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ITAMAR SZUVOVIVSKI
ALOCAÇÃO SIMULTÂNEA DE BANCOS DE CAPACITORES
E REGULADORES DE TENSÃO EM SISTEMAS DE
DISTRIBUIÇÃO USANDO ALGORITMOS GENÉTICOS E
FLUXO DE POTÊNCIA ÓTIMO
CURITIBA
2008
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ITAMAR SZUVOVIVSKI
ALOCAÇÃO SIMULTÂNEA DE BANCOS DE CAPACITORES
E REGULADORES DE TENSÃO EM SISTEMAS DE
DISTRIBUIÇÃO USANDO ALGORITMOS GENÉTICOS E
FLUXO DE POTÊNCIA ÓTIMO
Dissertação apresentada como
requisito parcial à obtenção do grau
de Mestre em Engenharia Elétrica,
Programa de Pós-Graduação em
Engenharia Elétrica PPGEE,
Departamento de Engenharia
Elétrica, Setor de Tecnologia,
Universidade Federal do Paraná.
Orientadora: Prof.
a
Dr.
a
Thelma
Solange Piazza Fernandes
Co-orientador: Prof. Dr. Alexandre
Rasi Aoki
CURITIBA
2008
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ii
ALOCAÇÃO SIMULTÂNEA DE BANCOS DE CAPACITORES
E REGULADORES DE TENSÃO EM SISTEMAS DE
DISTRIBUIÇÃO USANDO ALGORITMOS GENÉTICOS E
FLUXO DE POTÊNCIA ÓTIMO
ITAMAR SZUVOVIVSKI
Dissertação aprovada como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre
no Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica da Universidade
Federal do Paraná.
_____________________________________________________
Prof.ª Thelma Solange Piazza Fernandes, Dr.ª
Orientadora
_____________________________________________________
Prof. Wilson Arnaldo Artuzi Junior, Ph.D
Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Elétrica
Banca Examinadora
_____________________________________________________
Prof.ª Thelma Solange Piazza Fernandes, Dr.ª (UFPR)
Presidente
_____________________________________________________
Prof.ª Leandro dos Santos Coelho, Dr. (PUC-PR)
_____________________________________________________
Prof.ª Elizete Maria Lourenço, Dr.ª (UFPR)
_____________________________________________________
Prof.
o
Alexandre Rasi Aoki, Dr. (UFPR-LACTEC)
Co-Orientador
Curitiba, 26 de março de 2008.
iii
DEDICATÓRIA
DEDICO ESTE TRABALHO À MINHA FAMÍLIA, EM ESPECIAL À MINHA
ESPOSA, FERNANDA, E ÀS MINHAS FILHAS, MARCELA E MIRELA, PELO
AMOR, INCENTIVO E CARINHO A MIM DISPENSADOS DURANTE A
REALIZAÇÃO DO MESMO E PELA COMPREENSÃO NOS MOMENTOS
AUSENTES.
iv
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus acima de tudo, pois foi através de sua benção e ensinamentos que
pude superar os momentos difíceis...
À Prof.ª Dr.ª Thelma Solange Piazza Fernandes meus sinceros agradecimentos pelos
ensinamentos, apoio, paciência e colaboração durante esta convivência profissional,
mas, acima de tudo, pela amizade e confiança dispensada, que, com toda certeza,
estão além da conclusão do curso de mestrado.
Ao amigo e Prof. Dr. Alexandre Rasi Aoki meus profundos agradecimentos pelos
conselhos e orientações, mas, principalmente, pelo incentivo dado constantemente
para que eu buscasse sempre uma melhor qualificação profissional.
À minha família, mãe e irmãos, pelo apoio, incentivo e compreensão dos momentos
ausentes...
Ao LACTEC por viabilizar a minha participação no curso de mestrado e pelo apoio
financeiro.
v
SUMÁRIO
LISTA DE TABELAS............................................................................................................XI
LISTA DE FIGURAS ..........................................................................................................XIII
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS............................................................................ XVI
LISTA DE SÍMBOLOS E VARIÁVEIS ............................................................................. XVIII
RESUMO......................................................................................................................... XXIII
ABSTRACT..................................................................................................................... XXIV
CAPÍTULO 1 - PROPOSTA .................................................................................................. 1
1.1 INTRODUÇÃO...............................................................................................................................1
1.2 JUSTIFICATIVA ............................................................................................................................2
1.3 MOTIVAÇÃO.................................................................................................................................3
1.4 OBJETIVOS....................................................................................................................................4
1.5 ORGANIZAÇÃO DA DISSERTAÇÃO.........................................................................................5
CAPÍTULO 2 - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ......................................................................... 6
2.1 INTRODUÇÃO...............................................................................................................................6
2.2 ESTADO DA ARTE .......................................................................................................................7
2.3 OTIMIZAÇÃO MULTI-OBJETIVO............................................................................................13
2.4 FLUXOS DE POTÊNCIA EM REDES DE DISTRIBUIÇÃO.....................................................14
2.5 CONSIDERAÇÕES FINAIS DO CAPÍTULO.............................................................................17
CAPÍTULO 3 - ALGORITMOS GENÉTICOS....................................................................... 18
3.1 INTRODUÇÃO.............................................................................................................................18
3.2 TERMINOLOGIA.........................................................................................................................20
3.3 CARACTERÍSTICAS GERAIS ...................................................................................................21
3.4 ESTRUTURA BÁSICA DE UM AG............................................................................................22
3.5 OPERADORES GENÉTICOS......................................................................................................24
3.5.1 Seleção...................................................................................................................................24
vi
3.5.1.1 Elitismo........................................................................................................................25
3.5.1.2 Roleta...........................................................................................................................26
3.5.1.3 Torneio.........................................................................................................................27
3.5.1.4 Amostragem Universal Estocástica.............................................................................28
3.5.2 Cruzamento............................................................................................................................28
3.5.2.1 Cruzamento com 1 Ponto de Corte..............................................................................29
3.5.2.2 Cruzamento com 2 Pontos de Corte ............................................................................30
3.5.2.3 Cruzamento Disperso ..................................................................................................30
3.5.2.4 Cruzamento Uniforme..................................................................................................31
3.5.3 Mutação.................................................................................................................................32
3.6 CONSIDERAÇÕES FINAIS DO CAPÍTULO.............................................................................32
CAPÍTULO 4 - REGULAÇÃO DE TENSÃO........................................................................ 33
4.1 INTRODUÇÃO.............................................................................................................................33
4.1.1 Resolução N° 505 da ANEEL ...............................................................................................34
4.1.1.1 Níveis de Tensão ..........................................................................................................34
4.1.1.2 Indicadores que Quantificam a Violação dos Limites de Tensão................................35
4.2 BANCO DE CAPACITORES.......................................................................................................37
4.2.1 Resolução N° 456 da ANEEL ...............................................................................................37
4.2.2 Aplicação de BCs em Sistemas de Distribuição....................................................................38
4.2.3 Metodologia Usada pelas Concessionárias............................................................................39
4.2.4 Configuração da Montagem ..................................................................................................42
4.2.5 Tipos e Operação de BCs ......................................................................................................44
4.2.5.1 Sensor de Tempo..........................................................................................................45
4.2.5.2 Sensor de Tensão .........................................................................................................46
4.2.5.3 Sensor de Corrente ......................................................................................................47
4.2.6 Elevação de Tensão Causada pela Instalação dos BCs .........................................................48
4.2.6.1 Ajuste da Tensão..........................................................................................................48
vii
4.2.7 Corrente de Inrush.................................................................................................................50
4.2.8 Regras Práticas para a Instalação de BC................................................................................50
4.3 REGULADOR DE TENSÃO........................................................................................................52
4.3.1 Tipos de RT...........................................................................................................................52
4.3.2 Princípio de Funcionamento..................................................................................................53
4.3.3 Partes Principais e Finalidade................................................................................................58
4.3.4 Operação do RT.....................................................................................................................59
4.3.4.1 Nível de Tensão............................................................................................................61
4.3.4.2 Largura de Banda........................................................................................................62
4.3.4.3 Temporização...............................................................................................................62
4.3.4.4 Line-Drop Compensator – LDC ..................................................................................63
4.3.5 Operação de RTs em Cascata................................................................................................64
4.3.6 Inversão do Fluxo de Potência...............................................................................................66
4.3.7 Configuração da Montagem ..................................................................................................69
4.3.8 Capacidade de Carga .............................................................................................................73
4.3.9 Colocação de RTs em Paralelo..............................................................................................76
4.4 PERFIL DE TENSÃO EM SISTEMAS DE DISTRIBUIÇÃO ....................................................77
4.4.1 Com Banco de Capacitores....................................................................................................79
4.4.2 Com Regulador de Tensão ....................................................................................................79
4.4.3 Com Banco de Capacitores e Regulador de Tensão..............................................................81
4.5 CONSIDERAÇÕES FINAIS DO CAPÍTULO.............................................................................82
CAPÍTULO 5 - METODOLOGIA.......................................................................................... 84
5.1 INTRODUÇÃO.............................................................................................................................84
5.2 SIMULAÇÃO SEM ALOCAÇÃO ...............................................................................................85
5.3 SIMULAÇÃO COM ALOCAÇÃO ..............................................................................................85
5.3.1 Definição das Condições de Simulação com Alocação.........................................................87
5.3.2 Dados da Carga e da Tensão na Barra da Subestação ...........................................................89
viii
5.3.3 Formulação Matemática da Função Objetivo........................................................................90
5.3.3.1 Custo das Perdas de Potência Ativa............................................................................91
5.3.3.2 Custo das Violações dos Limites de Tensão ................................................................92
5.3.3.3 Custo das Violações das Quedas de Tensão................................................................94
5.3.3.4 Custo dos Bancos de Capacitores................................................................................95
5.3.3.5 Custo dos Reguladores de Tensão...............................................................................97
5.3.4 Codificação do Indivíduo ......................................................................................................98
5.3.4.1 Codificação para RTs ..................................................................................................99
5.3.4.2 Codificação para BCs................................................................................................100
5.3.4.3 Exemplo de Codificação ............................................................................................102
5.3.5 Memória ..............................................................................................................................103
5.3.6 Parâmetros dos AG..............................................................................................................104
5.3.7 Inserção da Impedância do RT............................................................................................105
5.3.8 Ajuste do Tap do RT ...........................................................................................................106
5.3.9 Formulação do FPO.............................................................................................................107
5.4 VALIDAÇÃO DA METODOLOGIA DE ALOCAÇÃO...........................................................109
5.5 CONSIDERAÇÕES FINAIS DO CAPÍTULO...........................................................................111
CAPÍTULO 6 - RESULTADOS.......................................................................................... 112
6.1 INTRODUÇÃO...........................................................................................................................112
6.2 SISTEMA DE 11 BARRAS........................................................................................................114
6.2.1 Problemas no Sistema de 11 Barras ....................................................................................114
6.2.2 Resultados com a Alocação de BCs e/ou RTs.....................................................................115
6.2.2.1 Alocação Exclusiva de BCs .......................................................................................115
6.2.2.2 Alocação Exclusiva de RTs........................................................................................117
6.2.2.3 Alocação Simultânea de BCs e RTs...........................................................................119
6.2.2.4 Comparação dos Resultados......................................................................................121
6.3 SISTEMA DE 70 BARRAS........................................................................................................122
ix
6.3.1 Problemas no Sistema de 70 Barras ....................................................................................124
6.3.2 Resultados com a Alocação de BCs e/ou RTs.....................................................................124
6.3.2.1 Alocação Exclusiva de BCs .......................................................................................125
6.3.2.2 Alocação Exclusiva de RTs........................................................................................127
6.3.2.3 Alocação Simultânea de BCs e RTs...........................................................................129
6.3.2.4 Comparação dos Resultados......................................................................................131
6.3.3 Resultados para Variação das Opções de Alocação Exclusiva de RTs...............................132
6.3.3.1 Soluções Obtidas........................................................................................................133
6.3.3.2 Problemas de Violação de Tensão.............................................................................134
6.3.3.3 Problemas de Queda de Tensão ................................................................................134
6.3.3.4 Comparação dos Resultados......................................................................................135
6.3.4 Resultados para Variação das Opções de Alocação Exclusiva de BCs...............................137
6.3.4.1 Soluções Obtidas........................................................................................................138
6.3.4.2 Problemas de Violação de Tensão.............................................................................139
6.3.4.3 Problemas de Queda de Tensão ................................................................................140
6.3.4.4 Comparação dos Resultados......................................................................................141
6.4 DESEMPENHO DA METODOLOGIA .....................................................................................142
6.5 VALIDAÇÃO DOS RESULTADOS..........................................................................................144
6.5.1 Alocação Exclusiva de BCs.................................................................................................145
6.5.2 Alocação Exclusiva de RTs.................................................................................................146
6.5.3 Alocação Simultânea de BCs e RTs....................................................................................147
6.6 ANÁLISE DO UNIVERSO DE INDIVÍDUOS E SOLUÇÕES ................................................148
6.7 CONSIDERAÇÕES FINAIS DO CAPÍTULO...........................................................................149
CAPÍTULO 7 - CONCLUSÕES ......................................................................................... 151
7.1 CONCLUSÕES...........................................................................................................................151
7.2 SUGESTÕES DE TRABALHOS FUTUROS ............................................................................152
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.................................................................................. 154
x
APÊNDICE A - FLUXOS DE POTÊNCIA.......................................................................... 160
APÊNDICE B - FORMULAÇÃO DO FPO VIA MPDPI ...................................................... 169
APÊNDICE C - MODELAGEM DE TAPS DE RTS............................................................ 178
APÊNDICE D - DADOS DOS SISTEMAS......................................................................... 180
xi
LISTA DE TABELAS
Tabela 3.1 – Terminologia Versus Conceito da Computação................................................................20
Tabela 3.2 – Exemplo de População com Seus Indivíduos e Aptidões..................................................25
Tabela 4.1 – Tensões Nominais Padronizadas entre 1 e 69 KV.............................................................34
Tabela 4.2 – Nomenclatura das Buchas Conforme ANSI e ABNT .......................................................69
Tabela 4.3 – Capacidade de Ganho de Carga.........................................................................................74
Tabela 5.1 – Condições e Opções de Uma Simulação com Alocação...................................................88
Tabela 5.2 – Número de Horas para Cada Condição de Carga..............................................................89
Tabela 5.3 – Número de Dias em um Ano para Cada Tipo de Dia........................................................89
Tabela 5.4 – Porcentagem da Carga Total para Cada Condição de Carga.............................................90
Tabela 5.5 – Tensão na Barra Inicial para Cada Condição de Carga.....................................................90
Tabela 5.6 – Regras para Obtenção das Violações dos Limites de Tensão ...........................................93
Tabela 5.7 – Tamanhos e Preços dos BCs Fixos e Automáticos Usados...............................................96
Tabela 5.8 – Correntes Nominais e Preços dos RTs de 13,8 kV Usados...............................................97
Tabela 5.9 – Codificação do Tamanho dos BCs ..................................................................................101
Tabela 5.10 – Exemplo de Decodificação de um Indivíduo ................................................................103
Tabela 5.11 – Configuração dos AG....................................................................................................104
Tabela 6.1 – Opções de Simulação e Índices de Ponderação Usados..................................................112
Tabela 6.2 – Índices de Ponderação da FO Usados nas Simulações....................................................113
Tabela 6.3 – Problemas de Violação e Queda de Tensão no Sistema de 11 Barras.............................114
Tabela 6.4 – Solução com BCs para Alocação Exclusiva – 11 Barras ................................................115
Tabela 6.5 – Solução com RTs para Alocação Exclusiva – 11 Barras.................................................117
Tabela 6.6 – Solução com BCs para Alocação Simultânea – 11 Barras..............................................120
Tabela 6.7 – Custos e Valor da FO sem e com Alocação – 11 Barras.................................................121
Tabela 6.8 – Problemas de Violação e Queda de Tensão no Sistema de 70 Barras.............................124
Tabela 6.9 – Solução com BCs para Alocação Exclusiva – 70 Barras ................................................125
xii
Tabela 6.10 – Solução com RTs para Alocação Exclusiva – 70 Barras...............................................127
Tabela 6.11 – Solução com BCs para Alocação Simultânea – 70 Barras............................................129
Tabela 6.12 – Solução com RTs para Alocação Simultânea – 70 Barras ............................................129
Tabela 6.13 – Custos e Valor da FO sem e com Alocação – 70 Barras...............................................131
Tabela 6.14 – Soluções para as Combinações de Alocação Exclusiva de RTs....................................133
Tabela 6.15 – Custos e Valor da FO para Alocação Exclusiva de RTs ...............................................136
Tabela 6.16 – Soluções para as Combinações de Alocação Exclusiva de BCs....................................138
Tabela 6.17 – Tensões Menores que 0,93 pu sem e com Alocação de BCs ........................................139
Tabela 6.18 – Quedas de Tensão Maiores que 4% sem e com Alocação de BCs................................140
Tabela 6.19 – Custos e Valor da FO para Alocação Exclusiva de BCs...............................................141
Tabela 6.20 – Desempenho da Metodologia para o Sistema de 70 Barras ..........................................143
Tabela 6.21 – Desempenho da Metodologia para o Sistema de 11 Barras ..........................................144
Tabela 6.22 – Soluções para a Validação Exclusiva de BCs ...............................................................145
Tabela 6.23 – Custos e Valor da FO para Validação Exclusiva de BCs..............................................146
Tabela 6.24 – Soluções para a Validação Exclusiva de RTs................................................................146
Tabela 6.25 – Custos e Valor da FO para Validação Exclusiva de RTs ..............................................147
Tabela 6.26 – Soluções para a Validação Simultânea de RTs e BCS..................................................148
Tabela 6.27 – Universo de Indivíduos e de Soluções Diferentes.........................................................149
xiii
LISTA DE FIGURAS
Figura 3.1 – Fluxograma Básico de um AG...........................................................................................23
Figura 3.2 – Método da Roleta...............................................................................................................26
Figura 3.3 – Método de Torneio.............................................................................................................27
Figura 3.4 – Método da Amostragem Universal Estocástica .................................................................28
Figura 3.5 – Cruzamento em 1 Ponto.....................................................................................................29
Figura 3.6 – Cruzamento em 2 Pontos ...................................................................................................30
Figura 3.7 – Cruzamento Disperso.........................................................................................................31
Figura 3.8 – Cruzamento Uniforme .......................................................................................................31
Figura 3.9 – Mutação .............................................................................................................................32
Figura 4.1 – Tensões Nominais Padronizadas entre 1 e 69 KV.............................................................35
Figura 4.2 – Fluxo de Reativos com e sem BCs ....................................................................................41
Figura 4.3 – Dispositivo de Tempo........................................................................................................46
Figura 4.4 – Curva de Operação do Sensor Tempo-Tensão...................................................................47
Figura 4.5 – Ligação para Redução de Tensão ......................................................................................54
Figura 4.6 – Ligação para Elevação de Tensão......................................................................................55
Figura 4.7 – Chave Inversora Inserida no Circuito do RT.....................................................................55
Figura 4.8 – Reator de Comutação Inserido no Circuito do RT.............................................................56
Figura 4.9 – Operação do Reator de Comutação....................................................................................57
Figura 4.10 – Operação do Regulador de Tensão ..................................................................................60
Figura 4.11 – Circuito do Line-Drop Compensation .............................................................................64
Figura 4.12 – Ajustes Adequados de Temporização para RTs em Cascata...........................................65
Figura 4.13 – Ajustes Inadequados de Temporização para RTs em Cascata.........................................66
Figura 4.14 – Exemplo de Diagrama com Fluxo Reversível .................................................................67
Figura 4.15 – Diagrama Simplificado da Ligação do RT na Linha .......................................................67
Figura 4.16 – Conexão Monofásica do RT ............................................................................................70
xiv
Figura 4.17 – Conexão em Delta Aberto de RTs ...................................................................................70
Figura 4.18 – Conexão em Delta Fechado de RTs.................................................................................71
Figura 4.19 – Conexão em Estrela de RTs.............................................................................................72
Figura 4.20 – Aumento de Carga Obtido pelo Aumento da Faixa de Regulação ..................................75
Figura 4.21 – Reguladores de Tensão Colocados em Paralelo ..............................................................76
Figura 4.22 – Perfil da Tensão para Vários Tipos de Carga em um Alimentador .................................78
Figura 4.23 – Perfil da Tensão para Um BC à 1/3 do Final da Linha....................................................79
Figura 4.24 – Perfil da Tensão para Um BC no Final da Linha.............................................................79
Figura 4.25 – Perfil da Tensão com Um RT em 30% do Incídio da Linha............................................80
Figura 4.26 – Perfil da Tensão com Dois RTs em 20% e 50% do Início da Linha................................80
Figura 4.27 – Perfil da Tensão para Um Capacitor e Um RT................................................................81
Figura 4.28 – Perfil da Tensão para Um Capacitor e Dois RTs.............................................................82
Figura 5.1 – Fluxograma da Metodologia Geral....................................................................................84
Figura 5.2 – Fluxograma de uma Simulação sem Alocação..................................................................85
Figura 5.3 – Fluxograma de uma Simulação com Alocação..................................................................86
Figura 5.4 – Codificação Geral de um Indivíduo...................................................................................98
Figura 5.5 – Decodificação da Linha para Um RT ................................................................................99
Figura 5.6 – Decodificação da Barra para Um BC...............................................................................101
Figura 5.7 – Exemplo de Decodificação de Um Indivíduo..................................................................102
Figura 5.8 – Fluxograma da Validaçao da Metodologia de Alocação .................................................109
Figura 5.9 – Fluxograma da Criação da População com Todos os Indivíduos ....................................110
Figura 6.1 – Sistema de 11 Barras........................................................................................................114
Figura 6.2 – Tensão nas Barras sem e com BCs – Dia Útil – C. Pesada – 11 Barras .........................116
Figura 6.3 – Queda de Tensão sem e com BCs – Sábado – C. Pesada – 11 Barras.............................116
Figura 6.4 – Queda de Tensão sem e com BCs – Dia Útil – C. Pesada – 11 Barras...........................117
Figura 6.5 – Tensão nas Barras sem e com RTs – Dia Útil – C. Pesada – 11 Barras .........................118
Figura 6.6 – Queda de Tensão sem e com RTs – Dia Útil – C. Pesada – 11 Barras...........................119
xv
Figura 6.7 – Sistema de 70 Barras........................................................................................................123
Figura 6.8 – Tensão nas Barras sem e com BCs – Dia Útil – C. Média – 70 Barras..........................125
Figura 6.9 – Tensão nas Barras sem e com BCs – Dia Útil – C. Pesada – 70 Barras .........................126
Figura 6.10 – Queda de Tensão sem e com BCs – Dia Útil – C. Média – 70 Barras..........................126
Figura 6.11 – Queda de Tensão sem e com BCs – Dia Útil – C. Pesada – 70 Barras.........................127
Figura 6.12 – Tensão nas Barras sem e com RTs – Dia Útil – C. Pesada – 70 Barras .......................128
Figura 6.13 – Queda de Tensão sem e com RTs – Dia Útil – C. Pesada – 70 Barras.........................129
Figura 6.14 – Tensão nas Barras sem e com BCs e RTs – Dia Útil – C. Pesada ................................130
Figura 6.15 – Queda de Tensão sem e com BCs e RTs – Dia Útil – C. Pesada..................................130
Figura 6.16 – Problemas de Violação do Limite Inferior de Tensão ...................................................134
Figura 6.17 – Problema de Queda de Tensão Superior a 4%...............................................................135
xvi
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas
AG Algoritmos Genéticos
ANEEL Agência Nacional de Energia Elétrica
ANSI American National Standards Institute
BC Banco de Capacitores
CEB Companhia Energética de Brasília
COPEL Companhia Paranaense de Energia Elétrica
DRC Duração Relativa da Transgressão de Tensão Crítica
DRP Duração Relativa da Transgressão de Tensão Precária
DRCM Duração Relativa da Transgressão Máxima de Tensão Crítica
DRPM Duração Relativa da Transgressão Máxima de Tensão Precária
FPO Fluxo de Potência Ótimo
ICC Índice de Unidades Consumidoras com Tensão Crítica
IEEE Institute of Electrical and Electronics Engineers
FO Função Objetivo
FP Fluxo de Potência
MPDPI – Método Primal-Dual de Pontos Interiores
NBR Norma Brasileira
P Potência Ativa
PQ Barra de Carga
PV Barra de Tensão Controlada
Q Potência Reativa
RT Regulador de Tensão
SDC Soma das Correntes
SDP Soma das Potências
SE Subestação
xvii
TA Tensão de Atendimento
TC Transformador de Corrente
TCO Tensão Contratada
TL Tensão de Leitura
TN Tensão Nominal
TP Transformador de Potencial
Vθ Barra de Referência
xviii
LISTA DE SÍMBOLOS E VARIÁVEIS
a relação das magnitudes das tensões dos RTs
A
k
fator de carga da variação linear da carga ativa em relação à tensão
a
km
tap do transformador no ramo km
a
max
limite máximo de relação de magnitude
a
min
limite mínimo de relação de magnitude
Auto
bbc
indica a instalação de BC automático na barra bbc
b barra com queda de tensão superior a 4%
B banda de ajuste do BC
bbc barra com BC instalado
B
k
fator de carga da variação quadrática da carga ativa em relação à tensão
b
k
sh
susceptância shunt na barra k
b
km
susceptância série no ramo km
b
km
sh
metade da susceptância shunt no ramo km
CA total mensal de unidades consumidoras objeto de medição
C
BS
conjunto de barras do sistema
CC total de unidades consumidoras com leituras na faixa crítica
C
CS
conjunto de circuitos do sistema
C
k
fator de carga da variação linear da carga reativa em relação à tensão
C
m
conjunto de barras alimentadas pela barra m
CP
b
valor da carga pesada na barra b
CP
g
custo de geração ativa do gerador g
Custo
auto
custo do BC automático instalado
Custo
fixo
custo do BC fixo instalado
Custos
lrt
custo do RT instalado na linha lrt
ρ peso associado ao desvio de tensão
Vcap elevação de tensão provocada pela entrada em operação do BC
xix
VM queda de tensão máxima entre a SE e o BC instalado
Vm queda de tensão mínima entre a SE e o BC instalado
Dias
j
número de dias j no período de um ano
D
k
fator de carga da variação quadrática da carga reativa em relação à tensão
DV função objetivo que minimiza o desvio das tensões especificadas
Energia energia total consumida pelas perdas durante um ano
f(u) função objetivo a ser otimizada
f
1
custo das perdas de potência ativa
f
2
custo das violações dos limites de tensão
f
3
custo das violações das quedas de tensão
f
4
custo dos BCs
f
5
custo dos RTs
FC
k
fator de carga na barra k
Fixo
bbc
indica a instalação de BC fixo na barra bbc
FO função objetivo a ser minimizada
Φ conjunto de barras com queda de tensão superior a 4%
φ
km
ângulo de defasamento no ramo km
g(u) vetor de restrições de igualdade
g
km
condutância série no ramo km
h(u) vetor de restrições de desigualdade
Horas
ij
número de horas correspondente à condição de carga i no dia j
i corresponde a condição de carga Pesada, Média e Leve
I
1
medição é realizada no nó k e este pertence a área a
I
2
medição é realizada no nó m e este pertence a área a
I
3
medição é realizada no nó k e este não pertence a área a
I
4
medição é realizada no nó m e este não pertence a área a
I3 corrente de curto-circuito trifásico no ponto de instalação do BC
I
BC
corrente nominal do BC
xx
I
g
conjunto de geradores controláveis de potência ativa
Icirc corrente de circulação entre dois RTs em paralelo
Iinrush corrente inrush para a energização de um BC
I
km
corrente que sai da barra k em direção a barra m
I
m
corrente solicitada pela carga da barra m
Imax corrente de carga máxima do BC
Imin corrente de carga mínima do BC
I
NRT
corrente nominal do RT
Ion corrente que liga o BC referida ao secundário do TC
Ioff corrente que desliga o BC referida ao secundário do TC
I
SRT
corrente de sobrecarga do RT
IT
a
intercâmbio líquido na área a
j corresponde ao número de Dias Úteis, Sábados e Domingos e Feriados
k índice de cada barra do sistema
lrt linha com RT instalado
MoldeBC número de bits do molde do BC
MoldeRT número de bits do molde do RT
nb número de barras
nlc número de leituras situadas nas faixas críticas
nlp número de leituras situadas nas faixas precárias
Número_Bits número de bits necessários para a codificação do indivíduo
Número_Decimal número convertido a partir dos bits que especificam a tensão
NMBC número máximo de BCs que podem ser alocados
NMRT número máximo de RTs que podem ser alocados
nreg número de RTs alocados
conjunto de barras com BC instalado
k
conjunto de barras ligadas a barra k
Pd vetor de demanda de potência ativa
xxi
Perdas
ij
perda de potência ativa correspondente à condição de carga i no dia j
Pg vetor com geração de potência ativa
PG
g
geração ativa do gerador g
PG
k
potência ativa gerada na barra k
P
ij
porcentagem da carga pesada referente ao patamar de carga i e dia j
P
k
potência ativa líquida injetada na barra k
P
km
fluxo de potência ativa que sai da barra k em direção a barra m
PL
k
carga ativa na barra k
ψ conjunto de linhas com RT instalado
Qc potência total do BC
Qd vetor de demanda de potência reativa
QC
k
potência reativa capacitiva na barra k
Qg vetor com geração de potência reativa
QG
k
potência reativa gerada na barra k
QI
k
potência reativa indutiva na barra k
Q
k
potência reativa líquida injetada na barra k
Q
km
fluxo de potência reativa que sai da barra k em direção a barra m
Q
k
sh
potência reativa devido ao elemento shunt
QL
k
carga reativa na barra k
QT
bij
tensão na barra b referente ao patamar de carga i e dia da semana j
R resistência
RTC relação de transformação do TC que alimenta o controle
RTP relação de transformação do TP que alimenta o controle
S
km
max
potência aparente máxima para o ramo km
S
m
potência da carga da barra m
θ
k
ângulo da tensão da barra k
θ
km
diferença angular entre as barras k e m
Tensão_Ajustada tensão na barra subseqüente ao RT
xxii
u vetor de variáveis do sistema
V
vetor com tensão fasorial
1
V
tensão fasorial na barra da subestação
Vaj
tensão ajustada para operação do BC
Vc
valor de compensação de tensão
VD
valor do dólar
Violação
violação de tensão total do sistema em um ano
Violação
ij
violação de tensão de todas as barras para a carga
i
no dia
j
V
i
reg
tensão especificada na barra de saída do RT
V
k
módulo da tensão da barra
k
V
k
0
tensão inicial da barra
k
V
m
módulo da tensão da barra
m
Vn
tensão nominal do circuito
Voff
tensão de referência para desligar o BC
Von
tensão de referência para ligar o BC
V
saída
tensão de saída do alimentador que depende do patamar de carga
VUCSS
vida útil do contato submetido à sobrecarga
VUNC
vida útil normal do contato
wc
índice de ponderação de
f
4
wp
índice de ponderação de
f
1
wq
índice de ponderação de
f
3
wr
índice de ponderação de
f
5
wv
índice de ponderação de
f
2
X
reatância
Xt
reatância total entre o BC e a SE fonte
Y
matriz de admitância de barra
Y
barra
matriz de admitância nodal
Z
km
impedância do ramo
km
xxiii
RESUMO
O alto nível de potência reativa demandada nos sistemas de distribuição, o
aumento das cargas e as perdas técnicas resultam em variações de tensão nas barras e
comprometimento da qualidade da energia elétrica fornecida. Para se assegurar essa
qualidade, utilizam-se dispositivos que permitam realizar um controle efetivo da tensão, da
potência reativa e do fator de potência. Entre estes dispositivos estão o Regulador de
Tensão RT e o Banco de Capacitores BC, que são alocados neste trabalho através da
utilização dos Algoritmos Genéticos AG, juntamente com o Fluxo de Potência Ótimo
FPO com base no Método Primal-Dual de Pontos Interiores. A estratégia proposta é a
adoção dos AG para a alocação de BC, estabelecendo o tipo de banco (fixo ou automático)
e a potência (em kvar) e, também a alocação de RT, estabelecendo o ajuste da tensão de
saída dos mesmos. o FPO se responsabiliza pela solução do fluxo de carga e ajuste dos
taps
dos RT que asseguram os níveis de tensão nas saídas dos RT que são especificados
pelos AG para os diversos patamares de carga. A formulação matemática para a
metodologia é baseada em critérios de minimização dos custos de perda de potência ativa,
das penalizações por violação de tensão e queda de tensão e dos custos dos equipamentos
alocados. Os resultados para o algoritmo proposto são apresentados para sistemas de
distribuição radiais de 11 e 70 barras de BARAN e WU (1989).
Palavras-chave: Alocação de Capacitores, Alocação de Regulador de Tensão, Redes de
Distribuição de Energia Elétrica, Inteligência Artificial, Algoritmos
Genéticos, Fluxo de Potência Ótimo.
xxiv
ABSTRACT
The high reactive power level demanded at the distribution systems, the increase
of loads and consequence technical losses introduces variations at the buses voltage
magnitudes, which compromises the quality of the supplied electric energy. To assure a
quality, some devices are used to allow an effective control of the voltage magnitude, of
the reactive power and the factor of power. Between these devices they are the Voltage
Regulator RT and the Bank of Capacitors BC, which will be allocated in this work
through the Genetic Algorithms – AG, together with the Optimal Power Flow – FPO based
on the Interior Points Method. The strategic proposed is the adoption of the AG to the
allocation of BC with the specification of the type of bank (fixed or automatic) and the
power (in kvar), and also, for the allocation of RT with the adjustment of the exit voltage
of them, while the FPO is responsible for the resolution of the power balance equations and
the adjustments of the taps of the RT in order to get the voltage level specified by the AG
for the diverse load levels. The mathematical formulation for the methodology is based on
minimization of the loss cost of active power, weighting the voltage violations, fall of
voltage and the costs of the placed equipment. The results for the considered algorithm are
presented for radial distribution systems of 11 and 70 buses.
Keywords: Allocation of Capacitors, Allocation of Voltage Regulators, Distribution
Networks, Artificial Intelligence, Genetic Algorithms, Optimal Power Flow.
CAPÍTULO 1 - PROPOSTA
1.1 INTRODUÇÃO
Ao longo dos anos a energia transformou-se em um produto essencial para o
desenvolvimento humano, possibilitando avanços tecnológicos que contribuíram para o
bem estar das pessoas. Até a década de noventa, o serviço relacionado à produção,
transmissão, distribuição e comercialização de energia elétrica era provido por empresas de
caráter estatal e monopolista. Com o início da reestruturação mundial do setor elétrico, foi
imposta a necessidade de tratar a energia como um produto associado a serviços para
prover a sua entrega aos consumidores com requisitos de qualidade, continuidade e
segurança, sujeita a regras de mercado e de investimentos privados. Isso tornou imperativa
a criação de novos paradigmas e regras para o funcionamento do setor relacionado à
chamada indústria de energia elétrica. Em decorrência disso, o Setor Elétrico Brasileiro
viu-se submetido a um acelerado ritmo de mudanças de estrutura e processos nos diversos
segmentos da sua indústria de energia elétrica.
As alterações necessárias para adequar o setor elétrico a esta nova realidade,
principalmente representado pela imposição de leis e normas de regulação bastante
exigentes, imprimiram uma velocidade de mudanças que, muitas vezes, terminaram por
comprometer a qualidade e a continuidade do fornecimento de energia elétrica. Para agir
neste sentido, foi criada a Agência Nacional de Energia Elétrica – ANEEL, a qual passou a
ser a responsável pela legislação e fiscalização das empresas de energia e pela relação entre
os consumidores e as concessionárias.
Dentre os vários aspectos que são regulados e devem ser fiscalizados pela ANEEL
está o do vel e qualidade da tensão disponibilizada aos consumidores. Este quesito é
regulado pela Resolução ANEEL N° 505 de novembro de 2001, a qual estabelece de forma
atualizada e consolidada, as disposições relativas à conformidade dos níveis de tensão de
2
energia elétrica em regime permanente.
Para assegurar essa conformidade dos veis de tensão nos diversos pontos da
rede de distribuição, é essencial a utilização de dispositivos que permitam realizar um
controle efetivo da tensão, da potência reativa do sistema e do fator de potência. Os
equipamentos utilizados para realizar este controle são os Reguladores de Tensão – RTs, os
transformadores com mudança de
tap
, sem e sob carga, localizados nas subestações, os
capacitores paralelos e os capacitores série, na forma de Banco de Capacitores – BC.
Para que esta tarefa de regulação de tensão seja realizada de maneira eficaz, ela é
dividida em dois subproblemas:
a. Planejamento, no qual se busca determinar o melhor local de instalação, o
dimensionamento e o ajuste dos equipamentos, levando em consideração os
diversos critérios de desempenho;
b. Operação, o qual trata da coordenação da atuação destes dispositivos após a
sua alocação.
No entanto, devido à complexidade da rede e dos alimentadores de distribuição, a
escolha adequada dos tipos de dispositivos e de suas localizações e ajustes não é tarefa
trivial, pois o problema é de análise combinatorial, variáveis inteiro-mista e restrições não-
lineares. Dessa forma, torna-se importante desenvolver ferramentas computacionais que
dêem suporte à tomada de decisão do planejador para que ele possa fazer a aplicação mais
adequada possível dos recursos destinados à melhoria do sistema de distribuição.
Portanto, este trabalho está focado no subproblema de planejamento, ou seja, na
determinação dos melhores locais para a instalação dos BCs, fixos e chaveados, e dos RTs
ao longo dos alimentadores, bem como seus dimensionamentos e ajustes.
1.2 JUSTIFICATIVA
Para um melhor aproveitamento da energia elétrica, entre outros equipamentos, os
BCs e os RTs podem ser utilizados para reduzir as perdas de energia e manter a tensão
elétrica dentro dos limites aceitáveis considerando o custo destes equipamentos com
3
relação às outras alternativas possíveis, como o recondutoramento ou a reconfiguração da
rede.
Os benefícios fornecidos pela compensação dependem da forma com que os
equipamentos são inseridos no sistema, em outras palavras, na localização, capacidade e
ajustes dos mesmos. Estas decisões implicam tarefas complexas, pois se lida com valores e
dimensões reais de um sistema de distribuição de energia elétrica, fazendo com que as
decisões sejam tomadas com base na experiência, através da tentativa e erro, e no
conhecimento de especialistas, o que pode não gerar o melhor resultado esperado.
A fim de contornar o empirismo com que muitas concessionárias alocam seus
dispositivos de compensação de reativo e de tensão, o trabalho pretende apresentar uma
metodologia, baseada em Algoritmos Genéticos AG e Fluxo de Potência Ótimo FPO,
que aloque BCs e RTs de forma a minimizar, entre outras coisas, as perdas elétricas e os
desvios de tensão nas redes de distribuição.
Um fator que cabe salientar é que o diferencial nesse trabalho é a alocação
simultânea desses dispositivos, pois normalmente os trabalhos alocam apenas BC ou
apenas RT. E, a utilização do FPO para a avaliação dos indivíduos fornecidos pelos AG,
pois normalmente são utilizados tradicionais Fluxos de Carga já consolidados na indústria.
1.3 MOTIVAÇÃO
Com a modernização do modelo energético brasileiro, mudanças têm ocorrido nas
áreas de geração, transmissão e distribuição de energia elétrica. Com o novo modelo do
setor elétrico brasileiro, o mercado se tornou mais competitivo, fazendo com que pequenas
empresas distribuidoras comecem a se preocupar com a qualidade do serviço prestado.
Como forma de competir, as empresas necessitam diminuir o custo, e entre as muitas
formas existentes, as formas abordadas para diminuí-lo é a minimização das perdas, das
quedas de tensão e da violação dos limites de tensão, tendo em vista ainda, o menor custo
na compra de equipamentos.
Além da motivação exposta anteriormente, outras contribuíram para a proposta
4
deste trabalho:
a. Dar continuidade aos estudos na área de compensação de reativos e regulação
de tensão em sistemas de distribuição de energia elétrica desenvolvidos em
BEÊ (2007);
b. Aprofundar os estudos relativos à regulação da tensão em redes de distribuição
com a inclusão dos RTs, além dos BCs;
c. Estudar em profundidade as diferenças que existem nos locais de instalação
dos BCs e RTs quando os objetivos são minimizar as perdas elétricas, as
quedas e as violações do limites de tensão, para mantê-la dentro de limites
preestabelecidos;
d. Ter em vista o menor custo do investimento na compra de equipamentos para a
minimização dos objetivos técnicos.
1.4 OBJETIVOS
O objetivo geral do trabalho é implementar um algoritmo computacional para a
alocação de BCs e RTs em sistemas de distribuição usando AG e, para chegar neste
objetivo, foram traçadas as seguintes etapas:
a. Fazer uma revisão bibliográfica sobre o estado da arte do projeto proposto;
b. Realizar um estudo sobre regulação de tensão em redes de distribuição e
equipamentos utilizados para este fim, com ênfase nos BCs e RTs;
c. Revisar conceitos de técnicas de Inteligência Artificial baseadas em algoritmos
evolutivos, com foco nos AG;
d. Desenvolver uma metodologia para a alocação de BCs e RTs utilizando os AG;
e. Implementar um algoritmo computacional para a alocação dos BCs e RTs no
sistema de distribuição;
f. Utilizar a heurística para melhorar o desempenho do algoritmo;
g. Validar o algoritmo computacional desenvolvido através da comparação de
resultados com outras técnicas;
5
h. Realizar estudos com sistemas exemplo.
1.5 ORGANIZAÇÃO DA DISSERTAÇÃO
Esta dissertação está estruturada em sete capítulos, sendo que o Capítulo 1 é
introdutório. O Capítulo 2 apresenta o “estado da arte” do problema em questão e os
modelos de Fluxo de Potência considerados. O Capítulo 3 detalha os fundamentos dos AG,
descrevendo sua metodologia, características, parâmetros e operadores.
O Capítulo 4 descreve-se a regulação de tensão em redes de distribuição,
regulamentações das tensões de atendimento e os principais equipamentos e forma de
controle de tensão, abordando, principalmente, os BCs e os RTs. O Capítulo 5 relata a
metodologia adotada para a solução do problema com o detalhamento da formulação
matemática do problema de otimização utilizado. O Capítulo 6 mostra os resultados
obtidos para os sistemas de 11 barras e 70 barras de BARAN e WU (1989) e, finalmente, o
Capítulo 7 apresenta as conclusões referentes ao trabalho desenvolvido.
6
CAPÍTULO 2 - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 INTRODUÇÃO
O desenvolvimento deste trabalho, conforme mencionado, foi motivado pelo
fato das concessionárias de energia elétrica operarem em um ambiente com perdas e com
necessidades de controle de tensão. A partir da década de noventa, com o mercado aberto,
com o fim das grandes empresas estatais de geração e transmissão de energia elétrica, e
com a regulamentação do setor elétrico imposto pela Agência Nacional de Energia Elétrica
passou a ser vantajoso que as concessionárias operem o sistema de forma otimizada,
diminuindo as perdas de energia e obedecendo os padrões exigidos pelas resoluções
cabíveis.
Neste contexto, uma alternativa relevante para a melhoria do desempenho de um
sistema de distribuição de energia elétrica é a utilização de métodos de otimização para a
resolução de problemas vinculados a diminuição de perdas do sistema elétrico.
Os primeiros métodos utilizados no problema de alocação de capacitores foram
analíticos. Estes métodos utilizavam cálculos para determinar a maximização da função de
custo dos capacitores, que geralmente era composta pela economia de energia, redução de
perdas e custo de instalação dos bancos. Uma das principais desvantagens deste método era
o custo computacional, o que, muitas vezes, tornava o método impraticável. Os pioneiros
no uso desta técnica foram NEAGLE e SAMSON (1956), COOK (1959), COOK (1961),
SCHMILL (1965), CHANG (1969) e BAE (1978).
Porém, estes métodos de solução eram muito simplificados e costumavam
considerar sistemas com um único tipo de condutor e carga uniformemente distribuída.
Para estas simplificações, desenvolveu-se um método analítico no qual um único Banco de
Capacitores BC devia ser instalado a uma distância igual a dois terços do início do
alimentador para reduzir as perdas e, conseqüentemente, melhorar o perfil de tensão. Este
7
método é denominado “regra dos dois terços”. De modo geral, uma das desvantagens dos
métodos analíticos é que os pontos de alocação dos capacitores não coincidem fisicamente
com os possíveis locais de instalação dos equipamentos, sendo necessário adaptar os
resultados à realidade do alimentador (COPEL, 1992).
Devido à complexidade do problema de alocação de BC e às limitações dos
métodos analíticos surgiram novas abordagens baseadas na aplicação de técnicas
heurísticas em versões relaxadas do problema. Na busca de resultados que retratassem
melhor a realidade do problema, GRAINGER e LEE (1981a) e SALAMA
et al.
(1985a e
1985b) consideraram condutores de diferentes seções e cargas não uniformemente
distribuídas. GRAINGER e CIVANLAR (1985) consideraram o uso de capacitores
chaveados e apresentam uma discussão em relação à imprecisão da “regra dos dois terços”.
BARAN e WU (1989) classificaram em três as abordagens para o problema: (a)
baseadas em programação dinâmica, tratando a capacidade dos bancos como uma variável
discreta; (b) combinação entre métodos analíticos convencionais e métodos heurísticos; e
(c) formulando um problema de programação não linear, no qual a capacidade dos BCs e
os locais candidatos o representados por variáveis contínuas, como apresentado por
GRAINGER e LEE (1981b).
A partir da década de 90, o problema de alocação de BCs passou a ser estudado
através da utilização de diversas técnicas de Inteligência Artificial, as quais serão
detalhadas na próxima seção. Já quanto à alocação de Reguladores de Tensão RTs, ainda
é insípido o estudo da mesma, sendo também apresentado na próxima seção os poucos
trabalhos que versam sobre essa área.
2.2 ESTADO DA ARTE
A partir da década de 90, o problema de alocação de BCs foi estudado através da
utilização de diversas cnicas, tais como:
simulated annealing
(CHIANG
et al.
, 1990a;
CHIANG
et al.
, 1990b), algoritmos genéticos (SUNDHARARAJAN e PAHWA, 1994),
programação dinâmica nebulosa (CHIN, 1995), sistemas nebulosos (SU e TSAI, 1996),
8
abordagens mais direcionadas para a solução do problema através de cálculos elétricos e
métodos numéricos (WANG
et al.
, 1997a; WANG
et al.
, 1997b), algoritmos genéticos-
simulated annealing
(GHOSE
et al.
, 1998), algoritmos genéticos considerando distorção
harmônica de tensão (CHUNG e LEUNG, 1999), algoritmos genéticos considerando uma
abordagem para sistemas de distribuição completos (KALYUZHNY
et al.
, 2000), busca
tabu (GALLEGO
et al.
, 2001), modelos híbridos de algoritmos genéticos-modelos
matemáticos (MIRANDA
et al.
, 2001) e raciocínio nebuloso com algoritmos genéticos
(SU
et al.
, 2001).
Em meios às diversas técnicas citadas, destacam-se os Algoritmos Genéticos
AG como uma das técnicas mais utilizadas devido à facilidade de sua aplicação em
problemas de natureza combinatória. Deste modo, pioneiramente, SUNDHARARAJAN e
PAHWA (1994) apresentaram uma nova metodologia para determinar o tamanho,
localização, tipo e número de BCs para serem instalados em uma rede de distribuição
radial. O objetivo foi o de minimizar as perdas de potência de pico e as perdas de energia
no sistema de distribuição considerando o custo do BC. Um método baseado em análise de
sensibilidade foi utilizado para selecionar as localizações candidatas para alocação de BCs.
Em seguida, foi utilizado AG para determinar a seleção de BCs. Assim, as barras com
maiores sensibilidades foram as candidatas para alocação de capacitores dentro dos AG.
Também baseada na idéia de fatores de sensibilidade, BALA
et al.
, (1997)
utilizou a matriz Jacobiana para reduzir o número de alternativas de soluções avaliadas,
usando para tanto a sensibilidade P/Q da matriz Jacobiana.
GHOSE
et al.
(1998) apresentaram um modelo que combina
simulated annealing
e AG para solução do problema de alocação de BCs em uma rede de distribuição visando à
redução de perdas de energia. Os resultados apresentados indicaram uma grande melhora
no processo de convergência do algoritmo atingindo valores de perdas menores ou iguais
aos obtidos através de AG simples.
O trabalho feito por DELFANTI
et al.
(2000) propôs uma metodologia para se
estabelecer os pontos de instalação de BCs com o objetivo de minimizar o custo de
9
instalação dos mesmos. O problema, inicialmente não-linear, é linearizado e resolvido por
três procedimentos: via (a) algoritmo
Branch and Bound
, (b) algoritmo micro-genético e
(c) procedimento híbrido, onde os AG substituíram o algoritmo
Branch and Bound
quando
da ocorrência de um problema numérico.
No trabalho de MIRANDA
et al.
(2001) foi apresentado um modelo que usa
informação sobre o gradiente da Função Objetivo FO, que é a minimização das perdas,
para reparar os cromossomos e melhorar as soluções de um AG, dando uma força na
direção da convergência do procedimento. No caso do estudo utilizado, apenas as barras
PQ foram utilizadas como candidatas à solução. As simulações realizadas mostraram que a
convergência é bastante melhorada com a adoção do modelo híbrido matemático com AG.
Nesse artigo, ainda foram comparados três métodos: um AG simples; um modelo híbrido
de AG com programação evolucionária; e o modelo híbrido matemático com AG.
Em GALLEGO
et al.
(2001), a solução do problema da alocação de reativos
determina o tipo do BC (fixo ou automático), o tamanho do banco (kvar), a localização do
banco e os esquemas de controle deste banco onde a FO foi expressa através do custo das
perdas e do custo do investimento durante um período.
No trabalho proposto por MENDES
et al.
(2001) a instalação de BCs foi avaliada
conjuntamente sob a ótica de redução de perdas e do conseqüente aumento do lucro na
distribuição de energia, além de aspectos operacionais. Esse trabalho apresentou uma nova
abordagem via AG como o emprego de um enfoque memético, onde uma fase de busca
local é associada aos AG. A abordagem via algoritmo memético se diferencia de um AG
básico no emprego de uma fase de otimização a que são submetidos os novos indivíduos
gerados. O resultado obtido utilizando uma abordagem via algoritmos meméticos se
mostrou interessante e trouxe resultados válidos.
Em ALVES
et al.
(2002), o dimensionamento, localização e controle de BCs
foram levados a efeito com base na curva de carga reativa. Na prática, as curvas de cargas
individuais são consideradas idênticas à curva de carga do alimentador para efeito do
programa de operação dos BCs chaveados e que pode ser substituída pela curva de duração
10
de carga aproximada em três degraus (pesada, média e leve). O problema procura
maximizar a economia pela instalação dos bancos e minimizar o custo de instalação dos
mesmos e foi resolvido por três procedimentos: via (a) algoritmo micro-genético, (b)
Sistema Nebuloso e (c) um método híbrido, onde se inseriu o conhecimento especialista da
lógica nebulosa a fim de reduzir o espaço de busca e diminuir o tempo de processamento.
Como resultado, o método híbrido, ou seja, o do algoritmo micro-genético com a inserção
da lógica nebulosa para a inicialização do processo foi o mais eficiente.
O trabalho de SOUSA (2003), inicialmente, simulou um Fluxo de Potência Ótimo
FPO cuja FO é a minimização das perdas de transmissão. O problema foi resolvido pelo
Método Primal-Dual dos Pontos Interiores – MPDPI. Os multiplicadores de Lagrange
obtidos da solução do FPO foram utilizados para se determinar as barras que são
candidatas a terem alocação de reativos. A interpretação dos multiplicadores de Lagrange
relacionadas às equações de balanço de potência reativa é que eles fornecem uma relação
de sensibilidade entre a FO e a variação de carga reativa. Ou seja, as barras com os maiores
multiplicadores de Lagrange indicam aquelas barras cuja variação de carga reativa mais
influencia as perdas totais. Tendo em vista esse fato, Souza utilizou essas barras como
candidatas naturais a terem alocação de reativo. Em seguida, a partir da matriz Jacobiana
do sistema elétrico representado, obteve uma matriz de sensibilidade, a qual relaciona
variações de tensões para variações carga reativa. Com este sistema de equações lineares
formulou um problema de minimização onde se pretendeu minimizar as variações de
injeção de reativo nas barras pré-selecionadas pelos multiplicadores de Lagrange, de modo
que as variações nas tensões provocadas pelas variações de injeção de reativos ficassem
dentre dos limites operacionais de tensão das barras consideradas.
Pode-se citar ainda, trabalhos mais recentes focados no problema de alocação de
BCs, como HSIAO
et al.
(2004) empregando um método que combinou sistemas
nebulosos e AG. Já em SANDRINI (2005) foi utilizado os AG e o algoritmo de nuvem de
partículas, e CHIOU
et al.
(2006) utilizaram evolução diferencial com programação inteira
para sistemas de distribuição de larga escala. Tem-se também o trabalho de CHANG
et al.
11
(2007) que foi uma evolução do trabalho de CHIOU
et al.
(2006) hibridizando um
algoritmo de busca robusta no algoritmo de evolução diferencial para alocação de BCs em
sistemas de distribuição de larga escala.
ALCÂNTARA e SILVA (2005) estudaram a determinação da influência de
cargas dependentes da tensão na solução do problema de localização e controle otimizados
de BCs em sistemas de distribuição de energia. Neste trabalho, efeitos de cargas
dependentes da tensão, denominadas cargas de impedância constante (
Z
), corrente
constante (
I
), potência constante (
P
), e uma carga mista
ZIP
foram estudados e discutidos
nos seus aspectos técnicos e econômicos pelo uso de um algoritmo codificado em inteiros
baseado em AG.
O trabalho escrito por COELHO
et al. (
2005) apresentou um aplicativo
computacional baseado na resolução de um modelo não linear de alocação de BCs para a
otimização de perdas em sistema de distribuição de energia elétrica, cuja FO considerou
um fator de penalização nos limites de tensão das barras. O algoritmo utilizou um método
híbrido baseado no consumo de reativos das cargas e uma busca combinatória.
Em AGUIAR e FRANCO (2005), a alocação de BCs em redes de distribuição de
sistemas de potência constituiu-se num problema de otimização clássico para redução de
custos de investimento e perdas de energia em sistemas de distribuição radiais. Neste
trabalho, o problema é abordado por meio de uma estratégia de aproximação linear e por
uma mudança na representação das variáveis. Exemplos de aplicações do modelo em
várias redes de distribuição, com diferentes horizontes de planejamento mostraram a
eficiência, robustez e outros índices de desempenho, caracterizando este novo método
como uma alternativa atraente a aplicações dedicadas ao planejamento de redes de
distribuição radiais.
Em PEREIRA e MANTOVANI (2006) abordou-se a alocação de BCs como um
problema multi-objetivo e resolvido por um algoritmo evolutivo que utilizou um esquema
de codificação e operadores genéticos projetados e direcionados para considerar as
características específicas do problema de alocação de capacitores. No entanto, o que
12
chama a atenção nesse trabalho foi a consideração de além das de praxe minimização das
perdas ativas e custos dos capacitores, das restrições de tensão como uma segunda FO.
Recentemente, BEÊ (2007) empregou a cnica de AG para determinação da
alocação dos BCs em alimentadores de distribuição cuja formulação do problema
considerou, além dos critérios de otimização comumentemente utilizados, tais como, a
minimização das perdas ativas, dos custos dos capacitores e penalização dos limites de
tensão, as seguintes funções objetivo: (a) penalização de quedas de tensão acima de 4% a
partir da saída do alimentador e (b) minimização de correntes
inrush
que surgem quando
da energização dos BCs.
em termos de alocação de RTs existem poucos trabalhos. Em SAFIGIANNI e
SALIS (2000), a alocação dos RTs para sistemas radiais de distribuição é baseada em uma
FO que avalia os custos de investimento e manutenção destes equipamentos e ainda, os
custos das perdas da rede sob análise. Além da instalação do RT, o algoritmo fez ainda a
seleção adequada do equipamento e o correto ajuste do
tap
.
Em ALVES (2005) foi realizado o desenvolvimento e a implementação
computacional de uma metodologia, baseada em programação evolucionária, no caso os
AG, que determina o local e a capacidade dos equipamentos de controle de tensão. Ou seja,
além dos RTs, também os BCs são alocados com o objetivo de minimizar o custo de
instalação e das perdas, respeitando os limites de tensão e levando em conta a variação da
carga.
Em MENDOZA
et al.
(2007), novamente uma função multi-objetivo, focada nas
perdas e nas quedas de tensão, foi levada em conta para alocação dos RTs em um sistema
de distribuição radial. Porém, neste trabalho, foi utilizado um micro AG para encontrar a
solução, o qual melhorou a eficiência do processo de otimização quando comparado com
outro algoritmo evolucionário, pois ele aplicou o conceito de Pareto para um pequeno
conjunto de possibilidades, ou seja, no máximo cinco indivíduos usados na população.
Resumidamente, muitos trabalhos descritos na literatura utilizam a técnica de AG
para solução do problema de alocação de equipamentos para o controle de tensão, pois a
13
mesma pode tratar de problemas de otimização com vários critérios de otimização e que
possuem um grande número de mínimos locais, onde a solução ótima global é difícil de ser
encontrada.
Como os AG operam sobre uma população de candidatos em paralelo, podem
fazer a busca em diferentes áreas do espaço de soluções ao contrário dos métodos de
otimização tradicionais, onde a inicialização do algoritmo é feita com um único candidato,
que iterativamente é manipulado utilizando, geralmente, métodos determinísticos para
resolução de um problema (SUNDHARARAJAN e PAHWA, 1994).
Assim sendo, devido às boas características dos AG, nesse trabalho, foi escolhida
essa técnica para solução do problema de alocação de BCs e RTs em redes de distribuição.
Como comentado, salienta-se que além da alocação de BCs similarmente a
como foi feito por BEÊ (2007) e de RTs, separadamente, o presente trabalho apresenta o
diferencial de alocar esses dispositivos simultaneamente, possibilitando uma análise
detalhada a respeito da alocação dessas tecnologias.
Outro diferencial desse trabalho em relação à BEÊ (2007) e a outros trabalhos
refere-se à utilização de FPO como avaliador da FO principal do problema que é a
minimização de perdas e desvios de tensão. Essa ferramenta foi utilizada devido à
necessidade de ter que se ajustar os
taps
dos RTs para cada posição alocada dos
reguladores.
2.3 OTIMIZAÇÃO MULTI-OBJETIVO
Como observado na revisão bibliográfica apresentada acima, os critérios de
otimização comumente utilizados para o problema de alocação de BCs e RTs são a
minimização das perdas, dos custos dos capacitores e penalização dos limites de tensão, ou
seja, trata-se de um problema de otimização multi-objetivo.
Um problema de otimização multi-objetivo consiste em determinar um vetor de
variáveis de decisão, que otimiza uma função vetorial, cujos elementos representam os
índices de desempenho a serem otimizados. A solução que minimiza um índice
14
provavelmente não minimiza os outros índices, sendo assim, necessário introduzir o
conceito de Otimalidade de Pareto. Segundo esse conceito, uma solução viável para um
problema de programação multi-objetivo é uma solução de Pareto, se não existir outra
solução que irá produzir uma melhora em um objetivo sem causar uma degradação em pelo
menos um dos outros objetivos (LIN, 1976).
Como o problema de alocação de BCs e RTs é um problema de otimização multi-
objetivo cabe colocar que não existe somente uma solução ótima para o problema
abordado e sim um conjunto de possíveis soluções denominadas eficientes ou Pareto-
ótimo. E, como não se conhece a importância de cada um dos objetivos todas as soluções
Pareto-ótimo são igualmente importantes (PEREIRA e MANTOVANI, 2006).
Existem diversos métodos para obtenção do conjunto de soluções Pareto (JIN,
1976): método dos pesos, das restrições, método que otimiza com hierarquia, o método do
critério global, programação de metas e outros. Mas, como o problema neste trabalho será
resolvido por AG, o mesmo pode ser aliado ao Critério da Otimalidade de Pareto
afirmando-se que a lista-Pareto é preenchida com os indivíduos dominantes para cada
objetivo individualmente. Ou seja, segundo o conceito de dominância, uma solução
domina a outra quando esta solução não é pior que as outras em todos os objetivos ou
quando a mesma é estritamente melhor que as outras em pelo menos um objetivo
(PEREIRA e MANTOVANI, 2006).
2.4 FLUXOS DE POTÊNCIA EM REDES DE DISTRIBUIÇÃO
A técnica de AG para se alocar os BCs e RTs requer uma avaliação de cada
solução gerada. Para que se faça essa avaliação é necessária a obtenção do novo estado da
rede com a instalação dos equipamentos selecionados a fim de se verificar as perdas e a
melhora no perfil de tensão, ou seja, é necessária a resolução de um Fluxo de Potência
FP.
Vários métodos eficientes para solução do problema de FP em redes de
distribuição radiais estão disponíveis na literatura especializada. Esses métodos estão
15
divididos em duas grandes categorias: o Método da Soma das Correntes SDC ou Soma
das Potências – SDP, conhecidos como “Varredura Direta e Reversa”; e os métodos
baseados na “Impedância Nodal Implícita” (SRINIVAS, 2000).
A primeira categoria é recomendada, principalmente, para sistemas puramente
radiais, embora possa ser adaptada para redes com algumas poucas malhas (fracamente
malhados). O método tem duas versões: a primeira tem uma formulação em temos de
corrente (SHIRMOHAMMADI
et al.
, 1988), enquanto a segunda utiliza uma formulação
baseada em potência (BROADWATER
et al.
, 1988).
Os métodos baseados na matriz impedância nodal implícita utilizam uma
formulação mais adequada para sistemas malhados. Baseiam-se na formação e fatoração da
matriz de admitância nodal (
Ybarra
) e injeções de corrente equivalentes para resolver a
rede. Nesse método, o efeito da fonte e das cargas é representado separadamente por
superposição (CHEN, 1991).
os métodos usuais de FP utilizados em sistema de transmissão, tais como os
Métodos de Newton-Raphson e seus variantes: Método Desacoplado e Desacoplado
Rápido, não apresentam desempenho adequado no caso de redes de distribuição radiais
devido a problemas de dominância e mau condicionamento da matriz de admitância nodal.
Esse fato resulta de características particulares das redes de distribuição tais como a baixa
relação
X/R
(reatância/resistência) dos parâmetros dos alimentadores, trechos com
impedâncias relativamente baixas (representação de chaves, RTs e trechos pequenos de
linha entre cargas muito próximas) associados a outros com valor de impedância
relativamente alto (MONTICELLI, 1983).
No entanto, recentemente, CARVALHO (2006) e PAIVA (2006) aplicaram o
Método de Pontos Interiores versão Primal-Dual para resolução das equações de balanço
de potência ativa e reativa de redes de distribuição. Para resolvê-las, foi formulado um
problema de otimização tal como um FPO, mas com várias simplificações, por exemplo,
ausência de restrições de tensão, ausência de controle de FP nas linhas e outros. Os
resultados apresentados para redes radiais foram satisfatórios.
16
Originalmente, o FPO foi desenvolvido com o objetivo de definir um conjunto de
ações de controle que eliminem as violações operativas do sistema de transmissão, tais
como violações no perfil de tensão de barras do sistema, violações no carregamento dos
circuitos, desbalanços entre carga e geração, dentre outras.
Desde a formulação original de CARPENTIER (1962), diversos métodos foram
propostos para a resolução do FPO. Dentre eles destacam-se:
a. Método do Gradiente Reduzido (DOMMEL e TINNEY, 1968);
b. Método de Injeções Diferenciais (CARPENTIER, 1973);
c. Método de Newton (SUN
et al
., 1984);
d. Método de Programação Linear Sucessiva (ALSAÇ
et al
., 1990);
e. Método Primal-Dual de Pontos Interiores – MPDPI.
Destes, o MPDPI proposto por GRANVILLE (1993) e também explorado por
LATORRE (1995) aplicado em problemas de FPO apresenta, em geral, duas estratégias
distintas. A primeira aplica o método a um problema de programação linear obtido pela
linearização das equações de balanço de potência ativa e reativa do algoritmo de FP. A
segunda consiste em aplicar o MPDPI diretamente ao problema de programação não-linear
original do FPO.
Esta segunda estratégia é conhecida também como Método dos Pontos Interiores
Direto e apresenta as seguintes características na resolução do FPO (RIBEIRO, 2005):
a. Número reduzido de iterações para alcançar a solução ótima;
b. Não depende da convergência do algoritmo de FP, pois no esquema iterativo as
equações de balanço só serão atendidas na solução ótima;
c. Eficiência na resolução de sistemas mal condicionados e com problemas de
tensão.
Com base no exposto, dois métodos de FP foram abordados neste trabalho: o
Método da SDC, por ser um método elaborado para sistemas puramente radiais e por ter
apresentado melhores resultados em termos de tempo total de computação e facilidade de
modelagem dos componentes do sistema de distribuição; e o FPO resolvido pelo MPDPI
17
devido às suas características matemáticas e por possibilitar a otimização dos
taps
dos
reguladores quando de sua alocação e operação nas redes de distribuição.
Maiores detalhes sobre os dois métodos de FP usados neste trabalho são
apresentados no Apêndice A.
2.5 CONSIDERAÇÕES FINAIS DO CAPÍTULO
Nesse capítulo foram descritas as principais metodologias aplicadas para se alocar
dispositivos controladores de tensão em redes de distribuição. Pelos bons resultados
apresentados pelos AG na literatura especializada, o mesmo foi adotado nesse trabalho
para a alocação concomitante de BCs e RTs. Dessa forma, pode-se avaliar adequadamente
qual a melhor composição dos mesmos para qualquer sistema de distribuição levando em
consideração critérios técnicos e econômicos.
A fim de se avaliar cada alocação dos dispositivos, proposta pelos AG, concluiu-
se que as melhores metodologias de FP para redes de distribuição são: Método da Somas
das Correntes e Método dos Pontos Interiores.
Assim, foram montadas duas metodologias para alocação de dispositivos: uma
com a adoção do Método da SDC e outra com o FPO via MPDPI, cada qual com suas
especificidades, a serem descritas no Capítulo 5.
Antes disso, cabe descrever as técnicas de regulação de tensão e a dos AG, a
serem apresentadas nos próximos capítulos.
18
CAPÍTULO 3 - ALGORITMOS GENÉTICOS
3.1 INTRODUÇÃO
Os métodos e técnicas de busca e otimização tradicionais iniciam-se com um
único candidato, que iterativamente é manipulado utilizando, geralmente, métodos
determinísticos para resolução de um problema (WINSTON, 1992).
Por outro lado, as técnicas de computação evolucionária operam sobre uma
população de candidatos em paralelo. Assim, elas podem fazer a busca em diferentes áreas
do espaço de soluções, alocando um número de soluções apropriadas para busca em várias
regiões. Portanto, tais técnicas têm maiores chances de atingir as áreas promissoras do
espaço de busca.
Entre as técnicas de computação evolucionaria podem-se citar as Estratégias
Evolucionárias, a Programação Evolucionária, a Programação Genética e, principalmente,
devido aos trabalhos pioneiros de John Holland (HOLLAND, 1975), os Algoritmos
Genéticos – AG.
Os AG são algoritmos evolutivos inspirados na Teoria de Seleção Natural. Eles
atuam sobre uma população de indivíduos baseados no fato de que os indivíduos com boas
características genéticas têm maiores chances de sobrevivência e de produzirem indivíduos
cada vez mais aptos, enquanto os indivíduos menos aptos tendem a desaparecer. Os AG
trabalham sempre com as áreas mais promissoras do espaço de busca (HAUP e HAUP,
1998; GALVÃO e VALENÇA, 1999). Vale lembrar que os AG são uma classe de
procedimentos, com um conjunto de passos distintos e bem especificados, na qual cada um
destes passos possui muitas variações possíveis.
Nos AG, normalmente, cada indivíduo da população, chamado cromossomo,
corresponde a uma solução para um dado problema. Um mecanismo de reprodução,
baseado em processo evolutivo, é aplicado sobre a população atual com o objetivo de
19
explorar o espaço de busca e determinar melhores soluções para o problema (RABELO e
OCHI, 1996).
Toda tarefa de busca ou otimização possui vários componentes, entre eles o
espaço de busca, onde são consideradas todas as possibilidades de solução de um
determinado problema, e a função de avaliação, ou função de custo, que é uma maneira de
avaliar as soluções no espaço de busca. Existem muitos métodos de busca e funções de
avaliação (GOLDBERG, 1997).
Os AG diferem dos métodos tradicionais de busca e otimização, principalmente
em quatro aspectos (GOLDBERG, 1997; REZENDE, 2003):
a. Trabalham com uma codificação do conjunto de parâmetros e não com os
próprios parâmetros;
b. Trabalham com um espaço de busca, onde estão todas as possíveis soluções do
problema e não um único ponto;
c. Utilizam informação de custo ou recompensa e não derivadas ou outro
conhecimento auxiliar;
d. Utilizam regras de transição probabilísticas e não determinísticas.
Os AG são eficientes para busca de soluções ótimas, ou aproximadamente ótimas,
em uma grande variedade de problemas, pois não impõem muitas das limitações
encontradas nos métodos de busca tradicionais. Baseiam-se na evolução biológica e são
capazes de identificar e explorar fatores ambientais e convergir para soluções ótimas em
níveis globais, contornando a ocorrência de ótimos locais. Além de seguir uma estratégia
de gerar e testar soluções muito elegantes são capazes de identificar e explorar aspectos do
ambiente onde o problema está inserido e convergir globalmente para soluções ótimas ou
aproximadamente ótimas (HOLLAND, 1975; GOLDBERG, 1997).
Vários trabalhos vêm sendo desenvolvidos com aplicação de técnicas de AG, as
quais são extremamente interessantes como ferramentas de busca e otimização na solução
dos mais diferentes tipos de problemas (BEASLEY
et al.
, 1992; BEASLEY
et al.
, 1993;
WHITLEY, 1993; REZENDE, 2003).
20
3.2 TERMINOLOGIA
Baseado na teoria da evolução pode-se dizer que o meio ambiente é o responsável
pela seleção em cada geração dos seres vivos mais aptos de uma população. Logo, somente
os mais aptos conseguem passar suas características genéticas para as demais gerações,
pois os menos adaptados são eliminados antes de gerarem descendentes. No processo de
reprodução são aplicados os operadores genéticos de mutação e cruzamento, entre outros,
que atuam sobre o material genético armazenado nos cromossomos e, com isso, tem-se a
variabilidade dos indivíduos na população. A sobrevivência do mais adaptado é
determinada pela seleção natural.
Os AG sofrem influência da biologia, em suas definições, isso explica muitos
termos semelhantes, utilizados por estes métodos (GALVÃO e VALENÇA, 1999).
A Tabela 3.1 apresenta a terminologia da biologia também adotada pela
computação juntamente com o seu significado do ponto de vista dos AG.
TABELA 3.1 – TERMINOLOGIA VERSUS CONCEITO DA COMPUTAÇÃO
Terminologia Computação
Gene Parâmetro codificado no cromossomo, ou seja, um
elemento do vetor que representa o indivíduo.
Cromossomo Representa a estrutura de dados que codifica uma
solução para um problema.
Genótipo Informação contida em uma solução.
Fenótipo É a decodificação do indivíduo, especificado por um
genótipo, formando um objeto, estrutura ou organismo.
Indivíduo Solução no espaço de busca.
População Conjunto de soluções (indivíduos) no espaço de busca.
Geração Iteração completa do AG que produz uma nova
população.
21
3.3 CARACTERÍSTICAS GERAIS
A aplicação de operadores genéticos tem como objetivo a produção de novos
indivíduos a partir de indivíduos existentes. O princípio básico dos operadores é fazer com
que a população, através de sucessivas gerações, estenda a busca até chegar a um resultado
satisfatório. A grande utilidade destes operadores é fazer com que a população se
diversifique e mantenha características de adaptação adquiridas pelas gerações anteriores.
Quando se trabalha com AG para resolução de problemas, o grande desafio está
exatamente na codificação, ou qual a melhor maneira de representar o problema, que deve
ter uma estrutura de dados, geralmente vetores ou cadeias de valores binários (estruturas
mais tradicionais, porém nem sempre as mais indicadas), reais ou inteiros. Esta estrutura é
chamada de indivíduo ou cromossomo, e cada
bit
chamado de gene.
O indivíduo representa o conjunto de parâmetros de variáveis da Função Objetivo
FO cuja resposta será maximizada ou minimizada. O conjunto de todas as configurações
que o indivíduo pode assumir forma o espaço de busca. Por exemplo, se o indivíduo
representa
n
parâmetros de uma função, então o espaço de busca é um espaço com
n
dimensões. A maioria das representações genotípicas utiliza vetores de tamanho finito com
um alfabeto também finito (REZENDE, 2003).
Normalmente, o genótipo de um indivíduo é representado por um vetor binário,
onde cada elemento do vetor denota uma ou outra característica de uma determinada
propriedade. Os elementos podem ser combinados formando as características reais do
indivíduo, ou seja, o seu fenótipo. Portanto, essa representação é independente do
problema, pois uma vez encontrada a representação em vetores binários, as operações
padrões podem ser utilizadas, facilitando o seu emprego em diferentes classes de
problemas (SPEARS
et al.
, 1993).
A representação binária é historicamente importante, uma vez que foi utilizada
nos trabalhos pioneiros de John Holland (HOLLAND, 1975). Além disso, ainda é a
representação mais utilizada, por ser de fácil utilização, manipulação e simplicidade de
22
analisar teoricamente. Contudo, se um problema tem parâmetros contínuos e o usuário
desejar trabalhar com maior precisão, provavelmente acabará utilizando longos indivíduos
para representar soluções, necessitando de uma grande quantidade de memória. Outro
aspecto a ser observado é a não-uniformidade dos operadores, por exemplo, se o valor real
de um gene for codificado por um vetor binário, a mutação nos primeiros valores binários
do gene afetará mais a aptidão do indivíduo que a mutação nos seus últimos valores
(REZENDE, 2003).
A aptidão do indivíduo depende do seu desempenho e é calculada através da
função de avaliação. Em problemas de otimização, a própria FO é a candidata natural ao
cargo de função de avaliação ou função de aptidão. Assim, pode-se dizer que a função de
avaliação é dependente do problema em particular. Esta função recebe como entrada o
indivíduo e faz o cálculo da aptidão, ou grau de adaptação, retornando esta informação.
3.4 ESTRUTURA BÁSICA DE UM AG
Para os problemas de otimização sempre existe um objetivo a ser alcançado (ou
vários, no caso de otimizadores com múltiplos objetivos), que é representado por uma FO.
A avaliação desta função permite calcular a aptidão de cada indivíduo.
Os AG procuram melhorar a população, ou seja, buscam os indivíduos de melhor
aptidão, seja para uma FO de maximização ou minimização, e se utilizam de diversas
etapas e operadores genéticos conforme o fluxograma básico apresentado na Figura 3.1.
De acordo com o fluxograma, observa-se que os AG baseiam-se inicialmente na
criação de uma população inicial, gerada aleatoriamente ou de forma dirigida empregando
alguma heurística especialmente desenvolvida para o problema em questão, composta por
indivíduos que podem ser vistos como possíveis soluções do problema.
Durante o processo evolutivo esta população é avaliada: para cada indivíduo é
dado um índice através do cálculo do
fitness
, refletindo, desta forma, sua habilidade de
adaptação a determinado ambiente. Uma porcentagem dos mais adaptados é mantida,
enquanto os outros são descartados. Os membros mantidos pela seleção podem sofrer
23
modificações em suas características, através de recombinação e mutações, gerando
descendentes para a próxima geração, a qual representa uma melhor aproximação da
solução do problema de otimização que a população anterior. Este processo, chamado de
reprodução, é repetido até que um conjunto de condições satisfatórias, dado normalmente
pela aptidão do melhor indivíduo em conjunto com a limitação do número de gerações ou
tempo de simulação ou uma tolerância de erro admissível seja encontrado, caracterizando a
convergência para uma solução satisfatória.
FIGURA 3.1 – FLUXOGRAMA BÁSICO DE UM AG
Embora possam parecer simplistas do ponto de vista biológico, esses algoritmos
são suficientemente complexos para fornecer mecanismos poderosos e robustos de busca
adaptativa (GOLDBERG, 1997; COELHO, 2003).
24
3.5 OPERADORES GENÉTICOS
Os operadores genéticos transformam a população através de sucessivas gerações,
buscando melhorar a aptidão ou
fitness
dos indivíduos. Os operadores genéticos são
necessários para que a população se diversifique e mantenha as características de
adaptação adquiridas pelas gerações anteriores. Basicamente, os AG utilizam três
operadores: seleção, cruzamento e mutação.
3.5.1 Seleção
Os AG simples operam com um número fixo de indivíduos na população ao longo
das gerações. Então, a cada geração, devem-se selecionar quais indivíduos possuirão
cópias e quais tendem a desaparecer.
Logo, surge a necessidade de um operador de seleção, cujo objetivo é selecionar
os indivíduos que sofrerão cruzamento e mutação. A seleção pode ser definida de maneira
simples como sendo a escolha probabilística de indivíduos de uma população tendo como
base as suas aptidões e, da mesma forma que ocorre no processo de seleção natural, os
indivíduos mais qualificados ou aptos, de acordo como a FO, têm mais chances de serem
selecionados.
Desta forma, com intuito de privilegiar os indivíduos mais aptos no processo de
seleção, a cada membro da população é atribuído um valor absoluto dado por uma função
denominada função de aptidão. Esta função recebe como entrada os valores do gene do
indivíduo e fornece como resultado sua aptidão. A aptidão pode ser vista como uma nota
que mede o quão boa é a solução codificada por um indivíduo e é baseada no valor da FO,
que é específica para cada problema.
Para alguns métodos de seleção, é desejável que o valor de aptidão de cada
indivíduo seja menor que 1, e que a soma de todos os valores de aptidão seja igual a 1.
Para isso, para cada indivíduo é calculada a aptidão relativa que é obtida dividindo o valor
de sua aptidão pela soma dos valores de aptidão de todos os indivíduos da população.
25
No processo de seleção, após associada uma nota de aptidão a cada indivíduo da
população, escolhe-se então um subconjunto de indivíduos da população atual, gerando
uma população intermediária. Vários métodos de seleção têm sido propostos, entre eles se
destacam tradicionalmente: Método da Roleta, Método do Torneio e o Método da
Amostragem Universal Estocástica (REZENDE, 2003; COELHO, 2003), além do
Elitismo.
3.5.1.1 Elitismo
O elitismo é uma técnica que pode ser adicionada a qualquer método de seleção. É
utilizado para contornar a possibilidade de descarte dos melhores indivíduos de uma
geração, o que pode acontecer em qualquer método de seleção, e consiste em transferir os
n
melhores indivíduos de uma geração para a geração seguinte, antes de ocorrer a seleção
dos indivíduos que poderão, dependendo da probabilidade de cruzamento e mutação, sofrer
modificações.
Como exemplo, uma população com sete indivíduos, conforme apresentado na
Tabela 3.2, em que seus respectivos valores de aptidão absoluta o apresentados
juntamente com as aptidões relativas.
TABELA 3.2 – EXEMPLO DE POPULAÇÃO COM SEUS INDIVÍDUOS E APTIDÕES
Indivíduo Aptidão Absoluta Aptidão Relativa
1 15 0,21
2 4 0,05
3 19 0,26
4 5 0,07
5 9 0,13
6 8 0,11
7 12 0,17
Total 72 1 ou 100%
26
Para um elitismo de dois indivíduos, teríamos garantidos na próxima geração, sem
sofrer qualquer modificação, os indivíduos 1 e 3.
3.5.1.2 Roleta
No Método da Roleta, a probabilidade de um indivíduo ser selecionado é
proporcional à sua aptidão relativa. O nome deriva de uma analogia que pode ser realizada
para facilitar a sua compreensão: a seleção seria um sorteio aleatório em uma roleta, na
qual os setores referentes a cada indivíduo seriam proporcionais às suas aptidões relativas.
Esse tipo de seleção depende de aptidões numéricas. Além disso, este tipo de
seleção exige valores não negativos, uma vez que a aptidão representa a área do setor da
roleta, conforme mostrado na Figura 3.2, e nesse caso grandezas negativas não fazem
sentido.
A roleta é então girada tantas vezes quantas forem necessárias para obter o
número requerido de indivíduos para o cruzamento e mutação, e, logicamente, os
indivíduos com maior valor de aptidão têm maior chance de serem selecionados.
FIGURA 3.2 – MÉTODO DA ROLETA
A Figura 3.2 mostra também a roleta para os indivíduos e suas respectivas
aptidões relativas apresentadas na Tabela 3.2, e neste caso, a roleta esta selecionando o
indivíduo 7 para a geração intermediária, assim denominada a população dos indivíduos
27
selecionados para sofrerem cruzamentos e mutações.
3.5.1.3 Torneio
No Método do Torneio,
n
indivíduos da população são selecionados
aleatoriamente, e aquele com maior aptidão, entre os
n
indivíduos, é selecionado para a
população intermediária. O processo é repetido até que a população intermediária seja
preenchida. Geralmente utiliza-se 2 ou 3 indivíduos para a disputa do torneio.
Este método é muito utilizado, pois oferece a vantagem de não exigir que a
comparação seja feita entre todos os indivíduos da população e possui a vantagem da não-
geração de super-indivíduos, pois a chance do indivíduo com maior grau de aptidão ser
selecionado para um torneio é a mesma de um indivíduo de menor grau,
independentemente de seu grau de aptidão ser alto.
Um exemplo de torneio entre 3 indivíduos para os indivíduos da Tabela 3.2 é
apresentado na Figura 3.3.
FIGURA 3.3 – MÉTODO DE TORNEIO
Neste exemplo, os indivíduos 1, 3 e 5 formarão a população intermediária para
sofrer os cruzamentos e mutações para gerar a nova população. Observa-se ainda neste
método que o indivíduo menos apto, mesmo que selecionado para um torneio, nunca
28
gerará descendentes, pois nunca vencerá o torneio.
3.5.1.4 Amostragem Universal Estocástica
O Método da Amostragem Universal Estocástica pode ser considerado como uma
variação do método da roleta, na qual, ao invés de um único ponteiro, são colocadas
n
ponteiros igualmente espaçados, sendo
n
o número de indivíduos a serem selecionados
para a população intermediária. Dessa forma, a roleta é girada uma única vez, ao invés de
n
vezes, selecionando assim os indivíduos, conforme mostrado na Figura 3.4.
FIGURA 3.4 – MÉTODO DA AMOSTRAGEM UNIVERSAL ESTOCÁSTICA
Evidentemente, os indivíduos cujas regiões possuem uma maior área terão maior
probabilidade de serem selecionados por várias vezes. Conseqüentemente, a seleção de
indivíduos pode conter várias cópias de um mesmo indivíduo, enquanto outros podem
desaparecer.
3.5.2 Cruzamento
A reprodução é uma etapa inspirada na natureza e tem, por objetivo, criar novas
soluções na população. O principio básico dos operadores de cruzamento é transformar a
população através de sucessivas gerações, estendendo a busca até chegar a um resultado
29
satisfatório. Os operadores de cruzamento são necessários para que a população se
diversifique e mantenha características de adaptação adquiridas pelas gerações anteriores.
Durante a fase de reprodução, selecionam-se indivíduos da população que serão
recombinados para formar descendentes, que, por sua vez, constituirão a geração seguinte.
Os pares são selecionados aleatoriamente, usando-se um método que favoreça os
indivíduos melhor adaptados. Logo que forem escolhidos os pares, seus cromossomos se
mesclam e se combinam.
O cruzamento é o operador responsável pela recombinação de características dos
pais durante o processo reprodutivo, permitindo que as próximas gerações herdem essas
características. Ele é considerado o operador genético predominante, por isso é aplicado
com probabilidade dada pela taxa de cruzamento entre 70 e 100% (ÁVILA, 2002).
Quanto maior for essa taxa, mais rapidamente novas estruturas serão introduzidas
na população. Mas se for muito alta, estruturas com boas aptidões poderão ser retiradas
mais rapidamente que a capacidade da seleção em criar melhores estruturas. Se a taxa for
muito baixa, a busca pode estagnar.
Existem diversos tipos de operadores de cruzamento, porém, os mais tradicionais
são:
3.5.2.1 Cruzamento com 1 Ponto de Corte
Seleciona-se aleatoriamente um ponto de corte do cromossomo e, a partir desse
ponto, realiza-se a troca de material cromossômico entre os dois indivíduos, gerando desta
forma dois descendentes onde cada um dos dois filhos recebe informação genética de cada
um dos pais, conforme mostrado na Figura 3.5.
FIGURA 3.5 – CRUZAMENTO EM 1 PONTO
30
Uma observação a respeito do cruzamento é que podem ser gerados filhos
completamente diferentes dos pais e, mesmo assim, contendo diversas características em
comum. Outra questão é que o cruzamento não modifica um gene na posição em que os
pais têm o mesmo valor, considerada uma característica cada vez mais importante com o
passar das gerações.
3.5.2.2 Cruzamento com 2 Pontos de Corte
No cruzamento em dois pontos procede-se de maneira similar ao cruzamento de
um ponto, ou seja, selecionam-se aleatoriamente dois pontos de corte do cromossomo e, a
partir desses pontos, realiza-se a troca de material cromossômico entre os dois indivíduos,
gerando desta forma dois descendentes, como representado na Figura 3.6.
FIGURA 3.6 – CRUZAMENTO EM 2 PONTOS
Percebe-se, então, que um dos descendentes fica com a parte central de um dos
pais e as partes extremas do outro pai e vice versa.
3.5.2.3 Cruzamento Disperso
O cruzamento disperso é significativamente diferente dos outros dois cruzamentos
apresentados anteriormente. O ponto de corte é substituído por um vetor binário aleatório
também chamado de máscara, conforme ilustrado na Figura 3.7.
31
FIGURA 3.7 – CRUZAMENTO DISPERSO
A criação do filho é feita copiando-se o gene correspondente de um dos pais, que
é escolhido de acordo com a máscara de cruzamento de modo que, se certo
bit
da máscara
de cruzamento for 1, o gene correspondente será copiado do primeiro pai, e
complementarmente, se certo
bit
da máscara de cruzamento for 0 será copiado do segundo
pai.
3.5.2.4 Cruzamento Uniforme
O cruzamento uniforme é similar ao cruzamento disperso, a diferença básica é que
após o cruzamento uniforme surgirão dois novos filhos, ao invés de apenas um como
ocorre com o cruzamento disperso, conforme mostrado na Figura 3.8.
FIGURA 3.8 – CRUZAMENTO UNIFORME
O procedimento para criar ambos os filhos é exatamente o mesmo que o
executado no cruzamento disperso. A diferença consiste em que, para o segundo filho, o
processo será invertido, ou seja, se para o primeiro filho, quando o valor na máscara é 1, o
gene é retirado do pai 1, para o segundo filho o gene é retirado do pai 2 e vice versa.
32
3.5.3 Mutação
O operador de mutação é necessário para a introdução e manutenção da
diversidade genética da população, alterando arbitrariamente um ou mais componentes de
uma estrutura escolhida, conforme ilustrado na Figura 3.9, o que fornece meios para
introdução de novos elementos na população.
1 1 0 1 0 1 0 1
1 0 0 1 1 1 0 1
Indivíduo Original
Indivíduo Mutado
FIGURA 3.9 – MUTAÇÃO
Desta maneira, a mutação assegura que a probabilidade de chegar a qualquer
ponto do espaço de busca nunca será zero, além de contornar o problema de mínimos
locais, pois este mecanismo altera levemente a direção da busca.
O operador de mutação é aplicado aos indivíduos com uma probabilidade dada
pela taxa de mutação que comumente varia de 0,1 a 10%. Uma baixa taxa de mutação
previne que a busca fique estagnada em sub-regiões do espaço de busca. Além disso,
possibilita que qualquer ponto do espaço de busca seja atingido. Com uma taxa muito alta
a busca se torna essencialmente aleatória.
3.6 CONSIDERAÇÕES FINAIS DO CAPÍTULO
De um modo em geral, os AG apresentam-se como uma ótima ferramenta na
solução de problemas de otimização. Os operadores genéticos auxiliam na busca por
melhores soluções, os cruzamentos auxiliam na criação de novos bons indivíduos, a
mutação evita o problema dos mínimos locais e o elitismo evita que os melhores
indivíduos sejam perdidos a cada geração, tornando assim, o algoritmo uma opção robusta
e eficaz para a aplicação no problema de alocação de equipamentos.
33
CAPÍTULO 4 - REGULAÇÃO DE TENSÃO
4.1 INTRODUÇÃO
Especificamente com relação aos níveis de tensão de atendimento, a Agência
Nacional de Energia Elétrica ANEEL determinou por intermédio da Resolução 505,
de 26 de novembro de 2001, que o sistema elétrico deve atender a certos níveis de tensão
preestabelecidos, sendo estes fiscalizados e sujeitos a multas. Para que o sistema de
distribuição de energia elétrica possa operar continuamente dentro dos limites definidos
pela Resolução 505, são necessários estudos técnicos por parte das concessionárias de
distribuição para identificar soluções economicamente viáveis para solucionar os
problemas nos níveis de tensão dos alimentadores. Como a demanda não é constante, é
necessário que tais estudos técnicos levem em conta a variação da carga ao longo do tempo
(horas do dia e dias da semana).
De uma maneira geral, os problemas de tensão relacionados com o regime
permanente dos alimentadores de distribuição podem ser solucionados através de diversas
alternativas, dentre as quais se podem citar:
a. A transferência da carga de um alimentador mais carregado para outros
alimentadores menos carregados;
b. O uso de Banco de Capacitores – BC para melhoria do Fator de Potência;
c. Instalação de Regulador de Tensão – RT;
d. Troca de bitola do alimentador;
e. Construção de um novo alimentador;
f. Mudança de tensão primária de alimentação e a construção de nova Subestação
– SE.
Com a implementação de uma ou mais destas alternativas é possível se obter
redução nas perdas elétricas do sistema, com conseqüente redução nos custos para a
34
concessionária. Assim, observa-se que o investimento na melhoria do sistema elétrico traz
benefícios tanto para os consumidores quanto para as concessionárias, embora nem sempre
seja fácil quantificar economicamente tais benefícios.
Para iniciar a definição dos problemas relacionados com a tensão e seu controle
em sistemas de distribuição, primeiramente, é necessário definir os níveis de tensão de
atendimento, os indicadores que quantificam a violação dos limites de tensão e os
equipamentos empregados no controle de tensão.
4.1.1 Resolução N° 505 da ANEEL
A Resolução 505 da ANEEL, de 26 de novembro de 2001 (ANEEL, 2001),
entre outras coisas, define tanto os níveis de tensão de atendimento como os indicadores
que quantificam a violação dos limites de tensão.
4.1.1.1 Níveis de Tensão
Os valores permitidos nos alimentadores de tensão para as variações de tensão em
regime permanente são mostrados na Tabela 4.1.
TABELA 4.1 – TENSÕES NOMINAIS PADRONIZADAS ENTRE 1 E 69 KV
Classificação da Tensão
de Atendimento (TA)
Faixa de Variação da Tensão de Leitura (TL)
em Relação à Tensão Contratada (TCO)
Adequada 0,93.TCO TL 1,05.TCO
Precária 0,90.TCO TL < 0,93.TCO
Crítica TL < 0,90.TCO ou TL > 1,05.TCO
A Figura 4.1 representa a classificação da Tensão de Atendimento em nível de
distribuição, segundo a Resolução 505/2001 da ANEEL, em valores normalizados. Os
valores base são a Tensão Nominal – TN e a Tensão Contratada – TCO.
35
FIGURA 4.1 – TENSÕES NOMINAIS PADRONIZADAS ENTRE 1 E 69 KV
a TCO da unidade consumidora (em tensão superior a 1 kV) deve situar-se
entre 95% (noventa e cinco por cento) e 105% (cento e cinco por cento) da tensão nominal
de operação do sistema no ponto de entrega.
Analisando os valores estipulados pela ANEEL, mostrados na Figura 4.1 e na
Tabela 4.1, observa-se que são toleradas pequenas variações na tensão. Como o nível de
carregamento dos sistemas de distribuição varia de forma significativa ao longo das horas
do dia, dos dias da semana e das estações do ano, torna-se importante um estudo
aprofundado sobre como manter a tensão de atendimento dentro da faixa dos valores
adequados, enquanto a carga apresenta suas variações horárias, diárias e mensais.
4.1.1.2 Indicadores que Quantificam a Violação dos Limites de Tensão
A Resolução 505/2001 da ANEEL define quatro indicadores que quantificam
a violação dos limites de tensão adequada observados nos consumidores:
a. Duração Relativa da Transgressão de Tensão Precária DRP: indicador
individual referente à duração relativa das leituras de tensão, nas faixas de
tensão precárias, no período de observação definido, expresso em percentual;
b. Duração Relativa da Transgressão Máxima de Tensão Precária DRPM:
percentual máximo de tempo admissível para as leituras de tensão, nas faixas
de tensão precárias, no período de observação definido;
c. Duração Relativa da Transgressão de Tensão Crítica DRC: indicador
individual referente à duração relativa das leituras de tensão, nas faixas de
tensão críticas, no período de observação definido, expresso em percentual;
36
d. Duração Relativa da Transgressão Máxima de Tensão Crítica DRCM:
percentual máximo de tempo admissível para as leituras de tensão, nas faixas
de tensão críticas, no período de observação definido.
A resolução estabelece valores dos indicadores de DRPM e DRCM, sendo,
respectivamente, 3% e 0,5%, válidos a partir de 2007, e ainda, que a concessionária deve
apurar, quando de medições oriundas por reclamação e/ou amostrais, os indicadores
individuais DRP e DRC, em %, determinados a partir das seguintes equações:
100
1008
=
nlp
DRP
(4.1)
100
1008
=
nlc
DRC
(4.2)
onde:
nlp – número de leituras situadas nas faixas precárias;
nlc – número de leituras situadas nas faixas críticas;
1.008 número de leituras válidas a cada 10 (dez) minutos no período de
observação.
Do mesmo modo, a resolução apresenta a forma pela qual a ANEEL calcula o
indicador coletivo do Índice de Unidades Consumidoras com Tensão Crítica ICC, em %,
a partir dos dados das medições individuais e das medidas amostras, conforme a seguinte
equação:
100=
CA
CC
ICC
(4.3)
onde:
CC – total de unidades consumidoras com leituras na faixa crítica;
CA – total mensal de unidades consumidoras objeto de medição.
Com a imposição destes limites, a ANEEL induz que as concessionárias
disponibilizem um serviço de boa qualidade para a sociedade, mas para atender a todas
estas exigências são necessários estudos detalhados das alternativas de correção de tensão,
37
para que as soluções implementadas operem de forma eficaz e apresentem um custo
atrativo.
As alternativas dos equipamentos utilizados para o controle da tensão são os
reguladores de tensão, os transformadores com mudanças de taps localizados nas
subestações e os bancos de capacitores paralelo e série. Dentre estas possibilidades, duas
serão analisadas em profundidade neste trabalho: o uso de banco de capacitores paralelo e
a instalação de reguladores de tensão.
4.2 BANCO DE CAPACITORES
Os BCs são utilizados em sistemas de distribuição para compensação de reativos,
contribuindo para a minimização das perdas de potência e energia e melhoria do perfil de
tensão dentro de limites aceitáveis. A quantidade de compensação fornecida está
relacionada à localização dos capacitores no sistema de distribuição, tamanho, quantidade
e tipo de capacitores a serem instalados no sistema (SUNDHARARAJAN e PAHWA,
1994).
Os capacitores aplicados em sistemas de distribuição estão geralmente localizados
nos alimentadores de distribuição ou nas subestações. A sua utilização está focada na
correção do fator de potência local, destacando que os bancos podem ser fixos ou
automáticos dependendo das condições da carga. Basicamente, se aplicam bancos fixos
para condições de carga leve e automáticos para cargas média e pesada do sistema
(NATARAJAN, 2005).
A aplicação de BCs nos alimentadores de distribuição deve respeitar as normas
técnicas das concessionárias e estar em consonância com o estabelecido nas resoluções
ANEEL N° 456/2000 e 505/2001.
4.2.1 Resolução N° 456 da ANEEL
Considerando o fato de que a potência reativa não produz trabalho útil, porém,
38
deva ser transportada desde a geração até a unidade consumidora, sem que as empresas
concessionárias transformem esta energia em receita, a Resolução 456 da ANEEL, de
29 de novembro de 2000 (ANEEL, 2000), estabeleceu em 0,92 o valor mínimo para o fator
de potência de referência, indutivo ou capacitivo, das instalações elétricas das unidades
consumidoras.
Os princípios fundamentais da legislação são os seguintes:
a.
Necessidade de liberação da capacidade do sistema elétrico nacional;
b.
Promoção do uso racional de energia;
c.
Redução do consumo de energia reativa indutiva que provoca sobrecarga no
sistema das empresas fornecedoras e concessionárias de energia elétrica,
principalmente nos períodos em que ele é mais solicitado;
d.
Redução no consumo de energia reativa capacitiva nos períodos de carga leve
que provoca elevação da tensão no sistema de suprimento, havendo
necessidade de investimento na aplicação de equipamentos corretivos e
realização de procedimentos operacionais nem sempre de fácil execução;
e.
Criação de condições para que os custos de expansão do sistema elétrico
nacional sejam distribuídos para a sociedade de forma justa.
De acordo com a legislação, tanto o excesso de energia reativa indutiva como o de
energia capacitiva é medido e faturado para os consumidores a partir do Grupo A (tensão
de fornecimento maior ou igual a 2,3 kV). A cobrança por baixo fator de potência, de
acordo com os limites da legislação, é realizada através do faturamento do excedente de
energia reativa da unidade consumidora faturada na estrutura tarifária horo-sazonal ou na
estrutura tarifária convencional com medição apropriada.
4.2.2 Aplicação de BCs em Sistemas de Distribuição
Com o aumento da demanda dos sistemas de distribuição, o gerenciamento da
potência reativa tem se tornado cada vez mais importante para as empresas distribuidoras
que necessitam manter as tensões dentro dos limites pré-estabelecidos e minimizar as
39
perdas no sistema, garantindo assim bons níveis de qualidade e confiabilidade para o
consumidor.
Certas alterações no sistema podem resultar em variações de tensão nos
barramentos, e assim comprometer a qualidade da energia elétrica fornecida. As causas
destas variações indesejadas de tensão são:
a.
Aumento das cargas;
b.
Distância das unidades geradoras;
c.
Linhas de transmissão longas e operando em carga leve;
d.
Crescimento dos sistemas de transmissão e subtransmissão com a adição de
mais linhas.
Por outro lado, o alto nível de potência reativa indutiva demandada nos sistemas
de distribuição causa o aumento das perdas e da queda de tensão no próprio sistema de
distribuição, como problemas no sistema de transmissão, dificultando o controle da tensão.
A instalação de BCs visa não a redução das perdas e melhoria nos perfis de tensão, mas
também algumas outras vantagens enunciadas a seguir:
a.
Controle do Fluxo de Potência – FP;
b.
Melhoria da estabilidade do sistema;
c.
Correção do fator de potência.
Para minimizar os problemas decorrentes do alto nível de potência reativa
indutiva são instalados, no sistema de distribuição, BCs nos alimentadores (tensão de
distribuição primária) e nas subestações, os quais passam então a suprir parte da potência
reativa indutiva solicitada pelas cargas. Normalmente, são utilizadas unidades capacitivas
monofásicas padronizadas de 100 e 200 kvar, 7.960 V, formando bancos trifásicos ligados
em estrela isolada de 300, 600, 900 e 1.200 kvar.
4.2.3 Metodologia Usada pelas Concessionárias
Segundo COPEL (1992), para se obter os melhores resultados, os BCs devem ser
instalados próximos das cargas, onde eles produzam a maior redução de perdas,
40
proporcionando um melhor perfil de tensão. Quando isto não é possível uma das opções a
seguir pode ser utilizada:
a.
Para cargas uniformemente distribuídas, os BCs podem ser localizados a dois
terços da distância da SE;
b.
Para cargas com diminuição e distribuição uniformes, os BCs podem ser
localizados a meia distância da SE;
c.
Para a maior elevação da tensão, os BCs devem estar próximos às cargas.
Usualmente os BCs são instalados nos locais onde o Fator de Potência é mínimo e
este valor é obtido através da medição da tensão, corrente, potência ativa, reativa e
aparente no alimentador para definir as condições de carga máxima e mínima. Os picos e
vales em uma curva de demanda de potência reativa fazem com que seja difícil apenas um
simples BC corrigir o Fator de Potência para um valor desejado. Se o Fator de Potência
desejado é obtido durante o horário de pico de carga, durante a condição fora de pico pode
resultar em uma condição de excesso de reativos no sistema. Este excesso de reativos pode
causar perdas no sistema similares à condição onde o Fator de Potência é baixo. Outro
problema que pode ser causado é a sobretensão do sistema. Para evitar que isto ocorra
deve-se utilizar, sempre que possível, BCs chaveados ao invés de fixos.
Os BCs devem localizar-se ao longo do alimentador de forma a reduzir o fluxo de
reativo ao longo do sistema (COPEL, 1992). Uma vez conhecido o perfil de fluxo de
reativo do alimentador e a potência dos bancos a serem utilizados, a sua localização é feita
do fim para o início do alimentador e nos pontos onde a potência reativa é
aproximadamente metade da potência do BC a ser instalado, levando-se em conta a
compensação dos bancos já localizados, conforme ilustrado na Figura 4.2.
Segundo as regras práticas, a instalação de um BC de 600 kvar no alimentador,
que inicialmente está sem banco, deve ser feita no penúltimo (enumerado da esquerda
para a direita), conforme ilustrado na Figura 4.2(b), pois o fluxo de reativo circulante nessa
última porção do circuito é a metade do valor do capacitor. Na seqüência, a instalação de
um segundo BC de 600 kvar, considerando o fluxo remanescente provocado pela
41
instalação do primeiro capacitor, é feita na antepenúltima barra do alimentador, conforme
mostrado na Figura 4.2(c), o qual restabelece um fluxo de reativo vindo da SE 600 kvar
menor. Seguindo o mesmo raciocínio, instala-se o terceiro BC na barra anterior a
antepenúltima barra desse alimentador, conforme apresentado na Figura 4.2(d).
(a) Sem BC
(b) Com Um BC
(c) Com Dois BCs
(d) Com Três BCs
FIGURA 4.2 – FLUXO DE REATIVOS COM E SEM BCS
Os BCs são dimensionados de acordo com a potência reativa que se deseja
compensar, tornando assim o Fator de Potência próximo de 1,0. Caso seja necessário,
poderão ser feitas medições de potência reativa no ponto de instalação do banco.
SE
600 kvar
600 kvar
600 kvar
600 kvar
300 kvar
300 kvar
300 kvar
300 kvar
300 kvar
600 kvar
SE
1200 kvar
900 kvar
300 kvar
300 kvar
300 kvar
300 kvar
600 kvar
600 kvar
600 kvar
300 kvar
300 kvar
600 kvar
600 kvar
1800 kvar
1
500
kvar
900 kvar
300 kvar
SE
SE
600 kvar
600 kvar
600 kvar
600 kvar
600 kvar
300 kvar
300 kvar
300 kvar
300 kvar
300 kvar
42
Em alimentadores de subestações de distribuição (69 kV) com operador
permanente a potência do BC é dimensionada pela curva de carga de alimentadores. Já em
alimentadores de subestações de subtransmissão (34,5/13,8 kV) sem operador permanente,
o dimensionamento do banco é estimado por método indireto, através do cálculo do FP.
4.2.4 Configuração da Montagem
Os BCs podem ser instalados tanto em locais cobertos como ao ar livre, em
plataforma ou postes, desde que haja uma boa refrigeração, e deve haver espaço suficiente
para permitir completa inspeção e manutenção.
Os BCs utilizados pelas concessionárias são formados por várias unidades
monofásicas e sua conexão com o sistema elétricos pode ser das seguintes maneiras
(COELBA, 2004):
a.
Ligação em Delta
É usada especialmente em classes de tensão até 2,4 kV. Para tensões superiores
torna-se anti-econômica, se comparada com as outras, devido ao elevado custo da proteção
associada.
Esta ligação impede a circulação de correntes de harmônica, que ocorre na
conexão estrela com neutro aterrado e que pode causar interferência nos circuitos de
comunicação e proteção.
Nos bancos onde existe apenas um grupo série por fase, o fusível a ser utilizado
para proteção de cada unidade, deve ser capaz de, em caso de defeito, interromper o valor
da corrente de curto-circuito. No caso de BCs próximos às subestações ou a outros bancos,
esse valor é muito alto e às vezes requer o uso de reatores limitadores de corrente, de custo
elevado.
b.
Ligação em Estrela com Neutro Aterrado
Este tipo de ligação fornece uma via de escoamento de baixa impedância para
43
correntes de descarga atmosférica. Algumas vezes essa autoproteção é utilizada e o banco é
operado sem pára-raios.
Como o neutro é fixo, neste tipo de ligação, a tensão de restabelecimento é menos
severa. Este tipo de ligação oferece baixo custo de instalação e ocupa pouca área, no
entanto, pode provocar interferência em circuitos de comunicação e proteção, devido à
circulação de correntes harmônicas de seqüência zero para terra. Sendo assim, os relés
associados devem possuir filtros.
Devido à circulação de correntes harmônicas, podem surgir problemas de atuações
indevidas na proteção de sobrecorrente do banco, queima acima do normal de fusíveis
além de possíveis danificações nas unidades capacitivas.
No caso de defeito fase-terra, existe contribuição de corrente de seqüência zero
pela estrela do BC. É importante salientar que quando ocorre curto-circuito nas
proximidades do banco, o produto do módulo x freqüência da corrente transitória de
descarga é muito alto, exigindo a instalação de reatores série. Isto porque a circulação
destas correntes através das cargas indutivas do TC provoca o surgimento de tensões
elevadas prejudiciais ao isolamento secundário e equipamentos associados.
c.
Ligação em Estrela com Neutro Isolado
Este tipo de ligação não provoca interferências nos circuitos de comunicação, pois
bloqueia a circulação de correntes harmônicas.
Dependendo do risco assumido, não necessidade de preocupações tão fortes
como no caso do neutro aterrado, para a proteção do secundário dos TC’s, porém deve ser
dada atenção especial para tensões transitórias de restabelecimento nos equipamentos de
manobra do BC. Este fato poderá encarecer o disjuntor ou chave associado ao banco.
O neutro do banco para este tipo de ligação deve ser isolado para tensão fase-fase,
por prevenção contra surtos de manobras. No que diz respeito a custos, isto é pouco
importante nas tensões mais baixas, mas pode se tornar dispendioso em tensões acima de
15 kV.
44
d.
Ligação em Dupla Estrela Não Aterrada
Dentre as características desta ligação, pode-se dizer que os distúrbios do sistema
não se transmitem ao circuito de proteção do BC. Não vias de escoamento para
correntes harmônicas de seqüência zero e os esquemas de proteção possuem custos
relativamente baixos, principalmente no que diz respeito aos relés
Esta ligação exige uma maior área para a mesma capacidade, quando comparada
com a estrela simples, assim como maior quantidade de material por barramento e
conexões. O neutro deve ser isolado para tensão fase-fase do sistema, tal como qualquer
banco ligado em estrela com neutro isolado.
Os BCs empregados em alimentadores de distribuição são montados geralmente
em estrela ou estrela aterrada, pois acarreta em facilidade de montagem em postes, uma
vez que não são necessários condutores para o fechamento da conexão delta dos BCs,
facilitando também o trabalho operacional de manutenção (YAMAKAWA, 2007).
Segundo NATARAJAN (2005), as desvantagens da configuração em estrela
aterrada comparada com estrela sem aterramento são relacionadas às altas correntes de
inrush e de terra.
4.2.5 Tipos e Operação de BCs
Os BCs disponíveis no mercado são os fixos e os automáticos e seus valores de
potência são dados em kvar. Os bancos fixos possuem um valor fixo de potência e estão
permanentemente em operação. para os bancos automáticos é possível ligar e desligar o
BC dependendo da condição de carga para a qual está operando e de controles adequados
como a seguir descritos.
Normalmente, os BCs são projetados para 10% de sobretensão e 30% de
sobrecorrente. Alguns bancos podem operar de maneira fixa para situações em que o
sistema está sem carga ou com carga mínima. A outra opção é se utilizar BCs chaveados
para que seja possível ajustar a quantidade de capacitores necessária para atender às
45
necessidades de potência reativa do sistema de acordo com o seu perfil de carga diário.
Algumas precauções devem ser tomadas para se operar BCs (PABLA, 2005):
a.
Para evitar transientes de sobretensão perigosos no caso de interrupções do
fornecimento de energia, os BCs devem ser desligados antes da energia ser
restabelecida;
b.
Transformadores de potência nas subestações e BCs não devem ser carregados
simultaneamente quando o sistema está sendo restabelecido após uma falta de
energia. BCs devem ser colocados em serviço um a um de acordo com a
necessidade momentânea do sistema;
c.
Se a tensão na barra em que o BC está conectado atingir 1,1 vezes ou mais a
tensão nominal, o banco deve ser desligado.
A solicitação de potência reativa é variável ao longo do dia, e a entrada de
capacitores em operação causa elevação na tensão que pode ser demasiada principalmente
em períodos de carga leve. Como também é inviável a colocação e retirada do
equipamento por operação manual diariamente, os BCs são acoplados a controles
automáticos, que comandam as operações de ligar e desligar dos bancos, conforme o
dispositivo sensor do controle.
Dentre estes dispositivos, o mais utilizado é o com sensor de tempo e tensão, ou
seja, o qual opera em função do nível de tensão e das horas do dia, existem, porém outros,
como o com sensor apenas de tensão e o com sensor de corrente.
Portanto, há necessidade maior da compensação reativa no sistema em horários de
carga pesada e média. Logo, os sensores são, usualmente, ajustados para que coloquem em
operação os BCs nestes períodos de carga, e os mantenham fora de operação nos outros
períodos como nos períodos de carga leve, onde os bancos comumente utilizados são os
fixos.
4.2.5.1 Sensor de Tempo
O dispositivo de tempo é composto por um relógio que marca as horas do dia e os
46
dias da semana. Ajusta-se então um intervalo durante determinados dias da semana em que
este dispositivo deve atuar. A sua atuação consiste na abertura de uma chave, que
normalmente by-passa um reostato, conforme apresentado na Figura 4.3. Desta forma,
quando a chave é aberta o reostato é inserido no circuito do sensor de tensão, simulando
então uma queda de tensão. Deve-se então ajustar as horas e os dias da semana em que se
pretende inserir o reostato e o valor de queda de tensão adicional desejado.
FIGURA 4.3 – DISPOSITIVO DE TEMPO
4.2.5.2 Sensor de Tensão
Este controle é alimentado em baixa tensão por um Transformador de Potencial
TP com relação de 120:1 o que significa que quando a tensão de distribuição primária for
13,8 kV, a tensão secundária deste TP será de 115 V.
Possui então um sensor de tensão que compara a tensão secundária deste TP com
as tensões ajustadas para comandar as operações de colocar ou retirar do sistema o BC.
Além do dispositivo de tensão, possui ainda um dispositivo de tempo, que modifica o valor
da tensão secundária do TP, simulando uma queda de tensão através de um resistor em
horários programados, forçando a entrada do banco em operação.
O ajuste das tensões pode ser efetuado de duas maneiras, dependendo do tipo de
equipamento. Em alguns, ajusta-se uma tensão associada a uma banda (B), o que determina
uma faixa. Em outros, ajusta-se uma tensão para ligar (Von) e outra para desligar (Voff) o
BC, bem como um valor de compensação da tensão (Vc) para o horário de funcionamento
do dispositivo de tempo, conforme mostrado na Figura 4.4.
47
FIGURA 4.4 – CURVA DE OPERAÇÃO DO SENSOR TEMPO-TENSÃO
Existe ainda um ajuste de retardo baseado em um temporizador cuja finalidade é
evitar um número excessivo de operações devido a flutuações de tensão e para
coordenação com outros equipamentos.
4.2.5.3 Sensor de Corrente
Este controle é alimentado por um Transformador de Corrente TC e comanda a
entrada ou retirada do BC de operação em função da corrente de carga. Deve ser utilizado
quando o controle por tempo/tensão não tem operação adequada, devido às condições de
carga e tensão do local.
Devem ser definidos os valores de corrente que ligam e desligam o BC. Pode-se
adotar, de uma maneira simplificada, que o BC deve ligar com 60% da corrente máxima e
desligar com 40%, ou seja:
0,6=
RTC
Imax
Ion
(4.4)
0,4=
RTC
Imax
Ioff
(4.5)
onde:
48
Ion – corrente que liga o BC referida ao secundário do TC, em A;
Ioff – corrente que desliga o BC referida ao secundário do TC, em A;
Imax – corrente de carga máxima, em A;
RTC – relação de transformação do TC que alimenta o controle.
A corrente que desliga deve ainda ser superior a corrente de carga mínima, ou
seja, Ioff > Imin.
4.2.6 Elevação de Tensão Causada pela Instalação dos BCs
Para o cálculo dos ajustes é necessário primeiramente verificar se o BC não
causará tensão elevada no circuito. Para tanto é necessário calcular:
a.
Queda de tensão máxima (
VM) e mínima (
Vm) entre a SE fonte e o ponto de
instalação do BC;
b.
Elevação de tensão provocada pela operação do BC (
Vcap).
A elevação de tensão, em V, provocada pelo BC é proporcional a sua potência e a
reatância indutiva total entre a SE fonte do circuito e o ponto onde está localizado o BC. O
valor deste acréscimo de tensão pode ser calculado pela seguinte equação:
Vn
XtQc
Vcap
=
(4.6)
onde:
Qc – potência total do BC, em kvar;
Xt – reatância total entre o BC e a SE fonte, em
;
Vn – tensão nominal do circuito, em kV.
4.2.6.1 Ajuste da Tensão
A tensão de ajuste, em V, é definida como o valor resultante da equação abaixo:
RTP
2
VoffVon
Vaj
+
=
(4.7)
49
onde:
Vaj – tensão ajustada para operação do BC, em V;
Voff – tensão de referência para desligar o BC, em V;
Von – tensão de referência para ligar o BC, em V;
RTP relação de transformação do TP que alimenta o controle (normalmente
igual a 120).
Para definir Voff deve-se observar que a tensão não ultrapasse o máximo valor
admissível para os consumidores (100% da tensão nominal). Já para definir Von deve-se
observar que a tensão provocada pela entrada em operação do BC não ultrapasse o valor de
Voff (caso contrário, o banco será desligado logo em seguida).
Em alguns controles existe um botão para ajustar Voff e outro para ajustar Von.
Em outros, existe um botão para ajustar Vaj e outro para ajustar a banda (B).
A banda (B) é a diferença entre as tensões de referência Voff e Von do BC,
referida à baixa tensão. Deve ser definida de modo que a elevação de tensão provocada
pela entrada em operação do banco (
Vcap) não ultrapasse o valor máximo de tensão
ajustado e consequentemente provoque a saída do banco de operação novamente, ou seja,
B >
Vcap. O cálculo da banda é feito pela seguinte equação:
RTP
VonVoff
B
=
(4.8)
Nos BCs com sensor de tempo, deve ser ajustado o reostato que é inserido no
circuito sensor de tensão para simular uma queda adicional de tensão, modificando então o
valor da tensão em determinados horários programados.
O cálculo deste ajuste considera os valores da tensão nos horários em que se
deseja que o banco entre em operação e nos que permaneça fora de operação.
A rigor existem então dois ajustes, sendo um normal, e outro acrescido de uma
constante (Vc). O dispositivo de tempo comanda então a abertura e o fechamento da chave
que by-passao reostato. Deve-se ajustar o reostato de forma que quando for inserido, o
50
nível de tensão ajustado para ligar o BC fique acima da tensão simulada no momento, o
que levará o controle a comandar a entrada em operação do banco e, quando a chave
estiver na posição de by-pass do reostato, o nível de tensão ajustado para desligar o banco
fique abaixo da tensão no momento, o que levará o controle a comandar a saída de
operação do banco.
Como exemplo, a COPEL adota o ajuste de B igual a 4 V (sendo 480 V referente
ao primário do TP) ou,
±
2 V baseado em resultados práticos. A tensão que liga o banco
(Von) é a tensão medida no ponto de instalação às 08:00 horas em dia útil (COPEL,
1996a).
4.2.7 Corrente de Inrush
A energização de um BC implica sempre no aparecimento de uma corrente
transitória denominada corrente de inrush. O valor máximo, bem como a freqüência dessa
corrente, dependerá da tensão aplicada, da reatância do circuito, da carga armazenada no
BC a ser energizado e do amortecimento provocado pela existência de resistores de pré-
inserção e/ou outras resistências do circuito.
Por exemplo, supondo a energização de um banco isolado, a corrente inrush, em
A, é dada pela seguinte fórmula (COPEL, 1992).
kinrush
III
=
3
41,1
(4.9)
onde:
BCk
.II 15,1
=
;
I
BC
– corrente nominal do BC, em A;
I
3
– corrente de curto-circuito trifásico no ponto de instalação do BC, em A.
4.2.8 Regras Práticas para a Instalação de BC
A seguir são apresentados alguns procedimentos que são tomados para a
51
instalação de capacitores em alimentadores de distribuição:
a.
Manter um Fator de Potência mínimo de 0,95 durante o período de carga média
e pesada, na saída do alimentador;
b.
A máxima compensação resultante deverá ser limitada pelo Fator de Potência
igual a 1,0 no início do alimentador em carga máxima, admitindo-se em
determinados períodos o Fator de Potência levemente adiantado, desde que não
ocorra sobretensões no consumidor;
c.
Instalar os BCs no tronco do alimentador;
d.
Localizar os BCs próximos a grandes consumidores industriais;
e.
Em alimentadores com carga residencial, comercial e grandes consumidores
industriais localizar os BCs no centro de carga de uma área do alimentador;
f.
Não instalar BCs em ramais protegidos por chaves fusíveis, pois em caso de
abertura involuntária em uma das fases no lado da fonte, a energização da
fase aberta através dos bancos conectados em estrela isolada;
g.
Instalar os BCs a uma distância mínima de 1,0 km da SE, ou a uma distância
que minimize os efeitos da corrente inrush;
h.
Espaçar os BCs de um mesmo alimentador a uma distância de no mínimo 1,0
km ou em intervalos que minimizem os efeitos da corrente inrush;
i.
Os BCs fixos devem ser dimensionados para compensação de reativos em
carga leve e os automáticos em carga média e pesada;
j.
Analisar cuidadosamente se a elevação de tensão devido à instalação do BC
não provocará sobretensão no consumidor, isto, tanto na configuração normal
como de emergência do alimentador.
Dentre esses procedimentos, apenas alguns foram considerados na formulação do
problema utilizado nesse trabalho. São eles: (i) opção pela instalação dos BCs no tronco do
alimentador ou em todas as barras do alimentador e, (ii) alocação de bancos fixos para
compensação de reativos em carga leve e dos automáticos para carga média e pesada.
52
4.3 REGULADOR DE TENSÃO
O Regulador de Tensão RT é um equipamento destinado a manter um
determinado nível de tensão na rede de distribuição urbana ou rural quando esta fica
submetida a uma variação de tensão fora dos limites especificados.
É importante salientar que o RT é um dos equipamentos mais úteis para as
concessionárias de energia elétrica que objetivam manter boa qualidade de fornecimento
de energia elétrica aos seus consumidores na forma de tensão com razoável estabilidade
(FELÍCIO, 2006).
Sabe-se que o aumento de 1% na tensão de um consumidor resulta num acréscimo
de faturamento de cerca de 1,5% (ALVES, 2005). Desta forma, torna-se economicamente
interessante para as concessionárias resolver os problemas de subtensão do sistema de
distribuição de energia de forma contínua em todas as horas do dia e isto pode ser realizado
com auxílio dos RTs.
4.3.1 Tipos de RT
Um RT é fundamentalmente um autotransformador, ou seja, é semelhante a um
transformador convencional de dois enrolamentos conectados eletricamente em um
determinado ponto, com alguns taps e um circuito de controle responsável pela comutação
desses taps sempre que a tensão na saída do regulador violar os limites pré-determinados.
Existem basicamente três tipos de RTs: Autobooster, Line-Drop CompensationLDC e 32
Degraus (ALVES, 2005).
a.
Autobooter
Os RTs Autobooster são os equipamentos mais simples, fabricados em unidades
monofásicas com 4 degraus e para variação de tensão de ± 6% e 10%, onde cada variação
de tap corresponde, respectivamente, a uma variação de 1,5% e 2,5%.
53
b.
Line-Drop CompensationLDC
o RT do tipo LDC permite controlar a tensão em pontos remotos do
alimentador a jusante no ramal de ligação. Estes equipamentos possuem um circuito
composto por resistências e reatâncias ajustáveis de modo que simulem os valores de
resistência e reatância entre os pontos de instalação do regulador e aquele ponto onde se
pretende regular a tensão.
c.
32 Degraus
O RT de 32 Degraus permite obter uma tensão constante e pré-determinada em
um ponto do sistema, pode-se elevar ou reduzir o valor da tensão nos seus terminais de
entrada e é dividido em dois tipos, A e B, de acordo com lado de comutação. A regulação
de tensão do Tipo B, com comutação pelo lado da fonte, é de ± 10%, quando ligado em
estrela aterrado, sendo que cada variação do tap corresponde a 0,625%, para os 32 degraus,
de variação de tensão. Já o Tipo A, no qual a comutação é pelo lado da carga, a regulação é
de +9,1% e -11%. Os RTs de 32 degraus também são dotados de outras faixas de
regulação, tais como: ± 5%, 6,25%, 7,5% e 8,75%.
Para fins desta dissertação o enfoque será todo direcionado ao regulador Tipo B,
com comutação do lado da fonte, por ser este o RT mais utilizado pelas concessionárias
(FELÍCIO, 2006).
4.3.2 Princípio de Funcionamento
Conforme citado anteriormente, o RT é basicamente um autotransformador e este
pode operar em duas configurações distintas, como redutor de tensão e elevador de tensão
(ABNT, 1992).
A Figura 4.5 apresenta a primeira configuração, como redutor de tensão, onde a
ocorrência de uma variação de tensão na fonte que cause a elevação da tensão na carga é
regulada de forma a manter a mesma tensão que existia antes da ocorrência do fenômeno.
54
FIGURA 4.5 – LIGAÇÃO PARA REDUÇÃO DE TENSÃO
Desta forma, tem-se a tensão de saída dada pela seguinte equação:
BTINBEOUT
VVVV
=
=
(4.10)
onde:
V
IN
– tensão de entrada;
V
OUT
– tensão de saída;
V
BT
– tensão na bobina de taps ou enrolamento série;
V
BE
– tensão na bobina de excitação.
Para a segunda configuração do RT, a ligação como elevador de tensão é
apresentada na Figura 4.6. Neste caso, um evento qualquer que proporcione queda de
tensão na carga faz com que o equipamento reaja, regulando a tensão para o mesmo nível
anterior ao evento.
55
++
-
-
V
IN
V
OUT
V
BT
V
BE
FIGURA 4.6 – LIGAÇÃO PARA ELEVAÇÃO DE TENSÃO
Desta forma, tem-se a tensão de saída dada pela seguinte equação:
BTINBEOUT
VVVV
+
=
=
(4.11)
Observando a Figura 4.5 e a Figura 4.6 percebe-se que a ligação como redutor ou
elevador de tensão é determinada pela polaridade da conexão da bobina de taps com a
bobina de excitação. Assim, adicionando uma chave inversora de polaridade no circuito,
conforme mostrado na Figura 4.7, pode-se fazer com que o mesmo equipamento trabalhe
nas duas condições citadas anteriormente.
FIGURA 4.7 – CHAVE INVERSORA INSERIDA NO CIRCUITO DO RT
56
No RT de 32 Degraus Tipo B, a bobina de taps ou enrolamento série é dividido
em 8 partes iguais, dando origem aos 9 taps, onde a tensão total nesse enrolamento série é
de 10% da tensão de entrada, e tem-se, portanto, 1/8 de 10%, ou 1
1/4
% para cada tap.
No entanto, o problema é que para que haja a comutação de um tap para outro, a
corrente no circuito será obrigatoriamente interrompida, ou seja, a carga será desligada
temporariamente. Para que isso não ocorra é adicionado um reator de comutação ao
circuito, conforme mostrado na Figura 4.8, composto por uma bobina com uma derivação
central ligada a fonte e duas derivações nas extremidades seguidas de dois contatos móveis
para transitar entre os taps. Outra finalidade do reator de comutação é evitar curtos-
circuitos nas espiras do enrolamento série quando os contatos de comutação estiverem em
taps diferentes. Desta forma, quando um contato do reator de comutação estiver se
deslocando entre os taps o outro estará parado sobre um tap fornecendo corrente à carga e,
consequentemente, evitando que a mesma seja desligada.
FIGURA 4.8 – REATOR DE COMUTAÇÃO INSERIDO NO CIRCUITO DO RT
A operação dos contatos móveis do reator de comutação para a obtenção dos
degraus de tensão é ilustrada na Figura 4.9. Na primeira posição, mostrada no detalhe a,
ambos os contatos móveis estão no contato 0 ou neutro do enrolamento série da
configuração de elevação de tensão. Então, quando uma tensão de 100% é aplicada na
derivação central do reator de comutação, que no RT tipo B é a entrada, a saída do RT está
57
também na tensão de 100%.
Na condição seguinte, mostrada no detalhe b, um contato móvel permanece no
contato neutro enquanto o outro se desloca para o contato 1. Existe, portanto, uma
diferença de potencial de 1
1/4
% entre os dois contatos móveis e, como a tensão de entrada é
aplicada na derivação central do reator de comutação, a tensão de saída é igual à tensão da
entrada aumentada da metade da diferença de potencial entre os contatos 0 e 1. Ou seja,
para a aplicação de 100% da tensão nominal na derivação central, tem-se a tensão de saída
aumentada em 5/8% em relação à tensão de entrada ou 100,625% da tensão nominal.
Na próxima condição, mostrada no detalhe c, ambos os contatos móveis estão no
contato 1, deixando por conseqüência de haver a diferença de potencial entre os contatos.
Porém, a inserção em série de 1/8 da bobina de taps que equivale a um tap e, portanto,
para esta configuração tem-se a tensão de saída aumenta em 1
1/4
%. Ou seja, para a
aplicação de 100% da tensão nominal na derivação central, tem-se a tensão de saída
aumentada em 1
1/4
% em relação à tensão de entrada ou 101,250% da tensão nominal.
FIGURA 4.9 – OPERAÇÃO DO REATOR DE COMUTAÇÃO
Seguindo esta lógica, tem-se 8 condições em que os contatos móveis estarão no
mesmo contato ou tap e mais 8 condições em que estarão em contatos diferentes,
totalizando os 16 degraus de elevação de tensão em passos de 0,625% com uma regulação
de total +10%, além da posição neutro.
58
Analogamente, trocando a posição da chave inversora para a posição R, tem-se o
RT operando como redutor de tensão, desta forma o contato 8 da mostrado na Figura 4.9
passa a ser o contato 0 ou neutro, o contato 7 passa a ser o contato 1 do modo redutor e
assim sucessivamente, totalizando novamente os 16 degraus, agora de redução de tensão
com o mesmo passo de 0,625% e com uma regulação de total -10%, além da posição
neutro.
Finalmente, percebe-se então que 32 degraus de tensão, além da posição de
neutro, cobrindo assim, uma faixa de regulação de tensão de ±10%.
4.3.3 Partes Principais e Finalidade
De acordo com o princípio de funcionamento, as partes principais que compõe um
RT de 32 Degraus monofásico e suas respectivas finalidades são:
a.
Enrolamento Comum
Gerar um fluxo magnético para excitação do enrolamento de regulação e terciários
de TP’s.
b.
Enrolamento Série com Derivações
Suportar a corrente passante e receber a excitação do enrolamento de regulação,
aumentando ou diminuindo a tensão na saída.
Ressalta-se, entretanto, que o Enrolamento Comum e o Enrolamento Série com
Derivações são, basicamente, o autotransformador principal que compõe o RT.
c.
Enrolamento de Regulação
Permitir a variação do número de espiras existentes no circuito através de
derivações uniformemente distribuídas e consequentemente regular a tensão de saída.
d.
Enrolamento de Equalização
Gerar uma tensão induzida contrária e de valor igual à metade da tensão de
degrau, proporcionando uma equalização no desgaste dos contatos fixos e móveis de
derivação.
Ressalta-se, ainda, que o Enrolamento de Regulação e o Enrolamento de
59
Equalização compõem, basicamente, o Autotransformador Preventivo ou Reator de
Comutação, cuja finalidade é evitar a interrupção do circuito, durante a comutação, limitar
a corrente circulante entre duas derivações do enrolamento de regulação e, ainda, duplicar
o número de derivações.
Além destes, muitos outros componentes fazem parte do RT com igual
importância, como por exemplo, TP’s, TC’s, proteções, contatos, indicadores, chaves,
lâmpadas, etc.
4.3.4 Operação do RT
Conforme citado anteriormente, um RT por degraus é basicamente um
autotransformador, capaz de aumentar ou diminuir a tensão em 32 degraus. Um regulador
é também um dispositivo automático e, portanto, deve haver algum meio de controlar ou
comandar sua operação. Essa função é executada pela unidade de controle, que é o
“cérebro” do RT.
A Figura 4.10 mostra um diagrama de blocos dos principais elementos do circuito
de controle em sua seqüência de operação. Esses elementos principais são: TP,
Compensador de Queda na Linha ou Line-Drop Compensator LDC, Sensor de Tensão e
Temporizador. Esses são os componentes que irão determinar quando o motor do
mecanismo de comutação é acionado, comutando os taps de forma a aumentar ou diminuir
a tensão no secundário do autotransformador.
Deve-se salientar que para a correta operação de um RT, é importante que o ponto
de regulação seja usualmente selecionado em algum lugar entre o regulador e o final do
alimentador.
O TP, que é conectado no lado da carga do RT, exerce duas funções: fornecer uma
tensão proporcional a tensão do circuito para o controle e fornecer a tensão para o motor do
comutador.
Então o princípio de funcionamento do compensador de queda de linha começa
pelo ajuste dos valores da resistência e reatância
que são determinados com base na
60
impedância, “vista” pelo regulador, entre o ponto onde está o regulador e o ponto onde se
deseja controlar a tensão.
Regulador de Tensão – RT
Ajustes do Estáticos do RT
Fonte
Carga
Transformador de
Potencial – TP
Line Drop Compensator
LDC
Sensor de
Tensão
Sensor de
Tempo
Motor do Comutador
de TAP’s
Comutador de
TAP’s
FIGURA 4.10 – OPERAÇÃO DO REGULADOR DE TENSÃO
O sensor de tensão compara a tensão de entrada para determinar o nível de tensão.
Se a tensão de entrada desvia do ponto de ajuste além de certa tolerância por certo tempo, o
mecanismo que faz a mudança de tap, que para o RT de 32 Degraus Tipo B é no lado da
fonte, atua trazendo de volta a tensão para os limites estabelecidos.
O intervalo compreendido entre estes limites é chamado de largura de banda ou
bandwidth, e fica em torno de
±
2% ao redor do ponto de ajuste. Um tempo de atraso em
torno de 30 a 60 segundos faz com que o regulador não atue devido a eventos temporários
que não irão afetar os níveis de tensão em regime permanente. O tempo de atuação para
mudanças de tap
está em torno de 6 a 8 segundos, sendo necessário em torno de 2 minutos
para a troca da posição central até um tap
extremo (ALVES, 2005).
Portanto, antes de por em operação um RT em uma linha, é necessário definir
quais os ajustes a serem feitos de modo a obter o máximo de vantagens, pois
frequentemente, ajustes incorretos do controle resultam em desempenho insatisfatório do
regulador, provocando níveis de tensão indesejáveis.
61
Assim, os ajustes normalmente feitos no controle são: Nível de Tensão, Largura
de Banda, Temporização e Compensação de Queda de Linha. Esses ajustes nos controles
estão inter-relacionados e embora cada um seja tratado como um ajuste separado, eles se
afetam mutuamente.
4.3.4.1 Nível de Tensão
O ajuste do Nível de Tensão é feito na base da tensão que o controle eletrônico
responde cujo valor pode ser observado na placa de identificação do RT.
Inicialmente deve-se analisar qual o Nível de Tensão que se pretende manter nos
consumidores ao longo da linha. Esta determinação pode ser baseada na necessidade do
sistema ou em determinações legais.
Então, por exemplo, selecionando-se o ponto médio como 124 V, este será o
ajuste nominal da tensão que se estaestabelecendo com a tensão desejada no circuito
primário e aproximadamente em todos os consumidores com carga leve. Nessa condição
de carga leve, pouca corrente circula na linha e há, por conseqüência, pouca queda de
tensão de forma que será obtida praticamente a mesma tensão em qualquer ponto da linha.
Mas a manutenção de 124 V em todos os pontos de consumo, sem carga, pode
não significar que o nível de tensão no controle do RT esteja nesse ajuste. Os 124 V
multiplicados pela relação de transformação do transformador de distribuição fornecem o
valor da tensão primária, mas essa tensão tem que ser dividida pela relação do TP do
regulador para se determinar o ajuste correto do nível de tensão.
Por exemplo, suponhamos que temos um transformador de distribuição de 7.620-
120 V, ou seja, de relação de transformação de 63,5:1. A relação do TP do RT
correspondendo à operação em 7.960 V é de 66,3:1.
Portanto, se desejamos manter 124 V no medidor do consumidor, a tensão
primária do transformador de distribuição deve ser 124 x 63,5, ou seja, 7.874 V. Essa é a
tensão da linha que se tem que manter para garantir que cada consumidor na linha receba
124 V sob condições de carga leve.
62
Tomando essa tensão da linha e dividindo-a pela relação do TP do RT,
7.874/66,5, tem-se o nível de tensão a ser ajustado no controle, ou seja, 118,4 V. Assim,
para carga leve, deve-se ajustar o nível de tensão no controle do reulador em 118 V, para
manter 124 V em cada consumidor.
Normalmente os RTs possuem Nível de Tensão ajustável em uma faixa contínua
que varia de 105 a 135 V.
4.3.4.2 Largura de Banda
A Largura de Banda ou Bandwidth deve ser ajustada em uma amplitude de forma
que uma única operação do RT, não faça a tensão passar da faixa e seja suficientemente
pequena para forçar o regulador a manter a tolerância desejada da tensão.
O ajuste da Largura de Banda pequena proporcionará um melhor Nível de Tensão,
por outro lado, provocará mais comutações, pois pequenas variações já são suficientes para
iniciar a temporização. Os controles eletrônicos dos RTs possuem sinalizadores que
indicam quando a tensão está fora da faixa.
Normalmente os RTs possuem Largura de Banda ajustável em uma faixa contínua
que varia de 1,5 a 3 V.
4.3.4.3 Temporização
A temporização deve ser ajustada de forma que flutuações temporárias, de curta
duração, não provoquem comutações no RT e também deve ser suficiente para que baixas
tensões não provoquem mau funcionamento de aparelhos e reclamações de consumidores.
Se for necessária uma resposta rápida para ajuste da tensão, deve ser utilizado um
tempo menor, o qual proporciona um nível melhor de tensão, mas provoca um aumento do
número de comutações.
Alguns reguladores possuem um temporizador tipo integração. Este tipo de
temporizador soma os tempos que a tensão ficou fora de faixa e subtrai os tempos em que
63
ela esteve dentro da faixa. Quando a tensão ficar fora da faixa mais tempo do que dentro da
faixa, ultrapassando um ajuste de tempo pré-selecionado, o temporizador solicita ao RT a
mudança de derivação.
Alguns temporizados não fazem a integração dos tempos, e quando a tensão sai
fora da faixa por um tempo inferior ao ajustado, voltando à faixa normal, este tempo é
zerado. Um novo desvio para fora da faixa inicia uma nova contagem de tempo até que o
tempo total seja superior ao ajustado, para então solicitar ao RT a mudança de derivação.
Outro ponto importante é que o temporizador somente temporiza a primeira
mudança de derivações. Se mais de uma operação for requerida para corrigir a tensão na
linha, o controle funcionará até que o nível de tensão esteja dentro do ajustado. Em outras
palavras, ele não temporiza cada mudança que acontece em uma série de mudanças de
derivações, necessárias para corrigir a tensão na linha.
Normalmente os RTs possuem Temporização ajustável em uma faixa contínua
que varia de 30 a 90 segundos, sendo que, tipicamente, usa-se 30 segundos de
Temporização para reguladores que não estejam em série ou cascata.
4.3.4.4 Line-Drop Compensator – LDC
A Compensação de Queda na Linha é um recurso que possibilita obter tensão
mais próxima do ajustado, ao longo da linha, minimizando as oscilações de tensão que a
linha experimenta devido às variações na corrente de carga.
A Compensação de Queda na Linha é ajustada para compensar a queda de tensão
na linha entre o RT e o centro de carga, normalmente mantendo a tensão mais elevada na
saída do regulador. O aumento da tensão no RT, causado pela Compensação de Queda na
Linha, é uma função dos ajustes de resistência e reatância do controle eletrônico e da
corrente da linha, conforme mostrado na Figura 4.11. O conhecimento da corrente da linha
e da impedância da linha pode ser manipulado dentro da magnitude da queda de tensão da
linha. Existem diversos métodos utilizados para determinar os ajustes da Compensação de
Queda na Linha. O método do “Centro de Carga” é provavelmente o mais utilizado.
64
FIGURA 4.11 – CIRCUITO DO LINE-DROP COMPENSATION
Independente do método utilizado, a tensão no primeiro consumidor após o RT é
da máxima importância, pois ela nunca deve exceder o valor máximo selecionado, em
qualquer tempo. Quando a Compensação de Queda na Linha é aplicada incorretamente, ou
se a carga aumentar ultrapassando os ajustes de compensação, é possível que a tensão no
primeiro consumidor seja levada a ultrapassar o valor máximo, resultando em danos aos
equipamentos elétricos do consumidor. A Compensação de Queda na Linha tem o efeito de
aumentar a tensão no primeiro consumidor à medida que a corrente de carga aumenta
através do TC do regulador. Se uma corrente superior à prevista passar pelo TC, uma
tensão também superior a prevista é fornecida ao primeiro consumidor.
Existe um acessório que protege o primeiro consumidor de receber tensões
elevadas, que podem provocar defeitos e mau funcionamento em eletrodomésticos do
consumidor. Esse acessório evita que novos comandos sejam dados no sentido de elevar a
tensão.
4.3.5 Operação de RTs em Cascata
Quando se utilizam RTs em cascata, é necessário fazer ajustes adequados da
Temporização para que os reguladores operem na seqüência correta para atingir os
resultados desejados.
Desta forma, é conveniente ajustar suas temporizações de modo que o RT mais
65
distante da fonte, como por exemplo, o Regulador B da Figura 4.12, tenha uma
temporização maior. O Regulador A, possuindo temporização menor, estará mais próximo
da fonte e opera antes para corrigir as flutuações maiores. Se o Regulador A fizer suas
correções e ainda for necessário corrigir a tensão pelo Regulador B, este completará seu
ciclo de temporização e corrigirá a tensão mais adiante na linha.
FIGURA 4.12 – AJUSTES ADEQUADOS DE TEMPORIZAÇÃO PARA RTS EM CASCATA
Se, ao contrário, o Regulador B for ajustado para uma temporização menor ou
igual a do Regulador A, conforme mostrado na Figura 4.13, operações extras do Regulador
B são observadas.
Ou seja, com temporização menor em B tem-se primeiramente a regulação da
tensão na saída de B, a qual não afeta A. Em seguida, A regula a sua saída e provoca
novamente a regulação de B, pois a mudança feita por A afeta a tensão na linha até onde se
encontra B e, por conseqüência, B tem que corrigir novamente a tensão.
Portanto, para RTs em cascata, é conveniente ajustar suas temporizações de modo
que o regulador mais distante da fonte tenha uma temporização maior, pois assim é
66
possível reduzir o número de operações necessárias para estabilizar a tensão da linha.
Regulador A
Temporização
Maior
Regulador B
Temporização
Menor
Subestação
0 s 20 s 40 s 60 s
Limite Superior
Limite Superior
Limite Inferior
Limite Inferior
120 V
120 V
0 s 20 s 40 s 60 s
RT A opera
depois
RT B opera
primeiro
80 s
80 s
Sobretensão
devido a
operação do
RT A
RT B opera
novamente
FIGURA 4.13 – AJUSTES INADEQUADOS DE TEMPORIZAÇÃO PARA RTS EM CASCATA
Tipicamente, quando existem RTs em série, é feita a coordenação usando-se para
o primeiro regulador 30 segundos e adicionando-se 15 segundos para cada regulador
instalado na seqüência.
4.3.6 Inversão do Fluxo de Potência
Até agora, discutiu-se a regulação pressupondo que existe apenas uma fonte de
tensão, ou que o fluxo da potência ocorre somente em um sentido, o da fonte até um ponto
de recebimento.
Suponha-se que a situação fosse conforme mostra a Figura 4.14, onde o um RT
está localizado em uma linha entre duas fontes independentes, com cargas diferentes.
Assim, o FP pode ser em qualquer sentido para a esquerda ou para direita, dependendo de
qual fonte esteja operando na ocasião.
67
FIGURA 4.14 – EXEMPLO DE DIAGRAMA COM FLUXO REVERSÍVEL
A Figura 4.15 mostra um diagrama simplificado da ligação de um RT na linha
onde dentro do retângulo pontilhado está o regulador. Digamos agora que o FP fosse da
esquerda para a direita, que seria o fluxo normal para o modo como o RT é mostrado. Isso
significaria, neste caso, que somente a Chave A da Figura 4.14 estaria fechada e, portanto,
as cargas estariam sendo alimentadas pela Fonte A.
FIGURA 4.15 – DIAGRAMA SIMPLIFICADO DA LIGAÇÃO DO RT NA LINHA
Para esta situação, ou seja, quando o FP for na direção normal, o TP é conectado
através do lado da carga do RT e mede a tensão V
2
de saída do regulador. Sob condições
normais de fluxo, com a tensão V
2
baixa, o TP sente esta tensão baixa e o controle opera
para introduzir mais enrolamento série N
S
no circuito. Assim, a tensão de saída aumenta e
corrige a situação.
Suponhamos, no entanto que o FP seja invertido e comece da direita para a
esquerda. Isso significa que agora a Chave B estaria fechada e a Chave A aberta. Nesse
caso, o TP é conectado na entrada do RT e utilizaria, portanto, a tensão de entrada V
2
. Se a
68
tensão V
2
for muito baixa, o TP opera, assim como no caso anterior, para inserir mais
enrolamento série N
S
no circuito, pois o regulador está conectado para regulação normal a
partir da Fonte A.
Entretanto, observando-se a equação da relação de espiras de um transformador:
2
2
1
1
N
V
N
V
=
(4.12)
Se V
2
for baixo, o controle envia um sinal para o RT aumentar a tensão, elevando
assim N
2
através do aumento de N
S
. A mudança na relação entre N
2
e V
2
faz com que V
1
e
N
1
também sejam alterados para equilibrar a equação. Lembrando que N
1
permanece
sempre constante, pois ele é o enrolamento de excitação, torna-se evidente que V
1
deve
diminuir.
Desta forma, observando o diagrama da Figura 4.15, podemos ver que se o RT
estiver conectado para fluxo normal e o fluxo for invertido, uma queda na tensão de
entrada V
2
provoca uma queda na tensão de saída V
1
.
Portanto, o RT, conectado para fluxo normal, agravou a condição de baixa tensão
ao invés de corrigi-la. Isso faz com que o regulador continue operando até que a posição
máxima superior seja atingida, ou inferior para a condição de alta tensão na entrada. Se a
tensão de entrada variar muito acima ou abaixo da faixa, o RT irá continuar a comutar para
trás ou para frente entre as posições extremas.
Então, se for necessário aplicar um RT em um circuito de fluxo variável,
evidentemente, algumas mudanças devem ser feitas no regulador para que ele opere
corretamente, quando houver a inversão do fluxo. Estas mudanças são:
a.
Deve haver algum circuito ou meio para primeiro detectar uma inversão de
fluxo e em seguida, para operar sempre que ocorram mudanças;
b.
O TP deve ser removido para o novo lado da carga;
c.
Os fios do motor devem ser invertidos com a finalidade de inverter a rotação;
d.
Se necessário, normalmente não é, novos ajustes nos valores de Compensação
69
de Queda na Linha e de Nível de Tensão devem ser feitos.
Os RTs mais modernos vêm com estas modificações incluídas, para os RTs
antigos instalados nas redes, são utilizadas outras técnicas como, por exemplo, um
esquema de derivação manual ou um sistema caro e complicado de relés que requerem
uma fiação entre os RTs.
4.3.7 Configuração da Montagem
Os RTs podem ser instalados tanto em locais cobertos como ao ar livre, em
plataforma ou postes, desde que haja uma boa refrigeração. Consequentemente não podem
ser colocados em lugares fechados ou sem circulação de ar, e deve haver espaço suficiente
para permitir completa inspeção e manutenção.
Para colocar um RT em operação alguns cuidados devem ser tomados, como por
exemplo (TOSHIBA, 2002):
a.
Verificar o nível de óleo do tanque;
b.
Verificar a rigidez dielétrica do óleo e, caso esta seja menor que o valor
especificado pelo fabricante, será necessário filtrar esse óleo antes de colocar o
RT em funcionamento;
c.
Curto-circuitar as buchas da fonte, carga e neutro e medir a resistência entre as
buchas e o tanque.
E, antes de fazer as conexões elétricas com a fonte e a carga, devem-se identificar
no equipamento cada uma das buchas, conforme apresentado na Tabela 4.2.
TABELA 4.2 – NOMENCLATURA DAS BUCHAS CONFORME ANSI E ABNT
Isoladores ANSI ABNT
Fonte S F
Carga L C
Neutro SL FC
70
Normalmente os RTs utilizados pelas concessionárias são monofásicos e sua
conexão com o sistema também monofásico ocorre conforme mostrado na Figura 4.16,
proporcionando, para o caso do RT de 32 Degraus Tipo B, ±10% de regulação.
Chave da Fonte
Chave da Carga
Chave By Pass
F
C
FCCaixa de
Controle
FIGURA 4.16 – CONEXÃO MONOFÁSICA DO RT
para os sistemas trifásicos são feitas associações de dois ou três RTs
monofásicos. A Figura 4.17 ilustra a conexão de dois reguladores monofásicos em Delta
Aberto em uma linha de distribuição trifásica não aterrada.
Chave da Linha
Chave da Fonte
Chave da Carga
Chave By Pass
F
C
FC
Chave da Fonte
Chave da Carga
Chave By Pass
F
C
FC
FIGURA 4.17 – CONEXÃO EM DELTA ABERTO DE RTS
Na conexão em Delta Aberto cada RT proporciona uma regulação de ±10% na
71
fase em que está conectado e provoca um aumento de ±5% na terceira fase. Com isto a
terceira fase, também, regula ±10%.
A Figura 4.18 mostra a conexão de três RTs monofásicos em uma linha de
distribuição trifásica em Delta Fechado.
FIGURA 4.18 – CONEXÃO EM DELTA FECHADO DE RTS
A ligação de três RTs em Delta Fechado proporciona ±10% de regulação na fase
em que está conectado e mais ±5% na fase adjacente, como visto no circuito Delta
Aberto. Como são três reguladores conectados, o resultado será uma regulação de ±15% na
tensão do banco.
Na Figura 4.19 tem-se a conexão de três RTs monofásicos em Estrela em uma
linha de distribuição trifásica com neutro aterrado, onde é proporcionada uma regulação de
±10% para cada fase.
Salienta-se que os reguladores monofásicos não podem ser operados em uma
ligação em Estrela com o neutro do banco isolado. Quando esses RTs são ligados em
72
Estrela, o neutro do banco deve ser eficientemente conectado ao neutro do sistema. Sem
essa interligação, a conexão em estrela torna-se perigosa, visto que os controles de tensão
independentes de cada fase podem provocar relações desiguais entre as fases, resultando na
variação de um neutro isolado com uma distorção da tensão de fase.
FIGURA 4.19 – CONEXÃO EM ESTRELA DE RTS
Tendo em vista que os RTs conectados em estrela aterrado apresentam, em
determinadas ocasiões, diferenças significativas de posições entre as suas posições, devido
a cargas desequilibradas, faz com que circulem correntes de neutro, o que provoca o
desligamento de religadores.
Procurando minimizar estas correntes de neutro, foi estabelecido que os RTs
conectados em circuitos estrela aterrados devem ser comandados por um único controle.
A escolha do comando mestre é feito naquele que possui a tensão intermediária.
Embora este arranjo comprometa o Nível de Tensão ideal na saída de cada RT, os valores
73
das três tensões ficam, na média, em valores aceitáveis.
4.3.8 Capacidade de Carga
As características térmicas de RTs têm uma influência significativa em sua vida
útil. Na realidade, a principal causa da ruptura dielétrica, que corresponde ao rmino da
vida útil do equipamento, é a deterioração do isolamento de papel devido a pontos de altas
temperaturas. Portanto, o conhecimento desses pontos quentes é fundamental na avaliação
dos limites de sobrecarga e para a vida útil do equipamento.
Dois pontos são de grande importância para a definição da capacidade de carga
dos RTs: a vida útil dos contatos e a capacidade térmica do regulador.
a.
Vida Útil dos Contatos
Muitos operadores têm ficado relutantes em submeter os RTs à cargas excessivas,
com receio de aumentar significativamente o desgaste dos contatos com conseqüente
aumento na manutenção. A base para essa dedução tem sido a seguinte fórmula:
2
=
SRT
NRT
I
I
VUNCVUCSS
(4.13)
onde:
VUCSS – vida útil do contato submetido à sobrecarga;
VUNC – vida útil normal do contato;
I
NRT
– corrente nominal do RT;
I
SRT
– corrente de sobrecarga do RT.
Outro fator que deve ser considerado é a extensão da sobrecarga ou o mero de
operações com sobrecarga e a percentagem de sobrecarga na corrente. Durante um ciclo
normal de carga diária, a corrente de carga que um RT deve interromper varia
significativamente. Essa variação de carga modifica consideravelmente a vida útil estimada
74
da chave do regulador.
Estimou-se, então, que um regulador possa interromper o dobro da carga nominal.
Essa relação foi determinada através de ensaios em laboratório, enquanto o equipamento
era operado continuamente com carga plena, ou seja, com corrente nominal.
Desta forma, a norma ANSI C57.95, determina que um RT seja capaz de
interromper pelo menos o dobro da corrente de carga.
b.
Capacidade Térmica
Por ser a capacidade térmica do RT significativamente afetada pelo mero de
espiras do enrolamento série que é energizado em um instante qualquer, é muito difícil
determinar com precisão que condições térmicas podem existir em um RT para diferentes
ciclos de carga. Devido a essa característica, vários anos os fabricantes de reguladores
apresentaram as capacidades de "Ganho de Carga", a qual permitiu a operação do RT com
correntes superiores às nominais, conforme mostrado na Tabela 4.3.
TABELA 4.3 – CAPACIDADE DE GANHO DE CARGA
Carga
Nominal
[%]
Derivação de
Regulação
[%]
Perda do
Enrolamento
Série [%]
Perda no
Enrolamento de
Excitação [%]
Perda
Total
[%]
100 10,00 1,00 1,00 2,00
110 8,75 1,06 0,92 1,98
120 7,50 1,08 0,81 1,89
135 6,25 1,14 0,71 1,85
160 5,00 1,28 0,64 1,92
Na maioria dos RTs monofásicos, existe a capacidade para carga de 160% da
corrente nominal, na derivação de regularão de +5%.
Desenvolvendo as relações de perdas para um regulador em uma base unitária, o
ponto de regulação de +10% teria uma perda total igual a 2, quando suportando a corrente
75
nominal de placa.
Comparando-se, as perdas na base unitária, com as outras posições das derivações
de 5% a 10%, vemos que cada uma delas está bem próxima da base de 2, relacionada para
o ponto de 10%.
Cada RT que tenha essas capacidades aumentadas deve ser considerado como
tendo um valor diferente do valor de placa, para cada derivação. Essas capacidades de
faixa aumentada não sobrecarregam termicamente o regulador.
Com este recurso, a faixa de ajuste da tensão poderá ser utilizada de acordo com a
necessidade do sistema, ou seja, o ajuste poderá ser diferente para o lado máximo de elevar
e do lado máximo de diminuir.
Caso uma linha tenha uma carga superior à capacidade nominal do RT, nos
períodos de pico de carga, o regulador poderá ser ajustado para elevar a tensão em +5%
para carga pesada e a diminuir em -10% para carga média e leve, conforme mostrado na
Figura 4.20.
FIGURA 4.20 – AUMENTO DE CARGA OBTIDO PELO AUMENTO DA FAIXA DE REGULAÇÃO
76
Em geral, a sobrecarga por qualquer período de tempo pode acontecer desde que a
temperatura máxima no cobre não exceda a 95°C, sendo que esse limite é obtido somando-
se 30°C para uma temperatura ambiente média, 55°C para a temperatura média no cobre, e
l0°C para aumento de temperatura no ponto mais quente do cobre.
Alguns RTs mais modernos são fabricados com um papel especial denominado
papel termoestabilizado, o qual suporta temperaturas mais elevadas, no caso, 65°C para a
temperatura do cobre, elevando desta forma a temperatura total máxima para 105°C.
Quando o RT possui este tipo de papel pode ser sobrecarregado em 12% da
capacidade nominal dada pela Tabela 4.3, sem perda da vida útil ou necessidade de
redução da faixa de regulação.
4.3.9 Colocação de RTs em Paralelo
Quando os RTs são colocados em paralelo, o circuito deve possuir impedância
maior do que a dos reguladores, desta forma, faz-se necessário que os transformadores
estejam localizados no mesmo circuito, conforme mostrado na Figura 4.21.
FIGURA 4.21 – REGULADORES DE TENSÃO COLOCADOS EM PARALELO
Essa ligação em paralelo, de RTs em rie com transformadores, é modelada com
impedâncias em paralelo, logicamente formadas pela soma da impedância do
transformador com a impedância do RT.
Assim, se as impedâncias forem diferentes, a corrente deriva e flui diferentemente
77
através das impedâncias separadas. Se as relações de transformação forem diferentes,
provocam tensões diferentes aplicadas a um mesmo barramento. Isso significa que uma
corrente de circulação Icirc pode fluir no circuito cuja natureza é essencialmente reativa.
No caso especifico dos RTs, a relação de transformação é determinada pela
posição de operação. Se as unidades em paralelo estiverem em derivações diferentes,
haverá uma corrente de circulação Icirc, a qual pode ser ainda maior no caso dos estarem
próximos das posições neutras, pois a impedância dos reguladores tenderia a zero.
Essa corrente circulante Icirc é limitada pelas impedâncias dos transformadores e
dos RTs. Quanto maior a impedância no circuito, menor será a corrente circulante
resultante da diferença entre as relações de transformação, por isso os transformadores são
incluídos em série no mesmo circuito com os reguladores.
Então, como regra geral, esta corrente de circulação Icirc não deve exceder a 15%
da capacidade total e, ainda, os RTs devem:
a.
Ter a mesma impedância percentual em suas bases ou muito próximas;
b.
Ter a mesma tensão nominal;
c.
Ter o mesmo número de derivações;
d.
Ter a mesma faixa de regulação;
e.
Estar em série com transformadores de capacidades condizentes.
4.4 PERFIL DE TENSÃO EM SISTEMAS DE DISTRIBUIÇÃO
Normalmente os alimentadores em sistemas de distribuição possuem as cargas
diferentes distribuídas ao longo de todo o comprimento da linha. Assim, correntes
diferentes são derivadas para as cargas. No entanto, uma carga em um alimentador também
pode ser representada como se estivesse concentrada na extremidade de recebimento do
alimentador, ou ainda, distribuída uniformemente ao longo do alimentador.
Uma carga concentrada na extremidade da linha provoca a maior queda de tensão
registrada na extremidade da linha. Por outro lado, em um circuito elétrico uniformemente
carregado, a queda de tensão registrada na extremidade da linha, é igual à metade do valor
78
registrado com a mesma carga concentrada na extremidade da linha. para uma condição
de carga arbitrária os resultados são, normalmente, próximos do caso da carga
uniformemente distribuída.
Obviamente, no caso da carga concentrada, toda a corrente de carga se desloca
para a extremidade da linha. Porém no caso da carga uniformemente distribuída, a corrente
é derivada em quantidades menores ao longo de toda a linha.
Deste modo, a queda de tensão na extremidade da linha para uma carga
uniformemente distribuída, é a metade daquela para o caso da carga concentrada, conforme
mostrado na Figura 4.22.
FIGURA 4.22 – PERFIL DA TENSÃO PARA VÁRIOS TIPOS DE CARGA EM UM ALIMENTADOR
Na realidade, para que seja possível a operação adequada do sistema de
distribuição torna-se necessário saber até que ponto a queda de tensão pode ser tolerada,
pois qualquer equipamento elétrico é projetado e construído para operar em sistemas de
tensão nominal e com certa tolerância.
Então, conforme citado anteriormente, a Resolução 505 da ANEEL de 26 de
novembro de 2001, entre outras coisas, define tanto os níveis de tensão de atendimento
como os limites de tensão tolerados já mostrados na Tabela 4.1.
Assim, alguns sistemas de distribuição possuem, entre outros equipamentos, BCs
e RTs instalados nas linhas com a finalidade de melhorar o perfil de tensão e mantê-lo
dentro dos limites recomendados, de modo que se torna necessária uma análise mais
detalhada da influência destes equipamentos no perfil de tensão de um alimentador.
79
4.4.1 Com Banco de Capacitores
A tensão no sistema somente com BC instalado sobe da fonte até o banco e se
estabiliza do banco até o final da linha, conforme mostrado na Figura 4.23. Notando-se que
a localização típica para o BC é no ponto correspondente a cerca de 1/3 do comprimento da
linha, a partir do final da linha.
FIGURA 4.23 – PERFIL DA TENSÃO PARA UM BC À 1/3 DO FINAL DA LINHA
Então, pela inclusão do efeito capacitivo ao perfil de tensão da carga
uniformemente distribuída obtém-se a curva resultante da tensão.
Porém, se o capacitar estiver localizado no final da linha e for suficientemente
grande de modo que a queda de tensão resultante no final seja igual a zero, tem-se o caso
mostrado na Figura 4.24. Nota-se, entretanto, que a queda de tensão se deslocou mais em
direção ao centro da linha.
FIGURA 4.24 – PERFIL DA TENSÃO PARA UM BC NO FINAL DA LINHA
4.4.2 Com Regulador de Tensão
Normalmente a decisão pela utilização de RTs é baseada no perfil de tensão do
alimentador com atenção especial à queda de tensão no final da linha e o local mais
apropriado de instalação é onde se possa utilizar o máximo da sua faixa de regulação no
80
período de carga máxima.
Usualmente, para uma linha uniformemente carregada, utiliza-se uma técnica
pouco precisa para aplicar um RT em sua posição mais vantajosa. Essa técnica consiste em
projetar as condições da linha para quando a variação esperada da tensão for igual ao dobro
do limite permitido. Em seguida, deve-se traçar uma linha horizontal partindo do limite
permitido, até ao ponto de interseção com a curva da tensão. Essa interseção é em
aproximadamente 30% do comprimento total da linha a partir da fonte, conforme ilustrado
na Figura 4.25, na qual também pode ser visto como o RT modifica o perfil de tensão do
alimentador (COPEL, 2002).
FIGURA 4.25 – PERFIL DA TENSÃO COM UM RT EM 30% DO INCÍDIO DA LINHA
Outras condições podem ocorrer onde um RT, mesmo aplicado em sua melhor
posição, não seja suficiente para manter a tensão dentro dos limites permitidos. Desta
forma, pode-se inserir mais um regulador em série para obter os resultados desejados,
conforme apresentado na Figura 4.26, onde essa configuração é conhecida como
reguladores em cascata.
FIGURA 4.26 – PERFIL DA TENSÃO COM DOIS RTS EM 20% E 50% DO INÍCIO DA LINHA
81
As localizações ideais para dois RTs em cascata em uma linha são,
aproximadamente, nos pontos correspondentes a 20% e 50% do comprimento total da linha
partindo da fonte. Deste modo, tem-se que dois reguladores em cascata em uma linha
corrigirão adequadamente as condições de variações de tensão no final da linha de até três
vezes o limite de tensão permitida (COPEL, 2002).
4.4.3 Com Banco de Capacitores e Regulador de Tensão
Conforme citado anteriormente, é comum a utilização de BCs e RTs em um
mesmo alimentador, principalmente, quando este alimentador é relativamente longo e
carregado.
A Figura 4.27 ilustra, para um alimentador uniformemente carregado, a aplicação
de um BC no ponto a cerca de 1/3 do comprimento da linha a partir do final da linha e de
um RT a aproximadamente 30% do comprimento total da linha a partir da fonte.
V
Fonte km
CargaRT 1
Carga
com BC
Carga com
BC e RT
BC
~ 30%
FIGURA 4.27 – PERFIL DA TENSÃO PARA UM CAPACITOR E UM RT
a Figura 4.28 mostra, para um alimentador uniformemente carregado, porém,
mais carregado que o anterior, a aplicação de um BC novamente no ponto a cerca de 1/3 do
comprimento da linha a partir do final da linha e de dois RTs, estando um a
aproximadamente 20% do comprimento total da linha a partir da fonte e o outro a cerca de
50% do comprimento.
82
FIGURA 4.28 – PERFIL DA TENSÃO PARA UM CAPACITOR E DOIS RTS
Resumidamente, estas configurações apresentadas são tipicamente utilizadas pelas
concessionárias de energia para a locação de BCs e RTs nos sistemas de distribuição.
Porém, estas são soluções pouco precisas devidas às muitas considerações envolvidas,
como por exemplo, um carregamento uniforme em toda a linha como sendo o mais
próximo de um carregamento real.
Desta forma, torna-se extremamente necessário do desenvolvimento de uma
ferramenta que apresente resultados confiáveis e para sistemas reais a qual foi proposta por
este trabalho e tem sua metodologia apresentada no próximo capítulo.
4.5 CONSIDERAÇÕES FINAIS DO CAPÍTULO
Após essa descrição a respeito de regulação de tensão, algumas considerações
sobre o que foi utilizado nesse trabalho, tanto para alocação de BCs quanto para RTs
podem ser resumidas, a seguir:
a.
Para alocação de BC, a metodologia, a ser descrita no próximo capítulo,
determina em qual ou quais barras da rede de distribuição se deve instalar os bancos, com a
opção pela instalação no tronco do alimentador ou em todas as barras do sistema,
especificando o tamanho (em kvar) e o tipo (fixo ou automático);
b.
Os BCs fixos são dimensionados para compensação de reativos em carga leve e
os automáticos para carga média e pesada;
c.
Não foram consideradas as correntes de Inrush;
83
d.
Decidiu-se pela alocação do tipo RT de 32 Degraus que permite a regulação de
tensão de ± 10%, quando ligado em Delta Aberto, com cada tap correspondendo a 0,625%,
para os 32 degraus, de variação de tensão. O mesmo foi selecionado, por ser o mais
utilizado pelas concessionárias (FELÍCIO, 2006).
e.
Para alocação de RT, a metodologia desenvolvida determina em qual ou quais
linhas da rede de distribuição se deve instalar os reguladores, com a opção pela instalação
no tronco do alimentador ou em todas as linhas do sistema, especificando os níveis de
tensão a serem ajustados nas saídas dos mesmos, a faixa é contínua e varia de 105 a 135 V;
f.
Quanto ao ajuste da Largura de Banda, que normalmente pode ser ajustável em
uma faixa contínua que varia de 1,5 a 3 V, decidiu-se pela menor faixa, 1,5 V, pois o nível
de tensão ajustado no processo deve ser o mais respeitado possível;
g.
Para valor de Temporização foi escolhido o valor típico de 30 segundos para o
primeiro RT, adicionando-se 15 segundos para cada etapa de reguladores instalados na
seqüência;
h.
Como uma das funções objetivo do problema da alocação é a minimização de
desvios de tensão entre os valores máximo e mínimo permitidos, não houve preocupação
com a Compensação de Queda na Linha;
i.
O problema pressupõe que existe apenas uma fonte de tensão, ou que o fluxo
da potência ocorre somente em um sentido, o da fonte até um ponto de recebimento;
j.
Como se deseja uma regulação de ± 10% com o menor custo possível,
considerou-se a conexão de dois RTs monofásicos em Delta Aberto em uma linha de
distribuição trifásica não aterrado, onde cada regulador proporciona uma regulação de
±10% para a fase em que está conectado e 5% para a fase adjacente, com isso a terceira
fase também terá ±10% de regulação;
k.
Como na maioria dos RTs monofásicos a capacidade para carga é de 160% da
corrente nominal, na derivação de regularão de +5%, os reguladores são escolhidos de
forma que a corrente circulante por ele não exceda aproximadamente esse valor;
l.
Não foram considerados RTs colocados em paralelo.
84
CAPÍTULO 5 - METODOLOGIA
5.1 INTRODUÇÃO
Uma vez feita a revisão bibliográfica e estudados os conceitos sobre regulação de
tensão impostos pela Resolução 505/2001 da Agência nacional de Energia Elétrica
ANEEL e os equipamentos utilizados para esta finalidade (Banco de Capacitores BCs e
Reguladores de Tensão RTs); definidas as considerações do que foi aplicado no trabalho;
revisados os modelos de Fluxo de Potência FP (Método da Soma das Correntes SDC e
Fluxo de Potência Ótimo FPO); e ainda, estudada a técnica de Inteligência Artificial
denominada Algoritmos Genéticos – AG utilizada para este tipo de trabalho, torna-se
necessário desenvolver a metodologia utilizada para a elaboração deste trabalho.
Basicamente, essa metodologia determina em qual ou quais barras da rede de
distribuição se deve instalar os BCs, especificando o tamanho (em kvar) e o tipo (fixo ou
automático) e em qual ou quais linhas da rede de distribuição se deve instalar os RTs,
especificando os níveis de tensão a serem ajustados nas saídas dos mesmos.
Desta forma, a Figura 5.1 apresenta um fluxograma da metodologia geral
desenvolvida, a qual é composta por três partes essenciais que serão abordadas a seguir.
FIGURA 5.1 – FLUXOGRAMA DA METODOLOGIA GERAL
Os parâmetros de entrada para cada uma das partes essenciais são basicamente os
valores de resistência e reatância das linhas de distribuição e cargas ativas e reativas de
85
cada posto do alimentador.
5.2 SIMULAÇÃO SEM ALOCAÇÃO
A Figura 5.2 apresenta um fluxograma geral da Simulação sem Alocação de
equipamentos cujo objetivo é verificar o estado atual da rede e calcular os itens da Função
Objetivo – FO a ser minimizada para o estado encontrado, além de validar as metodologias
de FP utilizadas.
FIGURA 5.2 – FLUXOGRAMA DE UMA SIMULAÇÃO SEM ALOCAÇÃO
Nota-se então que, primeiramente, é necessário definir as condições de simulação
que são: o sistema a ser simulado (de 11 ou 70 barras de BARAN e WU (1989), cujos
dados de barras e linhas são mostrados no Apêndice D), o tipo de carga (Carga Constante
ou Curva de Carga, que será definida mais adiante) e o FP a ser utilizado (Método da SDC
ou FPO, conforme detalhamento feito no Item 2.4).
Em seguida, são carregados os dados do sistema e do tipo de carga, assim como
os custos e demais variáveis necessárias para os cálculos subseqüentes.
Então, executa-se o FP sem a alocação de equipamentos a fim de se obter as
condições atuais do sistema que servirão de base para o calculo da FO sem alocação.
Finalmente, os resultados do FP e da FO são salvos e apresentados.
5.3 SIMULAÇÃO COM ALOCAÇÃO
A Figura 5.3 apresenta um fluxograma geral da Simulação com Alocação de
equipamentos cujo objetivo é obter a localização e o tamanho dos equipamentos de
86
regulação, além do tipo, fixo ou automático, para os BCs e do ajuste do tap para os RTs a
serem instalados.
Nota-se que inicialmente é necessário definir as condições de simulação
relacionadas ao sistema em geral e aos equipamentos de regulação. Em seguida, são
carregados os dados originais do sistema e do tipo de carga, assim como os custos e demais
variáveis necessárias.
FIGURA 5.3 – FLUXOGRAMA DE UMA SIMULAÇÃO COM ALOCAÇÃO
Então, executa-se o FP sem alocação de equipamentos a fim de se obter as
condições atuais do sistema que servirão de base para o calculo da FO sem alocação.
Concluídos estes cálculos, os resultados sem alocação são salvos para posterior análise
comparativa com os resultados com alocação.
87
Tem-se então o início do processo iterativo para a alocação dos equipamentos que
se dá com a criação da população inicial. Na seqüência, o primeiro indivíduo da população,
formado por uma seqüência binária, é decodificado fornecendo uma solução de
localização, dimensionamento e tipos e ajustes.
Esta solução é procurada na memória previamente alocada. Caso a solução
tenha sido testada anteriormente, retorna-se o indivíduo juntamente com seu valor da FO já
calculada, caso contrário, atualizam-se os dados do sistema com a inserção dos parâmetros
decodificados e executa-se um novo FP agora com alocação de equipamentos. Com os
resultados do FP, calcula-se a FO com alocação, e salva o indivíduo decodificado, ou seja,
a solução com seu valor da FO na memória.
Logo após, verifica-se se todos os indivíduos da população foram analisados e em
caso negativo, retoma-se o processo na decodificação do próximo indivíduo. Porém, caso
todos os indivíduos tenham sido avaliados, verifica-se se algum critério de convergência
foi atingido.
Caso não seja verificada a convergência chamam-se os AG, que através dos
operadores genéticos de Seleção e Elitismo, Cruzamento e Mutação, geram uma nova
população, ou seja, criam uma nova geração para ser avaliada e dar continuidade ao
processo iterativo.
Por outro lado, caso tenha-se a convergência, realiza-se a análise final e
comparativa dos resultados obtidos sem alocação e com alocação para o melhor indivíduo
e, finalmente, se salva os resultados obtidos destas análises e apresenta-os.
Conforme mencionado anteriormente, este é o fluxograma geral de uma simulação
com alocação de forma que alguns itens merecem um detalhamento maior, o qual será
dado a seguir.
5.3.1 Definição das Condições de Simulação com Alocação
Antes de iniciar uma simulação com alocação de equipamentos, conforme visto
anteriormente no fluxograma geral, faz-se necessário definir algumas condições básicas de
88
simulação relativas ao sistema em geral e aos equipamentos que se pretende alocar, as
quais são mostradas na Tabela 5.1 juntamente com as opções de disponíveis.
As opções das condições básicas de simulação foram disponibilizadas com o
objetivo de dar ao analista opções mais próximas da realidade na hora de planejar a
ampliação de um sistema, possibilitando diversas configurações que podem resultar em
diferentes soluções, auxiliando-o na escolha.
TABELA 5.1 – CONDIÇÕES E OPÇÕES DE UMA SIMULAÇÃO COM ALOCAÇÃO
Condição de Simulação Opções de Escolha
Relativos ao Sistema
Sistema a Ser Simulado 11 ou 70 Barras
Tipo de Carga Carga Constante ou Curva de Carga
Equipamentos Alocados RTs e/ou BCs
FP Usado FPO ou Método SDC
1
Relativos aos BCs
Número Máximo 3
Tipo Fixos e/ou Automáticos
2
Barras Candidatas a Alocação Todas ou Apenas do Tronco Principal
Relativos aos RTs
Número Máximo 3
Tensão Ajustada na Saída Melhor Entre 0,95 e 1,0469 ou Nominal
Inserção da Impedância
3
Sim ou Não
Linhas Candidatas a Alocação Todas ou Apenas do Tronco Principal
Notas:
1
Opção disponível apenas para a instalação exclusiva de BCs, pois sempre que se
opta pela instalação de RTs, em conjunto ou não com BCs, torna-se necessário a utilização
do FPO para o ajuste dos taps dos RTs;
2
Opção disponível apenas para a opção de Curva de Carga, pois não faz sentido a
alocação de BCs Automáticos para Carga Constante.
89
3
Opção disponível para se inserir ou não os valores de impedância dos RTs nos
dados do sistema.
Os números de equipamentos foram limitados em no máximo três unidades, pois
como se minimiza o custo, dificilmente se aloca um número maior que esse.
5.3.2 Dados da Carga e da Tensão na Barra da Subestação
As simulações e os resultados de otimização devem ser obtidos avaliando-se a FO
para diferentes curvas de carga a que o alimentador em estudo está sujeito. Assim, para a
opção de Curva de Carga, genericamente, consideram-se nove situações de carga, dadas
pelos três patamares de carga, Pesada, Média e Leve, que ocorrem para cada um dos três
tipos de dias considerados, Dia Útil, Sábado e Domingo/Feriado, cujos números de horas
são apresentados na Tabela 5.2.
TABELA 5.2 – NÚMERO DE HORAS PARA CADA CONDIÇÃO DE CARGA
Número de Horas [h] Patamar
de
Carga
Dia Útil Sábado
Domingo
/ Feriado
Pesada 6 6 4
Média 12 10 12
Leve 6 8 8
a Tabela 5.3 apresenta o número de Dias Úteis, Sábados e Domingos/Feriados
para o período de um ano.
TABELA 5.3 – NÚMERO DE DIAS EM UM ANO PARA CADA TIPO DE DIA
Tipo de Dia Número de Dias
Dia Útil 249
Sábado 52
Domingo / Feriado 64
90
E ainda, a Tabela 5.4 mostra a porcentagem da carga total no alimentador adotada
para cada condição da Curva de Carga.
TABELA 5.4 – PORCENTAGEM DA CARGA TOTAL PARA CADA CONDIÇÃO DE CARGA
Porcentagem da Carga Total [%] Patamar
de
Carga
Dia Útil Sábado
Domingo
/ Feriado
Pesada 130 120 110
Média 80 70 60
Leve 50 40 40
para a opção de Carga Constante, considerou-se 100% da carga total do
alimentador.
Ressalta-se também que o nível de tensão fixado na barra inicial do alimentador é
de 1 pu para as simulações com Carga Constante. Por outro lado, a Tabela 5.5 apresenta,
para cada patamar de carga, os níveis de tensão que devem ser fixados na barra inicial do
alimentador.
TABELA 5.5 – TENSÃO NA BARRA INICIAL PARA CADA CONDIÇÃO DE CARGA
Patamar de Carga Tensão na Barra Inicial [pu]
Pesada 0,9928
Média 0,9783
Leve 0,9565
5.3.3 Formulação Matemática da Função Objetivo
O problema da alocação de BCs e RTs em redes de distribuição de energia é um
problema de otimização que inclui variáveis inteira-mista. Neste problema, busca-se a
localização e o tamanho dos equipamentos de regulação, além do tipo, fixo ou automático,
91
para os BCs e do ajuste do tap para os RTs a serem instalados.
Estas respostas devem ser obtidas de modo a se satisfazer os limites de tensão
impostos pela Resolução 505/2001 da ANEEL e quedas de tensão pré-estabelecidas, ou
seja, visando melhorar veis indesejáveis de tensão nas barras de distribuição, verificados
antes da instalação dos equipamentos e, ainda, de modo a se obter o menor custo de
instalação dos equipamentos de regulação e o menor custo de perdas de potência ativa.
Desta forma, a FO, a ser minimizada durante o processo de alocação,
especificação, dimensionamento e ajustes do BCs e RTs, que contempla todos os critérios
citados anteriormente é:
[
]
54321
min fffffFO ++++=
(5.1)
onde:
FO – função objetivo a ser minimizada;
f
1
– custo das perdas de potência ativa;
f
2
– custo das violações dos limites de tensão;
f
3
– custo das violações das quedas de tensão;
f
4
– custo dos BCs;
f
5
– custo dos RTs.
A seguir será feita uma breve descrição de cada função que compõe a FO.
5.3.3.1 Custo das Perdas de Potência Ativa
A potência reativa que flui pelas linhas dos sistemas de distribuição causa efeitos
indesejáveis como, por exemplo, o aumento das perdas de potência ativa.
As perdas de potência ativa para cada uma das nove condições de carga
consideradas são calculadas utilizando-se os valores de tensão obtidos pelo algoritmo de
FP para cada patamar de carga.
Uma vez obtido os valores das perdas totais de potência ativa para cada condição
de carga em cada dia da semana, pode-se obter o valor da energia total consumida pelas
92
perdas durante todo um ano através da seguinte equação:
= =
=
3
1
3
1i
jij
j
ij
DiasHorasPerdasEnergia
(5.2)
onde:
i – corresponde a condição de carga Pesada, Média e Leve;
j – corresponde ao número de Dias Úteis, Sábados e Domingos e Feriados;
Perdas
ij
– perda de potência ativa correspondente à condição de carga i no dia j;
Horas
ij
– número de horas correspondente à condição de carga i no dia j;
Dias
j
– número de dias j no período de um ano.
Os valores de horas e números de dias são obtidos de acordo com as curvas de
carga do alimentador, levando-se em conta os patamares de carga Pesada, Média e Leve
para os Dias Úteis, Sábados e Domingos e Feriados, dados, respectivamente, pela Tabela
5.2 e Tabela 5.3.
Após fazer estas operações, obtém-se a energia total consumida pelas perdas
elétricas em um ano. Este valor é multiplicado pela tarifa da energia vigente, considerado
nas simulações como sendo 197,58 R$/kWh.ano, obtendo-se assim o custo relativo às
perdas de energia elétrica no alimentador no período de um ano como mostra a seguinte
equação:
58,197_
1
== EnergiawpPerdasCustof
(5.3)
onde:
wp – índice de ponderação de f
1
;
Energia – energia total consumida pelas perdas durante um ano.
5.3.3.2 Custo das Violações dos Limites de Tensão
A Resolução 505, de 26 de novembro de 2001 da ANEEL, determina que o
sistema elétrico deve atender aos níveis de tensão de energia elétrica em regime
permanente preestabelecidos, sendo que estes são fiscalizados e sujeitos a multas.
93
Com base nesta Resolução, as concessionárias de energia elétrica procuram
solucionar os problemas de queda de tensão em alimentadores, dentre outras maneiras, pela
instalação de RTs e BCs.
Outra razão para solucionar estes problemas é que com a melhoria dos níveis de
tensão tem-se uma redução significativa das perdas elétricas nos alimentadores e,
consequentemente uma redução nos custos para as concessionárias e também para os
próprios consumidores.
Desta forma, após simular o FP e conhecer as magnitudes de tensões em todas as
barras para cada uma das nove condições de carga consideradas, busca-se as barras cujas
magnitudes estão fora dos limites estabelecidos pela Resolução 505/2001, obtendo-se
as violações desses limites da forma apresentada na Tabela 5.6.
TABELA 5.6 – REGRAS PARA OBTENÇÃO DAS VIOLAÇÕES DOS LIMITES DE TENSÃO
Se Então
V
m í n i m o
V
b a r r a
V
m á x i m o
Violação
b a r r a
= 0
V
b a r r a
< V
m í n i m o
Violação
b a r r a
= V
m í n i m o
V
b a r r a
V
b a r r a
> V
m á x i m o
Violação
b a r r a
= V
b a r r a
V
m á x i m o
Os valores de V
mínimo
e V
máximo
são os limites da escala de tensão adequada
estabelecidos pela Resolução n° 505/2001, ou seja, V
mínimo
= 0,93 pu e V
máximo
= 1,05 pu.
Uma vez obtido os valores das violações de tensão para cada condição de carga
em cada dia da semana, ou seja, o somatório das violações de tensão de todas as barras
para cada condição, pode-se obter o valor de violação de tensão total do sistema durante
todo um ano através da seguinte equação:
= =
=
3
1
3
1i
jij
j
ij
DiasHorasViolaçãoViolação
(5.4)
onde:
Violação
ij
– violação de tensão de todas as barras para a carga i no dia j.
94
Novamente, os valores de horas e números de dias são obtidos de acordo com as
curvas de carga do alimentador dados, respectivamente, pela Tabela 5.2 e Tabela 5.3.
Após fazer estas operações, obtém-se a violação de tensão total para todas as
barras e todas as condições no período de um ano. Este valor é multiplicado por um custo
fixo de 114,16 R$/V.ano, estimado de modo a ponderar adequadamente o peso da função f
2
em relação aos outros custos, obtendo-se assim o custo relativo às violações dos limites de
tensão no alimentador no período de um ano como mostra a seguinte equação:
16,114__
2
== ViolaçãowvTensãoViolaçãoCustof
(5.5)
onde:
wv – índice de ponderação de f
2
;
Violação – violação de tensão total do sistema em um ano.
5.3.3.3 Custo das Violações das Quedas de Tensão
Conforme recomendações da COPEL (1996b), existe um custo adicional quando
existem quedas de tensão entre as barras da rede de distribuição e a barra inicial do
alimentador maiores que 4%. Assim, quando essas diferenças de tensão entre as diversas
barras e a barra inicial do alimentador excedem 4% em relação à barra inicial deve-se
aplicar um custo adicional na FO relativo a esses desvios.
Desta forma, para cada patamar de carga, Pesada, Média e Leve, nos Dias Úteis,
Sábados e Domingos/Feriados, buscam-se as barras que apresentam uma queda de tensão
maior que 4% e aplica-se para essas barras a equação mostrada a seguir, somando os
valores encontrados para as nove condições de carga.
( )
[
]
= = Φ
==
3
1
3
1
45,1
3
4144,1__
i j b
bijbijjij
CPPQTDiasHorasVDwqTensãoQuedaCustof
(5.6)
onde:
wq – índice de ponderação de f
3
;
95
VD – valor do dólar;
b – barra com queda de tensão superior a 4%;
Φ
– conjunto de barras com queda de tensão superior a 4%;
QT
bij
– tensão na barra b referente ao patamar de carga i e dia da semana j;
P
ij
– porcentagem da carga pesada referente ao patamar de carga i e dia j;
CP
b
– valor da carga pesada na barra b.
Ressalta-se que para as simulações do VD utilizado foi de R$ 1,95.
5.3.3.4 Custo dos Bancos de Capacitores
A escolha do tamanho e do tipo de BC a ser instalado em um ponto da rede é um
fator preponderante para o desempenho dos AG na busca do local ótimo de sua instalação.
Este trabalho contempla a instalação de BCs dos tipos fixo e automático com
tamanhos mostrados na Tabela 5.7, juntamente com seus respectivos preços, além da
possibilidade de não instalar nenhum capacitor na rede.
Desta forma, o custo total com a instalação dos BCs fixos e automáticos é dada
pela seguinte equação:
(
)
(
)
+==
bbc
autobbcfixobbc
CustoAutoCustoFixowcBCCustof _
4
(5.7)
onde:
wc – índice de ponderação de f
4
;
bbc – barra com BC instalado;
– conjunto de barras com BC instalado;
Fixo
bbc
– indica a instalação de BC fixo na barra bbc;
Custo
fixo
– custo do BC fixo instalado;
Auto
bbc
– indica a instalação de BC automático na barra bbc;
Custo
auto
– custo do BC automático instalado.
As variáveis que indicam a instalação de BCs fixos e automáticos,
96
respectivamente Fixo
bbc
e Auto
bbc
, podem assumir o valor 1, caso o respectivo BC seja
instalado na barra bbc ou 0, caso contrário.
TABELA 5.7 – TAMANHOS E PREÇOS DOS BCS FIXOS E AUTOMÁTICOS USADOS
Preço do BC [R$] Tamanho do BC
[kvar]
Fixo Automático
150 5.500,00 36.000,00
300 6.000,00 37.000,00
450 6.800,00 38.500,00
600 7.500,00 40.000,00
750 8.000,00 41.000,00
900 8.500,00 42.000,00
1050 9.000,00 43.000,00
1200 9.500,00 44.000,00
1350 10.000,00 45.000,00
1500 10.500,00 46.000,00
1650 11.000,00 47.000,00
1800 11.500,00 48.000,00
1950 11.800,00 48.700,00
2100 12.100,00 49.400,00
2250 12.400,00 50.100,00
2400 12.700,00 50.800,00
2550 13.000,00 51.500,00
2700 13.300,00 52.200,00
2850 13.500,00 52.700,00
3000 13.700,00 53.200,00
3150 13.900,00 53.700,00
3300 14.100,00 54.200,00
3450 14.300,00 54.700,00
3600 14.500,00 55.200,00
3900 15.000,00 56.000,00
4500 16.000,00 57.500,00
97
5.3.3.5 Custo dos Reguladores de Tensão
Assim como o tamanho e o tipo de BC, o ajuste do tap do RT a ser instalado em
um ponto da rede, que nesse caso é feito pelo FPO, também é um fator preponderante para
o desempenho dos AG na busca do local ótimo.
Porém, diferente dos BCs, o dimensionamento do RT não é feito pelo diretamente
pelo AG, ou seja, via seu processo de codificação e sim, de forma indireta, através da
decodificação do local de sua instalação.
Uma vez conhecido o local de instalação e a tensão nominal do sistema, basta
obter a corrente da linha de distribuição em que o RT é inserido para poder dimensioná-lo
corretamente e dessa forma poder avaliar o custo do equipamento.
As correntes para as linhas de distribuição para cada uma das nove condições de
carga consideradas são calculadas pelo algoritmo de FPO para cada patamar de carga,
sendo que o maior valor é o selecionado como especificador do RT.
A Tabela 5.8 apresenta as correntes nominais e os preços dos RTs usados neste
trabalho, além da possibilidade de não instalar nenhum regulador na rede.
TABELA 5.8 – CORRENTES NOMINAIS E PREÇOS DOS RTS DE 13,8 KV USADOS
Corrente Nominal
do RT [A]
Preço do RT
[R$]
50 37.600,00
100 38.000,00
150 44.800,00
200 51.600,00
250 58.100,00
300 64.700,00
350 70.300,00
400 75.800,00
Ressalta-se que os custos são para RT monofásicos e que, uma vez que o método
98
de ligação dos RTs com o sistema de distribuição é o Delta Aberto, os custos dos RTs na
sua FO devem ser multiplicados por dois, conforme mostra a equação a seguir:
Ψ
==
lrt
lrt
CustowrRTCustof 2_
5
(5.8)
onde:
wr – índice de ponderação de f
5
;
lrt – linha com RT instalado;
ψ
– conjunto de linhas com RT instalado;
Custos
lrt
– custo do RT instalado na linha lrt.
5.3.4 Codificação do Indivíduo
A codificação de um indivíduo é uma das chaves para o sucesso na busca da
solução ótima, ou aproximadamente ótima, pelos AG, pois um indivíduo mal codificado
pode, por exemplo, tornar-se extenso demais e, por conseqüência, fazer com que os AG
necessitem de um número maior de gerações para obter uma boa solução.
Conforme citado anteriormente, os indivíduos são codificados em seqüência
binária e, como, para este trabalho, existem dois tipos de equipamentos que podem ou não
ser alocados, torna-se necessário dividir o indivíduo em duas partes diferentemente
codificadas devido aos diferentes parâmetros selecionados para cada equipamento, ou seja,
a união da codificação dos RTs com a codificação dos BCs resulta na codificação geral do
indivíduo, conforme mostrado na Figura 5.4.
FIGURA 5.4 – CODIFICAÇÃO GERAL DE UM INDIVÍDUO
Ressalta-se que podem ser inseridos, com base nas opções dos equipamentos de
99
regulação, até três RTs e três BCs, de forma a acrescentar na codificação do indivíduo
apenas os respectivos moldes, também ilustrados na Figura 5.4.
5.3.4.1 Codificação para RTs
A codificação geral para um RT é formada por três partes. A primeira parte é
formada por um único bit independentemente do número máximo de RTs que se pretende
alocar e dos seus parâmetros. Sua codificação é bem simples, se o bit for 0, nenhum RT é
alocado, ou seja, não é necessário decodificar as outras partes do indivíduo relativas aos
RTs para se obter a solução a ser avaliada, e obviamente se for 1, faz-se necessária a
decodificação das outras partes, pois um ou mais RTs, dependendo das opções iniciais e da
própria decodificação, serão alocados.
a segunda parte, conforme a Figura 5.5 que apresenta um exemplo de
decodificação para o vetor de linhas do tronco principal para o sistema de 11 barras, é
formada por bits que, convertidos para decimal, apontam para uma posição no vetor das
linhas candidatas a receber um RT, ou seja, indiretamente indicam qual linha receberá um
RT. A quantidade de bits necessária para esta segunda parte depende do tamanho do
sistema a ser simulado (11 ou 70 Barras), e da opção de linhas candidatas a receber um RT,
Todas ou Apenas do Tronco Principal.
1 0 0
0
1
2
3
1
3
6
8
4
Binário Decimal
5 10
4 9 9
Linha
Posição do Vetor de
Linhas Candidatas
Linhas Candidatas a
Receber um RT
FIGURA 5.5 – DECODIFICAÇÃO DA LINHA PARA UM RT
E finalmente, a terceira parte é composta pelos bits que determinam à tensão na
barra subseqüente ao RT. Ressalta-se, entretanto, que está terceira parte é gerada caso a
opção pela tensão ajustada seja o Melhor Ajuste entre 0,95 e 1,0469 pu.
Nesse caso, são necessários sempre 5 bits para a codificação da tensão ajustada,
100
ou seja, a codificação da tensão não depende das demais opções. A decodificação destes
bits em tensão requer que eles sejam, primeiramente, convertidos de binário para decimal e
em seguida, este número decimal é aplicado na equação a seguir para ser convertido em
tensão:
95,0_003125,0_
+
=
DecimalNúmeroAjustadaTensão
(5.9)
onde:
Tensão_Ajustada – tensão na barra subseqüente ao RT;
Número_Decimal – número convertido a partir dos bits que especificam a tensão.
O número 0,003125 é o step dos 32 degraus possíveis de serem obtidos com os 5
bits, possibilitando que o ajuste da tensão na barra subseqüente ao RT varie de 0,95 a
1,0469 pu.
Ressalta-se que esse range de ajuste de tensão de 0,95 a 1,0469 pu foi
especificado para ter-se uma margem de segurança em relação aos limites da tensão
adequada de atendimento impostos pela Resolução 505 da ANEEL que são de 0,93 e
1,05 pu
A junção da segunda e da terceira partes da codificação do RT é chamada de
molde do RT. Deste modo, para codificar n RTs, basta acrescentar no indivíduo n moldes
do RT em seqüência e antes da codificação dos BCs, lembrando, porém, que neste trabalho
podem ser alocados no máximo 3 RTs.
5.3.4.2 Codificação para BCs
Por outro lado, a codificação geral para um BC é formada por quatro partes.
Semelhante a codificação dos RTs, a primeira parte é formada por um único bit também
independente do número máximo de BCs que se pretende alocar e dos seus parâmetros.
Caso o bit seja 0, nenhum BC é alocado o que torna desnecessário decodificar as outras
partes do indivíduo relativas aos BCs, e se for 1, as outras partes são decodificadas, pois
um ou mais BCs serão alocados.
A codificação da segunda parte também é idêntica a codificação dos RTs
101
salientando-se que os BCs são alocados em barras ao invés de linhas como são os RTs.
Desta forma, a Figura 5.6 apresenta um exemplo de decodificação para o vetor de barras
do tronco principal para o sistema de 11 barras. Então, os bits são convertidos para decimal
que apontam para uma posição no vetor das barras candidatas a receber um BC. A
quantidade de bits necessária para esta segunda parte também depende do tamanho do
sistema a ser simulado e da opção de barras candidatas a receber um BC.
0 1 1
0
1
2
1
2
4
3
Binário Decimal
4
5
6
9
10
11
3 7
7
Barra
Posição do Vetor de
Barras Candidatas
Barras Candidatas a
Receber um BC
FIGURA 5.6 – DECODIFICAÇÃO DA BARRA PARA UM BC
Já a terceira parte, assim como a primeira, é formada por um único bit que
determina o tipo de BC, sendo 0 para o tipo fixo e 1 para o automático. Ressalta-se,
entretanto que esta terceira parte é gerada caso a opção pelos dois tipos de BCs seja
escolhida.
E finalmente, a quarta parte é composta pelos bits que determinam a capacidade
ou tamanho do BC, sendo necessários 2 bits para a codificação, conforme apresentado na
Tabela 5.9.
TABELA 5.9 – CODIFICAÇÃO DO TAMANHO DOS BCS
Codificação do
Tamanho do BC
Tamanho do
BC [kvar]
00 150
01 600
10 900
11 1500
Nota-se que apenas quatro tamanhos foram usados na codificação, porém,
102
dependendo da quantidade de BCs máxima selecionada, pode-se ocorrer a alocação de dois
ou até três BCs em uma mesma barra.
Neste caso, seus tamanhos são somados para compor a solução a ser simulada, de
forma a se ter qualquer um dos tamanhos de BCs apresentados na Tabela 5.7.
A junção da segunda, terceira e quarta partes da codificação do BC é chamada de
molde do BC. Deste modo, assim como para os RTs, para codificar n BCs, basta
acrescentar ao indivíduo n moldes do BC em seqüência, lembrando, porém, que neste
trabalho podem ser alocados no máximo 3 BCs.
5.3.4.3 Exemplo de Codificação
Para facilitar o entendimento da codificação, a Figura 5.7 apresenta um exemplo
de solução ou indivíduo, no caso, para o sistema de 11 barras com possibilidade de
alocação de equipamentos apenas para as barras e linhas do tronco principal. Ainda com
base neste exemplo, deduz-se que a opção da tensão ajustada é a melhor entre 0,95 e 1,05
pu. Percebe-se também que os BCs podem ser tanto do tipo fixo quanto do automático, o
que leva a conclusão de que está sendo simulada uma curva de carga, além de que optou-se
pela instalação de no máximo três equipamentos de cada tipo.
FIGURA 5.7 – EXEMPLO DE DECODIFICAÇÃO DE UM INDIVÍDUO
Então, a decodificação do indivíduo representado na Figura 5.7, ou seja, uma
solução para o problema, com base nos exemplos de vetores de linhas e barras do tronco
principal candidatas a receber os equipamentos, dados, respectivamente, pela Figura 5.5 e
Figura 5.6, é apresentada na Tabela 5.10.
103
TABELA 5.10 – EXEMPLO DE DECODIFICAÇÃO DE UM INDIVÍDUO
Equipamento Bits do Exemplo Solução
RTs
1
Aloca-se RTs
9ª Linha
1º RT
0,9694 pu
3ª Linha
2º RT
1,0048 pu
10ª Linha
3º RT
1,0113 pu
BCs
1
Aloca-se BCs
4ª Barra
1
Automático
1º BC
600 kvar
2ª Barra
0
Fixo
2º BC
1500 kvar
9ª Barra
1
Automático
3º BC
150 kvar
5.3.5 Memória
A memória foi introduzida na metodologia com a finalidade de acelerar a
convergência do processo iterativo controlado pelos AG. A sua idéia principal é
relativamente simples: memorizar soluções já avaliadas com seus valores da FO
calculadas para evitar a repetição dos cálculos, evitando assim, um esforço computacional
desnecessário.
Ressalta-se, entretanto, que são memorizadas as soluções decodificadas e
104
avaliadas e não os indivíduos, pois, analisando o processo de decodificação, nota-se que
diferentes indivíduos podem gerar uma mesma solução.
O beneficio da memória pode ser visualizado na simulação da segunda
população de indivíduos, pois o operador genético de elitismo garante, pelo menos, o
melhor indivíduo para a próxima geração.
No entanto, quanto mais soluções são testadas mais resultados são armazenados
na memória e, por conseqüência, nas próximas gerações mais resultados são encontrados
na memória, de forma a acelerar o processo de convergência dos AG.
5.3.6 Parâmetros dos AG
As principais características dos AG juntamente com a configuração dos seus
parâmetros usados na metodologia desenvolvida são mostrados na Tabela 5.11.
TABELA 5.11 – CONFIGURAÇÃO DOS AG
Característica Parâmetro Configurado
Codificação Binária
Indivíduo
Número de Bits Depende das Opções
1
Tamanho 10 Indivíduos
População
Inicial Aleatória
Elitismo 2 Indivíduos
Seleção
Método Roleta
Tipo Disperso
Cruzamento
Taxa 70%
Tipo Uniforme
Mutação
Taxa 10%
Parada Critério 5.000 Gerações
Notas:
1
Conforme citado anteriormente, o número de bits necessários para a codificação
105
do indivíduo depende essencialmente das condições de simulação e é dado pela seguinte
equação:
(
)
(
)
11_ +++= NMBCMoldeBCNMRTMoldeRTBitsNúmero
(5.10)
onde:
Número_Bitsnúmero de bits necessários para a codificação do indivíduo;
MoldeRT – número de bits do molde do RT;
NMRT – número máximo de RTs que podem ser alocados;
MoldeBC – número de bits do molde do BC;
NMBC – número máximo de BCs que podem ser alocados.
Obviamente, esta equação é válida para a opção de alocação de RTs e BCs e, caso
opte-se pela alocação de apenas um dos equipamentos, basta suprimir da equação o lado
relativo ao equipamento que não está sendo alocado.
5.3.7 Inserção da Impedância do RT
Conforme citado anteriormente, um RT é basicamente um autotransformador com
taps controlados por um circuito de controle, ou seja, é formado basicamente por bobinas.
Estas bobinas, dependendo do material e da bitola do fio usado, apresentam uma
determinada impedância, sendo esta impedância, para os reguladores mais modernos,
inferiores a 1%.
Embora esta impedância seja relativamente baixa, quando comparada com a
impedância da linha, pode ser interessante realizar estudos do comportamento da rede
obtendo-se resultados mais precisos e, também, estudos dos RTs em regime permanente
obtendo-se informações importantes, como por exemplo, suas perdas internas.
Então, para este trabalho, existe nas condições iniciais uma opção que possibilita a
inserção desta impedância nos dados do sistema a ser simulado quando RTs forem
alocados, para tanto, adotou-se o valor de 1% para esta impedância, a fim de garantir o pior
caso quando um regulador for inserido em uma determinada linha.
106
5.3.8 Ajuste do Tap do RT
Sabe-se que o RT é um equipamento destinado a manter um determinado nível de
tensão na rede quando esta fica submetida a uma variação de tensão fora dos limites
especificados e que, para realizar essa tarefa, os reguladores, através de um circuito de
controle, comutam seus taps até que o nível de tensão desejado seja obtido.
Desta forma, quando se calcula o FP do sistema em estudo, torna-se necessário
ajustar os taps dos eventuais RTs alocados de forma a obter-se os níveis de tensão
desejados nas barras subseqüentes.
Então, inicialmente, optou-se pelo uso de 5 bits para a codificação dos 32 degraus
ou taps ao invés da codificação da tensão e pela resolução do FP via Método da SDC.
Deste modo, a tensão era fixa de 1 pu, ou seja, não era possível buscar seu valor de ajuste
ótimo. Este método apresentou resultados satisfatórios para a carga constante, pois se
necessitava da codificação de apenas um tap.
Porém, para curva de carga com nove patamares utilizados, os resultados foram
insatisfatórios, pois eram necessárias nove codificações de taps, ou seja, 45 bits apenas
para a codificação dos taps, alongando muito o indivíduo de forma que eram necessárias
muitas gerações para ajustar os taps e obter a tensão desejada para cada patamar de carga,
sem levar em consideração que ela poderia não ser a ideal.
E ainda, para agregar ao indivíduo o ajuste da tensão, tornavam-se necessários
mais bits para codificá-la, deixando o indivíduo ainda mais longo e, obviamente, tornando-
se necessária mais geração para se encontrar uma boa solução, além de dificultar esta
busca pela necessidade de uma boa codificação para dois parâmetros simultaneamente, tap
e tensão, sendo que os dois estão interligados.
Para solucionar estes problemas, optou-se por codificar a tensão de ajuste, ou seja,
obtê-la via AG, pois o ajuste é único para todos os patamares de carga e, ajustar o tap via
FPO, considerando o ajuste do tap como sendo uma restrição de desigualdade e relaxando
os demais parâmetros como as tensões nas barras, fluxos nas linhas, etc.
Desta forma, o indivíduo para a curva de carga passou a ter um tamanho igual ao
107
indivíduo de carga constante e, embora o FPO apresente um tempo de solução superior ao
Método da SDC, ou seja, cada solução leva mais tempo para ser testada devido à
necessidade de ajuste do tap, o tempo total para a busca de uma solução aceitável diminui,
devido ao menor tamanho do indivíduo que facilita o processo de convergência dos AG.
5.3.9 Formulação do FPO
Num FPO convencional, consideram-se limites máximos e nimos nas
magnitudes de tensão em todas as barras, o que gasta um bom tempo computacional. Outro
ponto a se levar em consideração é que para situações de carga pesada, pode-se resultar em
não convergência do processo iterativo por impossibilidade de se satisfazer as restrições de
limites mínimos nas magnitudes de tensão. E, como esse FPO deve ser resolvido inúmeras
vezes, devem-se garantir rapidez e convergência no processo.
Portanto, não foram consideradas as restrições de limites máximos e mínimos. Em
vez disso, utilizou-se uma função objetivo que procura fazer com as magnitudes de tensão
em todas as barras fiquem o mais próximo possível da tensão nominal (1 pu). Ou seja,
utilizou-se a função objetivo tipo DV que minimiza o Desvio de Tensões Especificadas, no
caso, especificadas como 1 pu.
Quanto às restrições de igualdades, foram consideradas as equações de balanço de
potência ativa e reativa, imposição das magnitudes de tensão na barra de saída da
Subestação SE especificada conforme mostrado na Tabela 5.5 para Curva de Carga e em
1 pu para Carga Constante e imposição nas barras de saída dos RTs alocados,
especificados segundo codificação dos indivíduos dadas pela Equação (5.9).
Por último, consideraram-se as restrições nos taps dos RTs.
Dessa forma, a formulação geral do problema é:
DVmin
(5.11)
Sujeito a:
108
=
VYVrealPdPg
(5.12)
=
VYVimagQdQg
(5.13)
saída
VV =
1
(5.14)
reg
i
reg
i
VV =
com i = 1, ... , nreg
(5.15)
maxmin
aaa
(5.16)
onde:
DV – função objetivo que minimiza o desvio das tensões especificadas;
nb – número de barras;
Pg – vetor com geração de potência ativa com dimensão (nb x 1);
Pd – vetor de demanda de potência ativa com dimensão (nb x 1);
Qg – vetor com geração de potência reativa com dimensão (nb x 1);
Qd – vetor de demanda de potência reativa com dimensão (nb x 1);
V
– vetor com tensão fasorial com dimensão (nb x 1);
Y
– matriz de admitância de barra com dimensão (nb x nb);
1
V
– tensão fasorial na barra da SE;
V
saída
– tensão de saída do alimentador que depende do patamar de carga;
V
i
reg
– tensão especificada na barra de saída do RT;
nreg – número de RTs alocados;
a – relação das magnitudes das tensões dos RT com dimensão (nreg x 1);
a
min
– limite mínimo de relação de magnitude com dimensão (nreg x 1);
a
max
– limite máximo de relação de magnitude com dimensão (nreg x 1).
Esse FPO foi resolvido pelo Método dos Pontos Interiores Versão Primal-Dual.
109
5.4 VALIDAÇÃO DA METODOLOGIA DE ALOCAÇÃO
A Figura 5.8 apresenta um fluxograma geral da Validação da Metodologia de
Alocação de equipamentos, cujo objetivo, como o próprio nome diz, é validar a
metodologia desenvolvida neste trabalho.
FIGURA 5.8 – FLUXOGRAMA DA VALIDAÇAO DA METODOLOGIA DE ALOCAÇÃO
Nota-se que este fluxograma de validação é semelhante ao da alocação, com
diferença apenas no processo de criação da população e ressalta-se que os demais blocos
do fluxograma da validação têm exatamente as mesmas funções dos respectivos blocos do
fluxograma da alocação, de forma que não se faz necessária uma explicação de cada um
deles novamente.
110
Conforme visto no fluxograma da metodologia de alocação os AG são os
responsáveis pela criação das gerações de indivíduos, já na validação da metodologia, um
algoritmo especificamente desenvolvido cria uma única população contendo todos os
indivíduos possíveis de serem gerados.
O algoritmo de geração da população usada para a validação da metodologia de
alocação é relativamente simples e é apresentado na Figura 5.9.
FIGURA 5.9 – FLUXOGRAMA DA CRIAÇÃO DA POPULAÇÃO COM TODOS OS INDIVÍDUOS
Nota-se então que, primeiramente, calculam-se os moldes dos RTs e/ou BCs
baseados nas condições de simulação definidas no início da validação. Em seguida,
calcula-se o número de bits que compõe o indivíduo através da Equação (5.10). E,
finalmente, criam-se os indivíduos binários, ou seja, desde o primeiro, composto apenas
por zeros (0), até o último, formado exclusivamente de uns (1).
Desta forma, na validação da metodologia para determinadas condições de
simulação, todos os indivíduos possíveis são gerados e avaliados um a um de forma que,
no final, é possível conhecer a melhor solução para o sistema e condições em estudo.
A validação é utilizada para sistemas pequenos ou com poucas opções que
resultem em um indivíduo relativamente curto, pois se compara a melhor solução da
validação com a solução encontrada pela metodologia de alocação baseada nos AG a fim
de validá-la, para, só então, utilizar a metodologia de alocação em sistemas reais.
Também é possível utilizar a validação para sistemas grandes, porém, a avaliação
de cada indivíduo tornaria o processo muito mais demorado do que a própria metodologia
de alocação que converge para a melhor solução através dos AG sem precisar avaliar todos
os indivíduos possíveis para se chegar à melhor solução.
111
5.5 CONSIDERAÇÕES FINAIS DO CAPÍTULO
Esse capítulo teve como objetivo apresentar a formulação matemática do
problema de alocação de BCs e/ou RTs em redes de distribuição.
Diferentemente de outras formulações convencionais onde apenas se alocam BCs
ou apenas RTs, essa metodologia possibilita a alocação simultânea desses dispositivos.
Outro diferencial esna utilização de um FPO ao invés de um FP resolvido pelo Método
da SDC, como usualmente utilizado em redes radiais de distribuição. A utilização do
mesmo possibilitou rapidez no ajuste dos taps dos reguladores de modo a se atender suas
tensões de saída que são especificadas pelo processo iterativo dos AG.
No próximo capítulo serão apresentados os resultados para os sistemas de 11 e 70
barras.
112
CAPÍTULO 6 - RESULTADOS
6.1 INTRODUÇÃO
A seguir serão mostrados os resultados fornecidos pela metodologia para sistemas
de 11 e 70 barras. Os parâmetros ajustáveis relativos às opções de simulação usadas são
apresentados na Tabela 6.1. Já os parâmetros usados nos Algoritmos Genéticos AG são
mostrados na Tabela 5.11, no capítulo anterior.
TABELA 6.1 – OPÇÕES DE SIMULAÇÃO E ÍNDICES DE PONDERAÇÃO USADOS
Condição de Simulação Opção Escolhida
Relativos ao Sistema
Tipo de Carga Curva de Carga
FP Usado FPO e Método SDC
1
Relativos aos BCs
Número Máximo 3
Tipo Fixos e Automáticos
Barras Candidatas a Alocação Todas
Relativos aos RTs
Número Máximo 3
Tensão Ajustada na Saída Melhor Entre 0,95 e 1,0469
Inserção da Impedância Sim
Linhas Candidatas a Alocação Todas
Nota:
1
O Método da SDC foi usado para a alocação exclusiva de Bancos de
Capacitores BCs, enquanto que o FPO foi usado para as opções de alocação que
envolvessem Reguladores de Tensão – RTs, em conjunto ou não com BCs, devido a
necessidade de ajuste dos
taps.
113
Quanto às opções relativas aos equipamentos de regulação em específico, a idéia é
dar a maior abrangência possível às soluções, ou seja, considera-se que, por exemplo, o
analista não conhece a rede ou não fez nenhum estudo prévio sobre a mesma, além de ter
todos os equipamentos a sua disposição.
Desta forma, salienta-se que as opções relativas aos equipamentos de regulação
em específico mostradas foram utilizadas apenas para as comparações das soluções obtidas
para as diferentes combinações de equipamento de regulação empregados para os sistemas
de 11 e 70 barras. Já para estudos específicos de alocação de RTs e BCs estas opções
foram modificadas sendo informadas antes da apresentação dos resultados.
Quanto aos índices de ponderação, os mesmos foram escolhidos de forma a
equalizar as cinco funções que compõem a FO, ou seja, optou-se por não priorizar
nenhuma destas funções. Ressalta-se, entretanto, que alguns índices de ponderação são
diferentes para os dois sistemas simulados, conforme mostra a Tabela 6.2.
TABELA 6.2 – ÍNDICES DE PONDERAÇÃO DA FO USADOS NAS SIMULAÇÕES
Índice de Ponderação 11 Barras 70 Barras
wp (perdas de potência) 100 100
wv (limites de tensão) 100.000 100
wq (quedas de tensão) 10 1
wc (custo dos BCs) 1.000.000 100.000
wr (custo dos RTs) 1.000.000 1.000.000
Ressalta-se, finalmente, que as simulações foram realizadas em um Notebook da
Thoshiba com processador Pentium Dual-Core de 1,73 GHz com 1 GB de memória RAM,
tendo o Microsoft Windows XP como sistema operacional e usando o Matlab Versão
7.2.0.232 (R2006a) e o Genetic Algorithm and Direct Search Toolbox Versão 2.0.1 como
plataforma da metodologia desenvolvida.
114
6.2 SISTEMA DE 11 BARRAS
A Figura 6.1 mostra o sistema de 11 barras simulado onde a barra 1 é a barra da
SE e cujos dados das potências ativas e reativas demandadas em cada barra e de
impedância das linhas são apresentados no Apêndice D.
FIGURA 6.1 – SISTEMA DE 11 BARRAS
Para este sistema fez-se três simulações com posterior comparação das soluções
apresentadas e resultados obtidos quanto aos equipamentos de regulação alocados nas
possibilidades de (a) alocação exclusiva de BCs, (b) alocação exclusiva de RTs e (c)
alocação simultânea de BCs e RTs.
6.2.1 Problemas no Sistema de 11 Barras
Para a simulação sem alocação de equipamentos de regulação de tensão o sistema
de 11 barras apresentou problemas quanto à violação do limite inferior de tensão,
estabelecido em 0,93 pu, e quanto às quedas de tensão superiores ao limite máximo,
estabelecido em 4%, para as barras nos dias e patamares de carga mostradas na Tabela 6.8.
TABELA 6.3 – PROBLEMAS DE VIOLAÇÃO E QUEDA DE TENSÃO NO SISTEMA DE 11 BARRAS
Tipo
de Dia
Patamar
de Carga
V
barra
< 0,93 pu
[barras]
V > 4%
[barras]
Dia Útil Pesada 11 7 a 11
Sábado Pesada - 7 a 11
Domingo / Feriado Pesada - 9 a 11
115
Obviamente também se observaram problemas de perdas de potência ativa, os
quais serão tratados para o sistema como um todo na comparação dos resultados.
6.2.2 Resultados com a Alocação de BCs e/ou RTs
Neste item serão apresentados e comparados as soluções e resultados para o
sistema de 11 quanto às combinações dos equipamentos de regulação de tensão alocados.
6.2.2.1 Alocação Exclusiva de BCs
A Tabela 6.4 apresenta a solução encontrada pelos AG para a alocação exclusiva
de BCs para o sistema de 11 barras.
TABELA 6.4 – SOLUÇÃO COM BCS PARA ALOCAÇÃO EXCLUSIVA – 11 BARRAS
Barra com BC Tipo de BC Potência [kvar] Custo [R$]
9 Fixo 1.950 11.800,00
Esta solução exclusiva com BCs elimina o problema de violação do limite inferior
de tensão existente na barra 11 para Dia Útil com Carga Pesada conforme mostrado na
Figura 6.2.
116
Perfil de Tensão - Dia Útil - Carga Pesada
0,87
0,90
0,93
0,96
0,99
1,02
1,05
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
Barra
Tensão (pu)
Com Alocação de BC's Sem Alocão
FIGURA 6.2 – TENSÃO NAS BARRAS SEM E COM BCS – DIA ÚTIL – C. PESADA – 11 BARRAS
Já em termos de queda de tensão esta solução com BCs também elimina os
problemas existentes no trecho entre as barras 7 e 11 para o patamar de Carga Pesada nos
Sábados e Domingos/Feriados, conforme mostrado na Figura 6.3 que ilustra as quedas de
tensões nas barras para Sábados com Carga Pesada.
Queda de Tensão - Sábado - Carga Pesada
0,00
1,00
2,00
3,00
4,00
5,00
6,00
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
Barra
Queda de Tensão (%)
Com Alocação de BC's Sem Alocão
FIGURA 6.3 – QUEDA DE TENSÃO SEM E COM BCS – SÁBADO – C. PESADA – 11 BARRAS
Por outro lado, para o patamar de Carga Pesada nos Dias Úteis o problema
persiste para a barra 11 embora tenha sido minimizado em cerca de 2%, conforme
mostrado na Figura 6.4 que ilustra as quedas de tensões nas barras para Dia Útil com Carga
117
Pesada.
Queda de Tensão - Dia Útil - Carga Pesada
0,00
1,00
2,00
3,00
4,00
5,00
6,00
7,00
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
Barra
Queda de Tensão (%)
Com Alocação de RT's Sem Alocação
FIGURA 6.4 – QUEDA DE TENSÃO SEM E COM BCS – DIA ÚTIL – C. PESADA – 11 BARRAS
Obviamente, para os dias e patamares de carga sem problemas também se
observou melhorias nos níveis de tensão das barras e nas quedas de tensão.
6.2.2.2 Alocação Exclusiva de RTs
A Tabela 6.5 apresenta a solução encontrada pelos AG para a alocação exclusiva
de RTs para o sistema de 11 barras.
TABELA 6.5 – SOLUÇÃO COM RTS PARA ALOCAÇÃO EXCLUSIVA – 11 BARRAS
Linha
com
RT
Barra
pós
RT
Tensão
Ajustada
[pu]
Corrente
Nominal
[A]
Potência
(13,8 kV)
[kVA]
Custo para
2 RTs
[R$]
2 3 1,0469 100 138 76.000,00
8 9 1,0031 150 207 89.600,00
Esta solução exclusiva com RTs elimina o problema de violação do limite inferior
de tensão existente na barra 11 para Dias Úteis com Carga Pesadas conforme ilustrado na
118
Figura 6.5.
Perfil de Tensão - Dia Útil - Carga Pesada
0,87
0,90
0,93
0,96
0,99
1,02
1,05
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
Barra
Tensão (pu)
Com Alocação de RT's Sem Alocação
FIGURA 6.5 – TENSÃO NAS BARRAS SEM E COM RTS – DIA ÚTIL – C. PESADA – 11 BARRAS
Ressalta-se que as barras após os RTs, que para esta solução são as barras 3 e 9,
têm sua tensão ajustada para o valor encontrado pelos AG e apresentados na Tabela 6.5
para todos os patamares de carga em todos os tipos de dias devido aos ajustes dos taps dos
RTs feitos pelo FPO.
em termos de queda de tensão esta solução com RTs também elimina todos os
problemas existentes no trecho entre as barras 7 e 11 para o patamar de Carga Pesada em
todos os dias, conforme mostrado na Figura 6.6 que ilustra as quedas de tensões nas barras
para Dia Útil com Carga Pesada e sintetiza os demais tipos de dias e patamares de carga
com problemas.
119
Queda de Queda de Tensão - Dia Útil - Carga Pesada
0,00
1,00
2,00
3,00
4,00
5,00
6,00
7,00
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11
Barra
Queda de Tensão (%)
Com Alocação de RT's Sem Alocação
FIGURA 6.6 – QUEDA DE TENSÃO SEM E COM RTS – DIA ÚTIL – C. PESADA – 11 BARRAS
Ressalta-se ainda que, para um sistema com RTs instalados, as barras após os RTs
são consideradas de referência, além da barra da Subestação SE. Assim, para os cálculos
de queda de tensão, calcula-se a queda de tensão das barras em um trecho após um RT
tomando como referência a primeira barra após o RT e, antes deste RT, tomando como
referência a primeira barra após um outro RT, caso exista mais de um RT alocado no
mesmo trecho, ou a barra da SE caso contrário.
6.2.2.3 Alocação Simultânea de BCs e RTs
Nesta simulação, foi realizada a alocação simultânea de BCs e RTs. Entretanto,
para as condições iniciais de simulação impostas, os AG apresentaram uma solução
contemplando apenas a alocação de BCs, ou seja, descartaram a necessidade de se instalar
RTs conjuntamente com BCs.
Logicamente, esta solução é altamente dependente dos índices de ponderação das
funções que compõe a FO. Comprovou-se isso aumentando o índice de ponderação da
função que calcula o custo dos capacitores (wc) de 1.000.000 para 10.000.000 e, neste caso
obteve-se a alocação apenas de RTs com os mesmos resultados da solução para a
simulação com alocação exclusiva de RTs apresentados anteriormente.
120
Mantendo-se coerência com os índices de ponderação utilizados para as demais
simulações e apresentados na Tabela 6.2, tem-se, na Tabela 6.6, a solução apontada pelos
AG com alocação de apenas BCs para o sistema de 11 barras para a simulação com
alocação simultânea de BCs e RTs.
TABELA 6.6 – SOLUÇÃO COM BCS PARA ALOCAÇÃO SIMULTÂNEA – 11 BARRAS
Barra com BC Tipo de BC Potência [kvar] Custo [R$]
8 Fixo 300 6.000,00
10 Fixo 1500 10.500,00
Esta solução com BCs para simulação simultânea, embora diferente da solução
para a simulação com alocação exclusiva de BCs, tende para resultados semelhantes pois
os pontos de instalação e o valor total do BCs usados são parecidos, lembrando que na
alocação exclusiva de BCs, a solução encontrada pelos AG é formada por um único BC de
1.950 kvar alocado na barra 9.
Desta forma, esta solução com apenas BCs também elimina o problema de
violação do limite inferior de tensão existente na barra 11 para Dia Útil com Carga Pesada
com perfil de tensão semelhante ao mostrado na Figura 6.2 para alocação exclusiva de
BCs.
Já em termos de queda de tensão esta solução com BCs também elimina os
problemas existentes no trecho entre as barras 7 e 11 para o patamar de Carga Pesada nos
Sábados e Domingos/Feriados com resultados idênticos aos ilustrados na Figura 6.3 para
alocação exclusiva de BCs.
Para o patamar de Carga Pesada nos Dias Úteis o problema também persiste para
a barra 11 embora tenha sido minimizado em cerca de 2%, apresentando quedas de tensões
próximas das mostradas na Figura 6.4 para alocação exclusiva de BCs.
Obviamente, para os dias e patamares de carga sem problemas também se
observou melhorias nos níveis de tensão das barras e nas quedas de tensão como também
121
ocorreu para a solução com alocação exclusiva de BCs.
A fim de se concluir a respeito dos três tipos de alocações, torna-se necessário
uma análise comparativa entre as três soluções encontradas, para verificar qual apresenta
melhor desempenho.
6.2.2.4 Comparação dos Resultados
A Tabela 6.7 apresenta os custos, em R$, das cinco funções que compõem a FO
assim como o valor da FO ponderada sem e com a alocação de BCs e/ou RTs.
TABELA 6.7 – CUSTOS E VALOR DA FO SEM E COM ALOCAÇÃO – 11 BARRAS
Custo [10
6
], [R$] Sem BCs RTs BCs e RTs
Perdas Elétricas 1.690,0
1.490,0 968,0 1.500,0
Quedas de Tensão 28.200,0 197,0 0,0 49,9
Violações de Tensão 1,37 0,00 0,0 0,00
BCs - 0,0118 - 0,0165
RTs - - 0,166 0,00
Custo Total 29.900,0 1.690,0 968,0 1.550,0
Valor da FO 589.000,0
163.000,0
262.000,0
167.000,0
De acordo com os valores apresentados verifica-se uma redução nos custos com
as perdas de potência ativa por ano de cerca de 11,83%, 42,72% e 11,24%,
respectivamente, para as soluções com alocação exclusiva de BCs, exclusiva de RTs e com
apenas BCs para a simulação simultânea quando comparadas com as perdas sem alocação
de equipamentos reguladores.
Verifica-se também que os custos com as quedas de tensão superiores a 4% por
ano tiveram uma redução de quase 100% para as soluções com alocação de BCs. a
solução com alocação exclusiva de RTs eliminou totalmente os custos com quedas de
tensão. Nota-se, ainda, que os custos com as violações dos limites de tensão por ano foram
122
zerados para as três soluções apresentadas.
Por outro lado, para a redução destes custos foi necessário um investimento na
compra dos equipamentos reguladores de tensão. Desta forma, para a solução com
alocação exclusiva de BCs faz-se necessário um investimento de R$11.800,00, para a
solução com alocação exclusiva de RTs necessita-se de um investimento de R$165.600,00
e, finalmente, para a solução com alocação apenas de BCs na simulação de alocação
simultânea torna-se necessário um investimento de R$16.500,00.
Avaliando-se o custo total, ou seja, da soma dos custos das perdas técnicas mais
os custos de investimento com a compra de equipamentos, nota-se uma redução quando
comparado com o custo total das perdas técnicas sem alocação de equipamentos, de cerca
96,76% para a alocação exclusiva de RTs e de algo próximo de 94,5% para as soluções
com alocação de BCs
Pode-se também avaliar cada solução através do valor da FO, ou seja, com as
cinco funções que compõem a FO ponderadas de acordo com critérios pré-determinados
pelo operador. Deste modo, tem-se uma minimização em torno de 72,33%, 55,52% e
71,65%, respectivamente, para as soluções com alocação exclusiva de BCs, exclusiva de
RTs e apenas com BCs na simulação de alocação simultânea.
Nota-se que, a melhor solução do ponto de vista do valor da FO é a solução com
alocação exclusiva de BCs embora esta tenha o maior custo total entre todas as soluções.
No entanto, a melhor solução quanto ao custo total é a solução com alocação exclusiva de
RTs embora esta tenha o maior valor da FO.
Outro ponto a se avaliar é que as perdas elétricas diminuem significativamente
para a solução apenas com RTs, o que a longo prazo justifica a opção pela instalação
apenas de RTs pois o ganho obtido pela receita evitada é muito grande ao longo dos anos.
6.3 SISTEMA DE 70 BARRAS
A Figura 6.7 mostra o sistema de 70 barras de BARAN e WU (1989) simulado
onde a barra 1 é a barra da SE e cujos dados das potências ativas e reativas demandadas em
123
cada barra e de impedância das linhas são apresentados no Apêndice D.
FIGURA 6.7 – SISTEMA DE 70 BARRAS
Para este sistema seguiram-se, basicamente, três linhas de simulações. Na
primeira, fizeram-se três simulações com posterior comparação das soluções apresentadas
e resultados obtidos quanto aos equipamentos de regulação alocados nas possibilidades de
(a) alocação exclusiva de BCs, (b) alocação exclusiva de RTs e (c) alocação simultânea de
BCs e RTs.
na segunda, fizeram-se quatro simulações focadas apenas na alocação exclusiva
de RTs com variação das opções de linhas candidatas a receber RT e ajuste da tensão de
saída do RT nas combinações de (a) todas as linhas e ajuste da tensão, (b) todas as linhas e
tensão nominal, (c) linhas do tronco principal e ajuste da tensão e (d) linhas do tronco
principal e tensão nominal.
E, finalmente, na terceira fizeram-se três simulações focadas apenas na alocação
exclusiva de BC’ com variação das opções de tipos de BCs nas combinações de (a) fixo e
automáticos simultaneamente, (b) apenas fixos e (c) apenas automáticos com opção de
alocação em todas as barras do sistema.
124
6.3.1 Problemas no Sistema de 70 Barras
Para a simulação sem alocação de equipamentos de regulação de tensão o sistema
de 70 barras apresentou problemas quanto à violação do limite inferior de tensão,
estabelecido em 0,93 pu, e quanto às quedas de tensão superiores ao limite máximo,
estabelecido em 4%, para as barras mostradas na Tabela 6.8.
TABELA 6.8 – PROBLEMAS DE VIOLAÇÃO E QUEDA DE TENSÃO NO SISTEMA DE 70 BARRAS
Tipo
de Dia
Patamar
de Carga
V
barra
< 0,93 pu
[barras]
V > 4%
[barras]
Pesada 58 a 66 15 a 28 e 57 a 66
Média 60 a 66 58 a 66
Dia Útil
Leve 59 a 66 -
Pesada 59 a 66 16 a 28 e 58 a 66
Média 62 a 66 59 a 66 Sábado
Leve 61 a 66 -
Pesada 59 a 66 22 a 28 e 58 a 66
Média - 62 a 66
Domingo
/ Feriado
Leve 61 a 66 -
Obviamente também se observaram problemas de perdas de potência ativa, os
quais serão tratados para o sistema como um todo na comparação dos resultados.
6.3.2 Resultados com a Alocação de BCs e/ou RTs
Neste item serão apresentados e comparados as soluções e resultados para o
sistema de 70 barras na primeira linha de simulações, ou seja, quanto aos equipamentos de
regulação de tensão alocados.
125
6.3.2.1 Alocação Exclusiva de BCs
A Tabela 6.9 apresenta a solução encontrada pelos AG para a alocação exclusiva
de BCs para o sistema de 70 barras.
TABELA 6.9 – SOLUÇÃO COM BCS PARA ALOCAÇÃO EXCLUSIVA – 70 BARRAS
Barra com BC Tipo de BC Potência [kvar] Custo [R$]
13 Fixo 600 7.500,00
62 Fixo 900 8.500,00
63 Automático 900 42.000,00
Esta solução exclusiva com BCs elimina os problemas de violação do limite
inferior de tensão existentes em praticamente todos os tipos de dias e patamares de carga
que ocorrem entre, aproximadamente, as barras 60 e 66, conforme mostrado na Figura 6.8
que ilustra as tensões nas barras para Dia Útil com Carga Média.
Perfil de Tensão - Dia Útil - Carga dia
0,87
0,90
0,93
0,96
0,99
1,02
1,05
1 4 7 10 13 16 19 22 25 28 31 34 37 40 43 46 49 52 55 58 61 64 67 70
Barra
Tensão (pu)
Com Alocação de BC's Sem Alocação
FIGURA 6.8 – TENSÃO NAS BARRAS SEM E COM BCS – DIA ÚTIL – C. MÉDIA – 70 BARRAS
A exceção ocorre para os patamares de Carga Pesada nos os Dias Úteis e Sábados
onde o problema persiste embora tenham sido minimizados conforme mostrado na Figura
6.9 que ilustra as tensões nas barras para Dia Útil com Carga Pesada.
126
Perfil de Tensão - Dia Útil - Carga Pesada
0,87
0,90
0,93
0,96
0,99
1,02
1,05
1 4 7 10 13 16 19 22 25 28 31 34 37 40 43 46 49 52 55 58 61 64 67 70
Barra
Tensão (pu)
Com Alocação de BC's Sem Alocação
FIGURA 6.9 – TENSÃO NAS BARRAS SEM E COM BCS – DIA ÚTIL – C. PESADA – 70 BARRAS
em termos de queda de tensão esta solução com BCs elimina os problemas
existentes no trecho entre as barras 57 e 66 para o patamar de Carga dia em todos os
dias, conforme mostrado na Figura 6.10 que ilustra as quedas de tensões nas barras para
Dia Útil com Carga Média.
Queda de Tensão - Dia Útil - Cargadia
0
1
2
3
4
5
6
7
1 4 7 10 13 16 19 22 25 28 31 34 37 40 43 46 49 52 55 58 61 64 67 70
Barra
Queda de Tensão (%)
Com Alocação de BC's Sem Alocação
FIGURA 6.10 – QUEDA DE TENSÃO SEM E COM BCS – DIA ÚTIL – C. MÉDIA – 70 BARRAS
Por outro lado, para os patamares de Carga Pesada nos Dias Úteis o problema
persiste no trecho entre as barras 57 e 66 embora tenham sido minimizados conforme
mostrado na Figura 6.11 que ilustra as quedas de tensões nas barras para Dia Útil com
Carga Pesada.
127
Queda de Tensão - Dia Útil - Carga Pesada
0
2
4
6
8
10
12
1 4 7 10 13 16 19 22 25 28 31 34 37 40 43 46 49 52 55 58 61 64 67 70
Barra
Queda de Tensão (%)
Com Alocação de BC's Sem Alocação
FIGURA 6.11 – QUEDA DE TENSÃO SEM E COM BCS – DIA ÚTIL – C. PESADA – 70 BARRAS
Os problemas de queda de tensão com Carga Pesada no tronco principal, entre
aproximadamente as barras 16 e 28, foram eliminados para os Sábados, Domingos e
Feriados, já para os Dias Úteis foram significativamente minimizados.
6.3.2.2 Alocação Exclusiva de RTs
A Tabela 6.10 apresenta a solução encontrada pelos AG para a alocação exclusiva
de RTs para o sistema de 70 barras.
TABELA 6.10 – SOLUÇÃO COM RTS PARA ALOCAÇÃO EXCLUSIVA – 70 BARRAS
Linha
com
RT
Barra
pós
RT
Tensão
Ajustada
[pu]
Corrente
Nominal
[A]
Potência
(13,8 kV)
[kVA]
Custo para
2 RTs
[R$]
36 37 1,0469 50 69 75.200,00
61 62 1,0469 100 138 76.000,00
Esta solução exclusiva com RTs elimina todos os problemas de violação do limite
inferior de tensão existentes em todos os tipos de dias e patamares de carga que ocorrem
entre, aproximadamente, as barras 60 e 66, conforme mostrado na Figura 6.12 que ilustra
as tensões nas barras para Dia Útil com Carga Pesada e sintetiza os demais tipos de dias e
128
patamares de carga.
Perfil de Tensão - Dia Útil - Carga Pesada
0,87
0,90
0,93
0,96
0,99
1,02
1,05
1 4 7 10 13 16 19 22 25 28 31 34 37 40 43 46 49 52 55 58 61 64 67 70
Barra
Tensão (pu)
Com Alocação de RT's Sem Alocação
FIGURA 6.12 – TENSÃO NAS BARRAS SEM E COM RTS – DIA ÚTIL – C. PESADA – 70 BARRAS
Ressalta-se que as barras após os RTs, que para esta solução são as barras 37 e 62,
têm sua tensão ajustada para o valor encontrado pelos AG e apresentados na Tabela 6.10,
no caso 1,0469 pu para ambas as barras, para todos os patamares de carga em todos os
tipos de dias devido aos ajustes dos taps dos RTs feitos pelo FPO.
em termos de queda de tensão esta solução com RTs também elimina todos os
problemas existentes no trecho entre as barras 57 e 66 para o patamar de Carga Pesada e
Média em todos os dias e para o tronco principal compreendido entre as barras 15 e 28
com Carga Pesada para todos os tipos de dias, conforme mostrado na Figura 6.13 que
ilustra as quedas de tensões nas barras para Dia Útil com Carga Pesada e sintetiza os
demais tipos de dias e patamares de carga.
129
Queda de Tensão - Dia Útil - Carga Pesada
0
2
4
6
8
10
12
1 4 7 10 13 16 19 22 25 28 31 34 37 40 43 46 49 52 55 58 61 64 67 70
Barra
Queda de Tensão (%)
Com Alocação de RT's Sem Alocação
FIGURA 6.13 – QUEDA DE TENSÃO SEM E COM RTS – DIA ÚTIL – C. PESADA – 70 BARRAS
6.3.2.3 Alocação Simultânea de BCs e RTs
A Tabela 6.11 e a Tabela 6.12 apresentam a solução encontrada pelos AG,
respectivamente, para a alocação de BCs e RTs simultaneamente para o sistema de 70
barras.
TABELA 6.11 – SOLUÇÃO COM BCS PARA ALOCAÇÃO SIMULTÂNEA – 70 BARRAS
Barra com BC Tipo de BC Potência [kvar] Custo [R$]
13 Fixo 150 5.500,00
22 Fixo 150 5.500,00
63 Fixo 600 7.500,00
TABELA 6.12 – SOLUÇÃO COM RTS PARA ALOCAÇÃO SIMULTÂNEA – 70 BARRAS
Linha
com
RT
Barra
pós
RT
Tensão
Ajustada
[pu]
Corrente
Nominal
[A]
Potência
(13,8 kV)
[kVA]
Custo para
2 RTs
[R$]
5 6 1,0469 100 138 76.000,00
61 62 1,0469 100 138 76.000,00
Esta solução que engloba alocação simultânea de RTs com BCs, assim como a
130
solução exclusiva de RTs, elimina todos os problemas de violação do limite inferior de
tensão existentes em todos os tipos de dias e patamares de carga conforme mostrado na
Figura 6.14 que ilustra as tensões nas barras para Dia Útil com Carga Pesada e sintetiza os
demais tipos de dias e patamares de carga.
Perfil de Tensão - Dia Útil - Carga Pesada
0,87
0,90
0,93
0,96
0,99
1,02
1,05
1 4 7 10 13 16 19 22 25 28 31 34 37 40 43 46 49 52 55 58 61 64 67 70
Barra
Tensão (pu)
Com Alocação de BC's e RT's Sem Alocação
FIGURA 6.14 – TENSÃO NAS BARRAS SEM E COM BCS E RTS – DIA ÚTIL – C. PESADA
Em termos de queda de tensão esta solução de RTs com BCs simultaneamente
também elimina todos os problemas existentes conforme mostrado na Figura 6.15 que
ilustra as quedas de tensões nas barras para Dia Útil com Carga Pesada e sintetiza os
demais tipos de dias e patamares de carga.
Queda de Tensão - Dia Útil - Carga Pesada
0
2
4
6
8
10
12
1 4 7 10 13 16 19 22 25 28 31 34 37 40 43 46 49 52 55 58 61 64 67 70
Barra
Queda de Tensão (%)
Com Alocação de BC's e RT's Sem Alocação
FIGURA 6.15 – QUEDA DE TENSÃO SEM E COM BCS E RTS – DIA ÚTIL – C. PESADA
131
Entretanto, observando-se o perfil de tensão para a solução exclusiva de RTs
mostrado na Figura 6.12 e para a solução simultânea de RTs com BCs ilustrado na Figura
6.14, tem-se a priori, a sensação de que a alocação simultânea apresenta melhores
resultados pois tem um RT alocado na linha 5 que faz parte do tronco principal.
Novamente com a finalidade de se concluir a respeito dos três tipos de alocações,
torna-se necessário uma análise comparativa entre as três soluções encontradas, para
verificar qual apresenta melhor desempenho.
6.3.2.4 Comparação dos Resultados
A Tabela 6.13 apresenta os custos, em R$, das cinco funções que compõem a FO
assim como o valor da FO ponderada sem e com a alocação de BCs e/ou RTs.
De acordo com os valores apresentados verifica-se uma redução nos custos com
as perdas de potência ativa por ano em torno de 27,54%, 82,42% e 87,33%,
respectivamente, para as soluções com alocação exclusiva de BCs, exclusiva de RTs e
simultânea de RTs com BCs quando comparadas com as perdas sem alocação de
equipamentos reguladores.
TABELA 6.13 – CUSTOS E VALOR DA FO SEM E COM ALOCAÇÃO – 70 BARRAS
Custo [10
6
], [R$] Sem BCs RTs BCs e RTs
Perdas Elétricas 2.360,0
1.710,0 415,0 299,0
Quedas de Tensão 137.000,0
51.800,0 0,0 0,0
Violações de Tensão 1.220,0 186,0 0,0 0,0
BCs - 0,0580 - 0,0185
RTs - - 0,151 0,152
Custo Total 141.000,0
53.700,0 415,0 299,0
Valor da FO 496.000,0
248.000,0
193.000,0
184.000,0
Verifica-se também que os custos com as quedas de tensão superiores a 4% e os
132
custos com as violações dos limites de tensão por ano tiveram, respectivamente, uma
redução de aproximadamente 62,19% e 84,75% para a solução com alocação exclusiva de
BCs. as soluções com alocação exclusiva de RTs e simultânea de RTs com BCs
eliminaram totalmente os custos com quedas de tensão e com violações dos limites de
tensão.
Para a redução destes custos tornou-se necessário um investimento na compra dos
equipamentos reguladores de tensão. Desta forma, para a solução com alocação exclusiva
de BCs foi necessário um investimento de R$58.000,00, para a solução com alocação
exclusiva de RTs necessitou-se de um investimento de R$151.200,00 e, finalmente, para a
solução com alocação simultânea de RTs com BCs tornou-se necessário um investimento
de R$170.500,00.
Avaliando-se o custo total, ou seja, a soma dos custos das perdas técnicas mais os
custos de investimento com a compra de equipamentos, nota-se uma redução quando
comparado com o custo total das perdas técnicas sem alocação de equipamentos, de cerca
de 61,92% para a solução com alocação exclusiva de BCs e de algo próximo de 99,7% e
99,9%, respectivamente, para a alocação exclusiva de RTs e simultânea de RTs com BCs.
Finalmente, avaliando-se cada solução através do valor da FO, tem-se uma
minimização em torno de 50,00%, 61,09% e 62,90%, respectivamente, para as soluções
com alocação exclusiva de BCs, exclusiva de RTs e simultânea de RTs com BCs.
Desta forma, nota-se que a melhor solução do ponto de vista do valor da FO e
também quanto ao custo total é a solução com alocação simultânea de RTs com BCs, pois
apesar de um custo de investimento maior, a longo prazo se justifica devido ao ganho
obtido pela receita evitada.
6.3.3 Resultados para Variação das Opções de Alocação Exclusiva de RTs
Neste item serão apresentados e comparados as soluções e resultados para o
sistema de 70 barras na segunda linha de simulações, ou seja, quanto às opções de linhas
candidatas e ajuste da tensão de saída para alocação exclusiva de RTs.
133
6.3.3.1 Soluções Obtidas
A Tabela 6.14 apresenta as soluções para as quatro simulações focadas apenas na
alocação exclusiva de RT’ com variação das opções de linhas candidatas a receber RT e
ajuste da tensão de saída do RT nas combinações de (a) todas as linhas e ajuste da tensão,
(b) todas as linhas e tensão nominal, (c) linhas do tronco principal e ajuste da tensão e (d)
linhas do tronco principal e tensão nominal.
TABELA 6.14 – SOLUÇÕES PARA AS COMBINAÇÕES DE ALOCAÇÃO EXCLUSIVA DE RTS
Simulação
Linha
com
RT
Barra
pós
RT
Tensão
Ajustada
[pu]
Corrente
Nominal
[A]
Potência
(13,8 kV)
[kVA]
Custo para
2 RTs
[R$]
36 37 1,0469 50 69 75.200,00
(a)
61 62 1,0469 100 138 76.000,00
47 48 1,0000 100 138 76.000,00
(b)
61 62 1,0000 100 138 76.000,00
(c) 8 9 1,0469 200 276 103.200,00
(d) 9 10 1,0000 200 276 103.200,00
Pela análise das soluções, nota-se que sempre que se opta pelo ajuste da tensão de
saída do RT, independentemente do número de RTs alocados, o ajuste da tensão tende para
o maior valor possível de ajuste, que no caso é de 1,0469 pu, pois este nível, obviamente,
contribui muito para a eliminação dos problemas de violação dos limites de tensão e
também para a minimização das perdas.
Percebe-se também que, quando se opta apenas pelas linhas do tronco principal
como linhas candidatas a receber RT, tem-se, para o caso do sistema de 70 barras
simulado, uma tendência de se alocar apenas um RT relativamente potente e no início do
tronco, próximo às barras 9 e 10, visando elevar a tensão no maior número de barras
possíveis.
134
Por outro lado, quando se opta por todas as linhas do sistema como linhas
candidatas a receber um RT, tem-se uma tendência de se alocar dois RTs de relativamente
menor potência nos ramos onde, eventualmente, têm-se os maiores problemas de violação
dos limites de tensão e de queda de tensão.
6.3.3.2 Problemas de Violação de Tensão
Para as quatro combinações de alocação exclusiva de RTs simuladas apenas a
combinação de (d), linhas do tronco principal e tensão nominal, apresentou, mesmo com o
RT alocado, problemas de violação do limite inferior de tensão para Dia Útil com Carga
Pesada para o trecho entre as barras 63 e 66, conforme mostrado na Figura 6.16.
Perfil de Tensão - Dia Útil - Carga Pesada
0,87
0,90
0,93
0,96
0,99
1,02
1,05
1 4 7 10 13 16 19 22 25 28 31 34 37 40 43 46 49 52 55 58 61 64 67 70
Barra
Tensão (pu)
Com Alocação de RT's Sem Alocação
FIGURA 6.16 – PROBLEMAS DE VIOLAÇÃO DO LIMITE INFERIOR DE TENSÃO
Ressalta-se, entretanto, que para os demais tipos de dias e patamares de carga não
se observou violações dos limites de tensão.
6.3.3.3 Problemas de Queda de Tensão
em termos de queda de tensão, as combinações de (c), linhas do tronco
principal e ajuste da tensão, e (d), linhas do tronco principal e tensão nominal,
apresentaram problemas de queda de tensão superiores a 4%, conforme ilustra a Figura
135
6.17 relativa à simulação na combinação (d) para Dia Útil com Carga Pesada e sintetiza os
demais tipos de dias e patamares de carga com problemas.
Queda de Tensão - Dia Útil - Carga Pesada
0
2
4
6
8
10
12
1 4 7 10 13 16 19 22 25 28 31 34 37 40 43 46 49 52 55 58 61 64 67 70
Barra
Queda de Tensão (%)
Com Alocação de RT's Sem Alocação
FIGURA 6.17 – PROBLEMA DE QUEDA DE TENSÃO SUPERIOR A 4%
Ressalta-se, entretanto, que os problemas de queda de tensão ocorreram apenas
para Dias Úteis com Carga Pesada e Média e para Sábados e Domingos / Feriados com
Carga Pesada.
6.3.3.4 Comparação dos Resultados
A Tabela 6.15 apresenta os custos, em R$, das cinco funções que compõem a FO
assim como o valor da FO ponderada sem e com a alocação exclusiva de RTs para as
quatro simulações nas combinações de (a) todas as linhas e ajuste da tensão, (b) todas as
linhas e tensão nominal, (c) linhas do tronco principal e ajuste da tensão e (d) linhas do
tronco principal e tensão nominal.
Deste modo, verifica-se uma redução nos custos com as perdas de potência ativa
por ano em torno de 82,40% nas soluções das combinações de simulação (a) e (b), ou seja,
com opção de se alocar RTs em qualquer barra do sistema independentemente do ajuste da
tensão de saída do RT.
Por outro lado, para as soluções nas combinações de (c) linhas do tronco principal
e ajuste da tensão e (d) linhas do tronco principal e tensão nominal, tem-se uma redução
136
nas perdas por ano, respectivamente, de cerca de 10,59% e 5,08%.
TABELA 6.15 – CUSTOS E VALOR DA FO PARA ALOCAÇÃO EXCLUSIVA DE RTS
Custo [10
6
]
[R$]
Sem (a) (b) (c) (d)
Perdas
Elétricas
2360,0
415,0 417,0 2110,0 2240,0
Quedas
de Tensão
137000,0 0,0 0,0 37600,0 43100,0
Violações
de Tensão
1220,0 0,0 0,0 0,0 15,7
RTs - 0,151 0,152 0,103 0,103
Custo Total 141000,0 415,0 417,0 39700,0 45400,0
Valor da FO 496000,0 193000,0 194000,0 352000,0 372000,0
Verifica-se também que para as soluções das opções de simulação (c) e (d), ou
seja, com opção de se alocar RTs apenas nas barras do tronco principal, os custos por ano
com as quedas de tensão superiores a 4% tiveram uma redução de aproximadamente
72,55% para ajuste de tensão de saída e 68,54% para a tensão nominal.
Em contra partida, nas soluções das combinações de simulação (a) e (b), ou seja,
com opção de se alocar RTs em qualquer barra do sistema, independentemente do ajuste da
tensão de saída do RT, os custos com quedas de tensão foram totalmente eliminados.
Nota-se ainda que apenas na solução da combinação (d), linhas do tronco
principal e tensão nominal, tem-se custo com violação dos limites de tensão, embora este
custo tenha sido reduzido em 98,71%, já para as demais soluções este custo foi zerado.
Para a redução destes custos torna-se necessário um investimento na compra dos
RTs, então, analisando-se as soluções, percebe-se que os custos dos RTs dependem
basicamente da sua potência nominal e que esta, por sua vez, depende apenas da corrente
da linha em que o RT será instalado, considerando que a instalação será no mesmo nível de
137
tensão.
Assim, as soluções para as combinações com possibilidade de alocação em todas
as linhas do sistema, (a) e (b), apresentam uma necessidade de investimento pouco superior
a R$150.000,00, pois alocam dois RTs de menor potência em pontos específicos da rede.
Já, as soluções para as combinações com possibilidade de alocação apenas nas linhas do
tronco principal, (c) e (d), mostram uma necessidade de investimento pouco superior a
R$100.000,00, pois alocam apenas um RT de maior potência próximo ao início do tronco
principal.
Quanto ao custo total, nota-se uma redução quando comparado com o custo total
das perdas técnicas sem alocação de RTs em torno de 99,70% para as soluções com
possibilidade de alocação em todas as barras do sistema, (a) e (b), para as soluções com
possibilidade de alocação apenas nas linhas do tronco principal, (c) e (d), tem-se,
respectivamente, uma redução de 71,84% quando ajustada a tensão e 67,80% para a tensão
nominal.
Finalmente, avaliando-se cada solução através do valor da FO, tem-se uma
minimização em torno de 61,00% para as soluções com possibilidade de alocação em todas
as linhas do sistema, (a) e (b), no entanto, para as soluções com possibilidade de alocação
apenas nas linhas do tronco principal, (c) e (d), tem-se, respectivamente, uma redução de
29,03% quando ajustada a tensão e 25,00% para a tensão nominal.
Desta forma, nota-se que a melhor solução do ponto de vista do valor da FO e
também quanto ao custo total é a solução com alocação de RTs para a simulação (a), pois
apesar de um custo de investimento maior para a compra de dois RTs, a longo prazo se
justifica devido ao ganho obtido pela receita evitada principalmente com as quedas de
tensão.
6.3.4 Resultados para Variação das Opções de Alocação Exclusiva de BCs
Neste item serão apresentados e comparados as soluções e resultados para o
sistema de 70 barras na terceira linha de simulações, ou seja, quanto as opções de tipos de
138
BCs alocados.
6.3.4.1 Soluções Obtidas
A Tabela 6.16 apresenta as soluções para as três simulações focadas apenas na
alocação exclusiva de BC’ com variação das opções de tipos de BCs nas combinações de
(a) fixo e automáticos simultaneamente, (b) apenas fixos e (c) apenas automáticos com
opção de alocação em todas as barras do sistema.
TABELA 6.16 – SOLUÇÕES PARA AS COMBINAÇÕES DE ALOCAÇÃO EXCLUSIVA DE BCS
Simulação
Barra
com BC
Tipo
de BC
Potência
[kvar]
Custo
[R$]
13 Fixo 600 7.500,00
62 Fixo 900 8.500,00
(a)
63 Automático 900 42.000,00
22 Fixo 150 5.500,00
56 Fixo 600 7.500,00
(b)
62 Fixo 1500 10.500,00
13 Automático 600 40.000,00
(c)
62 Automático 2100 49.400,00
Pela análise das soluções, nota-se que há uma tendência em se alocar BCs na barra
62, obviamente devido a necessidade de se suprir uma carga relativamente grande de
reativos neste ponto.
Percebe-se ainda que, para a alocação simultânea de BCs fixos e automáticos,
existe uma tendência em se alocar BCs fixos devido aos custos serem mais baixos para
uma mesma potência quando comparado com os BCs automáticos. Essa tendência também
é evidenciada quando comparada as quantidades de BCs alocadas nas soluções para as
alocações exclusivas, ou seja, aloca-se menos BCs automáticos que fixos.
139
6.3.4.2 Problemas de Violação de Tensão
Tem-se na Tabela 6.17 os problemas de violação do limite inferior de tensão para
o sistema de 70 barras sem alocação de equipamentos e para as três combinações de
alocação exclusiva de BCs simuladas.
TABELA 6.17 – TENSÕES MENORES QUE 0,93 PU SEM E COM ALOCAÇÃO DE BCS
Barras com V
ba r r a
< 0,93 pu Tipo
de Dia
Patamar
de Carga
Sem Ambos Fixo Auto
Pesada 58 a 66 60 a 66 60 a 66 61 a 66
Média 60 a 66 - - -
Dia Útil
Leve 59 a 66 - - 59 a 66
Pesada 59 a 66 62 a 66 61 a 66 62 a 66
Média 62 a 66 - - - Sábado
Leve 61 a 66 - - 61 a 66
Pesada 59 a 66 - 66 - Domingo
Feriado Leve 61 a 66 - - 61 a 66
Nota-se que, de um modo geral, todas as violações do limite inferior de tensão
foram minimizadas, todavia, o problema ainda persiste para o patamar de Carga Pesada em
praticamente todos os tipos de dias e para todas as soluções, com exceção dos Domingos e
Feriados para as soluções com BCs fixos e automáticos alocados simultaneamente e para
apenas BCs automáticos.
Para o patamar de Carga Leve, as violações se mantiveram absolutamente iguais
para a solução com apenas BCs automáticos, o que era esperado, uma vez que para este
patamar de carga estes BCs são desligados. Por outro lado, as demais soluções este
patamar de carga tiveram os problemas eliminados.
Finalmente, para o patamar de Carga Média nos Dias Úteis e Sábados os
problemas de violação de tensão foram eliminados para todas as soluções apresentadas.
Ressalta-se, entretanto, que para Carga Média nos Domingos e Feriados não
140
eram observadas violações de tensão mesmo antes da alocação dos BCs.
6.3.4.3 Problemas de Queda de Tensão
Tem-se na Tabela 6.18 os problemas de violação de queda de tensão superiores a
4% para o sistema de 70 barras sem alocação de equipamentos e para as três combinações
de alocação exclusiva de BCs simuladas.
TABELA 6.18 – QUEDAS DE TENSÃO MAIORES QUE 4% SEM E COM ALOCAÇÃO DE BCS
Barras com
V > 4% Tipo
de Dia
Patamar
de Carga
Sem Ambos Fixo Auto
Pesada
15 a 28
57 a 66
24 a 28
58 a 66
22 a 28
58 a 66
58 a 66
Dia Útil
Média 58 a 66 - 65 a 66 -
Pesada
16 a 28
58 a 66
58 a 66 58 a 66 58 a 66
Sábado
Média 59 a 66 - - -
Pesada
22 a 28
58 a 66
59 a 66 58 a 66 59 a 66 Domingo
Feriado
Média 62 a 66 - - -
Nota-se que, de um modo geral, todas as quedas de tensão foram minimizadas,
todavia, o problema entre a barra 58 e a barra 66 ainda persiste para o patamar de Carga
Pesada em todos os tipos de dias e para todas as soluções, além de persistir também entre
as barras 22 e 28 do tronco principal para a solução que contempla BCs fixos e
automáticos alocados simultaneamente e apenas com bancos fixos.
Para o patamar de Carga Média os problemas de violação de queda de tensão
foram eliminados para praticamente todas as soluções apresentadas em todos os tipos de
dias, com exceção apenas para a solução com BCs fixos para Dia Útil, onde o problema
persistiu para as barras 65 e 66.
141
Finalmente, ressalta-se que para Carga Leve jáo foram observadas violações de
queda tensão superiores a 4% mesmo antes da alocação dos BCs.
6.3.4.4 Comparação dos Resultados
A Tabela 6.19 apresenta os custos, em R$, das cinco funções que compõem a FO
assim como o valor da FO ponderada sem e com a alocação exclusiva de BCs para as três
simulações nas combinações de (a) fixo e automáticos simultaneamente, (b) apenas fixos e
(c) apenas automáticos com opção de alocação em todas as barras do sistema.
Deste modo, verifica-se uma redução nos custos com as perdas de potência ativa
por ano em torno de 27,54%, 24,57% e 19,92%, respectivamente, nas soluções com BCs
fixos e automáticos simultaneamente, apenas fixos e apenas automáticos, sendo a solução
com ambos os BCs a mais adequada do ponto de vista da redução das perdas.
Nota-se também que os custos por ano com as quedas de tensão superiores a 4%
tiveram uma redução de aproximadamente 67,66% para a solução com BCs automáticos
fazendo desta a melhor solução neste quesito, pois a redução das quedas, para as soluções
com ambos os BCs e apenas BCs fixos foi de, respectivamente, 62,19% e 58,83%.
TABELA 6.19 – CUSTOS E VALOR DA FO PARA ALOCAÇÃO EXCLUSIVA DE BCS
Custo [10
6
], [R$] Sem Ambos Fixo Auto
Perdas Elétricas 2.360,0
1.710,0 1.780,0 1.890,0
Quedas de Tensão 137.000,0 51.800,0 56.400,0 44.300,0
Violações de Tensão 1.220,0 186,0 222,0 314,0
BCs - 0,058 0,0235 0,0894
Custo Total 141.000,0 53.700,0 58.400,0 46.500,0
Valor da FO 496.000,0 248.000,0 259.000,0 274.000,0
Percebe-se ainda que, quanto as minimizações das violações de tensão, a melhor
solução é, novamente, com ambos os tipos de BCs por apresentar uma redução de 84,75%
142
contra 81,80% para BCs fixos e 74,26% para BCs automáticos.
No entanto, sobre o ponto de vista financeiro, a solução com BCs fixos é a
melhor, com a menor necessidade de investimento, cerca de R$23.500,00, enquanto que a
solução com ambos os tipos de BCs precisa de R$58.000,00 e a com BCs automáticos de
R$89.400,00.
Quanto ao custo total, as soluções com ambos os BCs e com BCs fixos
apresentaram reduções em torno de 61,91% e 58,58%, respectivamente, a solução com
BCs automáticos, sob forte influência da melhor minimização das quedas de tensão, foi a
que apresentou a maior redução, sendo esta de 67,02%.
Finalmente, avaliando-se cada solução através do valor da FO, ou seja, com os
custos ponderados, tem-se uma minimização em torno de 50,00%, 47,78% e 44,76%,
respectivamente, para as soluções com BCs fixos e automáticos simultaneamente, apenas
fixos e apenas automáticos.
6.4 DESEMPENHO DA METODOLOGIA
A Tabela 6.20 apresenta o desempenho da metodologia desenvolvida com base
nos AG para as três simulações de alocação de equipamentos para o sistema de 70 barras.
Em uma análise bastante simples nota-se que à medida que se aumenta o número
de bits do indivíduo torna-se necessário um maior mero de gerações para se encontrar
uma solução adequada e, consequentemente, um maior tempo para se encontrar esta
solução e também para finalizar a simulação, que o critério de parada adotado foi de
5.000 gerações simuladas. Um maior número de bits do indivíduo também significa um
universo maior de soluções possíveis com crescimento exponencial. Desta forma, para o
aumento do número de bits do indivíduo percebe-se também um crescimento no número de
soluções com valor de FO memorizadas pelo algoritmo desenvolvido e, por conseqüência,
uma diminuição na taxa de soluções buscadas na memória, o que implica na necessidade
de um maior tempo para a simulação de todas as gerações.
143
TABELA 6.20 – DESEMPENHO DA METODOLOGIA PARA O SISTEMA DE 70 BARRAS
Resultado BCs RTs BCs e RTs
Número de bits
do indivíduo
31 37 68
Geração que contém
a melhor solução
849 1198 1484
Tempo para
Obtenção da solução
04h06min22s 10h46min57s 09h53min25s
Tempo total
de simulação
18h53min34s 41h16min11s 53h12min38s
Número de soluções
memorizadas
14.789 18.741 27.438
Taxa de soluções
buscadas na memória
70,42 62,52 45,12
Ressalta-se, entretanto, que este desempenho é apenas uma tendência natural e
não é, em hipótese alguma, uma regra geral, pois o processo de convergência pode variar
de simulação para simulação, conforme mostrado na Tabela 6.21 que apresenta o
desempenho da metodologia para as três simulações com o sistema de 11 barras.
Nota-se, por exemplo, que mesmo com o indivíduo mais curto, a simulação com
alocação exclusiva de BCs precisou de mais gerações que as outras simulações para
encontrar a solução mais adequada. Isso pode ser explicado por vários fatores, como por
exemplo, que o algoritmo encontrou um mínimo local e precisou de muitas gerações para
sair deste ponto.
144
TABELA 6.21 – DESEMPENHO DA METODOLOGIA PARA O SISTEMA DE 11 BARRAS
Resultado BCs RTs BCs e RTs
Número de bits
do indivíduo
22 28 50
Geração que contém
a melhor solução
3833 480 79
Tempo para
Obtenção da solução
00h23min56s 01h05min08s 00h10min10s
Tempo total
de simulação
00h31min33s 07h24min55s 04h48min48s
Número de soluções
memorizadas
5.937 9.822 8.130
Taxa de soluções
buscadas na memória
88,13 80,36 83,74
Por outro lado, mesmo com o indivíduo mais longo, a simulação com alocação
simultânea de BCs e RTs precisou de poucas gerações, quando comparado às demais
simulações, para encontrar a solução mais adequada. Isso pode ser explicado, por exemplo,
pela formação de uma boa população inicial que convergiu rapidamente para a solução
encontrada.
6.5 VALIDAÇÃO DOS RESULTADOS
A seguir serão mostrados os resultados fornecidos pela validação da metodologia
que, neste caso, foi feita apenas para o sistema de 11 barras, além dos resultados obtidos
com os AG para as simulações com as mesmas opções da validação.
Entretanto, para a validação dos resultados houve mudança no tipo de carga para
Carga Constante, no tipo de BC para apenas Fixo (por ser Carga Constante) e no ajuste da
tensão de saída dos RTs para Tensão Nominal, além das variações com relação ao número
145
e combinações de equipamentos de regulação possíveis de serem alocados e facilmente
identificadas nos resultados.
6.5.1 Alocação Exclusiva de BCs
A Tabela 6.22 apresenta as soluções apontadas pela validação da metodologia
para a alocação exclusiva de até um, dois ou três BCs salientando-se que são as mesmas
obtidas com a metodologia de alocação baseada nos AG, comprovando, desta forma, a
eficácia da metodologia desenvolvida para a alocação de equipamentos.
TABELA 6.22 – SOLUÇÕES PARA A VALIDAÇÃO EXCLUSIVA DE BCS
Até Barra com BC Tipo de BC Potência [kvar] Custo [R$]
1 BC 9 Fixo 1.500 10.500,00
2 BCs 9 Fixo 1.650 11.000,00
3 BCs 9 Fixo 1.650 11.000,00
Pela análise das soluções, percebe-se que, independentemente do número máximo
de BCs possíveis de serem alocados, a solução mais adequada é com apenas um BC, no
mesmo ponto de instalação e com potências próximas.
Ressalta-se, porém, que o valor de 1.650 kvar o pode ser obtido pela opção de
alocação de um único BC e sim, por outras combinações de dois ou três BCs alocados na
mesma barra, conforme explicação dada no item relativo a codificação dos BCs.
a Tabela 6.23 apresenta os custos e o valor da FO para as três validações e
simulações efetuadas quanto a alocação de BCs citadas anteriormente.
Analisando-se os custos e o valor da FO, nota-se que as três soluções são
praticamente iguais, pois todas eliminam totalmente os custos com as quedas de tensão
superiores a 4% e reduzem em aproximadamente 15% os custos com as perdas.
146
TABELA 6.23 – CUSTOS E VALOR DA FO PARA VALIDAÇÃO EXCLUSIVA DE BCS
Custo [10
6
], [R$] Sem 1 BC 2 BCs 3 BCs
Perdas Elétricas 2.290,0
1.950,0 1.940,0 1.940,0
Quedas de Tensão 10800,0 0,0 0,0 0,0
Violações de Tensão 0,0 0,0 0,0 0,0
BCs - 0,0105 0,011 0,011
Custo Total 13.100,0 1.950,0 1.940,0 1.940,0
Valor da FO 337.000,0
205.000,0
205.000,0
205.000,0
Porém, é importante frisar que como os custos evitados com as perdas técnicas
são anuais torna-se, em longo prazo, mais interessante a solução com BC de 1.650 kvar,
cujo investimento é de R$500,00 a mais do que o da solução com BC de 1.500 kvar.
6.5.2 Alocação Exclusiva de RTs
A Tabela 6.24 apresenta as soluções apontadas pela validação da metodologia
para a alocação exclusiva RTs nas mesmas combinações feitas para os BCs salientando-se
novamente que as soluções são as mesmas obtidas com a metodologia de alocação baseada
nos AG, comprovando, mais uma vez, a eficácia da metodologia desenvolvida.
TABELA 6.24 – SOLUÇÕES PARA A VALIDAÇÃO EXCLUSIVA DE RTS
Até
Linha
com
RT
Barra
pós
RT
Tensão
Ajustada
[pu]
Corrente
Nominal
[A]
Potência
(13,8 kV)
[kVA]
Custo para
2 RTs
[R$]
1 RT 8 9 1,0000 150 207 89.600,00
1 2 1,0000 200 276 103.200,00
2 RTs
8 9 1,0000 150 207 89.600,00
1 2 1,0000 200 276 103.200,00
3 RTs
8 9 1,0000 150 207 89.600,00
147
Pela análise das soluções, percebe-se que um ponto de instalação dos RTs é na
linha 8. Para as validações com possibilidade de alocação de a dois ou três RTs as
soluções são iguais com dois RTs, sendo o segundo RT instalado já na saída da SE.
a Tabela 6.25 apresenta os custos e o valor da FO para as três validações e
simulações efetuadas quanto a alocação de RTs citadas anteriormente.
TABELA 6.25 – CUSTOS E VALOR DA FO PARA VALIDAÇÃO EXCLUSIVA DE RTS
Custo [10
6
], [R$] Sem 1 RT 2 RTs 3 RTs
Perdas Elétricas 2.290,0
2.290,0 948,0 948,0
Quedas de Tensão 10.800,0 0,0 0,0 0,0
Violações de Tensão 0,0 0,0 0,0 0,0
RTs - 0,0896 0,193 0,193
Custo Total 13.100,0 2.290,0 948,0 948,0
Valor da FO 337.000,0
318.000,0
288.000,0
288.000,0
Analisando-se os custos e o valor da FO, nota-se que a solução com dois RTs
precisa de um investimento um pouco maior que o dobro em relação a solução com um
RT, porém, o custo com as perdas é reduzido em até 58,60% ao ano contra uma redução
praticamente nula para a solução com apenas um RT.
Nota-se também que a solução com um RT pode ser viável quando a intenção for
a de eliminar os custos com as perdas técnicas relativas apenas às quedas de tensão
superiores a 4%.
6.5.3 Alocação Simultânea de BCs e RTs
Realizou-se também validações para alocação simultânea de RTs e BCs nas
combinações e com os resultados apresentados na Tabela 6.26. Ressalta-se, mais uma vez,
que as soluções obtidas para estas validações são as mesmas obtidas com a metodologia de
alocação baseada nos AG, comprovando novamente a eficácia da metodologia
148
desenvolvida.
TABELA 6.26 – SOLUÇÕES PARA A VALIDAÇÃO SIMULTÂNEA DE RTS E BCS
Combinação Validada Soluções Obtidas
Um BC e um RT Mesmo para um BC
Um BC e até dois RTs Mesmo para um BC
Um RT e até dois BCs Mesmo para até dois BCs
Nota-se que para estas opções de validação e simulação com o sistema de 11
barras, a tendência é de se alocar apenas BCs para a obtenção de resultados satisfatórios.
6.6 ANÁLISE DO UNIVERSO DE INDIVÍDUOS E SOLUÇÕES
A Tabela 6.27 apresenta, entre outras coisas, o universo de indivíduos diferentes e
o de soluções diferentes para as validações realizadas.
Tomando-se como exemplo a alocação simultânea de até um BC e dois RTs, a
codificação do indivíduo com 16 bits tendo, por conseqüência, um universo de 65.536
indivíduos diferentes.
Como a metodologia de validação gera todos os indivíduos possíveis, e em
seguida avalia cada um destes indivíduos com o auxilio da memória, tem-se, para este
exemplo e ao final da avaliação do universo de indivíduos, apenas 2.521 soluções
armazenadas na memória.
Isso significa que apenas 3,85% do universo de indivíduos são soluções
diferentes, ou seja, 96,15% são soluções repetidas.
Esta análise pode ser estendida para as demais validações feitas e como resultado,
observa-se que o universo de soluções diferentes é menor que 35,15% diminuindo
drasticamente a medida que o número de bits do indivíduo aumenta e chegando a até
2,15%.
Isso acontece devido à forma de codificação dos indivíduos associado ao
149
funcionamento dos AG tradicionais, onde “blocos” inteiros são trocados de lugar, como
por exemplo, nos cruzamentos, dando origem a novos indivíduos que na verdade são
soluções iguais.
TABELA 6.27 – UNIVERSO DE INDIVÍDUOS E DE SOLUÇÕES DIFERENTES
N° de
BCs
N° de
RTs
N° de Bits
do Indivíduo
N° de
Indivíduos
Diferentes
N° de
Soluções
Diferentes
Taxa de
Soluções
Diferentes
1 - 7 128 45 35,15
2 - 13 8.192 991 12,08
3 - 19 524.288 15.104 2,88
- 1 5 32 11 34,38
- 2 9 512 56 10,94
- 3 13 8.192 176 2,15
1 1 12 4.096 495 12,09
1 2 16 65.536 2.521 3,85
2 1 18 262.144 10.901 4,16
Desta forma, para minimizar o esforço computacional através da aproximação do
universo de soluções com o universo de indivíduos, torna-se necessário um estudo mais
aprofundado no processo de codificação dos indivíduos ou então, no desenvolvimento de
AG dedicados para estes tipos de codificações, uma vez que estas são muito utilizadas em
metodologias de alocação, ajustes e dimensionamento de equipamentos para sistemas
elétricos.
6.7 CONSIDERAÇÕES FINAIS DO CAPÍTULO
Este trabalho não tem o objetivo de apontar a melhor solução entre todas as
soluções apresentadas e comparadas, pois cabe a concessionária, por intermédio do
150
operador, avaliar os custos evitados com perdas técnicas frente aos custos de investimentos
das soluções encontradas e recursos disponíveis para, então, escolher a solução mais
apropriada.
Os registros do desempenho da metodologia são baseados na idéia de,
eventualmente, se comparar o desempenho dos AG com outras técnicas de IA para a
alocação de BCs e/ou RTs.
Da mesma forma, os registros relativos ao universo de indivíduos e de soluções
são para se justificar, eventualmente, o desenvolvimento de AG dedicados em
metodologias de alocação, ajustes e dimensionamento de equipamentos para sistemas
elétricos.
151
CAPÍTULO 7 - CONCLUSÕES
7.1 CONCLUSÕES
A utilização dos AG ao problema de alocação de BCs e RTs em redes de
distribuição se mostrou eficaz como consagrado em outros trabalhos. Essa eficácia é
devida à natureza combinatorial do problema que é composto por variáveis inteiras e
restrições não–lineares.
Devido ao fato dos AG operarem sobre uma população de candidatos em paralelo
e também às suas próprias características, todo o campo de busca é atingido, ao contrário
das técnicas de otimização tradicionais onde um indivíduo é iterativamente manipulado até
que uma condição satisfatória seja atingida.
Os métodos de seleção e os operadores genéticos garantem a criação de
descendentes mais aptos e a variabilidade genética dos indivíduos criados, além de evitar o
problema de mínimos locais e que os melhores indivíduos sejam perdidos.
As metodologias de FP usadas neste trabalho apresentaram resultados idênticos.
No entanto, verificou-se a maior velocidade de convergência do Método da SDC quando
comparado ao FPO e, por outro lado, o FPO mostrou-se eficiente na especificação dos taps
dos RTs alocados para se obter os níveis de tensão desejados nas saídas.
A metodologia aqui formulada foi a de se obter um ponto ótimo, ou
aproximadamente ótimo, que satisfaz a múltiplos critérios simultaneamente tais como:
minimização das perdas ativas, dos custos dos BCs e RTs, penalização dos limites de
tensão e penalização de quedas de tensão acima de 4% a partir da saída do alimentador ou
das barras de referência após os RTs.
Vale lembrar também que o problema abordado neste trabalho é um problema de
otimização multi-objetivo, portanto, não existe somente uma solução ótima para o
problema e sim um conjunto de possíveis soluções eficientes (Pareto-ótimo)
, influenciadas
152
pelos pesos considerados para cada um dos critérios de otimização.
A metodologia desenvolvida apresenta opções de simulação relativamente
abrangentes e, cabe ao operador, através de estudos prévios do sistema em análise e de
recursos disponíveis, definir as opções adequadas de simulação para a alocação dos
equipamentos.
Evidentemente que os pesos considerados para cada um dos critérios de
otimização influenciam os resultados finais, cabendo ao operador a escolha dos mesmos de
modo a enfatizar os critérios de seu interesse, pois essa escolha afeta o posicionamento,
número, tamanho, tipo e ajuste dos BCs e RTs alocados.
De uma maneira geral, a metodologia desenvolvida se mostrou eficaz na solução
de problemas de otimização, pois em relação às simulações realizadas, estas apresentaram
resultados satisfatórios tendo todos os custos envolvidos na Função Objetivo reduzidos
após alocação dos equipamentos de regulação.
Analisando-se os resultados pertinentes a cada tipo de alocação, pode-se concluir
que a alocação de RT, apesar de inicialmente mais onerosa tende a ser compensada devido
ao grande impacto nas diminuições das perdas técnicas.
7.2 SUGESTÕES DE TRABALHOS FUTUROS
Sugerem-se como trabalhos futuros:
a.
Análise aprofundada a respeito da influência de cada critério de otimização na
solução final;
b.
Análise do acréscimo de faturamento da concessionária pela melhora no perfil
de tensão;
c.
Utilização de FPO para auxiliar na avaliação da FO;
d.
Utilização de curva de carga horária a fim de se otimizar o controle dos BCs e
do ajuste dos taps dos RTs;
e.
Estudo de alocação de RT com fluxo da potência ocorrendo em ambos os
sentidos, ou seja, considerando geração distribuída;
153
f.
Otimização das distâncias entre os BCs;
g.
Estudos de sensibilidade a fim de reduzir o tempo de processamento;
h.
Implementação de outras técnicas de IA para comparação de desempenho;
i.
Desenvolvimento de AG dedicados para metodologias de alocação, ajustes e
dimensionamento de equipamentos para sistemas elétricos;
j.
Melhorar o projeto dos AG introduzindo as probabilidades adaptativas e
comparando os resultados;
k.
Realizar uma abordagem multi-objetivo dos AG para o desenvolvimento da
metodologia de alocação, ajustes e dimensionamento de equipamentos para
sistemas elétricos;
l.
Desenvolvimento de uma metodologia que permita obter a melhor operação
dos dispositivos reguladores ao longo de um período de interesse;
m.
Utilização de processamento paralelo a fim de diminuir o esforço
computacional.
154
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160
APÊNDICE A - FLUXOS DE POTÊNCIA
A.1 O PROBLEMA DO FLUXO DE POTÊNCIA
O problema do Fluxo de Potência FP consiste na obtenção das condições de
operação, ou seja, magnitude e ângulo das tensões nodais, a partir dos quais podem ser
determinados os fluxos de potência ativa e reativa em regime permanente de uma rede de
energia elétrica com topologia, níveis de geração e consumo conhecidos.
Na formulação básica do problema de FP são associadas quatro variáveis a cada
barra, conforme apresentado na Figura A.1 a qual apresenta duas barras (k e m) de um
sistema de distribuição radial.
FIGURA A.1 – RAMO DE UM SISTEMA DE DISTRIBUIÇÃO
As quatro variáveis representam:
V
k
– módulo da tensão da barra k;
θ
k
– ângulo da tensão da barra k;
P
k
– potência ativa líquida injetada na barra k;
Q
k
– potência reativa líquida injetada na barra k.
Por outro lado, aos ramos da rede, cujas barras extremas são k e m para a Figura
A.1, associam-se as seguintes variáveis:
I
km
– corrente que sai da barra k em direção a barra m;
P
km
– fluxo de potência ativa que sai da barra k em direção a barra m;
161
Q
km
– fluxo de potência reativa que sai da barra k em direção a barra m.
No fluxo de carga convencional, definem-se três tipos de barras, em função das
variáveis que são conhecidas e incógnitas, conforme mostrado na Tabela A.1.
TABELA A.1 – TIPOS DE BARRA DO FLUXO DE CARGA CONVENCIONAL
Tipo de Barra Notação Dados Incógnitas
Barra de Carga PQ P
k
e Q
k
V
k
e
θ
k
Tensão Controlada PV P
k
e V
k
θ
k
e Q
k
Referência V
θ
V
k
e
θ
k
P
k
e Q
k
De modo geral para o sistema de distribuição de energia elétrica, as Barras de
Carga PQ’s aparecem em maior número e representam os transformadores nos quais
estão conectadas as cargas do sistema elétrico; já as Barras de Tensão Controlada PV’s
representam as barras cuja tensão pode ser controlada por intermédio do ajuste do tap; e
finalmente, a Barra de Referência V
θ
representa a Subestação SE e é a única
imprescindível na formulação do problema em função de dois fatores (MONTICELLI,
1983):
a.
Necessidade matemática de estipular um ângulo de referência;
b.
Para fechar o balanço de potência da rede, pois as perdas de distribuição não
são conhecidas a priori, ou seja, não é possível definir as injeções de potência
do sistema antes de conhecer as perdas que são função dos fluxos na rede.
De acordo com estas definições e como conseqüência da imposição da Primeira
Lei de Kirchhoff para uma barra qualquer do sistema elétrico, tem-se que a potência
líquida injetada nesta barra é igual à soma dos fluxos de potência que deixam esta barra, ou
seja, têm-se duas equações:
=
k
m
mkmkkmk
VVPP ),,,(
θθ
(A.1)
162
=+
k
m
mkmkkmk
sh
kk
VVQVQQ ),,,()(
θθ
(A.2)
sendo:
2
k
sh
k
sh
k
VbQ =
(A.3)
onde:
k
– índice de cada barra do sistema;
k
– conjunto de barras ligadas à barra
k
;
Q
k
sh
– potência reativa devido ao elemento
shunt
;
b
k
sh
– susceptância
shunt
na barra
k
.
Nas Equações (A.1) e (A.2) os fluxos de potência ativa e reativa nos ramos, ou
seja, linhas de distribuição, transformadores em fase, defasadores puros e defasadores,
obedecem às seguintes expressões gerais:
[
]
)(.)cos(..)..(.).(
2
kmkmkmkmkmkmmkkmkmkkmkm
senbgVVagVaP
ϕθϕθ
+++=
(A.4)
[
]
)cos(.)(..)..().().(
2
kmkmkmkmkmkmmkkm
sh
kmkmkkmkm
bsengVVabbVaQ
ϕθϕθ
+++=
(A.5)
onde:
a
km
tap do transformador no ramo km;
θ
km
– diferença angular entre as barras k e m;
φ
km
– ângulo de defasamento no ramo km;
g
km
– condutância série no ramo km;
b
km
– susceptância série no ramo km;
b
km
sh
– metade da susceptância shunt no ramo km.
De acordo com o tipo de equipamento, os parâmetros a
km
, φ
km
e b
km
sh
assumem
valores particulares mostrados na Tabela A.2.
163
TABELA A.2 – PARÂMETROS DOS EQUIPAMENTOS NAS EXPRESSÕES GERAIS DE FLUXO
Equipamento
a
k m
φ
k m
b
k m
s h
Linha de Distribuição 1 0 -
Transformador em Fase - 0 0
Transformador Defasador Puro 1 - 0
Transformador Defasador - - 0
Assim, o problema de fluxo de carga consiste em resolver o sistema de Equações
(A.1) e (A.2) tendo como dados e incógnitas as variáveis descritas na Tabela A.1. Para
isso, conforme mencionado anteriormente, dois métodos serão abordados neste trabalho:
o FP via Método da SDC e o FPO via MPDPI.
A.2 FLUXO DE POTÊNCIA ÓTIMO – FPO
O problema de Fluxo de Potência Ótimo – FPO, formulado inicialmente por
CARPENTIER (1962), determina o estado de uma rede elétrica que otimiza uma
determinada função-objetivo e satisfazendo um conjunto de restrições físicas e
operacionais.
Caracterizado como um problema de programação não-linear com restrições, o
problema de FPO pode ser formulado genericamente como:
)(min uf
(A.6)
Sujeito a:
0)(
=
ug
(A.7)
maxmin
)( huhh
(A.8)
onde:
u – vetor de variáveis do sistema;
f(u) – função objetivo a ser otimizada;
g(u) – vetor de restrições de igualdade;
164
h(u) – vetor de restrições de desigualdade.
As restrições de igualdade correspondem à modelagem da rede, ou seja, às
equações de balanço de potência ativa e reativa; enquanto que as restrições de
desigualdade representam os limites das variáveis do sistema, ou seja, as restrições
funcionais dos equipamentos e operacionais do sistema.
A.2.1 Restrições de Igualdade
As restrições de igualdade básicas do FPO correspondem às equações
apresentadas do fluxo de carga, ou seja:
=
k
m
mkmkkmk
VVPP ),,,(
θθ
(A.9)
=+
k
m
mkmkkmk
sh
kk
VVQVQQ ),,,()(
θθ
(A.10)
A.2.2 Restrições de Desigualdade
As restrições de desigualdade correspondem às restrições de canalização nas
variáveis e restrições funcionais do tipo máximo carregamento em circuitos. Estas
restrições refletem limites de operação dos equipamentos ou alguma política operativa
específica. Desta forma, as principais restrições de desigualdades utilizadas em problemas
de FPO são apresentadas a seguir em sua forma geral:
maxmin
kkk
VVV
(A.11)
maxmin
kkk
PGPGPG
(A.12)
maxmin
kkk
QGQGQG
(A.13)
maxmin
kmkmkm
aaa
(A.14)
onde:
PG
k
– potência ativa gerada na barra k;
165
QG
k
– potência reativa gerada na barra k.
A.2.3 Funções-Objetivo
Dependendo do tipo de aplicação do problema de FPO, as funções-objetivo
podem ser lineares ou não-lineares, sendo utilizadas de forma isolada ou combinadas entre
si. A modelagem matemática das funções-objetivo mais utilizadas é apresentada a seguir:
a. Mínimo Custo de Geração Ativa
=
g
Ig
gg
PGCPuf )(
(A.15)
onde:
I
g
– conjunto de geradores controláveis de potência ativa;
CP
g
– custo de geração ativa do gerador g;
PG
g
– geração ativa do gerador g.
b. Mínima Perda
+=
CS
Cmk
mkkm
PPuf
,
)()(
(A.16)
onde:
C
CS
– conjunto de circuitos do sistema.
c. Mínimo Desvio de Tensão Especificada
(
)
=
BS
Ck
kk
VVuf
2
0
2
1
)(
ρ
(A.17)
onde:
C
BS
– conjunto de barras do sistema;
ρ – peso associado ao desvio de tensão;
V
k
– tensão da barra k;
V
k
0
– tensão inicial da barra k.
166
O FPO é um processo iterativo e utiliza-se, normalmente, devido a sua eficiência,
o Método dos Pontos Interiores Versão Primal-Dual para a sua resolução.
A.2.4 Método Primal-Dual de Pontos Interiores – MPDPI
O MPDPI pertence a uma classe de algoritmos de otimização originalmente
designados para problemas de programação linear. Entretanto, devido ao seu alto grau de
desempenho, tal método foi estendido para problemas de programação quadrática, convexa
e problemas gerais de otimização diferenciáveis.
Para utilizar o MPDPI no problema formulado anteriormente, faz-se a
transformação das restrições de desigualdade para restrições de igualdade pela introdução
de variáveis de folga estritamente positivas.
No MPDPI as variáveis de folga são incorporadas à função-objetivo por meio de
uma função de penalização, denominada barreira logarítmica. Assim, o problema original é
transformado em uma seqüência de problemas parametrizados pelo parâmetro barreira.
Ao incorporar a barreira logarítmica, o MPDPI busca resolver o problema de
otimização para cada valor do parâmetro barreira, fazendo com que o parâmetro barreira
tenda a zero. Assim, para cada valor do parâmetro barreira executa-se uma iteração do
Método de Newton-Raphson no sistema de equações não-lineares definidos pelas
condições de otimalidade de primeira ordem.
Uma vez obtido os pontos estacionários da função Lagrangeana estabelece-se
critérios para atualização do parâmetro barreira, para inicialização das variáveis e teste de
convergência completando assim uma iteração do FPO via MPDPI.
Vale lembrar que a formulação matemática do FPO via MPDPI é apresentada em
detalhes no Apêndice B.
A.3 FLUXO DE POTÊNCIA – MÉTODO DA SOMA DAS CORRENTES
O processo de resolução do FP via Método da SDC é iniciado com a determinação
167
do valor da tensão em todas as barras da rede de distribuição, normalmente definida como
sendo a tensão da SE. Após a definição da tensão inicial calculam-se as correntes de carga
das barras. Dessa forma, a corrente solicitada pela carga da barra m é:
*
m
m
m
V
S
I =
(A.18)
onde:
I
m
– corrente solicitada pela carga da barra m;
S
m
– potência da carga da barra m;
V
m
– módulo da tensão da barra m.
Em seguida, entra-se no processo iterativo propriamente dito, iniciando-se a etapa
de Backward Sweep.
A.3.1 Backward Sweep
O processo de Backward Sweep consiste na somatória das correntes das cargas
para se determinar as correntes dos ramos. Então, começando nas últimas barras de cada
ramo e deslocando-se na direção da SE, calcula-se a corrente em cada ramo da seguinte
forma:
+=
Cmn
mnmkm
III
(A.19)
onde:
C
m
– conjunto de barras alimentadas pela barra m.
Uma vez conhecida todas as correntes dos ramos do sistema de distribuição em
questão, parte-se para o processo de Forward Sweep.
A.3.2 Forward Sweep
Nesta etapa, usando-se os valores das correntes dos ramos e partindo da SE em
direção às últimas barras de cada ramo, calculam-se as tensões das barras da seguinte
forma:
168
kmkmkm
IZVV =
(A.20)
onde:
Z
km
– impedância do ramo km.
Recalculam-se as novas correntes solicitadas pelas cargas das respectivas barras
utilizando-se as novas tensões das barras e assim sucessivamente. Esse processo se repete
até que algum critério de parada seja satisfeito, como por exemplo, um determinado
número de iterações; ou que a convergência seja atingida, ou seja, que a diferença entre
duas iterações consecutivas seja menor que uma tolerância pré-determinada.
Para este trabalho optou-se por utilizar dois critérios de modo que quando um
deles fosse satisfeito o processo iterativo seria interrompido sendo eles: diferença entre as
tensões nas barras menor que uma determinada tolerância e número máximo de iterações.
169
APÊNDICE B - FORMULAÇÃO DO FPO VIA MPDPI
B.1 O PROBLEMA DO FPO
O problema de FPO pode ser representado de forma genérica como:
)(min uf
(B.1)
Sujeito a:
0)(
=
ug
(B.2)
maxmin
)( huhh
(B.3)
onde:
u – vetor de variáveis do sistema;
f(u) – função objetivo a ser otimizada;
g(u) – vetor de restrições de igualdade;
h(u) – vetor de restrições de desigualdade.
Para utilizar os métodos de Pontos Interiores aplicam-se ao problema (B.1) à (B.3)
os seguintes procedimentos:
a. Transformação das restrições de desigualdade em restrições de igualdade pela
introdução de variáveis de folga.
Desta forma, as restrições passam a ser representadas da seguinte maneira:
0)(
minmin
= shuh
(B.4)
0)(
maxmax
=+ shuh
(B.5)
onde:
s
min
– vetor de variáveis de folga mínimas estritamente positivas;
s
max
– vetor de variáveis de folga máximas estritamente positivas.
170
b. Introdução da função barreira logarítmica na sua função objetivo.
A fim de se representar as restrições de não negatividade das variáveis de folga, o
problema é modificado com a introdução da função barreira logarítmica na sua função
objetivo. A função barreira penaliza as estimativas de solução que se encontram próximas
aos limites das desigualdades, ou ainda, associadas às variáveis de folga próximas de zero.
O problema modificado passa a ser assim representado:
[
]
+
ndes
i
ii
ssuf
)ln()ln()(min
maxmin
µ
(B.6)
Sujeito a:
0)(
=
ug
(B.7)
0)(
minmin
= shuh
(B.8)
0)(
maxmax
=+ shuh
(B.9)
onde:
ndes
– número de restrições de desigualdade;
µ
– parâmetro barreira (
µ
0).
Logo, a função Lagrangeana associada a este problema é:
[
]
+++=
)()ln()ln()(),,,,,(
maxminmaxminmaxmin
ugssufssuL
T
ndes
i
ii
λµππλ
[
]
[
]
maxmaxmaxminminmin
)()()()(
shuhshuh
TT
++++
ππ
(B.10)
onde:
λ
vetor dos multiplicadores de Lagrange associados às restrições de igualdade
com dimensão (
nig
x 1) ;
π
min
vetor dos multiplicadores de Lagrange associados aos limites mínimos com
dimensão (
ndes
x 1) ;
π
max
vetor dos multiplicadores de Lagrange associados aos limites máximos com
171
dimensão (
ndes
x 1) ;
nig
– número de restrições de igualdade.
Portanto, o novo problema de otimização passa a ser:
),,,,,(min
maxminmaxmin
ssuL
ππλ
(B.11)
Sujeito a:
0,0,0,0
minminmaxmin
ππ
ss
(B.12)
Sendo as restrições (B.12) impostas para que a equivalência com o problema (B.1)
a (B.3) seja mantida.
B.2 CONDIÇÕES DE OTIMALIDADE
Um ponto z = [ u
T
λ
T
(π
min
)
T
(π
max
)
T
(s
min
)
T
(s
min
)
T
] é solução do problema (B.11)
e (B.12) somente se (LUENBERGER, 1989):
a. Satisfaz as condições necessárias de otimalidade de primeira ordem, ou
condições de Karush-Kuhn-Tucker – KKT.
Para que as expressões matemáticas presentes nas condições de KKT e nos
algoritmos descritos sejam compactas foi usado o operador para representar derivadas
parciais de funções, desta forma tem-se:
[ ] [ ]
0)()()()(0
maxmin
=+++=
ππλ
T
u
T
uuu
uhugufz
(B.13)
0)(0)( == ugzL
u
(B.14)
0)(0)(
minmin
min
== shuhzL
π
(B.15)
0)(0)(
maxmax
max
== shuhzL
π
(B.16)
00)(
minmin
min
==
πµ
SezL
s
(B.17)
00)(
maxmax
max
==
πµ
SezL
s
(B.18)
172
0,0,0,0
minminmaxmin
ππ
ss
(B.19)
sendo:
[
]
T
e 1...111= , com dimensão (ndes x 1);
S
min
– matriz diagonal composta pelos elementos de s
min
;
S
max
– matriz diagonal composta pelos elementos de s
max
.
b. Se a Hessiana do Lagrangeano L´:
)()()(),,,´(
maxmin
uhugufuL
A
T
A
T
++=
πλππλ
(B.20)
onde:
h
A
(u) – vetor das restrições de desigualdade ativas;
π
A
T
vetor dos multiplicadores de Lagrange associados às restrições desigualdade
ativas;
S
min
– matriz diagonal composta pelos elementos de s
min
;
S
max
– matriz diagonal composta pelos elementos de s
max
.
O Método de Pontos Interiores se concentra em obter um ponto estacionário, isto
é, que satisfaça as condições necessárias de otimalidade do item (a). Para se garantir que o
ponto obtido seja um mínimo de global de (B.1) a (B.3) as condições suficientes do item
(b) devem ser testadas após a convergência do método.
No procedimento usado, entretanto, considera-se como ótimo o ponto solução das
condições de KKT.
B.3 ALGORITMOS PRIMAL DUAL DE PONTOS INTERIORES
Após a transformação das restrições de desigualdade em igualdades, por meio da
introdução de variáveis de folga e adição da função barreira logarítmica à função objetivo
como forma de garantir a não negatividade dessas variáveis. Os passos seguintes consistem
em se obter os pontos estacionários da função Lagrangeana, utilizando-se o Método de
173
Newton, e estabelecer critérios para atualização do parâmetro barreira, para inicialização
das variáveis e teste de convergência.
B.4 OBTENÇÃO DOS PONTOS ESTACIONÁRIOS
O primeiro passo na obtenção dos pontos que satisfazem a função Lagrangeana
consiste em se fazer uma estimativa desta solução pela linearização das Equações (B.13) a
(B.18) utilizando-se o Método de Newton. Os incrementos obtidos em cada iteração deste
método não podem ser usados diretamente no vetor z, pois os mesmos podem violar as
restrições de desigualdade. Assim, esses incrementos devem ser testados e, se necessário,
modificados a fim de sempre se manter o vetor z dentro da região de factibilidade do
problema.
As etapas que devem ser seguidas a fim de se obter os pontos estacionários são as
seguintes:
a. Inicialização das Variáveis
A fim de se começar o processo de otimização, é necessário a obtenção de uma
estimativa inicial para as variáveis do problema. A escolha é feita de tal modo que as
variáveis sejam estritamente internas aos limites impostos pelas restrições de desigualdade
do problema. Para tanto, as variáveis u são inicializadas pela metade da soma de seus
valores máximos e mínimos; posteriormente, as variáveis de folga são calculadas a partir
das Equações (B.15) e (B.16) e, arbitrando um valor inicial para o parâmetro barreira
µ
, os
multiplicadores de Lagrange associados às restrições de desigualdade são calculados a
partir das Equações (B.17) e (B.18). Para os multiplicadores de Lagrange associados às
restrições de igualdade estimam-se valores quaisquer, como por exemplo, o vetor unitário.
b. Método de Newton
O sistema de Equações (B.13) a (B.18) pode ser representado de forma como:
174
0)(
=
z
ρ
(B.21)
Tomando uma aproximação linear do sistema (B.21) no ponto z
tem-se:
zzzzz
z
z
+=+
)()()(
ρρρ
(B.22)
Como z deve ser tal que ρ(z
+ z) = 0, da Equação (B.22) tem-se que:
)()(
=
zzz
z
z
ρρ
(B.23)
Em termos das variáveis do problema: u, λ, π
min
, π
max
, s
min
e s
max
a Equação (B.23)
pode ser escrita como:
=
+++
=
L
L
L
L
L
L
Se
Se
shuh
shuh
ug
uhuguf
s
s
u
W
s
s
u
T
u
T
uu
max
min
max
min
maxmax
minmin
maxmax
minmin
maxmin
max
min
max
min
)(
)(
)(
)()]([)]([)(
π
π
λ
πµ
πµ
ππλ
π
π
λ
(B.24)
onde:
W – matriz Hessiana de dimensão (nz x nz);
nz – número total de variáveis em z.
Ou seja:
=
maxmax
minmin
0000
0000
0000][
0000][
00000][
00
max
min
maxmin
Π
ΠΠ
Π
Π
ΠΠ
Π
S
S
IL
IL
L
LLLL
W
T
u
T
u
T
u
uu
uuu
π
π
λ
ππ
λ
(B.25)
Sendo:
175
)()()()(
2
1
minmax2
1
22
uhugufLL
juu
ndes
j
jjiuu
nig
i
iuuuuuu
+++==
==
ππλ
(B.26)
[
]
[
]
T
uu
T
uu
ugLLL )(
2
===
λλλ
(B.27)
[
]
[
]
T
u
u
T
uu
uhLLL )(
2
minminmin
===
πππ
(B.28)
[
]
[
]
T
u
u
T
uu
uhLLL )(
2
maxmaxmax
===
πππ
(B.29)
min2
minminminmin
SLL
ss
==
ππ
(B.30)
max2
maxmaxmaxmax
SLL
ss
==
ππ
(B.31)
min2
minminminmin
Π
ΠΠ
Π== LL
ssss
(B.32)
max2
maxmaxmaxmax
Π
ΠΠ
Π== LL
ssss
(B.33)
onde:
Π
min
– matriz diagonal composta pelos elementos de π
min
;
Π
max
– matriz diagonal composta pelos elementos de π
max
;
I – matriz identidade.
c. Atualização das Variáveis Primais e Duais
A determinação do ponto ótimo se faz através de um processo iterativo. A cada
iteração, o sistema linear representado em (B.24) é resolvido, e, logo após, é determinado o
comprimento do passo nos espaços primal (α
p
) e dual (α
d
), de modo que as variáveis de
folga sejam todas positivas e os multiplicadores de Lagrange sejam tais que: π
min
0 e
π
max
0. Desta forma,
α
p
e
α
d
são expressos como:
=
<<
1,min,minmin
min
min
0
max
max
0
minmax
i
i
s
i
i
s
p
s
s
s
s
ii
α
(B.34)
=
<<
1,min,minmin
min
min
0
max
max
0
minmax
i
i
i
i
d
ii
π
π
π
π
α
ππ
(B.35)
Após o cálculo dos passos primal e dual, a nova aproximação para a solução
ótima pode ser obtida pela seguinte atualização:
176
uuu
p
ii
+=
+
ασ
1
(B.36)
(
)
(
)
minmin
1
min
sss
p
ii
+=
+
ασ
(B.37)
(
)
(
)
maxmax
1
max
sss
p
ii
+=
+
ασ
(B.38)
λασλλ
+=
+
d
ii 1
(B.39)
(
)
(
)
minmin
1
min
πασππ
+=
+
d
ii
(B.40)
(
)
(
)
maxmax
1
max
πασππ
+=
+
d
ii
(B.41)
onde:
σ constante para garantir a interioridade da nova estimativa de solução, sendo
fixada em 0,9995.
d. Atualização do Parâmetro Barreira
O último passo dentro de cada iteração é recalcular o valor do parâmetro barreira
µ
. Com os valores de π
min
, π
max
, s
min
e s
max
, o cálculo do parâmetro
µ
é baseado no
decréscimo do gap de dualidade:
(
)
(
)
β
ππ
µ
=
n
ss
TT
2
..
minminmaxmax
(B.42)
onde:
n – número total de variáveis primais e duais;
β – fator de aceleração (β > 1).
e. Critérios de Convergência
A solução do problema é encontrada quando as equações que representam as
condições de otimalidade (B.13) a (B.18) são satisfeitas e o gap de dualidade ou parâmetro
de barreira é nulo (menor ou igual a uma tolerância especificada). Portanto, os critérios de
convergência são:
177
µ
εµ
(B.43)
L
L
ε
max
(B.44)
onde:
L
– norma infinita do gradiente da função Lagrangeana;
ε
L
– tolerância da norma infinita do gradiente da função Lagrangeana;
ε
µ
– tolerância do parâmetro barreira.
178
APÊNDICE C - MODELAGEM DE TAPS DE RTS
O modelo utilizado para representar um RT que atua na magnitude da tensão
consiste basicamente de uma admitância série
im
y
&
e um transformador ideal com relação 1:
im
t como representado na Figura C.1.
FIGURA C.1 – TRANSFORMADOR COM RELAÇÃO
imim
at
=
No RT, a relação entre as magnitudes entre tensões
p
V
&
e
i
V
&
é igual ao valor a
im
,
ou seja:
im
i
p
a
V
V
=
&
&
(C.1)
Aplicando-se convenientemente a relação (C.1) no modelo da Figura C.1, a
corrente
im
lI
&
passa a ser a seguinte:
mimimiimimim
VytVytlI
&
&
&
&
&
=
2
(C.2)
E, a corrente
mi
lI
&
é dada por:
iimimmimmi
VytVylI
&
&
&
&
&
=
(C.3)
A injeção líquida de corrente para cada barra i da rede, pode ser obtida aplicando-
se a Primeira Lei de Kirchhoff.
i
j
ii
eVV
θ
=
&&
m
j
mm
eVV
θ
&&
=
p
j
pp
eVV
θ
&&
=
m
i
p
im
y
&
t
&
:1
179
=
i
m
imi
II
&&
i=1,...,nb
(C.4)
onde:
i
– conjunto das barras vizinhas da barra i.
Assim:
m
m
imimi
m
imimi
VytVytI
ii
&
&
&
&
&
+=
)()(
2
(C.5)
m
i
imi
i
imimm
VyVytI
mm
&
&
&
&
&
+=
)(
(C.6)
Esta expressão, para i = 1,..., nb pode ser posta na forma matricial:
VYI
&&&
=
(C.7)
onde:
I
&
– vetor de dimensão (nb
×
1) das injeções de correntes;
V
&
– vetor de dimensão (nb
×
1) das tensões nodais;
BGY j
+=
&
– matriz de admitância nodal com dimensão (nb
×
nb).
Os elementos da matriz
Y
&
são:
imimim
ytY
=
&
(C.8)
mimimi
ytY
=
&
(C.9)
=
i
m
imimii
ytY
)(
2
&
&
(C.10)
=
m
m
immm
yY
)(
&
&
(C.11)
Nota-se que, se o elemento existente entre as barras i e m for uma linha, a
im
= 1,
ou seja,
imim
yY
=
&
, ou se todas as barras conectadas a i forem linhas tem-se que:
=
i
m
imii
yY
)(
&
&
(C.12)
180
APÊNDICE D - DADOS DOS SISTEMAS
D.1 SISTEMA DE 11 BARRAS
TABELA D.1 – DADOS DAS CARGAS PARA O SISTEMA DE 11 BARRAS
Barra P [kW] Q [kvar]
1
0
0
2 500 218
3 800 349
4 600 262
5 100 44
6 400 174
7 1.000 436
8 500 218
9 1.200 523
10 600 262
11 300 131
TABELA D.2 – DADOS DAS LINHAS PARA O SISTEMA DE 11 BARRAS
De Para R [] X []
1
2
0,1730
0,2913
2 3 0,4350 0,1783
2 4 0,2595 0,4370
4 5 1,7400 0,7132
5 6 0,4350 0,1783
4 7 0,3460 0,5826
7 8 0,4350 0,1783
7 9 0,4350 0,7283
9 10 0,3460 0,5826
10 11 1,3050 0,5349
181
D.2 SISTEMA DE 70 BARRAS DE BARAN E WU (1989)
TABELA D.3 – DADOS DAS CARGAS PARA O SISTEMA DE 70 BARRAS
Barra P [kW] Q [kvar] Barra P [kW] Q [kvar]
1
0
0
36
6
4
2 0 0 37 26 18,55
3 0 0 38 26 18,55
4 0 0 39 0 0
5 0 0 40 24 17
6 0 0 41 24 17
7 2,6 2,2 42 1,2 1
8 40,4 30 43 0 0
9 75 54 44 6 4,3
10 30 22 45 0 0
11 28 19 46 39,22 26,3
12 145 104 47 39,22 26,3
13 145 104 48 0 0
14 8 5,5 49 79 56,4
15 8 5,5 50 384,7 274,5
16 0 0 51 384,7 274,5
17 45,5 30 52 40,5 28,3
18 60 35 53 3,6 7,2
19 60 35 54 4,35 3,5
20 0 0 55 26,4 19
21 1 0,6 56 24 17,2
22 114 81 57 0 0
23 5,3 3,5 58 0 0
24 0 0 59 0 0
25 28 20 60 100 72
26 0 0 61 0 0
27 14 10 62 1244 888
28 14 10 63 32 23
29 26 18,6 64 0 0
30 26 18,6 65 227 162
31 0 0 66 59 42
32 0 0 67 18 13
33 0 0 68 18 13
34 14 10 69 28 20
35 19,5 14 70 28 20
182
TABELA D.4 – DADOS DAS LINHAS PARA O SISTEMA DE 70 BARRAS
De Para R [] X [] De Para R [] X []
1
2
0,0005
0,0012
4
37
0,0044
0,0108
2 3 0,0005 0,0012 37 38 0,0640 0,1565
3 4 1e
-
10
1e
-
10
38 39 0,1053 0,1230
4 5 0,0015 0,0036 39 40 0,0304 0,0355
5 6 0,0251 0,0294 40 41 0,0018 0,0021
6 7 0,3660 0,1864 41 42 0,7283 0,8509
7 8 0,3811 0,1941 42 43 0,3100 0,3623
8 9 0,0922 0,0470 43 44 0,0410 0,0478
9 10 0,0493 0,0251 44 45 0,0092 0,0116
10 11 0,8190 0,2707 45 46 0,1089 0,1373
11 12 0,1872 0,0619 46 47 0,0009 0,0012
12 13 0,7114 0,2351 5 48 0,0034 0,0084
13 14 1,0300 0,3400 48 49 0,0851 0,2083
14 15 1,0440 0,3450 49 50 0,2898 0,7091
15 16 1,0580 0,3496 50 51 0,0822 0,2011
16 17 0,1966 0,0650 9 52 0,0928 0,0473
17 18 0,3744 0,1238 52 53 0,3319 0,1114
18 19 0,0047 0,0016 10 54 0,1740 0,0886
19 20 0,3276 0,1083 54 55 0,2030 0,1034
20 21 0,2106 0,0696 55 56 0,2842 0,1447
21 22 0,3416 0,1129 56 57 0,2813 0,1433
22 23 0,0140 0,0046 57 58 1,5900 0,5337
23 24 0,1591 0,0526 58 59 0,7837 0,2630
24 25 0,3463 0,1145 59 60 0,3042 0,1006
25 26 0,7488 0,2475 60 61 0,3861 0,1172
26 27 0,3089 0,1021 61 62 0,5075 0,2585
27 28 0,1732 0,0572 62 63 0,0974 0,0496
3 29 0,0044 0,0108 63 64 0,1450 0,0738
29 30 0,0640 0,1565 64 65 0,7105 0,3619
30 31 0,3978 0,1315 65 66 1,0410 0,5302
31 32 0,0702 0,0232 12 67 0,2012 0,0611
32 33 0,3510 0,1160 67 68 0,0047 0,0014
33 34 0,8390 0,2816 13 69 0,7394 0,2444
34 35 1,7080 0,5646 69 70 0,0047 0,0016
35
36
1,4740
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