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CARACTERIZAÇÃO DA FRUTICULTURA DO
MUNICÍPIO LAVRAS, MG E MICRORREGIÃO
EDWALDO DOS SANTOS PENONI
2008
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EDWALDO DOS SANTOS PENONI
CARACTERIZAÇÃO DA FRUTICULTURA DO MUNICÍPIO DE
LAVRAS, MG E MICRORREGIÃO
Dissertação apresentada à Universidade Federal
de Lavras como parte das exigências do
Programa de Pós-Graduação em Agronomia,
área de concentração Fitotecnia, para a
obtenção do título de “Mestre”.
Orientador
Moacir Pasqual
LAVRAS
MINAS GERAIS - BRASIL
2008
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Penoni, Edwaldo dos Santos.
Caracterização da fruticultura do município de Lavras, MG e
microrregião / Edwaldo dos Santos Penoni. - Lavras : UFLA, 2008.
66 p.: il.
Dissertação (Mestrado) – Universidade Federal de Lavras, 2008.
Orientador: Moacir Pasqual.
Bibliografia.
1. Rentabilidade. 2. Espécies frutíferas. 3. Sistema de produção. 4.
Fatores de produção. 5. Frutilavras. I. Universidade Federal de Lavras.
II. Título.
CDD – 634
Ficha Catalográfica Preparada pela Divisão de Processos Técnicos da
Biblioteca Central da UFLA
EDWALDO DOS SANTOS PENONI
CARACTERIZAÇÃO DA FRUTICULTURA DO MUNICÍPIO DE
LAVRAS, MG E MICRORREGIÃO
Dissertação apresentada à Universidade Federal
de Lavras como parte das exigências do
Programa de Pós-Graduação em Agronomia,
área de concentração Fitotecnia, para a
obtenção do título de “Mestre”.
Aprovada em: 02 de dezembro de 2008
Pesquisador Dr. Ângelo Albérico Alvarenga EPAMIG
Pesquisadora. Dra. Aparecida Gomes de Araujo UFLA
Professor Dr. José Darlan Ramos UFLA
LAVRAS
MINAS GERAIS – BRASIL
2008
Moacir Pasqual
(Orientador)
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho, primeiramente, à Glória do Grande Arquiteto do
Universo, pois, sem Ele não seria possível a realização deste trabalho.
Aos meus pais, Alcides e Elzira, pelo apoio e ajuda, em todos os
momentos desta e de outras caminhadas.
A minha esposa, Rita de Cássia; minha filha, Nayara e meu filho,
Lorrany, pelo incentivo, cooperação e apoio em todos os momentos desta
importante etapa em minha vida.
AGRADECIMENTOS
Agradeço aos professores Moacir Pasqual como orientador, Luiz
Marcelo Antonialli como co-orientador, José Darlan Ramos e à pesquisadora
Aparecida Gomes de Araújo, pela amizade, por todas as considerações,
sugestões e, principalmente, por estarem sempre à disposição para orientar no
desenvolvimento deste trabalho.
Aos pesquisadores Ângelo Albérico Alvarenga, Enilson Abrahão e ao
professor Nilton Nagibe Jorge Chalfun, pela amizade e incentivo para o
ingresso no mestrado.
À Universidade Federal de Lavras, pela oportunidade de obter mais
conhecimentos para a criação e a transformação de idéias em resultados úteis à
sociedade.
Ao CNPq, por ter proporcionado uma bolsa de apoio técnico em
extensão no país (ATP) e que fez com que eu ingressasse no mestrado em
agosto de 2007. Agradeço também à Fapemig, por ter contribuído em outras
oportunidades de apoio técnico.
A todos os colegas do NEFRUT e do NECULT, por terem feito parte
desta etapa da minha vida profissional.
À secretária da Pós-Graduação do Departamento de Agricultura, Marli
dos S. Túlio, pela sua dedicação e presteza no atendimento das nossas duvidas.
Ao colega e amigo Fausto Souza, por ter ajudado na aplicação dos
questionários.
Ao UHE-FUNIL, na pessoa do Paulo Roberto de Carvalho, por ter
disponibilizado um veículo para o deslocamento até as propriedades rurais.
Ao presidente do Frutilavras, professor Luiz Onofre Salgado, pelo
fornecimento da relação dos produtores.
SUMÁRIO
Página
RESUMO GERAL........................................................................................
i
ABSTRACT..................................................................................................
iii
CAPITULO I: HISTÓRICO DA FRUTICULTURA NO MUNICIPIO
DE LAVRAS - MG E MICRORREGIÃO – PROGRAMA
FRUTILAVRAS.........................................................................................
1
1 INTRODUÇÃO................................................................................... 3
2 ATRIBUIÇÕES DAS ENTIDADES PARCEIRAS........................... 6
2.1 Universidade Federal de Lavras – UFLA............................................ 6
2.2 Empresa de Pesquisa Agropecuária do Estado de Minas Gerais –
EPAMIG..............................................................................................
6
2.3 Empresa de assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais
EMATER-MG.....................................................................................
7
2.4 Cooperativa Agrícola Alto Rio Grande – CAARG............................. 7
2.5 Prefeitura municipal de Lavras – PML............................................... 7
2.6 Sindicato dos Produtores Rurais de Lavras – SPRL........................... 7
2.7 Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Minas Gerais –
SEBRAE-MG.....................................................................................
8
3 ATRIBUIÇÕES AOS PRODUTORES SELECIONADOS............... 8
4 INSCRIÇÕES E SELEÇÃO DE PRODUTORES.............................. 8
5 IMPLANTAÇÃO E LANÇAMENTO DO PROGRAMA
FRUTILAVRAS I...............................................................................
9
5.1 Assistência técnica e condução da cultura.......................................... 9
5.2 Lançamento da primeira etapa do programa....................................... 10
5.3 A primeira colheita............................................................................. 11
5.4 Problemas com a cultura..................................................................... 12
5.5 A diversificação do FRUTILAVRAS I............................................... 12
6 A CRIAÇÃO DA ASSOCIAÇÃO DOS FRUTICULTORES DA
REGIÃO DE LAVRAS – FRUTILAVRAS.......................................
13
7 A CONSTRUÇÃO DA AGROINDÚSTRIA..................................... 16
8 SEGUNDA ETAPA DO PROGRAMA FRUTILAVRAS................. 19
8.1 Implantação da cultura da goiabeira.................................................... 19
8.2 Implantação da cultura da atemoieira.................................................. 20
CAPITULO II: FRUTILAVRAS: RENTABILIDADE DA
FRUTICULTURA NO MUNICÍPIO DE LAVRAS-MG E
MICRORREGIÃO..............................................................................
25
CAPITULO III:
FATORES DO SISTEMA DE PRODUÇÃO QUE
INTERFEREM NA PRODUTIVIDADE DO MARACUJÁ
AMARELO UTILIZADOS POR PRODUTORES ASSOCIADOS À
FRUTILAVRAS
43
8.3 A construção da barragem da hidrelétrica do funil – AHE-FUNIL.... 20
8.4 Implantação da cultura do maracujazeiro............................................ 21
9 LEGALIZAÇÃO DA AGROINDÚSTRIA........................................ 22
10 DA ALTERNATIVA À REALIDADE.............................................. 22
11 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICA.................................................. 23
1 RESUMO............................................................................................ 27
2 ABSTRACT....................................................................................... 28
3 INTRODUÇÃO.................................................................................. 29
4 MATERIAL E MÉTODOS................................................................ 31
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES...................................................... 32
5.1 Cultura da figueira............................................................................... 32
5.2 Cultura da videira................................................................................ 33
5.3 Cultura do pessegueiro........................................................................ 34
5.4 Cultura da goiabeira............................................................................ 35
5.5 Cultura da atemoieira.......................................................................... 36
5.6
5.7
Cultura do maracujazeiro....................................................................
Extrato das discussões.......................................................................
37
38
6 CONCLUSÕES.................................................................................. 40
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................ 41
1 RESUMO............................................................................................. 45
2 ABSTRACT........................................................................................ 47
3 INTRODUÇÃO................................................................................... 49
4 MATERIAL E MÉTODOS................................................................. 52
5 RESULTADOS E DISCUSSÕES....................................................... 53
5.1 Adubação de fundação ou cova........................................................... 54
5.2 Adubação de formação ou cobertura................................................... 56
5.3 Adubação de produção........................................................................ 58
5.4 Adubação foliar................................................................................... 60
5.5 Polinização, irrigação e acompanhamento técnico.............................. 62
6 CONCLUSÕES................................................................................... 64
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................ 65
i
RESUMO GERAL
PENONI, Edwaldo dos Santos. Caracterização da fruticultura do município
de Lavras, MG e microrregião. 2008. p. 66 (Mestrado em Fitotecnia) –
Universidade Federal de Lavras, Lavras, MG.
Situação geográfica, condições climáticas e estrutura fundiária são
características que, reunidas, tornam a fruticultura uma atividade importante
como alternativa na geração de emprego e melhoria da renda para o pequeno
produtor. No município de Lavras, MG, a fruticultura foi introduzida com a
criação do Programa para Desenvolvimento da Fruticultura no Município de
Lavras, MG - Frutilavras -, em 1994. Após vários estudos, chegou-se à
conclusão de que a figueira, a videira e o pessegueiro seriam as frutíferas a
serem implantadas numa primeira proposta de projeto para o programa. Foram
selecionados 24 produtores rurais para efetuarem os plantios. O programa foi
oficialmente lançado em dezembro de 1995. Em 13 de junho de 1997, foi
constituída a Associação dos Fruticultores da Região de Lavras – Frutilavras.
Em novembro de 2000, iniciou-se a construção da agroindústria e, em 12 de
dezembro de 200,1 ela foi inaugurada. A segunda etapa do programa, o
Frutilavras II, foi iniciada em 2001, com o plantio de goiabeiras, atemoieiras e
maracujazeiros. A metodologia utilizada na pesquisa foi a entrevista pessoal,
com a aplicação de questionários contendo perguntas diretas. Os dados foram
analisados por meio da estatística descritiva, utilizando-se o Software Statistical
Package for the Social Sciences (SPSS). Os objetivos desses trabalhos foram: 1 -
analisar a rentabilidade das espécies frutíferas implantadas pelo programa e 2 -
verificar quais os fatores do sistema de produção utilizados por produtores
associados à Frutilavras, que interferiram na produtividade do maracujazeiro
amarelo (Passiflora edulis flavicarpa), por meio da entrevista pessoal com
aplicação de questionários. Hoje, a fruticultura no município de Lavras e
microrregião é uma realidade e conclui-se que: 1 - a rentabilidade das espécies
implantadas pelo programa foi de R$ 28.788,51 por hectare, gerando, em 2007,
um valor de produção da ordem de R$ 1.554.581,00, o que corresponde a 60%
dos valores da produção de todas as espécies frutíferas, implantadas ou não pelo
programa, mostrando a importância para a economia dos municípios. Além da
renda, houve a geração de 117 empregos diretos, comprovando que a fruticultura
no município de Lavras e na microrregião é viável e tem grande contribuição
social; 2 - a produtividade do maracujazeiro-amarelo é diretamente relacionada
ao número, à quantidade e a intervalos de aplicação de nutrientes, bem como à
irrigação, à polinização artificial e à assistência técnica aos produtores. Setenta
por cento (70%) dos pomares pesquisados apresentam produtividade inferior à
média nacional da cultura. Apenas 21,0% dos pomares pesquisados apresentam
ii
maior produtividade média (13,50 a 16,20 t/ha) para todos os fatores analisados
do sistema de produção recomendados para a cultura do maracujazeiro-amarelo.
* Comitê Orientador: Dr. Moacir Pasqual – UFLA (Orientador), Dr. Luiz
Marcelo Antonialli (Co-Orientador) – UFLA
iii
1. ABSTRACT
Penoni, Edwaldo dos Santos. Characterization of the fruit growing of the city
Lavras, MG and micro-region. 2008. 66 p. (Master Program in Crop Science)
- Federal University of Lavras, Lavras, MG.
Geographic situation, climatic conditions and agrarian structure are
characteristics that congregated make of the fruit growing an important activity
as alternative of job generation and improvement of the income for the small
producer. In the city of Cultivate the fruit growing was introduced with the
creation of the Program for Development of the Fruit Growing in the City of
Lavras - MG - FRUTILAVRAS in 1994. After some studies it was arrived the
conclusion of that the fig tree, the grapevine and the peach tree would be the
fruitful ones to be implanted in first a proposal of project for the program. 24
producers had been selected agricultural to effect the plantings. The program
officially was launched in December of 1995. In 13 of June of 1997, the
Association of the Growers of Fruits of the Region was constituted of Cultivates
- FRUTILAVRAS. In November of 2000, it was initiated construction of the
agriculture-elaborate and in 12 of December of 2001 it was inaugurated. The
second stage of the program, FRUTILAVRAS II was initiated in 2001 with the
plantation of guava, atemoya tree and passion fruit. The methodology used in the
research was personal interview with application of questionnaires contends
direct questions. The data had been analyzed by means of the descriptive
statistics, where was used the software Statistical Package for the Social
Sciences - SPSS. The objectives of these works had been: 1 - to analyze the
yield of the fruitful species implanted by program and 2 - to verify which the
factors of the system of production used by producers associates to the
FRUTILAVRAS, that had intervened with the productivity of the yellow
passion fruit (passiflora edulis flavicarpa), by means of the personal interview
with application of questionnaires. Today the fruit growing in the city of You
cultivate and micro-region is a reality and concludes that: 1 - the yield of the
species implanted for the program was of R$ 28,788, 51 for hectare and had
generated in 2007 a value of production of the order of R$ 1.554.581, 00, that it
corresponds 60% of the values of the production of all the fruitful species,
implanted or not for the program, showing the importance for the economy of
the cities. Beyond the income, it has generation of 117 jobs right-handers,
proving that the fruit growing in the city of You cultivate and in the micro-
region is viable and has a great social contribution; 2 - The productivity of the
yellow passion fruit directly is related, to the number, amount and intervals of
application of nutrients, as well as the a irrigation, artificial pollination and
assistance technique to the producers. Seventy percent (70%) of the searched
orchards presents inferior productivity to the national average of the culture. But
iv
21.0% of the searched orchards better present greater average productivity
(13,50 the 16,20 t/ha) for all the analyzed factors of the system of production
recommended for the culture of the yellow passion fruit.
* Guidance Committee: Dr. Moacir Pasqual - UFLA (Adviser), Dr. Luiz
Marcelo Antonialli (Co-Adviser) – UFLA
1
CAPÍTULO I
HISTÓRICO DA FRUTICULTURA NO MUNICIPIO DE LAVRAS, MG
E MICRORREGIÃO – PROGRAMA FRUTILAVRAS
2
3
1 INTRODUÇÃO
O município de Lavras, situado ao sul de Minas Gerais, tem privilegiada
situação geográfica em relação aos grandes centros consumidores do país.
Possui excelentes condições climáticas para o desenvolvimento de diferentes
espécies frutíferas e estrutura fundiária caracterizada pela predominância de
pequenas propriedades rurais (mais de 80% de propriedades abaixo de 50,0 ha).
Sua economia agrícola concentra-se no milho, café e pecuária de leite. Estas
características, reunidas, fazem da fruticultura mais uma atividade importante
como alternativa na geração de emprego e melhoria da renda para o pequeno
produtor (Abrahão et al., 2007*; Logato, 2006).
Foi a partir dessas vantagens que, desde 1975, os setores de fruticultura
da Universidade Federal de Lavras (UFLA) e da Empresa de Pesquisa
Agropecuária do Estado de Minas Gerais (Epamig), vêm pesquisando o
desenvolvimento da fruticultura tropical, subtropical e, em especial, a de clima
temperado para o sul do estado de Minas Gerais. Várias cultivares de diferentes
espécies (pessegueiro, videira, figueira, ameixeira e marmeleiro, entre outras),
foram introduzidas com sucesso em vários municípios mineiros.
No município de Lavras, MG, a fruticultura foi introduzida com a
criação do Programa para Desenvolvimento da Fruticultura no Município de
Lavras, MG – Frutilavras, em 1994, idealizado pelos pesquisadores da Epamig
Enilson Abrahão e Ângelo Albérico Alvarenga e pelos professores da UFLA,
Nilton Nagib Jorge Chalfun e José Darlan Ramos (Abrahão et al., 2007).
4
O programa teve parcerias de varias instituições, como UFLA, Epamig.
Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais
oi
* ABRAHÃO, E.; Alvarenga A. A.; Chalfun N. N. J.; Ramos J. D., Programa FRUTILAVRAS.
Documentos particulares. 1994-2007.
(Emater-MG), Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Minas Gerais
– (Sebrae-MG), Cooperativa Agrícola Alto Rio Grande (CAARG), Sindicato
dos Produtores Rurais de Lavras (SPRL) e Prefeitura Municipal de Lavras
(PML). Após vários estudos, concluiu-se que figueira, videira e pessegueiro
seriam as frutíferas a serem implantadas numa primeira proposta de projeto
(Abrahão et al., 2007). Esta proposta foi apresentada às entidades parceiras, um
organograma foi elaborado (Figura 1) e os seguintes objetivos propostos:
introduzir o plantio comercial de diferentes espécies de frutíferas,
iniciando com a cultura da figueira no município de Lavras;
promover o melhor aproveitamento das pequenas propriedades rurais;
melhorar a qualidade de vida dos pequenos produtores rurais, por meio
de maior rentabilidade econômica por área;
promover, por meio de treinamentos específicos de gerenciamento, a
formação de novos empresários rurais;
formar mão-de-obra especializada para trabalhos específicos na cultura
da figueira;
implantar uma agroindústria para o processamento de frutas no
município de Lavras.
1 2
5
UFLA
EMATE
R
-MG PML- SMAAL
CAARG
SEBRAE-MG
FRUTILAVRAS I
PRODUTOR RURAL
FIGO
FRUTILAVRAS II
AGROINDÚSTRIA
PÊSSEGO
MERCADO
CONSUMIDOR
UV
PROGRAMA PARA O
DESENVOLVIMENTO DA FRUTICULURA
NO MUNICIPIO DE LAVRAS
FRUTILAVRAS
SPRL
GOIABA
MARACUJÁ
ATEMÓIA
ASSOCIAÇÃO DOS PRODUTORES DE FRUTAS
EPAMIG
6
FIGURA 1 Organograma para o bom desenvolvimento do programa Frutilavras.
UFLA, Lavras, MG, 2008
2 ATRIBUIÇÕES DAS ENTIDADES PARCEIRAS
As atribuições de cada uma das entidades parceiras foram estabelecidas
como descrito a seguir (Abrahão et al., 2007).
2.1 Universidade Federal de Lavras (UFLA)
Elaboração do projeto técnico de pesquisa adaptado à região.
Definição do pacote tecnológico a ser utilizado.
Elaboração do material técnico para distribuição entre os produtores.
Assessoria técnica aos produtores.
Desenvolvimento de trabalhos técnicos de sustentação ao programa.
Disponibilização da estrutura física, como laboratórios de análises,
corpo técnico e pomares, para o programa.
Divulgação do programa.
Transporte para missões técnicas.
2. 2 Empresa de Pesquisa Agropecuária de Estado de Minas Gerais
(Epamig)
Elaboração do projeto técnico de pesquisa, adaptado à região.
Desenvolvimento de trabalhos técnicos de sustentação do programa.
Definição do pacote tecnológico a ser utilizado.
Elaboração de material técnico para distribuição entre os produtores.
Fornecimento de material vegetativo.
7
Assistência técnica aos produtores.
Divulgação do programa.
Transporte para missões técnicas.
2. 3 Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais
(Emater-MG)
Inscrição e seleção dos produtores.
Assistência técnica aos produtores.
Divulgação do trabalho.
Subsidiar os órgãos de pesquisa para a solução de problemas
encontrados no campo.
Organização de eventos técnicos.
Assessoramento na organização dos produtores por meio de associação.
2. 4 Cooperativa Agrícola Alto Rio Grande (CAARG)
Recebimento, industrialização e comercialização da produção.
Disponibilização para venda, insumos e materiais necessários ao
desenvolvimento do programa.
Integrar, como associados, os produtores do Programa.
2. 5 Prefeitura Municipal de Lavras (PML)
Transporte de calcário para o pequeno produtor.
Divulgação do trabalho.
Preparo do solo para o pequeno produtor.
2. 6 Sindicato dos Produtores Rurais de Lavras (SPRL)
Mobilização dos produtores.
8
Treinamento de mão-de-obra rural/SENAR.
2. 7 Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Minas Gerais
(Sebrae-MG
Capacitação de produtores e técnicos
Aplicação de treinamento gerencial básico rural.
Estratégia de marketing para comercialização e divulgação dos
produtos.
Apoio à realização de missões técnicas.
3 ATRIBUIÇÕES DOS PRODUTORES SELECIONADOS
Efetuar todos os gastos com o custeio da lavoura, desde o plantio até a
comercialização.
Utilizar a mão-de-obra familiar ou de terceiros durante o ciclo da
cultura.
Acatar as orientações técnicas fornecidas pelos órgãos de pesquisa e
extensão.
4 INSCRIÇÃO E SELEÇÃO DE PRODUTORES
A EMATER-MG promoveu várias reuniões em todas as comunidades
rurais do município de Lavras, divulgando o programa. A partir daí, foram
9
inscritos 54 produtores interessados em participar e, após vistorias nas
propriedades e obedecendo a critérios técnicos adotados pela Emater-MG,
selecionaram-se 24 produtores, distribuídos em 18 comunidades rurais para
efetuarem os plantios, conforme Quadro 1.
QUADRO 1 Relação dos produtores selecionados para efetuarem o plantio.
UFLA, Lavras, MG, 2008.
Nome dos produtores selecionados
Nome dos produtores
selecionados
1
Alberto Francelino de Barros
13
Itamar Ferreira
2
André Domingos do Nascimento Neto
14
João Van Den Berg
3
Antonio Carlos Salgado Veiga
15
Jose Mesquita Carvalho
4
Antônio Custódio Vilas Boas
16
Juarez Correa Lima
5
Antônio Teófilo Salgado
17
Lino Wesley Botelho
6
Arquimedes Alexandrino Camisão
Neto
18
Marino Couto Moraes
7
Aurélio Mendes Alvarenga
19
Mozart Dario Sacarassath
8
Donizete Rezende
20
Regis P. Venturini
9
Edilson Lopes Serra
21
Surama Elias Pereira
10
Francisco Rodarte
22
Waldenor da Rocha Gomes
11
Heider Francisco Barros de Figueiredo
23
Walter Pereira Figueiredo
12
Heitor Donizete Botelho de Carvalho
24
Zilmo de Souza Pinto
5 IMPLANTAÇÃO E LANÇAMENTO DO PROGRAMA
FRUTILAVRAS I
5.1 Assistência técnica e condução da cultura
10
Após a elaboração do projeto, os técnicos das entidades parceiras
iniciaram as primeiras reuniões para motivar os produtores selecionados a
cultivarem frutíferas de clima temperado.
Em dezembro de 1994, foi organizado, pela Emater-MG, Epamig e
UFLA, um dia de campo, no Campus da Universidade Federal de Lavras, para
mostrar o potencial do município para a exploração de algumas frutíferas de
clima temperado e, em especial, a figueira (Abrahão et al., 2007).
No mês de dezembro de 1995, foi realizada uma excursão técnica, à
Fazenda Experimental da Epamig, no município de Jacuí, MG, para que os
produtores, técnicos e dirigentes das entidades parceiras conhecessem melhor as
técnicas para a cultura da figueira e uma agroindústria de processamento de figo
(Abrahão et al., 2007).
Outra excursão técnica foi realizada no município de Valinhos, no
estado de São Paulo, para visitas a plantios comerciais, no início do ano de 1996.
Naquele mesmo ano, foram realizados, em Lavras, dias de campo,
demonstrações técnicas e uma palestra proferida por um técnico da CATI de
Valinhos, SP, que abordou aspectos técnicos e mercadológicos da cultura da
figueira. Concluída a etapa de colocar à disposição do produtor todos os
conhecimentos técnicos necessários, chegou o momento do plantio da figueira
no campo (Abrahão et al., 2007).
A Epamig disponibilizou um técnico, o Sr. Valter José da Silva, para
prestar assistência técnica aos produtores desde o plantio até a colheita.
5.2 Lançamento da primeira etapa do programa
O programa foi oficialmente lançado em dezembro de 1995, na primeira
etapa, com o Programa Frutilavras I. Os primeiros plantios foram efetuados em
julho de 1996 e a primeira cultura implantada foi a da figueira, em função da
11
facilidade de condução e da boa adaptabilidade, além de ser um produto possível
de agregar valor (industrialização) e de proporcionar um retorno bastante rápido.
O plantio foi realizado a partir de estacas obtidas pela poda de plantas adultas,
oriundas de pomares comerciais da cidade de Jacuí, MG, nas 24 propriedades,
com um total de 100.000 estacas, ocupando uma área de 25 hectares. As estacas
foram plantadas diretamente no campo e a taxa de enraizamento foi em torno de
80%, considerada satisfatória para este procedimento (Abrahão et al., 2007).
Além da figueira, havia perspectivas de diversificação com outras
espécies, como videira e pessegueiro, e, em uma segunda etapa, o programa
Frutilavras II, com as espécies: goiabeira, maracujazeiro, atemoieira, laranjeira e
tangerineira.
5.3 A primeira colheita
A partir do momento em que as figueiras começaram a produzir e ainda
em fase de formação, foram colhidas, na safra 97/98, cerca de 40 toneladas, nos
25 hectares plantados, escalonadas em quatro colheitas e gerando dois empregos
por ha, além da utilização da mão-de-obra familiar. Toda a produção foi
colocada na Cooperativa Agrícola Alto Rio Grande (CAARG) que, em uma
pequena unidade de processamento em fase experimental, optou pelo processo
de branqueamento, que consiste em um pré-cozimento do figo para depois ser
armazenado a vácuo. Este processo permite o armazenamento do produto por até
5 anos, com a vantagem de esperar melhor oportunidade de comercialização
(melhores preços), no período de entressafra. No ano de 1998, foram
comercializados, para indústrias de doce em Belo Horizonte, 15 mil quilos de
figo branqueado, armazenados em latas de 20 litros. O restante do figo
branqueado foi armazenado em bombonas de plástico de 200 litros que permitiu
12
entrada de ar e perda do produto por apodrecimento. Apesar do custo elevado, a
melhor embalagem para armazenar o figo branqueado é a lata de 20 litros.
5.4 Problemas com a cultura
Em 1999, com a recuperação do preço do café no mercado internacional,
a queda do preço do figo nas indústrias de doce e o ataque de ferrugem da
figueira (doença que causa a queda prematura das folhas acarretando baixa
produção), houve desestímulo dos produtores, que deixaram as lavouras de figo
abandonadas. Com isso, a produção caiu pela metade.
A ferrugem da figueira é uma doença cujo controle deve ser feito no
início do ataque do fungo. O tratamento recomendado é preventivo e as
pulverizações são quinzenais, com fungicidas cúpricos que, além de onerar
sobremaneira o custo de produção, foram feitas manualmente, com
pulverizadores costais de menor eficiência no controle da doença (Abrahão et
al., 2002).
No final do ano 2000, dos 24 produtores que iniciaram na atividade
restavam 5 e, em 2007, apenas 3, com uma área de 2,2 hectares que, na safra
2006/2007, produziram 30 toneladas do fruto, com produtividade de 13,64 t/ha.
Desta produção, 30% foram transformados em doce (figada e figo em compota),
o que possibilitou a agregação de valor ao produto. Os 70% restantes foram
vendidos, como figo verde, para indústrias de doce de outros municípios.
Como a venda do produto não teve influência de intermediários e nem
perdas na produção, o valor da produção foi de R$ 103.200,00.
13
5.5 A diversificação do Frutilavras I
Em 1997, iniciou-se a diversificação com outras espécies programadas
no Frutilavras I e a cultura da videira foi a pioneira. Foram plantados 4.000 pés,
em 3,5 hectares, da cultivar Niágara Rosada, em três propriedades de produtores
selecionados anteriormente. As estacas (cavalos) foram doadas pela Fazenda
Experimental da Epamig de Caldas, as quais foram plantadas diretamente no
campo para enxertia no ano seguinte. Dez anos após a implantação, a área
permanece a mesma e obteve-se, na safra 2006/2007, produção de 22 toneladas,
que foi comercializada na feira livre e nos verdurões do município de Lavras.
A cultura da videira apresentou produtividade de 6,28 t/ha e valor da
produção de R$ 66.000,00.
Naquele mesmo ano, foram plantados 1.680 pés de pessegueiro (pêssego
para mesa) em área de 6,0 hectares e em 3 propriedades. Em levantamento
realizado de abril a junho de 2007, constatou-se que a área permaneceu a mesma
e a produção foi de 35 toneladas, que foi comercializada também na feira livre e
em verdurões do município de Lavras.
A cultura do pessegueiro apresentou produtividade de 5,83 t/ha e valor da
produção de R$ 105.000,00.
6 A CRIAÇÃO DA ASSOCIAÇÃO DOS FRUTICULTORES DA
REGIÃO DE LAVRAS – Frutilavras
Em 13 de junho de 1997, foi constituída a Associação dos Fruticultores
da Região de Lavras – Frutilavras, ou seja, o mesmo nome do programa. Em 4
de fevereiro de 1998, ela foi registrada, com o protocolo nº 8.548, registro nº
14
916 e sediada à avenida Juventino Dias Teixeira nº 1.448, bairro Jardim Glória,
Lavras, MG.
A Associação Frutilavras é descrita, no seu estatuto social, como
sociedade formal, sem finalidade lucrativa. Sua finalidade é a de realizar as
compras de insumos conjuntamente, promover iniciativas visando
comercialização da produção, possibilitar aos membros do grupo melhor
assistência técnica por parte dos órgãos oficiais e privados, facilitar os negócios
dos membros do grupo junto aos agentes financeiros, realizar investimentos, tais
como compra de máquinas, implementos agrícolas etc., formação de mudas
frutíferas diversas, promover e firmar convênios com entidades e poderes
públicos, promover propaganda e divulgação de seus produtos e buscar captação
de recursos financeiros para o fortalecimento do programa (Logato, 2006).
Na assembléia de constituição, em 13 de junho de 1997, foi aprovado o
estatuto e eleita a sua primeira diretoria, que ficou assim constituída:
Presidente – Mozart Dario Scarassath, economista, empresário e
produtor rural.
Vice-presidente – Régis P. Venturin, engenheiro agrônomo, pesquisador
e produtor rural.
Secretário – Edilson Lopes Serra, engenheiro agrônomo, professor e
produtor rural.
Tesoureiro – Heider Francisco Barros Figueiredo, produtor rural.
Conselho fiscal – Alberto Francisco de Barros, administrador de
empresas e produtor rural; Juliano E. Pereira, engenheiro agrônomo e
produtor rural; Walter Pereira Figueiredo, produtor rural. Suplentes:
Heitor Donizete Botelho Carvalho, produtor rural e João Van Den Berg,
produtor rural.
15
Em 04 de maio de 2001, os produtores reuniram-se em assembléia e
aprovaram mudanças no estatuto da associação e elegeram a nova diretoria, que
ficou assim constituída:
Presidente: Waldenor da Rocha Gomes;
Vice-presidente: Heitor Donizete Botelho de Carvalho;
Secretário: Daniel Lima Alvarenga Barrios;
Tesoureiro: Heider Francisco de Barros Figueiredo;
Conselho Fiscal: membros efetivos: Mozart Dario Scarassatti, Marino
do Couto Morais e Edílson Lopes Serra. Membros suplentes: Walter
Pereira Figueiredo, André Domingos do Nascimento Neto e Luiz Onofre
Salgado.
Em 30 de junho de 2003, os produtores novamente reuniram-se em
assembléia para discutir o provável convênio com o Consórcio do Funil (projeto
elaborado pela Emater-MG) e a eleição da nova diretoria que ficou assim
constituída:
Presidente: Heider Francisco Barros de Figueiredo;
Vice-presidente: Heitor Donizete Botelho de Carvalho;
Secretário: Walter Pereira de Figueiredo;
Tesoureiro: Mozart Dario Scarassatti;
Conselho Fiscal: membros efetivos: André Domingos do
Nascimento Neto, Ailton Pereira Marques, Luiz Onofre Salgado.
Membros suplentes: Vicente Luiz de Carvalho, Itamar Ferreira de
Souza e Marino Couto Morais.
Em 11 de novembro de 2004, o presidente Heider Francisco Barros de
Figueiredo convocou os associados para uma assembléia e, nesta, pediu
demissão do cargo e, no seu lugar, assumiu o vice-presidente Heitor Donizete
Botelho de Carvalho.
16
Cumprindo as normas estatutárias, em 28 de julho de 2005, os
associados foram convocados para assembléia para prestação de contas da
gestão anterior e eleição da nova diretoria que ficou assim constituída:
Presidente: Heitor Donizete Botelho de Carvalho.
Vice- Presidente: Luiz Onofre Salgado;
Secretário: Mozart Dario Scarassatti;
Tesoureiro: Walter Pereira de Figueiredo;
Conselho Fiscal. Membros efetivos: Ivo Francisco Andrade, Ricardo
Reis Vilela e André Domingos do Nascimento. Membros suplentes:
Juarez Joly do Carmo Cândido, Walter Flávio Pimenta e Daniel
Lima Alvarenga Barrios.
Na assembléia de 17 de novembro de 2005, a ordem do dia foram
mudanças no estatuto, por exigência das normas para funcionamento da
agroindústria.
Em 9 de fevereiro de 2006, o presidente Heitor Donizete Botelho de
Carvalho convocou os associados para uma assembléia e, nesta, pediu demissão
do cargo e, no seu lugar, assumiu o vice-presidente Luiz Onofre Salgado, que
permanece no cargo até hoje.
As Assembléias realizadas serviram apenas para mudar o estatuto ou
para mudança de diretoria.
7 A CONSTRUÇÃO DA AGROINDÚSTRIA
Com o início de produção das figueiras, o aproveitamento de outras
frutas disponíveis na região, a busca de uma melhor renda para a família do
fruticultor, a colocação do fruticultor participando ativamente e com freqüência
no mercado de produtos industrializados, a geração de mais empregos, a área
17
reduzida das instalações utilizadas para processamento da fruta pela cooperativa
e, principalmente, o cumprimento de um dos objetivos do programa, iniciou-se o
trabalho para a construção da agroindústria para agregar valor ao produto.
Foram elaborados dois projetos para a captação de recursos. Um foi
enviado ao Ministério da Agricultura/Delegacia Federal da Agricultura, na
pessoa do delegado Dr. Humberto Ferreira de Carvalho Neto, referente à
reforma e à adaptação do galpão, no valor de R$ 45.119,00. Este projeto foi
aprovado por meio do convênio MADFA/021/2000, celebrado entre o
Ministério da Agricultura e o Sindicato dos Produtores Rurais de Lavras, por ser
o imóvel de propriedade do Sindicato e cedido à Associação. A liberação dos
recursos financeiros se deu em 08/11/2000, no valor de R$ 40.722,75, ficando
uma contrapartida para o Sindicato, no valor de R$ 4.396,25. As obras tiveram
início em novembro de 2000 e terminaram em março de 2001.
A Prefeitura Municipal de Lavras também participou com transporte e
doação de aglomerante mineral (areia) e a Universidade Federal de Lavras
disponibilizou os serviços do servidor e mestre de obras Sr. Jamil, como
responsável pela obra.
O galpão foi totalmente reformado e adaptado conforme as exigências
da Secretaria de Saúde, por meio do Serviço de Vigilância Sanitária, com a
colocação de azulejos, pisos, janelas, exaustores, escoamento de água e energia
elétrica.
O outro projeto foi enviado ao Sebrae-MG, no valor de R$ 30.000,00,
para a aquisição dos equipamentos necessários, como caldeira, tachos, tanques
inoxidáveis, etc. O projeto foi aprovado e, em 2001, o referido valor foi liberado.
Em 15 de outubro de 2001, foi celebrado um Contrato de Comodato
(contrato pelo qual alguém entrega a outrem alguma coisa infungível, para que
este dela se utilize, gratuitamente, com o encargo, porém, de restituí-la depois,
segundo DICMAXI-MICHAELIS, 1998), entre a Associação dos Fruticultores
16
18
da Região de Lavras e o Sindicato dos Produtores Rurais de Lavras. O galpão foi
cedido após ter sido totalmente reformado e adaptado para a agroindústria,
localizado nas dependências do Parque de Exposições Silvio Modesto de Souza,
situado às margens da BR 265, km 327, no município de Lavras.
A inauguração da agroindústria se deu em 12 de dezembro de 2001,
conforme consta no edital de convocação de seus associados e no marco de
inauguração (Figura 1), conforme se segue:
EDITAL DE CONVOCAÇÃO
A Diretoria da Associação dos Fruticultores da Região de Lavras – FRUTILAVRAS, em
conformidade com seu estatuto, convoca seus associados para uma Assembléia Geral, a
ser realizada no dia 12 de dezembro de 2001, na sede da Agroindústria, situada no
Recinto do Parque de Exposições, às 17:00 horas, em primeira convocação, com a
presença de 2/3 dos associados; em segunda convocação às 17:30 horas, com a presença
de metade mais 1 (um) de seus associados e; em terceira convocação às 18:00 horas,
com a presença mínima de 1/5 dos associados, para discutir e deliberar a seguinte Ordem
do Dia:
1º - Admissão e Demissão de Associados,
2º - Inauguração da Agroindústria,
3º - Assuntos Gerais.
Lavras (MG), 06 de novembro de 2001.
______________________
Waldenor da Rocha Gomes
Presidente
19
FIGURA 1 Marco de inauguração do complexo agroindustrial
8 SEGUNDA ETAPA DO PROGRAMA – FRUTILAVRAS II
8.1 Implantação da cultura da goiabeira
Com o término da construção da agroindústria, a segunda etapa do
programa, o Frutilavras II, foi iniciado. Alguns produtores, quando em visitas
técnicas às propriedades com figueiras, tiveram contato também com goiabeiras
e ficaram motivados a introduzirem em suas propriedades a cultura da goiabeira.
Assim, foram adquiridas, por 4 produtores, com mediação dos técnicos da
Emater-MG, 200 mudas de goiabeira das variedades Paluma e Pedro Satto, que
vieram do município de Taquaritinga, SP.
Os produtores foram bem sucedidos com o plantio das goiabeiras, com
ótima produção e frutos de excelente qualidade, ficando incentivados com o bom
rendimento da lavoura e o preço do fruto. No ano seguinte, eles ampliaram a
área plantada, passando de 200 para 4.600 plantas, em 17,2 hectares.
Na safra de 2006/2007, a produção foi de 271 toneladas, das quais 30%
foram transformados em doce (frutos com classificação inferior ao padrão do
fruto para mesa e frutos muito maduros). A produção de goiaba para mesa é
comercializada na feira livre, verdurões e nos supermercados de Lavras. A
cultura da goiabeira apresentou produtividade de 15,75 t/ha e valor da produção
20
de R$ 855.000,00, o que fez com que a cultura se destacasse como ótima
atividade e com excelentes resultados.
No início, o doce era produzido individualmente na agroindústria da
Associação, pelo fato de a associação não possuir capital de giro para este fim.
Um dos fruticultores, o Sr. Mozart Dario Scarassatti, construiu e equipou
uma pequena agroindústria em sua propriedade, onde produz o doce de goiaba,
figo, manga e pêssego.
8.2 Implantação da cultura da atemoieira
Em 2001, três produtores implantaram, em suas propriedades, a cultura da
atemoieira, com 1.335 plantas em 4,1 hectares. Na safra de 2006/2007, a
produção foi de 71,6 toneladas, com produtividade de 17,46 t/ha e que foram
comercializados na feira livre do município de Lavras, com valor da produção
de R$ 268.500,00.
8.3 A construção da barragem da Hidrelétrica do Funil
Com a construção da Usina Hidrelétrica do Funil (UHE-Funil), em
2002, muitas propriedades rurais dos municípios de Lavras, Perdões, Ijaci,
Itumirim, Bom Sucesso e Ibituruna foram atingidas pelas águas da represa,
afetando a produção e, conseqüentemente, a renda das famílias rurais.
A Emater-MG elaborou um programa de reativação econômica para as
áreas remanescentes e, em seu estudo preliminar, constatou que os produtores,
cujas propriedades foram atingidas pelas águas tinham interesse na fruticultura
como opção de renda das famílias, fato já anteriormente constatado pelas
instituições que compõem o Programa Frutilavras. A cultura do maracujazeiro
surgiu como opção para as pequenas propriedades, tornando-se boa alternativa
21
para a microrregião de Lavras e contribuindo para valorizar o trabalho dos
agricultores familiares (Logato, 2006).
Um projeto foi elaborado pela Emater-MG, para o plantio de 60
hectares de maracujazeiro e 30 hectares de goiabeira para 60 produtores. Para a
seleção, 350 produtores dos 6 municípios atingidos foram contactados pelos
técnicos da Emater-MG, observando-se como exigência a área da propriedade
remanescente, o interesse dos produtores e a disponibilidade de mão-de-obra na
propriedade (Logato, 2006).
8.4 Implantação da cultura da maracujazeiro
Em uma primeira etapa, 35 produtores plantaram 35,0 hectares com a
cultura do maracujazeiro. Esses produtores receberam, do Consórcio do Funil,
mourões, arame e mudas e ainda foi colocado à disposição da Associação o
valor de R$ 140.000,00, referente a 70 cotas, para que os produtores que
ingressassem o programa se associassem à Frutilavras e tivessem sua
comercialização garantida. Este valor foi utilizado pela associação para
adaptação da agroindústria e compra do equipamento para o processamento de
polpa, incluindo esteira de lavagem, esteira de secagem, esteira de classificação,
esteiras de elevação, despolpadeira, misturador, pasteurizador e banco de frios.
Além da infra-estrutura, o Consórcio do Funil disponibilizou uma gleba
de terras com área de 10 hectares, em regime de comodato, divididos para 13
famílias de pescadores que ficaram sem condições de sobrevivência, como
também os insumos e materiais necessários à exploração da cultura do
maracujazeiro. Este grupo de produtores faz parte da Associação do Funil, que
recebeu uma cota do Frutilavras para a comercialização da produção. Os
produtores selecionados e os pescadores receberam toda a assistência técnica
durante o ciclo da cultura, incluindo palestras, demonstrações técnicas, dias de
campo e excursões.
22
Na safra 2006/2007, fez-se um levantamento por meio de aplicação de
questionários junto a 29 produtores associados, totalizando 36,7 hectares, sendo
11,1 com plantio novo e 25,6 em produção. Nesta área, foram produzidas 251
toneladas, cuja produtividade média foi de 9.81 t/ha, muito baixa considerando-
se o potencial produtivo da cultura.
Desta produção, 61%, ou 153 toneladas, foram enviadas para indústrias de
sucos fora da microrregião de Lavras. Da produção total, 2,39% ou 6 toneladas
foram transformadas em suco pela Frutilavras. O restante da produção, 36,57%
ou 91,7 toneladas, foi vendido como fruto de mesa nos supermercados, nos
verdurões, na Ceasa-MG e na feira livre de Lavras. O valor da produção foi da
ordem de R$ 156.880,00, que é baixo considerando-se a agregação de valor, ou
seja, a transformação de fruto em suco.
9 LEGALIZAÇÃO DA AGROINDÚSTRIA
O processo para a legalização da agroindústria foi muito difícil, devido à
falta de conhecimento das entidades parceiras, bem como a desinformação dos
próprios órgãos responsáveis pela legalização vigente. Para agilizar o processo,
foi contratado um consultor, mas, mesmo assim, demorou 4 anos para a
legalização, devido às exigências dos órgãos responsáveis.
Hoje, a agroindústria está legalizada e com o rótulo da embalagem do suco
de maracujá registrado no Ministério da Agricultura, mas, acha-se em
dificuldades para absorver toda a produção e transformar em suco, devido à falta
de capital de giro e à concorrência com outras marcas no mercado.
10 DA ALTERNATIVA À REALIDADE
23
A fruticultura, atualmente, está diversificada e continua sendo incentivada
por órgãos como a UFLA, a Epamig e a Emater-MG, tornando-se uma realidade
em Lavras e em outros municípios da microrregião de Lavras, incluindo Ijaci,
Itumirim e Nepomuceno.
As espécies implantadas pelo programa geraram, em 2007, um valor de
produção da ordem de R$ 1.554.581,00, que corresponde a 60% dos valores da
produção de todas as espécies frutíferas, implantadas ou não pelo programa,
mostrando a importância para a economia dos municípios. Além da renda, houve
geração de 117 empregos diretos, comprovando que a fruticultura no município
de Lavras e na microrregião é viável e tem grande contribuição social.
11 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABRAHÃO, E.; ALVARENGA, A. A.; FRÁGUAS, J. C.; SILVA, V. J. da. A
Altura da Figueira (Ficus carica L.) na região de Lavras, MG – Situação atual e
perspectivas. Ciência e Agrotecnologia, Lavras, v. 26, n. 3, p. 643-646, 2002.
DICMAXI – MICHAELIS PORTUGUÊS. Moderno dicionário da língua
portuguesa: Versão 1.0, fev. 1998. DTS software Brasil, 1998.
LOGATO, E. S. O associativismo como fator propulsor do desenvolvimento
sustentável: um estudo de caso da Associação dos Fruticultores da Região de
Lavras – FRUTILAVRAS. 2006. 65 f. Monografia (Especialização Extensão
Rural, Agroecologia e Desenvolvimento Sustentável) - Universidade Vale do
Rio Verde de Três Corações, Três Corações, MG.
24
25
CAPÍTULO II
FRUTILAVRAS: RENTABILIDADE DA FRUTICULTURA NO
MUNICIPIO DE LAVRAS, MG E MICRORREGIÃO
26
27
1. RESUMO
PENONI, Edwaldo dos Santos. Frutilavras: rentabilidade da fruticultura no
município de Lavras, MG e microrregião. In:______. Caracterização da
fruticultura do município de Lavras, MG e microrregião. 2008. p. 25-42.
(Mestrado em Fitotecnia) – Universidade Federal de Lavras, Lavras, MG
A fruticultura foi introduzida no município de Lavras e microrregião a partir de
1994, com a criação do Programa Frutilavras. Diversas espécies frutíferas foram
implantadas como uma alternativa de geração de emprego e renda para as
pequenas propriedades rurais. Este programa teve a parceria de várias
instituições, cada uma com suas atribuições. O programa foi oficialmente
lançado em dezembro de 1995, ocorrendo os primeiros plantios em julho de
1996. O presente trabalho foi realizado com o objetivo de analisar a
rentabilidade das espécies frutíferas implantadas pelo programa Frutilavras, por
meio de entrevista pessoal e aplicação de questionários. Hoje, a fruticultura
implantada pelo programa é uma realidade no município de Lavras e
microrregião (Ijaci, Itumirim e Nepomuceno), sendo representada pelas
seguintes culturas: figueira, área de 2,2 hectares e produção de 30 t/ano, valor da
produção de R$ 103.200,00 e rentabilidade de R$ 46.900,00 por hectare; videira,
área de 3,5 hectares e produção de 22 t/ano, valor da produção de R$ 66.000,00
e rentabilidade de R$ 18.857,14 por hectare; pessegueiro, área de 6,0 hectares e
produção de 35 t/ano, valor da produção de R$ 105.000,00 e rentabilidade de R$
17.500,00 por hectare; goiabeira, área de 17,2 hectares e produção de 271 t/ano,
valor da produção R$ 855.000,00 e rentabilidade de R$ 49.709,30 por hectare;
atemoieira, área de 4,1 hectares e produção de 71,6 t/ano, valor da produção de
R$ 268.500,00 e rentabilidade de R$ 65.487,80 por hectare; maracujazeiro, área
de 21 hectares e produção de 251 toneladas/ano, valor da produção de R$
156.880,00 e rentabilidade de R$ 7.470,47 por hectare. Após este estudo,
conclui-se que o valor total da produção safra 2006/2007 recebido pelos
28
produtores de Lavras e microrregião foi da ordem de R$ 1.556.580,00, e
rentabilidade de R$ 28.788,51 por hectare, comprovando que a fruticultura no
município de Lavras, MG é viável e tem grande contribuição social
* Comitê Orientador: Dr. Moacir Pasqual – UFLA (Orientador), Dr. Luiz
Marcelo Antonialli (Co-Orientador) – UFLA
2. ABSTRACT
Penoni, Edwaldo dos Santos. FRUTILAVRAS: profitability of the fruit growing
in the city of Lavras-MG and micro-region. In______. Characterization of the
fruit growing of the city Lavras-MG and micro-region. 2008. p. 25-42.
(Master Program in Crop Science) - Federal University of Lavras, Lavras, MG.
The fruit growing was introduced in the city of Lavras-MG and micro-region
since 1994, with the creation of the FRUTILAVRAS program. Several fruit
species were implanted as an alternative for the generation of employment and
income for the small country farms. This program had the partnership of some
institutions, each one with its attributions. The program officially was launched
in December 1995, occurring the first plantings in July 1996. The objective of
the present work was to analyze the profitability of the fruit species implanted
by FRUTILAVRAS program, by means of personal interview and application of
questionnaires. Today the fruit production implanted by this program is a
reality in the city of Lavras and micro-region (Ijaci, Itumirim and
Nepomuceno) being represented by the following cultures: fig tree, area of
2,2 hectares and production of 30 tons/year, value of the production of R$
103.200,00 and profitability of R$ 46.900,00 for hectare; grapevine, area of
3,5 hectares and production of 22 tons/year, value of the production of
R$ 66.000,00 and profitability of R$ 18,857,14 for hectare; peach tree,
area of 6,0 hectares and production of 35 tons/year, value of the
production of R$ 105.000,00 and profitability of R$ 17.500,00 for hectare;
guava, area of 17,2 hectares and production of 271 tons/year, value of the
production R$ 855.000, 00 and profitability of R$ 49,709,30 for hectare;
atemoya tree, area of 4,1 hectares and production of 71,6 tons/year, value of the
29
production of R$ 268.500,00 and profitability of R$ 65.487, 80 for hectare;
passion fruit, area of 21 hectares and production of 251 tons/year, value of the
production of R$ 156.880,00 and profitability of R$ 7.470,47 for hectare. After
this study it is concluded that the total value of the production harvest 2006/2007
which the producers had received, was around of R$ 1.556.580,00, with a
profitability of R$ 28.788,51 per hectare, proving that the fruit production
activity in the city of Lavras-MG is viable and has great social contribution.
* Guidance Committee: Dr. Moacir Pasqual - UFLA (Adviser), Dr. Luiz
Marcelo Antonialli (Co-Adviser) – UFLA
3 INTRODUÇÃO
A fruticultura desponta como uma das alternativas de diversificação
mais viáveis para a agricultura familiar na região de Lavras, tendo como
características: utilização de pequenas áreas, absorção de grande quantidade de
mão de obra e alta geração de renda por unidade de área. As condições
edafoclimáticas e a localização geográfica também propiciam o
desenvolvimento desta atividade na região. Um dos grandes desafios dentro do
setor da Fruticultura no estado de Minas Gerais é a desorganização dos
produtores, gerando sérias dificuldades de comercialização para quem produz
(Logato, 2006).
A fruticultura foi introduzida com a criação do Programa para
Desenvolvimento da Fruticultura no município de Lavras, MG (Frutilavras), em
1994, programa idealizado pelos pesquisadores da Empresa de Pesquisas
Agropecuária do Estado de Minas Gerais (Epamig) (Enilson Abrahão e Ângelo
Albérico Alvarenga) e pelos professores da Universidade Federal de Lavras
(UFLA) (Nilton Nagib Jorge Chalfun e José Darlan Ramos).
O programa teve parcerias de várias instituições: Empresa de
Assistência Técnica e Extensão Rural de Minas Gerais (Emater-MG), Serviço de
Apoio às Micro e Pequenas Empresas de Minas Gerais (Sebrae-MG),
1 2
3 4
30
Cooperativa Agrícola Alto Rio Grande (CAARG), Sindicato dos Produtores
Rurais de Lavras (SPRL) e Prefeitura Municipal de Lavras (PML). Após vários
estudos, chegou-se à conclusão de que a figueira, a videira e o pessegueiro
seriam as frutíferas a serem implantadas numa primeira etapa (o Frutilavras I) e,
posteriormente, uma segunda etapa (Frutilavras II), com goiabeira, atemoieira e
maracujazeiro.
Para a implantação do programa, a Emater-MG selecionou 24
produtores, distribuídos em 18 comunidades rurais, onde foram efetuados os
plantios.
O Frutilavras I iniciou-se com os primeiros plantios em julho de 1996 e
a primeira cultura implantada foi a cultura da figueira com 100.000 pés da
cultivar Roxo de Valinhos, ocupando área de 25 hectares (Abrahão et al.,
2007)*. No ano seguinte (1997), em 3 propriedades de produtores selecionados,
a cultura da videira foi implantada com 4.000 pés da cultivar Niágara Rosada
(uva de mesa) em 3,5 hectares e a cultura do pessegueiro com 1.680 pés
(pêssego para mesa) em de 6,0 hectares.
A segunda etapa do programa (Frutilavras II) foi implantada com as
culturas da goiabeira, em 1997, com 4.600 pés das cultivares Paluma (para
indústria) e Pedro Sato (para mesa), em uma área de 17,2 hectares em 3
propriedades; a cultura da atemoieira, em 2001, com 1.335 pés da cultivar
Thompson em 4,1 hectares em 3 propriedades e a cultura do maracujazeiro, em
2002, com 35 hectares da cultivar BRS Gigante Amarelo, em 35 propriedades de
produtores selecionados pela Emater-MG.
A fruticultura na microrregião de Lavras-MG (Lavras, Ijaci, Itumirim e
Nepomuceno), encontra-se cada vez mais consolidada. Isso reflete o esforço dos
órgãos envolvidos no programa Frutilavras, como também a participação, o
profissionalismo e o comprometimento dos fruticultores.
31
A aplicação de questionário é a técnica estruturada para a coleta de
dados, que consiste em uma série de perguntas, escritas ou orais, que um
entrevistado deve responder (Malhotra, 2002). Segundo Parasuraman (1991),
citado por Chagas (2000), um questionário é tão somente um conjunto de
questões, feito para gerar os dados necessários para se atingir os objetivos do
* ABRAHÃO, E.;
Alvarenga A. A.; Chalfun N. N. J.; Ramos J. D., Programa FRUTILAVRAS.
Documentos particulares. 1994-2007.
projeto.
Segundo Bobbi Branfley, citado por Malhotra (2002) “um bom
questionário deve conquistar o entrevistado e estimular seu interesse em dar
respostas completas e precisas. Deve alcançar esse objetivo ao mesmo tempo em
que estabelece uma compreensão simultânea, por todos os entrevistados, tanto
das perguntas como das respostas”.
Assim, o objetivo do presente trabalho foi analisar a rentabilidade dos
valores da produção das espécies frutíferas implantadas pelo programa
Frutilavras.
4 MATERIAL E MÉTODOS
A pesquisa foi realizada de abril a julho de 2007, por meio de visitas, em
que foi utilizado um veículo para deslocamento, até os 29 pomares pesquisados
(Tabela 1), dos produtores que fazem parte do programa Frutilavras e que estão
localizados no município de Lavras e microrregião (Ijaci, Itumirim e
Nepomuceno), todos localizados no sul do estado de Minas Gerais.
TABELA 1 – Número de pomares pesquisados com as respectivas áreas e
número de produtores para cada frutífera analisada. UFLA, Lavras, MG, 2008
32
Frutífera
Nº de pomares
pesquisados
Área dos pomares
pesquisados (ha)
Nº de produtores
Figueira 3 2,2 3
Videira 3 3,5 3
Pessegueiro 3 6,0 3
Goiabeira 4 17,2 4
Atemoieira 3 4,1 3
Maracujazeiro 29 25,6 29
Total 45 58,6 29
A metodologia utilizada na pesquisa foi entrevista pessoal com
aplicação de questionários contendo perguntas diretas, em que os entrevistados
(produtores) se posicionaram frente a frente com o entrevistador (pesquisador), e
forneceram informações sobre valores de produção, preços de venda dos frutos e
área das espécies frutíferas implantadas por eles.
Os dados foram analisados por meio da estatística descritiva, “que é o
processo de obtenção de informações significativas a partir de conjuntos de
números, para serem trabalhados diretamente” (Downing; Clark, 2002). Para
isso, utilizou-se o software Statistical Package for the Social Sciences (SPSS).
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.1 Cultura da figueira
Dos 24 produtores que inicialmente implantaram a cultura da figueira,
hoje, apenas 3 permanecem na atividade, com área de 2,2 ha, os quais, na safra
2006/2007, obtiveram produção de 30.000 kg do fruto. Desta produção, 15% são
transformados em figada e 15% em figo compota, agregando valor ao produto
pelos próprios produtores.
Para a fabricação da figada, foram necessários 4.500 kg do fruto verde.
Uma vez que ocorre perda de 20% desse peso, o resultado foi de 3.600 kg de
33
doce, que foram comercializados diretamente ao consumidor na feira livre de
Lavras, a R$ 5,00/kg, com valor de produção de R$ 18.000,00. Já na fabricação
de figo compota, os 4.500 kg de figo verde resultaram em 5.400 kg do doce,
(aumento de 20% no seu peso), que também foi comercializado na feira livre a
R$ 8,00/kg, com valor de produção de R$ 43.200,00. Os 70% restantes foram
vendidos como figo verde para indústrias de doce, a R$ 2,00/kg, e o valor da
produção foi de R$ 42.000,00. Assim, o valor da produção total foi de R$
103.200,00 (Tabela 2).
TABELA 2 – Área, produção, preço de venda e valor da produção da figueira,
safra 2006/2007. UFLA, Lavras, MG, 2008
Especificação
Área
(ha)
30% da
produção
(kg)
70 % da
produção
(kg)
Preço de
venda
(R$/kg)
Valor da
produção
(R$)
Figada 0,33
(4.500)
1
3.600
(4,00)
3
5,00
(18.000,00)
18.000,00
Figo compota 0,33 (4.500)
2
5.400
(9,60)
3
8,00
(43.200,00)
43.200,00
Figo verde
para indústria
1,54 21.000 2,00 42.000,00
Totais 2,20 9.000 21.000 - 103.200,00
1-Peso do fruto verde necessário para produzir 3.600 kg de figada (perda de 20% de peso).
2- Peso do fruto verde necessário para produzir 5.400 kg de figo compota (ganha-se 20% de peso).
3- Preço do fruto quando agrega valor [(valor da produção ÷ pelo peso dos frutos (4.500 kg)].
Como a venda do produto não teve influência de intermediários e nem
perdas na produção, obteve-se, para a cultura da figueira, a rentabilidade média
de R$ 46.909,00/ha (R$ 103.200,00 divididos pela área 2,2 ha), 490,75% maior
que a rentabilidade média de Minas Gerais, que foi de R$ 9.558,70/ha, segundo
o Instituto Brasileiro Geografia e Estatística (IBGE Censo Agropecuário 2006).
34
5.2 Cultura da videira
A cultura da videira cultivar Niágara Rosada (de mesa), na safra
2006/2007, em 3,5 ha, obteve produção de 22.000 kg, que foram vendidos a
R$ 3,00/kg, com valor de produção de R$ 66.000,00. Toda a produção foi
comercializada na feira livre e nos verdurões do município de Lavras (Tabela 3).
TABELA 3 – Área, produção, preço de venda e valor da produção de uvas na
safra 2006/2007. UFLA, Lavras, MG, 2008
Especificação
Área
(ha)
Produção
(kg)
Preço
(R$/kg)
Valor da
produção
(R$)
Uva 3,5 22.000 3,00 66.000,00
Segundo o Censo Agropecuário 2006 (IBGE), a rentabilidade média de
Minas Gerais para a uva foi de R$ 29.414,80/ha e a rentabilidade média do
município de Lavras e microrregião foi de R$ 18.857,14/ha, ou seja, 64,11%
menor que a média do estado.
5.3 Cultura do pessegueiro
Observou-se, em 2007, uma área de 6,0 ha com a cultura do pessegueiro
(pêssegos de mesa), a qual teve produção de 35.000 kg, com produtividade
média de 5.834 kg/ha, que foram vendidos a R$ 3,00/kg, com valor de produção
de R$ 105.000,00 (Tabela 4).
TABELA 4 – Área, produção, preço e valor da produção de pêssegos na safra
2006/2007. UFLA, Lavras, MG, 2008
35
Especificação
Área
(ha)
Produção
(kg)
Preço
(R$/kg)
Valor da
produção
(R$)
Pêssegos 6,0 35.000 3,00 105.000,00
A rentabilidade média foi de R$ 17.500,00/ha, 37,38% menor que a
rentabilidade média do estado de Minas Gerais, de R$ 46.813,70/ha, segundo o
Censo Agropecuário 2006 do IBGE.
Toda produção também foi comercializada na feira livre e em verdurões
de Lavras.
5.4 Cultura da goiabeira
Na cultura da goiabeira, os produtores obtiveram, na safra de 2006/2007,
produção de 271.000 kg, para 4.600 pés da cultivar Paluma e Pedro Sato, em
uma área de 17,2 ha. Desta produção, 30% (83.300 kg) foram transformados em
doce (frutos da cultivar Paluma destinados à indústria, frutos da cultivar Pedro
Sato com classificação inferior ao padrão para mesa e frutos muito maduros).
Para a fabricação da goiabada, foram necessários 83.300 kg de goiabas,
com perda em torno de 30% do peso, obtendo-se 57.000 kg de goiabada, que foi
comercializada diretamente ao consumidor, na feira livre de Lavras, a R$
5,00/kg, com valor de produção de R$ 285.000,00. Os 70% restantes (187.700
kg) de goiaba para mesa foram comercializadas na feira livre, em verdurões e
nos supermercados de Lavras, com preço médio de R$ 3,00/kg, com valor da
produção de R$ 570.000,00. O valor da produção total foi de R$ 855.000,00
(Tabela 5).
36
TABELA 5 – Área, produção, preço de venda e valor da produção de goiabas na
safra 2006/2007. UFLA, Lavras, MG, 2008
Especificação Área
(ha)
70% da
produção
(kg)
30 % da
produção
(kg)
Preço de
venda
(R$/kg)
Valor da
produção
(R$)
Goiabas para
mesa
12,0 187.700 3,00 570.000,00
Goiabas
transformadas
em goiabada
5,2
(83.300)
1
57.000
(3,42)
2
5,00
(285.000,00)
285.000,00
Totais 17,2 187.700 83.300 - 855.000,00
1 – Peso do fruto (goiabas) necessário para produzir 57.000 kg de goiabada (perda de 30% do
peso).
2 – Preço do fruto quando agrega valor [(valor da produção ÷ pelo peso dos frutos (83.300 kg)].
A rentabilidade média no município de Lavras e microrregião foi de
R$ 49.709,30/ha (R$ 855.000,00 divididos por 17,2 ha), 511,09% maior que a
do estado de Minas Gerais, de R$ 9.726,07/ha, conforme o Censo Agropecuário
de 2006 do IBGE. Isto se deve ao fato de a produção não ter passado pelas mãos
de atravessadores e também ter produzido frutos de alta qualidade, o que a torna
uma ótima atividade, com excelentes resultados.
Hoje, o município de Lavras é auto-suficiente em frutos de goiabas de
mesa e possui duas pequenas agroindústrias rurais e uma da Associação dos
Fruticultores da Região de Lavras, para a produção de doces, sucos e polpas.
5.5 Cultura da atemoieira
37
Em 2001, três produtores implantaram em suas propriedades a cultura da
atemoieira, com 1.335 pés da cultivar Thompson, em uma área de 4,1 ha. Na
safra de 2006/2007, esses produtores obtiveram produção de 71.600 kg, com
produtividade de 17,46 t/ha e que foram comercializados na feira livre de Lavras
como fruto de mesa, ao valor médio de R$ 3,75/kg. O valor de produção foi da
ordem de R$ 285.000,00 (Tabela 6) e a rentabilidade média de R$ 65.487,80/ha.
Não há levantamento feito pelo IBGE para esta espécie, para se fazer uma
comparação.
TABELA 6 – Área, produção, preço de venda do produto e valor da produção na
safra 2005/2006. UFLA, Lavras, MG, 2008
Especificação
Área
(ha)
Produção
(kg)
Preço (R$/kg)
Valor da
produção
(R$)
Atemóias 4,1 71.600 3,75 268.500,00
5.6 Cultura do maracujazeiro
No levantamento feito em abril de 2007, observou-se que 29 produtores de
maracujá possuíam área de 36,70 ha da cultivar BRS Gigante Amarelo, sendo
11,1 ha com plantios novos e 25,6 ha em produção, e obtiveram produção de
251.000 kg, cuja produtividade média foi de 9,81 t/ha.
Da produção total, 61%, ou 153.000 kg, foram enviados para uma
indústria de sucos fora da microrregião de Lavras a um valor médio de venda de
R$ 0,37/kg e representou um valor da produção de R$ 56.610,00. Os 36,57%, ou
91.700 kg, foram comercializados como fruto de mesa a um valor médio de
venda de R$ 1,00. A média do valor da produção foi de R$ 91.700,00. Do
restante da produção, 2,39%, ou 6.000 kg, foram transformados em suco (para
38
cada quilo de suco, há a necessidade de 3,5 quilos de frutos), pela Associação
dos Fruticultores da Região de Lavras. Foram produzidos 1.714 kg de suco, o
que representou média do valor da produção de R$ 8.570,00. Assim, o valor da
produção total foi de R$ 156.880,00 (Tabela 7).
TABELA 7 – Área, produção, preço de venda e valor da produção na safra
2006/2007. UFLA, Lavras, MG, 2008
Especificação
Área
(ha)
61,0% da
produção
(kg)
36,6% da
produção
(kg)
2,4% da
produção
(kg)
Preço de
venda
(R$)
Valor da
produção
(R$)
Maracujá como
fruto de mesa
9,4 - 91.700 - 1,00 91.700,00
Maracujá para
indústria de suco
(fora de Lavras)
15,6 153.000 - - 0,37 56.610,00
Maracujá
industrializado
pela Associação
0,6 - -
(6.000)
1
1.714
(1,43)
2
5,00
(8.570,00)
8.570,00
Totais 25,6 153.000 91.700 6.000 - 156.880,00
1 – Peso dos frutos necessário para produzir 1.714 kg de suco (para cada kg de suco necessita de
3,5 kg de fruto).
2 – Preço do fruto quando agrega valor [(valor da produção ÷ pelo peso dos frutos (6.000 kg)].
O maracujazeiro teve uma rentabilidade média de R$ 6.128,12/ha no
município de Lavras e microrregião, ficando 33,7% menor que a rentabilidade
média de Minas Gerais, que foi de R$ 9.243,46/ha (Censo Agropecuário 2006 –
IBGE). A pouca agregação de valores ao produto fez com que este rendimento
ficasse abaixo da média do estado.
A produção do maracujá (fruto de mesa) foi comercializada na feira
livre, nos verdurões e nos supermercados do município de Lavras.
5.7 Extrato das discussões
39
Diante do exposto, pode-se verificar, na Tabela 8, que a cultura da
figueira apresentou rentabilidade média de 490,75% e a da goiabeira, 511,09%
maiores que a rentabilidade média do estado de MG. Estes resultados foram
obtidos pelos produtores em função da agregação de valores ao produto,
produção de frutos de excelente qualidade e comercialização sem interferência
de intermediários. No caso da cultura da atemoieira, não foi possível fazer uma
comparação entre as rentabilidades, por falta de dados pesquisados pelo IBGE
para o estado de MG. Mas, ela apresentou rentabilidade muito boa em função da
qualidade e do preço de venda dos frutos e também devido à comercialização
sem interferência de intermediários.
TABELA 8 – Extrato das espécies implantadas pelo programa Frutilavras:
área, valor da produção, rentabilidade das frutíferas analisadas, rentabilidade
das frutíferas em MG e comparação entre as rentabilidades no município de
Lavras e microrregião na safra 2006/2007. UFLA, Lavras, MG, 2008
Espécies Área
(ha)
(1)
Valor da
produção
(R$)
(2)
Rentabilidade
das frutíferas
analisadas
(R$/ha)
(3=2÷1)
Rentabilidade
das frutíferas
em MG
(R$/ha)
(4)
Comparação
entre as
rentabilidades
(%)
(5=3÷4x100)
1
Figo 2,2 103.200,00 46.909,09 9.558,70 490,75
1
Uva 3,5 66.000,00 18.857,14 29.414,80 64,11
1
Pêssego 6,0 105.000,00 17.500,00 46.813,70 37,38
1
Goiaba 17,2 855.000,00 49.709,30 9.726,07 511,09
1
Atemóia 4,1 268.500,00 65.487,80 SD SD
Maracujá 25,6 156.880,00 6.128,12 9.243,46 33,70
1
Totais 58,6 1.554.580,00 26.528,67 18.399,87
2
144,17
1
SD – Sem dados do estado de Minas Gerais para comparação.
1 – Percentual maior ou menor que a rentabilidade das frutíferas em MG (rentabilidade das
frutíferas analisadas ÷ rentabilidade média das frutíferas em MG x 100).
2 – Rentabilidade média das frutíferas em MG (valor da produção de MG = R$ 115.496.000,00 ÷
área das frutíferas em MG = 6.277 ha).
40
A cultura do pessegueiro apresentou rentabilidade média de 37,38%, a
da videira, 64,11% e a do maracujazeiro, 33,7% menor que a rentabilidade
média do estado de MG. Isso ocorreu, provavelmente, em função da baixa
produtividade, apesar de apresentar frutos de boa qualidade. As espécies
implantadas pelo programa no município de Lavras e microrregião geraram, na
safra 2006/2007, valor médio total da produção de R$ 1.554.580,00 e
rentabilidade média de R$ 26.528,67/ha (Tabela 8).
Como a fruticultura absorve, em média, 2 empregos por hectare, na safra
2006/2007 foram gerados 117 empregos diretos para os 58,6 hectares
implantados com frutíferas pelo programa.
6 CONCLUSÕES
As maiores rentabilidades apresentadas por algumas culturas (figueira,
goiabeira e atemoieira) foram em função de: terem agregado valores ao produto,
produzido frutos de excelente qualidade e bons preços de venda e,
principalmente, a comercialização ter sido feita em feira livre, verdurões e
supermercados de Lavras, sem interferência de intermediários.
As espécies que apresentaram rentabilidades menores (videira,
pessegueiro e maracujazeiro), provavelmente, foram afetadas pela baixa
produtividade, apesar de terem produzido frutos de boa qualidade e com bom
preço de venda.
Além da rentabilidade, houve geração de empregos, comprovando que a
fruticultura, no município de Lavras e na microrregião, é viável e tem grande
contribuição social e econômica.
41
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CHAGAS, R. T. A. Administração on line: o questionário na pesquisa
científica. v. 1, n. 1, 2000. Disponível em:
<http://www.fecap.br/adm_online /art 11/ anival htm>. Acesso em: 27 set. 2007.
DOWNING, D. ; CLARK, J. Estatística aplicada: 2.ed, Editora Saraiva, capitulo
1, p.1 - 5, 2002.
INSTITUTO BRASILEIRO GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE, cidades,
estado de Minas Gerais,Censo Agropecuário de 2006,
Disponível em:
<http://www.ibge.gov.br/ cidadesat/default2.php.>, Acesso em: 27 set 2007.
LIMA, A. A. et al. Maracujá em foco: comercialização do maracujazeiro.
EMBRAPA mandioca e fruticultura tropical, Cruz das Almas, n 29, ago., 2006.
Disponível em:
<http://www.cnpmf.embrapa.br/publicacoes/produto_em_foco/maracuja_29.pdf
> Acesso em 27 jun 2007.
LOGATO, E. S. O associativismo como fator propulsor do desenvolvimento
sustentável: um estudo de caso da Associação dos Fruticultores da Região
de Lavras – FRUTILAVRAS. 2006. 65 f. Trabalho de monografia
(Especialização Extensão Rural, Agroecologia e Desenvolvimento Sustentável) -
Universidade Vale do Rio Verde de Três Corações, Três Corações, MG.
MALHOTRA, N. K. Pesquisa de marketing: uma orientação aplicada. 3. ed.
Porto Alegre: Bookman, 2002. 720 p.
42
43
CAPÍTULO III
FATORES DO SISTEMA DE PRODUÇÃO QUE INTERFEREM NA
PRODUTIVIDADE DO MARACUJAZEIRO-AMARELO E QUE SÃO
UTILIZADOS POR PRODUTORES ASSOCIADOS À FRUTILAVRAS
44
45
1 RESUMO
Penoni, Edwaldo dos Santos. Frutilavras: fatores do sistema de produção que
interferem na produtividade do maracujazeiro-amarelo e que são utilizados por
produtores associados à Frutilavras. In______. Caracterização da fruticultura
do município de Lavras, MG e microrregião. 2008. p. 43-66. (Mestrado em
Fitotecnia) – Universidade Federal de Lavras, Lavras, MG
A fruticultura no município de Lavras teve início com a criação do
Programa para Desenvolvimento da Fruticultura no Município de Lavras, MG –
Frutilavras, em 1994. Em 1997, foi constituída legalmente a Associação dos
Produtores de Frutas da Região de Lavras, MG, também chamada de Frutilavras.
Com a construção da Usina Hidrelétrica do Funil, em 2002, muitas propriedades
rurais foram atingidas pelas águas da represa, afetando a produção e a renda das
famílias. Estudo foi realizado para um programa de reativação econômica, em
que foi constatado o interesse dos produtores em ter a fruticultura como opção
de renda para as suas famílias. Assim surgiu a cultura do maracujazeiro como
boa opção para as pequenas propriedades familiares. O objetivo da presente
pesquisa foi verificar quais os fatores do sistema de produção utilizados por
produtores associados à Frutilavras que interferiram na produtividade do
maracujazeiro amarelo (Passiflora edulis flavicarpa), por meio da entrevista
pessoal, com a aplicação de questionários. As maiores produtividades médias
encontradas nos 29 pomares pesquisados foram devido aos seguintes fatores: 1)
adubação de fundação (cova) com superfosfato simples (500 g/cova), com
produtividade média de 14,48 t/ha, esterco de curral com (20 litros/cova), com
produtividade média de 13,86 t/ha e calcário com (300 g/cova), teve
produtividade média de 14,07 t/ha; 2) adubação de formação (cobertura) com 4
aplicações de 100 g/planta de sulfato de amônio, juntamente com 100 g/planta
de cloreto de potássio em intervalos de aplicação de 30 dias, os quais
apresentaram produtividade média de 11,83 t/ha ou 4 aplicações de 100 g/planta
de NPK 20-0-20, com intervalos de 30 dias; a produtividade média foi de 11,89
t/ha; 3) na adubação de produção, realizaram-se 3 aplicações com intervalos de
60 dias, com 200 g/planta de NPK 20-0-20; a produtividade média foi de 12,37
t/ha; 4) na aplicação do foliar, a produtividade média foi 12,72 t/ha, para 5
aplicações de 250 g/20 litros de água de fórmulas comerciais com intervalo de
aplicação de 30 dias; 5) na realização de polinização artificial, irrigação e
acompanhamento técnico, as maiores produtividades foram de 12,95 t/ha, 13,02
t./ha e 13,06 t/ha, respectivamente. A produtividade do maracujazeiro-amarelo é
diretamente relacionada ao número, à quantidade e aos intervalos de aplicação
de nutrientes, bem como à irrigação, à polinização artificial e à assistência
técnica aos produtores. Setenta por cento (70%) dos pomares pesquisados
46
apresentam produtividade inferior à média nacional da cultura. Apenas 21,0%
dos pomares pesquisados apresentam melhor produtividade média (13,50 a
16,20 t/ha) para todos os fatores analisados do sistema de produção
recomendados para a cultura do maracujazeiro-amarelo.
* Comitê Orientador: Dr. Moacir Pasqual – UFLA (Orientador), Dr. Luiz
Marcelo Antonialli (Co-Orientador) - UFLA
47
2 ABSTRACT
Penoni, Edwaldo Dos Santos. Factors of the production system that intervene
with the productivity of the yellow passion fruit, used by producers associates to
the FRUTILAVRAS. In______. Characterization of the fruit growing of the
city Lavras MG and micro-region. 2008. p. 43-66. (Master Program in Crop
Science) - Federal University of Lavras, Lavras, MG
The fruit growing in the city Lavras MG had beginning with the creation of the
Program for Development of the fruit growing in the city of the Lavras MG -
FRUTILAVRAS in 1994. In 1997 the Association of the Producers of Fruits of
the Region of Lavras MG - FRUTILAVRAS was constituted legally. With the
construction of the Hidroelectric Plant of the Funnel - UHE-FUNIL in 2002,
many country properties had been reached by waters of the dam affecting the
production and the income of the agricultural families. Study it was carried
through for a Program of Economic Reactivation, where the interest of the
producers in having to the was evidenced as option of income for its families.
Thus the culture appeared of the passion fruit as good option for the small
familiar properties. The objective of the present research was to verify which the
factors of the production system used by producers associates to the
FRUTILAVRAS, that had intervened with the productivity of yellow passion
fruit (passiflora edulis flavicarpa), by means of the personal interview with
application of questionnaires. The biggest found productivity average in the 29
searched orchards had been: 1) Fertilization of foundation (hollow) with simple
superphosphate (500 g/hole), with average productivity of 14.48 t/ha, manure of
corral with (20 liters/hole), with average productivity of 13.86 t/ha and
calcareous rock with (300 g/hole), with medium productivity of 14.48 t/ha. 2)
Fertilization of formation (covering) with 4 applications of 100g/plant of
ammonium sulphate, together with 100 g/plant of potassium chloride in intervals
of application of 30 days which had presented average productivity of 11.83 t/ha
or 4 applications of 100 g/plant of NPK 20-0-20 with intervals of 30 days the
medium productivity was of 11.89 t/ha.. 3) In the fertilization of production of
NPK 20-0-20 was become full filled 3 applications with intervals of 60 days
with 200 g/plant, presented average productivity of 12.37 t/ha. 4) In the foliar
application the average productivity was 12.72 t/ha, for 5 applications of
250g/20 liters of water of formulates commercial with interval of application of
30 days. 5) In the accomplishment of artificial pollination, irrigation and
accompaniment technician the biggest productivity had been: of 12.95 t/ha,
13.02 t/ha and 13.06 t/ha, respectively. The productivity of the yellow passion
fruit directly is related, to the number, amount and intervals of application of
nutrients, as well as the a irrigation, artificial pollination and assistance
48
technique to the producers. Seventy percent (70%) of the searched orchards
presents inferior productivity to the national average of the culture. But 21.0% of
the searched orchards better present average productivity (13,50 the 16,20 t/ha)
for all the analyzed factors of the system of production recommended for the
culture of the yellow passion fruit.
* Guidance committee: Dr. Moacir Pasqual - UFLA (Adviser), Dr. Luiz
Marcelo Antonialli (Co-Adviser) – UFLA
49
3 INTRODUÇÃO
A fruticultura no município de Lavras teve início com a criação do
Programa para Desenvolvimento da Fruticultura no Município de Lavras, MG, o
Frutilavras, em 1994. A partir daí, foram implantadas algumas espécies de
frutíferas, como figueiras pessegueiro, videira, goiabeira, atemoieira e
maracujazeiro.
Em 1997, foi constituída legalmente a Associação dos Produtores de
Frutas da Região de Lavras MG, também chamada de Frutilavras, culminando,
em dezembro de 2001, com a inauguração da agroindústria para processamento
de frutas (doces e sucos) (Abrahão et al., 2007)*.
Com a construção da Usina Hidrelétrica do Funil, em 2002, muitas
propriedades rurais dos municípios de Lavras, Perdões, Ijaci, Itumirim, Bom
Sucesso e Ibituruna foram atingidas pelas águas da represa, afetando a produção
e a renda das famílias.
A Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas
Gerais (Emater-MG) realizou um estudo para um programa de reativação
econômica, solicitado pelo consórcio da UHE-FUNIL. Neste estudo constatou-
se que os produtores que tiveram suas propriedades atingidas pelas águas tinham
interesse em ter a fruticultura como opção de renda para as suas famílias. Esse
fato já havia sido constatado pelas instituições que compõem o Programa
Frutilavras.
Um projeto foi elaborado pela Emater-MG para o plantio de 60 hectares
de maracujazeiro e, em uma primeira etapa, 35 produtores plantaram 35,0
hectares da cultura. Na seleção dos produtores, foram observadas, como
*
*ABRAHÃO, E.;
Alvarenga A. A.; Chalfun N. N. J.; Ramos J. D., Programa FRUTILAVRAS.
Documentos particulares. 1994-2007.
50
exigências do projeto, a área da propriedade remanescente, o interesse dos
produtores e a disponibilidade de mão-de-obra na propriedade (Logato, 2006).
O UHE-FUNIL participou como forma de incentivo, colocando à
disposição dos produtores toda a infra-estrutura para a implantação da cultura do
maracujazeiro, como mudas, mourões, arames e disponibilizou o valor de R$
140.000,00 para a aquisição do direito de cotas da Frutilavras, para que
pudessem comercializar sua produção. Alem da infra-estrutura, a UHE-FUNIL
disponibilizou uma gleba de terras com área de 10 hectares, em regime de
comodato e os insumos necessários para 13 famílias de trabalhadores rurais
fazerem parte da exploração.
Assim, surgiu a cultura do maracujazeiro como opção para as pequenas
propriedades, tornando-se boa alternativa de renda para os produtores que
tiveram suas propriedades atingidas pelas águas, contribuindo, dessa maneira,
para valorizar o trabalho dos agricultores familiares.
O Brasil é o maior produtor mundial de maracujá. A área evoluiu, de
33.487 ha, em 1994, para 44.462 ha, em 1996 e recuando para 35.542 ha, em
2002. No ano de 2004, a área voltou a crescer, passando para 36.576 ha,
superando a área colhida, no ano de 2003, em 4,5%. A produção em 2004, por
outro lado, foi de 491.789 t, superior, em relação a 2003, em 6.277 t. A
produção, em 2004, superou, em 20,1%, aquela observada em 1994.
Considerando-se que a área aumentou apenas 9,2%, isso indica uma evolução na
produtividade. De fato, a produtividade oscilou de 11,34 t/ha, em 1994, para
9,21 t/ha, em 1996, alcançando 13,47 t/ha, em 2002 e 13,44 t/ha, em 2004 (Lima
et. al., 2006)
Segundo censo agropecuário de 2006, realizado pelo Instituto Brasileiro
Geografia e Estatística – IBGE, a área cresceu mais ainda, passando para 43.993
ha. A produção foi de 615.036 t e a produtividade, de 13,98 t/ha, sendo uma das
51
frutíferas com maior potencial para a exploração no Brasil, tanto para o mercado
externo quanto para o mercado interno.
Em Minas Gerais, de acordo com os dados registrados em 2006 pelo
IBGE, o estado produziu 42.767 t em 3.019 ha, com produtividade de 14,16
t/ha, enquanto a microrregião de Lavras, MG (composta pelos municípios de
Lavras, Itumirim, Ijaci, Bom Sucesso e Nepomuceno) produziu 522 t em 46
ha e produtividade de 12,6 t/ha. Essa produtividade é menor que a média
nacional e mineira, sendo muito baixa quando se observa o potencial produtivo
da cultura. A inadequada utilização de práticas culturais recomendadas, entre
elas adubação, irrigação, polinização artificial e o acompanhamento técnico, tem
sido responsável pela obtenção de valores tão baixos. Das 522 t produzidas pela
microrregião de Lavras, os 29 produtores associados à Frutilavras
comercializaram 251 t da safra 2006/2007, para uma área de 25,6 ha, que
correspondeu a 55,6% da área total da microrregião (46 ha) e produtividade
média de 9,81 t/ha.
Os dados deste trabalho foram adquiridos por meio da aplicação de
questionário, que é a técnica estruturada para coleta de dados que consiste em
uma série de perguntas, escritas ou orais, que um entrevistado deve responder
(Malhotra, 2002). Segundo Parasuraman (1991), citado por Chagas (2000), um
questionário é tão somente um conjunto de questões feito para gerar os dados
necessários para se atingir os objetivos do projeto. A coleta de dados, ou
levantamento de informação, constitui fator importante para que os mesmos
sejam apresentados de forma objetiva e que os resultados possam ser elaborados,
discutidos e analisados, não deixando dúvidas na sua interpretação. Segundo
Bobbi Branfley (2002), citado por Malhotra (2002), “um bom questionário deve
conquistar o entrevistado e estimular seu interesse em dar respostas completas e
precisas. Deve alcançar esse objetivo ao mesmo tempo em que estabelece uma
52
compreensão simultânea, por todos os entrevistados, tanto das perguntas como
das respostas”.
O principal ponto fraco da elaboração de um questionário é a falta de
teoria. Como não existem princípios científicos que garantam um questionário
ótimo ou ideal, a concepção de um questionário é uma habilidade que se adquire
com a experiência. A obra The art of asking questions (A arte de perguntar), de
Stanley Paybe, publicada em 1951, ainda é um trabalho básico sobre o assunto.
O aperfeiçoamento de um questionário surge da criatividade de um pesquisador
habilidoso (Malhotra, 2002).
O objetivo da presente pesquisa foi verificar quais os fatores do sistema de
produção utilizados por produtores associados à Frutilavras que interferiram na
produtividade do maracujazeiro-amarelo (Passiflora edulis flavicarpa), por meio
da entrevista pessoal com aplicação de questionários.
4 MATERIAL E MÉTODOS
A pesquisa foi realizada de abril a junho de 2007, durante visitas a 29
propriedades rurais, com área de 25,6 ha cultivados com maracujazeiro-amarelo,
cultivar BRS Gigante Amarelo em produção. Estas propriedades estão
localizadas na microrregião de Lavras, compreendendo os municípios de Lavras,
Ijaci, Itumirim e Nepomuceno, todos localizados no sul do estado de Minas
Gerais.
A metodologia utilizada foi a entrevista pessoal, com a aplicação de
questionários contendo perguntas diretas, em que os entrevistados se
posicionaram frente a frente com o entrevistador e com o objetivo de obter
informações sobre o sistema de produção dos 29 produtores de maracujá-
amarelo que comercializaram o seu produto por meio da Frutilavras.
53
Utilizou-se o software Statistical Package for the Social Sciences (SPSS)
para a tabulação dos dados coletados e que foram analisados por meio da
estatística descritiva, “que é o processo de obtenção de informações
significativas a partir de conjuntos de números, para serem trabalhados
diretamente” (Downing & Clark, 2002). O uso deste software e dessas técnicas
estatisticas, especialmente distribuição de freqüência e médias, é discutido por
Malhotra (2002).
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
A inadequada utilização de práticas culturais recomendadas, entre elas
adubação (de fundação-cova, cobertura e foliar), irrigação, polinização artificial
e a falta de acompanhamento técnico têm sido responsáveis pela baixa
produtividade do maracujazeiro, que foi de 9,81 t/ha, para os 29 pomares
pesquisados. Esta produtividade é bem inferior às medias, nacional, mineira e da
microrregião. Em pomares bem conduzidos, a produtividade aceitável deve estar
entre 15 e 25 t/ha.
Os ciclos alternados de vegetação e de produção apresentados pelo
maracujazeiro-amarelo exigem ótimo estado nutricional das plantas em todas as
fases do processo produtivo, pois há grande demanda por energia na planta e
forte drenagem de nutrientes das folhas para os frutos em desenvolvimento,
reduzindo a intensidade vegetativa da planta (Menzel et al., 1993, citados por
Souza et al., 2003). Assim, a cultura necessita de bom planejamento de adubação
orgânica e química para que sua nutrição esteja sempre adequada.
54
5.1 Adubação de fundação ou cova
Para os solos dos municípios da microrregião de Lavras, considerando
os valores médios dos resultados de análise de solo, Ramos (2007) recomenda
adubação de plantio: 20 litros/cova de esterco de curral ou 8 litros/cova de
esterco de galinha ou 6 quilos/cova de torta de mamona; 500 gramas/cova de
superfosfato simples; 50 gramas/cova de FTE-BR-12 ou FMA-BR-12
(micronutrientes) e 200 gramas/cova de calcário dolomítico (100 gramas/cova
para cada tonelada de calcário calculada para área total). Esta adubação deve
acontecer, no mínimo, 60 dias e, preferencialmente, 90 dias antes do plantio.
Com relação à adubação de fundação (cova) dos 29 pomares
pesquisados, 28 receberam aplicação de superfosfato simples; 18, esterco de
curral e 10, calcário.
As dosagens de superfosfato simples variaram de 200 a 500
gramas/cova, o esterco de curral, de 10 a 20 litros/cova e o calcário, de 200 e
300 gramas/cova. Os tempos em que os adubos foram aplicados antes do plantio
foram de 1, 3, 30 e 60 dias.
Dos 28 pomares que receberam superfosfato simples, 21 (75,0%) foram
adubados com 200, 250 e 300 gramas/cova, os quais apresentaram as menores
produtividades médias de 7,82, 11,10 e 10,03 t/ha, respectivamente, enquanto 7
(25,0% dos pomares pesquisados) foram adubados com 500 gramas/cova, em
que se obteve a maior produtividade média de 14,48 t/ha e 1 pomar não recebeu
aplicação de superfosfato simples, sendo sua produtividade média de 5,75 t/ha.
Para os 18 pomares em que o esterco de curral foi aplicado, 10 (55,5%)
foram adubados com 20 litros/cova e apresentaram a maior produtividade média
de 13,86 t/ha. Nos 8 (44,5%) pomares que aplicaram 10 e 15 litros/cova,
verificaram-se as menores produtividades médias, de 8,93 e 11,40 t/ha,
55
respectivamente e 11 pomares não receberam aplicação de esterco de curral
(Tabela 1).
TABELA 1 Aplicação de superfosfato simples, esterco de curral e calcário na
cova, tempo de aplicação antes do plantio, produtividade média, mínima e máxima
e número de pomares pesquisados. Lavras, MG. 2008.
Aplicação de
superfosfato simples na
cova (gramas/cova)
Produtividade
média
(t/ha)
Produtividade
mínima
(t/ha)
Produtividade
máxima
(t/ha)
Nº de
pomares
pesquisados
Não aplicou 5,75 5,75 5,75 1
200,0 7,82 4,10 13,00 16
250,0 11,10 8,00 14,20 2
300,0 10,03 9,10 11,20 3
500,0 14,48 12,20 16,20 7
Aplicação de esterco
curral na cova
(litros/cova)
Não aplicou 6,45 4,10 9,10 11
10,0 8,93 5,00 12,00 3
15,0 9,65 5,75 13,00 5
20,0 13,86 11,20 16,20 10
Aplicação de calcário
na cova (gramas/cova)
Não aplicou 7,85 4,10 14,20 19
200,0 11,40 9,80 13,00 2
300,0 14,07 11,20 16,20 8
Tempo em que o adubo
foi aplicado antes do
plantio
1 dia 5,75 5,75 5,75 1
3 dias 6,32 4,10 9,10 12
30 dias 10,75 8,00 13,00 7
60 dias 14,17 12,00 16,20 9
Total 9,81 4,10 16,20 29
Em relação ao calcário na cova, dos 10 pomares que receberam
aplicação, 8 (80,0%) foram corrigidos com 300 gramas/cova, apresentando
56
produtividade média de 14,07 t/ha. Os 2 (20%) que receberam aplicação de 200
gramas/cova tiveram produtividade média de 11,40 t/ha e 19 pomares não
receberam aplicação de calcário na cova.
Com relação ao tempo em que os adubos foram aplicados antes do
plantio, 9 (31,0%) pomares registraram 60 dias e tiveram a maior produtividade
média (14,17 t/ha). Para os tempos de 1, 3 e 30 dias, foram observadas menores
produtividades (5,75; 6,32 e 10,75 respectivamente).
Verificou-se que 7 pomares (24,1%) dos 29 (100%) pesquisados
apresentaram produtividades maiores e receberam as dosagens de 500
gramas/cova de superfosfato simples, 20 litros/cova de esterco de curral e 300
gramas/cova de calcário, com o tempo de aplicação de 60 dias antes do plantio,
comprovando as recomendações citadas por Ramos (2007). Os 22 pomares
(75,9%) restantes receberam dosagens inferiores às recomendadas e as
produtividades médias foram bem inferiores (Tabela 1).
5.2 Adubação de formação ou cobertura
O maracujazeiro-amarelo responde bem à adubação, por isso é
necessário efetuar adubação de formação ou cobertura após o plantio. De acordo
com Ramos (2007), a recomendação para adubação de cobertura se faz em 3
aplicações: 1
a
aplicação – 30 dias após o plantio, 50 gramas/planta de sulfato de
amônio ou nitrocálcio e 50 gramas/planta de cloreto de potássio; 2
a
aplicação –
60 dias após o plantio, 100 gramas/planta de sulfato de amônio ou nitrocálcio e
100 gramas/planta de cloreto de potássio; 3
a
aplicação – 90 dias após o plantio,
100 gramas/planta de sulfato de amônio ou nitrocálcio e 100 gramas/planta de
cloreto de potássio.
Pelos dados da Tabela 2 verifica-se que os adubos aplicados em
cobertura (4 aplicações de 100 gramas/planta de sulfato de amônio, juntamente
57
com 100 gramas/planta de cloreto de potássio), com intervalos de aplicação de
30 dias, apresentaram maior produtividade média de 11,83 t/ha, para os 6
pomares (20,7%) que receberam este tipo de adubação.
TABELA 2 Aplicação do sulfato de amônio e cloreto de potássio em cobertura,
número de aplicações e intervalo entre aplicações interferindo na produtividade.
Aplicação de sulfato de
amônio em cobertura
Produtividade
média
(t/ha)
Produtividade
mínima
(t/ha)
Produtividade
máxima
(t/ha)
Nº de
pomares
pesquisados
Nº de
aplicações
Quant.
Aplicada
(g/planta)
Não aplicou 11,89 5,00 15,00 11
3 50 6,89 4,10 11,80 12
4 100 11,83 8,00 16,20 6
Aplicação de cloreto de
potássio em cobertura
Nº de
aplicações
Quant.
aplicada
(g/planta)
Não aplicou 9,28 4,10 15,00 23
4 100 11,83 8,00 16,20 6
Intervalo entre aplicações
de sulfato de amônio e
cloreto de potássio
Não aplicou
11,89 5,00 15,00 11
30 dias
8,54 4,10 16,20 18
Total 9,81 4,10 16,20 29
Para os 12 pomares (41,4%) que receberam apenas a dosagem de 50
gramas/planta de sulfato de amônio, em 3 aplicações, apresentaram
produtividade média bem inferior 6,89 t/ha (Tabela 2). Esta produtividade média
(6,89 t/ha) desses pomares (12) pode também ter sido afetada por não ter
recebido as recomendações feitas por Ramos (2007) para adubação de cova
(200,0 g/cova superfosfato simples aplicado 3 dias antes do plantio e a não
aplicação de esterco de curral e calcário, conforme Tabela 1).
58
Dos 29 pomares pesquisados, 11 (37,9%) não receberam aplicação de
sulfato de amônio e também de cloreto de potássio, mas receberam aplicação de
NPK 20-0-20 em cobertura. Observou-se que, com 4 aplicações de 100
gramas/planta em intervalos de 30 dias, a produtividade média foi de 11,89 t/ha,
não tendo diferença significativa entre as aplicações de sulfato de amônio
associado com cloreto de potássio e NPK 20-0-20 (Tabela 3).
TABELA 3 Produtividade em pomares que receberam NPK (20-0-20)
em cobertura.
Aplicação de NPK
(20-0-20) em cobertura
Produtividade
média
(t/ha)
Produtividade
mínima
(t/ha)
Produtividade
máxima
(t/ha)
Nº de
pomares
pesquisados
Nº de
aplicações
Quant.
aplicada
(g/planta)
Sem
aplicação
8,54 4,10 16,20 18
4 100 11,89 5,00 15,00 11
Intervalo entre aplicações
do NPK (20-0-20)
Sem aplicação 8,54 4,10 16,20 18
30 dias 11,89 5,00 15,00 11
Total 9,81 4,10 16,20 29
Apesar de a produtividade média de 11,89 t/ha ter sido maior do que a
produtividade média total de 9,81 t/ha, ainda foi baixa, podendo, provavelmente,
ter sido influenciada por outros fatores, como pouca umidade do solo por falta
de chuva ou ausência de irrigação.
5.3 Adubação de produção
A adubação deve ser realizada a partir do 2° ano de instalação do pomar
59
(2° safra). Neste período, a adubação visa atender às exigências nutricionais,
tanto para a manutenção da planta como para a exportação de nutrientes para os
frutos. A adubação deve se fundamentar nas exigências nutricionais da planta,
avaliadas pelas análises anuais de solo (Ramos et al., 2002).
Considerando os valores médios dos resultados de análise de solo dos
municípios da microrregião de Lavras, Ramos (2007) recomenda: fazer 4
aplicações de 150 gramas/planta de sulfato de amônio juntamente com 150
gramas/planta de cloreto de potássio para lavouras polinizadas manualmente, ou
100 gramas/planta de sulfato de amônio juntamente com 100 gramas/planta de
cloreto de potássio, para lavouras com polinização natural (por mamangavas),
ambas com intervalo de 60 dias entre aplicações.
Na Tabela 4 encontram-se as produtividades médias e os pomares
pesquisados, que receberam NPK (20-0-20) na produção do maracujá-amarelo.
TABELA 4 Produtividade em pomares que receberam NPK (20-0-20) na
produção.
Aplicação de NPK
20-0-20 na produção
Produtividade
média
(t/ha)
Produtividade
mínima
(t/ha)
Produtividade
máxima
(t/ha)
Nº de
pomares
pesquisados
Nº de
aplicações
Quant.
aplicada
(g/planta)
1 100 5,27 4,80 5,75 2
2 100 5,10 4,50 5,80 3
3 200 12,37 8,10 16,20 12
4 100 9,18 4,10 14,50 12
Intervalo entre aplicações
do formulado 20-0-20 na
produção
0 dias 5,27 4,80 5,75 2
30 dias 5,10 4,50 5,80 3
40 dias 9,18 4,10 14,50 12
60 dias 12,37 8,10 16,20 12
Total 9,81 4,10 16,20 29
60
O tratamento “3 aplicações com intervalos de 60 dias com 200
gramas/planta” apresentou a maior produtividade média de 12,37 t/ha, 26,1%
acima da produtividade média total de 9,81 t/ha, registrada para 12 pomares
(41,4%) dos 29 pesquisados. Por outro lado, 1, 2 e 4 aplicações com intervalos
de 0, 30 e 40 dias com 100 gramas/planta apresentaram produtividade média
inferior à produtividade média total, para outros 17 pomares (58,6%)
pesquisados, podendo, provavelmente, ter sido influenciada pelo número e
intervalo de aplicação, bem como pela umidade do solo.
5.4 Adubação foliar
Os micronutrientes são muito exigidos pelo maracujazeiro,
especialmente nos solos com menos de 2,0% de matéria orgânica, devendo-se
dar especial atenção ao zinco (Zn) e ao boro (B). O fornecimento de
micronutrientes via foliar é feito por meio de pulverizações, durante a floração e
a frutificação do maracujazeiro.
Recomenda-se fazer aplicações de sais solúveis, juntamente com uréia 5
g.L
-1
, como coadjuvante, nas seguintes concentrações: 500 a 1000 mg.L
-1
de Zn
(zinco); 300 a 700 mg.L
-1
de Mn (manganês); 200 a 300 mg.L
-1
de B (boro); 600
a 1000 mg.L
-1
de Cu (cobre); 400 a 800 mg.L
-1
de Fe (ferro) e 100 a 200 mg.L
-1
de Mo (molibdênio). As concentrações menores são recomendadas para
manutenção, enquanto as maiores devem ser empregadas quando há sintomas de
deficiências comprovadas com análise química das folhas (Quaggio & Piza
Júnior, 1998).
Fórmulas comerciais de nutrição foliar completas e balanceadas,
contendo 6% de Zn, 3% de B, 10% de S, 10% Cu, 2% de Mn e 1% de Mg, são
recomendadas em 5 aplicações de 250 gramas/20 litros de água, com intervalos
de 30 dias.
61
Pelos dados da Tabela 5, observa-se que 15 (51,7%) dos 29 pomares
pesquisados apresentaram a maior produtividade média (12,72 t/ha), quando
submetidos a 5 aplicações de 250 gramas/20 litros de água de fórmulas
comerciais com intervalo de 30 dias, comprovando a eficiência da formulação
recomendada.
TABELA 5 Produtividade em pomares que receberam micronutrientes via
foliar.
Aplicação de foliar
Produtividade
média
(t/ha)
Produtividade
mínima
(t/ha)
Produtividade
máxima
(t/ha)
Nº de
pomares
pesquisados
Nº de
aplicações
Quant.
aplicada
(g/20 litros
de água)
Sem
aplicação
6,08 4,10 12,00 5
1 200 7,05 5,75 9,10 7
1 250 6,95 5,80 8,10 2
5 250 12,72 8,00 16,20 15
Intervalo entre aplicações
de foliar
Sem aplicação 6,08 4,10 12,00 5
0 dias 7,03 5,75 9,10 9
30 dias 12,72 8,00 16,20 15
Total 9,81 4,10 16,20 29
Observa-se, também na Tabela 5, que 9 pomares (31,0%) apresentaram
produtividade média inferior à produtividade média total de 9,81 t/ha, quando
receberam 200 e 250 gramas/20 litros de água com apenas 1 aplicação e 5
pomares (17,3%) que não receberam aplicação de micronutrientes tiveram
produtividade média menor (6,08 t/ha). Assim, verificou-se que quantidades
inferiores ao recomendado e a não aplicação de micronutrientes influenciaram
em muito a produtividade média dos pomares pesquisados.
62
5.5 Polinização, irrigação e acompanhamento técnico
Além do estado nutricional, a irrigação no maracujazeiro promove ótimo
desenvolvimento das plantas, aumenta a produtividade e permite a obtenção de
produção de forma contínua e uniforme, com frutos de boa qualidade. A
irrigação por gotejamento é a mais adequada para a cultura, no entanto, segundo
Ruggiero et al., (1998), citados por Souza et al., (2003), independentemente do
método ou do sistema de irrigação utilizado, cuidados devem ser tomados para
não permitir que as plantas sejam submetidas a estresse hídrico e nem excesso
de umidade.
A planta do maracujazeiro-azedo é auto-incompatível, sendo, então,
dependente da polinização cruzada (pólen de flores de outras plantas de
maracujazeiro-azedo) para o desenvolvimento do fruto. Entre os insetos que
visitam as flores do maracujazeiro-azedo, a mamangava (Xylocopa spp.) é o
mais importante agente polinizador. Dessa forma, devem-se proporcionar
condições locais para estimular a sua multiplicação e atrativos para aumentar a
sua visitação nas proximidades das plantas, como colocação de madeiras moles
ou tocos de árvores, que são materiais onde, habitualmente, fazem seus ninhos.
Deve-se ainda proceder ao plantio de espécies vegetais que produzam flores, a
exemplo de manjericão, girassol e crotalária (Ramos et al., 2002).
Devido ao fato de a polinização ser inteiramente dependente dos agentes
polinizadores, sua eficiência pode comprometer a frutificação e,
conseqüentemente, a produtividade das lavouras. A polinização artificial
aumenta o percentual de frutificação, quando comparada à polinização feita por
insetos. Sempre que houver carência de mamangavas, nos picos de
florescimento e em plantações muito extensas, a polinização artificial deve ser
realizada manualmente (Ramos et al., 2002). São necessárias 2 ou 3 pessoas para
polinizar 1 hectare de pomar.
63
Em relação à assistência técnica, é importante ressaltar que a cultura do
maracujazeiro, na maioria dos casos, não faz parte dos currículos de escolas de
ciências agrárias do país. A conseqüência é que os profissionais que hoje
trabalham com assistência técnica carecem de conhecimentos sobre a cultura
(Fundo..., 2007).
Na Tabela 6 relacionam-se três importantes fatores do sistema de
produção: polinização artificial, irrigação e acompanhamento técnico,
influenciando a produtividade do maracujazeiro amarelo. Verifica-se que 12
pomares que receberam polinização artificial (41,4% dos 29 pesquisados)
tiveram produtividade média de 12,95 t/ha, 70,4% maior que a produtividade
média (7,60 t/ha) dos 17 (58,6%) pomares que não receberam polinização
artificial.
TABELA 6 Produtividade do maracujazeiro-amarelo na presença e na ausência
de polinização artificial, irrigação e acompanhamento técnico.
Polinização artificial
Produtividade
média
(t/ha)
Produtividade
mínima
(t/ha)
Produtividade
máxima
(t/ha)
Nº de
pomares
pesquisados
Sim 12,95 9,80 16,20 12
Não 7,60 4,10 15,00 17
Irrigação
Sim 13,02 9,80 16,20 9
Não 8,37 4,10 15,00 20
Acompanhamento
técnico
Sim 13,06 9,80 16,20 11
Não 7,82 4,10 15,00 18
Total 9,81 4,10 16,20 29
Dos 29 pomares, apenas 9 (31,0%) foram irrigados e apresentaram
produtividade de 13,02 t/ha. Os 20 pomares (69,0%) que não receberam
irrigação apresentaram produtividade média inferior à produtividade média total
64
(9,81 t/ha). Apenas 11 pomares (38,0%) receberam acompanhamento técnico e
sua produtividade média foi de 13,06 t/ha, enquanto os 18 pomares (62,0%) que
não foram tecnicamente acompanhados apresentou produtividade média de 7,82
t/ha, inferior à produtividade média total da cultura.
Pode-se verificar a importância destes fatores do sistema de produção
quando se comparam os pomares que receberam polinização artificial, irrigação
e foram acompanhados tecnicamente com os que não receberam, tendo a
produtividade média sido, aproximadamente, 50% menor.
6 CONCLUSÕES
A produtividade do maracujazeiro-amarelo é diretamente relacionada ao
número, à quantidade e aos intervalos de aplicação de nutrientes, bem como à
irrigação, à polinização artificial e à assistência técnica aos produtores.
Setenta por cento (70%) dos pomares pesquisados apresentam
produtividade inferior à média nacional da cultura.
Apenas 6 (21,0%) dos pomares pesquisados apresentam melhor
produtividade média (13,50 a 16,20 t/ha) para todos os fatores analisados do
sistema de produção recomendados para a cultura do maracujazeiro-amarelo.
65
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