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SILVANA RODRIGUES PIRES
Dissertação apresentada à
Universidade Federal de Viçosa,
como parte das exigências do
Programa de Pós-Graduação em
Fisiologia Vegetal, para obtenção
do título de Magister Scientiae.
VIÇOSA
MINAS GERAIS – BRASIL
2007
EXPRESSÃO ECTÓPICA DO GENE NIK EM TOMATEIROS: EFEITOS
NO DESENVOLVIMENTO E NA INFECÇÃO POR GEMINIVÍRUS
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2
Ficha catalográfica preparada pela Seção de Catalogação e
Classificação da Biblioteca Central da UFV
T
Pires, Silvana Rodrigues, 1981-
P667e Expressão ectópica do gene NIK em tomateiros :
2007 efeitos no desenvolvimento e na infecção por geminivirus
/ Silvana Rodrigues Pires. – Viçosa, MG, 2007.
xi, 53f. : il. (algumas col.) ; 29cm.
Orientador: Elizabeth Pacheco Batista Fontes.
Dissertação (mestrado) - Universidade Federal de
Viçosa.
Referências bibliográficas: f. 45-53.
1. Biologia molecular. 2. Plantas - Biologia molecular.
3. Plantas transgênicas. 4. Engenharia genética vegetal.
5. Fisiologia vegetal. 6. Tomate - Genética. 7. Vírus de
Plantas. 8. Bioquímica. I. Universidade Federal de Viçosa.
II.Título.
CDD 22.ed. 572.8
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SILVANA RODRIGUES PIRES
Dissertação apresentada à
Universidade Federal de Viçosa,
como parte das exigências do
Programa de Pós-Graduação em
Fisiologia Vegetal, para
obtenção do título de Magister
Scientiae.
APROVADA: 28 de setembro de 2007.
Prof
a
Elizabeth Pacheco Batista Fontes
(Orientadora)
Prof
a
Andréa Miyasaka de Almeida
(Co-orientadora
)
Prof. Luciano Gomes Fietto
Prof
a
Maria Cristina Baracat Pereira
Prof. Francisco Murilo Zerbini Júnior
(Co-orientador)
EXPRESSÃO ECTÓPICA DO GENE NIK EM TOMATEIROS: EFEITOS
NO DESENVOLVIMENTO E NA INFECÇÃO POR GEMINIVÍRUS
ii
DEDICO
Às pessoas especiais da minha vida:
Meu esposo Gabriel, meus pais, Walter e
Sônia,
e meus irmãos Adriana, Viviane e Rochiel.
iii
AGRADECIMENTOS
A Deus, pela certeza da presença constante, a força nos momentos
difíceis, a paciência sempre necessária, e indispensável em muitos momentos.
À Universidade Federal de Viçosa, pela oportunidade de realização do
Curso. Ao Instituto de Biotecnologia Aplicada à Agropecuária (BIOAGRO), pela
oportunidade da realização deste trabalho.
Ao Departamento de Biologia Vegetal, ao coordenador do Programa de
Pós-Graduação em Fisiologia Vegetal, professor Rolf Puschmann, às secretárias
Beth e Cássia. Aos professores do departamento, pelos ensinamentos.
À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior
(CAPES), pela concessão da bolsa de estudo.
À professora Elizabeth Pacheco Batista Fontes, pela orientação e
competência.
Aos professores Andréa Miyasaka de Almeida e Murilo Zerbini Júnior,
pela co-orientação e pela colaboração dada ao trabalho.
Aos meus pais, pelo amor incondicional, pelo apoio e por sempre
acreditarem em mim e não medirem esforços para que eu atingisse meus
objetivos. Aos meus irmãos, pelo amor, carinho e apoio.
A meu esposo Gabriel, pela confiança e força, por acreditar. Por sempre
estar presente na minha vida, mesmo à distância. Por compreender a minha
ausência. Por ser o amor da minha vida, meu grande amor.
A minha avó e madrinha Elza, tia Vininha, tia Santuza, tio Maurinho e em
especial a grande pessoa que foi tio Tarcísio e tia Aparecida, pela força e imenso
apoio nos momentos difíceis, só posso agradecer por tudo...
Aos colegas do Laboratório de Biologia Molecular de Plantas e do
Laboratório de Purificação e Expressão de Proteínas, amizade e colaboração
para obtenção dos resultados. Em especial, Anete, Ana Paula, amigas de
sempre, João Paulo, Rejane pela força, Carol, Gui, Anésia, Max... Galera, valeu
pela ajuda e contribuição nos experimentos, mas sobretudo por estarem comigo.
À amiga Daniela, pela ajuda nos experimentos. Confiança em mim,
confiança no trabalho, jamais esquecerei de você.
Aos funcionários Serafim, Marlene e Renata, pela presteza.
Aos amigos Alisson, Miguel, Paulo César e em especial Gustavo, pelo
excelente convívio e apoio nos experimentos.
iv
Aos colegas do curso de Fisiologia Vegetal. Aos amigos da Bioquímica
2001.
Ao funcionário da estufa, Fizinho, pela presteza.
Ao Laboratório de Cultura de Tecidos, na pessoa do professor Wagner
Otoni.
Às eternas companheiras de república, em especial Rachel, irmãs por
opção, sempre a me erguer nos momentos difíceis.
Aos amigos da república, em especial Gustavo Gomes, por acreditar em
mim, e me fazer prosseguir.
Aos amigos de Ubari, em especial Fernanda, que, mesmo distante,
esteve sempre por perto, me apoiando, me segurando, fazendo tudo valer a
pena.
À Fernanda e seu esposo Daniel, pela força nos momentos difíceis.
À amiga forte e linda que Deus me deu de presente. Jô valeu demais!
Aos companheiros de sempre Reginaldo, Raianny, em especial Vanessa
e D. Neinha (saudades eternas), pela força que tanto precisei, quantas vezes
me ouvir chorar, me fazer levantar quando tudo parecia sem fim, esta tese é de
vocês também. Um muito obrigada, de coração.
A todos os amigos e familiares, que de alguma forma, contribuíram para
meu crescimento profissional e pessoal. E a todos que, direta ou indiretamente,
contribuíram para a realização deste trabalho.
v
BIOGRAFIA
SILVANA RODRIGUES PIRES, filha de Walter José Pires e Sônia Maria
Rodrigues Pires, nasceu no dia primeiro de dezembro de 1981, em Ubá, MG.
Em março de 2001, ingressou no curso de Bioquímica, na Universidade
Federal de Viçosa, MG, graduando-se como Bacharel em Bioquímica em janeiro
de 2005.
Em agosto de 2005, ingressou no Programa de Pós-Graduação em
Fisiologia Vegetal, em nível de mestrado, na mesma instituição, concentrando
seus estudos na área de Biologia Molecular de Plantas.
Em outubro de 2007, submeteu-se à defesa de sua dissertação.
vi
SUMÁRIO
RESUMO.............................................................................................. viii
ABSTRACT........................................................................................... x
INTRODUÇÃO...................................................................................... 1
REVISÃO DE LITERATURA................................................................ 4
1 – Família Geminiviridae ................................................................... 4
1.1 – Organização taxonômica e genômica......................................... 4
1.2 – Mecanismo de replicação viral.................................................... 6
1.3 – Diversidade genética de begomovírus em tomateiro.................. 8
1.4 – Movimento célula-a-célula e a longa distância durante a
infecção viral.......................................................................................
9
1.5 – Interações geminivírus-hospedeiro............................................ 10
2 – Receptores do tipo serina/treonina quinases............................... 12
2.1 – Caracterização............................................................................ 12
2.2 – Família RLK em plantas............................................................. 14
2.3 – Subfamília LRRII-RLK................................................................ 15
3 – Receptores NIK (NSP-Interacting Protein)................................... 15
MATERIAL E MÉTODOS.................................................................... 18
1. – Construções de DNA................................................................... 18
1.1– Construção do clone pk7AtNIK1-1............................................... 18
1.2 – Construção do clone pk7ILeNIK-(RNAi)...................................... 19
2 – Material Vegetal............................................................................ 23
3 – Procedimentos para transformação de tomateiros........................ 24
3.1 – Transformação de agrobactéria LBA4404 com os clones
pk7AtNIK1-1 e pk7ILeNIK-(RNAi- LBA4404)........................................
24
3.2 – Transformação de tomateiros...................................................... 24
3.3 – Diagnóstico Molecular dos transformantes.................................. 25
3.4 – Expressão do transgene.............................................................. 26
3.5 – Aclimatação dos transformantes primários................................. 26
4 – Análise de desenvolvimento dos transformantes primários em
cultura de tecidos e em casa-de-vegetação........................................
27
5 – Ensaios de infectividade por biobalística....................................... 28
5.1 – Extração do DNA viral................................................................. 28
vii
5.2 – Bombardeamento....................................................................... 28
5.3 – Diagnóstico molecular da infecção viral..................................... 29
RESULTADOS E DISCUSSÃO........................................................... 30
1- Obtenção do clone pk7ILeNIK-(RNAi).............................................. 30
2- Transformação de agrobactéria LBA4404........................................ 32
2.1- Obtenção do clone pk7AtNIK1- 1-LBA4404)................................. 32
2.2- Obtenção do clone pk7ILeNIK-(RNAi- LBA4404).......................... 32
3 – Obtenção e análise das plantas transgênicas............................... 33
4 – Superexpressão da proteína NIK retarda o crescimento das
plantas..................................................................................................
35
5 – Superexpressão de AtNIK não altera taxa de infecção por
ToYSV-[MG-Bi2], mas interfere no desenvolvimento de sintomas.......
40
CONCLUSÕES..................................................................................... 44
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................... 45
viii
RESUMO
PIRES, Silvana Rodrigues, M.Sc., Universidade Federal de Viçosa, setembro de
2007. Expressão ectópica do gene NIK em tomateiros: Efeitos no
desenvolvimento e na infecção por geminivírus. Orientadora: Elizabeth
Pacheco Batista Fontes. Co-Orientadores: Andréa Miyasaka de Almeida e
Francisco Murilo Zerbini.
Geminivírus são vírus de plantas com partículas semi-icosaédricas
geminadas e genoma de DNA circular de fita simples, podendo ser mono ou
bissegmentados, sendo, no último caso, os dois componentes genômicos,
denominados DNA-A e DNA-B. No DNA-A, encontram-se os genes que
codificam as proteínas necessárias para a replicação viral e encapsidação. O
DNA-B codifica duas proteínas de movimento, Movement Protein, MP e Nuclear
Shuttle Protein, NSP, ambas requeridas para o estabelecimento de uma infecção
sistêmica. NSP transporta o DNA viral entre o núcleo e o citoplasma e atua
cooperativamente com MP para transportar o DNA viral de célula-a-célula
através da parede celular. Os geminivírus são altamente dependentes de fatores
do hospedeiro para sua proliferação. A proteína NSP interage com uma quinase
receptora da membrana plasmática, designada NIK (NSP-Interacting Kinase) de
tomate, soja e Arabidopsis. Foi demonstrado, em estudos anteriores, que a
inativação do gene NIK aumenta a suscetibilidade dos mutantes à infecção viral.
Visando elucidar o possível papel de NIK no mecanismo de proteção à infecção
por geminivírus, este estudo propôs uma avaliação dos efeitos da
superexpressão de NIK na resposta de tomate à infecção por geminivírus. Assim
sendo, o gene NIK de Arabidopsis thaliana foi utilizado para transformar
tomateiro. Os transformantes primários foram confirmados por PCR,
selecionados por RT-PCR, de acordo com a expressão do transgene, repicados
in vitro e utilizados em experimentos de análise de desenvolvimento in vitro e em
casa-de-vegetação. Análises fenotípicas demonstraram que a superexpressão
ix
da proteína promoveu retardo de crescimento dos transformantes, os quais
apresentaram baixa estatura, menor comprimento caulinar, menor
desenvolvimento de sistema radicular e aéreo, folhas enrugadas/encarquilhadas.
O fenótipo observado nas linhagens transgênicas superexpressando NIK é muito
similar àquele resultante da inibição da via de biossíntese ou sinalização de
brassinosteróides. Os ensaios de infectividade em tomateiro com o vírus ToYSV-
[MG-Bi2] revelaram que a superexpresão de NIK causou atenuação dos
sintomas uma vez que os transformantes apresentaram menor severidade de
sintomas em relação ás linhagens não transformadas. Estes resultados são
consistentes com o papel protetor de NIK contra a infecção viral e sugere que a
sinalização mediada por NIK comunica-se, em algum nível, com a via de
sinalização de brassinosteróides.
x
ABSTRACT
PIRES, Silvana Rodrigues, M.Sc., Universidade Federal de Viçosa, october of
2007. Ectopic expression of NIK gene in tomato plants: effects on
development and geminivirus infection. Adviser: Elizabeth Pacheco
Batista Fontes. Co-Advisers: Andréa Miyasaka de Almeida e Francisco Murilo
Zerbini.
Geminivirus are plant virus packed as geminate semi-icosahedral
particles and single-stranded circular DNA genomes. They can be either mono or
bipartite and in the bipartite geminivirus, the genomic components are designated
DNA-A and DNA-B. DNA-A encodes the proteins needed for replication,
transactivation and encapsidation of the viral genome. DNA-B encodes two
movement proteins, Movement Protein, MP, and Nuclear Shuttle Protein, NSP,
both required for the establishment of a systemic infection. NSP transports the
viral DNA between the nucleus and cytoplasm and acts cooperatively with MP to
move the viral DNA cell-to-cell across the wall. The geminivirus are highly
dependent on the host factors for proliferation and spread. NSP interacts with a
plasma membrane receptor kinase, designated NIK (NSP-interacting kinase),
from tomato, soybean and Arabidopsis. It has been demonstrated previously that
inactivation of NIK gene enhances the susceptibility of the mutant to geminivirus
infection. To elucidate the possible role of NIK in the protection mechanism to
geminivirus infection, we investigated here the effects of NIK overexpression in
the tomato response to geminivirus infection. The NIK gene from Arabidopsis
thaliana was used to transform tomato. The primary transformants were
confirmed by PCR, selected by RT-PCR according to the transgene expression,
in vitro replicated and used for developmental analysis in vitro and in green
house. NIK overexpression affected the overall developmental performance of
transgenic lines which display delayed and stunted growth, with lower stem, less
xi
developed root and shoot systems and a leaf curly phenotype. These transgenic
line phenotypes overexpression NIK were similar to that displayed by inhibition of
Brassinosteroid synthesis or signaling. Infectivity assays in tomato with ToYSV-
[MG-Bi2] revealed that overexpression of NIK caused attenuation of symptom, as
the transgenic lines developed less severe symptoms in comparison with the
untransformed lines. These results are consistent with a protective role of NIK
against viral infection and suggest that the NIK-mediated signaling communicates
to some level with the brassinosteroid signaling.
1
INTRODUÇÃO
Desde a década de 1980, as principais áreas onde o tomateiro é
cultivado no mundo têm sido severamente afetadas por begomovírus (família
Geminiviridae).
A família Geminiviridae é constituída por vírus de plantas com partículas
semi-icosaédricas geminadas e genoma de DNA circular de fita simples (Van
Regenmortel et al., 2000). É dividida em quatro gêneros (Mastrevirus, Curtovirus,
Begomovirus e Topocuvirus), com base no número de componentes do genoma,
inseto vetor, gama de hospedeiros e relacionamento filogenético (Fauquet et al.,
2003). Os begomovírus incluem os vírus transmitidos por “mosca-branca”
(Bemisia tabaci, Homoptera: Aleyrodidae) a espécies dicotiledôneas, e que
possuem um ou dois componentes genômicos (denominados DNA-A e DNA-B).
No DNA-A encontram-se os genes que codificam as proteínas necessárias para
a replicação viral e encapsidação. O DNA-B codifica duas proteínas de
movimento, “Movement Protein” MP e “Nuclear Shuttle Protein” NSP, ambas
requeridas para o estabelecimento de uma infecção sistêmica. NSP transporta o
DNA viral entre o núcleo e o citoplasma e então atua cooperativamente com MP
para movimentar o DNA viral de célula-a-célula através da parede celular.
O controle das doenças causadas por begomovírus é dificultado pela
existência de poucas fontes naturais de resistência e pela diversidade genética
do inseto vetor. Sendo assim, o estabelecimento de um mecanismo de
resistência que possa ser introduzido em espécies economicamente relevantes,
como o tomateiro, representaria enormes ganhos para os produtores.
Dentro desse contexto, a caracterização bioquímica e funcional de
proteínas da planta hospedeira que interagem com proteínas virais deve auxiliar
na elucidação do mecanismo de infecção viral, bem como na estruturação de um
2
modelo da interação planta: patógeno, possibilitando o desenvolvimento de
estratégias de resistência. Esta caracterização já foi bem utilizada na
identificação de proteínas do hospedeiro que interagem com proteínas virais
durante o processo de replicação de geminivírus (Alberter et al., 2005; Gutierrez
et al., 2004; Malik et al, 2005), e também com a proteína NSP de begomovirus
(Florentino et al., 2006; Fontes et al., 2004; Mariano et al., 2004; McGarry et al.,
2003). Porém, a maquinaria de transporte do hospedeiro que possibilita a
movimentação de geminivírus pela planta, possibilitando a instalação de uma
infecção sistêmica, ainda é muito pouco elucidada (Rojas et al., 2001; Zhang et
al., 2001). Assim sendo, a proteína NSP (“Nuclear Shuttle Protein”), em
cooperação com MP, consiste em um excelente alvo para elucidação molecular
das interações geminivírus-hospedeiro.
A via fundamental de NSP no movimento viral prediz que esta proteína
pode interagir com fatores do hospedeiro em diferentes compartimentos
subcelulares. Foi demonstrado que NSP interage com uma acetilase nuclear de
Arabidopsis thaliana, designada AtNSI (“NSP interactor”) (McGarry et al., 2003),
como também com uma quinase receptora da membrana plasmática, designada
NIK (“NSP-interacting kinase”), de tomate, soja e Arabidopsis (Mariano et al.,
2004). Em Arabidopsis, NSP interage com três membros da família LRR-RLK,
NIK1, NIK2 e NIK3, que são serina/treonina quinases autênticas com
propriedades bioquímicas consistentes com a função de receptor sinalizador
(Fontes et al., 2004). Evidências sugerem que a interação NIK-NSP pode ser
biologicamente relevante. A interação com NIK é altamente específica, não
interagindo com nenhuma outra proteína viral, nem com outras proteínas
controles. A proteína NIK está localizada na membrana plasmática e exibe
propriedades bioquímicas consistentes com uma função sinalizadora. A
oligomerização de NIK precede a autofosforilação de seu domínio quinase e a
interação da proteína viral NSP com NIK inibe a autofosforilação deste receptor
3
suprimindo a resposta antiviral mediada por NIK (Fontes et al., 2004). Esta
interação não é vírus-específica, e a inativação do gene NIK aumenta a
suscetibilidade dos mutantes à infecção viral (Fontes et al., 2004). A efetividade
de manipulação dos níveis de NIK no processo de infecção viral ainda não foi
avaliada em tomateiros e pode constituir uma alternativa eficaz para controle da
doença. Assim sendo, os objetivos primordiais dessa dissertação foram
transformar tomateiros com o gene NIK1 de Arabidopsis e avaliar o efeito da
manipulação dos níveis de NIK na eficiência de infecção por geminivírus.
4
REVISÃO DE LITERATURA
1 Família Geminiviridae
1.1 Organização taxonômica e genômica
A família Geminiviridae é caracterizada pela morfologia de partículas
icosaédricas geminadas e genoma composto por DNA circular de fita simples
(Hanley-Bowdoin et al., 1999). A família é subdividida em quatro gêneros:
Mastrevirus, Curtovirus, Begomovirus e Topocuvirus (Stanley et al., 2005). O
gênero Mastrevirus inclui os geminivírus com um componente genômico
transmitidos por cigarrinhas (Homoptera:Cicadellidae) a plantas
monocotiledôneas. Este gênero inclui patógenos importantes de culturas como o
milho (Maize streak virus, MSV) e o trigo (Wheat dwarf virus, WDV). O gênero
Curtovirus engloba geminivírus com um componente genômico transmitidos por
cigarrinhas a espécies dicotiledôneas. O Beet curly top virus (BCTV) é a principal
espécie de importância econômica. O gênero Topocuvirus possui apenas uma
espécie (Tomato pseudo-curly top virus, TPCTV), com um componente
genômico e transmitida por cigarrinhas (Homoptera: Auchenorrhyncha) a
espécies dicotiledôneas. O gênero Begomovirus inclui espécies com um ou dois
componentes genômicos transmitidas pela mosca-branca (Bemisia tabaci) a
espécies dicotiledôneas. Entre os begomovírus de maior importância econômica
pode-se citar o Bean golden mosaic virus (BGMV), o African cassava mosaic
virus (ACMV) e o Tomato yellow leaf curl virus (TYLCV) (Moriones & Navas-
Castillo, 2000; Were et al., 2004). Já se tem relato de mais de 130 espécies de
begomovírus, incluindo mais de 40 espécies que podem infectar o tomateiro
(Fauquet et al., 2003).
Em sua maioria, os begomovírus possuem genoma dividido em dois
5
componentes, denominados DNA-A e DNA-B. No DNA-A encontram-se os
genes que codificam as proteínas necessárias para a replicação viral e
encapsidação. O DNA-B possui genes que codificam proteínas responsáveis
pelo movimento do vírus na planta (Hanley-Bowdoin et al., 1999), (Figura 1).
Dentro de uma mesma espécie viral, os componentes genômicos não possuem
identidade de seqüência, exceto por uma região intergênica com
aproximadamente 200 nucleotídeos denominada região comum (RC), que é
altamente conservada (acima de 90% de identidade para o DNA-A e DNA-B de
uma determinada espécie). A partir da região intergênica divergem os genes
virais, nos sentidos viral e complementar (Howarth et al., 1985; Stanley, 1983)
(Figura 1).
Figura 1- Representação esquemática do genoma de um begomovírus.
As linhas grossas representam o genoma viral, dividido em dois componentes,
cada um com aproximadamente 2.600 nucleotídeos. As setas indicam os genes
virais e a direção em que ocorre a transcrição. A região comum (RC) também
está indicada. A seqüência sublinhada, conservada em todos os membros da
família Geminiviridae, constitui a origem de replicação do genoma viral. * Gene
presente apenas nos begomovírus originários da Europa, Ásia e África (“Velho
Mundo”). O DNA A, codifica as proteínas: Rep, Re
plication-Associated Protein;
TrAP, Tr
ans-Activating Protein; Ren, Replication-Enhancer Protein e a proteína
capsidial CP, C
oat Protein. O DNA B codifica as proteínas: MP, Movement
P
rotein e NSP Nuclear Shuttle Protein.
DNA A
DNA B
rep
trap
ren
av1* cp
mp
ns
TAATATT
AC
RC
TAATATT
AC
RC
6
O DNA-A dos begomovírus tem o potencial de codificar de quatro a seis
proteínas: uma proteína associada à replicação (Rep, Re
plication-Associated
P
rotein, também denominada AC1 ou AL1); uma proteína transativadora (TrAP,
Tr
ans-Activating Protein, anteriormente AC2 ou AL2) que ativa a transcrição dos
genes CP e NS e está envolvida na supressão do silenciamento gênico pós-
transcricional (PTGS) (Voinnet et al., 1999; Wang et al., 2005); a proteína Ren
(R
eplication-Enhancer Protein, anteriormente AC3 ou AL3), fator de amplificação
da replicação viral; e a proteína capsidial (CP, C
oat Protein, anteriormente AV1
ou AR1), essencial para a transmissão do vírus pelo inseto vetor (Briddon et al.,
1990; Hanley-Bowdoin et al., 1999; Hofer et al., 1997a). O DNA-B codifica as
proteínas MP (M
ovement Protein, anteriormente BC1 ou BL1) e NSP (Nuclear
S
huttle Protein, anteriormente BV1 ou BR1), a primeira envolvida no movimento
célula-a-célula do vírus por meio do aumento do limite de exclusão dos
plasmodesmas (Noueiry et al., 1994), e a segunda responsável pelo transporte
do DNA através do envelope nuclear (Sanderfoot et al., 1996; Sanderfoot &
Lazarowitz, 1995).
1.2 Mecanismo de replicação viral
O sítio de replicação dos geminivírus localiza-se no núcleo das células
infectadas. A replicação viral e transcrição dos genes virais são dependentes da
maquinaria do hospedeiro, o que faz dos geminivírus modelos ideais para o
estudo da replicação e expressão gênica em plantas.
Geminivírus replicam o seu genoma por meio de um intermediário de fita
dupla (conhecido como forma replicativa, RF), utilizando o mecanismo de círculo
rolante semelhante ao utilizado pelos bacteriófagos ϕX174 e M13 (Saunders et
al., 1991; Stanley, 1995). Na replicação dos geminivírus, a fita complementar
serve de molde para a síntese de várias cópias do DNA genômico, que formam
uma longa fita simples de DNA linear contendo vários genomas unitários
7
(multímero ou concatâmero). O multímero é clivado gerando monômeros (os
DNAs genômicos), que serão religados gerando moléculas circulares de ssDNA
correspondentes ao genoma viral, as quais por sua vez serão encapsuladas
formando os vírions (Laufs et al., 1995; Lazarowitz, 1992; Timmermans et al.,
1994). A origem de replicação (ori) está localizada na região intergênica comum
entre os dois componentes genômicos. A ori possui uma organização modular,
com pelo menos três módulos funcionais (Fontes et al., 1994b). A seqüência da
ori é conservada entre componentes de um mesmo vírus, porém variável entre
espécies, com exceção de uma região (módulo do início da replicação) de
aproximadamente 30 nucleotídeos que é essencial para a replicação (Davies et
al., 1987; Lazarowitz, 1992). Nesta região, localiza-se uma seqüência repetida e
invertida composta predominantemente por guanina e citosina, formando uma
estrutura conservada (“structurally-conserved element”, SCE) em forma de
grampo, com uma seqüência invariável (5’-TAATATTAC-3’) encontrada em todos
os geminivírus (Lazarowitz, 1992) que constitui o domínio funcional da origem de
replicação (Orozco et al., 1998). É neste nonanucleotídeo que ocorre a clivagem
(TAATATTAC) para início do processo de replicação por círculo rolante
(Gutierrez, 1999; Hanley-Bowdoin et al., 1999). Esta clivagem é realizada pela
proteína Rep, que atua como uma endonuclease sítio-específica com
requerimento de estrutura e de seqüência (Laufs et al., 1995; Orozco & Hanley-
Bowdoin, 1998). Na RC encontram-se também seqüências específicas para a
ligação da proteína Rep (Fontes et al., 1992; Fontes et al., 1994b) e regiões
promotoras da RNA polimerase tipo II, responsável pela transcrição dos genes
virais (Hanley-Bowdoin et al., 1999).
O sítio de ligação de Rep ao DNA está localizado entre a caixa TATA do
gene rep e a SCE (Orozco et al., 1998), e é constituído por duas seqüências
idênticas repetidas (denominados “iterons”). A ligação de Rep aos iterons é
essencial para o início da replicação. Após a ligação de Rep ao DNA viral e
8
estabilização do complexo formado por Rep, Ren e fatores do hospedeiro, a
proteína Rep cliva o nonanucleotídeo localizado na SCE, dando início à
replicação por círculo rolante (Gutierrez, 1999). O reconhecimento dos iterons
por Rep é considerado vírus-específico (Argüello-Astorga et al., 1994a; Harrison,
1999), de modo que Rep preferencialmente inicia a replicação de seu DNA
cognato.
1.3 Diversidade genética de begomovírus em tomateiro
O tomateiro é, dentre as culturas economicamente mais importantes, uma
das mais afetadas pelo aumento na incidência de begomovírus (Morales &
Anderson, 2001; Moriones & Navas-Castillo, 2000; Polston & Anderson, 1997;
Ribeiro et al., 2003). A diagnose é realizada em geral por "polymerase chain
reaction" (PCR) ou por hibridização com sondas radioativas, embora novos
métodos estejam sendo testados (Santana et al., 2007). Em grande parte, o
aumento da incidência de begomovírus está associado ao aumento populacional
do biótipo B do inseto vetor, a mosca-branca Bemisia tabaci (Morales & Jones,
2004; Naranjo & Ellsworth, 2001). As fêmeas do biótipo B apresentam maiores
taxas de oviposição, alta capacidade reprodutiva, baixa mortalidade em
hospedeiros e uma gama de hospedeiros muito mais ampla que o biótipo A,
incluindo solanáceas como o tomateiro e outras plantas silvestres e/ou daninhas,
além de possuir maior um grau de adaptação e dispersão (Bedford et al., 1994).
Com estas características, o inseto provavelmente transfere para o tomateiro
espécies de begomovírus nativos presentes nas plantas daninhas. Diversas
espécies de begomovírus infectando plantas daninhas como Sida rhombifolia e
Ageratum conizoides já foram isoladas e caracterizadas (Frischmuth et al.,
1997b; Tan et al., 1995). Um exemplo é o Sida golden mosaic virus (SiGMV),
isolado de S. rhombifolia, que é capaz de infectar também plantas de tomateiro e
feijoeiro (Frischmuth et al., 1997a).
9
No Brasil, uma década após o relato da presença do biótipo B de mosca-
branca, levantamento realizado por meio do seqüenciamento parcial do genoma
de begomovírus infectando tomateiros nas regiões Sudeste e Nordeste indicou a
presença de pelo menos sete novas espécies associadas à cultura (Ribeiro et
al., 2003). No estado de Minas Gerais foram caracterizadas três novas espécies.
A espécie predominante no Triângulo Mineiro foi denominada Tomato rugose
mosaic virus (ToRMV) (Fernandes et al., 2000). Na Zona Metalúrgica, foi descrito
o Tomato chlorotic mottle virus (ToCMoV) (Ambrozevicius et al., 1999; Andrade
et al., 2002; Ribeiro et al., 2003). Isolados de ToCMoV também foram
identificados no Rio de Janeiro, Espírito Santo e em estados do nordeste como
Bahia e Pernambuco (Ribeiro et al., 2003). Uma terceira espécie denominada
Tomato yellow spot virus (ToYSV) foi recentemente caracterizada (Calegario et
al., 2007). Além dessas três espécies, cujos genomas encontram-se clonados e
foram totalmente seqüenciados, relatos de possíveis novas espécies infectando
o tomateiro continuam ocorrendo (Albuquerque et al., 2004; Andrade et al., 2006;
Cotrim et al., 2007; Fernandes et al., 2006; Pires et al., 2004), sugerindo que o
processo de transferência de vírus nativos para o tomateiro, com a conseqüente
evolução de novas espécies, ainda se encontra em andamento.
1.4 Movimento célula-a-célula e a longa distância durante a infecção
viral
O sucesso da infecção sistêmica depende do transporte do vírus a longa
distância e de sua entrada no floema. Este movimento no interior do hospedeiro
pode ser dividido em dois processos: movimento célula-a-célula, via
plasmodesmas, e movimento a longa distância, no qual o vírus é transportado
sistêmicamente para toda a planta hospedeira após atingir o sistema vascular.
Qualquer bloqueio neste processo acarreta o aparecimento de sintomas
atenuados, ou mesmo a resistência do hospedeiro à infecção sistêmica
10
(Gilbertson & Lucas, 1996).
Para mediar o movimento do vírus no hospedero, os begomovírus
codificam uma proteína não estrutural denominada MP. Essa proteína associa-
se à membrana celular e possivelmente altera a arquitetura dos plasmodesmas,
facilitando o transporte do genoma viral (Noueiry et al., 1994). Como os
begomovírus se multiplicam no núcleo da célula infectada, é necessária uma
etapa adicional de transporte do núcleo para o citoplasma, que é realizada por
uma segunda proteína de movimento denominada NSP. Estas duas proteínas de
movimento, atuando de maneira cooperativa (Sanderfoot & Lazarowitz, 1995),
permitem ao vírus infectar sistemicamente o hospedeiro.
Nos begomovírus, a proteína capsidial é dispensável para o
estabelecimento de infecção sistêmica na maioria dos casos já estudados (Rojas
et al., 2005). Tanto MP quanto NSP reconhecem o DNA viral de maneira
específica em relação à forma e comprimento (Gilbertson et al., 2003; Rojas et
al., 1998), o que eliminaria a necessidade da presença da proteína capsidial para
o movimento a longa distância.
1.5 Interações geminivírus-hospedeiro
Diferentes grupos de pesquisadores demonstraram grande número de
interações entre os geminivírus e seus hospedeiros. Essas interações incluem
modificações na estrutura e função de plasmodesmas (Gilbertson et al., 2003;
Noueiry et al., 1994), respostas a diferentes mecanismos de defesa da planta
(Fontes et al., 2004; Trinks et al., 2005; Vanitharani et al., 2004; Wang et al.,
2005), interação com proteínas envolvidas na regulação do desenvolvimento
celular (Latham et al., 1997; Xie et al., 1999), e modificações no padrão de
expressão gênica do hospedeiro, principalmente no sentido de ativar genes
envolvidos na síntese de DNA e na divisão celular (Arguello-Astorga et al., 2004;
Luque et al., 2002; Settlage et al., 2001; revisado por Hanley-Bowdoin et al.,
11
2004).
Além da capacidade de ativação de proteínas do hospedeiro, as
proteínas de replicação dos geminivírus são capazes também de interagir com
proteínas do hospedeiro envolvidas na replicação de DNA, como a PCNA
(Castillo et al., 2003) e o fator de replicação C (Luque et al., 2002). Estes fatores
envolvidos na replicação não estão presentes em células diferenciadas
normalmente infectadas por geminivírus, de modo que o primeiro passo no
processo de infecção é interferir com o controle do ciclo celular para induzir a
síntese destas proteínas.
Outro fator de grande importância para o sucesso da infecção viral é a
capacidade do vírus em suprimir os mecanismos de defesa da planta. Os
geminivírus interferem em diferentes respostas de defesa (Trinks et al., 2005;
Vanitharani et al., 2004; Wang et al., 2003). Isto se deve, provavelmente, como
uma forma de maximizar a replicação viral em termos quantitativos, permitindo o
acúmulo de maiores quantidades de partículas virais na célula infectada, e em
termos temporais, diminuindo o intervalo necessário para o estabelecimento da
infecção sistêmica. Algumas dessas interações já foram identificadas, embora os
mecanismos moleculares ainda não tenham sido totalmente elucidados.
De acordo com a função de NSP no transporte do vírus na planta,
acredita-se que essa proteína interaja com proteínas do hospedeiro nos diversos
compartimentos celulares. Foi isolado um receptor transmembrana
serina/treonina quinase, designado LeNIK (Lycopersicum esculetum, atualmente
Solanum lycopersicum, NSP-Interacting Kinase). Também foi comprovado que
os homólogos de NIK em soja (GmNIK) e Arabidopsis thaliana (AtNIK) interagem
com NSP (Fontes et al., 2004). A proteína NSP inibe a atividade de
autofosforilação desses receptores de membrana e inativação dos genes NIKs
em Arabidopsis aumenta a suscetibilidade à infecção viral.
Outra proteína caracterizada por interagir com NSP de geminivírus é uma
12
acetiltransferase nuclear pertencente a uma família de acetiltransferase de
histonas nucleares, designada AtNSI (“Nuclear shuttle protein interactor”),
altamente conservada entre as plantas (McGarry et al., 2003). NSP não é
substrato para a enzima acetiltransferase. A proteína AtNSI acetila a proteína
capsidial, auxiliando a interação do ssDNA com a proteína NSP durante a
replicação por círculo rolante (McGarry et al., 2003). Em experimentos de
superexpressão de AtNSI foi demonstrado que a infecção do CaLCuV é
potencializada e vírus mutantes, cuja NSP é incapaz de interagir com AtNSI,
possuem uma infecção deficiente (Carvalho & Lazarowitz, 2004; McGarry et al.,
2003).
Além desta, foi identificada outra proteína, através de um screening de
duplo híbrido de levedura, também com capacidade de interagir com NSP: a
proteína PERK-like, também designada de NsAK (NSP-associated Kinase). A
proteína NsAK é estruturalmente organizada em um domínio N-terminal rico em
prolina, seguido por um domínio transmembrana e um domínio quinase do tipo
serina/treonina no C-terminal. Ensaio de tradução in vitro de NsAK, na presença
de NSP, mostrou aumento nos níveis de fosforilação de NSP, indicando que
NSP age como substrato para NsAK (Florentino et al., 2006). Foi demonstrado
que a perda de função de NsAK, in vivo, diminui a suscetibilidade à infecção por
CaLCuV, sugerindo uma possível regulação da função de NSP.
2 Receptores do tipo serina/treonina quinases
2.1 Caracterização
Proteínas quinases, PK, possuem um papel fundamental em uma grande
variedade de processos celulares, atuando no crescimento e desenvolvimento
em plantas e animais. Atuam catalisando a fosforilação de um ou mais
13
substratos através da transferência do grupamento γ-fosfato do ATP para um
grupamento hidroxila no substrato. Em muitos casos, esta função é realizada por
receptores quinases, RPK, os quais são divididos em duas grandes classes
apresentando diferentes especificidades em seus domínios quinases: receptores
tirosina-quinases, RTK, que fosforilam proteínas em específicos resíduos de
tirosina, enquanto que receptores serina/treonina–quinases, STKR, fosforilam
serina ou treoninas ou, em alguns casos, ambos resíduos de aminoácidos (Lin et
al., 1992). Células vegetais e animais utilizam receptores quinases para interagir
entre si e com o meio extracelular, porém ocorre a dominância de RTKs em
animais enquanto em plantas STKRs são predominantes. Estas duas grandes
famílias apresentam uma origem comum anterior á diversificação dos
organismos vivos em animais e plantas (Shiu e Bleecker, 2001a).
Com o seqüenciamento do genoma de Arabidopsis, um grande número
de seqüências codificando proteínas com topologia predita de receptores do tipo
quinase foram obtidas, porém, com função ainda não demonstrada e, portanto,
denominadas RLKs, Receptor-Like Kinases. Esses receptores existem na
membrana como monômeros (Becraft, 1998). A ligação do receptor à molécula
ligante induz oligomerização dos monômeros, o que as torna capazes de
transfosforilação e subseqüente ativação. Entretanto, diferentes RLK’s de
plantas são multímeros em sua forma inativa (Trotochaud et al. 1999); e existem
proteínas RLKs que possuem domínios quinase inativos (Barre et al., 2002)
As plantas, assim como os animais, utilizam extensivamente receptores
de superfície. Nos animais, os receptores são, em sua grande maioria,
associados às proteínas G, enquanto nas plantas a maioria, encontrada até
agora está associada a enzimas. Além disto, nos animais o maior grupo de
receptores associado a enzimas é da família RTKs, que é rara em plantas. Estas
contam com uma grande diversidade de STKRs que, à semelhança a RLKs
14
encontradas em animais, possuem um domínio quinase citoplasmático típico e
um domínio extracitoplasmático de interação com ligantes.
2.2 Família RLK em plantas
Em Arabidopsis, existem mais de 21 classes diferentes de ectodomínios
de proteínas RLKs. Com base na análise de filogenia molecular das seqüências
do domínio quinase das RLKs são encontrado mais de 610 membros desta
família, podendo estes serem classificados em 44 subfamílias (Shiu e Bleecker,
2001 a;b). Levando em consideração a organização das repetições ricas em
leucina (leucine-rich repeats-LRR), que variam de 3 a 26 no domínio
extracitoplasmático, as proteínas RLK contendo LRR são classificadas em 13
subfamílias (LRR-RLK I-XIII) (Dievart e Clark, 2003; Shiu e Bleeker, 2001). Cerca
de 235 das RLK’s de Arabidopsis são classificadas como LRR-RLKs.
RLK são receptores transmembrana que possuem uma organização
estrutural conservada, caracterizada por uma porção amino-terminal
extracitoplasmático seguida de uma região transmembrana, um sítio de ligação a
nucleotídeo (NBS) e um domínio citoplasmático serina/treonina quinase
relacionado com sinalização celular (Belkhadir et al., 2004). O domínio LRR dos
receptores quinases tem sido relacionado à capacidade de interação com
proteínas derivadas de patógenos, incitando resposta de defesa no hospedeiro
(Innes, 2004), peptídeos (Trotochaud et. al., 2000) e esteróides (Wang et al.,
2001).
A subfamília LRR-RLK também está envolvida na regulação de vários
processos de desenvolvimento e percepção de fitormônios, incluindo as
proteínas ERECTA e CLAVATA, que estão envolvidos na determinação da forma
e tamanho do órgão floral (Clark et al., 1997), SERK1 envolvida na embiogênese
15
(Hecht et al., 2001), BRI1 e BAK1, atuantes na sinalização e percepção de
brassinosteróides (Li & Chory, 1997).
2.3 Subfamília LRRII-RLK
A subfamília LRRII-RLK é constituída por 14 proteínas caracterizadas por
possuir no domínio extracelular cinco repetições ricas em leucina arranjadas em
um único bloco contínuo, das quais quatro são ditas completas possuindo 24
resíduos de aminoácidos, e a repetição 5 apresentando 16 resíduos de
aminoácidos (Zhang et al., 2006). Estas repetições apresentam seqüência
consenso LRR em que L e I presentes nas posições 1, 4, 6, 11, 15, 19 e 22 são
muitas vezes substituídas uma pela outra ou por aminoácidos alifático (A, V, F
ou M), enquanto os aminoácidos glicina na posição 13 e prolina na posição 16
da LRR são invariáveis. Ainda, em comum, as proteínas LRRII-RLK possuem o
número de íntrons similares, com exceção da proteína AtNIK1 e do gene
At5g10290 que perderam íntrons e do gene At5g63637, que além da perda do
íntron 4 possui um íntron adicional na região N-terminal.
Os representantes da subfamília LRRII-RLK são filogeneticamente
classificados em três grupos que também apresentam analogia funcional. O
grupo I categoriza os genes de defesa, grupo II de desenvolvimento e grupo III
de funções desconhecida (Zhang et al., 2006). A proteína AtNIK1 (At5g16000),
de acordo com estas análises filogenéticas, está inserida no grupo I da
subfamília LRRII-RLK, apresentando uma perda dos íntrons 9 e 10 que, em
outros membros da mesma subfamília, localizam-se no domínio quinase da
proteína.
3 Receptores NIK (NSP-Interacting Protein)
A proteína NIK1 é uma serina/treonina quinase pertencente à subfamília
LRRII-RLK (receptores do tipo quinase contendo repetições ricas em leucina) e
16
exibe propriedades bioquímicas consistentes com a função de sinalização. NIK
foi inicialmente identificada pela sua capacidade de interagir com a proteína NSP
de geminivirus, através de uma região que compreende o sítio ativo e a alça de
ativação de NIK. Além do fato de NSP inibir a atividade de quinase de NIK,
inativação dos genes NIKs em Arabidopsis aumenta a suscetibilidade á infecção
por CaLCuV, sugerindo que NIK está envolvida em respostas de defesa anti-viral
mediada pelo receptor (Fontes et al., 2004).
Foram isolados, por meio do sistema duplo híbrido e utilizando a proteína
NSP como isca, cinco cDNAs de tomateiros capazes de interagir com a proteína
viral (Mariano et al., 2004). A análise de seqüências revelou que quatro cDNAs
são idênticos e codificam um possível receptor transmembrana serina/treonina
quinase, designado LeNIK (Lycopersicum esculetum NSP-Interacting Kinase).
Também foi comprovado que os homólogos de NIK em soja (GmNIK) e
Arabidopsis thaliana (AtNIK) interagem com NSP (Fontes et al., 2004).
Em Arabidopsis, NIK atua como receptor de sinalização. NSP interage
com NIK1, NIK2 ou NIK3 através do dimínio quinase (Fontes et al., 2004).
Ensaios de interação in vitro mapearam o domínio da interação em um motivo de
80 aminoácidos que correspondem ao KD VIb (HrDvKssNxLLD) e alça de
ativação (A) ou KD VII (DFG Ak/rx) plus KD VIII (GtxGyiaPEY) da proteína
AtNIK1 (At5g16000). A alça-A exerce um papel fundamental no controle da
atividade dessas quinases por meio da fosforilação de resíduos de treonina
conservados nesse domínio (Ellis et al., 1986). A proteína NIK possui domínios
característicos de proteínas receptoras de membranas, que muitas vezes estão
envolvidas no desenvolvimento da planta ou na resistência a patógenos. Os três
homólogos de Arabidopsis thaliana desses receptores quinases contêm 3-5
LRRs. Evidências sugerem que a interação NIK-NSP é biologicamente relevante.
A funcionalidade das proteínas NIK como receptores envolvidos na sinalização
celular foi comprovada por meio de experimentos de reversa genética
17
demonstrando que a perda da função de NIK aumenta a suscetibilidade de
nocautes à infecção por geminivírus. A proteína NIK1 se oligomeriza provocando
a transfosforilação de seu domínio citoplasmático de quinase que, ativado, é
capaz de fosforilar substrato(s) endógeno(s) e ativar mecanismos de defesa do
hospedeiro. Conseqüentemente, a ativação dessa via de sinalização pode
culminar em interferência na replicação viral ou no movimento do vírus
impedindo o estabelecimento da infecção sistêmica. A proteína viral NSP
interage com o domínio quinase inibindo a fosforilação de resíduos de treoninas
na alça de ativação essencial para a ativação da quinase e impedindo assim a
cascata de sinalização celular que culminaria em resposta de defesa antiviral
(Santos, 2007).
A análise do papel biológico e funcional dos genes homólogos de NIK
que interagem com a proteína NSP no processo de infecção viral fornecerá
conhecimentos básicos e moleculares para o entendimento das interações
geminivírus-hospedeiro, que poderão culminar na elaboração de estratégias de
resistência engenheirada. Neste contexto, a manipulação dos níveis de NIK no
processo de infecção viral em tomateiros pode constituir uma alternativa eficaz
para controle da doença. Assim sendo, os objetivos da presente investigação
foram transformar tomateiros com o gene NIK1 de Arabidopsis e analisar o efeito
da superexpressão de NIK no desenvolvimento global das plantas transgênicas
e na eficiência de infecção pelo begomovírus Tomato yellow spot virus (ToYSV).
18
MATERIAL E MÉTODOS
1 Construções de DNA
1.1 Construção do clone pk7AtNIK1-1
O clone pk7AtNIK1-1, contendo o cDNA de NIK1-1(Arabdopsis thaliana
NSP-Interacting Kinase), sob o controle do promotor 35S e no vetor binário de
transformação de plantas pK7WG2, descrito por Fontes et al., 2004 (Figura 2).
O referido clone foi utilizado nos experimentos de transformação de tomateiro.
Os transformantes primários foram selecionados com base em sua resistência à
kanamicina e os transformantes que enraizaram foram testados quanto á
presença do gene NIK1 via PCR. Na reação, foram utilizados oligonucleotídeos
específicos para NIK1 e o vetor pK7WG2.
Figura 2 - Diagrama esquemático da construção pk7AtNIK1-1contendo o
cDNA de NIK1 de Arabidopsis thaliana sob controle do promotor 35S (p35S) e
sinais de terminação de transcrição do transcrito 35S de CaMV (T35S). Kan
denota o gene nptII que confere resistência a kanamicina, aatR2 e attR1 são as
regiões de recombinação homóloga.
T 35S
Fragmento
de CDNA
NIK1
attR2 attR1
Kan
35S
LB RB
19
1.2 Construção do clone pk7ILeNIK-(RNAi)
O clone pUFV410 foi previamente descrito (Mariano et al., 2004) e
contém um fragmento de 909 pb da região C-terminal da proteína LeNIK
(Lycopersicon sculentum NSP- Interacting Kinase), capturada em uma biblioteca
de cDNA de tomate, através do sistema duplo híbrido, utilizando NSP como isca.
Este clone, foi utilizado como molde para amplificação de uma região de 375 pb
do cDNA LeNIK (Figura 3) com oligonucleotídeos especificamente desenhados
(LeNIKRvs e 486LeNIK-Fwd) (Tabela 1) . Este fragmento de LeNIK foi clonado
no vetor pK7GW1WG2 (Figura 4), que induz silenciamento gênico por
possibilitar a inserção de duas cópias do fragmento em repetição invertida
(Figura 5). Para a clonagem, foi utilizado o sistema GATEWAY (Invitrogen Life
Technologies, Inc.), segundo instruções do fabricante.
20
>LeNIK
GAATTCGGCACGAGTTTTCACGAACAATGTGATCCAAAGATAATTCAT
AGAGATGTTAAAGCAGCAAATATATTGCTCGATGACTTTTGTGAGGCGGTTG
TGGGAGATTTTGGGCTGGCAAAGCTTTTAGATCACCAGGATTCACATGTCAC
AACAGCTGTGCGTGGTACAGTAGGGCATATAGCCCCTGAATACTTATCAACA
GGCCAATCATCTGAGAAAACAGACGTGTTTGGATTTGGGATCCTTCTACTTG
AACTGATCACAGGGATGAGAGCTATAGAATTTGGAAAAGCAGCTAACCAAAA
GGGAGTAATGCTTGATTGGGTTAGGAAAATTCACCAAGAGAAGAAACTTGAT
GTCCTTGTTGATAAAGATTTGAGAATCAATTATGATCGAATCGAGCTAGAGG
AAATGGTTCAAGTTGCTCTGCTTTGCACACAATATCTTCCAGGCCACAGACC
AAAAATGTCTGAAATCGTTCGTATGCTTGAAGGTGATGGACTTGCAGAGAG
ATGGGAAGCATCCCAAAAATTTGATGGTAGTAACAAGTACAAAACTAAAGAG
CTATCCTCATCCGAGAGATTTTCAGATCTCACCGATGATTCTTTATTACTTGT
ACAAGCCATGGAGCTGTCTGGTCCTAGGTGAGCAAGTTAAAATTACACATAA
TTATAACGTAAAATTTCACACTTAGAGAGGTAATTTATTAAGCTATGTGGTAA
TGTATAGTAATGAACCATCAAAGATTCGAAGAGCTTTGATGTGTTCTGTTATT
TTTTTGTTTCTTTATTGTATATGTTCATCTTTTAATTTTTTTCCTCGTACCTGTA
TTTGTAGTTTAGACAATGTTGTAGTTTGAAAAATCTGAAATGAAACTTTTAAG
CATTAAAAAAAAAAAAAAAAAAA
Figura 3 - Seqüência do fragmento de 909 pb da região C-terminal da
proteína LeNIK utilizada como molde para amplificação de uma região de 375 pb
do cDNA LeNIK. Em azul, destacada a região de anelamento dos
oligonucleotídeos LeNIKRvs e 486LeNIK-Fwd.
21
Tabela 1 - Oligonucleotídeos utilizados em amplificações específicas
Oligonucleotídeo Seqüência
Região de
anelamento
LRAtNIK1RG (3774)
5’-AGAAAGCTGGGTCGAGTCATAAGAGATTTCGATG-3’
Nucleotídeo 1096 de
AtNIK1
KDAtNIK1RG (3315) 5’-AGAAAGCTGGGTCTCATCTAGGACCAGAGAGCTC-3’
Região terminal de
AtNIK1 contendo
stop codon
KDAtNIK1FG (3314) 5’-AAAAAGCAGGCTTCACAATGGGAGCTGCAAGAGGG-3’
Nucleotídeo 1242 de
AtNIK1
496 5'- AAT ACT GCA GGG CTT YCT RTA CAT RGG -3' Componente A de
geminivírus
1978
5'- GCA TCT GCA GGC CCA CAT YGT CTT YCC NGT -3' Componente A de
geminivírus
MC36 (3408)
5’-TCCTTCGCGCAAGACCCTTCCTC-3’
Promotor 35S
LeNIKRvs
5’-GAAAGCTGGGTCCAAACTACAACATTGTCTAAA-3’ Região C-terminal de
LeNIK
486LeNIK-Fwd
5’- AAAAAGCAGGCTTCACAATGCTTGAAGGTGATGG-3’ Região C-terminal de
LeNIK
22
Figura 4 - Vetor pK7GW1WG2(I), utilizado por apresentar dois sítios
attR1 e attR2 entre os quais foram inseridas duas cópias do fragmento de
interesse em repetição invertida, sob controle do promotor 35S.
Figura 5 - Diagrama esquemático da construção contendo o cDNA de
LeNIK, sob controle do promotor 35S. A inserção do fragmento de cDNA em
repetição invertida é representada por setas em direções opostas.
T 35S
Fragmento
do
C
DNA
LeNIK
attR1 attR2
Kan p35S
LB
RB
Intron
attR2
Fragmento
do
C
DNA
LeNIK
attR1
23
Os plasmídeos recombinantes contendo o fragmento de LeNIK clonado
em vetor que induz silenciamento gênico, foram utilizados na transformação de
células competentes de Escherichia coli da estirpe DH5α, pelo método de
choque térmico (Sambrook et al., 1989). Os transformantes foram confirmados
por PCR (Sambrook et al, 1989). Para tal, foram utilizados dois conjuntos de
primers: os oligonucleotídeos LeNIKRvs e 486LeNIK-Fwd, utilizados para a
clonagem (Conjunto A) e os oligonucleotídeos LeNIKRvs e MC36 (Conjunto B)
(Tabela 1), A confirmação da inserção em repetição invertida das duas cópias
do gene de interesse foi realizada por meio de hidrólise enzimática com a a
enzima de restrição BglI, utilizada por apresentar um sítio de restrição em LeNIK
na posição 591 e não apresentar sítio de restrição no vetor pK7GW1WG2. Desta
forma, foi obtido o clone pk7ILeNIK-(RNAi) (pUFV719), que foi posteriormente
estocado em glicerol e armazenamento a -80ºC e também utilizado nos
experimentos de transformação de tomateiro, visando avaliar efeitos do
silenciamento da proteína NIK 1.
2 Material Vegetal
Em todos os experimentos que envolveram material vegetal foram
utilizadas plantas de Solanum lycopersicum cultivar Moneymaker. As sementes
foram desinfestadas através do tratamento com álcool 70% por 1 min, hipoclorito
de sódio 10% por 20 min, hipoclorito de sódio 1% por aproximadamente 12h,
seguidos de 3 lavagens em água estéril. Em seguida foram mantidas a 22°C em
frascos contendo meio MS ½ força (adaptado de Murashige e Skoog, 1962) por
uma semana. Após este período de germinação, foi realizada a excisão dos
explantes foliares a partir das folhas cotiledonares.
24
3 Procedimentos para transformação de tomateiros.
3.1 Transformação de agrobactéria LBA4404 com os clones
pk7AtNIK1-1 e pk7ILeNIK-(RNAi-LBA4404)
A estirpe de Agrobacterium tumefaciens LBA4404 foi transformada por
meio do método de eletroporação (2500 mV, 3-4ms), com o clone pk7AtNIK1-1
(gene NIK1 clonado no vetor pK7WG2). Colônias crescidas em placas contendo
100 mg.L
-1
de estreptomicina e 100 mg.L
-1
de espectiomicina foram inoculadas
em meio líquido, para posterior extração de DNA plasmidial utilizando o “Plasmid
Midi Kit” (Qiagen), seguindo as recomendações do fabricante. A confirmação das
colônias positivas foi feita via PCR, testando-se a incorporação do gene. Para
tanto, foram utilizados dois conjuntos de primers: os oligonucleotídeos MC36 e
3315 (Conjunto A) e os oligonucleotídeos MC36 e 3774 (Conjunto B). Os
resultados obtidos foram avaliados em gel de agarose 1% (p/v) e corado com
brometo de etídeo 0,1 µg.mL
-1
. Colônias positivas foram novamente inoculadas
em meio líquido, para posterior estoque em glicerol e armazenamento a -80ºC.
Este clone (pk7AtNIK1-1-LBA4404) denominado pUFV701, foi posteriormente
utilizado para transformação de tomateiro.
À semelhança, foi obtido, o clone pk7ILeNIK-(RNAi-LBA4404), sendo
também utilizado para transformação de tomateiro em cultura de tecidos.
3.2 Transformação de tomateiros
O clone pk7AtNIK1-1-LBA4404 foi utilizado para a transformação de
plantas de Solanum lycopersicum, cultivar Moneymaker. A transformação foi
realizada conforme protocolo desenvolvido por Frary (1995) com modificações.
A colônia de Agrobacterium tumefaciens contendo o clone pk7AtNIK1-1-
LBA4404 (utilizado para superexpressão do transgene NIK) foi inoculada em 50
mL de meio Rhizo com 100 mg.L
-1
de estreptomicina e 100 mg.L
-1
de
25
espectiomicina, a 28
o
C e permaneceu sob agitação a 220 rpm por 12 horas. A
cultura foi centrifugada a 6500 rpm (no rotor F0650, da Beckman) por 10
minutos, a 14
o
C. O “pellet” foi ressuspendido em meio líquido MS 0,2%
(Murashige & Skoog, 1962). A concentração foi ajustada para DO
600
= 0.4.
Explantes foliares de tomateiro foram co-cultivados com as células bacterianas
durante 15 minutos, sob agitação. Após secagem em papel de filtro, os explantes
foram mantidos em placas de Petri contendo meio MS sólido, sem antibiótico,
por 2 dias, com a face adaxial em contato com o meio. Em seguida, foram
transferidos para meio MS sólido contendo 50 mg.L
-1
de kanamicina e 300 mg.L
-1
de timentim, com a face adaxial voltada para cima. As placas foram mantidas em
câmera de crescimento, com temperatura e luminosidade controladas. Os
explantes foram transferidos para um meio novo a cada 2 semanas. A
concentração de kanamicina e de timentim nas placas permaneceu constante.
Cada regenerante em uma placa representou um transformante independente.
Os regenerantes transformados, bem como os regenerantes não transformados
(controle) foram transferidos para frascos contendo meio nutritivo sólido,
segundo o protocolo de transformação, para regenerar uma nova planta, sendo
mantidos in vitro e repicados freqüentemente.
3.3 Diagnóstico molecular dos transformantes
Após a regeneração das plantas, foram coletadas amostras foliares de
cada transformante e de plantas não transformadas, utilizadas como controle,
para obtenção de DNA genômico (Dellaporta et al., 1983). O DNA foi usado
como molde na reação de PCR, utilizando oligonucleotídeos específicos para
AtNIK1 (oligonucleotídeos 3314 e 3315), como também para AtNIK1 e o vetor
pK7WG2 (oligonucleotídeos MC36 e 3315).
26
3.4 Expressão do transgene
RNA total foi extraído a partir de folhas de plantas transformadas pelo
método Trizol (Invitrogen Life Technologies, Inc.). A qualidade e a integridade do
RNA foram monitoradas, respectivamente, por espectrofotômetro e por
eletroforese em gel de agarose. Cerca de 3 µg de RNA foram tratados com
DNase (Promega, Madison, WI) e utilizados para obtenção do cDNA, usando a
enzima transcriptase reversa M-MLV (Invitrogen) e oligo-dT(18), de acordo com
recomendações do fabricante. Uma vez obtido o cDNA, foi realizada reação de
PCR utilizando oligonucleotídeos específicos para AtNIK1 (3314 e 3315).
Foi realizada também reação de PCR utilizando os cDNA obtidos da
planta controle não transformada e das plantas superexpressando NIK1 com
objetivo de avaliar a expressão de NIK endógeno de tomate com
oligonucleotídeos específicos para LeNIK (LeNIKRvs e 486LeNIK-Fwd). Os
produtos da reação foram analisados em gel de agarose 1% (p/v) e corado com
brometo de etídeo 0,1 µg.mL
-1
. As plantas nas quais a expressão do transgene
foi confirmada foram repicadas para os ensaios de infectividade.
3.5 Aclimatação dos transformantes primários
Após o processo de enraizamento das plantas repicadas (plantas
controle, WT, e plantas transgênicas superexpressando NIK1), estas foram
retiradas dos frascos e as raízes foram lavadas com água deionizada. Em
seguida, foram acondicionadas em copos plásticos contendo substrato orgânico
(Plantmaxl) umedecido e mantidas sob condições de ambiente. Pequenos cortes
foram feitos nos sacos plásticos, durante uma semana, período em que as
plantas foram conduzidas em casa de vegetação, onde permaneceram por dois
dias, para realização dos ensaios de infectividade.
27
4 Análise de desenvolvimento dos transformantes primários em cultura de
tecidos e em casa-de-vegetação
Plantas controle não transformadas e plantas transgênicas
superexpressando NIK1 foram mantidas em câmera de crescimento com
temperatura e luminosidade controladas por um período de dez dias, durante as
fases iniciais de desenvolvimento. As plantas foram observadas quanto ás
características físicas (desenvolvimento do caule e altura) após 10 dias de
crescimento. O experimento foi conduzido em delineamento inteiramente
casualizado (DIC) com 5 plantas avaliadas e realizadas três repetições. As
médias foram comparadas pelo teste de Duncan, adotando-se o nível de 5% de
probabilidade. As análises estatísticas foram realizadas utilizando procedimentos
do programa SAS - Statistical Analysis System, versão 9.1, licenciado para a
UFV/2006.
A incorporação e expressão do transgene foram confirmadas em plantas
transgências individuais utilizadas nos experimentos de análise de
desenvolvimento. Assim, procedeu-se à extração de DNA genômico a partir de
amostras foliares (Dellaporta et al., 1983) e foi realizada reação de PCR,
utilizando oligonucleotídeos específicos para o gene AtNIK1 e o vetor pK7WG2
(oligonucleotídeos MC36 e 3315). Simultaneamente, foi realizada extração do
RNA pelo método Trizol (Invitrogen Life Technologies, Inc.). Produzido o cDNA,
procedeu-se à reação de PCR, utilizando oligonucleotídeos específicos para
AtNIK1 (3314 e 3315).
Plantas controle não transformadas e plantas transgênicas
superexpressando AtNIK1 foram mantidas em casa-de-vegetação, à temperatura
ambiente, também por um período de dez dias. As plantas foram observadas
quanto às características físicas (desenvolvimento do caule e altura).
28
5 Ensaios de infectividade por biobalística
Foi realizado experimento de infecção viral via biobalística (Schaffer et al.
1995), utilizando clones infecciosos correspondentes a repetições em série do
DNA-A e DNA-B do isolado ToYSV-[MG-Bi2] (Calegario et al., 2006), mantidos a
-80
o
C, na forma de estoque em glicerol.
5.1 Extração do DNA viral
Os clones infecciosos foram extraídos a partir de E. coli, utilizando-se o
“Plasmid Midi Kit” (QIAGEN), segundo as recomendações do fabricante. A
qualidade e a integridade do DNA foram analisadas em gel de agarose 1% (p/v)
e a concentração foi avaliada por espectrofotometria a A
260
.
5.2 Bombardeamento
Aproximadamente 10 µg de cada componente de DNA foram precipitados
em micropartículas de tungstênio, na presença de CaCl
2
1 M e espermidina 15
mM, e lavados com etanol absoluto. As membranas preparadas foram
devidamente encaixadas no acelerador de partículas e lançadas contra os
meristemas foliares sob vácuo e com uma aceleração de 160 psi, de acordo com
Schaffer et al. (1995). Como controle, as plantas não transformadas e
transgênicas foram inoculadas apenas com micropartículas de tungstênio, sem
DNA viral.
Logo após o bombardeamento, as plantas foram transferidas para
câmara de crescimento a 22
o
C, com 16 horas de fotoperíodo e observadas
quanto ao aparecimento de sintomas até 30 dias após a inoculação. Para os
experimentos de análise de infecção, foram utilizadas plantas no estádio de
desenvolvimento correspondente a sete folhas. Foram utilizadas 15 plantas de
cada linhagem.
Durante a análise dos sintomas, as plantas inoculadas foram observadas
29
em intervalos de dois dias e fotodocumentadas. Foram levados em consideração
sintomas como manchas amarelas, clorose, enrolamento e enrugamento foliar.
5.3 Diagnóstico molecular da infecção viral
Para confirmar a presença do vírus em plantas sintomáticas, o DNA total
dos tomateiros foi extraído (Dellaporta et al., 1983) de cada planta inoculada com
vírus, a cada sete dias após a inoculação, até 40 dias após a inoculação. O DNA
extraído foi usado como molde em reações de PCR utilizando oligonucleotídeos
universais, que amplificam um fragmento específico do componente A de
begomovírus (Rojas et al., 1993). Os produtos da reação foram analisados em
gel de agarose 1% (p/v), corado com brometo de etídeo 0,1 µg.mL
-1
.
A percentagem de plantas infectadas foi avaliada a cada dois dias quanto
à sintomatologia e a cada sete dias quanto ao acúmulo de DNA viral.
30
RESULTADOS E DISCUSSÃO
1 Obtenção do clone pk7ILeNIK-(RNAi)
Os plasmídeos recombinantes contendo o fragmento de LeNIK clonado
em vetor que induz silenciamento gênico, foram utilizados na transformação de
células competentes de Escherichia coli. Foram obtidos um total de 21
transformantes que foram confirmados por PCR sendo utilizados dois conjuntos
de primers: os oligonucleotídeos LeNIKRvs e 486LeNIK-Fwd, utilizados para a
clonagem (Conjunto A) e os oligonucleotídeos LeNIKRvs e MC36 (Conjunto B)
(Tabela 1), gerando um produto de aproximadamente 512 pb (Figura 6). Foi
realizada também análise enzimática para a confirmação da inserção em
repetição invertida das duas cópias do gene de interesse, sendo utilizada a
enzima de restrição BglI, liberando um fragmento de aproximadamente 12,0 kb
e outro de aproximadamente 1,5 kb (Figura 7).
31
Figura 6 - Diagnóstico dos plasmídeos recombinantes de E. coli
transformada por PCR. M-Marcador de peso molecular em pb, 1-21-
transformantes obtidos. (A) pk7ILeNIK-(RNAi) amplificado com oligonucleotídeos
específicos para a proteína (LeNIKRvs e 486LeNIK-Fwd), produzindo um
fragmento de aproximadamente 375pb. (B) pk7ILeNIK-(RNAi) amplificado com
oligonucleotídeos específicos para o vetor pK7GW1WG2 e para a proteína
(MC36 e LeNIKRvs respectivamente) produzindo um fragmento de
aproximadamente 512pb. Em vermelho, destacadas, as colônias positivas.
Figura 7 - Análise dos padrões de digestão enzimática dos plasmídeos
positivos pk7ILeNIK-(RNAi), com a enzima de restrição BglI liberando um
fragmento de aproximadamente 12,0 kb e outro de aproximadamente 1,5 kb. M-
Marcador de peso molecular em kb, 1-21-transformantes obtidos. Em vermelho,
são destacadas as colônias positivas (1-6, 8-9, 11-16, e 18-21).
M M
A
375pb
M 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21
B
400pb
M 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 1718 19 20 21
M 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21
12
,
0kb
2
,
0kb
32
2 Transformação de agrobactéria LBA4404
2.1 Obtenção do clone pk7AtNIK1-1- LBA4404
A estirpe de Agrobacterium tumefaciens LBA4404 foi transformada com o
clone pk7AtNIK1-1 (gene NIK1 clonado no vetor pK7WG2). A confirmação das
colônias positivas foi feita via PCR, sendo utilizados dois conjuntos de primers:
os oligonucleotídeos MC36 e 3315 (Conjunto A) gerando um produto de cerca de
2,1 kb e os oligonucleotídeos MC36 e 3774 (Conjunto B) gerando um produto de
cerca de 1,2 kb. Os resultados obtidos foram avaliados em gel de agarose 1%
(p/v) e corado com brometo de etídeo 0,1 µg.mL
-1
(Figura 8).
Figura 8-Reação de PCR diagnóstico de agrobactéria transformada. (A)
pk7AtNIK1-1-LBA4404 amplificado com oligonucleotídeos específicos para o vetor e para
a proteína, MC36 e 3315, respectivamente. (B) pk7AtNIK1-1-LBA4404 amplificado com
oligonucleotídeos específicos para o vetor e para a proteína, MC36 e 3774,
respectivamente.
2.2 Obtenção do clone pk7ILeNIK-(RNAi- LBA4404)
À semelhança, foi obtido, o clone pk7ILeNIK-(RNAi-LBA4404), sendo
também utilizado para transformação de tomateiro em cultura de tecidos. Como
os resultados não foram bem sucedidos (não obtenção de tomateiros
transformados), optamos por não apresentá-los.
A B
2,1 kb
1,2 Kb
33
3 Obtenção e análise das plantas transgênicas:
Plantas de tomateiro foram transformadas com sucesso, via
Agrobacterium tumefaciens (estirpe LBA4404), com o clone pk7AtNIK1-1. Os
transformantes foram confirmados por PCR com oligonucleotídeos específicos
para NIK1 e o vetor pK7WG2, amplificando um fragmento de aproximadamente
2,1 kb (Figura 9). Foram obtidos seis transformantes, dos quais dois (NIK1-4 e
NIK1-6) foram selecionados para as análises posteriores.
Figura 9 - Diagnóstico de tomateiros transformados com o gene
quimérico AtNIK1(Arabdopsis thaliana NSP-Interacting Kinase). DNA total de
plantas transformadas foi amplificado com primers específicos para o vetor
pK7WG2 e para a sequência de AtNIK1(MC36 e 3315) amplificando um
fragmento de aproximadamente 2,1 kb. M (marcador de peso molecular em kb).
C+ (controle positivo da reação), C- (controle negativo da reação), WT (planta
não-transformada), 1-7 (regenerantes, designados NIK1-1-7, testados para a
incorporação do gene). Em vermelho, destacados os regenerantes
transformantes (designados NIK1-4 e NIK1-6), utilizados nos experimentos
posteriores.
34
A expressão do transgene foi confirmada por RT-PCR semi-quantitativo
(Figura 10). Os resultados indicaram nível similar de expressão entre os
regenerantes transformantes (NIK1-4 e NIK1-6) e bastante superior destes
quando analisados comparativamente às plantas não transformadas (WT),
confirmando assim, a superexpressão do gene NIK1 nos regenerantes
transformantes.
Figura 10 – Ativação da expressão do gene AtNIK1 em plantas de
tomate. O acúmulo de transcrito foi analisado por RT-PCR com
oligonucleotídeos específicos para a proteína NIK1 (oligonucleotídeos 3314 e
3315), amplificando um fragmento de aproximadamente 700 pb. M (marcador de
peso molecular em kb), C+ (controle positivo da reação), C- (controle negativo
da reação), WT (planta não-transformada), 4 e 6 (regenerantes NIK1-4 e NIK1-
6), testados para a expressão da proteína.
A expressão de NIK endógeno de tomate (LeNIK) foi também avaliada
por meio de RT-PCR, com oligonucleotídeos específicos para LeNIK (Figura
11). Os resultados demonstraram que o acúmulo de AtNIK nas linhagens
transformadas NIK1-4 e NIK1-6 não interferiu na expressão de LeNIK endógeno
que se manteve no nível similar àquele observado na planta não-transformada
(WT).
35
Figura 11 - Expressão de NIK endógeno de tomate em linhagens
transgênicas avaliada por RT-PCR. M (marcador de peso molecular, em kb), C+
(controle positivo da reação), C- (controle negativo da reação), WT (planta não-
transformada), 4 e 6 regenerantes NIK1-4 e NIK1-6, respectivamente.
As plantas confirmadas foram repicadas para os ensaios de
desenvolvimento e de infectividade dos transformantes primários.
4 Superexpressão da proteína NIK retarda o crescimento das plantas
Foram observadas diferenças fenotípicas evidentes entre as plantas
transgênicas superexpressando NIK e as plantas não-transformadas, durante as
fases iniciais de desenvolvimento, quando mantidas em câmera de crescimento
por um período de dez dias. Analisando a diferença de altura atingida pelas
plantas durante o período, verifica-se um atraso no desenvolvimento das plantas
transgênicas que apresentaram menor estatura e taxa de crescimento inferior
com um acréscimo de altura, ao longo de 10 dias de desenvolvimento,
significativamente menor do que aquele das plantas não transformadas. Após
dez dias de desenvolvimento in vitro, os transformantes alcançaram cerca de
metade de acréscimo em altura em relação às plantas não-transformadas,
apesar da semelhante altura inicial das plantas (Figura 12).
36
As plantas foram observadas também quanto às características físicas
durante o período de análise tanto em câmera de crescimento (Figura 13A),
quanto em casa-de-vegetação (Figura 13B e 13C). Foram observadas notáveis
diferenças no desenvolvimento, tanto em relação á altura da parte aérea quanto
ao sistema radicular e desenvolvimento foliar. As plantas transgênicas NIK1-4 e
NIK1-6 demonstraram menor comprimento caulinar, menor desenvolvimento de
sistema radicular e aéreo, possuindo assim, menor estatura. Além disso,
perceberam-se diferenças anatômicas e morfológicas entre os ramos (Figura
13C). As folhas das plantas transgênicas apresentaram-se
enrugadas/encarquilhadas, diferentemente da anatomia regular apresentada
pelas plantas não-transformadas. Estas características reforçam a hipótese de
que as plantas transgênicas superexpressando NIK possuem certo nível de
inibição da via de síntese de brassinosteróides, por apresentarem fenótipo
semelhante aos mutantes Br-insensitivos em tomate (Koka et al., 2000). Outros
mutantes em tomateiros, também apresentam características fenotípicas
semelhantes, como os Curl 3 (mutante insensitivo aos BRs, não se
desenvolvendo bem em meio com ou sem brassinólide) e o Abs 1 (mutante que
possui alterada a sensibilidade ao brassinólide, possuindo um fenótipo menos
drástico que o mutante Curl 3). Tal fenótipo deve-se a provável inibição em
algum ponto da via de biossíntese ou sinalização de brassinosteróides (Nomura
and Montoya, 2002).
O retardamento no desenvolvimento observado nas plantas transgênicas
pode se dever à influência da superexpressão de NIK na síntese de
determinados hormônios ou ativadores do crescimento ou em vias de sinalização
envolvidos em crescimento e desenvolvimento, como no caso da via de
brassinosteróides (Yokota and Fujioka, 2003). Entretanto, os efeitos da
superexpressâo de NIK na expressão dos componentes dessa via não foram
37
avaliados e, portanto, a possível comunicação entre estas duas vias de
sinalização permanece para ser determinada.
Recentemente, foi demonstrado que ativação do receptor AtNIK1 leva à
fosforilação da proteína ribossomal L10, resultando na sua translocação do
citoplasma para o núcleo (Rocha, 2007). O gene rpL10 (At1g14320) é altamente
homólogo ao gene QM inicialmente identificado como um candidato a supressor
de tumor de Wilms (Dowdy et al., 1991) e tem sido demonstrado que regula o
protooncogene c-Yes (Oh et al., 2002). O homólogo de QM de galinha,
designado Jif-1 (Jun interactor factor-1), foi identificado pela sua capacidade de
interagir com o transativador Jun e inibir a formação do homodímero Jun-Jun,
prevenindo interação com o DNA (Monteclaro and Vogt, 1993). Como uma
proteína ribossomal, QM/Jif-1 é localizada no citoplasma, mas, assim como
rpL10 de Arabidopsis, transloca para o núcleo para influenciar transcrição de
genes mediada por cJun, além de afetar apoptose (Imafuku et al., 1999). Os
genes de leveduras homólogos de QM, como GRC5 e QSR1, participam no
controle traducional da expressão gênica (Karl et al., 1999), e um homólogo de
QM de Entamoeba histolytica exibe funções extraribossomais associadas com
supressão da proliferação celular (Chavez-Rios et al., 2003). Estas funções
hipotéticas de rpL10 (controle traducional e supressão da proliferação celular)
podem justificar o efeito de ativação da via mediada por NIK tanto em
desenvolvimento, observada neste trabalho, quanto em estratégias de defesa
contra vírus (Fontes et al., 2004). A identificação de genes alvos de rpL10 será
crucial para decifrar o mecanismo pelo qual esta via de sinalização antiviral
interefere como eventos de desenvolvimento e proliferação celular.
38
Figura 12 – Diferenças de desenvolvimento entre as plantas transgênicas
superexpressando NIK (plantas 35S-AtNIK1-4 e 35S-AtNIK1-6) e as plantas não-
transformadas (WT). Avaliação tendo como parâmetro a altura do caule das
mesmas, após 10 dias de crescimento, in vitro. Os valores correspondem às
médias das alturas, com os respectivos desvios padrão. Médias seguidas da
mesma letra não diferem entre si, a 5 % de probabilidade pelo teste de Duncan.
39
Figura 13-Diferenças de desenvolvimento entre as plantas transgênicas
superexpressando NIK (plantas 35S-AtNIK1-4 e 35S-AtNIK1-6) e as plantas não-
transformadas (WT). A) Avaliação em Laboratório de Cultura de Tecidos. B)
Avaliação em casa-de-vegetação. Retardo no crescimento das plantas
transgênicas que não conseguiram se desenvolver normalmente, obtendo menor
comprimento caulinar, menor desenvolvimento de sistema radicular e aéreo em
relação às plantas não-transformadas. C) Avaliação em casa-de-vegetação. Em
detalhe, as diferenças anatômicas entre os ramos. As folhas das plantas
transgênicas apresentaram-se enrugadas/encarquilhadas, contrastando com a
anatomia regular apresentada pelas plantas não-transformadas. UN refere-se às
plantas inoculadas somente com tungstênio.
40
5 Superexpressão de AtNIK não altera a taxa de infecção por ToYSV-
[MG-Bi2], mas interfere no desenvolvimento de sintomas
Visando avaliar a suscetibilidade das linhagens transformadas 35S-
AtNIK-4 e 35S-AtNIK-6 à infecção por geminívirus, as plantas não transformadas
e plantas transgênicas foram inoculadas por biobalística com 1 e ½ cópia do
DNA-A e DNA-B do isolado ToYSV-[MG-Bi2] (Calegario et al., 2006). Por meio
da análise dos sintomas das plantas e do acúmulo do DNA viral, foi avaliada a
porcentagem de plantas infectadas ao longo do tempo (Figura 14). Plantas
inoculadas somente com tungstênio foram usadas como controle negativo. Tanto
plantas não transformadas (WT) quanto plantas transgênicas NIK1-4
desenvolveram os sintomas típicos de infecção por ToYSV-[MG-Bi2], porém com
intensidade distinta. Foram observadas manchas amarelas características da
infecção, clorose e enrugamento de folhas. Plantas transgênicas NIK1-4
apresentaram menor severidade de sintomas (Figura 15). O acúmulo do DNA
viral foi detectado em plantas sintomáticas por PCR (Figura 16). Os resultados
obtidos são consistentes com observações anteriores realizadas em Arabidopsis
thaliana em que a inativação do gene NIK aumentou a suscetibilidade dos
mutantes diante da infecção viral (Fontes et al., 2004). Entretanto, a taxa de
infecção monitorada pelo acúmulo de DNA viral e o tempo de desenvolvimento
de sintomas foi similar nas plantas não transformadas e transgênicas.
41
Figura 14- A superexpressão de AtNIK não altera a taxa de infecção
viral. O processo de infecção é relativamente similar em plantas selvagens WT e
plantas transgênicas NIK1-4. A) Percentagem de plantas sistematicamente
infectadas em diferentes dias pós-inoculação (DPI). B) Taxa de infecção em
plantas selvagens WT e plantas transgênicas NIK1-4. A taxa de infecção foi
expressa como número de DPI requerido para que 50% das plantas estivessem
infectadas (DPI 50).
42
Figura 15 – Plantas transformadas NIK1-4 exibem um aumento na
tolerância à infecção por geminivírus. A) e D) (Ramos, em detalhe) Sintomas
associados com a infecção por ToYSV-[MG-Bi2] em plantas selvagens. B) e E)
(Ramos, em detalhe) Sintomas associados com a infecção por ToYSV-[MG-Bi2]
em plantas transformadas 35S-AtNIK. C) e F) (Ramos, em detalhe) Sintomas
associados com a infecção por ToYSV-[MG-Bi2] em plantas transformadas 35S-
AtNIK (à direita) e plantas selvagens (à esquerda). O DNA-A e DNA-B virais
foram introduzidos nas plantas por inoculação via biobalística. IN refere-se às
plantas inoculadas com DNA viral e UN refere-se às plantas inoculadas somente
com tungstênio.
43
Figura 16-PCR confirmando o acúmulo de DNA viral nas plantas
bombardeadas com o vírus ToYSV-[MG-Bi2]. M (marcador de peso molecular,
em kb), C+ (DNA inoculado, usado como controle positivo da reação), C-
(plantas inoculadas somente com tungstênio, utilizadas como controle negativo
da reação), WT (plantas não-transformadas), 35S-AtNIK (plantas
transformadas). IN refere-se às plantas inoculadas com DNA viral.
44
CONCLUSÕES
Os resultados dessa investigação forneceram evidências de que o
receptor transmembrana NIK atua em vias de crescimento e desenvolvimento de
plantas, provavelmente por meio de interação com vias de biossíntese ou
sinalização de determinados hormônios vegetais, como os brassinosteróides.
Análises fenotípicas do desenvolvimento dos transformantes primários
demonstraram que a superexpressão da proteína promoveu retardo do
crescimento e visíveis diferenças anatômicas e morfológicas nos transformantes
(baixa estatura, menor comprimento caulinar, menor desenvolvimento de
sistema radicular e aéreo, folhas enrugadas/encarquilhadas). Nos experimentos
de infectividade viral, os resultados obtidos confirmaram o papel essencial da
proteína de potencial protetora contra a infecção viral. A superexpressão da
proteína não alterou a taxa de infecção por ToYSV-[MG-Bi2], mas interferiu
significativamente no desenvolvimento de sintomas, os quais foram bem menos
severos nas plantas transgênicas. Coletivamente, os resultados dessa
investigação reforçam o papel fundamental de NIK tanto no desenvolvimento,
como na proteção contra patógeno. Estudos posteriores deverão ser conduzidos
para avaliar os possíveis efeitos da superexpressão e/ou da repressão de NIK na
via de sinalização de brassinosteróides e as bases moleculares de integração
entre as duas vias de sinalização.
45
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