Cabem agora algumas considerações sobre a base de trabalho principal, os modelos
urbanos digitais do centro do Rio de Janeiro, e os principais aspectos de sua construção
e história. Como observado anteriormente, tais modelos começaram a ser construídos
em meados da década de 1990 como bases do grupo LAURD para suas primeiras
pesquisas, e foram utilizados inicialmente como ferramenta de representação do trabalho
Rio Colonial, um estudo sobre o desenvolvimento da cidade até o século XVIII.
Na ocasião, foi construído um modelo da topografia da cidade e suas edificações mais
importantes. Ainda que a base topográfica, por sua complexidade, tenha sido perdida
por descontinuidades tecnológicas, as edificações foram aproveitadas, restauradas
digitalmente
9
, e hoje fazem parte das novas versões dos modelos urbanos construídos
posteriormente. Estes modelos vem sendo constantemente aprimorados, e são utilizados
como base de representação para diferentes trabalhos sobre a área central.
10
Essas novas versões foram construídas tendo como referência principal a obra de Eduardo
Canabrava
11
, que apresenta a evolução da cidade através de mapas, em diversos recortes
temporais que vão do século XVII até o ano de 1960, época das comemorações do quarto
centenário da cidade, ocasião da publicação de sua obra. Em seus mapas, o autor mostra
o desenvolvimento da área central da cidade, identificando e relacionando o surgimento,
a permanência e o desaparecimento de seus diferentes elementos urbanos, tais como
lagoas e morros, os principais edifícios e as ruas da cidade.
Os modelos urbanos do Rio de Janeiro se constituem em essência como versões digitais
tridimensionais de seu trabalho, à exceção do modelo que representa a cidade no
ano 2000, construído a partir de outras referências, principalmente os levantamentos
4.2. Aplicações Práticas
4.2.1. Os Modelos Urbanos Digitais do Centro do Rio de Janeiro
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Os Modelos Urbanos Digitais do Centro do Rio de Janeiro
9 Em uma restauração digital, o modelo é muitas vezes reconstruído tendo como estrutura-base o modelo antigo.
Esse processo muitas vezes é necessário para adequar a antiga geometria às novas versões das ferramentas
digitais. Outros possíveis objetivos desse processo se relacionam à um aperfeiçoamento da versatilidade do modelo,
eliminação de erros técnicos e eventuaisl atualizações ou correções na descrição da forma do objeto real de
referência.
10 Não só em trabalhos acadêmicos, mas também em outras áreas os modelos digitais do centro do Rio foram
utilizados como instrumentos de representação da cidade. Assim, podemos citar a sua utilização no documentário “O
Centro do Rio”, produzido pela TV Cultura em 2004, e também no documentário da cineasta Ana Maria Magalhães,
“Lembranças do Futuro”, sobre a obra de Affonso Eduardo Reidy produzido em 2005.
11 CANABRAVA, Eduardo. Atlas da Evolução Histórica do Rio de Janeiro. IHGB: Rio de Janeiro, 1964.
Fig. 8. A restauração digital reduz a complexidade do modelo, otimizando seu processo de edição e aumentando a
qualidade de sua representação. Acima, podemos ver a nítida simplificação da geometria do modelo da Biblioteca Nacional
obtida após sua restauração.
Fig. 9. Um dos mapas da obra de Eduardo Canabrava,
representando o centro da cidade em 1910. Os limites de seu estudo
abrangem a própria região do Morro do Castelo, estendendo-se no
eixo leste-oeste desde o Morro da Glória até o Morro São Bento,
e no eixo norte-sul, da Praça XV até o Morro da Providência, na
região conhecida atualmente como Cidade Nova.