CAMPOS DOS
GOYTACAZES (RJ)...........................................................................................................................................176
T
ABELA 65: PRODUTOS POR RENDIMENTO (PR/HA) CAMPOS DOS GOYTACAZES (RJ) 2002.........................177
T
ABELA 66: PRODUTOS, ÁREA PLANTADA E COLHIDA (HA) CAMPOS DOS GOYTACAZES (RJ) - 2002...............180
T
ABELA 67: PERFIL DOS INFORMANTES ...................................................................................................................182
T
ABELA 70: PERFIL DOS INFORMANTES, SEGUNDO OCUPAÇÃO ..............................................................................182
XII
Listas de Mapas.
MAPA 1: DIVISÃO POLÍTICO ADMINISTRATIVO RIO DE JANEIRO, 2000. ............................................................. 55
MAPA 2.: DISTRIBUIÇÃO DA POPULAÇÃO DO ESTADOS DO RIO DE JANEIRO 2000 SEGUNDO O TAMANHO
POPULACIONAL OS
MUNICÍPIOS................................................................................................................ 56
MAPA 3: TAXAS DE CRESCIMENTO A PARA OS MUNICÍPIOS FLUMINENSES........................................................... 59
MAPA 4: PRINCIPAIS EIXOS DE URBANIZAÇÃO DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO 2001 - NEGEF........................ 63
MAPA 5: DESLOCAMENTO POR MOTIVO DE TRABALHO E /OU ESTUDO DO RIO DE JANEIRO, 2000.......................... 67
MAPA 6 : PESSOAS QUE IMIGRARAM PARA A REGIÃO METROPOLITANA DO RIO DE JANEIRO - 2000 ...................... 78
MAPA 7: PESSOAS QUE EMIGRARAM PARA A REGIÃO METROPOLITANA DO RIO DE JANEIRO - 2000...................... 79
MAPA 8: DOS PRINCIPAIS FLUXOS INTRAMETROPOLITANOS ESPRAIAMENTO DO CENTRO EM DIREÇÃO À PERIFERIA80
MAPA 9 : PESSOAS QUE IMIGRARAM PARA A REGIÃO NORTE FLUMINENSE (RJ) - 2000........................................ 89
MAPA 10 : PESSOAS QUE EMIGRARAM PARA A REGIÃO NORTE FLUMINENSE (RJ) - 2000 .................................... 90
MAPA 11 : PESSOAS QUE IMIGRARAM PARA A REGIÃO DAS BAIXADAS LITORÂNEAS (RJ) - 2000 ........................... 95
MAPA 12 : PESSOAS QUE EMIGRARAM DA REGIÃO DAS BAIXADAS LITORÂNEAS (RJ) - 2000 ................................ 96
M
APA 13 : PESSOAS QUE IMIGRARAM PARA A REGIÃO DA BAÍA DE ILHA GRANDE(RJ)- 2000.............................. 101
MAPA 14 : PESSOAS QUE EMIGRARAM DA REGIÃO DA BAÍA DE ILHA GRANDE (RJ) - 2000.................................. 102
MAPA 15: PESSOAS QUE IMIGRARAM PARA A REGIÃO CENTRO SUL FLUMINENSE (RJ) - 2000 ........................ 106
MAPA 16: PESSOAS QUE EMIGRARAM DA REGIÃO CENTRO-SUL FLUMINENSE (RJ)- 2000................................. 107
MAPA 17: PESSOAS QUE IMIGRARAM PARA A REGIÃO SERRANA (RJ) - 2000. .................................................... 111
MAPA 18: PESSOAS QUE EMIGRARAM DA REGIÃO SERRANA (RJ) - 2000. ........................................................ 112
MAPA 19: PESSOAS QUE IMIGRARAM PARA A REGIÃO DO MÉDIO PARAÍBA (RJ) -2000 ...................................... 116
MAPA 20: PESSOAS QUE EMIGRARAM DA REGIÃO DO MÉDIO PARAÍBA (R J) - 2000......................................... 117
MAPA 21: PESSOAS QUE IMIGRARAM PARA REGIÃO NOROESTE FLUMINENSE RIO DE JANEIRO, 2000. ................ 121
MAPA 22: PESSOAS QUE EMIGRARAM DA REGIÃO DA NOROESTE FLUMINENSE .................................................... 122
MAPA
23:NÍVEL DE MODERNIZAÇÃO AGRÍCOLA NEGEF/UERJ ........................................................... 129
MAPA 24: ÍNDICE DE ESPECIALIZAÇÃO AGRÍCOLA PARA OS ESTADOS BRASILEIROS ............................................. 130
MAPA 25: PRODUÇÃO SUCROALCOOLEIRA, 1990............................................................................................. 130
XIII
MAPA 26: PRODUÇÃO SUCROALCOOLEIRA, 1998............................................................................................. 132
MAPA 27: DA DISTRIBUIÇÃO DE ASSENTAMENTOS DO INCRA E ITERJ, 2001. ....................................................... 133
MAPA 28: ÍNDICE DE QUALIDADE DO MUNICÍPIOS( IQM) CARÊNCIAS POR MUNICÍPIO DA FEDERAÇÃO ............... 135
MAPA 29 : DIVISÃO MUNICIPAL FLUMINENSE, CAMPOS EM DESTAQUE. 2001. ................................................... 158
MAPA 30: PRINCIPAIS TIPOS DE USO DO SOLO EM CAMPOS DOS GOYTACAZES 2001 .................................... 165
MAPA 31: LOCALIZAÇÃO DAS BACIAS PETROLÍFERAS NO BRASIL...................................................................... 172
Listas de gráficos e tabelas
QUADRO 1.: MATRIZ DE POPULAÇÃO ......................................... .......................................................................70
Q
UADRO 2: POPULAÇÃO RESIDENTE, SEGUNDO A SITUAÇÃO DE DOMICÍLIO URBANA .......................................... 126
Q
UADRO 3: POPULAÇÃO RESIDENTE, SEGUNDO A SITUAÇÃO DE DOMICÍLIO RURAL............................................. 127
QUADRO 4: TIPOS DE RURALIDADES FLUMINENSES.............................................................................................147
QUADRO
5: POPULAÇÃO RESIDENTE EM CAMPOS DOS GOYTACAZES, SEGUNDO SITUAÇÃO E LOCALIZAÇÃO
NA ÁREA .............................................................................................................................................157
G
RÁFICO 1:TOTAL DE PESSOAL, OCUPADO SEGUNDO A ATIVIDADE ECONÔMICA ................................................ 136
G
RÁFICO 2: UTILIZAÇÃO DE TERRAS................................................................................................................ 137
Rita Maria da Silva Passos
População em Movimento, Políticas Públicas e Pertencimento:
Ruralidades Fluminenses
Dissertação apresentada como requisito parcial
para obtenção do grau de Mestre pelo Programa
de Pós-graduação em Estudos Populacionais e
Pesquisas Sociais, área de concentração,
Demografia, da Escola Nacional de Ciências
Estatísticas.
Orientadora: Profª. Dra. Neide Lopes Patarra
Rio de Janeiro
Fevereiro de 2005
Livros Grátis
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