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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GERONTOLOGIA BIOMÉDICA
A RELAÇÃO ENTRE AUTO-ESTIMA, AUTO-IMAGEM E
QUALIDADE DE VIDA EM IDOSOS PARTICIPANTES
DE UMA OFICINA DE INCLUSÃO DIGITAL
Ângela Aita Fraquelli
Porto Alegre, 2008
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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GERONTOLOGIA BIOMÉDICA
RELAÇÃO ENTRE AUTO-ESTIMA, AUTO-IMAGEM E QUALIDADE DE VIDA
EM IDOSOS PARTICIPANTES DE UMA OFICINA DE INCLUSÃO DIGITAL
ÂNGELA AITA FRAQUELLI
Porto Alegre
2008
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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
F838r Fraquelli, Ângela Aita
Relação entre auto-estima, auto-imagem e qualidade
de vida em idosos participantes de uma oficina de
inclusão digital. / Ângela Aita Fraquelli. Porto Alegre,
2008.
104 f.
Dissertação (Mestrado em Gerontologia Biomédica) –
Instituto de Geriatria e Gerontologia, PUCRS.
Orientação: Prof. Dr. Martin Pablo Cammarota.
1. Geriatria. 2. Auto-estima. 3. Auto-Imagem.
4. Qualidade de Vida. 5. Inclusão Digital.
6. Envelhecimento. I. Título.
CDD 618.97072
Ficha elaborada pela bibliotecária Cíntia Borges Greff CRB 10/1437
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DO RIO GRANDE DO SUL
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GERONTOLOGIA BIOMÉDICA
RELAÇÃO ENTRE AUTO-ESTIMA, AUTO-IMAGEM E QUALIDADE DE VIDA
EM IDOSOS PARTICIPANTES DE UMA OFICINA DE INCLUSÃO DIGITAL
ÂNGELA AITA FRAQUELLI
Orientador: Prof. Dr. Martin Pablo Cammarota
Porto Alegre
2008
Dissertação submetida ao corpo docente
do Programa de Pós-graduação em
Gerontologia Biomédica da PUCRS
como parte dos requisitos necessários à
obtenção do título de mestre em
Gerontologia Biomédica.
.
Dedico este trabalho a meu avô,
Milo Aita, que sempre me apoiou e de
forma sábia, muito me ensinou e segue
me ensinando sobre envelhecer
com qualidade de vida.
AGRADECIMENTOS
Muitas são as pessoas a quem eu gostaria de agradecer por terem
contribuído para a realização deste trabalho. A minha gratidão maior, porém, é a
Deus, que permitiu que todas estas pessoas cruzassem o meu caminho e que eu
tivesse essa grande oportunidade de aprendizado que foi a realização do curso de
Mestrado.
Ao meu avô Milo Aita, pelo auxílio emocional e financeiro na conclusão deste
projeto, sem ele nada disso teria sido possível e a minha Celanira Prates Aita (in
memorian).
A minha segunda Vó, Ilza Rezende Chagas pelo carinho e incentivo nesta
minha caminhada.
Aos meus avós, Aleixo e Stella, que com seu carinho e amor sempre
estiveram presentes em minha vida em todos os momentos.
Ao meu noivo Christian, por acreditar neste projeto e pelo apoio e
compreensão sendo o meu suporte afetivo principalmente nos momentos difíceis. E
também por compreender a importância deste trabalho para a minha vida
profissional.
Ao meu pai, eterno orientador, sempre amigo e porto-seguro em todos os
momentos.
Aos meus pais, Antonio e Eunice, Jane e Nando (in memorian), por todo o
apoio, dedicação e incentivo que sempre dedicaram a mim. Pelos exemplos de
integridade, competência e paixão pelo trabalho que me forneceram. Por incutirem
em mim a importância do conhecimento. E, principalmente, por acreditarem nas
minhas potencialidades, quando eu mesma duvidava.
Às minhas irmãs Lívia e Vanessa, que cada uma ao seu jeito, estiveram
sempre ao meu lado, me auxiliando nos momentos de estresse no decorrer dessa
jornada. Em especial à Vanessa, sempre pronta para ajudar, pelo companheirismo e
incentivo em todas as horas difíceis. Muito Obrigada!
Ao meu irmão Henrique, que de forma bastante especial, foi a primeira
pessoa a acreditar que esse projeto era possível, e que ao longo de todo o tempo,
sempre esteve ao meu lado, mesmo a distância, me orientando, acompanhando
meus passos e tropeços e sempre me ajudando a levantar. Muito obrigado por ser o
meu segundo porto seguro!
A minha cunhada Luciana por exemplos de praticidade e competência e,
principalmente, pelas conversas de amparo mesmo a distância.
As minhas tias Ana Elisa Aita-Cherry, Iara dos Santos Rosa, Maria Elisa dos
Santos Rosa (dinda), e Vânia Aita de Lemos e Stella Fraquelli pelo auxílio e convívio
durante este período.
Aos meus tios Vânia e Lemos pelo exemplo de garra que sempre
demonstraram na vida ao buscarem seus objetivos.
Aos meus compadres Cristiane e Fontoura e as minhas priminhas Martha,
Luísa e Júlia que mesmo a distância sempre me deram muita força.
Aos meus amados afilhados: Lucas, Tiago e Lívia que em todos os momentos
difíceis me alegraram. Amo vocês!
Aos meus queridos colegas de IGG Carmen do Nascimento, Cletiane
Rodrigues. Lúcia do Nascimento, Mônica do Nascimento, Samanta Bottin e Paulo
Rodrigues, pela amizade, convivência, conversas e cuias de chimarrão
compartilhadas durante todo o período em que estamos convivendo juntos.
À equipe das Oficinas de Inclusão Digital da PUCRS, em especial aos meus
colegas, Anderson Jackle, Cláudia Tacques, Letícia Machado, João Borges,
Zayanna Lindôso, participações indispensáveis e pela prontidão dos auxílios na
realização deste trabalho e pela amizade. É um orgulho fazer parte desta equipe.
Desejo muito sucesso em suas trajetórias. Muito Obrigada!
À profa. Dra. Carla Helena Augustin Schwanke, por ser a responsável por
oportunizar os momentos de maior desenvolvimento pessoal e intelectual até então
vividos por mim. Por o medir esforços para a realização e conclusão deste
trabalho. Por todo o auxílio, atenção, confiança e amizade.
Ao meu co-orientador de coração, prof. Dr. Claus Dieter Stobaüs, serei
sempre grata, por me apresentar à pesquisa da Auto-estima e Auto-imagem e ter me
cedido o seu instrumento tão gentilmente, proporcionando a minha iniciação
científica na Universidade.
Ao prof. Dr. Irênio Gomes da Silva Filho, pela convivência, auxílio e por me
proporcionar uma grande oportunidade de aprendizado na área de estatística e por
ter sido o único responsável pelo apoio estatístico deste trabalho.
À minha primeira orientadora (in memorian), profa. Dra. Valdemarina Bidone
de Azevedo e Souza, por ter me recebido de forma tão receptiva como sua aluna e
ter me introduzido as Oficinas de Inclusão Digital.
Ao meu orientador, prof. Dr. Martin Cammarota, por ter me ensinado que
nada vem fácil na vida, e que quando queremos algo devemos buscar em nós
mesmos.
As queridas amigas e colegas do ICBNA, Denise, Felipe, Inês, Juliana, Joice,
Leila, Liz, Lusieni, Marines, Mirna, Vivian e Zaeca pela disponibilidade de ajuda em
todos os momentos de dificuldade.
Aos amigos, Caren Lara, Caroline Santilli, Fernanda Morena, Juliana Kasper,
Juliana Tigre, Laís Borges, Luana de Oliveira, Lúcia Vieira da Cunha, Neide Maria
Bruscato, Schélega Martins, Tatiana Quarti Irigarái, pela colaboração e atenção em
todos os momentos.
Àquelas pessoas, as quais não nomeei, mas de alguma forma participaram ou
contribuíram para a materialização desta tese.
Aos Idosos participantes das Oficinas de Inclusão, pela seriedade com que
conduziram a sua participação neste estudo e pelo tempo disponibilizado
extraclasse para a realização dos questionários. Agradeço imensamente a eles, pelo
carinho e crédito que me deram, quando acreditarem na aprendizagem de língua
Inglesa através do recurso informatizado.
Finalmente, A Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, pelo
apoio financeiro dispensado a este estudo. Obrigada!
RESUMO
Introdução: A educação permanente de idosos ativos e integrados na sociedade
sob o ponto de vista dos níveis de auto-estima, auto-imagem e qualidade de vida,
pode contribuir para que o indivíduo alcance uma velhice bem-sucedida.
Objetivos: O presente estudo teve como objetivo avaliar os níveis de auto-estima,
auto-imagem e qualidade de vida em um grupo de idosos participantes das oficinas
de inclusão digital do Projeto Potencialidade da Pontifícia Universidade Católica do
Rio Grande do Sul (PUCRS). Além disso, relacionou os escores obtidos por meio do
Questionário de Auto-Estima e Auto-Imagem, e dos instrumentos WHOQOL-BREF e
WHOQOL-OLD com variáveis sócio-demográficas. Ainda, propôs-se a verificar a
associação da auto-imagem e auto-estima com a qualidade de vida na amostra
estudada.
Métodos: O estudo realizado teve delineamento transversal, descritivo-analítico,
com a participação total de 50 idosos, com idades entre 60 e 87 anos. A coleta de
dados foi realizada nas oficinas de inclusão digital da PUCRS, e o processo de
amostragem foi o de conveniência. Todos os participantes preencheram o Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido e, a partir daí, foram convidados a responder a
respeito de informações sócio-demográficas, auto-estima e auto-imagem
(Questionário de Auto-Estima e Auto-Imagem) e qualidade de vida (WHOQOL-BREF
e WHOQOL-OLD).
Resultados: Os idosos do Projeto Potencialidade são na maioria do sexo feminino,
casados, com um alto nível de escolaridade, tendo participado das oficias por um
período de um a dois anos. Os resultados apresentaram um nível elevado de
qualidade de vida dos idosos em ambos os testes. Os escores foram de 71,4±11,1
no WHOQOL-BREF e de 67,0±10,3 no WHOQOL-OLD. Os resultados também
apontaram um nível elevado de auto-estima e auto-imagem. A média global do
questionário foi de 184,7±22,3. Os idosos que freqüentavam as oficinas por um
período de três a cinco anos apresentaram uma maior auto-imagem.
Conclusões: O estudo aponta para uma associação entre a auto-estima, auto-
imagem e qualidade de vida no envelhecimento. Concluiu-se que os níveis de auto-
estima e auto-imagem influenciam na mensuração da Qualidade de Vida. Observou-
se também que o tempo de permanência dos idosos nas oficinas de inclusão digital
parece estar associado com uma boa auto-imagem.
Palavras-chave: auto-estima, auto-imagem, qualidade de vida, envelhecimento,
inclusão digital e aprendizagem
ABSTRACT
Introduction: The permanent education of elderly people who are active and
integrated in society with respect to levels of self-esteem, self-image and quality of
life, can contribute to a successful life at old age.
Objectives: The present study aimed at evaluating the levels of self-esteem, self-
image and quality of life in a group of elderly people attending digital inclusion
workshops in a project of Pontifical Catholic University of Rio Grande do Sul
(PUCRS) named PotencialIdade. Moreover, the scores measured by the
Questionnaire of Self-esteem and Self-image, and the WHOQOL-BREF and
WHOQOL-OLD instruments were related to social-demographic variables. The
research also verified the association between self-esteem/self-image and quality of
life in the group.
Methods: Through an analytical-descriptive cross-sectional assessment, fifty elderly
individuals, at ages ranging from 60 to 87 years old, were investigated. The data
collection was performed at the digital inclusion workshops of PUCRS, using the
convenience sampling process. All participants filled the Free and Informed Consent,
and were invited to answer questions on social-demographic matters, self-esteem,
self-image (Questionnaire of Self-Esteem and Self-Image) and quality of life
(WHOQOL-BREF and WHOQOL-OLD).
Results: The majority of the elderly from PotencialIdade were married females, with
high levels of schooling, who had been engaged in the workshops from one to two
years. Results showed a high level of quality of life of the elderly in both tests. Scores
were 71,4±11,1 for WHOQOL-BREF and 67,0±10,3 for WHOQOL-OLD. They also
pointed out a high level of self-esteem and self-image. The global average of the
questionnaire was 184,7±22,3. The elderly that had been engaged in the workshops
from three to five years showed a higher self-image.
Conclusions: The study indicates there is an association among self-esteem, self-
image and quality of life in aging, showing levels of self-esteem and self-image
influence on the measurement of Quality of life. It was also observed that the time the
elderly had attended the digital inclusion workshops seems to be associated with
good self-image.
Key-words: self-esteem, self-image, quality of life, aging, digital inclusion and
learning
LISTA DE ABREVIATURAS
AC Auto-Conceito
AE Auto-Estima
AI Auto-Imagem
ANOVA Análise de Variância
IGG Instituto de Geriatria e Gerontologia
OMS Organização Mundial da Saúde
PP Projeto PotencialIdade
PUCRS Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul
QAEAI Questionário de Auto-estima e Auto-imagem
QV Qualidade de Vida
SPSS Statistical Package for the Social Sciences
WHOQOL-Bref World Health of Quality of Life – Versão Abreviada
WHOQOL-Old World Health of Quality of Life – Versão para Idosos
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Pirâmide da População global em 2002 e 2025 05
Figura 2. Brasil: População de 80 anos ou mais de idade por sexo (1980-2050) 06
Figura 3. Categorias da Aprendizagem em Crianças, Adultos e Idosos 10
Figura 4. Características da Aprendizagem em Crianças, Adultos e Idosos 11
Figura 5. Hierarquia das Necessidades Básicas de Abraham Maslow 29
Figura 6. Domínios do questionário WHOQOL-BREF 38
Figura 7. Domínios do questionário WHOQOL-OLD 39
Figura 8. Aspectos do questionário de auto-estima e auto-imagem 40
Figura 9. Regressões lineares da auto-estima e da auto-imagem com a
qualidade de vida.
53
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Qualidade de vida de acordo com os dados demográficos 44
Tabela 2. Domínios do WHOQOL-BREF de acordo com os dados demográficos
45
Tabela 3. Domínios do WHOQOL-OLD de acordo com os dados demográficos 47
Tabela 4. Auto-estima e auto-imagem de acordo com os dados demográficos 48
Tabela 5. Domínios da auto-estima/auto-imagem de acordo com os dados
demográficos.
49
Tabela 6. Correlação entre auto-estima/auto-imagem e qualidade de vida 51
Tabela 7. Correlação entre os domínios da auto-estima/auto-imagem e
qualidade de vida.
52
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ...............................................................................................................
01
2 REFERENCIAL TEÓRICO.............................................................................................
05
2.1 Envelhecimento Populacional......................................................................................
05
2.2 Educação Permanente de Idosos ...............................................................................
08
2.3.1 Fatores que influenciam na Educação Permanente de Idosos com o uso do
recurso informatizado........................................................................................................
15
2.3 Qualidade de Vida em Idosos ................................................................................
20
2.4 Auto-estima e Auto-imagem de Idosos ......................................................................
24
2.5 Projeto PotencialIdade ................................................................................................
32
35
3.1 Objetivo geral ..............................................................................................................
35
3.2 Objetivos específicos ..................................................................................................
35
4 METODOLOGIA DA PESQUISA...................................................................................
36
4.1 Delineamento ..............................................................................................................
36
4.2 População e Amostra ..................................................................................................
36
4.2.1 Critérios de Inclusão .............................................................................................
36
4.2.2 Critérios de Exclusão ............................................................................................
37
4.3 Instrumentos .............................................................................................................
37
4.4 Logística ....................................................................................................................
40
4.4.1 Coleta de Dados .....................................................................................................
40
4.5 Análise Estatística ....................................................................................................
41
4.6 Aspectos Éticos ........................................................................................................
42
5 RESULTADOS ..............................................................................................................
43
5.1 Perfil Sócio-demográfico da amostra .......................................................................... 43
5.2 Avaliação da Qualidade de Vida de acordo com dados Sócio-demográficos ............ 43
5.3 Avaliação da Auto-estima e Auto-imagem de acordo com dados demográficos ........
48
5.4 Correlação entre Auto-estima/Auto-imagem e qualidade de vida .............................. 50
6 DISCUSSÃO ..................................................................................................................
54
7 CONCLUSÕES ............................
..................................................................................
62
8
CONSIDERAÇÕES FINAIS ..........................................................................................
64
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................
66
ANEXOS ...........................................................................................................................
71
1 – Aprovação do Comitê de Ética em Pesquisa – PUCRS.................................. 72
2 – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido................................................. 73
3 – Questionário Sócio-demográfico..................................................................................
74
4 - Questionário de Percepção de Qualidade de Vida – WHOQOL-BREF ...................... 76
5 - Questionário de Percepção de Qualidade de Vida – WHOQOL-OLD..........................
80
6 - Questionário de Auto-estima e Auto-imagem .............................................................. 84
1
1 INTRODUÇÃO
Na perspectiva do desenvolvimento humano, a velhice é a última etapa do
ciclo vital. Nesta etapa, os idosos se deparam com diversas mudanças que
interferem no papel que eles desempenham na sociedade na qual estão inseridos. A
habilidade de manter sua autonomia, independência, estabelecer e adaptar-se a
novos papéis durante o processo de envelhecimento, influenciará fortemente na sua
qualidade de vida
1
.
Dados do IBGE
2
apontam que a estrutura etária da população brasileira tem
se modificado nos últimos anos. Se, por um lado, as baixas taxas de fecundidade e
a contínua queda da mortalidade infantil têm provocado mudanças nessa estrutura,
por outro, melhorias nas condições de saúde, com o advento de novas tecnologias,
têm favorecido a longevidade populacional
1
. A aceleração desse processo, contudo,
não foi acompanhada de planejamentos adequados por parte da sociedade para o
atendimento dos idosos
3
.
O declínio na qualidade de vida do indivíduo idoso é um importante problema,
considerando-se a dependência e o ônus familiar que ele acarreta
4
.
Estudos realizados sobre a educação de idosos, principalmente e países
desenvolvidos, sinalizam que na atualidade uma grande parcela da população idosa
continua ativa e integrada na vida social e cultural
5
. Entretanto, no Brasil, encontram-
se em estágios iniciais pesquisas sobre a influência da educação continuada na
qualidade de vida de idosos, que é um indicativo para uma velhice bem sucedida.
4
Apesar de haver uma crescente conscientização da sociedade brasileira para
a preparação de um envelhecimento bem sucedido
6
, ocorre em paralelo, à
necessidade de mais estudos que busquem a compreensão sobre os benefícios da
2
educação permanente nos níveis de qualidade de vida, auto-estima e auto-imagem
de indivíduos nessa faixa-etária.
Dentro deste enfoque, muitas universidades brasileiras têm buscado atender
estes idosos que demandam cada vez mais de atenção especializada. Na década
de 80, surgem as Universidades da Terceira Idade, que oferecem desde grupos de
convivência até oficinas pedagógicas, com o objetivo de propiciar que idosos
continuem ativos e autônomos.
Estudos sobre envelhecimento revelam que a convivência em grupo e a
exposição a novas aprendizagens possibilitam aos idosos uma maior consciência de
suas potencialidades. Azevedo e Souza
5
sustenta que através da educação
reflexiva, os idosos possam aprender a valorizar-se, estabelecer novos papéis e
mudar concepção de envelhecimento, e conseqüentemente poderão viver com mais
qualidade de vida.
O presente estudo visa avaliar os efeitos da educação permanente em idosos
nas Oficinas Pedagógicas de Inclusão Digital do Projeto PotencialIdade da PUCRS.
Acredita-se que essa investigação se faz necessária tanto cientificamente, como
socialmente, pois não auxiliará no entendimento sobre o envelhecimento
humano, mas também contribuirá na criação de estratégias que propiciem o bem-
estar social do idoso nesse mundo globalizado. Nas oficinas de inclusão digital da
PUCRS, os idosos refletem sobre suas concepções de envelhecimento, desta forma
acredita-se que haverá uma melhoria na qualidade de vida desses idosos
5
.
É necessário salientar que uma boa qualidade de vida, não necessariamente
depende exclusivamente do indivíduo, mas de sua interação com os outros e com a
sociedade através dos papéis que ele desenvolve. A promoção de uma boa
qualidade de vida nessa faixa-etária é um empreendimento de caráter sociocultural
6
.
3
Esta dissertação de mestrado está inserido dentro do Projeto de Pesquisa
Matriz PotencialIdade, vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Gerontologia
Biomédica do Instituto de Geriatria e Gerontologia da PUCRS. O estudo se propõe a
avaliar a Auto-estima, a Auto-imagem e Qualidade de Vida de um grupo de idosos
participantes de uma Oficina de inclusão digital no referido projeto citado acima.
Além disso, os escores dos instrumentos utilizados para avaliar a AE, AI E QV são
associados às variáveis como idade, gênero, escolaridade, estado civil e tempo de
permanência nas referidas oficinas, objetivando estabelecer relações entre AE, AI e
QV.
Espera-se que esta pesquisa, do ponto de vista teórico e empírico contribua
para o estudo da auto-estima, auto-imagem e qualidade de vida no idoso e forneça
subsídios que possam auxiliar em intervenções preventivas facilitadoras de uma boa
qualidade de vida na terceira idade.
Para facilitar a leitura do trabalho aqui apresentado Relação entre Auto-
Estima, Auto-Imagem e Qualidade de Vida Em Idosos Participantes de uma Oficina
de Inclusão Digital, optou-se pela divisão em capítulos. Inicialmente faz-se uma
introdução justificando a importância da pesquisa. Em seguida, no segundo capítulo,
apresenta-se uma fundamentação teórica, trazendo informações necessárias à
compreensão do tema. Entre os tópicos abordados estão: o envelhecimento
populacional, a educação continuada de idosos, os fatores que influenciam na
educação continuada de idosos com o uso da informática, a qualidade de vida, a
auto-estima e auto-imagem em idosos e um resgate do projeto PotencialIdade, local
onde a pesquisa foi realizada. No terceiro capítulo é explicitado os objetivos da
pesquisa e no quarto a metodologia utilizada, caracterizada por um estudo
quantitativo, de corte transversal, descritivo-analítico, bem como, são descritos os
4
instrumentos utilizados para a coleta de dados. O quinto capítulo relata os resultados
encontrados na realização da coleta de dados, o sexto trata da discussão dos
resultados da investigação, trazendo em seguida a conclusão do estudo. O último
capítulo apresenta as considerações finais nas quais se busca responder aos
problemas levantados no decorrer do estudo. No final do trabalho, encontram-se as
referências bibliográficas do referencial teórico e os anexos, que contêm a Carta de
Aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa da PUCRS, o Termo de Consentimento
Livre e Esclarecido, o Questionário Sócio-demográfico, Questionários de Qualidade
de Vida (WHOQOL-Bref e WHOQOL-OLD) e o Questionário de Auto-estima e Auto-
imagem.
5
2 REFERENCIAL TEÓRICO
2.1 Envelhecimento Populacional
O envelhecimento tem se tornado um fenômeno muito discutido na última
década. Entre os motivos que levam pesquisadores a buscarem um maior
entendimento sobre essa área de estudo, destaca-se a revolução demográfica que
vem ocorrendo em vários países desde o último século. Essa mudança demográfica
é caracterizada pela diminuição da taxa de fecundidade, aliada à queda da taxa de
mortalidade e conseqüência tanto do avanço tecnológico, como do aumento da
longevidade.
Atualmente, o envelhecimento populacional é freqüentemente associado a
países desenvolvidos como Japão, Itália e Alemanha. Entretanto, de acordo com
dados da OMS, os países em desenvolvimento, como Índia, China e Brasil o os
que se concentram 70% das pessoas com mais de 60 anos
7
.
Figura 1. Pirâmide da População global em 2002 e 2025
O Brasil está passando por esse acelerado processo de envelhecimento
populacional, é o que apresentam os dados do IBGE
2
(Instituto Brasileiro de
6
Geografia e Estatística). Em pesquisas realizadas no ano de 1960, a população
idosa, entre as décadas de 40 e 50, era em torno de 4,1%. Na década de 60 passa
para 4,7%, e em 1980 avança para 6,5%. Em relação à expectativa de vida no
Brasil, em 1940 chegou a 38 anos e no final do século 20 chega a alcançar os 70
anos.
No ano de 2002, por meio do levantamento dos dados apresentados no
Censo Demográfico de 2000, dados também do IBGE
2
, a estimativa para os
próximos vinte anos é a de que a população idosa represente cerca de 15,5% da
população nacional. Segundo as projeções da OMS
7
para o Brasil, daqui a 15-20
anos, a população idosa será de 32 a 35 milhões de pessoas, e em 2025, o Brasil
será o sexto país do mundo em população idosa. Dentro desse segmento
populacional, os indivíduos com 80 anos ou mais são a parcela da população que
mais cresce
2
.
Figura 2. Brasil: População de 80 anos ou mais de idade por sexo (1980-2050)
O Brasil é um país em processo de envelhecimento. A pirâmide populacional
começou a transformar-se significantemente, e com a presente ascensão da parcela
da população de idosos, a demanda é cada vez mais emergente no que tange as
2040 2030 2020 2010 2005 2000 1990 1980 2050
7
demandas dos sistemas de saúde e assistência social dos países em
desenvolvimento
8
.
Todavia, às mudanças acarretadas por essa realidade demográfica, tornaram-
se um novo desafio social. No Brasil, o estudo do envelhecimento como área de
estudo é relativamente recente e dessa forma a sociedade necessita auxiliar os
idosos a compreenderem e buscarem os seus direitos e condições de vida com
melhor qualidade de vida.
A preocupação com a AE, AI e QV na velhice ganhou relevância nos últimos
30 anos
9
. Contudo, poucas pesquisas estudam a importância da educação sobre
estas variáveis.
Todavia, devido à carência de educadores especializados nessa faixa-etária,
profissionais com um maior conhecimento sobre o processo de envelhecimento
humano se fazem necessários. O educador deve ver o idoso como um ser capaz de
exercer seu papel de cidadão ativo nessa sociedade globalizada. A educação
gerontogógica pode proporcionar ao idoso não somente um passatempo com o
intuito de ocupar-lhe o tempo livre e ocioso, mas também motivá-lo a acreditar e
perseguir suas potencialidades.
Como auxiliar os idosos a se manterem ativos, autônomos e independentes?
Nessa perspectiva, estudos revelam que o desejo de aprender leva à renovação do
mundo interior, gerando mudanças contínuas na subjetividade, no espírito e no
intelecto do indivíduo. Conseqüentemente, esse fato acaba por refletir nos níveis
“reais” de auto-estima, auto-imagem e qualidade de vida do ser humano
7
.
Atualmente os idosos vivem em um mundo informatizado e globalizado, onde
não existem fronteiras para a informação. O computador e a Internet entram em
suas vidas, através de um ‘clique’ em fração de segundos. Segundo
8
Ibope/NetRankings
10
o crescimento de usuários do computador e da internet entre
idosos, dobrou nos últimos quatro anos. Em junho de 2003, eram 122 mil usuários e
em Agosto de 2007 passavam de 260 mil idosos internautas. O mesmo instituto
realizou uma pesquisa com o intuito de descobrir quais são os equipamentos
eletrônicos mais utilizados no dia-a-dia dos idosos. O computador foi identificado
como um dos equipamentos mais procurados por pessoas dessa faixa-etária.
O motivo desta mudança na rotina dos idosos está relacionado não somente
à necessidade que eles têm de se inserir socialmente, mas também por auxiliar na
interface de uma aproximação com seus familiares. Esta melhora nos
relacionamentos dos idosos com seus filhos e netos, acaba por refletir no aumento
dos níveis de AE, AI e QV. Desta forma, essa mudança influencia positivamente na
motivação de idosos para novas aprendizagens.
2.2 Educação Permanente de Idosos
A educação continuada engloba as atividades de ensino após o curso de
graduação, com finalidades mais restritas de atualização, aquisição de novas
informações e/ou atividades de duração definida através de metodologias
tradicionais
11
. A educação continuada seria então uma equivalência à educação
convencional de adultos, referindo-se ao prolongamento do sistema escolar ao longo
de toda a vida, segundo a demanda do indivíduo e da sociedade
12
. a educação
permanente é concebida como uma aprendizagem global, sem limites de idade, que
surge da necessidade de acompanhar as transformações rápidas que estão
acontecendo no mundo, nos aspectos econômicos, político, social e cultural. Como
exemplo deste tipo de educação, podemos destacar os programas
13
das
9
universidades brasileiras para terceira idade, como por exemplo, as oficinas de
inclusão digital da PUCRS.
Segundo Neri
6
, os principais motivos que levam os idosos a procurarem as
Universidades da Terceira Idade são a busca por conhecimentos, atualização
cultural, autoconhecimento, auto-desenvolvimento, contato social, ocupação do
tempo livre e o desejo de saber mais para poder ajudar outras pessoas na defesa de
seus direitos.
O estudo de Guerreiro
14
revelou que a solidão é uma das razões para a
procura pela Universidade, que oferece aos seus participantes a oportunidade de
ampliação do círculo de amizades com um grupo específico de pessoas.
Para Silva
15
, a motivação para engajamento é devido à necessidade de
complementar a educação e atualizar-se, buscando suprir deficiências presumidas e
melhorar a imagem social.
Segundo Castro
16
, os principais motivos que levam os idosos às
universidades da terceira idade são a busca por relacionamentos, convivência,
atualização, troca de experiências, conhecimentos sobre velhice e o
autoconhecimento.
O ser humano aprende de diferentes formas dependendo da idade e do nível
de desenvolvimento em que ele se encontra. O Ensino pode ser mais eficaz quando
é delineado especificamente para cada aprendiz
17
.
É importante que educadores
tenham conhecimento sobre as características específicas na aprendizagem do ser
humano em cada faixa-etária. Esta distinção entre a aprendizagem de crianças,
adultos e idosos foi dividida em três grandes categorias
18
:
10
Figura 3. Categorias da aprendizagem em Crianças, Adultos e Idosos
PEDAGOGIA ANDROGOGIA GERONTOGOGIA
é a ciência de ensino da
criança ou de outros seres
que tenham a habilidade
cognitiva compatível a de
uma criança
é o princípio de ensino
específico para aprendizes
adultos
é a técnica que facilita a
aprendizagem entre adultos
idosos
Muitas oficinas pedagógicas vêm sendo desenvolvidas especificamente para
Idosos, principalmente por Universidades da Terceira Idade. No Brasil, esta
educação permanente, surgiu na década de 80, e se estabeleceu principalmente
através das Universidades da Terceira Idade (UNITI). Elas têm um programa
educacional com objetivos de satisfazer as necessidades da população de
aposentados que é cada vez mais nova e escolarizada e que exige cursos
universitários formais com direito a crédito e a diploma
4
.
Estes programas, em sua maioria, utilizam uma metodologia associada à
Andragogia. Ela utiliza como objetivos de aprendizagem, assuntos relacionados à
experiências de vida e aos problemas do adulto. Embora alguns desses objetivos
possam ser incorporados aos programas educacionais para os idosos,
frequentemente eles necessitam de recursos diferenciados
19
. Por este motivo
acredita-se ser a Gerontogogia a abordagem mais apropriada para estes aprendizes.
Na tabela abaixo se visualiza diferentes aspectos da aprendizagem de
crianças, adultos e idosos. Essa classificação é relevante, pois ao estudar-se o idoso
deve-se levar em consideração toda a sua história de vida e trajetórias de
aprendizagens anteriores
17
.
11
Figura 4. Características da aprendizagem em Crianças, Adultos e Idosos
Aprendizagem
em Crianças
(Pedagogic Learners)
Aprendizagem
em Adultos
(Andragogic Learners)
Aprendizagem
em Idosos
(Gerogogic Learners)
Fisicamente imaturos Fisicamente maduros
Mudanças degenerativas
estão ocorrendo
Falta de experiência Construindo experiências Vasta experiência
Aprendem
compulsoriamente
Aprendem voluntariamente
Aprendem através das
crises que se apresentam
nas suas vidas
Necessitam de supervisão
e direção
São Independentes e
autônomos
Precisam de estrutura e de
encorajamento
São motivados para a
aprendizagem através da
recompensa e punição
Buscam o conhecimento
por si só ou por interesses
pessoais
São motivados para a
aprendizagem por
necessidades ou objetivos
pessoais
Necessitam de
retroalimentação para
continuarem motivados
Podem adiar a
retroalimentação para
continuarem motivados
Respondem a freqüente
Retroalimentação para
continuarem motivados
A aprendizagem é centrada
em assuntos específicos
(grandes temas)
A aprendizagem é centrada
em problemas apresentados
aos alunos
A aprendizagem é centrada
no próprio indivíduo
O tempo de atenção na
atividade proposta é curto
O tempo de atenção na
atividade proposta é mais
longo
O tempo de atenção na
atividade proposta é afetado
pelo baixo nível de energia,
fatiga e ansiedade.
São orientados por tarefas
São orientados por
objetivos
São orientados por
resultados
Respondem à
competição
Respondem à
colaboração
Respondem ao
encorajamento
da família
Fonte: Miller
17
(2004, p. 92) - tradução nossa
12
Figura 4. Características da aprendizagem em Crianças, Adultos e Idosos (Cont.)
Retenção a curto prazo Retenção a longo prazo
Retenção a curto prazo, a
menos que seja reforçado o
uso da nova aprendizagem
de imediato
* Cada aprendiz é único e pode demonstrar características associadas com outros grupos
etários.
Fonte: Miller
17
(2004, p. 92) - tradução nossa
Cachioni
4
define a Gerontogogia como uma técnica de promoção de tomada
de consciência por parte dos próprios idosos sobre seus direitos, sua qualidade de
vida, suas formas de auto-realização e o papel social que podem vir a desenvolver.
Para John
20
a Gerontogogia pode ser descrita como um espaço educacional
privilegiado para a reflexão. Ela busca adequar às representações e oportunidades
sociais as exigências da qualidade de vida em todos os períodos. A maneira mais
adequada para exercer a gerontogogia é através da re-inserção dos idosos na
sociedade em que vivem. Como decorrência as pessoas mais jovens entenderão o
processo de envelhecimento e a importância da valorização dos mais velhos. Esta
troca entre as gerações possibilitará aos idosos serem vistos como seres que têm
valor, sabedoria e muito ainda a oferecer a sociedade.
Dentro desta perspectiva Gerontogógica, educar idosos significa acreditar nas
reais capacidades deles, ajudá-los a desenvolverem seus talentos e ensiná-los a
colocarem o conhecimento a serviço de sua construção pessoal. Para isso, o
educador deve criar o máximo de oportunidades para que eles apreendam a
enfrentar os obstáculos e preconceitos sociais que surgem e auxiliá-los no
entendimento de que através de suas atitudes eles poderão aprimorar a sua
qualidade de vida. Desta forma, se tornarão cidadãos participantes nesta sociedade
13
que precisa de uma mudança de imediata na sua visão sobre o idoso e sobre a
velhice
21
.
O Projeto PotencialIdade da PUCRS, que trabalha na perspectiva
Gerontogógica, tem como objetivos, a preocupação com a qualidade de vida do
idosos, a promoção de sua saúde, a participação do idoso na sociedade através da
ferramenta tecnológica. Busca-se a socialização dos idosos nas aulas onde são
oferecidas oportunidades educacionais e culturais que permitam desenvolvimento
pessoal e coletivo dos idosos participantes do Projeto. Com isso se espera auxiliar
os alunos a estabelecerem uma nova postura, perante essa sociedade que em
muitas vezes ainda os discrimina. Os idosos ainda são vistos com seres que
possuem muita resistência em se ‘atualizarem’, principalmente no campo das novas
tecnologias. O Projeto ainda quer auxiliar os idosos participantes a se inserirem
socialmente na sociedade em que vivem. A PUCRS acredita que através das
Oficinas de Inclusão Digital possa auxiliar a sociedade a se dar conta de que o
potencial humano para o desenvolvimento não se encerra na velhice
5
.
As Oficinas podem ser definidas como “espaços” pedagógicos teórico-práticos
criados para a vivência, a reflexão e a construção de conhecimento. Embora elas
sejam definidas desta forma, não significa que sejam somente um lugar em que o
aluno aprende fazendo, pois pressupõe principalmente o desenvolvimento do
pensamento, dos sentimentos, do intercâmbio de idéias, da problematização, do
jogo, da investigação, da descoberta e da cooperação
22
.
Para Ander-Egg
23
, as oficinas podem ser caracterizadas como um local onde
o trabalho de elaboração e de transformação é desenvolvido. O professor exerce um
papel de facilitador, auxiliando o aluno na construção do seu próprio conhecimento.
14
Na tentativa de auxiliar o aluno nessa aproximação entre a teoria e a prática, o
professor deve criar situações “problemas” que se aproximem a realidade do aluno.
Durante o desenvolvimento das oficinas o professor vai descobrindo que cada
grupo estabelece suas normas, seus padrões de aceitação, formando uma espécie
de “contrato”. A maior descoberta, entretanto, é a confirmação do potencial
pedagógico das oficinas em relação a promoção do progresso individual e coletivo.
No desenvolvimento das oficinas de inclusão digital da PUCRS que
culminaram na elaboração do material instrucional foram utilizados os movimentos
estratégicos metodológicos básicos, propostos por Azevedo e Souza
24
. Esta
metodologia compreende os movimentos abaixo especificados e a possibilidade de
elaboração e a reconstrução de estratégias ao longo da trajetória:
a) mobilização para aprender a partir do conhecimento prévio sobre o
fenômeno do envelhecimento, pressupondo a curiosidade e o interesse em
conhecer, a busca de satisfação pela descoberta e a consciência de ser autor do
próprio projeto;
b) desconstrução/construção do conhecimento, que permitiu a descoberta
do desconhecido no conhecido e do conhecido no desconhecido, pela análise,
síntese, invenção e reformulação das próprias idéias;
c) reconstrução, implicando na reconsideração às próprias idéias, a partir de
produção intelectual;
d) avaliação da própria síntese pela reflexão sobre a própria produção, com
base em critérios como criticidade, continuidade/ruptura, desafio, relação
todo/partes.
Observa-se que os idosos participantes das oficinas de inclusão digital do
Projeto PotencialIdade da PUCRS têm necessidades e interesses educacionais que
15
lhe são próprios, assim como também aprendem de maneira distinta dos mais
jovens. Acredita-se que a Gerontogogia possa beneficiar a reflexão tanto do idoso,
como do professor e principalmente da sociedade sobre os benefícios da educação
permanente. Certamente, esta poderá propiciar um processo de mudança de
atitudes sociais em relação ao idoso. Com isso outros idosos serão beneficiados
com esta nova concepção de que o idoso é, pode e deve ser ativo e capaz de
adquirir novas aprendizagens.
Salienta-se que o educador tem papel fundamental no processo de
ensino/aprendizagem de idosos, pois ele tem a função de mostrar aos idosos que o
ser humano pode aprender em qualquer idade e demonstrar que todo espaço, não
necessariamente o ensino formal, é propício para que a aprendizagem ocorra.
Entretanto, é necessário que um número maior de profissionais da área da
educação se volte para este campo de estudo, que está a exigir cada vez mais deste
professor.
2.2.1 Fatores que influenciam na Aprendizagem Permanente com o uso
da Informática
A aprendizagem da informática na terceira Idade cria condições para que os
idosos se desvelem para a própria vida ao invés de ficarem reclusos em seu mundo
de memórias e de passado. Com isso, eles resgatam o seu potencial intelectual e se
tornam cidadãos do mundo contemporâneo e da cibercultura. Ao apropriar-se dos
recursos tecnológicos, os idosos revelam o que pensam, sentem e gostam. Dessa
forma mostram os seus potenciais que estavam adormecidos ou mesmo
negligenciados por eles mesmos ou pela sociedade em que estão inseridos. Os
16
idosos descobrem e mostram para a sociedade, que são capazes de realizar
atividades de cunho intelectual como, por exemplo, dominar uma tecnologia de
ponta
21
.
Apesar de duvidar do seu potencial sobre o domínio da quina, ao
aceitarem o desafio de participarem das oficinas pedagógicas de inclusão digital,
acabam superando as dificuldades motoras e conceituais que dificultam o seu
aprendizado. O manuseio do mouse, por exemplo, lembrar qual é o aplicativo que
deve ser utilizado para cada uma das atividades propostas ou, ainda, como salvar
um documento ou até mesmo encontrar o arquivo no computador. Então, os idosos
devem dar um novo significado ao seu aprender. Assim, eles descobrem que neste
novo contexto educacional, de aprendizagem não formal, as soluções não são
impostas, mas devem ser construídas por eles mesmos
21
.
A utilização da informática na educação tem sido enfatizada e desenvolvida
essencialmente no ensino fundamental, dio, superior ou até mesmo no ensino de
capacitação de profissionais que atuam no mercado de trabalho.
Conseqüentemente, os idosos que passaram por algumas destas etapas em uma
época em que o computador não existia, ou não estava disponível a todos, ficaram
excluídos da era digital.
Como o nosso público está em uma faixa-etária onde o declínio cognitivo está
presente, deve-se refletir sobre alguns fatores que influenciam a aprendizagem dos
idosos através do computador. Os fatores que influenciam a aprendizagem de
idosos com os recursos informatizados são: a audição e a fala; a visão; a cognição e
a memória; características psicológicas
21
. É importante salientar que existem
diferenças individuais entre os idosos, e por isto, nem todos idosos apresentarão as
17
mesmas alterações que influenciarão os fatores essenciais na aprendizagem com o
uso da informática.
Envelhecimento Fisiológico
O envelhecimento natural foi considerado por muito tempo, como um estado
patológico. Os idosos foram considerados por muito tempo como seres doentes.
Com as mudanças na sociedade sobre a percepção dos idosos e também com o
incremento da legislação relativa aos idosos, pesquisadores começaram a buscar o
entendimento sobre a diferença entre envelhecimento saudável e patológico. As
alterações fisiológicas do processo natural são caracterizadas como senescência e
as alterações produzidas por doenças fazem parte da senilidade. O ser humano é
caracterizado uma pessoa idosa a partir dos 60 anos de idade, entretanto o
envelhecimento é um processo contínuo que transcorre durante toda a vida
21
.
Audição e fala
A comunicação é um processo de interação que facilita o estabelecimento de
relacionamentos produtivos e construção da identidade social. Para que se possa
entender como o processo de envelhecimento afeta a linguagem dos idosos, é
necessário o esclarecimento de algumas mudanças morfológicas do cérebro, que
decorrem do envelhecimento. Estas mudanças interferem na cognição das pessoas
idosas. Entre elas, pode-se salientar a diminuição do peso e do volume do cérebro,
a presença de placas senis e a degeneração neurofibrilar e granulovacuolar. Outra
questão que também interfere na linguagem são os sistemas sensoriais relacionados
18
à comunicação: audição e visão. Alguns estudos sobre o declínio auditivo dizem que
diminuição: da audição com a idade em ambos os sexos e nas freqüências
agudas maiores perdas. O zumbido é queixa freqüente a partir dos 60 anos e as
pessoas idosas, em local com ruído ambiental e conversas em grupo, necessitam
dispor de recursos de atenção, havendo baixa tolerância para sons agudos e grande
intensidade
21
.
Para que a aprendizagem dos idosos seja mais produtiva, é preciso um
ambiente adequado, não ansiogênico nem ruidoso, e entonação no discurso, que
destaque os aspectos mais relevantes para facilitar a compreensão da mensagem.
O professor deve criar estratégias para despertar e prender a atenção dos alunos
idosos, repetindo as informações sempre que necessário, enfatizando os pontos
relevantes.
Visão
Algumas alterações da fisiologia da visão surgem no indivíduo a partir dos 25
anos. Entre elas pode-se citar: dificuldades para discriminar detalhes de objetos
próximos; dificuldades para a leitura; diminuição da sensação luminosa; dificuldades
para enxergar a noite e dificuldade para acomodar a visão as mudanças rápidas e
bruscas entre ambientes com diferentes luminosidades.
Aos 40 anos, os indivíduos passam a apresentar a condição visual conhecida
por “presbiopia” ou “visão cansada”, onde as pessoas têm diminuição da qualidade
da visão de perto. E estas alterações acabam por acentuar-se ainda mais aos 55
anos, quando além da presbiopia, também um aumento da incidência de
glaucoma; catarata entre outros processos degenerativos que podem afetar a retina.
19
Esta redução na visão dos idosos pode ser contornada na sala de aula, com o
aumento das letras, ícones e seta do mouse na tela do computador e também com o
uso de um teclado especial
21
.
A Cognição e a Memória
A cognição ou a interpretação de informações recebidas pelos idosos também
sofrem comprometimento. O campo da cognição tem sido exaustivamente estudado,
entretanto os efeitos do declínio cognitivo das atividades intelectuais no
envelhecimento ainda são controversos. Mesmo no envelhecimento normal uma
percepção de declínio na habilidade em adquirir e recordar informações
25
. Entre as
características do declínio cognitivo da memória podemos salientar: a capacidade de
estocar informações, se não solicitadas em curto prazo; a capacidade de armazenar
informações apreendidas recentemente e a capacidade de lembrar-se de fatos
distantes e lembranças remotas. Por causa deste declínio cognitivo, os idosos
podem apresentar dificuldades no desempenho em atividades que exijam iniciativa,
planejamento e avaliação de comportamentos complexos.
Características Psicológicas
As pessoas, em sua grande maioria, não conversam sobre o envelhecimento,
pois o vêem como uma época distante e por isso acabam o se preparando para
ele. Juntamente com o envelhecimento vêm, inevitavelmente, as perdas como:
morte de entes queridos; dificuldades econômicas; deterioração da saúde e perda
de papéis sociais. Este estado acaba por interferir na visão que o idoso tem de si
20
próprio, diminuindo a sua auto-estima e sua auto-imagem, e conseqüentemente
uma diminuição na qualidade de vida destes idosos. Estas perdas trazem crises que
levam à instabilidade psicológica. Para lidar com estas perdas é necessário que o
idoso conte com o auxílio da família através do afeto e também busque atividades
ocupacionais que lhe interessem.
É necessário que as atividades propostas a estes idosos sejam realizadas de
uma forma espontânea e não imposta; o idoso deve ser capaz de determinar quanto
tempo necessita para realiza as tarefas propostas; as tarefas devem estimular a
criatividade e potencial do idoso e se possível deve-se estabelecer uma
remuneração relativa à sua produção
26
. O professor deve estar aberto para ouvir o
idoso, sem julgá-lo e demonstrar que acredita no seu potencial.
Finalmente, é importante salientar que embora algumas alterações
fisiológicas possam apresentar, em alguns aspectos, significativas mudanças na vida
dos idosos e na sua relação com o computador, de maneira alguma, a apropriação e
o domínio do recurso tecnológico pelos idosos o inviabilizados. Entretanto,
algumas modificações no contexto educacional se fazem necessárias.
2.3 Qualidade de Vida em Idosos
Farenzena
27
acredita ser impossível estudar o processo de envelhecimento
sem mencionar o conceito de Qualidade de Vida. Isto se deve ao fato de que com o
aumento da expectativa de vida, também uma necessidade da sociedade
promover ao idoso um envelhecimento saudável e com qualidade. Dentro desta
perspectiva, diversos autores têm estudado o conceito de Qualidade de Vida na
idade avançada.
21
O conceito de Qualidade de Vida foi mencionado pela primeira vez em 1920
em um livro sobre economia e bem estar material. Este conceito, juntamente com o
de saúde que era entendido como a ausência de doença, acabou por sofrer
significativa redefinição após a II Guerra Mundial. Com estas redefinições nos
conceitos, vários aspectos da vida do sujeito são levados em conta e o apenas a
saúde física. Este novo enfoque subjetivo e multidimensional fez com que se
comece a pensar em medidas de QV. na literatura médica, o termo QV vem
sendo associado a diversos significados, entre eles podemos salientar as condições
de saúde e funcionamento social
28
.
Para Neri
6
a promoção de uma boa qualidade de vida nos idosos tem de ser
vista como um empreendimento de caráter sociocultural, desta forma, uma velhice
bem sucedida não é atributo do indivíduo biológico, psicológico e social, mas resulta
da qualidade de interação entre pessoas em mudança, sendo também de uma
sociedade também em mudança.
O conceito “qualidade de vida na velhice” possui múltiplas dimensões como
indicadores de bem estar na velhice, entre eles Neri
29
acredita que a saúde física e
mental, status social, manutenção das relações interpessoais, satisfação e controle
cognitivo estejam entre os mais importantes. Trentini
30
em seu estudo sobre QV diz
que a definição de qualidade de vida na velhice é complexa, pois segundo a autora,
existem diversas maneiras de ser velho e diferentes padrões de envelhecimento.
A Organização Mundial da Saúde, a partir do início dos anos 90, constatou
que as medidas de qualidade de vida revestem-se de particular importância na
avaliação de saúde, tanto dentro de uma perspectiva individual e social. O grupo
WHOQOL da OMS conceitua a qualidade de vida como “a percepção que o
indivíduo tem sobre a sua posição na vida no contexto de sua cultura e do sistema
22
de valores de onde vive, e em relação aos seus objetivos, expectativas, padrões e
preocupações
31
.”
Este grupo desenvolveu uma escala a partir de uma perspectiva transcultural
para avaliar Qualidade de Vida de adultos. Na ocasião da criação deste instrumento
a OMS reuniu pesquisadores de diferentes países e foram consideradas como
características fundamentais, o caráter subjetivo da Qualidade de Vida e sua
natureza multimensional
31
.
O instrumento foi chamado de WHOQOL-100 e é constituído de 100 questões
divididas em 4 domínios. Deste originou-se o WHOQOL-BREF (World Health
Organization Quality of Life) - versão abreviada do WHOQOL-100, constituído de 26
questões, que tem o mesmo objetivo. O WHOQOL-BREF também divide-se em 4
domínios, os quais se propõem a avaliar respectivamente: capacidade física,
psicológica, relações sociais e meio ambiente. Cada um destes domínios é
constituído por questões, cujas alternativas variam numa intensidade de 1 a 5
32, 33
. A
divisão dos domínios, elaboração e redação das questões, derivação da escala de
respostas e do teste de campo foram desenvolvidas em diversos centros do grupo
WHOQOL em diversos países. Com o objetivo de certificar-se que a colaboração
fosse genuinamente internacional, os centros foram selecionados de forma a incluir
países com diferenças na disponibilidade de serviços de saúde, importância da
família entre outros
34
.
O instrumento foi aplicado em 250 pacientes na Universidade Federal do Rio
Grande do Sul. O pesquisador responsável pela pesquisa Marcelo Pio de Almeida
Fleck concluiu que o questionário mostrou bom desempenho psicométrico com
características satisfatórias de consistência interna, validade discriminante, validade
23
de critérios, validade concorrente e fidedignidade teste-reteste. Desta forma, o
instrumento foi validado para a realidade Brasileira
34
.
O WHOQOL-BREF tem sido utilizado em diversos estudos
31
. Entre eles
podemos citar um estudo realizado no município de Veranópolis(RS) por
Farenzena
21
, onde 12,63% da população tem 60 anos ou mais, foi aplicado
WHOQOL-Bref em 81 idosos. Outro estudo foi realizado no município de Teixeiras
(MG), onde 12,32% da população têm 60 anos ou mais, foi aplicado WHOQOL-
BREF em 211 idosos. Outra pesquisa realizado no condado de Taichung em
Taiwan, realizado com a população de idosos com 65 anos ou mais concluiu que o
questionário WHOQOL-BREF pode ser utilizado com o público idoso, desde que
algumas modificações sejam feitas. Como exemplo, podemos citar os itens que
tratam da capacidade de trabalho e da atividade sexual na foram completados pelos
idosos
35
.
Atualmente, encontra-se disponível o instrumento WHOQOL-OLD,
instrumento que tem o propósito de avaliar a Qualidade de Vida em pessoas idosas.
Em Porto Alegre foi realizado estudos através de grupos focais, onde foram
discutidas quais as condições que permitem uma boa Qualidade de Vida na velhice,
temática de grande interesse tanto científico como social
36
.
O grupo WHOQOL salienta que ao se propor um estudo sobre a QV de
idosos é necessário a utilização do instrumento WHOQOL-OLD. Segundo o referido
grupo, o é possível utilizar somente os instrumentos WHOQOL-100 ou WOQOL-
BREF, pois os domínios dos mesmos foram criados para avaliar a população de
adultos jovens. Assim, o grupo WHOQOL acredita que os domínios destes dois
testes não seja apropriados para populações de adultos idosos
36
.
24
Acredita-se que as pesquisas na área de qualidade de vida são de grande
importância científica e social, pois as mesmas pretendem contribuir tanto para o
entendimento do processo de envelhecimento como também salientar o benefício
prestado por Universidades Abertas a Terceira Idade ao desenvolverem grupos de
convivência e oficinas que visem à educação permanente de idosos. Desta forma,
espera-se que as mesmas possam elaborar estratégias de intervenção que visem
tanto o bem-estar como o desenvolvimento do ser humano nesta fase da vida.
2.4 Auto-Estima e Auto-Imagem de Idosos
Branden
37
define auto-estima como sendo uma sensação de capacidade para
enfrentar desafios da vida e de ser digno da felicidade. A auto-estima é formada pela
imagem que cada pessoa tem de si mesma (auto-imagem) somada ao autoconceito,
desenvolvido a partir de estímulos e informações que ela recebe de seu ciclo
social.
38
A auto-realização diz respeito à autonomia, à independência, ao autocontrole,
à competência e à plena realização dos talentos que cada pessoa tem de potencial e
de virtual; é a utilização plena de todos os talentos individuais.
38
Para Mosquera
39
a existência humana é caracterizada por uma busca
constante de sentido vital por parte do ser humano. Esta busca, somente se realiza
através do desempenho e manifestação da personalidade do indivíduo que leva à
identificação pessoal e a um conhecimento de si próprio.
O auto-conceito refere-se especialmente a situações vivenciadas que levam o
indivíduo a ter experiências de conhecimento. A auto-imagem pode ser
caracterizada como o quadro que o indivíduo tem de sim mesmo e é a chave que o
25
ser humano tem para compreender seu comportamento e a consistência que ele
oferece. A AI sofre a influência intensa das experiências que o ser humano vivencia
em seu ambiente. Em contrapartida, a auto-estima decorre de uma atitude positiva
ou negativa perante um objeto particular. Este objeto é o próprio indivíduo, então a
AE é o que cada pessoa sente por si mesma
39
.
A Auto-imagem surge segundo Mosquera e Stobäus
40
da interação da pessoa
com seu contexto social e é conseqüência de relações estabelecidas com os outros
e para consigo mesmo. Os autores acreditam que desta forma, “o indivíduo possa
entender e antecipar seus comportamentos cuidar-se nas relações com outras
pessoas, aprender a interpretar o meio ambiente em que vive e tentar ser o mais
adequado às exigências que lhe são feitas e que ele propõe para si mesmo. A AI
então é o (re)conhecimento que fazemos de nós mesmos, como sentimos nossas
potencialidades, sentimentos, atitudes e idéias, a imagem o mais realista possível
que fazemos de nós mesmos.”
Os mesmos autores classificam a AE como o conjunto de atitudes que cada
pessoa tem sobre si mesma, uma percepção avaliativa de si mesma, uma maneira
de ser, segundo a qual a própria pessoa tem idéias sobre si mesmo, que podem ser
positivas ou negativas. Enfim, o quanto gostamos de nós mesmos, realmente nos
amamos, nos apreciamos.”
O auto-conceito, em termos gerais, pode ser a percepção e a concepção que
o ser humano tem sobre ele mesmo, sendo que estas são formadas e influenciadas
principalmente através de experiências com o ambiente e com outras pessoas que
são significativas
41
definem o auto-conceito como a totalidade e a complexidade de
um sistema dinâmico de crenças de aprendizagem que cada indivíduo acredita ser
verdade sobre si mesmo. Bandura
42
define o AC como uma visão composta de um
26
indivíduo, que é formada através da experiência direta e avaliações adotadas de
outras pessoas significativas.
Na teoria Sócio-Cognitiva, o AC influencia no desempenho dos indivíduos.
Desse modo, examinar processos em termos de AC, contribui para compreender
como as pessoas desenvolvem atitudes em relação a elas mesmas e como essas
atitudes podem afetar sua perspectiva em relação à vida
42
.
Esta natureza multifacetada do AC tem levado muitos pesquisadores a
abordarem as facetas deste quadro”
43
. O primeiro aspecto é a AI, ou seja, o modo
como o indivíduo vê a si mesmo, que certas vezes pode ser uma distorção da visão
real. O segundo é a AE, que é a avaliação de sentimentos associados com a nossa
AI e por último a auto-eficácia, que são as crenças sobre as capacidades do
indivíduo em certas áreas ou relacionadas a certas tarefas.
A auto-estima
42
pertence à avaliação de auto-valorização, que depende de
como a cultura valoriza os atributos que um indiduo possui e ao mesmo tempo
considera até que ponto seu comportamento alcança padrões pessoais. A AE está
mais vinculada a sentimentos de auto-valorização, e, portanto os indivíduos só
podem melhorar sua AE quando conseguem alcançar bons resultados em domínios
que valorizam. O mesmo não acontece com a auto-eficácia, pois as pessoas podem
se julgar competentes em domínios ou atividades que não valorizem.
Mosquera
39
salienta que evolução da AE e da AI decorre de todas as
circunstâncias encontradas nos diferentes momentos pelos quais o indivíduo passa.
Desta forma, não um término para os níveis de AE e AI. A aprendizagem, de
acordo com o referido autor, é um processo de grande valia para o desenvolvimento
da personalidade, e conseqüentemente virá a afetar a AE e a AI, pois somente
através dela os seres humanos configuram o seu universo interior.
27
Em relação à educação, o autor salienta que um sentimento pedagógico
eficaz somente poderá surgir de um estilo de vida, e este só poderá ser modificado à
medida que a proposta focaliza nas potencialidades das gerações, dentro de uma
visão real, dinâmica e direta. Mosquera
39
ainda delimita em níveis gerais, objetivos
educacionais que deveriam ser implementados pelos professores, a fim de contribuir
com a percepção do indivíduo sobre si mesmo. São eles:
criar condições para que o indivíduo desenvolva seu auto-conhecimento como
elemento integrante de sua comunidade,
capacitar o aluno para analisar, assimilar e assumir o processo de mudança com
senso crítico, tornando-o capaz de aceitar-se,
proporcionar ao educando possibilidades de maior confiança em si mesmo,
desenvolvendo sua auto-avaliação e sua auto-confiança,
oportunizar ao educando um ambiente de criatividade, no qual possa realizar-se
socialmente,
criar condições de convívio que permitam ao indiduo conhecer-se mais e,
conseqüentemente, conhecer os outros,
proporcionar oportunidades para que o indivíduo aumente sua confianças em si
mesmo, tornando-se mais auto-suficiente,
oportunizar situações para que o indivíduo se torne mais consciente de si (auto-
imagem) aumentando, assim sua parcela de auto-estima.
Stobäus
44
constatou que a AE e a AI são características pessoais que
influenciam no desempenho do ser humano na aprendizagem. Estudos revelam que
na velhice, uma tendência para a modificação da AI, tornando-a menos positiva,
cujo motivo é ainda ignorado
45
. A auto-imagem e a auto-estima estão interligadas,
28
sendo dependentes uma da outra e variam de acordo com o gênero, desta maneira,
elas refletem os papéis sociais ocupados pelo indivíduo
43
.
Quando a AE é alta, decorre de experiências positivas que o indivíduo
vivenciou ou ainda está vivenciando; por outro lado, quando a AE é baixa, resulta de
fatores negativos. A AI está sempre em mudança, conforme o indivíduo adquire
experiências na vida cotidiana, ocupacional e de lazer
46
.
Em outro estudo, realizado
com mulheres idosas verificou-se que quanto melhor a AE, melhor foi a AI das
idosas; idosas mais ativas estão satisfeitas com a sua AI e a sua AE; idosas com
ausência de doenças apresentaram melhor AE e menor percepção de sentimentos
negativos
43
.
O ser humano vive em função de suas necessidades.
47
A pulsão é o que
motiva o indivíduo a suprir sua necessidade, é o que leva o organismo à ação. A
motivação é baseada em necessidades e os níveis de motivação e as necessidades
variam entre as pessoas.
47
O estado de desequilíbrio do organismo pode servir de estímulo para que o
indivíduo apresente um determinado comportamento. Cada indivíduo se caracteriza
por possuir um perfil motivacional próprio. O ser humano é o responsável pelo seu
comportamento, pelas respostas que dá aos estímulos que lhe são oferecidos.
38
Por
isso, diz-se que todo comportamento tem uma razão de ser e é uma resposta a uma
realidade percebida. O comportamento é uma busca da satisfação de uma
necessidade.
A teoria de Abraham Maslow
47
, chamada de "Hierarquia das Necessidades
Básicas" é a teoria dos estímulos motivacionais mais conhecida. Ela descreve uma
hierarquia de cinco acionadores básicos da motivação. Ele estudou os porquês de
as pessoas buscarem a satisfação de algumas necessidades em determinados
29
momentos de suas vidas, descrevendo uma hierarquia de cinco acionadores
básicos: necessidades fisiológicas, de segurança, sociais, de estima e de auto-
realização. Uma representação gráfica desta hierarquia é apresentada na figura 5.
Necessidades Fisiológicas: as necessidades fisiológicas são básicas para a
manutenção da vida: a alimentação, o sono, higiene etc.
Necessidades de Segurança: as necessidades de segurança (proteção)
consistem essencialmente na necessidade de o ser humano estar livre de perigos
reais e imaginários, ou seja, na auto-preservação.
Necessidades Sociais: as necessidades sociais (pertencer, amar) consistem na
necessidade de se pertencer a grupos e de ser aceito por eles.
Necessidades de Estima: as necessidades de estima envolvem tanto a auto-
estima como a necessidade de reconhecimento por parte dos outros. A satisfação
desta necessidade produz sentimentos de confiança em si mesmo, de prestígio, de
poder e de controle.
Necessidades de Auto-realização: as necessidades de auto-realização se
referem ao que as pessoas sentem ao maximizarem o seu potencial. É o desejo de
tornar-se aquilo de que se é capaz.
Figura 5. Hierarquia das Necessidades Básicas de Abraham Maslow
Fonte: Maslow, 1959
30
Segundo Maslow,
47
o ser humano precisa se ocupar das necessidades
básicas de sobrevivência; depois de saciá-las, ele passa a buscar saciar a próxima
necessidade da base ao ápice da pirâmide (Figura 1). Esta hierarquia das
necessidades influencia os diferentes comportamentos que o ser humano apresenta
ao longo de sua vida. Também é forte influenciadora da motivação humana, visto
que o homem adapta seu comportamento com base na satisfação de uma
necessidade.
47
Para Maslow,
47
o ser humano nunca estará plenamente satisfeito quanto as
suas necessidades. É importante lembrar também que o fato de satisfazer uma
necessidade jamais colocará o indivíduo numa atitude passiva e acomodada perante
a vida. Pelo contrário, a satisfação de uma necessidade dará força a ele para que
disponha de iniciativas mais ousadas, objetivando a sua auto-realização e, dessa
forma, jamais atinja um estado de plena saciação.
38
Em relação à auto-estima e a auto-imagem, dois estudos merecem ser
destacados quanto aos estudos destas variáveis no envelhecimento.
O primeiro estudo longitudinal, observacional e qualitativo, realizado por
Cunha
48
, investigou 30 idosos numa abordagem multidisciplinar, a fim de verificar o
aumento da AE e AI na prática de exercícios terapêuticos. Segundo a pesquisadora
a diminuição da AE e AI é comum nesta faixa etária. Ela observou uma diminuição
em várias atividades realizadas pelos indivíduos idosos. Entre elas vale salientar a
diminuição da mobilidade, da agilidade, da coordenação, do equilíbrio, do controle
postural, da flexibilidade e da força.
Os resultados apontam que os motivos para esta diminuição da AE e AI, pode
ser devido ao afastamento do idoso da sua atividade profissional desenvolvida
31
durante toda a vida anterior; a aposentadoria; as dificuldades econômicas e as
perdas afetivas, familiares e sociais.
A pesquisadora relata que embora ocorra uma diminuição da AE e AI na
idade avançada, uma intervenção através de exercícios terapêuticos, pode vir a
auxiliar no resgate da AE e AI de idosos.
Outro estudo interessante
49
verifica a AE e AI e os fatores motivacionais do
ingresso e permanência dos idosos em um projeto de hidroginástica em uma oficina
para a Terceira Idade na Universidade do Estado de Santa Catarina. A amostra foi
composta de 60 idosos e os mesmos foram avaliados através de um instrumento foi
um Questionário de Auto-estima e Auto-imagem, desenvolvido por Steglich,
50
aplicado em forma de entrevista individual pela pesquisadora.
De acordo com os dados obtidos foi verificado que os idosos apresentam
como principal motivo para ingressar no projeto, a busca da melhora na saúde física
e mental e o principal motivo de permanência dos idosos nas oficinas foi por
gostarem da atividade física no meio líquido e a sensação de bem-estar
49
.
O grupo apresentou alta auto-estima e auto-imagem. Com relação às
categorias da auto-estima e auto-imagem, a maioria dos idosos apresentou alta
auto-estima e auto-imagem nas categorias social e emocional e baixa na orgânica e
intelectual. O pesquisador concluiu que as oficinas de hidroginástica são um meio
para melhoria da auto-imagem e auto-estima dos idosos
49
.
Salienta-se ainda, que é dentro destas visões apresentadas, que se enraíza o
Projeto PotencialIdade, onde a pesquisa apresentada será desenvolvida com os
idosos participantes nas Oficinas Pedagógicas de Inclusão Digital, que visa
exatamente verificar os níveis de AE e a AI e a sua relação com os níveis de QV.
32
2.5 Projeto PotencialIdade
O Projeto Potencialldade, desenvolvido junto ao Programa de Pós-Graduação
em Gerontologia Biomédica do Instituto de Geriatria e Gerontologia da Pontifícia
Universidade Católica do Rio Grande do Sul (Geronbio/IGG/PUCRS), tem como
finalidade a inclusão digital de idosos para exercício de cidadania e ampliação dos
direitos sociais.
O Projeto foi criado em 2003 por duas professoras da Faculdade de
Educação da PUCRS, Profª. Dra. Valdemarina B. de Azevedo e Souza e Profª. Dra.
Helena Cortez, e desde a sua criação tem promovido a inclusão digital de idosos,
através de oficinas com duração de 1h30min, oferecidas duas vezes por semana,
durante três meses por semestre, num total de 864 horas.
Nas oficinas os idosos estudam sobre envelhecimento e têm a oportunidade
de aprender as línguas inglesa e espanhola de forma integrada à aprendizagem dos
recursos informatizados, numa concepção de inclusão digital como meio para a
reconstrução do conhecimento, a valorização de experiências cotidianas e o
exercício da cidadania. Idosos com excelente desempenho passam a colaborar
como tutores, transformando-se em aprendentes/ensinantes. Os critérios de inclusão
do Projeto PotencialIdade o: ter 60 anos ou mais, não ser analfabeto e não ter
experiência no uso do computador. Os idosos que não comparecerem nas Oficinas
pelo período de um mês ou mais são automaticamente excluídos do projeto.
Nas oficinas de inclusão digital os idosos aprendem a usar o Microsoft Word,
o PowerPoint, o Microsoft FrontPage e a Internet (WEB), elaborando atividades com
temas relacionados ao envelhecimento (com imagem, texto e som). Os idosos
também aprendem a utilizar o correio eletrônico e estudam as línguas estrangeiras:
33
espanhol e inglês, numa concepção de construção/desconstrução/reconstrução do
conhecimento, a auto-valorização e valorização social e de inserção de
contemporaneidade.
O Projeto tem como missão, conscientizar idosos e alunos monitores
envolvidos nas oficinas de inclusão digital de sua capacidade de aprendizagem e
produção de conhecimento científico e apoio à sociedade, desenvolvendo espírito
crítico, de solidariedade e os sentimentos de auto-valorização, valorização social e
exercício de cidadania, oferecendo a oportunidade de inclusão digital numa
metodologia diferenciada (de complexidade) e inovadora.
O Programa de Pós Graduação em Gerontologia biomédica definiu como
objetivo principal para o Projeto PotencialIdade, a reconstrução das concepções de
envelhecimento dos idosos participantes, a partir da consciência de sua importância
para uma melhoria na qualidade de vida, para a consolidação de um marco de
referência que permita usufruir uma identidade cidadã. Esta identidade para ser
reconstruída e fazer sentido o que exige o oferecimento de condições para alcançar
uma maior longevidade com qualidade e o interesse em preservar uma visão do
idoso cidadão.
Os objetivos específicos do Projeto são
51
:
comprovar que idosos desenvolvem as qualidades inteligentes reconhecimento
do novo, criação de cenários, opção inteligente e reconsideração das próprias
idéias, pela avaliação da qualidade da própria produção com o auxílio da inclusão
digital;
provocar a reconstrução da concepção de envelhecimento por idosos, passando
de uma visão simplificadora para uma visão de complexidade.
34
possibilitar condições para a auto-valorização e a valorização na família, pela
comprovação de que os idosos têm potencial e motivação para aprender;
propiciar espaços que promovam a revitalização e a renovação dos vínculos de
idosos com estudantes e com a sociedade;
incentivar idosos a buscarem conhecimento sobre o envelhecimento,
desenvolver a curiosidade intelectual e o vínculo afetivo com atividades de pesquisa
e com o uso de recursos da tecnologia;
35
3 OBJETIVOS
3.1 Objetivo geral
Avaliar a Auto-estima, Auto-imagem e Qualidade de Vida em uma amostra de
idosos participantes das Oficinas de Inclusão Digital do Projeto PotencialIdade.
3.2 Objetivos específicos
Nos idosos participantes de uma oficina de inclusão digital:
(1) determinar os níveis de auto-estima e auto-imagem;
(2) determinar os níveis de a qualidade de vida;
(3) analisar a associação entre idade, nível de escolaridade e tempo de
permanência nas oficinas e os níveis de AE, AI e QV;
(4) analisar a associação de auto-imagem e auto-estima com qualidade de vida.
36
4 METODOLOGIA DA PESQUISA
O presente estudo faz parte do Projeto PotencialIdade do Programa de Pós-
Graduação em Gerontologia Biomédica da Pontifícia Universidade Católica do Rio
Grande do Sul (PUCRS).
4.1 Delineamento:
Estudo quantitativo de delineamento transversal descritivo-analítico.
Foram utilizadas as variáveis associativas: escores de qualidade de vida e de
auto-estima e auto-imagem, gênero, idade, escolaridade, estado civil e tempo de
permanência nas referidas oficinas.
4.2 População e Amostra:
A amostra é de conveniência. O grupo é composto por 50 idosos de ambos os
gêneros, com idade de 60 anos que freqüentam as Oficinas Pedagógicas de
Inclusão Digital de Informática, de Língua Inglesa e de Língua Espanhola, do Projeto
PotencialIdade na PUCRS. Estes idosos participam do Projeto semanalmente
através de aulas presenciais e à distância.
4.2.1 Critérios de Inclusão
Foram incluídos os idosos que participaram das Oficinas do Projeto
PotencialIdade semanalmente através das aulas presenciais e a distância no ano de
37
2007.
4.2.2 Critérios de Exclusão
Foram excluídos os idosos que não participarem das Oficinas por um período
de um mês ou mais.
4.3 Instrumentos
Os instrumentos utilizados para o desenvolvimento da pesquisa estão
descritos abaixo:
Ficha de dados sócio-demográficos
Através da ficha de dados sócio-demográficos foram obtidas as seguintes
variáveis: sexo, idade, estado civil, escolaridade e tempo do participante nas
Oficinas. (ANEXO 3).
Percepção de Qualidade de Vida – WHOQOL-BREF
O WHOQOL-BREF é uma versão abreviada do instrumento WHOQOL-100,
que foi desenvolvido pelo grupo de Qualidade de Vida da Organização Mundial da
Saúde. Este questionário baseia-se no pressuposto de que qualidade de vida é um
construto subjetivo (percepção do indivíduo em questão), multidimensional e
composto por dimensões positivas e negativas. Possui quatro domínios e avaliação
global da QV, composto por 26 questões explicitadas figura 6. O instrumento não
38
possui um ponto de corte, entretanto quanto mais alto seu escore, melhor é a
Qualidade de Vida. (ANEXO 4).
Figura 6. Domínios do questionário WHOQOL-BREF
DOMÍNIOS NÚMERO DAS QUESTÕES
Domínio 1 - Físico 3, 4, 10, 15, 16, 17 e 18
Domínio 2 - Psicológico 5, 6, 7, 11, 19 e 26
Domínio 3 - Relações Sociais 20, 21 e 22
Domínio 4 - Meio Ambiente 8, 9, 12, 13, 14, 23, 24 e 25
Fonte: WHOQOL-BREF (2000)
Percepção de Qualidade de Vida – WHOQOL-OLD
O WHOQOL-OLD é um instrumento desenvolvido pelo Projeto WHOQOLOLD
que é o grupo de Qualidade de Vida da Organização Mundial da Saúde. O projeto
desenvolveu e testou a avaliação da qualidade de vida para pessoas mais velhas.
Este questionário baseia-se no pressuposto de que qualidade de vida é um
construto subjetivo (percepção do indivíduo em questão), multidimensional e
composto por dimensões positivas e negativas. O módulo WHOQOL-OLD consiste
em 24 itens atribuídos a seis domínios conforme a figura 7. Cada uma das facetas
possui 4 itens; portanto, para todos os domínios o escore dos valores possíveis pode
oscilar de 4 a 20, desde que todos os itens de um domínio tenham sido preenchidos.
Os escores destas seis facetas ou os valores dos 24 itens do módulo WHOQOLOLD
podem ser combinados para produzir um escore geral (“global”) para a qualidade de
vida em adultos idosos, denotado como o escore total” do módulo WHOQOL-OLD.
O instrumento não possui um ponto de corte, entretanto quanto mais alto seu
escore, melhor é a Qualidade de Vida. Segundo o coordenador do Projeto WHOQOL
39
no Brasil, Dr. Marcelo Pio de Almeida Fleck, o questionário WHOQOL-OLD deve ser
aplicado juntamente com o questionário WHOQOL-BREF
52
. (ANEXO 5).
Figura 7. Domínios do questionário WHOQOL-OLD
DOMÍNIOS NÚMERO DAS QUESTÕES
Domínio 1 - Funcionamento do sensório (FS) 1, 2, 10 e 20
Domínio 2 – Autonomia (AUT) 3, 4, 5 e 11
Domínio 3 - Atividades passadas, presentes e
futuras (PPF)
12, 13, 15 e 19
Domínio 4 - Participação social (PSO) 14, 16, 17 e 18
Domínio 5 - Morte e morrer (MEM) 6, 7, 8 e 9
Domínio 6 – Intimidade (INT) 21, 22, 23 e 24
Fonte: WHOQOL-OLD (2008)
Questionário de Auto-Estima e Auto-Imagem
É um questionário que visa identificar os níveis de Auto-Estima e Auto-
imagem, elaborado em 1983 pelo Prof. Dr. Claus Dieter Stobäus, da PUCRS. O
questionário possui 50 questões divididas em 4 domínios conforme figura 8. Este
instrumento, devidamente autorizado pelo Prof. Claus Dieter Stobäus, foi aplicado
para apontar o nível de auto-estima e auto-imagem dos participantes do Projeto
PotencialIdade. Stobäus baseou seu instrumento na Hierarquia das Necessidades,
teoria da motivação humana apresentada em 1959, pelo psicólogo norte-americano
Abraham H. Maslow. Salienta-se que este questionário foi validado por Stobäus,
após estudo piloto. Nas palavras de Stobäus (1983, p. 90)
44
fica certificado que
“obteve-se uma fidedignidade de 0,6499 através do índice de alfa de Cronbach,
considerado satisfatório para as finalidades propostas. A pontuação do questionário
40
de Stobäus pode oscilar entre 50 a 250 pontos. Quanto mais próximo de 150, mais
real é a AE e AI dos indivíduos. A AE e AI é considerada irreal/negativa, quando o
escore do questionário for inferior a 150 e real/positiva quando for superior a 150.
(ANEXO 6).
Figura 8. Domínios e aspectos do questionário de auto-estima e auto-imagem
DOMÍNIOS ASPECTOS NÚMERO DAS QUESTÕES
Genéticos 12 e 21
Domínio 1 - Orgânico
Fisiológicos 2, 5 e 23
Status sócio-econômico 3, 7 e 33
Condições de Família 28 e 30
Domínio 2 - Social
Realização estudantil e
profissional
4, 8, 9 e 16
Escolaridade 1, 6, 10 e 13
Educação 15, 19 e 38
Domínio 3 - Intelectual
Sucesso profissional 11, 24 e 31
Felicidade Pessoal 14, 18, 25, 27, 39 e 49
Bem-estar social 26, 29, 32, 36, 45, 46 e 47
Domínio 4 - Emocional
Integridade moral
17, 20, 22, 34, 35, 37, 40, 41,
42, 43, 44, 48 e 50
Fonte: Stobäus (1983)
4.4 LOGÍSTICA
4.4.1 Coleta de dados
Primeiramente, o projeto foi examinado e aprovado pela Comissão Científica
do Instituto de Geriatria e Gerontologia da PUCRS e depois encaminhado a Comitê
41
de Ética em Pesquisa da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul
(PUCRS), onde também foi avaliado e aprovado. Após, foi realizado um contato com
o grupo de idosos, procedendo-se, assim a inclusão dos participantes na amostra.
A coleta de dados foi realizada pela pesquisadora através de entrevista
individual, no período de junho a dezembro de 2007, em espaço reservado no
Laboratório de Informática, localizado no prédio 40 da PUCRS. A amostra foi
selecionada por conveniência num universo de cerca de 60 idosos participantes do
“Projeto PotencialIdade”, resultando em 50 participantes de acordo com os critérios
de inclusão da pesquisa já mencionados anteriormente.
Cada idoso preencheu o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (ver
anexo 2) e respondeu acerca de informações socio-demográficas (ver anexo 3).
Também foram aplicados, os instrumentos de percepção de qualidade de vida
(Whoqol-bref) e (Whoqol-old) e o questionário de Auto-estima e Auto-imagem. Todos
os instrumentos forma aplicados pela própria pesquisadora. Os mesmos foram
respondidos com facilidade de entendimento e o período de aplicação variou de
meia hora a 45 minutos.
4.5 Análise Estatística
Os dados coletados foram digitados em um banco de dados access.
A descrição das variáveis foi realizada por meio das freqüências absolutas e
relativas, bem como média e desvio padrão.
A fim de se comparar médias de dois grupos foi utilizado o t de student para
amostras independentes.
42
Para comparar médias de três ou mais grupos foi utilizada a Análise de
Variância (ANOVA) One-Way. Para complementar a análise, foi utilizado o teste
post-hoc” de Bonferroni.
Com o objetivo de correlacionar os escores foi utilizado o coeficiente de
correlação (r) de Pearson que possibilita a associação entre duas variáveis
quantitativas.
Foram consideradas significativas as associações com valores de p < 0,050.
As análises foram realizadas através do programa estatístico SPSS
(Statistical Package for the Social Sciences) para ambiente Windows, versão 11.0.
4.6 Aspectos Éticos
O projeto foi encaminhado à Comissão Científica do Instituto de Geriatria e
Gerontologia da PUCRS e aprovado sob o nº. 23/07. Posteriormente, foi
encaminhado ao Comitê de Ética em Pesquisa da PUCRS, que aprovou o projeto
sob o 153/08. Após a aprovação em ambos os comitês, os pesquisados firmaram
o “Termo de Consentimento Livre e Esclarecido” e o pesquisadora iniciou a coleta
dos dados, descrita anteriormente. O estudo seguiu todos os preceitos éticos
descritos na Resolução 196/96 do CNS/MS.
43
5 RESULTADOS
5.1 Perfil sócio-demográfico da amostra
Um total de 50 idosos foram investigados. A média da idade da amostra foi
68,3 ± 5,8anos, com uma idade mínima de 60 e máxima de 87 anos. De todos os
idosos, 30% eram do gênero masculino e 70% eram do gênero feminino e a maioria
dos participantes era casada. Quanto à escolaridade, a média é de 13,1 anos e
variou de 3 a 19 anos. Chama a atenção o fato de 22 idosos terem concluído o
grau e apenas 8 idosos terem estudado até o 1º grau, representando apenas 16%
da amostra. A média do tempo de estudo dos idosos foi de 13 ± 4,9anos. O tempo
de permanência dos idosos nas oficinas variou, embora a maioria dos idosos
estivesse freqüentando as oficinas entre o período de um a dois anos. Estes dados
podem ser visualizados de forma mais abrangente na tabela 1.
5.2 Avaliação da Qualidade de Vida de acordo com dados sócio-
demográficos
O resultado dos escores dos questionários WHOQOL-BREF e WHOQOL-OLD
foi significativo, conforme a tabela 1. Entretanto, não foi encontrada nenhuma
relação significativa estatisticamente quando os escores foram relacionados com as
variáveis sócio-demográficas.
No WHOQOL-BREF a média foi de 71,4±11,1 e no WHOQOL-OLD este
escore foi menor 67,0±10,3. O parâmetro de ambos os testes pode variar de 0 a
100. O indivíduo apresenta uma melhor qualidade de vida quando o escore
encontrado for aproximado de 100.
44
Tabela 1. Qualidade de vida de acordo com os dados sócio-demográficos
WHOQOL-BREF WHOQOL-OLD
Variável N (%)
dp P dp P
Sexo
Masculino
Feminino
15 (30)
35 (70)
73,9±11,8
70,4±10,8
0,309
66,0±9,9
67,4±10,6
0,671*
Faixa etária
60 - 64
65 - 69
70 - 74
75 ou mais
17 (34)
13 (26)
15 (30)
5 (10)
73,2±8,9
66,7±12,4
71,2±8,9
78,5±17,6
0,190
69,5±10,0
64,4±11,2
66,6±10,6
66,3±9,1
0,606**
Estado civil
Casado
Solteiro
Separado
Viúvo
30 (60)
6 (12)
7 (14)
7 (14)
72,9±10,0
70,5±12,2
74,5±15,2
63,0±8,5
0,168
66,9±11,5
70,3±10,3
67,1±8,2
64,4±7,1
0,797**
Escolaridade
Até 1º grau completo
2º grau completo
Superior
8 (16)
22 (44)
20 (40)
67,4±11,7
73,1±10,4
71,3±11,8
0,476
68,9±7,1
66,3±10,9
67,0±11,0
0,841**
Tempo de oficina
1 ano
2 anos
3 anos
4 anos
5 anos
17 (34)
9 (18)
8 (16)
10 (20)
6 (12)
71,3±13,6
67,5±12,1
68,6±7,9
76,2±9,8
73,7±5,5
0,464
69,1±7,8
59,8±14,6
66,5±9,6
71,4±5,6
65,3±12,9
0,131**
Tempo de oficina
1-2 anos
3-5 anos
26 (52)
24 (48)
70,0±13,0
73,0±8,6
0,328
65,9±11,3
68,2±9,2
0,423*
TOTAL 50 (100) 71,4±11,1 67,0±10,3
* P=Teste t de Student **P= ANOVA
O questionário WHOQOL-BREF é composto de 26 questões, que são
divididas em 4 domínios conforme a tabela 2. Quando as variáveis sócio-
demográficas foram relacionadas com os domínios do Questionário WHOQOL-
BREF, encontrou-se apenas significância em um domínio, o psicológico. (P=0,010).
45
Tabela 2. Domínios do WHOQOL-BREF de acordo com os dados sócio-demográficos
WHOQOL- BREF
Físico Psicológico Relações Sociais
Meio Ambiente
m±dp
P
m±dp
P
dp
P
dp
P
Sexo
Masculino
Feminino
73,6±14,1
71,6±16,3
0,692*
77,7±11,2
70,7±12,2
0,062*
72,7±17,3
69,0±13,9
0,425*
70,8±12,8
69,3±12,3
0,707*
Faixa etária
60 - 64
65 - 69
70 - 74
75 ou mais
75,8±14,1
65,9±17,2
73,1±11,5
73,6±25,3
0,386**
73,5±8,1
68,3±13,5
73,1±12,9
81,7±17,4
0,221*
71,6±11,0
67,3±17,5
68,9±16,8
76,7±16,0
0,656**
70,6±12,0
65,8±14,3
69,0±9,0
80,0±14,6
0,184**
Estado civil
Casado
Solteiro
Separado
Viúvo
73,3±15,7
71,4±14,3
76,0±20,6
64,3±10,5
0,509**
74,3±11,0
71,5±12,4
80,4±11,7
60,2±10,7
0,010**
70,8±13,8
70,8±14,7
73,8±23,8
63,1±9,4
0,576**
72,1±11,3
68,7±11,5
68,3±15,9
62,5±13,5
0,315**
Escolaridade
Até 1º grau
completo
2º grau
completo
Superior
69,2±14,4
74,2±12,9
71,3±19,0
0,704**
68,2±16,4
75,6±11,6
71,7±11,1
0,309**
63,6±24,4
73,1±14,8
69,6±9,5
0,300**
64,9±10,7
70,3±11,8
71,3±13,7
0,460**
Tempo de
oficina
1 ano
2 anos
3 anos
4 anos
5 anos
73,6±19,9
67,1±16,9
64,7±11,4
80,4±10,3
72,7±5,9
0,228**
71,1±15,3
68,1±9,8
75,0±8,3
76,3±13,4
76,4±8,2
0,536**
70,1±16,4
62,0±15,1
66,7±15,5
77,5±12,5
75,0±9,1
0,190**
69,7±14,3
69,8±16,5
67,2±11,8
70,7±9,6
72,4±6,1
0,960**
Tempo de
oficina
1-2 anos
3-5 anos
71,3±18,8
73,2±11,7
0,663*
70,0±13,5
75,9±10,3
0,094*
67,3±16,2
73,3±16,2
0,162*
69,8±14,7
70,0±9,5
0,952
TOTAL 72,2±15,6 72,8±12,3 70,2±15,0
69,8±12,4
* P=Teste t de Student **P= ANOVA
O questionário WHOQOL-OLD apresenta 24 questões, que são divididas em
6 domínios conforme a tabela 3. Os resultados encontrados através da análise
estatística dos domínios do Questionário WHOQOL-OLD, foram significativos em
dois domínios quando relacionados com as variáveis sócio-demográficas. O domínio
46
Atividades Passadas, Presentes e Futuras teve relação com o gênero dos
participantes e o domínio Funcionamento do Sensório teve relação com o estado
civil da amostra.
47
Tabela 3. Domínios do WHOQOL-OLD de acordo com os dados sócio-demográficos
WHOQOL- OLD
Variáveis Funcionamento do sensório
Autonomia
Atividades passadas,
presentes e futuras
Participação social
Morte e
morrer
Intimidade
m±dp P m±dp P m±dp P m±dp P m±dp P dp P
Sexo
Masculino
Feminino
71,7±26,0
74,1±19,2
0,714*
58,8±19,0
66,7±13,2
0.099*
61,7±9,4
70,5±12,0
0,014*
66,2±12,0
69,9±14,1
0,396*
68,0±25,0
51,1±30,1
0,063*
70,0±9,2
72,3±14,6
0,574*
Faixa etária
60 - 64
65 - 69
70 - 74
75 ou mais
77,6±19,6
76,4±21,9
67,1±21,1
70,0±27,4
0,510**
66,2±11,9
63,9±16,2
65,0±11,3
56,3±31,7
0,660**
72,4±11,5
64,9±12,9
67,9±10,5
60,0±11,4
0,138**
70,2±13,5
69,2±15,8
67,9±12,5
65,0±13,0
0,889**
59,9±32,9
41,3±22,5
58,7±28,5
73,7±27,4
0,138**
76,0±10,1
70,7±17,7
72,9±13,9
72,5±9,5
0,967**
Estado civil
Casado
Solteiro
Separado
Viúvo
73,7±19,4
87,5±13,1
80,4±19,0
52,7±24,7
0,013**
65,0±13,4
69,8±15,0
54,5±25,7
66,1±8,8
0,294**
69,0±13,2
69,0±10,0
64,3±12,0
66,1±8,8
0,793**
68,1±13,6
73,0±15,1
67,0±10,7
69,6±16,3
0,860**
52,5±32,7
51,0±16,5
74,1±27,6
58,0±21,3
0,359**
73,1±12,8
71,9±18,5
62,5±12,5
74,1±8,4
0,268**
Escolaridade
Até 1º grau completo
2º grau completo
Superior
82,8±15,6
71,9±19,2
71,3±25,0
0,397**
64,1±8,7
60,1±19,7
68,1±11,3
0,312**
66,4±11,6
68,8±12,7
67,5±11,8
0,882**
67,2±13,3
65,9±14,5
72,5±12,1
0,273**
64,8±29,3
56,6±30,7
52,2±28,8
0,597**
68,0±12,7
74,1±13,0
70,3±13,8
0,455**
Tempo de oficina
1 ano
2 anos
3 anos
4 anos
5 anos
82,4±17,6
65,3±24,0
66,4±27,1
78,9±11,8
63,6±24,8
0,145**
64,0±20,6
54,2±14,7
71,1±9,4
66,9±5,1
66,6±13,5
0,209**
70,2±12,4
63,2±14,5
64,8±14,1
68,7±8,8
70,8±7,6
0,575**
71,7±12,7
59,0±18,6
66,4±12,5
74,4±4,7
68,8±13,7
0,107**
54,4±34,5
54,2±28,7
59,4±29,3
65,7±27,6
43,7±20,2
0,698**
71,7±16,9
63,2±13,8
71,1±10,0
75,7±3,6
78,1±11,0
0,194**
Tempo de oficina
1-2 anos
3-5 anos
76,4±21,2
70,1±21,2
0,292*
60,6±19,0
68,2±9,0
0,074*
67,8±13,3
68,0±10,5
0,958*
67,3±15,8
70,3±10,5
0,437*
54,4±32,0
58,1±26,9
0,658*
68,7±16,1
74,7±8,3
0,103*
TOTAL
73,4±21,2
64,3±15,4
67,9±12,1
68,8±13,5
56,1±29,4
71,7±13,2
* P=Teste t de Student **P= ANOVA
48
5.3 Avaliação da Auto-estima e Auto-imagem de acordo com dados
sócio-demográficos
Na tabela 4, estão representadas as médias de escores do QAEAI. Dos 50
idosos entrevistados, o escore do questionário foi considerado elevado, que a
media global do questionário foi de 184,7±22,3. A pontuação do questionário de
Stobäus pode oscilar entre 50 a 250 pontos. Quanto mais próximo de 150, mais real
é a AE e AI dos indivíduos. A AE e AI é considerada irreal/negativa, quando o escore
do questionário for inferior a 150 e real/positiva quando for superior a 150. No que se
refere à associação da auto-estima e auto-imagem com as variáveis sócio-
demográficas, os resultados apontam níveis elevados de auto-imagem dos idosos,
69,8±9,2. Este resultado é significativo estatisticamente (P=0,027) quando
relacionado com o tempo de permanência destes idosos nas oficinas de inclusão
digital. Não foi encontrada nenhuma relação significativa estatisticamente em relação
à auto-estima e as variáveis sócio-demográficas.
Tabela 4. Auto-estima e auto-imagem de acordo com os dados sócio-demográficos
Auto-estima (AE) Auto-imagem (AI) Global (AE + AI)
Variável
dp
P
dp
P
dp
P
Sexo
Masculino
Feminino
66,9±14,7
63,6±16,4
0,503*
69,8±10,0
69,8±9,0
0,998*
186,9±20,7
183,8±23,2
0,664*
Faixa etária
60 - 64
65 - 69
70 - 74
75 ou mais
66,4±15,7
60,0±17,0
62,3±15,3
77,0±9,8
0,200**
70,1±9,5
68,3±11,3
69,8±8,2
72,4±6,9
0,867**
186,8±22,5
179,0±25,5
182,7±20,7
199,0±15,7
0,375**
Estado civil
Casado
Solteiro
Separado
Viúvo
65,1±17,0
62,7±17,2
70,3±16,0
57,9±7,6
0,526**
71,9±7,6
67,6±14,7
67,3±11,6
64,9±6,1
0,232**
187,6±21,8
180,7±31,5
187,4±24,8
173,4±11,2
0,473**
49
Tabela 4. Auto-estima e auto-imagem de acordo com os dados sócio-demográficos
(Cont.)
Escolaridade
Até 1º grau completo
2º grau completo
Superior
60,2±20,6
65,5±16,5
65,3±13,4
0,703**
64,9±10,3
71,6±7,7
69,7±10,1
0,219**
175,5±25,8
187,6±21,8
185,3±21,7
0,427**
Tempo de oficina
1 ano
2 anos
3 anos
4 anos
5 anos
62,7±19,0
64,5±13,6
65,8±18,2
63,6±15,4
69,9±7,7
0,917**
66,3±11,4
68,3±7,2
70,9±6,9
72,5±7,9
75,5±7,4
0,209**
179,4±28,3
183,1±18,6
187,1±18,6
186,8±22,0
195,8±12,1
0,626**
Tempo de oficina
1-2 anos
3-5 anos
63,3±17,1
65,9±14,6
0,573*
67,0±10,0
72,7±7,4
0,027*
180,7±25,0
189,2±18,5
0,181*
TOTAL 64,6±15,8 69,8±9,2 184,7±22,3
* P=Teste t de Student **P= ANOVA
O questionário de AE e AI é composto de 50 questões, que são divididas em
quatro domínios conforme a tabela 5. Os resultados da análise não apontaram
significância nos domínios do referido questionário.
Tabela 5. Domínios da auto-estima/auto-imagem de acordo com os dados sócio-
demográficos
Orgânico Social Intelectual Emocional
dp
P
dp
P
dp
P
m±dp
P
Sexo
Masculino
Feminino
48,7±13,9
51,4±19,0
0,614*
71,5±20,0
69,5±16,4
0,708*
61,5±9,9
66,6±10,5
0,117*
73,9±12,63
69,2±13,2
0,247*
Faixa etária
60 - 64
65 - 69
70 - 74
75 ou mais
53,0±19,7
45,0±14,4
53,0±19,3
50,0±11,7
0,602**
70,1±19,2
66,9±19,0
68,2±13,9
83,9±13,7
0,292**
65,7±9,4
65,8±11,7
65,8±10,6
58,5±11,1
0,549**
71,8±11,6
66,9±15,7
68,5±12,1
82,1±8,3
0,139**
Estado civil
Casado
Solteiro
Separado
Viúvo
50,7±18,0
57,5±17,8
48,6±18,4
46,4±16,3
0,713**
73,7±17,1
68,5±13,5
63,5±21,7
62,3±15,7
0,295**
66,4±10,0
62,1±15,3
67,5±8,2
59,3±9,5
0,328**
71,5±12,7
67,0±18,1
74,9±14,7
65,4±7,4
0,495**
50
Tabela 5. Domínios da auto-estima/auto-imagem de acordo com os dados sócio-
demográficos
(Cont.)
Escolaridade
Até 1º grau
completo
2º grau
completo
Superior
48,8±24,0
53,2±14,9
48,5±17,9
0,661**
60,4±16,7
71,2±15,2
72,6±19,3
0,227**
61,9±11,9
65,0±10,3
66,4±10,3
0,599**
66,6±15,8
72,4±12,8
70,1±12,4
0,555**
Tempo de
oficina
1 ano
2 anos
3 anos
4 anos
5 anos
43,2±19,5
57,2±17,7
50,6±13,2
53,0±19,5
57,5±5,2
0,250**
69,6±21,9
67,0±16,7
71,2±15,2
71,9±17,2
71,3±9,9
0,978**
64,7±9,8
61,1±12,1
60,0±9,9
68,5±8,2
72,9±10,2
0,100**
67,1±16,0
70,3±8,2
74,4±13,2
70,1±12,9
76,4±9,4
0,551**
Tempo de
oficina
1-2 anos
3-5 anos
48,1±19,8
53,3±14,6
0,294*
68,7±20,0
71,5±14,4
0,579*
63,5±10,6
66,8±10,3
0,268*
68,2±13,8
73,1±12,0
0,186*
TOTAL 50,6±17,5 70,17,4
65,1±10,5 70,6±13,1
* P=Teste t de Student **P= ANOVA
5.4 Correlação entre Auto-estima/Auto-imagem e Qualidade de Vida
A Correlação entre o QAEAI e os domínios dos instrumentos de QV foram
significativos estatisticamente. Esta correlação é apresentada na Tabela 3. O
domínio Meio-ambiente e as questões 1 e 2 do WHOQOL-bref apresentaram tiveram
correlação com o resultado global do QAEAI. Já em relação ao WHOQOL-OLD,
nenhum domínio apresentou significância com o resultado global do QAEAI.
Em relação à AE foi encontrado significância com os domínios Físico,
Psicológico, Meio-ambiente e questões 1e 2 do WHOQOL-BREF, enquanto a AI
apresentou correlação com todos os domínios do instrumento. Nos domínios do
WHOQOL-OLD a correlação estatística foi significativa com o domínio Morte e
Morrer com a AE, e o domínio Intimidade teve resultado significativo com a AI.
51
Tabela 6. Correlação entre auto-estima/auto-imagem e qualidade de vida
Auto-estima (AE) Auto-imagem (AI) Global (AE + AI)
Variável
R P R P R P
“WHOQOL-BREF”
Físico 0,421 0,002* 0,444 0,001* 0,473 0,001*
Psicológico 0,683 <0,001* 0,578 <0,001* 0,703 <0,001*
Relações Pessoais 0,131 0,365* 0,361 0,010* 0,246 0,084*
Meio Ambiente 0,375 0,007* 0,549 <0,001* 0,490 <0,001*
Geral (questões 1 e 2) 0,486 <0,001* 0,396 0,004* 0,494 <0,001*
Total 0,534 <0,001* 0,602 <0,001* 0,616 <0,001*
“WHOQOL-OLD”
Funcionamento do sensório 0,114 0,432* -0,002 0,988* 0,073 0,614*
Autonomia 0,008 0,955* 0,215 0,133* 0,101 0,483*
Atividades passadas, presentes
e futuras
0,149 0,301* 0,178 0,217* 0,177 0,220*
Participação social -0,011 0,939* 0,077 0,595* 0,027 0,852*
Morte e morrer 0,533 <0,001* 0,139 0,336* 0,410 0,003*
Intimidade 0,082 0,573* 0,312 0,028* 0,192 0,181*
Total 0,339 0,016* 0,237 0,098* 0,327 0,021*
* P=Correlação de Pearson
Na tabela 7 os domínios tanto do QAEAI, quanto dos questionários de
Qualidade de Vida estão correlacionados. Os escores foram significativos
estatisticamente na maioria dos domínios do WHOQOL-BREF, não apresentando
significância apenas entre as questões 1 e 2 e o domínio Orgânico do QAEAI e entre
o domínio Relações Sociais do questionário e o domínio Social do QAEAI.
Os domínios do WHOQOL-OLD, Atividade passadas, presentes e futuras e
Participação Social foram significativos quando relacionados ao domínio intelectual
do QAEAI. Ainda em relação ao QAEAI o domínio emocional teve correlação com o
domínio Morte e morrer do instrumento de qualidade de vida.
Tabela 7. Correlação entre os domínios da auto-estima/auto-imagem e qualidade de
vida
52
Orgânico Social Intelectual Emocional
Variável
R P R P R P R P
“WHOQOL-BREF”
Físico 0,399 0,004* 0,459 0,001* 0,455
0,001*
0,323
0,022*
Psicológico 0,328 0,020* 0,551 0,000* 0,475
0,000*
0,671
0,000*
Relações Sociais 0,323 0,022* 0,260 0,068* 0,411
0,003*
0,075
0,603*
Meio Ambiente 0,278 0,051* 0,616 0,000* 0,418
0,003*
0,321
0,023*
Geral (questões 1 e 2) 0,148 0,305* 0,486 0,000* 0,361
0,010*
0,438
0,001*
Total 0,396 0,004* 0,617 0,000* 0,539
0,000*
0,461
0,001*
“WHOQOL-OLD”
Funcionamento do sensório 0,135 0,351* 0,056 0,702* 0,194
0,177*
0,000
1,000*
Autonomia 0,029 0,841* 0,207 0,148* 0,250
0,079*
-0,014
0,925*
Atividades passadas,
presentes e futuras
0,128 0,376* 0,182 0,205* 0,302
0,033*
0,080
0,580*
Participação social -0,138 0,340* 0,115 0,427* 0,337
0,017*
-0,077
0,597*
Morte e morrer 0,130 0,368* 0,256 0,072* 0,087
0,548*
0,495
0,000*
Intimidade 0,147 0,309* 0,201 0,162* 0,251
0,079*
0,108
0,454*
Total 0,142 0,327* 0,296 0,037* 0,356
0,011*
0,255
0,074*
* P=Correlação de Pearson
Na figura 9 pode-se observar as regressões lineares do resultado global do
Questionário Auto-estima e Auto-imagem quando correlacionados com os
questionário de Qualidade de Vida (WHQOL-OLD e WHOQOL-BREF) dos idosos
participantes do Projeto PotencialIdade.
53
Figura 9. Regressões lineares da auto-estima e da auto-imagem com a qualidade de
vida.
y=52,76+0,22x y=47,22+0,375x
y=48,56+0,26x y=20,85+0,725x
y=39,16+0,152x y=14,72+0,31x
54
6 DISCUSSÃO
O presente estudo avaliou os níveis de AE, AI e QV e investigou a associação
destes níveis com variáveis sócio-demográficas, como gênero, idade, estado civil,
escolaridade e tempo de permanência dos idosos nas Oficinas de Inclusão Digital da
PUCRS. Além disso, verificou a existência de uma associação entre a AE, AI e QV.
Antes de iniciar a discussão dos resultados, é importante tecer comentários
sobre a amostra investigada, considerado o fato de a mesma ter como população
alvo, um grupo de idosos participantes das oficinas pedagógicas de inclusão digital.
Os idosos da pesquisa constituem um grupo privilegiado por estarem participando
das oficinas que é uma forma de educação permanente. Esse fato pode ter
influenciado os índices de AE, AI e QV desta amostra. Os resultados obtidos podem
ser generalizados para este grupo específico e não podem ser extrapolados para a
população em geral.
Até o presente momento, a revisão da literatura via LILACS (Literatura Latino-
americana e do Caribe em Ciências da Saúde), sugere que existem poucos estudos
brasileiros investigando a associação da AE, AI e QV e do envelhecimento. Apenas
um artigo
9
que discutia a associação destas três variáveis: AE, AI e QV foi
encontrado no LILACS. O estudo compreende uma pesquisa qualitativa realizada na
cidade de Florianópolis. Ele discute a importância do cuidado da AE e AI em
mulheres idosas, visando à promoção da QV com enfoque transcultural. O estudo
visou responder estes questionamentos através do resgate da história daquela
comunidade.
Muitos estudos foram encontrados sobre a investigação da qualidade de vida
nesta faixa etária, entretanto, poucos aplicaram os instrumentos utilizados nesta
55
pesquisa. Uma explicação pode ser o fato do questionário WHOQOL-OLD ter
validação recente. Apenas quatro artigos foram encontrados sobre a validação
deste instrumento pelo Grupo WHOQOL-OLD
52
, que tratam apenas do processo de
validação deste instrumento.
A amostra presente nesta pesquisa foi constituída de 70% do sexo feminino,
60% de casados, 34% com faixa-etária entre 60 e 64 anos, 44% com escolaridade
equivalente a Grau Completo e a grande maioria, 52% estava participando das
oficinas por um período entre um a dois anos -- diferentemente de estudos
anteriores na referida oficina
51
onde a maioria dos idosos tinha um nível de
escolaridade equivalente ao primário ou grau incompleto.
1,27,52,
. O tempo de anos
de estudo dos idosos ficou na média de 13 anos e o desvio padrão é de 4,9 anos,
número também significativo se comparado a outros estudos
1, 27, 52
.
Esta mudança pode ter como uma razão o fato de que em 2004, o Projeto
PotencialIdade não pertencia ao Programa de Pós-Graduação em Gerontologia
Biomédica, por isto, os idosos eram recrutados para as oficinas sem levar em conta
uma metodologia que contemplasse as demandas desta faixa etária. A partir de
2005, as oficinas começaram a trabalhar com os princípios da Gerontogogia
5
.
Como
mencionado anteriormente, a Gerontogogia é uma técnica de promoção de tomada
de consciência por parte dos idosos sobre seus direitos, sua qualidade de vida, suas
formas de auto-realização e o papel social que podem vir a desenvolver
,
Machado
53
salienta ainda que a aprendizagem inerente à inclusão digital de
idosos é possível somente se desenvolvida por metodologia que considere aspectos
físicos, psicológicos, cognitivos e sociais dos idosos. Desta forma, é imprescindível
que o professor assuma um papel de facilitador no processo de aprendizagem,
56
preparando e utilizando materiais pedagógicos diferenciados, respeitando o tempo e
ritmo próprio de cada aluno.
A maioria dos idosos, entretanto, possui uma visão tradicional da educação.
Sendo assim, o primeiro desafio da inclusão digital com idosos é vencer esta
barreira. Foi constatado no desenvolvimento das oficinas de inclusão digital que os
idosos inicialmente esperavam que os professores deveriam ser fontes do
conhecimento. À medida que o tempo passava percebiam que cabia também a eles
buscar novos conhecimentos e aprendizagens. Desta forma os idosos têm acesso a
recursos que facilitam a aprendizagem, são estimulados a encontrarem soluções e a
produzirem ou incrementarem conhecimentos acumulados. Na construção do
conhecimento autônomo e criativo, o computador pôde ser um instrumento
pedagógico a serviço deste processo.
53
Dentro desta nova perspectiva, as oficinas começaram a se tornar mais
seletivas, exigiu-se dos alunos uma postura mais acadêmica e comprometida com o
ensino da informática. As oficinas de inclusão digital deixaram de ser apenas um
ambiente onde os idosos se encontravam semanalmente para conversar e
socializar. Com esta mudança no papel desempenhado por professores nas oficinas,
as mesmas deixaram de ser somente mais um local destinado a esta faixa etária que
visava à assistência, e começou a se oferecer oportunidades aos alunos para esta
mudança.
As oficinas foram divididas em módulos e ao final de cada um deles os
alunos deveriam apresentar os seus trabalhos para o grande grupo. Idosos de
diferentes níveis apresentaram desde pôsteres, apresentações em Power Point, e os
grupos mais avançados criaram um ambiente virtual onde assuntos previamente
escolhidos por eles foram abordados.
57
A proposta das oficinas foi a de que com essas apresentações, os alunos
além de se inserirem mais aprofundadamente no mundo acadêmico, conseguissem
construir seus conhecimentos de uma forma mais científica e não se baseando
apenas no senso comum. Adicionalmente, o professor no papel de facilitador nas
oficinas propôs a criação de um blog, onde os alunos deveriam inserir dados e
gerenciar as informações contidas no mesmo.
Pesquisas realizadas por Ferreira
54
, Glock
55
, Wehmeyer
56
e Nunes
57
constataram que os idosos participantes destas mesmas oficinas no ano de 2005,
apresentaram indicativos de mudanças em suas concepções de envelhecimento.
Quando os idosos iniciaram nas oficinas de inclusão digital suas concepções sobre o
envelhecimento eram predominantemente relacionadas à dimensão biológica
54, 55, 56
e 57.
Entretanto, com o desenvolvimento das atividades propostas pelos professores,
visualizou-se uma visão mais abrangente, indicando aspectos psicológicos, sociais,
culturais e educacionais. De uma concepção que confundia envelhecimento com
velhice e doença para uma concepção que inclui possibilidades além das limitações,
mostrando a compreensão da ambivalência do fenômeno do envelhecimento.
Além de todas essas modificações no que tange a metodologia das referidas
oficinas, os indivíduos passaram a ser aceitos somente com idade 60 anos.
Deveriam adicionalmente ser alfabetizados e eram aceitos indivíduos que não
tivessem qualquer experiência prévia com o computador.
Percebeu-se que embora um grande número de idosos ingressem
anualmente nas oficinas, ao final do semestre poucos concluem as atividades
propostas. Uma das possíveis explicações para esta mudança observada no grupo
pode estar relacionada com as expectativas dos idosos serem diferentes em relação
as oficinas e por este motivo ao se depararem com a realidade das aulas venham a
58
abandonar as mesmas. A mudança observada também pode ser compreendida com
resultado a alteração da metodologia utilizada nas aulas, de modo a que idosos com
maior nível de escolaridade fazem frente às atividades propostas. Enquanto que,
idosos com escolaridade mais baixa, diante dos desafios acabam por abandonar o
curso.
Uma informação pertinente é a referente ao grau de escolaridade dos idosos
brasileiros. No Brasil, 39,9% dos Idosos ( 60 anos) tinham menos de 1 ano de
estudo em 1992; em 2001, esse percentual caiu para 32,0%. A classe de 1 a 3 anos
de estudo concentrava 23,9% das pessoas dessa faixa-etária em 1992, e a taxa caiu
para 22,1% em 2001. Já a classe de 4 a 7 anos de estudo teve aumento de
percentual, de 24,1% para 26,7%, assim como a classe de 8 anos ou mais de
estudo, cujo percentual subiu de 12,1% para 19,3%48.
A grande maioria dos idosos, investigados, apresentou um resultado
significativo nos escores dos questionários de avaliação de qualidade de vida. No
WHOQOL-BREF a média foi de 71,4±11,1 e no WHOQOL-OLD este escore foi de
67,0±10,3. Embora não exista um ponto de corte nos instrumentos utilizados para a
avaliação da qualidade de vida nesta população de idosos, o estudo sugere que os
idosos participantes das oficinas de inclusão digital apresentam uma boa QV, se
comparado aos limites dos escores dos instrumentos, que utilizam como parâmetro
a variação de 0 a 100. Não foi encontrada nenhuma relação significativa
estatisticamente ente os instrumentos e as variáveis sócio-demográficas.
Em relação aos domínios do Questionário WHOQOL-BREF, encontrou-se
significância em um domínio, o psicológico (P=0,010), quando relacionado com a
variável estado civil. O domínio psicológico abrange seis questões, são elas:
sentimentos positivos; pensar, aprender; auto-estima, imagem corporal, sentimentos
59
negativos e espiritualidade. É importante salientar que este domínio está associado
com a maneira como os idosos estão aceitando e lidando com a chegada da velhice.
Os idosos separados apresentaram um escore de 80,4±11,7 neste domínio.
Estudos realizados em duas localidades, Teixeira/MG
33
e Veranópolis/RS
1, 27
,
contudo, não encontraram significância quanto ao estado civil e os níveis de QV no
referido domínio, o que pode sinalizar que o resultado encontrado é característica
própria da amostra deste trabalho.
Em relação aos domínios do WHOQOl-OLD, o gênero feminino apresentou
uma associação significativa nos escores de QV (P=0,014), quanto ao domínio
Atividades Passadas, Presentes e Futuras. Este domínio abrange a satisfação com
realizações na vida e com objetivos a serem alcançados.
Talvez uma explicação para o fato das mulheres ter apresentado maior QV no
domínio Atividades Passadas, Presentes e Futuras na população em estudo, esteja
relacionado ao fato das mulheres terem maior participação em grupos de
convivência e outras atividades sociais do que os homens, dado também encontrado
neste estudo
58
. Cachioni
4
realizou uma pesquisa na Universidade da Terceira Idade
de São Francisco e concluiu que a participação das alunas na referida Universidade,
levou-as a se sentirem socialmente mais valorizadas e mais respeitadas, refletindo
em maior autoconfiança e auto-eficácia, no âmbito cognitivo e de produtividade.
Em relação aos níveis de AE e AI, os idosos apresentaram um nível real/
positiva de AE e AI. O escore do questionário alcançou uma média global de
184,7±22,3. Conforme mencionado anteriormente o parâmetro do instrumento pode
variar de 50 a 250 pontos, e de acordo com Stobäus
44
, um escore acima de 150
significa que os idosos possuem uma AE e AI é real/positiva.
60
Nas associações dos níveis de AE, AI e QV com as variáveis sócio-
demográficas a que se propôs o estudo, os resultados apontam que somente os
escores de AI nesta população têm relação significativa direta com o tempo de
permanência dos idosos nestas oficinas. Os idosos, com tempo de participação nas
oficinas entre 3 e 5 anos, mostraram melhores escores na AI.
Os escores destes idosos foram maiores nos domínios emocional, social e
intelectual respectivamente. Outros estudos encontraram, da mesma maneira,
melhoras nas áreas pessoal, intelectual, social, afetiva e no estado de saúde com a
participação em educação permanente em Universidades da Terceira Idade.
59, 12
Uma das hipóteses propostas a respeito da referida associação entre o tempo
de permanência dos idosos superior a 3 anos e melhor AI destes idosos, é a de que,
de um modo geral, na educação permanente, os idosos são incentivados a
conquistar, a manter e a preservar a autonomia, uma boa qualidade de vida e a
independência
60
. O indivíduo idoso por este motivo sente-se valorizado e estimulado
a conquistar um novo sentido de vida, a adquirir novas informações e a ampliar
conhecimentos, que acaba por refletir na imagem que ele tem dele mesmo. Assim,
as atividades grupais com pessoas da mesma geração parecem favorecer a boa
qualidade de vida porque possibilita a vivência e a construção de significados
comuns, a conquista de novas amizades e a obtenção de suporte social, ajudando
os idosos a funcionar em condições normais e sob estresse
58
.
Também se pode pensar que quando os idosos estão participando de
atividades em uma oficina que visa à educação permanente, eles tenham que
conviver com vários indivíduos que estão na mesma faixa-etária e vivenciando
mudanças similares às quais eles estejam enfrentando. Neri
61
acredita que esta
convivência entre a mesma geração possa facilitar comparações favoráveis que
61
resultem numa auto-imagem positiva e que também o façam refletir a seu próprio
respeito, o que pode influenciar positivamente nos níveis de auto-estima do
indivíduo.
Sendo assim, uma boa AI no grupo de idosos participantes das oficinas de
inclusão digital, pode estar associada ao tempo que os idosos permanecem nas
oficinas.
Na correlação entre AE, AI e QV, os resultados dos escores total do QAEAI e
WHOQOL-BREF apontam em uma forte relação entre as três variáveis (P<0,001 ).
Contudo, na correlação entre as variáveis e o WHOQOL-OLD, somente a AE
apresentou relação direta significativamente.
Nosso objetivo foi contribuir para os estudos sobre os benefícios da educação
permanente nos níveis de QV, AE e AI, no sentido de fornecer subsídios a pessoas
envolvidas com essa área de ensino para que possam desenvolvê-la. Entretanto
sugerem-se novos estudos a fim de estudar com mais com maior profundidade as
relações entre os domínios das três variáveis.
Outros estudos são sugeridos a fim de explorar a associação entre os níveis
de auto-estima, auto-imagem e qualidade de vida em uma oficina de inclusão digital.
62
7 CONCLUSÕES
A complexidade do estudo dos benefícios da educação permanente no
envelhecimento sobre os níveis de Auto-estima, Auto-imagem e Qualidade de Vida
recai sobre diversos fatores. Embora possa ser esperado uma alteração na AE e
AI
48, 49
e na QV
,52
inerente ao processo de envelhecimento, nem todos os idosos
parecem ser afetados da mesma forma.
O objetivo central deste estudo foi avaliar os níveis de Auto-estima, Auto-
imagem e Qualidade de Vida em uma amostra de idosos participantes das Oficinas
de Inclusão Digital do Projeto PotencialIdade da PUCRS. Além disso, buscou-se
relacionar os escores obtidos por meio dos instrumentos Questionário de Auto-
estima e Auto-imagem de Stobäus, WHOQOL-Bref e WHOQOL-OLD da OMS com
variáveis sócio-demográficas, como idade, gênero, estado civil, escolaridade e
tempo de permanência nas oficinas. Ainda, se propôs avaliar a associação da auto-
imagem e auto-estima com a qualidade de vida na amostra estudada.
Os resultados para a amostra estudada apresentam um nível elevado de
Qualidade de Vida nos idosos em ambos os testes. O escore foi de 71,4±11,1 no
WHOQOL-BREF e de 67,0±10,3a no WHOQOL-OLD (onde o parâmetro de ambos
os testes pode variar de 0 a 100).
Os resultados apontaram também um nível elevado de AE e AI na amostra, a
média global do questionário foi de 184,7±22,3 (a pontuação do questionário de
Stobäus pode oscilar entre 50 a 250 pontos)
A AE e AI é considerada irreal/negativa, quando o escore do questionário for
inferior a 150 e real/positiva quando for superior a 150. Sendo assim, o tempo de
63
permanência dos idosos nas oficinas de inclusão digital parece estar associado com
uma boa auto-imagem no idoso.
A realização do presente estudo compreendeu uma tentativa de verificar a
relação destas variáveis com a educação permanente. A comparação dos resultados
aqui apresentados com os achados da literatura é limitada pelos poucos estudos
que tentam abordar a associação destas variáveis com esta faixa etária.
Em função da relevância do estudo da AE, AI e QV no idoso, e da
necessidade de estruturar novos programas de educação permanente que acolham
esta população emergente, sugerem-se outros estudos neste âmbito. Acredita-se
que estes venham auxiliar os profissionais da área da educação e a população de
um modo geral no entendimento das peculiaridades do processo de envelhecimento
e dos fatores que interferem na aprendizagem de idosos.
64
8 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O tempo de participação nas oficinas de inclusão digital superior a três anos
ou mais, mostrou estar associado a uma auto-imagem elevada nos idosos. A
associação entre os níveis de AE, AI e QV também foi verificada. Concluiu-se que os
níveis de AE e AI influenciam na mensuração da QV.
Desta forma, outros estudos são sugeridos a fim de confirmar ou levantar
outras hipóteses a respeito de quais variáveis podem estar relacionadas à
participação de idosos na educação permanente. Este e futuros achados poderão
auxiliar no desenvolvimento de Políticas Educacionais que resultem em programas
voltados ao público idoso.
Ao longo da pesquisa para a realização do estudo proposto, surgiram
algumas idéias para futuras investigações. Deixamos algumas sugestões para
futuros estudos que associem essas variáveis a aprendizagem permanente de
idosos:
Realizar um estudo, onde idosos estejam buscando engajar-se na educação
permanente, mas aplicar os questionários antes dos idosos iniciarem as oficinas e
depois reaplicar os mesmos ao final de um ano, com o objetivo de verificar se houve
uma variação significativa nos níveis de QV, AE e AI;
Realizar uma pesquisa quali-quantitativa, na qual se inclua questões a fim de se
verificar se a percepção dos indivíduos pesquisados sobre sua AE, AI e QV é similar
a encontrada com os instrumentos de QV, AE e AI.
Relacionar os níveis de AE, AI e QV com outras variáveis sócio-demográficas
como ocupação, renda, raça, realização de atividades de lazer, uso de medicação,
65
realização de atividades físicas, participação em outros grupos de convivência ou
oficinas, espiritualidade/religiosidade, entre outras.
Aplicar o instrumento de WHOQOL-SRPB, que avalia a
espiritualidade/religiosidade e relacionar os escores com os do WHOQOL-BREF,
WHOOL-OLD e QAEAI e com variáveis sócio-demográficas.
Construir uma amostra que permita isolar o mais convenientemente possível os
fatores que interferem os níveis de AE, AI e QV.
Buscar os idosos que evadiram as Oficinas com o objetivo de descobrir o motivo
da evasão.
Implementar um estudo com a mesma metodologia envolvendo idosos da
comunidade.
66
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71
ANEXOS
72
73
ANEXO 2 - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Sujeito de pesquisa nº______
TÍTULO DA PESQUISA: RELAÇÃO ENTRE AUTO-ESTIMA, AUTO-IMAGEM E QUALIDADE
DE VIDA EM IDOSOS PARTICIPANTES DAS OFICINAS DE INCLUSÃO DIGITAL”
Estamos solicitando sua autorização para que você possa participar da presente
pesquisa, que tem como principal objetivo, investigar os níveis de Auto-Estima, Auto-Imagem e
Qualidade de Vida presentes na aprendizagem em uma oficina de Inclusão Digital. Tal estudo
prevê a participação de idosos com idade a partir dos 60 anos de idade, de ambos os sexos.
Para tanto é necessário que você assine este Termo de Consentimento Informado, responda a
um questionário de informações sociodemográficas, um questionário sobre Auto-estima, Auto-
Imagem, um questionário sobre Qualidade de Vida.
Os dados obtidos através destes instrumentos serão mantidos em sigilo e colocados
anonimamente à disposição do pesquisador responsável pelo estudo. Tanto as aulas, quanto as
entrevistas poderão ser gravadas, para posterior transcrição dos dados.O benefício será a
contribuição pessoal para o desenvolvimento de um estudo científico.
A participação nesse estudo é voluntária e se você decidir não participar ou quiser
desistir de continuar em qualquer momento, tem absoluta liberdade de fazê-lo. Na publicação
dos resultados desta pesquisa, sua identidade será mantida no mais rigoroso sigilo. Serão
omitidas todas as informações que permitam identificá-lo.
Eu, ________________________________________ (nome do participante) fui
informado dos objetivos especificados acima, de forma clara e detalhada. Todas as minhas
dúvidas foram respondidas com clareza e sei que poderei solicitar novos esclarecimentos a
qualquer momento através do telefone (51) 8107-7941 da professora Ângela Aita Fraquelli ou
(51) 3320-3403 do professor Pablo Martin Cammarota. O telefone do Comitê de Ética em
Pesquisa PUCRS é 3320.3345. Este documento foi revisado e aprovado pelo Comitê de Ética
em Pesquisa da PUCRS em ________ / ________ /________. Sei que novas informações
obtidas durante o estudo me serão fornecidas e que terei liberdade de retirar meu consentimento
de participação na pesquisa em face dessas informações. Fui certificado de que as informações
por mim fornecidas terão caráter confidencial.
Declaro que recebi cópia do presente Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
Nome do Participante: ___________________________________________________
____________________________ _________________
Assinatura do Participante Data
_____________________________ ________________
Ângela Aita Fraquelli Data
Pesquisadora Principal
74
ANEXO 3 - QUESTIONÁRIO SÓCIO-DEMOGRÁFICO
Nº_______
1. Nome: __________________________________________________
2. Sexo:
1. ( ) Feminino
2. ( ) Masculino
3. Data de nascimento: _____/______/_____
4. Idade: ________
5. Estado civil atual:
1. ( ) Solteiro/solteira (nunca casou)
2. ( ) Casado/casada ou com companheiro/companheira
3. ( ) Separado/Separada/Divorciado/Divorciada
4. ( ) Viúvo/viúva
5. ( ) Outro. Qual?_____________________________
6. Mais alto nível de escolaridade alcançado:
1. ( ) Ensino fundamental incompleto
2. ( ) Ensino fundamental completo
3. ( ) Ensino médio incompleto
4. ( ) Ensino médio completo
5. ( ) Curso técnico incompleto
6. ( ) Curso técnico completo
7. ( ) Curso superior incompleto
8. ( ) Curso superior completo
9. ( ) Pós-Graduação
10. ( ) Outra. Qual? _____________________________
7. Quantos anos de escolaridade?
______________________________________________________________
75
8. Qual a sua ocupação atual:
1. ( ) Aposentado/ Aposentada
2. ( ) Pensionista
3. ( ) Nunca trabalhou
4. ( ) Dona de casa
5. ( ) Outro: _________________
9. Qual era a sua profissão anterior?
______________________________________________________________
10. De um modo geral, você se considera uma pessoa saudável ou não:
1. ( ) Sim
2. ( ) Não
Comentários:
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
___________________________________________________________________
11. Poderia fornecer um telefone e um e-mail para contato?
Telefone: __________________________________
e-mail: ____________________________________
Verifique para ter certeza que nenhuma pergunta ficou sem resposta!
Obrigado por completar este questionário!
76
ANEXO 4 - QUESTIONÁRIO DE PERCEPÇÃO DE QUALIDADE DE VIDA
WHOQOL – BREF - Versão em Português
FLECK MPA, LEAL OF, LOUZADA S, XAVIER M, CHACHAMOVICH E, VIEIRA G, et al.
Desenvolvimento da versão em português do instrumento de avaliação de qualidade
de vida da Organização Mundial da Saúde (WHOQOL -100). Rev Bras Psiquiatria 1999;
21(1): 19-28.
Instruções
Este questionário é sobre como vose sente a respeito de sua qualidade de vida, saúde e outras
áreas de sua vida. Por favor, responda a todas as questões. Se você não tem certeza sobre que
resposta dar em uma questão, por favor, escolha entre as alternativas a que lhe parece mais
apropriada. Esta, muitas vezes, poderá ser sua primeira escolha.
Por favor, tenha em mente seus valores, aspirações, prazeres e preocupações. Nós estamos
perguntando o que você acha de sua vida, tomando como referência as duas últimas semanas. Por
exemplo, pensando nas últimas duas semanas, uma questão poderia ser:
nada
muito
pouco
médio
muito
completa
mente
Você recebe dos outros o apoio de que
necessita?
1
2
3
4
5
Você deve circular o número que melhor corresponde ao quanto você recebe dos outros o apoio de
que necessita nestas últimas duas semanas. Portanto, você deve circular o número 4 se você
recebeu "muito" apoio como abaixo.
nada
muito
pouco
médio
muito
complet
amente
Você recebe dos outros o apoio de que
necessita?
1
2
3
4
5
Você deve circular o número 1 se você não recebeu "nada" de apoio.
77
Por favor, leia cada questão, veja o que voacha e circule no mero e lhe parece a melhor
resposta.
muito
ruim
ruim
Nem ruim
nem boa
boa
muito
boa
1
Como você avaliaria sua
qualidade de vida?
1
2
3
4
5
muito
insatisfeit
o
insatisfeit
o
nem
satisfeito
nem
insatisfeit
o
satisfeito
muito
satisfeito
2
Quão satisfeito(a) você está com
a sua saúde?
1
2
3
4
5
As questões seguintes são sobre o quanto você tem sentido algumas coisas nas últimas duas
semanas.
nada
muito
pouco
mais ou
menos
bastante
extremam
ente
3
Em que medida você acha que
sua dor (física) impede você de
fazer o que você precisa?
1
2
3
4
5
4
O quanto você precisa de algum
tratamento médico para levar sua
vida diária?
1
2
3
4
5
5
O quanto você aproveita a vida?
1
2
3
4
5
6
Em que medida você acha que a
sua vida tem sentido?
1
2
3
4
5
7
O quanto você consegue se
concentrar?
1
2
3
4
5
8
Quão seguro(a) você se sente
em sua vida diária?
1
2
3
4
5
9
Quão saudável é o seu ambiente
físico (clima, barulho, poluição,
atrativos)?
1
2
3
4
5
As questões seguintes perguntam sobre quão completamente você tem sentido ou é capaz de fazer
certas coisas nestas últimas duas semanas.
nada
muito
pouco
médio
muito
completa
mente
10
Você tem energia suficiente para
seu dia-a-dia?
1
2
3
4
5
78
11
Você é capaz de aceitar sua
aparência física?
1
2
3
4
5
12
Você tem dinheiro suficiente para
satisfazer suas necessidades?
1
2
3
4
5
13 Quão disponíveis para você
estão as informações que precisa
no seu dia-a-dia?
1
2
3
4
5
14
Em que medida você tem
oportunidades de atividade de
lazer?
1
2
3
4
5
As questões seguintes perguntam sobre quão bem ou satisfeito vose sentiu a respeito de vários
aspectos de sua vida nas últimas duas semanas.
muito
ruim
ruim
nem ruim
nem bom
bom
muito
bom
15
Quão bem você é capaz de se
locomover?
1
2
3
4
5
muito
insatisfeit
o
insatisfeit
o
nem
satisfeito
nem
insatisfeit
o
satisfeito
muito
satisfeito
16
Quão satisfeito(a) você está com
o seu sono?
1
2
3
4
5
17
Quão satisfeito(a) você está com
sua capacidade de desempenhar
as atividades do seu dia-a-dia?
1
2
3
4
5
18
Quão satisfeito(a) você está com
sua capacidade para o trabalho?
1
2
3
4
5
19
Quão satisfeito(a) você está
consigo mesmo?
1
2
3
4
5
20
Quão satisfeito(a) você está com
suas relações pessoais (amigos,
parentes, conhecidos, colegas)?
1
2
3
4
5
21
Quão satisfeito(a) você está com
sua vida sexual?
1
2
3
4
5
22
Quão satisfeito(a) você está com
o apoio que você recebe de seus
amigos?
1
2
3
4
5
23
Quão satisfeito(a) você está com
as condições do local onde
mora?
1
2
3
4
5
79
24 Quão satisfeito(a) você está com
o seu acesso aos serviços de
saúde?
1 2 3 4 5
25
Quão satisfeito(a) você está com
o seu meio de transporte?
1
2
3
4
5
As questões seguintes referem-se a com que freqüência você sentiu ou experimentou certas coisas
nas últimas duas semanas.
nunca
algumas
vezes
freqüente
mente
muito
freqüente
mente
sempre
26
Com que freqüência você tem
sentimentos negativos tais como
mau humor, desespero,
ansiedade, depressão?
1
2
3
4
5
Verifique para ter certeza que nenhuma pergunta ficou sem resposta!
Obrigado por completar este questionário!
80
ANEXO 5 - QUESTIONÁRIO DE PERCEPÇÃO DE QUALIDADE DE VIDA
WHOQOL – OLD - Versão em Português
FLECK MPA, LEAL OF, LOUZADA S, XAVIER M, CHACHAMOVICH E, VIEIRA G, et al.
Desenvolvimento da versão em português do instrumento de avaliação de qualidade
de vida da Organização Mundial da Saúde (WHOQOL -100). Rev Bras Psiquiatria 1999;
21(1): 19-28.
Instruções
Este questionário pergunta a respeito dos seus pensamentos, sentimentos e sobre certos aspectos
de sua qualidade de vida, e aborda questões que podem ser importantes para você como membro
mais velho da sociedade.
Por favor, responda todas as perguntas. Se vonão está seguro a respeito de que resposta dar a
uma pergunta, por favor escolha a que lhe parece mais apropriada. Esta pode ser muitas vezes a sua
primeira resposta.
Por favor tenha em mente os seus valores, esperanças, prazeres e preocupações. Pedimos que
pense na sua vida nas duas últimas semanas.
Por exemplo, pensando nas duas últimas semanas, uma pergunta poderia ser :
O quanto você se preocupa com o que o futuro poderá trazer?
Você deve circular o mero que melhor reflete o quanto você se preocupou com o seu futuro
durante as duas últimas semanas. Então você circularia o número 4 se você se preocupou com o
futuro “Bastante”, ou circularia o número 1 se não tivesse se preocupado “Nada” com o futuro. Por
favor leia cada questão, pense no que sente e circule o número na escala que seja a melhor resposta
para você para cada questão.
Muito obrigado(a) pela sua colaboração!
Nada Muito pouco Mais ou menos Bastante Extremamente
1 2 3 4 5
81
As seguintes questões perguntam sobre o quanto você tem tido certos sentimentos nas últimas duas
semanas.
F25.1 Até que ponto as perdas nos seus sentidos (por exemplo, audição, visão, paladar, olfato, tato),
afetam a sua vida diária?
Nada Muito pouco Mais ou menos Bastante Extremamente
1 2 3 4 5
F25.3 Até que ponto a perda de, por exemplo, audição, visão, paladar, olfato, tato, afeta a sua
capacidade de participar em atividades?
Nada Muito pouco Mais ou menos Bastante Extremamente
1 2 3 4 5
F26.1 Quanta liberdade você tem de tomar as suas próprias decisões?
Nada Muito pouco Mais ou menos Bastante Extremamente
1 2 3 4 5
F26.2 Até que ponto você sente que controla o seu futuro?
Nada Muito pouco Mais ou menos Bastante Extremamente
1 2 3 4 5
F26.4 O quanto você sente que as pessoas ao seu redor respeitam a sua liberdade?
Nada Muito pouco Mais ou menos Bastante Extremamente
1 2 3 4 5
F29.2 Quão preocupado você está com a maneira pela qual irá morrer?
Nada Muito pouco Mais ou menos Bastante Extremamente
1 2 3 4 5
F29.3 O quanto você tem medo de não poder controlar a sua morte?
Nada Muito pouco Mais ou menos Bastante Extremamente
1 2 3 4 5
F29.4 O quanto você tem medo de morrer?
Nada Muito pouco Mais ou menos Bastante Extremamente
1 2 3 4 5
F29.5 O quanto você teme sofrer dor antes de morrer?
Nada Muito pouco Mais ou menos Bastante Extremamente
1 2 3 4 5
82
As seguintes questões perguntam sobre quão completamente você fez ou se sentiu apto a fazer
algumas coisas nas duas últimas semanas.
F25.4 Até que ponto o funcionamento dos seus sentidos (por exemplo, audição, visão, paladar, olfato,
tato) afeta a sua capacidade de interagir com outras pessoas?
Nada Muito pouco Médio Muito Completamente
1 2 3 4 5
F26.3 Até que ponto você consegue fazer as coisas que gostaria de fazer?
Nada Muito pouco Médio Muito Completamente
1 2 3 4 5
F27.3 Até que ponto você está satisfeito com as suas oportunidades para continuar alcançando
outras realizações na sua vida?
Nada Muito pouco Médio Muito Completamente
1 2 3 4 5
F27.4 O quanto você sente que recebeu o reconhecimento que merece na sua vida?
Nada Muito pouco Médio Muito Completamente
1 2 3 4 5
F28.4 Até que ponto você sente que tem o suficiente para fazer em cada dia?
Nada Muito pouco Médio Muito Completamente
1 2 3 4 5
As seguintes questões pedem a você que diga o quanto você se sentiu satisfeito, feliz ou bem sobre
vários aspectos de sua vida nas duas últimas semanas.
F27.5 Quão satisfeito você está com aquilo que alcançou na sua vida?
Muito insatisfeito Insatisfeito
Nem satisfeito
nem
Satisfeito
Muito
satisfeito
1 2 insatisfeito 4
5
3
F28.1 Quão satisfeito você está com a maneira com a qual você usa o seu tempo?
Muito insatisfeito Insatisfeito
Nem satisfeito
nem
Satisfeito
Muito
satisfeito
1 2 insatisfeito 4
5
3
F28.2 Quão satisfeito você está com o seu nível de atividade?
Muito insatisfeito Insatisfeito
Nem satisfeito
nem
Satisfeito
Muito
satisfeito
1 2 insatisfeito 4
5
3
83
F28.7 Quão satisfeito você está com as oportunidades que você tem para participar de atividades da
comunidade?
Muito insatisfeito Insatisfeito
Nem satisfeito
nem
Satisfeito
Muito
satisfeito
1 2 insatisfeito 4
5
3
F27.1 Quão feliz você está com as coisas que você pode esperar daqui para frente?
Muito infeliz Infeliz Nem feliz Feliz
Muito feliz
1 2 nem infeliz 4
5
3
F25.2 Como você avaliaria o funcionamento dos seus sentidos (por exemplo, audição, visão, paladar,
olfato, tato)?
Muito ruim Ruim Nem ruim Boa
Muito boa
1 2 nem boa 4
5
3
As seguintes questões se referem a qualquer relacionamento íntimo que você possa ter. Por favor,
considere estas questões em relação a um companheiro ou uma pessoa próxima com a qual você
pode compartilhar (dividir) sua intimidade mais do que com qualquer outra pessoa em sua vida.
F30.2 Até que ponto você tem um sentimento de companheirismo em sua vida?
Nada Muito pouco Mais ou menos Bastante
Extremamente
1 2 3 4
5
F30.3 Até que ponto você sente amor em sua vida?
Nada Muito pouco Mais ou menos Bastante
Extremamente
1 2 3 4
5
F30.4 Até que ponto você tem oportunidades para amar?
Nada Muito pouco Médio Muito
Completamente
1 2 3 4
5
F30.7 Até que ponto você tem oportunidades para ser amado?
Nada Muito pouco Médio Muito
Completamente
1 2 3 4
5
OBRIGADO(A) PELA SUA COLABORAÇÃO!
VOCÊ TEM ALGUM COMENTÁRIO SOBRE O QUESTIONÁRIO?
84
ANEXO 6 - QUESTIONÁRIO DE AUTO-IMAGEM E AUTO-ESTIMA
STOBÄUS, Claus Dieter, "Desempenho e Auto-imagem em amadores e profissionais de
futebol: Análise de uma realidade e implicações educacionais.” Dissertação (Mestrado
em Educação) - Faculdade de Educação, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto
Alegre,1983.
Questionário
O presente questionário é de caráter individual e sigiloso. Gostaríamos de que seus
dados fossem preenchidos o mais precisamente possível. Marque com um X a
Alternativa que você considera mais correta. Obrigada por participar da pesquisa!
sim
quase
sempre
alguma
s
vezes
quase
nunca
não
1- Gostaria de fazer exercícios físicos mais
seguidos?
2- Tenho problemas de saúde?
3- Considero satisfatória minha situação
financeira?
4- Gostaria de ter maior êxito profissional?
5- Gostaria de ter saúde diferente?
6- Gostaria de estudar mais?
7- Preocupo-me com minha situação
financeira?
8- Considero-me profissionalmente realizado?
9- Sinto-me, inferior aos meus colegas?
10- Gosto de aprender?
11- Sei encontrar soluções para os problemas
que aparecem?
12- Tenho boa memória?
13- Tenho facilidade de criar idéias?
14- Considero-me uma pessoa feliz?
15- Tenho curiosidades em conhecer coisas
novas?
16- Tenho planos para o futuro?
17- Sinto conflitos interiores?
18- Considero-me uma pessoa realizada na
vida?
19- Gostaria de ser mais inteligente?
85
sim
quase
sempre
alguma
s
vezes
quase
nunca
não
20- Fico tenso e preocupado quando encontro
problemas?
21- Gostaria de ter memória melhor?
22- O meu passado deveria ter sido diferente?
23- Canso-me facilmente?
24- Consegui, até agora, realizar o que pretendia
na vida?
25- Preocupo-me muito comigo mesmo?
26- Interesso-me pelos outros?
27- Aceito a minha vida como ela é?
28- Tenho boas relações com as pessoas mais
íntimas?
29- Penso que os outros não têm consideração
comigo?
30- Relaciono-me bem com meus parentes?
31- Parece-me que os outros têm vida melhor
que a minha?
32- Sinto-me abandonado pelos meus amigos?
33- Sou dependente dos outros nas minhas
necessidades econômicas?
34- Sinto segurança em minhas atitudes?
35- Considero-me uma pessoa tolerante?
36- Tenho senso de humor?
37- Tenho dúvidas sobre que atitude tomar?
38- Aceito opiniões diferentes da minha?
39- Sou uma pessoa triste?
40- Acuso os outros de erros que eu cometo?
41- Sinto-me magoado quando os outros me
criticam?
42- Sou uma pessoa medrosa?
43- As opiniões dos outros m influência sobre
mim?
44- Tenho certeza sobre o que está certo ou
errado?
45- Sou uma pessoa submissa?
86
sim
quase
sempre
alguma
s
vezes
quase
nunca
não
46- As convenções sociais me afetam?
47- Sinto que os outros me evitam?
48- Tenho medo da morte?
49- Considero-me uma pessoa satisfeita?
50- Se pudesse começar tudo de novo, gostaria
de ter uma vida diferente?
Verifique para ter certeza que nenhuma pergunta ficou sem resposta!
Obrigado por completar este questionário!
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