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Universidade de São Paulo
Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
Arquitetura industrializada: a evolução de um sonho à modularidade.
Wilhelm Rosa
São Paulo
2006
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Universidade de São Paulo
Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
Departamento de Pós-Graduação
Arquitetura industrializada: a evolução de um sonho à modularidade.
Wilhelm Rosa
Dissertação apresentada à
Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da
Universidade de São Paulo
para obtenção do grau de mestre.
Área Design e Arquitetura
Orientador
Prof. Dr. Alessandro Ventura
São Paulo
Novembro 2006
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AGRADECIMENTOS
Quero agradecer:
ao Prof.Dr. Alessandro Ventura , meu orientador e, de longa data, par-
ceiro de atuação em design, na prancheta (termo antigo) e nas institu-
ições ans, pela conança, críticas e sugestões ao meu trabalho,
aos meus lhos, Fernanda e Lucas, que sabem das minhas saudades,
e
à Betty pelo estímulo e ajudas inestimáveis.
RESUMO
Este trabalho é um estudo para conhecimento de como evoluiu a aplica-
ção e utilização, na arquitetura e na construção civil, das tecnologias de
produção a partir da Revolução Industrial. Especialmente entender por quê
, até hoje, as pesquisas, propostas e realizações de arquitetura industria-
lizada são modelos que permanecem isoladas e marginais ao processo de
industrialização.Apresenta breves históricos das tecnologias de produção e
das propostas e realizações de arquitetura industrializada, o suciente para
se ter uma visão geral e poder entender os conceitos e denições sobre
assuntos que fazem parte do universo de referencia da industrialização da
construção.Termina com um assunto ainda novo em arquitetura, a Modu-
laridade, mas sem indicar caminhos para a sua aplicação .
ABSTRACT
This dissertation studies knowledge about production technologies, and
how this knowledge evolves into application and utilization in architecture
and civil construction, in the historical period after the Industrial Revolu-
tion. We try to understand why, to this day, research, proposals and real-
izations in industrialized architecture are models that stay apart from the
industrial process. We follow short reports about production technologies
and about the proposals, experiences and construction in industrialized
architecture, in order to understand the concepts and denitions in indus-
trialized construction.The last chapter shows a new issue in architecture,
Modularity.
SUMÁRIO
1 – CONSIDERAÇÕES GERAIS
1.1. Introdução
1.2. Justicativa do tema
2 – MOTIVOS PARA INDUSTRIALIZAR A CONSTRUÇÃO CIVIL
2.1. A importância do setor da construção civil no Brasil.
2.2. O sonho dos arquitetos em industrializar a construção.
3 – EVOLUÇÃO DAS TECNOLOGIAS E PROCESSOS DE
PRODUÇÃO INDUSTRIAL.
Introdução
Evolução
Divisão do Trabalho
Produção em Série
Novos Avanços na Produção em Série
Segunda Revolução Industrial
4 – EVOLUÇÃO DAS PROPOSTAS DE INDUSTRIALIZAÇÃO
DA CONSTRUÇÃO CIVIL
5 – CONCEITOS BÁSICOS
5.1. Indústria da Construção
5.2. Industrialização da Construção
5.3. Coordenação Modular
Introdução
Origens
A Coordenação Modular
5.4. Modularidade
Introdução
O caso brasileiro
A Modularidade
Objetivos da Modularidade
Denição
Atributos dos Módulos
Característica dos Módulos
6 – CONCLUSÕES
7 – BIBLIOGRAFIA BÁSICA
8 – BIBLIOGRAFIA COMPLEMENTAR
6
11
21
31
43
87
89
90
PG.
9 - “SITES” CONSULTADOS
82
1. CONSIDERAÇÕES GERAIS
6
CONSIDERAÇÕES GERAIS
1
1.1. Introdução
A pesquisa é estudo das tecnologias da industrialização em geral e da
industrialização da construção e não pretende esgotar esse assunto tão
vasto, cheio de viés, interpretações, soluções diferentes em cada país
com aproveitamento dos seus recursos naturais ou não.
A primeira, marco na história da humanidade, nos interessa conhecer ape-
nas os principais fatos geradores de mudanças signicativas nas técnicas
e nas tecnologias da produção e como estes caminharam até chegar ao
nosso tempo, o da globalização.
A Segunda, industrialização da construção, nos interessa por parecer ser
a conseqüência natural que se aplique os avançados conhecimentos que
o ser humano tem desenvolvido para construir o seu universo físico e, em
particular, a Modularidade aplicada à construção.
A Modularidade é um assunto recentemente sistematizado e teorizado,
novo tanto na indústria como na arquitetura. Para conhecê-lo melhor e
podermos introduzi-lo no universo da construção, foi preciso compreender
um pouco da evolução das tecnologias da produção ao longo da história e
isto foi feito em dois capítulos:
um sobre a evolução das tecnologias e processos da produção industrial,
outro sobre a evolução das propostas de industrialização da construção.
A industrialização da construção é um tema muito publicado, muito estu-
dado e debatido entre arquitetos e engenheiros, gerando diferentes in-
terpretações e denições sobre fatos e dados de uma mesma realidade.
Para que isso não ocorresse na dissertação, os assuntos mais impor-
tantes e que poderiam ser confundidos, pela proximidade das palavras,
foram denidos no capítulo Conceitos Básicos:
• Indústria da construção e industrialização da construção.
• Coordenação Modular e Modularidade.
7
Para situar e justicar a importância do tema para a realidade brasileira
algumas informações e estatísticas são apresentadas em outro capítulo:
Motivos para industrializar a construção.
Nas conclusões é a tentativa de alinhavar todos estes assuntos e, com
uma visão crítica, vericar se há alguma perspectiva de atuação, en-
quanto arquiteto, no sentido de melhorar a qualidade do produto nal e as
condições em que a construção é produzida no Brasil.
Ao ingressar no curso de Pós-Graduação, a industrialização da con-
strução já tinha sido escolhido como tema e para vir a ser o objeto da
minha dissertação, pois seria a maneira de sistematizar e aprofundar
minha prática prossional desde os tempos de estágio em empresas de
pré-moldados, passando por projetos de edifícios com uso de pré-molda-
dos, cheando departamento de design em empresa de eletrodoméstico
e, atualmente, fabricando móveis sob medida.
O tema, além de estar alinhavado pelo o que costurou quase todos os
meus trabalhos, sempre foi de grande interesse dos engenheiros e ar-
quitetos desde meados do séc. XIX, tomando como referência o “Palácio
de Cristal”, projeto de Joseph Baxton, em 1850, para a exposição indus-
trial internacional em Londres. Desde então, industrializar a construção se
tornou um sonho a ser realizado por aqueles prossionais que tentaram
e insistiram em apresentar ao mundo industrial, propostas, modelos e
protótipos construídos. As experiências são tantas que, ainda hoje, este
assunto é intensamente debatido, publicado e pesquisado com as mais
diferentes abordagens .
O tema como título da dissertação de mestrado faltava-lhe ainda um sub-
título que desse a especicidade necessária para garantir a objetividade
da pesquisa. Calcado na minha principal atividade e experiência, projetar
edifícios industriais com o uso de pré-fabricados, e projetar bens de con-
Considerações gerais
8
1.2. Justificativa do tema
sumo industrializados, o primeiro subtítulo proposto tinha como objetivo
apresentar um projeto de um sistema de elementos modulados e industri-
alizados.
Ainda assim, seria necessário denir um uso para este sistema. Rapida-
mente foi escolhido uma Unidade Básica de Saúde. Denido o tema e os
limites do trabalho a pesquisa deveria se desenvolver na coleta de dados
para formar o programa e os parâmetros de projeto, com justicativas e
soluções.
No entanto, na apresentação dos trabalhos programados para o Exame
de Qualicação, a banca examinadora sugeriu reorientar a estrutura
dos capítulos da proposta inicial, no sentido de aprofundar o capítulo da
Produção Modular, um tema pouco estudado e pesquisado entre
arquitetos.
O novo título passou a ser então: “Industrialização da Construção – a
produção modular”.
O novo título sugerido deslocou a pesquisa para atividades não comuns
na minha experiência prossional, qual seja a de pesquisador teórico
sobre assunto de minha área de atuação. Isto se apresentou como um
desao estimulador, enriquecedor e viria de encontro ao que, inicialmente,
pretendia: sistematizar e racionalizar a experiência de projeto nas áreas
de edifícios e objetos com características de produção industrial.
A partir deste título a primeira tarefa foi reformular a bibliograa básica e
iniciar a leitura dos livros que foram denidos como prioritários. A dinâmica
de aprofundar o conhecimento da modularidade sem estudar suas origens
na história da industrialização geral, correria o risco de car com um con-
hecimento apenas operacional e, conseqüentemente, sem domínio das
razões, dos fatos e da losoa que embasa essa tecnologia. Esta preocu-
pação encontrou eco em O´Grady (Peter O´Grady, The Age of Modularity,
cap. 3 – The journey to Modularity ) onde um rápido histórico, com infor-
mações precisas e objetivas, relata a evolução das tecnologias industriais
até a Modularidade.
9
Considerações gerais
A importância desse capítulo evidenciou a necessidade de se conhecer,
também, a história da industrialização da construção para que se com-
preendesse como e quanto esta foi inuenciada pela evolução da indús-
tria e como a Modularidade tem sido exercida na construção civil.
No entanto, a pouca bibliograa disponível e poucas experiências no
mundo e quase nula no Brasil dicultou o aprofundamento do tema Modu-
laridade na arquitetura, o que levou a redirecionar novamente o foco de
interesse de pesquisa.
Durante as leituras foi-se constatando que a mudança do título de “In-
dustrialização da Construção” para “Arquitetura Industrializada” seria um
nome mais pertinente às matérias que estavam sendo estudadas e para
onde os interesses mais se voltaram , ou seja: a evolução dos conceitos
que os arquitetos se basearam para propor uma arquitetura no contexto
de uma economia com produção industrial e qual o repertório de formas e
soluções que puderam realizar.
Hoje os arquitetos estão diante de um novo desao da produção material:
se apropriarem arrojadamente da Modularidade, como zeram os arquite-
tos do passado com a Produção Seriada.
Considerações gerais
10
2. MOTIVOS PARA INDUSTRIALIZAR
A CONSTRUÇÃO CIVIL
11
2.1. A importância do setor da construção civil no Brasil
No Brasil, quando o assunto é o desenvolvimento ou as ações de governo
para o desenvolvimento, a construção civil é considerada como um dos
setores de maior importância, tanto na absorção de mão de obra quanto
na medição do crescimento econômico, tal o signicado e dimensão de
seus números no cálculo do PIB.
No entanto, pela importância dos bens que produz e pelo número de pes-
soas que envolve, o setor da Construção é ineciente no processo con-
strutivo pois interesses econômicos em vigor e a falta de políticas públicas
não promovem o aprimoramento tecnológico necessário para melhorar a
qualidade nal dos produtos, das condições gerais de trabalho, do nível
cultural da mão de obra e, por nal, para diminuir o décit habitacional
nas áreas urbanas brasileiras.
Seguindo o mesmo procedimento usado por Alessandro Ventura na tese
de doutoramento na FAUUSP(Ventura, 2000), e fazendo comparações
com os dados extraídos do IBGE – 2004, podemos concluir que:
Quadro I – Cadastro Central de Empresas – 2004
12
MOTIVOS PARA INDUSTRIALIZAR
A CONSTRUÇÃO CIVIL
2
Unidade da Federação
e
Seção da Classificação de Atividades
Número
de
Unidades locais
Pessoal ocupado
TOTAL
BRASIL
5.765.927
37.577.722
Agricultura pecuária, silvicultura e exploração florestal
47.661
467.105
Indústrias extrativas
17.421
149.055
Indústrias de transformação
536.661
6.931.693
Produção e distribuição de eletricidade, s e água
7.497
232.851
Construção
132.695
1.321.910
Comércio, reparação de veículos automotores, objetos pessoais e
domésticos
2.775.574
8.786.162
Alojamento e alimentação
369.039
1.421.299
Transporte, armazenagem e comunicações
237.584
1.916.367
Intermediação financeira, seguros, previdência complementar e
serviços relacionados
101.556
708.135
Atividades imobiliárias, aluguéis e serviços prestados às empresas
784.911
4.379.981
Educação
102.593
1.296.882
Saúde e serviços sociais
131.624
1.343.653
Outros serviços coletivos, sociais e pessoais
499.420
1.648.293
Organismos internacionais e outras instituições extracambiais
85
743
Seção de Classicação de Atividades
128.092 1.346.865
O setor da Construção, junto com o sub-setor de Produtos Alimentícios,
ainda é o que mais absorve mão de obra. No entanto, a eciência da Con-
strução é superada por todos os sub-setores da Indústria de Transforma-
ção e, se comparada com o sub-setor de Alimentos, por exemplo, a Con-
strução, embora com o mesmo número de pessoas, tem uma receita
bruta 1,5 vezes menor, conforme mostra o quadro II a seguir:
2. Na estrutura produtiva do país encontramos o setor da Indústria da
Transformação e o Setor da Construção ocupando, aproximadamente, o
mesmo número de pessoas por unidade empresarial. Todavia, a eciên-
cia do primeiro se revela, tendo uma receita bruta 13 vezes maior que
o segundo e pagando melhor seu pessoal, o que indica ineciência do
segundo setor.
3. Se comparamos o setor da Construção com outro sub-setor da Indús-
tria da Transformação, o Automotivo, por exemplo, pois nesta dissertação
muitas referências serão feitas a ele, encontramos os seguintes dados:
Motivos para industrializar a construção civil
PRODUTOS ALIMENTÍCIOS
n˚ empresas
pessoal
receita bruta
(R$ 1000)
CONSTRUÇÃO
128.092
79.425
1.390.115
252.223.587
1.346.865
100.098.340
3,1
3,1
ocupado
salário
(salário mínimo)
médio
Quadro II – Cadastro Central de Empresas – 2004
IND. TRANSFORMAÇÃO
n˚ empresas
pessoal
receita bruta
(R$ 1000)
salário
(salário mínimo)
CONSTRUÇÃO
128.092
6.330
20
:
1
4
:
1
1
:
1,3
364.735
134.717.670
1.346.865
100.098.340
7,9
3,1
ocupado
médio
Quadro III – Cadastro Central de Empresas – 2004
13
Pelos dados do quadro acima, podemos concluir que o setor da Con-
strução emprega menos pessoas por unidade de empresa, remunera
menos seus empregados e tem receita menor que o sub-setor Automo-
tivo.
Observamos, no quadro geral da economia, que a construção desem-
penha o papel de absorver a mão de obra disponível, mesmo que a remu-
nere com baixos salários. Segundo alguns economistas, o setor forma o
“exército de reserva para a indústria” ou um papel de introdutor de mão de
obra não qualicada na economia urbana. Cumpre, portanto, a função de
dar emprego e, ao mesmo tempo, desempregar com muita facilidade.
4. Se o Setor da Construção for convocado, através de políticas adequa-
das, para diminuir o décit habitacional do país, podemos concluir que ele
terá que sofrer profundas transformações em sua estrutura e tecnologias
para atender à demanda.
Mas, se essa é a realidade dos números na econômica e da construção
civil no Brasil, a história da arquitetura e da engenharia tem, com certeza,
apresentado modelos e estudos na tentativa de encontrar soluções que
venham a colaborar com o progresso e o desenvolvimento deste impor-
tante setor da economia.
Aos olhos dos governantes, esses modelos e propostas não passam de
diletantismo de prossionais sonhadores e, deste modo, estas experiên-
cias nunca são aproveitadas para a elaboração de políticas de fomento
14
AUTOMOTIVO
n˚ empresas
pessoal
receita bruta
(R$ 1000)
salário
(salário mínimo)
CONSTRUÇÃO
128.092
6.330
20
:
1
4
:
1
1
:
1,3
364.735
134.717.670
1.346.865
100.098.340
7,9
3,1
ocupado
médio
Quadro IV – Cadastro Central de Empresas – 2004
Motivos para industrializar a construção civil
às tecnologias da construção civil. Os tímidos progressos tecnológicos,
conseguidos pelo setor, surgiram organicamente das condições objeti-
vas da economia e das iniciativas de alguns empresários que, com visão
mais ampla e arrojada, realizaram experiências e investiram em modelos
de industrialização. Normalmente, os empresários da construção civil se
limitam a reivindicar verbas do governo para empreendimentos que lhes
garantam ganhos de capital. Não investem em tecnologia da construção a
não ser quando as adquire já totalmente desenvolvida em outros países,
como é o caso da Construtora Walter Torre Jr. ( utilização do “TILT-UP”,
sistema americano de painéis moldados em canteiro e trazido para o
Brasil em 1995 sob licença de patente), a Incorporadora Birmann ( “joint
venture” com a Empresa Turner Construction Company ) e a Método
Engenharia ( parcerias com a canadense Bétons Préfabriques du LAC e
com a amaericana Ralph Martins Construction Company para construção
do sistema STAMP) (CAMPO,Sueli.Construção civil atrai investimentos
externo. O Estado de São Paulo, 5 ago 96.pB1). Nas décadas de 70 e 80,
muitos outros sistemas construtivos, usando os mais diferentes materiais,
foram adotados por construtoras ou mesmos pelos próprios fabricantes.
Por volta de 1980, uma grande exposição foi montado em Narandiba , Ba-
hia, para estimular a utilização de sistemas mais racionais nas construção
de habitações. As empresas participantes foram:
1. Construtora Alfredo Mathias S.A.
2. Indústrias Aliberti S.A.
3. Bel Recanto S.A. Construções
4. Empresa Brasileira de Construções Belcon
5. Broto S.A. Indústria e Comércio
6. Capremold S.A. Construções e Comércio
7. Casa e Jardim Artes Grácas S.A.
8. Cinasa Construções Industrializadas Nacional S.A.
9. Comcel Construções Modulares S.A.
15
Motivos para industrializar a construção civil
10. Concretex Indústria de Pré-moldados Ltda.
11. Construvend Const. E Comércio Ltda.
12. Cottage Empreendimentos Ltda.
13. Gell System Brasileira Indústria, Comércio e Construções Ltda.
14. Gradelar Indústria e Comércio Ltda.
15. Hanser House Madeiras Moduladas S.A.
16. Ibelajes Concreto Protendido S.A.
17. IHL Internacional House Limited Ind./Com.
18. Koruna Residencial – Comercial e Construtora Ltda.
19. Love House Ind. De Construção Civil Ltda.
20. Método Engenharia Ltda.
21. Modular Engenharia de Habitação Ltda.
22. Munte Construções Industrializadas Ltda.
23. Novo Angulo Comércio e Construção Ltda.
24. Construtora Oxford Ltda.
25. Precise do Brasil Painéis e Formas Ltda.
26. Prensil S.A. Produtos de alta Resistência
27. Cia Pumex de Concreto Celular
28. Reago Indústria e Comércio S.A.
29. Renoma Engenharia e Construção
30. Rodrigues Lima Construtora Ltda.
31. SCAC Sociedade de Concreto Armado Centrifugado do Brasil S.A.
32. Sistema Sobraf de Pré-Moldados Pesados
33. Servlease S.A. Construções Modulares
34. Sudeste S.A. Indústria e Comércio
35. Tecnocasa Comércio e Indústria S.A.
36. Terranova Indústria Ltda.
A maioria dessas empresas continua no mercado, fornecendo seus produ-
tos para as construções convencionais. Disputam o mercado livremente
e sem nenhum programa governamental que os apóie à inovação tec-
16
Motivos para industrializar a construção civil
nológica ou estimule o mercado ao uso de sistemas mais racionalizados.
Hoje, após o Plano Real, a competitividade e a produtividade passaram a
ser pauta também das empresas de Construção Civil.
A presença de investimentos estrangeiros no Brasil, inuenciaram posi-
tivamente a evolução da Construção Civil. Construtoras que utilizam
“Know-how” de países desenvolvidos. Hoje elas são referências na utiliza-
ção racional dos insumos e recursos durante as fases de projeto e da
construção, aplicando técnicas da indústria como o planejamento do
canteiro, a rigor na programação e execução de etapas, mecanização de
algumas tarefas (como por exemplo: “lastro zero”), uso de materiais com
precisão de medidas e investimento em gestão do canteiro e da mão de
obra.
Nota-se uma grande preocupação em se conseguir baixar o custo nal do
edifício para atingir margens de lucro razoáveis e padrões de qualidades
compatíveis com o mercado internacional.
Desde que as técnicas de fabricação foram capazes de reproduzir peças
das edicações, muitas experiências foram realizadas, das quais, muitas
foram bem sucedidas. O processo de industrialização das edicações
passou por várias fases até o nal do séc XX. Durante este período sur-
giram várias questões, algumas respondidas e outras debatidas pelos
interessados no assunto:
- A industrialização da construção limita a criação, deixando todos os
edifícios homogêneos, uniformes e monótonos?
- Qual a estética possível da arquitetura industrializada?
- É possível industrializar a construção de qualquer edifício?
- Qual o grau de industrialização que é possível se alcançar, sem prejudi-
car a qualidade arquitetônica?
17
2.2. O sonho dos arquitetos em industrializar a construção civil.
Motivos para industrializar a construção civil
- Quem serão os agentes que poderão investir num setor que exige tão
elevados recursos nanceiros?
- Qual o volume de recursos nanceiros necessário para industrializar a
construção de alguns setores?
Algumas destas questões foram respondidas, no início do séc. XX através
de experiências e propostas feitas por arquitetos.
Sobre essas questões Gropius, em “Bauhaus: nova arquitetura” (1929),
diz: “Assim como hoje em dia 90% da população não pensa mais em
encomendar sapatos sob medida, limitando-se a usar produtos em série
como conseqüência de métodos aperfeiçoados de fabricação, no futuro o
indivíduo poderá encomendar no depósito a sua moradia mais adequada.
A técnica moderna talvez esteja à altura desta tarefa, mas não a organiza-
ção econômica do ramo das construções que ainda depende inteiramente
de métodos de trabalho manual e não reserva um papel menos restrito
à máquina. O remodelamento radical da organização da construção no
sentido industrial é, por isso, uma condição imperativa para uma solução
moderna deste importante problema. É preciso abordá-lo por três lados
ao mesmo tempo, isto é, sob o ângulo econômico organizacional, técnico
e formal; os três setores dependem diretamente um do outro. Soluções
satisfatórias só poderão advir de procedimentos simultâneos nos três
domínios, pois, dado o grande número de emaranhadas questões, não é
possível conceder supremacia a um só setor, mas sim, ao trabalho con-
junto de numerosos prossionais.”
Este depoimento mostra claramente a visão abrangente que Gropius tinha
sobre a questão especíca da industrialização de habitações, revelando
o quanto esta tarefa exige esforços de prossionais de várias áreas e de
toda a sociedade. E continua, dizendo:
“O barateamento da produção de habitações é de importância decisiva
para a economia nacional. As tentativas de reduzir os custos da
construção de tipo manual, por meio de métodos mais rígidos de orga-
nização do trabalho, até agora não trouxeram senão progressos muito
18
Motivos para industrializar a construção civil
ligeiros. O problema não foi atacado pela raiz. A nova meta seria a
produção industrial de casas de moradia em larga escala, que seriam
fabricadas, não mais no canteiro de obra, mas dentro de fábricas
especiais, em partes isoladas passíveis de montagem. As vantagens
desse tipo de produção cresceriam à medida que se aumentasse as pos-
sibilidades de montagem das partes pré-fabricadas no próprio canteiro
de obra, por meio de processos de construção a seco, como se fossem
peças de uma máquina. Esta montagem de produção a seco, que adiante
explicarei melhor, removeria os transtornos advindos da umidade e perda
de tempo que o velho processo aquoso de construção com argamassa e
reboco acarreta.
Alcançaríamos assim, de um só golpe, completa independência às varia-
ções do tempo e das estações do ano.
Semelhante processo de construção industrial só é cogitável com amplo
apoio nanceiro. O pequeno empreiteiro ou arquiteto nunca estará em
condições, individualmente, de colocá-lo em prática. Uma iniciativa con-
junta, para tal m, de todos os ramos compreendidos, já deu bons resulta-
dos econômicos também em outros campos”. ( Gropius,W.,1972).( o grifo
é de W. Gropius )
A presença de governos para introduzir políticas que garantissem grandes
investimentos públicos e privados, era cogitada desde o início do séc. XX.
Desde aquela época Gropius falava com grande certeza, das vantagens
de se industrializar:
“As vantagens econômicas desta forma de construir seriam então
enormes, sem dúvida. Prossionais experientes estimam que se possa
esperar uma redução de 50% ou mais nos custos. Isto signicaria nada
menos que todo o trabalhador teria a oportunidade de conseguir para a
sua família, uma casa saudável e boa, assim como hoje, graças ao pro-
cesso industrial no mundo, lhe é dado adquirir artigos de primeira neces-
sidade a um preço bem menor do que as gerações anteriores obtinham”.
19
Motivos para industrializar a construção civil
O arquiteto John Bradie em 1904, após construir em Liverpool, a primeira
obra com grandes painéis de concreto, armou: “Com este programa y el
método de construcción rápido de mi invención, puedo eliminar grandes
décits de alojamientos que han suigido” ( Ordoñez,1974 )
Esse sonho, emprestado da indústria de bens de consumo e de bens de
capital, passou a ser, entre engenheiros e arquitetos, uma busca inces-
sante tal era sua importância e necessidade.
Muitos arquitetos propuseram inovadoras soluções quanto à lógica de
montagem das peças que compõem o edifício. Vários estudos e propos-
tas foram feitas ao longo do século XX, utilizando diferentes materiais com
linguagem moderna ou cópia de clássicos, para pequena ou grande es-
cala mas, em geral, com caráter experimental. Algumas propostas progre-
diram em seus países de origens ou até em outros, mas poucos são os
sistemas industrializados que atravessaram o tempo, desde as propostas
da Bauhaus até hoje.
Motivos para industrializar a construção civil
20
3. EVOLUÇÃO DAS TECNOLOGIAS E PROCESSOS DA
PRODUÇÃO INDUSTRIAL
21
EVOLUÇÃO DAS TECNOLOGIAS E
PROCESSOS DA PRODUÇÃO INDUSTRIAL
3
Introdução
Vamos examinar como chegamos até a produção modular (modularity),
nos valendo de fatores e variáveis já conhecidas e que nos ajudarão a
entender e compreender a evolução das técnicas de produção industrial.
O estudo das origens da indústria e das suas tecnologias tem disponível
um repertório vastíssimo de livros e abordagens, ricos em exemplos, ima-
gens e dados estatísticos.
No entanto, a bibliograa especíca encontrada sobre modularidade tem
uma preocupação em destacar os problemas produtivos e poucos tratam
da teoria, do signicado do termo e de sua origem. Por este motivo todo
o estudo da modularidade se baseou em Peter O´Grady que tratou do as-
sunto de uma forma didática, facilitando o conhecimento e o entendimento
desse assunto, ainda com poucas referências em arquitetura.
Neste capítulo não serão abordados os aspectos do processo de indus-
trialização relativos às mudanças sociais e culturais que transformaram
os hábitos e as perspectivas de vida da população e dos trabalhadores,
em particular, pois, para este estudo de entendimento da evolução das
tecnologias de produção, vamos observar apenas as interações entre os
fatores objetivos de mercado consumidor, facilidade de transporte, desen-
volvimento tecnológico, baixo custo de produção, produtividade, divisão
de trabalho e suas conseqüências físicas. Vamos tratar das tecnologias
de produção que mais caracterizaram a Revolução Industrial, mesmo
sabendo que outros fatores contribuíram objetivamente para o surgimento
da indústria e, consequentemente, para todas as transformações sociais,
políticas e culturais que ocorreram naquela época.
22
A industrialização não tem um início, um marco no tempo, assim como
não tem fato especíco que lhe deu origem. Surgiu historicamente, da
interação de diferentes variáveis que já foram bastante estudadas e pes-
quisadas por teóricos do assunto.
Para Peter O´Grady (2002), a industrialização começou a crescer rapida-
mente, principalmente na Inglaterra, por volta de 1800, mas as premis-
sas para o seu surgimento foram os marcantes fatos criados a partir de
1688, quando James II se tornou rei da Inglaterra. Ele deu um grande
apoio à marinha mercante, proporcionando grande expansão da mercan-
tilização. O crescimento das exportações através da marinha permitiu que
a Inglaterra tivesse acesso às matérias primas das colônias por custos
muito baixos. O conseqüente enriquecimento do setor comercial e, ao
mesmo tempo, a construção de boas estradas, canais e rios navegáveis
pelo interior da Inglaterra, facilitaram ainda mais a penetração do comér-
cio e vendas de diversas mercadorias. Desta forma, matérias primas
(como carvão), bem como produtos manufaturados (principalmente teci-
dos), rapidamente baixaram de preço nas áreas urbanas e puderam ser
transportados a baixo custo para o interior. Esse intenso comércio e a fa-
cilidade de transporte levaram a população do campo a se deslocar para
centros produtores, predominantemente de tecidos. Esses centros eram
próximos a rios, o que facilitava que utilizassem a água como força motriz
e como via de transporte a baixo custo. Num texto de Adam Smith de
1776, Peter O’Grady nos revela a situação da Inglaterra naquela época:
“Good roads, canals and navigable rivers, by diminishing the expense of
carriage, put the remote parts of the country more nearly upon a level with
those neighborhoods of the town. They are upon that account the greatest
off all improvements”. (Smith, A., 1776, The Wealth of Nations).
Evolução das tecnologias e dos processos da produção industrial
23
Evolução
A partir do séc. XVIII, o capital começa a entrar no processo produtivo:
“No capitalismo, até então predominantemente mercantilista, era possível
adquirir peças e objetos feitos nas ocinas dos artesãos para vendê-los
cobrando um sobre-preço: levá-los para outras cidades, vendê-los nas
grandes feiras, dentro ou fora dos países. Mas o capital não podia entrar
diretamente no processo produtivo.... É no séc. XVIII que o capital entra
no processo econômico, provocando reviravolta no sistema”. (Gama,Ruy,
1994).
Ainda segundo Peter O´Grady, é nesta época que surgem as fábricas, ou
seja, o local onde se concentravam a população que, vindas do campo,
iam trabalhar na produção de tecidos, operando máquinas movidas a roda
d’água, máquinas estas que, rapidamente evoluíram para serem movidas
a vapor. O uso de máquinas a vapor aumentou enormemente a produ-
tividade, acarretando uma grande diminuição no preço dos produtos e a
conseqüente expansão da demanda. Esse incremento de produtividade
pode ser medido pelo texto de Henderson W. O. (1969):
“Em 1840 uma indústria de linha, empregando 750 trabalhadores e
usando uma máquina a vapor de 100cv, poderia ar 50.000 fusos e essa
produção equivalia à de 200.000 trabalhadores usando a roca manual de
madeira”.
As novas conquistas mecânicas na produção são conseqüências de uma
nova visão da técnica, que passou a ter a aplicação de teorias, métodos
e processos vindos do conhecimento cientíco muito em voga em toda a
Europa. Essa nova visão da técnica foi sendo construída a partir do séc.
XVII, junto com o desenvolvimento do capitalismo, da substituição do
modo de produção feudal/corporativo pelo empregado assalariado e, prin-
cipalmente, pelo desenvolvimento do sistema de transmissão do conheci-
mento, apoiado na aprendizagem pelo sistema escolar. ( Gama,R.,1986).
24
Evolução das tecnologias e dos processos da produção industrial
25
Esse processo de industrialização se expandiu para alguns países da Eu-
ropa e para os EUA, atingindo a estabilidade nos ns do século XIX. Cada
país se industrializou em momento diferente, porém, todos tiveram como
fatos determinantes os mesmos que ocorreram na Inglaterra: avanço tec-
nológico e mercado em expansão.
As transformações ocorridas na produção e comercialização de bens
materiais foram tão rápidas e profundas que transformaram, também pro-
funda e rapidamente, as relações sociais e de poder, com conseqüências
tão sérias e importantes do ponto de vista histórico e sociológico que este
período é chamado de Revolução Industrial. Ordóñez ( Ordóñez, 1976 )
se refere a esse período citando S. Giedion em “Espaço, Tempo e Arquite-
tura“:
“La revolución industrial, el brusco aumento de la producción llevado a
cabo durante el siglo XVIII por la introducción del trabajo organizado y
mecánico, cambió completamente el aspecto del mundo, mucho más que
la revolución social en Francia. Sus efectos sobre el pensar y el sentir
fueron tan profundos, que aún hoy día no podemos valorar a cuál produn-
didad de la íntima naturaleza del hombre llegó a penetrar, y cuáles graves
cambios en ella le reportaron. Pero es indudable que nadie escapó
a su inuencia, porque la revolución industrial no fue una conmoción
política necesariamente limitada a sus consecuencias. En realidad se
apoderó del hombre y del mundo, de una manera total. Y aún las revolu-
ciones políticas tienen su n después de cierto tiempo, y se estabilizan en
un nuevo equilibrio social, pero el equilibrio desaparecido por la revolución
industrial no se há restablecido todavía. La destrucción de la paz interior y
la seguridad, en el hombre, continúa siendo la consecuencia más visible
de la revolución industrial. El individuo quedó inmerso en la marcha de la
producción, fue por ella”.
Evolução das tecnologias e dos processos da produção industrial
Para Peter O’Grady a divisão de tarefas entre trabalhadores está vi-
talmente associada à industrialização e ao aumento de produtividade,
mesmo que os aperfeiçoamentos dos antigos equipamentos e novas
máquinas não tivessem acontecido. Ele faz referência à importância que
teve a divisão do trabalho, citando um famoso exemplo de Adam Smith
que, segundo este, antes da industrialização, um trabalhador tinha que
executar 18 tarefas para produzir 1 alnete. Com a divisão do trabalho,
esse mesmo trabalhador pode produzir 4.800 alnetes. E resume ar-
mando que este espantoso aumento de produtividade foi determinado
por:
1. Baixo grau de conhecimento exigido de cada trabalhador para o
desempenho de uma tarefa.
2.Curto tempo de aprendizagem de uma tarefa.
aprendizagem
intervalo de tempo
curva para um trabalhador executar várias
tarefas
curvas para um trabalhador executar uma
tarefa
Divisão de trabalho
Evolução das tecnologias e dos processos da produção industrial
26
3. Máquinas especializadas para cada tarefa, desenvolvidas por
várias pessoas de todos os níveis da produção: trabalhadores, che-
fes e empresários.
Esses avanços que ocorreram em todo século XIX, culminaram no m
deste mesmo século, com uma grande invenção de Henry Ford para a
produção de automóveis: a linha de montagem.
Inicialmente, a montagem de automóveis era feita com os trabalhadores
levando as peças e ferramentas até o veículo que estava sendo montado
e lá, ele desempenhava a tarefa. Ford aperfeiçoou esse processo e em
1912 conseguiu instalar completamente a primeira linha de montagem.
Nesta linha, o trabalhador tinha uma ou mais tarefas especícas e, para
executá-las, o veículo chegava até ele, quando, então, com ferramentas
próprias, instalava as peças. Desta maneira, ele conseguiu que grande
quantidade de automóveis fossem construídos com muito baixo custo e
com relativa baixa qualidade da mão de obra. Para atingir a esses resul-
tados, Henry Ford teve que repensar o design do automóvel e a denição
de todas as tarefas no percurso de montagem, tendo em vista:
1. Reduzir ao mínimo o número de peças a ser montado;
2. Padronizar os elementos de conexão para garantir a intercambiabili-
dade das peças;
3. Reduzir ao mínimo o número de tarefas para cada trabalhador.
Somente em 1914, esse sistema foi completamente instalado.
27
Produção em série (mass production)
Evolução das tecnologias e dos processos da produção industrial
O quadro a seguir mostra dois momentos da evolução desse sistema:
Com este processo, o preço do automóvel Ford baixou 2/3 do seu preço
entre 1908 e 1924. A linha de montagem fordista passou a ser o para-
digma de produção durante todo séc. XX. Todos os produtos industriais,
como automóveis, sapatos, eletrodomésticos, roupas, etc. com mais ou
menos tecnologia, foram produzidos com o sistema fordista: produção em
série na linha de montagem.
Segundo alguns autores, o período que vai até 1950 é chamado de 1a
Revolução Industrial. É o período em que a divisão do trabalho opera má-
quinas que “reproduzem de certa maneira as mesmas ações artesanais
anteriormente executadas, diferindo destas pelo fato de serem movidas
por uma energia diversa da muscular “ ( Bruna, P.,1976 ).
Durante esse período muitos aperfeiçoamentos foram introduzidos com o
objetivo de melhorar a produtividade e a eciência da produção em série
criada por Ford, como por exemplo: “Just in Time”, Gestão de um Momen-
to, Qualidade Total, Análise de Valores e Re-engenharia.
Todos esses programas de aperfeiçoamentos tiveram relativa eciência,
de acordo com a dimensão de cada indústria e do mercado em cada
localidade. São programas para problemas localizados e, por esse motivo,
hoje, somente o “Just in time” faz parte da agenda das empresas.
No caso da Re-engenharia, embora existam relatos de sucesso com
sua implantação, alguns falam em 70 a 85% de fracasso. Muitas são as
28
Novos avanços na produção em série
Tempo de Montagem (min)
1913 1914 % redução
Motor 594 226 62
Sistema elétrico 20 5 75
Eixos 150 26.5 83
Carro quase completo 750 93 88
Evolução das tecnologias e dos processos da produção industrial
razões desta técnica ter falhado, mas a princitpal é que ela exige que as
empresas tenham esse projeto como o principal. E a inércia e a resistên-
cia às mudanças em geral, impedem que a empresa pare e se dedique a
assumir novos desaos.
A Segunda Revolução Industrial inicia-se por volta de 1950 e tem como
característica “a substituição das atividades que o homem exercia sobre
as máquinas, por mecanismos: a diligência, a avaliação, a memória, o
raciocínio, a concepção, a vontade, etc, estão sendo substituídos por apa-
relhos mecânicos ou eletrônicos ou, genericamente, por automatismos”.
( Bruna,P.,1976 ).
Neste período a relação homem - máquina é parametrizada por um
sistema de informações e “uma ordem superior seria a constituída pelas
máquinas que lêem programas operativos, isto é, executam programas
prexados através de tas magnéticas ou perfuradas. Um exemplo deste
tipo de mecanismo, de grande interesse para a construção civil, são as
centrais automáticas de concreto que produzem sempre e essencialmente
concreto, mas com diversas combinações de agregados água, aditivos,
etc, obtendo-se diferentes dosagens e resistências”. (Bruna,P., 1976 ).
A mesma visão sobre as características da industrialização neste período
após 1950 é relatada por Alessandro Ventura (Ventura, 2002) quando cita
Castells:
“A era da informação, que teve seu início nos anos 50 e se instalou de-
nitivamente nas duas últimas décadas do séc. XX, gerou um novo para-
digma tecnológico. Este paradigma tecnológico se organiza em torno da
tecnologia da informação que, segundo Castells, é a convergência das
tecnologias da micro eletrônica, da computação, da telecomunicação, da
29
Segunda Revolução Industrial
Evolução das tecnologias e dos processos da produção industrial
opto eletrônica e da engenharia genética e seus desdobramentos”.
(Castells, M.).
Para outros estudiosos, no entanto, este período não é de revolução mas
sim, de transformação. De transformação natural e orgânica que ocorre
na história quando as relações humanas, econômicas e as novas peque-
nas descobertas tecnológicas vão se amalgamando, formando novas
realidades. E é com esta visão de processo histórico que vem ocorrendo
mudanças e fazendo surgir uma nova maneira de produção industrial,
não mais como no séc. XIX quando os procedimentos se concentravam
em centros de produção (fábrica), mas ao contrário, descentralizados em
vários locais.
Segundo Kranzberg, citado por Ventura (2002), a fábrica de Henry Ford
em “River Rouge era um fato admirável que atraía gente de todo o mundo
para visitá-la, mas não se fez mais fábricas como ela pois se descobriu
que era mais eciente e econômico dispersar unidades produtivas”. A
evolução das técnicas de informação, a partir da micro-eletrônica, vem en-
fatizar essa constatação e “indicar a separação dos princípios da primeira
fase industrial em que um único produtor comandava o processo integral-
mente... Surge deste modo, uma nova forma de organização do trabalho
conhecida como manufatura modular, que é o processo de montagem de
produtos nais a partir de um número predeterminado e intercambiável de
módulos”. (Ventura, 2002).
O conceito de Produção Modular surgiu em outras áreas do conhecimento
muito antes da noção de tecnologia de produção. O fato da Matemática
(Modularidade) e da construção civil (Coordenação Modular) tratarem
destes assuntos, além do uso destes termos na Música e na Acústica, tem
induzido a um entendimento enganoso do que entendemos por Produção
Modular e, por esse motivo, trataremos explicitamente destes conceitos
em outro capítulo.
Evolução das tecnologias e dos processos da produção industrial
30
4. EVOLUÇÃO DAS PROPOSTAS DE INDUSTRIALIZAÇÃO
DA CONSTRUÇÃO CIVIL
31
EVOLUÇÃO DAS PROPOSTAS DE INDUSTRIALIZAÇÃO
DA CONSTRUÇÃO CIVIL
A produção de um elemento pela repetição da forma para ser usado
na construção, teve início na Mesopotâmia quando assírios e caldeus
criaram, entre outros utensílios, muito antes de 3000 A.C (pelos regis-
tros arqueológicos), um elemento feito manualmente num lugar e depois
levado para outro lugar onde se construiria, através de empilhamento (ou
no mesmo de sua produção) um espaço para uso cotidiano ou para uso
monumental: o tijolo.
Nos dizeres de Gordon Childe, o tijolo “é apenas um pouco de barro
misturado com palha, modelado com uma fôrma de madeira e secado ao
sol. Mas a sua invenção tornou possível a construção livre e a arquite-
tura monumental. Como a cerâmica, o tijolo deu ao homem um meio de
expressão livre, que não sofria grandes limitações de forma ou tamanho
devido ao material. Podemos escolher livremente como colocaremos nos-
sos tijolos, tal como podemos escolher a forma do pote. Mas o produto
pode, agora, ter escala monumental. E, como tal, deixa de ser criação in-
dividual, para constituir-se, essencialmente, em produto coletivo de muitas
mãos.
Como no caso da cerâmica, as primeiras construções de tijolos seguiram
de perto a forma das estruturas do material antigo. Mesmo assim, ao
copiar no tijolo o teto semelhante ao túnel da cabana de juncos, o homem
descobre, na Suméria ou Assíria, o princípio do arco verdadeiro, e aplica
complicadas leis de tensões e resistências muitos milênios antes de
serem elas formuladas.
Incidentalmente, a arquitetura de tijolo trouxe, logo depois, uma contri-
buição à Matemática aplicada. A pilha de tijolos ilustra, admiravelmente,
a fórmula para o volume de um paralelepípedo. Embora os tijolos antigos
não fossem jamais cubos, é fácil ver que o número deles, numa pilha,
podia ser obtido contando-se os números de três lados adjacentes e multi-
32
4
Evolução das propostas de industrialização da construção civil
33
plicando-se essas quantidades entre si”. ( Childe,1966 )
Embora esses tijolos (ou adobe) fossem fabricados “in loco”, não aparece-
ram problemas com dimensões padrões, com transporte ou com adapta-
ção aos locais da construção.
Não podemos dizer que ao inventarem o tijolo, estavam imbuídos de um
pensamento industrial, mas certamente, o de criar, através dos recursos
naturais disponíveis, novos elementos que lhes permitissem construir
seus espaços segundo seus desígnios, suas atividades cooperativas e
seus mitos.
A utilização das técnicas industriais como um objetivo explícito de aplicá-
las a construção civil tem suas primeiras manifestações nas construções
do “Balloon Frame” em Chicago, nas primeiras décadas do séc. XIX,
quando George Washington Snow, empresário da madeira, desenvolve
uma estrutura ( g 1e2 ). Trata-se de uma solução construtiva onde não
há a tradicional hierarquia de elementos principais e secundários. Todas
as edicações eram feitas com peças longas de madeira, todas perfeita-
mente iguais, colocadas em distancias moduladas e xos com pregos
comuns. Os vãos eram fechados com portas, janelas e tábuas de madei-
ra. Madeiras essas que eram cortadas por máquinas em uma fábrica e
vendidas para toda a cidade de Chicago. Segundo Benevolo, nas primei-
ras décadas de 1800 a maior parte da cidade era construída com esse
sistema.
gura 1
gura 2
Este fato é típico do que já vinha ocorrendo na Europa: a mecanização,
a criação de novas ferramentas e máquinas, fez surgir novas maneiras
de se aproveitar elementos da natureza, como os troncos de árvores que
antes eram utilizados por inteiro. (g. 3)
Evolução das propostas de industrialização da construção civil
34
35
gura 3
Evolução das propostas de industrialização da construção civil
Através destes desenhos ca evidente a origem do material, a portabili-
dade (ainda sob tração animal), a facilidade de montagem, a leveza das
peças e a qualidade do produto nal, formando um abrigo com conforto
interno e proteção externa, qualidades necessárias para a função de um
hospital de campanha.
Nota-se aqui, a construção de painéis “modulados” leves e vigas que, as-
sociados através de encaixes precisos, rapidamente formam um edifício,
um abrigo.
Estes são exemplos que, além de utilizar princípios industriais, revelam o
nascimento do que viria a ser chamado de sistemas de peças intercam-
biáveis.
gura 4
36
Evolução das propostas de industrialização da construção civil
Exemplo signicativo de como o pensamento industrial ocupava as mais
diferentes instancias da construção é o que Ducker´s Portable Banak and
Field Hospital (g 4, 5 e 6) apresenta em um anúncio em Nova York, em
1886.
37
gura 6
gura 5
Evolução das propostas de industrialização da construção civil
38
A história da arquitetura e da engenharia é rica em monumentos que
retratam a efervescência tecnológica desse período. É no contexto da
industrialização que surgem as propostas entendidas como uma organiza-
ção baseada na repetição ou interação de atividades sem, no entanto,
alcançar o pensamento dos que se dedicavam à construção civil (arquite-
tos e engenheiros).
Segundo Fernandes – Ordóñez, “é curioso observar como a idéia de
industrializar a construção nasce com a revolução industrial para logo não
saber incorporar-se a ela e perder assim, a grande oportunidade que se
tentava reivindicar.” (Ordóñez. 1972).
A indústria, embora tenha surgido como um fato irreversível nos ns do
séc. XVIII e início do séc. XIX, somente no m do séc. XIX é que veio
ocupar o pensamento e as propostas dos arquitetos. Le Corbusier fez
referências, falando de “Casas em Série” num dos capítulos do livro
editado em 1923, “Vers une arquitecture”. Nele, esboçou algumas idéias
estimulando a produção de casas, ao mesmo tempo em que fazia críticas
ao modo desorganizado com que eram feitas as construções, como vimos
anteriormente.
W. Gropius foi quem tratou do assunto de uma maneira mais profunda e
lançou as bases e os conceitos do que seria realizado em industrialização
da construção até os ns do séc. XX. Em 1924 em uma de suas palestras
ao falar sobre indústria de casas pré-fabricadas, faz referência a indus-
Evolução das propostas de industrialização da construção civil
Ao longo do séc. XIX, no auge da revolução industrial, as profundas trans-
formações tecnológicas econômicas e sociais marcaram sua importante
presença na arquitetura, reproduzindo formas clássicas e substituindo an-
tigos materiais pelos novos, pois viabilizavam arrojos tecnológicos nunca
antes alcançados.” ( Bruna, 1976).
trialização da construção defendendo-a daqueles que supunham que ela
geraria monotonia e uniformidade na paisagem, tal como eram os conjun-
tos habitacionais populares na Inglaterra durante a revolução industrial:
“É totalmente errada a armativa de que a industrialização habitacional re-
dundará em degenerescência das formas artísticas. Pelo contrário, a uni-
formização dos elementos construtivos terá como conseqüência saudável,
o caráter harmonioso das novas habitações e bairros. Não se deve recear
a monotonia existente nas casas suburbanas inglesas desde que seja
cumprida uma exigência básica: só as partes da construção serão tipi-
cadas, os corpos erigidos por meio delas hão de variar e a beleza será
garantida por materiais bem trabalhados nesta grande caixa de monta-
gem, um espaço bem plasmado na obra arquitetônica dependerá então
do talento criador do arquiteto construtor”.( Gropius, 1972 ).
Com estes conceitos, “uma pré-fabricação parcial foi realizada em 1926
no conjunto Tórten em Dessau, e uma outra tentativa foi realizada no
Weissenhof de Stuttgart em 1927, onde duas habitações foram construí-
das com estrutura metálica e painéis divisórios compostos por um miolo
de cortiça e revestimentos de brocimento. Em 1931, Gropius desenvolve
para Hirsch Kupfer und Messingwerke A. G. uma habitação mínima que
podia crescer pela adição de novos componentes, constituídos basica-
mente por painéis de madeira autoportante, revestidos internamente com
placas de brocimento e externamente com chapas corrugadas de cobre.
Mas no mesmo ano, todo o trabalho de desenvolvimento foi interrompido
pela crise econômica e pouco depois, com a ascensão dos nazistas ao
poder, a pesquisa foi denitivamente abandonada. As experiências de
Gropius prosseguiram nos EUA onde elaborou, associado a K. Waschs-
mann, um sistema de construções que cou conhecido como “General
Panel System”.
39
Evolução das propostas de industrialização da construção civil
40
Walter Gropius em visita a uma
obra com uso do sistema de
painéis.
Casas geminadas construida com painéis do
sistema de Gropius.
Planta da fabrica “GENERAL PANEL SYSTEM” .
“Em 1947, foi montada uma fábrica em Los Angeles que passou a pro-
duzir componentes para habitações, totalmente industrializados; não se
tratava de construir um certo tipo de casa, mas simplesmente desenvolver
o elemento pré-fabricado mais completo, que pudesse ser usado para
qualquer tipo de construção, em um ou dois pisos, mediante uma mon-
tagem simples no canteiro, com mão-de-obra sem experiência”. (Bruna,
1976 ).
Evolução das propostas de industrialização da construção civil
Nestes modelos, Gropius pretendia não apenas apresentar mais uma
casa mas mostrar que, através de vários elementos articulados entre
si, era possível se conseguir diferentes congurações e tipologias ar-
quitetônicas. Esses elementos tão claramente propostos por Gropius,
necessitam ter medidas compatíveis para que se conectem de forma
precisa. Os problemas, a partir daí, passam a ser o de organizar as as-
sociações entre elementos e de como relacionar todas as variáveis de
materiais, conexões, etc. A solução foi criar uma lógica com critérios de
associação que se chamou Coordenação Modular e que passou a ser a
condição essencial para se industrializar a construção.
A Coordenação Modular adquiriu tal importância para a industrialização da
construção que vários estudiosos se dedicaram a desenvolver este tema.
Após a segunda guerra, a necessidade de reconstrução da Europa levou,
em vários países, à criação de entidades, governamentais ou não, que
tinham o objetivo de tirar o melhor partido possível, no plano econômico,
da tipicação modular, utilizando elementos normalizados e padronizados
para serem usados no maior número possível de edifícios.
Assim surge o “modulor”, uma série de dimensões normalizadas criadas
por Le Corbusier e publicada em 1948.
Foi também, após a segunda guerra mundial, que os governos europeus
aplicaram em larga escala, as experiências e os estudos que haviam sido
elaborados em décadas anteriores.
Os grandes planos de governo voltados para a industrialização da con-
strução motivaram e arregimentaram vários arquitetos, engenheiros e
técnicos para trabalhar nos laboratórios de ensaios e pesquisas recém-
criados, dando apoio aos empreendimentos, notadamente na construção
habitacional e escolar.
Exemplo marcante deste tipo de programa na Inglaterra, o CLASP (Con-
sortium of Local Authority Special Program), é um sistema misto, com uso
Evolução das propostas de industrialização da construção civil
41
de pilares de ferro e grande número de materiais, que contribuiu para o
sucesso e eciência das construções. No entanto o sistema não evolui e
não teve continuidade.
Desta época até hoje, muitas experiências vem sendo realizadas com
sucesso, e são extensivamente publicadas.
Evolução das propostas de industrialização da construção civil
42
5. CONCEITOS BÁSICOS
43
CONCEITOS BÁSICOS
5
Introdução
5.1. A indústria da construção no Brasil
Esse capítulo se faz necessário pois há uma considerável preocupação e
um notável número de pesquisas e proposições no sentido de encontrar
soluções para a industrialização da construção.
Industrialização está diretamente associada aos conceitos de organização
e produção em série, no entanto, há uma grande confusão entre os ter-
mos empregados, gerando uma interpretação errônea de várias propostas
que tratam de questões técnicas de usos de materiais, de estabeleci-
mento de tolerâncias, de sistemas abertos ou fechados, etc.. Nos dizeres
de P.Bruna (1976 ) “No Brasil, onde a literatura técnica sobre o assunto é
menor, não tendo sido ainda possível sistematizá-lo de forma satisfatória,
o interesse despertado pela industrialização da construção tem levado
arquitetos, construtores, industriais e entidades públicas a equívocos con-
ceituais de graves conseqüências. A própria validade da industrialização
da construção tem sido questionada a partir de resultados e análises de
processos restritos ou de insucessos parciais técnicos e econômicos, sem
que tenha sido devidamente esclarecido a escala e os objetivos dessas
experiências”
Para que o objetivo deste estudo que claro, precisamos entender
melhor o que chamamos hoje de Indústria da Construção. Este termo,
usado em todas as estatísticas sobre mão de obra ativa ou desemprega-
da, faz parte de todas as medições de crescimento da economia e é o
centro das ações políticas dos que visam reduzir os impostos para incenti-
var o crescimento econômico do país.
A Indústria da Construção é um setor da economia constituído por uma
44
dualidade que bem revela as contradições do capitalismo. De um lado,
um conjunto de empresas produz materiais, peças, acessórios, compo-
nentes (acabados ou não) que são comercializados isoladamente e se
destinam, por outro lado, a serem usados em um canteiro de obra onde
acontecem as montagens artesanalmente, isto é, a construção do edifício
(casa, apartamentos, escritório, escola, etc.). Este canteiro recebe das
indústrias todos os materiais, peças, componentes, etc e executa, com
sua própria mão de obra, a montagem dos mesmos, segundo um projeto
previamente selecionado, formando o edifício ou o produto nal.
O grau de tecnologia contido nestas indústrias, quer sejam extrativas (de
cimento e cal), de transformação (ferro) ou de beneciamento, varia muito
de acordo com o tipo de relação que possui com seu cliente.
São consideradas indústrias, independentemente do grau de aprimora-
mento das tecnologias, organização e condição de suas plantas.
No canteiro há uma excessiva divisão de tarefas que, contrariamente à
lógica industrial, não contribui para o bom resultado do produto nal. Os
fabricantes de materiais de construção e de componentes, os fornece-
dores de equipamentos e os empreiteiros tendem a aceitar as condições
como pré-existentes desde o início de suas atividades e investem a maior
parte de seus interesses em maximizar seus lucros dentro desta situação.
Assim são as indústrias de extração e transformação de cimento, cal,
areia, pedra, ferro, alumínio, madeira, etc e as de beneciamento como as
de vidro, azulejos, tintas, materiais hidráulicos e elétricos, louças, etc. que
apenas obedecem alguns padrões de qualidade e normas técnicas.
É no canteiro da obra que este produtos da Indústria da Construção vão
se encontrar num processo de associação por somatória, através de
técnicas artesanais e com mão de obra mal preparada (o chamado “exér-
cito de reserva de mão de obra das economias urbanas”).
Esta realidade é tão antiga que em 1923 Le Corbusier em “Por uma ar-
quitetura”. Já fazia referencia à ela:
Conceitos Básicos
45
“Cimento e cal, ferros, perlados, cerâmica, materiais isolantes, canos,
utensílios metálicos, produtos impermeáveis etc, etc. Tudo isso, por en-
quanto, chega desordenadamente nos edifícios em construção, se ajusta
neles de improviso, custa uma mão de obra enorme e fornece soluções
bastardas. É que os diversos objetos da construção não foram seriados.
É que não existindo o estado de espírito, ninguém se entregou ao estudo
racional dos objetos e menos ainda ao estudo racional da própria
construção”.( Le Corbusier,1977 )
A cadeia produtiva de um edifício (casa, apartamento, escritório, etc) na
construção convencional termina no canteiro de obra onde a lógica de
produção industrial perde sua razão, tal o desperdício de materiais, de
mão de obra e de tempo.
Embora um edifício convencional seja o resultado da somatória de um
conjunto de componentes fabricados por indústrias, não podemos consi-
derá-lo um produto industrial. Durante a sua construção, não há utilização
dos conhecimentos que caracterizam a produção industrial, ou seja, lógica
na montagem, coordenação de medidas, otimização de tarefas, utilização
precisa de materiais, boas condições de trabalho, etc.
Para entendermos melhor essas armações, tomemos como referência
a construção de um foguete espacial. Veremos que ele é o resultado de
montagem artesanal de componentes com alta precisão dimensional,
fabricados por indústrias que utilizam tecnologias avançadíssimas. O
foguete não é, apesar da alta tecnologia envolvida, um produto industrial.
O mesmo enfoque pode ser adotado ao olharmos para a construção de
um edifício de habitação ou de escritório. Evidentemente, sem compara-
rmos os níveis tecnológicos envolvidos, ambos, foguete espacial e edifí-
cios, são produtos únicos de um processo de montagem artesanal e não
são produtos industrializados ou em série. Essa denição ca evidenciada
pela classicação que o IBGE faz da construção nas pesquisas a respeito
da Estrutura Produtiva Empresarial Brasileira, onde a Construção não
46
Conceitos Básicos
Pessoal
Empresas % Ocupado %
Agricultura, Pecuária, Silvicultura e Exploração Florestal
2
0,10
38,440
0.20
Indústrias Extrativas
6
0,30
123,152
0.80
Indústria de Transformação
240
14,50
5.698.155
35.00
Construção
40
2,40
977.134
6.00
Produção e Distribuição de Eletricidade, Gás e Água
710
0,04
325.421
2.00
Comércio, Reparação de Veículos Automotores,
Objetos Pessoais e Domésticos
919
55,60
4.198.978
25.80
Alojamento e Alimentação
195
11,80
758.993
4.70
Transporte, Armazenagem e Comunicações
50
3,00
1.366.064
8.40
Intermediação Financeira
10
0,60
156.955
1.00
Atividades Imobiliárias, Alugueis e Serviços às Empresas
112
6,80
1.503.631
9.20
Educação
23
1,40
390.995
2.40
Saúde e Serviços Sociais
28
1,70
459.228
2.80
Outros Serviços Coletivos, Sociais e Pessoais
26
1,60
269.619
1.70
Total Brasil 1.651.423 16.266.765
Fonte IBGE – Cadastro Central de Empresas – 2004
Resumindo, o que existe nas sociedades capitalistas é uma indústria
de materiais e componentes para a construção de um modo geral. A
produção dessa indústria obedece, ou não, as normas e padrões dimen-
sionais e de qualidade, de acordo com os interesses do mercado. Elas
obedecem à dinâmica da economia de mercado e lançam seus produtos
de acordo com as estratégias de “marketing” para explorar as aspirações,
imaginários, desejos de ascensão social, etc. dos consumidores de produ-
tos para a construção.
aparece como indústria e sim como um setor com características próprias,
conforme tabela a seguir.
Conceitos Básicos
47
48
Imitação para atender o gosto do
mercado, sob medida
5.2. Industrializar a construção
Industrializar a construção é aplicar nela, os mesmos métodos, critérios
e lógica que são usados nas montagens dos produtos das indústrias de
bens de capital ou de bens de consumo, tal como a história os consagrou:
a produção em série.
Para que a construção se industrialize é necessário que exista demanda
para o edifício (produto nal da construção), demanda suciente para
justicar os investimentos em planejamento, em programação, em equi-
pamentos, ferramentas e componentes produzidos e dimensionados para
que a montagem seja feita com rapidez e precisão, por uma mão de obra
treinada e especializada. O principal atributo da produção industrial é sua
capacidade de gerar grandes quantidades de produto, com baixo custo e
alta qualidade.
Sobre a produção em série na construção vários autores têm se mani-
festado:
Conceitos Básicos
Imitação para atender o gosto do
mercado
49
“A industrialização está essencialmente associada aos conceitos de orga-
nização e de produção em série, os quais deverão ser entendidos ana-
lisando-se de forma mais ampla as relações de produção envolvidas e a
mecanização dos meios de produção”. ( Bruna, 1976).
Bender, enfatiza que “el concepto produción em serie se utiliza para de-
scribir el método por el cual se fabricam grandes cantidades de um solo
artículo estandarizado. Produción em serie no es simplesmente produción
en cantidade... ni produción mecanica. La produción em serie es la apli-
cación de los princípios de potencia, precision, economia, método, con-
tinuidad y velocidad a um proceso de fabricación”. (Bender, 1976)
Na tentativa de encontrar um signicado aceito internacionalmente para o
conceito “industrializar a construção”, Ordóñez (Ordóñez,1976) compilou
as denições, que algumas, de maior importância para a dissertação, vão
a seguir:
Atelier d´Urbanisme et d´Architecture – Paris.
“La industrialización de la vivienda no es outra cosa que la mecanización
del proyecto de construcción en serie”.
G. Blachère. Director del C.S.T.B.
“Industrialización = Racionalización + Mecanización + Automatización”.
Fernando Cassinello. Arqto.
“Industrializar es poner al servicio de la producción todos los adelantos de
la técnica actual”.
Instituto Eduardo Torroja de la Construcción y del Cemento.
“Industrialización de la construcción es el empleo de forma racional y
mecanizada de materiales, medios de transporte y técnicas constructivas
para conseguir una mayor productividad”.
Conceitos Básicos
Tihamer Koncz. Dr. Ing.
“Industrializacción es una tarea muy amplia que signica que el producto
debe ser fabricado y almacenado ignorando por quién va a ser comprado
y dónde será utilizado”.
Philippe Madelain, Periodista.
“Industrializacción en cualquier sector es el paso de una forma de hacer
artesanal, com ayuda de numerosa mano de obra cualicada y de peque-
ña productividad, de un pequeño número de productos en una extensa
gama de modelos, a la fabricación, com ayuda de una mano de obra rela-
tivamente poco numerosa, poco cualicada y de alta productividad, de un
gran número de productos de una reducida gama de modelos”.
Ricardo Meregaglia, Arqto.
“La industrialización es un hecho organizativo, una mentalidad. Signica
transformar la empresa de construcción de mentalidad artesanal en una
verdadera industria”.
Joseph Movshin.
“La industrialización es un método productivo, establecido sobre procesos
mecanizados y/u organizados, de caráter repetitivo”.
Real Instituto de Arquitectos de Inglaterra.
“Industrialización consiste en un número de actividades coordinadas en
los campos: técnico, económico y comercial”.
“La industrialización de la construcción se dene como una organización
que aplica los mejores métodos y técnicas al proceso integral de la de-
manda y del diseño, de la fabricación y la construcción”.
Norman Wakeeld, Presidente de Rouse-Wates Inc. Columbia.
“La industrialización se dene como la integración total del diseño, mar-
50
Conceitos Básicos
51
keting y montaje en orden a hacer el mejor uso posible de los medios y
talentos disponibles”.
Algumas dessas denições são simplicações do conceito e outras refor-
çam o conceito que caracteriza a produção em série: organização, plane-
jamento, técnicas apropriadas, etc.
Se o conceito de “industrializar a construção” parece claro para diversas
entidades no mundo inteiro, responder a algumas questões trariam mais
clareza sobre o assunto:
- Qual a demanda que viabiliza a industrializar um edifício?
- Quais os produtos (edifícios) da construção civil que, pela demanda,
viabilizariam a sua industrialização?
- Quais segmentos de mercado aceitarão conviver com uma arquitetura
industrializada?
- Quem serão os agentes da industrialização da construção?
- Quais estratégias de marketing deverão ser adotadas para promover
e conseguir a aceitação destes produtos pelo mercado consumidor, uma
vez que o “gosto”, na aquisição de um bem de raiz (no caso, a habitação),
tem sido fator determinante para o sucesso de um empreendimento imo-
biliário?
- Quais as características que deveriam ter esses novos produtos (edifí-
cios) para tornar viável a sua industrialização?
Tentar responde-las pode vir a ser uma tese de doutoramento, mas, aqui,
podemos apresentar alguns projetos e algumas obras realizadas que indi-
cariam caminhos a serem seguidos.
As imagens a seguir são alguns exemplos do que o passado pensou para
o futuro do designer de habitação ou outros usos. Visam demonstrar qual
a tipologia da arquitetura e o que é possível com a produção em série e
materiais não convencionais. São projetos visionários naquela época e
que hoje já se conhece experiências comerciais, utilizando os “containers”
como elemento básico para se construir edifícios comerciais (ver www.
gbmodules.com).
Conceitos Básicos
1. Nakagin Capsule Building – Projeto Kirsho Kurokawa, 1972.
Neste projeto, realizado em 1972, além de propor uma habitação indus-
trializada, o arquiteto conta com os equipamentos urbanos para comple-
mentar as funções de viver numa cidade contemporânea. A habitação não
se propõe mínima mas, com sosticadas soluções de organização das
funções internas, ter o tamanho suciente para se viver em áreas densa-
mente urbanizadas.
Estes módulos ou habitações foram construídas por uma indústria de
“containers” e como tal podem ser transportadas para quaisquer lugares
via navios, caminhões ou avião.
O custo estimado dessa habitação não é maior que o custo de fabricação,
de um carro tipo Corola _ Toyota (Ross, M. Franklin, 1978).
Conceitos Básicos
52
2. LC-30x Leisure Capsule – Projeto Kirsho Kurokawa, 1972.
A cápsula LC-30x é uma evolução da primeira pois, partindo das funções
na habitação (sala, dormitório, cozinha e banheiro), ela é composta de
três módulos, independentes construtivamente mas que associadas po-
dem formar unidades com mais de um quarto e sala.
Conceitos Básicos
53
A estrutura da casa é representativa das propostas do arquiteto. Acoplado
a uma torre estrutural de concreto estão cápsulas em aço CORTEN que
poderiam ser construídas e série e com a mesma qualidade técnica e de
acabamento que são construídos os automóveis.
Essa proposta foge os padrões comerciais de casa de campo tanto pela
aparência externa quanto ao eventual contraste com a natureza.
É um produto que exigiria novas estratégias de marketing, para ser aceito
comercialmente.
É importante vericar que o acabamento interno pode ter as mesmas
características de uma casa convencional.
Externamente é “High-tech” e internamente aconchegante e com atmos-
fera doméstica como mercado aceita.
3. Casa Kawizawa - projeto de Rirsho Kwokawa, 1974.
Conceitos Básicos
54
Nestes três projetos de Kirsho Kwokawa é notório a idéia de uma mega
estrutura que a ela pode-se agregar diferentes módulos industrializados
por diferentes empresas e com diferentes designs, tal qual os automóveis.
Essa mega estrutura vertical é adequado as condições geo-populacional
do Japão mas, em outras circunstâncias, essa mega estrutura pode vir a
ser simplesmente a malha urbana com todos os serviços que ela dispõe
(água, luz, telefonia, esgoto, etc)
A proposta de uma estrutura monolítica vertical à qual agrega-se cápsulas
habitacionais, industrializadas faz parte de um pensamento de vários ar-
quitetos japoneses que zeram parte do Grupo Metabolistas, iniciado com
a proposta de Kenzo Tange para a cidade de Tókio em 1961.
Conceitos Básicos
55
4. Mega estrutura Urbana. Projeto Akira Shibuya, 1966.
As propostas urbanísticas dos arquitetos do Grupo Metabolista geraram
um conjunto de edifícios construídos no Japão que puderam experimentar
novas maneiras de utilizar e de produzir casas, espaços para morar.
Essa proposta de Akira, ainda que não tenha sido construída como as cá-
psulas de Kirsho Kurokawa, preve a produção industrializada de módulos
com funções internas e medidas externas diferentes uns dos outros, tal
que, associadas tanto horizontalmente quanto verticalmente, formem uma
ampla habitação de quatro quartos.
Para Akira, os módulos além de exercerem funções diferentes também
deveriam ser sucientemente leves para que pudessem ser transporta-
dos e montados nas megas-estruturas através de helicópteros. Propostas
nada visionária pois já no seu tempo e tecnologia de aviação viabilizava
transporte de casas inteiras.
Conceitos Básicos
56
Conceitos Básicos
57
5. Shinihon Steel Company,1973.
Conceitos Básicos
58
A linhagem e propostas de industrialização da construção são muito diver-
sas e, desde o começo do séc. XX, dois pensamentos já se anunciavam
com diferenças:
o de Frank Lloyd Wright e o da Bauhaus. O primeiro, nas propostas
para casas econômicas “usonianas” (1930) cujas plantas rigorosamente
moduladas e ancoradas em núcleos de alvenaria que suportam sistemas
exíveis de fechamento em painéis leves. O da Bauhaus, radicalmente
oposto, propunham as “células mínimas” estandartizadas passíveis de
multiplicação, como fez W. Gropius em sua fábrica nos EUA (Wisnik, Gui-
lherme, 2005).
O desenvolvimento tecnológico e cientíco do séc. XX aumentou as pos-
sibilidades de soluções construtivas e industrializadas tanto de habitações
como para outros usos como escolas, hospitais, escritórios, lazer, restau-
rantes, etc.
Quando Le Corbusier propôs a célula fabricada para Unidade de Habita-
ção em 1947, talvez não imaginasse que, em apenas vinte e seis anos
depois, a sua idéia seria uma realidade no outro lado do mundo, no
Japão, e realizada pela Shinihon Steel Company. Estas caixas de morar
são produzidas em uma indústria, com todas as condições de executar
com qualidade e precisão suciente para garantir que, no local da obra,
possa ser deslizado através de um trilho metálico.
Conceitos Básicos
59
6. Teisei Overseas System.
Sistema fechado de elementos pré-fabricado de concreto permite vários
arranjos dos blocos através de empilhamento ou acoplamento lateral.
A versatilidade do sistema se revela na possibilidade de transporte por
estradas, facilidade e estrutura para ser içado por guindastes de pequeno
porte.
Conceitos Básicos
60
61
7. Sekisui House – Projeto Katsuhiko Ohno, 1973.
As experiências de produção em série de habitações são antigas com
resultados positivos quanto a qualidade, baixo custo e exibilidade de mu-
danças de local, quando pressionado pelas transformações urbanas.
Esse projeto de Katsuhiko é de uma casa típica de três quartos que uti-
lizam sete módulos (containers) e podem ser montadas em três horas
após construída as fundações.
Conceitos Básicos
A palavra módulo e suas derivadas vêm sendo usadas para denominar
novas teorias sobre técnicas de fabricação de bens de consumo, sendo
que estudos têm sido publicados com o nome de Modularidade, Fabrica-
ção Modular e Produção Modular.
Essas denominações, dadas às novas técnicas e processos de fabrica-
ção, nos remetem a conhecimentos desenvolvidos no séc. passado para
auxiliar o projeto de edifícios a serem construídos com técnicas industriais
e para organizar dimensionalmente os componentes utilizados na con-
strução: a “Coordenação Modular”.
Para melhor compreender essas teorias, evitar confusões e falsas inter-
pretações, vamos explicar neste capítulo, as transformações sofridas
pela palavra “módulo” ao longo do tempo.
A palavra “módulo” surgiu nos tempos da antiga Grécia e, muito mais do
que medidas estéticas para se fazer arquitetura, modulação era a formu-
lação e a materialização de uma visão de mundo e de uma explicação do
universo.
O tecnicismo do qual aparentemente se reveste essa formulação, nos faz
deixar de lado todos os conceitos primitivos que, na visão dos gregos, o
ser humano tem da beleza. Esses conceitos primitivos, segundo Platão,
foram criados por números que formulam e equilibram o universo. O
número foi a primeira criação e nele se fundamentou todo o resto. A im-
5.3. Coordenação Modular
Introdução
Origens
62
Os módulos são construídos em uma fábrica e seguem a lógica da linha
de montagem, ainda fordista, e tem a capacidade de produzir um módulo
a cada cinco minutos.
Conceitos Básicos
portância dos números para a beleza era tal que a modulação nada mais
era do que uma forma de estabelecer relações com os números, fazendo
surgir, a partir delas, denições como razão, proporção, divina proporção,
proporção harmônica, simetria, harmonia, euritmia etc.
Todas essas denições eram expressões ou fórmulas matemáticas e
tinham, certamente naquele tempo, a mesma magia que tinham, para o
homem da caverna, os desenhos que faziam nas paredes representando
seus inimigos e os animais de suas caças.
Não nos deteremos a explicar todas essas fórmulas, mas uma delas se
refere ao assunto deste nosso trabalho e nos é signicativamente impor-
tante: a comensurabilidade. Para os gregos, a comensurabilidade é o
conhecimento que trata das relações dos elementos entre si e com o todo
através de um “protótipo” chamado módulo. Se um edifício tem um módu-
lo e este dene todas as medidas do edifício, então ele é comensurável.
Ou seja, ele tem nas suas dimensões aquilo que os gregos entendiam
como belo, ou seja, uma ordem interna com a mesma lógica do universo,
os números. Toda obra da cultura grega antiga tinha uma lei de formação
baseada nos números.
Os gregos também entendiam que nossa mente e nosso mundo psíquico
se orienta e age através de elementos e inter-relações, facilitando a leitura
de qualquer obra que tenha comensurabilidade. O módulo, portanto, não
é simplesmente uma unidade de medida, mas principalmente a busca do
belo como reexo da unidade existente no universo.
A intenção dos gregos ao modular suas obras era o de encontrar a pro-
porção em harmonia com os números e com o universo.
Ordoñez (1974), num extenso capítulo sobre modulação, apresenta as
diversas interpretações que as proporções das edicações tiveram em
vários períodos, indo da Grécia e Roma, passando pelo gótico, renas-
cimento e concluindo que após este último e até os ns do séc. XIX,
pouco ou nada se criou em relação ao termo. Neste período, a modula-
ção foi utilizada em desenhos arquitetônicos e na ordenação do espaço
63
Conceitos Básicos
arquitetônico, sempre pensando em resolver cada obra isoladamente.
Nunca foi utilizada com a intenção da repetição da mesma obra e menos
ainda, de sua produção industrial. A partir do séc. XIX, a Divisão Áurea to-
mou novo impulso, principalmente ao se relacionar com a série Fibonacci
e a Teoria dos Números.
Atualmente, a palavra “módulo” e suas derivadas têm sido usadas para
dar nome a produtos acabados compostos de partes iguais, sem nenhum
critério dimensional ou estético. A razão deste abusado emprego foi a
popularização que o termo recebeu. O homem da rua se familiarizou com
o vocábulo módulo e o utiliza, cada vez, com maior freqüência sem se dar
conta que este emprego pode ter um sentido equivocado. Fala-se de pro-
jeto modular para móveis (estantes moduladas, janelas moduladas), em
modulação para edifícios e até em calor modular. Não há nessas interpre-
tações nenhuma relação com as origens do termo e nem com a intenção
de estabelecer medidas, como fazem os japoneses ao dimensionar suas
casas em função do módulo – objeto tatami.
Segundo o Prof. Teodoro Rosso (1908), os gregos criaram o módulo
– forma, Le Corbusier criou o módulo – função, ou “modulor”; e os japone-
ses, o tatami que é um módulo – objeto.
Ao longo do tempo e da história, a palavra módulo teve várias interpre-
tações importantes para o pensamento da Arquitetura e para as teorias
estéticas. No entanto, para o nosso objetivo de entender a evolução da
industrialização, a que mais nos interessa é a “coordenação dimensional”
que foi criada com a intenção de se industrializar a construção. Os concei-
tos de módulo e modulação foram se adaptando às novas necessidades,
aos novos materiais, às novas tecnologias e às novas visões que o ser
humano tem do universo.
A “coordenação modular”, nos dizeres de T. Rosso, tem o objetivo explíci-
to e claro de estabelecer e ordenar as dimensões dos diferentes elemen-
tos (ou partes) necessários para a construção de um determinado tipo de
edifício, sem necessidade de retoques ou recortes no canteiro de obra.
64
Conceitos Básicos
Ordenar as dimensões entendendo que estes diferentes elementos es-
tarão se interligando solidamente até formar o edifício. Estaremos então,
ao tratar da ordenação modular, organizando também, os elementos de
ligação das partes.
Um conjunto de ações para ordenar a construção visa não só facilitar a
montagem destas peças no canteiro de obra, mas também, ou principal-
mente, diminuir os custos gerais de fabricação e transporte das mesmas e
da construção, como um todo.
A “coordenação modular”, num certo momento da história da arquitetura e
da construção, passou a ser a base universal para os projetos de edifícios
com sistema de construção industrializado.
A indústria trouxe uma nova interpretação para aquilo que os gregos
chamavam de “módulo” ou “modular”. Estes novos conceitos tiveram
início na “Weissenhof” de Stuttgart (1927) e na “casa ampliável” (1932),
ambas de Walter Gropius.
Atualmente, a “Coordenação Modular”, embora válida, vem sendo substi-
tuída por uma nova teoria para industrialização dos bens de consumo que
ainda não tem uma inuência ou aplicação clara e direta na indústria da
construção civil.
Essa nova teoria ca subentendida no termo “Produção Modular” ou
“Manufatura Modular” ou ainda, “Modularidade”.
Os conceitos da “Produção Modular” são originários da evolução tec-
nológica dos computadores. A palavra “módulo”, no universo da com-
putação, tem um signicado completamente diferente dos anteriormente
apresentados e é resultado da evolução lógica dos processos de pensar e
conceber o “hardware” e o “software” da informática.
Esses novos conceitos não têm as medidas dos componentes como
parâmetro, mas a possibilidade de inter-relacionar suas performances e
a lógica da sua produção.
65
Conceitos Básicos
São conceitos ainda em estudo para implantação e sistematização na
área da construção civil, embora já bem desenvolvidos em outros setores
industriais.
É uma teoria desenvolvida durante o séc. XX que, em síntese, “é uma
metodologia que permite estabelecer relações sistêmicas de integração
entre componentes e entre estes e o produto nal (o edifício), visando a
aplicação do método industrial ao processo de edicação e proporciona-
ndo grandes benefícios no que diz respeito à qualidade, desempenho e
racionalização”. (T. Rosso, 1990).
A “Coordenação Modular” surgiu, por um lado, da necessidade objetiva
de se economizar materiais e peças, tanto no momento de produção
dos componentes quanto no momento de montagem na obra. Por outro
lado, como uma tentativa de aplicar o método industrial na construção
valendo-se das propostas teóricas surgida entre os arquitetos W. Gropius
e Le Corbusier, quais sejam, de se produzir “componentes feitos dos mais
diversos materiais que possuam as características básicas de um sistema
aberto, ou em outras palavras, que tais peças sejam SUBSTITUÍVEIS
(possam ser substituídas por outras de diferentes origens), INTERCAM-
BIÁVEIS (possam ocupar diferentes posições dentro de uma mesma
obra), COMBINÁVEIS (possam ser combinadas entre si formando con-
juntos maiores, ou seja, aditividade dos termos) e PERMUTÁVEIS (que
possam ser trocadas por uma peça maior ou por um conjunto de peças
menores)”. (P. Bruna,1976).
Partindo destes pressupostos, as questões se voltaram para como estab-
elecer a união dos diferentes componentes ou, como resolver as relações
e as interfaces entre estes componentes que poderiam ser fabricados
com diferentes materiais e por diferentes fabricantes.
66
A Coordenação Modular
Conceitos Básicos
As INTERFACES e as dimensões dos módulos passam a ser objeto de
estudo no mundo inteiro conforme demonstra esta breve relação a seguir:
1930 – Alfred Berner, Industrial norte americano inicia estudos sobre “mé-
todo modular cúbico”.
1936 – Alfred Berner, “The evolving house” – EUA
1938 – ASA, American Standard Association, inicia estudos sobre coorde-
nação e dimensionamento dos componentes que serão usados na
construção.
1942 – AFNOR, Associação Francesa de Normalização, inicia estudos
semelhantes aos empreendidos pela ASA.
- Ernest Neufertn na Alemanha, realiza estudos baseado no módulo 12.5.
1946 – “A 62 Guide for Modular Coordination de Myron W. Adams e Pren-
tice Bradly, USA.
- Bergwall e Dahlberg publica “Raport on Modular Coordination”, em Esto-
colmo.
1947 – a “Building Divisional Concil” cria uma comissão para estudar uma
proposta feita pela International Standards Organization, ISO.
1949 – A primeira Norma Ocial sobre Coordenação Modular surge na
Itália.
1951 – é publicado o British Standard 1708, Modular Coordination.
1953 – a Agencia Européia de Produtividade organizou um plano.
1958 – é publicado o primeiro anteprojeto de recomendação ISO, Regras
Gerais.
Salas Serrano destaca os principais objetivos da coordenação modular,
segundo o grupo “Stichting Architecten Research”, da Holanda :
- Facilitar a cooperação entre projetistas, fabricantes, distribuidores e
promotores.
- Permitir o emprego de componentes “Standards” (padrões) na
Conceitos Básicos
67
construção de diferentes tipos de edifícios.
- Simplicar a preparação de projetos, possibilitando determinar as di-
mensões de cada componente do edifício e sua posição em relação aos
outros componentes e em relação ao edifício como um todo.
- Otimizar o número de dimensões padronizadas dos componentes.
- Permitir a intercambiabilidade dos componentes, independentemente do
material, forma ou método de fabricação.
- Simplicar os trabalhos “in situ” mediante a racionalização da colocação
e união dos componentes, reduzindo ao mínimo os ajustes, retoques e
tempo de montagem.
- Assegurar uma coordenação dimensional entre instalações, unidades e
equipamentos complementares com o resto do edifício.
Esses objetivos podem ser resumidos numa única meta: industrializar a
construção.
“Esta meta resulta de uma racional aplicação de recurso para eliminação
dos desperdícios e aumento da eciência dos fatores de produção, mão
de obra e equipamento”. (T. Rosso, 1976).
A base e o elemento mais importantes da teoria da Coordenação Modu-
lar é o MÓDULO e suas INTERFACES. Um conjunto de regras e leis de
associação é desenvolvido para orientar os fabricantes de componentes
para construção.
A coordenação modular não estabelece o local de cada componentes nos
espaços construídos do edifício, pois eles podem estar em qualquer lugar
desde que atenda a um projeto geométrico dimensional. Não interessa
quais as funções para quem eles formarão os espaços A única preocupa-
ção da coordenação modular é ordenar as relações das dimensões entre
os vários elementos ou componentes que serão montados no canteiro até
a conclusão do edifício. A coordenação modular é uma ferramenta exclu-
Conceitos Básicos
68
sivamente para auxiliar a produção do projeto, para auxiliar o processo de
produção do edifício, facilitando o acoplamento dos componentes.
Embora a coordenação modular tenha criado o módulo-função,
módulo-forma e módulo-objeto, estas denições só se referem aos el-
ementos ou componentes para a construção.
5.4. A Modularidade ou Produção Modular
Introdução
A bibliograa especíca encontrada sobre Modularidade tem uma preo-
cupação com os problemas produtivos e poucos tratam da teoria, do
signicado dos termos e das origens. Também neste capítulo o estudo da
modularidade se baseou em Peter O´Grady que tratou do assunto de uma
forma didática, facilitando o conhecimento e o entendimento desse as-
sunto.
O Caso Brasileiro
Para melhor entender esta situação e buscar caminhos para sua
evolução, vamos fazer comparações usando o automóvel como referên-
cia, já que é um dos mais signicativos produtos da sociedade de con-
sumo e da produção industrial.
A “fabricação modular”, processo mais avançado para a produção de
automóveis no mundo e no Brasil, é utilizada nas fábricas de caminhões
Volkswagen, em Resende , e na fábrica dos carros Golf, em São José dos
Pinhais. Neste última, foi instalado o sistema de moldagem no canteiro,
conhecido como “Tilt-up “ e citado anteriormente nesta dissertação, em
edifícios cuja autoria é do orientando.
Conceitos Básicos
69
VOLSKWAGEN
A Volkswagen possui uma das mais modernas fábricas de caminhões e
ônibus do mundo, certicada segundo as normas ISO TS e ISO 14000.
Um investimento de US$ 250 milhões: o Consórcio Modular, que traz
para dentro da fábrica os principais fornecedores para a montagem
de veículos. Quase dez anos após sua inauguração, a nova unidade bate
recordes de produção, ultrapassando a marca dos 100 mil caminhões e
ônibus produzidos - outros 1.500 foram montados na fábrica provisória
entre 1995 e 1996. A capacidade técnica atual é de até 57,6 mil veículos/
ano.
Com sua linha de montagem construída em apenas 153 dias, a nova
fábrica está na cidade de Resende, a 150 km do Rio de Janeiro e 250 km
de São Paulo. Ocupa uma área de 1 milhão de metros quadrados, com
110 mil metros quadrados de prédios. Hoje, 3.045 pessoas trabalham
ali. Noventa e dois por cento dos funcionários são da região. A produção
diária é de 145 veículos dividida em dois turnos de trabalho. A implan-
tação do segundo turno em outubro de 2005 gerou 400 novas vagas no
total.
70
Conceitos Básicos
Catálogo Volkswagen
VOLSKWAGEN
A empresa oferece ao mercado doméstico uma linha completa de produ-
tos, com quinze modelos de caminhões com motorização eletrônica e oito
modelos mecânicos, de 5 a 45 toneladas. Este ano, a linha de chassis
para ônibus conta com 9 modelos que também são exportados para 30
países, entre eles Argentina, Chile, Uruguai, Bolívia, Colômbia, Venezu-
ela, Paraguai, Equador, República Dominicana, Costa do Marm, Nigéria
e Arábia Saudita.
A Volkswagen selecionou sete parceiros para a montagem de con-
juntos completos (kits): Maxion (montagem do chassi), Arvin Meritor
(eixos e suspensão), Remon (rodas e pneus), Powertrain (motores), AKC
e Delga (armação da cabina), Carese (pintura) e Siemens-VDO (tapeça
ria).
Cabe à Volkswagen o controle de qualidade e o desenvolvimento do
produto, tendo sempre como objetivo a satisfação do cliente. O Consór-
cio Modular busca redução nos custos de produção, investimento,
estoques e tempo de produção. E confere maior qualidade ao produ-
to nal.
Os parceiros não participam do lucro nal dos produtos: continuam sendo
fornecedores, só que agora também montam as peças que vendem. Na
fábrica, compartilham com a Volkswagen a infra-estrutura, inclusive res-
taurante e ambulatório.
A montagem de chassis utiliza esteiras mecânicas, pontes rolantes e
talhas, que poupam esforço ao montador e aumentam a produtividade. A
linha de montagem é a primeira a ser climatizada no Brasil.
A unidade está ligada a todo o mundo via bra ótica, graças a um PABX
virtual de 800 ramais e à transmissão rápida de dados. Cinqüenta e dois
sistemas de informática são utilizados em Resende, inclusive no
71
Conceitos Básicos
O texto em negrito é observação do orientando.
chão da fábrica. Os montadores acessam terminais touch screen
(toque de tela) instalados nos módulos para controlar a montagem
dos caminhões e ônibus Volkswagen.
Localizada a 30 quilômetros do mais antigo parque nacional do país, a
Volkswagen Caminhões e Ônibus respeita o meio ambiente. Ela obedece
a normas técnicas rigorosas para tratamento de euentes sólidos, líquidos
e gasosos e recuperação de áreas degradadas.
O prédio de manufatura (Assembly) não tem fontes poluidoras. No prédio
de pintura, uma estação de tratamento de euentes com tanques e ltros
garante que a água despejada no rio seja inteiramente potável. Nas áreas
de pré-tratamento, E-Coat (pintura por eletrodeposição) e Sealers (veda-
ções), há a pós-queima dos euentes gasosos. Os resíduos domésticos
passam por processo biológico, e somente água com PH neutro chega ao
rio.
Além disso, desde 2003 investe em pesquisas e testes com combustíveis
alternativos, como o Biodiesel, sendo a primeira empresa a iniciar testes
com o chamado combustível ecológico.
Nestas duas cidades, foram construídos parques industriais para atender
especicamente, a esse novo conceito de fabricação. A detentora da
marca ocupa o edifício central onde é feita a montagem dos conjuntos
mais complexos (módulos) tais como: montagem do chassis, eixos de
suspensão, rodas e pneus, motores, armação da cabine, pintura, sistema
de freios e tapeçaria. Estes módulos, por suas vezes, são fabricados por
empresas especializadas que têm suas instalações em edifícios anexos
ao da montadora. Essas empresas são rigorosamente selecionadas pelos
72
Conceitos Básicos
itens de cumprimento dos prazos de atendimento, qualidade das peças e,
principalmente, capacidade de criar ou absorver inovação tecnológica.
Nessa distribuição espacial, a montadora passa a controlar todo o proces-
so de fabricação através de uma programação informatizada da produção
que é estabelecida às empresas contratadas.
Assim, com um conjunto perfeitamente organizado, planejado e com as
interfaces entre módulos precisamente dimensionadas, as montadoras
conseguem produzir, ao mesmo tempo, vários tipos ou modelos de au-
tomóvel numa única linha de montagem, graças a uma programação infor-
matizada.
Para o perfeito funcionamento deste sistema de produção, os veículos
são adequadamente concebidos, em todos os seus pormenores, para
atender tanto às necessidades das exigências mercadológicas quanto às
da fabricação modular. A concepção global dos veículos e dos módulos
devem ter precisão micrométrica nas suas interligações para que o siste-
ma de montagem ocorra com perfeição e rapidez.
A fabricação modular trouxe à industrialização, um novo tipo de relaciona-
mento entre os fabricantes de peças e acessórios, caracterizada pela par-
ceria que, de certa maneira, garante a todos o direito de todos receberem
o lucro pelo seus investimentos.
A fabricação modular permitiu às indústrias ( tanto os fornecedores quanto
a montadora) reduzir seus custos, reduzir o tempo de fabricação e au-
mentar a qualidade do produto, devido às exigências do sistema e neces-
sidade de conabilidade entre os parceiros.
A diferença entre a fabricação modular de automóveis e a construção de
edifícios, parece residir na qualidade, tecnologia e na precisão da
montagem e na fabricação dos diferentes elementos que compõem os
objetos.
Os automóveis, embora não sejam modulados, segundo o entendimento
73
Conceitos Básicos
que a arquitetura dá a este termo, são produzidos modularmente, ou
seja, têm os seus vários componentes fabricados com absoluta precisão
e programados para serem xados em perfeita coordenação uns com
os outros numa plataforma. A plataforma é uma estrutura metálica básica
que é levado pela linha de montagem e nela são acoplados os diferentes
componentes de cada tipo de carro, com diferentes performances e dife-
rentes acabamentos. Diferentes tipos de carros, como Bora, Golf e Polo,
são montados sobre uma mesma plataforma.
Na construção civil, ainda que no passado se tenha falado em “Coorde-
nação Modular”, os componentes produzidos pelas indústrias da
construção não podem ser montados modularmente, muito pelo contrário,
a construção ainda se faz pela adaptação (cortes, retoques, etc) e ligação
dos elementos entre si de forma artesanal, com poucos dispositivos, com
pouca produtividade e muito desperdício de materiais (estima-se em 30%,
o desperdício de materiais em edifícios de apartamento).
Resta-nos questionar e investigar porque e quais os fatores que, até hoje,
não permitiram que a construção civil se desenvolvesse com o mesmo
grau tecnológico.
A Modularidade é um conceito amplo que não se limita à produção in-
dustrial, muito ao contrário ,chegou até ela vindo do desenvolvimento da
microeletrônica que produziu, durante muitos anos, produtos e subprodu-
tos para o mercado consumidor cuja qualidade e desempenho eletrônico
não era importante. Interessava, nestes lançamentos, como essas novas
funções poderiam ser desempenhadas eletronicamente ( Ventura,2002)
Mas aplicada à produção é um conceito novo e pode ser encontrado em
campos complementares entre si:
- no processo de fabricação do produto
- na concepção do produto nal.
74
A Modularidade
Conceitos Básicos
Os princípios de formação e estruturação são os mesmos em ambos os
campos. Sendo assim, vamos falar sobre Modularidade sem especicar o
campo.
Os principais benefícios ao se introduzir a Modularidade na produção
industrial segundo Peter O´Grady, são:
1. Torná-la capaz de atender, com rapidez e constante atualização, as
demandas dos consumidores;
2. Aumentar a competitividade no mercado através de;
2.1. Diminuição do tempo de desenvolvimento de novos produtos;
2.2. Redução de custos;
2.3. Diminuição de capital para investimento;
2.4. Diminuição de impostos.
3. Aumentar a variedade de produtos. A V.W. Caminhões tem 23 modelos
de caminhões para atender as necessidades de todo tipo de cliente;
4. Aumentar a exibilidade na estratégia de venda;
5. Conseguir economia na escala;
6. Reduzir tarefas;
7. Reduzir o custo do capital;
8. Aumentar a viabilidade de um produto etc;
9. Facilidade de elevar o produto;
10. Facilidade de manutenção do produto;
11. Facilidade de conserto do produto;
12. Rápida evolução do produto;
13. Simplicidade de controle;
Muitas empresas têm adotado a Modularidade, todas com sucesso e per-
tencem a setores diferentes tais como: montadoras de automóveis (Ford e
Chrysler), empresas de software (como Microsoft e Sun Micro System) e
75
Objetivos da Modularidade
Conceitos Básicos
76
do setor nanceiro.
Todos os exemplos são de grandes empresas, no entanto, não há cita-
ções de empresas no setor de construção civil.
Exemplo de empresa que adotou a modularidade mais próximo ao Brasil
é a Ford na Bahia. Nesta nova fábrica com modularidade, a Ford reduziu
em 90% o número de fornecedores de peças, em comparação com as
fábricas convencionais.Os fornecedores irão produzir as peças (módulos)
em sub fábricas alocadas no entorno da fábrica de montagem da Ford,
reduzindo custos de transporte, impostos (ICM), controles contábeis e
custos de espaços para estoque de produtos.
Segundo Peter O´Gragy, a modularidade é baseada na montagem de
produtos a partir de um número pré-determinado de diferentes módu-
los que devem ter certas características, necessárias para o bom fun-
cionamento do conjunto (o produto). As associações destes diferentes
módulos, dentro de certas regras, é o que possibilita a construção de uma
família de produtos sucientemente diferentes para atender às diferentes
demandas. Pois, a associação e a conexão dos diferentes módulos entre
si podem resultar numa grande variedade de produtos de uma mesma
família, para atender e dar resposta a uma necessidade que o mercado
tem de produtos diversicados e com tecnologias avançadas.
Já, para a arquitetura, a interpretação é diferente. O módulo é uma parte
do produto que, pela sua natureza, deve ser produzido por uma empresa
especializada que tenha a capacidade de desenvolvê-lo e aprimorá-lo,
tanto conceitualmente como tecnicamente. Ao mesmo tempo, o produto
resultante deste processo deve se conectar com precisão absoluta aos
outros módulos da mesma família de produtos.
A precisão das interfaces para conexão dos módulos é fundamental para
a existência da Modularidade.
Definição
Conceitos Básicos
Peter O´Grady cita como exemplo, a produção do carro Smart, montado
na cidade de Hambach, França, quando sete sub-fábricas alimentam a
montagem com módulos que são incorporados a um chassis ( módulo
integrador ). O chassis passa pela sub-fábrica Krupp – Hoesch e recebe
o motor, vai depois para outras sub-fábricas onde outros módulos como
lataria, painéis, estofamentos, etc são adicionados. O resultado nal é um
carro produzido em quatro horas (total do tempo de produção das peças
até produto nal) quando, no sistema convencional gastaria vinte horas.
Como vemos o conceito de módulo, no contexto da modularidade, tem
novo signicado, nova gênese e nova dinâmica funcional e construtiva.
A Modularidade pressupõe uma arquitetura que estabelece as formas de
conexão e as funções de cada módulo, ao mesmo tempo que dá uma
estrutura para a família de produtos. As INTERFACES são os elementos
de ligação entre os diferentes módulos. Essas interfaces não são, neces-
sariamente, iguais para o conjunto dos módulos, pois cada módulo tem
sua particularidade que é denida pelas leis de formação da arquitetura
do produto.
Segundo suas particularidades, os módulos podem ser classicados em
três tipos:
1. módulo integrador
2. módulo provedor
3. módulo integrador – provedor
De maneira geral, o módulo integrador recebe os módulos provedores e
determina a arquitetura da família de produtos.
O conceito de modularidade se aplica tanto aos produtos físicos (hard-
ware) como aos produtos de lógica e programação (software). Um
exemplo típico citado por Pert O´Grady é o programa Windows SE, da
77
Atributos da Modularidade
Conceitos Básicos
Microsoft, que opera com vários módulos provedores, todos unidos pelo
ambiente Windows.
A evolução da ciência e tecnologia nos levou a aplicar o conceito de
Modularidade na fabricação de produtos que são, ao mesmo tempo,
constituídos de módulos físicos e módulos programas, como, por exem-
plo, o telefone celular.
O módulo é uma peça sem fórmula e sem medidas denidas e a sua per-
formance está sempre sujeita à mudanças decorrentes da própria
exigência de sua gênese, qual seja, a de poder evoluir internamente, des-
de que mantenha a conectividade com os outros módulos. Cada módulo
tem funcionamento próprio que se relaciona ou não com o funcionamento
de outros módulos, mas necessariamente se relaciona com o módulo
Característica dos Módulos
Celular é ao mesmo tempo um módulo
físico e módulo programa
Conceitos Básicos
78
Arquitetura Modular
No Brasil a Modularidade na Arquitetura está sendo pesquisada e pro-
posta por Alessandro Ventura na construção de escolas. As informações
que podemos obter do seu trabalho são valiosas e bastante esclarecedora
sobre o tema embora o projeto das escolas ainda esteja em andamento.
Nos EUA a construção modular cresce em número e atinge novos
campos além das “mobile-homes”. Um Instituto de Construção Modular foi
criado para dar apoio estabelecer intercambio entre as varias empresas
que estão investindo neste segmento da construção civil. São construções
de todos os tipos e para certicar se os conceitos que estão embasando
estas construções são os mesmos que os aplicados nas indústrias , seria
Conceitos Básicos
79
integrador.
O fato de cada módulo poder ser desenvolvido independentemente dos
outros, desde que mantida a conectividade, gera, como conseqüência,
uma descentralização do processo industrial. Descentralização esta, que
passa pelas tomadas de decisões, pelos diferentes níveis de gestão,
chegando até à localização dos espaços físicos, contrariamente ao que
ocorria nas origens da industrialização, no séc. XIX e com o Fordismo.
Para melhor entender as características dos módulos, um exemplo pode
nos ajudar. Um microcomputador é composto da CPU, que é seu módulo
integrador, e dos seus periféricos, os módulos provedores, como a im-
pressora, o “scanner”, o leitor de CD, o leitor de DVD, os modems, etc,
que, por sua vez, têm performances diferentes de acordo com a eciência
das empresas que os fabricam. O avanço tecnológico dos microcomputa-
dores se mede pelo grau de aprimoramento tecnológico de cada módulo
e pela capacidade de sua arquitetura em acompanhar a evolução dos
módulos.
Esta descentralização do processo industrial é a característica mais mar-
cante da Modularidade.
Transporte de um módulo habitacional.
Escritório no Hawai.construído
com estrutura de container.
Escritório de engenharia em Boston.
Exposição de vários tipos de habitação (não são
mobile-home) em St.Paul,Minnesota, EUA.
Sala de aula de Informática
na Flórida, EUA.
Escola elementar.
Conceitos Básicos
80
necessário um contato mais direto com essas empresas , o que não foi
possível via Internet.
A seguir alguns exemplos obtidos via Inernet no “site “ do Instituto de
Construção Modular, com sede em Virginia,EUA
Steel Charter School- construida
em 180 dias, EUA.
Escola na Flórida,EUA.
Dormitórios da Universidade de Yale
construída em 4 dias, EUA.
Conceitos Básicos
81
6. CONCLUSÕES
82
Ao m desta pesquisa, a visão geral que se pode ter da evolução da in-
dustrialização da construção civil, foi a imagem de um objeto que nasceu,
cresceu, mas não ganhou maturidade. Não ultrapassou os limites das
experiências bem sucedidas, quando em pequena escala, e fracassadas,
quando se propôs solucionar os décits habitacionais. Pareceu-nos que a
solução para a habitação industrializada não pertence não está no âmbito
da tecnologia, como já havia observado Vilanova Artigas, em 1924:
“...a casa popular foi reconsiderada, glosada, estudada por todos os
arquitetos, sob todos os aspectos possíveis e imagináveis, em todos os
países. Foi promovida a “pedra angular de uma civilização”.
Se era rara, faltava para muitos a causa, os arquitetos se incumbiram de
procurar em outros lugares, não na natureza do regime capitalista. Arma-
ram que era possível construir em larga escala, em números astronômi-
cos. Bastava produzir em série. O essencial era remover os obstáculos,
os preconceitos estéticos que atrapalhavam...” ( Vilanova, 1999 ).
Um pouco mais tarde, em 1938, Gropius também constatou a perda de
entusiasmo com a pré fabricação entre os que tentaram algumas propos-
tas. Reconheceu que essa tarefa era tão grande que “jamais poderia levar
a cabo por uma só cabeça ou uma só rma, como Ford conseguiu fazer
na indústria automobilística”. Não com as mesmas palavras de Artigas,
Gropius reconheceu que para implantá-la os problemas “tinham raízes
tão fundas em nossa estrutura econômica que só é possível dominá-lo
mediante um ataque simultâneo em todos os setores correspondentes
(Gropius, 1972), mesmo tendo participado de uma indústria de painéis
de concreto para construção de habitações geminadas, o que revela sua
esperança e disposição em enfrentar a estrutura econômica..
Em vários momentos da pesquisa percebe-se o gradativo abandono do
ideário Fordista de se produzir em série certos tipos de edifícios, princi-
CONCLUSÕES
6
83
palmente a habitação. A Coordenação Modular, como podemos chamar
o esforço teórico internacional que pretendeu estabelecer normas e leis
matemáticas para a fabricação de componentes para a construção, so-
mente em novembro de 1953 deu os primeiros passos no sentido de
unicar as experiências isoladas que aconteciam no mundo. E, no início
da década de 60, ela já se anunciava como não tendo atingido o objetivo
de se tornar uma ferramenta para impulsionar a industrialização da
Construção, conforme observou Salas Serrano:
A utopia de um módulo-base único foi abandonada e aceito a elaboração
de um conjunto de regras de coordenação especíca por sub-setores:
edifícios para indústrias, escolas, residências. (Salas , 1992).
Também T. Rosso (1976) falou sobre o fracasso das propostas contidas
nas teorias da Coordenação Modular de uma forma mais amena, dizendo
que ela “não chegou à fase de estabilização de seus princípios”.
Ordóñez também destaca que “és curioso apreciar como la idea de se
industrializar la construcción nace com la revolución industrial, para luego
no saber incorporarse a ella y perder así la gran oportunidad que desde
entonces se intenta reivindicar”. ( Ordóñez,1976 ).
Mesmo após esses fracassos internacionais da Coordenação Modular as
propostas continuaram em todo o mundo.
As experiências dos arquitetos japoneses do Grupo Metabolistas, mostra-
dos num capítulo anterior, são provas concretas de que é possível, no
âmbito da tecnologia e do conhecimento, construir uma arquitetura indus-
trializada, com qualidade plástica e adequação aos hábitos de morar ou
outro uso qualquer como escolas, hospitais, escritórios, restaurantes etc.
Todavia são poucas as que evoluíram para se tornarem produtos industri-
ais ou permaneceram no tempo.
Estes fatos talvez nos levasse a fazer novas interpretações sobre o tema
e reconsiderar o conceito de industrializar, como bem disse Bender, “o
mais importante da produção em série não é somente a produção de
grandes quantidades mas a aplicação dos princípios de potência, pre-
Conclusões
84
cisão, economia de insumos, metodologia, planejamento e velocidade no
processo de construção, podemos então concluir que a construção, pode
estar sendo industrializada mesmo que não esteja sendo produzida em
série”. (Bender, R, 1976).
Se o conceito de produção em série, vindo da indústria, não foi suci-
ente para mobilizar e atrair os investimentos capitalista , o espírito de
revisão de antigos conceitos de industrialização da construção , mais do
que nunca, merece estar presente entre todos os que se preocupam em
encontrar e propor, para a construção civil e para a arquitetura, .soluções
condizentes com a era da informática e da comunicação instantânea.
A Modularidade como um conceito mais amplo, vindo da Matemática e da
evolução da Informática e com “características excepcionais extrapola o
seu meio original em ritmo acelerado, penetra outra áreas sociais, produti-
vas ou não, inuencia tecnologias em outras esferas e cria produtos antes
desconhecidos ou mesmo insuspeitos” ( Ventura, 2002 ) , pode vir a ser
um novo paradigma para se pensar a industrialização da construção e da
arquitetura .
Nos EUA a construção modular cresce em número e atinge novos cam-
pos além das “mobile-homes”. Fabricas, escritórios,habitações,hidroelé
trica são os tipos de construção modular executada “ off-site” , em todo o
mundo e citadas por Ventura em sua Livre Docência.
A Modularidade na arquitetura ainda é um conhecimento embrionário,
pouco explorado mundialmente e quase nulo no Brasil. Não podemos di
zer que ele é o futuro no campo da arquitetura industrializada mas apro-
fundar o conhecimento e as investigações na sua direção é uma tarefa a
ser empreendida pelos arquitetos.
Conclusões
85
BIBLIOGRAFIA
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90
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