Nos anos ’60 juntamente com o Guevarismo, o Trotskismo
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e o Maoismo
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cresceram significativamente na América Latina. Esse crescimento é resultado da crise
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“A pedra fundamental do Trotskismo foi, e continua sendo, a tese da revolução
permanente, formulada originalmente por Marx, que Trotsky reformulou em 1906,
aplicando-a a Rússia, e voltou a desenvolver em 1928. Trotsky via a transição para o
socialismo como uma serie de transformações sociais, políticas e econômicas, ligadas
entre si e interdependentes, que ocorrem em vários níveis e em diversas estruturas
sociais – feudal, subdesenvolvida, pré-industrial e capitalista - e em diferentes
conjunturas históricas. Esse “desenvolvimento desigual e combinado” seria motivado
pelas circunstâncias e pela sua própria dinâmica, a partir de sua fase burguesa
antifeudal, até sua fase socialista anticapitalista. Nesse processo, transcenderia as
fronteiras geográficas fixadas pelo homem e passaria de sua fase nacional a uma fase
internacional, no rumo da criação de uma sociedade sem classes e sem Estado em escala
global.(...) O estabelecimento de uma sociedade socialista sem classes não pode, de
acordo com o Trotskismo, ocorrer senão por meio de um rompimento revolucionário
com a ordem existente. O Trotskismo rejeita o progressivo caminho parlamentar dos
votos como ilusório; em sua concepção, as classes exploradas não serão capazes de
tomar o poder sem uma luta contra as classes proprietárias, que defenderão sua
dominação econômica. A vitória do proletariado nessa luta de classes terá de ser,
segundo o esquema trotskista, protegida pela criação de uma “ditadura do
proletariado””. (Bottomore, 1983: 394-395). Para um aprofundamento dessas reflexões,
ver Campos (1986). Sugerem-se também as obras do próprio Trotsky: “A revolução
permanente”: Ciências Humanas, 1979. “A revolução traída”: Antídoto, 1977.
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Segundo o dicionário de pensamento marxista de Bottomore (Idem: 231-233), “A
China da década de 1920, quando Mao começou o seu aprendizado da revolução, era, é
claro, um país economicamente muito atrasado significava que, apesar de tudo o que
pudesse dizer sobre a hegemonia do proletariado (ou de sua vanguarda), o partido
comunista tinha de recorrer aos camponeses como a maior força social suscetível de
apoiar a causa revolucionária. (...) sua estrutura de classes era constituída igualmente
por um numero limitado, mas em rápido crescimento, de trabalhadores urbanos e de
empresários chineses, uma “burguesia nacional”, por uma classe pequena, mas
extremamente poderosa, de proprietários de terras, por camponeses (ricos e pobres, com
terra e sem ela) e por uma grande variedade de outras categorias(...) As conseqüências
dessa situação refletem-se nos conceitos de “contradição principal” e de “aspecto
principal da contradição principal”, que desempenham um papel tão grande na
interpretação dada por Mao à dialética. (...). Ele tinha por axiomático que a principal
contradição era a que existia entre o proletariado e a burguesia e que assim continuaria
sendo até que o conflito fosse resolvido pela revolução socialista. Mao, por sua vez,
considerava como sua tarefa prática mais premente determinar, à luz do que lhe parecia
uma análise marxista, onde era possível abrir brechas decisivas, tanto na China como no
mundo. De certa forma, é claro, ele estava simplesmente seguindo uma linha de análise
esboçada pelo próprio Marx e desenvolvida por Lênin (e Stalin), segundo a qual não só
os camponeses, mas outras classes e grupos em uma sociedade pré-capitalista, poderiam
participar da fase democrática da revolução, e o comportamento das diferentes classes
em um determinado país poderia ser afetado pela realidade da dominação estrangeira. O
problema é que Mao sistematizou e desenvolveu essas idéias, delas extraindo