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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA
CAMPUS DE BOTUCATU
SOBRESSEMEADURA DE FORRAGEIRAS DE CLIMA
TEMPERADO EM PASTAGENS TROPICAIS
LÍCIA ELISA MAZON BERTOLOTE
Dissertação apresentada ao
Programa de Pós-Graduação em
Zootecnia como parte das
exigências para obtenção do título
de Mestre
BOTUCATU - SP
Janeiro de 2009
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UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
FACULDADE DE MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA
CAMPUS DE BOTUCATU
SOBRESSEMEADURA DE FORRAGEIRAS DE CLIMA
TEMPERADO EM PASTAGENS TROPICAIS
LÍCIA ELISA MAZON BERTOLOTE
Engenheira Agrônoma
Orientador: Prof. Dr. Jozivaldo Prudêncio Gomes de Morais
Co-orientadora: Dra. Patrícia Perondi Anchão Oliveira
Dissertação apresentada ao
Programa de Pós-Graduação em
Zootecnia como parte das
exigências para obtenção do título
de Mestre
BOTUCATU - SP
Janeiro de 2009
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iii
Ao meu avô Sérgio Luis Mazon
(in memoriam), um homem que soube fazer diferença no mundo
À minha avó Carmen Garçon Bertolote
(in memoriam), pianista fenomenal que deixa saudades
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iv
AGRADECIMENTOS
Ao Prof. Dr. Jozivaldo Prudêncio Gomes de Morais, pela orientação,
oportunidade de crescimento profissional e pela amizade.
À Dra. Patrícia Perondi Anchão de Oliveira pela orientação, valorosa
contribuição e ensinamentos transmitidos.
Ao Dr. Alberto de Campos Bernanrdi pela colaboração e incentivo.
Aos meus pais, pelo exemplo de caráter e constante apoio e incentivo.
Obrigada por tudo.
Aos meus irmãos Luciano, Lucas e Thales e a toda minha família por
existirem.
Ao Leandro pela paciência, compreensão, carinho e incentivo. Obrigada
por me fazer feliz.
À Embrapa Pecuária Sudeste pela oportunidade de realização do
trabalho.
À divertida equipe SWAT, composta por Amadeu, Jorge, Luís, Mineiro,
Paulo, Trimidi, Xandinho e pela indispensável colaboração nas coletas de
campo.
Ao Natal por compartilhar seu espaço e companhia, e aos funcionários
do Laboratório de Nutrição Animal da Embrapa tor e Gilberto, pela
colaboração na realização das análises laboratoriais.
À Mariana Campana pela convivência de longa data.
Aos estagiários que auxiliaram na condução dos trabalhos,
especialmente ao Lucas Reis.
À Ângela e Jacklane pela convivência em Botucatu e à Fabi, Fabiana,
Sarah e Stefânia na Fazenda Canchim, e à Mariana em ambas as ocasiões.
Ao Dr. Alfredo Ribeiro de Freitas pelo auxílio nas análises estatísticas.
À CAPES pela concessão de bolsa de estudos.
A todos que de alguma forma contribuíram para que este trabalho se
tornasse uma realidade.
Muito Obrigada!
v
SUMÁRIO
CAPÍTULO 1 – Considerações iniciais ........................................................................7
Estacionalidade de produção de forrageiras .....................................................................7
Aveia ................................................................................................................................9
Azevém ...........................................................................................................................12
Mistura de aveia e azevém ..............................................................................................13
Sobressemeadura ............................................................................................................14
Adubação nitrogenada ....................................................................................................16
Referências .....................................................................................................................18
CAPÍTULO 2 – Densidade de semeadura de aveia e altura de corte da pastagem de
capim-tanzânia sobressemeada ......................................................23
Resumo ...........................................................................................................................23
Abstract ...........................................................................................................................23
Introdução .......................................................................................................................24
Material e Métodos .........................................................................................................25
Resultados e Discussão ...................................................................................................28
Conclusões ......................................................................................................................32
Referências ......................................................................................................................33
CAPÍTULO 3 Produção e valor nutritivo de 3 pastagens tropicais exclusivas ou
sobressemeadas com espécies de clima temperado ..................43
Resumo ...........................................................................................................................43
Abstract ...........................................................................................................................44
Introdução .......................................................................................................................44
Material e Métodos .........................................................................................................45
Resultados e Discussão ...................................................................................................48
Conclusões ......................................................................................................................55
Referências ......................................................................................................................56
CAPÍTULO 4 Produção e valor nutritivo de aveia em sobressemeada em
pastagem de capim-Tanzânia submetida a doses de nitrogênio
............................................................................................................64
vi
Resumo ...........................................................................................................................64
Abstract ...........................................................................................................................64
Introdução .......................................................................................................................65
Material e Métodos .........................................................................................................67
Resultados e Discussão ...................................................................................................69
Conclusões ......................................................................................................................74
Referências ......................................................................................................................75
CAPÍTULO 5 – Implicações ........................................................................................84
7
CAPÍTULO 1
Considerações iniciais
1. Estacionalidade de produção de forrageiras
O Brasil apresenta condições favoráveis à exploração de bovinos em sistemas de
pastagens. Estima-se que haja mais de 150 milhões de hectares ocupados com pastagens
no Brasil e que somente o setor de sementes de forrageiras perenes deva movimentar
mais de 200 milhões de reais anualmente (Alves et al, 2008). Um dos atributos mais
desejados na produção de pastagens seria a distribuição uniforme da forragem durante o
ano. Porém, uma das dificuldades encontradas pela produção pecuária em pastagem é a
estacionalidade das plantas forrageiras, que consiste na redução da oferta de forragem
na época seca do ano em função da menor disponibilidade de água, temperatura e
luminosidade.
A técnica de irrigação de pastagem durante o inverno, associada à adubação,
pode representar aumentos na produção de 20 a 70%, não sendo suficientes, porém, para
equilibrar as produções de inverno e verão (Rolim, 1994). O período de utilização da
pastagem de capim-Tanzânia pode ser prolongado em 30 a 60 dias quando irrigadas
(Santos et al, 2007). As baixas temperaturas noturnas nas regiões dos trópicos e
subtrópicos são apontadas como os principais agentes causadores da estacionalidade de
crescimento de plantas forrageiras tropicais (Rolim, 1994). Assim, no decorrer do ano,
distinguem-se duas estações bem definidas: a estação das águas, de outubro a março,
quando as condições favoráveis proporcionam alta produção de forragem; e a estação
seca, de abril a setembro, em que se observa escassez na produção de forragem, que
reflete diretamente nos índices produtivos, tanto da exploração de leite como de carne.
Cerca de 75 a 85% da produção total de plantas forrageiras concentra-se na
estação das águas, e uma produção da ordem de 15 a 25% da produção total no período
da seca. Esta redução na produção de forragens durante o inverno tem sido apontada
como um dos fatores para a baixa produtividade dos rebanhos, sendo responsável pela
queda acentuada na produção leiteira e pela perda de peso dos animais de corte (Rolim,
1994). A correção para a escassez de alimentos nessa época do ano pode ser feita com a
8
adoção de pastejo diferido, irrigação, fornecimento de alimentos volumosos
conservados, cana-de-açúcar ou forrageiras de clima temperado.
As forrageiras de clima temperado se caracterizam pelo alto valor nutritivo
quando comparadas às tropicais. Na região Sul do Brasil, o período crítico está mais
relacionado às baixas temperaturas e ocorrência de geadas, enquanto no Brasil Central e
Estado de São Paulo está mais associado ao déficit hídrico, apesar da temperatura
noturna também ser limitante em algumas regiões. As condições do Brasil Central são
favoráveis à produção de forragens, desde que sejam corrigidos os problemas de falta de
água com o uso de irrigação. O valor nutritivo das forrageiras está associado ao
reduzido teor de proteína bruta e minerais e ao alto conteúdo de parede celular (Moreira
et al, 2006).
Em geral as espécies de ciclo C3 estão associadas à alta digestibilidade, pois
apresentam maior proporção de mesófilo, cujas células são digeridas inicialmente pelas
bactérias do rúmen. as espécies C4 apresentam maior proporção de tecidos
condutores, bainha parenquimática e esclerênquima, tecidos formados por parede
secundária espessa, com células densamente agrupadas que dificultam a acessibilidade
dos microrganismos do rúmen à superfície da parede celular, contribuindo para baixa
qualidade da forragem (Hanna et al, 1973; Pacciulo, 2002).
Minson & McLeod, 1970, citados por Corsi (1994), observaram correlações
negativas entre digestibilidade “in vitro” e temperatura e evaporação. De acordo com os
autores, 65% da variação na digestibilidade foi provocada por estes fatores,
demonstrando a dificuldade no melhoramento da digestibilidade de forrageiras tropicais
ao mesmo nível das temperadas. O conteúdo de parede celular aumenta com a
temperatura, decrescendo a digestibilidade da matéria seca (Corsi, 1994). Em função
desses dois fatores, estrutura da planta e temperatura, aveia e azevém têm se destacado
como alternativa para fornecimento de alimento de boa qualidade na época fria.
Entretanto, necessidade de ocorrência de precipitação natural ou irrigação para
adequada produção.
Quanto à produtividade de forrageiras tropicais e temperadas, Coper (1970),
citado por Corsi (1994), demonstrou que a quantidade e a distribuição da radiação solar
associadas à capacidade fotossintética das gramíneas forrageiras tropicais permitem
9
produtividade de aproximadamente o dobro daquelas de clima temperado. Outro
diferencial entre as forrageiras temperadas e tropicais é que estas respondem a altas
doses de adubação nitrogenada. Corsi (1994) encontrou resposta à adubação
nitrogenada até 1.800 kg de nitrogênio por hectare por ano, enquanto as de clima
temperado têm esse nível limitado a aproximadamente 400 kg por hectare por ano.
2. Aveia
A aveia é uma gramínea originária da Ásia antiga, encontrada como invasora do
trigo e cevada, que se caracteriza pelo hábito de crescimento cespitoso, inflorescência
do tipo panícula piramidal, sistema radicular fasciculado, com colmos cilíndricos e
eretos, cujos nós e entrenós se apresentam relativamente cheios durante o período
vegetativo. Uma característica que distingue a aveia de outros cereais são as folhas com
lígula bem desenvolvida, tendo as lâminas foliares de 14 a 40 cm de comprimento e 5,5
a 22 mm de largura (Primavesi et al, 2000).
A aveia pode ser cultivada em diversas condições edafo-climáticas devido ao
intenso melhoramento genético e grande variabilidade existente (SA et al, 2005 e
Comissão.., 2006). Segundo Floss (1988) a ampla adaptabilidade da aveia permite seu
cultivo tanto no Sul como no Centro do país, ao contrário de outras espécies de clima
temperado como o azevém, cujo cultivo é mais restrito a regiões com temperaturas mais
baixas. A aveia também tem grande adaptabilidade quanto à altitude, sendo cultivada
desde o nível do mar até 1.000 metros acima (Alves et al, 2008). As aveias são pouco
tolerantes ao encharcamento e à falta d’água. O excesso de umidade prejudica o
perfilhamento e torna as plantas cloróticas e mal desenvolvidas, reduzindo a produção
de massa verde (Leite, 1994).
O cultivo da aveia é destinado a diversas finalidades, tais como produção de
grãos para alimentação humana e animal, forragem na forma de pastejo, feno ou
silagem, cobertura de solo e adubação verde. No caso específico da utilização da aveia
como forragem, o fornecimento em condições de pastejo constitui-se na forma mais
econômica e eficiente, já que os processos de conservação de forragem demandam
maiores investimentos em mão-de-obra e equipamentos.
10
No Brasil o cultivo de aveia visando produção de grãos está concentrado
principalmente na região Sul, sendo o Estado do Paraná o maior produtor brasileiro,
seguido do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. No Mato Grosso do Sul, São Paulo e
sul de Minas Gerais o cultivo de aveia é destinado basicamente para a produção de
forragem (Comissão..., 2006).
As principais espécies de aveia cultivadas no país são a aveia branca (Avena
sativa L.), a aveia amarela (Avena byzantina C. Koch) e a aveia preta (Avena strigosa
Schreb). As aveias branca e amarela são utilizadas tanto para produção de grãos como
para forragem, enquanto a aveia preta é a principal espécie usada para forragem, em
função da alta capacidade de rendimento de massa verde e resistência a doenças e
pisoteio, ao mesmo tempo em que apresenta pequena produção de grãos, com
características que não conferem qualidade industrial, tais como coloração escura,
pequeno tamanho e baixo rendimento (Floss, 1988). Porém, as aveias brancas têm
substituído a aveia preta para produção de forragem devido, principalmente, à maior
resistência em condições climáticas desfavoráveis (Alves et al, 2008). Além disso, foi
observado que as aveias brancas apresentaram menor proporção de colmo em relação às
aveias pretas e amarelas (Primavesi et al, 2006).
Segundo Herling et al (1998), a maior dificuldade enfrentada pelos
agropecuaristas na implantação de sistemas de cultivos de inverno é a falta de cultivares
alternativas com características desejáveis. Apesar das aveias pretas serem as mais
utilizadas como planta forrageira, Fontaneli & Piovezan (1991), avaliando o efeito de
cortes no rendimento de forragem e grãos de aveia, obtiveram rendimentos de forragem
de aveias branca e amarela semelhantes aos da aveia preta (média de 7.786 kg.ha
-1
de
matéria seca).
Reis et al (1993), avaliando a qualidade da forragem de genótipos de aveia,
observaram alto conteúdo de proteína bruta (19 a 23%) e baixos níveis de componentes
da fração fibrosa (de 42 a 45% de FDN), o que permite a utilização de menores teores
de concentrado na dieta. Primavesi et al (2000) obtiveram valores de proteína bruta de
19% em média, chegando a 27% no primeiro corte, e digestibilidade in vitro da matéria
seca de 81% em média, chegando a 84,4% no primeiro corte. As características
químicas da forragem podem se expressar nas características produtivas dos animais.
11
Alvim (2006) atingiu produções de 4 a 6 t.ha
-1
de matéria seca, com teor de proteína
bruta de até 25%. Rodrigues e Godoy (2000), avaliando o efeito do pastejo restringido
de aveia, não encontraram diferença na produção de leite entre animais consumindo
aveia mais silagem de milho e animais consumindo silagem de milho como volumoso
exclusivo. Porém, houve diferença significativa quanto ao teor de gordura no leite (3,8 e
3,4%, respectivamente) e quanto ao ganho de peso vivo diário (0,53 e 0,25 kg.dia
-1
,
respectivamente). Para Cóser et al (1981) o ganho de peso de animais em crescimento
pode chegar ao redor de 1 kg.dia
-1
em pastagens de aveia.
Anualmente, o Centro de Pesquisa de Pecuária do Sudeste da Embrapa faz
recomendações de cultivares de aveia forrageira para essa região. Para o ano de 2007
foram recomendadas para produção de forragem as cultivares IPR 126 (aveia branca,
lançada em 2005), FAPA 2 (aveia branca, lançada em 2002), FUNDACEP-FAPA 43
(aveia branca, lançada em 2004) e IAPAR 61 (aveia preta, lançada em 1993), que
apresentaram rendimento de matéria seca de forragem da ordem de 6.309, 6.106, 5.375
e 5.948 kg.ha
-1
, respectivamente (Primavesi et al, 2006b). Segundo et al (2005) a
característica mais desejável para aveia forrageira é a distribuição da produção ao longo
do inverno, expressa no maior mero de cortes. Em avaliação de dez cultivares de
aveia, a que proporcionou maior número de cortes foi a IPR 126, com 7 cortes, contra 6
das demais (Primavesi e al, 2006b). No entanto, não foram realizados ensaios
semelhantes para avaliação do comportamento dessas cultivares em condições de
sobressemeadura em pastagens tropicais.
Primavesi et al (2001) verificaram redução na qualidade da forragem com a
evolução dos cortes. De maneira geral a proporção de folhas foi diminuindo à medida
que os cortes foram avançando e a proporção de colmos aumentando. Segundo Floss
(1988), a aveia preta apresenta rápido crescimento inicial, permitindo altos rendimentos
no primeiro pastejo, com posterior redução da produção nos pastejos subseqüentes, ao
contrário do que acontece com as aveias brancas e amarelas, cujos rendimentos
aumentam no segundo pastejo.
O primeiro pastejo de aveia deve ser realizado com altura entre 30 e 40 cm,
quando a disponibilidade de matéria seca é de 1.500 kg.ha
-1
(Floss, 1988), rendimento
este que Coser et al (1981) observaram maximizar o consumo e o ganho de peso de
12
novilhos. Os autores obtiveram ganhos de peso de 0,52 e 0,99 kg.animal
-1
.dia
-1
para
ofertas de forragem de 1.000 e 1.500 kg.ha
-1
de matéria seca, respectivamente.
3. Azevém
O azevém (Lolium multiflorium) é uma gramínea cujo centro de origem é o sul
da Europa. Apesar de ser uma gramínea anual, o azevém pode se comportar como
bianual em função da sua facilidade de ressemeadura natural. O sistema radicular é
altamente ramificado e denso, com muitas raízes adventícias e fibrosas. Os colmos são
cilíndricos e eretos, podendo atingir de 100 a 120 cm. O azevém tem ampla adaptação
aos tipos de solos, tolera umidade, desde que não excessiva e apresenta alta resposta à
fertilidade do solo. O azevém é uma planta de ciclo de produção longo, maior que da
aveia (Floss, 1988), proporcionando período vegetativo de 180 a 280 dias.
No Brasil, o azevém é muito utilizado nos Estados do Sul para alimentação de
bovinos e se consagrou como alternativa para utilização em pastagem pela sua
facilidade de ressemeadura natural, resistência a doenças, bom potencial de produção e
versatilidade de uso em associações (Alves et al, 2008). O azevém anual pode ser
utilizado para pastejo, feno, silagem pré-secada ou fornecimento verde no cocho (Sá,
1995).
Pastagens de azevém têm alto valor nutritivo, com elevados níveis de proteína e
energia digestíveis, que proporcionam altos ganhos por animal e níveis de consumo de
forragem, justamente no período crítico de inverno. Ganhos diários de 1,21 kg por
animal podem ser obtidos em pastagem de azevém consorciada com aveia preta e
ervilhaca (Canto et al, 1997) e de 1,045 kg por animal em mistura de aveia preta com
azevém (Restle et al, 1993). O germoplasma de azevém mais comumente utilizado é
diplóide, porém também existem cultivares tetraplóides, cujas principais características
são rápida produção inicial e alta produção total de massa de forragem e ciclo
vegetativo mais longo. A precocidade das cultivares tetraplóides permite que sejam
semeadas em cultivos solteiros em substituição ao consórcio aveia mais azevém
(Farinatti et al, 2003). Farinatti et al (2003), avaliando cultivares de azevém diplóides e
tetraplóides, observaram que as cultivares não influenciaram significativamente no
13
desempenho de bezerros. Apesar das cultivares tetraplóides apresentarem maior oferta
de forragem, a carga animal, lotação, ganho de peso, massa de forragem e taxa de
acúmulo não foram influenciados pelas cultivares.
4. Mistura de aveia e azevém
Misturas de espécies forrageiras anuais de inverno visam combinar os picos de
produção de matéria seca, que são atingidos em diferentes épocas de acordo com a
espécie, resultando no aumento da produção e do período de utilização da pastagem. A
mistura de gramíneas de clima temperado torna-se importante uma vez que têm
diferentes respostas ao clima e apresentam picos de produção em momentos diferentes
e, desse modo, pode-se obter maior estabilidade na produção de foragem (Sá, 1995). A
mistura de aveia e azevém é amplamente utilizada, sendo que a aveia promove
antecipação da utilização da pastagem, enquanto o azevém prolonga o ciclo, uma vez
que apresenta desenvolvimento lento em temperaturas baixas, aumentando sua produção
na primavera, conforme a temperatura vai se elevando (Floss, 1989; Quadros &
Maraschin, 1987).
Gerdes et al (2005), avaliando a composição botânica da mistura aveia preta
mais azevém anual sobressemeada em capim-Aruana, verificaram que a maior
participação da aveia se deu no mês de julho, enquanto o azevém teve pequena
participação nos primeiros meses (de maio a julho) e contribuição expressiva (24%) em
setembro, quando a aveia decresceu (4,7%). Silveira et al (2006), avaliando o ganho de
peso de novilhos mantidos em pastagem cultivada de aveia mais azevém, recebendo
silagem de planta inteira, silagem de grão úmido ou grão seco de sorgo como
suplemento, observaram que os animais alimentados somente com pastagem obtiveram
os maiores ganhos de peso (0,52, 0,28, 0,40 e 0,40 kg.dia
-1
, respectivamente). Cóser et
al (1981) e Olivo (1982) obtiveram produções de leite entre 11 e 15,5 kg.vaca
-1
.dia
-1
,
respectivamente, em pastagens de aveia e azevém. Para bovinos leiteiros, Coser e
Gardner (1982) concluíram que o azevém puro ou sua mistura com aveia, além de
permitir um período de pastejo de 5 semanas a mais que o pasto de aveia pura (130 e 95
dias, respectivamente), proporcionou maior produção de leite/vaca/dia, sendo superior à
14
silagem de milho mais concentrado. Porém, os autores não encontraram diferença
significativa entre os pastos de azevém puro e o da sua mistura com aveia.
Noro et al (2003) avaliando a produção de forragem de cultivares de gramíneas
de inverno puros ou em mistura, observaram que os cultivares de azevém e as misturas
que as continham foram os melhores tratamentos, produzindo entre 9 e 11 t de matéria
seca por hectare. As misturas não diferiram dos cultivares de azevém exclusivos.
Porém, a disponibilidade de matéria seca foi superior a 1800 kg.ha
-1
nas misturas, ao
passo que o azevém exclusivo não chegou a 600 kg de matéria seca por hectare nessa
época.
5. Sobressemeadura
Dentre as formas de utilização de aveia e azevém a sobressemeadura em
pastagens tropicais é uma alternativa que, além de reduzir os efeitos da estacionalidade,
pode promover outros benefícios aos sistemas de produção, tais como redução do uso de
alimentos concentrados e volumosos conservados; maximização do uso da área, com
aumento da eficiência da produção de forragem; redução da área de plantio de alimentos
volumosos; fornecimento de concentrados com menor teor de proteína; maximização do
uso de equipamentos de irrigação; redução da necessidade de mão-de-obra, maquinário
e óleo diesel (Oliveira et al, 2005).
A sobressemeadura de pastagens de clima temperado também é realizada em
pastagens nativas. Maia et al (1998), avaliando o plantio direto de aveia mais azevém
sobre campo nativo, observaram que a aveia preta foi o principal componente da
forragem colhida em todos os cortes. O máximo rendimento de matéria seca foi de
3.846 kg.ha
-1
, dos quais 66% foi de aveia. Grise et al (2001), avaliando mistura de aveia
IAPAR 61 e ervilha forrageira, observaram que a aveia representou em média 99,69%
da mistura, sendo dominante durante todo o período experimental.
A importância da maximização do uso da área foi abordada por et al (2005),
que afirmaram que 80% da área cultivada no Estado do Paraná com culturas
temporárias permanecem em repouso durante o inverno e somente 20% são utilizadas
para cultivo. Assim, a utilização de aveia e azevém forrageiro é uma alternativa que
15
proporciona alimento de qualidade aos animais, justamente numa época de escassez.
Rodrigues et al (2006) utilizaram pastejo de aveia sobressemeada em capim-Tanzânia
em complementação de dieta de silagem de milho para vacas de alta produção leiteira, o
que permitiu a utilização de concentrado com menor teor de proteína. Obteve-se
redução no custo da dieta de 7,4% em relação aos animais que receberam silagem de
milho como volumoso exclusivo, mantendo a mesma eficiência na produção de leite.
A sobressemeadura deve ser feita em abril ou maio, no fim da estação chuvosa,
devendo ser implantada em área irrigada ou região que apresente inverno chuvoso.
A forrageira temperada deve ser semeada entre as touceiras (para forrageiras com hábito
de crescimento cespitoso) após rebaixamento da forrageira tropical por meio de pastejo.
Para obtenção de uniformidade na distribuição das sementes, aconselha-se misturá-las a
material de coloração clara, como calcário ou superfosfatos, para facilitar a visualização
(Oliveira et al, 2005).
Após o pastejo de rebaixamento a área a ser sobressemeada deve ser irrigada,
visando atingir a máxima capacidade de armazenamento de água disponível do solo.
Após a irrigação as vacas devem ser introduzidas no piquete para pisotear as sementes,
promovendo seu enterrio, ao mesmo tempo em que fazem o repasse da sobra de capim.
Por fim, deve-se proceder roçagem mecânica em altura de 10-20 cm com função de
criar uma camada de material vegetal sobre as sementes e permitir sua germinação. O
primeiro pastejo ocorre após um período de crescimento de aproximadamente 30 dias,
antes que 15% dos perfilhos tenham atingido meristema apical elevado (Oliveira et al,
2005). A aveia sobressemeada persiste nos pastos até outubro ou novembro, quando o
capim tropical volta a dominar o relvado.
Reis et al (2001) obtiveram valores de proteína bruta e digestibilidade in vitro da
matéria orgânica de 14,9% e 65%, respectivamente em área de capim-Tifton 85
cultivada com espécies de inverno. Em amostragem de verão, em função do
desaparecimento das espécies de inverno, esses valores decresceram para 8,5% e 58,5%,
respectivamente.
A utilização de aveia semeada sobre capim-Tanzânia em área irrigada, em
substituição parcial à silagem de milho, apresentou a mesma eficiência na produção de
leite, com pequena vantagem econômica no tratamento em que as vacas receberam
16
aveia. O teor de proteína bruta da mistura aveia mais capim-Tanzânia foi de 22,3% e a
produção de matéria seca foi de aproximadamente 5.000 kg ha
-1
entre julho e setembro,
sendo 66,65% correspondentes à aveia e 33,35% ao capim-Tanzânia (Rodrigues et al,
2006).
Apesar da utilização de sobressemeadura de forrageiras de clima temperado em
pastagens tropicais ser uma tecnologia difundida entre produtores, especialmente na
região Sul do país, os trabalhos científicos acerca do assunto são relativamente recentes
e carecem de dados para sua sustentação. Diante disto, o objetivo do trabalho foi avaliar
a sobressemeadura em relação à densidade de semeadura e altura de corte, combinação
de espécies tropicais e de clima temperado e dose de nitrogênio adequada no Estado de
São Paulo.
6. Adubação nitrogenada
O nitrogênio (N) é o nutriente mais utilizado pelas culturas e seu uso está
relacionado à produtividade e qualidade da forragem, uma vez que é componente
essencial de aminoácidos, proteínas, ácidos nucléicos, hormônios e clorofila. A
deficiência de N nas plantas causa clorose devido à diminuição da quantidade de
clorofila e reduz o desenvolvimento em função da baixa formação de proteínas.
Em sistemas naturais equilíbrio dinâmico entre adições e perdas de N,
enquanto nos solos agricultáveis parte considerável do N é retirada pelas culturas,
causando esgotamento do N do solo.
Apesar de ser possível que as exigências da planta sejam supridas pela absorção
direta de formas orgânicas de N, a quase totalidade dessas exigências é atendida pela
absorção de formas minerais de N: nitrato (NO
3
-
) e amônio (NH
4
+
). O N orgânico
presente na matéria orgânica do solo pode ser transformado na forma mineral por
microrganismos que decompõem a matéria orgânica pelo processo de mineralização. O
processo inverso, chamado imobilização, também pode ocorrer com adição de resíduos
com alta relação C/N.
Além do N ser o elemento mais caro dos fertilizantes, também é o que apresenta
as maiores dificuldades de manejo na produção agrícola, estando sujeito a perdas,
17
especialmente por volatilização de amônia, principal causa da ineficiência na adubação
nitrogenada em pastagens de gramíneas tropicais, podendo representar até 80% do N
aplicado (Primavesi et al, 2001). Solos com maior capacidade de troca catiônica (CTC)
apresentam menor potencial de perdas de N por volatilização, uma vez que confere ao
solo capacidade de reter NH
4
+
(Volk, 1959).
Os adubos nitrogenados são altamente solúveis, não deixam efeito residual para
a próxima safra e aumentam a acidez do solo.
O Capítulo 2, denominado Densidade de semeadura de aveia e altura de corte da
pastagem de capim-Tanzânia sobressemeada, redigido de acordo com as normas para
publicação da Revista Pesquisa Agropecuária Brasileira (PAB), teve por objetivo
avaliar 3 taxas de semeadura de aveia sobressemeada em capim-Tanzânia em altura de
10 e 30 cm.
O Capítulo 3, denominado Produção e valor nutritivo de pastagens tropicais
exclusivas ou sobressemeadas com epécies de clima temperado, redigido de acordo com
as normas para publicação da Revista Pesquisa Agropecuária Brasileira (PAB), teve por
objetivo determinar qual a melhor combinação de espécies tropicais (capim-coastcross,
marandu e mombaça) e de clima temperado (aveia e azevém) em regime de
sobressemeadura.
O Capítulo 4, denominado Produção e valor nutritivo de aveia sobressemeada
em pastagem de capim-Tanzânia submetida a doses de nitrogênio, redigido de acordo
com as normas para publicação da Revista Pesquisa Agropecuária Brasileira (PAB),
teve por objetivo determinar a dose de adubação nitrogenada mais adequada à aveia em
sobressemeadura ao capim-Tanzânia.
18
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23
CAPÍTULO 2
Densidade de semeadura de aveia e altura de corte da pastagem de capim-Tanzânia
sobressemeada
Resumo – O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito da densidade de semeadura de aveia e
altura de corte do capim-Tanzânia sobre a produção, emergência de plantas, proteína bruta
(PB) e digestibilidade in vitro da matéria seca (DIVMS) das espécies em sobressemeadura.
Foram avaliados três taxas de semeadura de aveia (60, 90 e 120 kg.ha
-1
de sementes puras
viáveis) e duas alturas de corte do capim-Tanzânia (10 e 30 cm). A taxa de semeadura não
teve efeito sobre a produção ou valor nutritivo tanto da espécie tropical como de clima
temperado. A produção de aveia foi de 313,04 e 232,94 kg MS.ha
-1
e de capim-Tanzânia de
366,06 e 214,51 kg MS.ha
-1
, para as alturas de 10 e 30 cm, respectivamente. Foram
observados teores de PB na aveia de 22,40% e 21,28% e no capim-Tanzânia de 17,23% e
15,85%, para alturas de 10 e 30 cm, respectivamente. Os teores de DIVMS obtidos para aveia
foram de 81,66% e 78,09% e para capim-Tanzânia foram de 64,95% e 68,65% pra as alturas
de 10 e 30 cm, respectivamente. A densidade de semeadura mais adequada foi a de 60 kg.ha
-1
,
por ser a menos onerosa e a altura de corte de 10 cm do capim-Tanzânia no momento da
sobressemeadura proporcionou melhor produção de forragem e valor nutritivo das pastagens
de aveia e de capim-Tanzânia.
Termos para indexação: Avena bizantina, Panicum maximum, sobressemeadura
Oats seeding density and Tanzania grass height cutting in overseeding pasture
24
Abstract The purpose of this study was to evaluate the effect of oats seeding density and
Tanzania grass height cutting on yield, number of winter pasture plants, crude protein (CP)
and in vitro dry matter digestibility (IVDMD) of grasses overseeded. Three oats seding
density (60, 90 and 120 kg.ha
-1
seed) and two Tanzania grass height cutting (10 and 30 cm)
was evaluated. Oats seeding density there was no significant difference in yield and nutritive
value of tropical or winter pasture. Oats yield was 313.04 and 232.94 kg MS.ha
-1
and
Tanzania grass yield was 366.06 e 214.51 kg MS.ha
-1
in height cutting 10 and 30 cm,
respectively. Oats CP 22.40% and 21.28% and Tanzania grass CP 17.23% e 15.85% was
observed in height cutting 10 and 30 cm, respectively. Oats IVDMD 81.66% and 78.09% and
Tanzania grass IVDMD 64.95% e 68.65% was observed in height cutting 10 and 30 cm,
respectively. Seeding density more proper is 60 g.ha
-1
because is less expensive that another
and Tanzania grass height cutting 10 cm had better forage yield and nutritive value Tanzania
grass and oat.
Index terms: Avena bizantina, Panicum maximum, overseeding
Introdução
A sobressemeadura de espécies de clima temperado em espécies tropicais prevê o
fornecimento de forragem de qualidade na época de escassez de pastos, maximizando a
utilização da área e de equipamentos de irrigação. A técnica consiste em semear a forrageira
de clima temperado sobre a espécie tropical e entre as touceiras, quando se tratar de espécie
de hábito de crescimento decumbente ou ereto, na época seca, quando se observa escassez na
produção das forrageiras tropicais. Após a semeadura e espécie tropical é roçada e a forragem
remanescente permanece sobre as sementes, criando condição favorável à germinação.
25
A densidade de semeadura recomendada para o plantio de aveia exclusiva é de 200-
300 sementes aptas por m
2
, com espaçamento de 0,185 m entre linhas, o que corresponde a 32
a 48 kg.ha
-1
(Comissão Brasileira de Pesquisa de Aveia, 2006). Em regime de
sobressemeadura, porém, observa-se divergência entre as taxas de semeadura dos trabalhos
existentes na literatura. É possível encontrar valores de 60 kg.ha
-1
de sementes puras viáveis
(Moreira et al, 2006), de 70 a 80 kg.ha
-1
(Alvim, 2006), de 85 kg.ha
-1
(Roso et al, 2000), até
150 kg.ha
-1
(Rodrigues et al, 2006). No entanto, existem autores que afirmam não haver
influência da densidade de semeadura sobre a quantidade de plantas de aveia exclusiva, uma
vez que o perfilhamento seria responsável pela plasticidade mediante a população de plantas
(Debiase et al, 2007).
Quanto à altura de corte da forrageira tropical, em muitos trabalhos nem é citada por
não ser objeto de estudo. Moreira et al (2006) utilizaram rebaixamento de 5 cm de altura e
Rodrigues et al (2006) entre 10 e 20 cm. Porém, a influência que a altura de rebaixamento
teria sobre as plantas sobressemeadas não são mencionadas.
O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito de três densidades de semeadura (60, 90 e
120 kg.ha
-1
de sementes puras viáveis) e duas alturas de corte da forrageira tropical (10 e 30
cm) sobre a produção e valor nutritivo da aveia cv. São Carlos e capim-Tanzânia.
Material e Métodos
O experimento foi realizado na Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos da
Universidade de São Paulo (FZEA/USP), situada no município de Pirassununga, cujas
coordenadas geográficas são 21º59’ latitude sul e 47º26’ longitude oeste e altitude de 630
metros. O clima da região, segundo classificação de Koeppen, é Cwa, ou seja, tropical com
verão chuvoso e inverno seco. A precipitação anual média é de 1.298 mm.
26
Os dados médios mensais de temperatura e precipitação do período experimental
foram obtidos pela Estação Meteorológica da FZEA (Figura 1).
Os tratamentos consistiram numa combinação de três níveis de taxa de semeadura de
aveia sobre capim-Tanzânia (60, 90 e 120 kg.ha
-1
de SPV) e dois níveis de altura de corte (10
e 30 cm), totalizando seis tratamentos. O modelo matemático utilizado foi o seguinte:
y
ijk
= µ + a
i
+ b
j
+ (ab)
ij
+ c
k
+ e
ijk,
em que:
y
ijk
= valor da parcela que recebeu o i-ésimo nível do fator densidade de semeadura e o j-
ésimo nível do fator altura de corte no k-ésimo bloco; µ = média geral; a
i
= efeito do nível i do
fator densidade de semeadura; b
j
= efeito do nível j do fator altura de corte; (ab)
ij
= efeito da
interação dos fatores densidade de semeadura e altura de corte; c
k
= efeito do k-ésimo bloco;
e
ijk
= efeito dos fatores não controlados que recebeu a combinação de tratamento envolvendo
o nível i do fator densidade de semeadura e o nível j do fator altura de corte no bloco k.
O solo da área experimental é um Latossolo vermelho eutrófico, com pH em CaCl
2
=
5, matéria orgânica = 25,3 g.dm
-3
, P = 12,7 mg.dm
-3
, saturação por bases = 47,2% e 0,7; 13,1;
4,3 e 38,1 mmolc.dm
-3
de K, Ca, Mg e CTC, respectivamente.
A área experimental recebeu calagem com 2,3 toneladas.ha
-1
de calcário dolomítico
PRNT 95. A implantação do capim-Tanzânia foi realizada em dezembro de 2003 com
aplicação de 100 kg.ha
-1
de P
2
O
5
na forma de supersimples e 65 kg.ha
-1
de K
2
O na forma de
cloreto de potássio. A partir de fevereiro de 2004, com a realização do corte de
uniformização, foram aplicados 800 kg.ha
-1
de N anualmente, na forma de uréia.
Foram alocadas no campo 24 parcelas de 10 m
2
. A sobressemeadura da aveia foi
realizada em 17/05/2005. A área experimental foi roçada na altura de 30 cm para
uniformização. As sementes de aveia cv. São Carlos foram distribuídas a lanço nas
respectivas densidades, misturadas com igual quantidade de calcário para melhor visualização
da distribuição das sementes. A seguir foi realizado o rebaixamento do capim-Tanzânia a 10 e
27
30 cm de altura. A incorporação das sementes ao solo foi realizada pelo pisoteamento por
eqüinos durante um período de 2 horas. Em seguida a pastagem foi irrigada por aspersão
convencional, cujo manejo foi determinado pelo balanço hídrico, com utilização de tanque
classe A.
Os parâmetros avaliados foram: emergência de plantas de aveia, produção de
forragem, teor de proteína bruta (PB) e digestibilidade “in vitro” da matéria seca (DIVMS).
O número de plantas de aveia emergidas foi avaliado em 1 m
2
de cada parcela, quinze
dias após o plantio.
As amostragens para avaliação de produção de forragem foram realizadas retirando-se
duas subamostras por parcela, em área de 1 m
2
com utilização de um quadrado de 1 metro de
lado, conforme Penati et al (2005). As amostras foram separadas manualmente por espécie e
secas em estufa a 65ºC por 72 horas para determinação da produção de massa seca de
forragem.
O teor de PB foi determinado pelo método de Kjeldalh (A.O.A.C., 1990) e a DIVMS
foi obtida pelo método de Tilley e Terry (1963).
As amostragens foram realizadas em três ciclos de pastejo (05/07/05, 13/08/05 e
10/09/05). Após cada ciclo de pastejo foi realizado rebaixamento da forragem de acordo com
os tratamentos. Após o plantio e após cada ciclo de pastejo foram realizadas adubações a
lanço com 50 kg.ha
-1
de N na forma de uréia.
O delineamento experimental adotado foi em blocos aleatorizados, em esquema
fatorial 3 x 2, com quatro repetições, totalizando 24 parcelas experimentais. A análise
estatística foi feita utilizando-se programa SAS® for Windows (SAS, 1996). Os dados foram
analisados através de medidas repetidas no tempo e as médias dos tratamentos foram
comparadas pelo teste de Tukey a 5%.
28
Resultados e Discussão
A partir dos resultados obtidos, observa-se que não houve interação entre altura de
corte e taxa de semeadura da aveia na produção de massa seca de aveia, capim-Tanzânia e
total (Tabela 1).
Houve efeito significativo da altura de corte sobre a produção de capim-Tanzânia e
total, sendo superior na altura de rebaixamento de 10 cm. Apesar do rebaixamento mais
intenso na sobressemeadura não ter influenciado a produção da espécie de clima temperado,
proporcionou rebrota mais vigorosa da espécie tropical, resultando em produção total de
forragem superior (Tabela 1).
A taxa de semeadura não influenciou a produção de matéria seca, tanto do capim-
Tanzânia como da aveia e total, do mesmo modo que Kalvelage et al (1989) e Flaresso et al
(2001) não obtiveram diferença no rendimento de matéria seca de aveia exclusiva em
densidades de semeadura variando de 50 a 100 kg.ha
-1
e 60 a 100 kg.ha
-1
, respectivamente
(Tabela 1).
Não houve interação entre o fator taxa de semeadura e os ciclos de pastejo para
produção de matéria seca de aveia, de capim-Tanzânia e total, sugerindo que as alterações de
produção com o decorrer dos ciclos independem da taxa de semeadura, cujos resultados não
diferiram entre si (Tabela 2).
A produção de aveia aumentou no segundo ciclo e se manteve no terceiro,
independente da taxa de semeadura utilizada (Tabela 2). A produção de capim-Tanzânia
decresceu do segundo para o terceiro ciclo. O acréscimo na produção de aveia foi mais
29
intenso que o decréscimo na produção de Tanzânia, resultando em aumento da produção total
do segundo ciclo de pastejo em diante.
A produção de capim-Tanzânia obtida durante o período experimental (0,87 t.ha
-1
) foi
inferior à observada por Gerdes et al (2000), que encontraram produção de matéria seca de 1,1
t.ha
-1
no inverno, correspondente a 11,4% da produção total anual.
Houve interação entre altura de corte e ciclo de pastejo na produção de massa seca de
aveia, Tanzânia e total (Tabela 3). Na altura de rebaixamento de 10 cm, a maior produção de
aveia se deu no segundo ciclo de pastejo, ao passo que na altura de 30 cm a máxima produção
observada ocorreu no terceiro ciclo. O rebaixamento mais intenso pode ter colaborado para
que a forrageira de clima temperado antecipasse a máxima produção de massa seca e
produzisse 34,4% a mais ao longo de todo o período analisado (939,12 e 698,81 kg MS.ha
-1
nas alturas de 10 e 30 cm de rebaixamento, respectivamente). Supõe-se que em altura de corte
da forragem tropical mais elevada a aveia encontra maior competição para se desenvolver,
tanto por espaço, como por nutrientes e luminosidade.
Analisando-se a produção de aveia, Tanzânia e total acumulada ao longo dos três
ciclos de pastejo observa-se que houve efeito apenas do fator altura de corte, não havendo
efeito da taxa de semeadura e nem interação entre os dois fatores (Tabela 4). O rebaixamento
mais intenso da pastagem favoreceu a produção da aveia sobressemeada, assim como a
rebrota do capim-Tanzânia e a produção total.
Houve efeito significativo da densidade de semeadura e altura de corte sobre a
emergência de plantas de aveia, avaliada aos quinze dias após a sobressemeadura (Tabela 4).
O número de plantas emergidas foi maior na densidade de semeadura de 120 kg.ha
-1
de SPV,
e as demais densidades não diferiram entre si. No entanto, a maior quantidade de plantas
emergidas na densidade de 120 kg.ha
-1
de SPV não foi suficiente para representar maior
produção de massa seca acumulada de aveia. As plantas das densidades de semeadura de 60 e
30
90 kg.ha
-1
de SPV podem ter perfilhado mais, uma vez que teriam menos concorrência entre
plantas, atingindo produção semelhante à correspondente à taxa de semeadura de 120 kg.ha
-1
de SPV, conforme Debiase et al (2007). O rebaixamento mais intenso do capim-Tanzânia
favoreceu a emergência de plantas de aveia sobressemeada. Não houve efeito da interação dos
fatores na emergência de plantas de aveia.
A taxa de semeadura não teve efeito sobre a qualidade da aveia, Tanzânia e produção
total de forragem, não diferindo nos teores de proteína bruta (PB) e digestibilidade in vitro da
matéria seca (DIVMS) (Tabela 5). Em média, os teores de PB foram superiores na altura de
rebaixamento da forragem de 10 cm.
Houve interação entre os fatores altura de corte e taxa de semeadura para PB total
(Tabela 5). Para altura de corte de 10 cm não houve variação em função da taxa de
semeadura, ou seja, nos tratamentos com altura de corte de 10 cm o teor de PB foi
independente da taxa de semeadura. Para altura de corte de 30 cm a PB total foi inferior na
taxa de semeadura de 120 kg.ha
-1
de SPV.
Nas taxas de semeadura de 60 e 90 kg.ha
-1
de SPV não houve diferença de PB total em
função das alturas de corte. Na taxa de semeadura de 120 kg.ha
-1
de SPV a PB total foi
superior na altura de corte de 10 cm.
A DIVMS da aveia foi superior na altura de 10 cm, ao contrário da DIVMS do capim-
Tanzânia, que foi superior na altura de corte de 30 cm (Tabela 5). A DIVMS total não diferiu
em função da altura de corte ou taxa de semeadura. Não houve interação entre os fatores
altura de corte e taxa de semeadura na DIVMS da aveia, capim-Tanzânia e total.
Não houve interação entre o fator taxa de semeadura e os ciclos de pastejo para PB e
DIVMS de aveia, capim-Tanzânia e total, apesar de ter havido efeito dos ciclos de pastejo
(Tabela 6).
31
A PB da aveia, assim como a DIVMS decresceu com a evolução dos ciclos de pastejo
(Tabela 6). Para o capim-Tanzânia, os teores de PB e DIVMS decresceram do primeiro para o
segundo ciclo e aumentaram em seguida, atingindo os máximos valores observados no
terceiro ciclo, mês de setembro, quando se observou aumento na temperatura dia diária
(Figura 1).
A PB total decresceu do primeiro para o segundo ciclo de pastejo, mantendo os veis
no terceiro. A DIVMS total não diferiu em função da taxa de semeadura ou ciclo de pastejo.
A menor densidade de semeadura avaliada (60 kg.ha
-1
) não provocou decréscimo na
produção e no valor nutritivo da forragem (Tabelas 1, 2, 5 e 6), portanto esta deve ser a
densidade recomendada, uma vez que implica em diminuição do custo de implantação.
Houve interação entre o fator altura de corte e os ciclos de pastejo nos teores de PB e
DIVMS da aveia, Tanzânia e total (Tabela 7). Os teores de PB da aveia decresceram com a
evolução dos ciclos de pastejo, independente da altura de corte. A PB do capim-Tanzânia
decresceu no segundo ciclo e aumentou no terceiro em ambas as alturas de corte. O aumento
da PB do capim-Tanzânia coincidiu com o ciclo de pastejo com maior temperatura média
mensal. A PB total não diferiu ao decorrer dos ciclos de pastejo para a altura de 10 cm de
rebaixamento, diferentemente da altura de corte de 30 cm, em que os teores de PB total
decrescem a partir do segundo ciclo de pastejo.
A DIVMS da aveia, de maneira geral, diminuiu com a evolução dos ciclos de pastejo.
No segundo e terceiro ciclo a DIVMS foi maior na altura de corte de 10 cm, ao contrário do
primeiro ciclo, em que a maior DIVMS foi observada nas parcelas em que o capim-Tanzânia
foi rebaixado a 30 cm. Supõe-se que a melhor digestibilidade da aveia tenha sido obtida nos
tratamentos em que esta obteve menor influência da forrageira tropical, ou seja, no
rebaixamento de 10 cm, em que a competição por espaço, nutrientes e luminosidade teria sido
32
menor. No entanto, esse comportamento não foi observado no primeiro ciclo de pastejo, uma
vez que a aveia estava no período de estabelecimento.
A DIVMS do capim-Tanzânia foi maior na altura de rebaixamento de 30 cm, com
exceção do terceiro ciclo de pastejo, em que não houve diferença na DIVMS em função da
altura de rebaixamento, uma vez que as condições climáticas passam a ser favoráveis à
espécie tropical. Em ambas as alturas de corte a DIVMS do capim-Tanzânia diminuiu do
primeiro para o segundo ciclo, obtendo máximo valor observado no terceiro ciclo, em função
da proximidade da estação das águas.
Conclusões
1 - As taxas de sobressemeadura de aveia na pastagem de capim-Tanzânia de 60, 90 e
120 kg.ha
-1
de SPV não interferiram na produção e valor nutritivo das forrageiras. Portanto
recomenda-se a densidade de 60 kg.ha
-1
por ser a menor e conseqüentemente menos onerosa.
2 A altura de rebaixamento da pastagem de capim-Tanzânia sobressemeada com
aveia que proporcionou melhor produção de forragem e valor nutritivo da pastagem nas
condições estudadas foi a de 10 cm.
33
Referências
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34
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35
15
17
19
21
23
25
maio junho julho agosto setembro outubro
Temperatura (ºC)
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
Precipitação (mm)
Temperatura
Precipitação
Figura 1 Temperatura (°C) e precipitação (mm) médias durante o período experimental
(2005)
36
Tabela 1 – Produção de massa seca (kg MS.ha
-1
) de aveia, Tanzânia e total submetido a taxas
de semeadura e alturas de corte.
Taxa de semeadura (kg.ha
-1
) Altura de corte
(cm)
60 90 120 Média
Produção aveia
10 303,52 323,75 311,86 313,04
30 258,32 262,55 177,94 232,94
Média 280,92 293,15 244,90
CV (%) 53,69
Produção Tanzânia
10 413,70 A 349,06 A 335,41 A 366,06 A
30 244,36 B 193,07 B 206,11 B 214,51 B
Média 329,03 271,06 270,76
CV (%) 47,26
Produção total
10 726,83 A 667,54 A 642,93 A 679,10 A
30 493,07 B 460,89 B 388,38 B 447,45 B
Média 609,95 564,22 515,66
CV (%) 37,56
Médias seguidas de letras maiúsculas distintas nas colunas diferem entre si pelo teste de Tukey (P<0,05)
CV = coeficiente de variação
37
Tabela 2 - Produção de massa seca (kg MS.ha
-1
) de aveia, Tanzânia e total submetido a
taxas de semeadura em três ciclos de pastejo.
Ciclos de pastejo Taxa de semeadura
(kg/ha)
1 2 3 Média
Produção aveia
60 128,96 b 370,09 a 343,70 a 280,92
90 151,33 b 360,41 a 367,71 a 293,15
120 175,13 b 279,66 a 279,91 a 244,90
Média 151,81 b 336,72 a 330,44 a
CV (%) 53,69
Produção Tanzânia
60 355,88 a 360,10 a 271,11 b 329,03
90 290,62 a 310,35 a 212,23 b 271,06
120 316,11 a 257,96 a 238,21 b 270,76
Média 320,87 a 309,47 a 240,52 b
CV (%) 47,26
Produção total
60 484,84 b 730,19 a 614,81 a 609,95
90 441,94 b 670,76 a 579,95 a 564,22
120 491,23 b 537,61 a 518,12 a 515,66
Média 472,67 b 646,19 a 570,96 a
CV (%) 37,56
Médias seguidas de letras minúsculas distintas nas linhas diferem entre si pelo teste de Tukey (P<0,05)
CV = coeficiente de variação
38
Tabela 3 - Produção de massa seca (kg MS.ha
-1
) de aveia, Tanzânia e total submetido a
alturas de corte em três ciclos de pastejo.
Ciclos de pastejo Altura de corte
(cm)
1 2 3 Média
Produção aveia
10 200,00 cA 410,34 aA 328,78 bA 313,04
30 103,61 cB 263,10 bB 332,10 aA 232,94
Média 151,61 b 336,72 a 330,44 a
CV (%) 53,69
Produção Tanzânia
10 459,56 aA 359,64 bA 278,96 cA 366,06 A
30 182,17 bB 259,29 aB 202,07 abA 214,51 B
Média 320,87 a 309,47 a 240,52 b
CV (%) 47,26
Produção total
10 659,57 bA 769,99 aA 607,75 bA 679,10 A
30 285,78 bB 522,39 aB 534,17 aA 447,45 B
Média 472,67 b 646,19 a 570,96 a
CV (%) 37,56
Médias seguidas de letras maiúsculas distintas nas colunas diferem entre si pelo teste de Tukey (P<0,05)
Médias seguidas de letras minúsculas distintas nas linhas diferem entre si pelo teste de Tukey (P<0,05)
CV = coeficiente de variação
39
Tabela 4 – Emergência e produção de aveia, Tanzânia e total (kg MS.ha
-1
) acumulada
em três ciclos de pastejo.
Taxa de semeadura
(kg.ha
-1
)
Altura
de corte
(cm)
Emergência
(n° de
plantas/m
2
)
Aveia Tanzânia Total
60 10 208 939,38 1241,10 2180,48
60 30 140 746,13 733,08 1479,22
90 10 288 955,42 1047,19 2002,61
90 30 182 803,49 579,20 1382,68
120 10 328 922,58 1006,22 1928,80
120 30 308 546,81 618,32 1165,13
CV (%) 24,75 24,75 22,67 15,69
Média 242,37 242,37 870, 85 1689,82
Fator taxa de semeadura
60 174 B 842,76 987,09 1829,85
90 235 B 879,46 813,19 1692,65
120 318 A 734,70 812,27 1546,97
Fator altura de corte
10 274 A 939,13 A 1098,13 A 2037,30 A
30 210 B 698,81 B 0643,54 B 1342,35 B
Taxa de semeadura ** Ns Ns Ns
Altura de corte * ** * **
Taxa de semeadura*Altura de
corte
Ns Ns Ns Ns
Médias seguidas de letras maiúsculas distintas nas colunas diferem entre si pelo teste de Tukey
* P<0,05
** P<0,01
CV = coeficiente de variação
40
Tabela 5 Teor de proteína bruta (PB) e digestibilidade in vitro da matéria seca (DIVMS)
(%) de aveia, Tanzânia e total submetido a taxas de semeadura e alturas de corte.
Taxa de semeadura (kg.ha
-1
) Altura de corte
(cm)
60 90 120 Média
PB aveia
10 22,42 A 22,31 A 22,47 A 22,40 A
30 22,11 B 21,18 B 20,55 B 21,28 B
Média 22,26 21,75 21,51
CV (%) 23,70
PB Tanzânia
10 16,98 A 17,02 A 17,70 A 17,23 A
30 15,63 B 16,73 B 15,20 B 15,85 B
Média 16,31 16,87 16,45
CV (%) 18,48
PB total
10 18,87 aA 18,89 aA 19,80 aA 19,19 A
30 18,11 abA 18,54 aA 16,93 bB 17,86 B
Média 18,49 18,71 18,37
CV (%) 13,80
DIVMS aveia
10 83,02 A 80,82 A 81,14 A 81,66 A
30 78,28 B 78,93 B 77,07 B 78,09 B
Média 80,65 79,87 79,10
CV (%) 8,54
DIVMS Tanzânia
10 63,43 B 65,12 B 63,30 B 64,95 B
30 68,11 A 68,37 A 69,48 A 68,65 A
Média 65,77 66,75 67,89
CV (%) 12,64
DIVMS total
10 71,73 71,95 73,44 72,37
30 72,10 73,12 71,92 72,38
Média 71,91 72,54 72,68
CV (%) 6,72
Médias seguidas de letras maiúsculas distintas nas colunas diferem entre si pelo teste de Tukey (P<0,05)
Médias seguidas de letras minúsculas distintas nas linhas diferem entre si pelo teste de Tukey (P<0,05)
CV = coeficiente de variação
41
Tabela 6 Teor de proteína bruta (PB) e digestibilidade in vitro da matéria seca (DIVMS)
(%) de aveia, Tanzânia e total submetido a taxas de semeadura em três ciclos de
pastejo.
Ciclos de pastejo Taxa de semeadura
(kg.ha
-1
)
1 2 3 Média
PB aveia
60 28,10 a 22,07 b 16,62 c 22,26
90 27,24 a 21,51 b 16,49 c 21,75
120 27,36 a 21,53 b 15,64 c 21,51
Média 27,57 a 21,70 b 16,25 c
CV (%) 23,70
PB Tanzânia
60 16,78 b 14,02 c 18,12 a 16,31
90 17,14 b 14,28 c 19,19 a 16,87
120 17,78 b 12,86 c 18,69 a 16,45
Média 17,24 b 13,72 c 18,67 a
CV (%) 18,48
PB total
60 20,18 a 18,04 b 17,26 b 18,49
90 20,65 a 18,07 b 17,41 b 18,71
120 21,20 a 16,89 b 17,01 b 18,37
Média 20,68 a 17,67 b 17,23 b
CV (%) 13,80
DIVMS aveia
60 85,42 a 82,52 b 74,01 c 80,65
90 83,27 a 82,01 b 74,33 c 79,87
120 83,09 a 81,22 b 73,00 c 79,10
Média 83,93 a 81,92 b 73,78 c
CV (%) 8,54
DIVMS Tanzânia
60 67,40 b 55,55 c 74,36 a 65,77
90 65,29 b 59,38 c 75,57 a 66,75
120 67,26 b 62,61 c 73,80 a 67,89
Média 66,65 b 59,18 c 74,58 a
CV (%) 12,64
DIVMS total
60 72,66 69,26 73,83 71,91
90 71,43 71,52 74,65 72,54
120 72,55 72,31 73,19 72,68
Média 72,21 71,03 73,89
CV (%) 6,72
Médias seguidas de letras minúsculas distintas nas linhas diferem entre si pelo teste de Tukey (P<0,05)
CV = coeficiente de variação
42
Tabela 7 Teor de proteína bruta (PB) e digestibilidade in vitro da matéria seca (DIVMS)
(%) de aveia, Tanzânia e total submetido a alturas de corte em três ciclos de
pastejo.
Ciclos de pastejo Altura de corte
(cm)
1 2 3 Média
PB aveia
10 26,76 aA 22,54 bA 17,90 cA 22,40 A
30 28,37 aB 20,86 bA 14,60 cB 21,28 B
Média 27,57 a 21,70 b 16,25 c
CV (%) 23,70
PB Tanzânia
10 17,13 bA 14,87 cA 19,69 aA 17,23 A
30 17,34 aA 12,57 bB 17,65 aB 15,85 B
Média 17,24 b 13,72 c 18,67 a
CV (%) 18,48
PB total
10 19,96 aB 18,82 aA 18,78 aA 19,19 A
30 21,39 aA 16,52 bB 15,67 bB 17,86 B
Média 20,68 a 17,67 b 17,23 b
CV (%) 13,80
DIVMS aveia
10 81,38 bB 83,60 aA 80,00 bA 81,66 A
30 86,48 aA 80,24 bB 67,57 cB 78,09 B
Média 83,93 a 81,92 b 73,78 c
CV (%) 8,54
DIVMS Tanzânia
10 63,56 bB 56,37 cB 74,93 aA 64,95 B
30 69,74 bA 61,98 cA 74,23 aA 68,65 A
Média 66,65 b 59,18 c 74,58 a
CV (%) 12,64
DIVMS total
10 68,81 bB 70,69 bA 77,62 aA 72,37
30 75,61 aA 71,38 bA 70,16 bB 72,38
Média 72,21 71,03 73,89
CV (%) 6,72
Médias seguidas de letras maiúsculas distintas nas colunas diferem entre si pelo teste de Tukey (P<0,05)
Médias seguidas de letras minúsculas distintas nas linhas diferem entre si pelo teste de Tukey (P<0,05)
CV = coeficiente de variação
43
CAPÍTULO 3
Produção e valor nutritivo de pastagens tropicais exclusivas ou sobressemeadas com
espécies de clima temperado
Resumo Pastagens de Brachiaria brizantha cv. Marandu, Panicum maximum cv. Mombaça
e Cynodon dactylon cv. Coastcross foram sobressemeadas com as espécies forrageiras de
inverno aveia (Avena byzantina cv. São Carlos) ou azevém (Lolium multiflorum) com o
objetivo de melhorar a produção e o valor nutritivo da forragem no período crítico do ano. O
delineamento experimental foi aleatorizado em blocos, com 4 repetições. Foram avaliados
emergência de plantas da espécie de clima temperado, produção de massa seca,
estacionalidade de produção da forrageira de clima tropical, teor de proteína bruta (PB),
digestibilidade in vitro da matéria seca (DIVMS), fibra insolúvel em detergente neutro (FDN)
e fibra insolúvel em detergente ácido (FDA). As maiores produções de massa foram
observadas nos tratamentos contendo capim-coastcross e capim-marandu exclusivo, sugerindo
que a sobressemeadura de espécies de clima temperado não tenha sido capaz de aumentar a
produção de forragem na época seca do ano. A sobressemeadura de azevém em pastagens de
capim-marandu elevou a PB da forragem de 17,57% para 19,63%. A sobressemeadura de
aveia ou azevém contribuiu para a redução nos teores de FDN de pastagens de capim-
coastcross e mombaça. Com a utilização de forrageiras de clima temperado sobressemeadas
em pastagens tropicais não foi possível observar melhorias no valor nutritivo da forragem,
bem como incremento na produção de massa seca na época crítica do ano.
Termos para indexação: aveia, azevém, coastcross, marandu, mombaça, sobressemeadura
44
Abstract Brachiaria brizantha cv. Marandu, Panicum maximum cv. Mombaça, Cynodon
dactylon cv. Coastcross pastures was overseeded with winter pastures species: oat (Avena
byzantina cv. São Carlos) or ryegrass (Lolium multiflorum) with purpose of increase yield and
forage nutritional value in year critical period. The experimental designs was randomized in
blocks, with four replications. Number of winter pasture plants, dry matter yield, seasonality
of tropical specie, crude protein (CP), in vitro dry matter digestibility (IVDMD), neutral
detergent fiber (NDF) and acid detergent fiber (ADF). The highest yields was observed in
treatments containing coastcross grass and exclusive marandu grass. This result suggest that
overseeded with winter pastures species wasn’t able to increase forage yield in dry season.
Ryegrass overseeded on marandu grass increased rate CP from 17,57% to 19,63%. Oat or
ryegrass overseeded contributed to decrease rate ADF in coastcross and mombaça grasses.
Therefore in general winter pastures overseeded on tropical pastures don’t increased forage
quality and no increased yield forage in year critical period.
Index terms: coastcross, marandu, mombaça, oat, overseeding, ryegrass
Introdução
O Brasil apresenta condições favoráveis à exploração de sistemas de produção animal
que utilizam pastagens. Porém, o déficit hídrico no período seco do ano no Brasil Central e
Estado de São Paulo contribui para a baixa disponibilidade de forragem, capacidade de
suporte e produtividade animal, com conseqüente redução na produção de leite e perda de
peso dos animais de corte. Para minimizar os efeitos da estacionalidade de produção das
forrageiras, além da utilização eficiente de adubação, irrigação e manejo de desfolha, a
utilização de forrageiras de clima temperado tem sido uma alternativa, especialmente na
45
região Sul do Brasil. Aveia e azevém são as principais forrageiras de clima temperado
utilizadas para esta finalidade.
A utilização das forrageiras de clima temperado em sobressemeadura visa prolongar o
período de utilização das pastagens, reduzindo os custos com alimentos concentrados ou
volumosos conservados, além da maximização do aproveitamento da área, normalmente
ociosa no inverno, objetivando diminuir os gastos com máquinas, equipamentos, infra-
estrutura, combustível e mão-de-obra. Apesar dos objetivos preconizados pela
sobressemeadura, Gerdes et al (2005) e Furlan et al (2006) não observaram incremento na
composição química de pastagens sobressemeadas no período crítico do ano. Diversos
estudos têm sido realizados acerca da sobressemeadura de espécies de clima temperado,
inclusive em pastagem nativa (Soares et al, 2006), além de pastagens de capim-tifton 85
(Furlan et al, 2006; Moreira et al, 2006), capim-aruana (Gerdes et al, 2005) e capim-
coastcross (Rocha et al, 2007). Porém, não se encontram trabalhos que avaliem o efeito da
sobressemeadura de aveia e azevém em diferentes pastagens tropicais sob as mesmas
condições.
O objetivo deste trabalho foi avaliar a produção e o valor nutritivo de pastagens
tropicais (Cynodon dactylon cv. Coastcross, Brachiária brizantha cv. Marandu e Panicum
maximum cv. Mombaça) exclusivas ou sobressemeadas com aveia ou azevém.
Material e Métodos
O experimento foi realizado em área experimental irrigada do Centro de Pesquisa de
Agropecuária do Sudeste (CPPSE/Embrapa), situada no município de São Carlos/SP, cujas
coordenadas geográficas são 22º01`S e 47º53`W e altitude 856m. O clima da região é
considerado como tropical de altitude, que, segundo classificação de Koeppen, é Cwa, ou
46
seja, inverno seco e verão quente e úmido. A precipitação anual média é de 1.502 mm. O
período experimental foi de maio de 2005 a maio de 2007. O solo da área experimental é um
Latossolo vermelho distrófico, com pH em CaCl
2
= 4,6 e 5,1; matéria orgânica = 17 e 23
g.dm
-3
, P = 27 mg.dm
-3
, saturação por bases = 30% e 47%; 2,3 e 0,8 mmolc.dm
-3
de K; 13 e
15 mmolc.dm
-3
de Ca; 4 e 7 mmolc.dm
-3
de Mg; e 45 e 26 mmolc.dm
-3
de H + Al, nos anos de
2005 e 2006, respectivamente. Os dados médios mensais de temperatura e precipitação do
período experimental foram obtidos pela Estação Climatológica da Embrapa Pecuária Sudeste
(Figura 1).
Os tratamentos consistiram na combinação de pastagem tropical exclusiva de
Brachiaria brizantha cv. Marandu, Panicum maximum cv. Mombaça e Cynodon dactylon cv.
Coastcross ou sobressemeadas com as forrageiras de clima temperado Avena byzantina cv.
São Carlos e Lolium multiflorum, totalizando 9 tratamentos: Coastcross exclusivo, Coastcross
sobressemeado com aveia, Coastcross sobressemeado com azevém, Marandu exclusivo,
Marandu sobressemeado com aveia, Marandu sobressemeado com azevém, Mombaça
exclusivo, Mombaça sobressemeado com aveia e Mombaça sobressemeado com azevém.
O modelo matemático utilizado foi o seguinte:
y
ijk
= µ + a
i
+ b
j
+ (ab)
ij
+ c
k
+ e
ijk
, em que:
y
ijk
= valor da parcela que recebeu o i-ésimo nível do fator espécie tropical e o j-ésimo nível
do fator espécie de clima temperado no k-ésimo bloco; µ = média geral; a
i
= efeito do nível i
do fator espécie tropical; b
j
= efeito do nível j do fator espécie de clima temperado; (ab)
ij
=
efeito da interação dos fatores espécie tropical e espécie de clima temperado; c
k
= efeito do k-
ésimo bloco; e
ijk
= efeito dos fatores não controlados que recebeu a combinação de tratamento
envolvendo o nível i do fator espécie tropical e o nível j do fator espécie de clima temperado
no bloco k.
47
Foram alocadas 36 parcelas de 10 m
2
na área experimental. O plantio das espécies tropicais
foi realizado em dezembro de 2004 com 150 kg.ha
-1
de superfosfato simples e 30 kg.ha
-1
de
FTEBR12. A sobressemeadura da aveia ou do azevém foi realizada em 13/05/2005 e
22/05/2006 conforme descrito por Oliveira et al (2006). Após a realização de pastejo para
rebaixamento da forrageira tropical, foram distribuídos 60 kg.ha
-1
de SPV (sementes puras
viáveis) de aveia e 30 kg.ha
-1
de SPV de azevém, misturadas com igual quantidade de calcário
para melhor identificar a distribuição das sementes. Os animais foram novamente colocados
na área para pisotear as sementes e incorporá-las ao solo. A seguir a pastagem foi roçada a 10
cm de altura e a palhada remanescente foi mantida para cobrir as sementes. Em seguida a
pastagem foi irrigada segundo o método EPS de manejo de irrigação (Rassini, 2001). Em
julho de 2006 foi aplicado 2; 3,2 e 3,9 t.ha
-1
de calcário dolomítico PRNT 54 nas parcelas
com Mombaça, Coastcross e Marandu, respectivamente. Foi realizada adubação de correção
com 500 kg.ha
-1
de superfosfato simples, 25 kg.ha
-1
de sulfato de zinco, 15 kg.ha
-1
de sulfato
de cobre, 10 kg.ha
-1
de bórax e cloreto de potássio para elevar o potássio a 4% da CTC.
Foram avaliados os seguintes parâmetros: número de plantas da forrageira de clima
temperado emergidas, produção de forragem (espécie tropical mais espécie de lima
temperado), estacionalidade de produção das forrageiras tropicais, proteína bruta (PB),
digestibilidade in vitro da matéria seca (DIVMS), fibra insolúvel em detergente neutro (FDN)
e fibra insolúvel em detergente ácido (FDA).
Para as avaliações da emergência de plantas de clima temperado, realizadas em
14/06/05 e 21/06/05, contou-se o número de plantas emergidas numa área de 0,08m
2
(retângulo de 20 x 40cm) conforme Thomas et al (1981), sendo realizadas três
subamostragens por parcela.
Para avaliação da produção de forragem as amostragens foram realizadas retirando-se
quatro subamostras por parcela, em área de 0,08m
2
para o Coastcross e Marandu e duas
48
subamostras de 1 m
2
(quadrado de 1m) para o Mombaça, conforme Penati et al (2005). As
amostras foram separadas por espécie e secas em estufa a 65ºC por 72 horas para
determinação da produção das espécies de clima tropical e temperada.
A estacionalidade de produção da pastagem tropical foi determinada calculando-se a
proporção da produção do período seco em relação à produção total durante o ano.
Na estação das águas a qualidade da forragem tropical foi avaliada pela determinação
PB e DIVMS, obtida pelos métodos de Kjeldalh (A.O.A.C., 1990) e Tilley e Terry (1963),
respectivamente. Na estação seca, quando a cultura de inverno estava presente, o valor
nutritivo da forragem foi avaliada pela determinação de PB, DIVMS, FDN e FDA segundo
Van Soest (1963).
Após as amostragens, realizadas em intervalos de 30 a 35 dias, a área experimental foi
pastejada. Na seqüência foi realizada a roçada na altura de 10 cm na época seca e, na época
das águas, nas alturas de 10 cm para o capim Coastcross, 20 cm para a B. brizantha cv.
Marandu e 30 cm para o Mombaça. Após cada pastejo, foram realizadas adubações de
cobertura com 50 kg.ha
-1
de N na época seca (de maio a outubro) e 100 kg.ha
-1
na época das
águas (novembro a abril), totalizando 300 kg.ha
-1
de N e 600 kg.ha
-1
de N, respectivamente.
A análise estatística foi feita utilizando-se o programa SAS® for Windows (SAS,
1996). Os dados foram submetidos à análise de variância em delineamento aleatorizado em
blocos e as médias dos tratamentos foram comparadas pelo teste de Tukey a 5% e 1% de
significância.
Resultados e Discussão
A partir dos resultados obtidos foi possível observar que a espécie tropical exerce
maior influência na emergência de plantas de aveia do que de azevém (Tabela 1). Houve
49
interação entre a espécie tropical e o ano de avaliação sobre a emergência de plantas de ambas
as espécies, sendo mais significativa para aveia. As espécies com hábito de crescimento
cespitoso (mombaça e marandu) permitiram maior emergência de plantas de aveia no segundo
ano de avaliação, enquanto o hábito de crescimento prostrado do coastcross pode ter
dificultado a fixação da semente ao solo e prejudicado a emergência de plantas. Para as
plantas de azevém, não houve diferença no número de plantas emergidas no ano de 2005 e no
ano de 2006 houve diferença entre as espécies tropicais mombaça e coastcross. A aveia
sofreu influência do ano na emergência de plantas, enquanto a emergência de plantas de
azevém não foi afetada.
No primeiro ano de avaliação (2005/2006) houve interação dos efeitos espécie tropical
e espécie de clima temperado sobre a produção de massa seca de forragem na estação seca e
na produção total anual (Tabela 2). Na estação seca, o capim-marandu exclusivo foi o
tratamento mais produtivo (P<0,01). O capim-marandu é uma das forragens mais indicadas
para utilização em pastejo diferido em função de sua capacidade de manutenção de
características estruturais e nutricionais no período seco, podendo atingir massa de forragem
de até 10 t.ha
-1
em pastagens diferidas (Gomes, 2003) e produção anual de matéria seca de até
20 t.ha
-1
em pastagens adubadas (Embrapa, 2008), valor semelhante ao obtido nos dois anos
de avaliação (23,67 e 19,80 t.ha
-1
). Quanto à produção anual de massa de forragem, os
tratamentos mais produtivos foram marandu exclusivo e coastcross exclusivo ou
sobressemeado com aveia ou azevém. Os resultados sugerem que a sobressemeadura tenha
sido prejudicial à produção de marandu, e que não tenha tido efeito sobre a produção de
mombaça e coastcross.
Os capins coastcross e mombaça não tiveram sua produção de forragem alterada com
a sobressemeadura de espécies de clima temperado, ao contrário dos resultados de Gerdes et
al (2005), que obtivram maior produção de forragem no tratamento capim-aruana
50
sobressemeado com aveia e azevém do que no tratamento capim-aruana exclusivo. Na estação
das águas houve efeito da espécie tropical sobre a produção de massa seca, sendo maior
nos tratamentos de capim-coastcross (P<0,01), independente da espécie sobressemeada, uma
vez que na estação das águas estas estavam ausentes.
Durante o segundo ano de avaliação (2006/2007) a produção de massa de forragem foi
influenciada apenas pelo efeito da espécie tropical, tanto na estação das águas como da seca e
total (Tabela 2). Esses resultados sugerem que a produção de forragem é a mesma,
independente da sobressemeadura de aveia ou azevém. O capim-mombaça produziu menos
massa de forragem que o coastcross e marandu (P<0,01), tanto na estação das águas como na
seca. Apesar de no capítulo anterior a altura de roçagem de 10 cm durante a sobressemeadura
não ter prejudicado o capim-tanzânia, neste experimento a roçagem mais intensa pode ter
prejudicado a produção do capim-mombaça. Plantas com hábito de crescimento cespitoso
exigem freqüência de corte menor ou altura de corte mais elevada, uma vez que têm o
meristema apical mais facilmente eliminado pelo pastejo do que as plantas rasteiras, o que
implica em rebrota mais lenta (Corsi, 1994). As produções anuais observadas para o capim-
mombaça (18,95 e 13,75 t.ha-1) foram inferiores às citadas por Moreno (2005) e Costa
(2001), cujos resultados foram de 20 t.ha
-1
.
Noro et al (2003) avaliaram a produção de gramíneas anuais de estação fria e
observaram maior produção de forragem de azevém do que de aveia (10,75 e 6,25 t MS.ha
-1
,
respectivamente). No entanto, em regime de sobressemeadura, não foi observada diferença na
produção de massa de forragem nos tratamentos contendo aveia e azevém nos dois anos de
avaliação.
A estacionalidade de produção indica a proporção da produção na época da seca em
relação à produção total anual. No ano de 2005/2006 houve efeito da interação entre os
fatores espécie tropical e espécie de clima temperado para estacionalidade de produção
51
(Tabela 3). O tratamento com capim-marandu exclusivo foi o que apresentou a maior
estacionalidade, sendo significativamente superior a todos os demais tratamentos, ou seja, foi
o tratamento que sofreu menor efeito das adversidades do período seco do ano e que
apresentou maior regularidade na distribuição da produção ao longo do ano. Esta
característica contribui para a viabilidade de utilização de capim-marandu em pastejo diferido.
Para o capim-marandu a sobressemeadura com espécies de clima temperado reduziu a
produção na seca em relação ao total. Para as demais forrageiras tropicais a estacionalidade
foi a mesma, independente da sobressemeadura.
No segundo ano de avaliação houve efeito apenas da espécie tropical sobre a
estacionalidade, indicando que a sobressemeadura de espécies de clima temperado não tem
influência nessa variável. Apesar do capim-mombaça ter apresentado a menor estacionalidade
dentre as espécies tropicais avaliadas, com 30,77% de sua produção total na época seca, esse
valor foi superior ao observado por Moreno (2005), em que apenas 20% da produção total
ocorreu no período seco do ano.
A sobressemeadura de espécies de clima temperado não influenciou o valor nutritivo
das forrageiras tropicais na época das águas (Tabela 3) e nesse período não houve diferença
nos teores de PB e DIVMS entre as espécies exclusivas e sobressemeadas, nos dois anos de
avaliação (P>0,05). Considerando-se apenas a espécie tropical, não houve diferença nos
teores de PB no ano de 2005 (P>0,05) e no ano de 2006 coastcross e mombaça apresentaram
teores de PB superior ao capim-marandu (P<0,01). Apesar disso, os valores observados para
PB do capim-marandu nos dois anos de avaliação (16,24% e 16,77%) foram superiores aos
observados por Thiago et al (2000) e Costa et al (2005) e no período das águas, que foram da
ordem de 102% e 12%, respectivamente. Apesar do menor teor de PB, o capim-marandu
apresentou maior índice de digestibilidade nos dois anos de avaliação em relação às demais
espécies tropicais (P<0,01).
52
No primeiro ano houve efeito da interação dos fatores espécie tropical e de clima
temperado sobre o teor de PB da espécie tropical e PB total na estação seca (Tabela 4). A PB
do capim-coastcross exclusivo foi maior do que a combinação coastcross mais azevém. Com
o capim-marandu ocorreu o contrário: a combinação marandu mais azevém apresentou maior
teor de PB do que o capim-marandu exclusivo. O capim-mombaça, exclusivo ou
sobressemeado, não diferiu no teor de PB (P>0,05). As espécies tropicais não influenciaram o
teor de PB das espécies de clima temperado, ou seja, independente da forrageira tropical, o
azevém teve maior teor de PB que a aveia (P<0,01).
Analisando o teor de PB total de cada tratamento, observou-se que o capim-coastcross
exclusivo não diferiu deste sobressemeado com azevém, porém ambos foram superiores à
combinação coastcross mais aveia. O capim-marandu exclusivo apresentou menor teor de PB
do que quando sobressemeado com azevém. O capim-mombaça, exclusivo ou sobressemeado
com aveia ou azevém, não apresentou diferença no teor de PB total (P>0,05). Isto implica que
a sobressemeadura de azevém em pastagem de capim-coastcross não tem efeito sobre o teor
de PB da forragem total, porém a sobressemeadura com aveia contribui para a redução do teor
de PB total da forragem. Para o capim-mombaça a sobressemeaura com espécies de clima
temperado foi indiferente para o teor de PB da forragem, mesmo resultado obtido por Gerdes
et al (2005) em capim-aruana sobressemeado com aveia e azevém ou exclusivo (13,6% e
14,0% de PB, respectivamente). A sobressemeadura de azevém em capim-marandu aumentou
o teor de PB da forragem.
A aveia proporcionou maior teor de PB total quando sobressemeada em capim-
mombaça, enquanto a sobressemeadura de azevém não foi influenciada pela espécie tropical.
Na estação seca do segundo ano de avaliação não houve interação entre espécie
tropical e de clima temperado sobre o teor de PB. O teor de PB do capim-mombaça foi maior,
53
seguida do capim-marandu e costcross (P<0,01). Ao contrário do que ocorreu no primeiro
ano, o teor de PB da aveia foi superior ao do azevém (P<0,01).
Não houve interação dos fatores espécie de clima tropical e temperado sobre a DIVMS
de ambas as espécies, bem como sobre a DIVMS total, nos dois anos de avaliação (Tabela 4).
Isso implica que uma espécie não interfere na DIVMS da outra. Observando-se
exclusivamente o efeito da forrageira tropical, no ano de 2005, o capim-marandu apresentou
maior DIVMS do que o capim-coastcross (P<0,01) e o capim-mombaça não diferiu das
demais espécies avaliadas. No ano de 2006, os capins marandu e mombaça apresentaram
índice de DIVMS superior ao do capim-coastcross. A DIVMS da aveia foi maior que do
azevém nos dois anos de avaliação (P<0,01). Observou-se que os tratamentos com
sobressemeadura de aveia ou azevém apresentaram maior DIVMS total do que as forrageiras
tropicais exclusivas em 2005 e, em 2006, a sobressemeadura com aveia apresentou maior
DIVMS total do que as espécies tropicais exclusivas ou sobressemeadas com azevém.
Moreira et al (2006), utilizando misturas com forrageiras de inverno para amenizar o déficit
de forragem de capim-tifton, não observaram diferença na DIVMO entre o tratamento
exclusivo ou sobressemeado, obtendo média de 56,5%.
Segundo Furlan et al (2006), a sobressemeadura de aveia pouco contribui para
melhorar a composição química da pastagem nos períodos críticos, quando comparada com
pastagem de capim-tifton 85 irrigada e adubada, uma vez que não observaram diferença nos
teores de PB nos tratamentos exclusivo e sobressemeado (14,72% e 15,12%,
respectivamente). Do mesmo modo, Gerdes et al (2005) não obtiveram diferença nos teores
de PB e DIVMS de pastagem de capim-aruana exclusivo e sobressemeado com mistura de
aveia e azevém (PB de 14,0% e 13,6% e DIVMS de 68,0% e 68,7%, respectivamente).
Segundo os autores, a sobressemeadura de forrageiras de inverno é desnecessária para
melhorar o valor nutritivo de pastagens submetidas a práticas adequadas de manejo.
54
No ano de 2005 houve efeito da interação dos fatores espécie tropical e de clima
temperado sobre o teor de FDN da forrageira tropical (Tabela 5). Independente da
sobressemeadura de espécies de clima temperado, o capim-coastcross apresentou teor de FDN
superior às demais forrageiras tropicais (P<0,01) e os tratamentos com espécies tropicais
exclusivas apresentaram maior teor de FDN do que quando sobressemeadas (P<0,01),
sugerindo que a presença de aveia ou azevém tenha contribuído para redução das frações
fibrosas na forragem, que constituem material menos digestível e de menor qualidade para o
animal. Gerdes et al (2005) também obtiveram FDN total menor nos tratamentos com
sobressemeadura de aveia e azevém do que nos tratamentos com capim-aruana exclusivo
(69,5% e 71,3%, respectivamente).
No ano de 2006 houve efeito da interação dos fatores espécie tropical e de clima
temperado sobre o teor de FDN total. O tratamento composto de capim-coastcross exclusivo
foi o que apresentou o maior teor de FDN, enquanto os tratamentos com capim-marandu
apresentaram os menores teores. Tanto o capim-coastcross como o capim-mombaça
exclusivos apresentaram maior teor de FDN do que quando sobressemeados (P<0,05), e o
capim-marandu não alterou o teor de FDN com a sobressemeadura. Uma vez que o teor de
FDN do capim-marandu foi menor que das demais espécies tropicais, e mais próximo dos
valores obtidos para as forrageiras de clima temperado, a sobressemeadura com aveia e
azevém favoreceu mais as espécies tropicais de menor qualidade.
Quanto ao teor de FDA (Tabela 5), no ano de 2005 não houve interação dos fatores
espécie tropical e de clima temperado (P>0,05). Independente da sobressemeadura de aveia e
azevém, o capim-mombaça apresentou maior teor de FDA que as demais espécies tropicais.
Do mesmo modo como ocorreu com o teor de FDN, as forrageiras tropicais exclusivas
apresentaram maior teor de FDA do que quando sobressemeadas. Gerdes et al (2005)
55
obtiveram maiores teores de FDA em capim-aruana exclusivo do que sobressemeado com
aveia e azevém, sugerindo haver melhora no valor nutritivo das forragens sobressemeadas.
No segundo ano de avaliação houve efeito da interação dos fatores espécie tropical e
de clima temperado sobre o teor de FDA total da forragem. O capim-coastcross apresentou os
mesmos teores de FDA quando exclusivo ou sobressemeado, ao contrário do capim-marandu,
cujo teor de FDA foi menor quando exclusivo e do capim-mombaça, que apresentou o maior
teor de FDA quando exclusivo. As diferenças observadas são atribuídas à espécie tropical,
uma vez que não houve efeito da espécie de clima temperado.
Pôde-se observar que os teores de FDN das forrageiras tropicais foram maiores que os
teores das espécies de clima temperado, do mesmo modo para os teores de FDA no primeiro
ano de avaliação, sugerindo que o valor nutritivo das espécies de clima temperado tenha sido
superior ao das forrageiras tropicais. No segundo ano, porém, os teores de FDA do capim-
marandu e coastcross foram menores que os de azevém, o que teria contribuído para o
aumento do FDA quando essas espécies foram sobressemeadas.
Conclusões
A sobressemeadura de aveia e azevém em pastagens adubadas e irrigadas de capim
coastcross, marandu e mombaça não foi capaz de aumentar a produção e o valor nutritivo
forragem na época crítica do ano.
56
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59
15
17
19
21
23
25
M
/
0
5
J
/
0
5
J
/
0
5
A
/
0
5
S
/
0
5
O
/
0
5
N
/
0
5
D
/
0
5
J
/
0
6
F
/
0
6
M
/
0
6
A
/
0
6
M
/
0
6
J
/
0
6
J
/
0
6
A
/
0
6
S
/
0
6
O
/
0
6
N
/
0
6
D
/
0
6
J
/
0
7
F
/
0
7
M
/
0
7
A
/
0
7
M
/
0
7
Temperatura (°C)
0
50
100
150
200
250
300
350
400
450
500
Precipitação (mm)
Temperatura Precipitação
Figura 1 – Temperatura (°C) e precipitação (mm) médias durante o período
experimental
Tabela 1 Número de plantas por m
2
de aveia e azevém emergidas após sobressemeadura em
pastagens tropicais (Brachiaria brizantha cv. Marandu, Panicum maximum cv.
Mombaça, Cynodon dactylon cv. Coastcross) em dois anos de avaliação
Espécie tropical Ano Aveia Azevém
Coastcross 2005 259 bc 641 ab
Marandu 2005 228 c 772 a
Mombaça 2005 262 bc 612 ab
Coastcross 2006 116 d 394 b
Marandu 2006 353 b 644 ab
Mombaça 2006 469 a 916 a
Fator espécie tropical
Coastcross 187 b 517
Marandu 291 a 708
Mombaça 366 a 764
Fator ano
2005 250 b 675
2006 312 a 651
Probabilidade do teste F
Espécie tropical ** Ns
Ano * Ns
Espécie tropical*Ano ** *
CV (%) 25,51 32,06
Média 281 663
Médias seguidas de letras distintas nas colunas diferem entre si pelo teste de Tukey
* P<0,05
** P<0,01
CV = coeficiente de variação
ns = não significativo
60
Tabela 2 Produção de massa de forragem de espécies tropicais (Brachiaria brizantha cv.
Marandu, Panicum maximum cv. Mombaça, Cynodon dactylon cv. Coastcross)
exclusivas ou sobressemeadas com aveia ou azevém
Produção de massa seca de forragem (t.ha
-1
)
Espécie
tropical
Espécie
temperada
Seca
2005
Águas
2005/06
Total
2005/06
Seca
2006
Águas
2006/07
Total
2006/07
Coastcross
- 5,37 bc 18,02 23,37 a 6,45 12,00 18,45
Coastcross
Aveia 6,75 b 17,45 24,20 a 6,10 12,27 18,37
Coastcross
Azevém 6,47 b 18,92 25,40 a 6,30 11,82 18,10
Marandu - 8,50 a 15,12 23,67 a 6,52 13,25 19,80
Marandu Aveia 4,27 c 13,77 18,07 b 7,12 12,42 19,52
Marandu Azevém 5,35 bc 12,67 18,02 b 6,65 11,77 18,42
Mombaça - 5,27 bc 13,62 18,95 b 4,07 9,65 13,75
Mombaça Aveia 4,20 c 12,92 17,12 b 3,82 9,37 13,20
Mombaça Azevém 4,45 c 12,50 16,95 b 4,57 8,80 13,35
Fator espécie tropical
Coastcross 6,20 a 18,13 a 24,32 a 6,28 a 12,03 a 18,31 a
Marandu 6,04 a 13,86 b 19,92 b 6,77 a 12,48 a 19,25 a
Mombaça 4,64 b 13,02 b 17,67 c 4,16 b 9,27 b 13,43 b
Fator espécie temperada
Ausência 6,38 a 15,59 22,00 a 5,68 11,63 17,33
Aveia 5,07 b 14,72 19,80 b 5,68 11,36 17,03
Azevém 5,42 b 14,70 20,12 b 5,84 10,80 16,62
Probabilidade do teste F
Tropical ** ** ** ** ** **
Temperada * Ns * ns Ns Ns
Tropical*Temperada ** Ns * ns Ns Ns
CV (%) 20,11 12,00 10,34 15,17 11,13 9,27
Média 5,63 15,00 20,64 5,74 11,26 17,00
Médias seguidas de letras distintas nas colunas diferem entre si pelo teste de Tukey
* P<0,05
** P<0,01
CV = coeficiente de variação
ns = não significativo
61
Tabela 3 Teores de proteína bruta (PB) e digestibilidade in vitro da matéria seca (DIVMS) de
forrageiras tropicais (Brachiaria brizantha cv. Marandu, Panicum maximum cv.
Mombaça, Cynodon dactylon cv. Coastcross) exclusivas ou sobressemeadas com
aveia ou azevém na época das águas e estacionalidade de produção das forrageiras
tropicais em dois anos de avaliação.
Estacionalidade de
produção (%)
PB
(%)
DIVMS
(%)
2005/2006 2006/2007 2005 2006 2005 2006
Coastcross exclusivo 23,07 c 34,95 14,85 16,42 64,80 57,48
Coastcross/aveia 28,12 bc 33,22 14,77 17,50 66,14 58,95
Coastcross/azevém 25,60 bc 34,45 15,87 16,38 62,92 58,93
Marandu exclusivo 35,62 a 32,90 15,18 15,38 65,83 62,80
Marandu/aveia 23,87 bc 36,42 15,06 15,75 68,65 62,94
Marandu/azevém 29,50 b 36,42 15,64 15,33 67,32 62,33
Mombaça exclusivo 27,92 bc 29,55 16,24 16,77 64,05 59,74
Mombaça/aveia 24,67 bc 28,85 15,94 16,92 62,50 58,96
Mombaça/azevém 26,05 bc 33,92 15,70 17,10 63,31 59,88
Fator espécie tropical
Coastcross 25,60 34,21 a 15,17 16,77 a 64,62 b 58,45 b
Marandu 29,67 35,25 a 15,29 15,49 b 67,27 a 62,69 a
Mombaça 26,22 30,77 b 16,96 16,93 a 63,29 b 59,53 b
Probabilidade do teste F
Tropical Ns * Ns ** ** **
Temperada Ns Ns Ns Ns Ns Ns
Tropical*Temperada * Ns Ns Ns Ns Ns
CV (%) 15,28 11,87 6,38 5,55 2,84 4,08
Média 27,16 33,41 15,47 16,39 65,06 60,22
Médias seguidas de letras distintas nas colunas diferem entre si pelo teste de Tukey
* P<0,05
** P<0,01
CV = coeficiente de variação
ns = não significativo
62
Tabela 4 – Proteína bruta (PB) e Digestibilidade in vitro da matéria seca (DIVMS) de forrageiras tropicais (Brachiaria brizantha cv. Marandu, Panicum maximum
cv. Mombaça, Cynodon dactylon cv. Coastcross) exclusivas ou sobressemeadas com aveia ou azevém na época seca em dois anos de avaliação (%).
PB DIVMS
2005 2006 2005 2006
Tratamento
Espécie
Tropical
Espécie
Temperada
Total Espécie
Tropical
Espécie
Temperada
Total Espécie
Tropical
Espécie
Temperada
Total Espécie
Tropical
Espécie
Temperada
Total
Coastcross exclusivo 20,62 abc
20,62 ab 14,99
14,99 68,08
68,08 65,32 65,32
Coastcross/aveia 18,85 cde 17,34 18,52 cd 14,92 18,34 15,40 67,40 80,93 70,08 68,60 81,08 70,32
Coastcross/azevém 18,64 de 23,50 20,71 ab 15,27 14,54 15,13 69,12 80,05 75,30 66,89 72,55 67,81
Marandu exclusivo 17,57 e 17,57 d 16,17 16,17 71,11 71,11 71,84 71,84
Marandu/aveia 18,67 cde 18,26 19,02 bcd 16,73 18,33 17,34 71,00 82,26 74,08 72,05 80,63 75,49
Marandu/azevém 19,56 bcd 19,72 19,63 abc 17,35 14,17 15,99 71,08 78,92 72,87 72,31 74,42 73,32
Mombaça exclusivo 19,84 abcd 19,84 abc 16,94 16,94 68,27 68,27 70,58 70,58
Mombaça/aveia 21,51 a 18,05 21,24 a 18,26 19,49 18,87 70,67 80,12 71,30 71,32 77,48 73,02
Mombaça/azevém 21,09 ab 20,76 21,04 a 18,48 15,59 17,27 70,23 78,50 71,55 70,36 71,45 70,75
Fator espécie tropical
Coastcross 19,37 b 20,42 19,95 a 15,06 c 16,44 15,16 c 68,20 b 80,51 71,15 ab 66,94 b 76,81 67,82 c
Marandu 18,71 b 18,99 18,74 b 16,75 b 16,25 16,50 b 71,06 a 80,59 72,69 a 72,07 a 77,52 73,55 a
Mombaça 20,81 a 19,40 20,70 a 17,89 a 17,54 17,69 a 69,72 ab 79,31 70,37 b 70,75 a 74,46 71,45 b
Fator espécie temperada
Ausência 19,34
19,34 16,03
16,03 b 69,15
69,15 b 69,25
69,25 b
Aveia 19,79 17,88 b 19,59 16,64 18,72 a 17,21 a 69,69 81,11 a 71,82 a 70,66 79,73 a 72,94 a
Azevém 18,71 21,33 a 20,46 17,04 14,77 b 16,13 b 70,14 79,17 b 73,24 a 69,86 72,81 b 70,63 b
Probabilidade do teste F
Tropical ** Ns ** ** Ns ** ** Ns ** ** Ns **
Temperada Ns ** Ns ns ** * Ns * ** Ns ** **
Tropical*Temperada * Ns * ns Ns Ns Ns Ns Ns Ns Ns ns
CV (%) 6,31 10,29 5,58 6,53 9,36 6,82 3,01 1,96 2,22 2,41 3,56 2,44
Média 19,62 19,06 19,64 16,57 16,74 16,46 69,66 80,25 71,00 69,92 76,27 70,94
Médias seguidas de letras distintas nas colunas diferem entre si pelo teste de Tukey
* P<0,05
** P<0,01
CV = coeficiente de variação
ns = não significativo
63
Tabela 5 – Fibra insolúvel em detergente neutro (FDN) e fibra insolúvel em detergente ácido (FDA) de forrageiras tropicais (Brachiaria brizantha cv. Marandu,
Panicum maximum cv. Mombaça, Cynodon dactylon cv. Coastcross) exclusivas ou sobressemeadas com aveia ou azevém na época seca em dois anos de
avaliação (%).
FDN FDA
2005 2006 2005 2006
Tratamento
Espécie
Tropical
Espécie
Temperada
Total Espécie
Tropical
Espécie
Temperada
Total Espécie
Tropical
Espécie
Temperada
Total Espécie
Tropical
Espécie
Temperada
Total
Coastcross exclusivo 64,77 ab
64,77 71,81 71,81 a 29,72
29,72 31,77 31,77 bc
Coastcross/aveia 68,49 a 43,13 63,15 71,23 53,06 68,66 b 28,54 27,10 28,14 32,66 27,68 31,97 bc
Coastcross/azevém 62,77 abc 46,31 60,59 70,47 56,62 68,42 b 29,50 24,94 28,94 30,73 31,71 30,92 cd
Marandu exclusivo 56,88 de 56,88 57,37 57,37 d 30,50 30,50 28,59 28,59 e
Marandu/aveia 57,88 cde 57,82 57,52 60,29 54,24 57,92 d 27,23 26,37 27,00 29,90 28,83 29,51 d
Marandu/azevém 55,56 def 46,76 52,81 59,19 55,97 57,21 d 28,10 27,42 27,71 29,30 32,68 30,66 cd
Mombaça exclusivo 60,85 bcd 60,85 66,59 66,59 b 34,89 34,89 34,67 34,67 a
Mombaça/aveia 51,93 ef 48,77 51,55 65,76 51,21 60,93 c 31,90 29,19 31,64 33,63 28,03 31,75 bc
Mombaça/azevém 50,32 f 46,88 49,63 66,91 55,62 62,35 c 30,94 28,16 30,53 34,18 31,95 33,30 ab
Fator espécie tropical
Coastcross 65,34 a 44,72 62,84 a 71,17 a 54,84 69,63 a 29,25 b 26,02 b 28,94 b 31,72 b 29,70 31,56 b
Marandu 56,61 b 52,29 55,74 b 58,95 c 55,11 57,50 c 28,61 b 26,89 b 28,40 b 29,27 c 30,76 29,59 c
Mombaça 54,37 b 47,83 54,01 b 66,42 b 53,41 63,29 b 32,58 a 28,67 a 32,36 a 34,16 a 29,99 33,24 a
Fator espécie temperada
Ausência 60,83 a
60,83 a 65,26
65,26 a 31,71 a
31,71 a 31,68
31,68
Aveia 59,27 ab 49,91 57,41 b 65,76 52,84 b 62,50 b 29,22 b 27,55 28,93 b 32,07 28,18 b 31,08
Azevém 56,22 b 46,65 54,35 c 65,53 56,07 a 62,66 b 29,51 b 26,84 29,06 b 31,41 32,11 a 31,63
Probabilidade do teste F
Tropical ** Ns ** ** Ns ** ** ** ** ** ns **
Temperada * Ns ** Ns * ** ** ns ** ns ** Ns
Tropical*Temperada * Ns Ns Ns Ns * Ns ns ns ns ns **
CV (%) 6,85 12,15 6,31 3,47 5,28 2,91 6,03 5,37 4,91 5,04 4,26 3,74
Média 58,77 48,28 57,53 65,52 54,45 63,47 30,15 27,20 29,90 31,72 30,15 31,46
Médias seguidas de letras distintas nas colunas diferem entre si pelo teste de Tukey
* P<0,05
** P<0,01
CV = coeficiente de variação
ns = não significativo
64
CAPÍTULO 4
Produção e valor nutritivo de aveia sobressemeada em pastagem de capim-Tanzânia
submetida a doses de nitrogênio
Resumo - O objetivo deste trabalho foi avaliar produção e valor nutritivo de aveia
sobressemeada em capim-Tanzânia na ausência de adubação nitrogenada ou com doses de
nitrogênio de 25, 50, 75 e 100 kg.ha
-1
por ciclo de pastejo. Em todas as doses de N aplicadas,
a produção da aveia decresceu no terceiro ciclo, enquanto a produção de capim-Tanzânia
aumentou no mesmo período. O teor de proteína bruta da aveia decresceu no decorrer do
tempo, conforme a temperatura média diária foi se elevando (26,2%, 23,7% e 17,2% nos 3
ciclos de pastejo, respectivamente). A digestibilidade in vitro da matéria seca decresceu a
partir do segundo ciclo de pastejo (75,8%, 79,9% e 72,0% nos 3 ciclos, respectivamente). Não
houve diferença no teor de nitrogênio não protéico da aveia (30,79% do N total) e o teor de
nitrato na parte aérea da planta foi superior na dose de 100 kg.ha
-1
, sugerindo que pode haver
acúmulo de N na forma inorgânica em altas doses de adubação nitrogenada. Não houve
diferença significativa na produção e no valor nutritivo da aveia em função das doses de N
aplicadas no mesmo ciclo. Áreas intensivamente manejadas e adubadas podem não apresentar
resposta à adubação nitrogenada, uma vez que a mineralização da matéria orgânica do solo
pode contribuir para o suprimento de N das culturas.
Termos para indexação: Adubação nitrogenada, Avena bizantina, Panicum maximum,
sobressemeadura
Abstract The purpose of this study was to evaluate yield and quality of oats overseeded in
Tanzania grass pasture, without nitrogen fertilization and with nitrogen levels 25, 50, 75 and
65
100 kg.ha
-1
per grazing cycle. With all nitrogen levels applied oats yield decreased in the third
cycle, while Tanzania grass yield increased the some period. Concentration of crude protein in
oats decreased with cycles, while increase average daily temperature (26.2%, 23.7% and
17.2%, respectively). In vitro dry matter digestibility decreased after the second cycle (75.8%,
79.9% and 72.0%, respectively) There wasn’t difference on content of oat non-protein
nitrogen (30.79% total N) and nitrate content was higher in level of 100 kg.ha
-1
. It suggest
that accumulation in inorganic N is able to occur with high level nitrogen fertilizated. There
was no significant difference in yield and nutritive value of oats due to nitrogen levels applied
in the same period. Is possible that areas intensively fertilized don’t present response to
nitrogen fertilization since mineralization of organic matter can contribute to supply of crops.
Index terms: Nitrogen fertilization, Avena bizantina, Panicum maximum, overseeding
Introdução
O nitrogênio é um nutriente de extrema importância para as plantas, sendo
componente essencial de aminoácidos, proteínas, ácidos nucléicos, hormônios e clorofila. O
nitrogênio é um dos elementos mais exigidos pelas plantas forrageiras e seu uso está
diretamente relacionado com a produtividade e qualidade da forragem. A adubação
nitrogenada em pastagem cultivada pode ser um recurso para o incremento na produção
animal, por meio da elevação da capacidade de suporte da pastagem e da produção animal por
hectare (Blaser, 1964). 150 kg ha
-1
de nitrogênio pode representar um aumento de até 122%
na taxa de acúmulo de matéria seca de pastagem e 24,7% no teor de proteína bruta (Lupatini
et al, 1998). Primavezi et al (2004), avaliando a resposta da aveia à adubação, observaram que
o nitrogênio foi o fator mais limitante na produção de forragem e que a produção de matéria
66
seca foi cerca de 2 t ha
-1
superior em plantio com cobertura morta devido à maior eficiência
aparente de utilização do N fertilizante. Alvim et al (1987), avaliando o efeito da adubação
nitrogenada na produção de matéria seca da aveia concluíram que a aplicação de 100 kg.ha
-1
de N aumentou significativamente a produção de matéria seca total e não diferiu
significativamente dos níveis superiores, enquanto Frizzone et al (1995) obtiveram máxima
produção de aveia para dose de 152 kg ha
-1
de N (parcelada em 3 vezes).
Estudos têm demonstrado respostas variáveis à adubação nitrogenada de aveia em
função da cultivar, local de cultivo e manejo. Acosta e Viau (1994) observaram acréscimo no
rendimento de grãos para doses de até 60 kg ha
-1
. No entanto, para Almeida et al (1996) não
houve diferença no rendimento de grãos entre doses de 0 a 80 kg ha
-1
. Além disso, existem
poucos trabalhos sobre o efeito da adubação nitrogenada em aveia destinada à alimentação
animal em regime de sobressemeadura.
A adubação deve ser direcionada no sentido de maximizar a eficiência de utilização de
nutrientes pela planta, reduzindo custos de produção e ao mesmo tempo aumentando o
rendimento da cultura e minimizando a degradação dos recursos ambientais. Nesse contexto,
fica evidente a necessidade de estudos que determinem doses ideais de fertilizantes. Restle et
al (2000) afirmam que espécies de aveia e azevém utilizadas para suprir o déficit alimentar na
estação seca têm rendimentos muito abaixo de seu potencial devido à deficiência de manejo e
adubação.
A adubação nitrogenada acelera o crescimento da planta e a qualidade da forragem é
influenciada pelo avanço na sua maturidade, havendo redução na qualidade do pasto com o
aumento da matéria seca disponível, à medida que altera a relação folha:caule. Segundo Mott
(1973) a redução na qualidade da forragem é conseqüência natural da maturidade da planta,
que é acompanhada por lignificação dos tecidos, o que também provoca redução nos teores de
67
proteína e glicídios digestíveis. Assim, deve-se buscar doses de adubação que proporcionem
um ponto ótimo entre produção de massa de forragem e valor nutritivo.
Os objetivos neste trabalho foram avaliar a produção e o valor nutritivo de forragem
de aveia sobressemeada em capim-Tanzânia, submetida a doses de adubação nitrogenada.
Material e Métodos
O experimento foi realizado em área experimental irrigada do Centro de Pesquisa de
Agropecuária do Sudeste (CPPSE/Embrapa), situada no município de São Carlos/SP, cujas
coordenadas geográficas são 22º01`S e 47º53`W e altitude 856m.
O clima da área, segundo classificação de Koeppen, é Cw, ou seja, subtropical com
inverno seco e verão quente e úmido. A precipitação anual média é de 1.502 mm.
O período experimental foi de junho a setembro de 2007. O solo da área experimental
foi um Latossolo Vermelho distrófico, com pH em CaCl
2
= 4,8, matéria orgânica = 29 g.dm
-3
,
P = 24 mg.dm
-3
, saturação por bases = 48% e 4,5; 16; 7 e 29 mmolc.dm
-3
de K, Ca, Mg e
H+Al, respectivamente. Os dados médios mensais de temperatura e precipitação do período
experimental foram obtidos pela Estação Climatológica da Embrapa Pecuária Sudeste (Figura
1).
Os tratamentos consistiram na ausência de adubação nitrogenada e nas doses de N de
25, 50, 75 e 100 kg.ha
-1
por ciclo de pastejo para aveia em sobressemeadura de capim-
Tanzânia. O delineamento experimental foi em blocos aleatorizados com 4 repetições,
totalizando 20 parcelas de 20 m
2
cada. O modelo matemático utilizado foi o seguinte:
y
ij
= µ + t
i
+ b
j
+ e
ij ,
em que:
68
y
ij
= valor da parcela que recebeu o i-ésimo tratamento e se encontra no j-ésimo bloco; µ =
média geral; t
i
= efeito devido ao tratamento i; b
j
= efeito devido ao bloco j; e
ij
= efeito devido
aos fatores não controlados.
A sobressemeadura foi realizada em junho de 2007. Após o pastejo dos animais foram
distribuídos 60 kg.ha
-1
de SPV (sementes puras viáveis) de aveia cultivar São Carlos 2005. As
sementes foram misturadas com igual quantidade de superfosfato simples para melhor
identificar a distribuição. Após a semeadura os animais foram colocados na área para pisotear
as sementes, incorporando-as ao solo. A pastagem foi roçada a 10 cm de altura, mantendo-se
a palhada remanescente para cobrir as sementes. Na seqüência a pastagem foi irrigada
segundo o método EPS (Embrapa Pecuária Sudeste) de manejo de irrigação (Rassini, 2001).
Após cada ciclo de pastejo, as adubações foram realizadas de acordo com os
tratamentos. Os parâmetros avaliados foram produção de forragem de ambas as espécies
forrageiras, proteína bruta (PB), digestibilidade in vitro da matéria seca (DIVMS), nitrogênio
não protéico (NNP) e nitrato. Para as amostragens foram retiradas duas subamostras de 1 m
2
de plantas em cada parcela, conforme Penati et al (2005). As amostras foram separadas por
espécie para a realização da composição botânica e foram secas a 65°C por 72 horas. Os
teores de PB e NNP foram determinados pelo método de Kjeldalh (A.O.A.C, 1990); a
DIVMS foi obtida pelo método de Tilley e Terry (1963) e o teor de nitrato foi determinado
pelo método FIA (análise de injeção em fluxo).
Com o objetivo de verificar se o nitrogênio aplicado estaria sendo acumulado na
planta em forma inorgânica foram realizadas análises de nitrogênio total e nitrogênio não
protéico (NNP) pelo método kjeldahl, e de nitrato pelo método FIA (análise de injeção em
fluxo) em amostras compostas dos três períodos de pastejo analisados.
69
A análise estatística foi feita pelo programa SAS® for Windows (SAS, 1996). Os
dados foram analisados através de medidas repetidas no tempo e as médias dos tratamentos
foram comparadas pelo teste de Tukey a 5%.
Resultados e Discussão
Não houve variação na produção de matéria seca (MS) de aveia, capim-Tanzânia e
total (aveia mais tanzânia) em função da dose de nitrogênio aplicada, em nenhum dos ciclos
de pastejo analisados (Tabela 2), ao contrário de Lupatini et al (1998), que obtiveram aumento
linear da produção de MS com o acréscimo das doses de nitrogênio de até 300 kg.ha
-1
(parceladas em quatro aplicações), em avaliação de aveia preta e azevém exclusivos sob
pastejo. Do mesmo modo, Difante et al (2006), avaliando a produção de massa de forragem
de azevém em doses de nitrogênio variando entre 100 e 300 kg.ha
-1
(parcelada em cinco
aplicações), obtiveram os maiores valores (1,72 t.ha
-1
) na maior dose avaliada.
A ausência de resposta da forragem à adubação nitrogenada pode ser explicada pelo
histórico da área, que esta vem recebendo adubações nitrogenadas superiores a 800 kg.ha
-1
por ano nos últimos dez anos. Pastagens intensivamente adubadas e manejadas podem
apresentar efeito residual de adubações nitrogenadas anteriores. O resíduo nitrogenado no
solo e na planta pode alterar a resposta das plantas forrageiras à adubação nitrogenada, sendo
possível obter alta produção de forragem mesmo sem a ocorrência de fertilização (Reid, 1984,
citado por Whitehead, 1995). Além do nitrogênio proveniente de adubações anteriores,
ausência de resposta à adubação nitrogenada pode ocorrer em função do aporte de nitrogênio
oriundo da matéria orgânica do solo e das reservas da planta (Oliveira, 2007). O processo de
mineralização da matéria orgânica pode disponibilizar até 60 kg.ha
-1
de N ao longo do ano em
solo com 3% de matéria orgânica (Raij, 1991). Araújo et al (2004), avaliando doses de
70
nitrogênio para adubação de milho, obtiveram elevadas produções tanto nas parcelas
testemunha (sem N) como nos demais tratamentos. Os autores acreditam que isso tenha
acontecido devido ao fornecimento de nitrogênio pelo solo através do processo de
mineralização, que, associado ao uso de irrigação, contribuiu com aproximadamente 174
kg.ha
-1
de N. Rocha et al (2004) não observaram diferença na produção de matéria seca em
pastagem de aveia mais azevém com doses de nitrogênio de 150 e 300 kg.ha
-1
(fracionadas
em 5 aplicações), sugerindo que 150 kg.ha
-1
de nitrogênio adicionais resultaram em acréscimo
no custo de produção, sem afetar a produtividade das espécies avaliadas.
A uréia apresenta menor eficiência que outras fontes de nitrogênio em função de
perdas por lixiviação, volatilização de NH
3
e seu efeito tóxico sobre as plantas. Primavesi et al
(2001) observaram que quanto maior a dose de N aplicada na forma de uréia, maiores são as
perdas, chegando a 40% para a dose de 200 kg.ha
-1
de N por corte. As maiores perdas de N da
uréia nas maiores doses aplicadas podem ter colaborado para que não se observasse aumento
significativo na produção de forragem com o aumento da dose de adubação nitrogenada.
Houve decréscimo significativo na produção de aveia e de forragem total no terceiro
ciclo de pastejo, com simultâneo aumento na proporção de capim-Tanzânia. Noro et al.
(2003) também observaram redução na produção de MS de aveia, de 2,17 t.ha
-1
no primeiro
ciclo para 0,63 t.ha
-1
de MS no terceiro, decorrente da evolução do ciclo vegetativo da aveia.
Segundo Primavesi et al (2004), o decréscimo na produção desta gramínea com os ciclos de
pastejo pode estar relacionado com a redução gradual do número de perfilhos vigorosos. O
plantio com cobertura morta ameniza esse comportamento, uma vez que permite o
desenvolvimento de sistema radicular na camada mais superficial, onde ocorre troca mais
intensa de gases, com maior aporte de oxigênio. Além disso, a cobertura morta proporciona
maior uniformidade nas condições de umidade e temperatura na camada superficial,
favorecendo a disponibilidade uniforme de nutrientes e beneficiando a recuperação da
71
soqueira de aveia. No entanto, neste trabalho a cobertura morta da sobressemeadura não foi
capaz de reduzir significativamente o declínio da produção da aveia ao longo dos ciclos de
pastejo.
O aumento na produção de capim-Tanzânia e redução na produção de aveia também é
atribuída ao aumento na média de temperatura, que foi superior no terceiro ciclo de pastejo
(Figura 1), favorecendo a produção da forrageira tropical, em detrimento da espécie de clima
temperado.
A produção total de aveia foi aquém da esperada em cultivo exclusivo (Tabela 2).
Segundo Frizzone et al (1995) a aveia chega a produzir de 4 a 5 t.ha
-1
de matéria seca ao ano
sem irrigação e além de 11 t.ha
-1
quando irrigada, sendo que no Brasil as maiores
produtividades de matéria seca de aveia registradas são da ordem de 8 t.ha
-1
ao ano. A baixa
produção pode ser atribuída às condições ambientais na época do plantio (junho/2007). A
época de semeadura da aveia é um fator importante e o plantio mais tardio pode representar
perdas significativas na produção de forragem. Moreira et al (2006) obtiveram produção de
matéria seca de forragem 63% superior quando realizado plantio em junho em relação ao
plantio em julho.
Houve efeito cúbico para produção de forragem de aveia (y = 3E-05x
3
0,0052x
2
+
0,2026x + 1,5791) e de capim-Tanzânia (y = -2E-06x
3
+ 0,0002x
2
– 0,0017x + 0,8396).
O teor de PB da aveia decresceu com a evolução dos ciclos de pastejo,
independentemente da dose de nitrogênio aplicada, passando de 26,2% no primeiro ciclo para
23,7% e 17,2% em média, no segundo e no terceiro ciclo, respectivamente (Tabela 3).
Rodrigues & Godoy (2000) também observaram esse comportamento avaliando a utilização
de aveia em pastejo: teores de PB de 24,7% em junho e 13,9% em setembro. Difante el al
(2006) observaram queda de 39,17% no teor de PB de azevém, passando de 21,7% para
72
13,2% do primeiro para o segundo ciclo de pastejo. Houve efeito cúbico para o teor de PB na
pastagem de aveia (y = -2E-05x
3
– 0,0028x
2
– 0,0657x + 22,968).
Em média, a DIVMS aumentou do primeiro para o segundo ciclo, decrescendo no
terceiro, independentemente da dose de nitrogênio aplicada. Difante et al (2006) obtiveram
menor digestibilidade in vitro da matéria orgânica (DIVMO) no final do ciclo de produção do
azevém, coincidindo com maior percentual de material morto na composição da pastagem e
houve queda de 29,70% na DIVMO do primeiro para o segundo ciclo de pastejo, passando de
72,40% para 50,90%. Houve efeito cúbico para o teor de DIVMS na pastagem de aveia (y =
2E-05x
3
– 0,0022x
2
+ 0,0493x + 75,789).
Do mesmo modo que a dose de nitrogênio aplicada no período experimental não
influenciou a produção de MS, também não teve efeito sobre o valor nutritivo da aveia em
sobressemeadura de capim-Tanzânia em áreas intensivamente manejadas e adubadas. Na
análise dos tratamentos no mesmo ciclo de pastejo, não se observou diferença significativa
nos teores de PB e na DIVMS em função da dose de nitrogênio aplicada, ao contrário de
Lupatini et al. (1998), que obtiveram aumento linear nos teores de PB com os níveis de
nitrogênio. Difante et al (2006) também não observaram diferença nos teores de PB e DIVMO
orgânica na simulação de pastejo de azevém exclusivo para doses de nitrogênio de 100 a 300
kg.ha
-1
obtendo médias de 14,5% e 53,3%, respectivamente. Os autores atribuíram o resultado
ao excesso de precipitação durante o período experimental, que teria provocado perda do N
aplicado. Segundo Balsalobre (2003) a qualidade da forragem em áreas irrigadas apresenta
menores variações, o que teria contribuído para a ausência de resposta à adubação nitrogenada
na qualidade da forragem.
Não houve diferença entre as doses de nitrogênio aplicadas na avaliação dos teores de
nitrogênio total e nitrogênio não protéico (NNP). Segundo Balsalobre (2003) em áreas bem
manejadas e adubadas o teor protéico de plantas tropicais pode atingir valores elevados,
73
porém uma porção dessa proteína é NNP, cuja taxa de degradação é extremamente alta, não
sendo plenamente utilizada pelo animal. O valor observado de NNP em relação ao N total foi
de 30,79%, superior aos observados por Balsalobre (2003) em capim-Tanzânia, que variou de
18,23% a 28,77% e inferior ao citado por Kosloski (2002) como um limite extremo.
O teor de nitrato na forragem diferiu apenas entre as doses de 0 e 100 kg.ha
-1
de N,
sendo superior para a dose de 100 kg.ha
-1
, e as doses intermediárias não diferiram de nenhuma
delas (Tabela 4). No entanto, os valores observados foram inferiores aos citados por
Primavesi et al (2001) em avaliação de adubação com uréia em pastagem de capim-
coastcross, que verificaram incremento no teor de nitrato na parte aérea da planta com o
aumento das doses de nitrogênio, atingindo valores da ordem de 0,10%. O incremento mais
acentuado nas doses mais elevadas permitiu o acúmulo de nitrato na planta. O nitrato é a
única forma inorgânica de N que se acumula na planta quando o suprimento de N excede o
requerimento para o crescimento. Mesmo na dose mais elevada de N os teores de nitrato na
planta ficaram abaixo dos níveis considerados tóxicos para os bovinos, que estão na faixa de
0,23% a 0,43% na matéria seca da forragem (Primavesi et al, 2001).
As Figuras 2 e 3 mostram a evolução da produção de matéria seca de aveia e de
capim-Tanzânia e dos teores de PB e DIVMS da aveia em sobressemeadura de pastagem de
capim-Tanzânia ao longo dos ciclos de pastejo, em função das doses de adubação
nitrogenada. Pela distribuição das colunas é possível observar a ausência de resposta à
adubação nitrogenada para doses variando de 0 a 100 kg.ha-1, bem como ausência de
interação entre as doses de nitrogênio aplicadas e o ciclo de pastejo.
74
Conclusões
Em áreas com histórico de fertilização com altas doses de N na época chuvosa pode
haver ausência de resposta à adubação nitrogenada de pastagem de capim-Tanzânia
sobressemeada com aveia, possibilitando redução dos níveis de adubação nitrogenada no
período das águas, bem como eliminação de adubação no período seco.
75
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78
0
5
10
15
20
25
junho julho agosto setembro
TemperaturaC)
0
20
40
60
80
100
120
140
160
Precipitação (mm)
Temperatura
Precipitação
Figura 1 – Temperatura (°C) e precipitação (mm) média durante o
período experimental
79
Tabela 1 Produção de massa seca de forragem de aveia sobressemeada, capim-Tanzânia e
total (t MS/ha) submetidos a doses de adubação nitrogenada em três ciclos de
pastejo
Doses de N
(kg N / ha)
Ciclos de pastejo
1º 2º 3º
Acumulada
Em 3 cortes
Aveia
0 1,39 a 1,39 a 0,34 b 3,11
25 1,43 a 1,57 a 0,38 b 3,37
50 1,27 a 1,62 a 0,18 b 3,07
75 1,12 a 1,41 a 0,34 b 2,86
100 1,32 a 1,59 a 0,39 b 3,30
Média 1,30 a 1,51 a 0,33 b 3,14
CV (%) 60,41
Tanzânia
0 0,38 0,26 0,52 1,16
25 0,24 0,21 0,42 0,87
50 0,52 0,44 0,66 1,62
75 0,47 0,44 0,50 1,42
100 0,49 0,49 0,76 1,74
Média 0,42 b 0,37 b 0,57 a 1,36
CV (%) 69,14
Total
0 1,82 ab 1,83 a 1,26 b 4,28
25 1,75 ab 1,96 a 1,23 b 4,24
50 1,86 ab 2,23 a 1,25 b 4,70
75 1,75 ab 2,03 a 1,28 b 4,28
100 1,88 ab 2,27 a 1,57 b 5,03
Média 1,81 a 2,06 a 1,32 b 4,50
CV (%) 29,16
Médias seguidas de letras distintas nas linhas diferem entre si pelo teste de Tukey (P<0,05)
CV = coeficiente de variação
80
Tabela 2 – Proteína bruta (PB) e digestibilidade in vitro da matéria seca (DIVMS), em
porcentagem, de aveia sobressemeada em capim-Tanzânia submetida a doses de
adubação nitrogenada em três ciclos de pastejo
Doses de N
(kg N / ha)
Ciclos de pastejo
1º 2º 3º
Média
PB
0 26,72 a 23,01 b 17,22 c 22,32
25 25,81 a 22,57 b 17,39 c 21,92
50 26,17 a 24,32 a 16,69 b 22,39
75 27,21 a 24,86 b 17,61 c 23,23
100 25,20 a 23,76 a 17,05 b 22,00
Média 26,22 a 23,71 b 17,19 c
CV (%) 18,71
DIVMS
0 75,60 ab 80,67 a 71,84 b 76,04
25 76,69 ab 81,50 a 72,60 b 76,93
50 73,92 b 80,59 a 73,43 b 75,98
75 75,65 ab 78,22 a 71,32 b 75,07
100 76,99 ab 78,44 a 70,88 b 75,44
Média 75,77 b 79,89 a 72,02 c
CV (%) 6,72
Médias seguidas de letras distintas nas linhas diferem entre si pelo teste de Tukey (P<0,05)
CV = coeficiente de variação
81
Tabela 3 Teores de nitrogênio total, nitrogênio não protéico (NNP) e nitrato, em
porcentagem, além da relação NNP/N total em aveia em sobressemeadura de
capim-Tanzânia submetida a doses de adubação nitrogenada
Dose de N (kg/ ha) N total NNP NNP/N total Nitrato
0 3,98 1,11 27,89 0,042 B
25 4,09 1,42 34,72 0,057 AB
50 4,29 1,26 29,37 0,049 AB
75 4,23 1,25 29,55 0,052 AB
100 4,34 1,42 32,72 0,071 A
Média 4,19 1,29 30,79 0,054
CV 6,81 15,27 21,73
Médias seguidas de letras distintas nas colunas diferem entre si pelo teste de Tukey (P<0,05)
CV = coeficiente de variação
82
Figura 2 – Produção de aveia e capim-Tanzânia submetidos a doses de adubação nitrogenada
(0, 25, 50, 75 e 100 kg N.ha
-1
) ao longo dos ciclos de pastejo (julho a setembro)
0
0,5
1
1,5
2
Produção de aveia (t MS/ha)
0
0,5
1
1,5
2
julho agosto setembro
Produção de capim-Tanzânia (t MS/ha)
0 25 50 75 100
83
Figura 3 – Teores de proteína bruta (PB) e digestibilidade in vitro da matéria seca (DIVMS)
de aveia submetida a doses de nitrogênio (0, 25, 50, 75 e 100 kg N.ha
-1
) ao longo
dos ciclos de pastejo (julho a setembro)
0
5
10
15
20
25
30
PB aveia (%)
70
72
74
76
78
80
82
84
julho agosto setembro
DIVMS aveia (%)
0 25 50 75 100
84
CAPÍTULO 5
Implicações
A partir dos resultados obtidos neste estudo, foi possível determinar a densidade de
semeadura de aveia em sobressemeadura e a altura de corte de capim-Tanzânia mais
adequados às condições do Estado de São Paulo. No entanto, altura de corte mais elevada
deve ser utilizada para o capim-mombaça, uma vez que espécies diferentes podem apresentar
comportamentos distintos e o rebaixamento mais intenso pode ter efeito prejudicial à
produção de massa desta forragem.
A sobressemeadura de espécies de clima temperado em pastagens tropicais pode não
ser eficiente para alavancar a produção de massa de forragem na época crítica do ano e alterar
a estacionalidade de produção. Em áreas irrigadas e intensivamente manejadas, o custo de
implantação dessa tecnologia pode não se justificar, ficando mais restrita à região Sul do país,
onde se observa maior quantidade de resultados promissores. No entanto, sobressemeadura de
aveia e azevém em pastagens tropicais podem reduzir os teores da fração fibrosa na forragem.
A adubação nitrogenada na época seca do ano pode ser dispensada em áreas com
histórico de adubações nitrogenadas intensivas, sem comprometimento da forrageira em
sobressemeadura. Nestas áreas pode haver alterações nas respostas da forrageira, sendo
possível obter altas produtividades mesmo sem ocorrência de adubação nitrogenada.
Em áreas intensivamente manejadas e adubadas deve-se cogitar a possibilidade de
redução nos níveis de adubação ao longo do ano como forma de reduzir custos, que nestes
sistemas pode-se observar efeito residual de adubações anteriores.
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