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Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul
Instituto de Geriatria e Gerontologia
Curso de Pós-Graduação em Gerontologia Biomédica
Dissertação de Mestrado
ESTADO NUTRICIONAL E SUA ASSOCIAÇÃO
COM FATORES DE RISCO
CARDIOVASCULAR E SÍNDROME
METABÓLICA EM IDOSOS
Fernanda Scherer
Porto Alegre
2008
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Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul
Instituto de Geriatria e Gerontologia
Curso de Pós-Graduação em Gerontologia Biomédica
Dissertação de Mestrado
ESTADO NUTRICIONAL E SUA
ASSOCIAÇÃO COM FATORES DE RISCO
CARDIOVASCULAR E SÍNDROME
METABÓLICA EM IDOSOS
Aluno: Fernanda Scherer
Orientador: Prof. Dr. José Luiz da Costa Vieira
Dissertação de Mestrado apresentada ao Curso de
Pós-Graduação em Gerontologia Biomédica da
Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul,
para obtenção do título de Mestre em Gerontologia.
Porto Alegre
2008
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DADOS INTERNACIONAIS DE CATALOGAÇÃO NA PUBLICAÇÃO (CIP)
Rosária Maria Lúcia Prenna Geremia
Bibliotecária CRB10/196
S326e Scherer, Fernanda
Estado nutricional e sua associação com fatores de risco
cardiovascular e síndrome metabólica em idosos / Fernanda Scherer;
orient.José Luiz da Costa Vieira. Porto Alegre: PUCRS, 2008.
60f.: tab.
Dissertação (Mestrado) Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul.
Instituto de Geriatria e Gerontologia. Mestrado em Geriatria e Gerontologia.
1.
ESTADO NUTRICIONAL
. 2. F
ATORES DE RISCO
. 3.
IDOSO
. 4.
DOENÇAS
CARDIOVASCULARES
/epidemiologia.
5.
SÍNDROME X METABÓLICA
.
6.
E
STUDOS TRANSVERSAIS
.
I. Vieira, José Luiz da Costa. II. Título.
ii
AGRADECIMENTOS
Agradeço a todas as pessoas que direta ou indiretamente contribuíram para a
realização deste trabalho:
Á minha família, em especial a minha mãe e ao meu pai. Muito Obrigada!
Ao meu namorado pela paciência apoio e ajuda!
Ao meu orientador Dr. José Luiz da Costa Vieira pelo apoio na execução
deste trabalho. Muito obrigada pela sua sabedoria, compreensão e disponibilidade!
Ao professor Dr. Emílio Moriguchi pela sua sabedoria, humildade e
competência na formação científica de todos que buscam o conhecimento nesta
área. Obrigada!
Á aluna do curso de Medicina da PUC/RS, Ana Paula Szezepaniak Goulart
pela ajuda e disposição inestimável em ensinar.
Ás minhas amigas e colegas de trabalho Fernanda Fortuna, Simara Rufatto e
Simone Morelo Dal Bosco, que sempre estiveram do meu lado me apoiando em
todos os momentos.
Aos idosos de Marques de Souza que participam do estudo. Agradeço a
todos com muito carinho, pois sem a compreensão e participação de vocês não teria
realizado este trabalho. Muito Obrigada!
Á toda equipe da Secretaria de Saúde do Município de Marques de Souza.
Obrigada pela paciência, disponibilidade, ajuda e carinho.
Todos os professores do Programa de Pós-Graduação em Gerontologia
Biomédica, pelos aprendizados construídos.
À equipe da secretaria do Instituto de Geriatria e Gerontologia, em especial ao
Sr. Paulo, por todo o auxílio, disponibilidade e compreensão que me dispensou.
Muito Obrigada a todos!!!
iii
SUMÁRIO
LISTA DE ABREVIATURAS ..................................................................................................................... IV
1.
INTRODUÇÃO ...............................................................................................................................1
2.
REVISÃO DA LITERATURA .............................................................................................................3
2.1
ENVELHECIMENTO
POPULACIONAL ...............................................................................................3
2.1.1
Transição demográfica .........................................................................................................3
2.1.2
Transição epidemiológica .....................................................................................................4
2.1.3
Transição nutricional ............................................................................................................6
2.2
DOENÇAS
CRÔNICO-DEGENERATIVAS ...........................................................................................7
2.3
FATORES
DE
RISCO-CARDIOVASCULAR ..........................................................................................9
2.3.1
Pressão Arterial ....................................................................................................................9
2.3.2
HDL Colesterol ....................................................................................................................11
2.3.3
Triglicerídeos plasmáticos ..................................................................................................12
2.3.4
Glicemia de jejum ...............................................................................................................13
2.3.5
Obesidade e saúde cardiovascular nos idosos....................................................................14
2.3.6
Obesidade central...............................................................................................................15
2.4
SÍNDROME
METABÓLICA .............................................................................................................16
2.5
SÍNDROME
METABÓLICA
E
RISCO
CARDIOVASCULAR..................................................................20
3.
OBJETIVOS ..................................................................................................................................23
3.1
OBJETIVO
GERAL ..........................................................................................................................23
3.2
OBJETIVOS
ESPECÍFICOS...............................................................................................................23
4.
ARTIGO .......................................................................................................................................24
RESUMO.................................................................................................................................................26
ABSTRACT ..............................................................................................................................................27
INTRODUÇÃO.........................................................................................................................................28
POPULAÇÃO
E
MÉTODOS.......................................................................................................................29
Procedimentos estatísticos ...............................................................................................................31
RESULTADOS..........................................................................................................................................31
DISCUSSÃO.............................................................................................................................................33
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
(
ARTIGO
).................................................................................................37
TABELAS.................................................................................................................................................40
5.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................................................45
iv
LISTA DE ABREVIATURAS
ACE American College of Endocrinology
AHA American Heart Association
ATPIII Adult Treatment Panel III
CETP Proteína de Transferência de Colesterol Esterificado
DAC Doença Arterial Coronariana
DCD Doenças Crônicas-Degenerativas
DCV Doenças Cardiovasculares
DIC Doenças Infecto-contagiosas
DM Diabetes melito
EGIR European Group for the Study of Insulin Resistance
(Grupo Europeu de Estudo da Resistência à Insulina)
HAS Hipertensão arterial sistêmica
HDL-C High density lipoprotein cholesterol (colesterol da
lipoproteína de alta densidade)
I-DBSM I Diretriz Brasileira de Diagnóstico e Tratamento da
Síndrome Metabólica
IDF International Diabetes Federation (Federação de
Diabetes Internacional)
IMC Índice de Massa Corporal
LDL-C Low Density Lipoprotein - Cholesterol (colesterol da
lipoproteína de baixa densidade)
NCEP National Cholesterol Education Program
OMS Organização Mundial da Saúde
ONU Organização das Nações Unidas
PA Pressão Arterial
PROCAM Prospective Cardiovascular Müster Study
RS Rio Grande do Sul
SM Síndrome Metabólica
TG Triglicerídeos plasmáticos
TONE Trial of Nonpharmacologic Interventions in the Elderly
1. INTRODUÇÃO
A população brasileira vem envelhecendo de forma rápida desde o início
da década de 60, quando a queda das taxas de fecundidade começou a alterar
a estrutura etária, estreitando progressivamente a base da pirâmide
populacional.(1)
Atualmente, no Brasil, os idosos representam cerca de 10% da
população geral. O censo de 2000 informou que, dos 169,5 milhões de
brasileiros, 15,5 milhões têm 60 anos ou mais, sendo que projeções apontam
um crescimento desse grupo populacional para 18 milhões até 2010 e 25
milhões até 2025.(2) Como ocorreu previamente em países industrializados,
junto com o envelhecimento da população brasileira, está ocorrendo uma
transição epidemiológica, com mudança do perfil de morbi-mortalidade da
população, com a redução das doenças infecto-contagiosas (DIC) e aumento
de doenças crônicas-degenerativas (DCD), incluindo doenças cardiovasculares
(DCV) e neoplasias.
Em nosso país, o Estado, ainda às voltas com os desafios do controle da
mortalidade infantil e doenças transmissíveis, não foi capaz de aplicar
estratégias para a efetiva prevenção e tratamento das DCD e suas
complicações. Em um contexto de importantes desigualdades regionais e
sociais, os idosos o encontram amparo adequado no sistema público de
saúde e previdência, acumulam seqüelas dessas doenças, desenvolvem
incapacidade e perdem autonomia e qualidade de vida.(1) Essas DCD podem
gerar incapacidades, causando dependência, acarretam ônus crescente sobre
o idoso, a família e o sistema de saúde.(3)
Concomitantemente, também ocorreram mudanças de hábitos
alimentares na população, que passou a ter maior oferta de alimentos
industrializados, mais calóricos e ricos e gordura. Isso levou a uma redução da
prevalência de desnutrição e aumento de sobrepeso e obesidade, contribuindo
para o aumento de DCD como DCV e diabetes melito (DM).
2
As DCV, representantes das DCD, são atualmente a principal causa de
morte no mundo, com elevada morbidade, levando a perda de qualidade de
vida e elevados custos em saúde pública. Sabemos que a DM está
intimamente associado com aumento de risco cardiovascular.
A ndrome metabólica (SM), caracterizada por obesidade central,
dislipidemia, hiperglicemia e elevação da pressão arterial (PA), é hoje um dos
maiores desafios para a saúde pública em todo o mundo, por associar-se a
importante risco para DCV e DM tipo 2. Critérios para o diagnóstico de SM
surgiram tendo como objetivo uma identificação precoce dos indivíduos sob
elevado risco de desenvolver DM e DCV.(4)
Os idosos são o grupo da população com maior prevalência de eventos
cardiovasculares. Identificar a prevalência de fatores de risco cardiovascular e
de SM entre eles e sua associação com o estado nutricional, adquire grande
importância para a implementação de medidas preventivas, pois poderá ajudar
a verificar aqueles sob maior risco, dentre um grupo com risco elevado. A
escassez de dados relativos à nossa população quanto à prevalência de
fatores de risco cardiovascular, em especial entre os idosos, contribui para
justificar a importância desse estudo.
3
2. REVISÃO DA LITERATURA
2.1 ENVELHECIMENTO POPULACIONAL
2.1.1 Transição demográfica
O processo de envelhecimento populacional, tal como observado até
hoje, é mais resultado do declínio da fecundidade do que da mortalidade. O
envelhecimento populacional iniciou-se no final do século XIX em alguns
países da Europa Ocidental, espalhou-se pelo resto dos países desenvolvidos
no século passado, e se estendeu nas últimas décadas por vários países em
desenvolvimento, incluindo o Brasil, onde iniciou a partir de 1960 com o
declínio da fecundidade em regiões mais desenvolvidas.(1) Este fenômeno
estendeu-se de modo gradual e não uniforme às demais regiões brasileiras,
tanto nas áreas urbanas quanto rurais, e a todas as classes sociais. Se no
início do século XX a proporção de indivíduos que conseguia alcançar os 60
anos se aproximava de 25%, em 1990 ela superava 78% entre as mulheres e
65% entre os homens.(5)
O processo de envelhecimento no Brasil está associado em geral com
as melhorias das condições médico-sanitárias, enquanto nos países
desenvolvidos o processo está associado não só com a evolução médico-
sanitária, mas também com a melhoria das condições sócio-econômicas, de
educação, saneamento básico, infra-estrutura e outros fatores.(6)
Entre 1980 e 2003 a expectativa média de vida ao nascer no Brasil
elevou-se em 8,8 anos, subindo para 71,3 anos. Apesar dessa elevação, a
expectativa de vida no Brasil ainda é considerada baixa, pois o país é o
octogésimo sexto colocado no ranking da Organização das Nações Unidas
(ONU), considerando as estimativas para 192 países, no período 2000-2005.
No Japão, por exemplo, a expectativa média de vida é superior a 81 anos.
De acordo com projeções mais recentes, somente por volta de 2040 o Brasil
estaria alcançando o patamar de 80 anos de expectativa de vida ao nascer.(7)
No Rio Grande do Sul (RS) a transição demográfica começou mais cedo
em relação aos demais estados brasileiros e tornou-se mais evidente nas
4
últimas décadas, caracterizando-se pelo rápido aumento absoluto e relativo das
populações adulta e idosa. A taxa de fecundidade no estado era de 5,1 filhos
por mulher em 1940, 4,3 em 1970 e atualmente é de 2,3 (8), enquanto a
expectativa de vida passou de 68,8 anos em 1980 para 73,4 anos no período
de 2001 a 2003 (69,3 anos entre os homens e 77,6 anos entre as mulheres).
Como principais motivos dessa elevação da expectativa média de vida, temos
o declínio da fecundidade, o avanço da medicina e a melhora na qualidade de
vida.(8)
É previsto que o ponto de máximo incremento no envelhecimento
nacional tenderia a ocorrer em torno de 2025-2030, fruto da combinação de
gerações numerosas sobrevivendo por mais tempo, e de gerações
provenientes de nascimentos sucessivamente menores.(9)
2.1.2 Transição epidemiológica
Com o envelhecimento populacional característico da transição
demográfica, altera-se fundamentalmente o panorama epidemiológico relativo à
morbidade e mortalidade de uma determinada população. As DIC, altamente
prevalentes em populações jovens, tendem a diminuir sua incidência, enquanto
as DCD, tais como, as cardiovasculares, a DM, a obesidade, a osteoporose e
as neoplasias, aumentam sua prevalência, com o segmento de idosos sendo o
mais afetado.(10) Esse processo de mudança do perfil de morbi-mortalidade
que acompanha o processo demográfico, se denomina transição
epidemiológica.(11)
Desse modo, o conceito de transição epidemiológica refere-se às
modificações, em longo prazo, dos padrões de morbidade, invalidez e morte
que caracterizam uma população específica e que, em geral, ocorrem em
conjunto com outras transformações demográficas, sociais e econômicas. O
processo engloba três mudanças básicas: 1) substituição, entre as principais
causas de morte, das doenças transmissíveis por doenças não transmissíveis e
causas externas; 2) deslocamento da maior carga de morbi-mortalidade dos
grupos mais jovens aos grupos mais idosos; 3) transformação de uma situação
5
em que predomina a mortalidade para outra em que a morbidade é
dominante.(1)
No Brasil, em 1940, quase metade dos óbitos estava associada às
doenças transmissíveis, enquanto em 1994, menos de 6% dos óbitos deveram-
se a essas doenças, com 33% devendo-se a doenças do aparelho circulatório
e 13% a neoplasias. No entanto, em nosso país não se observou em todas as
regiões concomitantes mudanças plenas em relação as DIC, pois essas
continuam assolando parte da população. As doenças características de países
jovens e subdesenvolvidos ainda continuam presentes em algumas regiões do
país, apesar da população ter se tornado demograficamente mais velha. A
soma das principais doenças do aparelho circulatório representava mais de
30% do total de óbitos na região Sul, mas apenas 16% na região Norte. Assim,
a transição epidemiológica o ocorreu de forma uniforme de acordo com o
modelo experimentado pela maioria dos países industrializados e mesmo por
vizinhos latino-americanos como o Chile, Cuba e Costa Rica. Tal fenômeno foi
descrito por Chaimovicz como “fenômeno da polarização epidemiológica”.(1)
O RS destaca-se dos demais estados brasileiros por apresentar um
perfil epidemiológico e demográfico-sanitário, diferenciado do perfil nacional e
similar ao dos países industrializados. O perfil populacional e de saúde do RS
vem sendo investigado na intenção de que com esse conhecimento se possam
introduzir políticas de combate às patologias que mais interferem no
envelhecimento bem sucedido e na longevidade da população. O relatório
sobre o desenvolvimento humano no Brasil do Instituto de Pesquisas
Econômicas Aplicadas com base no Índice de Desenvolvimento Humano (IDH),
elaborado pelo Programa da ONU para o Desenvolvimento, aponta o RS como
estado brasileiro com melhor qualidade de vida.(12)
Entretanto, cabe ressaltar que ao mesmo tempo em que o RS apresenta
maior expectativa e qualidade de vida do País, a morbi-mortalidade por DCV
também é maior. Talvez isso esteja associado ao fato da modernidade trazer
inúmeras mudanças de hábito e comportamento, como menor tempo para a
prática de atividade física regular, um estilo de vida mais estressado, além de
maior oferta de alimentos industrializados, ricos em carboidratos simples e
gorduras e pobres em fibras, minerais e vitaminas. Como conseqüência, tem-
6
se observado maior incidência de DCD tais como obesidade, DM tipo 2,
hipertensão arterial sistêmica (HAS), dislipidemia e demais DCV.(13)
2.1.3 Transição nutricional
A transição nutricional integra os processos de transição demográfica e
epidemiológica. De acordo com Popkin et al(14), a transição nutricional “é um
processo de modificações seqüenciais no padrão de nutrição e consumo, que
acompanha mudanças econômicas, sociais e demográficas e do perfil de
saúde das populações”.
Ao longo da história, o padrão de alimentação acompanhou etapas
importantes no processo evolutivo do homem. No início, o ser humano limitou-
se à caça, à pesca e à coleta de vegetais ou outros materiais biológicos.
Posteriormente, houve grande mudança na evolução cultural, iniciando-se um
processo de adaptação de plantas e de animais (agropecuária) que permitiu ao
homem controlar o meio ambiente e a técnica, e depois passar a planejar a
produção de alimentos que se destinavam não apenas a satisfação das
necessidades imediatas da comunidade (saciar a fome), mas também à
produção de excedentes comercializáveis.(15, 16)
As informações sobre a evolução da disponibilidade de alimentos no
Brasil indicam que a transição alimentar no país tem sido, de modo geral,
favorável do ponto de vista de resolução dos problemas associados à
subnutrição pelo (aumento na disponibilidade de calorias per capita e aumento
da participação de alimentos de origem animal na alimentação), mas
desfavorável no que se refere ao aumento da prevalência de obesidade e
demais DCD, pelo aumento da participação na alimentação de gorduras em
geral, gorduras de origem animal e açúcar refinado e diminuição com relação a
cereais, leguminosas, frutas, verduras e legumes.(17, 18) O crescimento da
incidência de DCD observado nas últimas décadas relaciona-se, em grande
parte, com os hábitos de vida adquiridos nesse período. Entre eles, destacam-
se os comportamentos que desequilibram o balanço energético, induzindo
ganho excessivo de peso. Estima-se que, para cada 5% de aumento de peso
acima daquele apresentado aos 20 anos de idade, ocorre um aumento de 20%
no risco de desenvolver a SM na meia idade.(19) Esse complexo metabólico,
7
inflamatório e hemodinâmico por sua vez se associa ao desenvolvimento das
DCD.(20, 21)
Durante a década passada, com a rápida e relevante expansão no
campo científico, o papel da dieta na prevenção e controle de morbidades e da
mortalidade prematura por DCD foi determinado principalmente através de
estudos populacionais e epidemiológicos. Adicionalmente, componentes
dietéticos específicos que aumentam a probabilidade de ocorrências dessas
doenças e intervenções para modificar este impacto, também têm sido
identificados. Deste modo, a dieta e a nutrição são fatores importantes que
atuam na promoção e manutenção da saúde ao longo de toda vida.(22)
É importante comentar que o processo de envelhecimento pode
influenciar na nutrição do idoso. A fisiologia da digestão do idoso é diferente da
do adulto, podendo ocorrer prejuízos na capacidade de absorção dos
nutrientes, tornando as pessoas com mais idade menos adaptáveis e mais
vulneráveis à agressão do meio. Essa potencial fragilidade pode levar a uma
maior predisposição a doenças.
2.2 DOENÇAS CRÔNICAS-DEGENERATIVAS
As DCD que incluem além das DCV e neoplasias, outras com doenças
neurológicas e osteoarticulares, são de etiologia multifatorial e compartilham
vários fatores de riscos modificáveis como tabagismo, sedentarismo,
alimentação inadequada, obesidade e dislipidemia, sendo a maior causa de
morte e incapacidade no mundo.(23) Segundo a Organização Mundial da
Saúde (OMS), as DCD são responsáveis por 59% das mortes no mundo, com
projeção para 2020 de serem responsáveis por três quartos de todas as mortes
no mundo. Dentre as mortes por DCD em geral, 71% das mortes por doenças
isquêmicas do coração, 75% de mortes por acidente vascular encefálico e 70%
de mortes por DM ocorrem em países em desenvolvimento.(22)
Dessa forma, as DCD representam, atualmente, importante problema de
saúde pública na maioria dos países, com alto custo social e difícil
prevenção.(24) No Brasil, as DCD foram responsáveis pela maior parcela dos
8
óbitos e das despesas com assistência hospitalar no Sistema Único de Saúde,
totalizando cerca de 70% dos gastos com atenção à saúde em 2002.(25)
Projeções para as próximas décadas apontam um crescimento
epidêmico das DCD na maioria dos países em desenvolvimento, em particular
das DCV e de DM tipo 2. Os principais determinantes desse crescimento são:
1) a mudança na pirâmide demográfica, com número maior de pessoas
alcançando as idades onde essas doenças se manifestam com maior
freqüência por períodos mais longos de exposição aos fatores de risco; 2)
aumento na intensidade e prevalência dos principais fatores de risco para
essas doenças.(17, 26)
As DCV são as mais prevalentes das DCD, sendo consideradas a maior
causa de morbi-mortalidade nos países ocidentais. A OMS atribui um terço das
mortes globais (15,3 milhões) as DCV.(12) Nos Estados Unidos elas foram
responsáveis por mais de 930.000 mortes em 2001, aproximadamente 38,5%
de todas as mortes.(27)
Segundo dados da OMS, desde 1990 a população mundial está
morrendo mais de doença arterial coronariana (DAC) do que qualquer outra
causa, tendência ainda não verificada naqueles países com baixa
expectativa de vida.(28, 29) Também no Brasil, segundo dados do DATASUS,
as DCV foram as que mais mataram em 2005, ficando a frente de neoplasias,
causas externas e doenças respiratórias, além de constituírem uma das
principais causas de permanência hospitalar prolongada e serem responsáveis
pela principal alocação de recursos públicos em hospitalizações.(30) No RS de
acordo com o Ministério da Saúde as doenças do aparelho circulatório foram
responsáveis por 30,3% das mortes em 2005.(30)
Entre os fatores de risco para o desenvolvimento das DCV estabelecidos
desde o estudo de Framingham, destacam-se o tabagismo, a HAS, as
dislipidemias e a DM tipo 2. Da mesma forma, o National Cholesterol Education
Program (NCEP), a American Heart Association (AHA), a Sociedade Européia
de Cardiologia e a Sociedade Brasileira de Cardiologia têm assinalado a
fundamental implicação da obesidade, associada à dieta inadequada e da
inatividade física, no risco cardiovascular.(24)
9
2.3 FATORES DE RISCO-CARDIOVASCULAR
Os fatores de risco que influenciam o desenvolvimento de DCV em
idosos são similares aos dos adultos. As intervenções de tratamento nessa
faixa etária, como a correção de HAS e hiperlipidemia, mostraram-se, custo-
efetivas, para reduzir a morbidade e mortalidade cardiovascular.(31)
2.3.1 Pressão Arterial
A HAS é um importante fator de risco para patologias cardiovasculares,
estando associada com muitas complicações no organismo humano. O risco
para o desenvolvimento de complicações varia com os valores de PA,
elevando-se progressivamente a partir de valores de pressão acima de 110/75
mmHg, além de estar também relacionado com a presença de outros fatores
ou patologias, como a presença de DM, tabagismo, entre outros.(32, 33)
Dados do estudo de Framingham
59
demonstram que a pressão sistólica
aumenta continuamente com a idade em todos os grupos ao passo que a
pressão diastólica aumenta até 60 anos, diminuindo a seguir. Entre os idosos,
a hipertensão sistólica, é um fator de risco maior que a hipertensão diastólica.
O aumento da PA eleva o risco para insuficiência cardíaca em todas as
idades, o que está proporcionalmente associado com os níveis de pressão.(34)
A hipertrofia ventricular esquerda é um problema comum entre os hipertensos
sem tratamento, elevando o risco para arritmias cardíacas ventriculares, morte
por infarto do miocárdio e morte súbita.(35)
Além de ser importante fator de risco para infarto agudo do miocárdio e
acidente vascular encefálico isquêmico, a HAS é também o principal fator de
risco para acidente vascular encefálico e hemorrágico, o que pode ser
marcadamente reduzido através de tratamento efetivo, especialmente entre os
idosos.(36)
Cerca de 50 milhões de americanos com mais de 65 anos estão
tomando medicação anti-hipertensiva. No geral 28% dos adultos americanos
10
possuem pressão sangüínea elevada. Após os 65 anos as mulheres mostram-
se mais hipertensas do que os homens. Com o envelhecimento a elevação da
pressão sangüínea aumenta.(37)
Várias modificações de estilo de vida podem ser úteis para a prevenção
e o controle da HAS:
- Perder peso, se houver excesso de peso;
- Limitar a ingestão de álcool (30ml de etanol por exemplo, 720mL de
cerveja, 300mL de vinho ou 60ml de uísque – por dia para homens ou 15mL
de etanol por dia para mulheres e pessoas mais leves, como no caso de
idosos);
- Aumentar a atividade aeróbica para 30 a 45 minutos por dia na maioria
dos dias da semana;
- Reduzir a ingestão de sódio para até 100mmol/dia (2,4g de sódio ou 6g
de cloreto de sódio);
- Manter a ingestão adequada de potássio (aproximadamente
90mmol/dia);
- Manter a ingestão adequada de cálcio e magnésio;
- Parar de fumar;
- Reduzir a ingestão de gordura saturada e colesterol.
Mais do que a metade da população idosa brasileira apresenta HAS,
com o risco de DCV no idoso sendo duas a três vezes maior do que na
população de meia idade. As modificações de estilo de vida discutidas
anteriormente o o primeiro passo no tratamento de idosos, assim como com
as populações mais jovens.
O estudo de “Intervenções Não Farmacológicas em Idosos” (Trial of
Nonpharmacologic Interventions in the Elderly TONE) descobriu que perder
peso e reduzir a ingestão de sal para 1.800mg de sódio por dia, pode diminuir
ou eliminar a necessidade de drogas em idosos obesos hipertensos.(38) No
final de um estudo de 30 meses, 31% do grupo com restrição de sal e 36% do
grupo de redução de peso isolados estavam sem medicações, enquanto 53%
do grupo de combinação restrição de sal com redução de peso não
necessitaram serem medicados. Este estudo mostra que reduzir peso e a
redução da ingestão de sódio em idosos foi muito eficaz para diminuir a
11
pressão sangüínea, porém, a adesão contínua continua sendo um obstáculo
para os profissionais de saúde. Apenas 38% no estudo TONE, foram capazes
de atingir as metas de ingestão de sódio. Na análise de resposta de acordo
com o padrão de adesão, aqueles com maior redução de sódio tinham menor
prevalência de pressão sangüínea elevada.(39)
2.3.2 HDL Colesterol
A incidência de DAC na população em geral parece ser inversamente
proporcional aos níveis de colesterol da lipoproteína de alta densidade (HDL-C)
com níveis baixos (hipoalfalipoproteinemia) sendo associados à maior
risco.(40) Conforme os estudos de Framingham, o risco de infarto agudo do
miocárdio eleva-se em 25% para cada redução de 5mg/dL no HDL-C em
relação à média dos valores para homens e mulheres. Foi constatado nos
estudos LIPID e CARE que os baixos níveis de HDL-C representavam um
importante fator de risco para evento coronariano em pacientes com colesterol
da lipoproteína de baixa densidade (LDL-C) < 125mg/dL.(41)
Baixos níveis de HDL-C são freqüentemente associados com níveis
elevados de triglicerídeos (TG), e verifica-se que uma redução dos TG resulta
em aumento nos níveis de HDL-C. Existem duas notáveis exceções para esta
associação inversa entre TG e HDL-C: o uso regular do álcool e a terapia de
reposição hormonal tendem a aumentar os níveis de TG, mas também
aumentam os níveis de HDL-C. Em ambos os casos, o uso de álcool e
estrogênio, têm efeito direto no metabolismo do HDL-C, independente dos seus
efeitos no metabolismo dos TG.(42)
Várias recomendações clínicas para a correção dos baixos níveis de
HDL-C podem ser feitas. A cessação do hábito de fumar e a perda de peso são
exemplos destas recomendações. A dieta pode ser útil como coadjuvante,
principalmente se ocorrer perda de peso, mas a redução da gordura na dieta,
embora sempre recomendada, não aumenta o HDL-C e pode em contrapartida
reduzi-lo. o exercício físico, apesar de ter seu efeito limitado no aumento do
HDL-C, quando associado à perda de peso, pode ter seu efeito aumentado.(42)
12
2.3.3 Triglicerídeos plasmáticos
O efeito da elevação dos TG no processo de aterosclerose e na
incidência de eventos coronarianos e cerebrovasculares, tem sido muito
estudado. A associação independente entre a hipertrigliceridemia e DAC ainda
era assunto controverso até o início da década passada, mas após foi
comprovada de forma definitiva.(43, 44) A base para a afirmação que os TG
seriam um fator de risco independente para DAC foi obtida através do estudo
PROCAM (Prospective Cardiovascular Müster) que foi realizado entre 1979 a
1985 envolvendo quase 20.000 pessoas. A hipertrigliceridemia persistiu como
um potente fator independente de risco mesmo quando combinado com níveis
elevados de LDL-C e reduzidos de HDL-C.(45, 46) Resultados prévios da
análise de um seguimento do estudo de Framingham corroboravam com
esses achados, revelando que tanto homens quanto às mulheres com níveis
séricos elevados de TG e níveis baixos de HDL-C tinham risco aumentado de
DAC.(47)
Uma meta-análise de 17 estudos populacionais prospectivos, incluindo
quase 60.000 homens e mulheres reafirmou os TG como fator de risco
independente para DAC. Na análise multivariada, cada elevação de 88mg/dL
nos níveis de TG, estava relacionada com um aumento do risco de DCV em
homens e mulheres, mesmo após ajuste para níveis de HDL-C.(46)
Os TG e o HDL-C estão correlacionados devido ao seu metabolismo. As
lipoproteínas ricas em TG, quando presentes em concentrações elevadas,
como em situações de hipertrigliceridemia, trocam o seu conteúdo de TG por
colesterol das HDL-C e LDL-C através da Proteína de Transferência de
Colesterol Esterificado (CETP). Dependendo dos níveis de TG e da atividade
da CETP, as partículas de HDL-C diminuem seu conteúdo de colesterol
trocando por TG.(46, 48) Dessa forma, com o aumento dos níveis de TG, não
o nível de HDL-C, mas o tamanho e o número das partículas de HDL-C
diminuem, reduzindo-se a proteção conferida pelas HDL-C.(46, 49, 50) Assim
os baixos níveis de HDL-C parecem interagir com a hipertrigliceridemia e elevar
o risco cardiovascular.
13
Além de sua associação com níveis baixos de HDL-C, a elevação do TG
costuma vir associada com outras anormalidades que predispõem à
aterosclerose, como presença de partículas pequenas e densas de LDL-C;
elevação da viscosidade e coagulabilidade sanguínea; disfunção endotelial;
isquemia tecidual e quilomicronemia.(51) Em relação às LDL-C, sabemos que
partículas de LDL-C pequenas e densas são sabidamente aterogênicas.
Existem evidências de uma relação inversa entre os TG e o diâmetro das
partículas de LDL-C, com TG elevados sendo associados a um perfil mais
aterogênico de LDL-C.(52)
Além disso, parece haver relação entre hipertrigliceridemia e doença
cerebrovascular. Um estudo envolvendo 11.177 pessoas sem histórico de
doença cerebrovascular, seguidas por seis a oito anos, com valores de TG
maiores que 200mg/dL, apresentaram uma elevação de 27% no risco de um
acidente vascular encefálico ou acidente isquêmico transitório.(53)
Analisados conjuntamente, estes dados sugerem que níveis elevados de
TG são fatores de risco para DAC, independente dos níveis de HDL-C, LDL-C
e colesterol total.
2.3.4 Glicemia de jejum
As evidências definem que a elevação da glicose no soro está associada
com um aumento de risco cardiovascular. Está atualmente clara a relação entre
o diagnóstico de DM e o processo aterosclerótico, contudo para a relação entre
elevação da glicemia dentro de valores próximos da normalidade e esse
processo, existem menores evidências. Foi observado um maior risco de
evento cardíaco no Nurses’ Health Study, onde 5% das 115.000 mulheres
acompanhadas, que no início do estudo não eram diabéticas tipo 2 e
desenvolveram a patologia nos 20 anos de seguimento, um aumento de 3,17
vezes no risco para infarto do miocárdio antes do diagnóstico de DM em
análise multivariada, possivelmente associado aos valores de glicemia
limítrofes prévios.(54)
Em uma metanálise de 20 estudos com 100.000 participantes, foi
demonstrado um aumento do risco de evento cardiovascular com o surgimento
14
de intolerância à glicose. Quando comparados os pacientes com glicemia de
jejum de 75mg/dL com aqueles com 110mg/dL, foi possível observar um
aumento de risco de evento cardiovascular de 33%.(55)
2.3.5 Obesidade e saúde cardiovascular nos idosos
Com o envelhecimento, ocorre diminuição da massa muscular e óssea,
da quantidade de líquido corporal e dos volumes de alguns órgãos. Sendo
assim, o que se espera é a perda de peso a partir dos 60 anos. Como pouco se
perde de adiposidade, a porcentagem de gordura corporal aumenta
proporcionalmente, principalmente com deposição visceral. Medidas
antropométricos são pobres na avaliação deste processo.(56)
Alterações do estado nutricional em qualquer sentido contribuem para o
aumento da morbi-mortalidade. A desnutrição predispõe a uma série de
complicações graves, incluindo tendências à infecção, deficiência de
cicatrização de feridas, alterações respiratórias, insuficiência cardíaca,
diminuição da ntese de proteínas a nível hepático com produção de
metabólitos anormais, diminuição da filtração glomerular a da produção de
suco gástrico.(57)
Por outro lado, a obesidade e o sobrepeso ocasionam prejuízos à saúde
do organismo em várias áreas, desde distúrbios psicológicos e sociais até
aumento do risco de morte prematura e de risco de doenças de grande morbi-
mortalidade como DM, HAS, dislipidemias, DCV e câncer. Além disto, a
obesidade pode estar associada a outras doenças que podem interferir na
qualidade de vida do indivíduo(58)
Com o envelhecimento ocorre uma perda de 2% a 3% da massa
corporal magra por cada década. A sarcopenia (perda de músculo esquelético)
relacionada com a idade e contribui para a diminuição da força muscular,
alterações do modo de andar, equilíbrio e perda da função física.(59) A taxa
metabólica de repouso diminui aproximadamente 15 a 20% durante a vida. As
necessidades de energia mudam porque a pessoa possui menos massa
muscular, mais gordura corporal e um estilo de vida mais sedentário.(60) As
alterações na massa corporal magra e taxa metabólica associadas ao aumento
15
da gordura corporal podem reduzir as necessidades de energia e aumentar o
risco de obesidade no idoso.(61)
A elevada prevalência de desvio nutricional na população idosa vem
sendo demonstrada por meio de diferentes estudos em vários países, onde, a
desnutrição, o sobrepeso e a obesidade predominam sobre os indivíduos
eutróficos.(62)
O índice de massa corporal (IMC) é calculado a partir do peso (Kg)
dividido pelo quadrado da altura em metros (peso/altura
2
-Kg/m
2
), tendo como
finalidade avaliar a massa corporal em relação à altura. Ele fornece a medida
mais utilizada para avaliar sobrepeso e obesidade a nível populacional, uma
vez que os mesmos valores são utilizados para ambos os sexos e todas as
idades de adultos. No entanto deve ser considerado como um indicativo não
apurado para avaliação individual, porque pode não corresponder ao mesmo
grau de gordura corporal em diferentes pessoas. Os pontos de corte utilizados
neste estudo foram segundo a OMS/98, IMC < 18 Kg/m
2
= magreza, IMC 18-
24,9 kg/m
2
= normalidade; IMC de 25 29,9 Kg/m2 = sobrepeso e IMC 30
Kg/m
2
= obesidade.(63)
Tanto os adultos mais jovens, quanto os idosos, são considerado obeso
quando apresentarem IMC maior que 30Kg/m
2
. O nível de definição de
obesidade não se diferencia na população idosa, apesar de haver consenso de
uma tolerância maior no nível de IMC em idosos, o que poderia levar a
obesidade a ser definida em um patamar de IMC mais elevado nesta faixa
etária.(64)
2.3.6 Obesidade central
A gordura visceral é clinicamente quantificada pela circunferência
abdominal, que é determinada pela medida no meio da distância entre a crista
ilíaca e o rebordo costal inferior, que é feita ao final de uma expiração normal,
sem que se faça compressão significante sobre o abdômen.(65) Por ser o
índice mais representativo da gordura intra-abdominal e de aferição mais
simples e reprodutível, é a medida recomendada pela a I Diretriz Brasileira de
Diagnóstico e Tratamento da Síndrome Metabólica (I-DBSM).(66)
16
A obesidade central está associada com o aumento de risco de morbi-
mortalidade cardiovascular. Mesmo entre indivíduos com peso dentro da faixa
de normalidade, a adiposidade central pode elevar o risco de DM, HAS,
aterosclerose e entre as mulheres, também o de câncer de mama. A
circunferência abdominal, mas não o IMC, parece ser um bom preditor para o
desenvolvimento de HAS, dislipidemia e SM(67), estando também associado
com o risco de infarto agudo do miocárdio.(68)
A relação entre a obesidade central e o seu risco depende também da
etnia. Por exemplo, japoneses e indianos do sul da Ásia, possuem maiores
índices de gordura total e visceral e assim apresentam um risco maior de
desenvolver DM para um dado valor de IMC em relação aos europeus.(69)
A obesidade desencadeia e/ou exacerba doenças crônicas não-
transmissíveis como SM, DCV, HAS, DM e leva à modificação dos lipídeos
plasmáticos, como a diminuição dos níveis de HDL-C e a hipertrigliceridemia. A
dislipidemia clássica da obesidade é semelhante à encontrada na SM:
hipertrigliceridemia, baixos níveis de HDL-C e aumento de LDL-C.(70)
2.4 SÍNDROME METABÓLICA
A prevalência de HAS, DM tipo 2, obesidade central (abdominal),
resistência à insulina, hiperinsulinemia, alterações no metabolismo dos lipídeos
(aumento de TG e HDL-C diminuído), está sendo extremamente discutida entre
pesquisadores nas últimas duas décadas. A suposição é de que a interação ou
qualquer combinação dessas alterações possa resultar em um maior impacto
sobre o risco da DCV, do que a simples soma de seus efeitos isolados, por
possuir efeito sinérgico, além da perspectiva de que tenham uma etiologia
comum.(71) O agrupamento desses fatores de risco recebeu a partir dos dados
obtidos a denominação de SM.(71, 72)
Foi em 1988, que Reaven em seu artigo sugeriu o conceito de SM ou
Síndrome X, devido ao achado de anormalidades metabólicas e
hemodinâmicas agrupadas em um mesmo indivíduo. Essas anormalidades
seriam: 1) resistência insulínica, caracterizada pelos altos níveis de insulina no
17
sangue, estimulada pelo aumento de glicose plasmática associado à
intolerância à glicose, 2) dislipidemia, com a presença de valores elevados de
TG plasmáticos, contidos nas partículas de lipoproteínas de muito baixa
densidade (VLDL), combinados com baixas concentrações HDL-C; 3) elevação
da PA.(73) Outro componente importante da SM obesidade abdominal foi
incorporado em 1989, através por Kaplan, que sugeriu o nome de “Quarteto
Mortal”.(74)
Tabela 1. Critério diagnóstico de síndrome metabólica da OMS – 1998.
Glicose de jejum 110 mg/dL ou glicemia após teste de tolerância à
glicose 200 mg/dL critério modificado pelo EGIR em 1999 para
140 mg/dL
Mais dois dos seguintes componentes:
o Obesidade abdominal - mensurada por relação cintura quadril
(RCQ) > 0,90 para homens e > 0,85 para mulheres ou IMC >
30Kg/m2 critério modificado posteriormente pelo EGIR para
circunferência abdominal, com ponto de corte conforme grupo
étnico, sendo esses os mesmos valores utilizados atualmente
pela
International Diabetes Federation (
IDF);
o .TG 150 mg/dL (ou uso de drogas para hipertrigliceridemia);
o HDL-C < 35 para homens e 39mg/dL para mulheres;
o Pressão arterial 140/90 mmHg (ou uso de drogas anti-
hipertensivas);
o Microalbuminúria: caracterizada por razão albumina/creatinina
urinária 30 mg/g.
EGIR - European Group for the Study of Insulin Resistence
Em 1998, a OMS propôs um critério para definir o quadro de aglomerado
de fatores de risco e doenças acompanhando a DM tipo 2, previamente
conhecido como ndrome de Resistência a Insulina e que passou a ser
denominada “Síndrome Metabólica” (Tabela 1).(75)
18
Em, 2001 o Third Report of the National Cholesterol Education Expert
Panel on Detection, Evaluation, and Treatment of High Blood Cholesterol
Adult Treatment Panel III (NCEP-ATPIII), estabeleceu novo critério para o
diagnóstico de SM, baseado na combinação de vários fatores de risco. O
NCEP-ATPIII identificou cinco componentes da SM, considerando seu
diagnóstico quando presentes pelo menos três deles (Tabela 2).(76)
Tabela 2 Definição diagnóstica de síndrome metabólica do NCEP -
(ATPIII) (2001) e revisados pela AHA (2005)
Presença de três ou mais das seguintes anormalidades:
o Glicose de jejum 110 mg/dL (modificado para 100
mg/dL em 2005 pela AHA /
National Heart, Lung, and
Blood Institute
(NHLBI);
o Obesidade abdominal (circunferência da cintura > 102 cm
para homens e > 88 cm para mulheres);
o TG 150 mg/dL (ou uso de drogas para
hipertrigliceridemia);
o Colesterol HDL < 40 para homens e < 50mg/dL para
mulheres (ou em tratamento medicamentoso);
o Pressão arterial 130/85 mmHg (ou uso de drogas anti-
hipertensivas).
Em novembro de 2001, foram publicadas as III Diretrizes Brasileiras
sobre Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose da Sociedade Brasileira de
Cardiologia, as quais adotaram os mesmos critérios do NCEP III para o
diagnóstico da SM, o que também por sua simplicidade e praticidade foi
seguido na atualização dessa diretriz em 2007 e pela Sociedade Brasileira de
Hipertensão na I-DBSM.(66, 77, 78)
Em 2005 foi publicado pela International Diabetes Federation (IDF) um
novo critério diagnóstico para SM, que utiliza a obesidade central como
componente essencial e estabelece que devam ser estabelecidos valores
19
específicos de normalidade de cintura abdominal para cada população, tendo
sido optado por diminuir seu limite para europeus e americanos (Tabela 3).(79)
Desse modo, a SM é um conjunto de anormalidades metabólicas inter-
relacionadas precedendo o desenvolvimento de DM tipo 2 e DCV, estando
associada a um aumento da mortalidade total em cerca de 1,5 vezes e da
cardiovascular em cerca de 2,5 vezes.(66)
Tabela 3. Definição diagnóstica de síndrome metabólica da IDF
2004
Obesidade abdominal – critério indispensável
1
Presença de dois dos seguintes componentes:
o Glicose de jejum 100 mg/dL;
o TG 150 mg/dL (ou uso de drogas para
hipertrigliceridemia);
o HDL-C < 40 para homens e < 50mg/dL para mulheres (ou
em tratamento medicamentoso);
o Pressão arterial 130/85 mmHg (ou uso de drogas anti-
hipertensivas).
1
com valores diferentes de ponto de corte da circunferência abdominal de acordo
com o grupo étnico; o critério para etnia européia é o utilizado para a nossa
população – 94cm para homens e 80cm para mulheres.
Segundo a I-DBSM, o existem estudos sobre a prevalência da SM
com dados representativos da população brasileira. No entanto, estudos em
diferentes populações, como a mexicana, a norte-americana e a asiática,
revelam prevalências elevadas da SM, dependendo do critério utilizado e das
características da população estudada, variando as taxas na população adulta
de 12% a 28% em homens e de 11% a 41% em mulheres.(66)
Na população americana, a prevalência da SM aumenta de forma
progressiva com o aumento da idade, com taxa de 7% na faixa etária dos 20
aos 29 anos, 44% dos 60 aos 69 anos e de 42% nos indivíduos acima de 69
20
anos. A prevalência estimada da SM é de 24% na população adulta
americana.(80)
Em 2005, Scuteri et al.(81) realizaram um estudo usando dois critérios
para diagnóstico da SM (o da OMS e do NCEPIII) em um total de 2175 idosos
livres de DCV e sem uso de anti-hipertensivos seguidos num período de 4,1
anos. A prevalência da SM foi de 28% pelos critérios do NCEPIII e 21% pela
OMS. Somente a SM definida pelo critério do ATPIII foi preditor independente
de eventos coronarianos e cerebrovasculares, sendo associada com um
aumento de risco de 38%.
2.5 SÍNDROME METABÓLICA E RISCO CARDIOVASCULAR
A SM refere-se a várias patologias cardiovasculares e fatores de risco
com uma fisiopatologia associada a risco de evento cardiovascular. Desta
forma, talvez a SM seja um aglomerado de fatores de risco coronariano
associados. Estudos têm demonstrado, que o diagnóstico da SM, a partir dos
critérios do NCEP ATPIII ou OMS, tem estado associado com um maior risco
cardiovascular e uma maior prevalência de DCV.(82)
Estudo realizado em uma população de 1069 idosos não diabéticos de
65 a 74 anos na Finlândia, com seguimento de sete anos, indicou a síndrome
de resistência à insulina (refletida primariamente no IMC), relação cintura
quadril, TG e glicemia de jejum, como fatores de risco para DAC entre os
idosos homens, mas não entre as mulheres.(83)
Um estudo americano envolvendo cerca de 3.000 indivíduos com 50
anos ou mais, demonstrou que a presença de DAC aumentava marcadamente
na presença de SM. No entanto, embora a SM fosse um preditor significativo
da prevalência de DAC na análise univariada, a análise multivariada revelou
que a PA, o HDL-C e a presença de DM, mas não a SM, eram preditores
independentes da prevalência de DAC. Foi também observado que dos
pacientes com DM, a grande maioria 87% apresentava também critério
para SM, e somente esses apresentavam maior prevalência de DAC. os
13% de diabéticos sem SM não apresentaram maior prevalência de DAC em
21
relação aos não diabéticos sem SM.(84) Esses achados sugerem uma maior
associação da SM com DAC em relação a pacientes portadores de DM.
Um estudo italiano seguiu por 11 anos 1565 idosos, com idade média de
69 anos e portadores de DM tipo 2, encontrando uma prevalência de 76% de
SM pelo critério da OMS. A presença de SM o demonstrou ser um preditor
de mortalidade total ou cardiovascular nessa população. A categorização dos
pacientes como portadores de SM não acrescentou mais informações do que o
conhecimento da presença de seus componentes isolados, sugerindo não
existir co-relação independente entre a SM e DAC.(85)
Três estudos avaliaram o impacto da diferença na prevalência de SM
baseada nos critérios do NCEP ATPIII e da OMS no risco de desenvolver DCV.
Estes não demonstraram a superioridade que era esperada com as novas
definições do NCEP ATPIII em relação à da OMS. O primeiro não demonstrou
o critério do NCEP ATPIII ser melhor preditor de DCV ou mortalidade
cardiovascular por todas as causas.(20) O segundo, concluiu que os dois
métodos eram capazes de identificar risco para DAC, porém também sem
maior benefício com o critério do NCEP ATPIII.(86) neste terceiro estudo,
ambos os critérios indicaram maior risco cardiovascular, contudo entre aqueles
indivíduos de baixo risco o critério do NCEP ATPIII foi mais adequado.(87)
O Hoorn Study, estudo de coorte com base populacional, envolveu 615
homens e 749 mulheres com idades entre 50 e 75 anos, sem história de DM ou
DCV. O objetivo foi avaliar o risco cardiovascular em 10 anos nos pacientes
com SM a partir dos critérios do NCEP ATPIII, OMS, EGIR e American College
of Endocrinology (ACE). A presença da SM pelo critério do NCEP ATPIII elevou
em cerca de duas vezes o risco ajustado para a idade de eventos fatais de
DAC em homens e não fatais em mulheres. Para as definições da OMS, do
EGIR e do ACE, o aumento de risco foi um pouco menor. Os autores concluem
que embora a definição da presença de SM seja um bom preditor de risco
cardiovascular, não permite uma melhor avaliação do que o conhecimento da
presença de fatores de risco cardiovascular individualmente.(88)
Desta forma, as evidências levam a uma associação entre SM e o
aumento do risco de morbi-mortalidade cardiovascular, sem definir que esse
aumento de risco seja maior do que o previsto pela presença dos fatores de
22
risco de DCV individualmente.(89) De qualquer forma, na busca de reduzir o
risco cardiovascular, se deve focar o tratamento no controle de todos os fatores
de risco presentes no paciente com SM, não só naqueles que constituem os
componentes diagnósticos, mas também nos outros fatores de risco presentes,
como fumo e LDL-C elevado.(90)
É possível evidenciar em relação ao risco cardiovascular, que existe
carência de estudos que demonstrem que a associação de fatores de risco,
que compõem a SM, seja melhor preditor de risco que outras associações de
fatores de risco tradicionais como fumo, idade, LDL-C, contempladas em
escores de risco padronizados, como do estudo de Framingham ou
PROCAM.(76, 91, 92)
A avaliação do nível de risco cardiovascular das populações de idosos
pode servir como parâmetro na formulação de estratégias de saúde que
amenizem e previnam as DCV.
23
3. OBJETIVOS
3.1 OBJETIVO GERAL
Caracterizar o estado nutricional dos idosos do município de
Marques de Souza/RS e verificar sua associação com fatores de
risco cardiovascular e SM.
3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
Determinar o estado nutricional dos idosos do Município de
Marques de Souza através do IMC.
Relacionar a prevalência de HAS ao estado nutricional encontrado
através do IMC.
Relacionar a prevalência de DM ao estado nutricional encontrado
através do IMC.
Relacionar a prevalência de obesidade central ao estado
nutricional encontrado através do IMC.
Relacionar a prevalência de hipertrigliceridemia ao estado
nutricional encontrado através do IMC.
Relacionar a prevalência de níveis baixos de HDL-C ao estado
nutricional encontrado através do IMC.
Determinar a prevalência de SM entre os idosos estudados.
Relacionar a prevalência de SM ao estado nutricional encontrado
através do IMC.
24
4. ARTIGO
ESTADO NUTRICIONAL E SUA ASSOCIAÇÃO COM FATORES
DE RISCO CARDIOVASCULAR E SÍNDROME METABÓLICA EM
IDOSOS
(Formatado para envio para a “Revista de Saúde Pública”)
25
ARTIGO ORIGINAL
_______________________________________________________________
ESTADO NUTRICIONAL E SUA ASSOCIAÇÃO COM FATORES
DE RISCO CARDIOVASCULAR E SÍNDROME METABÓLICA EM
IDOSOS
Nutritional status and its association with cardiovascular risk factor and
metabolic syndrome in the elderly
Fernanda Scherer
1
José Luiz da Costa Vieira
1
1
Instituto de Geriatria e Gerontologia da Pontifícia Universidade Católica do Rio
Grande do Sul
Correspondência para:
Fernanda Scherer
Rua Cristiano Grün, 205/301, Bairro Florestal, Lajeado/RS
CEP: 95.900-000 – Brasil
Tel.: 51 91483025
E-mail: frscherer@ibest.com
IMC e risco cardiovascular em idosos.
26
RESUMO
Objetivos Caracterizar o estado nutricional de uma população de idosos
vivendo na comunidade e verificar sua associação com fatores de risco
cardiovascular e síndrome metabólica (SM).
População e Métodos Foi avaliado o estado nutricional e a prevalência de
fatores de risco cardiovascular e de SM em uma amostra de idosos em um
município de colonização alemã e italiana, localizado na região central do Rio
Grande do Sul. O estado nutricional foi determinado através de índice de
massa corporal (IMC), conforme classificação da OMS/1998. O diagnóstico de
SM foi feito utilizando os critérios da International Diabetes Federation.
Resultados Entre os idosos avaliados, a prevalência de sobrepeso e
obesidade foi 57% nos homens e 64% nas mulheres. As prevalências de
hipertensão arterial sistêmica (HAS), diabetes melito (DM), SM, obesidade
central, níveis de HDL-C baixos e triglicerídeos elevados foram maiores
naqueles com sobrepeso e obesidade em relação aos com estado nutricional
normal, em ambos os sexos. Usando como referência aqueles com estado
nutricional normal, os portadores de sobrepeso apresentaram razões de
chances de apresentar HAS, DM e SM respectivamente de 2,8 (IC 95%: 1,5 a
5,4), 2,8 (IC 95%: 1,1 a 6,8) e 4,8 (IC 95%: 2,0 a 11,5), enquanto aqueles com
obesidade tiveram razão de chances para as mesmas patologias
respectivamente de 5,4 (IC 95%: 2,4 a 12,5), 7,1 (IC 95%: 2,7 a 18,4) e 26,1
(IC 95%: 9,3 a 73,1)
Conclusões – As razões de chances de apresentar HAS, DM, SM nessa
população de idosos estão associadas com o estado nutricional definido pelo
IMC, sendo progressivamente maiores naqueles com sobrepeso e obesidade,
independente de gênero e idade. Os níveis de HDL-C e triglicerídeos foram
mais elevados nos idosos homens obesos em relação àqueles com estado
nutricional normal, o que não foi observado nas mulheres.
Palavras-chave Idoso; Estado nutricional; Índice de massa corporal; Fatores
de risco cardiovascular; Síndrome Metabólica.
27
ABSTRACT
Objectives: To characterize the nutritional status in a population of elders living
in the community and verify its relation with cardiovascular risk factors and
metabolic syndrome (MS).
Population and methods - The nutritional status and prevalence of
cardiovascular risk factor and MS were assessed in the population of elders of a
city in the state of Rio Grande do Sul in the south of Brazil, whose population is
mainly of German and Italian origin. The body mass index (BMI), according to
the 1998/OMS classification, was used to determine the nutritional status. The
MS diagnostic was made using the International Diabetes Federation criteria.
Results: Among the elders evaluated, 57% of the male and 64% of the female
were overweighted or obese. Hypertension, diabetes mellitus, MS, central
obesity, low HDL-cholesterol levels and high triglyceride levels were more
prevalent in those with overweight and obesity when compared with those with
normal nutritional status in both genders. Using those with normal nutritional
status as reference, those with overweight showed odds ratio for presenting
hypertension, diabetes mellitus and MS respectively of 2.8 (CI 95%: 1.5 to 5.4),
2.8 (CI 95%: 1.1 to 6.8) and 4.8 (CI 95%: 2.0 to 11.5), while the obese elders
presented odds ratio respectively of 5.4 (CI 95%: 2.4 to 12.5), 7.1 (CI 95%: 2.7
to 18.4) and 26.1 (CI 95%: 9.3 to 73.1) for the same pathologies.
Conclusions: The odds ratio for the presence of hypertension, diabetes
mellitus and MS are associated with nutritional status defined by the BMI, being
progressively greater in those overweighted and obese, independently of age
and sex. HDL-C and triglyceride levels were higher in elderly obese men when
compared to those with normal nutritional status, what was not observed in
women.
Key words: Elderly; Nutritional status; Body mass index; Cardiovascular risk
factors; and Metabolic syndrome.
28
INTRODUÇÃO
O envelhecimento populacional iniciou-se no final do século XIX em
alguns países da Europa Ocidental, espalhou-se pelos países desenvolvidos
no século passado, e nas últimas décadas se estendeu por vários países em
desenvolvimento, incluindo o Brasil, onde iniciou a partir de 1960, com o
declínio da fecundidade em regiões mais desenvolvidas(1). Junto com o
envelhecimento populacional ocorreu uma transição epidemiológica
caracterizada pela diminuição da incidência das doenças infecto-parasitárias e
aumento das doenças crônicas-degenerativas (DCD)(2). Neste contexto, as
doenças cardiovasculares (DCV) passaram a constituir a principal causa de
morte no mundo, com elevada morbidade, levando a perda de qualidade de
vida e elevados custos em saúde pública. No Brasil, as DCD foram
responsáveis pela maior parcela dos óbitos e das despesas com assistência
hospitalar no Sistema Único de Saúde, totalizando cerca de 70% dos gastos
com atenção à saúde em 2006(3).
Acompanhando esse processo de transições demográfica e
epidemiológica, ocorreu também um processo de transição nutricional em que,
com a disponibilização de maior quantidade de alimentos com elevado teor
calórico, passou-se de uma alta prevalência de desnutrição a uma maior
prevalência de sobrepeso e obesidade. A obesidade desencadeia e/ou
exacerba DCD como, DCV, hipertensão arterial sistêmica (HAS), diabetes
melito (DM), dislipidemias (hipertrigliceridemia e níveis de HDL-colesterol (HDL-
C) diminuídos) e síndrome metabólica (SM). A obesidade do tipo central é
responsável por aproximadamente 20% dos casos diagnosticados de infarto
agudo do miocárdio, independentemente de sua associação com outros fatores
de risco(4). A Associação Norte Americana de Cardiologia tem classificado a
obesidade como principal fator de risco modificável para DCV e para SM(5).
Sabemos que a DM está intimamente associado com aumento de risco
cardiovascular. A SM, caracterizada por obesidade central, dislipidemia,
hiperglicemia e hipertensão, é hoje um dos maiores desafios para a saúde
pública em todo o mundo, por associar-se a importante risco para DCV e DM
(6-8). É importante destacar a associação da SM com a DCV, aumentando a
29
mortalidade cardiovascular em cerca de 2,5 vezes e a mortalidade total em
cerca de 1,5 vezes(9).
Considerando que a obesidade e a SM aumentam sua prevalência com
o avanço da idade e os idosos o o grupo da população com maior
prevalência de eventos cardiovasculares, a importância do tema se torna ainda
maior, que a população idosa vem crescendo em todo o mundo,
principalmente nos países em desenvolvimento, como o Brasil(10-12).
Embora a prevalência de obesidade venha aumentando, existem
controvérsias acerca de seu diagnóstico e tratamento em idosos(13). Dados
relativos à prevalência de obesidade e outros fatores de risco cardiovasculares
na população geriátrica em nosso meio são escassos. Identificar a associação
de estado nutricional e fatores de risco cardiovascular nessa população adquire
grande importância para medidas de controle de risco, pois pode ajudar a
identificar aqueles sob maior risco dentre um grupo já com risco elevado.
Dentro dessa visão, esse estudo tem por objetivo avaliar o estado nutricional
de idosos de uma população do interior do estado do Rio Grande do Sul (RS) e
verificar sua associação com fatores de risco cardiovascular e SM.
POPULAÇÃO E MÉTODOS
Foi realizado um estudo transversal, de base populacional em Marques
de Souza/RS, município de colonização alemã e italiana localizado na região
central do RS, tendo como principal atividade a agricultura e pecuária, sendo,
por essas características, semelhante à grande parcela do interior desse
estado. A população total do município pelo censo de 2.000 era de 4.241
habitantes dos quais 777 eram idosos(14), sendo segundo dados não
publicados da Secretaria Municipal de Saúde 424 mulheres e 353 homens,
com 363 moradores em área rural e 414 em área urbana. Foram candidatos a
participarem do estudo todos habitantes cadastrados pelos agentes de saúde
que completassem 60 anos até julho de 2006.
O tamanho amostral foi calculado em 195 idosos para avaliar a
prevalência de obesidade dessa população com uma margem de erro de 0,05,
tendo por base uma prevalência de obesidade nesse grupo etário de 19%(15).
30
Foram então convidados a participar do estudo 25% da população de idosos,
selecionados aleatoriamente após estratificação por sexo, faixa etária (60 a 69
anos, 70 a 79 anos e 80 anos ou mais) e local de moradia (rural e urbano). Os
dados foram coletados em março de 2007. O projeto foi aprovado pelo Comitê
de Ética Científica do Instituto de Geriatria e Gerontologia e pelo Comitê de
Ética em Pesquisa da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul,
Brasil.
Após assinarem o termo de consentimento livre e esclarecido, os idosos
que aceitaram participar do estudo responderam a um questionário estruturado,
onde foram registrados dados sócio-demográficos e presença de fatores de
risco cardiovascular. Medidas clínicas incluindo peso, estatura, circunferência
abdominal e pressão arterial foram realizadas por pesquisadores treinados. O
peso e estatura foram avaliados em uma balança antropométrica com
estadiômetro acoplado Welmy®. O cálculo do índice de massa corpórea (IMC)
foi calculado como o peso em kg dividido pelo quadrado da altura em metros e
classificado conforme critério da Organização Mundial de Saúde
(OMS),1998(16). Como havia apenas 3% dos participantes com IMC abaixo de
18 (classificadas como magras), para fins de análise foi considerado
conjuntamente um grupo magreza/normal. A circunferência abdominal foi
medida com fita métrica inelástica, no ponto médio entre as últimas costelas e
a crista ilíaca ântero-superior, no final do movimento respiratório de expiração,
em pé. A pressão arterial foi verificada nos dois braços, com o paciente
sentado, após 10 minutos de descanso, com um esfigmomanômetro aneróide
previamente calibrado, sendo utilizada a média dos dois valores encontrados.
As coletas de sangue foram realizadas com jejum de 12 horas e
posteriormente analisadas no Laboratório Hermann Ltda de Lajeado, com
certificação do Conselho Regional de Farmácia do RS. Para dosagem sérica
de glicemia, colesterol total, HDL-C e triglicerídeos foram usados kits da marca
Labtest®. As amostras foram analisadas por método enzimático colorimétrico
em equipamento de semi-automação.
O critério utilizado para o diagnóstico de SM foi o do International
Diabetes Federation (IDF), sendo necessária a presença da circunferência
abdominal alterada como fator pré-requisito para o diagnóstico da síndrome e a
31
presença adicional de dois ou mais dos seguintes componentes: glicose
plasmática em jejum 100 mg/dL ou diagnóstico prévio de diabetes melito tipo
2; pressão sistólica 130 mmHg ou diastólica 85 mmHg ou uso de anti-
hipertensivo; HDL-C < 40mg/dL nos homens e < 50 mg/dL nas mulheres ou
uso de medicação específica para aumentar HDL-C; triglicerídeos 150 mg/dL
ou uso de medicação específica para tratar hipertrigliceridemia. Como a
população era na sua totalidade de descendentes de europeus, foram
utilizados pontos de corte de 94 cm para os homens e 80 cm para as
mulheres(6).
PROCEDIMENTOS ESTATÍSTICOS
Os dados quantitativos foram descritos por média e desvio padrão e os
categóricos por contagens e percentuais. Para a comparação entre os gêneros
foi utilizado o teste t de student e o teste do qui-quadrado. Para a comparação
entre as categorias de estado nutricional foi utilizada ANOVA e o teste do qui-
quadrado. ANCOVA com médias ajustadas para idade foi utilizada para avaliar
a associação de fatores de risco para SM com a faixa do estado nutricional
definida pelo IMC nos dois sexos. Para calcular a razão de chances (odds ratio)
do diagnóstico de HAS, DM e SM em cada uma das categorias de estado
nutricional foi utilizada regressão logística, em modelo ajustado para idade e
sexo. O nível de significância utilizado foi definido em α=0,05 bi-caudal. Para a
análise estatística utilizou-se o programa estatístico SPSS, versão13 (SPSS
Chicago, IL).
RESULTADOS
Participaram do estudo 199 idosos, 102 mulheres e 97 homens, com
idade média dos homens de 71,4 anos e de 69,9 anos das mulheres. Os dados
demográficos da população estudada de acordo com o gênero estão
apresentados na Tabela 1. Em relação ao nível de escolaridade, 87% dos
homens e 88% das mulheres apresentava apenas ensino fundamental
incompleto. A faixa de renda com maior prevalência foi entre 1 e 3 salários
32
mínimos per capita, tanto para homens (44%) como para mulheres (57%).
Moravam na zona urbana 54% dos participantes homens e 69% das mulheres.
A tabela 2 mostra as características clínicas e laboratoriais da amostra.
Em relação ao estado nutricional, sobrepeso e obesidade estavam presentes
em 57% dos homens e 64% das mulheres, enquanto apenas 3% da população
como um todo apresentava magreza. A prevalência de DM não foi diferente
entre os dois gêneros (22% nos homens vs. 23% nas mulheres, p=0,87), mas
SM foi menos prevalente entre os homens do que nas mulheres (26% vs. 44%
respectivamente, p=0,008) Considerando os limites estabelecidos para cada
gênero, a prevalência de obesidade central e níveis de HDL-C baixos foram
maiores no gênero feminino.
As características demográficas estratificadas por gênero e categorias
de estado nutricional estão apresentadas na tabela 3. Não se observou
associação entre estado nutricional com faixas de idade ou nível de
escolaridade e renda nos dois gêneros. Apenas em relação ao local de
moradia, houve maior prevalência de sobrepeso e obesidade entre os homens
moradores da área urbana.
Os dados clínico-laboratoriais dos participantes, estratificados por estado
nutricional em ambos os gêneros, estão apresentados na tabela 4. Em relação
ao perfil lipídico, observa-se que os homens com sobrepeso e obesidade
apresentaram níveis significativamente maiores de triglicerídeos e menores de
HDL-C em relação àqueles com estado nutricional normal, diferença não
encontrada nas mulheres. A prevalência de HAS foi maior nos homens com
sobrepeso e obesidade do que nos com estado nutricional normal, diferença
também não encontrada em mulheres. A prevalência de DM e SM foi maior
naqueles com sobrepeso e obesidade em ambos os gêneros.
Em relação aos componentes da SM, todos foram mais prevalentes nos
homens com sobrepeso e obesidade quando comparados com os de peso
normal. Entre as mulheres, apenas a obesidade central e glicemia elevada
foram mais prevalentes naquelas com sobrepeso e obesidade em relação às
com estado nutricional normal, não havendo diferença na prevalência de
pressão arterial elevada, hipertrigliceridemia e HDL-C baixo.
33
A Tabela 5 mostra a razão de chances para a presença de HAS, DM e
SM nas três categorias de estado nutricional ajustada por sexo e idade.
Avaliando-se os idosos de ambos os gêneros, quando comparados com
aqueles com estado nutricional normal, a razão de chances daqueles com
sobrepeso e obesidade apresentar HAS foi respectivamente de 2,8 (IC 95%%:
1,5 a 5,4) e 5,4 (IC 95%%: 2,4 a 12,5), de apresentar DM, respectivamente de
2,8 (IC 95%%: 1,1 a 6,8) e 7,1 (IC95%%: 2,7 a 18,4) e de apresentar SM de 4,8
(IC 95%%: 2,0 a 11,5) e 26,1 (IC95%: 9,3 a 73,1).
DISCUSSÃO
Nessa amostra representativa de parcela da população de idosos do
interior do RS, com a determinação do estado nutricional através do IMC
utilizando os pontos de corte normalmente utilizados para a população acima
de 18 anos, as prevalências de HAS, DM e SM foram progressivamente
maiores naqueles com sobrepeso e obesidade quando comparados aos com
estado nutricional normal, independente do gênero e idade.
Dentre os parâmetros antropométricos utilizados para avaliação do
estado nutricional, o mais utilizado na prática clínica atualmente é o IMC, por
ser prático, de fácil manejo e capaz de identificar facilmente a obesidade
generalizada. Desde 1995, para adultos acima do 18 anos, considera-se
sobrepeso níveis de IMC entre 25 e 29,9 Kg/m
2
e obesidade níveis iguais ou
acima a 30 Kg/m
2
, sem recomendações de pontos de corte diferenciados para
as diversas faixas etárias(17).
Em adultos, valores elevados de IMC acima de 25 Kg/m
2
estão
associados de forma significativa com maior risco de DCV, de forma
independente do Escore de Framingham, e com aumento de morbidade,
principalmente relacionada a DM e DCV. Níveis de IMC acima de 30 Kg/m
2
levam a um aumento de mortalidade e morbidade, associadas a DM, DCV e
acidente vascular cerebral(18). O IMC não perde seu valor na avaliação de
risco cardiovascular também quando associado à medida da obesidade
abdominal(19). Em idosos, na verdade pouco se tem estudado em relação aos
pontos de corte do IMC para determinação de sobrepeso e obesidade e sua
34
associação com riscos à saúde. Assim sendo, valores inadequados poderiam
estar sendo utilizados para pacientes geriátricos.
No presente estudo, a prevalência de sobrepeso e obesidade nos idosos
foi de 61% (57% nos homens e 64% nas mulheres), semelhante a prevalência
encontrada entre idosos chineses, de 56% (54% nos homens e 58% nas
mulheres)(20). As diferentes categorias de estado nutricional avaliadas pelo
IMC, conforme esperado, apresentaram associação com a prevalência de
obesidade central e glicemia elevada tanto entre homens como entre as
mulheres, com os idosos com sobrepeso e obesidade apresentando maior
prevalência desse fator de risco cardiovascular do que os idosos com IMC
normal. Em relação aos demais fatores componentes do diagnóstico de SM
(HDL-C baixo, hipertrigliceridemia e pressão arterial elevada), foram
encontradas associações com as categorias de IMC apenas entre os homens.
Talvez tenha faltado poder estatístico, com o pequeno número de mulheres em
cada faixa de estado nutricional não possibilitando encontrar associação com
níveis de HDL-C baixo e de triglicerídeos elevados. A prevalência de pressão
arterial elevada foi muito alta em todas as categorias de estado nutricional.
Encontramos diferença significativa na prevalência de SM entre os
gêneros, estando ela presente em 26% dos homens e em 44% das mulheres.
Um estudo australiano, utilizando IMC >29,3 Kg/m
2
no lugar da circunferência
abdominal elevada para diagnosticar SM, encontrou 31% de homens e 34% de
mulheres com presença da síndrome (21), mas a diferença no critério
diagnóstico poderia justificar a diferença de nossos resultados. Em outro
estudo, em uma população de idosos chineses, utilizando os critérios do IDF, a
prevalência de SM em homens foi de 35% e em mulheres de 54%, resultados
semelhantes aos nossos(20).
A razão de chances do idoso com sobrepeso e obesidade apresentar
HAS, DM ou SM foi várias vezes maior do que naqueles com estado nutricional
normal, independente do gênero e da idade. Estudos prévios salientaram a
associação da SM com doença cardiovascular aterosclerótica, com os
portadores dessa ndrome apresentando maior incidência de eventos
coronarianos(22, 23). No presente estudo, os idosos obesos tiveram uma razão
35
de chances de 26,1 (IC95% 9,3 a 73,1) de apresentar SM em relação àqueles
com estado nutricional normal.
Existe menor correlação entre IMC e mortalidade em idosos em
comparação a encontrada em pessoas jovens(13), possivelmente devido às
alterações corporais do envelhecimento ou pelo fato de idosos serem
sobreviventes, tendo aqueles mais suscetíveis a esse fator de risco morrido
anteriormente. Também o peso de outros tradicionais fatores de risco para
DCV, como o colesterol, mudam nessa faixa etária(24-26). Níveis de IMC entre
25 e 27 Kg/m
2
não são considerados fator de risco para mortalidade
cardiovascular e morte por todas as causas na população idosa de ambos os
gêneros. Em uma revisão sistematizada, a maioria dos estudos avaliados
mostra associação negativa ou ausente entre IMC e todas as causas de morte
em idosos, ao contrário do mostrado para jovens e pessoas de meia-idade.
Nessa metanálise, poucos estudos evidenciaram que valores de IMC iguais ou
acima de 27 Kg/m
2
como um fator prognóstico para mortalidade cardiovascular
e por todas as causas em pessoas de 65 a 74 anos, com apenas um
demonstrando que níveis de IMC iguais ou acima de 28 Kg/m
2
estiveram
associados à maior risco de morte em pacientes com mais de 75 anos(17). Em
estudo recente em população chinesa, o IMC foi fortemente associado com
aumento da prevalência de doenças cardiovasculares, independentemente da
presença de SM.
A escolaridade e a renda não apresentaram associação significativa com
o estado nutricional dos idosos estudados. No que se refere à escolaridade,
observamos que a maioria dos idosos deste estudo tem apenas o ensino
fundamental incompleto, semelhante ao que Pereira e colaboradores
encontraram também no RS, com 71% de idosos com menos de 4 anos de
estudo(27). Em relação à renda foi encontrada a maioria dos idosos vivendo
com um a três salários mínimos per capita, com 37% dos homens e 44% das
mulheres vivendo com menos de um salário mínimo. Isso vem ao encontro de
dados da população brasileira de 2003, que revelam 43,8% dos idosos com
rendimento inferior a um salário mínimo per capita(28).
quanto ao local de moradia, os percentuais de homens idosos com
sobrepeso e obesidade foram significativamente maiores na área urbana que
36
na rural. A atividade física exercida por estes idosos pode estar influenciando
na diferença de estado nutricional encontrada entre eles. A maioria dos
homens idosos da área rural ainda se dedica ao trabalho agrícola, enquanto os
da área urbana são mais sedentários. Em estudo de Tavares e Anjos, com
base nos dados da Pesquisa Nacional sobre Saúde e Nutrição realizada em
1989, foi observado que o sobrepeso e a obesidade também eram mais
prevalentes em homens e mulheres nas áreas urbanas de todas as regiões do
Brasil(29).
Em conclusão, este estudo demonstra que, em idosos, o diagnóstico de
sobrepeso e obesidade feito com a utilização dos mesmos pontos de corte de
IMC consagrados para adultos mais jovens, está associado à importante risco
cardiovascular, pois encontramos forte associação entre o estado nutricional
determinado pelo IMC e fatores de risco estabelecidos. Embora o aumento
de mortalidade cardiovascular só possa ser demonstrado em estudos
longitudinais, nossos achados em estudo transversal sugerem que em idosos,
o diagnóstico de sobrepeso e obesidade com a utilização do IMC pode ajudar
definir um subgrupo sob maior risco, de uma maneira simples e eficaz, o que
poderá ajudar na formulação de políticas públicas que desenvolvam a
prevenção de DCV nessa população.
37
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40
TABELAS
Tabela 1. Características demográficas dos participantes homens e mulheres.
Característica Homens
n=97
Mulheres
N=102
P
Idade (anos) 69,9 ± 6,7
71,4 ± 8,1 0,15
Escolaridade
Analfabeto 6 (6)
6 (6)
Fundamental incompleto 84 (87)
90 (88)
Fundamental completo ou mais 7 (7)
6 (6) 0,95
Renda mensal per capitã
Até 1 salário mínimo 36 (37)
45 (44)
> 1 e < 3 salários mínimos 55 (57) 45 (44)
> 3 salários mínimos 6 (6) 12 (12) 0,15
Local de moradia
Área rural 45 (46) 32 (31)
Área urbana 52 (54) 70 (69) 0,04
Os dados são apresentados como média ±desvio padrão ou número (%)
41
Tabela 2. Características clínicas e laboratoriais dos participantes homens e mulheres.
Característica Homens
n=97
Mulheres
n=102
P
Peso (kg) 74,9 ± 14,8 65,3 ± 10,7 < 0,001*
IMC (kg/m
2
) 26,3 ± 4,9 26,9 ± 4,4 0,36
Estado Nutricional
Magreza 5 (5) 1 (1)
Normal 37 (38) 35 (34)
Sobrepeso 35 (36) 43 (42)
Obesidade 20 (21) 23 (23) 0,22
Circunferência da Cintura (cm) 93,5 ± 12,8 86,8 ± 11,3 < 0,001*
Tabagismo 22 (23) 0 (0) < 0,001*
HAS 46 (47) 60 (59) 0,12
DM 21(22) 24 (23) 0,87
SM 25 (26) 45 (44) 0,008*
Glicemia (mg/dL) 91 ± 20 93 ± 30 0,55
Perfil Lipídico (mg/dL)
Colesterol total 207 ±47 234 ±56 < 0,001*
LDL colesterol 132 ±43 150 ±47 0,006*
HDL colesterol 52 ±15 56 ±17 0,08
Triglicerídeos 118 ±64 135 ±69
0,07
Obesidade central ‡ 44 (45) 73 (72) < 0,001*
PA elevada § 46 (47) 60 (59) 0,12
Glicemia elevada ¶ 21 (22) 24 (24) 0,87
Hipertrigliceridemia 20 (21) 30 (29) 0,19
HDL-C baixo (( 15 (16) 37 (36) 0,001*
Os dados são apresentados como média ±desvio padrão, número (%);
( Diferença significativa;
‡ Obesidade central: circunferência da cintura > 80 cm em mulheres e > 94 cm em
homens;
§ Pressão arterial elevada: sistólica 130mmHg, diastólica 85 mmHg, uso de
medicação anti-hipertensiva;
¶ Glicemia de jejum elevada: 100 mg/dL ou diagnóstico médico de diabetes tipo 2;
Hipertrigliceridemia: > 150 mg/dL em jejum;
(( HDL-C baixo: < 40 mg/dL em homens e < 50 mg/dL em mulheres, em jejum;
IMC: índice de massa corpórea; PA: pressão arterial; HDL-C: colesterol da lipoproteína
de alta densidade.
Tabela 3. Características demográficas dos participantes homens e mulheres de acordo com o estado nutricional.
Homens Mulheres
Característica
Magreza /
Normal
n=42
Sobrepeso
n=35
Obesidade
n=20
p
Magreza /
Normal
n=36
Sobrepeso
n=43
Obesidade
n=23
p
Idade (anos)
60 a 69 anos 21(50) 20(57) 11(55) 19 (53) 23(54) 9(39)
70-79 15(36) 11(31) 6(30) 8(22) 15(35) 8(35)
>80 6(14) 4(11) 3(15) 0,97 9(25) 5(12) 6(26) 0,34
Escolaridade
Analfabeto 2(5) 4(11) 0(0) 2(6) 1(2) 3(13)
Fundamental incompleto 38(91) 29(83) 17(85) 31(86) 39(91) 20(87)
Fundamental completo ou mais 2(5) 2(6) 3(15) 0,27 3(8) 3(7) 0(0) 0,33
Renda mensal per capitã
Até 1 salário mínimo 18(43) 14(40) 4(20) 18(50) 14(33) 13(57)
> 1 e < 3 salários mínimos 23(55) 17(49) 15(75) 13(36) 24(56) 8(35)
> 3 salários mínimos 1(2) 4(11) 1(5) 0,18 5(14) 5(12) 2(9) 0,29
Local de moradia
Área rural 25(60) 15(43) 5(25) 12(33) 14(33) 6(26)
Área urbana 17(41) 20(57) 15(75) 0,04* 24(67) 29(67) 17(74) 0,89
Os dados são apresentados como número (%);
Diferença significativa
Tabela 4. Características clínicas dos participantes homens e mulheres de acordo com o estado nutricional.
Homens Mulheres
Característica
Magreza /
Normal
N= 42
Sobrepeso
n= 35
Obesidade
n= 20
p
Magreza /
Normal
n= 36
Sobrepeso
n= 43
Obesidade
n= 23
p
Circunferência da Cintura (cm)
Glicemia (mg/dL) 88 ±21 90 ±16 98 ±24 0,18 86 ±11 96 ±41 98 ±26 0,20
Perfil Lipídico (mg/dL)
Colesterol total 200 ±43 208 ±56 220 ±36 0,32 229 ±55 242 ±61 226 ±44 0,44
LDL colesterol 123 ±41 133 ±48 147 ±35 0,13 148 ±55 154 ±44 144 ±42 0,73
HDL colesterol 59 ±15
2,3
51 ±15
1,3
41 ±7
1,2
< 0,001* 58 ±19 57 ±14 53 ±19 0,51
Triglicerídeos 91 ±32
3
123 ±73
3
164 ±71
1,2
< 0,001* 123 ±66 138 ±77 146 ±55 0,40
Tabagismo 15 (36) 5 (14) 2 (10) 0,13 0 ±0 0 ±0 0 ±0
HAS 9(21) 21(60) 16(80) < 0,001* 18(50) 26(61) 16(70) 0,14
Diabetes melito 5(12) 7(20) 9(45) 0,01* 3(8) 11(26) 10(44) 0,002*
Síndrome metabólica ¶ 0(0) 9(26) 16(80) < 0,001* 9(25) 20(47) 16(70) 0,003
*
Componentes da SM
Obesidade central ‡ 3 (7) 21 (60) 20 (100) < 0,001* 14 (39) 37 (86) 22 (96) <0,001
*
PA elevada § 31 (74) 32 (91) 20 (100) 0,008* 30 (83) 39 (91) 20 (87) 0,70
Glicemia elevada ¶ 5 (12) 8 (23) 9 (45) 0,01* 3 (8) 11 (26) 10 (44) 0,02
*
Hipertrigliceridemia 2 (5) 8 (23) 10 (50) < 0,001* 8 (22) 11 (26) 11 (48) 0,06
HDL-C baixo ∗∗
1 (2) 7 (20) 7 (35) 0,002* 12 (33) 13 (30) 12 (52) 0,22
Os dados são apresentados como média ±desvio padrão, número (%);
Diferença significativa;
1
p<0,05 para comparação com grupo normal;
2
p<0,05 para comparação com grupo sobrepeso;
3
p<0,05 para comparação com grupo obesidade.
44
Tabela 5. Odds ratio (IC 95%) de apresentar hipertensão arterial sistêmica,
diabete melito e síndrome metabólica nos diferentes níveis de estado
nutricional.
Característica
Magreza /
Normal
n= 78
Sobrepeso
n= 78
Obesidade
N= 43
HAS 1 2,8 (1,5 a 5,4) 5,4 (2,4 a 12,5)
Diabetes melito 1 2,8 (1,1 a 6,8) 7,1 (2,7 a 18,4)
Síndrome metabólica ¶ 1 4,8 (2,0 a 11,5) 26,1 (9,3 a 73,1)
1
Odds ratio
(IC de 95%) calculado por modelo de regressão logística ajustado por idade e sexo, utilizando o
grupo ”Magreza / Normal” como referência.
45
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