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U
NIVERSIDADE
F
EDERAL DO
P
ARANÁ
P
ROGRAMA DE
P
ÓS
-G
RADUAÇÃO EM
E
NGENHARIA
E
LÉTRICA
ESTRATÉGIAS DE GESTÃO DE COMPRA DE
ENERGIA ELÉTRICA PARA DISTRIBUIDORAS
NO BRASIL
I
SAEL
V
IEIRA
D
IAS
Curitiba, 2007
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ISAEL VIEIRA DIAS
ESTRATÉGIAS DE GESTÃO DE COMPRA DE
ENERGIA ELÉTRICA PARA DISTRIBUIDORAS
NO BRASIL.
Dissertação apresentada como requisito parcial
à obtenção do grau de Mestre em Engenharia
Elétrica. Programa de Pós-Graduação em
Engenharia Elétrica PPGEE, Departamento de
Engenharia Elétrica, Setor de Tecnologia,
Universidade Federal do Paraná.
Orientadora: Prof
a
. Elizete Maria Lourenço, Dr.
Co-Orientador: Prof. Alexandre Rasi Aoki, Dr.
CURITIBA
2007
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ii
AGRADECIMENTOS
Presto meus sinceros agradecimentos:
A Deus, por ter me concedido força para alcançar mais esta vitória;
À minha esposa Gisele, por seu imenso carinho e compreensão nas horas
mais difíceis durante esta jornada;
Aos meus pais, José Vieira Dias e Iracema Cunha Dias, por terem me
apoiado nos estudos em todos os momentos da minha vida;
À Professora Doutora Elizete Maria Lourenço pela sua orientação e
dedicação, pelos seus ensinamentos, conselhos e palavras de incentivo durante
todo o desenvolvimento deste trabalho;
Ao Professor Doutor Alexandre Rasi Aoki e às Professoras Doutoras Thelma
Solange Piazza Fernandes e Patrícia Teixeira Leite, pela imensa ajuda que deram
na elaboração desta dissertação, corrigindo, opinando e a mesmo apoiando
quando precisei;
Ao Instituto de Tecnologia para o Desenvolvimento (LACTEC) pelo apoio
financeiro e pela infra-estrutura concedida para a realização deste trabalho;
Ao Departamento de Operação da CELESC Distribuição S.A., pelo apoio e
incentivo na finalização da dissertação;
Enfim, a todos que contribuíram direta ou indiretamente para que eu
vencesse esta etapa de qualificação profissional.
iii
S
UMÁRIO
RESUMO .................................................................................................................... VIII
ABSTRACT ...................................................................................................................IX
INTRODUÇÃO .................................................................................................................1
1.1 Introdução..........................................................................................................1
1.2 O Setor Elétrico Mundial....................................................................................1
1.3 O Setor Elétrico Brasileiro..................................................................................3
1.4 Objetivos e Contribuições ..................................................................................5
1.5 Revisão Bibliográfica .........................................................................................6
1.6 Estrutura da Dissertação .................................................................................17
1.7 Considerações Finais ......................................................................................18
O MODELO DO SETOR ELÉTRICO BRASILEIRO ...............................................................19
2.1 Introdução........................................................................................................19
2.2 O Setor Elétrico Brasileiro................................................................................19
2.2.1 Histórico da Reestruturação do Setor Elétrico .............................................20
2.2.2 Mudanças no Setor Elétrico..........................................................................21
2.2.3 Instituições do Setor Elétrico Brasileiro.........................................................26
2.3 Fundamentos Legais .......................................................................................29
2.3.1 Legislação reguladora da comercialização da energia elétrica.....................31
2.4 Considerações Finais ......................................................................................38
CONCEITOS BÁSICOS DE OTIMIZAÇÃO...........................................................................39
3.1 Introdução........................................................................................................39
3.2 Conceitos Básicos de Otimização....................................................................39
3.2.1 Técnicas de Otimização................................................................................40
3.3 Algoritmos Genéticos.......................................................................................44
3.3.1 Teoria da Evolução das Espécies.................................................................45
3.3.2 Seleção Natural e Seleção Artificial..............................................................46
3.3.3 Composição dos Algoritmos Genéticos ........................................................47
3.4 Considerações Finais ......................................................................................50
METODOLOGIA
4.1 Introdução........................................................................................................51
4.2 Metodologia .....................................................................................................51
iv
4.2.1. Levantamento de Dados..............................................................................53
4.2.2. Otimização aplicada à compra de energia...................................................57
4.2.3. Caracterização do Problema........................................................................57
4.3. Metodologia proposta .....................................................................................60
4.3.1 Algoritmos Genéticos....................................................................................62
4.4 Considerações Finais ......................................................................................67
RESULTADOS ..............................................................................................................69
5.1 Introdução........................................................................................................69
5.2 Resultados.......................................................................................................69
5.3 Considerações Finais ......................................................................................78
CONCLUSÕES..............................................................................................................79
6.1 Introdução........................................................................................................79
6.2 Resumo de Contribuições................................................................................79
6.3 Recomendações para Trabalhos Futuros........................................................80
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS....................................................................................81
APÊNDICE ...................................................................................................................85
v
L
ISTA DE
F
IGURAS
Figura 2.1 – Estrutura do Setor Elétrico Brasileiro ....................................................26
Figura 2.2 – Margens de contratação para uma distribuidora ...................................31
Figura 3.1 – funcionamento da técnica de seleção por roleta .................................47
Figura 3.2 – Funcionamento do algoritmo genético utilizado ...................................48
Figura 4.1 – Metodologia adotada para compra de energia......................................52
Figura 4.2 – Cenários e Estratégia de Menor Risco Financeiro ................................58
Figura 4.3 – Representação Gráfica do Risco Financeiro.........................................59
Figura 4.4 – Composição da Energia Contratada em uma Distribuidora ..................61
Figura 4.5 – Leilões simulados x Tipo de energia .....................................................63
Figura 4.6 – Codificação do Problema ......................................................................63
Figura 4.7 – Representação de indivíduo e população .............................................64
Figura 5.1 – Resultado da simulação........................................................................73
Figura 5.2 – Indivíduo ótimo considerando leilões de A-5, A-3, A-1 e Ajuste............74
Figura 5.3 – Resultado da simulação para leilões de A-5, A-3, A-1 e Ajuste ............74
Figura 5.4 – Indivíduo ótimo considerando leilões de A-5, A-3 e A-1........................75
Figura 5.5 – Resultado da simulação para leilões de A-5, A-3 e A-1 ........................75
Figura 5.6 – Indivíduo ótimo considerando leilões de A-5, A-3 e A-1........................75
Figura 5.7 – Resultado da simulação para leilões de A-5 e A-3................................76
Figura 5.8 – Variação do valor contratado no leilão de A-5.......................................76
Figura 5.9 – Contratação otimizada de energia em leilões A-5 e A-3 .......................77
Figura 5.10 – Contratação otimizada de energia em leilões A-5, A-3 e A-1..............77
Figura 5.11 – Contratação otimizada de energia em leilões A-5, A-3, A-1 e Ajuste..78
vi
L
ISTA DE
T
ABELAS
Tabela 2.1 – Principais Mudanças do Setor Elétrico .................................................26
Tabela 2.2 – Mecanismos para gestão de compra de energia elétrica .....................30
Tabela 3.1 – Terminologia usada em algoritmos genéticos ......................................49
Tabela 4.1 – Composição da faixa limite superior de contratação ............................61
Tabela 4.2 – Composição da faixa limite inferior de contratação ..............................61
Tabela 5.1 – Estrutura da Matriz Demanda_contratos_existentes............................71
Tabela 5.2 – Matriz Demanda_contratos_existentes ................................................71
Tabela 5.3 – Matriz de Cenários – MW-médio ..........................................................72
Tabela 5.4 – Preços de energia para A-5, A-3 e A-1 em R$/MWh............................73
Tabela 5.5 – Indivíduo ótimo .....................................................................................73
vii
L
ISTA DE
S
IGLAS
ACR Ambiente de Contratação Regulada
ACL Ambiente de Contratação Livre
AGs Algoritmos Genéticos
ANEEL Agência Nacional de Energia Elétrica
CCEAR Contrato de Compra de Energia no Ambiente Regulado
CCEE Câmara de Comercialização de Energia Elétrica
MAE Mercado Atacadista de Energia
MCSD Mecanismo de Compensação de Sobras e Déficit
MME Ministério das Minas e Energia
ONS Operador Nacional do Sistema
PLD Preço de Liquidação de Diferenças
SEB Setor Elétrico Brasileiro
SIN Sistema Interligado Nacional
VR Valor Anual de Referência
viii
R
ESUMO
O Setor Elétrico Brasileiro implantou, em 2004, um Modelo Institucional,
tendo como foco principal a criação de uma estrutura e de um marco regulatório que
atraíssem o investimento privado, garantindo a expansão da oferta e do transporte
de energia elétrica, aliados à busca pela modicidade tarifária através da instituição
dos leilões de energia. Este modelo estabelece que as distribuidoras de energia
devem contratar 100% das necessidades do seu mercado cativo nos leilões,
impondo limites para o repasse de preço ao consumidor e penalidades em casos de
sub ou sobre-contratação. Estas questões aliadas às diversas incertezas que
envolvem a definição de estratégias de compra de energia pelas empresas de
distribuição, tornam este um problema de difícil solução, indicando a necessidade
de mecanismos que auxiliem na definição dessas estratégias.
Devido ao pouco tempo decorrido desde a implantação do novo modelo,
ainda uma escassez de metodologias que permitam e/ou auxiliem essa tomada de
decisão que, aliada ainda à falta de uma base de dados confiável para projeção do
preço da energia elétrica, têm levado as distribuidoras a adotarem procedimentos
empíricos para a compra de energia elétrica.
Este trabalho vem nesse sentido e propõe o uso de Algoritmos Genéticos
(AGs) para resolver o problema de gestão de compra de energia, levando em conta
informações dos especialistas das concessionárias de energia. A metodologia
proposta vem, portanto, no sentido de auxiliar os especialistas na tomada de
decisão nos leilões de energia, definindo quanto e quando contratar a energia para
atendimento de seu mercado. Testes e simulações foram realizados com dados de
uma empresa brasileira de distribuição, apresentando resultados satisfatórios A
técnica adotada demonstrou ser uma ferramenta valiosa no auxílio à tomada de
decisão do agente da distribuidora de energia elétrica na hora de informar ao MME
sua necessidade futura de energia para o atendimento de seu mercado,
obedecendo às regras dos leilões.
ix
A
BSTRACT
Since 2004, there is a new institutional model, regulating the Brazilian
electrical energy market, which has the following purposes: to build a structure and a
regulatory landmark to attract private investments, to warranty the expansion of the
transmission and energy offer, and to ensure energy price control through energy
auctions. According to this model, energy distribution (retail) companies must
contract 100% of its internal market in auctions. The energy costs can be transferred
to the consumer prices with regulated limits and the companies are subjected to
penalties in case of over or subcontract of energy. These topics, in addition to the
uncertainty which involves the energy market, make the strategies to be adopted by
the distribution companies to preview the necessary amount of energy a very difficult
task, pointing out the need of specific tools to support the definition of the
companies’ strategy definition.
There is a shortage of methodologies supporting distribution companies’
decision, since the new model has been recently implanted. There is also an
absence of a reliable data base to project future energy price. The distribution
companies are being induced to adopt experimental procedures to define the energy
amount to be contracted.
This work uses Genetic Algorithms to find the best amount of energy buy,
taking into account the specialists experiences. The proposed methodology main
goal is to build a tool able to give support to the companies to define when and how
much energy has to be contracted to satisfy its market. Test simulations were
conducted using real data of a Brazilian company showing satisfactory results. The
technique adopted in this work showed to be efficient on optimizing the amount of
energy to be bought in auctions, considering the auctions’ rules.
CAPÍTULO I
INTRODUÇÃO
1.1 Introdução
Na última década, o Setor Elétrico Brasileiro sofreu diversas alterações até
chegar ao modelo vigente. As mudanças no Setor Elétrico Brasileiro (SEB),
introduzidas com a regulamentação do Novo Modelo em 2004, objetivaram,
principalmente, atrair o investimento privado, a fim de garantir a expansão da oferta
e do transporte de energia elétrica necessárias, aliada a busca pela modicidade
tarifária para os consumidores regulados, através da instituição dos leilões de
energia elétrica.
Nesse novo modelo, também destacou-se a necessidade das distribuidoras
estabelecerem estratégias para auxílio na determinação de seus montantes de
energia que precisam ser contratados, através dos leilões, para atendimento futuro
de seus consumidores.
Este trabalho vem no sentido de apresentar as principais mudanças e
regras do SEB e propor estratégias para a contratação de energia elétrica pelas
distribuidoras nos Leilões de energia.
1.2 O Setor Elétrico Mundial
O setor elétrico mundial assistiu nas últimas décadas a grandes
transformações regulatórias. Estas reformas aconteceram em diversos países em
resposta aos sinais de desgastes dos modelos vigente surgidos, principalmente, na
década de 70. O ponto comum dessas mudanças foi que todas visavam diminuir a
intervenção estatal, aumentar a participação de agentes privados e introduzir as leis
de mercado no setor elétrico.
Introdução
2
Historicamente, o setor de energia elétrica sempre esteve sob controle do
Estado, devido ao seu papel fundamental de infra-estrutura nas áreas sócio-
econômicas de um país. O governo, como planejador central, fazia a previsão de
demanda, estipulava o cronograma da expansão da oferta e fazia os investimentos
de ampliação da capacidade instalada de geração e transmissão. O planejamento
centralizado tinha então importância fundamental para assegurar um ritmo de
expansão de oferta que garantisse o suprimento da demanda.
A partir dos anos oitenta surgiram as primeiras pressões pela
reestruturação do setor elétrico. Esta mudança de paradigmas pode ser entendida
como o produto da combinação de idéias políticas e de novas tecnologias que
surgiram nessa época. No plano ideológico, iniciava-se a implantação das políticas
liberais da era Reagan-Tacher. A crise econômica e os novos parâmetros de
produtividade e rentabilidade estabelecidos pela revolução tecnológica levaram os
EUA e Inglaterra, no início dos anos 80, a liderarem o movimento de uma nova
política econômica, com Estado mínimo, desregulamentação da economia e
privatizações em diversos setores.
As teorias de livre mercado foram aplicadas também ao setor elétrico, as
quais deveriam ser suficientes para levar à eficiência econômica e garantir novos
investimentos para expansão do setor elétrico. O surgimento das centrais
termoelétricas a ciclo combinado foi a principal novidade tecnológica que apoiava
estas novas teorias de livre mercado aplicadas ao setor. O tempo de construção
reduzido dessas termoelétricas (cerca de 2 a 3 anos) e o custo competitivo de sua
energia mostraram que o planejador central o era mais considerado
imprescindível ao setor elétrico.
Após as reformas, problemas de suprimento ocorridos a partir dos anos 90
sinalizaram que o livre mercado poderia o ser suficiente para manter a eficiência
da operação e expansão do setor elétrico. Estes problemas aconteceram
principalmente nos países em desenvolvimento, porém o problema de maior
repercussão ocorreu no estado da Califórnia, EUA. Desde então, o tema de
expansão planejada e segurança de suprimento voltaram às discussões. O antigo
modelo estatal foi considerado ultrapassado, não estimulando a eficiência para o
sistema. Por outro lado, o setor regido pelas regras de mercado não trouxe a
segurança de suprimento esperada.
Introdução
3
Diante dos problemas surgidos após a descentralização do planejamento do
setor elétrico em diversas partes do mundo, muitos países iniciaram um processo
de ajustes em sua regulamentação, buscando, por um lado, manter os aspectos
positivos da introdução de maior competição e abertura com as primeiras reformas,
porém fazendo mudanças para corrigir as falhas ocorridas e que resultaram nas
crises de suprimento.
1.3 O Setor Elétrico Brasileiro
A reforma do setor elétrico brasileiro iniciou-se em 1995, seguindo a fórmula
desestatizante adotada por diversos países, concebida para estimular a entrada de
investimentos privados e a competição entre os agentes. Foram feitas privatizações
de grande parte das distribuidoras e da expansão da rede de transmissão. Devido a
pressões políticas o processo de privatização das companhias de geração foi
interrompido. No entanto, os agentes privados tiveram grande participação nas
licitações de concessões para construção de novas usinas. Nesta reforma foram
criados o Operador Nacional do Sistema (ONS) e o Mercado Atacadista de Energia
(MAE), ambiente onde ocorriam as transações de compra e venda de energia
elétrica nos sistemas interligados, regido por um acordo de mercado entre os
participantes.
Em dezembro de 2003, o Governo Federal, através do Ministério de Minas
e Energia (MME), publicou o documento “Modelo Institucional do Setor Elétrico”
propondo uma nova estruturação do Setor Elétrico Brasileiro (SEB). Esta proposta,
aprovada em março de 2004 e regulamentada pelo Decreto 5.163 de julho do
mesmo ano, tem o objetivo principal de atrair o investimento privado, a fim de
garantir a expansão da oferta e do transporte de energia elétrica necessárias, aliada
a busca pela modicidade tarifária para os consumidores regulados, através da
instituição dos leilões de energia elétrica.
Dessa forma, a fim de criar condições favoráveis para atrair os
investimentos, o Novo Modelo segmenta, do ponto de vista de comercialização de
energia, o Setor Elétrico em dois ambientes, o primeiro, denominado Ambiente de
Contratação Regulada (ACR), que abrange todo o consumo cativo e o segundo,
chamado Ambiente de Contratação Livre (ACL), que representa a parcela do
Introdução
4
consumo dos Consumidores Livres. As distribuidoras de energia, que trabalham no
ACR, devem fazer a previsão de carga de seus consumidores e, em conjunto,
indicar a necessidade de compra de energia para atender sua demanda futura. O
MME, juntamente com os agentes privados, oferecem os projetos para as novas
usinas que atenderão a demanda das distribuidoras nos leilões. Os agentes
vencedores do leilão (cujo critério é o mínimo custo) recebem, simultaneamente, a
concessão de construção das novas usinas e um contrato de venda com as
distribuidoras.
A fim de atender a premissa da modicidade tarifária, a forma de contratação
de energia no ACR é basicamente através de leilões regulados pela Agência
Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) e executados pela Câmara de
Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), salvo a opção de contratação de
geração distribuída.
O modelo institucional do setor elétrico desenvolvido pelo MME dispõe
ainda, que as Distribuidoras, Consumidores Livres, Autoprodutores e Vendedores
devem declarar ao Ministério de Minas e Energia, ade agosto de cada ano, as
previsões de seus mercados ou cargas para os cinco anos subseqüentes, a partir
de 2005. Nesse modelo as distribuidoras devem contratar 100% de seu mercado
nos leilões e não podem mais repassar integralmente o custo da energia adquirida
no curto prazo, podendo ser penalizadas com multas elevadas por não terem
energia contratada suficiente que atenda a todos os seus consumidores. Assim,
caso estejam sobrecontratadas, a penalização é resultante do não repasse integral
dos custos de aquisição da energia (montante). Por outro lado, se houver
subcontratação, além do possível prejuízo devido ao não repasse integral dos
custos da energia (preço) adquirida no mercado spot, penalização por cada
MWh não contratado.
À medida que o novo modelo do setor elétrico vem se consolidando e os
leilões de energia vêm sendo realizados percebe-se a necessidade de mecanismos
que auxiliem na definição das estratégias de compra de energia por parte das
distribuidoras. Com o objetivo de atender esta necessidade este propõe um modelo
que utiliza Inteligência Artificial e a experiência dos especialistas das
concessionárias.
Introdução
5
1.4 Objetivos e Contribuições
Esta dissertação pretende apresentar os estudos referentes às estratégias
que as distribuidoras de energia elétrica podem adotar para definir os valores de
demanda de energia a contratar nos leilões promovidos no ambiente de contratação
regulado (ACR) e desenvolver uma metodologia que contemple as regras impostas
pela legislação e auxilie os especialistas das distribuidoras na tomada de decisões.
Desta forma, é possível simular o processo de contratação das
distribuidoras e, com os resultados, realizar análises do impacto das novas regras
do atual modelo do SEB na alocação dos riscos para as distribuidoras.
A metodologia proposta permite inferir os valores de energia a ser
contratada pelas distribuidoras em leilões públicos, indicando a melhor estratégia
para a compra. Os mecanismos disponíveis para gestão da compra que são
considerados no modelo e nessa dissertação são os leilões de “A-5”, “A-3”, “A-1” e
“Ajuste”. Geração Distribuída, contratação do montante de reposição e devolução
de energia foram considerados parâmetros fixos, não havendo nenhuma otimização
na obtenção de seus respectivos valores.
Essa metodologia emprega a técnica de Inteligência Artificial baseada em
Algoritmos Genéticos (AGs), para definir o montante de energia a ser comprado
pela distribuidora em cada modalidade de leilão de energia.
As principais contribuições da dissertação são:
Desenvolvimento de uma metodologia para gestão de compra de energia
elétrica que auxilie a tomada de decisão sob incertezas na comercialização de
energia elétrica no Brasil;
Minimização dos riscos financeiros (prejuízos) de exposição envolvidos nas
operações de compra de energia, através da modelagem das penalidades
impostas pela legislação vigente referentes a sobrecontratação ou
subcontratação por parte das agências distribuidoras, que não podem ser
repassados às tarifas de seus consumidores;
Utilização de conceitos de otimização multiobjetivo, através da técnica de
Inteligência Artificial baseada em Algoritmos Genéticos, para a obtenção de uma
possível solução ótima do problema;
Introdução
6
1.5 Revisão Bibliográfica
Nesta seção serão apresentados os resumos dos artigos técnicos
estudados que possuem características similares do problema abordado,
envolvendo riscos sob incertezas e estratégias para leilões de energia com
utilização de técnicas de otimização para solucionar o problema em questão.
Segundo AZEVEDO, VALE e ALMEIDA DO VALE (2003), o pool, em vários
países, foi adotado pelos participantes do mercado de energia para comercializar
energia elétrica baseado em cada meia hora ou uma hora do próximo dia.
Entretanto, como nos mercados tradicionais, os agentes do mercado elétrico estão
atualmente expostos a volatilidade do preço de mercado. Em alguns países, para
encarar este problema e para tornar o mercado mais líquido, os mercados
derivativos – futuros e opções – foram incentivados a negociar produtos como
energia elétrica como um ativo básico. Neste contexto, existe uma necessidade de
ferramentas de suporte à decisão para auxiliar estes agentes para o uso de
mercados de derivativos com o objetivo de praticar a minimização de riscos. Neste
artigo é apresentado um modelo de decisão que auxilia geradores a estabelecer
contratos com o objetivo de maximizar os resultados.
A separação entre produto (energia) e serviços (transporte e distribuição) é
a característica fundamental da recente desregulamentação do setor elétrico. A
volatilidade do preço da energia elétrica nos mercados spot é, dentre os riscos no
mercado liberalizado, uma das maiores preocupações dos agentes do mercado de
energia e em particular para os produtores.
O artigo aponta também as causas da volatilidade do preço da energia, que
são as características de carga (vinculadas a sazonalidade diária, semanal e
mensal, mudanças climáticas e crescimento estocástico da carga) e as
características do gerador (vinculadas a tecnologia utilizada na geração de energia,
disponibilidade de geradores, preço do combustível, restrições técnicas e
importação/exportação).
A fim de se evitar a volatilidade dos preços de energia, é necessária a
construção de instrumentos de segurança, tais como contratos de longo prazo e os
derivativos. A fim de se saber gerenciar esses instrumentos, propõe-se ferramenta
Introdução
7
de suporte de decisão, que auxilia na escolha dos contratos que maximizem o
benefício.
Inicialmente, fez-se um resumo dos derivativos mais conhecidos:
Contrato a termo (Forwad): É um contrato de compra ou venda de um
ativo numa data futura por um determinado preço. Uma das partes do
contrato a termo assume em comprar um ativo em uma data específica
por certo preço. A contraparte concorda em entregar o ativo na mesma
data pelo preço acordado.
Contrato Futuro: Diferentemente dos contratos a termo que especifica
uma única data de entrega do contrato, nos contratos futuros um
período de entrega, que pode englobar vários dias.
Contratos de opções: Este tipo de contrato se diferencia dos outros por
reter um certo grau de flexibilidade sobre as entregas futuras. A opção é
um instrumento financeiro que dá ao titular, ou comprador um direito
futuro sobre algo, mas não uma obrigação. Neste caso, o vendedor
possui uma obrigação futura, somente se for solicitado pelo comprador
do contrato. O comprador paga em data presente o prêmio, que é a
remuneração do vendedor por ter assumido o risco de tomar
determinada posição no mercado em data futura.
Um processo de decisão que visa maximizar o resultado é apresentado
considerando uma quantidade de cenários para o preço marginal do sistema para o
período em questão e associando-os a uma probabilidade baseada em estudos
estatísticos ou baseada na opinião de um especialista. O processo de decisão
apresenta para um período de tempo programado, a determinação das quantidades
ótimas de energia a serem negociadas nos mercados financeiros e a previsão de
energia a ser negociada no mercado spot, em função de contratos previamente
estabelecidos, com o objetivo de maximizar o lucro.
Um dos maiores problemas na escolha dos derivativos é a previo do
custo marginal para um certo período i. O modelo proposto pelo artigo formula um
problema de otimização que determina as quantidades de energia a serem
negociadas no mercado spot em função dos derivativos contratados. O objetivo da
formulação é maximizar o lucro de um determinado gerador para s cenários
diferentes. Ou seja, quer se maximizar o lucro que é igual ao valor total de venda
menos o custo total de produção do gerador. As restrições do problema são que o
Introdução
8
valor total transacionado por período não pode estar fora da capacidade xima e
mínima de geração. O problema é resolvido por algoritmo genético e fornece as
quantidades por período de cada tipo de contrato considerado.
Assim, esse artigo apresenta um sistema de suporte à decisão que permite
dar assistência aos agentes de mercado e em particular a produtores de energia na
prática da minimização de riscos, utilizando contratos futuros e de opções. Este
suporte a decisão permite considerar a existência de contratos previamente
estabelecidos e fornece aos geradores importantes informações para auxiliá-los em
suas decisões. O artigo demonstra que contratos futuros e de opções são
ferramentas poderosas para minimizar o risco aos quais estes geradores de energia
elétrica estão expostos através da volatilidade do preço de energia no mercado spot
e que ferramentas de suporte a decisão adequadas os permite aumentar seus
resultados.
Em LO e WU (2003), é apresentada uma análise de risco através da
incerteza de previsão de demanda local. O objetivo é destacar períodos de alto
risco sobre diferentes períodos de tempo e valor diário de risco através da previsão
de erros de carga. Um número de previsões de cargas foi simulado e a previsão de
carga é baseada em modelos ARIMA (Auto Regressive Integrated Moving Average
médias móveis integradas auto-regressivas) e estruturas ANN (Artificial Neural
Networks redes neurais artificiais). Com os resíduos da previsão de carga,
indexações de risco são formadas para diferentes períodos de tempo e estações
climáticas. Uma nova metodologia utilizando os desvios padrões de incremento de
carga na avaliação do risco é proposta. Em contraste com o método padrão de
previsão de carga que considera um procedimento de previsão sofisticado, esta
nova abordagem fornece uma útil e rápida maneira de avaliar o risco através da
incerteza de previsão de carga para uma variedade de características de demanda
local.
Segundo LO e WU (2003) o mercado de eletricidade do Reino Unido está
completamente aberto à competição desde que o mercado abaixo de 100 kW foi
desregulamentado em setembro de 1998. Todos os consumidores comerciais,
industriais e residenciais podem escolher seus fornecedores de eletricidade. Além
disso, em 27 de março de 2001 foi criada a NETA (New Electricity Trading
Arrangements), substituindo o pool na Inglaterra e País de Gales e estabelecendo
Introdução
9
oportunidades para vendas por atacado de energia. A implementação da NETA
impôs novos desafios para as atividades do negócio de fornecimento de energia de
estabelecimento, negociação e gerenciamento de risco. Atualmente o mercado de
fornecimento de energia é um negócio do tipo commodity extremamente resistente,
de alto risco e baixas margens. Os riscos picos que as indústrias de fornecimento
de energia enfrentam são: riscos de erro de previsão de carga, riscos de
equipamento, riscos de falhas na transmissão, riscos de retorno financeiro e os
riscos inerentes aos contratos. Dentre todos os riscos, um fator chave é a incerteza
de previsão de carga.
Dentro deste novo contexto cada fornecedor de energia deve oferecer sua
carga prevista ao operador do sistema, pagar multas e taxas devido à
desbalanceamentos de carga. Então, munidos das informações de análise de risco
dos erros de previsão de carga, fornecedores privados podem entender melhor
suas exposições ao risco em contratos de energia em diferentes períodos de tempo,
identificando mecanismos para minimizar estes riscos e implementar estes
mecanismos. Diferentes tipos de contratos podem ser utilizados durante diferentes
períodos. Para avaliar o risco através da previsão de demanda, a STLF (short-term
electrical load forecast previsão de carga de curto prazo) tem ganhado
importância ultimamente com o crescimento da competitividade do mercado de
energia. Entretanto a previsão de carga é uma tarefa difícil porque a série de cargas
não é estacionária e possui diversos tipos de sazonalidade. Nos últimos 40 anos
diversos tipos de modelos de previsão foram tentados. Estes métodos podem ser
classificados em duas categorias: abordagens clássicas como o ARIMA e modelos
baseados em inteligência artificial. Nesse artigo são utilizados modelos ARIMA e
técnicas ANN para prever demandas de eletricidade.
De acordo com a análise estatística feita por LO e WU (2003),
aparentemente não existe uma correlação forte entre a demanda local e o clima
para a amostra de dados analisada. Além disso, a previsão de demandas locais é
mais difícil do que a demanda do sistema, especialmente em pequenas áreas.
Propôs-se uma metodologia para análise de risco baseada no cálculo do desvio
padrão dos incrementos de carga como um indexador de risco da incerteza de
previsão de carga.
Introdução
10
O trabalho de ZANFELICE e BARBOSA (2004) propõe uma metodologia
baseada na determinação da alocação das quantidades contratadas e das metas de
contratação de energia a menor custo possível explorando as flexibilidades dos
contratos diante das oportunidades de ganho em função do preço de curto prazo.
A metodologia proposta nesse artigo tem como objetivo principal a alocação
ótima das quantidades de energia de contratos existentes e a definição das opções
de leilões e quantidades relacionadas que minimizam a despesa total de compra de
energia de empresas distribuidoras ou grupo de empresas em um horizonte
definido. Para tanto é baseada nos seguintes princípios:
Implementação das regras de mercado: são representadas todas as
Regras de Mercado pertinentes à contratação de energia, como por
exemplo, sazonalização e modulação de Contratos Iniciais e Itaipu, bem
como as penalidades por insuficiência de lastro de contratação;
Leilões de Compra de Energia: são modeladas todas as opções de
leilões, limites e prazos segundo a legislação vigente;
Discretização dos resultados mensais por patamar: os resultados
são discretizados mensalmente por patamar a fim de que possam ser
exploradas todas as flexibilidades de sazonalização e modulação
constante dos contratos.
Além disso, a metodologia proposta por ZANFELICE e BARBOSA (2004)
prevê a simulação de mais de uma empresa, quer seja outra Distribuidora,
Comercializadora ou Geradora, a fim de obter o ponto ótimo global de Grupos
Empresariais que possuam mais de uma empresa operando no Setor Elétrico.
A formulação do modelo é descrita, sendo que a função objetivo pode ser
formulada como uma simples minimização da despesa total de compra de energia
de uma distribuidora como também o ponto ótimo de comercialização de um Grupo
de empresas que possuem relacionamentos comerciais entre si. Dessa forma, a
finalidade principal da metodologia proposta é reduzir ao máximo a despesa
referente a contratos de partes o relacionadas e potencializar os ganhos internos
do grupo explorando as flexibilidades dos contratos e os ganhos possíveis no MAE
através da alocação de sobras de energia nos patamares de maior preço em
detrimento de déficits em patamares de menor preço.
Introdução
11
Por fim, é apresentado um estudo de caso considerando uma empresa
Distribuidora com um requisito anual de aproximadamente 37.000 GWh e os
resultados das simulações.
Como abordado em CORREIA, LANZOTTI e SILVA (2003), leilões são
mecanismos dinâmicos e eficientes utilizados na comercialização de bens em
mercados complexos, principalmente quando não existe uma referência estável de
preço. Podem ser definidos como um método formal para alocar recurso baseado
na competição, onde vendedor e comprador buscam o maior benefício possível.
Nesse artigo o apresentados os principais tipos de leilões, suas
formulações, formas de aplicação no setor elétrico e algumas das estratégias gerais
usadas em leilões. Segundo os autores, no setor elétrico pode-se identificar vários
ambientes de aplicação de leilões. São eles: leilões de empreendimentos, mercado
de contratos bilaterais, mercado spot e o antigo mercado de cotas.
O mecanismo de leilão é utilizado para que os agentes do setor elétrico
possam ter uma idéia do preço da energia elétrica, no caso de sua aplicação em
mercados, ou do preço de concessões, no caso dos leilões de empreendimentos,
sendo um mecanismo justo e eficiente de fixação de preços. É um mecanismo
econômico responsável por sinalizar ao mercado o preço de um bem cujo valor seja
de difícil determinação.
A minimização do risco para um determinado nível de retorno pode ainda
ser influenciada por meio de diversificação, seguro (hedging) ou obtenção de
informações adicionais. O hedging é uma operação comum em bolsas, porém pode
ser realizada em operações na empresa. Para isto, é preciso que o agente
interessado contrate os serviços de um banco ou uma seguradora.
o tema da dissertação de mestrado de SILVA (2003) é a comparação de
dois modelos de leilão de energia elétrica através de simulações matemático-
computacionais a partir de dados dos leilões de Certificados de Direito de Uso de
Redução de Meta de Racionamento realizados entre junho de 2001 e fevereiro de
2002. Um modelo pressupõe que o objetivo do leilão é maximizar os excedentes
financeiros dos participantes. O outro modelo é a proposta de um leilão cujo objetivo
principal é maximizar a quantidade de energia negociada. O objetivo desse trabalho
é responder questões como: quais o as características que diferem um leilão do
Introdução
12
outro? Quais aplicações o leilão proposto têm no setor elétrico? Para tanto, é feito
um breve relato das motivações para aplicação de leilões ao setor elétrico brasileiro;
são apresentados os modelos de leilões aplicados à comercialização de energia
elétrica no Brasil, o mecanismo de funcionamento e as aplicações verificadas; são
apresentadas as argumentações de alguns autores em teoria dos leilões a respeito
das características do leilão; os modelos são apresentados; um modelo tem como
objetivo gerar o máximo de excedentes financeiro para os agentes, maximizando o
chamado benefício social do leilão. O outro modelo procura fazer com que a
máxima quantidade de energia seja negociada entre os agentes, priorizando a
realização de negócios.
O modelo computacional utilizado para realizar o sorteio e a simulação dos
leilões possui características que ARAÚJO (1988) enumera como qualidades
desejáveis de um bom modelo. O modelo é pouco agregado, ou seja, possui
poucos limitantes para as simulações de diferentes situações. O modelo possui
flexibilidade de simulações a partir de comandos simples e permite estudo com
várias formas de preço de fechamento. O modelo computacional é transparente, ou
seja, a sintaxe e a forma como está estruturado permite total inteligibilidade de um
usuário desde que afeto aos comandos básicos do software.
No decorrer dos estudos que convergiram nesta dissertação, percebe-se
que existem temas bastante explorados, porém ainda em aberto. Teoria dos leilões
é uma linha de pesquisa recente, algumas discussões não apresentam resultados
conclusivos, por exemplo, os efeitos do uso de preço de fechamento uniforme ou
discriminatório (MOUNT, 1999 e WOLFRAM, 1999).
A dissertação de CASTRO, M. A. L (2004) analisa os riscos que uma
distribuidora estaria exposta ao prever seu mercado com antecedência de cinco
anos, face às variações no comportamento das diversas classes de consumo, e às
incertezas dos preços da energia nos leilões.
Para mensurar tais riscos, o autor utiliza Simulação de Monte Carlo, que
consiste na utilização de procedimentos estocásticos para gerar diversos cenários
possíveis para a variável em estudo, e os riscos são determinados por meio de
análise da sua distribuição de probabilidade. O autor apresenta os conceitos de
risco e incerteza, assim com algumas ferramentas utilizadas para realizar a análise
Introdução
13
dos riscos associados às operações financeiras de empresas, destacando-se o
Value at Risc e a Simulação de Monte Carlo.
Para estimar os riscos que a distribuidora estará exposta nas operações de
contratação de energia antecipadamente, considerando as incertezas quanto à
realização de seu mercado, bem como no preço de energia referenciados aos anos
de 2009, 2010 e 2011, o autor simulou sete possibilidades de compra de energia
para atendimento do mercado da distribuidora, denominando-os de casos 1 a 7.
Algumas alternativas de contratação consideraram sobra de energia, já
outras optaram pela falta. A gica da construção dos casos foi efetuar o maior
volume de compra de energia nos primeiros leilões, quando devem ocorrer os
menores preços.
Para cada caso estudado, foram gerados 1000 cenários por meio da
variação das incertezas no mercado previsto para 2009 a 2011 e no preço futuro de
compra de energia. Em seguida foi realizada análise de sensibilidade nos
resultados.
Com o objetivo de escolher a melhor opção de contratação de energia,
dentre os sete casos simulados, utilizaram-se os critérios Maxmin, Maxmax e o
método de Hurwicz para auxiliar a tomada de decisão.
Com base nos resultados obtidos, o autor infere que as novas regras de
contratação de energia penalizarão fortemente as distribuidoras que optarem pela
subcontratação, além de proporcionar situações de ganhos para as distribuidoras
nos casos de sobrecontratação. Dessa forma, as empresas tenderão a contratar
montantes de energia superiores às reais necessidades de seus mercados cativos.
Também o autor salienta que criou-se um ambiente de incertezas sobre a
estabilidade regulatória a médio e longo prazos, em virtude do elevado grau de
intervencionismo do Estado no mercado de energia elétrica, o que poderá afetar o
nível de investimento dos agentes privados no SEB.
AZEVEDO (2004), em sua dissertação de mestrado, estuda a competição
entre os agentes que atuam no setor elétrico brasileiro, mais especificamente nos
leilões de contratos bilaterais.
Desde que iniciou-se o processo de inserção da competição de mercado no
setor elétrico brasileiro, muitas mudanças foram propostas e algumas
Introdução
14
implementadas, porém a premissa de que a competição entre os agentes é
necessária está sempre presente.
Os agentes do SEB encontram-se em constante adaptação às regras que
formalizam a competição, porém no que diz respeito à competição intrínseca ao
processo de realização dos leilões nada muda.
Neste ponto uma das principais ferramentas disponíveis é a Teoria dos
Jogos. O conceito chave da Teoria dos Jogos é o equilíbrio, que pode ser atingido
de forma mais ou menos trivial, dependendo das circunstâncias do jogo.
O autor afirma que não existe uma ferramenta que determine um lance
ótimo em leilões de energia elétrica com informação incompleta, dado que a
princípio um agente não tem informação certa de qual será o lance do outro. Porém
existe a possibilidade de que modelos computacionais auxiliem o agente no
momento da definição do seu lance. Desta forma, um dos frutos desse trabalho foi o
desenvolvimento de um modelo computacional baseado na Teoria dos Jogos não
cooperativos de informação incompleta. Esse modelo analisa as informações e
expectativas de um agente e informa qual a melhor estratégia correspondente
àquilo que ele acredita e sabe. Sua finalidade é auxiliar os agentes do setor nos
leilões de energia elétrica de contratos bilaterais que ocorrem no Brasil, agregando
informação. O acréscimo de informação para todos os agentes do mercado
concorre para a diminuição do excedente e o aumento da liquidez nos leilões.
MUNHOZ (2004) teve como foco a análise de dois leilões: o de venda e o
de compra de energia elétrica, ambos organizados pelo MAE. No leilão de venda a
energia elétrica leiloada é referente à liberação dos contratos iniciais formatados
antes da introdução do mercado concorrencial. O leilão de compra é caracterizado
por negociar contratos de curto prazo.
Para ambos, a metodologia desenvolvida foi conduzida do ponto de vista de
um vendedor de energia elétrica. Entretanto, como os dois leilões o simétricos,
um agente comprador pode adotar a mesma metodologia.
Tanto o leilão de venda como o de compra é duplo e com participantes
identificados. Para um vendedor o leilão de venda é fechado, ou seja, ele entrega
suas ofertas em envelopes lacrados. O leilão de compra, por sua vez, é aberto e
com preços descendentes. Utilizando a teoria dos jogos pode-se então definir que,
para um vendedor, os dois leilões estão enquadrados no conceito de jogos o-
Introdução
15
cooperativos de informação incompleta. Entretanto, o leilão de venda é um jogo
estratégico e o leilão de compra, um jogo dinâmico.
Técnicas de otimização foram utilizadas para a modelagem dos dois leilões.
O uso dessas técnicas promove um modelo mais flexível que ele possui
facilidade em inserir e retirar restrições. Para o vendedor fixar os lances no leilão de
venda é utilizada a programação não-linear quadrática e para fixar os lances no
leilão de compra, programação inteira.
A função objetivo do modelo de fixação de lances pelo vendedor no leilão
de venda é a minimização do risco dado um retorno fixado pelo vendedor. A
formulação é baseada na teoria do portfólio e emprega o modelo da Mínima
Variância de Markowitz.
Os parâmetros que o vendedor deve inserir no modelo do leilão de venda
são a probabilidade de acontecer cada cenário e o retorno esperado para cada tipo
de produto caso ocorra o referido cenário. O tipo de produto é caracterizado,
basicamente, por duas variáveis: prazo de duração e submercado de entrega da
energia. Fixando esses parâmetros o modelo calcula a matriz de covariância e
correlação, que mostra como os produtos interagem entre si, ou seja, como um
produto influi no comportamento do outro em um dado período. O resultado final
desse modelo é uma alocação ótima de lances nos diversos tipos de produtos de
maneira que o risco do vendedor seja minimizado dado um retorno fixado por ele.
O modelo de fixação de lances no leilão de compra tem como função
objetivo a maximização do lucro do vendedor. Os parâmetros que o vendedor deve
inserir no modelo são a quantidade de energia que ele deseja negociar no leilão e o
preço mínimo pelo qual ele está disposto a vender essa energia para cada produto.
Como esse leilão é aberto para o lado do vendedor, este pode migrar seus
lances de um produto para o outro caso seja financeiramente melhor. O resultado
do modelo é uma alocação ótima de lances nos produtos, de forma que o lucro do
vendedor no leilão seja maximizado.
As duas metodologias desenvolvidas servem como subsídio à tomada de
decisão do agente vendedor de energia elétrica nas negociações dos contratos
bilaterais. Sua modelagem foi configurada de acordo com as regras de cada leilão e
sua formulação desenvolvida de forma a tornar o modelo seguro e flexível.
Introdução
16
CASTRO, R (2004) propõe um método de suporte a decisões de
investimento em ativos de curto prazo de retorno, de contratação e de avaliação de
portfolio de ativos de energia elétrica na comercialização em atacado no Brasil.
A metodologia apresentada utiliza processo estatístico para estimativa do
preço da energia no mercado de curto prazo, através do qual se constrói cenários
de preços futuros. As probabilidades associadas a cada cenário de preço definem a
função densidade de probabilidade para os resultados financeiros esperados pelos
agentes, os quais estão associados às suas decisões e conseqüentes tomadas de
posição diante do mercado. A aversão que o agente apresenta diante do risco é
caracterizada a partir da aplicação de conceitos de otimização multiobjetivo e a
determinação aproximada de soluções eficientes do problema definem o processo
de suporte a decisões para o agente.
Um estudo de caso ilustra a aplicação da metodologia na definição da
melhor alternativa de contratação de energia para um agente de distribuição em
horizonte de dois anos.
GUIMARÃES (2006) desenvolveu uma ferramenta para solução do
problema de otimização da compra de energia das distribuidoras utilizando a
representação em árvore dos cenários de demanda. A metodologia de solução
empregada é otimização estocástica multi-estágio, levando em consideração,
principalmente, os diversos horizontes de contratação e preços de energia, visando
minimizar uma ponderação entre tarifa para consumidor e custos para distribuidora.
O autor compara as penalidades para três leilões de energia elétrica:
leilão de energia existente (EE1), leilão de energia existente (EE2) e leilão de
energia nova (EN) e conclui que o estabelecimento de uma contratação baseada
em apenas um cenário de demanda deixa a distribuidora desprotegida em relação a
diferentes realizações de demanda, em geral propensa à subcontratação caso
tenha seguido cenários de baixo crescimento de consumo, e à sobrecontratação
caso tenha seguido cenário de alto crescimento. Observou-se também que fazendo
uma contratação baseando-se no cenário de crescimento médio de demanda (de
maior probabilidade) o se atinge o menor valor esperado por penalidades de
sub/sobrecontratação quando se simula a realização de diversos cenários de
demanda.
Introdução
17
O autor também destaca que há uma forte sinalização para se evitar a
subcontratação que a sobrecontratação. A assimetria de penalidades entre sub e
sobre contratação torna a decisão de contratação ainda mais complexa, reforçando
a necessidade de se buscar modelos computacionais de otimização estocástica que
auxiliem nessa tarefa.
SUSTERAS (2006) faz uma rápida incursão pela história recente do Setor
Elétrico, iniciando pelas reformas propostas no âmbito do projeto Re-seb na
tentativa de implementar um modelo de mercado chegando até o modelo em
implantação. Também apresenta as relações contratuais, comerciais e demais
características do modelo em implantação, detalhando os pontos mais importantes
da regulamentação para o estudo sobre o comportamento das distribuidoras no
sentido de balizar a estratégia das geradoras na comercialização de energia
elétrica.
O autor comenta a teoria envolvida com o método de solução escolhido
algoritmos genéticos, e logo após, apresenta o modelo de otimização proposto com
suas variáveis de entrada e saída, suas características de desempenho, bem como
são feitos dois estudos de caso: um deles considerando uma distribuidora típica,
comparando os resultados com aqueles informados ao MME, de modo a validar o
modelo e, o outro, considerando uma distribuidora fictícia agregando todo o
mercado brasileiro e que, de fato, guiará a tomada de decisões por parte da
empresa geradora.
Finalmente, apresenta as conclusões e recomendações do trabalho,
verificando a eficácia dos incentivos contidos na regulamentação, isto é, se as
distribuidoras são levadas a tomarem decisões conforme a expectativa do MME.
Por ser o trabalho que mais se assemelha ao tema dessa dissertação, em
outro momento será discutido e comparado.
1.6 Estrutura da Dissertação
O Capítulo 2 inicia com a apresentação mais detalhada do panorama do
setor elétrico seguida do resumo dos principais documentos que regulamentam o
setor elétrico e os ambientes de comercialização definidos pelo o mesmo. No
Introdução
18
capítulo 3 são apresentados conceitos sicos de otimização e as características
gerais da cnica de Algoritmos Genéticos e sua aplicabilidade no problema da
gestão de compra de energia.
No capítulo 4 é descrita a metodologia proposta para a elaboração da
estratégia de gestão de compra de energia para distribuidoras no Brasil e uma
descrição dos principais trabalhos que abordam o assunto em questão. No mesmo
é detalhada a formulação do problema de otimização da compra de energia das
distribuidoras com a explicação de todas as restrições relativas aos mecanismos de
incentivos e penalidades. Também é apresentada a função objetivo que visa
minimizar os riscos financeiros da distribuidora.
A descrição dos parâmetros de entrada e saída da ferramenta
computacional desenvolvida com a técnica de Algoritmos Genéticos é apresentada
no capítulo 5, juntamente com o detalhamento dos principais parâmetros de
controle utilizados em Algoritmos Genéticos. Também são discutidos no mesmo
diversos casos de simulação e comparação com as demais referências.
Finalmente, o capítulo 6 apresenta as conclusões da dissertação e
sugestões para trabalhos futuros sobre o tema abordado.
1.7 Considerações Finais
Este capítulo apresentou uma revisão dos trabalhos que propõem técnicas
para resolução do problema da gestão de compra de energia elétrica pelas
distribuidoras em leilões públicos de energia.
Pode-se observar que o tema é relativamente novo, sendo motivos de
diversas pesquisas e de grande interesse para as distribuidoras, uma vez que um
erro na compra de energia pode levá-la a um enorme prejuízo, sem garantia de
repasse do mesmo aos consumidores.
CAPÍTULO II
O MODELO DO SETOR ELÉTRICO BRASILEIRO
2.1 Introdução
Para uma melhor compreensão da metodologia proposta neste trabalho,
este capítulo apresenta um panorama geral do setor elétrico brasileiro. Inicia-se por
um histórico que relata as diversas mudanças que vêm ocorrendo no SEB. São
apresentados os agentes institucionais e definidos termos usuais para a
comercialização de energia elétrica. O ambiente de contratação regulado para
comercialização de energia elétrica no Brasil é caracterizado e seus mecanismos
apresentados. Também é apresentado o embasamento legal que regulamenta o
setor elétrico em forma de leis, decretos e resoluções.
2.2 O Setor Elétrico Brasileiro
Durante os anos de 2003 e 2004 o Governo Federal lançou as bases de um
novo modelo para o Setor Elétrico Brasileiro, sustentado pelas Leis 10.847 e
10.848, de 15 de março de 2004; e pelo Decreto nº 5.163, de 30 de julho de 2004.
Em termos institucionais, o novo modelo definiu a criação de uma entidade
responsável pelo planejamento do setor elétrico a longo prazo, denominada
Empresa de Pesquisa Energética EPE, uma instituição com a função de avaliar
permanentemente a segurança do suprimento de energia elétrica, o Comitê de
Monitoramento do Setor Elétrico CMSE, e uma instituição para dar continuidade
às atividades do Mercado Atacadista de Energia, MAE, relativas à comercialização
de energia elétrica no Sistema Interligado, denominada Câmara de Comercialização
de Energia Elétrica - CCEE.
O Setor Elétrico Brasileiro
20
Outras alterações importantes incluem a definição do exercício do Poder
Concedente ao Ministério de Minas e Energia (MME) e a ampliação da autonomia
do ONS. Em relação à comercialização de energia, foram instituídos dois ambientes
para celebração de contratos de compra e venda de energia: o Ambiente de
Contratação Regulada (ACR), do qual participam Agentes de Geração e de
Distribuição de energia; e o Ambiente de Contratação Livre (ACL), do qual
participam Agentes de Geração, Comercializadores, Importadores e Exportadores
de energia e Consumidores Livres.
O novo modelo do setor elétrico visa atingir três objetivos principais:
Garantir a segurança do suprimento de energia elétrica;
Promover a modicidade tarifária;
Promover a inserção social no Setor Elétrico Brasileiro, em particular
pelos programas de universalização de atendimento.
O modelo prevê um conjunto de medidas a serem observadas pelos
Agentes, como a exigência de contratação de totalidade da demanda por parte das
distribuidoras e dos consumidores livres, nova metodologia de cálculo do lastro para
venda de geração, contratação de usinas hidrelétricas e termelétricas em
proporções que assegurem melhor equilíbrio entre garantia e custo de suprimento,
bem como o monitoramento permanente da continuidade e da segurança de
suprimento, visando detectar desequilíbrios conjunturais entre oferta e demanda.
Em termos de modicidade tarifária, o modelo prevê a compra de energia
elétrica pelas distribuidoras no ambiente regulado por meio de leilões – observado o
critério de menor tarifa, objetivando a redução do custo de aquisição da energia
elétrica a ser repassada para a tarifa dos consumidores cativos.
A inserção social busca promover a universalização do acesso e do uso do
serviço de energia elétrica, criando condições para que os benefícios da eletricidade
sejam disponibilizados aos cidadãos que ainda não contam com esse serviço, e
garantir subsídio para os consumidores de baixa renda, de tal forma que estes
possam arcar com os custos de seu consumo de energia elétrica.
2.2.1 Histórico da Reestruturação do Setor Elétrico Brasileiro
A reforma do Setor Elétrico Brasileiro começou em 1993 com a Lei nº 8.631,
que extinguiu a equalização tarifária vigente e criou os contratos de suprimento
O Setor Elétrico Brasileiro
21
entre geradores e distribuidores, e foi marcada pela promulgação da Lei nº 9.074 de
1995, que criou o Produtor Independente de Energia e o conceito de Consumidor
Livre.
Em 1996 foi implantado o Projeto de Reestruturação do Setor Elétrico
Brasileiro (Projeto RE-SEB), coordenado pelo Ministério de Minas e Energia. As
principais conclusões do projeto foram: a) a necessidade de implementar a
desverticalização das empresas de energia elétrica, ou seja, dividi-las nos
segmentos de geração, transmissão e distribuição: b) incentivar a competição nos
segmentos de geração e comercialização; e c) manter sob regulação os setores de
distribuição e transmissão de energia elétrica, considerados como monopólios
naturais, sob regulação do Estado.
Foi também identificada a necessidade de criação de um órgão regulador, a
Agência Nacional de Energia Elétrica - ANEEL, de um operador para o sistema
elétrico nacional, Operador Nacional do Sistema Elétrico - ONS, e de um ambiente
para a realização das transações de compra e venda de energia elétrica, o Mercado
Atacadista de Energia Elétrica - MAE.
Concluído em agosto de 1998, o Projeto RE-SEB definiu o arcabouço
conceitual e institucional do modelo a ser implantado no Setor Elétrico Brasileiro.
Em 2001, o setor elétrico sofreu uma grave crise de abastecimento que
culminou em um plano de racionamento de energia elétrica. Esse acontecimento
gerou uma série de questionamentos sobre os rumos que o setor elétrico estava
trilhando. Visando adequar o modelo em implantação, foi instituído em 2002 o
Comitê de Revitalização do Modelo do Setor Elétrico, cujo trabalho resultou em um
conjunto de propostas de alterações no setor elétrico brasileiro.
Durante os anos de 2003 e 2004 o Governo Federal lançou as bases de um
novo modelo para o Setor Elétrico Brasileiro, sustentado pelas Leis 10.847 e
10.848, de 15 de março de 2004 e pelo Decreto 5.163, de 30 de julho de 2004.
Em termos institucionais, o novo modelo definiu a criação da EPE, do CMSE e da
CCEE, conforme discutido nos primeiros parágrafos da Seção 2.2.
2.2.2 Mudanças no Setor Elétrico
Tendo em vista a importância central da energia para o processo de
desenvolvimento econômico, o Estado interferiu desde muito cedo na oferta para
O Setor Elétrico Brasileiro
22
que ela se expandisse de acordo com as necessidades de consumo (RODRIGUES,
2006). Nessa atividade, onde a economia de escala tende a impor grandes
monopólios como forma de organização econômica mais eficiente, o Estado
interferiu para que o preço cobrado pela energia não fosse prejudicial ao
consumidor e para que os grandes grupos econômicos não se aproveitassem do
fato que a energia é um bem essencial a qualquer atividade econômica e social
para fixarem preços muito acima dos custos reais.
Esse papel preponderante do Estado tendeu a reduzir-se desde o final da
década de 70, quando os países desenvolvidos tomaram uma série de iniciativas
para abrir seus mercados de energia à concorrência de novos produtores. Tal
mudança é relativamente compreensível para esses países dado o estágio de
desenvolvimento de suas economias, nas quais o consumo de energia cresce
abaixo do produto e porque o progresso técnico, visível, sobretudo no setor de
geração elétrica, abre a possibilidade para entrada de novos produtores. Ainda
assim, mais recentemente as reformas de abertura do mercado e de privatizações
do setor elétrico mostraram suas limitações em vários desses países desenvolvidos
devido à incapacidade do setor privado em realizar os investimentos necessários
para a expansão da oferta. Com efeito, embora o consumo de energia primária
cresça relativamente pouco nesses países, aproximadamente 1,4% ao ano, o
mesmo não acontece com o de energia elétrica, que tem crescimento superior de
2,1% ao ano (MACHADO, 2002).
Houve, também, a adoção dessas reformas por países em
desenvolvimento. De maneira geral, as privatizações foram guiadas por
necessidades alheias ao setor energético, a principal sendo a de atrair
investimentos estrangeiros diretos para fechar as contas do Balanço de
Pagamentos. O capital estrangeiro que adquiriu a maior parte das empresas
estatais buscava, sobretudo, a valorização de ativos financeiros. Os problemas de
instabilidade de taxa de câmbio, enfrentados pelas moedas desses países, logo
tornou demasiadamente arriscado esse tipo de aplicação. Em decorrência, os
ganhos, para os países em desenvolvimento, em termos de ampliação da
capacidade de investimento e da oferta foram muito limitados e insuficientes para
fazer frente às necessidades de expansão da demanda. As necessidades de
expansão da oferta são muito mais amplas nesses países, em termos relativos, do
que nos países desenvolvidos. Ademais, os governos dos países em
O Setor Elétrico Brasileiro
23
desenvolvimento perderam, em função das privatizações realizadas na década
passada, o controle sobre importantes instrumentos de política energética, industrial
e social. A tentativa de substituir a coordenação direta do Estado, realizada através
das empresas estatais, pela indireta, da regulação e dos contratos foi mal sucedida.
No Brasil, com as privatizações e a assinatura de novos contratos de
concessão, o poder de barganha das empresas energéticas privadas aumentou,
conduzindo à fixação de tarifas mais elevadas e tolhendo o Estado de um
importante instrumento de indução de outras atividades econômicas. As estatais
exerciam, também, um importante papel de induzir, através do seu poder de
compra, o desenvolvimento da indústria local de equipamentos e de serviços de
engenharia. A tentativa foi de substituir a política industrial direta das estatais,
realizada através do seu poder de compra, por mecanismos regulatórios.
As transformações sofridas pelo setor elétrico brasileiro na década de 90
motivaram o surgimento de teorias e técnicas de planejamento que buscaram
equacionar riscos e incertezas. Antes, com o setor dominado por empresas estatais,
partia-se do pressuposto de que o risco não era grande problema porque os
eventuais prejuízos eram socializados. Diante do novo cenário, os empresários,
para simular a reação de seus competidores, investiram pesado em técnicas para
equacionar riscos e incertezas (TOMALSQUIM, 2000).
Hoje, o Estado busca retomar o papel central das decisões no setor elétrico.
Não se trata de uma volta ao passado, mas a busca da melhor forma de
intervenção do Estado no setor por meio de políticas energéticas adequadas,
regulação e planejamento. Os ganhos do novo modelo advêm sobretudo da maior
flexibilidade que ele proporciona à gestão das estatais, inclusive para se associar
com o setor privado. Essa parceria pode ocorrer desde o nível produtivo, passando
pelo financeiro e chegando ao tecnológico. A associação entre empresas em
diferentes tipos de arranjos é uma característica distintiva da atual fase do
capitalismo porque permite aumentar o potencial de inovação das empresas e a sua
capacidade de adaptação a contextos instáveis. No caso do setor público, essa
maior flexibilidade permitiu aumentar a capacidade de investimento das empresas
estatais quando estas enfrentavam grandes limitações orçamentárias internas
impostas pelo governo federal.
O desafio consiste em encontrar para o setor energético um equilíbrio
saudável entre a flexibilidade do mercado e a capacidade de coordenação do
O Setor Elétrico Brasileiro
24
Estado na consecução dos objetivos de consolidação do processo de
desenvolvimento. O setor privado tanto nacional quanto estrangeiro não apresenta
uma grande capacidade de mobilização de investimentos produtivos, sendo uma
das razões principais a sua inerente expectativa de rápido retorno financeiro. O
setor energético, principalmente na condição brasileira de petróleos difíceis e
predomínio hidroelétrico, requer horizontes de investimento mais amplos e taxas de
retorno inicialmente mais baixas. Além de que o repasse do custo ao consumidor
não se configura em uma estratégia adequada para o país por dificultar o
desenvolvimento de outros setores. Essas observações mostram que o novo
arranjo entre Estado e mercado deve de qualquer forma, num país com a demanda
energética em forte expansão, prever uma presença importante do primeiro.
O processo de reestruturação institucional do setor elétrico brasileiro
iniciado em 2004 procurou assegurar os investimentos necessários para a
expansão da oferta e assegurar que o setor fosse economicamente eficiente
(SILVA, J.C.B., 2002). Para tanto, foram adotados dois princípios básicos:
O estabelecimento da competição nos segmentos de geração e
comercialização para consumidores livres;
O estabelecimento de monopólios regulados nas atividades de
transmissão, distribuição e comercialização para consumidores regulados.
Em suma, toda a legislação que hoje norteia o sistema brasileiro configura
uma tendência à competição na medida em que o separou em quatro partes, quais
sejam, geração, transmissão, distribuição e comercialização, definindo, claramente,
que a geração e a comercializão estão abertas à concorrência. a transmissão
e distribuição possuem preços regulados, ou seja, um “aluguel” da rede
estabelecido para o “deslocamento” da energia de um gerador para um consumidor.
A legislação, igualmente, obriga aos proprietários das redes de transmissão e de
distribuição a permitirem que novos entrantes as utilizem, ao preço dos respectivos
“aluguéis”. Assim, qualquer produtor de excedentes injetáveis na rede poderá
introduzi-los na rede seja para atender um consumidor próximo ou para vendê-los à
própria concessionária.
Um dos principais desafios enfrentados na implementação de reformas no
setor elétrico tem sido a coexistência de setores regulados e competitivos, a qual
requer a adoção de algumas medidas, dentre as quais se destacam: a regulação
por incentivos dos segmentos de monopólio natural através de ações que
O Setor Elétrico Brasileiro
25
estimulem a eficiência e modicidades dos preços dos segmentos regulados; e a
defesa da concorrência através de regulação de conduta e da estrutura. A primeira
visa coibir o exercício de poder de mercado e a segunda promover o livre acesso às
redes de transmissão e distribuição, de forma a permitir efetivamente a competição
na geração e comercialização. O livre acesso é garantido pela separação entre as
atividades de geração, transmissão e comercialização.
As discussões apresentadas nesse capítulo sobre as principais mudanças
entre os modelos pré-existentes e o modelo atual, que acabaram por resultar em
transformações nas atividades de alguns agentes do setor, estão resumidas na
Tabela 2.1.
Tabela 2.1 – Principais Mudanças do Setor Elétrico
Modelo Antigo (até
1995)
Modelo de Livre
Mercado (1995 a 2003)
Novo Modelo (2004)
Financiamento através
de recursos públicos
Financiamento através de
recursos públicos e
privados
Financiamento através de recursos
públicos e privados
Empresas
verticalizadas
Empresas divididas por
atividade: geração,
transmissão, distribuição e
comercialização
Empresas divididas por atividade:
geração, transmissão, distribuição,
comercialização, importação e
exportação.
Empresas
predominantemente
Estatais
Abertura e ênfase na
privatização das Empresas
Convivência entre Empresas
Estatais e Privadas
Monopólios -
Competição inexistente
Competição na geração e
comercialização
Competição na geração e
comercialização
Consumidores Cativos
Consumidores Livres e
Cativos
Consumidores Livres e Cativos
Tarifas reguladas em
todos os segmentos
Preços livremente
negociados na geração e
comercialização
No ambiente livre: Preços
livremente negociados na geração e
comercialização. No ambiente
regulado: leilão e licitação pela
menor tarifa
O Setor Elétrico Brasileiro
26
Tabela 2.1 – Principais Mudanças do Setor Elétrico - Continuação
Modelo Antigo (até
1995)
Modelo de Livre
Mercado (1995 a
2003)
Novo Modelo (2004)
Mercado Regulado Mercado Livre
Convivência entre Mercados Livre e
Regulado
Planejamento Determinativo
- Grupo Coordenador do
Planejamento dos Sistemas
Elétricos (GCPS)
Planejamento Indicativo
pelo Conselho Nacional
de Política Energética
(CNPE)
Planejamento pela Empresa de
Pesquisa Energética (EPE)
Contratação: 100% do
Mercado
Contratação : 85% do
mercado (até
agosto/2003) e 95%
mercado (até dez./2004)
Contratação: 100% do mercado +
reserva
Sobras/déficits do balanço
energético rateados entre
compradores
Sobras/déficits do
balanço energético
liquidados no MAE
Sobras/déficits do balanço
energético liquidados na CCEE.
Mecanismo de Compensação de
Sobras e Déficits (MCSD) para as
Distribuidoras.
Fonte: CCEE
2.2.3 Instituições do Setor Elétrico Brasileiro
O novo modelo do Setor Elétrico Brasileiro criou novas instituições e alterou
funções de algumas instituições existentes. A estrutura atual do setor é ilustrada
pela Figura 2.1, apresentada a seguir.
Figura 2.1 – Estrutura do Setor Elétrico Brasileiro
O Setor Elétrico Brasileiro
27
As funções de cada uma das entidades citadas na Figura 2.1 são descritas na
seqüência.
O Conselho Nacional de Política Energética, CNPE, é um órgão
interministerial de assessoramento à Presidência da República, tendo como
principais atribuições formular políticas e diretrizes de energia e assegurar o
suprimento de insumos energéticos às áreas mais remotas ou de difícil acesso país.
É também responsável por revisar periodicamente as matrizes energéticas
aplicadas às diversas regiões do país, estabelecer diretrizes para programas
específicos, como os de uso do gás natural, do álcool, de outras biomassas, do
carvão e da energia termonuclear, além de estabelecer diretrizes para a importação
e exportação de petróleo e gás natural.
O Ministério de Minas e Energia, MME, é o órgão do Governo Federal
responsável pela condução das políticas energéticas do país. Suas principais
obrigações incluem a formulação e implementação de políticas para o setor
energético, de acordo com as diretrizes definidas pelo CNPE. O MME é responsável
por estabelecer o planejamento do setor energético nacional, monitorar a segurança
do suprimento do Setor Elétrico Brasileiro e definir ações preventivas para
restauração da segurança de suprimento no caso de desequilíbrios conjunturais
entre oferta e demanda de energia.
Instituída pela Lei 10.847/04 e criada pelo Decreto 5.184/04, a
Empresa de Pesquisa Energética, EPE, é uma empresa vinculada ao MME, cuja
finalidade é prestar serviços na área de estudos e pesquisas destinadas a subsidiar
o planejamento do setor energético. Suas principais atribuições incluem a
realização de estudos e projeções da matriz energética brasileira, execução de
estudos que propiciem o planejamento integrado de recursos energéticos,
desenvolvimento de estudos que propiciem o planejamento de expansão da
geração e da transmissão de energia elétrica de curto, médio e longo prazos,
realização de análises de viabilidade técnico-econômica e sócio-ambiental de
usinas, bem como a obtenção da licença ambiental prévia para aproveitamentos
hidrelétricos e de transmissão de energia elétrica.
O Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico, CMSE, é um órgão criado no
âmbito do MME, sob sua coordenação direta, com a função de acompanhar e
avaliar a continuidade e a segurança do suprimento elétrico em todo o território
nacional. Suas principais atribuições incluem: acompanhar o desenvolvimento das
O Setor Elétrico Brasileiro
28
atividades de geração, transmissão, distribuição, comercialização, importação e
exportação de energia elétrica; avaliar as condições de abastecimento e de
atendimento; realizar periodicamente a análise integrada de segurança de
abastecimento e de atendimento; identificar dificuldades e obstáculos que afetem a
regularidade e a segurança de abastecimento e expansão do setor e elaborar
propostas para ajustes e ações preventivas que possam restaurar a segurança no
abastecimento e no atendimento elétrico.
A Agência Nacional de Energia Elétrica, ANEEL, foi instituída pela Lei
9.247/96 e constituída pelo Decreto 2.335/97, com as atribuições de regular e
fiscalizar a produção, transmissão, distribuição e comercialização de energia
elétrica, zelando pela qualidade dos serviços prestados, pela universalização do
atendimento e pelo estabelecimento das tarifas para os consumidores finais,
sempre preservando a viabilidade econômica e financeira dos Agentes e da
indústria. As alterações promovidas em 2004 pelo novo modelo do setor
estabeleceram como responsabilidade da ANEEL, direta ou indiretamente, a
promoção de licitações na modalidade de leilão, para a contratação de energia
elétrica pelos Agentes de Distribuição do Sistema Interligado Nacional (SIN).
A Câmara de Comercialização de Energia Elétrica, CCEE, instituída pela
Lei nº 10.848/04 e criada pelo Decreto 5.177/04, absorveu as funções do MAE e
suas estruturas organizacionais e operacionais. Entre suas principais obrigações
estão: a apuração do Preço de Liquidação de Diferenças (PLD), utilizado para
valorar as transações realizadas no mercado de curto prazo; a realização da
contabilização dos montantes de energia elétrica comercializados; a liquidação
financeira dos valores decorrentes das operações de compra e venda de energia
elétrica realizadas no mercado de curto prazo e a realização de leilões de compra e
venda de energia no ACR, por delegação da ANEEL.
O Operador Nacional do Sistema Elétrico, ONS, foi criado pela Lei nº 9.648,
de 27 de maio de 1998, e regulamentado pelo Decreto 2.655, de 2 de julho de
1998, com as alterações do Decreto 5.081, de 14 de maio de 2004, para operar,
supervisionar e controlar a geração de energia elétrica no SIN, e administrar a rede
básica de transmissão de energia elétrica no Brasil.
Tem como objetivo principal, atender os requisitos de carga, otimizar custos
e garantir a confiabilidade do sistema, definindo ainda, as condições de acesso à
malha de transmissão em alta-tensão do país.
O Setor Elétrico Brasileiro
29
2.3 Fundamentos Legais
Atualmente as empresas distribuidoras de energia elétrica estão sujeitas a
riscos referentes ao repasse de preço e montante de energia adquirida para
revenda aos consumidores. O Novo Modelo do setor elétrico determina a
obrigatoriedade de contratação de 100% do mercado para atendimento do mercado
cativo, bem como limites para o repasse de preço. As distribuidoras não podem
mais repassar integralmente o custo da energia adquirida no curto prazo e podem
ter de pagar multas elevadas por não ter a energia contratada suficiente para
atendimento de todos os seus consumidores.
A exposição da distribuidora por sobrecontratação é definida com base nos
valores de contratos firmados entre a distribuidora e geradores fornecedores, sendo
que valores em até 3% acima do previsto para a carga num determinado ano
podem ser repassados à tarifa dos consumidores sem maiores problemas, como
ilustrada na Tabela 2.2.
Caso a distribuidora ainda esteja exposta por sobrecontratação, duas
possibilidades para minimizar esta exposição: a primeira delas é a obrigatoriedade
do uso do Mecanismo de Compensação de Sobras e Déficits, MCSD, onde as
sobras de energia contratadas pela distribuidora e declaradas como disponíveis ao
MCSD, devem ser repassadas àquelas distribuidoras que não alcançaram os 100%
de cobertura de seu mercado. Não limites para o valor a ser declarado como
sobra para o MCSD, desde que seja observada a legislação que regulamenta o
mesmo. A segunda possibilidade de minimizar a exposição por sobrecontratação,
precedida pelo MCSD, é a devolução de 4% do montante contratado pela
distribuidora para adaptar-se aos desvios de mercado em virtude de erros nas
previsões de carga da distribuidora. Essa devolução é feita somente com os
contratos de energia existente, o que evita a exposição do investidor dos novos
empreendimentos de geração.
A única possibilidade, muito remota, dessa devolução atingir os contratos
de energia nova, ou seja, de alcançar os contratos de A-5, é que haja uma
fortíssima retração na demanda de energia, de forma que mesmo com a devolução
de todos os contratos de energia existente ainda não seja suficiente para cobrir esta
retração de carga da distribuidora.
O Setor Elétrico Brasileiro
30
A exposição da distribuidora por subcontratação, ilustrada também na
Tabela 2.2, pode ser coberta através dos seguintes mecanismos: leilão A-3, leilão
A-1, leilão de Ajuste, MCSD e contratação do montante de reposição. É possível
observar que o MCSD funciona como mecanismo de minimização de exposição
tanto para sobrecontratação quanto para subcontratação, dada a condição de que
quando sobre energia numa distribuidora falte em outra para ocorrer a troca. Os
leilões A-3, A-1 e Ajuste serão discutidos posteriormente.
Tabela 2.2 – Mecanismos para gestão de compra de energia elétrica
RISCOS
RISCOSRISCOS
RISCOS
VALOR
VALORVALOR
VALOR
MECANISMOS
MECANISMOSMECANISMOS
MECANISMOS
Até 103% do
mercado
Repasse de custos de aquisição para o consumidor final
MCSD – Mecanismo de Compensação de Sobras e Déficits
(Ex-Ante e Ex-Post)
Sem limites
Redução do CCEAR pela saída de consumidores
potencialmente livres (precedido do MCSD)
Exposição por
Sobrecontratação
Até 4% do CCEAR
(energia existente)
Redução do CCEAR, a critério da distribuidora, de até 4%
do montante contratado para adaptar-se aos desvios do
mercado face às projeções de demanda (precedido do
MCSD)
Até 2% da carga
verificada em A-5
Leilão A-3
Até 1% da carga
verificada em A-2
Leilão A-1
Até 105% do
Montante de
reposição
Montante de Reposição
Até 1% da carga da
distribuidora
Leilão de Ajuste
Exposição por
Subcontratação
Sem limites
MCSD – Mecanismo de Compensação de Sobras e Déficits
(Ex-Ante e Ex-Post)
Caso a distribuidora esteja sobrecontratada a penalização será resultante
do não repasse integral dos custos de aquisição da energia (montante). Por outro
lado, se houver subcontratação, além do possível prejuízo devido ao não repasse
integral dos custos da energia (preço) adquirida no mercado spot, haverá
penalização por cada MWh não contratado, de acordo com o documento da CCEE
Regras de Comercialização Penalidades Insuficiência de Cobertura de
Consumo. A Figura 2.2 apresentada a seguir ilustra um resumo dos casos de sobre
e subcontratação.
O Setor Elétrico Brasileiro
31
Figura 2.2 – Margens de contratação para uma distribuidora.
Dados os principais limites impostos pela legislação é necessário se estudar
variáveis complexas, tais como, afluências, cenários de preços spot, riscos
associados, entre outros, com base em teorias econômicas e técnicas de
Inteligência Artificial, através de conceitos financeiros e estatísticos visando a
obtenção do melhor custo-benefício de uma operação, auxiliando a tomada de
decisões. A seguir serão detalhados os principais documentos que dão sustentação
legal ao novo modelo do setor elétrico brasileiro e as regras de contratação de
energia para as distribuidoras que participam do ambiente regulado de
comercialização de energia elétrica.
2.3.1 Legislação reguladora da comercialização da energia elétrica
Dada a enorme complexidade e grande número de instituições atuantes, o
Setor Elétrico é regido por uma série de instrumentos normativos. No anexo A são
apresentados os principais documentos que fazem parte da regulamentação do
setor.
Os documentos balizadores que definem as regras e limites para a
comercialização de energia no novo modelo do setor elétrico para o ambiente de
contratação regulada são a Lei 10.848/2004 e o Decreto 5163/2004.
Nesses documentos estão previstos alguns tipos de leilões, tais como
Leilão A-5, Leilão A-3, Leilão A-1 e Leilão de Ajuste, a serem descritos ainda nessa
seção. Antes disso faz-se necessário apresentar algumas definições utilizadas:
O Setor Elétrico Brasileiro
32
(i) Ano-base “A”: o ano de previsão para o início do suprimento da energia
elétrica adquirida pelos agentes de distribuição por meio dos leilões.
(ii) Ano “A-1”: o ano anterior ao ano-base “A” em que se realizam os leilões
de compra de energia elétrica proveniente de empreendimentos existentes.
(iii) Ano “A-3”: o terceiro ano anterior ao ano-base “A” em que se realizam
os leilões de compra de energia elétrica proveniente de novos empreendimentos.
(iv) Ano “A-5”: o quinto ano anterior ao ano-base “A” em que se realizam os
leilões de compra de energia elétrica proveniente de novos empreendimentos.
De acordo com a legislação vigente, os agentes de distribuição devem
garantir, a partir de de janeiro de 2005, o atendimento de 100% de seus
mercados de energia e potência por intermédio de contratos. Para tanto, eles tem
as seguintes alternativas de contratação:
Sem leilão:
o Energia contratada até 16 de março de 2004;
o Energia proveniente de:
Geração distribuída;
Fontes Alternativas de Energia Elétrica - PROINFA; e
Itaipu Binacional.
Com leilão (parcela que deve ser otimizada):
o Compra de energia nova nos Leilões “A-5” e “A-3”;
o Compra de energia existente no Leilão “A-1”; e
o Compra de energia existente no leilão de ajuste no ano “A”.
A seguir, passa-se à descrição dos tipos de leilão disponibilizados no ACR a
fim de que as distribuidoras possam suprir suas cargas 100%.
a) Leilão A-5
Destina-se a venda de energia dos novos empreendimentos de geração
que foram licitados pelo Governo e deverão ser construídos em 5 anos. Os
contratos firmados possuem duração mínima de 15 anos e máxima de 30 anos.
Neste leilão, a energia é prioritariamente advinda de geradores hidráulicos. Não
limites para quantidade de energia a ser contratada neste leilão, uma vez que o
mesmo é a principal forma de contratação eficiente e econômica para as
O Setor Elétrico Brasileiro
33
distribuidoras. Neste leilão ocorrem os maiores volumes de contratações de
energia. É realizado todo ano obrigatoriamente.
b) Leilão A-3
Destina-se a venda de energia de novos empreendimentos de geração,
licitados pelo Governo e devem ser construídos em 3 anos. Os contratos firmados
possuem duração mínima de quinze anos e máxima de trinta. Devido ao curto
espaço de tempo entre a contratação e a entrega (3 anos) a energia comercializada
nesse leilão é proveniente principalmente de geradores térmicos. Como o custo da
geração térmica é em geral maior que o da hidráulica, as regras de comercialização
de energia limitam o valor de contratação possível de ser repassado às tarifas dos
consumidores em 2% da carga verificada 2 anos antes da realização do mesmo (de
acordo com o decreto 5163/2004). Isso reforça a necessidade de que as
distribuidoras devem contratar a energia para atendimento de seu mercado no leilão
de A-5, deixando a contratação em A-3 como forma de ajuste fino da contratação.
c) Leilão A-1
Os contratos firmados possuem duração mínima de cinco anos e máxima
de quinze anos. Até o ano de 2008, o MME fixará o preço máximo da energia nesse
leilão e, a partir de 2009, o preço máximo será o valor médio dos leilões realizados
nos anos “A-5” e “A-3”.
A partir de 2009, cada distribuidora poderá contratar energia
correspondente ao seu montante de reposição. Entende-se por montante de
reposição a quantidade de energia dos contratos que se extinguirem no ano dos
leilões. Havendo disponibilidade, pode-se contratar até cinco por cento acima do
montante de reposição.
Excepcionalmente em 2004, foram promovidos leilões de compra de
energia para os anos de 2005 a 2009, observado o seguinte:
O prazo mínimo de vigência foi de oito anos para o início do suprimento a
partir de 2005, 2006 e 2007; e
O prazo mínimo de vigência foi de cinco anos para o início do suprimento
a partir de 2008 e 2009.
Os montantes contratados de energia existente podem ser reduzidos, a
critério exclusivo do agente de distribuição, em função de variações de mercado,
O Setor Elétrico Brasileiro
34
em cada ano, de até quatro por cento do montante inicial contratado, independente
do prazo de vigência contratual, do início de suprimento e dos montantes
efetivamente reduzidos nos anos anteriores. O exercício da opção de redução
contratual tem caráter permanente (efeito memória).
As reduções dos montantes têm eficácia a partir do segundo ano
subseqüente ao da declaração que deu origem à compra do agente de distribuição.
d) Leilão de Ajuste
A energia vendida nessa modalidade de leilão é proveniente de
empreendimentos existentes, com início de entrega em até 4 meses. Os contratos
firmados possuem duração máxima de dois anos.
O montante total de energia contratado não pode exceder a um por cento
da carga total contratada de cada distribuidora.
Um ponto importante nas novas regras é o que se refere ao repasse às
tarifas dos consumidores finais, o que caracteriza os riscos a que as distribuidoras
podem se expor caso fiquem sobre ou subcontratadas.
Para regular o repasse às tarifas dos consumidores finais dos custos de
aquisição de energia elétrica deve-se calcular um Valor Anual de Referência - VR,
mediante aplicação da seguinte equação:
VR = [VL5 . Q5 + VL3 . Q3] / [Q5 + Q3] (2.1)
onde:
VL5: o valor dio de aquisição nos leilões de compra de energia nova
realizados no ano “A - 5”, ponderado pelas respectivas quantidades;
Q5: a quantidade total por ano de energia nova adquirida no Ano “A-5”;
VL3: o valor dio de aquisição nos leilões de compra de energia nova
realizados no ano “A - 3”, ponderado pelas respectivas quantidades; e
Q3: a quantidade total por ano de energia nova adquirida no ano “A-3”.
O VR, além de outras finalidades, é um mecanismo de estímulo para
contratação eficiente em A-5, cujo custo de aquisição é normalmente inferior ao de
A-3)
Até 2008, o VR é estabelecido conforme as seguintes diretrizes:
O Setor Elétrico Brasileiro
35
Para os anos de 2005 e 2006, o VR foi o valor máximo de aquisição da
energia existente, nos leilões realizados em 2004, para início de entrega
naqueles anos;
Para os anos de 2007 e 2008, deve ser aplicada a Equação 2.1, prevista
para o cálculo da VR, considerando:
o Para VL5 e Q5, os valores médios ponderados de aquisição e as
quantidades adquiridas nos leilões de energia nova realizados até
o final de 2005, para entrega em 2009 e 2010; e
o Para VL3 e Q3, os valores médios ponderados de aquisição e as
quantidades adquiridas nos leilões de energia nova realizados até
o final de 2005 para entrega em 2007 e 2008.
A ANEEL autoriza o repasse a partir do ano-base “A” dos custos de
aquisição de energia elétrica previstos nos contratos, pelas distribuidoras às tarifas
de seus consumidores finais, conforme os seguintes critérios:
No leilão de compra de energia nova realizado no ano “A-5”, observado o
seguinte:
o Repasse do VR durante os três primeiros anos de suprimento da
energia elétrica adquirida (Incentivo para a distribuidora comprar
mais no A-5, pois se você compra mais no A-5 e o preço de
energia no A-3 for mais alto, repasse para a tarifa será maior que
o custo de aquisição);
o Repasse integral do valor de aquisição da energia elétrica, a partir
do quarto ano de sua entrega;
Nos leilões de compra de energia nova no ano “A-3”, observado o
seguinte:
o Repasse do VR durante os três primeiros anos de entrega da
energia elétrica adquirida, limitado ao montante correspondente a
dois por cento da carga do agente de distribuição comprador
verificada no ano “A-5”;
o Repasse integral do valor de aquisição da energia elétrica a partir
do quarto ano de sua entrega, limitado ao montante
correspondente a dois por cento da carga do agente de
distribuição comprador verificada no ano “A-5”;
O Setor Elétrico Brasileiro
36
o Repasse ao menor valor entre o VL5 e o VL3 da parcela adquirida
que exceder os montantes acima especificados;
Nos leilões de energia existente, repasse integral dos respectivos valores
de sua aquisição;
Nos leilões de ajustes, repasse integral até o limite do VR; e
Na contratação de energia elétrica proveniente de geração distribuída,
repasse integral até o limite do VR.
No repasse dos custos de aquisição de energia elétrica às tarifas dos
consumidores finais, deve-se considerar até cento e três por cento do montante
total de energia elétrica contratada em relação à carga anual de fornecimento da
distribuidora.
Nos anos de 2007 e 2008, é integral o repasse dos custos de aquisição de
energia nova.
O repasse às tarifas dos consumidores finais dos custos de aquisição de
energia nova é limitado ao Valor de Referência da Energia Existente (VRE) caso a
contratação resultante de leilões de compra de energia existente seja menor que o
limite inferior de recontratação.
Entende-se por limite inferior de recontratação o valor positivo resultante da
seguinte equação:
LI = MR - 4% MI (2.2)
onde:
LI é o limite inferior de contratação;
MR é o montante de reposição; e
MI é o montante inicial de energia elétrica considerado para a apuração do
MR.
O VRE é calculado mediante a aplicação da seguinte equação:
VRE = VR x VLE / VL5 (2.3)
onde:
VLE é o valor médio ponderado, em Reais por MWh, de aquisição de
energia existentes nos leilões realizados no ano “A-1”. Pode ser
interpretado como sendo um mecanismo para dar liquidez à energia
existente, caso contrário as distribuidoras podem contratar a energia nova
dada a garantia de repasse.
O Setor Elétrico Brasileiro
37
Nos três primeiros anos de suprimento, o mecanismo de repasse deve ser
aplicado à parcela de energia nova adquirida nos leilões realizados no ano “A-3”,
equivalente à diferença entre o limite inferior de recontratação e a quantidade
efetivamente contratada. Nos casos em que a quantidade de energia adquirida nos
leilões realizados no ano “A-3” for insuficiente para aplicação do mecanismo de
repasse, é também considerada a quantidade de energia elétrica adquirida no ano
“A-5”.
O mecanismo de repasse citado anteriormente não se aplica nos casos em
que o limite inferior de recontratação não tenha sido atingido por insuficiência de
oferta nos leilões de energia existente, realizados no ano “A-1”, ao preço máximo
fixado pelo MME.
Para fins de repasse às tarifas dos consumidores finais dos custos de
aquisição nos leilões de energia existentes, realizados nos anos de 2005 a 2008,
para entrega no ano subseqüente ao do leilão, deve-se observar o seguinte:
Repasse integral dos valores de aquisição de até um por cento da
carga verificada no ano anterior ao da declaração de necessidade do
agente de distribuição comprador, observado o preço máximo fixado
pelo MME;
Repasse limitado a setenta por cento do valor médio do custo de
aquisição de energia elétrica proveniente de empreendimentos
existentes para entrega a partir de 2005 e até 2008, referente à
parcela que exceder o um por cento.
Outro fator importante que afeta a receita das distribuidoras caso elas não
atendam a obrigação de contratar a totalidade de sua carga, é que a energia
elétrica adquirida no mercado de curto prazo da CCEE é repassada às tarifas dos
consumidores finais ao menor valor entre o Preço de Liquidação de Diferenças
(PLD) e o VR.
No caso dos montantes contratados nos leilões de energia existente serem
inferiores às quantidades declaradas para a contratação no ano “A-1”, o repasse
dos custos de aquisição no mercado de curto prazo da CCEE obedece ao seguinte:
Integral, quando observar o limite correspondente ao montante de
reposição; e
Corresponde ao menor valor entre o PLD e o VR, na parcela que exceder
ao montante de reposição.
O Setor Elétrico Brasileiro
38
2.4 Considerações Finais
Segundo as regras de comercialização de energia elétrica percebe-se o
quanto as distribuidoras correm riscos em seus faturamentos, quer pelas
penalidades quer pelo repasse não integral dos custos de energia elétrica aos
consumidores quando não atendem a totalidade de suas cargas.
Esses riscos são minimizados a partir de uma adequada previsão de carga
e de uma adequada estratégia de compra nos leilões de energia disponíveis (Leilão
A-5, Leilão A-3, Leilão A-1 e Leilão de Ajuste) a fim de se diminuir as exposições
quando de sobre ou subcontratação.
A minimização desses riscos, por ser de difícil solução. Uma possibilidade
de solução é a utilização de técnicas de Inteligência Artificial (IA). Este trabalho
propõe o uso de um técnica baseada em Algoritmos Genéticos (AGs) para solução
desse problema.
Assim, o próximo capítulo aborda os conceitos básicos envolvendo as
principais técnicas de otimização, dando ênfase a solução via AGs.
CAPÍTULO III
CONCEITOS BÁSICOS DE OTIMIZAÇÃO
3.1 Introdução
A seguir apresentam-se os conceitos básicos de otimização e as
características e definições que envolvem a aplicação de Algoritmos Genéticos na
solução de problemas de otimização, tais como o problema de gestão de compra de
energia elétrica pelas distribuidoras abordado neste trabalho.
Inicialmente, uma breve apresentação de algumas técnicas de otimização
tradicionais é realizada. Em seguida são apresentados os elementos que compõe
as etapas do processo de otimização via Algoritmos Genéticos.
3.2 Conceitos Básicos de Otimização
O desenvolvimento de áreas tradicionais da engenharia tem sido
caracterizado nas últimas décadas pelo crescente emprego de modelos de
otimização como paradigmas para formulação de problemas que envolvem tomada
de decisões. Inicialmente restritos a problemas que envolviam um único objetivo, os
modelos de otimização e as técnicas associadas evoluíram, principalmente a partir
do começo da década de 70, no sentido de contemplarem a situação mais realista
em que vários objetivos, em geral conflitantes, concorrem para a solução de um
determinado problema.
As formas clássicas de abordagem de problemas de tomada de decisão
quase sempre exigem a identificação prévia de uma função utilidade que agregue
todos os objetivos do problema. Por sua vez, os métodos inspirados em modelos de
otimização baseiam-se em procedimentos interativos que prescindem de uma
Otimização
40
função utilidade explícita e podem ser implementados através de algoritmos de
otimização existentes.
3.2.1 Técnicas de Otimização
Otimização Combinatória é uma técnica de tomada de decisões no caso de
problemas discretos que pode ser encontrada em diversas áreas, tais como,
problemas de planejamento e programação (scheduling) da produção, problemas
de corte e empacotamento, roteamento de veículos, redes de telecomunicação,
sistemas de distribuição de energia elétrica, problemas de localização,
planejamento de sistemas hidroelétricos, dentre outras (LEITE, P.T, 1999). Em
muitos destes problemas surgem freqüentemente vários critérios de desempenho
(funções objetivos), em geral, conflitantes entre si. Por exemplo, o controle de chão
de fábrica envolve a execução do plano de produção e para tal é necessário
programar a produção em cada centro de trabalho de forma a satisfazer objetivos
globais da empresa.
Existem três objetivos básicos na programação de tarefas (jobs) na
produção (VOLMANN ET AL., 1988). O primeiro objetivo está relacionado com
datas de entrega das tarefas: basicamente, não se deseja atraso em relação a
essas datas, e quando o custo de estoque é relevante, tenta-se evitar que as
tarefas sejam finalizadas muito antes dessas datas. O segundo objetivo está
relacionado com o tempo de fluxo de tarefas no chão de fábrica: deseja-se que esse
tempo seja curto, ou equivalentemente, que o estoque em processamento seja
baixo. O terceiro objetivo envolve a utilização dos centros de trabalho: deseja-se
maximizar a utilização de equipamentos e de mão de obra. No entanto, estes
objetivos são, em geral, conflitantes e o analista de produção (responsável pela
decisão) deve optar por uma solução que pondere os objetivos globais da empresa.
Objetivos conflitantes são mais a regra do que a exceção em diversos problemas
reais e a otimização multiobjetivo é utilizada para tratar com essas situações.
Em otimização multiobjetivo, ao contrário de otimização mono-objetivo, em
geral, não existem soluções ótimas no sentido de minimizarem (ou maximizarem)
individualmente todos os objetivos. A característica principal de otimização
multiobjetivo (quando todos os objetivos são de igual importância) é a existência de
Otimização
41
um conjunto grande de soluções aceitáveis que são superiores às demais. Estas
soluções aceitáveis são denominadas soluções Pareto-ótimas ou eficientes. A
escolha de uma solução eficiente particular depende das características próprias do
problema e é atribuída ao responsável pela decisão (decision maker).
Até a década de 80, a maioria dos métodos de otimização foram propostas
para a resolução de problemas de programação linear e não-linear. Métodos exatos
propostos para resolver problemas de programação linear multiobjetivo, geralmente,
usam métodos exatos de otimizão mono-objetivo. As soluções Pareto-ótimas são
obtidas resolvendo alguns problemas particulares, derivados do original, cujos
ótimos globais correspondem às soluções Pareto-ótimas. Um exemplo típico é o
método de escalonação das funções objetivos (ou das somas ponderadas) definido
sobre o espaço das soluções factíveis do problema multiobjetivo original
(WIERZBICK, 1986). Métodos deste tipo não são facilmente adaptados para
resolver problemas de otimização combinatória multiobjetivo, pois estes problemas
possuem um elevado grau de complexidade. Sabe-se que o problema de decisão
associado a muitos problemas de otimização combinatória mono-objetivo o NP-
completos, ou seja, eles não podem ser resolvidos através de algoritmos de tempo
polinomial. A questão da complexidade computacional em problemas de otimização
combinatória multiobjetivos envolve uma outra componente relacionada com a
contagem do número de soluções do problema de decisão associado (EHRGOTT,
2000). Este fator, obviamente, eleva o grau de intratabilidade de diversos problemas
combinatórios.
Em otimização, a escolha do método de resolução a ser utilizado depende
principalmente da razão entre a qualidade da solução gerada pelo método e o
tempo gasto para encontrar essa solução. Nesse nível, a maioria dos problemas é
intratável, ou seja, são problemas para os quais é improvável que se consiga
desenvolver um algoritmo exato que possa ser executado em tempo razoável. Para
viabilizar a obtenção de soluções é preciso lançar mão de métodos heurísticos.
Esses métodos, quando bem desenvolvidos e adaptados aos problemas que se
deseja resolver, o capazes de apresentar soluções de boa qualidade em tempo
compatível com a necessidade de rapidez presente nos problemas. O
desenvolvimento e sucesso dos métodos heurísticos, em especial as
metaheurísicas, fomentaram o interesse dos pesquisadores na década de 90 na
Otimização
42
aplicação desses métodos em problemas de otimização combinatória multiobjetivo,
considerados difíceis computacionalmente (EHRGOTT e GANDIBLEUX, 2000).
Os métodos heurísticos podem ser divididos em três classes que diferem
basicamente na forma como exploram o espaço de soluções dos problemas. A
primeira classe de heurísticas são as chamadas de construtivas. Estas heurísticas
são especializadas para um dado problema e constroem uma solução pela adição
de componentes da mesma através de regras específicas associadas com a
estrutura do problema.
A segunda classe de heurísticas são as chamadas de Busca Local ou
Busca em Vizinhança. Estas heurísticas iniciam com uma solução completa do
problema, e constroem uma vizinhança desta solução que contém todas as
soluções alcançáveis através de uma regra de movimento que modifica a solução
inicial. Dessa vizinhança, escolhe-se uma solução que possua uma avaliação
melhor que a solução inicial. A solução escolhida torna-se a nova solução inicial e o
processo continua até encontrar um ótimo local. Claramente, a eficiência das
heurísticas de busca local depende da escolha da solução inicial e da definição de
uma vizinhança que estabelece uma relação entre as soluções no espaço de
decisões. Uma vez tendo chegado ao ótimo local, essas heurísticas param e não
são capazes de escapar da otimalidade local e explorar novas regiões do espaço de
busca.
A terceira classe de heurísticas é chamada de metaheurísticas, que são
métodos inteligentes flexíveis, pois possuem uma estrutura com componentes
genéricos que são adaptados ao problema que se quer resolver. Estes métodos
possuem certa facilidade em incorporar novas situações e exploram o espaço de
soluções permitindo a escolha estratégica de soluções piores que as
encontradas, na tentativa de superar a otimalidade local. Mesmo não garantindo
otimalidade global, as metaheurísticas podem encontrar uma grande quantidade de
ótimos locais. Existem várias metaheurísticas que apresentam princípios e
estratégias distintas, dentre elas destacam-se as seguintes:
As metaheurísticas Busca Tabu e Simulated Annealing (recozimento
simulado) exploram uma vizinhança a cada iteração de acordo com suas
estratégias e escolhem apenas um elemento dessa vizinhança a cada
passo. Esse tipo de varredura do espaço de busca gera uma trajetória
Otimização
43
de soluções obtida pela transição de uma solução para outra de acordo
com os movimentos permitidos pelo método. A metaheurística GRASP é
um todo de ltiplos reinícios. A cada reinício gera-se uma solução
inicial através de uma heurística construtiva com aleatoriedade
controlada na escolha dos componentes da solução. A solução inicial é
usada como ponto de partida para uma busca local convencional.
As metaheurísticas baseadas em Algoritmos Genéticos e Scatter Search
exploram uma população de soluções a cada iteração. As estratégias de
busca destes métodos permitem explorar várias regiões do espaço de
soluções de cada vez. Dessa forma, ao longo das iterações não se
constrói uma trajetória única de busca, pois novas soluções sempre são
obtidas através de combinações de soluções anteriores. Ultimamente,
alguns conjuntos de estratégias básicas de metaheurísticas diferentes
vêm sendo combinados gerando métodos híbridos, por exemplo,
métodos que mesclam características de busca dos Algoritmos
Genéticos com técnicas de busca local.
Metaheurísticas m sido aplicadas com muito sucesso para resolver
problemas de otimização mono-objetivo (OSMAN e LAPORTE, 1996). Em
otimização multiobjetivo, para gerar o conjunto das soluções Pareto-ótimas, vários
problemas requerem algoritmos de tempos exponenciais, mesmo que a otimização
isolada de alguns objetivos seja fácil. Assim, os métodos heurísticos resultam ser os
mais convenientes para tratar com esses problemas. Recentemente, muitos
pesquisadores têm proposto extensões de metaheurísticas para resolver problemas
multiobjetivos (EHRGOTT e GANDIBLEUX, 2000), (COELLO, 2000), (VAN
VELDHUIZEN e LAMONT, 2000), (JONES ET AL., 2002). Os métodos
metaheurísticos podem ser implementados com muita flexibilidade para resolver
problemas multiobjetivos de otimização combinatória e problemas de otimização
não linear. Atualmente, estes métodos constituem uma das ferramentas mais ativas
na pesquisa em otimização multiobjetivo.
Otimização
44
3.3 Algoritmos Genéticos
Os Algoritmos Genéticos, a Programação Genética e a Programação
Evolucionária são modelos trabalhados na área de Computação Evolucionária. As
Redes Neurais Artificiais, os Sistemas Fuzzy e a Computação Evolucionária, por
sua vez, fazem parte da denominada Inteligência Computacional. A Inteligência
Computacional é caracterizada por manipulação numérica (e não simbólica) do
conhecimento, adaptabilidade e tolerância a informações imprecisas (LOPES,
1999).
A partir da década de 30, estudiosos da área biológica e informática
começaram a se interessar pelos Algoritmos Genéticos, todavia só na década de 70
é que houve maiores avanços nessa linha de pesquisa. JOHN HOLLAND, citado
por GOLDBERG (1989) como o pioneiro no assunto buscou elaborar algoritmos que
descrevessem o comportamento da natureza no que tange à evolução das espécies
e aos processos genéticos dos organismos biológicos (LEITE, P.T, 2003). O
princípio de funcionamento desses algoritmos baseia-se na teoria Darwiniana de
seleção natural e da genética de Mendel. A idéia principal enfocada por JOHN
HOLLAND (1975), e outros estudiosos, era resolver problemas reais, em especial,
problemas complexos de otimização, através de sistemas inspirados na natureza,
simulando os processos naturais.
No presente trabalho foram empregados os Algoritmos Genéticos, que são
um dos representantes dos algoritmos evolutivos, cuja inspiração baseia-se na
evolução natural dos seres vivos. Os Algoritmos Genéticos baseiam-se no seguinte
princípio: “Quanto melhor um indivíduo se adaptar ao seu meio ambiente, maior
será sua chance de sobreviver e gerar seus descendentes”. Esta meta-heurística se
adapta muito bem a problemas com um grande número de variáveis, como é o caso
da gestão de compra de energia para as distribuidoras. Os Algoritmos Genéticos
possuem várias características importantes que são:
Funcionam tanto com parâmetros contínuos quanto discretos, ou uma
combinação destes;
Realizam buscas simultâneas em várias regiões do espaço de busca, pois
trabalham com um conjunto de pontos e não com um único ponto;
Otimização
45
Utilizam informações de custo ou recompensa e não derivadas ou outro
conhecimento auxiliar;
Usam regras de transição probabilísticas e não determinísticas;
Otimizam uma função objetivo com número grande de variáveis;
Otimizam parâmetros de funções objetivos com superfícies complexa e
complicadas, reduzindo a incidência de mínimos locais;
Fornecem uma lista de soluções ótimas e quase-ótimas e não uma simples
solução;
Trabalham com dados gerados experimentalmente e são tolerantes a
ruídos e dados incompletos;
São fáceis de serem implementados numericamente;
São flexíveis para trabalhar com restrições arbitrárias e otimizar múltiplas
funções com objetivos conflitantes;
GOLDBERG (1989), um dos precursores dos Algoritmos Genéticos,
descreveu-os como sendo uma pesquisa baseada no mecanismo de seleção e
genética natural objetivando a otimização. Segundo esse autor, os Algoritmos
Genéticos superam os outros métodos tradicionais de otimização encontrados na
literatura.
LUTTON e MARTINEZ (1994) caracterizaram os Algoritmos Genéticos
como uma técnica estocástica, relativamente lenta, mas de grande eficiência no
processo de busca em espaço dimensional elevado.
3.3.1 Teoria da Evolução das Espécies
Foram muitas as teorias que tentaram explicar a origem da vida e a
evolução das espécies. Aristóteles (filósofo grego) propôs a teoria da abiogênese
que perdurou até o século XIX. Essa idéia julgava que os seres inanimados, sob
uma força capaz de comandar diversas reações, passavam a ter vida. Nesse século
o cientista francês Luis Pasteur derrubou tal teoria, provando que a vida surgia de
materiais nutritivos expostos a microorganismos vivos.
O biólogo francês Lamarck, no início do século XIX, defendeu a teoria do
transformismo, onde julgava que na luta pelo alimento, os seres vivos desenvolviam
fisicamente atendendo as suas necessidades alimentares, e transmitiam essas
Otimização
46
características para seus descendentes. Lamarck julgou que o crescimento das
populações seria em progressão geométrica (PAULINO, 1995).
Em 1859 o naturalista inglês Charles R. Darwin, influenciado pela teoria de
Lamarck, propôs a teoria da evolução das espécies. A teoria Darwiniana afirma que
a evolução ocorre devido à seleção natural: "Não exceção à regra de que cada
ser orgânico aumenta naturalmente a uma média tão alta que, se o destruído, a
terra logo estará povoada com a progênie de um único par" (BOLTON, 1944).
Após a realização do trabalho de Mendel (descoberta da genética), a teoria
Darwiniana ganhou um significado maior, donde foi possível explicar as mudanças
genéticas dos indivíduos e conseqüentemente a evolução das espécies.
3.3.2 Seleção Natural e Seleção Artificial
A principal diferença conceitual entre a seleção natural (processo que
ocorre naturalmente, sem a ação do homem), e a seleção artificial (implementada
nos programas), é que a seleção natural não é propriamente uma seleção, ou seja,
não existem regras para que ela aconteça, enquanto a seleção artificial é dotada de
regras impostas com objetivos espeficos.
A técnica de seleção utilizada pelos Algoritmos Genéticos é a seleção
artificial, porém esses algoritmos baseiam-se nos princípios de seleção natural e
sobrevivência dos indivíduos mais aptos, e também nos processos genéticos dos
organismos vivos, descritos respectivamente por Charles Darwin (1809 - 1882) em
Origem das Espécies e por Gregor J. Mendel (1822 - 1884).
No decorrer deste texto, quando se fizer menção ao termo seleção, referir-
se-á à seleção artificial. Entre as técnicas de seleção mais utilizadas podem ser
citadas: roleta, torneio e elitismo (GOLDBERG, 1989).
A seleção por roleta é uma técnica que consiste da escolha aleatória de um
elemento. Cada elemento tem a probabilidade de ser selecionado, proporcional ao
seu valor de aptidão. Para uma população com 3 indivíduos, como ilustrado na
Figura 3.1, a probabilidade, por exemplo, do indivíduo 2 ser selecionado é de 0,20.
Otimização
47
Figura 3.1 – Funcionamento da técnica de seleção por roleta
Existem várias formas de aplicar a técnica de seleção por torneio, um
exemplo seria a seleção aleatória, a priori, de uma dupla de indivíduos, e
posteriormente, selecionar um desses dois indivíduos, de acordo com um critério.
Esse critério pode ser, por exemplo, o maior valor de aptidão. Assim, o indivíduo
que possuir maior aptidão será selecionado.
Finalmente, a seleção elitismo é a preservação de um grupo dos indivíduos
mais aptos, pertence à população atual, para a nova população. Os demais
indivíduos que completarão a nova população serão selecionados por outra técnica
como a roleta ou torneio.
3.3.3 Composição dos Algoritmos Genéticos
Uma visão global do algoritmo utilizado é apresentada na Figura 3.2,
através de um fluxograma, com os passos seguidos para o desenvolvimento da
ferramenta inteligente na gestão de compra de energia elétrica, utilizando a cnica
de Algoritmos Genéticos.
O fluxograma mostra desde a entrada do algoritmo, com a aplicação dos
operadores genéticos, cálculo das aptidões e formação de novas populações.
Otimização
48
Gerar uma
população
inicial
Avaliar a
função objetivo
Os critérios de
otimização são
satisfeitos?
Melhores
indivíduos
Sim
Operador
Seleção
Gerar uma
nova
população
Resultados
o
Operador
Cruzamento
ou
Recombinação
Operador
Mutação
Elitismo
Figura 3.2. Funcionamento do algoritmo genético utilizado
O esquema básico do escopo dos Algoritmos Genéticos é composto pelas
seguintes componentes:
a) codificação das variáveis de interesse no problema (cromossomo);
b) configurações da população inicial;
c) proposta da função de aptidão;
d) definição dos Operadores Genéticos que serão utilizados no
processo de reprodução (cruzamento e mutação);
e) definição dos valores dos parâmetros que serão usados (tamanho da
população e probabilidades associadas aos operadores genéticos).
Os elementos comuns nos Algoritmos Genéticos simples, segundo
MITCHELL (1997), são: a população de cromossomos, a seleção de acordo com a
aptidão, o cruzamento para produzir nova prole, e a mutação aleatória da nova
geração. Existe ainda um quarto elemento que é a inversão, mas por ser raramente
usado, não será discutido nem aplicado nesse trabalho.
Os parâmetros (ou constantes) que definem o funcionamento dos
Algoritmos Genéticos simples, propostos por GOLDBERG (1989), são:
Tamanho máximo que a população poderá assumir;
Tamanho máximo do indivíduo (ou cromossomo);
Vetores que representam os indivíduos da população;
O valor de aptidão;
Vetores que representam os indivíduos da nova população.
Otimização
49
Quando se trabalha com Algoritmos Genéticos para resolução de problemas,
o grande desafio está exatamente na codificação, ou qual a melhor maneira de
representar o problema, que deve ter uma estrutura de dados, geralmente vetores
ou cadeias de valores binários (estruturas mais tradicionais, porém nem sempre as
mais indicadas), reais ou inteiros. Esta estrutura é chamada de indivíduo ou
cromossomo, e cada bit chamado de gene.
O indivíduo representa o conjunto de parâmetros de variáveis da função
objetivo cuja resposta se maximizada ou minimizada. O conjunto de todas as
configurações que o indivíduo pode assumir forma o espaço de busca. Por
exemplo, se o indivíduo representa n parâmetros de uma função, então o espaço de
busca é um espaço com n dimensões. A maioria das representações genotípicas,
utiliza vetores de tamanho finito com um alfabeto também finito.
A aptidão do indivíduo depende do seu desempenho e é calculada através da
função de avaliação. Em problemas de otimização, a função objetivo é, ela mesma,
a candidata natural ao cargo de função de avaliação ou função de aptidão. Assim,
pode-se dizer que a função de avaliação é dependente do problema em particular.
Esta função recebe como entrada o indivíduo e faz o cálculo da aptidão, ou grau de
adaptação, retornando esta informação. Uma comparação entre terminologia
biológica, terminologia computacional e terminologia de otimização de compra de
energia para distribuidoras a ser utilizada nos Algoritmos Genéticos é apresentada
na Tabela 3.1.
Tabela 3.1. - Terminologia usada em algoritmos genéticos
Biologia Computação
Otimização de Compra de Energia
para Distribuidoras
Cromossomo
candidato à solução, ou
seja, um ponto no espaço
de busca.
conjunto de informações úteis para
otimizar a compra de energia de
uma distribuidora nos leilões.
Gene
parâmetro codificado no
cromossomo (um único bit,
ou um bloco de bits).
informação da quantidade de
energia (em MW-médio) a ser
comprada e a localização da mesma
nos diversos tipos de leilões (A-5,
A-3, A-1 e Ajuste.
Otimização
50
Tabela 3.1. - Terminologia usada em algoritmos genéticos - Continuação
Recombinação
Troca de material genético
entre cromossomos.
Troca de informações entre os
cromossomos.
Mutação
Troca aleatória de um
determinado gene do
cromossomo.
Mudança abrupta e aleatória de
valores de energia a ser comprada
em cada leilão após período de
acomodação.
Genótipo
Configuração de genes no
cromossomo de um
indivíduo.
Codificação das informações dos
tipos de leilões que compõem o
indivíduo para a distribuidora.
Fenótipo
Decodificação de um ou
mais cromossomos.
Decodificação dos indivíduos em um
determinado período de estudo.
3.4 Considerações Finais
Neste capítulo foram apresentadas, de forma resumida, as técnicas de
otimização via Inteligência Artificial, dando ênfase aos Algoritmos Genéticos
utilizados neste trabalho. A abordagem adotada possibilita uma visão de como
serão tratados os dados e as variáveis do problema em questão.
O próximo capítulo apresenta a metodologia utilizada para o problema de
gestão de compra de energia elétrica utilizando Algoritmos Genéticos.
CAPÍTULO IV
METODOLOGIA DE OTIMIZAÇÃO VIA ALGORITMOS
GENÉTICOS
4.1 Introdução
Após feita uma revisão bibliográfica do estado da arte referente às cnicas
de Inteligência Artificial e suas diversas aplicações na engenharia elétrica, e do
estudo do modelo do setor elétrico em vigor, em seguida, será apresentada a
metodologia utilizada para solucionar as questões relativas à compra e venda de
energia de uma distribuidora de energia elétrica. Ou seja, a partir dos dados
disponíveis e dos resultados das pesquisas sobre o estado da arte, buscou-se
modelar o problema adequadamente e desenvolver uma metodologia inteligente
para otimização da compra de energia, que se resume basicamente em determinar
quando e quanto comprar nos diversos leilões. Para isso o problema a ser resolvido
foi considerado como um problema de otimização, onde a função objetivo é a
minimização dos riscos financeiros de uma distribuidora face às incertezas na
demanda. Os principais mecanismos para gestão de compra de energia são
modelados assim como suas restrições. A técnica de Algoritmos Genéticos foi
adotada para a resolução do problema em questão.
A implementação da metodologia permite determinar de forma automática o
melhor momento para se efetuar as compras de energia, baseado em uma previsão
do preço futuro da energia e no processo de otimização.
4.2 Metodologia
A metodologia utilizada para auxiliar a distribuidora no gerenciamento dos
riscos financeiros advindos de sua tomada de decisão perante os leilões de energia
tem as seguintes macro-etapas:
Metodologia
52
Levantamento de Dados;
Otimização via Algoritmos Genéticos;
Análise de Resultados;
Otimização via
AG´s
Avaliação dos
especialistas
Levantamento
de Dados
Entrada Saída
Figura 4.1 – Metodologia adotada para compra de energia
Os primeiro e terceiro blocos apresentados dependem de atuação humana
enquanto que o segundo bloco depende única e exclusivamente de atuação de
software/hardware.
Observa-se que o diagrama apresentado na Figura 4.1 possui duas
realimentações, as quais funcionam como loop de reforço num sistema de
controle, que auxiliam no refinamento da solução e impactam diretamente na
qualidade da estratégia de compra adotada pelos especialistas. Uma vez que os
dados de entrada estejam corretamente representados inicia-se a otimização
propriamente dita utilizando a cnica de sistemas inteligentes denominada
Algoritmos Genéticos e o resultado da otimização é então avaliado por especialistas
da distribuidora que terão a palavra final referente a utilização ou não da estratégia
apresentada no bloco anterior. Caso a estratégia o agrade pode-se voltar
novamente ao processo de otimização sem alterar os dados de entrada. Outra
opção é rever alguns parâmetros de entrada e realizar todo o processo de
otimização apresentado na Figura 4.1. A seguir serão abordados cada um dos
blocos que compõem esta metodologia que forma o núcleo da metodologia que se
pretende desenvolver para definir as estratégias das distribuidoras na compra de
energia elétrica para atendimento ao seu mercado.
Metodologia
53
4.2.1. Levantamento de Dados
Os principais requisitos ou dados de entrada para a metodologia
desenvolvida são: previsão de mercado, desagregação dos consumidores
potencialmente livres, contratos existentes de compra de energia, mercado
realizado, ajustes permitidos (MCSD, Devolução, Leilão de A-1 e Leilão de Ajuste),
custos da energia previstos para A-5, A-3, A-1, Ajuste e MCSD, valores de PLD
(Preço de Liquidação de Diferenças) e valores de VR (Valor Anual de Referência).
Cada um desses requisitos será descrito a seguir.
a) Previsão de mercado (pessimista, otimista e referência)
Tradicionalmente, os comitês para estudos de mercado das empresas ou
dos órgãos governamentais do setor elétrico constroem três cenários para
projeção de demanda (do país ou das empresas). Em geral, os três
cenários são obtidos a partir de três trajetórias possíveis para o crescimento
da economia (PIB), em nível nacional, regional e estadual.
Os dados de previsão de mercado, ou projeção de demanda, utilizados na
ferramenta computacional, são fornecidos por uma equipe própria da
distribuidora, responsável pela atualização periódica dos valores de carga
referente ao mercado futuro dos consumidores dentro da área geográfica de
atuação da empresa. Cumpre salientar a vital importância de esta previsão
estar o mais próximo possível do valor a ser realizado, ou seja, caso o
mercado futuro apresente uma demanda de energia considerada otimista os
valores devem estar o mais próximo possível do valor previsto. Com isso o
algoritmo proposto para otimização da compra de energia sinaliza de forma
correta os valores de riscos financeiros baseados na previsão de mercado
adotada.
b) Desagregação dos consumidores potencialmente livres
Até o momento não foi visualizada uma forma de desagregar os
consumidores potencialmente livres devido a grande oscilação que essa
desagregação causa no processo de otimização. Como a compra de
energia está intimamente ligada ao momento da ocorrência da mesma (se
Metodologia
54
no leilão de A-5, ou A-3, ou A-1, etc) o espaço de busca para contemplar a
saída de consumidores potencialmente livres para o ACL e o atendimento
dos consumidores na condição especial (entre 500 kW e 3000 kW) que
podem ser atendidos por Geração Distribuída se torna muito extenso, o que
poderá provocar lentidão e até mesmo dificultar o processo de otimização.
c) Contratos existentes de compra de energia
Os contratos de energia que a distribuidora possui com diversas empresas
de geração devem ser especificados individualmente com seus valores de
energia e duração dos mesmos. Nesta parcela de dados entram todos os
Contratos Bilaterais firmados pela distribuidora, cotas parte de Itaipu e
CIEN, Proinfa e outros que venham a existir.
Esses dados servem para que o algoritmo possa considerar os limites
impostos pelas regras de contratação e descontratação. Caso um contrato
esteja atingindo sua vigência, o mesmo pode ser recontratado pela
distribuidora em até 105%, descontratado em até 4% sem ônus para a
distribuidora e consumidores e, ser descontratado com valores acima de 4%
com ônus alocado somente para a distribuidora.
Os contratos advindos de leilões de energia nova em A-5 somente terão
seus valores decrescidos caso haja um déficit de consumo sistêmico, ou
seja, que todas as distribuidoras estejam sobrecontratadas devido a uma
realização de mercado considerada pior que o valor previsto pessimista
para a carga das mesmas. Nessa situação, caso um contrato esteja
vencendo, o mesmo é recontratado como energia existente e pode sofrer
uma redução maior que os 4% previstos nos mecanismos de contratação e
descontratação, e caso ainda assim não seja suficiente a diferença pode ser
decrescida dos contratos de energia nova adquiridos em A-5. Para os
contratos de A-3 esta flexibilidade não existe em virtude de o horizonte da
previsão estar mais próximo do período da compra.
d) Mercado realizado
Os dados de energia do mercado realizado são importantes para que os
limites de contratação dos leilões de energia em A-3 e A-1 possam ser
Metodologia
55
corretamente estipulados. Num primeiro momento utiliza-se os valores
previstos para cada ano e a medida que o mercado vai sendo realizado
atualizam-se estes valores de modo a melhorar o processo de otimização.
Esses dados são a base para o ajuste fino dos valores de energia a
contratar nos leilões de A-3, A-1, Ajuste ou até mesmo no MCSD. Por
exemplo, para a contratação a ser realizada no Leilão de A-3 toma-se como
referência para aplicar o percentual de 2% o mercado realizado no ano A-5,
neste caso, o ano A-5 conhecido. Porém, quando estamos estimando o
valor a ser contratado no leilão A-3 cuja referência A-5 ainda não tenha
acontecido, e isso é normal acontecer, utiliza-se um valor previsto de
mercado realizado para aplicar os 2% e, à medida que o ano em que foi
previsto o mercado realizado vai ocorrendo atualizam-se os valores para
obter-se uma melhor precisão nos valores contratados em leilões de ajuste
em virtude de discrepâncias entre valor previsto de mercado realizado e o
próprio valor do mercado realizado no ano.
e) Ajustes permitidos (MCSD, Devolução, Leilão de A-1 e Leilão de Ajuste)
Nesta parcela de dados é necessário especificar os valores positivos
(contratação) ou negativos (descontratação) de energia provenientes do
MCSD. Na metodologia em desenvolvimento esses valores somam-se aos
dos contratos existentes que a distribuidora possui formando assim o valor
final de energia contratada pela mesma.
Nos casos em que o MCSD não atender a necessidade de descontratação
da distribuidora, advinda de desvios negativos de mercado previsto e/ou
saída de consumidores potencialmente livres, a devolução dos Contratos de
Compra de Energia no Ambiente Regulado (CCEAR) provenientes de
leilões de energia existente pode ser utilizada. Os leilões de A-1 e Ajuste
acontecem sempre que houver energia existente, ou velha, descontratada.
Pode-se contar com a utilização desses mecanismos no momento de se
realizar o processo de otimização, bastando para isso ativá-los.
Metodologia
56
f) Valores de Energia previstos para A-5, A-3, A-1, Ajuste e MCSD
Os valores de energia previstos devem ser fornecidos previamente pelos
especialistas da distribuidora de forma a orientarem a estratégia de
contratação fornecida pela metodologia proposta. À medida que os
contratos advindos dos leilões ou do MCSD vão sendo firmados atualizam-
se os valores de energia para o realizado, permitindo assim um ajuste fino
ao processo de otimização. Correspondem ao VL5, VL3, VL1 e VLAjuste.
g) Valores de PLD (Preço de Liquidação de Diferenças)
Os valores de PLD para o horizonte de otimização devem ser fornecidos e
também atualizados para que as penalizações ou ganhos à distribuidora
correspondam a melhor estratégia de contratação encontrada pela
metodologia proposta. Para cada ano do horizonte de otimização é
necessário informar os valores de PLD previstos para o caso de a
distribuidora estar sobrecontratada e também para o caso de estar
subcontratada.
h) Valores de VR (Valor Anual de Referência)
Os valores de VR são importantes para a estratégia, pois é baseado neles
que a distribuidora pode obter ou não lucro no repasse permitido às tarifas
dos consumidores finais de energia elétrica. Caso o VR seja maior que o VL
(valor pago nos leilões) a distribuidora pode obter lucro. O contrário também
é verdadeiro, ou seja, caso VR seja menor que VL a distribuidora
certamente tem prejuízo. Observa-se que esse lucro ou prejuízo ocorre
somente nos 3 (três) primeiros anos do fornecimento de energia de cada
contrato, sendo que após este prazo o repasse pode ser integral do VL.
Após o devido tratamento, os dados levantados alimentam o programa que
realiza a otimização via Algoritmos Genéticos. Observa-se que a alteração desses
dados é uma tarefa simples, uma vez que estes estão concentrados em um único
arquivo, em formato texto, que pode ser facilmente editado através de ferramentas
conhecidas de edição de texto.
Metodologia
57
4.2.2. Otimização Aplicada à Compra de Energia
A formulação de um problema de otimização qualquer envolve a
composição de uma função objetivo, que relacione as diferentes variáveis
consideradas, bem como as restrições impostas a cada uma. Otimizar a solução de
um determinado problema consiste em identificar a alternativa viável, ou os
respectivos valores para as variáveis consideradas, que maximize ou minimize o
valor da função objetivo, conforme a natureza do problema, de forma que nenhuma
outra solução atribua um valor maior ou menor à função, respectivamente,
respeitada as restrições do problema.
Nesta seção pretende-se relatar as premissas adotadas para o
desenvolvimento do modelo de apoio à formulação de estratégias de compra de
energia no Ambiente de Contratação Regulada (ACR). Com esta etapa cumprida é
possível prever (dentro de um intervalo relativamente confiável) o comportamento
da distribuidora através da otimização de contratação nos diversos leilões
existentes (A-5, A-3, A-1, Ajuste), seguindo os incentivos e penalidades previstas na
legislação vigente, mais especificamente no Decreto 5.163/2004.
A função objetivo a ser minimizada no processo de otimização de
contratação é o somatório do valor presente dos riscos financeiros mais prejuízos
para a distribuidora advindos dos incentivos e penalidades dispostos na legislação.
As variáveis de decisão são os volumes a serem contratados em cada modalidade
de leilão disponível, bem como o percentual de redução dos contratos de energia
existente a que a distribuidora tem direito.
Dada a natureza complexa e com ingredientes estratégicos do problema, o
modelo da ferramenta computacional foi desenvolvido utilizando a técnica de
Algoritmo Genéticos, com horizonte de estudo de até 5 anos.
4.2.3. Caracterização do Problema
Devido ao volume de energia a ser contratada em cada modalidade de
leilão e do tempo de validade dos contratos, o valor envolvido nestas transações é
muito elevado e pode trazer sérios riscos à saúde financeira de uma distribuidora de
Metodologia
58
energia elétrica. Os valores de energia a serem contratados são definidos com base
na previo de mercado feita pela distribuidora e dependem muito da experiência
dos especialistas envolvidos nesta operação.
A Figura 4.2 é utilizada para exemplificar o processo de caracterização do
problema da gestão de compra de energia. Analisando o gráfico apresentado nessa
figura pode-se perceber uma larga faixa entre os valores de energia que compõem
o cenário otimista e pessimista. uma grande chance de o mercado realizar
próximo dos valores do cenário de referência.
1 2 3 4 5 6
2300
2400
2500
2600
2700
2800
2900
3000
3100
3200
3300
Ano
Contratos Totais
Limite Contratação Superior
Limite Contratação Inferior
Demanda Cenário Otimista
Demanda Cenário Referência
Demanda Cenário Pessimista
Risco por Subcontratação
Risco por Sobrecontratação
Figura 4.2 – Cenários e Estratégia de Menor Risco Financeiro
Suponha-se que a distribuidora tenha adotado uma estratégia de compra
(valores que compõem a linha vermelha sólida) e que uma margem de manobra
permitida pela regulamentação (linhas vermelhas tracejadas). A diferença entre o
cenário otimista e o limite superior (linha vermelha tracejada superior) da estratégia
de menor risco representa a exposição da distribuidora por subcontratação e isto
traz associado a si um custo financeiro que é visto como risco pela distribuidora. A
diferença entre o limite inferior da estratégia de menor risco e o cenário pessimista
representa a exposição da distribuidora por sobrecontratação, acarretando também
Metodologia
59
um risco financeiro para a mesma. Dentro da faixa compreendida entre os cenários
otimista e pessimista inúmeras possibilidades de traçar uma trajetória que
componha a estratégia adotada pela empresa quando da declaração de
necessidades enviada ao Ministério das Minas e Energia (MME), sendo que, a
busca dessa trajetória é o objetivo principal deste trabalho.
A área sombreada em vermelho na Figura 4.3 representa o valor total do
risco da distribuidora por exposição devido a subcontratação caso o cenário se
realize otimista. Esta exposição é a mais temida, em virtude de a distribuidora sofrer
uma penalização muito maior do que nos casos de sobrecontração. Se alguma
distribuidora tiver declarado sobra de energia para o MCSD, a possibilidade de
diminuir essa exposição transferindo parte dos contratos de energia existente para a
distribuidora que declarou défict. A área sombreada em azul representa o valor total
do risco da distribuidora por exposição devido a sobrecontratação, caso o cenário
se realize pessimista. Neste caso a penalização é menor que no anterior e a
distribuidora ainda tem a opção de repassar a energia excedente no MCSD, ou
seja, a penalização é menos severa.
1 2 3 4 5 6
2300
2400
2500
2600
2700
2800
2900
3000
3100
3200
3300
Cenário Otimista
Cenário Pessimista
Sobrecontratação
Subcontratação
Estratégia de menor risco financeiro
sugerida pelo software
Figura 4.3 – Representação Gráfica do Risco Financeiro
A soma destas duas áreas representa o risco total assumido pela
distribuidora no caso de optar em realizar a estratégia adotada de contratar energia
Metodologia
60
conforme linha vermelho sólida na área em branco entre as áreas sombreadas azul
e vermelha.
O principal ponto da otimização será escolher uma trajetória de contratação
que minimize ponderadamente a soma destas duas áreas sombreadas ao máximo
possível permitido.
4.3. Metodologia proposta
A estratégia de menor risco é tratada sob o enfoque de que dificilmente
todas as previsões de mercado fornecidas pela área de estudos de mercados da
distribuidora são contempladas na estratégia de contratação. Isto ocorre devido a
diferença entre valores pessimista e otimista apresentar ordem de grandeza que
impacta num custo elevadíssimo para a empresa e também ao consumidor no valor
das tarifas.
Para tanto, ao longo do período de otimização sempre haverá áreas não
nulas formando os riscos por subcontratação e sobrecontratação. Como os
mecanismos para gestão da compra de energia ocorrem discretamente no tempo e
não de forma contínua, pois os leilões ocorrem uma vez ao ano e não a todo o
momento ao longo do ano, ao tomarmos os segmentos de reta denominados
subcontratação e sobrecontratação na Figura 4.2 e somarmos todos eles para o
período de estudo, e sobre esses segmentos efetuarmos a otimização, estaremos
representando de outra forma a área ótima que representa a estratégia de menor
risco financeiro para a distribuidora.
Em resumo: toma-se para cada ano os valores de segmentos
sobrecontratação e subcontratação e soma-se todos. Quando a soma for a menor
possível representada por custos financeiros associados, garante-se que a
otimização encontrou uma possível solução ótima global.
Observe que a linha vermelho lida que representa o valor de energia
contratada da distribuidora é composto pelos diversos tipos de contratos de leilões e
também pelos contratos bilaterais firmados pela empresa, pelas cotas partes,
Proinfa, etc., conforme mostrado na Figura 4.4. Graficamente pode-se interpretar o
valor contratado de energia de uma distribuidora como sendo um empilhamento de
contratos diversos, sejam eles quais forem.
Metodologia
61
MSCD
Leilão Ajuste
Leilão A-1
Leilão A-3
Leilão A-5
Contratos de Energia
Existente
Base:
Itaipu, Proinfa,
Bilaterais
Ano i
Energia
MW-m
Faixa Limite inferior de
Energ ia Contratada
0
Energia Contratada em
uma d istribuidora
Faixa Limite superior de
Energ ia Contratada
0
Figura 4.4. – Composição da Energia Contratada em uma Distribuidora
As faixas limites de energia contratada que permitem a distribuidora ter uma
certa folga devido a erros naturais inerentes a previsão otimista e pessimista de seu
mercado (representadas pelos segmentos de retas que ligam as linhas tracejadas a
linha sólida central da figura 4.4) são compostas por percentuais de carga da
distribuidora em anos diferentes conforme explicitado nas Tabelas 4.1 e 4.2.
Tabela 4.1 – Composição da faixa limite superior de contratação
Ano A de realização do Leilão 1% da energia contratada para o ano A
Ano (A+1) de realização do
Leilão
1% da energia contratada para o ano (A+1)
Ano (A+2) de realização do
Leilão
1% da energia contratada para o ano (A+2) +
2% da energia contratada para o ano A
Ano (A+3) de realização do
Leilão
1% da energia contratada para o ano (A+3) +
2% da energia contratada para o ano (A+1)
Ano (A+4) de realização do
Leilão
1% da energia contratada para o ano (A+4) +
2% da energia contratada para o ano (A+2)
Faixa Limite superior para
cada ano
Ano (A+5) de realização do
Leilão
1% da energia contratada para o ano (A+4) +
2% da energia contratada para o ano (A+3)
Tabela 4.2 – Composição da faixa limite inferior de contratação
Ano A de realização do Leilão 4% da energia contratada para o ano A-2
Ano (A+1) de realização do
Leilão
4% da energia contratada para o ano (A-1)
Faixa Limite inferior para
cada ano
Ano (A+2) de realização do
Leilão
4% da energia contratada para o ano (A)
MCSD
Metodologia
62
Tabela 4.2 – Composição da faixa limite inferior de contratação - continuação
Ano (A+3) de realização do
Leilão
4% da energia contratada para o ano (A+1)
Ano (A+4) de realização do
Leilão
4% da energia contratada para o ano (A+2)
Faixa Limite inferior para
cada ano
Ano (A+5) de realização do
Leilão
4% da energia contratada para o ano (A+3)
A metodologia de otimização proposta neste trabalho foi desenvolvida
utilizando AGs. A codificação do problema via AGs será descrita em detalhes na
próxima seção.
4.3.1 Codificação do problema via Algoritmos Genéticos
A representação escolhida foi a do tipo representação por números reais,
por esta oferecer melhor desempenho em problemas de otimização de parâmetros
com variáveis sobre domínio contínuo. Isto se torna ainda mais relevante em
grandes domínios onde a representação binária requer um longo cromossomo.
A representação por números reais é mais rápida na execução, porque
evita a decodificação. Ela oferece maior precisão (dependendo do computador) e
tem a propriedade que dois pontos próximos um ao outro no espaço de
representação, estão também próximos no espaço do problema.
A codificação do problema de gestão de compras de energia precisa ser
cuidadosa, pois a decisão tomada em um determinado período afeta diretamente
todos os outros. Essa etapa é considerada a mais importante, pois a viabilidade do
algoritmo depende da sua codificação. O indivíduo representa os valores de energia
a serem contratados para os leilões de energia nova e velha, respectivamente. A
Figura 4.5 apresenta uma visão geral dos Leilões que foram simulados em relação
ao tipo de energia comercializada (nova ou existente) e com quanto tempo de
antecedência devem acontecer. As Figuras 4.6 e 4.7 representam graficamente a
codificação do problema.
Foi simulada a contratação de energia para os leilões de A-5 (energia com
início de entrega, por exemplo, para o ano de 2011), A-3 (energia com início de
entrega para os anos de 2009, 2010 e 2011), A-1 (energia com início de entrega
para os anos de 2007, 2008, 2009, 2010 e 2011) e Ajuste (energia com início de
entrega para os anos de 2007, 2008, 2009, 2010 e 2011).
Metodologia
63
De posse dos valores de todos os contratos firmados pela distribuidora
faz-se a simulação de quais valores poderiam compor o conjunto provável ótimo
que minimizará o valor do risco financeiro por exposição a sobrecontratação e/ou
subcontratação.
ACR
A-5 A-4 A-3 A-2 A-1 A
Contratação de
Geração Existente
Ano de Início
de Suprimento
Contratação de
Energia Nova
ACR
A-5 A-4 A-3 A-2 A-1 A
Contratação de
Geração Existente
Ano de Início
de Suprimento
Contratação de
Energia Nova
Figura 4.5. Leilões simulados x Tipo de energia
A seqüência de apresentação de dados (14 posições, como mostrado na
Figura 4.6) para cada indivíduo são os montantes de energia elétrica que devem ser
contratados para os leilões A-5, A-3, A-1 e Ajuste.
Assim, como o horizonte de estudo vai até 2011, a possibilidade de
se contratar um leilão de A-5 dentro deste período. Esse tipo de contrato é feito no
final de 2005 e é operacionalizado em 2011. Dessa maneira, existe a
possibilidade de se obter um valor a ser contratado em A-5. para o leilão de A-3,
três possibilidades de se contratar até o início de 2011, por isso está reservado
três posições nos indivíduos e assim sucessivamente.
2005 2005 2006 2007 2005 2006 2007 2008 2009 2005 2006 2007 2008 2009
2011 2009 2010 2011 2007 2008 2009 2010 2011 2007 2008 2009 2010 2011
A-5 A-3 A-3 A-3 A-1 A-1 A-1 A-1 A-1 Ajuste Ajuste Ajuste Ajuste Ajuste
400 40 30 2 25 24 26 27 28 20 22 23 25 26
2005 Ano em que o leilão está sendo realizado
2011 Ano em que a energia deverá ser entregue
A-5 Tipo do Leilão (A-5, A-3, A-1 ou Ajuste)
400 Valor de energia em MW-médio a ser contratado no leilão
posição 1 posição 2 posição 3 posição 4 posição 5 posição 6 posição 7 posição 8 posição 9 posição 10 posição 11 posição 12 posição 13 posição 14
A-5 A-3 A-3 A-3 A-1 A-1 A-1 A-1 A-1 Ajuste Ajuste Ajuste Ajuste Ajuste
Figura 4.6. Codificação do Problema
Na Figura 4.6 pode-se interpretar a coluna destacada como sendo: A
distribuidora deverá contratar 400 MW-médios no Leilão de A-5 realizado no fim do
Metodologia
64
ano de 2005 cuja entrega de energia se dará no início de 2011 por um período
contratual de no mínimo 15 anos e no máximo 30 anos.
Os valores que serão analisados pelos especialistas e que sofrerão
alterações continuamente até que se tenha um possível valor ótimo são os
compostos pelas células na cor branca da Figura 4.6. De uma forma resumida
apresenta-se na Figura 4.7 uma população composta por “5” indivíduos que serão
avaliados.
400 40 30 2 25 24 26 27 28 20 22 23 25 26
450 45 35 3 26 25 23 22 26 18 20 25 27 28
440 39 20 1 28 30 27 29 28 26 22 27 22 26
390 36 27 2 20 15 17 20 24 22 15 12 16 22
378 22 30 12 44 23 25 40 27 38 48 27 31 29
366 55 21 30 45 32 27 31 15 24 31 45 56 23
Representação de 1 indivíduo
Representação de uma população com 5 indivíduos
Figura 4.7. Representação de indivíduo e população
Optou-se primeiramente verificar a aplicabilidade de Algoritmos Genéticos
na determinação dos valores de energia a contratar para os leilões de A-5, A-3 e
A-1 e Ajuste. Futuramente serão verificadas as influências da participação do
agente de Distribuição na execução do MCSD.
Tamanho da população:
O tamanho da população está diretamente relacionado com o desempenho
global e a eficiência dos AGs. No problema apontado, após aproximadamente 40
(quarenta) testes com populações de tamanhos diferentes (10, 20, 30 e 40
indivíduos), verificou-se que quanto maior a população, maior o tempo necessário
para a convergência do algoritmo. No entanto, nos testes com populações de 20 e
30 indivíduos, os resultados foram próximos (em termos de valores ótimos).
Portanto, para conseguir executar o programa em um tempo menor, optou-se por
utilizar uma população composta por 20 indivíduos.
Metodologia
65
População inicial:
A população inicial é obtida de forma aleatória. Com isso podem ser obtidos
valores aceitáveis como ótimo para a solução do problema através de várias
simulações com mesmo número de indivíduos e mesma característica.
Função de avaliação:
Também chamada de função de custo, ou de avaliação, ou fitness”, está
relacionada à minimização do valor da função objetivo do problema. É geralmente
uma expressão matemática que mede o quanto uma solução está próxima ou
distante da solução desejada (satisfaz o objetivo do problema). Muitas vezes ela
inclui restrições que devem ser satisfeitas pela solução.
Ressalta-se aqui a necessidade de otimizar a contratação das distribuidoras
nos leilões de A-5, A-3, A-1 e Ajuste, minimizando o valor dos prejuízos em cada
ano por conta da limitação do repasse ao consumidor do valor da aquisição de
energia e das penalizações aplicadas por subcontratação ou sobrecontratação. A
função objetivo adotada neste trabalho foi:
Risco = ∑ (Lucro Tarifas + Risco Sobre + Risco Sub) 4.1
Risco_Sobre = ∑ (limite inferior – Cenário Pessimista) 4.2
Risco_Sub = ∑ (Cenário Otimista – limite superior) 4.3
Observa-se que na função objetivo acima o valor dos riscos de
sobrecontratação e subcontratação não são trazidos a valor presente líquido, ou
seja, considera-se o valor real no ano de ocorrência dos riscos. A aplicação de uma
análise mais detalhada relativa ao valor presente dos riscos será sugerida como
trabalhos futuros.
A parcela Risco_Sobre abrange todos os riscos da distribuidora em estar
contratada acima do limite permitido para repasse à tarifa ao consumidor. Ressalta-
se aqui que a o limite de 3% de sobrecontratação não riscos para a
distribuidora em virtude da sobrecontratação, pois esses 3% podem ser repassados
Metodologia
66
à tarifa. Na parcela Risco_Sub estão considerados os valores de riscos caso a
distribuidora esteja subcontratada para um determinado ano e o prejuízo advindo
dessa subcontratação na forma de penalizações dispostas em Lei e aplicadas pela
CCEE.
A parcela Lucro_Tarifas contempla o fato de a distribuidora poder contar
com a possibilidade de obter um lucro ou prejuízo (lucro negativo) devido ao
repasse no valor de VR durante os três primeiros anos de entrega de energia
contratada nos leilões. No presente trabalho não foi contemplado o fato de a
distribuidora vir a ter lucros quando o VR for maior que o valor de energia adquirida
em leilão, lucro este que pode ser obtido nos dois. Somente interessou para a
estratégia a minimização das penalidades quando a mesma está sobre ou
subcontratada.
Seleção:
Na seleção, membros da população foram escolhidos para a aplicação dos
operadores. Para cada operador, foi selecionado um subconjunto dos indivíduos,
que sofrem aplicação dos operadores genéticos. O processo de seleção utilizado
neste trabalho é o denominado roleta.
Elitismo:
Para que os melhores indivíduos não sejam perdidos de uma geração para
a outra, aplicou-se o operador de elitismo. Isso garante que os melhores passem
automaticamente para a próxima geração, preservando suas características
genéticas. Optou-se nessa dissertação trabalhar com um valor de elitismo igual a 2
(dois), ou seja, numa população composta por 20 indivíduos os dois melhores
garantem a permanência na próxima geração.
Cruzamento:
O operador de cruzamento ou recombinação possibilita a criação de novos
indivíduos através da combinação de dois ou mais indivíduos. Este operador
Metodologia
67
sustenta a idéia intuitiva de troca de informação entre diferentes soluções
candidatas. O cruzamento adotado neste trabalho foi o de 2 (dois) pontos.
Mutação:
Com objetivo de manter a diversidade da população o operador genético de
mutação é aplicado em alguns descendentes. O operador de mutação modifica de
forma aleatória um ou mais genes de um cromossomo, de acordo com uma
probabilidade denominada taxa de mutação. O tipo de mutação adotado neste
trabalho foi uniforme, com uma taxa de mutação de 1%.
O tradicional ponto de vista é que o cruzamento é mais importante pela
rapidez em explorar um espaço de busca, enquanto a mutação fornece uma
pequena busca aleatória, ajudando a garantir que nenhum ponto do espaço de
busca tenha probabilidade zero de ser examinado.
Critério de parada:
Geralmente, os critérios de parada adotados são: o número máximo de
gerações (atingido esse limite, o AG pára e retorna as melhores soluções daquela
população); estabilização no valor da função objetivo (se começar a repetir o valor,
significa que a solução do problema convergiu).
4.4 Considerações Finais
O principal motivo do desenvolvimento da metodologia proposta neste
trabalho é dar suporte à decisão dos especialistas na determinação dos valores de
energia que uma distribuidora deve informar em sua Declaração de Necessidade de
Energia que deve ser enviada ao MME todo ano antes da realização dos Leilões de
Energia. Uma vez que essa declaração contenha valores os mais realistas
possíveis com a previsão da distribuidora haverá uma expansão otimizada do
sistema elétrico interligado nacional.
Para cada variável de saída, ou seja, cada valor de energia a ser
supostamente contratada em cada modalidade de leilão, os especialistas da
Metodologia
68
distribuidora avaliam o montante dos riscos financeiros advindos da estratégia que
gerou esses valores e ponderam a viabilidade de o corpo gerencial da mesma
assumir a respectiva estratégia. Nota-se que neste ponto da avaliação pode haver
ingerências que não se pode quantificar no processo de otimização.
Um dos critérios adotados pelos especialistas para avaliar a possibilidade
de adotar ou não os valores fornecidos por uma determinada estratégia pode vir a
ser a especificação de um valor máximo esperado de risco que a empresa e seus
acionistas estão dispostos a correr devido a tomada de decisão. Outra forma de se
analisar é a comparação do valor do risco de uma estratégia com o valor do lucro
líquido da empresa. Outras formas mais existirão em virtude de razões estratégicas
da empresa em assumir riscos.
Após o envio da Declaração de Necessidade de Energia que a distribuidora
envia para o MME, o processo de otimização pode retornar à etapa inicial e ser
novamente simulado tantas vezes quanto se quiser e quantas vezes novos dados
relativos a contratos e valores de energia venham a ser incorporados no conjunto
de dados de entrada do programa computacional.
Com esta ferramenta computacional desenvolvida, o especialista também
pode testar todas as possíveis alterações que imaginar, as quais venham melhorar
ou piorar o processo de otimização. Assim, a ferramenta serve também como um
instrumento de treinamento para que o especialista desenvolva suas habilidades na
condução de melhores estratégias de compra de energia para a distribuidora.
Toda vez que o valor fornecido pela ferramenta computacional não satisfizer
às expectativas dos especialistas, pode-se retornar ao processo de otimização até
que o mesmo forneça valores esperados dos riscos financeiros pela distribuidora.
Finalizando o processo de desenvolvimento da ferramenta computacional
serão realizados diversos testes utilizando dados reais de uma concessionária e
confrontando com o conhecimento do pessoal técnico de uma concessionária.
Resultados
69
CAPÍTULO V
RESULTADOS
5.1 Introdução
Este capítulo tem como objetivo apresentar resultados pertinentes à
implementação da metodologia para definição da estratégia para as Distribuidoras
adotarem na etapa anterior à participação nos leilões de energia.
5.2 Resultados
A metodologia foi aplicada em um estudo de caso utilizando dados reais de
uma distribuidora de energia elétrica para que os especialistas pudessem aferir os
resultados obtidos com sua experiência. Neste caso foi simulado os efeitos das
novas regras nas operações de compra e venda de energia para uma distribuidora.
Para isso, considerou-se o fato de que a distribuidora deve prever seu
mercado com cinco anos de antecedência e contratar toda a energia necessária
para atender seus consumidores cativos nos leilões do ACR, sendo que os
eventuais desvios de contratação são liquidados no mercado de curto prazo.
O modelo computacional simula a ação de um agente de distribuição dentro
do novo modelo do setor elétrico brasileiro.
A seguir, o apresentados os dados de entrada utilizados no estudo de
caso e como foram implementadas na ferramenta computacional as principais
regras do decreto 5163/2004 que influenciam na contratação das distribuidoras.
O horizonte de estudo considerado para a realização das simulações foi de
10 anos, sendo cinco anos conhecidos (passado) e cinco anos a prever (futuro,
onde se pretende otimizar a contratação de energia). Uma ação tomada na
estratégia adotada cinco anos afeta os valores de energia que serão entregues
Resultados
70
neste ano e uma ação tomada em uma estratégia hoje afeta os valores de energia a
serem entregues daqui a cinco anos, observando portanto uma faixa limite de
cincos anos para a atuação das ações tomadas nas estratégias adotadas.
Descrição dos dados de entrada
A matriz base de contratos, denominada Demanda contratos existentes”,
utilizada nessa versão preliminar é composta por 7 linhas e 6 colunas, sendo que as
colunas representam os anos de 2006 a 2011. Cada linha da matriz apresenta
valores dos contratos firmados pela distribuidora segundo cada possibilidade de
contratação de energia para o respectivo ano. Futuramente serão incluídas linhas
referente ao PROINFA.
A Tabela 5.1 apresenta a estrutura dessa matriz Demanda contratos
existentes” onde em cada célula da mesma são somados todos os valores de
contratos relacionados com a respectiva modalidade de contratação. Por exemplo,
todos os contratos de energia efetuados no leilão de A-5 no ano de 2005 compõem
o valor da célula A-5 do ano 2010.
Para os leilões de A-5, A-3 e A-1 o ano de entrega é determinado como
sendo 5 anos, 3 anos e 1 ano após a compra, ou seja, para os leilões de A-5, A-3 e
A-1 a serem realizados em 2006 o ano de entrega é 2011, 2009 e 2007,
respectivamente. Embora não tenhamos valores de energia proveniente de leilões
A-5 que deveriam ser entregues nos anos 2006 a 2009 optou-se por deixar
representado o valor de A-5 nas células prevendo assim o caso mais genérico ( a
partir de 2010), onde para todos os anos haverá entrega de energia de contratos A-
5. As células que apresentam um asterisco são as que serão otimizadas.
As simulações para a determinação dos valores ótimos de contratação para
os leilões de A-5, A-3, A-1 e Ajuste em estudo foram realizadas utilizando o
Software Matlab, versão 7.1, num microcomputador com processador 2.6 GHz e
512MB de memória RAM. Outra ferramenta importante utilizada foi a Toolbox de
Algoritmos Genéticos que o Matlab disponibiliza, a qual efetivamente realiza o
processo de otimização.
Resultados
71
Tabela 5.1 – Estrutura da Matriz Demanda_contratos_existentes
2006 2007 2008 2009 2010 2011
A-5 A-5 A-5 A-5 A-5 A-5 *
A-3 A-3 A-3 A-3 * A-3 * A-3 *
A-1 A-1 * A-1 * A-1 * A-1 * A-1 *
Ajuste Ajuste * Ajuste * Ajuste * Ajuste * Ajuste *
MCSD MCSD MCSD MCSD MCSD MCSD
E. Exist.
E. Exist.
E. Exist.
E. Exist.
E. Exist.
E. Exist.
C. Bilat. C. Bilat. C. Bilat. C. Bilat. C. Bilat. C. Bilat.
Após levantamento dos dados para preenchimento da matriz
“Demanda_contratos_existentes” a mesma é apresentada na Tabela 5.2.
Tabela 5.2 - Matriz Demanda_contratos_existentes
2006 2007 2008 2009 2010 2011
0 0 0 0 0 A-5 *
0 0 0 A-3 * A-3 * A-3 *
0 A-1 * A-1 * A-1 * A-1 * A-1 *
0 Ajuste * Ajuste * Ajuste * Ajuste * Ajuste *
-90+15 -90+15+6 -90+15+6 -90+15+6 -90+15+6 -90+15+6
1394 1394 1448 1448 1448 1448
519+390+70+
+31+9
519+390+70
+66+14+79
515+390+70+
+66+42+79
515+390+70+
+66+42+79
515+390+70+
+66+42+79
515+390+70+
+66+42+79
Para os dados de energia de contratos MCSD (Mecanismo de
Compensação de Sobras e Déficits) em cada ano observa-se o seguinte: valores
negativos referem-se a venda no MCSD e valores positivos referem-se a compra no
MCSD.
Para os dados de energia de contratos de leilões de energia existente em
cada ano, também retirados da planilha “Balanço energético”, fornecida pela
distribuidora, observa-se o seguinte: sobre esses valores é que incidirá o
decréscimo de 4% previsto na legislação do setor elétrico caso se apresente um
cenário pessimista e a distribuidora esteja sobrecontratada.
Para os dados de energia de contratos Bilaterais em cada ano, informados
pela distribuidora observa-se o seguinte: considerou-se como Bilaterais os contratos
com Itaipu, CIEN e Proinfa.
Os cenários adotados para comparação e determinação dos riscos
financeiros devido a exposições por subcontratação ou sobrecontratação foram os
informados pela área de mercados de uma concessionária do Brasil.
A matriz base de cenários apresentada na Tabela 5.3, denominada
Matriz_Cenários, é composta por 3 linhas e 6 colunas, sendo que as colunas
Resultados
72
representam os anos de 2006 a 2011. Cada linha da matriz apresenta valores
previstos para consumo de energia de acordo com cada cenário (otimista para a
linha 1, referência para a linha 2 e pessimista para a linha 3).
Tabela 5.3 - Matriz de Cenários – MW-médio
Ano
Cenário
2006 2007 2008 2009 2010 2011
Otimista 2442 2590 2735 2905 3064 3220
Referência
2382 2498 2609 2739 2858 2974
Pessimista
2324 2406 2483 2574 2653 2727
Os valores apresentados para os cenários otimista, referência e pessimistas
são considerados na unidade de MW-médio, o que corresponde à razão entre o
valor total de MWh consumido em 1 ano e a quantidade de horas do ano.
Nessa etapa inicial de simulação o valor de VR foi desconsiderado para
efeito do cálculo do repasse às tarifas sendo que o valor considerado do repasse é
igual ao valor pago pela energia contratada no respectivo leilão. Isso se deve ao
fato do interesse em validar a aplicação da cnica de otimização via Algoritmos
Genéticos sem preocupar-se com possíveis lucros que a distribuidora venha a obter
com a diferença entre o valor pago no leilão e o valor repassado às tarifas nos três
primeiros anos. Futuramente, ao incluir-se o valor de VR previsto para cada ano,
haverá a possibilidade de a distribuidora interessar-se numa estratégia ótima que
garanta o menor risco financeiro na compra regulada e também tenha perspectiva
de lucro com essa possível diferença entre VR e VL. Observe que, conforme citado
anteriormente, ao inserir-se os valores previstos de VR também chances de a
distribuidora ao invés de ter lucro, obter prejuízo financeiro, uma vez que VR pode
ser menor que o valor de contrato no leilão.
Os preços previstos da energia para os leilões de A-5 e A-3 foram retirados
de CASTRO, R. (2004) para os anos 2009, 2010 e 2011 e extrapolados para os
anos 2006, 2007 e 2008 aplicando o índice de reajuste anual dos contratos de 12%
utilizado pelo autor. A Tabela 5.4 apresenta os valores de VL5 , VL3 e VL1
utilizados. Também é possível distinguir na Tabela 5.4 os patamares de preço
vinculados ao tipo de empreendimento que está fornecendo a energia a ser
leiloada, ou seja, os menores valores são dos empreendimentos existentes, com
investimento amortizado, enquanto o VL5 representa os novos empreendimentos de
geração hidráulica e VL3 os novos empreendimentos de geração térmica.
Resultados
73
Tabela 5.4 – Preços de Energia para A-5, A-3 e A-1 em R$/MWh
Ano
Leilão
2006 2007 2008 2009 2010 2011
A-5 114 129 147 167 187 210
A-3 132 150 170 193 217 243
A-1 80 90 100 120 140 160
Ajuste 60 75 90 100 120 140
Como as previes dos cenários otimista e pessimista se distanciam muito
à medida que se quer estimar valores para 1, 3 e 5 anos a frente, é de se esperar
que a faixa de cobertura dos mecanismos de contratação dificilmente consiga
abranger todas as condições extremas. Porém, observa-se que de um ano para
outro as mudanças no fornecimento e consumo de energia não sofrem abruptos
desvios e o cenário de referência é atendido pelos valores de contratação obtidos
com a técnica de Algoritmos Genéticos proposta neste trabalho.
A Figura 5.1 apresenta o resultado final de uma simulação onde o indivíduo
obtido é o apresentado na Tabela 5.5 e cuja função de avaliação obteve o risco total
de R$ 208.609,00.
Tabela 5.5. Indivíduo ótimo
1 2 3 4 5 6
2300
2400
2500
2600
2700
2800
2900
3000
3100
3200
3300
Ano
Contratos Totais
Limite Contratação Superior
Limite Contratação Inferior
Demanda Cenário Otimista
Demanda Cenário Referência
Demanda Cenário Pessimista
Figura 5.1 – Resultado da simulação
4
26
25
22
19
6,71
49,61
46,75
387,67
2011
2010
2009
2008
2007
2011
2010
2009
2011
Ajuste Ajuste Ajuste Ajuste Ajuste
A-3
A-3
A-3
A-5
24
26
24
17
22
5
49
48
282
2011
2010
2009
2008
2007
2011
2010
2009
2011
A-1
A-1
A-1
A-1
A-1
A-3
A-3
A-3
A-5
Resultados
74
O valor relativo a sobrecontratação foi de R$ 80.299,00 e o relativo a
subcontratação foi R$ 128.310,00. O valor lucro tarifa ficou nulo, uma vez que os
valores considerados de VR e VL foram iguais. Observe que para esse indivíduo
obtido como sendo o possível ótimo a aquisição de energia em 2011 no leilão de
A-3 possui um valor pequeno, o que condiz com as regras de leilão. Como o valor
de energia no leilão de A-5 é menor que o de A-3 para o ano de 2011, espera-se,
portanto, que a maior parcela de energia seja contratada através do leilão de A-5 e
A-1 (energia a ser entregue em 2011) e que o valor de A-3 seja pouco expressivo.
Nesta condição a compra de energia foi realizada com os menores riscos possíveis.
A tendência de sobrecontratação foi confirmada pela otimização, uma vez
que as penalidades por sobrecontratação são muito menores que as por
subcontratação, devido as regras do leilão.
A simulação com 20 indivíduos, considerando que todos os leilões (A-5,
A-3, A-1 e Ajuste) são realizados e a distribuidora pode comprar energia nos
mesmos, forneceu o menor valor de risco financeiro, sendo o mesmo
R$ 197.794,00. A Figura 5.2 apresenta o indivíduo ótimo fornecido nessa
simulação, e a Figura 5.3 mostra o resultado gráfico dessa simulação.
300,5 46,7 50,1 0,1 23,3 25,1 26,3 27,2 0,0 23,0 25,0 26,2 27,2 0,2
Figura 5.2 – Indivíduo ótimo considerando leilões de A-5, A-3, A-1 e Ajuste
Figura 5.3 - Resultado da simulação para leilões de A-5, A-3, A-1 e Ajuste
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000 9000 10000
0
2
4
6
x 10
7
Generation
Fitness value
Best: 197794.5223 Mean: 1595507.8381
1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14
0
100
200
300
400
Number of variables (14)
Current best individual
Current Best Individual
Best fitness
Mean fitness
Resultados
75
A simulação com 20 indivíduos, considerando que os leilões A-5, A-3 e A-1
são realizados e a distribuidora pode comprar energia nos mesmos, forneceu um
valor de risco financeiro maior que o anterior, sendo o mesmo R$ 254.289,00. A
Figura 5.4 apresenta o indivíduo ótimo fornecido nessa simulação, e a Figura 5.5
mostra o resultado gráfico dessa simulação.
386,3 46,8 49,7 0,0 23,4 24,8 25,9 26,6 0,4
Figura 5.4 – Indivíduo ótimo considerando leilões de A-5, A-3 e A-1
Figura 5.5 - Resultado da simulação para leilões de A-5, A-3 e A-1
A simulação com 20 indivíduos, considerando que somente os leilões A-5 e
A-3 são realizados e a distribuidora pode comprar energia nos mesmos, forneceu
um valor de risco financeiro muito maior que os anteriores, sendo o mesmo
R$ 327.921,00. A Figura 5.6 apresenta o indivíduo ótimo fornecido nessa
simulação, e a Figura 5.7 mostra o resultado gráfico dessa simulação.
490,7 46,8 49,3 0,0
Figura 5.6 – Indivíduo ótimo considerando leilões de A-5, A-3 e A-1
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000 9000 10000
0
1
2
3
x 10
6
Generation
Fitness value
Best: 254289.1043 Mean: 267263.1794
1 2 3 4 5 6 7 8 9
0
100
200
300
400
Number of variables (9)
Current best individual
Current Best Individual
Best fitness
Mean fitness
Resultados
76
Figura 5.7 - Resultado da simulação para leilões de A-5 e A-3
Observa-se através dessas simulações que a medida que se restringe as
opções de compra da distribuidora, isto é, diminui-se os tipos de leilões, o valor da
função objetivo aumenta significativamente. Isto se deve ao fato de se ter a opção
de compra em leilão de A-5 atendendo quase a totalidade da demanda. Os valores
de compra para os demais leilões são restritos, daí seu baixo valor em comparação
com o de A-5. Quando se aumentam os tipos de leilões, automaticamente o
processo de otimização tende a distribuir o valor de demanda da distribuidora por
todos os leilões, de acordo com a atratividade do VL e atendendo as restrições de
limites máximo que se pode comprar em cada tipo de leilão. Na Figura 5.8 pode-se
perceber essa variação no valor contratado no leilão de A-5 em relação as demais
simulações, a medida que se restringe as opções de compra para a distribuidora.
A-5 A-3 A-3 A-3 A-1 A-1 A-1 A-1 A-1 Ajuste Ajuste Ajuste Ajuste Ajuste
300,5 46,7 50,1 0,1 23,3 25,1 26,3 27,2 0,0 23,0 25,0 26,2 27,2 0,2
386,3 46,8 49,7 0,0 23,4 24,8 25,9 26,6 0,4
490,7 46,8 49,3 0,0
Figura 5.8 – Variação do valor contratado no leilão de A-5
0 1000 2000 3000 4000 5000 6000 7000 8000 9000 10000
3.2
3.4
3.6
3.8
4
x 10
5
Generation
Fitness value
Best: 327921.2038 Mean: 333111.0265
1 2 3 4
0
200
400
600
Number of variables (4)
Current best individual
Current Best Individual
Best fitness
Mean fitness
Resultados
77
A contratação otimizada de energia considerando as possibilidades da
existência dos leilões acima mencionados são ilustradas através das Figuras 5.9 a
5.11.
1 2 3 4 5 6
2300
2400
2500
2600
2700
2800
2900
3000
3100
3200
3300
Ano
Energia [MW médio]
Contratação de Energia
Contratos Totais
Limite Contratação Superior
Limite Contratação Inferior
Demanda Cenário Otimista
Demanda Cenário Referência
Demanda Cenário Pessimista
Figura 5.9 – Contratação otimizada de energia em leilões A-5 e A-3
Considerando que a demanda total do cenário de referência é 16.060
MWmédios os valores a serem contratados caso ocorram cenários de sobre ou
subcontratação são respectivamente 16.144 MWmédios e 15.389 MWmédios para
a Figura 5.9. Isso corresponde a 100,5% e 95,8 % da demanda do cenário
referência, respectivamente. O Risco_Sub vale R$ 284.375,55 e o Risco_Sobre
vale R$ 43.538,18.
1 2 3 4 5
6
2300
2400
2500
2600
2700
2800
2900
3000
3100
3200
3300
Ano
Energia [MW médio]
Contratação de Energia
Contratos Totais
Limite Contratação Superior
Limite Contratação Inferior
Demanda Cenário Otimista
Demanda Cenário Referência
Demanda Cenário Pessimista
Figura 5.10 – Contratação otimizada de energia em leilões A-5, A-3 e A-1
Para a Figura 5.10 os valores a serem contratados caso ocorram cenários
de sobre ou subcontratação são respectivamente 16.394 MWmédios e
Resultados
78
15.632 MWmédios. Isso corresponde a 102,1% e 97,3 % da demanda do cenário
referência,. O Risco_Sub vale R$ 196.877,30 e o Risco_Sobre vale R$ 57.411,80.
1 2 3 4 5
6
2300
2400
2500
2600
2700
2800
2900
3000
3100
3200
3300
Ano
Energia [ MW médio ]
Contratação de Energia
Contratos Totais
Limite Contratação Superior
Limite Contratação Inferior
Demanda Cenário Otimista
Demanda Cenário Referência
Demanda Cenário Pessimista
Figura 5.11 – Contratação otimizada de energia em leilões A-5, A-3, A-1 e Ajuste
Para a Figura 5.11 os valores a serem contratados caso ocorram cenários
de sobre ou subcontratação são respectivamente 16.667 MWmédios e
15.899 MWmédios. Isso corresponde a 103,7% e 99,0 % da demanda do cenário
referência. O Risco_Sub vale R$ 108.372,50 e o Risco_Sobre vale R$ 89.421,76.
5.3 Considerações Finais
Para diversas simulações efetuadas nesse trabalho foram obtidos
resultados satisfatórios que validaram a aplicação das técnicas de Algoritmos
Genéticos no problema da gestão de compra de energia para agentes
distribuidores.
A técnica de algoritmos genéticos demonstra ser uma ferramenta valiosa no
auxílio à tomada de decisão pela distribuidora na hora de informar ao MME sua
necessidade futura de energia para o atendimento de seu mercado, obedecendo às
regras de leilão.
Considerando que numa simulação com muitas variáveis não há como
testar exaustivamente o espaço de busca, a técnica de IA utilizadas neste trabalho
demonstrou ser muito eficiente, pois trabalham com um conjunto de possíveis
soluções e não com uma única solução, como nas técnicas tradicionais.
Conclusões
79
CAPÍTULO VI
CONCLUSÕES
6.1 Introdução
Neste capítulo serão apresentadas as principais contribuições advindas do estudo
sobre as estratégias das distribuidoras para compra de energia elétrica no ambiente
regulado de comercialização de energia.
6.2 Resumo de Contribuições
Esta dissertação teve as seguintes contribuições:
(i) Apresentou uma descrição do modelo de comercialização de energia no Brasil,
possibilitando uma maior compreensão das regras do leilão;
(ii) Implementação de uma ferramenta computacional utilizando Inteligência Artificial
baseada em Algoritmos Genéticos para se estabelecer uma estratégia ótima de
compra de energia elétrica através dos leilões A-5, A-3, A-1 e Ajuste para um
horizonte de 5 anos;
As conclusões advindas do trabalho são:
(i) A ferramenta desenvolvida apresentou resultados satisfatórios no que se refere a
estabelecer estratégia ótima de compra, obedecendo às regras de leilão. Por
exemplo, o fato de se ter obtido valores maiores para leilões A-5 e A-1 e menores
para A-3;
Conclusões
80
(ii) A técnica de Algoritmos Genéticos se mostrou eficiente pela sua utilidade em
problemas com grande espaço de busca.
(iii) Aplicação da ferramenta computacional em treinamento nas regras de mercado;
(iv) O desenvolvimento de uma ferramenta computacional que minimiza os riscos
financeiros (prejuízos) de exposição envolvidos nas operações de compra de
energia através da modelagem das penalidades impostas pela legislação vigente
referente a sobrecontratação ou subcontratação por parte das agências
distribuidoras, que não podem ser repassadas à tarifas de seus consumidores
6.3 Recomendações para Trabalhos Futuros
A utilização de cenários mais complexos (onde serão consideradas as
influências do MCSD e possibilidade da saída de consumidores potencialmente
livres, ainda não abordadas) poderá ser testada para análise da sensibilidade da
estratégia de compra e verificação da variação dos riscos financeiros devido à
inserção desses novos componentes como variáveis do problema.
Também poderá ser averiguada a utilização de outras técnicas de solução
tais como
Particle Swarm
, Método Primal Dual dos Pontos Interiores e outras.
81
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82
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Apêndice
85
ANEXO 1 – LEIS, DECRETOS E RESOLUÇÕES DO SEB
2.3.2.1 Leis
8.987/95
- Dispõe sobre o regime de concessão e permissão da prestação de
serviços públicos previsto no art. 175 da Constituição Federal, e outras
providências.
http://www.aneel.gov.br/cedoc/lei19958987.pdf
9.074/95
- Estabelece normas para outorga e prorrogações das concessões e
permissões de serviços públicos e dá outras providências.
http://www.aneel.gov.br/cedoc/lei19959074.pdf
9.427/96
- Institui a Agência Nacional de Energia Elétrica - ANEEL, disciplina o
regime das concessões de serviços públicos de energia elétrica e outras
providências.
http://www.aneel.gov.br/cedoc/lei19969427.pdf
9.648/98
- Altera dispositivos das Leis no 3.890-A, de 25 de abril de 1961, no 8.666,
de 21 de junho de 1993, no 8.987, de 13 de fevereiro de 1995, no 9.074, de 7 de
julho de 1995, no 9.427, de 26 de dezembro de 1996, e autoriza o Poder Executivo
a promover a reestruturação da Centrais Elétricas Brasileiras - ELETROBRÁS e de
suas subsidiárias e dá outras providências.
http://www.aneel.gov.br/cedoc/LEI19989648.PDF
10.433/02
- Dispõe sobre a autorização para a criação do Mercado Atacadista de
Energia Elétrica - MAE, pessoa jurídica de direito privado, e outras providências.
http://www.aneel.gov.br/cedoc/lei200210433.pdf
10.438/02
- Dispõe sobre a expansão da oferta de energia elétrica emergencial,
recomposição tarifária extraordinária, cria o Programa de Incentivo às Fontes
Alternativas de Energia Elétrica (PROINFA), a Conta de Desenvolvimento
Energético (CDE), dispõe sobre a universalização do serviço público de energia
elétrica, nova redação às Leis no 9.427, de 26 de dezembro de 1996, no 9.648,
de 27 de maio de 1998, no 3.890-A, de 25 de abril de 1961, no 5.655, de 20 de
maio de 1971, no 5.899, de 5 de julho de 1973, no 9.991, de 24 de julho de 2000, e
dá outras providências.
Apêndice
86
http://www.aneel.gov.br/cedoc/lei200210438.pdf
10.604/02
- Dispõe sobre recursos para subvenção a consumidores de energia
elétrica da Subclasse Baixa Renda, nova redação aos arts. 27 e 28 da Lei no
10.438, de 26 de abril de 2002, e dá outras providências.
http://www.aneel.gov.br/cedoc/lei200210604.pdf
10.637/02
- Dispõe sobre a não-cumulatividade na cobrança da contribuição para os
Programas de Integração Social (PIS) e de Formação do Patrimônio do Servidor
Público (PASEP), nos casos que especifica; sobre o pagamento e o parcelamento
de débitos triburios federais, a compensação de créditos fiscais, a declaração de
inaptidão de inscrição de pessoas jurídicas, a legislação aduaneira, e outras
providências.
http://www.aneel.gov.br/cedoc/lei200210637.pdf
10.762/03
- Dispõe sobre a criação do Programa Emergencial e Excepcional de
Apoio às Concessionárias de Serviços Públicos de Distribuição de Energia Elétrica,
altera as Leis nos 8.631, de 4 de março de 1993, 9.427, de 26 de dezembro de
1996, 10.438, de 26 de abril de 2002, e dá outras providências.
http://www.aneel.gov.br/cedoc/lei200310762.pdf
10.847/04
- Autoriza a criação da Empresa de Pesquisa Energética - EPE e
outras providências.
http://www.aneel.gov.br/cedoc/lei200410847.pdf
10.848/04
- Dispõe sobre a comercialização de energia elétrica, altera as Leis nos
5.655, de 20 de maio de 1971, 8.631, de 4 de março de 1993, 9.074, de 7 de julho
de 1995, 9.427, de 26 de dezembro de 1996, 9.478, de 6 de agosto de 1997, 9.648,
de 27 de maio de 1998, 9.991, de 24 de julho de 2000, 10.438, de 26 de abril de
2002, e dá outras providências.
http://www.aneel.gov.br/cedoc/lei200410848.pdf
2.3.2.2 Decretos
2.335/97
- Constitui a Agência Nacional de Energia Elétrica -ANEEL, autarquia sob
regime especial, aprova sua Estrutura Regimental e o Quadro Demonstrativo dos
Cargos em Comissão e Funções de Confiança e outras providências.
http://www.aneel.gov.br/cedoc/dec19972335.pdf
2.655/98
- Regulamenta o Mercado Atacadista de Energia Elétrica, define as regras
Apêndice
87
de organização do Operador Nacional do Sistema Elétrico, de que trata a Lei
9.648, de 27 de maio de 1998, e dá outras providências.
http://www.aneel.gov.br/cedoc/dec19982655.pdf
4.541/02
- Regulamenta os arts. 3º, 13, 17 e 23 da Lei 10.438, de 26 de abril de
2002, que dispõe sobre a expansão da oferta de energia elétrica emergencial,
recomposição tarifária extraordinária, cria o Programa de Incentivo às Fontes
Alternativas de Energia Elétrica - PROINFA e a Conta de Desenvolvimento
Energético - CDE, e dá outras providências.
http://www.aneel.gov.br/cedoc/dec20024541.pdf
4.550/02
- Regulamenta a comercialização de energia elétrica gerada pela
Eletrobrás Termonuclear S.A. - ELETRONUCLEAR, por ITAIPU Binacional e
outras providências.
http://www.aneel.gov.br/cedoc/dec20024550.pdf
4.562/02
- Estabelece normas gerais para celebração, substituição e aditamento
dos contratos de fornecimento de energia elétrica; para tarifação e preço de energia
elétrica; dispõe sobre compra de energia elétrica das concessionárias de serviço
público de distribuição; valores normativos; estabelece a redução do número de
submercados; diretrizes para revisão da metodologia de cálculo das Tarifas de Uso
do Sistema de Transmissão - TUST e dá outras providências.
http://www.aneel.gov.br/cedoc/dec20024562.pdf
4.667/03
- Altera o Decreto no 4.562, de 31 de dezembro de 2002, que estabelece
normas gerais para celebração, substituição e aditamento dos contratos de
fornecimento de energia elétrica; para tarifação e preço de energia elétrica; dispõe
sobre compra de energia elétrica das concessionárias de serviço público de
distribuição; valores normativos; estabelece a redução do número de submercados;
diretrizes para revisão da metodologia de cálculo das Tarifas de Uso do Sistema de
Transmissão - TUST; o Decreto no 62.724, de 17 de maio de 1968, que estabelece
normas gerais de tarifação para as empresas concessionárias de serviços públicos
de energia elétrica, e dá outras providências.
http://www.aneel.gov.br/cedoc/dec20034667.pdf
4.767/03
- Regulamenta o § do art. 27 da Lei nº 10.438, de 26 de abril de 2002,
altera o inciso VI do art. do Decreto 4.562, de 31 de dezembro de 2002, e
outras providências.
Apêndice
88
http://www.aneel.gov.br/cedoc/dec20034767.pdf
5.081/04
- Regulamenta os arts. 13 e 14 da Lei no 9.648, de 27 de maio de 1998, e
o art. 23 da Lei no 10.848, de 15 de março de 2004, que tratam do Operador
Nacional do Sistema Elétrico - ONS.
http://www.aneel.gov.br/cedoc/dec20045081.pdf
5.163/04
- Regulamenta a comercialização de energia elétrica, o processo de
outorga de concessões e de autorizações de geração de energia elétrica, e dá
outras providências.
http://www.aneel.gov.br/cedoc/dec20045163.pdf
5.175/04
- Constitui o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico - CMSE de que
trata o art. 14 da Lei no 10.848, de 15 de março de 2004.
http://www.aneel.gov.br/cedoc/dec20045175.pdf
5.177/04
- Regulamenta os arts. 4o e 5o da Lei nº 10.848, de 15 de março de 2004,
e dispõe sobre a organização, as atribuições e o funcionamento da Câmara de
Comercialização de Energia Elétrica - CCEE.
http://www.aneel.gov.br/cedoc/dec20045177.pdf
5.184/04
- Cria a Empresa de Pesquisa Energética - EPE, aprova seu Estatuto
Social e dá outras providências.
http://www.aneel.gov.br/cedoc/dec20045184.pdf
5.249/04
- nova redação ao inciso XI do § 2o do art. 1o do Decreto no 5.163, de
30 de julho de 2004, que regulamenta a comercialização de energia elétrica, o
processo de outorga de concessões e de autorizações de geração de energia
elétrica.
http://www.aneel.gov.br/cedoc/dec20045249.pdf
5.271/04
- Altera dispositivos do Decreto no 5.163, de 30 de julho de 2004, que
regulamenta a comercialização de energia elétrica, o processo de outorga de
concessões e de autorizações de geração de energia elétrica, e outras
providências.
http://www.aneel.gov.br/cedoc/dec20045271.pdf
2.3.2.3 Resoluções
290/00
- Homologa as Regras do Mercado Atacadista de Energia Elétrica - MAE e
fixa as diretrizes para a sua implantação gradual.
Apêndice
89
http://www.aneel.gov.br/cedoc/RES2000290.PDF
456/00
- Estabelece, de forma atualizada e consolidada, as Condições Gerais de
Fornecimento de Energia Elétrica.
http://www.aneel.gov.br/cedoc/res2000456.pdf
102/02
- Institui a Convenção do Mercado Atacadista de Energia Elétrica (MAE).
http://www.aneel.gov.br/cedoc/res2002102.pdf
103/02
- Autoriza o Mercado Atacadista de Energia Elétrica (MAE) - Pessoa Jurídica
de direito privado, sem fins lucrativos, a atuar segundo regras e procedimentos de
mercado estabelecidos pela ANEEL.
http://www.aneel.gov.br/cedoc/res2002103.pdf
395/02
- Aprova as Regras de Mercado, componentes da versão 2.2b, para fins de
contabilização e liquidação das transações no período de 1o de setembro de 2000 a
30 de junho de 2001, no âmbito do Mercado Atacadista de Energia Elétrica - MAE.
http://www.aneel.gov.br/cedoc/res2002395.pdf
445/02
- Aprova as Regras do Mercado, componentes da versão 3.0, para fins de
contabilização e liquidação das transações de compra e venda de energia elétrica
no período de 1o de julho de 2001 até 31 de dezembro de 2003 no âmbito do
Mercado Atacadista de Energia Elétrica – MAE.
http://www.aneel.gov.br/cedoc/res2002445.pdf
447/02
- Estabelece as condições gerais para implementação do que dispõe o art.
2o da Lei no 10.438, de 26 de abril de 2002.
http://www.aneel.gov.br/cedoc/res2002447.pdf
552/02
- Estabelece os procedimentos relativos à liquidação das operações de
compra e venda de energia elétrica, no mercado de curto prazo, no âmbito do
Mercado Atacadista de Energia Elétrica - MAE e trata das garantias financeiras e
penalidades.
http://www.aneel.gov.br/cedoc/res2002552.pdf
023/03
- Estabelece critérios para a definição, de forma transitória, das garantias
financeiras a que se refere o art. 2o da Convenção do Mercado Atacadista de
Energia Elétrica - MAE e dá outras providências.
http://www.aneel.gov.br/cedoc/res2003023.pdf
040/03
- Aprova as Regras de Mercado, componentes da versão 3.1, que
estabelecem a modulação “ex-ante” de Contratos Iniciais, para fins de
Apêndice
90
contabilização e liquidação das transações no período de 1o de janeiro até 30 de
junho de 2003.
http://www.aneel.gov.br/cedoc/res2003040.pdf
091/03
- Estabelece as condições para implementação do limite de contratação de
energia elétrica para agentes participantes do Mercado Atacadista de Energia
Elétrica - MAE, conforme definido no Decreto no 4.562, de 31 de dezembro de
2002.
http://www.aneel.gov.br/cedoc/res2003091.pdf
237/03
- Determina ajustes no cronograma para implantação das Regras do
Mercado Atacadista de Energia Elétrica - MAE, estabelecido por meio da
Resolução.
http://www.aneel.gov.br/cedoc/res2003237.pdf
258/03
- Estabelece critérios e procedimentos a serem adotados por concessionária
ou permissionária de distribuição de energia elétrica que optar por instalação de
equipamentos de medição em local externo à unidade consumidora.
http://www.aneel.gov.br/cedoc/res2003258.pdf
265/03
- Estabelece os procedimentos para prestação de serviços ancilares de
geração e transmissão.
http://www.aneel.gov.br/cedoc/res2003265.pdf
352/03
- Estabelece as condições para implementação da sistemática de verificação
do lastro de contratos de venda de energia elétrica, registrados no Mercado
Atacadista de Energia Elétrica - MAE, conforme diretriz estabelecida no art. 5o da
Resolução no 249, de 11 de agosto de 1998.
http://www.aneel.gov.br/cedoc/res2003352.pdf
433/03
- Estabelece os procedimentos e as condições para início da operação em
teste e da operação comercial de empreendimentos de geração de energia elétrica.
http://www.aneel.gov.br/cedoc/res2003433.pdf
462/03
- Aprova as Regras do Mercado, componentes da versão 3.1.b, que
considera a alteração da sistemática de estabelecimento do Preço Mínimo do
Mercado de Curto Prazo (PMAE_min), de que trata a Resolução no 377, de 30 de
julho de 2003.
http://www.aneel.gov.br/cedoc/res2003462.pdf
577/03
- Aprova as Regras do Mercado, componentes da versão 3.1.c, que
Apêndice
91
incorpora a utilização dos recursos decorrentes da aplicação de penalidades por
insuficiência de contratação e/ou de lastro de venda.
http://www.aneel.gov.br/cedoc/res2003577.pdf
652/03
- Estabelece os critérios para o enquadramento de aproveitamento
hidrelétrico na condição de Pequena Central Hidrelétrica (PCH).
http://www.aneel.gov.br/cedoc/res2003652.pdf
686/03
- Estabelece procedimentos e critérios para a implementação do mecanismo
de representação da aversão ao risco de racionamento no Programa Mensal de
Operação - PMO e no cálculo do preço do mercado de curto prazo do MAE - PMAE,
conforme disposto na Resolução CNPE no 10, de 16 de dezembro de 2003,
aprovada pelo Presidente da República em 18 de dezembro de 2003.
http://www.aneel.gov.br/cedoc/res2003686.pdf
688/03
- Aprova as Regras do Mercado, componentes da versão 3.5, que incorpora
incentivo à eficiência de usinas participantes do Mecanismo de Realocação de
Energia - MRE.
http://www.aneel.gov.br/cedoc/res2003688.pdf
040/04
- Estabelece cririos para determinação dos limites de disponibilidade de
geração e de lastro das usinas térmicas da Região Nordeste participantes do
Programa Prioritário de Termeletricidade - PPT, aplicados ao período 2004/2005.
http://www.aneel.gov.br/cedoc/ren2004040.pdf
055/04
- Estabelece a metodologia de lculo do Fator X na revisão tarifária
periódica da concessionária do serviço público de distribuição de energia elétrica.
http://www.aneel.gov.br/cedoc/ren2004055.pdf
061/04
- Estabelece as disposições relativas ao ressarcimento de danos elétricos
em equipamentos elétricos instalados em unidades consumidoras, causados por
perturbação ocorrida no sistema elétrico.
http://www.aneel.gov.br/cedoc/ren2004061.pdf
063/04
- Aprova procedimentos para regular a imposição de penalidades aos
concessionários, permissionários, autorizados e demais agentes de instalações e
serviços de energia elétrica, bem como às entidades responsáveis pela operação
do sistema, pela comercialização de energia elétrica e pela gestão de recursos
provenientes de encargos setoriais.
http://www.aneel.gov.br/cedoc/ren2004063.pdf
074/04
- Estabelece os critérios e procedimentos para que as concessionárias de
Apêndice
92
transmissão que atendam consumidor livre e/ou autoprodutor, com unidade de
consumo conectada às respectivas instalações de transmissão integrantes da Rede
Básica do Sistema Interligado Nacional, passem a ser quotistas da Conta de
Consumo de Combustíveis Fósseis - CCC e da Conta de Desenvolvimento
Energético - CDE, em atendimento ao art. 13 da Lei no 5.899, de 5 de julho de
1973, e ao art. 13 da Lei no 10.438, de 26 de abril de 2002, com redação dada pela
Lei no 10.848, de 15 de março de 2004.
http://www.aneel.gov.br/cedoc/ren2004074.pdf
075/04
- nova redação ao § do art. 3º da Resolução 688, de 24 de
dezembro de 2003, no que diz respeito ao tratamento a ser dado às
indisponibilidades programadas de longa duração, devido modernizações e
reformas em usinas participantes do Mecanismo de Realocação de Energia – MRE.
http://www.aneel.gov.br/cedoc/ren2004075.pdf
082/04
- Estabelece as condições para atendimento com redes de energia elétrica
nos lotes situados em loteamentos urbanos, nos parcelamentos situados em zonas
habitacionais de interesse social e nos parcelamentos populares, bem como para
incorporação dos bens e instalações ao ativo de concessionária ou permissionária
de serviço público de distribuição.
http://www.aneel.gov.br/cedoc/ren2004082.pdf
087/04
- Aprova a Norma de Organização que trata dos procedimentos gerais
referentes às Reuniões Deliberativas Públicas da Diretoria da Agência Nacional de
Energia Elétrica - ANEEL.
http://www.aneel.gov.br/cedoc/ren2004087.pdf
088/04
- Aprova sobre o Código de Ética da Agência Nacional de Energia Elétrica.
http://www.aneel.gov.br/cedoc/ren2004088.pdf
089/04
- Estabelece, com a finalidade de contribuir para a modicidade da tarifa de
fornecimento de energia elétrica, metodologia para o lculo de subvenção
econômica a ser concedida a concessionária ou permissionária de distribuição de
energia elétrica ou de montante a ser utilizado para a redução do nível das suas
tarifas, de forma a contrabalançar os efeitos de política tarifária aplicável a unidades
consumidoras integrantes da Subclasse Residencial Baixa Renda.
http://www.aneel.gov.br/cedoc/ren2004089.pdf
109/04
- Institui a Convenção de Comercialização de Energia Elétrica.
Apêndice
93
http://www.aneel.gov.br/cedoc/ren2004109.pdf
127/04
- Estabelece os procedimentos para o rateio do custo do Programa de
Incentivo às Fontes Alternativas de Energia Elétrica - PROINFA, bem como para a
definição das respectivas quotas de energia elétrica, nos termos do Decreto no
5.025, de 30 de março de 2004.
http://www.aneel.gov.br/cedoc/ren2004127.pdf
145/05
- Aprova as Regras de Comercialização de Energia Elétrica, versão
janeiro/2005, de que trata a Convenção de Comercialização de Energia Elétrica
instituída pela Resolução Normativa no 109, de 26 de outubro de 2004.
http://www.aneel.gov.br/cedoc/ren2005145.pdf
149/05
- Estabelece os procedimentos para solicitação de anuência, pelos agentes
prestadores de serviço de energia elétrica, para alteração de atos constitutivos, e
indica os casos previamente autorizados.
http://www.aneel.gov.br/cedoc/ren2005149.pdf
150/05
- Altera a forma de cálculo de garantias financeiras das Regras de
Comercialização de Energia Elétrica, versão janeiro/2005, aprovadas pela
Resolução Normativa no 145, de 1o de fevereiro de 2005.
http://www.aneel.gov.br/cedoc/ren2005150.pdf
152/05
- Autoriza alterações em um subconjunto de expressões algébricas das
Regras de Comercialização de Energia Elétrica, versão janeiro/2005, aprovadas
pela Resolução Norm ativa no 145, de 1o de fevereiro de 2005.
http://www.aneel.gov.br/cedoc/ren2005152.pdf
160/05
- Altera os §§ 5o a 7o do art. 3o da Resolução no 688, de 24 de dezembro
de 2003, que dispõem sobre a apuração da indisponibilidade de usinas
participantes do Mecanismo de Realocação de Energia - MRE, e revoga a
Resolução Normativa no 75, de 29 de julho de 2004.
http://www.aneel.gov.br/cedoc/ren2005160.pdf
161/05
- Aprova as Regras de Comercialização de Energia Elétrica, referentes ao
Mecanismo de Compensação de Sobras e Déficits, de que trata o art. 45 da
Convenção de Comercialização de Energia Elétrica.
http://www.aneel.gov.br/cedoc/ren2005161.pdf
162/05
- Aprova o edital dos leilões de ajuste para compra de energia elétrica e
delega a execução à Câmara de Comercialização de Energia Elétrica – CCEE.
Apêndice
94
http://www.aneel.gov.br/cedoc/ren2005162.pdf
168/05
- Aprova as Regras de Comercialização de Energia Elétrica, referentes aos
módulos de Penalidades e ao de Cálculo das Garantias Financeiras e Rateio de
Inadimplência.
http://www.aneel.gov.br/cedoc/ren2005168.pdf
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