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AVALIAÇÃO DA IMPLANTAÇÃO DE POTENCIAIS BOAS
PRÁTICAS PARA PREVENÇÃO DE INFECÇÃO HOSPITALAR
EM UMA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA NEONATAL.
Arnaldo Costa Bueno
.
.
Rio de Janeiro, maio de 2008.
Fundação Oswaldo Cruz.
Instituto Fernandes Figueira.
Pós-graduação em Saúde da Criança e da Mulher.
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ii
AVALIAÇÃO DA IMPLANTAÇÃO DE POTENCIAIS BOAS
PRÁTICAS PARA PREVENÇÃO DE INFECÇÃO HOSPITALAR
EM UMA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA NEONATAL.
Arnaldo Costa Bueno
Tese apresentada à Pós-graduação em Saúde da
Criança e da Mulher como parte dos requisitos para
obtenção do título de Doutor.
Orientadora: Prof. Dra. Maria Elizabeth Lopes Moreira.
Co-orientador: Prof. Dr. Alan Araújo Vieira.
Rio de Janeiro, maio de 2008.
Fundação Oswaldo Cruz.
Instituto Fernandes Figueira.
Pós-graduação em Saúde da Criança e da Mulher.
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iii
FICHA CATALOGRÁFICA NA FONTE
INSTITUTO DE COMUNICAÇÃO E INFORMAÇÃO CIENTÍFICA
E TECNOLÓGICA EM SAÚDE
BIBLIOTECA DO INSTITUTO FERNANDES FIGUEIRA.
Bueno, Arnaldo Costa
Avaliação da implantação de potenciais boas práticas para prevenção de
infecção hospitalar em uma unidade de terapia intensiva neonatal/
Arnaldo Costa Bueno. – 2008
x.; 138f.
Tese (Doutorado em Saúde da Criança e da Mulher) – Instituto
Fernandes Figueira, Rio de Janeiro, 2008.
Orientadora: Maria Elisabeth Lopes Moreira
Co-orientador: Alan Araújo Vieira.
Bibliografia: f. 96-110.
1. Neonatologia. 2. Sepse- prevenção e controle. 3. Qualidade da
assistência
a saúde.
CDD- 22
a
ed. 618.9201
iv
DEDICATÓRIA
.
À todos os profissionais da rede pública que cuidam
de recém-nascidos,
profissionais incansáveis,
dedicados, sempre dispostos a aprender para
melhor lidar com estes pequenos e frágeis pacientes.
v
AGRADECIMENTOS
À toda minha família, razão de estar e ser neste mundo.
São tantas as pessoas a quem sou grato por poder passar por mais
este período da minha vida, que tenho certeza esquecerei algumas...
À minha orientadora professora Maria Elizabeth Lopes Moreira, exemplo
a ser seguido na sua dedicação em pesquisa em Neonatologia, sempre
competente quando solicitada.
Ao meu amigo e co-orientador professor Alan Araújo Vieira, incansável
no trabalho, sempre estimulado e me estimulando a produzir e estudar.
A minha amiga Prof. Dra. Carmem Lucia Pessoa da Silva, quem me
iniciou na pesquisa em neonatologia.
A todos os professores da Pós-Graduacão do Instituto Fernandes
Figueira, pela oportunidade de crescimento e por compartilhá-los comigo.
A amiga Prof Dra Maria Auxiliadora Mendes Gomes, quem inicialmente
me incentivou neste projeto de vida e de estudo em qualidade em
neonatologia.
A toda equipe da Unidade Neonatal do Hospital Maternidade Oswaldo
Nazareth, companheiros de trabalho diário, sem eles este trabalho não existiria.
A Dra Patrícia Inhaquite e Dra Patrícia Campanha, que muito me
auxiliaram na realização deste projeto.
À banca de examinadores, por compartilhar seu tempo e conhecimento.
A Deus.....
vi
RESUMO
Nos últimos anos, a implantação e a avaliação das Potenciais
Boas Práticas em neonatologia tem sido relacionada a melhores resultados nos
processos de trabalhos. Existe a sugestão de que, estas “potenciais boas
práticas”, devam ser testadas em diversos contextos para sua confirmação.
Atualmente, no Brasil, a mortalidade neonatal ainda é muito alta,
sendo a infecção hospitalar apontada como uma das causas mais comuns.
Este estudo prospectivo analisa o impacto de uma intervenção
não controlada, tipo antes e depois, com foco na implantação de potenciais
boas práticas clínicas para prevenção de infecção nosocomial, na UTI neonatal
do Hospital Maternidade Oswaldo Nazareth na cidade do Rio de Janeiro. A
unidade foi utilizada como próprio controle em diferentes períodos de tempo.
Foram eleitas para este estudo as seguintes práticas:
higienização das mãos, implantação e manuseio de cateteres centrais, melhora
na acurácia no diagnóstico de sepse, uso criterioso de antimicrobianos,
restrição ao uso de corticóide pós-natal e bloqueadores H
2
e estímulo a
alimentação enteral precoce com leite humano. A coleta de dados foi feita com
a metodologia do National Nosocomial Infections Surveillance System.
No período de 22 meses de duração do estudo, foram admitidos
626 RN na UTI neonatal, com a inclusão de 457 no estudo (264 no período pré
e 193 no período pós-intervenção). Não houve diferença estatística do peso ao
nascer e do escore de gravidade (SNAPPE) entre os grupos.
Após intervenção proposta observou-se: diminuição do tempo de
internação, dos dias de uso de cateter umbilical, do percentual de pacientes
que fizeram uso de ventilação mecânica, dos dias de uso de antibiótico, do
vii
número de esquemas de antibiótico utilizados, da quantidade de infecções
hospitalares, tanto de origem materna quanto hospitalar, da quantidade de
diagnóstico de sepse clínica, do percentual de hemoculturas coletadas, do
percentual de hemoculturas consideradas como contaminadas, do percentual
de exame de líquor coletado, do percentual de cultura de aspirado traqueal
coletado, do percentual de RN colonizados por ESBL, do percentual de óbitos
causados por infecção e aumento do percentual de pacientes que fizeram uso
do PICC. Não foi observado diminuição do percentual de infecção da corrente
sanguínea, infecção relacionada a cateter e nem de infecção comprovada.
Este trabalho demonstra a necessidade de mais amplos e
abrangentes programas desta natureza, sua eficácia frente aos resultados
apontados, considerando os mínimos recursos financeiros empreendidos na
sua execução.
Palavras chave: neonatologia, sepse – prevenção e controle, qualidade da
assistência à saúde.
viii
ABSTRACT
During the last few years, the implementation and evaluation of
the “Potentially Better Practices” on neonatology have been related to better
results on work processes. It is suggested that these “Potentially Better
Practices” should be tested on several contexts in order to be confirmed.
Currently, in Brazil, neonatal mortality is still very high, with
hospital infection being pointed out as one of the most common causes.
This prospective study analyses the impact of a non controlled
before and after intervention, focused on the implementation of potentially better
clinical practices towards the prevention of nosocomial infection at the Oswaldo
Nazareth Maternity Hospital’s NICU in the city of Rio de Janeiro. The unit was
its own control in different periods of time.
The following practices were selected for this study: hand
washing, central catheters placement and handling, more accurate diagnosis of
sepsis, proper antibiotic use, restriction on the use of pos-natal steroids and H
2
blockers and promotion of early enteral feeding with human milk. The data was
collected according to National Nosocomial Infections Surveillance System
standards.
During the 22 month study, 626 newborns were admitted in the
NICU and 457 were included in the study (264 before and 193 after the
intervention). There were no statistical differences between the groups
regarding birth weight and risk score (SNAPPE).
After the intervention, reduction of the following items were
observed: days of hospitalization,
number of days umbilical catheter was used,
ix
percentage of patients using mechanical ventilation, number of days antibiotics
were used, amount of antibiotic courses, amount of hospital infections both
maternal and hospital related, the amount of clinical sepsis diagnoses,
percentage of blood culture collected, percentage of suspected contaminated
blood culture, percentage of cerebrospinal fluid test, percentage of tracheal
aspirate culture collected, percentage of newborns colonized with ESBL,
percentage of deaths caused by infection and an increased percentage of
patients using PICC. There was no reduction of the percentage of blood stream
infection, related catheter infection neither reduction of proved infection.
This study indicates a need for more comprehensive programs of
this nature, given the efficacy in terms of results obtained and the low financial
costs required for its promotion.
Key words: neonatology, sepsis – prevention and control, quality of health care.
x
ÍNDICE
Página
1. Introdução 01
2. Justificativa 05
3. Objetivos 11
4. Quadro teórico 12
5. Hipóteses 27
6. Material e Método 28
7. Análise Estatística 52
8. Resultados 53
9. Discussão 77
10. Referências Bibliográficas 96
11. Apêndices 111
12. Anexos 125
xi
LISTA DE TABELAS
Página
Tabela 1 Potenciais Boas Práticas sugeridas pela VON 23
Tabela 2 Total de internações, óbitos e porcentagem de sobrevida de
pacientes internados na UTIN-HMON no ano de 2006
31
Tabela 3 Total de internações, óbitos e porcentagem de sobrevida de
pacientes internados na UTIN-HMON ano de 2007- RJ 2008
31
Tabela 4 Potenciais Boas Práticas escolhidas e nível de evidência
científica correspondente
38
Tabela 5 Comparação das características clínicas dos grupos de
recém-nascidos estudados nos períodos pré e pós-
intervenção- variáveis contínuas- RJ 2008
53
Tabela 6 Comparação das características clínicas dos grupos de
recém-nascidos estudados nos períodos pré e pós-
intervenção- variáveis categóricas – RJ 2008
54
Tabela 7 Comparação dos procedimentos invasivos realizados na
população de RN estudados no período pré e pós-
intervenção – variáveis contínuas – RJ 2008
55
Tabela 8 Comparação dos procedimentos invasivos realizados apenas
na população de RN estudados que utilizaram tais
procedimentos no período pré e pós-intervenção– variáveis
contínuas – RJ 2008
55
Tabela 9 Comparação dos procedimentos invasivos realizados na
população de RN estudados no período pré e pós-
intervenção – variáveis categóricas – RJ 2008
56
Tabela 10 Comparação da população de RN estudados em relação aos
diagnósticos e tratamentos recebidos – variáveis contínuas –
RJ 2008
57
Tabela 11 Comparação da população de RN submetidos à
investigação diagnóstica e aos tratamentos propostos–
58
xii
variáveis contínuas – RJ 2008
Tabela 12 Comparação entre os RN estudados em relação aos
diagnósticos e tratamento – variáveis categóricas – RJ 2008
59
Tabela 13 Comparação da quantidade de esquemas de antibiótico
prescritos por paciente nos períodos estudados – RJ 2008
60
Tabela 14 Comparação dos grupos quanto ao uso de mais de três
esquemas de antibiótico nos períodos estudados – RJ 2008
60
Tabela 15 Comparação entre os exames coletados nos pacientes
estudado no período pré e pós-intervenção – variáveis
categóricas – RJ 2008
61
Tabela 16 Resultado das hemoculturas colhidas respectivamente no
período pré e pós intervenção – RJ 2008
62
Tabela 17 Comparação entre os grupos estudados em relação à
colonização no período pré e pós-intervenção – RJ 2008
63
Tabela 18 Comparação dos casos de óbitos classificados quanto à sua
associação a infecção hospitalar no período pré e pós-
intervenção – RJ 2008
64
Tabela 19 Comparação dos casos de óbitos causados por infecção
hospitalar com os demais, nos períodos pré e pós-
intervenção- RJ 2008
64
Tabela 20 Comparação das características clínicas dos grupos de RN
com peso de nascimento 1.500 g nos dois períodos
estudados – variáveis contínuas – RJ 2008
65
Tabela 21 Comparação das características clínicas dos grupos de RN
com peso de nascimento 1.500 g nos dois períodos
estudado – variáveis categóricas – RJ 2008
65
Tabela 22 Comparação dos procedimentos invasivos realizados na
população de RN estudados com peso de nascimento
1.500g no período pré e pós-intervenção – variáveis
contínuas- RJ 2008
66
Tabela 23 Comparação do tempo de utilização dos procedimentos
invasivos na população de RN estudados com peso de
nascimento 1.500 g que foram submetidos a tais
67
xiii
procedimentos no período pré e pós-intervenção – variáveis
contínuas- RJ 2008
Tabela 24 Comparação dos procedimentos invasivos realizados na
população de RN estudados com peso de nascimento
1.500g no período pré e pós-intervenção – variáveis
categóricas- RJ 2008
68
Tabela 25 Comparação da população de RN com peso de nascimento
1.500 g estudados em relação aos diagnósticos e
tratamentos recebidos nos períodos estudados – variáveis
continuas – RJ 2008
69
Tabela 26 Comparação da população de RN, com peso de nascimento
1.500 g, submetidos à investigação diagnóstica e aos
tratamentos propostos nos períodos estudados – variáveis
contínuas – RJ 2008
69
Tabela 27 Comparação entre os RN estudados, com peso de
nascimento 1.500g, em relação aos diagnósticos e
tratamento nos períodos estudados – variáveis categóricas –
RJ 2008
70
Tabela 28 Comparação da quantidade de esquemas de antibiótico
prescritos por paciente, com peso de nascimento 1.500g,
nos períodos estudados – RJ 2008
71
Tabela 29 Comparação dos grupos, com peso de nascimento 1.500 g,
quanto ao uso de mais de três esquemas de antibiótico nos
períodos estudados – RJ 2008
71
Tabela 30 Comparação entre os exames coletados nos pacientes
1.500 g, estudados no período pré e pós-intervenção –
variáveis categóricas – RJ 2008
72
Tabela 31 Resultado das hemoculturas colhidas respectivamente no
período pré e pós intervenção nos pacientes com peso de
nascimento 1.500 g – RJ 2008
73
Tabela 32 Comparação dos casos de óbitos classificados quanto à sua
associação a infecção hospitalar no período pré e pós-
intervenção, no grupo de RN com peso de nascimento
74
xiv
1.500 g - RJ 2008
Tabela 33 Comparação dos casos de óbitos causados por infecção
hospitalar com os demais nos períodos pré e pós-intervenção
no grupo de RN com peso de nascimento 1.500g– RJ 2008
74
xv
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
BLH: Banco de Leite Humano
CDC: Centers for Desease Control and Prevention
CV: Cateter Vesical
CU: Cateter Umbilical
CVC: Cateter Venoso Central
ECN: Enterocolite Necrosante
ESBL: Beta Lactamase de Espectro Estendido
HMON: Hospital Maternidade Oswaldo Nazareth
IH: Infecção Hospitalar
IHOM: Infecção Hospitalar de Origem Materna
ICS: Infecção da Corrente Sanguínea
IHOH: Infecção Hospitalar de Origem Hospitalar
Ig: Imunoglobulina
IG: Idade Gestacional
LH: Leite Humano
MS: Ministério da Saúde
MRSA: Staphylococcus aureus meticilino resistente
NICHD: National Institute of Child Health and Human Development
NPT: Nutrição Parenteral Total
NNISS: National Nosocomial Infections Surveillance System
PBP: Potenciais Boas Práticas
xvi
PICC: Peripherical Insertion Central Catheter- Cateter Central de Inserção
Periférica
PL: Punção Lombar
PN: Peso ao Nascimento
RN: Recém-nascido (s)
RNMBP: Recém-nascidos de Muito Baixo Peso
RJ: Rio de Janeiro
SMS: Secretaria Municipal de Saúde
SNAPPE II: Score for Neonatal Acute Physiolgy, Perinatal Extension, version II
SCN: Staphylococcus coagulase negativo
UTIN: Unidade de Terapia Intensiva Neonatal
VON: Vermont Oxford Network
VM: Ventilação Mecânica
xvii
1. INTRODUÇÃO.
O principal componente da mortalidade infantil atualmente, no
Brasil, é o componente perinatal e a causa mais comum de óbito nesta faixa é
a infecção hospitalar (IH). A IH além de ter forte impacto na sobrevida e
qualidade de vida do sujeito, contribui para altas taxas de paralisia cerebral,
dificuldade de aprendizado dificultando a inserção de um adulto saudável na
sociedade (Todres et al, 2000).
Apesar dos avanços na área do conhecimento neonatal, assim
como na área tecnológica, as IH associadas aos cuidados de saúde ocorrem e
são motivo de preocupação para os gestores de serviços, pois são
responsáveis por aumento expressivo da mortalidade, morbidade e custos
hospitalares. Atualmente observa-se aumento da sobrevida dos recém-
nascidos (RN) com conseqüente aumento de doenças crônicas, afetando
diretamente essa população, favorecendo o surgimento das infecções
associadas aos cuidados hospitalares.
Assim sendo, indicadores que reflitam apenas resultados
relacionados à mortalidade, não são suficientes para avaliação da qualidade de
serviços e seu impacto em saúde pública.
A tríade estrutura, processo e resultado estabelecida por
Donabedian (1988) tem sido muito utilizada como base dos estudos em
avaliação de qualidade em saúde. A estrutura é definida como as
características da área física, recursos humanos e matérias disponíveis, o
processo como as atividades exercidas pelos profissionais junto aos pacientes
e resultado, como as mudanças ocorridas no estado de saúde do paciente em
decorrência do cuidado prestado.
xviii
A preocupação na área neonatal com a qualidade em todos seus
aspectos é plenamente justificável, especificamente com o item “resultado”,
conseqüência final do trabalho em equipe que caracteriza esta área. A
motivação para pesquisas nesta área é direcionada por fatores econômicos e
sociais entre outros, estimulando o mundo científico a fornecer explicações ou
apresentar novas metodologias, sendo muitas delas incorporadas sem
comprovação científica adequada (Ehkrenkranz e Wright, 2003).
Para aprofundar o conhecimento sobre a qualidade da assistência
prestada com finalidade de promover futuras intervenções, é indispensável o
estudo minucioso do universo de variáveis que compõem estes mesmos
serviços. Para isto há necessidade de estabelecer dados específicos,
monitoramento constante com definições uniformes. Os indicadores da
qualidade devem ser escolhidos a partir de protocolos e recomendações
baseadas nas melhores evidências científicas disponíveis (Lindmark e
Langhoff-Ross, 2004), com garantia da qualidade das informações obtidas,
começando pela definição de conceitos ou classificações, as quais serão
utilizadas para a construção do banco de dados (Slagle, 1999).
Pollack e Koch, em 2003, discutiram amplamente sobre a
qualidade do atendimento neonatal, baseados em pesquisa sobre o processo
de trabalho dos profissionais envolvidos no atendimento. Os autores
analisaram comportamento, atitudes e procedimentos administrativos de
médicos, enfermeiros e terapeutas respiratórios e concluíram que estas
práticas podem ter influência na qualidade do atendimento e na mortalidade
neonatal. O modo de incorporação dos conhecimentos disponíveis na literatura
no cotidiano das Unidades de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN), é
xix
preocupação constante dos profissionais que cuidam de RN e dos
pesquisadores da área,
Na área perinatal o item resultado tem como indicador mais
utilizado o coeficiente de mortalidade. Pollack e Koch (2003) sugerem outros
indicadores tais como taxas de Displasia Broncopulmonar, Hemorragia
Intraventricular, Retinopatia da Prematuridade, tempo de hospitalização e dias
de ventilação como pontos importantes a serem considerados nesta avaliação.
Além da análise dos indicadores de qualidade é de interesse
prático a comparação entre unidades com resultados distintos, assim como
comparar estas mesmas unidades antes e depois da implantação de
determinados protocolos, com finalidade de promover mudanças ou
interferências naquelas com piores resultados.
Quando analisamos os dados atualmente disponíveis a respeito
da mortalidade infantil no Brasil, nos deparamos com um desafio instigante:
pois apesar de observarmos acentuada redução no Coeficiente de Mortalidade
Infantil, o item de maior peso nesta redução é o componente pós-neonatal. As
taxas de mortalidade infantil brasileiras estão semelhantes às encontradas nos
países desenvolvidos no final da década de 60, sendo que as causas perinatais
têm maior predominância nestes índices se considerarmos os pacientes até um
ano de vida (Victora et al, 2001). A rede Vermont Oxford Network (VON) relata
taxa de mortalidade de 150 por 1.000 nascidos vivos nos recém-nascidos de
muito baixo peso (RNMBP) no ano de 2002 (Horbar, 2003b), enquanto neste
mesmo período no Brasil há relato de taxas de 512/1.000 (Castro, 2007).
Pessoa-Silva e colaboradores (2004) relatam que 60% dos óbitos
de crianças brasileiras no primeiro ano de vida ocorrem no período neonatal.
xx
Estudos indicam certa tendência à estabilização ou mesmo aumento da
mortalidade neonatal no Brasil (Magalhães, 2000), possivelmente com as
infecções atuando como causa preponderante. Devemos aqui considerar
outros fatores que poderiam explicar tais tendências, como os estudos sobre
manejo de pacientes em estado de limite de viabilidade neonatal, a utilização
de novas tecnologias ou a implantação de novas UTIN na rede pública
brasileira. Como afirma Lansky (2002), a redução da mortalidade perinatal
relatada por diversos países pode estar relacionada a alguns fatores como:
ampliação do acesso da população à assistência, regionalização dos serviços e
desenvolvimento de tecnologia específica para a assistência neonatal.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (World Health
Organization) (2005) no mundo, em torno de 1,4 milhão de pessoas
anualmente, adquirem IH. De acordo com essa mesma organização, o risco de
IH em países em desenvolvimento pode ser de duas a 20 vêzes superior,
quando comparados com países desenvolvidos.
Considerando o exposto acima, o objetivo principal deste trabalho
é avaliar, a partir dos processos de trabalho em uma UTIN, o impacto de uma
intervenção com foco na IH.
xxi
2. JUSTIFICATIVA
Trabalhos científicos direcionados para a análise do processo e
resultados da assistência neonatal que possam contribuir para a melhoria da
qualidade do cuidado e atenção ao binômio mãe-bêbe são necessários. Na
literatura nacional, observamos a escassez de trabalhos desta natureza,
principalmente de estudos com o enfoque na prevenção e controle da infecção
hospitalar de origem hospitalar (IHOH).
Atualmente, apesar da disponibilidade de modernas técnicas no
atendimento ao paciente prematuro, tais como surfactante exógeno, métodos
ventilatórios adequados, óxido nítrico, entre outros, não observamos uma
consistente redução de mortalidade neste grupo etário. Por isso, tornam-se
necessários estudos mais aprofundados a cerca da qualidade no atendimento
e da criação de novos indicadores baseados no processo da assistência. Há
necessidade de padronização de protocolos e rotinas amparados em
evidências científicas para a obtenção de melhores resultados perinatais.
Autores brasileiros (Gianini, 2001; Gomes, 2002; Lima, 2002 e
Mendes, 2006) já relataram a variação nas práticas neonatais correlacionado-
as com a qualidade da assistência e são unânimes quanto à sua inadequação.
Esta diversidade de práticas poderia ser explicada, em parte, pela
heterogeneidade nos diagnósticos, pela experiência clínica dos profissionais,
dogmas e conceitos construídos ao longo dos anos, e também pela preferência
individual do médico (Walsh-Sucks et al, 2000). Portanto, ações como a correta
e adequada adesão a protocolos poderiam causar impacto positivo na
assistência aos RN do Sistema Único de Saúde do município do Rio de Janeiro
(RJ).
xxii
Gomes (2002) já descreveu que a disponibilidade de dados sobre
as práticas e resultados em serviços de saúde foi fundamental na trajetória dos
países com melhores resultados perinatais.
A necessidade de realização de pesquisas com o enfoque nas
variações das práticas clínicas assistenciais na realidade brasileira também já
foi apontada por Mendes et al (2006), quando analisaram a quantidade e
variação de utilização de tecnologias nas práticas assistenciais em unidade
pública e privada na cidade do RJ.
Nos Estados Unidos, observa-se uma redução drástica da
mortalidade neonatal nos últimos anos, mas ainda são necessários
conhecimentos e avanços nesta área com a finalidade de diminuir a morbidade
e seqüelas neurológicas (Fanaroff et al, 2003). Estes autores demonstraram a
partir de coorte de 15 anos da rede de pesquisa neonatal do National Institute
of Child Health and Human Development (NICHD), que apesar da grande
variabilidade da incidência da sepse nosocomial, as taxas ainda se mantém
elevadas, não acompanhando o declínio observado na mortalidade neonatal no
mesmo período.
Estudo multicêntrico realizado em unidades neonatais brasileiras
por Pessoa-Silva (2004) relata que 22% de uma população de 4.878 RN,
apresentaram, pelo menos, um episódio de infecção associada a cuidados de
saúde. Neste mesmo trabalho, os autores relatam que 40% das mortes
neonatais estavam relacionadas à IH.
Trabalhos brasileiros relatam taxas de 14 a 30 IH por 100 altas
entre RN internados em UTIN, sendo que infecções de corrente sangüínea
(ICS) respondem por 50% do total das infecções. Estas infecções estão
xxiii
claramente associadas ao maior tempo de hospitalização nos pacientes
acometidos, aumento dos custos hospitalares e possíveis seqüelas (Pessoa-
Silva, 2001).
O surgimento de um episódio de IH deveria ser visto e tratado
como um evento sentinela, como uma ocorrência desnecessária ou prevenível,
se o serviço de saúde funcionar de forma adequada, devido à disponibilidade
de tecnologia médica suficiente para evitá-la. A ocorrência de IH em RN
prematuros deveria ser encarada por toda a equipe da unidade como uma
falha no processo de trabalho, e não como um evento natural e esperado
(Kilbride, 2003a).
Em países em desenvolvimento, como o Brasil, em que os
investimentos hospitalares no setor público são limitados e não se mantém de
forma contínua ou homogênea, o tópico IH, estando diretamente relacionado
ao aumento dos gastos hospitalares, deveria ser objeto de maiores
investimentos em trabalhos e pesquisas.
A necessidade de maior controle nas IH fica evidente nos relatos
da Rede Brasileira de Pesquisas Neonatais (2004). Em discussão sobre a
incorporação e o impacto de novas tecnologias, relatam que o impacto da
utilização do surfactante nas cidades latino-americanas foi bastante inferior
quando comparado à países do primeiro mundo. Inicialmente, observa-se
redução na mortalidade, principalmente na primeira semana de vida. Após este
período, esta redução não fica tão evidente, possivelmente pela dificuldade de
controlar as complicações infecciosas e o uso prolongado de ventilação
mecânica (VM) com seus efeitos adversos.
xxiv
O aumento dos custos hospitalares é outro aspecto importante a
ser considerado quando do tratamento de pacientes com IH (Edwards , 2002).
É alta a taxa de uso de antibióticos na população de RN em UTIN, podendo
chegar a 75% já nas primeiras 48 horas de internação (Fonseca, 1994) muitas
das vezes desnecessariamente. Além disto, o uso abusivo desta medicação
pode levar ao desenvolvimento de infecções por germes multiresistentes,
passando o paciente internado a necessitar de tratamento prolongado e,
conseqüentemente, mais dispendioso.
Observa-se expressiva preocupação dos gestores de saúde da
cidade do RJ em relação ao impacto da assistência oferecida nas unidades
que compõem a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) da Cidade do RJ.
Diversas estratégias foram e ainda estão sendo implementadas com este
intuito nesta secretaria. Citamos, por exemplo, a criação do Conselho Técnico
de Neonatologia, composto por gestores da secretaria, e pelas chefias médica
e de enfermagem das unidades neonatais integrantes da rede municipal, assim
como a implantação do Sistema de Investigação dos Óbitos Fetais e
Neonatais, sendo, estes dois últimos instrumentos importantes na avaliação da
qualidade da assistência prestada. Tais estratégias têm como objetivo principal
analisar desfechos e implantar rotinas e protocolos nas unidades da rede.
Quando analisamos o grupo de RNMBP nascidos no município
do RJ em 2004, observamos que 60% dos óbitos neonatais se concentram nos
RN com peso abaixo de 1.000 g (GIE/SVS/SUBASS/SMS-RJ, 2006), sendo a
IH a principal causa de óbito neonatal tardio (após a primeira semana de vida)
nas maternidades municipais.
xxv
No ano de 2005, foram registrados 84.565 nascimentos vivos na
cidade do RJ, sendo que as maternidades da SMS- RJ foram responsáveis por
32,6% (27.593) destes (GIE/SVS/SUBASS/SNS-RJ,2006). Observou-se, deste
total, taxa de 8,33% de prematuridade. Neste mesmo período, observamos a
ocorrência de 815 óbitos no período neonatal, as patologias infecciosas do RN
responderam por 15,2% deste total.
As estratégias empregadas por diversos serviços na tentativa de
diminuir taxas de IH baseiam-se em cumprimento de normas ditas como
Potenciais Boas Práticas (PBP), e a redução na variação destas práticas nas
UTIN é um princípio fundamental na melhoria da qualidade do cuidado
neonatal (Horbar et al, 2001). Diversos trabalhos sugerem que determinadas e
específicas intervenções podem efetivamente diminuir o risco de IH (Eggimann
et al, 2000, Shelonka et al, 2006). Exatamente esta é a proposta do nosso
trabalho: através de uma intervenção na equipe de saúde e sempre com a
preocupação de não aumentar gastos hospitalares, promover a redução das
taxas de IHOH em uma UTIN.
A dificuldade da adesão a protocolos pré-estabelecidos se torna
evidente quando focamos o assunto higienização das mãos. A importância de
tal procedimento foi relatada em 1846 por Ignaz Semmelweis. Este autor
observou que bebês que nasciam com ajuda dos estudantes e médicos da
Primeira Clínica no Hospital Geral de Viena, apresentavam taxa de mortalidade
mais alta do que os assistidos por parteiras. Ignaz Semmelweis observou que
médicos iam diretamente da sala de autópsia para a de obstetrícia e aventou a
hipótese de que “partículas cadavéricas” poderiam ser transmitidas da sala de
autópsia para a ala obstétrica através das mãos de estudantes e médicos. A
xxvi
partir desta observação, o autor insistiu para que os médicos lavassem suas
mãos com solução clorada e depois desta intervenção, a taxa de mortalidade
neonatal na Primeira Clínica caiu drasticamente. Depois desta observação,
diversos outros trabalhos confirmaram a importância da higienização das mãos
dos profissionais de saúde, correlacionando tal prática com menores taxas de
infecção (Casewell et al, 1977, Larson, 1988).
A rotina da higienização das mãos ainda é relatada como um
problema a ser resolvido nas instituições de cuidados em saúde (Taylor, 1978,
Rhine, 2006), vários outros autores afirmam a necessidade de melhorias no
comportamento de lavagem de mãos e programas de incentivo ao
procedimento (Pittet et al, 2000, Larson et al, 2000).
A partir destas informações, concluímos que diversas
intervenções são necessárias com a finalidade de diminuir as taxas de IH nas
UTI da SMS da cidade do RJ, pois a magnitude do problema local já está bem
documentada. Com a finalidade de contribuir no processo de gerenciamento
de estratégias para prevenção de IH, realizou-se uma intervenção com
implantação de PBP com objetivo de diminuir a ocorrência destas infecções.
xxvii
3. OBJETIVOS
3.1. OBJETIVO PRINCIPAL
Analisar o impacto de uma intervenção não controlada, tipo antes
e depois, focando na implantação de PBP para prevenção de IHOH em uma
UTIN na cidade do RJ.
3.2. OBJETIVOS SECUNDÁRIOS
- comparar taxas de incidência de IH (de origem materna e de
origem hospitalar) nos RN antes e depois da intervenção,
- comparar taxas de colonização por germes multiresistentes nos
RN nos períodos pré e pós-intervenção,
- comparar taxas de mortalidade relacionadas/associadas e
causadas por IHOH nos dois períodos,
- testar a eficácia da implantação de PBP dentro de um contexto
brasileiro.
xxviii
4. QUADRO TEÓRICO
4.1. DEFINIÇÕES
4.1.1. INFECÇÃO NEONATAL
É de fundamental importância a categorização das infecções no
período neonatal. De acordo com o Center for Desease Control (CDC), todas
as infecções neonatais são classificadas como nosocomiais,
independentemente de serem de origem materna ou hospitalar, com exceção
das do complexo TORCH (toxoplasmose, rubéola, citomegalovírus, hepatite)
(Garner et al, 1988).
As infecções são classificadas em infecções hospitalares de
origem materna (IHOM) quando os sintomas surgirem dentro das primeiras 48
horas de vida, e de origem hospitalar quando os sintomas surgirem após estas
48 horas (Tipple et al, 1988). Esta será a classificação usada neste estudo.
A definição de sepse em Neonatologia varia de acordo com as
instituições:
- segundo o NICHD, além dos sinais e sintomas sugestivos de infecção, há
necessidade de uma ou mais cultura positiva e uso de antimicrobiano
adequado por cinco dias ou mais para tal diagnóstico (Edwards, 2002; Stoll et
al, 2002).
- O CDC divide esta definição em:
# Infecção da Corrente Sanguínea – quando se detectar o isolamento de um
agente microbiano em uma ou mais hemoculturas e se este microrganismo não
se relacionar com outra infecção em outro sítio, é considerado ICS quando do
crescimento de microrganismo contaminante de pele, em duas ou mais
xxix
hemoculturas, e sinais e sintomas de infecção ou em apenas uma hemocultura
em paciente portador de cateter vascular central e se o médico instituiu
tratamento;
# sepse clínica – quando da presença de pelo menos um sinal ou sintoma de
infecção neonatal, sem outra causa evidente, e com hemocultura sem
demonstrar crescimento ou quando ela não foi colhida, e se o médico instituiu
tratamento específico para sepse (Garnes et al, 1988; Gaynes e Horan, 2004).
- já para a rede colaborativa neonatal VON, para o diagnóstico de sepse há
necessidade da presença de microrganismo no sangue ou líquor, e se houver
crescimento de Staphylococcus coagulase negativo (SCN), é necessário a
presença de sinais e sintomas generalizados, assim como o uso de
antimicrobianos por cinco dias ou mais ( Edwards, 2002).
Segundo Baley e Goldfarb (1993), após o nascimento o RN fica
exposto à microbiota da unidade neonatal e à dos membros da equipe de
saúde. Depois de poucos dias, o coto, a pele e a nasofaringe já estão
colonizados pelos microorganismos do ambiente. O longo período de
internação do paciente prematuro é determinante para a exposição à
determinados procedimentos invasivos (tubo endotraqueal, cateter
intravascular), pelos quais as infecções podem se propagar, predispondo
estes pacientes a adquirir IH (Bousso et al, 1995, Shelonka et al, 2006 ).
A sepse ou infecção neonatal pode ser adquirida antes ou
durante o parto, de forma congênita ou na vida pós-natal (Araújo et al, 1994b).
A prematuridade já foi identificada como o principal fator relacionado ao
surgimento de sepse, sendo considerada a maior causa de morbiletalidade
perinatal no mundo industrializado (MAZOR et al, 1998).
xxx
SEO et al (1992) tentaram avaliar as possíveis associações
entre parto pré-termo e infecções materna e neonatal. Em estudo
retrospectivo, analisaram 9.642 nascimentos na Universidade do Colorado e
concluíram que a incidência de infecção neonatal, tanto a comprovada por
culturas quanto aquelas com diagnóstico clínico, é inversamente proporcional à
idade gestacional, e que o parto pré-termo continua sendo a maior causa de
morbidade e mortalidade perinatal, assim como de danos cerebrais.
Gerdes (1991) relatou que, sendo os riscos equivalentes, um
RN a termo com história de ruptura prolongada de membranas ovulares e
corioamnionite deve ser manuseado de modo semelhante a um pré-termo com
ruptura prematura das membranas ovulares sem amnionite. Este autor cita que
após a ruptura prolongada das membranas ovulares o risco de infecção nos
RN prematuros é oito a onze vezes maior do que nos RN a termo, e define, no
mesmo artigo, a prematuridade como fator de risco para sepse neonatal,
referindo as deficiências no sistema imune destes pacientes, como a produção
de imunoglobulinas, complemento, funções opsônicas e capacidade fagocítica.
O sexo masculino é mencionado por alguns autores como
fator de risco para sepse neonatal (Baley & Goldfarb 1993; Klein, 1995).
Gerdes (1991) relata a probabilidade duas a seis vezes maior de
desenvolvimento de sepse neonatal no sexo masculino em comparação ao
feminino, não elucidando, porém, as razões para tal ocorrência. Em trabalho de
1984, St. Gemes et al, analisando o risco de infecção perinatal após ruptura
prolongada das membranas ovulares igual ou maior a 24 horas em 33 RN no
Harbor-UCLA Medical Center, concluem que o sexo masculino é um fator
preditor de infecção neonatal, pois 78,8% dos RN com diagnóstico de infecção
xxxi
eram do sexo masculino. O sexo masculino foi o predominante (57%) na
casuística relatada por MIURA (1997), que descreve 469 casos de sepse
neonatal no período de 1988 a 1994, no Hospital de Clínicas de Porto Alegre.
O peso ao nascimento é também fator determinante de algumas
patologias apresentadas pelo RN. Perez & Weisman (1997) relatam incidência
de sepse bacteriana variando de um a 10 casos por 1.000 nascidos vivos,
enfatizando taxas mais elevadas nos pacientes de baixo peso. Relatam
alterações imunológicas envolvendo o RN e sua repercussão sobre o
desenvolvimento da sepse neonatal, citam a ausência de produção de
imunoglobulina (Ig) A nos primeiros dias de vida, o que torna o epitélio
gastrointestinal e respiratório vulneráveis. Além disso, a pele imatura do RN
pré-termo possui maior permeabilidade, e o cordão umbilical, por sua
proximidade com o sistema circulatório e potencial colonização, pode ser fonte
de infecção. Citam estes mesmos autores, que somente a Ig G atravessa a
placenta da mãe para o feto, e que o pico máximo deste transporte ocorre após
as 32 semanas de gestação.
Rhine (2006) afirma que culpar somente o RN prematuro, por
suas alterações no sistema imunológico, como causador das infecções
nosocomiais, é inapropriado, pois diversas instituições têm conseguido diminuir
as taxas de infecção ano após ano.
Segre (2002), lista os principais fatores de risco para septicemia
neonatal, classificando-os em maternos, neonatais e ambientais:
- Maternos: rotura das membranas por mais de 24 horas para RN de termo e
por mais de 18 horas para pré-termo, febre materna 38
o
C no pré ou no pós-
parto imediato, presença de corioamnionite, líquido amniótico ”anormal”,
xxxii
bacteriúria assintomática, infecção urinária materna, colonização por
estreptococo beta-hemolítico do grupo B, trabalho de parto prolongado,
procedimentos invasivos e etc.
- Neonatais: baixo peso ao nascer/prematuridade, necessidade de reanimação
ao nascimento, gemelaridade, sexo masculino, variações da função imunitária,
terapêutica com ferro, galactosemia, uso de ventiladores mecânicos, de
dispositivos de monitorização, de procedimentos invasivos, uso prolongado de
antibióticos de largo espectro, de nutrição parenteral total (NPT) prolongada e
de hemoderivados.
- Ambientais: espaço físico inadequado, superpopulação, contatos humanos e
equipamentos contaminados, hospitalização prolongada.
4.1.2. INFECÇÃO HOSPITALAR OU NOSOCOMIAL DE ORIGEM
HOSPITALAR
A origem do problema remonta à própria criação dos hospitais,
durante o Concílio de Nicéia, no ano de 325, quando os bispos reunidos
decidiram construí-los ao lado das catedrais (Couto et al, 1997). Nesta época,
os pacientes eram agrupados em galpões onde adquiriam cólera, difteria e
febre tifóide. Atualmente, as infecções são causadas por germes oportunistas
com baixa capacidade de invasão, e que, por condições relacionadas ao
paciente e ao cuidado a ele prestado, conseguem invadir a intimidade dos
tecidos.
Os relatos e a preocupação com as IH datam da primeira
metade do século XIX (Couto, 1997). Nesta época, mais especificamente em
1856, a enfermeira Florence Nightingale tenta padronizar os cuidados da
xxxiii
equipe de enfermagem e, dentre estes, enfatiza aspectos da limpeza do
hospital e dos cuidados de higiene.
Atualmente, é nos serviços de saúde, principalmente nos
hospitais, que acontecem a quase totalidade de procedimentos diagnósticos e
terapêuticos a que são submetidos os pacientes, sob a responsabilidade dos
profissionais de saúde, sendo estes profissionais, por vezes, determinantes
das condições de saúde da população atendida (Novaes, 2004). Dentro deste
contexto, devemos entender a IHOH como um evento único, que merece ser
destacado e discutido por toda a equipe, como uma falha ou descontinuidade
no processo de utilização dos serviços de saúde. Tentar reduzir o risco de
surgimento de uma nova infecção durante uma internação ainda é um desafio
para todos os profissionais envolvidos em cuidados hospitalares (Lopes 2002).
A IH passa a ser grave problema de saúde pública, pois a partir
de seu surgimento observamos prolongamento do tempo de internação,
aumento do uso de antibióticos e de custos hospitalares (Abramczyk et al,
2003).
Goldman & Durbin (1993), ao descreverem as infecções
nosocomiais em uma UTIN, associaram estas infecções às múltiplas medidas
de suporte de vida a que os RN são submetidos, tais como entubação
orotraqueal, canulização umbilical, hemotransfusões, NPT, entre outros.
As IH têm como principais mecanismos envolvidos na sua
fisiopatogenia a trilogia hospedeiro-agressões-qualidade de cuidado (COUTO
et al, 1997), e é justamente neste último item que propomos uma intervenção,
com enfoque na melhoria da qualidade nos cuidados prestados. Estes
xxxiv
cuidados prestados vêm sendo tão valorizados que alguns autores já utilizam a
terminologia - Infecções Associadas aos Cuidados de Saúde (IACS) (Pessoa-
Silva et al, 2007).
A mortalidade perinatal e a neonatal estão diretamente
relacionadas a causas que cursam com alguma forma de prevenção, relativas
ao acesso aos serviços de saúde, à utilização desta assistência e,
principalmente, à qualidade da assistência prestada (Lansky, 2002). Mesmo
que a falta de acesso à assistência qualificada possa, em parte, responder por
esta mortalidade, há necessidade de estratégias para melhorar a qualidade dos
serviços públicos prestados (Carvalho et al, 1998).
Dentre os diversos procedimentos de suporte vital nos cuidados
hospitalares, Almeida (1998) cita a associação de bacteremia e cateteres.
Relata 3,7% de bacteremia quando da canulização da veia umbilical, 1,2%
para a artéria e entre 3 e 8 % para a veia central quando esta for utilizada para
administrar NPT. Por outro lado, Segura et al (1996) relatam menores taxas de
colonização e bacteremia quando as conexões dos cateteres são
descontaminadas com álcool antes de serem manipuladas ou abertas,
sugerindo que o seguimento correto de determinadas práticas hospitalares
pode ter impacto nas taxas das infecções neonatais.
A prescrição excessiva e inapropriada de antibióticos pelos
médicos, apesar de inúmeros guidelines e publicações com orientações
específicas sobre o assunto, é apontada como uns dos fatores determinantes
do aparecimento de patógenos multiresistentes e da IHOH ( Goldmann et al,
1996). Autores brasileiros (Tavares et al, 2006) também demonstram
preocupação com a qualidade no atendimento hospitalar, associam
xxxv
diretamente a seleção de germes resistentes ao uso inadequado ou
indiscriminado de antibióticos por parte dos profissionais de saúde em
ambiente hospitalar, sugerindo que esta prática deva ser combatida. Segundo
estes autores, este é um dos pontos a ser considerado ou trabalhado pelos
gestores hospitalares na tentativa de limitar as IH.
Quando do estudo das IH, observa-se crescente preocupação
com o aparecimento de patógenos multiresistentes e a sua disseminação nos
serviços de saúde por todo o mundo. Goldman et al (1996) descrevem
trabalho onde reforçam a preocupação sobre o assunto, apontam possíveis
fatores envolvidos no processo e sugerem diversas estratégias para gestores e
clínicos, com o objetivo de deter o aparecimento e a disseminação destes
patógenos. Dentre os possíveis fatores responsáveis por esta disseminação os
autores citam: a prescrição médica inapropriada de antibióticos, a crescente
mobilidade mundial da população e a transmissão de patógenos entre as
próprias pessoas em instituições superlotadas.
A abordagem do problema IH é de extrema importância para os
neonatologistas pelo número significativo de RN acometidos, e por sua alta
letalidade. As taxas de IH variam muito entre diversas instituições (NNISS,
2003). Autores brasileiros relatam taxas que variam de zero a 10 por 1.000
nascidos vivos (Mataloun et al, 1997). Dados sugerem que 20 a 50% dos
óbitos no período neonatal podem ser decorrentes de sepse (Araújo et al,
1994). A infecção neonatal é considerada a maior causa de morte perinatal nos
países desenvolvidos. De acordo com Miura (1997), estima-se que nos países
em desenvolvimento, aproximadamente cinco milhões de RN morram por ano
por sepse. As doenças infecciosas, juntamente com a prematuridade, são
xxxvi
citadas como as maiores causas. Por isso, tornam-se indispensáveis estudos e
avaliações sobre o assunto dentro da realidade brasileira.
Apesar de todas as especificidades que envolvem o assunto
IHOH, da sua relação direta com aumento da morbidade, mortalidade, e de uso
de recursos e dispositivos adicionais, ela pode ser considerada como evento
adverso prevenível (Brady, 2005).
4.1.3. REDE VERMONT OXFORD
Vários pesquisadores têm estudado em conjunto, formando
verdadeiras redes de cooperação, com o objetivo de avaliar e melhorar os
indicadores de morbidade e mortalidade neonatais (Lee et al, 2000, Horbar,
1999, 2001). Estas redes de cooperação têm a vantagem da análise de um
grande número de pacientes, aumentando, assim, o poder estatístico e
minimizando possíveis erros de conclusão. O melhor monitoramento dos
desfechos neonatais por estas redes é baseado na utilização de definições e
indicadores uniformes para a construção dos bancos de dados.
No final da década de 80, surgiram redes colaborativas,
constituídas por profissionais de unidades neonatais de diversas partes do
mundo, todos preocupados e envolvidos na melhoria da qualidade dos
cuidados aos RN (Horbar, 1999).
Na década de 90, a rede colaborativa VON (VON, 2005) iniciou
um programa de pesquisa e educação objetivando a melhoria na qualidade do
atendimento aos RN, com base nas evidências científicas disponíveis e na
experiência das unidades com melhores resultados. Esta rede reúne um
xxxvii
banco de dados de informações clínicas e epidemiológicas de várias unidades
neonatais de diversos países.
A rede VON desenvolveu um programa direcionado para a
avaliação das práticas e para o aprendizado colaborativo, denominado
Neonatal Intensive Care Collaborative Quality (NIC/Q) . Através deste
programa, diversos instrumentos, sistema de informações e recursos foram
alocados para estudos de intervenção e adesão às PBP (Horbar, 1999). Neste
programa, a infecção nosocomial foi considerado como um desfecho relevante
na morbimortalidade neonatal.
4.1.4. POTENCIAIS BOAS PRÁTICAS
Kilbride et al (2003a) relatam que o termo PBP se refere a
mudanças ou sugestões que ainda não foram provadas como melhores,
embora evidências dêem suporte a tal afirmação. No mesmo periódico, Horbar
et al (2003a) justificam que o termo – potenciais - é realmente o melhor a ser
utilizado, pois salienta que as mudanças recomendadas dependem de um
contexto local e que merecem ser testadas quanto à sua eficácia antes de
serem universalmente aplicadas.
A estratégia de trabalho das redes colaborativas fundamenta-se
na avaliação, identificação e implementação de PBP, sugerindo uma
diversidade destas PBP focando diferentes aspectos da unidade neonatal, tais
como: cuidado centrado na família, redução da injúria pulmonar, cuidado
nutricional e diminuição da infecção relacionada aos cuidados de saúde dentre
outros (Moore et al, 2003; Kilbride et al, 2003b; Pharmad et al, 2003)
xxxviii
Inicialmente, as unidades participantes do programa NIC/Q da
rede VON, sugeriram vinte práticas de prevenção da sepse nosocomial de
origem hospitalar (Kilbride et al, 2003a). Estas práticas foram avaliadas de
acordo com a classe de evidência científica disponível e classificadas de um a
cinco, da maior para a menor evidência (Tabela 1).
Tabela 1 . Potenciais Boas Práticas sugeridas pela VON:
xxxix
Fonte: Kilbride et al, 2003a
A adesão de equipes a determinados protocolos clínicos, com a
finalidade de melhorar a qualidade dos serviços, é dependente de diversos
fatores e seguem regras, tais como: encarar a prática como um processo,
Vinte Potenciais Boas Práticas
Classe de
Evidência
Lavagem das mãos 2
Cuidados com as conexões 2
Diminuição do número de venopunções 5
Tratamento de sepse suspeita por somente 48
horas se hemocultura permanecer negativa
3
Obtenção de hemoculturas de linhas centrais e sítios periféricos 4
Uso de produtos específicos na pele antes da coleta de hemocultura 2
Retirada de pelo menos 1 ml de sangue para hemocultura 3
Limitar em 21 dias a permanência de cateteres percutâneos 3
Manutenção da integridade da pele com usode emolientes 2
Uso de barreiras máximas de proteção quando da
Inserção de cateteres centrais
1
Redução do uso de lipídeo venoso 3
Evitar contaminação com uso de vias de múltiplas entradas 5
Preparo de nutrição parenteral sob fluxo laminar 2
Instituição de dieta precoce com leite humano 1
Formação de equipe de flebotomistas para reduzir
contaminação de hemoculturas
4
Não reutilização de material de punção durante procedimento 5
Uso de equipes de inserção,cuidados e
monitorização de acessos centrais
5
Limitar uso de corticóides pós natal 2
Evitar o uso desnecessário de bloqueadores H2 2
Preparo para inserção de acesso profundo 2
xl
utilizar a medicina baseada em evidências, estudos em grupo e implementação
das mudanças (Plsek,1999).
Kilbride et al (2003) relataram a relação direta entre a adesão de
uma equipe neonatal a protocolos considerados como PBP com melhores
resultados. Estes autores implantaram protocolos considerados como boas
práticas em controle de infecção neonatal em seis unidades neonatais nos
Estados Unidos durante um ano e, como resultado mais importante,
observaram uma redução na incidência de infecção pelo SCN de 26 para 16%.
Tanto o estudo da diversidade quanto da aceitação e absorção de
rotinas e protocolos, estabelecidos como PBP no cotidiano em diferentes
unidades neonatais, são de extrema relevância. A diversidade dos resultados
nos estudos publicados, sobre o assunto, poderia ser explicada pela
heterogeneidade dos diagnósticos e possibilidades terapêuticas, assim como
as condutas muitas vezes ditadas por experiências próprias, e não baseadas
em publicações ou literatura específica sobre o assunto (Walsh-Suks et al,
2000).
Estudo de intervenção realizado na Universidade do Alabama
(Shenlonka, 2006), basedo na implantação de PBP, priorizou cinco aspectos
da prevenção da IH: melhora à adesão da higiene das mãos, cuidados no
acesso vascular, aumento nas taxas de alimentação por leite materno, redução
da antibioticoterapia empírica e educação e motivação da equipe da unidade
neonatal. Após o treinamento do pessoal e implantação das práticas, observou-
se diminuição em 26% nas taxas de infecção nosocomial, concluiu-se que um
efetivo programa de educação e implementação de medidas de controle de
infecção diminuiram estas taxas.
xli
Em estudo da rede VON (Horbar et al, 2001) dez unidades
neonatais dos Estados Unidos participaram de uma intervenção constituída de:
instruções sobre qualidade, revisão de desempenhos, determinação de metas
de melhorias e implementação de PBP, utilizando análise dos processos de
cuidados, revisão de literatura e visitas às unidades. Relatam os autores
diminuição de 22% para 16% nas taxas de infecção após o início da
intervenção e de 43,5% para 31,5% na necessidade de oxigenioterapia às 36
semanas de idade gestacional corrigida. A conclusão deste trabalho aponta
para a necessidade de estudos colaborativos com o foco na melhoria da
prática clínica e conseqüente melhora no prognóstico dos RN egressos das
unidades neonatais.
4.1.5- METODOLOGIA NNISS
Um dos objetivos da utilização da metodologia NNISS (National
Nosocomial Infections Surveillance System) é dispor de dados de qualidade,
baseados em protocolos padronizados com finalidade de comparações válidas
(Ministério da Saúde, 1994). Segundo esta metodologia, todos os pacientes
são monitorados diariamente em busca de IH em todas as topografias, sempre
procurando por intervenções que podem aumentar o risco de aquisição de
infecções, tais como a presença de cateter urinário (CU), acesso vascular
central, VM e etc.
No presente estudo, foram utilizadas as definições preconizadas
do componente de vigilância em berçário de alto risco do NNISS (Garner et al,
xlii
1988), a partir de busca ativa diária em todos os RN internados na UTIN- do
Hospital Maternidade Oswaldo Nazareth (HMON) no período proposto.
Há recomendação para que todos os neonatos internados em
berçário de nível III sejam monitorados em todas as suas topografias em
buscas de IH (MS, 1994)
Segundo o Ministério da Saúde (1994) os dados gerados por esta
metodologia podem ser utilizados como comparação entre serviços e pelo
mesmo serviço em diferentes épocas.
A análise estatística usada neste trabalho não obedeceu a
recomendada pelo NNISS, por não ser a mais adequada a responder todos os
objetivos propostos, e na nota explicativa do manual “Vigilância Epidemiológica
por Componentes” (MS, 1994) há orientação a respeito - “todos os
componentes da vigilância podem ser analisados separadamente (produzindo,
por exemplo, tabelas ou listas de freqüência) ou em conjunto com os dados do
denominador, reproduzindo taxas e gráficos de infecção hospitalar, além de
analisar, para cada componente de vigilância, patógenos, resumos de dados e
etc”.
Procurou-se manter a mesma metodologia de busca por infecção
em ambos os períodos, para que não houvesse comprometimento quando da
comparação de taxas finais.
xliii
5. HIPÓTESES
1- as taxas de IH e de colonização por germes multiresistentes são altas na
UTIN em estudo;
2- uma intervenção não controlada e de baixo custo envolvendo todos os
membros da equipe da unidade neonatal, pode diminuir as taxas de IH
na UTIN;
3- as taxas de mortalidade neonatal relacionadas ou causadas por infecção
podem diminuir depois da intervenção não controlada na UTIN;
4- as taxas de colonização por germes multiresistentes nos RN internados
na UTIN podem diminuir após a intervenção proposta.
xliv
6. MATERIAL E MÉTODO
6.1. TIPO DE ESTUDO
Foi realizado estudo de intervenção não controlada, tipo antes e
depois, relacionando a implantação de protocolos considerados como PBP e os
desfechos associados as taxas de IH, colonização por germes multiresistentes
e causas dos óbitos.
Neste tipo de estudo, a unidade atua como seu próprio controle,
sendo submetida a um determinado tratamento ou exposição e é comparada
com período cujo tratamento ou exposição é diferente, sem a formação de um
grupo paralelo ou de controle (Escosteguy, 2002).
Neste trabalho todos os profissionais que diretamente trabalham
na UTIN foram eleitos para participar e receber todas as intervenções
propostas.
6.2. COLETA DE DADOS
Os dados foram coletados durante dois períodos distintos, os
quais foram designados como: período pré-intervenção (janeiro de 2006 a
fevereiro de 2007) e período pós-intervenção (março a outubro de 2007). Foi
considerado período pós-intervenção a partir do primeiro dia do mês de março
de 2007, quando foram iniciadas as atividades de disseminação e implantação
xlv
dos diversos protocolos. A implantação dos diversos protocolos não aconteceu
num mesmo momento, foi feita de modo gradativo, com maior intensidade nos
três primeiros meses e depois, mais lentamente, e sempre com a preocupação
de garantir a continuidade das rotinas já implementadas.
A coleta dos dados foi feita diariamente. Foi utilizada planilha
específica (Anexo 7) a qual foi elaborada pela Coordenação Estadual de
Controle de Infecção Hospitalar do Estado do RJ e pelo Núcleo de Controle de
Infecção Hospitalar da SMS do RJ. Para preenchimento da planilha a
metodologia NNISS (Garner JS et al, 1988) foi utilizada como base das
definições de infecções.
.
6.3. CRITÉRIOS DE INCLUSÃO
Foram incluídos na amostra todos os pacientes admitidos na
UTIN-HMON entre janeiro de 2006 a outubro de 2007. Todos os RN foram
acompanhados desde o momento da internação até 48 horas após alta da
UTIN, com o objetivo de detectar o surgimento de IHOH.
6.4. CRITÉRIOS DE EXCLUSÃO.
Foram excluídos do estudo os pacientes que tiveram tempo de
internação (por alta, transferência ou óbito) inferior a 48 horas, tempo mínimo
xlvi
necessário para apresentação clínica e diagnóstico de IHOH, foco principal
desse estudo.
6.5. LOCAL DO ESTUDO.
O Hospital Maternidade Oswaldo Nazareth, é uma unidade da
SMS do RJ, com título de “Hospital Amigo da Criança” pelo UNICEF desde
1998.
A estrutura geral da maternidade é composta de 72 leitos de
alojamento conjunto, 15 leitos para gestantes de risco, dois leitos para
pacientes gestantes ou puerpéras com quadro clinico grave, 10 leitos de UTIN,
15 de Unidade Intermediária e seis de Enfermaria Canguru.
A unidade dispõe de banco de leite humano (BLH), laboratório,
banco de sangue e serviço de radiologia, os quais funcionam 24 horas por dia.
Para análise da estrutura, a unidade em estudo foi classificada
segundo o critério da Vermont-Oxford (2002) (Anexo 4) como terciária, e pela
classificação do MS como tipo II (Anexo 6)
O corpo clínico da Unidade Neonatal é composto por 48
pediatras, 13 enfermeiras e 63 auxiliares ou técnicos de enfermagem. A
unidade apresenta déficit de profissionais nos três conjuntos de profissionais
citados, quando tomamos como referência a Portaria Ministerial número 3432
(MS, 1998) assim como documento da Sociedade Brasileira de Pediatria (2004)
que deliberam sobre o assunto.
xlvii
Na UTIN-HMON foram admitidos 332 RN nos ano de 2006 e 297
RN no ano de 2007, nas tabelas 2 e 3 observamos a estratificação desta
população por peso ao nascimento, total de óbitos e porcentagem de
sobrevida.
Tabela 2 – Total de internações, óbitos e porcentagem de sobrevida de
pacientes internados na UTIN-HMON no ano de 2006:
Faixa de peso Total de internações Total de óbitos Porcentagem de
sobrevida
< 500 g 00 00 --
500 a 749 g 18 08 55,5%
750 a 999 g 33 12 63,6%
1.000 a 1499 g 57 04 93%
1.500 a 1999 g 56 01 98,1%
2.000 a 2.499 g 57 05 91,2%
2.500 g 111 04 96%
Total 332 34 89,7%
Fonte: Serviço de Pediatria HMON
Tabela 3– Total de internações, óbitos e porcentagem de sobrevida de
pacientes internados na UTIN-HMON no ano de 2007 – RJ 2008:
Faixa de peso Total de internações Total de óbitos Porcentagem de
sobrevida
< 500 g 03 03 00%
500 a 749 g 16 11 31,2%
750 a 999 g 14 05 64,2%
1.000 a 1499 g 40 03 92,5%
xlviii
1.500 a 1999 g 60 02 96,6%
2.000 a 2.499 g 52 04 92,3%
2.500 g 112 06 94,6%
Total
297 34 88,5%
Fonte: Serviço de Pediatria HMON.
6.6.VARIÁVEIS COLETADAS
As informações ou variáveis foram coletadas de maneira ativa,
diariamente, a partir de observação dos registros de prontuários médicos,
esclarecimentos com médicos da unidade, avaliação de resultados laboratoriais
e avaliação clínica direta do paciente.
Os dados indicadores do processo e resultado coletados foram:
# Tempo total de internação na UTIN em dias,
# Gênero: masculino, feminino ou desconhecido,
# Idade gestacional (IG): foi considerada a avaliação da IG através do método
Ballard (Ballard et al, 1991) quando a IG fosse menor que 34 semanas e pelo
método de Capurro (Capurro et al, 1978) caso a IG fosse maior que 34
semanas. Atualmente esta rotina é a realizada nas unidades da SMS da cidade
do RJ, e foi escolhida pelos chefes de serviço e pelas CCIH por ser de mais
fácil execução ou mesmo ser viável de ser realizada, devido ao grande número
de nascimentos nas unidades,
# Peso ao nascimento: conforme registrado por balança na sala de parto. Com
finalidade de facilitar a comparação com outras redes colaborativas, foi adotado
o peso menor ou igual a 1.500g para classificar o RN como muito baixo peso
ao nascer,
# Índice de gravidade Score for Neonatal Acute Physiolgy, Perinatal
Extension, version II (SNAPPE II) (Richardson, 2001) (Anexo 2),
xlix
# Tipo de parto: se normal (via baixa ou transpélvico), operatório ou ignorado,
# Boletim de Apgar (Apgar, 1953): foi considerado a avaliacão do quinto minuto
de vida e considerado como Asfixia quando esta avaliação foi igual ou menor
do que cinco,
# Uso de dispositivos invasivos: uso ou não de dispositivos (cateter vesical
(CV), cateter central de inserção periférica (PICC), VM, cateter umbilical (CU),
cateter para dissecção venosa) foram registrados dias de uso e tipo de
dispositivo utilizado, neste caso foram considerados somente se o dia de início
e término do uso foram diferentes,
# Uso de NPT: uso ou não, e quantidade de dias de uso, também considerados
somente se dia de início e término do uso foram diferentes,
# Uso de corticóide pós-natal: considerado quando o RN recebeu esta
medicação por via venosa por pelo menos três dias, em doses e esquemas
preconizados para tratamento de Displasia Broncopulmonar,
# uso de bloqueadores H
2
: considerado quando o RN recebeu a medicação,
independente da dose ou intervalo recebido,
# Infecção Hospitalar (IH): considerada como qualquer infecção apresentada
nos RN após o nascimento, em qualquer momento de sua internação,
excetuando as infecções sabidamente congênitas (citomegalovirose,
toxoplasmose, herpes simplex, rubéola ou sífilis), quando acompanhada de
tratamento com antibiótico por pelo menos sete dias; quando presente, foi
anotado a quantidade de episódios de IH apresentada por cada paciente em
cada internação. Foi considerado como novo episódio de infecção quando,
após tratamento com antibiótico específico por sete ou 14 dias (dependendo do
microrganismo) e melhora clínica, o paciente apresentou sinais e sintomas
l
compatíveis com nova infecção. RN com múltiplas culturas com o mesmo
patógeno foi considerado como único episódio de infecção. Neste diagnóstico
foram consideradas as infecções que acometeram os pacientes com mais de
28 dias de vida, mas que ainda permaneciam internados na UTIN. Quando da
presença de IH estas foram classificadas em:
# Infecção Hospitalar de Origem Materna (IHOM): quando os sinais e
sintomas sugestivos de infecção surgiram nas primeiras 48 horas de vida e RN
recebeu curso de antibiótico por pelo menos por sete dias por esta razão,
# Infecção Hospitalar de Origem Hospitalar (IHOH): quando os sinais e
sintomas que sugeriram infecção no RN surgiram após 48 horas de vida, foi
registrada a quantidade de episódios de IHOH por cada paciente em cada
internação,
# Sepse clínica: considerado quando houve diagnóstico de sepse, baseado nos
sinais e sintomas apresentados pelo RN, acompanhado de tratamento com
antibióticos por pelo menos sete dias e quando culturas não foram colhidas ou
foram negativas. Também neste caso foi anotado a quantidade de episódios de
sepse clínica apresentada por cada paciente,
# Infecção da corrente sanguínea (ICS): considerado quando o RN apresentou
quadro de sepse clínica acompanhado de tratamento com antibióticos por pelo
menos sete dias e teve, pelo menos, uma hemocultura positiva durante o
episódio, sendo que o microrganismo da hemocultura não estivesse
relacionado com infecção em outro sítio. Também neste caso foi anotado a
quantidade de episódios de ICS apresentado por cada paciente,
# Infecção da corrente sanguínea relacionada a cateter: considerado quando
houve aparecimento de sinais e sintomas sugestivos de infecção em RN com
li
cateter intravascular implantado até 48 horas antes do início do quadro clínico
(Horan e Emori, 1997) e com pelo menos uma amostra de hemocultura positiva
obtida de uma veia periférica, sendo que o microrganismo da hemocultura não
estivesse relacionado com infecção em outro sítio e nenhuma outra fonte
aparente que pudesse explicar a infecção, exceto o cateter. Quando de caso
de ICS relacionado a cateter foi anotado a quantidade de eventos por
internação,
# Enterocolite necrosante (ECN): considerado caso a partir do estadiamento de
Bell et al (1978) modificado por Walsh e Kliegmar (1986), considerado com
ECN qualquer estágio da doença. Quando da presença de ECN foi anotado a
quantidade de eventos por internação,
# Cirurgia: anotado se o paciente foi submetido a procedimento cirúrgico ou
não. Os procedimentos cirúrgicos considerados foram: drenagem torácica,
fechamento de canal arterial e drenagem abdominal, procedimentos estes
realizados na própria UTIN. Também foram computados procedimentos mais
complexos realizados fora da unidade, nestes casos o RN teve que ser
transferido e voltou imediatamente no pós-operatório imediato,
# Uso de antibióticos: foi considerado quando o RN recebeu esta medicação
por qualquer período. Em caso positivo, foi anotado quantidade de dias de uso
e número de esquemas utilizados durante a internação. Foi considerado como
novo esquema de antibiótico quando houve troca de pelo menos um antibiótico,
# Hemocultura: registrado se foi colhida hemocultura, assim como a quantidade
de amostras durante a internação,
# Resultado da hemocultura: anotado se houve crescimento bacteriano ou não,
em caso afirmativo, foi pesquisado o patógeno específico,
lii
# Hemocultura contaminada: foi considerado como contaminação quando a
hemocultura apresentou crescimento bacteriano após 48 horas de incubação,
RN não desenvolveu quadro clínico compatível com infecção, não recebeu
antibiótico durante o episódio que motivou a coleta do exame e apresentou boa
evolução clínica,
# Líquor e urina: anotado se foi colhido ou não e resultado da cultura,
# Aspirado traqueal: anotado se foi colhido ou não. A rotina da unidade é colher
este exame somente durante as primeiras seis horas após a entubação
orotraqueal,
# Ponta de cateter: anotado se este material foi enviado para cultura ou não. A
rotina da unidade é enviar para cultura somente os cateteres que são retirados
dos RN que apresentam quadro clínico de infecção que possa estar
relacionada à presença do dispositivo, quando da retirada eletiva dos cateteres
estes são desprezados,
# Colonização por Staphylococcus Aureus meticilino resistente (MRSA) e
bactérias produtoras de beta lactamase de espectro estendido (ESBL): colhidos
swabs nasal (ou perianal nos RN < 1.000g) e retal de todos os RN de sete em
sete dias desde sua internação até a alta hospitalar ou até que algum dos
resultados seja positivo. Anotado o resultado se positivo ou negativo,
# Óbito: considerado se o paciente evoluiu com óbito ou não e, nos casos
positivos, foi feita a classificação destes óbitos em:
# óbito não relacionado à IH: considerado quando a morbidade da
doença de base foi nitidamente superior à do processo infeccioso e capaz de
causar diretamente a evolução letal,
liii
# óbito associado ou relacionado à IH: considerado quando a
doença de base foi a responsável direta pela evolução, apesar da existência e
contribuição do processo infeccioso ativo,
# óbito causado pela IH: considerado quando a IH não foi
controlada até o momento do óbito, ou se controlada, suas conseqüências
foram suficientes para provocar o óbito. Não foram computados os óbitos
ocorridos em RN que foram transferidos da UTIN-HMON para outra instituição.
6.7. INTERVENÇÃO PROPOSTA
Foram eleitas, para este estudo, as seguintes PBP: higienização
das mãos, implantação e manuseio de cateteres centrais, acurácia no
diagnóstico da sepse, uso criterioso de antimicrobianos, corticóides e
bloqueadores H
2
além da promoção e uso precoce da alimentação enteral com
LH (tabela 4).
liv
Tabela 4– Potenciais Boas Práticas escolhidas e nível de evidência científica
correspondente:
Potenciais melhores práticas priorizadas Classe de evidência
Adesão aos protocolos de higiene das mãos 2
Acurácia do diagnóstico de sepse 2,3
Retirada de no mínimo 1 ml de sangue para hemocultura 3
Tratamento da sepse suspeita por 48 horas se hemocultura permanecer
negativa
3
Redução da contaminação dos acessos vasculares e conexões 2
Uso de precauções máximas para colocação de cateteres centrais 1
Diminuição do número de punções cutâneas 5
Diminuição da duração do uso de acesso venoso central (<21 dias) 3
Instituição de início precoce de alimentação enteral com leite humano 1
Limitar o uso de corticóides pós-natal 2
Evitar o uso desnecessário de bloqueadores H
2
2
Adaptado de Killbride et al,
2003a.
Tais práticas foram selecionadas a partir da classe de evidência
científica apresentada, facilidade de implementação na unidade sem
necessidade de investimento financeiro e avaliação do próprio autor.
Em 1998, Hylander e colaboradores publicaram trabalho onde
relatam incidência menor de infecção, sepse e meningite nos RNMBP
alimentados com LH quando comparados com aqueles que receberam fórmula.
Sendo o LH o alimento mais bem tolerado pelos RN prematuros, o
seu uso precoce permite, mais rapidamente, atingir a alimentação enteral
plena, por isso, a sua maior e mais precoce utilização implicaria diretamente na
redução de dias de uso de NPT e de cateter venoso central (CVC),
lv
minimizando os riscos de sepse neonatal (Killbride et al 2003a, Ávila-Figueroa
et al, 1998).
A intervenção envolveu toda a equipe da UTIN: médicos,
enfermeiras, auxiliares de enfermagem, fonoaudiólogas, nutricionistas, técnicos
de radiologia, assistentes sociais, assim como estagiários dos respectivos
serviços e constituiu-se basicamente de:
- apresentação e discussão das rotinas das PBP escolhidas, por meio de aulas
formais e discussões diárias à beira do leito com todos os profissionais
envolvidos no processo,
- reuniões periódicas, com objetivo de informar, discutir, dar retorno sobre as
atividades realizadas, propor soluções para questões e problemas relacionados
à implantação das PBP, aumentar o nível de conhecimento e consciência da
equipe da UTIN sobre o impacto das intervenções e sua relação com a sepse
neonatal,
- revisões sistemáticas sobre os assuntos tratados e disponibilização dos
mesmos para todas as equipes,
- apresentação e disponibilização das novas rotinas escritas (Apêndice 4, 5 e
6), por meio de cartazes (Apêndice 6), folders (Anexo 1) e pastas sobre a
necessidade e a importância das medidas ou estratégias propostas, todas
expostas em lugares de fácil acesso e bem visíveis na unidade. Foram
entregues as rotinas escritas aos membros da equipe, sempre com a
comprovação escrita de recebimento do material (Apêndice 3), com a finalidade
de reforço de tal prática,
- treinamento sobre as técnicas relacionadas às PBP, assim como treinamento
constante de novos componentes que aderiam ao grupo,
lvi
- monitoramento diário, à beira do leito, da atuação da equipe a respeito do
seguimento das normas e rotinas estabelecidas,
- trabalho de motivação da equipe sobre a necessidade da implantação das
PBP propostas, por meio de reuniões nas quais se discutiu cada item das PBP,
foram distribuídos brindes (canetas, livros e bolsas) aos profissionais que
participavam dessas reuniões. Também foram distribuídos prêmios como “café
da manhã” e bolsas às equipes de enfermagem que tiveram melhor
desempenho nas atividades de implementação de protocolos. A escolha destas
equipes foi feita pelo próprio autor, após observação direta das atividades
desenvolvidas.
Na implantação de cada PBP, houve preocupação constante de
rever protocolos estabelecidos anteriormente, pois havia a possibilidade da
adesão retornar aos baixos índices anteriores com a falta de estímulo e
treinamento, conforme já verificado por outros autores (Larson et al, 1997).
A intervenção obedeceu ao seguinte esquema:
1) quanto à adesão aos protocolos de higienização das mãos, as
estratégias implementadas foram:
a) treinamento prático sobre a técnica correta de higienização das mãos com
todos os profissionais do hospital que trabalham diretamente na UTIN. Esta
técnica foi demonstrada utilizando material próprio da unidade (pia, sabão e
toalha de papel) e foi proposto que cada profissional realizasse tal
procedimento sob supervisão direta do autor ou da médica da CCIH,
aproveitando o momento para eventuais correções. Esses treinamentos foram
lvii
realizados em separado com componentes de cada equipe de profissionais,
isto é, equipe de médicos, enfermeiras, auxiliares de enfermagem,
fisioterapeutas e etc. No total foram realizados 37 sessões de treinamento, no
mínimo dois para cada equipe, com duração média de 45 minutos cada. Foi
dada, ênfase muito grande sobre as oportunidades de higienização das mãos,
ao entrar na unidade neonatal, antes e após tocar cada paciente, cada
equipamento e antes e após calçar luvas para realização de procedimentos. As
indicações e oportunidades para realização de higienização das mãos foram
baseadas em recomendações internacionais (World Health Organization,
2006);
b) treinamento de higienização das mãos sob forma lúdica, com uma mistura
de purpurina de cores diferentes, simbolizando as diversas bactérias
envolvidas nos processos infecciosos, misturada com creme hidratante. Esta
mistura era espalhada nas mãos e antebraços dos profissionais de saúde, à
beira da pia da unidade e foi solicitado que fizessem a higienizacão das mãos
com água e sabão. A proposta teve com finalidade reforçar o tempo mínimo
necessário e adequado para a higienização das mãos, o qual correspondia a
retirada total e completa da mistura espalhada, assim como a técnica correta
para a retirada da sujidade e da flora transitória, no caso, a mistura de creme
com purpurina;
c) treinamento de todo o grupo, sobre o uso do álcool glicerinado, realizado por
meio de sessões( 17 no total, pelo menos duas vezes com cada equipe) com
duração média de 30 minutos cada. Nesses treinamentos eram distribuídos
lviii
folders (Apêndice 4) com as principais indicações do uso deste material, assim
como vantagens dele em relação a outras substâncias além de treinamento
prático sobre o uso correto dessa substância;
d) disponibilização de almotolias com álcool glicerinado sob cada incubadora,
na tentativa de facilitar o acesso e chamar a atenção para a necessidade do
procedimento, com finalidade de aumentar a adesão ao uso desta substância;
e) instalação de domes (câmeras) fixadas no teto do hall de entrada da UTIN,
onde se localiza a principal pia de lavagem das mãos, e outra no teto do salão
principal da UTIN, com objetivo de “intimidação cega”. Por motivos
econômicos, este material foi constituído somente de caixa vazia, sem a
câmera de filmagem, isto é, sem qualquer dispositivo interno de gravação ou
de visualização direta. A falta deste dispositivo interno para gravação não foi de
conhecimento de qualquer membro da equipe, exceto da direção da unidade,
da equipe da CCIH, do instalador do material e do próprio autor. A instalação
da câmera obedeceu a cronologia específica. Foi realizada somente após
todos os treinamentos sobre higienização das mãos e teve como objetivo
primordial a tentativa de maior sensibilização dos profissionais de saúde
envolvidos nos cuidados. Antes da instalação da câmera, foi distribuído um
documento para toda a equipe (Apêndice 2) explicando o processo e a
finalidade o procedimento. Foi feita inauguração simbólica de funcionamento da
câmera em todos os plantões, para que os profissionais tivessem ciência de
que, a partir de determinada data, seria feito um controle mais rigoroso de suas
atividades, com possíveis adequações quando necessárias. Foram afixados
lix
nas paredes cinco avisos do tipo – Sorria, você está sendo filmado – na
tentativa de alertar a equipe sobre o dispositivo que estava sendo utilizado. A
partir de observações realizadas pelo próprio autor, sobre a equipe, e sempre
se referindo a uma “possível observação“ pelas câmeras, detectou-se equipes
e profissionais com melhor e pior desempenho, e foi dado feedback positivo ou
negativo a estes, com intuito de correção de condutas inadequadas;
f) com finalidade de diminuir o contato de objetos contaminados com os
pacientes, foi implantada rotina que previa o envolvimento do chassi de RX
com saco plástico transparente, descartável e limpo. Realizadas sessões de
orientações individuais, abrangendo os seis técnicos da unidade, para que
além da higienização das mãos ao entrar na unidade, fizessem uso do álcool
glicerinado antes e após tocar cada paciente, além de utilizarem o saco plástico
descartável. Em cada sessão de orientação, além da discussão das novas
rotinas, era entregue a rotina por escrito, e solicitado que cada participante
assinasse documento onde atestava que havia recebido treinamento e cópia da
rotina escrita. Tal documentação das atividades tinha sempre a finalidade de
aumentar a noção de responsabilidade, motivação e participação de cada
profissional frente às novas mudanças propostas;
g) treinamento específico com a equipe de nutricionistas que trabalham na
UTIN com o objetivo de diminuir a transmissão de patógenos pelo contato com
objetos inanimados. Estes profissionais entram na unidade duas a três vezes
ao dia com finalidade de verificar e discutir as alterações das dietas dos RN,
tocam e manipulam todas as papeletas da unidade. Além do treinamento e
lx
orientações sobre a higienização das mãos, foi solicitado a toda a equipe que
antes e após manipular cada papeleta utilizassem o álcool glicerinado. Foram
realizados cinco treinamentos, com duração média de 45 minutos cada,
envolvendo todas as nutricionistas do setor, além de quatro estagiárias. O
mesmo procedimento de entrega de rotina escrita e de documentação de
participação na reunião foi adotado;
h) garantia de manutenção e reposição, em tempo hábil, de material para
realização da higienização das mãos, tais como sabão, substância antiséptica,
papel toalha, dispensadores e álcool glicerinado. Isto foi feito por meio de
visitas diárias, frequentemente mais de uma vez ao dia, à unidade neonatal,
com finalidade de garantir que o material estivesse disponível.
Optamos por diversos tipos de intervenções conjuntas na
abordagem da PBP sobre higienização das mãos, pois não há na literatura
consenso sobre o melhor tipo de abordagem numa equipe multidisciplinar
(Pittet et al, 2000).
Em nenhum momento, qualquer profissional se recusou a
participar das atividades propostas, sendo que o autor respeitou o horário de
trabalho, tentando interferir o mínimo possível com o andamento das atividades
profissionais em curso.
lxi
2) quanto à adesão aos protocolos para redução da contaminação dos
acessos vasculares, conexões e uso de precauções máximas para
colocação de cateteres centrais, as estratégias implementadas foram:
a) instituiu-se equipe para inserção, cuidados e monitoramento de CVC.
Durante o período pré-intervenção somente duas enfermeiras tinham o curso
formal necessário para implantação do PICC. Em março de 2007, foi realizado
curso teórico-prático de implantação e manutenção de PICC com oito horas de
duração e participação de oito enfermeiras da unidade. Após este treinamento,
todas as enfermeiras tinham o certificado e estavam aptas a realizar esta
técnica, sendo, com isto, intensificada a passagem de PICC sempre que
necessário, mesmo nos plantões noturnos e em finais de semana;
b) com finalidade de uso de precauções máximas (capote estéril, luva estéril,
gorro e máscara) pela equipe de enfermagem para inserção do PICC, foram
feitas 10 sessões de discussão, com 30 minutos de duração cada, sobre a
necessidade de tal procedimento e sua relação com a infecção do trato
vascular;
c) foi entregue uma cópia da “Rotina de Prevenção de Infecção Hospitalar do
Sítio Vascular em Neonatos” (Anexo 3), para cada enfermeira, documento este
elaborado pela Superintendência de Vigilância em Saúde – Núcleo de Controle
de Infecção Hospitalar da SMS RJ, discutido em detalhes todo o conteúdo do
documento, necessidade de implantação desta norma, dificuldades, possíveis
soluções e impacto desta técnica na redução de sepse neonatal;
lxii
d) limitou-se o uso de PICC por no máximo 21 dias. Este controle foi feito
diariamente através de visitas realizadas pelo autor em cada paciente com este
dispositivo;
e) com a finalidade de evitar a aproximação de pessoas inadequadamente
paramentadas no local de realização de procedimentos invasivos, foi colocado
um biombo na UTIN para ser posicionado em volta do leito do RN que
estivesse sendo submetido a tais procedimentos, como inserção de PICC,
dissecção venosa, punção lombar (PL) e etc;
f) utilizando a mistura de purpurina e creme hidratante de diversas cores, foi
feito treinamento com a equipe médica, de enfermagem e de auxiliares de
enfermagem, com a finalidade de diminuir a contaminação dos acessos
vasculares e conexões. Utilizou-se three way, torneira de adaptação, equipo de
soro e extensor, espalhou-se a mistura neste material simulando a
contaminação por patógenos e, depois, procedeu-se à limpeza por meio de
fricção mecância com três gazes distintas embebidas com álcool a 70%. Foram
realizados 25 treinamentos com duração média de 30 minutos cada, sendo que
todos os médicos, enfermeiras e auxiliares de enfermagem participaram de
pelo menos um treinamento.
Práticas relacionadas ao manuseio de cateter vascular central
(CVC) têm sido associadas às ICS (Gaynes et al, 2004). Apesar das
discussões sobre manuseio dos CVC terem sido iniciadas quando da
implantação da PBP sobre higienização das mãos, houve necessidade de um
momento em particular com o grupo de enfermagem, pois é o grupo de
profissionais diretamente envolvido no processo, principalmente por que vários
lxiii
profissionais traziam experiências de outros locais de trabalho, e a idéia central
era o seguimento, por toda a equipe, do novo protocolo estabelecido.
3) quanto à adesão aos protocolos para diminuição do número de
punções cutâneas, as estratégias implementadas foram:
a) suspensão de hidratação venosa o mais rápido possível, ou seja, sempre
que o RN estivesse recebendo um volume de dieta em torno de 100 ml/kg/dia
por via enteral;
b) discutido com a equipe de enfermagem, como forma de motivação,
estratégias para diminuir a perda de acesso venoso periférico, tais como
melhora da qualidade do curativo e troca do mesmo o mais rápido possível
quando houvesse indicação para tal procedimento;
c) no período pós-intervenção, como parte do processo de Humanização no
Atendimento ao RN, foi implementada a “Rotinas de Prevenção de Dor no RN”.
Nesta rotina, há a indicação de que a punção venosa seja realizada por dois
profissionais, com o objetivo de aconchegar o paciente e estimular a sucção
não nutritiva. Em consequência foi observado que a punção venosa passou a
ser realizada por dois profissionais, melhorando a contenção do RN e,
possivelmente, também a fixação do curativo.
4) quanto à adesão aos protocolos para tratamento de sepse suspeita por
somente 48 horas se a hemocultura permanecer negativa, as estratégias
implementadas foram:
lxiv
a) nos casos de início de tratamento de sepse suspeita, nos pacientes com
fatores de risco, suspendeu-se o esquema de antibióticos quando as
hemoculturas permaneceram negativas após 48 horas de incubação e se o RN
apresentasse quadro clínico não compatível com sepse;
b) realizado monitoramento diário dos mapas de culturas;
c) conscientização da equipe médica sobre a necessidade de coleta de
hemocultura antes do início do antibiótico, para que a suspensão do mesmo
pudesse ser feita logo que possível. Esta nova rotina foi discutida com todos os
médicos e monitorada rigidamente, inclusive nos plantões noturnos, de finais
de semana e de feriados.
5) quanto à adesão aos protocolos para melhora da acurácia no
diagnóstico da sepse, as estratégias implementadas foram:
a) coleta de duas amostras sangue para hemocultura em sítios diferentes;
b) treinamento do método de coleta de sangue para hemocultura: uso
adequado de substâncias antisépticas na pele do paciente (com três gazes
estéreis) uso de luvas estéreis, assim como desinfecção da tampa do frasco de
hemocultura, na tentativa de diminuir a contaminação das hemoculturas. Tais
rotinas foram discutidas com a equipe médica, responsável pela coleta deste
material, sendo entregue uma rotina escrita sobre a técnica de coleta de
hemocultura, supervisão direta do procedimento para detecção e correção
imediata de eventuais falhas técnicas;
lxv
c) retirada de, pelo menos, um mililitro de sangue para cada amostra de
hemocultura. Foram colocados cartazes na parede, em frente ‘a mesa de
prescrição dos médicos , com lembretes da quantidade de sangue a ser
coletada. Foram realizadas discussões com todas as equipes sobre a
importância de tal procedimento e monitoração sobre a adesão a este
protocolo;
d) dosagem seriada de proteína C reativa (PCR) semi-quantitativa como parte
complementar à precisão do diagnóstico de sepse. No período pré-intervenção,
não havia a rotina de utilização de PCR com regularidade. No período pós-
intervenção, foi instituída a rotina de coleta deste exame quando da coleta do
primeiro hemograma, isto é, com 24 horas de vida do RN, e pareamento em 24
a 48 horas após. Quando negativa, auxiliava a suspensão do esquema de
antibiótico em no máximo 72 horas após seu início, juntamente com resultado
de hemocultura e quadro clinico apresentado pelo RN.
6) quanto à adesão aos protocolos de início precoce de alimentação
enteral com leite humano, as estratégias implementadas foram:
a) estímulo às mães a permanecerem no hospital o máximo de tempo possível,
na enfermaria “Alojamento de Mães”, para doação de leite cru. Foram
priorizadas as internações de mães que estivessem mantendo a retirada de
leite materno para seus próprios filhos. Realizadas palestras semanais, no
total de 15, com duração média de 45 minutos cada, com finalidade de
lxvi
incentivar a manutenção da lactação, assim como para esclarecer dúvidas
quanto à técnica de retirada do leite;
b) dispensação de leite humano exclusivo aos RN de muito baixo peso
internados na UTIN, através de doações das próprias mães ou de outras
internadas no Alojamento Conjunto. Com a finalidade de aumentar a doação de
leite por parte das mães internadas no AC, foram feitas palestras três vezes
por semana durante todo o período.
7) quanto à adesão aos protocolos para limitar o uso de corticóide pós-
natal e bloqueadores de H
2
, as estratégias implementadas foram:
a) controle rigoroso e diário do uso destas medicações por meio de visitas à
beira do leito e revistas nas prescrições médicas.
Salientamos que algumas destas estratégias (higienização das
mãos, uso do leite materno) já faziam parte da rotina da unidade em estudo,
sendo somente necessário, nesses casos, algumas mudanças na rotina
previamente estabelecida (reforço, motivação da equipe, diluição de dúvidas
quanto aos novos protocolos e garantia de manutenção de sua continuidade).
Outras estratégias tiveram a divulgação e implantação em sua totalidade no
período pós-intervenção (implantação e cuidados com cateter central,
diminuição de número de punções cutâneas, tratamento de sepse suspeita por
48 horas se hemoculturas negativas, melhora da acurácia no diagnóstico de
sepse, limitação do uso de corticóides e bloqueadores H
2
).
lxvii
Todas estas estratégias foram propostas discutidas com a direção
da unidade, posteriormente com as chefias imediatas do setor (chefia médica e
de enfermagem), com a médica responsável pela CCIH e, posteriormente, com
os profissionais que atuam diretamente nos cuidados com os RN, que foram,
em última análise, os responsáveis pela manutenção das estratégias
propostas.
A proposta se baseou na adequada adesão de toda a equipe da
UTIN aos protocolos eleitos e considerados como PBP durante oito meses, e
comparar os desfechos de tal período com outro imediatamente anterior.
6.8. CONSIDERAÇÕES ÉTICAS
O Projeto foi aprovado pelo Comitê de ética em pesquisa da
Secretaria Municipal de Saúde sob o número Protocolo de Pesquisa N. 142/06
(Anexo 5) e foi obtido consentimento do hospital onde o estudo foi
desenvolvido (Apêndice 1). Foi garantido o anonimato dos prontuários
analisados.
lxviii
7. ANÁLISE ESTATÍSTICA
Para construção da base de dados e análise estatística, foi
utilizado o pacote estatístico SPSS for Windows 13.0. Os dados foram
descritos a partir das medidas de tendência central (variáveis contínuas: média,
desvio padrão, mediana, valor mínimo e máximo) e proporções (variáveis
categóricas). As médias das variáveis contínuas dos grupos estudados foram
comparadas por meio de teste t com correção de Fisher (quando necessário)
ou pelo teste de Mann-Whitney, de acordo com a presença ou não de
distribuição normal. As variáveis categóricas foram comparadas pelo teste qui-
quadrado (X
2
). O nível de significância para todos os testes foi fixado em 95%.
lxix
8. RESULTADOS
No período de 22 meses, tempo de duração do estudo (janeiro de
2006 a outubro de 2007), foram admitidos 626 pacientes na UTIN-HMON.
Foram incluídos para análise estatística 457 (73%) pacientes e excluídos 169
(27%), por terem sido transferidos ou evoluído para óbito antes de 48 horas de
vida, tempo necessário para o diagnóstico de IHOH.
Os RN estudados foram divididos em dois grupos para fins de
comparação: grupo de RN admitidos no período pré-intervenção e grupo de RN
admitidos após o início da intervenção.
As tabelas 5 e 6 apresentam as características clínicas dos
grupos estudados.
Tabela 5- Comparação das características clínicas dos grupos de recém-
nascidos estudados nos períodos pré e pós-intervenção- variáveis contínuas-
RJ 2008:
Vm: valor mínimo; VM: valor máximo. *Mann-Whitney, os demais teste t.
Período pré-intervenção Período põs-intervenção
Variável Média ± DP Mediana (Vm e VM) Média ± DP Mediana(Vm e VM) p
Dias de internação* 17,33 ± 22,44 8 (3-148) 12,80 ± 12,96 8 (3-70) 0,707
Peso de nascimento (g) 1.950 ± 884 1.880(450-4.255) 2.097 ± 881 1.870(670-4.400) 0,078
Idade gestacional (sem) 33,3 ± 3 33,6 (25,4-41,6) 34,6 ± 3 34,2 (26-41,6) 0,069
Valor de SNAPPE-II* 15 ± 17 10 (0-71) 19 ± 21 14 (0-95) 0,276
lxx
Tabela 6- Comparação das características clínicas dos grupos de RN
estudados nos períodos pré e pós-intervenção – variáveis categóricas – RJ
2008:
Variável Período pré-
intervenção
Período pós-
intervenção
X
2
p -valor
Masculino 154 (58,3%) 115 (59,5%) Gênero
Feminimo 110 (41,6%) 78 (40,4%) 0,91 0,419
Normal 117 (44,3%) 70 (36,2%) Tipo de parto
Operatório 147 (55,6%) 123 (63,7%) 2,98 0,051
Sim 32 (12,1%) 18 (9,3%) Asfixia
Não 232 (87,9%) 175 ( 90,7%) 0,89 0,214
Peso nasc <1500g 102 56
>1500g 162 137 4,56 0,021
É importante notar que quando o PN foi estratificado para menor
ou igual e maior que 1.500g, houve diferença entre os grupos, com maior
quantidade de RNMBP no grupo do período pré-intervenção, o que poderia
interferir na incidência de IH, já que este grupo é mais vulnerável a este
acometimento. Portanto, decidiu-se analisar o grupo de RN com peso de
nascimento menor ou igual a 1.500g separadamente. Quanto às demais
características clínicas, não houve diferença significativa.
Foram comparados, também, os grupos pré e pós-intervenção
quanto aos procedimentos invasivos à que foram submetidos durante o período
de internação na UTIN (tabelas 7,8 e 9), não sendo observado diferença
significativa entre os grupos.
lxxi
Tabela 7 – Comparação dos procedimentos invasivos realizados na população
de RN estudados no período pré e pós-intervenção – variáveis contínuas – RJ
2008:
Período pré-
intervenção
Período pós-
intervenção
Variável Média ± DP Mediana
(Vm – VM)
Média ± DP Mediana
(Vm – VM)
P
Dias de uso de cateter
umbilical*
1,59 ± 2,6 0 (0-12) 1,1 ± 2,0 0 (0-9) 0,062
Dias de uso de PICC* 1,56 ± 4,2 0 (0-24) 2,18 ± 4,8 0 (0-29) 0,071
Dias de ventilação mecânica 4,0 ± 12,9 0 (0-148) 2,7 ± 6,5 0 (0-42) 0,182
Dias de nutrição parenteral 3,2 ± 7,0 0 (0-65) 2,4 ± 4,8 0 (0-32) 0,172
Dias de uso de cateter vesical 0,29 ± 1,6 0 (0-19) 0,24 ± 1,4 0 (0-16) 0,748
Dias de dissecção venosa* 0,89 ± 5,6 0 (0-60) 0,36 ± 2,4 0 (0-24) 0,363
Quantidade de cirurgias 4,16 ± 0,2 0 (0-1) 2,59 ± 0,2 0 (0-2) 0,395
Vm: valor mínimo; VM: valor máximo. *Mann-Whitney, os demais teste t.
Tabela 8 – Comparação dos procedimentos invasivos realizados apenas na população
de RN estudados que utilizaram tais procedimentos no período pré e pós-intervenção–
variáveis contínuas – RJ 2008:
lxxii
Não foram observadas diferenças importantes quanto ao tempo
de uso de procedimentos invasivos quando comparamos a população total ou
apenas os que fizeram uso destes procedimentos (tabela 7 e 8).
Tabela 9 – Comparação dos procedimentos invasivos realizados na população
de RN estudados no período pré e pós-intervenção – variáveis categóricas –
RJ 2008:
Variável
Pré-intervenção Pós-intervenção X
2
P
Sim 08 (3,0%) 03 (1,5%) Cirurgia
Não 256 (97%) 190 (98.5%) 1,034 0,370
Sim 105 (39,8%) 59 (30,5%) Uso de ventilação mecânica
Não 159 (60,2%) 134 (69,4%) 4,104 0,027
Sim 13 (4,9%) 08 (4,1%) Uso de cateter vesical
Não 251 (95,1%) 185 (95,9%) 0,154 0,438
Sim 83 ( 31,4%) 47 (24,3%) Uso de cateter umbilical
Não 181 ( 68,5%) 146 (75,7%) 2,751 0,060
Período Pré-intervenção Período Pós-
intervenção
Variável Média ± DP Mediana
(Vm –
VM)
Média ± DP Mediana
(Vm – VM)
P
Dias de uso de cateter
umbilical*
4,95 ± 2,3 5 (1-12) 4,57 ± 1,4 5 (2-9) 0,683
Dias de uso de PICC 9,80 ± 5,4 9 (1-24) 9,56 ± 5,4 9 (1-29) 0,837
Dias de ventilação mecânica 10,23 ±
19,01
4 (1-148) 8,86 ± 9,4 5 (2-42) 0,604
Dias de nutrição parenteral 8,55 ± 9,2 6 (1-65) 8,35 ± 5,4 7 (2-32) 0,880
Dias de uso de cateter vesical 5,92 ± 5,04 5 (1-19) 5,87 ± 4,38 4 (3-16) 0,982
Dias de dissecção venosa 21,36 ± 18,8 13 (8-60) 14,20 ± 6,2 13 (7-24) 0,428
lxxiii
Sim 42 ( 15,9%) 44 ( 22,8%)
Uso de PICC
Não 222 ( 84,1%) 149 ( 77,2%) 3,463 0,041
Sim 11 ( 4,1%) 05 ( 2,5%) Dissecção venosa
Não 253 ( 85,9%) 188 (97,5%) 0,820 0,262
Sim 98 ( 37,1%) 57 ( 29,5%) Uso de nutrição parenteral
Não 166 (62,9%) 136 ( 70,5%) 2,864 0,055
Em relação à quantidade de procedimentos invasivos realizados
observou-se diferença significativa em relação ao uso de VM e à utilização de
PICC (tabela 9).
Quando os grupos foram comparados quanto aos procedimentos
diagnósticos e condutas terapêuticas relacionadas à sepse neonatal, observou-
se diminuição significativa nas seguintes variáves: tempo de uso de
antibioticoterapia, quantidade de esquemas de antibióticos usados por cada
paciente, quantidade de IH e de sepse clínica por paciente (tabela 10 e 11)..
Ainda observou-se diminuição da porcentagem de diagnóstico de IH, IHOM,
IHOH e de pacientes que fizeram uso de antibiótico (tabela 12).
Nenhum dos pacientes do período pós-intervenção, nos quais a
antibioticoterapia foi suspensa após 48 a 72 horas com resultado de
hemocultura negativo, níveis séricos de PCR negativos e com melhora clínica,
teve a necessidade de retornar a usar o antibiótico.
Tabela 10 – Comparação da população de RN estudados em relação aos
diagnósticos e tratamentos recebidos – variáveis contínuas – RJ 2008:
Pré-intervenção Pós-intervenção
Variável Média ± DP Mediana Média ± DP Mediana P
lxxiv
(Vm e
VM)
(Vm e
VM)
Quantidade de inf hospitalares* 0,44 ± 0,86 0 (0-6) 0,18 ± 0,53 0 (0-3) 0,000
Quantidade inf da corrente
sanguínea
7,95 ± 0,28 0 (0-2) 8,29 ± 0,27 0 (0-1) 0,900
Quantidade inf relacionadas a
cateter*
3,4 ± 0,18 0 (0-1) 2,07 ± 0,14 0 (0-1) 0,396
Quantidade de sepse clínica* 0,5 ± 0,56 0 (0-3) 0,21 ± 0,45 0 (0-2) 0,000
Quantidade de enterocolite
necrosante
3,03 ± 0,19 0 (0-2) 1,56 ± 0,12 0 (0-1) 0,356
Vm: valor mínimo; VM: valor máximo. *Mann-Whitney, os demais teste t.
Tabela 11 – Comparação da população de RN submetidos à investigação
diagnóstica e aos tratamentos propostos – variáveis contínuas – RJ 2008:
Pré-intervenção Pós-intervenção
Variável Média ± DP Mediana
(Vm e VM)
Média ± DP Mediana
(Vm e VM)
p
Dias de uso de antibiótico* 10,76 ± 10,18 8 (1-87) 6,92 ± 5,0 7 (1-30) 0,000
Número de esquemas de antibiótico* 1,51 ± 1,0 1 (1-6) 1,27 ± 0,62 1 (1-4) 0,037
Quantidade de hemoculturas coletadas 1,82 ± 1,6 1 (1-13) 2,31 ± 1,4 2 (1-9) 0,009
Vm: valor mínimo; VM: valor máximo. *Mann-Whitney, os demais teste t.
lxxv
Tabela 12 – Comparação entre os RN estudados em relação aos diagnósticos
e tratamento – variáveis categóricas – RJ 2008:
Variável Pré-
intervenção
Pós-
intervenção
X
2
P
Sim 164 ( 62,1%) 67 (34,7%) Infecção hospitalar
Não 100 ( 37,9%) 126 (65,3%) 33,50 0,000
Sim 132 ( 50%) 54 (28%) Infecção hospitalar de origem
materna Não 132 ( 50%) 139 (72%) 22,40 0,000
Sim 77 (29,1%) 22 ( 11,4%) Infecção hospitalar de origem
hospitalar Não 187 ( 70,9%) 171 ( 88,6%) 20,74 0,000
Sim 09 ( 3,4%) 04 ( 2,1%) Inf da corrente sangüínea relacionada
a cateter Não 255 (96,6%) 189 (97,9%) 0,72 0,291
Sim 126 (47,7%) 46 (23,8%) Sepse clínica
Não 138 (52,3%) 147 (76,2%) 27,11 0,000
Sim 19 (7,2%) 16 (8,3%) Infecção da corrente sanguinea
Não 245 (92,8%) 177 (91,7%) 0,18 0,396
Infecção comprovada Sim 30 (11,4%) 21 (10,9%)
Não 234 (88,6%) 172 (89,1%) 0,026 0,498
Sim 07 (2,7%) 03 (1,6%) Enterocolite necrosante
Não 257 (97,3%) 190 (98,4%) 0,62 0,326
Sim 187 (70,8%) 107 (55,4%) Uso de antibiótico
Não 77 ( 29,2%) 86 ( 44,6%) 11,51 0,001
A quantidade de esquemas antibióticos prescritos por paciente
em cada período estudado também foi diferente, com grande diminuição no
período pós-intervenção (tabela 13).
lxxvi
Tabela 13 – Comparação da quantidade de esquemas de antibiótico prescritos
por paciente nos períodos estudados – RJ 2008:
Quantidade de esquemas de
antibiótico
Pré-
intervenção
Pós-
intervenção
X
2
P
1 131 (69,68%) 85 ( 80,95%)
2 38 (20,21%) 12 (11,42%)
3 07 (3,72%) 07 (6,66%)
4 05 (2,65%) 01 (0,95%)
5 05 (2,65%) 00
6 02 (1,06%) 00 10,29 0,029
Total 188 (100%) 105 (100%)
Quando os dados foram categorizados para a prescrição de mais
do que três esquemas de antibióticos por paciente, a comparação entre os
grupos continuou mostrando uma diminuição importante destes no período
pós-intervenção (12 pacientes no período pré-intervenção e apenas um
paciente no período pós-intervenção – tabela 14).
Tabela 14 - Comparação dos grupos quanto ao uso de mais de três esquemas
de antibiótico nos períodos estudados – RJ 2008:
Quantidade de esquemas de
antibiótico
Pré-
intervenção
Pós-
intervenção
X
2
p
Até três 176 (93.62%) 104 (99,05%)
Mais que três 12 (6,38%) 01 (0,95%) 4,68 0,023
Total 188 (100%) 105 (100%)
lxxvii
Em relação aos exames coletados para o diagnóstico de infecção
neonatal, foi observado que houve diminuição, no período pós-intervenção, do
percentual de pacientes submetidos às coletas de cultura de sangue, de líqüor
e de aspirados traqueais (tabela 15). É importante observar que não houve
diferença na quantidade de diagnóstico de ICS e nem na quantidade de
infecção relacionada a cateter ente os grupos analisados. Além disso, houve
diminuição da quantidade de hemoculturas consideradas como contaminadas
(tabela 15). Importante notar que todas as hemoculturas consideradas como
contaminadas, em ambos os períodos, tiveram crescimento do SCN.
Tabela 15– Comparação entre os exames coletados nos pacientes estudados
no período pré e pós-intervenção – variáveis categóricas – RJ 2008:
Variável Período pré
N/%
Período pós
N/%
X
2
p
Sim 177 ( 67%) 108 ( 55,9%) Hemoculturas coletadas
Não 87 ( 33%) 85 ( 44,1%) 5,83 0,010
Sim 16 ( 6,1%) 04 ( 2,7%) Hemoculturas contaminadas
Não 248 ( 93,9%) 189 ( 97,9%) 4,23 0,030
Sim 81 ( 30,7%) 44 ( 22,8%) Líquor colhido
Não 183 ( 69,3%) 149 ( 77,2%) 3,48 0,039
Sim 27 ( 10,2%) 12 ( 6,2%) Urina colhida
Não 237 ( 89,8%) 181 ( 93,8%) 2,29 0,088
Sim 29 ( 10,9%) 03 ( 1,6%) Aspirado traqueal colhido
Não 235 ( 89,1%) 190 ( 98,4%) 15,22 0,000
Sim 18 ( 6,8%) 11 (5,7%) Ponta de cateter colhido
Não 246 ( 93,2%) 182 ( 94,3%) 0,23 0,389
Na tabela 16 identificam-se os resultados das hemoculturas no
período pré e pós-intervenção. No período pré-intervenção foram coletadas 177
lxxviii
amostras de hemocultura sendo 23 (12,9%) positivas, enquanto no período
pós-intervenção foram coletadas 108 amostras com 19 (17,6%) positivas (X
2
=0,171 e p=0,744).
Cabe mencionar que na unidade não há rotina para pesquisa de
vírus.
Tabela 16 – Resultado das hemoculturas colhidas respectivamente no período
pré e pós intervenção – RJ 2008 :
Resultado das hemoculturas Período pré-intervenção Período pós-intervenção
Streptococcus agalactiae 01 05
Staphylococcus coagulase negativo 07 02
Enterococo 01 01
Pseudomonas aeruginosa 04 01
Klebsiella pneumoniae 05 04
Leveduras 01 01
Chryseobacterium meningosepticum 02 00
Staphylococcus aureus meticilino resistente 01 00
Escherichia coli 01 01
Enterobacter cloacae 00 02
Staphylococcus aureus 00 02
TOTAL DE HEMOCULTURAS POSITIVAS 23 19
Quando comparados os grupos em relação à quantidade de
pacientes colonizados por germes multiresistentes, observa-se diminuição
importante do percentual de RN colonizados por ESBL no período pós-
intervenção (tabela 17). Não foi observado diferença significante em relação a
colonização por MRSA quando comparados os dois períodos.
lxxix
Tabela 17 – Comparação entre os grupos estudados em relação à colonização
no período pré e pós-intervenção – RJ 2008:
Variável Período pré Período pós X
2
P
Sim 04 ( 1,5%) 02 ( 1,0%) Pacientes colonizados por MRSA
Não 260 ( 98,5%) 191 ( 99%) 0,19 0,498
Sim 40 ( 15,1%) 02 ( 1,0%) Pacientes colonizados por ESBL
Não 224 ( 84,9%) 191 ( 99%) 26,61 0,000
No período pré-intervenção foram dispensados, pelo BLH do
HMON, em média, 28,7 litros/mês de leite humano (LH) para toda a Unidade
Neonatal, enquanto no período pós-intervenção foram 37,4 litros/mês. Houve
portanto um aumento de 23,3% na quantidade de LH oferecido aos pacientes
internados no período pós-intervenção.
Também em relação à alimentação dos pacientes, verificou-se
que no período pré-intervenção somente 82% dos RN que receberam
alimentação por via enteral, receberam o LH como sua primeira dieta. Este
percentual subiu para 100% no período pós-intervenção (X
2
=39,21 e p<0,001).
Não houve diferença em relação à quantidade de óbitos nem em
relação à classificação deles entre os dois períodos estudados (tabela 18). No
entanto, quando comparados especificamente quanto aos óbitos causados por
IH, verificamos diminuição significativa no grupo pós-intervenção (tabela 19).
lxxx
Tabela 18 – Comparação dos casos de óbitos classificados quanto à sua
associação a infecção hospitalar no período pré e pós-intervenção – RJ 2008:
Pré-
intervenção
Pós-
intervenção
X
2
Valor
p
Óbitos não relacionados à infecção hospitalar 13 (54,16%) 12 (80%)
Óbitos relacionados/associados à infecção
hospitalar
03 (12,5%) 03 ( 20%)
Óbitos causados por infecção hospitalar 08 (33,33%) 00 (0%) 6,35 0,095
Total 24 (100%) 15 (100%)
Tabela 19 – Comparação dos casos de óbitos causados por infecção hospitalar
com os demais, nos períodos pré e pós-intervenção - RJ 2008:
Pré-
intervenção
Pós-
intervenção
X
2
p
Outros óbitos 16 15
Óbitos causados pela infecção
hospitalar
8 0 6,29 0,012
Total 24 15
Observou-se total de 158 pacientes com PN menor ou igual a
1.500g (102 no período pré e 56 no período pós-intervenção), e estes
pacientes distribuÍram-se de forma diferente entre os períodos estudados
(tabela 6). Por ser este grupo de alto risco para a sepse nosocomial, optou-se
por avaliá-los separadamente. Nas tabelas 20 e 21, comparou-se as
características clínicas destes grupos.
Tabela 20 - Comparação das características clínicas dos grupos de RN com
peso de nascimento 1.500 g nos dois períodos estudados – variáveis
Período pré-intervenção Período põs-intervenção
Variável Média ± DP Mediana (Vm e VM) Média ± DP Mediana(Vm e VM) P
Dias de internação*
29,1 ± 27,6 18 (3 – 120) 21,7 ± 18,6 14 (3 – 70) 0,298
Peso de nascimento (g) 1068 ± 287 1077 (450 – 1500) 1138 ± 270 1195 (670 – 1495 ) 0,137
Idade gestacional (sem)
30,6 ± 2,1 31 (25,4 – 37) 31,3 ± 1,9 31 (26 – 36,6) 0,026
Valor de SNAPPE-II* 25,0 ± 19,4 20,0 (0 – 71) 27,8 ± 24,4 22,0 (0 – 87) 0,762
lxxxi
contínuas – RJ 2008:
Vm: valor mínimo; VM: valor máximo. *Mann-Whitney, os demais teste t.
Tabela 21 - Comparação das características clínicas dos grupos de RN com
peso de nascimento 1.500 g nos dois períodos estudados – variáveis
categóricas – RJ 2008:
Variável Período pré-
intervenção
Período pós-
intervenção
X
2
p –valor
N (%) N (%)
Masculino 56 (63,7%) 46 (65,7%) Gênero
Feminimo 32 36,3%) 24 (34,2%) 0,105 0,867
Normal 52 (50,9%) 18 (32,1%) Tipo de
parto Operatório 50 (49,1%) 38 (67,9%) 5,199 0,017
Sim 80 ( 78,4%) 45 (80,3%) Asfixia
Não 22 21,6%) 11 (19,7%) 0,081 0,840
Não houve diferença em relação às características clínicas dos
RN estudados, exceto em relação ao tipo de parto, com maior número de
cesarianas no período pós-intervenção (tabela 21)
Na tabela 22 estão comparados quanto aos procedimentos
invasivos à que foram submetidos durante o período de internação na UTIN.
Tabela 22 – Comparação dos procedimentos invasivos realizados na
população de RN estudados com peso de nascimento a 1.500g no período
pré e pós-intervenção – variáveis contínuas- RJ 2008:
Período pré-intervenção Período pós-intervenção
Variável Média ± DP Mediana
(Vm – VM)
Média ± DP Mediana
(Vm – VM)
p
Dias de uso de cateter umbilical 2,65 ± 2,99 2 (0 – 11) 2,05 ± 2,37 0 (0 – 7) 0,195
Dias de uso de PICC 3,66
± 5,96 0 (0 – 24) 5,25 ± 6,50 0 (0 – 29) 0,125
lxxxii
Dias de ventilação mecânica 6,71 ± 13,9 2 (0 – 77) 4,50 ± 8,51 0 (0 – 42) 0,282
Dias de nutrição parenteral 6,82 ± 9,72 4 (0 – 65) 6,42 ± 6,67 6 (0 – 32) 0,787
Dias de uso de cateter vesical 0,19
± 1,09 0 (0 – 8) 0,089 ± 0,66 0 (0 – 5) 0,506
Dias de dissecção venosa 1,38
± 6,65 0 (0 – 54) 0,62 ± 2,76 0 (0 – 15) 0,418
Quantidade de cirurgias 0,078
± 0,27 0 (0 – 1) 0,053 ± 0,29 0 (0 – 2) 0,594
Não foi observada diferença significativa quando foram
comparados todos os RN estudados e quando comparamos somente aqueles
que foram submetidos a tais procedimentos (tabela 23).
Tabela 23– Comparação do tempo de utilização dos procedimentos invasivos
na população de RN estudados com peso de nascimento a 1.500 g que foram
submetidos a tais procedimentos no período pré e pós-intervenção – variáveis
contínuas- RJ 2008:
Período pré-intervenção Período pós-intervenção
Variável Média ± DP Mediana
(Vm – VM)
Média ± DP Mediana
(Vm – VM)
p
Dias de uso de cateter umbilical* 4,83 ± 2,38 4,5 ( 1 – 11) 4,42 ± 1,23 5 (2 – 7) 0,847
Dias de uso de PICC 10,68
± 5,30 10 (3 – 24) 10,50 ± 5,40 10 (1 – 29) 0,892
Dias de ventilação mecânica 11,61
± 16,80 4 (1 – 77) 9,33 ± 10,33 5 (2 – 42) 0,519
Dias de nutrição parenteral 9,40
± 10,31 7 (1 – 65) 9,45 ± 6,04 8 (2 – 32) 0,970
Dias de uso de cateter vesical 4,00
± 3,31 3 (1 – 8) 5,00 ± 0,00 5 (5 – 5) 0,797
Dias de dissecção venosa 23,50
± 16,48 18 (9 – 54) 11,66 ± 4,16 13 (7 – 15) 0,274
Quantidade de cirurgias 1,00
± 0,00 1 (1 – 1) 1,50 ± 0,70 1,5 (1 – 2) 0,500
Vm: valor mínimo; VM: valor máximo. *Mann-Whitney, os demais, teste t.
O percentual de RN que utilizaram PICC foi maior no grupo de RN
admitidos no período pós-intervenção. O percentual de RN submetidos aos
lxxxiii
demais procedimentos não foi diferente entre os períodos estudados (tabela
24).
Tabela 24 – Comparação dos procedimentos invasivos realizados na
população de RN estudados com peso de nascimento a 1.500g no período
pré e pós-intervenção – variáveis categóricas- RJ 2008:
Variável
Pré-intervenção
N(%)
Pós-intervenção
N (%)
X
2
P
Sim 5 (4,9%) 1 (1,8%) Cirurgia
Não 97 (95,1%) 55 (98,2%) 0,961 0,306
Sim 59 (57,8%) 27 (48,2%)
Uso de ventilação mecânica
Não 43 (42,2%) 29 (51,8%) 1,351 0,160
Sim 04 (3,9%) 01 (1.8%) Uso de cateter vesical
Não 98 (96,1%) 55 (98,2%) 0,538 0,417
Sim 55 (53,9%) 26 (46,4%) Uso de cateter umbilical
Não 47 (46,1%) 30 (53,6%) 0,812 0,231
Sim 35 (34,3%) 28 (50%) Uso de PICC
Não 67 (65,7%) 28 (50%) 3,71 0,040
Sim 06 (5,9%) 03 (5,4%) Dissecção venosa
Não 96 (94,1%) 53 (94,6) 0,19 0,599
Sim 74 (72,5%) 38 (67,9%) Uso de nutrição parenteral
Não 28 (27,5%) 18 (32,1%) 0,386 0,329
Correção de Fisher quando necessário
Quando os grupos foram comparados quanto aos procedimentos
diagnósticos e condutas terapêuticas relacionadas à sepse neonatal, observou-
se diminuição significativa nas seguintes variáveis: tempo de uso de
antibioticoterapia, quantidade de esquemas de antibióticos usados por cada
paciente, quantidade de IH e de sepse clínica por paciente (tabela 25 e 26),
mesmo quando avaliados apenas os RN submetidos a tais tratamentos ou
lxxxiv
investigações diagnósticas. Ainda observou-se diminuição da porcentagem de
diagnóstico de IH, IHOM, IHOH e de pacientes que fizeram uso de antibiótico
(tabela 27).
Tabela 25 – Comparação da população de RN com peso de nascimento a
1.500 g estudados em relação aos diagnósticos e tratamentos recebidos nos
períodos estudados – variáveis contínuas – RJ 2008:
Pré-intervenção Pós-intervenção
Variável Média ± DP Mediana
(Vm e VM)
Média ± DP Mediana
(Vm e VM)
p
Quantidade de inf hospitalares*
0,77 ± 1,12
0 (0 – 6)
0,36 ± 0,72
0 (0 – 3) 0,005
Quantidade inf da corrente sanguínea 0,12 ± 0,36 0 (0 – 2) 0,089 ± 0,28 0 (0 – 1) 0,470
Quantidade inf relacionadas a cateter 0,068 ± 0,25 0 (0 – 1) 0,053 ± 0,22 0 (0 – 1) 0,703
Quantidade de sepse clínica
0,71 ± 0,61
1 (0 – 3)
0,33 ± 0,54
0 (0 – 2) 0,000
Quantidade de enterocolite necrosante 0,068 ± 0,29 0 (0 –2) 0,035 ± 0,022 0 (0 – 1) 0,719
Vm: valor mínimo; VM: valor máximo. *Mann-Whitney, os demais teste t.
Tabela 26 – Comparação da população de RN, com peso de nascimento a
1.500 g, submetidos à investigação diagnóstica e aos tratamentos propostos
nos períodos estudados – variáveis contínuas – RJ 2008:
Pré-intervenção Pós-intervenção
Variável Média ± DP Mediana
(Vm e VM)
Média ± DP Mediana
(Vm e VM)
p
Dias de uso de antibiótico*
14,31 ± 12,80
10 (2 – 87)
8,37 ± 6,04
7 (2 – 30) 0,001
Número de esquemas de antibiótico
1,83 ± 1,22
1 (1 – 6)
1,47 ± 1,081
1 (1 – 4) 0,060
Quantidade de hemoculturas coletadas 2,28 ± 2,01 2 (1 – 13) 2,64 ± 1,78 2 (1 – 9) 0,329
lxxxv
Tabela 27 – Comparação entre os RN estudados, com peso de nascimento a
1.500g, em relação aos diagnósticos e tratamento nos períodos estudados –
variáveis categóricas – RJ 2008:
Variável Pré-
intervenção
N (%)
Pós-
intervenção
N (%)
X
2
P
Sim 76 (74,5%) 27 (48,2%) Infecção hospitalar
Não 26 (25,5%) 29 (51,8%) 11,016 0,001
Sim 61 (59,8%) 23 (41%) Infecção hospitalar de origem materna
Não 41 (40,4%) 33 (59%) 5,095 0,018
Sim 47 (46%) 12 (21,4%) Infecção hospitalar de origem hospitalar
Não 55 (54%) 44 (78,6%) 9,388 0,002
Sim 08 (7,8%) 03 (5,3%) Inf da corrente sangüínea relacionada a
cateter Não 94 (92,2% 53 (94,7%) 0,345 0,408
Sepse clínica Sim 67 (65,7%) 22 (39,2%)
lxxxvi
Não 35 (34,3%) 34 (60,8%) 10,240 0,001
Sim 12 (11,8%) 05 (8,9%) Infecção da corrente sanguinea
Não 90 (88,2%) 51 (91,1%) 0,300 0,397
Sim 20 (19,6%) 07 (12,5%) Infecção comprovada
Não 82 (80,4%) 49 (87,5%) 1,289 0,181
Sim 06 (5,9%) 03 (5,3%) Enterocolite necrosante
Não 96 (94,1%) 53 (94,7%) 0,019 0,599
Sim 83 (81,4%) 37 (66%) Uso de antibiótico
Não 19 (18,6%) 19 (34%) 4,634 0,026
A quantidade de esquemas antibióticos prescritos por paciente em
cada período estudado não teve significância estatística, mas observou-se
grande diminuição no período pós-intervenção (tabela28).
Tabela 28 – Comparação da quantidade de esquemas de antibiótico prescritos
por paciente, com peso de nascimento 1.500g, nos períodos estudados – RJ
2008:
Quantidade de esquemas de
antibiótico
Pré-
intervenção
Pós-
intervenção
X
2
P
1 44 25
2 27 06
3 03 04
4 05 01
5 03 00
6 02 00 8,577 0,127
Total 84 36
lxxxvii
Tabela 29 - Comparação dos grupos, com peso de nascimento 1.500 g,
quanto ao uso de mais de três esquemas de antibiótico nos períodos
estudados – RJ 2008:
Quantidade de esquemas de
antibiótico
Pré-
intervenção
Pós-
intervenção
X
2
P
Até três 74 35
Mais que três 10 01 2,520 0,102
Total 84 36
Em relação aos exames coletados para o diagnóstico de sepse
neonatal, foi observado que houve diminuição no período pós-intervenção, do
percentual de pacientes submetidos à coleta de aspirados traqueais (tabela
30). É importante observar que não houve diferença na quantidade de
diagnóstico de ICS e nem na quantidade de ICS relacionada a cateter ente os
grupos analisados (tabela 27). Além disso, houve diminuição da quantidade de
hemoculturas consideradas como contaminadas (tabela 30).
Tabela 30 – Comparação entre os exames coletados nos pacientes 1.500 g,
estudados no período pré e pós-intervenção – variáveis categóricas – RJ 2008:
Variável Período pré
N(%)
Período pós
N(%)
X
2
P
Sim 78 (76,5%) 39 (69,6%) Hemoculturas coletadas
Não 24 (23,5%) 17 (30,4%) 0,877 0,227
Sim 08 10,2%) 00 (00%) Hemoculturas contaminadas
Não 70 (89,8%) 38 (100%) 4,186 0,037
Sim 42 (41,2%) 19 (33,9%) Líquor colhido
Não 60 (58,8%) 37 (66,1%) 0,801 0,235
lxxxviii
Sim 19 18,6%) 05 (8,9%)
Urina colhida
Não 83 (81,4%) 51 (91,1%) 2,640 0,079
Sim 18 (17,6%) 03 (5,3%) Aspirado traqueal colhido
Não 84 (82,4%) 53 (94,7%) 4,738 0,022
Sim 14 (13,7%) 09 (16%) Ponta de cateter colhido
Não 88 (86,3%) 47 (84%) 0,160 0,429
Na tabela 31 identificam-se os resultados das hemoculturas no
período pré e pós-intervenção.
Tabela 31 – Resultado das hemoculturas colhidas respectivamente no período
pré e pós intervenção nos pacientes com peso de nascimento 1.500 g – RJ
2008 :
Resultado das hemoculturas Período pré-
intervenção
Período pós-
intervenção
Streptococcus agalactiae 01 01
Staphylococcus coagulase negativo 06 00
Pseudomonas aeruginosa 03 00
Klebsiella pneumoniae 03 02
Leveduras 01 00
Chryseobacterium meningosepticum 01 00
Escherichia coli 00 01
Enterobacter cloacae 00 01
Staphylococcus aureus 00 02
TOTAL DE HEMOCULTURAS POSITIVAS
15 07
lxxxix
Quando comparados os grupos em relação à quantidade de
pacientes colonizados por germes multiresistentes, observa-se diminuição
importante da quantidade de colonização por germes ESBL, diminuindo de 34
(33,3%) para 01 (1,8%) (X
2
= 20,86; p=0,001).
Não houve diferença em relação à quantidade de óbitos nem em
relação à classificação deles entre os dois períodos estudados (tabela 32). No
entanto, quando comparados especificamente quanto aos óbitos causados por
IH, verificamos diminuição significativa no grupo pós-intervenção (tabela 33).
Tabela 32 – Comparação dos casos de óbitos classificados quanto à sua
associação a infecção hospitalar no período pré e pós-intervenção, no grupo de
RN com peso de nascimento 1.500 g - RJ 2008:
Pré-
intervenção
Pós-
intervenção
X
2
Valor
p
Óbitos não relacionados à infecção hospitalar 08 07
Óbitos relacionados/associados à infecção
hospitalar
02 03
Óbitos causados por infecção hospitalar 08 00 6,513 0,039
Total 18 10
Tabela 33 – Comparação dos casos de óbitos causados por infecção hospitalar
com os demais nos períodos pré e pós-intervenção no grupo de RN com peso
de nascimento 1.500 g – RJ 2008 :
Pré-
intervenção
Pós-
intervenção
X
2
P
Outros óbitos 10 10
Óbitos causados pela infecção
hospitalar
08 0 6,222 0,014
xc
Total 18 10
9. DISCUSSÃO
Em 2004 Horbar e Carpenter já afirmaram que aceitar a infecção
nosocomial como uma conseqüência inevitável do cuidado nas unidades
neonatais era algo injustificável. A premissa de que a maioria das IH neonatais
relacionadas ao cuidado com o RN poderiam ser evitadas deveria ser sempre
lembrada pelos neonatologistas e por toda a equipe envolvida no processo,
assim como o assunto deveria ser prioridade na pauta dos gerentes dos
programas de saúde em todos os níveis.
• HIGIENIZAÇÃO DAS MÃOS:
Diversos autores relatam a baixa adesão dos profissionais para a
prática da higienização das mãos (Albert et al,1981; Pittet et al, 2000; Lam et
al, 2004), e associam esta prática à diminuição da mortalidade hospitalar
(Higuera et al 2005).
Dentre todas as PBP, a higienização das mãos foi a que houve
maior envolvimento em termos de tempo, tanto do pesquisador como de toda a
xci
equipe. Não foi por mero acaso, pois vários trabalhos associam a diminuição
da incidência de infecção com a melhoria na adesão da higienização das mãos
dos profissionais (Larson,1988 e 2000; Pittet, 2000 e 2001; Pessoa-Silva,
2007).
Trabalho realizado por Santos (2006) envolvendo duas unidades
do município do RJ, dentre elas a UTIN-HMON, aponta para o inadequado
nível de conhecimento dos profissionais (médicos, enfermeiras e auxiliares de
enfermagem) sobre as técnicas de lavagem de mãos e utilização do álcool-gel.
Esta prática foi a primeira a ser implementada na unidade durante o presente
estudo e foi diariamente relembrada a todos os profissionais durante os oito
meses de intervenção.
O que se observa é que a equipe de profissionais reconhece a
prática de higienização das mãos como importante na prevenção das infecções
hospitalares, mas desconhecem alguns outros aspectos que envolvem este
procedimento, como as oportunidades de realização e a correta técnica.
Conclue-se, portanto, que estas informações não estão totalmente difundidas
(Santos, 2006). Durante esta intervenção procurou-se enfatizar principalmente
estes dois aspectos: oportunidades e técnica da higienização das mãos.
A utilização do álcool-gel já era rotina da unidade no período pré-
intervenção. É prática recomendada (Pessoa-Silva et al, 2007) podendo reduzir
o comprometimento secundário a lavagens freqüentes da pele dos profissionais
e também facilita as oportunidades de realização da higienização das mãos,
levando consequentemente a maior adesão a essa prática (Pittet, 2001;
Kilbride et al, 2003). Esta prática foi amplamente difundida entre a equipe,
sendo reforçada suas vantagens em relação a outros métodos e principalmente
xcii
foi facilitado o seu uso pela maior disponibilização do material sobre as
incubadoras.
Pittet, em 2001, afirma que alguns limitantes para a adequada
adesão às boas práticas sobre higienização das mãos poderiam ser alguns
aspectos inadequados da estrutura, a inadequada relação de profissional-leito
e falta de disponibilidade de insumos entre muitos outros. Mesmo com o
conhecimento do que se pode ser feito, muitas das vezes, observa-se
dificuldades pela própria estrutura de trabalho. O que se procurou neste estudo
foi alterar ou facilitar a estrutura e processos de trabalho.
No aspecto da higienização das mãos, não foi possível fazer uma
aferição ou quantificação direta das modificações desse processo e nem era
este o objetivo deste trabalho. Mas, secundariamente, observamos diminuição
do índice de colonização por ESBL, além da diminuição do percentual de
hemoculturas positivas consideradas como contaminadas.
Como já relatado por outros autores (Shelonka et al, 2006), a
premiação oferecida à equipe com a distribuição de livros, presentes e café da
manhã, quando de sua participação ou melhora nas atitudes do cuidar, pode
ter tido um impacto positivo nos resultados obtidos. O fundamento - motivação
de equipes - deveria ser melhor trabalhado por todas as chefias de todos os
níveis, principalmente aquelas preocupadas com melhor qualidade de seus
resultados.
•INFECÇÃO HOSPITALAR
Em nosso meio, as IH continuam sendo relatadas com uma
freqüência alta, apesar de contínuas incorporações de novas tecnologias para
seu diagnóstico e terapêutica específica, além de medidas para sua prevenção.
xciii
Segundo a World Health Organization (2005), mais da metade
dos RN internados em unidades neonatais desenvolvem IH, sendo que a
letalidade nesta população varia entre 12 e 52%. Estes dados estão de acordo
com este trabalho quando consideramos o período pré-intervenção (taxas de
IH de 62,1%). Esta proporção de pacientes que apresentaram IH no período
pós-intervenção diminui para 34,7%. Observamos queda tanto no componente
IHOM quanto no IHOH.
Há relato na literatura (Shenlonka et al, 2006) de queda de 26%
nas taxas de infecção nosocomial após trabalho de intervenção que consistiu
de treinamento de pessoal e implantação de algumas PBP. No período pós-
intervenção deste estudo observou-se queda de 27,4%.
•INFECÇÃO HOSPITALAR DE ORIGEM MATERNA:
Observou-se uma diminuição na proporção de pacientes que
tiveram o diagnóstico de IHOM no período pós-intervenção em comparação
com período anterior.
Pessoa-Silva et al (2004) em trabalho sobre infecções
hospitalares em RN, citam taxa de 28% de infecções hospitalares de origem
materna, idêntica à encontrada neste estudo no período pós-intervenção,
enquanto no período anterior era de 50%. Esta queda pode ser explicada pelo
fato de, no período pós-intervenção, o diagnóstico prévio de IHOM ser
desconsiderado quando após 48 a 72 horas a hemocultura permanecesse
negativa e o RN tivesse boa evolução clinica, com exames laboratoriais
normais. Isto determinava, ainda, a suspensão do esquema de antibiótico. Esta
não era a rotina adotada no período pré-intervenção, portanto, poderíamos
xciv
supor que houve uma queda por causa da melhora na acurácia ou na definição
do diagnóstico de IHOM.
Há de se considerar, também, que o diagnóstico de sepse
neonatal muitas das vezes é difícil de ser feito, os sinais e sintomas desta
afecção são também comuns a outras patologias próprias do período neonatal,
sendo frequentemente confundido com elas. No período pós-intervenção, uma
das propostas foi exatamente tentar, através de resultados de exames
laboratoriais e evolução clínica do RN, confirmar ou não o diagnóstico de
infecção neonatal e quando não confirmado, suspender o esquema de
antibióticos em curso e não classificar o RN como infectado ou séptico. Este
fato pode ter sido o grande determinante da diminuição do diagnóstico de
sepse clínica no período pós-intervenção.
Enquanto a queda das taxas relacionadas à IHOM possam, em
parte, ser explicadas por uma definição mais rígida adotada no período pós-
intervenção, não há outra explicação para a queda nas taxas de IHOH a não
ser a eficácia da intervenção adotada em seus diversos aspectos.
De todos os diagnósticos de infecção, o componente que mais
teve influência na queda de taxas de IH foi o diagnóstico Sepse Clínica (47,7%
período pré VS 23,8% período pós-intervenção). Houve queda real nesta
freqüência de diagnóstico após a implantação das PBP, provavelmente por
causa da melhora na acurácia quando do diagnóstico, quando foram utilizadas
duas amostras de hemocultura e a proteína C reativa. A partir dos resultados
negativos destes exames, RN com diagnóstico prévio de sepse clinica foram
desconsiderados como portadores de tal afecção e o esquema de antibiótico
suspenso. Esta última afirmação foi comprovada quando detectado queda no
xcv
uso de antibiótico de 70,8% no período pré-intervenção para 55,4% no período
pós-intervenção.
•STAPHYLOCOCCUS COAGULASE NEGATIVO:
Houve baixo percentual de hemoculturas positivas nos dois
períodos – 22 (12,9%) positivas no período pré-intervenção e 19 (17,6%) no
período pós-intervenção, com aumento percentual da positividade no segundo
período, sem significância.
Há de se considerar que no período pós-intervenção houve um
maior controle da coleta de amostras de hemocultura quando do início ou troca
de esquema de antibióticos, rotina esta possivelmente falha no período
anterior. Observamos diminuição na percentagem de hemoculturas coletadas
no período pós-intervenção, possivelmente refletindo melhor controle das
infecções hospitalares, isto é, menor quantidade de episódios que
necessitaram de tal procedimento (coleta de hemocultura).
Até duas ou três décadas atrás, o SCN era considerado um
saprófita. Por diversas razões, tornou-se microrganismo essencialmente
oportunista, sendo, por isso, associado à graves infecções (Awerwaldt et al,
1996). Atualmente, é considerado o patógeno mais comumente associado à
IHOH (Raimundo et al, 2002, Huang, 2006).
No período pré-intervenção, o SCN foi o patógeno mais freqüente
nas hemoculturas, sendo detectado em sete das 23 hemoculturas positivas. Foi
observada uma menor freqüência deste patógeno no período pós-intervenção
(das 19 hemoculturas positivas foi detectado em apenas duas amostras). Estes
dados refletem um melhor cuidado no treinamento para coleta das
xcvi
hemoculturas, diminuição da contaminação e dos processos infecciosos
relacionados com este patógeno.
Um dos desafios mais instigantes em neonatologia é diferenciar a
colonização pelo SCN da infecção por esta bactéria especificamente (Huang et
al, 2006). Apesar dos fatores de risco para o aparecimento da infecção estarem
bastante definidos, na prática clínica nem sempre conseguimos, com facilidade,
fazer esta distinção quando nos deparamos com uma hemocultura positiva
para o SCN. Umas das maiores dificuldades quanto ao correto diagnóstico da
infecção é a possibilidade da contaminação do material no momento da coleta.
No período pós-intervenção observamos uma queda importante nas taxas de
hemoculturas contaminadas pelo SCN, possivelmente devido a interferência de
diversos fatores relacionados a implantação das PBP, principalmente a
melhora da higienização das mãos e melhora na acurácia no diagnóstico de
sepse, quando também foi enfatizada a técnica correta de coleta das
hemoculturas. A diminuição do percentual de hemoculturas contaminadas
auxiliou muito o trabalho dos neonatologistas assistentes. Consequentemente
não houve necessidade da manutenção do uso empírico de antibióticos e,
muitas vezes, estes foram suspensos mais precocemente, como observado na
queda da freqüência de uso de antibióticos no período pós-intervenção (de
70,8% para 55,4%) e no tempo de uso de antibióticos.
Por razões técnicas, não foi possível indicar a linhagem da cada
SCN, o que, segundo alguns autores poderia ser significativo quanto à
distinção de colonização e infecção ( Huang et al, 2006).
•MANUSEIO DO CATETER:
xcvii
Sobre os CVC, dois pontos foram fundamentais para a redução
das taxas de infecção: o correto manuseio e o aumento da frequência do uso
de PICC. No período pós-intervenção, todas as enfermeiras realizaram curso
teórico-prático, realizado pala SMS RJ, sobre a implantação e manutenção do
PICC. Por diversas razões, desde sobrecarga de trabalho até falta de
motivação para realização do procedimento, muitos RN não tinham este
acesso instalado num momento ideal, sendo perdidas oportunidades
irrecuperáveis. Foi necessário, além do treinamento formal, uma maior
cobrança quanto ao momento de realização deste procedimento, mesmo nos
horários noturnos, assim como nos finais de semana e dias de feriado.
A dinâmica “lúdica” de apresentação dos equipos envolvidos por
substância hidratante misturada com purpurina foi muito bem recebida pela
equipe de auxiliares de enfermagem, possivelmente pela sua maior dificuldade
em “visualizar” os microscópicos patógenos, além de proporcionar
oportunidade de descontração quando da manipulação do próprio material.
Excluindo o PICC, observou-se diminuição da freqüência e do
tempo de uso de dispositivos invasivos no período pós-intervenção, com
destaque para o uso de ventilação mecânica. Estes resultados apontam para a
influência do tempo de exposição, uso e manuseio de dispositivos invasivos,
além de sua relação com o surgimento de IH. Deve-se, portanto, priorizar e
selecionar, de forma criteriosa, estas intervenções na UTIN. O menor
percentual de RN que necessitaram de dispositivos no período pós-intervenção
foi, possivelmente, relacionado à diminuição dos custos hospitalares, não
aferidos neste estudo.
•USO DE MEDICAMENTOS:
xcviii
Apesar de ser citada como PBP, a limitação do uso de corticóides
pós-natal ainda é assunto controverso na literatura. Alguns autores (Shah et al,
2001, Halliday, 1999) não citam relação direta de seu uso com aumento da
incidência de infecção neonatal. No presente estudo, observou-se que um
número muito pequeno de pacientes (seis) usou corticóide sistêmico no
período pré-intervenção, sendo que este número caiu para apenas um paciente
no período pós-intervenção. Concluímos que houve um maior controle do uso
desta medicação no segundo período, porém não foi observado diferença com
significância estatística (X
2
=2,27 e p= 0,247), possivelmente pelo número
reduzido de pacientes que usou tal medicação.
Ao comparar os pacientes em relação ao uso de bloqueadores H
2,
apesar do número reduzido de RN que receberam a medicação nos dois
períodos (10 VS zero), foi observado diferença significativa (X
2
= 7,47 e p=
0,006), refletindo um melhor controle sobre o uso desta medicação, parte da
implantação das PBP no período pós-intervenção.
•USO DE ANTIBIÓTICOS:
No período pós-intervenção houve diminuição significativa no
percentual de RN que usaram antibióticos, no número de dias de uso de
antibiótico e dos pacientes que receberam mais do que três esquemas de
antibiótico.
A prescrição excessiva e inapropriada de antibióticos pelos médicos,
apesar de inúmeros guidelines e publicações com orientações específicas
sobre o assunto, é apontada como uns dos fatores determinantes do
aparecimento de patógenos multiresistentes e da IHOH (Goldmann et al, 1996,
Bunyon et al, 2000). Segundo estes autores, este é um dos pontos a ser
xcix
considerado ou trabalhado pelos gestores hospitalares na tentativa de limitar
as IH.
Quanto ao estudo das infecções hospitalares, observa-se
crescente preocupação com aparecimento de patógenos multiresistentes e sua
disseminação nos serviços de saúde por todo o mundo. Goldman et al (1996)
reforçam a preocupação sobre o assunto, apontam possíveis fatores
envolvidos no processo e sugerem diversas estratégias para gestores e
clínicos, com o objetivo de deter o aparecimento e a disseminação destes
patógenos. Dentre os possíveis fatores responsáveis por esta disseminação,
os autores citam: a prescrição médica inapropriada de antibióticos, a crescente
mobilidade mundial da população e a transmissão de patógenos entre as
próprias pessoas em instituições superlotadas.
Importante enfatizar que, após a implantação da PBP de
suspensão do antibiótico se as hemoculturas permanecessem negativas após
48 horas, juntamente com dosagem de PCR e avaliação clínica, não houve
necessidade de retorno desta medicação em qualquer paciente, neste grupo
de RN em que foi suspenso o antibiótico,
•BACTÉRIAS MULTIRESISTENTES PRODUTORAS DE BETA LACATAMASE
A resistência de bactérias aos antibióticos era pouco observada
há alguns anos, quando do início da era da antibioticoterapia. Atualmente se
tornou grave problema em expansão. Um grupo de bactérias em especial
chama a atenção: as ESBL. Tais bactérias são resistentes a uma grande
quantidade de antibióticos, tornando, por isso, difícil seu manuseio terapêutico
(Tom-Revzon, 2004,Tavares, 2006). As ESBL apresentam alta prevalência de
c
colonização e infecção em nosso meio e representam microrganismos de difícil
abordagem terapêutica.
A detecção de RN colonizados pelas ESBL exige que medidas
especiais sejam tomadas (precaução de contato e observação quanto ao
aparecimento da infecção). Portanto, o controle destes pacientes é meta a ser
perseguida constantemente, tentando limitar o surgimento de novos casos de
contaminação na unidade. Diversas são as estratégias propostas para tal
controle. Baquero (1996) destaca o controle do uso indiscriminado de
antibióticos. No presente trabalho houve diminuição importante no percentual
de pacientes colonizados por ESBL (15,1% VS 1,0% - X
2
=26,61 e p=0,001) no
período pós-intervenção. Esta redução foi conseqüência de diversas PBP
implementadas no período pós-intervenção, principalmente as relacionadas à
adesão aos protocolos da higienização das mãos e à melhora na acurácia no
diagnóstico da sepse, com conseqüente diminuição dos dias de uso de
antibiótico e diminuição do número de esquemas de antibiótico.
•INFECÇAO DA CORRENTE SANGUÍNEA, INFECÇAO DA CORRENTE
SANGUINEA RELACIONADA A CATETER COMPROVADA POR
HEMOCULTURA:
Apesar do grande impacto das intervenções implantadas, não foi
observado diferença no percentual de ICS, ICS relacionada à cateter e de
infecção ou sepse provada.
Diversos autores (Segura et al, 1996, Suara et al, 2000) relatam a
associação da presença e manuseio dos cateteres vasculares umbilicais e
centrais como fatores de risco para surgimento de infecção em UTIN. Neste
estudo, não foi possível comprovar esta associação. Apesar da implementação
ci
de diversas PBP (higienização das mãos, protocolos para redução da
contaminação dos acessos vasculares e conexões e etc) com intuito de
melhorar os processos de trabalho, não observamos, nos resultados finais,
diminuição significativa destas taxas. O tempo de implantação das PBP, oito
meses, aliado ao número pacientes acompanhados, poderiam explicar estes
resultados. Sugere-se intervenções mais específicas neste aspecto e com
maior tempo de duração.
•INSTITUIÇÃO DO INÍCIO PRECOCE DE ALIMENTAÇÃO ENTERAL COM
LEITE HUMANO:
Diversos autores já estudaram a influência de práticas
nutricionais sobre variados desfechos, incluindo a incidência de sepse e
enterocolite (Heird,1999). Hylander e colaboradores (1998) descreveram
menores taxas de infecção, sepse e meningite em RN que foram alimentados
com LH em comparação com outros alimentados exclusivamente com fórmula.
Horbar e colaboradores (2001) incluiram o início precoce da alimentação
enteral e a promoção do leite materno como prioritários dentre as PBP.
Neste estudo verificou-se, durante o período pós-intervenção,
aumento de 23,3% da quantidade de LH dispensado pelo BLH a ser utilizado
nos RN internados na unidade neonatal, assim como aumento de 18% dos RN
que utilizaram o LH como primeira dieta. Houve, portanto, uma melhora na
promoção do leite materno na unidade e aumento de LH oferecido aos RN,
podendo, estes dois fatores, ter influenciado positivamente os resultados
apresentados.
• ÓBITO
cii
Nos últimos anos a mortalidade neonatal assumiu importante
participação nas taxas de mortalidade infantil, muito se devendo à redução do
componente pós-neonatal nesta parcela.
São poucos os trabalhos que fazem associação direta da
incidência de óbitos relacionados à IH. Pessoa-Silva et al (2004) analisando
população de 4.878 RN em unidades brasileiras, relatam que 40% dos óbitos
ocorridos estavam relacionados a infecções associadas aos cuidados de
saúde. Em uma população geral francesa, Kaoutar e colaboradores (2004)
relatam que 26,6% dos pacientes internados que evoluíram para óbito
apresentaram quadro de IH.
Neste estudo, observou-se diminuição dos óbitos causados por IH
no período pós-intervenção (oito VS zero, X
2
= 6,29 e p =0,012), possivelmente
traduzindo um melhor cuidado nas práticas hospitalares relacionadas à IH.
Estes dados talvez contribuam para discussões mais profundas sobre mortes
infantis evitáveis.
Considerando que havia a mesma tecnologia disponível nos dois
períodos estudados, as menores taxas de óbitos causados por IH no período
pós-intervenção pode traduzir uma atenção mais organizada aos pacientes,
com adequada utilização dos recursos na tentativa de minimizar falhas
inespecíficas nos processos de trabalho que poderiam conduzir a piores
resultados.
•PACIENTES COM PESO DE NASCIMENTO 1.500 G:
Os RNMBP representaram 34,5% (158) do total dos pacientes
incluídos neste estudo e estavam distribuídos de forma não uniforme entre os
grupos (102 vs 56). Como este grupo de RN requer cuidados hospitalares com
ciii
alta tecnologia sendo responsável por expressiva parcela nas taxas de
mortalidade neonatal e infantil, principalmente por ser de alto risco para sepse
nosocomial (Pawa et al, 1997), optou-se por analisá-los separadamente.
No entanto, os dados que se apresentaram com diferença
significativa foram semelhantes aos do grupo total de pacientes, exceto em
relação à quantidade de hemoculturas coletadas por paciente, percentual de
RN submetidos à VM, quantidade de esquemas antibióticos (mesmo quando
categorizado para uso de até três esquemas) e quantidade de RN submetidos
à coleta de líquor. Todas as demais diferenças foram mantidas neste grupo.
A análise da mortalidade intra-hospitalar específica para o PN é
um indicador de qualidade no atendimento. Apesar da incidência de RNMBP
estar relacionada às condições antenatais da saúde materna e do atendimento
pré-natal, a sua mortalidade específica é resultante dos cuidados imediatos na
sala de parto e dos cuidados na unidade de terapia intensiva (Richardson et al,
1998).
Quando comparamos as taxas de óbitos, observamos que os oito
óbitos causados por IH, nos períodos pré e pós-intervenção, foram de
pacientes com peso igual ou menor a 1.500g, sendo que 100% destes óbitos
ocorreram no período pré-intervenção. Classicamente este é o grupo que mais
requer o uso de dispositivos e tecnologia na UTIN, sendo, portanto mais
exposto aos patógenos hospitalares. Esta queda acentuada de óbitos
causados por IH no período pós-intervenção reflete, obrigatoriamente, que
houve um melhor cuidado com esta população por meio da implementação das
PBP.
civ
A redução das taxas de mortalidade do grupo de RNMPB ainda
permanece como um desafio em neonatologia. A diminuição destas taxas teria
grande impacto na redução da mortalidade infantil.
•IMPLANTAÇÃO DAS PBP
Pelos resultados apresentados nos dois períodos, com nítida
melhora em taxas específicas no período pós-intervenção, podemos sugerir
que profissionais com total dedicação na implementação e manutenção de
PBP, assim como na motivação da equipe de saúde para adesão aos
protocolos são necessários. Trabalhos de educação continuada e feedback de
intervenções realizadas deveriam ser realizadas com freqüência, com objetivo
de melhorar a qualidade de atendimento prestado.
As lideranças locais têm papel primordial em todos estes
processos de intervenção, pois ficou evidente que a intensidade de vigilância
influenciou em muito os resultados apresentados. Pessoa-Silva (2005) já
demonstrou que a percepção ou a importância que determinadas chefias de
serviço têem sob determinados pontos, no caso, a higienização das mãos,
pode influenciar muito na mudança de atitudes de uma equipe
multiprofissional. O autor deste trabalho é chefe de clínica do serviço onde foi
realizada a intervenção, portanto, sua participação direta na implantação das
PBP e a percepção de toda a equipe sobre o assunto deve ser considerada
quando da discussão dos resultados.
A prevenção de IH necessita de conhecimento teórico e profundo
de taxas de infecção na população global e local, de padrões de resistência
bacteriana a antibióticos, da estrutura geral da unidade, com finalidade de
cv
comparação e intervenções específicas, para que os processos de trabalho
possam ser modificados.
Portanto, considerando que a maioria dos procedimentos para
prevenção de IH tem custo bem inferior aos gastos com tratamento dos
pacientes infectados, considerando as dificuldades em alocar os limitados e
finitos custos em saúde pública, considerando que o problema de IH é real nas
UTI brasileiras, recomendamos fortemente a implantação de PBP neste
contexto.
A incorporação e seguimento de protocolos estabelecidos na
literatura pelos componentes da unidade pode estar relacionado à melhores
resultados. Gianini (2001), estudando práticas nutricionais em oito unidades
neonatais do Rio de Janeiro, incluindo o HMON, comprovou a existência de
variações de práticas dentro da mesma unidade, dependendo do dia da
semana e, consequentemente, da equipe de plantão. Tais variações deveriam
ser evitadas. No presente trabalho, por meio de todas as intervenções já
relatadas, tentou-se manter o seguimento de protocolos por todos os
componentes da equipe, de forma equivalente, advindo, possivelmente
também desta prática, o sucesso dos resultados.
•LIMITAÇÕES DO TRABALHO
Uma das limitações deste trabalho, principalmente pensando na
sua replicação, é a impossibilidade de aferir a importância individual de cada
PBP implementada e a adesão de cada componente da equipe de saúde a
estas práticas, além de suas influências sobre os resultados obtidos. Como já
mencionado, todas as PBP foram implementadas sucessiva e
cumulativamente, portanto algumas receberam mais ênfase em detrimento à
cvi
outras. O que podemos afirmar é que a motivação e o cumprimento das novas
normas estabelecidas foram um sucesso.
Trabalhos internacionais relatam e discutem custos hospitalares
com freqüência, sendo esta outra limitação deste trabalho. Como já relatado,
algumas das intervenções aplicadas já faziam parte da rotina da unidade,
portanto, o trabalho consistiu em reforço e garantia de manutenção das
mesmas, assim como mudanças na rotina médica quanto à prescrição ou
suspensão de determinadas medicações (antibióticos, bloqueadores H
2
e
corticóides), o que não onerou em nada a unidade participante ou o autor. Os
custos financeiros relevantes do projeto, ficaram por conta de confecção de
cartazes e cópias de documentos que foram entregues à equipe.
Outro ponto importante a ser considerado, quando se discute
qualidade em UTIN, é a questão da utilização dos recursos humanos, o que
não foi objeto deste trabalho. Lammy (2001) já apontou que a carga de trabalho
dos profissionais de saúde pode ocasionar falhas específicas nos processos de
trabalho, com maior risco de óbito e de IH. Stoll e colaboradores (1996) citam a
superlotação e a inadequada relação de enfermeiras-RN como fatores que
estão diretamente relacionados com aumento do risco de infecção nosocomial
e que devem ser evitados. Vale ressaltar que, apesar desta inadequada
relação de profissionais de saúde por atendimento, na unidade estudada, a
aplicação das PBP pode ser considerada um sucesso frente aos resultados
obtidos.
O papel da “liderança” também não pode ser adequadamente
aferido. Durante todo o período do estudo, houve uma maior presença do líder
com vigilância mais ativa e freqüente em relação a adesão das PBP.
cvii
9.1. CONCLUSÕES
Após a implantação, no período pós-intervenção, das medidas
baseadas nas PBP, foco principal da intervenção proposta, foram observadas
as seguintes mudanças:
- diminuição do tempo de internação,
- diminuição dos dias de uso de cateter umbilical,
- diminuição do percentual de pacientes que fizeram uso de ventilação
mecânica,
- aumento do percentual de pacientes que fizeram uso do PICC,
- diminuição dos dias de uso de antibiótico,
- diminuição do número de esquemas de antibiótico utilizados,
- diminuição da quantidade de infecções hospitalares, tanto de origem materna
quanto de hospitalar,
- diminuição da quantidade de diagnóstico de sepse clínica,
- diminuição do percentual de hemoculturas coletadas,
- diminuição do percentual de hemoculturas consideradas como contaminadas,
- diminuição do percentual de exame de líquor coletado,
- diminuição do percentual de cultura de aspirado traqueal coletado,
- diminuição do percentual de RN colonizados por ESBL,
- diminuição do percentual de óbitos causados por infecção.
cviii
Não observamos diminuição do percentual de ICS, ICS
relacionada a cateter e nem de sepse comprovada.
Nosso trabalho demonstra a necessidade de mais amplos e
abrangentes programas desta natureza, sua eficácia frente aos resultados
apontados confrontando com os mínimos recursos financeiros empreendidos
na sua execução.
No entanto, os bons resultados obtidos foram detectados durante
ou imediatamente após a implementação das PBP, refletindo enorme esforço
do pesquisador no período proposto, além do envolvimento de toda uma
equipe de profissionais. Porém, o impacto a longo prazo de todo este trabalho
é incerto.
Nossos resultados permitem sugerir maiores investimentos em
educação continuada, treinamentos, melhora do nível de conhecimento dos
profissionais e de difusão das informações. Muito mais importante seria a
correta e rígida adesão a protocolos tidos como potenciais boas práticas, neste
caso confirmados como “comprovadas boas práticas”, com participação ativa
de todos os componentes da equipe, principalmente de lideranças locais e
superiores sempre com a finalidade da efetiva adesão à estas práticas por toda
a equipe.
Há necessidade de modificar atitudes e nortear condutas nas
unidades hospitalares com objetivo de melhores resultados.
Outro fator quer reforça a importância de estudos da natureza do
aqui apresentado, é a pequena quantidade de publicações nacionais
direcionadas para a análise do processo da assistência neonatal, focando
principalmente a prevenção e controle das IH.
cix
10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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As referências bibliográficas seguem o formato proposto pela Pós-Graduação da Criança e da
Mulher do Instituto Fernandes Figueira, FIOCRUZ.
cxxii
11. APÊNDICES
Apêndice 1
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Eu, _________________________________________________________________
Diretor da unidade Hospital Maternidade Oswaldo Nazareth, autorizo o aluno
Arnaldo Costa Bueno, do curso de doutorado em Saúde da Mulher e da Criança
do Instituto Fernandes Figueira/FIOCRUZ a utilizar esta unidade como campo de
seu projeto de tese: AVALIAÇÃO DA IMPLANTAÇÃO E IMPACTO DE
POTENCIAIS BOAS PRÁTICAS REFERENTES A INFECÇÃO HOSPITALAR A
PARTIR DE UMA INTERVENÇÃO EM UMA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA
NEONATAL , que tem como orientadora a Prof. Dra. Maria Elizabeth Lopes
Moreira. Esta pesquisa tem como principal objetivo analisar os resultados nas
taxas de densidade de incidência de infecção hospitalar em uma unidade de
cxxiii
terapia intensiva neonatal no município do Rio de Janeiro, antes e após uma
intervenção que tem como foco final a diminuição destas taxas. O projeto envolve
a disseminação, implantação e manutenção de práticas já estabelecidas pela
Comissão de Controle de Infecção Hospitalar da Secretaria Municipal de Saúde do
Rio de Janeiro, a coleta de dados será a mesma da comissão local de CCIH do
Hospital Maternidade Oswaldo Nazareth.
Esta autorização fica condicionada aos seguintes termos:
- os dados coletados e suas conclusões poderão ser obtidos junto à pesquisadora
sempre que houver interesse desta instituição.
- o pesquisador devera manter sigilo acerca das informações resguardando a
individualidade dos recém nascidos, familiares e da unidade, divulgando apenas o
conjunto dos resultados.
- os resultados serão apresentados numa tese de doutorado a ser avaliada por
banca aceita pela Comissão de Pós-Graduação em Saúde da Criança e da Mulher
do Instituto Fernandes Figueira da Fundação Oswaldo Cruz. Também poderão ser
apresentadas em um ou mais artigos a serem publicados em revistas científicas
(nacionais e internacionais) e divulgados em congressos, simpósios, reuniões
científicas, conferências, mesas redondas, salas de aula e etc, sendo mantido o
sigilo de identidade.
Rio de Janeiro, ___/___/___
__________________________________________
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Eu,___________________________________________________________________,
exercendo a função de ___________________________________________________ na
unidade Hospital Maternidade Oswaldo Nazareth concordo voluntariamente em participar do
projeto de pesquisa
AVALIAÇÀO DA IMPLANTAÇÀO E IMPACTO DE POTENCIAIS BOAS
PRÁTICAS REFERENTES A INFECÇÃO NEONATAL NOSOCOMIAL DE ORIGEM
HOSPITALAR A PARTIR DE UMA INTERVENÇÃO EM UMA UNIDADE DE TERAPIA
INTENSIVA NEONATAL NA CIDADE DO RIO DE JANEIRO
, realizado pelo doutorando
Arnaldo Costa Bueno, do Curso de Doutorado em Saúde da Mulher e da Criança do Instituto
Fernandes Figueira/FIOCRUZ.
Esta pesquisa tem como principal objetivo analisar o impacto de uma intervenção,
através dos resultados nas taxas de densidade de incidência de infecção hospitalar no Hospital
Maternidade Oswaldo Nazareth. A análise se dará através de uma intervenção tipo educacional
cxxiv
e de motivação nos profissionais de saúde da unidade, alem da aplicação de questionário para
médicos, enfermeiros e auxiliares de enfermagem, sobre o conhecimento e a utilização das
potenciais melhores práticas; da coleta de dados relativos à estrutura e processo junto às chefias
de Serviço de Neonatologia.. Esta pesquisa não trará risco ou dano aos profissionais, aos recém-
nascidos ou às instituições envolvidas. Fica esclarecido que tenho liberdade de recusar a
participar ou retirar este consentimento, em qualquer fase da pesquisa, sem qualquer tipo de
penalização ou prejuízo e que os dados coletados e suas conclusões poderão ser obtidos junto ao
pesquisador sempre que for de meu interesse. O pesquisador está comprometido com a
manutenção do sigilo acerca das informações prestadas, resguardando minha individualidade e
divulgando apenas o conjunto dos resultados, exclusivamente em publicação científica da área.
Rio de Janeiro, ________________________________________________
Pesquisdor: Arnaldo Costa Bueno tel . 99 63- 80 38
End. Rua Inhanga, n 11, apto 1001, Copacabana, Rio de Janeiro.
Rio de Janeiro, ____/____/______ ___________________________________________
Orientadora: Maria Elizabeth Lopes Moreira. Tel 2553-0052
Fundação Oswaldo Cruz, Instituto Fernandes Figueira, Departamento de Neonatologia
Avenida Rui Barbosa, n 716, Flamengo, Rio de Janeiro
Comitê de Ética em Pesquisa da Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro.
Rua Afonso Cavalacante, 455, sala 601. Cidade Nova, RJ, tel 2293-5549
Apêndice 2
COMUNICADO AOS FUNCIONÁRIOS DA
UNIDADE NEONATAL/HMON
Considerando que:
- Faz-se necessário o controle de entrada de recém-
nascidos e visitantes na Unidade Neonatal;
- A visualização da dinâmica de trabalho das equipes
(quantitativo profissionais de saúde x RN internados), cria
um instrumento para justificar mudanças que visem
melhorias nas escalas de trabalho;
cxxv
- A observação visual direta possibilita o manejo e a
adequação dos procedimentos e rotinas pré-
estabelecidas pelas chefias médica e de enfermagem;
- A monitoração permanente de dados em imagens da
Unidade Neonatal cria indicadores do sistema de trabalho
e torna a tomada de decisões mais ágil e eficaz;
- Há necessidade de motivação para mudanças
comportamentais que gerem atitudes mais conscientes e
novos hábitos nos profissionais, contribuindo para o
desenvolvimento de programas de educação continuada,
Informamos que a partir de 21 de maio/2007 serão instaladas
CÂMERAS DE VÍDEO giratórias (360º de visualização) para
monitoramento contínuo da Unidade Neonatal/HMON. As câmeras
estarão localizadas nos seguintes pontos:
- Hall de entrada da Unidade Neonatal;
- Na área da UTI neonatal;
- Na área da UI neonatal.
A Direção e as chefias médica e de enfermagem do HMON esperam que
o uso criativo desta tecnologia possibilite melhorarias das condições de
trabalho e de assistência ao RN, através de intervenções pontuais sobre
as rotinas e de desenvolvimento de programas de educação continuada
focados nas necessidades observadas. Para tanto, contamos com a
compreensão e colaboração de todos.
RJ, maio de 2007.
Direção HMON
cxxvi
Apêndice 3
HOSPITAL MATERNIDADE OSWALDO NAZARETH.
SERVIÇO DE NEONATOLOGIA.
CERTIFICO QUE PARTICIPEI DO
TREINAMENTO EM SERVIÇO SOBRE TÉCNICA E
NECESSIDADE DE HIGIENIZAÇÃO DAS
MÃOS.
ESTOU CIENTE QUE ESTE PROCEDIMENTO,
FAZ PARTE DE MINHAS ATIVIDADES, E É DE
FUNDAMENTAL IMPORTÂNCIA PARA PREVENÇÃO
DAS INFECÇÕES NOSOCOMIAIS NA MINHA
UNIDADE.
RJ, JULHO DE 2007.
cxxvii
HOSPITAL MATERNIDADE OSWALDO NAZARETH.
SERVIÇO DE NEONATOLOGIA.
CERTIFICO QUE PARTICIPEI DO
TREINAMENTO EM SERVIÇO SOBRE TÉCNICA E
NECESSIDADE DE DESINFECÇÃO DAS
CONEXÕES DOS EQUIPOS COM TRÊS GAZES E
ÁLCOOL A 70%.
cxxviii
ESTOU CIENTE QUE ESTE PROCEDIMENTO,
FAZ PARTE DE MINHAS ATIVIDADES, E É DE
FUNDAMENTAL IMPORTÂNCIA PARA PREVENÇÃO
DAS INFECÇÕES NOSOCOMIAIS NA MINHA
UNIDADE.
RJ, JULHO DE 2007.
HOSPITAL MATERNIDADE OSWALDO NAZARETH.
SERVIÇO DE NEONATOLOGIA.
cxxix
CERTIFICO QUE PARTICIPEI DO
TREINAMENTO EM SERVIÇO SOBRE TÉCNICA DE
INSERÇÃO E MANUTENÇÃO DE
CATETERES PROFUNDOS.
ESTOU CIENTE QUE ESTE PROCEDIMENTO,
FAZ PARTE DE MINHAS ATIVIDADES, E É DE
FUNDAMENTAL IMPORTÂNCIA PARA PREVENÇÃO
DAS INFECÇÕES NOSOCOMIAIS NA MINHA
UNIDADE.
RJ, JULHO DE 2007.
cxxx
Apêndice 4
“A higienização das mãos é a medida de maior
impacto no controle das infecções hospitalares”
A utilização do álcool glicerinado é tão ou mais eficaz do que a lavagem das mãos com
água e sabão porque:
aNão depende da qualidade e quantidade do sabão ou anti-séptico, da qualidade do
papel toalha, do tipo de pia e torneira, qualidade da água e do tempo de lavagem das
mãos.
aÉ mais rápida (apenas o tempo necessário para fricção e evaporação do álcool em
base emoliente).
aO início da ação é imediato e bastante eficaz contra vírus, bactérias Gram- e Gram +
e fungos.
aNão resseca as mãos.
Quando for entrar em contato com pacientes (antes e após):
Aplique 3-5 ml de álcool em base emoliente, friccionando-o homogeneamente e
englobando: palmas, dorso da mão, espaços interdigitais, unhas, punhos e antebraços.
Quando for manusear mobiliários, equipamentos, administrar
medicação, tocar o telefone (antes e após):
Aplique 1-3 ml de álcool em base emoliente, friccionando-o homogeneamente e
englobando: palmas, dorso das mãos, espaços interdigitais, unhas e punhos.
cxxxi
O álcool em base emoliente não é eficaz na presença de matéria orgânica (sangue, fezes, urina ou outro fluido corporal), sujidade
visível ou após o uso do banheiro e após as refeições.
CCIH-HMON
ATUALIZADO EM NOVEMBRO/2006
Apêndice 5
Superintendência de Vigilância em Saúde
Gerência de Vigilância Epidemiológica
Núcleo de Controle de Infecção Hospitalar
Rotina para obtenção de hemocultura
1. Higienizar as mãos com álcool gel ou clorexidina degermante
antes da punção.
Não esquecer de realizar nova higienização após retirar as luvas.
2. Localizar o sítio de punção antes da anti-sepsia da pele.
O uso de luvas estéreis não é essencial, mas está indicado se houver necessidade de
palpar novamente o sítio da punção após a anti-sepsia.
Anti-sepsia da pele:
Aplicar três vezes, no sítio da punção, solução anti-séptica
à base de clorexidina alcoólica 0,5% (preferencialmente) ou PVP-
I a 10%, deixando atuar por pelo menos 1 minuto. Tempo ideal: 2
minutos.
Se necessário,retirar o excesso com gaze seca.
OBS: A clorexidina alcoólica não deve ser utilizada em neonatos
abaixo de 1000g, pelo risco de queimadura química.
OBS: Manter direção única durante a anti-sepsia da pele.
Desprezar a gaze empregada na anti-sepsia em cada uso.
3. Caso o frasco de hemocultura não esteja lacrado, realizar
desinfecção com álcool etílico a 70%, friccionando três vezes e
esperando secar, antes de injetar o sangue.
cxxxii
4. Trocar de scalp ou agulha mais seringa, quando não for possível
puncionar o vaso de primeira vez, antes da próxima tentativa.
OBS: Todo cuidado é essencial no que tange ao cuidado com as
almotolias que envasam soluções utilizadas para anti-sepsia da
pele.
.
Apêndice 6
ROTINA – DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DA SEPSE
NEONATAL
(para pacientes internados na Unidade Neonatal)
SEPSE DE INÍCIO PRECOCE: quando os sinais e sintomas surgem nas primeiras
48 horas de vida. Em geral as bactérias envolvidas são do trato urogenital materno e
relacionadas às complicações ou intercorrências obstétricas e associadas também a
prematuridade.
SEPSE DE INÍCIO TARDIO: quando os sinais e sintomas surgem após terceiro dia
de vida. As bactérias envolvidas nesta infecção geralmente são de origem hospitalar ou
comunitária.
FATORES DE RISCO RELACIONADOS A SEPSE
SEPSE PRECOCE SEPSE TARDIA
Trabalho de parto prematuro
Ruptura prolongada de membranas
ovulares por mais de 18 horas
Febre materna ( 38ºC)
Corioamnionite (febre materna 38°C
associada a dor a palpação uterina,
taquicardia fetal, leucocitose ou
secreção vaginal com odor fétido)
Colonização materna pelo
Streptococcus ß hemolítico do grupo
B (SGB)
Recém-nascido prévio com infecção
pelo SGB
Bacteriúria assintomática
Infecção trato urinário que não tenha
sido adequadamente tratada antes do
início do trabalho de parto
Procedimentos invasivos
(amniocentese, circlagem)
Prematuridade (em especial os RN
de muito baixo peso ao nascer)
Utilização de procedimentos
invasivos (cateter umbilical venoso e
arterial, PICC, cateter vascular
central, drenos)
Procedimentos cirúrgicos
Ventilação mecânica
Nutrição parenteral
Retardo no início da nutrição enteral
Uso prévio de antibióticos de largo
espectro
Internação prolongada
cxxxiii
Asfixia perinatal sem fatores
obstétricos determinantes
Sexo masculino
Os fatores de risco não são fatores de prova ou confirmação de sepse e por isso, se o
RN for sintomático na ausência destes fatores não deveremos descartar o diagnóstico de
sepse e a decisão sobre o início do tratamento. Por outro lado, pacientes que apresentam
fatores de risco, podem não desenvolver quadro de Sepse.
A associação de fatores aumenta o risco de ocorrer sepse.
DIAGNÓSTICO CLÍNICO
Sinais e sintomas de Sepse Neonatal:
Instabilidade térmica - hipotermia (menor que 36
o
graus), ou hipertermia (maior que
37,5
o
) por duas vezes em 24 horas.
Quadro respiratório - apnéias repetidas, bradipnéia, taquipnéia, retrações esternais e
subcostais, batimento de aletas nasais, cianose, aumento da necessidade de oxigênio
e dos parâmetros do respirador, insuficiência respiratória – mais comum, ocorrendo em
90% dos RN com Sepse.
Quadro neurológico - hipotonia, convulsões,irritabilidade, letargia.
Quadro gastrointestinal - distensão abdominal, vômitos, resíduo gástrico, recusa de
sucção
Icterícia sem causa definida e com predomínio da fração conjugada.
Quadro cardiovascular - palidez cutânea, pele fria, sudorese, hipotensão, tempo de
enchimento capilar maior do que 3 segundos, taquicardia, oligoanúria.
CIVD/ sinais de sangramento (sangramento em pontos de punção, hematúria,
petéquias, hepatoesplenomegalia)
Avaliação subjetiva – “RN parece não estar bem”. Apesar de ser uma avaliação
subjetiva, diversos autores classificam este item como um dos mais relevantes para o
diagnóstico clínico da sepse.
Os sinais e sintomas não são específicos para sepse e podem muitas das vezes ser
atribuídos a outras patologias não-infecciosas. Quase 90% dos RN infectados apresentam pelo
menos um destes sinais/sintomas e a grande maioria pelo menos três. Por volta de 90% dos
RN com infecção de origem materna apresentam sintomas nas primeiras 24 horas de vida e o
restante após 48 horas, portanto, um cuidadoso exame clínico seriado nas primeiras horas de
vida pode ser de ajuda relevante no diagnóstico de sepse neonatal ou na sua exclusão.
cxxxiv
DIAGNÓSTICO LABORATORIAL
O isolamento do microrganismo patogênico no sangue ou em outro líquido corporal estéril
é o padrão ouro para o diagnóstico da sepse.
A maioria dos testes laboratoriais apresenta baixa sensibilidade e especificidade, gerando
dúvidas diagnósticas. A melhor orientação é que o diagnóstico não seja feito apenas a partir do
resultado de um único exame, mas pelo conjunto deles, aliado à história clínica, presença de
fatores de risco, quadro clínico e evolução do paciente.
1) CULTURAS
Hemocultura:
- Deverá ser solicitada em todo caso de suspeita de sepse. Colher duas amostras, em
sítios/momentos distintos.
- Exame de baixa sensibilidade no RN (50 a 80%)
- 93% das hemoculturas positivam em até 48 horas de incubação e 96% em 72 horas; por
isso, o seguimento deste exame é de grande valia para o adequado diagnóstico e tratamento.
Em caso de crescimento lento (após 72 horas) considerar possibilidade de contaminação.
- Ver rotina – Técnica para coleta de Hemocultura.
- Quando o resultado da Hemocultura for positivo, colher exame de controle a partir de 72
horas do início do tratamento.
Exame do Líquor: Avalia-se: Cultura, celularidade, glicorraquia, proteinorraquia e
bacterioscopia
Quando realizar:
cxxxv
- Em casos de sepse de inicío precoce com apresentação clínica sugestiva e/ou exames
laboratorias alterados (É questionável a necessidade deste exame quando da suspeita de
infecção de início precoce em RN com fatores de risco para sepse mas assintomáticos e
nos casos de RN com desconforto respiratório e sem qualquer fator de risco para infecção).
- Em todos os casos de sepse de inicío tardio.
Urinocultura: somente deve ser realizada no rastreamento de sepse de início tardio.
Recomenda-se a coleta apenas por punção supra-púbica (preferencialmente) ou por
cateterismo vesical.
Aspirado traqueal: somente deve ser valorizado quando colhido nas primeiras 12
horas de vida .
2) HEMOGRAMA:
Muitas condições não infecciosas podem ser associadas a alterações nos valores do
hemograma. Os elementos do hemograma podem sofrer alterações em especial nas primeiras
72 horas secundárias a intercorrências como hipertensão materna, asfixia e estresse do parto,
etc.
Alterações que devem ser valorizadas:
- Leucopenia < 5000
- Leucocitose > 30000
- Neutropenia < 1500
- Relação neutrófilos J/T 0,2
A presença de Plaquetopenia < 100000,
apresenta baixa sensibilidade e especificidade
para sepse neonatal precoce. Seu
aparecimento é tardio nas infecções
bacterianas graves.
3) PROTEÍNA C REATIVA (PCR):
Valores acima de 10mg/l ou 1 mg/dl sugerem o diagnóstico de sepse neonatal,
principalmente quando estes valores não diminuem ou aumentam em dosagens posteriores. A
dosagem é recomendada de forma seriada até 48 horas a partir da suspeita da sepse, a
intervalos de 24 horas, até fechar o rastreamento infeccioso. Pode também ser dosada ao final
da antibioticoterapia, para indicar a suspensão do tratamento.
Obs: No nosso serviço, é utilizada a dosagem de PCR semiquantitativa, sendo
considerada negativa quando < 6 mg/l. Quando positiva (> 6 mg/l) são realizadas diluições 1:2
(12 mg/l), 1:4(24 mg/l), 1:8(48 mg/l) , etc
.
O hemograma e a PCR têm alto valor preditivo negativo; quando o
hemograma é normal e a PCR é negativa, há 99% de possibilidade de não
haver infecção.
cxxxvi
4) RADIOGRAFIA DE TÓRAX: deve ser obtida para adequado diagnóstico da doença
respiratória
5) RADIOGRAFIA DE ABDOME
em casos de suspeita de Enterocolite Necrosante.
TRATAMENTO DA SEPSE
Devido à possibilidade de rápida deterioração clínica do paciente infectado, além do
sucesso do tratamento estar relacionado ao início rápido do antibiótico, recomenda-se, para os
paciente sintomáticos, o rastreamento e antibioticoterapia imediatos.
Em conseqüência das dificuldades diagnósticas da sepse e de sua etiologia, a escolha
do antibiótico deve ser baseada em diversos fatores: na prevalência dos germes mais
freqüentes considerando-se sepse de início precoce ou tardio; nos dados fornecidos pela CCIH
da unidade; na sensibilidade dos microrganismos após resultado das culturas e antibiogramas.
PRINCIPAIS AGENTES ETIOLÓGICOS RELACIONADOS A SEPSE:Staphylococcus
coagulase negativo, principalmente da espécie epidermidis (atualmente a bactéria mais
freqüentemente associada a sepse tardia), Streptococcus ß hemolítico do grupo B,
Staphylococcus aureus, Enterococcus, Bactérias gram negativas: Pseudomonas aeruginosa,
Klebsiella sp, Enterobacter sp, etc., Fungos, principalmente a Candida albicans.
Na sepse precoce recomendamos iniciar o tratamento com Ampicilina associada a
Gentamicina
(sinergismo para SGB e Listeria)
Se houver confirmação de meningite recomenda-se substituição do aminoglicosídeo por uma
cefalosporina de quarta geração.
Na sepse tardia recomendamos o uso de cefalosporina de quarta geração (Cefepime). A
associação de
Vancomicina está indicada na presença de acesso vascular profundo. Avaliar
a suspensão da Vancomicina se Hemocultura negativa após 72 horas.
cxxxvii
(O uso de cefalosporinas de terceira geração está associado ao aparecimento de bactérias
multirresistentes produtoras de beta lactamases de espectro ampliado, sendo por isso recomendada a
utilização da cefalosporina de 4ª geração)
Recomendações em relação ao tratamento da Sepse neonatal tardia:
1) O esquema antimicrobiano deverá ser adequado após identificação do germe e
conhecimento do antibiograma procurando utilizar aquele de espectro menor, com menos
efeitos colaterais.
2) O esquema antimicrobiano empírico iniciado em recém-nascidos com suspeita de sepse de
início tardio e que apresentem hemocultura negativa, boa evolução clínica não relacionada ao
início do tratamento, e exames laboratoriais normais, deverá ser suspenso com
acompanhamento da evolução clínica. A suspensão do antimicrobiano empírico na sepse
não confirmada deverá ocorrer no prazo mais curto possível, preferencialmente em 48 a
72 horas.
3) Sempre lembrar da possibilidade da etiologia fúngica na sepse neonatal, principalmente nos
RN com fatores de risco: muito baixo peso ao nascer, internação prolongada, nutrição
parenteral prolongada, antibioticoterapia prévia, uso de cateter venoso profundo e uso de
bloqueador H
2
. O tratamento deve ser realizado preferencialmente com Fluconazol nos
pacientes com sepse fúngica suspeita e hemodinamicamente compensados. Para os pacientes
com instabilidade hemodinâmica, recomendamos a utilização de Anfotericina B.
4) A dose dos antimicrobianos a ser utilizada deve sofrer reajuste de acordo com a faixa etária
e idade gestacional corrigida do paciente – ver Neofax
5) A duração da terapêutica utilizada depende da evolução clínica do paciente e dos
resultados laboratoriais. Há a sugestão empírica de tratamento por 10 dias quando há
cxxxviii
hemocultura positiva e em casos de meningite entre 14 (SGB) e 21 dias (bastonetes gram
negativos). Lembrar que não há consenso relativo ao tempo de uso do antimicrobiano e que
esquemas mais curtos correlacionam-se com menor risco de aparecimento de microrganismos
multirresistentes, além da potencial redução de toxicidade e custos.
6) As enterobactérias produtoras de beta-lactamase de espectro ampliado (ESBL) apresentam
alta prevalência de colonização e infecção, e representam microrganismos de difícil abordagem
terapêutica por serem resistentes a todos os beta-lactâmicos. Quando a etiologia da sepse for
ESBL, recomenda-se o uso de carbapenêmicos (Meropenem) ou fluoroquinolona de segunda
geração (Ciprofloxacina)
7) Antibioticoterapia específica para algumas bactérias:
- Acinetobacter – Ampicilina-Sulbactam
- Burkholderia cepacia – Sulfametoxazol-Trimetoprim
- Enterococo – Ampicilina + Gentamicina
- Stenotrophomonas maltophilia – Sulfametoxazol-Trimetoprim
- Streptococcus do grupo B – Ampicilina + Gentamicina
8) Nos casos mais graves podemos utilizar infusão prolongada de alguns antibióticos para
melhorar a eficácia do tratamento. Administra-se cada dose da medicação, por um período de 3
a 4 horas , de 8/8 horas. A infusão prolongada pode ser utilizada para administração de
Cefepime, Meropenem, Piperacilina-Tazobactam.
9) A retirada de acesso vascular profundo está indicada na presença de Sepse fúngica ou por
Staphilococcus aureus.
cxxxix
1) Suporte básico de vida
2) Tratamento em unidade de terapia intensiva neonatal
3) Monitorização hemodinâmica, respiratória, de pressão arterial, de saturação de
oxihemoglobina e diurese horária
4) Administração de oxigênio ou ventilação mecânica o mais precoce possível
5) Suporte cardiovascular, usar líquidos como expansores de volume e aminas vasoativas para
manter adequada pressão arterial e débito cardíaco adequados
6) Suporte hidroeletrolítico e metabólico
7) Acesso venoso e se possível arterial
8) Transfusão com concentrado de hemácias, plaquetas ou plasma quando indicado
9) Cuidados gerais para prevenção de infecções hospitalares.
cxl
cxli
cxlii
ANEXOS
Anexo 2
12.ANEXOS
Anexo 1
A
higienização das mãos
é a medida de maio
r
impacto na prevenção e
controle de infecções
hospitalares!!!
Á
lcool em base emoliente
O volume recomendado para
aplicação é:
01 ml, quando estive
r
indicada a antis-sepsia
só até o punho;
03 ml, quando fo
r
necessária a anti-
sepsia também dos
antebraços (contato
com paciente).
A
plicar nas mãos limpas e
efetuar os mesmos
movimentos realizados na
lavagem das mãos, até a
Qual produto
Quando realizar?
Como realizar?
cxliii
SNAPPE II
(Considerar as primeiras 24 h de vida – o pior momento)
1. Pressão Arterial Média
1.1. não avaliada
1.2. 30
1.3. 20 – 29
1.4. 20
0
0
9
19
2. Temperatura
2.1. > 35,6º C
2.2. 35 – 35,6º C
2.3. < 35º C
0
8
15
3. Razão pO
2
/fiO
2
3.1. não existente
3.2. 2,49
3.3. 1 – 2,49
3.4. 0,3 – 0,99
3.5. < 0,3
0
0
5
16
28
4. pH do sangue
4.1. não realizado
4.2. 7,20
4.3. 7,10 – 7,19
4.4. < 7,10
0
0
7
16
5. Convulsões múltiplas
5.1. não
5.2. sim
0
19
6. Volume urinário
6.1. não medido (RN bem)
6.2. 1
6.3. < 0,1 (anúria)
0
0
5
18
7. Peso ao nascer
7.1. 1000
7.2. 750 – 999
7.3. < 750
0
10
17
8. PIG (ver tabela)
8.1. percentil 3
8.2. < percentil 3
0
12
9.Apgar de 5º minuto
9.1. 7
9.2. < 7
0
18
TOTAL DE
PONTOS
Ref: D.K. Richardson et al. SNAP
-
and SNAPPE-II: Simplified newb
o
illness severity and mortality ri
scores. J. Pediatr 2001; 138:92-100
Modificado: Jean-Yves Marand
o
Centre Chirurgical Marie Lannelong
u
(France).
Ref: D.K. Richardson et al. SNAP
-
and SNAPPE-II: Simplified newb
o
illness severity and mortality ri
scores. J. Pediatr 2001; 138:92-100
Modificado: Jean-Yves Marand
o
Centre Chirurgical Marie Lannelong
u
(France).
cxliv
Anexo 3
ROTINA DE PREVENÇÃO DE INFECÇÃO
HOSPITALAR RELACIONADA AO USO DE
CATETERES VASCULARES EM NEONATOS
I. INTRODUÇÃO:
O uso de cateteres vasculares centrais tornou-se indispensável em
inúmeras situações, especialmente em Unidades de Tratamento Intensivo (UTI)
e em grupos específicos como neonatos e pacientes oncológicos.
Embora sejam considerados dispositivos essenciais na assistência aos
neonatos, sua utilização coloca-os em risco de complicações infecciosas
sistêmicas e locais.
Cerca de um terço do total das bacteremias hospitalares estão relacionadas
ao uso de cateteres vasculares. Esta proporção aumenta para mais de 40%
nas UTI. As bacteremias prolongam o tempo de internação e têm impacto tanto
na morbimortalidade quanto nos custos hospitalares.
A implementação de rotinas para manuseio de acesso vascular representa
uma das bases do programa de controle de infecção.
II. OBJETIVO:
Objetivamos contribuir para a redução das taxas de infecção hospitalar do
sítio vascular e melhora da qualidade da assistência.
III. PATOGÊNESE DA INFECÇÃO DE CORRENTE SANGÜÍNEA ASSOCIADA A CATETER
VENOSO:
Diversos estudos sugerem que as principais fontes de infecção são:
- pele do paciente
- mãos dos profissionais de saúde (manipulação)
- contaminação de soluções
- contaminação das conexões
cxlv
Classificação do cateter segundo a Localização:
# Cateter periférico: jelco e scalp.
# Cateter central:
Umbilical: arterial e venoso
Venoso central de inserção periférica (PICC)
Venoso central de inserção cirúrgica (dissecção)
COMO ESCOLHER UM CATETER
Central x Periférico:
Os cateteres venosos periféricos são os de menor risco quando
utilizados adequadamente. Quando se torna necessário assegurar um acesso
venoso central, alguns critérios devem ser atendidos (prematuridade, terapias
venosas prolongadas, gravidade do RN).
Até a estabilização do RN grave ou prematuro, se a indicação de acesso
profundo surgir nas primeiras 24-48 h após o nascimento, deve-se optar pelo
cateterismo umbilical. A inserção de PICC torna-se possível após a
estabilização do RN e/ou após 48 horas de vida, quando já houve redução do
edema subcutâneo. A dissecção venosa eleva os riscos de complicações e
deve ser utilizada somente quando esgotadas outras possibilidades de acesso
venoso.
UTILIZAÇÃO DO PICC
Indicações para uso:
RN abaixo de 1.500g ou de qualquer peso ao nascimento com previsão
de de terapias endovenosas prolongadas.
Quando inserir o PICC?
cxlvi
Deve ser inserido, preferencialmente, após 24 a 48 horas de vida (tempo
ideal devido ao edema presente ao nascimento).
Por onde inserir o PICC?
Em ordem de preferência, optar pelas veias basílica, cefálica ou temporal.
O acesso pelas veias axilar e jugular externa deve ser evitado.
OBS.: 1) É importante preservar as pregas antecubitais contra punções
periféricas para posterior avaliação e inserção do PICC, idealmente por
este local.
2) Preferir o membro superior direito onde a v. basílica tem trajeto mais
retilíneo.
TÉCNICA DE INSERÇÃO DE CATETERES VENOSOS CENTRAIS
1. Realize anti-sepsia das mãos com clorexidina degermante por 2 minutos, antes
do procedimento. Não é necessário o uso de escovas, uma vez que não
aumentam a eficácia do procedimento
e causam microtraumatismos.
2. Use barreira estéril máxima: gorro, máscara cirúrgica, capote estéril de mangas
longas, luvas estéreis, campos longos estéreis, cobrindo todo o paciente.
3. Aplique clorexidina alcoólica 0,5% nos RN com peso acima de 1.000g. Nos
RN abaixo de 1.000g utilizar PVP-I tópico
. Aguardar 2 minutos.
4. Proceda à inserção conforme técnica apropriada ao cateter escolhido (cateter
umbilical, PICC, dissecção).
OBS.: 1) Os profissionais de saúde próximos (< 1 metro) ao sítio de
punção devem usar touca e máscara cirúrgica.
2) A criação de uma equipe de enfermeiras responsável pela
inserção e manutenção do PICC é uma das medidas de maior impacto
para a prevenção de infecções.
CURATIVOS SOBRE ACESSOS VENOSOS CENTRAIS:
Os cateteres umbilicais devem ser fixados com fios de sutura e dispensam
o uso de curativo.
Para os outros cateteres, preferir curativos transparentes semi-
permeáveis, pois mantêm o dispositivo in situ de forma mais segura, permitem
inspeção contínua do sítio de inserção do cateter e requerem trocas menos
freqüentes, poupando tempo e trabalho da equipe de enfermagem.
Quando o curativo transparente deve ser trocado?
cxlvii
Não há tempo recomendado de troca do curativo transparente em
neonatologia, devendo ser substituído apenas quando estiver visivelmente
sujo, úmido, danificado ou sem adesão.
Na ocorrência de sangramento que não cesse após compressão local
(geralmente, logo após a punção), fazer curativo com gaze estéril e trocar após 24
h.
Como o curativo deve ser trocado?
A troca do curativo deve ser feita preferencialmente por dois enfermeiros
para evitar a migração do cateter, utilizando técnica asséptica, usando
máscara, gorro e luva estéril. Luvas não estéreis podem ser utilizadas para a
remoção do curativo a ser trocado.
Para limpeza do sítio, deve-se realizar o toque com gaze embebida em
clorexidina alcoólica 0,5% para o neonato acima de 1000g e gaze embebida
em PVP-I tópico nos neonatos abaixo de 1000g. Retirar o excesso com gaze
estéril seca e prosseguir com a fixação do novo curativo (também estéril).
Outros Cuidados para Manutenção dos Acessos Venosos
Centrais
Higienizar as mãos com álcool glicerinado ou água e solução
degermante (clorexidina) e utilizar luva estéril antes de manipular as
conexões do acesso (na instalação e troca de equipos e perfusores
quando houver abertura do sistema, na administração de medicações
ou hidratações etc.). Se o sistema tiver injetor lateral não é necessário
o uso de luva estéril.
Realizar a desinfecção das conexões ou injetores laterais com álcool
70% (por três vezes com gazes estéreis distintas) antes de manipulá-
los.
Utilizar, sempre que possível, os injetores laterais para a administração
de medicamentos (em bolus) evitando abrir o circuito.
Evitar a coleta de sangue pelo cateter venoso, exceto para o
diagnóstico de sepse relacionada ao cateter.
Deve-se atentar para manter os cateteres o mais livre possível de
contato com outros elementos (Ex: fralda, saco coletor).
Não deixar seringas com soluções acopladas aos vasos umbilicais.
As torneiras ou outros dispositivos extensores devem ser trocados na
presença de matéria orgânica (sangue, fezes, urina) ou sujidade.
cxlviii
Manter fluxos de infusão contínuos ou pressão positiva no interior dos
cateteres (salinização), evitando a obstrução.
X.
TEMPO DE PERMANÊNCIA DOS CATETERES VENOSOS CENTRAIS
O PICC pode ser mantido por um tempo muito prolongado, desde que
todos os cuidados para manutenção sejam respeitados. A remoção do PICC
em caso de infecção deve ser discutida com a CCIH.
Outros cateteres venosos profundos (dissecção, cateter umbilical arterial e
venoso) devem ser removidos o mais precocemente possível pelo maior índice
de infecções e complicações relacionadas.
XI.
TÉCNICA DE INSERÇÃO DO CATETER VASCULAR PERIFÉRICO (JELCO OU SCALP)
1. Higienizar as mãos com álcool glicerinado ou lavar as mãos com água e sabão
com anti-séptico (clorexidina ou PVP-I degermantes).
2. Calçar luvas de procedimento.
3. Realizar a anti-sepsia da pele com clorexidina alcoólica 0,5% , EXCETO em
neonatos abaixo de 1.000g, nos quais está contra-indicado o uso de anti-
sépticos com veículo alcoólico. Nestes pacientes, utilizar PVP-I aquoso.
Friccionar três vezes a gaze embebida em solução anti-séptica no local a ser
puncionado (primeiro no centro e depois lateralmente, desprezando a gaze a
cada aplicação), deixar agir por 2 minutos, retirar o excesso com gaze
embebida em solução fisiológica (quando PVP-I) ou esperar secar (quando
álcool) e realizar a punção. Caso a pele do neonato apresente sujidade visível,
lavar a região com água e sabão antes da anti-sepsia.
4. Não utilizar o mesmo dispositivo de punção mais de duas vezes seguidas, pois o
silicone que recobre a agulha é danificado e o bisel diminui o corte, tornando a
punção mais difícil e dolorosa, além de aumentar o risco de infecção.
5. Evite que o dispositivo de punção, conexões ou equipo toquem em qualquer
superfície que não seja a pele degermada do neonato. Se tal ocorrer, despreze o
material. Utilize o kit de punção.
6. Realizar preferencialmente a punção nos membros superiores (mãos e
antebraços). Evitar punção de veias no couro cabeludo, porém se for
imprescindível, proceder à tricotomia com lâmina descartável.
XII. MANUTENÇÃO DO CATETER VENOSO PERIFÉRICO
Higienizar as mãos antes de manipular as conexões (exemplo: administrar
medicamentos, trocar hidratação). Realizar desinfecção das conexões com álcool 70%
(três fricções com gazes distintas) antes e após a manipulação.
Quando possível, usar o injetor lateral para aplicação de medicamentos em bolus,
evitando a abertura do circuito.
cxlix
Utilizar somente solução salina (Soro fisiológico 0,9%) para manutenção das
vias que não estão sendo utilizadas de forma contínua.
Não colar na incubadora, o esparadrapo que será utilizado na fixação do acesso
vascular para evitar sua contaminação e conseqüente infecção em local de punção. Usar
bandeja desinfectada ou auxílio de uma 2a pessoa.
XIII. TROCA DE CIRCUITOS DE INFUSÃO E SOLUÇÕES
Na infusão de hidratação e medicamentos é necessário trocar os equipos a cada
96h, portanto, todos os equipos devem ser datados.
Circuitos que infundirem hemoderivados ou NPT devem ser trocados a cada
etapa.
Os perfusores devem ser preferencialmente trocados a cada manipulação, no
caso de medicamentos diferentes.
Perfusores utilizados para hidratação/medicação em infusão contínua devem
ser trocados a cada 12 a 24h.
As soluções de infusão (NPT, hidratação etc) devem ser trocadas a cada etapa
ou em 24 h.
XIV. Outras Observações
Utilizar via exclusiva para nutrição parenteral total e hemoderivados.
Checar soluções quanto à turvação, depósitos, rachaduras e prazo de
validade.
Checar se há rachaduras nos perfusores e torneiras.
Acompanhar e controlar o fluxo de infusão nas bombas infusoras.
Recomendamos, sempre que possível, que o manuseio do acesso
venoso central seja realizado pela enfermeira da unidade.
ESTE TEXTO FOI BASEADO LIVREMENTE NAS NORMAS DA SMS/RJ DE
AUTORIA DE DRA . ROSANA RANGEL, DRA. BEATRIZ LEOBONS E DRA.
PATRICIA INHAQUITE.
ATUALIZADO EM JULHO DE 2007
cl
Anexo 4
Classificação de unidades segundo critérios da Rede Vermont Oxford
Nível Características
1 - Pode realizar ressuscitação em sala de parto
- Avaliar recém-nascidos a termo saudáveis provendo cuidados pós-natais
- Estabilizar e prover cuidados a bebês de 35 a 37 semanas que permanecem
fisiologicamente estáveis
- Pode estabilizar recém-nascidos com IG menores de 35 semans ou doentes até
que se consiga transferência para uma unidade neonatal
2 a - Pode ressuscitar e estabilizar prematuros e/ou bebês doentes até a transferência
- Pode cuidar de bebês com IG maior que 32 semanas e peso ao nascer > 1500g
- que apresentem imaturidade fisiológica tais como apnéia,
incapacidade de manutenção de temperatura ou incapacidade de
alimentação por sucção.
- que estejam moderadamente doentes com problemas que se antecipe
como de resolução rápida e que não de sub-especialidades em
urgência
- que estejam convalescendo depois de cuidado intensivo
b - Tem todas as capacidades do nível 2.a e pode prover ventilação mecânica por
períodos breves (menos de 24 horas) ou CPAP nasal
3 a - Pode cuidar de bebês com peso ao nascer < 1000g e IG maior que 28 semanas
- Pode prover suporte de vida limitado a suporte ventilatório convencional
- Pode realizar procedimentos cirúrgicos menores tais como inserção de cateter
Venoso central ou cirurgia de hérnia inguinal
b - Todas as capacidades do nível 3.a e capacidade de prover cuidados para os
menores de 1000g ou de 28 semanas de idade gestacional
- Pode prover suporte respiratório avançado tais como ventilação de alta
freqüência e óxido nítrico
- Acesso rápido e à beira do leito e especialidades pediátrica clínicas e cirúrgicas
- Tem acesso a exames de imagens tais como TC, RM e Ecocardiograma
- Tem acesso a cirurgião e anestesista pediátricos para realizar procedimentos
cirúr
g
icos maiores tais como li
g
adura de canal, re
p
aro de
p
erfura
ç
ão intestinal,
cli
defeitos de parede abdominal, atresia de esôfago, defeito do tudo neural no
mesmo hospital ou em instituição de referência formal.
c - Tem todas as características de 3.b e pode prover ECMO
- Correções cirúrgicas de defeitos cardíacos complexos que requeiram extra-
corpórea.
Fonte: Rede colaborativa neonatal Vermont Oxford
ANEXO 5
clii
Anexo 6
Miistério da Saúde LEGIS Legislação emVigilância Sanitária
PORTARIA NO 3.432/IMSIGM, DE 12 DE AGOSTO DE 1998
O Ministro de Estado da Saúde, no uso de suas atribuições legais, considerando:
a importância na assistência das unidades que realizam tratamento intensivo nos
hospitais do pais, e
a necessidade de estabelecer critérios de classificação entre as Unidades de Tratamento
Intensivo, de acordo com a
incorporação de tecnologia, a especialização dos recursos humanos e a área física
disponível, resolve:
Art. 1° - Estabelecer critérios de classificação entre as diferentes Unidades de
Tratamento Intensivo - UTI.
Art. 2 - Para as finalidades desta Portaria, as Unidades de tratamento Intensivo serão
classificadas em tipo 1, II e III. 1 - As unidades atualmente cadastradas pelo SUS, a
partir da vigência desta Portaria, serão classificadas como tipo L
20 - As unidades que comprovarem o cumprimento das especificações do anexo desta
Portaria, poderão ser credenciadas pelo gestor nos tipos II ou III, de acordo com a
necessidade de assistência da localidade onde estão iriseridas.
Art. 30 - A partir da data de publicação desta Portaria, serão cadastradas somente
unidades do tipo II ou III. Art. 40 - Fica revogada a Portaria GMIMS/N 2918, de 9 de
junho de 1998, publicada no DOU nO 111, de 15 de junho de 1998, e as demais
disposições em contrário.
Art 5 - Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.
JOSÈ SERRA
ANEXO
1. Disposições Gerais:
1.1. As Unidades de Tratamento Intensivo devem atender ãs disposições da Portaria
GMIMS n° 1884, de 11 de novembro de 1994, publicada no DO n° 237, de 15 de
dezembro de 1994.
1.2. São unidades hospitalares destinadas ao atendimento de pacientes graves ou de
risco que dispõem de assistência médica e de enfermagem ininterruptas, com
equipamentos específicos próprios, recursos humanos especializados e que tenham
acesso a outras tecnologias destinadas a diagnósticos e terapêutica.
1 .3. Estas unidades podem atender grupos etários: a saber Neonatal - atendem pacientes
de O a 28 anos;
cliii
Pediátrico - atendem pacientes de 28 dias a 14 ou 18 anos de acordo com as rotinas
hospitalares internas; Adulto - atendem pacientes maiores de 14 ou 18 anos de acordo
com as rotinas hospitalares internas:
Especializada - voltada para pacientes atendidos por determinada especialidade ou
pertencentes a grupo especifico de doenças.
1,4. Todo hospital de nível terciáris, com capacidade instalada igualou superiora 100
leitos, deve dispor de leitos de tratamento intensivo correspondente a no mínimo 6% dos
leitos totais.
1 .5. Todo hospital que atenda gestante de alto risco deve dispor de leitos de tratamento
intensivo adulto e neortatal.
2 - Das Unidades de Tratamento Intensivo do tipo II;
2.1. Deve contar com equipe básica composta por
- um responsável técnico com títuid de especialista em medicina intensiva ou com
habilitação em medicina intensiva pediátrica;
- um médico diarista com título de especialista em medicina intensiva ou com
habilitação em medicina intensiva pediátrica para cada dez leitos ou fração, nos turnos
da manhã e da tarde;
um médico plantonista exclusivo para até dez pacientes ou fração;
- um enfermeiro coordenador, exclusivo da unidade, responsável pela área de
enfermagem;
- um enfermeiro, exclusivo da unidade, para cada dez leitos ou fração, por turno de
trabalho;
- um fisioterapeuta para cada dez leitos ou fração no turno da manhã e da tarde;
cliv
- axifiar ou técnico de enfermagem para cada dois leitos ou fração, por turno de trabalho;
-funcionáno exclusivo responsável pelo serviço de limpeza;
- acesso a cirurgião geral(ou pediátrico), torácico, cardiovascular, neorocirurgiâo e ortopedista.
22. O hospital deve contar com:
Lacoratórios de análises clínicas disponível nas 24 horas do dia;
- agência transfusional disponível nas 24 horas do dia; hemogasômetro; - ultra-sonógrafo;- eco-doppler-cardiógrafo;
1 - laboratório de microbiologia;
• terapia renal substitutiva;
- aparelho de raios-x móvel;
– (serviço de Nutrição Parenteral e entera);
- serviço Social;
- serviço de Psicologia;
- 2.3. O hospital deve contar com acesso a:
- estudo hemodinâmico;
- angiografia seletiva;
- endoscopia digestiva;
- fibrobroncoscopia;
- eletroencefalografia;
2.4. Materiais e Equipamentos necessários:
- cama de Fawler, com grades laterais e rodizio, uma por paciente:
- monitor de beira de leito com visoscópio, um para cada leito;
- carro ressuscitador com monitor, desflbriladar, cardioversor e material para intubação endotraqueal, dois para cada dez leitos ou fração;
- ventilador pulmonar com misturador tipo blender, um para cada dois leitos, devendo um terço dos mesmos ser do tipo
microprocessado,
- oximetro de pulso, um para cada dois leitos;
- bomba de infusão, duas por leito;
- conjunto de nebulização, em máscara, um para cada leito;
- conjunto padronizado de beira de leito, contendo: terniômetro(eletrõnico, portátil, no caso de UTI neonatal), ________ esfigmonômetro,
estetoscópio, ambu com máscara(ressuscitador manual), um para cada leito;
• bandejas para procedimentos de: diálise peritoneal, drenagem torácica, toracotomia, punção pericárdica, curativos. flebotomia, acesso venoso
profundo, punção lombar, sondagem vesical e traqueostomia;
- monitor de pressão invasiva:
marcapasso cardíaco externo, eletrodos e gerador na unidade,
- eletrocardiágrafo portátil, dois de uso exclusivo da unidade;
- - maca para transporte com cilindro de oxigénio, régua tripla com saida para ventilador pulmonar e ventilador pulmonar para transporte;
máscaras com venturi que permita diferentes concentraçôes de gases;
- aspirador portátil;- negatoscópio; oftalmoscópio; - otoscópio;
- Pontos de oxigênio e ar comprimido medicinal com válvula reguladoras de pressão e pontos de vácuo para cada leito;
cilindro de oxigênio e ar comprimido, disponíveis no hospital;
- conjunto CPAP nasal mais umidilicador aquecido, um para cada quatro leitos, no caso de UTI neonatal, um para
cada sete
- capacete cara oxgenioterapia para UTI pedátrica e neoriatal;
- ctoterapia. um para cada três leitos de UTI neonatal;
- Incubadora com parede dupla, uma por paciente de UTI neonatal;
- balança eletrônica, uma para cada dez leitos na UTI neonatal;
2.5. Humanízação:
- climatização;
- Iluminação natural;
- divisórias entre os leitos;
- relógio visíveis para todos os leitos;
- garantia de visitas diárias dos familiares, à beira do leito;
- garantia de informações da evolução diária dos pacientes aos familiares por meio de boletins.
3. As Unidades de Tratamento Intensivo do tipo lI, devem, além dos requisitos exigidos paras as UTI tipo 11, contar
com:
clv
3.1. Espaço mínimo individual por leito de 9rn2, sendo para UTI Neonatal o espaço de 6 rn2 por leito;
3.2. Avaliação através do APACHE 11 se for UT1 Adulto, o PRISM 11 se UTI Pediátrica e o PS1 modificado se UTI Neonatal.
3.3. Além da equipe básica exigida pela UTI tipo 11, devem contar com:
- um médico plantonista para cada dez pacientes, sendo que pelo menos metade da equipe deve ter título de
especialista em medicina intensiva reconhecido pela Associação de Medicina Intensiva Brasileira(AM1B);
- enfermeiro exclusivo da unidade para cada cinco leitos por turno de trabalho; - fisioterapeuta exclusivo da UTI;
- acesso a serviço de reabilitação;
3.4. Além dos requisitos exigidos para as UTI tipo 11, o hospital deve possuir condições de realizar exames de : - tomografia axial
computadorizada;
1 - anatomia patológica;
- estudo hemodinámico;
- angiografia seletiva;
- fibrobroncoscopia;
= - ultra-sonografla portátil.
3.5. Além materiais e equipamentos necessários para UTI tipo 11, ohospital deve contar com: - Metade dos
ventiladores do tipo microprocessado, ou um terço, no caso de UT1 neonatal;
- monitor de pressão invasiva, um para cada cinco leitos;
- equipamentos para ventilaçãc pulmonar não invasiva;
I- equipamento para fototerapia para UTI Neonatal, um para cada dois leitos;
- marcapasso transcutâneo.
ANEXO 7
clvi
ANEXO 7
clvii
clviii
AVALIAÇÃO DA IMPLANTAÇÃO DE POTENCIAIS BOAS PRÁTICAS
PARA PREVENÇÃO DE INFECÇÃO HOSPITALAR EM UMA UNIDADE
DE TERAPIA INTENSIVA NEONATAL.
EVALUATION OF IMPLEMENTION OF POTENTIALLY BETTER PRATICES TO
PREVENT HOSPITAL INFECTION IN A NEONATAL INTENSIVE CARE UNIT.
Autores:
Arnaldo Costa Bueno – Mestre e doutor em Saúde da Criança e da Mulher pelo
IFF- Fiocruz. Chefe do Serviço de Neonatologia do Hospital Maternidade
Oswaldo Nazareth da Secretaria Municipal de Saúde do Rio de Janeiro.
Maria Elizabeth Lopes Moreira – Docente permanente da Pós-Graduação em
Saúde da Criança e da Mulher – IFF – Fiocruz.
Alan Araújo Vieira – Professor Adjunto de Pediatria da Universidade Federal
Fluminense.
Responsável pela correspondência : Arnaldo Costa Bueno .
Rua Inhanga, n. 11, apto 1001. Copacabana, CEP 22020-060, Rio de Janeiro –
RJ.
Tel : 25475652. E mail: [email protected]
clix
RESUMO
Nos últimos anos, a implantação e a avaliação das Potenciais
Boas Práticas em neonatologia tem sido relacionada a melhores resultados nos
processos de trabalhos. Existe a sugestão de que, estas “potenciais boas
práticas”, devam ser testadas em diversos contextos para sua confirmação.
Atualmente, no Brasil, a mortalidade neonatal ainda é muito alta,
sendo a infecção hospitalar apontada como uma das causas mais comuns.
Este estudo prospectivo analisa o impacto de uma intervenção
não controlada, tipo antes e depois, com foco na implantação de potenciais
boas práticas clínicas para prevenção de infecção nosocomial, na UTI neonatal
do Hospital Maternidade Oswaldo Nazareth na cidade do Rio de Janeiro. A
unidade foi utilizada como próprio controle em diferentes períodos de tempo.
Foram eleitas para este estudo as seguintes práticas:
higienização das mãos, implantação e manuseio de cateteres centrais, melhora
na acurácia no diagnóstico de sepse, uso criterioso de antimicrobianos,
restrição ao uso de corticóide pós-natal e bloqueadores H
2
e estímulo a
alimentação enteral precoce com leite humano. A coleta de dados foi feita com
a metodologia do National Nosocomial Infections Surveillance System.
No período de 22 meses de duração do estudo, foram admitidos
626 RN na UTI neonatal, com a inclusão de 457 no estudo (264 no período pré
e 193 no período pós-intervenção). Não houve diferença estatística do peso ao
nascer e do escore de gravidade (SNAPPE) entre os grupos.
Após intervenção proposta observou-se: diminuição do tempo de
internação, dos dias de uso de cateter umbilical, do percentual de pacientes
que fizeram uso de ventilação mecânica, dos dias de uso de antibiótico, do
clx
número de esquemas de antibiótico utilizados, da quantidade de infecções
hospitalares, tanto de origem materna quanto hospitalar, da quantidade de
diagnóstico de sepse clínica, do percentual de hemoculturas coletadas, do
percentual de hemoculturas consideradas como contaminadas, do percentual
de exame de líquor coletado, do percentual de cultura de aspirado traqueal
coletado, do percentual de RN colonizados por ESBL, do percentual de óbitos
causados por infecção e aumento do percentual de pacientes que fizeram uso
do PICC. Não foi observado diminuição do percentual de infecção da corrente
sanguínea, infecção relacionada a cateter e nem de infecção comprovada.
Este trabalho demonstra a necessidade de mais amplos e
abrangentes programas desta natureza, sua eficácia frente aos resultados
apontados, considerando os mínimos recursos financeiros empreendidos na
sua execução.
Palavras chave: neonatologia, sepse – prevenção e controle, qualidade da
assistência à saúde.
clxi
ABSTRACT
During the last few years, the implementation and evaluation of
the “Potentially Better Practices” on neonatology have been related to better
results on work processes. It is suggested that these “Potentially Better
Practices” should be tested on several contexts in order to be confirmed.
Currently, in Brazil, neonatal mortality is still very high, with
hospital infection being pointed out as one of the most common causes.
This prospective study analyses the impact of a non controlled
before and after intervention, focused on the implementation of potentially better
clinical practices towards the prevention of nosocomial infection at the Oswaldo
Nazareth Maternity Hospital’s NICU in the city of Rio de Janeiro. The unit was
its own control in different periods of time.
The following practices were selected for this study: hand
washing, central catheters placement and handling, more accurate diagnosis of
sepsis, proper antibiotic use, restriction on the use of pos-natal steroids and H
2
blockers and promotion of early enteral feeding with human milk. The data was
collected according to National Nosocomial Infections Surveillance System
standards.
During the 22 month study, 626 newborns were admitted in the
NICU and 457 were included in the study (264 before and 193 after the
intervention). There were no statistical differences between the groups
regarding birth weight and risk score (SNAPPE).
After the intervention, reduction of the following items were
observed: days of hospitalization,
number of days umbilical catheter was used,
clxii
percentage of patients using mechanical ventilation, number of days antibiotics
were used, amount of antibiotic courses, amount of hospital infections both
maternal and hospital related, the amount of clinical sepsis diagnoses,
percentage of blood culture collected, percentage of suspected contaminated
blood culture, percentage of cerebrospinal fluid test, percentage of tracheal
aspirate culture collected, percentage of newborns colonized with ESBL,
percentage of deaths caused by infection and an increased percentage of
patients using PICC. There was no reduction of the percentage of blood stream
infection, related catheter infection neither reduction of proved infection.
This study indicates a need for more comprehensive programs of
this nature, given the efficacy in terms of results obtained and the low financial
costs required for its promotion.
Key words: neonatology, sepsis – prevention and control, quality of health care.
clxiii
INTRODUÇÃO:
No Brasil, 60% dos óbitos de crianças no primeiro ano de vida ocorrem no
período neonatal, sendo a sepse considerada um dos grandes responsáveis por
este fato. (Pessoa Silva et al, 2004; Castro e Leite, 2007).
Vários autores consideram que a incidência de infecção hospitalar (IH) está
diretamente relacionada à maneira de cuidar do recém-nascido (RN) e que pode
ser evitada a partir da utilização de práticas específicas (Horbar e Carpenter,
2004). Alguns estudos vêm sendo desenvolvidos visando a redução da
incidência da sepse neonatal de origem hospitalar e da mortalidade a ela
relacionada, destacando-se os que relatam a utilização “Potenciais Boas
Práticas” (PBP) (Kilbride et al, 2003; Shelonka et al, 2006).
O objetivo deste estudo é analisar o impacto da implantação de algumas PBP,
devidamente adaptadas à uma realidade local, na prevenção de IH em uma
unidade pública municipal de terapia intensiva neonatal (UTIN) localizada na
cidade do Rio de Janeiro, Brasil, levando em consideração, entre outros, a
incidência de colonização por germes multiresistentes e a mortalidade
conseqüente dessa IH.
METODOLOGIA:
Foi realizado um estudo prospectivo com coleta de dados em dois momentos:
antes (período pré-intervenção) e durante a intervenção (período pós-
intervenção) baseada na implantação de algumas medidas consideradas como
PBP para a prevenção de sepse neonatal de origem hospitalar (Kilbride et al,
2003).
clxiv
Imediatamente antes e durante toda a intervenção, todos os profissionais
envolvidos foram motivados e conscientizados plenamente dos objetivos do
estudo. Tanto a comunicação verbal quanto a comunicação visual foram
amplamente utilizadas e propiciaram uma adesão bastante significativa durante
todo o processo.
A comunicação verbal foi efetivada com palestras gerais, reuniões com cada
equipe, reuniões com profissionais de diferentes equipes, sessões de
brainstorming, discussões com chefes de equipes para análises dos dados
parciais obtidos, reuniões multidisciplinares e amplas para apresentação e
análise dos dados obtidos até determinado momento.
A comunicação visual foi efetivada com a colocação dos mais diferentes
cartazes em áreas estrategicamente escolhidas, com a emissão de circulares e
informativos e com a distribuição de folders de maneira controlada e com o
devido protocolo de recebimento, sendo que cada veículo enfocava apenas um
dos diversos tópicos da implantação.
Ao mesmo tempo em que essas ações estavam sendo tomadas, todos os
materiais, equipamentos e ferramentas necessários à implantação foram sendo
colocados à disposição de cada participante.
Em meio a esse clima de motivação e comprometimento as PBP listadas a
seguir foram implantadas, sendo que em cada tópico há indicação dos aspectos
especificos realizados:
Adesão aos protocolos de higienizacão de mãos e de uso de álcool glicerinado:
clxv
Foram realizados, no mínimo, três treinamentos por equipe com duração de 45
minutos cada, com a utilização, inclusive, de mistura de hidratante com
purpurina para treinamento lúdico com todos os componentes das equipes.
Objetivando a manutenção dos profissionais da unidade sensibilizados quanto
à necessidade de adesão aos protocolos previamente discutidos, também foi
utilizado o procedimento de “Intimidação Cega”, caracterizado pela instalação
de câmeras inoperantes localizadas em pontos estratégicos da UTIN, sendo
que a falta do dispositivo interno de gravação era desconhecida de qualquer
membro da equipe.
Cuidado com equipamentos que não entram em contato direto com os RN:
Foram realizados treinamentos específicos das equipes de técnicos em
radiologia e das equipes de nutricionistas para o uso de álcool glicerinado
antes e após a manipulação de qualquer material dentro da UTIN. Os técnicos
em radiologia foram especialmente treinados para envolver o chassi de Rx com
plástico limpo e descartável antes de sua utilização.
Diminuição de punções vasculares periféricas:
Foram realizados, diariamente, treinamentos sobre técnicas de punções, sobre
curativos de fixação e sobre a adequada implantação, manipulação e
manutenção dos acessos vasculares. Todas as enfermeiras foram treinadas
para a correta utilização de cateteres vasculares centrais de inserção periférica
(PICC) para permitir que tal procedimento se tornasse rotineiro.
Quanto à utilização da nutrição como um meio de diminuir a necessidade de
punções vasculares, foram incentivados: o início precoce de dieta enteral
trófica exclusivamente com leite materno, o aumento diário da dieta enteral em
clxvi
20ml/kg/dia e a suspensão da hidratação venosa logo que seu volume
alcançasse 100ml/kg/dia.
Aumento da acurácia no diagnóstico da sepse neonatal:
Foi incentivada a suspensão precoce dos antibióticos prescritos do diagnóstico
presuntivo de IH quando ocorressem simultaneamente: resultados negativos da
Proteína C-reativa por, pelo menos, duas vezes consecutivas, melhoria clínica
do RN e resultados negativos das hemoculturas nas 48 horas subseqüentes à
sua coleta. Para tal fim, a equipe médica foi, particularmente, treinada para
utilizar a técnica correta de coleta de materiais para cultura de sangue (pelo
menos duas amostras em sítios diferentes), de líqüor, de urina e de secreção
traqueal, além de um guide line para definir a quantidade e o momento de cada
coleta.
As definições utilizadas neste estudo obedeceram à nomenclatura do National
Nosocomial Infections Surveillance System (NNISS / CDC), (Emori et al, 1991,
MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1994).
A UTIN onde foi realizada a intervenção é capacitada com 10 leitos,
considerada “referência” para gestação de alto risco e classificada como 3A,
segundo o critério da Vermont-Oxford Network (2002) e como Tipo II segundo o
Ministério da Saúde do Brasil (1998).
Foram incluídos no estudo todos os RN admitidos na UTIN durante o período de
22 meses – de janeiro de 2006 a outubro de 2007 – e foram acompanhados
desde o momento da internação até o óbito ou até 48 horas após a alta da UTIN
(tempo suficiente para a detecção de Infecção Nosocomial de Origem Hospitalar
(IHOH).
Os dados listados a seguir foram coletados:
clxvii
- gênero, tipo de parto, idade gestacional, peso ao nascimento, presença de
asfixia (boletim de Apgar igual ou menor que cinco no 5º minuto de vida), índice
de gravidade (Score for Neonatal Acute Physiolog Perinatal Extension version II -
SNAPPE II) (richardson et al, 2001) e óbito.
- tempo total de internação, de uso de dispositivos invasivos (cateter vesical,
PICC, ventilação mecânica, cateter umbilical, cateter de dissecção venosa) e de
uso de nutrição parenteral,
- presença IH: Infecção Hospitalar de Origem Materna (IHOM), Infecção
Hospitalar de Origem Hospitalar (IHOH), Infecção da Corrente Sanguínea (ICS)
e Sepse Clínica.
- presença de Enterocolite Necrosante (critérios de Bell et al, 1978),
- quantidade de hemoculturas coletadas e detecção de contaminação na
hemocultura (crescimento bacteriano após 48 de incubação da amostra de
sangue de paciente assintomático, com boa evolução clínica e sem tratamento
específico),
- colonização por Staphylococcus Aureus Meticilino Resistente (MRSA) e/ou por
bactérias produtoras de beta lactamase de espectro estendido (ESBL) (avaliados
por coletas semanais de swabs nasais e retais).
Os resultados obtidos foram analisados pelo programa estatístico SPSS 13.0,
representados por meio de freqüências relativas, médias, desvios padrões,
medianas, valores máximos e mínimos e comparados com a utilização de testes
paramétricos, não paramétricos (quando necessário) e do qui-quadrado.
Este estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Secretaria
Municipal de Saúde da cidade do Rio de Janeiro sob número 142/06.
clxviii
RESULTADOS:
No decorrer dos 22 meses foram admitidos 626 RN na UTIN. Destes, 457 (73%)
foram incluídos no estudo e 169 (27%) não preencheram critérios de inclusão,
por terem sido transferidos para outros hospitais ou evoluído para óbito antes de
48 horas de vida. Os principais resultados obtidos foram:
- Não houve diferença entre os grupos quanto às características clínicas estudadas
(Tabelas 1 e 2).
Tabela 1- Comparação das características clínicas dos grupos estudados nos
dois períodos – variáveis contínuas:
Vm: valor mínimo; VM: valor máximo; DP: desvio padrão; *utilização do teste Mann-Whitney e
nas demais o teste t.
Período pré-intervenção Período pós-intervenção
Variável
Média ± DP Mediana (Vm e VM) Média ± DP Mediana (Vm e VM) p-valor
Dias de internação* 17,33 ± 22,44 8 (3-148) 12,80 ± 12,96 8 (3-70) 0,707
Peso ao nascimento (g) 1.950 ± 884 1.880(450-4.255) 2.097 ± 881 1.870(670-4.400) 0,078
Idade gestacional (sem) 33,3 ± 3 33,6 (25,4-41,6) 34,6 ± 3 34,2 (26-41,6) 0,069
Valor de SNAPPE-II* 15 ± 17 10 (0-71) 19 ± 21 14 (0-95) 0,276
clxix
Tabela 2 - Comparação das características clínicas dos grupos estudados –
variáveis categóricas:
- Não foram observadas diferenças quanto ao tempo em que os RN foram
submetidos a procedimentos invasivos (Tabela 3). O grupo pré-intervenção
utilizou ventilação mecânica com maior freqüência que o grupo pós-
intervenção, sem, entretanto, ter ocorrido diferença quanto ao tempo de
utilização da ventilação mecânica entre os dois grupos.
Variável Período pré-intervenção
N (%)
Período pós-intervenção
N (%)
X
2
p -valor
Masculino 154 (58,3%) 115 (59,6%) Gênero
Feminino
110 (41,7%) 78 (40,4%) 0,91 0,419
Normal 117 (44,3%) 70 (36,3%) Tipo de parto
Operatório
147 (55,7%) 123 (63,7%) 2,98 0,051
Sim 32 (12,1%) 18 (9,3%) Asfixia
Não 232 (87,9%) 175 ( 90,7%) 0,89 0,214
clxx
Tabela 3 – Comparação dos dias de uso de procedimentos invasivos,
considerando exclusivamente os recém-nascidos submetidos a tais
procedimentos – variáveis contínuas:
Vm: valor mínimo; VM: valor máximo; DP: desvio padrão; *utilização do teste Mann-Whitney e
nas demais o teste t.
- Houve maior freqüência de utilização de PICC no grupo pós-intervenção
(Tabelas 3 e 4).
Período pré-intervenção Período pós-intervenção
Variável
Média ± DP Mediana (Vm – VM) Média ± DP Mediana (Vm – VM) p-valor
Cateter umbilical* 4,95 ± 2,30 5 (1-12) 4,57 ± 1,4 5 (2-9) 0,683
PICC 9,80 ± 5,40 9 (1-24) 9,56 ± 5,4 9 (1-29) 0,837
Ventilação mecânica 10,23 ± 19,01 4 (1-148) 8,86 ± 9,4 5 (2-42) 0,604
Nutrição parenteral 8,55 ± 9,24 6 (1-65) 8,35 ± 5,4 7 (2-32) 0,880
Cateter vesical 5,92 ± 5,01 5 (1-19) 5,87 ± 4,38 4 (3-16) 0,982
Dissecção venosa 21,36 ± 18,80 13 (8-60) 14,20 ± 6,2 13 (7-24) 0,428
clxxi
Tabela 4 – Comparação da freqüência de uso de procedimentos invasivos
considerando o total de recém-nascidos estudados – variáveis categóricas:
- Houve diminuição do tempo de uso de antibioticoterapia no período pós-
intervenção. No período pré-intervenção a média verificada foi de média de
10,76 dias (DP de 10,18 dias e mediana de 8, variando de 1 a 87 dias) enquanto
no período pós-intervenção a média foi de 6,92 dias (DP de 5 dias e mediana de
7 dias, variando de 1 a 30 dias) (p:0,000).
- Houve, também, conforme pode ser verificado na Tabela 5, diminuição da
quantidade de esquemas de antibioticoterapia no período pós-intervenção.
Importante ressaltar que não houve necessidade de retorno da antibioticoterapia
Variável Pré-intervenção
N (%)
Pós-intervenção
N (%)
X
2
p valo
r
Sim 08 (3,0%) 03 (1,5%) Cirurgia
Não
256 (97,0%) 190 (98.5%) 1,034 0,37
0
Sim 105 (39,8%) 59 (30,6%) Ventilação mecânica
Não
159 (60,2%) 134 (69,4%) 4,104 0,02
7
Sim 13 (4,9%) 08 (4,1%) Cateter vesical
Não
251 (95,1%) 185 (95,9%) 0,154 0,43
8
Sim 83 ( 31,4%) 47 (24,3%) Cateter umbilical
Não
181 ( 68,6%) 146 (75,7%) 2,751 0,06
0
Sim 42 ( 15,9%) 44 ( 22,8%) PICC
Não
222 ( 84,1%) 149 ( 77,2%) 3,463 0,041
Sim 11 ( 4,2%) 05 ( 2,5%) Dissecção venosa
Não
253 ( 95,8%) 188 (97,5%) 0,820 0,26
2
Sim 98 ( 37,1%) 57 ( 29,5%) Nutrição parenteral
Não 166 (62,9%) 136 (70,5%) 2,864 0,05
5
clxxii
para qualquer RN no qual esta tenha sido interrompida baseada no critério
diagnóstico empregado neste estudo.
Tabela 5 – Comparação da freqüência de diagnósticos, tratamentos realizados
e óbitos considerando o total de recém-nascidos estudados– variáveis
categóricas:
Variável
Pré-intervenção
N (%)
Pós-intervenção
N (%)
X
2
p valor
Sim 164 (62,1%) 67 (34,7%) Infecção Hospitalar
Não
100 (37,9%) 126 (65,3%) 33,50 0,000
Sim 132 (50,0%) 54 (28,0%) Infecção Hospitalar de Origem Materna
Não
132 (50,0%) 139 (72,0%) 22,40 0,000
Sim 77 (29,1%) 22 (11,4%) Infecção Hospitalar de Origem Hospitalar
Não
187 (70,9%) 171 ( 88,6%) 20,74 0,000
Sim 19 (7,2%) 16 (8,3%) Infecção de Corrente Sangüínea (ICS)
Não
245 (92,8%) 177 (91,7%) 0,18 0,396
Sim 09 (3,4%) 04 (2,1%) ICS relacionada a cateter
Não
255 (96,6%) 189 ( 97,9%) 0,72 0,291
Sim 126 (47,7%) 46 (23,8%) Sepse Clínica
Não
138 (52,3%) 147 (76,2%) 27,11 0,000
Sim 30 (11,3%) 21 (10,8%) Sepse Provada
Não
234 (88,7%) 172 (89,2%) 0,026 0,498
Sim 07 (2,7%) 03 (1,6%) Enterocolite Necrozante
Não
257 ( 97,3%) 190 (98,4%) 0,62 0,326
Sim 188 (71,2%) 105 (54,4%) Uso de Antibiótico
Não
76 ( 28,8%) 88 (45,6%) 11,51 0,001
Até 3
176 (93,6%)
104 (99,1%)
Quantidade esquemas antibióticos
Óbitos causados por IH
Total de óbitos
> 3
Sim
Não
12 (6,4%)
8 (3,0%)
16 (6,1%)
24 (9,1%)
01 (0,9%)
0 (0,0%)
15 (7,8%)
15 (7,8%)
4,68
6,20
0,023
0,012
- Houve redução da freqüência de diagnóstico de IH, de IHOM e de IHOH no
período pós-intervenção e, consequentemente, diminuição do percentual de RN
que fizeram uso de antibioticoterapia. Não foi observada, entretanto, a redução
clxxiii
da freqüência de diagnóstico de Sepse Provada, de ICS e de ICS relacionada a
cateter (Tabela 5).
- Em relação aos exames coletados para diagnosticar a sepse neonatal, foi
observada a diminuição do percentual de pacientes submetidos às coletas de
cultura de sangue, de líqüor e de aspirados de traquéia no período pós-
intervenção.
- Houve diminuição da quantidade de hemoculturas consideradas contaminadas
(Tabela 6). No período pré-intervenção, das 177 amostras de hemoculturas
coletadas, 23 (12,9%) apresentaram crescimento bacteriano. No período pós-
intervenção, das 108 amostras de hemoculturas coletadas, 19 (17,6%)
apresentaram crescimento bacteriano (χ
2
:0,171; p=0,744).
Tabela 6 – Comparação da freqüência de exames coletados e de recém-
nascidos com colonização por bactérias multiresistentes:
Variável Período pré-intervenção
N (%)
Período pós-intervenção
N (%)
X
2
p valo
r
Sim 177 ( 67,0%) 108 ( 55,9%) Hemocultura
Não
87 ( 33,0%) 85 ( 44,1%) 5,83 0,010
Sim 16 ( 6,1%) 04 ( 2,1%) Hemocultura contaminada
Não
248 ( 93,9%) 189 ( 97,9%) 4,23 0,030
Sim 81 ( 30,7%) 44 ( 22,8%) Líquor
Não
183 ( 69,3%) 149 ( 77,2%) 3,48 0,039
Sim 27 ( 10,2%) 12 ( 6,2%) Urina
Não
237 ( 89,8%) 181 ( 93,8%) 2,29 0,088
Sim 29 ( 11,0%) 03 ( 1,6%) Aspirado traqueal
Não
235 ( 89,0%) 190 ( 98,4%) 15,22 0,000
Sim 18 ( 6,8%) 11 (5,7%) Ponta de cateter
Não
246 ( 93,2%) 182 ( 94,3%) 0,23 0,389
Sim 04 ( 1,5%) 02 ( 1,0%) MRSA
Não
260 ( 98,5%) 191 ( 99,0%) 0,19 0,498
Sim 40 ( 15,1%) 02 ( 1,0%) ESBL
Não 224 ( 84,9%) 191 ( 99,0%) 26,61 0,000
clxxiv
N: quantidade; MRSA: Staphilococcus Aureus Meticilino Resistente; ESBL:
bactérias produtoras de beta lactamase de espectro estendido
- A colonização autóctone por germes ESBL foi significativamente menor no
período pós-intervenção (Tabela 6).
- Foi constatado maior consumo de álcool glicerinado, de substâncias
antisépticas e de leite humano no período pós-intervenção.
- Importante ressaltar que não houve óbitos causados por IH no período pós-
intervenção, enquanto que no período pré-intervenção, oito óbitos foram
considerados causados por IH (Tabela 5).
- Neste estudo foram utilizados apenas os recursos materiais já disponíveis na
unidade neonatal, não gerando, portanto, aumento nos gastos hospitalares.
clxxv
DISCUSSÃO:
Vários fatores podem influenciar a ocorrência de IH em uma UTIN, entretanto, a
ocorrência de qualquer infecção não pode e não deve ser considerada como um
fato normal e esperado, mas sim como um fato que não só pode como deve ser
prevenido, controlado e evitado (Horbar e Carpenter 2004). Neste trabalho
observamos que no período pós-intervenção não houve óbitos causados por IH.
Como não houve diferença entre as características clínicas e os tempos de uso
de procedimentos invasivos, as diferenças encontradas nas freqüências de IH
podem ser correlacionadas às mudanças implantadas nas condutas clínicas e
nos parâmetros utilizados para o diagnóstico da sepse.
A maior freqüência de uso de ventilação mecânica no período pré-intervenção
pode ter sido relacionada à maior gravidade dos RN estudados, propiciando a
suposição de influenciar a incidência de IH. Como, nos dois períodos, os
parâmetros diretamente relacionados à gravidade dos RN e que poderiam
interferir na incidência de IH - o valor do SNAPPE-II e o tempo de ventilação
mecânica - não foram diferentes, a maior freqüência de uso de ventilação
mecânica não pode ser relacionada à gravidade dos RN e, portanto, não deve
ter influenciado as taxas de IH.
A maior freqüência de uso de PICC no período pós-intervenção, conforme
implementado como PBP neste trabalho, pode ratificar os dados encontrados na
literatura relativos as vantagens do uso correto do PICC, principalmente em
relação à redução da quantidade de punções venosas e à preservação da
integridade da barreira cutânea, que podem reduzir a incidência de IH (Edwards,
2002).
clxxvi
A redução da quantidade de diagnósticos de IH, principalmente a IHOM, pode
ser atribuída ao maior rigor determinado na confirmação deste diagnóstico, que
só ocorreu 48h após os resultados da hemocultura, das dosagens da Proteína C-
reativa e da evolução clínica do RN. Provavelmente, no período pré-intervenção,
deve ter havido diagnósticos que não teriam sido confirmados se submetidos à
metodologia estabelecida nesta implantação. Pessoa-Silva et al (2004) citam que
em algumas UTIN, foi encontrada a taxa de 28% de IHOM, idêntica à verificada
no período pós-intervenção nesta intervençao.
Enquanto a queda das taxas de IHOM pode ser explicada, principalmente, pela
utilização de uma definição rígida para a confirmação do seu diagnóstico, a
queda nas taxas de IHOH pode ser explicada pela eficácia da intervenção
adotada em seus diversos aspectos, inclusive pela acurácia no diagnóstico de
IH.
A redução do diagnóstico de IH acarretou redução de 71% para 54% na
quantidade de RN que utilizaram antibióticos, de 6% para 1% na quantidade de
RN que utilizaram mais de 3 esquemas antibióticos e de 10 para 7 dias no tempo
médio de uso de antibióticos. Os benefícios decorrentes e mais importantes
foram: a redução da incidência de infecções por microrganismos
multiresistentes, a redução da necessidade de punções vasculares para a
administração de tais medicamentos e a redução significativa dos custos
envolvidos.
A redução da quantidade de diagnósticos de IH e a racionalização da coleta dos
materiais para cultura conseqüente do uso correto do guide line proposto
acarretaram a diminuição da quantidade de amostras coletadas para cultura de
clxxvii
sangue (de 67% para 56%), de líquor (de 31% para 23%) e de aspirados de
traquéia (11% para 2%) entre os dois períodos estudados.
A redução de 6% para 2% da quantidade de hemoculturas consideradas
contaminadas pode ser explicada pelo uso correto da técnica de coleta deste
exame. A tendência à maior positividade das hemoculturas coletadas no período
pós-intervenção reflete, possivelmente, a coleta mais criteriosa deste exame.
Embora esperada, não ocorreu, entre os dois períodos estudados, a redução nos
percentuais de diagnósticos de sepse provada, de ICS e de ICS relacionada a
cateter. Vários autores (Larson,1988 e 2000; Pittet et al, 2000 e 2001; Pessoa-
Silva et al, 2007) relacionam a diminuição de incidência dessas afecções, entre
outros fatores, à melhoria nos procedimentos de higienização de mãos e de
manipulação de cateteres, à diminuição da quebra de barreiras, em especial a
barreira da pele, e a uma nutrição eficiente, sendo estes os principais focos de
atuação da intervenção implantada. Apesar da confirmação de que a UTIN
estudada utilizou maior quantidade de álcool glicerinado, de substâncias
antisépticas, de PICC e de leite humano, não foi possível, entretanto, quantificar
a influência de cada uma das práticas citadas nos resultados encontrados.
Houve redução de 15% para 1% no índice de colonização autóctone por ESBL.
Além da melhoria na higienização das mãos, pode, também, ter contribuído para
este resultado a redução do diagnóstico de IH e, consequentemente, a redução
do uso de antibióticos. Este fato é confirmado com os dados encontrados na
literatura que consideram o uso indiscriminado de antibióticos como o fator mais
importante para o surgimento de tais germes (Baquero, 1996). Importante
ressaltar que esta redução acarretou, ainda, a diminuição da necessidade da
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implantação das medidas especiais exigidas para evitar o surgimento de novos
casos de colonização por germes multiresistentes.
Como não houve diferença na taxa de mortalidade total e no índice SNAPPE-II
entre os períodos estudados, a ausência de óbitos causados por IH no período
pós-intervenção está relacionado, possivelmente, às PBP implantadas.
Poucos são os trabalhos que descrevem a incidência de óbitos causados por IH.
Podemos citar, por exemplo: Pessoa-Silva e colaboradores (2004), que relatam
taxa de 40% de óbitos relacionados à IH em uma população de 4.878 RN
estudados em UTIN brasileiras, Rogowski e colaboradores (2004) relataram que
26,6% dos pacientes internados que morreram apresentaram, em algum
momento durante a internação hospitalar, quadro de IH.
Importante ressaltar que interferir diretamente na maneira de cuidar do RN é um
ato que suscita muita polêmica, estimula muitos conflitos e, na mesma
proporção, gera intensa resistência em cada profissional e em toda a equipe que
trabalha com Saúde. Apesar de toda celeuma e de todos os obstáculos, vários
são os trabalhos que relacionam interferências na maneira de “cuidar” –
padronização de rotinas e condutas - com redução das taxas de morbidades e
mortalidade (Horbar et al, 2001; Horbar e Carpenter, 2004).
Durante a implantação das medidas estabelecidas para este estudo, muitas e as
mais diferentes dificuldades tiveram que ser enfrentadas para modificar antigos
paradigmas e para convencer cada profissional e cada equipe a experimentar
novas formas e enfoques do bem cuidar de um RN.
Os vários estímulos utilizados: palestras, reuniões, aulas, cartazes, circulares,
informativos, intimidação cega, o compartilhamento dos resultados obtidos e o
constante incentivo à melhoria das ações tomadas foram essenciais para motivar
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todos os envolvidos e, conseqüentemente, para a obtenção dos resultados
esperados.
A qualidade dos resultados obtidos serviu como o grande estímulo para a
manutenção das mudanças implantadas e, portanto, para que todos os
envolvidos passassem a utilizar técnicas mais eficazes para o bem cuidar do RN.
Os resultados apresentados ressaltam a necessidade da manutenção de ações
de educação continuada objetivando a melhoria dos padrões verificados no
período pré-intervenção, a qualidade de atendimento prestado a RN e a redução
nos custos envolvidos.
Aceitar a IH como uma conseqüência inerente ao cuidado de RN prematuros é
injustificável. Trabalhar para diminuir as taxas de IH e, consequentemente, os
gastos hospitalares, é função primordial dos gestores de Saúde e deveria,
também, ser imprescindível nos programas de Saúde governamentais.
clxxx
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