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UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ
PR
UNIVERSIDADE TECNOLÓGICA FEDERAL DO PARANÁ
CAMPUS DE CURITIBA
DEPARTAMENTO DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA MECÂNICA
E DE MATERIAIS - PPGEM
VALTER VANDER DE OLIVEIRA
INFLUÊNCIA DA GEOMETRIA DE BROCAS NA
FURAÇÃO DO FERRO FUNDIDO VERMICULAR
CURITIBA
OUTUBRO - 2008
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VALTER VANDER DE OLIVEIRA
INFLUÊNCIA DA GEOMETRIA DE
BROCAS NA FURAÇÃO DO FERRO
FUNDIDO VERMICULAR
Dissertação apresentada como requisito parcial
à obtenção do título de Mestre em Engenharia,
do Programa de Pós-Graduação em
Engenharia Mecânica e de Materiais, Área de
Concentração em Engenharia de Manufatura,
do Departamento de Pesquisa e Pós-
Graduação, do Campus de Curitiba, da
UTFPR.
Orientador: Prof. Paulo André de Camargo
Beltrão, Ph.D.
Co-orientador: Prof. Adriano Fagali de Souza,
Ph.D.
CURITIBA
OUTUBRO - 2008
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TERMO DE APROVAÇÃO
VALTER VANDER DE OLIVEIRA
INFLUÊNCIA DA GEOMETRIA DE BROCAS NA
FURAÇÃO DO FERRO FUNDIDO VERMICULAR
Esta Dissertação foi julgada para a obtenção do título de mestre em engenharia,
área de concentração em engenharia de manufatura, e aprovada em sua forma final
pelo Programa de Pós-graduação em Engenharia Mecânica e de Materiais.
_________________________________
Prof. Giuseppe Pintaúde, Dr Sc.
Coordenador de Curso
Banca Examinadora
______________________________ ______________________________
Prof. Álisson Rocha Machado, Ph D. Eng. Prof. Milton Luiz Polli, Dr. Eng.
(UFU) (UTFPR)
______________________________ ______________________________
Prof. Adilson José de Oliveira, Dr. Eng. Prof. Giuseppe Pintaúde, Dr Sc.
(IST) (UTFPR)
______________________________
Prof. Paulo André de Camargo Beltrão, Ph.D.
(UTFPR)
Curitiba, 31 de Outubro de 2008.
iii
Aos meus pais, à minha esposa e filho,
aos meus familiares e amigos pelo
amor, incentivo e oportunidade de
realizar este sonho.
iv
AGRADECIMENTOS
Ao meu orientador Prof. Dr. Paulo André de Camargo Beltrão pelo incentivo,
orientação e amizade imprescindíveis à realização do presente trabalho.
Ao meu co-orientador Adriano Fagali de Souza pela orientação, incentivo e
colaboração neste trabalho.
À Universidade Tecnológica Federal do Paraná e a Sociedade Educacional de Santa
Catarina pela oportunidade e infra-estrutura essencial à realização desta dissertação. Em
especial aos professores Neri Volpato, Carlos Czulik, Carlos Emílio Borsa e Sandra
Bernardes Trapp pela oportunidade de realizar este trabalho.
A Tupy S.A, na pessoa do Sr. Msc Cássio Luiz Francisco de Andrade e a Guhring do
Brasil representada pelo Sr. Celso Koch, ambos gerente na industrial pelo fornecimento dos
recursos necessários para os experimentos.
Aos colegas de trabalho da SOCIESC professores: Adilson José de Oliveira, Ulisses
Borges Souto, Jean Carlos Mira de Oliveira, Marcelo Luiz Arias, Ernesto Berkenbrock, Sílvio
Ricardo Benedito, Écio Molinari e meu irmão, Emerson Luis de Oliveira pelas importantes
discussões e auxílio durante esta pesquisa.
Aos laboratoristas Leandro Henrique Lenzi, Caio César erten de Lima, Felipe
Gustavo Ebersbach, Lawrence Lênin Vicente da SOCIESC e o Sr. Eder Serafim da Vega
Acir pelo comprometimento e seriedade no desenvolvimento da parte experimental.
A minha família que sempre acreditou em mim e me incentivou a alcançar meus
sonhos e a todos aqueles que de alguma forma contribuíram para a realização deste
trabalho.
A Deus que me guiou durante todos os momentos da minha vida e me abençoou
colocando em meu caminho as pessoas certas no momento certo. O que acredito seja sua
forma de mostrar o seu amor por nós.
v
A cada dia que vivo me convenço de
que o desperdício da vida está no amor
que não damos, nas forças que não
usamos, na prudência egoísta que
nada arrisca, e que esquivando-se do
sofrimento, perdemos também a
felicidade...
Carlos Drumonnd de Andrade
vi
OLIVEIRA, Valter Vander de. Influência da Geometria de Brocas na Furação do
Ferro Fundido Vermicular, 2008. Dissertação (Mestrado em Engenharia) -
Programa de Pós-graduação em Engenharia Mecânica e de Materiais, Universidade
Tecnológica Federal do Paraná, Curitiba, 2008.
RESUMO
A indústria automobilística tem buscado maior eficiência de seus veículos e
neste sentido a utilização do ferro fundido com grafita compacta (vermicular) tem
sido usado em substituição ao ferro fundido cinzento. Esta aplicação em peças como
blocos e cabeçotes de motores apresenta como vantagem a maior resistência
mecânica, resistência a choques térmicos, melhorando suas propriedades físicas e
químicas. Entretanto tais características representam dificuldades para o processo
de manufatura devido a sua baixa usinabilidade. Dentre as operações de usinagem
o processo de furação representa 23% dos processos empregados na fabricação de
blocos de motores, por exemplo. A operação de furação deste material apresenta
dificuldades e a vida das ferramentas utilizadas é reduzida quando comparada
àquelas utilizadas na furação do ferro fundido cinzento. Neste trabalho estudou-se a
influência de três geometrias de afiação da ponta em brocas helicoidais (afiação em
S, em cruz e a geometria com ponta em raio) de 6 mm de diâmetro na usinabilidade
do ferro fundido vermicular. Os resultados comprovaram a importância da seleção da
geometria adequada ao processo de furação do ferro fundido vermicular. A
geometria com ponta em forma de raio obteve o melhor resultado, o dobro da vida
da ferramenta com afiação em S sendo esta empregada como referência devido a
sua aplicação na produção de blocos de motores. Observou-se também a influência
da geometria na qualidade do furo obtendo-se até tolerâncias de classe IT9 e
rugosidades da ordem de 1,2µm (Ra). Para todas as geometrias testadas houve a
mudança na integridade da superfície dos furos com a formação de uma camada
encruada. Finalmente o monitoramento das vibrações efetivas do sistema máquina-
ferramenta-peça e da emissão acústica ajudaram no entendimento do processo em
estudo.
Palavras-chave: Ferro fundido vermicular, Furação, Geometria de brocas.
vii
OLIVEIRA, Valter Vander de. Establishing the Drill Geometry for Drilling
Compacted Graphite Iron, 2008. Dissertação (Mestrado em Engenharia) -
Programa de Pós-graduação em Engenharia Mecânica e de Materiais, Universidade
Tecnológica Federal do Paraná, Curitiba, 2008.
ABSTRACT
The automotive industry has been search for higher efficiency in their vehicle’s
production. In this sense the application of compacted graphite iron (CGI) in parts
such as cylinder block to replace the traditional cast irons presents as advantages
the higher mechanical strength, resistance to thermal shock and physical and
chemical properties at the CGI. However, these characteristics represent much more
problems in the manufacturing process due to the CGI poorer machinability. Among
the machining operations drilling is the most common one and in the automotive
industry, it represents 23% of the employed processes for cylinder blocks
manufacturing. The drilling operation of this material presents some difficulties and
tool life is shorter than when machining the traditional cast iron. In this work the
influence of the chisel edge of drills was studied. The results showed the importance
of the drill geometry selection in order to achieve better productivity. The geometry
with tip radius obtained the best results, double the life of the tool to grind into spiral
point drill which is used as reference due to its application in the production of engine
blocks. It was also observed that the tool geometry influences the hole’s quality,
obtaining tolerances up to IT9 class and surface roughness around 1.2 µm (Ra). For
all geometries tested it was observed surface integrity changes with the formation of
the harder white layer. Finally the vibration monitoring of machine-tool-workpiece
system and noise emissions help to understand the process analyzed in this study.
Keywords: Compacted graphite iron, Drilling, Drill geometry.
viii
SUMÁRIO
RESUMO....................................................................................................................vi
LISTA DE FIGURAS .................................................................................................viii
LISTA DE TABELAS ..................................................................................................ix
1 INTRODUÇÃO........................................................................................................1
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA...................................................................................7
2.1
FERRO FUNDIDO...................................................................................................................... 7
2.2
FERRO FUNDIDO VERMICULAR............................................................................................. 8
2.2.1
Métodos de Obtenção do CGI........................................................................................... 10
2.3
USINABILIDADE DOS FERROS FUNDIDOS VERMICULARES............................................ 10
2.3.1
Fatores influentes na usinabilidade do ferro fundido vermicular....................................... 12
2.4
PROCESSO DE FURAÇÃO..................................................................................................... 19
2.5
FERRAMENTAS EMPREGADAS NA FURAÇÃO................................................................... 21
2.5.1
Tipos de Brocas................................................................................................................. 21
2.5.2
Brocas Helicoidais............................................................................................................. 23
2.5.3
Geometria da Broca Helicoidal.......................................................................................... 23
2.5.4
Afiação da Ponta da Broca................................................................................................ 25
2.5.5
Materiais para ferramentas de furação ............................................................................. 29
2.5.6
Revestimentos Aplicados em Brocas................................................................................ 35
2.6
FORMAÇÃO DE CAVACO NA FURAÇÃO.............................................................................. 36
2.7
FORÇAS DE CORTE NA FURAÇÃO...................................................................................... 38
2.8
MECANISMOS DE DESGASTE.............................................................................................. 41
2.8.1
Mecanismos de desgaste de ferramentas na usinagem de ferros fundidos vermiculares43
2.9
FORMAS DE DESGASTE E AVARIAS EM BROCAS............................................................. 45
2.10
ESTADO DA ARTE NA USINAGEM DO FERRO FUNDIDO VERMICULAR ......................... 47
3 METODOLOGIA, MATERIAIS E EQUIPAMENTOS............................................49
3.1
METODOLOGIA DO ESTUDO ................................................................................................ 49
3.2
O CORPO DE PROVA............................................................................................................. 51
3.2.1
Propriedades mecânicas e composição do ferro fundido vermicular ............................... 53
3.3
CARACTERIZAÇÃO DA MÁQUINA FERRAMENTA............................................................... 59
3.4
CARACTERIZAÇÃO DAS FERRAMENTAS DE CORTE........................................................ 60
3.5
CRITÉRIO DE FIM-DE-VIDA DAS BROCAS........................................................................... 63
3.6
POTÊNCIA DE CORTE E VIBRAÇÕES DO SISTEMA MÁQUINA-FERRAMENTA-PEÇA ... 64
3.7
AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DOS FUROS........................................................................... 67
4 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL....................................................................70
4.1
PRÉ-ENSAIO DE FURAÇÃO................................................................................................... 70
ix
4.2
ENSAIO FINAL DE FURAÇÃO................................................................................................ 73
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES..........................................................................77
5.1
ANÁLISE DO MECANISMO DE DESGASTE.......................................................................... 77
5.2
ANÁLISE DA VIDA DAS FERRAMENTAS.............................................................................. 87
5.3
ANÁLISE DIMENSIONAL DOS FUROS.................................................................................. 96
5.4
ANÁLISE GEOMÉTRICA DOS FUROS................................................................................. 102
5.5
ANÁLISE DA QUALIDADE DA SUPERFÍCIE DOS FUROS................................................. 108
5.6
ANÁLISE DAS FORÇAS DE CORTE.................................................................................... 111
5.6.1
Momento Torsor.............................................................................................................. 111
5.6.2
Força de avanço.............................................................................................................. 118
5.7
VIBRAÇÕES DO SISTEMA MÁQUINA-FERRAMENTA-PEÇA............................................ 120
5.8
MONITORAMENTO DA EMISSÃO ACÚSTICA .................................................................... 123
5.9
INTEGRIDADE DA SUPERFÍCIE DOS FUROS.................................................................... 125
5.10
FORMAÇÃO DE CAVACOS.................................................................................................. 128
6 CONCLUSÕES E SUGESTÕES........................................................................130
6.1
CONCLUSÕES ...................................................................................................................... 130
6.2
SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS..................................................................... 133
REFERÊNCIAS.......................................................................................................135
ANEXO A - RELATÓRIO DE ENSAIOS MECÂNICOS..........................................141
ANEXO B - RELATÓRIO DE INSPEÇÃO DAS BROCAS.....................................143
ANEXO C - LAUDO TÉCNICO DA INSPEÇÃO DAS BROCAS ...........................144
ANEXO D - RELATÓRIO DE VIDA DA FERRAMENTA........................................145
ANEXO E - RELATÓRIO DE VIDA DA FERRAMENTA ........................................146
ANEXO F - RELATÓRIO DE CONTROLE DIMENSIONAL E GEOMÉTRICO ......148
ANEXO G - DESENHO DA BROCA - GEOMETRIA A ..........................................150
ANEXO H - DESENHO DA BROCA - GEOMETRIA B ..........................................151
ANEXO I - DESENHO DA BROCA - GEOMETRIA C............................................152
ANEXO J - RELATÓRIO DE MICRODUREZA.......................................................153
x
LISTA DE FIGURAS
Figura 1.1 - Bloco e cabeçote motor em CGI (TUPY S.A, 2008).................................3
Figura 1.2 - Operações de usinagem em um cabeçote (TUPY S.A, 2008).................4
Figura 2.1 - Morfologia da grafita em ferros fundidos..................................................8
Figura 2.2 - Comparação entre usinabilidade do ferro fundido cinzento e vermicular
(REUTER et al., 2001). ......................................................................................11
Figura 2.3 - Propagação de trincas no ferro fundido. a) na grafita lamelar do ferro
cinzento e b) grafita vermicular (GEORGIOU, 2002 apud ANDRADE, 2005)....13
Figura 2.4 - Comportamento da vida da ferramenta com o aumento da quantidade de
Fe
3
C na fase de perlita (BATES, 1996)..............................................................14
Figura 2.5 - Vida da ferramenta em função da perlita na usinagem do CGI: (a)
ferramenta de metal-duro; (b) ferramenta de CBN (REUTER et al., 2001)........15
Figura 2.6 - Efeito do teor de silício do CGI na vida da ferramenta de torneamento
(DAWSON, 2001)...............................................................................................17
Figura 2.7 - Vida da ferramenta no torneamento de CGI em função do teor de titânio
no CGI (DAWSON, 1999). .................................................................................18
Figura 2.8 - Variantes do processo de furação (KÖNIG e KLOCKE, 1997). .............20
Figura 2.9 - Broca helicoidal (STEMMER, 2005).......................................................23
Figura 2.10 - Ângulos de corte de uma broca helicoidal (STEMMER, 2005). ..........24
Figura 2.11 - Afinação da aresta transversal de corte (STEMMER, 2005)...............26
Figura 2.12 - Comportamento do esforço axial em função do diâmetro do núcleo da
broca (SKF FERRAMENTAS, 2000)..................................................................27
Figura 2.13 - Afiação cruzada da aresta transversal de corte (STEMMER, 2005)...28
Figura 2.14 - Afiação com ângulo de ponta duplo (STEMMER, 2005).....................28
Figura 2.15 - Evolução do emprego de novos materiais para ferramentas de corte
(CIMM, 2008). ....................................................................................................30
xi
Figura 2.16 - Relação entre a tenacidade e a dureza entre os materiais aplicados
como ferramenta de corte (SANDVIK COROMANT, 2005). ..............................31
Figura 2.17 - Microestrutura do metal duro (SANDVIK COROMANT, 2005). ...........32
Figura 2.18 - Influência da porcentagem de cobalto e da temperatura na dureza do
metal duro (DINIZ et al., 2006)...........................................................................33
Figura 2.19 - Desgaste de flanco em ferramentas de metal duro com diferentes
tamanhos de grãos (TRENT e WRIGHT, 2000).................................................34
Figura 2.20 - Etapas de formação do cavaco no ferro fundido (COHEN et al., 2000).
...........................................................................................................................37
Figura 2.21 - Forças atuantes nas arestas principais de corte (STEMMER, 2005)...40
Figura 2.22 - Principais mecanismos de desgaste no processo de usinagem (KÖNIG
e KLOCKE, 1997). .............................................................................................41
Figura 2.23 - (a) Formação de camada protetora de MnS sobre inserto de PCBN ao
usinar ferro fundido cinzento; (b) ausência de camada protetora ao usinar CGI
(Vc = 800 m/min) (REUTER et al., 2001)...........................................................44
Figura 2.24 - Tipos de desgaste por abrasão em uma broca (BORK, 1995). ...........45
Figura 2.25 - Desgaste de flanco em brocas helicoidais (SCHROETER et al., 1999).
...........................................................................................................................47
Figura 3.1 - Representação gráfica dos procedimentos para o ensaio. ....................50
Figura 3.2 - Formato e dimensões do corpo de prova para ensaio de vida. .............52
Figura 3.3 - Micrografia do ferro fundido vermicular: a) sem ataque de nital 2% 100x
e b) com ataque de nital 2% 100x......................................................................54
Figura 3.4 - Micrografia do ferro fundido vermicular com ataque de nital 2% 1000x.55
Figura 3.5 - Distribuição dos pontos de medição de dureza. ....................................56
Figura 3.6 - Comportamento da dureza em função da distância da parede da placa.
...........................................................................................................................57
Figura 3.7 - Comparação entre os corpos de prova de ferro fundido vermicular nos
sentidos longitudinal e transversal. ....................................................................58
xii
Figura 3.8 - Centro de usinagem utilizado para a realização do ensaio....................60
Figura 3.9 - Aspectos geométricos das três geometrias de afiação das brocas. Vista
de topo das brocas (ampliação de 20x). ............................................................61
Figura 3.10 - (a)Visualização dos grãos de metal duro. (MEV - 15000x)..................62
Figura 3.11 - Sistema de monitoramento de vibrações, ruído e corrente..................65
Figura 3.12 - Interface do monitoramento de vibrações, ruído e corrente.................66
Figura 3.13 - Gráfico do comportamento do processo (emissão acústica) em função
do número de furos produzidos..........................................................................67
Figura 3.14 - Máquina de medição por coordenadas laboratório da SOCIESC........68
Figura 4.1 - Furação do bloco de motor Bloco Ford Lion V8 - 3,6 litros. ..................70
Figura 4.2 - Forma de fixação da placa sobre da mesa. ...........................................74
Figura 4.3 - Comportamento da vida da ferramenta em função da excentricidade no
sistema de fixação (GUHRING, 2008). ..............................................................75
Figura 5.1 - Curvas de desgaste para três corridas com a geometria de afiação A
(afiação em S)....................................................................................................79
Figura 5.2 - Geometria de afiação A no MEV (afiação em S)....................................80
Figura 5.3 - Desgastes de flanco para a geometria A (afiação em S)......................81
Figura 5.4 - Caracterização da ponta da broca com geometria de afiação A...........82
Figura 5.5 - Pontos de medição da espectometria na ponta da broca com geometria
de afiação A.......................................................................................................84
Figura 5.6 - Espectro da análise química na ponta da broca com geometria de
afiação A. Ponto 3..............................................................................................85
Figura 5.7 - Espectro da análise química na ponta da broca com geometria de
afiação A. Ponto 2..............................................................................................85
Figura 5.8 - Espectro da análise química na ponta da broca com geometria de
afiação A. Ponto 5..............................................................................................86
xiii
Figura 5.9 - Espectro da análise química na ponta da broca com geometria de
afiação A. Ponto 6..............................................................................................86
Figura 5.10 - Curvas de desgaste para as três geometrias de afiação da ponta na
velocidade de corte de 80 m/min. ......................................................................87
Figura 5.11 - Curvas de desgaste para as três geometrias de afiação da ponta na
velocidade de corte de 90 m/min. ......................................................................88
Figura 5.12 - Curvas de desgaste para as três geometrias de afiação da ponta na
velocidade de corte de 100 m/min. ....................................................................89
Figura 5.13 - Marcas de desgaste de flanco para a geometria de afiação B. ...........90
Figura 5.14 - Curva de desgaste em função do tempo de vida da geometria A para
as velocidades de corte de 80, 90 e 100 m/min.................................................91
Figura 5.15 - Curva de desgaste em função do tempo de para a geometria A........92
Figura 5.16 - Curva de desgaste em função do tempo de vida da geometria B para
as velocidades de corte de 80, 90 e 100 m/min.................................................92
Figura 5.17 - Curva de desgaste em função do tempo de vida para a geometria B..93
Figura 5.18 - Curva de desgaste em função do tempo de vida da geometria C para
as velocidades de corte de 80, 90 e 100 m/min.................................................94
Figura 5.19 - Curva de desgaste em função do tempo de vida para a geometria C. 94
Figura 5.20 - Comparação de vida entre as três geometrias de ponta testadas.......95
Figura 5.21 - Controle dimensional dos furos de Ø 6mm para a geometria de broca
A. a)Teste de normalidade dos resultados de medição. b) Boxplot das cinco
amostras analisadas. .........................................................................................97
Figura 5.22 - Controle dimensional dos furos de Ø 6mm para a geometria de broca
B. a)Teste de normalidade dos resultados de medição. b) Boxplot das cinco
amostras analisadas. .........................................................................................98
Figura 5.23 - Controle dimensional dos furos de Ø 6mm para a geometria de broca
C. a) Teste de normalidade dos resultados de medição. b) Boxplot das cinco
amostras analisadas. .......................................................................................100
xiv
Figura 5.24 - Análise dimensional dos furos para as três geometrias de ponta
testadas............................................................................................................101
Figura 5.25 - Análise geométrica dos furos realizada no circularímetro da Metrologia
da SOCIESC....................................................................................................103
Figura 5.26 - Relatórios de circularidade e cilindricidade do furo de Ø 6mm ..........104
Figura 5.27 - Resultados da medição de circularidade em duas alturas. (6 e 18
milímetros de profundidade).............................................................................105
Figura 5.28 - Resultados de circularidade dos furos de Ø 6mm nas três condições de
velocidade de corte para as três geometrias....................................................106
Figura 5.29 - Variação do erro de circularidade em função do desgaste da broca de
geometria A na velocidade de corte de 80m/min. ............................................107
Figura 5.30 - Parâmetro de rugosidade (Ra) para as três geometrias de corte. .....108
Figura 5.31 - Parâmetro de rugosidade (Rz) para as três geometrias de corte......109
Figura 5.32 - Correlação entre o desgaste de flanco VB
bmáx
e a rugosidade dos
furos.................................................................................................................110
Figura 5.33 - Aspecto da superfície do furo. a) entrada e b) fundo do furo.............111
Figura 5.34 - Comportamento da corrente consumida no processo de furação com
uma broca de Ø 6mm na velocidade de corte de 80m/min..............................112
Figura 5.35 - Medição de corrente na área de corte em cinco estágios de desgaste
da ferramenta...................................................................................................113
Figura 5.36 - Constantes de Kienzle, determinadas empiricamente, para cálculo da
força de corte (Fc) em furação (MOCELLIN, 2002). ........................................114
Figura 5.37 - Momento torsor para as três geometrias na velocidade de corte de 80
m/min. ..............................................................................................................115
Figura 5.38 - Comportamento da corrente do motor em função do comprimento de
furação para três condições de velocidade de corte........................................116
Figura 5.39 - Comportamento da corrente do motor em função do comprimento de
furação para três condições de velocidade de corte........................................117
Figura 5.40 - Comportamento da força de avanço em função do comprimento de
furação para a velocidade de corte de 80 m/min. ............................................118
Figura 5.41 - Comportamento da força de avanço em função do comprimento de
furação para a velocidade de corte de 90 e 100m/min. ...................................119
Figura 5.42 - Espectro das vibrações efetivas do sistema máquina-ferramenta em
função da vida da ferramenta para a velocidade de corte de 80 m/min...........120
Figura 5.43 - Comportamento das vibrações no sistema máquina-ferramenta para as
três geometrias testadas na velocidade de corte de 80 m/min. .......................121
Figura 5.44 - Comportamento das vibrações do sistema máquina-ferramenta para as
três velocidades de corte. ................................................................................122
Figura 5.45 - Espectro do sinal de emissão acústica para a geometria A...............123
Figura 5.46 - Correlação entre o desgaste de flanco e o sinal de emissão acústica
para a geometria A...........................................................................................124
Figura 5.47 - Sinal de emissão acústica para as três geometrias na velocidade de
corte de 80 m/min. ...........................................................................................125
Figura 5.48 - Microdureza em função da distância da superfície do furo ao núcleo. a)
no início e b) final da vida da ferramenta. ........................................................126
Figura 5.49 - Micrografia do ferro fundido vermicular na região próxima ao furo
ampliação de 1000x.........................................................................................127
Figura 5.50 - Forma dos cavacos na furação do CGI. (a) cavaco helicoidal 13x e (b)
cavaco em lasca 20x........................................................................................129
xvi
LISTA DE TABELAS
Tabela 2.1 - Propriedades mecânicas do ferro fundido vermicular em relação ao
cinzento e nodular (SINTERCAST, 2008)............................................................9
Tabela 2.2 - Intervalos típicos de composição química para nodularidade de 0 a 20%
(SINTERCAST, 2008)..........................................................................................9
Tabela 2.3 - Efeitos metalúrgicos de distintas proporções de titânio (DAWSON,
1999)..................................................................................................................18
Tabela 2.4 - Participação do momento torsor e força de avanço no processo de
furação (DINIZ et al., 2006)................................................................................39
Tabela 3.1 - Caracterização da microestrutura do ferro fundido vermicular..............53
Tabela 3.2 - Composição química para nodularidade de 7% ...................................54
Tabela 3.3 - Variação da dureza Brinell nos corpos de prova de CGI, obtida com
carga de 300 Kg e tempo de permanência de 20 s............................................57
Tabela 3.4 - Geometria das brocas empregadas nos ensaios..................................61
Tabela 3.5 - Propriedades do revestimento das brocas (GUHRING, 2008)..............63
Tabela 4.1 - Condições de corte aplicados na operação 90 do Bloco de motor Ford
LION V8. ............................................................................................................71
Tabela 4.2 - Condições de corte aplicados no ensaio final de furação. ....................74
Tabela 5.1 - Resultados da vida ferramenta em furos e comprimento usinado para as
três corridas com a geometria de afiação A.......................................................78
Tabela 5.2 - Dados da equação de vida de Taylor para as geometrias testadas.....95
Tabela 5.3 - Resultados da análise de variância do controle dimensional para as três
geometrias de afiação de broca testadas.........................................................102
Tabela 5.4 - Análise dimensional e aspecto do encruamento da superfície do furo.
.........................................................................................................................128
xvii
LISTA DE ABREVIATURAS, SIGLAS E SÍMBOLOS
ALFABETO LATINO
ABNT - Associação Brasileira de Normas Técnicas.
AISI
- American Iron and Steel Institute (Instituto Americano do ferro e
aço)
Aγ - Superfície de saída
Aα - Superfície principal de folga
A’
α
- Superfície secundária de folga
Al
2
O
3
- Óxido de alumínio
APC Aresta postiça de corte
CGI - Compacted graphite iron (Ferro fundido vermicular)
CNC - Comando numérico computadorizado
CVD - Chemical Vapour Deposition (Deposição química a vapor)
d - Diâmetro (mm)
D - Diâmetro da broca (mm)
dB
m
- Nível de vibrações com referência à máquina em vazio
f - Avanço (mm/volta)
F
c
- Força de corte
F
f
- Força de avanço
F
p
- Força passiva
h - Espessura de corte
h‘ - Espessura do cavaco
HB - Dureza Brinell
HV - Dureza Vickers
KB, KT,
KM
- Parâmetros do desgaste de cratera
K
c
- Pressão específica de corte
L/D - Relação comprimento diâmetro do furo
M
t
- Momento torsor
n - Velocidade de rotação do eixo árvore (rpm)
P
c
- Potência de corte
PVD - Physical Vapour Deposition (Deposição física a vapor)
R
a
- Rugosidade média
r
e
- Raio de ponta da ferramenta
R
z
- Rugosidade média entre as alturas máximas dentro de cada cut-off
S - Aresta principal de corte
S’ - Aresta secundária de corte
TiAlN - Nitreto de titânio e alumínio
TiC - Carboneto de titânio
TiN - Nitreto de titânio
VB
B
- Desgaste de flanco médio
VB
bmáx
- Desgaste de flanco máximo
xviii
v
c
- Velocidade de corte
v
e
- Velocidade efetiva de corte
v
f
- Velocidade de avanço
Vib
medido
- Nível RMS de vibrações do sistema durante o corte
Vib
vazio
- Nível RMS de vibrações do sistema em vazio
xix
LISTA DE SÍMBOLOS
ALFABETO GREGO
α
Ângulo de incidência
β
Ângulo de cunha
γ
Ângulo de saída
ϕ
Ângulo do gume transversal
σ Ângulo de ponta
δ
Ângulo de hélice
µ
Coeficiente de atrito
rε
Raio de ponta
Capítulo 1 Introdução
1
1 INTRODUÇÃO
A crescente competitividade entre as empresas em um mercado globalizado, a
exigência de qualidade nos produtos e serviços prestados dentro de menores prazos
e custos e a preocupação com a agressão ao meio ambiente tornaram a busca por
soluções tecnológicas um fator estratégico para as empresas. Este cenário favorece
o desenvolvimento da pesquisa na indústria que busca a constante melhoria dos
seus processos, cada vez mais enxutos, atendendo as normas técnicas e
ambientais. A indústria automobilística, um bom exemplo deste perfil, é apontada
como principal segmento da produção e fator chave para o desenvolvimento
econômico mundial. Contudo esta também é responsável por uma série de
problemas ambientais. Os motores dos veículos são responsáveis por mais poluição
atmosférica do que qualquer outra atividade humana, a exigência da sociedade
sobre a indústria automobilística para desenvolver veículos menos poluentes tem se
intensificado (DAWSON e SCHOROEDER, 2004).
Uma das alternativas de redução deste problema é o desenvolvimento de
motores mais eficientes. Neste sentido a aplicação do ferro fundido com grafita
compacta, também conhecido como ferro fundido vermicular em substituição ao ferro
fundido cinzento mostra-se como uma solução viável para a indústria
automobilística. A substituição do ferro fundido cinzento pelo vermicular apresenta
como vantagem a possibilidade de empregar menores espessuras de parede nos
blocos e cabeçotes de motores devido à melhoria das propriedades mecânicas,
como resistência ao desgaste, dureza e tenacidade tendo como conseqüência direta
a redução de peso do motor, diminuindo assim o peso dos veículos e a emissão de
poluentes.
A melhoria das propriedades mecânicas deste material resultou em uma maior
dificuldade no processo de usinagem. Comparando os materiais empregados em
blocos de motores, tais como o ferro fundido cinzento, as ligas de alumínio, além de
ligas de magnésio e alumínio-compósito, o ferro fundido vermicular é um dos piores
candidatos no quesito custo de usinagem, sendo esta uma das limitações na
Capítulo 1 Introdução
2
fabricação de blocos de motores com este material (MARQUARD et al., 1998).
Reuter et al. (2001) e Mocellin (2002) encontraram uma redução de até 50% na vida
da ferramenta ao comparar a usinabilidade do ferro fundido vermicular com o ferro
fundido cinzento. Esta redução na vida da ferramenta representa no processo de
fabricação um dos maiores problemas na área de usinagem relacionado diretamente
a um maior número de paradas para troca de ferramentas, onde gera de modo direto
uma perda tanto na produtividade quanto nos estoques, devido ao grande volume de
ferramentas em giro na produção. Além disso, o maior número de trocas resulta em
um maior desgaste no sistema de troca automática da máquina-ferramenta gerando
paradas para manutenção do equipamento. Todos estes fatores somados no final
refletem no aumento do custo de fabricação do motor.
Atualmente diversas empresas como Audi, Caterpillar, Chrysler, Ford, General
Motors, Hyundai, International Truck, Jaguar, Kia, Land Rover, B&W Diesel, PSA
Peugeot-Citroen, Rolls-Royce Power Engineering, Toyota, Volkswagen e Volvo
empregam no bloco e cabeçote de motores de seus veículos o ferro fundido
vermicular. Estas empresas empregam estes motores em carros de passeio,
caminhões, máquinas agrícolas, geradores e outras aplicações de motores de
combustão.
A figura 1.1 apresenta alguns exemplos de componentes automotivos
fabricados em ferro fundido vermicular. A imagem da esquerda mostra um motor
seis cilindros em “V” a diesel da pick-up da Ford Lion e ao lado um bloco e cabeçote
de motor do caminhão da NAVISTAR.
Capítulo 1 Introdução
3
Figura 1.1 - Bloco e cabeçote motor em CGI (TUPY S.A, 2008).
A Tupy S.A como fornecedora de componentes automotivos a estes clientes
desde 1992 tem desenvolvido tecnologia para fabricação de blocos e cabeçotes de
motores em ferro fundido vermicular, agregando às atividades da empresa o
processo de usinagem destes produtos. Atualmente a produção é estimada em 3600
motores por mês, cerca de 120 peças por dia (TUPY S.A, 2008).
O setor de usinagem foi organizado em forma de células produtivas
empregando centros de usinagem CNC para fabricação dos componentes
automotivos. A usinagem destes produtos emprega diversos processos como
fresamento, furação, rosqueamento, alargamento, mandrilamento e brunimento.
A figura 1.2 ilustra as diversas operações realizadas e as ferramentas
empregadas na usinagem de blocos e cabeçotes.
Capítulo 1 Introdução
4
Figura 1.2 - Operações de usinagem em um cabeçote (TUPY S.A, 2008).
Conforme Andrade (2005), o fresamento e a furação são as operações de
maior tempo efetivo de corte, representando cerca de 60% do tempo de usinagem
de um bloco de motor. Em seu estudo o autor destaca a importância do processo de
furação na usinagem de blocos de motores, representando em média 28% do tempo
efetivo de corte. Isto associado ao fato de se trabalhar geralmente com ferramentas
especiais faz desta operação uma das mais influentes nos custos de fabricação.
Diniz et al. (2006) explica que o processo de furação é a operação de usinagem
mais utilizada no setor metal-mecânico no Brasil que apesar da sua importância não
progrediu com a mesma velocidade que outros processos como o torneamento e o
fresamento. Contudo, notam-se alguns avanços tecnológicos nos últimos anos,
principalmente no desenvolvimento de brocas em metal-duro. Destacam-se os novos
conceitos de geometria, visando a furação de materiais de baixa usinabilidade como
o ferro fundido vermicular e o desenvolvimento de novos revestimentos de alta
resistência ao desgaste e baixo coeficiente de atrito. Estes desenvolvimentos
propiciaram aumento da vida da ferramenta e maior produtividade. Diniz et al. (2006)
Capítulo 1 Introdução
5
destacam como a principal desvantagem a lentidão e a incerteza do processo de
furação que muitas vezes para agilizar o processo empregam-se brocas com
geometrias especiais para realizar várias superfícies ou mesmo vários furos no
mesmo movimento de avanço da ferramenta. Para os furos de precisão,
normalmente são empregadas brocas para o desbaste e depois o furo passa por
operações de acabamento, tais como: alargamento, brochamento, mandrilamento,
torneamento interno, retificação interna, entre outros. Logo se justifica o estudo
sobre o processo de furação como sendo uma contribuição para o entendimento do
processo de usinagem do ferro fundido vermicular e uma alternativa de melhoria de
processo e redução dos custos de fabricação de componentes automotivos.
O objetivo principal deste trabalho é avaliar a influência da geometria de
afiação em brocas helicoidais na furação de blocos motores de ferro fundido
vermicular. Estabeleceu-se como referência uma geometria comum para furação de
ferro fundido vermicular (afiação em S) e testaram-se outras duas também
recomendadas para este material (afiação em cruz e a geometria de ponta em raio).
Comparou-se o comportamento da vida da ferramenta para cada geometria.
Identificou-se o mecanismo de desgaste predominante e a influência da velocidade
de corte sobre a vida das ferramentas. Verificaram-se também os erros dimensionais
e geométricos, o acabamento e a camada encruada na superfície do furo e outras
características do processo como a formação de cavaco, a força de usinagem, a
emissão acústica e as vibrações no sistema máquina-ferramenta-peça.
Esta dissertação está estruturada em seis capítulos. No primeiro capítulo faz-se
a caracterização do problema e apresenta-se o objetivo geral e os específicos para
este estudo. O segundo capítulo é uma revisão da literatura sobre o ferro fundido
vermicular, a tecnologia de furação, os materiais e a geometria das ferramentas e os
mecanismos de desgaste no processo de furação. Na seqüência no terceiro capítulo
apresenta-se a metodologia de estudo e suas métricas para avaliação. No quarto os
procedimentos adotados na realização dos experimentos, bem como os materiais,
ferramentas, máquinas e equipamentos utilizados na pesquisa. O quinto capítulo traz
a apresentação e discussão dos resultados obtidos onde, ao final, o feitas
conclusões parciais. No sexto capítulo são apresentadas as principais conclusões da
Capítulo 1 Introdução
6
dissertação e sugeridos temas para trabalhos futuros. Finalmente são apresentadas
as referências bibliográficas e os anexos para complementação deste trabalho.
Capítulo 2 Revisão Bibliográfica
7
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
A presente revisão bibliográfica traz noções a respeito do processo de furação
do ferro fundido vermicular. Conceitos fundamentais sobre o material, características
do processo de furação, ferramentas de corte (brocas) e o estado da arte na
usinagem de ferros fundidos vermiculares referenciando os principais estudos
realizados até os dias de hoje.
2.1 FERRO FUNDIDO
O ferro fundido é um dos materiais mais tradicionais aplicados na indústria
automobilística e tem sido objeto de estudo em várias pesquisas tanto no
desenvolvimento das suas propriedades quanto nos processos de fabricação. A
necessidade de desenvolver motores com melhor desempenho que suportem
elevadas pressões com um menor nível de emissão de poluentes gerou uma busca
contínua por melhorias das propriedades deste material como resistência mecânica,
tenacidade, condutividade térmica, capacidade de amortecimento de vibrações
associadas a uma boa usinabilidade (GUESSER et al., 2004).
O ferro fundido é definido como uma liga ternária de ferro, carbono e silício com
teor de carbono superior a 2%. Além destes outros elementos como manganês,
fósforo, cobre, níquel, molibdênio e o cromo podem ser acrescentados para mudar
suas propriedades. A composição química é um dos principais fatores responsáveis
para determinar a estrutura do ferro fundido e através dela a classificação em
diferentes tipos de ferro fundido: branco, maleável, cinzento, nodular e vermicular
(CHIAVERINI, 2002). O carbono no ferro fundido pode se apresentar na forma livre
de grafita ou como carboneto de ferro (Fe
3
C). O aumento do teor de silício resulta
em uma maior grafitização, apresentando lamelas de grafita em uma matriz ferrítica,
este ferro fundido é conhecido como cinzento. Na figura 2.1 (a) pode-se observar o
aspecto das lamelas de grafita no ferro fundido cinzento. Este material apresenta
boa condutividade térmica, amortecimento de vibrações e boa usinabilidade,
Capítulo 2 Revisão Bibliográfica
8
entretanto sua resistência mecânica é baixa devido à forma da grafita, que provoca
descontinuidades na matriz (GUESSER et al., 2004).
(a) (b) (c)
Figura 2.1 - Morfologia da grafita em ferros fundidos
a) cinzento, b) nodular e c) vermicular (GUESSER, 2002).
O ferro fundido nodular tem como característica a boa resistência mecânica,
ductilidade e tenacidade maiores que o cinzento devido a forma de nódulos em que
a grafita se apresenta, figura 2.1 (b) mantendo a continuidade da matriz gerando
uma menor concentração de tensões. A nodularização é obtida a partir da adição de
elementos como o magnésio e o níquel em contrapartida outros elementos como
chumbo e titânio atuam como anti-nodularizantes.
2.2 FERRO FUNDIDO VERMICULAR
O ferro fundido com grafita compacta (CGI) é conhecido como ferro fundido
vermicular devido ao aspecto da grafita, como pode ser observado na figura 2.1 (c).
A grafita apresenta-se interconectada com as extremidades arredondadas na forma
de nódulos neste ferro fundido, conferindo ao material boa resistência mecânica,
ductilidade e tenacidade maiores que o cinzento. Entretanto sua condutividade
térmica, capacidade de absorção de vibrações e usinabilidade são inferiores,
50 µm
50 µm
50 µm
Capítulo 2 Revisão Bibliográfica
9
apresentando propriedades entre o ferro fundido cinzento e o nodular (DAWSON,
1999). Guesser (2002) afirma que este ferro fundido reuniu as boas propriedades do
ferro fundido cinzento e do nodular apresentando aumento de 75% no limite de
resistência, 40% no módulo de elasticidade e o dobro da resistência à fadiga. Isto
pode ser observado na tabela 2.1, permitindo variar a matriz metálica conforme as
propriedades desejadas ao produto.
Tabela 2.1 - Propriedades mecânicas do ferro fundido vermicular em relação ao
cinzento e nodular (SINTERCAST, 2008).
Propriedades Cinzento Nodular Vermicular
Resistência à tração [MPa] 235 650 500
Dureza [HB] 200 270 225
Módulo elasticidade [GPa] 110 165 140
Resistência à fadiga [MPa] 100 265 205
Condutividade térmica [W/(mK)] 48 28 35
A resistência à tração, aliada à forma da grafita, explica em parte a pior
usinabilidade do ferro fundido vermicular, cujas propriedades são intermediárias às
do ferro fundido nodular e do ferro fundido cinzento (GUESSER et al., 2004).
Na Tabela 2.2 são apresentadas as composições químicas picas para
nodularidade de 0 a 20%. Segundo a empresa Sintercast (2008), a especificação da
composição química está ligada às propriedades mecânicas. Observa-se que na
composição química não há grande diferenciação entre os elementos químicos
havendo apenas um aumento no percentual de alguns elementos residuais, tais
como cobre e selênio, resultantes do controle da nodularização no CGI.
Tabela 2.2 - Intervalos típicos de composição química para nodularidade de 0 a
20% (SINTERCAST, 2008).
Estrutura
da Matriz
C Si Ce Mn S Mg Cu Sn
70%
Perlita
3,6 a 3,8
2,1 a 2,5
4,4 a 4,7
0,2 a 0,4
0,005
a
0,022
0,006
a
0,014
0,3 a 0,6
0,03 a 0,05
100%
Perlita
3,6 a 3,8
2,1 a 2,5
4,4 a 4,7
0,2 a 0,4
0,005
a
0,022
0,006
a
0,014
0,6 a 0,9
0,08 a 0,10
Capítulo 2 Revisão Bibliográfica
10
2.2.1 Métodos de Obtenção do CGI
O primeiro relato sobre a obtenção de ferro fundido vermicular foi feito por
Morrogh na década de 40, quando investigando a produção de ferro fundido nodular
pela adição de terras raras (cério e magnésio), obteve-se uma estrutura descrita por
ele como “quasi-flake” (quase lamelas), uma estrutura intermediária entre o ferro
fundido cinzento e o nodular
(
OATHOUT, 1978 apud DORE, 2007).
Dore (2007) explica que vários métodos foram pesquisados para garantir a
obtenção do vermicular, contudo apenas dois tiveram resultados positivos. Estes são
utilizados para a produção em escala industrial: o tratamento da liga com elementos
nodularizantes (magnésio) e antinodularizantes (titânio) e o tratamento da liga com
quantidades controladas de elementos que promovem a nodularização da grafita,
como o magnésio.
O primeiro processo desenvolvido para obtenção do CGI utiliza o magnésio
como elemento de liga e adiciona o titânio como elemento anti-nodularizante.
Enquanto o magnésio impede o crescimento da grafita lamelar o titânio suprime a
formação de grafita nodular, entretanto este processo resulta na formação de
carbonetos de titânio que prejudicam a usinabilidade do material. O segundo método
não adiciona o titânio e trata de um controle rigoroso da solidificação da liga na qual
o magnésio é adicionado em uma quantidade insuficiente para formar a grafita
nodular. Este processo exige a habilidade de medir o comportamento do metal
líquido após a adição do magnésio e interferir no processo antes do vazamento
(DAWSON, 2001).
O processo empregado pela empresa Tupy S.A, é baseado na análise térmica
durante a solidificação da liga após o tratamento inicial com magnésio. A adição
inicial de Mg é intencionalmente baixa, de maneira que a análise térmica sempre
determine a quantidade adicional de tratamento necessária para chegar à formação
da grafita vermicular (GUESSER et al., 2004).
2.3 USINABILIDADE DOS FERROS FUNDIDOS VERMICULARES
Diniz et al. (2006) definem usinabilidade como uma grandeza tecnológica que
expressa , por meio de um valor numérico comparativo (índice de usinabilidade), um
Capítulo 2 Revisão Bibliográfica
11
conjunto de propriedades de usinagem de um material em relação a outro tomado
como padrão. Normalmente estabelecida através de grandezas como a vida da
ferramenta, o acabamento da superfície, os esforços e temperatura de corte e a
própria formação do cavaco.
A usinabilidade depende de uma série de fatores do sistema máquina-
ferramenta-peça e das condições de trabalho. Para os ferros fundidos normalmente
emprega-se como material de referência o ferro fundido cinzento. A mudança da
composição química, microestrutura e as propriedades mecânicas afetam de forma
significativa a usinabilidade do CGI. Reuter et al. (2001) destacam a dificuldade em
substituir o ferro fundido cinzento pelo vermicular, CGI, na usinagem dos blocos de
motores, em 1996. Os resultados de comparação entre os dois materiais são
apresentados na figura 2.2, onde nas mesmas condições de corte a operação de
mandrilamento (desbaste) reduziu em 95% a vida da ferramenta.
Madrilamento.MadrilamentoFuraçãoFresamento
100
80
60
40
20
0
Vida da ferramenta [%]
Cinzento
Vermicular
Material
(desbaste)
(acabamento)
Figura 2.2 - Comparação entre usinabilidade do ferro fundido cinzento e
vermicular (REUTER et al., 2001).
Outras operações como a furação e o fresamento apresentaram uma redução
de 45% e 50%, respectivamente, na vida das ferramentas. A redução da vida da
ferramenta tornou naquela época inviável economicamente produzir blocos de
Capítulo 2 Revisão Bibliográfica
12
motores em escala industrial, contudo foi a mola propulsora para uma série de
estudos sobre a usinabilidade deste material (MOCELLIN, 2002).
2.3.1 Fatores influentes na usinabilidade do ferro fundido vermicular
A redução da vida da ferramenta na usinagem do ferro fundido vermicular está
associada a dois fatores: ao aumento da resistência mecânica e a ausência de
sulfeto de manganês em sua microestrutura, sempre presente no ferro fundido
cinzento, e que em altas velocidades de corte se deposita sobre a ferramenta de
corte gerando uma película que age como lubrificante sólido na região de contato
ferramenta-peça (DORE, 2007, REUTER et al., 2001). Segundo Abele et al. (2002),
estes fatores resultaram em aumento de 33% na abrasividade do material e em 15%
na sua adesividade quando comparado ao ferro fundido cinzento, resultados estes
obtidos em ensaio de desgaste pino sobre disco.
Dawson (2001) identificou em seus estudos sobre a usinabilidade do ferro
fundido vermicular as características morfológicas da grafita como principais
variáveis, os efeito de elementos químicos como Sb, Mn, Si, S, Ti, Cr na formação
de sulfetos e carbonetos e também os problemas resultantes das inclusões
encontradas na liga.
a) Efeito da forma da grafita
As características como a forma, o tamanho e a quantidade da grafita são
normalmente mais significativas do que a composição química dos ferros fundidos
(REUTER et al., 2001). A variação da forma da grafita de lamelar, alongadas e
orientadas aleatoriamente como no ferro cinzento, para mais curtas, mais grossas e
de bordas arredondadas como no ferro fundido vermicular altera o modo de ruptura
do cavaco. A grafita em forma vermicular possui uma melhor integração com a
matriz metálica e na propogação de trincas. Como se pode ver na figura 2.3 (a), a
grafita no ferro fundido cinzento apresenta pontas agudas que faciltam a propagação
de trincas a frente da ferramenta de corte. No ferro fundido vermicular a forma
arredondada da grafita não favorece a propagação de trincas (GEORGIOU, 2002
apud ANDRADE, 2005).
Capítulo 2 Revisão Bibliográfica
13
Figura 2.3 - Propagação de trincas no ferro fundido. a) na grafita lamelar do ferro
cinzento e b) grafita vermicular (GEORGIOU, 2002 apud ANDRADE, 2005).
Durante a usinagem o maior coeficiente de atrito do ferro fundido vermicular e a
menor condutividade térmica atrelada a mudança na formação do cavaco que tende
a ficar mais tempo em contato com a face da ferramenta resultam na elevação da
temperatura da ferramenta durante o corte. No entanto, Reuter et al. (2001) afirmam
que as medições revelam que as temperaturas da ferramenta durante o corte do CGI
não são muito maiores que as do ferro fundido cinzento.
b) Influência da perlita
Além da forma da grafita, a matriz metálica formada pela ferrita e/ou perlita é
outro fator determinante nas propriedades obtidas nos ferros fundidos. Dependendo
da velocidade de resfriamento e da composição química do ferro fundido, os átomos
de carbono agrupam-se para formar a grafita durante a solidificação do material
transformando-se em ferrita ou perlita. Os átomos que não conseguem sair da
matriz, formam a perlita. A perlita é uma estrutura lamelar alternada entre ferrita e
cementita (Fe
3
C). As lamelas de cementita reforçam a matriz, tornando-a mais dura
e resistente (DAWSON, 1999).
50 µm
50 µm
Capítulo 2 Revisão Bibliográfica
14
Assim a perlita afeta a usinabilidade do ferro fundido de duas maneiras
distintas: o tipo de perlita e a proporção de grãos de perlita vs. ferrita.
A quantidade e o tamanho da cementita na perlita afetam de forma significativa
a vida da ferramenta. Bates (1996) relacionou a usinabilidade de ferros fundidos
cinzentos e nodulares ao teor de Fe
3
C na perlita. Os resultados obtidos pelo
pesquisador são apresentados na figura 2.4. Nota-se a influência do teor de Fe
3
C na
vida da ferramenta na furação de placas de ferro fundido cinzento com brocas de
aço-rápido. Nas três condições de trabalho a ferramenta de corte apresentou nos
testes um comportamento muito semelhante. Nestes o aumento do teor de Fe
3
C na
perlita reduz rapidamente o número de furos produzidos, indicando a importância
deste fator na usinabilidade do material.
15141312111098
600
500
400
300
200
100
0
Vida da broca [n de furos]
37 m/min
40 m/min
43 m/min
Avanço = 0,229 mm/rot
Diâmetro 6 mm
Broca helicoidal HSS
o
Teor de Fe C na Perlita [%]
3
Figura 2.4 - Comportamento da vida da ferramenta com o aumento da quantidade
de Fe
3
C na fase de perlita (BATES, 1996).
Mocellin (2002) confirmou a influência do percentual de Fe
3
C na perlita
observando os melhores resultados de usinabilidade nas ligas onde se obteve perlita
com lamelas de Fe
3
C mais estreitas, isto é, menor quantidade de cementita na
perlita.
Capítulo 2 Revisão Bibliográfica
15
A outra maneira em que a perlita afeta a usinabilidade dos ferros fundidos é
pela proporção de perlita/ferrita na microestrutura. Este fator afeta diretamente a
resistência mecânica do material. Um aumento de 15% para 95% de perlita no ferro
fundido vermicular, mantendo-se as demais variáveis inalteradas, resulta em um
aumento do limite de resistência de 300 MPa para 480 MPa (DORE, 2007;
MOCELLIN, 2002; DAWSON, 2002). O aumento da resistência mecânica afeta os
resultados na usinagem, contudo não uma relação direta entre o aumento da
razão perlita / ferrita e a redução da vida da ferramenta, a qual sofre maior influência
do teor de Fe
3
C da perlita. Reuter et al. (2001) realizaram ensaios de torneamento e
fresamento em ferros fundidos vermiculares com diferentes proporções de perlita.
Os testes foram realizados com dois materiais de ferramenta, metal-duro e CBN
aplicando dois níveis para o fator velocidade de corte: 400 e 800 m/min para o CBN
e 150 e 250 m/min para o metal duro. O gráfico na figura 2.5 (a) e (b) apresenta os
resultados.
10090807060
60
50
40
30
20
10
0
Quantidade de perlita [%]
Comprimento de corte [Km]
150 m/min Fresamento
150 m/min T or neamento
250 m/min Fresamento
250 m/min T or neamento
10090807060
25
20
15
10
5
0
Quantidade de perlita [%]
Comprimento de corte [Km]
40 0 m/min Fresamento
40 0 m/min T or neamento
80 0 m/min Fresamento
80 0 m/min T or neamento
(a) (b)
Figura 2.5 - Vida da ferramenta em função da perlita na usinagem do CGI: (a)
ferramenta de metal-duro; (b) ferramenta de CBN (REUTER et al., 2001).
Capítulo 2 Revisão Bibliográfica
16
Analisando os efeitos da proporção de perlita na vida da ferramenta no
torneamento e fresamento do ferro fundido vermicular na figura 2.5 nota-se diferença
entre os processos e o comportamento da ferramenta. No processo de fresamento
nota-se uma tendência da vida da ferramenta aumentar de forma significativa com o
aumento da proporção de perlita, principalmente no caso do CBN. Contudo, no
processo de torneamento do CGI não evidências de uma tendência de aumento
ou mesmo de redução da vida da ferramenta em função da quantidade de perlita.
Outra constatação é a influência da velocidade de corte que no processo de
fresamento para ambas as ferramentas resulta em um maior comprimento de corte
enquanto no torneamento as velocidades de corte baixas apresentaram um melhor
rendimento para as duas ferramentas testadas (REUTER et al., 2001).
c) Efeito dos elementos químicos
A composição química exerce também forte influência sobre a usinabilidade
dos ferros fundidos. Entre elementos que afetam a usinabilidade do ferro fundido o
silício é apontado como principal agente de mudanças no comportamento da
usinagem. O silício é um elemento formador de ferrita, que em até 3,0% do volume
total de liga melhora a usinabilidade do ferro fundido. Entretanto, o aumento desta
porcentagem na liga tende a endurecer a ferrita, fazendo com que o material atinja
valores de dureza e resistência iguais ao ferro fundido perlítico (DAWSON, 2002).
Dawson (2001) realizou testes de torneamento de ferro fundido vermicular com
3,0% e 4,0% de silício. Nos testes também foram apresentados como variáveis do
processo o material da ferramenta e a velocidade de corte. Na figura 2.6 encontram-
se resultados dos experimentos. O autor explica que, com a adição de 3,0% de
silício, a usinabilidade do vermicular é melhorada, contudo a dureza e a resistência
mecânica do material são afetadas. Esta redução nas propriedades mecânicas do
material descarta a possibilidade do seu emprego na fabricação de blocos de
motores. A liga contendo 4,0% de silício, atingiu a resistência mecânica necessária
de 500 MPa, entretanto com uma redução de 15% na condutividade térmica e um
pior rendimento no comprimento de usinagem, para todos as condições de corte
testadas.
Capítulo 2 Revisão Bibliográfica
17
60
50
40
30
20
10
0
CBN
Comprimento de Usinagem [km]
60
50
40
30
20
10
0
CBN
60
50
40
30
20
10
0
Metal duro
60
50
40
30
20
10
0
Metal duro
CGI (4,0% Si)
CGI (3,0% Si)
CGI (>95% Perlita)
CGI (70 a 80% Perlita)
Cinzento (GG25)
800 m/min
400 m/min
250 m/min
150 m/min
Figura 2.6 - Efeito do teor de silício do CGI na vida da ferramenta de torneamento
(DAWSON, 2001).
Na usinagem do ferro fundido cinzento, o enxofre e o manganês combinam-se
formando o sulfeto de manganês (DAWSON, 2001). Inclusões de sulfeto de
manganês (MnS) melhoraram a usinabilidade de ferros fundidos cinzentos, agindo
como lubrificante e aderindo sobre a face da ferramenta. Contudo nos ferros
fundidos vermiculares não se observa a formação desta camada. O teor de enxofre
normalmente presente em ferros fundidos cinzentos é dez vezes menor que no
vermicular. Além disso, o enxofre no ferro fundido vermicular combina-se
preferencialmente com o magnésio, elemento nodulizante, não restando
quantidades suficientes para se combinar com o manganês e formar uma camada
de sulfeto de manganês (REUTER et al., 2001).
Outros elementos como o cromo e o titânio são introduzidos na liga do ferro
fundido através da sucata de aço ou intencionalmente como liga para obtenção de
maior resistência ao desgaste a altas temperaturas. Estes elementos são
formadores de carbonetos, encontrados geralmente nas últimas regiões em
solidificação na forma de carbonetos (REUTER et al, 2001). Guesser (2002),
Capítulo 2 Revisão Bibliográfica
18
Dawson e Schroeder (2004) citam que a adição 0,1% de titânio resulta na formação
de mais de 1000 inclusões de carbonitretos em uma área de 1mm
2
.
No ferro fundido vermicular o titânio é considerado elemento residual e se
encontra nas proporções indicadas na Tabela 2.3 conforme as propriedades
desejadas.
A relação entre a quantidade de titânio na liga e o desgaste da ferramenta de
metal-duro no processo de torneamento para velocidades de 150 e 250 m/min é
apresentado na figura 2.7. No gráfico nota-se que a vida da ferramenta diminui
drasticamente com o aumento do teor de titânio (DAWSON, 1999).
0,250,200,150,100,050,00
8
6
4
2
0
% Titânio
Comprimento de corte [km]
150 m/min
250 m/min
Velocidades de Corte
Figura 2.7 - Vida da ferramenta no torneamento de CGI em função do teor de
titânio no CGI (DAWSON, 1999).
Tabela 2.3 -
Efeitos metalúrgicos de distintas proporções de titânio (DAWSON,
1999).
% Ti Função Metalúrgica
0,02 a 0,05% Típico teor residual
0,04 a 0,07% Adição intencional para melhorar resistência ao desgaste
0,10 a 0,25% Adição intencional para estabilizar a grafita vermicular
Capítulo 2 Revisão Bibliográfica
19
d) Efeito das inclusões
Os ferros fundidos normalmente possuem inclusões não-metálicas, as quais
podem ser óxidos, sulfetos ou complexos intermetálicos. As inclusões, dependendo
de sua composição, podem ser macias como sulfeto de manganês, ou duras como o
silicato de magnésio (DAWSON, 1999). Para minimizar os efeitos das inclusões e
melhorar a usinabilidade do ferro fundido vermicular Dawson (2001) estudou a
possibilidade de inserir na liga outros elementos para a transformação das inclusões
de alta dureza em inclusões de menor dureza, para que pudessem aderir na
superfície da ferramenta, protegendo-a dos mecanismos de desgaste. Contudo, os
resultados não foram significativos frente à maior dificuldade de fabricação do ferro
fundido vermicular.
2.4 PROCESSO DE FURAÇÃO
A furação é um dos processos de usinagem mais utilizados nas indústrias de
manufatura. Tem por objetivo a obtenção de furos geralmente cilíndricos, podendo
apresentar algumas variantes para o produto do processo (ver figura 2.8). A grande
maioria das peças de qualquer tipo de indústria tem pelo menos um furo e, somente
uma parte muito pequena dessas peças vem com o furo pronto do processo de
obtenção da peça bruta (fundição, forjamento, etc). Em geral, as peças têm que ser
furadas em cheio ou terem seus furos aumentados através do processo de furação.
(DINIZ et al, 2006).
A furação faz parte do grupo de processos de usinagem com geometria de
corte definida assim como o torneamento e o fresamento, envolvendo
aproximadamente 30% de todas as operações de usinagem de metal e 75% do
volume de material removido na usinagem (CASTILLO, 2005). Conforme a norma
alemã DIN 8589, é definida como um processo de usinagem com movimento de
corte circular, ou seja, com movimento rotativo principal. A ferramenta possui
movimento de avanço apenas na direção do seu eixo de rotação, que mantém sua
posição em relação à ferramenta e à peça (KÖNIG e KLOCKE, 1997).
Capítulo 2 Revisão Bibliográfica
20
Figura 2.8 - Variantes do processo de furação (KÖNIG e KLOCKE, 1997).
Reconhecida a importância desta operação na indústria, nota-se que o
desenvolvimento tecnológico para este processo apresenta as características
comuns a outros como o torneamento e o fresamento. A introdução de novos
materiais para ferramentas de corte tais como, o nitreto cúbico de boro (CBN), a
cerâmica e o diamante, comuns a outros processos de usinagem, são raramente
empregados na furação, ainda mais em furos de pequeno porte (abaixo de 10 mm),
sendo o aço-rápido ainda o material mais utilizado nestes casos (DINIZ et al., 2006).
Esta dificuldade em acompanhar a evolução tecnológica deve-se em parte as
condições desfavoráveis do processo de furação. Entre as principais características
que representam esta dificuldade pode-se citar: i) a variação da velocidade de corte
na ferramenta, atingindo o seu valor máximo na periferia e tendendo a zero para o
centro; ii) a dificuldade em expulsar os cavacos da região de corte; iii) a fragilidade
das pontas de corte, susceptíveis a avarias e desgaste; iv) atrito entre as guias,
parede do furo e o próprio cavaco (BORK, 1995).
No processo de furação outro fator importante a ser considerado é a relação
da profundidade do furo e o diâmetro da ferramenta, onde valores maiores do que
cinco vezes (L/D > 5) são denominados de processos de furação profunda (DINIZ et
al., 2006). A furação profunda é uma operação de usinagem complexa, na qual a
dificuldade em expulsar os cavacos da região de corte afeta o desgaste da
Capítulo 2 Revisão Bibliográfica
21
ferramenta e a qualidade dos furos, sendo esta função de arrastar os cavacos
relativa ao sistema de refrigeração. A geometria da ferramenta também contribui
para a eficiência desta operação que pode ser realizada utilizando-se brocas
helicoidais com ciclos intermitentes do avanço da ferramenta, movimento conhecido
como “pica-pau” para esvaziar os canais de saída de cavacos (CASTILLO, 2005).
2.5 FERRAMENTAS EMPREGADAS NA FURAÇÃO
Para a produção de furos empregam-se ferramentas de corte denominadas de
brocas que podem ser de diversos tipos, tais como: brocas chatas, brocas
helicoidais, brocas canhão (para furos profundos), brocas ocas para trepanação,
brocas com pastilhas intercambiáveis e brocas especiais (ferramentas integradas)
conforme as características do processo. As brocas helicoidais de aço-rápido são as
mais conhecidas, aplicadas em mais da metade das operações de furação
realizadas no Brasil (DINIZ et al., 2006; STEMMER, 2005).
2.5.1 Tipos de Brocas
Em função de uma série de características do processo tais como a dimensão,
o tipo de furo (cego ou passante), a relação entre o diâmetro e a profundidade do
furo (L/D), a qualidade do furo (tolerâncias dimensionais e geométricas e o
acabamento), a quantidade de furos a serem realizados e as características do
material a ser usinado entre outras se podem empregar diferentes tipos de brocas no
processo de furação (FERRARESI, 2006). Os tipos de brocas mais conhecidos são
(STEMMER, 2005):
Broca chata: é a mais antiga, utilizada para furos pouco profundos, em
materiais frágeis e na furação de madeira por não suportar grandes esforços.
Broca escalonada: utilizada para executar furos e rebaixos em uma única
operação. Indicada para a produção em escala para a execução de furos com dois
ou mais diâmetros podendo combinar operações como furação, alargamento ou
chanframento.
Capítulo 2 Revisão Bibliográfica
22
Broca com canais de refrigeração: é usada em produção contínua e em
alta velocidade, principalmente em furos profundos. O fluido de corte é injetado sob
alta pressão. No caso do ferro fundido, a refrigeração é feita por meio de injeção de
ar comprimido que também ajuda a expelir os cavacos.
Broca de centro: usada para abrir um furo inicial que servirá como guia no
local do furo que será feito pela broca helicoidal. Além do furo, esta broca produz
simultaneamente chanfros que servem de superfície de referência na fixação entre
pontas.
Broca canhão: empregada em furos profundos e apresenta como
característica específica o fato de possuir um único gume de corte. A principal
vantagem desta ferramenta é que a alimentação do fluido de corte é feita através da
sua haste oca e o transporte de cavaco ocorre pelo canal em forma de V, na
periferia da ferramenta evitando o entupimento.
Broca oca de trepanação: este tipo de broca é utilizado para furos de
grandes diâmetros (acima de 120 mm) em operações onde a aplicação de outras
brocas resultaria em grande desperdício de material na forma de cavaco e um maior
tempo de usinagem. O uso deste tipo de broca é exclusivo para produção de furos
passantes, uma vez que a usinagem acontece na periferia do furo mantendo intacto
o material da parte central, que pode ser reaproveitado.
Broca de pastilhas intercambiáveis: nesta ferramenta não aresta
transversal devido ao posicionamento das pastilhas, uma na região central e outra
na extremidade. São empregadas na furação curta com diâmetros geralmente
maiores que 12 mm e apresentam um bom rendimento em termos de produtividade.
Broca helicoidal: é a ferramenta mais empregada nas operações de
furação. As brocas helicoidais podem ser de aço-rápido com ou sem revestimento,
metal duro inteiriças ou com pastilhas intercambiáveis e são aplicáveis para a
produção de furos curtos com diâmetros pequenos e médios.
Considerando a sua importância e o fato de que esta dissertação restringiu-se
ao uso de brocas helicoidais para a furação de ferro fundido vermicular, somente as
características das brocas helicoidais serão detalhadas nos tópicos a seguir.
Capítulo 2 Revisão Bibliográfica
23
2.5.2 Brocas Helicoidais
Sua forma construtiva é composta de uma haste cilíndrica e uma parte
cortante que pode ser afiada de maneiras distintas conforme o material a ser
usinado. Geralmente apresenta dois gumes principais ligados através da aresta
transversal, contudo podem ter três ou mais gumes cortantes, a fim de reduzir os
erros de posicionamento, melhorar o fluxo de cavacos e reduzir as forças de corte e
avanço (DINIZ et al, 2006).
As brocas são identificadas de acordo com o tipo de material da ferramenta, a
forma da haste, o número de canais, o sentido de corte, o comprimento, o diâmetro e
o tipo de afiação (STEMMER, 2005). Uma visão geral da broca é apresentada na
figura a seguir.
Figura 2.9 - Broca helicoidal (STEMMER, 2005).
2.5.3 Geometria da Broca Helicoidal
A geometria da broca helicoidal apresenta superfícies e arestas de corte como
a ferramenta de torneamento, contudo dois gumes na parte ativa da ferramenta
constituída pelas suas cunhas de corte, formadas pela intersecção das superfícies
de saída e folga e pelo gume transversal que devido ao movimento de avanço se
torna uma parte integrante do gume principal. O ângulo de hélice da broca define o
ângulo de saída, que não é constante ao longo do gume principal, mas apresenta o
Capítulo 2 Revisão Bibliográfica
24
seu valor máximo na ponta de corte e diminui no sentido de centro desta, tornando-
se negativo na passagem para o gume transversal (CASTILLO, 2005).
A broca helicoidal, assim como qualquer ferramenta de corte, tem seu
desempenho afetado por sua geometria. A figura 2.10 mostra os principais ângulos
das brocas helicoidais.
Figura 2.10 - Ângulos de corte de uma broca helicoidal (STEMMER, 2005).
O ângulo de ponta (σ
σσ
σ) é formado pelos dois gumes principais, no plano que
contêm o eixo principal da broca. Tem influência na espessura do cavaco, para um
mesmo avanço, sendo que o emprego de um ângulo de ponta menor faz com que o
cavaco seja mais fino e mais largo. Para o caso de alguns materiais de baixa
usinabilidade, o cavaco mais grosso é mais vantajoso, pelo fato de fazer contato na
face, num ponto mais afastado do gume. Um grande ângulo de ponta permite,
usualmente, o aumento do avanço. Isto possibilita uma substancial redução no
tempo de usinagem. Com o aumento do ângulo de ponta a centragem da ferramenta
e o momento torsor tendem a diminuir (STEMMER, 2005).
Ângulo de incidência (α
αα
α) é gerado pelo rebaixamento do flanco principal.
Usualmente encontra-se entre 12 e 15 graus. O aumento do ângulo de incidência
evita o esmagamento de material pelo flanco da broca, reduzindo a força de avanço.
Por outro lado, reduz a resistência do gume (TEIXEIRA, 1995).
Capítulo 2 Revisão Bibliográfica
25
Ângulo de saída (γ
γγ
γ) é o ângulo da helicóide dos canais da broca. Classificam-se
três tipos de brocas quanto ao ângulo de hélice: Tipo N (materiais usuais como o
aço); tipo H (para materiais duros e frágeis); e tipo W (para materiais moles)
(STEMMER, 2005).
Ângulo do gume transversal (ϕ
ϕϕ
ϕ): é o menor ângulo formado entre os gumes
principais e o gume transversal. Este ângulo é determinado pelo ângulo de
incidência (STEMMER, 2005).
2.5.4 Afiação da Ponta da Broca
Este processo é realizado através de ferramentas abrasivas para a construção
e manutenção dos gumes de corte das brocas para que estas possam ser utilizadas
no processo de furação. A afiação é um dos fatores responsáveis pela qualidade dos
furos e uma geometria adequada de afiação reduz os esforços de corte no processo
de furação. O tipo de afiação de broca mais conhecido e aplicado é a afiação em
cone de revolução ou simplesmente afiação cônica. O princípio da afiação cônica
consiste em posicionar a ponta da broca em frente ao rebolo observando a formação
do ângulo de ponta. Nesta posição a broca gira em torno do seu eixo que está
deslocado para formar o ângulo de folga. Este tipo de afiação apresenta como
vantagem a facilidade de fabricação e o seu bom comportamento na furação da
maioria dos materiais usinados (DINIZ et al., 2006).
O desempenho das brocas helicoidais evoluiu de forma significativa com o
surgimento de novos procedimentos e afiações, tais como:
Afinação da aresta transversal: identificada pela norma NBR-6176 da ABNT como
afiação especial (formato A) e tem o objetivo de reduzir o esforço axial na ferramenta
(força de avanço), através da redução da espessura do núcleo e por conseqüência a
redução da aresta transversal de corte (FERRARESI, 2006). Na figura 2.11 são
indicados os pontos onde ocorrem a afinação da aresta transversal em uma broca
helicoidal.
Capítulo 2 Revisão Bibliográfica
26
Figura 2.11 - Afinação da aresta transversal de corte (STEMMER, 2005).
Este tipo de afiação torna-se também necessário no processo de restauração
das arestas de corte conhecido como reafiação. Devido ao fato das brocas serem
projetadas com um aumento gradativo da espessura do núcleo da ponta até o final
da área de corte para reforçar a sua estrutura, as reafiações da broca geram em um
aumento do comprimento da aresta transversal. Além do aumento do esforço axial
na broca (ver figura 2.12) o aumento da espessura do núcleo resulta em erros
dimensionais e geométricos nos furos (SKF FERRAMENTAS, 2000).
O gráfico na figura 2.12 apresenta o comportamento do esforço axial em
função do aumento do diâmetro do núcleo. Nota-se que para as duas condições de
corte testadas (avanço de 0,26 e 0,37 mm/rot) o comportamento é o mesmo, o
aumento da espessura do núcleo gera um aumento do esforço axial na furação. O
efeito da afinação da aresta transversal no esforço axial pode ser observado no
gráfico. Uma broca de diâmetro de 15 milímetros atinge uma espessura de núcleo de
aproximadamente 2,8 milímetros. Nas condições de corte apresentadas a força axial
resultante seria de 5200 N. Uma redução da espessura do núcleo para 1,5
milímetros (valor recomendado pelo fabricante) resultaria em uma força axial de
poucos mais de 3000 N, uma redução de aproximadamente 40% no esforço axial.
Capítulo 2 Revisão Bibliográfica
27
321
10000
5000
4000
3000
2000
Espessura do núcleo [mm]
Esforço Axial [N]
0,26 mm/rot
0,37 mm/rot
Avanço
Refrigeração: Emulo
Velocidade de corte: 25 m/min
Profundidade: 40 mm
Furo: Ø 15 mm
Dureza: 540 N/mm
Material: aço SAE 1035
Broca helicoidal Ø 15 mm (HSS)
Figura 2.12 - Comportamento do esforço axial em função do diâmetro do núcleo da
broca (SKF FERRAMENTAS, 2000).
• Afiação cruzada: Nesta afiação é retificado um rebaixo nos flancos da broca
apresentando-se como uma segunda superfície de incidência que reduz ou mesmo
elimina a aresta transversal (ver figura 2.13). Representada na norma NBR-6176
como afiação especial (formato C) é aplicada em furos profundos e na usinagem de
materiais duros como o CGI. A força de avanço é significativamente reduzida e a
remoção parcial ou completa da aresta transversal tem como efeito a melhor
centralização da broca na furação (STEMMER, 2005).
Afiação com ângulo de ponta duplo: Nesta ferramenta além do ângulo de ponta
principal, em geral com 118º, é afiado um segundo ângulo de ponta com 90º na
parte exterior da aresta principal de corte (ver figura 2.14). Recomenda-se que o
segundo ângulo de ponta (90º) tenha um comprimento de 1/3 da aresta principal de
corte. Este ângulo tem como objetivo aumentar o comprimento da aresta principal de
corte e reforçar as pontas da broca, região onde as velocidades de corte são
maiores. Este tipo de afiação possibilita o aumento da vida da ferramenta,
Capítulo 2 Revisão Bibliográfica
28
identificada na norma NBR-6176 como afiação especial (formato D) é aplicada na
usinagem do ferro fundido (STEMMER, 2005).
Figura 2.13 - Afiação cruzada da aresta transversal de corte (STEMMER, 2005).
Figura 2.14 - Afiação com ângulo de ponta duplo (STEMMER, 2005).
As combinações das duas últimas afiações (cruzada e com ângulo de ponta
duplo) estão presentes nas geometrias testadas neste estudo.
Capítulo 2 Revisão Bibliográfica
29
Afiação em S: Essa afiação apresenta a aresta transversal com ponta em espiral,
ou spiral point drillem forma de “S” e gera ângulos de saída menos negativos ao
longo da aresta de corte, quando comparada com a afiação cônica. Testes
realizados com a aresta transversal em forma de “S” mostraram uma redução de até
30% na força de avanço, a diminuição nos erros geométricos, a redução de rebarbas
na entrada e saída dos furos produzidos e uma menor geração de calor nas pontas
da broca, resultando em uma maior vida para a broca (SANTOS, 2002).
Para a furação de materiais de difícil usinagem, tais como o ferro fundido
vermicular, foram desenvolvidas novas geometrias que facilitam a remoção dos
cavacos da área de corte e reforçam as arestas e pontas da broca. Estas brocas
com novas geometrias possuem além da aresta transversal de corte afinada pela
afiação em cruz, pequenos chanfros nas extremidades das arestas de corte ou ainda
a ponta em forma de raio. Estas novas afiações para brocas ganharam impulso com
o desenvolvimento das máquinas de comando numérico, uma vez que estas
afiações exigem geometrias complexas com estreita tolerância geométrica e
dimensional (DINIZ et al., 2006).
2.5.5 Materiais para ferramentas de furação
O desenvolvimento de novos materiais para ferramentas de corte tem
acompanhado o aumento da velocidade de corte, das taxas de avanço e vida das
ferramentas, permitido assim aumentar a produtividade no processo de furação
(FERRARESI, 2006). Esta evolução pode ser observada na figura 2.15, contudo o
aço-rápido e o metal duro atualmente dominam o mercado e são os mais
importantes materiais na fabricação de brocas. Nota-se que a introdução de novos
materiais está ganhando força considerável no processo de furação, principalmente
devido às modernas máquinas CNC disponíveis hoje no mercado, que garantem
potência, rigidez e rotação ao processo de usinagem (DINIZ et al., 2006).
Capítulo 2 Revisão Bibliográfica
30
Figura 2.15 - Evolução do emprego de novos materiais para ferramentas de corte
(CIMM, 2008).
As principais propriedades que um material de ferramenta de corte deve
apresentar são listadas abaixo e dependendo da aplicação, uma ou mais
propriedades podem se destacar (DINIZ et al., 2006):
Alta dureza a frio e a quente, para resistir aos mecanismos de desgaste e à
deformação:
• Tenacidade suficiente para evitar falha por fratura;
Alta resistência ao desgaste, sendo esta propriedade intimamente ligada à dureza
a quente do material;
• Alta resistência a compressão e flexão;
• Alta resistência ao cisalhamento;
• Boas propriedades mecânicas e térmicas a temperaturas elevadas;
Capítulo 2 Revisão Bibliográfica
31
• Alta resistência ao choque térmico;
Estabilidade química: inerte ao material da peça e possuir resistência à oxidação e
difusão em altas velocidades de corte.
No processo de furação a resistência ao desgaste (dureza a quente) e a
tenacidade são as principais características exigidas da ferramenta. Isso se deve ao
mecanismo de desgaste predominante (abrasão) e os esforços (compressão, torção
e flexão) submetidos à ferramenta durante o corte (KÖNIG e KLOCKE, 1997).
Na figura 2.16 pode-se verificar o comportamento de cada material em relação
a estas duas propriedades. As áreas representadas para estes dois materiais, o aço-
rápido e o metal duro, justificam serem eles os mais empregados no processo de
furação.
Figura 2.16 - Relação entre a tenacidade e a dureza entre os materiais aplicados
como ferramenta de corte (SANDVIK COROMANT, 2005).
A seguir apresentam-se as principais características do metal duro como
ferramenta de corte por ser este o material das brocas empregado na furação do
ferro fundido vermicular e objeto de estudo desta pesquisa.
PCD/CBN
Cerâmica
Cermet
CVD
PVD
Micro
-
grão
HSS
Metal duro
Tenacidade
Resistência ao desgaste
Capítulo 2 Revisão Bibliográfica
32
Metal Duro
O metal duro é um produto da metalurgia do pó, composto de carbonetos
(tungstênio) associado a outro metal de baixo ponto de fusão como o cobalto, ferro
ou níquel, formando através da sinterização um corpo de alta resistência ao
desgaste e tenaz. (DINIZ et al., 2006). O metal duro é usado na forma de pastilhas
intercambiáveis, sob o corpo da ferramenta ou ainda na forma de bastões cilíndricos
inteiriços como é o caso de brocas de pequeno diâmetro. A figura 2.17 mostra a
estrutura do metal duro com o substrato de carboneto de tungstênio e a matriz
metálica de cobalto, além dos revestimentos aplicados na superfície da ferramenta.
Figura 2.17 - Microestrutura do metal duro (SANDVIK COROMANT, 2005).
A porosidade e a microestrutura do metal duro também são fatores que
influenciam na capacidade de corte sendo comum a aplicação de revestimentos para
melhorar o desempenho deste material.
Entre as características do metal duro destaca-se a capacidade de permitir
variar a dureza e a tenacidade da ferramenta em função da sua composição. A
figura 2.18 mostra esta variação da dureza em função da temperatura, mostrando
duas curvas para o metal duro com teores diferentes de cobalto e uma terceira
relativa ao aço-rápido como padrão de comparação. Na figura, à medida que a
Revestimento
de TiN
Carbonetos de
Tungstênio
Carbonetos:
TiC, TaC e NbC
Revestimento
de Al
2
O
3
Revestimento
de Carbonitreto
de Titânio
Capítulo 2 Revisão Bibliográfica
33
quantidade de cobalto diminui, aumenta a porcentagem de carbonetos e do mesmo
modo a dureza a quente aumenta (DINIZ et al., 2006).
Figura 2.18 - Influência da porcentagem de cobalto e da temperatura na dureza do
metal duro (DINIZ et al., 2006).
A norma ISO 513: 2004 classificou o metal duro em seis classes representadas
pelas letras: P, M, K, N, S e H conforme sua aplicação na usinagem e as
características de formação de cavaco. Dentro de cada classe subdivisões
designadas por números de 1 a 50 que representam as propriedades de resistência
ao desgaste e tenacidade. Os números menores identificam as classes mais
resistentes ao desgaste enquanto os maiores as mais tenazes. A classe K, primeira
a ser desenvolvida, é indicada para a usinagem de materiais como o ferro fundido
cinzento, maleáveis e outros materiais de cavaco curto, tais como o ferro fundido
vermicular (DINIZ et al., 2006).
0
500
1000
1500
2000
0 250 500 750 1000
Temperatura [
o
C]
Dureza Vickers [kgf/mm
2
]
6% Co
15% Co
Aço Rápido
Capítulo 2 Revisão Bibliográfica
34
Além disto, outro aspecto importante sobre o metal duro é o tamanho dos grãos
de carboneto de tungstênio. Esta característica do metal tem efeito direto sobre a
tenacidade do material. Em princípio, quanto menor é o tamanho do grão, mais
tenaz é a ferramenta, fazendo possível a sua aplicação em condições de
instabilidade do processo. Atualmente os fornecedores de ferramentas em metal
duro identificam como uma tendência do mercado empregar tamanhos de grãos
cada vez menores (GUHRING, 2008).
O tamanho dos grãos no metal duro podem ser classificados em fino (0,8 a 1,3
µm), submicrométrico (0,5 a 0,8 µm), ultrafino (0,2 a 0,5 µm) e nanométrico (abaixo
de 0,2 µm). A redução do tamanho do grão resulta na melhoria das propriedades do
material, um aumento na dureza, resistência ao desgaste e na tenacidade da
ferramenta (DINIZ et al, 2006).
A figura 2.19 mostra a influência do tamanho do grão no desgaste da
ferramenta.
302520151050
1,00
0,75
0,50
0,25
0,00
Tempo de Corte [min]
Desgaste na Ponta da Ferramenta [mm]
1,0 micron
2,0 microns
3,5 microns
8,0 microns
Tamanho de go 1 m
5%Co (1646 HV)
Tamanho de go 2 m
5,5 %Co (1555 HV)
Tamanho de go 3,5 m
6%Co (1496 HV)
Tamanho de grão 8 m
6%Co (1296 HV)
µ
µ
µ
µ
Figura 2.19 - Desgaste de flanco em ferramentas de metal duro com diferentes
tamanhos de grãos (TRENT e WRIGHT, 2000).
Capítulo 2 Revisão Bibliográfica
35
Este fato justifica o desenvolvimento de grãos cada vez mais finos como os
nanométricos (abaixo de 0,2 µm) para fabricação de ferramentas em metal duro.
2.5.6 Revestimentos Aplicados em Brocas
A tecnologia de revestimento das ferramentas de corte adquiriu fundamental
importância no processo de usinagem pela sua característica de aumentar a
produtividade pela melhoria das propriedades das ferramentas. Normalmente mais
duros que o material original da ferramenta, os revestimentos melhoram a
resistência ao desgaste, reduzem o atrito na superfície de saída do cavaco, servem
de isolante térmico e químico, aumentando a vida da ferramenta e reduzindo os
esforços de usinagem (BORK, 1995). Além destas vantagens, o uso de revestimento
nas ferramentas de corte possibilitou para alguns processos de fabricação, tais como
o torneamento e o fresamento, a usinagem sem o uso de lubri-refrigerantes, contudo
no processo de furação os fluidos lubri-refrigerantes têm outras funções que o
podem ser obtidas somente com a aplicação de revestimentos na superfície da
ferramenta (DINIZ et al, 2006).
O processo de revestimento da ferramenta pode ser realizado pelo processo de
deposição química (CVD) ou através da deposição física (PVD). A diferença entre os
processos está no mecanismo de geração e transporte do vapor (material de
revestimento) e na forma que este vapor é depositado sobre o substrato (BERG et
al, 2002). Em brocas o método de PVD é o mais empregado devido a vantagem de
realizar a aplicação de uma nova camada após a reafiação várias vezes sem alterar
as dimensões e o formato da ferramenta (DINIZ et al, 2006).
Atualmente, os tipos de revestimentos mais usados no processo de furação
são: TiC, TiN, TiCN e o TiAlN. Cada um destes apresentam características próprias
como cor, dureza, espessura, aplicabilidade e desempenho (BERG et al, 2002). As
principais características de cada um deles são:
Carboneto de Titânio (TiC): Apresenta baixo coeficiente de dilatação térmica e
atrito, que levam a uma redução da temperatura no gume da ferramenta, reduzindo,
assim, a ocorrência de difusão. Quando comparado com o TiN, sua dureza é mais
elevada, o que ocasiona maior resistência a abrasão (KÖNIG e KLOCKE, 1997).
Capítulo 2 Revisão Bibliográfica
36
Nitreto de Titânio (TiN): Possui uma ligação interna maior que o TiC em função da
sua estabilidade química, tendo menor tendência à difusão na usinagem de aços
(STEMMER, 2001; KÖNIG e KLOCKE, 1997; DINIZ et al., 2006).
Carbonitreto de Titânio (TiCN): Apresenta boa resistência ao desgaste de flanco
do TiC e estabilidade química do TiN, resistindo contra o desgaste de cratera e o de
oxidação. É muito utilizado na usinagem dos ferros fundidos (BALZERS, 2008).
Nitreto de Titânio-alumínio (TiAlN): É um processo no qual, durante a deposição,
alguns átomos de Ti são substituídos por átomos de Al. Isto proporciona uma maior
resistência ao desgaste, oxidação e estabilidade química, dependendo da sua
aplicação. Possui uma elevada resistência à oxidação que pode ser atribuída à
formação de uma camada externa de óxido de alumínio e uma camada interna de
óxido de titânio formada na interface entre o revestimento e o substrato. Estas
características tornam esse revestimento o mais indicado para a furação de ferro
fundido vermicular sendo este o revestimento aplicado no processo de fabricação de
blocos de motores da Tupy S.A e nas ferramentas empregadas neste estudo
(ANDRADE, 2005).
2.6 FORMAÇÃO DE CAVACO NA FURAÇÃO
Diniz et al. (2006) destacam que uma das principais dificuldades encontradas
no processo de furação é a extração dos cavacos de dentro do furo. Se os cavacos
não forem forçados a sair do interior do furo, eles podem causar o entupimento do
mesmo, aumentando o momento torsor e por conseqüência a quebra da ferramenta.
O que resulta em perdas relacionadas a ferramenta, geralmente inutilizada pela
quebra, o retrabalho para retirar a ferramenta do furo e em muitas vezes a rejeição
da peça.
As características do material a ser usinado, tais como a estrutura e a
ductilidade, são decisivas na formação do cavaco, assim como a geometria da
ferramenta e as condições de corte. Os cavacos podem ser identificados pelo tipo
(contínuo, cisalhado e arrancado) e pelo formato (em fita, helicoidal, em formato de
Capítulo 2 Revisão Bibliográfica
37
vírgula e lascas ou pedaços) sendo os cavacos helicoidais ou em lascas os que mais
facilmente podem ser removidos dos furos (BORK, 1995 e DINIZ et al., 2006).
A remoção do cavaco pode ser ainda auxiliada pela utilização de um ciclo
intermitente de furação onde a interrupção do avanço da ferramenta e a sua retirada
de dentro do furo expulsam os cavacos e limpam os canais da broca, contudo esta
pratica gera um aumento nos tempos de usinagem. Além desta, outra alternativa
aplicada para remoção dos cavacos é a injeção de fluido de corte sob pressão
através de canais na broca diretamente no fundo furo (STEMMER, 2005 e DINIZ et
al., 2006).
Na usinagem do ferro fundido o cavaco é arrancado, característica comum em
materiais frágeis ou de estrutura heterogênea, nos quais fragmentos da peça são
arrancados em formato de lascas ou pedaços. O cisalhamento se em relação à
grafita, que possua a menor resistência mecânica e pela descontinuidade na matriz.
Logo a formação de cavacos nos ferros fundidos é diretamente afetada pelas
características da grafita e pelo mecanismo de propagação de trincas no material.
A figura 2.20 ilustra o mecanismo de formação de cavacos em ferros fundidos
cinzentos e nodulares.
Figura 2.20 - Etapas de formação do cavaco no ferro fundido (COHEN et al.,
2000).
Capítulo 2 Revisão Bibliográfica
38
Durante a usinagem, a ferramenta comprime o material abaixo do flanco
criando uma fratura que se propaga à frente do gume (a). Com o movimento de corte
da ferramenta o fragmento de material se separa da peça (b). Como o cavaco foi
arrancado a frente da ferramenta, a mesma move-se livre sem contato com a peça
até encontrar a superfície da peça (c). O ciclo tem início novamente, criando uma
nova fratura no material, deixando para trás pequenas crateras na superfície, o que
contribui para o aumento da rugosidade (d). Nos ferros fundidos nodulares a maior
deformação plástica e menor propagação de trincas deste material torna o cavaco
mais contínuo (COHEN et al., 2000). O ferro fundido vermicular por possuir
propriedades entre o nodular e o cinzento apresenta uma formação intermediária de
cavacos (REUTER et al., 2001).
2.7 FORÇAS DE CORTE NA FURAÇÃO
A medição dos esforços de corte presentes nos processos de usinagem são de
grande importância na avaliação das condições de corte e no desenvolvimento de
máquinas-ferramentas. Além disso, permitem também um melhor entendimento dos
fenômenos de formação de cavaco e dos mecanismos de desgaste envolvidos no
processo de usinagem (KÖNIG e KLOCKE, 1997; FERRARESI, 2006 e DINIZ et al.,
2006).
No processo de usinagem as forças de corte são influenciadas por uma série
de fatores tais como, a resistência do material da peça, a geometria de corte e o uso
de revestimentos na superfície da ferramenta, os parâmetros de corte empregados,
o tipo e pressão do fluido de corte e as condições de corte da ferramenta (KÖNIG e
KLOCKE, 1997).
As forças que atuam sobre uma broca helicoidal durante o corte geram
esforços de torção (devido à rotação da broca) e esforços de compressão (devido ao
avanço da broca). Assim, pode-se estimar os esforços de corte no processo de
furação, através do momento torsor e a força de avanço (FERRARESI, 2006).
Na Tabela 2.4 Diniz et al. (2006) mostram que para o estudo das forças deve-
se considerar as forças aplicadas nas arestas principais de corte, na aresta
Capítulo 2 Revisão Bibliográfica
39
transversal e o atrito gerado nas guias e parede do furo. Os valores apresentados
mostram a parcela que cada elemento contribui no momento torsor e na força de
avanço.
Percebe-se pela tabela apresentada a influência da aresta transversal de
corte no valor da força de avanço. Fatores citados no capitulo 2.4 como a baixa
velocidade de corte e ângulo de saída e de folga negativos na região central da
broca são responsáveis pelo esmagamento do cavaco nesta região e o encruamento
do fundo do furo (DINIZ et al., 2006). Para evitar estes problemas, é comum reduzir
o comprimento da aresta transversal através de afiações especiais (ver item 2.4.5)
ou ainda realizando um pré-furo. É importante notar que, quando as arestas
principais da broca não estão igualmente afiadas, o esforço de corte de uma aresta
é diferente do esforço da outra aresta, podendo causar flexão da ferramenta
(FERRARESI, 2006; WEINGAERTNER e SCHROETER, 2002).
As forças de usinagem, que atuam na aresta principal de corte durante a
furação com brocas helicoidais, podem ser dividida em três componentes: força de
corte (F
c
), força de avanço (F
f
) e força passiva (F
p
). A figura 2.21 mostra estas forças
(TEIXEIRA, 1995; STEMMER, 2005 e WEINGAERTNER e SCHROETER, 2002).
Tabela 2.4 -
Participação do momento torsor e força de avanço no processo de
furação (DINIZ et al., 2006).
ESFORÇOS Arestas Principais Aresta Transversal Atrito
Momento Torsor 77 a 90% 3 a 10% 3 a 13%
Força de avanço 39 a 59% 40 a 58% 2 a 5%
Capítulo 2 Revisão Bibliográfica
40
Figura 2.21 - Forças atuantes nas arestas principais de corte
(STEMMER, 2005).
A força de corte (F
c
) está relacionada diretamente a resistência do material
usinado ao corte. Esta força não é medida diretamente sendo esta calculada a partir
do momento torsor da broca na furação. O atrito das guias da broca e dos cavacos
na parede do furo, também contribuem para o aumento do momento torsor. Esta
contribuição é função da qualidade da afiação e do fluido de corte utilizado
(WEINGAERTNER e SCHROETER, 2002).
A força de avanço (F
f
) é decorrente da atuação da aresta transversal de corte e
da resistência ao corte (penetração do material usinado). Esta força também recebe
pequenas contribuições do atrito do cavaco nos canais da broca (SANDVIK
COROMANT, 2005 e TEIXEIRA, 1995).
A força passiva (F
p
) atuante em uma aresta principal tem o sentido oposto à
força passiva atuante na outra. Presumindo-se que a geometria da ponta da broca
tenha sido corretamente construída, a resultante é nula (TEIXEIRA, 1995).
Capítulo 2 Revisão Bibliográfica
41
2.8 MECANISMOS DE DESGASTE
Os mecanismos de desgaste da ferramenta constituem um importante estudo
no desenvolvimento de novas tecnologias. Estes representam uma forma de
aumentar a vida da ferramenta a medida em que se entende melhor o processo para
otimizá-lo. Define-se o desgaste em ferramentas de corte como uma perda gradual
de material do corpo pela ação de contato físico da ferramenta com a peça e o
próprio cavaco em um meio seco ou úmido, onde vários são os fenômenos
causadores do desgaste (KÖNIG e KLOCKE, 1997).
Entre os principais agentes causadores do desgaste em ferramentas de corte
podem-se citar a abrasão mecânica, a adesão, a difusão e a formação de óxidos. A
figura 2.22 mostra os principais mecanismos de desgaste em função da temperatura
de corte no processo de usinagem.
Figura 2.22 - Principais mecanismos de desgaste no processo de usinagem
(KÖNIG e KLOCKE, 1997).
Pode-se observar na figura 2.22 o comportamento e a alternância entre os
mecanismos de desgaste predominantes a medida que a temperatura de corte
aumenta. Neste sistema tribológico fatores tais como o material da ferramenta e da
Capítulo 2 Revisão Bibliográfica
42
peça, as condições de corte, a geometria da ferramenta e o meio lubri-refrigerante
afetam a temperatura e a pressão na região de corte fazendo com que alguns
mecanismos prevaleçam sobre os outros (KÖNIG e KLOCKE, 1997).
a) Abrasão
A abrasão é uma das principais causas de desgaste de ferramentas, tanto o
desgaste frontal quanto o de cratera podem ser gerados por abrasão. O desgaste
gerado pela abrasão é intensificado pela presença de partículas duras no material
da peça e pela temperatura de corte que reduz a dureza da ferramenta. Assim
quanto maior a dureza a quente da ferramenta, maior sua resistência ao material
abrasivo. Às vezes, partículas duras arrancadas de outras regiões da ferramenta por
aderência ou mesmo por abrasão e arrastadas pelo movimento da peça, causam o
desgaste abrasivo em uma área adjacente da ferramenta (DINIZ et al., 2006).
b) Adesão
O fenômeno da adesão ocorre geralmente em baixas velocidades e
temperaturas de corte, condições ideais para formação de aresta postiça, mas pode-
se ter desgaste por adesão mesmo sem a formação da mesma. Nas superfícies de
contato da ferramenta, o corte interrompido, a profundidade de usinagem irregular
ou a falta de rigidez promovem fluxos irregulares de cavaco, causando micro-
caldeamentos do cavaco à superfície de saída da ferramenta. O material, devido à
solicitação intermitente, sofre a fadiga removendo parte da superfície de contato da
ferramenta (TRENT e WRIGHT, 2000). Os autores explicam que o fator mais
significativo para ocorrência deste mecanismo de desgaste em ferramentas de metal
duro é o tamanho de grão.
c) Difusão
A difusão consiste na transferência de átomos de um material para o outro, o
que causa variações nas propriedades na camada superficial da ferramenta. Estas
reações químicas provocam a formação de compostos químicos menos resistentes à
abrasão. Para que ocorra o desgaste por difusão são necessários três fatores
Capítulo 2 Revisão Bibliográfica
43
combinados: elevadas temperaturas na região de contato, afinidade química entre a
ferramenta e o material da peça e o tempo de contato (KÖNIG e KLOCKE, 1997).
A difusão é responsável pelo desgaste de cratera em altas velocidades de
corte, pois na superfície de saída da ferramenta é que se tem a condição necessária
para a difusão dos materiais, isto é, alta temperatura (devido a altas velocidades e a
zona de aderência) e tempo de contato cavaco-ferramenta (DINIZ et al., 2006).
d) Oxidação
A oxidação ocorre na maioria dos metais em temperaturas elevadas na
presença de ar e água. O desgaste gerado pela oxidação se forma nas áreas
adjacentes de contato cavaco-ferramenta ou zona de escorregamento em forma de
pequenas bolhas de óxido. No metal duro ocorre a formação de óxido de tungstênio,
cobalto e ferro que levam ao lascamento da aresta de corte. A adição de carbonetos
de titânio, tântalo e vanádio reduzem a oxidação do metal duro (TRENT e WRIGHT,
2000).
2.8.1 Mecanismos de desgaste de ferramentas na usinagem de ferros
fundidos vermiculares
Diferenças significativas entre os ferros fundidos vermicular e cinzento podem
ser explicadas pelos mecanismos de desgaste. O ferro fundido vermicular é
aproximadamente 15% mais abrasivo que o cinzento. Esta constatação explica a
redução de vida das ferramentas ao usinar a baixas velocidades, porém em altas
velocidades de corte os mecanismos de difusão e oxidação são predominantes
(REUTER et al., 2001).
Esta característica também foi relatada por Andrade (2005) que comparando o
desempenho dos revestimentos aplicados a brocas na furação de ferro fundido
vermicular relata a predominância do mecanismo de desgaste por adesão a
velocidades de corte de 80 m/min e a ocorrência de difusão e oxidação a 150 m/min.
Em testes de usinabilidade a elevadas velocidades de corte comparando o
desempenho do ferro fundido vermicular com o cinzento foram observadas a
formação de óxido de titânio e microtrincas próximas aos pontos de oxidação.
Analisando a superfície da ferramenta notou-se a ausência da formação da camada
Capítulo 2 Revisão Bibliográfica
44
protetora de sulfetos de manganês (MnS) comum na usinagem do ferro fundido
cinzento. Para o CGI, apenas uma deposição de Mn foi observada, na face da
ferramenta, porém em uma região mais afastada do gume (REUTER et al., 2001).
Esta camada de MnS formada em altas velocidades (figura 2.23) reduz o
atrito e atua como uma barreira para os fenômenos de oxidação e difusão que
ocorrem principalmente em altas temperaturas. Estudos realizados com outros ferros
fundidos, tais como o ferro fundido cinzento e o maleável comprovam a melhora da
usinabilidade do material com o surgimento desta camada (BOEHS, 1979; KÖNIG e
KLOCKE, 1997).
Figura 2.23 - (a) Formação de camada protetora de MnS sobre inserto de PCBN
ao usinar ferro fundido cinzento; (b) ausência de camada protetora ao usinar CGI
(Vc = 800 m/min) (REUTER et al., 2001).
As características do corte, contínuo ou intermitente, é outro fator de
influência significativa nos desgastes por oxidação e difusão. Nos processos que
apresentam corte contínuo (torneamento, mandrilamento, entre outros) a ferramenta
permanece mais tempo em contato com o material que está sendo usinado, criando
as condições necessárias para a ação destes tipos de mecanismos de desgaste.
Nos processos de corte intermitente, como o fresamento, a abrasão e a adesão são
mais predominantes (DAWSON, 1999).
Capítulo 2 Revisão Bibliográfica
45
2.9 FORMAS DE DESGASTE E AVARIAS EM BROCAS
Na furação, a variação de velocidade de corte e a dificuldade em expulsar os
cavacos da região de corte caracterizam geralmente como principal mecanismo de
desgaste a abrasão mecânica. Contudo como relatado anteriormente, na furação do
ferro fundido vermicular estão presentes outros mecanismos de desgaste, tais como
a adesão, a difusão e a oxidação (ANDRADE, 2005). Este três últimos são difíceis
de identificar e medir no processo de furação. A medição do desgaste por abrasão é
utilizada como um dos critérios para determinar o final da vida de uma ferramenta
devido ao comportamento gradual do desgaste. Conforme mostrado na figura 2.24,
o desgaste da ferramenta no processo de furação ocorre em diversas áreas como os
flancos, as superfícies de saída do cavaco, aresta transversal, nas pontas e guias
laterais da broca. Conforme a região onde ocorre, identifica-se cinco tipos diferentes
de desgaste (BORK, 1995).
Figura 2.24 - Tipos de desgaste por abrasão em uma broca (BORK, 1995).
Uma das regiões mais críticas na broca é a aresta transversal que é onde
ocorre o primeiro contato ferramenta/peça. Os esforços de compressão gerados pelo
movimento de avanço associados a redução da velocidade de corte nesse ponto da
Capítulo 2 Revisão Bibliográfica
46
ferramenta resultam em um desgaste progressivo pelo esmagamento do material
podendo causar lascamentos e conseqüente destruição da aresta transversal
(CASTILLO, 2005).
As pontas da broca, onde se encontram a aresta principal de corte com a
secundária é considerada outra região crítica. Nesta região, o desgaste ocorre com
maior intensidade devido as solicitações térmicas relacionadas à maior velocidade
de corte neste ponto da ferramenta e ao calor gerado pelo atrito dos cavacos e nas
guias da ferramenta contra a parede do furo (SCHROETER et al., 1999).
De Castro (2001) explica que o desgaste de guia pode aumentar o calor gerado
devido a um maior atrito entre peça e ferramenta. Isto leva à dilatação térmica e a
um crescimento radial da broca gerando o efeito de Stick-slip, ou seja, a guia adere
e escorrega na parede do furo constantemente. Este fenômeno causa vibrações e
trepidações no processo de corte podendo levar à quebra catastrófica da
ferramenta.
O desgaste de cratera ocorre na superfície de saída da broca devido ao atrito
gerado pela passagem do cavaco. A cratera é formada pela ação abrasiva dos
cavacos (partículas duras) combinada as solicitações térmicas provocadas pelo calor
gerado pelo atrito na superfície de saída e a difusão entre cavaco e ferramenta. O
desgaste de cratera, assim como o desgaste de flanco, é uma das formas mais
freqüentes de desgaste e comumente utilizada como critério de fim de vida de uma
ferramenta (TEIXEIRA, 1995).
O desgaste de flanco ocorre na superfície de incidência devido ao atrito das
arestas de corte da broca contra a superfície da peça. Considerado o desgaste mais
comum em todos os processo de usinagem é empregado no monitoramento das
operações de usinagem para as condições de corte da ferramenta. O desgaste de
flanco (ver figura 2.25) é representado por uma faixa de desgaste nos flancos da
broca (superfícies de incidência) ao longo da aresta principal de corte com largura
variável, geralmente mais larga na ponta de corte (VB
bmáx
). O desgaste de flanco
VB
bmáx
é normalmente empregado para comparar o desempenho da ferramenta em
Capítulo 2 Revisão Bibliográfica
47
diferentes condições de trabalho, sendo que normalmente a equação 2.1 estabelece
um valor para determinar o final da vida da broca (BORK, 1995).
VB
bmáx
= 0,1 x D
Eq. 2.1
Onde: VB
bmáx
= Desgaste de flanco [mm];
D = Diâmetro da broca [mm].
O aumento do desgaste de flanco resulta em aumento dos esforços de corte,
piora a qualidade da superfície do furo e aumenta os erros dimensionais e
geométricos dos furos.
Figura 2.25 - Desgaste de flanco em brocas helicoidais (SCHROETER et al., 1999).
2.10 ESTADO DA ARTE NA USINAGEM DO FERRO FUNDIDO VERMICULAR
As recentes pesquisas têm demonstrado um significativo avanço relacionado
aos resultados obtidos na usinagem do ferro fundido vermicular, especialmente no
que se refere ao entendimento dos fatores que o diferenciam da usinabilidade do
ferro fundido cinzento, bem como dos mecanismos de desgaste das ferramentas. A
cada contribuição nota-se a importância de aprofundar os estudos para tornar viável
a produção de blocos e cabeçotes de motores em ferro fundido vermicular.
Capítulo 2 Revisão Bibliográfica
48
As parcerias entre as empresas e as universidades tem se mostrado um
modelo promissor de desenvolvimento tecnológico e econômico para o país,
demonstrando a preocupação com responsabilidade social e consciência ecológica
para os sistemas produtivos. No caso do ferro fundido vermicular pode-se listar
alguns trabalhos recentemente desenvolvidos e que demonstram a importância da
pesquisa no cenário nacional. Em 2002, Mocellin comparou a usinabilidade do ferro
fundido vermicular com o cinzento e através de ensaios de furação conseguiu
selecionar uma liga que atendesse os requisitos de projeto para o material e fosse
viável para fabricação de blocos de motores. Xavier (2003) comparou o desempenho
de ferramentas de metal duro, cerâmica e CBN no processo de torneamento.
Andrade (2005) estudando os revestimento aplicados a ferramenta melhorou a
usinabilidade e reduziu os gastos com brocas em 25% na linha de produção.
Godinho (2006) comparou o desempenho de diferentes concepções de ferramentas
no processo de mandrilamento de blocos de motores. Dore (2007) estudou a
influência da nodularidade na usinabilidade do ferro fundido vermicular e Bossardi
(2008) comparou diferentes fluidos lubri-refrigerantes aplicados na usinagem de
blocos de motores para reduzir os problemas com o uso destes produtos (BOEHS,
2007).
Além destes diversos trabalhos de pesquisa ainda em andamento,
mostrando que a usinagem do ferro fundido vermicular é, portanto, um compromisso
das empresas e universidades com o desenvolvimento social, econômico e
ecológico da humanidade.
Capítulo 3 Metodologia, Materiais e Equipamentos
49
3 METODOLOGIA, MATERIAIS E EQUIPAMENTOS.
3.1 METODOLOGIA DO ESTUDO
A metodologia proposta neste projeto de pesquisa é adaptada da norma ISO
3685 para ensaios sistemáticos e normalmente empregada para avaliação da
usinabilidade em processos de furação (MOCELLIN, 2002 e ANDRADE, 2005) e da
norma para avaliação de fluidos refrigerantes no processo de furação (NORDTEST,
2008). O principal objetivo desta dissertação é avaliar a influência da geometria de
afiação em brocas helicoidais na furação de blocos motores de ferro fundido
vermicular em condições semelhantes a aplicada no processo de fabricação. Foram
testadas três geometrias de afiação de brocas recomendadas por fornecedores de
ferramentas para o processo de furação em ferro fundido vermicular. Uma das
geometrias é atualmente aplicada no processo de usinagem do CGI na Tupy S.A e
as outras duas desenvolvidas para este tipo de solicitação. Foram empregados
como critérios para comparação as características de saída do processo comuns na
avaliação da usinabilidade do material, tais como a vida da ferramenta, a formação
do cavaco, as forças de corte e de avanço, as vibrações do sistema, a emissão
acústica e a qualidade dos furos.
Para que resultados fossem validados estatisticamente, apresentaram-se os
valores médios dos parâmetros de saída no processo de furação (MONTGOMERY e
RUNGER, 2003). A metodologia adotada nesta pesquisa para testes estatísticos de
hipóteses foi a análise de variância, proposta por Montgomery e Runger (2003) para
investigar o efeito de determinadas variáveis no processo.
Tratando-se de um processo caro e complexo com diversos fatores, nem todos
sob controle, para uma melhor análise comparativa dos resultados justifica-se a
redução do número de variáveis envolvidas no processo. Esta redução foi realizada
através de uma pesquisa de campo junto a fornecedores de ferramentas, das
condições de trabalho na linha de produção da empresa, Tupy S.A que usina o bloco
do motor Ford Lion V8, produzido em ferro fundido vermicular e dos resultados do
ensaio preliminar. Como sistemática de estudo, estabeleceram-se dois fatores de
estudo, a geometria de afiação da ferramenta e a velocidade de corte. A geometria
Capítulo 3 Metodologia, Materiais e Equipamentos
50
de afiação foi sugerida devido a oportunidade de testar novas geometrias
desenvolvidas exclusivamente para o ferro fundido (GUHRING, 2008). o outro, a
velocidade de corte, foi escolhida por ser apontado como fator de maior influência na
vida da ferramenta, além de ter relação com outras características do processo
como a temperatura, qualidade da superfície, entre outras (DINIZ et al., 2006). Os
outros fatores tais como a taxa de avanço, o material de revestimento da broca, o
uso de fluído de corte, a profundidade de furação e a forma de incremento da
profundidade de furação foram mantidos com valores constantes. Assim definiu-se
junto ao fornecedor de ferramentas, três tipos de afiações e três velocidades de
corte para determinar a curva da vida das ferramentas.
O experimento com dois fatores e três veis resultou em nove ensaios. Para
avaliar a repetibilidade do sistema realizaram-se duas réplicas onde foram
analisadas as variâncias para um nível de significância de 95%. O roteiro para a
definição dos procedimentos adotados para o ensaio pode ser observado na
representação gráfica da figura 3.1.
Figura 3.1 - Representação gráfica dos procedimentos para o ensaio.
Capítulo 3 Metodologia, Materiais e Equipamentos
51
Para identificar os intervalos de medição no processo foi realizado um ensaio
preliminar de furação. Como critério para determinar o final da vida da ferramenta foi
estabelecido, a princípio, o valor do desgaste máximo do flanco (VB
bmáx
) de 0,6 mm
e desgaste médio (VB
B
) de 0,3 mm, sendo o primeiro o principal parâmetro de
referência para comparação da vida da ferramenta no processo de furação (BORK,
1995). Os demais desgastes como o das guias, da aresta transversal e de cratera
foram apenas observados para registro. O ensaio preliminar ajudou a definir o valor
máximo e o mecanismo de desgaste predominante para as condições de usinagem.
Além dos intervalos entre as medições de desgastes. Foram também realizadas as
medições da corrente nos servos-motores do eixo Z e do eixo árvore da máquina.
Regularam-se os sensores para coleta das vibrações do sistema e da emissão
acústica. Também foram registradas a qualidade dos furos (dimensional e
geométrico) e as características de formação do cavaco, entretanto estes fatores
foram monitorados apenas para melhor caracterizar o processo. A utilização de
fluído de corte, apesar de não ser o objeto principal de estudo neste ensaio,
mostrou-se necessária para reduzir o problema de expulsão dos cavacos relatados
em outros testes de usinagem no ferro fundido vermicular (DAWSON e
WÜRTEMBERG, 1994; REUTER et al., 2001; DAWSON, 1999; GUESSER, 2002;
MOCELLIN, 2002).
3.2 O CORPO DE PROVA
A empresa Tupy S.A forneceu o material para os corpos de prova empregados
no ensaio. A geometria dos corpos de prova foi definida em função da maior parede
encontrada no bloco do motor, pois a velocidade de resfriamento afeta a
microestrutura ao longo da secção do material devido ao gradiente de resfriamento,
criando áreas de tensões na estrutura do material transversal (GUESSER, 2002).
Além disso, levou-se em consideração a facilidade e qualidade de fixação e a
maximização do comprimento de furação. Os corpos de prova foram projetados para
duas condições. Uma placa maior de 250x40x400 milímetros conforme mostra a
figura 3.2 para os ensaios de vida da ferramenta e outra placa menor empregada
para avaliação dos erros geométricos e a integridade da superfície dos furos. O
Capítulo 3 Metodologia, Materiais e Equipamentos
52
formato e dimensões do primeiro corpo de prova são os mesmos aplicados em
outros estudos sobre furação (MOCELLIN, 2002 e ANDRADE, 2005).
Figura 3.2 - Formato e dimensões do corpo de prova para ensaio de vida.
O layout do corpo de prova para ensaio de vida das ferramentas permitiu a
realização de 880 furos com um diâmetro de 6 milímetros distantes entre os centros
9 mm, ou seja, uma vez e meia o diâmetro de furação (ANDRADE, 2005). As placas
foram fundidas em moldes permanentes (coquilha) com vazamento por gravidade
sendo estas identificadas conforme o lote e a data de fabricação. As placas, todas
pertencentes ao mesmo lote, foram fresadas na face superior, retirando-se 2mm de
sobremetal a fim de tornar plana a superfície de contato da broca e eliminar a
camada mais externa, a qual poderia interferir na vida da ferramenta de corte, por se
tratar de camada de maior dureza. Os furos usinados foram cegos (não-passantes)
com uma profundidade de furação de 30mm, o que representa uma relação L/D de
cinco vezes o diâmetro. A profundidade de furação foi considerada sem o
comprimento da ponta da broca.
Capítulo 3 Metodologia, Materiais e Equipamentos
53
O segundo corpo de prova de dimensões 100x40x100mm foi dimensionado em
função da limitação do equipamento para medição de circularidade.
3.2.1 Propriedades mecânicas e composição do ferro fundido vermicular
Para caracterizar o material foram realizadas análises químicas e
metalográficas no laboratório da SOCIESC. Para a realização da análise foram
retiradas amostras dos corpos de prova. As amostras foram submetidas a um
polimento e, através de fotos, foram avaliados os tipos de grafita e a percentagem de
grafita nodular e vermicular. Estas mesmas amostras foram submetidas a ataque de
nital 2% para a quantificação da percentagem de perlita.
As imagens foram obtidas com uma câmara digital acoplada a um microscópio
óptico modelo Optiphot, marca Nikon, com aumento máximo de 1.000x. As imagens
adquiridas foram analisadas com o software Image-pro Plus versão 5.1, produzido
pela empresa Media Cybernetics. Os resultados das análises de imagens são
apresentados na Tabela 3.1.
Tabela 3.1 - Caracterização da microestrutura do ferro fundido vermicular.
Amostras
Perlita Ferrita N
o
Grafitas
N
o
Nódulos
N
o
Grafitas Vermiculares
1 59% 41% 435 18 417
2 75% 25% 316 30 286
3 77% 23% 368 27 341
4 64% 36% 376 32 344
5 76% 24% 357 35 322
6 76% 24% 384 26 358
7 51% 49% 430 20 410
8 59% 41% 354 17 337
Média 67% 33% 378 26 352
Desvio
padrão
0,10 0,10 39,55 6,70 43,57
Os valores representam a média de 8 imagens a meio raio obtidas pelo
microscópio óptico com aumento de 100x. A área ocular foi de 129 mm
2
e a área
Capítulo 3 Metodologia, Materiais e Equipamentos
54
média ocupada pelas grafitas nodulares foi de 9 mm
2
indicando assim o grau de
nodularização de 7% para as amostras do ferro fundido vermicular.
As figuras 3.3 (a) e (b) mostram as micrografias do ferro fundido vermicular sem e
com ataque de nital 2%, respectivamente. A estrutura apresenta uma característica
intermediária entre o ferro fundido cinzento e o nodular. Nota-se a formação de
alguns nódulos, contudo, a maior parte é formada por grafitas alongadas em forma
de bastonetes. A perlita apresenta-se com lamelas mais largas e espessas,
tendendo a ter uma pior usinabilidade (MOCELLIN, 2002; DAWSON, 1999).
(a) (b)
Figura 3.3 - Micrografia do ferro fundido vermicular: a) sem ataque de nital 2%
100x e b) com ataque de nital 2% 100x.
A análise química do material foi fornecida pelo fabricante dos blocos de
motores em CGI, a empresa Tupy S.A, sediada em Joinville, Santa Catarina. Os
resultados da análise química são apresentados na tabela 3.2.
Tabela 3.2 - Composição química para nodularidade de 7% .
Estrutura da Matriz C Si Ce Mn S Mg P Cu Sn
67% Perlita 3,6 2,1 4,4 0,2 0,005
0,006
0,04 0,3 0,03
Outra característica encontrada na micrografia foi a formação de steadita (ver
figura 3.4), um constituinte duro, formado pela presença de fósforo no ferro fundido.
Capítulo 3 Metodologia, Materiais e Equipamentos
55
Figura 3.4 - Micrografia do ferro fundido vermicular com ataque de nital 2% 1000x.
Na figura 3.4 nota-se a formação de steadita. O fósforo por apresentar um
ponto de fusão mais baixo que o ferro solidificou primeiro no contorno da célula
eutética. Além da formação de steadita notou-se também a presença de micro-
rechupes na amostra.
Para verificar a variação na dureza do corpo de prova foi realizada uma
medição da dureza sobre a face usinada da placa em sete pontos conforme a figura
3.5. O objetivo deste teste foi verificar se havia variação da dureza ao longo do
material devido a velocidade de resfriamento. Tomou-se como referência o ponto
central da placa (ponto 0) e afastaram-se os pontos de medição mantendo um
intervalo de 40 mm entre eles avançando em direção das laterais da placa.
Steadita
Micro-rechupes
Capítulo 3 Metodologia, Materiais e Equipamentos
56
Figura 3.5 - Distribuição dos pontos de medição de dureza.
Na região de cada ponto da amostra, e para cada uma das amostras
analisadas, foi medida a dureza Brinell, com um durômetro universal da marca
Wolpert. As indentações foram feitas com esfera de 10 mm de diâmetro, carga de
300 Kg e tempo de permanência de 20s. As medições foram realizadas através de
uma lupa, com a menor divisão de escala de 0,05 mm. Para o cálculo da dureza
mediu-se a marca da impressão da esfera na superfície e através de uma tabela foi
convertido o valor do diâmetro de impressão na dureza Brinell.
A medição de dureza foi realizada em uma amostra do lote de placas, cinco
peças, escolhidas de forma aleatória e avaliada a variação dos resultados tanto na
placa quanto no lote designado para ensaio. Os valores da dureza são apresentados
na tabela 3.3.
Capítulo 3 Metodologia, Materiais e Equipamentos
57
Tabela 3.3 - Variação da dureza Brinell nos corpos de prova de CGI, obtida com
carga de 300 Kg e tempo de permanência de 20 s.
Pontos de Medição de Dureza [Brinell]
Núcleo
Longitudinal Transversal
Amostras
0 1 2 1 2 1 2 1 2
Média
Desvio
Padrão
N
o
1 163 167 167 163 167 170 165 167 193 169,1 9,2
N
o
2 179 182 179 170 179 182 179 170 182 178,0 4,7
N
o
3 170 179 179 182 170 170 179 182 179 176,7 5,1
N
o
4 179 182 179 170 179 170 170 165 170 173,8 5,9
N
o
5 167 170 180 167 195 175 179 182 189 178,2 9,6
Dureza Média 175,2 7,7
A figura 3.6 apresenta o comportamento da dureza em função da posição
geográfica do ponto de medição no corpo de prova para dois sentidos de medição, o
longitudinal e o transversal.
100806040200
200
190
180
170
160
150
Distância das paredes da placa [mm]
Dureza Brinell [HB]
Longitudinal
Transversal
Superfície
Núcleo
Figura 3.6 - Comportamento da dureza em função da distância da parede da
placa.
Capítulo 3 Metodologia, Materiais e Equipamentos
58
Observando a figura 3.6 nota-se que não diferença significativa entre os
sentidos longitudinal e transversal na placa. Contudo uma grande dispersão nos
valores de dureza. Também se nota uma leve tendência de aumento da dureza à
medida que se aproxima a medição das superfícies mais externas da placa.
Para caracterizar as propriedades do material foram retirados três corpos de
prova de cada placa e devidamente preparado para o ensaio de tração. A disposição
da amostra para fabricar o corpo de prova também obedeceu a dois sentidos para
avaliar se havia variação da resistência mecânica conforme a direção de obtenção
da amostra, longitudinal e transversal. Utilizou-se uma máquina de tração universal,
com capacidade para até 30 kN, fabricada pela empresa EMIC.
A figura 3.7 mostra o comportamento semelhante no ensaio de tração para os
corpos de provas nos sentidos longitudinal e transversal da placa de ferro fundido
vermicular.
3,02,52,01,51,00,50,0
50000
40000
30000
20000
10000
0
Deformação [mm]
Força [N]
Longitudinal
Transversal
Sentido
Ensaio de Tração - CGI
Figura 3.7 - Comparação entre os corpos de prova de ferro fundido vermicular nos
sentidos longitudinal e transversal.
Capítulo 3 Metodologia, Materiais e Equipamentos
59
O comportamento semelhante apresentado no gráfico e a análise estatística
dos dados mostraram que independente do sentido do corpo de prova, longitudinal
ou transversal, encontram-se as mesmas propriedades mecânicas, aceitando a
hipótese h0 de que as médias estatisticamente são idênticas para um nível de
significância de 95%. Os resultados da tensão de ruptura, força máxima e outras
características do material são apresentadas no relatório de ensaios mecânicos no
anexo A.
3.3 CARACTERIZAÇÃO DA MÁQUINA FERRAMENTA
O ensaio de furação foi realizado no laboratório de processos de fabricação na
SOCIESC, Sociedade Educacional de Santa Catarina, em um centro de usinagem
CNC da marca Feeler, modelo FV600 com potência instalada de 5,3 kW, rotação
máxima de 6.000 rpm. O equipamento possui um sistema de refrigeração com
capacidade de 120 litros. O fluido lubri-refrigerante empregado é uma emulsão de
óleo em água onde 8% da mistura é um óleo sintético e 92% água. O método de
refrigeração aplicado foi o de inundação através de dutos direcionados à região de
contato entre a ferramenta e a peça. A máquina possui um comando Mitsubishi,
Meldas 520 e linguagem ISO. A programação da máquina foi elaborada de forma
manual para que em intervalos regulares de tempo fosse realizada a inspeção do
estado das arestas da broca, permitindo assim monitorar o desgaste da ferramenta
de forma gradativa e registrar, caso houvesse, avarias ou fenômenos como a
formação de arestas postiças de corte.
Capítulo 3 Metodologia, Materiais e Equipamentos
60
Figura 3.8 - Centro de usinagem utilizado para a realização do ensaio.
As ferramentas foram montadas em um mandril de fixação térmica com um
cone ISO BT-40 para garantir a força de aperto e o menor erro de batimento. O
corpo de prova foi preso à mesa do centro de usinagem através de grampos de
fixação lateral.
3.4 CARACTERIZAÇÃO DAS FERRAMENTAS DE CORTE
Para este estudo foram utilizadas brocas helicoidais inteiriças de metal duro de
diâmetro de 6 mm sem os canais de refrigeração, revestidas por TiAlN de camada
única fornecidas pela empresa GUHRING do Brasil. Esta empresa foi selecionada
por ser um dos atuais fornecedores da Tupy S.A e é responsável pela afiação de
90% das ferramentas empregadas na linha de produção.
Foram adquiridas 32 brocas de 6 mm de diâmetro e 103 mm de comprimento,
todas pertencentes a um mesmo lote de fabricação. As principais características
geométricas das brocas empregadas no ensaio de usinagem são apresentadas na
tabela 3.4.
Capítulo 3 Metodologia, Materiais e Equipamentos
61
A principal variável na ferramenta foi a geometria de afiação da ponta das
brocas helicoidais testadas nos experimentos. Três geometrias de afiação da ponta
da broca foram testadas, classificadas em geometria A, B e C. O formato A
apresenta uma afiação em S. Este perfil atualmente é aplicado para furação do ferro
fundido vermicular na linha de produção da Tupy e deste modo, foi estabelecido
como padrão de referência nos testes. O formato B apresenta uma afiação em cruz
com redução da aresta transversal e um chanfro de 0,2 mm nas pontas de corte da
broca. Este foi desenvolvido para furação em materiais que apresentam baixa
usinabilidade como o ferro fundido vermicular. Finalmente o formato C, tem a afiação
da ponta em formato de um raio. Esta geometria foi desenvolvida especialmente
para furação em ferro fundido vermicular e nodular austemperado (GUHRING,
2008).
Na figura 3.9 apresenta-se uma visão geral dos detalhes geométricos das três
geometrias de afiação das brocas.
Tabela 3.4 - Geometria das brocas empregadas nos ensaios.
Comprimento [mm] Ângulos [
o
]
Geometria Tipo de Afiação
Diâmetro Canal Ponta
Ponta
σ
Hélice
δ
A Afiação em S
40 1,1 140
B Afiação em cruz
40 1,1 140
C Ponta em raio
6 h8
40 2,7 R 4,5
30º
(a) (b) (c)
Figura 3.9 - Aspectos geométricos das três geometrias de afiação das brocas.
Vista de topo das brocas (ampliação de 20x).
a) Geometria A (afiação em S); b) Geometria B (afiação em cruz com chanfro
de proteção) e c) Geometria C (ponta em raio).
Capítulo 3 Metodologia, Materiais e Equipamentos
62
Todas as brocas foram antes medidas em relação às suas geometrias, a fim de
garantir que não haveria interferência de outras variáveis nos ensaios, que não o
tipo de afiação da ponta. Os detalhes da geometria como chanfros e
arredondamentos da aresta e ponta das brocas foram identificados para caracterizar
a ferramenta. Os resultados de medição das ferramentas encontram-se nos Anexos
B e C.
O material da ferramenta, o metal duro, foi identificado pelo fornecedor como
sendo a classe K40. Esta classe é recomendada para materiais com cavacos curtos
e apresenta boa tenacidade. Para assegurar que o material da ferramenta não
afetasse os resultados dos ensaios todas as brocas foram produzidas pelo mesmo
fornecedor e provenientes do mesmo lote de fabricação. Outra característica
influente na operação de furação é a granulometria do material da ferramenta. Os
grãos das brocas foram observados em microscopia eletrônica de varredura, com
aumento de 15000 vezes, não havendo, aparentemente, diferenças em seus
tamanhos. A figura 3.10 (a) apresenta o aspecto e o tamanho dos grãos das brocas
de metal duro.
Na figura 3.10 (b) nota-se a espessura do revestimento de TiAlN é de
aproximadamente 4 µm. As características gerais do revestimento das brocas
conforme as especificações do fornecedor são apresentadas na tabela 3.5.
(a) (b)
Figura 3.10 - (a)Visualização dos grãos de metal duro. (MEV - 15000x).
(b) espessura da camada de revestimento TiAlN ( MEV - 5.000x)
Revestimento
TiAlN
Capítulo 3 Metodologia, Materiais e Equipamentos
63
3.5 CRITÉRIO DE FIM-DE-VIDA DAS BROCAS
Os intervalos de medições, assim como o critério de fim de vida adotado neste
estudo, o desgaste máximo do flanco (VB
bmáx
) de 0,3 mm, foram determinados no
ensaio preliminar. Para a medição do desgaste da ferramenta, foi utilizado um
microscópio óptico modelo Optiphot, marca Olympus, com aumento máximo de 80x.
As imagens e medições adquiridas foram obtidas com o software Image-pro Plus
versão 5.1, produzido pela empresa Media Cybernetics. A cada intervalo de medição
foram realizadas as inspeções na ferramenta e o registro fotográfico do desgaste de
flanco da broca. Conforme recomendação de Mocellin (2002), foi realizada a limpeza
ultra-sônica para remover pequenas partículas que mascaravam o desgaste da
ferramenta.
A microscopia eletrônica de varredura (MEV) foi utilizada para identificar o
mecanismo de desgaste predominante em cinco estágios da vida da ferramenta. Ao
MEV estava acoplado o sistema de EDS (Energy Dispersive System), o qual
possibilitou a determinação da composição qualitativa e semiquantitativa das
amostras, a partir da emissão de raios X. Foi utilizado o microscópio da marca LEO
1450VP com detectores de elétrons secundários HV e VP, detector de elétrons
retroespalhados HV/VP, sistema de microanálise semiquantitativa por EDS, detector
Gresham - cristal de Si (Li) e janela de Be, processador Q-500, multicanal e software
IXRF que fornece informações de detalhe, com aumentos de até 300.000 vezes.
Tabela 3.5 - Propriedades do revestimento das brocas (GUHRING, 2008).
Propriedades TiAlN
Microdureza 3300 HV
Coeficiente de atrito [µ]
0,25
Tamanho do grão
1 µm
Espessura da camada
4 µm
Temperatura máxima de trabalho 900
o
C
Cor da cobertura Cinza-violeta
Capítulo 3 Metodologia, Materiais e Equipamentos
64
3.6 POTÊNCIA DE CORTE E VIBRAÇÕES DO SISTEMA MÁQUINA-
FERRAMENTA-PEÇA
Paralelamente ao monitoramento do desgaste das brocas foram
acompanhados os valores da potência de corte, vibrações do sistema máquina-
ferramenta-peça e emissão acústica durante a vida das ferramentas.
A potência foi estimada pelo monitoramento da corrente e tensão que
alimentavam as fases do motor principal do centro de usinagem CNC. Estes
sensores, de efeito Hall, enviavam sinais a uma placa de conversão da National
Instruments e aquisição de sinais ligada a um computador com o software LabVIEW
6.5®.
O sinal de vibrações do sistema máquina-ferramenta-peça e a emissão
acústica foram adquiridos simultaneamente com os sinais de corrente e tensão, ou
seja, a linguagem de programação iniciava a aquisição dos sinais recebidos pela
placa ao mesmo tempo. Desta forma a taxa de aquisição e o tempo de aquisição
foram os mesmos para os três sinais (corrente, vibrações e emissão acústica).
O sinal de vibrações foi captado por meio de dois acelerômetros colocados no
eixo-árvore da máquina-ferramenta, um na direção do eixo X e outro no eixo Z. Para
capturar o sinal da emissão acústica um sensor foi montado na frente do eixo árvore.
Os sinais coletados foram conduzidos até um amplificador e posteriormente à placa
de conversão e aquisição, que finalmente enviava o sinal de vibrações e os demais
sinais (corrente e tensão) para o software LabVIEW 6.5®.
A figura 3.11 (a) mostra os acelerômetros e o sensor de emissão acústica
enquanto ao lado nota-se o alicate amperímetro para medição da corrente do servo-
motor (eixo-árvore).
Capítulo 3 Metodologia, Materiais e Equipamentos
65
Os sinais foram ajustados com a ferramenta apenas girando em vazio e na
seqüência com a ferramenta usinando, sendo a diferença entre estes dois valores
denominados de potência efetiva de corte e vibrações efetivas de corte,
respectivamente. A potência e vibrações em vazio foram adquiridas sempre no início
dos testes, enquanto que a potência e as vibrações efetivas de corte foram
adquiridas ao longo da vida das ferramentas.
Cada aquisição de sinal foi registrada em uma planilha eletrônica com colunas
para a corrente, tensão, potência, vibrações e emissão acústica para posterior
análise. O início e o final da aquisição dos sinais foi feito manualmente, sendo este
processo acompanhado pelo operador no próprio centro de usinagem. Em função do
número de pontos adquiridos foi necessário identificar e separar a região de corte
em vazio da efetiva. A figura 3.12 ilustra a interface com o usuário durante a
aquisição dos pontos na furação.
(a) (b)
Figura 3.11 - Sistema de monitoramento de vibrações, ruído e corrente.
Capítulo 3 Metodologia, Materiais e Equipamentos
66
Os pontos adquiridos foram representados em gráficos separados para análise
de cada uma das características de saída do processo (corrente elétrica consumida
durante a usinagem, as vibrações no eixo árvore e os sinais de emissão acústica).
A figura 3.13 apresenta um exemplo de como os dados foram agrupados para
representar as variações ocorridas em cinco intervalos da vida da ferramenta (broca
nova, 25%, 50%, 75% e 100% desgastada).
Figura 3.12 - Interface do monitoramento de vibrações, ruído e corrente.
Capítulo 3 Metodologia, Materiais e Equipamentos
67
3.7 AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DOS FUROS
A avaliação da qualidade dos furos foi realizada no laboratório de metrologia da
SOCIESC, sendo este credenciado pelo INMETRO. Avaliaram-se os erros
dimensionais, geométricos, acabamento e integridade da superfície dos furos
produzidos. O controle dimensional dos furos foi feito por amostragem empregando
o mesmo tamanho de amostra do monitoramento de corrente, vibrações e emissão
acústica. O equipamento utilizado para medição dos furos de diâmetro 6 mm foi a
máquina de medição por coordenadas como pode ser observado na figura 3.14.
201612840
0,6
0,5
0,4
0,3
0,2
Tempo [s]
V
Emulo 12%
Refrigeração externa
Avanço 0,15 mm/rot
Velocidade de Corte 80m/min
Revestimento TiAlN
Broca DIN338 Ø 6mm - Geometria A
RMS
0% (nova) 25% vida 50% vida
75% vida Final da vida
Figura 3.13 - Gráfico do comportamento do processo (emissão acústica) em
função do número de furos produzidos.
1º Furo
Último Furo
Capítulo 3 Metodologia, Materiais e Equipamentos
68
Em cada uma das três condições de corte acompanhou-se a variação
dimensional do diâmetro dos furos em cada amostra e verificou-se a capacidade e
desempenho do processo (Cp, Cpk, Pp e Ppk). Os dois primeiros são índices de
capacidade do processo, enquanto os outros dois são de desempenho do processo.
Os erros geométricos de circularidade foram medidos apenas no primeiro e
último furo, devido a falta de disponibilidade de agenda deste equipamento na
instituição. As medições de rugosidade foram realizadas com um rugosímetro
portátil, modelo Surftest SJ201, fabricado pela empresa japonesa Mitutoyo, com
apalpador de diamante de raio 5 µm, resolução de 0,01 µm e capacidade de leitura
entre 0,01 e 100 µm. O instrumento apresenta várias escalas de medição para o
acabamento superficial, sendo selecionado a escala de medição Ra e Rz por serem
parâmetros empregados na indústria automobilística para especificação de
acabamento em blocos de motores. O cut-off utilizado foi de 2,5 mm, com
comprimento avaliado de 15 mm. As medições de rugosidade dos furos foram
realizadas a 10 mm da borda do furo em 5 intervalos da vida da ferramenta. O corte
Figura 3.14 - Máquina de medição por coordenadas laboratório da SOCIESC.
Capítulo 3 Metodologia, Materiais e Equipamentos
69
na placa foi orientado no sentido transversal passando o corte pelo centro
geométrico da linha de furos. Cada furo gerou um valor de rugosidade média
resultando em dez leituras para cada intervalo de medição.
Também se procurou avaliar a existência de uma zona afetada pelo calor ou
ainda outros tipos de influências sobre a camada abaixo da superfície dos furos, tais
como deformações da microestrutura na direção de corte do material (movimento da
broca). Esta análise foi realizada através da medição da microdureza Vickers (HV)
em um durômetro da marca Leitz Wetzlar, e através da análise das imagens de
fotografias dos no início e no final da vida da ferramenta. Para medição da dureza foi
empregada a norma ASTM E 384:99 e ASTM E 140:02 com um penetrador de
diamante em formato de pirâmide (136º) e carga de 200 gf.
Capítulo 4 Procedimento Experimental
70
4 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL
4.1 PRÉ-ENSAIO DE FURAÇÃO
Nessa fase, procurou-se definir os tipos de desgaste predominantes nas
brocas, e quais seriam utilizados para quantificar a vida da ferramenta, ajustar os
parâmetros de corte e calibrar o sistema de monitoramento da corrente, vibrações e
emissão acústica em ensaios preliminares de curta duração. Os testes iniciais foram
realizados apenas com as brocas de formato A, estabelecendo esta geometria de
afiação como padrão de referência para comparação com as outras, por ser esta
aplicada hoje no processo de furação dos blocos de motores em CGI produzidos
pela empresa Tupy S.A.
A figura 4.1 apresenta o bloco de motor da Ford Lion preso ao dispositivo de
fixação do centro de usinagem para realização das operações de fresamento,
furação, rosqueamento e madrilamento.
Figura 4.1 - Furação do bloco de motor Bloco Ford Lion V8 - 3,6 litros.
Capítulo 4 Procedimento Experimental
71
Para melhor compreender as dificuldades encontradas no processo de
furação do ferro fundido vermicular. Acompanhou-se em um dos postos de trabalho
da Tupy S.A a usinagem do bloco de motor da Ford. Este componente é fabricado
em ferro fundido vermicular e passa por diversos processos de usinagem como
fresamento, furação, rosqueamento, madrilamento e brunimento. Os blocos tinham
uma dureza média de 260 HB e foram usinados no centro de usinagem HELLER
MC16 com comando CNC GE Fanuc-180i. A máquina possui um sistema de
refrigeração interna com 28 bar de pressão e emprega o fluído de corte da Castrol,
Hysol 6545 (emulsão semi-sintética), na concentração de 8%. Entre as ferramentas
observou-se a vida da broca escalonada Ø 6,8 x 9,0mm que realiza 27 furos em
cada peça com 25 milímetros de profundidade. A vida desta ferramenta é
estabelecida em 5400 furos, cerca de 200 blocos de motores. A partir deste
acompanhamento observaram-se os problemas de quebras de ferramenta, fato que
causa grande transtorno na produção e o valor do desgaste de flanco atingido no
final da vida da ferramenta. Os parâmetros e outras informações do processo são
apresentados na tabela 4.1.
Para a realização dos ensaios preliminares de furação foram empregadas três
brocas de metal com diâmetro de 6 milímetros revestidas com uma cobertura de
TiAlN. Todas as brocas helicoidais possuíam ângulos de hélice H (30º), geralmente
recomendadas para materiais como o ferro fundido que possui cavacos curtos.
Tabela 4.1 - Condições de corte aplicados na operação 90 do Bloco de motor Ford
LION V8.
Condições de Corte Valores de Referência
Broca escalonada
6,8 x 9 mm
Revestimento TiAlN
Velocidade de corte 80 m/min
Avanço 0,25 mm/rot
Profundidade de furação 25 mm
Refrigeração (interna) Emulsão (8% semi-sintética)
Pressão de Refrigeração 30 bar
Desgaste de flanco (
VB
bmáx
)
0,8 mm
Capítulo 4 Procedimento Experimental
72
Definiram-se estes parâmetros como referência em conjunto com o fabricante
das ferramentas e a experiência de profissionais da empresa para realizar os testes
no laboratório da SOCIESC. Consideraram-se como principais fatores de avaliação,
a velocidade de corte e a geometria de afiação das brocas e foi estabelecido o
número de furos para cada experimento na fase preliminar. Por recomendação da
norma ISO 3685 o comprimento de usinagem deveria estar entre um a dez metros
para que o ensaio seja representativo. Deste modo, como a profundidade de furação
era de 30 mm foram necessários 330 furos para completar os dez metros de
comprimento de furação. As medições de desgaste foram realizadas a cada 3 furos
na fase inicial e aumentaram para um intervalo de 33 furos. Isto resultou em mais de
10 medições parciais para observar outras avarias que poderiam ocorrer durante o
processo e poder traçar a curva de desgaste da ferramenta.
O ensaio preliminar de furação foi realizado a seco, em função das
propriedades dos revestimentos, a princípio, permitiriam eliminar o uso de fluidos
lubri-refrigerantes. Entretanto a expulsão dos cavacos configurou-se um problema.
As brocas empregadas nos testes apresentaram desgaste excessivo nas guias,
adesão de material na ponta da broca e lascamento da aresta de corte. A primeira
ferramenta testada produziu 309 furos, entretanto o final da vida da ferramenta foi
por falha catastrófica com um desgaste de flanco (VB
bmáx
) de 0,37mm,
interrompendo o experimento. Para evitar a quebra da ferramenta optou-se em
realizar testes também com refrigeração por inundação para reduzir a temperatura
na região de corte e expulsar os cavacos de dentro dos furos e aplicar como limite
de desgaste um valor menor de 0,3mm (VB
bmáx
=
0,05xD) para evitar a falha
catastrófica da ferramenta. A aplicação de uma emulsão tornou o desgaste menos
severo e com a redução do limite de desgaste de flanco não houve mais a
ocorrência de quebras. Contudo vale ressaltar que o meio lubri-refrigerante não foi o
objeto de estudo, sendo este apenas empregado para garantir a integridade da
ferramenta e um desgaste gradual no flanco da ferramenta.
Durante o ensaio preliminar a medição do desgaste da ferramenta foi o
principal fator para tomada de decisão sendo este medido em intervalos regulares,
neste caso o número de furos. Contudo o número de interrupções no processo
tornou o ensaio muito lento. Optou-se para ensaio final em aumentar o intervalo de
Capítulo 4 Procedimento Experimental
73
amostragem para 33 furos, cerca de um metro o que reduziu significativamente o
número de paradas. Para observar outras características relacionadas ao desgaste
gradual da ferramenta foram analisados os comportamentos da corrente dos servos-
motores (eixo-árvore e Z) na furação, as vibrações nos eixos X e Y e a emissão
acústica no sistema máquina-ferramenta. O sistema de monitoramento da corrente,
vibrações e emissão acústica foram ajustados para que os sensores montados no
eixo árvore da máquina indicassem mudanças significativas no comportamento de
desgaste da broca entre as fases: inicial, intermediária e final da vida da ferramenta.
O processamento dos sinais foi ajustado para cada um dos sensores em termos de
ganho de sinal, filtros de ruídos e na seqüência enviados para uma planilha de
cálculo sendo estes representados em gráficos de dispersão para mostrar a variação
da amplitude em função do tempo.
4.2 ENSAIO FINAL DE FURAÇÃO
O objetivo destes ensaios foi determinar o número máximo de furos realizados
para cada geometria de afiação de broca testada. O critério de fim de vida foi
definido no pré-ensaio, o desgaste de flanco, com um valor máximo de VB
bmáx
de
0,3mm na média entre as duas arestas.
Os valores dos parâmetros de corte foram determinados com base em outras
pesquisas que estudaram o processo de furação do ferro fundido vermicular, em
catálogos de ferramentas e em sugestões dos técnicos das empresas parceiras
neste estudo. Com relação à escolha dos valores de velocidade de corte, buscou-se
um escalonamento entre as velocidades com uma razão constante, visando obter
um espaçamento adequado na curva de vida da ferramenta para os pontos
analisados.
A combinação dos parâmetros de usinagem utilizada para cada tipo de
geometria de afiação da ferramenta é descrita na Tabela 4.2.
Capítulo 4 Procedimento Experimental
74
A figura 4.2 mostra a forma de fixação da placa a mesa da máquina e a
posição dos quadrantes de furação para que as três geometrias.
Para a fixação das brocas foi utilizado um suporte montagem térmica com cone
ISO 40. Conforme o fornecedor de ferramentas este sistema de fixação é
Tabela 4.2 - Condições de corte aplicados no ensaio final de furação.
Condições de Corte Geometria A Geometria B Geometria C
Velocidade de corte 80 - 90 - 100 m/min
80 - 90 - 100 m/min
80 - 90 - 100 m/min
Rotação
4244 - 4775 - 5305
rpm
4244 - 4775 - 5305
rpm
4244 - 4775 - 5305
rpm
Avanço 0,15 mm/rot 0,15 mm/rot 0,15 mm/rot
Velocidade de Avanço
637 - 716 - 796
mm/min
637 - 716 - 796
mm/min
637 - 716 - 796
mm/min
Profundidade de furação
30 mm (L/D= 5xD)
Intervalo de medição 33 furos (aprox. 1 metro)
Refrigeração (externa) Emulsão (8% semi-sintética)
Pressão de Refrigeração 20 bar
Figura 4.2 - Forma de fixação da placa sobre da mesa.
Quad. B
Quad. A
Quad. C
Capítulo 4 Procedimento Experimental
75
recomendado para as condições de trabalho devido a garantia da força de aperto e
da concentricidade resultante de uma montagem que é considerada um corpo único.
A relação entre o tipo de fixação de ferramentas rotativas com a vida da ferramenta
é representada na figura 4.3.
A excentricidade total é a soma dos erros da árvore da máquina, do suporte de
fixação e da própria fabricação da ferramenta. O batimento do conjunto de fixação
da máquina, do suporte e da ferramenta foram verificados na máquina com um
relógio apalpador com resolução de 0,001mm. A partir da recomendação do
fornecedor foi estabelecido como limite um batimento radial de 0,01mm conforme o
gráfico na figura 4.3 (GUHRING, 2008).
No ensaio de furação o principal critério para avaliação de desempenho entre
as ferramentas foi o monitoramento do desgaste determinando a vida das brocas
expressa em metros a partir do número de furos usinados. Durante os ensaios
algumas precauções foram tomadas como a verificação do direcionamento do jato
de fluido de corte para evitar que os cavacos ficassem na superfície de entrada da
302520151050
200
150
100
50
0
Excentricidade [ m]
Vida Útil Lf [%]
Montagem Térmica
Mandril Hidráulico
Pia Elástica ou Mandril Cilindrico DIN 1835 E
µ
µµ
µ
Figura 4.3 - Comportamento da vida da ferramenta em função da excentricidade
no sistema de fixação (GUHRING, 2008).
Capítulo 4 Procedimento Experimental
76
broca, o que poderia causar a quebra da ferramenta e verificar o batimento radial da
ferramenta montada. Na seqüência os furos foram realizados no corpo de prova. Os
valores de desgaste de flanco foram registrados em intervalos regulares para as três
geometrias e três velocidades de corte. A cada 33 furos, cerca de um metro de
comprimento de furação, o processo foi interrompido para medir o desgaste na
ferramenta. Registrou-se o valor de desgaste (VB
b
e VB
bmáx
) no gráfico de vida da
ferramenta em função do número de furos. Ao atingir a marca de desgaste de VB
bmáx
0,3mm, critério para determinar o final da vida da broca, foi realizado o último furo na
placa menor. Para reduzir a influência da variação do material as três geometrias de
ponta (A, B e C) foram aplicadas para o mesmo corpo de prova. Dividiu-se o corpo
de prova em quatro quadrantes sendo testada a geometria A no primeiro, a B no
segundo e a C no terceiro. O quarto quadrante foi destinado para complementar a
vida de cada uma das geometrias de pontas testadas. Quando a placa estava
completa, esta era substituída por outro corpo de prova que seguia o mesmo
procedimento.
Para avaliar os erros geométricos e a integridade da superfície dos furos
produzidos com cada uma das geometrias, o primeiro e o último furo da vida de cada
broca foram realizados em uma placa separada de 100x100x40mm devido às
limitações do equipamento de medição.
Os testes com cada geometria foram replicados mais duas vezes, sendo
organizados de forma aleatória e identificados em corrida 1, 2 e 3. Apresentou-se
como resultado de medição os valores das médias aritméticas dos desgastes de
flanco das duas arestas da broca e das corridas. Os resultados das amplitudes do
desgaste de flanco foram avaliados para determinar a necessidade de outras
repetições. Entretanto como os valores ficaram próximos, menos de 10% de
variação não houve necessidade de mais repetições em nenhum dos ensaios de
furação.
Capítulo 5 Resultados e Discussões
77
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Neste capítulo são apresentados os resultados dos ensaios de furação. Como
citado anteriormente serão abordadas as principais características do processo tais
como, o mecanismo de desgaste predominante, a vida obtida para cada ferramenta,
a potência de corte e a força de avanço, as vibrações do sistema (máquina,
ferramenta e peça), a emissão acústica, a qualidade dos furos e a formação de
cavacos.
A apresentação dos dados dar-se-á na forma de gráficos, mostrando, também,
documentação fotográfica e espectros das análises químicas do corpo de prova e
das ferramentas de corte obtidas por microscopia eletrônica de varredura (MEV) das
superfícies da ferramenta. Não foram registradas neste trabalho todas as fotos do
flanco da ferramenta devido às semelhanças de resultados obtidos para as faces e
por tornarem o capítulo exageradamente longo. Como suporte às fotografias obtidas
pelo MEV, realizaram-se análises por EDS através das quais se buscou identificar a
formação de compostos, tais como sulfetos, carbonetos e óxidos na superfície da
ferramenta.
5.1 ANÁLISE DO MECANISMO DE DESGASTE
Para a condição de corte considerada como referência, velocidade de corte de
80 m/min e avanço de 0,15 mm/rot, os resultados da vida da ferramenta são
apresentados na tabela 5.1 onde se pode observar a repetibilidade dos resultados
do comportamento do desgaste da ferramenta para três corridas em relação ao
número de furos produzidos e o respectivo comprimento de furação e tempo de corte
efetivo, correspondente ao tempo de vida obtido pela ferramenta até atingir a marca
de desgaste (VB
bmáx
) de 0,3mm.
Capítulo 5 Resultados e Discussões
78
O gráfico de desgaste para a geometria de afiação A (afiação em S) na figura
5.1 mostra a repetibilidade do ensaio. O desgaste no flanco da broca acontece de
forma gradativa apresentando as marcas de abrasão nas pontas e guias da broca.
Este comportamento muda ao atingir a marca de desgaste de flanco de 0,15 mm.
Nota-se que o desgaste apresenta uma maior variação entre as três brocas testadas
neste intervalo, próximo aos 15 minutos. Neste período observou também o
surgimento de pequenos lascamentos na aresta e principalmente na ponta da broca.
Como o número de repetições é pequeno para aplicação de um teste
estatístico de análise de variância foi observada a variação da amplitude entre os
valores de desgaste de flanco em cada intervalo de medição para avaliar a
estabilidade do processo.
Tabela 5.1 - Resultados da vida ferramenta em furos e comprimento usinado para
as três corridas com a geometria de afiação A.
Desgaste de flanco VB
bmáx
Furos Lf (m) Tv (min)
Broca 1 Broca 2 Broca 3 Média Desvio Padrão
33 1 2 0,065 0,055 0,080 0,067 0,013
66 2 3 0,080 0,083 0,100 0,088 0,011
99 3 5 0,099 0,100 0,100 0,100 0,001
132 4 6 0,108 0,105 0,110 0,108 0,002
165 5 8 0,115 0,119 0,119 0,118 0,002
198 6 9 0,128 0,125 0,130 0,128 0,002
231 7 11 0,155 0,140 0,140 0,145 0,009
264 8 12 0,180 0,145 0,148 0,158 0,020
297 9 14 0,200 0,150 0,155 0,168 0,028
330 10 16 0,220 0,180 0,160 0,187 0,031
363 11 17 0,225 0,250 0,175 0,217 0,038
396 12 19 0,245 0,270 0,210 0,242 0,030
429 13 20 0,270 0,275 0,255 0,267 0,010
462 14 22 0,280 0,310 0,285 0,292 0,016
495 15 23 0,305 0,313 0,309 0,006
Capítulo 5 Resultados e Discussões
79
Nota-se que uma boa repetibilidade dos resultados entre as três corridas.
Este fato, apesar do número de repetições ser reduzido, permitiu que se
considerasse o valor médio de número de furos produzidos, não havendo a
necessidade de realizar mais repetições, o que também tornaria o processo longo e
caro. Contudo a maior dispersão dos resultados da medição por volta de 15 minutos
despertou o interesse em entender o que acontece no processo neste determinado
momento.
Este mesmo procedimento foi realizado para as geometrias de afiação B e C
apresentando resultados semelhantes quanto a repetibilidade do processo. Os
resultados das medições de desgaste destas geometrias são apresentados nos
anexos D e E.
Para compreender melhor o comportamento do processo e identificar os
mecanismos de desgaste atuantes na ferramenta foi realizada a análise no MEV
(microscópio eletrônico de varredura) de seis brocas em diferentes estágios de
2520151050
0,35
0,30
0,25
0,20
0,15
0,10
0,05
0,00
Tempo de vida [min]
VB máx [mm]
Broca no1
Broca no2
Broca no3
Emulo 12%
Refrigeração externa
Avanço 0,15 mm/rot
Velocidade de Corte 80m/min
Revestimento TiAlN
Broca DIN338 Ø 6mm
Geometria A
b
Figura 5.1 - Curvas de desgaste para três corridas com a geometria de afiação A
(afiação em S).
Capítulo 5 Resultados e Discussões
80
desgaste. Optou-se por manter intervalos eqüidistantes para o valor de desgaste de
flanco (VB
b máx
) como 0,05 - 0,10 - 0,15 - 0,20 - 0,25 e 0,30 mm. A análise foi do tipo
destrutiva, sendo necessário cortar as pontas de todas as brocas para o
posicionamento na câmara de vácuo do MEV. A figura 5.2 mostra uma visão geral
da broca, na qual se nota que o desgaste de flanco tem maior intensidade nas
extremidades das arestas principais de corte.
A figura 5.3 mostra o comportamento do desgaste de flanco na broca. Nota-se
uma faixa de desgaste ao longo da aresta de corte. Esta marca de desgaste
acentua-se na extremidade da aresta de corte arredondando as pontas da broca. A
medição do desgaste foi realizada na ponta de corte da broca, na qual as marcas
atingem o maior valor. Contudo foi desconsiderada a região do raio de ponta (rε)
para que a medição considere apenas a superfície principal de incidência da broca.
Figura 5.2 - Geometria de afiação A no MEV (afiação em S).
Área desgastada
Capítulo 5 Resultados e Discussões
81
Em todas as imagens percebeu-se a existência de material aderido à superfície
de incidência da broca. Acima de 0,20 mm de desgaste de flanco notou-se o
lascamento e o arredondamento das arestas e pontas da broca. A partir desta
(a) Desgaste de flanco
VB
bmáx
= 0,05mm (b) Desgaste de flanco
VB
bmáx
= 0,10mm
(c) Desgaste de flanco
VB
bmáx
= 0,15mm
(d) Desgaste de flanco
VB
bmáx
= 0,20mm
(e) Desgaste de flanco
VB
bmáx
= 0,25mm
(f) Desgaste de flanco
VB
bmáx
= 0,30mm
Figura 5.3 - Desgastes de flanco para a geometria A (afiação em S).
Capítulo 5 Resultados e Discussões
82
análise foi possível identificar os mecanismos de desgaste das ferramentas
predominantes no processo de furação do ferro fundido vermicular, a adesão e
abrasão atuando de forma gradativa.
Na figura 5.4 apresenta-se uma imagem da ponta de corte da broca onde o
desgaste de flanco ocorre de forma mais acentuada. A ampliação da região na ponta
da broca mostrou uma área de interface de desgaste onde se percebe uma faixa
separando a área já desgastada da superfície de afiação ainda com revestimento.
(a) (b)
Figura 5.4 - Caracterização da ponta da broca com geometria de afiação A
(a) ponta desgastada da broca (b) área de interface desgaste-revestimento.
Marcas de
abras
ão
Material
aderido a
superfície
Desgaste no
flanco da broca
(a)
(b)
Capítulo 5 Resultados e Discussões
83
O desgaste por adesão pôde ser melhor caracterizado na figura 5.4 (b) como
pequenas partículas de metal (ferro fundido) soldados a face da ferramenta. Esses
caldeamentos formam-se pela ação de forças elevadas ou devido à interação das
superfícies do cavaco e face da ferramenta (TRENT e WRIGTH, 2000). o
desgaste abrasivo ocorre quando uma superfície dura, ou uma superfície macia
contendo partículas duras, desliza sobre uma superfície de menor dureza,
produzindo nela diversos sulcos como se observa na figura 5.4 (a). Os sulcos
formados no sentido do movimento de corte principalmente na ponta da ferramenta
resultaram do atrito entre a ferramenta a superfície da peça e o próprio cavaco.
Nas imagens obtidas em diferentes estágios da vida da ferramenta notou-se
muito material aderido sobre a superfície de saída e de incidência, principalmente
junto a aresta transversal onde a baixa velocidade de corte e o pequeno ângulo de
folga são fatores que acentuam o mecanismo de adesão. Mocellin (2002) relatou o
mesmo fenômeno da adesão sobre os gumes da broca quando comparou a
usinabilidade do ferro fundido vermicular ao cinzento sendo em seu estudo este um
dos fatores de dispersão dos resultados. Reuter et al (2001), em seu estudo para
determinar os mecanismos de desgaste em ferramentas de corte, afirmou que o
ferro fundido vermicular é 33% mais abrasivo e 15% mais adesivo que o ferro
fundido cinzento. O efeito combinado da abrasividade com o atrito ajuda a explicar
porquê a vida das ferramentas de corte na usinagem do vermicular alcança 50% do
tempo de vida quando comparado ao ferro fundido cinzento.
A seqüência de imagens permite demonstrar que o desgaste acontece em
maior intensidade na ponta da ferramenta onde a velocidade de corte atinge seu
valor máximo e a concentração de tensões em uma área tão pequena torna a
mesma susceptível a quebras. Durante a usinagem, em função das características
do ferro fundido vermicular (mais abrasivo, mais adesivo e produzindo cavacos com
comportamento plástico), ocorre um aumento da abrasão, atrito e temperatura na
ferramenta, ocasionando uma perda progressiva de revestimento de TiAlN, o qual
deixa a ferramenta exposta à solicitação térmica, tornando-a mais vulnerável à ação
da abrasão. Dessa forma, o revestimento proporciona baixo coeficiente de atrito,
protegendo-a por mais tempo da ação dos mecanismos de desgaste, e por
conseqüência, aumentando o seu tempo de vida (XAVIER, 2003). Neste ensaio
Capítulo 5 Resultados e Discussões
84
percebeu-se que tal qual Andrade (2005) que o revestimento de TiNAl é removido de
forma prematura, expondo o substrato na superfície de incidência da broca e nota-se
um pequeno arredondamento da ponta e da aresta de corte. Parte de material da
peça passa a aderir à superfície de incidência e de saída da ferramenta. O material
aderido altera a geometria da broca resultando em arestas desiguais afetando as
forças de corte e a qualidade dimensional e geométrica dos furos.
A análise química local realizada no microscópio eletrônico de varredura
identificou os elementos encontrados na superfície da ferramenta. Na figura 5.5
mostram-se seis pontos avaliados na face da ferramenta através do espectro da
análise química.
A análise do espectro na figura 5.6 mostrou uma semelhança entre os
elementos químicos encontrados nos pontos 1, 3 e 4 onde a presença de ferro (Fe),
Figura 5.5 - Pontos de medição da espectometria na ponta da broca com
geometria de afiação A.
Capítulo 5 Resultados e Discussões
85
carbono (C) e silício (Si) na superfície de incidência da ferramenta indicam alguns
dos pontos de adesão do material da peça (CGI).
Na espectrometria do ponto número dois nota-se que não mais
revestimento. Os altos valores de tungstênio (W), a presença de carbono (C) e de
cobalto (Co) indicam que neste ponto o substrato da ferramenta encontra-se
exposto.
No ponto 5 da figura 5.8 a análise do espectro revela uma combinação entre os
elementos químicos encontrados com a presença de alumínio (Al), titânio (Ti) e
Figura 5.6 - Espectro da análise química na ponta da broca com geometria de
afiação A. Ponto 3
Figura 5.7 - Espectro da análise química na ponta da broca com geometria de
afiação A. Ponto 2
Capítulo 5 Resultados e Discussões
86
nitrogênio (N) do revestimento da ferramenta. Esta faixa de transição fica evidente
como uma faixa escura onde se percebe a presença do revestimento da broca.
Na figura 5.9 a análise do espectro revela uma combinação entre os elementos
químicos encontrados com a presença de alumínio (Al) e titânio (Ti) do revestimento,
de ferro (Fe), carbono (C) e silício (Si) do material da peça (CGI) e a presença de
oxigênio (O). Contudo a intensidade não é suficiente para indicar a presença do
mecanismo de oxidação neste ponto.
Figura 5.8 - Espectro da análise química na ponta da broca com geometria de
afiação A. Ponto 5
Figura 5.9 - Espectro da análise química na ponta da broca com geometria de
afiação A. Ponto 6
Capítulo 5 Resultados e Discussões
87
5.2 ANÁLISE DA VIDA DAS FERRAMENTAS
Para comparar o desempenho das três geometrias de afiação testadas os
resultados dos ensaios foram apresentados em gráficos do desgaste em função do
tempo de vida da ferramenta para três velocidades de corte. Na figura 5.10 são
apresentados os resultados das médias do desgaste de flanco na região da ponta da
broca (VB
bmáx
) em função do tempo de vida para a velocidade de corte de 80 m/min.
Este valor foi definido como referência para os testes pelo fato de ser empregado na
empresa para produção de furos em blocos de motores de ferro fundido vermicular.
Comparando as curvas de vida de cada geometria na figura 5.10 nota-se um
comportamento semelhante entre as geometrias B e C sendo que a partir de 0,1 mm
de desgaste de flanco (VB
bmáx
) a geometria C apresenta taxas de desgaste
menores, atingindo o final da vida com 47 minutos. A curva de vida para a geometria
50403020100
0,35
0,30
0,25
0,20
0,15
0,10
0,05
0,00
Tempo de vida [min]
Desgaste de flanco VBb máx [mm]
Geometria A
Geometria B
Geometria C
Emulo 12%
Refrigeração externa
Avanço 0,15 mm/rot
Velocidade de Corte 80m/min
Revestimento TiAlN
Broca DIN338 Ø 6mm
Figura 5.10 - Curvas de desgaste para as três geometrias de afiação da ponta
na velocidade de corte de 80 m/min.
Capítulo 5 Resultados e Discussões
88
A apresenta uma taxa de desgaste mais elevada quando comparada às outras
geometrias testadas. As condições de temperatura e a abrasividade do material
provocam o desgaste da ponta da broca removendo o revestimento e expondo o
substrato à ação do atrito contra a superfície da peça, acelerando a severidade do
desgaste.
Nas figuras 5.11 e 5.12 o aumento da velocidade de corte mostra ser um fator
significativo no tempo de vida da ferramenta. Entretanto o comportamento das
curvas de desgaste é semelhante para as três geometrias.
O aumento da velocidade de corte em 12,5% resultou em mudanças nas taxas
de desgaste reduzindo o tempo de vida das três geometrias. Contudo a geometria C
obteve o melhor resultado como no gráfico anterior. O momento onde ocorre a
mudança é diferente para cada condição de corte, entretanto atribuí-se este
fenômeno à perda do revestimento na região mais solicitada térmica e
302520151050
0,35
0,30
0,25
0,20
0,15
0,10
0,05
0,00
Tempo de vida [min]
Desgaste de flanco VBb máx [mm]
Geometria A
Geometria B
Geometria C
Emulsão 12%
Refrigeração externa
Avanço 0,15 mm/rot
Velocidade de Corte 90m/min
Revestimento TiAlN
Broca DIN338 Ø 6mm
Figura 5.11 - Curvas de desgaste para as três geometrias de afiação da ponta
na velocidade de corte de 90 m/min.
Capítulo 5 Resultados e Discussões
89
mecanicamente como afirma Dore (2007) em seu estudo sobre a usinabilidade do
ferro fundido vermicular.
Na figura 5.12 observa-se o comportamento do desgaste das três geometrias
na velocidade de corte de 100 m/min onde como nos casos anteriores a geometria A
apresenta um desgaste acentuado na ponta da broca atingindo a marca de desgaste
de 0,3 mm em apenas 11 minutos de tempo efetivo de corte.
A geometria B desgasta-se rapidamente até 0,1 mm, apresentando uma região
com taxa de desgaste menos severa entre 0,1 e 0,2 mm e no final volta a crescer
rapidamente até o final da vida da ferramenta cerca de 16 minutos. No gráfico da
figura 5.12 observou-se que para a geometria B o desgaste de flanco é uniforme até
0,1 mm, numa faixa que acompanha a aresta de corte da broca. Acima de 0,2 mm
de desgaste de flanco acentua-se na ponta da ferramenta apresentando uma faixa
regular de desgaste até próximo a ponta da broca, onde se encontra o maior valor
de desgaste. A princípio o chanfro na ponta da broca perde o efeito e o
2520151050
0,35
0,30
0,25
0,20
0,15
0,10
0,05
0,00
Tempo de vida [min]
Desgaste de flanco VBb máx [mm]
Geometria A
Geometria B
Geometria C
Emulo 12%
Refrigeração externa
Avanço 0,15 mm/rot
Velocidade de Corte 100m/min
Revestimento TiAlN
Broca DIN338 Ø 6mm
Figura 5.12 - Curvas de desgaste para as três geometrias de afiação da ponta
na velocidade de corte de 100 m/min.
Capítulo 5 Resultados e Discussões
90
comportamento da geometria B torna-se semelhante à geometria A, na qual os
mecanismos de desgaste por abrasão e adesão o responsáveis pelo desgaste
severo da ponta da broca. As imagens do desgaste de flanco são apresentadas na
figura 5.13.
A geometria C apresentou o melhor resultado em termos de vida da ferramenta
independente da velocidade de corte empregada. Outro fator importante é a
distribuição mais uniforme da faixa de desgaste em torno da aresta. Vale relatar que
não houve registro de lascamento da aresta ou ponta da broca para esta geometria,
fenômeno este notado nas outras duas geometrias. A transição mais suave das
arestas de corte para as guias resultou em uma melhor distribuição da carga
aplicada na aresta sem gerar pontos de concentração de tensões nas pontas da
broca.
A partir dos dados de desgaste obtidos neste trabalho, foi possível construir as
curvas de vida para as ferramentas com geometrias A, B e C, nas condições
específicas do ensaio (condições de velocidade e avanço, fluido de corte, geometria
da ferramenta, critério de fim de vida, etc).
(a) (b)
Figura 5.13 - Marcas de desgaste de flanco para a geometria de afiação B.
(a) VB
bmáx
= 0,1 mm e (b) VB
bmáx
= 0,2 mm.
Capítulo 5 Resultados e Discussões
91
A figura 5.14 apresenta a curva de desgaste para a broca de geometria A. O
gráfico foi construído tomando como critério para o final de vida da ferramenta o
desgaste de flanco.
Os tempos de vida obtidos para cada uma das velocidades de corte foram
registrados no gráfico da figura 5.15 para determinar a equação da curva e as
constantes de Taylor para este material. O gráfico bi-logarítmico do tempo de vida
em função da velocidade de corte mostra a influência da velocidade de corte no
tempo de vida da ferramenta. O aumento da velocidade de corte resulta em um
menor tempo de vida da ferramenta. A regressão linear permitiu definir o coeficiente
angular da reta e determinar as constantes de Taylor para a equação de vida da
ferramenta. A equação da curva de vida da geometria apresentou como coeficiente
angular o valor de K = - 3,084 e η
v
=107,965º . O valor de R-Sq indica que 95% dos
pontos são representados pela equação apresentada e a variância é de 0,0486 o
que apesar de poucos pontos torna aceitável a regressão linear aplicada.
2520151050
0,35
0,30
0,25
0,20
0,15
0,10
0,05
0,00
Tempo de Vida [min]
Desgaste de Flanco - VBb máx [mm]
Vc = 100 m/min
Vc = 90 m/min Vc = 80 m/min
Geometria A
Emulo 8%
Refrigeração externa
Avanço 0,15 mm/rot
Velocidade de Corte 80, 90 e 100 m/min
Revestimento TiAlN
Broca DIN338 Ø 6mm
Figura 5.14 - Curva de desgaste em função do tempo de vida da geometria A
para as velocidades de corte de 80, 90 e 100 m/min.
Capítulo 5 Resultados e Discussões
92
A figura 5.16 apresenta a curva de desgaste para a geometria B com o mesmo
comportamento obtido para a geometria A. O aumento da velocidade de corte torna
o desgaste da ferramenta mais severo reduzindo o tempo de vida da ferramenta.
12011010090807060
24
22
20
18
16
14
12
10
Velocidade de Corte [m/min]
Tempo de Vida [min]
S 0,0485643
R-Sq 95,0%
R-Sq(adj) 90,0%
log10(Tv) = 7,229 - 3,084 log10(Vc)
Figura 5.15 - Curva de desgaste em função do tempo de para a geometria A.
4035302520151050
0,35
0,30
0,25
0,20
0,15
0,10
0,05
0,00
Tempo de Vida [min]
Desgaste de Flanco - VBb máx [mm]
Vc = 100 m/min
Vc = 90 m/min
Vc = 80 m/min
Emulo 8%
Refrigeração externa
Avanço 0,15 mm/rot
Velocidade de Corte 80, 90 e 100 m/min
Revestimento TiAlN
Broca DIN338 Ø 6mm
Geometria B
Figura 5.16 - Curva de desgaste em função do tempo de vida da geometria B
para as velocidades de corte de 80, 90 e 100 m/min.
Capítulo 5 Resultados e Discussões
93
Contudo nota-se um aumento no tempo de vida da ferramenta. Este efeito é
atribuído a melhor distribuição da carga sobre as arestas de corte da broca e a
diminuição das tensões na ponta da broca que foi reforçada pelo chanframento.
O gráfico de tempo de vida da ferramenta B em função da velocidade de corte
na figura 5.17 apresentou quase o mesmo coeficiente angular da equação da curva
de vida da geometria A que apresentou como coeficiente angular o valor de K = -
3,762 e η
v
= 104,886º indicando que a inclinação da reta é praticamente a mesma.
O valor de R-Sq indica que 99,8% dos pontos são representados pela equação
apresentada e a variância é de 0,0117 o que representa uma ótima regressão linear
da curva de vida desta geometria.
O gráfico de desgaste da ferramenta C mostra o melhor desempenho desta
geometria que atingiu em média 47 minutos de tempo de vida na condição de mais
baixa velocidade de corte (80 m/min). Nas velocidades de corte de 90 e 100 m/min
12011010090807060
40
30
20
15
10
Velocidade de Corte [m/min]
Tempo de Vida [min]
S 0,0116688
R-Sq 99,8%
R-Sq(adj) 99,6%
log10(Tv) = 8,724 - 3,762 log10(Vc)
Figura 5.17 - Curva de desgaste em função do tempo de vida para a geometria
B.
Capítulo 5 Resultados e Discussões
94
esta geometria apresentou resultados muito semelhantes na fase inicial de desgaste
até aproximadamente 0,15 mm de desgaste de flanco (VB
bmáx
).
O gráfico de tempo de vida da ferramenta C na figura 5.19 apresentou quase o
mesmo coeficiente angular das geometrias anteriores.
50454035302520151050
0,35
0,30
0,25
0,20
0,15
0,10
0,05
0,00
Tempo de Vida [min]
Desgaste de Flanco - VBb máx [mm]
Vc = 100 m/min Vc = 90 m/min
Vc = 80 m/min
Emulsão 12%
Refrigeração externa
Avanço 0,15 mm/rot
Velocidade de Corte 80, 90 e 100 m/min
Revestimento TiAlN
Broca DIN338 Ø 6mm
Geometria C
Figura 5.18 - Curva de desgaste em função do tempo de vida da geometria C
para as velocidades de corte de 80, 90 e 100 m/min.
12011010090807060
50
40
30
20
15
Velocidade de Corte [m/min]
Tempo de Vida [min]
S 0,0508495
R-Sq 95,3%
R-Sq(adj) 90,5%
log10(Tv) = 7,979 - 3,329 log10(Vc)
Figura 5.19 - Curva de desgaste em função do tempo de vida para a geometria
C.
Capítulo 5 Resultados e Discussões
95
A equação da curva de vida da geometria apresentou como coeficiente angular
o valor de K = - 3,329 e η
v
= 106,72º. O valor de R-Sq indica que 95,3% dos pontos
são representados pela equação e a variância é de 0,0508 o que representa uma
regressão linear aceitável da curva de vida.
Através das curvas de vida das ferramentas, determinaram-se as constantes
da equação de Taylor. Os dados utilizados para calcular as constantes, bem como
os respectivos resultados, estão contidos na Tabela 5.2.
Tabela 5.2 - Dados da equação de vida de Taylor para as geometrias testadas.
Geometria
Vc
1
Tv
1
Vc
2
Tv
2
Vc
3
Tv
3
k Ct Cv
A 80 22 90 17 100 11 -3,084 220,37 1,69 E+07
B 80 37 90 23 100 16 -3,762 208,33 5,29 E+08
C 80 46 90 27 100 22 -3,329 249,32 9,54 E+07
A figura 5.20 mostra o melhor resultado com a geometria C dentre as três
condições de velocidade de corte testadas.
Vc 100908010090801009080
50
40
30
20
10
0
Tempo de Vida [min]
Geometria A
Geometria B
Geometria C
Brocas:
Figura 5.20 - Comparação de vida entre as três geometrias de ponta testadas.
Capítulo 5 Resultados e Discussões
96
Depois dessa geometria, o melhor resultado foi obtido com a ferramenta de
geometria B. A ferramenta tomada como referência, geometria A, apresentou o
menor tempo de vida no ensaio de usinagem. Os melhores resultados para todas as
geometrias foram constatados com a utilização da velocidade de corte mais baixa,
onde os efeitos da temperatura são menos significativos, proporcionando um maior
tempo de vida para as ferramentas. Considerando a geometria de afiação A como
referência para comparações constatou-se uma influência significativa da velocidade
de corte na vida da ferramenta. Um aumento de 12% na velocidade de corte resultou
na redução da vida em 22% e com 25% a mais de velocidade de corte a vida fi
reduzida em 52%.
A mudança na geometria de ponta da broca produziu diferenças significativas
tanto para a geometria B quanto para a C. A geometria B resultou em um aumento
de 61% na vida da ferramenta, comparada a geometria A e a ferramenta C dobrou a
vida da ferramenta, 104% a mais que a ferramenta A na condição de velocidade de
corte de 80 m/min.
5.3 ANÁLISE DIMENSIONAL DOS FUROS
Na figura 5.21 observa-se o comportamento da variação dimensional dos furos
de 6 mm para a geometria A na condição de velocidade de corte de 80 m/min e
avanço de 0,15 mm/rot. A análise estatística dos resultados de medição mostrou que
a distribuição é normal com um diâmetro médio de 6,041mm e um desvio padrão de
0,007 mm sendo o menor valor encontrado de 6,023 mm e o maior de 6,062mm. A
distribuição é simétrica apresentando uma pequena inclinação à direita (Skewness)
de 0,008 mm e um leve achatamento (Kurtosis) 0,038 mm. Considerando os limites
especificados em projeto o furo é considerado adequado quando está dentro de uma
tolerância H11, entre 0 e + 90 µm. Observando os índices de capacidade e de
desempenho do processo (Cp = 2,04, Cpk = 1,9, Pp = 2,08 e Ppk = 1,94) pode-se
afirmar que o processo está estável e centralizado entre os limites de tolerância.
Capítulo 5 Resultados e Discussões
97
Contudo na carta de controle observa-se que no final da vida da ferramenta os
diâmetros dos furos apresentam uma maior amplitude nos resultados e a linha média
passa a ser arrastada para baixo. Este efeito é conseqüência do próprio desgaste da
broca que apresenta marcas de desgaste junto a região das guias da broca
diminuindo o diâmetro efetivo da ferramenta. O valor médio dos furos apresenta um
aumento na amplitude devido à adesão de material e ao surgimento de pequenos
1651491321169983665033171
6,06
6,05
6,04
6,03
6,02
Observações
Individual Value
_
X=6,04189
UC L=6,06403
LC L=6,01975
1651491321169983665033171
0,03
0,02
0,01
0,00
Observações
Moving Range
__
MR=0,00832
UC L=0,02719
LC L=0
5
4
2
2
Carta de Controle da Geometria A
6,06006,05256,04506,03756,03006,0225
Median
Mean
6,04306,04256,04206,04156,04106,04056,0400
1st Q uartile 6,0370
Median 6,0420
3rd Q uartile 6,0470
Maximum 6,0620
6,0408 6,0430
6,0400 6,0430
0,0065 0,0081
A -Squared 0,28
P-V alue 0,652
Mean 6,0419
StDev 0,0072
V ariance 0,0001
Skew ness 0,0085647
Kurtosis -0,0388399
N 165
Minimum 6,0230
A nderson-Darling Normality Test
95% C onfidence Interval for Mean
95% C onfidence Interv al for Median
95% C onfidence Interv al for StD ev
95 % Confidence Interv als
Teste de Normalidade Geometria A
A - 5A - 4A - 3A - 2A - 1
6,06
6,05
6,04
6,03
6,02
Boxplot da Geometria A
(a) (b)
Figura 5.21 - Controle dimensional dos furos de Ø 6mm para a geometria de
broca A. a)Teste de normalidade dos resultados de medição. b) Boxplot das
cinco amostras analisadas.
Capítulo 5 Resultados e Discussões
98
lascamentos na ponta da broca. O desgaste da ferramenta teve reflexos nos
resultados sendo necessário um maior cuidado no processo de medição, pois a
conicidade dos furos ficou mais evidente com a ferramenta já desgastada.
Na figura 5.22, nas mesmas condições de trabalho do teste anterior, analisou-
se o comportamento da variação dimensional dos furos para a geometria B.
1651491321169983665033171
6,045
6,040
6,035
6,030
6,025
Observação
Individual Value
_
X=6,03655
UC L=6,04792
LC L=6,02519
1651491321169983665033171
0,016
0,012
0,008
0,004
0,000
Observação
Moving Range
__
MR=0,00427
UC L=0,01397
LC L=0
2
2
2
2
22
66
6
6
6
2
2
2
1
6
5
Carta de Controle da Geometria B
6,0486,0446,0406,0366,0326,028
Median
Mean
6,03806,03756,03706,03656,0360
1st Q uartile 6,0340
Median 6,0360
3rd Q uartile 6,0400
Maximum 6,0480
6,0359 6,0372
6,0360 6,0380
0,0039 0,0048
A -Squared 0,92
P-V alue 0,019
Mean 6,0366
StDev 0,0043
V ariance 0,0000
Skew ness -0,0021792
Kurtosis -0,0997859
N 165
Minimum 6,0250
A nderson-Darling Normality Test
95% C onfidence Interval for Mean
95% C onfidence Interv al for Median
95% C onfidence Interv al for StD ev
95 % Confidence Interv als
Teste de Normalidade da Geometria B
B - 5B - 4B - 3B - 2B - 1
6,045
6,040
6,035
6,030
6,025
Boxplot da Geometria B
(a) (b)
Figura 5.22 - Controle dimensional dos furos de Ø 6mm para a geometria de broca
B. a)Teste de normalidade dos resultados de medição. b) Boxplot das cinco
amostras analisadas.
Capítulo 5 Resultados e Discussões
99
Constatou-se que a distribuição também é normal, entretanto os resultados
mostram um processo mais estável que a geometria A. O diâmetro médio dos furos
foi de 6,036mm e o desvio padrão de 0,004 mm sendo o menor valor encontrado de
6,025 mm e o maior de 6,048mm. A distribuição é simétrica apresentando uma
pequena inclinação à esquerda (Skewness) de -0,002 mm e um pequeno
achatamento da curva (Kurtosis) 0,099 mm. Os índices de capacidade e de
desempenho do processo (Cp = 3,96, Cpk = 3,22, Pp = 3,49 e Ppk = 2,83) indicam
que o processo está mais estável e centralizado que o processo realizado com a
geometria A. Assim como na geometria A observa-se que o desgaste da ferramenta
afeta a variação dimensional dos furos. Da metade da vida da ferramenta em diante
notou-se uma tendência a reduzir o valor médio dos diâmetros dos furos e aumentar
a amplitude dos resultados dentro da amostra devido a adesão de material e
desgaste acentuado na ponta da broca. Os pontos em vermelho na carta de controle
da figura 5.22 mostram que uma mudança no processo e vários pontos ficaram
abaixo da linha média, que neste caso apenas reforça a tese de que o desgaste da
ferramenta afeta a dimensão dos furos.
Na figura 5.23 analisou-se o comportamento da variação dimensional dos furos
para a geometria C, onde a distribuição também é normal. O diâmetro médio dos
furos obtidos foi de 6,041mm e o desvio padrão de 0,005 mm. A distribuição é
simétrica e sem achatamento da curva. Os índices de capacidade e de desempenho
do processo (Cp = 2,68, Cpk = 2,44, Pp = 2,79 e Ppk = 2,54) indicam que o
processo está mais estável e centralizado que o processo realizado com a geometria
A, entretanto, com um desempenho pior que a geometria B.
Capítulo 5 Resultados e Discussões
100
A geometria C apresentou uma variação dimensional dos furos uniforme entre
as amostras e atribui-se esta característica ao fato do desgaste da ferramenta ser
mais uniforme, não se concentrando na ponta da broca como nas outras duas
geometrias. A dimensão média dos furos entre as amostras sofre uma pequena
queda a partir da metade da vida da ferramenta onde o desgaste nas guias torna-se
mais perceptível.
1651491321169983665033171
6,06
6,05
6,04
6,03
6,02
Observação
Individual Value
_
X=6,04101
UC L=6,05782
LC L=6,02419
1651491321169983665033171
0,020
0,015
0,010
0,005
0,000
Observação
Moving Range
__
MR=0,00632
UC L=0,02066
LC L=0
Carta de Controle da Geometria C
6,0556,0506,0456,0406,0356,0306,025
Median
Mean
6,04206,04156,04106,04056,0400
1st Q uartile 6,0370
Median 6,0410
3rd Q uartile 6,0450
Maximum 6,0550
6,0402 6,0418
6,0400 6,0420
0,0049 0,0060
A -Squared 0,59
P-V alue 0,124
Mean 6,0410
StDev 0,0054
V ariance 0,0000
Skew ness -0,0613711
Kurtosis -0,0567185
N 165
Minimum 6,0260
A nderson-Darling Normality Test
95% C onfidence Interv al for Mean
95% C onfidence Interv al for Median
95% C onfidence Interval for StD ev
95 % Confidence Interv als
Teste de Normalidade para a Geometria C
C - 5C - 4C - 3C - 2C - 1
6,055
6,050
6,045
6,040
6,035
6,030
Boxplot da Geometria C
(a) (b)
Figura 5.23 - Controle dimensional dos furos de Ø 6mm para a geometria de broca
C. a) Teste de normalidade dos resultados de medição. b) Boxplot das cinco
amostras analisadas.
Capítulo 5 Resultados e Discussões
101
A figura 5.24 mostra as curvas de distribuição dos resultados da análise
dimensional para as três geometrias de ponta das brocas. A geometria B apresentou
a menor dispersão nos resultados e uma média menor que as outras duas
geometrias sendo o chanframento das pontas da broca o possível responsável pelo
melhor desempenho desta geometria.
Para verificar se havia diferença significativa entre as dimensões dos furos
realizou-se a análise de variância. A análise foi baseada no teste F e no valor de
probabilidade (valor-p) do teste. Os resultados da análise são apresentados na
tabela 5.3 para um vel de significância (α = 0,05), sendo considerada a hipótese
nula, na qual considera-se que não diferença significativa entre as médias e
variâncias para as três geometrias.
Os resultados da análise de variância demonstram que diferença estatística
entre as amostras, pois para o grupo o valor-p é menor que o nível de significância
(α = 0,05), sendo a hipótese nula rejeitada e aceita a hipótese alternativa aceita.
6,0606,0546,0486,0426,0366,0306,024
90
80
70
60
50
40
30
20
10
0
Diâmetro dos Furos
Densidade
6,042 0,007210 165
6,037 0,004299 165
6,041 0,005381 165
Média StDev N
Geometria A
Geometria B
Geometria C
Figura 5.24 - Análise dimensional dos furos para as três geometrias de ponta
testadas.
Capítulo 5 Resultados e Discussões
102
Analisando entre os grupos nota-se que a geometria B é que apresenta diferença
estatística entre as outras duas (A e C) para o nível de significância de 5%.
5.4 ANÁLISE GEOMÉTRICA DOS FUROS
Foram analisados o comportamento dos erros geométricos de forma e
orientação dos furos, circularidade, cilindricidade e inclinação dos furos obtidos. As
medições foram realizadas no circularímetro da SOCIESC da marca Taylor Hobson
com resolução de 0,001 mm. A figura 5.25 apresenta o corpo de prova para esta
avaliação que teve suas dimensões definidas em função da limitação do
Tabela 5.3 - Resultados da análise de variância do controle dimensional para as
três geometrias de afiação de broca testadas.
RESUMO
Grupo Contagem
Soma Média Variância
Geometria A 165 996,914 6,0419 5,2 E-05
Geometria B 165 996,031 6,0365 1,85 E-05
Geometria C 165 996,766 6,0410 2,9 E-05
ANOVA
Fonte da variação SQ gl MQ F obs valor-p F crítico
Entre grupos 0,002707 2 0,001354
40,848 3,87 E-17 3,014051
Dentro dos grupos 0,016305 492 3,31E-05
Total
0,318 494
ANOVA Geometrias A e B - Subtraindo C
Fonte da variação SQ gl MQ F obs valor-p F crítico
Entre grupos 0,002707 1 0,00236 66,986 6,12 E-15 3,869957
Dentro dos grupos 0,011556 328 3,52E-05
Total
0,013916 329
ANOVA Geometrias A e C - Subtraindo B
Fonte da variação SQ gl MQ F obs valor-p F crítico
Entre grupos 6,64E-05 1 6,64E-05
1,6402 0,201201 3,869957
Dentro dos grupos 0,013273 328 4,05E-05
Total
0,01334 329
ANOVA Geometrias B e C - Subtraindo A
Fonte da variação SQ gl MQ F obs valor-p F crítico
Entre grupos 1,63E-03 1 1,63E-03
68,9185 2,72 E-15 3,869957
Dentro dos grupos 0,00778 328 2,37E-05
Total
0,009415 329
Capítulo 5 Resultados e Discussões
103
equipamento. A mesa do equipamento possui uma placa de 180 mm e recomenda-
se que as peças não ultrapassem o limite de peso de 5 Kg para não danificar o
equipamento.
As medições foram realizadas a 6 e 18 mm de profundidade da furação, sendo
estes valores definidos em função da limitação da ponteira para furos de diâmetros
pequenos. Identificou-se como limitação a profundidade máxima de 20 mm para a
medição com o objetivo de garantir que a haste do apalpador não tocasse a parede
do furo.
A figura 5.26 apresenta o modelo de relatório gerado pelo equipamento para a
medição de circularidade. No documento estão registradas as informações de
identificação da atividade, dados de preparação, assim como os valores encontrados
de para o erro de forma, posição e orientação.
Figura 5.25 - Análise geométrica dos furos realizada no circularímetro da
Metrologia da SOCIESC.
Capítulo 5 Resultados e Discussões
104
A partir das duas medições de circularidade em cada furo foram gerados os
resultados sobre a cilindricidade e inclinação do eixo do furo em relação a superfície
superior empregada como referência. A figura 5.25 b apresenta um exemplo do
relatório de medição de cilindricidade. A geometria do furo representado na figura é
meramente ilustrativa, pois foi gerada a partir da medição de circularidade em dois
planos (alturas 1 e 2). Os resultados da circularidade foram sempre próximos ao
maior valor obtido na circularidade e.g. na altura 2. Além da circularidade o relatório
apresenta os valores de batimento total e o ângulo do eixo do furo em relação a
base do equipamento.
Os resultados da medição são apresentados nos gráficos de circularidade da
figura 5.27. Verificou-se que os maiores erros de circularidade foram encontrados
geralmente na altura 2 (profundidade de 18 mm). Esta característica também foi
relatada por Andrade (2005) quanto estudou o efeito do revestimento da ferramenta
nos erros de forma na furação do ferro fundido vermicular. O autor encontrou em seu
(a) (b)
Figura 5.26 - Relatórios de circularidade e cilindricidade do furo de Ø 6mm
a) circularidade de furo n
o
8 na altura 1 e b) cilindricidade do furo n
o
12.
Capítulo 5 Resultados e Discussões
105
estudo uma maior variação da circularidade na profundidade de furação de 30mm e
identificou como causa alguma anormalidade no conjunto ferramenta-fixação da
placa empregado em seu experimento. Contudo nos testes realizados não se
encontrou nenhuma evidência de problemas de rigidez. As vibrações do sistema
máquina-ferramenta-peça mostraram que o sistema torna-se mais estável com o
aumento da profundidade de furação. Contudo sugere-se uma investigação mais
aprofundada sobre o efeito das vibrações no sistema, principalmente por se tratar de
uma relação L/D maior que 3 vezes o diâmetro.
Comparando os resultados de circularidade para as três geometrias de brocas
em três velocidades de corte diferentes nota-se na figura 5.28 que a geometria A
apresentou um menor erro geométrico com a ferramenta nova com sua geometria de
afiação sem desgaste. Os valores de circularidade oscilaram entre 15 a 75 µm
sendo que diferença significativa entre as amostras para as três geometrias. A
medida que o desgaste da ferramenta aumenta o erro geométrico eleva-se,
Posição Altura 2Altura 1Altura 2Altura 1Altura 2Altura 1
60
50
40
30
20
Erro de Circularidade [ m]
Geometria A
Geometria B
Geometria C
Brocas:
µ
µ
µ
µ
Figura 5.27 - Resultados da medição de circularidade em duas alturas. (6 e 18
milímetros de profundidade)
Capítulo 5 Resultados e Discussões
106
provavelmente devido ao aumento das vibrações do sistema máquina-ferramenta e
as deformações do material geradas pela adesão de material na ponta da broca e o
desgaste da ferramenta. As vibrações decorrentes do aumento das forças de
usinagem em uma ferramenta longa com uma relação L/D superior a cinco vezes o
diâmetro foram alguns dos fatores que possivelmente resultaram em um maior erro
de circularidade nos furos. As outras duas geometrias também apresentaram o
mesmo comportamento, entretanto a variação do erro geométrico foi menor na
geometria B que apresentou uma maior estabilidade em todas as condições de corte
testadas.
Em geral, observa-se que não houve tendência definida para a variação da
circularidade dos furos em função das velocidades de corte aplicadas para nenhuma
das geometrias estudadas. O mesmo comportamento foi observado por Castillo
(2005) em seu estudo sobre a influência da geometria da broca na furação de ferro
fundido cinzento. Embora os resultados dos erros de circularidade tenham sido
Vc 100908010090801009080
80
70
60
50
40
30
20
10
0
Erro de Circularidade [ m]
Geometria A
Geometria B
Geometria C
Brocas:
µ
µ
µ
µ
Figura 5.28 - Resultados de circularidade dos furos de Ø 6mm nas três
condições de velocidade de corte para as três geometrias.
Capítulo 5 Resultados e Discussões
107
menores, entre 3 e 9 µm estes também não apresentaram variações significativas
em função da velocidade de corte.
Castillo (2005) destaca que gumes afiados numa broca garantem uma
estabilidade na tolerância de circularidade. Os resultados do gráfico da figura 5.29
reforçam a afirmação de Castillo (2005), mostrando que com o aumento do desgaste
da ferramenta além de aumentar o valor médio do erro de circularidade também se
nota uma maior dispersão nos resultados. A geometria empregada neste teste
apresentou um comportamento estável até atingir a marca de desgaste de 0,1mm
chegando a atingir um erro de circularidade máximo de 121µm no final da vida da
ferramenta.
Os demais resultados da medição encontram-se no Anexo F, permitindo a
comparação dos resultados.
0,400,350,300,250,200,150,100,05
140
120
100
80
60
40
20
0
Desgaste de flanco VB [mm]
Erro de Circularidade [ m]
µ
µ
µ
µ
Emulo 8%
Refrigeração externa
Avanço 0,15 mm/rot
Velocidade de Corte 80m/min
Revestimento TiAlN
Broca DIN338 Ø 6mm
Geometria A
b máx
Figura 5.29 - Variação do erro de circularidade em função do desgaste da broca
de geometria A na velocidade de corte de 80m/min.
Capítulo 5 Resultados e Discussões
108
5.5 ANÁLISE DA QUALIDADE DA SUPERFÍCIE DOS FUROS
As medições de rugosidade no interior do furo foram realizadas para as
geometrias de brocas testadas nas três condições de corte. Em função do pequeno
diâmetro dos furos tornou-se necessário cortar as placas nas linhas de furação. O
gráfico da figura 5.30 ilustra os resultados médios de rugosidade Ra para cada uma
das geometrias testadas.
Analisando os resultados de rugosidade obtidos, é possível observar que as
geometrias testadas geraram valores de Ra que variam na faixa de 1,8 a 3,4 µm, os
quais estão dentro das qualidades de superfícies possíveis de atingir no processo de
furação (2 a 12 µm, de acordo com KÖNIG e KLOCKE, 1997). A geometria B
apresentou o melhor resultado para acabamento dos furos e os menores valores de
rugosidade em todas as condições de teste. Entretanto não foi possível uma
conclusão definitiva sobre qual das geometrias gerou melhores resultados de
rugosidade. A análise de variância mostrou não haver diferença estatística entre as
geometrias B e C tanto para o parâmetro Ra quanto para Rz. Também se notou a
Vc
Geometria CGeometria BGeometria A
100908010090801009080
4,0
3,5
3,0
2,5
2,0
1,5
Parâmetro de Rugosidade Ra [ m]
Vc 80 m/min
Vc 90 m/min
Vc 100 m/min
Emulsão 8%
Refrigeração externa
Avanço 0,15 mm/rot
Revestimento TiAlN
Broca DIN318 Ø 6mm
µ
µ
µ
µ
Figura 5.30 - Parâmetro de rugosidade (Ra) para as três geometrias de corte.
Capítulo 5 Resultados e Discussões
109
ocorrência de dados suspeitos, fora da distribuição normal para todas as geometrias
testadas. Uma nova medição da rugosidade foi realizada e observou-se a mudança
no resultado. Uma análise mais cuidadosa na superfície do furo revelou sulcos
gerados pelo arraste do cavaco ou mesmo de material aderidos à guia da broca.
Contudo durante a medição do desgaste na ferramenta não foi registrada nenhuma
ocorrência da adesão de material nas guias da broca.
Os resultados do parâmetro de rugosidade Rz mostram um comportamento
semelhante ao parâmetro Ra, oscilando entre 12 a 25 µm. A geometria B apresentou
novamente os melhores resultados dentre as ferramentas. Observou-se também que
o desgaste da ferramenta reduz a rugosidade da superfície do furo e as dispersões
dos resultados são reduzidos no final da vida da ferramenta. Correlacionando o
desgaste da ferramenta com os parâmetros de rugosidade percebe-se na figura 5.32
que uma relação fraca entre os fatores. O desgaste nas pontas das brocas gerou
um chanfro que atuou como face alisadora reduzindo a rugosidade da parede do
furo. Este fato pode ser observado nas imagens que mostram o comportamento
Vc
Geometria CGeometria BGeometria A
100908010090801009080
24,0
21,5
19,0
16,5
14,0
Parâmetro de Rugosidade Rz [ m]
Vc 80 m/min
Vc 90 m/min
Vc 100 m/min
Emulo 8%
Refrigeração externa
Avanço 0,15 mm/rot
Revestimento TiAlN
Broca DIN318 Ø 6mm
µ
µ
µ
µ
Figura 5.31 - Parâmetro de rugosidade (Rz) para as três geometrias de corte.
Capítulo 5 Resultados e Discussões
110
gradativo do desgaste das ferramentas tratado no tópico 5.1 e nos resultados de
rugosidade da geometria B, figuras 5.30 e 5.31. Por apresentar um chanfro de
proteção a 45º como um segundo ângulo de ponta esta ferramenta apresentou os
melhores resultados em termos de acabamento da superfície.
O aumento do desgaste da ferramenta tende a reduzir a rugosidade, ou seja,
melhorar o acabamento da superfície do furo. Contudo a perda do revestimento da
mesma resulta em aumento do coeficiente de atrito no contato cavaco-ferramenta.
Logo esta afirmação irá depender do estado da ferramenta, pois o aumento da
temperatura, dos esforços de corte e das vibrações do sistema máquina-ferramenta-
peça irá contribuir para um aumento da rugosidade na superfície do furo obtido
(CASTILLO, 2005).
Outra constatação durante a avaliação dos resultados da rugosidade é que a
qualidade da superfície é pior próxima a borda do furo. Os valores de rugosidade
nesta área foram geralmente superiores aos da medição realizada no fundo do furo.
Acredita-se que as vibrações da ferramenta na entrada do furo seja o principal fator
0,350,300,250,200,150,100,050,00
3,6
3,2
2,8
2,4
2,0
Desgaste de flanco - Vb máx [mm]
Rugosidade - Ra [ m]
Geometria A
Geometria B
Geometria C
µ
µ
µ
µ
Emulo 8%
Refrigeração externa
Avanço 0,15 mm/rot
Velocidade de Corte 80 m/min
Revestimento TiAlN
Broca DIN318 Ø 6mm
Figura 5.32 - Correlação entre o desgaste de flanco VB
bmáx
e a rugosidade dos
furos.
Capítulo 5 Resultados e Discussões
111
para o aumento da rugosidade na entrada do furo. A figura 5.33 ilustra a textura da
parede na entrada e no fundo do furo.
Os parâmetros de rugosidades Ra e Rz apresentaram uma maior dispersão de
valores obtidos na furação sob velocidade de corte de 100 m/min no início de vida. A
variação da velocidade de corte não afetou de forma significativa os resultados da
rugosidade, sendo que os valores e o comportamento do gráfico foram semelhantes
nos três casos.
5.6 ANÁLISE DAS FORÇAS DE CORTE
A medição de força de corte no processo de furação é um critério importante
para avaliar o comportamento das geometrias testadas neste estudo. Como a
ferramenta sofre basicamente torção devido a rotação da ferramenta e compressão
pela força de avanço foram avaliados estas duas componentes.
5.6.1 Momento Torsor
Os valores do momento torsor das ferramentas em cada uma das condições de
corte foram obtidos de forma empírica a partir da corrente elétrica consumida
(a) (b)
Figura 5.33 - Aspecto da superfície do furo. a) entrada e b) fundo do furo.
Capítulo 5 Resultados e Discussões
112
durante o processo de furação. A figura 5.34 mostra um exemplo de gráfico
resultante da realização de um furo. A máquina registra dois grandes picos de
corrente no acionamento e no momento em que o fuso é desligado. Esta energia é
consumida para retirar o motor da inércia não sendo estas variações interessantes
para este estudo. Após estar na rotação de trabalho nota-se que o motor consome
uma certa energia, cerca de 2,5 µA para manter o giro da ferramenta e esta área
foi denominada de corte em vazio.
Finalmente o intervalo de maior interesse encontra-se na área onde contato
entre a ferramenta e a peça, denominada de área de corte. A medição de corrente
nesta área permitiu determinar a potência consumida em cada furo e por
conseqüência o momento torsor na ferramenta. Este método não é preciso desta
forma foi necessário verificar a sensibilidade do sistema de aquisição para validação.
Testou-se o sistema realizando um furo em diferentes estágios de desgaste da
ferramenta. Os cinco estágios foram determinados em função do desgaste de flanco
1086420
30
25
20
15
10
5
0
Tempo [s]
Corrente do Motor [ A]
µ
µ
µ
µ
Emulo 8%
Refrigeração externa
Avanço 0,15 mm/rot
Revestimento TiAlN
Broca DIN338 Ø 6mm
Geometria A
Acionamentos do motor
Área de corte
Movimento em vazio
Figura 5.34 - Comportamento da corrente consumida no processo de furação
com uma broca de Ø 6mm na velocidade de corte de 80m/min.
Capítulo 5 Resultados e Discussões
113
que foi empregado como critério para final de vida da ferramenta. Na figura 5.35
pode-se observar o comportamento da broca de diâmetro 6 mm na velocidade de
corte de 80 m/min, avanço de 0,15mm/rot e empregando lubri-refrigeração externa
em cinco diferentes estágios da vida da ferramenta.
Em todas condições de trabalho ensaiadas notou-se um aumento gradativo da
corrente consumida pelo motor à medida que a ferramenta se aproximava do final da
vida. Este efeito comprovou a sensibilidade do sistema, mas este acaba servindo
apenas para análise comparativa entre a força de corte em função do desgaste da
ferramenta. Para avaliar a precisão dos resultados empregou-se a equação 5.1 de
Kienzle.
Fc = Kc
1.1
.b.h
1-mc
Eq. 5.1
Onde: Fc = Força de corte [N];
5,0
4,5
4,0
3,5
3,0
2,5
2,0
Corrente do motor [ A]
0% (nova)
25% 50% 75% 100%
µ
µ
µ
µ
Emulo 8%
Refrigeração externa
Avanço 0,15 mm/rot
Revestimento TiAlN
Broca DIN338 Ø 6mm - Geometria A
Vida da Ferramenta
Figura 5.35 - Medição de corrente na área de corte em cinco estágios de
desgaste da ferramenta.
Capítulo 5 Resultados e Discussões
114
kc1.1 = força específica de corte para um cavaco de 1 mm
2
[N/mm
2
].
b = Largura de corte [mm];
h = espessura de corte [mm];
1-mc = expoente que quantifica a influência de h na força de corte;
Na figura 5.36, apresenta-se os valores obtidos por Mocellin (2002) em seu
estudo sobre a usinabilidade do ferro fundido vermicular. A determinação do
momento torsor a partir da corrente consumida pelo motor durante a usinagem
mostrou-se um método eficaz para comparar os resultados entre as geometrias,
entretanto os valores obtidos neste estudo foram inferiores aos apresentados por
Mocellin. Sugere-se que entre os fatores que causaram a redução do momento
torsor em cerca de 9,4% esteja a diferença da matriz perlítica do material. Citam-se
também como fatores que contribuíram para a diferença entre os resultados a
formação de steadita responsável pela redução da resistência ao cisalhamento do
material, comportamento também relatado por Bates (1996) e a própria incerteza do
sistema de medição.
A figura 5.37 apresenta o comportamento do momento torsor para as três
geometrias em estudo na velocidade de corte de 80m/min em função do
comprimento usinado.
1-mcKc 1.1
VermicularCinzentoVermicularCinzento
1,00
0,75
0,50
0,25
0,00
Cinzento
Vermicular
Material
1,034
0,964
0,866
0,877
Vc 80 m/min
Figura 5.36 - Constantes de Kienzle, determinadas empiricamente, para cálculo da
força de corte (F
c
) em furação (MOCELLIN, 2002).
Capítulo 5 Resultados e Discussões
115
As três geometrias tiveram um comportamento semelhante aumentando o valor
do momento torsor com o aumento do comprimento usinado. Este efeito,
esperado, mostra que o desgaste da ferramenta afeta a força de corte. Conforme
Ferraresi (2006), o estado de afiação numa ferramenta tem uma influência
considerável sobre os esforços de usinagem, podendo chegar a valores 25%
maiores para um desgaste da ferramenta dentro da faixa admissível de desgaste.
Em todas as condições de usinagem testadas, as geometrias mostraram um
acréscimo nas forças de corte na ordem de 14 a 36% da ferramenta nova para a
condição de final de vida da ferramenta. A geometria C apresentou os maiores
esforços de corte nas três condições de corte. Entretanto notou-se que as
geometrias A e B sofreram as maiores variações no momento torsor. Sugere-se que
esta característica esteja relacionada ao desgaste da ferramenta, que nas duas
geometrias (A e B) ocorreram de forma acentuada na ponta de corte das brocas. A
perda do revestimento e a característica do material de formar a aresta postiça são
alguns dos fatores responsáveis pelo aumento do momento torsor. Mocellin (2002) e
302520151050
1,15
1,10
1,05
1,00
0,95
0,90
Comprimento de furação [m]
Momento Torsor [N.m]
Geometria A
Geometria B
Geometria C
Refrigeração externa: emulsão 8%
Profundidade do furo: 30 mm (5xd)
Avanço: 0,1 mm/rot
Velocidade de corte: 80 m/min
Revestimento: TiAlN
Ferramenta: broca DIN338 - Ø 6,00 mm
Figura 5.37 - Momento torsor para as três geometrias na velocidade de corte de 80
m/min.
Capítulo 5 Resultados e Discussões
116
Andrade (2005) também relatam em seus estudos a ocorrência de adesão de
material na aresta de corte e o seu efeito na força de corte. Ambos recomendam que
o material aderido fosse removido para minimizar a dispersão nos resultados.
As figuras 5.38 e 5.39 apresentam o resultado do momento torsor para as
outras duas velocidades de corte sendo que o comportamento com o mesmo padrão
foi mostrado para a velocidade de corte de 80 m/min.
20151050
1,4
1,3
1,2
1,1
1,0
Comprimento de furação [m]
Momento Torsor [N.m]
Geometria A
Geometria B
Geometria C
Refrigeração externa: emulsão 8%
Profundidade do furo: 30 mm (5xd)
Avanço: 0,1 mm/rot
Velocidade de corte: 90 m/min
Revestimento: TiAlN
Ferramenta: broca DIN338 - Ø 6,00 mm
Figura 5.38 - Comportamento da corrente do motor em função do comprimento de
furação para três condições de velocidade de corte.
Capítulo 5 Resultados e Discussões
117
Foi observada a mesma tendência a um aumento nos resultados de momento
torsor com o aumento do comprimento de usinagem. Notou-se também que as
geometrias A e B tem um comportamento semelhante durante a vida da ferramenta.
Entretanto notou-se que na figura 5.39 o comportamento do aumento dos esforços
mudou na velocidade de corte de 100m/min. Notou-se também que a geometria B
apresentou um aumento gradativo do momento torsor, sendo esta a maior variação
dos esforços de corte. Esse resultado não pôde ser explicado, entretanto sugere-se
que o aumento dos esforços de corte esteja relacionado a variação da dureza
naquele quadrante de usinagem.
A análise de variância revelou que as geometrias A e B não apresentam
diferença estatística com um intervalo de confiança de 95%. Apenas a geometria C
apresentou diferença significativa. Em todas as condições de corte testadas esta
geometria apresentou os maiores momentos torsores. Este aumento dos esforços de
corte deve-se ao fato de que a geometria C possui a ponta da ferramenta em forma
1614121086420
1,6
1,5
1,4
1,3
1,2
1,1
Comprimento de furação [m]
Momento Torsor [N.m]
Geometria A
Geometria B
Geometria C
Refrigeração externa: emulsão 8%
Profundidade do furo: 30 mm (5xd)
Avanço: 0,1 mm/rot
Velocidade de corte: 100 m/min
Revestimento: TiAlN
Ferramenta: broca DIN338 - Ø 6,00 mm
Figura 5.39 - Comportamento da corrente do motor em função do comprimento de
furação para três condições de velocidade de corte.
Capítulo 5 Resultados e Discussões
118
de raio (4,5mm) apresentando uma seção de corte diferente das outras duas
geometrias. O maior comprimento da aresta e a espessura variada de corte, menor
na ponta de corte e maior no centro da broca resultaram em aumento no momento
torsor devido ao aumento da seção de corte.
5.6.2 Força de avanço
Foram comparadas as forças de avanço para cada uma das geometrias nas
três condições de corte. Na figura 5.40 observa-se para a velocidade de 80 m/min na
qual para o momento torsor um comportamento comum para as três geometrias.
O aumento do comprimento usinado resulta em um aumento gradativo da força de
avanço. Este resultado é proveniente da condição de corte da ferramenta que a
medida que perde o revestimento e tem um desgaste mais evidente, apresenta um
maior atrito da ferramenta com a parede furo e com o próprio cavaco.
3020100
640
620
600
580
560
540
520
500
Comprimento de furação [m]
Força de avanço [N]
Geometria A
Geometria B
Geometria C
650600550500
0,030
0,025
0,020
0,015
0,010
0,005
0,000
Força de avanço [N]
Densidade
538,0 14,57 140
538,8 14,18 230
571,6 21,95 906
Mean StDev N
Geometria A
Geometria B
Geometria C
Refrigeração externa: emulsão 12%
Profundidade do furo: 30 mm (5xd)
Avanço: 0,1 mm/rot
Velocidade de corte: 80 m/min
Revestimento: TiAlN
Ferramenta: broca DIN338 - Ø 6,00 mm
Figura 5.40 - Comportamento da força de avanço em função do comprimento de
furação para a velocidade de corte de 80 m/min.
Capítulo 5 Resultados e Discussões
119
Os valores médios da força de avanço e a dispersão em cada condição testada
mostram que para um nível de significância de 95% há diferenças significativas entre
as três geometrias. A geometria C apresentou o maior valor de força de avanço, em
média 571,6 N, e a maior variância no processo. As geometrias A e B o
apresentaram diferença significativa para a força de avanço.
Na figura 5.41 são apresentados os resultados nas velocidades de corte de 90
e 100 m/min para as três geometrias.
20151050
750
700
650
600
550
Comprimento de furação [m]
Força de avanço [N]
Geometria A
Geometria B
Geometria C
Refrigeração externa: emulsão 12%
Profundidade do furo: 30 mm (5xd)
Avanço: 0,1 mm/rot
Velocidade de corte: 90 m/min
Revestimento: TiAlN
Ferramenta: broca DIN338 - Ø 6,00 mm
1614121086420
850
800
750
700
650
Comprimento de furão [m]
Força de avanço [N]
Geometria A
Geometria B
Geometria C
Refrigeração externa: emulsão 12%
Profundidade do furo: 30 mm (5xd)
Avanço: 0,1 mm/rot
Velocidade de corte: 100 m/min
Revestimento: TiAlN
Ferramenta: broca DIN338 - Ø 6,00 mm
Figura 5.41 - Comportamento da força de avanço em função do comprimento de
furação para a velocidade de corte de 90 e 100m/min.
Capítulo 5 Resultados e Discussões
120
Nota-se na figura 5.41 o mesmo comportamento da força de avanço em função
do comprimento usinado. Isto condiz com a citação de Stemmer (2005) e König e
Klocke (1997), comprovando a pouca influência da velocidade de corte sobre as
forças usinagem nessa faixa de velocidades.
5.7 VIBRAÇÕES DO SISTEMA MÁQUINA-FERRAMENTA-PEÇA
As medições de vibrações foram analisadas para comparar o efeito das
geometrias testadas na rigidez do sistema máquina-ferramenta e da peça. Na figura
5.42 pode-se observar o comportamento das vibrações efetivas em cinco estágios
da vida da ferramenta para a geometria A. Esta geometria foi empregada como
referência para a comparação entre as ferramentas por ser atualmente aplicada no
processo de produção da empresa Tupy S.A.
1,0
0,8
0,6
0,4
0,2
Ciclos de Medição
Vibração X - RMS
0% (nova)
25%
50%
75%
(desgastada)
100%
Figura 5.42 - Espectro das vibrações efetivas do sistema máquina-ferramenta em
função da vida da ferramenta para a velocidade de corte de 80 m/min.
Capítulo 5 Resultados e Discussões
121
Observando o comportamento na área de corte nota-se que as vibrações são
maiores na entrada com a tendência de reduzir a intensidade no fundo do furo. Este
característica está relacionada a ação das guias da broca que geram um efeito
estabilizador para a ferramenta empregando a própria parede do furo como
elemento de orientação. Nota-se também a influência do desgaste da ferramenta no
comportamento das vibrações do sistema que se justifica pelo aumento dos esforços
de corte e o desgaste desigual da aresta, da ponta de corte e das guias da broca
resultando em um aumento das vibrações em função da vida da ferramenta. A
análise de variância revelou não haver diferença significativa para as vibrações até a
metade da vida da ferramenta, entretanto nota-se o aumento gradativo dos valores
de vibrações do sistema máquina-ferramenta-peça. No final da vida da ferramenta
nota-se que as vibrações aumentam, cerca de 25%, mostrando a influência deste
fator na estabilidade do processo de furação.
Comparando as geometrias nota-se na figura 5.43 uma relação entre as
vibrações efetivas do sistema e a vida da ferramenta. À medida que o desgaste da
ferramenta aumenta determinando o final da vida da broca as vibrações no sistema
aumentam.
Brocas
Desgaste
Geometria CGeometria BGeometria A
100%75%50%25%0%100%75%50%25%0%100%75%50%25%0%
0,90
0,75
0,60
0,45
0,30
0,15
0,00
Vibr ação X - RMS
1,751,501,251,000,750,500,250,00
1,5
1,2
0,9
0,6
0,3
0,0
Vibr ação X - RMS
Densidade
0,6765 0,3444 445
0,5116 0,2353 445
0,7130 0,3673 445
Mean StDev N
Geometria A
Geometria B
Geometria C
Emulsão 12%
Refrigeração externa
Avanço 0,15 mm/rot
80m/min
Velocidade de Corte
Revestimento TiAlN
Broca DIN338 Ø 6mm
Figura 5.43 - Comportamento das vibrações no sistema máquina-ferramenta para
as três geometrias testadas na velocidade de corte de 80 m/min.
Capítulo 5 Resultados e Discussões
122
O comportamento das vibrações para as geometrias testadas mostrou que a
geometria B produziu um sistema mais robusto com vibrações efetivas menores que
as outras duas que apresentaram resultados semelhantes. As menores vibrações do
sistema máquina-ferramenta, em média 25% menores que para a geometria A, e o
menor desvio padrão entre as três ferramentas destacam o bom desempenho da
geometria B. Provavelmente foi este um dos fatores determinantes para minimizar os
erros dimensionais e geométricos dos furos.
Para a geometria A analisou-se a influência da velocidade de corte nas
vibrações do sistema máquina-ferramenta-peça. Para as três condições de corte
testadas a variação da velocidade de corte não apresentou variação significativa
como se pode observar na figura 5.44. Não se notou nenhuma tendência de
aumento ou redução das vibrações. O aumento da velocidade de corte não afetou a
estabilidade do sistema mantendo-se estável nas três condições de corte.
Entretanto, na velocidade de corte de 100 m/min, notou-se um aumento na
dispersão dos resultados.
Desgaste
1
0
0
%
7
5
%
5
0
%
2
5
%
0
%
1
0
0
%
7
5
%
5
0
%
2
5
%
0
%
1
0
0
%
7
5
%
5
0
%
2
5
%
0
%
0,80
0,65
0,50
0,35
0,20
0,05
Vibração X - V
1,51,20,90,60,30,0-0,3
1,2
1,0
0,8
0,6
0,4
0,2
0,0
V
Densidade
0,6765 0,3444 445
0,6298 0,3522 445
0,6660 0,4449 445
Mean StDev N
Vc 80 m/min
Vc 90 m/min
Vc100 m/min
m/min
V c 80
m/min
V c 90
m/min
V c 100
RMS
RMS
Figura 5.44 - Comportamento das vibrações do sistema máquina-ferramenta para
as três velocidades de corte.
Capítulo 5 Resultados e Discussões
123
Acredita-se que o sistema de fixação térmico e a faixa de velocidades de corte
testadas foram em parte responsáveis pelo comportamento estável do sistema
semelhante para as condições de trabalho testadas.
5.8 MONITORAMENTO DA EMISSÃO ACÚSTICA
Pode-se observar na figura 5.45 o comportamento do sinal de emissão acústica
para a geometria A na velocidade de corte de 80 m/min em cinco intervalos da vida
da ferramenta. Com o sensor posicionado na base do eixo-árvore próximo da área
de corte nota-se que um aumento gradativo do sinal de emissão acústica a medida
que a ferramenta se aproxima do final da vida da ferramenta.
A figura 5.46 mostra este aumento da intensidade do sinal de EA em função do
desgaste da ferramenta para a broca de geometria A. A velocidade de corte de 100
m/min apresentou valores maiores que as outras duas testadas neste estudo. Blum
201612840
0,6
0,5
0,4
0,3
0,2
Tempo [s]
Tensão Elétrica V
Emulo 8%
Refrigeração externa
Avanço 0,15 mm/rot
Velocidade de Corte 80m/min
Revestimento TiAlN
Broca DIN338 Ø 6mm
RMS
0% (nova) 25% vida 50% vida
75% vida Final da vida
Geometria A
Figura 5.45 - Espectro do sinal de emissão acústica para a geometria A.
Capítulo 5 Resultados e Discussões
124
e Inasaki (1990) apud Souza (2004) relatam o mesmo efeito no torneamento do aço
P20. Os autores justificam a elevação do valor do sinal de EA pelo aumento do
volume usinado por minuto. O fato de o sistema de corte ser fechado, contido pelas
paredes do próprio furo, dificuldade em expulsar os cavacos da região de corte e
mudanças estruturais causadas pela elevação da temperatura na área de corte
são algumas das características que podem afetar o sinal de EA.
Comparando o sinal de EA para as três geometrias na figura 5.47 nota-se a
semelhança no comportamento para as três geometrias testadas. Contudo a
geometria B apresentou diferença estatística quando comparada às outras duas
para um intervalo de confiança de 95%. A geometria B apresentou o maior valor de
intensidade média. Além disso, a distribuição dos valores é simétrica e ao mesmo
tempo achatada, apresentando o maior desvio padrão para o grupo. Sugere-se que
fatores como o chanfro nas pontas de corte da broca, local onde a ferramenta atinge
a velocidade de corte máxima, e a adesão de material na ferramenta foram
responsáveis pelo aumento do sinal de EA. Os chanfros nas pontas de corte
0,300,250,200,150,100,050,00
0,6
0,5
0,4
0,3
0,2
0,1
0,0
Desgaste de flanco VB
Tensão Elétrica V
80 m/min
90 m/min
100 m/min
Emulsão 8%
Refrigeração externa
Avanço 0,15 mm/rot
Revestimento TiAlN
Broca DIN338 Ø 6mm
RMS
b MÁ X
Geometria A
Figura 5.46 - Correlação entre o desgaste de flanco e o sinal de emissão acústica
para a geometria A.
Capítulo 5 Resultados e Discussões
125
reduzem as tensões nesta área tão solicitada neste processo, contudo reduz a
espessura de corte (h) e aumenta o comprimento da aresta de corte. A redução da
espessura de corte resulta em um aumento no grau de recalque, o qual, apesar de
pequeno, aparentemente foi capturado no monitoramento.
5.9 INTEGRIDADE DA SUPERFÍCIE DOS FUROS
Durante a usinagem, em todas as condições de corte testadas, não foi
percebido nenhum sinal de um aquecimento exagerado tanto da broca (marcas de
queimadura), quanto do furo. Apesar das condições de trabalho serem semelhantes
às aplicadas na produção de bloco de motores, o sistema de refrigeração por
inundação não apresenta a mesma eficiência do sistema de refrigeração interna sob
pressão. Ainda vale ressaltar que neste estudo trabalhou-se com uma relação L/D
de cinco, o que exige das ferramentas um bom desempenho, considerando-se que
tais condições foram determinantes na busca dos limites das mesmas.
Brocas
Desgaste
Geometria CGeometria BGeometria A
100%75%50%25%0%100%75%50%25%0%100%75%50%25%0%
0,5
0,4
0,3
0,2
0,1
0,0
T ensão Elétrica V
Geometria A
Geometria B
Geometria C
0,640,560,480,400,320,240,16
6
5
4
3
2
1
0
T ensão Elétr ica V
Densidade
0,3657 0,07208 465
0,4107 0,1007 465
0,3675 0,07869 465
Mean StDev N
Geometria A
Geometria B
Geometria C
RMS
RMS
Figura 5.47 - Sinal de emissão acústica para as três geometrias na velocidade de
corte de 80 m/min.
Capítulo 5 Resultados e Discussões
126
Na figura 5.48 pode ser observada a variação da dureza Vickers (HV) no
primeiro e no último furo analisado em relação à distância da parede do furo.
Na matriz ferrítica quase não houve diferença entre as três geometrias tanto no
início quanto no final dos testes de furação, entretanto na matriz perlítica nota-se a
tendência de aumento da dureza à medida que se aproxima da superfície do furo
como conseqüência da influência do aumento da temperatura, do atrito, do desgaste
da ferramenta e da modificação da estrutura do material, de perlita grossa para uma
perlita mais fina.
Na figura 5.49 é mostrada uma imagem na qual se pode observar a espessura
da zona afetada e a orientação da estrutura perlítica na direção da extração do
material (movimento da broca).
120906030
500
450
400
350
300
250
200
Distância da parede do furo [ m]
Dureza Vickers [HV]
Ferrita Geometria A
Ferrita Geometria B
Ferrita Geometria C
Perlita Geometria A
Perlita Geometria B
Perlita Geometria C
120906030
500
450
400
350
300
250
200
Distância da parede do furo [ m]
Dureza Vickers [HV]
Ferrita Geometria A
Ferrita Geometria B
Ferrita Geometria C
Perlita Geometria A
Perlita Geometria B
Perlita Geometria C
Primeiro Furo
µ
µµ
µ
Último Furo
µ
µµ
µ
Superfície
Núcleo
Superfície
Núcleo
(a) (b)
Figura 5.48 - Microdureza em função da distância da superfície do furo ao núcleo. a)
no início e b) final da vida da ferramenta.
Capítulo 5 Resultados e Discussões
127
Na figura 5.49 notou-se que a integridade da estrutura foi afetada nas paredes
dos furos usinados. Este encruamento também é relatado por Andrade (2005), que
realizou furos em amostras de ferro fundido vermicular a 150m/min. O autor explica
que não houve modificação de constituintes microestruturais após a furação,
independentemente da condição de vida da ferramenta e dos valores das
espessuras nas regiões encruadas que foram bastante próximos para os quatro
furos analisados.
As espessuras das camadas encruadas encontradas neste estudo foram
obtidas na velocidade de corte de 100 m/min, pois os maiores esforços e
temperaturas de corte favoreciam o aparecimento de danos a estrutura da
superfície. Os valores de espessura afetada pelo encruamento foram próximos aos
Figura 5.49 - Micrografia do ferro fundido vermicular na região próxima ao furo
ampliação de 1000x.
Área afetada
Capítulo 5 Resultados e Discussões
128
encontrados por Andrade (2005), 3,77 ±1,3 µm. Contudo devido a maior velocidade
de corte aplicada no experimento e o fato de Andrade apenas avaliar na condição de
final de vida da ferramenta nota-se que os valores obtidos neste estudo estão abaixo
dos valores encontrados por ele. Na tabela 5.4 são apresentados os valores de
espessura de encruamento do ferro fundido vermicular para as três geometrias
testadas no primeiro e no último furo para a velocidade de corte de 100 m/min.
Tabela 5.4 - Análise dimensional e aspecto do encruamento da superfície do furo.
Brocas Amostras
Espessura de encruamento [µ
µµ
µm]
A (1º furo) 1,92
Geometria A
A (último furo) 3,52
B (1º furo) 3,05
Geometria B
B (último furo) 3,55
C (1º furo) 2,23
Geometria C
C (último furo) 3,43
Não foi possível inferir qual geometria afetou menos a integridade da superfície
dos furos nos valores finais, visto que os valores de espessuras das regiões
encruadas foram bastante próximos para as três geometrias testadas. Nota-se que
mesmo no primeiro furo encontra-se na superfície a concentração de tensões na
parede do furo, menor para a geometria A e o desgaste da ferramenta apenas
aumenta a espessura deste encruamento de forma gradativa.
5.10 FORMAÇÃO DE CAVACOS
A estrutura heterogênea do material, característica esta comum aos ferros
fundidos resultou em cavacos de ruptura. Entretanto a maior ductibilidade do ferro
fundido vermicular permitiu que os cavacos apresentassem a forma helicoidal ou de
pequenas lascas em forma de concha como se pode ver na figura 5.50a e 5.50b.
Capítulo 5 Resultados e Discussões
129
As geometrias A e B apresentaram os cavacos em forma de uma hélice com
quatro a cinco espiras. A espessura do cavaco é constante com exceção no início da
furação devido a penetração da ponta da broca. Durante a furação o cavaco foi
expulso pela hélice da broca com certa facilidade. O desgaste da ferramenta afetou
a formação do cavaco somente no final da vida, quando se percebeu a redução do
tamanho da hélice para pequenas vírgulas. Neste aspecto a geometria C apresentou
um comportamento distinto. Do início ao final da vida da ferramenta a formação de
cavacos para esta geometria foi sempre a mesma. Os cavacos em formas de lascas
semelhantes a uma concha (ver figura 5.50b) também permitiam a expulsão do furo
sem causar perturbações ao sistema. A geometria em forma de raio da ponta da
ferramenta resultou em variação da espessura do cavaco. Com o movimento de
avanço a maior espessura (praticamente igual a metade do avanço) ocorreu junto a
aresta transversal e na ponta da cunha da ferramenta a espessura foi reduzida para
quase zero, semelhante ao que ocorre em fresas de topo esféricas.
(a) (b)
Figura 5.50 - Forma dos cavacos na furação do CGI. (a) cavaco helicoidal 13x e (b)
cavaco em lasca 20x.
Capítulo 6 Conclusões e Sugestões
130
6 CONCLUSÕES E SUGESTÕES
6.1 CONCLUSÕES
A usinagem do ferro fundido vermicular apresenta-se ainda como um desafio
para a produção de blocos de motores em escala. A sua baixa usinabilidade
principalmente em processos como a furação, onde há fatores como a velocidade de
corte variável e a dificuldade em expulsar os cavacos, acelera o mecanismo de
desgaste da ferramenta. Este estudo contribuiu para se conhecer melhor a influência
da geometria da ponta broca no processo de furação confirmando os resultados
encontrados por outros pesquisadores e ampliando a pesquisa sobre este material.
As conclusões obtidas neste estudo são:
O monitoramento do desgaste, a análise da superfície da broca no MEV e a
análise por espectrometria em seis estágios da vida da ferramenta mostraram que
independente da geometria testada o mecanismo predominante de desgaste é o de
abrasão. Entretanto a adesão esteve presente em todas as etapas da vida
ferramenta. A região da ponta da broca é a área de maior concentração das tensões
e esforços onde se nota a maior intensidade do desgaste. A marca de desgaste
mostrou-se mais uniforme para a geometria C que por não apresentar uma ponta
aguda distribuiu melhor o desgaste ao longo da aresta, o que possivelmente explica
o seu melhor desempenho.
Entre as condições estudadas nesta pesquisa a vida da ferramenta foi aplicada
como um dos critérios mais importantes, afinal para indústria esta tem impacto direto
nos custo da usinagem. A variação da velocidade de corte neste estudo mostrou ser
um fator significativo tendo influência direta na vida da ferramenta. Para todas as
geometrias testadas um aumento de 25% na velocidade de corte reduziu a vida da
ferramenta aproximadamente pela metade. Contudo variando a geometria da
ferramenta obteve-se um melhor desempenho com a geometria C comparando as
outras duas geometrias testadas neste estudo. As pontas da broca foram às regiões
mais solicitadas, logo as geometrias B e C que apresentaram alguma forma de
redução da concentração de tensões nesta área proporcionaram o melhor
desempenho. A geometria C atingiu o dobro da vida da ferramenta com geometria A.
Capítulo 6 Conclusões e Sugestões
131
O fato de não apresentar uma ponta frágil, praticamente unindo as guias da broca,
resultou em um desgaste mais uniforme nas arestas de corte da ferramenta.
Na avaliação da qualidade do produto do processo de furação a análise
dimensional dos furos mostrou que estas geometrias têm capacidade de produzir
furos com tolerância na faixa de IT9 a IT10. Os índices Cp e Cpk mostram que em
todas as condições de trabalho testadas o processo é estável e está sob controle.
Contudo a geometria B apresentou o melhor resultado. Os furos com esta geometria
não se afastaram muito do valor nominal e a dispersão dos resultados foi a menor
que para as outras duas geometrias. A velocidade de corte neste caso não afetou
de forma significativa o erro dimensional dos furos. Acredita-se que esta estabilidade
esteja relacionada ao cuidado com o batimento da broca na montagem e com a
própria rigidez do sistema de fixação térmico. Os erros geométricos de circularidade
oscilaram entre 15 a 75 µm para as três geometrias. A geometria B apresentou o
melhor resultado em todas as condições de corte testadas. Notou-se uma relação
entre o erro geométrico e o desgaste da ferramenta. No final da vida da ferramenta
notou-se os maiores erros de circularidade, mostrando uma tendência em aumentar
o erro geométrico devido a pior condição de corte da ferramenta.
A análise do acabamento obtido em processos de furação normalmente é uma
tarefa difícil, pois se trata de um processo de desbaste no qual o acabamento é
obtido por outro processo. Contudo comparando-se as geometrias de afiação
testadas a geometria B apresentou novamente os melhores resultados com uma
rugosidade menor do início ao final da vida da ferramenta. Observou-se também que
o desgaste da ferramenta reduz a rugosidade da superfície do furo e as dispersões
dos resultados são reduzidas no final da vida da ferramenta. Notou-se também que
uma tendência da rugosidade reduzir com o aumento do desgaste, melhorando a
qualidade da superfície. Outra constatação durante a avaliação dos resultados da
rugosidade é que a qualidade da superfície é pior próxima à borda do furo. Os
valores de rugosidade nesta área foram superiores a medição realizada no fundo do
furo. Acredita-se que o efeito das vibrações da ferramenta na entrada do furo
resultante pela pequena área de contato entre as guias da broca e a parede furo e o
próprio atrito entre os cavacos e a parede do furo durante a expulsão do mesmo
sejam os principais fatores para o aumento da rugosidade na entrada do furo. A
velocidade de corte não afetou de forma significativa os resultados, entretanto os
Capítulo 6 Conclusões e Sugestões
132
maiores valores tanto para o parâmetro Ra quanto Rz foram obtidos na maior
velocidade de corte de 100 m/min.
O monitoramento dos esforços de corte no processo de furação foi um critério
importante para avaliar o comportamento das geometrias testadas neste estudo. Em
todas as condições de corte testadas a geometria C apresentou os maiores valores
para o momento torsor e para a força de avanço. O fato da geometria C ter a ponta
em forma de raio (4,5mm) apresentando uma seção de corte diferente das outras
duas geometrias e um maior comprimento de aresta foram descritos como principais
causas para este aumento, afinal existe uma relação direta entre a espessura do
cavaco e as forças de corte e de avanço. A velocidade de corte exerceu influência
nos esforços de corte tendo uma relação direta com o momento torsor aplicado à
ferramenta. A força de avanço sofreu mudanças significativas em função da
velocidade de corte, contudo nota-se um incremento nos esforços de corte com o
aumento do desgaste da ferramenta.
A análise das vibrações do sistema máquina-ferramenta demonstra a relação
entre a importância da rigidez do sistema para se atingir bom desempenho no
processo de furação sendo este um dos fatores determinantes para minimizar os
erros dimensionais e geométricos e a própria qualidade da superfície dos furos. A
geometria B apresentou um sistema mais estável e a princípio os chanfros nas
pontas da cunha atenuaram as vibrações do sistema. A velocidade de corte não
apresentou variações significativas para as três condições de corte testadas,
entretanto a 100 m/min notou-se um aumento na dispersão dos resultados. As
geometrias A e C tiveram resultados semelhantes neste quesito sendo que
estatisticamente não há diferença significativa para as vibrações efetivas do sistema.
O sinal de emissão acústica mostrou-se sensível para identificar mudanças no
estado de corte da ferramenta. uma nítida tendência de aumento na intensidade
do sinal a medida que a ferramenta sofre o desgaste, entretanto as características
do processo de furação dificultaram a identificação de avarias na ferramenta durante
o mesmo. A geometria B apresentou o sinal de EA com maior intensidade e um
maior desvio padrão caracterizando um fator de recalque maior nesta geometria.
Neste estudo, as geometrias A e C tiveram o mesmo comportamento sendo que
Capítulo 6 Conclusões e Sugestões
133
para um intervalo de confiança de 95% pode-se afirmar que estas apresentam o
mesmo espectro de EA.
Para finalizar a análise da integridade da superfície revelou existir uma camada
encruada encontrada com valores de espessura em torno de 3 µm. A estrutura ao
longo da parede do furo sofre uma mudança refinando a matriz perlítica e alinhando
as lamelas no sentido do corte da ferramenta o que caracteriza bem o mecanismo
de encruamento da superfície do furo. A medição da microdureza na matriz perlítica
mostra o aumento ao aproximarmos o ponto de medição da parede do furo.
Entretanto como a distância mínima de medição foi de 20 µm não foi possível se
determinar a dureza exatamente na orla de encruamento. A matriz ferrítica não
apresentou variação na sua dureza.
Mesmo tratando-se de uma operação comum no processo de fabricação, na
qual os erros dimensionais, geométricos e de acabamento não são os principais
requisitos de processo, este trabalho foi de grande interesse para empresa parceira.
Isto porque os dados e informações gerados foram utilizados para melhor
entendimento da usinagem do ferro fundido vermicular, assim como para otimização
da produção aliada à redução de custos com o aumento da vida das ferramentas de
furação utilizadas nas linhas de produção dos blocos de motores em ferro fundido
vermicular. Atualmente amostras da produção de blocos com a geometria C estão
sendo testadas com a expectativa de atingir o dobro da vida da ferramenta como
nos testes realizados em laboratório. Contudo a mudança somente será efetivada
após a análise do efeito da maior profundidade de furação em função da geometria
da ponta da broca.
6.2 SUGESTÕES PARA TRABALHOS FUTUROS
A seguir, são colocadas algumas sugestões para futuros trabalhos relativos à
usinagem de ferros fundidos vermiculares:
Aprofundar o estudo da furação de vermicular com outras geometrias de
ferramentas como brocas de canal reto e de múltiplas guias;
Capítulo 6 Conclusões e Sugestões
134
Ampliar o estudo sobre a integridade da superfície do furo e da ferramenta, em
diversas condições de corte, durante a usinagem de ferro fundido vermicular;
Sugere-se estudar os erros dimensionais e geométricos na furação dos ferros
fundidos cinzento e vermicular e sua otimização visando eliminação de
operação subseqüente de alargamento;
Estudo sobre os efeitos do fluido lubri-refrigerante sobre as grandezas de saída
do processo, sobre o qual poderiam ser investigadas outras condições de
pressão, vazão ou concentração do fluido;
Estudo do comportamento de outros materiais e revestimentos aplicados como
ferramenta de corte na furação do ferro fundido vermicular;
Recomenda-se também ampliar o estudo focalizado na área de vibrações e
emissão acústica para o conhecimento de suas conseqüências no processo de
furação do vermicular;
Sugere-se desenvolver um modelo para o comportamento da furação de ferro
fundido vermicular através de elementos finitos com o objetivo de definir a
geometria adequada para o processo.
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STEMMER, Eric Caspar. Ferramentas de Corte I. Universidade Federal de Santa
Catarina. Florianópolis, 5
a
ed. 2001.
_________. Ferramentas de Corte II. Universidade Federal de Santa Catarina.
Florianópolis, 3
a
ed. 2005.
SCHROETER, R. B, Weingaertner, W. L. e Teixeira, C. R. Estudo comparativo de
desempenho de brocas DIN338. Florianópolis, 1999.
TEIXEIRA, Cleiton Rodrigues. Influência dos erros geométricos de afiação nas
brocas helicoidais de aço-rápido na qualidade dos furos produzidos.
Dissertação de Mestrado em Engenharia Mecânica, Universidade Federal de Santa
Catarina Florianópolis. 1995.
TRENT, E. M., WRIGHT, P.K. Metal cutting. 4 ed. Woburn: Butterworth-Heinemann,
2000.
TUPY S.A. Catálogos de produtos. Disponível em: <http://www.tupy.com.br>.
Acesso em: 12 Agosto de 2008.
UPTON, David. Drilling and tapping research in compacted graphite iron. Design
and Machining Workshop CGI, 1999.
WEINGAERTNER, W.L., SCHROETER, R.B. Tecnologia da usinagem com
ferramentas de corte de geometria definida - Parte I. Tradução do livro
“Fertigungsverfahen - Drehen, Bohren, Fräsen” de Wilfried König e Fritz Klocke,
Florianópolis, 2002.
Referências
140
XAVIER, Fábio Antônio. Aspectos Tecnológicos do Torneamento do Ferro
Fundido Vermicular com Ferramentas De Metal-Duro, Cerâmica e CBN.
Dissertação de mestrado em Engenharia Mecânica. USFC. Florianópolis, 2003.
Anexo A - Relatório de Ensaios Mecânicos
141
ANEXO A - RELATÓRIO DE ENSAIOS MECÂNICOS
Rua Albano Schmidt,
3333.
CEP 89220-100 - JOINVILLE SC
Fone: 47 3461-0191 Fax 47 3461-1637
Data: 16/04/2008
CLIENTE
Sociedade Educacional de Santa Catarina
Instituto Superior Tupy
Prof Valter Vander de Oliveira
MÁQUINA: EMIC DL30000N MÉTODO DE ENSAIO: Tração cilíndrica
PROGRAMA: TESC versão 3.04
IDENT. AMOSTRA: Corpos de prova de Ferro Fundido Vermicular (CGI)
QUANTIDADE: 33 pçs
Corpo
de
Prova
Diâm
(mm)
Compr.
Base
(mm)
Área
(mm
2
)
Tensão
Escoam
ento
(Mpa)
Tensão
de
ruptura
(Mpa)
Deforma
ção (mm)
Def.
Específica
(%)
Força
Máxima
(Kgf)
CP 01 11,86 60 110,47 327,06 406,13 2,70 4,50% 4575,10
CP 02 11,92 60 111,59 253,70 264,45 1,20 2,00% 3009,23
CP 03 11,91 60 111,41 315,93 349,44 1,90 3,17% 3969,75
CP 04 12,11 60 115,18 335,03 416,01 2,87 4,78% 4886,01
CP 05 11,86 60 110,47 340,53 368,20 1,83 3,05% 4147,86
CP 06 12,02 60 113,47 325,26 404,82 3,14 5,23% 4684,22
CP 07 11,80 60 109,36 353,57 422,46 2,68 4,47% 4710,99
CP 08 12,05 60 114,04 267,38 271,87 1,18 1,97% 3161,59
CP 09 11,90 60 111,22 313,70 387,52 2,86 4,77% 4394,94
CP 10 12,00 60 113,10 307,42 380,37 2,95 4,92% 4386,70
CP 11 11,95 60 112,16 268,87 275,99 1,21 2,02% 3156,45
CP 12 12,15 60 115,94 284,41 285,79 1,24 2,07% 3378,82
CP 13 11,95 60 112,16 349,53 416,24 2,41 4,02% 4760,41
CP 14 12,10 60 114,99 355,70 432,94 2,58 4,30% 5076,46
CP 15 11,90 60 111,22 302,54 374,63 3,05 5,08% 4248,75
Anexo A - Relatório de Ensaios Mecânicos
142
CP 16 12,05 60 114,04 304,29 377,22 2,98 4,97% 4386,70
CP 17 11,86 60 110,47 327,06 406,13 2,70 4,50% 4575,10
CP 18 11,92 60 111,59 253,70 264,45 1,20 2,00% 3009,23
CP 19 11,91 60 111,41 315,93 349,44 1,90 3,17% 3969,75
CP 20 12,11 60 115,18 335,03 416,01 2,87 4,78% 4886,01
CP 21 11,86 60 110,47 340,53 368,20 1,83 3,05% 4147,86
CP 22 12,02 60 113,47 325,26 404,82 3,14 5,23% 4684,22
CP 23 11,80 60 109,36 353,57 422,46 2,68 4,47% 4710,99
CP 24 12,05 60 114,04 267,38 271,87 1,18 1,97% 3161,59
CP 25 11,90 60 111,22 313,70 387,52 2,86 4,77% 4394,94
CP 26 12,00 60 113,10 307,42 380,37 2,95 4,92% 4386,70
CP 27 11,95 60 112,16 268,87 275,99 1,21 2,02% 3156,45
CP 28 12,15 60 115,94 284,41 285,79 1,24 2,07% 3378,82
CP 29 11,95 60 112,16 349,53 416,24 2,41 4,02% 4760,41
CP 30 12,10 60 114,99 355,70 432,94 2,58 4,30% 5076,46
CP 31 11,90 60 111,22 302,54 374,63 3,05 5,08% 4248,75
CP 32 12,05 60 114,04 304,29 377,22 2,98 4,97% 4386,70
CP 33 12,10 60 112,14 340,52 368,22 1,88 4,65% 4146,80
Média
11,97 60,00 112,55 312,81 364,63 2,30 4,45% 4183,37
Desvio
Padrão
0,10 0,00 1,91 31,60 58,10 0,75 0,1 663,83
Coef.
Var
0,8% 0,0% 1,7% 10,1% 15,9% 32,4% 32,4% 15,9%
Mínimo
11,80 60,00 109,36 253,70 264,45 1,18 2,00% 3009,23
Máximo
12,15 60,00 115,94 355,70 432,94 3,14 5,23% 5076,46
Lawrence Lênin Vicente
Laboratorista de Ensaios mecânicos - SOCIESC - Joinville
e-mail: lawrence@sociesc.org.br
Anexo B - Relatório de Inspeção das brocas
143
ANEXO B - RELATÓRIO DE INSPEÇÃO DAS BROCAS
Rua Montezuma de Carvalho
391A
CEP 89224-140 - JOINVILLE SC
The Tool Company
Jardim Iririú
Fone: 47 3437-4158 Fax 47 3437-3380
joinville@guhring.com.br
Data: 18/01/2008
CLIENTE
Sociedade Educacional de Santa Catarina
Instituto Superior Tupy
Prof Valter Vander de Oliveira
ITEM: Broca MD RT100 D6,0 5xD
DESENHO: GBJ0808
QUANTIDADE: 12 pçs
Ferramenta N
o
: 01
CARACTERÍSTICAS ESPECIFICADO
ENCONTRADO
RESULTADO
Diâmetro 6
-0,018
5,982 APROVADO
Ângulo da ponta 140º
-3º
140º APROVADO
Ângulo de saída (hélice) 25º
-1º
25º APROVADO
Batimento no diâmetro 0,015 0,000 APROVADO
Batimento no ângulo de ponta 0,015 0,006 APROVADO
Largura da guia 0,4
-0,1
0,36 APROVADO
Espessura do núcleo 1,0
-0,1
0,96 APROVADO
Comprimento total 82
-1,5
81,76 APROVADO
Visual APROVADO
Para esclarecer maiores dúvidas, teremos prazer em atendê-lo.
Marcelo A. Breis
Técnico em Qualidade - Guhring Joinville
Anexo C - Laudo Técnico da inspeção das Brocas
144
ANEXO C - LAUDO TÉCNICO DA INSPEÇÃO DAS BROCAS
0 0 0 0,015 0 0 0,015
-1,5 -0,009 -0,018 0 -3 -1 0
80,500 82,0 5,991 6,000 5,982 6,000 0,000 0,015 137 140 24 25 0,000 0,015
01
02
03
04
05
06
07
08
09
10
11
12
Média
Desvio Pad
Máximo
Mínimo
Amplitude
Responsável: Marcelo A Breis Assinatura: __________________________
G / 08.
L
AUDO
T
ÉCNICO
Página 1 /1 .
Cliente: SOCIESC - Instituto Superior Tupy - Valter
0,0 0,0 0,010
Data: 18/01/2008
0,95 0,008 0,009 0,010
140 24 0,010
80,54 5,991 5,982 0,000 140 24 0,000
81,49 5,999 5,991 0,010
140 24 0,007
0,28 0,003 0,004 0,004 0,0 0,0 0,003
80,92 5,99 5,99 0,00
140 24 0,010
80,80 5,994 5,984 0,002 140 24 0,008
80,81 5,991 5,982 0,005
140 24 0,007
80,76 5,999 5,991 0,003 140 24 0,009
80,78 5,992 5,985 0,008
140 24 0,008
81,02 5,995 5,986 0,006 140 24 0,010
80,88 5,996 5,990 0,005
140 24 0,000
80,96 5,992 5,982 0,009 140 24 0,007
80,54 5,992 5,982 0,000
140 24 0,000
80,80 5,998 5,984 0,010 140 24 0,009
81,42 5,995 5,990 0,010
140 24 0,006
81,49 5,996 5,990 0,000 140 24 0,010
80,76 5,992 5,982 0,000
Ponta) saída) da ponta (mm)
82 6 6 0 140 25 0
Total (mm) Haste (mm) Ponta (mm)
no diâmetro (mm)
O.P.: Quantidade Analisada: 12 pçs
Peça
Comprimento Diâmetro da Diâmetro Batimento Ângulo da Ângulo de Batimento
Ferramenta:Broca MD Ø 6,0 mm (5xD) s/ RI
Desenho: GBJ0808 Última Revisão: Código:
Brasil Ferramentas
Anexo D - Relatório de Vida da Ferramenta
145
ANEXO D - RELATÓRIO DE VIDA DA FERRAMENTA
Rua Albano Schmidt,
3333.
CEP 89220-100 - JOINVILLE SC
Fone: 47 3461-0191 Fax 47 3461-1637
Data: 03/03/2008
MÁQUINA: Centro de Usinagem FV600- FEELER
FERRAMENTA: Broca Ø 6 mm - afiação de ponta tipo B (RT100U)
IDENT. AMOSTRA: Corpos de prova de Ferro Fundido Vermicular (CGI)
CP N
o
: 02 e 08 - Dureza: 177 HB
DADOS TECNOLÓGICOS:
Rotação = 4244 rpm
Avanço = 637 mm/min
Prof Furação = 30 mm
Diâmetro efetivo da Broca = 5,996 mm
Altura de balanço = 72 mm
Batimento da ferramenta = 0,005 mm
Broca 1 Broca 2 Broca 3
Ferramenta
FURO
Lf
(m)
Tv
(min)
VB
B
VB
bmáx
VB
B
VB
bmáx
VB
B
VB
bmáx
VB
B
VB
bmáx
0 0 0 0,000 0,000 0,000 0,000 0,000
0,000
0,000 0,000
33 1 2 0,025 0,065 0,020 0,055 0,000
0,080
0,045 0,200
66 2 3 0,022 0,080 0,012 0,083 0,012
0,100
0,045 0,263
99 3 5 0,029 0,099 0,022 0,100 0,022
0,100
0,073 0,299
132 4 6 0,032 0,108 0,029 0,105 0,029
0,110
0,090 0,323
165 5 8 0,032 0,115 0,027 0,119 0,027
0,119
0,085 0,353
198 6 9 0,032 0,128 0,032 0,125 0,032
0,130
0,096 0,383
231 7 11 0,034 0,155 0,034 0,140 0,034
0,140
0,101 0,435
264 8 12 0,028 0,180 0,028 0,145 0,028
0,148
0,084 0,473
297 9 14 0,029 0,200 0,029 0,150 0,029
0,155
0,086 0,505
330 10 16 0,035 0,220 0,035 0,180 0,035
0,160
0,104 0,560
363 11 17 0,037 0,225 0,037 0,250 0,037
0,175
0,110 0,650
396 12 19 0,039 0,245 0,039 0,270 0,039
0,210
0,116 0,725
429 13 20 0,049 0,270 0,049 0,275 0,049
0,255
0,146 0,800
462 14 22 0,054 0,280 0,054 0,310 0,054
0,285
0,161 0,875
495 15 23 0,061 0,305 0,199
0,285
0,260 0,590
528 16 25 0,037
0,305
0,037 0,305
Leandro Henrique Lenzi
Laboratorista de Processos de Fabricação - SOCIESC - Joinville
e-mail: leandro.len[email protected]
Anexo E - Relatório de Vida da Ferramenta
146
ANEXO E - RELATÓRIO DE VIDA DA FERRAMENTA
Rua Albano Schmidt,
3333.
CEP 89220-100 - JOINVILLE SC
Fone: 47 3461-0191 Fax 47 3461-1637
Data: 03/03/2008
MÁQUINA: Centro de Usinagem FV600- FEELER
FERRAMENTA: Broca Ø 6 mm - afiação de ponta tipo C (RT100R)
IDENT. AMOSTRA: Corpos de prova de Ferro Fundido Vermicular (CGI)
CP N
o
: 02 e 08 - Dureza: 177 HB
DADOS TECNOLÓGICOS:
Rotação = 4244 rpm
Avanço = 637 mm/min
Prof Furação = 30 mm
Diâmetro efetivo da Broca = 5,996 mm
Altura de balanço = 72 mm
Batimento da ferramenta = 0,005 mm
Broca 1 Broca 2 Broca 3
Ferramenta
FURO
Lf
(m)
Tv
(min)
VB
B
VB
bmáx
VB
B
VB
bmáx
VB
B
VB
b
máx
VB
B
VB
bmá
x
0
0
0
0,000
0,000 0,000
0,000 0,000
0,000
0,000 0,000
33
1
2
0,000
0,045 0,000
0,030 0,000
0,050
0,000 0,034
66
2
3
0,012
0,070 0,012
0,063 0,012
0,073
0,012 0,059
99
3
5
0,022
0,099 0,022
0,085 0,022
0,100
0,022 0,074
132
4
6
0,029
0,108 0,029
0,105 0,029
0,110
0,029 0,094
165
5
8
0,027
0,119 0,027
0,119 0,027
0,119
0,027 0,105
198
6
9
0,032
0,125 0,032
0,125 0,032
0,130
0,032 0,113
231
7
11
0,034
0,135 0,034
0,140 0,034
0,140
0,034 0,122
264
8
12
0,028
0,148 0,028
0,145 0,028
0,148
0,028 0,128
297
9
14
0,029
0,155 0,029
0,150 0,029
0,155
0,029 0,138
330
10
16
0,035
0,160 0,035
0,160 0,035
0,155
0,035 0,142
363
11
17
0,037
0,160 0,037
0,165 0,037
0,155
0,037 0,144
396
12
19
0,039
0,171 0,039
0,178 0,039
0,165
0,039 0,152
429
13
20
0,049
0,180 0,049
0,185 0,049
0,175
0,049 0,160
462
14
22
0,054
0,185 0,054
0,190 0,054
0,180
0,054 0,168
495
15
23
0,199
0,195 0,199
0,205 0,199
0,195
0,199 0,175
528
16
25
0,037
0,200 0,037
0,210 0,037
0,195
0,037 0,186
561
17
26
0,041
0,200 0,041
0,215 0,041
0,205
0,041 0,195
594
18
28
0,053
0,205 0,053
0,223 0,053
0,215
0,053 0,205
627
19
30
0,052
0,221 0,052
0,230 0,052
0,225
0,052 0,208
660
20
31
0,048
0,230 0,048
0,240 0,048
0,235
0,048 0,219
693
21
33
0,048
0,250 0,048
0,260 0,048
0,240
0,048 0,233
726
22
34
0,048
0,265 0,048
0,265 0,048
0,240
0,048 0,246
759
23
36
0,048
0,275 0,048
0,270 0,048
0,250
0,048 0,255
792
24
37
0,048
0,280 0,048
0,280 0,048
0,260
0,048 0,259
Anexo H - Relatório de Ensaios Mecânicos
147
825
25
39
0,048
0,280 0,048
0,280 0,048
0,260
0,048 0,267
858
26
40
0,048
0,285 0,048
0,290 0,048
0,275
0,048 0,280
891
27
42
0,048
0,290 0,048
0,305 0,048
0,275
0,048 0,286
924
28
44
0,048
0,310 0,048
0,290
0,048 0,289
957
29
45
0,048
0,290
0,048 0,294
990
30
47
0,048
0,320
0,048 0,305
Leandro Henrique Lenzi
Laboratorista de Processos de Fabricação - SOCIESC - Joinville
e-mail: leandro.len[email protected]
Anexo F - Relatório de Controle Dimensional e Geométrico
148
ANEXO F - RELATÓRIO DE CONTROLE DIMENSIONAL E
GEOMÉTRICO
Rua Albano Schmidt,
3333.
CEP 89220-100 - JOINVILLE SC
Fone: 47 3461-0191 Fax 47 3461-1637
Data: 10/07/2008
CLIENTE
Sociedade Educacional de Santa Catarina
Instituto Superior Tupy
Prof Valter Vander de Oliveira
MÁQUINA: Circularímetro Taylor Hobbson e MMC Mitutoyo
IDENT. AMOSTRA: Placa de Ferro Fundido Vermicular (CGI)
BROCA: Ø 6 mm - Geometria A (afiação em S)
Furos
Diâmetro
(mm)
Circularidade
(µ
µµ
µm)
Cilindricidade
(µ
µµ
µm)
Batimento
(µ
µµ
µm)
Inclinação (
o
)
26,00
01 6,038
37,05
37,30 98,90 89,334
27,60
02 6,041
28,35
28,15 42,30 89,174
43,05
03 6,051
55,15
57,70 60,50 89,939
40,25
04 6,045
42,60
50,95 53,55 89,906
54,95
05 6,047
73,50
63,05 48,00 89,881
59,35
06 6,043
44,90
59,65 91,25 89,758
22,35
07 6,045
37,60
38,21 70,00 89,475
22,35
08 6,039
19,25
52,40 86,20 89,419
20,30
09 6,055
39,85
36,45 98,80 89,689
16,00
10 6,042
27,20
63,90 76,85 89,720
67,10
11 6,048
59,85
59,75 78,40 89,947
28,45
12 6,043
36,25
27,55 70,05 89,544
20,25
13 6,040
36,55
47,15 62,75 89,841
14 6,043 52,70 66,80 83,85 89,897
Anexo F - Relatório de Controle Dimensional e Geométrico
149
69,15
30,10
15 6,046
33,10
34,85 47,45 89,565
41,30
16 6,032
43,10
48,00 83,40 89,437
29,45
17 6,051
35,70
40,35 88,35 89,480
40,15
18 6,043
58,00
50,90 76,00 89,737
Média
6,042 38,94 44,10 75,55 364,63
Desvio
Padrão
0,007 14,30 9,47 31,60 0,194
Coef.
Var
0,08% 5,4% 3,9% 8,1% 1,5%
Mínimo
6,023 19,20 23,90 253,70 89,437
Máximo
6,062 73,50 63,05 355,70 89,947
Sandra Regina Bernardes Trapp
Laboratorista de Metrologia - SOCIESC - Joinville
e-mail: sandra@sociesc.org.br
Anexo G - Desenho da Broca - Geometria A
150
ANEXO G - DESENHO DA BROCA - GEOMETRIA A
Anexo H - Desenho da Broca - Geometria B
151
ANEXO H - DESENHO DA BROCA - GEOMETRIA B
Anexo I - Desenho da Broca - Geometria C
152
ANEXO I - DESENHO DA BROCA - GEOMETRIA C
AnexoJ - Relatório de Microdureza
153
ANEXO J - RELATÓRIO DE MICRODUREZA
Rua Albano Schmidt,
3333.
CEP 89220-100 - JOINVILLE SC
Fone: 47 3461-0191 Fax 47 3461-1637
Data: 18/08/2008
CLIENTE
Sociedade Educacional de Santa Catarina
Instituto Superior Tupy
Prof Valter Vander de Oliveira
MÁQUINA: Durômetro DL30000N MÉTODO DE ENSAIO: Microdureza
IDENT. AMOSTRA: Corpos de prova de Ferro Fundido Vermicular (CGI)
QUANTIDADE: 3 pçs
AMOSTRA A AMOSTRA B AMOSTRA C
Superfície Ferrita Perlita Ferrita Perlita Ferrita Perlita
0,05mm 192 341 192 412 210 386
0,07mm 195 303 201 381 201 341
0,09mm 201 386 183 362 183 321
0,10mm 221 321 186 341 192 321
286
Núcleo
192 341 183 386 192 286
192 386 186 386 183 321
201 362 183 341 210 341
Teresinha
Laboratorista de Ensaios mecânicos - SOCIESC - Joinville
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