RESUMO
OUTEIRAL, Rosangela Lopes. Estado nutricional protéico-calórico e Função muscular
periférica em pacientes com doença inflamatória intestinal(DII) ambulatorial.
Dissertação (Mestrado em Clínica Médica) - Setor Gastroenterologia da Faculdade de
Medicina, Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2008.
As doenças inflamatórias intestinais (DII) são doenças crônicas que causam impacto
negativo na qualidade de vida dos pacientes. A desnutrição protéica-calórica e a
mudança na composição corporal podem acarretar redução da função muscular
periférica de pacientes com DII. O Objetivo desse estudo é avaliar o estado nutricional e
a composição corporal de pacientes ambulatoriais com DII, verificando potenciais
deficiências e sua relação com capacidade funcional muscular. Foram classificadas
segundo o grau de atividade de doença através do Índice de Atividade de Doença de
Crohn(CDAI) e Truelove-Wittis para Retocolite ulcerativa idiopática(RCUI). Estudo
transversal com 82 pacientes com DII (48 DC e 34 RCUI) submetidos a avaliação do
estado nutricional por antropometria- Índice de Massa Corporal (IMC), Área Muscular
do Braço (AMB), Dobra Cutânea Triciptal (DCT); Composição corporal por
bioimpedância tetrapolar (BIA): Massa Magra (MM Kg e %), índice Massa Magra
(IMM), Massa Gorda (MG Kg e %), índice Massa Gorda (IMG); Detecção de
deficiência nutricional por uso de : Questionário de Freqüência de Consumo Alimentar
(QFCA) e Avaliação Subjetiva Global(ASG); Avaliação da função muscular por
medida de força de quadríceps (FQ), força de preensão (FP), teste de velocidade de
marcha de 4 metros e teste sentar-levantar; Grau de atividade física: avaliado por
questionários de Baecke e do Município do Rio de Janeiro. A ASG identificou 4% de
desnutrição moderada, todos com DC. Verificou-se exclusão de gorduras (78%), fibras
(73%) e alimentos lácteos (62%). O peso no grupo DC foi inferior ao do grupo RCUI. O
IMC foi menor na DC que na RCUI, (p=0,008), nos homens com DC ativa se
comparados aos em remissão ( p=0,005) e nas mulheres com DC em relação à RCUI
(p=0,03). Houve 8,5 % de desnutrição, segundo IMC, todos pacientes com DC ativa.
Obesidade ocorreu em 15,8% dos pacientes, predomínio no sexo feminino com RCUI.
DCT e AMB foram inferiores nos homens com DC ativa se comparado com DC em
remissão (p=0,04). Segundo a BIA, a MM e o IMM foram inferiores nos homens com
DC ativa que naqueles em remissão(p=0,004; p=0,02 respectivamente), a MG e o IMG
foram maiores na RCUI em relação à DC(p=0,02;p=0,03 respectivamente). A FP foi
menor (p=0,04) nos homens com DC em atividade do que nos com RCUI apresentando
associação com a presença de atividade (r=-0,279,p=0,01), peso(r=0,288, p=0,01),
MM(r=0,559, p=0,0001), e FQ(r=0,504 p=0,0001). A FQ foi inferior entre o grupo
masculino com DC do que com RCUI (p=0,005) e nos homens de ambos os grupos
(p=0,004) em remissão comparado a pacientes em atividade (p=0,006). Houve
associação da FQ com grau de atividade de doença (r=-0,376, p=0,009), peso(r=0,318,
p=0,004) e MM (r= 0,330, p=0,003). O teste sentar e levantar foi mais afetado no sexo
masculino com DII ativa do que naqueles em remissão (p=0,04) e esteve associado
com CDAI(r= 0,362, p=0,014),FQ(r= -0,365, p=0,001), FQ/P( r=-0,396, p=0,0001),
FQ/MM (r=-0,239, p=0,034). A velocidade de marcha foi similar nos 2 grupos. No
questionário de Baecke, verificou-se que 56% dos 63 pacientes estudados eram
sedentários e 44% eram ativos. No questionário do Município do RJ , 70% dos
pacientes referiram nunca ou quase nunca ter realizado atividade física no mês anterior.
A presença de DC, déficit de MM, doença ativa e baixo nível de atividade física parece
ter influenciado negativamente a força de quadríceps e o teste de sentar e levantar.