das ruas, os espaços públicos e os quarteirões definem e estabelecem os primeiros sinais
da consolidação urbana: havia uma praça e dois largos (1858: 2 largos), 7 ruas (1858:
4), e 3 travessas (1858: 4)-
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. A abordagem descrita por Raul Ribeiro, nos evoca a uma
imagem urbana da vila bem típica da época, em 1870:
existe a Alfândega, mas ainda não temos cais do Estado e por isso o
nosso desembarque se efetuava no chamado cais do sul da Companhia
Miller. Dobra à direita, passa aqui pela frente da Alfândega e aqui tens
tu a linda Praça D. Luiz, que a política local da época, há quarenta e
cinco anos, sacrificou ao estabelecimento do depósito de carvão da
Companhia São Vicente. Diz-se que esta praça era uma paródia ao
Terreiro da Paco, de Lisboa.
Banhada a Oeste pela praia, tem por fundo a Rua dos Navegantes,
crismada mais tarde de Rua D. Carlos, de Lisboa e ultimamente de
Roberto Duarte Silva (...). A Praça tem por limites: a Norte, a fachada
lateral da Alfândega e a Sul umas casas Cory, atualmente sede da
firma Millers & Corys.
Nesta mesma praça, no local onde atualmente estão os escritórios da
Companhia São Vicente, existia um prédio onde funcionavam a
Administração, a Repartição de Fazenda, o Correio e a Capitania.
O centro principal da povoação pode delimitar-se pelo mar a ocidente,
estendendo-se ao Norte à casa do sr. Jorge Rendall, há meses
demolida, e a Sul até a Salina. Atrás da Alfândega está o Mercado
Público, absorvido mais tarde pelos armazéns reais (...), o aspecto
orográfico do povoado veio modificando-se com a urbanização e
atualmente vemos incrustadas nas ruas casas que noutros tempos
ficavam isoladas em planos mais elevados.
O centro comercial é nas lojas indicadas, mas, mais para baixo da
Praça, antes de chegar à Salina, encontramos o primitivo quartel, (...).
para trás, no alto, onde estão as Ruas do Douro, do Minho etc, era a
aldeia de Craca, um pequeno aglomerado de casinhas cobertas de
colmo” (Jornal “Notícias de Cabo Verde”, 1938).
A população continuava a crescer de tal forma, que em 1866 já se contava com
1308 pessoas. Não sendo tão expressivo em termos numéricos, reflete-se
substancialmente na estrutura urbana. Foram construídas um número de 327 fogos em
relação aos 170 existente em 1858, “ as casas altas eram 23 e mais 3 em construção;
casas abarracadas 158 e palhotas 32 (em 1858: 11, respectivamente 168, incluindo
palhotas)-
17
.
16
- Linhas Gerais da Historia do Desenvolvimento Urbano da Cidade do Mindelo, 1984: 33.
17
- Boletim Oficial, 1866:14.