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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
CENTRO DE BIOCIÊNCIAS
DEPARTAMENTO DE BIOQUÍMICA
JULIANA MARIA COSTA DA SILVA
CARACTERIZAÇÃO PARCIAL E ATIVIDADES
FARMACOLÓGICAS DO EXTRATO RICO EM
POLISSACARÍDEOS SULFATADOS DA ANGIOSPERMA
MARINHA Halodule wrightii.
NATAL
2008
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2
JULIANA MARIA COSTA DA SILVA
CARACTERIZAÇÃO PARCIAL E ATIVIDADES
FARMACOLÓGICAS DO EXTRATO RICO EM
POLISSACARÍDEOS SULFATADOS DA ANGIOSPERMA
MARINHA Halodule wrightii.
Dissertação apresentada ao Departamento
de Bioquímica da Universidade Federal do
Rio Grande do Norte como requisito parcial
para obtenção do título de Mestre em
Bioquímica.
Orientador: Hugo Alexandre de Oliveira
Rocha.
NATAL
2008
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3
Divisão de Serviços Técnicos
Catalogação da Publicação na Fonte. UFRN / Biblioteca Setorial Leopoldo
Nelson.
Silva, Juliana Maria Costa da.
Caracterização parcial e atividades farmacológicas do extrato rico em
polissacarídeos sulfatados da angiosperma marinha Halodule wrightii /
Juliana Maria Costa da Silva. – Natal (RN), 2008.
85 f.
Orientador: Hugo Alexandre de Oliveira Costa.
Dissertação (Mestrado) Universidade Federal do Rio Grande do
Norte. Centro de Biociências. Departamento de Bioquímica.
1. Polissacarídeos sulfatados - Dissertação. 2. Galactanas sulfatadas-
Dissertação. 3. Atividade anticoagulante - Dissertação. 4. Atividade
antioxidante - Dissertação. 5. Halodule wrightii – Dissertação. I. Rocha,
Hugo Alexandre de Oliveira. II. Universidade Federal do Rio Grande do
Norte. III. Título.
RN/UF/BC CDU 547.458(043.3)
4
JULIANA MARIA COSTA DA SILVA
CARACTERIZAÇÃO E ATIVIDADES FARMACOLÓGICAS DE
POLISSACARÍDEOS SULFATADOS EXTRAÍDOS DA ANGIOSPERMA MARINHA
Halodule wrightii.
Dissertação apresentada ao Departamento
de Bioquímica da Universidade Federal do
Rio Grande do Norte como requisito parcial
para obtenção do tulo de Mestre em
Bioquímica.
Orientador: Hugo Alexandre de Oliveira
Rocha.
Aprovado em: 25/11/2008
BANCA EXAMINADORA
Prof. Dr. Hugo Alexandre de Oliveira Rocha
Departamento de Bioquímica – UFRN
Orientador
Prof. Dr. Edvaldo da Silva Trindade
Departamento de Biologia Molecular – UFPR
1º Examinador
Profª. Drª. Fernanda Wanderley de Oliveira
Departamento de Morfologia – UFRN
2º Examinador
5
Dedico este trabalho
Aos meus pais Dilson Pereira e Maria de Fátima como também aos meus irmãos
Ricardo Alexandre e Carlos Henrique por tudo que fizeram e fazem por mim até hoje
e sei que se não pode ser da melhor maneira possível, com certeza foi o máximo
que cada um, ao seu modo, pode fazer.
Em especial quero agradecer a minha mãe que sempre foi um exemplo de vida pra
mim de mulher batalhadora e sonhadora buscando sempre alcançar seus objetivos
e ideais. Mulher que me mostrou a importância não apenas de sonhar, mas de
realizar estes sonhos sempre me dizendo “tenha paciência, tudo tem o seu tempo”.
À minha avó Margarida Freire e ao meu avô Agenor Laurentino que me deram muito
carinho e foram exemplos de coragem e luta que tive a oportunidade de conhecer.
Às demais pessoas de toda a minha família que me acompanharam e me
acompanham nas fases de minha vida, sintam-se carinhosamente lembrados.
6
Dedico este trabalho
Ao meu orientador Hugo Alexandre de Oliveira Rocha por ter me
aceitado e dado a oportunidade de poder trabalhar no Biopol que é muito mais
que um laboratório, posso dizer sim que é uma família. Por muitas vezes ter sido
mais do que um orientador e posso dizer de coração que foi como um amigo
procurando sempre me entender, apoiando e respeitando minhas decisões.
Quero também agradecer aqui pelo conhecimento que adquiri durante este
período que participei desta família, podendo assim dizer que foi um grande
presente que eu recebi nesta caminhada. Por fim, dedico este trabalho ao meu
orientador por ser pra mim um exemplo de profissional, de pessoa, de vida,
sempre incentivando e influenciando a todos não apenas com o seu
profissionalismo, mas sim também com o seu jeito de ser (com um belo sorriso),
de pensar (não apenas em si) e de viver (feliz)!!
“Professor é aquele que limita seus ensinamentos
a quatro paredes, com um giz, um quadro negro
e uma platéia muda de opiniões. Educador é
aquele que cumpre seu papel social, profissional,
e que além de tudo, sabe escutar o aluno sempre
incentivando-o e preparando-o para a vida lá
fora; para o mundo.”
7
Agradecimentos
A Deus sempre fonte de minha inspiração e paz; motivo que me faz levantar
e viver a cada dia, um após o outro, que sempre me faz levantar após cada
queda, que sempre enxuga meu rosto após cada lágrima, me enchendo
de muita esperança, que sempre ilumina meu caminho e o abençoa
com muitas, muitas graças, dentre elas, pessoas que aparecem
em nossa vida e que fazem toda a diferença. Certa vez
ouvi dizer que Deus sempre envia anjos para nos
proteger e que ao chegarem aqui na terra eles
recebem um nome especial chamado
“Amigo”. Meu senhor é muito, muito
mais do que meu pai, sendo
sempre meu grande amigo,
meu conselheiro, meu
colo sempre que
preciso (e não
são poucas
as vezes)
Obrigada!!
“O pouco com Deus é muito e o muito sem Deus é nada”
8
Agradecimentos
Como são muitas as palavras e pouco o espaço para expressá-las quero
aqui neste breve momento agradecer a muitos com palavras sinceras. Portanto
quero agradecer:
Aos professores da minha turma do mestrado em especial a Selma Jerônimo
que de maneira muito simples sempre foi para nós um exemplo nos
incentivando e sempre dizendo “não tem segredo, tudo é suor, apenas isso”;
Aos professores dos demais laboratórios do departamento dispostos a ajudar
de alguma forma para realização deste trabalho tenha sido com o
conhecimento ou com o empréstimo de materiais;
Aos professores da banca de qualificação (Kátia e Luciana), aos professores
do estágio à docência (Eliseu, Luciana e Hugo) que contribuíram de forma
muito estimulante passando parte de suas experiências e conhecimentos para
minha formação docente, o meu muito obrigada;
À professora, Fernanda Wanderley de Oliveira do nosso departamento por
ter aceitado participar da banca de defesa. Quero agradecer também pela
recepção e sugestões que enriqueceram meu trabalho e contribuíram para
minha aprendizagem;
Ao professor Edvaldo da Silva Trindade da UFPR pela presença, recepção
e sugestões que contribuíram para o enriquecimento de meu trabalho e
agradecer por ter tido a oportunidade de aprender com seu sincero, simples e
nobre gesto de humildade.
Quero agradecer à professora Edda Lisboa Leite que apesar dos poucos
momentos e das poucas palavras que trocamos (“tudo passa, tudo passa” e
outras), mas que foram pra mim grandes gestos que contribuíram para que eu
tivesse forças pra chegar até aqui.
Aos professores e técnicos de outros departamentos em especial a
Naissandra (Sandrinha) e Maria de Lurdes (Lurdinha) sempre dispostas a
ajudar, muito obrigada mesmo;
Quero agradecer também aos professores da graduação, professores de
estágios de iniciação científica e aos demais professores que contribuíram
9
para minha formação acadêmica como também para minha formação pessoal
e moral contribuindo para que eu chegasse até aqui;
Quero agradecer ao pessoal da secretaria de graduação em especial a
Rogério e Celma, a Dona Margarita da pós-graduação, aos técnicos do
departamento de Bioquímica (Eliene) como também aos secretários da
limpeza (Jonas) que sempre cumpriram com seu trabalho ajudando no que
fosse preciso.
Aos amigos de minha turma do mestrado em especial a Pablo (Pablito) e a
Adriana (Adri), aos amigos dos demais laboratórios em especial a Norberto
(Norba), aos amigos da minha turma de graduação em especial a Jefferson
(Jefinho) e a Rita (Ritinha), aos amigos do período de estágios de iniciação
científica do DBQ em especial a Lúcia, Hérica Myrna e Ane Shirley.
Obrigada por todos os bons momentos e também pelos momentos difíceis
que passamos juntos.
Aos amigos mais chegados e antigos que sempre me acompanharam até
agora em especial a Fabíola e a keila Darline e aos mais novos amigos em
especial Ingrid e Regiana sempre me escutando e me apoiando em muitos
momentos.
A Carlos Marinho uma pessoa muito especial que tem acompanhado-me
neste momento de minha caminhada e que de maneira muito especial sempre
me acalmou e entendeu minhas atitudes.
Aos amigos da grande família BIOPOL Sara (muito obrigada por tudo
Sarinha), a Sayonara (Sayo), Rafael (Rafa), Dayanne (Day), Jailma
(Jadrilma), Leonardo (Leo), Gabriel (Gabrixto), Railson (Ramilson), Raniere
(Rany), Leandro (Lêlê - chefinho 1), Nednaldo (Ned chefinho vice), Diego
(grande Pópó - chefinho suplente), Chyntia (C.Telles Pleurotus), Mariana
(Mari) o meu muito obrigada a todos e por todos os momentos que passei
neste laboratório que contribuíram para minha formação em todos os
sentidos.
Aos demais amigos que não foram citados aqui se sintam por mim
inteiramente agradecidos.
Por fim o meu muito obrigada a todos que contribuíram direta e indiretamente
para realização deste trabalho.
10
Concedei-nos Senhor, Serenidade necessária
para aceitar as coisas que não podemos
modificar, Coragem para modificar aquelas
que podemos e Sabedoria para distinguirmos
umas das outras.
Reihold Niebuhr
11
RESUMO
Os polissacarídeos sulfatados (PS) são biomoléculas com um grande potencial
biotecnológico por apresentarem uma diversidade estrutural e farmacológica muito
grande. Poucos são os relatos da existência destes polímeros em vegetais
superiores, além disso, ainda não se tem relatos da identificação de atividades
antioxidantes e anticoagulantes com PS extraídos destes vegetais. Com o intuito de
verificar a presença destes polissacarídeos em angiospermas marinhas conhecidas
popularmente como capim do mar, foi coletada a espécie marinha Halodule wrightii.
As porções vegetativas (folha, caule e raiz) não foram separadas sendo preparado
inicialmente um extrato denominado de extrato bruto (EB). Após descontaminação
protéica o material obtido foi chamado de extrato de polissacarídeos totais (EPT). A
presença destes polissacarídeos foi investigada e confirmada por análises químicas,
espectroscopia de infravermelho e eletroforese em gel de agarose sendo
denominados de extrato rico em polissacarídeos sulfatados (EPS). A análise
histológica da localização dos PS resultou na presença destes polissacarídeos
principalmente na epiderme da porção vegetativa raiz. As análises químicas
mostraram que os polissacarídeos contem glicose, galactose, xilose e sulfato na
proporção de 1: 0,9: 1: 1 e massa molecular de aproximadamente 11 kDa. Os
grupos sulfatos estão provavelmente ligados principalmente em C2 de um
monossacarídeo. Testes de atividade antioxidante demonstraram que os PS de H.
wrightii não apresentaram resultado para o teste de capacidade antioxidante total
pelo método CAT. Desta forma foi utilizada a atividade de seqüestro do radical
DPPH indicado na literatura por dosar a capacidade antioxidante total que resultou
em 41,36%. O seqüestro do íon superóxido também foi realizado e resultou em
32,23% assim como o poder redutor que equivaleu a 50% da atividade da Vit. C.
Não houve atividade de seqüestro do radical hidroxila assim como atividade
quelante de metal. O teste de atividade anticoagulante (aPTT) mostrou que EPS
dobra o tempo de coagulação com 20 µg, que é apenas 2,5 vezes a quantidade da
Clexane® (heparina de baixo peso molecular). Para o tempo de protrombina (PT)
H.wrightii não apresentou atividade. Os dados indicam que EPS possuem um
potencial biotecnológico anticoagulante e antioxidante e que futuras análises se
fazem necessárias para confirmarem esse potencial.
Palavras-chaves: capim do mar, polissacarídeos sulfatados, atividade antioxidante,
atividade anticoagulante, Halodule wrigthii.
12
ABSTRACT
Sulfated polysaccharides (PS) are biomolecules with a great biotechnological
potential. There are few data about PS from high plants. In addition, pharmacological
activities of PS from plants have not been carrying out. The aim of this work was
extract PS from the angiosperm Halodule wrightii and study their anticoagulant and
antioxidant activities. Histological analysis showed the presence of the PS manly in
the roots. A polysaccharide-rich extract was obtained from H. wrightii by proteolysis
followed by methanol and TCA precipitation. Chemical, infra-red analysis and
agarose gel electrophoresis in 1.3 diaminopropane acetate buffer confirmed the
presence of sulfated polysaccharides made by glucose, galactose, xylose and sulfate
residues in the proportion 1: 0,9: 1: 1. In addition polyacrilamide electrophoresis have
shown that extract is mainly compose by 11kDa sulfated polysaccharides.
Pharmacological analysis have shown total antioxidant capacity (CAT) that resulted
in 15,21 µg for equivalent of ascorbic acid, scavenging activity of the DPPH radical
with 41,36 % of scavenging, activity of reducing power with the maximum of 0,290
nm (50 % of vitamin C activity) and scavenging activity superoxide radical (O
2
-
) with a
maximum of 32,23 %. Chelating activity of metal less than 4% and scavenging
activity of the radical hydroxyl (OH
-
) less than 2%. Time of activated partial
tromboplastin (aPTT) doubling the time of coagulation from 20µg of and protrombin
time (PT) was not present. The data indicate that PS from Halodule wrightii could be
considered for future applications in medicine, food production or cosmetic industry.
Keywords: seagrass, sulfated polysaccharides, anticoagulant drugs, antioxidant
drugs, Halodule wrightii.
13
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Região de ligação de alguns glicosaminoglicanos à
estrutura protéica 21
Figura 2: Unidades dissacarídicas constituintes dos glicosami-
noglicanos sulfatados 22
Figura 3: Cascata de coagulação sanguínea 28
Figura 4: Modelos de inibição da trombina pela AT e HC-II
potencializados pela ação da heparina 30
Figura 5: Redução tetravalente do oxigênio molecular 34
Figura 6: Reação de Fenton e de Harber - Weiss 35
Figura 7: Enzimas e seus respectivos cofatores no mecanismo
de ação do sistema de defesa antioxidante contra as
ERMOs a favor do estado antioxidativo 38
Figura 8: Capim do mar da espécie Halodule wrightii 40
Figura 9: Comportamento eletroforético dos extratos do capim
do mar H. wrightii 53
Figura 10: Espectro de infravermelho de EPT com uma região
entre 4000-500 cm
-1
54
Figura 11: Cromatografia descendente em papel do hidrolisado
de EPS 55
Figura 12: Comportamento eletroforético de EB e EPS de
H. wrightii 57
Figura 13: Lâminas histológicas das porções vegetativas: raiz,
caule e folha de Halodule wrightii em azul de
toluidina 0,5 %. 58
Figura 14: Seqüestro do radical DPPH 59
Figura 15: Quelação férrica de EPS 60
Figura 16: Sequestro do radical hidroxila 61
Figura 17: Seqüestro do radical superóxido 62
Figura 18: Análise do poder redutor 63
14
LISTA DE TABELAS
Tabela I: Algumas das atividades farmacológicas atribuídas
às fucanas de algas 24
Tabela II: Estrutura repetitiva de dissacarídeos de galactanas
de diferentes espécies de algas vermelhas 26
Tabela III: Análises químicas do extrato bruto e do extrato de
polissacarídeos totais do capim do mar H. wrightii 51
Tabela IV: Relação molar dos açúcares e sulfato presentes no
EPS do capim do mar H. wrightii 56
Tabela V: Atividade anticoagulante de EPS e de heparinas 64
15
LISTA DE ABREVIATURAS
aPTT Tempo de tromboplastina parcial ativada
AT Antitrombina
CS Condroitim sulfato
Cat Catalase
CETAVLON Cetiltrimetilamônio brometo
CP Crú de polissacarídeos
CAT Capacidade antioxidante total
CL Clexane®
DS Dermatam sulfato
DPPH Radical 2,2-dipenil-1-picrilhidrazil
DHBA Ácido Diidroxibenzóico
EB Extrato bruto
EDTA Ácido etilenodiamino tetra-acético
EPT Extrato de polissacarídeos totais
EPS Extrato rico em polissacarídeos sulfatados
ERMOs Espécies reativas do metabolismo do
oxigênio molecular
FT Fator tecidual
Fator II Protrombina
Fator IIa Trombina ativa
FVIIa Fator VIIa
FX Fator X
FVII Fator VII
FXa Fator Xa
FXII Fator XII
Fe
++
Ferro de valência 2
Fe
+++
Ferro de valência 3
GSH Glutationa reduzida
GSH-Px Glutationa peroxidase
GSH-Rd Glutationa redutase
GSSG Glutationa oxidada
GAGs Glicosaminoglicanos sulfatados
HS Heparam sulfato
16
HSC Heparam sulfato C
HSD Heparam sulfato D
Hep Heparina
HC-II Cofator II de heparina
HO
2
-
Radical peroxila
H
2
O
2
Peróxido de hidrogênio
HOCl Ácido hipocloroso
Mo VI Molibdênio de valência 6
Mo V Molibdênio de valência 5
Na
2
CO
3
Carbonato de sódio
O-2 Oxigênio 2
O-3 Oxigênio 3
O-4 Oxigênio 4
O
2
Oxigênio molecular
OH
-
Radical hidroxila
O
2
-
Radical superóxido
ONOO
-
Peroxinitrito
PS Polissacarídeos sulfatados
PT Tempo de protrombina
PDA Tampão 1,3 diaminopropano
QS Queratam sulfato
-SH Grupo sufidrila
-SS Ponte dissulfeto
SOD Superóxido dismutase
TFPI Inibidor da via do fator tecidual
TCA Ácido tricloroacético
TBE Tampão tris-borato-EDTA
XIL Xilose
2v Dois volumes
17
SUMÁRIO
1. - INTRODUÇÃO
1.1 - Polissacarídeos sulfatados 19
1.1.1 - Polissacarídeos sulfatados em animais 20
1.1.2 - Polissacarídeos sulfatados em macroalgas marinhas 23
1.1.3 - Polissacarídeos sulfatados em vegetais superiores 25
1.2 - Coagulação sanguínea 27
1.2.1 - Polissacarídeos sulafatados anticoagulantes 29
1.3 - Atividade antioxidante 32
2. - OBJETIVOS
2.1 - Objetivo geral 39
2.2 - Objetivos específicos 39
3. - MATERIAIS E MÉTODOS
3.1 - Material biológico 40
3.2. - Reagentes 41
3.2.1 - Padrões 41
3.3 - Aparelhos 42
3.4 – “Delipidação etanólica” 42
3.5 - Obtenção do extrato de polissacarídeos (proteólise) 42
3.6 - Tratamento com TCA (ácido tricloroacético) 43
3.7 - Análises químicas 43
3.7.1 - Dosagem de açúcares totais 43
3.7.2 - Dosagem de sulfato 44
3.7.3 - Dosagem de proteínas 44
3.7.4 - Dosagem de fenólicos totais 44
3.8 - Eletroforese em gel de agarose 44
3.9 - Espectroscopia de infravermelho 45
3.10 - Cromatografia em papel (sistema descendente) 45
3.11 - Eletroforese em gel de poliacrilamida 45
3.12 - Caracterização histoquímica 46
3.12.1 - Fixação 46
3.12.2 - Técnicas para emblocamento 46
3.13 - Ensaios de atividade antioxidante 47
3.13.1 - Capacidade antioxidante total (CAT) 47
3.13.2 - Atividade de seqüestro do radical DPPH 47
3.13.3 - Atividade de poder redutor 48
3.13.4 - Atividade de sequestro do radical hidroxila 48
3.13.5 - Atividade quelante de metal 49
3.13.6 - Atividade de seqüestro do radical superóxido 49
3. 14 - Ensaios de atividade anticoagulante 50
3.14.1 - Preparo do plasma humano 50
3.14.2 - Testes de aPTT e PT 50
3.15 - Análises estatísticas 50
18
4. - RESULTADOS
4.1- Obtenção do extrato de polissacarídeos sulfatados de
Halodule wrightii 51
4.2 - Eletroforese em gel de agarose 52
4.3 - Espectroscopia de infravermelho 53
4.4 - Cromatografia descendente em papel do EPS 54
4.5 - Análises químicas do EPS de Halodule wrightii 56
4.6 - Eletroforese em gel de poliacrilamida do EPS 56
4.7 - Análises histológicas 57
4.8 - Atividades antioxidantes do EPS 58
4.8.1 - CAT - capacidade antioxidante total 58
4.8.2 - Atividade de seqüestro do radical DPPH 59
4.8.3 - Atividade quelante de metal 60
4.8.4 - Atividade de sequestro do radical hidroxila 61
4.8.5 - Seqüestro do radical superóxido 61
4.8.6 - Poder redutor 62
4.8.7 - Atividades anticoagulantes 63
5. - DISCUSSÃO 65
6. - CONCLUSÕES 71
7. - REFERÊNCIAS 72
19
1 - INTRODUÇÃO
1.1 - POLISSACARÍDEOS SULFATADOS
Os carboidratos ou sacarídeos (do grego sakcharon, açúcar) são as
moléculas biológicas mais abundantes do planeta. Quando os carboidratos estão na
forma de polímeros eles são conhecidos como polissacarídeos e constituem um dos
quatro grupos de macromoléculas que compõem os seres vivos. Até 1960
acreditava-se que eles desempenhavam apenas funções passivas como fontes de
energia (p. ex., glicose, amido, glicogênio) e como materiais estruturais (p. ex.,
celulose) (LEHNIGER et al., 2006), contudo, os carboidratos podem ser encontrados
na natureza desempenhando as mais variadas funções quando associados a
moléculas orgânicas como: proteínas (peptídeoglicanos, proteoglicanos e
glicoproteínas) e lipídeos (lipopolissacarídeos e glicolipídeos) (BUSH; PASTOR;
IMBERTY, 1999; ROSEMAN, 2001; IOZZO, 1998; GAHMBERG, TOLVANEN, 1996).
Aproximadamente nos últimos 50 anos, um grupo específico de
polissacarídeos vem chamando atenção dos pesquisadores por estarem envolvidos
em diversos processos celulares (HAN et al., 2005) e por apresentarem diversas
atividades farmacológicas: o grupo dos polissacarídeos sulfatados (TOIDA, et al.,
2006; TOIDA; CHAIDEDGUMJORN; LINHARDT, 2003; LEE et al., 2004;
ATHUKORALA, et al., 2007; DIETRICH, et al., 1985; NADER, 1979).
Os polissacarídeos sulfatados (PS) como os demais polissacarídeos
apresentam polidispersão estrutural devido à diversidade de ligações que seus
monossacarídeos podem formar entre si, além da possível presença de ramificações
e ligações de substituintes em diferentes posições destes polissacarídeos. Todavia,
a ligação dos grupamentos sulfato proporciona uma polidispersão mais acentuada
quando comparada a dos polissacarídeos neutros ou carboxilados, pois além dos
grupos sulfato poderem variar em quantidade, eles possuem um leque maior de
posições em que se ligam aos monossacarídeos (DIETRICH, 1984; BOISSON-
VIDAL, et al., 1995; SUGAHARA, KITAGAWA, 2000; HARON-BOUHEDJA, et al.,
2000; ALVES, 2000). Os PS não são encontrados em todos os seres vivos, eles
ocorrem em todos os representantes do reino animal (MEDEIROS, 2000; BRITO et
20
al., 2008; MOURA, 2004; SANTOS, 2006), já no reino protista, eles são encontrados
nas macroalgas (ROCHA, 1998; 2002; ROCHA, et al., 2001; 2005a; 2005b; XAVIER,
2005; MARQUES, 2007; FARIAS et al., 2008; CARDOSO, 2007; AZEVEDO, 2008;
MEDEIROS, 2008) e um registro de sua presença em bactéria, a cianobactéria
Synechocystis aquatilis (VOLK et al., 2006). No reino plantae até o momento
registro de apenas 06 espécies que sintetizam polissacarídeos sulfatados: 03
espécies de vegetais marinhos (AQUINO et al., 2005); 03 espécies de vegetais
dulcícolas (SANTOS, 2007). Não registro de polissacarídeos sulfatados em
vegetais terrestres, fungos ou vírus.
1.1.1 - POLISSACARÍDEOS SULFATADOS EM ANIMAIS
O primeiro grupo de polissacarídeos sulfatados estudados foram os PS
encontrados nos animais. Nesses seres vivos os principais PS encontrados são os
glicosaminoglicanos sulfatados (GAGS). Esses polímeros são polissacarídeos
lineares com repetições de unidades dissacarídicas constituídas de um resíduo de
açúcar não nitrogenado (ácido idurônico, ácido glucurônico ou galactose) e de um
resíduo de hexosamina (glucosamina ou galactosamina). Os GAGS se encontram
ligados covalentemente a proteínas, formando um grupo de glicoconjugados
complexos denominados de proteoglicanos (DIETRICH, 1984). A Figura 1 mostra
uma representação esquemática do tipo de ligação mais comum entre GAGS e
proteínas, nesse caso os GAGS encontram-se covalentemente ligados às proteínas
através de uma região tetrassacarídica formada por ácido glicurônico-galactosil-
galactosil-xilose (GlcUA-Gal-Gal-Xil) (SUGARAHA, KITAGAWA, 2000).
A classificação dos GAGS baseia-se principalmente na estrutura química
dos polissacarídeos sendo considerados os seguintes fatores: tipo de hexosamina
encontrada; açúcar não nitrogenado; tipo de ligação glicosídica; quantidade e
posição dos grupamentos sulfato (NADER, 1991; PAVÃO et al., 1995; NADANAKA
et al., 1998; NADER et al., 1999).
Dessa maneira, podem-se distinguir os diversos tipos de
glicosaminoglicanos sulfatados (GAGS) em: condroitim sulfato (CS); heparam sulfato
(HS), heparina (Hep), dermatam sulfato (DS) e queratam sulfato (QS) (DIETRICH,
NADER, STRAUS, 1983; DIETRICH, et al., 1998; 1999) como mostrado na Figura 2
(VOLPI; MACARI, 2006).
21
- 4GlcA (β1-3)Gal(β1-3)Gal(β1-4)Xylβ1- O-
Ser
Região tetrassacarídica
-GlcNAc-GlcA-[4GlcNAc (α1-4)GlcAβ1]n-
GlcNAcα1-
Heparina / Heparam sulfato
Condroitim sulfato/ Dermatam sulfato
-GalNAc-GlcA-[3GalNAc (β1-4)GlcAβ1]n-
GlcNAcβ1-
Núcleo protéico
- 4GlcA (β1-3)Gal(β1-3)Gal(β1-4)Xylβ1- O-
Ser
Região tetrassacarídica
-GlcNAc-GlcA-[4GlcNAc (α1-4)GlcAβ1]n-
GlcNAcα1-
Heparina / Heparam sulfato
Condroitim sulfato/ Dermatam sulfato
-GalNAc-GlcA-[3GalNAc (β1-4)GlcAβ1]n-
GlcNAcβ1-
Núcleo protéico
SerSer
Região tetrassacarídicaRegião tetrassacarídica
-GlcNAc-GlcA-[4GlcNAc (α1-4)GlcAβ1]n-
GlcNAcα1-GlcNAcα1-
Heparina / Heparam sulfato
Condroitim sulfato/ Dermatam sulfatoCondroitim sulfato/ Dermatam sulfato
-GalNAc-GlcA-[3GalNAc (β1-4)GlcAβ1]n-
GlcNAcβ1-GlcNAcβ1-
Núcleo protéicoNúcleo protéico
Figura 1 - Região de ligação de alguns glicosaminoglicanos à estrutura protéica.
Heparina (Hep), heparam sulfato (HS), condroitim sulfato (CS) e dermatam
sulfato (DS) ligam-se ao resíduo de L-serina do núcleo protéico por uma região
de ligação comum composta pelo tetrassacarídeo (GlcUA-Gal-Gal-Xil) formando
proteoglicanos de CS, DS, HS ou Hep. Modificada de Sugaraha & Kitagawa
(2000).
Nessa figura também se encontra o ácido hialurônico único
glicosaminoglicano não sulfatado e que não se encontra fazendo parte de
proteoglicanos (JACKSON; BUSCH; CARDIN, 1991; OHASHI, et al., 2008),
entretanto ele pode ser encontrado associado de forma não covalente a agrecans
que são proteoglicanos de matriz extracelular encontrados no tecido cartilaginoso,
cerebral e nos vasos sanguíneos. Quando associadas, essas biomoléculas formam
os agregados de agrecans, conferindo suporte mecânico e transporte de solutos nos
tecidos em que são encontrados (ESKO, 1991). Além disso, existem outros tipos de
proteoglicanos como os da família “leucine-rich”: biglicam, decorim, fibromodulina
são encontrados no tecido conjuntivo e estão envolvidos no processo de adesão
celular (ESKO, 1991; IOZZO, 1998). Tem-se também o apicam e fosfocam
encontrados no cérebro e envolvidos na modulação de interação celular (SHIOI et
al., 1992; GRUMET; FRIENDLAND; SAKURAI, 1996).
22
Figura
2
-
U
nidades diss
acarídicas
constituintes dos glicosaminoglicanos
sulfatados. Ácido hialurônico (ácido glucurônico, N-acetilglucosamina);
condroitim sulfato (ácido glucurônico, N-acetilgalactosamina);
dermatam sulfato (ácido idurônico, N-acetilgalactosamina); heparam
sulfato (ácido glucurônico, N-acetilglucosamina); heparina (ácido
idurônico, glucosamina); queratam sulfato (galactose, N-
acetilglucosamina). Modificada de Volpi & Macari (2006).
Ácido Hialurônico
Condroitim Sulfato
Heparam Sulfato
Dermatam Sulfato
Heparina
Queratam Sulfato
R = H ou SO
3
-
23
1.1.2 - POLISSACARÍDEOS SULFATADOS EM MACROALGAS MARINHAS
As algas marinhas são divididas filogenticamente em três classes:
Phaeophyceas ou marrons; Rodhophyceas ou vermelhas; Chlorophyceas ou verdes.
Cada classe apresenta sua peculiaridade devido à presença marcante de um grupo
específico de PS característico das espécies daquela classe não sendo encontrados
em outros seres vivos. Nas algas, estes polissacarídeos sulfatados são encontrados
na matriz extracelular e parecem desempenhar função na regulação mecânica,
osmótica e iônica desses seres adaptando-os ao meio ambiente (KLOAREG;
QUATRANO, 1988; ROCHA, et al., 2006). Estes PS contribuem para a natureza
viscosa destes organismos tornando-os flexíveis e maleáveis o bastante para que
possam crescer em um ambiente líquido e ao mesmo tempo contribuem também
com uma certa rigidez necessária para que as algas permaneçam estendidas
aumentando assim sua capacidade de captar a luz e de absorver os nutrientes
existentes ao seu redor (PERCIVAL; MACDOWELL, 1967).
Nas algas marrons encontram-se polissacarídeos sulfatados que têm como
principal característica a presença do monossacarídeo α-L-fucose sulfatada
(ALBUQUERQUE et al., 2004). O termo geral para denominar esses polímeros é
fucana. Contudo, quando uma fucana apresenta menos de 90% do resíduo de α-L-
fucose sulfatada elas são comumente chamadas de fucoidans ou heterofucanas
(ROCHA, et al., 2006). É atribuída às fucanas uma gama de atividades
farmacológicas, como mostra a Tabela I. Contudo, são as suas atividades
anticoagulante / antitrombótica que são as mais bem caracterizadas (LEITE, et al.,
1998; ROCHA, 2002; ROCHA, et al., 2005a; YOON, et al., 2007).
Quanto às Rodhophyceas ou algas vermelhas, elas apresentam as galactanas
como grupo característico de polissacarídeos sulfatados encontrados em sua
composição, esses polímeros também o conhecidos como carragenanas ou
agaranas. As galactanas sulfatadas de algas vermelhas apresentam como unidade
fundamental um dissacarídeo de β-galactopiranose 3-ligada e α-galactopiranose 4-
ligada (LAHAYE, 2001; VAN DE VELDE; PEREIRA; ROLLEMA, 2004). Entretanto,
uma variação estrutural entre os polissacarídeos obtidos de galactanas
sulfatadas de diferentes espécies de algas vermelhas coletadas em ambientes
diferentes ou em períodos diferentes do ano (SORIANO et al., 2005). Uma parte
24
substancial ou até mesmo todos os reduos de α-galactose podem existir como
derivados 3,6-anidro.
TABELA I
Algumas das atividades farmacológicas atribuídas às fucanas de algas
Atividade Alga
Anti-angiogênico Fucus vesiculosus
Anticomplemento
Laminaria cichorioides,
Laminaria japonica, Fucus evanescens,
Ascophyllum nodosum
Anti-migratória F. vesiculosus, A. nodosum
Antiadesiva
A.nodosum, Laminaria brasiliensis,
Spatoglossum schröederi,
Sargassum stenophyllum
Anticoagulante
A. nodosum, Ecklonia kurome,
Eisenia bicyclis
Antioxidante F. vesiculosus
Antiproliferativa A. nodosum, Turbinaria ornata
Antitrombótico A. nodosum
Anti-neoplásica A. nodosum, Sargassum thumbergii, Eisenia bicyclis
Anti-úlcera Cladosiphon okamuranus
Antiviral Sargassum horneri, F. vesiculosus
Antimetastático F.vesiculosus
Bloqueio de ligação célula-célula
via selectina
F. vesiculosus
Bloqueio de ligação de Helicobacter pylori
a células da parede gástrica
Cladosiphon okamuranus,
F.vesiculosus
Anticoncenptiva F. vesiculosus
Estimulo da liberação de TNF-α de
monócitos
F. vesiculosus
Estímulo de síntese de heparam
antitrombótico por células endoteliais
S. schröederi
Fibrinolítica E. kurome F. vesiculosus
Impedir a rolagem de leucócitos F. vesiculosus
Modificação da síntese de FN e
trombospodina
F. vesiculosus
Fonte : adaptado de ROCHA et al. (2006).
25
Além disso, os vários grupos hidroxila podem ser substituídos pelo éster de sulfato,
metil ou ácido pirúvico (USOV, 1998). Dessa forma estes polímeros se diferenciam
pela presença ou ausência destes resíduos (3,6-anidro-α-L-galactose) como também
pela presença, quantidade e posição de grupamentos sulfato, metil e/ou ácido
pirúvico evidenciando-se estruturas altamente heterogêneas. A Tabela II mostra 15
das estruturas (unidades dissacarídicas repetitivas) identificadas. Estas estruturas
contribuem com a natureza complexa das galactanas sulfatadas destas algas.
Sabendo-se que aos polissacarídeos sulfatados é atribuída uma gama de atividades
farmacológicas, às carragenanas atribui-se principalmente atividade antiinflamatória
(SILVA, 2005).
as algas verdes ou Chlorophyceas não apresentam um grupo específico
de polissacarídeos que lhe são característicos. Os polissacarídeos sulfatados
dessas algas apresentam-se heterogêneos, ricos em galactose, manose, xilose,
glicose, arabinose e/ou ácidos urônicos, porém, homopolissacarídeos como xilanas
e galactanas também podem ser encontrados (MATSUBARA, et al., 2001; FARIAS,
et al., 2008)
A importância farmacológica destes polissacarídeos sulfatados de algas verdes
foi evidenciada por se ter verificado as atividades antiviral, antitrombótica e
anticoagulante destes compostos (MATSUBARA, et al., 2000; FARIAS, 2006).
Segundo Lee et al., 2004, extratos ricos em polissacarídeos encontrados nas algas
verdes Caulerpa brachypus, C. Okamurai, C. Scapelliformis, Codium adhaerens, C.
Fragille e C. Latum se mostraram como potenciais compostos antiherpéticos, os
quais, não só agem no começo da infecção, como também em estágios mais tardios
do ciclo viral (MATSUBARA, 2004).
1.1.3 - POLISSACARÍDEOS SULFATADOS EM VEGETAIS SUPERIORES
No reino plantae, havia apenas um relato da existência de polissacarídeos
sulfatados em plantas publicado por Aquino e colaboradores em 2005. Neste
trabalho demonstrou-se a presença de tais moléculas em três espécies de
angiospermas marinhas: Ruppia maritima, Halodule wrightii e Halophila decipiens. O
polissacarídeo de R. maritima foi mais bem caracterizado. Esse se mostrou como
uma D-galactana sulfatada composta por uma estrutura regular tetrassacarídica: [3-
In
trodução
26
β-D-Gal-2(OSO
3
)-14-α-D-Gal-14-α-D-Gal-13-β-D-Gal-4(OSO
3
)-1]. Esses
polímeros estão localizados na parede celular, principalmente do rizoma e raízes, o
que indica que suas funções estão relacionadas com a absorção de nutrientes. Além
disso, acredita-se que esses PS também estariam relacionados à função estrutural
(mecânica) de proteger o vegetal contra o impacto de ondas que esses vegetais
são bastante encontrados em áreas costeiras (AQUINO, et al., 2005).
TABELA II
Estrutura repetitiva de dissacarídeos de galactanas de diferentes
espécies de algas vermelhas
Família Símbolo grego 1,3-ligado 1,4-ligado
kappa
Kappa (κ ) β-D-galactose 4-sulfato 3,6-anidro-α-D-galactose
Iota (ι) β-D-galactose 4-sulfato 3,6-anidro -α-D-galactose 2-sulfato
Mu (µ) β-D-galactose 4-sulfato α -D-galactose 6-sulfato
Nu (ν) β-D-galactose 4-sulfato α -D-galactose 2,6-di-sulfato
Omicron (ο) β-D-galactose 4-sulfato α -D-galactose 2-sulfato
Beta
Beta (β) β-D-galactose 3,6-anidro -α-D-galactose
Gama (γ) β-D-galactose α -D-galactose 6-sulfato
Omega (ω) β-D-galactose 6-sulfato 3,6-anidro -α-D-galactose
Psi (ψ) β-D-galactose 6-sulfato α -D-galactose 6-sulfato
Lambda
Delta (δ) β-D-galactose α -D-galactose 2,6-di-sulfato
Alfa (α) β-D-galactose 3,6-anidro-α-D-galactose 2-sulfato
Lambda (λ) β-D-galactose 2-sulfato α -D-galactose 2,6-di-sulfato
Theta (θ) β-D-galactose 2-sulfato 3,6-anidro-α-D-galactose 2-sulfato
Xi (ξ) β-D-galactose 2-sulfato α -D-galactose 2-sulfato
Pi (π) β-D-galactose P,2-sulfato α -D-galactose 2-sulfato
Fonte: adaptado de Lahaye (2001), P: piruvato.
Mais recentemente estudos de nosso laboratório indicaram a presença de
polissacarídeos sulfatados em porções vegetativas (raiz, caule, rizoma e folha) das
macrófitas aquáticas: Eichhorinia crasips, Eleocharis.interstincta e Salvinia ariculata
(SANTOS, 2007). E. interstincta apresentou maior quantidade de PS na raiz,
enquanto que S. auriculata, teve as folhas como aquela parte mais enriquecida em
PS e E. crassipes apresentou o pecíolo como o mais representativo em PS. Além
disso, em todos os vegetais estudados a galactose se mostrou como o principal
constituinte, sugerindo-se a presença de galactanas sulfatadas nestes vegetais.
27
Maiores estudos são necessários para uma melhor caracterização destes
polissacarídeos sulfatados em vegetais superiores.
1.2 - COAGULAÇÃO SANGUÍNEA
Nas últimas décadas, a atividade anticoagulante dos PS vem chamando a
atenção dos pesquisadores na busca do conhecimento mais amplo do sistema de
coagulação sanguínea e como estes PS atuariam neste sistema.
O mecanismo de coagulação propriamente dito implica numa série complexa
de reações interelacionadas. Macfarlane; Davie & Ratnoff (1964) propuseram a
hipótese da cascata para explicar a fisiologia da coagulação do sangue. Esta
hipótese foi denominada de modelo clássico do mecanismo de coagulação. Este
modelo divide o mecanismo em três vias: a extrínseca, onde a necessidade de
um elemento externo ao sangue (Fator Tecidual) e elementos presentes no sangue
circulante, a via intrínseca que envolve somente componentes que estão presentes
no meio intravascular e a via comum, a qual se encontra na intersecção das duas
vias culminando no fator II (protrombina) que se transforma no fator IIa (trombina
ativada) como vista na Figura 3.
A via extrínseca é desencadeada pela formação do complexo Fator Tecidual
(FT): Fator VIIa (FVIIa) que ativa o Fator X (FX). O Fator Tecidual (FT) é uma
molécula transmembrana de células localizadas fora dos vasos sanguíneos e é uma
das principais moléculas responsáveis pela fase inicial da via extrínseca da cascata
de coagulação. O Fator Tecidual é exposto na luz do vaso logo após uma injúria
vascular e possui uma alta afinidade com o Fator VII (FVII) que favorece a formação
do complexo para ativação do FX.
A via intrínseca envolve somente componentes que estão presentes no meio
intravascular. Ela é iniciada pela ativação do Fator XII (FXII) quando este entra em
contato com o sangue e/ou qualquer superfície contendo cargas negativas, o que
desencadeia uma série de ativação protéica ativando diretamente o FX, que ativa a
via comum (II-IIa) ativando a trombina transformando o fibrinogênio em fibrina
(HOFFMAN, et al., 1995; SAULS; WOLBERG; HOFFMAN, 2003; CHEM, et al.,
2008). Não distinção clara entre os sistemas intrínseco e extrínseco, que atuam
de modo altamente interativo in vivo. Apesar do conceito das vias intrínseca e
28
Coágulo
VII
EXTRÍNSECA
VIA
III
(
Factor Tecidual
)
VIIa
X
Fosfolipídeo
/ Ca
++
INTRÍNSECA
VIA
XII
XIIa
XI
XIa
IX
IXa
VIIIa
CAPM/PK
HMWK
Fosfolipídeo
/ Ca
++
XIIIa
Fibrinogênio
Fibrina
Xa
X
Protrombina
Trombina
Va
II
IIa
Fosfolipídeo
/ Ca
++
/ Ca
++
Fosfolipídeo
CAPM/PK
COMUM
VIA
Cofator II de Heparina
TFPI
Antitrombina
Coágulo
VII
EXTRÍNSECA
VIA
III
(
Factor Tecidual
)
VIIa
X
Fosfolipídeo
/ Ca
++
INTRÍNSECA
VIA
XII
XIIa
XI
XIa
IX
IXa
VIIIa
CAPM/PK
HMWK
Fosfolipídeo
/ Ca
++
XIIIa
Fibrinogênio
Fibrina
Xa
X
Protrombina
Trombina
Va
II
IIa
Fosfolipídeo
/ Ca
++
/ Ca
++
Fosfolipídeo
CAPM/PK
COMUM
VIA
Cofator II de Heparina
TFPI
Antitrombina
Coágulo
VII
EXTRÍNSECA
VIA
EXTRÍNSECA
VIA
III
(
Factor Tecidual
)
VIIa
X
Fosfolipídeo
/ Ca
++
Fosfolipídeo
/ Ca
++
INTRÍNSECA
VIA
INTRÍNSECA
VIA
XII
XIIa
XI
XIa
IX
IXa
VIIIa
CAPM/PK
HMWK
Fosfolipídeo
/ Ca
++
Fosfolipídeo
/ Ca
++
XIIIa
Fibrinogênio
Fibrina
Xa
X
Protrombina
Trombina
Va
II
IIa
Fosfolipídeo
/ Ca
++
/ Ca
++
Fosfolipídeo
/ Ca
++
/ Ca
++
Fosfolipídeo
CAPM/PK
COMUM
VIA
COMUM
VIA
Cofator II de Heparina
TFPI
Antitrombina
extrínseca terem servido durante anos para explicar a cascata de coagulação as vias
não existem em separado estando totalmente interconectadas (BOUÇAS, et al.,
2006).
Figura 3 - Cascata de coagulação sanguínea. Vias: extrínseca, intrínseca e comum.
Anticoagulantes naturais: antitrombina (AT), cofator II de heparina (HC-II) e inibidor da
via do fator tecidual (TFPI). CAPM: cininogênio de alto peso molecular. PK: pré-
calicreína.
Em condições fisiológicas, existe a produção equilibrada de quantidades
apropriadas de trombina e do coágulo de fibrina, em resposta adequada e
proporcional à injúria vascular existente. No estado fisiológico não formação e
deposição de fibrina no meio intravascular, em decorrência de propriedades
anticoagulantes do endotélio, de formas inativas das proteínas plasmáticas, e da
presença de inibidores fisiológicos da coagulação. Por outro lado, a perda do
equilíbrio dinâmico das reações da coagulação tem como conseqüência clínica, o
aparecimento de distúrbios hemorrágicos ou trombóticos (FRANCO, 2001).
29
1.2.1 - POLISSACARÍDEOS SULFATADOS ANTICOAGULANTES
Tece-se aqui comentários sobre a heparina, principal PS anticoagulante e
sobre PS de algas marinhas, estes últimos por estarem mais próximos
filogeneticamente aos PS de vegetais, objetos de estudo desse trabalho.
A heparina é um agente anticoagulante terapêutico importante para a
profilaxia e o tratamento de trombose (KAKKAR, 1989), sendo o primeiro composto
utilizado como agente anticoagulante e antitrombótico. Este polissacarídeo sulfatado
age acelerando os efeitos de anticoagulantes naturais encontrados no sangue: co-
factor II de heparina (HC-II) e antitrombina (AT) como representado na Figura 4. A
interação da heparina com esses compostos acelera seus efeitos inibitórios frente a
vários fatores da coagulação como visto na Figura 3 (BÉGUIN; LINDHOUT;
HEMKER, 1988). Nem todas as heparinas são capazes de interagir com a AT, mas
aquelas que o fazem são as mais potentes. De forma geral a heparina é capaz de
interagir com AT e com a trombina ao mesmo tempo, criando um complexo ternário
e aproximando essas duas moléculas espacialmente, fazendo com que a AT iniba a
trombina. A capacidade de uma heparina interagir com a antitrombina e potencializar
seu efeito é dada por uma seqüência pentassacarídica encontrada na estrutura da
heparina e por sua massa molecular. São necessários mais de 18 unidades
monossacarídicas para formação do complexo ternário heparina-antitrombina-
trombina potencializando a ação do anticoagulante natural AT sobre a cascata de
coagulação sanguínea (NADER, et al., 2004).
Entretanto, a heparina apresenta alguns pontos negativos com relação ao seu
uso. Ela possui efeitos adversos como hemorragia e trombocitopenia além de
osteoporose e trombose com seu uso prolongado. Este polissacarídeo é purificado
de bovinos e suínos o que dificulta o seu uso por questões religiosas: produtos de
origem suína não são aceitos por judeus e mulçumanos; produtos de origem bovina
não são aceitos por hindus. Apesar de ainda não se ter comprovado, sempre a
possibilidade de contaminação de pacientes por pons, que causariam o mau da
vaca louca (DOCTOR, et al., 1991; HIRSH, et al., 1994; BEIJERING, et al.,1996).
Desta forma torna-se necessário o estudo e descoberta de outras fontes de
PS que viriam a substituir a heparina. Nas últimas décadas PS extraídos de
macroalgas marinhas têm sido bastante estudados sendo suas atividades
30
Trombina
Eixo I
Eixo II
Heparina
AT
Eixo I
Eixo II
HCII
Heparina
Eixo I
Eixo II
Eixo I
Eixo II
Trombina
Trombina
Eixo I
Eixo II
Heparina
AT
Eixo I
Eixo II
Trombina
Eixo I
Eixo II
Heparina
AT
Eixo I
Eixo II
Trombina
Eixo I
Eixo II
Eixo I
Eixo II
Heparina
AT
Eixo I
Eixo II
Eixo I
Eixo II
HCII
Heparina
Eixo I
Eixo II
Eixo I
Eixo II
Trombina
HCII
Heparina
Eixo I
Eixo II
Eixo I
Eixo II
Trombina
HCII
Heparina
Eixo I
Eixo II
Eixo I
Eixo II
Trombina
anticoagulante e antitrombótica as que chamam mais atenção (ROCHA, 2002;
ROCHA, et al., 2005a; 2005b; 2006; MEDEIROS et al., 2008; ALBUQUERQUE et
al., 2004; FARIAS et al., 2008; SILVA et al., 2005; AZEVEDO et al., 2008; SOUZA et
al., 2007; LEITE et al., 1998).
Figura 4 - Modelos de inibição da trombina pela AT e HC-II potencializados pela ação da
heparina.
Dados na literatura indicam que vários estudos têm sido realizados para se
determinar os requerimentos estruturais para a atividade anticoagulante de
galatanas sulfatadas de algas vermelhas (MOURÃO, 2007). Comparações com
galactanas de invertebrados e da alga marinha Botryocladia occidentalis (λ-
carragenana) demonstraram que galactanas compostas por um terço de resíduos de
galactose 2,3-dissulfatada possuem atividade semelhante a heparina, enquanto que
aquelas que possuem galactoses sulfatadas na posição 2 ou 3 possuem fraca
atividade (MELO, et al., 2004). Num estudo subseqüente foi observado que
galactanas da alga Gelidium crinale (15% de suas galactanas são 2,3-dissulfatadas
e 55% são 2-sulfatadas) apresentaram baixa atividade em relação a galactana de B.
occidentalis. Contudo, não houve diferença quando se comparou a capacidade
dessas duas galactanas em promover a inibição da trombina na presença da AT,
mas quando o HC-II foi usado a galactana de G. crinale teve uma atividade muito
fraca (PEREIRA, et al., 2005). A comparação entre esses dois polímeros revelou que
galactose 2,3-dissulfatada é um requerimento importante para haver a interação
31
de galactanas sulfatas com inibidores da coagulação. Além disso, parece haver uma
proporção ótima dessa unidade monossacarídica para que a galactana possa
interagir com o inibidor de coagulação e a protease da cascata de coagulação
(PEREIRA, et al., 2005).
A forte atividade anticoagulante da fucana da alga Fucus vesiculosus já foi
demonstrada na cada de 50 (SPRINGER, et al., 1957). Posteriormente
demonstrou-se que ela exerce sua atividade por potencializar principalmente o HC-II
(DURIG, et al., 1997). Este polímero se liga à região N-terminal do HC-II e forma um
complexo ternário com o HC-II e o FXa (COLWELL; GRUPE; TOLLEFSEN, 1999).
Por outro lado, fucana de Fucus evanescens se liga a AT e apresenta atividade
anticoagulante semelhante a heparina (KUZNETSOVA et al., 2003), enquanto que
fucanas de Eklonia kurome (NISHINO, et al., 1999), Pelvetia caniculata (COLLIEC,
et al., 1991) e Ascophyllum nodosum (MILLET, et al., 1999) possuem atividade
anticoagulante por potencializar tanto HC-II como AT. Fucoidans da alga Lobophora
variegata apresentaram atividade anticoagulante semelhante a da heparina agindo
na via intrínseca da coagulação (MEDEIROS, et al., 2008).
A relação estrutura-atividade anticoagulante de fucanas ainda não foi bem
definida. A massa molecular tem uma importância nesse efeito. Fucanas com
massas abaixo de 50 kDa apresentam melhor atividade anticoagulante (NISHINO, et
al., 1991; DURIG, et al., 1997). Contudo, está mais evidente que requerimentos
estruturais, como posição dos grupos sulfato, são mais importantes para a atividade
anticoagulante de fucanas.
Análises estruturais de oligo-fucanas de Ascophyllum nodosum mostraram
que sulfatos na posição O-2 de todos os resíduos e em O-3 de alguns resíduos de
fucose são obrigatórios para a atividade anticoagulante, enquanto que sulfato em O-
4 não é necessário para essa atividade. Além disso, resíduos de fucose 3- e/ou 4-
ligados tem que estar presentes (CHEVOLOT, et al., 1999). Sulfatação na posição 3
também se mostrou importante para atividade anticoagulante da fucana da alga
Padina gymnospora (SILVA, et al., 2005).
Fucanas de Ascophyllum nodosum e Fucus vesiculosus apresentam outros
sítios de ação anticoagulante, além de HC-II e AT, elas inibem a agregação
plaquetária melhor do que a heparina (TRENTO, et al., 2001), como também são
32
capazes de estimular a liberação do TFPI (inibidor da via do fator tecidual) (GIRAUX,
et al., 1998).
Fucanas da alga Spatoglossum schroederi apresentam atividade
antitrombótica in vivo sem apresentar atividade anticoagulante in vitro. Atribui-se a
capacidade dessas fucanas em estimular a síntese de um proteoglicano de heparam
sulfato antitrombótico por lulas endoteliais como o principal mecanismo de ação
dessas fucanas (ROCHA, 2002; ROCHA, et al., 2005a; BARROSO, et al., 2008).
Estudos com polissacarídeos de algas verdes têm demonstrado que seu
mecanismo de ação está centrado na potencialização do HC-II. Além disso,
polissacarídeos ricos em arabinose são mais potentes que aqueles ricos em
galactose (HAYAKAWA, et al., 2000).
Contudo, tem sido atribuída como mecanismo de ação anticoagulante de
algumas heteroglucanas (MATSUBARA, et al., 2000) e heterogalctanas sulfatadas a
capacidade dessas inibirem diretamente a trombina (MATSUBARA, et al., 2001).
Polissacarídeos de Monostromaceae, uma família de algas verdes, mostram-
se com potente atividade anticoagulante e antitrombótica. Hayakawa et al. (2000)
encontraram dois polissacarídeos sulfatados diferentes em M. nitidum e em M.
latissimum que tiveram efeitos mais potentes na inibição da trombina do que a
heparina ou o dermatam sulfato. Polissacarídeos sulfatados extraídos de
Monostroma nitidum possuem atividade antitrombótica 6 vezes maior do que a
heparina, sendo homopolissacarídeos constituídos principalmente de ramnose 1,3
ligada, alguns resíduos de ramnose 1,2 ligadas e os grupamentos sulfato
encontram-se na posição O-2 (MAEDA, 1991; HARADA; MAEDA, 1998).
De maneira similar estudos estruturais do polissacarídeo de M. latissimum
indicaram que ele é constituído principalmente de ramnose 3- e 2-ligadas numa
relação de 3:2 e o sulfato estava principalmente no O-3 ou na posição O-4 de
resíduos de ramnose 2-ligados (LEE, et al., 1998).
1.3 - ATIVIDADE ANTIOXIDANTE
Apesar de a atividade anticoagulante dos PS ser uma das atividades mais
bem caracterizadas, nada impede o estudo e conhecimento mais amplo quanto a
outras atividades; dentre elas, a atividade antioxidante que vem chamando bastante
atenção dos pesquisadores e será mais bem detalhada.
33
Todos os organismos vivos aeróbicos são dotados de um sistema oxidante-
antioxidante que precisa estar em constante equilíbrio a favor do estado
antioxidativo mantendo a integridade das biomoléculas destes organismos (AZZI;
DAVIES; KELLY, 2004; HALLIWELL; GUTEMBERG, 2006).
As espécies reativas que podem conduzir a este desequilíbrio são
denominadas de “radicais livres”. Radical livre é qualquer espécie capaz de existir
independentemente e que contém um ou mais elétrons não pareados (HALLIWELL;
GUTTERIDGE, 2006). Quando estes radicais são originados a partir do metabolismo
aeróbico do O
2
eles são denominados de “espécies reativas do metabolismo do
oxigênio molecular” (ERMOs). Estas espécies reativas estão em todos os sistemas
biológicos aeróbicos (HALLIWELL, 2006a). Estes agentes podem ser gerados
endogenamente como conseqüência direta do metabolismo do O
2
nas mitocôndrias
como também em situações não-fisiológicas por fatores e agentes exógenos, como a
exposição da célula a xenobióticos que provocam a redução incompleta do O
2
(ROSS; MOLDEUS, 1991). O oxigênio molecular (O
2
)
sofre redução tetravalente,
aceitando um elétron de cada vez, o que resulta na redução completa desta
molécula com a entrada de quatro elétrons, originando diferentes espécies reativas
do oxigênio molecular até a formação da água (Figura 5). As principais ERMOs
originadas neste processo são: radical superóxido (O
2
-
), radical hidroxila (OH
-
) e o
peróxido de hidrogênio (H
2
O
2
).
Outros estudos confirmam a ação catalítica de metais em reações que levam
a formação de ERMOs a partir de metabólitos gerados na redução incompleta do O
2
.
As reações de Fenton e de Haber-Weiss in vitro confirmam o papel dos metais na
formação das ERMOs (Figura 6). Embora, o cobre possa também catalisar a reação
de Haber-Weiss, o ferro é o metal pesado mais abundante no organismo e está
biologicamente mais capacitado para catalisar as reações de oxidação de
biomoléculas (HALLIWELL; GUTTERIDGE, 1990; HALLIWELL, 2006a).
O radical superóxido ocorre com a primeira redução do O
2
em quase todas as
células aeróbicas e é produzido durante a ativação máxima de neutrófilos,
monócitos, macrófagos e eosinófilos (HALLIWELL; GUTTERIDGE, 1990;
HALLIWELL, 2007a). Apesar de ser considerado pouco reativo em soluções
aquosas, tem sido observada lesão biológica secundária em sistemas geradores
34
deste radical como a capacidade de gerar alguns produtos que possuem forte
atividade antimicrobiana, tais como ácido hipocloroso (HOCl) e peroxinitrito (ONOO
-
)
sendo os principais responsáveis pelo combate a corpos estranhos (NUNES;
OLIVEIRA; MORAIS, 2006)
O radical hidroxila (OH
-
) é considerado a ERMO mais reativa nos sistemas
biológicos. Sua capacidade altamente reativa se deve ao fato desses radicais
reagirem com proteínas tornando-as inativas à medida que oxida seus grupos
sulfidrilas (-SH) a pontes dissulfeto (-SS), com membranas lipídicas causando a
peroxidação lipídica e desestabilizando estas membranas, contribuindo para perda
da seletividade celular, ou, com o DNA acarretando modificações de bases
pirimidínicas e púricas deste DNA levando-o a mutações e / ou surgimento de câncer
(HALLIWELL; GUTTERIDGE, 1986; HALLIWELL, 2002a; MOORE; YIN; YU, 2006).
Figura
5
Redução tetravalente do oxigênio molecular.
Várias espécies reativas
são formadas a partir da redução tetravalente do oxigênio molecular (O
2
)
resultando na formação da água (H
2
O). A partir do O
2
ocorre a entrada do
primeiro elétron dando origem ao radical superóxido (O
2
-
) que fica em
constante deslocamento com o radical hidroperoxila (HO
2
-
). A entrada do
segundo elétron a partir do O
2
-
juntamente com prótons de hidrogênio (2H
+
)
dão origem ao peróxido de hidrogênio (H
2
O
2
). A entrada do terceiro elétron
a partir do H
2
O
2
origina o radical hidroxila (OH
-
) e uma molécula de H
2
O
pela entrada do H
+
. Por fim a entrada do quarto e último elétron a partir do
OH
-
resulta na molécula de H
2
O. Modificada de Cohen (1989).
.O :
: :
O .
: :
O
2
O
2
:
: O :
: :
O .
: :
.
HO
2
.
: O :
: :
O :
: :
H
2H
+
H
2
O
2
: O :
: :
O :
: :
H H
H
2
O
H
+
OH
.
. O :
: :
H
H
2
O
: O :
: :
H
H
.O :
: :
O .
: :
.O :
: :
O .
: :
.O :
: :
.O :
: :
O .
: :
O .
: :
O
2
O
2
:
: O :
: :
O .
: :
.
HO
2
.
: O :
: :
O :
: :
H
2H
+
H
2
O
2
: O :
: :
O :
: :
H H
H
2
O
H
+
OH
.
. O :
: :
H
H
2
O
: O :
: :
H
H
O
2
O
2
:
: O :
: :
O .
: :
.
HO
2
.
: O :
: :
O :
: :
H
2H
+
H
2
O
2
: O :
: :
O :
: :
H H
H
2
O
H
+
OH
.
. O :
: :
H
H
2
O
: O :
: :
H
H
O
2
O
2
:
O
2
:
: O :
: :
O .
: :
.
: O :
: :
O .
: :
: O :
: :
O .
: :
: O :
: :
: O :
: :
O .
: :
O .
: :
.
HO
2
.
HO
2
.
: O :
: :
O :
: :
H
: O :
: :
O :
: :
H
: O :
: :
O :
: :
: O :
: :
: O :
: :
O :
: :
O :
: :
H
2H
+
H
2
O
2
: O :
: :
O :
: :
H H
: O :
: :
O :
: :
H H
: O :
: :
O :
: :
: O :
: :
: O :
: :
O :
: :
O :
: :
H H
H
2
O
H
+
OH
.
. O :
: :
H
OH
.
OH
.
. O :
: :
H
. O :
: :
H
. O :
: :
. O :
: :
H
H
2
O
: O :
: :
H
H
: O :
: :
H
H
: O :
: :
: O :
: :
H
H
H
+
H
+
35
Fe
+3
+ O
2
-
Fe
+2
+ O
2
O
2
-
+ H
2
O
2
O
2
+ OH
-
+ OH
*
Fe
+2
+ H
2
O
2
Fe
+3
+ OH
-
+ OH
*
Fe
+3
+ O
2
-
Fe
+2
+ O
2
2O
2
-
+ 2H
+
O
2
+ H
2
O
2
Fe
+2
+ H
2
O
2
Fe
+3
+ OH
-
+ OH
*
REAÇÃO DE HABER WEISSS
REAÇÃO DE FENTON
Fe
+3
+ O
2
-
Fe
+2
+ O
2
O
2
-
+ H
2
O
2
O
2
+ OH
-
+ OH
*
Fe
+2
+ H
2
O
2
Fe
+3
+ OH
-
+ OH
*
Fe
+3
+ O
2
-
Fe
+2
+ O
2
Fe
+3
+ O
2
-
Fe
+2
+ O
2
O
2
-
+ H
2
O
2
O
2
+ OH
-
+ OH
*
O
2
-
+ H
2
O
2
O
2
+ OH
-
+ OH
*
Fe
+2
+ H
2
O
2
Fe
+3
+ OH
-
+ OH
*
Fe
+2
+ H
2
O
2
Fe
+3
+ OH
-
+ OH
*
Fe
+3
+ O
2
-
Fe
+2
+ O
2
2O
2
-
+ 2H
+
O
2
+ H
2
O
2
Fe
+2
+ H
2
O
2
Fe
+3
+ OH
-
+ OH
*
Fe
+3
+ O
2
-
Fe
+2
+ O
2
Fe
+3
+ O
2
-
Fe
+2
+ O
2
2O
2
-
+ 2H
+
O
2
+ H
2
O
2
2O
2
-
+ 2H
+
O
2
+ H
2
O
2
Fe
+2
+ H
2
O
2
Fe
+3
+ OH
-
+ OH
*
Fe
+2
+ H
2
O
2
Fe
+3
+ OH
-
+ OH
*
REAÇÃO DE HABER WEISSS
REAÇÃO DE FENTON
O peróxido de hidrogênio (H
2
O
2
) gerado durante a redução incompleta do O
2
não é considerado um radical livre verdadeiro pela ausência de elétrons
desemparelhados na última camada. Entretanto esta ERMO tem vida longa sendo
capaz de atravessar membranas e reagir internamente com proteínas ligadas ao
Fe
++
transformando-o em Fe
+++
e inativando essas proteínas, além disso, são
formados radicais hidroxila (OH
-
) a partir da Reação de Fenton como mostrado na
Figura 6 (EATON, 1991; FERREIRA; MATSUBARA, 1997; HALLIWELL, 2007a).
Os danos causados pelas ERMOs que atingem uma larga escala de biomoléculas
essenciais, estão associados a processos como câncer, a doenças coronárias,
problemas de saúde relacionados à idade avançada (CADENAS; DAVIES, 2000;
UCHIDA, 2000; HALLIWELL, 2007b), apoptose, diabetes mellitus, arteriosclerose,
artrite reumatóide e doença de Alzheimer (VEENA, et al., 2006; FINKEL;
HOLBROOK, 2000; ZHU, et al., 2004; HALLIWELL, 2006b).
Para as células se protegerem, contra estes danos oxidativos os organismos
lançam mão de um sistema de defesa antioxidante que pode atuar em duas linhas.
Uma linha atua como detoxificadora do agente antes que ele cause a lesão. Esta
linha é constituída por glutationa reduzida (GSH), superóxido-dismutase (SOD),
catalase (Cat), glutationa-peroxidase (GSH-Px) e vitamina E.
A outra linha de defesa tem a função de reparar a lesão ocorrida, sendo
constituída pelo ácido ascórbico, pela glutationa-redutase (GSH-Rd) e pela
Figura 6- Reação de Fenton e de Harber Weiss.
36
glutationa oxidada (GSSG). Com exceção da vitamina E (α- tocoferol), que é um
antioxidante estrutural da membrana, a maior parte dos agentes antioxidantes está
no meio intracelular (ROSS; MOLDEUS, 1991; FERREIRA; MATSUBARA, 1997;
HALLIWELL, 2002b; HALLIWELL, 2007a).
Embora os organismos aeróbicos possuam este sistema de defesa
antioxidante e terem sistemas de reparo que evoluíram para protegê-los contra
danos oxidativos, estes sistemas são insuficientes para impedir inteiramente os
danos causados pelas ERMOs. Desta forma é essencial o equilíbrio entre oxidantes
(ERMOs) e o sistema de defesa antioxidante (Figura 7). Assim torna-se necessário a
descoberta e uso de antioxidantes eficazes no combate a esses radicais de modo
que possam limpá-los do corpo humano e reestabelecer o equilíbrio do sistema
oxidante-antioxidante.
A fim de reduzir os danos ao corpo humano, antioxidantes sintéticos são
usados atualmente em processos alimentícios industriais. Os antioxidantes mais
comuns em tais processos são o BHA (butilato hidroxianisol), BHT (butilato
hidroxitolueno) e TBHQ (tert-butilhidroxiquinona). Entretanto dados na literatura
indicam que estes antioxidantes sintéticos podem ser os responsáveis pela causa de
danos ao fígado e processos carcinogênicos (GRICE, 1988; QI, et al., 2005).
Desta forma, atualmente, tem aumentado o interesse em se encontrar
antioxidantes naturais que possam proteger o corpo humano dos danos dos radicais
livres e retardar o progresso de muitas doenças crônicas (KINSELLA, et al., 1993;
NANDITA; RANJINI, 2004). Compostos fenólicos, carotenóides e as vitaminas E e C
são utilizados como fontes de antioxidantes naturais (HALLIWELL, 2002b), porém,
desvantagens em alguns destes antioxidantes. Os carotenóides, compostos
fenólicos e vitamina E possuem desvantagems por serem insolúveis em água.
Embora a vitamina C seja hidrossolúvel, ela é altamente sensível a luz e facilmente
degradada (HEO, et al., 2005). Embora as vitaminas C e E componham em grande
parte os sistemas antioxidantes biológicos, elas o instáveis e possuem alguns
efeitos prooxidantes (MAYO, et al., 2003). A existência de outros antioxidantes
naturais tais como erva-mate (SALDANHA, 2005; PADILHA, 2007), óleo de oliva
(azeite) (BÉLTRAN, et al., 2005), fucoxantinas e florotaninos (YAN, et al., 1996;
1999) não impede a busca por novas fontes alternativas. Extratos de plantas, como
37
por exemplo, de chá verde (NAKAGAWA; YOKOZAWA, 2002) possuem tais
atividades, provavelmente isto se deve tanto a presença de compostos fenólicos,
evidenciados por pigmentos, como também, da existência de polissacarídeos nestes
extratos, pois a esses polímeros, em geral de plantas, são atribuídas fortes
atividades antioxidantes (JIANG; JIANG; WANG, 2005; HU; XU; HU, 2003;
RAMARAHNAM; OSAWA; OCHI, 1995).
Dados na literatura também mostram a atividade antioxidante realizada por
polissacarídeos extraídos de fungos como os polissacarídeos solúveis em água,
extraídos e purificados do fungo Gynostemma pentaphyllum (Makino) mostraram
habilidade forte do seqüestro do radical superóxido (WANG; LUO, 2007). Além
disso, polissacarídeos extraídos do fungo marinho Keissleriella sp. e seus derivados
demonstraram-se fortes candidatos com potencial medicinal e efeitos não tóxicos
pelo alto potencial de seqüestro de radicais e ações antioxidantes (SUN, et al.,
2004). Estudos prévios indicaram que PS artificialmente, como os polissacarídeos
extraídos e modificados (sulfatados) do fungo filamentoso marinho Phoma herbarum
sp YS4108 e seus derivados (YCP-S1 e YCP-S2) demonstraram um alto potencial
de seqüestro de radicais superóxido (YANG, et al., 2005). Recentemente, um grupo
específico de polissacarídeos sulfatados naturais vem chamando atenção como
fonte de novos compostos antioxidantes naturais. Os PS naturais extraídos das
algas marinhas Porphyra haitanesis (ZHANG, et al., 2003), Fucus vesiculosus, e
Padina gymnospora (SOUZA, et al., 2007) que mostraram atividade antioxidante de
seqüestro dos radicais superóxido e hidroxila como também preveniram a
peroxidação lipídica.
Polissacarídeos sulfatados apresentam grande potencial farmacológico. No
entanto, dados na literatura indicam que PS de vegetais ainda não foram avaliados
quanto às suas atividades potenciais. Na tentativa de encontrar compostos naturais
que venham a substituir a heparina, também como combater as ERMOs geradas de
forma excedente nos seres humanos, o presente estudo centraliza-se nas atividades
anticoagulantes e antioxidantes dos PS extraídos do capim do mar H. whrightii como
descritos a seguir.
38
2H
2
O
2O
2
-
OH* OH
-
+
O
2
-
Fe
+2
Fe
+3
Reação de
Fenton
H
2
O
2
SOD
2GSH
GSSG
GSH-Px
GSH-Rd
Cat
2H
2
O
Lipídeos da membrana celular
(Peroxidação lipídica)
(cobre-zinco-manganês)
(hemo, ferro)
(selênio)
2H
+
O
2
1/2O
2
2H
+
2H
2
O
2O
2
-
OH* OH
-
+
O
2
-
Fe
+2
Fe
+3
Reação de
Fenton
H
2
O
2
SOD
2GSH
GSSG
GSH-Px
GSH-Rd
Cat
2H
2
O
Lipídeos da membrana celular
(Peroxidação lipídica)
(cobre-zinco-manganês)
(hemo, ferro)
(selênio)
2H
+
O
2
1/2O
2
2H
+
2O
2
-
OH* OH
-
+
O
2
-
Fe
+2
Fe
+3
Reação de
Fenton
H
2
O
2
SOD
2GSH
GSSG
GSH-Px
GSH-Rd
Cat
2H
2
O
Lipídeos da membrana celular
(Peroxidação lipídica)
(cobre-zinco-manganês)
(hemo, ferro)
(selênio)
2H
+
O
2
1/2O
2
2H
+
2ē
+
Figura 7 - Enzimas e seus respectivos cofatores no mecanismo de ação do sistema de
defesa antioxidante contra as ERMOs a favor do estado antioxidativo. A
superóxido desmutase (SOD) converte o radical superóxido (O2
-
) em peróxido de
hidrogênio (H
2
O
2
) e oxigênio molecular (O
2
). O O
2
-
participa também da
peroxidação lipídica à medida que reage com ácidos graxos da membrana celular
gerando radicais hidroxila (OH
-
) que são posteriormente convertidos em água
(H
2
O). A Cat (catalase) por sua vez converte o H
2
O
2
em água (H
2
O) e 1/2O
2
. O
H
2
O
2
participa também da reação de fenton que gera OH
-
convertendo-se
posteriormente em H
2
O. Além disso, o H
2
O
2
juntamente com a glutationa reduzida
(GSH) sofrem ação da glutationa peroxidase (GSH-Px) obtendo-se como produto
de reação a H
2
O e a glutationa oxidada (GSSG) que é por sua vez renovada
convertendo-se em glutationa reduzida (GSH) pela ação da glutationa redutase
(GSH-Rd). ē, elétron.
39
2 - OBJETIVOS
2.1 - OBJETIVO GERAL
Extrair e caracterizar quimicamente os polissacarídeos sulfatados da
angiosperma marinha Halodule wrightii como também avaliar o potencial
anticoagulante e antioxidante dos polissacarídeos.
2.2 - OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Extrair polissacarídeos sulfatados da angiosperma marinha Halodule wrightii;
Determinar a composição monossacarídica e teor de sulfato do extrato rico
em polissacarídeos sulfatados (EPS);
Localizar histologicamente estes polissacarídeos sulfatados nas diferentes
partes do vegetal;
Analisar a atividade anticoagulante desses compostos, utilizando kits
comerciais de tempo de tromboplastina parcial ativada (aPTT) e tempo de
protrombina (PT);
Verificar o potencial antioxidante deste extrato através de testes antioxidantes
in vitro;
40
3 - MATERIAL E MÉTODOS
3.1 - MATERIAL BIOLÓGICO
Filo: Magnoliophyta
Classe: Liliopsida
Ordem: Alismatales
Família: Cymodoceaceae
Gênero: Halodule
Espécie: Halodule wrightii
A angiosperma marinha Halodule wrightii conhecida popularmente como
Capim do Mar foi coletada no porto de Guamaré (41 ppm de salinidade), litoral norte
do estado do Rio Grande do Norte em maré baixa (entre 0.0 e 0.2 metros). Após ser
coletada, Halodule wrightii foi levada ao laboratório (BIOPOL-laboratório de
Biotecnologia de Polímeros Naturais) onde foi lavada e retiradas as epífitas e
inclusões calcárias sendo em seguida secada em estufa a 50º C, triturada de forma
mecânica e guardada em recipientes apropriados.
Figura
8
:
Capim do mar da espécie
Halodule wrightii
.
Disponível em: < http://aquat1.ifas.ufl.edu/halwri.jpg>
Acesso em 10 jul 2008.
41
3.2 – REAGENTES
Acetona, metanol, etanol da CRQ (Diadema, SP).
Ácido acético, cloreto de sódio da CRQ (Diadema, SP).
Ácido sulfúrico, ácido clorídrico da CRQ (Diadema, SP).
Ácido ascórbico da Sigma Chemical Co. (St. Louis, USA).
Álcool 96 º da Sertanejo (Dix Septo Rosado, RN).
Agarose adquirida da Byo Agency (São Paulo, SP).
Butanol, tiossulfato de sódio da Nuclear (Diadema, SP).
Azul de toluidina, vermelho de cresol, coomasie blue R 250 oriundos da
Sigma Chemical Co. (St. Louis, EUA).
Metanol da CRQ (Diadema, SP).
Maxtase (protease alcalina P 126) da Biocon do Brasil Industrial Ltda. (Rio de
Janeiro, RJ).
1,3 diaminopropano acetato (PDA) Sigma Chemical Co. (St Louis, USA).
Cloreto de ferro II, folin ciocalteau da Merk (Germany, Alemanha).
Coomassie brilliant blue R da Sigma Chemical Co. (St Louis, USA).
2,2-difenil-1-picrilhidrazil (DPPH), salicilato de sódio da Fluka (Seelze,
Germany)
EDTA, ácido etilenodiamino tetra-acético da Sigma Chemical Co. (St Louis,
USA).
3-(2-Piridil)-5,6-difenil-1,2,4-triazina-p,p'-disulfonico ácido monosódico
hidratado 97%, ferrozina da Sigma Chemical Co. (St. Louis, USA).
Cetiltrimetilamônio brometo (CETAVLON) da CRQ (Diadema, SP).
Ácido gálico da Nuclear (São Paulo, SP).
Todos os demais reagentes foram da melhor qualidade disponível.
3.2.1 – PADRÕES
Heparam sulfato, condroitim sulfato, dermatam sulfato da Sigma Chemical Co.
(St Louis, USA).
Clexane® da Sanofi Aventis. (São Paulo, SP).
L-fucose, D-xilose, D-galactose, D-manose, D-glucose, D-arabnose, D-
ramnose, foram adquiridos da Sigma Chemical Co. (St. Louis, EUA).
Material e Métodos
42
3.3 – APARELHOS
Agitador orbital modelo 255-B da Fanem Ltda. (São Paulo, SP).
Banho Maria e estufa de temperatura constante da Fanem Ltda. (São Paulo,
SP).
Bomba peristáltica Microperpex S modelo 2232 da LKB (Bromma, Suécia).
Câmara para eletroforese em gel de agarose, modelo desenvolvido por
Jaques e Col. (1968). Técnica Permatron Ltda. (São Paulo, SP).
Centrífuga refrigerada CR 21 da Hitachi Koki Co. Ltda. (Tóquio, Japão).
Espectrofotômetro Femto 700 plus da Femto Ind. Com. Instrumentos Ltda.
(São Paulo, SP).
Medidor de pH Orion Research, modelo 701 digital lonalyzer (Cambridge,
EUA).
Micrótomo, modelo 820, da América Optical Company (New York, EUA).
3.4 – DELIPIDAÇÃO ETANÓLICA
A espécie Halodule wrightii utilizada neste trabalho foi submetida à
despigmentação e delipidação com adição de dois volumes (2v) de etanol. Esta
solução ficou à temperatura ambiente durante o período de 24 horas.
Posteriormente, a mistura foi decantada e o resíduo posto para secar. Este reduo
foi denominado de Pó delipidado e foi utilizado em seguida para proteólise.
3.5 - OBTENÇÃO DO EXTRATO DE POLISSACARÍDEOS (PROTEÓLISE)
Para promover a extração e solubilização dos polissacarídeos sulfatados o
delipidado foi submetido à proteólise. Para realização desta etapa foram
adicionados dois volumes (2v) de NaCl 0,25 M ao cetônico de Halodule wrightii
(260 g) tendo esta solução seu pH ajustado para 8,0 com NaOH. Adicionou-se a
este material a enzima Maxatase (Proteolítica) na proporção de 15 mg da enzima a
cada 1 g de cetônico. O recipiente com este material foi colocado em banho
Maria a 60º C durante um período de 16 horas. Depois este material foi filtrado e o
sobrenadante submetido a uma centrifugação (10.000 g, 10 minutos a C). Após
Material e Métodos
43
centrifugação, o sobrenadante que contém todos os polissacarídeos solúveis foi
denominado de crú de polissacarídeos (CP). A este CP foi adicionado 2v de
metanol. Esta mistura foi deixada a C por 24 horas. Após este período o material
foi centrifugado (10.000 g durante 10 minutos a 4ºC) sendo o sobrenadante
descartado e o precipitado denominado de extrato bruto (EB).
3.6 - TRATAMENTO COM TCA (ÁCIDO TRICLOROACÉTICO)
Devido ao alto grau de contaminação, o extrato bruto (EB) de
polissacarídeos foi submetido à precipitação com ácido tricloroacético (para
descontaminação protéica). Foram utilizadas 2,2 g do EB para o preparo de uma
solução de concentração 10 mg/mL de NaCl 1 M. Esta solução foi dividida e
colocada em tubos de centrífuga sendo deixados em banho de gelo por 15 minutos
a C. Após este período e ainda em banho de gelo foi colocada uma alíquota de
TCA 90 % na proporção 9:1 (EB:TCA) resultando em uma concentração final de 0,9
mg/mL deixando-se agir por mais 15 minutos ainda em banho de gelo. Após este
período o material foi centrifugado (10.000 g, 15 minutos a C). O sobrenadante foi
reservado para precipitação com 2v de metanol por um período de 24 horas. No dia
seguinte este material foi centrifugado (10.000 g, 10 minutos a C) e o precipitado
foi reservado e colocado para secar em bomba peristáltica na presença de NaOH
para neutralização do ácido contido na amostra. Este material foi secado sobre
pressão reduzida. O material foi denominado de extrato de polissacarídeos totais
(EPT) e estava pronto para procedimentos posteriores.
3.7 - ANÁLISES QUÍMICAS
3.7.1 - DOSAGEM DE AÇÚCARES TOTAIS
Para quantificar o teor de açúcares totais de EB e EPT foi utilizado o método
fenol / ácido sulfúrico como previamente descrito por Dubois et al. (1956). Este é um
método colorimétrico que detecta a formação de um composto (furfural) por adição
de fenol e ácido sulfúrico às amostras sendo a leitura realizada a 490 nm. Foi
empregada como padrão uma solução de L-galactose.
Material e Métodos
44
3.7.2 - DOSAGEM DE SULFATO
O teor de sulfato total do EB e do EPT foram quantificados pelo método
gelatina-bário como previamente descrito por Dodgson & Price (1962). É um método
turbidimétrico em que após hidrólise ácida de EB e EPT em HCl 4N por 6 horas à
100º C adicionou-se o reativo gelatina-bário às amostras, formando em seguida o
sulfato de bário que permaneceu suspenso e foi lido por turbedimetria. Foi utilizado
como padrão uma solução de sulfato de sódio.
3.7.3 - DOSAGEM DE PROTEÍNAS
Para determinação do teor de proteínas de EB e EPT foi utilizado o método
de Bradford (1976). Este é um método colorimétrico que utiliza o corante de
coomassie brilliant blue R e baseia-se na interação entre o corante e
macromoléculas de proteínas que contém aminoácidos de cadeias laterais básicas
ou aromáticas sendo a leitura realizada a 595 nm.
3.7.4 - DOSAGEM DE FENÓLICOS TOTAIS
Para quantificar o teor de compostos fenólicos foi utilizado o método de
Chandler & Dods (1983). Este é um método colorimétrico que envolve o reativo de
Folin- Ciocalteus e utiliza o ácido gálico (AG) como controle positivo. EPS (2 mg) foi
adicionado a uma mistura que continha o reativo de Folin e carbonato de dio
(Na
2
CO
3
) 20%. Os tubos foram incubados a 40º C por 20 minutos. Em seguida, a
leitura foi realizada no espectofotômetro a 765 nm. A curva de AG foi realizada nas
mesmas condições. Os resultados foram comparados ao do controle positivo (ácido
gálico).
3.8 - ELETROFORESE EM GEL DE AGAROSE
A identificação parcial dos polissacarídeos foi realizada através do método de
eletroforese em gel de agarose modificado por Dietrich & Dietrich (1976) utilizando o
sistema de 1,3 diaminopropano acetato (PDA) 0,05 M pH 9,0. O gel de agarose foi
preparado na concentração 0,6 % em tampão PDA e colocado sobre lâminas de
vidro (5 X 7,5 cm X 1,5 mm). Cinqüenta, cem e duzentos microgramas do extrato
Material e Métodos
45
bruto (EB) e do extrato de polissacarídeos totais (EPT) do capim do mar na
concentração de 10 mg/mL foram aplicadas em canaletas nos géis e submetidos à
eletroforese em cuba resfriada a 4 º C. Nas eletroforeses realizadas foram utilizados
como padrões os glicosaminoglicanos sulfatados: HS, CS e DS. Após a corrida
eletroforética (a 100 Volts), os compostos foram precipitados com CETAVLON 0,1 %
por no mínimo 2 horas a temperatura ambiente. Depois os géis foram submetidos a
uma corrente de ar quente para serem secados e corados com azul de toluidina 0,1
%. O excesso de corante foi removido por uma solução de ácido acético 1 % em
etanol 50 %(solução descorante). Após remoção do corante em excesso as lâminas
reveladas foram secadas à temperatura ambiente e analisadas.
3.9 - ESPECTROSCOPIA DE INFRAVERMELHO
A espectroscopia de infravermelho foi realizada em espectrômetro Perkin-
Elmer de 4400 a 400 cm
-1
no departamento de Química da Universidade Federal do
Rio Grande do Norte. O EPS (5 mg) foi analisado após secagem em aparelho de
Abdenhalden sob forma de pastilha de KBr contendo P
2
O
5
à 60º C.
3.10 - CROMATOGRAFIA EM PAPEL (SISTEMA DESCENDENTE)
O extrato rico em polissacarídeos sulfatados (EPS) foi submetido à hidrólise
ácida HCl 2 N por duas horas a temperatura de 100º C. O hidrolisado foi secado e
resuspendido 3 vezes em água sob pressão reduzida na presença de pastilhas de
NaOH. Para análise da composição monossacarídica de EPS o hidrolisado do
mesmo foi aplicado, separado e identificado no sistema de cromatografia
descendente em papel Whatman nº 01 sendo para isto submetido ao seguinte
sistema de solvente: acetato de etila: piridina: água (8: 2: 1). Os compostos com
poder redutor foram visualizados através da revelação com prata em meio alcalino
(TREVELYAN; PROCTER; HARRISON, 1950).
3.11 - ELETROFORESE EM GEL DE POLIACRILAMIDA
A eletroforese em gel de poliacrilamida foi realizada como proposta por
Hilborn & Anastassiadis (1971) e modificada por Dietrich & Nader (1974). O gel de
poliacrilamida foi preparado com 600 mg de poliacrilamida (6 %), 18 mg de
Material e Métodos
46
bisacrilamida (0,16 %) e 7 mg de persulfato de amônio adicionados a 10 mL de
tampão Tris-Borato-EDTA (TBE) (0.9 M Tris-Borato 0.02 M EDTA, pH 8.6). A
solução foi submetida a vácuo durante 5 minutos a 4 ºC. Após a adição de 10 µL de
TEMED a solução foi transferida para placas de vidro conforme descrito por
Vesterberg (1972). A eletroforese foi feita em gel de 5,0 x 7,5 cm por 0,2 cm de
espessura. Foram utilizados 200 µg de cada extrato (EB / EPS) resuspendidos cada
um em 2 µL e aplicados ao gel sobre pequenas tiras de papel Whatman nº 1,
deixando-se 10 minutos a temperatura ambiente para permitir uma boa penetração
do composto nas malhas do gel. A seguir este foi submetido a uma diferença de
potencial de 8 V/cm durante aproximadamente 30 minutos. A visualização da
migração dos compostos foi observada através de coloração com azul de toluidina
0,1 % em ácido acético 1 %. A descoloração foi realização com ácido acético. Este
método correlaciona a distância percorrida pelo composto com o inverso do
logaritmo de sua massa molecular. Os pesos moleculares foram determinados
tomando como referência as migrações do heparam sulfato C (HSC - 9.3 kDa) e
heparam sulfato D (HSD - 4.5 kDa); condroitim sulfato (CS - 58 kDa); heparam
sulfato (HS -13 kDa) e Clexane® (CL - 4 kDa) .
3.12 - CARACTERIZAÇÃO HISTOQUÍMICA
3.12.1 - FIXAÇÃO
Para caracterização histoquímica uma porção de Halodule wrightii foi
transportada e conservada em água salobra de seu hábitat até o laboratório onde foi
logo em seguida adicionada a uma solução fixadora de FAA (formaldeído: acido
acético: alcool etílico 70 %) (1: 1:18). O capim do mar permaneceu imerso nesta
solução por 48 horas a temperatura ambiente.
3.12.2 - TÉCNICAS PARA EMBLOCAMENTO
Após a fixação em FAA as porções vegetativas (raiz, caule e folha) de H.
wrightii foram separadas e desidratadas a concentrações crescentes de álcool etílico
para retirada de toda água contida nos tecidos sendo feita de forma gradual para
que não houvesse danos aos tecidos. Em seguida o material foi submetido por
várias vezes a concentrações crescentes de xilol para clareamento do tecido. Após a
Material e Métodos
47
desidratação e clareamento, as porções vegetativas foram incluídas em parafina
para posteriores cortes e coloração. Os blocos de parafina contendo as porções
vegetativas : raiz, caule e folha, foram submetidos a cortes de 10 µm. Este material
foi posteriormente colocado em lâminas que foram em seguida desparafinadas,
hidratadas e coradas com azul de toluidina 0,5 % , um corante que se liga a grupos
ácidos como os polissacarídeos sulfatados. Posteriormente as lâminas foram
cobertas por uma lamínula para posterior visualização dos resultados. (JUNQUEIRA;
JUNQUEIRA, 1983; BEHMER; TOLOSA; NETO, 1976).
3.13 - ENSAIOS DE ATIVIDADE ANTIOXIDANTE
3.13.1 - CAPACIDADE ANTIOXIDANTE TOTAL (CAT)
Para avaliar a capacidade antioxidante total de EPS foi utilizado o método
de Pietro, Pineda & Aguilar (1999). Uma alíquota de 0,1 mL do EPS (mg/mL) foi
combinada com 1 mL de solução reagente (0,6 M ácido sulfúrico, 28 mM de fosfato
de dio e 4mM de molibidato de amônio). Os tubos foram transferidos para uma
estufa (95ºC). Após 90 minutos o resultado da reação foi lido a 695 nm. Uma curva
de vitamina C foi realizada nas mesmas condições e os resultados foram expressos
por equivalentes de ácido ascórbico (YUAN et al., 2006).
3.13.2 - ATIVIDADE DE SEQÜESTRO DO RADICAL DPPH
Para avaliar a capacidade total de EPS em doar átomos de hidrogênio
(redutora) foi utilizado o método de seqüestro do radical DPPH de acordo com Yuan
et al. (2005). Este é um método colorimétrico baseado na redução do radical DPPH,
um radical relativamente estável, transformando-se no radical DPPHH em solução
alcoólica e água (1:1). Diferentes massas de EPS (0,01-3,0 mg) foram dissolvidas
em solução de metanol e água (1:1) seguido da adição de 1 mL de solução de
DPPH 0,1 mM em metanol e água (1:1). Após a incubação de 30 minutos em
temperatura ambiente os tubos foram lidos no espectrofotômetro a 517 nm. As
porcentagens de sequestro (%) de DPPH foram calculadas como segue:
% do sequestro do radical DPPH = 1 - ABS
amostra
x 100
ABS
branco
Material e
Métodos
48
Em que:
ABS
branco
é a absorbância do branco (ausência do extrato);
ABS
amostra
é a absorbância da amostra do extrato.
3.13.3 - ATIVIDADE DE PODER REDUTOR
Para confirmar a atividade antioxidante total de EPS foi realizado o teste de
poder redutor segundo o método de Yen & Chen (1995). EPS em diferentes
concentrações (0,01-0,50 mg/mL) foi adicionado a uma solução contendo K
4
[Fe(CN)
6
] 1% , ácido tricloroacético (TCA) 10 % e FeCl
2
0,1 % em tampão fosfato pH
6,6. Os tubos contendo a reação foram à 50º C por 20 minutos sendo em seguida
lidos no espectrofotômetro a 700nm. Uma curva de vitamina C (controle positivo) foi
realizada nas mesmas condições acima. Os resultados foram comparados com os
da vitamina C.
3.13.4 - ATIVIDADE DE SEQUESTRO DO RADICAL HIDROXILA
Para avaliar a capacidade de EPS em seqüestrar o radical OH
-
foi realizado o
teste de seqüestro deste radical pelo método modificado de Smirnoff & Cumbes
(1989). EPS em diferentes concentrações (0,01-0,50 mg/mL) foi misturado a uma
solução que continha FeCl
2
10mM, EDTA 10mM, salicilato de sódio 2mM, H
2
O
2
30%
em tampão fosfato de sódio 150mM pH 7.4. Os tubos foram incubados por 1h à 37º
C em banho-maria sendo em seguida lidos no espectofotômetro a 510 nm. O
controle foi realizado nas mesmas condições e na ausência de sequestrantes. Para
o branco o H
2
O
2
foi substituído por tampão fosfato de sódio 150mM pH 7.4 e a
reação ocorreu na ausência de sequestrantes.
As percentagens de inibição das amostras foram avaliadas de acordo com a
fórmula:
% seqüestro do radical = ABS
controle
– ABS
amostra
ABS
controle
– ABS
branco
Material e Métodos
49
Em que:
ABS
controle
é a absorbância do sistema gerador de radicais (ausência do
extrato);
ABS
amostra
é a absorbância da amostra do extrato;
ABS
branco
é a absorbância do branco (ausência do extrato).
3.13.5 - ATIVIDADE QUELANTE DE METAL
Para avaliar a habilidade do EPS em quelar metal foi realizado o método de
Decker & Welch (1990) modificado. Foi utilizado EPS em diferentes concentrações
(0,10-2,00 mg/mL) e misturados ao FeCl
2
2mM e à ferrozina 5mM. Aguardou-se 10
minutos e em seguida os tubos foram lidos no espectofotômetro a 562 nm. Para o
branco a amostra foi substituída por H
2
O deionizada e para o controle positivo a
amostra foi substituída pelo EDTA nas mesmas condições. Os dados foram
adicionados à formula abaixo:
% atividade quelante = 1 – ABS
amostra
x 100
ABS
branco
Em que:
ABS
amostra
é a absorbância da amostra do extrato;
ABS
branco
é a absorbância do branco (ausência do extrato ).
3.13.6 - ATIVIDADE DE SEQÜESTRO DO RADICAL SUPERÓXIDO
Para avaliar a capacidade do EPS em seqüestrar o radical O
2
-
foi realizado o
teste de seqüestro deste radical pelo método de Beuchamp & Fridovich (1971). EPS
em diferentes concentrações (5-30 µg/mL) foi adicionado a uma solução que
continha tampão fosfato de sódio 50mM (pH 7.4), metionina 13mM, riboflavina 2µM,
EDTA 100µM e NBT 75 µM. Após 30 minutos, os tubos foram lidos no
espectofotômetro a 560 nm. Os dados foram adicionados a seguinte fórmula:
% seqüestro do radical = ABS
controle
– ABS
amostra
ABS
controle
– ABS
branco
Material e Métodos
50
Em que:
ABS
controle
é a absorbância do sistema gerador de radicais (ausência do
extrato);
ABS
amostra
é a absorbância da amostra do extrato;
ABS
branco
é a absorbância do branco (ausência do extrato ).
3. 14 - ENSAIOS DE ATIVIDADE ANTICOAGULANTE
3.14.1 - PREPARO DO PLASMA HUMANO
O sangue humano foi coletado sobre citrato de sódio (concentração final de
3,2 %), sob leve agitação em frasco de polietileno esterilizado. O plasma foi
separado por centrifugação e alíquotas de 1 mL estocadas a -20 º C em microtubos
de 1,5 mL esterilizados.
3.14.2 - TESTES DE aPTT E PT
Para avaliar o potencial anticoagulante de EPS foram realizados os ensaios
de tempo de tromboplastina parcial ativada (aPTT) e tempo de protrombina (PT)
utilizando-se kits comerciais adquiridos da Labtest. O plasma citratado utilizado
nestes ensaios foi obtido após a centrifugação de sangue humano retirado de
indivíduos adultos sadios e de ambos os sexos.
Foi verificada através de ensaios a massa do EPS necessária para prolongar
o tempo de coagulação. Foi utilizado como meio de comparação para atividade
anticoagulante a Clexane® (heparina de baixo peso molecular). O tempo de
coagulação foi medido em segundos utilizando-se um coagulômetro automático.
3.15 - ANÁLISES ESTATÍSTICAS
Os resultados foram expressos como ± SD e a diferença significativa entre os
grupos foi realizada pelo teste de Tukey-Kramer. O valor de p < 0,05 foi considerado
significativo.
Material e Métodos
51
4 - RESULTADOS
4.1- OBTENÇÃO DO EXTRATO DE POLISSACARÍDEOS SULFATADOS DE
Halodule wrightii
O capim do mar Halodule wrightii após ser coletado, lavado e posto para
secar resultou em 260 g de material seco. Este material foi submetido à delipidação
seco novamente sendo agora denominado de “pó delipidado”.
O delipidado foi submetido à proteólise que promoveu a extração e
solubilização do cde polissacarídeos. Este foi então precipitado com dois volumes
(2v) de metanol. Após centrifugação e secagem, foram obtidos cerca de 2,20g de um
precipitado que foi denominado de extrato bruto (EB).
Análises químicas demonstraram que o extrato bruto (EB) apresentou alto
grau de contaminação protéica (Tabela III), desta forma, ele foi submetido à
precipitação com TCA (ácido tricloroacético). Após esse procedimento obteve-se 380
mg do material que foi agora denominado de extrato de polissacarídeos totais (EPT).
A Tabela III mostra que a contaminação protéica foi retirada após a precipitação
com TCA e que houve um aumento na quantidade de polissacarídeo e sulfato,
indicando que o procedimento utilizado promoveu uma parcial purificação dos
polissacarídeos sulfatados presentes no extrato bruto.
TABELA III
Análises químicas do extrato bruto e do extrato de
polissacarídeos totais do capim do mar Halodule wrightii
Amostras
Açucares
totais %
Proteínas %
SO
3
%
EB 32,78 2,94 n.d
EPT (TCA) 58,96 < 0,4 20,63
EB-Extrato bruto
EPT- Extrato de polissacarídeos totais
n.d = não detectado
52
4.2 - ELETROFORESE EM GEL DE AGAROSE.
As análises químicas (Tabela III) demonstraram a presença de
polissacarídeos e de sulfato no EPT, indicando possivelmente a presença de
polissacarídeos sulfatados. Para se verificar se esses grupos sulfatos estavam
ligados covalentemente aos polissacarídeos, o EB e o EPT foram submetidos à
eletroforese em gel de agarose em tampão 1,3 diaminopropano acetato (PDA) 0,05
M pH 9,0. Para tal, os extratos de Halodule wrightii obtidos antes e depois da
precipitação com TCA foram solubilizados em água destilada a uma concentração
final de 10 mg/mL e submetidos à análise em eletroforese em tampão PDA. A
corrida eletroforética se deu pela interação das moléculas dos extratos com as
moléculas de diamina do tampão de maneira que quanto maior esta interação menor
a corrida eletroforética.
A Figura 9A mostra o comportamento eletroforético do EB em diferentes
concentrações. Pode-se observar que com o aumento da concentração o EB passa
a mostrar uma maior polidispersão que é uma característica atribuída principalmente
a polissacarídeos em eletroforese. Contudo, o que mais chama atenção é a
coloração azulada assumida por esse extrato após coloração com azul de toluidina
0,6 %; coloração esta geralmente atribuída a polímeros contaminantes como
proteínas e ácidos nucléicos. Desta forma esse extrato foi submetido a um processo
de descontaminação utilizando-se o TCA, obtendo-se o EPT e realizando-se uma
nova corrida eletroforética.
Na Figura 9B observa-se o perfil eletroforético do EPT. É notório que o EB
após a precipitação ácida passou a apresentar uma coloração azul violácea
(metacromasia) que é uma coloração típica assumida por polissacarídeos sulfatados
quando corados por azul de toluidina 0,1 %, indicando a presença desses polímeros
no extrato. Outro fato interessante observado nessa figura é que mesmo com o
aumento da concentração do EPT não houve aumento na polidispersão dos
polissacarídeos presentes sugerindo que a precipitação ácida eliminou os
contaminantes que estavam interferindo na interação do EPT com as moléculas de
diamino do tampão PDA e conseqüentemente no perfil de corrida eletroforético.
Resultados
53
Essa maior uniformidade eletroforética é evidenciada pelo aumento da
intensidade da coloração apresentada pela população de polissacarídeos sulfatados
em uma mesma região à medida que ocorreu o aumento da concentração do
extrato. A partir deste experimento comprovou-se a existência de grupos sulfatos
ligados covalentemente aos polissacarídeos do extrato (metacromasia) que então foi
denominado de EPS (extrato rico em polissacarídeos sulfatados).
4.3 - ESPECTROSCOPIA DE INFRAVERMELHO
Para ratificar a presença de grupos sulfatos ligados covalentemente aos
polissacarídeos presentes no EPS de Halodule wrightii foi realizada a espectroscopia
de infravermelho. Esta técnica fornece dados sobre a presença de determinados
grupos químicos de um composto, caracterizando-o como um todo, devido ao fato
de grupamentos funcionais darem origem a picos de absorção que se situam em
Figura
9
-
Comportamento eletroforético dos extratos do capim do mar
Halodule wrightii
Concentrações crescentes de 50, 100 e 200 µg dos extratos representadas acima
pela numeração 1, 2 e 3 respectivamente foram aplicadas no gel e submetidas à
eletroforese em agarose em tampão PDA 0,05 M pH 9,0. Posteriormente, as lâminas
foram coradas em azul de toluidina 0,1 %. A Corrida eletroforética do extrato bruto
(EB). B Corrida eletroforética do extrato de polissacarídeos totais (EPT). Or.
origem.
B
1 2
3
+
Or
A
1 2 3
+
Or
Resultados
54
Figura
10
Espectro de infravermelho de EPT com uma região entre 4000
-
500
cm
-1
. Nesta figura estão representados os principais picos da
espectroscopia de infravermelho de EPS. Seta preta, sulfatação no
carbono 2 (836 cm
-1
) (C2-O-S) . Seta vermelha, ligação do sulfato ao
oxigênio (1252 cm
-1
) (S=O).
uma mesma freqüência, independente da estrutura da molécula. Como descrito em
métodos EPS foi submetido à espectroscopia de infravermelho e apresentou o pico
mais proeminente na região de 3415 cm
-1
que corresponde a vibrações de
alongamento correspondentes aos grupos hidroxila (OH). Outros dois picos em 2925
e 1638 cm
-1
correspondem ao estiramento C-H (presente nos anéis de piranoses) e
à camada de solvatação criada pelas moléculas de água, respectivamente. Um
pequeno pico em 1737 cm
-1
pode ser assinalado como carbonilas de grupos acetato.
O pico em 1252 cm
-1
corresponde ao estiramento assimétrico S=O sugerindo a
presença do grupamento sulfato ligado diretamente ao O do anel e o pico em 616
cm
-1
corresponde a ligações de oxigênio a sulfato (O=S=O). O dado mais relevante
com relação ao sulfato foi observado na região de 836 cm
-1
que é um pico que surge
quando se tem sulfato ligado ao carbono 2 de monossacarídeos. A Figura 10
representa os principais picos obtidos do EPS. Desta forma os resultados químicos e
físico-químicos obtidos até aqui indicaram que EPS possui na sua constituição
polissacarídeos sulfatados.
4.4 - CROMATOGRAFIA DESCENDENTE EM PAPEL DE EPS
Com o intuito de analisar qualitativamente os monossacarídeos constituintes
de EPS do capim do mar H. wrightii foi realizada uma cromatografia descendente em
papel a partir do hidrolisado de EPS como observado em métodos (Figura 11).
Transmitância (%)
cm
-
1
4 0 0 0 3 6 0 0 3 2 0 0 2 8 0 0 2 4 0 0 2 0 0 0 1 6 0 0 1 2 0 0 8 0 0 40 0 0
0
2 0
4 0
6 0
8 0
1 0 0
Resultados
55
Após revelação do cromatograma obtido com solvente acetato de etila:
piridina: água foi possível constatar a presença de galactose, glicose e xilose como
principais constituintes monossacarídicos. A quantificação desses monossacarídeos
demonstrou que estes constituintes se apresentam numa relação molar muito
próxima (Tabela IV).
Figura 11
-
Cromatograf
ia descendente em papel
do hidrolisado de EPS. Uma alíquota
de 20 µL (200 µg) foi aplicada na origem
correspondente juntamente com o
padrão de monossacarídeos e
submetida à cromatografia no solvente
acetato de etila: piridina: água (8:2:1);
EPS, extrato rico em polissacarídeos
sulfatados; FUC, fucose; RAM,
ramnose; MAN, manose; ARA,
arabnose; XIL, xilose; GLIC, glicose;
GAL,
galactose.
GAL
GLIC
ARA
MAN
XIL
RAM
FUC
EPS
Padrões
Resultados
56
4.5 - ANÁLISES QUÍMICAS DO EPS DE Halodule wrightii
A Tabela IV resume os dados obtidos com as dosagens químicas de
açúcares e fenólicos também como as relações molares entre os monossacarídeos
constituintes e o sulfato. As análises demonstraram um alto teor de açúcar de EPS e
baixa contaminação por compostos fenólicos que são antioxidantes conhecidos que
podem ser bastante encontrados em extratos de plantas. Além disso, pode-se
observar que a relação molar entre xilose, glicose, galactose e de sulfato é muito
semelhante sendo em torno de 1: 1: 1: 1.
TABELA IV
Relação molar dos açúcares e sulfato presentes no EPS do
capim do mar Halodule wrightii
1
Relação molar de açúcar tendo a xilose como referência;
GAL, galactose; GLIC , glicose; XIL, xilose; SO
3
,sulfato .
4.6 - ELETROFORESE EM GEL DE POLIACRILAMIDA DE EPS
Para se determinar a massa molecular média dos polissacarídeos do EPS
de Halodule wrightii e observar se o tratamento com TCA não causou alterações nos
polissacarídeos do EB, estes foram submetidos a uma eletroforese em gel de
poliacrilamida (Figura 12).
Após revelação da lâmina foi possível verificar que o EB e o EPS
apresentaram um perfil eletroforético semelhante indicando que o processo de
descontaminação do extrato bruto com TCA, como descrito em métodos, não
promoveu quebra detectável de EPS. As massas moleculares foram estimadas
tomando como referências as migrações do heparam sulfato C (HSC -9.300 Da) e
do heparam sulfato D (HSD - 4.500 Da); do condroitim sulfato (CS -58.000 Da); do
heparam sulfato (HS 13.000 Da) e da Clexane® (CL - 4.700 Da). Sendo assim a
massa calculada para a população de polissacarídeos do EPS foi de ~11.000 Da.
Amostra Fenólicos%
Açúcar
Total %
Relação molar
GAL
1
GLIC
1
XIL
1
SO
3
Extrato rico em
polissacarídeos <0,3
sulfatados
58,96 0,90 1,0 1,0 1,0
Resultados
57
Figura 1
2
-
Comportamento eletroforético de EB e EPS de
Halodule wrightii.
Alíquotas de
2 µl (200 µg) do EB e de EPS de Halodule wrightii foram aplicadas em eletroforese
em gel de poliacrilamida em tampão TBE (0.9 M Tris-Borato 0.02 M EDTA, pH 8.6)
e corados com azul de toluidina 0,1% conforme descrito em todos. EB, extrato
bruto; EPS, extrato rico em polissacarídeos sulfatados; HSC, heparam sulfato de
9.300 Da; HSD, heparam sulfato de 4.500 Da; HS, heparam sulfato de 13.000 Da;
CL, Clexane® de 4.000 Da; CS, condroitim sulfato de 58.000 Da; Or, origem.
4.7 - ANÁLISES HISTOLÓGICAS
Uma vez comprovada a presença de PS em Halodule wrightii foram
realizadas análises histológicas para determinar a localização destes
polissacarídeos no vegetal. Desta forma foram feitas lâminas histológicas com as
porções vegetativas: raiz, caule e folha de H. wrightii utilizando-se o corante azul de
toluidina 0,5 % (Figura 13).
A folha de H.wrightii apresenta uma camada externa (epiderme) composta
por lulas cubóides e camadas internas (córtex) compostas por lulas que
apresentam formas e tamanhos diferentes. O caule de H. wrigthii apresentou
camadas de células semelhantes às da raiz. Tanto para folha como para o caule não
foi observado aumento da intensidade de marcação nas células da epiderme e do
córtex pelo azul de toluidina 0,5%.
A raiz de H.wrightii é composta por células cubóides na camada mais externa
(epiderme) e células da camada mais interna (córtex) com formatos semelhantes
4.5
9.3
13
58
11
MW x 10
3
(Da)
HSC/HSD CS HS/CS EB EPS
Padrões
Origem
+
Resultados
58
Figura
1
3
-
Lâminas histológicas das porções vegetativas:
raiz, caule e folha de
Halodule
wrightii em azul de toluidina 0,5 %. A-raiz (200x); B-raiz (400x); C-caule (200x); D-
caule (400x); E-folha (200x); F-folha (400x). Barra (50µm). As setas indiciam a
presença de polissacarídeos sulfatados.
tendo-se desta forma uma composição celular mais homogênea compondo a
epiderme e o córtex. Para as células da epiderme foi possível observar um aumento
da intensidade de marcação pelo azul de toluidina 0,5%, indicando a presença de
polissacarídeos sulfatados nesta região. Diante dos resultados é possível dizer que
os PS de H.wrightii encontram-se localizados na porção vegetativa raiz.
4.8 - ATIVIDADES ANTIOXIDANTES DE EPS
4.8.1 - CAT - CAPACIDADE ANTIOXIDANTE TOTAL
Para iniciar os testes de atividade antioxidante foi realizado primeiramente
um teste de capacidade antioxidante total (CAT) utilizando-se o composto em
questão, para tanto foi realizado o ensaio de CAT como descrito em métodos. A CAT
foi analisada pela capacidade do EPS em reduzir o molibdênio (Mo VI / Mo V) em
F
A
B
C
D
E
Resultados
59
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
0 0,0025 0,025 0,125 0,250 0,500 0,750
Concentração mg/mL
Sequestro do radical (%)
EPS
*
*
*
*
meio ácido com formação do complexo fosfato-molibdênio. Os dados foram
comparados aos resultados da curva de ácido ascórbico que foi realizada nas
mesmas condições. Cada mg do extrato rico em polissacarídeos sulfatados (EPS)
apresentou uma CAT equivalente a atividade realizada por 15,21 µg de ácido
ascórbico. (SD ± 0,474; p=0,0003). Os PS do EPS o apresentaram bons
resultados utilizando-se o método de CAT, desta forma foi realizado um outro teste
capaz de analisar a capacidade antioxidante total do EPS.
4.8.2 - ATIVIDADE DE SEQÜESTRO DO RADICAL DPPH
Dados na literatura indicam a atividade de seqüestro do radical DPPH como
indicativo de capacidade antioxidante total. Desta forma o teste de seqüestro do
radical DPPH foi realizado e observou-se uma atividade dose dependente para
atividade de seqüestro do radical DPPH pelo EPS do capim do mar de H.wrightii. A
Figura 14 mostra concentrações crescentes do polissacarídeo (0,0025-0,750 mg/mL)
e a percentagem de inibição do radical. Observa-se um aumento do seqüestro do
radical com o aumento da concentração do extrato. A reação atinge seu ponto
máximo de inibição em 41,36 % utilizando 0,5 mg/mL de EPS. O percentual de
seqüestro em 0,75 mg/mL não foi considerado significativo com relação a
concentração anterior (0,50 mg/mL) .
Figura 14
-
Seqüestro do radical DPPH
. Os dados apresentados foram
expressos como média ± SD. O nível de significância das
amostras foi avaliado segundo teste de Tukey-Kramer
utilizando como base p<0,05 indicando significância, n=6.
Resultados
60
4.8.3 - ATIVIDADE QUELANTE DE METAL
Testes que avaliam a capacidade de um composto em quelar metais
também são considerados testes antioxidantes à medida que os metais são capazes
de gerar radicais livres. Desta forma para avaliar a capacidade de EPS em quelar
metais foram utilizadas diferentes concentrações de EPS (0,10-1,25 mg/mL) para
realização da atividade quelante de metal (Fe). EPS não apresentou atividade
quelante quando comparado ao controle positivo (EDTA) nas mesmas condições. O
EDTA (ácido etilenodiamino tetra-acético) apresentou uma percentagem de
quelação de 5,15 % utilizando-se apenas 10 µg, enquanto que o EPS apresentou
apenas 3 % utilizando-se 100 µg (Figura 15).
4.8.4 - ATIVIDADE DE SEQUESTRO DO RADICAL HIDROXILA
O teste de seqüestro do radical hidroxila é um teste antioxidante bastante
utilizado e avalia a capacidade de um composto em seqüestrar radicais hidroxila que
são os mais reativos e prejudiciais aos organismos. Desta forma foram utilizadas
diferentes concentrações de EPS (0,01-0,50 mg/mL) para realização da atividade de
Figura 15 - Quelação férrica de EPS. Em azul observa-se a porcentagem de quelação férrica pelo
EPS e em rosa a porcentagem de quelação férrica pelo EDTA (ácido etilenodiamino tetra
acético). Os dados apresentados foram expressos em dia ± SD. O nível de
significância das amostras foi avaliado segundo teste de Tukey-Kramer utilizando como
base p<0,05 indicando significância, n=9.
-6
-4
-2
0
2
4
6
8
10
0 0,1 0,5 1 1,25
Conce ntração (mg/mL)
Quelação férrica (%)
EPS
0
20
40
60
80
0 0,01 0,05 0,075 0,1 0,125
Concentração (mg/mL)
Quelação férrica (%)
EDTA
*
*
*
*
*
Resultados
61
0,00
0,30
0,60
0,90
1,20
1,50
1,80
0 0,01 0,05 0,10 0,50
Concentração (mg/mL)
Sequestro do radical (% )
EPS
seqüestro do radical hidroxila. EPS não apresentou atividade de seqüestro do radical
hidroxila alcançando um máximo de 1,3 % utilizando-se 0,010 mg/mL do composto
(Figura 16). Esta atividade se manteve constante até a concentração máxima
utilizando-se 0,50 mg/mL.
Figura 16 - Sequestro do radical hidroxila. Os dados apresentados foram
expressos em média ± SD (< 5%) O nível de significância das
amostras foi avaliado segundo teste de Turkey-Kramer
utilizando como base p<0,05 indicando significância, n=9.
4.8.5 - SEQÜESTRO DO RADICAL SUPERÓXIDO
O teste de seqüestro do radical superóxido também avalia o potencial
antioxidante de um composto por sua capacidade em seqüestrar este radical
impedindo assim a formação de outros radicais mais reativos que seriam formados a
partir dele. Os resultados indicaram que o potencial de seqüestro de EPS foi duas
vezes maior do que o do ácido gálico (AG) quando ambos estavam na concentração
de 0,05 mg/mL (Figura 17). Contudo a atividade de EPS não se modificou com o
aumento da concentração (0,005-0,03 mg/mL), diferentemente do ácido gálico que
teve um efeito dose-dependente durante todo o intervalo.
Resultados
62
0
10
20
30
40
50
60
0 0,005 0,01 0,02 0,03
Concentração (mg/mL)
Sequestro do radical (%)
EPS
AG
*
*
*
*
*
Figura 17 - Seqüestro do radical superóxido. Em azul observa-se a
porcentagem de seqüestro do radical superóxido pelo EPS e
em rosa a percentagem de seqüestro do radical superóxido
pelo AG (ácido gálico). Os dados apresentados foram
expressos em média ± SD. O nível de significância das
amostras foi avaliado segundo teste de Turkey-Kramer
utilizando como base p<0,05 indicando significância, n=9.
4.8.6 - PODER REDUTOR
Para confirmar o teste de capacidade antioxidante total foi realizado o teste
de poder redutor que é considerado um teste de atividade antioxidante por avaliar a
capacidade de um composto em doar elétrons podendo estabilizar um radical ou
transformá-lo em outro radical menos reativo. Desta forma para o ensaio de poder
redutor foram utilizadas diferentes concentrações de EPS (0,01-0,5 mg/mL) (Figura
18). Neste teste EPS apresentou um efeito dose-dependente atingindo um poder
redutor máximo na concentração de 0,25 mg/mL. Nesta concentração EPS
representou 50% do poder redutor da vitamina C.
Resultados
63
0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0 0,01 0,05 0,1 0,25 0,5
Concentração (mg/mL)
D.O (700 nm )
EPS
V C
*
*
*
*
*
Figura 18 - Análise do poder redutor. Em azul observa-se o poder
redutor do EPS e em rosa o poder redutor da VC (vitamina C).
Os dados apresentados foram expressos em média ± SD. O
nível de significância das amostras foi avaliado segundo teste
de Turkey-Kramer utilizando como base p<0,05 indicando
significância, n=9.
4.8.7 - ATIVIDADES ANTICOAGULANTES
EPS foi também submetido a testes de atividade anticoagulante como
descrito na metodologia utilizando-se “kits’ comerciais de aPTT (via intrínseca da
coagulação) e de PT (via extrínseca da coagulação).
Os resultados dos testes mostraram que EPS não alterou o tempo de
coagulação no teste de PT em todas as condições utilizadas. Analisando-se os
dados obtidos para aPTT, EPS apresentou uma atividade anticoagulante
considerável, conseguindo dobrar o tempo de coagulação com 20 µg, que é
aproximadamente apenas duas vezes e meia a concentração necessária da
heparina de baixo peso (Clexane®) para apresentar a mesma atividade
anticoagulante. Além disso, o efeito anticoagulante de EPS mostrou-se dose-
dependente. Os resultados dos testes de aPTT e PT realizados com EPS de H.
wrightii e comparados aos obtidos com as heparinas (não fracionada e Clexane®)
podem ser visualizados na Tabela V.
Resultados
64
TABELA V
Atividade anticoagulante de EPS e de heparinas
Composto
Ensaio
PT aPTT
Controle
12.2s
31.5s ± 0,8
EPS
2,5
µ
g
11.2s
32.4s ± 1,2
5,0
µ
g
12.3s 32.2s ± 0,7
10
µ
g
12.9s 49.2s ± 2,7
*20
µ
g
11.4s
#
63,2s ± 3,7
40
µ
g
11.9s
#
123.5s ± 1,7
80
µ
g
12,0s
#
> 240
Heparina
*0,8
µ
g
-
#
62,3s ± 2,2
Clexane®
*8,0
µ
g
-
#
66.2s ± 2,7
*massa necessária (
µ
g) para dobrar o tempo normal de coagulação;
#
os valores foram considerados significativos com p<0,05 e n=6.
Resultados
65
5 – DISCUSSÃO
Os Polissacarídeos sulfatados (PS) são macromoléculas que apresentam
diversas atividades biológicas e farmacológicas, o que lhes um grande potencial
para aplicação em várias atividades humanas, como na medicina, em indústrias
biotecnológicas, farmacêuticas e alimentícias (TOIDA et al., 2003; LEE et al., 2004).
Estes polímeros não são encontrados em todos os seres vivos, eles ocorrem com
mais freqüência em animais e macroalgas marinhas (ROCHA et al., 2006). Quando
da extração desses polímeros a partir de tecidos animais tem-se um rendimento
muito baixo. Por outro lado, não cultivo extensivo de diversas macroalgas cujos
polissacarídeos apresentaram atividade farmacológica. Esses e outros fatores
impulsionam pesquisas por outras fontes de PS.
Vegetais são as principais fontes de recursos naturais renováveis no mundo
atual. São cultiváveis e culturalmente aceitos como alimentos, fontes de matérias
primas, inclusive várias com aplicações farmacológicas. Recentemente, foi relatada
a presença de PS em vegetais. Entretanto, ainda não foram descritas atividades
farmacológicas para esses polímeros de vegetais (AQUINO et al., 2005; SANTOS,
2007). No intuito de começar a preencher essa lacuna, este trabalho extraiu e
avaliou atividades antioxidante e anticoagulante de PS do vegetal marinho H.
wrightii.
Utilizando uma metodologia que combina proteólise e precipitação com
metanol e posteriormente por TCA, conseguiu-se obter um extrato rico em PS de H.
wrightii denominado de EPS (extrato rico em polissacarídeos sulfatados). As
análises físico-químicas demonstraram que os PS presentes em EPS apresentam
uma massa molecular média de 11kDa. Não relatos das massas moleculares de
PS de vegetais, portanto uma comparação pode ser feita com PS de outros
organismos. Essa massa pode ser considerada alta ou baixa dependendo do tipo de
PS que for utilizado para comparação. Por exemplo, heparina com massas
moleculares em torno de 10-20 kDa são consideradas moléculas de alta massa
(BOUÇAS et al., 2006), já fucanas com massa de 21 kDa (LEITE et al., 1998;
ROCHA et al., 2005) são consideradas de baixa massa molecular. Espera-se que
com o avanço das pesquisas com PS de vegetais haja melhor parâmetros para se
afirmar se a massa observada para os PS de H. wrightii seja alta ou baixa.
66
As análises químicas indicaram a presença de xilose, glicose, galactose e
sulfato no PS de H. wrightii. Esta composição se assemelha com aquela observada
para os PS de vegetais ducícolas cuja composição é: glicose, galactose, xilose,
manose e arabinose (SANTOS, 2007). Esses dados também mostram que os PS de
H. wrightii são bastante diferentes daqueles sintetizados por algas marinhas marrons
e vermelhas (KLOAREG; QUATRANO, 1988; LEITE et al., 1998), bem como destes
com relação aos glicosaminoglicanos sulfatados sintetizados pelos animais
(MEDEIROS et al., 2000, NADER et al 2004; BRITO et al., 2008). Os dados apontam
para a afirmação de que os PS de vegetais, inclusive do capim do mar H. wrightii, se
assemelham mais com aqueles sintetizados pelas algas verdes, que são em sua
maioria compostos por vários monossacarídeos. Contudo, nestes seres há uma
predominância de um monossacarídeo em detrimento dos demais de acordo com a
ordem a que pertence à alga. Por exemplo, polissacarídeos das algas verdes da
ordem Codiales são mais ricos em arabinose ou galactose, enquanto que os da
ordem Caulerpales e Ulvales o principalmente constituídos de galactose ou
ramnose (ROCHA et al., 2006; QI et al., 2005). Por outro lado, as raras β-
homogalactanas (MATSUBARA, 2004; FARIAS et al., 2008) de algas verdes
purificadas apresentam um padrão de sulfatação diferente daquele apresentado pela
β-homogalactana do capim do mar Ruppia maritima (AQUINO et al., 2005). Em
resumo, os dados desse trabalho e os dados publicados com relação a PS de
vegetais indicam que esses polímeros são estruturalmente diferentes daqueles
encontrados em outros seres (as algas e os animais) então desta forma podem
possuir um grande potencial biotecnológico.
Compostos tidos como antioxidantes podem realizar sua função antioxidante
através da capacidade de seqüestrar radicais; quelar metais que contribuem para as
reações oxidantes; assim como, inibir ou atenuar a produção de oxidantes
endógenos ou estimular a produção de antioxidantes naturais dos organismos vivos.
Desta forma foram realizados os seguintes testes de atividade antioxidante com
EPS: CAT (capacidade antioxidante total), seqüestro do radical DPPH, atividade
quelante de metal, atividade de seqüestro do radical hidroxila, atividade de
seqüestro do radical superóxido e atividade de poder redutor.
Discussão
67
Os dados de CAT indicaram que EPS não apresentou potencial antioxidante
utilizando este método devido a cada grama de EPS corresponder à capacidade
antioxidante total de apenas 15,21 mg de ácido ascórbico. Outros extratos ricos em
PS apresentaram resultados neste teste, a medida em que cada grama dos extratos
das algas Spatoglossum schroederi e Dictyota mertensis apresentaram 14,4 mg e
18,2 mg ,respectivamente, correspondentes de ácido ascórbico (COSTA et al., 2008)
o que parece indicar que PS não apresentam bons resultados neste teste.
relatos na literatura que indicam testes antioxidantes de seqüestro do
radical DPPH como sendo utilizado para a análise da capacidade antioxidante total
de extratos vegetais e algas (WILLIAMS; CUVELIER; BERSET, 1995; ZHAO et al.,
2006; BARLA et al., 2007). Sendo assim utilizou-se este teste para avaliar a
capacidade antioxidante total dos PS de H. wrightii. EPS apresentou capacidade de
seqüestrar o radical DPPH de forma dose-dependente, chegando à atividade
máxima em torno de 41% com 0,5 mg. Esta atividade se mostrou bastante elevada
quando se compara com o efeito de extratos ricos em fucanas da alga Scytosiphon
lomentaria que apresentaram uma atividade em torno de 50%, mas com 2,5 mg
(KUDA et al., 2005) e mesmo quando se compara com a atividade de PS como os
extraídos de Porphyra haitanensis que apresentaram uma atividade máxima de ~8%
utilizando-se ~2,4 mg (ZHAO et al., 2006).
Antioxidantes capazes de quelar metais como o ferro II (Fe
2+
) miniminisam os
riscos desses em catalizar a formação do radical livre hidroxila a partir do peróxido
de hidrogênio, o que resulta na proteção contra danos oxidativos (HUANG; MENDIS;
KIM, 2005). Três frações ricas em fucanas extraídas de Laminaria japônica
apresentaram atividade antioxidante máxima que variou entre 19 a 28%. Quanto
maior a relação sulfato/fucose melhor a atividade da fração, o que indica uma forte
relação entre a atividade quelante e o teor de sulfato (WANG et al., 2007). Nosso
grupo mostrou que galactanas sulfatadas de Gracilaria caudata apresentaram maior
atividade quanto maior à quantidade de galactose em relação aos seus demais
resíduos de açúcar (SABRY et al., 2008). Apesar de EPS apresentar galactose e
sulfato em sua composição, ele não apresentou atividade quelante de metal.
Entre as espécies reativas do metabolismo do oxigênio molecular (ERMOs)
o radical hidroxila é o que causa mais danos às biomoléculas. Vários PS vêm
Discussão
68
apresentando essa atividade, como K - carragenanas (ZHANG et al., 2003; 2004;
SOUZA et. al., 2007), fucoidans (WANG et al., 2007), galactanas (SABRY et al.,
2008). Contudo, como ocorreu com a quelação de metais, EPS não apresentou
atividade seqüestradora de hidroxilas.
Dados na literatura indicam que a atividade de seqüestro do radical
superóxido foi descrita para polissacarídeos, inclusive sulfatados artificialmente,
como foi observado quando se utilizou quitosana sulfatada que apresentou uma
habilidade de sequestro do radical de ~40% utilizando-se 0,025 mg/mL (XING et al.,
2004). Percentual semelhante foi encontrado para quitosana deacetilada que teve
uma habilidade de seqüestro de 41,37% com 0,02 mg/mL (PARK; JE; KIM, 2003).
Tsiapali et al. (2001) demonstraram que glucanas quando fosforiladas ou sulfatadas
quimicamente exibem atividade sequestradora do radical superóxido. Estes dados
indicaram que polieletrólitos podem ser responsáveis pelo aumento da atividade de
seqüestro. Polissacarídeos que são sulfatados naturalmente também apresentam
essa atividade, como fucoidans da alga Laminaria japonica, que apresentaram
atividade em torno de 30 % utilizando-se ~ 0,023 mg/mL (WANG et al., 2007). Estes
autores também relataram que os fucoidans mais ativos eram os que se
apresentavam mais sulfatados. EPS apresentou uma atividade em torno de 35%
com 0,005 mg/mL, que foi cerca de 6 vezes maior do que a apresentada pelo ácido
gálico na mesma concentração, além disso esta concentração foi 5 vezes menor do
que a utilizada por aquela quitosana sulfatada obtendo um percentual de seqüestro
semelhante (~40%). Contudo, esta atividade não aumentou com o aumento da
concentração de EPS. Embora o radical superóxido não seja considerado um radical
altamente reativo estes resultados tornam-se interessantes por sugerirem a
existência de um composto capaz de seqüestrar este radical que é o primeiro a ser
formado na redução tetravalente do oxigênio molecular onde a partir dele são
formadas outras ERMOs como os radicais hidroxilas considerados os mais danosos
ao organismo.
O teste de poder redutor é também considerado um teste de atividade
antioxidante na medida que avalia a capacidade que a amostra teste tem em doar
elétrons contribuindo desta forma para estabilização das ERMOs. EPS apresentou
uma atividade dose-dependente que estabilizou com 0,25 mg/mL com uma DO de
Discussã
o
69
0,25 que correspondeu a 50% do poder redutor da vitamina C nesta mesma
concentração. EPS foi mais potente do que extrato rico em PS da alga Porphyra
haitanensis, que apresentou uma D. O. máxima em torno de 0,2 utilizando-se 0,6
mg/mL que foi mais do que o dobro da utilizada para EPS para obter uma D. O
semelhante (~0,25) (ZHAO et al., 2006). EPS também se mostrou mais potente do
que PS purificados, como fucoidans de Laminaria japonica, que apresentaram D.O.
entre 0,079 e 0,106 na concentração de 1 mg/mL que foi 5 vezes maior do que a
utilizada por EPS que apresentou uma D. O superior (~ 0,25) (WANG et al., 2007).
Os nossos dados e aqueles encontrados na literatura sugerem que atividade
antioxidante de PS não é meramente dependente de sulfato, mas também, de outros
fatores, possivelmente, tamanho da molécula, tipo de monossacarídeos e ligação
entre eles além da distribuição de seus substituintes, inclusive os grupos sulfato,
pela molécula (HUANG; MENDIS; KIM, 2005; SOUZA et al., 2007)
Estudos futuros indicarão quais dessas e outras características estruturais
serão importantes para PS apresentarem esta atividade, inclusive para aqueles
encontrados em H. wrightii.
Os PS de H. wrightii não apresentaram atividade anticoagulante no teste de
PT, o que mostra que eles não possuem ação sobre a via extrínseca da coagulação.
Testes de atividade anticoagulante de aPTT também foram realizados. Os
resultados indicaram uma atividade dose dependente, sendo que com 20 µg da
amostra se observou duplicação do tempo de coagulação para o teste de aPTT. Os
dados sugerem que o EPS do capim do mar H. wrightii possuem atividade
anticoagulante prolongando o tempo de coagulação por atuação e inibição apenas
da via intrínseca e/ou da via comum da cascata de coagulação.
Sugere-se que a atividade anticoagulante observada por EPS é resultante
da presença e localização de grupamentos sulfato. As análises de infravermelho
mostraram sulfatação no C2. Estudos com PS anticoagulantes atribuem sulfatação
em C3, C2 ou C4 como sendo importantes para se ter atividades anticoagulante
altas (ROCHA et al., 2006). Estes resultados sugerem a existência de um composto
com um grande potencial anticoagulante na medida em que a massa necessária
para dobrar o tempo de coagulação é apenas duas vezes e meia maior do que a
massa da heparina de baixo peso molecular (Clexane®) necessária para realizar o
Discussão
70
mesmo efeito. Estudos posteriores fazem-se necessários para aprofundamento e
melhor compreensão do mecanismo de ação de EPS.
Discussão
71
6 - CONCLUSÕES
Halodule wrightii é rico em polissacarídeos sulfatados que contém galactose,
xilose, glicose com relações molares semelhantes;
Halodule wrightii contém polissacarídeos sulfatados com uma massa
molecular média de 11 kDa;
Os Polissacarídeos sulfatados de Halodule wrightii estão localizados na
epiderme da porção vegetativa raiz;
EPS não apresentou atividade antioxidante para os ensaios CAT, seqüestro
do radical hidroxila e atividade quelante de metal;
EPS apresentou atividade antioxidante nos ensaios de seqüestro do radical
DPPH, poder redutor e seqüestro do radical superóxido;
EPS possui uma potente atividade anticoagulante, agindo na via intrínseca da
coagulação;
72
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