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barbeiro judeu são confundidos por sua semelhança física. Nesse momento, Chaplin faz
um discurso antinazista e conscientizador, que causou muita polêmica na época. É o
primeiro filme falado de Chaplin. Hynkel usa muito a fala (em seus discursos fala, fala e
não diz nada), já o barbeiro judeu fala, mas ainda usa muito a pantomima. Por
curiosidade, algumas das melhores cenas do filme são mudas. Com medo de que o filme
pudesse causar polêmica antes mesmo de ser lançado, Chaplin resolveu ouvir as
opiniões de alguns membros da United Artists; mas parece que a única opinião que de
fato ouviu foi a do roteirista Garson Kanin, que disse que se em certa época, o pior vilão
e o maior comediante conhecidos se parecem, não se deveria pensar no assunto. Seria
inevitável o lançamento do filme. Lembre-se que desde 1937, Hitler já havia proibido a
exibição dos filmes de Chaplin na Alemanha.
Chaplin passou dois anos estudando a vida de Hitler e segundo seu filho, quando
assistia filmes em que o ditador agradava crianças ou visitava doentes no hospital,
ficava indignado, dizia que Hitler era o maior comediante que ele já havia visto. Depois
de pronto, o filme gerou muita polêmica, por seu discurso final
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(antinazista), pelo qual
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O discurso final do filme "O Grande Ditador"
"Todos nós desejamos ajudar uns aos outros. Os seres humanos são assim. Desejamos viver para
a felicidade do próximo - não para o seu infortúnio. Por que havemos de odiar e desprezar uns aos outros?
Neste mundo há espaço para todos. A terra, que é boa e rica, pode prover a todas as nossas necessidades.
O caminho da vida pode ser o da liberdade e da beleza, porém nos extraviamos. A cobiça envenenou a
alma dos homens, levantou no mundo as muralhas do ódio e tem-nos feito marchar a passo de ganso para
a miséria e os morticínios. Criamos a época da velocidade, mas nos sentimos enclausurados dentro dela.
A máquina, que produz abundância, tem-nos deixado em penúria. Nossos conhecimentos fizeram-nos
céticos; nossa inteligência, empedernidos e cruéis. Pensamos em demasia e sentimos bem pouco. Mais do
que de máquinas, precisamos de humanidade. Mais do que de inteligência, precisamos de afeição e
doçura. Sem essas virtudes, a vida será de violência e tudo será perdido.
A aviação e o rádio nos aproximou. A própria natureza dessas coisas é um apelo eloqüente à
bondade do homem, um apelo à fraternidade universal, a união de todos nós. Neste mesmo instante a
minha voz chega a milhares de pessoas pelo mundo afora. Milhões de desesperados: homens, mulheres,
criancinhas, vítimas de um sistema que tortura seres humanos e encarcera inocentes. Aos que podem me
ouvir eu digo: não desespereis! A desgraça que tem caído sobre nós não é mais do que o produto da
cobiça em agonia, da amargura de homens que temem o avanço do progresso humano. Os homens que
odeiam desaparecerão, os ditadores sucumbem e o poder que do povo arrebataram há de retornar ao povo.
E assim, enquanto morrem homens, a liberdade nunca perecerá.
Soldados! Não vos entregueis a esses brutais, que vos desprezam, que vos escravizam, que
arregimentam vossas vidas, que ditam os vossos atos, as vossas idéias e os vossos sentimentos. Que vos
fazem marchar no mesmo passo, que vos submetem a uma alimentação regrada, que vos tratam como
gado humano e que vos utilizam como bucha de canhão. Não sois máquina. Homens é que sois. E com o
amor da humanidade em vossas almas. Não odieis. Só odeiam os que não se fazem amar, os que não se
fazem amar e os inumanos.
Soldados! Não batalheis pela escravidão. Lutai pela liberdade. No décimo sétimo capítulo de São
Lucas está escrito que o reino de Deus está dentro do homem - não de um só homem ou grupo de homens,
mas de todos os homens. Está em vós. Vós, o povo, tendes o poder - o poder de criar máquinas; o poder
de criar felicidade. Vós o povo tendes o poder de tornar esta vida livre e bela, de fazê-la uma aventura
maravilhosa. Portanto - em nome da democracia - usemos desse poder, unamo-nos todos nós. Lutemos